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Leonardo Barrouin Melo
ESTUDO DE PLANEJAMENTO ENERGÉTICO PARA O
SETOR RESIDENCIAL NO ESTADO DE MINAS GERAIS
NO LONGO PRAZO, UTILIZANDO O PROGRAMA ENPEP
(“ENERGY AND POWER EVALUATION PROGRAM”)
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG
Escola de Engenharia
Departamento de Engenharia Nuclear
Belo Horizonte, MG
2006
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_________________________________________________________________________
Leonardo Barrouin Melo
ESTUDO DE PLANEJAMENTO ENERGÉTICO PARA O
SETOR RESIDENCIAL NO ESTADO DE MINAS GERAIS
NO LONGO PRAZO, UTILIZANDO O PROGRAMA ENPEP
(“ENERGY AND POWER EVALUATION PROGRAM”)
Dissertação apresentada ao Departamento de
Engenharia Nuclear da Escola de Engenharia da
Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG,
como parte dos requisitos necessários à obtenção
do título de Mestre em Ciências e Técnicas
Nucleares, do Programa de Pós-graduação em
Ciências e Técnicas Nucleares - PCTN, na área
de concentração: Engenharia Nuclear e da
Energia.
Orientador: Dr. Ricardo Brant Pinheiro
Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG
Escola de Engenharia
Departamento de Engenharia Nuclear
Belo Horizonte, MG
2006
i
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_________________________________________________________________________
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO:
“Estudo de Planejamento Energético para o Setor Residencial no Estado de Minas Gerais
no Longo Prazo, Utilizando o Programa ENPEP (Energy and Power Evaluation
Program)”.
NOME DO ALUNO: Leonardo Barrouin Melo
Dissertação defendida e aprovada pela Comissão Examinadora constituída por:
Profª. Eleonora Sad
de Assis, Doutora
Prof. Paulo César da Costa Pinheiro, Doutor
Prof. Vinícius Verna de Magalhães Ferreira, Doutor
ORIENTADOR: Prof. Ricardo Brant Pinheiro, Doutor
Belo Horizonte, 03 de março de 2006.
Área de Concentração: Engenharia da Energia
ii
_________________________________________________________________________
DEDICATÓRIA
A Deus por ser a razão de tudo e pelo privilégio da vida.
A minha família que sempre me apoiou e incentivou e aos meus pais, exemplos na minha
vida.
Aos meus animais de estimação, personagens fundamentais na minha vida que, com suas
lições de lealdade, nobreza e humildade, tornaram-me um ser humano melhor.
A Claudiane, que me encorajou nos momentos mais difíceis, vislumbrando tempos de
bonança.
Aos meus amigos Andréa, Elizabeth, Caio e Vânia pela ajuda, carinho e otimismo.
iii
_________________________________________________________________________
AGRADECIMENTOS
Ao Professor-orientador Ricardo Brant Pinheiro pelo apoio, otimismo e compreensão.
Aos funcionários do Departamento de Engenharia Nuclear da Escola de Engenharia da
UFMG, em especial a Márcia.
Ao Professor Alfredo Del Valle que generosamente me recebeu e compartilhou seu vasto
conhecimento acerca deste e de outros assuntos relevantes.
Aos demais colegas do curso.
Aos meus amigos.
iv
_________________________________________________________________________
SUMÁRIO
SUMÁRIO.............................................................................................................................v
LISTA DE FIGURAS ...........................................................................................................x
LISTA DE TABELAS .......................................................................................................xiii
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ......................................................................... xv
GLOSSÁRIO....................................................................................................................xviii
RESUMO ...........................................................................................................................xxi
ABSTRACT ......................................................................................................................xxii
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................1
1.1 Objetivo e Justificativa......................................................................................3
1.2 Estrutura do trabalho .........................................................................................4
2. PLANEJAMENTO ENERGÉTICO .....................................................................6
2.1 Metodologia do Planejamento Energético.........................................................7
2.2 O Modelo ENPEP – “Energy and Power Evaluation Program....................15
3. O SETOR RESIDENCIAL...................................................................................21
3.1 O Setor Residencial no Brasil..........................................................................21
3.2 O Setor Residencial em Minas Gerais.............................................................26
3.3 O estado da arte dos equipamentos de demanda de energia no Setor
Residencial
..................................................................................................................27
4. ESTUDO DE PLANEJAMENTO ENERGÉTICO DO SETOR
RESIDENCIAL - APLICAÇÃO DO MODELO ENPEP
..........................................30
v
_________________________________________________________________________
4.1 Definição de objetivos.....................................................................................30
4.2 Definição da abordagem..................................................................................30
4.2.1 Caracterização do ano base......................................................................31
4.3 Determinação das informações necessárias.....................................................34
4.4 Escolha do processo de análise........................................................................ 34
4.5 Realização da análise.......................................................................................35
4.6 Desenvolvimento da base de dados................................................................. 35
4.6.1 Análise sócio-econômica.........................................................................35
4.6.1.1 População ............................................................................................36
4.6.1.2 Produto Interno Bruto - PIB ................................................................ 39
4.6.1.3 Cenários...............................................................................................43
4.6.1.4 Cenários Macroeconômicos ................................................................43
4.6.1.5 Cenário Energético..............................................................................44
4.6.2 Análise da demanda de energia............................................................... 45
4.6.2.1 Projeções de demanda .........................................................................50
4.6.2.2 Ações governamentais.........................................................................50
4.6.3 Análise dos recursos energéticos.............................................................51
4.6.3.1 Lenha...................................................................................................52
4.6.3.2 Energia Elétrica ................................................................................... 54
4.6.3.3 Gás liquefeito de petróleo....................................................................57
vi
_________________________________________________________________________
4.6.3.4 Querosene............................................................................................59
4.6.3.5 Energia Solar ....................................................................................... 61
4.6.3.6 Taxas de crescimento das capacidades dos recursos energéticas........63
4.6.4 Análise de Preços ....................................................................................64
4.6.5 Caracterização das tecnologias de energia..............................................65
4.6.5.1 Tecnologias atuais ...............................................................................66
4.6.5.2 Tecnologias emergentes ......................................................................67
4.7 Análise Integrada de demanda e oferta de energia..........................................68
4.7.1 Avaliação de impactos.............................................................................68
5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ....................................70
5.1 A rede energética para o Setor Residencial.....................................................70
5.2 Demanda de energia útil e consumo final de energia para o Cenário Básico . 73
5.2.1 Demanda de energia útil para o Cenário Básico......................................74
5.2.2 Consumo final de energia para o Cenário Básico....................................76
5.3 Demanda de energia útil e consumo final de energia para os Cenários
Macroeconômicos
........................................................................................................77
5.3.1 Demanda de energia útil para os Cenários Macroeconômicos................78
5.3.1.1 Demanda de energia útil por fonte nos Cenários Macroeconômicos..80
Lenha e Carvão Vegetal ..................................................................................80
Gás liquefeito de petróleo - GLP..................................................................... 81
Querosene........................................................................................................82
vii
_________________________________________________________________________
Eletricidade......................................................................................................83
5.3.2 Consumo final de energia para os Cenários Macroeconômicos..............84
5.3.2.1 Consumo final de energia por fonte para os Cenários
Macroeconômicos
................................................................................................86
Lenha e Carvão Vegetal ..................................................................................87
Gás liquefeito de petróleo - GLP..................................................................... 87
Querosene........................................................................................................88
Eletricidade......................................................................................................89
5.3.3 Rendimento do Setor Residencial ...........................................................90
5.4 Demanda de energia útil e consumo final de energia - Cenário Energético....91
5.4.1 Demanda de energia útil para o Cenário de Conservação de Energia.....91
5.4.2 Consumo final de energia para o Cenário Energético.............................92
5.4.3 Consumo final de energia entre os Cenários Energético e
Macroeconômicos
....................................................................................................93
5.5 Preços ..............................................................................................................94
6. COMPARAÇÕES COM OUTROS ESTUDOS.................................................98
6.1 Comparações ...................................................................................................98
6.1.1 Consumo final de energia........................................................................98
7. CONCLUSÕES....................................................................................................100
7.1 Conclusões de caráter geral...........................................................................100
7.2 Conclusões específicas..................................................................................101
viii
_________________________________________________________________________
7.3 Recomendações.............................................................................................105
7.4 Sugestões para trabalhos futuros ...................................................................106
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................107
APÊNDICE A – TECNOLOGIAS ATUAIS E EMERGENTES NO HORIZONTE DE
ESTUDO PARA O SETOR RESIDENCIAL
...................................................................113
A.1 TECNOLOGIAS ATUAIS.................................................................................113
A.1.1 Aquecimento de água ......................................................................................113
A.1.2 Refrigeração e congelamento ..........................................................................116
A.1.3 Cocção .............................................................................................................117
A.1.4 Iluminação.......................................................................................................119
A.2 TECNOLOGIAS EMERGENTES NO HORIZONTE DE ESTUDO............... 121
APÊNDICE B - MÉTODOS DE ESTIMATIVA DE TAXAS DE CRESCIMENTO.....128
APÊNDICE C – PLANILHAS UTILIZADAS A PARTIR DOS RESULTADOS DO
MÓDULO BALANCE
......................................................................................................130
ANEXO A – SÉRIES TEMPORAIS - MÉTODO DA REGRESSÃO LINEAR.............135
ANEXO B - FATORES DE CONVERSÃO..................................................................... 138
ix
_________________________________________________________________________
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 – Visão geral do Planejamento.............................................................................7
Figura 2.2 – Etapas do Planejamento Energético..................................................................8
Figura 2.3 – Abordagem metodológica do planejamento....................................................10
Figura 2.4 – Análise econômica – projeções.......................................................................11
Figura 2.5 – Fluxo de energia oferta/consumo....................................................................13
Figura 2.6 – Fluxo de energia oferta/demanda....................................................................17
Figura 2.7 – Representação dos blocos que compõem uma rede energética no ENPEP ....18
Figura 3.1 – Consumo final do Setor Residencial por fonte energética no Brasil – 2004 ..22
Figura 3.2 – Consumo final por setor no Brasil – 2004 ......................................................25
Figura 3.3 – Demanda de energia por setor em Minas Gerais – 2004 ................................26
Figura 3.4 – Demanda de energia por fonte em Minas Gerais – 2004................................27
Figura 4.1 - Minas Gerais - Balanço Global de Energia – 2004 (mil tEP)..........................31
Figura 4.2 - Fontes energéticas em 2004 - MG...................................................................32
Figura 4.3 – Participação dos Setores em 2004 - MG......................................................... 33
Figura 4.4 – Setor Residencial por fontes energéticas em 2004 - MG................................33
Figura 4.5 – Mapa das regiões econômicas do Estado de Minas Gerais.............................40
Figura 4.6 - Taxas anuais de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), a preços de
mercado - Minas Gerais e Brasil 1997 – 2004 (%)
....................................................42
Figura 4.7 – Consumo residencial no Brasil .......................................................................45
x
_________________________________________________________________________
Figura 4.8 – Consumo final residencial no Brasil............................................................... 46
Figura 4.9 – Consumo final de lenha no Brasil...................................................................53
Figura 4.10 – Oferta e consumo final de Lenha - MG ........................................................54
Figura 4.11 – Consumo de eletricidade no Brasil ...............................................................55
Figura 4.12 – Oferta e consumo final de eletricidade - MG................................................56
Figura 4.13 – Oferta e consumo final de GLP - MG...........................................................59
Figura 4.14 – Oferta e consumo final de querosene - MG.................................................. 61
Figura 5.1 – Rede Representativa do Setor Residencial - MG............................................71
Figura 5.2 – Demanda total de energia útil no Cenário Básico...........................................74
Figura 5.3 – Demanda de energia útil no Cenário Básico...................................................75
Figura 5.4 – Consumo final de energia no Cenário Básico.................................................76
Figura 5.5 – Consumo final de energia no Cenário Básico por energético.........................77
Figura 5.6 – Evolução do PIB para o Estado de Minas Gerais ........................................... 78
Figura 5.7 – Demanda de energia útil nos Cenários Macroeconômicos.............................79
Figura 5.8 – Demanda de energia útil do Setor Residencial nos Cenários
Macroeconômicos, 2004 e 2025
..................................................................................79
Figura 5.9 – Demanda de energia útil proveniente da lenha e carvão vegetal nos Cenários
Macroeconômicos
........................................................................................................81
Figura 5.10 – Demanda de energia útil proveniente do GLP para os Cenários
Macroeconômicos
........................................................................................................82
Figura 5.11 – Demanda de energia útil proveniente do querosene para os Cenários
Macroeconômicos
........................................................................................................83
xi
_________________________________________________________________________
Figura 5.12 – Demanda de energia útil proveniente da eletricidade para os Cenários
Macroeconômicos.
.......................................................................................................84
Figura 5.13 – Consumo final de energia do Setor Residencial nos Cenários
Macroeconômicos
........................................................................................................85
Figura 5.14 – Consumo final de energia do Setor Residencial nos Cenários
Macroeconômicos
........................................................................................................85
Figura 5.15 – Consumo final de Lenha+CV nos Cenários Macroeconômicos................... 87
Figura 5.16 – Consumo final de GLP para os Cenários Macroeconômicos........................88
Figura 5.17 – Consumo final de Querosene para os Cenários Macroeconômicos..............89
Figura 5.18 – Consumo final de Eletricidade para os Cenários Macroeconômicos............90
Figura 5.19 – Rendimento percentual para os Cenários Macroeconômicos.......................91
Figura 5.20 – Consumo final de energia entre os Cenários Básico e o de Conservação de
Energia.
........................................................................................................................92
Figura 5.21 – Cenários Conservação de Energia e Básico - GLP e Eletricidade................93
Figura 5.22 – Comparação do consumo final de energia entre os Cenários. ......................94
Figura 5.23 – Preço da eletricidade.....................................................................................95
Figura 5.24 – Preço do GLP................................................................................................95
Figura 5.25 – Preço da lenha...............................................................................................96
Figura 5.26 – Preço do querosene .......................................................................................96
Figura 5.27 – Preços dos energéticos .................................................................................. 97
Figura D1 – Sistema de aquecimento a energia solar........................................................ 115
xii
_________________________________________________________________________
LISTA DE TABELAS
Tabela 4.1 – Preço médio para os energéticos, 2004...........................................................34
Tabela 4.2 – População residente - MG e Brasil.................................................................37
Tabela 4.3 – População urbana e rural 1991/2000- % de urbanização - MG......................37
Tabela 4.4 – Síntese dos principais indicadores demográficos - Minas Gerais e Brasil..... 38
Tabela 4.5 – Estimativas e projeções da população residente de 2005 a 2025 (10
3
hab)....39
Tabela 4.6 – Produto Interno Bruto (PIB) - Anual.............................................................41
Tabela 4.7 – Taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) - MG..........................41
Tabela 4.8 – Taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) - MG..........................42
Tabela 4.9 – Valores das taxas de crescimento do PIB - MG.............................................44
Tabela 4.10 – PIB do Estado de Minas Gerais – Projeção para os cenários.......................44
Tabela 4.11 – Evolução do Consumo Final de Energia no Setor Residencial - MG...........47
Tabela 4.12 – Projeção do Consumo Final de Energia no Setor Residencial até 2025 – MG
.............................................................................................................................................48
Tabela 4.13 – Consumo de energéticos no Setor Residencial – MG ..................................49
Tabela 4.14 – Intensidade Energética – MG .......................................................................49
Tabela 4.15 – Taxas de Crescimento da Demanda de Energia Útil dos Cenários
Macroeconômicos (% ao ano) 2004/2025
...........................................................................50
Tabela 4.16 – Oferta e consumo de Lenha e Carvão Vegetal – MG...................................52
Tabela 4.17 – Oferta e consumo de Energia Elétrica - MG ................................................55
Tabela 4.18 – Oferta e consumo de GLP – MG..................................................................58
xiii
_________________________________________________________________________
Tabela 4.19 – Oferta e consumo de Querosene – MG.........................................................60
Tabela 4.20 – Taxas de Crescimento da Capacidade (% a.a.).............................................63
Tabela 4.21 – Preços dos energéticos - MG........................................................................64
Tabela 4.22 – Preços médios praticados para o querosene 2000-2003 - MG ..................... 64
Tabela 4.23 – Taxas de Crescimento dos Preços dos Energéticos para os cenários (% a.a.)
.............................................................................................................................................65
Tabela 4.24 - Eficiências dos principais equipamentos.......................................................67
Tabela 4.25 - Eficiências dos principais equipamentos (%)................................................68
Tabela 4.26 - Coeficientes de emissão no Setor Residencial - kg/tEP...............................69
Tabela 5.1 – Identificação dos blocos da rede energética - ENPEP....................................72
Tabela 5.2 – Identificação das conexões da rede energética - ENPEP................................73
Tabela 5.3 – Consumo final de energia por recurso energético - 2004/2025......................86
Tabela 5.4 – Variação de preços 2004-2025.......................................................................97
Tabela 6.1 – Consumo final de energia em 2015 - 10
6
tEP.................................................98
Tabela 6.2 – Consumo final de eletricidade em 2015 - TWh..............................................99
Tabela C1 - Fatores de conversão para tEP médio............................................................138
Tabela C2 - Relações entre unidades................................................................................. 138
Tabela C3 - Fatores de conversão para energia................................................................139
Tabela C4 - Coeficientes de equivalência médios para os combustíveis líquidos............139
Tabela C5 - Coeficientes de equivalência médios para os combustíveis sólidos..............140
Tabela C6 - Poderes Caloríficos Inferiores ....................................................................... 140
xiv
_________________________________________________________________________
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
%a.a. - Porcentagem ao ano.
*.txt – Sufixo (extensão) de arquivo eletrônico de texto usado em informática.
ABRAVA - Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e
Aquecimento.
ACEEE - American Council for an Energy-Efficient Economy.
AEO - Annual Energy Outlook.
AIEA - Agência Internacional de Energia Atômica.
ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica.
ANL - Argonne National Laboratory.
ANP - Agência Nacional do Petróleo.
Aquec. - Aquecimento.
BEEMG - Balanço Energético do Estado de Minas Gerais.
BEN - Balanço Energético Nacional.
Bep - Barril Equivalente de Petróleo.
Btu - British Thermal Unit, ou, unidade térmica britânica .
CDTN - Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear.
CE - Conservação de energia
CEESP - Conselho Estadual de Energia de São Paulo.
CEI - Centro de Estatística e Informações
CEMIG - Companhia Energética de Minas Gerais
CGEE - Centro de Gestão e Estudos Estratégicos.
CH
4
- Gás metano.
CO - Gás Carbônico.
CV - Carvão Vegetal
xv
_________________________________________________________________________
DOE - Department of Energy.
DOS - Microsoft Disk Operating System.
DVD - Digital Versatile Disc.
EIA - Energy Information Administration.
ENPEP - Energy and Power Evaluation Program.
FJP - Fundação João Pinheiro.
FTDE – Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico para a Engenharia
GLP - Gás Liquefeito de Petróleo.
GN - Gás Natural.
GWh - Giga Watt hora, unidade de energia gerada/consumida.
hab - Habitante.
IAEA - Internacional Atomic Energy Agency.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
IDH - Índice de Desenvolvimento Humano.
IE - Intensidade Energética.
IEA - International Energy Agency
IEO - International Energy Outlook.
INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
IPCCIntergovernmental Panel on Climate Change
IPEA - Instituto de Planejamento e Economia Aplicada
MG - Minas Gerais.
MME - Ministério de Minas e Energia.
N
2
O - Óxido nitroso.
NO
X
-Óxido de nitrogênio.
PCH - Pequenas Centrais Hidroelétricas.
xvi
_________________________________________________________________________
PCI - Poder Calorífico Inferior.
PIB - Produto Interno Bruto.
PMDI – Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado
PNAD - Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios.
PNB - Produto Nacional Bruto.
PPAG - Plano Plurianual de Ações Governamentais
PROCEL - Programa de Combate ao Desperdício de Energia Elétrica
PROINFA - Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica
R$ - Real, moeda brasileira em vigor.
SIN - Sistema Interligado Nacional.
tEP - Tonelada Equivalente de Petróleo.
UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais.
US$ - Dólar, moeda norte-americana em vigor.
V.2.20 - Versão 2.20.
xvii
_________________________________________________________________________
GLOSSÁRIO
Arquitetura solar passiva: Consiste numa série de elementos projetados de maneira a
garantir o conforto térmico das construções.
Barril equivalente de petróleo – Bep:
Unidade de medida de energia, equivalente, por
convenção, a 1.390 Mcal.
Código de construção: Conjunto de normas e procedimentos que disciplinam a construção
civil de tal forma a contemplarem novas tecnologias e que propiciem o conforto do espaço
construído em termos de iluminação, temperatura dos ambientes, funcionalidade e
eficiência energética.
Co-geração: É a tecnologia de produção combinada de energia térmica e elétrica, mais
eficiente que a geração térmica em bases convencionais, onde o calor produzido é usado no
processo produtivo nas suas mais diversas formas de energia útil.
Elasticidade do consumo: Termo que quantifica, por exemplo, a relação entre a taxa
média de crescimento do consumo de energia e a taxa média do consumo final de energia.
Energia final: Inclui qualquer forma de energia, primária ou secundária, disponível ao
consumidor, descontado o armazenamento e as perdas na distribuição. Esta energia é
convertida no ponto de uso final em energia útil.
Energia útil: É a forma de energia que realmente é exigida pelo consumidor para calor, luz
ou movimento mecânico. A quantidade de energia útil fornecida de uma determinada
quantidade de energia final depende da eficiência da tecnologia de uso final.
Índice de desenvolvimento humano – IDH:
É o índice que mede o nível de
desenvolvimento humano dos países utilizando como critérios indicadores de educação
(alfabetização e taxa de matrícula), longevidade (esperança de vida ao nascer) e renda (PIB
per capita).
Intensidade energética – IE:
Razão entre o consumo de energia anual e outra variável, o
PIB por exemplo, nesse caso expressa em unidade de energia por unidade monetária.
Alguns índices, tais como eficiência energética de aparelhos de iluminação, automóveis,
processos industriais, entre outros, refletem a intensidade energética de uma economia.
xviii
_________________________________________________________________________
Macroclima:
Ou clima regional, corresponde ao clima médio ocorrente num território
relativamente vasto, exigindo, para sua caracterização, dados de um conjunto de postos
meteorológicos; em zonas com relevo acentuado os dados macroclimáticos possuem um
valor apenas relativo, especialmente em matéria agrícola. Inversamente, um mesmo
macroclima poderá englobar áreas de planície muito extensas.
Mesoclima:
Ou clima local, corresponde a uma situação particular do macroclima.
Normalmente é possível caracterizar um mesoclima através dos dados de uma estação
meteorológica. A superfície abrangida por um mesoclima pode ser muito variável mas,
normalmente, trata-se de áreas relativamente pequenas, podendo fazer referência a
situações bastante particulares do ponto de vista de exposição, declividade ou altitude, por
exemplo.
Microclima: Corresponde às condições climáticas de uma superfície realmente pequena.
Pode-se considerar dois tipos de microclima: microclima natural - que corresponde a
superfícies da ordem de 10 e 10 m
2
e microclima da planta - o qual é caracterizado por
variáveis climáticas medidas por aparelhos instalados na própria planta.
Poder calorífico inferior – PCI: É a quantidade de calor que pode produzir 1kg de
combustível, quando este entra em combustão com excesso de ar e gases de descarga são
resfriados até o ponto de ebulição da água, evitando assim que a água contida na
combustão seja condensada.
Preços constantes:
Os preços constantes são expressos a partir do quanto valeriam
tomando-se por base uma outra determinada época escolhida (como, por exemplo, o PIB
de 2002 a preços constantes de 2000).
Preços correntes: Os preços correntes podem ser expressos pelo valor que tenha vigorado
na época — exemplo: valor do Produto Interno Bruto (PIB) de 2002 a preços correntes.
Produto interno bruto – PIB:
Volume, medido monetariamente, dos bens e serviços não
consumidos no processo produtivo e produzidos durante um determinado período de tempo
(geralmente um ano), num determinado espaço geográfico.
Tonelada equivalente de petróleo – tEP: Para expressar os fluxos que conformam
balanços de energia deve-se adotar uma única unidade de medida na agregação das suas
diversas variáveis. A unidade básica adotada na composição do Balanço Energético
Nacional - BEN (e também no Balanço Energético Estadual – MG) é a “tonelada
xix
_________________________________________________________________________
equivalente de petróleo - tep”, uma vez que a mesma está relacionada diretamente com um
energético importante e expressa um valor físico. O petróleo de referência é aquele com
poder calorífico de 10.000 kcal/kg (41,868 MJ/kg); todos os fatores de conversões
passaram a ser determinados com base nos poderes caloríficos inferiores das fontes de
energia; e para a energia hidráulica e eletricidade passaram a ser considerados os
coeficientes de equivalência teórica, onde 1 kWh = 860 kcal (1o Princípio da
Termodinâmica).
xx
_________________________________________________________________________
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo estudar o planejamento do balanço oferta/demanda de
energia para o Setor Residencial para o Estado de Minas Gerais no horizonte de 2004 a
2025 e dá continuidade ao estudo de planejamento energético que a Companhia Energética
de Minas Gerais S.A. – CEMIG realizou em 1996-1997, no âmbito de um programa que
contou com suporte técnico e financeiro da Agência Internacional de Energia Atômica –
AIEA. Foi aplicada a metodologia do modelo Energy and Power Evaluation Program -
ENPEP, desenvolvido pelo Laboratório Nacional de Argonne – EUA, sob os auspícios do
Departamento de Energia dos Estados Unidos – DOE e da AIEA. Foram estabelecidos três
cenários macroeconômicos e um energético: o Cenário Básico, que pressupõe condições de
crescimento da economia (taxa de 3,7%a.a.) próximo da média da evolução histórica; o
Cenário Alto com uma perspectiva favorável de crescimento (taxa de 5,2%a.a.); o Cenário
Baixo, com uma perspectiva desfavorável de crescimento (taxa de 2,2%a.a.); e o Cenário
de Conservação de Energia (CE), baseado na melhoria da eficiência energética dos
equipamentos de demanda de energia residenciais. Os resultados mostram que, no Cenário
Básico, espera-se um crescimento do consumo final de energia de 38% até 2025, passando
de 3.380 mil tEP para 4.673 mil tEP. Constata-se que em 2025, comparado ao Cenário
Básico, o Cenário Alto deverá ser 23% superior; o Cenário Baixo 17% inferior e o Cenário
CE 21% inferior. No período 2004/2025 o crescimento do consumo final de GLP deverá
ser de 153% no Cenário Básico; 243% no Cenário Alto e de 83% no Cenário Baixo; estes
aumentos apontam uma urgente avaliação de seu abastecimento e distribuição. O consumo
final de GLP deverá superar o de Lenha e Carvão Vegetal a partir do ano de 2020. Entre
2004/2025, o aumento do consumo final de Eletricidade deverá ser de 113% no Cenário
Básico, 189% no Cenário Alto e 55% no Cenário Baixo; apontando a necessidade de
elaboração de políticas energéticas de geração e redução das perdas por distribuição, pois,
em 2004 foram perdidos quase 72% do aumento projetado pelo modelo. Entre 2004/2025,
o aumento do consumo final de Eletricidade no Cenário CE deverá ser de 67%. Para o
GLP a evolução neste cenário deverá ser de 116%. A Eletricidade no Cenário CE foi, em
2025, 22% inferior em relação ao Cenário Básico; o GLP deverá ser 15% inferior.
Palavras-chave: Planejamento Energético, Balanço Oferta/Demanda de Energia, Setor
Residencial, Minas Gerais, Energia, Consumo Final, Eletricidade, GLP
xxi
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ABSTRACT
This paper has as objective to describe an energy planning study of the supply/
consumption energy balance between 2004 and 2025 for the Residential Sector of Minas
Gerais State and to continue the energy planning study performed by Companhia
Energética de Minas Gerais – CEMIG in 1996-1997, on scope of a program that count with
technical and financial support from International Atomic Energy Agency - IAEA. The
applied methodology follow the Energy and Power Evaluation Program (ENPEP) model,
developed by the Argonne National Laboratory – USA, under auspicious of U.S.
Department of Energy (USDOE) and IAEA. Were established three macroeconomic
sceneries and one energetic: the Basic Scenery, follow the historical evolution of economy
growth (3,7% per year); the High Scenery with an optimistic perspective of growth (5,2%
per year); the Low Scenery with a pessimistic perspective of growth (2,2% per year); and
the Energy Conservation Scenery (EC) based on efficiency improvement of residential
energy consumption equipments. The results shows that, on Basic Scenery, the final
energy consumption growth expected is of 38% up to 2025, from 3.380 thousand tEP to
4.673 thousand tEP. As can be seen in 2025, compared to Basic Scenery, the High Scenery
should be 23% higher; the Low Scenery 17% lower and 21% lower on the EC Scenery.
Between 2004/2025 the final consumption growth of GLP should be 153% on Basic
Scenery; 243% on High Scenery and 83% on Low Scenery, these increases appoint to an
urgent evaluation of its supply and distribution. The final consumption of GLP should
exceed the firewood consumption after 2020. Between 2004/2025 the final consumption of
electricity should increase 113% on Basic Scenery; 189% on High Scenery and 55% on
Low Scenery and require an energetic policy of generation and reduction of distribution
wastes, as in 2004 when was lost 72% of projected increase by the model in this study.
Between 2004/2025 the increase of electricity final consumption on EC Scenery should be
67%; for the GLP, on the same scenery, should be 116% up. In 2025, on EC Scenery, the
electricity should be 22% lower than in the Basic Scenery; the GLP should be 15% lower.
Keywords: Energy planning, Supply/Consumption Energy Balance, Residential Sector,
Minas Gerais, Energy, Final Consumption, Electricity, LPG
xxii
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1. INTRODUÇÃO
O exercício do prognóstico para um estudo de planejamento energético pressupõe,
em seu caráter mais amplo, a inclusão das dimensões políticas, sociais, culturais,
tecnológicas e ambientais, de modo a permitir uma visão global da complexidade que o
assunto ENERGIA apresenta atualmente com suas múltiplas variáveis a considerar.
Nunca se falou tanto em energia e, especialmente, em sua conservação ou melhor,
em seu uso racional. Grandes desperdícios de energia são verificados em toda a cadeia de
conversão e, para que gerações futuras possam desfrutar de alguma garantia de qualidade
de vida, é essencial que o fato de usar bem, sem desperdícios, seja prática consolidada nos
hábitos e costumes da sociedade atual, justificando ações políticas de gestão energética.
Os recursos energéticos, assim como os recursos naturais, estão se tornando
escassos com o passar do tempo, o que justifica a mobilização da sociedade no objetivo
comum de se estabelecer, com a máxima urgência, modelos energéticos que garantam o
equilíbrio ambiental e, por conseqüência, a permanência do homem sobre o planeta.
Dessa forma, o modelo de eficiência energética nas etapas de geração, conversão e
uso final da energia nada mais será do que a aplicação dessa nova consciência,
extremamente necessária para a sustentabilidade ambiental da sociedade e deverá ser
traduzida em projetos melhores, procedimentos racionalizados e contribuição coletiva.
Desconsiderando as questões do déficit habitacional e exclusão social, verifica-se
atualmente uma crescente demanda energética no Setor Residencial, reflexo de um maior
número de atividades que envolvem equipamentos e conversões finais da energia. Com o
crescimento da população, seja no ambiente rural ou no urbano, espera-se maior
participação das fontes energéticas, de tal forma a suprir necessidades como cocção,
iluminação, aquecimento de água, climatização de ambientes e operação de
eletrodomésticos.
Observa-se que o Setor Residencial possui expressiva participação na demanda
energética do Estado de Minas Gerais; este setor é o terceiro colocado com participação de
1
_________________________________________________________________________
10,9% (CEMIG, 2005), atrás dos Setores Industrial (64,7%) e de Transportes (18,2%), e
retrata de forma direta o padrão de desenvolvimento econômico e social da população. É
importante conhecer e quantificar a concorrência entre as fontes de energia que servem a
este setor sócio-econômico uma vez que, utilizando previsões de crescimento para os
cenários de estudo, pode-se justificar o investimento em ações políticas e tecnológicas para
melhor eficiência da matriz energética.
O Brasil ainda não tem, mesmo em razão da recente crise energética de 2001, um
planejamento energético consolidado, há a necessidade da divulgação sistemática de dados
de suas atividades com suficiente clareza e confiabilidade para a elaboração de qualquer
trabalho de planejamento. A confiabilidade nos dados utilizados é vital para o sucesso do
trabalho de planejamento e o acesso a esses dados por entidades independentes para a
realização de estudos e análises é igualmente importante para que medidas adequadas
sejam adotadas para evitar prováveis prejuízos devido a blecautes ou racionamentos no
futuro.
Constata-se que, em 2004, o Estado de Minas Gerais utilizou 14,5% da energia do
Brasil, sendo 54,9% de fontes renováveis, valor superior à média nacional de 45,4%.
Carente de energéticos de origem fóssil, como petróleo, gás natural e carvão mineral, o
Estado tem nas fontes renováveis grandes oportunidades no desenvolvimento de novos
mercados, recuperando o dinamismo nas atividades florestais, buscando a auto-suficiência
na produção de álcool e explorando seu potencial hidráulico, solar e eólico (CEMIG,
2005).
O último estudo de planejamento energético conduzido pela CEMIG com a
participação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), por intermédio do
Departamento de Engenharia Nuclear da Escola de Engenharia, e do Centro de
Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN) da Comissão Nacional de Energia
Nuclear, foi realizado em 1995-1996 e apresentado no relatório “Estudo de Planejamento
Energético para o Estado de Minas Gerais” (CEMIG, 1997), para o horizonte de
planejamento 1995-2015, considerando todos os setores macroeconômicos do Estado.
Nesse estudo da CEMIG, o cenário de referência ou básico apontava uma queda na
participação do Setor Residencial no consumo de energia no Estado, passando de 15,5%
em 1995 para 10,1% em 2015. A principal tendência verificada estava na queda do
2
_________________________________________________________________________
consumo de lenha, conseqüência do aumento do consumo de GLP no setor. A participação
do Setor Residencial no consumo total de energia no Estado de Minas Gerais passaria de
19,8% em 1995 para 24,9% em 2015, podendo ser interpretado como o aumento de
equipamentos eletrodomésticos e de domicílios no Estado, evidentemente considerando a
projeção do PIB e a manutenção do poder aquisitivo das classes consumidoras.
1.1 Objetivo e Justificativa
Este trabalho de dissertação pretende fazer estudos de projeção do balanço entre a
oferta e o consumo de energia para o Setor Residencial (urbano e rural) para o Estado de
Minas Gerais no longo prazo, usando o modelo ENPEP (Energy and Power Evaluation
Program) e comparar os resultados com os de outros estudos.
O objetivo deste trabalho, portanto, é fazer um estudo de planejamento energético
do balanço entre oferta e consumo de energia num prazo de cerca de 20 anos para o Setor
Residencial no Estado de Minas Gerais, tendo em vista diferentes cenários
macroeconômicos e um cenário energético.
“Considerar a energia com responsabilidade, sem desperdício, constitui um novo
parâmetro a ser considerado no exercício da cidadania. Os instrumentos de combate ao
desperdício de energia estão alicerçados na mudança de hábitos e na eficiência energética”
(FUPAI, 2001, p.XIII). Além disso, o crescimento populacional é um grande
impulsionador de medidas contínuas de previsão e suprimento de energia para satisfazer
necessidades futuras com segurança e previsibilidade e é crescente a preocupação dos
governos federal e estadual em relação ao suprimento de energia para o desenvolvimento
do país. Isso se traduz mais claramente por meio de programas tais como LUZ PARA
TODOS, PROINFA – Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica;
PRODEEM - Programa de Desenvolvimento Energético de Estados e Municípios;
PROCEL – Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica; PMDI – Plano
Mineiro de Desenvolvimento Integrado e PPAG – Plano Plurianual de Ação
Governamental. Tais programas motivam de forma especial a elaboração deste trabalho,
pois acredita-se que o mesmo poderá dar subsídios e dar informações relevantes para o
3
_________________________________________________________________________
processo político decisório, além de dar seqüência aos estudos que a CEMIG empreendeu
no passado.
Para atingir a sustentabilidade, há de se atuar na legislação, regulação, educação,
forças de mercado, ciência, economia e sociologia, de onde se conclui que sua busca
efetiva é uma questão política (REIS, 2005).
1.2 Estrutura do trabalho
No Capítulo 2 serão tratados os assuntos da metodologia aplicada neste estudo de
planejamento energético bem como uma descrição sucinta do modelo ENPEP.
No Capítulo 3 tem-se uma apresentação do Setor Residencial no Brasil e no Estado
de Minas Gerais.
O Capítulo 4 trata da aplicação do modelo ENPEP ao Setor Residencial no Estado
de Minas Gerais. Seguindo a metodologia descrita no Capítulo 2, serão aqui apresentados:
a definição dos objetivos; as definições do ano base e do horizonte de planejamento; a
descrição dos cenários macroeconômicos estabelecidos em função de variações nas taxas
de crescimento da economia; e do cenário energético adotado. A base de dados utilizada
para este estudo de planejamento energético, apresentando dados econômicos,
populacionais, oferta e consumo de energéticos, tecnologias, preços, além das projeções de
população, de preços, de oferta e consumo é discutida em seguida, bem como o programa
ENPEP como ferramenta para o desenvolvimento do planejamento energético. Ao final do
capítulo é apresentado o balanço entre a oferta e o consumo de energia no Setor
Residencial em Minas Gerais, e as análises dos resultados do módulo BALANCE.
No Capítulo 5 tem-se a apresentação e discussão dos resultados do estudo, feito
com o módulo BALANCE do ENPEP.
No Capítulo 6 são apresentadas análises comparativas entre este estudo e estudos
precedentes.
4
_________________________________________________________________________
No capítulo 7 tem-se as considerações finais, as conclusões bem como sugestões e
recomendações. Ao Capítulo 7 seguem-se as referências bibliográficas e os anexos /
apêndices.
5
_________________________________________________________________________
2. PLANEJAMENTO ENERGÉTICO
O planejamento visa, principalmente, ao fornecimento de informações para aqueles
que irão tomar as decisões, com o objetivo do desenvolvimento das potencialidades da
sociedade de uma forma sustentável. Este é o fundamento principal de todo e qualquer
planejamento sério. É compreendido como sendo uma atividade dinâmica e permanente,
podendo ser considerado corretamente como um processo.
O planejamento energético lida com a grande complexidade e multiplicidade dos
aspectos relacionados à sociedade, ao meio ambiente e às relações internacionais. É cada
vez mais estreita a interdependência entre esses elementos e a vida sobre o planeta.
Modelos de comportamento absolutamente exploratórios e degradantes do meio ambiente
ainda são observados em várias culturas mundiais, o que leva a uma preocupação atual
sobre a perpetuação dessas culturas nocivas. As nações do chamado “primeiro mundo”
praticam suas políticas imperialistas sem o menor constrangimento, expondo as demais
nações à condição colonial de permanente subdesenvolvimento e empobrecimento,
ajudados pelo exercício de políticas internas irresponsáveis nesses países. Portanto, tem-se
o cerne da questão: ENERGIA. Nada tem sido tão necessário ao desenvolvimento e à
manutenção das condições de conforto e soberania quanto a Energia. O tema exige
reflexão, planejamento e tomada de decisão.
Para que o país possa gerir com autonomia seus assuntos relacionados à energia é
absolutamente necessário o estabelecimento de um planejamento permanente que
contemple a visão prospectiva. Tal processo deve ter um caráter holístico, onde o
comportamento das partes envolvidas deve ser explicado por seus papéis no todo; o
aspecto multidimensional, onde é suficiente mencionar a importância das considerações
econômica, social, cultural, científica, tecnológica, ambiental e internacional; o aspecto
participativo, onde todos os atores participam do processo; e, finalmente, o aspecto
prospectivo, onde a meta de como deveria ser um sistema energético futuro permite
desvios significativos a partir das tendências atuais (DEL VALLE, 1984).
A abordagem convencional do planejamento energético sendo analítica,
economicista, tecnocrática e retrospectiva, mostra-se insuficiente (DEL VALLE, 1984).
6
_________________________________________________________________________
Muitas possibilidades de utilização de recursos energéticos para os quais não exista
tecnologia de conversão em grande escala são desprezadas e assim, novos nichos de
demanda pela sociedade, por conseqüência, são ignorados. Outra deficiência é não
considerar o setor energético como parte de outros processos como o da economia e
demais setores usuários da energia.
Assim, vislumbra-se um planejamento de maior espectro de abrangência ao tornar
as dimensões políticas, sociais, culturais, tecnológicas e ambientais como elementos
fundamentais de estudo, todas na mesma proporção e, por isso, configuram uma nova
abordagem integrada de planejamento.
2.1 Metodologia do Planejamento Energético
Sabe-se que a elaboração de um planejamento tem a finalidade precípua de fornecer
informações para aqueles que tomam decisões. Um programa de planejamento deve levar a
ações específicas conforme mostra a Figura 2.1.
COLETA DE
DADOS
ANÁLISE
INFORMÃO
PARA O
TOMADOR DE
DECISÃO
PLANOS:
PROJETOS
POLÍTICAS
OUTROS ESTUDOS
Figura 2.1 – Visão geral do Planejamento
Fonte: CIRILLO (1995)
O que se segue foi baseado nas informações contidas no documento da
International Atomic Energy Agency - IAEA, 1984.
7
_________________________________________________________________________
A Figura 2.2 mostra as sete etapas que devem ser realizadas num programa de
planejamento energético.
1.
DEFINIÇÃO DE
OBJETIVOS
2.
DEFINIÇÃO D
A
ABORDAGEM
3. DETERMINAÇÃO
DAS
INFORMAÇÕES
NECESSÁRIAS
6.
APRESENTAÇÃO
DE RESULTADOS
5.
REALIZAÇÃO DA
ANÁLISE
4.
ESCOLHA DO
PROCESSO DE
ANÁLISE
7.
PREPARAÇÃO
DO PLANO
Figura 2.2 – Etapas do Planejamento Energético
Fonte: CIRILLO (1995)
A seguir tem-se uma breve discussão das etapas indicadas na Figura 2.2:
1º Definição de objetivos:
O trabalho de planejamento deve iniciar-se com a definição dos objetivos, uma vez
que isso ajuda a focalizar a atenção nos aspectos importantes, auxilia o direcionamento dos
esforços para aquilo que realmente é significativo e dá uma indicação da qualidade do
plano final.
8
_________________________________________________________________________
2º Definição da abordagem:
A etapa da abordagem poderá admitir variações de interesses de cunho específico
como, por exemplo, escopo da análise, escala da análise, horizonte da análise e nível de
detalhe.
Entende-se por escopo da análise a extensão que será estudada do sistema
energético; por escala da análise entende-se como sendo a dimensão da desagregação
espacial a ser incluída; o horizonte da análise atua de maneira significativa nas técnicas de
planejamento e poderá variar entre curto (1 a 3 anos), médio (3 a 10 anos) e longo prazo
(> 10 anos); e, finalmente, o nível de detalhe que está relacionado ao esforço que será
exigido e poderá variar de uma análise profunda a uma análise grosseira, apenas
superficial.
Um ponto fundamental para definir o escopo da análise diz respeito à escolha do
ano-base, ou seja, do ano escolhido para configurar todas as variáveis de partida a partir do
qual serão feitas as projeções ao longo do horizonte.
3º Determinação das informações necessárias:
Pode-se admitir dois tipos de informações num processo de planejamento: os dados
técnicos detalhados, que são usados por planejadores e analistas para avaliação de
alternativas, e a informação para tomada de decisão, que é utilizada por profissionais mais
graduados na escolha do curso de determinada ação.
4º Escolha do processo de análise:
Nesta etapa é fundamental a escolha adequada da ferramenta de análise, levando-se
em consideração as informações fornecidas pelas instituições, a disponibilidade de dados e
a complexidade em contraponto à simplicidade do modelo.
Os modelos de análise podem ser dos tipos: de demanda, de oferta, de balanço (ou
equilíbrio) entre oferta e demanda, de avaliação de impactos e de metodologias de
integração.
9
_________________________________________________________________________
5º Realização da análise:
A maior densidade efetiva de trabalho reside na execução da análise, envolvendo
duas tarefas principais: o estabelecimento de uma base de dados e a análise integrada, num
processo iterativo, conforme apresentado na Figura 2.3.
ANÁLISE
ECONÔMICA
ANÁLISE
DA
DEMANDA DE
ENERGIA
AVALIÃO
DOS
RECURSOS
ENERGÉTICOS
CARACTERIZA-
ÇÃO DAS
TECNOLOGIAS
DE
ENERGIA
BALANÇO
OFERTA
/
DEMANDA
AVALIÃO
DE IMPACTOS
ANÁLISE DE
DECISÃO
ITERÃO
DESENVOLVIMENTO DA
BASE
DE DADOS
ANÁLISE
INTEGRADA
Figura 2.3 – Abordagem metodológica do planejamento
Fonte: IAEA (1984)
A seguir será feita uma descrição das etapas da abordagem metodológica da
realização da análise, começando com o desenvolvimento da base de dados.
Análise econômica
A análise econômica configura-se como a base do trabalho de planejamento por
determinar o nível e o padrão de crescimento global de desenvolvimento, bem como por
ser utilizada para desenvolver as projeções de demanda de energia.
O foco dessa análise econômica está nos aspectos gerais de desenvolvimento, como
por exemplo, Produto Interno Bruto - PIB, Produto Nacional Bruto – PNB; população;
metas e objetivos de crescimento; política de desenvolvimento; estruturas institucionais e
aspectos sociais/culturais que têm influência sobre a energia.
Esta análise fornece as projeções de parâmetros que possam indicar o crescimento
global. A Figura 2.4 exemplifica o que foi apresentado.
10
_________________________________________________________________________
A
C
B
HISTÓRICO PROJETADO
TEMPO
CENÁRIOS
PNB,
POPULAÇÃO
,
ETC.
Figura 2.4 – Análise econômica – projeções
Fonte: CIRILLO (1995)
A Figura 2.4 mostra que a partir de valores históricos é possível estabelecer
premissas e hipóteses, ou cenários, para projeção de valores futuros, permitindo que
determinada variável (por exemplo, PIB, preço, população) possa ser avaliada em seu
comportamento, conforme as condicionantes inseridas.
Análise da demanda de energia
A análise da demanda de energia é feita concentrando-se nos setores individuais da
economia como, por exemplo, o setor industrial, residencial, comercial, transporte,
agricultura, etc.
Tem a finalidade de fornecer projeções de atividade e demanda de energia por
setor, o que significa o nível de atividade atual do setor, o padrão de consumo de energia
atual, o crescimento projetado da atividade e o crescimento projetado na demanda de
energia.
Avaliação dos recursos energéticos
Nesta etapa é feita a avaliação dos recursos energéticos quanto à disponibilidade e
viabilidade econômica para sua inclusão no sistema energético. As fontes de recursos são
os combustíveis fósseis, nucleares, fontes renováveis, podendo ser domésticos ou
importados.
11
_________________________________________________________________________
Importantes informações devem ser obtidas desta análise como, por exemplo,
condições das reservas, dos recursos energéticos e condições de produção. Um dado muito
útil para um planejamento energético é conhecer o quanto determinado recurso poderá
colaborar na matriz energética, ou seja, o quanto o uso de uma fonte de energia poderá
tornar-se viável economicamente em curto, médio ou longo prazo. E, por outro lado,
determinar a substituição daquela fonte energética que não possa mais subsistir
economicamente.
Caracterização das tecnologias energéticas
É necessário caracterizar as tecnologias empregadas, uma vez que isso torna
possível a avaliação do sistema de suprimento de energia em relação à estrutura atual do
sistema, ao padrão de suprimento no ano base, à expansão e/ou retiradas planejadas e às
novas tecnologias. A caracterização da tecnologia energética lida com todo o ciclo do
combustível.
O emprego de novas tecnologias que possibilitam alternativas de suprimento deve
atender a alguns parâmetros importantes, como, por exemplo, desempenho do sistema;
instalação; operação e manutenção; economia e restrições à sua implementação.
Este é um campo fértil para exploração futura e de onde se espera grandes avanços
no sentido de ampliar a contribuição de recursos para a matriz energética. O que se deseja
é o preparo consistente de uma base de dados das diversas tecnologias e não a avaliação de
alternativas de suprimento.
A caracterização da tecnologia energética se dá em três principais componentes:
Tecnologias de combustíveis fósseis – petróleo, gás e carvão;
Tecnologias de fontes renováveis – solar, eólica, biomassa, geotérmica e
oceânica;
Tecnologias de sistemas elétricos – térmica, nuclear e hidroelétrica.
Análise do balanço oferta/demanda
Nesta etapa, a análise do balanço oferta/demanda de energia visa a mensurar o
suprimento de energia disponível em relação à demanda projetada e, dessa maneira,
12
_________________________________________________________________________
determinar a melhor forma de atendimento, ou seja, aquela que atenda à nova abordagem
integrada de planejamento com o foco nos aspectos holístico, multidimensional,
participativo e prospectivo. Este balanço visa a simular o comportamento do mercado de
energia.
A Figura 2.5 exemplifica uma rede energética onde o fluxo de energia ocorre desde
as fontes energéticas até as demandas finais.
VAPOR
INDUSTRIAL
CALDEIRA
A
Ó
LEO
CALDEIRA
A
CARVÃO
CALDEIRA
A
G
Á
S
RECURSOS
DE PETRÓLEO
RECURSOS
DE GÁS
RECURSOS
DE CARVÃO
DEMANDA
SUPRIMENTO
REFINARIA
Figura 2.5 – Fluxo de energia oferta/consumo
Fonte: CIRILLO (1995)
Em relação aos termos final e útil, tem-se as seguintes definições:
A energia final inclui qualquer forma de energia, primária ou secundária,
disponível ao consumidor, descontado o armazenamento e as perdas na distribuição. Esta
energia é convertida no ponto de uso final em energia útil.
13
_________________________________________________________________________
A energia útil é a forma de energia que realmente é exigida pelo consumidor para
calor, luz ou movimento mecânico. A quantidade de energia útil fornecida de uma
determinada quantidade de energia final depende da eficiência da tecnologia de uso final.
Uma série de parâmetros deve ser providenciada para a análise do balanço de
energia, tais como, custo, viabilidade técnica, aspectos políticos sobre energia e restrições
de qualquer ordem à sua implementação. Modelos analíticos diversos estão disponíveis
para a construção deste balanço como, por exemplo, algoritmos de rede manuais, modelos
de energia/economia integrados, modelos de sistema energético e modelos de energia
setorial.
Avaliação de impactos
Como já previsto nesta nova ordem de elaboração de um planejamento integrado,
as exigências multidimensionais também deverão ser analisadas no modelo, para que sejam
identificados os efeitos de cada balanço de oferta/demanda de energia elaborado. Essas
exigências podem ser relacionadas às necessidades de recursos energéticos, ao uso de
recursos nativos, à eficiência do sistema energético, às necessidades de investimento de
capital, ao balanço de pagamentos, aos impactos ambientais, aos efeitos sociais, culturais,
institucionais, etc.
Usam-se ferramentas analíticas específicas para computar os parâmetros de impacto
como nos exemplos: modelos de construção de instalações, modelos de impacto
macroeconômico e modelos de impacto ambiental.
O usual nesta análise é estabelecer cenários de desenvolvimento em conjunto com
estratégias de ação sobre o sistema energético e, então, conjugar as possibilidades de casos
para estudo, uma vez que estas poderão ajudar a cercar as incertezas do futuro.
Os cenários, aqui, podem ser compreendidos como um conjunto de premissas ou
hipóteses que delineiam um aspecto conjuntural para avaliação do comportamento de uma
ou mais variáveis.
Portanto, de forma resumida, a análise integrada é usada para determinar a possível
estrutura futura do sistema energético, avaliar o efeito de várias políticas energéticas e
também para investigar estratégias de energias alternativas.
14
_________________________________________________________________________
6º Apresentação de resultados
É nesta etapa que todo o exaustivo trabalho do planejamento energético deverá ser
bem explorado pelo analista no momento da apresentação para aqueles que tomam as
decisões. Freqüentemente estas pessoas não possuem a experiência técnica e analítica
necessária para interpretar todo o conjunto de informações extraído do estudo. Assim, faz-
se imprescindível uma apresentação em forma apropriada, do contrário o estudo estará sob
o risco de ter seus resultados ignorados.
Para alguns problemas, a análise integrada poderá fornecer a informação técnica
para a tomada de decisão. Para outros problemas os resultados técnicos devem ser
mesclados com outras considerações. A apresentação para quem toma decisão é muito
importante.
7º Preparação do plano
Esta etapa é, efetivamente, a expressão das escolhas feitas, configurando uma
declaração de ações tais como projetos, políticas, outros estudos, etc.
2.2 O Modelo ENPEP – “Energy and Power Evaluation Program
O programa ENPEP para o ambiente “Windows” versão 2.20, que é a versão
utilizada neste trabalho, teve sua origem na versão “DOS” do Energy and Power
Evaluation Program - ENPEP, que foi desenvolvido no Argonne National Laboratory
(ANL) sob os auspícios do Departamento de Energia dos Estados Unidos (DOE) e da
Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
O módulo ENPEP versão 2.20 utiliza integralmente o ambiente “Windows” e
oferece ao usuário uma interface gráfica com o propósito de tornar compreensível o
modelo de um sistema energético de um país ou região. O objetivo do programa é simular
o mercado de energia e buscar um equilíbrio entre suprimento e demanda para um
horizonte de estudo, limitado a 75 anos. Para alcançar esta meta, o módulo “BALANCE” do
ENPEP processa uma rede representativa de toda a cadeia energética, sendo incluídos na
mesma, produção, conversão, transporte, distribuição e a utilização da energia nas
15
_________________________________________________________________________
atividades de um país ou região, bem como o fluxo de energia e de combustíveis
pertencentes a tais atividades (ANL, 2000).
O programa ENPEP trabalha com uma rede energética representativa e consiste de
blocos e conexões. Os blocos representam os processos, tal como uma refinaria de
petróleo, por exemplo, enquanto que as conexões representam o fluxo da energia entre os
blocos.
A rede energética é desenvolvida considerando o fluxo da energia entre diferentes
tipos de blocos. Cada tipo de bloco corresponde a um diferente submodelo no módulo
“BALANCE” e é associado a equações específicas que relacionam preços e fluxos de
energia nas conexões de entrada e de saída do mesmo. O algoritmo incorporado ao módulo
“BALANCE” processa, simultaneamente, um sistema de desigualdades e equações não
lineares. Essas relações, definidas pelos parâmetros de entrada, associadas a cada bloco da
rede energética, especificam a transformação das quantidades de energia e preços através
dos vários estágios da produção, processamento e uso final. Um modelo de equilíbrio,
representado pela rede energética, é, então, calculado em preços e quantidades, de forma a
satisfazer o conjunto de todas as desigualdades e equações relevantes.
Para encontrar a solução, o modelo requer uma estimativa inicial dos valores das
quantidades de produção e importação de combustíveis dos blocos de recursos que ficam
na parte inferior da rede. Depois disso, os preços do combustível, em cada conexão
sucessiva até a parte superior da rede (demandas), são computados a partir das equações de
preços, definidas pelos vários blocos (ver Figura 2.5).
A seguir, as soluções para todas as equações de quantidades associadas aos blocos
são computadas para as sucessivas conexões, de cima para baixo na rede, ou seja, das
atividades (demandas) para as fontes energéticas. Se todas as equações da rede forem
satisfeitas pelas quantidades estimadas inicialmente, conclui-se que a solução foi
encontrada. Caso contrário, as quantidades na parte inferior da rede são automaticamente
ajustadas, e todas as equações novamente calculadas. Este processo iterativo (repetitivo)
continua, até que os valores apropriados para as quantidades na base da rede sejam
atingidos.
16
_________________________________________________________________________
Isto pode ser visto na Figura 2.6, onde a interseção entre as curvas representa o
ponto de equilíbrio entre demanda e suprimento.
Quantidade
Demanda Oferta
Quantidade
Pro/Custo
Preço/Custo
Figura 2.6 – Fluxo de energia oferta/demanda
Fonte: ANL. User´s Guide Version 2.0 (2000)
A rede energética é construída a partir de um conjunto de submodelos ou blocos
específicos. Os blocos da rede representam um processo ou atividade energética, como por
exemplo, uma refinaria de petróleo, uma usina termelétrica.
A montagem da rede energética é realizada com a interligação dos diversos blocos
que a compõem. Essas interligações são as denominadas “conexões” (ou “elos”) e
representam o caminho por onde passa o fluxo de energia. As conexões representam o
fluxo de energia e custos associados pertencentes a uma atividade energética específica;
elas expressam como essas informações (ou seja, preço e quantidade) são transmitidas de
um bloco para outro. Na Figura 2.7 estão os blocos que poderão constituir uma rede
energética no programa ENPEP versão 2.20.
17
_________________________________________________________________________
Demanda
Processos de conversão
Blocos de recursos
Processos econômicos
Despacho de carga,
Usinas hidráulicas e térmicas
Figura 2.7 – Representação dos blocos que compõem uma rede energética no ENPEP
Fonte: ANL (2000)
Estes são os seguintes tipos de blocos disponíveis no “BALANCE”, mostrados na
figura 2.7:
-
Bloco de demanda: representa a demanda final de energia convertida no último sistema
de conversão ou uma forma útil de energia tal como um processo a vapor e
aquecimento direto.
-
Blocos de processos de conversão: representam a conversão ou processamento de um
recurso, combustível ou produto, em outra forma utilizável. Podem ser de quatro tipos:
-
Bloco de uma entrada e uma saída: Como exemplo tem-se a caldeira, que converte
óleo combustível em vapor, um automóvel, que converte gasolina em quilômetros
rodados, ou um processo de destilação, que converte biomassa em etanol.
-
Bloco de múltiplas saídas: é a representação típica de um processo de refinamento
de petróleo. De forma geral pode ser usado para representar qualquer processo com
dois ou mais produtos de saída.
-
Bloco de múltiplas entradas: representa processos especiais de conversão que
possuem mais de uma entrada para combustíveis, tal como um aquecedor solar que
18
_________________________________________________________________________
usa GLP (gás liquefeito de petróleo) como combustível de suporte ou um
misturador, por exemplo de gasolina e álcool.
-
Bloco de transporte: representa o transporte físico por meio de caminhões, trens,
dutos, etc.
-
Blocos de recursos energéticos: representam os recursos renováveis e não renováveis:
- Bloco de recursos não renováveis: representa os recursos não renováveis,
importados ou produzidos domesticamente, tais como óleo cru, carvão, gás natural
ou urânio.
-
Bloco de recursos renováveis: representa os recursos renováveis, tais como
biomassa, energia solar, energia eólica, energia hidráulica, etc.
-
Blocos de processos econômicos: são de duas naturezas:
-
Bloco de decisão: representa a seleção ou alocação de combustíveis ou formas de
energia.
-
Bloco de fixação de preços: representa a regulação governamental de preços e
política de preços tais como taxas, subsídios e estrutura de tarifas.
-
Bloco de despacho de carga: representa a saída ou despacho de energia das unidades de
geração de eletricidade.
-
Bloco de unidade de geração hidráulica: representa a energia produzida nas unidades
de geração hidráulica.
-
Bloco de unidade de geração térmica: representa a energia produzida das unidades de
geração térmica (gás, óleo, carvão e também nuclear).
Por convenção, a rede de energia é construída com os blocos de demanda
localizados na parte superior, os recursos de suprimento de energia localizados na parte
inferior e os blocos de processo de conversão localizados no meio da rede (ver Figura 2.5).
Uma vez construída a rede e efetuada a simulação com os dados históricos, o módulo
realiza o prognóstico de preços e demandas de energia.
19
_________________________________________________________________________
As demandas de energia são calculadas pelo processamento do fluxo de energia a
partir dos blocos de demanda, passando pelos processos de conversão até alcançar a parte
inferior, que são os blocos de suprimentos de recursos energéticos. Este processamento é
reconhecido como seqüência “down-pass” (ou “up-down”).
Na seqüência “up-pass” (ou “bottom-up”) são realizados os cálculos de preços a
partir das informações de entrada dos blocos de recursos renováveis e não renováveis na
base da rede energética.
Na seqüência “down-pass”, quando o modelo processa o fluxo de energia, as
estimativas de preços previamente obtidas da seqüência “up-pass” são usadas para
determinar a participação competitiva das alternativas energéticas (isto é, a competição nas
conexões de entrada de um bloco de decisão). Esta participação é estimada por uma função
lógica que envolve o preço de determinado energético em relação aos demais. Como a
participação da energia depende de seus preços e estes por sua vez dependem da
quantidade de combustível demandada, o módulo “BALANCE” utiliza processos de
iteração para obter o equilíbrio entre preços e quantidades. As seqüências de “up-pass” e
down-pass” são repetidas até que a diferença dos fluxos de energia (quantidades) nas
conexões da rede mudem pouco de uma iteração a outra e desde que todo o processo esteja
dentro de um nível de tolerância especificado pelo usuário.
A solução apresentada pelo módulo “BALANCE” deve ser interpretada como a
mais próxima do real, considerando que os dados e relações assumidas no modelamento
estejam corretos. Em algumas circunstâncias, o resultado poderá ser interpretado como
uma orientação, indicando a probabilidade de determinado fato ocorrer. Por exemplo, uma
determinada solução do modelo poderá indicar que os preços da energia deveriam ser
ajustados para recuperar todos os custos de produção e processamento, caso todos os
controles de preços do governo forem removidos durante o processamento do modelo;
assim os preços refletirão apenas os custos (ANL, 2000).
20
_________________________________________________________________________
3. O SETOR RESIDENCIAL
Diferentemente dos outros setores da economia, o Setor Residencial tem a
peculiaridade de não possuir produção de bens materiais, mas participa do balanço
energético estadual por ser um setor com expressivo consumo energético. Assim,
compreende-se que a parcela da energia útil destinada ao Setor Residencial não se vincula
diretamente ao sistema produtivo, mas essa energia é consumida para gerar bem estar à
população através de aquecimento de água, cocção de alimentos, iluminação, conforto
térmico e uso de eletrodomésticos.
3.1 O Setor Residencial no Brasil
Neste início do século XXI, a população do planeta é essencialmente urbana. A
população mundial atual está em torno de 6,5 bilhões de habitantes e vem crescendo a uma
taxa média anual de aproximadamente 1,4% (Nações Unidas, 2005). Mais de 70% desta
população vive em áreas urbanizadas, este índice não tem precedentes na história do
homem moderno e poderá variar entre as regiões, sendo que nas regiões mais
desenvolvidas e industrializadas poderá se situar entre 80 e 90%. Nas regiões em
desenvolvimento entre 67 e 100% (PHILIPPI Jr. et al., 2004).
O Brasil segue a tendência mundial de urbanização a partir da década de 30,
quando a população era tipicamente rural. O desenvolvimento dos setores industrial,
comercial e de serviços proporcionou acelerada urbanização nas cidades brasileiras. Nos
anos 40, apenas 31% da população era urbana. Nos últimos anos da década de 60, a
população situava-se próxima de 90 milhões de habitantes dos quais cerca de 50% viviam
no campo e 50% nas cidades. Em 1991, cerca de 76% da população já morava em cidades;
no ano 2000, 81% da população era urbanizada (PHILIPPI Jr. et al., 2004).
O país experimenta na atualidade um crescimento de sua população urbana e parece
que permanecerá nesta tendência uma vez que inexistem medidas e políticas do governo
que garantam a manutenção e a estabilidade das populações no meio rural.
21
_________________________________________________________________________
A alta concentração de habitantes nas áreas urbanas das cidades implica numa
grande demanda energética para suprimento nas atividades industrial, comercial,
transportes, serviços e residencial. É necessário que se faça uma abordagem de questões
importantes inerentes ao Setor Residencial e que trazem impacto nessa demanda
energética. São questões como o êxodo rural, déficit habitacional, demanda energética
reprimida, poder aquisitivo e classes de renda da população, tecnologias atuais dos
equipamentos de demanda e perspectivas para os próximos anos.
Tema de muitos trabalhos de excelente qualidade e bastante discutido, o êxodo
rural contribui para um índice cada vez maior da urbanização das cidades, trazendo todas
as mazelas do descontrole populacional como altas taxas de criminalidade, desemprego
elevado, baixa escolaridade, ocupação desordenada do tecido urbano, demanda crescente
dos meios de transporte e serviços. O déficit habitacional relaciona-se em grande parte a
esse fenômeno, que por sua vez está ligado ao poder aquisitivo da população. De fato são
componentes de um mesmo problema econômico-social. A demanda energética
desagregada por fonte está sob forte influência da caracterização da estrutura do Setor
Residencial urbano e rural uma vez que a sua disponibilidade e utilização são específicas
de determinado meio. A Figura 3.1 mostra o percentual de utilização das fontes energéticas
no ano de 2004 para o Setor Residencial no Brasil.
Lenha
37,8%
Eletricidade
31,6%
Gás Liq.
Petróleo
27,3%
Querosene
0,1%
Gás Natural
0,8%
Carvão
vegetal
2,4%
Gás
canalizado
0,0%
Figura 3.1 – Consumo final do Setor Residencial por fonte energética no Brasil – 2004
Fonte: MME, BEN (2005)
22
_________________________________________________________________________
A eletricidade e a lenha são importantes fontes energéticas para o Setor
Residencial, pois detêm os maiores índices de consumo, conforme mostrado na Figura 3.1.
A relativa estabilidade das altas taxas inflacionárias a partir do Plano Real, em
1994, possibilitou a incorporação, pelos consumidores residenciais, de um volume
expressivo de aparelhos eletroeletrônicos verificada nos primeiros anos desse plano. Ainda
que de difícil mensuração, o consumo desta classe pode estar sendo influenciado, também,
pela intensificação de atividades econômicas autônomas nas residências (economia
subterrânea), conseqüência da elevada taxa de desemprego que persiste ao longo dos
últimos anos.
Assim, o consumo residencial apresentou evolução significativa nos últimos anos,
resultado que pode ser associado diretamente aos efeitos do Plano Real. A melhoria do
nível de renda da população, decorrente do controle do processo inflacionário, elevou
significativamente o estoque domiciliar de aparelhos eletroeletrônicos, o que contribuiu
para a crescente "eletrificação" das residências e, como conseqüência, para a expansão do
consumo residencial.
Sabe-se que os problemas habitacionais são proporcionalmente mais graves nas
aglomerações populacionais maiores. É onde se exige que, agentes do governo e
formuladores de política busquem mecanismos ágeis, capazes de proporcionar melhores
condições para a solução dos problemas de moradia e de qualidade de vida da população.
Devido ao baixo crescimento ou mesmo decréscimo da população em áreas urbanas
menores, as questões habitacionais assumem proporções menos significativas. O mesmo se
dá nas áreas rurais, em função do esvaziamento progressivo do campo ocorrido nas últimas
décadas (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2005).
A delimitação da situação de domicílio entre “urbano” ou “rural” vem sendo
bastante discutida por vários especialistas, e são feitas propostas para uma completa
mudança nos conceitos atualmente empregados. Segundo a definição do IBGE, a situação
do domicílio é urbana ou rural de acordo com a legislação municipal em vigor em 1º de
agosto de 2000. Em situação urbana consideram-se as áreas urbanizadas ou não,
correspondentes às cidades (sedes municipais), às vilas (sedes distritais) ou às áreas
urbanas isoladas. A situação rural abrange toda a área situada fora do perímetro urbano,
23
_________________________________________________________________________
delimitado por lei municipal, inclusive os aglomerados rurais de extensão urbana e os
povoados (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2005).
Como aglomerado rural de extensão urbana entende-se a localidade que preencha
os seguintes requisitos: situa-se em área legalmente definida como rural, com arruamentos
reconhecíveis ou dispostos ao longo de uma via de comunicação; localiza-se a menos de
um quilômetro da área efetivamente urbanizada de cidade, vila ou aglomerado rural já
definido como de extensão urbana; por último, é contígua a eles. Constituem simples
extensão da área efetivamente urbanizada, como loteamentos já habitados, conjuntos
habitacionais, aglomerados e moradias ditas subnormais ou núcleos desenvolvidos em
torno de estabelecimentos industriais, comerciais ou de serviços. Há também a definição
pela Constituição Federal, confirmada pelo Estatuto das Cidades, da existência de
obrigatoriedade de elaboração de plano diretor para cidades com população acima de 20
mil habitantes. O plano diretor é o instrumento básico da política de desenvolvimento e
expansão urbana, exigido também para municípios localizados em regiões metropolitanas,
em áreas de interesse turístico ou sujeitas a sofrer grandes impactos ambientais
(FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2005).
Todas essas ponderações implicam no fato de estudos do Setor Residencial
passarem, obrigatoriamente, pela análise de sua população.
A Figura 3.2 mostra a distribuição percentual do consumo final por setor para o ano
de 2004 a partir do Balanço Energético Nacional, BEN 2005. Observa-se que a
participação do Setor Residencial é expressiva, contribuindo com 11,2% naquele ano.
Segundo o Balanço Energético Nacional – BEN 2005 do Ministério de Minas e
Energia (MME), o consumo de energia no Setor Residencial se manteve estável no período
compreendido entre 1970 e 2005, embora o consumo de eletricidade tenha apresentado
altas taxas de crescimento. Neste setor, o rendimento médio do uso da energia tem sido
crescente em razão da substituição de lenha por gás liquefeito de petróleo (GLP): cada tEP
(tonelada equivalente de petróleo) de GLP substitui entre 7 e 10 tEP de lenha,
conseqüência da maior eficiência dos fogões a GLP. A baixa elasticidade do consumo de
energia na cocção em relação à renda familiar contribui, também, para o pouco
crescimento do consumo de energia do setor (MME, BEN 2005).
24
_________________________________________________________________________
Energético
8,6%
Residencial
11,2%
Industrial
37,8%
Comercial
2,7%
blico
1,7%
Agropecuário
4,3%
Não energético
6,8%
Transportes
26,9%
Figura 3.2 – Consumo final por setor no Brasil – 2004
Fonte: MME, BEN (2005).
Verifica-se também que o consumo residencial nacional de GLP que decrescia
desde 2000, em 2004 apresentou um crescimento de 2,1%. Aumentos dos preços acima das
taxas de inflação e a perda do poder aquisitivo das famílias explicam o baixo desempenho
da média nos últimos anos, estima-se que 13% dos domicílios com fogão a GLP também
possuem fogão a lenha, o que possibilita o retorno a essa fonte de energia a qualquer tempo
(MME, BEN 2005).
Sendo considerado um importante energético na matriz nacional, a utilização da
lenha no Brasil é ainda significativa, principalmente, nas carvoarias para produzir carvão
vegetal e na cocção de alimentos em residências.O Setor Residencial consumiu 26 milhões
t de lenha em 2004, equivalentes a 29% da produção e 1,4% superior ao de 2004. Este
acréscimo repete o comportamento dos últimos anos, complementando o baixo
desempenho do consumo residencial de GLP na cocção. A lenha e o carvão vegetal
representam 13,2% da Matriz Energética Brasileira de 2004, resultado 0,3 ponto percentual
acima do de 2003 (MME, BEN 2005).
25
_________________________________________________________________________
3.2 O Setor Residencial em Minas Gerais
Refletindo o comportamento verificado no restante do país, o Estado de Minas
Gerais registrou um crescente índice de urbanização nas últimas décadas, situando-se em
torno de 82% no ano de 2002 (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2005).
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio – PNAD / IBGE – 2004,
existiam no Estado de Minas Gerais 5.891.243 domicílios particulares permanentes com
uma média verificada de 3,2 habitantes por domicílio (IBGE, PNAD 2004).
A demanda total de energia em Minas Gerais, em 2004, alcançou 30,95 milhões de
tEP, valor equivalente a 14,5% da demanda total de energia no Brasil. No período 1978-
2004, a demanda cresceu, no Estado, a uma taxa média de 2,7% ao ano, a mesma
observada no Brasil para o mesmo período (CEMIG, 2005).
Analisando-se setorialmente a matriz energética do Estado de Minas Gerais em
2004, observa-se que o Setor Industrial foi o que apresentou a maior demanda,
respondendo por 64,7%; o Setor Transportes vem em segundo lugar, representando 18,2%,
seguido pelo Setor Residencial, com 10,9%. O Setor Agropecuário teve uma participação
de 2,3%, e Outros Setores e Perdas (Comercial, Público e Perdas) representaram 3,9% do
total.
A Figura 3.3 mostra a distribuição da demanda de cada setor da economia de Minas
Gerais no ano de 2004 (CEMIG, 2005).
Industrial
64,7%
Residencial
10,9%
Transportes
18,2%
Outros
Setores e
Perdas
3,9%
Agropecuário
2,3%
Figura 3.3 – Demanda de energia por setor em Minas Gerais – 2004
Fonte: CEMIG (2005).
26
_________________________________________________________________________
A fonte Lenha e Derivados aparece como a de maior participação na demanda total
de energia do Estado em 2004, correspondendo a 32,9% do total; em segundo lugar, veio a
fonte Petróleo, Gás Natural e Derivados, com 31,1% do total. A fonte Carvão Mineral e
Derivados compareceu com 13,9%, e a Energia Hidráulica e Outras Fontes participaram
com 13,3% e 8,8%, respectivamente. Na Figura 3.4 observa-se a grande participação da
lenha na matriz energética do Estado de Minas Gerais.
Petróleo e
Derivados
31,1%
Energia Hidráulica
13,3%
Lenha e Derivados
32,9%
Outras Fontes
8,8%
Carvão Mineral e
Derivados
13,9%
Figura 3.4 – Demanda de energia por fonte em Minas Gerais – 2004
Fonte: CEMIG (2005)
O critério de avaliação na estimativa da lenha no Setor Residencial considera que o
número de domicílios que possuem somente fogão a gás, somente fogão a lenha e ambos
foi estimado, para todos os anos da série, com base nos Censos do IBGE e no consumo de
GLP. O consumo específico de cada energético para os domicílios, por região do Estado de
Minas Gerais, foi estimado por pesquisa de campo realizada em 1985. A partir desses
dados, foi estimado o consumo residencial de lenha (CEMIG, 2005).
3.3 O estado da arte dos equipamentos de demanda de energia no Setor
Residencial
A descrição das funções dos equipamentos mais utilizados nas demandas de
cocção, refrigeração, aquecimento de água, e iluminação é feita na seção 4.6.5,
Caracterização das Tecnologias de Energia.
27
_________________________________________________________________________
Várias iniciativas de modernização de equipamentos e sistemas utilizados no Setor
Residencial, que possibilitem redução do consumo de energia, estão em curso. Grande
parte das pesquisas é desenvolvida nos países de primeiro mundo. A chegada dessas
novidades aos países em desenvolvimento é uma questão de pouco tempo, especialmente
facilitada pela globalização.
As tecnologias emergentes no horizonte de estudo estarão presentes nas novas
concepções do espaço construído das residências, desenvolvimento de melhorias nos atuais
aparelhos de refrigeração, cocção, eletrodomésticos, iluminação, utilização de larga escala
de aquecedores de água solares, co-geração, reaproveitamento de calor dos
condicionadores de ar, redução da energia em modo de espera dos equipamentos, motores
de alto rendimento, materiais para as construções, etc. São também discutidas no
Apêndice A.
É importante mencionar a contribuição da arquitetura para o estabelecimento de
critérios construtivos que visem ao máximo aproveitamento energético do espaço
construído, tanto na iluminação quanto no conforto térmico, itens de grande demanda de
energia nas residências brasileiras. O conceito de arquitetura bioclimática trata do conforto
ambiental nas construções civis, estuda as formas de efetuar eficientemente a interface
entre o ser humano e os rigores do clima considerando desde a escolha do local da obra,
utilização de materiais de construção adequados, a orientação da edificação, a eficiência
das aberturas, o estudo da ventilação e da insolação, o microclima e do macroclima, o
impacto ambiental, a vegetação e os aspectos culturais (VIGGIANO, 2005).
No macroclima são observadas as características climáticas de uma região,
normalmente medidas em estações meteorológicas. No microclima, são observados as
alterações locais na radiação solar, temperatura do ar, umidade e vento. Uma grande cidade
pode alterar as condições do mesoclima (escala climática intermediária entre o microclima
e o macroclima) pela poluição que gera ou pelo corte indiscriminado da vegetação, por
exemplo. Já o microclima está diretamente relacionado à escala da edificação e de seu
entorno imediato, sendo influenciado pelas conseqüências das outras escalas climáticas e
também pela interferência direta no local onde se encontra a edificação (LAMBERTS,
2005).
28
_________________________________________________________________________
A abordagem do projeto energético do espaço construído toma como essenciais os
princípios de eficiência energética, devido, principalmente, à necessidade da redução da
carga instalada e do consumo de energia. Além do conceito de melhoria de eficiência,
procura também pesquisar a adequação das tecnologias de geração elétrica alternativa ao
nível urbano, como alternativa para a economia doméstica e para o planejamento do
sistema energético global. Uma das vantagens é a abolição de gastos excessivos com
energia elétrica, a exemplo do chuveiro elétrico, o que propicia uma boa economia, quando
utilizado o tradicional sistema de aquecimento solar da água. O sistema de climatização se
utilizará, prioritariamente por meios naturais, de recursos como ventilação cruzada em toda
a residência, utilização de espelhos d'água, controle da insolação incidente através de
persianas retráteis, aberturas superiores para a saída do ar quente, proteção térmica dos
telhados, orientação da edificação visando ao aproveitamento correto da insolação e dos
ventos, uso da vegetação, beirais e quebra-sóis para a proteção contra a incidência
indesejável de radiação solar nas fachadas. Evidentemente que são medidas evolutivas do
estágio de desenvolvimento da arquitetura moderna, mas é necessário que possam ter
viabilidade de toda ordem no âmbito residencial urbano e rural para lograrem sucesso.
29
_________________________________________________________________________
4. ESTUDO DE PLANEJAMENTO ENERGÉTICO DO
SETOR RESIDENCIAL - APLICAÇÃO DO MODELO
ENPEP
Este capítulo descreverá a aplicação da metodologia de planejamento energético
para o Setor Residencial no Estado de Minas Gerais, seguindo o exposto no Capítulo 2.
O estudo do planejamento energético é uma atividade complexa por envolver
dimensões políticas, sociais, culturais, tecnológicas e ambientais, sendo estes elementos
fundamentais para o estudo; ademais, deve ser compreendida como um processo dinâmico
orientado para fornecer informações úteis para aqueles que tomam as decisões.
4.1 Definição de objetivos
O objetivo deste trabalho de planejamento energético é a elaboração de um estudo
prospectivo da evolução do balanço entre a oferta e a demanda de energia no longo prazo
para o Setor Residencial no Estado de Minas Gerais e comparar os resultados obtidos com
os de outros estudos.
Apesar de não ter sido divulgado nenhum outro estudo nos últimos oito anos,
contrariando a premissa de que um estudo de planejamento deva ser entendido como um
processo contínuo e ininterrupto, espera-se que este estudo contribua também para a
atualização do último estudo realizado pela CEMIG (CEMIG, 1997), que, embora tenha
sido feito para todos os setores da economia, significou menor nível de detalhes no que se
refere ao Setor Residencial.
4.2 Definição da abordagem
A abordagem diz respeito à dimensão do estudo em quatro parâmetros: o escopo da
análise, que neste caso refere-se ao Setor Residencial; a escala da análise, que é o universo
de abrangência, que será o Estado de Minas Gerais; o grau de detalhamento, para o qual se
30
_________________________________________________________________________
procurou o mais detalhado possível de acordo com as informações disponíveis, e o
horizonte temporal, sendo adotado o longo prazo, de 2004 a 2025.
O ano base escolhido para o estudo foi 2004 pela disponibilidade mais recente da
maioria dos dados confiáveis necessários à elaboração deste trabalho.
4.2.1 Caracterização do ano base
O país experimentou em 2001 um forte racionamento de energia elétrica em função
de limitações na geração de eletricidade, das redes de transmissão, falta de chuvas e de
planejamento. Os dados apresentados nos balanços energéticos do Estado (BEEMG) e do
país (BEN) registraram a queda no consumo de energia devido ao racionamento de energia
elétrica.
A demanda total de energia em Minas Gerais, em 2004, alcançou 30,95 milhões de
tEP, valor equivalente a 14,5% da demanda total de energia no Brasil. A Figura 4.1 mostra
o balanço global de energia em 2004, considerando o somatório de todos os energéticos e
após a conversão para tEP.
Figura 4.1 - Minas Gerais - Balanço Global de Energia – 2004 (mil tEP)
Fonte: CEMIG (2005)
31
_________________________________________________________________________
A importação de energéticos em Minas Gerais ocorre em função, principalmente,
da necessidade de suprimento de petróleo, carvão mineral e derivados, além da compra de
energia elétrica de Itaipu. A exportação inclui a energia elétrica e alguns derivados de
petróleo.
A fonte Lenha e Derivados foi a de maior participação na demanda total de energia
do Estado em 2004, correspondendo a 32,9% do total; em segundo lugar, veio a fonte
Petróleo, Gás Natural e Derivados, com 31,1% do total.
A fonte Carvão Mineral e Derivados compareceu com 13,9%, e a Energia
Hidráulica e Outras Fontes participaram com 13,3% e 8,8%, respectivamente, conforme
apresentado na Figura 4.2.
Lenha e
derivados
32,9%
Energia
hidráulica
13,3%
Petróleo, gás
natural e
derivados
31,1%
Outras Fontes
8,8%
Carvão Mineral
e Derivados
13,9%
Figura 4.2 - Fontes energéticas em 2004 - MG
Fonte: CEMIG (2005)
O Setor Residencial assumiu, em 2004, a terceira posição na demanda de energia
no Estado com 10,9% do total, conforme apresentado na Figura 4.3.
32
_________________________________________________________________________
Transportes
18,2%
Outros Setores
e perdas
3,9%
Residencial
10,9%
Agropecuário
2,3%
Industrial
64,7%
Figura 4.3 – Participação dos Setores em 2004 - MG
Fonte: CEMIG (2005)
A distribuição da energia consumida por fonte energética no Setor Residencial está
mostrada na Figura 4.4.
Lenha e
Derivados +
Carvão Vegetal
58,2%
Querosene
0,09%
Outras Fontes
1,4%
GLP
22,6%
Eletricidade
17,7%
Figura 4.4 – Setor Residencial por fontes energéticas em 2004 - MG
Fonte: CEMIG (2004)
Nessa distribuição da Figura 4.4, observa-se o quanto a lenha e derivados é
importante na matriz energética do Setor Residencial, seguida do gás liquefeito de petróleo
(GLP) e depois pela eletricidade.
33
_________________________________________________________________________
Os preços médios praticados para o ano de 2004 para o Setor Residencial estão
apresentados na Tabela 4.1.
Tabela 4.1 – Preço médio para os energéticos, 2004
Energético Preço US$/Bep
GLP 100,4
Eletricidade 205,8
Lenha 10,0
Querosene (1) 88,0
Fonte: MME, BEN (2005); (1) ANP
4.3 Determinação das informações necessárias
As informações necessárias para este estudo de planejamento energético com a
utilização do modelo Energy and Power Evaluation Program – ENPEP devem ser
obrigatoriamente baseadas em dados técnicos, incluindo a configuração do setor em todas
as suas dimensões já relatadas, tais como dados socioeconômicos, dados das fontes de
suprimento do Setor Residencial, as capacidades de fornecimento, as demandas rural e
urbana, as tecnologias energéticas atuais e emergentes ao longo do horizonte de estudo, os
preços, entre outros. São necessárias ainda as projeções de preços, de demanda e da
capacidade instalada, todas necessárias à aplicação do modelo computacional ENPEP.
4.4 Escolha do processo de análise
Optou-se pela utilização do modelo ENPEP para análise do balanço entre oferta e
demanda de energia. Esta opção teve por base a validação do modelo com sua aplicação,
em 1995/96, no estudo de planejamento energético para o Estado de Minas Gerais, projeto
da Companhia Energética de Minas Gerais – CEMIG
1
que contou com suporte técnico e
financeiro da Agência Internacional de Energia Atômica – AIEA. Este projeto contou
1
A Cemig é a responsável, por delegação da Comissão Estadual de Energia, pela realização do balanço
energético estadual para o Estado de Minas Gerais, bem como outros estudos referentes à energia.
34
_________________________________________________________________________
ainda com a participação ativa da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, por
intermédio do Departamento de Engenharia Nuclear (CEMIG, 1997).
A versão do ENPEP para ambiente Windows, usada neste trabalho, é distribuída
pela AIEA, de onde foi obtida pelo Departamento de Engenharia Nuclear da Escola de
Engenharia da UFMG.
4.5 Realização da análise
A maior densidade efetiva de trabalho reside na realização da análise, envolvendo o
levantamento de uma base de dados (discutida na seção 4.6) e uma análise integrada em
um processo iterativo (discutida na seção 4.7).
4.6 Desenvolvimento da base de dados
A base de dados a seguir será importante para caracterizar o Setor Residencial do
Estado de Minas Gerais num contexto econômico-social. Serão apresentados dados da
análise econômica, da análise da demanda de energia, da análise de fontes de energia e a
caracterização das tecnologias energéticas.
A unidade de energia utilizada é a tonelada equivalente de petróleo – tEP, unidade
utilizada para estabelecer comparação entre recursos energéticos diferentes (ver Glossário).
Isto permite que todas as fontes energéticas sejam tratadas numa mesma referência
energética, isto é, as quantidades dos energéticos são convertidas para tEP levando-se em
consideração o poder calorífico de cada um deles em relação ao poder calorífico inferior do
petróleo (CEMIG, 2005), permitindo análises e comparações entre as mesmas.
4.6.1 Análise sócio-econômica
O foco desta análise está nos aspectos gerais de desenvolvimento sócio-econômico,
como por exemplo, Produto Interno Bruto / Produto Nacional Bruto – PIB/PNB;
35
_________________________________________________________________________
população; metas e objetivos de crescimento; política de desenvolvimento; estruturas
institucionais e aspectos sociais/culturais que têm influência sobre a energia.
4.6.1.1 População
Justifica-se o interesse sobre a população, pois a energia consumida no Setor
Residencial é função de sua taxa de crescimento, mobilidade e poder aquisitivo.
O processo de urbanização ocorrido no País e em Minas Gerais condiciona o
comportamento das taxas de crescimento dos segmentos de população urbana e rural:
enquanto a área urbana cresce a um ritmo elevado, as áreas rurais evidenciam taxas
negativas de crescimento. Para Minas Gerais, o crescimento elevado da população urbana
se arrefece a partir de 1980, apresentando diminuição das taxas em relação a períodos
anteriores: situavam-se em torno de 4% ao ano, caindo e se estabilizando em 2,5% nas
duas últimas décadas. Esse padrão de queda nas taxas de crescimento urbano se repete para
o país e as grandes regiões (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2004).
Para as áreas rurais, o histórico processo de evasão rural se traduz nas taxas
negativas de crescimento de sua população, que podem refletir também alterações na
situação de domicílio, com áreas rurais, principalmente no entorno dos grandes centros
urbanos, passando a ser consideradas como urbanas ao longo do período. Nesse contexto,
deve-se destacar o arrefecimento das perdas populacionais rurais de Minas Gerais entre os
anos de 1980 e 1991 (-1,0%), que voltam a se intensificar entre 1991 e 2000 (-2,3%)
(FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2004).
Acompanhando o fenômeno em nível nacional, o Estado de Minas Gerais
contabilizou um grau crescente de urbanização nas últimas décadas, atingindo em 2000,
82%. Segundo o Censo Demográfico de 1991, essa cifra correspondia a 75%, mas, quando
se levam em consideração os resultados do Censo de 1940, onde o grau de urbanização
representava apenas 25%, percebe-se a clara reversão da situação do domicílio. A taxa de
crescimento de domicílios anual no período 1991/2000 (Total MG = 1,43%, urbana =
2,46% e rural = -2,26%) elevou a densidade demográfica estadual, de 26,84 hab/km
2
em
1991 a 30,50 hab/km
2
em 2000 (IBGE, 2003).
36
_________________________________________________________________________
A Tabela 4.2 contém a evolução do número de habitantes no Estado de Minas
Gerais, urbano e rural, e seu percentual em relação ao país.
Tabela 4.2 – População residente - MG e Brasil.
Especificação 1970 1980 1991 2000 2001 2002 2003 2004
Minas Gerais 11.485.663 13.378.553 15.743.152 17.891.494 18.184.879 18.561.747 18.799.337 19.038.693
Urbana 6.063.274 8.982.134 11.786.893 14.671.828 15.160.378 15.675.563 15.924.479 16.165.975
% do total 52,8 67,1 74,5 82,0 83,4 84,4 84,7 84,9
Rural 5.422.389 4.396.419 3.956.259 3.219.666 3.024.501 2.886.184 2.874.858 2.872.718
% do total 47,2 32,9 25,5 18,0 16,6 15,6 15,3 15,1
Brasil 93.139.037 118.895.645 149.094.266 169.799.170 171.596.632 173.391.383 175.987.612 182.060.108
MG/Brasil
(%)
1
12,3 11,2 10,6 10,5 10,6 10,7 10,7 10,5
Fonte: IBGE , (1) Calculados
Observa-se na Tabela 4.2 que o percentual da população do Estado de Minas Gerais
a partir de 1991 está estável em torno de 10,6% da população brasileira. Permanece nítida
a redução da população rural em contraponto ao aumento da população urbana.
A Tabela 4.3 resume a variação da população do Estado de Minas Gerais entre os
censos de 1991 e 2000, indicando forte urbanização com o passar dos anos.
Tabela 4.3 – População urbana e rural 1991/2000- % de urbanização - MG
1991 2000
Estado
Total Urbano Rural % Total Urbano Rural %
Minas Gerais
15.743.152 11.786.893 3.956.259 74,87 17.891.494 14.671.828 3.219.666 82,00
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI)
A Tabela 4.4 mostra um resumo dos principais indicadores demográficos do Estado
de Minas Gerais comparado ao país segundo os últimos censos.
37
_________________________________________________________________________
Tabela 4.4 – Síntese dos principais indicadores demográficos - Minas Gerais e Brasil
Minas Gerais Brasil
Indicador
1980 1991 2000 1980 1991 2000
População
Total
13.378.553 15.743.152 17.891.494 119.002.706 146.825.475 169.799.170
Urbana
8.982.134 11.786.893 14.671.828 80.436.409 110.990.990 137.953.959
Rural
4.396.419 3.956.259 3.219.666 38.566.297 35.834.485 31.845.211
Número de municípios
722 723 853 3.974 4.491 5.507
Densidade demográfica
(hab/km
2
)
22,8 26,8 30,5 14,0 17,2 19,9
Grau de urbanização (%)
67,1 74,9 82,0 67,6 75,6 81,2
Estrutura etária (%)
Até 15 anos
38,1 33,9 28,4 38,2 34,7 29,6
De 15 a 65 anos
57,9 61,1 65,4 57,8 60,5 64,6
Mais de 65 anos
4,0 5,0 6,2 4,0 4,8 5,8
1970/1980 1980/1991 1991/2000 1970/1980 1980/1991 1991/2000
Taxa média de crescimento (% aa)
Total
1,5 1,5 1,4 2,5 1,9 1,6
Urbana
4,0 2,5 2,5 4,4 3,0 2,5
Rural
-2,1 -1,0 -2,3 -0,6 -0,7 -1,3
Fonte: FJP – Perfil de Minas Gerais (2004)
38
_________________________________________________________________________
A Tabela 4.5 apresenta a estimativa da população para o horizonte de planejamento.
Tabela 4.5 – Estimativas e projeções da população residente de 2005 a 2025 (10
3
hab)
Ano Brasil Minas Gerais
2005 184.184 19.237
2006 186.770 19.479
2007 189.335 19.719
2008 191.869 19.956
2010 196.834 20.420
2015 208.468 21.508
2020 219.077 22.501
2025 228.873 23.507
Fonte: IBGE, Projeção da População Brasileira, revisão 2004
A influência da demografia no presente estudo apresenta-se implícita n o consumo
de energia dos domicílios, contabilizados nos Balanços Energéticos dentro do Setor
Residencial.
4.6.1.2 Produto Interno Bruto - PIB
O Produto Interno Bruto – PIB é o parâmetro normalmente utilizado como
indicador geral do nível de atividade econômica de um país ou região, refletindo a riqueza
produzida no intervalo de um ano, ou melhor, PIB é a renda gerada no processo de
produção em um determinado período, geralmente um ano, pelos residentes de um espaço
econômico definido.
O Estado de Minas Gerais, terceira economia do País, localiza-se na região Sudeste,
com uma extensão territorial de 586.528,30 km², distribuída em 853 municípios. Do ponto
de vista populacional, caracteriza-se por ser o segundo mais populoso do País com
18.799.337 habitantes em 2003, e uma densidade média de 32 hab/km². Dada a vasta
extensão territorial, observam-se grandes desigualdades na distribuição espacial tanto da
população quanto da riqueza gerada (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2005).
39
_________________________________________________________________________
Para o ano de 2003 registrou-se que dos 853 municípios existentes no Estado,
apenas dois – Belo Horizonte e Betim – concentraram 25% do PIB e 14% da população. A
maior concentração de municípios (630, em 1999, e 628, em 2003) possuiu pouca
expressividade no resultado global do PIB do Estado. Estes números atestam a
concentração da geração interna da renda e a difusão espacial na produção desta riqueza
(FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2005).
A Figura 4.5 mostra as regiões econômicas do Estado de Minas Gerais.
Figura 4.5 – Mapa das regiões econômicas do Estado de Minas Gerais
Fonte: FJP (2004)
Ainda em 2003, a região Central foi a mais representativa, tanto em número de
municípios (158), quanto em tamanho da população (35,7%) e da riqueza (45%). Somadas,
a região Central, Mata, Sul de Minas e Triângulo concentram 77% do PIB, 67% da
40
_________________________________________________________________________
população e 57% dos municípios. A região Rio Doce, em que se localiza o maior pólo
siderúrgico do Estado, teve sua renda concentrada, apesar do grande número de municípios
(102). (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2005)
Observando a participação regional, verifica-se que a Região Central é a líder
absoluta dentre as regiões de planejamento: em 2003, respondeu por 44,97% do PIB,
seguida pelas regiões Sul de Minas (11,91%), Triângulo (12,69%), Mata (7,56%) e Rio
Doce (7,30%) (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2005).
A Tabela 4.6 mostra a evolução do PIB no país e em Minas Gerais entre os anos
2000 e 2004.
Tabela 4.6 – Produto Interno Bruto (PIB) - Anual
R$ (10
6
)
PIB 2000 2001 2002 2003 2004
Brasil 1.101.255 1.115.710 1.137.206 1.556.200 1.769.200
MG 106.169 113.530 125.389 144.544 166.509
MG/BR %
1
9,64 10,17 11,02 9,28 9,41
Fonte: IPEADATA, 2004 e (1) Calculados
Tem-se na Tabela 4.7 as taxas de crescimento do PIB do Estado de Minas Gerais
desde 1994 até 2004.
Tabela 4.7 – Taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) - MG
Ano 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
%
5,53 3,19 5,53 3,72 0,52 1,66 5,23 0,11 2,87 0,42 4,88
Fonte: FJP (DataGerais), 2006
A Figura 4.6 mostra as variações das taxas de crescimento do PIB de Minas Gerais
e do Brasil entre 1997 e 2004.
41
_________________________________________________________________________
Crescimento do PIB
Ano
Figura 4.6 - Taxas anuais de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), a preços de
mercado - Minas Gerais e Brasil 1997 – 2004 (%)
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI)
A partir dos valores da Tabela 4.7 e acrescentando o valor encontrado no estudo da
CEMIG, 1997, tem-se, na Tabela 4.8, a obtenção do valor da taxa de crescimento do PIB
para o Cenário Básico (ver seção 4.6.1.4).
Tabela 4.8 – Taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) - MG
Fonte
Valor médio
(%)
FJP – Datagerais 3,1
CEMIG 1997 4,4
Média : 3,7
Fonte: Elaboração própria
De acordo com a Tabela 4.8, o valor médio da taxa de crescimento do PIB para o
Cenário Básico é de 3,7% ao ano. Assim, como é feito em estudos econômicos, será
atribuído um valor 1,5 acima e 1,5 abaixo dessa média de referência para a obtenção dos
valores das taxas de crescimento do PIB para os Cenários Alto e Baixo, respectivamente
(seção 4.6.1.4).
42
_________________________________________________________________________
4.6.1.3 Cenários
Os cenários são conjuntos de parâmetros e premissas que objetivam configurar os
contextos sócio-econômicos e energéticos para o estudo de prospecção do mercado de
energia no Estado de Minas Gerais. Foram considerados neste estudo quatro cenários,
levando-se em conta parâmetros como oferta e demanda de energéticos, preços, tendências
tecnológicas e energéticas, baseados na tendência de crescimento do PIB do Estado.
4.6.1.4 Cenários Macroeconômicos
Os cenários no âmbito macroeconômico que afetam diretamente e indiretamente o
Estado de Minas Gerais, são denominados:
Básico ou de referência, que pressupõe condições de crescimento da economia nos
mesmos níveis da evolução histórica, da mesma forma serão os investimentos e fluxos de
capital, que devem manter as tendências de crescimento no mesmo padrão histórico até
então registrado.
Alto, difere do cenário Básico onde a economia mundial favorece um padrão de
crescimento positivo, reestruturando indústrias e permitindo o giro da economia; no Brasil
isso implica no aumento dos investimentos, o que se traduz em condições favoráveis ao
desenvolvimento de tecnologia e à integração com o comércio mundial. Aumenta-se o
fluxo de capitais e espera-se maior poder aquisitivo da população.
Baixo, neste cenário recrudescem as perspectivas do cenário Básico, o país se vê
em desequilíbrio, o que poderá impedir reformas estruturais para o crescimento sustentado.
Como conseqüências, reduzem-se os investimentos e poderá cair o poder aquisitivo geral
da população.
A seguir tem-se os valores estimados das taxas de crescimento do PIB para os
cenários macroeconômicos segundo o critério adotado na seção 4.6.1.2, conforme
apresentado na Tabela 4.9.
43
_________________________________________________________________________
Tabela 4.9 – Valores das taxas de crescimento do PIB - MG
Cenário Baixo
Básico ou
Referência
Alto
Taxa de crescimento
(% ao ano)
2,2 3,7 5,2
Fonte: Elaboração própria
A taxa de câmbio comercial para venda, média, em 2004 foi de 1 US$ = R$2,92,
segundo o IPEADATA.
A partir dos valores apresentados para as taxas de crescimento do PIB para os
cenários macroeconômicos pode-se realizar na Tabela 4.10 as projeções do PIB de Minas
Gerais até 2025.
Tabela 4.10 – PIB do Estado de Minas Gerais – Projeção para os cenários
R$ (10
6
)
Período Baixo Básico Alto
2005 170.172 172.670 175.167
2010 189.733 207.067 225.700
2015 211.542 248.316 290.811
2020 235.859 297.781 374.705
2025 262.970 357.101 482.801
Fonte: Calculados (R$ de 2004)
Os valores das projeções da Tabela 4.10 foram obtidos a partir dos dados históricos
divulgados pelo IPEADATA, aplicando-se o método de projeções do Apêndice B.
4.6.1.5 Cenário Energético
O Cenário de Conservação de Energia (CE) parte de pressupostos viáveis
tecnicamente. Apresenta modificações de acordo com as condições do desenvolvimento
técnico e/ou baseado em incentivos governamentais.
O cenário de Conservação de Energia baseia-se na melhoria da eficiência
energética dos processos de conversão a partir da revitalização/substituição de
44
_________________________________________________________________________
equipamentos de menor eficiência e aquisição de novos hábitos de consumo introduzidos
com base numa variação linear ao longo do horizonte de estudo. Deve ser mencionado que
esta hipótese de penetração linear dos índices de eficiência das novas tecnologias derivam
da inexistência de previsões exatas das fontes de informação.
4.6.2 Análise da demanda de energia
Esta análise tem a finalidade de fornecer projeções de atividade e demanda de
energia por setor, o que significa o nível de atividade atual do setor, o padrão de consumo
de energia atual, o crescimento projetado da atividade e o crescimento projetado na
demanda de energia.
A Figura 4.7 mostra a evolução do consumo residencial de energia no Brasil, no
período 1974-2004.
Consumo de energia, 10
6
tEP
Figura 4.7 – Consumo residencial no Brasil
Fonte: MME, BEN (2005).
45
_________________________________________________________________________
A Figura 4.7 mostra a importante participação da cocção no consumo de energia
residencial no Brasil.
A Figura 4.8 representa o consumo final de energéticos no Brasil, no período 1974-
2004.
CONSUMO FINAL NO SETOR RESIDENCIAL
(10
6
tep)
0
2
4
6
8
Figura 4.8 – Consumo final residencial no Brasil
Fonte: MME, BEN 2005
Constata-se que o comportamento do consumo de lenha é decrescente no país,
sendo crescente em importância as fontes GLP e eletricidade.
No Estado de Minas Gerais observa-se que importantes mudanças vêm ocorrendo
nas participações das diversas fontes. A participação da energia hidrelétrica na demanda
estadual era de 12,8% em 1992, atingindo 15,1% em 1999, e voltando a 13,3% em 2004,
enquanto o aumento da produtividade da siderurgia a carvão vegetal reduziu a participação
da fonte Lenha e Derivados de 40,2% para 32,9%. No mesmo período, os derivados de
petróleo e o gás natural, fontes importadas pelo Estado e não-renováveis, passaram de
25,5% para 31,2% da demanda total (CEMIG, 2005).
10
12
16
20
1974
1977
1980
1983
1986
1989
1992
1995
1998
2001
2004
LENHA
GLP
ELETRICIDADE
OUTROS
18
Consumo de energia, 10
6
tEP
14
46
_________________________________________________________________________
Carente de energéticos de origem fóssil, como petróleo, gás natural e carvão
mineral, o Estado tem nas fontes renováveis grandes oportunidades no desenvolvimento de
novos mercados, recuperando o dinamismo nas atividades florestais, buscando a auto-
suficiência na produção de álcool e explorando seu potencial hidráulico, solar e eólico
(CEMIG, 2005).
Ainda com relação aos dados do ano de 2004, merecem destaque os seguintes
pontos:
• do total da demanda estadual de energia, 54,9% referem-se às fontes renováveis
de energia, e os restantes 45,1%, às fontes não-renováveis;
• nas hidrelétricas das Concessionárias de Serviço Público, a produção de
eletricidade atribuída ao Estado atingiu 45.179 GWh;
• das fontes alternativas renováveis, a solar e a eólica ainda participam de forma
pouco expressiva na Matriz Energética Estadual. A biomassa, porém, tem significativa
participação, o consumo de lenha vem decrescendo desde 1989, com uma pequena
retomada nos últimos anos, Minas Gerais importou 43,1% a mais que em 2003,
correspondendo a 46,4% (3.329 mil t) do carvão vegetal consumido. Este fato deve-se à
maximização de produção do Setor de ferro gusa para atendimento crescente às grandes
siderúrgicas que exportam para o Mercado Asiático (CEMIG, 2005).
A Tabela 4.11 contém a evolução do consumo final de Energia do Setor
Residencial em Minas Gerais.
Tabela 4.11 – Evolução do Consumo Final de Energia no Setor Residencial - MG
mil tEP
Setor 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Residencial 3.332 3.260 3.315 3.608 3.735 3.688 3.541 3.380
Fonte: CEMIG (2005)
A partir dos valores históricos do consumo final pode-se realizar uma projeção até 2025
apresentados na Tabela 4.12, conforme Apêndice B.
47
_________________________________________________________________________
Tabela 4.12 – Projeção do Consumo Final de Energia no Setor Residencial até 2025 – MG
mil tEP
Ano Baixo Básico Alto
2004 3.380 3.380 3.380
2005 3.398 3.414 3.431
2010 3.487 3.592 3.700
2015 3.579 3.779 3.990
2020 3.673 3.976 4.303
2025 3.770 4.183 4.640
Fonte: Calculados
O indicador usado para verificar o uso e a eficiência empregada nos processos de
conversão de energia é a intensidade energética (IE), que é, por exemplo, a razão entre o
total de energia consumida (E) e o produto interno bruto (PIB): IE = E / PIB. Também é
possível obter a IE a partir da razão entre a energia consumida no Setor Residencial e o
número de domicílios de um estado ou região (por exemplo, IE = E / nº Domicílios). Há
evidências de que, nas últimas décadas, a intensidade energética das nações
industrializadas vem diminuindo, ou seja, elas estão se tornando energeticamente menos
intensivas. Essa é uma constatação importante porque economistas e planejadores do
passado acreditavam que o consumo de energia iria crescer juntamente com o PIB. O fato
de que eles podem ser dissociados se deve a melhorias na eficiência do uso de energia,
graças a melhores técnicas e a mudanças estruturais nos países que evoluem para uma
economia pós-industrial.
No entanto, em países em desenvolvimento, a intensidade energética está
aumentando, uma vez que essas nações estão em estágios mais incipientes de
desenvolvimento. É fácil ver que combinando esse fato com uma população crescente, os
países em desenvolvimento estariam propensos a dominar o cenário mundial no que se
refere ao consumo de energia. Isso poderá criar muita tensão no sistema internacional e
apresenta riscos de segurança ao acesso às cada vez mais escassas reservas de energia
(GOLDEMBERG, 1994).
48
_________________________________________________________________________
A Tabela 4.13 mostra a evolução do consumo de energéticos no Setor Residencial
no Estado de Minas Gerais desde 1998 até o ano de 2004.
Tabela 4.13 – Consumo de energéticos no Setor Residencial – MG
mil tEP
Fonte de energia 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Lenha 1.857 1.881 2.188 2.376 2.328 2.166 1.949
Carvão vegetal 16 16 16 16 17 17 17
GLP 661 677 644 684 693 702 764
Querosene 6 4 7 7 8 5 3
Eletricidade 666 682 695 593 584 599 599
Outras fontes primárias 54 55 58 59 58 52 48
Total 3.260 3.315 3.608 3.735 3.688 3.541 3.380
Fonte: CEMIG (2005)
Na Tabela 4.14 tem-se a evolução da intensidade energética para o Setor
Residencial em Minas Gerais nos últimos anos.
Tabela 4.14 – Intensidade Energética – MG
IE - tEP/ nº domicílios
Ano 2001 2002 2003 2004
Consumo (mil tEP)
1
3.735 3.688 3.541 3.380
Nº domicílios (mil)
2
5.041 5.177 5.335 5.481
Intensidade Energética (IE)
3
0,74 0,71 0,66 0,62
Fonte: (1) CEMIG (2005), (2) IBGE SIDRA (2006) e (3) calculados
A intensidade energética total do Setor Residencial apresenta uma queda nos
últimos anos conforme mostrado na Tabela 4.14. Este resultado pode ser interpretado como
melhoria dos processos de conversão de energia, substituição com maior freqüência de
equipamentos de baixa eficiência, avanços tecnológicos nos equipamentos de uso final,
diversificação da matriz energética com a substituição de energéticos menos eficientes
(lenha) por outros mais eficientes (GLP, eletricidade), redução do déficit habitacional e,
sobretudo, mudança de hábitos de consumo após crise energética de 2001.
49
_________________________________________________________________________
4.6.2.1 Projeções de demanda
Na Tabela 4.15 são apresentadas as taxas de crescimento das demandas de energia
útil do Setor Residencial tendo como base de cálculo os dados divulgados no banco
SIDRA do PNAD/IBGE.
Tabela 4.15 – Taxas de Crescimento da Demanda de Energia Útil dos Cenários
Macroeconômicos (% ao ano) 2004/2025
Demanda Baixo Básico Alto
Cocção - rural –0,2 –0,4 –0,6
Cocção - urbana 2,0 3,4 4,8
Aquecimento de água - urbano 2,2 3,8 5,3
Aquecimento de água - rural 1,8 3,0 4,2
Iluminação - rural 0,4 0,7 1,0
Iluminação - urbana 2,1 3,5 4,9
Refrigeração - urbana 2,6 4,4 6,2
Eletrodomésticos - urbano 2,2 3,8 5,3
Eletrodomésticos - rural 0,6 1,0 1,4
Fonte: Banco SIDRA (PNAD/IBGE)
No caso da demanda rural, especificamente iluminação e eletrodomésticos, os
valores de suas taxas de crescimento são positivos, embora o número de domicílios venha
diminuindo conforme verificado na seção 4.6.1, reflexo do incentivo governamental à
eletrificação rural.
As projeções de evolução de demanda de energia são feitas com base em dados
sócio-econômicos e em função das características dos cenários estabelecidos.
4.6.2.2 Ações governamentais
Vários programas conduzidos pelos governos federal e estadual visam a
universalização do uso da energia e seu aspecto sob o ponto de vista da eficiência e
abrangência social. Como exemplos das políticas de desenvolvimento coordenados pelo
Ministério de Minas e Energia, têm-se:
50
_________________________________________________________________________
LUZ PARA TODOS, programa que tem o objetivo de levar energia elétrica para
mais de 12 milhões de pessoas até 2008. O mapa da exclusão elétrica no país revela que as
famílias sem acesso à energia estão majoritariamente nas localidades de menor Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) e nas famílias de baixa renda. Cerca de 90% destas
famílias têm renda inferior a três salários-mínimos e, 80% estão no meio rural. Por isso, o
objetivo do governo é utilizar a energia elétrica como vetor de desenvolvimento social e
econômico dessas comunidades, contribuindo para a redução da pobreza e aumento da
renda familiar. A chegada da energia elétrica facilitará a integração dos programas sociais
do governo federal, além do acesso a serviços de saúde, educação, abastecimento de água e
saneamento. Com o programa Luz Para Todos, o governo antecipará em sete anos a
universalização da energia elétrica no país, seguindo as metas do cronograma de
atendimento. Pela legislação atual, as concessionárias de energia teriam prazo até
dezembro de 2015 para eletrificar todos os domicílios sem acesso à energia no Brasil
(MME, 2005).
O PROINFA - Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica - é
um importante instrumento para a diversificação da matriz energética nacional, garantindo
maior confiabilidade e segurança ao abastecimento. O Programa, coordenado pelo
Ministério de Minas e Energia (MME), estabelece a contratação de 3.300 MW de energia
no Sistema Interligado Nacional (SIN), produzidos por fontes eólica, de biomassa e
pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), sendo 1.100 MW de cada fonte (MME, 2005).
Em Minas Gerais o Plano Plurianual de Ação Governamental - PPAG - 2004 –
2007 visa a atender a cerca de 115.324 domicílios rurais ainda não servidos com energia
elétrica no período 2004-2006 e também permitir a ligação de novos consumidores do
noroeste mineiro com o aumento da capacidade de atendimento à demanda de energia
elétrica, elevando-a dos 150 MW atuais para 300 MW, mediante a ampliação de infra-
estrutura de energia (MME, 2005).
4.6.3 Análise dos recursos energéticos
Esta análise visa reunir informações sobre recursos energéticos quanto à
disponibilidade e viabilidade econômica para sua inclusão na matriz energética.
51
_________________________________________________________________________
Importantes informações devem ser obtidas nessa análise como, por exemplo, as condições
das reservas dos recursos e suas condições de produção. Isso significa conhecer o quanto
determinado recurso poderá colaborar na matriz energética uma vez garantida a sua
viabilidade econômica.
É importante registrar que o gás natural, GN, não foi considerado neste estudo
devido ao fato de que sua entrada na matriz energética do Setor Residencial é, ainda, muito
improvável no horizonte de planejamento.
4.6.3.1 Lenha
O consumo de lenha e carvão vegetal vem decrescendo desde 1989, com uma
pequena retomada nos últimos anos. A fonte Lenha, somada a uma pequena parcela de
Carvão Vegetal, é a que tem a maior participação na demanda do Setor Residencial
(58,2%) em 2004, evidenciando a grande importância desse energético para este setor no
Estado de Minas Gerais.
A Tabela 4.16 apresenta a oferta e demanda de lenha e carvão vegetal no Setor
Residencial em Minas Gerais.
Tabela 4.16 – Oferta e consumo de Lenha e Carvão Vegetal – MG
mil tEP
Setor
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Oferta total 10.386 9.842 9.613 10.899 10.215 10.616 11.741 12.645
Produção 10.164 9.493 9.279 10.440 9.474 9.913 10.363 10.665
Importação 233 472 445 575 806 788 1.468 2.100
Exportação - - - - - - - -
Variação de estoque 24 3 3 3 3 5 3 2
Não aproveitada -2 -3 -2 -2 -2 -3 -3 -4
Perdas dist.
Armazenagem
-102 -93 -90 -101 -85 -93 -100 -107
Ajustes 69 -30 -22 -16 18 6 10 -11
Consumo total 10.386 9.842 9.613 10.899 10.215 10.616 11.741 12.645
Residencial
1.994 1.873 1.897 2.197 2.392 2.345 2.183 1.966
Fonte: CEMIG (2005)
52
_________________________________________________________________________
Oferta e consumo de Lenha:
Apesar da utilização da lenha ter diminuído nos últimos anos, sua importância
ainda se fará presente por muito tempo devido às condições econômicas que permitem seu
acesso às classes menos favorecidas e rurais.
A Figura 4.9 mostra o consumo de lenha no Brasil com evidente redução nos
últimos anos no Setor Residencial.
CONSUMO DE LENHA (10
6
t)
0
10
20
30
40
50
60
1974
1977
1980
1983
1986
1989
1992
1995
1998
2001
2004
TRANSFORMÃO
RESIDENCIAL
INDUSTRIAL
AGROPECUÁRIO
Figura 4.9 – Consumo final de lenha no Brasil
Fonte: MME, BEN (2005).
A Figura 4.10 mostra a oferta e o consumo da lenha no Estado de Minas Gerais na
série histórica 1978-2004.
53
_________________________________________________________________________
Figura 4.10 – Oferta e consumo final de Lenha - MG
Fonte: CEMIG (2005)
4.6.3.2 Energia Elétrica
A energia elétrica é uma fonte energética de demanda crescente uma vez que várias
ações governamentais e demandas da sociedade civil implicam num amplo espectro de sua
utilização. Projetos como “Luz no Campo” ampliam a rede de distribuição às comunidades
interioranas. Como conseqüência, há o aparecimento de uma demanda por
eletrodomésticos antes inexistente. O conforto da vida moderna apresenta diversos tipos e
modelos de equipamentos de uso residencial, com crescente penetração em todas as classes
de renda no Estado.
Entretanto, analisando os dados de consumo da eletricidade no Estado de Minas
Gerais, percebe-se que mesmo após a crise de geração em 2001 o nível ainda está inferior
ao constatado em 2000, significando lenta recuperação em virtude da incorporação de
novos hábitos de conservação adquiridos no período da crise.
A Tabela 4.17 apresenta a evolução da oferta e do consumo estadual de eletricidade
no Setor Residencial e confirma o que foi exposto no parágrafo acima.
54
_________________________________________________________________________
Tabela 4.17 – Oferta e consumo de Energia Elétrica - MG
mil tEP
Setor 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Oferta total 3.302 3.418 3.486 3.675 3.363 3.527 3.616 3.756
Produção 4.220 4.249 4.354 4.561 2.779 3.397 4.078 4.319
Importação 1.256 1.233 1.219 1.226 2.284 2.003 1.731 1.239
Exportação -1.674 -1.630 -1.633 -1.633 -1.313 -1.400 -1.684 -1.319
Perdas dist.
armazenagem
-500 -434 -454 -492 -387 -473 -509 -483
Consumo total 3.302 3.418 3.486 3.675 3.363 3.527 3.616 3.756
Residencial 626 666 682 695 593 584 599 599
Fonte: CEMIG (2005)
Oferta e consumo de Energia Elétrica:
A Figura 4.11 mostra o crescimento da participação da eletricidade no Brasil na
série histórica 1974-2004, e, apesar da crise no ano 2001, observa-se gradual recuperação.
CONSUMO DE ELETRICIDADE - TWh
0
50
100
150
200
250
300
350
400
1974
1977
1980
1983
1986
1989
1992
1995
1998
2001
2004
RE
S
IDEN
C
IA
L
COMERCIAL
INDUSTRIAL
OUTROS
Figura 4.11 – Consumo de eletricidade no Brasil
Fonte: MME, BEN (2005)
55
_________________________________________________________________________
De maneira análoga ao que acontece no país, o consumo de eletricidade no Estado
de Minas Gerais demonstra crescimento sistemático nos últimos anos, conforme
apresentado na Figura 4.12.
Figura 4.12 – Oferta e consumo final de eletricidade - MG
Fonte: CEMIG (2005)
Apesar da queda em 2001, em razão da crise energética, a produção no Estado é
historicamente superior ao consumo.
Segundo a CEMIG (2005), cerca de 90% da energia elétrica produzida em Minas
Gerais é de origem hidráulica. O restante é de origem térmica e eólica, gerada em usinas de
autoprodutores e de concessionárias, como as Usinas Térmicas de Igarapé e Formoso e a
Usina Eólio-Elétrica Experimental do Morro do Camelinho, pertencentes a CEMIG. O
atendimento à demanda é feito pela CEMIG, por outras concessionárias de serviço público
e pelas empresas autoprodutoras de energia elétrica.
Operando segundo as regras do sistema interligado, Minas Gerais importa e exporta
energia elétrica para outros estados, verificando-se, em 2004, uma exportação líquida de 80
mil tEP, correspondente a 1,9% da geração estadual. Excluída a exportação, foram
distribuídos 4.239 mil tEP de energia elétrica, e perdidos no sistema elétrico 11,4% desse
total. Foram entregues aos consumidores, efetivamente, um total de 3.756 mil tEP, dos
56
_________________________________________________________________________
quais 63,1% foram consumidos pelo Setor Industrial e 15,9% pelo Setor Residencial
(CEMIG, 2005).
O mercado nacional de energia elétrica experimenta um crescimento da ordem de
4,5% ao ano, devendo ultrapassar a casa dos 100 mil MW em 2008. O planejamento
governamental de médio prazo prevê a necessidade de investimentos da ordem de R$ 6 a 7
bilhões/ano para expansão da matriz energética brasileira, em atendimento à demanda do
mercado consumidor. Para o futuro, algumas alterações devem ocorrer na estrutura dos
investimentos em energia, incluindo a instalação de centrais termelétricas a gás natural,
que exigem prazos de implementação e investimentos menores do que os das hidrelétricas.
Por outro lado, deverão ser ampliadas as importações de energia da Argentina, Venezuela e
Bolívia, e a interligação elétrica entre o Sul e o Norte do Brasil, o que significa maiores
investimentos em rede de transmissão (ANEEL, 2006).
Ao longo das últimas duas décadas, o consumo de energia elétrica apresentou
índices de expansão bem superiores ao Produto Interno Bruto (PIB), fruto do crescimento
populacional concentrado nas zonas urbanas, do esforço de aumento da oferta de energia e
da modernização da economia.As classes de consumo residencial, comercial e rural
obtiveram expressivos ganhos de participação, enquanto o segmento industrial teve
participação menor neste crescimento, principalmente pela utilização de tecnologias mais
eficientes no uso final da eletricidade, aliada às medidas de racionalização de consumo
postas em prática especialmente na década de 90 (ANEEL, 2006).
Conforme CEMIG (2005), adotou-se o fator de 0,086 tEP/MWh para a conversão
da energia hidráulica e da eletricidade. Essa mudança acompanha uma tendência do
Balanço Energético Nacional - BEN e de diversas instituições internacionais, e traz como
principal conseqüência a redução da participação relativa da energia hidráulica na matriz
energética.
4.6.3.3 Gás liquefeito de petróleo
O gás liquefeito de petróleo - GLP é um energético de utilização concentrada nos
meios urbanos devido à sua forma de distribuição e viabilidade de aquisição dos
equipamentos de conversão, fogões, nos domicílios. É um energético principalmente
57
_________________________________________________________________________
utilizado no Setor Residencial (para cocção, sobretudo), sendo também utilizado nos outros
setores.
A Tabela 4.18 mostra a evolução da oferta e do consumo no Estado.
Tabela 4.18 – Oferta e consumo de GLP – MG
mil tEP
Setor 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Oferta total 728 750 779 780 836 839 850 914
Produção 388 406 422 429 457 498 474 451
Importação 325 374 387 367 401 359 336 386
Exportação - - - - - - - -
Variação de
estoques
1 - -1 -1 -1 3 - -
Ajustes 14 -30 -29 -15 -21 -21 40 77
Consumo total 728 750 779 780 836 839 850 914
Residencial 650 661 677 644 684 693 702 764
Fonte: CEMIG (2005)
Oferta e consumo de GLP:
Pela Tabela 4.18 observa-se a grande parcela de importação que o Estado de Minas
Gerais realiza para o suprimento da demanda.
A Figura 4.13 mostra esta situação e observa-se a predominância do Setor
Residencial na demanda total deste energético.
A capacidade de produção nesse caso está bem abaixo do consumo no Estado, fato
que obriga a importação do GLP de outros centros produtores.
58
_________________________________________________________________________
Figura 4.13 – Oferta e consumo final de GLP - MG
Fonte: CEMIG (2005)
4.6.3.4 Querosene
O querosene é um energético de pequena representatividade em relação aos demais
na matriz energética do Estado de Minas Gerais. Utilizado especialmente como energético
iluminante, o querosene está com sua demanda decrescente em função da crescente
penetração da energia elétrica.
A Tabela 4.19 mostra a situação entre a oferta e a demanda em Minas Gerais.
59
_________________________________________________________________________
Tabela 4.19 – Oferta e consumo de Querosene – MG
mil tEP
Setor
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Oferta total 100 116 116 96 105 106 74 70
Produção 276 267 275 275 322 323
290 242
Importação
3 3 4 2 - - - -
Exportação -156 -150 -172 -191 -213 -215
-215 -169
Variação de
estoques 5 -4 9 10 - -2 -1 -3
Ajustes -28 - - - -4 - - -
Consumo total 100 116 116 96 105 106
74 70
Residencial 8 6 4 7 7 8 5 3
Fonte: CEMIG (2005)
A produção de querosene no Estado é bem superior ao consumo; em 2004 apenas
28,9% é consumido pelo Estado, sendo que aproximadamente 28% deste consumo é para o
Setor de Transportes, modal aviação (CEMIG, 2005).
Oferta e consumo de Querosene:
A Figura 4.14 mostra claramente a diferença entre as curvas de produção e
consumo no Estado. A quantidade excedente é exportada para outros estados.
Observa-se que a capacidade de produção do Estado é bastante superior ao
consumo.
60
_________________________________________________________________________
Figura 4.14 – Oferta e consumo final de querosene - MG
Fonte: CEMIG (2005)
4.6.3.5 Energia Solar
A energia solar apesar de ser a mais antiga das fontes energéticas ainda é incipiente
na matriz energética do Estado de Minas Gerais; não possui dados históricos registrados
nos balanços energéticos já divulgados (BEEMG e BEN), motivo pelo qual não foi
possível inseri-la neste trabalho, mas desfruta de excepcional potencial de utilização, dado
as condições de radiação solar em todo o território estadual. Por falta de dados confiáveis
não foi possível inserir a energia solar, sua demanda e respectivos processos de conversão
na rede energética representativa do Setor Residencial.
O importante no aproveitamento dessa fonte energética é conhecer a quantidade de
energia que um determinado corpo é capaz de absorver, sob a forma de calor, a partir da
radiação solar incidente no mesmo. A utilização dessa forma de energia implica saber
captá-la e armazená-la. Os equipamentos mais difundidos com o objetivo específico de se
utilizar a energia solar térmica são conhecidos como coletores solares.
61
_________________________________________________________________________
Os coletores solares são aquecedores de fluidos (líquidos ou gasosos) e são
classificados em coletores concentradores e coletores planos em função da existência ou
não de dispositivos de concentração da radiação solar. O fluido aquecido é mantido em
reservatórios termicamente isolados até o seu uso final (água aquecida para banho, ar
quente para secagem de grãos, gases para acionamento de turbinas, etc.).
Os coletores solares planos são, hoje, largamente utilizados nos sistemas de
aproveitamento da energia solar para aquecimento de água em residências, hospitais e
hotéis, devido ao conforto proporcionado e a redução do consumo de energia elétrica. Cada
m
2
de superfície coletora tem capacidade de aquecimento de 100 litros de água/dia, numa
cidade com características de Belo Horizonte (AQUASOLIS). Estima-se que a cada 1 m
2
de coletores instalados seja possível economizar 55 kg de GLP/ano, 66 litros de diesel/ano,
evitar a inundação de cerca de 56 m
2
(hidroelétricas) e eliminar anualmente o consumo de
215 kg de lenha (ABRAVA). O percentual de economia pode alcançar 80% em relação ao
que seria gasto com energia elétrica (SOLARES).
Belo Horizonte, capital do Estado, possui uma radiação média de 4.467 kcal/m
2
.dia,
o que representa 5,195 kWh/ m
2
.dia (ABRAVA).
Oferta e consumo de Energia Solar:
A tecnologia do aquecedor solar já vem sendo usada no Brasil desde a década de
60, época em que surgiram as primeiras pesquisas. Em 1973, empresas passaram a utilizá-
la comercialmente. Em 2002 existiam os sistemas de aquecimento solar no Brasil
beneficiavam mais de 500 mil residências, economizando energia elétrica equivalente ao
consumo de uma cidade de 1,1 milhões de famílias. Estima-se que mais de dois milhões de
pessoas já se beneficiam com a tecnologia do aquecedor solar, sendo aquecidos cerca de
200 milhões de litros de água para banho diariamente. Em Belo Horizonte já são mais de
950 edifícios que contam com este benefício (ABRAVA).
O crescimento médio no setor, que já conta com aproximadamente 140 fabricantes
e possui uma taxa histórica de crescimento anual de aproximadamente 35%, foi acima de
50% em 2001. Em 2002, foram produzidos no país 310.000 m² de coletores solares
(ABRAVA).
62
_________________________________________________________________________
O Brasil, em 2000, tinha cerca de 240.000 mil m
2
de coletores instalados; este
número cresceu significativamente em 2001-2002, atingindo 1,5 milhão de m
2
em
dezembro, 2001. Cerca de 80% são para uso residencial; a maioria por convecção natural e
coletores fechados (cobertura de vidro). A ABRAVA estima em 750 mil m
2
/ano a
capacidade nacional de produção, bem superior às vendas em 2000. Houve evolução da
manufatura o que permitiu a redução de custos para US$ 150/m
2
(sistema residencial,
completo) em 2002.
O setor tem potencial para enorme desenvolvimento no Brasil, com reflexos muito
positivos no perfil de consumo de energia elétrica (água para banho), e criação de
empregos (CGEE, 2003).
4.6.3.6 Taxas de crescimento das capacidades dos recursos energéticas
A Tabela 4.20 reúne os valores calculados conforme Apêndice B das taxas de
crescimento das capacidades nacionais dos energéticos para o horizonte de estudo,
conforme os valores históricos deduzidos das tabelas dos recursos energéticos da seção
4.6.3.
Tabela 4.20 – Taxas de Crescimento da Capacidade (% a.a.)
Fonte de energia Para todos os Cenários
Lenha Ilimitado
GLP Importado 2,5
GLP Produzido 2,2
Querosene Importado -12,6
Querosene Produzido -1,8
Eletricidade Importada 0,1
Eletricidade Produzida 0,3
Fonte: Calculados
63
_________________________________________________________________________
4.6.4 Análise de Preços
Os preços dos energéticos GLP, eletricidade e lenha foram divulgados no Balanço
Energético Nacional 2005 . O preço do querosene foi obtido da Agência Nacional do
Petróleo – ANP. A taxa de câmbio comercial para venda, média, em 2004 foi de 1 US$ =
R$2,92, segundo o IPEADATA.
As projeções de evolução de preços dos energéticos são feitas com base em dados
sócio-econômicos e em função das características dos cenários estabelecidos.
Na Tabela 4.21 encontram-se relacionados os preços constantes disponíveis no
Balanço Energético Nacional - BEN 2005. Os mesmos estão em bep – barril equivalente
de petróleo - pois foram obtidos dessa maneira diretamente do Balanço Energético
Nacional - BEN 2005.
Tabela 4.21 – Preços dos energéticos - MG
US$/bep
Energético 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
GLP 51,7 66,9 74,2 86,5 87,5 102,4 75,5 81,1 94,1 100,4
Eletricidade 174,8 222,9 233,1 231,9 172,6 195,0 170,1 158,8 175,0 205,8
Lenha 13,8 15,6 14,3 13,3 11,4 9,8 9,3 6,6 7,7 10,0
Fonte: MME, BEN 2005 (US$ de 2004)
Os preços médios praticados no Estado de Minas Gerais para o querosene
iluminante estão apresentados na Tabela 4.22.
Tabela 4.22 – Preços médios praticados para o querosene 2000-2003 - MG
Ano Preço R$/L Preço US$/bep(*)
2000 0,962 57,0
2001 1,061 62,9
2002 1,484 88,0
2003 1,075 63,7
Fonte: Anuário Estatístico da ANP (2005) e (*) Calculados
64
_________________________________________________________________________
Na Tabela 4.23 encontram-se os valores para as taxas de crescimento dos preços
dos energéticos no Setor Residencial para todos os cenários, macroeconômicos e o
energético (ver seções 4.6.1.3 a 4.6.1.5), calculados conforme Apêndice B e baseados em
valores históricos divulgados no BEN 2005 (MME, BEN 2005) e na Agência Nacional do
Petróleo (ANP).
Tabela 4.23 – Taxas de Crescimento dos Preços dos Energéticos para os cenários (% a.a.)
Fonte de energia % ao ano
Lenha 0,5
GLP 4,4
Querosene 3,8
Eletricidade 1,8
Fonte: Calculados
O período tomado para obtenção da taxa de crescimento do preço do GLP foi o dos
últimos oito anos, 1997/2004 (4,4%a.a). Se tomado o período de 1995/2004 o valor de
7,7% a.a. poderá ser considerado exagerado e muito improvável pois, assim, as pessoas
poderiam desejar cozinhar em fogões elétricos uma vez que a eletricidade seria muito mais
viável economicamente.
No caso da lenha, foram tomados os últimos 5 anos, 2000/2004 (0,5%a.a.). Uma
taxa negativa ao longo do período provocaria uma situação onde a população urbana
poderia, hipoteticamente, adquirir fogões a lenha em função do preço do energético, por
exemplo. Não é provável que a lenha se desvalorize tanto (taxa negativa de crescimento do
preço, -3,5% a.a. entre 1995/2004) em função da crescente preocupação com o meio
ambiente.
4.6.5 Caracterização das tecnologias de energia
É necessário caracterizar as tecnologias empregadas, uma vez que isso torna
possível a avaliação do sistema de suprimento em relação à estrutura atual, ao padrão de
suprimento no ano base, à expansão e às novas tecnologias. A caracterização das
tecnologias energéticas lida com todo o ciclo do combustível.
65
_________________________________________________________________________
As alternativas da oferta de energia devem ser caracterizadas com relação a alguns
parâmetros importantes, tais como: comportamento do sistema; instalação, operação e
manutenção; economia e restrições à implementação. Sendo assim, o objetivo da
caracterização das tecnologias de energia é compilar uma base de dados consistente das
várias tecnologias. A caracterização não tem a finalidade de avaliar alternativas.
Grande parte dos equipamentos domésticos é alimentada por energia elétrica, uma
forma nobre de energia e não será oportuno descrever as funções e as peculiaridades
tecnológicas de cada equipamento dentro desse grupo uma vez que possuem grande
variedade de aplicações e penetração nas classes de consumo, tais como: ventilação de
ambientes (ventiladores, exaustores, condicionadores de ar, por exemplo), limpeza
(aspirador de pó, máquina de lavar roupa, máquinas de secar e passar roupa, máquina de
lavar louça), higiene pessoal (secador de cabelo, barbeador/depilador elétrico), lazer e
diversão (televisor, videocassete, aparelho de som, DVD e computador pessoal), preparo
de alimentos (liquidificador, cafeteira, processador de alimentos) e diversos (sauna a vapor,
máquina de costura, furadeira manual).
4.6.5.1 Tecnologias atuais
A eficiência energética é um parâmetro cada vez mais importante no momento da
aquisição de equipamentos de conversão no Setor Residencial. Aos poucos a população
adquire a consciência de que equipamentos mais eficientes trarão menores despesas com o
uso da energia.
A Tabela 4.24 mostra algumas eficiências de sistemas de conversão de energia
atualmente em uso consideradas para o Cenário Básico e demais Cenários
Macroeconômicos.
66
_________________________________________________________________________
Tabela 4.24 - Eficiências dos principais equipamentos
Processo
Eficiência
(%)
Fogão a lenha 10
Fogão a GLP 55
Aquecedor a gás 58
Chuveiro elétrico 95
Lampião a gás 55
Lampião a querosene 40
Lâmpada
incandescente
5
Refrigerador 55
Fonte: FDTE, INMETRO, PROCEL.
4.6.5.2 Tecnologias emergentes
Uma descrição dos equipamentos conversores de energia atualmente em uso e que
possivelmente estarão presentes no Setor Residencial é explorada no Apêndice A.
Para a elaboração do presente trabalho, considerou-se a entrada das melhorias
tecnológicas de maneira gradual (linear) ao longo do período de estudo e que envolvem:
melhor isolamento dos sistemas de refrigeração; maior alcance comercial de fornos a
microondas e a indução eletromagnética; lâmpadas de maior eficiência; fornos a lenha
mais eficientes e aparelhos eletrônicos com menor gasto de energia em funcionamento e
em modo de espera (“standby mode”) e melhoria das eficiências das tecnologias atuais.
Os índices de eficiência dos processos de conversão adotados no longo prazo, e
esperados até 2025, estão na Tabela 4.25.
67
_________________________________________________________________________
Tabela 4.25 - Eficiências dos principais equipamentos (%)
Processo
Estimados p/ Cenário
Energético de
Conservação de Energia
Fogão a lenha 15
Fogão a GLP 65
Aquecedor a gás 68
Chuveiro elétrico 97
Lampião a gás 65
Lampião a querosene 50
Lâmpada elétrica 30
Refrigerador 65
Fonte: ACEEE (2004) ; AEO (2005) e IEO (2005).
Os índices estimados para o cenário energético de Conservação de Energia, são
baseados nas informações contidas na Eletrobrás/Procel (MME,2005), Emerging energy-
Saving Technologies and Practices for the Buildings Sector as of 2004 (ACEEE,2004)
International Energy Outlook- IEO 2005 e Annual Energy Outlook 2005 With Projections
to 2025 – AEO (EIA, 2005).
4.7 Análise Integrada de demanda e oferta de energia
A evolução do balanço energético entre a oferta e demanda de energia visa a
simular o comportamento do mercado de energia. Precede a determinação do balanço, o
estabelecimento de cenários (que podem ser macroeconômicos e/ou energéticos, entre
outros) para a simulação em condições distintas. A determinação do balanço
oferta/demanda é simulada com o programa ENPEP (módulo BALANCE).
4.7.1 Avaliação de impactos
A utilização da energia no mundo moderno pressupõe a incidência intrínseca de
impactos econômicos, sociais e ambientais.
68
_________________________________________________________________________
Embora exista emissão de poluentes no Setor Residencial, sabe-se que ela é muito
menor se comparada à emitida pelos Setores Industrial e de Transportes, cujo número de
elementos químicos emitidos é consideravelmente maior, bem como o volume produzido
por estes setores. Não foi considerada a emissão de poluentes neste estudo.
A emissão de poluentes atmosféricos no Setor Residencial não é ainda
regulamentada no Brasil. Desta forma, o cálculo aproximado das emissões no setor é
baseado nos coeficientes adotados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança
Climática – IPCC - para emissões não controladas ("default"), convertidos de kg/TJ para
kg/tep, mediante a relação 1 tep = 0,0452 TJ (ECONOMIA & ENERGIA, 2001).
A Tabela 4.26 a seguir resume alguns valores de interesse.
Tabela 4.26 - Coeficientes de emissão no Setor Residencial - kg/tEP
Fonte CO CH
4
N
2
O NO
x
Lenha 226 13,6 0,18 4,5
Carvão Vegetal 317 9,0 0,05 4,5
GLP 2,26 0,226 0,005 2,26
Fonte: ECEN (2001)
A emissão de CO
2
por combustíveis da biomassa é dispensada pelo IPCC. Para os
combustíveis gasosos, seu cálculo baseia-se no balanço de carbono, utilizando-se os fatores
de emissão de carbono registrados no "Guidelines" do IPCC (ECONOMIA & ENERGIA,
2001).
69
_________________________________________________________________________
5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Após o processamento da rede energética com as equações de fluxos de
quantidades de energia e de preços, o modelo ENPEP fornece, como saída do programa,
arquivos com extensão *.txt que podem ser abertos preferencialmente numa planilha
eletrônica Excel, do pacote Office da Microsoft, para tratamento e elaboração de tabelas e
gráficos. Cada cenário possui um conjunto de arquivos texto com as projeções para o
horizonte de estudo.
5.1 A rede energética para o Setor Residencial
Esta seção mostra a rede energética construída com as ferramentas gráficas do
programa ENPEP versão 2.20 em Windows, o que facilita sua elaboração e a visualização
dos componentes e suas inter-relações. A rede representa o fluxo de energia envolvendo
quantidades e preços de energéticos para o Setor Residencial no Estado de Minas Gerais.
A Figura 5.1 mostra a representação da rede energética para o Setor Residencial
para o Estado de Minas Gerais.
A rede energética consiste de elementos gráficos (como visto na seção 2.2) que
simbolizam, de baixo para cima (ver Figura 5.1): fontes energéticas renováveis e não
renováveis; processos de conversão de energia; etapas de decisão e demandas de energia
útil. As linhas que interligam os blocos, denominadas conexões, simbolizam meios físicos
por onde escoa o fluxo de energia do sistema.
70
_________________________________________________________________________
Figura 5.1 – Rede Representativa do Setor Residencial - MG
71
_________________________________________________________________________
A rede representativa do Setor Residencial de Minas Gerais é composta por 33
blocos, distribuídos conforme a Tabela 5.1 e interligados por 32 conexões conforme a
Tabela 5.2.
Tabela 5.1 – Identificação dos blocos da rede energética - ENPEP
Blocos de Recursos Renováveis Blocos de Recursos Não Renováveis
L + CV Lenha + Carvão Vegetal GLPIM
Gás Liquefeito de Petróleo
Importado
EEIMP Energia Elétrica Importada GLPPR
Gás Liquefeito de Petróleo
Produzido
EEPRO Energia Elétrica Produzida QUEPR Querosene Produzido
QUEIM Querosene Importado
Blocos de Demanda
DEM1 Cocção rural DEM6 Refrigeração urbana
DEM2 Cocção urbana DEM7 Eletrodoméstico rural
DEM3 Aquecimento urbano de água DEM8 Eletrodoméstico urbano
DEM4 Iluminação rural DEM9 Aquecimento rural de água
DEM5 Iluminação urbana
Blocos de Decisão
D1 Fogão lenha/GLP D7 Demandas/Iluminação
D2 Gás GLP D8 Querosene
D3 Aquecimento de água
D4 Iluminação/Processos
D5 Eletricidade
Blocos de Processos de Conversão
P1 Fogão a lenha P9 Lâmpada elétrica
P2 Fogão a GLP P10 Refrigerador
P3 Aquecedor a gás P11 Eletrodomésticos – rural
P6 Chuveiro elétrico P12 Eletrodomésticos - urbano
P7 Lampião a gás
P8 Lampião a querosene
Elaboração própria
72
_________________________________________________________________________
Tabela 5.2 – Identificação das conexões da rede energética - ENPEP
C1 C8
C4 C35
C10 C26
C13 C35
C16 C33
C22 C20
Decisão/Demanda
Fonte/Decisão
C7 C2
C14 C5
C9 C11
C34 C12
C21 C17
C24 C18
C28 C23
C30
Decisão/Processo
C32
Processo/Decisão
C27
C29
Processo/Demanda
C31
Fonte/Processo C3
Elaboração própria
5.2 Demanda de energia útil e consumo final de energia para o Cenário Básico
É importante apresentar inicialmente os dados de saída do programa ENPEP para o
Cenário Básico, ou de referência, pois a partir desses resultados será possível estabelecer
comparações com os demais cenários estipulados nesse estudo de longo prazo.
As seções subseqüentes mostrarão o consumo de energia útil e a demanda de
energia final envolvidos neste cenário.
A demanda de energia útil diz respeito à energia após o último processo de
conversão. Esta energia está situada nas conexões da rede energética (ver Figura 5.1)
ligadas aos blocos de demanda (C1, C4, C10, C13, C16, C22, C27, C29 e C31) localizados
no topo da rede energética.
73
_________________________________________________________________________
O consumo final de energia é a energia disponível nas conexões que chegam aos
processos de conversão de energia, isto é, aos equipamentos de demanda de energia (ver
Figura 5.1); correspondem às conexões C3, C7, C9, C14, C21, C24, C28, C30, C32 e C34.
5.2.1 Demanda de energia útil para o Cenário Básico
A demanda total de energia útil para o Cenário Básico está representada na Figura
5.2. Observa-se um aumento de 99,8% da demanda de energia útil para o período de
estudo. Atribui-se este aumento da demanda de energia ao crescimento populacional
associado à taxa de crescimento da economia para o Cenário Básico.
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
mil tEP
Básico
1.007 1.040 1.222 1.439 1.700 2.012
2004 2005 2010 2015 2020 2025
Figura 5.2 – Demanda total de energia útil no Cenário Básico
Calculado com ENPEP v.2.20
A Figura 5.3 mostra a evolução da demanda de energia por bloco de demanda, ou
seja, energia útil, conforme a distribuição da rede energética (ver Figura 5.1).
74
_________________________________________________________________________
0
200
400
600
800
1.000
1.200
mil tEP
Coc Ur
491,0 507,7 600,1 709,3 838,4 990,9
Aq Ag Ur
217,1 225,3 271,5 327,1 394,2 475,0
Refrig Ur
85,7 89,4 110,9 137,6 170,6 211,6
Eletrod Ur
79,1 82,1 98,9 119,2 143,6 173,0
2004 2005 2010 2015 2020 2025
0
20
40
60
80
100
mil tEP
Coc Ru
79.9 79.6 78.0 76.5 75.0 73.5
Aq Ag Ru
29.6 30.5 35.3 41.0 47.5 55.1
Ilum Ru
1.7 1.7 1.8 1.9 1.9 2.0
Ilum Ur
3.3 3.4 4.0 4.8 5.7 6.7
Eletrod Ru
19.8 20.0 21.0 22.1 23.2 24.4
2004 2005 2010 2015 2020 2025
Figura 5.3 – Demanda de energia útil no Cenário Básico.
Calculado com ENPEP v.2.20
A Figura 5.3 mostra, até 2025, um aumento da demanda de energia útil para a
cocção urbana da ordem de 102%, tendo como principal fonte energética nesse tipo de
demanda o gás liquefeito de petróleo, GLP. Situação oposta ocorre com a cocção rural,
apresentando redução de 8%. As demandas relacionadas à fonte de eletricidade deverão
evoluir com aumentos importantes.
75
_________________________________________________________________________
5.2.2 Consumo final de energia para o Cenário Básico
Na Figura 5.4 tem-se a apresentação gráfica do consumo final de energia para o
estudo. Neste cenário, é esperado um crescimento do consumo final de energia de cerca de
38% até 2025, passando de 3.380 mil tEP em 2004 para 4.673 mil tEP em 2025.
2.000
2.500
3.000
3.500
4.000
4.500
5.000
mil tEP
Básico
3.380 3.413 3.616 3.886 4.234 4.673
2004 2005 2010 2015 2020 2025
Figura 5.4 – Consumo final de energia no Cenário Básico.
Calculado com ENPEP v.2.20
O crescimento esperado entre 2004/2025 resultou superior em aproximadamente
12% em relação à projeção realizada na seção 4.6.2 para o Cenário Básico (Tabela 4.12). O
consumo final de energia por fonte para o Cenário Básico está apresentado na Figura 5.5.
76
_________________________________________________________________________
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
mil tEP
Lenha+CV
2.014 1.984 1.839 1.706 1.581 1.466
GLP
764 807 1.040 1.302 1.597 1.931
Eletricidade
599 619 734 876 1.054 1.274
2004 2005 2010 2015 2020 2025
Figura 5.5 – Consumo final de energia no Cenário Básico por energético.
Calculado com ENPEP v.2.20
Conforme mostra a Figura 5.5, a lenha descreve uma redução de 27% ao longo do
horizonte de estudo. Espera-se um crescimento de 153% na participação do GLP e de
113% para a eletricidade até 2025. O querosene deverá ser cada vez menos significativo e
não foi mostrado na Figura 5.6. Apresentou em 2004 demanda de 3 mil tEP e chegando a
2025 com 1.8 mil tEP, redução de 40%. O consumo final de GLP deverá superar o de
Lenha e Carvão Vegetal a partir do ano de 2020.
5.3 Demanda de energia útil e consumo final de energia para os Cenários
Macroeconômicos
Para melhor compreensão da evolução do consumo de energia nos três cenários
macroeconômicos, mostra-se aqui a evolução do PIB, que é um importante parâmetro na
determinação dos cenários. A Figura 5.6 apresenta o resultado das considerações feitas na
seção 4.6.1.2 utilizando dados da Tabela 4.10, com taxas anuais de crescimento de 3,7%
para o Cenário Básico, 5,2% para o Cenário Alto e 2,2% para o Cenário Baixo.
77
_________________________________________________________________________
0
100
200
300
400
500
600
bilhões R$
Básico
167 173 207 248 298 357
Baixo
167 170 190 212 236 263
Alto
167 175 226 291 375 483
2004 2005 2010 2015 2020 2025
Figura 5.6 – Evolução do PIB para o Estado de Minas Gerais
Calculados
Observa-se na Figura 5.6 um crescimento, para o Cenário Básico, de 114% do PIB
do Estado de Minas Gerais de 2004 a 2025, ano em que o PIB deverá alcançar R$ 357
bilhões (a preços constantes de 2004). No Cenário Alto o crescimento deverá ser de 189%
e no Cenário Baixo de 57%.
5.3.1 Demanda de energia útil para os Cenários Macroeconômicos
A evolução da demanda de energia útil para o Setor Residencial no Estado de
Minas Gerais é mostrada na Figura 5.7.
A Figura 5.7 retrata a demanda de energia útil a partir da situação de eficiência de
conversão de energia dos atuais aparelhos e utensílios domésticos.
78
_________________________________________________________________________
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
mil tEP
Básico
1.007 1.040 1.222 1.439 1.700 2.012
Baixo
1.007 1.026 1.128 1.242 1.368 1.508
Alto
1.007 1.053 1.320 1.663 2.104 2.671
2004 2005 2010 2015 2020 2025
Figura 5.7 – Demanda de energia útil nos Cenários Macroeconômicos
Calculado com ENPEP v.2.20
A Figura 5.8 mostra a variação da demanda de energia útil para os Cenários
Macroeconômicos no ano base (2004) e no final do período de estudo (2025).
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
mil tEP
Energia Útil
1.007 1.508 2.012 2.671
Ano Base 2004 Baixo 2025 Básico 2025 Alto 2025
Figura 5.8 – Demanda de energia útil do Setor Residencial nos Cenários
Macroeconômicos, 2004 e 2025
Calculado com ENPEP v.2.20
79
_________________________________________________________________________
Conforme mostrado na Figura 5.8, a demanda de energia útil esperada em 2025 no
Cenário Alto é cerca de 33% superior à do Cenário Básico e, no Cenário Baixo, cerca de
25% inferior.
5.3.1.1 Demanda de energia útil por fonte nos Cenários Macroeconômicos
Lenha e Carvão Vegetal
A Lenha e Carvão Vegetal consumidos no Setor Residencial apresentam tendência
de queda nos Cenários Macroeconômicos. O Cenário Baixo possui o menor índice de
queda, caracterizando maior utilização do fogão a lenha e a dificuldade da chegada do GLP
ao meio rural. Situação oposta ocorre no Cenário Alto, onde o índice de queda é mais
acentuado, pois a situação econômica permitirá, por exemplo, a substituição de fontes e
processos mais eficientes, através de melhor poder aquisitivo da população.
A Figura 5.9 mostra a demanda de energia útil proveniente da Lenha e Carvão
Vegetal entre 2004 e 2025.
Como está apresentado na Figura 5.9, o Cenário Básico deverá ter em 2025 uma
redução de 26,9% quando comparado ao ano base de 2004; em relação a esse mesmo
cenário observa-se que em 2025 o Cenário Alto deverá estar 6,1% inferior, enquanto que
para o Cenário Baixo deverá estar 6,1% superior.
80
_________________________________________________________________________
0
50
100
150
200
250
mil tEP
Baixo
201 199 187 176 166 156
sico
201 198 184 171 158 147
Alto
201 198 181 165 151 138
2004 2005 2010 2015 2020 2025
Figura 5.9 – Demanda de energia útil proveniente da lenha e carvão vegetal nos Cenários
Macroeconômicos
Calculado com ENPEP v.2.20
Gás liquefeito de petróleo - GLP
A demanda de energia útil a partir do GLP deverá experimentar forte crescimento
no horizonte de estudo.
A Figura 5.10 mostra a evolução da demanda de energia útil proveniente do GLP
para os Cenários Macroeconômicos.
81
_________________________________________________________________________
0
200
400
600
800
1.000
1.200
1.400
1.600
mil tEP
Baixo
423 439 519 602 688 775
sico
423 447 576 722 885 1.070
Alto
423 455 636 856 1.124 1.451
2004 2005 2010 2015 2020 2025
Figura 5.10 – Demanda de energia útil proveniente do GLP para os Cenários
Macroeconômicos
Calculado com ENPEP v.2.20
O comportamento das curvas de demanda registra um aumento na demanda de
energia útil proveniente do GLP no ano de 2025. Em relação ao Cenário Básico em 2025,
espera-se que o Cenário Alto seja 35,6% superior enquanto que no Cenário Baixo seja
27,6% inferior.
Querosene
O querosene apresenta, nesta simulação, forte tendência ao desaparecimento da
matriz energética do Setor Residencial de Minas Gerais. Usado primariamente como
combustível iluminante no meio rural, o querosene vem perdendo terreno devido aos
planos de eletrificação dos governos federal e estadual. Comparado a outros energéticos,
esta fonte é praticamente desprezível ao final do horizonte de estudo.
A Figura 5.11 mostra o comportamento da demanda de energia útil proveniente do
querosene no horizonte de estudo.
82
_________________________________________________________________________
0.00
0.20
0.40
0.60
0.80
1.00
1.20
1.40
mil tEP
Baixo
1.20 1.18 1.06 0.96 0.87 0.79
Básico
1.20 1.17 1.03 0.91 0.80 0.71
Alto
1.20 1.17 1.01 0.88 0.76 0.66
2004 2005 2010 2015 2020 2025
Figura 5.11 – Demanda de energia útil proveniente do querosene para os Cenários
Macroeconômicos
Calculado com ENPEP v.2.20
Conforme apresentado na Figura 5.11, em 2025 a demanda de energia útil no
Cenário Alto deverá ser 7,0% inferior comparada ao Cenário Básico; e no Cenário Baixo
11,3% superior.
Eletricidade
A eletricidade deverá ter sua participação cada vez mais valorizada no mercado
energético em todos os cenários, possui uma penetração crescente inclusive no meio rural e
deverá estar em praticamente 100% das pequenas e médias cidades do Estado de Minas
Gerais, dentro do horizonte de estudo.
A Figura 5.12 mostra a evolução da demanda de energia útil proveniente da
eletricidade para os Cenários Macroeconômicos.
83
_________________________________________________________________________
0
200
400
600
800
1.000
1.200
mil tEP
Baixo
382 387 420 462 513 575
sico
382 393 461 546 656 795
Alto
382 399 502 641 828 1.082
2004 2005 2010 2015 2020 2025
Figura 5.12 – Demanda de energia útil proveniente da eletricidade para os Cenários
Macroeconômicos.
Calculado com ENPEP v.2.20
Observando a Figura 5.12 verifica-se que, em 2025, o Cenário Alto deverá ser
36,1% superior em relação ao Cenário Básico enquanto que o Cenário Baixo deverá ser
27,7% inferior em relação a esse mesmo cenário.
5.3.2 Consumo final de energia para os Cenários Macroeconômicos
A evolução do consumo final de energia para os três Cenários Macroeconômicos
está representada na Figura 5.13.
Na Figura 5.13 observa-se que em 2025 o Cenário Alto deverá ser 22,5% superior
em relação ao Cenário Básico; o Cenário Baixo deverá ser 16,8% inferior.
84
_________________________________________________________________________
0
1.000
2.000
3.000
4.000
5.000
6.000
7.000
mil tEP
Baixo
3.380 3.395 3.484 3.595 3.729 3.890
Básico
3.380 3.413 3.616 3.886 4.234 4.673
Alto
3.380 3.431 3.757 4.224 4.865 5.726
2004 2005 2010 2015 2020 2025
Figura 5.13 – Consumo final de energia do Setor Residencial nos Cenários
Macroeconômicos
Calculado com ENPEP v.2.20
A Figura 5.14 apresenta o consumo final de energia do Setor Residencial no final
do horizonte de estudo comparado com o ano base.
0
1.000
2.000
3.000
4.000
5.000
6.000
7.000
mil tEP
Consumo Final
3.380 3.890 4.673 5.726
Ano Base 2004 Baixo 2025 Básico 2025 Alto 2025
Figura 5.14 – Consumo final de energia do Setor Residencial nos Cenários
Macroeconômicos
Calculado com ENPEP v.2.20
85
_________________________________________________________________________
5.3.2.1 Consumo final de energia por fonte para os Cenários Macroeconômicos
A Tabela 5.3 apresenta as taxas de crescimento do consumo final de energia por
fonte de energia nos Cenários Macroeconômicos e a oferta de energia no período
observado de 2004 a 2025.
Tabela 5.3 – Consumo final de energia por recurso energético - 2004/2025
Fonte de energia
Taxa de
crescimento
(% a.a.)
Consumo final de
energia
(10
3
tEP)
%
(2004/2025)
Cenário Alto 2004 2025 -
Lenha + CV -1,8 2.014 1.375 -31,7
GLP 6,0 764 2.620 242,9
Querosene -2,7 3,0 1,7 -43,3
Eletricidade 5,2 599 1.729 188,6
Total 2,5 3.380 5.726 69,4
Cenário Básico
Lenha + CV -1,5 2.014 1.466 -27,2
GLP 4,5 764 1.931 152,7
Querosene -2,4 3,0 1,8 -40,0
Eletricidade 3,7 599 1.274 112,7
Total 1,6 3.380 4.673 38,3
Cenário Baixo
Lenha + CV -1,2 2.014 1.563 -22,4
GLP 2,9 764 1.399 83,1
Querosene -1,9 3,0 2,0 -33,3
Eletricidade 2,1 599 926 54,6
Total 0,7 3.380 3.890 15,1
Calculado com ENPEP v.2.20
Observa-se que a lenha apresenta tendência de queda nos três cenários, quanto
melhor a situação econômica do Estado maior o índice de queda. Isso pode ser explicado
por uma possível melhoria das condições de renovação e/ou aquisição de novos
equipamentos utilizados no Setor Residencial no horizonte de estudo. A eletricidade e o
GLP apresentam fortes taxas de crescimento.
86
_________________________________________________________________________
Lenha e Carvão Vegetal
A Figura 5.15 mostra a tendência do consumo final para a lenha e carvão vegetal.
500
1.000
1.500
2.000
2.500
mil tEP
Baixo
2.014 1.990 1.873 1.764 1.660 1.563
Básico
2.014 1.984 1.839 1.706 1.581 1.466
Alto
2.014 1.978 1.806 1.649 1.506 1.375
2004 2005 2010 2015 2020 2025
Figura 5.15 – Consumo final de Lenha+CV nos Cenários Macroeconômicos
Calculado com ENPEP v.2.20
Em relação ao ano base de 2004 as reduções do consumo final de lenha verificadas
foram de 27,2% no Cenário Básico, 31,7% no Cenário Alto e 22,4% no Cenário Baixo. A
tendência de queda pode estar relacionada à substituição por fogões a GLP muito mais
eficientes e à crescente dificuldade de obtenção de lenha. O Cenário Alto deverá ser 6,2%
inferior ao Cenário Básico em 2025 e o Cenário Baixo 6,6% superior.
Gás liquefeito de petróleo - GLP
Energético de grande expansão e consumo, o GLP deverá demandar políticas
rigorosas de suprimento (produção e importação) e distribuição em função de sua
importância para o Setor Residencial conforme verificado pelos índices de crescimento de
consumo obtidos pelo ENPEP a seguir.
A Figura 5.16 mostra as tendências de crescimento do consumo final de GLP para
os Cenários Macroeconômicos.
87
_________________________________________________________________________
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
mil tEP
Baixo
764 792 937 1.087 1.240 1.399
Básico
764 807 1.040 1.302 1.597 1.931
Alto
764 822 1.148 1.545 2.029 2.620
2004 2005 2010 2015 2020 2025
Figura 5.16 – Consumo final de GLP para os Cenários Macroeconômicos
Calculado com ENPEP v.2.20
Para o consumo final de GLP observado na Figura 5.16, espera-se entre 2004 e
2025 um crescimento de 152,7%, 242,9% e 83,1%, respectivamente para os Cenários
Básico, Alto e Baixo.
Comparado com o Cenário Básico, o consumo final de GLP no ano de 2025 deverá
ser 35,7% superior no Cenário Alto e 27,6% inferior no Cenário Baixo.
Querosene
A Figura 5.17 mostra o consumo final de querosene para os Cenários
Macroeconômicos e espera-se redução de 40,0% no Cenário Básico, 43,3% no Cenário
Alto e de 33,3% no Cenário Baixo para o período 2004-2025.
Como já mencionado, este energético, para a finalidade na qual é utilizado, possui
participação cada vez mais restrita e compete com a energia elétrica. Sua produção no
Estado deverá ser praticamente para exportação e outras finalidades (aviação).
88
_________________________________________________________________________
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
mil tEP
Baixo
3.0 2.9 2.7 2.4 2.2 2.0
sico
3.0 2.9 2.6 2.3 2.0 1.8
Alto
3.0 2.9 2.5 2.2 1.9 1.7
2004 2005 2010 2015 2020 2025
Figura 5.17 – Consumo final de Querosene para os Cenários Macroeconômicos
Calculado com ENPEP v.2.20
Comparado com o Cenário Básico, o consumo final de Querosene no ano de 2025
deverá ser 5,6% inferior no Cenário Alto e 11,1% superior no Cenário Baixo.
Eletricidade
A evolução da capacidade instalada no Estado registra crescimento próximo de 2%
ao ano nos últimos 23 anos (CEMIG, 2006); além disso há a compra obrigatória de
eletricidade proveniente de Itaipu por força de lei. Para garantir os índices de crescimento
do consumo final obtidos pelo módulo Balance do ENPEP será necessário investimento em
novas usinas e linhas de transmissão.
A Figura 5.18 apresenta a evolução do consumo final da eletricidade para o Setor
Residencial. Comparados ao ano de 2004, os índices de aumento do consumo final de
energia em 2025 são de 112,7% no Cenário Básico, 188,6% no Cenário Alto e de 54,6%
no Cenário Baixo.
89
_________________________________________________________________________
O consumo final em 2025 deverá corresponder a 926 (10.770), 1.274 (14.818),
1.729 (20.110) mil tEP (GWh) para o Cenário Baixo, Básico e Alto, respectivamente.
0
200
400
600
800
1.000
1.200
1.400
1.600
1.800
2.000
mil tEP
Baixo
599 610 670 742 827 926
Básico
599 619 734 876 1.053 1.274
Alto
599 628 800 1.027 1.328 1.729
2004 2005 2010 2015 2020 2025
Figura 5.18 – Consumo final de Eletricidade para os Cenários Macroeconômicos.
Calculado com ENPEP v.2.20
Comparado com o Cenário Básico, o consumo final de eletricidade no ano de 2025
deverá ser 35,7% superior no Cenário Alto e 27,3% inferior no Cenário Baixo.
5.3.3 Rendimento do Setor Residencial
Pelos resultados das Figuras 5.7 e 5.13, pode-se apresentar na Figura 5.19 a
evolução do rendimento anual percentual do Setor Residencial para os Cenários
Macroeconômicos para o horizonte de estudo, pela razão entre a demanda de energia útil e
o consumo final de energia. Observa-se aumento de rendimento nos três cenários, com
significativa melhora no Cenário Alto, seguido pelo Cenário Básico e por último o Cenário
Baixo.
90
_________________________________________________________________________
20.0
25.0
30.0
35.0
40.0
45.0
50.0
Rendimento em %
Baixo
29.8 30.2 32.4 34.5 36.7 38.8
sico
29.8 30.5 33.8 37.0 40.2 43.1
Alto
29.8 30.7 35.1 39.4 43.2 46.6
2004 2005 2010 2015 2020 2025
Figura 5.19 – Rendimento percentual para os Cenários Macroeconômicos.
Calculados
Comparado com o Cenário Básico, o rendimento no ano de 2025 deverá ser 8,1%
superior no Cenário Alto e 9,9% inferior no Cenário Baixo.
5.4 Demanda de energia útil e consumo final de energia - Cenário Energético
5.4.1 Demanda de energia útil para o Cenário de Conservação de Energia
O Cenário de Conservação de Energia considera índices estimados superiores de
eficiência dos processos de conversão quando comparados aos do Cenário Básico (ver
seção 4.6.5); os mesmos refletem as melhorias introduzidas nos equipamentos e mostram
que novas tecnologias poderão promover estas mudanças (Apêndice A).
O Cenário de Conservação de Energia apresenta o mesmo nível de consumo de
energia útil do Cenário Básico, de fato é uma variação deste com a diferença dos índices de
eficiência de energia dos processos de conversão, ou seja, não houve variação nos
percentuais dos blocos de demanda no topo da rede energética, assim a demanda de
energia útil será a mesma.
A Figura 5.3, portanto, mostra a evolução da demanda de energia útil também para
o Cenário Conservação de Energia.
91
_________________________________________________________________________
5.4.2 Consumo final de energia para o Cenário Energético
O consumo final de energia no Cenário de Conservação deverá ter, em 2025, um
crescimento de 8,7% em relação ao ano base de 2004, modesto quando comparado aos
38,3% do Cenário Básico, uma redução no consumo final de 21,4% (Figura 5.20).
De fato, o que ocorre é que devido aos índices de eficiência dos processos de
conversão serem superiores aos do Cenário Básico, menor oferta de energia deverá ser
necessária para suprir a demanda de energia útil; há, portanto, melhor aproveitamento da
energia para o Setor Residencial nestas condições.
A Figura 5.20 mostra o consumo final de energia entre o Cenário Básico e o de
Conservação de Energia.
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
3.500
4.000
4.500
5.000
mil tEP
Consumo Final
3.380 3.673 4.673
Ano Base 2004 CE 2025 Básico 2025
Figura 5.20 – Consumo final de energia entre o Cenário Básico e o de Conservação de
Energia.
Calculado com ENPEP v.2.20
Conforme apresentado na Figura 5.20, o crescimento de apenas 8,7% do consumo
final de energia no Cenário de Conservação no horizonte de estudo mostra que houve forte
influência das melhorias dos índices de eficiência dos processos de conversão de energia e,
provavelmente, as hipóteses para penetração das novas tecnologias de energia no mercado
tenham sido muito otimistas.
92
_________________________________________________________________________
A Figura 5.21 apresenta a comparação em termos de consumo final de energia de
dois importantes recursos energéticos (Eletricidade e GLP) do Setor Residencial entre os
Cenários de Conservação de Energia e o Básico.
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
mil tEP
Eletricidade
599 1.000 1.274
GLP
764 1.651 1.931
Ano Base 2004 CE 2025 Básico 2025
Figura 5.21 – Cenários Conservação de Energia e Básico - GLP e Eletricidade.
Calculado com ENPEP v.2.20
A evolução do consumo final de Eletricidade no Cenário CE para o horizonte de
estudo deverá ser de 66,9%; e no Cenário Básico de 112,7%. Para o GLP a evolução no
Cenário CE deverá ser de 116,1%; e no Cenário Básico de 152,7%. A Eletricidade no
Cenário de Conservação de Energia foi, em 2025, 21,5% inferior em relação ao Cenário
Básico; o GLP deverá ser 14,5% inferior.
5.4.3 Consumo final de energia entre os Cenários Energético e Macroeconômicos
No caso do consumo final de energia, pode-se verificar pela Figura 5.22 que os
crescimentos do consumo no período 2004/2025 deverão ser de 8,7% no Cenário de
Conservação de Energia, 15,1% no Cenário Baixo, 38,3% no Cenário Básico e de 69,4%
no Cenário Alto.
Em 2025 e comparado ao Cenário Básico, o consumo final de energia no Cenário
Alto deverá ser 22,5% superior; no Cenário Baixo 16,8% inferior e no Cenário de
Conservação de Energia deverá ser 21,4% inferior.
93
_________________________________________________________________________
A Figura 5.22 mostra a comparação entre os Cenários Energético e
Macroeconômicos tendo como referência o ano de 2004.
0
1.000
2.000
3.000
4.000
5.000
6.000
7.000
mil tEP
Consumo Final
3.380 3.673 3.890 4.673 5.726
Ano Base
2004
CE 2025 Baixo 2025 Básico 2025 Alto 2025
Figura 5.22 – Comparação do consumo final de energia entre os Cenários.
Calculado com ENPEP v.2.20
Os índices de eficiência dos processos de conversão de energia foram os
responsáveis pelo menor crescimento do consumo final de energia no Cenário de
Conservação quando comparado com os demais cenários, conforme apresentado pela
Figura 5.22.
5.5 Preços
Esta seção apresenta a evolução dos preços dos energéticos utilizados na rede do
Setor Residencial e está baseada na série histórica divulgada no Balanço Energético
Nacional – BEN 2005 e no Anuário Estatístico da Agência Nacional do Petróleo – ANP.
O módulo BALANCE do ENPEP fornece também um arquivo *.txt da evolução
dos preços dos energéticos como resultado de saída do programa e consta no Apêndice C.
As Figuras 5.23 a 5.27 e a Tabela 5.4 a seguir mostram preços de energéticos em US$/tEP,
em valor médio do dólar em 2004.
94
_________________________________________________________________________
Na Figura 5.23 observa-se um crescimento de 45,5% no preço da energia elétrica
em 2025 em relação ao praticado no ano de 2004.
1.000
1.200
1.400
1.600
1.800
2.000
2.200
2.400
US$ / tEP
Eletricidade
1.502 1.529 1.672 1.828 1.999 2.185
2004 2005 2010 2015 2020 2025
Figura 5.23 – Preço da eletricidade
Calculado com ENPEP v.2.20
Na Figura 5.24 o preço do GLP tem uma variação de preço entre 2004 e 2025 de
146,9%.
0
200
400
600
800
1.000
1.200
1.400
1.600
1.800
2.000
US$ / tEP
GLP
733 765 949 1.177 1.460 1.810
2004 2005 2010 2015 2020 2025
Figura 5.24 – Preço do GLP.
Calculado com ENPEP v.2.20
95
_________________________________________________________________________
Na figura 5.25 observa-se um crescimento aproximado de 10,9% do preço da Lenha
consumida no Setor Residencial entre 2004 e 2025.
68
70
72
74
76
78
80
82
US$ / tEP
Lenha + CV
73 73 75 77 79 81
2004 2005 2010 2015 2020 2025
Figura 5.25 – Preço da lenha
Calculado com ENPEP v.2.20
O preço do querosene no ano de 2025 deverá ter, em relação ao ano base de 2004,
um crescimento de 118,9% e é apresentado na Figura 5.26.
0
200
400
600
800
1.000
1.200
US$ / tEP
Querosene
465 483 582 701 845 1.018
2004 2005 2010 2015 2020 2025
Figura 5.26 – Preço do querosene
Calculado com ENPEP v.2.20
96
_________________________________________________________________________
A figura 5.27 mostra a evolução dos preços para os energéticos no período
2004/2025.
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
US$ / tEP
2004
73 465 733 1.502
2025
81 1.018 1.810 2.185
Lenha + CV Querosene GLP Eletricidade
Figura 5.27 – Preços dos energéticos
Calculado com ENPEP v.2.20
A Tabela 5.4 mostra os percentuais de variação dos preços para os recursos
energéticos entre 2004 e 2025, conforme a simulação no modelo ENPEP e reforçando que
estão baseados na série histórica divulgada no Balanço Energético Nacional – 2005 e na
Agência Nacional do Petróleo - ANP.
Tabela 5.4 – Variação de preços 2004-2025
Fonte energética
2004
(US$/tEP)
2025
(US$/tEP)
%
Lenha 73 81
10,9
Querosene 465 1.018
118,9
Eletricidade 1.502 2.185
45,5
GLP 733 1.810
146,9
Calculados.
97
_________________________________________________________________________
6. COMPARAÇÕES COM OUTROS ESTUDOS
Esta seção apresentará um comparativo com os estudos precedentes que também
utilizaram o programa ENPEP, em sua versão DOS com dados do Setor Residencial do
Estado de Minas Gerais:
1 - Energy Planning for the State of Minas Gerais 1995/2015 (CEMIG, 1997), e;
2 - Dissertação de Mestrado do Departamento de Engenharia Nuclear do Programa
de Ciências e Técnicas Nucleares da UFMG – “Cenários de Consumo e oferta de Energia
para o Estado de Minas Gerais, Utilizando o Modelo ENPEP, para o período de 1995 a
2015, considerando uma Disponibilidade Ilimitada de Gás Natural” (COSTA, 2001).
A dissertação de COSTA (2001) foi um detalhamento de um dos cenários do estudo
da CEMIG (1997).
6.1 Comparações
É importante ressaltar que os estudos mencionados acima não previram a crise
energética que irrompeu em 2001 e suas conseqüências para o mercado energético no que
diz respeito a consumo e preços, uma vez que o padrão de consumo e tarifas foram
alterados a partir do ano da crise energética em 2001.
6.1.1 Consumo final de energia
Na Tabela 6.1 estão os valores do consumo final de energia do Setor Residencial
para os Cenários Macroeconômicos para os estudos citados no início do capítulo.
Tabela 6.1 – Consumo final de energia em 2015 - 10
6
tEP
Estudo Alto Básico Baixo
CEMIG 3,3 3,1 2,8
COSTA 3,4 3,1 2,8
Este estudo 4,2 3,9 3,6
Fonte: CEMIG (1997) e COSTA (2001)
98
_________________________________________________________________________
Observam-se diferenças ao comparar os valores apresentados na Tabela 6.1,
entretanto, há que se considerar que os mesmos estão na mesma ordem de grandeza e
refletem considerações efetuadas no desenvolvimento, próprias de cada estudo.
A Tabela 6.2 mostra o consumo de eletricidade no Cenário Básico entre os estudos
apresentados. Como dito, a crise de fornecimento de energia no ano de 2001 não foi
prevista nos estudos apresentados; observa-se na Tabela 6.2 as diferenças entre os valores
obtidos.
Tabela 6.2 – Consumo final de eletricidade em 2015 - TWh
Estudo Cenário Básico
CEMIG 16,4
COSTA 15,2
Este estudo 11,9
Fonte: CEMIG (1997) e COSTA (2001)
99
_________________________________________________________________________
7. CONCLUSÕES
7.1 Conclusões de caráter geral
O modelo BALANCE do ENPEP (Energy and Power Evaluation Program) em sua
versão Windows apresenta-se como uma boa ferramenta analítica, tendo cumprido
satisfatoriamente o objetivo deste trabalho, que era realizar estudos de projeção do balanço
oferta/consumo de energia para o Setor Residencial (urbano e rural) para o Estado de
Minas Gerais num horizonte de longo prazo (2004-2025), bem como comparar os
resultados com os de outros estudos.
A elaboração deste trabalho alcançou também um objetivo subliminar de efeito
didático. É quando se percebem as influências de elementos periféricos freqüentemente
negligenciados na compreensão de um estudo de planejamento energético. É
substancialmente importante considerar a rede energética como um sistema social
interdependente.
É fundamental também considerar os aspectos demográficos, como população,
distribuição urbana e rural, número de domicílios e habitantes/domicílio. De mesmo grau
de importância situa-se o crescimento da economia no Estado, como fator de influência no
crescimento da demanda de energia.
Conjugar estas informações com o consumo dos energéticos, conhecendo-se, para o
Setor Residencial, as melhorias de eficiência dos processos de conversão de energia, a
penetração da energia solar para aquecimento de água, a competição entre GLP e Lenha no
meio rural, bem como os preços das energias disponíveis, possibilita uma visão do
mercado de energia ao longo de um horizonte especificado.
O Setor Residencial mostrou-se, recentemente com a crise de energia de 2001,
bastante sensível às questões energéticas. Não é um setor da economia gerador de PIB, mas
contém o principal elemento para a mudança de hábitos e conceitos: o ser humano. Isso é
confirmado pela queda de 9,5% do consumo final de energia no Setor Residencial desde
2001 até 2004.
100
_________________________________________________________________________
Durante alguns anos a ilusão da energia barata esteve presente, pois o poder público
acreditava na facilidade permanente de financiamento de projetos portentosos , dando a
falsa impressão de que a energia era ilimitada. As baixas tarifas cobradas também
colaboraram para esta situação. O desperdício era a conseqüência imediata de tudo isso.
Portanto, a questão da educação dos consumidores, ou seja, do esclarecimento da
população em geral a respeito do problema de abastecimento de energia produziu um
resultado imediato e, até o momento, duradouro. Esse fato é muito importante pois sem
investimento em aporte tecnológico obteve-se grande economia de energia, o que abre uma
perspectiva muito fértil de direcionamento das ações pedagógicas na formação de futuras
gerações.
A utilização do modelo BALANCE do ENPEP trouxe ganho de conhecimento
através do entendimento dos processos realizados pelo modelo, como por exemplo as
informações necessárias que devem ser introduzidas para que o mesmo forneça as
projeções, as formas de obtenção dos resultados, a observação do comportamento de
determinada variável isoladamente, as opções gráficas dos resultados de entrada e saída e o
útil conversor de unidades, dentre outras funções.
As dificuldades na elaboração deste trabalho residem basicamente na obtenção de
dados válidos e confiáveis. As instituições contatadas ao longo do trabalho, muitas delas
universidades renomadas, não respondem sequer a uma solicitação de esclarecimento de
assuntos de domínio.
Mesmo havendo uma instituição de referência em energia solar em Belo Horizonte,
não foi possível efetuar maiores detalhamentos e/ou aferições dos parâmetros utilizados
neste trabalho. Diversas comunicações foram ignoradas. O mesmo ocorreu com a maioria
das empresas privadas relacionadas com o uso e comercialização de soluções tecnológicas
de energia.
7.2 Conclusões específicas
Os resultados obtidos e as conclusões valem condicionados às hipóteses adotadas e
à base de dados elaborada para o presente estudo.
101
_________________________________________________________________________
A simulação dos Cenários Macroeconômicos mostrou-se consistente, obtendo-se
valores de crescimento compatíveis com a expectativa demonstrada pelos outros estudos
precedentes que utilizaram metodologia semelhante. A utilização de Cenários
Macroeconômicos mostrou-se bastante útil no trabalho de planejamento pois possibilita a
variação de condições conjunturais.
A seguir, as conclusões elaboradas a partir dos resultados obtidos do módulo
Balance do ENPEP com uma breve apresentação a respeito da demanda de energia útil
seguida do consumo final de energia.
A demanda de energia útil para os Cenários Macroeconômicos deverá aumentar em
100%, 165% e 50%, respectivamente nos Cenários Básico, Alto e Baixo entre 2004 a
2025, sendo de 1.007 mil tEP em 2004 e chegando a 2.012 mil tEP no Cenário Básico,
2.671 mil tEP no Cenário Alto e 1.508 mil tEP no Cenário Baixo.
No Cenário Básico espera-se um crescimento do consumo final de energia de cerca
de 38% até 2025, passando de 3.380 mil tEP em 2004 para 4.673 mil tEP em 2025.
Em relação ao consumo final de energia no Cenário Básico para os recursos
energéticos, deverá apresentar: para a Lenha e Carvão Vegetal redução de 27% ao longo
do horizonte de estudo, de 2.014 mil tEP em 2004 para 1.466 mil tEP em 2025; para o
GLP espera-se um crescimento de 153%, passando de 764 mil tEP em 2004 para 1.931 mil
tEP em 2025 e crescimento de 113% para a Eletricidade, passando de 599 mil tEP em 2004
para 1.274 mil tEP em 2025. O Querosene deverá ser cada vez menos significativo,
apresentou em 2004 demanda de 3 mil tEP e deverá alcançar 1.8 mil tEP em 2025, uma
redução de 40%.
Nos Cenários Macroeconômicos o consumo final de energia de 3.380 mil tEP em
2004 deverá chegar, em 2025, a 5.726 mil tEP no Cenário Alto, 4.673 mil tEP no Cenário
Básico e 3.890 mil tEP no Cenário Baixo. Observa-se que em 2025 o consumo final de
energia do Cenário Alto deverá ser 23% superior em relação ao Cenário Básico; o do
Cenário Baixo deverá ser 17% inferior.
A redução do consumo final de lenha observada em 2025, em relação ao ano de
2004, deverá ser de 27%, 32% e 22%, respectivamente, Cenários Básico, Alto e Baixo.
102
_________________________________________________________________________
Comparada ao ano base de 2004, a simulação até 2025 obteve índices de
crescimento do consumo final de GLP de 153% no Cenário Básico, 243% no Cenário Alto
e de 83% no Cenário Baixo. A lenha deverá ser substituída paulatinamente pelo GLP, uma
vez vencidas as dificuldades de distribuição desse energético. Os aumentos do consumo de
GLP nos três cenários revelam uma urgente avaliação de seu abastecimento e distribuição
por parte do governo do Estado. O consumo final de GLP deverá superar o de Lenha e
Carvão Vegetal a partir do ano de 2020.
O Querosene tende ao desaparecimento da matriz energética do Setor Residencial
do Estado de Minas Gerais.
A Eletricidade, nobre forma de energia, deverá ter índices de aumento do consumo
final de energia em 2025 de 113% no Cenário Básico, 189% no Cenário Alto e de 55% no
Cenário Baixo. O movimento da população rural para os centros urbanos, aliado à redução
do déficit habitacional e crescimento populacional poderão justificar crescimentos tão
expressivos para o consumo final de energia elétrica para o período estudado, considerando
que existe crescente demanda por aparelhos elétricos e eletrônicos nas residências, tanto
rurais quanto urbanas.
No Cenário de Conservação de Energia o consumo final de energia deverá ter um
crescimento de 9%, passando de 3.380 mil tEP em 2004 para 3.673 mil tEP em 2025. Em
comparação ao Cenário Básico em 2025, o Cenário de Conservação de Energia deverá
apresentar redução no consumo final de 21%. A evolução do consumo final de Eletricidade
no Cenário de Conservação de Energia para o horizonte de estudo deverá ser de 67%; e de
113% no Cenário Básico. Para o GLP a evolução no Cenário de Conservação de Energia
deverá ser de 116%; e de 153% no Cenário Básico. A Eletricidade no Cenário de
Conservação de Energia foi, em 2025, 22% inferior em relação ao Cenário Básico; o GLP
deverá ser 15% inferior.
É importante mencionar que os resultados obtidos para o Cenário de Conservação
de Energia derivam da hipótese de penetração linear dos índices de eficiência das novas
tecnologias no horizonte de estudo.
A partir dos resultados apresentados através do processamento da rede energética
do Setor Residencial, pode-se relacionar os seguintes pontos para reflexão:
103
_________________________________________________________________________
- o aumento da urbanização remete a um forte crescimento do consumo de GLP e
energia elétrica além das conhecidas mazelas do crescimento desordenado das cidades,
ou seja, é necessário planejar a geração e o abastecimento desses energéticos de acordo
com o crescimento da população;
- o consumo de GLP necessita de criteriosa avaliação uma vez que o Estado de Minas
Gerais importa grande parte do que consome e, além disso, não há substituto para esse
energético em caso de desabastecimento;
- a lenha para cocção apresenta tendência de queda, seja por redução da população rural,
seja pela crescente penetração de GLP;
- tomando por base o crescimento de 113% no consumo final de energia elétrica no
Cenário Básico, saltando de 599 mil tEP em 2004 para 1.274 mil tEP em 2025, além da
necessidade de políticas energéticas de produção e geração, as perdas por distribuição
deverão ser reduzidas pois, conforme a Tabela 4.17, em 2004 foram perdidos 483 mil
tEP, ou seja, quase 72% do aumento previsto pelo modelo;
- a participação no consumo final de energia no Estado de Minas Gerais pelo Setor
Residencial apresentou queda nos últimos anos, foi de 16% em 1995 e em 2004
registrou participação de 11%;
- a variação do PIB mostrou-se suficiente na influência dos índices de crescimento do
consumo final de energia no Setor Residencial. As taxas estimadas de crescimento do
PIB de 5,2%, 3,7% e 2,2% respectivamente para os Cenários Alto, Básico e Baixo, ao
longo do período de estudo (2004 a 2025) implicaram no crescimento do consumo final
de energia em 69%, 38% e 15%, respectivamente;
- somente em energia elétrica a economia de energia no Cenário de Conservação de
Energia no período estudado é de 273 mil tEP o que equivale a aproximadamente 3.179
GWh;
- as taxas de crescimento do consumo final de energia elétrica nos três cenários também
merecem especial atenção para a elaboração de políticas energéticas pelo governo do
Estado, voltadas para a geração e produção de energia;
104
_________________________________________________________________________
- a energia solar deverá assumir uma participação cada vez mais efetiva na redução do
consumo, especialmente de energia elétrica, devendo, para tanto, ser incentivada e
contabilizada nos próximos balanços energéticos. Pela falta de dados consistentes (em
particular, dados históricos registrados nos balanços energéticos a respeito da
penetração de aquecedores solares nas matrizes energéticas) não foi possível considerar
a energia solar no presente estudo;
- o rendimento médio do Setor Residencial, tomado pela razão entre a demanda de
energia útil e o consumo final de energia, apresenta valores crescentes para o horizonte
de estudo. Conforme visto, tem-se um rendimento médio de aproximadamente 30%
nos Cenários Macroeconômicos, no ano base de 2004 e deverá ser, no ano de 2025,
próximo de 43%, 47% e 39%, respectivamente nos Cenários Básico, Alto e Baixo.
As poucas comparações realizadas no Capítulo 6 mostraram-se condizentes com a
ordem de grandeza em relação aos estudos precedentes, levando-se em consideração que
cada um adotou premissas próprias e relevantes conforme os dados disponíveis à época de
sua elaboração.
7.3 Recomendações
No que diz respeito ao uso do programa ENPEP no Departamento de Engenharia
Nuclear, seria interessante a formação de uma equipe multidisciplinar para a avaliação e
discussão dos temas que envolvem o trabalho de planejamento. Isso significa sinergia com
outros departamentos na Universidade Federal de Minas Gerais para que questões
econômicas, energéticas e sociais possam ser discutidas amplamente dentro das
competências de seu corpo docente e discente.
O trabalho de planejamento é um processo contínuo e, como tal, demanda
atualização permanente de dados de qualidade; da mesma forma é necessário monitorar os
avanços tecnológicos dos equipamentos de demanda de energia, bem como reavaliar o
modelo de simulação, introduzindo alterações necessárias para que seus resultados sejam
os mais confiáveis, ou seja, implementar a calibração do modelo.
105
_________________________________________________________________________
A divulgação dos trabalhos realizados no Departamento de Energia Nuclear da
UFMG para a Agência Internacional de Energia Atômica – IAEA e para o Laboratório
Nacional de Argonne - ANL quanto ao uso da licença de trabalho com o Energy and
Power Evaluation Program – ENPEP seria uma forma de manter o interesse destas
instituições internacionais na produção de trabalhos na área ao mesmo tempo em que
mostra que o software está tendo utilidade acadêmica.
Dessa forma, outra necessidade gerada, que é o treinamento permanente do modelo
ENPEP, poderia ser de alguma forma pensada e formatada em conjunto com estas duas
instituições para capacitar uma possível equipe multidisciplinar na Universidade Federal de
Minas Gerais.
7.4 Sugestões para trabalhos futuros
A participação da energia solar no Setor Residencial no Estado de Minas Gerais é
um tema que deve ser mais bem estudado, uma vez que o aquecimento de água proveniente
dessa fonte energética demandaria menor consumo de energia elétrica, principalmente.
A questão da emissão de poluentes pelo Setor Residencial no Estado de Minas
Gerais é outra importante sugestão para a elaboração de estudos futuros, saber como e
quanto o meio ambiente está sendo agredido pelas emissões é relevante para um
planejamento que considere a dimensão ambiental.
Dar continuidade ao planejamento energético do Setor Residencial com dados
atualizados dos balanços energéticos do Brasil e do Estado de Minas Gerais seria muito
conveniente também, inclusive de forma a obter a calibração do modelo, podendo, talvez,
ser ampliado com a formação de novos cenários sócio-econômicos, políticos e/ou
energéticos.
106
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112
_________________________________________________________________________
APÊNDICE A – TECNOLOGIAS ATUAIS E EMERGENTES
NO HORIZONTE DE ESTUDO PARA O SETOR
RESIDENCIAL
A.1 TECNOLOGIAS ATUAIS
A.1.1 Aquecimento de água
Os aparelhos destinados ao aquecimento da água têm a finalidade de elevar a
temperatura do líquido de uma situação inicial até um valor adequado para a função a ser
desempenhada. A demanda de energia depende da diferença entre as temperaturas inicial e
final e da vazão de massa do fluido.
Os sistemas de aquecimento de água tradicionalmente comercializados e utilizados
se dividem em oito categorias: aquecimento elétrico localizado, do tipo chuveiro;
aquecimento elétrico localizado do tipo torneira (aquecedor de passagem); aquecimento
elétrico central instantâneo; aquecimento elétrico central a acumulação; aquecimento a gás
central instantâneo; aquecimento a gás central do tipo acumulação; aquecimento solar por
painel coletor; e reservatório e aquecimento por serpentina em fogão a lenha.
O sistema de aquecimento elétrico localizado do tipo chuveiro é o mais difundido,
composto basicamente por uma resistência elétrica descoberta ou blindada e conectada à
rede elétrica por intermédio de um diafragma pela passagem da água. O corpo do aparelho
é produzido em plástico. A tendência deste aparelho é o aumento da potência média para
atender a demanda de maior conforto de uso. As potências mais comuns comercializadas
podem variar de 2.800 W a 5.400 W. Estas potências são facilmente variáveis em uma
faixa próxima de 30%, alterando as características da resistência elétrica, previsto pelos
fabricantes (modos de operação inverno, verão).
O sistema de aquecimento elétrico localizado instantâneo é instalado na própria
unidade de uso (torneira) ou colocado após um registro comum. O princípio de
funcionamento é similar ao do chuveiro.
113
_________________________________________________________________________
O sistema de aquecimento central instantâneo é mais sofisticado do que os
anteriores, sendo acionado por contatores e destinado a aquecer a água instantaneamente.
Após o aquecimento, a água é distribuída em tubulações de metal até os pontos de uso. Em
relação aos sistemas anteriores, este apresenta maior potência instalada, superior a 8 kW,
conferindo as mesmas condições de conforto de um aquecedor de acumulação e
possibilidade de atendimento múltiplo em lavabo, bidê, chuveiro, pia.
O sistema de aquecimento elétrico central de acumulação opera a partir de uma
resistência elétrica comandada por um termostato, inserida num tanque de acumulação
isolado. Por manter a temperatura num valor predeterminado, a potência poderá ser menor,
em torno de 3.000 W, variando conforme a capacidade em litros do tanque. O sistema
permite atender múltiplos usos simultâneos e é capaz de suprir toda a demanda térmica de
uma residência com um único aparelho. Observa-se que este sistema possui um consumo
de energia elétrica mensal independente de haver consumo de água quente, pois as perdas e
a manutenção da temperatura ajustada não permitem o desligamento por longos períodos.
O sistema de aquecimento a gás instantâneo é composto de um pressostato que
regula a intensidade da chama em função da vazão de água desejada, uma chama piloto e
um trocador de calor ar/água que aquece a água de passagem. Abrindo-se o registro o
piloto ativa automaticamente a chama, aquecendo a água de passagem. O aparelho é, em
geral, utilizado para atender pontos múltiplos de uso. Utilizando a geração de gases
quentes seguida de troca de calor, o aquecimento a gás instantâneo é relativamente pouco
eficiente. Considerando ainda que sem uso, o piloto ligado poderá reduzir ainda mais a
eficiência. Sua grande vantagem reside na disponibilidade de água aquecida
instantaneamente sem demanda elétrica.
O sistema de aquecimento a gás de acumulação é similar à descrição do sistema
elétrico a acumulação, possuindo um reservatório, um termostato e um conjunto
queimador-piloto que proporciona a temperatura exigida. Esse tipo de sistema apresenta as
mesmas desvantagens do aquecedor elétrico a acumulação (consumo sem utilização e
perda térmica das tubulações), associadas às desvantagens típicas do aquecedor a
gás(CEESP, 1984).
O sistema de aquecimento solar utiliza o sol como fonte direta de energia. É
composto basicamente de coletores solares e de um reservatório térmico. Os coletores são
114
_________________________________________________________________________
captadores da radiação solar e a transferem para a água na forma de calor; esta água
aquecida é conduzida através de tubos para o reservatório térmico que, sendo isolado
termicamente, a conserva quente até o momento do seu uso, seja durante o dia ou à noite.
Existem duas maneiras de instalação do aquecedor solar, a primeira conhecida como
convecção livre ou termo sifão aproveita a propriedade da água de ser menos densa, (mais
leve), quando aquecida, para que num processo natural utilizando tão somente a gravidade,
sem nenhuma intervenção externa flua naturalmente para o reservatório térmico. Esta
maneira de instalação é a mais indicada em qualquer situação uma vez que não requer
nenhuma manutenção, não depende de bombas, de nenhum controle externo e depende
exclusivamente da gravidade terrestre. Para conseguirmos que esta instalação seja possível
temos que dispor todos os coletores estrategicamente em um nível mais baixo que o
reservatório. A outra maneira é a convecção forçada e é utilizada quando não se tem a
condição de altura necessária citada anteriormente. Utiliza-se então uma bomba controlada
por sensores de comando capazes de detectar quando o calor dos coletores for maior que
do reservatório para transferir a água aquecida no interior dos coletores para o
reservatório.Ao aquecedor solar normalmente é agregado um sistema, chamado de auxiliar,
que pode ter diversas outras fontes de energia, geralmente elétrica ou gás, para aquecer a
água em dias nublados ou de demanda excessiva. A Figura D1 mostra os componentes
básicos de um sistema de aquecimento termosolar.
A
B
C
D
E
F
G
H
I
-Suspiro
-Caixa de Água Fria
-Admissão de Água Fria
-Água Fria para Consumo
-Reservatório Térmico
-Resistência Elétrica
-Tubulação de Água Quente c/ Isolamento
Térmico
-Coletores Solares
-Tubulação de Consumo de Água Quente
Figura D1 – Sistema de aquecimento a energia solar
Fonte: PANTHO
115
_________________________________________________________________________
O sistema de aquecimento por serpentina é o tradicional sistema utilizado
geralmente nas moradias rurais em decorrência da ausência da eletrificação. Consiste de
um tubo metálico que circula dentro do fogão à lenha, no seu compartimento chamado
caixa de forno, onde recebe os gases quentes da combustão da biomassa que circula no
forno e saem lateralmente pela chaminé. Mesmo com sua alta popularidade é
freqüentemente substituído pelo chuveiro elétrico quando a eletrificação rural torna-se
disponível, a menos quando se trata de comunidades muito pobres.
A.1.2 Refrigeração e congelamento
A função da refrigeração e do congelamento é permitir a conservação de alimentos,
“in natura” ou preparados, reduzindo a temperatura de armazenagem. Os equipamentos
destinados a suprir a exigência de refrigeração e congelamento são relativamente recentes e
estão em plena evolução tecnológica a partir do desenvolvimento de novos motores e
compressores, portanto as duas funções não podem ser totalmente separadas.
Existe no mercado a geladeira convencional, que possui compartimento
intermediário a média temperatura e compartimento inferior para verduras. Com o
crescimento da necessidade de congelamento, ocasionada pela alteração dos hábitos, o
mercado se diversificou, criando produtos específicos (“freezers”). Por outro lado surgiu a
linha de refrigeração e congelamento com as geladeiras de duas portas. Atualmente o
mercado disponibiliza os seguintes produtos: geladeira convencional, com área do
evaporador a –8ºC, compartimento dos alimentos a 4ºC e compartimento de verduras de 8
a 12ºC ; geladeira de duas portas, com duplo evaporador, compartimento separado a –18ºC,
compartimento central a 4ºC e compartimento inferior a 8ºC e, finalmente, o congelador
(“freezer”), constituído de um único compartimento mantido a –18ºC (CEESP, 1984).
Fixada a temperatura de expansão, que é determinada pela finalidade para qual se
destina o equipamento e assumindo as condições padrões de projeto, a principal variável
que afeta o consumo de energia é o isolamento térmico pois determinará a perda térmica
para o ambiente e isto significa acionamento do compressor elétrico.
Em termos de consumo de energia, esta classe de equipamentos é responsável pela
grande demanda de energia em residências pelo fato de estar condicionada ao
116
_________________________________________________________________________
funcionamento contínuo, ou seja, acionamento cíclico do compressor para manutenção da
temperatura interna.
A.1.3 Cocção
A cocção é o processo no qual os alimentos sofrem, pela ação do calor, uma série
de transformações físico-químicas que os tornam mais digestivos e agradáveis ao paladar.
Na maioria dos processos de cocção, quando é exigida uma transformação química a
determinação do processo é função das variáveis: temperatura, calor e tempo. Na cocção,
além do alimento propriamente dito, é freqüente o uso de um meio de transferência de
calor, que pode entrar parcialmente no processo, como acontece com a água na
sacarificação dos amidos. Os dois meios de transferência mais usados são a água e as
gorduras. É, portanto, um sistema que abrange uma fonte de geração de calor, uma
transferência de calor da chama até a vasilha; uma transferência de calor da vasilha até o
meio de transmissão de calor; uma transferência do meio de transmissão de calor ao
alimento e finalmente uma perda de calor por evaporação e por convecção. A quantidade
de calor realmente transferida ao alimento resulta numa pequena fração, evidenciando a
pequena eficiência do processo (CEESP, 1984).
Esta consideração sobre a eficiência do processo teria um interesse puramente
teórico se a progressiva evolução dos equipamentos de cocção não estivesse promovendo
uma rápida transformação em função de inovações tecnológicas e novas concepções,
inclusive gastronômicas. De fato, quando começam a ser considerados sistemas de
cozimento distintos utilizando o fogão a lenha, fogão a gás, fogão elétrico, fornos a raios
infravermelhos e fornos de microondas, nos quais os processos de geração e transmissão de
calor são absolutamente distintos, ocorrem apreciáveis disparidades de eficiência. Ao
contrário, obtém-se uma análise mais consistente, considerando outras importantes
variáveis como: tipo de recipiente, uso ou não de tampas e uso ou não de recipientes
pressurizados (CEESP, 1984).
O fogão a gás é o equipamento mais utilizado nos processos de cocção no meio
urbano pela facilidade de aquisição do gás liquefeito de petróleo – GLP. É um
equipamento basicamente constituído de duas partes funcionais, a parte superior contendo
4 a 6 queimadores com registros de controle separados e a parte inferior composta de um
forno. Alguns modelos poderão incluir na parte superior um aquecimento elétrico, embora
117
_________________________________________________________________________
sejam pouco representativos no mercado. Contém uma lâmpada (geralmente de 40W) no
forno para visualização do alimento preparado e em alguns modelos certas inovações
podem trazer o grill, que é a possibilidade de aquecer a partir de uma chama superior e não
inferior, o espeto rotativo e a circulação forçada do ar, permitindo a utilização simultânea
do forno para assar pratos diferentes.
O uso da eletricidade nos processos de cocção pode ser separada em dois grupos de
equipamentos: de finalidade genérica (do tipo fogão ou fogareiro elétrico) e de finalidade
específica (tostador de pão, frigideira, miniforno, etc). Esta distinção é importante por uma
dupla razão. Primeiro, porque a eficiência relativa dos aparelhos comercializados é em
geral superior à do fogão convencional, e segundo, porque os aparelhos especializados
tendem a ser complemento da cocção a gás, aliviando parcialmente o consumo deste
combustível, sem substituí-lo (CEESP, 1984).
O fogão e o fogareiro elétrico são conceitualmente equipamentos de concepção
similar ao fogão a gás, sendo compostos de uma fonte de calor que é uma resistência
elétrica descoberta ou uma resistência blindada ou até mesmo uma resistência elétrica
protegida por uma chapa de aço difusora de calor sobre a qual é colocada a vasilha. O
processo de transmissão de calor realiza-se de uma forma similar à verificada no fogão a
gás, porém a resistência elétrica apresenta a vantagem de permitir uma maior proximidade
da vasilha à fonte de calor e de eliminar a circulação de ar exigida pela combustão no caso
do gás.
O forno de microondas é um equipamento de cocção alimentado por energia
elétrica mais recente nos domicílios e possui tecnologia inovadora. É basicamente
composto de um gerador de microondas, um gabinete e um temporizador. O
funcionamento do sistema é baseado na propriedade que a maioria dos alimentos têm de
absorção da energia eletromagnética, transformando-a em calor por atrito das moléculas.
As microondas emitidas são distribuídas por um guia de onda no interior do gabinete no
qual são refletidas pelas paredes do forno até encontrarem o alimento que as absorve,
transformando-as em calor. Neste processo três elementos proporcionam uma elevada
eficiência de cocção. Primeiro, devido ao elevado índice de transferência de energia ao
alimento: praticamente toda energia contida nas microondas é concentrada no alimento.
Segundo, porque não são utilizadas vasilhas e não existe meio de transferência de calor,
reduzindo ao máximo a perda por inércia térmica de vasilhas, água ou gordura existentes
118
_________________________________________________________________________
no processo convencional. E terceiro, devido à redução de perdas por convecção a partir do
alimento, pois o processo de aquecimento se verifica a partir das camadas internas para as
externas e não vice-versa, como nos processos tradicionais (CEESP, 1984).
Mesmo fazendo parte da história dos hábitos alimentares dos brasileiros, é cada vez
mais difícil encontrar um fogão a lenha, especialmente no meio urbano. Junta-se a isso,
ainda, um certo mito de que se trata de uma forma muito trabalhosa e antiga de cozinhar,
embora seja também bastante criativa. Construído em alvenaria, o fogão funciona com
queimadores de ferro unidos numa única chapa e colocados sobre a lenha, assentada numa
cavidade própria. Por dentro da câmara de tijolos, ao lado dos queimadores, há um cubo
formado por placas de ferro, que é o forno propriamente dito. O calor que emana da lenha
tem apenas duas saídas: a dos queimadores, para cima, e a do forno, para o lado. As ondas
quentes circulam justamente entre a parede de tijolos e as placas de ferro, criando algo
como uma corrente de calor. Quanto à fumaça, após ter percorrido todo esse trajeto, seu
destino final é a pequena chaminé. Mas ela também pode ser aproveitada na defumação de
carnes. Entretanto, a fumaça deixa os utensílios recobertos com um material escuro que
atua como um isolante térmico. Dessa forma, faz-se necessária uma quantidade de lenha
maior para cozinhar o mesmo alimento.
A.1.4 Iluminação
A iluminação de interiores de residências exige a disponibilidade de luz natural,
artificial ou ambas e está diretamente relacionado ao conforto e bem estar das pessoas.
Objeto de estudo da arquitetura bioclimática, o conforto térmico e luminoso de residências
apresenta inovações na disposição das fontes luminosas, distribuindo de forma adequada o
fluxo luminoso no desempenho das atividades domésticas.
A iluminação pode ser analisada tanto sob o aspecto quantitativo quanto qualitativo.
O quantitativo diz respeito ao nível de iluminação no plano de trabalho, medido em lux. As
propriedades qualitativas da iluminação incluem: a distribuição e direção da luz, os
contrastes de luminância nos campos de visão e a cor de luz. Neste ponto as características
construtivas assumem relevante papel, uma vez que as superfícies do teto e das paredes
influem decisivamente na absorção e reflexão da luz em seus diversos modos de
distribuição: direta, semidireta, indireta, semi-indireta e difusa (CEESP, 1984).
119
_________________________________________________________________________
As normas construtivas estabelecem valores mínimos de iluminação medidos em
lux, para a elaboração de projetos conforme o ambiente de uma residência, normalmente
variando entre 100 a 500 lux. Um aspecto de iluminação estudado nos últimos anos está
relacionado entre o nível de iluminação e a idade do observador. Para tanto, as
recomendações geralmente aceitas são baseadas no comportamento dos olhos de uma
pessoa de idade média. Para possibilitar que objetos pequenos ou grandes sejam vistos com
o mesmo grau de visibilidade as pessoas idosas necessitam de um nível de iluminação
consideravelmente maior do que as mais jovens.
A reprodução de cores é essencial na determinação da atmosfera que se deseja criar
nos ambientes e na observação de objetos dispostos. Este é um parâmetro determinante na
escolha do tipo de lâmpada. A luz é uma radiação emitida na região visível do espectro
eletromagnético, entre 380 a 780 nanômetros (nm), podendo ser decomposta nas cores
básicas: violeta, azul, verde, amarela, laranja e vermelha. Cada cor ocupa certo
comprimento de onda na faixa visível e a contribuição de todas elas produz a luz branca. A
sensibilidade visual do ser humano indica que no centro do espectro, em torno de 550 nm,
encontra-se a maior sensibilidade, exatamente nas cores verde/amarelo, sendo que nos
extremos, cores violeta e vermelho, a sensibilidade vai reduzindo (CEESP, 1984).
Em uma residência urbana ou rural pode-se encontrar com facilidade os seguintes
dispositivos para iluminação de ambientes: lâmpada incandescente, lâmpada fluorescente,
lâmpada compacta, lampião a querosene e lampião a gás.
A lâmpada incandescente consiste de um filamento de tungstênio inserido num
bulbo de vidro contendo gás inerte ou vácuo. Quando a lâmpada é ligada a um circuito
elétrico a corrente elétrica que passa através do filamento produzirá aquecimento à elevada
temperatura o que dá origem à luz emitida. Grande parte da energia fornecida à lâmpada é
dissipada por efeito Joule; apenas uma pequena parte é convertida em energia luminosa.
A lâmpada fluorescente é constituída de um tubo de vidro cheio de vapor de
mercúrio e gás inerte (argônio, criptônio, néon, etc) a baixa pressão. Nas extremidades
estão os dois contatos de cada lado que são os eletrodos de tungstênio revestidos de uma
substância emissora. A parede interna do tubo é revestida com uma camada de pó
fluorescente. O início de funcionamento da lâmpada fluorescente ocorre quando fluem
elétrons entre os eletrodos que, ao atravessarem o tubo, colidem com os átomos de
120
_________________________________________________________________________
mercúrio ali existentes, retirando elétrons de sua órbita original; cada elétron ao retornar
para sua órbita libera energia adquirida no choque em forma de radiação. Essa radiação
liberada compreende uma pequena parte de luz visível e uma grande parte de luz invisível
ultravioleta que, ao atingir o pó fluorescente existente na parede do tubo, converte-se em
luz visível. Em geral, são lâmpadas que fornecem bons índices de iluminação (maior
eficiência) a baixa potência, se comparada com a incandescente. Seu tempo de vida útil
também é maior.
A lâmpada fluorescente compacta é baseada no mesmo princípio de funcionamento
da lâmpada fluorescente, é um degrau de evolução em relação a esta última. Possui um
reator eletrônico incorporado para o acionamento e tem boa aceitação no mercado por sua
intensidade luminosa, tempo de vida útil e economia de energia.
Completando os equipamentos utilizados para iluminação residencial, ainda
existem em menor proporção nas residências, os lampiões a querosene e a gás que são
tradicionais e de concepção simples. Possuem um pavio para a queima do combustível para
a conseqüente emissão luminosa. Por emitirem gases de combustão são perigosos se
utilizados em ambientes fechados. A presença destes equipamentos é mais freqüente no
meio rural, onde não há eletrificação.
A.2 TECNOLOGIAS EMERGENTES NO HORIZONTE DE ESTUDO
A educação das pessoas é uma premente necessidade de um novo modo de
interação com as questões energéticas e é tão importante quanto o desenvolvimento de
tecnologias modernas, constituindo-se num desafio para a implementação de políticas
educacionais e sociais.
Os equipamentos de uso final de energia apresentam grande diversidade
tecnológica e grande potencial de introdução de alternativas e modificações. A vantagem
competitiva está no aprimoramento tecnológico de equipamentos que demandem menos
energia, redução de consumo específico (ou aumento da eficiência energética) e na redução
de emissões de poluentes.
121
_________________________________________________________________________
Mesmo com o aprimoramento das características técnicas nos últimos anos, grande
parte dos equipamentos e processos utilizados nos dias de hoje foi desenvolvida numa
época de farta oferta de energia barata e quando as preocupações ambientais ou não
existiam ou eram pouco compreendidas. Estes são os principais motivos pelos quais
existem tantas oportunidades na economia de energia nos processos e equipamentos.
Atualmente, a eficiência de conversão média de energia primária em energia útil é de
aproximadamente um terço (33%). Em outras palavras, dois terços da energia primária são
dissipados no processo de conversão, principalmente sob a forma de calor a baixas
temperaturas. Nos próximos 20 anos, a quantidade de energia primária poderá ser reduzida
de 25% a 35% nos países industrializados com ganhos econômicos significativos. Nos
países em desenvolvimento, que se caracterizam por um alto índice de crescimento
econômico e também por uma grande presença de equipamentos obsoletos, os potenciais
de melhoria são ainda maiores, entre 30% e 45% (GOLDEMBERG, 2001).
Aproximadamente 20% de toda a energia usada nos países da União Européia é
consumida em casas e apartamentos, sendo que a situação não é muito diferente no resto
do mundo. Nos países industrializados, onde o problema de moradia da população já foi
em boa parte resolvido, a tarefa é, principalmente, readaptar as construções existentes, o
que poderá significar considerável economia de energia. Nos países em desenvolvimento,
cujo problema é diferente porque há um enorme “déficit” de moradias, grandes economias
podem ser obtidas melhorando o projeto e a construção de novos prédios
(GOLDEMBERG, 2001).
Essa é uma área muito promissora, pois a experiência mostra que para construir um
prédio mais eficiente custa apenas um pequeno percentual a mais do que um convencional.
No aspecto regulatório, ações importantes podem ser tomadas, tais como:
- códigos de construção para os prédios existentes;
- códigos de construção para novos prédios (bem rigorosos, pois seria mais caro
retardar sua introdução e depois adicionar melhorias comparáveis em prédios
existentes);
- certificados energéticos para os prédios;
- incentivos financeiros (redução de impostos, financiamento) para prédios
energeticamente eficientes.
122
_________________________________________________________________________
Na Suíça, por exemplo, os prédios comerciais construídos atualmente consomem,
por metro quadrado, apenas metade da energia consumida 25 anos atrás, o que foi obtido
graças a códigos de construção mais rigorosos.
No que concerne a tecnologias específicas, há três áreas principais de ação:
aparelhos domésticos, iluminação e aquecimento ambiental.
Os aparelhos domésticos, especialmente os elétricos, estão sendo cada vez mais
utilizados. Há, portanto, amplas oportunidades para melhorias técnicas em cada uma das
seguintes áreas:
- refrigeração: incorporando isolamento livre de CFC que é mais eficiente, usando
aerogel, e painéis cheios de gás e placas de vácuo;
- novos tipos de aparelhos para cozinhar (microondas avançados, indução
eletromagnética) e isolamento do forno melhorado;
- aquecedores a lenha eficientes;
- máquinas de lavar modernas: exigindo menos água para aquecer, temperaturas de
lavagem menores e secagem mecânica a velocidades de rotação maiores, que
reduzem as necessidades térmicas;
- aparelhos de televisão e computadores com baixo consumo de energia;
- equipamentos de escritório (aparelhos de fax e outros com perdas reduzidas em
standy-by”).
A iluminação é uma área na qual o potencial para se economizar energia pela
readaptação de velhos sistemas é substancial. São possíveis até economias maiores com a
incorporação de “arquitetura solar passiva” no projeto de novos prédios. As áreas
específicas são:
- lâmpadas e refletores de alta eficiência;
- controle automático da iluminação artificial como uma função da luz do dia;
- sensores que controlam a iluminação de um ambiente de acordo com a sua
ocupação;
- sistemas avançados de controle de luz mais próxima.
123
_________________________________________________________________________
Aquecimento ambiental e água quente são freqüentemente produzidos em conjunto.
Assim, as técnicas para melhorar a eficiência podem ser aplicadas simultaneamente a
ambos. Exemplos são os seguintes:
- Aquecedores de água com condensadores;
- Aquecedores de água solares;
- Aquecimento distrital;
- Bombas térmicas avançadas com custo competitivo para fornecer aquecimento e
refrigeração;
- Reaproveitamento do calor desperdiçado por condicionadores de ar, sistemas de
refrigeração, etc., para aquecimento de água local (GOLDEMBERG, 2001).
As melhorias já existentes para os fogões a lenha permitirão maior economia, com
menor gasto de lenha; são menos contaminantes, com baixa emissão de fumaça; são mais
limpos, sem contato com a fumaça e nem com a fuligem no ambiente da cozinha; práticos,
permitindo o uso múltiplo com pequenos ou grandes utensílios ou mesmo cozinhando
direto na chapa e portáteis, permitindo sua recolocação em diferentes lugares.
O elemento dificultador para a aplicação de novas tecnologias está no custo final de
comercialização. De fato, é necessária uma nova postura do consumidor frente uso das
novas tecnologias, valorizar as novas percepções energéticas do espaço construído na
arquitetura dos domicílios e buscar maior grau de consciência coletiva na utilização da
energia nas residências.
Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA, 2003), os Setores Residencial e
Comercial sofrerão grandes melhorias nas eficiências de seus equipamentos. A difusão da
co-geração, capaz de produzir tanto calor quanto eletricidade a partir de uma única fonte de
calor, deverá ser substancialmente utilizada em residências. Grande parte do mercado
residencial e comercial poderá ser atendido por células a combustível estacionárias de alta
eficiência. Projetos arquitetônicos eficientes integrando aquecimento solar e células
fotovoltaicas poderão ter grande penetração no mercado. Nos países em desenvolvimento
maneiras mais efetivas de transformar a biomassa em energia poderão aumentar a
eficiência de todo o processo, resultando na diminuição de poluentes do ar em ambientes
124
_________________________________________________________________________
fechados e, por conseqüência, dos efeitos sobre a saúde das pessoas. Ao mesmo tempo
reduz a carga diária de trabalho de coleta da biomassa (tarefa realizada na maioria das
vezes por mulheres) e reduz a possibilidade de desertificação do solo.
Ainda segundo a IEA, os equipamentos elétricos e não elétricos deverão melhorar
suas eficiências a partir do estabelecimento de padrões definidos através de políticas
específicas.
Num mundo em que a consciência ambiental é crescente, as pessoas precisam ser
educadas e informadas continuamente, além disso devem se manter atualizadas quanto às
conseqüências de seus hábitos e estilos de vida.
As inovações tecnológicas desenvolvidas nos países do primeiro mundo são
freqüentemente introduzidas com as devidas adaptações nos países pobres e em
desenvolvimento, o que significa que pesquisas de tecnologias emergentes se tornam
excelentes indicadores de modificações do mercado de equipamentos em geral.
Neste sentido, a ACEEE (2004) relaciona as principais pesquisas que poderão
alterar produtos e entrar nos próximos anos no mercado residencial e comercial nos
Estados Unidos.
Nesta publicação, destacam-se, para o Setor Residencial:
- Aparelhos eletrônicos domésticos com demanda de energia de 1 W ou menos no modo
de espera (“standby mode”): a potência elétrica no modo de espera é aquela
consumida pelos equipamentos de uso final quando estão desligados de sua função
principal e podem variar na faixa de 0,5 a 30 W por aparelho. É crescente o número de
aparelhos domésticos com esta característica, nos Estados Unidos estima-se uma
demanda de 50 a 70 W/hora por domicílio atualmente ou aproximadamente 5% do
consumo médio de eletricidade. Estima-se um consumo anual nos EUA somente em
modo de espera de 600 kWh por ano por domicílio e que poderia ser reduzido a menos
de 200 kWh por ano (mais de 65% de redução) se apenas este item de 1 W em modo de
espera fosse implantado.
- Refrigerador com demanda de 1 kWh/dia ou menos: com o padrão atual de eficiência
para refrigeradores nos EUA obtém-se 1,36 kWh/dia. Com o desenvolvimento de
125
_________________________________________________________________________
compressores de modulação linear, aumentando a sua eficiência e utilizando painel
isolante de vácuo no lugar de espuma isolante, poderá ser atingida a meta de 1
kWh/dia, alcançando uma redução de 30% do consumo de energia anual.
- Desenvolvimento de motores de alto rendimento para aplicação em diversos
equipamentos domésticos como lavadoras, ventiladores, liquidificadores, etc.
- Lâmpada fluorescente e reator eletrônico de alta eficiência, alcançando 100
lumens/W, com vida útil em torno de 30.000 horas.
- Lâmpada de halogênio com refletor infravermelho - HIR A-lamps: é semelhante à
lâmpada incandescente, mas contém um filamento de tungstênio e halogênio revestido
num filme dentro de uma cápsula de halogênio. Este filme de revestimento reflete a
energia infravermelha de volta para o filamento da lâmpada, o que faz com que a
lâmpada aqueça mais, aumentando a sua eficácia. Este modelo de lâmpada já foi
experimentado, mas ainda esbarra na questão de custo, pois ela é de 6 a 7 vezes mais
cara que a incandescente. Considerando uma utilização de 3 horas por dia numa
comparação entre uma lâmpada incandescente de 75 W e uma HIR A de 60 W (esta
provê de 20 a 25 lumens/W a mais) aponta para uma economia de 16 kWh/ano a favor
da HIR A.
- LED (light emitter diode) - Diodos emissores de luz branca: são dispositivos de estado
sólido que têm a característica de emissão de luz quando excitados eletricamente. O
aumento da quantidade de lumens emitida pelo dispositivo tem sido promissor na
substituição de lâmpadas incandescentes com grandes vantagens, pois a durabilidade
de um LED pode alcançar 50.000 horas de funcionamento. A eficiência média de 25
lumens/W é superior à das incandescentes e halógenas, mas ainda bem inferior à das
lâmpadas fluorescentes. Outro aspecto a ser investigado no LED é sua propriedade
direcional de emissão de luz, que dificulta uma comparação precisa no sistema
fotométrico (lumens/W) usado nas fontes tradicionais de luz.
- Co-geração (CHPCombined Heat and Power) – Dispositivo que combina geração
de eletricidade e calor utilizando célula a combustível na aplicação especificamente
doméstica. A célula a combustível promete geração eficiente, silenciosa e limpa de
eletricidade.
126
_________________________________________________________________________
- Refrigeração a estado sólido: existe uma linha de pesquisa que desenvolve dispositivos
de resfriamento termoelétrico com alta eficiência chamados “Cool Chips
TM
.” Esses
dispositivos usam a corrente elétrica para mover elétrons de alta energia (e seu calor
associado) através de uma junção entre dois semicondutores, usando nanotecnologia. O
resultado é um coeficiente de desempenho para resfriamento (COP – coefficient of
performance) duas vezes maior do que o de sistemas de resfriamento mecânico
convencional. Essa tecnologia oferece custos de manutenção e operação reduzidos (não
existem partes móveis), operação silenciosa, reduzido espaço necessário e
conformidade às leis de emissões ambientais (não há fluido refrigerante, vazamentos).
A pesquisa indica uma eficiência entre 50 a 55% da máxima eficiência teórica de
Carnot, podendo alcançar 70 a 80%, aproximadamente 50% melhor do que aparelhos
convencionais de refrigeração.
- Tecnologias inerentes à construção civil, como materiais, procedimentos e novos
conceitos, resultando em melhorias como o conforto térmico, evitando grandes
transferências de calor.
127
_________________________________________________________________________
APÊNDICE B - MÉTODOS DE ESTIMATIVA DE TAXAS DE
CRESCIMENTO
Um estudo de planejamento energético requer a elaboração de projeções de taxa de
crescimento, e, portanto, um modelo matemático para efetuar esses cálculos. Há, contudo,
diferentes formas de se calcular uma taxa de crescimento, que podem produzir o mesmo
resultado ou diferenças que podem ser desconsideradas.
O emprego de um método específico de cálculo depende do caso particular em
análise.
A oferta e a demanda de energia podem ser comparadas a um sistema causal
relacionado com o tempo que influencia os dados passados e provavelmente os futuros,
criando padrões não aleatórios, mais ou menos constantes. A análise desses dados por meio
de séries temporais, que são um conjunto ordenado no tempo de observações sobre uma
variável, e registrado em períodos regulares, consiste em observar e identificar os padrões
de comportamento não aleatórios na série temporal de uma variável de interesse, e a partir
daí, fazer previsões sobre o futuro (REIS, 2004)
Ainda segundo REIS (2004), as séries temporais são compostas basicamente de
quatro padrões: tendência, variações cíclicas, variações sazonais e variações irregulares,
conforme descritos abaixo:
Tendência (T): É o comportamento observado no longo prazo podendo ser causado por
aspectos que afetem a variável de interesse no longo prazo, como o crescimento
demográfico, ou mudança gradual de hábitos de consumo, etc.
Variações Cíclicas (C): São flutuações nos valores da variável com duração superior a um
ano, e que se repetem com certa periodicidade, como variações da economia, como
crescimento ou recessão, etc.
V
ariações Sazonais (S): São flutuações nos valores da variável com duração inferior a um
ano, e que se repetem todos os anos, como questões climáticas, etc.
128
_________________________________________________________________________
Variações Irregulares (I): São flutuações inexplicáveis, resultantes de fatos fortuitos e
inesperados, como catástrofes naturais, atentados, etc.
Ao analisar uma série temporal (ver Anexo A), podemos separar a tendência das
variações para avaliar o seu comportamento e utilizá-la nas previsões, além de poder
avaliar melhor as demais componentes.
A utilização do método de regressão linear, usada neste estudo, equivale a forçar a
reta pelos pontos extremos da série, sem levar em conta a informação proporcionada pelos
valores intermediários, com a vantagem de proporcionar uma medida do ajustamento da
reta, mas com a desvantagem de produzir valores de crescimento muito discrepantes da
tendência, se forem utilizados valores extremos que não acompanhem a série. Por isso a
importância de se verificar as variações e separá-las antes da aplicação do modelo
(FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 1978)
Quando se tem uma série de t observações anuais a
1
, a
2
,..., a
t
e se deseja calcular
sua taxa de crescimento, i, geralmente utiliza-se a seguinte fórmula:
1
1
1
1
=
t
t
a
a
i
onde: t = número de observações disponíveis,
t-1 = número de anos transcorridos entre a primeira e a t-ésima observação.
As projeções dos parâmetros (PIB, preços, oferta de energia) para o horizonte de
planejamento foram calculadas seguindo a equação:
(
)
n
tp
iaa += 1
onde: n = número de anos transcorridos entre a última observação e o ano projetado.
a
t
= valor observado no ano base,
a
p
= valor do parâmetro projetado.
129
_________________________________________________________________________
APÊNDICE C – PLANILHAS UTILIZADAS A PARTIR DOS
RESULTADOS DO MÓDULO BALANCE
Cenário Alto – Quantidades em tEP:
Alto Export to TXT Links quantities 4-Aug-06 21:14
Base Nb of Nb of
Year Years Links Unit
2004 22 33 toe
Link Node Src. Src. Type Node Dst. Dst. Type Sector Src
.
Sector Dst
.
2004 2005 2010 2015 2020 2025
C1 D1 AL DEM1 DE RES RES 79935.23 79455.61 77100.38 74814.96 72597.28 70445.34
C10 D3 AL DEM3 DE RES RES 217053.2 228557.1 295894.2 383070.2 495929.8 642039.9
C11 P3 PR D3 AL RES RES 53174.4 58592.06 88909.08 123889.6 162475.2 204127.3
C12 P6 PR D3 AL RES RES 193477 200806.3 244870.5 305718.8 390622 508136.9
C13 D3 AL DEM 9 DE RES RES 29598.17 30841.29 37885.34 46538.22 57167.39 70224.22
C14 D2 AL P3 PR RES RES 91680 101020.8 153291.5 213602.7 280129.6 351943.5
C16 D4 AL DEM4 DE RES RES 1733.56 1750.896 1840.209 1934.078 2032.735 2136.425
C17 P7 PR D4 AL RES RES 210.1 204.2 177.2 153.7 133.4 115.7
C18 P8 PR D4 AL RES RES 1200 1166 1012 878 762 661
C19 D7 AL D4 AL RES RES 323.46 380.6956 651.0089 902.3781 1137.335 1359.725
C2 P1 PR D1 AL RES RES 201400 197775 180604 164924 150606 137531
C20 QUEPR RS D8 AL RES RES 3000 2915 2530 2195 1905 1652.5
C21 D5 AL P6 PR RES RES 203660 211375 257758.4 321809.3 411181.1 534881
C22 D7 AL DEM5 DE RES RES 3270.54 3430.796 4357.851 5535.411 7031.165 8931.095
C23 P9 PR D7 AL RES RES 3594 3811.492 5008.86 6437.788 8168.5 10290.82
C24 D5 AL P9 PR RES RES 71880 76229.84 100177.2 128755.8 163370 205816.4
C25 EEIMP RS D5 AL RES RES 0 6282.083 45667.73 102309.8 183438.1 298974.1
C26 EEPRO RS D5 AL RES RES 599000 621926.2 754414.4 924543.5 1144850 1430479
C27 P10 PR DEM6 DE RES RES 85657 90967.73 122888.1 166009.3 224261.7 302954.7
C28 D5 AL P10 PR RES RES 155740 165395.9 223433 301835.2 407748.6 550826.7
C29 P11 PR DEM7 DE RES RES 19767 20043.74 21486.64 23033.41 24691.53 26469.02
C3 L+CV RS P1 PR RES RES 2014000 1977750 1806040 1649240 1506060 1375310
C30 D5 AL P11 PR RES RES 35940 36443.16 39066.62 41878.93 44893.7 48125.49
C31 P12 PR DEM8 DE RES RES 79068 83258.6 107788.1 139544.5 180657 233881.9
C32 D5 AL P12 PR RES RES 131780 138764.3 179646.9 232574.2 301094.9 389803.1
C33 QUEIM RS D8 AL RES RES 0 0 0 0 0 0
C34 D8 AL P8 PR RES RES 3000 2915 2530 2195 1905 1652.5
C35 GLPPR RS D2 AL RES RES 451000 460922 492732.6 548671.7 612306.4 684430.9
C4 D1 AL DEM2 DE RES RES 491030.7 514600.1 650543.5 822399.3 1039655 1314303
C5 P2 PR D1 AL RES RES 369565.9 396280.8 547039.8 732290.3 961646 1247218
C7 D2 AL P2 PR RES RES 671938 720510.5 994617.9 1331437 1748447 2267668
C8 GLPIM RS D2 AL RES RES 313000 360980.5 655499 996647.4 1416513 1935391
C9 D2 AL P7 PR RES RES 382 371.2727 322.1818 279.4545 242.5455 210.3637
130
_________________________________________________________________________
Cenário Básico – Quantidades em tEP:
Basic Export to TXT Links quantities 4-Aug-06 21:13
Base Nb of Nb of
Year Years Links Unit
2004 22 33 toe
Link Node Src. Src. Type Node Dst. Dst. Type Sector Src
.
Sector Dst
.
2004 2005 2010 2015 2020 2025
C1 D1 AL DEM1 DE RES RES 79935.23 79615.49 78035.86 76487.58 74970.02 73482.57
C10 D3 AL DEM3 DE RES RES 217053.2 225301.3 271487.8 327142.6 394206.6 475018.7
C11 P3 PR D3 AL RES RES 53174.4 57776.43 81730.4 106155.8 129752.5 151915.2
C12 P6 PR D3 AL RES RES 193477 198010.9 225099.2 261957.6 311950.4 378164.8
C13 D3 AL DEM 9 DE RES RES 29598.17 30486.11 35341.76 40970.79 47496.37 55061.31
C14 D2 AL P3 PR RES RES 91680 99614.53 140914.5 183027.2 223711.3 261922.8
C16 D4 AL DEM4 DE RES RES 1733.56 1745.695 1807.656 1871.816 1938.253 2007.048
C17 P7 PR D4 AL RES RES 210.1 204.8 180.5 159 140.1 123.5
C18 P8 PR D4 AL RES RES 1200 1170 1031 908 800 705
C19 D7 AL D4 AL RES RES 323.46 370.8949 596.1556 804.8156 998.1527 1178.548
C2 P1 PR D1 AL RES RES 201400 198379 183940 170552 158139 146629
C20 QUEPR RS D8 AL RES RES 3000 2925 2577.5 2270 2000 1762.5
C21 D5 AL P6 PR RES RES 203660 208432.6 236946.5 275744.9 328368.9 398068.2
C22 D7 AL DEM5 DE RES RES 3270.54 3385.009 4020.329 4774.889 5671.071 6735.453
C23 P9 PR D7 AL RES RES 3594 3755.904 4616.484 5579.705 6669.223 7914.001
C24 D5 AL P9 PR RES RES 71880 75118.08 92329.69 111594.1 133384.5 158280
C25 EEIMP RS D5 AL RES RES 0 6192.302 41890.63 87294.64 145476.8 220192.2
C26 EEPRO RS D5 AL RES RES 599000 613037.9 692017.9 788855.6 907930.6 1053537
C27 P10 PR DEM6 DE RES RES 85657 89425.91 110908.8 137552.5 170596.8 211579.4
C28 D5 AL P10 PR RES RES 155740 162592.6 201652.3 250095.4 310176 384689.8
C29 P11 PR DEM7 DE RES RES 19767 19964.67 20983.07 22053.42 23178.36 24360.69
C3 L+CV RS P1 PR RES RES 2014000 1983790 1839400 1705520 1581390 1466290
C30 D5 AL P11 PR RES RES 35940 36299.4 38151.03 40097.12 42142.48 44292.17
C31 P12 PR DEM8 DE RES RES 79068 82072.58 98897.4 119171.3 143601.3 173039.5
C32 D5 AL P12 PR RES RES 131780 136787.6 164829 198618.8 239335.5 288399.1
C33QUEIMRSD8ALRESRES 000000
C34 D8 AL P8 PR RES RES 3000 2925 2577.5 2270 2000 1762.5
C35 GLPPR RS D2 AL RES RES 451000 460922 484345.5 538829 600126.6 668991
C4 D1 AL DEM2 DE RES RES 491030.7 507725.7 600111.4 709307.5 838372.9 990923.1
C5 P2 PR D1 AL RES RES 369565.9 388962.2 494207.2 615243.1 755203.9 917776.6
C7 D2 AL P2 PR RES RES 671938 707204 898558.6 1118624 1373098 1668685
C8 GLPIM RS D2 AL RES RES 313000 346268.9 555455.8 763111.1 996937.5 1261841
C9 D2 AL P7 PR RES RES 382 372.3637 328.1818 289.091 254.7273 224.5455
131
_________________________________________________________________________
Cenário Baixo – Quantidades em tEP:
Baixo Export to TXT Links quantities 4-Aug-06 21:13
Base Nb of Nb of
Year Years Links Unit
2004 22 33 toe
Link Node Src. Src. Type Node Dst. Dst. Type Sector Src
.
Sector Dst
.
2004 2005 2010 2015 2020 2025
C1 D1 AL DEM1 DE RES RES 79935.23 79775.36 78980.79 78194.13 77415.31 76644.25
C10 D3 AL DEM3 DE RES RES 217053.2 221828.4 247327.1 275756.7 307454.3 342795.5
C11 P3 PR D3 AL RES RES 53174.4 56911.76 74655.48 89908.25 101883.1 110579
C12 P6 PR D3 AL RES RES 193477 195047.6 205613.7 221864 244947 275266
C13 D3 AL DEM 9 DE RES RES 29598.17 30130.94 32942.12 36015.58 39375.79 43049.51
C14 D2 AL P3 PR RES RES 91680 98123.73 128716.3 155014.2 175660.6 190653.5
C16 D4 AL DEM4 DE RES RES 1733.56 1740.494 1775.584 1811.381 1847.899 1885.154
C17 P7 PR D4 AL RES RES 210.1 205.9 186.1 168.2 152.1 137.5
C18 P8 PR D4 AL RES RES 1200 1176 1063 961 868 785
C19 D7 AL D4 AL RES RES 323.46 358.5942 526.4837 682.1807 827.7992 962.6541
C2 P1 PR D1 AL RES RES 201400 198983 187327 176354 166024 156299
C20 QUEPR RS D8 AL RES RES 3000 2940 2657.5 2402.5 2170 1962.5
C21 D5 AL P6 PR RES RES 203660 205313.2 216435.5 233541.1 257838.9 289753.6
C22 D7 AL DEM5 DE RES RES 3270.54 3339.221 3704.878 4110.575 4560.698 5060.111
C23 P9 PR D7 AL RES RES 3594 3697.816 4231.362 4792.756 5388.498 6022.765
C24 D5 AL P9 PR RES RES 71880 73956.31 84627.24 95855.12 107769.9 120455.3
C25 EEIMP RS D5 AL RES RES 0 6098.936 38251.18 73903.72 114162.2 160092
C26 EEPRO RS D5 AL RES RES 599000 603794.7 631895.6 667845.9 712494.3 765979.7
C27 P10 PR DEM6 DE RES RES 85657 87884.08 99918.76 113601.4 129157.8 146844.4
C28 D5 AL P10 PR RES RES 155740 159789.2 181670.5 206548.1 234832.4 266989.8
C29 P11 PR DEM7 DE RES RES 19767 19885.6 20489.37 21111.47 21752.46 22412.92
C3 L+CV RS P1 PR RES RES 2014000 1989830 1873270 1763540 1660240 1562990
C30 D5 AL P11 PR RES RES 35940 36155.64 37253.4 38384.5 39549.93 40750.76
C31 P12 PR DEM8 DE RES RES 79068 80807.5 90096.13 100452.5 111999.2 124873.3
C32 D5 AL P12 PR RES RES 131780 134679.2 150160.2 167420.8 186665.4 208122.2
C33QUEIMRSD8ALRESRES 000000
C34 D8 AL P8 PR RES RES 3000 2940 2657.5 2402.5 2170 1962.5
C35 GLPPR RS D2 AL RES RES 451000 460922 475701.1 528887.8 588344.6 654840.1
C4 D1 AL DEM2 DE RES RES 491030.7 500851.3 552980.3 610534.9 674079.9 744238.7
C5 P2 PR D1 AL RES RES 369565.9 381643.6 444634.1 512375.1 585471.2 664583.9
C7 D2 AL P2 PR RES RES 671938 693897.5 808425.6 931591 1064493 1208334
C8 GLPIM RS D2 AL RES RES 313000 331473.6 461779.2 558023.2 652085.6 744397.8
C9 D2 AL P7 PR RES RES 382 374.3637 338.3637 305.8182 276.5455 250
132
_________________________________________________________________________
Cenário de Conservação de Energia – Quantidades em tEP:
CE Export to TXT Links quantities 4-Aug-06 21:14
Base Nb of Nb of
Year Years Links Unit
2004 22 33 toe
Link Node Src. Src. Type Node Dst. Dst. Type Sector Src Sector Dst
.
2004 2005 2010 2015 2020 2025
C1 D1 AL DEM1 DE RES RES 79935.23 79615.49 78035.86 76487.58 74970.02 73482.57
C10 D3 AL DEM3 DE RES RES 217053.2 225301.3 271487.8 327142.6 394206.6 475018.7
C11 P3 PR D3 AL RES RES 53174.4 57776.43 82755.48 110142 139144 168842.4
C12 P6 PR D3 AL RES RES 193477 198010.9 224074.1 257971.4 302559 361237.6
C13 D3 AL DEM 9 DE RES RES 29598.17 30486.11 35341.76 40970.79 47496.37 55061.31
C14 D2 AL P3 PR RES RES 91680 99614.53 135664.7 174828.6 210824.2 248297.6
C16 D4 AL DEM4 DE RES RES 1733.56 1745.695 1807.656 1871.816 1938.253 2007.048
C17 P7 PR D4 AL RES RES 210.1 204.8 180.6 159 140.1 123.5
C18 P8 PR D4 AL RES RES 1200 1170 1031 908 800 705
C19 D7 AL D4 AL RES RES 323.46 370.8949 596.0556 804.8156 998.1527 1178.548
C2 P1 PR D1 AL RES RES 201400 198782 186193 174401 163356 153010
C20 QUEPR RS D8 AL RES RES 3000 2925 2397.674 2017.778 1666.667 1410
C21 D5 AL P6 PR RES RES 203660 208432.6 235867.5 268720.2 315165.6 372409.9
C22 D7 AL DEM5 DE RES RES 3270.54 3385.009 4020.329 4774.889 5671.071 6735.453
C23 P9 PR D7 AL RES RES 3594 3755.904 4616.384 5579.705 6669.223 7914.001
C24 D5 AL P9 PR RES RES 71880 53655.77 35510.65 27898.52 25650.86 26380
C25 EEIMP RS D5 AL RES RES 0 5977.679 37328.32 74149.73 118477.3 172950.5
C26 EEPRO RS D5 AL RES RES 599000 591790.3 616650.3 670069 739424.9 827503.2
C27 P10 PR DEM6 DE RES RES 85657 89425.91 110908.8 137552.5 170596.8 211579.4
C28 D5 AL P10 PR RES RES 155740 162592.6 191222 229254.1 270788.5 325506.7
C29 P11 PR DEM7 DE RES RES 19767 19964.67 20983.07 22053.42 23178.36 24360.69
C3 L+CV RS P1 PR RES RES 2014000 1987820 1692664 1341546 1166829 1020067
C30 D5 AL P11 PR RES RES 35940 36299.4 34398.47 35005.42 35118.73 35824.55
C31 P12 PR DEM8 DE RES RES 79068 82072.58 98897.4 119171.3 143601.3 173039.5
C32 D5 AL P12 PR RES RES 131780 136787.6 156980 183340.4 211178.4 240332.6
C33QUEIMRSD8ALRESRES 00000
C34 D8 AL P8 PR RES RES 3000 2925 2397.674 2017.778 1666.667 1410
C35 GLPPR RS D2 AL RES RES 451000 460922 475732 538044.7 589545.5 666764.1
C4 D1 AL DEM2 DE RES RES 491030.7 507725.7 600111.4 709307.5 838372.9 990923.1
C5 P2 PR D1 AL RES RES 369565.9 388559.2 491954.2 611394.1 749986.9 911395.6
C7 D2 AL P2 PR RES RES 671938 706471.3 848197 1018990 1190455 1402147
C8 GLPIM RS D2 AL RES RES 313000 345536.2 508441 656039 811956.5 983870.7
C9 D2 AL P7 PR RES RES 382 372.3637 311.3793 265 222.381 190
0
133
_________________________________________________________________________
Cenário Básico – Preços em US$/tEP:
Basic Export to TXT Links prices 4-Aug-06 21:13
Base Nb of Nb of
Year Years Links Unit
2004 22 33 $/toe
Link Node Src. Src. Type Node Dst. Dst. Type Sector Src
.
Sector Dst
.
2004 2005 2010 2015 2020 2025
C1 D1 AL DEM1 DE RES RES 1120.032 1169.12 1461.447 1842.852 2331.382 2949.815
C10 D3 AL DEM3 DE RES RES 1512.91 1544.235 1727.078 1954.559 2225.121 2535.465
C11 P3 PR D3 AL RES RES 1263.658 1319.259 1636.185 2029.247 2516.735 3121.332
C12 P6 PR D3 AL RES RES 1581.414 1609.879 1760.079 1924.293 2103.827 2300.112
C13 D3 AL DEM 9 DE RES RES 1512.91 1544.235 1727.078 1954.559 2225.121 2535.465
C14 D2 AL P3 PR RES RES 732.9216 765.1702 948.9876 1176.964 1459.706 1810.373
C16 D4 AL DEM4 DE RES RES 6572.584 7470.716 12030.46 16751.93 21648.25 26758.31
C17 P7 PR D4 AL RES RES 1332.585 1391.218 1725.432 2139.934 2654.012 3291.587
C18 P8 PR D4 AL RES RES 1162.528 1206.704 1454.077 1752.162 2111.353 2544.179
C19 D7 AL D4 AL RES RES 30046.87 30587.71 33441.51 36561.56 39972.71 43702.12
C2 P1 PR D1 AL RES RES 730.0016 733.6516 752.1772 771.1707 790.6437 810.6084
C20 QUEPR RS D8 AL RES RES 465.011 482.6814 581.6308 700.8646 844.5413 1017.672
C21 D5 AL P6 PR RES RES 1502.343 1529.385 1672.075 1828.078 1998.636 2185.106
C22 D7 AL DEM5 DE RES RES 30046.87 30587.71 33441.51 36561.56 39972.71 43702.12
C23 P9 PR D7 AL RES RES 30046.87 30587.71 33441.51 36561.56 39972.71 43702.12
C24 D5 AL P9 PR RES RES 1502.343 1529.385 1672.075 1828.078 1998.636 2185.106
C25 EEIMP RS D5 AL RES RES 1502.343 1529.385 1672.075 1828.078 1998.636 2185.106
C26 EEPRO RS D5 AL RES RES 1502.343 1529.385 1672.075 1828.078 1998.636 2185.106
C27 P10 PR DEM6 DE RES RES 2731.533 2780.701 3040.137 3323.778 3633.883 3972.92
C28 D5 AL P10 PR RES RES 1502.343 1529.385 1672.075 1828.078 1998.636 2185.106
C29 P11 PR DEM7 DE RES RES 2731.533 2780.701 3040.137 3323.778 3633.883 3972.92
C3 L+CV RS P1 PR RES RES 73.00016 73.36516 75.21772 77.11706 79.06437 81.06085
C30 D5 AL P11 PR RES RES 1502.343 1529.385 1672.075 1828.078 1998.636 2185.106
C31 P12 PR DEM8 DE RES RES 2503.906 2548.976 2786.792 3046.797 3331.059 3641.843
C32 D5 AL P12 PR RES RES 1502.343 1529.385 1672.075 1828.078 1998.636 2185.106
C33 QUEIM RS D8 AL RES RES 465.011 482.6814 581.6308 700.8646 844.5413 1017.672
C34 D8 AL P8 PR RES RES 465.011 482.6814 581.6308 700.8646 844.5413 1017.672
C35 GLPPR RS D2 AL RES RES 732.9216 765.1702 948.9876 1176.964 1459.706 1810.373
C4 D1 AL DEM2 DE RES RES 1120.032 1169.12 1461.447 1842.852 2331.382 2949.815
C5 P2 PR D1 AL RES RES 1332.585 1391.218 1725.432 2139.934 2654.012 3291.587
C7 D2 AL P2 PR RES RES 732.9216 765.1702 948.9876 1176.964 1459.706 1810.373
C8 GLPIM RS D2 AL RES RES 732.9216 765.1702 948.9876 1176.964 1459.706 1810.373
C9 D2 AL P7 PR RES RES 732.9216 765.1702 948.9876 1176.964 1459.706 1810.373
134
_________________________________________________________________________
ANEXO A – SÉRIES TEMPORAIS - MÉTODO DA
REGRESSÃO LINEAR
Série temporal é um conjunto cronológico de observações sobre uma variável,
ordenado no tempo, e registrado em períodos regulares.
A suposição básica que norteia a análise de séries temporais é que há um sistema
causal mais ou menos constante, relacionado com o tempo, que exerceu influência sobre os
dados no passado e pode continuar a fazê-lo no futuro. Este sistema causal costuma atuar
criando padrões não aleatórios que podem ser detectados em um gráfico da série temporal,
ou mediante algum outro processo estatístico.
O objetivo da análise de séries temporais é identificar padrões não aleatórios na
série temporal de uma variável de interesse, e a observação deste comportamento passado
pode permitir fazer previsões sobre o futuro.
Métodos de Previsão
Os métodos de previsão podem ser classificados como:
a) Modelos de séries temporais
b) Modelos econométricos
Os modelos de séries temporais são fundamentados em observações passadas de
uma determinada variável.
Os modelos econométricos são baseados em relações teóricas entre a variável em
observação (variável dependente) e uma ou mais variáveis explicativas (variáveis
independentes).
Na maioria das vezes as séries são discretas, isto é, são observadas em instantes de
tempo igualmente espaçados no tempo.
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Objetivo da análise de séries temporais :
Verificar a existência de um conjunto de dados não aleatórios que possa ser
utilizado para as projeções, ou a existência de um relacionamento histórico entre as
observações, que possa ser utilizado para previsões.
Obtenção da Tendência
A tendência descreve o comportamento da variável retratada na série temporal no
longo prazo. Há dois objetivos básicos na sua identificação: avaliar o seu comportamento
para utilizá-lo em previsões, ou removê-la da série para facilitar a visualização das outras
componentes. A obtenção da tendência pode ser feita de duas formas: com um modelo de
regressão (como o modelo linear - reta) ou com médias móveis.
Médias móveis
Trata-se de um método que tem por objetivo “suavizar” as variações das séries por
um processo de sucessivas médias. Mediante o emprego de médias móveis, podem ser
eliminadas as variações sazonais e irregulares, conservando-se desta forma o movimento
de tendência.
Tendência:
Refere-se ao movimento dos dados a longo prazo, para cima ou para baixo em
relação ao valor histórico.
Finalidades de se isolar a tendência:
a) Identificar a tendência e usá-la em previsões
b) Removê-la de modo a estudar as outras componentes
- A direção de longo prazo é muito importante, por exemplo, para uma empresa, pois:
• se tendência é de aumento pode indicar uma necessidade de expansão;
• se a tendência é de queda pode indicar a necessidade de esquemas promocionais,
pesquisa de novos produtos, redução de orçamento, etc.
- Quando a tendência está presente ela pode obscurecer as variações sazonais e cíclicas.
Estratégias de Curto Prazo, em geral dependem mais de fatores sazonais do que de uma
tendência a longo prazo.
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Análise da tendência
Modelos usados:
linear: métodos dos mínimos quadrados
Yt = a + bX
não linear: curva de tendência exponencial
Yt = a.b X
onde: Yt = tendência do parâmetro
Obtenção de tendência linear
Utiliza o método dos mínimos quadrados para obter os coeficientes da reta que
melhor se ajusta aos dados. Nesse caso, a variável independente será sempre o tempo
(mensurado diretamente, por exemplo, anos de 1970, 1971, ou pela contagem de períodos,
1, 2, 3). É importante ressaltar que, com o uso de programas estatísticos, ou mesmo uma
planilha eletrônica como Microsoft Excel, é possível ajustar outros modelos que não o
linear.
Para o caso linear, a reta de tendência é: T = a + b.t ;
onde “T” é o valor da tendência, “t” é o valor do tempo, “b” é o coeficiente angular da reta
(se positivo, indica tendência crescente; se negativo a tendência é decrescente) e “a” é o
coeficiente linear da reta.
As equações dos coeficientes estão expressas a seguir:
∑∑
∑∑
==
==
×
×××
=
n
i
n
i
ii
n
i
n
i
n
i
iiii
ttn
ytytn
b
11
22
11
)()(
)(
=1
n
tby
a
n
i
i
n
i
i
==
×
=
11
onde “y
i
” é um valor qualquer da variável registrada na série temporal, “t
i
” é o período
associado à “y
i
”, e “n” é o número de períodos da série. Para encontrar os coeficientes
basta calcular os somatórios (tal como em análise de regressão linear simples).
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ANEXO B - FATORES DE CONVERSÃO
Tabela C1 - Fatores de conversão para tEP médio
Petróleo 0,890 m
3
Gás natural 0,860 mil Nm
3
Querosene iluminante 0,822 m
3
Gás liquefeito de petróleo - GLP
0,611 m
3
Lenha 0,310
t
Carvão vegetal granulado 0,646 t
Finos de carvão vegetal 0,511
t
Bagaço de cana 0,213 t
Energia hidráulica 0,086 MWh
Eletricidade 0,086 MWh
Fonte: CEMIG (2005)
Tabela C2 - Relações entre unidades
POTÊNCIAS DE 10 EQUIVALÊNCIAS RELAÇÕES PRÁTICAS
(k) kilo=10
3
1m
3
=6,28981 barris
(M) mega=10
6
1barril=0,158987 m
3
1tEP ano =7,21 bep ano
(G) giga=10
9
1 joule=0,239 cal 1bep ano =0,14 tEP ano
(T) tera=10
12
1 Btu=252 cal 1tEP ano =0,02 bep ano
(P) peta=10
15
1 m
3
de petróleo=0,872t (em1994) 1bep ano =50 tEP ano
(E) exa=10
18
1tEP=10000 Mcal
Fonte: MME, BEN (2005)
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Tabela C3 - Fatores de conversão para energia
Multiplicar por para
de
J cal kWh
joule (J) 1,00 0,23884 277,7 x 10
-9
Britsh thermal unit (Btu) 1,055x10
3
252,0 293,07 x 10
-6
Caloria (cal) 4,1868 1,0 1,163 x 10
-6
Quilowatt-hora (kWh) 3,6x10
6
860,0 x 10
3
1,0
Tonelada. equivalente de petróleo
(tEP)
41,87x10
9
10,0 x 10
9
11,63 x 10
3
Barril equivalente de petróleo
(Bep)
5,95x10
9
1,42 x 10
9
1,65 x 10
3
Fonte: MME, BEN (2005)
Tabela C4 - Coeficientes de equivalência médios para os combustíveis líquidos
Multiplicar por para
de m
3
tonelada
equivalente de
petróleo
(10000 cal/kg)
barril
equivalente
de petróleo
giga-
joule
megawatt-hora
(860kcal/kWh)
Gás Liquefeito de Petróleo 0,611 4,30 25,56 7,10
Querosene Iluminante 0,822 5,79 34,40 9,56
Fonte: MME, BEN (2005)
139
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Tabela C5 - Coeficientes de equivalência médios para os combustíveis sólidos
Multiplicar por para
de tonelada
tonelada
equivalente de
petróleo
(10000 cal/kg)
barril
equivalente
de petróleo
giga-
joule
megawatt-hora
(860kcal/kWh)
Lenha 0,310 2,18 12,98 3,61
Carvão Vegetal 0,646 4,55 27,05 7,51
Fonte: MME, BEN (2005)
Tabela C6 - Poderes Caloríficos Inferiores
FONTES
PODER CALORÍFICO
INFERIOR kcal/ kg
Energia Hidráulica 860
Lenha Catada 3.100
Gás Liquefeito de Petróleo 11.100
Querosene Iluminante 10.400
Eletricidade 860
Carvão Vegetal 6.460
Fonte: MME, BEN (2005)
140
141
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