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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
LABORATÓRIO DE TECNOLOGIA FARMACÊUTICA PROF. DELBY
FERNANDES DE MEDEIROS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E
SINTÉTICOS BIOATIVOS
ESTUDO DE ESPÉCIES DO GÊNERO SOLANUM (SOLANACEAE):
QUIMIOTAXONOMIA E ENSAIOS BIOLÓGICOS
ROBERTO JEFFERSON BEZERRA DO NASCIMENTO
JOÃO PESSOA, PARAÍBA-BRASIL
FEVEREIRO DE 2006
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II
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
LABORATÓRIO DE TECNOLOGIA FARMACÊUTICA PROF. DELBY
FERNANDES DE MEDEIROS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E
SINTÉTICOS BIOATIVOS
ESTUDO DE ESPÉCIES DO GÊNERO SOLANUM (SOLANACEAE):
QUIMIOTAXONOMIA E ENSAIOS BIOLÓGICOS
ROBERTO JEFFERSON BEZERRA DO NASCIMENTO
Sob a Orientação da Professora: Dra. Tania Maria Sarmento da Silva
Dissertação submetida como requisito
parcial para obtenção do grau de
Mestre em Produtos Naturais e
Sintéticos Bioativos. Área de
concentração em Farmacoquímica.
JOÃO PESSOA, PARAÍBA-BRASIL
FEVEREIRO DE 20
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III
Ficha Catalográfica
N244e Nascimento, Roberto Jefferson Bezerra do
Estudo de espécies do gênero Solanum (Solanaceae):
quimiotaxonomia e ensaios biológicos/ Roberto Jefferson Bezerra do
Nascomento, João Pessoa, 2006.
103p.
Orientadora: Tania Maria Sarmento da Silva
Dissertação (Mestrado)-UFPB/LTF
1. Solanum, 2. Quimiotaxonomia, 3. Flavonóides.
UFPB/BC CDU: 582.951.4 (043)
IV
ESTUDO DE ESPÉCIES DO GÊNERO SOLANUM (SOLANACEAE):
QUIMIOTAXONOMIA E ENSAIOS BIOLÓGICOS
ROBERTO JEFFERSON BEZERRA DO NASCIMENTO
Aprovada em 24 de fevereiro de 2006
Dra. Tania Maria Sarmento da Silva ________________________________________
(CCS-LTF-UFPB)
(Orientadora)
Prof. Dr. Eduardo de Jesus Oliveira __________________________________________
(CCS-LTF-UFPB)
Prof. Dr. Jorge Maurício David __________________________________________
(IQ-UFBA)
Prof. Dr. Jnanabrata Bhatthachayya __________________________________________
(CCS-LTF-UFPB)
JOÃO PESSOA, PARAÍBA-BRASIL
FEVEREIRO DE 2006
V
Dedico esta dissertação a minha grande esposa Simone Ayres
Mendes do Nascimento pelo amor e presença constante e ao nosso
filho querido, o pequeno notável, Gabriel Ayres Bezerra do
Nascimento.
Aos meus queridos pais Abmar Lucas do Nascimento e Maria
Daguia Bezerra do Nascimento que com a ajuda de Deus abriram as
portas para o meu sucesso, mesmo diante de tantas dificuldades.
VI
AGRADECIMENTOS
-Ao Pai criador, razão da minha existência.
- Aos meus Pais, Abmar Lucas e Maria Daguia; irmãos: Welmax e Litzamary, e todos os
outros familiares, sem exceção.
- A Professora Dra. Tania Maria Sarmento da Silva, por ter me apresentado à pesquisa
científica no LTF-UFPB, pela orientação, amizade e ensinamentos indispensáveis em minha
formação.
- Ao Professor Dr. Celso de Amorim Camara, por ter me apresentado à pesquisa científica no
LTF-UFPB, pelo apoio e amizade.
- Ao LTF, UFPB e CNPq, pela oportunidade, acolhimento e apoio financeiro.
- A Professora Dra. Maria de Fátima Agra, pela grande contribuição na coleta e identificação
botânica das espécies estudadas.
- Ao Professor Dr. Eduardo de Jesus Oliveira, pelas explicações e ensinamentos bem como a
ajuda com a CLAE-DAD.
- À Professora Dra. Bagnólia de Araújo Silva da UFPB, por colaborar com os estudos das
espécies do gênero Solanum através da realização dos testes biológicos em músculo liso e
pelos ensinamentos e apoio constante.
- A todos os participantes dos seminários de grupo, que contribuíram de forma bastante
concreta no meu polimento para o ensino e apresentação da dissertação. Em especial aos
professores: Tania Maria Sarmento da Silva, Celso de Amorim Camara, Temilce Simões de
Assis, Eduardo de Jesus Oliveira, Mário Luiz Araújo de Almeida Vasconcellos e Heloisa
Mello.
- Aos amigos e colegas de laboratório, Kristerson Reinaldo, Ticiano Pereira, Antônio Cláudio,
Stanley Chavez, Rodrigo Molina, Rodrigo Albuquerque, Thiago Gomes, Daniella Fernandes,
Girliane Regina e Íris, cujo companheirismo e apoio me auxiliou bastante.
- Aos colegas da pós-graduação, todos, sem exceção.
-Aos técnicos, Raimundo Nonato, Vicente Carlos, Sócrates Golzio e Alexsandro, sem o
auxilio deles não teria feito muita coisa.
VII
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Öâx äÉv£ xáàöAÊ
Augusto Cury
Nunca desista dos seus sonhos
Augusto Cury. - Rio de Janeiro: Sextante, 2004.
VIII
SUMÁRIO
Ficha Catalográfica ................................................................................................................... III
Índice de Figuras....................................................................................................................... XI
Índice de Esquemas................................................................................................................ XIV
Índice de Quadros .................................................................................................................. XIV
Índice de tabelas.......................................................................................................................XV
ABREVIATURAS E SÍMBOLOS........................................................................................ XVI
RESUMO.............................................................................................................................XVIII
ABSTRACT........................................................................................................................... XIX
Produção bibliográfica em anais de congressos e encontros ...................................................XX
Substâncias isoladas neste trabalho ....................................................................................... XXI
Derivado obtido neste trabalho .............................................................................................XXII
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 1
2. OBJETIVOS ........................................................................................................................... 9
2.1 GERAL ................................................................................................................................. 9
2.2 ESPECÍFICOS...................................................................................................................... 9
3. ASPECTOS BOTÂNICOS................................................................................................... 10
3.1 Solanum agrarium Sendtner ........................................................................................... 10
3.1.1 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA................................................................................... 10
3.1.2 IMPORTÂNCIA ECONÔMICA..................................................................................... 10
3.1.3 NOMES LOCAIS ............................................................................................................ 11
3.2 Solanum asperum Richard.............................................................................................. 11
3.2.1 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA................................................................................... 11
3.2.2 IMPORTÂNCIA ECONÔMICA..................................................................................... 11
3.2.3 NOMES LOCAIS ............................................................................................................ 11
3.3 Solanum stipulaceum Roem & Schult ............................................................................ 12
IX
3.3.1 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA................................................................................... 12
3.3.2 IMPORTÂNCIA ECONÔMICA..................................................................................... 12
3.3.3 NOME LOCAL ............................................................................................................... 12
4. EXPERIMENTAL GERAL.................................................................................................. 13
4.1 Equipamentos e reagentes................................................................................................... 13
4.1.1 Derivatizações.................................................................................................................. 13
a) Acetilação ............................................................................................................................. 14
4.1.2 Teste anti-radicalar........................................................................................................... 14
4.1.3 Bioensaio com Artemia salina................................................................................. 14
CAPÍTULO I ............................................................................................................................ 15
ESTUDO QUÍMICO DAS FOLHAS DE SOLANUM STIPULACEUM ROEM & SCHULT 16
I.1 Isolamento e purificação dos constituintes de Solanum stipulaceum Roem & Schult........ 17
I.2. Identificação estrutural dos constituintes de Solanum stipulaceum Roem & Schult ......... 19
ESTUDO QUÍMICO DAS PARTES AÉREAS DE SOLANUM ASPERUM RICHARD....... 31
I.3 Isolamento e purificação dos constituintes de Solanum asperum Richard...................... 32
I.4 Determinação estrutural dos constituintes de Solanum asperum Richard........................... 34
ESTUDO QUÍMICO DAS FOLHAS SOLANUM AGRARIUM SENDTNER ........................ 52
I.6 Isolamento e purificação dos constituintes de Solanum agrarium Sendtner....................... 53
I.7 Determinação estrutural do constituinte de Solanum agrarium Sendtner....................... 54
CAPÍTULO II ........................................................................................................................... 58
II.1 Introdução........................................................................................................................... 59
II.2 Objetivos ............................................................................................................................ 59
II.3 Experimental .................................................................................................................. 59
II.3.1 Instrumental............................................................................................................. 59
II.3.2 Material vegetal e isolamento dos flavonóides ....................................................... 60
II.4 Análise Por CLAE-DAD................................................................................................ 61
II.4.1 Reagentes e flavonóides padrões............................................................................. 61
II.4.2 CLAE dos flavonóides padrões............................................................................... 61
II.4.3 CLAE-DAD dos extratos de Solanum e identificação das substâncias .................. 63
II.5 Resultados e Discussão ...................................................................................................... 76
X
II.6 Conclusões ......................................................................................................................... 80
CAPÍTULO III.......................................................................................................................... 81
ESTUDO DA ATIVIDADE SEQUESTRADORA DE RADICAIS LIVRES DE ESPÉCIES
DE SOLANUM.......................................................................................................................... 82
III.1 Introdução ..................................................................................................................... 83
III.1.2 Objetvos ......................................................................................................................... 83
III.1.3 Metodologia................................................................................................................... 83
III.1.4 Resultados e Discussão.................................................................................................. 84
ENSAIO DE TOXIDADE DE ESPÉCIES DO GÊNERO SOLANUM FRENTE À ARTEMIA
SALINA ..................................................................................................................................... 88
III.2 Introdução ......................................................................................................................... 89
III.2.1 Metodologia................................................................................................................... 90
III.2.1.1 Material vegetal e preparação dos extratos......................................................... 90
III.2.1.2 Preparação dos Extratos.............................................................................................. 90
III.2.2 Ensaio Biológico.................................................................................................... 90
III.2.3 Resultados e Discussão.......................................................................................... 91
III.2.4 Conclusão............................................................................................................... 92
5. CONCLUSÕES .................................................................................................................... 94
6. REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 95
XI
Índice de Figuras
FIGURA 1. GLICOALCALÓIDES ISOLADOS DE ESPÉCIE DO GÊNERO SOLANUM. .............................. 5
FIGURA 2. NÚCLEO BÁSICO DOS FLAVONÓIDES ........................................................................... 6
FIGURA 3. ESPECTRO NO IV (KBR) DO FLAVONÓIDE 1.............................................................. 19
FIGURA 4. ESPECTRO NO IV (KBR) DO FLAVONÓIDE 2.............................................................. 19
FIGURA 5. A) ESPECTRO DE RMN DE
1
H (200 MHZ) DO FLAVONÓIDE 1 (TILIROSÍDEO) ........... 21
FIGURA 6. A) ESPECTRO DE APT (50 MHZ) DO FLAVONÓIDE 1 (TILIROSÍDEO)......................... 22
FIGURA 7. ESPECTRO DE HMQC (RMN
1
H: 200 MHZ, APT: 50 MHZ) DO FLAVONÓIDE 1
(TILIROSÍDEO). ................................................................................................................... 23
F
IGURA 8. ESPECTRO DE HMBC (RMN
1
H: 200 MHZ, APT: 50 MHZ) DO FLAVONÓIDE 1
(TILIROSÍDEO) .................................................................................................................... 24
FIGURA 9. ESPECTRO DE COSY
1
H,
1
H (200 MHZ EM DMSO-D
6.
) DO FLAVONÓIDE 1
(TILIROSÍDEO). ................................................................................................................... 25
FIGURA 10. ESPECTRO DE RMN DE
1
H (200 MHZ) DO FLAVONÓIDE 2 (KANFEROL) ................. 27
FIGURA 11. ESPECTRO NO IV (KBR) DO FLAVONÓIDE 3............................................................ 28
FIGURA 12. ESPECTRO DE RMN DE
1
H (200 MHZ) DO FLAVONÓIDE 3 (QUERCETINA).............. 29
FIGURA 13. ESPECTRO DE RMN DE
1
H (200 MHZ) DO ÁCIDO P-HIDROXIBENZÓICO (4)............ 30
FIGURA 14. A) ESPECTRO DE RMN DE
1
H (200 MHZ) DO FLAVONÓIDE 5................................. 34
FIGURA 15. ESPECTRO DE IV (KBR) DO FLAVONÓIDE 6. ........................................................... 35
FIGURA 16. A) ESPECTRO DE RMN DE
1
H (200 MHZ) DO FLAVONÓIDE 6................................. 36
FIGURA 17. ESPECTRO DE APT (50 MHZ) DO FLAVONÓIDE 6 ................................................... 38
F
IGURA 18. ESPECTRO DE HMQC (RMN
1
H: 200 MHZ, APT: 50 MHZ) DO FLAVONÓIDE 6 .... 39
F
IGURA 19. ESPECTRO DE HMBC (RMN
1
H: 200 MHZ, APT: 50 MHZ) DO FLAVONÓIDE 6..... 40
FIGURA 20. CROMATOGRAMA E ESPECTROS DE UV (CLAE-DAD) DOS PADRÕES DOS
FLAVONÓIDES
.................................................................................................................... 43
FIGURA 21. ESPECTRO NO IV (KBR) DE 6A ............................................................................... 44
FIGURA 22. A) ESPECTRO DE RMN DE
1
H (200 MHZ) DO FLAVONÓIDE 6A .............................. 46
FIGURA 23. D) EXPANSÃO EM CAMPO ALTO DO ESPECTRO DE RMN DE
1
H (200 MHZ) DE 6A. . 47
FIGURA 24. A) ESPECTRO DE APT (50 MHZ) DO FLAVONÓIDE 6A............................................ 47
FIGURA 25. C), D) E E). EXPANSÕES DO ESPECTRO DE APT (50 MHZ) DO FLAVONÓIDE 6A ..... 48
FIGURA 26. ESPECTRO DE HMBC (RMN
1
H: 200 MHZ, APT: 50 MHZ) DO FLAVONÓIDE 6A. . 49
F
IGURA 27. A) ESPECTRO DE RMN DE
1
H (200 MHZ) DO FLAVONÓIDE 7 (3,3’,7-TRI-O-METIL-
MIRICETINA) ...................................................................................................................... 54
XII
FIGURA 28. A) ESPECTRO DE APT (50 MHZ) DO FLAVONÓIDE 7 (3,3’,7-TRI-O-METIL-
MIRICETINA) ...................................................................................................................... 55
FIGURA 29. ESPECTRO DE HMQC (RMN
1
H: 200 MHZ, APT: 50 MHZ) DO FLAVONÓIDE 7
(3,3’,7-TRI-O-METIL-MIRICETINA)..................................................................................... 55
FIGURA 30. ESPECTRO DE NOESY (200 MHZ) DO FLAVONÓIDE 7 (3,3’,7-TRI-O-METIL-
MIRICETINA) ...................................................................................................................... 56
FIGURA 31. CROMATOGRAMA DOS FLAVONÓIDES PADRÕES. .................................................... 62
FIGURA 32. CROMATOGRAMA POR CLAE-DAD E ESPECTRO DE UV-VISÍVEL DO EXTRATO
MEOH DAS FOLHAS DE S. ACRESCENS SSP. FLOCCOSUM. .................................................... 63
FIGURA 33. CROMATOGRAMA POR CLAE-DAD E UV DO EXTRATO MEOH DAS FOLHAS DE S.
CORDIFOLIUM
..................................................................................................................... 64
FIGURA 34. CROMATOGRAMA POR CLAE-DAD E UV DO EXTRATO MEOH DAS FOLHAS DE S.
DECOMPOSITIFOLIUM
.......................................................................................................... 65
FIGURA 35. CROMATOGRAMA POR CLAE-DAD DO EXTRATO MEOH DAS FOLHAS DE S.
DIAMANTINENSE
.................................................................................................................. 66
FIGURA 36. CROMATOGRAMA POR CLAE-DAD E UV DO EXTRATO MEOH DAS FOLHAS DE S.
MEGALONYX
........................................................................................................................ 66
FIGURA 37. CROMATOGRAMA POR CLAE-DAD E UV DO EXTRATO MEOH DAS FOLHAS DE
RONDONIENSE
.................................................................................................................... 67
FIGURA 38. CROMATOGRAMA POR CLAE-DAD E UV DO EXTRATO MEOH DAS FOLHAS DE S.
HEXANDRUM
....................................................................................................................... 68
F
IGURA 39. CROMATOGRAMA POR CLAE-DAD E UV DO EXTRATO MEOH DAS FOLHAS DE S.
MARONIENSE
....................................................................................................................... 69
F
IGURA 40. CROMATOGRAMA POR CLAE-DAD E UV DO EXTRATO MEOH DAS FOLHAS DE S.
POLYTRICHUM
..................................................................................................................... 70
F
IGURA 41. CROMATOGRAMA POR CLAE-DAD E UV DO EXTRATO MEOH DAS FOLHAS DE S.
POLYTRICHUM
..................................................................................................................... 71
FIGURA 42. CROMATOGRAMA POR CLAE-DAD E UV DO EXTRATO MEOH DAS FOLHAS DE S.
GRANDIFLORUM
.................................................................................................................. 72
FIGURA 43. CROMATOGRAMA POR CLAE-DAD E UV DO EXTRATO MEOH DAS FOLHAS DE S.
LEPTOSTACHYO
................................................................................................................... 73
F
IGURA 44. CROMATOGRAMA POR CLAE-DAD E UV DO EXTRATO MEOH DAS FOLHAS DE S.
LEPTOSTACHYO
................................................................................................................... 74
XIII
FIGURA 45. CROMATOGRAMA POR CLAE-DAD E UV DO EXTRATO MEOH DAS FOLHAS DE S.
FULVIDUM
.......................................................................................................................... 75
FIGURA 46. ESTRUTURAS DO DPPH, BHT E ÁCIDO ASCÓRBICO ............................................... 84
FIGURA 47. GRUPOS FUNCIONAIS NECESSÁRIOS PARA HAVER ATIVIDADE ANTI-RADICALAR. ... 85
FIGURA 48. ATIVIDADE SEQÜESTRADORA DE RADICAIS LIVRES DO EXTRATO MEOH BRUTO, DAS
FRAÇÕES E DE UMA SUBSTÂNCIA ISOLADA DAS FOLHAS DE
SOLANUM STIPULACEUM ROEM &
SCHULT.............................................................................................................................. 86
FIGURA 49. ATIVIDADE SEQÜESTRADORA DE RADICAIS LIVRES DO EXTRATO MEOH BRUTO E
DAS FRAÇÕES DAS PARTES AÉREAS DE
SOLANUM ASPERUM RICHARD................................. 87
FIGURA 50. ATIVIDADE SEQÜESTRADORA DE RADICAIS LIVRES DO EXT. ETOH BRUTO E DA
FRAÇÃO
ACOET DAS FOLHAS DE SOLANUM AGRARIUM SENDTNER..................................... 87
XIV
Índice de Esquemas
ESQUEMA 2. ISOLAMENTO DAS SUBSTÂNCIAS DE SOLANUM ASPERUM RICHARD. ...................... 33
ESQUEMA 3. MECANISMO PARA REAÇÃO DE ACETILAÇÃO DO FLAVONÓIDE 6........................... 45
ESQUEMA 4. MARCHA PARA O ISOLAMENTO DAS SUBSTÂNCIAS DE SOLANUM AGRARIUM
SENDTNER. ........................................................................................................................ 53
ESQUEMA 5. ESQUEMA FILOGENÉTICO ILUSTRANDO O RELACIONAMENTO ENTRE CADA SEÇÃO
COM BASE NA COMPLEXIDADE BIOSSINTÉTICA
*................................................................. 79
ESQUEMA 6. PROPOSTA BIOSSINTÉTICA PARA OS FLAVONÓIDES DE SOLANUM SEÇÃO
ERYTHTROTRICHUM CHILD. ................................................................................................ 80
Índice de Quadros
QUADRO 1. FLAVONÓIDES AGLICONAS ISOLADOS DE SOLANUM SUBG. LEPTOSTEMONUM.......... 77
QUADRO 2. USOS NA MEDICINA POPULAR E OUTROS DE SOLANUM SPP. DO NORDESTE DO BRASIL.
.......................................................................................................................................... 92
XV
Índice de tabelas
TABELA 1. SUBSTÂNCIAS ISOLADAS DE SOLANUM STIPULACEUM ROEM & SCHULT................... 18
TABELA 2. DADOS DE RMN DE
1
H (200 MHZ) E
13
C (50 MHZ) DO TILIROSÍDEO (1) ................ 26
TABELA 3. DADOS DE RMN DE
1
H (200 MHZ) DO KANFEROL (2)............................................. 27
TABELA 4. DADOS DE RMN DE
1
H (200 MHZ) DE QUERCETINA (3).......................................... 29
TABELA 5. SUBSTÂNCIAS ISOLADAS DE SOLANUM ASPERUM RICHARD E OS DERIVADOS OBTIDOS.
.......................................................................................................................................... 33
TABELA 6. DADOS DE RMN DE
1
H (200 MHZ) E
13
C (50 MHZ) DO GLICOSÍDEO 6 3-O-[Β-D-
GLICOPIRANOSIL-(16)-Α-L-RAMNOPIRANOSIL]-7-O-Α-L-RAMNOPIRANOSILKANFEROL 41
TABELA 7. DADOS DE RMN DE
1
H (200 MHZ) E
13
C (50 MHZ) DO GLICOSÍDEO 6A ACETILADO50
TABELA 8. DADOS DE INTERAÇÃO HETERONUCLEAR SPIN-SPIN A LONGA DISTÂNCIA (
2
J
CH
E
3
J
CH
)
DE ÁTOMOS DE CARBONO E HIDROGÊNIO OBTIDOS DO ESPECTRO DE
HMBC DE 6A. .......... 51
TABELA 9. DADOS DE RMN DE
1
H (200 MHZ) E
13
C (50 MHZ) DO FLAVONÓIDE (7)................ 57
TABELA 10. ESPÉCIES DE SOLANUM SUBG. LESPTOSTEMONUM RETIRADAS DE EXCICATAS DE
HERBÁRIOS
......................................................................................................................... 61
TABELA 11. ATIVIDADE SEQÜESTRADORA DE RADICAIS LIVRES DE ESPÉCIES DO GÊNERO
SOLANUM UTILIZANDO O RADICAL LIVRE DPPH. .............................................................. 86
TABELA 12. BIOENSAIO (CONCENTRAÇÃO LETAL MÉDIA) DOS EXTRATOS METANÓLICOS DAS
RAÍZES
, PARTES AÉREAS E/OU FRUTOS DE SOLANUM SPP. EM ARTEMIA SALINA E
COMPARAÇÃO COM A ATIVIDADE MOLUSCICIDA
................................................................ 93
XVI
ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
δ deslocamento químico (ppm)
Ac acetila
Ac
2
O anidrido acético
AcOEt acetato de etila
AcOH ácido acético
Ar arila
APT Attached Proton Test
CC Cromatografia em Coluna (pressão atmosférica)
CCDA Cromatografia em Camada Delgada Analítica
CLAE Cromatografia Líquida de Alta Eficiência
COSY Correlated Spectroscopy
d dubleto
dd duplo dubleto
dl dubleto largo
DAD Detector com Arranjo de Diodos
DMSO-d
6
dimetilsulfóxido deuterado
DPPH 1,1-difenil-2-picril-hidrazila
EtOH etanol
Ext. extrato
Hex:EtO
2
Hexano: éter
HMBC Heteronuclear Multiple-Bond Correlation
HMQC Heteronuclear Multiple-Quantum Coherence
Hz Hertz
IV Infra-Vermelho
J constante de acoplamento
m multipleto
MeOH metanol
MHz Megahertz
NOESY Nuclear Overhauser Effect Spectroscopy
RMN
1
H Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio
RMN
13
C Ressonâncua Magnética Nuclear de Carbono-13
s singleto
XVII
sl singleto largo
t tripleto
XVIII
RESUMO
ESTUDO DE ESPÉCIES DO GÊNERO SOLANUM (SOLANACEAE):
QUIMIOTAXONOMIA E ENSAIOS BIOLÓGICOS
Roberto Jefferson Bezerra do Nascimento
Mestrado em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos (Farmacoquímica)
Laboratório de Tecnologia Farmacêutica, UFPB, Caixa Postal 5009, Cep 58051-970 João
Pessoa, Paraíba, Brasil. ([email protected]).
O gênero Solanum (Solanaceae) é considerado o maior e o mais complexo das
angiospermas com cerca de 1250 espécies e 5000 epitétos publicados. Este trabalho teve como
objetivo estudar espécies de Solanum ssp. dando ênfase na quimiotaxonomia e testes
biológicos. O estudo químico com as folhas de Solanum agrarium resultou no isolamento do
flavonóide 3,3’,7-O-tri-metil-miricetina. Das partes aéreas de Solanum asperum foram
isolados os flavonóides tilirosídeo e 3-O-[β-D-glicopiranosil-(16) α-L-ramnopiranosil]-7-O-
α-L-ramnopiranosilkanferol e S. stipulaceum forneceu as substâncias tilirosídeo, kanferol,
quercetina e ácido p-hidroxibenzoico. Os extratos brutos e as frações obtidas destas três
espécies mostraram atividade antiradicalar frente ao DPPH (1,1-difenil-2-picril-hidrazil). Uma
correlação quimiotaxonomica (por CLAE-DAD) foi realizada com S. agrarium, 12 espécies
coletadas em herbário e espécies estudadas anteriormente (S. jabrense, S. rythidoandrum, S.
paludosum, S. paraibanum e S. stramonifolium), todas sendo do subgênero Leptostemonum.
Os tricomas estrelados de duas espécies de Solanum subgênero Brevantherum foram também
anlisados e mostraram a presença de flavonóides glicosilados. Através dos padrões de
substituição apresentados pelos flavonóides já isolados, incluindo também os novos
resultados, de espécies de Solanum foi possível desenvolver uma hipótese do relacionamento
filogenético entre as seções Erythrotrichum e Brevantherum. A similaridade química
apresentada pelas espécies de um mesmo subgênero suporta a classificação infregenérica
tradicional, baseado na morfologia. Foi proposta também uma rota biossintética para Solanum
seção Erythrotrichum. O teste de toxicidade com Artemia salina foi realizado com 13
espécies de Solanum ssp. que foram testadas anteriormente em Biomphalaria glabrata. O
resultado mostrou que muitas espécies de Solanum spp. ativas no ensaio com Artemia salina
não são ativas para o molusco Biomphalaria glabrata. Por outro lado todas as plantas que
apresentaram atividade moluscicida também foram ativas com Artemia salina.
XIX
ABSTRACT
CHEMOTAXONOMIC AND BIOLOGICAL ASSAY OF SOLANUM SSP.
(SOLANACEAE)
Roberto Jefferson Bezerra do Nascimento
Mestrado em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos (Farmacoquímica)
Laboratório de Tecnologia Farmacêutica, UFPB, Caixa Postal 5009, Cep 58051-970 João
Pessoa, Paraíba, Brasil. ([email protected]).
The genus Solanum (Solanaceae) which comprised of about 1250 species and 5000
published epithets is considered to be the largest and the most complex among the
Angiosperms. The aim of this work is to study three species of Solanum with emphasis on
chemotaxonomy and biological assay. The chemical study of the leaves of Solanum agrarium
resulted in the isolation of the flavonoid, myricetin 3,3’,7- tri- O-methyl ether. The leaves of S.
stipulaceum furnished three flavonóides; kaempferol, quercetin, and tilliroside. The aerial
parts of S. asperum also afforded the flavonoid tilliroside in addition to 3-O-[β-D-
glycopiranosil-(16)-α-L-ramnopiranosil]-7-O-α-L-ramnopiranosilkaempferol. The crude
extract and soluble fraction of each of the three species studied showed free radical scavenging
property as measured by DPPH. An attempt was made to study the chemotaxonomic
relationship (by HPLC-DAD) betwen S. agrarium, 12 specimens collected from herbarium
sheets and species studied earlier such as S. jabrense, S. rythidoandrum, S. paludosum, S.
paraibanum, and S. stramonifolium all belonging to the Solanum subg. Laptostemonum. The
two species of Solanum subgenus Brevantherum, S. asperum and S. stipulaceum showed the
presence of flavonoids in the stellate trichomes. On the basis of the existing knowledge on
flavonoid patterns in addition to the new results on ring substitution in the flavonoid content in
members of the Solanum, subgenus Leptostemonum and Brevantherum, it is possible to
develop a hypothesis on phylogenetic relationships between sections Erythrotrichum and
Brevantherum as well as the biosynthetic route for Erythrotrichum section. The chemical
similarity presented by most of the species is a strong evidence in support of the traditional
infrageneric classification as well as the placement of species in the subgenus Leptostemonum
and Bravantherum based on morphological features. The methanolic extracts of 13 Solanum
spp. were tested for bioactivity aganist Artemia salina. The extracts investigated were
prepared from various parts of the plants. The lethal concentrations of the extracts were
determined. Four of the thirteen plants tested to be inactive. All of the plants previously
showing molluscicidal activity against Biomphalaria glabrata were also found to be active in
brine shrimp bioassay.
XX
Produção bibliográfica em anais de congressos e encontros
1. NASCIMENTO, Roberto Jefferson Bezerra; SILVA, Tania Maria Sarmento; CAMARA,
Celso Amorim; AGRA, Maria Fátima; LUNA FREIRE, Kristerson Reinaldo; LINS, Antônio
Cláudio Silva. Flavonóides e Atividade Antioxidante das Folhas de Solanum stipulaceum
Roem & Schult. In: 28A REUNIÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE QUÍMICA, 2005,
Poços de Caldas.
2. NASCIMENTO, Roberto Jefferson Bezerra; SILVA, Tania Maria Sarmanto da; CAMARA,
Celso de Amorim; AGRA, Maria de Fátima. Flavonóides Glicosilados Isolados das Partes
Aéreas de Solanum asperum Richard. In: V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE
FARMACOGNOSIA, 2005, Recife.
3. NASCIMENTO, Roberto Jefferson Bezerra; SILVA, Tania Maria Sarmanto; CAMARA,
Celso Amorim; AGRA, Maria Fátima. Estudo Fitoquímico de Solanum agrarium Sendtner.
In: IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE FARMACOGNOSIA, 2003, Salvador/BA.
4. NASCIMENTO, Roberto Jefferson Bezerra. Estudo Químico de Solanum megalonyx
Sendtner e Solanum stipulaceum Roem & schult. In: III ENCONTRO ANUAL DE
PESQUISA DO LABORATÓRIO DE TECNOLOGIA FARMACÊUTICA-UFPB. Dezembro
de 2004.
XXI
Substâncias isoladas neste trabalho
Flavonóides:
Solanum stipulaceum Roem & Schult
O
O
OH
OH
OH
O
O
OH
O
O
OH
OH
OH
2
3
4
5
6
7
8
9
10
5 ''
1 ''
1'
2'
3'
4'
5'
6'
8 '''
6 ''
3 ''
4 ''
9 '''
7 '''
2 '''
2 ''
5 '''
6 '''
4 '''
3 '''
1 '''
O
O
OH
OH
OH
OH
2
3
4
5
6
7
8
9
10
1'
2'
3'
4'
5'
6'
O
O
OH
OH
OH
OH
OH
2
3
4
5
6
7
8
9
10
1'
2'
3'
4'
5'
6'
Solanum asperum Richard
O
O
OH
OH
OH
O
O
OH
O
O
OH
OH
OH
2
3
4
5
6
7
8
9
10
5 ''
1 ''
1'
2'
3'
4'
5'
6'
8 '''
6 ''
3 ''
4 ''
9 '''
7 '''
2 '''
2 ''
5 '''
6 '''
4 '''
3 '''
1 '''
O
O
O
OH
O
OH
OH
OH
OH
O
O
OH
OH
OH
O
O
OH
OH
OH
2
3
4
5
6
7
8
9
10
5
G
1G
1'
2'
3'
4'
5'
6'
2R1
6
G
3
G
4G
1R1
3R1
4R1
5R1
2G
2R2
1R2
3R2
4R2
5R2
6R2
6R1
Solanum agrarium Sendtner
O
O
OH
O
OH
O
O
CH
3
CH
3
CH
3
OH
2
3
4
5
6
7
8
9
10
1'
2'
3'
4'
5'
6'
(5)
tilirosídeo
(6)
3-O-[β-D-glicopiranosil-(16)-α-L-
ramnopiranosil]-7-O-α-L-ramnopiranosilkanferol
(1)
tilirosídeo
(2)
kanferol
(3)
quercetina
(7)
3,3’,7-tri-O-metil-miricetina
XXII
Solanum stipulaceum Roem & Schult
OH
O
OH
1
2
3
4
5
6
7
Derivado obtido neste trabalho
Flavonóides:
O
O
O
OAc
O
OAc
OAc
OAc
AcO
O
O
OAc
OAc
OAc
O
O
OAc
OAc
AcO
2
3
4
5
6
7
8
9
10
5G
1G
1'
2'
3'
4'
5'
6'
2R1
6G
3G
4G
1R1
3R1
4R1
5R1
2G
2R2
1R2
3R2
4R2
5R2
6R2
6R1
(4)
ácido p-hidroxibenzóico
(6a)
3-O-[β-D-glicopiranosil-(16)-α-L-
ramnopiranosil]-7-O-α-L-ramnopiranosilkanferol
peracetilado
1
1. INTRODUÇÃO
O ser humano com sua incessante curiosidade oferece constantemente interpretações
para os acontecimentos físicos, químicos, biológicos e psíquicos que já ocorriam desde a
origem das espécies, mais propriamente do universo. Os estudos conduziram à produção de
uma linguagem sistemática, empírica e crescente, que no passado dobrava-se a cada duzentos
anos, hoje em cinco aproximadamente, e transmite de forma lógica os meandros dos
acontecimentos imperceptíveis aos olhos, requerendo a memorização e consulta de um número
crescente de termos e regras. A partir deste conhecimento o homem chegou aos avanços
tecnológicos que propiciam o surgimento das mais avançadas e elaboradas formas de atender
as necessidades humanas. Um exemplo disto é a produção de medicamentos que de forma
concreta contribui ajudando a estabelecer maior e melhor sobrevida ao ser humano bem como
evitar, até mesmo, o seu desaparecimento da face da Terra.
O homem cada vez mais fez uso da arte de pensar, o que permite diferenciá-lo dos
outros seres terrestres, portanto criou as mais diversas ciências que hoje conhecemos. As
ciências exatas da natureza representam de forma consistente o que o pensamento humano foi
e é capaz de produzir na busca de recursos naturais que atinjam rendimentos e elevada
importância científica, econômica e principalmente social visando uma melhor qualidade de
vida. Mais especificamente, a química de produtos naturais, é um dos ramos científicos que
condensa as idéias sobre a busca incessante de produtos farmacêuticos utilizando a própria
natureza como fonte ou modelo para obtenção de produtos úteis na prevenção, tratamento e
até mesmo erradicação de doenças ou males que afligem a população mundial.
Apesar de ter acumulado o conhecimento ao longo dos séculos a espécie humana se
aproveita de uma fração muito pequena das plantas com as quais sempre conviveu e que a
antecedem no planeta Terra. O reino vegetal ainda permanece como uma grande incógnita
cujos mistérios começam a serem desvendados. A humanidade ao longo do tempo selecionou
apenas cerca de 300 plantas para a alimentação e, de um pouco mais de uma centena, obteve
princípios ativos puros para o tratamento de doenças. Estes números são bem modestos
quando se está diante de um universo de aproximadamente 250.000 espécies de plantas
superiores. Porém, a natureza de forma geral tem produzido um grande número das
substâncias orgânicas conhecidas (PINTO et al., 2002). Entre esta riqueza, as Angiospermas
são as mais numerosas, mais conhecidas e economicamente importantes. São as plantas que
dominam praticamente todos os ecossistemas terrestres.
2
Dentre os diversos reinos da natureza, o reino vegetal é o que tem contribuído de forma
mais significativa para o fornecimento de metabólitos secundários. O isolamento das primeiras
substâncias puras do reino vegetal começa a acontecer no século XVIII. Este século,
juntamente com o XIX, caracteriza-se pelos trabalhos de extração, principalmente de ácidos
orgânicos e de alcalóides. É desta época o isolamento de morfina (1) (1806), quinina (2) e
estriquinina (3) (1820) (PINTO et al., 2002), muitos destes de grande valor agregado devido
às suas aplicações como medicamento, cosméticos, alimentos e agroquímicos (PHILLIPSON
et al., 1998). Muitas dessas substâncias constituem-se, sobretudo, em modelos para o
desenvolvimento de medicamentos sintéticos modernos, tais como procaína, cloroquina,
tropicamida (PINTO et al., 2002), ou de fármacos imprescindíveis como, vimblastina
(Velban®) (a), vincristina (Oncovin®) (b), podofilotoxina e os análogos etoposídeo (VP-16-
213; Vepeside®) (c) e teniposídeo (VM-26; Vumon®) (d), taxol e (Paclitaxel; Taxol®) (e),
com participação em um mercado que movimenta cerca de 50 bilhões de dólares anualmente.
Depois da descoberta destes medicamentos de origem vegetal, é possível entender a
competição entre algumas indústrias internacionais pela busca de substâncias novas bioativas.
Esta busca foi intensificada nos anos 90, especialmente nas florestas tropicais onde se
concentra grande parte da biodiversidade (ROUHI, 1997) e especialmente no Brasil, onde a
grande maioria das espécies continua sem qualquer estudo químico ou biológico (CORDELL,
1995).
O homem sempre procurou entender a natureza da vida e as chances de alcançá-la.
Novas informações sobre genes e suas funções, em parte, são responsáveis por uma revolução
tecnológica dirigida para as ciências da vida. Cabe neste momento ao químico brasileiro, parar
e refletir sobre o que nós realmente precisamos saber para passarmos da compilação de dados
para o entendimento destes (PINTO et al., 2002) ressaltando que a descoberta de um princípio
O
O
NH
O
O
OH
OCOPh
H
OH
O
cO
OH
AcO
Taxol(e)
N
H
N
MeO
2
C
OH
N
N
MeO OAc
H
OH
H
CO
2
Me
R
R=Me vimblastina
R=CHO vincristina
(a)
(b)
O
O
R
O
OH
OH
O
O
O
O
OMe
MeO
OH
O
S
R=Me etoposídeo
R= teniposídeo
(c)
(d)
3
ativo, por mais importante que seja a sua propriedade farmacológica, pode ficar restrita a uma
publicação científica se o seu isolamento pelas técnicas químicas tradicionais for
economicamente inviável. Por isso, o químico de produtos naturais deve enveredar pelos
estudos de biossíntese, melhoramento genético de plantas medicinais, filogenia molecular,
clonagem de enzimas e por domínios da biologia molecular (PINTO et al., 2003). Este novo
evento vai emergir da necessidade de se colocar a química de Produtos Naturais realizada no
Brasil dentro dos novos paradigmas da pesquisa internacional, cujo enfoque nesta e nas
próximas décadas, estará centrado na genômica funcional de plantas.
O Brasil, com a grandeza de seu litoral, de sua flora e, sendo o detentor da maior
floresta equatorial e tropical úmida do planeta, não pode abdicar de sua vocação para os
produtos naturais além de possuir uma característica territorial muito diferente dos países
industrializados, marcada principalmente pela sua imensa biodiversidade, sendo, portanto,
ainda um celeiro para a busca de substâncias novas, de interesse biológico ou não. Só um
trabalho científico integrado de todos os grupos existentes no país poderá, em um tempo
limite, propiciar o conhecimento real da diversidade química dos ambientes tropicais e auxiliar
nos estudos futuros sobre o perfil metabólico (metaboloma) e associações com perfil
macromolecular (proteoma) das espécies de interesse de nossa biota (PINTO et al., 2002) e de
forma paralela a isso deve ser pautado sempre os meios de proteção do conhecimento gerado
através destes estudos, com geração e melhoramento programas de proteção patentearia tendo
em vista que uma grande parte da informação tecnológica disponibilizada anualmente no
mundo é divulgada somente sob a forma de documentos de patente, a pesquisa em bancos de
dados de patente é indispensável para o desenvolvimento científico e econômico de um país
(OLIVEIRA et al., 2005).
Os pesquisadores desta área têm à mão a matéria prima mais abundante e diversificada
do planeta. Estima-se que 20 % desse patrimônio genético estejam concentrados em território
nacional, onde o índice de endemismo é altíssimo. São 55 mil espécies vegetais (22 % do total
registrado no planeta), 524 mamíferos (cerca de 130 endêmicos), 517 anfíbios (294
endêmicos), 1.622 aves (191endêmicas), 468 répteis (172 endêmicos), 3 mil espécies de
peixes de água doce e cerca de 15 milhões de insetos (muitos sem qualquer descrição
taxonômica) (http://www.biota.org.br, acessada em Março 2002).
Um dos bons exemplos que pode representar tamanha grandeza da flora brasileira é a
família Solanaceae L. (JUSSIEU, 1789) uma das maiores e mais complexas das angiospermas
e que contém cerca de 2296 espécies subordinadas a 96 gêneros (D’ARCY, 1991) e concentra
de forma representativa espécies extremamente importantes para os seres humanos, incluindo
4
desde espécies usadas na alimentação humana até as que produzem drogas potencialmente
ativas. Dentre as espécies largamente cultivadas como alimento destacam-se a batatinha
(Solanum tuberosum L.), o tomate (Solanum lycopersicon L.), a berinjela (Solanum
melongena L.) e a pimenta malagueta (Capsicum frutescens L.), entre outras (AGRA, 1991).
Como plantas medicinais: Solanum paniculatum (jurubeba verdadeira), usado como regulador
das funções intestinais; lobeira (Solanum lycocarpum) para hipertensão, diabete e combate do
colesterol (AGNOL et al., 2000; MOTTA et al., 2002). A importância econômica negativa se
dá com as plantas infestantes e nocivas, um exemplo é Solanum fastigiatum que causa
disfunção cerebelar e epilepsia em animais após ingestão (SILVA, 2001). Como fonte de
drogas farmacologicamente ativas, destacam-se as que possuem alcalóides de usos
terapêuticos como Atropa belladona, com atropina e correlatos da beladona, Hyosciamus
niger L. com hiosciamina e Datura spp. que possui a hioscina. Estas substâncias apresentam
atividade antimuscarínica e inibem a ação da acetilcolina (BROWN, 2003). Além da
importância farmacológica, as Solanaceae possuem espécies com propriedades narcóticas e
alucinógenas como Nicotiana tabacum L. e também algumas pertencentes aos gêneros Datura
e Brugmansia que têm figurado em rituais de magia e superstições, desde as mais antigas
civilizações (RODDICK, 1996).
Do ponto de vista econômico o interesse por espécies desta família intensificou-se nas
últimas décadas, principalmente após a demonstração de (SATO et al., 1951; KUHN et al.,
1952; SATO et al., 1952) de que o alcalóide espirostano solasodina, comumente encontrado
em espécies de Dioscorea e Solanum, poderiam funcionar como matéria-prima na síntese de
hormônios esteroidais e corticosteróides e também pela atividade antineoplásica encontrada
em glicoalcalóides obtidos de Solanum dulcamara L. e Solanum sodomeum (KUPCHAN et
al., 1965; CHAM et al., 1987a; CHAM et al., 1987b).
Solanum é o maior gênero da família Solanaceae com cerca de 1.250 espécies e 5.000
epítetos descritos (NEE, 1999), habitam sistemas ecológicos estabelecidos nas regiões
tropicais e subtropicais do mundo e tem a América do Sul como centro de diversidade e
distribuição (AGRA, 1999a). Contudo, possui grande diversidade que não é comum nas
angiospermas, tornando-as extremamente interessante tanto do ponto de vista evolutivo quanto
de sua utilidade para os humanos (KNAPP et al., 2004). Apesar das riquezas e propriedades
que as espécies do gênero Solanum apresentam, poucas são estudadas química e
biologicamente. Além disso, muitas espécies são consideradas ervas daninhas e isto estimula
ao conhecimento das substâncias bioproduzidas pelo seu metabolismo especializado. No
Nordeste brasileiro são utilizadas na medicina popular e são conhecidas principalmente como
5
“jurubeba”, palavra original do Tupi-Guarani, yu’beba devido a presença de espinhos em
algumas espécies(AGRA et al., 1999b). O gênero Solanum apresenta o centro de
biodiversidade no Brasil, com espécies endêmicas (AGRA, 1999a). No Nordeste existem 80
espécies: com 32 espécies representando 73% das espécies endêmicas do Brasil e 20 espécies
representando 45% das espécies endêmicas do Nordeste (AGRA, 1999c). Espécies de
Solanum produzem uma grande variedade de glicoalcaloides Figura 1, que respondem pela
resistência natural contra inimigos. Comparando-se com outros tipos de metabólitos especiais,
muito pouco é conhecido sobre a(s) atividade(s) biológica(s) dos glicoalcalóides de plantas
selvagens (RODDICK, 1996). Cerca de 200 alcalóides esteroidais já foram isolados e
apresentam-se na planta em sua forma livre ou como glicoalcaloides (ATTA-UR-RAHMAN
et al., 1998). Muitas plantas do gênero Solanum apresentam atividade moluscicida devido à
presença dos glicoalcalóides (SILVA et al., 2005a).
O
O
O
OH
OH
O
O
H
H
H
H
O
OH
OH
O
N
H
OH
OH
OH
OH
OH
O
OH
OH
OH
O
O
H
H
H
H
O
OH
O
N
OH
O
OH
OH
O
OH
O
O
OH
OH
OH
OH
H
Figura 1. Glicoalcalóides isolados de espécie do gênero Solanum.
Além dos alcalóides os flavonóides costituem um dos grupos de substâncias mais
freqüentes no gênero Solanum (SILVA et al., 2003) e são caracterizados pelo esqueleto
carbônico C
6
-C
3
-C
6
tendo estrutura denominada benzo-γ-pirona Figura 2., sendo relatados
mais de 5000 diferentes tipos de flavonóides derivados de plantas. É uma das classes de
produtos naturais que mais impressiona pala notável variedade, número de membros e
complexidade das estruturas dos constituintes, que podem possuir hidroxilação, metilação,
acetilação glicosilação, isoprenilação, etc. Os flavonóides são frequentemente hidroxilados nas
solasonina
tomatina
6
posições 3,5,7,3’,4’. Alguns destes grupos hidroxila são frequentemente metilados, acetilados
ou sulfatados. Quando glicosilados, as ligações glicosídicas são localizadas normalmente nos
oxigênios dos carbonos 3 e 7 e os carboidratos mais comuns são L-ramnose, D-glicose,
glicoramnose, galactose e arabinose podendo-se encontrar também C-glicosídeos. A
prenilação ocorre diretamente no átomo de carbono do anel aromático, embora exista também
O-prenilação (HAVSTEEN, 2002).
O
O
2
3
4
5
6
7
8
9
10
1'
2'
3'
4'
5'
6'
A
C
B
Figura 2. Núcleo básico dos flavonóides
A literatura relata um perfil químico de Solanum com base na freqüência de
flavonóides presentes nas espécies desse gênero (STEINHARTER et al., 1986; ANDERSON
et al., 1987). Os padrões flavonoídicos podem contribuir significativamente, ajudando a
entender a sistemática dos táxons na família (HARBORNE et al., 1979) e esse potencial ainda
não é tão explorado. A ocorrência de um padrão particular de substituição dos flavonóides é
freqüentemente usada como um indicador de avanço filogenético (HARBORNE, 1977;
SWAIN, 1980). No entanto, os trabalhos de sistemática química sobre o gênero Solanum são
relativamente reduzidos, aparentemente devido às dificuldades de se trabalhar com um gênero
com grande plasticidade morfológica (D’ARCY, 1979). Dados químicos baseados nos padrões
flavonoídicos são relatados por contribuirem para uma compreensão sistemática dos táxons
nos níveis mais baixos de classificação na família (STEINHARTER et al., 1986).
Os estudos de sistemática em evolução são importantes principalmente para elucidar
problemas taxonômicos. E isso pode servir como ótima ferramenta para o estudo filogenético
deste gênero seja na formulação de uma hipótese ou na reformulação da mesma. Em vista
disso é importante saber que a taxonomia está engrenada a três esferas que são a descrição,
identificação e filogênese. Com cada um destes componentes sendo enriquecido pelos outros
dois e sem os três a ciência é incompleta. Filogênese é o estudo dos inter-relacionamentos
entre os organismos mostrando como espécies, gêneros e famílias estão relacionados uns
com os outros. Como a filogênese é a hipótese entre a relação dos organismos conforme
estudos, os taxonomistas e quimiotaxonomistas resolvem problemas e investigam aparentes
conflitos adicionais (KITCHING I. J. et al., 1998).
7
O incremento de dados ou diferentes interpretações de dados pode levar a modificação
de uma hipótese e deste modo modificar a idéia de como os organismos estão relacionados,
quais espécies viveram ontem, vivem hoje e terão possibilidade de continuar vivendo amanhã
em uma determinada área, sabendo também qual tipo de equilíbrio existe no interior da
comunidade que habita uma área e por que reina esse equilíbrio, qual o custo da
biodiversidade de uma dada área e o que acontecerá com o equilíbrio biológico de uma área se
as condições ambientais que a governam forem alteradas podendo ter importância para a
Agricultura, Saúde, Ecologia, Genética, Biologia Molecular e Biologia do Comportamento,
entre outras áreas. A construção de árvores filogenéticas para muitos grupos de organismos
tem revolucionado o campo da sistemática e levam a novas interpretações de como os grupos
estão relacionados como também poder determinar o possível caráter de armação evolutiva
(KNAPP et al., 2004).
Os flavonóides além de serem considerados ótimos marcadores quimiotaxonômicos
também são tidos como protetores potenciais contra os efeitos nocivos dos radicais livres,
sendo de um modo geral, inibidores dos processos de peroxidação e de envelhecimento dos
tecidos. Sabendo que maior parte dos compostos polifenólicos possuem atividade antioxidante
e podem ser administrados para prevenir e tratar algumas doenças (CAMPOS, 1997).
Os radicais livres, espécies químicas altamente reativas, surgem em diversos processos
fisiológicos, comumente no sistema respiratório e é necessária certa quantidade destes, em
concentrações equilibradas para que o organismo exerça suas funções de forma completa.
Durante o metabolismo normal em células aeróbicas, o oxigênio molecular é reduzido para
água, um produto seguro, mas sua redução parcial leva a formação de compostos altamente
reativos, por exemplo, o ânion superóxido (•O
2
-
), peróxido de hidrogênio (H
2
O
2
) e radical
hidroperóxido (•OH). Outros radicais tais como alquil (R•), alcoxil (RO•) e peroxil (ROO•)
podem ser produzidos endogenamente, através da peroxidação lipídica (SIMIC et al., 1989). A
geração excessiva destes radicais pode deteriorar proteínas, carboidratos, ácidos graxos e o
DNA, e pode deste modo levar o organismo ao estado de estresse oxidativo tendo como
conseqüência processos degenerativos como envelhecimento, imunodeficiências, doenças
neurológicas, inflamação, aterosclerose, doenças coronárias e certos tipos de cânceres (CRIMI
et al.; JAY et al.; MINAMIYAMA et al.; KARAA et al., 2005; LOPEZ-DIAZGUERRERO et
al., 2005; YANO et al., 2005; DENNERY, 2006; FENG et al., 2006).
Este trabalho é uma continuação do estudo químico e biológico de espécies do gênero
Solanum (SILVA, 2001; SILVA et al., 2002; SILVA, 2002a; SILVA et al., 2002b; SILVA et
al., 2002c; SILVA et al., 2003; ALVES et al., 2004; CORNELIUS et al., 2004; SILVA et al.,
8
2004; SILVA et al., 2005b; SILVA et al., 2005c) com ênfase na quimiotaxonomia e atividade
antiradicalar devido à presença dos flavonóides, além do bioensaio com a Artemia salina de
espécies que apresentaram atividade moluscicida.
Para o estudo químico deste trabalho foram selecionadas três espécies: Solanum
agrarium Sendtner, do subgênero Leptostemonum seção Acanthophora, espécie nativa do
Nordeste brasileiro, Solanum asperum Richard e Solanum stipulaceum Roem & Schult
pertencentes ao subgênero Brevantherum seção Brevantherum, sendo estas as únicas
representantes deste subgênero e seção na Paraíba. Quanto à composição química já foi
relatado o isolamento do kanferol de S. agrarium (SILVA, 2002a), solaparnaina
(BHATTACHARYYA, 1985) e solasodina (BHATTACHARYYA, 1984) de S. asperum,
além disso, o extrato etanólico bruto inibiu a atividade da enzima acetilcolinesterase em
ensaiados na microplaca e em cromatografia de camada delgada (TREVISAN et al., 2003) e
solasodina de S. stipulaceum (SILVA et al., 2005).
9
2. OBJETIVOS
2.1 GERAL
- Realizar os estudos químicos e biológicos de algumas espécies do gênero Solanum do Brasil.
2.2 ESPECÍFICOS
-Estudar químicamente as espécies Solanum agrarium Sendtner, Solanum asperum Richard e
Solanum stipulaceum Roem & Schult, através do isolamento e identificação estrutural dos
constituintes envolvendo, principalmente, métodos cromatográficos e espectrométricos.
-Avaliar a capacidade seqüestradora de radicais livres e toxidade dos extratos/substâncias de
espécies de Solanum frente ao radical livre DPPH e Artemia salina L. respectivamente.
- Estudar as relações quimiotaxonômicas das espécies de Solanum spp através dos padrões de
oxigenação dos flavonóides presentes nas espécies.
10
3. ASPECTOS BOTÂNICOS
Todas as espécies de plantas estudadas foram identificadas pela Professora Doutora
Maria de Fátima Agra (Laboratório de Tecnologia Farmacêutica, Universidade Federal da
Paraíba) e as amostras do material vegetal estão depositadas no Herbário Professor Lauro
Pires Xavier (JPB), Campus I da Universidade Federal da Paraíba.
3.1 Solanum agrarium Sendtner
É uma erva a sub-arbusto, ereto levemente prostado, ramificado, fortemente armado,
50-90 cm de altura. Caule cilíndrico 4-5 mm de largura, indumento glabrescente com
diminutos tricomas glandulares estipitados e tricomas simples. Folhas com acúleos
semelhantes aos do caule, obovada com 30 a 40 mm de comprimento e 15-50 mm de largura.
Baga globosa com 13-15 mm de diâmetro, glabra amarelo-claro (AGRA, 1991).
3.1.1 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
-Brasil (Bahia, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro), Colômbia, Venezuela, Ilhas do
Caribe. É uma das espécies provavelmente nativa do Nordeste Brasileiro, embora não se tenha
evidências para prová-lo (AGRA, 1991).
3.1.2 IMPORTÂNCIA ECONÔMICA
-Algumas informações quanto ao uso das espécies, foram encontradas em etiquetas de
herbários, informando sobre a toxidade das folhas para o gado, “provocam timpanite”
(SOUSA et al. 1193). Em outras etiquetas há informação sobre “frutos comestíveis” (SOUSA
et al. 1193, XAVIER 862). Popularmente o decocto da raiz é empregado como abortivo. Há
Foto: Maria de Fátima Agra
11
referências ao uso do decocto das folhas no tratamento de doenças venéreas (LEWIS et al.,
1977).
3.1.3 NOMES LOCAIS
-Baba, Gogóia e Melancia da Praia (AGRA, 1991).
3.2 Solanum asperum Richard
É um arbusto ereto, 2,0-3,0 m de altura com caule cilíndrico, coberto por um
indumento denso pulverulento de cor acastanhada, constituído por tricomas estrelados. Folhas
opostas lanceoladas, inteiras, sésseis, com 5,0-13 cm de comprimento e 2,0-3,5 cm de largura,
com ápice acuminado. Frutos são bagas globosas, 0,8-1,0 cm de diâmetro, verde escuro com
exocarpo pubescente, tricomas estrelados espaços (AGRA, 1991).
3.2.1 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
-Brasil (Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco e Rio
de Janeiro) (AGRA, 1991).
3.2.2 IMPORTÂNCIA ECONÔMICA
-Suas folhas são irritantes para pele e seus frutos não são comestíveis, nem referidos por suas
propriedades medicinais. Todavia na Farmacopéia Tyriyó relata que as folhas maceradas são
empregadas no tratamento da dor de dentes (CAVALCANTI et al., 1973).
3.2.3 NOMES LOCAIS
-Coça-Coça, Jussara, Jurubeba-Branca, Velame-Bravo (AGRA, 1991).
Foto: Tania Maria Sarmento da Silva
12
3.3 Solanum stipulaceum Roem & Schult
É um arbusto que chega até 3,0 m de altura, com ramos delgados, quando jovem
apresenta indumento estrelado tomentoso e mais velho é glabrascente. Folhas alternas, macias
e algumas vezes rugosas, com dimensões que variam de 4,0-20 cm comprimento x 1,0-4,5 cm
de largura, elíptico-lanceoladas, de ápice agudo ou acuminado e base cuneada ou redonda,
freqüentemente assimétrica, com margens contínuas, na superfície adaxial o indumento é
estrelado pubescente, na abaxial é estrelado tomentoso. Frutos verdes acinzentados com
diâmetro variando entre 8,0-12 mm, globosos, com indumento densamente estrelado
pubescente. (STANNARD et al., 1995)
3.3.1 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
-Brasil (Bahia e Pernambuco).
3.3.2 IMPORTÂNCIA ECONÔMICA
-Folhas tóxicas para o homem (AGRA et al., 1999b).
3.3.3 NOME LOCAL
-Jurubeba-roxa (AGRA et al., 1999b).
Foto: Maria de Fátima Agra
13
4. EXPERIMENTAL GERAL
4.1 Equipamentos e reagentes
Os pontos de fusão foram determinados em placa de aquecimento de aparelho digital de
ponto de fusão (Micro química MQAPF-302, Microquímica Equipamentos LTDA). Os
espectros no infravermelho foram obtidos em espectrofotômetro MB-100M. Series, BOMEM
(Canadá) e aparelho VANKEL 50 UV-Visível Varian (Australia) para leitura da absorbância
das soluções no teste anti-radicalar. Os espectros de Ressonância Magnética Nuclear,
1
H e
13
C
(incluindo experimentos em 2D) foram registrados em espectrômetro da Varian Mercury que
opera a 200 MHz para
1
H e a 50 MHz para
13
C . Como padrão interno foi usado
tetrametilsilano ou resíduo de solvente como CHCl
3
, DMSO e acetona.
Para análise em Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) o sistema consistiu
de uma bomba de solvente modelo SCL-10Avp, equipado com um detector UV-VIS SPD-
M10Avp (Shimadzu), Corp., Kyoto, Japan). As amostras foram injetadas em um injetor
Rheodyne 7125i com um loop de 20 μL. A separação cromatográfica foi feita com uma coluna
Supelcosil LC-18 (125 cm x 10mm x 5μm, Supelco, Bellefonte, USA) e CLAE (Shimadzu),
Corp., Kyoto, Japan). com degaseificador DGU-14, misturador FCV-10ALvp, detector com
arranjo de diodos SPD-M10 Avp, forno para coluna CTO-10ASvp e controlador de sistema
SCL-10Avp (Kyoto, Japan), coluna C18 Shim-Pack, pré coluna C-18 SULPELCO 4,0 mm,
solvente (MeOH) da Tedia Company (EUA) grau HPLC/Espectro UV-visível, ácido fórmico
Merck (Alemanha), cartuchos com membrana millipore com poros de 0,45 μm de diâmetro
(SUPELCO, USA) para filtração das amostras a serem analisadas foram usados.
A cromatografia em coluna foi realizada tendo como suporte Sephadex LH-20
®
(Amersham Biosciences, Suécia), para Cromatografia em Camada Delgada Analítica (CCDA)
foram usadas cromatofolhas de sílica gel 60F
254
(Merck)
e como reveladores foram utilizados,
UV-visível a 254 e 366 nm e reagentes específicos para revelação como Draggendorff
(alcalóides) e ácido difenilbórico etanolamina-MeOH (flavonóides)
4.1.1 Derivatizações
A preparação do derivado acetilado serviu para facilitar a análise dos dados espectrais.
14
a) Acetilação
- Solventes e reagentes
anidrido acético(Merck), piridina (Aldrich) e 4-dimetilaminopiridina (DMAP)
(Merck).
4.1.2 Teste anti-radicalar
DPPH, Alfa Aesas (USA)
BHT, Acros Organics (Bélgica)
ácido ascórbico
EtOH absolute PA, VETEC, (BRASIL)
4.1.3 Bioensaio com Artemia salina
MeOH PA, VETEC, (BRASIL)
Cremophor EL
®
, Fluka/Biochemika (Alemanha)
DMSO, VETEC (BRASIL)
Ovos de Artemia salina (adiquirido em lojas de produtos de psicultura)
15
CAPÍTULO I
ESTUDO QUÍMICO DAS FOLHAS DE SOLANUM AGRARIUM SENDTNER,
SOLANUM STIPULACEUM ROEM & SCHULT E PARTES AÉREAS DE SOLANUM
ASPERUM RICHARD
16
ESTUDO QUÍMICO DAS FOLHAS DE SOLANUM STIPULACEUM ROEM &
SCHULT
17
I.1 Isolamento e purificação dos constituintes de Solanum stipulaceum Roem & Schult
As folhas de Solanum stipulaceum foram coletadas no Pico do Jabre, município de
Maturéia, e submetidas à secagem em estufa a 40
0
C por uma semana. O material seco e
pulverizado (573,5 g) foi macerado com MeOH até completa exaustão mostrada pela
descoloração da solução extrativa. A solução extrativa foi concentrada em evaporador
rotatório sob pressão reduzida a 40
0
C fornecendo um resíduo de cor verde escuro (92,5 g). O
extrato (90,5 g) foi dissolvido em água destilada e MeOH (1:1) depois particionado em funil
de separação com solução de Benzeno:éter etílico (1:1) e CHCl
3.
As soluções extrativas foram
concentradas fornecendo os extratos Benzeno:etéreo (25,5 g) e CHCl
3
(3,0 g). A fase
MeOH:aquosa foi alcalinizada com KHCO
3
até pH=9,0 e submetida à extração com solução
de CHCl
3
:EtOH (2:1). Esta solução foi concentrada obtendo-se o extrato CHCl
3
:EtOH (16,2 g)
e a MeOH :aquosa.
O extrato Benzeno:etéreo mostrou a presença de flavonóides quando corado com
reagente NP (ácido difenilbórico etanolamina, 1% em MeOH) em CCDA e foi escolhido para
o fracionamento cromatográfico. O extrato foi submetido a coluna cromatográfica com
Sephadex LH-20
®
usando como eluente CHCl
3
:MeOH (1:1), obtendo-se onze frações. As
frações foram reunidas de acordo com os fatores de retenção (R
f
) revelados com reagente NP.
As frações de 7-11 foram reunidas e recromatografadas seguindo o mesmo procedimento,
resultando em 10 frações, quatro dessas apresentaram precipitados que foram recristalizados
em acetona obtendo-se os compostos 1, 2, 3 e 4 Esquema 1. As massas, rendimentos e pontos
de fusão estão listadas na Tabela 1.
18
Tabela 1. Substâncias isoladas de Solanum stipulaceum Roem & Schult.
Substância (código) Massa (mg) Rendimento (%) Ponto de fusão (
0
C)
1 20,8 0,0036 224-226
2 37,0 0,0065 274-278
3 8,6 0,0014 -
4 12,8 0,0022 -
Folhas secas e moídas (573,5 g)
Extrato MeOH (92,5 g)
¾ Macera
ç
ão com MeOH
Extrato Benzeno:Etéreo
(25,5 g)
¾ MeOH:H
2
O (1:1)
¾Benzeno:Éte
r
etílico
(
1:1
)
Extrato CHCl
3
(3,0 g)
Fase aquosa
Extrato CHCl
3
:EtOH (16,2 g)
¾ Sephadex LH-20
®
(CHCl
3
:MeOH (1:1)
Frações de 7 a 11
10 frações
Fração 4
1 (20,8 mg)
Fração 5
2 (37,0 mg)
Fração 6
3 (8,6 mg)
Fração 8
4 (12,8 mg)
¾ CHCl
3
¾ Sephadex LH-20
®
(CHCl
3
:MeOH (1:1)
¾ CHCl
3
:EtOH (2:1)
¾
KHCO
3
, pH=9,0
Esquema 1. Isolamento das substâncias de Solanum stipulaceum Roem & Schult.
19
I.2. Identificação estrutural dos constituintes de Solanum stipulaceum Roem & Schult
As substâncias 1 e 2 apresentaram cor amarelo brilhante intenso quando coradas com
reagente NP (ácido difenilbórico etanolamina, 1% em MeOH) para flavonóides. Nos espectros
de IV dos flavonóides 1 (Figura 3) e 2 (Figura 4) observaram-se absorções de sistemas
aromáticos entre 1600 e 1500 cm
-1
, de função carbonila α, β-insaturada envolvida em ponte de
hidrogênio intramolecular em tre 1650-1680 cm
-1
e intensas e longas absorções para grupos
hidroxílicos em 3400 cm
-1
. O flavonóide 1 mostrou ainda absorção adicional em 1068 cm
-1
para ligação C-O, sugerindo a presença da função álcool.
Figura 3. Espectro no IV (KBr) do flavonóide 1.
Figura 4. Espectro no IV (KBr) do flavonóide 2.
estiramento
O-H
estiramento
C-H
sp
2
estiramento
C-H
sp
3
C=C
aromático
C=C
olefina
C-O
álcool
C-O
éter e fenol
-CH
2
-
C=O
α, β-
insaturada
estiramento
O-H
C=C
aromático
C-O
éter e fenol
C=O
α, β-
insaturada
20
Os espectros de RMN de
1
H dos flavonóides 1 (Figura 5) e 2 (Figura 10)
apresentaram sinais típicos de substituição para o flavonóide 3,4’,5,7-tetraidroxiflavona
(kanferol). O flavonóide 1 apresentou sinais de sistema AB correspondentes a dois átomos de
hidrogênio que mantêm entre si relação meta no anel A, com dubleto em δ 6,38 (J=1,8 Hz) e
singleto largo em δ 6,14 referentes aos hidrogênios H-8 e H-6 respectivamente. O anel B
apresentou sinais de sistemas AA’BB’ com dubletos em δ 7,98 (J=8,8 Hz) atribuídos aos
hidrogênios H-2’/H-6’ e em δ 6,84 (J=8,8 Hz) dos hidrogênios H-3’/H-5’ (Tabela 2). Com o
mesmo padrão de substituição o espectro do flavonóide 2 apresentou singletos largos em δ
6,43 e δ 6,18 atribuídos aos hidrogênios H-8 e H-6 respectivamente, referentes ao anel A
Figura 10. O anel B com dubletos em δ 8,03 (J=8,6 Hz) e em δ 6,91 (J=8,6 Hz) atribuídos aos
hidrogênios H-2’/H-6’ e H-3’/H5’ respectivamente (Figura 10) (Tabela 3). Os dois
flavonóides apresentaram sinais típicos de hidroxila (OH-5) de caráter quelatogênico em anéis
de seis membros em δ 12,56 para 1 (Figura 5) e δ 12,48 para 2 (Figura 10).
O espectro de RMN de
1
H (Figura 5) do flavonóide 1 mostrou sinais adicionais
correspondentes a uma unidade de açúcar, destacando o sinal de hidrogênio ligado ao carbono
carbinólico em δ 5,44 (d, J=7,0 Hz) de H anomérico em posição axial e uma unidade
coumaroíla identificada pelo sistema AA’BB’ em δ 6,77 (2H, H-3’’’ e H-5’’’; d, J=8,4 Hz) e δ
7,39 (2H, H-2’’’ e H-6’’’; d, J=8,2 Hz) e dubletos em δ 7,48 (J=15,8 Hz) e em δ 6,10 (J=16,0
Hz) para os hidrogênios H-7’’’ e H-8’’’ respectivamente. A fórmula molecular C
30
H
26
O
13
do
flavonóide acilado foi deduzida pela comparação dos espectros de APT, {
1
H} (1D) e 2D
HMQC (Figuras 5, 6 e 7) permitindo reconhecer os sinais correspondentes aos átomos de
carbono não hidrogenados (12 carbonos sp
2
), metínicos ( 8 sinais representando 12 carbonos
sp
2
e cinco sp
3
oxigenados, entre eles um anomérico em δ
C
100,98 correlacionado com um
dubleto em δ
H
5,44 (J=7,0 Hz), no espectro de HMQC) e um metilênico em δ 62,1
correlacionado com um dubleto largo em δ 4,26 (J=10,6 Hz) e um duplo dubleto em δ 4,01
(J=12,0 e 6,4 Hz). A presença de uma unidade O-β-D-(6”-coumaroil-glicopiranosil foi
confirmada pela análise dos demais sinais dos espectros de RMN de
1
H e RMN de
13
C
(Tabela 2). A localização desta unidade estrutural no átomo de oxigênio ligado ao carbono C-
3 da aglicona foi realizada pelas observações dos valores dos deslocamentos químicos do
átomo de carbono C-2 (δ
C
156,39) e do carbono metilênico C-6’’ (δ
C
63,0) no espectro de
RMN
13
C e grupo cumaroil ligado em C-6’’ respectivamente. O assinalamento completo foi
feito com auxílio dos espectros de RMN 2D: HMQC (Figura 7), HMBC (Figura 8) e COSY
(Figura 9). A comparação com os dados da literatura permitiu identificar o flavonóide 1 como
sendo o tilirosídeo (224-226
0
C) e o 2 kanferol (274-278
0
C) (AGRAWAL et al., 1989).
21
Figura 5. A) Espectro de RMN de
1
H (200 MHz) do flavonóide 1 (tilirosídeo) em DMSO-d
6
.
B) e C) Expansões em campo baixo e alto respectivamente.
OH-5
OH-7
OH-4’ OH-4’’’
H-7 ’’’
H-2’, H-6’ H-2’’’, H-6’’’
H-1’’
H-6’’
H-3’, H-5’
H-3’’’, H-5’’’
H-8
H-6
H-8’’’
A
B
C
22
Figura 6. A) Espectro de APT (50 MHz) do flavonóide 1 (tilirosídeo) em DMSO-d
6
. B) e C)
Expansões em campo baixo e alto respectivamente.
C-4
C-7
C-5
C-4’
C-9 C-2
C-3
C-2’’’, C-6’’’
C-2’, C-6’
C-7’’’
C-1’
C-3’’’, C-5’’’
C-3’, C-5’
C-8’’’
C-10
C-1’’
C-6
C-8 C-3’’
C-2’’, C-5’’
C-4’’
C-6’’
A
B
C
23
Figura 7. Espectro de HMQC (RMN
1
H: 200 MHz, APT: 50 MHz) do flavonóide 1
(tilirosídeo) em DMSO-d
6.
B) Expansão em campo alto.
A
B
24
Figura 8. Espectro de HMBC (RMN
1
H: 200 MHz, APT: 50 MHz) do flavonóide 1
(tilirosídeo) em DMSO-d
6.
B) e C) Expansões em campo baixo.
B
A
25
Figura 9. Espectro de COSY
1
H,
1
H (200 MHz em DMSO-d
6.
) do flavonóide 1 (tilirosídeo).
26
Tabela 2. Dados de RMN de
1
H (200 MHz) e
13
C (50 MHz) do tilirosídeo (1) em DMSO-d
6
.
Deslocamentos químicos em δ e constantes de acoplamentos (J) em Hz.
O
O
OH
OH
OH
O
O
OH
O
O
OH
OH
OH
2
3
4
5
6
7
8
9
10
5 ''
1 ''
1'
2'
3'
4'
5'
6'
8 '''
6 ''
3 ''
4 ''
9 '''
7 '''
2 '''
2 ''
5 '''
6 '''
4 '''
3 '''
1 '''
1
1
H-
13
C-HMQC-
1
J
CH
1
H-
13
C-HMBC-
n
J
CH
C
δ
C
δ
H
2
J
CH
3
J
CH
2 156,39 - - -
3 133,07 - - -
4 177,45 - - -
5 161,18 - - -
7 164,24 - - -
9 156,49 - H-8 -
10 103,9 - -
1’ 120,79 - - H-3’, H-5’
4’ 160,07 - H-3’, H-5 H-2’, H-6
1’’’ 124,95 - - -
4’’’ 159,86 - - -
9’’’ 166,23 - - -
CH - -
6 98,82 6,14 (sl) - H-8
8 93,732 6,38 (d, 1,8) - H-6
2’,6’ 130,88 7,98 (d, 8,8) - H-6’, H-2
3’, 5’ 115,16 6,84 (d, 8,6) - -
1’’ 100,98 5,44 (d, 7,0) - -
2’’ 74,17 - - -
3’’ 76,25 - - -
4’’ 69,97 - - -
5’’ 74,26 - - -
2’’’,6’’’ 130,22 7,39 (d, 8,2) - -
3’’’,5’’’ 115,8 6,77 (d, 8,4) - -
7’’’ 144,67 7,48 (d, 15,8) - -
8’’’ 113,65 6,10 (d, 16,0) - -
CH
2
6’’ 63,0
4,26 (dl, 10,6)
4,01 (dd, 12,0; 6,4)
- -
-OH
4 - 12,57 (s) - -
4’’’ - 10,89 (s) - -
5 - 10,19 (s) - -
7 - 10,05 (s) - -
1
27
Figura 10. Espectro de RMN de
1
H (200 MHz) do flavonóide 2 (kanferol) em DMSO-d
6.
Tabela 3. Dados de RMN de
1
H (200 MHz) do kanferol (2) em DMSO-d
6
. Deslocamentos
químicos em δ e constantes de acoplamentos (J) em Hz.
O
O
OH
OH
OH
OH
2
3
4
5
6
7
8
9
10
1'
2'
3'
4'
5'
6'
2
C
δ
H
2 -
3 -
4 -
5 -
7 -
9 -
10 -
1’ -
4’ -
CH
6 6,18 (sl)
8 6,43 (sl)
2’,6’ 8,03 (d, 8,6)
3’, 5’ 6,91 (8,6)
OH
5 12,58 (s)
H-2’, H6’ H-3’, H-5’
H-8
H-6
2
OH-5
28
A substância 3 mostrou-se como um sólido amarelo coloração amarelo-laranja com
reagente NP para flavonóides indicando ser um flavonóide com hidroxilas em posições orto
(MARKHAM, 1982). O espectro de IV (Figura 11) apresentou sinais de sistema aromático
em 1429 e 1513 cm
-1
, função carbonila α, β-insaturada envolvida em ponte de hidrogênio
intramolecular em 1616 cm
-1
, e intensa e larga absorção em 3420 cm
-1
referente à ligação O-
H.
Figura 11. Espectro no IV (KBr) do flavonóide 3.
O espectro de RMN de
1
H (Figura 12) mostrou sinais típicos para o padrão para
3,3’,4’,5,7-pentaidroxiflavona (quercetina) observando-se sinais de sistema AB para o anel A
do flavonóide com dubletos em δ 6,39 (J=1,8 Hz) e em δ 6,17 (J=2,0 Hz) referentes aos
hidrogênios H-8/H6 respectivamente. E sinais característicos de sistema ABX para o anel B
com duplo dubleto em δ 7,52 (J=8,5 Hz, J=2,1 Hz) atribuído ao hidrogênio H-6’, dubleto em δ
6,86 (J=8,6 Hz) para H-5’ e em δ 7,66 (J=2,2 Hz) para H-2’ Tabela 4.
estiramento
O-H
C=O
α, β-
insaturada
C=C
aromático
C-O
éter e fenol
29
Figura 12. Espectro de RMN de
1
H (200 MHz) do flavonóide 3 (quercetina) em DMSO-d
6.
B)
Expansão em campo baixo.
Tabela 4. Dados de RMN de
1
H (200 MHz) de quercetina (3) em DMSO-d
6
. Deslocamentos
químicos em δ e constante de acoplamento (J) em Hz.
3
C
δ
H
2 -
3 -
4 -
5 -
7 -
9 -
10 -
1’ -
4’ -
CH
6 6,17 (d, 2,0)
8 6,39 (d, 1,8)
2’ 7,66 (d, 2,2)
5’ 6,86 (d, 8,6)
6’ 7,52 (dd, 8,5, 2,1)
OH
5 12,48(s)
OH-5
H-2’
H-6’
H-5’
H-8
H-6
A
B
30
A substância 4 não corou com reagente NP para flavonóides. O espectro de RMN
1
H
(Figura 13) desta apresentou sinais de anel aromático p-dissubstituído. Com um sinal de
hidroxila de ácido carboxílico em δ 10,26 e dubletos em δ 6,81 (J=8,4 Hz) e em δ 7,75 (J=8,8
Hz) atribuídos aos hidrogênios H-3/H-5 e H-2/H-6 do ácido p-hidroxibenzóico
respectivamente.
Figura 13. Espectro de RMN de
1
H (200 MHz) do ácido p-hidroxibenzóico (4) em DMSO-d
6.
H-2, H-6 H-3, H-5
OH de ácido
carboxílico
OH
O
OH
1
2
3
4
5
6
7
4
31
ESTUDO QUÍMICO DAS PARTES AÉREAS DE SOLANUM ASPERUM RICHARD
32
I.3 Isolamento e purificação dos constituintes de Solanum asperum Richard
As partes aéreas de Solanum asperum foram coletadas no Campus I, UFPB, João
Pessoa, PB e submetidas à secagem em estufa a 40
0
C por uma semana. As partes aéreas secas
e pulverizadas de S. asperum (1.178 g) foram extraídas exaustivamente em Soxhlet com 6 L
de MeOH. A solução extrativa foi concentrada em evaporador rotatório, fornecendo o extrato
MeOH (77,0 g). O Extrato MeOH (74,0 g) foi suspenso em H
2
O e em seguida particionado
com solução de Hexano:Éter (1:1) e depois com AcOEt obtendo-se os extratos Hexano:Etéreo
(11,0 g) e AcOEt (4,4 g).
Devido a presença de uma maior concentração de flavonóides evidenciados com
reagente NP o extrato AcOEt (3,4 g) foi escolhido para ser submetido a permeação em
Sephadex LH-20
®
usando como eluente CHCl
3
:MeOH (1:1), obtendo-se 29 frações. Nas
frações 14 a 20 houve formação de um precipitado de cor amarelo claro (5, 2,5 mg) e na fase
aquosa houve a formação de outro precipitado amarelo pardo (6, 720,0 mg). O flavonóide 6
(50 mg) foi acetilado com 1,0 mL de piridina e 1,0 mL de anidrido acético e DMAP em
quantidades catalíticas. A mistura ficou sob agitação durante 1 h até consumir todo o
flavonóide. Após o término da reação a mesma foi tratada com raspas de gelo formando-se um
precipitado branco que foi filtrado a vácuo e lavado várias vezes com H
2
O para retirar o
excesso de piridina. O flavonóide resultante foi o 6a com massa de 53,1 mg (65 % de
rendimento).
33
Esquema 2. Isolamento das substâncias de Solanum asperum Richard.
Tabela 5. Substâncias isoladas de Solanum asperum Richard e os derivados obtidos.
Substância (código) Massa (mg) Rendimento (%) Ponto de fusão (
0
C)
5 2,5 0,0002 228-230
6 720 0,06 184-186
Derivado 6a 53,1 65 (reação) 141-143
Extrato MeOH (77,0 g)
¾ Extração em Soxhlet com MeOH
Extrato Hexano:Etéreo
(11,0 g)
¾ MeOH:H
2
O (1:1)
¾ Hexano:Éter (1:1)
Extrato AcOEt
(4,4 g)
Fase aquosa
alcaloidal
¾ Sephadex LH-20
®
(CHCl
3
:MeOH (1:1)
29 frações
Frações de 14 a 20
5 (2,5 mg)
ppt 6 (720 mg)
¾ AcOEt
6 (50 mg)
acetilação
Partes aéreas secas e moídas
(1178,0 g)
6a (53,1 mg)
34
I.4 Determinação estrutural dos constituintes de Solanum asperum Richard
As substâncias 5 e 6 apresentaram coloração amarelo brilhante intenso quando coradas
com reagente NP para flavonóides em CCDA.
O flavonóide 5 tem ponto de fusão 228-230
0
C e espectro de RMN de
1
H (Figura 14)
semelhante ao do flavonóide 1 isolado de S. stipulaceum sendo identificado como tilirosídeo.
Figura 14. A) Espectro de RMN de
1
H (200 MHz) do flavonóide 5 em DMSO-d
6
. B) e C)
Expansões em campo baixo e alto respectivamente.
OH-5
H-6
H-2’/H-6’
H-2’’’/H-6’’’
H-7’’’
H-8’’’
H-3’’’/H-5’’’
H-3’/H-5’
H-8
A
B
C
H-6’’
H-1’’
35
O espectro no IV do flavonóide 6 (Figura 15) apresenta absorções de sistema
aromático em1491 cm
-1
e 1596 cm
-1
, função carbonila α, β-insaturada envolvida em ponte de
hidrogênio intramolecular em 1655 cm
-1
, intensa e larga absorção em 3411 cm
-1
referente a
ligação O-H e em 1052 cm
-1
sugerindo a presença da função álcool.
Figura 15. Espectro de IV (KBr) do flavonóide 6.
A natureza glicosídica desta substância foi indicada pelo número de sinais
oximetínicos e oximetilênico observados nos espectros de RMN de
1
H e APT, e confirmada
pelos espectros 2D de correlação heteronuclear (
1
H-
13
C-HMQC, Figura 18, e
1
H-
13
C-HMBC,
Figura 19), permitindo caracterizar a estrutura do glicosídeo.
A unidade aglicona de 6 foi caracterizada como 3,4’,5,7-tetrahidroxiflavona (kanferol)
através da análise dos espectros de RMN de
1
H (Figura 16) reconhecendo os sinais do sistema
AB, correspondentes a dois átomos de hidrogênio que mantêm entre si relação meta e
atribuídos aos hidrogênios H-6/H-8[δ
H
6,44/6,79; d, J=1,6 Hz)] e AA’BB’ do anel B com os
valores δ
H
8,09 (d; J=8,8 Hz) e δ
H
6,86 (d; J=8,6 Hz) atribuídos aos hidrogênios 2’, 6’ e 3’, 5’,
respectivamente.
estiramento
O-H
estiramento
C-H
sp
2
estiramento
C-H
sp
3
C=O
α, β-
insaturada
C-O
álcool
C-O
éter e fenol
-CH
2
-
C=C
aromático
36
Figura 16. A) Espectro de RMN de
1
H (200 MHz) do flavonóide 6 em DMSO-d
6
. B) e C)
Expansões em campo alto.
H-2’/H-6’
H-2’/H-6’
H-8
H-6
1R1
1G 2R2 2R1 5R2 5R1
2R1/4R1
3R1 3R2
1R2
2G
6G
4G
3G
6R2 6R1
A
B
C
37
Os dados espectrais de RMN de
1
H (Figura 16) e APT (Figura 17) permitiram
caracterizar o flavonóide 6 como o kanferol triglicosilado e as três unidades glicosídicas foram
identificadas como sendo duas ramnoses e uma glicose. A presença de uma unidade α-L-
ramnopiranosídica ligada ao oxigênio do carbono C-7 que foi deduzida pelos sinais em δ
H
5,54 (singleto largo) do hidrogênio H-1R2 (hidrogênio H-1 da ramnose em posição equatorial)
e em δ
C
161,69 atribuído ao carbono C-7. A localização da unidade diglicosídica α-L-
ramnopiranosil-(16)-β-D-glicopiranosil no átomo de carbono de oxigênio do carbono C-3
está fundamentada nas seguintes observações: a) o deslocamento químico do átomo do
carbono C-2 (δ
C
157,17) revelado pelo espectro de APT (Figura 17) sugeriu a presença do
glicosídeo em C-3; b) o deslocamento químico do átomo de carbono metilênico C-6G (δ
C
65,29) permitiu a localização da unidade ramnose restante, neste átomo de carbono, já que o
sinal do grupo hidroximetilênico livre de uma unidade glicopiranosila ocorre em torno de δ
C
62,0 (AGRAWAL et al., 1989).
Assim, a estrutura pode ser caracterizada como sendo 3-O-[β-D-glicopiranosil-(16)-
α-L-ramnopiranosil]-7-O-α-L-ramnopiranosilkanferol. Os deslocamentos químicos de RMN
de
1
H e APT, incluindo dados obtidos nos espectros de HQMC (Figura 18) e HMBC (Figura
19) estão na Tabela 6. Os dados obtidos nos espectros foram comparados com os da literatura
(PIZZOLATTI et al., 2003).
38
Figura 17. Espectro de APT (50 MHz) do flavonóide 6 em DMSO-d
6.
B) e C) Expansões em
campo baixo e alto.
C-4
C-7
C-5
C-4’
C-2
C-9
C-3
C-2’/C-6’
C-3’/C-5’
C-1’
C-10
C-1R6/C-2R6
C-1G
C-6
C-1R2
C-1R1
C-8
C-3G C-5G
C-4R2
C-4R1
C-2G
C-2R2
C-3R2
C-4G C-3R1
C-2R1
C-5R1
C-5R2
A
B
C
39
Figura 18. Espectro de HMQC (RMN
1
H: 200 MHz, APT: 50 MHz) do flavonóide 6 em
DMSO-d
6.
B) Expansão em campo baixo.
C-2’/C-6’
H-2’/H-6’
C-3’/C-5’
H-3’/H-5’
C-8
H-8
C-1R1
H-1R1
C-1G
H-1H
C-1G
H-1H
A
B
40
Figura 19. Espectro de HMBC (RMN
1
H: 200 MHz, APT: 50 MHz) do flavonóide 6 em
DMSO-d
6.
B) Expansão em campo baixo.
A
B
41
Tabela 6. Dados de RMN de
1
H (200 MHz) e
13
C (50 MHz) do glicosídeo 6 3-O-[β-D-
glicopiranosil-(16)-α-L-ramnopiranosil]-7-O-α-L-ramnopiranosilkanferol em DMSO-d6.
Deslocamentos químicos em δ e constantes de acoplamentos (J) em Hz.
O
O
O
OH
O
OH
OH
OH
OH
O
O
OH
OH
OH
O
O
OH
OH
OH
2
3
4
5
6
7
8
9
10
5G
1G
1'
2'
3'
4'
5'
6'
2R1
6G
3G
4G
1R1
3R1
4R1
5R1
2G
2R2
1R2
3R2
4R2
5R2
6R2
6R1
6
1
H-
13
C-HMQC-
1
J
CH
1
H-
13
C-HMBC-
n
J
CH
C
δ
C
δ
H
2
J
CH
3
J
CH
2 157,17 - - -
3 133,62 - - 1G
4 177,74 - - -
5 160,94 - OH-5 -
7 161,69 - H-6; H-8 -
9 156,10 - H-8 -
10 105,66 - - H-6
1’ 120,77 - - H-3’, H-5’
4’ 160,25 - H-3’, H-5 H-2’, H-6
CH - -
6 100,09 6,44 (d, 1,6) - H-8; OH-5
8 94,73 6,79 (d, 1,4) - -
2’,6’ 131,20 - - -
3’,5’ 115,23 - - -
1G 101,91 5,34 (d, 7,6) - -
2G 71,17 3,84 - -
3G 73,66 3,09 (dd, 14,0; 5,0) - -
4G 70,32 - - -
5G 73,01 - - -
1R1 98,44 4,39 (sl) - -
2R1 69,90 5,23 (d, 5,0) - -
3R1 70,16 4,47 (sl) - -
4R1 71,67 4,62 (sl) - -
5R1 68,35 4,84 (d, 5,2) - -
1R2 99,44 5,54 (sl) - -
2R2 70,65 5,18 (d, 4,0) - -
3R2 70,49 4,50 (s) - -
4R2 71,98 4,62 (sl) - -
5R2 68,06 4,96 (d, 3,6) - -
CH
2
- -
6G 65,29 -
-
1R1
CH
3
- -
6R1 18,01 1,03 (d, 6,2) - -
6R2 18,01 1,10 (d, 6,0) - -
OH - -
4’ 10,26 (s) - -
5 12,56 (s) - -
6
42
O flavonóide 3-O-[β-D-glicopiranosil-(16)-α-L-ramnopiranosil]-7-O-α-L-
ramnopiranosilkanferol foi isolado apenas das espécies Lens esculenta (EI-NEGOUMY et al.,
1987) e Bauhinia forficata (PIZZOLATTI et al., 2003), sendo portanto o terceiro relato na
literatura.
As folhas da espécie Bauhinia forficata, de onde foi isolado também o flavonóide
glicosilado são utilizadas na medicina popular brasileira como agente diurético e
hipoglicemiante (MARTINS et al., 1998). Recentemente (SOUSA et al., 2004) foi
comprovado que parte da atividade hipoglicemiante desta espécie é devido a presença do
flavonóide 3,7-di-O-α-L-ramnopiranosil-kanferol isolado e testado.
Como a espécie Solanum asperum, apresentou uma quantidade razoável (0,4 %) do
flavonóide 3-O-[β-D-glicopiranosil-(16)-α-L-ramnopiranosil]-7-O-α-L-
ramnopiranosilkanferol com fácil isolamento, sendo um dos flavonóides isolados de Bauhinia
forficata, as folhas de Solanum asperum foram novamente coletadas e cuidadosamente
extraídas para o isolamento e teste hipoglicemiante do flavonóide. Desta vez, seguindo o
mesmo procedimento anterior para o isolamento, a partir de 726,0 g do pó seco das folhas foi
precipitado na fase aquosa 3,0 g do flavonóide triglicosilado.
Os testes para atividade hipoglicemiante estão sendo realizados no LTF (Profa.
Temilce Simões de Assis) e os resultados preliminares (dados não mostrados) mostraram-se
promissores.
Em continuação ao estudo com flavonóides de Solanum, tipos de tricomas e
quimiotaxomia (SILVA, 2002a; SILVA et al., 2004), apresentamos agora o estudo com os
tricomas das duas espécies Solanum asperum Rich. e Solanum stipulaceum Roem & Schult de
Solanum subg. e seção Brevantherum através da análise dos flavonóides por CLAE-DAD.
Espécies deste subgênero se caracterizam pela ausência de aculeos, inflorescências
ramificadas, dicotômicas, multifloradas; flores andróginas com as anteras curtas e oblongas (o
nome do grupo é uma alusão ao tamanho das anteras , Brevantherum = anteras curtas),
indumento é constituído de tricomas estrelados sesséis e estipitados com a cèlula central
reduzida, unicelular. De acordo com (D’ARCY, 1972) o subgênero Brevantherum é
representado por 28 espécies com distribuição nas regiões tropicais e subtropicais. O Brasil é o
centro da diversidade e na Paraíba, Nordeste do Brasil, é representado apenas por estas duas
espécies.
Como descrito anteriormente, foram isolados de S. asperum os flavonóides 3-O-[β-D-
glicopiranosil-(16)-α-L-ramnopiranosil]-7-O-α-L-ramnopiranosilkanferol (1) e tilirosídeo
(3) e de S. stipulaceum foram isolados kanferol (4), quercetina (2) e tilirosideo (3). Para
43
verificar se estes flavonóides isolados das duas espécies estavam presentes nos tricomas, estes
foram retirados das folhas e ramos de S. asperum (234,8 mg) e S. stipulaceum (232,5 mg) e
extraídos com MeOH em ultra-som. Os extratos metanólicos de S. asperum (43,2 mg) e S.
stipulaceum (39,0 mg) foram analisados por CLAE-DAD. A figura 20 mostra o cromatograma
obtido, juntamente com o espectro de UV-Visível com o UV dos flavonóides. Os flavonóides
isolados de cada espécie estão presentes também nos tricomas. Este resultado mostra que pelo
menos parte dos flavonóides em espécies de Solanum são secretados nos tricomas e existe uma
correlação entre os tipos de tricomas e os flavonoides presentes. As duas espécies são do
subgênero e seção Brevantherum e se caracterizam pela presença de tricomas estrelados
multiangulados. É um subgênero com características comuns aos subgêneros Solanum e
Leptostemonum. A presença de um flavonóide (tilirosídeo) comum às duas espécies reforça os
dados morfológicos e o parentesco entre ambas.
Figura 20. Cromatograma e espectros de UV (CLAE-DAD) dos padrões dos flavonóides (a):
flavonóides 1-4, (b): Extrato MeOH dos tricomas de S. asperum e (c): Extrato MeOH dos
tricomas de S. stipulaceum. Condições: A=H
2
O (1% de ác. fórmico), B=MeOH. 0 min 50%B,
10 min 60%B, fluxo de 1 mL/min, cromatograma em 360nm.
1
1
2
2
3
3
3
4
4 a
b
c
O
O
OH
OH
OH
O
O
OH
O
O
OH
OH
OH
2
3
4
5
6
7
8
9
10
5 ''
1 ''
1'
2'
3'
4'
5'
6'
8 '''
6 ''
3 ''
4 ''
9 '''
7 '''
2 '''
2 ''
5 '''
6 '''
4 '''
3 '''
1 '''
tilirosídeo
O
O
O
OH
O
OH
OH
OH
OH
O
O
OH
OH
OH
O
O
OH
OH
OH
2
3
4
5
6
7
8
9
10
5G
1G
1'
2'
3'
4'
5'
6'
2R1
6G
3G
4G
1R1
3R1
4R1
5R1
2G
2R2
1R2
3R2
4R2
5R2
6R2
6R1
3-O-[β-D-glicopiranosil-(16)-α-L-ramnopiranosil]
-7-
O-α-L ramnopiranosilkanferol
O
O
OH
OH
OH
OH
OH
2
3
4
5
6
7
8
9
10
1'
2'
3'
4'
5'
6'
quercetina
O
O
OH
OH
OH
OH
2
3
4
5
6
7
8
9
10
1'
2'
3'
4'
5'
6'
kanferol
44
I.5 Elucidação estrutural do flavonóide derivado 6a
O flavonóide derivado 6a apresentou-se como um sólido branco e coloração amarelo
brilhante quando corado com reagente NP para flavonóides. O espectro de IV do flavonóide
6a (Figura 21) apresenta absorções de sistema aromático em 1438 cm
-1
e 1505 cm
-1
, função
carbonila α, β-insaturada envolvida em ponte de hidrogênio intramolecular em 1632 cm
-1
,
absorção de carbonila de éster em 1752 cm
-1
e sinais de metilas em 1371 cm
-1
.
Figura 21. Espectro no IV (KBr) de 6a.
Embora as informações obtidas nos espectros de RMN de
1
H e APT, inclusive com as
técnicas bidimensionais como HMBC e HMQC, tenham permitido deduzir a estrutura
proposta para o flavonóide 6, informações relevantes e mais conclusivas foram obtidas com os
espectros de RMN de
1
H e APT do derivado 6a.
O flavonóide 6 foi acetilado nas hidroxilas fenólicas e de álcoois dos açúcares
(Esquema 3) resultando no derivado 6a 3-O-[β-D-glicopiranosil-(16)-α-L-ramnopiranosil]-
7-O-α-L-ramnopiranosilkanferol peracetilado, solúvel em CDCl
3
, permitindo a análise dos
sinais dos hidrogênios oximetilênicos e oximetínicos dos açúcares. A hidroxila OH-5 quando
acetilada há proteção de δ
C
5,8 ppm no carbono C-4, δ
C
4.9 ppm no carbono C-2 e desproteção
estiramento
O-H
estiramento
C-H
sp
2
estiramento
C-H
sp
3
C=O
α, β-
insaturada
C=O
éster
C-O
álcool
C-O
éter e fenol
C=C
aromático
-CH
3
-
45
de δ
C
3,0 ppm no carbono C-3 devido à ausência da formação de ponte de hidrogênio entre o
hidrogênio da hidroxila OH-5 e o oxigênio da carbonila 4. A acetilação na posição 4’ protegeu
o carbono C-4’, ( δ
C
4,8). Os espectros de RMN de
1
H (Figura 22), APT e HMBC estão nas
(Figuras 24-25 e 26) respectivamente e os dados na (Tabelas 7 e 8).
N
N
CH
3
CH
3
CH
3
O
CH
3
O O
N
N
CH
3
CH
3
O
R
O
H
O
O
N
CH
3
CH
3
N
O
O
R
N
N
CH
3
CH
3
O
O
R
O
OH
CH
3
O
CH
3
O O
O
O
R
O
OH
..
+
4-DMAP
..
:
..
:
..
..
anidrido acético
+
:
..
..
..
:
:
-
+
:
..
..
-
..
+
+
..
HOR +
4-DMAP
+
Mecanismo
Esquema 3. Mecanismo para reação de acetilação do flavonóide 6.
46
Figura 22. A) Espectro de RMN de
1
H (200 MHz) do flavonóide 6a em CHCl
3
. B) e C)
Expansões em campo baixo e alto respectivamente.
H-2’/H-6’
H-3’/H-5’
H-8
H-6
1R1
1G
5R1
2R1
2R2
4R1
4R2
3R2
3R1
1R1
5R2
H-2G
H-6G
H-5G
H-4G
H-3G
A
B
C
47
Figura 23. D) Expansão em campo alto do espectro de RMN de
1
H (200 MHz) de 6a em
CHCl
3
.
Figura 24. A) Espectro de APT (50 MHz) do flavonóide 6a em CHCl
3
. B) Expansão em
campo baixo.
Ac-H-5G
Ac-H-4’
Ac-H-4G
Ac-H-2G
Ac-H-2R1
Ac-H-2R2 Ac-H-3G
Ac-H-3R1
Ac-H-6R2 Ac-H-6R1
Ac-H-3R2
Ac-H-4R2 ; 4R1
D
A
B
C-4
Ac, 4R2
Ac, 4R1
Ac, 3R1
Ac, 3R2
2G,3G,4G,2R2
Ac,2R1
Ac, 4’
Ac,5
C-7 C-5
C-4’
C-2
C-9
48
Figura 25. C), D) e E). Expansões do espectro de APT (50 MHz) do flavonóide 6a em
CHCl
3
.
6G
CH3 Ac, 5
CH3 Ac, 4’
CH3 Ac:
2G, 3G,
4G, 2R1,
3R1, 4R1,
2R2, 3R2, 4R2
6R2 6R1
C-3
C-2’/C-6’
C-1’
C-3’/C-5’
C-10
1G C-6 1R2 1R1 C-8
3G
5G
4R2
4R1
2G
2R2
3R2 4G
3R1
2R1
5R1/ 5R2
C
D
E
49
Figura 26. Espectro de HMBC (RMN
1
H: 200 MHz, APT: 50 MHz) do flavonóide 6a em
CDCl
3.
B) Expansão em campo baixo.
A
B
50
Tabela 7. Dados de RMN de
1
H (200 MHz) e
13
C (50 MHz) do glicosídeo 6a acetilado em
CDCl
3
. Deslocamentos químicos em δ e constantes de acoplamentos (J) em Hz.
O
O
O
OAc
O
OAc
OAc
OAc
AcO
O
O
OAc
OAc
OAc
O
O
OAc
OAc
AcO
2
3
4
5
6
7
8
9
10
5G
1G
1'
2'
3'
4'
5'
6'
2R1
6
G
3G
4G
1R1
3R1
4R1
5R1
2G
2R2
1R2
3R2
4R2
5R2
6R2
6R1
6a
C
δ
C
δ
H
2 152,26 -
3 136,64 -
4 171,90 -
5 157,08 -
7 159,08 -
9 150,60 -
10 112,66 -
1’ 128,01 -
4’ 155,44 -
CH
6 101,83 6,74 (d, 2,2)
8 95,64 7,10 (d, 2,2)
2’,6’ 130,51 8,07 (d, 8,8)
3’,5’ 121,20 7,15 (d, 8,8)
1G 109,22 5,54 (d, 7,6)
2G 69,25 3,89 (dd, 9,6; 6,4)
3G 71,52 3,14 (dd, 9,9; 6,4)
4G 68,45 3,41 (dd, 10,0; 5,6)
5G 70,66 3,57 (dd, 9,2; 6,4)
1R1 97,66 4,44 (sl)
2R1 67,49 5,30 (sl)
3R1 67,86 4,92 (sl)
4R1 70,40 5,03 (sl)
5R1 66,42 5,14 (sl)
1R2 100,29 5,54 (sl)
2R2 69,65 5,33 (sl)
3R2 68,86 4,97 (sl)
4R2 70,55 5,07 (sl)
5R2 66,42 5,19 (sl)
CH
2
6G 65,98 3,69 (t, 10,6; 5,3)
CH
3
6R1 17,13 1,06 (d, 6,4)
6R2 17,36 1,20 (d, 6,2)
6a
C
δ
C
δ
H
Ac (CH
3
)
4’ 20,97 2,29 (s)
5 21,09 2,42 (s)
2G 20,81 2,04 (s)
3G 20,61 2,08 (s)
4G 20,59 2,17 (s)
2R1 20,68 2,14 (s)
3R1 20,78 1,91 (s)
4R1 20,71 1,96 (s)
2R2 20,68 2,12 (s)
3R2 20,78 2,01 (s)
4R2 20,71 1,96 (s)
Ac (C=O)
4’ 169,45 -
5 168,92 -
2G 169,89 -
3G 169,89 -
4G 169,89 -
2R1 169,68 -
3R1 170,01 -
4R1 170,13 -
2R2 169,89 -
3R2 169,94 -
4R2 170,20 -
6a
51
Tabela 8. Dados de interação heteronuclear spin-spin a longa distância (
2
J
CH
e
3
J
CH
) de átomos
de carbono e hidrogênio obtidos do espectro de HMBC de 6a.
6a
C
δ
C
2
J
CH
3
J
CH
2 152,26 - -
3 136,64 - -
4 171,90 - -
5 157,08 - -
6 101,83 - -
7 159,08 H-6 H-1R2
8 95,64 - -
9 150,60 - -
10 112,66 - H-6; H-8
1’ 128,01 - H-3’; H-5’
2’,6’ 130,51 - -
3’,5’ 121,20 - -
4’ 155,44 - H-2’; H-6’
1G 109,22 - -
2G 69,25 - -
3G 71,52 - -
4G 68,45 - -
5G 70,66 - -
6G 65,98 - H-1R1
1R1 97,66 - -
2R1 67,49 - -
3R1 67,86 - -
4R1 70,40 - -
5R1 66,42 - -
6R1 17,13 - H-4R1
1R2 100,29 - -
2R2 69,65 - -
3R2 68,86 - -
4R2 70,55 - -
5R2 66,42 - -
6R2 17,36 - H-4R2
52
ESTUDO QUÍMICO DAS FOLHAS SOLANUM AGRARIUM SENDTNER
53
I.6 Isolamento e purificação dos constituintes de Solanum agrarium Sendtner
As folhas secas e trituradas de Solanum agrarium (179,0 g) foram extraídas com EtOH
por maceração exaustiva a temperatura ambiente. O solvente foi evaporado em rotavapor sob
pressão reduzida fornecendo o extrato etanólico bruto (50,0 g) que foi solubilizado com
solução de ácido acético (2%) e extraído com hexano:éter etílico (1:1) e em seguida com
AcOEt. Os solventes foram evaporados, obtendo-se os extratos hexano:éter (18,1 g) e AcOEt
(6,0 g). A presença de flavonóides nos extratos obtidos foi verificada por cromatografia em
camada delgada analítica por revelação com reagente NP e visualizacão em luz UV 366 nm. O
extrato AcOEt que mostrou a presença de flavonóides foi cromatografado, sucessivamente, em
coluna de Sephadex LH-20
®
utilizando CHCl
3
:MeOH (1:1) como eluente e forneceu 6,1 mg
do flavonóide 7.
Esquema 4. Marcha para o isolamento das substâncias de Solanum agrarium Sendtner.
Folhas secas e moídas (179,0 g)
Extrato EtOH (50,0 g)
¾ EtOH
Extrato Hexano:Éter
(18,1 g)
¾MeOH:H
2
O
(
1:1
)
Extrato AcOEt
(6,0 g)
Fase aquosa
¾ Sephadex LH-20
®
(CHCl
3
:MeOH 1:1)
7 (6,1 mg)
¾Hexano:Éter etílico
(
1:1
)
¾AcOEt
54
I.7 Determinação estrutural do constituinte de Solanum agrarium Sendtner.
O espectro de RMN de
1
H (Figura 27) mostrou a presença de três grupos metoxila em
δ
H
3,91; 3,90 e 3,88, uma hidroxila qulatogênica na posição 5 em δ
H
12,74, sinais de sistema
AB, correspondentes a dois átomos de hidrogênio que mantêm entre si relação meta,
atribuídos aos hidrogênios H-6/H-8 (δ
H
6,30/ 6,67; d; J=2,0 Hz) e por fim um singleto em δ
H
7,4, integrando para dois hidrogênios correspondentes aos hidrogênios H-2’/H-6’ do anel B. A
fórmula molecular C
18
H
16
O
8
foi deduzida pela comparação dos espectros de APT (Figura 28)
e HMQC (Figura 29), permitindo reconhecer os átomos de carbono não hidogenados (11
carbonos sp
2
), metínicos (4 carbonos sp
2
) e metílicos (3 carbonos sp). As posições das
metoxilas foram deduzidas através do espectro de NOESY (Figura 30) que mostrou as
interações espaciais entre a metoxila 7, δ
H
3,91 com os hidrogênios H-6 (δ
H
6,30) e H-8 (δ
H
6,67) e da metoxila 3’ (δ
H
3,90) com o singleto em δ
H
7,4 dos hidrogênios H-2’ e H-6’. Os
dados de RMN de
1
H e
13
C foram comparados com a literatura (KUMARI et al., 1984) e foi
confirmada a estrurtura para o flavonóide 3,7,3’-tri-O-metilmiricetina.
Este flavonóide foi isolado anteriormente de Solanum pubescens (KUMARI et al.,
1984) que pertence ao gênero Leptostemonum, o mesmo de Solanum agrarium.
Figura 27. A) Espectro de RMN de
1
H (200 MHz) do flavonóide 7 (3,3’,7-tri-O-metil-
miricetina) em acetona-d
6.
B) Expansão em campo baixo.
A
B
55
Figura 28. A) Espectro de APT (50 MHz) do flavonóide 7 (3,3’,7-tri-O-metil-miricetina) em
CDCl
3
Figura 29. Espectro de HMQC (RMN
1
H: 200 MHz, APT: 50 MHz) do flavonóide 7 (3,3’,7-
tri-O-metil-miricetina) em acetona-d
6.
A
56
Figura 30. Espectro de NOESY (200 MHz) do flavonóide 7 (3,3’,7-tri-O-metil-miricetina) em
acetona-d
6.
57
Tabela 9. Dados de RMN de
1
H (200 MHz) e
13
C (50 MHz) do flavonóide (7) 3,3’,7-tri-O-
metil-miricetina em acetona-d6. Deslocamentos químicos em δ e constantes de acoplamentos
(J) em Hz.
O
O
OH
O
OH
O
O
CH
3
CH
3
CH
3
OH
2
3
4
5
6
7
8
9
10
1'
2'
3'
4'
5'
6'
8
C
δ
C
δ
Η
2 157,02 -
3 138,34 -
4 179,54 -
5 162,74 -
7 165,17 -
9 157,67 -
10 106,48 -
1' 121,67 -
3' 149,17 -
4' 138,34 -
5' 146,26 -
CH
2' 105,14 7,40 (s)
6’ 110,62 -
6 98,42 6,30 (d, 2,2)
8 92,85 6,67 (d, 2,2)
OCH3
3 60,16 3,88 (s)
3’ 56,63 3,90 (s)
7 56,40 3,91 (s)
OH
5 12,74 (s)
8
58
CAPÍTULO II
ANÁLISE DE FLAVONÓIDES DE FOLHAS RETIRADAS DE EXSICATAS DE
SOLANUM SUBGENERO LEPTOSTEMONUM POR CLAE-DAD
59
II.1 Introdução
Depois dos alcalóides, os flavonóides constituem um dos grupos de substâncias mais
frequentes em espécies do gênero Solanum. O número de trabalhos em sistemática química
sobre o gênero Solanum é relativamente reduzido, aparentemente devido às dificuldades de se
trabalhar com um gênero contendo um grande número de espécies morfologicamente variáveis
(D’ARCY, 1979). Porém, dados químicos baseados nos padrões flavonoídicos contribuíram
para uma compreensão sistemática dos táxons nos níveis mais baixos de classificação na
família (STEINHARTER et al., 1986). A literatura relata um perfil químico de Solanum com
base na freqüência de flavonóides (HARBORNE (1969), WHALE (1978), HARBORNE &
SWAIN (1979), REZNIK & WIETSCHEL (1979), WHALEN & MABRY (1979),
SCHILLING (1984), ANDERSON et al. (1987), STEINHARTER (1986) e SILVA et al.
(2000, 2003).
II.2 Objetivos
Este trabalho é uma continuação do estudo em quimiotaxomia do gênero Solanum e
pretende agrupar as espécies de acordo com os padrões dos flavonóides isolados suportando os
dados morfológicos de Solanum sect. Erythrotrichum e Solanum sect. Brevantherum dos
subgêneros Leptostemonum e Brevantherum respectivamente. Para isto, alguns dados sobre os
padrões dos flavonóides de Solanum subg. Leptostemonum foram obtidos de trabalhos
anteriores realizados pelo nosso grupo (SILVA, 2001; SILVA et al., 2002; SILVA, 2002a;
SILVA et al., 2002b; SILVA et al., 2002c; SILVA et al., 2004). Para a análise são incluídas
agora as espécies estudadas quimicamente neste trabalho: S. agrarium, S. asperum e S.
stipulaceum, além das espécies analisadas através de CLAE-DAD, descrita abaixo.
II.3 Experimental
II.3.1 Instrumental
O sistema de cromatografia líquida de alta eficiência consistiu de uma bomba de
solvente modelo SCL-10Avp, e um detector UV-VIS SPD-M10Avp (Shimadzu), Corp.,
Kyoto, Japan). As amostras foram injetadas em um injetor Rheodyne 7125i com um loop de
60
20 μL. A separação cromatográfica foi feita com uma coluna Supelcosil LC-18 (125 cm x 10
mm x 5μm, Supelco, Bellefonte, USA), usando água:ácido fórmico (99:1, solvente A) e
MeOH (Solvente B) como fase móvel.
Outro aparelho utilizado foi o Shimadzu com degaseificador DGU-14, misturador
FCV-10ALvp, detector com arranjo de diodos SPD-M10 Avp, forno para coluna CTO-
10ASvp e controlador de sistema SCL-10Avp (Kyoto, Japan), coluna C18 Shim-Pack, pré
coluna C-18 SULPELCO 4,0 mm.
Depois de tentar diferentes gradientes de solventes, o melhor sistema de eluição
encontrado foi o seguinte: 0 min 50% B, 15 min. 60% B, 30 min 70% B e 35 min. 80% de B,
fluxo de 1.0 mL/min. A eluição foi feita em 320 nm em temperatura ambiente. Os picos
cromatográficos foram identificados por comparação com os tempos de retenção das
substâncias padrão, bem como através da comparação de seus espectros no UV-Visível.
II.3.2 Material vegetal e isolamento dos flavonóides
Para análise em CLAE-DAD, as folhas das espécies de Solanum foram retiradas de
exsicatas de herbário doadas pela Botânica Dra. Maria de Fátima Agra (LTF-UFPB). Todas as
espécies são gênero Solanum subgênero Leptostemonum, pertencentes à Solanum sect.
Erythrotrichum, Solanum sect. Polytrichum, Solanum sect. Crinitum e Solanum sect.
Micracanthum. A Tabela 10 mostra as espécies, o peso das folhas e a quantidade de extrato
obtido.
As folhas foram trituradas e extraídas com MeOH em aparelho de ultra-som. O
solvente foi evaporado obtendo-se assim os extratos metanólicos. Estes extratos foram
submetidos a uma pequena coluna de Sephadex LH-20
®
para remoção da clorofila dos
flavonóides totais. As frações flavonoídicas obtidas foram analisadas em placas
cromatográficas de camada fina com sílica gel 60 F254 e a visualização só foi feita com a
solução de difenilboriloxietilamina (NP, 1%) em MeOH sendo observado na luz ultravioleta
em 366 nm. As frações foram evaporadas, redissovidas em MeOH e filtradas sobre a
membrana de 0,45 μm (Millipore) antes da análise por CLAE.
61
Tabela 10. Espécies de Solanum subg. Lesptostemonum retiradas de excicatas de herbários
(Doação da Dra. Maria de Fátima Agra).
Espécies Código
Peso das
folhas (g)
Peso dos
extratos (g)
Solanum sect. Erythrotrichum
S. acrescens ssp. floccosum S1 0,0196 0,0136
S. cordifolium S2 0,1011 0,0429
S. decompositifolium S3 0,0941 0,0197
S. diamantinense S4 0,0972 0,0446
S. magalonyx S5 0,0762 0,0182
S. rondoniense S6 0,0741 0,0479
Solanum sect. Polytrichum
S. hexandrum S7 0,0318 0,0125
S. maroniense S8 0,0909 0,0442
S. polytrichum S9 0,1787 0,1265
Solanum sect. Crinitum
S. grandiflorum S10 0,0731 0,0486
Solanum sect. Desconhecida
S. leprostachyo S11 0,2369 0,0650
Solanum sect. Micracantha
S. fulvidium S12 0,1497 0,0357
II.4 Análise Por CLAE-DAD
II.4.1 Reagentes e flavonóides padrões
Todos os solventes utilizados foram de grau HPLC/UV (Tedia Brasil). O ácido fórmico
(Merck) foi usado para ajustar o pH. Os padrões dos flavonóides, Miricetina (F1), Quercetina
(F2) e Kanferol (F3) foram compradas da Merck (Darmstadt, Alemanha), 3,4’,7,8-tetra-O-
metilgossipetina (F6), 7-O-metilkanferol (F7), 3,7-di-O-metilkanferol (F9), 7-O-
metilapigenina (F8), 3,3’,4’,7,8-penta-O-gossipetina (F10), 3-O-metilquercetina (F4) e
3,3’,4’,7-tetra-O-metilquercetina (F11) foram isolados de S. paludosum. Todos os padrões
foram preparados em MeOH e H
2
O (9:1, solução estoque).
II.4.2 CLAE dos flavonóides padrões
Na Figura 31 estão as estruturas com o cromatograma e UV dos flavonóides padrões:
Miricetina (F1), Quercetina (F2), 3-O-metilquercetina (F3), Kanferol (F4), 3,4’,7,8-tetra-O-
metilgossipetina (F6), 7-O-metilkanferol (F7), 7-O-metilapigenina (F8), 3,7-di-O-
metilkanferol (F9), , 3,3’,4’,7,8-penta-O-gossipetina (F10), e 3,3’,4’,7-tetra-O-metilquercetina
62
(F11). Todos foram submetidos a cromatografia separadamente ou em combinação para
determinar o tempo de retenção.
Figura 31. Cromatograma dos flavonóides padrões. As condições cromatográficas estão
descritas na seção experimental. Os compostos são os seguintes: F1) miricetina; F2)
quercetina; F3) 3-O-metilquercetina; F4) kanferol; F6) 3,4',7,8-tetra-O-metil gossypetina; F7)
7-O-metilkanferol; F8) 7-O-metilapigenina; F9) 3,7-O-dimetilcanferol, F10) 3,3',4',7,8-penta-
O-metilgossipetina e F11) 3,3',4',7-tetra-O-metilquercetina.
63
II.4.3 CLAE-DAD dos extratos de Solanum e identificação das substâncias
As análises por CLAE-DAD dos extratos MeOH das folhas das espécies estão
mostradas nas Figuras 32-45. A identificação das substâncias nos extratos foi feita por (1)
comparação dos tempos de retenção e espectro no UV-Visível entre os picos desconhecidos e
os flavonoides padrões, (2) e co-cromatografia dos extratos com os flavonóides padrões.
Figura 32. Cromatograma por CLAE-DAD e espectro de UV-Visível do extrato MeOH das
folhas de S. acrescens ssp. floccosum.
64
Figura 33. Cromatograma por CLAE-DAD e UV do extrato MeOH das folhas de S.
cordifolium (azul). Extrato MeOH + F6 (vermelho).
65
Figura 34. Cromatograma por CLAE-DAD e UV do extrato MeOH das folhas de S.
decompositifolium (azul). Extrato MeOH + F6 (vermelho).
66
Figura 35. Cromatograma por CLAE-DAD do extrato MeOH das folhas de S. diamantinense.
Figura 36. Cromatograma por CLAE-DAD e UV do extrato MeOH das folhas de S.
megalonyx (azul). Extrato MeOH + F6 (vermelho).
67
Figura 37. Cromatograma por CLAE-DAD e UV do extrato MeOH das folhas de rondoniense
(azul). Extrato MeOH + F1 + F6 (vermelho).
68
Figura 38. Cromatograma por CLAE-DAD e UV do extrato MeOH das folhas de S.
hexandrum (azul). Extrato MeOH + F6 + F11 (vermelho).
O
OOH
OH
OMe
OMe
OMe
MeO
2
3
4
5
6
7
8
9
10
1'
2'
3'
4'
5'
6'
3, 7, 8, 4'-tetra-O-metilgossipetina
69
Figura 39. Cromatograma por CLAE-DAD e UV do extrato MeOH das folhas de S.
maroniense (azul). Extrato MeOH + F3 + F4 + F5 + F6 (vermelho).
70
Figura 40. Cromatograma por CLAE-DAD e UV do extrato MeOH das folhas de S.
polytrichum (azul). Extrato MeOH + F1 + F2 + F3 + F5 + F6 + F11 (vermelho).
71
Figura 41. Cromatograma por CLAE-DAD e UV do extrato MeOH das folhas de S.
polytrichum (azul). Extrato MeOH + F1 + F2 + F3 + F5 + F6 + F11 (vermelho). Parte 2.
72
Figura 42. Cromatograma por CLAE-DAD e UV do extrato MeOH das folhas de S.
grandiflorum (azul). Extrato MeOH + F6 + F11 (vermelho).
O
OOH
OMe
OMe
MeO
OMe
2
3
4
5
6
7
8
9
10
1'
2'
3'
4'
5'
6'
3, 7, 3', 4'-tetra-O-metilquercetina
73
Figura 43. Cromatograma por CLAE-DAD e UV do extrato MeOH das folhas de S.
leptostachyo (azul). Extrato MeOH + F2 + F3 + F5 + F6 + F9 + F10 + F11 (vermelho).
O
OOH
OH
OMe
HO
OH
2
3
4
5
6
7
8
9
10
1'
2'
3'
4'
5'
6'
3-O-metilquercetina
74
Figura 44. Cromatograma por CLAE-DAD e UV do extrato MeOH das folhas de S.
leptostachyo (azul). Extrato MeOH + F2 + F3 + F5 + F6 + F9 + F10 + F11 (vermelho). Parte 2
O
O
OH
OH
OMe
MeO
2
3
4
5
6
7
8
9
10
1'
2'
3'
4'
5'
6'
3,7-O-dimetilkanferol
O
OOH
OMe
OMe
MeO
OMe
OMe
2
3
4
5
6
7
8
9
10
1'
2'
3'
4'
5'
6'
3, 7, 8, 3', 4'-penta-O-metilgossipetina
O
OOH
OMe
OMe
MeO
OMe
2
3
4
5
6
7
8
9
10
1'
2'
3'
4'
5'
6'
3, 7, 3', 4'-tetra-O-metilquercetina
75
Figura 45. Cromatograma por CLAE-DAD e UV do extrato MeOH das folhas de S. fulvidum
(azul). Extrato MeOH + 6 + F7 + F8 (vermelho).
76
II.5 Resultados e Discussão
As 12 espécies de Solanum analisadas pertencem ao subgênero Leptostemonum
(Dunal) Bitter e são de quatro seções diferentes. De acordo com NEE (1999) este subgênero
tem cerca de 450 espécies e 10 seções. É caracterizado pela pubescência estrelada, ervas
espinhosas e apresenta anteras atenuadas, estando bastante concentrado na América tropical,
África e Austrália (WHALEN, 1984). Solanum acrescens ssp. floccosum (S1), S. cordifolium
(S2), S. decompositifolium (S3), S. diamantinense (S4), S. megalonyx (S5) e S. rondoniense
(S6) pertencem a seção Erythrotrichum Child, S. fulvidium (S12) é da seção Micracantha
Dunal e pelos cromatogramas obtidos foi possível observar a presença de substâncias
aromáticas, mas devido a pouca quantidade de material disponível foi impossível fazer
qualquer análise para estas espécies. As espécies S. hexandrum (S7), S. maroniense (S8) e S.
polytrichum (S9) são da seção Polytrichum Chil.. Estas espécies também apresentaram
substâncias aromáticas e em S. hexandrum (S7) foi possível verificar a presença do flavonóide
3,4',7,8-tetra-O-metilgossipetina (F6), comum em outras espécies de Solanum sect.
Erythrotricum. Em S. grandiflorum (S10) de Solanum sect. Crinitum foi encontrado o
flavonóide 3,3',4',7-tetra-O-metilquercetina (F11), comum também em Erythrotrichum. Na
espécie S. leptostachyo (S11) de seção desconhecida foi possível localizar os flavonóides 3-O-
metilquercetina (F3), 3,7-O-dimetilkanferol (F9), 3,3',4',7,8-penta-O-metilgossipetina (F10) e
3,3',4',7-tetra-O-metilquercetina (F11).
Apesar do insucesso obtido pela pouca quantidade de material vegetal disponível,
observa-se que o projeto com espécies herborizadas durante muito tempo pode ser viável, uma
vez que foi possível verificar a presença de substâncias aromáticas (flavonóides?) nas espécies
e que em pelo menos três espécies foi identificado alguns flavonóides idênticos a partir dos
padrões. Em um trabalho posterior será coleta de uma maior quantidade de material vegetal
fresco no campo e os resultados serão comparados. No entanto, a análise quimiotaxonômica
pode ser realizada apartir dos resultados obtidos com todas as espécies estudadas até o
momento pelo grupo (SILVA et al. 2002, 2004), incluindo aquelas do presente trabalho. No
quadro abaixo estão às espécies com os flavonóides de Solanum subg. Leptostemonum.
77
Quadro 1. Flavonóides agliconas isolados de Solanum subg. Leptostemonum.
Seção
Acanthophora
Crinitum
Erythrotrichum
Lasiocarpum
Micracantha
Polytrichum
Desconhecido
Espécies
S. agrarium
S. crinitum
S. grandiflorum
S. jabrense
S. paludosum
S. rrytidoandrum
S. stramonifolium
S. paraibanum
S. hexandrum
S. leptostachyo
Flavonas
Apigenin X X
Ap-7-Me
Flavonols
Kanferol X X X X X X
K-7-Me X X
K-3-7-diMe X
Quercetina
Q-3-Me X X
Q-3,7,3’,4’-tetraMe X X X X X
Gossipetina
G-3,7,3’,4’-tetraMe X X X X X X X
G-3,7,8,3’,4’-pentaMe
Miricetina X X X X X X
M-3,7,3’-triMe X
Além das espécies do subgênero Leptostemonum, mostradas no quadro acima, duas
espécies do subgênero Brevantherum, Solanum sect Brevantherum, S. asperum e S.
stipulaceum, foram estudadas quimicamente. Destas espécies foram isolados flavonóides
glicosilados e acilados derivados do kanferol. Os tricomas foram estudados separadamente e
foi verificado que os flavonóides estavam presentes nestes, que são do tipo estrelado. Este
dado é inédito, uma vez que anteriormente os flavonóides glicosilados não haviam sido
relatados em estruturas secretórias de Solanum.
Muitos flavonóis (3-oxiflavonas) glicosilados descritos como bioprodutos de espécies
deste gênero são geralmente derivados do kanferol (3,5,7,4’-tetraidroxiflavona) e quercetina
(3,5,7,3’,4’-pentaidroxiflavona), o mesmo ocorrendo também com os derivados metilados e
acilados. Substâncias derivadas da isoramnetina (3,5,7,4’-tetraidroxi-3’-metoxiflavona) e
miricetina (3,5,7,3’,4’,5’-hexaidroxiflavona) são mais restritos. A glicose e a ramnose
aparecem como os carboidratos mais frequentes, podendo-se considerar a galactose, a
78
arabinose e a xilose como de ocorrência relativamente rara. A única flavona glicosilada
(Quadro 1) encontrada até o presente é derivada da luteolina (5,7,3’,4’-tetraidroxiflavona).
Os flavonóis livres ocorrem em um número menor de espécies. Derivados da
gossipetina (3,5,7,8,3’,4’-hexahidroxiflavona), (SILVA, 2002a; SILVA et al., 2004) e a
herbacetina (3,5,7,8,4’-pentaidroxiflavona), (SILVA, 2002a; SILVA et al., 2004) foram
relatados recentemente. Relativamente poucos derivados das flavonas apigenina (5,7,4’-
triidroxiflavona), luteolina (5,7,3’,4’-tetraidroxiflavona) e crisoeriol (5,7,4’-triidroxi-3’-
metoxiflavona) encontram-se descritos na literatura.
A posição 5 dos flavonóides das espécies da família Solanaceae apresenta-se ocupada
por um grupo hidroxila (BOHM, 1998). As espécies do gênero Solanum destacam-se pela
capacidade excepcional para produzir 3-O-glicosídioflavonóis, mas também fornecem um
número significativo de kanferol metilado, quercetina e miricetina como agliconas, muitos dos
quais mostram 8-hidroxilação/glicosilação (STEINHARTER et al., 1986).
O acúmulo de flavonóides não glicosilados está relacionado com a existência de
estruturas secretórias e a formação de outros produtos naturais lipofílicos. Assim, os
flavonóides dos exudatos são observados em famílias e gêneros distintos, espalhados no reino
vegetal. Solanaceae (Lycopersicum, Solanum) é uma das famílias que acumulam flavonóides
livres externamente (WOLLENWEBER et al., 1988). Recentemente, nós demonstramos pela
primeira vez na literatura (SILVA, 2002a; SILVA et al., 2004) que tais flavonóides de
Solanum Subg. Leptostemonum estão localizados nos tricomas estrelados (SILVA, 2002a;
SILVA et al., 2004).
A ocorrência de um padrão particular de substituição é frequentemente usada como um
indicador de avanço filogenético (HARBORNE, 1977; SWAIN, 1980). Steinharter (1986)
estabeleceu um esquema filogenético hipotético para as seções do gênero Solanum, mostrando
o relacionamento entre cada seção com base na complexidade biossintética dos flavonóis
bioproduzidos. No esquema proposto, a presença de metoxila em 3, 4’ e 7 e hidroxila em C-8
foi usada para definir estados de caracteres avançados. A seção Androceras (Subg.
Leptostemonum) revelou elevado grau de complexidade em flavonóis, exibindo caracteres de
flavonóides avançados por trimetilação e 8-hidroxilação. Estes dados e os resultados obtidos
recentemente através da investigação das espécies S. paludosum, S. rhytidoandrum e S.
jabrense permitem agora colocar a seção Erythrotrichum (Subg. Leptostemonum) no mesmo
nível da seção Androceras, já que os flavonóides isolados destas espécies podem ser
classificados como complexos e como indicativo de avanço filogenético. Com base no
79
esquema filogenético proposto por Steinharter (1986), sugerimos agora o acréscimo das seções
dos dois subgêneros estudados nas posições destacadas no Esquema 5.
Esquema 5. Esquema filogenético ilustrando o relacionamento entre cada seção com base na
complexidade biossintética*
*Steinharter, T. P. et al. Biochem. System. Ecol. 14(3), 299, 1986.
As similaridades químicas apresentadas pelas espécies do mesmo subgênero suportam
a classificação infragenérica tradicional de acordo com os dados morfológicos. Nosso estudo
evidencia também uma correlação entre o grau de complexidade dos flavonóides e os tipos de
tricomas. Espécies com tricomas estrelados (S. agrarium, S. asperum, S. crinitum, S.
paraibanum e S. stramonifolium) e tricomas glandulares estrelados (S. jabrense, S. paludosum
e S. rhytidoandrum) apresentam flavonóides com estruturas mais complexas e características
mais avançadas
Pelos padrões flavonoídicos encontrados nas espécies de Solanum sect.
Erythrotrichum, S. jabrense, S. paludosum e S. rhytidoandrum é possível traçar uma rota
biossintética para esta seção. No Esquema 6 está a nossa proposta da rota biossintética para os
flavonóides encontrados das três espécies.
Seção Subgênero
80
Esquema 6. Proposta biossintética para os flavonóides de Solanum seção Erythtrotrichum
Child.
II.6 Conclusões
A análise dos flavonóides das espécies estudadas aqui permitiu correlacionar o grau de
complexidade dos flavonóides com os tricomas presentes, além de suportar a classificação
infragenérica tradicional pela similaridade química entre as espécies. Nenhuma espécie da
seção Erythrotrichum havia sido estudada anteriormente, portanto este trabalho contribuirá
para catalogação quimiotaxonômica, colocando as espécies como mais derivadas no gênero
Solanum, próximo a Solanum sect. Androceras. Com os flavonóides semelhantes encontrados
nas espécies S. jabrense, S. paludosum e S. rhytidoandrum (Sect. Erytrotrichum) foi possível
propor uma rota biossintética.
Este é o primeiro relato da existência de flavonóides glicosilados em estruturas
secretórias de Solanum.
81
CAPÍTULO III
ESTUDO DA ATIVIDADE SEQUESTRADORA DE RADICAIS LIVRES E
BIOENSAIO COM ARTEMIA SALINA DE ESPÉCIES DO GÊNERO SOLANUM
82
ESTUDO DA ATIVIDADE SEQUESTRADORA DE RADICAIS LIVRES DE
ESPÉCIES DE SOLANUM
83
III.1 Introdução
A atividade anti-radicalar utilizando o radical DPPH (1,1-difenil-2-picril-hidrazil)
(Figura 46), tem sido muito utilizada para verificar a capacidade seqüestradora dos radicais
livres de muitos produtos naturais (AHMAD et al., 2005; ASSIMOPOULOU et al., 2005;
CHOUDHARY et al., 2005).
Além dos alcalóides, os flavonóides constituem uma classe de metabólitos especiais
freqüentes no gênero Solanum (SILVA et al., 2003) e a presença destas substâncias nos levou
a verificar a atividade sequestradora de radicais livres dos extratos obtidos de espécies do
gênero Solanum uma vez que os flavonóides são bem conhecidos por apresentar esta atividade
(CHU et al., 2000; AKDEMIR et al., 2001; OKAWA et al., 2001; SANG et al., 2002;
HORVATHOVA et al., 2003).
III.1.2 Objetvos
Avaliar a atividade seqüestradora de radicais livres com os extratos brutos, as frações
obtidas das partições e as substâncias de algumas espécies. Foram testadas quatro espécies do
gênero Solanum: Folhas de Solanum agrarium (Ext. EtOH bruto e fração AcOEt), partes
aéreas de Solanum asperum (Ext. MeOH bruto, frações hexano:éter e AcOEt) e Solanum
stipulaceum (Ext. MeOH bruto, frações CHCl
3
, benzeno:éter, MeOH:aquoso). Além dos
extratos e frações foram testados os flavonóides 6 (isolado da fração MeOH aquosa de S.
asperum) e 3 (isolado da fração benzeno:éter de S. stipulaceum).
III.1.3 Metodologia
O teste foi realizado seguindo a metodologia descrita por Campos (1997). A solução
estoque dos extratos ou substâncias foram preparadas a 0,5 mg/mL. Quantidades apropriadas
(obtidas através do screening preliminar) destes extratos/substâncias foram tranferidas para
tubos de ensaio contendo 5 mL da solução de DPPH (23,6 µg/mL em EtOH) fornecendo
concentrações finais que variaram de 12 a 333 µg/mL. Cada concentração foi testada em
triplicata. Após 30 minutos de agitação em aparelho de ultra-som a quantidade de radicais de
DPPH foi registrada em espectrofotômetro operando no UV-Visível em comprimento de onda
de 517 nm. A percentagem da atividade seqüestradora foi calculada pela equação:
84
% AS = 100 x Δhx / hc hc = absorbância controle (DPPH + Etanol)
hx = absorbância teste (DPPH + Substância teste)
hx = hc – hx
A eficiência anti-radicalar foi estabelecida utilizando a análise de regressão linear no
intervalo de confiança de 95 % (p<0,05) obtido pelo programa de estatística GraphPad Prism
4.0. Os resultados são expressos através da CE
50
± EPM, que representa a concentração da
amostra necessária para obter metade da atividade seqüestradora dos radicais DPPH. Os
extratos e substâncias são considerados ativos quando apresentam CE
50
<500 µg/mL
(CAMPOS et al., 2003). Como controle positivo foram ustilizados o ácido ascórbico e o BHT
(2,6-di-terc-butil-4-metil-fenol) (Figura 46).
NO
2
NO
2
O
2
N
N
N
.
(a) 1,1-difenil-2-picril-hidrazil (DPPH)
CH
3
CH
3
CH
3
CH
3
CH
3
OH
H
3
C
CH
3
(b) 2,6-di-terc-butil-4-metil-fenol (BHT)
O
OH OH
OH
OH
(c) ácido ascórbico
Figura 46. Estruturas do DPPH, BHT e ácido ascórbico
III.1.4 Resultados e Discussão
Nas Figuras 48-50 e Tabela 11 estão os resultados obtidos com extratos brutos,
frações e substâncias de S. agrarium, S. asperum e S.stipulaceum e os respectivos valores das
CE
50
encontrados.
Todos os extratos e frações testadas apresentaram atividade anti-radicalar. Esta pode
estar relacionada com a presença dos flavonóides ou de outras substâncias fenólicas nos
extratos.
O extrato EtOH bruto de S. agrarium (CE
50
=166,67 ± 0,48 µg/mL) apresentou
atividade maior que a fração AcOEt (CE
50
=251,22 ± 0,70 µg/mL). Do extrato AcOEt foi
isolado apenas 6,1 mg do flavonóide 3,3’,7-tri-O-metil-miricetina (7). A pouca quantidade da
substância impossibilitou o estudo para comprovação ou não da atividade anti-radicalar
mostrada pela fração AcOEt. Futuros testes serão feitos com extratos hexano:éter para
comparação com extrato EtOH bruto.
85
A fração AcOEt (CE
50
=15,88 ± 0,20 µg/mL) das partes aéreas de S. asperum
apresentou atividade maior que o extrato MeOH bruto (CE
50
=69,36 ± 0,44 µg/mL) e MeOH
aquoso (CE
50
=153,82 ± 7,64 µg/mL). Da fração AcOEt foi isolado o flavonóide tilirosídeo
(5). Este flavonóide já é conhecido por apresentar atividade anti-radicalar frente ao DPPH
(SALA et al., 2003).
Entre os extratos MeOH (CE
50
=99,17 ± 2,28 µg/mL) e as frações benzeno:éter
(CE
50
=141,90 ± 3,32 µg/mL), CHCl
3
(CE
50
=61,06 ± 0,67 µg/mL) e MeOH aquoso
(CE
50
=147,10 ± 1,81 µg/mL) de S. stipulaceum, a mais ativa foi a fração CHCl
3
. Apesar disso
e pela presença de flavonóides mostrada na fração benzeno:éter com regente NP em CCDA,
este foi primeiramente escolhido para estudo químico. Desta fração foram isolados os
flavonóides tilirosídeo (1), kanferol (2) e quercetina (3), portanto a atividade anti-radicalar
pode estar associada à presença de pelo menos dois flavonóides, pois em trabalhos anteriores
foi verificada a atividade seqüestradora de radicais livres, utilizando o DPPH, dos flavonóides
quercetina (MATERSKA, 2005; PINELO; et al., 2004; RUSAKC; et al., 2005) e tilirosídeo
(SALA et al., 2003), sendo o kanferol pouco ativo frente a este radical (RUSAKC; et al.,
2005; YU; et al., 2005). Apesar da presença dos flavonóides no extrato benzeno:éter estes
estão em pequenas quantidades e isto pode justificar em parte o menor valor de CE
50
quando
comparado com o extrato MeOH bruto.
Várias teorias tem sido as apresentadas sobre a forma de como os flavonóides podem
interferir na reação de espécies radicalares. Uma das mais aceitas aponta para a necessidade de
existência de pelo menos um dos grupos funcionais nos flavonóides destacados na Figura 47
(CAMPOS, 1997):
O
OH
OH
OH
OH
OH
O
a)
O
OH
OH
OH
OH
OH
O
b)
O
O
O
OH
OH
OH
O
c)
H
H
Figura 47. Grupos funcionais necessários para haver atividade anti-radicalar.
86
Tabela 11. Atividade seqüestradora de radicais livres de espécies do gênero Solanum
utilizando o radical livre DPPH.
* Média±SEM (n=3);
a
Concentração suficiente para obter 50% da capacidade máxima de sequestrar os radicais
livres (descrito em materias e métodos). Os valores de EC
50
foram calculados pela reta da
regressão linear de cada extrato, fase e substância.
0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250
CE
50
(μg/mL)
Figura 48. Atividade seqüestradora de radicais livres do extrato MeOH bruto, das frações e de
uma substância isolada das folhas de Solanum stipulaceum Roem & Schult (A).
Plantas
Parte da
planta
Extratos e substâncias testados
a
CE
50
± *E.P.M.
(µg/ mL)
Folhas
EtOH 166,67 ± 0,49
S. agrarium
Folhas
AcOEt 251,22 ± 0,70
Partes aéreas
MeOH 69,36 ± 0,44
Partes aéreas
AcOEt 15,88 ± 0,20
Partes aéreas
MeOH aquoso 153,82 ± 7,64
S. asperum
-
Flavonóide (6) >500
Folhas
MeOH 99,17 ± 2,28
Folhas
Benzeno:etéreo 149,90 ± 3,32
Folhas
CHCl
3
61,06 ± 0,67
Folhas
MeOH aquoso 147,10 ± 1,81
S. stipulaceum
-
Quercetina 1,73 ± 0,35
-
Ácido ascórbico 2,48 ± 0,03
Controle
positivo
-
BHT 4,47 ± 0,08
ácido ascórbico
BHT
quercetina
Fração MeOH:H
2
O
Fração CHCl
3
FraçãoBenzeno:éter
ExtratoMeOH
2,48 ± 0,03
4,47 ± 0,08
1,73 ± 0,35
147,10 ± 1,81
61,06 ± 0,67
141,90 ± 3,32
99,17 ± 2,28
A
87
0 50 100 150 200 250
CE
50
(μg/mL)
Figura 49. Atividade seqüestradora de radicais livres do extrato MeOH bruto e das frações
das partes aéreas de Solanum asperum Richard (B).
0 50 100 150 200 250
CE
50
(μ g/mL)
Figura 50. Atividade seqüestradora de radicais livres do Ext. EtOH bruto e da fração AcOEt
das folhas de Solanum agrarium Sendtner (C).
ácido ascórbico 2,48 ± 0,03
BHT 4,47 ± 0,08
FraçãoMeOH:H
2
O 153,82 ± 7,64
FraçãoAcOEt 15,88 ± 0,20
ExtratoMeOH
69,36 ± 0,44
B
C
ácido ascórbico 2,48 ± 0,03
BHT 4,47 ± 0,08
Fração AcOEt 251,22 ± 0,07
Extrato EtOH 116,67 ± 0,49
88
ENSAIO DE TOXIDADE DE ESPÉCIES DO GÊNERO SOLANUM FRENTE À
ARTEMIA SALINA
89
III.2 Introdução
A Artemia salina, também conhecida como camarão de água salgada, ordem
Anostraca, classe Branchiopoda representa a mais primitiva forma de vida crustácea. Devido a
sua grande sensibilidade frente a uma grande variedade de compostos, a possibilidade de
estocar seus ovos por anos à temperatura ambiente e a obtenção de suas larvas entre 24-48 h, a
A. salina tem sido muito utilizada como organismo alvo indicador de toxicidade em
bioensaios. Por ser um indicador de toxicidade, este bioensaio consegue detectar uma grande
variedade de bioatividades que podem ser inerentes à planta e, possivelmente seriam ignoradas
em testes biológicos específicos. Além disso, estudo com substâncias bioativas de extratos de
plantas no laboratório de química é difícil por falta de um procedimento simples e fácil.
Existem muitos testes para bioensaios com animais, tecidos isolados ou com sistemas
bioquímicos, mas eles podem ser complicados e caros. Geralmente faz-se necessário a
colaboração com biólogos ou farmacologistas para execução dos testes em animais ou tecidos
e órgãos isolados. Uma alternativa para realização de bioensaio é o screening para toxicidade
geral que vem sendo usado nos laboratórios de química para ajudar no isolamento de
substâncias bioativas é com o microcrustáceo Artemia salina (SAM, 1993).
O ensaios com Artemia salina L. é estabelecido como um teste seguro, prático e
econômico para determinação da bioatividade de compostos sintéticos (ALMEIDA et al.,
2002) e produtos naturais (MEYER et al., 1982; MCLAUGHLIN et al., 1991). Existe uma
correlação significante entre o bioensaio com Artemia salina e a inibição da multiplicação de
linhagens de células tumorais humanas, demonstrado pelo Instituto Nacional do Câncer (NCI,
USA). O bioensaio serve como pré-screening para triagem de drogas anti-tumorais
(ANDERSON et al., 1991).
O teste de letalidade com a Artemia salina é usado para investigar toxinas de fungos
(EPPLEY, 1974; YAMAMOTO, 1975), atividades anticancerígenas (MEYER et al., 1982),
moluscicida (STOESSL et al., 1989), antifúngicas (WANG et al., 1990) e antibióticos
(GOLINSKI et al., 1986), entre outras.
A larga distribuição de espécies do gênero Solanum e as propriedades anti-tumorais
apresentadas pelos glicoalcalóides (KUPCHAN et al., 1965; CHAM et al., 1987a; CHAM et
al., 1987b; DAUNTER et al., 1990; HU et al., 1999; ESTEVES-SOUZA et al., 2002; LEE et
al., 2004; FRIEDMAN et al., 2005) bem como a atividade moluscicida (SILVA et al., 2005a)
dos extratos brutos levou a escolha das espécies para o estudo no presente trabalho.
90
III.2.1 Metodologia
III.2.1.1 Material vegetal e preparação dos extratos
Foram investigadas 13 espécies do gênero Solanum. Todas as espécies foram coletadas
na região simi-árida do Nordeste brasileiro e identificadas pela Prof. Dra. Maria de Fátima
Agra (LTF-UFPB). As exsicatas enumeradas estão depositadas no Herbário Prof. Lauro Pires
Xavier (JPB) e duplicatas estão mantidas na coleção de referência do Laboratório de
Tecnologia Farmacêutica, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, Brasil.
III.2.1.2 Preparação dos Extratos
O bioensaio feito com os frutos verdes de S. asperum, S. capsicoides, S. palinacantum,
S. paludosum, S. paniculatum, S. paraibanum e S. sisymbriifolium, as partes aéreas de S.
asperum, S. asterophorum, S. capsicoides, S. crinitum, S. diamentinense, S. megalonyx, S.
paniculatum, S. palinacantum, S. sisymbriifolium e S. torvum e as raízes de S. asperum, S.
asterophorum, S. paniculatum, S. paludosum e S. stipulaceum. Todos foram extraídos com
MeOH de acordo com SILVA et al., 2005a. Todos os extratos foram testados anteriormente
em Biomphalaria glabrata (SILVA et al., 2005a).
III.2.2 Ensaio Biológico
O ensaio de letalidade com Artemia salina foi realizado de acordo com MEYER et al.,
1982 e algumas modificações por SILVA et al., 2005b. Os ovos da Artemia salina foram
adicionados a um pequeno tanque dividido em dois compartimentos com água do mar e com
um lado coberto. Uma lâmpada foi colocada sobre o lado aberto do tanque para atrair os
nalplios. Depois de 48 h os nauplios são ultilizados no bioensaio. Os extratos MeOH testados
foram dissolvidos em três gotas de Cremophor
®
, 2,0 mL de DMSO e completado para 5,0 mL
com água do mar. Volumes apropriados da solução estoque foram adicionados em tubos de
ensaio contendo 5,0 mL de solução salina e 10 nauplios em quadruplicata. O controle foi feito
com Cremophor
®
e DMSO, nas mesmas condições. Após 24 h de incubação sob a luz, foram
contados mortos e vivos em cada tubo. Os valores de CL
50
foram calculados pelo gráfico da
concentração dos extratos versus a percentagem de mortos usando ajuste de escala probit. A
analise estatística foi feita pelo programa Origin 6.0.
91
III.2.3 Resultados e Discussão
Algumas espécies do presente estudo são utilizadas na medicina popular. As raízes de
Solanum asterophorum, Solanum paniculatum e Solanum torvum, por exemplo, são usadas no
tratamento de doenças do fígado (AGRA et al., 1999b) e este parece ser o uso etnomedicinal
mais comum. Um vinho é produzido comercialmente dos frutos de S. paniculatum e é utilizado
na medicina popular. S. asperum é conhecida como Coça-coça e causa irritação da pele
(AGRA et al., 1999b). A utilização das espécies do gênero Solanum pela medicina popular
estão na Quadro 2. As plantas que são conhecidas na medicina popular como tóxicas
apresentam também atividade em Artemia salina. A letalidade de diferentes extratos de
Solanum spp. frente a Artemia salina estão na Tabela 13. Os extratos são considerados
inativos quando os nauplios sobrevivem a concentração de 1000 µg/mL (MEYER et al., 1982).
Das treze espécies testadas, quatro foram inativas. Como mostrado na Tabela 13, os extratos
que apresentaram atividade moluscicida (SILVA et al., 2005a) também foram ativos nos
ensaios com a Artemia salina. As partes aéreas de S. asperum e S. megalonyx, e as raízes de S.
palinacanthum foram inativas no teste moluscicida e bioensaio com Artemia salina..
Os dados da Tabela 13 mostram que muitas espécies de Solanum spp. ativas no ensaio
com Artemia salina não são ativas para o molusco Biomphalaria glabrata. Por outro lado as
espécies de Solanum spp. que apresentaram atividade moluscicida também foram ativas com
Artemia salina. Os extratos mais ativos neste estudo foram os das raízes de S. asterophorum
(CL
50
=107,3 µg/mL) e das partes aéreas de S. torvum (CL
50
=295,2 µg/mL).
Surpreendentemente, o estudo químico das folhas desta espécie não mostrou a presença de
glicoalcalóides (MAHMOOD et al., 1985) enquanto que as raízes de S. asterophorum mostrou
a presença de alcalóides (SILVA et al., 2005a). Isto sugere que a bioatividade não é devido a
presença de alcalóides, mas de outros constituintes, por exemplo, as saponinas e sapogeninas
podem também apresentar atividade.
A atividade moluscicida observada em algumas espécies de Solanum é geralmente
atribuída à presença de glicoalcalóides. As outras classes de metabólitos secundários incluindo
as alcamidas, têm pouca ou nenhuma atividade (ALZERRECA et al., 1982; WANYONYI et
al., 2003; SILVA et al., 2005a).
92
III.2.4 Conclusão
Este estudo mostra que a bioatividade em Artemia salina para algumas espécies do
gênero Solanum não está relacionada com a atividade moluscicida, sugerindo que não existe
uma correlação direta entre o teste de toxidade com Artemia salina e atividade moluscicida,
como encontrado com a atividade citotoxica, indicando que outras classes de metabólitos
especiais estão envolvidas no processo. Outros testes biológicos como por exemplo anticâncer,
antifúngico devem ser feitos com os extratos.
Quadro 2. Usos na medicina popular e outros de Solanum spp. do Nordeste do Brasil.
R=Raízes; Fo=Folhas; F=Frutos.
Nome da planta Nome comum
Esxcicata
Agra n°
Uso medicinal
(parte usada)
S. agrarium Sendtner Gogoia 2120 Abortivo, prostata
S. asperum Rich. Jussara 1243
Irritante a pele
(Fo)
S. asterophorum Mart. Jurubeba-de-fogo 1744
Em doenças do
fígado (R)
S. capsicoides All. Gogoia 1292 Toxico (F)
S. crinitum Lam. Jurubeba 2246 Toxico (F)
S. diamantinense Jurubeba 5176 Desconhecido
S. megalonyx Sendtn. Jurubeba 5987 Desconhecido
S. palinacanthum Dunal Jurubeba 1296 Toxico (F)
S. paludosum Moric. Jurubeba-roxa 1100 Toxico (F)
S. paniculatum L. Jurubeba 1261
Anemia.
Tuberculose,
Doenças do fígado
(Fo, R)
S. paraibanum Agra Jurubeba-de-rama 1111 Desconhecido
S. sisymbrifolium Lam. Jurubeba 5553 Desconhecido
S. stipulaceum Roem. &
Schult.
Jurubeba-roxa 1806 Toxico (F)
S. torvum Sw. Jurubeba 1477
Em doenças do
fígado
Fonte: (AGRA, 1999c)
93
Tabela 12. Bioensaio (concentração letal média) dos extratos metanólicos das raízes, partes
aéreas e/ou frutos de Solanum spp. em Artemia salina e comparação com a atividade
moluscicida (PA=Partes aéreas; F=Frutos; R=Raízes).
Artemia slina Moluscicida
Nome da Planta
Parte
testeda
Ensaio
(CL
50
em µg/mL)
a
atividade
(CL
90
em µg/mL)
b
PA >1000 Inativo
F 420.5 Ativo (43.56)
S. asperum Rich.
R 593.4 Ativo (44.11)
PA 552.8 Inativo
S. asterophorum
Mart.
R 107.3 Inativo
PA 440.1 Inativo
S. capsicoides All.
F 476.9 Inativo
S. crinitum Lam. PA 833.4 Inativo
S. diamantinense PA 481.0 Ativo (52.80)
S. megalonyx Sendtn. PA >1000 Inativo
PA 488.3 Inativo
F >1000 Inativo
S. palinacanthum
Dunal
R >1000 Inativo
F 548.0 Ativo (82.86)
S. paludosum Moric.
R >1000 Inativo
PA 953.9 Inativo
S. paniculatum L.
F 823.2 Inativo
S. paraibanum Agra F 694.8 Inativo
PA 382.7 Ativo (46.66) S. sisymbrifolium
Lam.
F 696.4 Inativo
S. stipulaceum Roem.
& Schult.
R 823.1 Ativo (73.87)
S. torvum Sw. PA 295.2 Inativo
a
CL
50
>1000 µg/mL é inativo; b.(SILVA et al., 2005a).
94
5. CONCLUSÕES
- O estudo químico de três espécies de Solanum resultou no isolamento do flavonóide 3,3’,7-
tri-O-metil-miricetina de Solanum agrarium, dois flavonóides de Solanum asperum:
tilirosídeo, 3-O-[β-D-glycopiranosil-(16)-α-L-ramnopiranosil]-7-O-α-L-
ramnopiranosilkaempferol, e de Solanum stipulaceum foram isoladas as substâncias:
quercetina, kanferol, tilirosídeo e o ácido p-hidroxibenzóico. Todos os extratos e frações
obtidas destas três espécies apresentaram atividade seqüestradora do radical livre DPPH,
provavelmente devido à presença dos flavonóides.
-O estudo químico com as folhas obtidas de excicatas de espécie de Solanum subgênero
Leptostemonum por CLAE-DAD e dados obtidos anteriormente permitiu traçar um esquema
de avanço filogenético das espécies de acordo com as seções, além de propor uma rota
biossintética para Solanum sect. Erythrotrichum. Os resultados obtidos quimicamente
suportam os dados morfológicos.
-As duas espécies, S. asperum e S. stipulaceum, de Solanum subgênero e seção Brevantherum
apresentam flavonóides glicosilados nos tricomas estrelados. Estas duas espécies apresentaram
o flavonóide tilirosídeo.
-O estudo de toxidade com Artemia salina mostrou que a bioatividade em para algumas
espécies do gênero Solanum não está relacionada com a atividade moluscicida, sugerindo que
não existe uma correlação direta entre o teste de toxidade com Artemia salina e atividade
moluscicida, como encontrado com a atividade citotoxica, indicando que outras classes de
metabólitos especiais (sem ser os glicoalcaloides) estão envolvidas no processo. Outros testes
biológicos como por exemplo anticâncer, antifúngico devem ser feitos com os extratos.
95
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