Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
FACULDADE DE MEDICINA
DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA E FARMACOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FARMACOLOGIA
DANILO DAMASCENO ROCHA
ESTUDO DAS ATIVIDADES CITOTÓXICA E
ANTITUMORAL DE VITAFISILINAS ISOLADAS DE
Acnistus arborescens
FORTALEZA
2008
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
DANILO DAMASCENO ROCHA
ESTUDO DAS ATIVIDADES CITOTÓXICA E ANTITUMORAL DE
VITAFISILINAS ISOLADAS DE Acnistus arborescens
Dissertação submetida à Coordenação do
programa de Pós-Graduação em Farmacologia
do Departamento de Fisiologia e Farmacologia
da Universidade Federal do Ceará como
requisito parcial para a obtenção do grau de
Mestre em Farmacologia.
Orientadora: Profª. Drª. Letícia Veras Costa
Lotufo
FORTALEZA
2008
ads:
2
Ficha catalográfica
R572e Rocha, Danilo Damasceno
Estudo das atividades citotóxica e antitumoral de
vitafisilinas isoladas de Acnistus arborescens/ Danilo
Damasceno Rocha. – Fortaleza, 2008.
123 f. : il.
Orientadora: Profª. Drª. Letícia Veras Costa Lotufo
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Ceará.
Departamento de Fisiologia e Farmacologia. Programa de Pós-
Graduação em Farmacologia.
1. Vitafisalina 2. Apoptose 3. Solanaceae I. Lotufo, Letícia
Veras Costa (orient.). II. Título.
CDD 615.32379
3
DANILO DAMASCENO ROCHA
ESTUDO DAS ATIVIDADES CITOTÓXICA E ANTITUMORAL DE
VITAFISILINAS ISOLADAS DE Acnistus arborescens
Dissertação submetida à coordenação do programa de Pós-graduação em Farmacologia como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do titulo de mestre em Farmacologia outorgado pela
Universidade Federal do Ceará.
Este documento encontra-se a disposição dos interessados na biblioteca setorial as referida
universidade. A citação de qualquer trecho deste trabalho é permitida, desde que seja feita em
conformidade com as normas da ética científica.
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________
Profa. Dra. Letícia Veras Costa Lotufo (Orientadora)
Universidade Federal do Ceará
__________________________________________________
Prof. Dr. Vietla Satyanarayana Rao
Universidade Federal do Ceará
__________________________________________________
Profa. Dra. Ana Paula Negreiros Nunes Alves
Universidade Federal do Ceará
4
A Deus, que sempre me deu força e coragem,
não me deixando desanimar nos momentos
de angustia, tristeza e aflição.
5
AGRADECIMENTOS
À grande amiga e orientadora Profª Drª Letícia Veras Costa-Lotufo, por ter me
aceitado, incentivado e acreditado em meu trabalho desde o início; pela paciência, ajuda e por
todos os ensinamentos do dia-a-dia, e pela a orientação deste trabalho.
À Profª Drª Claudia do Ó Pessoa, pelo apoio, incentivo e pela amizade.
À Drª Raquel Carvalho Montenegro, por todos os auxílios e dicas essenciais, e pela
amizade.
Ao Prof. Dr. Manoel Odorico de Moraes, pelo incentivo e contribuição à pesquisa
no Laboratório de Oncologia Experimental.
À Profª Drª Ana Paula Negreiros Nunes Alves, pela contribuição e auxílio nas
análises histopatológicas.
À Profª Drª Otília Deusdênia Loiola Pessoa e ao Prof. Dr. Edilberto Rocha
Silveira (esse é o prof., a parte do pai está em baixo), do Departamento de Química
Orgânica e Inorgânica da Universidade Federal do Ceará (UFC), junto aos pós-graduandos
Ana Isabel Maia e Maria Leopoldina Veras, pelo isolamento e caracterização química das
vitafisalinas aqui estudadas, e pela imensa colaboração neste trabalho.
Aos amigos do Laboratório de Oncologia Experimental: Arinice, Bruno, Carla,
Cecília, Daniel, Delano, Elthon, Eveline, Felipe, Hemerson, Ivana, Jersia, José Roberto,
Kristiana, Márcio, Marne, Michel, Patrícia Marçal, Paula e Washington pela ajuda,
amizade e momentos de descontração de todos os dias; em especial Diego e Gardênia, por
terem me passado um pouco de seus profundos conhecimentos e por todas as explicações
sobre as metodologias utilizadas no laboratório.
À Silvana pela imensurável paciência e ajuda neste trabalho.
Aos técnicos Adriano Santos, Luciana França e Maria de Fátima Teixeira cuja
dedicação é essencial para o laboratório.
Aos professores da Pós-graduação em Farmacologia por todas as lições.
Aos funcionários do Departamento de Fisiologia e Farmacologia: Adelânia, Sheila,
Aura, Chiquinho, Carlos e Íris que tentam resolver ou indicar o melhor caminho para os
problemas do dia a dia.
Ao meu sobrinho João Pedro, que com toda sua alegria e inocência me faz esquecer
dos problemas da vida de gente grande.
Às minhas irmãs Stephanie e Patrícia, que me fazem uma raiva danada, mas mesmo
assim eu as amo muito.
À minha e Veranisia Damasceno Rocha, pelo beijo, abraço, amor, carinho,
conforto, compreensão e paciência “muita” de todos os dias; TE AMO!
6
Ao meu pai Edilberto Rocha Silveira, que tem um jeito “ditador” especial de ser,
mas sempre se esforçou muito para me proporcionar as melhores condições de vida; sempre
me dizendo pra estudar (nem sempre eu escutava), e hoje eu agradeço pela insistência e
oportunidade de poder concluir e seguir em frente com os meus estudos; pelo exemplo de
“grande homem” que venceu na vida e chegou onde chegou; TE AMO!
À minha noiva e melhor amiga Carolinne Reinaldo Pontes, que sempre, sempre,
sempre esteve ao meu lado, me apoiando e me incentivando em todas as decisões e momentos
difíceis; pelo amor e carinho de todos os dias; TE AMO, TE AMO, TE AMO!!!
À todos que, diretamente ou indiretamente, contribuíram para a minha formação
pessoal e acadêmica ou para a execução deste trabalho.
7
Este trabalho foi realizado graças ao auxílio das seguintes instituições:
Banco do Nordeste do Brasil - BNB
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES
Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP
Fundação Cearense de Amparo a Pesquisa - FUNCAP
Instituto Claude Bernard - InCb
8
RESUMO
As vitafisalinas são lactonas esteroidais (C
28
), estruturalmente baseadas no
esqueleto do ergostano, comumente encontradas em plantas da família Solanaceae. A fim de
avaliar as propriedades anticâncer desses compostos, cinco vitafisalinas [O, F, M, N e (17S,
20R, 22R) -5 β, :18,20-2-diepóxi β-4, 18 - diidróxi-1 - oxovita-3-24-enolido] isoladas da
Acnistus arborescens, planta típica do nordeste brasileiro, foram analisadas utilizando
diversos modelos biológicos. Todas as cinco vitafisalinas mostraram efeitos citotóxicos em
linhagens de células tumorais, sendo a vitafisalina O a mais potente e a vitafisalina (17S, 20R,
22R) -5 β, 6β :18,20-2-diepóxi β-4, 18 - diidróxi-1-oxovita-3 - 24-enolido) a menos potente.
Ao compararmos as estruturas químicas das vitafisalinas e suas atividades, foi observado que
a ligação dupla entre os carbonos 2 e 3 é essencial para os efeitos citotóxicos desses
compostos. No entanto, as vitafisalinas (O, F e N) não mostraram qualquer especificidade
para linhagens tumorais, já que também apresentaram efeitos citotóxicos e genotóxicos,
semelhantes, em células leucêmicas (HL-60) e em células normais (PBMC). A viabilidade
celular e curvas de crescimento foram determinadas, para as linhagens de HL-60 e K-562,
utilizando o ensaio de exclusão de azul de tripan. As vitafisalinas O, F, M e N reduziram o
número de células viáveis de modo dose e tempo dependente, apresentando valores de CI
50
variando de 0,7 a 3,5 µM após 72 horas de incubação. Nas mesmas linhagens leucêmicas, as
vitafisalinas também inibiram a síntese de DNA, causaram alterações morfológicas típicas de
apoptose, e apenas na linhagem HL-60 induziram a ativação da caspase-3. Além disso, foi
realizado, em células de HL-60, a análise da integridade da membrana celular, distribuição do
ciclo celular, fragmentação de DNA e o potencial transmembrânico de mitocôndria, utilizando
citometria de fluxo. Nestes experimentos, as vitafisalinas O e F, somente na concentração de
10 µM, reduziram o número de células viáveis para 60 e 40%, respectivamente. Na análise do
ciclo celular, ambas vitafisalinas, na concentração de 5 µM, causaram um acúmulo de lulas
na fase G2/M do ciclo celular. Ambas vitafisalinas também causaram um aumento
significativo do número de lulas apresentando fragmentação de DNA. Os resultados da
análise do potencial transmembrânico de mitocôndria mostraram um aumento na
despolarização de 4,7, 17,5 e 9,1% causado pela vitafisalina O e de 7,6, 16,6 e 5,6% pela
vitafisalina F. O efeito antitumoral (in vivo) da vitafisalina F foi analisado em camundongos
transplantados com o tumor Sarcoma 180, nas doses de 5, 10 e 20 mg/Kg/dia por via
intraperitoneal e na dose de 20 mg/Kg/dia por via oral. O crescimento do tumor foi inibido em
mais de 76% na maior doses testada (20mg/Kg/dia), tanto por via intraperitoneal quanto por
via oral. A análise histopatológica dos órgãos dos animais mostraram que a vitafisalina F
provoca efeitos tóxicos moderados, principalmente no fígado e nos rins, mas esses podem ser
considerados como reversíveis. Tendo em vista todos estes dados, pode concluir-se que as
vitafisalinas podem ser consideradas como uma classe emergente de novos compostos
anticâncer.
Palavras-chave: Vitafisalina. Apoptose. Solanaceae.
9
ABSTRACT
Withaphysalins are C28-steroidal lactones structurally based on the ergostane skeleton
commonly found in Solanaceae species. In order to evaluate the anticancer properties of these
compounds, five withaphysalins [O, F, M, N and (17S,20R,22R)-5β,6β: 18,20-diepoxy-4β,18-
dihydroxy-1-oxowitha-24-enolide] isolated from Acnistus arborescens, a plant from the
northeastern Brazilian flora, were analyzed in several biological models. All five
withaphysalins showed cytotoxic effects against tumor cell lines, being withaphysalin O the
most potent and withaphysalin (17S,20R,22R)-5β,6β: 18,20-diepoxy-4β,18-dihydroxy-1-
oxowitha-24-enolide, the less potent. Based on these results, its shown that a double-bond
between carbons 2 and 3 is essential for the cytotoxic activity of withaphysalins.
Withaphysalins (O, F and N) did not show any specificity to tumor cell lines, showing similar
cytotoxic and genotoxic effects against leukemic cells (HL-60) and normal cells (PBMC).
Cell viability and growth curves of HL-60 and K-562 treated cells were determined using
trypan blue exclusion assay, where all withaphysalins reduced the number of viable cells in a
dose-and time-dependent fashion, with IC
50
values ranging from 0.7 to 3.5 µM after 72 h of
incubation. In HL-60 and K-562 cells, the withaphysalins inhibited DNA synthesis, induced
morphological alterations, typical of apoptosis, and only in the HL-60 cell line, and they
induced activation of caspase-3. Moreover, it was performed the analyzes of cell membrane
integrity, cell cycle distribution, DNA fragmentation and the mitochondrial membrane
potential using flow citometry. In these experiments, withaphysalins O and F, only at
concentration of 10µM, reduced the number of viable cells to 60 and 40% respectively. In the
cell cycle analysis, both withaphysalins led to a cell cycle arrest at G2/M, at the concentration
of 5µM. Cells treated with both withaphysalins also showed a significant increase in DNA
fragmentation when compared to the negative control. Results of the mitochondrial
transmembrane potential showed depolarization changes in accordance to the tested
concentration (2.5, 5 and 10µg/mL) with 4.7, 17.5 and 9.1% for withaphysalin O and 7.6, 16.6
and 5.6% for withaphysalin F, respectively. The in vivo antitumor effects of withaphysalin F
was performed in animals bearing the sarcoma 180 tumor, and at the highest dose tested
(20mg/Kg/day), growth tumor was inhibited in 77%. Histopatological analysis of mice organs
showed that withaphysalin F causes moderate toxic effects mostly in liver and kidney, but
they may be considered reversible effects. Taking in account all these data, it can be
concluded that withaphysalins could be considered as an emerging class of new anticancer
compounds.
Key words: Withaphysalin. Apoptosis. Solanaceae
10
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 -
Tipos de câncer mais incidentes, estimados para o ano de 2008, na
população brasileira, sem pele não melanoma........................................... 18
Figura 2 -
Representação espacial das taxas brutas de incidência por 100 mil
homes/mulheres, estimadas para o ano de 2008........................................ 19
Figura 3 -
Ilustração esquemática das fases do ciclo celular..................................... 21
Figura 4 -
Ilustração esquemática das fases do ciclo celular e respectivas ciclinas e
cdks............................................................................................................ 22
Figura 5 -
(A) Catharanthus roseus e (B) estruturas químicas da vimblastina (1)
vincristina (2), vindesina (3) e vinorelbina (4).......................................... 25
Figura 6 -
(A) Podophyllhum pelpatum L e (B) estruturas químicas da
podofilotoxina, (5), etoposídeo (6) e tenoposídeo (7)............................. 27
Figura 7 -
(A) Camptotheca acuminata e (B) estruturas químicas da camptotecina
(8), topotecan (9) e irinotecan (10).............................................................
29
Figura 8 -
A) Taxus baccata e (B) estruturas químicas do paclitaxel (11
) e
docetaxel (12)............................................................................................. 31
Figura 9 -
Estruturas químicas básicas dos sete grupos de vitaesteróides.................. 33
Figura 10 -
Acnistus arborescens L. Schlecht.............................................................. 35
Figura 11 -
Estruturas dos compostos Vitaferina A (13), Vitacnistina (14), 7β-
Acetóxivitanolido D (15), 7β,16α-Diacetóxivitanolido D (16), 4-Deóxi-
7β,16-α-diacetóxivitanolido D (17), Vitafisalina F (18), Vitafisalina M
(19) Vitafisalina N (20), Vitafisalina O (21) e Vitafisalina
(17S,20R,22R)-5β,6β:18,20-2-diepóxi-4β,18-diidróxi-1-oxovita-3-24-
enolido (22) isolados da A. arborescens.................................................... 36
Figura 12 -
Curva de crescimento celular da linhagem HL-60 (leucemia humana)
tratada com as vitafisalinas O (A), F (B), M (C) e N (D). Viabilidade
celular......................................................................................................... 68
Figura 13 -
Curva de crescimento celular da linhagem K-562 (leucemia humana)
tratada com as vitafisalinas O (A), F (B), M (C) e N (D). Viabilidade
celular......................................................................................................... 69
Figura 14 -
Curva de crescimento celular da linhagem HL-60 (leucemia humana)
tratada com as vitafisalinas O (A), F (B), M (C) e N (D). Número de
células......................................................................................................... 70
11
Figura 15 -
Curva de crescimento celular da linhagem K-562 (leucemia humana)
tratada com as vitafisalinas O (A), F (B), M (C) e N (D). Número de
células......................................................................................................... 71
Figura 16 -
Freqüência de dano das vitafisalinas O, M e N sobre células de PBMC
(A) e HL-60 (B), analisado pelo teste do cometa após 24 horas de
incubação....................................................................................................
73
Figura 17 -
Índice de dano das vitafisalinas O, M e N sobre células de PBMC (A) e
HL-60 (B), analisado pelo teste do cometa após 24 horas de incubação... 74
Figura 18 -
Efeito das vitafisalinas O, M e N sobre células de (A) HL-60 e (B)
K562, analisado por Brometo de Etídio/Laranja de Acridina após 24
horas de incubação..................................................................................... 77
Figura 19 -
Efeito das vitafisalinas O, M e N sobre a ativação da caspase-3 em
células de HL-60 após 24 horas de incubação 78
Figura 20 -
Morfologia de células da linhagem HL-60 (leucemia) após 24h de
incubação, coradas por Hematoxilina/Eosina e visualizadas por
microscopia óptica......................................................................................
80
Figura 21 -
Morfologia de células da linhagem HL-60 (leucemia) após 24h de
incubação, coradas por May-Grunwald-Giemsa e visualizadas por
microscopia óptica......................................................................................
81
Figura 22 -
Efeito das vitafisalinas F e O sobre a viabilidade (integridade de
membrana) de células leucêmicas de HL-60, analisado por citometria de
fluxo utilizando iodeto de propídeo, após 24 horas de incubação............. 82
Figura 23 -
Efeito das vitafisalinas F e O sobre a concentracao de células
leucêmicas de HL-60, analisado por citometria de fluxo utilizando
iodeto de propídeo, após 24 horas de incubação........................................ 83
Figura 24 -
Efeito das vitafisalinas F e O sobre a distribuição do ciclo celular (eixo
x: intensidade de fluorescência; eixo y: número de células) em células
leucêmicas (HL-60) determinado por citometria de fluxo utilizando
iodeto de propídeo, após 24 horas de incubação........................................
85
Figura 25 -
Efeito das vitafisalinas F e O sobre a fragmentação de DNA de células
leucêmicas de HL-60, analisado por citometria de fluxo utilizando
iodeto de propídeo, após 24 horas de incubação........................................ 86
Figura 26 -
Efeito das vitafisalinas F e O sobre o potencial transmembrânico de de
células leucêmicas de HL-60, analisado por citometria de fluxo
utilizando rodamina 123 após 24 horas de incubação................................
87
12
Figura 27 -
Efeito da vitafisalina F nas doses de 5, 10 e 20 mg/Kg/dia, i.p. e 20
mg/Kg/dia, v.o. sobre a proliferação tumoral de camundongos (Mus
musculos) Swiss transplantados com Sarcoma 180, após 7 dias de
tratamento...................................................................................................
89
Figura 28 -
Fotomicrografia dos tumores de camundongos (Mus musculus) Swiss
transplantados com Sarcoma 180 e sacrificados após 7 dias de
tratamento.................................................................................................. 92
Figura 29 -
Fotomicrografia do fígado de camundongos (Mus musculus) Swiss
transplantados com Sarcoma 180 e sacrificados após 7 dias de
tratamento...................................................................................................
93
Figura 30 -
Fotomicrografia dos rins de camundongos (Mus musculus) Swiss
transplantados com Sarcoma 180 e sacrificados após 7 dias de
tratamento..................................................................................................
94
Figura 31 -
Fotomicrografia do baço de camundongos (Mus musculus) Swiss
transplantados com Sarcoma 180 e sacrificados após 7 dias de
tratamento...................................................................................................
95
Figura 32 -
Estruturas químicas das vitafisalinas estudadas. As diferenças
estruturais entre os compostos se encontram em
destaque......................................................................................................
101
13
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 -
Linhagens celulares tumorais utilizadas nos ensaios de citotoxicidade in
vitro............................................................................................................ 47
Tabela 2 -
Atividade citotóxica in vitro de vitafisalinas isoladas da Acnistus
arborescens em linhagens de células tumorais........................................... 65
Tabela 3 -
Atividade citotóxica in vitro de vitafisalinas isoladas da Acnistus
arborescens em PBMC............................................................................... 66
Tabela 4 -
Atividade citotóxica das vitafisalinas F, O, M e N em células leucêmicas
das linhagens HL-60 (leucemia promielocitica) e K562 (leucemia
mielocítica crônica).................................................................................... 72
Tabela 5 -
Efeito das vitafisalinas O, M e N na incorporação do 5-bromo-2´-
deoxyuridina (BrdU) em células leucêmicas de HL-60 e K562 depois de
24 horas de incubação................................................................................ 75
Tabela 6 -
Efeito das vitafisalinas F e O sobre a distribuição do ciclo celular em
células leucêmicas (HL-60) determinado por citometria de fluxo
utilizando iodeto de propídeo, após 24 horas de incubação. ..................... 84
Tabela 7 -
Efeito das vitafisalinas F e O sobre a distribuição do ciclo celular em
células leucêmicas (HL-60) determinado por citometria de fluxo
utilizando iodeto de propídeo, após 24 horas de incubação....................... 91
Tabela 8 -
Resumo dos resultados encontrados no estudo da atividade citotóxica
das vitafisalinas.......................................................................................... 96
14
LISTA DE ABREVIATURAS
ANOVA
Analisys of Variance (Análise de variância)
BE/LA
Brometo de Etídio / Laranja de Acridina
BrdU
Bromodeoxiuridina
CI
50
Concentração Inibitória Média
CO
2
Dióxido de Carbono
DAB
Diaminobenzidina
DMSO
Dimetilsulfóxido
E.P.M.
Erro Padrão da Média
h
Hora
H/E
Hematoxilina/Eosina
L
Litro
µL
Microlitro
µM
Micromolar
min
Minuto
mg
Miligrama
MTT
3-(4,5-dimetil-2-tiazol)-2,5-difenil-brometo de tetrazolium
PBS
Phosphate Buffer Solution (Tampão Fosfato)
RPMI
Roswell Parrk Memorial Institute Medium
TBS
Tris Buffer Solution (Tampão Tris)
U
Unidade
UV
Ultra-Violeta
i.p.
Via Intraperitoneal
v.o.
Via Oral
15
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 17
1.1 Câncer........................................................................................................................... 17
1.2 Produtos naturais com atividade anticâncer.......................................................................23
1.3 Vitaesteróides................................................................................................................ 32
1.4 Acnistus arborescens L. Schlecht .................................................................................. 34
2 OBJETIVOS.................................................................................................................... 38
2.1 Geral............................................................................................................................. 38
2.2 Específicos.................................................................................................................... 38
3 MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................................ 40
3.1 Materiais....................................................................................................................... 40
3.2 Métodos ........................................................................................................................ 46
3.2.1 Obtenção das vitafisalinas ......................................................................................... 46
3.2.2 Cultivo das células .................................................................................................... 46
3.2.3 Avaliação da atividade citotóxica em células tumorais in vitro – MTT ...................... 47
3.2.4 Avaliação da atividade citotóxica em células normais in vitro – Alamar Blue............ 48
3.2.5 Avaliação da atividade antiproliferativa em células leucêmicas (Curva de crescimento
celular) - exclusão por azul de tripan.................................................................................... 49
3.2.6 Avaliação da atividade genotóxica em células normais e leucêmicas. ........................ 50
3.2.7 Inibição da síntese de DNA – BrDU.......................................................................... 52
3.2.8 Coloração Diferencial por Brometo de Etídio/Laranja de Acridina ............................ 53
3.2.9 Determinação da ativação da caspase-3 ..................................................................... 55
3.2.10 Análise morfológica – Coloração por Hematoxilina/Eosina (H/E) ............................. 56
3.2.11 Análise morfológica - Coloração por May-Grunwald-Giemsa ................................... 56
3.2.12 Determinação da Integridade da Membrana............................................................... 57
3.2.13 Avaliação do ciclo celular e fragmentação de DNA................................................... 58
3.2.14 Determinação do Potencial Transmembrânico de Mitocôndria .................................. 59
3.2.15 Avaliação da atividade antitumoral da vitafisalina F
em camundongos ...................... 60
3.2.15.1 Achados Histopatológicos ..................................................................................... 62
4 RESULTADOS ............................................................................................................... 64
4.1 Avaliação da atividade citotóxica em células tumorais in vitro – MTT .......................... 64
4.2 Avaliação da atividade citotóxica em células normais in vitro – Alamar Blue................ 66
4.3 Avaliação da atividade antiproliferativa em células leucêmicas (Curva de crescimento
celular) - exclusão por azul de tripan.................................................................................... 66
4.4 Avaliação da atividade genotóxica em células normais e leucêmicas. ............................ 72
4.5 Inibição da síntese de DNA – BrDU.............................................................................. 75
4.6 Coloração Diferencial por Brometo de Etídio/Laranja de Acridina ................................ 75
4.7 Determinação da ativação da caspase-3......................................................................... 78
4.8 Análise morfológica – Coloração por Hematoxilina/Eosina (H/E) e May-Grunwald-
Giemsa................................................................................................................................. 79
4.9 Determinação da Integridade da Membrana.................................................................. 82
4.10 Avaliação do ciclo celular e fragmentação de DNA...................................................... 83
4.11 Determinação do Potencial Transmembrânico de Mitocôndria ..................................... 87
4.12 Atividade da atividade antitumoral da vitafisalina F em camundongos ......................... 88
4.12.1 Análise histopatológica dos órgãos........................................................................... 90
5 DISCUSSÃO ................................................................................................................... 98
6 CONCLUSÃO............................................................................................................... 111
REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 113
16
Introdução
17
1 INTRODUÇÃO
1.1 Câncer
A palavra câncer se refere a uma variedade de doenças, em que sua característica
principal é o crescimento descontrolado das células. Existem mais de 100 tipos de câncer, que
diferem de acordo com o tipo de célula, tecido ou órgão em que ocorrem. Geralmente as
células cancerosas levam a formação de uma massa tumoral, podendo essa ser benigna ou
maligna (NATIONAL CANCER INSTITUTE, 2008).
As primeiras descrições sobre câncer em humanos datam de 3000-1500 a.C.
quando foram encontrados sete papiros no Egito, e entre estes, o de George Elbers e o de
Edwin Smith, descreviam oito casos de tumor ou ulceras de mama. (REDDY et al., 2003). No
Egito também foram encontradas as primeiras evidências de tumor em esqueletos de múmias
fossilizadas que viviam na Era do Bronze (1900-1600 a.C.).
Em torno de 460-370 a.C., ao
analisar vários tipos de tumor, Hipócrates comparava a morfologia destes com a forma de um
caranguejo, daí a criação do termo cancer em latim, que se refere ao termo grego karkinus
(caranguejo). O termo ncer foi usado pela primeira vez por Galeno (138-201 d.C.)
(AMERICAN CANCER SOCIETY, 2008).
Hoje em dia o câncer é uma das maiores causas de morte no mundo, atrás apenas
das mortes causadas por doenças cardiovasculares. Em 2005, de um total de 58 milhões de
mortes no mundo, 7,6 milhões (13%) foram causadas por câncer. No Brasil, o número de
mortes causadas por câncer em 2005 foi de 190.000, representando 14,8% do número total de
casos (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2008).
Para o ano de 2008, estimativas indicam que ocorrerão 466.730 novos casos de
câncer no Brasil, sendo 231.860 para o sexo masculino e 234.870 para o sexo feminino. O
tipo de ncer mais comum, em ambos os sexos, é o de pele não melanoma, com uma
incidência de 114 mil novos casos por ano. Sem levar em consideração o ncer de pele, os
cânceres de próstata, pulmão e estômago são os tipos mais comuns entre os homens (81.000
casos), enquanto que em mulheres os tipos mais comuns são os de mama e colo do útero
(68.000 casos). Apesar do câncer de próstata ter maior incidência entre os homens, o câncer
de pulmão ainda é o tipo que mais mata no mundo (Figuras 1 e 2) (BRASIL, 2007).
18
Fonte: (BRASIL, 2007)
Figura 1 - Tipos de câncer mais incidentes, estimados para o ano de 2008, na população
brasileira, sem pele não melanoma.
19
Homens
Mulheres
Fonte: (BRASIL, 2007)
Figura 2 - Representação espacial das taxas brutas de incidência por 100 mil
homes/mulheres, estimadas para o ano de 2008, segundo a Unidade da Federação (todas as
neoplasias, exceto as de pele não melanoma).
20
O câncer é considerado uma doença genética, onde o agente carcinógeno quando
incide sobre uma célula normal, causa alterações na molécula de DNA. Essas alterações são
denominadas de mutação. Qualquer célula normal pode sofrer alterações no seu material
genético. Normalmente essa alteração é reparada, ou então a célula entra em processo de
morte. Na verdade, para que a mutação de fato ocorra, é necessário que o DNA alterado seja
replicado e passado para as células filhas. Na carcinogênese, não apenas uma mutação, mas
uma série de eventos acumulados ao longo dos anos é necessária para desencadear esse
processo (CORTNER; WOUDE, 1997).
O processo de carcinogênese inclui a iniciação, promoção e progressão tumoral. O
primeiro estágio envolve o contato entre o agente carcinógeno e o DNA das células, levando a
formação de uma célula transformada. A mutação, por si só, não é capaz de causar câncer,
podendo essa permanecer inativa e levar vários anos para se manifestar. O segundo estágio da
carcinogênese envolve a ação de substâncias promotoras de tumores, como os ésteres de
forbol, que induzem a expressão de genes envolvidos no crescimento celular. Aparentemente,
esses promotores agem em células que sofreram algum tipo de mutação e exigem um
contato por um período longo e contínuo para que essas células se tornem malignas. No
terceiro estagio, o de progressão, começam a aparecer as primeiras manifestações clínicas
da doença, caracterizada pelo crescimento descontrolado das células mutadas e conseqüente
formação do tumor (DONNICI et al., 2005).
As células tumorais possuem defeitos nos mecanismos que regulam a proliferação
celular normal e a homeostase. Esses defeitos podem ser resumidos em seis alterações
características de células tumorais, como: auto suficiência na sinalização de fatores de
crescimento, insensibilidade à sinais para inibição do crescimento, evasão da morte celular
programada (apoptose), potencial de replicação ilimitado, angiogênese e a capacidade de
invasão e metastatização para outros tecidos (HANAHAN; WEINGER, 2000).
Muitas dessas alterações se devem, principalmente, às mutações que ocorrem em
dois tipos de genes especiais, denominados de oncogenes e genes supressores tumorais, os
principais reguladores da proliferação celular (BISHOP, 1987).
Os oncogenes o os responsáveis pelo controle do crescimento celular. Em
células normais os oncogenes, o chamados de proto-oncogenes, que ao sofrerem alguma
mutação passam a ter sua expressão aumentada. Uma característica dos oncogenes é que eles
agem de forma dominante na célula, onde uma mutação em um dos alelos já é suficiente para
alterar o funcionamento normal do gene (BISHOP, 1987). os genes supressores tumorais
21
necessitam que as duas cópias do gene sofram mutação, levando a perda da função destes
(BISHOP, 1987).
Dependendo da necessidade do organismo novas células podem ser formadas, seja
para o reparo de tecidos lesionados ou simplesmente para substituir lulas velhas e mortas.
Mas as vezes esse processo sofre alterações, e ocorre então a formação de novas células, sem
que estas sejam necessárias, ou então lulas velhas e/ou danificadas, que deveriam morrer,
por algum motivo não morrem. As mutações nos oncogenes e nos genes supressores tumorais
são as responsáveis por essa alteração no balanço entre proliferação e morte celular.
A proliferação das células dá-se através de uma seqüência ordenada de eventos,
em que ocorrem a duplicação do material genético e posterior divisão em duas lulas filhas.
Esses dois processos resumem as duas principais fases do ciclo celular, onde ocorre a
duplicação do DNA na fase S (S de síntese), e a divisão celular que ocorre na fase M (M de
mitose) (FISHER et al., 2004). Além dessas duas fases, existe também um intervalo entre as
fases M e S, chamada de fase G1, onde vai ocorrer a síntese de várias enzimas necessárias
para a fase S, e um intervalo entre as fases S e M, que é a fase G
2
, onde também irá ocorrer a
síntese de proteínas necessárias para a fase M. Assim, o ciclo celular é composto por quatro
fases seqüenciais, as fases G
1
, S, G
2
e M. Logo depois da divisão celular, na fase M, as células
podem entrar em um estado de quiescência, também chamada de fase G
0,
onde a taxa
metabólica das células é mantida estável, aguardando por sinais extracelulares que sejam
favoráveis à sua proliferação (GUO; HAY, 1999) (Figura 3).
Ponto de checagem
em G
2
Mitose
Ponto de checagem
em G
1
-S
Preparação
para mitose
Síntese de DNA
Crescimento
celular
Figura 3 - Ilustração esquemática das fases do ciclo celular.
22
A progressão do ciclo celular é controlada por duas famílias de proteínas, as
ciclinas e as quinases dependentes de ciclina (cdks, cyclin dependent kinases). As cdks estão
expressas constitutivamente nas lulas, e como o próprio nome já diz, elas precisam estar
ligadas às ciclinas para se tornarem ativas. Por outro lado, as ciclinas são sintetizadas e
degradadas em cada fase do ciclo celular, de modo que o complexo ciclina-cdk se torne
específico pra cada uma dessas fases (COLLINS et al., 2005) (Figura 4).
Os fatores de crescimento estimulam a entrada das células no ciclo celular através
do aumento dos níveis da ciclina D, que se ligam as cdks 4 e 6, no início da fase G
1
. A ligação
da ciclina E a cdk2 promove a passagem da fase G
1
para a fase S. Durante a fase S a ciclina A
está ligada a cdk2, e na transição para G
2
se liga a cdk1. A ligação da ciclina B com a cdk1
surge no final da fase G
2
e continua até a entrada da célula em mitose (LUNDBERG;
WEINBERG, 1999).
Os complexos ciclinas-cdks controlam o ciclo celular através da regulação dos
chamados pontos de checagem (checkpoints). Qualquer dano no DNA e/ou mal
funcionamento de organelas e estruturas essenciais para o ciclo celular, ocasionam o atraso ou
a parada desse ciclo, para que o defeito possa ser reparado, caso contrario a célula entraria em
processo de morte (LUNDBERG; WEINBERG, 1999).
Ciclina A
cdk 2 e 1
Ciclina E
cdk 2
Ciclina B
cdk 1
Ciclina D
cdk 4 e 6
Figura 4 - Ilustração esquemática das fases do ciclo celular e respectivas ciclinas e cdks.
23
1.2 Plantas medicinais com atividade anticâncer
A milhares de anos, os produtos naturais vêm sendo utilizados na prevenção e
cura de doenças. Esses produtos naturais têm se originado de diversas fontes, incluindo um
grande número de plantas, animais e microorganismos (NEWMAN et al., 2000).
No período de 1981 a 2007, de todas as novas entidades químicas aprovadas pelo
‘US Food and Drug Administration (FDA), 63 % eram produtos naturais, derivados de
produtos naturais ou eram moléculas sintéticas com estruturas semelhantes as dos produtos
naturais, e muitos destes de grande valor agregado devido às suas aplicações como
medicamentos e cosméticos. (NEWMAN; CRAGG, 2007). Nos anos de 2001 e 2002,
aproximadamente 25 % dos medicamentos mais vendidos no mundo eram produtos naturais
ou derivados destes (BUTLER, 2004). Um estudo realizado, analisando as prescrições dos
médicos, mostrou que o uso desses medicamentos pode ser utilizado no tratamento de 87 %
de todas as doenças humanas como agentes antimicrobianos, anticâncer, anticoagulantes,
antiparasitários, entre outros (NEWMAN et al., 2003).
Na área do cancer, esses compostos tem sido de fundamental importancia, que
60 % dos medicamentos anticancer utilizados na clínica sao de origem natural (NEWMAN,
2003). Dentre as diversas fontes de produtos naturais, as espécies vegetais têm contribuído de
forma bastante significativa para o fornecimento de novos compostos anticâncer. Entre esses
compostos estão a vimblastina, vincristina, os derivados da camptotecina, topotecan e
irinotecan, etoposideo derivado da podofilotoxina e o paclitaxel (Taxol®) (CRAGG;
NEWMAN, 2005).
A vimblastina (1) e a vincristina (2) foram isoladas da planta Catharanthus
roseus, conhecida como “pervinca” de Madagascar, pertencente a família Apocinaceae, que
durante anos vinha sendo utilizada na medicina popular por possuir vários efeitos
farmacológicos (Fig. 5). Peckolt (1910) reportou que, no Brasil, a infusão das folhas era
utilizada em dores de dente, no controle da hemorragia e na limpeza de ferimentos. Outras
espécies relacionadas também possuíam seu uso medicinal, como no tratamento de úlcera
diabética (NOBEL, 1958 apud JOHNSON et al., 1960)
como hipoglicemiante oral,
antimicrobiano e antihipertensivo (CHOPRA, 1959 apud JOHNSON et al., 1960).
Na cada de 1950, Clark e Robert Nobel se interessaram pelas propriedades
farmacológicas da C. roseus, que na Jamaica, na falta de insulina, as folhas da planta eram
utilizadas no tratamento da diabetes (CHOPRA, 1959 apud JOHNSON et al., 1960). Os
cientistas então observaram que quando os ratos eram tratados com extratos da planta C.
24
roseus para o tratamento de diabetes melitos, estes apresentavam granulocitopenia e
mielossupressão. Depois daí, Clark e Robert junto com o químico Charles T. Beer e Gordon
Svoboda, da indústria farmacêutica Lilly, conseguiram isolar dois alcalóides, a
vincaleucoblastina e a leurocristina, que depois tiveram seus nomes mudados para vimblastina
e vincristina respectivamente (Figura 5) (SVOBODA, 1961 apud JOHNSON et al., 1960).
Logo depois mais dois novos compostos foram semi-sintetizados, vindesina (3) e vinorelbina
(4) (Figura 5), que fazem parte do tratamento quimioterápico do câncer, e mais
recentemente vinflunine, que está em estudos clínicos de fase 3 na Europa (FAHY et al.,
1997; KRZAKOWSKI et al., 2007).
Os alcalóides da vinca se ligam à tubulina, impedindo a polimerização dos
microtúbulos e conseqüente formação do fuso mitótico, resultando na parada do ciclo celular
durante a mitose.
25
A
B
N
H
N
R
4
CH
3
O
O
CH
3
N
N
R
1
R
2
OH
R
3
CH
3
O
CH
3
Vimblastina (1) – R
1
= CH
3
; R
2
= CO
2
CH
3
; R
3
= OCH
2
CH
3
; R
4
= OH
Vincristina (2) – R
1
= COH; R
2
= CO
2
CH
3
; R
3
= OCH
2
CH
3
; R
4
= OH
Vindesina (3) – R
1
= CH
3
; R
2
= CONH
3
; R
3
= OH; R
4
= OH
Vinorelbina (4) – R
1
= CH
3
; R
2
= CO
2
CH
3
; R
3
= OCH
2
CH
3
; R
4
= H
Figura 5 - (A) Catharanthus roseus e (B) estruturas químicas da vimblastina (1) vincristina
(2), vindesina (3) e vinorelbina (4).
26
Podofilotoxinas são lignanas encontradas principalmente em plantas do gênero
Podophyllum (Podophyllaceae), que há séculos vem sendo utilizado devido suas propriedades
medicinais. Catersby, em 1731, foi o primeiro a descrever sobre plantas do gênero
Podophyllum, onde relata que a planta Podophyllhum peltatum L., também conhecida como
“mandrágora”, era utilizada pelos índios americanos devido a seus efeitos eméticos, catárticos
e anti-helmínticos (IMBERT, 1998)
A podofilotoxina (5) atua ao inibir a polimerização dos microtúbulos e também
a topoisomerase II (Fig. 6) (CORTESE et al., 1977). Com o pensamento de que a
podofilotoxina pudesse ser usada para o tratamento do ncer, vários ensaios clínicos foram
realizados, mas os efeitos tóxicos causados no sistema gastrintestinal não deixavam os
estudos irem adiante. Foi então que, à procura por derivados menos tóxicos, várias alterações
foram feitas na estrutura da podofilotoxina, levando a obtenção de dois compostos semi-
sintéticos, o VP-16 e o VM-26, que depois tiveram seus nomes modificados para etoposideo
(6) e tenoposideo (7), respectivamente (Figura 6) (STAHELIN et al., 1991). Essas
modificações também alteraram o mecanismo de ação desses dois compostos, que passaram a
possuir somente a atividade inibitória sobre a topoisomerase II, já que o anel trimetoxilado da
podofilotoxina, responsável pela ação sobre a tubulina, tinha um dos seus grupamentos
substituídos por uma hidroxila (SRIVASTAVA et al., 2005).
O etoposídeo (Vepesid) possui uma atividade de amplo espectro, se mostrando
ativo em uma grande variedade de cânceres, como: câncer de testículo, carcinoma de ovário,
diferentes tipos de câncer de pulmão, leucemias, linfomas, sarcomas, melanomas e câncer de
colon. O tenoposídeo (Vumon), que é mais potente que o etoposídeo, também possui um
amplo espectro de atividade, se mostrando ativo contra cânceres de cérebro, leucemia
linfocítica e linfoblástica, mieloma e linfoma non-Hodgkin (GORDALIZA et al., 2000).
27
A
B
OH
H
3
CO
OCH
3
OCH
3
O
O
O
O
H
3
CO
OCH
3
OCH
3
O
O
O
O
H
O
O
O
O
R
HO
HO
Podofilotoxina (5) Etoposídeo (6) – R = CH
3
Tenoposídeo (7) – R =
S
Figura 6 - (A) Podophyllhum pelpatum L e (B) estruturas químicas da podofilotoxina, (5),
etoposídeo (6) e tenoposídeo (7).
28
A camptotecina (8) é um alcalóide isolado da Camptotheca acuminata, planta
nativa da China, também conhecida como “planta do amor” (WALL et al., 1966) (Fig. 7).
Esse composto logo despertou o interesse dos cientistas, por possuir forte efeito contra a
linhagem leucêmica L1210 de ratos (in vivo), mas logo apareceram problemas com a
insolubilidade da droga em água. Em 1970 alguns ensaios clínicos foram realizados com a
droga sendo solubilizada em solução salina, mas os efeitos observados não foram os mesmos
(GOTTLIEB et al., 1970). Em seguida, através de estudos de estrutura-atividade, descobriu-se
que um anel de lactona era importante para o seu efeito antitumoral, e que este estava sendo
quebrado quando a droga era dissolvida em solução salina, diminuindo o seu efeito e
aumentando sua toxicidade (MUGGIA et al., 1972). Em 1974 a camptotecina foi retirada dos
ensaios clínicos.
O interesse pela camptotecina voltou em 1985, quando descobriram que a enzima
topoisomerase I era o seu principal alvo na célula. As topoisomerases (tipo I e tipo II) são
enzimas responsáveis pelo relaxamento do DNA, e a camptotecina se liga a esse complexo
DNA-topoisomerase, deixando-o estável, e impedindo que as duas fitas do DNA se separem e
possam então ser replicadas e transcritas (HSIANG et al., 1985). Até então, a camptotecina
não era utilizada na clínica devido sua baixa solubilidade em água, mas algumas modificações
estruturais levaram a descoberta de dois análogos solúveis em água, o irinotecan (9)e o
topotecan (10) (SAWADA et al., 1991; KINGSBURY et al., 1991) (Figura 7).
Em 1996 o uso do topotecan (Hycantin, GlaxoSmithKline) foi aprovado pelo
FDA para uso na terapia contra câncer de ovário, e em 2000 o irinotecan (Camptosar, Pfizer)
foi aprovado para o uso no tratamento de câncer cólon retal (ULUKAN; SWAAN, 2002).
29
A
B
N
N
O
R
2
R
1
O
O
HO
Camptotencina (8) – R
1
= H; R
2
= H
Topotecan (9) – R
1
= H; R
2
=
H
3
C N
CH
3
Irinotecan (10) - R
1
=
N N
O
O
; R
2
= CH
2
CH
3
Figura 7 - (A) Camptotheca acuminata e (B) estruturas químicas da camptotecina (8),
topotecan (9) e irinotecan (10).
30
O paclitaxel (Taxol
) (11), um diterpenoide isolado da planta Taxus brevifolia
Nutt. (Taxaceae), surgiu de um programa de “screening”, do NCI, em busca por novos
compostos com potencial atividade anticâncer (Figura 8). O paclitaxel foi isolado na sua
forma pura, pela primeira vez, em 1966, e em 1971 teve sua estrutura elucidada (WANI et al.,
1971). Apesar de, na época, o paclitaxel ter mostrado resultados promissores, alguns
problemas o impediam de entrar para os ensaios pré-clínicos. Um deles era o baixo
rendimento da substância pura que era extraído da planta, que eram precisas mais de 4000
árvores para a obtenção de apenas 360g de taxol, e que seriam necessários mais 38000 árvores
para que se pudesse obter 25Kg de taxol para os testes clínicos. Isso gerou uma série de
discussões, tanto na população como entre os próprios cientistas, que questionavam entre a
conservação da natureza e o direito dos pacientes de receberem um novo tratamento, já que o
taxol era supostamente uma droga em potencial para se tornar um quimiterápico no
tratamento do câncer. Outro problema era o fato da estrutura do taxol ser bastante complexa
para que pudesse então ser sintetizada, além do fato de ser pouco solúvel em água. Apesar
desses problemas, os cientistas persistiram em testar o taxol em várias linhages de tumor
sólido de humanos, em ratos imunossuprimidos, incluindo linhagens de cólon e mama. Os
resultados desses testes foram impressionantes, o que fez com que os estudos se estendessem,
já prevendo o início dos ensaios clínicos (KINGSTON, 2007).
Em 1979, ocorreu uma das mais importantes descobertas na história do
desenvolvimento do paclitaxel, quando Susan Horwitz descobriu que esse composto agia
como um promotor da polimerização da tubulina (SCHIFF et al., 1979), o que despertou
ainda mais o interesse dos pesquisadores, já que outras drogas como a vinblastina e a
vincristina agiam justamente de modo oposto, inibindo a polimerização da tubulina
(ZAVALA et al., 1978)
Durante a década de 1980, o paclitaxel entrou para os testes clínicos de fase I, II e
III, o que levou a descoberta de seu potente efeito contra câncer de ovário. A partir daí mais
recursos eram necessários para tornar o paclitaxel em uma droga comercial, mas como isso
não era possível para o NCI, a droga foi entregue para uma indústria farmacêutica (Bristol-
Myers Squibb) por intermédio de uma cooperação (Cooperative Research and Development
Agreement- CRADA), e como o paclitaxel ainda o havia sido patenteado, foi concedida à
BMS 7 anos de exclusividade na comercialização do taxol (WALL; WANI, 1995)
No início da década de 1990, a dificuldade na obtenção de quantidade
suficiente de taxol foi resolvida, quando Portier e colaboradores conseguiram isolar da planta
31
Taxus baccata, uma planta abundante na Europa, o composto 10-diacetilbacatina, que podia
ser convertido em paclitaxel. Essa foi a planta escolhida pela BMS para a obtenção de
paclitaxel, em vez da T. Brevifolia (KINGSTON, 2007). A partir de então, várias alterações
foram feitas na estrutura do taxol em busca de compostos mais potentes, o que acabou
levando a descoberta do docetaxel (12), que logo entrou para os ensaios clínicos de fase I, e
em 1996 foi aprovado pelo FDA para o tratamento de câncer de mama, com o nome
comercial de Taxotere
(KINGSTON, 2007) (Figura 8).
A
B
OHR
2
O
OH
AcO
O
OOH
O
O
ONHR
1
O
Paclitaxel (11) – R
1
= ; R
2
= COCH
3
Docetaxel (12) - R
1
= OC(CH
3
); R
2
= H
Figura 8 - (A) Taxus baccata e (B) estruturas químicas do paclitaxel (11) e docetaxel (12).
32
Com o passar dos anos, várias técnicas vem sendo utilizadas para a obtenção de
novos compostos, e os resultados dessas é o desenvolvimento de novas drogas com potencial
anticâncer. O grande problema desses compostos é a dificuldade de serem sintetizados, e de,
na maioria das vezes, apresentarem efeitos adversos severos, que não possuem seletividade
pelas células tumorais e acabam que atingindo também as células normais.
Embora um grande número de drogas anticâncer, a partir de plantas ou derivados
deles, tenha sido desenvolvido, a busca por drogas mais seguras, econômicas e mais eficazes
ainda é um desafio.
1.3 Vitaesteróides
Os vitaesteróides constituem uma classe de lactonas esteroidais, pois possuem
uma função lactona em C
26
, com estruturas baseadas no esqueleto de ergostano. A estrutura
desses compostos é polioxigenada, o que leva as alterações naturais das cadeias carboxílicas e
também das cadeias laterais, resultando em diversos compostos com características estruturais
bem complexas (VERAS et al., 2004a). Devido a sua grande diversidade estrutural os
vitaesteróides foram subdivididos em seis grupos principais: vitanolídeos, vitafisalinas,
acnistinas, ixocarpalactonas, perulactonas e fisalinas (Figura 9).
Esses compostos têm sido isolados principalmente de plantas da família
Solanaceae, mas também das famílias Taccaceae e Leguminosae (LIU et al., 2006), assim
também como de alguns organismos marinhos (KSEBATI; SDCHMITZ, 1988). Os
vitaesteróides são os compostos mais abundantes em vários gêneros da família Solanaceae,
como: Physalis, Acnistus, Withania, Datura, Discopodium, Iochroma, Dunalia e Vassobia
(VERAS et al., 2004a).
Varias atividades biológicas tem sido atribuída aos vitaesteróides, como:
antiinflamatório (JAYAPRAKASAM; MURALEEDHRAN, 2003; WUBE et al., 2008)
imunossupressor (SOARES et al., 2003; 2006), antiparasitário (CHOUDHARY et al., 2006,
CARDONA et al., 2006; VIEIRA et al., 2008), anticolinesterásico (RIAZ et al., 2004;
CHOUDHARY et al., 2005), antimicrobiano (JANUÁRIO et al., 2002; SHANAZBANU et
al., 2006), citotóxica (ROCHA et al., 2006; HSIEH et al., 2007; MAGALHÃES et al., 2006a)
e antitumoral (DEVI et al., 1995; MAGALHÃES et al., 2006b).
33
O
O
O
O
O
O
O
HO O
O
Perulactona Fisalina
O O
O O
O
O
Vitanolideo Vitafisalina
O
OH
O
O O
Acnistina Ixocarpalactona
Figura 9 - Estruturas químicas básicas dos sete grupos de vitaesteróides.
34
1.4 Acnistus arborescens L. Schlecht
Acnistus arborescens L. Schlecht (sinonímia: Acnistus frutescens Bello, Atropa
arborescens L., Cestrum cauliflorum (Jacq.), Cestrum macrostemon Sassé & Moç., e Dunalia
arborescens (L.) Sleumer) é uma planta nativa das Américas do Sul e Central, sendo também
encontrada no México e nas Antilhas. No Brasil é encontrada principalmente na flora
nordestina, onde também é conhecida pelos nomes de mariana”, “marianeira” e esporão de
galo de falso” (BARATA et al., 1970).
É uma árvore relativamente rara, ocasionalmente utilizada como planta
ornamental e cerca viva, que, em sua idade adulta, se apresenta tanto na forma de arbusto
como de árvore de pequeno porte. As flores são pequenas, de cor branca e tons esverdeados, e
possui frutos amarelos semelhantes a pequenos tomates, podendo ser de cor alaranjada. A
época de floração e frutificação da A. arborescens varia de acordo com o local de origem, mas
ocorre geralmente entre os meses de maio e setembro (Figura 10).
A A. arborescens é uma planta de importante valor medicinal, sendo
popularmente utilizada no tratamento de câncer, hemorróidas e doenças relacionadas ao
fígado e baço, assim também como diurético (NITTALA; LAVIE, 1981). A maioria desses
efeitos farmacológicos é atribuída à presença dos vitaesteróides.
O primeiro relato sobre as propriedades farmacológicas dessa planta, foi quando
Kupchan et al. (1965), observaram que o extrato etanólico da A. arborescens possuía
atividade antitumoral (in vitro) em células de carcinoma de epiderme nasofaríngea de
humanos e (in vivo) em sarcoma 180 em camundongos. Logo depois, Kupchan et al. (1969)
isolaram dois compostos desse extrato, a vitaferina A (13) e a vitacnistina (14), as quais foram
atribuídas os efeitos antitumorais do extrato.
Desde então, poucos estudos haviam sido feitos com a A. arborescens, até que
Minguzzi et al. (2002) reportaram o isolamento de três vitanolideos (15, 16 e 17) dessa planta
e seus respectivos efeitos citotóxicos em várias linhagens tumorais (mama, pulmão, cólon,
carcinoma nasofaríngeo e próstata) (Figura 11).
Veras et al. (2004a, 2004b), reportou, pela primeira vez, o isolamento e os efeitos
citotóxicos de cinco vitafisalinas (18, 19, 20, 21 e 22) das folhas de A. arborescens. A
diferença sica entre esses compostos e os vitanolídeos é a presença de um anel lactonico de
cinco membros nas vitafisalinas (Figura 11).
35
Figura 10 - Acnistus arborescens L. Schlecht (Fotografadas por: Prof. Dr. Edilberto Rocha
Silveira)
36
O O
R
5
OH
O
O
R
3
R
2
R
4
R
1
O O
O
OH
O
O
R
R2
R1
13 R = R
3
=
β
-OH; R
1
= R
2
= R
4
= R
5
= H 18 R = OEt; R
1
= H; ∆
2
14 R =
β
-OH; R
5
= OAc; R
1
= R
2
= R
3
= R
4
= H 19 R = β-OH; R
1
= H (18R);
2
15 R = R
4
= OH; R
1
=
β
-OAc; R
2
= R
3
= R
5
= H 19a R = H; R
1
= α-OH (18S); ∆
2
16 R = R
4
= OH; R
1
=
β
-OAc; R
2
=
α
-OAc; R
3
= R
5
= H 20 R = O;
2
17 R
1
=
β
-OAc; R
2
=
α
-OAc; R
4
=
β
-OH; R = R
3
= R
5
= H 21 R = O
22 R = β-OH; R
1
= H (18R)
22a R = H; R
1
= α-OH (18S)
Figura 11 - Estruturas dos compostos Vitaferina A (13), Vitacnistina (14), 7β-
Acetóxivitanolido D (15), 7β,16α-Diacetóxivitanolido D (16), 4-Deóxi-7β,16-α-
diacetóxivitanolido D (17), Vitafisalina O (18), Vitafisalina F (19), Vitafisalina M (20),
Vitafisalina N (21) e Vitafisalina (17S,20R,22R)-5β,6β:18,20-2-diepóxi-4β,18-diidróxi-1-
oxovita-3-24-enolido (22) isolados da A. arborescens.
37
Objetivos
38
2 OBJETIVOS
2.1 Geral
Avaliar as atividades citotóxica e antitumoral das vitafisalinas O, F, M, N e
(17S,20R,22R)-5β,6β:18,20-2-diepóxi-4β,18-diidróxi-1-oxovita-3-24-enolido isoladas da
planta Acnistus arborescens L. Schlecht em modelos experimentais in vitro e in vivo.
2.2 Específicos
- Determinar e comparar as atividades citotóxicas das vitafisalinas O, F, M, N e
(17S,20R,22R) - 5β,6β: 18,20-2- diepóxi-4β,18- diidróxi-1- oxovita-3-24- enolido em células
tumorais e normais (PBMC).
- Avaliar o mecanismo de ação das vitafisalinas O, F, M e N utilizando células da
linhagem HL-60 e K-562 como modelo.
- Avaliar a atividade antitumoral in vivo da vitafisalina F em camundongos (Mus
musculus) Swiss transplantados com o tumor Sarcoma 180.
- Analisar as características histopatológicas dos orgãos (rim, figado e baço) de
camundongos (Mus musculus) Swiss transplantados com o tumor Sarcoma 180, tratados por 7
dias com a vitafisalina F.
39
Materiais e Métodos
40
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Materiais
Equipamentos
Agitador de placa, MLW Modelo Thys 2
Agitador de tubo, Donner AD 8850
Banho-maria, DELLTA Modelo 105Di
Centrífuga Centimicro, FANEN Modelo 212
Centrífuga Excelsa Baby, I FANEN Modelo 206
Centrífuga de placas, Eppendorf Modelo Centrifuge 5403
Centrífuga de lâminas, Shandon Southern Cytospin
Citômetro de fluxo, Guava EasyCyte mini
Espectrofotômetro de placa DTX-880, Beckman Coulter
Fluxo laminar, VECO
Incubadora de células, (CO
2
Water-Jacket Incubator) NUAIRE TS Autoflow
High Throughput Screening (HTS)/Laboratory Automation Workstation, Biomek 3000,
Beckman Coulter
Máquina fotográfica digital, Olympus C-7070
Microondas, Panasonic
Microscópio óptico de inversão, Nikon Diaphot
Microscópio de fluorescência, Olympus
Micrótomo, Slee Mainz
pHmetro, Micronal B474
Pipetas automáticas, Gilson
Sistema de Eletroforese Horizontal mini Submarine, Amersham Biosciences
41
Soluções, Reagentes e Fármacos
Ácido Acético - Vetec
Ácido Clorídrico
- Vetec
Álcool Etílico
70 % Vetec
Agarose 1 %
0,5 g de agarose
Água deionizada q. s. p. 50 mL
FMC -
Bioproducts
Agarose LMP 1,5 %
1,5 g de agarose
PBS q. s. p. 100 mL
Gibco®
Agarose NMP 0,5 %
0,5 g de agarose
PBS q. s. p. 100 mL
Gibco®
Alamar Blue
0,3 mg/mL Sigma®
1 µL de anticorpo anti-BrdU Sigma®
Anticorpo anti-BrdU
BSA 5 % q.s.p. 500 µL de solução Dako
Anticorpo biotinilidado anti-
imunoglobulina de camundongo
1 µL de anticorpo anti-imunoglobulina
BSA 5 % q.s.p. 100 µL de solução
Sigma®
10 mg de azul de tripan Sigma®
Azul de tripan 10%
PBS q.s.p. 100 mL de solução -
BrdU 10mM
- Sigma®
1mg de brometo de etídeo Sigma®
Brometo de Etídio 100 µg/mL
PBS q.s.p 10 mL de solução -
Citrato de Sódio - Grupo Química
42
Cloreto de Sódio (NaCl)
- Labsynth®
5 µL de DAB
Immunotech
1 mL de Tris-HCl (Tris 0,05M) pH= 7,6
Proquímios
Diaminobenzidina (DAB)
2 µL de H
2
O
2
Proquímios
Dimetilsulfóxido (DMSO) - Vetec®
Doxorrubicina
fornecida pelo Instituto do
Câncer do Ceará – ICC
2,5 mg/mL
Zodiac®
EDTA - Qeel
0,5 g de Eosina
Doles
80 mL de Álcool etílico Vetec
0,5 mL de Ácido acético Vetec
Eosina 0,5%
20 mL de H
2
O -
0,2 g Eosina-Azul de Metileno
(May-Grunwald) Metanol q.s.p. 100 mL de solução
Reagen
Estreptavidina – peroxidase 1 µL de Estreptavidina – peroxidase Sigma®
BSA 5 % q.s.p. 100 µL de solução Dako®
Ficoll - Sigma®
Fitohemaglutinina - Sigma®
Formaldeído 10 %
100 mL de formaldeído
H
2
O q. s. p. 1 L
Dinâmica®
Giemsa - Bioclin
43
0,5 g de Hematoxilina Doles®
10 mL de Glicerina Labsynth®
25 g de Sulfato de alumínio Labsynth®
0,1 g de Iodeto de potássio Labsynth®
Hematoxilina 0,1%
H
2
O q.s.p. 500 mL de solução -
Hidróxido de Sódio (NaOH) - Vetec®
1 mg de iodeto de propídeo Boehringer©
PBS q.s.p. 50 mL
Iodeto de propídeo 50 µg/mL
1 g de laranja de acridina (100 µg/mL) Fluka®
Laranja de Acridina
H
2
O q.s.p. 10 mL de solução -
Meio de cultura de células
RPMI 1640
Diluído em água deionizada e
esterelizada, filtrado em filtro millipore
(0,22 µm) e complementado com SBF
10 %, 1 % de glutamina, 1 % de
antibióticos, 1 % de bicarbonato de
sódio (0,75 %) e 25 mM de HEPES
Cultilab®
20 mg de MTT Sigma®
MTT
PBS q.s.p. 100 mL de solução -
N-Lauroylsarcosine - Sigma®
Penicilina 10.000 U.I./mL Cultilab®
Penicilina – estreptomicina
Estreptomicina 10 mg/mL Cultilab®
Ringer-lactato
Cloreto de Sódio = 0,600g
Cloreto de Potássio = 0,030g
Cloreto de Cálcio 2H
2
O = 0,020g
Lactato de Sódio = 0,30g
Água q. s. p. 100 mL
Laboratórios
Biosintética®
44
Sulfato de Gentamicina -
Gentamicin
Novafarma®
Solução de Eletroforese
EDTA 1mM, NaOH 300 mM,
pH > 13
-
Solução de Lise
NaCl 2,5M, EDTA 100mM
Tris 10mM, N-Lauroyl sarcosine 1%
pH = 10, Triton X-100 1 %, DMSO 10
%
-
Solução de Neutralização Tris 0,4 M, pH = 7,5
Solução desnaturante
(para análise de incorporação de
BrdU)
Formamida 70 %
2x SSC (pH entre 6,5 e 7,5 a 70 °C)
Vetec®
Soro fetal bovino - Cultilab®
8,5 g de Cloreto de sódio (0,85 %) Labsynth®
1,11 g de Cloreto de cálcio (10 mM) Reagen® Solução salina (para hemólise)
H
2
O q.s.p 1 L de solução -
SSC 10X
Cloreto de sódio 1,5 M
Citrato de sódio 0,15 M
H
2
O
-
Tampão de corrida 50 X (TAE)
242 g de TRIS
57,1 mL de ácido acético glacial
100 mL de EDTA 0,5 M
-
Tampão fosfato (PBS) 8,766 g de Cloreto de sódio Labsynth®
2,14 g de NaHPO4.7H
2
O Labsynth®
45
0,276 g de NaHPO4.H
2
0 Labsynth®
H
2
0 q.s.p. 1 L de solução (pH = 7,2) -
Tampão Tris (TBS) 10X Cloreto de sódio 1,5 M Labsynth®
Tris 0,5 M (pH= 7,6)
Proquímios®
H
2
O -
50 mL de Tripsina 2,5 % Cultilab®
0,125 g de EDTA Proquímios®
Tripsina 0,25%
450 mL de PBS -
Triton X -100 - Isofar
Xilol 10 %
100 mL de formaldeído
H
2
O q. s. p. 1 L
Dinâmica®
- -
Vitafisalina O - -
Vitafisalina F - -
Vitafisalina M - -
Vitafisalina N - -
Vitafisalina (17S,20R,22R)-
5β,6β:18,20-2.diepóxi-4β,18-
diidróxi-1-oxovita-3.24-enolido
- -
5- Fluorouracil 2,5 mg/1 mL
ICN
Farmacêutica®
Modelos biológicos
Camundongos albinos (Mus musculus) da linhagem Swiss
Linhagens celulares tumorais mantidas em cultura (Tabela 1)
Células mononucleadas de sangue periférico isoladas de voluntários sadios
46
3.2 Métodos
3.2.1 Obtenção das vitafisalinas
As folhas de A. arborescens foram coletadas em maio de 2004 na localidade de
Pico Alto, na Serra de Guaramiranga (Ceará). O material botânico foi identificado pelo Prof.
Edson P. Nunes do Departamento de Biologia UFC, e encontra-se depositado no Herbário
Prisco Bezerra (EAC), sob 30.513. As folhas secas e trituradas (3,7 kg) foram extraídas
com EtOH à temperatura ambiente (2 × 8 L), em seguida o solvente foi evaporado sob
pressão reduzida resultando em 170 g de um extrato viscoso e escuro, o qual foi submetido a
fracionamento cromatográfico empregando gel de sílica com adsorvente e n-hexano (18,1 g),
CH
2
Cl
2
(48,6 g), AcOEt (29,7 g) e MeOH (42,0 g) como eluentes.
Todas as frações foram avaliadas quanto à citotoxicidade frente a um pequeno
painel de células tumorais (Lu1-pulmão, LNCaP-próstata e MCF-7-mama), entretanto, apenas
a fração obtida por eluição com CH
2
Cl
2
mostrou atividade, sendo a mesma escolhida para dar
continuidade aos estudos. Esta fração foi submetida a sucessivos todos clássicos de
cromatografias, resultando no isolamento das vitafisalinas O (18), F (19), M (20), N (21) e
(17S,20R,22R)-5β,6β:18,20-2.diepóxi-4β,18-diidróxi-1-oxovita-3.24-enolido (22) (VERAS et
al., 2004a; VERAS et al., 2004b; ROCHA, et al., 2006).
3.2.2 Cultivo das células
Nesse trabalho foram utilizados dois tipos de linhagem celular, as linhagens em
suspensão (HL-60 e K-562) e as linhagens aderidas (MDAMB-435, PC-3, SF-295 e NCI-
H460), todas obtidas através de doação do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos
(Bethesda, MD) (Tabela 1). As células eram cultivadas em frascos plásticos para cultura
(Corning, 25 cm
2
, volume de 50 mL para células aderidas e 75 cm
2
, volume de 250 mL para
células em suspensão), utilizando o meio de cultura RPMI 1640 complementado com 10% de
soro fetal bovino e 1% de antibióticos (penicilina/estreptomicina). As células foram mantidas
em estufa a 37°C com atmosfera de 5% de CO
2
e 95 % de umidade, seguido da observação do
crescimento celular com ajuda de microscópio de inversão a cada 24 horas.
47
Tabela 1 - Linhagens celulares tumorais utilizadas nos ensaios de citotoxicidade in vitro.
Linhagem Celular Tipo Histológico do Câncer/Origem
Concentração de
Plaqueamento
(céls/mL)
HL-60 Leucemia promielocítica humana 0,3 x 10
6
K-562 Leucemia mielocítica crônica humana 0,3 x 10
6
MDA-MB 435 Carcinoma de mama humano 0,1 x 10
6
PC-3 Carcinoma de próstata humano 0,1 x 10
6
SF-295 Glioblastoma humano 0,1 x 10
6
NCI-H460 Carcinoma de pulmão humano 0,1 x 10
6
3.2.3 Avaliação da atividade citotóxica em células tumorais in vitro – MTT
A citotoxicidade das vitafisalinas F, O, M, N e (17S,20R,22R)-5β,6β:18,20-
2.diepóxi-4β,18-diidróxi-1-oxovita-3.24-enolido foram avaliadas, através do método do MTT,
utilizando as seguintes linhagens tumorais: HL-60 (leucemia), MDAMB-435 (mama), PC-3
(próstata), SF-295 (sistema nervoso central) e NCI (pulmão).
O método consiste em uma análise colorimétrica baseada na conversão do sal 3-
(4,5-dimetil-2-tiazol)-2,5-difenil-brometo de tetrazolium (MTT), de cor amarela, para o
formazan, composto de cor azul. Essa conversão do MTT em formazan ocorre em células
viáveis e metabolicamente ativas, através da ação da enzima succinil-desidrogenase presente
nas mitocôndrias, o que permite desta forma a quantificação indireta da porcentagem de
células vivas (MOSMANN, 1983).
Procedimento experimental
As células em suspensão ou monocamadas foram plaqueadas em placas de 96
poços numa densidade de 0,3 x 10
6
células/mL, para lulas em suspensão e 0,1 x 10
6
células/mL para células aderidas. As vitafisalinas F, O, M, N e (17S,20R,22R)-5β,6β:18,20-
2.diepóxi-4β,18-diidróxi-1-oxovita-3.24-enolido foram incubadas juntamente com as células
48
durante 72 horas, em concentrações variando de 0,76 a 50 µM, em estufa a 37°C com
atmosfera de 5% de CO
2
e 95 % de umidade. Após o período de incubação, as placas foram
centrifugadas (1500 rpm / 15 min.) e o sobrenadante foi descartado. Em seguida em cada poço
foi adicionado 200 µL da solução de MTT (10% em meio RPMI 1640), e novamente
incubada por mais 3 horas. Após esse período, as placas foram centrifugadas (3000 rpm/10
min.) e tiveram o sobrenadante descartado, permanecendo somente o precipitado azul de
formazan. O precipitado foi então ressuspendido em 150 µL de DMSO e agitado por cerca de
10 minutos até sua completa dissolução. Para a quantificação do sal de MTT reduzido, as
absorbâncias foram medidas no espectrofotômetro de placa, no comprimento de onda de
595nm.
Análise dos dados
Os compostos foram testados em diluição seriada, em duplicata ou triplicata, e
suas CI
50
(concentração inibitória média capaz de provocar 50% do efeito máximo) e
respectivos intervalos de confiança de 95% (IC 95%) foram determinados a partir de
regressão não-linear utilizando o programa Prism versão 4.0 (GraphPad Software).
3.2.4 Avaliação da atividade citotóxica em células normais in vitro – Alamar Blue
A citotoxicidade das vitafisalinas F, O e N, em células normais, foi avaliada
através do ensaio do alamar blue, utilizando lulas mononucleadas de sangue periférico
humano (PBMC - Peripheral blood mononuclear cells), que inclui linfócitos e monócitos. O
alamar blue, recentemente identificado como resazurina (O'Brien et al., 2000), é um indicador
fluorescente/colorimétrico, onde em sua forma oxidada apresenta uma coloração azul (não
fluorescente/célula não viável) e em sua forma reduzida uma coloração rósea
(fluorescente/célula viável). Assim como o MTT, o alamar blue reduz-se em células vivas, e
assim pode ser quantificado e utilizado para avaliar a viabilidade celular.
Procedimento experimental
As células mononucleadas foram obtidas do sangue periférico de voluntários
sadios após centrifugação em gradiente de Ficoll. As células foram removidas, lavadas com
tampão fosfato e ressuspendidas em meio RPMI 1640 suplementado com 20% de soro fetal
49
bovino, 100 U/mL penicilina, 100 µg/mL estreptomicina para uma concentração final de
final 3 x 10
5
cels/mL. Fitohemaglutinina (3%) foi adicionada para induzir a proliferação dos
linfócitos. Após 24 horas de incubação das células, as vitafisalinas F, O e N foram
adicionadas em cada poço durante 72 horas, em concentrações variando de 0,76 a 50 µM, em
estufa a 37°C com atmosfera de 5% de CO
2
e 95 % de umidade. Vinte e quatro horas antes de
completar o período de incubação, 10 µL da solução estoque (0,312 mg/mL) de alamar
blue foram adicionados em cada poço. Após 72 horas de incubação as absorbâncias foram
medidas no espectrofotômetro de placa, no comprimento de onda de 570 nm (reduzido) e 595
nm (oxidado).
Análise dos dados
A proliferação celular foi calculada utilizando a seguinte fórmula: % proliferação
= A
LW
(A
HW
x R
0
) x 100. Onde, A
LW
e A
HW
são as absorbâncias no menor e maior
comprimento de onda, respectivamente. O R
0
foi calculado utilizando a seguinte fórmula:
R
0
=AO
LW
/AO
HW
. Onde, AO
LW
e AO
HW
o as absorbâncias do meio adicionado ao alamar
blue subtraído das absorbâncias do meio isolado nos comprimentos de onda menor e maior,
respectivamente. Os compostos foram testados em diluição seriada, em duplicata ou triplicata,
e suas CI
50
(concentração inibitória média capaz de provocar 50% do efeito máximo) e
respectivos intervalos de confiança de 95% (IC 95%) foram determinados a partir de
regressão não-linear utilizando o programa Prism versão 4.0 (GraphPad Software).
3.2.5 Avaliação da atividade antiproliferativa em células leucêmicas (Curva de
crescimento celular) - exclusão por azul de tripan
Este ensaio consiste em avaliar a cinética de crescimento de células leucêmicas
(HL-60 e K562) tratadas com as vitafisalinas F, O, M e N e assim poder avaliar o efeito de
várias concentrações destas em relação ao tempo de incubação.
O corante azul de tripan permite a distinção individual das células viáveis das
não-viáveis, onde o corante penetra em todas as lulas, porém somente as células viáveis
conseguem bombear o tripan pra fora, fazendo com que as células mortas apresentem uma
coloração azulada.
50
Procedimento experimental
Células das linhagens HL-60 e K-562 foram plaqueadas em placas de 24 poços,
na concentração de 0,3 x 10
6
células/mL, e incubadas com as vitafisalinas F, O, M e N nas
concentrações de 0,2, 0,6, 2, 6 e 20 µM. Após cada período de incubação (3, 6, 12, 24, 36, 48,
60 e 72 horas) era retirada uma alíquota de 90 µL da suspensão de células e adicionado a 10
µL do azul de tripan. Em seguida uma alíquota de 10 µL foi colocada em uma câmara de
Newbauer e as células diferenciadas e contadas em viáveis e não viáveis.
Análise dos dados
O valor obtido para cada contagem foi plotado em um gráfico e construído uma
curva com as variáveis: porcentagem de células viáveis x log da concentração, para cada
tempo analisado, para a observação da cinética de crescimento das células tratadas. Foram
determinados também suas CI
50
(concentração inibitória dia capaz de provocar 50% do
efeito máximo) e seus respectivos intervalos de confiança (IC 95%) realizado a partir de
regressão não-linear utilizando o programa Prism versão 4.0 (GraphPad Software). Para
verificação da ocorrência de diferenças significativas entre os diferentes grupos, os valores
das CI
50
foram comparados por análise de variância (ANOVA) seguido do teste Student-
Newman-Keuls, com nível de significância de 5 % (p < 0,05).
3.2.6 Avaliação da atividade genotóxica em células normais e leucêmicas.
O teste do cometa é um método simples, rápido, econômico e sensível que
permite a detecção de dano em DNA em células individualizadas. Ao expor a célula ao
composto para avaliação do possível efeito genotóxico, o dano pode ser visualizado através da
realização de uma eletroforese em lâmina, onde, fragmentos das fitas de DNA carregadas
negativamente começam a migrar afastando-se do núcleo, em direção ao anodo. Quando
corados com brometo de etídeo, cada núcleo e sua “cauda” de fragmentos associada remetem
a alusão de um cometa. O tamanho da cabeça e o comprimento da cauda são os padrões
avaliados para determinar a intensidade do dano (SINGH et al., 1988).
51
Procedimento Experimental
O teste do cometa é realizado de acordo como descrito por Singh et al. (1988)
com pequenas modificações (HARTMANN; SPEIT, 1997). Células de HL-60 e PBMC foram
plaqueadas em placas de 24 poços, na concentração de 0,3 x 10
6
células/mL, e incubadas por
24 h com as vitafisalinas O, M e N nas concentrações de 1.8 e 14.3 µM, 20.1 e 21 µM e 9.6 e
11.8 µM respectivamente. A doxorrubicina (0,3 µg/mL) foi usada como controle positivo.
Após o período de incubação de 24 horas foi retirada uma alíquota de 20 µL de
células, a qual foi adicionada a 110 µL de agarose de baixo ponto de fusão 0,5 % para preparo
das lâminas. As lâminas foram previamente cobertas por solução de agarose de ponto de fusão
normal 1,5 % a 60 °C e mantidas a temperatura ambiente por 24 h até a solidificação da
agarose. Esta camada foi utilizada para promover a adesão da segunda camada de agarose de
baixo ponto de fusão, a qual foi preparada previamente. Em seguida, foram cobertas com
lamínulas (24 x 60 mm) para uniformizar a distribuição das células e mantidas a 4 °C para
solidificação da agarose.
Após solidificação da agarose, a lamínula foi gentilmente removida e a lâmina
mergulhada em solução de lise (2,5 M NaCl, 100 mM EDTA and 10 mM Tris, pH 10,0, 1%
Triton-X and 10% DMSO) a 4 ºC e protegida da luz, por no mínimo 1 hora antes da corrida
de eletroforese. Depois de removidas da solução de lise, as lâminas foram colocadas em uma
solução de neutralização (300 mM NaOH e 1 mM EDTA, pH > 13; 4ºC) por 15 minutos e
dispostas horizontalmente na cuba de eletroforese. A cuba foi mantida em banho de gelo para
a manutenção da temperatura em torno de 4 ºC, tendo sido acrescentada a solução de
eletroforese até completa imersão das lâminas.
Antes de iniciar a corrida de eletroforese, as minas ficaram em repouso por 20
min para permitir o desenrolamento do DNA, o afrouxamento de suas ligações e a exposição
dos sítios álcali-lábeis. Posteriormente, a eletroforese foi conduzida em baixa luminosidade,
usando 25 V e corrente de 300 mA por 20 min. Após a eletroforese, as lâminas foram
retiradas da cuba e mergulhadas na solução de neutralização por 5 min, a fim de neutralizar a
alcalinidade. A fixação foi realizada com etanol 100 %. Posteriormente, as lâminas foram
coradas com 50 µl de solução de brometo de etídio (20 µg/mL) e analisadas em microscópio
de fluorescência.
52
Análise dos dados
A análise foi realizada de acordo com o padrão de escores previamente
determinados pelo tamanho e intensidade da cauda do cometa (Figura 13). Foram contados
100 cometas por lâmina (n = 4) e classificados dentre as cinco categorias (0, 1, 2, 3 e 4), que
representam a percentagem de DNA na cauda do cometa, indicando o grau de dano sofrido
pela célula:
0 = sem danos ao DNA, portanto, sem cauda (< 5 %)
1 = baixo nível de danos, com a cauda menor que o diâmetro da cabeça (5-20 %)
2 = médio nível de danos, com a cauda representando 1-2x o diâmetro da cabeça
(20-40 %)
3 = alto nível de danos, com a cauda representando mais de 2x o diâmetro da
cabeça (40-95 %)
4 = dano total (> 95 %)
O índice de dano (ID) foi obtido pela seguinte fórmula: ID =
in
i
i
×
=
4
0
, onde
i
n
é o
número de células com nível de dano
i
(0, 1, 2, 3 ou 4). A freqüência de dano (FD) representa
a porcentagem de células que sofreram danos no DNA.
Os dados foram expressos como da média ± E.P.M. de experimentos
independentes (n = 2). Para verificação da ocorrência de diferenças significativas entre os
diferentes grupos, os dados serão comparados por análise de variância (ANOVA) seguida por
Teste de Dunnet, com nível de significância de 5% (p < 0,05).
3.2.7 Inibição da síntese de DNA – BrDU
A bromodeoxiuridina (BrDU) é uma base nitrogenada análoga a timina. Quando
as células estão sintetizando DNA o BrDU é incorporado no lugar da timina. A detecção do
BrDU incorporado nas células é feita por técnicas imunocitoquímicas, onde se ligam
anticorpos monoclonais e um cromógeno específico, a diaminobenzidina (DAB), que vai
conferir uma coloração marrom ao núcleo das células que incorporaram o BrDU.
(MATSUOKA et al., 1990).
53
Procedimento Experimental
Células de HL-60 e K562 foram plaqueadas em placas de 24 poços, na
concentração de 0,3 x 10
6
células/mL, e incubadas por 24 h com as vitafisalinas O, M e N nas
concentrações de CI
50
(1.8 e 14.3 µM, 20.1 e 21 µM e 9.6 e 11.8 µM, para HL-60 e K-562
respectivamente) e metade da CI
50
. As concentrações utilizadas foram estimadas a partir dos
valores de CI
50,
encontradas no ensaio da curva de crescimento nestas duas linhagens no
período de 24 h de incubação. A doxorrubicina (0,3 µg/mL) foi usada como controle positivo.
Três horas antes do período de incubação o BrdU (0,01 µM) foi adicionado em cada poço da
cultura de células. Após o período de incubação, lâminas foram preparadas em citocentrífuga
(cytospin) e postas para secar por 2 horas. Após o período de secagem foram fixadas em
metanol: ácido acético (7: 1,5) por 5 minutos. As células foram lavadas com tampão Tris
(TBS) e incubadas em solução desnaturante por 90 minutos a 70
o
C e pH 7,4. Após uma
segunda lavagem com TBS, as células foram circuladas com caneta hidrofóbica e incubadas
com anticorpo primário e deixadas na geladeira durante a noite em câmara úmida. As células
foram incubadas com anticorpo secundário biotinilado por 20 minutos e, então, com a solução
de estreptavidina-fluoresceína por mais 20 minutos. Adicionou-se o cromógeno DAB por 1-5
minutos, o qual foi removido com água destilada. A hematoxilina foi utilizada como
contracorante.
Análise dos dados
Duzentas células foram contadas, diferenciando-as entre núcleo marrom
(incorporaram o BrdU) e não-marrom (não incorporam o BrdU). Os dados foram expressos
como a média ± erro padrão da média (E.P.M.) de dois experimentos independentes
(realizados em duplicata). Para verificação da ocorrência de diferenças significativas entre os
grupos, os dados foram comparados pelo teste χ
2
, utilizando o programa Prism versão 4.0
(GraphPad Software), com nível de significância de 5 % (p < 0,05).
3.2.8 Coloração Diferencial por Brometo de Etídio/Laranja de Acridina
O método de coloração pelo brometo de etídio / laranja de acridina permite
diferenciar lulas viáveis daquelas em processo de morte por apoptose ou necrose através da
coloração diferencial por fluorescência com base em alterações morfológicas nucleares e
54
citoplasmáticas (McGAHON et al., 1995). A laranja de acridina consegue atravessar
membranas celulares intactas e se ligam ao DNA, conferindo uma aparência verde ao núcleo
das células. O brometo de etídio é incorporado principalmente por células com a membrana já
danificada (não viáveis), ligando-se ao DNA e corando-o de laranja. As células viáveis com
membrana intacta apresentam núcleo uniformemente corado de verde pela LA. As células em
apoptose inicial (membrana ainda intacta) apresentam manchas verdes brilhantes no núcleo
(condensação da cromatina) e não são marcadas por BE. Morfologicamente, observam-se
alterações da membrana em decorrência da formação de corpúsculos apoptóticos. As células
em necrose (lesão de membrana) apresentam um padrão de coloração uniforme, laranja-
avermelhada e não formação de corpos apoptóticos. Possivelmente, as membranas
plasmáticas permaneçam intactas durante o fenômeno apoptótico até os últimos estágios
quando se tornam permeáveis aos solutos normalmente retidos.
Procedimento Experimental
Células de HL-60e K562 foram plaqueadas em placas de 24 poços, na
concentração de 0,3 x 10
6
células/mL, e incubadas por 24 h com as vitafisalinas O, M e N nas
concentrações de CI
50
(1.8 e 14.3 µM, 20.1 e 21 µM e 9.6 e 11.8 µM, para HL-60 e K-562
respectivamente) e metade da CI
50
. As concentrações utilizadas foram estimadas a partir dos
valores de CI
50,
encontradas no ensaio da curva de crescimento nestas duas linhagens no
período de 24 h de incubação. A doxorrubicina (0,3 µg/mL) foi usada como controle positivo.
Uma alíquota de 1 mL da suspensão de lulas foi transferida para um tubo eppendorf e
centrifugada por 5 min a 2000rpm. O sobrenadante foi descartado e as células ressuspendidas
em 20 µL de solução de PBS. Em seguida, 1 µL da solução de BE:LA foi adicionado a cada
tubo e uma alíquota dessas células transferido para uma lâmina, montado com lamínula, e em
seguida levadas ao microscópio de fluorescência para observação dos eventos celulares.
Análise dos dados
Para a quantificação percentual de cada evento celular (viáveis, necróticas e
apoptóticas), foram contadas 300 células de cada amostra. Os dados foram expressos como a
média ± erro padrão da média (E.P.M.) de três experimentos independentes. Para verificação
da ocorrência de diferenças significativas entre os diferentes grupos, os dados foram
comparados por análise de variância (ANOVA) seguido pelo teste de Dunnet, utilizando o
55
programa Prism versão 4.0 (GraphPad Software), com nível de significância de 5 % (p <
0,05).
3.2.9 Determinação da ativação da caspase-3
As caspases pertencem a família de proteases cisteínas. A ativação da caspase-3
possui papel fundamental no mecanismo de apoptose, sendo responsável pela clivagem de
vários componentes celulares relacionados ao reparo e ao controle do DNA. Assim, a
quantificação dos veis de caspase-3 permite avaliar os mecanismos de indução apoptótica
(MEHMET, 2002).
Procedimento Experimental
A atividade de caspase-3 foi avaliada utilizando-se kit colorimétrico de protease,
de acordo com as recomendações do fabricante. O método é baseado na detecção
espectrofotométrica do cromóforo p-nitroanilida (pNA) após clivagem dos substratos X-pNA,
onde X representa a seqüência de aminoácidos reconhecidos por caspases especificas: Asp-
Glu-Val-Asp (DEVD)-pNA para a caspase-3. Inicialmente, células HL-60 e K-562 (2 x 10
6
células/mL) foram incubadas por 24 horas com as vitafisalinas O, M e N nas concentrações de
CI
50
(1.8 e 14.3 µM, 20.1 e 21 µM e 9.6 e 11.8 µM, para HL-60 e K-562 respectivamente) e
metade da CI
50
, em estufa úmida a 37 ºC e atmosfera contendo 5% de CO
2
. Após o período
de incubação as células foram centrifugadas e lisadas em gelo. A quantidade de proteína no
lisado foi determinada utilizando-se o ensaio para dosagem de proteína pelo método de
Bradford (BRADFORD, 1976). Em seguida, 100-200 µg de proteínas foram incubadas com o
substrato em placa de 96 cavidades. A densidade óptica das amostras foi medida em
comprimento de onda de 405 nm. A atividade de caspase nas amostras foi determinada em
relação ao controle negativo e expressa como atividade de caspase-3 especifica (UI/mg de
proteína).
Análise dos dados
Os dados foram expressos como a média ± erro padrão da dia (E.P.M.) de
dois experimentos independentes. Para verificação da ocorrência de diferenças significativas
56
entre os diferentes grupos, os dados serão comparados por análise de variância (ANOVA)
seguida pelo teste de Dunnet, com nível de significância de 5% (p < 0,05).
3.2.10 Análise morfológica – Coloração por Hematoxilina/Eosina (H/E)
A coloração por Hematoxilina/Eosina permite distinguir o citoplasma e o núcleo
das células, sendo possível analisar a célula quanto a sua integridade nuclear, bem como
alterações no citoplasma. A hematoxilina é um corante alcalino que tem maior afinidade pelas
proteínas nucleares, dando ao núcleo uma cor lilás. A eosina, por sua vez, liga-se ao
citoplasma conferindo-lhe uma coloração rósea.
Procedimento experimental
Células da linhagen HL-60 foram plaqueadas em placas de 24 poços, na
concentração de 0,3 x 10
6
lulas/mL, e incubadas por 24 h com as vitafisalinas O e F nas
concentração de 2µM. A doxorrubicina (0,5 µM) foi usada como controle positivo. Para
observar a morfologia das lulas, lâminas foram preparadas, com 50µL da suspensão de
células, em citocentrífuga (cytospin) e fixadas com metanol 100% por 1 minuto. Em seguida,
as minas foram lavadas com água corrente, para retirada do excesso de metanol, e coradas
com hematoxilina de Harris 0,1%. Após nova lavagem, para a retirada do excesso de
hematoxilina, as lâminas foram coradas com eosina 0,5%.
Análise dos dados
As lâminas com as células coradas foram levadas ao microscópio para
avaliação das suas características morfológicas e comparadas ao controle negativo (não-
tratado). O registro das alterações celulares foi feito através de fotografia.
3.2.11 Análise morfológica - Coloração por May-Grunwald-Giemsa
A coloração por May-Grunwald-Giemsa se baseia em interações eletrostáticas
entre os corantes e moléculas-alvo. Essa coloração possui azul de metileno (corante básico),
eosina (corante ácido), entre outros componentes sicos que permite distinguir o citoplasma
57
e o núcleo, sendo possível analisar a célula quanto a sua integridade nuclear, bem como
alterações no citoplasma.
Procedimento experimental
Células das linhagens HL-60 foram plaqueadas em placas de 24 poços, na
concentração de 0,3 x 10
6
células/mL, e incubadas por 24 h com as vitafisalinas O e F na
concentração de 2 µM. A doxorrubicina (0,5 µM) foi usada como controle positivo. Para
observar a morfologia das lulas, lâminas foram preparadas, com 50µL da suspensão de
células, em citocentrífuga (cytospin) e fixadas com metanol 100% por 1 minuto. Em seguida
as laminas foram coradas com May-Grunwald, por 10 seg, e em seguida com Giemsa por 10
seg.
Análise dos dados
As lâminas com as células coradas foram levadas ao microscópio para
avaliação das suas características morfológicas e comparadas ao controle negativo (não-
tratado). O registro das alterações celulares foi feito através de fotografia.
3.2.12 Determinação da Integridade da Membrana
Este método consiste na capacidade do iodeto de propídeo (PI) se ligar ao DNA
de células cuja membrana plasmática esteja rompida, como nos casos de apoptose tardia e
necrose, emitindo uma alta fluorescência quando excitado pelo laser de argônio (488nm). Nas
células cuja membrana permanece íntegra (células viáveis), o PI não consegue penetrar e
portanto emitem uma fluorescência mais baixa, com isso as células vivas podem diferenciadas
das mortas.
Procedimento Experimental
Células de HL-60 foram plaqueadas em placas de 24 poços, na concentração de
0,3 x 10
6
células/mL, e incubadas por 24 h com as vitafisalinas F e O nas concentrações de 2,
5 e 10 µM. A doxorrubicina (0,5 µM) foi usada como controle positivo. Após o período de
incubação uma alíquota de 50µL da suspensão de células foi transferida para um tubo
58
eppendorf e incubada por mais 5 minutos com 100µL de PI (50µg/mL). Em seguida as
amostras foram analisadas em citômetro de fluxo (EasyCyte da Guava Tecnologies).
Análise dos dados
Em cada experimento foram contados 5000 eventos. Os dados foram expressos
como a média ± erro padrão da média (E.P.M.) de três experimentos independentes. Para
verificação da ocorrência de diferenças significativas entre os grupos, os dados serão
comparados por análise de variância (ANOVA) seguida por Teste de Dunnet, com vel de
significância de 5% (p < 0,05).
3.2.13 Avaliação do ciclo celular e fragmentação de DNA.
Esse método consiste na capacidade do iodeto de propídeo se ligar ao DNA das
células, cuja membrana plasmática foi primeiramente lisada por um detergente para permitir a
entrada do corante no núcleo. O ciclo celular é constituído pelas seguintes fases: G
1
, S, G
2
e
M. Durante o período de crescimento celular (fase G
1
) uma célula diplóide apresenta um
conteúdo 2n (n conteúdo de um conjunto haplóide de cromossomos) em DNA nuclear, i.e.,
possui duas cópias de cada gene. Durante a fase S ocorre a duplicação do genoma nuclear (2-
4n) e na fase seguinte (fase G
2
) ocorre o segundo período de crescimento celular, durante o
qual o conteúdo em DNA nuclear é mantido no nível 4n. Em seguida ocorre a mitose (fase M,
4n) durante a qual a célula se divide, formando-se duas células filhas, cada uma com um
conteúdo 2n em DNA. As células que não se encontram em divisão celular (G
0
) apresentam
um conteúdo 2n em DNA. Assim, as diferentes fases do ciclo celular podem ser determinadas
a partir do conteúdo de DNA que elas apresentam.
Quando as células se apresentam com a cromatina condensada e/ou DNA
fragmentado, a quantidade de PI incorporada é menor, e portanto emitem uma fluorescência
mais baixa.
Procedimento Experimental
Células de HL-60 foram plaqueadas em placas de 24 poços, na concentração de
0,3 x 10
6
células/mL, e incubadas por 24 h com as vitafisalinas F e O nas concentrações de 2,
5 e 10 µM. A doxorrubicina (0,5 µM) foi usada como controle positivo. Após o período de
59
incubação uma alíquota de 50 µL da suspensão de células foi transferida para um tubo
eppendorf e incubada por mais 30 minutos com 100µL de uma solução de lise contendo PI
(50µg/mL), Triton X-100 (0,1%) e citrato de sódio (0,1%). Em seguida as amostras foram
analisadas em citômetro de fluxo (EasyCyte da Guava Tecnologies), onde foram obtidas
histogramas representando a quantidade de células em cada fase do ciclo celular (G
1
, S e
G
2
/M) e a quantidade de células com DNA fragmentado.
Análise dos dados
Em cada experimento foram contados 5000 eventos. Os dados foram expressos
como a média ± erro padrão da média (E.P.M.) de três experimentos independentes. Para
verificação da ocorrência de diferenças significativas entre os diferentes grupos, os dados
serão comparados por análise de variância (ANOVA) seguida por Teste de Dunnet, com nível
de significância de 5% (p < 0,05).
3.2.14 Determinação do Potencial Transmembrânico de Mitocôndria
A mitocôndria está envolvida em diversas vias apoptóticas intrínsecas. O
citocromo c liberado da membrana externa da mitocôndria irá contribuir para desdobramento
de rotas apoptóticas e o espaço liberado funcionará como poro. Através destes poros formar-
se-á um efluxo de íons H
+
, induzindo uma alteração de seu potencial transmembrânico. A
rodamina 123, um corante fluorescente nucleofílico, é seqüestrado pra dentro da mitocôndria
quando esta apresenta seu potencial transmembrânico inalterado. Assim, as células viáveis
emitirão alta fluorescência verde devido a maior quantidade de rodamina ligada às cargas
positivas internas enquanto que as mitocôndrias das células apoptóticas terão menos afinidade
pelo corante, gerando eventos que emitirão menor fluorescência.
Procedimento Experimental
Células de HL-60 foram plaqueadas em placas de 24 poços, na concentração de
0,3 x 10
6
células/mL, e incubadas por 24 h com as vitafisalinas F e O nas concentrações de 2,
5 e 10 µM. A doxorrubicina (0,5 µM) foi usada como controle positivo. Após o período de
incubação uma alíquota de 50 µL da suspensão de células foi transferida para um tubo
eppendorf e incubada por mais 15 minutos com 200µL de uma solução de rodamina 123 (1
60
µg/mL em PBS), na ausência de luz e a 37 ºC. Após o período de incubação as células foram
centrifugadas e o sobrenadante foi descartado. O precipitado foi ressuspendido em PBS e
reincubado por mais 30 minutos e analisadas por citometria de fluxo (EasyCyte da Guava
Tecnologies).
Análise dos dados
Em cada experimento foram contados 5000 eventos. Os dados foram expressos
como a média ± erro padrão da média (E.P.M.) de três experimentos independentes. Para
verificação da ocorrência de diferenças significativas entre os diferentes grupos, os dados
foram comparados poranálise de variância (ANOVA) seguida por Teste de Dunnet, com nível
de significância de 5% (p < 0,05).
3.2.15 Avaliação da atividade antitumoral da vitafisalina F
em camundongos
transplantados com Sarcoma 180
A avaliação da atividade antitumoral está relacionada à regressão total de tumores
nos animais, à redução no crescimento dos tumores e ao aumento da expectativa de vida
durante o tratamento, comparado com os animais não tratados. Schabel et al. (1977)
demonstrou que o melhor resultado desses fatores depende do procedimento do tratamento,
que deverá ser começado até 48 h após o transplante. Neste período, as lulas tumorais
teriam iniciado a formação do nódulo tumoral. O tumor utilizado foi o Sarcoma 180, o qual
foi descoberto em 1914 no ‘Crocker Laboratory (Columbia University, New York)’, sendo
originalmente um tumor sólido, surgido espontaneamente na região axilar de camundongos.
Inicialmente o tumor foi classificado como um carcinoma mamário, mas por volta de 1919,
após a realização de vários transplantes subcutâneos, o tumor assumiu a forma de sarcoma, e
desde então se mantém inalterado.
Procedimento Experimental
Para a avaliação do efeito antitumoral da vitafisalina F foram utilizados
camundongos (Mus musculus Swiss) fêmeas provenientes do Biotério Central da
Universidade Federal do Cea (BIOCEN - UFC). Esses animais foram divididos
61
aleatoriamente em 4 grupos (n = 8 para cada grupo) com pesos variando entre 22 e 25 g (p >
0,05).
O modelo tumoral - tumor sólido do tipo Sarcoma 180 - foi utilizado com 10 dias
de implantação na região axilar direita. O animal doador, ou da manutenção, foi sacrificado
por deslocamento cervical, sendo realizado assepsia com álcool iodado. Em seguida, foi
retirado o líquido ascítico da cavidade abdominal e preparado uma suspensão de células com
5,0 mL de Ringer lactato, 0,2 mL de gentamicina (5 mg/mL) e 0,5 mL do líquido ascítico,
para posterior contagem de células. Nos animais receptores, foram injetadas 2 x 10
6
céls/0,5
mL na região axilar esquerda dos camundongos. Após 24 h de inoculação, o tratamento foi
iniciado e realizado durante 7 dias consecutivos, utilizando como controle negativo, o veiculo
de diluição (DMSO 4 %) e como controle positivo, o quimioterápico 5-Fluoracil (25
mg/kg/dia). A vitafisalina F foi testada nas doses de 5, 10 e 20 mg/kg/dia, todas
administradas por via intraperitoneal (i.p.). A dose de 20 mg/kg/dia também foi administrada
por via oral (v.o.).
Todos os grupos foram mantidos sob as mesmas condições e sob regime de
ingestão ad libitum de ração comercial (Purina, São Paulo) e água clorada durante todo o
período do experimento.
No final do experimento, os animais foram sacrificados por deslocamento
cervical, sendo seus órgãos (rins, baço, gado) e tumores dissecados para avaliação do peso
relativo e da atividade antitumoral, respectivamente.
O percentual de inibição do crescimento tumoral (IT) foi calculado pela fórmula:
IT (%) = [(A-B)/A] x 100
Onde: A = média dos pesos dos tumores no grupo controle.
B = média dos pesos dos tumores nos animais tratados.
Análise dos dados
Os resultados (peso relativo dos órgãos e peso dos tumores) foram expressos
como média ± E.P.M. Para verificação da ocorrência de diferenças significativas entre os
grupos, os dados foram comparados por análise de variância (ANOVA) seguida pelo teste de
Dunnet, com nível de significância de 5% (p < 0,05).
62
3.2.15.1 Observações Histopatológicas
Imediatamente após a dissecção, os órgãos e os tumores foram fixados em
formol 10 % para posterior análise macroscópica em relação à coloração, tamanho,
consistência e aspecto superficiais e corte. Em seguida, os tecidos foram processados,
embebidos em parafina e secções de 3-5 µm de espessura foram preparadas em lâminas.
Depois de desparafinizadas em xilol por 15 min e desidratadas em álcool em crescentes
concentrações, as minas foram lavadas em água destilada, coradas com H/E e examinadas
em microscópio óptico (x400).
63
Resultados
64
4 RESULTADOS
4.1 Avaliação da atividade citotóxica em células tumorais in vitro – MTT
A avaliação da atividade citotóxica das vitafisalinas foi realizado pelo método do
MTT em cinco linhagens de células tumorais (MDA-MB-435 – melanoma, NCI-H460 -
pulmão, SF-295 – glioblastoma, HL-60 - leucemia promielocítica e PC-3 próstata) após 72
horas de incubação. A tabela 2 apresenta os valores de CI
50
obtidos no ensaio.
Todas as vitafisalinas apresentaram efeitos citotóxicos nas cinco linhagens
testadas, com CI
50
variando de 0,7 a 15,8µM. A vitafisalina O foi a que apresentou maior
efeito citotóxico, com valores de CI
50
menores que 1,9µM em quatro das cinco linhagens
testadas, sendo a mais ativa de 0,7 µM na linhagem de HL-60 e a menos ativa de 3,2 µM na
linhagem SF-295. o composto menos ativo foi a vitafisalina (17S,20R,22R)-5β,6β:18,20-2-
diepóxi-4β,18-diidróxi-1-oxovita-3-24-enolido, com valores de CI
50
variando entre 6,9 e 15,8
µM nas linhagens de HL-60 e SF-295 respectivamente. Para este ensaio, foram consideradas
ativas as substâncias que apresentaram CI
50
< 8 µM (BOIK, 2001)
65
Tabela 2 - Atividade citotóxica in vitro de vitafisalinas isoladas da Acnistus arborescens em
linhagens de células tumorais.
Linhagens tumorais
CI
50
µM
Vitafisalina
MDA-
MB435
NCI SF-295 HL-60 PC-3
O
1,5
(1,1 – 1,9)
1,3
(0,9 – 1,8)
3,2
(1,9 – 5,5)
0,7
(0,6 – 0,7)
1,9
(1,2 – 2,9)
F
2,7
(1,3 – 4,6)
2,5
(0,6 – 8,9)
6,4
(2,7 – 8,3)
1,4
(1,3 – 1,7)
3,0
(1,8 – 4,7)
M
4,1
(2,6 – 6,4)
--
7,9
(5,8 – 8,4)
4,1
(2,6 – 6,0)
15,1
(10,1 – 20,0)
(17S,20R,22R)-
5β,6β:18,20-
2.diepóxi-
4β,18-diidróxi-
1-oxovita-3.24-
enolido
11,8
(6,2 – 21,3)
13,6
(7,4 – 22,6)
15,8
(10,8 – 21,6)
6,9
(5,6 – 8,2)
14,2
(9,4 – 20,6)
N
7,6
(3,4 – 16,0)
4,2
(0,8 – 19,0)
11,3
(6,8 –16,6)
5,5
(5,0 – 5,9)
6,3
(3,1 – 13,2)
Os dados o apresentados em valores de CI
50
µM e o intervalo de confiança de
95% de dois experimentos independentes realizado em triplicata pelo método do MTT após
72 horas de incubação para as linhagens MDA-MB435 (melanoma), NCI-H460 (pulmão), SF-
295 (glioblastoma), HL60 (leucemia) e PC-3 (próstata).
66
4.2 Avaliação da atividade citotóxica em células normais in vitro – Alamar Blue
Para avaliar a seletividade em células normais humana, a atividade citotóxica das
vitafisalinas O, M e N foram avaliadas em PBMC, através do método do alamar blue após 72
horas de incubação. A tabela 3 apresenta os valores de CI
50
obtidos no ensaio.
A vitafisalina F foi a mais citotóxica em PBMC, com IC
50
de 1,2 µM. As
vitafisalinas O e M apresentaram IC
50
de 3,7 e 16,9 µM, respectivamente.
Tabela 3 - Atividade citotóxica in vitro de vitafisalinas isoladas da Acnistus arborescens em
PBMC.
Vitafisalina
PBMC
CI
50
µM
O
3,7
(3,1 – 4,3)
F
1,2
(0,8 – 1,6)
N
16,9
(12,8 – 22,1)
Os dados são apresentados em valores de CI
50
µM e o intervalo de confiança de
95% de dois experimentos independentes realizado em triplicata pelo método do alamar blue
após 72 horas de incubação com células PBMC.
4.3 Avaliação da atividade antiproliferativa em células leucêmicas (Curva de
crescimento celular) - exclusão por azul de tripan
A construção da curva de crescimento foi utilizada para determinar a cinética de
crescimento de células leucêmicas (HL-60 e K562) sob efeito das vitafisalinas O, F, M e N
nos intervalos de tempo de 12h, 24h, 36h, 48h, 60h e 72h
.
As quatro vitafisalinas testadas
apresentaram uma redução significante no número de células viáveis, tanto na linhagem de
HL-60 como de K-562, e esses efeitos parecem ocorrer de modo concentração e tempo
dependente (Figuras 12, 13, 14 e 15).
Nas primeiras 12 horas de tratamento o único composto a apresentar efeito sobre a
viabilidade das células foi a vitafisalina O, na linhagem de HL-60, com valor de CI
50
de 6,2
µM. Os demais compostos, com exceção da vitafisalina M, começaram a reduzir a viabilidade
celular de ambas as linhagens a partir de 24 h de tratamento, onde as vitafisalinas O, F e N
67
apresentaram CI
50
de 1,7, 3,5 e 9,5 µM na linhagem de HL-60 e 14,4, 5,3 e 11,8 µM na
linhagem de K-562, respectivamente. Os primeiros efeitos da vitafisalina M, sobre a
viabilidade celular, começaram apenas depois de 36 h de incubação e se estenderam até o
final do período de tratamento, apresentando CI
50
de 2,3 e 3,5 µM para HL-60 e K-562,
respetivamente. A partir de 48 h ao final do período de 72 h de tratamento, houve pouca
variação nas CI
50
das vitafisalina O, F e N. Todos os valores de CI
50
estão apresentadas na
tabela 4.
68
A B
C D
Figura 12 - Curva de crescimento celular da linhagem HL-60 (leucemia humana) tratada com
as vitafisalinas O (A), F (B), M (C) e N (D).
A viabilidade celular foi determinada por exclusão de azul de tripan nos tempos de
24, 36, 48, 60 e 72 horas de incubação. Os dados correspondem à dia ± E.P.M. de três
experimentos independentes realizado em duplicata. Os resultados de 12 h de tratamento não
foram mostrados.
69
A B
C D
Figura 13 – Curva de crescimento celular da linhagem K-562 (leucemia humana) tratada com
as vitafisalinas O (A), F (B), M (C) e N (D).
A viabilidade celular foi determinada por exclusão de azul de tripan nos tempos de
24, 36, 48, 60 e 72 horas de incubação. Os dados correspondem à dia ± E.P.M. de três
experimentos independentes realizado em duplicata. Os resultados de 12 h de tratamento não
foram mostrados.
70
A B
C D
Figura 14 – Curva de crescimento celular da linhagem K-562 (leucemia humana) tratada com
as vitafisalinas O (A), F (B), M (C) e N (D).
O número de células foi determinado por exclusão de azul de tripan nos tempos de
12, 24, 36, 48, 60 e 72 horas de incubação. Os dados correspondem à média ± E.P.M. de três
experimentos independentes realizado em duplicata.
71
A B
C D
Figura 15 – Curva de crescimento celular da linhagem K-562 (leucemia humana) tratada com
as vitafisalinas O (A), F (B), M (C) e N (D).
O número de células foi determinado por exclusão de azul de tripan nos tempos de
12, 24, 36, 48, 60 e 72 horas de incubação. Os dados correspondem à média ± E.P.M. de três
experimentos independentes realizado em duplicata.
72
Tabela 4 Atividade citotóxica das vitafisalinas F, O, M e N em células leucêmicas das
linhagens HL-60 (leucemia promielocitica) e K562 (leucemia mielocítica crônica).
IC
50
, média ± E.P.M., µM
Composto
Linhagem
celular
12 horas 24 horas 36 horas 48 horas 60 horas 72 horas
HL60 6,2 ± 2,8 1,8 ± 0,3 1,3 ± 0,1 0,8 ± 0,0 1,0 ± 0,1 0,7 ± 0,0
O
K562 > 19,7 14,4 ± 1,4 3,5 ± 0,7 2,1 ± 0,2 1,0 ± 0,1 1,2 ± 0,0
HL60 > 20,5 3,5 ± 1,7 3,3 ± 2,0 1,6 ± 0,8 1,2 ± 0,3 0,8 ± 0,1
F
K562 > 20,5 5,3 ± 4,9 3,3 ± 2,7 1,6 ± 0,8 1,2 ± 0,6 1,1 ± 0,4
HL60 > 20,7 19,4 ± 1,6 8,5 ± 0,7 6,2 ± 0,7 4,3 ± 0,2 2,3 ± 0,7
M
K562 > 20,7 > 20,7 7,3 ± 0,9 7,1 ± 0,5 3,8 ± 0,7 3,5 ± 0,4
HL60 > 20,7 9,2 ± 0,3 4,9 ± 0,3 2,1 ± 0,1 3,2 ± 0,1 2,7 ± 0,3
N
K652 > 20,7 11,8 ± 0,4 3,6 ± 0,1 2,2 ± 0,0 2,3 ± 0,1 1,7 ± 0,0
Os dados são apresentados em valores de CI
50
média ± E.P.M., µM de três
experimentos independentes realizados em duplicata.
4.4 Avaliação da atividade genotóxica em células normais e leucêmicas.
O potencial genotóxico das vitafisalinas O, M e N foi avaliado através do teste do
cometa, em células de HL-60 e PBMC, após 24 horas de incubação. As concentrações
utilizadas neste ensaio correspondem aos valores de CI
50
encontrados na curva de crescimento
em HL-60, a metade da CI
50
e o dobro da CI
50
.
Todas as vitafisalinas testadas aumentaram o índice de dano e a freqüência de
dano, tanto em PBMC quanto em HL-60 (Figura 16 e 17).
73
A
C D 0,9 1,8 3,6 9,7 19,4 38,8 4,6 9,2 18,4
0
25
50
75
100
O M N
*
**
*
*
*
*
*
*
µM
Frequência de dano (%)
B
C D 0.9 1.8 3.6 9.7 19.4 38.8 4.6 9.2 18.4
0
25
50
75
100
O M N
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
µM
Frequência de dano (%)
Figura 16 – Freqüência de dano das vitafisalinas O, M e N sobre células de PBMC (A) e HL-
60 (B), analisado pelo teste do cometa após 24 horas de incubação. C: controle negativo; D:
Doxorubicina (0,5 µM) foi usada como controle positivo. Os dados correspondem à dia ±
E.P.M. de dois experimentos independentes. * p < 0,05 comparado com o controle negativo
por ANOVA seguido pelo teste de Dunnet.
74
A
C D 0.9 1.8 3.6 9.7 19.4 38.8 4.6 9.2 18.4
0
50
100
150
200
250
O M N
*
*
*
*
*
*
*
*
µM
Índice de dano
B
C D 0.9 1.8 3.6 9.7 19.4 38.8 4.6 9.2 18.4
0
100
200
300
µM
O M N
*
*
*
*
**
*
*
*
Índice de dano
Figura 17 - Índice de dano das vitafisalinas O, M e N sobre células de PBMC (A) e HL-60
(B), analisado pelo teste do cometa após 24 horas de incubação. C: controle negativo; D:
Doxorubicina (0,5 µM) foi usada como controle positivo. Os dados correspondem à dia ±
E.P.M. de dois experimentos independentes. * p < 0,05 comparado com o controle negativo
por ANOVA seguido pelo teste de Dunnet.
75
4.5 Inibição da síntese de DNA – BrDU
Neste ensaio, foi avaliada a capacidade proliferativa de células tratadas em
comparação as não-tratadas pela incorporação de BrdU no DNA (Tabela 5). Os resultados
mostraram que as vitafisalinas O, M e N causam uma redução significativa da incorporação
do BrdU nas duas linhagens testadas.
A vitafisalina O, na concentração de 1,8 µM, causou uma inibição de 81% na
síntese de DNA nas células de HL-60, enquanto que em K-562 uma concentração sete vezes
maior (14,4 µg/mL) reduziu apenas 64%. As vitafisalinas M (19,4 µM) e N (9,2 µM) inibiram
em quase 100% a síntese de DNA em lulas de HL-60. Em células de K-562 as vitafisalinas
M (21,0 µM) e N (11,8 µM) reduziram em torno de 60% a incorporação de BrdU.
Tabela 5 - Efeito das vitafisalinas O, M e N na incorporação do 5-bromo-2´-deoxyuridina
(BrdU) em células leucêmicas de HL-60 e K562 depois de 24 horas de incubação.
Concentração µg/mL
(µM)
Células postivas (%) T/C
Composto
HL-60 K562 HL-60 K562 HL-60 K562
Controle - - 67% 56% - -
Doxorrubicina 0,5 0,5 35%
a
35%
a
0.51 0.62
0,9 7,1 50%
b
31%
a
0.74 0.55
O
1,8 14,4 13%
a,b
20%
a
0.19 0.36
9,7 10,4 37%
a
26%
a
0.55 0.46
M
19,4 21 5,0%
a,b
22%
a
0.06 0.39
4,6 5,9 36%
a
53%
b
0.55 0.95
N
9,2 11,8 3,0%
a,b
23%
a
0.05 0.40
Nota: Os dados correspondem a media de células positivas (%) de dois experimentos independentes. T/C =
tratado/controle.
a
p<0.05, χ2 comparado com o controle
b
p<0.05, χ2 comparado com a doxorrubicina
4.6 Coloração Diferencial por Brometo de Etídio/Laranja de Acridina
Após 24 horas de incubação, as três vitafisalinas testadas causaram uma redução
de modo dose-dependente, no número de células viáveis, e um aumento de células apoptóticas
76
e necróticas em ralação ao controle (p < 0,05). As células de HL-60 quando tratadas com a
vitafisalina O (1,8 µM), apresentaram 38,89% de células viáveis, enquanto que no controle
esse número foi de 95,89%. Conseqüentemente o número de células apoptóticas e necróticas
foi maior nas células tratadas com o composto (48,89 e 13,33%, respectivamente) do que no
controle (2,78 e 1,33%, respectivamente). Em relação ao controle, as vitafisalinas M e N
também causaram um aumento no número de lulas necróticas de HL-60 (29% e 34%,
respectivamente). As células tratadas com doxorrubicina apresentaram um aumento do
número de células apoptóticas (33,78%), assim como de células necróticas (13,33) (Figura
18A).
na linhagem de K-562 o efeito mais observado foi o aumento no número de
células apoptóticas. Enquanto que no controle a porcentagem de células apoptóticas era de
8%, nas células tratadas com as vitafisalinas O, M e N essa porcentagem aumentou para
73,89, 32,56 e 71,78% respectivamente (Figura 18B).
77
A
B
C D 0,9 1,8 9,6 19,4 4,6 9,2
0
25
50
75
100
Cél. viáveis
Cél. apoptóticas
Cél. necróticas
O
M N
µM
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
N
°
°
°
°
de células (%)
C D 7,2 14,6 10 20 5,8 11,4
0
25
50
75
100
O
M N
µM
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
N
°
°
°
°
de células (%)
Figura 18 - Efeito das vitafisalinas O, M e N sobre células de HL-60 (A) e K562 (B),
analisado por Brometo de Etídio/Laranja de Acridina após 24 horas de incubação. C: controle
negativo; D: Doxorubicina (0,5 µM) foi usada como controle positivo. Os dados
correspondem à média ± E.P.M. de três experimentos independentes. * p < 0,05 comparado
com o controle negativo por ANOVA seguido pelo teste de Dunnet.
78
4.7 Determinação da ativação da caspase-3
A ativação da caspase-3 foi avaliada por ensaio colorimétrico. A doxorrubicina
(0,5 µM) foi usada como controle positivo em todos os experimentos. O controle negativo foi
tratado com o veículo (DMSO) usado para diluir a substância. Apenas as vitafisalinas O e N,
nas maiores concentrações testadas, induziram significativamente a ativação de caspase-3 em
células de Hl-60 (Figura 19). Em células de K-562, nenhuma das três vitafisalinas testadas
induziu ativação de caspase-3 (Dados não apresentados).
C D 0,9 1,8 10 20,1 4,8 9,6
0
5
10
15
20
25
µM
*
*
*
O M
N
Caspase (UI/mg proteina)
Figura 19 - Efeito das vitafisalinas O, M e N sobre a ativação da caspase-3 em células de HL-
60 após 24 horas de incubação. . C: controle negativo; D: Doxorubicina (0,5 µM) foi usada
como controle positivo. Os dados correspondem à média ± E.P.M. de três experimentos
independentes. Os resultados são expressos como atividade especifica. Os valores
correspondem à média ± E.P.M. de dois experimentos independentes realizados em triplicata.
*, p < 0,05 comparado com o controle negativo por ANOVA seguido pelo teste de Dunnett.
79
4.8 Análise morfológica Coloração por Hematoxilina/Eosina (H/E) e May-Grunwald-
Giemsa
Análises morfológicas das células de HL-60 tratadas com as vitafisalinas O e F
foram feitas por coloração de Hematoxilina/Eosina e de May-Grunwald-Giemsa com o
objetivo de visualizar as possíveis alterações decorrentes do tratamento com as vitafisalinas O
e F. Análises por microscopia óptica das células de HL-60, coradas, revelaram várias
diferenças entre as células tratadas e o controle negativo. As células de HL-60 do controle
negativo exibiram uma morfologia típica com membrana íntegra, células pleomórficas, nítida
visualização tanto da membrana plasmática quanto nuclear (Figuras 20A e 21A).
Nas lulas tratadas com as vitafisalinas O e F, os efeitos foram melhores
visualizados na coloração de May-Grunwald- Giemsa, onde a maioria das células apresentava
uma morfologia atípica, semelhante à figuras mitóticas da fase prófase (Figuras 21C e 21D).
Na análise das lulas coradas com H/E, apenas visualizamos discreta condensação da
cromatina (Figuras 20C e 20D). A doxorrubicina, por sua vez, induziu alterações compatíveis
com a morte celular por apoptose, incluindo fragmentação nuclear (Figuras 20B e 21B).
80
A B
C D
Figura 20 - Morfologia de lulas da linhagem HL-60 (leucemia) após 24h de incubação,
coradas por Hematoxilina/Eosina e visualizadas por microscopia óptica. (A): controle
negativo; (B): Doxorubicina (0,5 µg/mL) foi usada como controle positivo; (C): células
tratadas com a vitafisalina O na concentração de 2 µM; (D): células tratadas com a vitafisalina
F na concentração de 2 µM. Seta preta: condensação da cromatina; Seta branca: fragmentação
nuclear.
81
A B
C D
Figura 21 - Morfologia de lulas da linhagem HL-60 (leucemia) após 24h de incubação,
coradas por May-Grunwald-Giemsa e visualizadas por microscopia óptica. (A): controle
negativo; (B): Doxorubicina (0,5 µg/mL) foi usada como controle positivo; (C): células
tratadas com a vitafisalina O na concentração de 2 µM; (D): células tratadas com a vitafisalina
F na concentração de 2 µM. Seta branca: fragmentação nuclear; Seta preta pontilhada: pré-
prófase; Seta azul: mitose atípica.
82
4.9 Determinação da Integridade da Membrana
A avaliação da integridade de membrana serviu como parâmetro pra determinar a
viabilidade das células de HL-60 tratadas com as vitafisalinas F e O.
Como pode ser observado na figura 22, nenhuma das duas substâncias reduziu a
viabilidade celular na concentração de 2 µM. Na concentração de 5 µM, apesar de uma
pequena diferença de 5,11%, apenas a vitafisalina F mostrou redução significativa do número
de células viáveis em relação ao controle. Já na concentração de 10 µM tanto a vitafisalina F
quanto a O reduziram significativamente a viabilidade das células de HL-60 para 39,13 e
59,81%, respectivamente (Figura 22). Vale ressaltar que, apesar das células apresentarem
membranas íntegras, a concentração de lulas está reduzida, em todos as concentrações
testadas, relação ao controle negativo (Figura 23).
Figura 22 - Efeito das vitafisalinas F e O sobre a viabilidade (integridade de membrana) de
células leucêmicas de HL-60, analisado por citometria de fluxo utilizando iodeto de propídeo,
após 24 horas de incubação. C: controle negativo; D: Doxorubicina (0,5 µM) foi usada como
controle positivo. Os dados correspondem à média ± E.P.M. de três experimentos
independentes. Cinco mil eventos foram contados em cada experimento. *, p < 0,05
comparado com o controle negativo por ANOVA seguido pelo teste de Dunnett.
83
Figura 23 - Efeito das vitafisalinas F e O sobre a concentracao de células leucêmicas de HL-
60, analisado por citometria de fluxo utilizando iodeto de propídeo, após 24 horas de
incubação. C: controle negativo; D: Doxorubicina (0,5 µM) foi usada como controle positivo.
Os dados correspondem à média ± E.P.M. de três experimentos independentes. Cinco mil
eventos foram contados em cada experimento. *, p < 0,05 comparado com o controle negativo
por ANOVA seguido pelo teste de Dunnett.
4.10 Avaliação do ciclo celular e fragmentação de DNA
A análise do ciclo celular das células de HL-60, tratadas com as vitafisalinas F e
O, foi feita através do programa ModFit LT 3.1. Os resultados mostraram que ambas
vitafisalinas alteram o ciclo celular a partir da menor concentração testada (2 µM), onde a
quantidade de células na fase G
0
/G
1
é maior do que no controle negativo, e na fase S menor.
na concentração de 5 µM as células aparecem acumuladas na fase G
2
/M do ciclo celular,
com 23,67% e 39,23%, para as vitafisalinas O e F, respectivamente, enquanto no controle o
número de células em G
2
/M foi de 8,3%. Na concentração de 10 µM a maioria das células se
encontram na fase S do ciclo celular. A doxorrubicina, que foi utilizada como controle
positivo, apresentou um acúmulo de 64,24% das células na fase G
2
/M do ciclo celular. As
porcentagens, referentes ao número de células presentes em cada fase do ciclo celular, estão
apresentadas na tabela 6.
Na figura 24 as fases do ciclo celular estão representadas sob a forma de
histogramas, onde é possível se observar o acúmulo em G
2
/M de células tratadas com a
84
doxorrubicina e as vitafisalinas F e O na concentração de 5 µM. É possível observar também
o aumento do numero de células na fase S nos tratamentos com 10 µM das duas vitafisalinas.
A vitafisalina F causou um aumento significativo da fragmentação de DNA, em
todas as concentrações testadas, enquanto no tratamento com a vitafisalina O esses efeitos só
foram observados nas duas maiores concentrações (Figura 25).
Tabela 6 - Efeito das vitafisalinas F e O sobre a distribuição do ciclo celular em células
leucêmicas (HL-60) determinado por citometria de fluxo utilizando iodeto de propídeo, após
24 horas de incubação. C: controle negativo; D: Doxorubicina (0,5 µM) foi usada como
controle positivo.
Fase do ciclo celular (%)
Substâncias Concentração
G
0
/G
1
S G
2
/M
C - 41.34 50.36 8.30
D 0.5 7.91* 29.55* 64.24*
5 54.70* 41.74* 3.56
5 36.04 41.63* 23.67*
O
10 33.83* 57.25 8.87
2 55.65* 35.36* 10.03
5 24.51* 37.52* 39.23*
F
10 35.24* 60.51* 4.25
Os dados correspondem à média ± E.P.M. de três experimentes independentes.
Cinco mil eventos foram contados em cada experimento. *, p < 0,05 comparado com o
controle negativo por ANOVA seguido pelo teste de Dunnett.
85
Figura 24 - Efeito das vitafisalinas F e O sobre a distribuição do ciclo celular (eixo x:
intensidade de fluorescência; eixo y: número de células) em células leucêmicas (HL-60)
determinado por citometria de fluxo utilizando iodeto de propídeo, após 24 horas de
incubação. C: controle negativo; D: Doxorubicina (0,5 µM) foi usada como controle positivo.
Os histogramas foram obtidos no programa ModFit LT 3.1, e representam a média de três
experimentos independentes.
86
C D 2 5 10 2 5 10
0
5
10
15
20
F
O
µM
*
*
*
*
*
Fragmentão de DNA (%)
Figura 25 - Efeito das vitafisalinas F e O sobre a fragmentação de DNA de células
leucêmicas de HL-60, analisado por citometria de fluxo utilizando iodeto de propídeo, após
24 horas de incubação. C: controle negativo; D: Doxorubicina (0,5 µM) foi usada como
controle positivo. Os dados correspondem à média ± E.P.M. de três experimentes
independentes. Cinco mil eventos foram contados em cada experimento. *, p < 0,05
comparado com o controle negativo por ANOVA seguido pelo teste de Dunnett.
87
4.11 Determinação do Potencial Transmembrânico de Mitocôndria
Ambas vitafisalinas testadas causaram alterações no potencial transmembrânico
das células de HL-60. Nas células tratadas com a vitafisalina F, na concentração de 2 µM,
houve um aumento da despolarização mitocondrial (7,7 %) em relação ao controle (2,9 %).
Na concentração de 5 µM esse número foi de 16,6 %. No tratamento com a vitafisalina O os
efeitos só foram observados nas duas maiores concentrações testadas (5 e 10 µM), com 17,5 e
9.2 % de células apresentando despolarização de mitocôndria, respectivamente. A
doxorrubicina não apresentou efeito significativo em relação ao controle (Figura 26).
C D 2 5 10 2 5 10
0
5
10
15
20
F
O
µM
*
*
*
*
Despolarização de membrana (%)
Figura 26 - Efeito das vitafisalinas F e O sobre o potencial transmembrânico de de células
leucêmicas de HL-60, analisado por citometria de fluxo utilizando rodamina 123 após 24
horas de incubação. C: controle negativo; D: Doxorrubicina (0,5 µM) foi usada como controle
positivo. Os dados correspondem à média ± E.P.M. de três experimentes independentes.
Cinco mil eventos foram contados em cada experimento. *, p < 0,05 comparado com o
controle negativo por ANOVA seguido pelo teste de Dunnett.
88
4.12 Avaliação da atividade antitumoral da vitafisalina F em camundongos
transplantados com Sarcoma 180
A avaliação da atividade antitumoral da vitafisalina F foi realizada em
camundongos Mus musculus Swiss utilizando o modelo experimental do Sarcoma 180. A
vitafisalina F foi administrada nos animais pelas vias intraperitoneal (5, 10 e 20 mg/kg/dia) e
oral (20mg/kg/dia) durante 7 dias consecutivos. No 9
o
dia, os animais foram sacrificados por
deslocamento cervical e dissecados para a retirada do tumor, fígado, baço e rins.
Em todas as doses testadas a vitafisalina F foi capaz de diminuir
significativamente o crescimento da massa tumoral em relação ao controle negativo (DMSO
4%). O peso médio dos tumores dos animais tratados com DMSO 4% foi de 1,83 + 0.45 g,
enquanto nos animais tratados com 5, 10 e 20 mg/kg/dia da vitafisalina F por via i.p. foi de
1,32 + 0,33g, 0,75 + 0,20 g e 0,37 + 0,10 g, respectivamente. nos animais tratados com a
vitafisalina F (20 mg/kg/dia) por via oral e nos animais tratados com 5-FU (25 mg/kg/dia), o
peso médio dos tumores foi de 0,53 + 0,09 g e 0,50 + 0,05 g, respectivamente. Dessa maneira
foi possível determinar os percentuais de inibição do crescimento tumoral. A vitafisalina F
administrada por via i.p. inibiu em 28,94, 56,95 e 77,50 % o crescimento do tumor nas doses
de 5, 10 e 20 mg/kg/dia, respectivamente. Quando administrada por via oral (20 mg/kg/dia) a
vitafisalina F inibiu em 76,30 % o crescimento tumoral. O 5-FU inibiu 70 % do crescimento
tumoral (Figura 27).
89
Figura 27 - Efeito da vitafisalina F nas doses de 5, 10 e 20 mg/Kg/dia i.p. e 20 mg/Kg/dia
v.o. sobre a proliferação tumoral de camundongos (Mus musculos) Swiss transplantados com
Sarcoma 180, após 7 dias de tratamento. C: o controle negativo foi tratado com o veículo
usado para diluir a droga (DMSO 4%). 5-FU: o 5-Fluorouracil (25 mg/Kg/dia) foi utilizado
como controle positivo. Os valores correspondem à média ± E.P.M. de 8 animais. *, p < 0,05
comparado com o controle negativo por ANOVA seguido pelo teste de Dunnet.
90
4.12.1 Análise histopatológica dos órgãos
Após o tratamento com diferentes doses de vitafisalina F, o peso relativo úmido
de alguns órgãos mostrou diferença estatística (p< 0,005) quando comparados com os órgãos
do grupo controle. Na dose de 20mg/Kg/dia v.o. o foram observadas nenhuma alteração
quanto o peso dos órgãos dos animais tratados. na dose de 20mg/Kg/dia i.p. todos os
órgãos analisados apresentavam peso maior em relação aos do controle negativo. Nas doses
de 5 e 10 mg/Kg/dia i.p. apenas o baço e o fígado apresentavam diferença significativa em
relação ao controle, respectivamente. No tratamento com 5-fluorouracil (25mg/Kg/dia) houve
uma redução significante no peso do baço (p < 0,05) e um aumento do peso do rim em relação
ao grupo controle (Tabela 7).
Histologicamente, os órgãos dos animais do grupo controle negativo (DMSO 4%)
não apresentaram sinais graves de toxicidade, com o gado apresentando degeneração
hidrópica e balonizante, os rins com estrutura glomerular preservada e o baço apresentando
vários megacariócitos.
Na análise histopatológica dos órgãos dos animais tratados com a vitafisalina F
apenas no gado e nos rins foram encontradas alterações histopatológicas (Figuras 28 e 29).
No fígado os efeitos foram um pouco mais severos, com a presença de focos de necrose de
hepatócitos, esteatose e tumefação celular. Já nos rins, foram encontrados cilindros hialinos e
hemorragia glomerular. Nos animais tratados com 5-FU também foram encontrados sinais de
toxicidade no fígado e nos rins, como: hiperplasia das células de Kupffer e alguns focos de
inflamação no fígado e intensa tumefação celular e a presença de cilindros hialinos nos rins.
Porém vale ressaltar que em nenhum dos grupos foi encontrado fibrose intersticial no gado,
e nos rins todos os grupos apresentavam glomérulos preservados, o que indica que esses
efeitos podem ser passíveis de regeneração. No baço não foram encontradas nenhuma
alteração em relação ao controle negativo (Figura 30).
Na análise histopatológica do tumor, em todos os grupos foram encontrados
características de neoplasia maligna constituída por células redondas, binucleação, freqüentes
mitoses e diferentes graus de pleomorfismo celular e nuclear. Porém nos grupos tratados com
a vitafisalina F foram encontradas diversas áreas de necrose, sendo essas áreas mais
predominantes no grupo tratado com 20 mg/Kg/dia i.p. e acompanhadas de intensa rarefação
celular (Figura 31).
91
Tabela 7 Efeito da vitafisalina F nas doses de 5, 10 e 20 mg/Kg/dia i.p. e 20 mg/Kg/dia
v.o., sobre o peso relativo dos orgãos de camundongos (Mus musculos) Swiss transplantados
com Sarcoma 180, após 7 dias de tratamento. C: o controle negativo foi tratado com o veículo
usado para diluir a droga (DMSO 4%). 5-FU: o quimiotrápico 5-Fluorouracil (25 mg/Kg/dia)
foi utilizado como controle positivo.
Dose
(mg/kg/dia)
Baço
g/100g de
massa
corporea
Rim
g/100g de
massa
corpórea
Fígado
g/100g de
massa
corporea
C
-
0,35 ± 0,03 1,07 ± 0,06 4,64 ± 0,19
5-FU
25 i.p.
0,21* ± 0,04 1,30* ± 0,07 4,78 ± 0,24
5 i.p.
0,71* ± 0,04
1,07 ± 0,04 4,28 ± 0,22
10 i.p.
0,37 ± 0,03 1,11 ± 0,06 5,18* ± 0,28
20 i.p.
0,55*± 0,06 1,66* ± 0,08
5,55* ± 0,24
Vitafisalina F
20 v.o.
0,40 ± 0,04 1,20 ± 0,05 4,40 ± 0,23
Os valores correspondem à média ± E.P.M. de 8 animais. *, p < 0,05 comparado
com o controle negativo por ANOVA seguido pelo teste de Dunnet.
92
Figura 28 - Fotomicrografia do fígado de camundongos (Mus musculus) Swiss transplantados
com Sarcoma 180 e sacrificados após 7 dias de tratamento. O controle negativo (A) foi
tratado com veículo de diluição da substância (DMSO 4 %). O quimioterápico 5-Fluorouracil
na dose de 25 mg/kg/dia foi usado como controle positivo (B). A vitafisalina F foi
administrada nas doses de 10 (C) e 20 (D) mg/kg/dia i.p. Coloração por hematoxilina/eosina e
visualização por microscopia óptica. Aumento = 400x.
Esteatose em
microgotas
Tumefação
celular
A
B
C
D
Esteatose em
microgotas
93
Figura 29 - Fotomicrografia dos rins de camundongos (Mus musculus) Swiss transplantados
com Sarcoma 180 e sacrificados após 7 dias de tratamento. O controle negativo (A) foi
tratado com veículo de diluição da substância (DMSO 4 %). O quimioterápico 5-Fluorouracil
na dose de 25 mg/kg/dia foi usado como controle positivo (B). A vitafisalina F foi
administrada nas doses de 10 (C) e 20 (D) mg/kg/dia i.p. Coloração por hematoxilina/eosina e
visualização por microscopia óptica. Aumento = 400x.
Hemorragia
glomerular
Tumefação celular
Glomérulo
A
B
C
D
94
Figura 30 - Fotomicrografia do baço de camundongos (Mus musculus) Swiss transplantados
com Sarcoma 180 e sacrificados após 7 dias de tratamento. O controle negativo (A) foi
tratado com veículo de diluição da substância (DMSO 4 %). O quimioterápico 5-Fluorouracil
na dose de 25 mg/kg/dia foi usado como controle positivo (B). A vitafisalina F foi
administrada nas doses de 10 (C) e 20 (D) mg/kg/dia i.p. Coloração por hematoxilina/eosina e
visualização por microscopia óptica. Aumento = 400x.
Megacariócito
Megacariócito
Megacariócitos
Pigmentos de
hemossiderina
A
B
C
D
95
Figura 31 - Fotomicrografia dos tumores de camundongos (Mus musculus) Swiss
transplantados com Sarcoma 180 e sacrificados após 7 dias de tratamento. O controle
negativo (A) foi tratado com veículo de diluição da substância (DMSO 4 %). O
quimioterápico 5-Fluorouracil na dose de 25 mg/kg/dia foi usado como controle positivo (B).
A vitafisalina F foi administrada nas doses de 10 (C) e 20 (D) mg/kg/dia i.p. Coloração por
hematoxilina/eosina e visualização por microscopia óptica. Aumento = 400x.
Células tumorais
Mitose
A
B
C
D
96
Tabela 8 - Resumo dos resultados encontrados no estudo da atividade citotóxica das
vitafisalinas.
Estudo Resultados
Atividade citotóxica in vitro
Em células tumorais +++
Em células normais +++
Estudo do mecanismo de ação citotóxico
Inibição da síntese de DNA +++
Morfologia diferencial por Laranja de acridina/Brometo de
etídeo
Apoptose
Morfologia diferencial por Hematoxilina/Eosina C.R.
Morfologia diferencial por May-Grunwald-Giemsa C.R.
Integridade de membrana +
Análise do ciclo celular Parada em G
2
/M
Indução de fragmentação do DNA +
Potencial trasmembrana de mitocondria +
Genotoxicidade
Em células de HL-60 +++
Em células normais +++
Atividade in vivo
Sarcoma 180 +++
Toxicidade sistêmica ++
(+) Efeito Fraco; (++) Efeito Moderado; (+++) Efeito Forte; (C.R.) Corrobora com os demais resultados.
97
Discussão
98
5 DISCUSSÃO
A utilização de plantas no tratamento, cura e prevenção de doenças, é uma das
mais antigas formas de prática medicinal da humanidade. Hoje em dia as plantas são
consideradas uma fonte inesgotável de produtos naturais, com uma diversidade de mais de
250 mil espécies no mundo, onde apenas 10% destas têm sido estudadas quanto às suas
propriedades farmacológicas e fitoquímicas (BALLADRIN et al., 1993). Nos últimos 25
anos, de todos os compostos bioativos descobertos, 63% são produtos naturais, derivados
deles ou possuem estruturas baseadas em produtos naturais (NEWMAN; CRAGG, 2007).
Nos últimos 10 anos, plantas da família Solanaceae têm despertado um grande
interesse nos cientistas, pelo fato de muitas destas plantas serem utilizadas na medicina
popular. A Withania somnifera, popularmente conhecida como “ginseng indiano”, séculos
vem sendo utilizada na medicina ayurvedica como antitumoral, antipirético, antiinflamatório,
imunomodulador, anticolinesterásico, em problemas cardiovasculares e obesidade e também
por seus efeitos anti-stress (SBOHAT et al., 1967; SHETI et al., 1970; BUDHIRAJA et al.,
1987; DEVI et al., 1992; AGARWAL et al., 1999; ARCHANA; NAMASIVAYAM, 1999;
JAYAPRAKASAM et al., 2003; SENTHIL et al., 2007). Muitos destes efeitos são atribuídos
à presença da vitaferina A, ou ainda, a outros vitaesteróides (JAYAPRAKASAM et al., 2003;
JAYAPRAKASAM; NAIR, 2003; MOHAN et al., 2004; YOKOTA et al., 2006; YANG et
al., 2007; BARGAGNA-MOHAN et al., 2007). A vitaferina A, por sua vez, foi isolada pela
primeira vez da Acnistus arborescens por Kupchan et al. (1965), que posteriormente atribuiu
o efeito antitumoral do extrato das folhas dessa planta à presença de vitaferina A (KUPCHAN
et al., 1969). Desde então, outros autores reportaram a ocorrência de vitaesteróides citotóxicos
nesta espécie incluindo as vitafisalinas (MINGUZZI et al., 2002; VERAS et al., 2004a;
2004b), contudo, não foi realizado um estudo detalhado dos mecanismos envolvidos nesta
citotoxicidade. Com isso, o presente trabalho visa estudar melhor a atividade dessas
vitafisalinas, e seus possíveis mecanismos de ação, utilizando células tumorais em modelos in
vitro e in vivo.
Inicialmente, foi avaliado o potencial citotóxico dessas vitafisalinas em 5
linhagens de células tumorais através do método do MTT. Estudos de “screening” utilizando
MTT tem sido uma ferramenta essencial e eficaz para avaliar o potencial citotóxico de
substâncias (ALLEY et al., 1988). O parâmetro utilizado para avaliar essa toxicidade é a
viabilidade celular, que no caso do MTT é determinada pela atividade de enzimas
mitocondriais. Ensaios de citotoxicidade in vitro são reprodutíveis, rápidos, baratos e
99
analisam rios compostos de uma vez, e apesar de não permitirem identificar o
mecanismo de ação dos compostos, eles são os primeiros testes realizados para identificar
novos compostos com potencial anticâncer (TAKIMOTO, 2003; BERRIDGE et al., 1996).
Os efeitos citotóxicos das vitafisalinas O, M e N em linhagens tumorais de
pulmão (Lu1), próstata (LNCaP) e mama (MCF7) haviam sido reportados em Veras et al.
(2004a), enquanto que os efeitos das vitafisalinas F e (17S, 20R, 22R)-5β, 6β:18,20-2-
Diepóxi-4β, 18-diidróxi-1-oxovita-3-24-enolido foram previamente avaliados nas linhagens
B16 (melanoma), SF268 (sistema nervoso central), NCI-H-460 (pulmão), HCT-8 (colon),
HL-60 e CEM (leucemias) por Veras et al. (2004b).
No presente trabalho, o painel de linhagens testadas foi ampliado. As vitafisalinas
O, F, M e N foram citotóxicas nas linhagens tumorais testadas, com exceção das linhagens
PC-3 e SF-295 em que as vitafisalinas M e N apresentaram CI
50
acima de 10,0 µM,
respectivamente. Vale ressaltar que a vitafisalina N foi menos citotóxica do que a vitafisalina
M em todas as linhagens, com exceção da PC-3, onde esta última apresentou CI
50
de 14,6 µM
contra 6,2 µM da vitafisalina N. Os resultados também mostraram que a linhagem de HL-60
foi a mais sensível aos efeitos citotóxicos das vitafisalinas, onde inclusive a vitafisalina (17S,
20R, 22R)-5β, 6β:18,20-2-Diepóxi-4β, 18-diidróxi-1-oxovita-3-24-enolido, a menos ativa
dentre as cinco testadas, apresentou CI
50
de 6,8 µM.
Ao fazermos uma análise estrutural das vitafisalinas estudadas, é possível
observar que existem apenas duas diferenças básicas entre elas, uma que se refere à ligação
dupla entre C2 e C3 e outra que se refere ao grupamento ligado ao C18 (Figura 32).
De acordo com trabalhos anteriores, a unidade 4β-hidroxi-2-en-1-ona, composta
por uma carbonila ligada ao C1, uma ligação dupla entre C2 e C3 e uma hidroxila no C4,
seriam requisitos estruturais necessários para os efeitos farmacológicos dos vitaesteróides
(CARDONA et al., 2006; SU et al., 2002; MISICO et al., 2002; KUROYANAGI et al., 1999;
DAMU et al., 2007). Essa ligação dupla entre C2 e C3 parece ser essencial para a atividade
citotóxica dos vitaesteróides, já que a quebra dessa ligação acarreta na perda de atividade
desses compostos (SU et al., 2002; VERAS et al., 2004b; MAGALHÃES et al., 2006;
DAMU et al., 2007). De fato esses achados corroboram com nossos resultados, já que as
vitafisalinas O, F e M, que apresentam a mesma unidade 4β-hidroxi-2-en-1-ona no anel A,
foram bem mais citotóxicas que as vitafisalinas N e (17S, 20R, 22R)-5β, 6β:18,20-2-Diepóxi-
4β, 18-diidróxi-1-oxovita-3-24-enolido que não possuem a ligação dupla entre C2 e C3.
Além da unidade 4β-hidroxi-2-en-1-ona, a presença do anel epóxido em C5 e C6
também parece ser favorável a citotoxicidade dos vitaesteróides, pois quando esse anel é
100
quebrado ou os carbonos 5 e 6 se encontram ligados a outros grupamentos, a atividade
citotóxica desses compostos é bastante diminuída (SU et al., 2002; MAGALHÃES et al.;
2006; DAMU et al., 2007). De acordo com Damu et al. (2007) a quebra simultânea dessas
duas unidades (4β-hidroxi-2- en-1-ona e 5β,6β-epóxido) acarreta na perda total de
citotoxicidade dos vitaesteróides. De acordo com Gibson e Skett (2001), os epóxidos o
grupamentos eletrofílicos capazes de se ligar de modo irreversível aos ácidos nucléicos e a
várias proteínas celulares.
Em Cardona et al. (2006), esses dois grupamentos (cetona-α,β insaturada e 5β,6β-
epóxido) também foram relacionados como sendo os responsáveis pela atividade
antiparasitária de certos vitaesteróides (NAGAFUJI et al., 2004; ABE et al., 2006;
CHOUDARY et al., 2006; VIEIRA et al., 2008).
Levando-se em consideração a estrutura das três vitafisalinas mais potentes (O, F
e M), observamos que todas possuem a unidade 4β-hidroxi-2-en-1-ona e a única diferença
entre elas é o grupamento ligado ao carbono 18, onde a vitafisalina O, que mostrou ser a mais
citotóxica, possui uma etoxila, e as vitafisalinas F e M, que foram a segunda e terceira mais
potentes, possuem uma hidroxila e uma carbonila, respectivamente. Como mencionado
anteriormente, o que confere maior citotoxicidade a esses compostos é uma ligação dupla
entre C2 e C3, e esse efeito pode aumentar ou diminuir dependendo do grupamento ligado ao
C18. De acordo com o observado, a etoxila ligada ao C18 confere maior potência às
vitafisalinas, seguido da ligação de uma hidroxila e de uma carbonila. Contudo, muito o
que se pesquisar para a maior compreensão da relação estrutura-atividade nesses compostos.
101
Vitafisalina O Vitafisalina F
VItafisalina M Vitafisalina N
Vitafisalina (17S,20R,22R)-5β,6β:18,20-2.
diepóxi-4β,18-diidróxi-1-oxovita-3.24-enolido
Figura 32 - Estruturas químicas das vitafisalinas estudadas. As diferenças estruturais entre os
compostos se encontram em destaque.
O O
O
O
OH
O
O
A
B
C
D
E
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
14
13
15
16
17
18
20
19
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
O O
O
HO
OH
O
O
H
O O
O
O
OH
O
O
O O
O
O
OH
O
O
O O
O
OH
O
O
HO
H
102
Um dos grandes problemas evidenciados no uso de quimioterápicos para o
tratamento do câncer são os seus efeitos colaterais. Grande parte desses efeitos se deve
principalmente a baixa seletividade desses fármacos por células tumorais, onde as células
normais mais afetadas são as que se proliferam rapidamente, como as células da pele, do trato
gastrintestinal, plaquetas, glóbulos vermelhos (hemácias) e brancos (leucócitos) (ANAZETTI
et al., 2003). Hoje em dia o objetivo principal da quimioterapia é destruir apenas as lulas
tumorais, tentando preservar as células normais.
A fim de avaliar se as vitafisalinas apresentavam alguma seletividade para lulas
normais ou tumorais, foram realizados testes utilizando células mononucleadas isoladas de
sangue periférico humano. Apenas as vitafisalinas O, F e N foram avaliadas quanto à
citotoxicidade sobre células PBMC, e os resultados mostraram que as vitafisalinas atuam
também sobre células normais. As vitafisalinas O e F foram as mais citotóxicas, com CI
50
de
3,8 e 1,2 µM respectivamente, a vitafisalina N apresentou CI
50
de 16,4 µM. Ao
compararmos com os valores de CI
50
de HL-60 (0,7, 0,8 e 2,7 µM para vitafisalina O, F, e N
respectivamente) observamos que esses compostos o apresentam muita seletividade em
relação a células normais. Embora as CI
50
tenham sido 4x maiores do que em células
leucêmicas, esses valores ainda são considerados citotóxicos, levando–se em consideração
que são células normais.
O teste do cometa tem sido bastante utilizado para se avaliar a segurança de novos
rmacos (HARTMANN et al., 2003), uma vez que é considerado um método bastante
sensível, em relação à detecção da quebra de fitas simples ou dupla do DNA (GONTIJO;
TICE, 2003). Os resultados deste teste mostraram que as vitafisalinas testadas (O, M e N)
causaram dano ao DNA tanto em células leucêmicas quanto em células normais, ressaltando a
baixa seletividade destes compostos.
A importância da avaliação genotóxica dos fármacos, resulta da possibilidade deles
próprios induzirem mutações, elevando desta forma o risco de formação de células
defeituosas. Se as células que sofreram danos em seu DNA sobreviverem, elas transmitirão
essas alterações às suas células filhas, o que pode acarretar no desenvolvimento de lulas
neoplásicas. Contudo, o ensaio do cometa não prevê necessariamente o potencial mutagênico
ou carcinogênico das substâncias testadas, uma vez que detecta alterações no DNA que
podem ou não ser reparadas eficientemente (ALBERTINI et al., 2000). Desta maneira, os
efeitos genotóxicos sobre as células normais não obrigatoriamente indicam um potencial
carcinogênico das vitafisalinas, mas ressaltam sua capacidade de induzir dano ao DNA das
células tratadas.
103
A fim de entender melhor os efeitos desses compostos, foi avaliado a cinética de
crescimento de duas linhagens leucêmicas, HL-60 e K-562, sob o efeito das vitafisalinas O, F,
M e N. O possível mecanismo pelo qual essas vitafisalinas exercem seu efeito citotóxico
também foi analisado em células das linhagens HL-60 e K-562, utilizando os seguintes
métodos: avaliação da síntese de DNA por incorporação de 5-BrdU, análise morfológica por
coloração com hematoxilina/eosina e acridina laranja/brometo de etídeo, ativação de caspase
e análises utilizando citometria de fluxo. Por último, foi avaliada a atividade antitumoral da
vitafisalina F em camundongos transplantados com tumor Sarcoma 180.
Modelos celulares são ferramentas úteis e necessárias para observar a toxicidade
de um composto, traduzida, inicialmente, pela sua capacidade em induzir morte celular, onde
as linhagens HL-60 e K-562 são um dos modelos celulares mais utilizados (COLLINS, 1987;
GRZANKA et al., 2003.) As células da linhagem HL-60 são derivadas do sangue periférico
de um paciente com leucemia promielocítica aguda, tendo sido caracterizada e sua cultura
primeiramente estabelecida por Collins et al. (1977). Essa linhagem pode ser caracterizada
pela predominância de neutrófilos promielocíticos proeminentemente assincrônicos na relação
núcleo/citoplasma, diferenciação espontânea de 10% das células cultivadas para o estágio
monocítico e atividade fagocitária e quimiotática (GALLAGHER et al., 1979; COLLINS,
1987). A leucemia mielocítica crônica humana (LMC) é uma malignicidade hematológica
caracterizada pela translocação recíproca balanceada do protooncogene c-abl do cromossomo
9 para uma região do gene Bcr no cromossomo 22 (MARU, 2001). Isto leva à formação do
cromossomo Filadélfia (cromossomo Ph). A resistência de células das linhagens de LMC,
como por exemplo, K-562, à indução de apoptose por vários agentes antineoplásicos,
incluindo o etoposídeo e a cisplatina, é atribuida a essa presença do cromossomo Ph
(SLUPIANEK et al., 2000; Di BACCO et al., 2000; LIU et al., 2002).
A construção da curva de crescimento demonstra bem os efeitos das vitafisalinas
sobre a proliferação celular destas linhagens, e os resultados condizem com os do MTT, onde
a vitafisalina O foi a mais potente, agindo nas primeiras 12 horas de tratamento, seguida
das vitafisalinas F, M e N, respectivamente. Interessantemente, assim como ocorreu com a
linhagem PC-3 no ensaio do MTT, a vitafisalina N se mostrou mais potente que a vitafisalina
M quanto à inibição da proliferação celular da linhagem K-562, o que mostra mais uma vez
que cada vitafisalina pode agir de modo específico em diferentes linhagens de células.
Todas as vitafisalinas testadas causaram efeitos tanto citotóxicos, como
citostáticos, dependente de concentração. Nas maiores concentrações testadas (em torno de 10
104
µg/mL) é possível observar o efeito citotóxico das vitafisalinas, através da redução do número
de células viáveis e aumento das não-viáveis, a partir de 24 h de tratamento, e se estendendo
até o final do tratamento. nas concentrações intermediárias (em torno de 2 µM) é possível
observar um efeito citostático, pois o número de células viáveis permanece praticamente
inalterado com o aumento do tempo de incubação, o que indica que as células não estão
proliferando.
Desta forma, as vitafisalinas foram então avaliadas, através do método de
incorporação do BrdU, quanto as suas capacidades em inibir a síntese de DNA. O ciclo
celular de células em proliferação é composto pelas fases G
1
, S, G
2
e M. Na fase S todo
material genético da célula precisa ser duplicado, para que as lulas filhas adquiram o
mesmo DNA da célula mãe, e como o BrdU é um análogo da timina, é nesse momento da
síntese do DNA que ele vai ser incorporado. Esse BrdU, então, pode ser detectado através de
anticorpos específicos e de técnicas de imunocitoquímica. Células que não estão se
proliferando não estão sintetizando DNA e portanto não irão incorporar o BrdU.
Nesse ensaio, as três vitafisalinas testadas (M, N e O) diminuíram de 81 a 99,5 %
a síntese de DNA na linhagem de HL-60 e em torno de 60 % na linhagem de K-562. Em
Veras et al. (2004b) também foi reportado os efeitos das vitafisalinas F e (17S, 20R, 22R)-5β,
6β:18,20-2-Diepóxi-4β, 18-diidróxi-1-oxovita-3-24-enolido sobre a síntese de DNA de
células de HL-60, onde a vitafisalina F inibiu em 68% a síntese do DNA. Esses resultados
corroboram com a diminuição na proliferação observada na curva de crescimento.
A coloração por BE/AL permite analisar as características morfológicas das
células, podendo sugerir de que forma as vitafisalinas causam a morte celular, seja por
necrose ou apoptose.
A apoptose, uma das formas de morte celular programada, desempenha papel
fundamental na manutenção da homeostase em vários sistemas biológicos, regulando o
numero de células e eliminando células danificadas e senescentes. O mau funcionamento do
mecanismo de apoptose pode ocasionar diversas patologias, inclusive câncer (MAJNO;
JORIS, 1995; OPALKA et al., 2002). Células em apoptose apresentam algumas alterações
morfológicas e metabólicas características, como: diminuição do volume celular, condensação
da cromatina, fragmentação do DNA, alteração no potencial transmembrânico da mitocôndria
(Van CRUCHTEN; Van den BROECK, 2002). Diferentemente da apoptose, a morte por
necrose é caracterizada pelo aumento do volume celular seguido da perda da integridade da
membrana plasmática e consequente liberação dos componentes celulares e indução de
inflamação (WILLEY et al., 1980).
105
A análise morfológica, por BE/AL, das lulas (HL-60 e K-562) tratadas com as
vitafisalinas, mostrou alterações características tanto de apoptose como de necrose, onde mais
da metade das células já se encontravam em processo de morte. Embora tenha sido observado
um grande número de células necróticas, a apoptose parece ser o principal mecanismo de
morte das vitafisalinas, que no final do processo de apoptose, também chamado de
apoptose tardia, as lulas passam a apresentar lesões em suas membranas, levando a necrose
secundária.
Para aprofundar os estudos dos efeitos celulares das vitafisalinas O e F, foram
realizados experimentos em HL60 utilizando citometria de fluxo. Nesses experimentos foram
avaliados os seguintes parâmetros: número de células, integridade de membrana,
despolarização mitocondrial, ciclo celular e fragmentação de DNA. Nesses experimentos,
também foi evidenciada uma diminuição significativa do número de células em todas as
concentrações testadas (2, 5 e 10 µM), corroborando os dados da curva de crescimento e da
inibição da incorporação de BrdU.
com relação a análise da integridade de membrana, na concentração de 5 µM,
apenas a vitafisalina F causou uma leve diminuição na viabilidade das células, enquanto que
na concentração de 10 µM, ambas vitafisalinas diminuíram o percentual de células com
membrana íntegra. Como dito anteriormente, a perda da integridade da membrana plasmática
é uma das característica da morte celular por necrose, ao passo que, a fragmentação de DNA
nas células com membrana íntegra seria uma alteração típica de um processo de apoptose. De
fato, o número delulas com DNA fragmentado aumentou significativamente também
naquelas concentrações (2 e 5µM) onde a integridade de membrana não estava alterada, o que
é mais um indício da indução de apoptose por esses compostos.
A análise do ciclo celular também evidenciou um aumento do número de células
em G
2
/M, no tratamento com a concentração de 5 µM, indicando que o bloqueio da
proliferação ocorre posteriormente aos eventos envolvidos na síntese de DNA. na
concentração de 10 µM, houve uma diminuição do número de células na fase G
2
/M do ciclo
acompanhado de um aumento de ±11 % na fragmentação de DNA, o que provavelmente
aconteceu devido a morte das células e que se encontravam em G
2
/M por apoptose, levando a
uma diminuição do número de células.
Um outro indício da indução de apoptose pelas vitafisalinas, foi a diminuição do
potencial transmembrânico da mitocôndria, que pode ser observado com o uso da rodamina
123. A mitocôndria tem papel fundamental na deflagração da via intrínseca da apoptose.
Varias proteínas intracelulares participam da ativação dessa via de morte celular. As proteínas
106
próapototicas, da família Bcl-2, Bax e Bak se ligam a receptores na membrana externa da
mitocôndria causando o aumento da sua permeabilidade (HENGARTNER, 2000). Outras
proteínas proapoptóticas como a Bad e Bid, também da família Bcl-2, atuam ou inibindo o
efeito das proteínas antiapoptóticas (Bcl-2 ou Bcl-X
L
) ou se ligando diretamente às proteínas
Bax-simili ativando-as. Alguns estímulos podem causar a formação de poros na membrana
interna da mitocôndria, o que acarreta na passagem de água e de algumas moléculas para o
espaço intermembrana e conseqüentemente ruptura da membrana externa mitocondrial. Com
a membrana da mitocôndria rompida, uma das primeiras proteínas a serem liberadas no
citoplasma é o citocromo c. Na presença de ATP, esse citocromo c logo se liga a Apaf-1 e a
caspase 9, formando um complexo chamado de apoptossoma (LI et al., 1997). O
apoptossoma, então, é encarregado de ativar as caspases 3 e 7, também chamadas de caspases
efetoras, que por sua vez vão clivar outros substratos protéicos da célula resultando no
processo apoptótico.
Apesar de, tanto a fragmentação de DNA quanto a diminuição do potencial
transmembrânico de mitocôndria serem característicos da apoptose, esses efeitos também
podem ser encontrados em células em necrose, o que talvez colocasse em dúvida o verdadeiro
mecanismo citotóxico das vitafisalinas. No entanto a indução de apoptose pôde ser
confirmada pela capacidade das vitafisalinas induzirem a ativação da caspase 3, na linhagem
de HL-60, uma enzima essencial para o processo de apoptose e que até então não foi
evidenciada em células necróticas (DONG et al., 1997; SAIKUMAR et al., 1999; GUO;
HAY, 1999; apud Van CRUCHTEN; Van de BROECK, 2002). Nesse caso, após um período
de 24h de incubação com as vitafisalinas (O, M e N), apenas na linhagem de HL-60 é que
houve um aumento significativo da quantitadade de caspase 3, enquanto os níveis dessa
enzima permaneceram inalterados na linhagem K-562, nesse mesmo período de incubação.
Como mencionado anteriormente as células da linhagem K-562 o relativamente mais
resistentes à indução de apoptose por vários agentes antineoplásicos (McGAHON et al.,
1995), e Cao et al. (2004) demonstrou que a ativação de caspase 3 em células de HL-60 é
evidente após as primeiras 4 horas de tratamento. No entanto, na linhagem de K-562 os níveis
dessa enzima permanecem constantes até 24 horas de tratamento, e só a partir daí vão
aumentando gradativamente após esse intervalo. Talvez isso explique a ausência de ativação
de caspase 3 em células de K-562 tratadas com as vitafisalinas por 24 horas.
Dados da literatura (SENTHIL et al., 2007) corroboram com os resultados
apresentados no presente trabalho, onde outro vitaesteróide, o vitanolídeos (5α-etoxi-1-oxo-
6β,14α,17β,20-tetrahidroxi-20S-22R-vita-2,24-dienolideo), também diminuiu a viabilidade de
107
células HL-60 através da ativação de caspases pela liberação do citocromo c da mitocôndria
Senthil et al. (2007) também observaram, por western blot, que as proteínas Bcl-2 estavam
sendo subexpressas e que havia um aumento na expressão das proteínas Bax pelas células
tratadas com esses vitaesteróides.
Apesar de vários autores ressaltarem os efeitos citotóxicos e antitumorais dos
vitaesteróides, o mecanismo de ação desses compostos ainda não foi completamente
elucidado.
Um dos mecanismos propostos para a vitaferina A é a sua interação com proteínas
do citoesqueleto (FALSEY et al., 2006; BARGAGNA-MOHAN et al., 2007). O citoesqueleto
está envolvido na locomoção e manutenção da morfologia celular, fagocitose, transporte
intracelular e formação do fuso mitótico durante a divisão celular (ALBERTS et al., 2004).
Yang et al. (2007) reportou que o alvo primário da vitaferina A poderia ser o
proteossoma das células. O proteossoma é um complexo de proteases que fazem parte de um
sistema de “controle de qualidade de proteínas”, cuja função principal é a degradação de
proteínas danificadas ou desnecessárias para a lula. O proteossoma tem um papel essencial
na regulação do ciclo celular. O ciclo celular é regulado por um complexo de ciclina-cdk, e
essas ciclina-cdks são especificas pra cada fase, de modo que elas o sintetizadas e
degradadas a cada ciclo. A degradação dessas ciclinas é feita pelo proteossoma,
especificamente a ciclina B, que está presente na fase M do ciclo celular, e é necessária sua
degradação para que o ciclo seja completado (CHESNEL et al., 2006).
Através de programas computacionais de modelagem molecular, Yang et al.
(2007) mostrou que as duas cetonas presentes na estrutura da vitaferina A (anel A e E) se
ligavam a hidroxila da porção 5β do proteossoma, inibindo desta forma sua ação de
quimotripsina. No tratamento in vitro, em células de PC-3 (câncer de próstata), foi observado
que, logo nas primeiras duas horas de tratamento com a vitaferina A, o proteossoma era
inibido, e após 24h as células se apresentavam com alterações morfológicas características de
apoptose e ativação de caspase-3 (YANG et al., 2007).
Os mecanismos propostos (inibição do citoesqueleto e do proteossoma) para ão
da vitaferina A levam a efeitos semelhantes aos observados no presente trabalho para as
vitafisalinas. Como foi observado, as vitafisalinas O e F causaram um acúmulo de células na
fase G2/M do ciclo celular, o que talvez pudesse ser explicado pela inibição do proteossoma e
conseqüente o dissociação do complexo ciclina B cdk1, ou mesmo, por interferência nos
elementos do citoesqueleto, o que acarretaria na parada do ciclo celular na mitose. A ativação
de caspase-3 e alterações morfológicas características de apoptose pelas vitafisalinas também
108
foram evidenciadas nesse trabalho. Todos esses achados aliados à semelhança estrutural
destes compostos, nos levam a sugerir que as vitafisalinas tenham alvos semelhantes a
vitaferina A. Entretanto, essa hipótese necessita de outras comprovações experimentais.
Nem sempre os efeitos observados in vitro podem ser extrapolados para modelos
in vivo, desta forma é necessário estudar o efeitos desses compostos em sistemas biológicos
completos. Animais de laboratório representam um poderoso sistema experimental para a
compreensão da intricada patogênese do ncer em seres humanos. De fato, a maioria dos
conceitos de tumorigênese atualmente aceitos é fortemente influenciada por modelos de
desenvolvimento do câncer em camundongos, uma vez que esses organismos são modelos
acessíveis e possuem sistemas, órgãos e genes semelhantes aos nossos (KAMB, 2005).
Kupchan et al. (1969) reportou pela primeira vez a atividade antitumoral de
vitanolídeos isolados da A. arborescens. Naquela ocasião a vitaferina A foi testada nos
modelos tumorais de Walker e sarcoma 180, em ratos e camundongos, respectivamente.
Numa dose de 20 mg/Kg, a vitaferina A inibiu em 62% o crescimento do tumor de ambos os
modelos testados.
As fisalinas B e D, isoladas da Physalis angulata, outra planta da família
Solanaceae, também mostraram possuir efeito antitumoral sobre células de sarcoma 180 in
vivo, inibindo o crescimento do tumor em torno de 45%, em relação ao controle negativo
(MAGALHÃES et al., 2006b).
Assim como em Kupchan et al. (1969) e em Magalhães et al. (2006b), o modelo
utilizado para avaliar o potencial antitumoral da vitafisalina F também foi o sarcoma 180, uma
das linhagens celulares mais utilizadas na pesquisa de atividade antitumoral in vivo (LEE et
al., 2003). A vitafisalina F foi administrada nas doses de 5, 10 e 20 mg/Kg/dia por via
intraperitoneal e 20 mg/Kg/dia por via oral. Em todas as doses testadas a vitafisalina F foi
capaz de inibir significativamente o crescimento tumoral, mas foi na dose de 20 mg/Kg/dia,
tanto i.p. quanto v.o., que a inibição foi mais potente, chegando a inibir 77,5% e 76,4% do
crescimento tumoral, respectivamente.
As análises histopatológicas dos órgãos removidos dos animais tratados sugerem
que o gado pode ser considerado como potencial alvo da toxicidade da vitafisalina F, que
foi observado degeneração de hepatócitos com fragmentação nuclear, esteatose e pontos
focais de necrose. De qualquer modo, essas alterações hepáticas observadas nos animais
tratados com a vitafisalina F podem ser consideradas como alterações de caráter reversível
(SCHEUER; LEFKOWITCH, 2000; KUMAR, 2004; McGEE et al., 1992). Até quando
necrose hepatocelular, mas o tecido conjuntivo permanece preservado, a regeneração do
109
fígado se da quase que por completa (SCHEUER; LEFKOWITCH, 2000; KUMAR, 2004).
Muitos achados em biópsias sugerem que os fármacos devem ser considerados como
possíveis causadores de qualquer lesão hepática in vivo, e a remoção ou ajuste na dosagem
destes fármacos normalmente leva a uma melhoria mais rápida e a uma diminuição destes
efeitos tóxicos (SCHEUER; LEFKOWITCH, 2000).
De qualquer modo, os resultados in vivo comprovam o potencial anticâncer dos
vitaesteróides, em que a vitafisalina F, juntamente com a vitaferina A, contribuem
expressivamente para a atividade antitumoral dos extratos de A. arborescens, justificando a
eficácia antitumoral desta espécie, conforme relatado na sabedoria popular. Vale a pena
também ressaltar que é extremamente importante o fato da atividade antitumoral da
vitafisalina F também ser observada após administração oral, que este é o método mais
comum de administração de rmacos, por ser mais segura, econômica e mais conveniente
para os pacientes, o que pode representar um avanço significativo na sua qualidade de vida
(GEBBIA; PUOZZO, 2005). De fato, o produto natural o necessariamente precisa ser o
melhor composto para o uso na clínica. Esses compostos podem servir como protótipo para o
desenvolvimento de outros fármacos que apresentem melhores características como: o
aumento da atividade, a melhora das propriedades farmacocinéticas e principalmente o
aumento da seletividade e consequentemente da redução dos efeitos adversos (ORTHOLAND
et al., 2004).
Desta forma, os dados obtidos neste trabalho tornam as vitafisalinas F, O, M e N
compostos bastante promissores, onde estes resultados, tanto in vitro como in vivo, reforçam o
potencial anticâncer destes compostos estudados. Entretanto as vitafisalinas parecem atuar por
diferentes vias, inibindo a síntese de DNA, induzindo a ativação de caspases e acumulando
células na fase G
2
/M do ciclo celular, o que torna necessário a realização de estudos mais
detalhados para elucidar o verdadeiro mecanismo de ação destes compostos.
110
Conclusão
111
6 CONCLUSÃO
As vitafisalinas O, F, M, N e (17S,20R,22R)-5β,6β:18,20-2-diepóxi-4β,18-
diidróxi-1-oxovita-3-24-enolido isoladas da planta Acnistus arborescens possuem potente
atividade citotóxica, embora apresentem pouca seletividade para células tumorais. As
vitafisalinas O e F foram os compostos mais ativos dentre os cinco estudados, e a presença de
uma ligação dupla entre os carbonos 2 e 3
na estrutura molecular destes compostos é que
parece ser a responsável por essa maior atividade. Esses compostos causam um bloqueio na
fase G
2
/M do ciclo celular, levando à ativação das caspases pela via intrínseca de apoptose.
Além disso, a redução de 77 % no crescimento tumoral in vivo, pela vitafisalina F, e a
moderada toxicidade sistêmica, ressaltam o potencial antitumoral desses compostos.
112
Referências
113
REFERÊNCIAS
AMERICAN CANCER SOCIETY (ACS). The history of cancer. Disponível em:
<http://www.cancer.org/docroot/CRI/content/CRI_2_6x_the_history_of_cancer_72.asp?sitear
ea=&level=>. Acesso em: 30 Jan. 2008.
ABE, F.; NAGAFUJI, S.; OKAWA, M.; KINJO, J. Trypanocidal constituents in plants 6.1-
Minor withanolides from the aerial parts of Physalis angulata. Chem. Pharm. Bull., v. 54, n.
8, p. 1226-1228, 2006.
AGARWAL, R.; DIWANAY, S.; PATKI, P.; PATWARDHAN, B. Studies on
immunomodulatory activity of Withania somnifera (Ashwagandha) extracts in experimental
immune inflammation. J. Ethnopharmacol., v. 67, p. 27–35, 1999.
ALBERTINI, R. J.; ANDERSON, D.; DOUGLAS, G. R.; HAGMAR, L.; HEMMINKI, K.;
MERLO, F., NATARAJAN, A. T.; NORPPA, H.; SHUKER, D. E.; TICE, R.; WATERS, M.
D.; AITIO, A. IPCS guidelines for the monitoring of genotoxic effects of carcinogens in
humans. Mutat. Res., v. 463, p. 111-172, 2000.
ALBERTS, B.; BRAY, D.; LEWIS, J.; RAAF, M.; ROBERTS, K.; WATSON, J. D. Biologia
molecular da célula. 4. ed. Porto Alegre: ARTMED, 2004.
ALLEY, M. C.; DOMINIC, A. S.; MONKS, A.; HURSEY, M. L.; CZERWINSKI, M. J.;
FINE, D. L.; ABBOTT, B . J.; MAYO, J. G.; SHOEMAKER, R. H.; BOYD, M. R.
Feasibility of Drug Screening with Panels of Human Tumor Cell Lines Using a Microculture
Tetrazolium Assay. Cancer Res., v. 48, p. 589-601, 1988.
ANAZETTI, M. C.; MELO, P. S.; DURAN, N.; HAUN, M. Comparative cytotoxicity of
dimethylamide-crotonin in the promyelocytic leukemia cell line (HL-60) and human
peripheral blood mononuclear cells. Toxicology, v. 188, p. 261-274, 2003.
ARCHANA, R.; NAMASIVAYAM, A. Antistressor effect of Withania somnifera. J.
Ethnopharmacol., v. 64, n. 1, p. 91-93, 1999
BALADRIN, M. F.; KINGHORN, A. D.; FARNSWORTH, N. R. Human medicinal agents
from plants. Washington, DC: Am. Chem. Soc. Books, 1993. ((ACS Symposium Series, n.
534).
BARATA, L.; MORS, W. B.; KIRSON, I.; LAVIE, D. A new withanolide from Acnistus
arborescens (L.) Schlecht. (Solanaceae) from state of Guanabara, Brazil. An. Acad. Bras.
Ciênc., v. 42, p. 401-407, 1970.
BARGAGNA-MOHAN, P.; HAMZA, A.; KIM, Y.E.; KHUAN, HO. Y.; MOR-VAKNIN,
N.; WENDSCHLAG, N.; LIU, J.; EVANS, R.M.; MARKOVITZ, D.M.; ZHAN, C.G.; KIM,
K.B.; MOHAN, R. The tumor inhibitor and antiangiogenic agent withaferin A targets the
intermediate filament protein vimentin. Chem. Biol., v. 14, p. 623-634, 2007.
BERRIDGE, M. V.; TAN, A. S.; MCCOY, K. D.; WANG, R. The biochemical and cellular
basis of cell proliferation assays that use tetrazolium salts. Biochemica, v. 4, p. 14-19, 1996.
114
BISHOP, J. M. The molecular genetics of cancer. Science, v. 235, p. 305-311, 1987.
BOIK, J. Natural compounds in cancer therapy. Minnesota, USA: Oregon Medical Press,
2001.
BRADFORD, M. M. A rapid and sensitive method for the quantitation of microgram
quantities utilizing the principle of protein dye binding. Anal. Biochem., v. 72, p. 248-254,
1976.
BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer. Estimativa 2008: incidência de
câncer no Brasil. Brasília, DF, 2007.
BUDHIRAJA, R.D.; SUDHIR, S. Review of biological activity of withanolides. J. Sci. Ind.
Res., v. 46, p. 488–499, 1987.
BUTLER, M. S. The role of natural product chemistry in drug discovery. J. Nat. Prod., v. 67,
n. 12, p. 2141-2153, 2004.
CAO, D. X.; QIAO, B.; GE, Z. Q.; YUAN, Y. J. Comparison of burst of reactive oxygen
species and activation of caspase-3 in apoptosis of K562 and HL-60 cells induced by
docetaxel. Cancer Lett., v. 214, p. 103–113, 2004.
CARDONA, D.; QUINONES, W.; TORRES, F.; ROBLEDO, S.; VELEZ, I. D.; CRUZ, V.;
NOTARIO, R.; ECHEVERRI, F. Leishmanicidal activity of withajardins and acnistins. An
experimental and computational study. Tetrahedron, v. 62, n. 29,p. 6822-6829, 2006.
CHESNEL, F.; BAZILE, F.; PASCAL, A.; KUBIAK, J. Z. Cyclin B dissociation from CDK1
precedes its degradation upon MPF inactivation in mitotic extracts of Xenopus laevis
embryos. Cell Cycle, v. 5, n. 15, p. 1687-1698, 2006.
CHOUDHARY, M. I.; NAWAZ, S. A.; ZAHEER-UL-HAQ; LODHI, M. A.; GHAYUR, M.
N.; JALIL, S.; RIAZ, N.; YOUSUF, S.; MALIK, A.; GILANI, A. H.; ATTA-UR-RAHMAN.
Withanolides, a new class of natural cholinesterase inhibitors with calcium antagonistic
properties. Bioch. and Bioph. Res. Comm., v. 334, p. 276–287, 2005.
CHOUDHARY, M. I.; YOUSUF, S.; SAMREEN; SHAH, S. A.; AHMED, S.; ATTA-UR-
RAHMAN. Biotransformation of physalin H and leishmanicidal activity of its transformed
products. Chem. Pharm. Bull., v. 54, n. 7, p. 927-930, 2006.
COLLINS, I.; GARRETT, M. D; Targeting the cell division cycle in cancer: CDKand cell
cycle checkpoint kinase inhibitors. Curr. Opin. Pharmacol., v. 5, p. 366–373, 2005.
COLLINS, S. J.; GALLO, R. C.; GALLAGHER, R. E. Continuous growth and differentiation
of human myeloid leukaemic cells in suspension culture. Nature, v. 270, p. 347- 349, 1977.
COLLINS, S. J. The HL-60 promyelocytic leukemia cell line: proliferation, differentiation,
and cellular oncogene expression. Blood, v. 70, p. 1233-1244, 1987.
CRAGG, G. M.; NEWMAN, D. J. Plants as a source of anti-cancer agents. J.
Ethnopharmacol., v. 100, p. 72 -79, 2005.
115
CORTESE, F.; BHATTACHARYYA, B.; WOLF, J. Podophyllotoxin as a probe for the
colchicine binding site of tubulin. J. Biol. Chem., v. 252, p. 1134, 1977.
DAMU, A.G.; KUO, P.C.; SU, C.R.; KUO, T.H.; CHEN, T.H.; BASTOW, K.F.; LEE, K.H. ;
WU, T. S. Isolation, Structures, and Structure-Cytotoxic Activity Relationships of
Withanolides and Physalins from Physalis angulata. J. Nat. Prod., v. 70, p. 1146-1152, 2007.
DEVI, P.U.; SHARADA, A.C.; SOLOMON, F.E. In vivo growth inhibitory and
radiosensitizing effects of withaferin A on mouse Ehrlich ascites carcinoma. Cancer Lett., v.
95, n. ½, p. 189-193, 1995.
DEVI, P.U.; SHARADA, A.C.; SOLOMON, F.E.; KAMATH, M.S. In vivo growth
inhibitory effect of Withania somnifera (Ashwagandha) on a transplantable mouse tumor,
Sarcoma 180, Indian J. Exp. Biol., v. 30, p. 169–172, 1992.
Di BACCO, A.; KEESHAN, K.; MCKENNA, S. L; COTTER, T. G. Molecular abnormalities
in chronic myeloid leukemia deregulation of cell growth and apoptosis. Oncologist, v. 5, p.
405-410, 2000.
DONG, Z.; SAIKUMAR, P.; WEINBERG, J.M.; VENTACHALAM, M. A.
Internucleosomal DNA cleavage triggered by plasmamembrane damage during necrotic cell
death. Am. J. Pathol., v. 151, p. 1205–1213, 1997.
DONNNICI, C. L.; ALMEIDA, V. L.; LEITÃO, A.; REINA, L. C. B.; MONTANARI, C. A.;
PAZ, M. T. L. ncer e agentes antineoplásicos ciclo-celular específicos e ciclo-celular não
específicos que interagem com o dna: uma introdução. Quím. Nova, v. 28, n. 1, p. 118-129,
2005.
FAHY, J.; DUFLOS, A.; RIBET, J.P.; JACQUESY, J.C.; BERRIER, C.; JOUANNETAUD,
M.P.; ZUNINO, F. Vinca alkaloids in superacidic media: a method for creating a new family
of antitumor derivatives. J. Am. Chem. Soc., v. 119, p. 8576, 1997.
FALSEY, R.R.; MARRON, M.T.; GUNAHERATH, G.M.; SHIRAHATTI, N.;
MAHADEVAN, D.; GUNATILAKA, A.A.; WHITESELL, L. Actin microfilament
aggregation induced by withaferin A is mediated by annexin II. Nat. Chem. Biol., v. 2, p. 33-
38, 2006.
FISCHER, P.M.; GLOVER, D.M.; LANE, D.P. Targeting the cell cycle. Drug Disc. Today,
v. 1, n. 4, p. 417-423, 2004.
GALLAGHER, R.; COLLINS, S.; TRUJILLO, J.; MCCREDIE, K. AHEARN, M.; TSAI, S.;
METZGAR, R.; AULAKH, G.; TING, R.; RUSCETTI, F.; GALLO, R. Characterization of
the continuous, differentiating myeloid cell line (HL-60) from a patient with acute
promyelocytic leukemia. Blood, v. 54, p. 713 - 733, 1979.
GEBBIA, V.; PUOZZO, C. Oral versus intravenous vinorelbine: clinical safety profile. Exp.
Op. Drug Saf., v. 4, n. 5, p. 915-928, 2005.
116
GIBSON, G. G.; SKETT, P. Assay for glutathione-S-transferase activity. In: GIBSON, G.G.,
SKETT, P. (Ed.). Introduction to drug metabolism. Cheltenham, UK: Nelson Thornes,
2001. p. 47–49.
GONTIJO, A. M. M. C.; TICE, R. Teste do cometa para a detecção de dano no DNA e reparo
em células individualizadas. In: RIBEIRO, L. R.; SALVADORI, D. M. F.; MARQUES, E. K.
(Ed.). Mutagênese ambiental. Canoas, RS: Ulbra, 2003. p. 247-275.
GORDALIZA, M.; CASTRO, M. A.; MIGUEL DEL CORRAL, J.M.; FELICIANO, A.S.
Antitumor properties of podophyllotoxins and related compounds, Curr. Pharm. Design., v.
6, p. 1811, 2000.
GOTTLIEB, J. A.; GUARINO, A. M.; CALL, J. B.; OLIVERIO, V. T.; BLOCK, J. B.
Preliminary pharmacological and clinical evaluation of camptothecin sodium. Cancer
Chemother. Rep., v. 54, p. 461-470, 1970.
GRZANKA, A.; GRZANKA, D.; OORLIKOWSKA, M. Cytoskeletal reorganization during
process of apoptosis induced by cytostatic drugs in K-562 and HL-60 leukemia cell lines.
Biochem. Pharmacol., v. 66, p. 1611-1617, 2003.
GUO, M.; HAY, B. A. Cell proliferation and apoptosis. Curr. Opin.Cell Biol., v. 11, p. 745–
752, 1999.
HANAHAN, D.; WEINGERG, R.A. The hallmarks of cancer. Cell, v. 100, p. 57-70, 2000.
HARTMANN, A.; SPEIT, G. The contribution of cytotoxicity to DNA effects in the single
cell gel test (comet assay). Toxicol. Lett., v. 90, p. 183–188, 1997.
HARTMANN, A.; AGURELL, E.; BEEVERS, C.;
BRENDLER-SCHWAAB, S.;
BURLINSON, B.;
CLAY, P.;
COLLINS, A.; SMITH, A.;
SPEIT, G.; THYBAUD, V.;
TICE, R. R.
Recommendations for conducting the in vivo alkaline comet assay. Mutagenesis,
v. 18, p. 45-51, 2003.
HENGARTNER, M. O. The biochemistry of apoptosis. Nature, v. 407, p. 770–776, 2000.
HSIEH, P. W.; HUANG, Z. Y.; CHEN, J. H.; CHANG, F. R.; WU, C. C.; YANG, Y. L.;
CHIANG, M. Y.; YEN, M. H.; CHEN, S. L.; YEN, H. F.; LÜBKEN, T.; HUNG, W. C.; WU,
Y.C. Cytotoxic Withanolides from Tubocapsicum anomalum. J. Nat. Prod., v. 70, n. 5, p.
747-753, 2007.
HSIANG, Y. H.; HERTZBERG, R.; HECHT, S.; LIU, L. F. Camptothecin induces protein-
linked DNA breaks via mammalian DNA topoisomerase I. J. Biol. Chem., v. 260, p. 148-
173, 1985.
IMBERT, T. F. Discovery of podophyllotoxins. Biochimie, v. 80, p. 207, 1998.
JANUÁRIO, A. H.; RODRIGUES FILHO, E.; PIETRO, R. C. L. R.; KASHIMA, D. N.;
SATO, D. N.; FRANÇA, S. C. Antimycobacterial physalins from Physalis angulata L.
(Solanaceae). Phytother. Res., v. 16, p. 445-448, 2002.
117
JAYAPRAKASAM, B.; NAIR, M. G. Cyclooxygenase-2 enzyme inhibitory withanolides
from Withania somnifera leaves. Tetrahedron, v. 59, p. 841-849, 2003.
JAYAPRAKASAM, B.; ZHANG, Y.; SEERAM, N.P.; NAIR, M.G. Growth inhibition of
human tumor cell lines by withanolides from Withania somnifera leaves. Life Sci., v. 74,
p.125-132, 2003.
KAMB, A. What’s wrong with our cancer models? Nat. Rew. Drug Discov., v. 4, p. 161-
165, 2005.
KINGSBURY, W. D.; BOEHM, J. C.; JAKAS, D. R.; HOLDEN, K. G.; HECHT, S. M.;
GALLAGHER, G.; CARANFA, M. J.; MCCABE, F. L.; FAUCETTE, L. F.; JOHNSON, R.
K.; HERTZBERG, R. P. Synthesis of water-soluble (aminoalkyl) camptothecin analogs:
inhibition of topoisomerase I and antitumor activity. J. Med. Chem., v. 34, p. 98, 1991.
KINGSTON, D. G. V. The shape of things to come: Structural and synthetic studies of taxol
and related compounds. Phytochemistry, v. 68, n. 14, p. 1844-1854, 2007.
KRZAKOWSKI, M.; DOUILLARD, J.; RAMLAU, R.; JASSEM, J.; SZCZESNA, A.;
ZATLOUKAL, P.; PAWEL, J.; HANSEN, O.; SUN, X. Phase III study of vinflunine versus
docetaxel in patients (pts) with advanced non-small cell lung cancer (NSCLC) previously
treated with a platinum-containing regimen. J. Clin. Oncol., v. 25, p. 7511, 2007.
KSEBATI, M. B.; SCHMITZ, F. J. Minabeolides: A Group of Withanolides from a Soft
Coral, Minabea sp. J. Org. Chem., v. 53, p. 3926-3929, 1988.
KUMAR, V.; ABBAS, A.; FAUSTO, N. Robbins & Cotran: Patologia: Bases patológicas da
doença. 7. ed. Amsterdam: Elsevier, 2005.
KUPCHAN, S. M.; DOSKOTCH, R. W.; BOLLINGER, P.; MCPHAH, A. T.; SIM, G. A.;
SAENZ RENAULD, J. A. The isolation and structural elucidation of a novel steroidal tumor
inhibitor from Acnistus arborescens. J. Am. Chem. Soc., v. 87, p. 5805-5806, 1965.
KUPCHAN, S. M.; ANDERSON, W. K.; BOLLINGER, P.; DOSKOTCH, R. W.; SMITH,
R. M.; SAENZ RENAULD J. A.; SCHNOES, H. K.; BURLINGAME, A. L.; SMITH, D. H.
Tumor Inhibitors. XXXIX. Active principles of Acnistus arborescens. Isolation and structural
and spectral studies of withaferin A and withacnistin. J. Org. Chem., v. 34, p. 3858-3866,
1969.
KUROYANAGI, M.; SHIBATA, K.; UMEHARA, K. Cell Differentiation Inducing Steroids
from Withania somnifera L. (DUN.) Chem. Pharm. Bull., v. 47, p. 1646-1649, 1999.
LEE, Y. L.; KIM, H. J.; LEE, M. S.; KIM, J. M.; HAN, J. S.; HONG, E. K.; KWON, M. S.;
LEE, M. J. Oral administration of Agaricus blazei (H1 strain) inhibited tumor growth in a
sarcoma 180 inoculation model. Exp. Anim., v. 52, p. 371-375, 2003.
LI, P.; NIJHAWAN, D.; BUDIHARDJO, I.; SRINIVASULA, S. M.; AHMAD, M.;
ALNEMRI, E. S.; WANG, X. Cytochrome c and dATP-dependent formation of Apaf-
1/caspase-9 complex initiates an apoptotic protease cascade. Cell, v. 91, n. 4, p. 479–489,
1997.
118
LIU, H. Y.; NI, W.; XIE, B. B.; ZHOU, L. Y.; HAO, X. J.; WANG, X.; CHEN, C. X. Five
New Withanolides from Tacca plantaginea. Chem. Pharmacol. Bull., v. 54, p. 992-995,
2006.
LIU, W. M.; STIMSON, L. A.; JOEL, S. P. The in vitro activity of the tyrosine kinase
inhibitor STI571 in Bcr-Abl positive chronic myeloid leukemia cells: Synergistic interactions
with antileukemic agents. Br. J. Cancer., v. 86, p. 1472-1478, 2002.
LUNDBERG, A. S.; WEINBERG, R. A. Control of cell cycle and apoptosis. Eur. J. Cancer,
v. 35, n. 4, p. 531-539, 1999.
MATSUOKA, K.; NOMURA, K.; HASHINO, T. Mutagenic Effects of Brief Exposure to
Bromodeoxyuridine on Mouse FM3A Cells. Cell Tissue Kinet., v. 5, p. 495-503, 1990.
MCGAHON, A.J.; MARTIN, S.J.; BISSONNETTE, R.P.; MAHBOUBI, A.; SHI, Y.;
MOGIL, R.J. NISHIOKA, W.K.; GREEN, D.R. The end of the (cell) line: methods for the
study of apoptosis in vitro. Meth. Cell Biol., v. 46, p. 153–185, 1995.
McGEE, J.O.D.; ISAACSON, P.A.; WRIGHT, N.A. Oxford Textbook of Pathology:
pathology of systems. New York: Oxford University Press, 1992.
MAGALHÃES, H. I. F.; VERAS, M. L.; PESSOA, O. D. L.; SILVEIRA, E. R.; DE
MORAES, M. O.; PESSOA, C.; COSTA-LOTUFO, L. V. Preliminary investigation of
structure-activity relationship of cytotoxic physalins. Lett. In Drug Des. Dev., v. 3, p. 625-
632, 2006a.
MAGALHÃES, H. I. F.; VERAS, M. L.; TORRES, M. R.; ALVES, A. P. N. N.; PESSOA,
O. D. L.; SILVEIRA, E. R.; COSTA-LOTUFO, L. V.; DE MORAES, M. O.; PESSOA, C. In-
vitro and in-vivo antitumour activity of physalins B and D from Physalis angulata. J. Phar. Pharmacol., v.
58, n. 2, p. 235-241, 2006b.
MAJNO, G.; JORIS, I. Apoptosis, oncosis, and necrosis: an overview of cell death. Americ.
J. Pathol., v. 146, p. 3-15, 1995.
MARU, Y. Molecular biology of chronic myeloid leukemia. Int. J. Hematol., v. 73, p. 308-
322, 2001.
MEHMET, H. Apoptosis: caspase Wnds a new place to hide. Nature, v. 403, p. 29– 30, 2002.
MINGUZZI, S.; BARATA, L.E.S.; SHIN, Y.G.; JONAS, P.F.; CHAI, H.; PARK, E.J.;
PEZUTO, J.M.; CORDELL, G.A. Cytotoxic withanolides from Acnistus arborescens.
Phytochemistry, v. 59, p. 635-641, 2002.
MISICO, R. I.; SONG, L. L.; VELEIRO, A. S.; CIRIGLIANO, A. M.; TETTAMANZI, M.
C.; BURTON, G.; BONETTO, G. M.; NICOTRA, V. E.; SILVA, G. L.; GIL, R. R.; OBERTI
J. C.; KINGHORN, A. D.; PEZZUTO, J. M. Induction of quinone reductase by withanolides.
J. Nat. Prod., v. 65, n. 5, p. 677-680, 2002.
119
MOHAN, R.; HAMMERS, H. J.; BARGAGNA-MOHAN, P.; ZHAN, X. H. ;
HERBSTRITT, C. J.; RUIZ, A.; ZHANG, L.; HANSON, A. D.; CONNER, B. P.; ROUGAS,
J.; PRIBLUDA, V. S. Withaferin A is a potent inhibitor of angiogenesis. Angiogenesis, v. 7,
n. 2, p. 115-122, 2004.
MOSMANN, T.J. Rapid colorimetric assay for cellular growth and survival: application to
proliferation and cytotoxicity assays. J. Immunol. Meth., v. 65, p. 55-63, 1983.
MUGGIA, F. M.; CREAVEN, P. J.; JANSEN, H. H.; COHEN, M. N.; SELAWRY, D. S.
Phase I Clinical Trial of Weekly and Daily Treatment with Camptothecin. Correlation with
Clinical Studies. Cancer Chemother. Rep., v. 56, p. 516-521, 1972.
NAGAFUJI, S.; OKABE, H.; AKAHANE, H.; ABE, F. Trypanocidal constituents in plants 4.
Withanolides from the aerial parts of Physalis angulata. Biol. Pharm. Bull., v. 27, n. 2, p.
193-197, 2004.
NATIONAL CANCER INSTITUTE (NCI). What is cancer? Disponível
em:<http://www.cancer.gov/cancertopics/what-is-cancer>. Acesso em: 30 Jan. 2008.
NEWMAN, D. J.; CRAGG, G. M.; SNADER, K. M. The influence of natural products upon
drug discovery. Nat. Prod. Rep., v. 17, p. 215 – 234, 2000.
NEWMAN, D. J.; CRAGG, G. M.; SNADER, K. M. Natural products as sources of new
drugs over the period 1981-2002. J. Nat. Prod., v. 66, p. 1022-1037, 2003.
NEWMAN, D.J.; CRAGG, G.M. Natural products as drug over the past 25 years. J. Nat.
Prod., v. 70, n. 3, p. 461-477, 2007.
NITTALA, S. S.; LAVIE, D. Withanolides of Acnistus breviflorus. Phytochemistry, v. 20, n.
12, p. 2735-2739, 1981.
O'BRIEN, J.; WILSON, I.; ORTON, T.; POGNAN, F. Investigation of the Alamar Blue
(resazurin) fluorescent dye for the assessment of mammalian cell cytotoxicity. Eur. J.
Biochem., v. 267, n. 17, p. 5421-5426, 2000
OPALKA, B.; DICKOPP, A.; KIRCH, H.C. Apoptotic genes in cancer therapy. Cells Tissues
Organs, v. 172, p. 126-132, 2002.
ORTHOLAND, J.Y.; GANESAN, A. Natural products and combinatorial chemistry: back to
the future. Curr. Opin. Chem. Biol., v. 8, p. 271 - 280, 2004.
RIAZ, N.; MALIK, A.; AZIZ-UR-REHMAN; NAWAZ, S. A.; MUHAMMAD, P.;
CHOUDHARY, M. I. Cholinesterase-inhibiting withanolides from Ajuga bracteosa. Chem.
Biodivers., v. 1, n. 9, p. 1289-1295, 2004.
REDDY, L.; ODHAV, B.; BHOOLA, K. D. Natural products for cancer prevention: a global
perspective. Pharmacol. Ther., v. 99, p. 1-13, 2003.
120
ROCHA, D.D.; MILITÃO, G.C.G.; VERAS, M.L.; PESSOA O.D.L.; SILVEIRA, E.R.;
ALVES, A.P.N.N.; MORAES, M.O.; PESSOA, C.; COSTA-LOTUFO, L.V. Selective
cytotoxicity of withaphysalins in myeloid leukemia cell lines versus peripheral blood
mononuclear cells. Life Sci., v. 79, p. 1692–1701, 2006.
SAIKUMAR, P.; DONG, Z.; MIKHAILOV, V.; DENTON, M.; WEINBERG, J.M.;
VENTACHALAM, M.A. Apoptosis: definition, mechanisms and relevance to disease. Am. J.
Med., v. 107, p. 489–506, 1999.
SAWADA, S.; OKAJIMA, S.; AIYAMA, R.; NOKATA, K.; FURUTA, T.; YOKOKURA,
T.; SUGINO, E.; YAMAGUCHI, K.; MIYASAKA, T. Synthesis and antitumor activity of
20(s)-camptothecin derivatives: carbamate-linked, water-soluble derivatives of 7-ethyl-10-
hydroxycamptothecin. Chem. Pharm. Bull., v. 39, p. 1446, 1991.
SBOHAT, R.; GITTER, S.; ABRAHAM, A.; LAVIE, D. Antitumor activity of Withaferin A,
Cancer Chem., v. 51, p. 271–276, 1967.
SCHABEL, F. Quantitative evaluation of anticancer agent activity in experimental animals.
Pharmacol. Ther., v. 1, p. 411-435, 1977.
SCHEUER, P.J.; LEFKOWITCH, J.H. Drugs and toxins. In: SCHEUER, P. J.;
LEFKOWITCH, J. H. (Eds.. Liver biopsy interpretation. 6
th
ed. London: WB Saunders,
2000. p. 134 – 150.
SCHIFF, P. B.; FANT, J.; HORWITZ, S. Promotion of microtubule assembly in vitro by
Taxol. Nature, v. 277, p. 665–667, 1979.
SENTHIL, V.; RAMADEVI, S.; VENKATAKRISHNAN, V.; GIRIDHARAN, P.;
LAKSHMI, B.S.; VISHWAKARMA, R.A.; BALAKRISHNAN, A. Withanolide induces
apoptosis in HL-60 leukemia cells via mitochondria mediated cytochrome c release and
caspase activation. Chem. Biolo. Inter., v. 167, p.19-30, 2007.
SETHI, P.N.; THIAGARAJAN, A.R.; SUBRAMANIAN, S.S. Studies on the anti-
inflammatory and anti-arthritic activity of Withaferin A. Indian J. Pharmacol., v. 2, p. 165,
1970.
SHANAZBANU; SHASHIDARA, S.; BABU, V. L. A.; DHANAPAL, R. Isolation of
withaferin A from Withania somnifera Dun leaves and its antibacterial activity. Asian J.
Chem., v. 18, n. 2, p. 1243-1247, 2006.
SINGH, N. P.; MCCOY, M. T.; TICE, R. R.; SCHNEIDER, E. L. A simple technique for
quantitation of low levels of DNA damage in individual cells. Exp. Cell Res., v. 175, p. 184-
191, 1988.
SLUPIANEK, A.; SCHMUTTE, C.; TOMBLINE, G.; NIEBOROWSKASKORSKA, M.;
HOSER, G.; NOWICKI, M.O.; PIERCE, A.J.; FIISHEL, R.; SKORSKI, T. Bcr/Abl regulates
mammalian RecA homologs resulting in drug resistance. Mol. Cell., v. 8, p. 795 - 806, 2000.
121
SOARES, M. B.; BELLINTANI, M. C.; RIBEIRO, I. M.; TOMASSINI, T. C.; RIBEIRO
DOS SANTOS, R. Inhibition of macrophage activation and lipopolysaccaride-induced death
by seco-steroids purified from Physalis angulata L. Eur. J. Pharmacol., v. 459, n. 1, p. 107-
112, 2003.
SOARES, M. B.; BRUSTOLIM, D.; SANTOS, L. A.; BELLINTANI, M. C.; PAIVA, F. P.;
RIBEIRO, Y. M.; TOMASSINI, T. C.; RIBEIRO DOS SANTOS, R. Physalins B, F and G,
seco-steroids purified from Physalis angulata L., inhibit lymphocyte function and allogeneic
transplant rejection. Int. Immunopharmacol., v. 6, n. 3, p. 408-114, 2006.
SRIVASTAVA, V.; NEGI, A. S.; KUMAR, J. K.; GUPTA, M.; KHANUJA, S. P. S. Plant-
based anticancer molecules: A chemical and biological profile of some important leads.
Bioorg. Med. Chem., v. 13, p. 5892-5908, 2005.
STAHELIN, H.; VON WARTBURG, A. The chemical and biological route from
podophylltoxin to etoposide. Cancer Res., v. 51, p. 5-15, 1991.
SU, B. N.; MISICO, R. I.; PARK, E. J.; SANTARSIERO, B. D.; MESECAR, A. D.; FONG,
H. H. S.; PEZZUTO, J. M.; KINGHORN, A. D. Isolation and characterization of bioactive
principles of the leaves and stems of Physalis philadelphica. Tetrahedron, v. 58, p. 3453-
3466, 2002.
SU, B. N.; PARK, E.J.; NIKOLIC, D.; SANTARSIERO, B.D.; MESECAR, A.D.; VIGO,
J.S.; GRAHAM, J.G.; CABIESES, F.; VAN BREEMEN, R.B.; FONG, H.H.S;
FAMSWORTH, N.R.; PEZZUTO, J.M.; KINGHORN, A.D. Activity-guided isolation of
novel norwithanolides from Deprea subtriflora with potential cancer chemopreventive
activity. J. Org. Chem., 68: 2350-2361, 2003.
TAKIMOTO, C.H. Anticancer drug development at the US National Cancer Institute. Cancer
Chemother. Pharmacol., v. 52, p. 29–33, 2003.
TISHER, C.C.; BRENNER, B.M. Renal pathology: with clinical and functional correlations.
Philadelphia: JB Lippincott Company, 1994.
ULUKAN, H.; SWAAN, P.W. Camptothecins. A review of their chemoterapeutic potential.
Drugs, v. 62, p. 2039, 2002.
Van CRUCHTEN, S.; Van den BROECK, W. Morphological and Biochemical Aspects of
Apoptosis, Oncosis and Necrosis. Anat. Histol. Embryol., v. 31, p. 214–223, 2002.
VERAS, M.L.; BEZERRA, M.Z.B.; BRAZ-FILHO, R.; PESSOA, O.D.L.; MONTENEGRO,
R.C.; PESSOA, C.O.; MORAES, M.O.; COSTA-LOTUFO, L.V. Cytotoxic epimeric
withaphysalins from leaves of Acnistus arborescens. Planta Med., v. 70, p. 551-555, 2004a.
VERAS, M.L.; BEZERRA, M.Z.B.; LEMOS, T.L.G.; UCHOA, D.E.; BRAZ-FILHO, R.;
CHAI, H.; CORDELL, G.A.; PESSOA, O.D.L. Cytotoxic withaphysalins from leaves of
Acnistus arborescens. J. Nat. Prod., v. 67, p. 710-713, 2004b.
122
VIEIRA, N.C.; ESPÍNDOLA, L.S.; SANTANA, J.M.; VERAS, M.L.; PESSOA, O.D.;
PINHEIRO, S.M.; DE ARAÚJO, R.M.; LIMA, M.A.; SILVEIRA, E.R. Trypanocidal activity
of a new pterocarpan and other secondary metabolites of plants from Northeastern Brazil
flora. Bioorg. Med. Chem., v. 16, n. 4, p. 1676-1682, 2008.
WALL, M. E.; WANI, M. C.; COOK, C. E.; PALMER, K. H.; MCPHAIL, A. T.; SIM, G. A.
Plant Antitumor Agents. 1. The Isolation and structure of camptothecin, a novel alkaloidal
leukemia and tumor inhibitor from Camptotheca ocuminata. J. Am. Chem. Soc., v. 88, p.
3888, 1966.
WALL, M. E.; WANI, M. C. Camptothecin and Taxol: Discovery to clinic-Thirteenth Bruce
F. Cain Memorial Award Lecture. Cancer Res., v. 55, p. 753-760, 1995.
WANI, M. C.; TAYLOR, H. L; WALL, M. E.; COGGON, P.; MCPHAIL, A. T. Plant
antitumoargentsV.I. The isolation and structure of taxol, a novel antileukic and antitumor
agent from Taxus brevifolia. J. Am. Chem. Soc., v. 93, p. 2325-2327, 1971.
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). The impact of cancer in your country.
Disponivel
em:<http://www.who.int/infobase/report.aspx?iso=BRA&rid=119&goButton=Go>. Acesso
em: 30 Jan. 2008.
WYLLIE, A.H.; KERR, J.F.R.; CURRIE, A.R. Cell death: the significance of apoptosis. Int.
Rev. Cytol., v. 68, p. 251–306, 1980.
WUBE, A. A.; WENZIG, E. M.; GIBBONS, E.; ASRES , K.; BAUER, R.; BUCAR, F.
Constituents of the stem bark of Discopodium penninervium and their LTB4 and COX-1 and
-2 inhibitory activities. Phytochemistry, v. 69, p. 982–987, 2008.
YANG, H.; SHI, G.; DOU, Q. P. The tumor proteasome is a primary target for the natural
anticancer compound Withaferin A isolated from "Indian winter cherry". Mol. Pharmacol.,
v. 71, n. 2, p. 426-437, 2007.
YOKOTA, Y.; BARGAGNA-MOHAN, P.; RAVINDRANATH, P. P.; KIM, K. B.;
MOHAN, R. Bioorg. Med. Chem. Lett., v. 16, p. 2603-2607, 2006.
ZAVALA, F.; GUERNARD, D.; POTIER, P. Interaction of vinblastine analogues with
tubulin. Experientia, v. 34, p. 1497, 1978.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo