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Estudo de elementos moduladores da expressão gênica
em diferentes linhagens de células de mamífero
Luana Salgado Quilici
Orientadora: Profª. Dra. Andréa Queiroz Maranhão
Co-orientador: Prof. Dr. Marcelo de Macedo Brígido
Brasília – DF
2008
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA CELULAR
LABORATÓRIO DE BIOLOGIA MOLECULAR
Dissertação apresentada ao
Departamento de Biologia Celular do
Instituto de Ciências Biológicas como
requisito parcial à obtenção do grau de
Mestre em Biologia Molecular
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Estudo de elementos moduladores da expressão gênica
em diferentes linhagens de células de mamífero
Luana Salgado Quilici
Orientadora: Profª. Dra. Andréa Queiroz Maranhão
Co-orientador: Prof. Dr. Marcelo de Macedo Brígido
Brasília – DF
2008
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA CELULAR
LABORATÓRIO DE BIOLOGIA MOLECULAR
Dissertação apresentada ao
Departamento de Biologia Celular do
Instituto de Ciências Biológicas como
requisito parcial à obtenção do grau de
Mestre em Biologia Molecular
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Banca Examinadora:
Dra. Santuza Maria Ribeiro Teixeira (UFMG – Membro Externo)
Prof. Dr. Márcio José Poças Fonseca (UnB – Membro Interno)
Profª. Dra. Ildinete Silva Pereira (UnB – Suplente)
Profª. Dra. Andréa Queiroz Maranhão (UnB – orientadora)
Prof. Dr. Marcelo de Macedo Brígido (UnB – co-orientador)
Trabalho desenvolvido no Laboratório de
Biologia Molecular da Universidade de
Brasília, sob a orientação da Profª. Dra.
Andréa Queiroz Maranhão
Dedico este trabalho aos meus
pais, Eva e Gedson, por sempre
me incentivarem a estudar e a
seguir meus sonhos...
Agradeço a Deus pela força e
coragem nas horas em que mais
me desesperei...
... agradeço também à Andréa e
ao Marcelo, por me agüentarem
quatro anos e me ajudarem a
descobrir esse mundo
maravilhoso da Ciência!!!
... agradeço também ao Renato, que
me ajudou em momentos muito
complicados desse período, seja com
palavras certas na hora certa, com as
corridas, os carinhos, ou apenas com
a companhia! Você é muito especial!
TE AMO
AGRADECIMENTOS EXTRAS
Aos professores da banca, pelo tempo dispensado à leitura deste
trabalho! Tomara que tenha valido a pena!!
À professora Ildinete, que me auxiliou em várias etapas deste
trabalho, e sempre esteve disposta a ajudar! Será que agora você sabe o
que é um “coacervado”??? Te considero minha co-co-orientadora!! Rsrsrs.
Ao professor Márcio Poças pelas dicas da sala de cultura e de
bandshift.
Aos demais professores da BioMol e agregados: Lídia, Élida, Sueli,
Fernando e Cyntia, pelas dicas e matérias super-proveitosas.
Ao professor Bergman e ao pessoal do seu laboratório, por
permitirem o uso do Luminômetro! Sem esse equipamento esse trabalho não
existiria!!! Susane, valeu!!
Ao professor Alan Carvalho, do Cenargen, e a todo o pessoal do seu
laboratório! Sem vocês não teria nada de qPCR neste trabalho, e nem as
Havaianas mais lindas!! Obrigada por me acolherem tão bem!
Ao pessoal do Lab1, que é simplesmente maravilhoso!! Isabella, você é
uma amigona! Aprendi muito com vonesses anos. Barbarela, você me
agüentou uns cinco anos, vai ter que me engolir mais uns quatro!! Admiro
muito a sua persistência, inteligência e autenticidade... rsrsrs (como diz a
sua mãe). E o que seria dos estágios da licenciatura sem as conversas nas
horas ociosas?? Adoro você, você é uma grande amiga!! Hernandez, vou
sentir saudades, de você, do seu mau-humor, do seu desespero para clonar e
transfectar! Seja muito feliz em São Paulo!! Maryani, você é uma figura!!
Divirto-me muito com nossos almoços! Mariana, obrigada por me ensinar
tudo e mais um pouco sobre a sala de cultura! E só mesmo uma pisciana como
eu pra entender porque somos tão grudentas (não chora não, senão eu choro
também)!!! Victor, você é também uma figuraça!!!! Meu primeiro estagiário!!!
Rsrsrs.
Agradeço também a todos os outros colegas do Lab1 e agragados, que
sempre me ajudaram em tudo: Carol, Rafa, Léo, Thayssa, Kelly, Yuri, Paulo,
Alex (Lab2), Janaína, Fernanda, Mikael, Tiago, Hugo, Thiago, Lorena,
Calliandra... enfim, vou esquecer alguém, mas não foi por mal não, tá?
Obrigada a todos!!!
Obrigada à Izabel pela ajuda nas análises estatísticas, e também
pelos produtos maravilhosos da Avon!!
Aos meninos do seqüenciamento, Marcus e Saulo, obrigada pela
paciência e pela eficiência.
Ao Davi, OBRIGADA por sempre estar disposto a parar tudo que está
fazendo para abrir aquele almoxarifado!! Você vai pro céu!!
À Fátima e Ivanildes, por cuidarem do laboratório, dos nossos
reagentes, materiais e por serem tão legais comigo!!
À Fernanda, por sempre manter o laboratório limpo, apesar de dois
minutos depois todo mundo sujar!
A todo o pessoal da sala de cultura, obrigada por aturarem os meus
momentos de estresse quando a sala estava uma bagunça!
A toda minha família (vós, tios, primos), obrigada por me apoiarem!
À família do Renato, que sempre me acolheu de braços abertos e
sempre me admirou, mesmo sem saber direito o que eu estava fazendo!
Aos meus amigos queridos do Colégio Militar, que me acompanharam
em TODA a minha jornada de futura cientista! Vocês sempre torceram por
mim, e acho que me entenderam nos momentos em que tive que estar
ausente! Obrigada Beatriz, Beliza, Carol, Jaque (minha madrinha ), Mairão,
Thamara e Well!!! Vocês moram no meu coração!!!
À Ana e Sandra da Secretaria, obrigada por sempre estarem à nossa
disposição!
E obrigada a todos que porventura eu tenha deixado de mencionar,
mas que de alguma forma me ajudaram na realização deste trabalho!
Caminhada
Sei que a minha caminhada tem um destino e uma direção, por isso
devo medir meus passos, prestar atenção no que faço e no que fazem os que
por mim também passam ou pelos quais passo eu... Que eu não me iluda com
o ânimo e o vigor dos primeiros trechos, porque chegará o dia em que os pés
não terão tanta força e se ferirão no caminho e se cansarão mais cedo...
Todavia, quando o cansaço houver, que eu não me desespere e acredite que
ainda terei forças para continuar, principalmente quando houver quem me
auxilie... É oportuno que, em meus sorrisos, eu me lembre de que existem os
que choram para que, assim, meu riso não ofenda a goa dos que sofrem:
por outro lado, quando chegar a minha vez de chorar, que eu não me deixe
dominar pela desesperança, mas que eu entenda o sentido do sofrimento, que
me nivela, que me iguala, que torna todos os homens iguais... Que eu não me
considere melhor do que aqueles que ficarão atrás, porque pode vir o dia em
que nada terei mais para minha jornada e aqueles, que ultrapassei na
caminhada, me alcançarão e também poderão fazer como eu fiz e nada de fato
fazer por mim, que ficarei no caminho sem concluí-lo... Quando o dia brilhar,
que eu tenha vontade de ver a noite em que a caminhada será mais fácil e
mais amena; quando for noite, porém e a escuridão tornar mais difícil a
chegada, que eu saiba esperar o dia como aurora, o calor como bênção... Que
eu perceba que a caminhada sozinho pode ser mais rápida, mas muito mais
vazia... Quando eu tiver sede, que encontre a fonte no caminho, e quando eu
me perder, que ache a indicação, a seta, a direção... Que eu não siga os que
desviam, mas que ninguém se desvie seguindo os meus passos... Que a
pressa em chegar não me afaste da alegria de ver as flores simples que estão
a beira da estrada, que eu não perturbe a caminhada de ninguém, que eu
entenda que seguir faz bem, mas que, às vezes, é preciso ter-se a bravura de
voltar atrás e recomeçar e tomar outra direção... Que eu não caminhe sem
rumo, que eu não me perca nas encruzilhadas, mas que eu não tema os que
me assaltam, os que embuçam, mas que eu onde devo ir e, se eu cair no
meio do caminho, que fique a lembrança de minha queda para impedir que
outros caiam no mesmo abismo... Que eu chegue, sim, mas, ainda mais
importante, que eu faça chegar quem me perguntar, quem me pedir conselho
e, acima de tudo, me seguir confiando em mim!
(Ponsancini)
SUMÁRIO
Lista de Abreviaturas .........................................................................................................i
Resumo .............................................................................................................................v
Abstract ............................................................................................................................vi
1 – INTRODUÇÃO ..........................................................................................................1
1.1 – A transcrição em eucariotos ....................................................................................1
1.2 Elementos estruturais e funcionais na modulação da expressão gênica em
eucariotos ..........................................................................................................................5
1.2.1 – Intron ....................................................................................................................5
1.2.2 – Z-DNA ................................................................................................................13
1.3 Principais promotores utilizados em vetores para expressão de proteínas
heterólogas em células de mamífero: o promotor de CMV e o intron A .......................17
1.4 – A produção de proteínas recombinantes em células de mamífero ........................20
1.5 – Modelo Experimental ............................................................................................22
2 – OBJETIVOS .............................................................................................................23
3 – MATERIAIS E MÉTODOS .....................................................................................25
3.1 – Materiais ................................................................................................................25
3.1.1 – Linhagens bacterianas ........................................................................................25
3.1.2 – Linhagens de células de mamífero .....................................................................25
3.1.3 – Plasmídios utilizados nas clonagens e transfecções ...........................................26
3.1.4 – Meios de Cultura ................................................................................................29
3.1.5 – Soluções .............................................................................................................31
3.1.6 – Antibióticos ........................................................................................................35
3.1.7 – Materiais e soluções para a mensuração da atividade da luciferase ...................37
3.1.8 – Materiais e soluções para a extração de RNA total de CHO-K1 .......................37
3.1.9 – Tampões de Reação ............................................................................................39
3.1.10 – Enzimas ............................................................................................................41
3.1.11 – Marcadores de massa molecular de DNA .......................................................43
3.1.12 Oligonucleotídeos utilizados para seqüenciamento, clonagens e reações
de PCR ...........................................................................................................................44
3.2 – Métodos .................................................................................................................47
3.2.1 – Preparo e transformação de células competentes de Escherichia coli ...............47
3.2.2 – Preparação de DNA plasmidial ..........................................................................50
3.2.3 – Extração e purificação de DNA de gel de agarose .............................................54
3.2.4 – Digestão de DNA plasmidial com enzimas de restrição ....................................56
3.2.5 – Reação de defosforilação com a enzima SAP (fosfatase alcalina de camarão) ..56
3.2.6 – Reação de polimerização de extremidades de DNA utilizando o fragmento
Klenow da DNA polimerase I ........................................................................................56
3.2.7 – Reação de anelamento de oligonucleotídeos ......................................................56
3.2.8 – Análise de DNA em gel de agarose ....................................................................57
3.2.9 – Ligação de fragmentos de DNA .........................................................................57
3.2.10 Seqüenciamento de DNA com o kit DYEnamic ET DYe Terminator Cycle
Sequencing kit for MegaBACE .......................................................................................57
3.2.11 – Precipitação de DNA utilizando glicogênio como carreador ...........................58
3.2.12 – Cultura de células .............................................................................................58
3.2.13 – Ensaio de atividade da luciferase utilizando o Kit Dual Luciferase Assay
System .............................................................................................................................63
3.2.14 – Análise estatística dos valores de atividade da luciferase ................................64
3.2.15 Extração de RNA total de células de mamífero (CHO-K1) com o reagente
Trizol ..............................................................................................................................65
3.2.16 – Tratamento do RNA total extraído de CHO-K1 com DNase RNase free .......66
3.2.17 Síntese do DNA complementar (cDNA) por meio de transcrição reversa (RT)
com a enzima transcriptase reversa Superscript III ........................................................66
3.2.18 Reação de qPCR (PCR quantitativa) utilizando os cDNAs preparados a partir
de amostras de RNA de CHO-K1 tratadas com DNase I RNase free ............................67
4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO ..............................................................................70
4.1 – Clonagem dos elementos gênicos ..........................................................................70
4.1.1 – Clonagem do promotor de CMV sem intron (pGLCMVI-) ...............................71
4.1.2 – Clonagem do promotor de CMV com intron A (pGLCMV) ..............................72
4.1.3 – Construção de versões deletadas do intron A .....................................................74
4.1.4 – Introdução de seqüências indutoras de Z-DNA no vetor pGLCMV ..................75
4.1.5 – Construção do vetor pMACIA scFvZ22 NLS ....................................................77
4.2 – Determinação dos níveis de expressão gênica das diferentes construções em
células de mamífero ........................................................................................................86
4.2.1 – O cultivo de diversas linhagens de células de mamífero ....................................86
4.2.2 – Transfecção Transiente .......................................................................................86
4.2.2.1 Efeito do intron A inteiro na atividade da luciferase nas linhagens celulares
CHO-K1, CÓS-7, HepG2 e HEK-293 ............................................................................87
4.2.2.2 – Efeito das deleções do intron A na atividade da luciferase nas linhagens
celulares CHO-K1, CÓS-7, HepG2 e HEK-293 ............................................................90
4.2.2.2.1 – Efeito do intron A inteiro e deletado na expressão do mRNA da luciferase de
vaga – lume .....................................................................................................................95
4.2.2.2.2 Análise do splicing do intron A nas construções com intron A inteiro e
deletado .........................................................................................................................106
4.2.2.3 – Efeito da remoção da região 5’do promotor/enhancer de CMV....................109
4.2.2.4 Efeito dos oligonucleotídeos indutores de Z-DNA na atividade da luciferase
em células CHO-K1 ......................................................................................................111
4.2.3 – Transfecção Estável ..........................................................................................112
5 – CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS .....................................................................115
6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................119
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1. Localização dos componentes básicos de um promotor eucariótico.................2
Figura 2. Ligação funcional entre o splicing, o transporte do mRNA núcleo-
citoplasmático e o NMD, com a participação das proteínas do EJC ..............................11
Figura 3. Três principais conformações assumidas pelo Z-DNA ...................................14
Figura 4. Conformação espacial das bases nitrogenadas no DNA .................................15
Figura 5. Conformação adotada pela fita de DNA quando há a movimentação do aparato
transcricional ..................................................................................................................16
Figura 6. Esquema do promotor completo de CMV ......................................................19
Figura 7. Mapas dos vetores utilizados para as clonagens do promotor com e sem intron
A .....................................................................................................................................27
Figura 8. Mapa do vetor pGL4.73 (Promega) ................................................................27
Figura 9. Mapas dos vetores pMACIA e pIg16, utilizados para a construção do
pMACIA scFvZ22 NLS .................................................................................................28
Figura 10. Clonagem do promotor de CMV sem intron, resultando no vetor
pGLCMVI- .....................................................................................................................71
Figura 11. Clonagem do promotor de CMV com intron A, resultando no vetor
pGLCMV ........................................................................................................................73
Figura 12. Deleções realizadas no intron A de CMV .....................................................74
Figura 13. Anelamento dos oligonucleotídeos Z1, Z3 e Z5 e clonagem no vetor
pGLCMV ........................................................................................................................75
Figura 14. Alinhamento da seqüência dos vetores pGLCMVZ5 (painel A) e
pGLCMVZ3 (painel B) ..................................................................................................77
Figura 15. Obtenção do fragmento scFvZ22 NLS – 1ª etapa .........................................79
Figura 16. Obtenção do fragmento scFvZ22 NLS – 2ª etapa .........................................81
Figura 17. Seqüência do scFvZ22 NLS ..........................................................................83
Figura 18. Clonagem do fragmento scFvZ22 NLS no vetor pMACIA ..........................85
Figura 19. Efeito do intron A inteiro na atividade da luciferase em CHO-K1 (painel A),
COS-7 (painel B), HepG2 (painel C) e HEK-293 (painel D) .........................................88
Figura 20. Efeito das deleções do intron A na atividade da luciferase em CHO-K1
(painel A), HepG2 (painel B), COS-7 (painel C), e HEK-293 (painel D) .....................91
Figura 21. Curvas de amplificação das amostras com os iniciadores para os genes de
GAPDH de hamster (painel A), da luciferase de Renilla (painel B) e para a luciferase de
vaga-lume (painel C) ......................................................................................................97
Figura 22. Curvas de dissociação dos iniciadores dos genes de GAPDH (painel A),
luciferase de Renilla e vaga-lume (painel B) .................................................................99
Figura 23. Validação da reação de RT-qPCR para a quantificação relativa da expressão
gênica da luciferase de vaga-lume ................................................................................100
Figura 24. Ensaio de RT-qPCR utilizando o normalizador GAPDH ...........................101
Figura 25. Ensaio de RT-qPCR utilizando o normalizador luciferase de Renilla ........102
Figura 26. Análise do splicing nas construções contendo o intron A deletado ............108
Figura 27. Efeito da deleção da região 5’ do promotor/enhancer de CMV na atividade
da luciferase em CHO-K1 (painel A) e COS-7 (painel B) ...........................................110
Figura 28. Efeito dos oligonucleotídeos Z1, Z3 e Z5 na atividade da luciferase 24 e 48
horas pós-transfecção em CHO-K1 ..............................................................................111
Figura 29. Efeito do anticorpo anti-Z-DNA na forma scFv Z22 com sinal de localização
nuclear (NLS) em clones estáveis de Z3 e Z5 (CHO-K1) ............................................113
Figura 30. Mecanismos que ocasionarão aumentos na expressão de um determinado
gene de interesse quando os elementos são colocados em um mesmo vetor para
expressão heteróloga .....................................................................................................118
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1. Relação das proteínas terapêuticas produzidas em CHO-K1 .........................20
Tabela 2. Seqüências dos oligonucleotídeos utilizados nas diversas etapas deste
trabalho ...........................................................................................................................44
Tabela 3. Valores médios de Ct das amostras amplificadas com os iniciadores para
GAPDH e luciferase de Renilla ....................................................................................104
LISTA DE ABRAVIATURAS
ATP – nucleotídeo trifosfato de adenosina
BSA – albumina bovina sérica
ºC – grau Celsius
cDNA – DNA complementar
CMV – citomegalovírus
DEPC – dietil pirocarbonato
DNA – ácido desoxirrobonucléico
dNTPs mistura dos desoxirribonucleotídeos trifosfatados adenosina, citidina,
guanosina e timidina.
dsDNA – DNA de fita dupla
DTT – ditiotreitol
EDTA – ácido etilenodiaminoacético
EGTA ácido tetraacético etileno glicol (mais afinidade por cálcio do que por íons de
magnésio)
F – Faraday
g – força gravitacional
g – grama
IPTG – isopropil-β-D-tiogalactopiranosídeo
kb – quilobases
L – litro
m – metro
M – molar
mA – miliamperes
mg - miligrama
mL – mililitro
mM - milimolar
mRNA – RNA mensageiro
OD – densidade óptica
PEG – polietileno glicol
pb – pares de base
PBS – tampão fosfato
PCR – reação de polimerase em cadeia (do inglês Polymerase Chain Reaction)
pH – potencial hidrogeniônico
p/v – razão peso/volume
qPCR – PCR quantitativa
RNA – ácido ribonucléico
RT – PCR – transcrição reversa seguida de PCR
RT – qPCR – transcrição reversa seguida de PCR quantitativa
scFv – fragmento variável de cadeia única
SFB – soro fetal bovino
TE – tampão Tris/EDTA
Tris – tri(hidroximetil)aminometano
U – inidades de reação da enzima
V – volts
v – volume
v/v – razão volume/volume
X-gal – 5-bromo-4-cloro-3-indolil-β-D-galactopiranosídeo
Z-DNA – DNA na conformação Z
ηg - nanograma
ηmol - nanomol
ρmol - picomol
τ – tempo de passagem da corrente elétrica
– unidade de medida da resistência elétrica (ohm)
1X – concentração para uso normal
5X – cinco vezes concentrado
10X – dez vezes concentrado
50X – cinqüenta vezes concentrado
RESUMO
Foram construídos plasmídios com o promotor de CMV sem intron
(pGLCMVI), com intron A (IA) completo (pGLCMV) e deletado em 200
(pGLCMV200), 400 (pGLCMV400) e 600 pb (pGLCMV600), dirigindo a
expressão do gene repórter da luciferase, além de diferentes seqüências indutoras de Z-
DNA localizadas a montante do promotor. Estas construções foram transfectadas de
forma transiente em células CHO-K1, COS-7, HepG2 e HEK-293. O IA aumentou em
100 a 1.000 vezes a atividade da luciferase em relação à construção sem intron,
dependendo da linhagem celular testada. Dentre as versões deletadas do intron, a
construção pGLCMV200 foi a mais eficiente, aumentando de 3 a 6 vezes a atividade
da luciferase, seguida da construção pGLCMV600, cuja atividade melhorou em até 4
vezes, comparado com o IA selvagem. Entretanto, a remoção de 400 pb do IA resultou
na redução da expressão gênica a níveis quase comparados aos da construção sem IA.
Tomados em conjunto, esses dados sugerem a existência de uma região de ligação a um
fator transcricional de inibição no fragmento de 200 pb. Os dados da atividade da
luciferase foram corroborados com experimentos de RT-qPCR, que relacionaram o
aumento da atividade da enzima com o aumento da expressão do gene nas diferentes
construções testadas. O splicing nas construções com IA deletado foi estudado por RT-
PCR, mostrando que evidências de que não processamento correto dos exons 1 e
2 de CMV quando o sítio aceptor é removido. Foi estudado o efeito da remoção da
região 5’ do promotor de CMV em CHO-K1 e COS-7, que resultou em uma redução de
50% da atividade da luciferase. Dentre os vetores contendo as seqüências indutoras de
Z-DNA que também foram transfectados de forma transiente em CHO-K1, apenas
naquele em que foi clonada a seqüência Z3 observou-se um aumento de 50% na
atividade da luciferase comparado com a seqüência-controle Z5. Foram desenvolvidos
clones estáveis de CHO-K1 com esta construção a fim de verificar o potencial de
formação de Z-DNA desta seqüência na região adjacente ao promotor. Nestes clones
estáveis, transfectou-se de forma transiente o plasmídeo pMACIA scFvZ22 NLS, um
fragmento de anticorpo anti-Z-DNA. A atividade da enzima aumentou em 3 vezes
quando este elemento em trans foi adicionado ao sistema de expressão, indicando que
esta seqüência realmente forma Z-DNA e que a modulação da expressão gênica ocorre
em níveis transcricionais. Portanto, neste trabalho foi mostrado que o IA e suas deleções
inovadoras, bem como seqüências indutoras de Z-DNA, podem melhorar a expressão
gênica, sendo ferramentas importantes para a otimização da expressão de proteínas de
interesse comercial em células de mamífero.
ABSTRACT
It had been constructed plasmids with the promoter of CMV and the luciferase
reporter gene comprising the following features: without the CMV intron A (IA)
(pGLCMV I-), with the full IA (pGLCMV) or the deleted versions of it
(pGLCMV200, pGLCMV400 and pGLCMV600), and Z-DNA inducer sequences
upstream the promoter. These constructions had been transiently transfected in CHO-
K1, COS-7, HepG2 and HEK-293 cells. The whole intron A resulted in a 100 to 1000-
fold increase in the activity of luciferase compared to the intronless version, depending
on the cell line tested. The pGLCMV200 construction had also enhanced in 3 to 6-fold
the luciferase activity compared to the wild-type IA. Following the results obtained with
the construction above, the IA deleted in 600 pb had improved the luciferase activity no
more than 4 times, depending on the cell line used. The pGLCMV400 construction,
instead, resulted in a reduction of gene expression to levels similar to the intronless
construction. Taken together, these data suggest that there are a binding region for an
inhibitory transcription factor comprising the 200 pb fragment. The data of the activity
of luciferase had been corroborated with experiments of RT-qPCR, which had
correlated the increases of luciferase activity for the different constructions above with
the increase of the expression of the gene of luciferase. To verify the effect of splicing
in the constructions with the deleted IA, a RT-PCR experiment was carried through
showing that the removal of the donor splicing site might have a relation with the
incorrect processing of exons 1 and 2 of the CMV IE gene. Amongst the Z-DNA-
inducer sequences cloned upstream the CMV promoter, the Z3 sequence resulted in a 2-
fold increase of the transient luciferase activity when compared to the control-sequence
Z5. As a result, it had been developed stable clones of CHO-K1 cells with this sequence
in order to verify if the sequence in question exerts its activity by means of the
formation of Z-DNA in the adjacent region to the promoter. In these stable clones, it
had been transiently transfected the pMACIA scFvZ22NLS plasmid, that codes for an
antibody fragment anti-Z-DNA. The values of the luciferase activity had increased 3
times when this element in trans it was added to the expression system, indicating that
this sequence really forms Z-DNA and that the effect observed occurs in transcriptional
levels. Therefore, in this work it was shown that the intron A and its innovative
deletions, as well as Z-DNA-inductive sequences, can improve the gene expression,
being important tools for the optimization of clinical relevant protein expression in
mammalian cells.
1
1. Introdução
1.1) A transcrição em eucariotos
Em 1998, Ruvkin e Robert mapearam aproximadamente 20000 genes no verme
nematóide Caenorhabditis elegans. Pouco depois, em 2000, Adams e colaboradores
identificaram em torno de 14000 genes em Drosophila melanogaster. Esses dados, quando
comparados com os apresentados pelo genoma humano, com aproximadamente 30000
genes (Baltimore, D. 2001; Lander et al, 2001), indicam que a complexidade dos
organismos existentes no planeta não pode se relacionar com o número de genes que eles
possuem. Portanto, o que determina a variabilidade das espécies e a complexidade das
mesmas é a regulação diferencial de seus genes, ou seja, os diferentes processos que
ocorrem para proporcionar maior flexibilidade ao genoma. Além disso, outros fatores
podem estar relacionados a esta complexidade genêmica, como a presença de RNAs não
codificadores e do splicing alternativo. Desse modo, quando maior a complexidade do
organismo em questão, maior será a variedade de mecanismos de regulação existentes.
Com isso, para que se entenda a complexidade do sistema transcricional eucariótico é
necessário o estudo dos promotores eucarióticos, bem como o processo transcricional em
si.
* Estrutura dos promotores eucarióticos
Em procariotos, o promotor possui regiões bem definidas e conservadas para a
ligação da RNA polimerase, denominadas regiões -10 e -35 (Harley e Reynolds, 1987).
São nestes sítios, antes do início da fase de leitura aberta (ORF), que a enzima se ancora
para iniciar o processo transcricional. Para maior especificidade de seleção do promotor, a
enzima ainda se liga a uma proteína denominada fator sigma (σ). Ela possui vários
subtipos, que são recrutados pela RNA polimerase II dependendo do gene a ser transcrito.
Desse modo, de acordo com o tipo de condição ambiental a qual o organismo é submetido,
é acionado um determinado tipo de fator σ para ativar a transcrição de genes necessários
para a resposta do organismo ao ambiente.
Entretanto, no caso de organismos eucarióticos, o conceito de promotor é mais
complexo, visto que as regiões de ligação da RNA polimerase II e outros fatores
necessários para o reconhecimento do DNA a ser transcrito não são tão bem definidos
2
quanto em procariotos. Além disso, em organismos multicelulares, a regulação da
expressão gênica temporal, espacial e tecido-específica são também fatores que dificultam
a caracterização minuciosa dos promotores eucarióticos. Entretanto, apesar de sua
complexidade, pode-se identificar nestes promotores algumas regiões importantes para o
processo transcricional, dentre elas o TATA box, o Iniciador (Inr), o Elemento promotor a
jusante (DPE – do inglês downstream promoter element), e o Elemento de reconhecimento
a TFIIB (BRE) (Smale e Kadonaga, 2003). A localização destes elementos no promotor
pode ser visualizada no esquema da figura 1. É importante ressaltar que alguns desses
elementos podem não estar presentes em todos os promotores eucarióticos conhecidos, o
que é mais uma evidência da variedade de mecanismos e elementos que geram a
complexidade desse sistema.
Figura 1. Localização dos componentes básicos de um promotor eucariótico. Esse
esquema mostra alguns dos elementos que podem contribuir para a transcrição basal a partir
do promotor. Acima dos retângulos coloridos são mostradas as possíveis regiões de ocorrência
dessas seqüências dentro do promotor. Esquema adaptado de Smale e Kadonaga (2003).
- TATA box
Esse elemento foi o primeiro motivo de promotores eucarióticos a ser caracterizado
(Goldberg, 1979), apresentando a seqüência consenso “TATAAA”. Entretanto, outras
seqüências podem funcionar in vivo (testes realizados com leveduras) como o consenso,
inclusive aquelas contendo repetições de bases C e G (Singer et al, 1990). O primeiro
passo para a formação do complexo de iniciação da transcrição em promotores que
contêm este elemento é a ligação do fator acessório TFIID a uma região próxima ao
TATA box. Este fator transcricional essencial para o mecanismo de início da transcrição
em promotores que contêm o TATA box é uma associação de uma proteína denominada
proteína ligante a TATA (TBP, do inglês TATA binding protein) com uma proteína
denominada TAF
IID
. As proteínas TAF (do inglês TBP associated factors) são fatores que
se ligam à TBP para o posterior reconhecimento do elemento TATA. Em outras palavras,
TFIID é um complexo de proteínas associadas que se ligam ao TATA box, mediando o
recrutamento dos demais fatores transcricionais necessários para a continuidade do
processo da transcrição (Lewin, 2001).
BRE
TATA
box
Inr
DPE
-37 a -32 -31 a -26 -2 a +4 +28 a +32
3
Uma característica interessante de TBP é que esta proteína se liga ao DNA de uma
forma diferenciada, posicionando-se sobre a cavidade menor da fita e curvando DNA em
torno de 80º. Essas modificações estruturais na molécula de DNA favorecem uma
associação mais íntima dos fatores transcricionais com o promotor (melhoram a
acessibilidade ao promotor), potencializando a atividade transcricional (Lewin, 2001).
Outra característica desta proteína é a sua incompatibilidade com a presença de
nucleossomos, visto que a formação destes ocorre em regiões ricas em A e T com as
cavidades voltadas para a parte interna. Desse modo, pode-se explicar porque a presença
de nucleossomos impede o início da transcrição gênica (Lewin, 2001).
- Iniciador (Inr)
A região do promotor denominada Inr engloba o sítio de iniciação da transcrição,
sendo que este elemento está presente em diversos eucariotos (Butler e Kadonaga, 2002).
O iniciador é encontrado tanto em promotores com TATA box como naqueles sem esta
seqüência, indicando ser uma região importante para o processo transcricional. A
seqüência consenso deste elemento em células de mamífero é: Pyr-Pyr(C)-A
+1
(geralmente o início da transcrição)-N-T/A-Pyr-Pyr” (Corden et al, 1980; Bucher, 1990;
Javahery et al, 1994). Há evidências que o fator de transcrição basal TFIID se liga a Inr de
uma forma seqüência-específica (Kaufmann e Smale, 1994), além de outros fatores como
TFII-I (Roy et al, 1991; Cheriyath et al, 1998) e YY1 (Weis e Reinberg, 1997). Desse
modo, a interação seqüência-específica destas proteínas com o elemento Inr de promotores
eucarióticos leva a crer que elas participam ativamente do processo transcricional.
- DPE
Este elemento foi inicialmente identificado em Drosophila por Burke e Kadonaga
(1996), sendo um sítio de ligação para o fator de transcrição basal TFIID. Este se liga
cooperativamente a motivos DPE e também Inr, sendo que a mutação em algum dos sítios
resulta em uma diminuição significativa da transcrição. Este motivo é encontrado
principalmente em promotores sem o elemento TATA box. Além dos estudos avançados
da importância desta seqüência em promotores de Drosophila, ela também foi identificada
em humanos (Burke e Kadonaga, 1997; Zhou e Chiang, 2001). Estima-se que a seqüência
consenso de DPE seja “A/G
+28
-G-A/T-C/T-G/A/C” (Kutach e Kadonaga, 2000).
Entretanto, apesar de um pouco degenerada, a localização dela (entre a região +28 e +32,
logo após Inr) é fundamental para a sua funcionalidade. Isso porque, como uma ligação
4
de TFIID tanto a Inr quanto a DPE, essa distância entre esses elementos deve ser
invariável, possibilitando a interação entre esses dois motivos (Burke e Kadonaga, 1997;
Kutach e Kadonaga, 2000).
- BRE
Este elemento é um sítio de ligação ao fator TFIIB, localizado imediatamente a
montante do TATA box (Langrange et al, 1998). Sua seqüência consenso é G/C-G/C-
G/A-C-G-C-C, sendo que logo após o último nucleotídeo do BRE se observa o TATA
box. Para a identificação deste sítio, foram realizados experimentos de transcrição in vitro
contendo diversos fatores de transcrição purificados. O resultado dessas análises revelou
que a seqüência BRE facilita a incorporação de TFIIB aos complexos de iniciação da
transcrição que são produtivos (Langrange et al, 1998). Com isso, além do TFIID, outro
fator de transcrição basal possui a característica de ser seqüência-específico, o que
favorece a regulação do processo da transcrição em eucariotos.
* Engenharia de promotores para melhoramento da atividade transcricional em
eucariotos
Como pôde ser acima observado, os promotores eucarióticos são ao mesmo tempo
complexos e bem estruturados no que se refere à sua regulação e atividade. Entretanto,
ainda outros estudos que buscam o melhoramento da atividade dos diversos promotores
conhecidos por meio da adição ou remoção de elementos ou motivos no promotor, ou seja,
por meio da engenharia de promotores.
A adição de elementos em cis em promotores como o de Citomegalovírus (CMV) e
o de SV 40 (do inglês Simian Virus) foi uma técnica de melhoramento de promotores
realizada por Ogawa e colaboradores, em 2007. Em suas construções, foram utilizados
diversos oligonucleotídeos cuja seqüência correspondia a um sítio de ligação a fatores
transcricionais (neste trabalho foram utilizadas seqüências de AP-1, CArG, NF-κB e NF-
Y). Estas seqüências foram clonadas aleatoriamente nas regiões adjacentes aos promotores
estudados, resultando em diversas construções de plasmídios com promotores quiméricos
que foram testados em diversas linhagens de células de mamíferos.
Esta técnica de adição de elementos em cis de forma randômica também foi
realizada em procariotos (Cox III et al, 2007). Neste trabalho, construiu-se uma biblioteca
5
de promotores para Escherichia coli para a análise das melhores construções que
expressavam o gene Lux.
Outros elementos em cis que podem ser adicionados nas regiões próximas a
promotores para a modulação da expressão nica em eucariotos são os introns e
seqüências indutoras de Z-DNA. Estes elementos serão mais bem detalhados nos tópicos a
seguir.
1.2) Elementos estruturais e funcionais na modulação da expressão gênica em
eucariotos
1.2.1) Intron
Desde 1978, quando se definiu o conceito de intron por Walter Gilbert, o
surgimento de questões que buscavam o entendimento da função biológica dos introns foi
o primeiro passo para que se relacionassem estes elementos em cis com a transcrição
gênica. Nesta época, postulou-se que introns eram seqüências genômicas presentes em
eucariotos e que eram removidas do correspondente transcrito de RNA por meio de um
processo denominado splicing. Mais tarde, verificou-se que este evento é mediado por um
complexo composto por ribonucloproteínas e pequenos RNAs (snRNAs, do inglês small
RNAs), conhecido como spliceossomo. Este complexo é responsável por cortar as junções
intron-exon, remover os introns, e por fim unir as extremidades dos exons, que são as
regiões do genoma que codificam para uma proteína, formando um RNA mensageiro
(mRNA) maduro. Vale ressaltar que, de acordo com o pensamento desta época, as
seqüências intrônicas eram imediatamente degradadas sem que realizassem qualquer outra
função celular, sendo consideradas apenas um apêndice evolutivo.
Logo após os estudos iniciais dos introns e do evento do splicing, em 1979, Gruss e
colaboradores lançaram a idéia de que os introns teriam uma importância fundamental
para a biogênese dos mRNAs e para o processo transcricional. Consequentemente, a partir
da quebra do paradigma de que as seqüências intrônicas eram um material sem função na
célula, diversos trabalhos corroboraram esta idéia lançada no final da década de 70,
indicando que a adição de introns em seqüências gênicas recombinantes era capaz de
aumentar o nível do produto protéico esperado.
O grau de abrangência do efeito de otimização da expressão gênica abrange
diversas classes de eucariotos. Em 1988, Buchman e Berg mostraram o aumento da
6
expressão do gene da β-globina com íntron em células de mamífero em cultura, além de
estudarem o efeito deletério da remoção dos introns do gene DYN2 de Saccharomyces
cerevisae. Chang e colaboradores (2006) melhoraram a expressão do Fator IX humano
(FIX) plasmático com a inserção de um íntron entre o primeiro e o segundo exon do FIX.
Estudos da função dos introns também foram realizados em plantas. Boudon e
colaboradores (2001) verificaram o efeito da inserção do intron de um gene específico de
milho na expressão do gene repórter da luciferase. Por fim, Hasania e colaboradores
(2006) verificaram o aumento da expressão do gene recombinante da α-1 antitripsina
humana em Pichia pastoris, indicando que o efeito dos introns também pode ser observado
em leveduras. Desse modo, a inserção de íntrons nas construções gênicas parece ser de
grande relevância para a otimização da produção de proteínas recombinantes em culturas
de células.
A partir daí, percebeu-se que o splicing não era um evento estático,
correlacionando-se com a seqüência de DNA associada e com outros processos do
metabolismo do RNA, como a poliadenilação do pré-mRNA e seu transporte pelo núcleo,
a tradução e o decaimento. Em outras palavras, muitas proteínas que compõem a
maquinaria de um determinado processo podem também fazer parte de outros, sendo que o
efeito final desta interação é o aumento da produção de uma proteína recombinante (Le
Hir et al, 2003). Porém, como o splicing pode aumentar as taxas de transcrição de um
gene recombinante?
*Efeito dos introns em nível de DNA
O efeito dos introns na otimização da expressão gênica pode ser verificado
primeiramente no nível do DNA, podendo funcionar como seqüências às quais diversos
elementos reguladores da transcrição se ligam. Os introns podem controlar a
acessibilidade ao DNA por meio da modulação da posição dos nucleossomos. Sleckman e
colaboradores, em 1996, verificaram que os enhancers intrônicos de imunoglobulinas
continham regiões de ligação a fatores regulatórios da transcrição importantes. Estes sítios
localizavam-se na região a montante do primeiro exon da cadeia constante. Com o
rearranjo V(D)J que permitia a variabilidade dos anticorpos existentes, esses sítios eram
trazidos mais próximos do promotor, permitindo a regulação da transcrição por tais
elementos.
7
Sabe-se também que os introns podem modificar o vel de remodelamento da
cromatina, fazendo com que o DNA esteja mais acessível para a ligação da RNA
polimerase II e dos fatores de transcrição associados, consequentemente aumentando o
nível de transcrição do gene estudado. Corroborando tal hipótese, foi constatado que, tanto
in vitro quanto em camundongos transgênicos, os introns do gene do hormônio de
crescimento de ratos promovem um remodelamento da cromatina, permitindo um aumento
de até quinze vezes da produção da proteína comparando-se com a versão sem intron (Liu
et al, 1995). Este remodelamento da cromatina se refere ao posicionamento ordenado
destas estruturas na molécula de DNA, visto que as versões sem intron das construções
analisadas possuíam os nucleossomos com espaçamentos irregulares ou então altamente
empacotados, o que impede o acesso da RNA polimerase ao promotore para que ocorra a
transcrição do gene. O remodelamento da cromatina devido à utilização de introns em
construções gênicas recombinantes também foi verificado por Lauderdale e Stein, em
1992. Os autores utilizaram introns do gene da ovoalbumina de galinha e estudaram seus
efeitos apenas in vitro. Curiosamente, a versão sem introns deste gene (o cDNA) não foi
capaz de induzir o alinhamento da cromatina, indicando realmente que o efeito positivo
dos introns nesta construção se devia à acessibilidade do DNA.
Sabe-se também que, depois de transcritos, os sinais de splicing de introns podem
melhorar a atividade e processividade da RNA polimerase II. Estudos demonstraram que
um dos principais componentes do spliceossomo, o snRNA U1, interage com o fator de
transcrição geral TFIIH no estágio inicial da transcrição, estimulando a taxa de formação
da primeira ligação fosfodiéster pela RNA polimerase II (Kwek et al, 2002). A interação
entre TFIIH com U1 foi verificada com experimentos in vitro, incubando-se diversos
fatores de transcrição com RNAs randômicos. Após a ligação destes RNAs aos fatores
transcricionais utilizando T4 RNA ligase e fósforo marcado radioativamente, foi
identificado um produto de aproximadamente 160 pb ligado ao fator TFIID, o snRNA U1.
Com isso, há grandes indícios de que o snRNA U1 funcione como um regulador da
transcrição por meio da RNA polimerase II, além do seu papel no processamento do RNA.
A determinação da posição do intron também é importante para que a sua função
de potencializador da expressão gênica seja alcançada. Um estudo indicou que a posição
do sítio de splicing 5’ em relação ao promotor é proporcional à transcrição gênica, sendo
que quanto maior a distância entre eles, menor é taxa de transcrição (Furger et al, 2002).
Neste caso, foram clonados espaçadores entre o promotor de CMV e o primeiro intron de
uma construção de um minigene de HIV, sendo que esse procedimento reduziu
8
significativamente a produção do mRNA. Ainda neste trabalho avaliou-se o efeito da
redução de dois introns do gene DYN2 de Saccharomyces cerevisae. A remoção do intron
próximo ao promotor, bem como a do intron mais distal, tiveram efeitos de redução da
produção do transcrito. Entretanto, essa redução foi maior quando se removeu o intron
próximo ao promotor. O efeito de diminuição dos níveis de mRNA na construção sem o
intron distal pode ser explicado pela menor estabilidade do mRNA devido a menor taxa de
poliadenilação do transcrito (Furger et al, 2002). Quanto à levedura S. cerevisae, sabe-se
que é um eucarioto bastante simples que possui apenas 3,8% dos seus genes com introns,
sendo que a maioria destes se localiza próximo a promotores (Spingola et al, 1999). É
possível então deduzir que a posição do intron pode afetar a intensidade de produção de
um transcrito. Outro trabalho que também analisou a questão do efeito do posicionamento
dos introns nos níveis de transcrição foi o de Nott e colaboradores (2003). Eles testaram a
atividade do intron da triose-fostato isomerase humana no sistema de expressão do gene
repórter da luciferase. Verificou-se que quando aquele era colocado mais distante do
promotor, a atividade era menor do que a apresentada pela construção onde o intron foi
colocado mais próximo ao promotor. Mesmo assim, apenas a construção com o intron
distal foi capaz de aumentar a atividade do gene repórter.
Entretanto, ainda não é possível afirmar que um padrão para o posicionamento
dos introns e o seu efeito na transcrição gênica, visto que os mecanismos que estão
envolvidos neste processo são muito complexos. Com isso, apenas indícios que
mostram que a atividade potencializadora dos introns é melhor quando estes são
posicionados próximos ao promotor de estudo.
Sobre a interação do splicing com os estágios da iniciação da transcrição, Zorio e
Bentley (2004) revisaram o papel do domínio C-terminal da RNA polimerase II (CTD).
Os autores descrevem que a deleção deste domínio CTD inibe os três principais passos do
processamento do pré-mRNA: a adição do cap, o splicing e a poliadenilação. Desse modo,
eventos considerados tardios no metabolismo do RNA estão relacionados com a iniciação
da transcição, por meio da interação de suas maquinarias com a região CTD, um
componente-chave para o processo transcricional em eucariotos.
9
*Interação do splicing
splicing splicing
splicing com eventos de processamento de pré- mRNAs efeito dos
introns
Os dois principais processos de maturação do mRNA de eucariotos antes de sua
tradução, além do splicing, são a adição da 7-metil-guanosina (CAP) na região 5’ do
mRNA, e a clivagem e poliadenilação de sua região 3’. Sabe-se que o primeiro processo
ocorre no início do processamento do mRNA, não sendo então dependente do splicing ou
proteínas componentes do spiceossomo.
Entretanto, a formação da região 3’ do mRNA maduro é um evento dependente do
splicing, sendo que proteínas pertencentes ao spliceossomo e ao complexo de
poliadenilação interagem entre si e participam dos dois processos. Isso foi demonstrado
com experimentos de co-imunoprecipitação e western blotting que indicaram que snRNP
U1 se ligava diretamente com a subunidade de uma proteína que participava da clivagem e
poliadenilação do RNA (Lutz et al, 1996). Estes experimentos in vitro indicam que a
presença dos introns em uma construção gênica pode ser importante também para a
completa formação e estabilidade do mRNA (por meio da poliadenilação), visto que os
processos de maturação de mRNA (splicing e poliadenilação) estão interligados.
*Efeito dos introns nos processos tardios do metabolismo do mRNA (transporte e
nonsense-mediated decay - NMD)
Após o processamento, os mRNAs são transportados através do Complexo do Poro
Nuclear (Nuclear Pore Complex - NPC) para o citoplasma, onde serão traduzidos. O NPC
é constituído por proteínas que, em conjunto, atuam interagindo com outras proteínas do
spliceossomo, do complexo de poliadenilação e do complexo de ligação a CAP (CAP-
binding complex - CBP). Se um mRNA está pronto para ser transportado para o
citoplasma, ou seja, sofreu todas as etapas de processamento corretamente, este evento
ocorrerá normalmente. O mecanismo pelo qual os introns aperfeiçoam a exportação de
mRNAs maduros para o citoplasma é o recrutamento de fatores específicos de transporte
ligando-se aos RNAs processados, sendo que estes fatores fazem parte do Complexo da
Junção Exon-Exon (Exon Junction Complex - EJC).
O EJC consiste em quatro proteínas principais denominadas eIF4A3 (Chan et al,
2004), Y14 (Kataoka et al, 2000), Magoh (Le Hir et al, 2001a) e MLN51 (Degot et al,
2004), além de outras proteínas auxiliares, como Aly/REF (Le Hir et al, 2000), RNPS1
10
(Mayeda et al, 1999), SRm160 (Blencowe et al, 1998), e hUpf3 (Le Hir et al, 2001b). O
complexo EJC se deposita a -20 nucleotídeos das junções exon-exon, sendo que, após o
transporte através dos poros nucleares, o complexo REF rapidamente se dissocia,
enquanto Y14 permanece ligado ao mRNA no citoplasma. Entretanto, segundo Gatfield e
Izaurralde (2002), apesar do splicing aumentar o transporte de mRNAs, do núcleo para o
citoplasma, de genes contendo introns, algumas proteínas responsáveis pelo transporte do
transcrito, como Aly/REF, interagem com o RNA independentemente do splicing. Os
autores verificaram essa afirmação em Drosophila.
Se o mRNA não for corretamente processado, ele poderá ser retido no núcleo.
Neste último caso, Legrain e Rosbach (1989) demonstraram que alguns fatores de splicing
agem de modo a impedir o transporte de transcritos que ainda o tenham sido
processados. Foi observado que fatores de splicing como U1 snRNA, RNA 6 e RNA 9
interagem in vivo com a junção de splicing 5’, fazendo com que este pré-mRNA siga o
caminho do splicing, e não seja portanto transportado sem ser processado. Este mecanismo
impede que porventura mRNAs mal-formados possam ser traduzidos, produzindo-se
proteínas aberrantes na célula. Em outro modelo de estudo, os retrovírus como o HIV, a
produção da proteína rev é necessária para o transporte do mRNA do gene env
(Hammarskjold et al, 1989). Isso foi demonstrado por meio da deleção do gene que
expressava rev de um vetor que também co-expressava env. Observou-se que os níveis de
mRNA de env caíram bastante quando a proteína rev parou de ser expressa, mas que
paralelamente, a quantidade de RNA total de env não foi alterada, indicando que havia um
acúmulo de RNA no núcleo da célula hospedeira que não foi processado e transportado
(Hammarskjold et al, 1989). Desse modo, fatores in trans do próprio vírus regulam o
transporte do RNA processado, não-processado e parcialmente processado. Ainda neste
trabalho, foi descoberto um elemento em cis da região codificadora do envelope que
regula o transporte do transcrito de env (Hammarskjold et al, 1989).
No caso de genes naturalmente sem introns, o mRNA correspondente é
transportado normalmente também com o auxílio das proteínas do complexo EJC. Porém,
diferentemente do processo que ocorre nos genes com introns, as proteínas do complexo
interagem com proteínas do CBP, e não do spliceossomo (Nojima et al, 2007).
Por fim, um importante mecanismo de qualidade do RNA, denominado non sense
mediate decay (NMD), também pode ser influenciado pela presença de introns no gene
recombinante. O NMD é um mecanismo presente no citoplasma de células eucarióticas
pelo qual mRNAs com códons de terminação prematuros são degradados. O NMD evita a
11
tradução destes mRNAs aberrantes, o que pode gerar proteínas truncadas danosas para a
célula (Le Hir et al, 2003). Em genes de mamíferos, considera-se um códon de terminação
prematuro quando este se localiza a mais de 50 nucleotídeos a montante de uma junção
exon-exon. O depósito de uma série de proteínas do Complexo Exon-Junction (EJC) e do
spliceossomo nas junções exon-exon cria “marcas” no mRNA que são reconhecidas pela
maquinaria do NMD, destinando ou não o mRNA para a degradação (Le Hir et al, 2003).
Estas “marcas” são na verdade uma série de proteínas que não se deslocaram das junções
do complexo EJC no transporte núcleo-citoplasma do mRNA. Com isso, conclui-se que
em mamíferos, o reconhecimento de códons prematuros de terminação relaciona-se com o
splicing. em outros organismos, como Drosophila ou Saccharomyces cerevisae, esse
reconhecimento independe de proteínas do EJC e do splicing (Conti e Izaurralde, 2005).
A iniciação mecanismo de NMD depende da proteína efetora chave, hUpf1. Ela
forma um complexo com as proteínas hUpf2 e hUpf3, e em seguida é fosforilada
(Ansmant e Izaurralde, 2006). Este complexo trimérico é a base da maquinaria de NMD.
Após a interação com hUpf2 e hUpf3 e fatores do complexo EJC, a proteína hUpf1 é
recrutada para o mRNA com códon de terminação prematura (CTP) por meio de
interações com fatores de liberação (release factors) da tradução (eRF1 e eRF3) (Ansmant
e Izaurralde, 2006). A montagem desse complexo multiprotéico promove a remoção do
CAP 5’ do mRNA, e ele é degradado. Porém, apesar dos avanços no estudo do processo
de NMD, ainda muito a ser esclarecido sobre a influência real destas interações para
que o mecanismo de NMD seja disparado, principalmente em eucariotos superiores
(Ansmant e Izaurralde, 2006).
A figura 2 mostra um esquema da interação das proteínas do EJC durante o
splicing, o transporte nuclear do mRNA maduro e também durante o mecanismo de NMD.
12
SRm160
Pré-
mRNA
DEK
Aly
Y14
RNPS
1
hUpf
3
TAP
mRNA
-
20 nt
-
20 nt
Y14
Complexo
EJC
Splicing
NPC (Poro
nuclear)
CTP
ter
hUpf2
TAP e Aly
Y14
Y14
hUpf2
hUpf3
CITOPLASMA
NÚCLEO
ter
mRNA com códon de
terminação prematura (CTP)
mRNA normal
Transporte
Primeiro
round da
Tradução
Iniciação
Ribossomo
Ribossomo
Elongação:
dissociação do
complexo Y14 e
hUpfs
Terminação: o
mRNA é degradado
por NMD ou é
preservado
eRFs
hUpf1
Próximo round de
tradução
Remoção do CAP 5’
Degradação do mRNA
13
Figura 2. Ligação funcional entre o splicing, o transporte do mRNA núcleo-
citoplasmático e o NMD, com a participação das proteínas do EJC. O EJC consiste de
proteínas que se ligam ao mRNA produzido no núcleo por splicing. Após o transporte,
algumas prteínas do EJC permanecem ligadas ao mRNA já no citoplasma, formando “marcas”
de splicing no mRNA. Após o transporte, o mRNA pode ser reconhecido pela maquinaria de
NMD se possuir um CTP (códon de terminação prematura), e ser posteriormente degradado.
Neste caso, não o desligamento das proteínas do EJC quando o ribossomo percorre o
mRNA para traduzí-lo. No caso de mRNAs normais, as proteínas do EJC que permaneceram
ligadas ao mRNA após o seu transporte para o citoplasma serão removidas após a passagem
do ribossomo para a síntese da proteína, sendo que posteriormente haverá a ligação de fatores
de terminação (eRFs) e da proteína hUpf1, um importante efetor do NMD. Esta última
proteína, se interagir com hUpF2 e 3, como ocorre em mRNAs com CTP, disparará o
mecanismo de NMD. Esquema adaptado de Kim et al, 2001.
Foram mostrados diversos aspectos funcionais dos efeitos dos introns e do splicing
em diversas etapas do processo transcricional, desde a formação do pré-mRNA até a
degradação do mRNA maduro. Desse modo, pode-se inferir que os introns funcionam
como elementos moduladores da transcrição e são importantes ferramentas na engenharia
de promotores para a construção de novos vetores para expressão em eucariotos com alta
eficiência.
1.2.2) Z-DNA
O DNA pode assumir três conformações distintas: a forma A, B e Z (figura 3). A
primeira conformação não é encontrada naturalmente nos seres vivos, e a hélice gira para a
direita, sendo necessários 11 pares de base para que haja uma volta completa na hélice.
Geralmente observa-se o A-DNA quando poucas moléculas de água no meio para
interagir com a hélice ou em alguns complexos DNA-proteína. O B-DNA é a forma mais
encontrada nos seres vivos, e também tem a direção de rotação para a direita. Entretanto,
esta forma é mais longa e fina do que o A-DNA, precisando-se de 10 pares de base para
que se complete uma volta na hélice. O Z-DNA, ao contrário das outras duas formas, tem
a orientação da hélice para a esquerda, e requer 12 pares de base para que se complete uma
volta inteira na hélice. Este tipo ocorre geralmente quando uma grande concentração
iônica no meio.
14
Figura 3. Três principais conformações assumidas pelo DNA. Da esquerda para a direita,
observa-se o A-DNA, o B-DNA (o mais encontrado nos seres vivos) e o Z-DNA. Figura
retirada do site http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81cido_desoxirribonucleico em 20 de
dezembro de 2007.
A mudança da conformação B para a Z requer um super-enrolamento negativo da
molécula de DNA (Wolfl et al, 1996). Outro fator que estabiliza a conformação Z do
DNA é a alta concentração de sais em solução devido à redução da repulsão eletrostática
entre os grupamentos fosfato (Blackburn e Gait, 1995 em Lim e Feng, 2005). Além disso,
o Z-DNA pode se formar quando ocorrem seqüências específicas no DNA que mostrem a
alternância entre purinas e pirimidinas. Nessa situação, as bases púricas assumem uma
conformação sin e as pirimidinas uma conformação anti em relação à pentose (figura 4)
(Wolfl et al, 1995 em Lim e Feng, 2005).
15
A B
Figura 4. Conformação espacial das bases nitrogenadas no DNA. Em “aobserva-se a
base guanina em conformação anti em relação à pentose. Em “b” pode ser verificada a
conformação sin da guanina em relação à pentose. Na conformação Z do DNA, as purinas
encontram-se na conformação sin, como se observa em “b”. O B-DNA, ao contrário, possui as
purinas na conformação anti. Figura retirada, em 12 de dezembro de 2007, do site
http://www.personal.psu.edu/rch8/workmg/Struc_Nucleic_Acids_Chpt2.htm.
O tipo de seqüência mais relatada na literatura que induz a conformação Z no DNA
é a alternância (G.C)
n
(Klysik et al, 1982; McLean e Weels, 1988; Peck et al, 1982 e
Schroth et al, 1992). Entretanto, outras seqüências se mostraram indutoras de Z-DNA,
como a repetição (A.T)
n
flanqueada por pequenas regiões de até 5 repetições de (G.C), a
repetição (T.G)
n
e a repetição (A.C)
n
(McLean e Weels, 1988). Apenas a repetição (A.T)
n
,
ao contrário, inibe fortemente a formação do Z-DNA mesmo em condições de grandes
torções negativas, sendo capaz de induzir a conformação cruciforme no DNA (McLean e
Weels, 1988 e McClellan et al, 1986).
Regiões de Z-DNA ocorrem naturalmente no genoma de eucariotos. Entretanto,
pouco se sabe da função biológica das ilhas de Z-DNA nestes locais. Schroth e
colaboradores (1992) mapearam, por meio de um programa computacional, potenciais
seqüências formadoras de Z-DNA no genoma humano, verificando que a maioria delas
encontrava-se basicamente em regiões que flanqueiam a extremidade 5’ dos genes
avaliados, dentre eles o da β-actina, fator VII de coagulação, desmina e apolipoproteína A-
I. Na época, o genoma humano ainda não estava completo, sendo que foram avaliados
apenas 137 genes completos. Devido à localização dessas regiões próxima a promotores
de genes do cromossomo estudado, especula-se que o Z-DNA esteja relacionado com a
transcrição do DNA.
Liu e Wang, em 1987, propuseram um modelo no qual, durante a transcrição, a
topologia de domínios locais do DNA é dinâmica, havendo o acúmulo de torção positiva à
16
direita do aparato transcricional e torção negativa à esquerda (figura 5). No caso de
procariotos, a torção positiva é anulada pela enzima DNA girase e a negativa é eliminada
pela DNA topoisomerase I. Mas em organismos com aparato transcricional mais
complexo, considera-se que a formação de Z-DNA em regiões gênicas específicas tenha
um importante papel na própria regulação da transcrição, facilitando a abertura da fita e
anulando os efeitos de torções negativas, visto que o Z-DNA é estabilizado pelas torções
negativas formadas pelo aparato transcricional.
Figura 5. Conformação adotada pela fita de DNA quando há a movimentação do
aparato transcricional. “R” é o aparato transcricional, que se movimenta na direção
indicada pela seta. À direita, um acúmulo de torção positiva na molécula de DNA,
enquanto que à esquerda, observa-se um acúmulo de torção negativa. Figura retirada de Liu
e Wang, 1987.
Com isso, estudos verificando o real potencial de seqüências formadoras de Z-
DNA modularem a expressão gênica começaram a ser realizados. Em 2002, Oh e
colaboradores estudaram a ativação da trascrição do gene repórter da β-galactosidase em
leveduras. Clonou-se a montante do promotor do gene repórter um oligonuclotídeo que
induz a formação de Z-DNA no plasmídio, fusionando-se ao domínio de ativação da
proteína Gal4 o domínio de ligação a Z-DNA, conhecido como Z
α
. Quando este domínio
ligou-se à região formada pelo oligonucleotídeo clonado, a região em Z-DNA próxima ao
promotor foi estabilizada, funcionando como um enhancer transcricional e aumentando a
expressão do gene repórter em estudo. O domínio Z
α
é um domínio de ligação a Z-DNA
presente na enzima Deaminase de Adenosina de RNA-fita dupla (double stranded RNA
adenosine deaminase), ou ADAR1. (Hebert e Rich, 1996; Schade et al, 1999, Kim et al,
1994). A caracterização deste domínio ligante a Z-DNA foi importante para os estudos de
localização de Z-DNA in vivo, bem como a caracterização de anticorpos que reconhecem
Z-DNA, como o Z22 (Sanford e Stollar, 1990; Andrade et al, 2000 e Brígido e Stollar,
1991).
Corroborando a tese de aumento da taxa de transcrição gênica por meio da
formação de Z-DNA, um estudo abordou a ativação do gene CSF1 (colony-stimulating
17
factor 1) por meio de BRG1 (uma subunidade com atividade ATPásica que compõe o
complexo BAF de remodelamento da cromatina por meio de modificações nas histonas),
resultando na formação de Z-DNA na região promotora deste gene (Liu et al, 2006).
Quando inativo, o gene CSF1 tem uma região constituída por uma repetição TG, que fica
escondida no nucleossomo. Entretanto, a ativação por BRG1 desestabiliza este
nucleossomo, ocasionando a formação de uma região expandida de Z-DNA. Porém, não é
a transcrição ativa do gene que acarreta a formação do Z-DNA, visto que essa
conformação já é observada mesmo quando o gene não está sendo transcrito. A região que
contém o Z-DNA se expande à medida que a transcrição ocorre. Experimentos mostraram,
ainda, que em construções gênicas sem a repetição TG presente na região promotora não
se observou a formação de Z-DNA.
Outro estudo mostrando a importância biológica do Z-DNA na regulação da
transcrição gênica foi realizado por Wolfl e colaboradores em 1996. Neste trabalho, os
autores demonstraram que o gene do hormônio liberador de corticotropina humano
(human corticotropin-releasing hormone) tem sua expressão dependente da formação de
Z-DNA próxima à região do promotor. Isso foi verificado com a permeabilização do
núcleo da célula estudada e o tratamento com um anticorpo que reconhece Z-DNA,
indicando a presença desta conformação na região transcricional. Foi observado neste
trabalho que a inibição da transcrição deste gene com a adição de dexametasona no meio
de cultura também inibe a formação de Z-DNA na região próxima ao promotor (Wolfl et
al,1996).
Demonstrou-se que o Z-DNA está associado à modulação da expressão gênica em
eucariotos. Desse modo, a adição de seqüências indutoras de Z-DNA em regiões próximas
a promotores é uma ferramenta importante na construção de vetores para expressão em
eucariotos.
1.3) Principais promotores utilizados em vetores para expressão de proteínas
heterólogas em células de mamífero: o promotor de Citomegalovírus e o
intron A
Como descrito anteriormente, uma das alternativas para o controle da expressão
gênica é a manipulação de promotores, ou seja, a construção de promotores quiméricos e
que possuem diversos elementos moduladores como os descritos neste trabalho, os introns
e seqüências indutoras de Z-DNA. Desse modo, uma forma de se otimizar a expressão de
18
proteínas heterólogas em eucariotos, como por exemplo, em células de mamíferos, é
construir vetores plasmidiais que contêm os promotores engenherados.
Dentre os principais promotores utilizados na construção de vetores para expressão
em células de mamífero, destacam-se o promotor de SV40, do rus do Sarcoma de Rous
(RSV), do hormônio de crescimento bovino (BGH) e o de Citomegalovírus (CMV) (Xu et
al, 2001). Neste trabalho, foram testadas diversas combinações destes promotores com
enhancers de CMV e de SV40, e sinais de poliadenilação de BGH e SV40 em três
linhagens de células de mamífero distintas. Dentre as combinações de elementos usadas,
as melhores em praticamente todas as células estudadas foram aquelas com o promotor e
enhancer de CMV (Xu et al, 2001).
Um dos promotores mais comumente utilizados em construções de vetores de
expressão em células de mamífero é o promotor constitutivo do citomegalovírus (CMV).
Paradoxalmente, apesar da lenta replicação em culturas celulares e no próprio hospedeiro,
estes vírus possuem um dos promotores mais fortes, justificando-se a sua utilização ubíqua
nos vetores de expressão de células de mamífero (Stinski, 1999). Este promotor contém
ainda, na região 5’, um elemento enhancer, contendo diversas regiões regulatórias em cis,
como por exemplo, quatro tios de ligação ao fator nuclear 1 (NF1) em tandem
(Champman et al, 1991), além de sítios para AP1, CREB/ATF e NF-κB (Stinski, M.F.;
1999).
O promotor de CMV e seu enhancer dirigem a expressão do gene Imediatamente
Precoce de CMV (IE), que codifica proteínas que participam das vias de replicação do
vírus. O gene sofre splicing alternativo, originando diversas proteínas que fazem parte do
ciclo de replicação viral. Ele é constituído por 4 exons e 3 introns, sendo que o maior dos
introns, o intron A (IA), possui um sítio de ligação a NF1, mais forte que os 4 presentes no
promotor (Champman et al, 1991; Hennighausen e Fleckenstein, 1986). Neste mesmo
estudo, observou-se que o IA possui ainda um sítio homólogo ao elemento regulador
interno do gene da troponina I, um elemento similar a um enhancer. Além disso, este
intron pode também funcionar como sítio para a ligação de outros fatores de transcrição
(Champman et al, 1991). Desde então, não foram mapeadas no intron A novas regiões de
ligação a outros fatores de transcrição, sendo que apenas o estudo de Ghazal e Nelson
(1991) indicou que a ligação de proteínas o-identificadas no exon 1 do gene. Na
figura 6 observa-se a representação esquemática do promotor do CMV, o enhancer a
montante do promotor e o IA flanqueado pelos dois exons do gene. Os tios de restrição
mais importantes para este trabalho também foram evidenciados na figura, além das
19
regiões dos sítios de ligação a NF1, tanto no enhancer quanto no IA. Nesta contrução, o
exon 1 corresponde à região 5’UTR do mRNA correspondente ao gene IE1. ainda
apenas parte do exon 2 (que contém o AUG correspondente ao início da tradução), que
possui originalmente aproximadamente 200 pb
Figura 6. Esquema do promotor completo de CMV. O enhancer com os 4 sítios de NF1
(*), o primeiro e o segundo exon e o intron A, o maior intron deste gene, com
aproximadamente 800 pb, podem ser observados na figura. O intron A possui ainda o sítio
mais forte de ligação a NF1, representado por ( * ). As setas vermelhas indicam os sítios de
splicing, sendo que a primeira seta evidencia o sítio doador e a segunda o sítio aceptor de
splicing. Os sítios de restrição utilizados para a clonagem deste promotor foram evidenciados.
Diversos grupos de pesquisa utilizaram o IA com sucesso em suas construções,
comparando níveis de expressão de diversas proteínas na presença e ausência do intron.
se sabe que a adição de introns em contruções gênicas é capaz de aumentar os níveis de
produção de proteínas por diversos mecanismos citados nesta introdução Desse modo,
alguns dos estudos realizados foram a análise da expressão de anticorpos (Xia et al, 2006),
do fator VIII humano de coagulação e da gp120 de HIV (Champman et al, 1991), além de
proteínas repórteres, como a luciferase (Xu et al, 2001). Estudos determinando o potencial
de modulação da expressão gênica utilizando formas truncadas do intron A ainda são
bastante restritos, havendo apenas pedidos de patentes das novas construções (Missha e
Shupisu, 2007). Como o grupo de Imunologia Molecular da Universidade de Brasília
utiliza o promotor de CMV nos vetores para expressão em células de mamífero (Ruggiero,
2002; Campos-da-Paz et al, no prelo), o intron A foi escolhido como objeto de estudo
deste trabalho.
Enhancer
* * *
* PROMOTOR * INTRON A (800 pb)
1º Exon (100 pb)
Início do 2º Exon (40 pb)
Bgl
II
Ssp
I
Ssp
I
Hind
III
20
1.4) A produção de proteínas recombinantes em células de mamífero
Em 1986 foi produzida a primeira proteína recombinante com fins terapêuticos em
células de mamífero, a proteína ativadora de plasminogênio tissular humana (human tissue
plasminogen activator) (Wurm, 2004). Atualmente, 60 a 70% de biofármacos e proteínas
com interesse comercial são produzidos em células de mamífero. Isso porque as células de
mamífero têm características fisiológicas mais similares aos humanos do que células de
leveduras ou de E. coli. Desse modo, a existência de processos como glicosilação de
proteínas, fosforilação, formação de pontes-dissulfeto e outras modificações pós-
traducionais tornam a produção de proteínas com interesse comercial mais viável em
células de mamífero do que em outros tipos celulares (Wurm, 2004).
O tipo celular mais utilizado até então para tais fins é a linhagem parental
imortalizada de células de ovário de hamster chinês (Cricetulus griseus) (CHO), sendo
que inclusive a proteína ativadora de plasminogênio tissular humana foi produzida nesta
linhagem. Essas células são epiteliais, têm a morfologia fibroblastóide e são aderentes ao
material plástico onde são cultivadas. Um subclone da linhagem parental de CHO foi
estabelecido por Puck e colaboradores em 1958. Esta população celular deu origem à
sublinhagem CHO-K1. Uma das características desta linhagem é a ausência do gene para a
síntese de prolina, sendo necessária sua adição no meio de cultura. Já se produziu neste
tipo celular diversas proteínas visando aplicações farmacológicas e industriais, como pode
ser observado na tabela 1.
Tabela 1. Relação de proteínas terapêuticas produzidas em CHO.
Proteínas com fins comerciais produzidas em CHO Referência
Calicreína 9 humana Memari, et al (2006)
Eritropoietina humana Restelli et al (2006)
Anticorpo anti-IL2 Shi et al (2005)
Glicoproteínas do vírus da herpes B Perelygina et al (2005)
Fator VIII humano Yonemura et al (1993)
21
Atualmente, utilizam-se outros tipos celulares para a produção de proteínas
heterólogas com fins terapêuticos. Dentre eles, destaca-se a linhagem HEK293, derivada
de células embrionárias de rim humano transformadas com o DNA de adenovírus tipo 5
(Grahan et al, 1977). Esta linhagem é utilizada principalmente para a expressão transiente
de proteínas de interesse, como a glicoproteína de membrana do retrovírus HTLV-1
(Penteado et al, 2006). Outro tipo celular utilizado para transfecção de plasmídios
contendo proteínas de interesse é a linhagem HepG2, um carcinoma hepatocelular humano
que não contém o genoma do vírus da hepatite B (Knowles et al, 1980). Estas células
podem ser utilizadas para a expressão em larga escala de FVIII recombinante, visto que há
indícios da melhora de sua produção quando são utilizadas linhagens celulares hepáticas
(Picanço et al, 2007). Por fim, a linhagem celular denominada COS-7 é também uma
hospedeira de transfecção largamente utilizada. Esta linhagem celular fibroblastóide,
oriunda do rim do “macaco verde” africano (Cercopithecus aethiops), é derivada da
linhagem CV-1 que foi transformada com um mutante de SV40 que codifica o antígeno T
(Gluzman, 1981). As células COS-7 são geralmente escolhidas para a transfecção de
vetores que requeiram a expressão do antígeno T ou que contenham o promotor de SV40.
Desse modo, no mercado várias opções de linhagens celulares para a melhor
produção das diversas proteínas com interesse comercial. Estudos massivos visando à
otimização da expressão gênica nestes tipos celulares foram feitos desde a década de 80,
culminando em produções de quantidades significativas de proteínas comerciais. Um
exemplo é a produção em 1986, que tinha um rendimento de 50 mg/L de proteína
recombinante. Quatorze anos depois, se conseguia um rendimento de 5g/L de proteínas
(Wurm, 2004), um avanço significativo que tornou a produção em células de mamífero
um negócio mais viável. Entretanto, um dos principais obstáculos para a utilização das
células de mamífero em cultura como hospedeiros de produção ainda é o alto custo para
produção em larga escala quando se compara com custo da produção em leveduras e em
E. coli. Para isso, pesquisas buscando o desenvolvimento de novos métodos para melhorar
os veis de produção de biofármacos e tentar otimizar essa relação de custo-benefício
estão sendo realizadas, para que deste modo, se atinja um patamar de produção industrial.
Alguns já descritos são: a mudança da temperatura de cultivo das células (Shi et al, 2005),
adição de compostos químicos no meio de cultura, como o butirato de sódio (Sung et al,
2005) e derivados de aminoácidos (Chang et al, 1999); a melhora da eficiência de
transfecção e a engenharia dos vetores de expressão para células de mamíferos. Dentro da
engenharia de vetores de expressão, a principal metodologia para a otimização da
22
expressão de transgenes em células de mamífero é justamente o melhoramento de
promotores por meio da inserção de elementos como os mostrados neste trabalho, como
introns e seqüências indutoras de Z-DNA.
1.5) Modelo Experimental
O grupo de Imunologia Molecular trabalha com a produção de proteínas
heterólogas em células de mamífero desde 2001, sendo que foram produzidos
anticorpos humanizados de interesse comercial como o anti-CD18, anti-Z22 (Ruggiero,
2001) e anti-CD3 (Hernandez Silva, 2008 – em preparação), e também fatores plasmáticos
humanos, como o fator VIII e IX (Campos-da-Paz et al, no prelo). Todos os vetores que
albergam estes genes contêm o promotor de CMV, sendo este nosso modelo de estudo.
Desse modo, são necessários estudos para buscar elementos que, ao modificar este
promotor, possam otimizar a expressão das proteínas expressas pelo grupo, para que elas
possam futuramente ser produzidas em larga escala para comercialização.
23
2. OBJETIVOS
O presente trabalho teve como objetivo a caracterização e o estudo do intron A de
CMV e de seqüências indutoras de Z-DNA, no contexto do promotor do gene IE de CMV,
como elementos moduladores da expressão gênica em diferentes linhagens de células de
mamífero.
2.1) Abordagem experimental
Para que o objetivo central fosse alcançado, realizaram-se as seguintes etapas
experimentais:
1 Clonagem do promotor de CMV, com e sem o intron A, no vetor pGL4.14 (Promega)
que contém o gene repórter da luciferase.
2 Geração de formas variantes e inovadoras do intron A por meio de deleções em
determinadas regiões do elemento.
3 Remoção da região 5’do promotor/enhancer de CMV com intron A, e nesta região
clonagem das seqüências indutoras de Z-DNA Z1, Z3 e do controle Z5.
4 Transfecção transiente das construções citadas acima em CHO-K1, HepG2, COS-7 e
HEK-293 para a mensuração da atividade da luciferase. As construções com as seqüências
indutoras de Z-DNA foram analisadas apenas em CHO-K1.
5 Clonagem do gene que codifica o fragmento de anticorpo scFv anti-Z-DNA Z22
contendo uma seqüência codificadora de um sinal de localização nuclear (NLS) e a
proteína A e His-TAG como elementos para a detecção e isolamento da proteína.
6 Produção de clones estáveis com as construções contendo as seqüências indutoras de
Z-DNA e co-transfecção da construção codificadora do fragmento de anticorpo anti-Z-
DNA com NLS.
24
7 – Mensuração dos níveis de produção de mRNA da luciferase de vaga-lume das diversas
construções por meio de qPCR.
8 – Análise do splicing das variantes deletadas do intron A de CMV por meio de RT-PCR.
25
3. MATERIAS E MÉTODOS
3.1) MATERIAIS
3.1.1) Linhagens bacterianas
As linhagens da bactéria Escherichia coli utilizadas para os procedimentos de
clonagem neste trabalho são destacadas a seguir, juntamente com o seu genótipo:
XL1-blue (Stratagene): recA1 endA1 gyrA96 thi-1 hsdR17 supE44 relA1 lac [F´
proAB lacIqZM15 Tn10 (Tetr)]. Os genes listados indicam alelos mutantes.
DH5α: F'/endA1 hsdR17(r
K
-
m
K
+
) supE44 thi
-1
recA1 gyrA (Nal
r
) relA1 D(laclZYA-
argF)U169 deoR (F80dlacD(lacZ)M15). Os genes listados indicam alelos
mutantes.
XL10-gold (Stratagene): Tet
r
D(mcrA)183 D(
mcr
CB-hsdSMR-mrr)173 endA1
supE44 thi-1 recA1 gyrA96 relA1 lac Hte [ proAB lacIqZDM15 Tn10 (Tet
r
)
Amy Cam
r
]. Os genes listados indicam alelos mutantes. Esta linhagem de E. coli
foi desenvolvida para a transformação de moléculas de DNA grandes, e com alta
eficiência.
3.1.2) Linhagens de células de mamífero
Para a transfecção das construções de DNA plasmidial obtidas neste trabalho,
foram utilizadas as seguintes linhagens de células de mamífero:
CHO-K1 (ATCC nºCCL-61): linhagem celular derivada de células epiteliais de
ovário de hamster chinês (Cricetulus griseus). As células foram cultivadas em
meio HAM-F12 (Hyclone) contendo soro fetal bovino (SFB) a uma concentração
de 10% (v/v).
26
COS-7 (ATCC nºCRL-1651): esta linhagem celular é proveniente de células
fibroblastóides do rim do macaco verde africano (Cercopithecus aethiops). As
células foram cultivadas em meio DMEM (GIBCO) contendo SFB a uma
concentração de 10% (v/v).
HEPG2 (ATCC nºHB-8065): esta linhagem celular é derivada de um
hepatocarcinoma celular humano. As células foram cultivadas em meio RPMI-
1640 (GIBCO) contendo SFB a uma concentração de 10% (v/v).
HEK-293 (ATCC nºCRL-1573): é uma linhagem derivada de células de rim
embrionário humano que contêm o genoma do adenovírus tipo 5. As células foram
cultivadas em meio DMEM (GIBCO) contendo SFB a uma concentração de 10%
(v/v).
Todas as linhagens celulares utilizadas neste trabalho são linhagens aderentes.
3.1.3) Plasmídios utilizados nas clonagens e transfecções
- pGL4.14 (Promega) (figura 7a): este vetor comercial possui o tamanho de 5,8
kb, e foi utilizado como arcabouço para a clonagem de todos os promotores construídos
neste trabalho. Ele apresenta o gene repórter da luciferase de vaga-lume (luc 2),
controlado pelos promotores desenvolvidos neste trabalho, um sinal de poliadenilação
sintético, e a marca de resistência à higromicina B, sendo que este gene tem a expressão
controlada pelo promotor de SV40.
- pCMVLacI (Stratagene) (figura 7b): este vetor de 8 kb foi utilizado nos
procedimentos de clonagem do promotor de CMV com e sem intron A no vetor pGL4.14.
Ele possui o promotor completo de CMV (com enhancer e intron A), o gene lacI, o sinal
de localização nuclear (NLS) de SV40 (para que o produto do gene lacI seja direcionado
para o núcleo), marca de resistência à higromicina B, origem de replicação pUC e f
1
.
- pGEM-T Easy (Promega): este vetor comercial possui o tamanho de 3,15 kb, e
foi utilizado para a clonagem de produtos de PCR. É constituído pelo promotor T7 e SP6,
27
múltiplos sítios de clonagem, gene αLacZ, gene da β-lactamase, origem de replicação de
fago (f
1
ori) e origem de replicação plasmidial.
Figura 7. Mapas dos vetores utilizados para as clonagens do promotor com e sem intron
A. No painel “A” está representado o esquema do vetor pGL 4.14 (Promega, figura retirada
do site www.promega.com), utilizado como arcabouço das novas contruções de promotores
de CMV para a análise da atividade do gene repórter da luciferase. Em “B” observa-se o vetor
pCMVLac I (Stratagene, figura retirada do site www.stratagene.com), do qual retirou-se o
promotor com e sem intron A para as clonagens.
- pGL4.73 (Promega) (figura 8): este vetor comercial tem o tamanho de 3,9 kb, e
foi utilizado neste trabalho para co-transfecções com o vetor contendo o gene da luciferase
de vaga-lume. Ele possui o gene repórter da luciferase de Renilla (hluc) controlado pelo
promotor de SV40 e o sinal de poliadenilação também de SV40.
Figura 8. Mapa do vetor pGL4.73 (Promega). Este vetor foi utilizado para a co-transfecção
com as demais construções feitas neste trabalho, para que desta forma a atividade da
luciferase seja aferida como uma relação entre as atividades da luciferase de vaga-lume
(construções testadas) e de Renilla (vetor pGL4.73). Esta figura foi retirada do site da
Promega (
www.promega.com )
A
B
28
- pMACIA (figura 9a): este vetor de aproximadamente 5,5 kb foi construído por
Hernandez Silva em 2007 durante sua dissertação de mestrado. Ele é derivado do vetor
pMAC (Ruggiero, L. A, 2001 dissertação de mestrado) pela substituição do promotor
mínimo de CMV pelo promotor/enhancer de CMV com intron A.
- pIg16 (Brígido et al, 1993) (figura 9b): este vetor de 4,1 kb possui o gene que
codifica do fragmento de anticorpo na forma scFv Z22, um anticorpo anti-Z-DNA. Ele foi
utilizado como substrato para a reação de PCR que permitia a introdução da seqüência
codificadora de NLS no gene do fragmento de anticorpo na forma scFv (do inglês single
chain variable fragment) Z22 anti-Z-DNA.
Figura 9. Mapas dos vetores pMACIA e pIg16, utilizados para a construção do pMACIA
Z22 NLS. No painel A está representado o esquema do mapa do vetor pMACIA, onde foi
clonado o gene do scFv de Z22 com NLS. O vetor pIg16, utilizado para a amplificação do
produto correspondente ao scFv Z22 com NLS, está mostrado no painel B. Os sítios de
clonagem no vetor pMACIA estão evidenciados em vermelho.
pMACIA
5500 pb
A
B
Nhe I
BamH I
29
3.1.4) Meios de cultura
- Cultura de bactérias
LB (Luria-Broth)
Peptona de Caseína 1,0%(p/v)
Extrato de Levedura 0,5% (p/v)
NaCl 1,0% (p/v)
pH 7,2
LB-ágar
Adicionar ágar bacteriológico a uma concentração final de 1,4% (p/v).
SB (Super-Broth)
Peptona de Caseína 3,0% (p/v)
Extrato de Levedura 2,0% (p/v)
MOPS 1,0% (p/v)
pH 7,0
SOB
Peptona de Caseína 20g
Extrato de Levedura 5g
NaCl 0,584g
KCl 0,186g
H
2
O qsp 1L
pH 7,0
SOC (100 mL)
Solução estoque de Mg
2+
2M 1mL
Solução estoque de glicose 2M 1mL
Meio SOB 98mL
30
Estoque de Magnésio 2M
MgCl
2
.6H
2
O 20,33g
MgSO
4
.7H
2
O 24,65g
H
2
O qsp 100mL
Estoque de Glicose 2M
Glicose 26,04g
H
2
O qsp 100mL
Os meios de cultura para bactéria foram autoclavados por 15 minutos a 120ºC.
Para a cultura das linhagens de células de mamífero utilizadas neste estudo, foram
utilizados os meios de cultura HAM-F12, DMEM e RPMI-1640. Todos esses meios de
cultura apresentam uma composição química bastante complexa, contendo sais
inorgânicos diversos, vitaminas, aminoácidos e outros compostos, como piruvato de sódio.
Desse modo, todos os meios para cultura de células de mamíferos foram adquiridos
prontos (em pó) para serem posteriormente dissolvidos em água, sendo necessária apenas
a adição de determinada quantidade de bicarbonato de sódio (agente tamponante)
dependendo do tipo de meio.
HAM-F12 (Ham’s Nutrient Mixture F-12)
Dissolver o conteúdo do pacote em 1L de água destilada e acrescentar 1,176g de
bicarbonato de sódio.
DMEM (Dulbecco’s Modified Eagle’s Medium)
Dissolver o conteúdo do pacote em 1L de água destilada e acrescentar 3,7g de
bicarbonato de sódio.
RPMI-1640
Dissolver o conteúdo do pacote em 1L de água destilada e acrescentar 2g de
bicarbonato de sódio.
Os meios de cultura foram filtrados com filtro Millipore de 0,22µm para
esterilização e o pH foi ajustado com NaOH 2M para 7,3.
31
Meio de Congelamento de Células
DMEM
Soro Fetal Bovino 20% (v/v)
DMSO 5% (v/v)
3.1.5) Soluções
- Soluções utilizadas para cultura de células
BSS (Solução Salina Balanceada) – GIBCO
NaCl 8g
KCl 0,4g
CaCl
2
0,014g
MgSO
4
.7H
2
O 0,098g
Na
2
HPO
4
0,048g
KH
2
PO
4
0,06g
Glicose 1g
Vermelho de fenol 0,01g
H
2
O qsp 1L
pH 7,3
BSS.CMF (Solução Salina Balanceada sem Cálcio e Magnésio) – GIBCO
NaCl 8g
KCl 0,4g
Na
2
HPO
4
0,048g
KH
2
PO
4
0,06g
Glicose 1g
Vermelho de fenol 0,01g
H
2
O qsp 1L
pH 7,3
Soro Fetal Bovino (GIBCO)
Foi adicionado aos meios de cultura na concentração de 10% (v/v).
32
Tripsina-EDTA (GIBCO)
Tripsina 2,5g
EDTA 0,38g
BSS.CMF qsp 1L
pH 8,0
Azul de Tripan
Corante Azul de Tripan 400mg
PBS pH 7,2 qsp 100mL
Reagente de transfecção Lipofectamine 2000 (Invitrogen, n
º
de catálogo 11668019)
É um lipídeo catiônico cuja formulação específica permite a transfecção de
diversas linhagens de células de mamífero, como se pode observar neste trabalho.
- Soluções utilizadas para extração de DNA
Solução I
Tris-HCl pH 8,0 25mM
EDTA pH 8,0 10mM
Glicose 50mM
Quando necessário, adicionou-se a esta solução RNAse A em uma concentração
final de 200µg/mL.
RNAse A
RNAse A 10mg/mL
A enzima é dissolvida em 10mM Tris-HCl pH 7,5 e 15mM de NaCl. Esta solução
foi fervida por 15 minutos para a inativação de DNAses contaminantes e em seguida
resfriada lentamente até que fosse atingida a temperatura ambiente. Depois, foram feitas
alíquotas estocadas a -20ºC.
33
Solução II
NaOH 0,2M
SDS 1,0% (p/v)
Solução III
Acetato de Sódio 3 M
Ácido Acético Glacial 2 M
Etanol 100%
Etanol 100% (v/v)
Etanol 70%
Etanol 70% (v/v)
Acetato de Amônio
Acetato de Amônio 7,5M
Acetato de Sódio
Acetato de Sódio 3M
pH 5,2
Clorofane
Fenol (equilibrado em pH 7,6) 1v
Clorofórmio 1v
Β-Mercaptoetanol 0,02%
Hidroxiquinolina 0,1%
Equilibrado com igual volume de Tris-HCl 0,01M em pH 8,0.
Clorofil
Clorofórmio 24v
Álcool Isoamílico 1v
Equilibrado com 0,25v de tampão TE
34
Tampão TE
Tris-HCl pH 8,0 10mM
EDTA pH 8,0 1mM
Tampão Tris
Tris-HCl pH 8,0 10mM
Glicogênio
Glicogênio 20mg/mL
- Soluções para preparo de células competentes e transformação
CaCl
2
CaCl
2
a uma concentração de 50mM, dissolvido em água destilada e filtrado com
filtro Millipore de 0,22µm
CaCl
2
/glicerol
CaCl
2
a uma concentração de 50 mM contendo 15% de glicerol (v/v) para o
congelamento de células competentes para choque térmico. A solução foi filtrada com
filtro Millipore de 0,22 µm.
Solução de Glicerol
Glicerol 10% (v/v)
Solução de X-Gal
Solução de 5-bromo-4-cloro-3-indolil-β-D-galactosídeo (X-Gal) dissolvido em
N,N-dimetilformamida em solução estoque de 2,5%. Solução armazenada a -20ºC e
protegida da luz. Usada no meio de cultura na proporção de 1:100.
Solução de IPTG
Solução de isopropil-tio-β-D-galactosídeo (IPTG) dissolvido em água em solução
estoque de 100 mM e esterilizado por filtração em membrana Millipore de 0,22 µm. Usada
no meio de cultura na proporção de 1:1000.
35
- Soluções para preparo de gel de agarose
Tampão de corrida para gel de agarose (TEB) 10X
Trizima-base 0,89M
Ácido Bórico 0,89M
EDTA 0,02M
pH 8,0 a 8,4
Tampão de corrida para gel de agarose (TAE) 50X
Tampão Tris-acetato 2M
Trizima-base 242g
Ácido Acético Glacial 57,1mL
EDTA pH 8,0 0,05M
Tampão de Amostra para gel de agarose
Tampão de corrida TEB 10X 50% (v/v)
Glicerol 50% (v/v)
Azul de Bromofenol 0,1% (p/v)
Xileno Cianol 0,1% (p/v)
Brometo de Etídeo
10mg/mL dissolvidos em água e protegidos da luz.
3.1.6) Antibióticos
Ampicilina
A ampicilina liofilizada foi ressuspendida em água destilada na concentração de 20
a 50 mg/mL. Após a ressuspensão, ela foi esterilizada por filtração em membrana
Millipore de 0,22 µm. Após a filtração, ela foi estocada a -20ºC e protegida da luz. Este
antibiótico foi utilizado como marca de seleção para plasmídios transformados em células
de E. coli.
36
Tetraciclina
A tetraciclina liofilizada foi ressuspendida em água destilada na concentração de
50 mg/mL e esterilizada por filtração em membrana Millipore de 0,22 µm. Após a
filtração, ela foi estocada a -20ºC e protegida da luz. Este antibiótico foi utilizado para a
semeadura e manutenção de células E. coli das linhagens XL1-blue e XL10-gold, que
possuem o gene de resistência a esse antibiótico.
Cloranfenicol
O cloranfenicol liofilizado foi ressuspendido em etanol 100% na concentração de
50 mg/mL e esterilizado por filtração em membrana Millipore de 0,22 µm. Após a
filtração, ele foi estocado a -20ºC e protegido da luz. Este antibiótico foi utilizado para a
semeadura e manutenção de células E. coli da linhagem XL10-gold, que possui o gene de
resistência a esse antibiótico.
Higromicina
A higromicina liofilizada foi ressuspendida em água destilada na concentração de
40 mg/mL e esterilizada por filtração em membrana Millipore de 0,22 µm. Após a
filtração, ela foi estocada a -20ºC e protegida da luz. A higromicina foi utilizada para a
obtenção de clones estáveis de construções com seqüências indutoras de Z-DNA na
linhagem CHO-K1.
Antibiótico/Antimicótico 100X (GIBCO)
Penicilina 10.000U
Estreptomicina 10.000µg
Anfotericina B 25µg/mL
Preparada em 0,85% de salina
Solução utilizada como antibacteriano e antimicótico que foi adicionada aos meios
de cultura das células de mamífero, na concentração final 1X.
37
3.1.7) Materiais e soluções para a mensuração da atividade da luciferase
Para os ensaios de atividade da luciferase realizados utilizou-se o kit comercial da
Promega Dual-Luciferase Reporter Assay System (nº de catálogo E1910). Ele contém
os seguintes componentes:
- Luciferase Assay Buffer (tampão de ensaio da luciferase)
- Luciferase Assay Substrate (produto liofilizado) (substrato de ensaio da luciferase)
- Stop and Glo Buffer (tampão Stop and Glo)
- Stop and Glo Substrate 50X (substrato Stop and Glo)
- Passive Lysis Buffer 5X (tampão de lise passiva)
Além dos reagentes fornecidos pelo fabricante, foi utilizado PBS na concentração
final 1X. Para isso, foi preparado um estoque 10X, que foi em seguida autoclavado, com a
seguinte formulação:
PBS 10X
Na
2
PO
4
11,5g
KH
2
PO
4
2g
NaCl 80g
KCl 2g
pH 7,4
3.1.8) Materiais e soluções para extração de RNA total de CHO-K1
Todos os reagentes e materiais foram manipulados em condições RNAse free.
- DEPC (dietil pirocarbonato)
Preparar solução estoque a 1% (p/v).
- Clorofórmio
Foi aliquotado no momento da extração em tubos do tipo Falcon, devido à sua
volatilidade.
38
- Isopropanol
Este reagente foi estocado em um tubo Falcon, sendo manipulado com luvas para
que não fosse contaminado com RNAses.
- Etanol 100%
Etanol 100% manuseado com luvas e estocado em tubo tipo Falcon.
- Etanol 75% (v/v)
Etanol 100% 75mL
Água destilada RNAse free 25mL
- Acetato de Sódio
Acetato de Sódio 3M
pH 5,2
Este reagente foi manuseado com luvas e dissolvido em água MiliQ RNAse free.
- Plásticos e vidrarias RNAse free
As vidrarias foram incubadas a uma temperatura de 180ºC durante a noite para que
ficassem livres de RNAses. As caixas das ponteiras e outros materiais plásticos foram
incubados com DEPC a 0,01% a 4ºC durante a noite, e posteriormente autoclavados para a
remoção do reagente residual.
- Água RNAse free
Água destilada
DEPC 0,01% (v/v)
Após a mistura, autoclavar a 120ºC por 15 minutos.
- Materiais para preparo de gel de agarose RNAse free
A cuba de eletroforese, os pentes e a fôrma do gel foram tratados com DEPC a
0,1% (v/v) durante 1 hora (temperatura ambiente), ou a 4ºC durante a noite. Após este
período, os materiais foram lavados exaustivamente com água MiliQ para a remoção do
DEPC. O tampão TEB foi preparado com a mesma fórmula citada anteriormente, sendo
que foi preparado com água RNAse free. Toda a vidraria e espátulas necessárias para a
pesagem da agarose foram incubadas a 180ºC durante a noite. O tampão de amostra para a
39
corrida do gel e o brometo de etídeo também foram preparados com a mesma formulação
já descrita, sendo que a água utilizada era RNAse free.
3.1.9) Tampões de reação
- Tampões de Endonucleases de Restrição da Biolabs (NEB) 1X
NEBuffer 1
Bis-Tris-Propano-HCl 10mM
MgCl
2
10mM
DTT 1mM
pH 7,0
NEBuffer 2
Tris-HCl 10mM
MgCl
2
10mM
DTT 1mM
NaCl 50mM
pH 7,9
NEBuffer 3
Tris-HCl 50mM
MgCl
2
10mM
DTT 1mM
NaCl 100mM
pH 7,9
NEBuffer 4
Tris-acetato 20mM
Acetato de Magnésio 10mM
Acetato de Potássio 50mM
DTT 1mM
pH 7,9
40
- Tampões de reação da GIBCO 1X
REACT 2
Tris-HCl 50mM
MgCl
2
10mM
NaCl 50mM
Espermidina 25mM
- Tampão de reação da enzima Fosfatase Alcalina de Camarão (SAP) – Promega 1X
Tris-HCl 50mM
MgCl
2
10mM
pH 9,0
- Tampão de Reação da Enzima T4 DNA Ligase – Promega 1X
Tris-HCl 30mM
MgCl
2
10mM
DTT 10mM
ATP 1mM
pH 7,6
- Tampão de Reação da Enzima T4 DNA Ligase – Invitrogen 1X
Tris-HCl 50mM
MgCl
2
10mM
ATP 1mM
DTT 1mM
Polietileno Glicol (PEG)-8000 25% (p/v)
pH 7,6
- Tampão de Reação da Taq DNA Polimerase CENBIOT/RS 10X
Tris-HCl 0,1M
KCl 0,5M
BSA 0,1% (p/v)
Na PCR foi adicionado cloreto de magnésio para uma concentração final de 1mM.
41
- Tampão de Anelamento de Oligonucleotídeos
Tris-HCl 1M
MgCl
2
100mM
pH 7,6
- Tampão de Reação da DNAse I RNAse free 10X (Promega)
Tris-HCl pH 8,0 400mM
MgSO
4
100mM
CaCl
2
10mM
- Stop Solution da DNAse I RNAse free 10X (Promega)
EGTA pH 8,0 20mM
- Tampão de Reação da Transcriptase Reversa (5X RT Buffer) (Invitrogen)
Tris-HCl pH 8,3 250mM
KCl 375mM
MgCl
2
15mM
- Outros componentes de reação
Mistura dNTP: com dGTP, dATP, dCTP e dTTP na concentração de 10 mM cada.
Albumina Sérica Bovina (BSA): 10 mg/mL (100X)
MgCl
2
: 50 mM, utilizado nas reações de PCR (concentração final de 1 mM)
DTT: 0,1 M, utilizado nas reações de transcrição reversa na concentração final de 0,01M.
RNAse OUT (40 U/ µL): um inibidor de RNAse para as reações de síntese de cDNA.
3.1.10) Enzimas
- Enzimas de Restrição
Biolabs
Bgl II (10U/µL)
Hind III (10U/
µL)
Sac II (20U/µL)
42
Mlu I (10U/µL)
Ssp I (5U/µL)
Xcm I (5U/µL)
BspE I (10U/µL)
BssH II (20U/µL)
- Outras enzimas
Invitrogen
T4 DNA Ligase (1U/µL)
Fragmento Klenow da DNA polimerase (0,5U/µL)
Superscript III (transcriptase reversa) (200U/ µL)
Platinum SYBR Green qPCR SuperMix-UDG (2X) (Invitrogen – número de catálogo
11733046)
Este mix contém a enzima Taq Platinum, além do corante SYBR Green, MgCl
2
6
mM, 400 µM de dATP, 400 µM de dCTP, 400 µM de dGTP, 800 µM de dUTP, uracil
DNA glicosilase (UDG), estabilizadores e outros reagentes não-especificados. A presença
da enzima UDG previne a reamplificação de produtos de PCR entre os passos da reação,
permitindo apenas a amplificação de seqüências-alvo genuínas. Esta enzima é inativada
pelas altas temperaturas durante a ciclagem da PCR.
Promega
T4 DNA Ligase (1U/µL)
Fosfatase Alcalina de Camarão (SAP) (1U/µL)
DNAse I RNAse free (1U/ µL)
CENBIOT/RS
Taq DNA polimerase (2U/µL)
43
3.1.11) Marcadores de massa molecular de DNA
1 kb plus DNA LADDER (Invitrogen – número de catálogo 10787018)
Fragmentos de DNA em pb: 100, 200, 300, 400, 500, 650, 850, 1000, 1650, 2000, 3.000,
4000, 5.000, 6.000, 7000, 8000, 9000, 10.000, 11000, 12.000.
High DNA Mass LADDER (Invitrogen – número de catálogo 10496016)
Mistura equimolar de fragmentos de DNA em pb de 10.000, 6.000, 4000, 3.000, 2000 e
1000. Quando se utiliza 4 µL do marcador, correlaciona-se as bandas citadas com as
seguintes massas: 200, 120, 80, 60, 40 e 20 ng, respectivamente.
Low DNA Mass LADDER (Invitrogen – número de catálogo 10068013)
Mistura equimolar de fragmentos de DNA em pb de 2000, 1200, 800, 400, 200 e 100.
Quando se utiliza 4 µL do marcador, correlaciona-se as bandas citadas com as seguintes
massas: 200, 120, 80, 60, 40 e 20 ng, respectivamente.
44
3.1.12) Oligonucleotídeos utilizados para seqüenciamento, clonagens e reações de PCR
Tabela 2. Seqüências dos oligonucleotídeos utilizados nas diversas etapas deste trabalho
(os oligonucleotídeos citados foram sintetizados pela IDT, Integrated DNA Technologies,
Inc.).
OLIGONUCLEOTÍDEO
SEQUÊNCIA
UTILIZAÇÃO
M13 Universal 5’ GTAAAACGACGGCCACT 3’ Utilizado para
sequenciamento
de fragmentos de
PCR clonados no
vetor pGEM T-
easy.
M13 Reverso 5’ CAGGAAACAGCTATGAC 3’ Utilizado para
sequenciamento
de fragmentos de
PCR clonados no
vetor pGEM T-
easy.
Z0 Ssp 5’ ACGCGGCCGCACGCGT 3’ Utilizado para se
anelar com Z1,
Z3 e Z5.
Z1 Ssp 5’
CGCACACACGCACACGCACGCACACACACGCGG
CCG
3’
Quando anelado
com Z0, é
clonado no sítio
de Ssp I no vetor
pGLCMV para
formação de Z-
DNA. Derivado
de seqüências
repetitivas que
induzem Z-DNA
no genoma de
camundongo.
Z3 Ssp 5’ CACGCACGCACGCACGCACGCACGCGGCCG 3’ Quando anelado
com Z0, é
clonado no sítio
de Ssp I no vetor
pGLCMV para
45
formação de Z-
DNA. Derivado
de seqüências
repetitivas que
induzem Z-DNA
no genoma de
camundongo.
Z5 Ssp 5’ ACGCGGCCGCACGCGT 3’ Quando anelado
com Z0, é
clonado no sítio
de Ssp I no vetor
pGLCMV para
formação de Z-
DNA.
Seq pGL4.14 5’ CTAGCAAAATAGGCTCCC 3’ Utilizado para
sequenciamento
de regiões
clonadas no vetor
pGL4.14
(Promega)
Z22NLS int. UP 5’GAAGAAGCGGAAGGTAGGTAAGGTGCAACTT
GTTGAGT 3’
Iniciador de PCR
para a
amplificação
interna do
fragmento scFv
Z22 com NLS
Z22NLS int. LOW 5’AGCCATGATGATGGTGATGGTGAGCTTTTGGT
GCTTGT 3’
Iniciador de PCR
para a
amplificação
interna do
fragmento scFv
Z22 com NLS
Z22NLS ext. Nhe 5’GGCTAGCCACCATGGCTCCAAAGAAGAAGCGG
AAGGTA 3’
Iniciador de PCR
para amplificação
externa do
fragmento scFv
Z22 com NLS.
Adiciona o sítio
de Nhe I.
Z22NLS ext. Bam 5’CTCGGATCCTTAGCCATGATGATGGTGATGGT Iniciador de PCR
46
GAGCTT 3’ para amplificação
externa do
fragmento scFv
Z22 com NLS.
Adiciona o sítio
de BamH I.
5’ pCMV 5’ GGCGTGTACGGTGGGAGGTCTA 3’ Utilizado para
seqüenciamento
do promotor de
CMV
3’ pCMV 5’ GCATTCTAGTTGTGGTTTGTTCC 3’ Utilizado para
seqüenciamento
do promotor de
CMV
Primer pCMV 1088 Low 5’ CCGTGCCAAGAGTGACGTA 3’ Utilizado para a
reação de PCR a
partir do cDNA
produzido pelo
primer RT pCMV
1115 Low
Primer pCMV104 Up 5’ CCGTGCCAAGAGTGACGTA 3’ Utilizado para a
reação de PCR a
partir do cDNA
produzido pelo
primer RT pCMV
1115 Low
Primer RT pCMV 1115
Low
5’ ATATGTGCGTCGGTAAAGGC 3’ Primer específico
tilizado para a
síntese da fita de
cDNA do
promotor de
CMV e intron A
ChGAPDH Foward * 5’ CCATGTTCCAGGAGGGAGATC 3’ Utilizado na
reação de qPCR
para a
amplificação do
gene constitutivo
de CHO GAPDH
ChGAPDH Reverse * 5’ GCCTTCTCCATGGTGGTGAA 3’ Utilizado na
reação de qPCR
para a
47
amplificação do
gene constitutivo
de CHO GAPDH
H Luc Foward * 5’ CTCGCTGCAAGCAAATGAAC 3’ Utilizado na
reação de qPCR
para a
amplificação do
gene da luciferase
de Renilla
H Luc Reverse * 5’ GCAGCGTTACCATGCAGAAA 3’ Utilizado na
reação de qPCR
para a
amplificação do
gene da luciferase
de Renilla
Fly Luc2 Foward * 5’ CAGCTGCACAAAGCCATGAA 3’ Utilizado na
reação de qPCR
para a
amplificação do
gene da luciferase
de Renilla
Fly Luc2 Reverse * 5’ CGAAGTACTCGGCGTAGGTAATG 3’ Utilizado na
reação de Qpcr
para a
amplificação do
gene da luciferase
de Renilla
* Os iniciadores destacados foram desenhados com o programa Primer Express Program for Real-Time
PCR, versão 3.0. Eles foram sintetizados pela Sigma, no CIRAD Institute (França), em colaboração com o
professor Alan Andrade, da Embrapa Cenargen de Brasília – DF.
3.2) MÉTODOS
3.2.1) Preparo e transformação de células compententes de Escherichia coli.
- Células competentes preparadas com CaCl
2
para choque térmico (adaptado de
Sambrook e Russel, 2001)
1 Inoculou-se 50mL de meio LB com 500
µL de um pré-inóculo de E. coli crescido
durante a noite.
48
2 Incubou-se este inóculo a 37ºC sob agitação de 250 rpm, até que fosse atingida uma
A
600
de 0,1 a 0,3 (início da fase exponencial de crescimento).
3 – Depois de crescida, a cultura foi centrifugada a 3.000 x g a 4ºC por 15 minutos.
4 O sedimento foi ressuspendido em 10mL de solução de CaCl
2
50mM gelada por meio
de suave agitação. A partir deste momento, a suspensão de células foi mantida sempre no
gelo.
5 – Centifugou-se a amostra a 3.000 x g por 15 minutos a 4ºC.
6 Em seguida, descartou-se o sobrenadante e o sedimento foi ressuspendido em 1mL de
solução de CaCl
2
50mM gelada. Alternativamente, quando as células foram preparadas
para congelamento, o sedimento foi ressuspendido em 1mL de solução de CaCl
2
50mM /
glicerol 15% (v/v) gelada.
7 O tubo contendo as células foi mantido por pelo menos meia hora, quando as células
então foram consideradas competentes. Desse modo, foram usadas imediatamente após o
preparo ou então congeladas em banho de gelo seco e etanol e posteriormente
armazenadas no freezer a -80ºC.
8 Após os procedimentos realizados acima, 100 a 200µL de células competentes foram
incubadas com 100 a 500ηg de DNA plasmidial em banho água/gelo por pelo menos 30
minutos.
9 Em seguida, os sistemas de transformação foram incubados a 42ºC por 3 minutos, e
após este período eles foram rapidamente retornados ao gelo por até 1 minuto.
10 Adicionou-se 1mL de meio LB aos sistemas submetidos ao choque térmico. Depois,
os tubos foram incubados por pelo menos 1 hora a 37ºC. Após este período, semeou-se 50
a 100µL (plasmídio intacto) ou 200 a 500µL (sistema de ligação) das células
transformadas em placas contento meio LB ágar com ampicilina a uma concentração final
de 150µg/mL. As placas foram mantidas a 37ºC durante a noite.
- Preparo de células competentes para transformação por eletroporação (Maranhão,
A. Q, em Azevedo et al, 2003).
1 Uma colônia isolada de E. coli foi inoculada em 10mL de meio SB. A cultura foi
incubada durante a noite a 37ºC sob uma agitação de 250 rpm.
2 No dia seguinte, utilizou-se 500µL do pré-inóculo para 500 mL de meio SB contendo
2,5mL de glicose 2M e 2,5mL de solução estoque de Mg
2+
2M. A cultura foi incubada a
37ºC sob a agitação de 250 rpm até que fosse atingida a OD a 600ηm de 0,7 a 0,9. Após
49
esse passo, o frasco contendo a cultura já na densidade óptica desejada deve ser resfriado a
0ºC (no gelo), bem como todas as soluções a serem utilizadas, ponteiras, pipetas e outros
materiais necessários para o procedimento.
3 – As células foram centrifugadas a 3.000 x g por 20 minutos a 4ºC.
4 Após a centrifugação, o sedimento foi ressuspendido em 25mL de glicerol 10% (v/v)
gelado, utilizando pipetas pré-resfriadas. A seguir, adicionou-se mais 75mL de glicerol
10% (v/v) e centrifugou-se por 20 minutos a 3.000 x g e 4ºC. O sobrenadante foi
descartado e esse procedimento foi repetido mais uma vez.
5 – O sedimento foi ressuspendido em 25mL de glicerol 10% (v/v) gelado. Em seguida, as
células foram transferidas para um tubo de 50mL e centrifugadas a 3.000 x g por 20
minutos a 4ºC. O sobrenadante foi descartado.
6 As células foram ressuspendidas com glicerol 10% (v/v) para uma densidade óptica a
600ηm de 200 a 250 (aproximadamente 1 a 2mL). Em geral, não é necessário adicionar
mais solução de glicerol, sendo as células ressuspensas no volume residual presente no
tubo da centrífuga após o descarte do sobrenadante.
7 Neste ponto, as células foram consideradas competentes, sendo utilizadas
imediatamente ou, alternativamente, sendo congeladas em alíquotas de 100µL em tubos
novos no banho de gelo seco e álcool, sendo armazenadas a – 80ºC.
- Transformação por eletroporação (Maranhão, A. Q. em Azevedo et al, 2003).
1 Adicionou-se a um microtubo tipo Epperndorf, previamente resfriado em gelo picado,
a amostra de DNA a ser transformada. As cubetas de eletroporação também foram
previamente resfriadas. O volume máximo de DNA a ser eletroporado deve corresponder
a 1/10 do volume de células usadas a fim de garantir a condutância adequada ao impulso
elétrico.
2 – Após o descongelamento das alíquotas de células a serem utilizadas, elas foram
misturadas ao DNA com movimentos circulares e suaves.
3 – A mistura de DNA com as células foi transferida rapidamente para a cubeta de
eletroporação previamente resfriada. Os parâmetros elétricos para tal procedimento foram
os seguintes: 2,5 kV, 25 µF e 200 . O τ (tempo em que a corrente passa pela amostra)
esperado nessas condições é de 4,0 a 5,0 milissegundos.
50
4 Imediatamente após a eletroporação, adicionou-se meio SOC à cubeta (três lavagens
com 1mL de meio para assegurar a remoção total das células eletroporadas). Os 3mL
resultantes das lavagens foram juntados em um falcon de 50mL estéril.
5 O recipiente contendo as células transformadas foi incubado a 37ºC por 1 hora sob
agitação de 250 rpm.
6 – Em seguida, diluições desta cultura foram semeadas em placas contendo meio LB ágar
e ampicilina a uma concentração final de 200µg/mL. As placas foram incubadas a 37ºC
durante a noite.
7 No dia seguinte, observou-se o crescimento de colônias isoladas de bactérias,
indicando a presença de células transformadas, ou seja, resistentes ao agente seletivo.
3.2.2) Preparação de DNA plasmidial
- Extração de DNA plasmidial em pequena escala pelo método de lise alcalina
(adaptado de Sambrook e Russel, 2001).
1 Uma colônia bacteriana contendo o plasmídio de interesse foi inoculada em 5mL de
meio LB com 150µg/mL de ampicilina . A cultura foi crescida durante 16 a 20 horas sob
agitação de 250 rpm a 37ºC.
2 No dia seguinte, o meio foi coletado em um microtubo de 1,5mL e centrifugado a
5.000 rpm por 5 minutos. O sobrenadante foi descartado e a coleta foi realizada
novamente, sob as mesmas condições.
3 O sedimento foi ressuspenso em 200µL de solução I por meio de vigorosa agitação ou
pipetagem.
4 Em seguida, adicionaram-se 400µL de solução II (feita na hora). As amostras foram
homogeneizadas por inversão de tubo (delicadamente), cerca de 5 vezes. Após a adição da
solução II, as amostras não devem ficar mais do que 5 minutos à temperatura ambiente.
5 Ao lisado celular foram adicionados 300µL de solução III, sendo feita novamente a
homogeneização das amostras por inversão de tubos (5 vezes). Depois, incubou-se no gelo
por 10 minutos.
6 – As amostras foram centrifugadas a 10.000 x g por 15 minutos a 4ºC.
7 O sobrenadante foi então coletado em novos tubos de 1,5mL, onde adicionou-se
RNAse A a uma concentração final de 2
µg/mL. Para a ação da enzima, as amostras foram
incubadas a 37ºC por 1 hora.
51
8 Após a incubação com RNAse, as proteínas das preparações foram extraídas
adicionando-se 300 µL de clorofane às amostras. Essa mistura foi então agitada em
aparelho do tipo Vortex por aproximadamente 2 minutos.
9 Os tubos foram centrifugados a 10.000 x g por 5 minutos, e a fase aquosa da mistura
(que continha o DNA plasmidial) foi transferida para outro microtubo de 1,5mL. Em
seguida, ao tubo com as amostras recolhidas, adicionou-se 300µL de clorofil, e as
amostras foram novamente agitadas no aparelho Vortex por 2 minutos e depois
centrifugadas a 10.000 x g por 5 minutos.
10 Após a centrifugação, a fase aquosa foi coletada em um microtubo de 2 mL, onde
adicionou-se etanol 100% gelado até que se completasse o volume do tubo. As amostras
foram então incubadas a 20ºC durante a noite ou então a 80ºC por pelo menos 1 hora,
para a precipitação do DNA plasmidial. Essa metodologia foi realizada conforme descrito
na sessão 3.2.12.
11 Após a precipitação, o sedimento foi ressuspendido em 40µL de tampão Tris ou
tampão TE (como o TE tem EDTA, que pode inibir algumas reações enzimáticas
subseqüentes, optou-se por ressuspender as amostras com o tampão Tris).
- Extração de DNA em larga escala pelo método de lise alcalina (adaptado de
Sambrook e Russel, 2001).
1 Uma colônia bacteriana foi inoculada em 3mL de meio LB contendo 150µg/mL de
ampicilina. A cultura foi incubada sob agitação de 250 rpm, por 12 a 16 horas, a 37ºC.
2 – Desse pré-inóculo, utilizou-se 500µL para inocular 250mL de meio LB com 150µg/mL
de ampicilina. A cultura foi incubada a 37ºC sob agitação de 250 rpm por 16 a 20 horas.
3 A cultura foi então coletada por centrifugação a 6.000 x g por 15 minutos a 4ºC. O
sobrenadante foi descartado.
4 – O sedimento foi ressuspenso em 5mL de solução I por meio de vigorosa agitação.
5 Adicionaram-se 10mL de solução II (feita na hora) às células ressuspendidas. O tubo
foi homogeneizado por inversão (cuidadosamente) cerca de 5 vezes. As amostras não
ficaram mais do que 5 minutos à temperatura ambiente.
6 Depois, foram adicionados 7,5mL de solução III gelada, sendo feita nova
homogeneização por inversão de tubos. As amostras foram incubadas no gelo por 20
minutos.
7 – Em seguida, os tubos foram centrifugados a 20.000 x g por 30 minutos a 4ºC.
52
8 O sobrenadante foi transferido para um tubo menor, e a ele foram adicionados 0,6
volumes de isopropanol à temperatura ambiente. O sistema foi incubado por 5 minutos.
Depois, centrifugou-se a amostra a 12.000 x g por 30 minutos a 4ºC.
9 O sedimento foi seco e ressuspenso em 500 µL de TE, onde adicionou-se RNAse A a
uma concentração final de 2µg/mL. As amostras foram então incubadas a 37ºC por pelo
menos 1 hora e meia.
10 Após a incubação com RNAse, as proteínas das preparações foram extraídas com 1
volume de clorofane. Elas foram agitadas vigorosamente em aparelho do tipo Vortex por
2 minutos e centrifugadas a 10.000 x g por 5 minutos. A fase aquosa foi coletada em outro
microtubo e este procedimento foi repetido mais uma vez.
11 – Após a segunda extração com clorofane, adicionou-se 1 volume de clorofil. A
mistura foi novamente agitada e centrifugada a 10.000 x g por 5 minutos. A fase aquosa
foi transferida para um novo microtubo.
12 À última fase aquosa coletada, adicionou-se ½ volume de acetato de amônio 7,5M e
2 volumes de etanol 100% gelado. As amostras foram então incubadas a 20ºC durante a
noite ou a 80ºC por pelo menos 1 hora. Após este período, foi seguido o protocolo de
término da precipitação descrito da sessão 3.2.12.
13 Em seguida, o sedimento correspondente ao DNA plasmidial extraído foi
ressuspendido em 200µL de tampão Tris ou tampão TE (como o TE tem EDTA, que pode
inibir algumas reações enzimáticas subseqüentes, optou-se por ressuspender as amostras
com o tampão Tris).
- Extração de DNA plasmidial em pequena escala utilizando o kit comercial
QIAprep Spin Miniprep kit (Qiagen – número de catálogo 27106)
1 Foi inoculada uma colônia bacteriana em meio LB com ampicilina a 150µg/mL. A
cultura foi incubada a 37ºC por 12 a 16 horas sob agitação de 250 rpm.
2 As amostras foram centrifugadas a 5.000 rpm por 5 minutos a temperatura ambiente
em tubos de 1,5 mL. O sobrenadante foi descartado e esse procedimento repetido, sendo
que no final o volume de células coletadas foi de 3mL.
3 – O sedimento foi ressuspendido em 250µL de tampão P1. A este tampão já foi
adicionada RNAse A.
4 A essa mistura, adicionaram-se 250
µL de tampão P2 (promove a lise celular), e
misturou-se vagarosamente por inversão de tubo 4 a 6 vezes.
53
5 Em seguida, foram adicionados 350µL de tampão P3 previamente resfriado às
amostras. Elas foram homogeneizadas por inversão de tubo 4 a 6 vezes.
6 – Os tubos foram centrifugados a 13.000 rpm por 10 minutos a temperatura ambiente.
7 O sobrenadante foi coletado e aplicado na coluna de troca iônica do kit (QIAprep spin
columm).
8 As colunas contendo o sobrenadante do passo 6 foram centrifugadas a 13.000 rpm por
30 a 60 segundos. O líquido que saiu da coluna foi descartado.
9 Em seguida, a coluna foi lavada com 750µL de tampão PE e centrifugada a 13.000
rpm por 30 a 60 segundos. O líquido que saiu da coluna foi descartado.
10 – As colunas foram centrifugadas novamente nas mesmas condições para que o tampão
PE residual fosse removido.
11 As colunas foram colocadas em tubos novos de 1,5 mL. Para a eluição do DNA,
foram adicionados 50 µL de tampão EB (Tris-HCl 10 mM pH 8,5) previamente aquecido
por 10 minutos a 75ºC no centro da coluna. Após 1 minuto, as amostras foram
centrifugadas por 1 minuto, sendo o DNA recuperado nos microtubos.
- Extração de DNA plasmidial em larga escala utilizando o kit comercial QIAGEN
Maxi Kit (QIAGEN-tip 500) (Qiagen – número de catálogo 12163).
1 Uma colônia bacteriana foi inoculada em 3mL de meio LB com ampicilina a
150µg/mL e incubada por até 8 horas a 37ºC sob agitação de 250 rpm.
2 Quinhentos microlitros desse pré-inóculo foram adicionados a 250mL de meio LB
com ampicilina a 150 µg/mL. A cultura foi então incubada a 37ºC sob agitação de 250
rpm por 12 a 16 horas.
3 As células foram centrifugadas a 6.000 x g por 15 minutos a 4ºC. Descartou-se o
sobrenadante.
4 – O sedimento foi ressuspendido em 10mL de tampão P1.
5 Adicionaram-se 10mL de tampão P2 e misturou-se cuidadosamente por inversão de
tubo (cerca de 5 vezes).
6 – À mistura, adicionaram-se 10mL de tampão P3 previamente resfriado. Homogeneizou-
se o líquido por inversão de tubo (também cerca de 5 vezes).
7 Os tubos foram centrifugados a 20000 x g por 30 minutos a 4ºC. O sobrenadante foi
removido, colocado em outro tubo, e centrifugado novamente a 20000 x g por 15 minutos
a 4ºC.
54
8 Enquanto a centrifugação do passo 7 ocorria, a coluna QIAGEN-tip 500 foi
equilibrada com 10mL de tampão QBT, que passou por meio da ação da gravidade.
9 – O sobrenadante do passo 7 foi aplicado na coluna equilibrada, e também passou por
meio da ação da gravidade.
10 – A coluna foi lavada 2 vezes com 30mL de tampão QC.
11 O DNA foi eluído com 15mL de tampão QF. O líquido contendo o DNA plasmidial
foi coletado em um tubo de 50 mL.
12 O DNA foi precipitado com 10,5mL de isopropanol a temperatura ambiente (0,7
volumes). Misturou-se o líquido por inversão de tubo e centrifugou-se a 15.000 x g por 30
minutos a 4ºC. Descarte cuidadosamente o sobrenadante.
13 O sedimento foi lavado com 5mL de etanol 70% gelado e centrifugado a 20000 x g
por 15 minutos a 4ºC.
14 O sobrenadante foi descartado e o sedimento secado a temperatura ambiente. Após a
secagem, foi ressuspendido em 200µL de tampão EB.
3.2.3) Extração e purificação de DNA de gel de agarose
- Purificação de DNA a partir de pedaços de gel de agarose com o kit comercial
QIAquick Gel Extraction Kit (Qiagen – número de catálogo 28104).
1 A banda correspondente ao fragmento de DNA a ser purificado foi cortada do gel de
agarose feito com tampão TAE.
2 A banda foi pesada. Adicionou-se 3 volumes de tampão QG para 1 volume de gel
(100mg correspondem a 100µL).
3 A mistura foi incubada a 50ºC por 10 minutos, ou até que o gel se dissolvesse
completamente no tampão. Para que esse processo ocorresse mais rapidamente, a mistura
foi agitada vigorosamente em aparelho do tipo Vortex a cada 2 minutos.
4 Após a dissolução do gel no tampão, a mistura adquiriu a cor amarela. Caso contrário,
se a cor da mistura fosse laranja ou violeta, deveriam ser acrescentados 10µL de acetato de
sódio 3M, pH 5,0.
5 Foi adicionado 1 volume de isopropanol (esse passo foi realizado quando os
fragmentos de DNA possuíam tamanho menor que 500 pb e maior que 4 kb).
6 A coluna de troca iônica do kit foi posicionada no tubo coletor de 2mL, também
fornecido pelo fabricante.
55
7 – A amostra foi aplicada na coluna e centrifugada a 13.000 x g por 1 minuto.
8 – O líquido remanescente foi descartado.
9 A coluna foi lavada com 750µL de tampão PE. Centrifugou-se a 13.000 x g por 1
minuto e descartou-se o líquido remanescente.
10 A coluna foi centrifugada novamente nas mesmas condições para que o tampão PE
residual fosse removido.
11 A coluna foi colocada em um microtubo novo de 1,5mL, e o DNA foi eluído com 50
µL de tampão EB previamente aquecido a 75ºC por 10 minutos. Após a adição do tampão,
a coluna ficou em repouso por 1 minuto, e depois foi centrifugada a 13.000 x g por 1
minuto.
- Purificação de DNA de gel de agarose utilizando o método de Freeze/Squeeze
(Barbas III et al, 2001).
1 A banda correspondente ao fragmento de DNA a ser purificado foi cortada do gel de
agarose feito com tampão TAE.
2 Foi feita uma bolsa com um pedaço de Parafilm para se colocar o pedaço de agarose
cortado. Essa bolsa teve as extremidades seladas por pressão com a parte inferior de um
microtubo de 1,5mL, e na parte não-selada a banda foi inserida.
3 A bolsa contendo o pedaço de gel foi congelada a 20ºC por pelo menos 15 minutos
ou a -80ºC por 5 minutos.
4 Após o congelamento, o fragmento de agarose foi amassado com o auxílio da tampa
de um microtubo de 1,5mL. Quanto mais eficiente fosse a trituração da banda, maior o
rendimento da eluição.
5 – O líquido que foi obtido com o processo de trituração e o gel triturado foram
transferidos para uma unidade de pré-filtro de 0,45µm (Millipore Ultrafree Collum)
adaptada em um tubo de 1,5mL.
6 O sistema foi centrifugado a 12.000 x g por 10 minutos, e após este procedimento a
unidade de filtro foi descartada.
7 O líquido contendo o DNA foi precipitado com 2,5 volumes de etanol 100%, 1/10 do
volume de acetato de dio 3M pH 5,2 e 3µL de glicogênio 20mg/mL, como descrito na
sessão 3.2.12.
8 – Após a precipitação, o sedimento foi ressuspendido em 10
µL de tampão Tris, e o DNA
plasmidial foi quantificado em gel de agarose.
56
3.2.4) Digestão de DNA plasmidial com enzimas de restrição
As digestões das amostras de DNA plasmidial utilizadas neste trabalho foram
realizadas conforme as instruções do fabricante. As enzimas de restrição apresentadas no
item 3.1.8 são do tipo II, ou seja, reconhecem seqüências palindrômicas do DNA,
cortando-o no sítio de restrição, e com isso formando extremidades coesivas ou cegas,
dependendo da enzima utilizada. A quantidade de enzima utilizada foi padronizada para
1U de enzima por µg de DNA, sendo que esta reação ocorreu durante 2 a 6 horas, na
temperatura recomendada pelo fabricante.
3.2.5) Reação de defosforilação com a enzima SAP (fosfatase alcalina de camarão -
Promega).
Essa enzima remove o grupamento fosfato da extremidade 5de DNAs fita-dupla,
impedindo desse modo a auto-ligação. Para essa reação, foram incubados cerca de 1 µg de
DNA, 2U de enzima e o seu tampão apropriado. O sistema foi então incubado a 37ºC por
1 hora e inativado por 20 minutos a 65ºC.
3.2.6) Reação de polimerização de extremidades de DNA utilizando o fragmento Klenow
da DNA polimerase I (Invitrogen).
Para a extensão das extremidades coesivas geradas por meio de digestão com
enzima de restrição, utilizou-se a mistura de dNTP na concentração final da reação de
1mM e 0,5U de enzima para cada 100 ng de material utilizado na digestão. O tampão
utilizado foi o tampão da própria enzima de restrição utilizada para a digestão do DNA,
visto que o fragmento Klenow tem atividade ótima em qualquer tampão. A reação ocorreu
a 37ºC durante 40 minutos e depois a enzima foi inativada a 65º C por 20 minutos.
3.2.7) Reação de anelamento de oligonucleotídeos
100ρmoles de cada oligonucleotídeo foram colocados em um microtubo de 1,5mL,
juntamente com 6,6 µL de tampão de anelamento e água MiliQ para um volume final de
50
µL. Essa mistura foi fervida durante 10 minutos, e depois a temperatura do banho foi
caindo lentamente, até que fosse atingida a temperatura ambiente. Esse processo durou
57
cerca de 3 horas. A partir daí, os oligonucleotídeos anelados estavam prontos para a
reação de ligação aos vetores plasmidiais.
3.2.8) Análise de DNA em gel de agarose (Sambrook e Russel, 2001).
A agarose foi derretida em tampão TEB 1X (gel de análise) ou TAE 1X (gel de
eluição) no microondas. Após o resfriamento do gel, adicionou-se brometo de etídeo a
uma concentração final de 0,5 µg/mL. Após a gelificação, o gel foi colocado em uma cuba
de eletroforese com tampão de corrida (TEB ou TAE 0,5 X) e submetido a uma corrente
elétrica. À amostra contendo o DNA a ser analisado, foi adicionado o tampão de amostra
para a concentração de 1X. Após a corrida, o DNA foi visualizado a partir da incidência
de luz ultravioleta.
3.2.9) Ligação de fragmentos de DNA
As concentrações de DNA (vetor e inserto) utilizadas nos sistemas de ligação
variaram de acordo com o experimento, sendo normalmente uma razão molar que variou
de 1:1,5 a 1:5, aplicando-se a seguinte fórmula:
ηg vetor x tamanho do inserto em pb x razão inserto = ηg de inserto
tamanho do vetor em pb vetor
As reações de ligação foram preparadas em tampão de ligase 1X contendo 1U de
T4 DNA ligase. Os sistemas possuíam 10 a 20 µL de volume final, sendo incubados por
16 horas a 16ºC ou 4ºC, dependendo do tipo de extremidade do DNA. Após este período,
o sistema foi transformado em células competentes de E. coli.
3.2.10) Sequenciamento de DNA com o kit DYEnamic ET DYe Terminator Cycle
Sequencing kit for MegaBACE (Amershan Pharmacia Biotech)
As reações de sequenciamento foram realizadas conforme as instruções do
fabricante. Os parâmetros de ciclagem da PCR utilizados são mostrados a seguir:
58
- desnaturação: 94ºC por 20 segundos
- anelamento: 50ºC por 15 segundos
- polimerização: 60ºC por 1 minuto
25 ciclos
Em seguida, a reação de PCR foi precipitada e o DNA ressuspendido. Após estes
tratamentos, realizou-se a reação de sequenciamento no aparelho MegaBACE 500 Plus,
que ocorreu por 100 minutos a 9 kVa. As seqüências foram depositadas no banco de dados
do Laboratório de Biologia Molecular (https://www.biomol.unb.br/), sendo a qualidade
das mesmas analisadas com o programa PHRED (Ewing et al, 1998).
3.2.11) Precipitação de DNA utilizando glicogênio como carreador.
O volume do material a ser precipitado foi aferido. Em seguida, acrescentou-se, na
ordem, 3µL de glicogênio 20mg/mL, 1/10 do volume de acetato de sódio 3M pH 5,0 e 2
volumes de etanol 100 % gelado. O sistema de precipitação foi incubado a 20ºC durante
a noite. No dia seguinte, as amostras foram centrifugadas a 12.000 x g por 45 minutos a
4ºC. Descartou-se o sobrenadante e o sedimento foi lavado com 200µL de etanol 70%
(v/v) gelado, centrifugando-se a 12.000 x g por 15 minutos a 4ºC. O sobrenadante foi
descartado e o sedimento foi deixado à temperatura ambiente por cerca de 15 minutos para
secar.
3.2.12) Cultura de células
Durante toda a manutenção da cultura, as células foram observadas em no
microscópio invertido de constraste de fase NIKON DIAPOH.
Congelamento de células eucarióticas – Criopreservação (Ruggiero, 2002)
1 As células em cultura aderente foram lavadas 3 vezes com BSS.CMF. Após esse
procedimento, foram adicionados 3mL de tripsina para que as células se soltassem da
garrafa de cultura.
2 – A suspensão celular foi transferida para um tubo falcon de 15mL, ao qual se adicionou
3mL de meio apropriado (dependendo do tipo celular) com SFB, para a inativação da
tripsina.
59
3 – As células foram centrifugadas a 130 x g por 8 minutos.
4 O sobrenadante foi descartado e o sedimento ressuspenso no meio de cultura
remanescente do tubo.
5 – As células foram distribuídas em alíquotas de 500µL em criotubos, onde foram
adicionados 500µL de meio de congelamento. Os criotubos foram identificados com nome
da linhagem celular e data do congelamento.
6 – Os criotubos foram incubados a 4ºC por 30 minutos, depois a – 20ºC por 30 minutos e
depois a – 80ºC durante a noite. As células poderiam permanecer estocadas a esta
temperatura ou ser transferidas para a estocagem em nitrogênio líquido.
Descongelamento de células eucarióticas (Ruggiero, 2002)
1 Os criotubos foram transferidos para um banho de 37ºC até o total descongelamento
das células.
2 – As células foram plaqueadas em densidade de 2 x 10
2
células por garrafa de 25cm
2
em
meio adequado com SFB.
Tripsinização e inóculo celular (passagem de células) (Ruggiero, 2002)
1 Este procedimento foi realizado quando as células atingiram a confluência de 90% na
garrafa.
2 – O meio de cultura da garrafa foi descartado.
3 – A monocamada de células aderentes foi lavada 3 vezes com cerca de 1mL de
BSS.CMF.
4 – Foram adicionados 3mL de tripsina.
5 – Após 3 minutos, as células começaram a se descolar da superfície da garrafa.
6 – A tripsina foi neutralizada com cerca de 3mL de meio com SFB.
7 A suspensão celular foi transferida para tubos falcon de 15mL, e centrifugados a
130 x g por 8 minutos.
9 – O sobrenadante foi descartado e o sedimento ressuspenso em 3mL de meio com SFB.
10 Foram transferidas 10
5
células por garrafa de 25 cm
2
contendo 5mL de meio com
SFB. As células foram repicadas a cada confluência, que ocorria geralmente a cada 2 dias.
As garrafas foram incubadas na estufa a 37ºC com 5% de CO
2
e 70% de umidade.
60
Estimativa do número de células por meio de contagem em câmara de Neubauer
(adaptado de Spector et al, 1998)
1 – As células foram tripsinizadas e ressuspensas em 1mL de meio de cultura.
2 – A câmara de Neubauer foi coberta com a lamínula e foram aplicados 10µL de
suspensão de células em cada compartimento da Câmara. Caso alguma diluição tivesse
sido necessária, o número de células contado era multiplicado por esse fator de diluição.
3 As células foram observadas em microscópio óptico (na objetiva com aumento de 40
vezes) e contadas nos quadrantes. Em seguida, foi utilizada a fórmula:
número de células contadas X fator de diluição X 10
4
= nº de células / mL
mero de quadrantes contados
Viabilidade celular (adaptado de Spector et al, 1998)
1 As células foram tripsinizadas e transferidas para um tubo falcon de 15mL, ao qual se
adicionou 3 mL de meio com SFB.
2 – As células foram centrifugadas a 130 x g por 8 minutos.
3 O sobrenadante foi descartado e as células ressuspensas em 3mL de meio de cultura
remanescente.
4 Vinte microlitros da suspensão celular foram incubados com 80µL da solução de Azul
de Tripan (diluição de 5 vezes da cultura).
5 – A câmara de Neubauer foi montada, e nela aplicou-se um volume de 10µL da mistura.
6 Foram contadas 200 células, entre viáveis (transparentes) e não-viáveis (azuis). A
célula não-viável tem a membrana celular mais permeável, e por isso, o corante entra na
célula, tornando-a azul. Após a contagem, foi estabelecida a porcentagem de células
viáveis.
Transfecção utilizando o reagente Lipofectamine 2000 (Invitrogen - n
º
de catálogo
11668019)
1 Em uma placa de cultura de 24 poços foram semeadas cerca de 5 x 10
4
células por
poço, adicionando-se em seguida 500µL de meio contendo SFB.
2 – As células foram incubadas em estufa a 37ºC, 5% de CO
2
e 70% de umidade durante a
noite, até que se atingisse a confluência de 90%.
61
3 No dia seguinte, a monocamada celular foi lavada com 200µL de BSS, e depois se
adicionou 500µL de meio de cultura sem soro.
4 O DNA a ser transfectado foi diluído em meio de cultura sem soro. Para placas de 24
poços, a quantidade a ser utilizada é: 800 ng de DNA para um volume final de 50µL,
completado com meio sem soro.
5 – O reagente lipídico também foi diluído em meio de cultura sem soro. Para placas de 24
poços, a quantidade de lipídeo a ser utilizada é 2µL, para um volume final de 50µL.
6 As duas diluições, do DNA e do lipídeo, foram misturadas e incubadas a temperatura
ambiente por 15 minutos.
7 Após este período, a mistura foi adicionada lentamente sobre o poço em movimentos
cruciformes (no total, foram adicionados 100µL da mistura por poço).
8 – As células foram incubadas a 37ºC com 5% de CO
2
e 70% de umidade.
9 Transcorridas 5 horas após a transfecção, o meio de cultura sem soro foi trocado para
um meio de cultura com soro. Em seguida, a placa foi incubada durante a noite nas
mesmas condições descritas no passo 8.
10 No tempo de 24 e 48 horas pós-transfecção as células foram submetidas ao ensaio de
leitura da atividade da luciferase.
Curva de morte celular e transfecção estável (adaptado de Spector et al, 1998).
Para a obtenção de clone estável e que expresse o gene de interesse é necessário
determinar a concentração mínima requerida do agente seletivo que leve à morte de
células não transfectadas (controle).
1 – Para a seleção com Higromicina B, foram testadas concentrações que variavam de 50 a
550µg/mL.
2 – As células foram semeadas (com meio contendo 10% de SFB) para que no dia
seguinte fosse atingida a confluência de 20 % em placas de 24 poços (10
4
células). As
placas foram incubadas a 37ºC, 5% de CO
2
e 70% de umidade.
3 No dia seguinte, o meio de cultura foi trocado por meio contendo concentrações
variadas de Higromicina (50, 150, 250, 350, 450 e 550µg/mL) e 10% SFB.
4 O meio de cultura com antibiótico foi trocado a cada 48 horas, e as células foram
visualizadas diariamente ao microscópio, por um período de até 14 dias, até que fosse
determinada a concentração onde a maioria das células não-transfectadas morresse.
62
5 Após a determinação da concentração do antibiótico a ser usada, a população mista de
células transfectadas estavelmente foram passadas para garrafas de 25 cm
2
, e a partir daí
mantidas com metade da concentração de Higromicina até a obtenção dos clones estáveis
finais.
6 – Para células CHO-K1, a concentração mínima de antibiótico a ser utilizada foi
determinada em 100µg/mL, e o tempo para que as células do controle morressem foi de 10
dias (durante a observação, verificou-se que a concentração de 50µg/mL não matava as
células em 14 dias, e que a concentração de 150µg/mL matava as células com apenas 6
dias, então optou-se pela concentração intermediária, de 100µg/mL).
7 Após a transfecção desta linhagem celular em placas de 24 poços com os plasmídios
contendo os plasmídios com luciferase, intron A e os oligonucleotídeos Z3 e Z5, as células
foram mantidas durante 10 dias com meio de cultura contendo 10% de SFB e 100µg/mL
de Higromicina B.
8 Após este período, verificou-se que todas as células do controle morreram. As células
que foram transfectadas com o DNA plasmidial contendo a marca seletiva ainda foram
mantidas nas placas de 24 poços por mais 4 dias (com meio contendo 10% de SFB e 100
µg/mL de higromicina B), até que a confluência deste poço chegasse a 90%.
9 Em seguida, as células do poço foram tripsinizadas e transferidas para garrafas de 25
cm
2
.
10 Após 1 semana, as células (ainda mantidas com a mesma concentração de
antibiótico) atingiram a confluência de 90% na garrafa.
11 A população mista de células estáveis foi tripsinizada e transferida para um tubo
falcon de 15mL, ao qual se adicionou meio com SFB para a inativação da tripsina.
12 – O tubo foi centrifugado a 130 x g por 8 minutos.
13 O sobrenadante foi descartado e o sedimento foi ressuspendido em 5mL de meio de
cultura.
14 – Em seguida, as células foram contadas na câmara de Neubauer.
15 Após a contagem, foram feitas diluições seriadas de 0,1 célula por poço, 1 célula por
poço e 10 células por poço, em placas de 96 poços (8 poços para cada diluição para cada
construção). Ao poço foi adicionado 100µL de meio com 10% de SFB e 50µg/mL de
Higromicina B.
16 As células na placa foram observadas durante 1 semana no microscópio de contraste
de fase invertido. Quando era possível observar um pequeno aglomerado celular, que
possuía aproximadamente 3 a 5 células agrupadas em um formato circular, considerava-se
63
que no poço havia um clone estável. Se houvesse mais de um aglomerado celular no poço,
ele era excluído da análise, pois não eram clones isolados, e sim uma população mista.
17 Este clone foi propagado da placa de 96 poços para uma de 48 poços, e em seguida
para uma garrafa de 25 cm
2
, ainda contendo antibiótico a 50µg/mL e SFB a 10%. A partir
de então, as células já poderiam ser congeladas.
3.2.13) Ensaio de atividade da luciferase utilizando o Kit Dual Luciferase Assay System
(Promega – nº de catálogo E1910)
Os ensaios foram realizados em um Luminômetro TD 20/20, Turner Designs,
com tempo de atraso de pré-leitura (premeasurement delay) de 5 segundos e tempo de
leitura (measurement) de 30 segundos. Todos os ensaios foram feitos com triplicatas de
cada amostra, em placas de transfecção de 24 poços, e cada ensaio foi repetido pelo menos
três vezes.
Este kit permite a leitura simultânea da atvidade de 2 luciferases distintas, a
luciferase de vaga-lume (V) e a luciferase de Renilla (R). O valor da atividade apresentada
pela primeira enzima é dividido pelo valor da atividade da segunda enzima, que funciona
como um controle para minimizar diferenças na eficiência de transfecção. Assim, os dados
apresentados nos gráficos indicam a razão entre a atividade de V/R.
Após a abertura do kit, o tampão Luciferase Assay Buffer (tampão de ensaio da
luciferase) foi utilizado para ressuspender o Luciferase Assay Substrate, sendo que este
reagente foi utilizado como substrato da luciferase de vaga-lume. A este reagente deu-se o
nome de LAR II, e este foi aliquotado em tubos de 1,5mL e estocado a 80ºC. O tampão
Stop and Glo Buffer também foi aliquotado em tubos de 1,5mL e estocado a - 20ºC. O
subtrato Stop and Glo Substrate 50X foi diluído no tampão para a concentração 1X
somente na hora do uso, pois esse reagente é muito sensível à degradação. Esse reagente,
após a diluição, foi utilizado como substrato para a luciferase de Renilla. Durante os
ensaios, os substratos são mantidos no gelo.
1 No tempo de 24 e 48 horas pós-transfecção, as células transfectadas em placas de 24
poços foram retiradas da estufa de incubação, e em seguida foram lavadas com 200µL de
PBS 1X, fora do fluxo laminar.
2 Após a lavagem, o Tampão de Lise Passiva 5X (PLB) foi diluído para a concentração
1X, e a cada poço adicionou-se 100
µL de PLB.
64
3 – A placa foi incubada a temperatura ambiente por 15 minutos com suave agitação, para
permitir a lise celular.
4 – Enquanto as células eram lisadas, foram preparados tubos novos de 1,5mL para leitura
das amostras, sendo que elas foram diluídas 1:1000 no próprio tampão de lise 1X.
5 – Após a lise, 20µL das amostras diluídas foram utilizados para a leitura da atividade das
duas luciferases.
6 – À amostra diluída, foram acrescentados 100µL de LAR II para a leitura da atividade da
luciferase de vaga-lume. O tubo foi homogeneizado por pipetagem e colocado no
luminômetro para a leitura. Em seguida, o valor foi anotado.
7 Após a adição do LAR II, foram adicionados 100µL de Stop and Glo
(tampão+substrato) ao mesmo tubo de leitura. A mistura foi homogeneizada por
pipetagem e o tubo foi colocado no luminômetro para a leitura da atividade da luciferase
de Renilla. O valor foi anotado, e em seguida foi feita a razão V/R.
Os plasmídios contendo o gene repórter da luciferase de vaga-lume foram co-
transfectados na proporção 10:1 com o plasmídio pGL.73, que contém o gene repórter da
luciferase de Renilla. Com isso, a atividade da luciferase de vaga-lume das construções
testadas é normalizada de uma forma mais fácil, visto que a leitura da atividade das duas
luciferases pode ser feita sequencialmente e também no mesmo tubo, utilizando o kit
comercial Dual Luciferase Assay System (Promega).
Cada construção foi transfectada em triplicata, sendo que cada poço transfectado
fornece uma leitura da atividade da luciferase de vaga-lume e de Renilla. Com isso, haverá
três leituras para cada construção testada. Os valores obtidos na leitura da atividade da
luciferase de vaga-lume são divididos pelos valores obtidos na leitura da atividade da
luciferase de Renilla, obtendo-se uma relação V/R. Dos três valores verificados para cada
construção testada é feita uma média aritmética e o desvio-padrão para essa média. Os
valores obtidos são plotados em um gráfico comparando a eficiência de cada construção.
Cada experimento foi repetido como descrito acima pelo menos três vezes.
3.2.14) Análise estatística dos valores de atividade da luciferase
O programa utilizado para as análises estatísticas dos dados provenientes dos
ensaios de atividade da luciferase foi o Minitab versão 14.0. Os valores foram avaliados
por meio de testes de ANOVA.
65
3.2.15) Extração de RNA total de células de mamífero (CHO-K1) com o reagente Trizol
(Invitrogen)
Esse método baseia-se na ação do reagente comercial Trizol, que consiste em uma
solução monofásica de fenol e isotiocianato de guanidina, promovendo a extração de RNA
em um passo único (Chomczynski e Sacchi, 1987). De acordo com a metodologia, durante
a homogeneização e lise da amostra, o Trizol mantém a integridade do RNA enquanto
rompe as células e destrói componentes celulares, como proteínas e lipídeos. Além disso,
esse é um método que pode ser utilizado tanto com pequenas quantidades de amostra ou
tecido celular quanto com grandes quantidades. A seguir é apresentado o protocolo
seguido para a extração de RNA de células de mamífero.
1 Após a transfecção das células (6, 12, 24 e 48 horas pós-transfecção), 6 x 10
5
células
em um poço de 10 cm
2
(correspondente ao da placa de 6 poços) foram lisadas diretamente
com a adição de 1mL de Trizol no poço. As amostras foram homogeneizadas para melhor
eficiência de lise.
2 – Em seguida, o volume correspondente ao lisado celular foi transferido para microtubos
de 1,5mL e incubado a temperatura ambiente por 5 minutos, permitindo desse modo a
completa dissociação do complexo de nucleoproteínas.
3 Foram adicionados 200µL de clorofórmio para cada mL de Trizol, misturando-se
vigorosamente por 15 segundos (com o vortex).
4 As amostras foram novamente incubadas a temperatura ambiente por 3 minutos e
depois centrifugadas a 4.000 rpm por 10 minutos. Após a centrifugação, a fase aquosa
(superior, que contém o RNA) foi coletada em um novo microtubo, ao qual se adicionam
500µL de isopropanol. Estas foram homogeneizadas e incubadas a temperatura ambiente
por 10 minutos.
5 As amostras foram centrifugadas a 12.000 rpm por 10 minutos a temperatura
ambiente, sendo que houve a formação de um sedimento com aspecto vítreo, difícil de ser
visualizado.
6 O sedimento do passo 5 foi lavado com 100µL de etanol 75% (v/v) e centrifugado a
12.000 rpm por 10 minutos.
7 Descartou-se o sobrenadante e o sedimento foi deixado à temperatura ambiente para
secar. Em seguida, ele foi ressuspendido em 30
µL de água MiliQ RNAse free.
66
3.1.16) Tratamento do RNA total extraído de CHO-K1 com DNAse RNAse free (Promega)
Após a extração e quantificação do RNA total extraído de CHO-K1, as amostras
foram tratadas com a enzima DNAse I RNAse free, uma endonuclease que degradará
somente as moléculas de DNA que por ventura estejam contaminando as amostras de
RNA. A reação foi realizada com 5µg de RNA total, tampão de reação 10X, e uma
unidade da enzima por micrograma de RNA tratado. Geralmente o volume final da reação
ficava em torno de 20µL. Em seguida, esse sistema foi incubado a 37ºC por 45 minutos, e
após este período, foi adicionada a solução Stop Solution 10X, que contém EGTA e inibe
a enzima, a uma concentração final de 1X. Por fim, o sistema foi aquecido a 65ºC por 10
minutos para a inativação da enzima. Para a remoção dos compostos que poderiam inibir
as reações subseqüentes (a de síntese da fita de DNA complementar, por exemplo), como
o EGTA, o sistema foi precipitado com 2,5 volumes de etanol 100% e 1/10 do volume de
acetato de sódio 3M, todos RNAse free. Essa mistura foi precipitada a 20ºC durante a
noite. No dia seguinte, as amostras foram centrifugadas a 12.000 x g por 45 minutos a 4ºC.
O sobrenadante foi descartado e o sedimento foi lavado com 100µL de etanol 75% (v/v).
As amostras foram novamente centrifugadas 12.000 x g por 15 minutos a 4ºC, e após o
descarte do sobrenadante, o sedimento foi deixado à temperatura ambiente para secar e
ressuspenso em 10µL de água MiliQ RNAse free.
3.2.17) Síntese do DNA complementar (cDNA) por meio de transcrição reversa (RT) com
a enzima transcriptase reversa Superscript III da Invitrogen.
A reação de síntese da fita de DNA complementar por meio de transcrição reversa
foi realizada com células de mamífero da linhagem CHO-K1 que foram transfectadas com
os plasmídios construídos neste trabalho. Os RNAs tratados com a DNAse RNAse free
foram utilizados como molde para a reação.
1 – A fita de cDNA foi sintetizada utilizando-se 2µg de RNA total tratado com DNAse.
2 – Adicionou-se 1µL de oligo(dT)
20
e 1µL de um mix de dNTPs a 10 mM.
3 – O volume da reação foi completado para 13µL com água MiliQ RNAse free.
4 A mistura foi aquecida a 65ºC por 15 minutos e incubada no gelo por pelo menos 1
minuto.
67
5 Após breve centrifugação, aos componentes da reação foram adicionados 4µL do
tampão 5X de síntese de cDNA, 1µL de DTT a 0,1M, 1µL de RNAse OUT e 1µL de
SuperScript III.
6 – A reação foi incubada a 50ºC por 1 hora e inativada por 15 minutos a 70ºC.
7 O cDNA sintetizado era então utilizado para amplificação por PCR, geralmente 4µL
da amostra.
3.2.18) Reação de qPCR (PCR quantitativa) utilizando os cDNAs preparados a partir de
amostras de RNA de CHO-K1 tratadas com DNAse I RNAse free
Este experimento visa verificar os níveis de expressão do mRNA de luciferase das
construções transfectadas em CHO-K1 para avaliar se a quantidade dos transcritos
corresponde à atividade da luciferase observada nos ensaios. Para isso, a máquina cuja
reação foi preparada foi a 7500 Fast Real-Time PCR System, da Applied Biosystems. O
programa utilizado para a leitura da corrida foi o 7500 Fast System SDS Software, versão
1.3.1. Foi feita uma reação de qPCR relativa, ou seja, o valor obtido correspondente aos
níveis de mRNA da amostra será comparado relativamente ao valor dos níveis de mRNA
de um controle. No nosso caso, foi feita uma comparação entre os valores dos níveis de
mRNA de luciferase de vagal-me (target) e de Renilla (endogenous). Foi feita também
uma reação com GAPDH, para verificar se a amplificação das amostras foi homogênea,
mas os valores dos níveis de mRNA de GAPDH não foram utilizados para os cálculos.
Para a reação de PCR, utilizou-se o kit Platinum SYBR Green qPCR SuperMix-
UDG (2X), da Invitrogen. Esse kit contém a enzima Taq, o corante SYBR Green, a
mistura de dNTP, e a enzima UDP, que impede a reamplificação de transcritos durante os
ciclos da reação. Para este experimento, que foi realizado em placas específicas de 96
poços, a reação padrão foi a seguinte:
SYBR Green Mix 2X 5 µL
Primer 1 (10 mM) 0,2 µL
Primer 2 (10 mM) 0,2 µL
cDNA (diluído 1:50) 2 µL
H
2
O MiliQ 2,6 µL
Volume final 10
µL
68
Após a pipetagem da reação na placa, que ocorreu dentro do fluxo laminar, foi
ajustado o padrão de ciclagem da PCR no programa 7500 Fast System SDS Software, que
é descrito a seguir:
Estágio 1 – Ativação/Inativação da enzima UDP
1) 50°C 2 minutos
2) 95°C 5 minutos
3) 95°C 20 segundos
Estágio 2 – Ciclagem
4) 95°C 3 segundos
5) 60°C 30 segundos
O estágio 2 foi repetido 40 vezes.
A placa foi bem selada com um adesivo antes de ir à máquina. Após a reação de
PCR, foi feita uma reação que fornece uma curva de dissociação dos iniciadores
utilizados, indicando se eles formam dímeros e também se amplificam um produto de
PCR. Os parâmetros de ciclagem para esta curva são mostrados abaixo:
1) 95°C 15 segundos
2) 60°C 1 hora
3) 95°C 15 segundos
Após a obtenção dos dados brutos, eles foram analisados por meio de uma
ferramenta existente no próprio programa, denominada Relative Quantification Study.
Nesta ferramenta, os valores correspondentes às amostras-alvo são divididos pelo valor de
uma amostra escolhida pelo próprio usuário, o calibrador. Esta ferramenta calcula os
valores de Ct, ∆∆Ct, 2
Ct
e 2
∆∆Ct
. Este último valor foi plotado no gráfico mostrado na
sessão de Resultados e Discussão.
A análise de quantificações relativas pode ser feita por meio do Método da Curva
Relativa Padrão ou pelo Método Comparativo de Ct (∆∆Ct). O primeiro método requer
que cada placa de reação tenha uma curva-padrão, o que demanda maior gasto de
reagentes, visto que devem ser feitas várias diluições seriadas das amostras. O segundo
método, por nós utilizado, não requer essa curva-padrão, havendo menor gasto de
69
reagentes. Entretanto, para a utilização deste método, deve-se estabelecer se a eficiência da
reação de PCR entre a amostra-alvo e a controle é equivalente. Feito isso, utiliza-se a
fórmula aritmética 2
-∆∆Ct
.
Para a determinação do ∆∆Ct, primeiro deve-se obter o Ct, que é o ciclo onde a
linha de base se intercepta com a curva de reação, denominado Threshold Cicle, ou Ciclo
de Limiar. O valor de Ct já é fornecido pela própria ferramenta de análise do programa. O
valor de Ct é dado pela fórmula:
Ct = Ct amostra-alvo – Ct amostra controle
Utilizando os valores de Ct, é possível calcular o ∆∆Ct, que é dado pela fórmula:
∆∆Ct = Ct amostra-alvo – Ct amostra controle
Em seguida, este último valor é submetido à fórmula aritmética 2
-∆∆Ct
e os valores
obtidos são mostrados no gráfico de análise.
70
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1) Clonagem dos elementos gênicos
4.1.1) Clonagem do promotor de CMV sem intron (pGLCMVI-)
A expressão de proteínas heterólogas em células de mamífero esbarra em uma
questão ainda difícil de resolver: qual o melhor promotor a ser utilizado? Em seu trabalho,
Xu e colaboradores (2001) verificaram que a eficiência do promotor em um vetor
plasmidial para expressão heteróloga depende do tipo celular utilizado. Em nosso trabalho,
foi avaliado o potencial de expressão do gene repórter da luciferase em 4 linhagens de
células de mamífero distintas: CHO-K1, COS7, HEPG2 e HEK-293. Em todos os tipos
celulares estudados, foram testadas diversas construções do promotor de Citomegalovírus
(CMV).
Este promotor foi utilizado por diversos grupos de pesquisa para a produção de
proteínas recombinantes em várias linhagens celulares (Ciafrè et al, 1998; Berdoz et al,
1999; McLean et al, 2000; Schiedner et al, 2002; Papagatsias et al, 2007; Thanaketpaisarn
et al, 2008). Alguns trabalhos mostram ainda que o promotor de CMV, juntamente com o
enhancer, é mais eficiente do que outros promotores que também são utilizados em
vetores para expressão em células de mamífero, como o promotor de SV40 e o do vírus do
Sarcoma de Rous (Mc. Lean et al, 2000; Xu et al, 2001; Gruh et al, 2008; Ogawa et al,
2007). Com base nesses estudos que demostram a eficiência do promotor/enhancer de
CMV, o nosso grupo de Imunologia Molecular vem utilizando este promotor para a
expressão e produção de anticorpos recombinantes humanizados e fatores de coagulação
sanguínea, e por isso, foi o nosso objeto de estudo.
Como neste trabalho pretendemos avaliar o potencial de otimização da expressão
gênica do promotor de CMV juntamente com o elemento em cis denominado intron A, é
necessária a construção do vetor com um gene repórter e o promotor de CMV sem o intron
A, para que posteriormente a atividade da luciferase possa ser comparada. Na figura 10 é
mostrado um esquema da clonagem do promotor de CMV sem intron A no vetor pGL4.14
(Promega), arcabouço que contém o gene repórter da luciferase de vaga-lume.
71
Figura 10. Clonagem do promotor de CMV sem intron, resultando no vetor pGLCMVI-.
O vetor pGL4.14 foi digerido com Hind III e tratado com o fragmento Klenow da DNA
polimerase I para a obtenção de extremidades abruptas. Em seguida, digeriu-se o mesmo vetor
com Bgl II, obtendo-se o vetor linearizado de 5800 pb para a ligação com o promotor sem
intron. o vetor pCMVLacI foi utilizado para a obtenção do inserto. Ele foi digerido com Sac
II e posteriormente tratado com Klenow, para a formação de extremidades abruptas. Depois, o
vetor foi digerido com Bgl II, obtendo-se um fragmento de 1200 pb, correspondente ao
promotor e enhancer de CMV, sem intron A. O vetor e o inserto foram ligados e obteve-se o
vetor pGLCMVI-, que contém o gene repórter da luciferase de vaga-lume Luc2, o gene de beta-
lactamase que confere resistência à ampicilina, gene de resistência à Higromicina B, cuja
expressão é dirigida pelo promotor de SV40, o promotor de CMV sem intron (que foi clonado),
o sinal de poliadenilação de SV40 (para o gene da luciferase) e um sinal de poliadenilação
sintético (para o gene de resistência à Higromicina B).
Digestão com Hind III
Tratamento com Klenow
Digestão com Bgl II
Bgl
II
Hind III/Klenow
Vetor Linearizado de 5800 pb
Sac II/Klenow
Bgl
II
Bgl
II
Sac
II
Digestão com Sac II
Tratamento com Klenow
Digestão com Bgl II
Inserto isolado correspondente ao
promotor de CMV sem intron de 1200 pb
T4 DNA Ligase
72
Para a obtenção do vetor pGLCMVI-, os fragmentos de DNA obtidos após as
digestões com as enzimas de restrição indicadas na figura 10 foram analisados em gel de
agarose para eluição. As bandas correspondentes a esses fragmentos de DNA foram
cortadas do gel e eluídas por freeze-squeeze. Os fragmentos de DNA foram ligados e esta
reação transformada em células competentes XL10-gold por choque térmico. Os clones
transformantes foram analisados por perfil de restrição com as enzimas Bgl II e Pst I. Os
clones considerados positivos foram também seqüenciados com os iniciadores
seqpGL4.14, 5’pCMV e 3’pCMV.
4.1.2) Clonagem do promotor de CMV com intron A (pGLCMV)
O vetor pGLCMV é o vetor para a expressão do gene repórter da luciferase de
contém o intron A de citomegalovírus. O procedimento para a clonagem do
promotor/enhancer de CMV com intron A no vetor pGL4.14 foi o seguinte: digeriu-se
este plasmídio com Bgl II e Hind III, obtendo-se um fragmento linear com
aproximadamente 5800 pb, sendo as duas extremidades de ligação coesivas. O vetor
pCMV LacI foi digerido com as mesmas enzimas, sendo isolado um fragmento de
aproximadamente 2100 pb. O vetor e o inserto foram ligados com a enzima T4 DNA
Ligase, e este sistema de ligação foi transformado em células XL10-gold por choque
térmico. Os clones obtidos foram tiveram seu perfil de restrição analisado em gel de
agarose 0,8% com as enzimas Bgl II e Hind III, liberando o fragmento clonado em torno
de 2000 pb. Além da confirmação por digestão, a seqüência do clone positivo foi também
confirmada por seqüenciamento com os mesmos iniciadores utilizados para o vetor
pGLCMVI-. A figura 11 mostra o esquema da estratégia de construção do vetor.
73
Figura 11. Clonagem do promotor de CMV com intron A, resultando no vetor pGLCMV.
O vetor pGL4.14 foi digerido com Hind III e Bgl II, obtendo-se o vetor linearizado de 5800 pb
para a ligação com o promotor com intron A. Já o vetor pCMVLacI foi utilizado para a
obtenção do inserto. Ele foi digerido com Hind III e Bgl II, obtendo-se um fragmento de 2100
pb, correspondente ao promotor e enhancer de CMV com intron A. O vetor e o inserto foram
ligados e obteve-se o vetor pGLCMV, que contém o gene repórter da luciferase de vaga-lume
Luc2, o gene de beta-lactamase que confere resistência à ampicilina, gene de resistência à
Higromicina B, cuja expressão é dirigida pelo promotor de SV40, o promotor de CMV sem
intron (que foi clonado), o sinal de poliadenilação de SV40 (para o gene da luciferase) e um
sinal de poliadenilação sintético (para o gene de resistência à Higromicina B).
Digestão com Hind III
Digestão com Bgl II
Vetor Linearizado de 5800 pb
Bgl
II
Hind
III
Digestão com Hind III
Digestão com Bgl II
Inserto isolado correspondente ao promotor
de CMV com intron A de 2100 pb
T4 DNA Ligase
Bgl
II
Hin
d
III
Hind III
Bgl
II
74
4.1.3) Construção de versões deletadas do intron A (IA)
O potencial de melhoramento da expressão de proteínas de interesse foi avaliado
por diversos autores (Chapman et al, 1991; Xia et al, 2006; Xu et al, 2001), que
compararam a produção dos produtos por meio de análises quantitativas do sobrenadante
das culturas celulares, como ELISA e Western Blot. Entretanto, pouco se sabe sobre as
regiões específicas do intron A necessárias para a sua função, sendo que apenas uma
patente teve como abordagem a deleção de uma região do intron A (Missha e Shupisu,
2007). Desse modo, foram construídas 3 versões de vetores contendo o gene repórter da
luciferase de vaga-lume, cada uma com uma deleção distinta do intron A. Assim, busca-se
um intron mínimo que possa funcionar de maneira similar ao intron selvagem, ou melhor.
A figura 12 mostra um esquema de como foram realizadas as deleções no intron A do
vetor pGLCMV.
A
B
C
D
Figura 12. Deleções realizadas no intron A de CMV. Os quatro painéis mostram construções
com o intron A deletado (B, C e D) comparadas com a construção contendo o intron A
selvagem (A). Os triângulos azuis representam o promotor e enhancer de CMV, e os traços
pretos o intron A, inteiro ou deletado. No painel “A” estão evidenciados os três sítios de
restrição utilizados para a realização das deleções, os potenciais sítios doador e aceptor de
splicing ( ), e o ATG predito ( ) . O promotor e intron não estão em escala.
Como observado na figura 12, foram construídas 3 versões de vetores com o intron
A deletado e o gene repórter da luciferase. No painel “A” é mostrada a construção
pGLCMV, e nos painéis “B”, ”C” e ”Das construções com as deleções de 400, 600 e
200pb, respectivamente. Elas foram denominadas pGLCMV400 (B), pGLCMV600 (C)
e pGLCMV
200 (D). No anexo 1 são fornecidos maiores detalhes sobre a construção das
versões deletadas do intron A.
IA 400
CMV
CMV
CMV
CMV
IA 200
IA 600
IA inteiro
75
4.1.4) Introdução de seqüências indutoras de Z-DNA no vetor pGLCMV
Tendo em vista o potencial da conformação Z do DNA de interferir na expressão
gênica (Schroth et al, 1992; Liu e Wang, 1987; Oh et al, 2002), foi adicionado ao vetor
pGLCMV, que já contém o intron A, seqüências que podem induzir a conformação Z do
DNA próximas à região do promotor de CMV. Suas seqüências podem ser verificadas na
tabela 2 da sessão Materiais e Métodos. A figura 13 mostra um esquema de como foi
realizado o anelamento dos oligonucleotídeos denominados Z1, Z3 e Z5 e a clonagem
deles no vetor pGLCMV.
OU OU
Figura 13. Anelamento dos oligonucleotídeos Z1, Z3 e Z5 e clonagem no vetor pGLCMV.
Os oligonucleotídeos foram todos anelados ao oligonucleotídeo Z0, e em seguida, as
extremidades sobressalentes foram preenchidas por meio de tratamento com o fragmento
Klenow da DNA polimerase I. Após esse tratamento, as seqüências resultantes foram clonadas
no vetor pGLCMV, entre os sítios de restrição da enzima Ssp I, evidenciados em vermelho na
região 5’do promotor de CMV.
Como foi verificado na figura 15, o oligonucleotídeo Z0 foi usado como base para
o anelamento dos outros três (Z1, Z3 e Z5). É possível verificar também pela figura e pela
análise da tabela 2 (Materiais e Métodos) que as seqüências dos oligonucleotídeos Z0 e Z5
são inteiramente complementares, sendo que desse modo, o anelamento não originará
Oligo Z0
Oligo Z3
Oligo Z5
Oligo Z1
Oligo Z0
Oligo Z0
Anelamento dos oligos,
preenchimento das extremidades
com o fragmento Klenow e
ligação no vetor pGLCMV
Ssp
I
Ssp
I
Digestão do vetor pGLCMV
com a enzima de restrição Ssp I.
Os sítios estão evidenciados em
vermelho.
76
extremidades sobressalentes. Diferentemente das seqüências Z1 e Z3, que após o
anelamento com Z0 e extensão com Klenow resultam em alternâncias de purinas e
pirimidinas, a seqüência Z5 não possui esse padrão de repetições. Com isso, esta
seqüência não induz a formação de Z-DNA, mas funciona apenas como um controle para
a manipulação do vetor, sendo uma seqüência não-relacionada introduzida no mesmo sítio
de clonagem das demais seqüências, os objetos de estudo.
Com a análise da figura 13, observa-se que a digestão do vetor pGLCMV com a
enzima de restrição Ssp I removeu propositalmente a região inicial do promotor de CMV.
Esta região contém 4 sítios de ligação ao fator de transcrição NF1 (Hennighausen e
Fleckenstein, 1986), como foi representado na figura 6 da Introdução, sendo que eles
foram eliminados do promotor após a digestão do vetor. Segundo Chapman e
colaboradores (1991), esses sítios de NF1 na região 5’do promotor/enhancer funcionam
como moduladores negativos na expressão de transgenes em células da linhagem COS-7.
Com isso, a remoção desta região nessas construções do vetor pGLCMV com seqüências
formadoras de Z-DNA pareceu ser importante para a melhor atividade do promotor.
Após a digestão do vetor com a enzima Ssp I, o vetor linearizado e os
oligonucleotídeos (anelados e tratados com Klenow) foram ligados com a enzima T4 DNA
ligase. O sistema de ligação, antes de ser transformado, foi digerido com a enzima Ssp I, a
fim de que fossem eliminados os plasmídios que religaram. Isso impede que vários
oligonucleotídeos se liguem entre si, permitindo apenas a ligação de uma seqüência
indutora de Z-DNA no vetor. Apenas depois desse tratamento que o sistema de ligação foi
transformado em células DH5α por choque térmico. Os clones transformantes foram
analisados por digestão com a enzima de restrição Not I e por seqüenciamento. As
seqüências obtidas foram alinhadas no programa BioEdit com a seqüência predita dos
oligonucleotídeos. Na figura 14 são mostrados os alinhamentos dos clones obtidos para os
vetores pGLCMVZ5 e pGLCMVZ3. Não foi obtida nenhuma seqüência de qualidade do
vetor pGLCMVZ1, mas ele foi confirmado como sendo positivo pela digestão com a
enzima de restrição citada acima. Uma outra construção derivada da digestão do vetor
pGLCMV com a enzima de restrição Ssp I foi denominada pGLCMV5’, pois ela resulta
apenas da digestão do vetor e remoção da região de aproximadamente 700 pb do início
(5’) do promotor de CMV, que tinha sido descrita como inibotória COS-7 (Chapman et al,
1991).
77
A
B
Figura 14. Alinhamento da seqüência dos vetores pGLCMVZ5 (painel A) e pGLCMVZ3
(painel B). As seqüências obtidas por seqüenciamento automático com o MegaBace foram
alinhadas no programa BioEdit com as seqüências preditas para os oligonucleotídeos Z5 e Z3
(painel B e A, respectivamente) após o anelamento com Z0 e preenchimento das extremidades
com Klenow.
4.1.5) Construção do vetor pMACIA scFvZ22NLS
O grupo de Imunologia Molecular da UnB já utiliza o anticorpo recombinante anti-
Z-DNA denominado Z22 mais de 10 anos (Brígido et al, 1993; Andrade et al, 2000;
Ruggiero, 2001; Vaz de Andrade et al, 2005; Burtet et al, 2007), tanto na forma scFv (do
inglês single chain fragment variable) quanto na forma FvFc, que consiste na forma scFv
com a porção cristalizável do anticorpo (Fc), ou ainda como Fab recombinante. O Fab é
um fragmento de anticorpo que contém o sítio de reconhecimento do antígeno, com uma
cadeia leve e parte de uma cadeia pesada, obtido por digestão enzimática. Apesar de ser
conhecido e utilizado desde a década de 80 como anticorpo monoclonal, foi somente na
década de 90 que o gene codificando este anticorpo na forma scFv foi clonado,
seqüenciado e expresso em E. coli (Brígido et al, 1993). Este anticorpo reconhece o Z-
DNA, independentemente da seqüência associada à esta conformação (Brígido e Stollar,
1991).
Desse modo, a fim de verificar se as regiões onde foram clonadas as seqüências
indutoras de Z-DNA realmente promovem a formação desta conformação, foi construído
um plasmídio para transfecção em células de mamífero que continha o gene
correspondente ao fragmento scFv do Z22. Entretanto, ao contrário dos vetores
existentes que possuem um peptídeo sinal para a secreção do anticorpo após a sua
produção, este vetor contém uma seqüência codificadora do sinal de localização nuclear
78
(NLS, do inglês nuclear localization signal), que direciona o anticorpo para o núcleo após
a produção. Isso porque as seqüências indutoras de Z-DNA encontram-se nos plasmídios
que foram transfectados em células de mamífero de forma transiente ou estável, e dessa
forma, permanecem no núcleo de forma epissomal ou integrada. A seqüência
correspondente ao NLS foi inserida no lugar da seqüência do peptídeo sinal, na região
5’do gene. Essa mesma construção de um vetor com o NLS depois do gene também foi
feita por Stallings e Silverstain em 2005, que verificaram a presença do NLS na região 5’
da ORF (do inglês open reading frame) do vírus da Varicella. Esta construção, alpem do
NLS, contém a proteína A e uma seqüência His-TAG para a detecção e recuperação desta
proteína. Segundo Iosef e colaboradores (2007), para a construção de uma proteína
recombinante com NLS, é fundamental que a molécula resultante tenha o tamanho
máximo de aproximadamente 40 kDa, visto que proteínas com tamanho maior têm
dificuldade para atravessar o poro nuclear. No caso da construção realizada neste trabalho,
o tamanho da proteína com o NLS, proteína A e His-TAG não ultrapassa este valor, tendo
um tamanho aproximado de 30 kDa.
Para a construção do vetor pMACIA scFvZ22NLS, foram realizadas as seguintes
etapas:
a) Realização de 2 PCRs com 2 pares de iniciadores distintos (seqüências observadas
na tabela 2 da sessão Materiais e Métodos). Na primeira PCR o vetor utilizado
como molde foi o vetor pIg16, cujo mapa esquemático foi mostrado na figura 9.
Esta PCR utiliza um par de iniciadores que amplificam o gene do fragmento
scFvZ22 e inserem a seqüência correspondente ao NLS, resultando em uma banda
correspondente a um fragmento de DNA de aproximadamente 1000 pb (figura 15).
79
MM 1 2 3 4 5
Figura 15. Obtenção do fragmento scFvZ22NLS – Etapa. O primeiro poço do gel mostra
o marcador de tamanho molecular 1 Kb plus da Invitrogen (MM). Em “1” e “2” são mostrados
dois controles negativos sem o DNA molde. O poço “3” é a reação sem o iniciador 5’, e o poço
“4” é a reação sem o iniciador 3’. As duas bandas que aparecem nos poços “3” e “4”
representam o DNA plasmidial utilizado como molde e que foi colocado nas reações. O poço
“5” é a reação de PCR completa, com os dois iniciadores e o DNA plasmidial molde. Na seta
foi indicado o tamanho esperado da banda de amplificação. No gel foi aplicado 1/10 do volume
total da PCR.
Os componentes utilizados para a primeira reação são mostrados a seguir:
DNA molde (50 ng) = 1 µL
Tampão 10X CenBIOT = 5 µL
dNTP 10mM = 1 µL
MgCl
2
50mM = 2 µL
Primer 5’ 10mM = 4 µL
Primer 3’ 10 mM = 4 µL
Taq CenBIOT (2 u/ µL) = 1 µL
Água MiliQ = 32 µL
Volume Final = 50 µL
1,65Kb
2 Kb
1 Kb
80
O padrão de ciclagem realizado nesta reação é mostrado abaixo:
1- 94ºC 5 minutos
2- 94ºC 1 minuto
3- 58ºC 1 minuto
4- 72ºC 2 minutos
5- ir ao passo 2 30 vezes
6- 72ºC 10 minutos
7- 4ºC indefinidamente
8- Fim
Tendo em vista o aparecimento de bandas inespecíficas na reação, tentamos
realizar a mesma PCR em outras condições: modificando a concentração de cloreto de
magnésio da reação e aumentando a temperatura de anelamento dos iniciadores. A
primeira condição não evitou o aparecimento das outras bandas no gel, e o aumento da
temperatura de anelamento não resultou no aparecimento da banda esperada na reação. A
combinação do aumento da temperatura de anelamento e da concentração de magnésio
também não resultou na amplificação de bandas no gel. Com isso, optamos por seguir os
parâmetros citados acima, que apesar de mostrarem uma amplificação inespecífica,
resultam no aparecimento do fragmento de DNA do tamanho esperado.
b) No próprio gel de agarose, visualizou-se a banda correspondente ao fragmento de
DNA do tamanho esperado. Apesar de ter ocorrido uma amplificação inespecífica
que resultou no aparecimento de mais duas bandas que representam fragmentos de
DNA de tamanhos diferentes do esperado, a banda maior foi isolada para o
próximo passo da PCR. Com uma micropipeta, inseriu-se a ponta de uma ponteira
na região do gel onde se observava a banda, com auxílio da luz UV. Recolheu-se
um pouco de líquido que continha o DNA a ser utilizado como molde para a
segunda PCR. Na segunda PCR, foram utilizados dois iniciadores que inseriram
sítios para as enzimas de restrição BamH I e Nhe I nas extremidades do gene. Estes
sítios são fundamentais para a clonagem deste produto no vetor pMACIA, que é o
vetor para a expressão heteróloga em células de mamífero. O produto dessa reação
de PCR também é um fragmento de DNA com aproximadamente 1000 pb (figura
16).
81
MM 1
Figura 16. Obtenção do fragmento scFvZ22NLS – Etapa. No primeiro poço do gel
mostrado na figura verifica-se o marcador molecular 1 kb plus da Invitrogen (MM). No poço
representado por “1”, observa-se a segunda reação de PCR completa, utilizando como molde o
DNA oriundo da banda de tamanho esperado do gel da primeira PCR. No gel foi aplicado 1/10
do volume total da PCR.
Os componentes utilizados nesta reação foram os seguintes:
DNA molde da primeira PCR = 4 µL
Tampão 10X CenBIOT = 5 µL
dNTP 10mM = 1 µL
MgCl
2
50mM = 2 µL
Primer 5’ 10mM = 4 µL
Primer 3’ 10 mM = 4 µL
Taq CenBIOT (2 u/ µL) = 1 µL
Água MiliQ = 28 µL
Volume Final = 50 µL
Os parâmetros de ciclagem da segunda PCR foram idênticos aos da primeira
reação. Neste caso, ainda apareceram algumas bandas de fragmentos de DNA
inespecíficas, mas a banda correspondente ao fragmento de DNA com tamanho esperado
era mais forte e mais nítida.
c) A banda no gel correspondente ao fragmento de DNA de 1000 pb oriundo da
segunda reação de PCR foi cortada do gel e o DNA foi purificado da agarose por
freeze-squeeze. O fragmento de DNA resultante foi ligado no vetor pGEM T-easy,
da Promega, com a enzima T4 DNA Ligase. Este vetor possui extremidades
1 Kb
1,65 Kb
2 Kb
82
coesivas com o desoxinucleotídeo timidina. Em produtos de PCR amplificados
com a enzima Taq polimerase, há a formação de extremidades contendo um
nucleotídeo de adenosina. A seqüência do clone considerado positivo é observada
na figura 17.
L A T M A P K K K R K V G K V Q L V E S G G G L V Q
1 GGCTAGCCACCATGGCTCCAAAGAAGAAGCGGAAGGTAGGTAAGGTGCAACTTGTTGAGTCTGGTGGAGGATTGGTGCAG 80
P K G S L K L S C A A S G F N F N T Y A M N W V R Q A
81 CCTAAAGGGTCATTGAAACTCTCATGTGCAGCCTCTGGATTCAACTTCAATACCTACGCCATGAACTGGGTCCGCCAGGC 160
P G K G L E W V A R I R S K S N N Y A T Y Y A D S M
161 TCCAGGAAAGGGTTTGGAATGGGTTGCTCGCATAAGAAGTAAAAGTAATAATTATGCAACATATTATGCCGATTCAATGA 240
K D R F T I S R D D S E N M L Y L Q M I N L K A E D T
241 AAGACAGATTCACCATCTCCAGAGATGATTCAGAAAACATGCTCTATCTGCAAATGATCAACTTGAAAGCTGAGGACACA 320
A M Y Y C V R Q A Y S N Y G A M D Y W G Q G I S V T V
321 GCCATGTATTACTGTGTGAGACAGGCATATAGTAACTACGGTGCTATGGACTACTGGGGTCAAGGAATTTCAGTCACCGT 400
S S R G G G G S G G G G S G G G G S D L Q M T Q T T
401 CTCCTCTAGAGGTGGGGGCGGTTCGGGTGGCGGGGGCTCGGGCGGGGGAGGCTCAGATCTCCAGATGACGCAGACTACAT 480
S S L S A S L G D R V T I S C S A S Q G I S N Y L N W
481 CCTCCCTGTCTGCCTCTCTGGGAGACAGAGTCACCATCAGTTGCAGTGCAAGTCAGGGCATTAGTAATTATTTAAACTGG 560
Y Q Q K P D G T V K L L I Y Y T S R L H S G V P S R F
561 TATCAGCAGAAACCAGATGGAACTGTTAAACTCCTGATCTATTACACATCAAGATTACACTCAGGAGTCCCATCAAGGTT 640
S G S G S G T D Y S L T I S N L E P E D I A T Y F C
641 CAGTGGCAGTGGGTCTGGGACAGATTATTCTCTCACCATCAGCAACCTGGAACCTGAAGATATTGCCACTTATTTTTGTC 720
Q Q Y S K F P F T F G S G T K L E I K H H H H H G D P
721 AGCAGTATAGTAAGTTCCCATTCACGTTCGGCTCGGGGACAAAGTTGGAAATAAAACATCATCATCACCATGGTGATCCG 800
K A D N K F N K E Q Q N A F Y E I L H L P N L N E E Q
801 AAAGCTGACAACAAATTCAACAAAGAACAACAAAATGCTTTCTATGAAATCTTACATTTACCTAACTTAAATGAAGAACA 880
R N G F I Q S L K D D P S Q S A N L L A E A K K L N
881 ACGCAATGGTTTCATCCAAAGCTTAAAAGATGACCCAAGCCAAAGCGCTAACCTTTTAGCAGAAGCTAAAAAGCTAAATG 960
D A Q A P K A H H H H H H G *
961 ATGCACAAGCACCAAAAGCTCACCATCACCATCATCATGGCTA 1000
Figura 17. Seqüência do scFvZ22NLS. É mostrada a seqüência do clone 7 do vetor pGEM
scFvZ22NLS obtida por meio do seqüenciamento automático. Acima da seqüência de
nucleotídeos foi evidenciada a seqüência de aminoácidos da proteína predita. Em vermelho está
representada a seqüência do NLS. Em verde observa-se a seqüência da região variável pesada
(VH) do anticorpo, em amarelo o peptídeo conector, ou linker, em roxo a seqüência da porção
variável leve (VL) do fragmento scFv, em marrom a seqüência da proteína A e em azul o o His-
Tag.
83
d) O clone do pGEM scFvZ22NLS foi digerido com Nhe I e BamH I, mesmas
enzimas usadas para a digestão do vetor pMACIA (representado na figura 9). Após
as digestões dos dois vetores para a obtenção de um vetor linear e do inserto, os
fragmentos de DNA foram ligados com a enzima T4 DNA ligase, e os clones
obtidos a partir da transformação do sistema de ligação por choque térmico em
células DH5α foram digeridos com Bgl II para análise do perfil de restrição e
confirmação da clonagem final. Assim, obteve-se o vetor pMACIA scFvZ22NLS
para a co-transfecçao com os plasmídios contendo as seqüências indutoras de Z-
DNA. Um esquema da clonagem do fragmento scFv Z22NLS no vetor pMACIA
pode ser verificado na figura 18.
84
Figura 18. Clonagem do fragmento scFvZ22NLS no vetor pMACIA. A clonagem do
fragmento de DNA de aproximadamente 1000 pb no vetor para a expressão em células de
mamífero pMACIA (vetor com promotor de CMV e intron A) foi realizada conforme o
esquema acima. Os sítios para as enzimas de restrição utilizadas foram evidenciados em
vermelho. A seta azul identificada por “bla” é o gene da β-Lactamase, que confere resistência à
ampicilina para a amplificação dos plasmídios em bactérias.
pMACIA
5500 pb
pGEMT
scFv NLS
4000 pb
IA
Bam HI
Nhe
I
Nhe
I
Bam HI
scFvZ22NLS
Digestão com
Nhe I e BamH I
Digestão com
Nhe I e BamH I
Vetor linear de
5500 pb
Inserto de 1000 pb
T4 DNA Ligase
scFvZ22NLS
SV40-poliA
IA
pMACIA
scFvZ22
NLS
6500 pb
NLS VH L VL PA HT
85
4.2) Determinação dos níveis de expressão gênica das diferentes construções em
células de mamífero
4.2.1) O Cultivo de diversas linhagens de células de mamífero
Neste trabalho foram utilizadas as seguintes linhagens para a transfecção transiente
dos plasmídios contendo o gene repórter da luciferase: CHO-K1, COS-7, HepG2 e HEK-
293. A linhagem CHO-K1 foi cultivada com meio HAM-F12 suplementado com 10%
(v/v) de SFB. As linhagens COS-7 e HEK-293 foram crescidas em meio DMEM, também
contendo 10% de SFB. Por fim, a linhagem HepG2 foi cultivada em meio RPMI com 10%
de SFB. Todas as garrafas foram mantidas na estufa a 37ºC, 70% de umidade e 5% de
CO
2
. Quando o meio de cultura tornava-se amarelado (significando maior acidez), as
células eram tripsinizadas e passadas em menor quantidade para as garrafas. Após três
passagens (metodologia descrita na sessão Materiais e Métodos), as células estavam
prontas para serem transfectadas com os plasmídios contendo os elementos a serem
testados.
4.2.2) Transfecção Transiente
Após o número mínimo de passagens requeridas para a transfecção, as células
foram transferidas para placas de cultura de 24 poços e transfectadas com os plasmídios de
interesse utilizando-se o lipídio catiônico Lipofectamine 2000 (Invitrogen). Em todas as
linhagens celulares estudadas, foram testadas as seguintes construções por meio de
transfecção transiente: os plasmídios contendo o gene repórter da luciferase com o
promotor de CMV sem intron, com intron A inteiro e deletado (deleções de 200 pb, 400
pb e 600 pb). Nas linhagens CHO-K1 e COS-7 foram testadas a construção que contém o
promotor de CMV deletado na região 5’ e com intron A inteiro. Por fim, apenas na
linhagem CHO-K1 foram testadas todas as construções com intron A e oligonucleotídeos
indutores de Z-DNA (Z1, Z3 e Z5).
86
4.2.2.1) Efeito do intron A inteiro na atividade da luciferase nas linhagens celulares
CHO-K1, COS-7, HepG2 e HEK-293
As construções pGLCMVI- e pGLCMV, que contêm respectivamente o promotor
de CMV sem o intron A e com o intron A inteiro, foram transfectadas transientemente em
CHO-K1, COS-7, HepG2 e HEK-293, e após a transfecção a atividade da luciferase foi
medida 24 e 48 horas após a transfecção. Na figura 19 são mostrados os gráficos
referentes a esses valores em todas as linhagens celulares citadas. Cada gráfico representa
um experimento significativo de três repetições realizadas.
87
A
Ensaio de Atividade da Luciferase em CHO-K1 -
Efeito do intron A
0,1
1
10
100
1000
pGLCMVI- pGLCMVIA
Unidades relativas de
luminescência (V/R)
24 h
48 h
B
Ensaio de Atividade da Luciferase em COS-7 - Efeito
do intron A
0,01
0,1
1
10
100
1000
pGLCMVI- pGLCMVIA
Unidades relativas de
luminescência (V/R)
24 h
48 h
C
Ensaio de Atividade da Luciferase em HpG2 - Efeito
do intron A
0,1
1
10
100
1000
pGLCMVI- pLGCMVIA
Unidades relativas de
luminescência (V/R)
24 h
48 h
D
Ensaio de Atividade da Luciferase em HEK-293 -
Efeito do intron A
0,1
1
10
100
1000
10000
pGLCMVI- pGLCMVIA
Unidades relativas de
luminescência (V/R)
24 h
48 h
Figura 19. Efeito do intron A inteiro na atividade da luciferase em CHO-K1 (painel A),
COS-7 (painel B), HepG2 (painel C) e HEK-293 (painel D). As construções referentes aos
plasmídios com o gene repórter da luciferase de vaga-lume e promotor de CMV sem intron A
(pGLCMVI-) e com intron A (pGLCMV) foram transfectadas em quatro linhagens de células
de mamíferos e posteriormente mediu-se a atividade da luciferase 24 e 48 horas pós-
transfecção. O asterisco vermelho indica que os valores apresentados são estatisticamente
significativos, com P<0,05.
*
*
*
*
*
*
*
*
pGLCMV
pGLCMV
pGLCMV
pGLCMV
88
Os resultados acima mostram a grande eficiência do intron A para a melhora da
atividade da luciferase induzida em condições de transfecção transiente, sendo que foram
observados aumentos de 100 até quase 1000 vezes da atividade da enzima, dependendo da
linhagem celular. Destaca-se a linhagem celular HEK-293, que apresentou os maiores
níveis de atividade da luciferase. Este dado corrobora a afirmação de que esta linhagem
celular é uma das mais eficientes para a obtenção de níveis significativos de proteínas em
transfecções transientes (Durocher et al, 2002). O intron A foi utilizado na sua forma
inteira em diversos trabalhos (Tripathy et al, 1996; Chapman et al, 1991; Xu et al, 2001;
Xia et al, 2006), sendo que em todos os estudos foi mostrado que este elemento tem um
grande potencial de otimização da expressão gênica, com aumentos de 2 a 9 vezes da
expressão do produto de interesse, dependendo do tipo celular utilizado e da proteína
produzida. Apesar destes aumentos observados na literatura serem bem menores do que os
apresentados neste trabalho, deve-se considerar que o tipo de ensaio é diferente. Na
maioria dos autores analisados, o estudo comparativo foi realizado com proteínas
secretadas e que sofrem modificações pós-traducionais, como glicosilação. Nossos ensaios
foram feitos verificando a atividade da enzima luciferase, que é uma proteína menos
complexa que as dos demais estudos, tendo produção intracelular e não apresentando
nenhuma modificação pós-traducional. Com isso, os dados de aumento da atividade da
luciferase mostram o real potencial de otimização da expressão gênica do intron A sem a
influência de fatores complicadores, como a complexidade da proteína de estudo, dos tipos
celulares e de suas capacidades de secreção.
No trabalho de Xu e colaboradores (2001) demonstrou-se também que o intron A,
dentre os outros introns utilizados (intron da β-actina e intron quimérico), foi o que
apresentou melhor eficiência de expressão gênica (in vivo e in vitro) dentre todas as
linhagens de células de mamífero por ele testadas. Nos experimentos in vitro, os aumentos
em relação aos introns da β-actina e quimérico variaram de 3 a 8 vezes, dependendo da
linhagem celular. A atividade dos outros dois introns era similar. Nos experimentos in
vivo, o aumento foi de 2 vezes para células hepáticas e 4 vezes para células musculares.
Com isso, os resultados obtidos corroboram os dados da literatura, que mostram o intron A
como um importante elemento para a otimização da expressão gênica.
89
4.2.2.2) Efeito das deleções do intron A na atividade da luciferase nas linhagens celulares
CHO-K1, COS-7, HepG2 e HEK-293.
Uma vez definida a ação positiva da presença do intron A, passamos a tentar a
delimitar a região capaz de exercer essa atividade, com o objetivo de tentar identificar
introns mais curtos com menor impacto nos vetores utilizados. Foram feitas construções
em que o intron A foi deletado em algumas regiões, a fim de verificar a porção mínima do
intron que fosse funcional. As diferentes construções com o intron A deletado estão
descritas na figura 13. Todas elas foram transfectadas de forma transiente em CHO-K1,
COS-7, HepG2 e HEK-293, e 24 e 48 horas s-transfecção foi medida a atividade da
luciferase. Na figura 20 são mostrados os gráficos com os valores relativos da atividade da
luciferase para as quatro linhagens de células destacadas. Cada gráfico representa um
experimento significativo de três repetições realizadas.
90
A B
Ensaio de Atividade da Luciferase em CHO-K1 -
Efeito das deleções do intron A
0
100
200
300
400
500
600
Intron A d200 d400 d600
Unidades relativas de
luminescência (V/R)
24 h
48 h
Ensaio de Atividade da Luciferase em HepG2 -
Efeito das deleções do intron A
0
100
200
300
400
500
600
700
pGLCMVIA 200 400 600
Unidades relativas de luminescência
(V/R)
24 h
48 h
C D
Ensaio de Atividade da Luciferase em COS-7 - Efeito das
deleções do intron A
0
50
100
150
200
250
300
pGLCMVIA 200 400 600
Unidades relativas de
luminescência (V/R)
24 h
48 h
Ensaio de Atividade da Luciferase em HEK-293 - Efeito das
deleções do intron A
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
pGLCMVIA 200 400 600
Unidades relativas de Luminescência
(V/R)
24 h
48 h
Figura 20. Efeito das deleções do intron A na atividade da luciferase em CHO-K1 (painel A), HepG2 (painel B), COS-7 (painel C) e HEK-293 (painel D).
As construções referentes aos plasmídios com o gene repórter da luciferase de vaga-lume e promotor de CMV com intron A (pGLCMV), intron A deletado em
200 pb (200), intron A deletado em 400 pb (400) e intron A deletado em 600 pb (600) foram transfectadas em quatro linhagens de células de mamíferos e
posteriormente mediu-se a atividade da luciferase 24 e 48 horas pós-transfecção. Os asteriscos vermelhos indicam que os valores apresentados têm diferença
estatisticamente significativa, com P<0,05. Os asteriscos verdes indicam que não há diferença significativa entre o valor de pGLCMV600 e de pGLCMV para as
linhagens celulares em questão.
pGLCMV
200
400 600
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
pGLCMV
pGLCMV
pGLCMV
91
Os valores mostrados nos gráficos acima indicam que as construções com intron
A deletado funcionam tão bem quanto ou até melhor do que a construção com intron A
selvagem. A deleção de 200 pb no intron A foi a que apresentou melhores resultados em
relação ao aumento da atividade da luciferase, que foi de aproximadamente 4 a 6 vezes,
dependendo da linhagem celular.
A deleção de 400 pb, ao contrário, resultou em uma queda brusca da atividade
da luciferase em todas as células estudadas, sendo que essa redução chegou a mais de 10
vezes. A deleção de 600 pb melhorou a atividade da luciferase apenas em HepG2 (em
torno de 3 vezes) e em CHO-K1 (em torno de 2 vezes), enquanto que nas outras células
essa construção não mostrou uma diferença significativa na atividade da luciferase
quando comparada com a atividade da construção com intron A inteiro. É importante
ressaltar também que os valores da atividade da luciferase na linhagem celular HEK-
293 foram os maiores dentre todas as linhagens celulares estudadas, o que pode ser
verificado pela análise da escala dos gráficos, que é 10 vezes maior em HEK-293 do
que nas outras três linhagens.
Uma possível explicação para os valores obtidos das deleções no intron A está
na presença de um sítio de ligação a um fator inibidor da transcrição na região de 200
pb deletada na construção pGLCMV200. Com a remoção desta região, o fator não
mais se ligaria e consequentemente não inibiria a atividade da luciferase. Porém, no
intron A inteiro essa região está presente e mesmo assim não se observa um efeito de
modulação negativa na atividade da luciferase. Em 1991, Ghazal e Nelson mostraram
que um sítio de ligação a um fator transcricional desconhecido é encontrado no exon 1,
e que apenas este elemento, sem o intron A, é capaz de melhorar a expressão da
enzima CAT (do inglês chloranphenicol acetyltransferase) em quase 10 vezes em
células da linhagem HeLa. Como observado na figura 6 da Introdução, o exon 1 contém
a região 5’UTR do mRNA do gene IE1 de CMV. Além disso, a presença do sítio de
ligação ao fator NF-1 (Chapman et al, 1991), que é um ativador transcricional. Portanto,
o sítio inibidor putativo, estando dentro do contexto do intron A, exon 1 e 2 teria um
efeito atenuado. Além disso, pode haver outros tios que anulem ou atenuem o efeito
deste possível sítio de ligação a um fator inibidor localizados na região mais distal do
intron A, que em conjunto contribuiriam para o efeito do intron A na sua forma
completa. Apesar do extenso estudo sobre o intron A e o gene IE de CMV, ainda não
foram identificados ou mapeados muitos sítios para ligação de fatores transcricionais.
Apenas o trabalho de Ghazal e Nelson indicou a presença de um sítio onde se liga um
92
fator de transcrição desconhecido de ativação e o trabalho de Chapman e colaboradores
(1991) descreveu a presença e função do sítio para ligação ao fator NF-1. O que ainda
se encontra na literatura sobre fatores de inibição foi mostrado por Stinski (1999), relata
a ligação do fator de inibição YY1 no promotor de CMV, mas não no intron A.
A presença de um sítio de ligação a um fator de inibição da transcrição também
explicaria a redução abrupta da atividade da luciferase na construção pGLCMV400.
Como nesta construção não foi removida a região que pensamos conter um sítio de
ligação a um fator transcricional de inibição, ela atuará de forma a regular
negativamente a expressão do gene estudado, sendo que este efeito é verificado pela
redução significativa da atividade da luciferase. Além disso, nesta construção foram
removidos o exon 2 e o sítio aceptor de splicing, o que pode ter alguma influência para a
atividade da lucifease.
Por fim, os valores da atividade da luciferase praticamente inalterados
observados para a construção pGLCMV600 podem também estar relacionados à
remoção desta região de 200 pb, onde se ligaria um fator de inibição. Apesar da
remoção de 75% do elemento (o intron A, juntamente com os exons 1 e 2 contêm 800
pb, aproximadamente) e do sítio aceptor de splicing 3’, a atividade ainda permaneceu
em níveis semelhantes aos observados para a construção com o intron A inteiro para as
linhagens COS-7 e HEK-293, ou maiores, para as linhagens CHO-K1 e HepG2 . Com
isso, pode-se dizer que a atividade mínima de otimização do intron A está compreendida
nesta região contida na construção pGLCMV600. Outra observação a ser feita sobre
os resultados obtidos com esta construção é que o efeito é variável dependendo do tipo
celular estudado. Na região mais distal do intron A e do exon 2 pode haver algum sítio
para ligação de um fator transcricional tipo-celular-específico. A deleção desse tio
putativo não teve efeitos detectáveis em COS-7 e em HEK-293, mas em CHO-K1 e em
HepG2 a remoção desta região promoveu um aumento significativo da atividade da
luciferase.
Ghazal e Nelson (1991) mostraram que parte da atividade otimizadora do
elemento estava contida no exon 1 devido à presença de um sítio para ligação de um
fator transcricional de ativação. Além disso, a região inicial do intron A contém um sítio
de ligação a NF1, mais forte que os quatro sítios presentes na região inicial do
promotor/enhancer de CMV (Chapman et al, 1991). Desse modo, os dados observados
neste trabalho poderiam indicar que o intron A possui um forte sítio de ligação a um
fator transcricional de inibição, mas que pode permanecer atenuado devido à presença
93
de outros sítios complementares de ligação a fatores ativadores. Cabe ainda mostrar que
mesmo com a remoção da região correspondente ao exon 2 e ao sítio aceptor de
splicing, a atividade da luciferase apresentada por esta construção ainda é tão boa
quanto, ou melhor, do que a atividade do intron A selvagem.
A fim de verificar se o efeito da região de 200 pb deletada no vetor
pGLCMV200 é em nível pré ou pós-transcricional, poderia ser feita uma construção
em que a seqüência correspondente a essa região estivesse com sua orientação invertida.
Se o efeito estiver realmente relacionado ao fato de haver uma região de ligação a um
fator transcricional no DNA, a melhora da atividade da luciferase ainda será verificada.
Entretanto, se o seu efeito residir em alguma seqüência do pré-mRNA, a inversão da
seqüência no DNA alteraos níveis da atividade da luciferase. Este experimento ainda
está em fase de andamento.
Outro efeito verificado na linhagem COS-7 no tempo de 48 horas pós-
transfecção foi a redução significativa da atividade da luciferase em todas as
construções analisadas. Entretanto, esse resultado se deve a um aumento muito maior da
atividade da luciferase de Renilla, presente no vetor pGL4.73 (Promega), em detrimento
da atividade da luciferase de vaga-lume, em valores absolutos. Este vetor comercial
utilizado como controle da transfecção contém o promotor de SV40 dirigindo a
expressão do gene repórter da luciferase de Renilla. Desse modo, fazendo-se a razão, a
atividade relativa diminui bastante. Na literatura não relatos sobre a eficiência do
promotor de SV40 em células COS-7, mas provavelmente esse aumento repentino da
atividade da luciferase de Renilla se deve a um melhor funcionamento deste promotor
em relação ao promotor de CMV, já que a linhagem COS-7 foi desenvolvida a partir da
infecção de células CV1 com o vírus SV40 (Gluzman, 1981).
A fim de verificar se o efeito modulador do intron A e de suas deleções na
atividade da luciferase está diretamente relacionado a uma mudança na expressão do
mRNA da luciferase de vaga-lume, foi realizado um experimento de RT-PCR
quantitativa em tempo real, que será melhor detalhado a seguir. Além disso, será
verificado se o splicing do intron A nas construções com as deleções ocorre
normalmente, e se isso tem alguma relação com os valores mostrados da atividade da
luciferase.
94
4.2.2.2.1) Efeito do intron A inteiro e deletado na expressão do mRNA da
luciferase de vaga-lume.
Desde 1983, quando a reação de PCR (do inglês polymerase chain reaction) foi
criada, já foram descritas diversas modificações que proporcionaram o uso mais extenso
dessa tecnologia. Uma reação derivada da PCR é a PCR quantitativa em tempo real, ou
qPCR. Nesse tipo de experimento, é realizado o monitoramento do progresso da PCR na
medida em que ela ocorre, e não somente no final da reação, com a verificação do
produto que foi acumulado. Desse modo, a aferição do progresso da reação é feita a
partir do início da fase exponencial da reação, e não na fase de platô, como ocorre na
reação de PCR normal. Após a aferição dos níveis de transcritos produzidos após os
ciclos de amplificação, estes são comparados com os níveis iniciais de DNA ou RNA
molde. A qPCR é também uma metodologia mais sensível, que é capaz de detectar uma
diferença de até duas cópias de DNA ou RNA na amostra, ao contrário da detecção da
PCR normal, que é feita por meio de análise em gel de agarose corado com brometo de
etídio, uma técnica bem menos sensível.
Para o estudo dos níveis de expressão de um determinado transcrito, pode ser
realizada a RT-qPCR, a transcrição reversa do RNA total associada à reação de qPCR.
Nesse caso, o molde para a reação será o cDNA. A quantidade do cDNA obtido será
então medida a cada ciclo da reação. A quantificação da expressão de um determinado
mRNA pode ser absoluta ou relativa.
Na quantificação relativa, o que se busca é a mudança da expressão gênica em
uma determinada amostra relativa à outra amostra de referência, um controle. Um
exemplo para esse uso pode ser o estudo da mudança do padrão de expressão de um
determinado gene em resposta a um tratamento de determinada linhagem celular com
uma droga. Nesse caso, serão utilizadas as amostras de RNA no tipo celular que foi
tratado com a droga e do RNA de células não-tratadas, que será a amostra de referência.
Em nosso estudo, foi realizada uma quantificação relativa, que se desejava
verificar a mudança da expressão do gene repórter da luciferase quando o promotor de
CMV foi modificado por meio da adição do intron A inteiro e deletado. Com isso, a
amostra de referência, ou seja, o controle a construção do promotor de CMV sem intron.
O experimento foi então realizado da seguinte forma: foram transfectadas em
células CHO-K1 as construções do vetor contendo o gene repórter da luciferase de
vaga-lume (pGLCMVI-, pGLCMV, pGLCMV
200, pGLCMV400 e pGLCMV600)
95
e Renilla. Após 6, 12, 24 e 48 horas, o RNA total das células transfectadas foi extraído,
e a partir dele foi sintetizada a fita de cDNA utilizando-se como iniciador um
oligonucleotídeos de politimidina (OligodT). A quantidade de RNA utilizada para esta
reação foi a mesma para todas as amostras.
Para a realização da reação de qPCR, foi utilizado o corante SYBRGreen, que
intercala no DNA dupla-fita (dsDNA). À medida a reação de amplificação ocorre, mais
corante se liga ao dsDNA, havendo um aumento do sinal proporcional ao aumento da
quantidade de DNA sintetizada . Após todos os ciclos de reação, o programa da
máquina para a leitura e análise dos dados fornece curvas sigmóides que representam
todo o processo da reação em cada amostra. Essas curvas são mostradas na figura 21,
sendo que cada painel representa a amplificação com um iniciador específico (os
iniciadores de GAPDH de hamster, da luciferase de Renilla e da luciferase de vaga-
lume).
96
A
B
C
Figura 21. Curvas de amplificação das amostras com os iniciadores para os genes de
GAPDH de hamster (painel A), da luciferase de Renilla (painel B) e para a luciferase de
vaga-lume (painel C). Cada linha colorida nos gráficos é de uma amostra específica, sendo
que no total foram utilizadas 24 amostras (4 tempos de extração de RNA e 6 construções
não-transfectado, sem intron, intron A, 200, 400 e 600). No eixo das abscissas é
mostrado o número do ciclo da reação, e no eixo das ordenadas o valor de leitura da
florescência do corante (Rn).
As curvas sigmóides indicam que a fase exponencial de amplificação começa a
ocorrer em ciclos variados, dependendo da amostra e do iniciador utilizado. Quanto
menor é o ciclo onde se iniciou a detecção do sinal de amplificação, maior é a expressão
do gene, que são necessários menos ciclos para a mensuração do sinal inicial. Em
outras palavras, quanto mais à esquerda estiver a curva, mais o gene é expresso. No caso
das curvas com o iniciador de GAPDH, a variação dos ciclos de amplificação foi menor
e sempre em ciclos avançados, que este é um controle endógeno, que é expresso
97
constitutivamente pela célula e em níveis inferiores daqueles encontrados para o
promotor heterólogo. Desse modo, o gene de GAPDH não sofre alterações de expressão
com a modificação da construção transfectada ou com o tempo de extração de RNA
pós-transfecção.
Após a amplificação das amostras, foi realizado um outro controle, uma reação
que é denominada dissociação dos iniciadores. Essa reação, cujos parâmetros foram
descritos na sessão de Materiais e Métodos, gera uma curva que deve ter apenas um
pico. Esse pico indica que o iniciador utilizado amplifica especificamente um produto e
que não há a formação de dímero de iniciador. A figura 22 mostra esses gráficos,
denominados curvas de dissociação.
98
A
B
Figura 22. Curvas de dissociação dos iniciadores dos genes GAPDH (painel A),
luciferase de Renilla e vaga-lume (painel B). Cada linha colorida é a curva de dissociação
de uma amostra específica. No eixo das abscissas dos gráficos é mostrada a temperatura de
dissociação do iniciador, e no eixo das ordenadas verifica-se a derivada dos valores de leitura
do corante SYBRGreen. No painel B, a primeira curva (com temperatura de
aproximadamente 82ºC) é a do iniciador da luciferase de Renilla, e a segunda curva (com
temperatura de aproximadamente 85ºC) é a do iniciador da luciferase de vaga-lume.
Todos os gráficos mostrados acima mostram uma única curva, indicando que os
iniciadores utilizados na reação não formam dímeros e que amplificam especificamente
um produto de PCR.
Para a análise dos dados obtidos, foi utilizada a ferramenta do programa 7500
Fast System SDS Software denominada Relative Quantification Study. Esta ferramenta
verifica os dados obtidos na placa de reação, e retorna os valores médios de Ct, que é o
ciclo de limiar (threshold). Este ciclo é obtido por meio da intersecção da linha de base
(uma linha paralela à linha do eixo das abscissas, que elimina o background) com a
curva sigmóide de amplificação das amostras.
99
Com a obtenção do valor de Ct para todas as amostras, o estudo da quantificação
relativa da expressão gênica pode ser feito por meio da fórmula aritmética 2
-∆∆Ct
. Este
estudo é denominado estudo pelo Método do Ct comparativo. Com o uso dessa fórmula,
não é necessário o uso de uma curva padrão, e deve ser utilizado apenas se a eficiência
de amplificação da amostra - alvo e da amostra controle for equivalente. Quando é
usada a sonda Taqman para a amplificação, não é necessária essa verificação. Porém,
quando se usa o corante SYBRGreen, que pode gerar algum background inespecífico,
deve ser realizado um experimento de validação da reação.
Este experimento é feito por meio da reação de amostras-alvo e amostras-
controle em diferentes diluições seriadas. Os valores da diluição são quotados no
gráfico na forma logarítmica (no eixo X), e o valor de Ct (o cálculo deste valor foi
mostrado na sessão Materiais e Métodos) é colocado no eixo das ordenadas. A linha
obtida no gráfico com as amostras testadas deve ser próxima à linha de tendência, como
mostrado na figura 23. No nosso gráfico, foram feitas diluições de 1 ng, 0,1 ng e 0,001
ng das amostras com luciferase de vaga-lume e Renilla. Este experimento ainda não foi
realizado para os iniciadores de GAPDH.
Experimento de Validação da qPCR
y = 1,0055x - 3,2903
R
2
= 0,9876
-2,5
-2
-1,5
-1
-0,5
0
-3 -1 0
Log da quantidade de DNA (ng)
dCt (Ct vaga-lume - Ct
Renilla)
Ct
Linear (Ct)
Figura 23. Validação da reação de RT-qPCR para a quantificação relativa da
expressão gênica da luciferase de vaga-lume. No eixo das abscissas são mostrados os
valores das diluições das amostras utilizadas na reação na forma de logaritmo. No eixo das
ordenadas é mostrado o valor de Ct das amostras após a reação. Esse valor é dado pela
diferença entre o Ct da luciferase de vaga-lume pelo Ct da luciferase de Renilla.
100
A análise do gráfico acima mostra que a eficiência de amplificação tanto da
amostra alvo quanto da amostra controle é equivalente, e o estudo por meio do Método
Comparativo de Ct pode ser realizado. Com isso, foram feitos dois tipos de cálculo para
a obtenção dos gráficos que mostram os níveis relativos da expressão gênica da
luciferase de vaga-lume: no primeiro cálculo, o valor de Ct obtido com os iniciadores da
luciferase de vaga-lume foi diminuído do valor de Ct das amostras amplificadas com o
iniciador de GAPDH. Isso porque o GAPDH é o controle endógeno da célula, e deve
ser constante para todos os tempos de extração de RNA e para todas as construções
analisadas. Com esse cálculo obtém-se o valor de Ct. Apesar de não ter sido feito o
experimento de validação da PCR para estes iniciadores, foi considerado inicialmente
que a eficiência de amplificação foi similar a dos dois outros genes testados. Esse valor
de todas as amostras foi posteriormente diminuído do valor de Ct da construção sem
intron, que é a amostra controle (sem “tratamento”), gerando assim o valor ∆∆Ct. Por
fim, esse valor foi utilizado na rmula aritmética 2
-∆∆Ct
, e foi quotado no gráfico
mostrado na figura 24. No segundo cálculo, os valores obtidos pela amplificação com os
iniciadores da luciferase de vaga-lume foram diminuídos dos valores obtidos com os
iniciadores da luciferase de Renilla, que é um controle de transfecção, e não um
normalizador endógeno. Os cálculos foram realizados como descrito acima, e os valores
obtidos de 2
-∆∆Ct
foram quotados no gráfico mostrado na figura 25. É importante
ressaltar que os resultados referentes aos gráficos abaixo ainda são preliminares, sendo
que devem ser realizadas mais repetições e análises mais refinadas dos dados.
Ensaio de qPCR (utilizando o normalizador GAPDH)
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
6 h 12 h 24 h 48 h
Tempo de extração do RNA total pós-transfecção
2^(-ddCt)
pGLCMVI-
pGLCMV
200
400
600
Figura 24. Ensaio de RT-qPCR utilizando o normalizador GAPDH.
101
Ensaio de RT-PCR Quantitativa (qPCR) (utilizando
apenas o normalizador Renilla)
0
5
10
15
20
6 h 12 h 24 h 48 h
Tempo de Extração do RNA pós-transfecção
Valor de 2^(ddCt)
pGLCMVI-
pGLCMV
200
400
600
Figura 25. Ensaio de RT-qPCR utilizando o normalizador luciferase de Renilla.
A análise dos gráficos mostrados nas figuras 24 e 25 mostra que uma
diferença do padrão de expressão relativa do gene da luciferase de vaga-lume
dependendo do gene utilizado como normalizador. Quando se utiliza o normalizador
GAPDH, as construções com intron A inteiro e as deleções dele mostram um padrão de
expressão semelhante entre os tempos de extração, sendo que a diferença está nos níveis
da expressão do gene da luciferase de vaga-lume. Nos tempos de 6 e 12 horas, a
expressão do gene é praticamente inalterada, sendo que um pico de expressão no
tempo de 24 horas e uma redução da expressão no tempo de 48 horas. Na construção
com intron A inteiro, uma tendência a uma estabilidade da expressão nos tempos
analisados, que as variações são menores do que nas outras construções. Na
construção com a deleção de 200 pb, o maior pico de expressão em 24 horas pós-
transfecção, sendo que o valor desse pico é o maior de todas as construções analisadas.
As construções com a deleção de 400 e 600 pb apresentam uma semelhança no padrão
das curvas, sendo que a curva da deleção de 600 pb está sempre acima da de 400 pb.
Isso indica que a expressão do gene da luciferase de vaga-lume é maior quando a
deleção de 600 pb no intron A do que quando a deleção é de 400 pb. Por fim, a amostra
sem intron apresenta uma curva com comportamento distinto, apresentando uma queda
gradativa da expressão gênica ao longo do tempo, chegando a quase zero no tempo de
48 horas.
102
Entretanto, quando o normalizador utilizado foi a luciferase de Renilla, as curvas
apresentaram um padrão distinto do mostrado acima. Para as amostras sem intron, com
intron A inteiro e com a deleção de 400 pb, os valores permaneceram quase constantes
ao longo do tempo. Entretanto, de acordo com o gráfico, o nível de expressão do gene
da luciferase de vaga-lume na deleção de 400 pb do intron A é menor do que na
construção sem intron, o que não condiz com os dados da atividade da luciferase. Na
construção de 600 pb, observa-se um aumento gradativo da expressão do gene estudado
até o tempo de 24 horas, e depois uma queda brusca da expressão. Na construção
com a deleção de 200 pb, a expressão permanece constante até o tempo de 24 horas,
havendo um grande aumento no tempo de 48 horas. Esse dado também não se relaciona
com os dados observados para a atividade da luciferase, que ela cai no tempo de 48
horas pós-transfecção em relação ao tempo de 24 horas.
Desse modo, visto que os valores apresentados no gráfico em que se utilizou o
normalizador GAPDH se relacionam melhor com os dados da atividade da luciferase
apresentados em gráficos anteriores, parece que é melhor o uso deste normalizador em
detrimento do normalizador da transfecção, que é a luciferase de Renilla. Este é um
gene exógeno (assim como o gene alvo a ser testado), e também pode sofrer variações
distintas da expressão gênica que não foram avaliadas neste experimento e que podem
influenciar na relação dos dados. Outro ponto a ser considerado é que após a leitura da
atividade das duas luciferases é feita uma razão entre os dois valores, e não uma
subtração, e esta razão, independentemente dos valores absolutos, tem pouca variação
(exceto a variação entre os valores referentes às diferentes construções). Como para as
análises de qPCR deve ser feito o cálculo em que o valor da amostra-alvo é subtraído do
valor da amostra-controle, pode haver uma variação maior que não mostre uma
correlação entre a atividade da luciferase e a expressão do mRNA, já que as operações
aritméticas para a análise da atividade da luciferase e para a quantificação da expressão
de um mRNA por qPCR são bastante distintas. Então, apesar deste controle ser utilizado
para a normalização da atividade da luciferase, para o estudo dos níveis de expressão do
mRNA talvez seja necessária a utilização de um gene endógeno, que seja
constitutivamente expresso pela célula.
A escolha de um normalizador para qPCR é uma etapa importante da delineação
experimental, visto que pode haver alteração nos resultados se a variação da expressão
do gene controle for muito significativa (Bustin et al, 2005; Szabo et al, 2004). Foi
então realizado o teste estatístico ANOVA para analisar se havia variação entre os
103
valores de Ct das diferentes construções com os iniciadores de GAPDH e de Renilla. No
caso de GAPDH, não houve variação significativa entre os valores de Ct, resultando em
um valor de “P” igual a 0,34. Em contrapartida, os valores de Ct para as amostras
amplificadas com os iniciadores de Renilla tiveram uma variação significativa, segundo
análises estatísticas da variação do valor de Ct entre as construções, com valor de “P”
igual a 0,001. Na tabela 3 são mostrados os valores das médias de Ct de cada
construção, os valores de desvio-padrão e de “P”.
Tabela 3. Valores médios de Ct das amostras amplificadas com os iniciadores para
GAPDH e luciferase de Renilla.
Média Ct
GAPDH
Desvio-Padrão
GAPDH
Ct Renilla Desvio-padrão
Renilla
Sem Intron
(6h,12h,24h e 48h)
25,84 1,677 25,843 6,456
Intron A
(6h,12h,24h e 48h)
24,44 1,025 18,105 0,784
200
(6h,12h,24h e 48h)
24,85 2,054 17,733 1,725
400
(6h,12h,24h e 48h)
26,578 1,038 25,758 0,486
600
(6h,12h,24h e 48h)
24,275 2,561 18,455 0,849
P = 0,34 P = 0,001
Desse modo, tendo em vista a baixa variação da expressão do controle GAPDH,
ele foi escolhido como normalizador da reação de RT-qPCR. Em outros trabalhos
também foi mostrado que a utilização de GAPDH como controle endógeno para
experimentos de qPCR era a melhor opção dentre as testadas em diversos modelos
experimentais (Goossens et al, 2005; Liu et al, 2007; Vascotto et al, 2005; Winer et al,
1999; Goswami et al, 1997). Entretanto, alguns autores ainda criticam a utilização deste
gene em controles para experimentos de qPCR pois em algumas situações
experimentais variações significativas da expressão gênica, como por exemplo entre
indivíduos distintos (Bustin et al, 1999), em células cancerosas (Chang et al, 1998;
Bhatia et al, 1994) e em diferentes estágios do ciclo celular de células normais humanas
(Mansur et al, 1993). Porém, em determinadas condições experimentais, como no caso
de tratamento com fármacos ou observação de mudanças celulares temporais (ciclo
104
celular, diferentes estágios de desenvolvimento), é de se esperar que haja uma mudança
global do padrão de expressão gênica, inclusive de genes considerados constitutivos.
Desse modo, a escolha do gene controle do experimento de qPCR deve ser avaliada de
acordo com o procedimento experimental a ser analisado. Como mostrado na tabela 3,
não houve variação significativa da expressão do gene de GAPDH nas condições
experimentais avaliadas neste trabalho, ou seja, entre os tempos pós-transfecção e entre
as diferentes construções analisadas. Portanto, é importante que se avalie mais de um
gene para ser utilizado como controle da reação para a fim de se determinar qual possui
a expressão mais constante na condição experimental a ser estudada (Bustin et al, 2005;
Goossens et al, 2005; Vascotto et al, 2005). Neste trabalho foram avaliados dois
possíveis genes-controle, o de GAPDH e o da luciferase de Renilla, sendo que se
estabeleceu como melhor controle o de GAPDH.
Os dados observados na figura 24 aproximam-se mais do que se esperava ao
padrão da expressão do gene da luciferase de vaga-lume. A queda gradativa da
expressão gênica observada na construção sem o intron A em relação ao tempo pós-
transfecção pode ser explicada pelo mecanismo de degradação de mRNAs denominado
NMD (nonsense mediated RNA decay). Já foi decrito que esse mecanismo é responsável
pela degradação de mRNAs com códons de terminação prematuros, além de mRNAs
oriundos de genes recombinantes sem introns, ou seja, cDNAs (Le Hir, 2003). Esse
último caso pode explicar o decaimento da expressão do gene repórter da luciferase na
construção sem intron A, que este é um intron natural de CMV. Além disso, não se
pode descartar a possibilidade de que o intron A contenha algum elemento que possa ser
fundamental para a estabilidade do mRNA. A construção com intron A inteiro parece
realmente ter uma estabilidade maior de expressão ao longo do tempo, que os níveis
de expressão do mRNA da luciferase de vaga-lume se alteram pouco nos tempos
estudados. Por fim, os padrões apresentados pelas construções com deleções no intron
A também correspondem aos valores da atividade da luciferase mostrados, sendo que a
construção pGLCMV200 tem maior expressão do gene da luciferase de vaga-lume do
que a construção pGLCMV600. Esta, por sua vez, apresenta maior expressão do gene
estudado do que a construção pGLCMV400, que possui o menor nível de expressão
dentre as construções com o intron A/deleções. Esse padrão se relaciona com os níveis
de atividade da luciferase observados. Entretanto, no tempo de 24 para 48 horas na
construção pGLCMV
200, uma queda brusca dos níveis de mRNA da luciferase,
sendo que esta queda foi maior do que a observada nas outras construções. Este padrão
105
de expressão não condiz com o que se observa em relação aos níveis de atividade da
luciferase.
Como foi dito anteriormente, esses experimentos ainda necessitam de maiores
ajustes, como repetições sistemáticas para a melhor avaliação do padrão de expressão
entre os tempos de extração do RNA. É também importante mencionar que a relação
entre os tempos de extração do RNA celular e da mensuração da atividade da luciferase
não são essencialmente equivalentes, visto que a produção do mRNA é sempre anterior
à produção da proteína. Em outras palavras, o tempo de extração de RNA de 24 horas
pós-transfecção não indica que esses níveis de mRNA estão presentes nas mesmas
quantidades quando a atividade da luciferase é medida 24 horas pós-transfecção. Para
que fosse feita uma melhor correlação entre os níveis do mensageiro e os da proteína
(nesse caso representados pela atividade da luciferase), seria necessária uma aferição da
atividade da luciferase em tempos anteriores ao de 24 horas pós-transfecção.
O estudo da expressão do mRNA da luciferase de vaga-lume em relação à
expressão do gene endógeno de GAPDH corrobora os dados da luciferase e apóia a
hipótese de que o aumento da atividade estaria relacionada a uma maior estabilidade
conferida ao transcrito pelo intron A. A ausência deste elemento, por outro lado,
favoreceria a degradação do mRNA provavelmente por meio do mecanismo do tipo
NMD.
4.2.2.2.2) Análise do splicing do intron A nas construções com intron A inteiro e
deletado.
O gene IE1 de CMV possui 4 exons e 3 introns, entre eles o intron A (Awasthi et
al, 2004). Este gene pode sofrer splicing alternativo, devido a um sítio aceptor de
splicing críptico no meio do exon 4, gerando uma proteína de 72 kDa quando o
splicing normal e uma de 19 kDa quando há o splicing alternativo (Awasthi et al, 2004).
Esta mesma autora também mostrou que havia outros sítios aceptores de splicing no
chamado gene IE 2, que possui apenas um exon. Com isso, a junção do exon 3 do
gene IE1 com regiões distintas do exon do gene IE2, formando proteínas de 86, 55 e 18
kDa (Awasthi et al, 2004). Quanto ao splicing do intron A, ainda não foi encontrado
nenhum sítio que possa substituir o sítio aceptor de splicing presente no exon 2, que foi
removido nas construções com a deleção de 400 e 600 pb do intron A.
106
Para avaliar se o splicing do fragmento do intron A nas construções em que foi
deletado o tio aceptor ocorreu de forma normal, foi realizado um experimento com o
objetivo de amplificar o fragmento correspondente ao exon 1 (aproximadamente 100
pb) juntamente com a região inicial do exon 2 (aproximadamente 50 pb, sendo que a
região inteira tem 200 pb) após o splicing. A hipótese caso o processamento das versões
deletadas sem o sítio aceptor original ocorresse normalmente é a de que pode haver
sítios crípticos de splicing que permitam o correto processamento destas construções.
Para isso, extraiu-se o RNA total de células CHO transfectadas com as construções
pGLCMV, pGLCMV200, pGLCMV400 e pGLCMV600. A partir desse RNA foi
sintetizada uma fita de cDNA com um iniciador específico que reconhecia o gene da
luciferase. Depois, utilizando como molde a fita de cDNA sintetizada, foi realizada uma
reação de PCR com iniciadores que reconheciam as regiões proximais do exon 1 e do
gene da luciferase. Se a construção for processada corretamente, o fragmento de DNA
amplificado terá um tamanho aproximado de 150 pb, correspondente ao exon 1, parte
do exon 2 e parte do gene da luciferase. Qualquer outro padrão de amplificação indicará
uma forma alternativa de splicing. Na figura 26 é mostrado um esquema de como foi
realizado este experimento.
107
A)
B) 1 2 3 4 MM
Figura 26. Análise do splicing nas construções contendo o intron A deletado.
A) Exemplo de dois mRNAs, um proveniente de uma amostra que sofreu processamento
correto e outra que não foi devidamente processada. Após a reação de PCR, as amostras
foram analisadas em gel de agarose 0,8% (B). Em B”, “1” representa a amostra com intron
A selvagem, “2” representa a amostra com a deleção de 200 pb no intron A, “3” é a amostra
com a deleção de 400 pb no intron A e “4” é a amostra com a deleção de 600 pb no intron A.
“MM” é o marcador molecular 1 kb plus da Invitrogen. No gel foram utilizados 10 µL de um
volume total de 50 µL da reação de PCR. A seta preta indica o tamanho de banda esperado
para o transcrito normalmente processado.
mRNA processado
normalmente
(exon 1, parte do exon 2 e parte
do gene da luciferase)
mRNA não processado
(exon 1, intron A, parte do
exon 2 e parte do gene da
luciferase)
Síntese da fita de cDNA Síntese da fita de cDNA
Amplificação por PCR Amplificação por PCR
Análise das PCRs em gel de agarose 0,8%
100 pb
200 pb
300 pb
400 pb
500 pb
150 pb
550 pb (pGLCMV400) e
350 pb (pGLCMV600)
108
A figura 26 mostra que o splicing ocorreu normalmente nas construções com o
intron A inteiro e deletado em 200 pb (“1” e ”2”), visto que a banda correspondente ao
fragmento de DNA esperado tem um tamanho de aproximadamente 150 pb, que é o
tamanho aproximado do exon 1 juntamente com o exon 2. as amostras “3” e “4”
aparentemente não sofreram o processamento correto, que apareceram bandas
correspondentes a fragmentos de DNA de tamanhos maiores do que 150 pb. No caso da
construção com deleção de 400 pb do intron A, o tamanho da banda observada foi de
aproximadamente 550 pb, que é o tamanho correspondente à versão não-processada da
construção. Na construção com a deleção de 600 pb, o tamanho da banda observado foi
de aproximadamente 350 pb, que também é o tamanho correspondente à versão não-
processada desta construção. Isso indica que a parte do intron A que não foi removida
nas construções com deleções de 400 e 600 pb foi amplificada na PCR, resultando no
tamanho da banda visualizado.
Desse modo, pode-se inferir que a remoção do sítio aceptor de splicing nas
construções com deleções de 400 e 600 pb no intron A impede que este seja removido
corretamente do transcrito primário, permanecendo no mRNA final. Entretanto, para a
confirmação exata de que essas bandas observadas no gel sejam mesmo os transcritos
processados e não-processados, o DNA deve ser eluído do gel e clonado em um vetor
para seqüenciamento posterior. Outro ajuste que pode ser feito neste experimento é a
utilização de outros iniciadores para que uma banda de tamanho maior seja amplificada,
melhorando assim a visualização e definição no gel.
Com relação à funcionalidade das construções para o aumento da expressão
gênica, infere-se que o correto processamento do transcrito do gene IE1 de CMV não é
fundamental para a observação deste efeito nos níveis da atividade da luciferase. Isso
porque a construção pGLCMV600 ainda mantém níveis tanto de expressão do
transcrito quanto da atividade da luciferase similares aos da construção selvagem
(pGLCMV). Desse modo, com o não-processamento do intron A e do exon 1, haveria a
formação de um mRNA híbrido de luciferase com a região 5’URT do gene IE1 de
CMV, mas produzindo uma proteína ainda biologicamente ativa.
4.2.2.3) Efeito da remoção da região 5’ do promotor/enhancer de CMV
Segundo Chapman e colaboradores (1991), a região entre os sítios de Ssp I na
região inicial do promotor/enhacer de CMV tem um efeito de modulação negativa para
109
a expressão de proteínas heterólogas em COS-7. Desse modo, a fim de avaliar o efeito
da deleção dessa porção inicial do promotor de CMV (que contém 2 sítios de ligação a
NF1) na atividade da luciferase em CHO-K1 e COS-7, foi feita uma construção
denominada pGLCMV5’. Esta construção possui o promotor de CMV deletado na
região 5’ e o intron A inteiro, e foi transfectada transientemente em CHO-K1 e COS-7
para a aferição da atividade da luciferase 24 e 48 horas pós-transfecção. Este plasmídio
foi também utilizado como arcabouço para a clonagem dos oligonucleotídeos Z1, Z3 e
Z5, cujo efeito será analisado no tópico seguinte. O gráfico da figura 27 mostra o efeito
dessa deleção na atividade da enzima repórter.
A
Ensaio de Atividade da Luciferase em CHO-K1 -
Efeito da deleção da região 5' do promotor
0
20
40
60
80
100
120
140
160
pGLCMVIA 5'
Unidades relativas de
luminesncia (V/R)
24 h
48 h
B
Ensaio de Atividade da Luciferase em COS-7 - Efeito
da deleção da região 5' do promotor
0
50
100
150
200
250
300
pGLCMVIA 5'
Unidades relativas de
luminescência (V/R)
24 h
48 h
Figura 27. Efeito da deleção da região 5’ do promotor/enhancer de CMV na atividade
da luciferase em CHO-K1 (painel A) e COS-7 (painel B). Foram transfectadas as
construções com intron A inteiro (pGLCMV) e com a deleção na região 5’ do promotor de
CMV (5’). Os asteriscos vermelhos indicam que há diferença significativa entre os valores,
com P<0,05.
pGLCMV
pGLCMV
*
*
*
*
110
Os valores mostrados nos gráficos da figura 27 indicam que a deleção da região
5’ do promotor de CMV diminuiu a atividade da luciferase em quase 50%, tanto em
CHO-K1 quanto em COS-7, sendo que estes valores são estatisticamente significativos.
Os dados acima não corroboram os de Chapman e colaboradores (1991), que mostraram
que a retirada desta região aumentava a expressão do FVIII humano recombinante e da
glicoproteína do vírus HIV gp120. Talvez as diferenças entre a luciferase e as
glicoproteínas expressas por Chapman et al (1991) reflitam um mecanismo não
antecipado que pode envolver a natureza do transgene. No nosso modelo de estudo, a
proteína luciferase consiste em uma proteína intracelular e sem modificações ou
processamento pós-traducional, o que difere das glicoproteína estudadas por Chapman e
colegas (1991), que têm natureza complexa quanto às modificações pós-traducionais e
aos processos celulares de secreção.
4.2.2.4) Efeito dos oligonucleotídeos indutores de Z-DNA na atividade da luciferase em
células CHO-K1 (transfecção transiente).
As construções pGLCMV, pGLCMVZ1, pGLCMVZ3 e pGLCMVZ5 foram
transfectadas transientemente em células CHO-K1, e após 24 e 48 horas, as células
foram lisadas para a aferição da atividade da luciferase. A figura 28 mostra esses
valores para as construções com os oligonucleotídeos Z1, Z3 e Z5.
Ensaio de Atividade da Luciferase em CHO-K1 - Efeito dos
oligonucleotídeos indutores de Z-DNA Z1, Z3 e Z5
0
20
40
60
80
100
120
140
160
pGLCMV Oligo Z1 Oligo Z3 Oligo Z5
Unidades de Luminescência (LU) -
Razão V/R
24 horas
48 horas
Figura 28. Efeito dos oligonucletídeos Z1, Z3 e Z5 na atividade da luciferase 24 e 48
horas pós-transfecção em CHO-K1. Foram transfectadas as construções com intron A
inteiro (pGLCMV) e com intron A e os oligonucleotídeos Z1 (oligo Z1), Z3 (oligo Z3) e Z5
(oligo Z5). Os asteriscos vermelhos indicam que diferença significativa entre os valores,
com P<0,05. Os asteriscos verdes mostram que não há diferença significativa entre os
valores, com P>0,05.
*
* *
111
O oligonucleotídeo Z3 aumentou significativamente (em mais de 50%) a
atividade da luciferase em CHO-K1 em relação à construção com o oligonucleotídeo Z5,
como mostrado na figura 38. A atividade da construção com a seqüência Z3 é ainda
menor do que a da construção selvagem pGLCMV, que para a clonagem do
oligonucleotídeo foi necessária a remoção da região 5’ do promotor/enhancer. Como
foi mostrado na figura 27, a remoção desta região diminuiu a atividade da luciferase
tanto em CHO-K1 quanto em COS-7, tanto que a construção com o oligonucleotídeo Z5,
que é o controle da manipulação destes plasmídios, teve valores da atividade da
luciferase semelhantes aos da construção pGLCMV5’, que é apenas a deleção da região
5’ sem a adição de nenhuma seqüência externa. Desse modo, a comparação da
modulação da atividade da luciferase deve ser feita sempre com a construção que contém
o oligonucleotídeo Z5. Nesse caminho, os valores da atividade da luciferase da
construção Z1 mostraram-se equivalentes aos da construção Z5, indicando que este
oligonucleotídeo não teve o efeito de modulação positiva esperado.
Dentre os oligonucleotídeos utilizados neste trabalho, apenas o Z3 foi capaz de
melhorar a atividade da luciferase como esperado. Entretanto, ainda não se sabe se este
efeito se deve à formação de Z-DNA na região adjacente ao promotor de CMV. Para
isso, foram estabelecidos clones estáveis das construções com as seqüências Z3 e Z5 em
CHO-K1, sendo que este tópico será mais bem discutido a seguir.
4.2.3) Transfecção estável
De acordo com o gráfico da figura 28, o oligonucleotídeo Z3 foi a única
seqüência, dentre todas as que foram clonadas próximas à região 5’ do promotor de
CMV, que apresentou o resultado esperado de aumento da atividade da luciferase.
Portanto, para que a hipótese de que essa seqüência forma Z-DNA e que foi essa
formação a responsável pelo aumento da atividade da luciferase, foram estabelecidos
clones estáveis em CHO-K1 das construções Z3 e Z5, como um controle. Nestes clones,
foi transfectado transientemente o plasmídio pMACIAscFvZ22 NLS. A hipótese é que
se a seqüência Z3 realmente induzir a conformação Z no DNA, o fragmento de
anticorpo anti-Z-DNA, que foi produzido no citoplasma e redirecionado ao núcleo, se
ligará nessa região do promotor, estabilizando então a conformação Z e proporcionando
maior acessibilidade de fatores transcricionais ao promotor de CMV. Também como
controle, foi transfectado transientemente o plasmídio pMAC vazio, que é o mesmo
112
arcabouço onde foi clonado o gene do anticorpo anti-Z-DNA. A transfecção deste
plasmídio não deve afetar a atividade da luciferase nos clones estáveis, que não foi
introduzido nenhum gene exógeno para ser transcrito e traduzido, servindo de controle
para quaisquer efeitos de seqüestro de fatores transcricionais, já que todos os vetores são
baseados no promotor de CMV. O gráfico mostrando a atividade da luciferase em
clones estáveis de Z3 e Z5 transfectados transientemente com o vetor pMAC vazio e
pMAC scFvZ22NLS é mostrado abaixo na figura 29.
Ensaio de Atividade da Luciferase em clones estáveis de CHO-K
1
- Efeito do fragmento scFvZ22NLS
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
Z3e + pMAC Z3e + NLS Z5e + pMAC Z5e + NLS
Unidades relativas de luminescência
(V/R)
24 horas
48 horas
Figura 29. Efeito do anticorpo anti-ZDNA Z22 na forma scFv Z22 com sinal de
localização nuclear (NLS) em clones estáveis de Z3 e Z5 (CHO-K1). Foram transfectadas
transientemente nos clones estáveis (Z3 e Z5) as construções pMAC (vetor pMAC vazio) e
NLS (vetor pMAC scFvZ22NLS). Os asteriscos vermelhos indicam que diferença
significativa entre os valores, com P<0,05. Os asteriscos verdes mostram que não
diferença significativa entre os valores, com P>0,05.
A transfecção do gene do fragmento de anticorpo anti-Z-DNA Z22 no clone
estável de Z3 aumentou significativamente a atividade da luciferase, comparando-se
com as amostras que foram transfectadas com o vetor pMAC vazio. Esse aumento foi
aproximadamente 3 vezes. É importante ressaltar também que a transfecção da
construção com o anticorpo Z22 e NLS não alterou a atividade da luciferase no clone
estável de Z5, que é um controle cuja seqüência não induz a formação de Z-DNA.
Da mesma forma que Oh e colaboradores (2002) demonstraram para a levedura
Saccharomyces cerevisae, sugerimos neste trabalho que para a linhagem celular CHO-
*
*
* *
113
K1, a clonagem de uma seqüência indutora de Z-DNA próxima a um promotor pode
melhorar a expressão do gene associado. Também indícios de que esta seqüência
demonstre esse efeito por induzir efetivamente a conformação Z no DNA adjacente ao
promotor, que a adição de um elemento em trans nesse sistema proporcionou um
aumento ainda maior na atividade da luciferase em clones estáveis. A fim de verificar se
o aumento da atividade da luciferase com a adição da seqüência Z3 a montante do
promotor de CMV se deve ao aumento da taxa de transcrição, e consequentemente dos
níveis de mRNA, deve ser realizado um experimento de RT-qPCR, da mesma forma
que foi feito para as construções com deleções no intron A. Dessa forma, estaríamos
correlacionando diretamente o aumento da atividade da enzima com aumentos dos
níveis de expressão do transcrito.
114
5. Conclusões e perspectivas
No presente trabalho foi avaliado o potencial do intron A e de seqüências
indutoras de Z-DNA em melhorar a atividade da luciferase, que foi o modelo de estudo
para o teste das construções realizadas. Verificou-se que o intron A inteiro promove um
aumento significativo da atividade da luciferase em todas as linhagens celulares
estudadas, sendo que este aumento varia de 100 a quase 1000 vezes, este último para a
linhagem HEK-293. Este resultado é corroborado pelo aumento nos níveis de expressão
do transcrito da luciferase de vaga-lume, como visto nos experimentos de RT-qPCR.
Foram construídas versões do intron A deletado ainda não descritas na literatura, sendo
que a versão com deleção de 600 pb pode ser considerada um intron A mínimo
funcional, tendo em vista que a atividade da luciferase se manteve praticamente
inalterada nas linhagens de células de mamífero analisadas. A construção com deleção
de 200 pb também apresentou aumentos de 2 a 7 vezes na atividade da luciferase,
dependendo da linhagem celular utilizada, sendo que esta foi a melhor construção
dentre todas. Os dados do experimento de RT-qPCR também confirmam que uma
relação entre a atividade da luciferase observada nas construções com deleção de 600 e
200 pb com os níveis de expressão do mRNA. Foi também mostrado que o splicing nas
construções em que foi deletado o sítio 3’ aceptor (pGLCMV400 e pGLCMV600)
não ocorre normalmente como na construção com intron A selvagem e deletado em 200
pb. Nestas construções o sítio aceptor permaneceu inalterado. Como os níveis da
atividade da luciferase na construção pGLCMV600 são tão bons quanto ou melhores
do que os da versão com intron A inteiro, pode-se inferir que o splicing nesta região
entre o exon 1 e 2 não é crítico para que haja melhora da expressão gênica. Com isso,
pode ser que o mRNA híbrido de luciferase com a região 5’UTR do gene IE1 de CMV
seja funcional, produzindo a proteína biologicamente ativa.
Foi demonstrado também que a seqüência indutora de Z-DNA Z3 foi capaz de
aumentar em aproximadamente 2,5 vezes a atividade da luciferase em comparação com
a construção Z5. Os valores um pouco menores da atividade da luciferase da construção
Z3 em comparação com a construção selvagem (pGLCMV) são explicados pela deleção
da região 5’ do promotor/enhancer de CMV entre os sítios de restrição de Ssp I. Esta
região ao contrário do que foi descrito na literatura, tem uma importância significativa
para a expressão nica, visto que sua remoção das construções com seqüências
115
indutoras de Z-DNA diminuíram pela metade a atividade da luciferase em CHO-K1 e
em COS-7. Com a utilização do fragmento de anticorpo scFv Z22 com NLS foi possível
demonstrar, em clones estáveis de Z3 e Z5 em CHO-K1, quegrandes indícios de que
a seqüência Z3 exerça a sua atividade moduladora por meio da formação de Z-DNA,
visto que a transfecção transiente desta construção nos clones estáveis aumentou
significativamente a atividade da luciferase em Z3, e não em Z5, o controle.
Com isso, este trabalho mostrou a influência de elementos em cis (introns e
seqüências indutoras de Z-DNA) e em trans (fragmento de anticorpo anti-Z-DNA) na
atividade da luciferase. Estes elementos têm o potencial de otimizar a expressão gênica
em várias linhagens de células de mamífero, sendo alvos interessantes para o estudo
mais aprofundado e posterior construção de vetores para expressão de proteínas
heterólogas de interesse comercial.
Dentre as perspectivas futuras para este trabalho, que terá continuidade por mais
quatro anos como um projeto de Doutorado, estão:
- clonagem e seqüenciamento dos fragmentos de DNA obtidos nas reações de RT-PCR
para o estudo do splicing nas construções com deleções no intron A.
- restauração do tio aceptor de splicing na construção pGLCMV600, por meio de
PCR.
- estabelecimento de novos clones estáveis em CHO-K1 das construções com os
oligonucleotídeos Z12, Z3 e Z5 para estudos dos padrões de metilação no promotor de
CMV por meio de seqüenciamento bissulfito e tratamento com 5-azacitidina.
- imunoflorescência e imunoprecipitação de cromatina nos clones estáveis de Z3 e Z5,
utilizando o anticorpo construído neste trabalho (scFvZ22 NLS), a fim de comprovar a
formação de Z-DNA na região adjacente ao promotor.
- monitorar os níveis de expressão do gene da luciferase de vaga-lume por RT-qPCR
nas construções com a seqüência Z3, na presença e na ausência do scFvZ22 NLS.
- construção de um novo vetor para expressão de proteínas de interesse em células de
mamífero contendo uma associação dos elementos que mostraram resultados positivos
para o gene repórter da luciferase. Em outras palavras, em um novo vetor seria testado o
116
intron A (e versões deletadas) em conjunto com o elemento Z3 e restaurando-se a região
5’ do promotor de CMV, na expressão estável de uma proteína de interesse comercial.
Nesse sistema estaria incluso também a expressão transiente do scFvZ22 NLS. Na
figura 30 é mostrado um esquema de como funcionariam os elementos estudados se
estivessem em um mesmo vetor para expressão heteróloga de uma proteína de interesse
comercial. Na figura é possível verificar como todos os elementos estudados neste
trabalho podem agir de forma cooperativa para melhorar a expressão de uma proteína de
interesse.
117
Figura 30. Mecanismos que ocasionarão aumentos na expressão de um gene de
interesse quando os elementos são colocados em um mesmo vetor para expressão
heteróloga. Na figura observa-se o esquema de um vetor que contém os elementos
estudados neste trabalho (seqüências indutoras de Z-DNA e intron A), além do promotor de
CMV dirigindo a expressão de um gene de interesse qualquer. Os mecanismos mostrados
agiriam de forma sinergística, proporcionando um aumento global da produção da proteína
de interesse.
CMVp
Z
-
DNA
INTRON A
Gene de
interesse
Exon 1
Exon 2
Efeitos na expressão do gene de
interesse em nível de DNA
Efeitos na expressão do gene de
interesse em nível de RNA
Gene de
interesse
Z-DNA
Indução da conformação Z no DNA
adjacente ao promotor
Maior acessibilidade para a ligação de
fatores transcricionais e RNA
polimerase II
+
INTRON A
+
Ligação de fatores transcricionais
ativadores que interagem com a
maquinaria transcricional
RNA polimerase II
+
Transcrição
Maior estabilidade do mRNA do gene
de interesse
Gene de
interesse
Maior produção da proteína de interesse
RNA polimerase II
scFv Z22NLS
Intron A 200
Intron A 600
118
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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