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social, pois estes são instrumentos poderosos para ação do Estado, tanto no cenário interno
como no cenário internacional, pois, sem a posse dessas estatais, o Estado não tem como
garantir a produção e a prestação de serviços necessários ao bem-estar social. Ou seja, trata-se
de independência econômica e política de uma nação.
Benakouche (1980) afirma que a independência política é uma das condições
necessárias para o início de um processo de industrialização. Assim sendo, ele não poderia ser
obra da colonização, nem poderia ocorrer durante o período colonial. Ou seja, independência
política significa Estado Nacional forte, atuando com uma política externa que possibilite uma
inserção internacional estratégica, guardando os interesses nacionais atuando com soberania
nos rumos do desenvolvimento.
Isso tudo contribuiu para a forte elevação do passivo externo do país e expressa o grau
de vulnerabilidade externa. O passivo externo reflete com mais exatidão a transferência de
renda ou saída de recursos. No Brasil, o passivo externo líquido (que é dado pela dívida
externa, somado os investimentos diretos e em portfólio, deduzidos os ativos em moeda
estrangeira) passou de US$ 123,4 bilhões no início de 1990 para US$ 241,2 bilhões no ano de
1999, ou seja, nos anos noventa houve um crescimento de 95,46%, conforme mostra a Tabela
9. Esse era o valor que o país devia ao exterior e servia para atender o serviço da dívida,
remessa de lucros e dividendos, pagamentos de royalties, fretes e seguros, importações, etc.
Tabela 9 - Estoque do passivo externo brasileiro, 1990-1999 (em bilhões de dólares)
Ano
Dívida
Externa
Total
Investimento
direto
estrangeiro
Investimento
de portfólio
Passivo
Externo
Total
Ativos
Externos
a
Passivo
Externo
Líquido
1990 123,4 27,9 8,9 160,2 22,2 138,0
1991 123,9 28,6 9,5 162,0 21,4 140,6
1992 135,9 29,9 11,2 177,0 39,9 137,1
1993 145,7 37,7 17,9 201,3 50,8 150,5
1994 148,3 39,9 25,2 213,4 64,2 149,2
1995 159,2 44,5 24,2 227,9 71,1 156,8
1996 179,9 54,4 41,2 275,5 83,6 191,9
1997 200,0 71,5 55,6 327,1 74,9 252,2
1998 234,7 90,0 30,0 354,7 67,5 287,2
1999 241,2 119 33,0 393,2 54,7 338,5
a
Inclui as reservas internacionais, os investimentos brasileiros no exterior, os haveres externos nos bancos
comerciais e os créditos brasileiros no exterior.
Fonte: Boletim do Banco Central.