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ocorrer uma infecção seqüente por outro sorotipo (Henchal & Putnak, 1990;
Monath, 1994; Schatzmayr, 2000; Derouich et al., 2003).
A transmissão da dengue ao homem ocorre através da picada da fêmea
de Aedes aegypti, infectada com um dos quatro sorotipos do vírus. Após 8 a12
dias ocorrem a incubação, replicação e disseminação do vírus por todo o corpo
do mosquito. A fêmea pode passar por ciclos de reprodução, durante o período
de incubação e replicação do vírus no mosquito, dando a oportunidade do
vírus entrar no ovo e de ser passado para a prole, através da transmissão
vertical (Monath, 1994).
O A. aegypti apresenta hábitos antropofílicos e as fêmeas realizam a
hematofagia em período diurno, com maior pico entre 16 e 18 h (Silva et al.,
2002). As fêmeas ovipõem em criadouros artificiais, geralmente em pequenas
coleções de água limpa e parada, localizados nas proximidades das casas.
Contudo, Silva et al. (1999) demonstraram que o A.aegypti também se
desenvolve em água poluída. A oviposição é feita nas paredes dos recipientes,
imediatamente acima da superfície da água, onde podem ser vistos como
pequenos pontos escuros. O desenvolvimento do mosquito ocorre por
metamorfose completa, passando por fase de ovo, quatro estádios larvais,
pupa e mosquito adulto (Marzochi, 1994; Gubler, 1998; Silva et al., 1998; Silva
et al., 1999; Silva et al., 2002; Forattini & Brito, 2003).
O A. aegypti encontrou no mundo moderno condições muito favoráveis
à sua rápida propagação como a crescente urbanização, a deficiência de
fornecimento, tratamento e armazenamento de água e o uso intensivo de
materiais descartáveis. Uma das conseqüências dessa situação é o aumento
do número de criadouros potenciais para o mosquito vetor (Guzman & Kouri,
1996; Tauil, 2001).
A dengue se dissemina conforme a expansão do A. aegypti, que hoje
ocupa praticamente toda a faixa cosmotropical da terra. No Brasil, a partir de
1986 ocorreram epidemias de dengue, sempre relacionadas à introdução de
um novo sorotipo do vírus, que se dissemina para as unidades federadas
(Uribe, 1983; Serufo et al., 1993; Marzochi, 1994; Monath, 1994; OPAS, 1997;
Gubler, 1998; Schatzmayr, 2000; Tauil, 2001; FUNASA, 2002).
Até o momento, não há uma vacina pronta para uso contra os quatro
sorotipos do vírus da dengue, embora pesquisas estejam em andamento