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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
INSTITUTO DE QUÍMICA
Programa de Pós-Graduação em Ciências Biogicas (Bioquímica)
ELAINE NOGUEIRA
Estudo da relação estrutura–atividade
e de propriedades do Hb40-61a,
uma hemocidina sintética
São Paulo
2007
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1
ELAINE NOGUEIRA
Estudo da relação estrutura–atividade
e de propriedades do Hb40-61a,
uma hemocidina sintética
Dissertação apresentada ao Instituto de
Química da Universidade de São Paulo para
obtenção do Título de Mestre em Ciências
(Bioquímica)
Orientadora: Profa. Dra. Maria Terêsa Machini de Miranda
São Paulo
2007
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2
Elaine Nogueira
Estudo da relação estrutura–atividade e de propriedades do Hb40-61a, uma
hemocidina sintética
Dissertação apresentada ao Instituto
de Química da Universidade de São Paulo
para obtenção do Título de Mestre em
.........................................................................
Aprovado em: ____________
Banca Examinadora
Prof. Dr. _______________________________________________________
Instituição: _______________________________________________________
Assinatura: _______________________________________________________
Prof. Dr. _______________________________________________________
Instituição: _______________________________________________________
Assinatura: _______________________________________________________
Prof. Dr. _______________________________________________________
Instituição: _______________________________________________________
Assinatura: _______________________________________________________
3
À minha família e amigos, com imenso carinho
4
AGRADECIMENTOS
Gostaria de oferecer os meus sinceros agradecimentos a todos que me ajudaram, direta ou
indiretamente, na realização deste trabalho. E à Deus, por tudo.
À minha orientadora Profa. Dra. Maria Terêsa Machini de Miranda pela orientação, apoio, amizade e por todo o
aprendizado adquirido.
À nossa colaboradora Dra. Alessandra Machado pela amizade e auxílios inestimáveis durante
o desenvolvimento do projeto.
À Profa. Dra. Sirlei Daffre pela colaboração na realização e interpretação dos bioensaios.
Ao Prof. Dr. Antônio de Miranda por possibilitar o uso do equipamento para obtenção dos
espectros de dicroísmo circular e à Dra. Luciana Malavolta Quaglio pela assistência na coleta
destes. Ao Dr. Alberto Spisni por alguns conselhos a respeito.
Ao Dr. Nílton Lincopan pela amizade, pacncia e colaboração na realização de alguns
ensaios biológicos.
À Profa. Dra. Iolanda M. Cuccovia e Dra. Kátia R. P. Daghastanli pelo estudo colaborativo da
interação do Hb40-61a com lipossomos.
À Fernanda M. Prado pela ajuda durante as análises por espectrometria de massas.
Ao Dr. Cleber pelas análises de aminoácidos.
Aos amigos do laboratório do IQ, dos quais guardarei boas recordações: Carolina, Cleber,
ris, Nícolas, Patrícia, Ivanilde, e em especial, a Carina e César, por todo estímulo, atenção,
sugestão e carinho recebidos.
Aos amigos do laboratório do ICB: Aline, Carolina, Carlos, Diego, Eliane, Felipe. Fernanda,
Rafael e Suzana pela ajuda durante a realização dos bioensaios e pela boa companhia.
Aos antigos amigos da faculdade, aos novos que fiz na pós-graduação e aos amigos do Coral
Ana Néri, pelo apoio nos momentos diceis.
5
Aos meus familiares, dentre eles, meus pais Arisson e Midian e às minhas irmãs e amigas
Gisele, Gislene, Ellen (pela imensa ajuda e paciência) e Deise pelo incentivo e amor sempre
presentes.
À USP e ao IQ pela oportunidade.
Ao CNPq e a FAPESP pela bolsa e financiamento do projeto, respectivamente.
Muito obrigada.
6
RESUMO
NOGUEIRA, E. Estudo da relação estrutura-atividade e de propriedades do Hb40-61a, uma
hemocidina sintética. 2007. 108p. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em
Bioquímica. Instituto de Química, Universidade de São Paulo, São Paulo.
A hemoglobina (Hb) é uma fonte reconhecida de peptídeos com funções biológicas
diversas. O fragmento 33-61 da cadeia α da Hb, isolado do trato gastrointestinal do carrapato
Boophilus microplus, foi o primeiro a ser descrito com ação antimicrobiana. O seu análogo
sintético amidado, Hb33-61a, mostrou-se ativo contra bactérias Gram-positivas e fungos [Fogaça
et al. (1999) J. Biol. Chem. 274, 25330-4]. O estudo de análogos do Hb33-61 nas formas amidada
e com carboxila livre revelou que a amidação provoca aumento significativo da atividade frente a
Candida albicans. Por apresentar propriedades biológicas e estruturais idênticas às do Hb33-61a,
o Hb40-61a pareceu ser a sua porção mínima ativa [Sforça et al. (2005) Biochemistry 44, 6440-
51; Machado et al. (2007) Biopolymers 88, 413-26]. Para comprovar tal sugestão, no presente
trabalho, sintetizamos, purificamos e caracterizamos novos análogos do Hb33-61a, bem como os
avaliamos quanto às suas atividades frente a C. albicans e Micrococcus luteus. Os resultados
confirmaram a sugestão apenas para a ação antifúngica. O análogo Hb40-61a tamm se mostrou
ativo frente a C. albicans resistente a fluconazol. A sua atividade antifúngica se mostrou
fortemente dependente da força iônica do meio. A sua baixa atividade hemolítica foi confirmada
mesmo em meio de baixa força iônica. O peptídeo Hb40-61a não apresentou sinergismo com o
fluconazol frente a C. albicans. A cinética de morte celular mostrou que ele mata a levedura de
forma rápida. Portanto, esta hemocidina sintética pode apresentar valor comercial se a via de
administração for tópica ou se o seu uso envolver meios de baixa força iônica. Além disso, ela é
um modelo valioso para o estudo do mecanismo de ação de peptídeos antimicrobianos com
características estruturais similares e pode servir de base para o desenho de novos agentes
antibióticos.
Palavras-chave: peptídeo antimicrobiano, hemocidina sintética, Candida albicans, Micrococcus
luteus, relação estrutura-atividade.
7
ABSTRACT
NOGUEIRA, E. An investigation of the structure-activity relationship and the properties
of Hb40-61a, a synthetic hemocidin. 2007. 108p. Master Thesis - Graduate Program in
Biochemistry. Programa de Pós-Graduação em Ciências. Instituto de Química, Universidade
de São Paulo, São Paulo.
It is well known that hemoglobin (Hb) is a source of biologically active peptides. The fragment
33-61 of bovine hemoglobin α-chain, isolated from the gut contents of the tick Boophilus
microplus, was the first identified with antimicrobial activity . Its amidated analogue, Hb33-61a,
showed to be active against Gram-positive bacteria and fungi strains [Fogaça et al. (1999) J. Biol.
Chem. 274, 25330-4]. The study of a series of carboxyl-free and amidated synthetic analogues of
Hb33-61 revealed that C-terminus amidation enhances the activity against Candida albicans.
Since Hb33-61a and Hb40-61a presented identical biological and structural properties, it seemed
that Hb40-61a was Hb33-61a minimal active motif [Sforça et al. (2005) Biochemistry 44, 6440-
51; Machado et al. (2007) Biopolymers 88, 413-26].
To test this suggestion, in the present study
we synthesized, purified and characterized Hb40-61a analogues and assayed them against C.
albicans and Micrococcus luteus. The results confirmed the suggestion only for the antifungal
activity. When tested against fluconazole-resistant C. albicans, Hb40-61a was also active. Its
antifungal activity showed to be dependent on the ionic strength of the medium. Its low hemolytic
activity was confirmed even under low ionic strength conditions. Hb40-61a had no synergic effect
with fluconazole on C. albicans. In vitro time-kill assays demonstrated that Hb40-61a kills the
yeast rapidly. Therefore, this synthetic hemocidin may be of commercial interest for topical
application or other uses involving low ionic strength medium. Moreover, it can serve as a
template for the study of the mechanism of action of structurally related antimicrobial peptides or
for the design of novel antibiotic drugs.
Keywords: antimicrobial peptide, synthetic hemocidin, Candida albicans, Micrococcus luteus,
structure-activity relationship.
8
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Código de uma e três letras para os vinte aminoácidos usuais
A Ala
alanina
M Met
metionina
C Cys
cistna
N Asn
asparagina
D Asp
ácido aspártico
P Pro
prolina
E Glu
ácido glutâmico
Q Gln
glutamina
F Phe
fenilalanina
R Arg
arginina
G Gly
glicina
S Ser
serina
H His
histidina
T Thr
treonina
I Ile
isoleucina
V Val
valina
K Lys
lisina
W Trp
triptofano
L Leu
leucina
Y Tyr
tirosina
1
H-RMN
ressonância magnética nuclear de hidrogênio
ACN
acetonitrila
BOP
hexafluorofosfato de benzotriazol-1-il-oxi-tris-(dimetilamino) fosfônio
CD
1 dicroísmo circular
CLSI
2 Clinical and Laboratory Standards Institute
DCM
diclorometano
DIC
N,N-diisopropilcarbodiimida
DIPEA
N,N-diisopropiletilamina
DMF
dimetilformamida
DMSO
dimetilsulfóxido
EDT
1,2-etanoditiol
FC
fosfatidilcolina
FDA
3 Food and Drug Administration
Fmoc
fluorenilmetóxicarbonil
GUVs
vesículas unilamelares gigantes
HF
Ácido fluorídrico
HOBt
N-hidroxibenzotriazol
IGP
tamo de fosfato isotônico
LC/ESI-MS
Cromatografia líquida de fase reversa acoplada a espectmetro de massas
(fonte de ionização por "electrospray")
LPC
lisofosfatidilcolina
LPS
lipopolissacarídeo
LUVs
vesículas unilamelares grandes
MBHA
4-metilbenzidrilamina
MeOH
metanol
NMP
N-metilpirrolidona
PAM
ácido 4-hidroximetilfenilacético
PB
bactopeptona
PBS
tampão fosfato de sódio
PDB
potato dextrose broth (caldo de dextrose de batata)
Rink amida
resina 4-(2’, 4’-Dimetóxifenilaminometil)-fenóximetil
RP-HPLC
cromatografia líquida de alta eficiência de fase reversa
SDS
dodecil-sulfato de sódio
SPFS
Síntese de peptídeos em fase sólida
t-Boc
terc-butilóxicarbonil
9
TBTU
tetrafluoroborato de 2-(1H-benzotriazol-1-il)-1,1,3,3,-tetrametilurônio
TEA
trietilamina
TEAP
fosfato de trietilamina (mistura H
3
PO
4
/TEA)
TFA
ácido trifluoroacético
TIS
triisopropilsilano
UFC
unidades formadoras de colônias
Wang
resina álcool p-benziloxibenzil
YNB
yeast nitrogen base
10
ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 11
1.1 Peptídeos antibióticos .............................................................................................. 11
a) Potencialidade de uso ........................................................................................... 15
b) Dificuldades de uso .............................................................................................. 17
c) Vantagens de uso .................................................................................................. 19
1.2 Fragmento 33-61 da cadeia α da hemoglobina bovina ........................................... 21
1.3 Métodos de síntese de peptídeos ............................................................................. 24
2 OBJETIVOS ................................................................................................................... 29
3 MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................... 30
3.1 Materiais .................................................................................................................. 30
3.2 Métodos preparativos .............................................................................................. 32
3.3 Métodos analíticos e de caracterização dos peptídeos ............................................ 37
3.4 Bioensaios ............................................................................................................... 38
a) Atividade antifúngica ........................................................................................... 38
b) Atividade antibacteriana ....................................................................................... 40
c) Efeito da força iônica do meio nas atividades do Hb40-61a frente a C. albicans
e M. luteus ................................................................................................................ 41
d) Efeito da associação do fluconazol e do Hb40-61a no crescimento celular ........ 41
e) Ensaio Hemotico ................................................................................................ 42
f) Cinética de morte celular ...................................................................................... 43
3.5 Análises por dicroísmo circular .............................................................................. 43
4 RESULTADOS ............................................................................................................... 46
4.1 Síntese, purificação e caracterização química dos peptídeos .................................. 46
4.2 Bioensaios ............................................................................................................... 67
a) Atividade antifúngica ........................................................................................... 67
b) Atividade antibacteriana ....................................................................................... 70
c) Efeito da força iônica do meio nas atividades dos peptídeos estudados frente a
C. albicans e M. luteus ............................................................................................. 71
d) Efeito da associação de dois antimicrobianos no crescimento celular ................. 72
e) Ensaio de hemólise com o Hb40-61a ................................................................... 72
f) Cinética de morte celular causada pelo Hb40-61a ............................................... 72
4.3 Estudos preliminares por dicroísmo circular ........................................................... 73
5 DISCUSSÃO .................................................................................................................. 75
5.1 Desenho dos peptídeos estudados ........................................................................... 75
5.2 Síntese, purificação e caracterização dos peptídeos estudados ............................... 77
5.3 Ensaios biológicos ................................................................................................... 78
5.4 Análise por dicroísmo circular ................................................................................ 89
6 CONCLUSÕES .............................................................................................................. 90
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 92
CURRICULUM VITAE .................................................................................................... 106
11
1 INTRODUÇÃO
1.1 Peptídeos antibióticos
Os peptídeos com ação antibiótica podem ser divididos em peptídeos não-
ribossômicos e ribossômicos (HANCOCK; CHAPPLE, 1999). Os o-ribossômicos
(chamados de antibióticos) são produtos do metabolismo secunrio sintetizados mediante
catálise por um sistema multi-enzimas presente em certas bactérias e fungos, as sintetases de
peptídeos não ribossômicos. Entre eles estão peptídeos utilizados atualmente na clínica como,
por exemplo: a gramicidina S (peptídeo cíclico; GAUSE; BRAZHNIKOVA, 1944), a
polimixina B (lipopeptídeo, STORM et al., 1977) e a vancomicina (glicopeptídeo;
FAIRBROTHER; WILLIAMS, 1956, HANCOCK, 1997).
Os peptídeos ribossomais (chamados neste texto de peptídeos antimicrobianos) são
encontrados em uma grande variedade de seres vivos, sendo reconhecidos como parte
importante do sistema imune inato de vertebrados, invertebrados e plantas (TABER et al.,
2002, BULET et al., 2004, NISSEN-MEYER; NES, 1997). A atividade antimicrobiana foi a
primeira a ser atribuída a estes peptídeos, porém outras funções foram descritas, tais como a
de participação no sistema adaptativo e a habilidade de modular a resposta imune em
mamíferos (BOWDISH et al., 2005, HANCOCK; SAHL, 2006). Assim, cada peptídeo
antimicrobiano poderia apresentar duas ações, ou seja, antimicrobiana e imunomoduladora, ou
ter predomínio de uma delas. Por exemplo, além de as α- e β-defensinas de mamíferos
apresentarem atividade antimicrobiana, estas são capazes de atrair linfócitos T (CHERTOV et
al., 1996, RAJ; DENTINO, 2002, YANG et al., 2002). Entretanto, quando os testes
antimicrobianos in vitro são realizados em condições ditas fisiológicas (usando alta
concentração salina), essas defensinas são pouco ativas, levando ao questionamento de se esta
atividade seria a função mais importante in vivo (YANG et al., 2002). Por outro lado, as
atividades antimicrobianas das defensinas poderiam ocorrer dentro de vacúolos de fagócitos e
12
na superfície da pele e mucosas, onde a força iônica é baixa (Figura 1 abaixo; YANG et al.,
2002). Estas razões explicam, portanto, o termo “peptídeos de defesa do hospedeiro” usado na
literatura (SAHL et al., 2005).
Figura 1. Funções biogicas dos peptídeos de defesa do hospedeiro (HPD) em maferos. PMN:
neutrófilos polimorfonucleares
. Extraído de Hancock e Sahl (2006).
Os primeiros peptídeos antimicrobianos descritos são aqueles produzidos por bactérias
(JENSSEN et al., 2006). Desde então, centenas deles foram isolados e caracterizados ou
tiveram as suas seqüências preditas a partir das seqüências dos genes que os codificam
(BULET et al., 2004, BECHINGER; LOHNER, 2006). Esses peptídeos podem ser produzidos
constitutivamente, como as histatinas (VANDERSPEK et al., 1989) ou ser induzidos pelo
contato com microorganismos, como a cecropina (BREY et al., 1993).
Apesar da baixa similaridade nas suas seqüências de aminoácidos, a maioria dos
peptídeos antimicrobianos é catiônica (TABER, 2002). Em geral, eles contêm 12-50 resíduos
de aminoácidos e são anfipáticos, com aproximadamente 50% dos resíduos sendo
hidrofóbicos (HANCOCK, 1997). Quanto à atividade biológica, eles apresentam amplo
espectro de ação contra bactérias, fungos e vírus (HANCOCK, 2001). Entretanto, é sabido
Morte celular direta
Imunomodulador
Monócito
PMN
Linfócito
HDP
Lise de membranas
Alvos internos
Recrutamento de células
do sistema imune
Controle da
inflamação
Aumento da
eliminação das
bactérias
13
que os peptídeos antimicrobianos provenientes de eucariotos apresentam, em geral, espectro
de ação mais amplo do que alguns produzidos por bactérias (DIEP; NES, 2002, JENSSEN et
al., 2006). Por outro lado, os últimos são geralmente mais ativos (apresentam MICs em
nanomolar).
rias o as classificações feitas para os peptídeos antimicrobianos. Uma delas se
baseia na estrutura primária e secundária (BROGDEN, 2005):
1) Aniônicos, como a maximina H5 de anfíbios (LAI et al., 2002);
2) Catiônicos lineares que formam α-hélices, como por exemplo, as magaininas isoladas em
pele de sapo (Zasloff, 1987);
3) Catiônicos ricos em determinados aminoácidos, como, por exemplo, a acantoscurrina,
peptídeo rico em glicina presente na hemolinfa da aranha Acanthoscurria gomesiana
(LORENZINI et al., 2003) e as histatinas, peptídeos ricos em histidina presentes na saliva
humana (RAJ et al., 1990);
4) Catiônicos ou aniônicos que contém cisteína e formam pontes dissulfeto, como, por
exemplo, as defensinas (RAJ; DENTINO, 2002);
5) Catiônicos ou aniônicos resultantes de proteólise de proteínas como, por exemplo, a
lactoferricina (KIM et al., 2000) e o fragmento 33-61 da cadeia α da hemoglobina bovina
(FOGAÇA et al., 1999, SFORÇA et al., 2005, MACHADO et al., 2007).
Vários são os mecanismos propostos para explicar a ação destes peptídeos. Eles se
baseiam na permeabilização da membrana plasmática ou na interação com um alvo
intracelular (JENSSEN et al., 2006). No que se refere à atividade antibacteriana, que é a mais
estudada, a permeabilização pode ocorrer pelos modelos mecanísticos denominados
agregação, formação de poro toroidal, ripas de barril e carpete e os alvos intracelulares podem
ser o DNA, enzimas e processos intracelulares (Figura 2; BROGDEN, 2005). Quanto à
14
Re
p
licão
de
D
NA
Transcrição
Tradução
Enovelamento
de
p
roteínas
Enzimas envolvidas na
modificação de
aminoglicosídeos
Síntese da
p
arede celular
Figura 2. Mecanismos de ação dos peptídeos antimicrobianos frente a bactérias. Amarelo:
b
icamada lipídica bacteriana. Cilindros bicolores: peptídeos, com representação da porção hidrofílica
(rosa) e hidrofóbica (azul). Cilindros azuis: peptideoglicanos. (A)-(D): modelos de.permeabilização da
membrana. (A): agregação; (B): formação de poro toroidal; (C): ripas de barril e (D): carpete; (E) a (I):
modelos de ação para peptídeos com alvos internos. (E): inibição da síntese de DNA, RNA; (F):
inibão dantese de protnas; (G): inibição de enzimas envolvidas no enovelamento de proteínas;
(H): inibição de enzimas envolvidas na modificação de aminoglicosídeos que levam à resistência dessa
classe de antibióticos; (I): inibição da síntese da parede celular. (Extraído de JENSSEN et al., 2006).
15
atividade antifúngica, alguns mecanismos já foram propostos (DE LUCCA; WALSH, 1999,
JENSSEN et al., 2006), tais como permeabilização da membrana do fungo (LEE et al., 2001,
JANG et al., 2006), ação sobre mitondria com liberação de ATP que culminaria na morte
da célula (KAVANAGH; DOWD, 2004), lise da membrana causada pela interação do
peptídeo com os esteróis (por exemplo, o ergosterol) nela presentes (DE LUCCA et al., 1998)
e formão de espécies reativas e diminuição do nível de tióis (LUPETTI et al., 2002). Em
relação à atividade antiviral, foram sugeridos (JENSSEN et al., 2006): ação direta no
envelope viral (ROBINSON et al., 1998), influência nas etapas intracelulares da infecção
celular (ALBIOL MATANIC; CASTILHA, 2004), prevenção da entrada do vírus na célula
pela interação do peptídeo com heparam sulfato (ANDERSEN et al., 2004) ou com receptores
virais (que estão presentes nas células do hospedeiro; MURAKAMI et al., 1997) ou com
glicoproteínas presentes no envelope viral (YASIN et al., 2004).
Seguem abaixo algumas considerações adicionais em relação aos peptídeos com ação
antibiótica:
a) Potencialidades de uso
Um uso evidente destes peptídeos é na terapêutica como agentes antimicrobianos
alternativos aos de natureza orgânica não peptídica, já que eles exibem um amplo espectro de
ação, apresentam uma capacidade menor do que a dos antibióticos não peptídicos de induzir
resistência e causam a morte rápida dos microorganismos (HANCOCK, 1997, HANCOCK;
SAHL, 2006). Esses peptídeos poderiam ser utilizados sozinhos (monoterapias) ou em
combinão com outros antibióticos; neste último caso, se buscaria o efeito sinérgico entre
eles (GORDON et al., 2005).
Nas duas últimas décadas, vários peptídeos com ação antibiótica ou seus derivados
foram estudados extensamente até a fase de testes clínicos (relativamente poucos em relação
ao grande número já descoberto) (GORDON et al., 2005). Entretanto, até agora, apenas dois
16
se mostraram suficientemente eficazes (HANCOCK; SAHL, 2006): 1) o Pexiganan (Genaera
Plymouth Meeting, EUA), que é um derivado da magainina 2 (peptídeo isolado da pele do
sapo africano Xenopus laevis); entretanto,o foi aprovado pelo FDA por não ser superior à
ofloxacina para o tratamento do pé diabético; 2) o Omiganan (Microbiologix Biotech
Vancouver, BC, Canadá), que é um derivado da indolicidina (peptídeo obtido de grânulos de
neutrófilos bovinos) capaz de reduzir a colonização de microorganismos em cateteres e está
na fase IIIb de testes (GORDON et al., 2005, HANCOCK; SAHL, 2006). Outros como o
XMP.629 [XOMA US, Berkeley, EUA, derivado da proteína bactericida/aumentadora de
permeabilidade (BPI), encontrada em grânulos de leucócitos humanos] e Iseganan [derivado
da protegrina que está presente em leucócitos de porcos (Intrabiotics Pharmaceuticals, Inc.
Mountainview, EUA)] também foram estudados, mas não se mostraram eficientes nas fases II
e III dos testes clínicos, respectivamente (GORDON et al., 2005, HANCOCK; SAHL, 2006).
A grande maioria dos estudos já realizados envolve monoterapia e visa à aplicaçãopica
(HANCOCK; SAHL, 2006). Um fator limitante para a administração sistêmica é que em
estudos com animais certos peptídeos, como a magainina, apresentaram doses eficazes altas e
geralmente próximas às doses tóxicas (Zasloff, 2002).
Os peptídeos com ação antibiótica também poderiam ser empregados como agentes
imunomoduladores, tais como:
i) neutralizadores de produtos ou componentes bacterianos tóxicos na prevenção do choque
séptico. Já foi demonstrado que várias proteínas (como a proteína bactericida/aumentadora de
permeabilidade; BPI; GAZZANO-SANTORO et al., 1992) e peptídeos (como o MBI-27 e o
MBI-28) se ligam ao LPS in vitro (PIERS et al., 1994) e protegem espécies animais da sepse
em modelos experimentais (GOUGH et al., 1996);
17
ii) compostos recrutadores de células do sistema imune (tais como neutrófilos, monócitos,
mastócitos e linfócitos T auxiliares), estimuladores de degranulação de mastócitos,
promotores de angiogênese e cicatrização (FINLAY; HANCOCK, 2004).
O uso mais freqüente destes compostos tem sido o científico, já que o conhecimento
das propriedades químicas, biológicas e estruturais de um peptídeo com ação antibiótica é
extremamente valioso. Além disso, a exploração da relação estrutura-atividade e o
entendimento dos seus mecanismos de ação podem levar a análogos e compostos novos com
propriedades mais interessantes do que os compostos de partida (KIM et al., 2002) ou à
descoberta de outras ações, tais a como inibição de enzimas, promoção de absorção cutânea
para administração tópica de fármacos, imobilização de células com diferentes afinidades
sobre superfícies sólidas ou, ainda, incorporação à embalagem de alimentos (GREGORY;
MELLO, 2005, MILTZ et al., 2006, KIM et al., 2007).
b) Dificuldades de uso
Assim como outras classes de compostos, os peptídeos antimicrobianos apresentam
vários entraves em sua utilização como fármacos (GOOTZ, 1990). Estes entraves estão
descritos a seguir juntamente com as possíveis soluções.
Influência da força iônica do meio na atividade antimicrobiana de um peptídeo
Independentemente do mecanismo de ação proposto é, em geral, aceito que ocorra
uma interação eletrostática inicial entre o peptídeo catiônico e as estruturas carregadas
negativamente do microorganismo. Deste modo, é esperado que a força iônica do meio
(cátions) afete a sua atividade e que este efeito seja dependente do meio, do microorganismo e
do peptídeo (LEE et al., 1997a). Neste contexto, deduz-se que os peptídeos isolados de
animais marinhos, como as clavulinas, sejam geralmente ativos em soluções de altas
18
concentrações salinas (LEE et al., 1997b). Dedução idêntica não pode ser feita para aqueles
isolados de animais não marinhos.
Algumas definições de peptídeos antimicrobianos só abrangem aqueles que são ativos
em condições fisiológicas (HANCOCK; SAHL, 2006). Entretanto, esta abordagem é muito
rígida, já que para exibir a sua ação eles podem: 1) se envolver em outras interações in vivo,
não previsíveis facilmente, como uma ação sinérgica com outros compostos (VAN’T HOF et
al., 2001); 2) exercer ação compartimentalizada ou em tecidos específicos como, por
exemplo, fazem as defensinas dentro de vacúolos de fagócitos, na superfície da pele e em
mucosas, onde a força iônica é baixa (YANG et al., 2002).
Por outro lado, também é necessário lembrar que análogos de ação menos suscetível à
presença de sais podem ser concebidos a partir de resultados de estudos da relação estrutura-
atividade dos peptídeos antibióticos (TAM et al., 2000, SHIN et al., 2002).
Susceptibilidade dos peptídeos antimicrobianos à proteólise
Os peptídeos são bastante susceptíveis à degradação enzimática. Para contornar esse
problema, têm sido propostas: 1) modificações químicas que levam a análogos alquilados no
nitrogênio da ligação peptídica (OSTRESH et al., 1996), amidados no C-terminal, ciclizados
(MONROC et al., 2006), D-imeros, peptídeos retroinvertidos e miméticos de peptídeos
(BESSALLE et al., 1990); 2) mudanças na formulação, como a seu encapsulamento em
lipossomos (HANCOCK; SAHL, 2006).
Custo alto
Este é o principal entrave para a introdução dos peptídeos como fármacos, pois a sua
produção custa de cinco a vinte vezes mais do que a dos antibióticos usuais (LEE et al., 1998;
VAN’T HOF et al., 2001, HANCOCK; SAHL, 2006). As metodologias mais utilizadas para
síntese de peptídeos antimicrobianos são a síntese química e a tecnologia do DNA
19
recombinante (ver ítem 1.2). A síntese química é mais trabalhosa e versátil, pois permite o uso
de aminoácidos não usuais ou D-aminoácidos e a introdução de modificações químicas na
molécula (HANCOCK, 1997, MACHADO et al., 2004). Apesar de mais barata, a síntese via
tecnologia do DNA recombinante apresenta alguns inconvenientes, como a possibilidade de
morte do microorganismo durante a expressão de alguns peptídeos antimicrobianos (VAN’T
HOF et al., 2001), a impossibilidade de incorporação de aminoácidos não usuais ou D-
aminoácidos, a maior dificuldade para a obtenção de peptídeos modificados (MACHADO et
al., 2004).
Toxicidade moderada
Muitos peptídeos com ação antibiótica apresentam certo grau de toxicidade a células
de mamíferos, tais como a melitina (OREN; SHAI, 1997), a protegrina I (STORICI;
ZANETTI, 1993), a indolicidina (SELSTED et al., 1992) e a gomesina (FÁZIO et al., 2006).
Esta toxicidade, na maioria das vezes, é avaliada por meio do ensaio hemolítico. Por outro
lado, alguns estudos da relação estrutura-atividade de peptídeos permitiram a dissociação das
atividades antimicrobiana e tóxica ou que a última fosse reduzida (OREN; SHAI, 2000,
FRECER et al., 2004, FÁZIO et al., 2007). Esses e outros estudos permitiram algumas
generalizações como, por exemplo, a de que em peptídeos com estrutura em α-hélice
anfipática, o aumento da hidrofobicidade leva a um aumento da atividade hemotica (DATHE
et al., 1997).
c) Vantagens do uso
Pelas razões descritas no item 1b, a maioria dos peptídeos antimicrobianos simples
conhecidos não tem sido aprovada em testes clínicos (HANCOCK; SAHL, 2006). Por outro
lado, a busca por novos peptídeos antimicrobianos e o seu estudo continuam sendo relevantes
devido, principalmente, às seguintes razões:
20
1. em geral, os peptídeos são facilmente metabolizáveis e, relativamente, menos tóxicos para
animais e plantas do que outros antibióticos não peptídicos (VAN´T HOF et al., 2001);
2. como por milhares de anos eles foram e continuam sendo ativos, eles poderiam se tornar
uma nova classe de antibticos utilizados na terapêutica contra microorganismos que
apresentam resistência aos antibióticos convencionais, ou ainda, ser empregados por vias
alternativas à via oral (como, por exemplo, enxágüe bucal ou para o tratamento tópico da
candiase; CHAN et al., 2006, PATRZYKAT; DOUGLAS., 2003). De fato, apesar de o
aparecimento de resistência dos microorganismos aos antibióticos utilizados ser um problema
mundial, somente três novas classes (oxazolidinonas, lipopeptídeos cíclicos e
estreptograminas) foram introduzidas nos últimos 40 anos (PARISIEN et al., 2008). Além
disso, os novos antibióticos comercializados o, na sua maioria, análogos de outros que já
estavam no mercado, como por exemplo, novas gerações de fluoroquinolonas, ou novas
associações deles (CHRISTOFFERSEN, 2006; SILVEIRA et al., 2006);
3. os estudos da relação estrutura-atividade de peptídeos antimicrobianos são de fundamental
importância, pois estes podem apresentar determinadas características que limita o seu uso e
que podem ser melhoradas como, por exemplo, o seu espectro de ação, a sua potência, os seus
parâmetros farmacocinéticos, incluindo estabilidade in vivo e índice terapêutico. No caso de
peptídeos, como já citado acima, esses estudos podem levar a análogos menos sensíveis à
força iônica do meio (PARK et al., 2004) e/ou proteólise e de menor toxicidade (SHIN et al.,
1999) e também à elucidação das suas porções e/ou aminoácidos responsáveis pela atividade
(SHIN et al., 1999). Essas informações podem, ainda, gerar dados para o desenho de novas
drogas não peptídicas;
4. os estudos de mecanismo de ação dos peptídeos antibióticos podem levar a um melhor
entendimento da permeabilização de membranas biológicas e descobrimento de novos alvos
para serem usados contra os microorganismos patogênicos;
21
5. vários estudos relatam peptídeos que apresentam sinergismo com outras drogas (PARK et
al., 2006, BARBOSA et al., 2007) ou que podem translocar membranas celulares servindo de
carregadores de compostos polares biologicamente ativos como ácidos nucléicos, peptídeos,
proteínas, oligonucleotídeos e DNA (TEMSAMANI; VIDAL, 2004).
1.2 Fragmento 33-61 da cadeia α da hemoglobina bovina
Desde que, com a colaboração de nosso grupo de pesquisa, um peptídeo com atividade
antimicrobiana foi isolado do conteúdo intestinal do carrapato Boophilus microplus e sua
seqüência mostrou 100% de identidade com a seqüência 33-61 da cadeia α da hemoglobina
bovina (Hb33-61; FOGAÇA et al., 1999), outros grupos relataram a geração de fragmentos da
hemoglobina in vivo (NAKAJIMA et al., 2003, MAK et al., 2004, SONENSHINE, 2005,
NEDJAR-ARROUME et al., 2006) e in vitro (FROIDEVAUX et al., 2001, PARISH et al.,
2001; LIEPKE et al., 2003; DAOUD et al., 2005). Anteriormente, já era bem estabelecido que
fragmentos desta proteína apresentam funções biológicas variadas, tais como: ação opióide,
imunomodulação e atividade liberadora de hormônios (IVANOV et al., 1997). Entretanto, o
peptídeo Hb33-61 foi o primeiro relatado a exibir ação antimicrobiana (FOGAÇA et al.,
1999).
Sabendo que a amidação no C-terminal de um peptídeo pode levar a uma maior
resistência a proteases (ANDREU; RIVAS, 1998) e a uma potencialização de sua atividade
(CHRISTENSEN et al., 1979), foi sintetizado o análogo amidado do Hb33-61, o Hb33-61a.
Este análogo mostrou-se ativo em concentrações micromolares contra algumas bactérias
Gram-positivas (Micrococcus luteus A270, Micrococcus luteus e Staphylococcus epidermidis)
e contra alguns fungos (Candida albicans, Saccharomyces cerevisiae e Aspergillus nidulans;
FOGAÇA et al., 1999).
Estudos estruturais por CD e
1
H-RMN do peptídeo Hb33-61a (SFORÇA et al., 2005)
mostraram posteriormente que: 1. assim como outros peptídeos de baixa massa molar como a
22
cecropina (HOLAK et al., 1988), este também apresenta conformação randômica em solução
aquosa pH 5,1 contendo 20 µM de peptídeo; 2. apesar de não interagir com micelas
zwiteriônicas de LPC, em presença de micelas de SDS, o peptídeo Hb33-61a exibe uma
conformação definida e caracterizada pela presença de uma dobra β na porção N-terminal
(Lys
40
-Phe
43
) e por uma dobra β (Ser
49
-Ser
52
) seguida de uma α-lice no C-terminal (Ala
53
-
Ala
60
), sendo as duas dobras conectadas por uma alça flexível espacialmente organizada
(Pro
44
-Leu
48
; Figura 3). Este tipo de estruturação da cadeia carbônica é bastante semelhante
àquela adquirida pela porção 33-61 na cadeia α da hemoglobina bovina; mas com alguns
grupos pertencentes a cadeias laterais em diferente orientação (Figura 4).
Figura 3. Visão esteroespacial do modelo de mínima energia do Hb33-61a obtida por RMN em
presença de micelas de SDS, pH 4,0 a 37°C. Extraído de Sforça et al. (2005).
Figura 4. Sobreposão das porções Ala
53
-Lys
61
(a) e de Tyr
42
-Phe
46
(b). Hb33-61a (azul), com a
região correspondente na estrutura cristalina da cadeia α da hemoglobina bovina (vermelho)
. Extraído
de Sforça et al. (2005).
a) b)
C-terminal
N-terminal
23
Assim, fragmentos truncados do Hb33-61
a nas formas acetiladas, amidadas ou com
carboxilas livres foram desenhados, sintetizados, purificados e testados por nós frente a C.
albicans MDM8. Esta levedura foi escolhida pela sua relevância clínica (GUPTE et al., 2002).
Os resultados obtidos nesta etapa inicial do estudo da relação estrutura-atividade antifúngica
do peptídeo Hb33-61a (Tabela 1; MACHADO et al., 2007) mostraram que: 1) os análogos
amidados tinham maior atividade antifúngica em relação aos com carboxila livre, o que
corrobora dados anteriores obtidos para outros peptídeos antimicrobianos (WU; HANCOCK,
1999, CAO et al., 2005, ROTEM et al., 2006); 2) a deleção da porção 53-61 (correspondente
à
α-hélice da porção C-terminal) ou 33-47 (contendo a dobra β na porção N-terminal e parte
da alça flexível terminal espacialmente organizada) levou à redução significativa da atividade;
3) o fragmento Hb40-61
a apresentou a mesma atividade antifúngica do Hb33-61a, mas a
acetilação dos seu grupo N-terminal causou a redução dessa atividade (MACHADO et al.,
2003, MACHADO et al., 2007 e dados não publicados).
Tabela 1. Atividade dos análogos do Hb33-61a frente a C.albicans MDM8 (MACHADO et al., 2007;
dados não publicados)
Peptídeo Seqüência
MIC (µM)
a
Hb33-61a FLSFPTTKTYFPHFDLSHGSAQVKGHGAK-NH
2
3,12-6,25
Hb33-61a FLSFPTTKTYFPHFDLSHGSAQVKGHGAK 12,5-25,0
Hb33-52
a FLSFPTTKTYFPHFDLSHGS- NH
2
50,0-100,0
Hb48-61
a LSHGSAQVKGHGAK-NH
2
>200,0
Hb40-61a KTYFPHFDLSHGSAQVKGHGAK-NH
2
3,12-6,25
Hb40-61a KTYFPHFDLSHGSAQVKGHGAK 12,5-25,0
Ac-Hb40-61 Ac-KTYFPHFDLSHGSAQVKGHGAK
100,0-200,0
Ac-Hb40-61
a Ac-KTYFPHFDLSHGSAQVKGHGAK-NH
2
12,5-25,0
a
: MICs foram expressos como o intervalo de concentrações [a]-[b], onde [a] é a maior concentração
testada no qual o microorganismo cresceu e [b] é a mais baixa concentração que causou total inibição
do crescimento (EHRET-SABATIER et al., 1996).
Análises por CD e
1
H-RMN dos peptídeos Hb40-61a, Hb40-61, Hb33-52a, Hb48-61a
sintéticos mostraram que, em presença de micelas SDS, o fragmento Hb40-61a apresenta uma
estrutura muito similar à encontrada para o Hb33-61a e que, assim como este último, ele
24
preserva os elementos principais de estrutura secundária e terciária presentes na porção 33-61
da cadeia
α da hemoglobina bovina (Figura 5; MACHADO et al., 2007).
Figura 5. Sobreposição dos resíduos Ala
53
-Lys
61
(a) e de Tyr
42
-Phe
46
(b). Hb40-61a (azul), com a
região correspondente na estrutura cristalina da cadeia α da hemoglobina bovina (vermelho)
. Extraído
de Machado et al. (2007).
Além disso, ensaios adicionais com os peptídeos Hb33-61
a e Hb40-61a mostraram
que na faixa 1-50
µM ambos hemolisam apenas 15% do total de células testadas, que ambos
apresentam atividades fungicidas em 6,25
µM e permeabilizam a membrana plasmática de C.
albicans MDM8 em 62,5 µM (MACHADO et al.,2007). Assim, o fragmento Hb40-61a
pareceu representar a porção mínima ativa do Hb33-61
a e apresentar potencial de uso
terapêutico [por ter baixa atividade hemotica e ser ativo contra C. albicans, um organismo
oportunista causador de várias doenças, entre elas a candidíase (GUPTE et al., 2002)] o que
justificava a sua dissecção e busca de informações adicionais sobre as suas propriedades.
1.3 Métodos de síntese de peptídeos
Há três metodologias para sintetizar peptídeos: 1. Síntese química, que pode ser em
solução (ou clássica) ou em fase sólida; 2. Síntese enzimática ou biocatalisada, que pode ser
cineticamente ou termodinamicamente controlada; 3. Síntese via tecnologia do DNA
recombinante.
a)
b)
25
Apesar de muito diferentes, todas as três requerem a ativão do grupo carboxila do
aminoácido que funcionará como doador de acila na reação de formão de ligação peptídica.
Na síntese química (em solução e em fase sólida), um reagente químico (chamado reagente
ativador ou acoplador) ativa este grupo, possibilitando um ataque nucleofílico do aminoácido
aceptor de acila. Na síntese enzimática, a enzima ativa o doador de acila, formando um
intermediário acil-enzima altamente reativo. Na síntese que utiliza a maquinaria ribossomal,
o tRNA faz esse papel ligando-se no grupo carboxila do aminoácido e posteriormente a
porção C-terminal da cadeia polipeptídica nascente.
Cada uma dessas metodologias apresenta vantagens e desvantagens e, portanto, a
escolha deve levar em consideração a quantidade requerida e a natureza do peptídeo
[tamanho, seqüência, presença de aminoácidos não usuais, amidação, sulfatação, fosforilação,
ciclização (LLOYD-WILLIAMS,1997, MACHADO et al., 2004)]. Apesar de ainda
apresentar problemas não resolvidos, a SPFS é dominante na área de síntese de peptídeos; de
fato, atualmente, a maioria dos peptídeos é sintetizada por este método (LLOYD-
WILLIAMS, 1997).
A síntese de peptídeos em fase sólida, que rendeu a Bruce Merrifield o Prêmio Nobel de
Química em 1984 por sua concepção e desdobramentos (MERRIFIELD, 1963), utiliza um
suporte polimérico (resina) que é funcionalizado por um ligante no qual o grupo carboxila do
aminoácido que corresponde ao resíduo C-terminal da cadeia peptídica desejada (protegido
no grupo
α-amino e na cadeia lateral reativa) se liga por meio de uma função amida ou éster.
A síntese é continuada com ciclos sucessivos de desproteção do grupo
α-amino protetor da
aminoacil- ou peptidil-resina e acoplamento do próximo aminoácido devidamente protegido
(
Esquema 1).
De acordo com os tipos de protetores empregados, a estratégia de síntese química de
peptídeos em solução ou em fase sólida, pode ser dividida em dois tipos: t-Boc (que emprega
26
Esquema 1: Síntese de peptídeos em fase sólida passo a passo. O esquema representa a síntese de
um peptídeo com n resíduos de aminoácidos (adaptado de ANDREU; RIVAS, 2002)
.
a
: refere-se
apenas à estratégia
t-Boc.
o grupamento
t-butiloxicarbonila para proteger o grupo α-amino dos aminoácidos e derivados
benzílicos para bloquear as cadeias laterais reativas,
Figura 6A) e a Fmoc (que emprega a 9-
fluorenilmetoxicarbonila e derivados t-buticos para os mesmos fins, Figura 6B). Na
estratégia t-Boc, todos os protetores são lábeis a ácidos inorgânicos fortes. Na estratégia
AA
n
Ligante
Ligante
+
+
acilação
-
desproteção
Ligante
AA
1
AA
1
neutralização
a
/
acoplamento
AA
2
Ligante
AA
1
Ligante
AA
1
AA
2
n-2 vezes
Ligante
AA
1
AA
n-2
AA
1
AA
AA
n
n-2
desproteção total
clivagem do
peptídeo da resina
-
Ligante
AA
1
neutralização
a
/
acoplamento
desproteção
Legenda
Suporte sólido
Ligante
Resíduo de aminoácido
Grupo protetor N-terminal
Grupo protetor de cadeias
laterais reativas
Ligante
AA
- -
-
27
Fmoc, o grupo Fmoc é lábil a bases orgânicas, especialmente as secundárias e os protetores
de cadeias laterais são lábeis a TFA.
A escolha da resina a ser utilizada leva em consideração: 1. a estratégia a ser utilizada,
ou seja, a ligação peptídeo-resina deve ser estável às condições de remoção do protetor do
grupo
α-amino, 2. se o grupo C-terminal será obtido após a clivagem do peptídeo da resina
na forma amidada ou carboxila livre.
Há vários procedimentos para se realizar a clivagem do peptídeo da resina e a
desproteção total. Na maioria das vezes, esta etapa envolve acidólise (JUBILUT et al., 1999).
Na estratégia t-Boc, as peptidil-resinas são expostas a ácidos inorgânicos como o HF
condensado, altamente tóxico que necessita de um aparato próprio para a sua utilização
(STEWART; YOUNG, 1997). Na estratégia Fmoc, entretanto, as peptidil-resinas são
submetidas a tratamento com o TFA (Esquema 1, FIELDS; NOBLE, 1990).
Figura 6. Exemplos de peptidil-resinas obtidas pelas estratégias t-Boc (A) e Fmoc (B). (a)
protetor do grupo α-amino lábil a TFA, Boc, (A) ou a bases ornicas, Fmoc, (B); (b) bloqueadores
das cadeias laterais reativas dos aminoácidos lábeis a HF (A) ou TFA (B); (c) ligação da cadeia
peptídica com a resina lábil a HF (A) ou TFA (B); (d).ligante. O círculo negro se refere ao suporte
polimérico. Extraído de Andreu e Rivas (2002).
A utilização de captores de espécies reativas (em inglês,
scavengers) é de
fundamental importância nesta etapa, já que estes impedem que carbocátions produzidos
durante a remoção de grupos alquil protetores de cadeias laterais, alquilem resíduos de
aminoácidos susceptíveis. Os scavengers mais usados são: anisol, p-cresol e tis, como o
1,2-etanoditiol (EDT) (LLYOD- WILLIAMS, 1997), embora derivados de silano, como o
(A) (B)
d
d
28
TIS, possam também ser utilizados (SOLÉ et al., 1992). A escolha depende da natureza dos
grupos protetores e das cadeias laterais não protegidas. O Reagente R [TFA (90%), tioanisol
(5%), EDT (3%) e anisol (2%) (ALBERICIO et al., 1990)], por conter o EDT, um dos
scavengers mais eficientes para seqüências que possuem aminoácidos sensíveis (por
exemplo, His, Gln, Ser, Asn, Thr, Tyr e Cys), é indicado para todas as seqüências (LLYOD-
WILLIAMS, 1997).
A SPFS tem como vantagens a simplicidade, rapidez de execução e possibilidades de
automão e de obtenção de múltiplas seqüências: isto porque os reagentes são eliminados por
filtração, evitando as etapas de isolamento, purificação e caracterização dos produtos
intermediários do processo sintético. Uma vez que as etapas da SPFS não são quantitativas e
que um grande número de reações secundárias pode ocorrer simultaneamente,
invariavelmente é necessário purificar os peptídeos sintéticos brutos obtidos. Para isso, podem
ser empregadas: HPLC de troca-iônica e a de fase inversa (MANT; HODGES, 1991,
MIRANDA et al., 1993a, KIYOTA et al.e 2003).
Os produtos purificados devem ser analisados por uma das diferentes modalidades de
espectrometria de massas, de preferência aquelas que podem ser acopladas ao equipamento
de HPLC, e submetidos à hidrólise total seguida de análise de aminoácidos. Além da
identificação, esta última permite a elucidação do conteúdo peptídico, ou seja, a porcentagem
em massa do peptídeo na amostra seca, uma vez que, mesmo após liofilização, esta contém
contra-íons e moléculas de água no seu retículo cristalino. Esse dado é imprescindível quando
os produtos purificados se destinam a ensaios biológicos ou que envolvam análises
quantitativas. O seqüenciamento via degradação de Edman ou por espectrometria de massas
com fragmentação é opcional, porém obrigatório para seqüências longas (acima de 25-30
resíduos). A ressonância magnética nuclear é outra técnica analítica para a caracterização dos
peptídeos sintéticos curtos (MACHADO et al., 2004).
29
2 OBJETIVOS
1. Determinar se o fragmento Hb40-61a é a porção nima do Hb33-61a capaz de expressar a
sua atividades total frente a C. albicans e M. luteus, o que seria verificado pelo (a):
a. desenho de novos análogos do Hb40-61a e do Hb33-61a com base nas informações
geradas anteriormente pelo nosso grupo de pesquisa e grupos colaboradores;
b. síntese, purificação e caracterização química dos novos análogos;
c. determinação da ação antifúngica e antibacteriana dos novos análogos purificados;
d. análise por CD em água e na presença de 200 mM de SDS dos novos análogos
purificados.
2. Avaliar o potencial de uso da hemocidina sintética Hb40-61
a através da determinação
do(a):
a. atividade antimicrobiana frente a outras cepas de C. albicans, incluindo uma resistente
a fluconazol;
b. efeito da força iônica do meio na atividade antimicrobiana;
c. toxicidade do peptídeo frente a células de mamíferos, medida por ensaio hemotico;
d. efeito da associação com outro antifúngico não peptídico utilizado na terautica;
e. cinética de morte celular de
C albicans causada pelo peptídeo.
30
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Materiais
Resinas
A peptidil-resina Hb40-61-MBHA (MACHADO et al., 2007) e os peptídeos Hb33-61a,
Hb33-52a, Hb48-61a foram sintetizados anteriormente em nosso laboratório. As seguintes
resinas foram adquiridas: Boc-Lys (2-Cl-Z)-PAM [200-400 mesh, grau de substituição 0,4-0,7
mmol/g (Bachem Califórnia Inc., EUA)], Fmoc-Ala-Wang [100-200 mesh, grau de
substituição 0,45 mmol/g (Bachem Califórnia Inc., EUA)] e Rink amida [100-200 mesh, de
graus de substituição 0,3-0,6 mmol/g (Calbiochem-Novabiochem Corp., EUA) e 0,35 mmol/g
(Bachem Califórnia Inc., EUA)].
Derivados de aminoácidos e reagentes acopladores
Com exceção da Fmoc-Gly-OH, os Boc-aminoácidos e os Fmoc-aminoácidos utilizados
foram adquiridos da Bachem Calirnia Inc., EUA. O Fmoc-Gly-OH foi adquirido da
Advanced Chemtech, EUA. Os reagentes acopladores utilizados foram: DIC (Sigma
Chemical Co., EUA), HOBt (Protein Research Foundation, Japão), TBTU (Advanced
ChemTech, EUA) e BOP (Advanced ChemTech, EUA).
Solventes, ácidos, bases e detergentes
Os solventes DCM, DMF, MeOH e 2-propanol (isopropanol), o DMSO, o EDT, a TEA,
o TFA, o ácido ortofosfórico e o SDS vieram da Merck KGaA (Alemanha). O anisol e o
tioanisol foram provenientes da Sigma Chemical Co. (EUA). O triisopropilsilano era da
Aldrich Chemical Co. (EUA). A ACN era da Vetec Química Fina Ltda. (Brasil). O anidrido
acético, a piperidina, a DIPEA, NMP e as soluções fenol/etanol 76% (m/m), cianeto de
31
potássio/piridina 0,0002 M e ninidrina/etanol 0,28 M utilizados eram da Applied Biosystems
(EUA). O HF utilizado era de procedência da Quírios Produtos Químicos Ltda.
Todos eles eram de grau anatico ou para síntese, com exceção da ACN e TFA
empregados nas análises por RP-HPLC, que eram de grau cromatográfico.
Meios de cultura
Para os ensaios biológicos foram utilizados: meio PDB (pH 5,1 ± 0,2) da Sigma-Aldrich
(EUA), peptona (Merk AG, Alemanha), ágar bacteriológico (GIBCO BRL, EUA), cloreto de
sódio (Synth, Brasil), D-glicose (Gibco BRL, EUA) e meio YNB (pH 5,4 ± 0.2; contém os
seguintes sais: fosfato de magnésio monobásico 1,0 g/L, sulfato de magnésio 0,5 g/L, cloreto
de sódio 0,1 g/L e cloreto de cálcio 0,1 g/L) da Difco, EUA.
Microorganismos
As cepas de C. albicans foram obtidas da Coleção Americana de Tipos de Cultura
(ATCC 90028), da coleção do Instituto Adolfo Lutz, Brasil (IAL2151) e da Coleção do
Departamento de Microbiologia do ICB-USP, Brasil (MDM8). As duas primeiras nos foram
doadas pela Profa. Dra. Elsa M. Mamizuka do Departamento de Análises Clínicas e
Toxicológicas da FCF-USP e pelo Dr. Nilton Lincopan, atualmente no nosso Departamento e
Instituto.
A cepa
Micrococcus luteus A270 foi obtida da coleção do Instituto Pasteur, França.
Colunas para HPLC
Para RP-HPLC, foram utilizadas as colunas Vydac C
18
analítica [0,46 cm x 25,0 cm, 5
µm e 300 Å] e semi-preparativa (1,1 cm x 25,0 cm, 5 µm e 300 Å).
32
Para HPLC de troca iônica, foram utilizadas uma coluna de troca aniônica AminoPac
PA10 da Dionex (2,0 x 25,0 cm, 8,5
µm, <10 Å) e uma coluna de troca catiônica da Beckman
do tipo poliestireno sulfonada (0,4 x 12,0 cm).
3.2 Métodos preparativos
Síntese das peptidil-resinas
A síntese das peptidil-resinas foi realizada manualmente pelo método da fase sólida
convencional utilizando a estratégia t-Boc ou Fmoc (STEWART; YOUNG, 1984,
ATHERTON; SHEPPARD, 1989, VARANDA; MIRANDA, 1997; Esquema 1 do item 1.3).
A etapa inicial, que consiste de lavagem e filtração da resina com solventes de
diferentes polaridades, e as etapas posteriores de desproteção, lavagem/filtração e de
acoplamento, lavagem/filtração foram realizadas de acordo com os protocolos descritos nas
Tabelas 2 e 3 adaptados (VARANDA; MIRANDA, 1997, PROTI et al., 2007). Para o
monitoramento das etapas de desproteção e acoplamento foi realizado o teste de ninidrina
(KAISER et al., 1970). Novas desproteções ou reacoplamentos foram feitos quando os testes
de ninidrina não foram aceitáveis.
Tabela 2: Protocolo de síntese convencional de peptídeos pela estratégia t-Boc (adaptado
de Varanda; Miranda, 1997)
Etapa I: Lavagem Inicial Etapa III: Acoplamento/Reacoplamento
DCM
10% TEA/DCM 2,5 eq. Boc-aa + [(2,5 eq. HOBt +2,5 eq. DIC
MeOH em DCM)] ou [2,5 eq. TBTU +2,5 eq. DIPEA
DCM (pH 9-10) em DMF] por 60 min.
Teste de ninidrina*
(negativo)
Etapa II: Desproteção
DCM
50% TFA/DCM +1% de anisol por 20 min) MeOH
DCM DCM
1% anisol/isopropanol Teste de ninidrina*
(negativo)
DCM
10% TEA/DCM
MeOH
DCM Repetição das Etapas II e III até introduzir o
Teste de ninidrina*
(positivo) último resíduo de aminoácido e retirar o Boc.
* Kaiser et al. (1970).
33
Tabela 3: Protocolo de síntese convencional de peptídeos pela estratégia Fmoc (adaptado
de Varanda; Miranda, 1997)
Etapa I: Lavagem Inicial Etapa III: Acoplamento/Reacoplamento
DCM
MeOH
DCM
Teste de ninidrina*
(negativo)
2,5 eq. Fmoc-aa + [(2,5 eq. HOBt +2,5 eq. DIC em
DCM)] ou [2,5 eq. TBTU +2,5 eq. DIPEA (pH 9-10)
ou 2,5 eq. BOP+ 1 eq. HOBt + 7,5 eq. DIPEA em
DMF] por 60 min.
DMF
Etapa II: Desproteção
MeOH
20% piperidina/DMF (10 min) DCM
DMF MeOH
MeOH DCM
DCM Teste de ninidrina* (negativo)
MeOH
Teste de ninidrina* (positivo) Repetição das etapas II e III até introduzir o
último resíduo de aminoácido e retirar o Fmoc.
* Kaiser et al. (1970).
Nas peptidil-resinas Hb40-61a-MBHA e Hb40-61-PAM foram introduzidos grupos
acetil em seus N-terminais, após remoção do Boc do último resíduo de aminoácido, através do
tratamento com 10% de anidrido acético em DCM por 10 min. Após lavagens com DCM e
MeOH, as peptidil-resinas foram submetidas ao teste de ninidrina (negativo; KAISER et al.,
1970).
Ao final das sínteses, as peptidil-resinas foram secas a vácuo e estocadas a 4°C.
Estratégia Boc: clivagem do peptídeo da resina e desproteção total
As peptidil-PAM ou Ac-Hb40-61-MBHA foram tratadas com a mistura de 10 mL de
HF condensado e anisol (10%) por 120 min a 0°C. Após remoção total do HF, o peptídeo
livre foi precipitado com éter diisopropílico e extraído com aproximadamente 50 mL de
solução de 0,1% TFA/H
2
O e 50 mL de solão de 60% ACN/TFA 0,09%/H
2
O. As soluções
resultantes foram misturadas e liofilizadas. O peptídeo bruto seco foi pesado, analisado e
purificado por RP-HPLC.
Estratégia Fmoc: clivagem do peptídeo da resina e desproteção total
34
Testes preliminares em escala piloto foram feitos para a escolha da melhor mistura
contendo TFA a ser utilizada em escala semi-preparativa. Nestes testes, a peptidil-resina Hb40-
58-Rink amida foi empregada como modelo.
As seguintes misturas reacionais foram testadas: a) TFA (95%)/H
2
O (GUY; FIELDS,
1997); b) Reagente R = TFA (90%), tioanisol (5%), EDT (3%) e anisol (2%) (ALBERICIO et
al., 1990); c) TFA (94%), anisol (5%) e EDT (1%) (GUY; FIELDS, 1997). Resumidamente,
10 mg de peptidil-resina foram incubadas em 100
µL de cada mistura a 37°C. Alíquotas da
solução reacional foram retiradas e analisadas por RP-HPLC nos tempos 0, 2, 4, 6, 8 e 24 h,
após os quais, o peptídeo livre em solução foi precipitado pela adição de éter diisopropílico.
Após centrifugação, o sobrenadante foi decantado. Esta operação foi repetida por mais duas
vezes e o resíduolido foi seco por passagem de nitrogênio gasoso. O peptídeo foi então
dissolvido pela adição de 1 mL de solvente A ao sólido, a solução foi filtrada e analisada por
RP-HPLC (equipamento descrito no
item 3.3, solvente A: 0,1% TFA/H
2
O, solvente B: 60%
ACN/0,09% TFA/H
2
O, λ: 210 nm, fluxo: 1,0 mL min e gradiente linear: 5 a 95% de B em 30
min) e por LC-ESI/MS (Condições LC: solvente A: 0,1% TFA/H
2
O, solvente B: 60%
ACN/0,09%TFA/H
2
O, λ: 210nm, fluxo: 1,0 mL/min e gradiente linear: 5 a 95% de A em
30 min. Condições de ESI-MS: capilar: 3 kV, cone: 37 kV, modo de ionização: ES
+
).
As reações em escala preparativa foram realizadas utilizando as melhores condições
encontradas na escala piloto (em alguns casos, o EDT foi substituído pelo TIS):
Peptidil-resina /massa (mg) Mistura reacional
Volume
(mL)
Tempo
(h)
Hb40-61-Rink amida/ 298 95% TFA/2,5%TIS/2,5% H
2
O 3,0 6
Hb40-56-Rink amida/ 262 Reagente R 2,6 5
Hb35-56-Rink amida/ 243 Reagente R 2,4 5
[Ala
57
]Hb40-58-Rink amida/ 255 95 %TFA/2,5% TIS/2,5% H
2
O 2,6 6
Hb40-63-Wang/ 149 95 %TFA/2,5% TIS/2,5% H
2
O 1,5 6
Nestes casos, os peptídeos brutos foram solubilizados em aproximadamente 50 mL de
solução de 0,1% TFA/H
2
O e 50 mL de solução 60% ACN/0,09% TFA/H
2
O. As soluções
35
resultantes foram liofilizadas e os peptídeos secos foram pesados, analisados e purificados por
RP-HPLC.
Purificação dos peptídeos brutos por RP-HPLC (KIYOTA et al., 2003)
As purificações foram feitas por RP-HPLC em uma etapa (para os peptídeos Hb40-
58a e [Ala
57
]Hb40-58a) ou em duas etapas (para os peptídeos AcHb40-61a, AcHb40-61,
Hb40-61
a, Hb40-56a, Hb35-56a e Hb40-63) conforme o Esquema 2.
Para os peptídeos purificados em duas etapas, a primeira empregou as seguintes
condições:
λ: 220 nm, fluxo: 10,0 mL/min e gradiente linear com variação de 30 % de B em
90 min utilizando a mistura H
3
PO
4
/TEA (TEAP) em pH 2,2-2,4 como solvente A e 40%
ACN/TEAP (AcHb40-61a e AcHb40-61) ou 45% ACN/TEAP (Hb40-56a e Hb35-56a) ou
60% ACN/TEAP (Hb40-61a) como solvente B. Após esta etapa, as melhores frações
(analisadas em condições isocráticas previamente determinadas) foram juntadas e liofilizadas.
O sólido obtido foi dissolvido na solução de 0,1% TFA/H
2
O e dessalinizado na segunda etapa
da purificação que empregou o mesmo gradiente da etapa anterior e 0,1% TFA/H
2
O como
solvente A e 60% ACN/0,09% TFA/H
2
O como solvente B.
Nas purificações em uma única etapa, foi empregado o sistema que contém TFA.
Os seguintes instrumentos foram utilizados: a) Waters 600E composto de bomba
600E, controlador 600, injetor manual Rheodyne 7725i, detector 2487 e registrador Servogor
124 da LEM Norma GmbH; b) Beckman Instruments, modelo System Gold composto de
bombas module 126 e detector module 166, controlador NEC PC-8300, registrador de 2
canais KBL 2210.
36
Esquema 2. Rotina para as purificações dos peptídeos sintéticos por RP-HPLC.
1) Análise das frações
por RP-HPLC em
condições isocráticas;
2) Seleção das frações
Peptídeo Bruto
(obtido da clivagem da resina/desproteção total)
Análise por RP-HPLC
em dois sistemas de solventes (TEAP e TFA)
Purifica
ç
ão
Fra
ç
ões
Liofilização das
frações
selecionadas
Cortes manuais
Cortes manuais
Dessalinização
Liofilização das
frações
selecionadas
Determinação das condições experimentais para
purificação e monitoramento das frações obtidas
Em sistema TEAP
Fra
ç
ões
Frações principal e
secundária
Em sistema TFA
1) Análise das frações
por RP-HPLC em
condições isocráticas;
2) Seleção das frações
37
3.3 Métodos analíticos e de caracterização dos peptídeos
Cromatografia líquida de alta eficiência de fase reversa (RP-HPLC)
As análises dos peptídeos brutos e purificados por RP-HPLC foram feitas em um
cromatógrafo LDC Analytical composto por um detector SpectroMonitor 3100, bombas
ConstaMetric 3200 e 3500, um injetor manual Rheodyne 7125, um integrador DataJet e um
detector UV (MILTON ROY, Spectromonitor 3100). Estas análises foram feitas em dois
sistemas de solventes: o primeiro que utiliza 0,1% TFA/H
2
O como solvente A e 60%
ACN/0,09% TFA/H
2
O como solvente B e outro que utiliza TEAP em pH 2,2-2,4 como
solvente A e 45-60% ACN/TEAP como solvente B. Foram empregados dois tipos de
gradientes lineares: rápido= 5 a 95% em 30 min (3% de B/min); lento= 1% de B/min em
30 min.
RP-HPLC acoplada à espectrometria de massas (LC-ESI/MS)
Os peptídeos brutos e purificados obtidos também foram analisados e caracterizados
num equipamento multi-usuário do nosso Departamento do tipo triplo quadrupolo da
Micromass, modelo Quattro II, com fonte de ionização por electrospray (ESI-MS), que é
acoplado a um sistema de HPLC da Shimadzu composto por duas bombas Shimadzu LC-
10AD, um detetor Shimadzu SDP-10AV e injetor Rheodyne 7125.
Os peptídeos Hb40-61
a e Hb40-56a purificados também foram analisados por ESI-
MS na Central Anatica do IQ-USP no equipamento Esquire 3000 Plus com separador de
íons do tipo íon-trap.
Hidrólise total e análise de aminoácidos
As hidrólises totais dos peptídeos purificados foram realizadas em uma estação de
trabalho PicoTag da Waters. Para isso, 10
µL de uma solução 1 mmol/L do peptídeo
purificado foram submetidos à hidrólise ácida gasosa em presença de HCl 6 mol/L e cristais
38
de fenol, sob atmosfera de N
2
, a 110°C por 24 h. As composições molares dos aminoácidos
nos hidrolisados obtidos foram determinadas nos seguintes analisadores automáticos:
a) Beckman Instruments Inc., modelo 7300, acoplado a um computador que utiliza o
programa System Gold 406 para controle e aquisição de dados. Este equipamento emprega o
método de derivatização pós-coluna, no qual os aminoácidos são separados por HPLC de
troca catiônica e detectados a 440 a 570 nm como produtos da reação com ninidrina
(SMILLIE; NATTRISS, 1991);
b) Dionex BioLC
®
Chromatography System, que é composto por bombas GS50, detector
eletroquímico ED50 e forno cromatográfico LC25 e é acoplado a um computador que utiliza a
plataforma “Chromeleon” para controle e aquisição dos dados. Este equipamento faz a
detecção direta dos aminoácidos por amperometria pulsada (IPAD - Integrated Pulsed
Amperometric Detection), após separação por HPLC de troca iônica.
A proporção molar dos aminoácidos foi determinada utilizando soluções-padrão
Os dados obtidos permitiram estimar os conteúdos peptídicos dos materiais
purificados e esses foram considerados ao preparar as soluções de concentrações definidas
que foram empregadas nos bioensaios e análises conformacionais.
3.4 Bioensaios
a) Atividade antifúngica
Esta foi medida frente a C. albicans pelo método da microdiluição em caldo descrito
por Fehlbaum et al., 1994 (Figura 7). Resumidamente, em cada um dos 96 poços de uma
microplaca foram colocados 10
µL de cada solução de uma série de diluições do peptídeo em
água (0,78-200
µM) e 80 µL de uma suspensão de células de C. albicans MDM8
(concentração final 1 x 10
4
células/mL de 1,2% de PDB). A cada poço foi adicionada água
39
Figura 7. Esquema do procedimento utilizado para a determinação das MICs frente a C.
albicans e M. luteus.
a
Refere-se à atividade antifúngica;
b
Refere-se à atividade antibacteriana
para um volume final de 100
µL. Depois de 18 h de incubação a 30°C, as concentrações
inibitórias mínimas do crescimento (MICs) dos peptídeos sintéticos foram determinadas em
leitor de microplaca IEMS (LABSYSTEM
TM
) a 595 nm pela diminuição dos valores de
Incubação a 30 ou 37°C
por 18 ou 48 h
Inóculo (80 µL
a
ou 90 µL
b
) + água (10 µL
a
)
+ diluições seriadas do peptídeo ou água
(controles, 10 µL
a
)
Leitura a 595 nm
Interpretação dos resultados
Le
g
enda
Controles positivos (sem peptídeo)
Controle negativo (água)
Controles negativos (meio)
Poços contendo peptídeo
12
1 2 3 4 5 876
11
109
A
B
D
E
F
G
H
C
12
1 2 3 4 5 876
11
109
A
B
D
E
F
G
H
C
Le
g
enda
, e Sem crescimento
Com crescimento
40
absorbância representativos de 50% de crescimento em relação aos controles (sem peptídeo).
A MIC foi expressa como o intervalo de concentrações [a]-[b], onde [a] era a maior
concentração testada na qual o microorganismo cresceu e [b] era a menor concentração
testada na qual ocorreu inibição do crescimento de
C. albicans (Segundo EHRET-
SABATIER et al., 1996). Os ensaios foram realizados em triplicata.
A atividade do peptídeo Hb40-61a frente a C. glabrata ATCC 90030, C. krusei ATCC
6258, C. parapsilosis ATCC 22019 e outras cepas de C. albicans (ATCC 90028, cepa
sensível ao fluconazol, e IAL 2151, resistente a fluconazol) foi também determinada
utilizando o método de referência de microdiluição em caldo segundo documento M27-A2 do
CLSI (Clinical and Laboratory Standards Institute Available from:
<http://www.anvisa.gov.br/reblas/reblas_publicacoes_terapia_antifung.pdf>, acesso em
01/10/07) com substituições para os seguintes meios de cultura: o PDB 1,2% sem adição de
sal e YNB. Resumidamente, 50
µL de cada solução de uma série de diluições do peptídeo em
água
(0,78-200 µM) foram adicionados a 50 µL de uma suspensão de levedura de
concentração final na faixa 1 x 10
3
- 5 x 10
3
UFC/mL. Após incubação por 48 h a 37°C, as
MICs foram determinadas como descrito acima. Estes ensaios foram realizados uma única
vez.
b) Atividade antibacteriana
A atividade frente a M. luteus foi realizada pelo método da microdiluição em caldo
descrito por Bulet et al., 1993 (Figura 7). Resumidamente em cada um dos 96 poços de uma
microplaca foram colocados 10
µL de cada solução de uma série de diluições do peptídeo
(0,78-100
µM) e 90 µL de uma suspensão de M. luteus A270 (concentração final de 1 x 10
4
células/mL de meio pobre em nutrientes [PB: 1% Peptona contendo 34,2 mM de NaCl; pH
7,4]. Aos poços sem peptídeo foi adicionada água para um volume final de 100
µL. Depois de
41
18 h de incubação a 30°C, a MIC foi determinada como descrito acima. Os ensaios foram
realizados em triplicata. A determinação da atividade do peptídeo Hb40-61
a frente a S.
epidermidis, B. megaterium e S. marcescens foi realizada pelo método descrito acima em
meio PB contendo 86 mM de NaCl. Estes ensaios foram realizados uma única vez.
c) Efeito da força iônica do meio nas atividades do peptídeo Hb40-61a frente a C.
albicans e a M. luteus
As atividades foram medidas pelo método da microdiluão em caldo segundo
Fehlbaum et al. (1994), conforme descrito acima, na presença de diferentes concentrações de
NaCl para o peptídeo Hb40-61a (0,0; 34,2; 68,5 e 137,0 mM).
d) Efeito da associação do fluconazol e do peptídeo Hb40-61a no crescimento celular
Em uma dimensão de uma microplaca de 96 poços foram colocados em cada poço
10
µL de cada solução de uma série de diluições do peptídeo Hb40-61a em água (0,78-25
µM). Em uma segunda dimensão, foram colocados em cada poço 10 µL de uma série de
diluições de fluconazol em água (0,06-8
µg/mL). Cada poço foi inoculado com 80 µL de uma
suspensão de células de
C. albicans ATCC 90028 (concentração final 1 x 10
4
células/mL). A
cada um foi adicionada água para um volume final de 100
µL. A placa foi incubada por 18 h a
30°C e submetida à leitura em 595 nm.
A MIC foi considerada a menor concentração do agente que inibiu o crescimento do
organismo. Estes valores foram utilizados para calcular a concentração inibitória fracionária
(FIC), definida como a razão do MIC entre o agente utilizado em combinação e o MIC do
agente antimicrobiano sozinho. O índice FIC (FICI) foi considerado como a soma dos FIC de
cada agente nas suas concentrações mais efetivas (ou seja, o menor FICI obtido foi utilizado;
BONAPACE et al., 2002):
42
A / MIC
A
+ B / MIC
B
= FIC
A
+
FIC
B
= Índice FIC (FICI)
A é a menor concentração inibitória do agente antimicrobiano em combinação. MIC
A
é a MIC do
agente antimicrobiano sozinho. FIC
A
é a concentração inibitória fracionária do agente antimicrobiano
A. B, FIC
B
são definidos da mesma maneira. FICI é a soma dos FIC de cada agente antimicrobiano.
Extraído de Eliopoulos e Moellering (1996).
Os dados foram analisados segundo o seguinte critério FICI0,5: sinergismo; 0,5-4,0:
sem interação e >4,0: antagonismo (ODDS, 2003). O ensaio foi realizado em duplicata.
e) Ensaio Hemolítico (modificado de FÁZIO et al., 2006)
Amostras de aproximadamente 8 mL de sangue de doadores saudáveis foram coletadas
em tubo a vácuo contendo heparina como anticoagulante. Os eritcitos foram separados por
centrifugação por 5 min a 4°C a 300 x g e lavados 3 vezes com tampão fosfato de sódio (PBS:
Na
2
HPO
4
10 mM, contendo 140 mM de NaCl e 2,7 mM de KCl, pH 7,4; 313 mOsm/kg de
água, medida pelo osmômetro OSMETTE A (Precision systems Inc, modelo 5002, EUA). O
concentrado de células foi suspenso em PBS e depois diluído para uma concentração de
eritrócitos de 0,44% em PBS ou em tampão fosfato isotônico (IGP: tampão fosfato de
potássio 1mM suplementado com 287 mM de glicose; pH 7,4, 314 mOsm/kg de água, medida
pelo osmômetro descrito acima; WEI; BOBEK, 2004).
Em alguns dos 96 poços de uma microplaca (TPP código 92096, Suíça), 90
µL da
suspensão 0,44% de eritrócitos de PBS foram adicionados a 10
µL de soluções de
concentrações variadas de Hb40-61
a em água (0,20-50 µM). Controles positivos (SDS 0,1%
em PBS) e negativos (água sem peptídeo) também foram feitos. Nos outros poços foram
colocados 180
µL da suspensão 0,44% de eritcitos em IGP, aos quais foram adicionados
20
µL de soluções de concentrações variadas de Hb40-61a em IGP (0,20-50 µM). Controles
positivos (SDS 0,1% em IGP) e negativos (IGP) também foram feitos. Após incubação por 1
h a 37°C e centrifugação a 300 x g a 4°C por 5 min, 50
µL dos sobrenadantes foram
43
transferidos para uma microplaca de 96 poços que foi submetida a leitura em 405 nm (
Figura
8).
A porcentagem de hemólise foi calculada usando a fórmula:
[(Abs peptídeo – Abs controle negativo)/(Abs controle positivo - Abs controle negativo)]
Os ensaios foram realizados em dois experimentos independentes em triplicatas.
f) Cinética de morte celular (modificado de DESTOUMIEX-GARZÓN et al., 2001)
Em cada um dos 96 poços de uma microplaca (TPP código 92096, Suíça) foram
colocados 10
µL de solução aquosa de Hb40-61a em água (25,0 µM ou 62,5 µM) e 80 µL da
suspensão de células de
C. albicans MDM8 na fase log de crescimento (concentração final: 1
x 10
4
células/mL de 1,2% PDB isento de NaCl). A cada poço foi adicionada água para um
volume final de 100
µL. Controles contendo água sem peptídeo foram feitos. A incubação foi
realizada a 30°C. Alíquotas de 10
µL dos controles foram retiradas nos tempos 0, 10, 20, e
40 min, 1 h, 2 h e 4 h e diluídas (100x, 1000x e 10000x em 1,2% PDB). Alíquotas de 50 µL
dos poços contendo peptídeo foram retiradas nos mesmos tempos e diluídas (5x, 10x ou 80x
em 1,2% PDB). Um volume de 50
µL destas suspensões sem diluição ou com diluição foi
inoculado em ágar Sabouraud e incubado por 24 h a 37°C para a contagem posterior das
colônias desenvolvidas.
3.5 Análises por dicrsmo circular
O dicroísmo circular é uma técnica espectroscópica baseada na diferença de absorção
de moléculas opticamente ativas da luz circularmente polarizada à direita e à esquerda e que
pode ser utilizada para determinar a estrutura secundária de proteínas e peptídeos em solução
(FORATO et al., 1998; GREENFIELD, 1999; SANTOS et al., 2007). Através dessa técnica
se obtém os valores de elipticidade:
44
onde
AE e AD são, respectivamente, absorbância da luz circularmente polarizada à esquerda e à
direita.
Os diferentes motivos estruturais apresentam espectros de CD característicos na região
do ultravioleta distante (178-250
nm): por exemplo, α-lices apresentam banda negativa a
222 e 208 nm e positiva a 193 nm; folhas
β apresentam banda larga negativa próxima a 218
nm e banda larga positiva próxima a 195 nm; banda larga negativa a 200 nm e larga positiva a
217 nm indicam ausência de estruturação (estrutura randômica; GREENFIELD, 1999). O
espectro de uma dada molécula permite avaliar a sua estrutura secundária, pois este será a
soma dos espectros de seus elementos estruturais (GREENFIELD, 1999).
Massas dos peptídeos Hb40-61a, Hb35-56a, Hb40-56a, [Ala
57
]Hb40-58a e Hb40-63
foram dissolvidos em água, pH 4,0 ou água contendo 200 mM de SDS, pH 4,0, produzindo
soluções de diferentes concentrações. Essas soluções foram submetidas ao registro dos
espectros a 20°C em espectropolarímetro Jasco J-810 (JASCO International Co. Ltd., Tokyo,
Japan) acoplado a um controlador de temperatura (Peltier Jasco PFD-425S) do Departamento
de Biosica da UNIFESP. Foram realizadas oito acumulações na faixa de comprimento de
onda 190-250 nm. Os dados obtidos em elipticidade,
θ, foram convertidos a elipticidade
molardia [
θ] (deg.cm
2
dmol
-1
).
45
Figura 8. Esquema para realização do ensaio hemolítico para os peptídeos estudados. A placa
mostra o ensaio em triplicata.
a
Ensaio em PBS
b
Ensaio em IGP.
Leitura a 405nm
Interpretação dos resultados
Centrifugação a 300g a 4°C
Incubação por 1h a 37°C
Suspensão de
eritcitos
Diluições seriadas
do peptídeo
1% SDS (controle positivo) ou
água
a
ou IGP
b
(controle negativo)
90µL
a
ou
180µL
b
10µL
a
ou
20µL
b
10µL
a
ou
20µL
b
50
µ
L sobrenadante
Controles positivos
Controles negativos
12
1
3 4 5 876
11
109
A
B
D
E
F
G
H
C
Controle
negativo
Controle
postivo
Concentrações variadas do peptídeo
1ha37
°
C
300 x g a 4°C
405 n
m
46
4 RESULTADOS
4.1 Síntese, purificação e caracterização química dos peptídeos
a) Considerações gerais
Os dados quantitativos de síntese, purificação e caracterização química dos
peptídeos estudados estão descritos nas Tabelas 4 e 5.
A síntese dos peptídeos Ac-Hb40-61, Ac-Hb40-61
a, Hb40-61a, Hb40-58a,
[Ala
57
]Hb40-58a, Hb40-56a, Hb35-56a e Hb40-63 ocorreu sem grandes problemas até o
acoplamento da Leu-47, a partir do qual parte das novas etapas de desproteção e acoplamento
tiveram de ser repetidas.
Apesar de não ter havido problemas nas purificações dos peptídeos brutos, os
rendimentos foram bastante baixos, o que pode ser explicado pela presença de contaminantes
de comportamentos cromatográficos similares aos dos peptídeos desejados.
b) Peptídeo Ac-KTYFPHFDLSHGSAQVKGHGAK-NH
2
(Ac-Hb40-61a)
O rendimento da etapa de clivagem do peptídeo da resina/desproteção total para fornecer o
peptídeo bruto foi de 45%. Os perfis de RP-HPLC do peptídeo bruto nos sistemas de
solventes contendo TFA (
Figura 9A) e TEAP (Figura 9B) revelaram a presença de diversos
componentes. A análise por LC-ESI/MS (Figura 9C) indicou que o peptídeo desejado era o
componente majoritário (pico 3) e os picos 1 e 4 correspondiam aos seguintes subprodutos da
ntese: o análogo deletado em uma Phe e o análogo contendo uma Ala adicional,
respectivamente. O componente correspondente ao pico 2 não foi identificado.
O rendimento total de obtenção do peptídeo, com pureza superior a 95%, foi de 2%
(
Figuras 10A e 10B). A composição de aminoácidos e a massa molar obtidas confirmaram a
47
Tabela 4. Resultados quantitativos das sínteses e purificações dos peptídeos estudados
Construção da cadeia peptídica
Clivagem do peptídeo da resina/
desproteção total
Purificação
Pepdeo
Resina (mg)/ GS (mmol/g) Peptidil-resina (mg) Peptidil-resina (mg) Peptídeo bruto
a
(mg) Peptídeo purificado (mg)
Ac-Hb40-61a - - 269,9 148,0
6,7 (fração 1
ária
)
2,1 (fração 2
ária
)
297,8 87,0
16,5 (fração 1
ária
)
5,6 (fração 2
ária
)
237,4 79,0
7,1 (fração 1
ária
)
6,2 (fração 2
ária
)
Hb40-61a 1000/0,35 1000
150,0
50,0 6,0 (fração 1
ária
)
300,3 162,9
1,9 (fração 1
ária
)
0,7 (fração 2
ária
)
Ac-Hb40-61 400/0,52 432
131,7 51,0 0,4 (fração 1
ária
)
Hb40-58a 500/0,22 703 295,2 147,3
2,9 (fração 1
ária
)
29,3 (fração 2
ária
)
[Ala
57
]Hb40-58a 600 /0,30 669 255,3 89,6
6,5 (fração 1
ária
)
6,9 (fração 2
ária
)
Hb40-56a 800/0,35 922 261,8 84,02 25,3 (fração 1
ária
)
243,0 88,8
1,5 (fração 1
ária
)
1,8 (fração 2
ária
)
Hb35-56a 380/0,35 380
137,0 15,3 <1 (fração 1
ária
)
Hb40-63 300 /0,45 317 149,0 58,6
7,2 (fração 1
ária
)
0,8 (fração 2
ária
)
GS: grau de substituição ou aminoacilação.
a
refere-se também à quantidade de material submetido à purificação.
48
Tabela 5. Caracterização química dos peptídeos sintetizados
Pureza (%)
Pepdeo
Sistema
contendo TFA
Sistema
contendo TEAP
Massa
molecular
obs. (calc.)
(u)
Composão molar de aminoácidos
i
obs. (calc.)
Conteúdo
Pepdico
(%)
j
Ac-Hb40-61a 99
a
95
e
2454,52
(2453,77)
K: 2,87 (3); A: 2,20 (2); T: 0,93 (1); G: 3,10 (3); V: 0,87 (1); S: 1,73 (2); P: 1,10 (1);
L: 1,00 (1); H: 2,97 (3); F: 2,17 (2); Q: 1,07 (1); D: 1,07 (1); Y: 0,97 (1).
65
Hb40-61a 100
b
100
f
2412,50
(2411,73)
K: 2,65 (3); A: 2,53 (2); T: 0,93 (1); G: 3,14 (3); V: 1,00 (1); S: 2,18 (2); P:1,15 (1);
L: 1,39 (1); H:2,30 (3); F: 2,05 (2); Q:1,16 (1); D: 1,36 (1); Y: 0,69 (1).
67
Ac-Hb40-61 96
a
100
e
2455,18
(2454,75)
K:2,72 (3); A: 1,86 (2); T: 0,94 (1); G: 2,40 (3); V: 1,00 (1); S: 1,66 (2); P: 1,09 (1);
L: 0,96 (1); H: 2,70 (3); F: 2,00 (2); Q: 1,09 (1); D: 1,19 (1); Y: 1,41 (1).
66
Hb40-58a 94
c
100
e
2156,08
(2155,42)
K: 1,93 (2); A: 1,09 (1); T: 0,90 (1); G: 1,88 (2); V: 1,00 (1); S: 1,46 (2); P: 0,98 (1);
L: 0,88 (1); H: 2,47 (3); F:1,86 (2); Q: 0,98 (1); D: 1,08 (1); Y: 1,25 (1)
84
[Ala
57
]Hb40-58a 98
a
99
g
2169,5
(2169,45)
K: 1,97 (2); A: 2,54 (2); T: 1,00 (1); G: 1,29 (1); V: 1,00 (1); S: 0,34 (2); P: 1,13 (1);
L: 1,12 (1); H: 1,88 (3); F:1,54 (2); Q: 1,02 (1); D: 1,09 (1); Y: 0,76 (1).
67
Hb40-56a 88
a
88
g
1961,70
(1961,23)
K: 2,26 (2); A: 1,33 (1); T: 0,47 (1); G: 1,09 (1); V: 1,00 (1); S: 0,91 (2); P: 0,61 (1);
L: 0,86 (1); H: 2,01 (2); F: 1,52 (2); Q: 0,90 (1); D: 0,85 (1); Y: 0,97(1).
76
Hb35-56a 100
d
100
g
2495,60
(2494,91)
K: 1,69 (2); A: 1,01 (1); T: 0,85 (3); G: 1,08 (1); V: 1,00 (1); S: 1,64 (2); P: 1,25 (2);
L: 0,82 (1); H: 0,62 (2); F: 2,28 (3); Q: 1,72 (1); D: 0,58 (1); Y: 0,22 (1).
67
Hb40-63 100
a
98
h
2583,00
(2582,93)
K: 2,00 (3); A: 3,05 (3); T: 0,80 (1); G: 2,65 (3); V: 2,00 (2); S: ND (2); P: 0,90 (1);
L: 0,80 (1); H: 2,10 (3); F: 1,90 (2); Q: 1,10 (1); D: 1,10 (1); Y: 1,10 (1).
55
Condições de análise por RP-HPLC: coluna Vydac C
18
, λ: 210 nm, fluxo: 1 mL/min, (a): solvente A: 0,1%TFA/H
2
O, solvente B: 60%ACN/0,09%TFA/H
2
O, gradiente linear:
30 a 60% de B em 30 min; (b): solvente A: 0,1%TFA/H
2
O, solvente B: 60%ACN/0,09%TFA/H
2
O, gradiente linear: 28 a 58% de B em 30 min; (c): solvente A:
0,1%TFA/H
2
O, solvente B: 60%ACN/0,09%TFA/H
2
O, gradiente linear: 20 a 50% de B em 30 min; (d):
solvente A: 0,1%TFA/H
2
O, solvente B: 60%ACN/0,09%TFA/H
2
O ,
gradiente linear: 32 a 62% de B em 30 min; (e): solvente A: TEAP, solvente B: 40%ACN/TEAP, gradiente linear: 30 a 60% de B em 30 min; (f): solvente A: TEAP, solvente
B: 60%ACN/TEAP e gradiente linear: 30 a 60% de B em 30 min; (g): solvente A: TEAP, solvente B: 45%ACN/TEAP e gradiente linear: 30 a 60% de B em 30 min; (h):
solvente A: TEAP, solvente B: 60%ACN/TEAP, gradiente linear: 20 a 50% de B em 30 min; (i) Os erros observados são toleráveis neste tipo de análise; (j) porcentagem em
massa do peptídeo na amostra seca.
49
Figura 9. Perfis de RP-HPC e LC/ESI-MS do Ac-Hb40-61a bruto. (A), (B) e (C): perfis de RP-
HPLC. (1), (2), (3) e (4): espectros de massa dos componentes em (C). Condições de RP-HPLC
: (A) e
(C): coluna Vydac C
18
, solvente A: 0,1%TFA/H
2
O, solvente B: 60%ACN/0,09%TFA/H
2
O, λ: 210nm,
fluxo: 1,0 mL/min
, gradiente linear: 30 a 60% de B em 30 min (A) e 5 a 95% de B em 30 min (C),
(B): coluna Vydac C
18
, solvente A: TEAP, solvente B: 40%ACN/TEAP, λ: 210 nm, fluxo: 1,0mL/min,
gradiente linear: 30 a 60% de B em 30 min. Condições de ESI-MS
: capilar: 3 kV, cone: 37 kV, modo
de ionização ES
+
.
Tempo (min)
Absorbância (AUFS)
Absorbância relativa (%)
Tempo (min)
0 10 20 30
0
10
20
30
25
50
75
100
5
10
3,0
0
13,
87
14,
50
16,
31
16,
83
15
20
25 30
0
(A)
(B)
(C)
25
50
75
1 00
0
1
2
3
4
(1)
(2)
Abundância relativa (%)
25
50
75
100
0
(3)
m/
z
(4)
m/
z
400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
662,3
993,0
957,7
792,7
769,1
638,9
400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
793,3
1226,0
1028,9
993,3
816,9
686,0
662,5
400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
1262,1
1227,4
842,0
818,6
632,0
400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
1298,4
1263,6
866,2
841,8
632,0
50
Figura 10. Perfis de RP-HPLC e LC/ESI-MS do Ac-Hb40-61a purificado. (A), (B) e (C): perfis
de RP-HPLC, (1): espectro de massa do componente em (C). Condições de RP-HPLC
: (A) e (C):
coluna Vydac C
18
, solvente A: 0,1%TFA/H
2
O, solvente B: 60%ACN/0,09%TFA/H
2
O, λ: 210nm,
fluxo: 1,0mL/min
gradiente linear: 30 a 60% de B em 30 min (A) ou 5 a 95% de B em 30 min (C),
B: coluna Vydac C
18
, solvente A: TEAP, solvente B: 40%ACN/TEAP, λ: 210 nm, fluxo:
1,0mL/min,
gradiente linear: 30 a 60% de B em 30 min. Condições de ESI-MS: capilar: 3 kV, cone:
50 kV, modo de ionização: ES
+
.
Tempo (min)
Tempo (min)
Absorbância relativa (%)
25
50
75
100
0
5
10 15
20
25
30
0
(C)
1
Abundância relativa (%)
Absorbância
(
AUFS
)
0 10 20 30 0 10 20 30
(A) (B)
25
50
75
100
0
(1)
500 1000 1500 2000 2500
1637,3
1228,0
819,0
614,4
m/
z
2
+
[M+2H]
[M+3H]
3
+
[M+4H]
4
+
51
sua identidade (
Tabelas 4 e 5).
c) Peptídeo KTYFPHFDLSHGSAQVKGHGAK-NH
2
(Hb40-61a)
Neste caso, o rendimento da etapa de clivagem do peptídeo da resina/desproteção
total, que forneceu o peptídeo bruto, foi de 35%. Os perfis de RP-HPLC do peptídeo bruto nos
sistemas de solventes contendo TFA (Figura 11A) e TEAP (Figura 11B) e a análise por
LC/ESI-MS mostraram que o produto principal era o peptídeo desejado (Figura 11C).
O rendimento total de obtenção do peptídeo com pureza de praticamente 100% segundo
a Figura 12 foi de 7%. A composição de aminoácidos e a massa molar obtidas concordam
com os valores teóricos e os erros observados são toleráveis (Tabela 5).
d) Peptídeo Ac-KTYFPHFDLSHGSAQVKGHGAK
(Ac-Hb40-61)
O rendimento da etapa de clivagem do peptídeo da resina/desproteção, para a
obtenção do peptídeo bruto, foi de 46%. Os perfis de RP-HPLC nos sistemas de solventes
contendo TFA e TEAP estão mostrados nas Figuras 13A e 13B. O peptídeo desejado foi
identificado por LC-ESI/MS como correspondente ao pico 4 na Figura 13C. Os outros
componentes (picos 1 e 2) foram identificados como isômeros do subproduto Ac-
HGSAQVKGHGAK. O componente correspondente ao pico 3 não foi identificado.
O rendimento total, de obtenção do peptídeo com pureza superior a 95% (
Figuras 14A
e 14B
), foi de 0,6%. A composição de aminoácidos e a massa molar obtidas concordaram
com os valores teóricos (Tabela 5).
e) Peptídeo KTYFPHFDLSHGSAQVKGH-NH
2
(Hb40-58a)
O rendimento da etapa de clivagem do peptídeo da resina/desproteção total, que
forneceu o peptídeo bruto, foi de 72%. Analisado nos sistemas de solventes contendo TFA
(Figura 15A) e TEAP (Figura 15B), este apresentou um pico majoritário que demonstrou
ser o peptídeo desejado por LC-ESI/MS (pico 2 na Figura 15C). O componente correspondente
52
Figura 11. Perfis de RP-HPLC e LC/ESI-MS do Hb40-61a bruto. (A), (B) e (C): perfis de RP-
HPLC. (1): espectro de massa do componente em (C). Condições de RP-HPLC
: (A) e (C): coluna
Vydac C
18
, solvente A: 0,1%TFA/H
2
O, solvente B: 60%ACN/0,09%TFA/H
2
O, λ: 210 nm, fluxo: 1,0
mL/min
, gradiente linear: 28 a 58% de B em 30 min (A) e 5 a 95% de B em 30 min (C), (B): coluna
Vydac C
18
, solvente A: TEAP, solvente B: 40%ACN/TEAP, λ: 210nm, fluxo: 1,0mL/min, gradiente
linear: 30 a 60% de B em 30 min. Condições de ESI-MS
: capilar: 3 kV, cone: 37 kV, modo de
ionização ES
+
.
Tempo (min)
Absorbância (AUFS)
Absorbância relativa (%)
Tempo (min)
0 10 20
30
0
10
20
30
5
10 15
20
25
30
0
(A)
(B)
(C)
1
25
50
75
100
0
(1)
Abundância relativa (%)
25
50
75
100
0
m/
z
40
600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
840,0
1206,6
804,7
758,9
603,79
40
53
Tempo (min)
Absorbância (AUFS)
Absorbância relativa (%)
Tempo (min)
0 10 20
30
0 10
20 30
5
10 15
20
25 30
0
(A)
(B)
(C)
1
25
50
75
100
0
(1)
Abundância relativa (%)
25
50
75
100
0
m/
z
600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
1207,4
805,3
604,2
805,3
[M+3H]
3
+
[M+2H]
2
+
Figura 12. Perfis de RP-HPLC e LC/ESI-MS do Hb40-61a purificado. (A), (B) e (C): perfis d
e
RP-HPLC. (1): espectro de massa do componente em (C). Condições de RP-HPLC: (A) e (C):
coluna Vydac C
18
, solvente A: 0,1%TFA/H
2
O, solvente B: 60%ACN/0,09%TFA/H
2
O, λ: 210 nm,
fluxo: 1,0 mL/min
, gradiente linear: 28 a 58% de B em 30 min (A) e 5 a 95% de B em 30 min (C),
(B): coluna Vydac C
18
, solvente A: TEAP, solvente B: 40%ACN/TEAP, λ: 210 nm, fluxo:
1,0mL/min
, gradiente linear: 30 a 60% de B em 30 min. Condições de ESI-MS: capilar: 3 kV, cone:
37 kV
,
modo de ioniza
ç
ão ES
+
.
54
Tempo (min)
Absorbância (AUFS)
Absorbância relativa (%)
Tempo (min)
0 10 20
30
0
10
20 30
5
10 15
20
25
30
0
(A)
(B)
(C)
1
2
(1)
(2)
m/
z
25
50
75
100
0
25
50
75
100
0
Abundância relativa (%)
Figura 13. Perfis de RP-HPLC e LC/ESI-MS do Ac-Hb40-61 bruto. (A), (B) e (C): perfis de RP-
HPLC. (1), (2), (3) e (4): espectros de massa dos componentes em (C). Condições de RP-HPLC
: (A) e
(C): coluna Vydac C
18
, solvente A: 0,1%TFA/H
2
O, solvente B: 60%ACN/0,09%TFA/H
2
O, λ: 210
nm, fluxo: 1,0 mL/min
, gradiente linear: 30 a 60% de B em 30 min (A) e 5 a 95% de B em 30 min
(C), (B): coluna Vydac C
18
, solvente A: TEAP, solvente B: 40%ACN/TEAP, λ: 210 nm, fluxo:
1,0mL/min
, gradiente linear: 30 a 60% de B em 30 min. Condições de ESI-MS: capilar: 3 kV, cone:
37 kV
,
modo de ioniza
ç
ão ES
+
.
500 1000 1500 2000 2500
452,9
678,5
1219,1
609,9
500 1000 1500 2000 2500
614,4
864,5
1227,8
818,9
3
4
m/
z
25
50
75
100
0
(3)
(4)
500 1000150020002500
1219,1
610,2
500 1000150020002500
773,4
625,14
549,2
1248,7
832,8
55
Tempo (min)
Absorbância (AUFS)
Absorbância relativa (%)
Tempo (min)
0 10 20
30
0
10
20 30
5
10 15
20
25
30
0
(A)
(C)
1
25
50
75
100
0
(1)
Abundância relativa (%)
25
50
75
100
0
m/
z
Figura 14. Perfis de RP-HPLC e LC/ESI-MS do Ac-Hb40-61 purificado. (A), (B) e (C): perfis
de RP-HPLC. (1): espectro de massa do componente em (C). Condições de RP-HPLC
: (A) e (C):
coluna Vydac C
18
, solvente A: 0,1%TFA/H
2
O, solvente B: 60%ACN/0,09%TFA/H
2
O, λ: 210 nm,
fluxo: 1,0 mL/min
, gradiente linear: 30 a 60% de B em 30 min (A) e 5 a 95% de B em 30 min (C),
(B): coluna Vydac C
18
, solvente A: TEAP, solvente B: 40%ACN/TEAP, λ: 210 nm, fluxo:
1,0mL/min
, gradiente linear: 30 a 60% de B em 30 min. Condições de ESI-MS: capilar: 3 kV, cone:
50 kV
,
modo de ioniza
ç
ão ES
+
.
400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
615,0
1228,8
819,7
[M+4H]
4
+
[M+3H]
3
+
[M+2H]
2
+
(B)
56
Tempo (min)
Absorbância (AUFS)
Absorbância relativa (%)
Tempo (min)
0 10 20
30
0
10
20 30
5
10 15
20
25
30
0
(A)
(B)
(C)
1
2
(1)
(2)
Abundância relativa (%)
25
50
75
100
0
25
50
75
100
0
Figura 15. Perfis de RP-HPLC e LC/ESI-MS do Hb40-58a bruto (A), (B) e (C): perfis de RP-
HPLC. (1), (2), (3) e (4): espectros de massa dos componentes em (C). Condições de RP-HPLC
: (A) e
(C): coluna Vydac C
18
, solvente A: 0,1%TFA/H
2
O, solvente B: 60%ACN/0,09%TFA/H
2
O, λ: 210 nm,
fluxo: 1,0 mL/min
, gradiente linear: 20 a 50% de B em 30 min (A) e 5 a 95% de B em 30 min (C),
(B): coluna Vydac C
18
, solvente A: TEAP, solvente B: 40%ACN/TEAP, λ: 210 nm, fluxo: 1,0mL/min,
gradiente linear: 30 a 60% de B em 30 min. Condições de ESI-MS: capilar: 3 kV, cone: 20 kV, modo
de ioniza
ç
ão ES
+
.
600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
654,9
553,4
681,5
1021,34
829,4
712,3
400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
1436,4
1078,5
719,2
539,7
m/
z
40
40
57
ao pico 1 foi identificado como o subproduto da síntese Ac-FDLSHGSAQVKGH-NH
2
(Ac-Hb46-58a).
O rendimento total de obtenção do peptídeo com grau de pureza superior a 90%
(Figuras 16A e 16B) foi de 1%. A Figura 16C mostra os resultados de sua análise por RP-
HPLC e LC-ESI/MS. A massa molar e a composição molar de aminoácidos obtida permitiram
confirmar a identidade do mesmo (Tabela 5).
f) Peptídeo KTYFPHFDLSHGSAQVKAH-NH
2
([Ala
57
]Hb40-58a)
Neste caso, o rendimento de clivagem do peptídeo da resina/desproteção total, que
forneceu o peptídeo bruto, foi de 60%. As análises por RP-HPLC nos sistemas de solventes
contendo TFA (Figura 17A) e TEAP (Figura 17B) revelaram a presença de dois
contaminantes, já que o peptídeo desejado foi identificado por LC-ESI/MS como
correspondente ao pico 2 na Figura 17C.
O rendimento total de obtenção do peptídeo, com grau de pureza superior a 95%
(Figuras 18A e 18B), foi de 4%. A composição de aminoácidos e a massa molar obtidas
concordaram com as teóricas (Tabela 5).
g) Peptídeo KTYFPHFDLSHGSAQVK-NH
2
(Hb40-56a)
O rendimento da etapa de clivagem do peptídeo da resina/desproteção total para
fornecer o peptídeo bruto foi de 54%. Quando foi analisado nos sistemas de solventes
contendo TFA (
Figura 19A) e TEAP (Figura 19B), este apresentou um componente (pico 1)
identificado por LC-ESI/MS como correspondente ao peptídeo desejado (Figura 19C).
O rendimento total de obtenção do peptídeo Hb40-56a, com grau de pureza superior a
85% (
Figuras 20A e 20B), foi de 16%. A massa molar e a composição de aminoácidos
obtidas concordaram com os valores teóricos (
Tabela 5). Os erros observados na análise de
amincidoso toleráveis.
58
(1)
Abundância relativa (%)
25
50
75
100
0
m/
z
400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
1078,3
719,1
539,3
Absorbância relativa (%)
Tempo (min)
5
10 15
20
25 30
0
(C)
1
25
50
75
100
0
Tempo (min)
Absorbância (AUFS)
0 10 20
30
0
10
20 30
(A)
(B)
[M+4H]
4
+
[M+3H]
3
+
[M+2H]
2
+
Figura 16. Perfis de RP-HPLC e LC/ESI-MS do Hb40-58a purificado. (A), (B) e (C): perfis de
RP-HPLC. (1): espectro de massa do componente em (C). Condições de RP-HPLC
: (A) e (C): coluna
Vydac C
18
, solvente A: 0,1%TFA/H
2
O, solvente B: 60%ACN/0,09%TFA/H
2
O, λ: 210 nm, fluxo: 1,0
mL/min
, gradiente linear: 20 a 50% de B em 30 min (A) e 5 a 95% de B em 30 min (C), (B): coluna
Vydac C
18
, solvente A: TEAP, solvente B: 40%ACN/TEAP, λ: 210 nm, fluxo: 1,0mL/min, gradiente
linear: 30 a 60% de B em 30 min. Condições de ESI-MS
: capilar: 3 kV, cone: 37 kV, modo de
ioniza
ç
ão ES
+
.
59
Tempo (min)
Absorbância (AUFS)
Absorbância relativa (%)
Tempo (min)
0 10 20
30
0
10
20 30
5
10 15
20
25
30
0
(A)
(B)
(C)
1
2
(1)
(2)
Abundância relativa (%)
m/
z
25
50
75
100
0
25
50
75
100
0
Figura 17. Perfis de RP-HPLC e LC/ESI-MS do [Al
a
57
]Hb40-58a bruto (A), (B) e (C): perfis de
RP-HPLC. (1) e (2): espectros de massa dos componentes em (C). Condições de RP-HPLC
: (A) e
(C): coluna Vydac C
18
, solvente A: 0,1%TFA/H
2
O, solvente B: 60%ACN/0,09%TFA/H
2
O, λ: 210
nm, fluxo: 1,0 mL/min
, gradiente linear: 30 a 60% de B em 30 min (A) e 5 a 95% de B em 30 min
(C), (B): coluna Vydac C
18
, solvente A: TEAP, solvente B: 45%ACN/TEAP, λ: 210 nm, fluxo:
1,0mL/min
, gradiente linear: 30 a 60% de B em 30 min. Condições de ESI-MS: capilar: 3 kV,
cone: 20 kV
,
modo de ioniza
ç
ão ES
+
.
600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200
1176,7
624,2
588,8
600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200
732,1
1085,8
724,2
543,3
60
Tempo (min)
Absorbância (AUFS)
Absorbância relativa (%)
Tempo (min)
0 10 20
30
0
10
20 30
5
10 15
20
25
30
0
(A)
(B)
(C)
1
25
50
75
100
0
(1)
Abundância relativa (%)
25
50
75
100
0
m/
z
Figura 18. Perfis de RP-HPLC e LC/ESI-MS do [Al
a
57
]Hb40-58a purificado. (A), (B) e (C):
perfis de RP-HPLC. (1): espectro de massa do componente em (C). Condições de RP-HPLC
: (A)
e
(C): coluna Vydac C
18
, solvente A: 0,1%TFA/H
2
O, solvente B: 60%ACN/0,09%TFA/H
2
O, λ: 210
nm, fluxo: 1,0 mL/min
, gradiente linear: 30 a 60% de B em 30 min (A) e 5 a 95% de B em 30 mi
n
(C), (B): coluna Vydac C
18
, solvente A: TEAP, solvente B: 45%ACN/TEAP, λ: 210 nm, fluxo:
1,0mL/min
, gradiente linear: 30 a 60% de B em 30 min. Condições de ESI-MS: capilar: 3 kV,
cone: 37 kV
,
modo de ioniza
ç
ão ES
+
.
600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200
543,3
1446,8
1085,2
723,8
[M+4H]
4
+
[M+3H]
3
+
[M+2H]
2
+
61
Tempo (min)
Absorbância (AUFS)
Absorbância relativa (%)
Tempo (min)
0 10 20
30
0
10
20 30
5
10 15
20
25
30
0
(A)
(B)
(C)
1
(1)
Abundância relativa (%)
m/
z
25
50
75
100
0
25
50
75
100
0
Figura 19. Perfis de RP-HPLC e LC/ESI-MS do Hb40-56a bruto (A), (B) e (C): perfis de RP-HPLC.
(1), (2), (3) e (4): espectros de massa dos componentes em (C). Condições de RP-HPLC
: (A) e (C):
coluna Vydac C
18
, solvente A: 0,1%TFA/H
2
O, solvente B: 60%ACN/0,09%TFA/H
2
O, λ: 210 nm, fluxo:
1,0 mL/min
, gradiente linear: 30 a 60% de B em 30 min (A) e 5 a 95% de B em 30 min (C), (B): coluna
Vydac C
18
, solvente A: TEAP, solvente B: 45%ACN/TEAP, λ: 210 nm, fluxo: 1,0mL/min, gradiente
linear: 30 a 60% de B em 30 min. Condições de ESI-MS
: capilar: 3 kV, cone: 37 kV, modo de ionização
ES
+
.
500 1000 1500 2000 2500
654,9
981,8
40
62
Tempo (min)
Absorbância (AUFS)
Absorbância relativa (%)
Tempo (min)
0 10 20
30
0
10
20 30
5
10 15
20
25
30
0
(A)
(B)
(C)
1
25
50
75
100
0
(1)
Abundância relativa (%)
25
50
75
100
0
m/
z
Figura 20. Perfis de RP-HPLC e LC/ESI-MS do Hb 40-56a purificado. (A), (B) e (C): perfis de RP-
HPLC. (1): espectro de massa do componente em (C). Condições de RP-HPLC
: (A) e (C): coluna Vydac
C
18
, solvente A: 0,1%TFA/H
2
O, solvente B: 60%ACN/0,09%TFA/H
2
O, λ: 210nm, fluxo: 1,0 mL/min,
gradiente linear: 30 a 60% de B em 30 min (A) e 5 a 95% de B em 30 min (C), (B): coluna Vydac C
18
,
solvente A: TEAP, solvente B: 45%ACN/TEAP, λ: 210nm, fluxo: 1,0mL/min
, gradiente linear: 30
a
60% de B em 30 min. Condições de ESI-MS: capilar: 3 kV, cone: 20 kV, modo de ionização ES
+
.
600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
1307,4
981,2
654,4
MH
2
2+
MH
3
3+
63
h) Peptídeo SFPTTKTYFPHFDLSHGSAQVK-NH
2
(Hb35-56a)
Neste caso, a peptidil-resina Hb40-56-Rink amida foi alongada pela introdução de
mais cinco resíduos. Como se pode observar, a qualidade do peptídeo bruto piorou muito, o
que foi indicado pela presença de vários picos no perfil por RP-HPLC (Figuras 21A e 21B).
Em uma nova tentativa, foram feitas modificações no protocolo de síntese, tais como a troca
do reagente acoplador e a utilização de solventes contendo sais caotrópicos (THALER;
SEEBACH, 1991). No entanto, estas alterações não levaram a um peptídeo bruto de melhor
qualidade (dados não mostrados).
O rendimento de clivagem do peptídeo da resina/desproteção total que levou ao
peptídeo bruto foi de 42%. Os perfis por RP-HPLC do peptídeo bruto apresentaram diversos
componentes (
Figuras 21A e 21B), sendo que o peptídeo desejado foi identificado por LC-
ESI/MS como correspondente ao componente majoritário 2 (Figura 21C). O componente
correspondente ao pico 3 foi identificado como sendo um subproduto que contém um resíduo
de Pro adicional; o componente 1 não pôde ser identificado.
O rendimento total de obtenção do purificado, com grau de pureza superior a 95%
(
Figuras 22A e 22B), foi de 0,3%. Este foi caracterizado por LC-ESI/MS (Figura 22C) e
análise de aminoácidos. Os resultados obtidos concordaram com os valores teóricos (os erros
observados na análise de aminoácidos são toleráveis).
i) Peptídeo KTYFPHFDLSHGSAQVKGHGAKVA (Hb40-63)
O rendimento da etapa de clivagem do peptídeo da resina/desproteção total, que
forneceu o peptídeo bruto, foi de 36%. O peptídeo bruto obtido, analisado nos sistemas de
solventes contendo TFA (
Figura 23A) e TEAP (Figura 23B), mostrou conter o peptídeo
desejado identificado por LC-ESI/MS como correspondente ao pico 2 na
Figura 23C. O
componente correspondente ao pico 1 não foi identificado.
O rendimento total de obtenção do peptídeo purificado [grau de pureza superior a 95%
64
Tempo (min)
Absorbância (AUFS)
Absorbância relativa (%)
Tempo (min)
0 10 20
30
0
10
20 30
5
10 15
20
25
30
0
(A)
(B)
(C)
1
2
3
(1)
(2)
Abundância relativa (%)
(3)
m/
z
m/
z
25
50
75
100
0
25
50
75
100
0
25
50
75
100
0
Figura 21. Perfis de RP-HPLC e LC/ESI-MS do Hb35-56a bruto (A), (B) e (C): perfis de RP-
HPLC. (1), (2), (3): espectros de massa dos componentes em (C). Condições de RP-HPLC
: (A) e (C):
coluna Vydac C
18
, solvente A: 0,1%TFA/H
2
O, solvente B: 60%ACN/0,09%TFA/H
2
O, λ: 210 nm,
fluxo: 1,0 mL/min
, gradiente linear: 32 a 62% de B em 30 min (A) e 5 a 95% de B em 30 min (C),
(B): coluna Vydac C
18
, solvente A: TEAP, solvente B: 45%ACN/TEAP, λ: 210 nm, fluxo: 1,0mL/min,
gradiente linear: 30 a 60% de B em 30 min. Condições de ESI-MS: capilar: 3 kV, cone: 20 kV, modo
de ionização ES
+
.
500 1000 1500 2000 2500
2367,3
1830,0
1053,4
1002,8
832,8
668,9
500 1000 1500 2000 2500
1665,1
1248,6
832,8
624,7
500 1000 1500 2000 2500
649,0
1297,2
864,7
40
40
65
Tempo (min)
Absorbância (AUFS)
Absorbância relativa (%)
Tempo (min)
0 10 20
30
0
10
20 30
5
10 15
20
25
30
0
(A)
(B)
(C)
1
25
50
75
100
0
(1)
Abundância relativa (%)
25
50
75
100
0
m/
z
Figura 22. Perfis de RP-HPLC e LC/ESI-MS do Hb35-56a purificado. (A), (B) e (C): perfis de
RP-HPLC. (1): espectro de massa do componente em (C). Condições de RP-HPLC
: (A) e (C): coluna
Vydac C
18
, solvente A: 0,1%TFA/H
2
O, solvente B: 60%ACN/0,09%TFA/H
2
O, λ: 210 nm, fluxo: 1,0
mL/min
, gradiente linear: 32 a 62% de B em 30 min (A) e 5 a 95% de B em 30 min (C), (B): coluna
Vydac C
18
, solvente A: TEAP, solvente B: 45%ACN/TEAP, λ: 210 nm, fluxo: 1,0mL/min, gradiente
linear: 30 a 60% de B em 30 min. Condições de ESI-MS
: capilar: 3 kV, cone: 20 kV, modo de
ioniza
ç
ão ES
+
.
600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
1247,5
624,3
832,2
[M+4H]
4
+
[M+3H]
3
+
[M+2H]
2
+
66
Tempo (min)
Absorbância (AUFS)
Absorbância relativa (%)
Tempo (min)
0 10 20
30
0
10
20 30
5
10 15
20
25
30
0
(B)
(C)
1
2
(1)
(2)
Abundância relativa (%)
m/
z
25
50
75
100
0
25
3
+
50
75
100
0
Figura 23. Perfis de RP-HPLC e LC/ESI-MS do Hb40-63 bruto (A), (B) e (C): perfis d
e
RP-
HPLC. (1), (2): espectros de massa dos componentes em (C). Condições de RP-HPLC
: (A) e (C):
coluna Vydac C
18
, solvente A: 0,1%TFA/H
2
O, solvente B: 60%ACN/0,09%TFA/H
2
O, λ: 210 nm,
fluxo: 1,0 mL/min
, gradiente linear: 30 a 60% de B em 30 min (A) e 5 a 95% de B em 30 min (C),
(B): coluna Vydac C
18
, solvente A: TEAP, solvente B: 60%ACN/TEAP, λ: 210 nm, fluxo:
1,0mL/min
, gradiente linear: 20 a 50% de B em 30 min. Condições de ESI-MS: capilar: 3 kV, cone:
37 kV
,
modo de ioniza
ç
ão ES
+
.
800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200 2400
1210,8
1043,7
926,4
807,5
800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200 2400
819,2
1292,3
861,9
40
(A)
67
(
Figuras 24A e 24B)] foi de 4%. A massa molar e a composição de aminoácidos obtidas
confirmaram sua identidade (Tabela 5).
4.2 Bioensaios
a) Atividade antifúngica
As MICs dos peptídeos antimicrobianos frente a C. albicans MDM8 estão descritas na
Tabela 6.
Tabela 6. Nomes, seqüências e MICs frente a C. albicans MDM8 dos peptídeos estudados.
a
: MICs foram expressos como o intervalo de concentrações [a]-[b], onde [a] é a maior concentração testada na
qual o microorganismo cresceu e [b] é a menor que causou total inibão do crescimento. A atividade antifúngica
foi determinada utilizando o método de dliuição em caldo segundo Fehlbaum et al. (1994), em meio PDB sem
adição de NaCl.
Como se pode observar, dentre os peptídeos estudados, o peptídeo Hb40-61a é o
análogo que representa a porção mínima capaz de expressar a atividade antifúngica do Hb33-
61a. De fato, a acetilação do grupo N-terminal levou a uma redução de 4 vezes da MIC; a
retirada de três e cinco resíduos do C-terminal levou a análogos menos ativos: Hb40-58a (2
vezes) e Hb40-56a (32 vezes). A adição da porção Val
62
-Ala
63
no C-terminal substituiu o
efeito da amidação. A troca da Gly
57
por Ala
para dar o análogo [Ala
57
]Hb40-58a não causou
alteração na MIC do Hb40-58
a. A introdução da porção Ser
35
-Thr
39
no peptídeo Hb40-56a,
levou ao Hb35-56
a, que foi não ativo.
Com base nesses resultados, testes antifúngicos frente a outras cepas de C. albicans
Peptídeos Seqüência
MIC (µM)
a
Hb33-61a FLSFPTTKTYFPHFDLSHGSA QVKGHGAK-NH
2
3,12-6,25
Hb40-61a KTYFPHFDLSHGSAQVKGHGAK-NH
2
3,12-6,25
AcHb40-61a Ac-KTYFPHFDLSHGSAQVKGHGAK-NH
2
12,5-25,0
Hb40-58
a KTYFPHFDLSHGSAQVKGH-NH
2
6,25-12,50
[Ala
57
]Hb40-58a KTYFPHFDLSHGSAQVKAH-NH
2
6,25-12,50
Hb40-56
a KTYFPHFDLSHGSAQVK-NH
2
100-200
Hb35-56a SFPTTKTYFPHFDLSHGSAQVK-NH
2
>200
Hb40-63 KTYFPHFDLSHGSAQVKGHGAKVA 3,12-6,25
68
Tempo (min)
Absorbância (AUFS)
Absorbância relativa (%)
Tempo (min)
0 10 20
30
0
10
20 30
5
10 15
20
25
30
0
(A)
(B)
(C)
1
25
50
75
100
0
(1)
Abundância relativa (%)
25
50
75
100
0
m/
z
Figura 24. Perfis de RP-HPLC e LC/ESI-MS do Hb40-63 purificado. (A), (B) e (C): perfis de
RP-HPLC. (1): espectro de massa do componente em (C). Condições de RP-HPLC
: (A) e (C):
coluna Vydac C
18
, solvente A: 0,1%TFA/H
2
O, solvente B: 60%ACN/0,09%TFA/H
2
O, λ: 210 nm,
fluxo: 1,0 mL/min
, gradiente linear: 30 a 60% de B em 30 min (A) e 5 a 95% de B em 30 min (C),
(B): coluna Vydac C
18
, solvente A: TEAP, solvente B: 60%ACN/TEAP, λ: 210 nm, fluxo:
1,0mL/min
, gradiente linear: 20 a 50% de B em 30 min. Condições de ESI-MS: capilar: 3 kV, cone:
37 kV
,
modo de ioniza
ç
ão ES
+
.
800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200 2400
1291,9
861,7
[M+3H]
3
+
[M+2H]
2
+
69
foram realizados com o peptídeo Hb40-61
a e este se mostrou ativo como mostrado na Tabela
7 .
Tabela 7. Atividade antifúngica do peptídeo Hb40-61a frente a outras cepas de C. albicans.
Cepa MIC (µM)
a
ATCC 90028 6,2-12,5
IAL 2151 6,2-12,5
a
: MICs foram expressos como o intervalo de concentrações [a]-[b], onde [a] é a maior concentração testada na
qual o microorganismo cresceu e [b] é a menor que causou total inibão do crescimento. A atividade antifúngica
foi determinada utilizando o método de dliuição em caldo segundo Fehlbaum et al. (1994), em meio PDB sem
adição de NaCl.
Os testes preliminares frente a outras espécies do gênero Candida, feitos de acordo
com a CLSI com algumas modificações usando a anfotericina B como controle e referência
forneceram os resultados mostrados na
Tabela 8.
Tabela 8. Atividade antifúngica do peptídeo Hb40-61a e anfotericina B frente a espécies do
nero Candida.
MIC (µg/mL/µM)
Anfotericina B Hb40-61a
Meio de Cultura
Meio de Cultura
Microorganismo
YNB PDB YNB PDB
C. albicans ATCC 90028
>2,0 / >2,2
1,0-2,0 /
1,1-2,2
>482,6/
>200,0
241,3-482,6/
100,0-200,0
C. albicans IAL2151
- -
>482,6/
>200,0
60,3-120,6/
25,0-50,0
C. glabrata ATCC 90030
- - -
>482,6/
>200,0
C. krusei ATCC 6258
- - -
60,3-120,6/
25,0-50,0
C. parapsilosis ATCC 22019
- - -
120,6-241,3/
50,0-100,0
a
: MICs foram expressos como o intervalo de concentrações [a]-[b], onde [a] é a maior concentração testada na
qual o microorganismo cresceu e [b] é a menor que causou total inibão do crescimento. A atividade antifúngica
foi determinada utilizando o método de microdiluição em caldo segundo CLSI, com modificações, em meio
PDB sem adição de sal ou em YNB (contém fosfato de magnésio monobásico 1,0 g/L, sulfato de magnésio 0,5
g/L, cloreto de sódio 0,1 g/L e cloreto de cálcio 0,1 g/L); (-): não determinado.
Como se observa, o peptídeo não se mostrou ativo frente às duas cepas de C. albicans
testadas no meio YNB e à C. glabrata ATCC 90030 no meio PDB. Ele, porém, apresentou
70
baixa atividade no meio PDB frente a
C. albicans ATCC 90028 e C. parapsilosis ATCC
22019 no meio PDB, mas foi ativo frente à cepa com resistência a fluconazol e C. krusei.
Estas atividades, entretanto, foram muito inferiores às da anfotericina B frente a C. albicans
ATCC 90028 em meio PDB.
b) Atividade antibacteriana
As MICs dos peptídeos estudados frente a M. luteus A270 estão descritos na Tabela 9.
Tabela 9. Nomes, seqüências e MICs frente a M. luteus A270 dos peptídeos estudados.
Peptídeos Seqüência
MIC (µM)
a
Hb33-61a FLSFPTTKTYFPHFDLSHGSAQVKGHGAK-NH
2
1,6-3,1
Hb33-52a FLSFPTTKTYFPHFDLSHGS-NH
2
>100,0
Hb40-61
a KTYFPHFDLSHGSAQVKGHGAK-NH
2
6,2-12,5
Hb40-58a KTYFPHFDLSHGSAQVKGH-NH
2
25,0-50,0
[Ala
57
]Hb40-58a KTYFPHFDLSHGSAQVKAH-NH
2
25,0-50,0
Hb40-56a KTYFPHFDLSHGSAQVK-NH
2
>100,0
Hb48-61
a LSHGSAQVKGHGAK-NH
2
50,0-100,0
a
: MICs foram expressos como o intervalo de concentrações [a]-[b], onde [a] é a maior concentração testada na
qual o microorganismo cresceu e [b] é a menor que causou total inibão do crescimento. A atividade antifúngica
foi determinada utilizando o método de microdiluição em caldo segundo Bulet et al. (1993), em meio PB com
adição de 34,25 mM de NaCl.
Os análogos com redução do N-terminal Hb40-61a e Hb48-61a foram 4 e 32 vezes
menos ativo do que o Hb33-61a, respectivamente. A redução maior da região C-terminal para
dar o análogo Hb40-58
a causou a redução de 16 vezes na atividade antibacteriana. O análogo
Hb40-56
a não foi ativo nas concentrações testadas. A troca da Gly-57 por uma Ala para dar o
peptídeo [Ala
57
]Hb40-58a não causou a alteração da atividade do Hb40-58.
Em resumo, nestes casos o peptídeo Hb40-61a não se comportou como porção ativa
mínima do Hb33-61a.
Testes preliminares do peptídeo Hb40-61a frente a outras bactérias Gram-positivas S.
epidermidis e B. megaterium
e a Gram-negativa S. marcescens foram feitos em meios
contendo 86 mM de NaCl. Nas condições dos testes, ele não se mostrou ativo (
Tabela 10).
71
Tabela 10. Atividade antibacteriana do Hb40-61a frente a bactérias.
Espécie MIC (µM)
a
S. epidermidis >200,0
B. megaterium >200,0
S. marcescens >200,0
a
: MIC: concentração inibitória mínima. A atividade antifúngica foi determinada utilizando o método de dliuição
em caldo segundo Bulet et al. (1993), em meio PB com adição de 86 mM de NaCl.
c) Efeito da força iônica do meio nas atividades dos peptídeos estudados frente a C.
albicans e M. luteus
Os peptídeos testados não foram ativos quando os ensaios frente a C. albicans foram
feitos em alta concentração de NaCl (Tabela 11).
Tabela 11. Efeito da salinidade na atividade frente a C. albicans MDM8.
Pepdeo
MIC (µM)
a
Hb35-56a >200,0
Hb40-56a >200,0
Hb40-58a >200,0
[Ala
57
]Hb40-58a >200,0
Hb40-61a >200,0
Ac-Hb40-61
a >200,0
a
: MICs: Concentração inibitória mínima. A atividade antifúngica foi determinada utilizando o método de
dliuição em caldo segundo Fehlbaum et al. (1994), em meio PDB com adição de 137mM NaCl.
A Tabela 12 mostra o efeito da concentração de NaCl nas MICs do Hb40-61a frente a
C. albicans MDM8 e M. luteus A270.
Tabela 12. Efeito da concentrão de NaCl nas MICs do peptídeo Hb40-61a frente a C. albicans
MDM8 (A) e M. luteus A270 (B).
A
B
NaCl (mM)
MIC (µM)
a
MIC (µM)
a
0,0 3,1-6,2 -
34,2 25,0-50,0 6,2-12,5
68,5
200,0
25,0-50,0
137,0 >200,0 >200,0
a
: MICs foram expressos como o intervalo de concentrações [a]-[b], onde [a] é a maior concentração testada na
qual o microorganismo cresceu e [b] é a menor que causou total inibão do crescimento. A atividade antifúngica
foi determinada utilizando o método de microdiluição em caldo segundo Fehlbaum et al., 1994, em meio PB. A
atividade antibacteriana foi determinada utilizando o método de microdiluição em caldo segundo Bulet et al.
(1993), em meio PDB.
72
Como se pode observar, a concentração de sal afeta negativamente as atividades
antifúngicas e antibacterianas, que se extinguem em condições tidas como próximas à dita
fisiológica (120-150 mM NaCl). Entretanto, quando o ensaio frente a
M. luteus foi realizado
sem adição de NaCl, os resultados não foram reprodutíveis.
d) Efeito da associação de dois agentes antimicrobianos no crescimento celular
Como mostra a Tabela 13, com a combinação com o fluconazol, as MICs foram
reduzidas em 2 vezes. A consideração dos critérios discutidos na mesma tabela permitiu
concluir que não ocorreu interação entre eles, já que o índice FIC (FICI) foi de 1,0.
Tabela 13. Possibilidade de interação entre Hb40-61a e fluconazol frente a C. albicans ATCC
90028 investigada pelo método do “chequerboard” (WEI e BOBEK, 2004).
MIC (µg/mL)
a
Agente
Antimicrobiano
Sozinho Combinação
FIC
b
FICI
c
Hb40-61a 30,2 15,1 0,5
Fluconazol 1 0,5 0,5 1,0
a
: MICs: Concentração inibitória mínima.;
b
FIC (concentração inibitória fracionária): razão do MIC do
agente utilizado em combinação pelo MIC do agente utilizado sozinho;
c
FICI (índice FIC): soma do
FIC de cada agente; os dados foram analisados segundo o critério estabelecido por Odds (2003):
FICI0,5: sinergismo; 0,5-4,0: sem interação e >4,0: antagonismo.
e) Ensaio de hemólise com o Hb40-61a
Como descrito no item 3.4, o ensaio foi realizado em dois tampões: PBS, de alta força
iônica e o IGP, de baixa força iônica. Os resultados obtidos se encontram na
Figura 25. Neste
caso, observa-se que, em ambos os casos, a atividade hemolítica foi baixa.
f) Cinética de morte celular causada pelo Hb40-61a
Os resultados obtidos em concentrações 2 e 10 vezes superior a MIC do peptídeo (25,0
e 62,5 µM, respectivamente) estão na Figura 26. Eles indicaram que o peptídeo é de ação
rápida, pois nas concentrações 2 x MIC e 10 x MIC já não havia mais células viáveis com 4 h
e 1 h de incubação, respectivamente.
73
Figura 25. Atividade do Hb40-61a sobre eritrócitos humanos. Resultados de dois ensaios
realizados em triplicata. PBS:
tampão fosfato de sódio. IGP: tamo fosfato isotônico.
Figura 26. Cinética de morte de C. albicans MDM8 na presea do Hb40-61a.
4.3 Estudos preliminares por dicroísmo circular
Em solução aquosa, todos os peptídeos apresentaram espectros típicos de estrutura
randômica [presea de banda negativa em 197nm (Figura 27)].
Nos espectros obtidos na presença de 200 mM de SDS, observou-se: 1) um
deslocamento da banda em 197 nm para a região do vermelho; 2) a banda na região de 220
0 1020304050
0
20
40
60
80
100
% Hemólise
Hb40-61a (µM)
PBS
Glicose
IGP
0 100 200 300 400 500
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
6,5
Log UFC/mL
Tempo (min)
Sem peptídeo
Hb40-61a 2xMIC
Hb40-61a 10xMIC
74
nm que apresenta valores negativos em relação ao espectro em água, o que sugere uma
aquisição de estrutura secundária (
Figura 28). Além disso, os espectros dos análogos com
encurtamento do C-terminal (Hb40-58a e Hb40-56a) diferiram daquele do Hb40-61a. O
análogo com substituição da Gly
57
por Ala parece ter se estruturado em α-hélice, no entanto,
o seu espectro apresenta bandas (205 e 220 nm) bastante semelhantes às presentes naquele do
Hb40-58
a.
190 200 210 220 230 240 250 260
-20
-18
-16
-14
-12
-10
-8
-6
-4
-2
0
2
[θ]x10
-3
(deg cm
2
dmol
-1
)
λ (nm)
Hb40-61a
Hb40-58a
Hb40-56a
Hb35-56a
[Ala
57
]Hb40-58a
Hb40-63
Figura 27. Espectros de CD do Hb40-61a (20µM), Hb35-56a (20µM), Hb40-56a (20µM), [Ala57]
Hb40-58a (8µM) e Hb40-63 (12µM) em água, pH 4,0 a 20°C.
190 200 210 220 230 240 250 260
-11
-10
-9
-8
-7
-6
-5
-4
-3
-2
-1
0
1
2
3
[θ]x10
-3
(deg cm
2
dmol
-1
)
λ (nm)
Hb40-61a
Hb40-58a
Hb40-56a
Hb35-56a
[Ala
57
]Hb40-58a
Hb40-63
Figura 28. Espectros de CD do Hb40-61a (20µM), Hb35-56a (20µM), Hb40-56a (20µM), [Ala57]
Hb40-58a (20µM) e Hb40-63 (20µM) em 200mM de SDS, pH 4,0 a 20°C.
75
5 DISCUSSÃO
5.1 Desenho dos peptídeos estudados
A escolha dos peptídeos estudados neste trabalho levou em consideração os dados de
Machado et al. (2003), Sforça et al. (2005) e Machado et al. (2007) obtidos no estudo da
relação estrutura-atividade antifúngica do peptídeo Hb33-61, os quais demonstraram que: 1)
em geral, a amidação da porção C-terminal levou a análogos mais ativos frente a
C. albicans
(
Tabela 1 do item 1.2); 2) os peptídeos Hb33-61a e Hb40-61a, na presença de micelas de
SDS, apresentam estruturas muito similares – presença de uma dobra na porção N-terminal
(Lys
40
-Phe
43
), uma alça flexível espacialmente organizada na porção Pro
44
-Leu
48
e uma outra
dobra na porção C-terminal (Ser
49
-Ser
52
) seguida por uma α-hélice (Ala
53
-Ala
60
), Figura 3 do
item 1.2; 3) a α-hélice C-terminal é essencial, mas não suficiente, para a expressão da
atividade antifúngica do Hb33-61
a e Hb40-61a (Tabela 1 do item 1.2); 4) na presença de
micelas de SDS, há uma única família de estruturas para o peptídeo Hb40-61a, pois o
hidrogênio do grupo amida terminal (Lys
61
) no Hb40-61a participa de uma ligação de
hidrogênio intramolecular com o oxinio do resíduo de Gly
57
, restringindo a liberdade
conformacional desta porção, o que não ocorre para o análogo Hb40-61 que apresenta duas
famílias de estruturas; uma delas (família I) se assemelha a do Hb40-61
a (Figura 29); 5) o
peptídeo Hb40-61a apresentou a mesma MIC, igual capacidade de permeabilização da
membrana plasmática de C. albicans e hemólise que o Hb33-61a, sugerindo que ele fosse a
porção ativa deste último.
Os análogos Hb40-58a e Hb40-56a (Tabela 6 do item 4.2a) correspondem a análogos
do Hb40-61
a com encurtamento da α-hélice C-terminal em 3 e 5 resíduos, respectivamente, e
permanência de pelo menos 4 resíduos participantes da
α-hélice. O análogo com a troca da
76
Figura 29. Sobreposição das porções Lys
40
-Phe
43
(a) e de Ser
49
-Ser
52
(b) do Hb40-61a e das
famílias I e II de estruturas do Hb40-61 obtidos por RMN. Extraído de Machado et al. (2007).
Gly
57
por Ala, [Ala
57
]Hb40-58a, foi concebido visando estabilizar a porção correspondente à
α- hélice terminal deletada, já que a Ala tem sido descrita capaz de estabilizar esse tipo
de estrutura secundária (PACE; SCHOLTZ, 1998; SCOTT et al., 2007). O análogo amidado
do fragmento 33-56 da cadeia
α da hemoglobina humana (Hb35-56a) foi desenhado com base
no trabalho de Mak et al. (2004), os quais descreveram ter encontrado o Hb35-56 em sangue
menstrual humano (MIC>300mM frente a
C. albicans). Além disso, esse análogo ia de
encontro com os nossos objetivos, pois ele corresponde ao Hb33-52
a (Tabela 1 do ítem 1.2)
estudado por Machado et al. (2007) alongado no C-terminal ou ao Hb40-56a alongado no N-
terminal.
O fragmento Hb33-63 também pode estar presente no conteúdo intestinal do carrapato,
pois ensaios de substratos fluorogênicos com proteases purificadas do conteúdo intestinal ou
de um homogenato de células digestivas do carrapato de boi
B. microplus (realizados pelo
grupo de pesquisa colaborador do ICB; projeto de Doutoramento de C. E. CRUZ) apontam
Hb40-61a
Hb40-61a
Hb40-61
Família I Família II
Hb40-61
Família I Família II
a)
b)
77
um sítio de clivagem da cadeia
α da hemoglobina bovina entre os resíduos Ala
63
-Ala
64
. Assim
sendo, o
análogo Hb40-63 também foi incluído neste trabalho e corresponde ao análogo
Hb40-61 alongado em dois resíduos de aminoácidos na porção correspondente à
α-hélice.
Como também era interesse investigar a relação estrutura-atividade do peptídeo Hb33-
61
a frente a M. luteus, todos os análogos descritos acima foram testados. Nestes testes
também foram incluídos os seguintes análogos previamente estudados: a) o Hb33-52a,
análogo que contém as porções envolvidas nas dobras (Lys
40
-Phe
43
e Ser
49
-Ser
52
) e alça
flevel (Pro
44
-Leu
48
) do Hb33-61a; b) o Hb48-61a, análogo que contém a porção
correspondente a
α-hélice (Ala
53
-Ala
60
) do Hb33-61a; c) os Ac-Hb40-61a e Ac-Hb40-61, que
permitiram examinar o parâmetro carga líquida dos Hb40-61
a e Hb40-61.
5.2 Síntese, purificação e caracterização dos peptídeos estudados
Os peptídeos Ac-Hb40-61a e Ac-Hb40-61 foram sintetizados manualmente pela
estratégia t-Boc e os demais pela estratégia Fmoc. A troca de estratégia t-Boc pela Fmoc foi
feita para: 1) tentar superar os problemas nas sínteses que empregaram a primeira
(MACHADO et al., 2007); 2) evitar o emprego do HF, substância de alta toxicidade e grande
poder corrosivo (LLYOD-WILLAMS et al., 1997). Os resultados obtidos mostraram que as
duas estratégias de síntese se mostraram igualmente aplicáveis para esta finalidade, já que os
peptídeos desejados foram os compostos majoritários nos perfis de RP-HPLC para a maioria
dos peptídeos brutos obtidos (
Figuras 9, 11, 13, 15, 17, 19, 21 e 23 do item 4.1). Por outro
lado, a estratégia Fmoc se mostrou superior em relação a t-Boc, pois como pode ser observado
nos perfis por RP-HPLC dos peptídeos brutos do Hb40-61a e Ac-Hb40-61a (Figuras 9A, 9B,
11A e 11B), esta forneceu produtos de melhor qualidade. Este dado concorda com outros
relativos a peptídeos sintéticos obtidos pelas duas estratégias, como por exemplo, antagonistas
da neurocinina A e análogos de colecistocinina que mostraram que a estratégia Fmoc foi
superior à t-Boc (ROVERO et al., 1991; MIRANDA et al., 1993a; MIRANDA et al., 1993b).
78
A purificação por RP-HPLC permitiu obter peptídeos finais de alto grau de pureza,
suficientes para a realização dos ensaios biológicos e análises por CD. Entretanto, os
rendimentos finais foram baixos, o que não é surpreendente para peptídeos contendo mais de
15 resíduos de aminoácidos obtidos pela SPFS. De fato, a seqüência e o tamanho determinam
a qualidade do peptídeo a ser purificado; é muito comum o componente majoritário não ser o
peptídeo desejado (BRAY, 2003).
5.3 Ensaios biológicos
Há diversos relatos de fragmentos da hemoglobina, que foram isolados de tecidos de
animais, com funções distintas da molécula original. Dentre as funções relatadas estão as de:
liberação de hormônios (SCHALLY et al., 1971, SCHALLY et al., 1978, CHANG et al.,
1980), analgesia (TAKAGI et al., 1979, FUKUI et al., 1983), constrição coronária
(BARKHUDARYAN et al., 1992, GALOYAN, 1998), produção de células sangüíneas
(IVANOV et al., 1992) e de inibição da enzima conversora de angiotensina (LANTZ et al.,
1991). A atividade antimicrobiana de um fragmento de hemoglobina foi descrita pela primeira
vez em 1999 (FOGAÇA et al., 1999) e posteriormente, por outros grupos (NAKAJIMA et al.,
2003; MAK et al., 2004; SONENSHINE, 2005, NEDJAR-ARROUME
et al., 2006).
Por outro lado, a digestão in vitro da hemoglobina produz peptídeos que apresentam
atividade opióide-like (BRANDTL et al., 1986), que potencializam a ação da bradicinina
(PIOT et al., 1992) ou que têm atividade antimicrobiana (MAK et al., 2000). Estes últimos
autores relataram que as proteínas hemoglobina, citocromo C e mioglobina não apresentavam
atividade bactericida e fungicida, mas se desprovidas do grupo heme e parcialmente
desnaturadas, as suas cadeias polipeptídicas passavam a exibir atividade frente a
microorganismos em concentrações bastante baixas (
µM). A informação que a hemoglobina
nativa não é ativa
per se concorda com ensaios realizados por nós (FOGAÇA et al., 1999);
entretanto, outros grupos descreveram que a hemoglobina intacta apresenta atividade
79
antimicrobiana (HOBSON; HIRSCH, 1958, PARISH et al., 2001). Essas diferenças poderiam
ser atribdas ao uso de diferentes protocolos empregados nos diferentes laboratórios (a
manipulação poderia levar à desnaturação ou perda do grupo heme).
O nome “hemocidinas” (
HEMOglobin microbiCIDAL peptides) foi sugerido para os
fragmentos derivados de proteínas que contêm heme que apresentam atividade antimicrobiana
(MAK et al., 2000). Os fragmentos até agora descritos derivados de hemoglobina estão
listados na Tabela 14. Além disso, há duas patentes depositadas na PCT (Patent Cooperation
Treaty) de fragmentos de hemoglobina de répteis (WO99/17785) e mamíferos (WO99/17786)
com atividade antimicrobiana.
Tabela 14. Seqüências e modos de obteão dos fragmentos derivados da hemoglobina com
atividade antimicrobiana
Pepdeo
Fragmento Obtenção Referência
FLSFPTTKTYFPHFDLSHGSAQVKGHGAK
α (33-61)
bovina
Contdo
intestinal do
carrapato de
boi
B.
microplus
Fogaça et al.,
1999
VLSPADKTNVKAAWGKVGAHAGEYGAEALERM
α (1-32)
humana
FLSFPTTKTYFPHFDLSHGSAQVKGHGKKVADALTNA-
VAHVDDM
α (33-76)
humana
PNALSALSDLHAHKLRVDPVNFKLLSHCLLVTLAAHL-
PAEFTPAVHASLDKFLASVSTVLTSKYR
α (77-141)
humana
VHLTPEEKSAVTALWGKVNVDEVGGEALGRLLVVYP-
WTQRFLESFGDLSTPDAVM
β (1-55)
humana
GNPKVKAHGKKVLGAFSDGLAHLDNLKGTFATLSEL-
HCDKLHVDPENFRLLGNVLVCVLAHHFGKEFTPPVQ-
AAYQKVVAGVANALAHKYH
β (56-146)
humana
Clivagem
por brometo
de
cianogênio
VLSPADKTNVKAAWGKVGAHAGEYGAEALER
α (1-31)
humana
MFLSFPTTKTYFPHFDLSHGSAQVKGHGKKVADALT-
NAVAHVDDMPNALSALSDLHAHKLR
α (32-92)
humana
VDPVNFKLLSHCLLVTLAAHLPAEFTPAVHASLDKF-
LASVSTVLTSKYR
α (93-141)
humana
VHLTPEEKSAVTALWGKVNVDEVGGEALGR
β (1-30)
humana
Digestão
por Arg-C
Mak et al.,
2000
80
Pepdeo
Fragmento Obtenção Referência
LLVVYPWTQR
β (31-40)
humana
FFESFGDLSTPDAVMGNPKVKAHGKKVLGAFSDGLA-
HLDNLKGTFATLSELHCDKLHVDPENFR
β (41-104)
humana
LLGNVLVCVLAHHFGKEFTPPVQAAYQKVVAGVANA-
LAHKYH
β (105-146)
humana
VLSAADKGNVKAAWGKVGGHAAE
α
(1-23)
bovina
Digestão por
pepsina
Froidevaux et
al., 2001
FLSFPTTKTYFPHFDLSHGSAQVKGHGKKVADALTN-
AVAHVDDM
α (33-76)
humana
VLSPADKTNVKAAWGKVGAHAGEYGAEALERMFLSF-
PTTKTYF-PHFDLSHGSAQVKGHGKKVADALTNAVA-
HVDDMR
α (1-76)
humana
PNALSALSDLHAHKLRVDPVNFKLLSHCLLVTLAAHLP-
AEFTPAVHASLDKFLASVSTVLTSKYR
α (77-141)
humana
VHLTPEEKSAVTALWGKVNVDEVGGEALGRLLVVYP-
WTQRFFESFGDLSTPDAVM
β (1-55)
humana
GNPKVKAHGKKVLGAFSDGLAHLDNLKGTFATLSEL-
HCDKLHVDPENFRLLGNVLVCVLAHHFGKEFTPPVQ-
AAYQKV-VAGVANALAHKYH
β (56-146)
humana
Clivagem
por brometo
de
cianogênio
Parish et al.,
2001
VLSPADKTNIK
α (1-11)
coelho
SPADKTNIKTAWEKIGS
α (3-19)
coelho
Contdo
intestinal do
carrapato de
coelho
Ornithodorus
moubata
Nakajima et
al., 2003
VCVLAHHFGKEFTPPVQAAYQKVVAGVANALAHKYH
β (111-146)
humana
WQKMVTAVASALSSRYH
γ (130-146)
humana
Placenta
humana
Liepke et al.,
2003
SFPTTKTYFPHFDLSHGSAQVK
α (35-56)
humana
AHHFGKEFTPPVQAAYQKV-VAGVANALAHKYH
β (115-146)
humana
Sangue
menstrual
humano
Mak et al.,
2004
VTLASHLPSDFTPAVHASLDKFLANVSTVL
α (107-136)
bovina
Digestão por
pepsina
Daoud et al.,
2005
Mak et al.,
2000
Digestão
por Arg-C
81
Pepdeo
Fragmento Obtenção Referência
VTLASHLPSDFTPAVHASLDKFLANVSTVLTSKYR
α
(107-141)
bovina
STVLTSKYR
α (133-141)
bovina
TSKYR
α
(137-141)
bovina
QADFQKVVAGVANALAHRYH
β (126-145)
bovina
Digestão por
pepsina
Nedjar-
Arroume
et
al.,
2006
Neste trabalho, demos continuidade ao estudo da relação estrutura-atividade de uma
hemocidina sintética, o Hb33-61
a, frente a C. albicans que foram iniciados por Machado et
al. (2007). Uma vez sintetizados, purificados e caracterizados quimicamente os novos
análogos truncados sintéticos, passamos a testá-los. A C. albicans foi novamente escolhida
por nós pela sua importância na área da saúde.
Os resultados dos bioensaios (realizados em colaboração com a Profa. Dra. Sirlei
Daffre do Departamento de Parasitologia do ICB-USP e com a Profa. Dra. Elsa M. Mamizuka
do Departamento de Análises Cnicas e Toxicológicas da FCF-USP e o Dr. Nilton Lincopan
do IQ-USP) descritos nos
itens 4.2 permitiram concluir que, para a ação antifúngica, o
peptídeo Hb40-61a é a porçãonima do Hb33-61a. A menor atividade dos análogos Hb40-
58a e Hb40-56a pode ser devida à desestruturação da porção Ala
53
-Ala
58
,
que nos peptídeos
Hb33-61
a e Hb40-61a está envolvida na formação da α-hélice C-terminal; ela ressalta a
importância da porção correspondente à
α-hélice para a atividade. Pelos dados de CD, o
[Ala
57
]Hb40-58a pareceu ter se estruturado em α-hélice, entretanto, a diferença de interação
desse análogo com SDS em relação àquela do peptídeo Hb40-61
a poderia explicar a diferença
de atividades entre eles. Além das mudanças conformacionais apontadas, os novos análogos
apresentam em pH 5,1 (no qual foi realizado o ensaio frente à levedura) cargas líquidas
82
inferiores às dos análogos mais ativos (+6). Incluído entre eles está o Ac-Hb40-61
a, 4 vezes
menos ativo do que o Hb40-61a.
O M. luteus é uma espécie comumente utilizada para a detecção de compostos
antimicrobianos que nos últimos anos foi reconhecido como um agente causador de
meningite, bacteremia e choque séptico em pacientes imunodeprimidos (YANG et al., 2001).
Com relação à atividade frente a este microorganismo, os dados obtidos no presente estudo
(
Tabela 9 do item 4.2b) indicaram que: 1) a região C-terminal sozinha não é suficiente para
expressar a atividade total (assim como para a atividade antifúngica; Tabela 6 do item 4.2a);
2) uma redução expressiva da atividade ocorreu com a deleção da porção 33-47 (contendo a
dobra
β na porção N-terminal e parte da alça flexível espacialmente organizada) ou 53-61
(correspondente à
α-hélice da porção C-terminal), sendo o efeito mais acentuado nesta última;
3) apesar de o fragmento Hb40-61
a apresentar uma estrutura muito similar à encontrada para
o Hb33-61a pelos estudos de CD e
1
H-RMN em presença de micelas de SDS, este não é a
porção mínima frente a M. luteus. O fato da porção mínima ativa para a atividade antifúngica
não ser a mesma para a atividade antibacteriana de um peptídeo antimicrobiano é esperado e
concorda com observações anteriores feitas para diversos outros peptídeos, tais como a
protegrina-1 [no qual a deleção de quatro resíduos na porção N-terminal e dois na porção C-
terminal forneceu o análogo PC-17, que teve a sua atividade frente a
C. albicans diminuída,
enquanto a antibacteriana foi mantida (CHO et al., 1998)], a tanatina [na qual a remoção dos
três resíduos da porção N-terminal não influenciou a atividade antibacteriana, mas reduziu a
antifúngica (FEHLBAUM et al., 1996)]. As estrutura e composição de membrana desses
microorganismos o muito distintas e podem explicar os diferentes requisitos estruturais do
peptídeo necessários à expressão destes dois tipos atividades.
A diminuição da atividade frente ao aumento da força iônica do meio tem sido
observada para vários peptídeos antimicrobianos catiônicos, inclusive para algumas
83
hemocidinas (GANZ; LEHRER, 1995, TAM et al., 1999, MAK et al., 2000, ROTHSTEIN et
al., 2001). Algumas hipóteses para explicar essa redução na atividade em meios de alta força
iônica já foram levantadas. Dentre elas, o enfraquecimento da interação eletrostática inicial
entre as cargas positivas presentes nos peptídeos catiônicos e as cargas negativas de estruturas
da membrana do microorganismo (os LPS nas bactérias Gram-negativas, o ácido lipoteiico
na maioria das bactérias Gram-positivas e a lipomanana no
M. luteus) resultaria em uma
diminuição/perda de atividade (DE LILLO et al., 1997, TAM et al., 2002). Outra hitese é
que a sensibilidade a sais de certos peptídeos está relacionada às mudanças de estrutura
tridimensional. Park et al. (2004) mostraram que o análogo com a adição de motivos “helix
capping” nos N- e C-terminais ao peptídeo estruturado em
α- hélice — [RLLR]
5
— manteve
a estrutura e atividade em concentração elevada de sais, ao contrário do composto de partida,
que perdeu a estrutura e reduziu sua atividade nessas condições. Esses autores sugeriram que
a propriedade de estabilidade da hélice seria responsável pela integridade estrutural e
insensibilidade a sais em alta força iônica. Tam et al. (2002) estudando peptídeos com
motivos em folha
β estabilizados por pontes dissulfeto, relataram aumento da sensibilidade a
sais quando os mesmos foram linearizados. Essa inflncia da força iônica nas atividades dos
peptídeos representa um entrave para a introdução dos peptídeos antimicrobianos na clínica e
justifica o desenho de análogos com menor sensibilidade a sais (FRIEDRICH et al., 1999, YU
et al., 2000, TAM et al., 2000). No presente trabalho, as atividades antimicrobianas de todos
os peptídeos estudados foram influenciadas pela força iônica do meio (
Tabelas 8, 11 e 12 do
item 4.2), sugerindo que a busca por análogos menos suscetíveis deva ser perseguida ou que
os mais ativos, até agora o Hb40-61a, sejam submetidos a testes objetivando uso tópico ou
meios de baixa força iônica.
Os casos de infecções sistêmicas causadas por fungos que ocorrem principalmente em
pacientes imunodeprimidos têm aumentado nos últimos anos em decorrência do aumento do
84
uso de medicamentos imunossupressores, da infecção por HIV e do avanço na idade da
população (LUPETTI et al., 2002, WEI; BOBEK, 2004, RUHNKE, 2006). Por outro lado, as
infecções superficiais (de pele e mucosas) também são causadas por esses microorganismos
em pessoas saudáveis e imunocomprometidas (LUPETTI et al., 2002). Os fungos causam, por
exemplo, candidíase vulvovaginal em mulheres sadias e candidíase oral e esofágica em
pacientes portadores de HIV (REX et al., 1998). Nestas infecções, a
C. albicans continua
sendo a escie mais prevalente, embora o número de isolados não-albicans tenha aumentado
(REX et al., 2000). Entre os fármacos utilizados para o tratamento dessas infecções estão os
antifúngicos poliênicos (como a anfotericina B), a 5-flucitosina e os inibidores da síntese do
ergosterol (dentre eles estão os derivados azólicos, como o fluconazol; WHITE et al., 1998,
SHEEHAN et al., 1999, REX et al., 2000). Entretanto, dificuldades como o aparecimento de
resistência a fluconazol de vários isolados do gênero
Candida, sobretudo nos portadores de
HIV, bem como problemas como toxicidade da anfotericina B, tem impulsionado a busca por
novos antifúngicos (LUPETTI et al., 2002). Portanto, o fato do Hb40-61a ter sido ativo frente
à cepa de C. albicans resistente a fluconazol abre novas perspectivas para o uso deste
peptídeo (
Tabela 7 do item 4.2a). Além disso, indica que o peptídeo tem um mecanismo
diferente daquele do fluconazol.
Vários trabalhos mostraram que peptídeos apresentam sinergismo com outros
compostos de ação antimicrobiana. Este é o caso da combinação do peptídeo “MUC-7 12-
mer” com outro peptídeo “Hsn5 12-mer” ou miconazol frente a
Cryptococcus neoformans
(WEI e BOBEK, 2004) e do peptídeo gomesina com o fluconazol frente ao mesmo
microorganismo (BARBOSA et al., 2007). Além disso, a associação de P18 e vancomicina
apresentou sinergismo frente a Enterococcus faecium resistente à vancomicina (VREF).
Neste contexto, decidimos investigar a possibilidade do Hb40-61a, que em trabalho anterior
se mostrou capaz de permeabilizar a membrana plasmática de
C. albicans a 62,5 µM
85
(MACHADO et al., 2007) e que interage com lipídeos presentes neste tipo de membrana,
poderia facilitar a entrada na célula de um outro antimicrobiano. O fluconazol, cujo alvo é
uma enzima envolvida na biossíntese do ergosterol que está presente no citoplasma (WHITE
et al., 1998), foi o escolhido. Infelizmente, os dados obtidos nos ensaios realizados o
confirmaram qualquer ação sinérgica do Hb40-61
a com o fluconazol, já que o índice
fracional de concentração inibitória (index FIC) foi 1,0 (Tabela 13 do item 4.2), indicando
ausência de sinergismo.
Em trabalho recente, relatamos que na faixa de concentrações 6,25-50,0
µM, os
peptídeos Hb33-61
a e Hb40-61a eram igualmente capazes de, após incubação por 18 h,
causar a morte de
C. albicans MDM8 e que em concentração 62,5 µM, após incubação por
1h, ambos foram capazes de permeabilizar a membrana plasmática deste fungo (MACHADO
et al., 2007). Anteriormente, também havíamos relatado que em 50,0
µM o peptídeo Hb33-
61
a causou 100% de morte de M. luteus em 25 min (FOGAÇA, 2003). A ação antimicrobiana
rápida é condizente com o observado para grande parte dos peptídeos antimicrobianos
descritos (HANCOCK, 2001), sugerindo uma atuação via permeabilização de membranas
celulares (FERNANDEZ-LOPEZ et al., 2001). No presente trabalho, a ação do peptídeo
Hb40-61
a frente a C. albicans MDM8 foi analisada em fuão do tempo (Figura 26 do item
4.2f
). A taxa de morte de C. albicans causada pelo peptídeo foi alta e comparável a outros
agentes peptídicos e não-peptídicos que, assim como o Hb40-61a, apresentam atividade
fungicida como, por exemplo, a anfotericina B (BARTIZAL et al., 1997, HONG et al, 1999).
Além disso, esta foi concentração-dependente, causando 100% de morte em 1h e 4h nas
concentrações de 2 e 10 x MIC do peptídeo, respectivamente. Na concentração de 2 x MIC do
peptídeo, apesar de uma redução inicial de 1 log de UFC/mL, ocorreu um período lag que
durou aproximadamente 100 min, sugerindo que o crescimento da levedura seja necessário
para ocorrer morte celular. De fato, o período de maior redução de células viáveis na presença
86
do peptídeo, também foi a de maior crescimento do controle. Portanto, outros mecanismos de
ação como inibição de síntese de macromoléculas (que sejam essenciais para a sobrevivência
da levedura) não podem ser descartados.
A determinação dos mecanismos de ação dos peptídeos antimicrobianos é de
fundamental importância, uma vez que essa informação pode ser utilizada para o desenho de
novas drogas antibióticas e/ou mais específicas (MUÑOZ et al., 2006). Os primeiros
mecanismos de ação descritos tinham como alvo a membrana plasmática, mas devido à
diversidade desses compostos se tornou claro que este não era o único mecanismo possível
(ver
item 1.1). Como as hemocidinas são provenientes de proteínas com donios de alto
conteúdo de
α-hélice de natureza anfipática, Mak et al. (2000) sugeriram que a morte de
microorganismos pelas hemocidinas envolvia a destruição da integridade da membrana
plasmática pelo modelo carpete. Além disso, pelos ensaios de permeabilidade de membrana
celular, Sforça et al. (2005) e Machado et al. (2007) sugeriram que o Hb40-61
a é um peptídeo
antimicrobiano de ação rápida que tem a membrana celular como alvo (HANCOCK; ROZEK,
2002). Para tentar obter mais indícios que fortaleçam esta suposição, o efeito do peptídeo
Hb40-61a sobre modelos de membranas biológicas es sendo investigado em um projeto em
colaboração com a Profa. Dra. Iolanda M. Cuccovia e da Dra. Kátia R. P. Daghastanli, do
nosso Departamento. Inicialmente, nossas colaboradoras realizaram experimentos de
vazamento de carboxifluoresceína encapsulada em lipossomos de fosfatidilcolina de ovo e
cardiolipina (7:3 p/p, relação peptídeo/lipídeo (mol/mol) = 153/30). Nessa concentração
testada, a adição do peptídeo Hb40-61
a a essas LUVs não ocasionou o vazamento do
marcador fluorescente para o meio que apresentava uma alta força iônica (tampão acetato
10mM, pH 5,1, contendo 300 mM de NaCl, concentração essa necessária para garantir o
equilíbrio nico entre o meio interno e externo das vesículas). Estes resultados, porém,
concordam com aqueles obtidos nos ensaios microbiológicos (perda de atividade do peptídeo
87
Hb40-61
a em alta força iônica). Assim, as Dras. Cuccovia e Daghastanli realizaram
experimentos para investigar a interação do peptídeo com os mesmos lipossomos [relações
peptídeo/lipídeo (mol/mol) testadas: 1/30, 2/30, 4/30, 8/30, 16/30] nos quais a turvação da
mistura (devida à agregação dos lipossomos induzida pelo peptídeo) em várias concentrações
de NaCl (0, 25, 50 e 100 mM) foi acompanhada em 400 nm. Os resultados já obtidos
indicaram que a adição de peptídeo leva à agregação dos lipossomos, a qual diminui à medida
que a força iônica aumenta (a partir de 50mM de NaCl). A capacidade do peptídeo de causar
agregação de vesículas com carga negativa é uma indicação de que as interações eletrostáticas
são essenciais para a atividade antimicrobiana desse peptídeo e que o sal pode antagonizar
essa interação. Em colaboração com a Dra. Karin A. Riske, do Departamento de Biofísica da
UNIFESP, também foram realizados experimentos de microscopia óptica envolvendo GUVs
constituídas de fosfatidilcolina e fosfatidilglicerol de ovo (7:3 p/p) e o peptídeo Hb40-61
a
(relações peptídeo/lipídeo (mol/mol) testadas: 1/10, 1/20 e 1/100). Na ausência de sal, pH 5-6,
somente na maior relação peptídeo/lipídeo testada, o peptídeo foi capaz de interagir com as
GUVs provocando a formação de um “poro” e o extravasamento do conteúdo interno da
vesícula (
Figura 30). Com base nos resultados apresentados, não pudemos comprovar as
sugestões prévias de Sforça et al. (2005) e Machado et al. (2007). Novos ensaios, essenciais
para a continuidade do projeto, já foram programados pelas colaboradoras.
Muitos peptídeos com ação antibiótica apresentam certo grau de toxicidade a células
de mamíferos. A toxicidade do peptídeo Hb40-61
a foi medida pela determinação da sua
atividade hemotica. Neste caso, o peptídeo apresentou baixa hemólise em tames de alta
(PBS) e baixa força iônica (IGP). Análises anteriores de CD mostraram que os peptídeos
Hb33-61a e Hb40-61a interagiam com o lipídeo de carga negativa SDS, mas não com o
lipídeo zwitteriônico LPC (SFORÇA et al., 2005, MACHADO et al., 2007). Essa seletividade
de ação sobre as bactérias em relação a células de mamíferos pode ser explicada por uma
88
Figura 30. Microscopia óptica utilizando vesículas gigantes (GUVs) constituídas de
fosfatidilcolina e fosfatidilglicerol de ovo (7:3 p/p) e o Hb40-61a.
(A): injeção do peptídeo; (B),
(C) e (D): tempos subseqüentes à injeção. Relação peptídeo/lipídeo = 1/10, pH 5-6, sem adição de
sal.
89
diferença na composição dos lipídeos dessas membranas (ZASLOFF, 2002, TOKE, 2005,
GLUKHOV, 2005). Enquanto as membranas de eucariotos apresentam predonio de
lipídeos zwitteriônicos na face externa das bicamadas lipídicas (por exemplo, a
fosfatidilcolina), as membranas externas das bactérias apresentam am de lipídeos
zwitteriônicos (como por exemplo, fosfatidiletanolamina), 20 a 25% de lipídeos com carga
negativa (por exemplo, o fosfatidilglicerol e a cardiolipina) (ZASLOFF, 2002, TOKE, 2005,
GLUKHOV, 2005).
A observação de que o Hb40-61
a foi pouco ativo em tampões de alta (PBS) e baixa
força iônica (IGP) confirmou que a sua baixa atividade hemotica, anteriormente relatada por
Machado et al (2007), não era devida à alta força iônica do meio de medida da atividade
hemotica. Em outras palavras, o Hb40-61a é, de fato, um peptídeo antimicrobiano de baixa
toxicidade.
5.4 Análise por dicroísmo circular
Na tentativa de correlacionar os resultados obtidos nos bioensaios com os
comportamentos conformacionais dos peptídeos estudados, foram feitas análises preliminares
em presença de 200 mM de micelas de SDS (meio anteriormente empregado para a
determinação das estruturas dos peptídeos Hb33-61
a e Hb40-61a por H
1
-RMN). Para tanto,
contamos com o auxílio da Dra. Luciana M. Quaglio.
Como descrito no
item 4.3, foram observadas diferenças entre o comportamento
conformacional do Hb40-61a e os dos seus análogos menos ativos. Infelizmente, não houve
tempobil para o registro de novos espectros e análise detalhada destas diferenças, o que
será feito na continuação do estudo da relão estrutura-atividade antimicrobiana do
Hb40-61a.
90
6 CONCLUSÕES
A busca por novos compostos com ação antibótica ou informações que permitam
compreender o modo com eles a exibem é uma preocupação atual devido ao aparecimento
crescente de resistência microbiana aos antibióticos usuais. Além disso, é esperado que o
número de infecções causadas por microorganismos oportunistas, tais como
C. albicans,
aumentem com o avanço do número de pacientes imunocomprometidos pela AIDS, idade e
transplantes. Por estas razões, os peptídeos antimicrobianos constituem uma classe de
compostos atraente, pois, têm como características: promover a rápida morte de
microorganismos, induzir menor aparecimento de resistência, poder apresentar amplo
espectro de ação contra vírus, bactérias, fungos e parasitas e servir de modelos para o
desenvolvimento de novos fármacos, tais como análogos peptídicos e peptidomiméticos
(HANCOCK, 2001, HELMERHORST
et al., 1999).
Neste trabalho, demonstramos que o Hb40-61a é a porção mínima ativa do Hb33-61a
frente a C. albicans, confirmando as suposições de Machado et al. (2007), os quais detectaram
a presença dos mesmos motivos estruturais em ambos os peptídeos. Também evidenciamos
que o Hb40-61
a, não é a porção ativa do Hb33-61a frente a M. luteus, sugerindo que os
requisitos estruturais para a exibição da atividade total frente aos dois microorganismos sejam
diferentes. Além disso, coletamos novos dados que corroboram os anteriormente obtidos e
sugerem que a ação antifúngica/fungicida desta hemocidina sintética ocorre pela perturbação
da integridade da membrana plasmática de
C. albicans.
Por ser linear, de médio tamanho, ativo em baixas concentrações contra C. albicans
(inclusive frente a cepa resistente a fluconazol) e
M. luteus e, além disso, apresentar ação
fungicida rápida e baixa toxicidade frente a células de mamíferos, pode se tornar: 1) um
composto de interesse comercial, desde que o seu uso seja tópico ou limitado a meios de baixa
força iônica (água doce, por exemplo); 2) um modelo de estudos: i- para a elucidação de
91
mecanismo de ação de antimicrobianos de mesmas características estruturais; ii- da interação
com modelos membranares; iii- de possibilidades de diminuição da influência da força iônica
na sua atividade antimicrobiana.
92
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