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questões levantadas pelo presidente da ABI, o que nos permite afirmar que ambos
combinaram com antecedência o teor dos discursos proferidos.
O Exército Brasileiro é que muito se honra pelo privilégio da grande fidalguia com que a
ABI acolhe e homenageia o seu ministro e os ilustres generais da guarnição da Guanabara,
neste congraçamento de civismo que empresta excepcional ressonância ao programa de
comemorações com que evocamos, nesta semana, a figura legendária do maior de todos os
soldados do Brasil.
É, além de tudo, uma oportunidade que raramente podemos ter, por força mesmo da nossa
condição de militares, normalmente absorvidos na austeridade e no trabalho, por natureza
silencioso, da vida do quartel, para um diálogo, que nos é sempre muito grato, entre
cidadãos igualmente responsáveis pelos destinos e pela segurança da nação.
Vós, como homens de imprensa, nós como soldados, defendemos a democracia brasileira
em dois setores, sem dúvida muito relevantes. E nesta hora em que ela se vê ameaçada,
principalmente no front do espírito; por adversários ideológicos, que procuram confundir e
amortecer a consciência cívica da nação, estou certo de caberem à imprensa, ainda mais do
que ao Exército, a missão predominante, a responsabilidade mais direta e o papel mais
eficaz na defesa e na preservação das liberdades essenciais do cidadão.
Estas liberdades subentendem, antes de tudo, a consciência dos perigos que as ameaçam,
além do estado de equilíbrio de estabilidade e de segurança, que nos permita usufruí-la sem
o sacrifício do bem maior e mais caro que é a liberdade da pátria. Por ela sempre lutou o
Soldado Brasileiro, desde os Guararapes até Monte Castelo.
Em seu holocausto, muitas vidas o Exército já imolou, inclusive em dias mais recentes, na
defesa da democracia contra o totalitarismo nazi-fascista, na Europa, e contra a sanha
sanguinária do totalitarismo vermelho, dentro do próprio país.
(...)
Nenhuma arma tem o poder do jornal, nem é mais responsável do que ele no dever de
ajudar a nação, quando se trata de alertá-la sobre os perigos que a cercam e retemperar-lhe
os sentimentos cívicos, pois o grande anseio, como o grande objetivo de todos nós, é a
restauração integral e o fortalecimento da democracia brasileira, em bases que possam
corrigir as suas já comprovadas vulnerabilidades, de modo a assegurar-lhe as condições
essenciais e definitivas de sobrevivência no futuro ainda incerto com que nos defrontamos.
Esse é o mais legítimo, o maior de todos os objetivos em que estamos determinadamente
empenhados, tanto vós, que tendes a força de formar e orientar a opinião pública, quanto
nós, que temos a missão de defender a pátria e de garantir a ordem, as instituições e a lei;
tanto o Governo, que está fazendo tudo para honrar esse compromisso da Revolução,
quanto o povo, que saiu às ruas para fazê-la como recurso extremo da salvação da
democracia.
(...)
Realmente, o Exército não mudou. Variaram as circunstâncias da vida nacional, os quadros
conjunturais e o panorama do Brasil, cada vez mais sujeito ao encurtamento das distâncias,
que estreita os países num mundo só, em termos de intercâmbio das civilizações, das
mentalidades, das culturas, dos problemas e dos objetivos nacionais diferentes e, às vezes,
conflitantes. Mudaram os campos e os métodos de agressão à liberdade dos povos.
(...)
Ilustre Senhor Presidente da Associação Brasileira de Imprensa, Professor Danton Jobim.
Nenhum dever me seria mais grato nem mais imperativo do que o de expressar-lhe e a todos
os ilustres jornalistas que nos distinguem com a sua presença os agradecimentos do
Exército pela homenagem que lhe tributa, agora, a imprensa do Brasil, com o alto sentido
cívico deste diálogo.
Vejo, com grande prazer, que estamos falando a mesma linguagem, sobretudo quanto ao
exato e indiscutível conceito de que 'democracia mais segurança é igual a desenvolvimento'.
É este, para nós, um fim de tarde memorável, pela sua própria expressão. Além de tocar