Obtenção de bi-combustíveis. Efetuou-se ensaios simplificados de miscibilidade para se obter
combustíveis uniformes e estáveis com as misturas BOUF e D (diesel metropolitano) e BOUF e AEH-
álcool etílico hidratado e BOUF e AEA- álcool etílico anidro. Uma pera e uma pipeta foram utilizadas
para dosar os combustíveis depositados em tubos de ensaios. Agitou-se as misturas energicamente que
osteriormente ficaram em repouso por 40 dias com registro de temperaturas máximas e mínimas. Para as
diversas misturas observou-se o seu aspecto opaco ou translúcido e a formação ou não de fases distintas.
Desempenho dos bicombustíveis. Os ensaios foram realizados com os combustíveis: OUF
, BOUF, D,
BOUF20D80, BOUF50D50, BOUF90AEH10, BUOF80AEH20 e BUOF80AEA20 na bancada
dinamométrica montada pela Didacta-Itália localizada no Laboratório de Ciências Térmicas do
CEFET/PR. O motor diesel utilizado foi fabricado pela Lombardini e possui 1 cilindro, 4 tempos, injeção
direta, curso do pistão 68cm, diâmetro do pistão de 78cm, 325 cm3 de cilindrada, taxa de compressão de
18:1, 2 válvulas por cilindro e arrefecimento a ar. O acelerador foi mantido a 50% da capacidade co
rotação máxima de 2.600 rpm e a rotação de marcha lenta de 1.100 rpm.
Para os ensaios efetuados foram medidos os seguintes dados: torque, rotação, pressão atmosférica local,
temperatura local, umidade relativa do ar, volume consumido de combustível, tempo de consumo deste
combustível, consumo de ar pelo motor e temperatura de escape.
Uma planilha do Microsoft Excel foi preparada para receber estes dados e calcular o consumo específico
de combustível, a potência e o rendimento térmico para cada rotação. Os cálculos foram corrigidos para a
atmosfera padrão. Também foram calculados a vazão consumida de ar e de combustível e o coeficiente
Lambda de excesso de ar (TAYLOR, 1971).
Obtenção do atraso de ignição. Utilizou-se um transdutor de pressão do tipo piezo eléctrico instalado na
câmara de combustão, tal sensor possui uma escala máxima de 300 bar, sensibilidade de 45 pc/bar,
resolução de 0,0006 bar e conexões para entrada e saída de água para o arrefecimento. A rotação fixada
ara se comparar os combustíveis foi de 2.000 rpm e a posição do acelerador foi a mesma para todo o
levantamento de dados, 50% da capacidade.
3. RESULTADOS
Produção do biodiesel.
A produção de BOUF através da reação de transesterificação foi realizada e
cinco bateladas de 2.500 ml de OUF. O volume médio obtido do produto BOUF foi de
2.450 ml, alcançando 98% de rendimento. As análises por ressonância magnética nuclear de prótons
mostraram que a conversão do OUF para BOUF ocorreu de forma bastante eficiente. A viscosidade
dinâmica do OUF reduziu de 63,3 mPa.s para 7,38 mPa.s após a reação de transesterificação.
Obtenção de bi-combustíveis. As misturas de BOUF/D ficaram estáveis e uniformes. As misturas de
BOUF/AEH ficaram estáveis e uniformes nas quantidades v/v: 10/90, 20/80, 30/70, 40/60 e 50/50. Não
houve separação de camadas e o aspecto permaneceu translúcido por 40 dias a temperatura ambiente
entre 13 e 26
o
C. Os bi-combustíveis escolhidos para os ensaios no dinamômetro foram: BOUF20D80,
BOUF50D50, BOUF90AEH10, BOUF80AEH20 e BOUF80AEA20.
Desempenho dos bi-combustíveis: potência, consumo específico e rendimento. O motor desenvolveu
mais potência com os combustíveis BOUF20D80, o BOUF50D50 e o BOUF do que com o diesel
metropolitano para rotações abaixo de 2.200rpm (gráfico 1). O maior valor da potência do combustível
BOUF50D50 foi 4,37cv e o maior valor para o D foi de 4,04cv. O BOUF50D50 foi 7,6% mais potente
que o D. Os combustíveis BOUF20D80 e BOUF proporcionaram ao motor desempenhar 2,7% e 3,2%
mais potência do que o D, respectivamente.
O combustível BOUF90AEH10 permitiu ao motor desenvolver um pouco mais de potência do que o D
para rotações inferiores a 2000rpm. Para valores acima desta rotação não houve diferença considerável
entre o BOUF90AEH10 e o D. Entretanto, a mistura BOUF90AEH20 e BOUF80AEA20 proporcionou ao
motor realizar menos potência do que o diesel para rotações acima de 1700rpm e 1900rpm,
respectivamente (gráfico 1).