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A Fig. 6.8 apresenta os espectros Raman do cristal de L-leucina no intervalo de
pressão (0 – 5,04 GPa) na região espectral entre 70 e 250 cm
-1
. Os modos marcados por A, B,
C, D, E e F correspondem às freqüências de 72, 87, 110, 125, 141 e 175 cm
-1
,
respectivamente. Esta região é aquela que pode confirmar com mais precisão a existência das
transições de fases já sugeridas nos parágrafos anteriores.
Assim, vejamos inicialmente o espectro tomado à pressão atmosférica (P = 0 GPa).
As bandas A-E estão associadas a modos da rede, enquanto que a banda F, que podem ser
decomposta em dois picos, está associada às vibrações de torção CO
2
-
e CH, conforme
classificação fornecida na Tab. 4.4. O que se observa nos espectros entre 0 e 0,46 GPa é o
seguinte: (i) grande diminuição da intensidade das bandas A (modo da rede) e F (modos
torsionais); (ii) por outro lado, a banda B, que também está associada a modo da rede,
aumenta sua intensidade relativa em relação às bandas A e C. (iii) a banda D aparece no
espectro de 0,46 GPa apenas como um ombro da banda C; (iv) a mudança mais importante: o
desaparecimento da banda E. Tal conjunto de modificações espectrais, juntamente com todas
as outras modificações comentadas nos espectros das Figs. 6.1 a 6.7 abrangendo todos os
modos internos do material nos levam a concluir com segurança que entre 0 e 0,46 GPa o
cristal de L-leucina sofre
uma transição de fase estrutural
.
A análise agora, diz respeito ao que foi observado entre os espectros de 0,80 e 1,46
GPa. Novamente os resultados obtidos através de espectroscopia Raman não deixam margens
para dúvidas. Vejamos: (i) a banda D, que é bem visível no espectro de 0,80 GPa desaparece
no espectro tomado em 1,46 GPa. Observe-se que em torno de 150 cm
-1
há uma banda
bastante fraca no espectro de 1,46 GPa, que poderia ser a banda D após sofrer uma grande
descontinuidade de freqüência. De uma forma ou de outra (a banda D desaparecendo ou
sofrendo uma grande descontinuidade em sua freqüência) o fato só pode ser explicado como
sendo devido a uma transição de fase estrutural experimentada pelo material. Observe-se,
como segundo ponto de relevância, a grande diminuição de intensidade da banda associada
aos modos torsionais. Finalmente, outro pondo de grande destaque é o aparecimento de uma
banda larga onde anteriormente havia a banda B. Todo este conjunto de modificações nos
espectros Raman na região de baixa energia e mais todas aquelas modificações observadas
nos espectros Raman na região dos modos internos do cristal de L-leucina nos leva a concluir,
novamente, que entre 0,80 e 1,46 GPa o referido cristal sofre
uma segunda transição de fase
estrutural
. Após a pressão chegar aum valor máximo de 5,40 GPa, retornando-se a pressão
atmosférica, observa-se que os espectros são recuperados, com uma pequena diferença de
intensidade apenas na banda B. Tal fato confirma aquilo verificado em outras regiões dos