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INPE-13269-MAN/45
ESTUDO DA RADIA¸C
˜
AO GIROSSINCROTR
ˆ
ONICA DE
EXPLOS
˜
OES SOLARES EM AMBIENTES DE CAMPOS
MAGN
´
ETICOS COMPLEXOS
Paulo Jos´e de Aguiar Sim˜oes
Disserta¸ao de Mestrado do Curso de os-Gradua¸ao em Astrof´ısica, orientada
pelo Dr. Joaquim Eduardo Rezende Costa, aprovada em 26 de abril de 2005.
INPE
ao Jos´e dos Campos
2005
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123
SIM
˜
OES, P. J. A.
Estudo da radia¸ao girossincrotrˆonica de explos˜oes
solares em ambientes de campos magn´eticos complexos /
P. J. A. Sim˜oes. ao Jos´e dos Campos: INPE, 2005.
123 (INPE-13269-MAN/45).
1. 2. 3. 4.
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Aprovada pela Banca Examinadora
em cumprimento a requisito exigido
para a obten¸ao do T´ıtulo de Mestre
em Astrof´ısica.
Dra. Adriana alio Roque da Silva
Presidente
Dr. Joaquim Eduardo Rezende Costa
Orientador
Dr. Carlos Guillermo Gim´enez de Castro
Membro da Banca
Dr. Jean-Pierre Raulin
Membro da Banca
Candidato: Paulo Jos´e de Aguiar Sim˜oes
ao Jos´e dos Campos, 26 de Abril de 2005.
“S´abio ´e aquele que conhece os limites da pr´opria ignorˆancia.”
ocrates
`
A minha fam´ılia e `a Juliana.
AGRADECIMENTOS
Ao Dr. Joaquim Eduardo Rezende Costa, pela orientao neste trabalho e pelo co-
nhecimento que me transmitiu ao longo destes anos.
Aos membros da banca examinadora, Dra. Adriana alio Roque da Silva, Dr. Jean-
Pierre Raulin e Dr. Guillermo Gim´enez de Castro pelas sugest˜oes apresentadas ao
trabalho.
Ao Dr. Guillermo Gim´enez de Castro, Guigue, por toda a ajuda e por me ensinar
os primeiros conceitos do L
A
T
E
X.
`
A Divis˜ao de Astrof´ısica do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e ao
CRAAM (Centro de adio Astronomia e Astrof´ısica Mackenzie) pelos recursos para
a realiza¸ao deste projeto.
`
A Funda¸ao de Amparo `a Pesquisa do Estado de ao Paulo (FAPESP), pelo suporte
financeiro, sob o processo n´umero 03/03406-6.
Ao meu grande amigo abio Utsumi, pela amizade e incentivo.
E, especialmente, `a minha fam´ılia que sempre me apoiou e `a minha futura esposa
Juliana Paao, que esteve sempre ao meu lado, com compreens˜ao e carinho.
RESUMO
Neste estudo analisamos as caracter´ısticas espaciais e espectrais da emiss˜ao e pola-
riza¸ao girossincrotrˆonica de explos˜oes solares em ambientes de campos magn´eticos
anisotr´opicos. Testamos distribui¸oes anisotropicas dos ˆangulos de passo dos el´etrons
acelerados preparando o nosso odigo num´erico para uma an´alise mais correta da
emiss˜ao e propaga¸ao de ondas em ambientes heterogˆeneos tal como nos modelos
de el´etrons aprisionados com precipita¸ao. Imagens de alta resolu¸ao espacial dos
arcos magn´eticos, obtidas em ultravioleta pelo instrumento SOHO/EIT e TRACE,
tˆem mostrado uma grande riqueza de detalhes na configura¸ao magn´etica sobre as
regi˜oes ativas solares. O m´etodo que desenvolvemos permite a utiliza¸ao de infor-
ma¸oes tridimensionais das estruturas obtidas por reconstru¸oes geom´etricas dos
campos magn´eticos, como extrapola¸oes de campos fotosf´ericos ou tomografia, ou
ainda simula¸oes geom´etricas de cen´arios semelhantes `as observoes. Calculamos a
radia¸ao emitida por distribui¸oes ao-t´ermicas de el´etrons neste ambiente complexo
e resolvemos a transferˆencia radiativa; mostramos e discutimos os resultados atrav´es
de espectros da radia¸ao, mapas de alta resolu¸ao espacial da emiss˜ao total e de po-
lariza¸ao circular. Notamos expressivos alargamentos espectrais devido `a natureza
ao-homogˆeneas das fontes. Os mapas revelam estruturas de brilho da ordem de
segundos de arco resultantes da escala de inomogeneidade introduzida, assim como
diferentes caracter´ısticas espectrais em diferentes regi˜oes das fontes. A inclus˜ao da
transferˆencia radiativa nestes alculos modificou alguns aspectos conhecidos da in-
terpreta¸ao da emiss˜ao tal como a diminui¸ao da dependˆencia da distribui¸ao dos
ˆangulos de passo na emiss˜ao opticamente fina concordando melhor com aspectos
estat´ısticos recentemente observados.
ANALYSIS OF GYRO-SYNCHROTRON RADIATION FROM
SOLAR BURSTS IN COMPLEX MAGNETIC ENVIRONMENT
ABSTRACT
In this study we have analyzed the spectral and spacial characteristics of gyro-
synchrotron emission and polarization of solar bursts in highly inhomogeneous me-
dium. We have tested the anisotropic pitch angle distribution of accelerated elec-
trons, preparing our numerical code for a better analysis of the emission and the
radiative transfer in inhomogeneous medium such as in the trap-plus-precipitation
models. The SOHO/EIT and TRACE high resolution images have revealed in de-
tail a structured magnetic configuration over solar active regions. In our method,
we use the magnetic field geometry represented by tridimensional structures obtai-
ned from magnetic field extrapolation, tomography or any geometry that resembles
the observed structures. We have calculated the radiation pro duced by non-thermal
electron distributions in this complex environment and solved the radiative transfer
equation; the results, presented in brightness distribution maps, polarization maps
and spectra, are discussed. We note a spectral broadening due to the inhomogeneity
of the sources. The maps revealed a non uniform brightness distribution, with small
scale structures. Also, we find different spectral characteristics at different regions
of the emitting source. Some known statistical aspects of recently published results
are obtained and the pitch angle dep endence of optically thin emission has been
contested by the inclusion of the radiative transfer computation performed here.
SUM
´
ARIO
ag.
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
LISTA DE S
´
IMBOLOS
CAP
´
ITULO 1 - INTRODU ¸C
˜
AO 25
CAP
´
ITULO 2 - RADIA¸C
˜
AO GIROSSINCROTR
ˆ
ONICA DE EX-
PLOS
˜
OES SOLARES 31
2.1 - Propaga¸ao De Ondas Eletromagn´eticas Em Um Plasma Magneto-ativo . 32
2.2 - Emiss˜ao e Auto-absor¸ao Da Radia¸ao Girossincrotrˆonica . . . . . . . . . 35
2.3 - Polariza¸ao e Transferˆencia Radiativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.3.1 - Acoplamento Dos Modos Magneto-iˆonicos . . . . . . . . . . . . . . . . 43
2.4 - Caracter´ısticas Da Radia¸ao Girossincrotrˆonica De Explos˜oes Solares . . 45
2.4.1 - Fonte Homogˆenea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
2.4.2 - Fonte Inomogˆenea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
CAP
´
ITULO 3 - CAMPOS MAGN
´
ETICOS EM REGI
˜
OES ATIVAS 47
3.1 - Extrapola¸ao De Campos Magn´eticos Fotosf´ericos . . . . . . . . . . . . . 48
3.2 - Reconstru¸ao Dos Arcos Magn´eticos Atrav´es De Imagens . . . . . . . . . 51
CAP
´
ITULO 4 - DESCRI ¸C
˜
AO DO M
´
ETODO COMPUTACIONAL 55
4.1 - Defini¸ao Da Fonte Inomogˆenea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
4.2 - alculo Dos Coeficientes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
4.3 - alculo Da Transferˆencia Radiativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
CAP
´
ITULO 5 - RADIA¸C
˜
AO GIROSSINCROTR
ˆ
ONICA DE UMA
FONTE INOMOG
ˆ
ENEA TRIDIMENSIONAL 63
5.1 - Fontes Homogˆeneas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
5.2 - Fontes Inomogˆeneas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
5.3 - Varia¸oes Centro-Limbo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
5.4 - An´alise Dos Espectros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
5.4.1 - Regime Opticamente Espesso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
5.4.2 - Regime Opticamente Fino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
5.5 - Mapas De Brilho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
5.6 - Polariza¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
CAP
´
ITULO 6 - CONSIDERA¸C
˜
OES FINAIS 99
REFER
ˆ
ENCIAS BIBLIOGR
´
AFICAS 101
LISTA DE FIGURAS
ag.
1.1 Imagens de regi˜oes ativas obtidas pelo sat´elite TRACE, em ultravioleta
distante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
1.2 Espectro da emiss˜ao girossincrotrˆonica de fonte homogˆenea. . . . . . . . 28
2.1 Sistema de coordenadas de referˆencia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.1 Regi˜ao ativa NOAA 7986 registrada pelo EIT e reconstru¸oes tomogr´aficas. 53
3.2 Extrapola¸oes do campo magn´etico da Regi˜ao ativa NOAA 7986. . . . . 54
4.1 Descri¸ao esquem´atica do modelo de fonte inomogˆenea. . . . . . . . . . . 56
4.2 Reprodu¸ao da figura 2 de Ramaty (1969). . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
4.3 Reprodu¸ao da figura 6 de Ramaty (1969). . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
4.4 Sec¸ao transversal dos arcos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.5 Procedimento do alculo da transferˆencia radiativa. . . . . . . . . . . . . 60
4.6 Resultados do teste do alculo da transferˆencia radiativa. . . . . . . . . . 61
5.1 Estrutura dos arcos magn´eticos, representando uma fonte inomogˆenea. . 65
5.2 Indu¸ao magn´etica e densidade ambiente da fonte inomogˆenea. . . . . . . 66
5.3 Espectros calculados para o modelo de fonte homogˆenea. . . . . . . . . . 68
5.4 Diferentes posi¸oes da fonte no disco solar. . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
5.5 Espectros calculados para o modelo de fonte inomogˆenea . . . . . . . . . 70
5.6 Varia¸ao centro-limbo dos parˆametros espectrais. . . . . . . . . . . . . . 72
5.7 Histograma dos ´ındices espectrais α
e
(Schoechlin e Magun, 1979). . . . . . . 74
5.8 Freq
¨
uˆencia de corte Razin. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
5.9 Mapas de fluxo do Modelo A, em 3,1 e 10,3 GHz. . . . . . . . . . . . . . 90
5.10 Mapas de fluxo do Modelo B, em 3,1 e 10,3 GHz. . . . . . . . . . . . . . 91
5.11 Mapas de fluxo do Modelo C, em 3,1 e 10,3 GHz. . . . . . . . . . . . . . 92
5.12 Espectro de ´area das fontes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
5.13 Espectros calculados com resolu¸ao espacial de 10

× 10

. . . . . . . . . 93
5.14 Opacidade da fonte em 6 GHz, para os modos ordin´ario e extraordin´ario. 94
5.15 Mapas em 3,1 e 10,3 GHz (Modelo A, 20
o
S 40
o
O) convolu´ıdos com feixes
gaussianos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
5.16 Invers˜ao de polariza¸ao e parˆametro de Stokes V para uma fonte homo-
gˆenea. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
5.17 Sinais da componente longitudinal do campo magn´etico do modelo. . . . 96
5.18 Mapas de polariza¸ao circular. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
5.19 Grau de polariza¸ao integrado das fontes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
LISTA DE TABELAS
ag.
5.1 Parˆametros das fontes homogˆeneas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
5.2 Modelos utilizados para fontes inomogˆeneas. . . . . . . . . . . . . . . . . 70
5.3
´
Indices espectrais da regi˜ao opticamente espessa α
e
. . . . . . . . . . . . . 75
5.4
´
Indices espectrais de otons (α
f
) e de el´etrons (δ). . . . . . . . . . . . . . 78
5.5 Campos magn´eticos obtidos atraes da Equa¸ao 5.8. . . . . . . . . . . . 83
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
EIT Extreme ultraviolet Imagimg Telescope
EUV Extrme UltraViolet
FASR - Fast Agile Solar Radiotelescope
HXT Hard X-ray Telescop e
NOAA Nation Oceanic and Atmospheric Administration
NoRH Nobeyama Radio Heliograph
OVSA Owens Valley Solar Array
QL Quase-longitudinal
QT Quase-transversal
RHESSI Ramaty High Energy Solar Spectroscopic Imager
SMM Solar Maximum Mission
SOHO SOlar and Heliospheric Observatory
STEREO Solar TErrestrial RElations Observatory
SXT Soft X-ray Telescope
VLA Very Large Array
WSRT Westerbork Synthesis Radio Telescope
LISTA DE S
´
IMBOLOS
Latinos
a
θ
, a
k
coeficiente de polariza¸ao
A ´area projetada da fonte
A
nor
, B
nor
constantes de normaliza¸ao
B campo magn´etico do ambiente
c velocidade da luz
C grau de acoplamento entre modos magneto-iˆonicos
D vetor de deslocamento el´etrico
e carga el´etrica do el´etrons
E campo el´etrico da onda eletromagn´etica
E energia total do el´etron
E
min
,E
max
limites de energia do espectro de el´etrons
F densidade de fluxo
h altura na atmosfera solar
h constante de Planck
J densidade de corrente
j coeficiente de emiss˜ao
J
s
fun¸ao de Bessel de ordem s
k vetor da onda
k
b
constante de Boltzmann
L dimens˜ao da fonte
l dimens˜ao de cada elemento da fonte
m
e
massa do el´etron
N densidade do ambiente
N
e
densidade dos el´etrons ao-t´ermicos
p momento do el´etron
P press˜ao
t tempo
T temperatura do plasma
V volume da fonte
I, Q, U, V parˆametros de Stokes
Gregos
α cisalhamento do campo magn´etico
α
e
´ındice espectral de otons, regime opticamente espesso
α
f
´ındice espectral de otons, regime opticamente fino
α
R
parˆametro de Razin
α
X
´ındice espectral de otons (raios-X)
β velocidade dos el´etrons
γ fator de Lorentz
δ ´ındice espectral de el´etrons
κ coeficiente de absor¸ao
ν freq
¨
uˆencia de ondas eletromagn´eticas
ν
B
freq
¨
uˆencia de giro do el´etron
ν
p
freq
¨
uˆencia de plasma
ν
c
freq
¨
uˆencia de colis˜oes el´etron-´ıon
ν
R
freq
¨
uˆencia de corte Razin
ν
x
freq
¨
uˆencia de corte do modo extraordin´ario
tensor diel´etrico do plasma
θ ˆangulo entre a dire¸ao do observador e B
Θ ˆangulo de abertura do cone de emiss˜ao de el´etrons relativ´ısticos
τ opacidade ´optica
µ permeabilidade magn´etica
µ
±
´ındice de refra¸ao
φ ˆangulo de passo dos el´etrons
φ
g
potencial gravitacional
φ
M
potencial magn´etico
Π grau de polariza¸ao
ˆangulo olido da fonte
η emissividade do el´etron
CAP
´
ITULO 1
INTRODU ¸C
˜
AO
Explos˜oes solares ao emiss˜oes repentinas e intensas de radia¸ao eletromagn´etica que
ocorrem nas regi˜oes ativas da atmosfera solar. Estas regi˜oes ao constitu´ıdas por um
plasma magnetizado com intensa indu¸ao magn´etica e em cen´arios bem complexos
como visto recentemente atrav´es de observoes em raios X moles e ultra-violeta dis-
tante. As interpreta¸oes das observoes da radia¸ao emitida nestes eventos solares,
principalmente na banda adio e raios-X duros do espectro eletromagn´etico, indicam
que esta radia¸ao ´e produzida por part´ıculas aceleradas no plasma magnetizado.
A energia magn´etica, armazenada em configura¸oes magn´eticas complexas, ´e subi-
tamente lan¸cada na atmosfera solar, como conseq
¨
uˆencia de reconex˜oes magn´eticas
e transferida para part´ıculas como el´etrons, pr´otons e n´ucleos pesados, que ao ace-
lerados e/ou aquecidos. As explos˜oes solares podem ser dividas em trˆes fases: fase
precursora, onde a energia magn´etica ´e armazenada (com manifesta¸oes em raios-X
moles); fase impulsiva: onde as part´ıculas ao aceleradas, excedendo a energia de
1 MeV (detec¸ao de ondas de adio, raios-X duros e raios-γ); fase de decaimento:
diminui¸ao gradual da energia podendo chegar a horas (vista em praticamente todo
o espectro eletromagn´etico). Imagens obtidas atraes de observoes com resolu¸ao
espacial, tanto em ondas centim´etricas como em raios-X permitiram avaliar a rela¸ao
espacial e temporal entre as fontes emissoras nestas bandas do espectro.
Um cen´ario t´ıpico utilizado na interpreta¸ao de explos˜oes solares ´e constitu´ıdo por
arcos magn´eticos onde uma fra¸ao das part´ıculas aceleradas ´e aprisionada, espira-
lando ao redor das linhas de campo, emitindo radia¸ao na banda adio, enquanto
que outra fra¸ao precipita at´e regi˜oes mais baixas da atmosfera solar, colidindo com
o plasma mais denso nesta regi˜ao, emitindo raios-X por bremsstrahlung. Neste tra-
balho trataremos da emiss˜ao produzida pelos el´etrons aprisionados nas linhas de
campo magn´etico.
Na F´ısica Solar, a radia¸ao sincrotrˆonica gerada por el´etrons altamente relativ´ıs-
ticos come¸cou a ser utilizada na interpreta¸ao de explos˜oes solares por Takakura
(1960a). No entanto, a aproxima¸ao ultra relativ´ıstica ao era suficiente para expli-
car o caso solar, ao contr´ario dos casos da maioria dos objetos osmicos (Ginzburg,
1964). Uma extensa revis˜ao sobre este opico foi apresentada por Takakura (1967).
25
O formalismo completo para a teoria da radia¸ao girossincrotrˆonica para fontes ho-
mogˆeneas foi apresentado por Ramaty (1969), e aplicado para explos˜oes solares.
O termo homogˆeneo refere-se aqui a todos os parˆametros que regulam a emiss˜ao
girossincrotrˆonica.
Diversos autores computaram a radia¸ao produzida por uma popula¸ao de el´etrons
em uma fonte homogˆenea, com ˆenfase em explos˜oes solares, baseando-se nesse for-
malismo (Dulk, 1973; Tarnstrom, 1976; Matzler, 1978; Dulk et al., 1979; Petrosian, 1981;
Dulk e Marsh, 1982).
Com o in´ıcio das observoes solares com alta resolu¸ao espacial em diversas faixas do
espectro eletromagn´etico tornou-se evidente o fato da atmosfera solar ser altamente
inomogˆenea, principalmente na dire¸ao e magnitude do campo magn´etico.
alculos baseados em fontes homogˆeneas ao eram a melhor aproxima¸ao para a
an´alise de eventos solares: observoes com alta resolu¸ao em adio, por exemplo,
com o Westerbork Synthesis Radio Telescope (WSRT) (Alissandrakis e Kundu, 1978)
e o Very Large Array (VLA) (Kundu et al., 1981) identificaram estruturas de brilho
da baixa coroa com resolu¸ao da ordem de 1”. Outros trabalhos tamb´em sugerem a
existˆencia de fontes compactas e complexas (Correia et al., 1995; Raulin et al., 1998).
As observoes, particularmente na banda de raios-X moles e duros, mostraram
que as explos˜oes ocorriam em arcos magn´eticos, com tamanho t´ıpico de 10”-20”,
com evidˆencias claras de diferen¸cas espaciais entre as diferentes bandas de energia.
Diversos outros trabalhos sugerem claramente a natureza ao-homogˆenea das fontes
explosivas na atmosfera solar (Schoechlin e Magun, 1979; Wiehl et al., 1985; St
¨
ahli et al.,
1989; Lee et al., 1994; Nindos et al., 2000).
Modelos de fontes com configura¸oes geom´etricas simplificadas (bidimensionais ou
simetria radial) e considerando alguns parˆametros com varia¸ao espacial, passaram
a ser utilizadas nos alculos da radia¸ao girossincrotrˆonica (Petrosian, 1982; Dulk e
Dennis, 1982; Alissandrakis e Preka-Papadema, 1984; Klein, 1984; Klein et al., 1986; Preka-
Papadema e Alissandrakis, 1988). Modelos em trˆes dimens˜oes ao eram vi´aveis, tendo em
vista a indisponibilidade dos recursos computacionais necess´arios para os alculos.
Os recentes resultados das observoes em raios-X pelo Soft X-Ray Telescope (SXT),
a bordo do sat´elite Yohkoh, e em ultra violeta distante (Extreme Ultra Violet - EUV),
pelo instrumentos `a bordo dos sat´elites Solar and Heliospheric Observatory (SOHO)
26
e Transition Region And Coronal Explorer (TRACE) evidenciam a alta complexi-
dade dos arcos magn´eticos, como pode ser vista na Figura 1.1, possibilitando novas
abordagens de discuss˜ao sobre o papel dos campos magn´eticos na emiss˜ao em adio
de explos˜oes solares. Na banda adio a emiss˜ao girossincrotrˆonica depende tanto da
FIGURA 1.1 - Imagens de regi˜oes ativas obtidas pelo sat´elite TRACE, em ultravioleta distante. Nestas
imagens ´e poss´ıvel observar a alta complexidade das estruturas magn´eticas coronais.
FONTE: http://vestige.lmsal.com/TRACE/
intensidade como da dire¸ao do campo magn´etico, al´em da densidade de el´etrons
ao-t´ermicos e extens˜ao da fonte. Contudo, com exce¸ao do tamanho angular da
fonte, que ´e diretamente mensur´avel, a emiss˜ao em adio ´e predominantemente de-
pendente do campo magn´etico (dire¸ao e magnitude), como a foi ressaltado por
Gary e Hurford (1989). Aumentando-se os parˆametros que controlam a emiss˜ao em
um fator 2, o aximo da emiss˜ao ´e mais fortemente alterado pela intensidade (B) e
dire¸ao (θ) do campo magn´etico, como pode ser visto na Figura 1.2. Assim, ´e grande
27
FIGURA 1.2 - Espectro te´orico da emiss˜ao girossincrotrˆonica ao-t´ermica, para uma fonte homogˆenea.
As setas representam a dire¸ao e magnitude do deslocamento do espectro quando os
paametros correspondentes ao aumentados em um fator 2.
FONTE: Gary e Hurford (1989)
o interesse cient´ıfico no conhecimento e na reconstru¸ao da geometria destas estrutu-
ras magn´eticas, al´em das suas caracter´ısticas f´ısicas. Existem diferentes ecnicas de
investiga¸ao propostas (Alexander e Katsev, 1996; Gary, 1997; Aschwanden et al., 1999b;
Wiegelmann e Inhester, 2003), incluindo uma proposta para observoes estereosc´opi-
cas atrav´es de dois telesc´opios espaciais (Gary et al., 1998). Todos, por´em, analisam
a emiss˜ao quiescente em raios-X moles dos arcos magn´eticos na baixa coroa e ao
se estendem a uma an´alise da importˆancia destas estruturas em explos˜oes solares.
O principal aspecto de interesse no nosso trabalho ´e obter uma melhor compreens˜ao
da orienta¸ao destas estruturas coronais em rela¸ao `a linha de visada nas emiss˜oes
transientes, para uma an´alise mais correta de imagens bidimensionais obtidas obser-
vacionalmente, principalmente na fase os-libera¸ao de energia.
A interpreta¸ao das observoes demandam alculos detalhados da transferˆencia ra-
diativa para a emiss˜ao em adio (as quais ao opticamente espessas para freq
¨
uˆencias
baixas). Para tanto temos que considerar a inomogeneidade das fontes das explo-
oes solares tanto na gera¸ao da emiss˜ao quanto na propaga¸ao. Apresentamos neste
28
trabalho um etodo para o alculo da radia¸ao girossincrotrˆonica produzida por el´e-
trons acelerados durante explos˜oes solares e a transferˆencia radiativa considerando
a complexidade tridimensional dos campos magn´eticos das regi˜oes explosivas. Este
m´etodo possibilita a obten¸ao de espectros da emiss˜ao integrada de toda a fonte,
assim como de regi˜oes espec´ıficas, com maior resolu¸ao espacial; al´em de mapas da
emiss˜ao total e polariza¸ao da fonte emissora.
No Cap´ıtulo 2, estabelecemos as bases te´oricas da radia¸ao girossincrotrˆonica e pro-
paga¸ao de ondas em plasmas magnetizados utilizadas neste trabalho. No Cap´ıtulo
3, apresentamos as t´ecnicas existentes para a obten¸ao dos campos magn´eticos de
regi˜oes ativas solares. O m´etodo computacional e modelos de fontes emissoras est˜ao
descritos no Cap´ıtulo 4. Finalmente, no Cap´ıtulo 5, discutimos os espectros e os
mapas da radia¸ao resultantes dos alculos, e suas dependˆencias com os parˆametros
da fonte.
29
CAP
´
ITULO 2
RADIA¸C
˜
AO GIROSSINCROTR
ˆ
ONICA DE EXPLOS
˜
OES SOLARES
A radia¸ao girossincrotrˆonica ´e a emiss˜ao eletromagn´etica gerada por el´etrons leve-
mente relativ´ısticos que se movem em um campo magn´etico. No caso de el´etrons
ultra-relativ´ısticos, onde a energia cin´etica ´e muito maior que a energia de repouso
das part´ıculas, a emiss˜ao ´e denominada de radia¸ao sincrotrˆonica, enquanto que
para part´ıculas de baixa energia a denomina¸ao ´e radia¸ao ciclotrˆonica, descrita pela
teoria ao-relativ´ıstica. A radia¸ao girossincrotrˆonica gerada por uma distribui¸ao
t´ermica (Maxwelliana) de part´ıculas ´e conhecida como radia¸ao girorressonante.
No caso de explos˜oes solares, ´e comumente aceito que a emiss˜ao em microondas
´e gerada por el´etrons ao-t´ermicos espiralando no campo magn´etico. A teoria da
emiss˜ao girossincrotrˆonica gerada por el´etrons em ´orbitas circulares no acuo foi
apresentada e discutida por diversos autores (Schott, 1912; Takakura, 1960a; Landau e
Lifshitz, 1962) e estendida para ´orbitas helicoidais por Takakura (1960b). Para o caso
geral da radia¸ao eletromagn´etica gerada por part´ıculas carregadas em um plasma
magnetizado existem diversos tratamentos na literatura, e. g. Mansfield (1967) e
referˆencias, com express˜oes para a distribui¸ao espectral e angular da radia¸ao, para
ambos os modos de propaga¸ao (plasma bi-refringente, como veremos mais `a frente),
e para um el´etron com dada energia e ˆangulo de passo (“pitch angle”).
Ramaty (1969) apresentou um formalismo detalhado com equa¸oes integrais sem
solu¸ao anal´ıtica para os parˆametros envolvidos no alculo da radia¸ao giros-
sincrotrˆonica em um plasma magnetizado. Atrav´es de alculos num´ericos, Ramaty
(1969) demonstrou que as equa¸oes da radia¸ao sincrotrˆonica (Ginzburg e Syrovatskii,
1964), aplicadas `a explos˜oes solares, levam a uma grande discrepˆancia em rela¸ao
ao formalismo da radia¸ao girossincrotrˆonica, para el´etrons com energia abaixo de
2 MeV. Discutiu ainda, que uma determina¸ao mais precisa sobre o espectro giros-
sincrotrˆonico deve conter um tratamento mais consistente sobre a auto-absor¸ao e
supress˜ao do meio. Devido ao extenso tempo de processamento necess´ario para a
solu¸ao das equa¸oes da radia¸ao girossincrotrˆonica (principalmente nas d´ecadas de
70 e 80), tornou-se comum encontrar na literatura express˜oes simplificadas (Matzler,
1978; Dulk et al., 1979; Petrosian, 1981; Dulk e Marsh, 1982; Dulk, 1985; Robinson, 1985;
Klein, 1987; Belkora, 1997; Zhou et al., 1998; Zhou et al., 1999), por´em com limita¸oes
quanto `as bandas de validade dos parˆametros envolvidos no alculo.
31
2.1 Propaga¸ao De Ondas Eletromagn´eticas Em Um Plasma Magneto-
ativo
A propaga¸ao de ondas eletromagn´eticas, descritas pelos vetores campo el´etrico E
e campo magn´etico H, em um plasma ´e descrita atrav´es das equa¸oes de Maxwell,
das quais podemos obter a equa¸ao de onda (no dom´ınio da freq
¨
uˆencia):
× ( ×E)
ω
c
2
· E = 0 (2.1)
onde c ´e a velocidade da luz no acuo, ω = 2πν ´e a freq
¨
uˆencia angular da onda
eletromagn´etica. ´e o tensor diel´etrico, onde =
r
0
, sendo
0
a permissividade
do espa¸co livre e
r
a permissividade relativa do meio. A propaga¸ao das ondas ´e
governada pelas caracter´ısticas do meio, representadas pelo tensor , que ´e determi-
nado pelo movimento das part´ıculas no campo eletromagn´etico da onda e no campo
magn´etico externo est´atico, pela agita¸ao t´ermica e por colis˜oes. Estes parˆametros
podem ser representados pelas freq
¨
uˆencias caracter´ısticas do plasma, principalmente
para os el´etrons devido `as considera¸oes de um plasma frio, o qual explicaremos `a
seguir,
a freq
¨
uˆencia de giro do el´etron:
ν
B
=
1
2π
eB
m
e
c
2, 8 ×10
6
B [Hz] (2.2)
a freq
¨
uˆencia de plasma:
ν
p
=
e
2
N
πm
e
9 × 10
3
N [Hz] (2.3)
a freq
¨
uˆencia de colis˜oes el´etron-´ıon:
ν
c
=
4
3
2πm
e
Ne
4
(k
b
T )
3/2
ln
4k
b
T
1, 78
60
N
T
3/2
[Hz] (2.4)
Nestas equa¸oes:
ν ´e a freq
¨
uˆencia da onda eletromagn´etica [Hz];
B ´e o campo magn´etico externo [G];
32
N ´e a densidade num´erica de el´etrons ermicos (do ambiente)[cm
3
];
T ´e a temperatura [K];
k
b
= 1, 381 ×10
16
erg K
1
, a constante de Boltzmann;
h = 6, 626 × 10
27
erg s, a constante de Planck;
e = 4, 803206 × 10
10
esu, carga do el´etron;
m
e
= 9, 1094 ×10
28
g, massa do el´etron;
Em um plasma sem um campo magn´etico externo, o tensor diel´etrico ´e expresso
como:
=
1
ω
2
p
ω
2
0
0 0
0
1
ω
2
p
ω
2
0
0
0 0
1
ω
2
p
ω
2
0
(2.5)
E, dessa forma o ´ındice de refra¸ao µ ´e:
µ =
r
=
1 (ω
2
p
2
) (2.6)
No caso da coroa solar, a freq
¨
uˆencia de colis˜oes el´etron-´ıon ν
c
´e muito pequena em
rela¸ao `as outras freq
¨
uˆencias caracter´ısticas, e pode ser desprezada. Considerando
enao um sistema de el´etrons energ´eticos movendo-se em um plasma com densidade
homogˆenea, frio (as part´ıculas do plasma ao consideradas fixas em posi¸oes est´aveis
na ausˆencia de uma perturba¸ao externa), sem colis˜oes e permeado por um campo
magn´etico externo est´atico (que causa uma anisotropia no meio), a propaga¸ao de
ondas neste meio ´e regida somente pelas caracter´ısticas deste meio, se a densidade
de el´etrons do plasma ´e muito maior que a densidade dos el´etrons energ´eticos. Estas
caracter´ısticas do plasma se refletem no tensor diel´etrico :
=
1 +
ω
p
ω
2
B
ω
2
0
jω
2
p
ω
B
ω(ω
2
B
ω
2
)
0
0
jω
2
p
ω
B
ω(ω
2
B
ω
2
)
0
1 +
ω
p
ω
2
B
ω
2
0
0
0 0
1
ω
2
p
ω
2
0
(2.7)
Pela teoria magneto-iˆonica (Ratcliffe, 1959; Ginzburg, 1964), a rela¸ao de dispers˜ao
33
em tal plasma ´e biquadr´atica para o ´ındice de refra¸ao µ
±
, o que leva a dois mo-
dos de propaga¸ao (µ
2
±
> 0), chamados ordin´ario e extraordin´ario, ou dois modos
evanescentes (µ
2
±
< 0). O ´ındice de refra¸ao neste caso ´e dado pela equao de
Appleton-Hartree (Ratcliffe, 1959; Stix, 1962):
µ
2
±
(θ) = 1
2X(1 X)
2(1 X) Y
2
sen
2
θ ±
Y
4
sen
4
θ + 4(1 X)
2
Y
2
cos
2
θ
(2.8)
onde:
X =
ν
p
ν
2
(2.9)
Y =
ν
B
ν
(2.10)
FIGURA 2.1 - Sistema de coordenadas de referˆencia.
Os ´ındices subscritos + e indicam os mo dos ordin´ario e extraordin´ario, respecti-
vamente.
Em um sistema de coordenadas (Figura 2.1) onde o eixo Z ´e paralelo ao vetor de
onda k, e o campo magn´etico externo est´a no plano YZ, contendo o ˆangulo de visada
θ entre o campo magn´etico B e o vetor de onda k, os coeficientes de polariza¸ao ao
definidos pelas componentes de vetor do campo el´etrico da onda eletromagn´etica
(Ginzburg, 1964):
34
ja
θ
=
E
θ
E
x
; ja
k
=
E
k
E
x
(2.11)
onde E
θ
´e a componente de E no plano definido por B externo e a dire¸ao de
propaga¸ao da onda (vetor de onda k); E
x
´e a componente normal `a dire¸ao de
propaga¸ao da onda; e E
k
´e a componente na dire¸ao k. Em termos da Equa¸ao
(2.8), os coeficientes de polariza¸ao a
θ
(transversal) e a
k
(longitudinal) ao:
a
θ±
=
2(1 X) cos θ
Y sen
2
θ ±
Y
2
sen
4
θ + 4(1 X)
2
cos
2
θ
(2.12)
a
k±
=
(a
θ±
Y cos θ 1)XY senθ
1 Y
2
(1 Y
2
cos
2
θ)X
(2.13)
O ´ındice de refra¸ao apresenta ainda cortes (µ
±
= 0) e ressonˆancias (µ
±
= )
para as freq
¨
uˆencias caracter´ısticas do plasma, em certas regi˜oes de um plasma ao-
homogˆeneo. Uma onda que se propaga nessas regi˜oes ser´a refletida ou absorvida,
respectivamente. Dessa forma, uma onda com freq
¨
uˆencia ν, nos modos ordin´ario
e extraordin´ario, ao escapar´a da fonte a ao ser que ν seja maior que ν
p
ou ν
x
,
respectivamente, onde (Pawsey e Bracewell, 1955; Ramaty, 1969)
ν
x
=
ν
2
p
+
ν
2
B
4
+
ν
B
2
(2.14)
Como pode ser visto nas equa¸oes (2.11) e (2.13), o vetor campo el´etrico possui
a componente longitudinal E
k
. No entanto, a energia associada a esta componente
ao se propaga, a ao ser que sejam considerados mecanismos de convers˜ao, entre
oscila¸oes longitudinais e/ou ondas eletromagn´eticas transversais (McLean e Labrum,
1985). Entretanto para o plasma solar, podemos considerar a
k
= 0 (Ramaty, 1969)
2.2 Emiss˜ao e Auto-absor¸c˜ao Da Radia¸ao Girossincrotrˆonica
A radia¸ao emitida por um el´etron, em fun¸ao da freq
¨
uˆencia e distribui¸ao angular,
para os modos ordin´ario e extraordin´ario, ´e dada pela equa¸ao (Ramaty, 1969; Ramaty
et al., 1994):
35
η
±
(ν, θ, γ, φ) =
2πe
2
c
ν
2
s=−∞
µ
±
1 + a
2
θ±
×
β senφJ
s
(x
s
) +
a
θ±
cot θ
µ
±
β
cos φ
senθ
J
s
(x
s
)

2
(2.15)
×δ
ν
B
γ
µ
±
νβ cos φ cos θ
onde:
x
s
=
±
β senφ senθ
1 µ
±
β cos φ cos θ
(2.16)
β ´e a velocidade do el´etron em unidades de c;
γ = 1/
1 β
2
;
φ ´e o ˆangulo de passo (“pitch angle”) do el´etron em rela¸ao `a B;
J
s
´e a fun¸ao de Bessel de ordem s.
A Equa¸ao (2.15) ´e alida para todas as freq
¨
uˆencias, nas quais µ
2
±
> 0, e ´e referente
`a emissividade volum´etrica de uma distribui¸ao mono-energ´etica de el´etrons com
um ´unico ˆangulo de passo, normalizada para um el´etron com fator de Lorentz γ e
ˆangulo de passo φ.
Os coeficientes de emiss˜ao j
±
e absor¸ao κ
±
para distribui¸oes arbitr´arias de energia
e ˆangulo de passo podem ser obtidas a partir das express˜oes gerais (Bekefi, 1966;
Melrose, 1968):
j
±
(ν, θ) =
η
±
(ν, θ, γ, φ)f(p
)d
3
p (2.17)
κ
±
(ν, θ) = (c
2
/n
2
ν
2
)
η
±
(ν, θ, γ, φ)
1
[f(p) f(p
)]d
3
p
(2.18)
onde f(p)d
3
p ´e o n´umero de el´etrons no espa¸co de momento, e o sinal de κ ´e definido
de modo que, emitindo um oton, o momento do el´etron passa de p
para p. Como
a energia do oton ´e muito menor que a energia do el´etron γm
e
c
2
, f(p) f(p
)
36
pode ser reduzido a:
f(p) f(p
) =
pc
βγ
f
γ
+ tan φ
f
φ
(2.19)
sendo φ a mudan¸ca do ˆangulo de passo do el´etron resultante da emiss˜ao de um
oton com energia na dire¸ao θ:
tan φ =
pc
µ
±
β cos θ cos φ
β senγ
(2.20)
Ressaltamos que a energia cin´etica do el´etrons (γ 1) ´e dada aqui em unidades da
energia de repouso m
e
c
2
. As equa¸oes nesta Se¸ao ser˜ao escritas em fun¸ao do fator
de Lorentz γ. Considerando uma fonte com volume total V contendo um n ´umero N
e
de el´etrons com energia acima de um valor m´ınimo dado, e supondo que a fun¸ao
de distribui¸ao f(p) pode ser separada em uma parte dependente da energia u(γ) e
outra do ˆangulo de passo g(φ), podemos escrever (Ramaty, 1969):
f(p) =
N
e
V
1
p
2
γ
p
u(γ)g(φ) (2.21)
Em termos das fun¸oes (2.15) e (2.21), as express˜oes para os coeficientes de emiss˜ao
j
±
e absor¸ao κ
±
ao (Ramaty, 1969):
j
±
(ν, θ) = 2π
N
e
V
1
1
1
u(γ)g(φ)η
±
(ν, θ, γ, φ)d cos φ (2.22)
κ
±
(ν, θ) =
2π
m
e
ν
2
µ
2
±
N
e
V
1
1
1
u(γ)g(φ)η
±
(ν, θ, γ, φ)
×
βγ
2
u(γ)
d
u(γ)
βγ
2
+
µ
±
β cos θ cos φ
γβ senφ
1
g(φ)
dg(φ)
d cos φdγ (2.23)
Nestas equa¸oes, o coeficiente de emiss˜ao j
±
´e expresso em erg s
1
cm
3
ster
1
Hz
1
, e o coeficiente de absor¸ao κ
±
em cm
1
(neste trabalho). Substituindo
a Equa¸ao (2.15) para η
±
(ν, θ, γ, φ) pode-se diretamente avaliar j
±
e κ
±
para os
37
dois modos de propaga¸ao. As integrais duplas d cos φ nas equa¸oes (2.22) e
(2.23) podem ser reduzidas a uma integral simples, avaliando a fun¸ao δ de Dirac
na Equa¸ao (2.15). Para θ = π/2, esta opera¸ao elimina a integral sobre d cos φ, e
obt´em-se:
j
±
(ν, θ) =
BN
e
V
e
3
m
e
c
2
ν
ν
B
G
±
ν
ν
B
, θ
(2.24)
κ
±
(ν, θ) =
N
e
BV
4π
2
e
ν
B
ν
H
±
ν
ν
B
, θ
(2.25)
Para θ = π/2, as fun¸oes G e H ao dadas por:
G
±
H
±
=
2π
cos θ
1
1 + a
2
θ
±
1
s
2
s=s
1
u(γ)
β
g(φ
s
)Z
2
s
1
K
s
(2.26)
onde:
K
s
=
βγ
2
u(γ)
d
u(γ)
βγ
2
+
µ
±
β cos θ cos φ
s
γβ senφ
s
1
g(φ
s
)
dg(φ
s
)
(2.27)
Z
s
= a
θ
±
cot θ
µ
±
β cos φ
s
senθ
J
s
(x
s
) β senφ
s
J
s
(x
s
) (2.28)
x
s
=
±
β senθ senφ
s
1 µ
±
β cos θ cos φ
s
(2.29)
cos φ
s
=
1
B
γ
µ
±
β cos θ
(2.30)
Para cada valor de s, a integral em deve ser resolvida para os limites γ
1
e γ
2
:
γ
1,2
=
B
µ
±
cos θ
(
B
)
2
+ µ
2
±
cos
2
θ 1
1 µ
2
±
cos
2
θ
(2.31)
38
Na pr´atica, os limites de integra¸ao em , ou em energia uma vez que
E = (γ 1)mc
2
, utilizados ao estabelecidos dentro de um intervalo E
min
, E
max
.
Na ausˆencia de intera¸oes entre a part´ıcula emissora e o plasma ambiente, este atua
apenas como o portador das ondas eletromagn´eticas. No entanto, como ressalta Klein
(1984), uma part´ıcula de certa energia parece ter sua eficiˆencia de emiss˜ao menor em
um plasma do que no acuo. Este efeito de supress˜ao do meio, conhecido como efeito
Razin, e. g. Melrose (1980) e referˆencias, est´a relacionado de uma forma complicada
com a densidade ambiente. Uma express˜ao simplificada para se conhecer onde este
efeito ´e maior ´e a freq
¨
uˆencia de Razin (e. g. Pacholczyk (1970)):
ν
R
=
2
3
ν
2
p
ν
B
senθ
20
N
B sen(θ)
(2.32)
onde, freq
¨
uˆencias abaixo deste limite ser˜ao rapidamente mais afetadas pela supress˜ao
do meio. Em Ramaty e Lingenfelter (1968), Ramaty (1969) foi introduzido o parˆa-
metro α
R
, definido como
α
R
=
3
2
ν
B
ν
p
(2.33)
que no alculo da emiss˜ao girossincrotrˆonica de um el´etron com fator de Lorentz γ
controla a supress˜ao Razin. Em baixas freq
¨
uˆencias, a supress˜ao ´e forte se α
R
γ < 1,
e ao ´e afetada se α
R
γ > 1; a radia¸ao pode ser ainda totalmente suprimida se
α
R
γ 1. O parˆametro α
R
, relacionado ao efeito Razin, Equa¸ao (2.33), evidencia
que este efeito ´e maior em plasmas fracamente magnetizados e de alta densidade.
2.3 Polariza¸ao e Transferˆencia Radiativa
As quantidades poss´ıveis de serem observadas da radia¸ao ao suas intensidade e
polariza¸ao. Ambas ao alteradas durante a propaga¸ao da radia¸ao atraes de um
meio: por emiss˜ao, absor¸ao e acoplamento de ondas. A polariza¸ao ´e tamem al-
terada por intera¸oes entre os dois modos magneto-iˆonicos, o que corresponde `a
transforma¸ao de polariza¸ao circular em polariza¸ao linear e vice-versa. Os prin-
cipais processos de acoplamento que podem ocorrer em um plasma ao-homogˆeneo
ao: 1) reflex˜ao, 2) acoplamento de ondas de plasma com ondas transversais e 3) aco-
plamento entre os dois modos magneto-iˆonicos. As reflex˜oes podem ser ignoradas se
39
as caracter´ısticas do plasma variarem suavemente, e ao alidas as aproximoes da
geometria ´optica (Klein, 1984). O segundo processo ocorre apenas para uma banda
estreita de freq
¨
uˆencias pr´oximas `a freq
¨
uˆencia de plasma, onde a radia¸ao girossincro-
trˆonica ´e suprimida. O terceiro processo ao altera a intensidade total da radia¸ao,
mas pode afetar a polariza¸ao das ondas.
A transferˆencia radiativa da radia¸ao polarizada ´e normalmente descrita por um
conjunto de equa¸oes diferenciais de primeira ordem dos parˆametros de Stokes (Zhe-
leznyakov, 1968; Melrose, 1980). No entanto, quando a rota¸ao de Faraday ´e grande,
como ocorre para a radia¸ao girossincrotrˆonica, onde as freq
¨
uˆencias observadas ao
da ordem de grandeza das freq
¨
uˆencias caracter´ısticas do meio, as equa¸oes ao re-
duzidas a (Ramaty, 1969):
I = I
+
+ I
Q =
1 a
2
θ+
1 + a
2
θ+
I
+
+
1 a
2
θ
1 + a
2
θ
I
(2.34)
U = 0
V = 2
a
θ+
I
+
1 + a
2
θ+
+
a
θ
I
1 + a
2
θ
Segundo este conjunto de equa¸oes, os mo dos magneto-iˆonicos (ordin´ario “+” e ex-
traordin´ario ) propagam-se independentemente.
Em um meio fracamente anisotr´opico, a equa¸ao que descreve esta propaga¸ao ´e
(Bekefi, 1966; Melrose, 1980; Wilson, 1980):
µ
2
±
d
dl
I
±
µ
2
±
= j
±
κ
±
I
±
(2.35)
onde l ´e a distˆancia ao longo da dire¸ao de propaga¸ao da onda. Zheleznyakov (1969)
derivou uma equa¸ao de transferˆencia que leva em conta diferentes dire¸oes do fluxo
de energia e a propaga¸ao da onda:
µ
2
±
cos ψ
±
d
dl
I
±
|cos ψ
±
|
µ
2
±
= j
±
κ
±
I
±
(2.36)
40
onde ψ
±
´e o ˆangulo entre a velocidade de grupo e o vetor de onda e ´e dado por:
tan ψ
±
=
1
µ
±
µ
±
θ
(2.37)
Para um meio homogˆeneo a equa¸ao de transferˆencia radiativa acima se reduz a:
dI
±
dl
= j
±
κ
±
I
±
(2.38)
com solu¸ao anal´ıtica para um observador fora do meio:
I
±
=
j
±
κ
±
(1 e
τ
±
) (2.39)
onde:
τ
±
= κ
±
L (2.40)
τ
±
1 I
ν
=
j
±
κ
±
(2.41)
τ
±
1 I
±
= j
±
L (2.42)
I
ν
´e a intensidade espec´ıfica, em erg s
1
cm
2
ster
1
Hz
1
,
τ
±
´e a profundidade ´optica. Se:
τ 1: regi˜ao opticamente espessa do espectro;
τ 1: regi˜ao opticamente fina.
e L ´e a dimens˜ao ou profundidade da fonte ao longo da linha de visada.
Sendo a densidade de fluxo uma rela¸ao direta da intensidade espec´ıfica I
ν
e do
ˆangulo olido da fonte para uma distribui¸ao especial homogˆenea do brilho, dada
pela equa¸ao:
41
F
±
= I
±
(2.43)
´e poss´ıvel analisar a solu¸ao da equa¸ao de transferˆencia radiativa em trˆes casos:
se τ
±
1, substituindo a Equa¸ao (2.41) em (2.43), obtemos:
F
±
=
j
±
κ
±
(2.44)
se τ
±
1, (pr´oximo ao pico do espectro) substituindo (2.39) em (2.43),
temos:
F
±
=
j
±
κ
±
(1 e
τ
±
)Ω (2.45)
se τ
±
1, substituindo a Equa¸ao (2.42) em (2.43), temos:
F
±
= j
±
L = j
±
L
A
d
2
F
±
=
j
±
V
d
2
(2.46)
onde:
F
±
´e a densidade de fluxo, em erg s
1
cm
2
Hz
1
;
j
±
´e o coeficiente de emiss˜ao, em erg cm
3
s
1
ster
1
Hz
1
;
κ
±
´e o coeficiente de absor¸ao, em cm
1
;
´e o ˆangulo olido da fonte, em ster;
V ´e o volume da fonte, em cm
3
,
A ´e a ´area da fonte, em cm
2
,
d ´e a distˆancia da Terra ao Sol.
A polariza¸ao circular ´e usualmente analisada atraes do grau de polariza¸ao:
Π =
I
+
I
I
+
+ I
(2.47)
Na aproxima¸ao quase-longitudinal (a qual descreveremos a seguir), os parˆametros
de Stokes, equa¸oes 2.34, ao reduzidas a:
42
I = I
+
+ I
Q = U = 0 (2.48)
V = sinal(cos θ)(I
+
I
)
2.3.1 Acoplamento Dos Modos Magneto-iˆonicos
Os primeiros modelos da emiss˜ao em microondas de explos˜oes solares apresentavam
maior ˆenfase nas caracter´ısticas espectrais da radia¸ao, supondo, na maioria dos ca-
sos, que esta era originada em uma regi˜ao homogˆenea. Com o in´ıcio de observoes
de alta resolu¸ao espacial, a ˆenfase passou para as caracter´ısticas espaciais da emis-
ao. Como as caracter´ısticas da emiss˜ao em microondas ao regidas principalmente
pela fun¸ao de distribui¸ao de el´etrons ao-t´ermicos e pelo campo magn´etico, inter-
preta¸oes dos dados observacionais podem levar a informa¸oes acerca dos processos
de acelera¸ao, al´em da configura¸ao e evolu¸ao temporal do campo magn´etico. No
entanto, esta an´alise deve considerar os efeitos de propaga¸ao da radia¸ao atrav´es
da atmosfera solar. A partir do formalismo apresentado por Ratcliffe (1959) para a
teoria magneto-iˆonica aplicada para a ionosfera terrestre, Cohen (1960) introduziu
os conceitos do acoplamento de modos magneto-iˆonicos para o caso da coroa solar.
A teoria magneto-iˆonica mostra que dois modos de onda (ordin´ario e extraordin´ario)
podem propagar-se independentemente em um meio homogˆeneo, existindo separa-
damente e conservando suas caracter´ısticas ao longo da propaga¸ao. Contudo, em
um meio conhecidamente ao-homogˆeneo como a coroa solar, ´e necess´ario estudar
a possibilidade de acoplamento dos modos. A polariza¸ao resultante depender´a do
grau de acoplamento C entre os dois modos (Zheleznyakov, 1970):
C =
2 ln 2
π
2
m
4
e
c
4
e
5
(2πν)
4
NB
3
dl
(2.49)
onde /dl indica a varia¸ao da dire¸ao do campo magn´etico ao longo da trajet´orio
do raio.
Se
C 1: modos com acoplamento forte
43
C 1: modos com acoplamento fraco
Se os modos estiverem fracamente acoplados, as caracter´ısticas do meio podem afetar
a polariza¸ao; no caso de acoplamento forte, a onda propaga-se como uma combi-
na¸ao linear dos dois mo dos e a polariza¸ao ao ´e alterada pelas caracter´ısticas do
meio. O grau de acoplamento pode ser avaliado para dois casos aproximados de
propaga¸ao: caso quase-longitudinal (QL) e quase-transversal (QT). A aproxima¸ao
QL ´e alida se:
ν
2
ν
2
p
νν
B
1
2
sen
2
(θ)
|cos(θ)|
(2.50)
Se a aproxima¸ao QL for alida, os coeficientes de polariza¸ao ao a
θ
±
=
±sinal(cos θ), ou seja, +1 para θ < 90
o
e 1 para θ > 90
o
, e por isso a Equa-
¸ao (2.34) se reduz a Equa¸ao (2.48). Na coroa solar, a aproxima¸ao QL ´e alida em
quase todos ˆangulos θ, menos para valores de θ muito pr´oximos de 90
o
.
Na atmosfera solar, a condi¸ao C 1 (forte acoplamento entre os dois modos)
ocorre para freq
¨
uˆencias muito altas, a fora da banda adio do espectro (Cohen, 1960).
Portanto, em regi˜oes onde a aproxima¸ao QL ´e alida, as interpreta¸oes da emiss˜ao
solar ao realizadas considerando que o acoplamento entre os modos ordin´ario e
extraordin´ario ´e fraco.
Na aproxima¸ao QT, o acoplamento pode ser mais forte porque a polariza¸ao ca-
racter´ıstica varia rapidamente com θ. Por´em, uma onda polarizada circularmente
tem seu sentido de rota¸ao invertido quando se propaga por uma regi˜ao QT, com
acoplamento fraco. No entanto, se houver acoplamento forte, o sentido da pola-
riza¸ao ´e mantido atraes desta regi˜ao (Cohen, 1960). Bandiera (1982) apresentou
uma an´alise da polariza¸ao da emiss˜ao de regi˜oes ativas do ponto de vista da teo-
ria magneto-iˆonica. Ele interpretou a revers˜ao do sentido da polariza¸ao circular da
radia¸ao observada em algumas regi˜oes ativas como resultado do efeito de propaga-
¸ao. Alissandrakis e Preka-Papadema (1984) apresentaram alculos computacionais
unidimensionais da emiss˜ao de uma explos˜ao, incluindo os efeitos de propaga¸ao,
utilizando o formalismo proposto por Cohen (1960). Seus resultados mostram uma
dependˆencia da invers˜ao da polariza¸ao resultante com o ˆangulo de visada, sendo
que este efeito aumenta em regi˜oes mais pr´oximas do limbo solar.
44
2.4 Caracter´ısticas Da Radia¸ao Girossincrotrˆonica De Explos˜oes Sola-
res
2.4.1 Fonte Homogˆenea
A influˆencia dos diversos parˆametros que regulam a radia¸ao girossincrotrˆonica pro-
duzida por uma distribui¸ao ao-t´ermica de el´etrons foi estudada inicialmente sob
a suposi¸ao de uma fonte homogˆenea: os parˆametros da distribui¸ao de part´ıculas e
do meio ambiente ao considerados espacialmente constantes.
Os efeitos da auto-absor¸ao e do meio, atrav´es do efeito Razin, tˆem um papel impor-
tante no espectro da radia¸ao girossincrotrˆonica, principalmente em baixas freq
¨
uˆen-
cias (Ramaty, 1969; Holt e Ramaty, 1969; Dulk, 1973), alterando significativamente a
forma do espectro. A parte das altas freq
¨
uˆencias do espectro girossincrotrˆonico ´e
determinada pela distribui¸ao de part´ıculas energ´eticas, e. g. Klein (1984). De uma
forma geral, o espectro da radia¸ao gerada por uma distribui¸ao de el´etrons em lei
de potˆencia tamb´em pode ser representado como uma lei de potˆencia. A inclina¸ao
do espectro, medida em escala logar´ıtmica (denominada de ´ındice espectral) pode
ser afetada fortemente se houver um corte nas altas energias no espectro de energia
dos el´etrons energ´eticos (Holt e Ramaty, 1969; Holman, 2003) ou se a distribui¸ao em
ˆangulo de passo destes el´etrons for anisotr´opica (Ramaty, 1969; Fleishman e Melnikov,
2003a). A anisotropia pode ainda alterar a regi˜ao das baixas freq
¨
uˆencias do espec-
tro (Fleishman e Melnikov, 2003b), fortalecendo as estruturas harmˆonicas da radia¸ao
girossincrotrˆonica.
2.4.2 Fonte Inomogˆenea
Observoes com resolu¸ao espacial das emiss˜oes em ´optica, ultravioleta, raios-X
e adio evidenciaram as caracter´ısticas inomogˆeneas da atmosfera solar, contrari-
ando as simplifica¸oes realizadas nos trabalhos citados acima. A atmosfera solar,
principalmente nas regi˜oes ativas, ´e estruturada por complexos campos magn´eticos.
Durante uma explos˜ao solar, acredita-se que os el´etrons sejam aprisionados pelos
arcos magn´eticos, onde a indu¸ao magn´etica e a densidade variam espacialmente, e
logo, o espectro girossincrotrˆonico deve ser formado pela superposi¸ao das contri-
bui¸oes de regi˜oes com diferentes parˆametros f´ısicos e vistos sob diferentes ˆangulos
por um observador. A partir destes conceitos, diversos autores desenvolveram mo-
delos de radia¸ao girossincrotrˆonica, nos quais tanto a densidade quanto o campo
45
magn´etico variam espacialmente, interessados, al´em das caracter´ısticas espectrais,
nas caracter´ısticas espaciais da emiss˜ao.
O espectro girossincrotrˆonico de el´etrons ao-t´ermicos foi numericamente calculado
por Takakura e Scalise (1970), Takakura (1972) e Boehme et al. (1977) utilizando um
modelo de dipolo para o campo magn´etico, mas com densidade espacialmente ho-
mogˆenea. Takakura e Scalise (1970), Takakura (1972) encontraram um alargamento
espectral devido `a inomogeneidade do campo magn´etico. Ramaty e Petrosian (1972)
discutiram a possibilidade do alargamento e achatamento espectral, observado em
microondas por Hachenberg e Wallis (1961), ser causado pela emiss˜ao livre-livre de
el´etrons ao-t´ermicos, utilizando um modelo de fonte homogˆenea. No entanto, no-
taram que este mecanismo ao ´e suficiente para explicar os altos fluxos observados
( 10
3
sfu, sendo que 1 sfu = 10
22
W m
2
Hz
1
), sendo o mecanismo girossincro-
trˆonico ao-t´ermico o mais prov´avel para a radia¸ao observada. Lee et al. (1994)
obtiveram bons resultados na an´alise de espectros planos observados com o Owens
Valley Solar Array (OVSA), na faixa de 1-18 GHz, utilizando um modelo de radi-
ao girossincrotrˆonico em uma fonte com campo magn´etico com configura¸ao de
dipolo simples.
Em uma an´alise estat´ıstica, Schoechlin e Magun (1979) encontraram os´ındices esp ec-
trais nas baixas freq
¨
uˆencias (regi˜ao opticamente espessa do esp ectro) e conclu´ıram
que ao menores (espectros mais planos) em rela¸ao aos valores previstos por qual-
quer modelo de fonte homogˆenea. Klein (1984), Klein e Trottet (1984), Alissandra-
kis e Preka-Papadema (1984), Preka-Papadema e Alissandrakis (1988) calcularam a
morfologia espacial da emiss˜ao e o espectro integrado para uma fonte inomogˆenea
bidimensional, baseada em uma estrutura dipolar simples. Estes trabalhos tiveram
seu principal foco na dependˆencia espectral e espacial da geometria da fonte, mos-
trando as diferentes contribui¸oes da emiss˜ao dos es e do topo do arco magn´etico,
al´em da dependˆencia da radia¸ao observada com o ˆangulo de observao.
Os modelos de radia¸ao girossincrotrˆonica de explos˜oes solares ao importantes e-
todos para a dedu¸ao de informa¸oes sobre a estrutura f´ısica das fontes em adio e
a distribui¸ao das part´ıculas aceleradas. Diversas caracter´ısticas destes processos a
foram estudadas, no entanto, separadamente. Nenhuma an´alise foi realizada conside-
rando a complexidade das estruturas magn´eticas coronais, recentemente observadas
em raios-X e ultravioleta distante.
46
CAP
´
ITULO 3
CAMPOS MAGN
´
ETICOS EM REGI
˜
OES ATIVAS
Os campos magn´eticos na atmosfera solar acima das regi˜oes ativas tˆem um papel
importante em diversos fenˆomenos que ocorrem nessas regi˜oes. Enquanto diversos
mecanismos foram propostos para explicar a libera¸ao transiente de energia em ex-
plos˜oes solares (Svestka, 1976), existe o consenso de que apenas a energia magn´etica
pode dar conta da grande quantidade de energia liberada observada em explos˜oes.
Portanto, para um estudo detalhado e quantitativo destes eventos, a a necessidade
do conhecimento dos campos magn´eticos na atmosfera solar. No entanto, as observa-
¸oes de campos magn´eticos est˜ao praticamente restritas ao n´ıvel fotosf´erico, atrav´es
da medi¸ao do efeito Zeeman em linhas espectrais (Beckers, 1971; Stenflo, 1978). A in-
tensidade dos campos magn´eticos cromosf´ericos e coronais pode ser avaliado atrav´es
da an´alise da emiss˜ao girorressonante em microondas. O valor aximo do campo
magn´etico pode ser estimado atrav´es do espectro de emiss˜ao girorressonante da re-
gi˜ao ativa (Akhmedov et al., 1982; White et al., 1991; Shibasaki et al., 1994).
Os campos magn´eticos na cromosfera e coroa ao normalmente obtidos atrav´es de
extrapola¸oes num´ericas, utilizando os campos fotosf´ericos como condi¸ao de con-
torno (Altschuler e Newkirk, 1969; Nakagawa e Raadu, 1972; Levine, 1975; Sakurai, 1981;
Sakurai, 1989; Amari et al., 1997; Amari et al., 1999). As estruturas magn´eticas coronais
podem ser observadas indiretamente atrav´es do brilho na emiss˜ao em EUV e raios-X
moles, por´em, sem uma rela¸ao direta com a intensidade do campo magn´etico. Em
geral, o espectro solar em ultravioleta e ultravioleta extremo ao densamente popu-
lados por linhas de emiss˜ao emitidas por plasmas a temperaturas muito diferentes
e apresentam algumas janelas estreitas onde a emiss˜ao ´e dominada por algumas
linhas brilhantes pertencentes a um ou dois graus de ioniza¸ao adjacentes. Os teles-
opios EUV Imaging Telescope (EIT) a bordo do SOHO (Delaboudiniere et al., 1995) e
TRACE (Schrijver et al., 1999; Berger et al., 1999) exploram estes casos observando as
linhas: He II 304
˚
A (T 10
5
K), Fe IX-XX 171-175
˚
A (T 10
6
K), Fe XV 284
˚
A
(T 2 ×10
6
K), C IV 1550
˚
A (T 10
5
K), o que possibilita a identifica¸ao dos
arcos coronais, estruturados pelos campos magn´eticos, como mostrado na Figura
1.1.
Algumas t´ecnicas foram propostas, buscando se obter a topologia tridimensional
destes arcos (Aschwanden et al., 1999b; Aschwanden et al., 2000; Sim˜oes e Costa, 2003). A
47
estrutura magn´etica das regi˜oes ativas tamb´em pode ser avaliada atraes da obser-
vao da polariza¸ao em adio. Kundu e Vlahos (1979) interpretaram os diferentes
graus de polariza¸ao observados em explos˜oes como causa de assimetrias nos arcos
magn´eticos da fonte. Bandiera (1982) propˆos um m´etodo para avaliar os campos
coronais baseado na interpreta¸ao da emiss˜ao adio, sua polariza¸ao e intera¸oes en-
tre os modos de onda. Nishio et al. (2000) estudaram 25 explos˜oes simultaneamente
observadas em 17 GHz (NoRH) e raios-X duros (HXT), sugerindo que grande parte
dos eventos aconteceram em regi˜oes com dois ou mais arcos, muitas vezes assim´e-
tricos, interagindo. No entanto, os estudos desta natureza ao apenas uma id´eia da
geometria da fonte explosiva, com resolu¸ao espacial da ordem de algumas dezenas
de segundos de arco.
3.1 Extrapola¸ao De Campos Magn´eticos Fotosf´ericos
Um tratamento magneto-hidrodinˆamico completo das regi˜oes ativas ´e muito com-
plexo na pr´atica, de modo que algumas suposi¸oes ao introduzidas para a obten¸ao
do campo magn´etico na atmosfera solar. Devido ao desconhecimento das correntes
el´etricas na atmosfera, uma primeira aproxima¸ao ´e ignor´a-las, tratando o campo
magn´etico em seu estado potencial. O primeiro m´etodo para a solu¸ao do campo
magn´etico potencial foi proposto por Schmidt (1964), e descrito em Stix (2004).
Sendo o potencial magn´etico Φ
M
:
B = −∇Φ
M
(3.1)
o campo potencial pode ser calculado, utilizando uma analogia ao alculo do campo
eletrost´atico, onde a componente normal B
z
dada na superf´ıcie z = 0, est´a re-
lacionada com a densidade de cargas σ
m
de “mono-p´olos” magn´eticos (acima da
superf´ıcie). Com isso, e considerando apenas o campo gerado em z > 0, temos:
µσ
m
.B = 2B
z
δ(z) (3.2)
onde δ(z) ´e a fun¸ao delta de Dirac, e µ ´e a permeabilidade magn´etica do meio. E
com (3.1), a varia¸ao do potencial magn´etico ´e:
48
2
Φ
m
= 2B
z
δ(z) (3.3)
A solu¸ao desta equa¸ao ´e uma integral de Poisson na superf´ıcie z = 0, resultando
em:
Φ
m
(r) =
1
2π
B
z
(r)
|r r
|
dr
(3.4)
Apenas a componente normal de B, medida no disco solar, atrav´es do efeito Zeeman
longitudinal ´e suficiente para calcular o campo potencial. Esta solu¸ao se aplica para
regi˜oes pequenas, uma vez que neste caso a curvatura da superf´ıcie solar pode ser
desconsiderada. Para alculos do campo global, ´e necess´ario introduzir os concei-
tos de geometria esf´erica. Por´em, esta suposi¸ao de um campo magn´etico livre de
correntes ao ´e relevante em muitas regi˜oes ativas, onde sabe-se que a configura¸ao
magn´etica armazena uma quantidade de energia maior que a correspondente de seu
estado potencial. O campo potencial ao apresenta energia dispon´ıvel (em forma
de correntes) para a libera¸ao nas explos˜oes solares. Logo, deve ser considerado um
estado mais geral do campo magn´etico, o qual leva em considera¸ao as correntes no
meio. A equa¸ao de momento deste plasma pode ser escrita como:
ρ
dv
dt
= −∇P + φ
g
+
1
4π
( × B) ×B (3.5)
onde o ´ultimo termo da direita ´e a for¸ca de Lorentz associada ao movimento perpen-
dicular das cargas em rela¸ao `as linhas de campo magn´etico (densidade de corrente,
J × B), e para correntes ao-paralelas `as linhas de campo, resulta em uma
for¸ca de (B
2
/8π). Nas condi¸oes da coroa solar a press˜ao magn´etica ´e muito maior
que a press˜ao cin´etica (press˜ao do as P e gravitacional φ
g
), e as estruturas
magn´eticas ao est´aveis, em per´ıodos de horas. Dessa maneira, uma solu¸ao para a
equa¸ao (3.5) acontece quando as correntes e camp os estiverem alinhados, ou seja,
( × B) ×B = 0 (3.6)
Os campos que satisfazem (3.6) ao chamados de campos livres de for¸cas (“force-
49
free”). As solu¸oes para esta equa¸ao ao B = 0 (trivial), × B = 0 (campo
potencial) e
× B = αB (3.7)
caso “force-free” linear (Nakagawa e Raadu, 1972; Seehafer, 1978), ou
× B = α(r)B (3.8)
sendo este ´ultimo o caso geral (“force-free” ao-linear) (Sakurai, 1981), com o pa-
ametro α(r) fun¸ao da posi¸ao. Aplicando o divergente na equa¸ao (3.8), implica
que B · α = 0, indicando que qualquer gradiente de α deve ser perpendicular `a
B, portanto α deve ser constante ao longo de cada linha de campo. O parˆametro α
determina o cisalhamento de cada linha de campo relativo ao seu estado potencial e
´e diretamente proporcional `a densidade de corrente. O campo magn´etico “force-free”
na atmosfera solar pode ser calculado utilizando, al´em da componente normal B
z
,
o valor de α para cada arco magn´etico (Sakurai, 1981). Sendo a componente normal
da Equa¸ao (3.8)
α =
B
y
x
B
x
y
z=0
/B
z
(3.9)
Uma revis˜ao das diversas t´ecnicas matem´aticas que foram propostas para o alculo
de extrapola¸oes de campo magn´etico foi apresentada por Sakurai (1989). Solu-
¸oes num´ericas foram ainda propostas por Amari et al. (1997), Amari et al. (1999),
para o caso com α linear constante e para o caso ao-linear, discutindo ainda a
possibilidade de utiliza¸ao de odigos magneto-hidrodinˆamicos tridimensionais para
construir solu¸oes aproximadas das equa¸oes de equil´ıbrio de campos “force-free”.
Mikic e McClymont (1994) apresentaram campos magn´eticos extrapolados a partir
de magnetogramas vetoriais de duas regi˜oes ativas, nas quais ocorreram eventos ex-
plosivos. Ao inv´es de resolver diretamente a equa¸ao de equil´ıbrio (3.8), o alculo
se inicia com o campo potencial correspondente aos valores medidos da componente
normal B
z
em z = 0 (fotosfera), e evolui no tempo de acordo com as varia¸oes dos
magnetogramas vetoriais, chegando ao estado “force-free”, satisfazendo a equa¸ao de
50
equil´ıbrio e os dados de contorno. Uma solu¸ao aproximada de force-free ao-linear
´e a obten¸ao da solu¸ao de α vari´avel (entre linhas) atrav´es de muitas solu¸oes line-
ares. O ponto fraco deste procedimento ´e que algumas linhas ao ao encontradas,
por´em o ponto favor´avel ´e que a maioria das linhas ao obtidas quando comparamos
com a emiss˜ao em EUV.
3.2 Reconstru¸ao Dos Arcos Magn´eticos Atrav´es De Imagens
Com o in´ıcio de observoes em raios-X, atrav´es dos sat´elites Skylab e SMM (So-
lar Maximum Mission) permitiu-se a compara¸ao das extrapola¸oes das linhas de
campo com os dados obtidos destas observoes. A an´alise de imagens em raios-X
moles obtidas pelo Skylab e pelo Yohkoh permitiu tamem um estudo mais preciso
sobre a temperatura, densidade e press˜ao nas estruturas coronais. Recentemente, o
potencial de investiga¸ao destes aspectos aumentou gra¸cas ao in´ıcio de observoes
com alta resolu¸ao espacial em ultravioleta, com os sat´elites TRACE e SOHO/EIT.
No entanto, estes estudos devem considerar as ambig
¨
uidades causadas pelas pro-
je¸oes bidimensionais das imagens para uma an´alise correta da estrutura coronal
tridimensional (Alexander e Katsev, 1996). Buscando uma an´alise deste efeito geom´e-
trico, e tamb´em das caracter´ısticas f´ısicas do plasma coronal, atrav´es de imagens
em raios-X moles, Gary (1997) apresentou uma proposta utilizando um modelo de
um conjunto de tubos de fluxo de plasma opticamente finos. A partir das linhas
de campo potencial extrapoladas do campo magn´etico fotosf´erico, os tub os de fluxo
tridimensionais foram gerados ao redor destas linhas, aplicando modelos para os
valores de temperatura, press˜ao, densidade, assim como os coeficientes de emiss˜ao
bremsstrahlung. O padr˜ao de emiss˜ao tridimensional destes tubos de fluxo pode ser
separado em contribui¸oes f´ısicas e geom´etricas. Nesse estudo, os valores dos parˆa-
metros f´ısicos foram fixados, dando maior importˆancia para os efeitos geom´etricos,
relativos `a linha de visada. O volume representando os tubos de fluxo ao ent˜ao
projetados em imagens bidimensionais, integrando a emiss˜ao em um regime opti-
camente fino. Estes resultados foram comparados com imagens obtidas em raios-X
moles pelo Yohkoh obtendo resultados consistentes.
Grande parte dos estudos realizados sobre a estrutura geom´etrica tridimensional do
campo magn´etico coronal ao baseados no resultado de extrapola¸oes dos campos
fotosf´ericos observados. Por outro lado, Aschwanden et al. (1999b), Aschwanden et
al. (2000) desenvolveram um m´etodo para an´alise da estrutura tridimensional atra-
v´es das imagens registradas pelo EIT em ultravioleta distante, sem imp or qualquer
51
modelo para as estruturas. Nesse trabalho, foram obtidas as coordenadas bidimensi-
onais de diversos arcos identificados atrav´es das imagens do EIT, nos comprimentos
de onda 171
˚
A (Aschwanden et al., 1999b), 195
˚
A e 284
˚
A (Aschwanden et al., 2000).
Atrav´es de sua metodologia, chamada estereoscopia dinˆamica, foram encontradas
as coordenadas tridimensionais de diversos pontos em cada arco. Esta ecnica, no
entanto, foi aplicada `a uma regi˜ao ativa extremamente est´avel, durante o m´ınimo
de atividade solar, e esta estabilidade ´e necess´aria para a identifica¸ao mais pre-
cisa dos arcos de um dia para outro. Para o caso mais geral ´e esperado que hajam
varia¸oes do campo, como tor¸oes (“shear”) devido `a rota¸ao diferencial e no caso
de explos˜oes solares, reconex˜oes magn´eticas devem acontecer, o que altera a topo-
logia dos campos, limitando a ecnica a casos de regi˜oes quiescentes muito est´aveis.
Uma outra alternativa de obten¸ao das estruturas magn´eticas tridimensionais de
regi˜oes ativas quiescentes ´e atrav´es da utiliza¸ao de t´ecnicas tomogr´aficas (Sim˜oes e
Costa, 2003). Devido `a rota¸ao solar, ´e poss´ıvel obter imagens resultantes da emiss˜ao
integrada na dire¸ao da linha de visada, para diversas dire¸oes. Por´em, similar `a
estereoscopia dinˆamica, ´e preciso que as estruturas magn´eticas sejam duradouras
por todo o per´ıodo de rota¸ao necess´ario. Estas emiss˜oes podem ser descritas como
equa¸oes integrais que ao na verdade transformadas de Radon do perfil de densi-
dade do material emissor. A solu¸ao deste sistema, para a obten¸ao dos perfis de
densidade, pode ser conseguida por tomografia, utilizando por exemplo o algoritmo
“filtered back projection, e. g. Costa et al. (2002). Utilizamos as imagens em EUV
obtidas pelo EIT em 171
˚
A da regi˜ao ativa NOAA 7986 entre 22 de Agosto a 06
de Setembro de 1996, para uma reconstru¸ao tomogr´afica. Esta regi˜ao apresentou
boa estabilidade durante sua longa vida, condi¸oes importantes para a reconstru¸ao,
e foi a mesma regi˜ao utilizada no estudo de Aschwanden et al. (1999b), Aschwan-
den et al. (2000). Na Figura 3.1 apresentamos as imagens em EUV (utilizamos um
filtro para destacar as estruturas finas) registradas nos dias 22 e 30 de Agosto de
1996, quando a regi˜ao ativa estava no limbo e no centro do disco, respectivamente, e
ainda os resultados da reconstru¸ao tomogr´afica. A reconstru¸ao produz um volume
contendo a informa¸ao tridimensional da estrutura avaliada; para comparar com as
imagens do EIT, projetamos o volume na dire¸ao referente `a posi¸ao da regi˜ao ativa
no disco solar. Observando a Figura 3.1, vemos que, atrav´es desta t´ecnica tomogr´a-
fica, podemos obter a estrutura tridimensional dos arcos principais da regi˜ao ativa,
por´em com muito ru´ıdo nas imagens restauradas. A grande dificuldade de obten¸ao
destas restaura¸oes ´e gerada pela dinˆamica destas estruturas. Nem sempre ´e poss´ıvel
obter uma restaura¸ao. A escala de tempo em que cada tubo de fluxo (plasma con-
52
FIGURA 3.1 - Superior: Regi˜ao ativa NOAA 7986 registrada pelo EIT em 22 e 30 de Agosto de 1996,
respectivamente no limbo e no centro do disco solar. Inferior: proje¸oes da regi˜ao ativa
reconstru´ıda por tomografia.
finado no interior de arcos magn´eticos) brilha ´e da ordem de horas. A alternˆancia
de arcos brilhando e desaparecendo ´e grande. Mesmo com a reconstru¸ao tomogr´a-
fica da estrutura magn´etica das regi˜oes ativas, muitas linhas de campo magn´etico
estar˜ao segmentadas, devido `as pr´oprias caracter´ısticas das imagens obtidas pelos
instrumentos EIT/TRACE. Nessas imagens, as linhas de campo ao definidas pelo
brilho em ultravioleta, e dificilmente todas as estruturas magn´eticas est˜ao bem defi-
nidas, evidenciando apenas alguns segmentos de cada arco magn´etico. Outra t´ecnica
baseada em tomografia foi proposta por Wiegelmann e Inhester (2003), planejada
para utiliza¸ao na miss˜ao STEREO (Gary et al., 1998) que ´e uma rede de sat´elites a
53
FIGURA 3.2 - Extrapola¸oes do campo magn´etico da Regi˜ao ativa NOAA 7986, para 22 e 30 de Agosto
de 1996. Inclu´ımos apenas as linhas de camp o que reproduzem os arcos destacados pela
emiss˜ao em ultravioleta detectada pelo EIT.
ser lan¸cada para a obten¸ao simultˆanea de imagens (em EUV) em arias linhas de
visada.
As t´ecnicas de reconstru¸ao por imagens ainda ao recentes, mas combinadas `as
t´ecnicas de extrapola¸ao, podem tornar-se ferramentas importantes no estudo da
estrutura dos campos magn´eticos e plasmas das regi˜oes ativas. Na Figura 3.2 ilus-
tramos linhas de campo extrap oladas da regi˜ao ativa NOAA 7986, a partir de mag-
netogramas obtidos para os mesmos dias das imagens mostradas na Figura 3.1.
Representamos apenas as linhas de campo que reproduzem os arcos destacados pela
emiss˜ao em ultravioleta detectada pelo EIT. A configura¸ao magn´etica da regi˜ao
´e a praticamente a mesma nesse per´ıodo. As estruturas evidenciadas pela emiss˜ao
ultravioleta ´e que diferem entre os dias 22 e 30.
54
CAP
´
ITULO 4
DESCRI ¸C
˜
AO DO M
´
ETODO COMPUTACIONAL
Neste Cap´ıtulo, apresentamos um etodo para o alculo da emissividade girossincro-
trˆonica de el´etrons acelerados durante explos˜oes solares e o alculo da transferˆencia
radiativa, considerando um sistema tridimensional de arcos magn´eticos. Como discu-
tido anteriormente, ao existe um conhecimento preciso das estruturas magn´eticas,
por´em este ´e um aspecto externo tanto para o alculo da emiss˜ao e absor¸ao quanto
para a transferˆencia radiativa.
O procedimento consiste em trˆes passos principais:
Defini¸ao da fonte: campo magn´etico (intensidade e dire¸ao) e densidade
de el´etrons ermicos do ambiente;
alculo dos coeficientes de emiss˜ao e absor¸ao;
solu¸ao da equa¸ao de transferˆencia radiativa;
4.1 Defini¸ao Da Fonte Inomogˆenea
Representamos fontes inomogˆeneas como um volume de dimens˜oes L
x
× L
y
× L
z
,
dividido em elementos de volume (denominados voxels, de forma an´aloga aos ele-
mentos de imagem pixels). Cada voxel ´e considerado uma fonte homogˆenea, mas a
composi¸ao de diversos destes elementos, com seus parˆametros definidos em fun¸ao
do espa¸co, descrevem uma fonte inomogˆenea. Um modelo descritivo est´a represen-
tado na Figura 4.1. Para o alculo da radia¸ao girossincrotrˆonica de el´etrons ao-
t´ermicos, a fonte pode ser representada pela descri¸ao espacial do campo magn´etico
e da densidade ambiente. O odigo que desenvolvemos admite como entrada veto-
res com as magnitudes e dire¸oes do campo, obtidas com qualquer metodologia a
discutida.
4.2 alculo Dos Coeficientes
Para o alculo dos coeficientes de emiss˜ao (2.22) e absor¸ao (2.23), utilizamos o
formalismo geral apresentado por Ramaty (1969), e realizados sob a suposi¸ao de
um plasma frio sem colis˜oes. Como discutido na sess˜ao 2.2, as solu¸oes destas equa-
¸oes devem ser encontradas numericamente, a que as integrais em quest˜ao ao
55
FIGURA 4.1 - Descri¸ao esquem´atica do modelo de fonte inomogˆenea que utilizamos em nossos al-
culos.
`
A esquerda, uma fonte homogˆenea, com o campo magn´etico B e densidade
ambiente N constantes.
`
A direita, uma composi¸ao de diversas destas fontes, p or´em
com seus paametros em fun¸ao da posi¸ao: densidade em fun¸ao da altura N(h) e
campo magn´etico B(r) em fun¸ao da distˆancia r at´e o dipolo magn´etico.
apresentam solu¸oes anal´ıticas. Testamos dois etodos de integra¸ao num´erica para
solucionar o problema: 1)trapezoidal e 2)Gauss-Legendre. A compara¸ao entre os
dois etodos mostrou que: o etodo trapezoidal apresentou boa precis˜ao (e menor
tempo de computa¸ao) nos alculos de espectros para ˆangulos de visada angulo for-
mado entre a dire¸ao do observador e a dire¸ao do campo magn´etico) 20
o
θ 70
o
e distribui¸oes isotr´opicas em ˆangulo de passo. Para alculos com 20
o
> θ e θ > 70
o
ou distribui¸oes anisotr´opicas em ˆangulo de passo, ocorrem erros acima de 100% em
compara¸ao com o m´etodo Gauss-Legendre, principalmente nas baixas freq
¨
uˆencias.
Optamos, ent˜ao, pelo etodo Gauss-Legendre, mais abrangente e preciso. Para ve-
rificar a integridade do odigo, reproduzimos os alculos feitos por Ramaty (1969)
(Figuras 2 e 6, para distribui¸oes em ˆangulo de passo isotr´opica e anisotr´opica, res-
pectivamente). Os resultados est˜ao apresentados nas Figuras 4.2 e 4.3. Uma vez
determinada a configura¸ao da fonte, ao calculados os coeficientes de emiss˜ao e
absor¸ao dos modos ordin´ario e extraordin´ario, para cada voxel.
Os parˆametros de entrada do odigo ao:
Posi¸ao da fonte no disco solar;
Densidade ambiente;
56
FIGURA 4.2 - Reprodu¸ao da figura 2 de Ramaty (1969), mostrando os coeficientes de emiss˜ao (j
ν
)
e absor¸ao (κ
ν
) para um conjunto de el´etrons com distribui¸ao isotr´opica em ˆangulo
de passo e espectro de energia em lei de potˆencia. Os coeficientes foram avaliados em
um meio sem α
R
= 3 e com α
R
= 0, 5 efeito de supress˜ao Razin.
Fun¸ao de distribui¸ao em energia dos el´etrons ao-t´ermicos, normalizada
para uma densidade desejada;
Fun¸ao de distribui¸ao em ˆangulo de passo dos el´etrons ao-t´ermicos;
Limites de energia para a integra¸ao;
Da mesma forma que as caracter´ısticas da fonte ao definidas para cada voxel, o o-
digo permite que as fun¸oes de distribui¸ao dos el´etrons ao-t´ermicos sejam tamb´em
57
FIGURA 4.3 - Reprodu¸ao da figura 6 de Ramaty (1969), mostrando os espectros, para diversos ˆan-
gulos de visada, da radia¸ao produzida por uma distribui¸ao altamente anisotr´opica em
ˆangulo de passo. Tamb´em avaliada em rela¸ao ao efeito Razin (α
R
= 1 e α
R
= 0, 25).
definidas de forma diferenciada. Ressaltamos, por´em, que uma descri¸ao completa
da distribui¸ao espacial dos el´etrons requer a solu¸ao da equa¸ao de Fokker-Planck,
avaliada para toda a fonte inomogˆenea, o que est´a al´em da proposta deste trabalho.
Para um tratamento mais completo da distribui¸ao espacial das part´ıculas dever´ıa-
mos tamb´em considerar quest˜oes como a fun¸ao de inje¸ao de part´ıculas aceleradas
no arco, a difus˜ao espacial dos el´etrons causada principalmente por colis˜oes coulom-
bianas, e a evolu¸ao destas caracter´ısticas no tempo, o que resulta na condi¸ao de
aprisionamento e precipita¸ao dos el´etrons. Neste estudo, limitar-nos-emos `a utiliza-
¸ao de uma distribui¸ao espacial de el´etrons homogˆenea em toda a fonte, lembrando,
por´em, que o devido tratamento deste conceitos ser´a efetuado em uma etapa futura.
As conseq
¨
uˆencias da utiliza¸ao de uma distribui¸ao espacial homogˆenea produz um
excesso de emiss˜ao nos es dos arcos devido a existˆencia de el´etrons de grande ˆangulo
de passo nessa regi˜ao. Isto ter´a um maior efeito na emiss˜ao em altas freq
¨
uˆencias,
devido aos maiores valores de campo magn´etico. Entendemos, no entanto, que esta
condi¸ao ´e aceit´avel, uma vez que uma tentativa de promover uma distribui¸ao espa-
cial dos el´etrons, sem considerar o formalismo te´orico, seria esp eculativa e produziria
efeitos na radia¸ao da fonte que poderia ser confundida com os efeitos que buscamos
estudar.
58
4.3 alculo Da Transferˆencia Radiativa
Duas hip´oteses sustentam a metodologia utilizada na solu¸ao da transferˆencia radi-
ativa:
As trajet´orias dos raios ao consideradas retil´ıneas, a que curvaturas ex-
pressivas nas trajet´orias o acontecem em baixas freq
¨
uˆencias e onde o ´ındice
de refra¸ao do plasma ´e suficientemente baixo (µ
±
1) e varia rapida-
mente com a posi¸ao; estas condi¸oes ao ocorrem para os parˆametros
utilizados neste estudo.
Cada voxel ´e considerado uma pequena fonte homogˆenea, o que permite que
utilizemos a solu¸ao anal´ıtica (Equa¸ao 2.39) da equa¸ao de transferˆencia
radiativa (Equa¸ao 2.38), no interior do voxel.
Ap´os os alculos, o volume L
x
×L
y
×L
z
´e preenchido com os valores dos coeficientes.
Os resultados da an´alise de arcos magn´eticos de regi˜oes ativas, atrav´es de imagens
em EUV, apresentados por Aschwanden et al. (1999b), Aschwanden et al. (2000),
mostram que a sec¸ao transversal dos arcos ´e praticamente constante. Para um
observador na Terra, o ˆangulo da dire¸ao das linhas de campo presentes em uma
sec¸ao transversal ´e o mesmo (Figura 4.4). A sec¸ao transversal que utilizamos ´e
dependente do tamanho do voxel. A indu¸ao magn´etica na cromosfera e baixa coroa
tem uma escala de altura da ordem de 6000 km e as dimens˜oes do voxel ao da ordem
de 100 km. Como conseq
¨
uˆencia, a indu¸ao magn´etica na sec¸ao transversal tamb´em
´e suposta ser a mesma, uma vez que est˜ao muito pr´oximas e a pouca divergˆencia e,
logo, est˜ao praticamente `a mesma distˆancia do dipolo magn´etico. Como resultado,
os coeficientes de emiss˜ao e absor¸ao em uma sec¸ao transversal ao homogˆeneos.
No entanto, a densidade de el´etrons ao-t´ermicos aprisionados no arco deve cair
gradualmente do centro `a extremidade, e sendo os coeficientes diretamente pro-
porcionais `a densidade, diminuir˜ao na mesma propor¸ao. Para obter uma melhor
aproxima¸ao das estruturas espaciais idealizadas em rela¸ao `as observadas, tendo
em vista os conceitos apresentados, utilizamos uma queda linear da densidade de
el´etrons ao-t´ermicos da linha central `a extremidade das sec¸oes transversais. Esta
abordagem, al´em de solucionar a quest˜ao da distribui¸ao transversal dos el´etrons,
diminui consideravelmente a quantidade de alculos necess´arios para resolver a fonte
emissora. Por fim, calculamos a transferˆencia radiativa para cada freq
¨
uˆencia esco-
59
FIGURA 4.4 - Sec¸ao transversal dos arcos. Como a sec¸ao transversal de cada arco ´e constante,
linhas de campo muito pr´oximas ser˜ao vistas sob o mesmo ˆangulo por um observador
na Terra.
lhida. Em cada camada ´e feito o alculo da radia¸ao emitida I
ν
= j
ν
ν
e de sua
pr´opria absor¸ao I
ν
= (j
ν
ν
)e
κ
ν
l
, onde l ´e a dimens˜ao do voxel na linha de
visada para ambos modos de propaga¸ao. O valor I
ν
resultante de uma camada ser´a
a entrada da pr´oxima (onde sofrer´a tamem a absor¸ao I
ν
e
κ
ν
l
), que se sobrep˜oe na
dire¸ao do observador. Este procedimento continua at´e o final do volume, resultando
em uma imagem bidimensional da radia¸ao produzida pelos el´etrons ao-t´ermicos.
A Figura 4.5 apresenta um esquema deste procedimento. O espectro integrado da
emiss˜ao ´e facilmente obtido fazendo a somat´oria da emiss˜ao total para cada ima-
gem. Testamos este m´etodo para o alculo da transferˆencia radiativa preenchendo
FIGURA 4.5 - Procedimento do alculo da transferˆencia radiativa.
60
um volume de 50 voxels
3
com coeficientes de emiss˜ao e absor¸ao idˆenticos, formando
uma fonte homogˆenea. Cada voxel tem dimens˜ao de 4 ×10
7
cm, sendo que o volume
tem dimens˜ao de 2 × 10
9
cm. Comparamos o espectro deste volume com o obtido
de uma fonte homogˆenea de dimens˜ao total 2 ×10
9
cm, com os mesmos valores dos
coeficientes. Os espectros est˜ao apresentados na Figura 4.6. Com os dois etodos
chegamos ao mesmo resultado.
FIGURA 4.6 - Resultados do teste do c´alculo da transferˆencia radiativa. Espectros calculados para uma
fonte homogˆenea (linha cont´ınua) e para um volume de 50 voxels
3
, com coeficientes
idˆenticos (s´ımbolos ), para testar a ecnica.
61
CAP
´
ITULO 5
RADIA¸C
˜
AO GIROSSINCROTR
ˆ
ONICA DE UMA FONTE
INOMOG
ˆ
ENEA TRIDIMENSIONAL
Utilizando o m´etodo descrito no Cap´ıtulo anterior estudamos a radia¸ao girossincro-
trˆonica produzida por uma distribui¸ao de el´etrons ao-t´ermicos em um ambiente de
arcos magn´eticos complexos. As caracter´ısticas desta emiss˜ao para fontes homogˆe-
neas a foi extensamente discutida na literatura (Ramaty, 1969; Takakura e Scalise, 1970;
Holman, 2003; Fleishman e Melnikov, 2003b; Fleishman e Melnikov, 2003a). Avaliamos, por-
tanto, os efeitos causados no espectro por distribui¸oes de el´etrons anisotr´opicas em
ˆangulo de passo, de densidade vari´avel de el´etrons do ambiente com a altura (efeito
Razin), e varia¸oes centro-limbo em fontes inomogˆeneas, comparando, sempre que
poss´ıvel, com o caso da fonte homogˆenea. Em nossos alculos foram utilizados os
seguintes parˆametros:
O espectro de energia dos el´etrons ao-t´ermicos foi representado por uma lei de
potˆencia
u(γ) = A
nor
(γ 1)
δ
(5.1)
onde A
nor
´e a constante de normaliza¸ao. Para o ´ındice espectral de energia, utili-
zamos um valor t´ıpico para explos˜oes solares δ = 3 (Alissandrakis, 1986; St
¨
ahli et al.,
1989; Lim et al., 1992; Silva et al., 2000). A densidade de el´etrons ao-t´ermicos utili-
zada, tamem um valor t´ıpico, foi N
e
= 6 × 10
7
cm
3
, e. g. Nindos et al. (2000),
uniformemente distribu´ıda na estrutura magn´etica, pelos motivos apontados no Ca-
p´ıtulo anterior. Utilizamos uma fun¸ao de distribui¸ao de el´etrons em ˆangulos de
passo isotr´opica
g(φ) =
1
4π
(5.2)
Consideramos tamem os efeitos de uma distribui¸ao de el´etrons em ˆangulos de
passo altamente anisotr´opica, tendo g(70
o
)/g(90
o
) = 0, 5 (Ramaty, 1969; Klein, 1984;
Fleishman e Melnikov, 2003b; Fleishman e Melnikov, 2003a):
63
g(φ) = B
nor
sen
10
(φ) (5.3)
onde B
nor
´e a constante de normaliza¸ao.
A geometria da fonte envolvida em nossos alculos est´a apresentada na Figura 5.1.
A estrutura ´e formada por 30 linhas de for¸ca do campo magn´etico que ao segmentos
de arco (semi circulares) com diferentes valores de raio e inclina¸ao, apresentando
uma configura¸ao semelhante `as estruturas coronais observadas em EUV e seguindo
uma proposta apresentada por Reale e Peres (2000) e aplicada `a observoes em
EUV por Aschwanden et al. (2000) (“multi-thread model”). Este modelo sup˜oe que
os arcos observados em EUV e raios-X seriam formados por in´umeros arcos muito fi-
nos, com diferentes temperaturas, mas devido `a resolu¸ao espacial dos instrumentos,
apenas ao observados os grandes arcos isot´ermicos. Aqui utilizamos este conceito
para formar a estrutura magn´etica; em menor escala ao identificados diversos arcos
enquanto, em maior escala, identificamos apenas uma grande estrutura magn´etica.
Apesar de evidˆencias de fontes quadrupolares mais complexas em explos˜oes solares
(Aschwanden et al., 1999a), normalmente ao observadas estruturas bipolares associa-
das `as estruturas em arco (Gopalswamy et al., 1995; Nindos et al., 2000; Lee e Gary, 2000;
Kundu et al., 2001; Kundu et al., 2001). Os arcos, neste modelo proposto, tˆem alturas
t´ıpicas entre 1 2 × 10
9
cm (Aschwanden et al., 1999b; Aschwanden et al., 1999a; As-
chwanden et al., 2000). A indu¸ao magn´etica para este conjunto de arcos foi calculada
a partir de um modelo dipolar aproximado (no “far field”), dado pela equa¸ao:
B =
B
0
r
2
(5.4)
onde, B ´e a intensidade do campo magn´etico e r ´e a distˆancia entre cada ponto do
arco magn´etico ao dipolo abaixo da fotosfera. Os valores calculados para a estru-
tura est´a apresentada na Figura 5.2. Para a densidade eletrˆonica ermica do meio,
utilizamos uma dependˆencia exponencial com a altura (Gary, 1997; Aschwanden et al.,
1999b):
N(h) = N
0
e
h
k
h
(5.5)
64
FIGURA 5.1 - Estrutura dos trinta arcos magn´eticos utilizados em nossos alculos, representando
uma fonte inomogˆenea.
onde, N(h) ´e a densidade num´erica de el´etrons da atmosfera em fun¸ao da altura,
N
0
´e a densidade da atmosfera na camada inferior de interesse, h ´e a altura e k
h
´e a
escala de altura. A escala de altura k
h
´e tratada na literatura, e. g. Aschwanden et al.
(1999b), em fun¸ao da temperatura, mas neste estudo, o perfil de densidade ´e usado
para tratar a varia¸ao relativa entre a girofreq
¨
uˆencia e a freq
¨
uˆencia de plasma. Assim,
k
h
pode ser considerado com um parˆametro independente. Utilizamos dois perfis de
densidade para compara¸ao de seus efeitos (Figura 5.2): Perfil 1: N
0
= 1 ×10
11
cm
3
e k
h
= 4.3 × 10
8
cm (densidades t´ıpicas); Perfil 2: N
0
= 1 × 10
12
cm
3
e k
h
=
5×10
8
cm. No segundo perfil, tivemos a inten¸ao de tornar importante o efeito Razin.
65
A resolu¸ao espacial dos mapas de brilho resultantes da solu¸ao da transferˆencia
FIGURA 5.2 - Indu¸ao magn´etica dos arcos, calculados a partir de um modelo de dipolo aproxi-
mado (esquerda). Perfis de densidade de el´etrons t´ermicos do ambiente (direita): linha
preta: Perfil 1 - N
0
= 1 × 10
11
cm
3
e k
h
= 4.3 × 10
8
cm; linha cinza: Perfil 2 -
N
0
= 1 ×10
12
cm
3
e k
h
= 5 ×10
8
cm.
radiativa atraes do volume de coeficientes L
x
× L
y
× L
z
depende diretamente das
dimens˜oes L
x
× L
y
× L
z
do volume. Os mapas de brilho apresentados neste estudo
tˆem resolu¸ao angular de 0, 25

. Com esta resolu¸ao, o tempo computacional para
o alculo dos coeficientes de um ´unico volume ´e de aproximadamente 24 horas, com
os recursos computacionais que temos disp on´ıveis.
5.1 Fontes Homogˆeneas
Atrav´es do formalismo geral (Ramaty, 1969; Ramaty et al., 1994) calculamos os espec-
tros produzido por fontes homogˆeneas com o intuito de utiliz´a-los como referˆencias
para a an´alise da radia¸ao proveniente de fontes mais complexas. Consideramos
aqui trˆes diferentes condi¸oes de forma a avaliar os efeitos causados pela densidade
ambiente e distribui¸oes de el´etrons anisotr´opicas em ˆangulo de passo g(φ).
Modelo 1: distribui¸ao de el´etrons isotr´opica em ˆangulo de passo e baixa
densidade ambiente de forma que o espectro seja regulado apenas pela
auto-absor¸ao;
66
Modelo 2: distribui¸ao de el´etrons isotr´opica em ˆangulo de passo e alta
densidade ambiente de forma que a supress˜ao do meio seja importante;
Modelo 3: distribui¸ao de el´etrons anisotr´opica em ˆangulo de passo e baixa
densidade ambiente.
Os demais parˆametros das fontes ao os mesmos, alterando o ˆangulo entre o campo
magn´etico e a linha de visada θ, de 10
o
a 80
o
(com passo de 10
o
). Os parˆametros dos
trˆes modelos de fontes est˜ao na Tabela 5.1, onde: α
R
´e o parˆametro de Razin, g(φ)
´e a fun¸ao de distribui¸ao dos el´etrons em ˆangulo de passo, δ ´e o ´ındice espectral
de energia dos el´etrons ao-t´ermicos, B ´e o campo magn´etico, E
min
-E
max
define o
intervalo de energia entre os limites inferior e superior para a integral da equa¸ao
2.26, N
el
´e a densidade dos el´etrons ao-t´ermicos, L ´e a profundidade da fonte e ´e o
diˆametro angular da fonte. Os resultados dos alculos, est˜ao representados na Figura
5.3. A densidade de fluxo ´e dada em solar flux units (1 sfu = 10
22
W m
2
Hz
1
).
A freq
¨
uˆencia foi normalizada pela girofreq
¨
uˆencia. Analisando os espectros afetados
TABELA 5.1 - Paametros das fontes homogˆeneas.
Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3
α
R
3 0,59 3
g(φ) 1/4π 1/4π sen
10
(φ)
δ 3 3 3
B 500 G 500 G 500 G
E
min
-E
max
10keV-10MeV 10keV-10MeV 10keV-10MeV
N
el
6 × 10
7
cm
3
6 × 10
7
cm
3
6 × 10
7
cm
3
L 1 × 10
9
cm 1 × 10
9
cm 1 × 10
9
cm
13” 13” 13”
apenas pela auto-absor¸ao (Figura 5.3a), notamos que na regi˜ao opticamente fina,
a densidade de fluxo ´e menor para ˆangulos de visada mais baixos. Na regi˜ao opti-
camente espessa, a intensidade da emiss˜ao ´e praticamente independente de θ, mas
para ˆangulos maiores as estruturas harmˆonicas, caracter´ısticas da radia¸ao giros-
sincrotrˆonica, ao mais evidentes. A freq
¨
uˆencia de pico apresenta um deslocamento
para freq
¨
uˆencias maiores com o aumento do ˆangulo θ, al´em de um aumento de inten-
sidade neste ponto do espectro, como previsto pela teoria, e. g. Takakura e Scalise
(1970), St
¨
ahli et al. (1989) (Figura 1.2). O ´ındice espectral da regi˜ao opticamente
fina do modelo 1 praticamente ao sofre influˆencia com a posi¸ao da fonte no disco
solar. Como esperado, para fontes homogˆeneas, o´ındice espectral de otons para uma
67
FIGURA 5.3 - Espectros calculados para o modelo de fonte homogˆenea para o casos: (a)Modelo 1;
(b)Modelo 2; (c)Modelo 3. Os parˆametros destes modelos est˜ao apresentados na Tabela
5.1. Os s´ımbolos no quadro (b) indicam as freq
¨
uˆencias de corte Razin.
emiss˜ao opticamente fina depende apenas da fun¸ao de distribui¸ao dos el´etrons em
energia (Dulk e Marsh, 1982; Dulk, 1985).
Fica bastante evidente o papel que a supress˜ao do meio (efeito Razin) tem sobre
a forma espectral como vemos na Figura 5.3b. A supress˜ao da emiss˜ao ´e bastante
pronunciada na regi˜ao das freq
¨
uˆencias baixas e ´e mais efetiva quando a propaga-
¸ao acontece na dire¸ao da maior varia¸ao da densidade, ou seja, em 10
o
. O efeito
Razin torna-se especialmente importante para freq
¨
uˆencias menores que a chamada
freq
¨
uˆencia de corte Razin (ν ν
R
), sendo ν
R
dado pela equa¸ao (2.32). Na Figura
68
5.3b, os s´ımbolos indicam a freq
¨
uˆencia de corte Razin.
Nossos resultados para o modelo 3 concordam com as conclus˜oes apresentadas por
Fleishman e Melnikov (2003a). Encontramos uma grande varia¸ao da intensidade da
parte opticamente fina, enquanto na parte opticamente espessa sofre p ouca varia¸ao
em rela¸ao ao caso isotr´opico, analisados em fun¸ao do ˆangulo de visada. Na Figura
5.3c podemos ver que para baixos ˆangulos de visada a intensidade cai rapidamente
com a freq
¨
uˆencia, enquanto que para ˆangulos maiores (θ > 60
o
), a forma do espectro
ao ´e alterada quando comparada ao caso isotr´opico (Figura 5.3a). Discutiremos
maiores detalhes da influˆencia da anisotropia de ˆangulo de passo na Se¸ao 5.4.2.
5.2 Fontes Inomogˆeneas
Consideramos agora uma fonte complexa formada por um conjunto de arcos mag-
n´eticos (descrita no in´ıcio do Cap´ıtulo). Realizamos os alculos da emissividade e
da transferˆencia radiativa nesta fonte para trˆes posi¸oes diferentes no disco solar:
20
o
S 0
o
O, 20
o
S 40
o
O e 20
o
S 80
o
O (Figura 5.4). Buscando avaliar os efeitos da distri-
FIGURA 5.4 - Diferentes posi¸oes da fonte no disco solar: 20
o
S 0
o
O, 20
o
S 40
o
O e 20
o
S 80
o
O. O
tamanho da estrutura foi ampliada de um fator 15 para ser melhor visualizada.
bui¸ao em ˆangulo de passo dos el´etrons e da varia¸ao da densidade, utilizamos trˆes
modelos distintos descritos na Tabela 5.2. Os espectros resultantes para os trˆes mo-
delos est˜ao apresentados na Figura 5.5. Discutiremos as caracter´ısticas dos espectros
e mapas de fluxo nas se¸oes a seguir.
69
TABELA 5.2 - Modelos utilizados para fontes inomogˆeneas.
g(φ) n(h) N
0
(cm
3
) k
h
(cm)
Modelo A 1/4π Perfil 1 10
11
4, 3 × 10
8
Modelo B 1/4π Perfil 2 10
12
5 × 10
8
Modelo C sen
10
(φ) Perfil 1 10
11
4, 3 × 10
8
FIGURA 5.5 - Espectros calculados para o nosso modelo de fonte inomogˆenea, constitu´ıdo de um
conjunto de arcos semi-circulares: (a) Modelo A, (b) Modelo B, (c) Modelo C. Est˜ao
representados os espectros produzidos pela mesma fonte, em diferentes posi¸oes no
disco solar: 20
o
S 0
o
O, 20
o
S 40
o
O e 20
o
S 80
o
O.
70
5.3 Varia¸oes Centro-Limbo
Os estudos da diretividade da radia¸ao em explos˜oes solares podem prover infor-
ma¸oes sobre a distribui¸ao de energia das part´ıculas e mecanismos de transp orte.
Diversos autores apresentaram an´alises estat´ısticas da posi¸ao das explos˜oes e suas
caracter´ısticas no disco solar. Fato atribu´ıdo a emiss˜ao anisotr´opica de el´etrons re-
lativ´ısticos preferencialmente na dire¸ao da velocidade dos el´etrons.
Observoes em raios-X duros mostraram que tanto a emiss˜ao de baixa energia
(< 100 keV) (Vestrand et al., 1987; Li, 1994) como a emiss˜ao de alta energia (Trottet,
1994) ao apresentam varia¸oes na dire¸ao centro-limbo, ou seja, as caracter´ısticas
da emiss˜ao ao dependem da posi¸ao no disco solar. Observoes em adio de explo-
oes solares ao mostraram nenhuma varia¸ao significante da intensidade na dire¸ao
centro-limbo, para freq
¨
uˆencias at´e 17 GHz (Kosugi, 1985). Silva e Valente (2002), em
uma an´alise estat´ıstica, utilizando freq
¨
uˆencias mais altas (at´e 50 GHz), avaliaram
parˆametros como ´ındice espectral, freq
¨
uˆencia de pico e fluxo aximo, tamb´em sem
encontrar dependˆencias centro-limbo nestas caracter´ısticas da emiss˜ao.
Os modelos de radia¸ao girossincrotrˆonica apresentados por Takakura e Scalise
(1970), para fontes ligeiramente inomogˆeneas, prevˆem 1)um pequeno aumento na
intensidade das explos˜oes mais pr´oximas do limbo, 2)a freq
¨
uˆencia de pico aumenta
na dire¸ao centro-limbo, 3)o ´ındice espectral da regi˜ao opticamente fina ao sofre
varia¸oes na dire¸ao centro-limbo, dependendo apenas da fun¸ao de distribui¸ao dos
el´etrons ao-t´ermicos.
De fato, utilizando modelos de fontes homogˆeneas estas caracter´ısticas ao encon-
tradas como vemos na Figura 5.6 (os parˆametros resultantes de fontes homogˆeneas
est˜ao descritos pelas linhas cont´ınuas). Analisando a Figura 5.6(a,d,g) notamos que
a freq
¨
uˆencia de pico ν
pico
nos espectros da emiss˜ao das fontes inomogˆeneas (linhas
descont´ınuas) ao apresentam a mesma dependˆencia como nas fontes homogˆeneas.
Os resultados apresentados por Silva e Valente (2002) mostram tamb´em esta carac-
ter´ıstica para a freq
¨
uˆencia de pico dos eventos analisados. O fluxo no aximo do es-
pectro, Figura 5.6(b,e,h) praticamente ao sofre mudan¸cas na dire¸ao centro-limbo,
ao contario do caso homogˆeneo. Silva e Valente (2002) ao verificaram qualquer
dependˆencia do fluxo com a posi¸ao das explos˜oes. Como o previsto pela teoria gi-
rossincrotrˆonica, o ´ındice espectral da regi˜ao opticamente fina ao sofre influˆencia do
ˆangulo de visada θ. Nossos resultados, para fontes inomogˆeneas, confirmam esta afir-
71
FIGURA 5.6 - Paametros espectrais encontrados a partir dos espectros calculados para o modelo de
fonte inomogˆenea em fun¸ao do ˆangulo de visada e comparados aos mesmos parˆametros
para a fonte homogˆenea: linhas cont´ınuas - modelos homogˆeneos; linhas segmentadas
- modelos inomogˆeneos.
ma¸ao, ver Figura 5.6(c,f), onde notamos que ao existe a dependˆencia centro-limbo
para o ´ındice espectral. O ´ındice espectral α
f
foi obtido como sendo o coeficiente
angular de um ajuste linear na regi˜ao opticamente fina do espectro (em escala lo-
gar´ıtmica). Esta dependˆencia tamb´em ao foi verificada observacionalmente (Silva
e Valente, 2002). Os efeitos de distribui¸oes anisotr´opicas dos ˆangulos de passo dos
el´etrons (Figura 5.6i) ser˜ao discutidos mais detalhadamente na Se¸ao 5.4.2.
Atrav´es destas compara¸oes, encontramos resultados muito similares com as obser-
72
voes, o que nos permite inferir que os parˆametros espectrais observados ao mais
condizentes com os obtidos atrav´es do modelo de fonte inomogˆenea (campo mag-
n´etico e densidade ambiente com varia¸ao espacial) do que os encontrados atrav´es
de fontes homogˆeneas. Isto sugere fortemente que as fontes de explos˜oes solares ao
melhor representadas por fontes inomogˆeneas.
Os efeitos da diretividade foram previstos pela teoria girossincrotrˆonica devido `a alta
dependˆencia das caracter´ısticas da emiss˜ao com o ˆangulo de visada θ; contudo, se
uma geometria de arcos for considerada, as linhas de campo de cada regi˜ao do arco
ser˜ao vistas sob diferentes ˆangulos, minimizando os efeitos esperados da diretividade,
como mostramos nesta Se¸ao.
5.4 An´alise Dos Espectros
5.4.1 Regime Opticamente Espesso
A forma do espectro na regi˜ao opticamente espessa ´e normalmente interpretada
atrav´es de diversos efeitos, sendo: auto-absor¸ao, absor¸ao de freq
¨
uˆencias abaixo da
freq
¨
uˆencia de plasma, absor¸ao girorressonante ou efeito Razin. Estes mecanismos
que afetam a regi˜ao opticamente espessa do espectro, em geral, produzem ´ındices
espectrais maiores que 2 (Guidice e Castelli, 1975). A densidade ambiente tem um papel
importante na forma do espectro, principalmente nas baixas freq
¨
uˆencias. O efeito
Razin ´e mais evidente quando avaliamos os ´ındices espectrais da regi˜ao opticamente
espessa do espectro. No regime opticamente espesso, a densidade de fluxo em adio
pode ser expressa por uma simplifica¸ao da equa¸ao de Rayleigh-Jeans, e. g. Crannell
et al. (1978):
F
2
T
ef
(5.6)
onde A ´e a ´area projetada da fonte, a temperatura de brilho efetiva
T
ef
= (c
2
/k
b
ν
2
)(j
ν
ν
), k
b
´e a constante de Boltzmann, j
ν
e κ
ν
ao os coeficien-
tes de emiss˜ao e absor¸ao respectivamente. No caso de uma distribui¸ao de el´etrons
Maxwelliana `a temperatura T , ent˜ao T
ef
= T e logo F ν
2
. Para el´etrons alta-
mente relativ´ısticos, pode-se demonstrar (Ginzburg e Syrovatskii, 1965) que F ν
2,5
.
E para el´etrons levemente relativ´ısticos com distribui¸oes em lei de potˆencia, com
´ındice espectral δ, na faixa de interesse para o Sol (3 δ 7), F ν
2,9±0,1
(Dulk
73
e Marsh, 1982). Observacionalmente, valores entre 0, 4 e 10 para o ´ındice espectral
espesso a foram obtidos (Schoechlin e Magun, 1979; St
¨
ahli et al., 1989), e tipicamente
F ν
1,0
(Dulk e Dennis, 1982). Por um lado, o efeito Razin tende a aumentar o ´ındice
espectral desta regi˜ao do espectro, podendo chegar at´e a F ν
8
, enquanto que um
gradiente no campo magn´etico pode causar uma diminui¸ao de ´ındice (Dulk e Dennis,
1982), ou ainda emiss˜oes simultˆaneas de diversas fontes com parˆametros diferentes
podem causar efeito semelhante (Klein et al., 1986). Outra poss´ıvel explica¸ao para o
alargamento dos espectros (conseq
¨
uˆencia da diminui¸ao do ´ındice espectral da regi˜ao
opticamente espessa) encontrada independentemente por Schoechlin e Magun (1979)
e Dulk e Dennis (1982), ´e que a ´area projetada das fontes varia inversamente com
a freq
¨
uˆencia, de forma geral A ν
2
para distribui¸oes ao-t´ermicas de el´etrons
e considerando uma geometria esf´erica. Ramaty e Petrosian (1972) apresentaram
uma proposta na qual espectros planos observados em explos˜oes solares (Hachenberg
e Wallis, 1961) poderiam ser devido `a absor¸ao livre-livre da radia¸ao girossincrotrˆo-
nica de el´etrons ao-t´ermicos. Em um estudo estat´ıstico, Schoechlin e Magun (1979)
avaliaram os ´ındices espectrais α
e
de 77 eventos, encontrando uma distribui¸ao ao
gaussiana com valor m´edio de 1, 8±0, 1, com um pico maior em 1,4 e outro menor em
2,5 (Figura 5.7). Estes resultados indicam com clareza a existˆencia de duas distribui-
¸oes distintas. Em nossa an´alise, notamos um expressivo alargamento em todos os
FIGURA 5.7 - Histograma dos ´ındices espectrais α
e
.
FONTE: Schoechlin e Magun (1979)
espectros para as fontes inomogˆeneas, em rela¸ao `a fontes homogˆeneas. Este efeito
foi verificado anteriormente por outros autores (Takakura e Scalise, 1970; Takakura,
1972; Klein, 1984; Klein e Trottet, 1984). Notamos ainda que este alargamento ´e maior
nos casos onde o gradiente de campo magn´etico e densidade ambiente est´a na linha
74
TABELA 5.3 -
´
Indices espectrais da regi˜ao opticamente espessa α
e
.
20
o
S 00
o
O 20
o
S 40
o
O 20
o
S 80
o
O
Modelo A 1,04 1,30 1,72
Modelo B 0,34 0,78 1,80
Modelo C 0,76 1,27 1,97
de visada do observador. Apesar da grande diversidade de configura¸oes de arcos
magn´eticos, esta condi¸ao ´e mais proavel pr´oxima ao centro do disco solar (posi¸ao
20
o
S 00
o
O). A Tabela 5.3 apresenta os valores de α
e
que encontramos nos esp ectros
produzidos por fontes inomogˆeneas. Com base nos valores obtidos, podemos ent˜ao
associar as distribui¸oes de α
e
encontradas por Schoechlin e Magun (1979) aos mo-
delos de fontes explosivas: a primeira (pico em α
e
= 1, 4) com fontes de maior grau
de inomogeneidade enquanto que a segunda (pico em α
e
= 2, 5) ao mais compat´ı-
veis ao modelo de fonte homogˆenea. Enquanto os espectros produzidos por fontes
homogˆeneas apresentam estruturas harmˆonicas na regi˜ao opticamente espessa, os es-
pectros de fontes mais complexas ao mostraram esta caracter´ıstica. Isto se deve ao
fato que nos arcos magn´eticos do nosso modelo a um grande varia¸ao da magnitude
do campo magn´etico, e as estruturas harmˆonicas da girofreq
¨
uˆencia ao sobrepostas e
formam a impress˜ao de emiss˜ao cont´ınua. Esta conclus˜ao ´e importante para an´alises
de eventos observados; espectros observados que apresentem estruturas harmˆonicas,
e. g. Figuras 2d e 3 de St
¨
ahli et al. (1989), provavelmente ao provenientes de fontes
onde o aprisionamento dos el´etrons foi mais eficiente em uma regi˜ao dos arcos onde
a menor varia¸ao de campo magn´etico e densidade ambiente, permitindo que esta
fonte seja bem representada por um modelo homogˆeneo. Caso contr´ario, o aprisio-
namento dos el´etrons se verifica em uma maior por¸ao da fonte, alcan¸cando regi˜oes
mais profundas na atmosfera solar, e logo sendo submetidos a maiores varia¸oes de
campos e densidades. Na pr´atica, por´em, poucos instrumentos possuem resolu¸ao
espectral suficiente para detectar as estruturas harmˆonicas, como, por exemplo, o
OVSA, que possui 40 canais de freq
¨
uˆencia na banda 1-18 GHz. Note que o efeito
Razin ´e pouco importante nos Modelos A e C onde as freq
¨
uˆencias de corte est˜ao
predominantemente abaixo da menor freq
¨
uˆencia utilizada em nossos alculos (2,83
GHz) (Figura 5.8 linha superior). No Modelo B, o efeito se torna importante, devido
`a maior densidade da fonte, chegando a afetar altas freq
¨
uˆencias. Apesar do efeito
Razin mais pronunciado no Modelo B, os ´ındices espectrais α
e
foram afetados de
forma inversa do esperado, ou seja, diminu´ıram seu valor, alargando o espectro. Isto
porque o efeito Razin teve maior eficiˆencia entre 5 e 10 GHz, diminuindo drastica-
75
mente a emiss˜ao nesta banda e causando o alargamento espectral (ver Figura 5.5b).
A forma do espectro pode ainda ser alterada pelos limites inferior e superior de
FIGURA 5.8 - Freq
¨
uˆencia de corte Razin calculada para os dois perfis de densidade, nas trˆes posi¸oes
da fonte: linha superior: Modelos A e C; linha inferior: Modelo B.
energia dos el´etrons. O limite inferior de energia pode causar mudan¸cas no valor do
´ındice espectral α
e
(White e Kundu, 1992; Holman, 2003). Como discutiremos na Se¸ao
5.5, o alargamento espectral que encontramos ´e causado por uma dependˆencia da
´area emissora com a freq
¨
uˆencia devido `a inomogeneidade da fonte, concordando com
os resultados apresentados por Schoechlin e Magun (1979) e Dulk e Dennis (1982).
5.4.2 Regime Opticamente Fino
A inje¸ao de el´etrons acelerados em arcos magn´eticos ´e tipicamente tratada como
um feixe de part´ıculas na maioria das an´alises em raios X duros. A incidˆencia deste
feixe nas linhas de campo magn´etico sob certo ˆangulo pode produzir uma distri-
bui¸ao anisotr´opica de ˆangulo de passo. a tamem diversas evidˆencias de que os
el´etrons podem ter distribui¸oes anisotr´opicas: Lee e Gary (2000) mostraram serem
necess´arias distribui¸oes anisotr´opicas de el´etrons para explicar a evolu¸ao espectral
76
de um evento observado em microondas. Em diversos casos foram observadas fontes
brilhantes em microondas associadas ao topo de arcos magn´eticos (Kundu et al., 2001),
as quais foram interpretadas como concentra¸oes de el´etrons levemente relativ´ısti-
cos aprisionados no topo de arcos onde ocorreram as explos˜oes (Melnikov et al., 2002).
Um processo comum que leva `a essas concentra¸oes de el´etrons no topo dos arcos
pode ser o aprisionamento dos el´etrons com alto ˆangulo de passo como resultado do
espelhamento magn´etico. Al´em disso, alguns processos de acelera¸ao podem resul-
tar em distribui¸oes anisotr´opicas de part´ıculas, e. g. Pryadko e Petrosian (1999).
Diversos autores trataram a quest˜ao da anisotropia em explos˜oes solares, e. g. Wu
e Lee (1979), Melrose et al. (1982), Sharma e Vlahos (1984), Aschwanden e Benz
(1988), Fleishman e Yastrebov (1994), Ledenev (1998), Vlasov et al. (2002), Fleish-
man e Melnikov (2003b), Fleishman e Melnikov (2003a), entretanto grande parte
dos trabalhos foram focados na regi˜ao opticamente espessa do espectro e buscando
as condi¸oes necess´arias para a ocorrˆencia da amplifica¸ao da radia¸ao girossincro-
trˆonica atrav´es de absor¸ao negativa, processo comumente conhecido como electron
cyclotron maser. Recentemente, Fleishman e Melnikov (2003a) apresentaram al-
culos sobre os efeitos da anisotropia no espectro de explos˜oes solares. Mostraram,
que em fontes homogˆeneas, distribui¸oes anisotr´opicas em ˆangulo de passo afetam
significativamente o esp ectro girossincrotrˆonico, principalmente em rela¸ao ao ´ın-
dice espectral da regi˜ao opticamente fina. As raz˜oes f´ısicas para este comportamento
est˜ao descritas a seguir. A radia¸ao sincrotrˆonica de um el´etron relativ´ıstico ´e ca-
racterizada por uma alta diretividade na dire¸ao do seu movimento, de modo que
grande parte da energia ´e emitida em um cone estreito, na dire¸ao da velocidade:
Θ γ
1
= m
e
c
2
/E (5.7)
onde Θ ´e o ˆangulo de abertura do cone de emiss˜ao e E ´e a energia total do el´etron.
El´etrons de baixa energia ao apresentar˜ao alta diretividade na emiss˜ao, por´em esta
aumentar´a com o aumento da energia do el´etron. Assim, a intensidade da emiss˜ao
em baixas freq
¨
uˆencias ser´a pouco sens´ıvel `a anisotropia de ˆangulo de passo porque
ao os el´etrons de baixa energia que contribuem fortemente para a emiss˜ao nestas
freq
¨
uˆencias. a as altas freq
¨
uˆencias ser˜ao sens´ıveis `a anisotropia, de forma que a
radia¸ao recebida por um observador diminuir´a drasticamente se a dire¸ao da obser-
vao ao coincidir com a dire¸ao de axima concentra¸ao de el´etrons, em termos
de ˆangulo de passo (que chamaremos de regi˜ao de axima anisotropia). Esta pro-
77
TABELA 5.4 -
´
Indices espectrais de otons (α
f
) e de el´etrons (δ).
Modelo A α
f
δ Modelo C α
f
δ
20
o
S 00
o
O 1,51 3,04 20
o
S 00
o
O 1,67 3,21
20
o
S 40
o
O 1,46 2,98 20
o
S 40
o
O 1,47 2,99
20
o
S 80
o
O 1,42 2,94 20
o
S 80
o
O 1,46 2,98
priedade pode ser facilmente vista atrav´es da Figura 5.3c, que indica uma varia¸ao
do ´ındice espectral muito maior que no caso isotr´opico (Figura 5.3a).
Fleishman e Melnikov (2003a) conclu´ıram que, devido `a grande influˆencia da ani-
sotropia no ´ındice espectral, o m´etodo usual de inferir o ´ındice espectral de energia
dos el´etrons δ diretamente do ´ındice espectral de otons α
f
observado (Dulk e Marsh,
1982; Dulk, 1985; Bastian et al., 1998) deve ser aplicado com cuidado em eventos onde
os el´etrons apresentem uma distribui¸ao anisotr´opica em ˆangulo de passo. O valor
do ´ındice δ pode sofrer um desvio significativamente alto do valor respectivo no caso
isotr´opico. No entanto, contrastando com Fleishman e Melnikov (2003b) nossos re-
sultados mostram que, gra¸cas `a inomogeneidade da fonte, este efeito ´e fortemente
suavizado. Os ´ındices espectrais de el´etrons encontrados no caso anisotr´opico (Mo-
delo C) ao muito pr´oximos aos valores encontrados no caso isotr´opico (Modelo A),
utilizando a rela¸ao apresentada por Dulk (1985) (ver Tabela 5.4); e ainda tamem
muito pr´oximos do valor que utilizamos nos alculos δ = 3. Na pr´atica, a avalia-
¸ao da importˆancia da distribui¸ao dos el´etrons em ˆangulo de passo ao pode ser
feita diretamente atrav´es do ´ındice espectral de otons, como demonstramos aqui.
Uma melhor avalia¸ao dos efeitos de distribui¸oes anisotr´opicas deve ser efetuada
sob os conceitos de modelos de aprisionamento mais precipita¸ao, por exemplo Lee
e Gary (2000), estudando ent˜ao a difus˜ao do ˆangulo de passo dos el´etrons devido `a
colis˜oes Coulombianas. Esta investiga¸ao implica na avalia¸ao temporal da emiss˜ao.
Realizaremos estas an´alises em uma etapa futura, como apontamos anteriormente.
Assim como no ´ındice espectral α
e
, o ´ındice espectral da regi˜ao opticamente fina α
f
tamem pode sofrer influˆencia dos limites de energia dos el´etrons. A quest˜ao neste
caso ´e mais complexa, pois tanto o limite inferior quanto o superior podem alterar
o ´ındice α
f
.
´
E importante considerar tamb´em que estas conclus˜oes apresentadas
por Holman (2003) ao referentes `a modelos homogˆeneos, sem qualquer varia¸ao
de densidade ambiente e campo magn´etico. Na pr´atica, por´em, a partir dos ´ındices
espectrais de otons α
X
observados em raios-X duros ´e poss´ıvel obter os ´ındices
espectrais de energia dos el´etrons atraes da rela¸ao δ = α
X
+ 1, 5 (Tandberg-Hanssen
78
e Emslie, 1988), supondo que os raios-X duros sejam pro duzidos por colis˜oes num alvo
espesso e propondo simplifica¸oes na taxa de inje¸ao de el´etrons.
´
E comumente aceita
a possibilidade de que a mesma popula¸ao de el´etrons ´e resp ons´avel pela emiss˜ao em
raios-X duros e adio; assim, em eventos detectados em adio e raios-X duros, o´ındice
δ e seus limites inferior e superior podem ser analisados. Por fim, podemos concluir,
reafirmando a predi¸ao te´orica, que o ´ındice espectral da regi˜ao opticamente fina do
espectro em adio depende exclusivamente da fun¸ao de distribui¸ao em energia dos
el´etrons acelerados.
5.5 Mapas De Brilho
A vantagem da utiliza¸ao de um modelo tridimensional das fontes emissoras, al´em
de uma melhor descri¸ao espacial dos parˆametros f´ısicos, ´e a capacidade de produzir
como resultado imagens representando mapas de fluxo emitidos pela fonte. Isto nos
permite verificar, p or exemplo, as principais regi˜oes emissoras em cada freq
¨
uˆencia,
bem como o tamanho das ´areas emissoras.
A morfologia das fontes emissoras em adio dependem da configura¸ao da estrutura
magn´etica, ou seja, de sua geometria e posi¸ao no disco solar, al´em das proprie-
dades dos el´etrons ao-t´ermicos. Uma tendˆencia geral ´e que observoes em altas
freq
¨
uˆencias mostram fontes compactas, normalmente associadas aos p´es dos arcos
magn´eticos, enquanto que em freq
¨
uˆencias mais baixas registra-se fontes mais ex-
tensas, indicando emiss˜ao do topo, ou at´e do arco inteiro (Marsh e Hurford, 1980;
Shevgaonkar e Kundu, 1985; Kundu et al., 1989; Alissandrakis et al., 1993; Wang et al., 1995;
Nishio et al., 1997; Lee e Gary, 2000; Nindos et al., 2000). A compara¸ao dos mapas de
emiss˜ao em adio com as imagens em raios-X, onde ao vistos estruturas de arcos,
refor¸cam esta interpreta¸ao. Observoes com alta resolu¸ao espacial (1”) realizadas
com o VLA mostram que em 5 GHz as fontes em tipicamente 10”15”, enquanto
em 15 GHz as fonte apresentam um tamanho t´ıpico de 2”5” (
Dulk e Dennis, 1982).
Resultados das observoes com o NoRH tamb´em evidenciam diferentes morfologias
entre suas freq
¨
uˆencias, mesmo com resolu¸ao espacial moderada (10”12” em 17
GHz e 6”8” em 34 GHz) (Kundu et al., 2001; Kundu et al., 2001). Apesar do tamanho
das ´areas variar de evento para evento, as fontes em 34 GHz ao sempre menores
que as fontes em 17 GHz.
A morfologia das fontes emissoras ´e especialmente importante para a avalia¸ao da
regi˜ao opticamente espessa dos espectros observados (Schoechlin e Magun, 1979; Dulk
79
e Dennis, 1982). Diversas evidˆencias apontam para uma dependˆencia entre a ´area
emissora com a freq
¨
uˆencia (A ν
2
) (Gary e Hurford, 1990; Kucera et al., 1994; Ko-
charov et al., 1994). Utilizando espectroscopia com imagens, com o OVSA, Lim et al.
(1994) e Wang et al. (1994) avaliaram a morfologia da fonte emissora em diversas
freq
¨
uˆencias de eventos impulsivos simples, al´em de obterem espectros de diferentes
regi˜oes da fonte. Lim et al. (1994) estudaram o espectro de trˆes fontes principais
identificadas e encontraram caracter´ısticas espectrais (freq
¨
uˆencia de pico e ´ındices
espectrais espesso e fino) diferentes para as trˆes regi˜oes. Wang et al. (1994), utili-
zando as mesmas ecnicas, avaliaram o espectro de diversas regi˜oes, com aten¸ao
especial a uma associada ao topo de um arco magn´etico e outra associada ao p´e do
arco. Diferen¸cas espectrais foram claramente identificadas entre as regi˜oes, inclusive
quanto ao mecanismo de emiss˜ao: a emiss˜ao do topo do arco evidencia radia¸ao gi-
rossincrotrˆonica produzida por uma distribui¸ao t´ermica de el´etrons, enquanto que
na fonte associada ao e do arco os autores conclu´ıram que o mecanismo girossin-
crotrˆonico de uma distribui¸ao ao-t´ermica de el´etrons gerou a radia¸ao observada.
Nesta an´alise o ´ındice espectral de el´etrons foi condizente com o mesmo ´ındice obtido
das observoes em raios-X duros.
Em nossos resultados, de uma forma geral, os mapas apresentaram as mesmas ca-
racter´ısticas encontradas em observoes: em baixas freq
¨
uˆencias, fontes extensas as-
sociadas ao topo dos arcos, enquanto que aumentando-se a freq
¨
uˆencia, as fontes ao
menores e associadas `as pernas e p´es dos arcos, onde os campos magn´eticos ao mais
intensos. Na Figura 5.9 apresentamos mapas de fluxo em 3,1 e 10,3 GHz (Modelo
A) nas trˆes posi¸oes heliogr´aficas que estudamos. Note que nos mapas de 3,1 GHz
(coluna da esquerda), a principal regi˜ao emissora ´e topo do arco, chegando inclusive
at´e algumas regi˜oes das p ernas dos arcos, enquanto que para 10,3 GHz (coluna da
direita), a emiss˜ao principal vem dos es do arco; no limbo, os es est˜ao sobrepostos,
e vemos apenas uma regi˜ao emissora. Nas Figuras 5.10 e 5.11 est˜ao os mapas dos
Modelos B e C, respectivamente, para as mesmas freq
¨
uˆencias. Todos os mapas foram
normalizados pelo fluxo aximo, para cada freq
¨
uˆencia e posi¸ao, de modo que pode-
mos comparar as caracter´ısticas espaciais da emiss˜ao nos trˆes modelos. Os contornos
mostram emiss˜ao a 30, 50, 70 e 90% do aximo de cada mapa, depois de normali-
zado. Comparando os mapas das Figuras 5.9 e 5.10 vemos claramente que o Modelo
B, apresentando maior densidade ambiente, tem sua emiss˜ao drasticamente reduzida
em rela¸ao ao Modelo A. Agora avaliando os mapas da Figura 5.11, notamos que as
principais regi˜oes emissoras ao menores, de um modo geral, porque a emiss˜ao ´e mais
80
expressiva nas regi˜oes onde a dire¸ao da observao coincide com a dire¸ao de a-
xima anisotropia da distribui¸ao de ˆangulo de passo dos el´etrons, ou seja, em regi˜oes
onde o vetor do campo magn´etico ´e observado com θ > 60
o
. Com o m´etodo que
apresentamos neste estudo, podemos obter imagens com resolu¸ao angular de fra-
¸oes de segundos de arco, e obter a rela¸ao do tamanho das fontes com a freq
¨
uˆencia
ou ainda espectros de regi˜oes espec´ıficas, simulando observoes com alta resolu¸ao
espacial. Calculamos as ´areas das fontes (`a meia potˆencia do fluxo aximo) para
todas as freq
¨
uˆencias, e encontramos a rela¸ao aproximada A ν
0,9∼−1,7
, o que est´a
em conformidade com os valores obtidos observacionalmente (Lim et al., 1994; Wang
et al., 1994). Os espectros de ´area est˜ao apresentados na Figura 5.12. Esta rela¸ao
entre a ´area emissora e a freq
¨
uˆencia ´e um efeito direto da geometria da fonte; em
baixas freq
¨
uˆencia, provenientes principalmente do topo do arco magn´etico, vemos
grandes ´areas, enquanto que para freq
¨
uˆencias mais altas, emitidas em regi˜oes de
maior intensidade do campo magn´etico, as ´areas diminuem devido `a converencia
do campo magn´etico em dire¸ao aos es do arco. Identificamos nos mapas de fluxo
(Figura 5.9) regi˜oes de 10

×10

, para obter os espectros de regi˜oes diferentes: topo
e e dos arcos. Os espectros destas regi˜oes para os Modelos A e C est˜ao na Figura
5.13.
Para a fonte no centro do disco (20
o
S 00
o
O), o espectro do topo dos arcos apresenta
freq
¨
uˆencia de pico em 4,8 GHz e praticamente os mesmo valores de densidade de
fluxo, tanto para o Modelo A como para o Modelo C. A raz˜ao disto ´e que a emiss˜ao
de baixas freq
¨
uˆencias que predomina no topo do arco ´e principalmente produzida
pelos el´etrons de menor energia. A radia¸ao produzida por estes el´etrons possui bai-
x´ıssima diretividade γ
1
), ao importando enao a distribui¸ao em ˆangulo
de passo dos el´etrons. Considerando a diretividade dos el´etrons mais energ´eticos,
o observador est´a alinhado com a dire¸ao de aximo da anisotropia. O mesmo a
ao ocorre no espectro do e dos arcos; ambos modelos em praticamente a mesma
freq
¨
uˆencia de pico (8,8 GHz) devido aos maiores valores de campo magn´etico nesta
regi˜ao, mas a uma consider´avel diferen¸ca na densidade de fluxo e no ´ındice espec-
tral α
f
. Nesta posi¸ao da fonte, os es dos arcos ao vistos pelo observador com
ˆangulos entre 30
o
e 50
o
, e portanto o efeito da diretividade da radia¸ao produzida
por el´etrons mais energ´eticos passa a ser significativo, lembrando que o aximo
da distribui¸ao anisotr´opica est´a entre 70
o
90
o
. No Modelo A, com distribui¸ao
isotr´opica em ˆangulo de passo, o ´ındice α
f
dos p´es (α
fp
= 1, 5) ´e praticamente o
mesmo do topo (α
ft
= 1, 3) e da fonte inteira (α
f
= 1, 5); o Modelo C, por sua
81
vez, com distribui¸ao em ˆangulo de passo altamente anisotr´opica, o ´ındice α
f
dos es
(α
fp
= 2, 4) se mostra muito diferente do topo (α
ft
= 1, 3) e ainda da fonte como
um todo (α
f
= 1, 6). Os efeitos de distribui¸oes anisotr´opicas em ˆangulo de passo
dos el´etrons ao praticamente anulados quando observamos o espectro integrado de
toda a fonte (como vimos na Se¸ao 5.4.2). Entretanto, seus efeitos podem ser p erce-
bidos em espectros obtidos com alta resolu¸ao espacial como evidenciamos aqui. No
caso da fonte estar localizada no limbo solar (20
o
S 80
o
O), para os dois Modelos, as
freq
¨
uˆencias de pico ao: 3,6 GHz (topo) e 12,5 GHz (p´es), tamb´em devido `as dife-
rentes intensidades de campos magn´eticos. Desta vez, os efeitos da anisotropia nos
ˆangulos de passo ao ao significantes no ´ındice espectral, mas podem ser percebidos
devido `a diferen¸ca de densidade de fluxo. O topo do arco ´e visto pelo observador
com ˆangulos entre 0
o
e 20
o
, fora da dire¸ao de axima anisotropia (70
o
90
o
), ou
seja, o observador detecta a radia¸ao emitida por el´etrons de baixa energia, mas ao
a radia¸ao dos el´etrons mais energ´eticos. A diferen¸ca de fluxo entre os modelos ´e
pequena visto que o topo do arco produz principalmente radia¸ao em baixas freq
¨
uˆen-
cias (baixos campos magn´eticos) de el´etrons de menor energia. Nesta configura¸ao
geom´etrica, os p´es dos arcos est˜ao sobrepostos para o observador e ao vistos sob
ˆangulos 40
o
a 60
o
e 60
o
a 80
o
, pr´oximo `a dire¸ao de axima anisotropia. Desse modo,
os ´ındices espectrais α
f
dos dois Modelos ao sofrem desvios significantes dos valores
encontrados para os espectros integrados de toda fonte.
Costa e Rosal (2005) analisaram diversos eventos em microondas segundo uma pro-
posta na qual o perfil temporal da emiss˜ao pode ser separada em uma componente
gradual e uma componente de estruturas apidas (da ordem de um segundo ou me-
nor). A componente gradual foi associada `a emiss˜ao de el´etrons aprisionados em
regi˜oes mais altas dos arcos magn´eticos, enquanto que as estruturas apidas foram
produzidas por el´etrons que precipitam na regi˜ao dos es dos arcos. Avaliando os
espectros das duas componentes separadamente, os autores encontraram, de uma
forma geral, freq
¨
uˆencias de pico maiores e ´ındices espectrais da regi˜ao opticamente
fina maiores nos espectros da componente apida em rela¸ao `a componente gradual.
Para a an´alise, utilizaram uma equa¸ao encontrada por eles entre a freq
¨
uˆencia de
pico do espectro e os parˆametros do plasma, para uma fonte homogˆenea:
ν
pico
= (N
6
L
9
)
0,12
[B
2
(13, 5 sen(θ)e
δ
+ 0, 9) + 0, 5 sen(θ)] (5.8)
82
TABELA 5.5 - Campos magn´eticos obtidos atrav´es da Equa¸ao 5.8.
20
o
S 00
o
O 20
o
S 80
o
O
B
p´es
B
topo
B
p´es
/B
topo
B
p´es
B
topo
B
p´es
/B
topo
Modelo A 1032 G 519 G 2,0 1301 G 715 1,8
Modelo C 1198 G 477 G 2,5 1301 G 691 1,9
onde: B
2
´e o campo magn´etico (em unidades de 100 Gauss), L
9
´e a profundidade da
fonte na linha de visada (em 10
9
cm), θ ´e o ˆangulo de visada, δ ´e o ´ındice espectral
de energia dos el´etrons e N
6
´e a densidade de el´etrons ao-t´ermicos (em 10
6
cm
3
),
a freq
¨
uˆencia de pico ´e associada ao camp o magn´etico efetivo da fonte emissora. Os
autores encontraram os valores (m´edios) de B
topo
= 660 G e B
p´es
= 1060 G, confir-
mando a proposta de aprisionamento mais precipita¸ao. A raz˜ao de espelhamento
encontrada foi B
p´es
/B
topo
= 1, 8 t´ıpica de outras an´alises na literatura.
Aplicamos a equa¸ao (5.8) para os parˆametros dos espectros da Figura 5.13, utili-
zando a descri¸ao da fonte, que no nosso caso conhecemos completamente, ao ines
das caracter´ısticas temporais como na an´alise de Costa e Rosal (2005). Os valo-
res dos campos magn´eticos efetivos encontrados est˜ao na Tabela 5.5. Os espectros
obtidos dos p´es dos arcos indicam campos efetivos maiores (como de fato foram
utilizados nos alculos) enquanto que os espectros do topo dos arcos inferem cam-
pos menores. Esta an´alise refor¸ca as conclus˜oes de Costa e Rosal (2005) em que a
componente apida do perfil temporal de explos˜oes solares pode ser associada aos
el´etrons que precipitam nos p´es do arco magn´etico da fonte, e a componente gradual
pode ser associada aos el´etrons aprisionados em regi˜oes altas dos arcos. Al´em disso,
estes resultados evidenciam que utilizamos varia¸oes de campo magn´etico t´ıpicas de
explos˜oes solares observadas em adio, como fica evidente nas raz˜oes B
p´es
/B
topo
que
encontramos.
Atrav´es dos mapas com alta resolu¸ao espacial, podemos avaliar as caracter´ısticas es-
pectrais da fonte com maiores detalhes. Analisando os espectros no quadro esquerdo
da Figura 5.13 verificamos, por exemplo, que no espectro dos p´es dos arcos, em 6
GHz, a emiss˜ao ´e opticamente espessa. Contudo, no espectro do topo dos arcos, em
6 GHz, a emiss˜ao ´e opticamente fina. Uma avalia¸ao baseada somente no espectro
integrado de toda a fonte, indicaria que a emiss˜ao em 6 GHz ´e opticamente espessa
(Figura 5.5). Como, no nosso trabalho, conhecemos todos os parˆametros da fonte,
temos a condi¸ao de avaliar as regi˜oes onde a emiss˜ao ´e opticamente fina ou espessa
atrav´es dos coeficientes de absor¸ao de cada voxel . Na Figura 5.14 mostramos a
83
estrutura da fonte na posi¸ao 20
o
S 00
o
O, indicando as regi˜oes opticamente espessas
em azul (κ
ν
l 1) e opticamente finas com pontos pretos, para os modos ordin´ario
e extraordin´ario. O contorno em vermelho mostra a emiss˜ao total a 50% do fluxo
aximo desta freq
¨
uˆencia. Para o modo extraordin´ario (quadro da esquerda) os es
ao opticamente espessos enquanto que o topo ´e opticamente fino, como foi evidenci-
ado pela an´alise dos espectros da Figura 5.13. A emiss˜ao do modo ordin´ario (quadro
da direita) ´e opticamente fina em todo o arco, por´em, para as condi¸oes solares,
o modo extraordin´ario ´e produzido de forma mais eficiente que o modo ordin´ario
(discutiremos esta quest˜ao na Se¸ao seguinte), e assim, prevalecem as caracter´ısti-
cas do modo extraordin´ario quando avaliamos o fluxo total. Avaliamos tamb´em a
degrada¸ao da informa¸ao dos mapas de brilho causada pelos feixes de moderada
resolu¸ao dos radiotelesc´opios. Calculamos a convolu¸ao de feixes gaussianos, com
largura `a meia potˆencia de 2” e 5”, com os mapas de brilho em 3,1 e 10,3 GHz, do
Modelo A e na posi¸ao 20
o
S 40
o
O, simulando uma observao real. Na Figura 5.15
apresentamos os resultados das convolu¸oes e reproduzimos os mapas originais para
melhor compara¸ao. Analisando os mapas, podemos verificar que as estruturas de
brilho de tamanho pr´oximo `a largura do feixe desaparecem, resultando em morfolo-
gias aparentemente simples. Enquanto que com um feixe de 2” algumas estruturas
ainda podem ser identificadas, principalmente em 3,1 GHz, no caso do feixe de 5”,
a situa¸ao ´e mais cr´ıtica: todos os detalhes ao suavizados. Estes aspectos da degra-
da¸ao da morfologia da fonte pelo feixe do radiotelesc´opio ao bem conhecidos; o
que destacamos aqui ´e a necessidade de instrumentos capazes de mapeamento com
maior resolu¸ao espacial e identifica¸ao das estruturas de brilho de menor escala,
al´em da possibilidade de obten¸ao dos espectros de diferentes regi˜oes da fonte emis-
sora. Atualmente, na banda de raios-X, esta fun¸ao ´e exercida pelo sat´elite Ramaty
High Energy Solar Spectroscopic Imager (RHESSI), que possui alta resolu¸ao espec-
tral e espacial. Em adio, os instrumentos com dedica¸ao integral `a pesquisa solar
ao o NoRH e o OVSA. A resolu¸ao do NoRH ´e 10”12” em 17 GHz e 6”8” em
34 GHz. O OVSA trabalha com freq
¨
uˆencias na banda 1 18 GHz, com resolu¸ao
espacial entre 5”29”. Ambos instrumentos possibilitaram grandes contribui¸oes ao
estudo de explos˜oes solares (Lim et al., 1994; Wang et al., 1994; Kundu et al., 2001;
Kundu et al., 2001), mas ao possuem resolu¸ao suficiente para detectar as pequenas
estruturas de brilho. Outro instrumento que aumentar´a a capacidade de investiga¸ao
solar ser´a o Fast Agile Solar Radiotelescope (FASR) (Gary, 2003; Gary e Keller, 2004),
um interferˆometro composto por 100 antenas, com capacidade de produzir imagens
na banda de freq
¨
uˆencias 20 MHz 24 GHz, com resolu¸ao temporal de 0,1s. Com
84
o VLA ´e poss´ıvel obter mapas de brilho com resolu¸ao de at´e 1”, por´em, devido a
suas outras aplica¸oes na ´area da Astronomia, o instrumento ao realiza observoes
solares rotineiras.
5.6 Polariza¸ao
´
E conhecido que a emiss˜ao de explos˜oes solares nos modos de propaga¸ao ordin´ario
e extraordin´ario de um plasma t´ermico ou supra-t´ermico de el´etrons levemente re-
lativ´ısticos ao em geral elipticamente polarizados (Kundu, 1965; Zheleznyakov, 1970).
Na regi˜ao de forma¸ao da radia¸ao, o sentido da polariza¸ao circular das ondas, ou
melhor, o sinal do parˆametro de Stokes V, depende do sinal da componente longi-
tudinal do vetor do campo magn´etico. Pela teoria da radia¸ao girossincrotrˆonica,
a polariza¸ao intr´ınseca da emiss˜ao em adio ´e dada principalmente pelo modo ex-
traordin´ario, se a profundidade ´optica do modo ordin´ario for τ
+
1 tipicamente
quando τ
1 (τ
4 Nindos et al. (2000)). Se τ
+
> 1, o sentido de polariza¸ao
ser´a regido pelo modo ordin´ario porque a fun¸ao fonte, nesses casos, ser´a maior para
o modo ordin´ario do que para o modo extraordin´ario. Esta situa¸ao pode ser vista
na Figura 5.16. No quadro (a), temos as densidades de fluxo dos modos ordin´ario
e extraordin´ario, representados em azul e vermelho resp ectivamente, e a opacidade
´optica do modo ordin´ario τ
+
. A linha segmentada indica a freq
¨
uˆencia onde o modo
extraordin´ario passa a ser maior que o modo ordin´ario (ω
B
7) e o valor de τ
+
neste ponto ( 1). No quadro (b) mostramos o parˆametro de Stokes V, e podemos
ver que no harmˆonico 7 a a invers˜ao do sentido da polariza¸ao circular, passando de
esquerda (V > 0) para direita (V < 0). Note que neste caso a polariza¸ao ao est´a
sujeita aos efeitos de propaga¸ao. Em regi˜oes ativas, a polariza¸ao intr´ınseca deve
alterar-se de um lado do arco para o outro, visto que a componente do campo mag-
n´etico ao longo da linha de visada muda de sinal devido `a bipolaridade das manchas
solares que formam os arcos magn´eticos (Alissandrakis e Preka-Papadema, 1984; Kundu
e Alissandrakis, 1984).
Na Figura 5.17, indicamos o sentido do campo magn´etico dos arcos, nas trˆes posi¸oes
heliogr´aficas estudadas. Em azul est˜ao representadas as regi˜oes onde a componente
longitudinal do campo magn´etico ´e positiva em rela¸ao ao observador, e em amarelo
onde a comp onente ´e negativa. Os indicadores em vermelho registram as regi˜oes
onde o campo ´e transversal `a linha de visada, e logo a aproxima¸ao QL, dada p ela
equa¸ao (2.50) ao ´e alida. A linha tracejada ´e um ajuste linear destas regi˜oes quase-
transversais (QT) para melhor visualiza¸ao da regi˜ao de invers˜ao do sinal do campo
85
magn´etico. Supondo que o modo extraordin´ario seja predominante, a polariza¸ao
intr´ınseca da regi˜ao azul ser´a circular `a direita (V < 0) e da regi˜ao amarela ser´a
circular `a esquerda (V > 0), enquanto que as regi˜oes marcadas com (θ = 90
o
)
a polariza¸ao ser´a linear (Alissandrakis e Preka-Papadema, 1984; Kundu e Alissandrakis,
1984). Nas regi˜oes onde o modo ordin´ario for predominante, o sentido da polariza¸ao
ser´a o oposto do que descrevemos acima. Na Figura 5.18 mostramos alguns dos
mapas de polariza¸ao circular obtidos (detalhes no texto da figura). Nos quadros
superiores est˜ao os mapas para a fonte no centro do disco, para as freq
¨
uˆencias 3,1 e
10,3 GHz (Modelo A), onde vemos claramente o efeito da invers˜ao do sinal do campo
magn´etico: cada lado da fonte apresenta um sentido de polariza¸ao circular (em azul
a polariza¸ao `a direita e em amarelo/vermelho a polariza¸ao `a esquerda). O mapa de
3,1 GHz apresenta ainda duas pequenas regi˜oes de polariza¸ao oposta, onde o modo
ordin´ario foi produzido com mais eficiˆencia do que o modo extraordin´ario, indicando
maior opacidade na regi˜ao. Alissandrakis et al. (1993) detectaram este efeito em
eventos observados em 5 GHz. No quadro inferior esquerdo mostramos o mapa em
10,3 GHz, tamb´em do Modelo A, no limbo solar. Devido ao efeito da geometria
adotada, os p´es do arco apresentam polariza¸ao circular `a esquerda, enquanto que o
topo produz o sentido oposto. Finalmente, no quadro inferior direito, est´a o mapa em
3,1 GHz (Modelo B) na posi¸ao 20
o
S40
o
O. Os pontos escuros indicam as regi˜oes onde
a aproxima¸ao QL ao ´e alida e logo ao calculamos a polariza¸ao destes pontos.
Nos trˆes primeiros mapas apenas regi˜oes onde o ˆangulo θ entre campo magn´etico e
a linha de visada ´e muito pr´oximo de 90
o
, a aproxima¸ao QL ao p ode ser aplicada.
Devido `a maior densidade adotada no Modelo B, a aproxima¸ao QL ao ´e alida
em grande parte da fonte, para a freq
¨
uˆencia em quest˜ao.
Nas regi˜oes QT, a polariza¸ao deve ser avaliada considerando os parˆametros de Sto-
kes V, Q e U (equa¸oes 2.34), a que existe a possibilidade de produ¸ao de ondas
tamem com polariza¸ao linear ou el´ıptica. Contudo, a emiss˜ao em r´adio de ex-
plos˜oes solares ´e predominantemente polarizada circularmente, sendo usualmente
observada e interpretada em termos do parˆametro V. Resolvemos ent˜ao descartar
a an´alise nestas regi˜oes, mesmo porque seria necess´ario considerar ainda os efeitos
de propaga¸ao atrav´es da atmosfera solar complicando em demasia a an´alise sem
trazer benef´ıcios `a interpreta¸ao das observoes em geral. At´e aqui discutimos ape-
nas a polariza¸ao intr´ınseca da radia¸ao emitida pelas fontes. Entretanto, algumas
observoes de polariza¸ao com resolu¸ao espacial ao identificaram esta invers˜ao
do sentido de polariza¸ao. Nindos et al. (2000) estudaram os mapas de emiss˜ao e
86
polariza¸ao de um evento observado em 5 e 15 GHz, e verificaram que a emiss˜ao
em 15 GHz era proveniente de duas regi˜oes, associadas aos es de um arco mag-
n´etico. Em ambas regi˜oes foi detectada polariza¸ao circular `a esquerda. Como a
emiss˜ao em 15 GHz deste evento foi interpretada como opticamente fina, o esperado
era que as regi˜oes apresentassem sentido de polariza¸ao opostos. O modo ordin´ario
apenas predomina sobre o extraordin´ario se a opacidade ´optica for alta. Os autores
portanto interpretaram esta invers˜ao do sentido de polariza¸ao como sendo resul-
tado de (fraco) acoplamento de modos em alguma regi˜ao da coroa, ao longo da
propaga¸ao; um acoplamento fraco permitiria altera¸ao da polariza¸ao. Os modos
magneto-iˆonicos de propaga¸ao podem estar fracamente ou fortemente acoplados
permitindo maior ou menor varia¸oes no camp o el´etrico da onda tal como a rota¸ao
de Faraday, respectivamente. Diversos autores estudaram os efeitos de propaga¸ao
de ondas, e. g. Cohen (1960); a varia¸ao da polariza¸ao da radia¸ao depende do
grau de acoplamento entre os dois modos. Portanto, os efeitos da propaga¸ao das
ondas no plasma magnetizado devem ser considerados para uma melhor avalia¸ao
da polariza¸ao. Durante a propaga¸ao, a polariza¸ao circular pode ser convertida
em linear e vice-versa (Cohen, 1960), dentre outras arias possibilidades de menor
interesse para as explos˜oes solares.
Cohen (1960) avaliou a freq
¨
uˆencia onde o acoplamento entre modos transita de fraco
para forte nas condi¸oes ionosf´ericas e solares. O acoplamento de modos forte ocorre
para freq
¨
uˆencias muito maiores que esta freq
¨
uˆencia de transi¸ao ν
c
. Em regi˜oes
onde a aproxima¸ao QL ´e alida, Cohen (1960) estimou a ordem de grandeza de
ν
c
, concluindo que estes valores est˜ao geralmente muito acima da banda adio do
espectro, e logo o acoplamento entre modos ser´a fraco. Nas regi˜oes QT, ν
c
pode
ser avaliada fazendo C = 1 na equa¸ao (2.49). Aplicamos os valores de densidade e
campo magn´etico na equa¸ao (2.49), e com (dθ/dl)
1
= 6, 7 × 10
8
cm (valor edio
para a estrutura de arcos que utilizamos), encontramos os valores de 188 GHz (perfil
1 para a densidade ambiente) e 275 GHz (perfil 2) para ν
c
. Estes valores est˜ao muito
acima da maior freq
¨
uˆencia avaliada neste trabalho (46 GHz), assim, nas regi˜oes QT,
o acoplamento dos modos tamem ser´a fraco.
A interpreta¸ao da polariza¸ao da radia¸ao que atravessa regi˜oes QT, com fraco
acoplamento de modos ´e bastante complexa. Uma onda polarizada circularmente
tem seu sentido revertido ao atravessar essa regi˜ao (Cohen, 1960); por´em a dificuldade
est´a na avalia¸ao de quantas camadas QT ao atravessadas na trajet´oria do raio, ou
87
seja, quantas vezes a onda tem sua polariza¸ao invertida.
Esta avalia¸ao torna-se ainda mais complicada se considerarmos os campos magn´e-
ticos fora da fonte emissora. Em camadas mais altas da atmosfera solar, a densidade
e o campo magn´etico ao muito menores, e nestas condi¸oes a transi¸ao do acopla-
mento de fraco para forte acontece para freq
¨
uˆencias bem menores (Equa¸ao 2.49).
Na Figura 5.19 est˜ao os espectros do grau de polariza¸ao integrados na fonte in-
teira. A fonte no centro do disco (Modelos A, B e C) apresenta-se praticamente
ao-polarizada devido `a simetria dos arcos. Nas outras posi¸oes, a polariza¸ao ´e
essencialmente circular `a esquerda. Lembremos que rotacionamos o Sol do centro
para o limbo oeste, por´em se for para o limbo leste, o inverso da polariza¸ao ser´a
obtido. As principais regi˜oes emissoras da fonte (nesta posi¸ao) ao as pernas e os
p´es do arco. Devido `a invers˜ao do sinal do campo magn´etico (em rela¸ao ao obser-
vador), as radia¸ao das regi˜oes es/pernas do arco ao principalmente polarizados
`a esquerda, enquanto que o topo tem polariza¸ao `a direita (Figura 5.17 direita).
Assim, a emiss˜ao integrada da fonte, em quase todas as freq
¨
uˆencias desta an´alise,
´e polarizada `a esquerda. Apenas as baixas freq
¨
uˆencias, principalmente produzidas
no topo do arco, mostraram-se com sentido de polariza¸ao `a direita. Os n´ıveis de
polariza¸ao que encontramos aqui ao coerentes com as observoes (Kosugi, 1985;
Alissandrakis et al., 1993; Lim et al., 1994; Nindos et al., 2000). A an´alise acima mostra
que a dedu¸ao do campo magn´etico com base no sentido de polariza¸ao observada
deve ser tratada com cuidado, como a foi enfatizado por Alissandrakis e Preka-
Papadema (1984), em especial em regi˜oes mais pr´oximas ao limbo solar. Mesmo se
os dois sentidos de polariza¸ao forem detectados em uma fonte explosiva, estes ao
podem ser diretamente associados `a polaridades opostas do campo magn´etico. In-
vers˜oes no sentido de polariza¸ao podem ocorrer ao longo da propaga¸ao (devido a
propaga¸ao das ondas atrav´es de regi˜oes QT - Figura 5.18 inferior direita) ou ainda
uma determinada regi˜ao pode produzir mais eficientemente o modo ordin´ario do que
o modo extraordin´ario (se a profundidade ´optica for alta o suficiente) e portanto ter
seu sentido de polariza¸ao oposto ao esperado devido `a dire¸ao do campo magn´etico
(Figura 5.18 superior esquerda).
A avalia¸ao do grau de acoplamento dos modos magneto-iˆonicos ´e complexa, visto
que as varia¸oes do campo magn´etico (indu¸ao magn´etica B e ˆangulo θ) na atmosfera
solar (ao longo da linha de visada) deve ser levada em considera¸ao, e ao apenas
dos arcos magn´eticos onde a explos˜ao ocorre. Casos com maior complexidade na
88
geometria do campo magn´etico, apresentando tor¸oes das linhas, por exemplo, difi-
cultam ainda mais a a complexa an´alise da polariza¸ao. Estas dificuldades surgem
apenas para o tratamento da polariza¸ao da radia¸ao; o fluxo total ao se altera.
89
FIGURA 5.9 - Mapas de fluxo do Modelo A, em 3,1 e 10,3 GHz, nas trˆes posi¸oes heliogr´aficas.
90
FIGURA 5.10 - Mapas de fluxo do Modelo B, em 3,1 e 10,3 GHz, nas trˆes posi¸oes heliogr´aficas.
91
FIGURA 5.11 - Mapas de fluxo do Modelo C, em 3,1 e 10,3 GHz, nas trˆes posi¸oes heliogr´aficas.
92
FIGURA 5.12 - Espectro de ´area das fontes `a meia potˆencia do fluxo, para os Modelos A, B e C, nas
trˆes posi¸oes no disco solar.
FIGURA 5.13 - Espectros calculados com resolu¸ao espacial de 10

×10

, relativos ao p´e e ao topo dos
arcos magn´eticos. As regi˜oes escolhidas para o alculo dos espectros est˜ao identificadas
na Figura 5.9.
93
FIGURA 5.14 - Opacidade da fonte em 6 GHz, para os modos ordin´ario e extraordin´ario. As regi˜oes
em azul representam as regi˜oes opticamente espessas e os pontos pretos as regi˜oes
opticamente finas. O contorno em vermelho indica a emiss˜ao a 50% do aximo nesta
freq
¨
uˆencia.
94
FIGURA 5.15 - Mapas em 3,1 e 10,3 GHz (Modelo A, 20
o
S 40
o
O) convolu´ıdos com feixes gaussianos
de largura 2”e 5”(`a meia potˆencia). No canto inferior direito de cada mapa, indicamos
o tamanho do feixe (`a meia potˆencia) utilizado para a convolu¸ao.
95
FIGURA 5.16 - Invers˜ao de polariza¸ao (a) e paametro de Stokes V (b) para uma fonte homogˆenea.
No quadro (a), a linha segmentada indica a freq
¨
uˆencia onde o modo extraordin´ario
(em vermelho) passa a ser maior que o modo ordin´ario (azul), e o valor da opacidade
´optica do modo ordiario neste ponto (τ
+
1). No quadro (b) est´a o paametro de
Stokes V dessa fonte. A linha segmentada vertical indica a freq
¨
uˆencia de invers˜ao.
FIGURA 5.17 - Sinais da componente longitudinal do campo magn´etico para o modelo adotado. Em
azul, est˜ao representadas as regi˜oes onde a componente do campo ´e positiva e em
amarelo as regi˜oes onde a componente ´e negativa. As regi˜oes de invers˜ao do sinal do
campo (regi˜oes QT) est˜ao indicadas com vermelho e pela linha tracejada QT (ajuste
linear).
96
FIGURA 5.18 - Mapas de polariza¸ao circular. Os contornos, a 30, 50, 70 e 90%, em azul indicam
p olariza¸ao `a direita, e em amarelo/vermelho a polariza¸ao `a esquerda. Os pontos
escuros mostram as regi˜oes onde a aproxima¸ao QL ao ´e alida, e portanto ao foi
p oss´ıvel obter a polariza¸ao. A posi¸ao da fonte, o modelo e a freq
¨
uˆencia de cada
mapa est˜ao indicados nas figuras. A linha tracejada indica a regi˜ao de invers˜ao do
sinal do campo magn´etico.
97
FIGURA 5.19 - Grau de polariza¸ao integrado das fontes: Modelo A (esquerda), Modelo B (centro)
e Modelo C (direita), nas trˆes posi¸oes no disco solar.
98
CAP
´
ITULO 6
CONSIDERA¸C
˜
OES FINAIS
Apresentamos um etodo para o alculo da radia¸ao girossincrotrˆonica produzida
em explos˜oes solares, considerando fontes emissoras tridimensionais, com varia¸ao
espacial de densidade ambiente e campo magn´etico. A geometria da estrutura mag-
n´etica pode ser obtida atrav´es de qualquer ecnica que reproduza as varia¸oes de
dire¸ao e intensidade do campo magn´etico, como por exemplo extrapola¸oes a partir
de magnetogramas fotosf´ericos.
Realizamos alculos da radia¸ao produzida e a transferˆencia radiativa para diferen-
tes modelos de densidade ambiente e fun¸oes de distribui¸ao de ˆangulos de passo dos
el´etrons acelerados, com a fonte explosiva em trˆes posi¸oes no disco solar. Apresen-
tamos os resultados na forma de es pectros da emiss˜ao e mapas da intensidade total
e polariza¸ao.
As caracter´ısticas dos espectros resultantes est˜ao de acordo com as encontradas nas
estat´ısticas observacionais (Silva e Valente, 2002; Schoechlin e Magun, 1979). Notamos
que a dependˆencia dos parˆametros espectrais com a posi¸ao da fonte no disco, pre-
vista pelos modelos baseados em fontes homogˆeneas, ao suavizadas devido `a grande
varia¸ao da dire¸ao do campo magn´etico na fonte.
Avaliamos tamem os ´ındices espetrais da regi˜oes opticamente espessa e fina do es-
pectro. Na regi˜ao opticamente espessa, encontramos ´ındices menores (α
e medio
1, 2)
do que os previstos pela teoria girossincrotrˆonica (α
e
> 2, 5). De fato, valores meno-
res do que os previstos por qualquer um dos mecanismos de emiss˜ao ao observados,
e. g. Schoechlin e Magun (1979), e normalmente ao interpretados como um efeito da
inomogeneidade da fonte emissora (Takakura e Scalise, 1970; Schoechlin e Magun, 1979;
Dulk e Dennis, 1982; Klein, 1984).
Em nossa an´alise, verificamos que os ´ındice espectrais da regi˜ao opticamente fina do
espectro apenas dependem do ´ındice espectral de energia dos el´etrons ao-t´ermicos,
como esp erado. Apesar da complexidade geom´etrica da fonte, os valores de α
f
en-
contrados podem ser relacionados com o ´ındice espectral δ dos el´etrons atrav´es da
rela¸ao δ = 1, 11α
f
+ 1, 36 prop osta por Dulk e Marsh (1982). Chegamos tamb´em
a uma interessante conclus˜ao ao avaliar os efeitos de distribui¸oes anisotr´opicas de
ˆangulos de passo dos el´etrons: Fleishman e Melnikov (2003a) mostraram a forte de-
99
pendˆencia do ´ındice espectral α
f
com a anisotropia em ˆangulos de passo para fontes
homogˆeneas. Entretanto, devido `as grandes varia¸oes da dire¸ao nos arcos magn´e-
ticos, a diretividade da emiss˜ao causada pela anisotropia em ˆangulos de passo dos
el´etrons ´e praticamente anulada, como determinamos e est´a em melhor concordˆancia
com as observoes (Silva e Valente, 2002).
A compara¸ao dos parˆametros espectrais dos espectros calculados com as an´alises
observacionais presentes na literatura indicam que, na maioria dos casos, as fontes
apresentam um car´ater inomogˆeneo.
Os mapas de brilho mostram caracter´ısticas normalmente encontradas em observa-
¸oes com alta resolu¸ao espacial: em baixas freq
¨
uˆencias vemos uma grande fonte
emissora e em altas freq
¨
uˆencias duas regi˜oes menores, associadas respectivamente
ao topo e aos p´es dos arcos magn´eticos. Os p´es e o topo dos arcos mostram diferen-
tes caracter´ısticas espectrais, principalmente devido aos valores de intensidade do
campo nestas regi˜oes, em corcondˆancia com os resultados apresentados por Wang et
al. (1994).
O grau de polariza¸ao circular obtido nos alculos mostram grande dependˆencia
com a posi¸ao heliogr´afica da fonte devido `a geometria da fonte. Invers˜oes no sen-
tido da polariza¸ao podem ocorrer devido a um forte acoplamento entre os modos
magneto-iˆonicos ou, no caso de acoplamento fraco, se a propaga¸ao das ondas for
transversal `a dire¸ao do camp o magn´etico. Nas condi¸oes f´ısicas da fonte adotada,
um forte acoplamento de modos ao ocorre para freq
¨
uˆencias abaixo de 188 GHz,
o que est´a muito acima das freq
¨
uˆencias avaliadas aqui. ao avaliamos a polariza¸ao
onde a propaga¸ao ´e transversal ao campo magn´etico devido `a dificuldade de uma
interpreta¸ao correta.
Por fim, vemos um grande potencial para a utiliza¸ao do m´etodo desenvolvido para
o estudo de explos˜oes solares no nosso grupo, por permitir uma melhor descri¸ao
espacial da geometria do campo magn´etico, al´em da densidade ambiente. Daremos
continuidade ao desenvolvimento desta metodologia, incluindo a avalia¸ao da distri-
bui¸ao espacial dos el´etrons acelerados nos arcos magn´etico, utilizando os conceitos
de espelhamento magn´etico. Poderemos incluir ainda uma avalia¸ao da evolu¸ao
temporal da emiss˜ao em adio, assim como em raios-X.
100
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