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SERGIO STEVANATO
ESTUDO DE VIABILIDADE DE IMPLANTAÇÃO DE
USINA DE MOAGEM DE ENTULHO COM
RECURSOS DA INICIATIVA PRIVADA NO
MUNICÍPIO DE BAURU
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SERGIO STEVANATO
ESTUDO DE VIABILIDADE DE IMPLANTAÇÃO DE
USINA DE MOAGEM DE ENTULHO COM
RECURSOS DA INICIATIVA PRIVADA NO
MUNICÍPIO DE BAURU
Dissertação apresentada a Faculdade de Engenharia da
Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita
Filho”, Campus de Bauru, para a obtenção do título de
Mestre em Engenharia Industrial.
Orientador:
Prof. Dr. Jorge Hamada
Bauru
2005
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DADOS CURRICULARES
SERGIO STEVANATO
NASCIMENTO 26.01.1965 – ARAÇATUBA/ SP
FILIAÇÃO Valdenor Stevanato
Marlene Baruffaldi Stevanato
1983/1988 Curso de Graduação
UNESP – Faculdade de Engenharia Civil de Ilha
Solteira
1994 Curso de Especialização em Engenharia de
Segurança do Trabalho, UNESP - Bauru
Aos meus filhos, Luis Henrique, Ana Julia e João Vitor
Na esperança de que este trabalho possa ajudar na
recuperação daquilo que eu ajudei a destruir.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS.......................................................................06
LISTA DE TABELAS......................................................................07
LISTA DE FOTOS...........................................................................10
Resumo............................................................................................. 11
Abstract.............................................................................................12
1. INTRODUÇÃO........................................................................13
2. REVISÃO DA LITERATURA................................................16
2.1
Volumes de resíduos de construção e demolição gerados
no Brasil e outros países............................................................16
2.2 Composição do resíduo de construção e demolição..................18
2.3 Características físicas do RCD.................................................. 21
2.4 O Resíduo de construção e demolição
e o seu potencial para a reciclagem.......................................... 30
2.5 A instalação de uma usina de moagem de entulho....................36
2.6 Legislação..................................................................................58
3 A IMPLANTAÇÃO DE UMA USINA DE MOAGEM DE
ENTULHO COM RECURSOS DA INICIATIVA PRIVADA
NO MUNICÍPIO DE BAURU.................................................67
3.1 Estimativa do volume de entulho gerado no Município
de Bauru....................................................................................69
3.2 A cooperação entre os caçambeiros para instalação
e obtenção dos recursos complementares para
instalação da usina......................................................................74
3.3 Levantamento de custos para instalação e operação de
uma usina de moagem de entulho no município de
Bauru.........................................................................................75
4 DISCUSSÃO............................................................................107
5 CONCLUSÃO......................................................................... 112
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................114
Anexos.............................................................................................117
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 Gráfico da composição média dos entulhos depositados
no aterro de Itatinga, São Paulo 20
Figura 2.2 Gráfico da porcentagem média dos constituintes do entulho
analisado em caracterização qualitativa 21
Figura 2.3 Curva Granulométrica de amostra analisada 24
Figura 2.4 Gráfico da distribuição normalizada de fração graúda em 28
função dos produtos de separação
Figura 2.5 Corte de britador de mandíbula 40
Figura 2.6 Corte esquemático da câmara de moagem –
Moinho de martelos 45
Figura 2.7 Corte esquemático do alimentador vibratório 46
Figura 2.8 Corte esquemático da calha vibratória 48
Figura 2.9 Corte esquemático da grelha vibratória 50
Figura 2.10 Corte esquemático da peneira vibratória 51
Figura 3.1 Gráfico do número de caçambas descarregadas mensalmente
no bolsão Pousada Esperança em Bauru 71
Figura 3.2 Fluxograma básico de funcionamento de uma usina de
moagem de entulho 78
Figura 4.1 Comparativo entre custos de materiais naturais e moídos 111
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 Estimativa de geração de resíduos de construção civil 17
Tabela 2.2 Classificação dos municípios brasileiros de acordo com a
geração de RCD pela população urbana 18
Tabela 2.3 Peneiras utilizadas na caracterização granulométrica 22
Tabela 2.4 Porcentagem retida acumulada nas peneiras 23
Tabela 2.4a Classificação Granulométrica da amostra 25
Tabela 2.4b Classificação Granulométrica - ABNT 25
Tabela 2.5 Resultados característicos obtidos por (LEVY, 2001) 26
Tabela 2.6 Resultados da massa específica aparente para os 29
produtos da separação
Tabela 2.7 Resultados de absorção de água para os produtos
da separação 29
Tabela 2.8 Produção nacional de agregados naturais e
participação dos segmentos de venda 35
Tabela 2.9 Análise do produto – Britador de Mandíbula(material de
média dureza) 41
Tabela 2.10 Britador de Mandíbula – Produção média em m³/h 42
Tabela 2.11 Análise do Produto- Moinho de Martelos 44
Tabela 2.11a Produção Aproximada em ton/h 44
Tabela 2.11b Curvas Granulométricas 44
Tabela 2.12 Análise do Produto – Alimentador Vibratório 47
Tabela 2.12a Dimensões – Alimentador Vibratório 47
Tabela 2.13 Análise do Produto – Calha Vibratória 49
Tabela 2.14 Análise do Produto – Grelha Vibratória 50
Tabela 2.15 Análise do Produto – Peneira Vibratória 52
Tabela 2.16 Análise do Produto – Transportador de Correia 53
Tabela 2.16a Potência dos Motores 54
Tabela 2.16b Informações Complementares 54
Tabela 3.1 Quantidades declaradas pelas empresas coletoras 70
Tabela 3.2 Quantidades de caçambas depositadas em bolsão 72
Tabela 3.3 Resumo para custos e produtividade para as três plantas de
usina de moagem 82
Tabela 3.4 Resumo de custo para aquisição de máquinas e veículos 86
Tabela 3.5 Orçamento para obras de infra-estrutura 88
Tabela 3.6 Totalização dos custos de implantação de uma usina 90
de moagem de entulho
Tabela 3.7 Custos operacionais com mão-de-obra 90
Tabela 3.8 Custo mensal para consumo de energia elétrica 91
Tabela 3.9 Custo mensal para consumo de água 92
Tabela 3 .10 Custos mensais com máquinas e veículos 94
Tabela 3.11 Custos de operação - Planta 1 98
Tabela 3.12 Custos de operação – Planta 2 98
Tabela 3.13 Custos de operação – Planta 3 99
Tabela 3.14 Custos de operação das usinas de plantas 1,2, e 3 100
Tabela 3.15 Totalização dos custos mensais de operação de uma
usina de moagem de entulho 100
Tabela 3.16 Valor médio para venda dos produtos
negociados pela usina 104
Tabela 3.17 Rentabilidade sobre o capital investido na usina
de moagem 104
Tabela 3.18 Custo para produtos de extração e moídos 105
LISTA DE FOTOS
Foto 2.1 Britador de Mandíbula mod. JC 8060 42
Foto 2.2 Moinho a Martelo modelo 80MF-fab. Maquinas Furlan 43
Foto 2.3 Detalhe da ampla câmara de moagem, dos revestimentos 44
Laterais e pára-choques.
Foto 2.4 Alimentador vibratório – Fabricação Maquinas Furlan 46
Foto 2.5 Calha vibratória – Fabricação Maquinas Furlan 48
Foto 2.6 Grelha Vibratória – Fabricação Máquinas Furlan 49
Foto 2.7 Peneira vibratória – Fabricação Maquinas Furlan 51
Foto 2.8 Transportador de correia –Fabricação Maquinas Furlan 53
Foto 2.9
Usina de moagem de Piracicaba-SP 55
Foto 2.10
Usina de moagem de Piracicaba-SP 56
Foto 2.11 Fabrica de Blocos de concreto 56
Foto 2.12 Usina de moagem de Ribeirão Preto-SP 57
Foto 2.13
Usina de moagem de Ribeirão Preto-SP 58
11
STEVANATO, S. Estudo de viabilidade de implantação de uma usina de
moagem de entulho com recursos da iniciativa privada no município de Bauru.
Bauru, 2005. 136p. Dissertação (Mestrado em Engenharia) Faculdade de
Engenharia, Campus de Bauru, Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho”.
RESUMO
O aumento da deposição irregular dos resíduos de construção e demolição em
áreas de interesse ambiental tem despertado o interesse dos pesquisadores.
Pesquisas para a substituição de materiais, controle de qualidade da mão-de-obra,
melhoria dos projetos e reutilização dos resíduos dentro da obra têm obtido
grandes avanços. Porém, a grande parcela do total gerado de entulho nos
municípios ainda é despejada por caçambeiros à beira de recursos hídricos.
Visando a reutilização deste material, redução nos gastos com a recomposição
destas áreas e redução de vetores e enchentes, algumas prefeituras de cidades
brasileiras têm implantado usinas de moagem que reduzem a granulometria do
entulho à equivalentes às dos agregados graúdos e miúdos utilizados na
construção civil. Buscando ampliar este horizonte e incentivar a injeção de capital
privado nesta atividade, este trabalho avaliou os custos de implantação e operação
de uma usina de moagem de entulho através da união dos coletores no município
de Bauru, estado de São Paulo, e comparou o custo do material moído produzido
com o do material natural, obtendo-se valores de redução de custo de até 40,5%
para os moídos. Os resultados obtidos neste trabalho, embora não possam ser
tomados como a solução do problema do entulho em Bauru, foram positivos,
permitindo-se obtenção de retorno do capital investido em dobro, no prazo de 6
anos. Fica evidente a necessidade de participação do governo municipal, inibindo
através da fiscalização as deposições irregulares, adquirindo produtos, isentando
impostos ou ofertando áreas licenciadas para instalação.
STEVANATO, S. Feasibility study on the implantation of a grinding plant for
constructions remains employing private companies’ funds in the city of
Bauru. Bauru, 2005, 136p. (Master Degree in Engineering) Faculdade de
Engenharia, Campus de Bauru, Universidade Estadual Paulista “Julio de
Mesquita Filho”.
ABSTRACT
The increasing amount of irregular deposition of construction remains and
demolition material in areas of environmental preservation has brought up the
concern of researchers. Studies have been undertaken about replacement of
construction material, quality control of working labor, improvement of projects
and reutilization of construction remains in the construction site. However, a great
amount of waste material is still attributed to small construction builders, which
use dumping carts to transport waste material and leave it over inadequate sites.
The city halls of Belo Horizonte-MG and Piracicaba-SP have implanted grinding
plants, which transform construction remains into different sizes, to be reutilized
in civil construction, aiming the reutilization of this waste material and cost
reduction, for the revitalization of these sites, decreasing the incidence of vectors
and floods. In order to extended this view and encourage the employment of
private companies funds for this type of business, this research has assessed the
costs to establish and to operate a grinding plant for construction remains, in the
city of Bauru, comprising the companies which collect waste material. This
research has also compared the costs of crushed material to raw material. The
results where satisfactory, although they cannot be considered as the solution for
the remains disposal in Bauru city. The invested amount of funds would be
returned in double within six years. It is mandatory the participation of city hall
administration team inspecting the irregular deposition of construction remains,
exempting of taxes, purchasing products generated by the grinding plant and
offering licensed areas for its installation.
13
1 Introdução
Vive-se hoje tempos de preocupação com o que fazer com todos
os tipos de resíduos gerados, tanto em processos industriais como com os resíduos
originados dentro das residências. A construção civil, como um processo
industrial que é, embora com características peculiares, também é geradora de
grande quantidade de resíduos que embora não tão prejudiciais ao meio ambiente
como os resíduos industriais químicos, tem também ocupado lugar de destaque
nos estudos para aproveitamento de resíduos.
Muito se tem estudado sobre as quantidades geradas de resíduo
de construção, ou simplesmente entulho. Muitas técnicas têm sido criadas para
que se diminua tanto o entulho que sai da obra como o entulho que fica na obra,
14
fruto das falhas de projeto e da má administração. Muito também se tem estudado
para viabilizar o reaproveitamento deste entulho.
Prefeituras de cidades como Belo Horizonte-MG, Salvador-BA,
Ribeirão Preto-SP e Piracicaba-SP, têm desenvolvido projetos piloto para centrais
de moagem de entulho. Outros projetos têm sido desenvolvidos visando o
aproveitamento dos produtos reciclados obtidos através da moagem de entulho,
tais como fabricas de blocos de concreto para alvenaria e pavimentação de ruas.
Embora a iniciativa destas prefeituras seja de grande valor, uma
vez que tem caráter social, a quantidade de entulho moída é pequena se
comparada com a produzida nesses grandes centros. Problemas como a falta de
pré-seleção na origem, a ausência de cultura para o despejo em lugares adequados
por parte da população e o desconhecimento das possibilidades de
reaproveitamento, contribuem para um baixo rendimento na moagem e reciclagem
de entulho nessas cidades.
Para que se incremente esses trabalhos, faz-se necessária a
aplicação de maiores investimentos, pesquisas e estudos de viabilidade técnica e
econômica. Faz-se necessária a presença de investimentos de natureza privada.
Uma vez que se prove à iniciativa privada que a moagem e reaproveitamento de
entulho é viável economicamente, ou ainda, que proporciona lucro, haverá maior
incentivo aos investimentos para exploração desses recursos.
O município de Bauru, localizado na região noroeste do estado
de São Paulo, tem sido prejudicado com o despejo indiscriminado de entulho
tanto por parte da população, quanto por parte dos coletores de entulho ou
caçambeiros. O combate a infestações de vetores como os da dengue,
leishmaniose e ainda a proliferação descontrolada de caramujos africanos vem
consumindo grande parte dos recursos do município. O despejo de entulho à beira
os mananciais hídricos também tem contribuído negativamente ao combate às
enchentes e assoreamento desses mananciais, além ainda do custo de limpeza e
recuperação dessas áreas.
15
A Prefeitura de Bauru, em parceria com os caçambeiros,
iniciou trabalho de conscientização para centralização dos despejos em áreas pré-
determinadas, os bolsões de entulho.
Embora o primeiro passo tenha sido dado, ainda fica a questão
de o quê fazer com este entulho que será armazenado.
O objetivo deste trabalho é avaliar a viabilidade de implantação
de uma usina de moagem de entulho no município de Bauru com capital
estritamente privado. Após a apresentação de subsídios para o completo
entendimento sobre os equipamentos utilizados, seus custos, possibilidades de
financiamentos para sua instalação, forma de administração e possibilidades para
utilização dos produtos ali gerados, este trabalho apresenta uma simulação de
montagem de uma usina de moagem de entulho utilizando os subsídios
apresentados. Finalmente são avaliados os resultados através da comparação de
custo de obtenção entre materiais moídos e produtos convencionais utilizados pela
construção civil.
2 Revisão da Literatura
2.1 Volumes de resíduos de construção e demolição gerados
no Brasil e outros países
O Resíduo de Construção e Demolição (RCD) ou simplesmente
entulho, possui características bastante peculiares. Suas características podem
variar sensivelmente em função do local de geração e da tecnologia utilizada para
construção ou demolição, dos estágios em que é gerado dentro da construção ou
demolição, da idade da obra que o originou ou mesmo do tempo em que se
encontra depositado (pós-origem), além ainda das variantes quanto ao material
aplicado durante a obra, a mão de obra utilizada, a qualidade do projeto, etc. Estas
variantes interferem diretamente na quantidade gerada de entulho, tanto no Brasil,
17
que vê hoje a necessidade de reduzir, reutilizar e reciclar o RCD, quanto nos
países da Europa, EUA e Japão, que estão bastante adiantados neste assunto. A
Tabela 2.1 mostra a variação de estimativas apresentadas por diferentes fontes
para um mesmo país. Uma das razões (JOHN, 2000) da grande variabilidade é a
classificação do que é considerado resíduo de construção. Alguns autores incluem
a remoção de solos, enquanto outros excluem este componente. Certo é, que os
dados obtidos no Brasil devam ser validados a partir de uma metodologia única.
Tabela 2.1 Estimativa de geração de resíduos de construção civil em vários
países (JOHN, 2000)
País Quantidade anual Fonte
Mton/ano Kg/hab.
Suécia 1,2 - 6 136 - 680
TOLSTOY, BÖRKLUND & CARLSON
(1998); EU (1999)
Holanda 12,8 – 20,2 820 - 1300
LAURITZEN (1998); BROSSINK;
BROUWERS & VAN KESSEL (1996); EU
(1999)
EUA 136 - 171 463 - 584
EPA (1998); PENG, GROSSKOPF, KIBERT
(1994)
UK 50 - 70 880 a 1120
DETR (1998); LAURITZEN (1998)
Bélgica 7,5 – 34,7 735 - 3359
LAURITZEN (1998), EU (1999)
Dinamarca 2,3 – 10,7 440 - 2010
Itália 35 - 40 600 - 690
Alemanha 79 - 300 963 - 3658
Japão 99 785
KASSAI (1998)
Portugal 3,2 325
EU (1999)
Brasil Na 230 - 760
PINTO (1999)
As estimativa para Brasil são extraídas de PINTO (1999), citado por JOHN (2000) e de outros
autores para as cidades de Jundiaí, Santo André, São José dos Campos, Belo Horizonte, Ribeirão
Preto, Campinas, Salvador e Vitória da Conquista, que variam entre 230 kg/hab.ano para a última
até 760 kg/hab.ano para a primeira. Nesta amostra a mediana foi de 510 kg/hab.ano, valor coerente
com as estimativas estrangeiras.
18
A Tabela 2.2 apresenta uma estimativa realizada à partir de
dados da população urbana dos municípios brasileiros medida pelo IBGE em
1996, admitindo-se uma geração de RCD de 0,51 ton/hab.ano, que corresponde a
mediana dos valores medidos por PINTO (1999), citado por JOHN (2000), com
ano típico com 300 dias úteis. Das 4.974 áreas urbanas, 152 apresentam geração
estimada de resíduo acima de 200 toneladas por dias úteis. É nestes municípios
com mais de 120 mil habitantes que residem 56% da população urbana.
Tabela 2.2 Classificação dos municípios brasileiros de acordo com a geração
de RCD pela população urbana (PINTO, 2000), apresentada por
JOHN (2000).
População
População
(mil)
RCD
(ton/dia útil)
Nº mun.
% Média
(hab)
RCD médio
(ton/dia)
< 120 <200 4.822 44,2 11.281 18
120 a 300 200 a 500 103 16,0 190.873 318
300 a 600 500 a 1000 25 8,3 410.865 684
600 a 3000 1000 a 5000 22 19,3 1.082.086 1.803
>3000 >5000 2 12,1 7.471.325 12.452
2.2 Composição do resíduo de construção e demolição
O entulho está entre os mais heterogêneos dentre os resíduos
industriais. Ele é constituído de restos de praticamente todos os materiais de
construção (argamassa, areia, cerâmicas, vidros, concretos, madeira, metais, papéis,
plásticos, pedras, tijolos, tintas, etc.) e sua composição química está vinculada à
composição de cada um destes seus componentes.
19
Segundo JOHN (2000), os resíduos de construção são
constituídos de uma ampla variedade de produtos, que podem ser classificados
em:
Solos;
Materiais cerâmicos: rochas naturais; concreto; argamassas a base de
cimento e cal; resíduos de cerâmica vermelha como tijolos e telhas;
cerâmica branca, especialmente a de revestimento; cimento-amianto,
gesso-pasta e placa; vidro;
Materiais metálicos: aço para concreto armado, latão, chapas de aço
galvanizado;
Materiais orgânicos: madeira natural ou industrializada; plásticos
diversos; materiais betuminosos; tintas e adesivos; solventes; papel de
embalagem; restos de vegetais e outros produtos de limpeza de terrenos.
A Figura 2.1 apresenta a composição típica dos resíduos
recebidos no aterro de Itatinga em São Paulo, analisados por BRITO FILHO
(1999) e apresentados por JOHN (2000). Estes entulhos são originados
predominantemente de atividades de construção de edifícios. A fração
predominante é a de natureza cerâmica, seguida pelo solo.
20
Figura 2.1 Composição média do entulho depositado no aterro de Itatinga,
São Paulo (BRITO FILHO, 1999)
Na usina de reciclagem de entulho de Ribeirão Preto, ZORDAN
(1997) realizou ensaios de caracterização para o material ali gerado. A
caracterização foi realizada a partir dos seguintes elementos:
Argamassa: toda parcela constituída por areia e um material aglutinante
(cal ou cimento) sem a presença de agregado graúdo ou pedrisco;
Cerâmica: todo material cerâmico não polido, constituído basicamente
por tijolos e telhas cerâmicas;
Cerâmica polida: parcela constituída pelos materiais cerâmicos com pelo
menos uma das superfícies polidas, tais como azulejos, ladrilhos,
manilhas, pisos vitrificados, etc.;
Concreto: todo material composto pela união de areia, cimento e pedra,
cuja identificação fosse possível;
Pedras: fragmento de rocha ainda sem uso, ou que fizera parte de um
concreto, podendo portanto possuir parcelas de argamassas, que não as de
uma outra pedra;
Outros: materiais como madeira, metais, plásticos, amianto, torrões de
terra ou de cal, trapos, etc.
5% outros
32% solos
63%
c
erâmicos
21
O ensaio, como mostra a Figura 2.2 revelou uma predominância
das argamassas (37,4%), seguida pelo concreto (21,1%) e pelos materiais
cerâmicos não polidos (20,8%). A predominância da argamassa no entulho
também já havia sido detectada por PINTO (1986) que constatou que 64% do
resíduo de construção da cidade de São Carlos, interior de São Paulo, era
constituída de argamassa, seguida de 29% de materiais cerâmicos.
21,1%
Concreto
17,7%
Pedras
0,5% Outros
37,4%
Argamassas
2,5%
Cerâmica
polida
20,8%
cerâmica
Figura 2.2 Porcentagem média dos constituintes do entulho analisado
na caracterização qualitativa (ZORDAN, 1997)
2.3 Características físicas do RCD
2.3.1 Caracterização granulométrica
Na usina de reciclagem de Ribeirão Preto-SP, ZORDAN (1997)
realizou ensaios de caracterização granulométrica para o entulho moído
proveniente de bica corrida na composição de agregados graúdos e miúdos para
confecção de concretos.
22
Como resultado, o autor obteve uma curva granulométrica bem
distribuída, resultado este já esperado, pois o material ensaiado era proveniente de
bica corrida (material que sai do britador primário) e não passou por nenhum
processo de peneiramento.
Tabela 2.3 Peneiras utilizadas na caracterização
granulométrica
Série Normal Série Intermediária
- 50mm
38mm -
- 32mm
- 25mm
19mm -
- 12,5mm
9,5mm -
- 6,3mm
Material graúdo
4,8mm -
2,4mm -
1,2mm -
0,6mm -
0,3mm -
0,15mm -
Material miúdo
2.3.1.1 Dimensão Máxima Característica
Observa-se pela Tabela 2.4 que a dimensão máxima
característica (imediatamente inferior a 5%) das amostras são, 38 mm para a
amostra A e 32 mm para as amostras B, C e D.
23
Tabela 2.4 Porcentagem retida acumulada (ZORDAN, 1997)
Após 2 aferições, observou-se que o limite de 0,3%(ABNT 1987-b) de diferença entre a massa
seca inicialmente introduzida e o somatório de todas as massas retidas em cada uma das peneiras
não foi obtido, mantendo-se uma média de 1,8% de perda de massa da amostra. O autor aponta a
grande quantidade de finos presente no material analisado como causa do valor superior ao
esperado.
2.3.1.2 Módulo de Finura
Analisando-se a porcentagem retida acumulada, pode-se retirar o
valor do módulo de finura do agregado, que por sua facilidade de cálculo é muito
utilizado na dosagem experimental do concreto, principalmente quando se
estudam agregados cujas curvas granulométricas apresentam analogias de forma.
Os módulos de finura (soma das porcentagens retidas acumuladas em massa de
um agregado, nas peneiras de série normal, dividida por 100), encontrados para os
agregados miúdos de cada uma das amostras foram:
Amostra A : 2,55
Amostra B : 2,67
Amostra C : 2,57
Média =2,59
Amostra D : 2,57
Peneiras
(mm)
Amostra A
(%)
Amostra B
(%)
Amostra C
(%)
Amostra D
(%)
50 0,6 0,4 0,0 0,8
38 3,0 2,2 1,5 2,4
32 5,2 4,1 3,7 5,0
25 7,4 8,1 6,5 8,7
19 11,9 15,2 12,9 15,1
12,5 25,8 32,3 27,2 31,9
9,5 31,1 37,1 32,2 37,0
6,3 40,9 46,4 41,9 47,0
4,8 45,5 51,5 47,7 52,1
2,4 53,9 61,3 57,1 60,2
1,2 61,5 68,8 64,8 67,4
0,6 70,2 76,0 72,6 75,0
0,3 83,0 85,1 82,8 84,9
0,15 97,5 95,8 95,6 96,3
Fundo* 100,0 100,0 100,0 100,0
*Fundo colocado sob o jogo de peneiras
24
Os resultados ficaram bem próximos, com uma diferença entre
os valores mínimo e máximo de 7,1%, o que evidencia a similaridade na
granulometria das amostras.
Figura 2.3 Curva Granulométrica das amostras extraídas da usina de
Ribeirão Preto-SP (ZORDAN, 1997)
Efetuando-se a projeção no eixo das abscissas, do ponto onde
cada curva intercepta a linha perpendicular ao valor de 50% (eixo das
coordenadas), obtém-se o diâmetro que divide ao meio cada amostra, ou seja,
metade do material possuirá dimensão maior que esse diâmetro (D
50). Pode-se
concluir desse fato, que a amostra A é a que possui maior finura, e as amostras B
e D as menores finuras, ficando assim na seguinte ordem decrescente A, C, B e
D.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
38199,54,82,41,20,60,30,15
Peneiras (mm)
% passante
0
20
40
60
80
100
A
B
D
C
D50
D50
D50
D50
25
O fato mais expressivo, segundo ZORDAN (1997), pode ser
analisado observando-se que as projeções destes pontos (locais geométricos que
correspondem à 50% de material) estão próximas de 4,8mm, significando que
cada uma das amostras é constituída por aproximadamente metade de material
graúdo e metade miúdo.
Agregado Miúdo
A Tabelas 2.4a e 24b, apresentadas por ZORDAN (1997),
classificam o entulho de acordo com os limites granulométricos para o agregado
miúdo, estabelecidos pela ABNT (1983), tomando-se como porcentagem retida
acumulada os valores da tabela de porcentagem retida acumulada:
Tabela 2.4a Classificação Granulométrica da amostra
Peneiras
(mm)
Amostra A
(zonas)
Amostra B
(zonas)
Amostra C
(zonas)
Amostra D
(zonas)
2,4 3 ou 4 3 ou 4 3 ou 4 3 ou 4
1,2 3 3 ou 4 3 ou 4 3 ou 4
0,6 3 3 3 3
0,3 2 ou 3 2 ou 3 2 ou 3 2 ou 3
0,15 1, 2, 3 ou 4 1, 2, 3 ou 4 1, 2, 3 ou 4 1, 2, 3 ou 4
Verifica-se que todas as amostras estão dentro dos limites da
Zona 3 (ABNT, 1983), em todas as peneiras classificando assim a parte miúda do
entulho como uma areia média, conforme a Tabela 2.4b.
Tabela 2.4b Classificação ABNT
Zonas Granulometria da areia
1 muito fina
2 fina
3 média
4 grossa
26
Agregado Graúdo
De acordo com os valores da porcentagem retida acumulada
apresentada por ZORDAN (1997) na Tabela 2.4, a fração graúda deste entulho
não se enquadra em nenhuma das classificações da NBR 7211/83, que qualifica as
britas em diferentes graduações: 0, 1, 2, 3, 4 e 5.
Esta granulometria, contínua se justifica, segundo o autor, pelo
processo de obtenção do material, ou seja, a “bica corrida”, que somente fornece
um agregado graduado pela NBR 7211/83, quando existe um processo de
peneiramento posterior à moagem, que separa o material nas dimensões desejadas.
2.3.1.3 Massa Unitária
Segundo ZORDAN (1997), a massa unitária ou específica
aparente do material analisado vale 1,09 kg/dm³ para os agregados graúdos e 1,41
kg/dm³ para os agregados miúdos.
2.3.2 Características físicas avaliadas por LEVY (2001)
A Tabela 2.5 mostra resultados de LEVY(2001), que analisou
separadamente materiais reciclados de concreto e alvenaria preparados e moídos
em laboratório:
Tabela 2.5 Resultados característicos obtidos por LEVY ( 2001)
Valores obtidos para os agregados graúdos e miúdos
Unid Gregados naturais Agregados de alvenaria Agregados de concreto Características
Dos materiais
Areia B1 B2 Areia B1 B2 Areia B1 B2
Metodol.
de ensaio
Módulo de
finura
* 2,60 6,40 7,70 3,13 6,64 7,65 3,54 7,68 6,94
NBR 7217
Massa
específica
aparente
Kg
dcm³
1,375 1,430 1,410 1,317 0,984 0,987 1,340 1,208 1,285 NBR 7251
Absorção % * 0,8 0,8 7,9 13,0 12,4 10,35 5,6 3,7
NBR 9937
Pulverulentos % 1,85 0,54 0,55 2,40 4,10 2,30 0,60 0,30 0,20
NBR 7219
Impureza
orgânica
Ppm <300 * * * * * * * *
NBR 7220
27
2.3.3 Características físicas avaliadas por ANGULO et al (2003)
Amostras de instalações de reciclagem de entulho de Vinhedo-
SP e Itaquera-São Paulo Capital foram analisadas pôr ANGULO et al (2003). Das
instalações de Itaquera foram extraídas amostras de coloração
vermelha(proveniente de resíduos cerâmicos, solos e demais materiais
combinados) e amostras de coloração cinza(proveniente de compostos à base de
cimento), enquanto que da unidade de Vinhedo foram extraídas somente amostras
de coloração vermelha. Após classificação realizada por peneiramento, as curvas
granulométricas obtidas são semelhantes às já apontadas por outros autores.
As frações granulométricas (diâmetro > 4,8mm) foram objeto de
separações por líquidos densos nas seguintes densidades de corte: 1,9 kg/dm³ com
solução de cloreto de zinco e água, e em 2,2 e 2,5 kg/dm³ com solução de
bromofórmio e álcool etílico. A figura 2.4 mostra a distribuição da fração graúda
em função do intervalo de densidade medido pela separação por líquidos densos.
O método consiste na criação de fluxo vertical turbulento para cima, de líquidos
de densidades diferentes, que ao passarem pela amostra arrastam partículas com
densidade inferior à do líquido. Os resultados demonstram que não houve
diferença significativa entre a distribuição de massa nos intervalos de densidade
do produto vermelho e cinza de Itaquera. A classificação dos agregados graúdos
como cinza e vermelho, segundo o autor é pouco precisa.
Já a distribuição de massa do produto vermelho de Itaquera foi
muito diferente da obtida no produto vermelho de Vinhedo, uma vez que os
agregados graúdos de Itaquera apresentam maior participação de produtos de
separação acima d 2,2 kg/dm³, enquanto que os de Vinhedo apresentam maior
participação de produtos de separação abaixo deste valor.
28
0
10
20
30
40
50
Massa da fração grda %
< 1,9 1,9 - 2,2 2,2 - 2,5 > 2,5
Densidade do líquido (kg/dm³)
IT V
IT C
VI V
Figura 2.4- Distribuição normalizada a fração graúda em função dos
produtos de separação (ÂNGULO et al, 2003)
Como, segundo ANGULO et al (2003), os produtos de RCD
têm composição química, massa específica aparente e absorção de água muito
similares (Tabela 2.5), este concluiu que os agregados do produto vermelho e
cinza de Itaquera apresentam as mesmas características físicas quanto a massa
específica e absorção de água, inclusive de resistência mecânica. Já o produto
vermelho de Vinhedo possui maior concentração de produtos porosos, e, portanto,
de menor resistência mecânica que o do produto vermelho de Itaquera. Desta
forma, a classificação do RCD de acordo com a cor foi pouco efetiva para estas
propriedades. Os produtos do intervalo de peso específico inferior a 1,9 kg/dm³ não
devem ser utilizados como agregado em razão da presença de resíduos não
minerais, tais como plásticos, materiais betuminosos, madeira, entre outros.
ANGULO et al (2003) aponta ainda, que os produtos de
separação por meio denso contidos no intervalo de peso específico 1,9< d < 2,2
kg/dm³ não atendem a especificação da RILEM (RILEM RECOMMENDATION,
29
1994) para uso dos agregados graúdos em concretos estruturais comuns
(resistência mecânica até 50/60 MPa) quanto ao critério massa específica e
absorção de água, quando presentes em teores superiores à 57%.
Tabela 2.6 Resultados de massa específica aparente para os produtos da
separação - (ANGULO et al, 2003)
1,9 < d < 2,2 2,2 < d < 2,5 d > 2,5
Produtos
(mm)
IT V VI V IT C IT V VI V IT C IT V VI V IT C
-25,4 + 19,1 1,99 1,93 2,03 2,14 2,27 2,34 2,62 2,61 2,60
-19,1 + 12,7 2,02 1,90 1,99 2,12 2,24 2,18 nd 2,62 2,59
-12,7 + 9,5 1,98 1,83 1,93 2,12 2,15 2,15 2,59 2,67 2,63
-9,5 + 4,8 1,88 1,96 1,95 2,15 2,09 2,11 2,60 2,58 2,60
Média 1,90 1,97 1,97 2,19 2,13 2,19 2,61 2,62 2,61
Desv. Padrão 0,05 0,06 0,04 0,08 0,01 0,10 0,02 0,04 0,02
O texto em cinza indica o não atendimento dos valores frente às especificações de uso como
agregados graúdos reciclados em concretos sem limites de resistência mecânica.
Tabela 2.7- Resultados de absorção de água para os produtos da separação -
(ANGULO et al, 2003)
1,9 < d < 2,2 2,2 < d < 2,5 d > 2,5
Produtos
(mm)
IT V VI V IT C IT V VI V IT C IT V VI V IT C
-25,4 + 19,1 7,1 11,6 7,9 3,8 7,1 4,3 0,7 0,9 1,3
-19,1 + 12,7 6,4 11,8 9,2 3,9 7,4 6,9 nd 0,6 1,4
-12,7 + 9,5 6,5 14,7 10,3 5,5 8,2 6,4 1,1 0,3 1,0
-9,5 + 4,8 10,5 9,4 10,5 7,0 7,6 7,4 1,3 1,3 1,1
Média 7,6 11,9 9,5 5,0 7,6 6,2 1,0 0,8 1,2
Desv. Padrão
2,0 2,2 1,2 1,5 0,5 1,4 0,3 0,4 0,2
O texto em cinza indica o não atendimento dos valores frente às especificações de uso como
agregados graúdos reciclados em concretos sem limites de resistência mecânica.
Os demais intervalos, de pesos específicos superior a 2,2
kg/dm³ são potencialmente adequados para o uso como agregados graúdos em
concretos estruturais comuns. Cerca de 70% da massa dos agregados produzidos
em Itaquera e 50% dos agregados produzidos em Vinhedo tem esta característica.
Assim, a inclusão de equipamento na instalação para realizar separação por
30
densidade permitiria obter agregados de melhor qualidade do ponto de vista
mecânico, viabilizando aplicações de maior valor agregado, conclui o autor.
2.4 O Resíduo de construção e demolição e o seu potencial
para a reciclagem
2.4.1 A reciclagem através da separação e moagem, as primeiras
experiências
Segundo autores alemães, GRÜN (1953), WALS (1949),
HELLER (1958), LAMPRECHT (1980/84), citados por LEVY (2001), há notícias
de obras executadas com agregados de tijolos britados já nas cidades do Império
Romano. Também os canais de Eiffel, cuja finalidade foi garantir o suprimento de
água da cidade de Colônia na Alemanha, são exemplos de estruturas onde a
mistura aglomerante e agregado foi composta por cal e entulho de alvenaria,
sendo o endurecimento resultante de uma reação pozolânica.
Na Alemanha, a partir de 1928, começaram a serem
desenvolvidas pesquisas de forma sistemática para avaliar o efeito do consumo de
cimento, da quantidade de água e da granulometria dos agregados oriundos de
alvenaria britada. Porém, a primeira aplicação significativa do uso de entulho
reciclado, só foi registrada após o final da 2ª Guerra Mundial na reconstrução de
diversas cidades Européias que tiveram seus edifícios totalmente demolidos e o
escombro ou entulho resultante, britado para produção de agregados. Assim,
pode-se dizer que a partir de 1946 teve início o desenvolvimento da tecnologia de
reciclagem do entulho de construção civil.
Tendo sido iniciada a reconstrução das cidades Européias no
período pós-segunda grande guerra, cresceu a demanda por materiais de
construção, sem contar a necessidade premente de remover as ruínas. Para suprir a
demanda por materiais de construção e minimizar o custo decorrente das
31
operações de limpeza, a opção das autoridades locais por reciclar todos estes
materiais foi evidente. Para dar uma idéia da quantidade de material disponível, o
volume de entulho existente nas cidades alemãs na época, foi estimado em 400 a
600 milhões de m³.
Como exemplo dos resultados obtidos na Alemanha vale a pena
citar alguns dados mencionados por HELLER (1958):
Em 1955 as instalações de reciclagem lá existentes produziam algo em
torno de 11,5 milhões de m³ de agregados, com os quais foram
construídas 175.000 unidades habitacionais.
Conforme estatísticas elaboradas pela associação das cidades alemãs, no
final de 1956 cerca de 85% do entulho da segunda grande guerra havia
sido removido.
Em 1960 todo entulho oriundo da segunda grande guerra existente na
República federal da Alemanha havia sido reciclado.
Porque as sociedades que atualmente adotam esta política ainda reciclam entulho:
Para preservar recursos naturais não renováveis.
Suprir a demanda de agregados em países desenvolvidos que convivem
com problema crônico de escassez de matéria-prima.
Apresentar uma alternativa de desenvolvimento para a indústria de
equipamentos para mineração e britagem, uma vez que a pressão exercida
por movimentos ambientalistas em diversos países tem dificultado cada
vez mais a exploração de recursos naturais; os equipamentos para
reciclagem são basicamente os britadores tradicionais com algumas
pequenas adaptações.
32
2.4.2 Usinas de moagem na Europa, Estados Unidos e Brasil
Na Inglaterra, nos últimos anos há uma tendência de que as
construtoras sejam “organizadoras” de empresas menores e especializadas, não
mais fazendo a construção em si e com seu próprio pessoal.
O Estado cobra uma taxa da construtora de todo o entulho que
sai da obra. Com isto, incentiva-se a empresa a não gerar entulho. A preocupação
em princípio, não é apenas com o desperdício em si, mas sim o impacto que este
entulho gerará em algum outro lugar do país. Caso o entulho saia separado da
obra, isto é, plástico em um container e agregados em outro, etc, a taxa é menor.O
governo começa agora a cobrar maiores taxas para extração de agregadas, visando
pois o uso de materiais reciclados.
Alguns órgãos públicos estão concordando em pagar até dez por
cento a mais em suas obras se executada com material reciclado (reciclados
entenda-se qualquer material provindo de sobra de outra obra ou demolição).
Entre os construtores, começa até mesmo a haver um sistema de
permuta, onde se divulga com antecedência uma determinada demolição e sua
área(como uma espécie de “classificados” de materiais de demolição). Com essa
informação, outros construtores podem projetar já com a hipótese de se trabalhar
com materiais de obras demolidas nas proximidades.
A construção na Inglaterra representa 4% do PIB total do país e
emprega 400.000 pessoas. Exportam, em serviços de construção, o equivalente a
7 bilhões de reais, sendo que este número tem crescido muito nos últimos anos.
Usa 6 toneladas de material de construção por ano por habitante, sendo 50% deste
total para reformas e manutenção, o que demonstra que obras de novos edifícios é
bem menos comum que no Brasil. Há números que confirmam que o país está
conseguindo aproveitar 50% do que demolem em peso.
Nos EUA, Japão, França, Itália, Alemanha e outros países a
reciclagem também se consolidou, com centenas de unidades instaladas, sendo
que os governos locais também dispõem de leis exigindo o uso de materiais
reciclados na construção e em serviços públicos.
33
No Brasil, entretanto, o reaproveitamento do entulho é restrito,
praticamente, à sua utilização como material para aterro, e em muito menor escala
à conservação de estradas de terra.
Prefeituras como de Belo Horizonte-MG, Salvador-BA, São
Paulo-SP, Ribeirão Preto-SP, Londrina-PR, e Piracicaba-SP, têm implantado
usinas de moagem de entulho com bastante sucesso. Embora a quantidade moída
normalmente não ultrapasse os 10 % do total produzido no município, a aplicação
deste material em obras sociais tem rendido grande economia aos cofres públicos,
e grandes benefícios à população de baixa renda.
2.4.3 Aproveitamento dos resíduos de construção civil
2.4.3.1 Aproveitamento na confecção de concretos
LEVY (2001), mostrou que o incremento de até 20% de
resíduos de concreto e alvenaria não afeta o comportamento do concreto em
relação a uma amostra de referência confeccionada com agregados naturais,
demonstrando que poderão ser utilizados sem qualquer restrição quanto à
resistência e à durabilidade. Conclui ainda que no estado fresco, para manter a
consistência de 70 ± 10 mm a demanda de água não é sensivelmente afetada
quando se substitui agregado natural por agregados reciclados de concreto. Já a
adição de agregados reciclados graúdos de alvenaria, conclui o autor,
apresentaram uma tendência crescente na absorção de água e índice de vazios.
MACHADO JR. et al (2002) concluiu pela viabilidade da
utilização de agregados graúdos reciclados de entulhos de obra, com graduação de
0 a 1 (NBR 7211/83), no preparo de concretos da classe 15. Os ensaios foram
realizados em corpos de prova de concreto confeccionados à partir de entulho
moído retirado da Estação de Reciclagem de Entulhos de Ribeirão Preto. Neste
estudo, comparou-se os agregados graúdos reciclados aos agregados leves, sendo
sugerida a sua utilização na composição de concretos destinados às obras de
classes sociais de baixa renda.
34
2.4.3.2 Aproveitamento na confecção de argamassas
MIRANDA (2000) avaliou o efeito de entulhos reciclados nas
propriedades das argamassas no estado endurecido, por procedimentos racionais
de dosagem. Concluiu-se que a adição de até 18% de finos, representados por
entulho moído, não alterou significativamente os valores de retração em relação à
amostra de referência estudada. Houve maior retração das argamassas com maior
teor de finos, ainda que possuindo menor relação água/cimento corrigida do que
as argamassas com menores teores de finos. Observou-se que as propriedades
mecânicas de argamassas deveriam ser analisadas através de relação a/c corrigida,
ou seja, descontando a absorção do entulho, principalmente em argamassas com
grande teor de material cerâmico.
2.4.3.3 Aproveitamento em obras de pavimentação
A utilização de agregados de resíduos de construção e
demolição (RCD), ou entulho, como base de pavimentação é a primeira
alternativa tecnologicamente consolidada. As especificações do uso destes
agregados estão em fase de normalização pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas e já se encontra especificada pela Prefeitura Municipal de São Paulo,
“PMSP/SP ETS – 001/2003 – Camadas de Reforço do Subleito, Sub-base e Base
Mista de Pavimentações com Agregado Reciclado de Resíduos Sólidos de
Construção Civil”.
O trabalho de ANGULO et al (2002) aponta um consumo de
pedra britadas na região metropolitana de São Paulo da ordem de 31,8 bilhões
t/ano, e estima um consumo de pedras britadas para base de pavimentações na
ordem de 4,3 bilhões ton/ano ou 250 kg/hab.ano, valor que comparado à média
per capita nacional de geração de entulho de 510 kg/hab.ano, apresentado por
PINTO (1999), citado por JOHN (2000), indica que a utilização do RCD reciclado
35
em obras de pavimentação consumiria metade do entulho gerado na Região
Metropolitana de São Paulo.
ANGULO et al (2002) apresenta, como mostrado na Tabela 2.8,
os valores de produção nacional de agregados naturais e a participação dos
segmentos de vendas à partir de outros autores.
Tabela 2.8 Produção nacional de agregados naturais e participação dos
segmentos de venda – (ANGULO et al, 2002)
Concreto
Aplicações
Usinado Construtoras
Argamassas
Pavimentação
Órgãos públicos
Pré moldados
(industrtria)
Revendededores/
consumidor
Total
Segmentos
de
vendas(%)
32,7
23,6
-
13,5
6,4
23,8
100,0
Agregados
Graúdos
Produção
no segmento
(10
6
ton/ano)
50,9
36,8
-
21,0
10,0
37,1
155,8
Segmentos
de
vendas(%)
32,7
23,6
23,8
13,5
6,4
-
100,0
Agregados
Miúdos
Produção no
segmento
(10
6
ton/ano)
73,5
82,7
53,5
30,3
14,4
-
224,8
2.4.3.4 Aproveitamento das frações minerais
O trabalho de ANGULO et al (2002) cita que nenhum outro uso,
além de agregados, foi imaginado para a parcela mineral dos RCD, e sugere que
36
estes resíduos podem ser potencialmente aproveitados do ponto de vista químico e
mineral. A provável alta porcentagem de sílica presente na parcela mineral dos
resíduos de construção os faz potencialmente úteis como matéria-prima para a
indústria cerâmica e de vidros.
2.4.3.5 Outras utilizações
Experiência práticas menos complexas tem consumido parte do entulho
gerado nos municípios. Segundo Stocco (2003)¹, a usina de moagem instalada no
município de Piracicaba tem substituído em até 60% a quantidade de agregados
naturais por agregados reciclados de sobras de concreto endurecido em seus
blocos de concreto para alvenaria, cuja fábrica se encontra instalada nos domínios
da usina e destina-se a produção à construção de casas para a população de baixa
renda.
Durante a seleção na origem, ou antes da moagem, outros
resíduos imprestáveis à geração de agregados são coletados. A madeira pode ser
picada e queimada em fornos de cerâmicas, os metais, papeis, vidros e plásticos
destinam-se à reciclagem.
2.5 A instalação de uma usina de moagem de entulho
Considerações iniciais
A crescente tendência à preservação de recursos naturais não
renováveis e o suprimento da demanda de agregados para solucionar o problema
crônico da escassez de matéria-prima, tornam inevitáveis à criação de métodos de
reciclagem dos resíduos de construção e demolição (entulho). A instalação de
____________________________
¹ Stocco, Claudio. ( ENDHAP - Empresa de Desenvolvimento Habitacional de Piracicaba)
Comunicação pessoal, 2003.
37
usinas de reciclagem de entulho através de equipamentos de britagem também tem
se tornado uma forte tendência em países desenvolvidos e agora no Brasil. Muito
embora um número expressivo destas usinas de moagem de entulho já esteja
instalado no Brasil, sua quase totalidade é de domínio público municipal, e o
destino do produto se limita a utilização em reforço de pavimentação de vias
públicas. ANGULO et al (2002) mostram que do total produzido nacionalmente
para agregados graúdos e miúdos, 13,5% e 30,3% respectivamente referem-se ao
consumo destes em obras de pavimentação, valores pouco significativos
considerando-se o alto investimento necessário à instalação de uma usina de
moagem. A baixa demanda do material produzido pelas usinas de domínio
público podem se refletir na elevação dos custos de operação, acúmulo de material
reciclado ou não nos pátios, ou até mesmo a continuidade de despejos em locais
incorretos por falta de continuidade no processo.
Faz-se necessária a utilização deste produto em outros
processos, tais como a produção de concreto, blocos de concreto para alvenaria,
etc. Faz-se portanto necessária a participação da iniciativa privada. A limitação
dos pontos de despejo destes resíduos, que passam a ser gerenciados pelos
municípios por força da RESOLUÇÃO CONAMA nº 307/2002, que estabelece
diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão de resíduos da construção civil,
elevarão de forma inevitável os custos operacionais de coleta destes resíduos,
custos estes que também inevitavelmente serão repassados aos geradores, de
grande ou pequeno porte, tornando-se um atraente negócio, à exemplo do que
acontece nos países que se encontram mais adiantados neste aspecto de
preservação ambiental.
Segundo ZORDAN (1997), em 1990, os governos municipais,
estaduais e até o federal, dos EUA, começaram a criar leis que regulamentaram a
disposição de resíduos de C&D (Concreto e Demolição). O trabalho dos
empreiteiros, à procura de locais para dispor seus resíduos tornou-se mais difícil.
Segundo PIT & QUARRY (1990b), citado por ZORDAN
(1997) aquela era uma oportunidade única para os produtores de agregados
entrarem no ramo da reciclagem de resíduos, processando o entulho e vendendo
38
para os próprios produtores utilizarem como agregados. A reciclagem do entulho
poderia contribuir para racionalizar as reservas naturais e aumentar a produção das
empresas, além do que, o gerenciamento destes resíduos se tornaria um negócio
altamente lucrativo.
Os processos especializados utilizados nas centrais de
reciclagem, embora necessitem de um investimento alto, geralmente acabam
ficando mais baratos que o custo gerado pelos aterros. No programa de reciclagem
implantado na cidade de Los Angeles, após o terremoto de 1994, por exemplo, a
média de custos de reciclagem, incluindo a coleta, foi de aproximadamente
US$ 15/t, cerca da metade do custo dos aterros norte americanos, de acordo com
BIOCYCLE(1994), citado por ZORDAN (1997).
De acordo com WASTE AGE (1992), citado por ZORDAN
(1997) na América do Norte a reciclagem é vista como um mercado altamente
rentável pela iniciativa privada. Muitas empresas possuem equipamentos
sofisticados para a separação dos materiais, o que acaba aumentando a qualidade
do produto reciclado e a eficiência do sistema.
Segundo J. Hixon (WASTE AGE, 1992, apud ZORDAN, 1997),
vice-presidente de uma companhia que começou a investir na reciclagem de
resíduos de C&D em 1992, a Environmental Resource Return Corp.(Portsmouth,
New Hampshire), o essencial é que o material colocado no mercado tenha
qualidade. Sua instalação foi projetada para receber resíduos de demolição
misturados a US$55/t, concreto a U$20-25/t, e madeira a US$20-30/t. A empresa
mais próxima oferece estes serviços a cerca de US$65/t. Ele diz que as empresas
que estão com dificuldade na venda de seus produtos, é porque não oferecem
qualidade. A maioria das usinas não possui flotadores d’água, separadores
magnéticos e a ar, ou separação secundária. Com estes equipamentos Hixon pode
vender o material processado, como o concreto e a madeira, de 6 a US$ 8/t, e de
10 a US$ 18/t, respectivamente, e manter as taxas para o recebimento dos resíduos
a valores mais baixos.
De acordo com GRANATO (TÉCHNE, 1995, apud ZORDAN,
1997), diretor de uma empresa que comercializa máquinas britadeiras usadas em
39
pedreiras, a reciclagem de entulho em usinas com equipamentos britadores é
viável, quando a geração em quantidades regulares, estiver entre 30 e 500t/hora.
Entretanto, de acordo com T.P. Pinto, arquiteto especialista na reciclagem de
resíduos de C&D, o mais importante é adequar o porte do conjunto de
equipamentos à necessidade do município ou do canteiro de obras, que podem ter
menor escala de produção e configuração mais simples, por exemplo, de 20 t/hora.
O fundamental, segundo ele, é salientar que não basta a simples transposição dos
equipamentos de britagem para o ambiente urbano. É necessário que sejam
tomados uma série de cuidados, que vão adequar o maquinário à sua finalidade,
visando principalmente a contenção da geração de resíduos e material particulado.
Segundo GRANATO (TÉCHNE, 1995, apud ZORDAN, 1997),
toda cidade que pretender investir na reciclagem do entulho deve desenvolver
algumas avaliações básicas:
Verificar o volume gerado de entulho ou de controle da municipalidade;
Conhecer suas características principais (composição e proporção dos
componentes);
Estabelecer quais são as áreas disponíveis para recolhimento do produto e
aplicações;
Saber quais são as possibilidades de industrialização dos materiais e
agregados e de comercialização do refugo (madeira, metal, papel e
plástico).
A partir daí, segundo ele, é possível efetuar um levantamento
econômico do trabalho de reciclagem, que pode ser feito com equipamentos
sofisticados ou com máquinas simples, construídas a partir de materiais também
reciclados.
40
2.5.1 Equipamentos utilizados em uma usina de moagem de entulho
2.5.1.1 Britadores
2.5.1.1.1 Britadores e rebritadores de mandíbula
Equipamentos normalmente utilizados como britadores
primários, apresentam em sua câmara de britagem uma placa metálica maciça e
fixa e outra também maciça e com movimentos excêntricos, simulando uma
mandíbula. Entre as duas placas o material é rompido por compressão e somente
abandona a câmara quando estiver reduzido ao tamanho da abertura inferior desta,
que pode ser regulado. Apresenta como vantagens um baixo custo de manutenção
e produz materiais com melhores curvas granulométricas, e como desvantagens o
elevado grau de ruído, baixa produtividade e produção de grãos lamelares com
maior porcentagem de graúdos.
Figura 2.5 - Corte de britador de mandíbula mod. JC 8060
Fonte: Catálogo comercial Maquinas Furlan Ltda.
41
A Tabela 2.9 permite determinar a porcentagem aproximada
dos produtos britados, de acordo com os tamanhos estabelecidos pela abertura da
boca de saída na posição fechada, ou seja, na posição mínima de afastamento
entre as mandíbulas quando o britador estiver operando em circuito aberto,
isto é, sem retorno do material.
Ex.: Um britador JC 8060 (Foto 2.1) trabalhando com uma abertura de saída de
100 mm produz em média 80m³/h.
Analisando a Tabela 2.9 observa-se o seguinte:
· 96% do produto britado é menor que 150mm, isto é, passa por uma peneira
com malha desta abertura. Neste caso 4% fica retido sobre a peneira.
· 75% do produto britado é menor que 100 mm. Como 4% do produto já
ficou retido sobre a primeira peneira, teremos: 21%, 25-04=21% retido sobre
a peneira com malha 100mm, equivalente ao tamanho entre 100 e 150 mm. E
assim sucessivamente conforme Tabela 2.9.
Tabela 2.9- Análise do produto –Curva Granulométrica Britador de
Mandíbula (material de média dureza)
Fonte: Catálogo comercial Maquinas Furlan Ltda.
ABERTURA DE SAÍDA NA POSIÇÃO FECHADA (mm) TAMANHO
DA PEDRA
(mm)
50 75 100 125 150 175 200 225 250 300
300 97 96 92 87 75
250 100 96 91 86 75 67
225 100 97 91 84 75 68 57
200 98 94 84 75 67 61 52
175 100 94 86 75 67 59 54 45
150 100 96 89 75 65 57 51 47 38
125 98 91 75 63 55 48 43 38 32
100 94 75 61 51 44 38 34 30 25
88 100 86 66 54 45 38 33 29 27 24
75 96 75 57 46 38 32 28 25 23 20
63 90 63 48 38 32 27 24 22 20 17
50 75 51 38 31 26 22 20 18 16 14
38 57 39 28 24 20 17 15 14 13 12
25 38 26 20 17 15 13 12 11 10 9
13 20 14 14 10 9 8 8 7 7 6
42
Foto 2.1 Britador de Mandíbula mod. JC 8060
Fonte: Catálogo comercial Maquinas Furlan Ltda.
Tabela 2.10 Produção média em m³/hora (circuito aberto)
Fonte: Catálogo comercial Maquinas Furlan Ltda.
Abertura de saída na posição fechada (mm)
Modelos
Boca de
alimentação
(mm)
Mov. do
queixo
(mm)
6 12 20 25 40 50 75 100
BM-84
80 x 40
8 0,1-0,2 0,2-0,3
BM-2010
200 x 100
12 0,8-1 1-2 2-3 3-4
BM-2515
250 x 150
13 2-3 3-4 4-5 5-6
BM-5030
500 x 300
19 11-15 15-18 18-23 23-28 28-36
BM-6040
600 x 400
19 15-20 20-25 25-30 30-35 35-48
Nota: A produção indicada nesta tabela é aproximada, podendo variar de acordo com o material a
ser britado e a granulometria desejada
43
2.5.1.1.2 Britadores de impacto
Equipamentos utilizados como britadores tanto primários quanto
secundários, os materiais são britados por impacto entre uma placa metálica fixa e
maciça e placas metálicas menores fixadas a um rotor.Apresenta como vantagens
a britagem de grãos de formas mais regulares, ideais para a utilização em
pavimentações, baixa emissão de ruídos e o processamento de peças de concreto
armado. Apresenta como desvantagens o alto custo de manutenção, com
substituições periódicas das placas metálicas.
2.5.1.1.3 – Moinhos de martelos
Equipamentos utilizados tanto como britadores primários quanto
como secundários, os materiais são britados por impacto entre uma placa metálica
fixa e martelos metálicos fixados em rotores. Pode trabalhar em regime fechado,
quando o material só deixa a câmara quando atingir a granulometria desejada.
Apresentam-se Fotos 2.2 e 2.3 e Figura 2.6 do Moinho a
Martelo modelo 80MF, fabricado por Maquinas Furlan, além das Tabelas 2.11,
2.11a e 2.11b com dados construtivos e de produção do moinho.
Foto 2.2 Moinho a Martelo modelo 80MF-fab. Maquinas Furlan
Fonte: Catálogo comercial Maquinas Furlan Ltda.
44
Foto 2.3 Detalhe da ampla câmara de moagem, dos revestimentos
laterais e pára-choques.
Fonte: Catálogo comercial Maquinas Furlan Ltda.
Tabela 2.11 Análise do Produto- Moinho de Martelos
Fonte: Catálogo comercial Maquinas Furlan Ltda.
TRANSMISSÃO
MODELOS
POTÊNCIA
(cv.)
PADRÃO OPCIONAL
ALIMENTAÇÃO
(mm)
MARTELOS
(Qtd.)
PESO
(kg)
MM80F1-A 2 de 150 5920
MM80F1-B 2 de 125
COM
ACOPLAMENTO
FLEXÍVEL
COM
POLIAS
E
CORREIAS
até 76 8
4920
Tabela 2.11a Produção aproximada em t/h (consid. Y=1,6 t/m³)
Fonte: Catálogo comercial Maquinas Furlan Ltda.
ABERTURA DAS GRELHAS (mm)
MODELOS 2 3 4,5 6 10 15 20 25
MM80F1-A
23 30 35 40 46 52 57 63
MM80F1-B
12 16 20 24 28 31 34 39
Tabela 2.11b Curvas granulométricas
Fonte: Catálogo comercial Maquinas Furlan Ltda.
% PASSANTE NAS MALHAS MINÉRIOS ABERTURA DAS
GRELHAS (mm)
10 20 50 100 200
10 79 68 40 22 16
5 90 86 65 42 35
2 99 97 81 68 54
CALCÁRIO
DE BAIXA
E MÉDIA
DUREZA.
1,5 100 99 90 75 65
10 77 58 27 18 12
5 85 83 55 30 20
2 98 91 64 48 36
CALCÁRIO
DE ELEVADA
DUREZA,
DOLOMITO
E BASALTO
1,5 100 98 85 73 62
45
Figura 2.6 Corte esquemático da câmara de moagem – Moinho de martelos
Fonte: Catálogo comercial Maquinas Furlan Ltda.
O
fluxo de ar passante pelas grelhas, pressionado pelos martelos
retorna à boca de alimentação fechando o circuito. Este fluxo desobstrui os vãos
das grelhas, melhorando a produção. Além disso, este sistema de circulação de ar
minimiza a emissão de poeira ao meio ambiente.
O sistema de pastilhas substituíveis foi criado para aumentar as
vidas úteis dos martelos, que são fundidos em ligas especiais a fim de se reduzir o
custo operacional da moagem.
2.5.1.2 Equipamentos auxiliares
2.5.1.2.1 Alimentador vibratório
Equipamentos utilizados para alimentar de forma contínua e
regular os britadores primários e secundários. Funcionamento através de motor
vibratório e molas que permitem o direcionamento do material para dentro dos
britadores. Podem ser revestidos por mantas anti-ruído e podem receber grelha
pré-classificatória de modo a diminuir a quantidade de finos antes que sejam
despejados nos britadores.
46
Apresenta-se Foto 2.4 e Figura 2.7 do alimentador vibratório
fabricado por Maquinas Furlan, além das Tabelas 2.12 e 2.12a com dados
construtivos e de produção do alimentador.
Foto 2.4 Alimentador vibratório – Fabricação Maquinas Furlan
Fonte: Catálogo comercial Maquinas Furlan Ltda.
Figura 2.7 Corte esquemático do alimentador vibratório
Fonte: Catálogo comercial Maquinas Furlan Ltda.
47
Tabela 2.12 Análise do Produto – Alimentador Vibratório
Fonte: Catálogo comercial Maquinas Furlan Ltda.
POTÊNCI
A
MOTOR
4 POLOS
MODELO
UTILIZ. NOS
BRITADORES
Q
T
D
.
CV
ROTAÇÃO
DA
MÁQUINAS
(rpm)
ABERTURA
DAS
GRELHAS
CAPAC.
(m³/h)
CAPACIDAD
E
APROX.
C / SOBRE
TREMONHA
(m³)
PESO
AV 27060 6040 - 8060 1 7,5 930 2" a 4" 30 - 150 7,5 3100
AV 40090A 8060 - 9070 1 20 940 2" a 4" 80 - 250 12 7100
AV 40120
9070
12080
2
7,5
20
940
c/ eixo cardan
2" a 5" 120 - 350 16,5 9200
AV 60120
12080
130120
2
12,5
30
950
c/ eixo cardan
2" a 7" 150 - 450 23 14000
Tabela 2.12a Dimensões – Alimentador Vibratório
Fonte: Catálogo comercial Maquinas Furlan Ltda.
DIMENSÕES
MODELO
A B C D E F G H I J L M N O P
AV 27060 2720 600 150 400 1950 1270 764 1610 3400 1984 2320 4100 3390 900 -
AV
40090A
4000 900 300 400 2900 1530 880 1780 4650 2258 2480 5535 3628 1050 -
AV 40120 4000 1200 300 400 2900 1830 880 1780 4650 2650 2550 5535 4050 1500 -
2.5.1.2.2 Calhas vibratórias
Equipamento com características idênticas às dos alimentadores
vibratórios, porém mais simples e normalmente utilizados para alimentação dos
britadores secundários.
Apresenta-se Foto 2.5 e Figura 2.8 de calha vibratória fabricada
por Maquinas Furlan, além da Tabela 2.13 com dados construtivos e de produção
da calha.
48
Foto 2.5 Calha vibratória – Fabricação Maquinas Furlan
Fonte: Catálogo comercial Maquinas Furlan Ltda.
Figura 2.8 Corte esquemático da calha vibratória
Fonte: Catálogo comercial Maquinas Furlan Ltda.
49
Tabela 2.13 Análise do Produto – Calha Vibratória
Fonte: Catálogo comercial Maquinas Furlan Ltda.
DIÂM.
POLIAS
(mm)
DIMENSÕES
MOD
CAPAC.
(m³/h)
TAM.
MAX.
DE
ALIM.
POT.
MOTOR
4
POLOS
(CV)
MOT. MOV.
PESO
(kg)
A B C D E F G H I J L M
CV
10050
30 a 80 4" 3 120 210 510 1000 485 570 540 1182 720 86 90 500 855 1335 950
CV
14080
75 a 150 8" 5 125 246 1000 1400 785 830 800 1600 1030 90 115 558 905 1756 1180
CV
200120
130 16" 7,5 143 265 1630 2000 1185 1125 1250 2190 1400 90 75 585 1022 2345 1574
2.5.1.2.3 – Grelhas vibratórias
Equipamentos instalados antes dos britadores secundários e
permitem uma pré-seleção de finos em até duas granulometrias, reduzindo a carga
no britador. O equipamento seleciona o material por peneiramento (vibratório)
enquanto direciona o excedente para dentro do britador.
Apresenta-se Foto 2.6 e Figura 2.9 de grelha vibratória
fabricada por Maquinas Furlan, além da Tabela 2.14 com dados construtivos e de
produção da grelha.
Foto 2.6 Grelha Vibratória – Fabricação Máquinas Furlan
Fonte: Catálogo comercial Maquinas Furlan Ltda.
50
Figura 2.9 Corte esquemático da grelha vibratória
Fonte: Catálogo comercial Maquinas Furlan Ltda.
Tabela 2.14 Análise do Produto – Grelha Vibratória
Fonte: Catálogo comercial Maquinas Furlan Ltda.
MODELOS
DENOMINAÇÕES
UNIDADE
DE
MEDIDA
GV - 250120 GV - 300150A
Número de Decks
qtd. 1 2 1 2
Rotação nominal da máquina
rpm 1050
Potência do motor (IV Polos)
cv 10 20
Diâmetro da polia motora
mm 166
Diâmetro da polia movida
mm 260
Abertura entre grelhas
poleg. 2" a 8" 2" a 10"
Capacidade de alimentação
m3/h. 80 - 180 120 - 300
Elemento vibratório
3 - 12 2- 15
Dimensões aproximadas da máquina:
A mm 3015 3440
B mm 835 1070 950 1150
C mm 1990 2225 2370 2570
D mm 2092 2575
E mm 1200 1500
F mm 315 325
G mm 2210 2640
H mm 1720 2050
Peso aproximado da máquina
kg 2720 2915 4540 4780
51
2.5.1.2.4 – Peneiras vibratórias
Equipamentos de separação do produto final. Promovem por
peneiramento vibratório a separação das areias finas e grossas, pó de brita e britas,
dependendo das peneiras instaladas.
Apresenta-se Foto 2.7 e Figura 2.10 de peneira vibratória
fabricada por Maquinas Furlan, além da Tabela 2.15 com dados construtivos e de
produção da peneira.
Foto 2.7 Peneira vibratória – Fabricação Maquinas Furlan
Fonte: Catálogo comercial Maquinas Furlan Ltda.
Figura 2.10 Corte esquemático da peneira vibratória
Fonte: Catálogo comercial Maquinas Furlan Ltda.
52
Tabela 2.15 Análise do Produto – Peneira Vibratória
Fonte: Catálogo comercial Maquinas Furlan Ltda.
DIMENSÕES (mm)
MODELOS
Nº DE
DECKS
DIM
TELA
(mm)
POT.
MOTOR
4
POLOS
(CV)
MOT. A B C D E F G H
3 790 1435 1855
PV-200100
2000
x 960
5
166 2415
1125 1770
1833 1000 305
1890
1420
1 1015 1920
2 1250 2155
PV-300100
3
3000
x 960
7,5 166 3440
1380 2285
2695 1000 305 1915 1520
1 985 2020
2
10
1210 2245
3 1555 2590
PV-350120
4
3500
x
1160
12,5
150 3935
1930 2965
3067 1200 315 2210 1770
1 10 150 1055 2220 315 2510
2 12,5 1390 2555
3 15 1720 2885
2540
PV-400150
4
4000
x
1460
20
185
4420
2065 3250
3360 1500
325
2645
2050
PV-500200 1
5000
x
1960
25 185 5425 1220 2645 4427 2000 325 3190 2635
2.5.1.2.5 – Transportadores de correia fixos e móveis
Equipamentos responsáveis pelo transporte interno do material
britado; do britador primário para o secundário, do secundário para as pilhas ou
peneiras vibratórias. Os transportadores de correia podem ser fixos, usualmente
utilizados em usinas mais completas(com britador primário e secundário), ou
móveis, quando a usina dispõe de um único britador e produz apenas a chamada
“bica corrida”,produto originado da britagem primária. O transportador móvel é
montado sobre uma estrutura que gira em torno do britador, permitindo a descarga
em várias pilhas em torno deste.
São compostos de esteiras de lona emborrachada, que apoiadas
sobre roletes e impulsionadas por motores, transportam o material britado que é
despejado de forma contínua pelos britadores. Dispõem de tracionadores que
mantêm a correia sempre tencionada, adequando-se à carga transportada.
Apresenta-se Foto 2.8 de transportador de correia fixo fabricado
por Maquinas Furlan, além das Tabelas 2.16, 2.16a e 2.16b com dados
construtivos e de produção do transportador.
53
Foto 2.8 Transportador de correia –Fabricação Maquinas Furlan
Fonte: Catálogo comercial Maquinas Furlan Ltda.
Tabela 2.16 Análise do Produto – Transportador de Correia
Fonte: Catálogo comercial Maquinas Furlan Ltda.
MODELOS DENOMINAÇÕES UNIDADE
DE
MEDIDA
TC-
16
TC
-20
TC
-24
TC
-30
TC
-36
TC-
42
Largura da correia transportadora Pol. 16" 20" 24" 30" 36" 42"
Capacidade de transporte m³/hora 60 90 14
0
21
0
30
0
400
Altura da treliça mm 400 50
0
600 700
Distância entre centros para uso do
esticador de gravidade
m >35 >3
0
>2
7
>25 >
2
2
>20
Distância entre suportes dos roletes de
carga
m 1.2 1
Distância entre suportes dos roletes de
retorno
m 3
54
Tabela 2.16a - Potência dos Motores
Fonte: Catálogo comercial Maquinas Furlan Ltda.
Nota:
1- As potências acima relacionadas são para transportadores com capacidade máxima, com
uma inclinação de 18° e para um material de 1,6 t/m³ podendo portanto variar conforme
aplicação do cliente.
2- Velocidade aproximada das correias transportadoras: 100 m/min
Tabela 2.16b – Informações Complementares
Fonte: Catálogo comercial Maquinas Furlan Ltda.
POTÊNCIA DOS MOTORES (IV POLOS)
Até 6
metros
cv 3 4 6 7,5 10
7 a 10 cv
3
4 6 7,5 10 15
11 a 15 cv 5 7,5 10 15 20
16 a 20 cv
4
21 a 25 cv 5
7,5 10 15 20 25
26 a 30 cv 6 12,5 25
31 a 35 cv
12,5 20
Comprimento em metros do
transportador
36 a 40 cv
7,5
15
15
25
30
40
POTÊNCIA DOS MOTORES
INFORMAÇÕES
COMPLEMENTARES
UNID.
DE
MEDIDA
ATÉ 5
CV
DE 6 A
12,5 CV
DE 15 A
30 CV
DE 40 A
50 CV
Diâmetro do tambor de tração mm 320 400 500 600
Diâmetro do tambor de retorno mm 320 400
Rotação do tambor de tração rpm 88 79 63 53
Redução do redutor red. 1:20
Diâmetro polia motora mm 125 140
Diâmetro polia movida mm 125 160 200 290
55
2.5.1.2.6 Fotos ilustrativas de usinas instaladas:
As Fotos 2.09 e 2.10 mostram usina de moagem de entulho
instalada no início de 2003 no município de Piracicaba-SP pela EMDHAP-
Empresa de Desenvolvimento Habitacional de Piracicaba. Segundo Stocco
(2003)¹, o município gera 650 toneladas de resíduo por dia, coletados por 27
caçambeiros e colaboradores da usina que moe 170 toneladas a cada dia. Os
materiais produzidos são utilizados em base para estradas vicinais e como
agregado para produção de blocos de concreto para utilização em alvenaria de
casas populares (Foto 2.11). Ainda segundo Stocco, os blocos produzidos pela
usina têm utilizado 60% de agregados reciclados em sua composição, obtendo-se
resultados satisfatórios.
Foto 2.9 (out2003) – Usina de moagem de Piracicaba-SP, da esquerda para a direita, plataforma
de abastecimento, alimentador vibratório,sala de operação, britador de mandíbula(abaixo da sala
de operação), transportadores de correias fixos e móveis e rebritador de impacto.
____________________________
¹ Stocco, Claudio. ( ENDHAP - Empresa de Desenvolvimento Habitacional de Piracicaba
Comunicação pessoal, 2003)
56
Foto 2.10(out2003)- Usina de moagem de Piracicaba-SP, da esquerda para a direita, pilha pulmão
de “bica corrida”, rebritador, transportadores de correias e peneira vibratória. Ao funda usina de
asfalto que utiliza agregados reciclados da usina.
Foto 2.11 (out2003) – Fabrica de blocos de concreto para alvenaria instalada na Usina de Moagem
de Piracicaba-SP. Produção diária de 1.400 un.
57
As Fotos 2.12 e 2.13 mostram a usina de moagem de entulho
instalada no município de Ribeirão Preto-SP. Instalada pela prefeitura municipal
foi inaugurada em 27 de setembro de 1996, uma das pioneiras na atividade,
moendo 200 m³ de bica corrida ao dia, fornecidos de forma espontânea pelos
coletores do município. Encontra-se paralisada desde março de 2002 devido à
falta de reposição de equipamento e instalações furtados, segundo informações do
encarregado Antonio Manoel dos Reis.
Foto 2.12(ago2003)- Usina de moagem de Ribeirão Preto-SP. Modelo chamado de piloto, da
esquerda para a direita,plataforma de abastecimento, alimentador vibratório, moinho de martelos e
esteira móvel.
58
Foto 2.13(ago2003)- Usina de moagem de Ribeirão Preto-SP. Vista do alimentador vibratório e
moinho de martelos.
2.6. Legislação Correlata
2.6.1 Licenciamento de Áreas para Empreendimentos
2.6.1.1 Definição dos Parâmetros Legais
Enfatiza-se que a legislação federal aborda de forma genérica a
questão dos resíduos, ao contrário do tratamento dado aos assuntos ligados à
poluição das águas e do ar. Ela carece de complementações normativas de forma a
contemplar todos os aspectos do problema, considerados importantes.
Sob o ponto de vista jurídico institucional, o grande número de
diplomas legais incidentes, de diferentes épocas e instituições governamentais
setoriais sugere uma revisão/condensação e compilação dos mesmos, de forma a
permitir não só, uma rápida e consistente identificação das diretrizes e restrições
legais como, também, uma maior eficácia em sua aplicação, para controle e
59
fiscalização das diversas ações afetas à limpeza urbana e ao saneamento básico
metropolitano. Assim, são apresentados a seguir os principais instrumentos legais
federais.
No que tange aos instrumentos normativos e legais incidentes no
âmbito de regiões metropolitanas observa-se sobreposições e vazios institucionais,
especialmente no que respeita à questão dos resíduos sólidos, ao controle do uso
do solo e à prestação de serviços de interesse metropolitano.
Por oportuno, apresentam-se os principais instrumentos legais
que se aplicam direta ou indiretamente ao assunto resíduos sólidos.
2.6.1.2 Legislação Federal
Apresentam-se, a seguir, os principais instrumentos legais
elaborados em nível federal.
Leis e Decretos
São elencados, abaixo, os principais instrumentos legais que
cuidam, direta ou indiretamente do controle da poluição ambiental, ou que podem
interferir com a questão dos resíduos sólidos. Não constam dessa lista as normas
relativas aos resíduos nucleares.
C
C
o
o
n
n
s
s
t
t
i
i
t
t
u
u
i
i
ç
ç
ã
ã
o
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d
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e
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a
a
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l
A Constituição Federal, promulgada em 1988, aborda a questão
de meio ambiente, o controle da poluição e a disposição final de resíduos sólidos,
de maneira abrangente, ao definir que:
Art. 225 – Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
60
V – controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e
substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio
ambiente.
Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981 - Institui a Política Nacional de Meio
Ambiente - PNMA, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação.
Regulamentada pelo Decreto nº 88.361 de 01.06.83
Lei nº 9.605, de 28 de janeiro de 1998 – Dispõe sobre as sanções penais e
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente e dá
outras providências (conhecida como a lei de crimes ambientais).
Resoluções CONAMA
Resolução CONAMA nº 5, de 15 de junho de 1988 – Submete ao licenciamento
ambiental as obras de sistemas de abastecimento de água, sistemas de esgotos
sanitários, sistemas de drenagem e sistemas de limpeza urbana.
Resolução CONAMA nº
237, de 19 de dezembro de 1997 – Dispõe sobre o
processo de Licenciamento Ambiental, e estabelece a relação mínima das
atividades ou empreendimentos sujeitos a este Licenciamento.
Resolução CONAMA nº 313, de 29 de outubro de 2002 - "Dispõe sobre o
Inventário Nacional de Resíduos Sólidos Industriais".
61
Enfatiza-se quanto ao Diplomas Legais o enfoque das responsabilidades a seguir
sintetizadas:
QUANTO À RESPONSABILIDADE:CIVIL: a responsabilidade pelo
transporte e a destinação dos resíduos é do gerador e permanece do gerador ainda
que os resíduos tenham sido entregues a terceiros e que estes tenham aprovação
do órgão estadual e/ou estaduais.
PENAL: este tipo de responsabilidade varia em função do comportamento do
gerador e vai depender de prova ou culpa. Se ocorrer danos ambientais, o gerador
terá agido com culpa por não ter dado destinação adequada a seus resíduos,
mesmo que tenha contratado terceiros, autorizados por órgãos competentes.
DANOS AMBIENTAIS: o gerador, terceiros e o próprio órgão ambiental
competente, que tenha dado autorização para o tratamento e/ou disposição de
resíduos, poderão ser chamados pelo Ministério Público para responder por danos
ambientais que porventura venham a ser causados por resíduos dispostos
inadequadamente.
Resolução CONAMA nº 307, de 5 de julho de 2002 - "Estabelece diretrizes,
critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil".
Portarias
Portaria do Ministério do Interior - MINTER nº
53, de 1º de março de 1979 -
Dispõe sobre o tratamento e disposição final de resíduos sólidos de qualquer
natureza.
Portaria IBAMA nº 113, de 25 de setembro de 1997 - Obriga ao registro no
Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou
Utilizadoras de Recursos Ambientais, as pessoas físicas ou jurídicas que se
62
dedicam a atividades potencialmente poluidoras e/ou a extração, produção,
transporte e comercialização de produtos potencialmente perigosos ao meio
ambiente, assim como de minerais, produtos e sub produtos da fauna, flora e
pesca.
2.6.1.3 Legislação do Estado de São Paulo
A seguir apresenta-se a Legislação Estadual, bem como, Decretos, Portarias e
Resoluções.
Constituição Estadual
A Constituição do Estado de São Paulo, de 1989, em alguns casos, foi mais
detalhista que a Constituição Federal quando, no capitulo referente ao Meio
Ambiente e Saneamento Básico determina que: “Artigo 191 – O Estado e
Municípios providenciarão, com a participação da coletividade, a preservação,
conservação, defesa, recuperação e melhoria do meio ambiente natural, artificial
e do trabalho, atendidas as peculiaridades regionais e locais e em harmonia com
o desenvolvimento social e econômico.”
Decreto nº
52.497, de 21 de julho de 1970 – Proíbe o lançamento dos resíduos
sólidos a céu aberto, bem como a sua queima nas mesmas condições.
Lei Estadual nº 9.509, de 20 de março de 1997 – Dispõe sobre a Política
Estadual do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação.
2.6.1.4 Normas
As normas não têm força de lei, porém, indicam as ações e parâmetros a serem
observados em situações específicas. As principais normas são editadas pela:
63
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas,
CETESB - São Paulo,
FEAM - Minas Gerais,
FEEMA - Rio de Janeiro,
CPRH – Pernambuco,
IAP – Paraná e
Órgãos Ambientais de outros Estados
Com relação às Normas Técnicas elaboradas pela Associação Brasileira de
Normas Técnicas – ABNT destacam-se as principais normas relativas a resíduos.
Normas ABNT - Resíduos SólidosNBR 10.004 -
Resíduos Sólidos – Classificação
NBR 10.005 - Lixiviação de Resíduos
NBR 10.006 - Solubilização de Resíduos
NBR 10.007 - Amostragem de Resíduos
NBR 10.703 - Degradação do Solo - Terminologia
NBR 12.988 - Líquidos Livres - Verificação em Amostra de Resíduo
Normas ABNT sobre Aterros Sanitários/Industriais
NBR 8418 - Apresentação de Projetos de Aterros de Resíduos Industriais
Perigosos.
NBR 8419 - Apresentação de Projetos de Aterros Sanitários de Resíduos Sólidos
Urbanos.
NBR 10.157 - Aterros de Resíduos Perigosos - Critérios para Projeto, Construção
e Operação.
NBR 13.896 - Aterros de Resíduos Não Perigosos - Critérios para Projeto,
Implantação e Operação.Normas ABNT sobre Tratamento, Armazenamento e
Transporte de Resíduos
NBR 11.174 – Armazenamento de Resíduos
64
NBR 11.175 - Incineração de Resíduos Sólidos Perigosos - Padrões de
Desempenho (antiga NB 1265)
NBR 13.894 - Tratamento no Solo (Landfarming)
NBR 12.235 - Armazenamento de Resíduos Sólidos Perigosos (antiga NB-
1183)NBR 11.174 - Armazenamento de Resíduos Classe II - Não Inertes e III -
Inertes (Antiga NB-1264)
NBR 13.221 - Transporte de Resíduos
2.6.1.4 Legislação Municipal de Bauru
A Prefeitura Municipal de Bauru passa a legislar sobre resíduos
de construção à partir de 12 de dezembro de 1995, com a publicação da LEI Nº
3982, que “disciplina a colocação nas vias públicas, de caçambas e containers
destinados ao recolhimento de entulhos e similares”.
A LEI Nº 4646, de 27 de março de 2001, altera a redação do artigo
8º da Lei nº 3982, determinando à Secretaria Municipal do Meio Ambiente a
indicação e autorização dos locais para depósito de entulho e similares, e
determina que as Secretarias Municipais de Obras e as Administrações Regionais
devem inspecionar o efetivo depósito nos locais pré-determinados.
A LEI 4796, de 06 de fevereiro de 2002, determina criação de
grupo de estudo técnico sobre destinação final de entulhos no meio urbano,
responsável por indicar à Secretaria Municipal do Meio Ambiente, local
adequado, sem riscos ao meio ambiente para destinação final de entulho. Em 23
de março de 2002, o Diário Oficial nº 678 publica COMUNICADO do
Departamento de Ações e Recursos Ambientais, determina que os “resíduos
caracterizados como resíduos de construção ou demolição, sem mistura de
qualquer outro material deverão ser depositados, pelas pessoas físicas jurídicas,
ressalvados os casos especiais, na erosão localizada na Rua Jardim Gonçalves
Soriano, na Pousada da Esperança I”.
65
2.6.2 Licenciamento de fontes de poluição
Embora já previsto em quase todas as legislações estaduais, o
sistema de licenciamento foi disciplinado, em nível federal, pela Lei nº. 6.938/81,
alterada pela Lei nº 7.804/89 (art. 10) e seu Regulamento, aprovado pelo Decreto nº
99.274/90 os quais estabelecem o sistema de licenciamento de atividades efetivas ou
potencialmente poluidoras.
Dependerão de licenciamento ambiental, sem prejuízo de outras
licenças exigíveis, a localização, a construção, a instalação, a ampliação, a
modificação e a operação dos empreendimentos ou atividades que utilizarem
recursos ambientais efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer
forma, de causar degradação ambiental.
2.6.2.1 Etapas do procedimento do licenciamento ambiental
A Resolução CONAMA n.º 237/97 estabelece no seu Artigo 10º as etapas do
licenciamento ambiental que são as seguintes:
Definição pelo órgão ambiental competente, com a participação do
empreendedor, dos documentos, projetos e estudos ambientais necessários ao
início do processo de licenciamento correspondente à licença a ser requerida;
Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado dos
documentos, projetos e estudos ambientais pertinentes, dando-se a devida
publicidade;
Análise pelo órgão ambiental competente dos documentos, projetos e estudos
ambientais apresentados e a realização de vistorias técnicas, quando
necessárias;
Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental
competente, uma única vez, em decorrência da análise dos documentos,
reiteração da mesma solicitação caso os esclarecimentos e complementações
não tenham sido satisfatórios;
66
Audiência pública quando couber, de acordo com a regulamentação
pertinente;
Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental
competente, decorrentes de audiências públicas, quando couber, podendo
haver reiteração da solicitação quando os esclarecimentos e
complementações não tenham sido satisfatórios;
Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer jurídico;
Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-se a devida
publicidade.
2.6.2.2 As licenças Ambientais
LICENÇA PRÉVIA - LP concedida na fase preliminar do planejamento da
atividade, contendo requisitos básicos a serem atendidos nas fases de localização,
instalação e operação, observados os planos municipais, estaduais ou federais de uso
do solo. É nesta fase que poderá ser solicitado, quando for o caso, o Estudo de
Impacto Ambiental - EIA, que será objeto de apreciação mais detalhada ao longo
deste módulo.
LICENÇA DE INSTALAÇÃO - LI autoriza o início da implantação do
empreendimento, de acordo com as especificações constantes do projeto
executivo aprovado.
LICENÇA DE OPERAÇÃO - LO autoriza, após as verificações necessárias, o
início da operação da atividade licenciada e o funcionamento de seus equipamentos,
de acordo com o estabelecido na licença prévia e de instalação.
Por se tratar de legislação específica ao tema deste trabalho,
apresenta-se no ANEXO A, a íntegra da Resolução CONAMA nº 307, de 5 de
julho de 2002 - "Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos
resíduos da construção civil".
67
3 Análise da viabilidade técnica e econômica da
implantação de usina de moagem de entulho com
recursos da iniciativa privada no município de Bauru
3.1 Considerações iniciais
Bauru, município com população urbana de 310 mil habitantes,
situado à noroeste do estado de São Paulo, e ocupando lugar de destaque nacional
pelo elevado nível de crescimento, tem na sua administração, tal como na
administração da maioria dos municípios brasileiros, a preocupação de reutilizar,
reduzir e reciclar seus resíduos originados pela construção e demolição de obras
civis. Por força da legislação, Resolução nº 307/2002 do CONAMA, sua
administração tem visto o tempo se esgotar antes da aplicação de sanções por
parte da união para aqueles que não implantarem seu plano integrado de
gerenciamento de resíduos da construção civil. Bauru tenta, a exemplo de
municípios como Piracicaba e Belo Horizonte, implantar sistema de gestão
baseado na instalação de usina de moagem destes resíduos, além da implantação
68
de áreas de coleta espalhadas pelo município para atender o despejo de pequenos
geradores, enquanto que para os grandes geradores e coletores serão instaladas
áreas de transbordo e reciclagem, onde deverão ser separados os resíduos (Jornal
da Cidade, 17 de abril de 2004, página 12). Segundo o Engenheiro Florestal e
então diretor do Departamento de Ações e Recursos Ambientais, Carlos Barbieri,
ainda em reportagem da mesma edição jornalística, o descumprimento das
normativas municipais incidiriam em multa de R$ 500,00, enquanto que a
reincidência seria multada em R$ 5000,00. Finalmente, segundo a mesma
reportagem, as áreas de transbordo e reciclagem seriam de gestão privada e parte
dos seus custos de implantação, seriam repassados aos clientes, ou geradores.
Não obstante a urgência da administração municipal na
implantação de seu plano de gerenciamento de resíduos, medidas como multas e
repasse de custos não parecem ser as mais estimulantes para a implantação de
qualquer sistema que envolva usuários de serviços de coleta ou ainda aqueles
que transportam seus próprios resíduos gerados por pequenas construções ou
reformas. Tais medidas podem provocar efeito contrário, estimulando o despejo
clandestino em áreas que causem enorme prejuízo ao meio ambiente e custos
ainda maiores para a administração quando da recomposição destas áreas.
A participação do capital privado na implantação do plano de
gerenciamento é de vital importância. Embora a totalidade das usinas de moagem
de entulho instaladas no Brasil seja de capital público municipal, todas padecem
da baixa produtividade, originada, ou na falta de resíduos separados para a
moagem, ou na falta de saída do produto sem opções para sua utilização, ou ainda
por falta de recursos da administração para manutenção das usinas. A falta de
programas orientativos à população também contribui para a baixa qualidade dos
resíduos a serem reciclados, que quando chegam às usinas são descartados devido
a grande mistura de vários resíduos diferentes, elevando o custo para separação,
que ocorreria inevitavelmente de forma manual.
A presença de lixo doméstico inserido às caçambas pelos
geradores deve ser coibida pela Prefeitura Municipal de forma enérgica, através
de sobretaxas que atinjam também os coletores que se proponham ao transporte
69
do lixo misturado ao entulho. A presença de lixo doméstico inserido ao entulho se
torna um fator de redução quantitativa e qualitativa no aproveitamento do entulho,
e quando esta soma lixo-entulho é lançada em áreas irregulares, tornam-se abrigos
e alimentação para vetores.
Os custos para instalação de uma usina de moagem de entulho
podem variar dependentemente da sua capacidade de produção, variação de
produtos (britas, areias finas e grossas), opção pelo reaproveitamento de madeiras,
metais, etc, inseridos ao entulho, e ainda dependendo do transporte do resíduo até
a usina.
3.2 Estimativa do volume de entulho gerado no Município de
Bauru
Para obtenção do volume gerado diariamente de entulho no
município de Bauru, foram comparados dois parâmetros. O primeiro foi a
realização de entrevistas realizadas entre novembro e dezembro de 2003, com os
próprios coletores ou caçambeiros através de preenchimento de questionário com
quantidades coletadas em média por dia. Das quatorze empresas localizadas
através de cadastro junto à Prefeitura, quatro responderam ao questionário, quatro
não colaboraram, e as outras oito, ou não existem mais ou associaram-se às
anteriormente citadas. Por se tratar de um trabalho de caráter exclusivamente
científico, as empresas que forneceram os dados serão identificadas como
empresas A, B, C, e D. Os dados foram coletados entre os meses de outubro e
novembro de 2003.
70
Tabela 3.1 Quantidades de caçambas coletadas pelas empresas, obtidas em
entrevista junto aos coletores
Empresa
Capacidade
das caçambas
Nº de
caçambas/mês
(un)
Volume
coletado/mês
(m³)
Número de
caminhões
coletores
(un)
A 5 1000 5000 06
3m³ 150
B
5m³ 300
1950 04
C 5m³ 100 500 01
D 4m³ 150 600 01
Através do questionário, se obtiveram ainda as seguintes
informações:
Todos declararam realizar descarga somente no bolsão instalada pela
Prefeitura Municipal no Bairro Pousada da Esperança
.
É freqüente a presença de resíduos orgânicos misturados ao entulho
coletado nas caçambas.
A maioria dos proprietários das empresas coletoras expressa interesse em
informações sobre reciclagem de entulho, ou através da leitura sobre o
assunto ou através de visita à uma usina já instalada. Demonstram também
interesse em participar da montagem de uma usina, desde que obtivessem
dados que apontassem para lucratividade neste ramo de atuação.
Todos conhecem ou dispõem de área que comporte a instalação de uma
usina de moagem de entulho no município de Bauru.
O segundo parâmetro considerado para obtenção do volume
gerado diariamente de entulho no município de Bauru, foi a verificação dos dados
de volume de descarga de entulho no único bolsão do município localizado no
Bairro Pousada da Esperança. Através dos dados fornecidos pela Secretaria do
Meio Ambiente para o período compreendido entre março/2002 e agosto/2003,
obteve-se o gráfico apresentado na Figura 3.1.
71
Figura 3.1 Gráfico do número de caçambas descarregadas mensalmente no
bolsão Pousada Esperança – Dados fornecidos pela Secretaria do
Meio Ambiente para o período compreendido entre maio/2002 e
agosto/2003
Observa-se, que o número de caçambas coletadas nos primeiros
meses da abertura do bolsão se mantém numa quantidade coletada bem superior
às dos meses posteriores. Este decréscimo contínuo em relação aos primeiros
meses pode ser entendido ou como uma redução real no número de caçambas
geradas no município, pouco provável para uma cidade em franco crescimento
Caçambas coletadas - Bolsão
Pousada da Esperança
2754
2760
1654
1211
1271
778
725
898
839
154
615
730
3191
3788
3556
2499
3800
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
mar/
0
2
abr
/
02
mai
/
0
2
jun/02
j
ul/02
ag
o/02
set/
02
o
u
t/02
nov/0
2
d
e
z/02
j
an/03
f
e
v/
03
mar/03
abr/03
mai/03
j
un/03
j
ul/03
ag
o/03
mês/ano
nº de caçambas
caçambas coletadas/mês
72
como Bauru, ou por uma redução no número de caçambas entregues no bolsão, ou
seja, o aumento de caçambas descarregadas em locais impróprios. A segunda
hipótese é a mais provável, haja visto o movimento politicamente turbulento por
que passou, e passa o município, impedindo um bom desenvolvimento de
fiscalização das secretarias. Este trabalho desconsiderará portanto os dados
obtidos à partir de novembro de 2002.
Dos dados fornecidos pela Prefeitura Municipal, extraíram-se as
quantidades de caçambas descarregadas no bolsão pelas empresas A, B, C e D nos
7 primeiros meses da abertura do bolsão, e extraíram-se as médias mensais para
cada empresa neste período obtendo-se os valores abaixo:
Tabela 3.2 Quantidades de caçambas depositadas em bolsão pelas empresas
A, B, C e D, segundo dados da Secretaria do Meio Ambiente
Empresa/mês A B C D
março/2002 768 360 1 87
maio/2002¹ 894 590 - 125
junho/2002 1095 549 14 147
julho/2002 984 642 14 151
agosto/2002 734 422 - 122
setembro/2002 573 165 114
outubro/2002 632 96 - 106
Média 812 403 Prejudicado 122
(1) A Secretaria não procedeu a contagem no mês de abril/2002
Lembrando que os valores de caçambas coletadas mensalmente
declaradas pelas empresas A, B e D (Tabela 3.1) são respectivamente 1000un,
450un e 150un, podemos considerar que a média para os sete primeiros meses
(considerados de fiscalização efetiva por parte da prefeitura), declaradas e
anotadas no bolsão para as empresas A, B e D, são em média iguais, e que
representam com boa proximidade (variação de 10 a 20%) o valor efetivo de
coleta mensal para as três empresas. Podemos, portanto, considerar que a média
dos 7 primeiros meses para todas as empresas (Figura 3.1) representam também
com boa proximidade o valor total coletado em caçambas no município de Bauru
mensalmente e correspondem a 3.193 caçambas/mês.
73
Cálculo em peso:
Considerando-se que a densidade do entulho pode ser estimada
em 1,0 kg/dm³ (ZORDAN, 1997), que cada uma das 3.193 caçambas coletadas
mensalmente transporta 5 m³ de entulho, que a população urbana de Bauru está
estimada em 310.442 (IBGE, senso 2000/2001) e que a coleta é realizada em 300
dias úteis por ano, obtém-se uma geração de entulho per capita de 2,05 kg/hab/dia
ou ainda 617 kg/hab/ano.
Estes valores levaram em consideração a fração de entulho
coletada através de caçambas. Não foram levantadas as quantidades de entulho
transportadas por pequenos veículos e carroças, embora cada vez menos comuns
ainda contribuem para o transporte e disposição irregular de entulho. Estimativas
de PINTO (1999), mostram que para as cidades de Santo André, Ribeirão Preto e
São José do Rio Preto o sistema de coleta por caçamba é responsável pelo
transporte de 80 a 90% do entulho gerado nestes municípios.
Considerando-se Bauru município com características
semelhantes aos anteriormente analisados por PINTO (1999), deve-se considerar a
taxa obtida de 617 kg/ano.hab, equivalente a 85% em média, como coleta total do
município e 15% referente à coleta não organizada, obtendo-se uma taxa final de
entulho gerado por habitante, no período de um ano, de 726 kg/hab.ano, ou ainda,
Bauru gera aproximadamente 750 toneladas de entulho por dia. Este valor é
coerente com os obtidos pelo mesmo autor em 1999, quando analisou cidades
cujos resultados ficaram entre 230 e 760 kg/hab.ano e cuja mediana foi avaliada
em 510 kg/hab.ano.
74
3.1.1 O custo per capita da remoção de entulho em Bauru
Considerando-se a geração de 726 kg/hab.ano, e considerando-
se que o custo médio destas caçambas para um volume 5m³ (ou 5 toneladas), é de
R$ 35,00/caçamba, obtêm-se um valor faturado por habitante de R$ 5,08/hab.ano.
Há que se somar ainda o valor gasto pela Prefeitura Municipal na limpeza de
terrenos e remoção de galhos (poda de árvores), que segunda a Secretaria
Municipal do Meio Ambiente este custo atingiu em 2003 a valor de R$
531.708,00, ou ainda R$ 1,55/hab.ano. Estima-se, portanto, em R$ 6,63/hab.ano o
custo anual do manejo do entulho por habitante em Bauru, ou pode-se ainda
grosseiramente dizer que o negócio de coleta de entulho em Bauru, fatura
aproximadamente 2,0 milhões de reais anuais.
O valor obtido encontra-se abaixo dos R$ 9,90 a R$ 11,90
estimados por PINTO (1999) para cidades com população entre 300 e 600 mil
habitantes. Considerando os custos por caçamba adotados pelo autor no ano de
2000 para as cidades de São José do Rio Preto (R$ 20,00/caçamba), Santo André
(R$ 45,00/caçamba) e Ribeirão Preto (R$ 40,00/caçamba) entende-se que o custo
para a coleta por caçamba em Bauru é inferior às cidades analisadas e a causa
pode estar no baixo custo operacional destas empresas de coleta, que podem
irregularmente efetuar a descarga em lugares próximos à coleta, sem serem
incomodados pela fiscalização da Prefeitura.
3.2 A cooperação entre os caçambeiros para instalação e
obtenção dos recursos complementares para instalação
da usina
A instalação de uma usina a partir da união dos caçambeiros é
possivelmente a mais promissora forma de garantir boa produtividade, boa
75
qualidade dos produtos, baixo custo na obtenção do entulho à ser moído e
finalmente boa rentabilidade e retorno rápido dos valores investidos.
O formato contábil desta união entre os caçambeiros deverá ser
melhor analisado. A formação de cooperativas é vedada para pessoas jurídicas
(Lei 5764 de 16 de dezembro de 1971-Cap. II – Art. 4º), e as associações só
devem ser formadas quando não têm fins econômicos (Lei 10.406 de 10 de
janeiro de 2002 – Cap. II – Art. 53º).
A união entre os caçambeiros deve anular os gastos com coleta e
transporte de resíduos fornecidos a usina. Incentivos à população tais como
descontos oferecidos por caçambas que contenham entulho selecionado e
campanhas de orientação sobre o quê pode ser reciclado devem ser estimulados.
3.3 Levantamento de custos para instalação e operação de
uma usina de moagem de entulho no município de
Bauru
Para avaliação de custos para instalação de uma usina de
moagem de entulho no município de Bauru, são tomadas as seguintes
considerações:
Será instalada com capacidade de produção em torno de 30 toneladas por
hora, capacidade inicial da maioria das usinas de domínio público
municipal instaladas no Brasil. Embora a capacidade produtiva seja
equivalente, serão apresentados três modelos de usinas que se diferenciam
além do custo de montagem, na qualidade do material produzido e na
maior diversificação para a utilização do produto final.
A área destinada à instalação deverá ser determinada pela prefeitura
municipal, deverá ser concessionada para uso e deverá atender a área
necessária para instalação e estocagem, tanto dos produtos não moídos
76
quanto para os já moídos. A ação conjunta entre a Prefeitura e os coletores
é a intenção deste trabalho, por entender-se que só esta associação será
capaz de resolver de forma adequada os problemas ambientais sofridos
atualmente por este município. Trabalhos realizados pela Prefeitura já
apontam para área lindeira que está em fase de licenciamento ambiental.
Para os custos apresentados, não se levou em consideração valores para a
aquisição do entulho a ser moído, pois caberá aos associados coletores o
fornecimento desta matéria prima, devendo-se a exemplo do que preconiza
a prefeitura, cobrar-se taxa para esta descarga, e podendo-se ainda
diferenciar esta taxa para coletores associados e não associados, ambos
isentados desta se o material for selecionado. Ficam, portanto excluídos do
levantamento de custos os valores para veículos e outros dispositivos de
coleta e entrega. Admite-se que o caminhão que trouxer entulho à usina,
retorna com material moído (sistema de “leva e traz”).
Caberá a Prefeitura Municipal legislar para que todo o entulho
gerado no município seja direcionado para este ponto de disposição final, ou para
pontos intermediários (pequenos geradores), que tomarão o mesmo destino final.
Caberá também à Prefeitura Municipal, a fiscalização e taxação dos geradores e
transportadores que depositarem ou transportarem em caçambas material orgânico
misturados ao entulho.
A prefeitura deverá ser o principal veículo de propaganda da
usina, dando preferência à aquisição de seus produtos em suas tomadas de preços
para aquisição de materiais e serviços. A exemplo dos materiais já usuais a PM
poderá sempre em seus serviços licitados incluir a exigência de ensaios destes
produtos, de maneira a demonstrar tanto à população, quanto aos próprios
fornecedores destes serviços, que o material é viável.
A prefeitura e os órgãos ligados à construção civil deverão ser
informados dos resultados obtidos nos ensaios, de maneira a propagar a utilização
destes produtos para as pequenas e médias obras.
77
3.3.1- Custos de implantação de uma usina de moagem de entulho no
município de Bauru
Para obtenção dos custos de instalação de uma usina de moagem
de entulho, devem ser considerados além dos equipamentos de moagem, ou da
usina propriamente dita, os custos das instalações, máquinas para carga e
descarga, veículos para transporte horizontal, edificações e fechamentos da área.
3.3.1.1 – Equipamentos e acessórios de moagem, peneiramento e
transporte por esteiras
Estão apresentados orçamentos para instalação de três plantas de
usinas de moagem de entulho, cada uma delas fornecidas por empresas diferentes
e com plantas e preços totais diferenciados. Pôde-se observar que as diferenças
entre os equipamentos individuais não se apresentam discrepantes. Os preços
finais se apresentam bastantes diferenciados em função da apresentação de plantas
mais ou menos completas de cada fornecedor, e evidentemente que plantas mais
completas, embora mais onerosas, apresentam como vantagens um produto de
maior qualidade e maior diversidade de utilizações do produto final. Este trabalho
apresenta os dados mais importantes de cada orçamento, porém, em respeito ao
bom atendimento destes fornecedores às necessidades deste trabalho, e ainda em
respeito ao mercado que estas empresas representam, os nomes destas empresas
serão omitidos e no ANEXO B estão apresentadas as plantas de instalação destes
modelos de usinas. Abaixo, apresenta-se esquema básico de funcionamento de
uma usina de moagem.
78
Figura 3.2 Fluxograma básico de funcionamento de uma usina de moagem
de entulho
Britador
Primário
Grelha
Vibratória
Pilha
Bica
Corrida
Britador
Secundário
Material
passante
Material
retido
Graúdos
Miúdos
Peneira
Vibratória
Descarga
de
Entulho
Material
passante
Alimentador
Vibratório
79
Planta nº1
Capacidade de produção: 30/35 ton/hora
Composição:
um alimentador vibratório completo, com capacidade de 40 m3/h,
motor elétrico trifásico blindado, mesa vibratória com grelha classificatória,
tremonha de carga com capacidade de 3m3.
um transportador de correia fixo, largura 16”, comprimento 14m,
capacidade de transporte de 30 m3/h.
um britador de impacto, com capacidade 35 ton/h, em circuito aberto,
com 95% de produtos passantes em peneiras de 60 mm, produção contínua,
alimentação de material de 300 mm, revestimento interno substituível.
uma calha metálica, com sistema de acesso para limpeza e manutenção,
vedação contra pó, sistema “by pass” para recolhimento de finos do AV.
um transportador de correia fixo, lagura 24”, comprimento 9m,
capacidade de 50 m3/h, imã permanente.
um transportador de correias móvel, tipo móvel, giro mínimo de 180°,
largura de 20’, comprimento de 14m, capacidade de transporte de 40 m3/h,
para leira de estoque até 4,5 m, com rodas giratórias, rolamentos de apoio
na parte traseira e tremonha de carga com vedação em borracha.
um imã permanente, tipo suspenso.
um sistema de contenção de particulado, para controle ambiental
completo, com capacidade de 40 l/min, pressão regulável, conjunto moto-
bomba com nebulizador spray, para operação mínima de 8 horas
ininterruptas.
um sistema de contenção de ruído, para controle ambiental completo,
com manta de borracha anti-ruído/choque, instaladas em tremonhas de
carga, bicas de transferência, calha metálica, peneira vibratória e bicas de
distribuição e revestimento externo do BI, com placas de laminado
asfáltico, protegido com filme de polietileno de espessura mínima de 3,0
mm.
uma estrutura metálica de sustentação, com plataformas para operação,
inspeção e manutenção, guarda-corpo de segurança e escada de acesso.
quatro bicas de tranferência.
uma peneira vibratória, com capacidade de 30 m3/h, área de
peneiramento de 3,0 m2, três decks para telas com malhas de aberturas
22.0, 9.52 e 4.8 mm.
uma estrutura metálica de sustentação.
quatro transportadores de correia fixos. largura 16”, comprimento 10m,
capacidade de transporte de 30 m3/h.
Custo Total = R$ 502.200,00 (quinhentos e dois mil e duzentos reais)
Base março/2005
80
Potência Total estimada = 60cv
Planta nº2
Usina de Reciclagem de Entulho com capacidade de 23 ton/hora
Composição:
um alimentador vibratório com estrutura metálica
um britador de mandíbula, com estrutura metálica e plataforma de
serviço.
um rebritador de mandíbula, com estrutura metálica e plataforma de
serviço.
um transportador de correia fixo, com pés de sustentação.
um transportador de correia fixo 16”x11m com pés de sustentação.
uma peneira vibratória com estrutura metálica e plataforma de serviço.
um separador magnético para extração de não britáveis.
três transportadores de correia fixo com pés de sustentação.
Custo Total Estimado pelo fornecedor = R$ 588.570,00(quinhentos e
cinqüenta e oito mil, quinhentos e setenta reais)
Base junho/2005
Potência Total = 84 cv.
81
Planta nº 3
Sistema de Britagem e Moagem de Entulho com capacidade de 30 ton/hora
Composição:
um alimentador vibratório com grelha
um transportador de correia fixo 30” x 9.000mm
uma mesa de escolha com 42” x 8.000mm com estrutura de sustentação e
4 (quatro) caixas de separação para materiais não desejáveis ao Britador.¹
um britador de impacto
Capacidade: até 30 toneladas/hora
Granulometria de entrada: até 14” = 355mm
Granulometria de saída: 95% < 1 ¾” = 45mm
uma estrutura de sustentação do Britador com plataforma de acesso e
guarda-corpo
um transportador de correia fixo 20” x 10.000mm, com tambor
magnético para extração dos ferros.
uma peneira vibratória 3 decks
um transportador de correia fixo de 16” x 12.000mm com tambor
magnético .
um moinho de impacto 75 x 35
Capacidade: até 20 toneladas/hora
Granulometria de entrada: até 2” = 50mm
Granulometria de saída: 98% < 12mm sendo 60% < 3mm
uma estrutura de sustentação com plataforma de acesso e guarda-corpo.
11- um transportador de correia fixo 16” x 15.500mm
uma peneira vibratória 3 decks
uma estrutura de sustentação da peneira, com plataforma, guarda-corpo e
escada de acesso.
três transportadores de correia fixos 16” x 12.000mm
um painel elétrico e quadro sinótico para sala de operação
obs(1): O item mesa de escolha não será considerado para efeito de orçamento
e cálculos de consumo de energia por considerarmos que o material a ser
moído já é pré-selecionado.
Preço Estimado pelo Fornecedor= R$ 659.900,00,00 + 2% de IPI
Preço Total estimado pelo fornecedor = R$ 673.098,00 (seiscentos e setenta e
três mil e noventa e oito reais)
Base março/2005
Potência Total = 142,0 cv
82
Tabela 3.3 Resumo para custos e produtividade para as três plantas de usina
de moagem
Planta Equipamentos Produção
( m³/h)
Custo
(R$)
Características
1
-Alimentador
vibratório
-Britador de Impacto
-Peneira vibratória
-Tranportadores de
correia fixos e
móvel
-Imã permanente
-Sistema de
contenção de
particulados
30 ton/h
Pot = 60cv
502.200,00
base
mar/2005
Conta com apenas um britador,
tem sua capacidade produtiva de
miúdos reduzida, atingindo sua
capacidade produtiva máxima
para produção de bica corrida
(pavimentações), durante o
peneiramento grande parte do
material fica retido na peneira de
22mm.
2
-Alimentador
vibratório
-Britador primário de
mandíbula
-Rebritador de
mandíbula
-Peneira vibratória
-Transportadores de
correia fixos
-Imã permanente
23 ton/h
Pot=84cv
558.570,00
base
jun/2005
Britadores de mandíbula
produzem agregados graúdos de
formato lamelar, indicados para
utilização em concretos. Baixa
quantidade de materiais retidos na
peneira de 22 mm (recondução ao
rebritador). Boa produção de
miúdos e graúdos. Menor custo de
manutenção.
3
-Alimentador
vibratório
-Mesa de escolha
(4 caixas)
-Britador de impacto
-Peneira vibratória
-Rebritador de
impacto
-Peneira vibratória
nº2
-Transportadores de
correia fixos
-Imãs permanentes-
2 un
30 ton/h
Pot=152cv
673.098,00
base
mar/2005
Britadores de impacto produzem
agregados de formas regulares,
indicados para a utilização em
pavimentações. A mesa de escolha
permite a recepção de materiais
menos selecionados na origem. A
instalação de uma segunda peneira
vibratória no processo propicia
menor desgaste no rebritador.
Maior produção de agregados
miúdos. Maior custo de
manutenção com trocas periódicas
de martelos e placas.
(1) Dados de custo e produtividade fornecidos pelo fabricanteda planta 1
(2) Dados de custo e produtividade fornecidos pelo fabricante da planta 2
(3) Dados de custo e produtividade fornecidos pelo fabricante da planta 3
83
3.3.1.2 Máquinas e veículos
Estão apresentados abaixo valores de cotação para aquisição de
máquinas e veículos necessários ao transporte vertical e horizontal do resíduo de
construção, antes e depois do processo de moagem, além de transporte de pessoal
de escritório para de pagamentos, compras e outros.
.
3.3.1.2.1 Pá carregadeira
Para transporte do material da pilha até o alimentador vibratório,
e carga do material moído, será necessário a utilização de máquina tipo pá-
carregadeira de porte médio, que deve atender à demanda de 30 m³ por hora.
Segundo Coelho Neto¹ a pá carregadeira de pneus Caterpillar
mod.924F atenderia a necessidade da usina. Com um consumo estimado de 16
litros de óleo diesel por hora de trabalho, este equipamento conta com uma concha
de 1,7 m³ e com uma capacidade de elevação de 3000 kg. Considerando-se uma
densidade de 1000 kg/m³ para o entulho, uma concha completamente cheia de
entulho teria como carga 1700 kg, inferior aos 3000 kg suportados pelo
equipamento. Considerando-se ainda uma produtividade de entulho moído de
30m³/h, a pá-carregadeira terá que efetuar 18 ciclos de carga/hora para abastecer o
alimentador vibratório, ou ainda 1 ciclo a cada 3,3 minutos, tempo intuitivamente
suficiente para tomada de material em pilhas próximas ao alimentador
vibratório(Max 100m). A Metramaq apresentou através do Eng° Coelho Neto¹,
duas opções de compra para a pá-carregadeira Caterpillar 924F:
____________________________
84
¹ Coelho Neto, Antonio, Engenheiro Mecânico ( METRAMAC Equipamentos Pesados – São
Paulo-SP) Comunicação pessoal, 2005.
1- Nº de referência no site Metramaq 11980, ano 1997, série 4YNOO745, 8781
horas trabalhadas, lotada em Pernambuco, excelente manutenção, pneus em
bom estado.
Preço: R$ 137.000,00.
2- N° de referência no site Metramaq 12148, ano 1998, série 4YNO1376, único
dono, lotada em Goiás, e ótimo estado de conservação.
Preço: R$ 120.000,00.
Para efeito de custo de aquisição de uma pá-carregadeira com as
características apresentadas, este trabalho adotará o preço médio entre os dois
valores obtidos:
Valor adotado para custo de pá carregadeira: R$ 128.500,00.
3.3.1.2.2 Caminhão Basculante
Para transporte interno do material moído, será necessária a
utilização de caminhão tipo basculante de porte médio, com caçamba de 7 m³ a 10
m³, dois eixos traseiros com até 10 anos de uso. A Metramaq (2005), revendedora
de equipamentos usados, apresenta em tabela de equipamentos disponíveis para
venda as opções:
1-Ref. 12493- Caminhão basculante marca FORD mod. F14000, ano de
fabricação 1997, 50.000 km rodados, carroceria marca FACCHINI, ótimo
estado de conservação.
Preço: R$ 45.000,00
85
2-Ref. 12339- Caminhão basculante marca FORD mod. F14000, ano de
fabricação 1995, de boa procedência.
Preço: R$ 55.000,00
Para efeito de custo de aquisição de um caminhão basculante,
porte médio, caçamba de 7 a 10 m³, dois eixos traseiros e com até 10 anos de uso,
este trabalho adotará o preço médio entre as duas opções apresentadas:
Valor adotado para custo de caminhão basculante: R$ 50.000,00.
3.3.1.2.3 Automóvel
Para pequenos serviços de escritório se fará necessária a
aquisição de veículo de pequeno porte, motor 1.0 com até 05 anos de uso.
Segundo Jornal da Cidade, Caderno AUTOMERCADO, 22 de
janeiro de 2005, pgs 21 e 22 tem-se:
1-Marca VOLKSWAGEM, carro Gol Special 1.0, 3 portas, anos 2000 a 2004
Preço médio = R$ 14.642,00
2-Marca CHEVROLET, carro Celta 1.0 2p, anos 2001 a 2004
Preço médio = R$ 17.758,00
3-Marca FORD, carro Ka 1.0, anos 2000 a 2004
Preço médio= R$ 15.479,00
3-Marca FIAT, carro Uno Mille 2p, anos 2000 a 2004
Preço médio = R$ 13.142,00
Para efeito de aquisição de automóvel de pequeno porte, motor
1.0, com até 5 anos de uso, este trabalho adotará o preço médio entre as 4 marcas
apresentadas:
86
Valor adotado para aquisição de veículo: R$ 15.255,00
Tabela 3.4 Resumo de custo para aquisição de máquinas e veículos
Máquina/Veículo
Valor de
aquisição
(R$)
Quantidade
(un)
Valor total
(R$)
Pá carregadeira 127.500,00 01 127.500,00
Caminhão basculante 50.000,00 01 50.000,00
Automóvel 15.255,25 01 15.255,00
Custo total 192.755,00
3.3.1.3- Infra-estrutura e Edificações
Embora a área de instalação da usina seja considerada neste
trabalho como sendo oferecida pela Prefeitura Municipal, há que se desenvolver
alguns trabalhos para operacionalização desta. Instalações de água, energia
elétrica e edificações fazem parte da infra-estrutura necessária ao funcionamento
de uma usina de moagem de entulho. Relaciona-se abaixo toda a infra-estrutura
considerada e orçada para estas instalações:
Entrada de energia em alta tensão, medição indireta, transformador de 112
kva, composta por transformador em poste, abrigo em alvenaria para
medidores e acessórios conforme padrão da Companhia Paulista de Força
e Luz-CPFL
2- Instalação de entrada de água padrão Departamento de água e Esgoto de
Bauru, bitola de 1 ½ polegadas e reservatório metálico com capacidade de
8 m³.
87
3- Instalação de escritório em alvenaria e cobertura em laje e telhado,
rebocado e pintado, piso em cimentado pintado, área de 50 m², divididos
em 3 salas e um wc.
4- Instalação de refeitório/vestiário/wc em alvenaria e cobertura de
telhado, rebocado e pintado, piso em cimentado pintado, área de 50 m².
5- Instalação de almoxarifado em alvenaria e cobertura de telhado, sem
reboco, piso em cimentado rústico, área de 60 m².
6- Instalação de guarita de vigilância em alvenaria e cobertura de laje,
rebocado, piso em cimentado pintado, área de 6 m².
Execução de terraplanagem e fechamentos para área de 5.000 m²
A Tabela 3.5 apresenta a estimativa de custos para os itens
relacionados. O orçamento foi elaborado por empresa construtora de Bauru e
considera um BDI (Bônus para Despesas Indiretas) de 20%, percentual de custo
que pode ser economizado se a associação de caçambeiros responsável pela
instalação da usina administrar as obras de infra-estrutura.
88
Tabela 3.5 Orçamento para obras de infra-estrutura
Descrição do serviço Un. Quantid.
Unitário
Total
(R$)
Preço do
Serviço
(R$)
1 TERRAPLANAGEM
1.1. Execução de limpeza de terreno m2 5.000,00 2,50 12500,00
1.2.
Execução de terraplanagem com
compensação
m2 5.000,00 1,50 7500,00
2 IMPLANTAÇÕES
2.1
Fechamento em cerca de alambrado
com postes de concreto, três
m 280,00 35,00 9800,00
fios de arame farpado e tela trançada
malha de 2" e altura de 2,00 m
2.2
Portão em tubo galvanizado de
diâmetro 2" em uma folha de correr
un 1,00 950,00 950,00
com 3,50 metros de comprimento e
1,80 metros de altura.
2.3
Sistema de abastecimento de àgua
composto por entrada padrão
cj 1,00 15.500,00 15.500,00
DAE-Bauru, diâmetro 11/2",
reservatório metálico tipo cálice
com reserva para 15 m³, incluso
fundações, e 100 metros de tubulação
em pvc marrom
diâmetro de 1" e conexões.
2.4
Entrada de energia elétrica em alta
tensão, padrão CPFL, em poste com
transformador de 112,5kwa, caixas de
medidores em muro externo,e quadro
de distribuição de energia composto
por um disjuntor tripolar de 250A, um
disjuntor tripolar de 150A, três
disjuntores tripolares de 40A e 20
disjuntores bipolares entre 16 e 20A
cj 1,00 22600,00 22600,00
2.5 Cabos alimentadores
2.5.1
Cabo flex #120mm² 750v em tubo
PVC d=100mm
m 200,00 75,00 15000,00
2.5.2
Cabo flex #70mm² 750v em tubo PVC
d=75mm
m 120,00 49,00 5880,00
2.5.3
Cabo flex #10mm² 750v em tubo PVC
d=32mm
m 200,00 3,80 760,00
2.5.3
Cabo flex #2,5 mm² 750v em tubo
PVC d=25mm
m 600,00 2,00 1200,00
2.6
Postes de iluminação em tubo
galvanizado curvo, diâmetro de 21/2"
com um ilumInador aberto para uma
lâmpada de 300w, vapor metálico,
un 6,00 550,00 3300,00
89
Tabela 3.5 Continuação
Descrição do serviço Un. Quantid.
Unitário
Total
(R$)
Preço do
Serviço
(R$)
3 EDIFICAÇÕES
3.1
Escritório em alvenaria de tijolo comum
revestido e pintado em latex sem massa
corrida, cobertura em telha cerâmica e
madeira, forro de madeira, piso em
cerâmica, esquadrias metálicas,
tubulações elet. e hidrAulicas externas,
composto por duas salas e um sanitário.
m² 50,00 420,00 21000,00
3.2
Instalações para
refeitório/sanitário/vestiário em
alvenaria revestida e pintada em latéx e
barrado impermeável, cobertura em
telha cerâmica e madeira, piso em
cimentado pintado, esquadrias
metálicas, tubulações eletricas e
hidráulicas externas.
m² 50,00 390,00 19500,00
3.3
Instalações para almoxarifado/oficinaem
alvenaria sem revestimento e pintura à
cal, cobertura em telha cerâmica e
madeira, piso em cimentado rústico,
esquadrias metálicas, tubulações
elétricas externas.
m² 60,00 280,00 16800,00
3.4
Instalações para guarita em alvenaria
revestida e pintada em latéx e barrado
impermeável, cobertura em telha
cerâmica e madeira, piso em cimentado
pintado, esquadrias metálicas,
tubulações eletricas e hidráulicas
externas.
m² 6,00 390,00 2340,00
4
INFRA-ESTRUTURA PARA
EQUIPAMENTOS
4.1
Execução de bases em concreto armado,
fck=180 kgf/cm², fundação 4 estacas de
concreto armado(prof. 3m), volume de
3,5 m³.
un 4,00 1200,00 4800,00
Total do orçamento
159.430,00
Preços: SPS Engenharia e Construções Ltda. Bauru – Data base Mar 2005
90
Tabela 3.6 Totalização dos custos de implantação de uma usina de moagem de
entulho
Ítem Descrição Custo
3.3
Equipamentos e acessórios
Planta 1: 502.200,00
Planta 2: 558.570,00
Planta 3: 673.098,00
3.4
Máquinas e veículos 192.755,00
3.5
Infra-estrutura e edificações 159.430,00
Custo de implantação
Planta 1: 854.385,00
Planta 2: 910.755,00
Planta 3: 1.025.283,00
3.3.2 Custos de operação de uma usina de moagem de entulho no
município de Bauru
3.3.2.1 Levantamento de custos para mão-obra operacional
Estima-se abaixo os custos com mão-de-obra de operação de
uma usina de capacidade de moagem de 30 ton/hora.
Tabela 3.7 Custos operacionais com mão-de-obra
Atividade
Nº de
funcionário
s
Salário mensal¹
(Reais)
Encargos
Sociais²
(%)
Custo total
mensal
(Reais)
escritório 02 600,00 185,65 1.713,90
operador de
usina
01 600,00 185,65 1.713,90
Auxiliar 02 450,00 185,65 1.285,42
operador de pá
carregadeira.
01 800,00 185,65 2.285,20
Motorista 02 660,00 185,65 1.885,29
Vigia Noturno 01 450,00 185,65 1.285,42
Custo total
mensal com
salários
10.169,13
(1) Valores obtidos através de consultas de médias salariais para o setor da construção civil
praticados em Bauru.
(2) Percentual aplicado sobre os valores salariais obtidos junto ao SindusConSP(Sindicato da
Indústria da Construção para o estado de São Paulo), tabela de dezembro de 2004.
91
3.3.2.2 Taxa mensal de energia elétrica
Estima-se na Tabela 3.8 os gastos com consumo de energia
elétrica para cada uma das plantas de usina propostas, diferenciados pela
quantidade de motores entre as plantas mais simples e as mais completas.
Tabela 3.8 Custo mensal para consumo de energia elétrica
Equipamento
Carga
considerada
(kilowatts)
Tempo de
atividade/dia
(hora)
Consumo
(kwh/dia)
Consumo
(kwh/mês)²
Taxa
(R$/kwh)³
Custo
Mensal
(R$)
20,76 6,0 124,56 2740,32 0,29958 820,94
29,06 6,0 174,36 3835,92 0,29958 1149,16
Motores¹
Planta1
(60,0cv)
Planta 2
(84,0cv)
Planta 3
(154,5cv)
49,13 6,0 294,80 6485,60 0,29958 1942,96
Lâmpadas
vapor
metálico
(externas)
1,80 8,0 14,4 432,00 0,29958 129,41
Lâmpadas
fluorescentes
1,44 8,0 11,52 276,48 0,29958 82,82
Outros 2,0 8,0 16,0 384,00 0,29958 115,04
Planta 1 R$ 1.435,26/mês
Planta 2 R$ 1.433,03/mês
Totais acrescidos de 25% referente cálculo ICMS
Planta 3 R$ 2837,78/mês
(1) Cálculos simplistas, podendo diminuir dependendo da carga individual de cada motor
(2) Considerando-se 22 dias de atividade por mês
(3) Valor extraído de tabela de taxas e tarifas da CPFL Companhia Paulista de Força e
Luz(www.cpfl.com.br/new/serviços/taxas_tarifas.asp
) grupo B, não residencial, base
março/2005
92
3.3.2.3 Taxa mensal de consumo de água
A Tabela 3.9 apresenta os valores para custo do consumo de
água para uma usina de moagem de entulho. A planta 1 apresenta sistema de
contenção de particulados à base de aspersores de água e ,segundo o fornecedor,
consome 40 litros/minuto de água e também está considerado para obtenção dos
custos para a planta 1 em separado.
Tabela 3.9 Custo mensal para consumo de água
consumo
Estimativa
de
consumo
(m³/dia)
Estimativa
de
consumo
(m³/mês)
Taxa água³
(R$/m³)
Custo mensal água
(R$/mês)
Planta1 9,20 264,96
Planta2 6,85 197,28
Funcionários²
(10 pessoas)
Planta3
1,20 28,80
6,85 197,28
Planta1 14,4 345,60 3.179,52
Planta2 - - -
Sistema de
contenção de
particulado¹
Planta3 - -
9,20
-
Planta1 9,20 220,80
Planta2 6,85 164,40
outros
Planta3
1,0 24,0
6,85 164,40
398,40
52,80
Consumo mensal
52,80
Planta1 R$ 5.398,84
taxa mensal³: Planta2 R$ 340,45
( + taxa de esgoto) Planta3 R$ 340,45
(1) Conforme informação do fabricante da planta 1
(2) Valor de consumo estimado em 120 litros diários por funcionário
(3) valor extraído da ..site [email protected].br para categoria industrial, base março/2005.
3.3.2.4 Taxa mensal para utilização de telefone
O valor para taxa de utilização de linha telefônica será estimado
por este trabalho em R$ 700,00 mensais sem a apresentação de cálculos por se
tratar de valor de pequena monta e passível de muitas variações. O valor é
apresentado pelo autor de forma intuitiva.
93
3.3.2.5 Custos para operação de máquinas e veículos com reposição
de peças, manutenção dos equipamentos, combustíveis e
remuneração do capital
Segundo tabela SOBRATEMA (2003) publicada pela
Associação Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e Manutenção, os custos
operacionais para os veículos da usina são dados conforme segue:
1- Caminhão Basculante, potência 127HP, volume 5,0 m³.
Custo por hora trabalhada é R$ 37,26/hora
2- Pá carregadeira de rodas, potência de 100HP, categoria 1,7 m³.
Custo por hora trabalhada é R$ 62,63
1- Automóvel, motor 1.0: Considerando-se a ausência de cálculo de custo
operacional para veículos de pequeno porte na tabela da SOBRATEMA
(2003), este trabalho adotou o mesmo critério de cálculo e chegou ao custo
operacional de R$ 9,84/hora para o automóvel.
Considerações: Rodando 150 km/dia em 6 horas de utilização efetiva.
Custo de reposição de R$ 20.300,00
Consumo de combustível de 12 km/litro de gasolina
Para obtenção dos custos operacionais para máquinas e veículos
adota-se a tabela publicada pela SOBRATEMA (2003), porém com a subtração
dos valores de mão-de-obra, já levantados anteriormente, e atualização monetária
do valor final (base março/2005), utilizando-se como indexador o valor do
combustível, que invariavelmente norteia os preços de veículos, peças e
lubrificantes.
94
Tabela 3.10 Custos mensais com máquinas e veículos
Descrição
Custo
horário¹
(R$/h)
Custo mão-de-
obra
(R$/h)
Atualização(23%)
(R$/h)
Custo mensal²
(R$/mês)
Pá carregadeira de
rodas
62,63 2,54 73,91 10.643,04
Caminhão
Basculante
37,26 2,55 42,69 6.147,36
Automóvel 9,84 - - 1.416,96
Custo mensal com maquinas e automóveis 18.207,36
(1) Valores extraídos da tabela
SOBRATEMA(www.sobratema.org.br/serviços/calculodecustos.html
)
(2) Considerando-se 6 horas de operação por dia e 24 dias de operação por mês e considerando-se
a remuneração do capital empregado
3.3.2.6 Custos para operação de equipamentos e acessórios de
moagem, peneiramento e transporte por esteiras
Aplicando-se a metodologia de cálculo de custo operacional da
tabela SOBRATEMA (2003) para obtenção do custo operacional dos
equipamentos de moagem e transporte apresentados pelos fabricantes, temos a
considerar os seguintes dados:
Vida útil: vida útil do equipamento em horas
Horas/ano: número de horas efetivamente trabalhadas por ano pelo equipamento
Reposição: valor do equipamento novo em reais
Depreciação: a perda de valor do equipamento em reais/hora
Depreciação = (reposição- residual)/vida útil
Residual: valor % sobre o valor novo do equipamento após a vida útil
Taxa de juros: taxa percentual a ser considerada para remuneração do valor
aplicado na compra do equipamento
95
Juros: remuneração média do valor aplicado após aplicação de taxa de juros em
reais/hora
Juros = (reposição-depreciação)x (tx de juros anual)
calculado durante a vida útil
horas/ano
Material de desgaste: valor médio em reais/hora gasto com materiais com
substituições previstas
Lubrificação: valor médio de gastos com lubrificantes em reais/hora
Custo/hora: custo total em reais/hora para operação do equipamento
Considerações:
Considera-se que as atividades de moagem são desenvolvidas durante 6
horas por dia, e durante 22 dias por mês, ficando o restante do tempo
comercial para atividades de manutenção e empilhamento de materiais.
A taxa anual de juros adotada para remuneração do valor aplicado é a
TAXA SELIC, publicada pelo COPOM, com valor de 18,75%/ano, base
março de 2005.
Os valores foram calculados à partir de informações dos fornecedores de
equipamentos, tais como custo de reposição, depreciação, residual, etc.
96
3.3.2.6.1 Cálculo dos custos para operação de equipamentos e
acessórios de moagem, peneiramento e transporte por
esteiras para a planta 1
Vida útil: 5 anos ou 7920 horas para o conjunto principal
Horas/ano: 1584 horas
Reposição: ver Tabela 3.12
Depreciação: 20%/ano
Residual: 0,00 %
Taxa de juros: 18,75 %/ano
Juros: remuneração média do valor aplicado após aplicação de taxa de juros
Material de desgaste e lubrificação: valor médio gasto com materiais com
substituições previstas – ver Tabela 3.12
Custo/hora: o custo total para operação do equipamento é de R$ 114,92/hora ou
R$ 15.169,44/mês, conforme Tabela 3.12
3.3.2.6.2 Cálculo dos custos para operação de equipamentos e
acessórios de moagem, peneiramento e transporte por
esteiras para a planta 2
Vida útil: 5 anos ou 7920 horas para o conjunto principal
Horas/ano: 1584 horas
Reposição: ver Tabela 3.13
Depreciação: 20%/ano
Residual: 0,00 %
Taxa de juros: 18,75 %/ano
Juros: remuneração média do valor aplicado após aplicação de taxa de juros
Material de desgaste e lubrificação: valor médio gasto com materiais com
substituições previstas – ver Tabela 3.13
Custo/hora: o custo total para operação do equipamento é de R$ 88,37/hora ou
R$ 11.664,84/mês, conforme Tabela 3.13
97
3.3.2.6.3 Cálculo dos custos para operação de equipamentos e
acessórios de moagem, peneiramento e transporte por
esteiras para a planta 3
Vida útil: 5 anos ou 7920 horas para o conjunto principal
Horas/ano: 1584 horas
Reposição: ver Tabela 3.11
Depreciação: 20%/ano
Residual: 0,00 %
Taxa de juros: 18,75 %/ano
Juros: remuneração média do valor aplicado após aplicação de taxa de juros
Material de desgaste: valor médio gasto com materiais com substituições
previstas – ver Tabela 3.11
Lubrificação: valor médio de gastos com lubrificantes – Tabela 3.11
Custo/hora: o custo total para operação do equipamento é de R$ 154,23/hora ou
R$ 20.358,36/mês, conforme Tabela 3.11
100
Tabela 3.14 Custo de operação das usinas de plantas 1, 2 e 3
Planta
Custo horário de
operação
(R$/hora)
Custo mensal de
operação
(R$/mês)
Planta 1 114,92
15.169,44
Planta 2 88,37 11.664,84
Planta 3 154,23 20.358,36
A tabela 3.15 apresenta o resumo para o custo mensal de
operação de uma usina de moagem de entulho.
Tabela 3.15 Totalização dos custos mensais de operação de uma usina de
moagem de entulho
Ítem Descrição
Custo
(R$/mês)
3.3.2.1 Custo mensal de mão-de-obra operacional 10.169,13
3.3.2.2 Taxa mensal de energia elétrica
Planta 1: 1.435,26
Planta 2: 1.433,03
Planta 3: 2.837,78
3.3.2.3 Taxa mensal de consumo de água
Planta 1: 5.398,84
Planta 2: 340,45
Planta 3: 340,45
3.3.2.4 Taxa mensal para utilização de telefone 700,00
3.3.2.5.
Custo mensal para operação de máquinas e
veículos
18.207,36
3.3.2.6.
Custo mensal para operação de equipamentos
e acessórios de moagem, peneiramento e
transporte por esteiras
Planta 1: 15.169,44
Planta 2: 11664,84
Planta 3: 20.358,36
Custo operacional total (R$/mês)
Planta 1: 51.080,03
Planta 2: 42.514,81
Planta 3: 52.613,08
101
3.3.2.7 Avaliação de Custos de Produção das Plantas 1, 2 e 3
3.3.2.7.1 Planta 1
Produtividade: 30 ton/hora
Materiais Produzidos: Areia
Pedrisco
Brita 1
Bica corrida (22mm< d < 60mm)
As quantidades de cada produto são variáveis de acordo
com a qualidade do entulho a ser moído.
Produção mensal total= 3.960 ton ou aproximadamente 3.960 m³
Custo operacional mensal (calculado no item 3.3.2.6.2.)= R$ 51.080,03
Cálculo do custo operacional médio por m³ = R$ 51.080,03
= R$ 12,90/m³
3.960 m³
3.3.2.7.2 Planta 2
Produtividade: 23 ton/hora
Materiais Produzidos: Areia - 6 ton/h
Pedrisco - 5,5, ton/h
Brita 1- 11,5 ton/h
As quantidades de cada produto são variáveis de acordo
com a qualidade do entulho a ser moído.
Produção mensal total= 3.036 ton ou aproximadamente 3.036 m³
Custo operacional mensal (calculado no item 3.3.2.6.2.)= R$ 42.931,93
Cálculo do custo operacional médio por m³ = R$ 42.514,81
= R$ 14,00/m³
3.036 m³
102
3.3.2.7.2 Planta 3
Produtividade: 30 ton/hora
Materiais Produzidos: Areias fina, media e grossa
Pedrisco
Britas 1, 2 e 3, bica corrida
Esta planta apresenta composição mais completa e pode
em função de ajustes no britadores e substituição das malhas das peneiras,
diversificar o produto final. As quantidades de cada produto são variáveis de
acordo com a qualidade do entulho a ser moído.
Produção mensal total= 3.960 ton ou aproximadamente 3.960 m³
Custo operacional mensal (calculado no item 3.3.2.6.2.)= R$
52.613,08
Cálculo do custo operacional médio por m³ = R$
52.613,08= R$ 13,29/m³
3.960 m³
3.3.2.7 Levantamento dos impostos e classificação contábil
Conforme citado no item 3.2, o formato contábil da união entre
os caçambeiros sugerida neste trabalho deverá ser melhor analisada. A formação
de cooperativas é vedada para pessoas jurídicas (Lei 5764 de 16 de dezembro de
1971-Cap. II – Art. 4º), e as associações só devem ser formadas quando não têm
fins econômicos (Lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002 – Cap. II – Art. 53º).
A formação de uma associação fica descartada pois este trabalho
avalia essencialmente a viabilidade econômica da instalação de uma usina de
moagem no município de Bauru, evidenciando-se portanto a finalidade lucrativa,
finalidade esta que impossibilita a formação de associações. A cooperação entre
os caçambeiros aparentemente também não será possível, pois todos os coletores
têm formato jurídico, ou seja, são empresas de prestação de serviço, situação em
103
que fica impossibilitada a formação de cooperativas. Contabilmente a solução
aponta para a abertura de uma empresa de transformação e venda de produtos.
A classificação fiscal se dá à partir do faturamento estimado. Vislumbrando a
venda de todo o produto moído pela usina (aproximadamente 47.500 m³/ano) e
uma negociação a um valor até aqui estimado em de R$ 20,00/m³, apontaríamos
um faturamento anual de R$ 950.000,00. Segundo Afonso¹, embasado pela
Legislação Tributária vigente, o faturamento anual apontado exclui a
possibilidade de formação de uma Micro-Empresa (faturamento anual máximo de
R$ 120.000,00), este faturamento fica ainda muito próximo do limite máximo de
faturamento permitido para uma Empresa de Pequeno Porte ou EPP (faturamento
máximo anual de R$ 1.000.000,00). Entende-se, portanto que o formato contábil
da usina de moagem de entulho seja de uma EMPRESA, sem redutores de
impostos ou incentivos fiscais, com impostos proporcionais ao faturamento que
passa a não ter limites. As taxas de impostos são relacionadas abaixo
PIS – Programa de Integração Social - Taxa de 0,65 % sobre o
faturamento e recolhido mensalmente.
COFINS – Contribuição para Financiamento da Seguridade Social
- Taxa de 3,00 % sobre o faturamento e recolhido mensalmente.
IRPJ – Imposto de Renda Pessoa Jurídica – Taxa de 4,8 % sobre o
faturamento e recolhido mensalmente.
CSL - Contribuição Social sobre o Lucro - Taxa de 1,00 % sobre o
faturamento e recolhido mensalmente.
ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias – Taxa de 2,1526 %
sobre o faturamento e recolhido mensalmente.
IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados – Taxa de 1,2 % sobre o
valor faturado e recolhido mensalmente.
____________________________
¹ Afonso, Valdir, Contador-Diretor ( Escritório contábil NOVO MUNDO, Bauru-SP)
Comunicação pessoal, 2005.
104
INSS - Ao Instituto Nacional de Seguridade Social - Impostos sobre mão-
de-obra – Calculados sobre a fração relativa à mão-de-obra e já apontados
no item 3.3.2.1.
ISSQN – Imposto sobre Serviços de Qualquer Naturesa(municipal)- Taxa
de 2,0% sobre mão-de-obra(Tab. 3.7 e 3.14, mão-de-obra equivale a 20%
do custo total), então, ISSQN = 0,4 %
Taxa Total de Impostos à Recolher sobre o produto negociado = 13,2026%
Tabela 3.16 Valor médio para venda dos produtos negociados pela usina
Planta
Custo de
produção
(R$/m³)
Estimativa de
lucratividade¹
(%)
Estimativa de
Lucratividade
(R$/m³)
Impostos
(%)
Valor final
(Médio)
(R$/m³)
Planta 1 12,90 15,00 1,94 13,2026 16,79
Planta 2 14,00 15,00 2,10 13,2026 18,23
Planta 3 13,29 15,00 1,99 13,2026 17,30
(1) Estimativa de lucro líquido, considerando-se que todas as despesas já foram incluídas no
custo final
Tabela 3.17 Rentabilidade anual do capital investido na usina de moagem
Planta
Produção
anual
(m³)
Estimativa de
Lucratividade
(R$/m³)
Remuneração
por juros¹
(R$/m³)
Rentabilidade total
anual
(R$)
Planta 1 47.520 1,94 1,19 148.737,00
Planta 2 36.432 2,10 1,24 121.682,00
Planta 3 47.520 1,99 1,57 169.171,00
Média = 146.530,00
(1) Valores resgatados das tabelas 3.11, 3.12 e 3.13
105
3.3.3 Estimativa de custo de produtos originados de extração
comparados com os custos dos reciclados
Este trabalho consultou preços de três das maiores empresas
fornecedoras de areias e pedras britadas de Bauru, aqui classificadas como A, B e
C e comparou com os custos de produção de material equivalente obtido da
moagem de entulho em usina, os resultados são apresentados na Tabela 3.18:
Tabela 3.18 Custo para produtos de extração¹ e moídos
Produto
Fornecedor
A
(R$/m³)
Fornecedor
B
(R$/m³)
Fornecedor
C
(R$/m³)
Material moído
(custo médio)
(R$/m³)
Redução de
custo
(média)
(%)
Areia Fina 20,00 21,00 19,00
17,44 12,8
Areia Grossa 30,00 30,00 28,00
17,44 40,5
Pedra britada nº1 30,00 30,00 28,00
17,44 40,5
Pedra britada nº2 30,00 30,00 28,00
17,44 40,5
Pedra britada nº3 30,00 30,00 28,00
17,44 40,5
Pedrisco 30,00 30,00 28,00
17,44 40,5
Pó de Pedra 30,00 30,00 28,00
17,44 40,5
(1) Valores para materiais entregue na obra(frete incluso)
A Tabela 3.18 apresenta os custos de finais para venda do
produto moído para as três plantas apresentadas, cuja média equivale a R$ 17,44
por metro cúbico produzido. A Tabela 3.18 apresenta ainda a cotação para
compra de areias fina e grassa e britados em três fornecedores de Bauru, cujas
médias de preço são: areia fina R$ 20,00 por metro cúbico, areia grossa R$ 29,30
por metro cúbico, e britados R$ 29,30 por metro cúbico.
106
Embora sobre o preço apresentado para o metro cúbico do
produto moído em usina não esteja considerado o transporte para entrega e sobre
os preços para produtos naturais sejam “posto obra”, a diferença de preços entre
areia grossa e britados é de 40,5% mais barato para os moídos, e para areia fina
é de 12,8% mais barato. Mesmo que não se considere o sistema de “leva e traz”,
leva entulho e traz moído, utilizado pelos caçambeiros de forma a reduzir o custo
com transporte, a diferença de preços é significativa e deve absorver os custos
com a entrega. A areia fina apresenta um diferencial menor entre preços de moído
e natural devido ao menor custo de extração.
4 Discussão
O meio ambiente
A implantação de uma usina de moagem no município de Bauru
e a conseqüente agregação de valor ao entulho, hoje despejado em áreas de
reserva ambiental, lotes não urbanizados ou próximo a mananciais hídricos será
fator de grande redução destes despejos irregulares. Embora este trabalho tenha
enfoque na viabilidade econômica da implantação de uma usina, é latente a
vantagem ao meio-ambiente e à população que paga pela manutenção destas
áreas. A Prefeitura verá reduzida sua despesa com o controle de vetores da dengue
e leishmaniose, serão reduzidas as áreas de propensão à proliferação de caramujos
africanos, problemas que a muito vem preocupando o governo municipal e os
profissionais de saúde do município, além de consumir parte considerável do
orçamento em limpeza das áreas afetadas e campanhas de prevenção e combate
ás doenças. As enchentes ocorridas em Bauru já tomaram lugar de destaque na
mídia, conseqüências diretas da deposição de entulho ao longo do leito dos
108
córregos e rios que assoream e reduzem a capacidade de vazão das águas das
chuvas. As áreas degradadas pela deposição irregular poderão ser recuperadas e
reutilizadas em benefício da população. A concentração da parcela de entulho não
reciclável em erosões ou mesmo aterros, mesmo que não sendo ainda a solução
ideal, pode facilitar estudos de decomposição e contaminação, ou ainda pode-se
imaginar que um dia será desenterrada para novas formas de reaproveitamento.
A reutilização de materiais como madeira, aço, vidros e
plásticos, também presentes no entulho, após separação podem ainda contribuir na
diminuição dos desmatamentos, do consumo de energia e do lançamento de
poluentes na atmosfera, danos ambientais inerentes aos processos de obtenção
destes materiais.
O correto gerenciamento dos resíduos de construção civil e de
todos os resíduos sólidos gerados nos grandes municípios, e a conseqüente
redução dos seus impactos ambientais, tem trazido benefícios não somente
financeiros aos cofres públicos, mas principalmente benefícios á vida da
população, que pode ver sua cidade mais limpa, livre de doenças e com mais áreas
verdes.
Os custos da extração de produtos naturais
Embora a diferença entre os custos dos materiais moídos
reciclados em usina já tenha se apresentado em média 40,5% menor em relação ao
dos produtos naturais, como demonstrou este trabalho, a tendência aponta para
uma diferença cada vez maior, em virtude da crescente dificuldade da extração de
areias e pedras britadas (agregados miúdos e graúdos). As areias finas,
normalmente extraídas da deposição em baixios e pequenos córregos após
carreamento pelas chuvas, estão se tornando cada vez mais distantes dos pontos de
utilização devido ao crescimento das cidades. As areias de granulometrias mais
grossas, extraídas dos fundos dos rios estão se tornando mais escassas. Com o
109
represamento da maioria dos rios dos estados mais desenvolvidos e a conseqüente
redução da velocidade das águas, a reposição do material depositado pela ação das
chuvas que acumulam e separam o material por granulometria fica comprometida.
Há tempos atrás as empresas de extração de areias não precisavam deslocar seus
batelões, pois o material a ser retirado era reposto freqüentemente pelas chuvas,
enquanto hoje estes devem se deslocar constantemente, buscando novas jazidas e
elevando o custo de extração. Não muito diferente será o destino das pedreiras,
empresas de extração de rocha para britagem de agregados graúdos. A dificuldade
cada vez maior de licenciamento de novas áreas de extração, o distanciamento
dos centros urbanos e o conseqüente aumento no custo do transporte tem elevado
consideravelmente o custo destes produtos.
Na contra-mão desta tendência vê-se o acúmulo cada vez maior
de entulho de construção civil nos centros urbanos e nova legislação (Resolução
CONAMA nº 307/2002), que obriga os geradores a gerenciar seus resíduos. A
agregação de valor ao entulho como material reciclável gerador de lucro, deverá
incentivar a separação mesmo por parte dos pequenos geradores. Campanhas
poderão remunerar a entrega de materiais separados na usina ou em pontos
intermediários, coletores poderão oferecer descontos para caçambas que
contenham material selecionado, em contrapartida sua descarga na usina ficaria
livre de pagamento de taxa.
Novas metodologias e pesquisas de reaproveitamento em
desenvolvimento convidam as empresas ao investimento nesta área promissora,
sendo que a reciclagem tem ocupado lugar de destaque na área de pesquisa das
grandes universidades. A abertura de mercado para produtos reciclados de
qualquer natureza é uma tendência cada vez maior.
110
A viabilidade da usina enquanto negócio
Embora este trabalho tenha demonstrado que a instalação de
uma usina de moagem de entulho no município de Bauru pode ser
economicamente rentável, apresentando-se redução nos custos de aquisição de
materiais graúdos e miúdos da ordem de 40,5%, conforme gráfico abaixo, cumpre
ressaltar que uma unidade instalada pode moer 180 toneladas/dia, equivalente à
24% das 750 ton/dia geradas pelo município. Não existem dados sobre quanto
destas 750 toneladas podem ser moídas sem a utilização de processo de separação
que exijam investimentos adicionais. Pode-se até dizer que a implantação de uma
segunda unidade poderia hoje significar a falência de ambas.
Linhas de financiamento de baixo custo como FINAME-
Financiamento de Máquinas e Equipamentos, BNDES-Banco Nacional de
Desenvolvimento Social, PROGER-Programa de Geração de Empregos, podem
ser utilizadas para aquisição de máquinas e equipamentos, ou ainda, as menos
recomendáveis linhas de crédito bancárias.
Embora não se possa garantir o sucesso do empreendimento, a
tendência de todas as áreas industriais aponta para reciclagem das matérias
primas, onde se tem observado grandes investimentos em pesquisas e instalações,
e conseqüente geração de empregos. A exemplo de outros países, com política de
reciclagem já implantada, a isenção de impostos para indústrias recicladoras
tende também a ser adotada no Brasil, estimulando ainda mais este promissor
mercado.
Com custo de implantação médio para as três plantas
apresentadas de R$ 930.000,00(Tab.3.6), e uma rentabilidade anual média de R$
146.530,00(Tab.3.17), equivale dizer que a implantação de uma usina de moagem
com as características apresentadas, pode devolver ao investidor o capital aplicado
em aproximadamente 6 anos de operação, e ainda manter-se em operação
totalmente renovada, pois os custos de manutenção e reposição estão inseridos no
preço de venda.
111
A figura 4.1 apresenta um comparativo de custos entre os
materiais naturais e moídos.
0
5
10
15
20
25
30
valores em reais
areia fina areia grossa britados
materiais
materiais
naturais
materiais
moídos
Figura 4.1 Comparativo entre custos de materiais naturais e moídos
A participação dos coletores na implantação da primeira unidade
de usina de moagem em Bauru é essencial para uma resposta rápida no
incremento de material selecionado para abastecimento da unidade de moagem. A
prática do fornecimento de materiais de construção acondicionados em caçambas,
hoje adotadas para as pequenas obras, deve ser incentivada e adotada para o
fornecimento dos materiais moídos, eliminando assim o despejo nos passeios,
passível de multa pela fiscalização municipal, e dando à caçamba a dupla função
de levar material moído ao consumidor e retornar entulho à usina.
A fiscalização sistemática por parte da Prefeitura Municipal,
através da Secretaria do Meio Ambiente também se torna instrumento importante,
de modo a direcionar todo o material gerado para a usina, permitindo ainda a
exploração da deposição da parte não reciclável através da cobrança de taxas.
Taxas diferenciadas podem ser cobradas, dependendo da participação ou não
daquele coletor na empresa de moagem, ou ainda dependendo do aproveitamento
ou não do entulho para reciclagem.
112
5 Conclusão
A substituição de agregados graúdos e miúdos naturais por
reciclados moídos, mostrou-se bastante vantajosa sob o aspecto de custo de
produção, pode-se dizer que a cada cinco anos é possível se renovar todo o
equipamento inicial e se implantar uma nova unidade, tempo de retorno reduzido
se considerado o investimento inicial médio de R$ 930.000,00.
Reduções de até 40,5% no preço dos produtos moídos sobre os
naturais tornam estes materiais de origem reciclada bastante viáveis, justificando,
portanto, a implantação de uma usina de moagem de entulho no município de
Bauru. Deve-se, entretanto, considerar que a instalação de uma unidade de usina
de moagem de entulho em Bauru, deve consumir 180 ton/dia, ou 24%, das 750
toneladas geradas diariamente no município, porém não existem estudos sobre
quanto deste total gerado pode ser separado para moagem, sendo temeroso alegar
que o município comporte mais de uma unidade de moagem.
113
Como todo produto reciclado novo ao mercado consumidor, os
agregados graúdos e miúdos obtidos por moagem de entulho devem ser inseridos
através da difusão das informações positivas, que somadas ao diferencial de preço
de venda com relação aos naturais, deve ter consumo aceito rapidamente pelo
mercado da construção civil. Produtos cujas vantagens se revelam em forma de
custo reduzido, embora com restrições de utilização, normalmente são aceitos
mais rapidamente pelo pequeno construtor, obras de finalidade social e serviços
de menor responsabilidade; posteriormente passam a ser introduzidos no grande
mercado consumidor, nas grandes obras privadas e finalmente nas obras estatais.
O grande mercado consumidor conseqüentemente descobre novas formas de
utilização destes produtos, forçando a sua aceitação e normatização.
A instalação de uma usina de moagem no município de Bauru
com capital privado originado da sociedade de coletores, deve contar com a com a
inserção colaborativa da administração municipal, que difunde informações, reduz
custos com impostos e taxas, utiliza o material produzido e fiscaliza a disposição
irregular, tendo como retorno a redução nos gastos de combate à vetores como os
da Leishmaniose e Dengue, e diminuição das áreas propícias à infestação de
caramujos africanos, infestações que tem causado preocupação e despesas ao
governo municipal. Enchentes devem ter suas proporções reduzidas devido a
diminuição de entulho depositado à margem dos recursos hídricos e novas áreas
verdes surgirão da recuperação de locais hoje destinados ao acúmulo de entulho.
Deve-se contar com a seleção do entulho no local de origem,
devendo esta atividade de separação fazer parte do Plano de Gerenciamento de
Resíduos, exigido pela Resolução CONAMA nº 307/2002. Deve finalmente, estar
embasada na participação dos coletores de entulho, que incentivados pelo lucro
fácil, devem coordenar todos os envolvidos.
98
Tabela 3.12 Custos de operação - Planta 1
(1) Manutenção
Considerado pelo fabricante como sendo equivalente à 3 a 5 % do valor do equipamento por ano. Este trabalho adotou o valor extremo
da faixa (5 % ao ano).
Tabela 3.13 Custos de operação - Planta 2
(1) Manutenção
Considerado pelo fabricante como sendo equivalente à R$ 30.000,00 a cada dois anos.
NOTA: Embora os valores de custo de manutenção fornecidos pelos fabricantes sejam apresentados de formas diferenciadas,
percentualmente ou valores em reais, todos valem entre 3 e 5% do valor de reposição total do equipamento.
Descrição
Vida Útil
(hs)
Hs/ano
(hs)
Reposição
(R$)
Deprec
(R$/h)
Resid.
(%)
Juros
(R$/h)
Taxa
(%)
Manutenção¹
Custo/ h
(R$/h)
Usina de reciclagem Mod. URE35T 7920 1584 502.200,00 63,41 0,00 35,66 18,75 15,85 114,92
Descrição
Vida Útil
(hs)
Hs/ano
(hs)
Reposição
(R$)
Deprec
(R$/h)
Resid.
(%)
Juros
(R$/h)
Taxa
(%)
Manutenção¹
Custo/ h
(R$/h)
7920 1584 558.570,00 50,50 0,00 28,41 18,75 9,46 88,37
Usina de reciclagem de Entulho
Com cap. de 23 ton/hora
99
Tabela 3.11 Custos de operação - Planta 3
(1) Material de desgaste
Britador de impacto - Substituição de barras de impacto à cada 704 hs ao custo de R$ 2380,00/cj (R$ 3,38/hora)
Substituição de revestimento interno e escudo à cada 1050 hs ao custo de R$ 16.200,00 (R$ 1,53/hora)
Moinho de impacto - Substituição de barras de impacto à cada 400 hs ao custo de R$ 1.100,00/cj (R$ 2,75)
Substituição de pista de moagem e revestimentos a cada 2400 hs ao custo de R$ 10.200,00 (R$ 4,25/hora)
Peneiras vibratórias - Substituição de telas à cada 6000 hs ao custo de R$ 12.800,00/jogo(R$ 2,13/hora)
Alimentador vibratório – Vida útil da grelha do alimentador é de 8 anos(12.672 hs). Valor estimado para reposição da grelha R$ 10.000,00(R$ 0,79/hora)
Correias transportadoras – Vida útil das correias e roletes é de 5 anos(7920 hs). Custo de substituição de roletes e correias R$ 67.000,00 (R$ 8,46/hora)
Estruturas de sustentação – Considerar 2%/ano para conservação (R$ 1,01)
Painel elétrico/quadro sinótico – Considerar 2%/ano para conservação (R$ 0,74)
(2) Lubrificante
Britador e moinho – Valor extraído da tabela SOBRETEMA para equipamento similar(bate-estacas)(R$ 0,86/h base março/2005)
Outros – Considerar 25% do valor utilizado para Britador e Moinho (R$ 0,21R$/h por unidade)
Estruturas/Painel – não há lubrificação
NOTA: Embora os valores de custo de manutenção fornecidos pelos fabricantes sejam apresentados de formas diferenciadas,
percentualmente ou valores em reais, todos valem entre 3 e 5% do valor de reposição total do equipamento.
Descrição
Vida
Útil
(hs)
Hs/ano
(hs)
Reposição
(R$)
Deprec
(R$/h)
Resid.
(%)
Juros
(R$/h)
Taxa
(%)
Material
desgaste¹
(R$/h)
Lubrificante²
(R$/h)
Custo/ h
(R$/h)
Britador de impacto 7920 1584 87.618,00 11,07 0,00 6,22 18,75 4,91 0,86 23,06
Moinho de impacto 7920 1584 70.992,00 8,96 0,00 5,04 18,75 7,00 0,86 21,86
Peneiras Vibratória(02 un) 7920 1584 89.760,00 11,34 0,00 6,36 18,75 4,27 0,42 22,39
Alimentador vibratório 7920 1584 44.778,00 5,65 0,00 3,17 18,75 0,79 0,21 9,82
Correias transportadoras(07 un) 7920 1584 241.883,00 30,54 0,00 17,18 18,75 8,46 1,47 57,65
Estruturas de Sustentação 7920 1584 79.693,00 5,03 50,00 5,18 18,75 1,01 0,00 11,22
Painel elétrico/quadro sinótico 7920 1584 58.375,00 3,69 50,00 3,80 18,75 0,74 0,00 8,23
Custo total por hora de operação
154,23
6 Referências Bibliográficas
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mercados para a reciclagem massiva de RCD. In: SEMINÁRIO
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CONSTRUÇÃO CIVIL, 5, 2002, São Paulo.
ANGULO, S.C., ULSEN, C.K., KAHN, H., JOHN, V.M. Metodologia de
caracterização de resíduos da construção e demolição. In: SEMINÁRIO
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CONSTRUÇÃO CIVIL, 6, 2003, São Paulo.
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Agregado para concreto.
BRITO FILHO, J. Cidade Versus Entulho. In: SEMINÁRIO DO
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A RECICLAGEM NA
CONSTRUÇÃO CIVIL, 2, 1999, São Paulo
115
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gerou. In: SEMINÁRIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A
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Tese (Doutorado) Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 112p
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JOHN, V. M. Reciclagem de resíduos na construção civil: Contribuição para
metodologia de pesquisa e desenvolvimento. São Paulo, 2000. Tese (Livre
Docência), Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de
Engenharia de Construção Civil, 113p.
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aggregate in concrete in Japan. In: USE OF RECYCLED CONCRETE
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resíduos de concreto e alvenaria. São Paulo, 2001. Tese (Doutorado), Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo. PCC.USP, 194p.
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construção reciclado e de suas aplicações em argamassas e concretos. São Carlos,
1999. Dissertação (Mestrado), Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade
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RECYCLED CONCRETE AGGREGATE. Dhir, Henderson & Limbachiya eds.
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MIRANDA, L.F.R. Estudo de fatores que influem na fissuração de revestimentos de
argamassa com entulho reciclado. São Paulo, 2000. Dissertação (Mestrado),
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ECONÔMICOS, 7, 2004, São Paulo.
PINTO, T.P. Metodologia para a gestão diferenciada de resíduos sólidos da
construção urbana. São Paulo, 1999. Tese (Doutorado), Escola Politécnica,
Universidade de São Paulo, 189p.
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SOUZA, Roberto de et al. - Qualidade na Aquisição de Materiais e Execução de
Obras , São Paulo, Editora Pini, 1996.
ZORDAN, S. E. A Utilização do Entulho como Agregado na Confecção do
Concreto. Campinas, 1997. Dissertação(Mestrado), Universidade Estadual de
Campinas – UNICAMP. Departamento de Saneamento e Meio Ambiente da
Faculdade de Engenharia Civil, 140p.
CONSULTAS ON LINE:
CEMPRE IMFORMA – Viabilidade Econômica da Reciclagem de Entulho
Contribui para Gestão de outros Resíduos Boletim. Disponível em
<
www.cempre.org.br >. Acesso em 20/03/1998.
DAE-Bauru/Taxas e tarifas. Disponível em
<
www.cpfl.com.br/new/serviços/taxas_tarifas.asp>, Acesso em 05/03/2005.
Getulio Tratores/Pá Carregadeira. Disponível em <
www.getuliotratores.com.br>.
Acesso em 18/12/2004
IBGE/Cidades. Disponível em <
www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php>. Acesso
em 10/01/2005.
Metramac - Equipamentos Pesados/Caminhão Basculante. Disponível em
<metramac@metramac.com.br
>. Acesso em 21/01/2005.
Robemar – Maquinas e Equipamentos Pesados/Maquinas e Equipamentos.
Disponível em <
www.robemar.com.br>, Acesso em 18/12/2004.
SOBRETEMA – Associação Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e
Manutenção – Custos de Manutenção. Disponível em
<
www.sobretema.org.br/serviços/calculodecustos.html>. Acesso em 02/03/2005.
Tarifação para fornecimento de água. Disponível em <
Acesso em 05/03/2005.
ANEXO A
Legislação
Resolução CONAMA nº 307, de 5 de julho de 2002 - "Estabelece
diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção
civil".
118
Resolução CONAMA nº 307, de 5 de julho de 2002 - "Estabelece diretrizes,
critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil".
Por se tratar de legislação específica para resíduos de construção civil, assunto
tema deste trabalho, fica reproduzida abaixo, na íntegra, esta resolução.
Publicada no Diário Oficial da União em 17 de julho de 2002, a Resolução Conama número 307
estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão de resíduos da construção civil. Entre
estes parâmetros está a classificação dos resíduos em A, B, C e D, suas destinações, e
principalmente, responsabiliza os municípios pelo gerenciamento destes resíduos, seja de forma
direta no caso dos pequenos geradores, ou de forma indireta para os grandes geradores.
O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA, no uso das
competências que lhe foram conferidas pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de
1981, regulamentada pelo Decreto nº 99.274, de 6 de julho de 1990, e tendo em
vista o disposto em seu Regimento Interno, Anexo à Portaria nº 326, de 15 de
dezembro de 1994, e
Considerando a política urbana de pleno desenvolvimento da função social da
cidade e da propriedade urbana, conforme disposto na Lei nº 10.257, de 10 de
julho de 2001;
Considerando a necessidade de implementação de diretrizes para a efetiva
redução dos impactos ambientais gerados pelos resíduos oriundos da construção
civil;
Considerando que a disposição de resíduos da construção civil em locais
inadequados contribui para a degradação da qualidade ambiental;
Considerando que os resíduos da construção civil representam um significativo
percentual dos resíduos sólidos produzidos nas áreas urbanas;
Considerando que os geradores de resíduos da construção civil devem ser
responsáveis pelos resíduos das atividades de construção, reforma, reparos e
demolições de estruturas e estradas, bem como por aqueles resultantes da
remoção de vegetação e escavação de solos;
Considerando a viabilidade técnica e econômica de produção e uso de materiais
provenientes da reciclagem de resíduos da construção civil; e
Considerando que a gestão integrada de resíduos da construção civil deverá
proporcionar benefícios de ordem social, econômica e ambiental, resolve:
Art. 1º Estabelecer diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos
resíduos da construção civil, disciplinando as ações necessárias de forma a
119
minimizar os impactos ambientais.
Art. 2º Para efeito desta Resolução, são adotadas as seguintes definições:
I - Resíduos da construção civil: são os provenientes de construções, reformas,
reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação
e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em
geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados,
forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos,
tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras,
caliça ou metralha;
II - Geradores: são pessoas, físicas ou jurídicas, públicas ou privadas,
responsáveis por atividades ou empreendimentos que gerem os resíduos
definidos nesta Resolução;
III - Transportadores: são as pessoas, físicas ou jurídicas, encarregadas da coleta
e do transporte dos resíduos entre as fontes geradoras e as áreas de destinação;
IV - Agregado reciclado: é o material granular proveniente do beneficiamento de
resíduos de construção que apresentem características técnicas para a aplicação
em obras de edificação, de infra-estrutura, em aterros sanitários ou outras obras
de engenharia;
V - Gerenciamento de resíduos: é o sistema de gestão que visa reduzir, reutilizar
ou reciclar resíduos, incluindo planejamento, responsabilidades, práticas,
procedimentos e recursos para desenvolver e implementar as ações necessárias
ao cumprimento das etapas previstas em programas e planos;
VI - Reutilização: é o processo de reaplicação de um resíduo, sem transformação
do mesmo;
VII - Reciclagem: é o processo de reaproveitamento de um resíduo, após ter sido
submetido à transformação;
VIII - Beneficiamento: é o ato de submeter um resíduo à operações e/ou
processos que tenham por objetivo dotá-los de condições que permitam que
sejam utilizados como matéria-prima ou produto;
IX - Aterro de resíduos da construção civil: é a área onde serão empregadas
técnicas de disposição de resíduos da construção civil Classe "A" no solo,
visando a reservação de materiais segregados de forma a possibilitar seu uso
futuro e/ou futura utilização da área, utilizando princípios de engenharia para
confiná-los ao menor volume possível, sem causar danos à saúde pública e ao
meio ambiente;
X - Áreas de destinação de resíduos: são áreas destinadas ao beneficiamento ou à
disposição final de resíduos.
Art. 3º Os resíduos da construção civil deverão ser classificados, para efeito desta
Resolução, da seguinte forma:
I - Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais
como:
a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras
obras de infra-estrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;
b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes
cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e
concreto;
120
c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto
(blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;
II - Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como:
plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros;
III - Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas
tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua
reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso;
IV - Classe D - são os resíduos perigosos oriundos do processo de construção,
tais como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de
demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e
outros.
Art. 4º Os geradores deverão ter como objetivo prioritário a não geração de
resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem e a
destinação final.
§ 1º Os resíduos da construção civil não poderão ser dispostos em aterros de
resíduos domiciliares, em áreas de "bota fora", em encostas, corpos d`água, lotes
vagos e em áreas protegidas por Lei, obedecidos os prazos definidos no art. 13
desta Resolução.
§ 2º Os resíduos deverão ser destinados de acordo com o disposto no art. 10 desta
Resolução.
Art. 5º É instrumento para a implementação da gestão dos resíduos da construção
civil o Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, a ser
elaborado pelos Municípios e pelo Distrito Federal, o qual deverá incorporar:
I - Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil; e
II - Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil.
Art 6º Deverão constar do Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da
Construção Civil:
I - as diretrizes técnicas e procedimentos para o Programa Municipal de
Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil e para os Projetos de
Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil a serem elaborados pelos
grandes geradores, possibilitando o exercício das responsabilidades de todos os
geradores.
II - o cadastramento de áreas, públicas ou privadas, aptas para recebimento,
triagem e armazenamento temporário de pequenos volumes, em conformidade
com o porte da área urbana municipal, possibilitando a destinação posterior dos
resíduos oriundos de pequenos geradores às áreas de beneficiamento;
III - o estabelecimento de processos de licenciamento para as áreas de
beneficiamento e de disposição final de resíduos;
IV - a proibição da disposição dos resíduos de construção em áreas não
licenciadas;
V - o incentivo à reinserção dos resíduos reutilizáveis ou reciclados no ciclo
produtivo;
VI - a definição de critérios para o cadastramento de transportadores;
VII - as ações de orientação, de fiscalização e de controle dos agentes
envolvidos;
VIII - as ações educativas visando reduzir a geração de resíduos e possibilitar a
121
sua segregação.
Art 7º O Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção
Civil será elaborado, implementado e coordenado pelos municípios e pelo
Distrito Federal, e deverá estabelecer diretrizes técnicas e procedimentos para o
exercício das responsabilidades dos pequenos geradores, em conformidade com
os critérios técnicos do sistema de limpeza urbana local.
Art. 8º Os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil serão
elaborados e implementados pelos geradores não enquadrados no artigo anterior
e terão como objetivo estabelecer os procedimentos necessários para o manejo e
destinação ambientalmente adequados dos resíduos.
§ 1º O Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, de
empreendimentos e atividades não enquadrados na legislação como objeto de
licenciamento ambiental, deverá ser apresentado juntamente com o projeto do
empreendimento para análise pelo órgão competente do poder público municipal,
em conformidade com o Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da
Construção Civil.
§ 2º O Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil de atividades
e empreendimentos sujeitos ao licenciamento ambiental, deverá ser analisado
dentro do processo de licenciamento, junto ao órgão ambiental competente.
Art. 9º Os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil deverão
contemplar as seguintes etapas:
I - caracterização: nesta etapa o gerador deverá identificar e quantificar os
resíduos;
II - triagem: deverá ser realizada, preferencialmente, pelo gerador na origem, ou
ser realizada nas áreas de destinação licenciadas para essa finalidade, respeitadas
as classes de resíduos estabelecidas no art. 3º desta Resolução;
III - acondicionamento: o gerador deve garantir o confinamento dos resíduos
após a geração até a etapa de transporte, assegurando em todos os casos em que
seja possível, as condições de reutilização e de reciclagem;
IV - transporte: deverá ser realizado em conformidade com as etapas anteriores e
de acordo com as normas técnicas vigentes para o transporte de resíduos;
V - destinação: deverá ser prevista de acordo com o estabelecido nesta
Resolução.
Art. 10. Os resíduos da construção civil deverão ser destinados das seguintes
formas:
I - Classe A: deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou
encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos
de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura;
II - Classe B: deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de
armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização
ou reciclagem futura;
III - Classe C: deverão ser armazenados, transportados e destinados em
conformidade com as normas técnicas especificas.
IV - Classe D: deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e destinados
em conformidade com as normas técnicas especificas.
Art. 11. Fica estabelecido o prazo máximo de doze meses para que os municípios
122
e o Distrito Federal elaborem seus Planos Integrados de Gerenciamento de
Resíduos de Construção Civil, contemplando os Programas Municipais de
Gerenciamento de Resíduos de Construção Civil oriundos de geradores de
pequenos volumes, e o prazo máximo de dezoito meses para sua implementação.
Art. 12. Fica estabelecido o prazo máximo de vinte e quatro meses para que os
geradores, não enquadrados no art. 7º, incluam os Projetos de Gerenciamento de
Resíduos da Construção Civil nos projetos de obras a serem submetidos à
aprovação ou ao licenciamento dos órgãos competentes, conforme §§ 1º e 2º do
art. 8º.
Art. 13. No prazo máximo de dezoito meses os Municípios e o Distrito Federal
deverão cessar a disposição de resíduos de construção civil em aterros de
resíduos domiciliares e em áreas de "bota fora".
Art. 14. Esta Resolução entra em vigor em 2 de janeiro de 2003.
ANEXO B
Modelos de Usinas
Plantas 1, 2 e 3.
124
Planta 1
125
Descrição:
Modelo simplificado que possui somente um britador de impacto
(BI) em circuito aberto, ou seja, o material é empurrado para fora da câmara após
sofrer a diminuição.
Após a moagem o material vai para o transportador de correia móvel, que através
de movimento pivotante distribui o material (bica corrida) em formato de leque,
ou transfere este material para outro transportador fixo (TC3 e TC4), e finalmente
para a peneira vibratória (PV).
Britadores de impacto produzem agregados de formato regular,
mais indicados para utilização em pavimentações, daí a maior produção de bica
corrida. Este modelo tem uma baixa produção de material peneirado, em virtude
da constante necessidade de esvaziamento das baias das peneiras.
A instalação de um transportador lateralmente ao alimentador vibratório, garante a
retirada de material fino ainda na grade do alimentador, evitando que este
material, de granulometria já reduzida, passe pelo britador, diminuindo seu
desgaste e diminuindo a geração de poeira.
126
127
Planta 2
128
Descrição:
Modelo montado com dois britadores(BM e RM). Após a
entrada do material pelo alimentador vibratório, ocorre a primeira diminuição no
britador de mandíbula(BM), logo em seguida este material é encaminhado à
peneira vibratória (PV) por transportadores (TC). O material retido na peneira
retorna ao segundo britador, também de mandíbula (RM), para ser diminuído
novamente e retornar aos transportadores e à peneira, e assim sucessivamente até
que passe pela peneira e siga através de transportadores fixos a uma das três pilhas
de material moído, dependendo de sua granulometria.
Os britadores de mandíbula produzem materiais de formato
lamelar, indicados na utilização em concretos, têm um menor custo de
manutenção se comparados aos britadores de impacto, embora com um maior
índice de ruído. Garantem uma boa produção de material graúdo e miúdo.
129
130
Planta 3
131
Descrição:
Modelo completo com um britador de impacto e um moinho de
impacto. Após a saída do material do alimentador vibratório, este percorre a mesa
de escolha, equipamento que permite a retirada manual (até 4 pessoas) de
materiais como ferro, plásticos e outros que não tenham sido separados na origem.
Em seguida o material é diminuído pela primeira vez em um britador de impacto
(TI-S), e cai em transportador fixo (TC-2) que descarrega na primeira peneira
vibratória (PV). Na primeira peneira são separados o pó e material fino. O
material retido vai através de transportador (TC-3) até o moinho de impacto (TI-
DV) em circuito fechado(o material só deixa a câmara de moagem após atingir a
granulometria que permita sua saída pelo fundo da grelha. Após esta segunda
diminuição o material vai para outra peneira vibratória (PV) que separa o material
moído em três granulometrias. Este modelo produz materiais de granulometria
regular e é mais indicado para a produção de material miúdo.
132
ANEXO C
Tabela Sobratema
134
135
Tabela para estimativa de custo horário para equipamentos e máquinas
ESTIMATIVAS DE CUSTOS DE EQUIPAMENTOS
DESCRIÇÃO PESO POT. CATEGORIA VIDA HS ANO D. MEC. REPOSIÇÃO
DEPREC. RESID. JUROS TAXA
M.
OBRA PEÇAS MAT.DESG.
PNEUS
P.VIDA COMBUST.
Acabadora de Asfalto 12.300 85 3,03 M 6.600 820 85,00 409.500,00
53,98 13,00 33,69 12,00
2,54 51,44 6,43
0,00
0,00 18,86
Bate Estaca Diesel 4.900 51 2,2 TON 6.350 600 80,00 345.100,00
44,67 17,80 37,77 12,00
3,39 41,28 5,16
0,00
0,00 10,82
Caminhão Abastecedor 5.400 127 6,0 M3 10.000 1.600 95,00 118.053,00
9,74 15,00 5,14 12,00
0,85 8,89 1,11
1,92
1.488 7,62
Caminhão Basculante 4.550 127 5,00 M3 8.500 1.150 85,00 96.958,00
8,69 21,00 5,74 12,00
2,55 6,14 0,77
2,46
1.162 9,45
Caminhão Carroceria 4.100 127 11 TON 11.500 1.250 87,00 92.728,00
6,60 15,00 4,93 12,00
2,21 4,39 0,55
3,12
915 7,62
Caminhão Fora de Estrada 16.000 271 25 TON 12.500 1.400 90,00 415.400,00
25,73 15,00 19,80 12,00
1,70 24,03 3,00
10,53
2.917 16,47
Caminhão Guindauto 4.700 127 11 TON 10.000 950 95,00 135.850,00
11,26 15,00 9,40 12,00
0,86 10,40 1,30
1,09
2.625 9,45
Caminhão Pipa 5.400 127 6,0 M3 11.500 1.100 92,00 121.518,00
8,46 17,60 7,26 12,00
1,36 7,10 0,89
2,16
1.323 10,93
Carregadeira de Rodas 9.400 100 1,7 M3 12.000 4.200 85,00 253.000,00
15,90 21,30 4,88 12,00
2,54 13,36 1,67
5,56
1.575 16,28
Carregadeira de Rodas 15.900 170 3,0 M3 12.000 1.575 80,00 442.000,00
26,79 20,60 19,05 12,00
3,39 23,40 2,93
42,49
726 27,68
Compactador de Pneus 9.800 145 27 TON 6.000 950 93,00 237.330,00
32,35 14,00 17,36 12,00
1,20 31,15 3,89
1,93
5.001 12,48
Compactador Vibratório Tandem 6.500 83 23 TON 7.560 850 86,00 295.800,00
35,02 10,50 23,23 12,00
2,37 32,65 4,08
0,00
0,00 7,14
Compactador Vibratório Tandem 10.100 126 32 TON 10.100 850 88,00 335.124,00
29,86 10,00 25,65 12,00
2,03 27,83 3,48
0,00
0,00 13,47
Compressor de Ar 1.800 85 250 PCM 10.000 640 88,00 65.100,00
5,00 21,70 6,49 12,00
2,04 2,96 0,37
0,22
5.001 13,55
Compressor de Ar 5.000 280 750 PCM 10.000 800 89,50 134.400,00
9,05 32,00 10,89 12,00
1,78 7,27 0,91
0,22
5.001 44,64
Escavadeira Hidráulica 17.000 104 0,70 M3 9.125 1.225 86,00 490.000,00
44,52 17,10 27,22 12,00
2,38 42,14 5,27
0,00
0,00 16,62
Moto Scraper 27.900 270 15,0 M3 12.000 1.450 85,00 1.972.000,00
133,64 16,20 91,46 12,00
2,55 131,09 16,39
77,12
627 43,96
Motoniveladora 11.800 115 115 HP 11.385 1.530 85,00 390.000,00
26,37 21,30 17,35 12,00
2,55 23,82 2,98
2,70
2.625 20,25
Motoniveladora 13.900 150 150 HP 11.385 1.530 85,00 480.000,00
32,59 21,30 21,35 12,00
2,55 30,04 3,76
6,10
1.162 26,41
Retroescavadeira 5.800 73 0,64 M3 8.900 890 85,00 130.000,00
12,33 13,70 9,64 12,00
2,55 9,78 1,22
0,99
2.392 9,58
Trator de Esteiras 9.200 80 80 HP 9.750 1.345 82,00 217.000,00
17,38 21,90 11,02 12,00
3,05 14,33 1,79
0,00
0,00 16,98
Trator de Esteiras 14.200 140 140 HP 12.000 4.200 82,00 500.000,00
32,54 21,90 9,64 12,00
3,05 29,49 3,69
0,00
0,00 26,41
Trator de Esteiras 39.900 335 335 HP 12.000 4.200 81,00 1.200.000,00
83,10 16,90 23,14 12,00
3,22 79,88 9,98
0,00
0,00 63,19
Trator de Rodas 4.100 118 118 HP 8.325 1.035 87,00 117.000,00
11,14 15,50 7,63 12,00
2,21 8,93 1,12
2,55
2.363 22,26
Fonte: Publicado pela SOBRATEMA - Associação Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e Manutenção (base dez/2003)
Disponívem em : www.sabratema.org.br/serviços/calculodecusto.html
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