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ESTUDO DA QUALIDADE DOS EFLUENTES GERADOS EM DIFERENTES
FASES DO CULTIVO DO CAMARÃO-DA-AMAZÔNIA
Macrobrachium amazonicum
ORIENTADOR: PROF. DR. LUIZ AUGUSTO DO AMARAL
ALUNA: MAYRA NOGUEIRA
CENTRO DE AQÜICULTURA, UNESP
Jaboticabal-SP
2008
Tese apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Aqüicultura do
CAUNESP, como parte dos requisitos
para obtenção do título de Doutor em
Aqüicultura
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1. INTRODUÇÃO E REVISÃO DE LITERATURA
A aqüicultura tem apresentado um grande desenvolvimento mundial,
procurando moldar-se ao conceito de sustentabilidade. Segundo VALENTI
(2002), a aqüicultura moderna está embasada em três pilares: a produção
lucrativa, o desenvolvimento social e a preservação do meio ambiente, tendo os
mesmos uma relação intrínseca e interdependente para que se tenha uma
atividade perene. Sendo assim, a necessidade de se pesquisar novas
tecnologias a fim de reduzir impactos como desmatamentos, desvios de cursos d
água, introdução de espécies exóticas no ambiente natural e emissão de efluente
nos ecossistemas aquáticos.
A qualidade da água do efluente pode ser alterada devido a vários fatores,
incluindo o clima, tipo de viveiro, manejo adotado, taxa de renovação da água,
densidade de estocagem dos animais, espécies cultivadas, qualidade e quantidade
de alimento fornecido (SIPAÚBA-TAVARES, 1995). A ração não consumida no
ambiente, em determinadas quantidades pode estar além da capacidade natural do
corpo aquático absorver essa carga orgânica, provocando um impacto ambiental
no corpo d’ água receptor (BRAZ FILHO, 2005; ZIEMANN et al., 1992).
Visando a manutenção da qualidade da água, atualmente, a troca de água dos
viveiros é o principal mecanismo adotado pelos produtores.
Os efluentes de viveiros aqüícolas possuem grande volume e baixas
concentrações de nutrientes quando comparados com efluentes domésticos, que
apresentam pouco volume e grande concentração de nitrogênio e fósforo
(BOYD, 2003). Apesar de ser considerado elevado o valor de diluição dessas
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descargas de efluentes oriundas da aqüicultura, o seu lançamento direto nos
ambientes mnicos pode resultar em uma bioacumulação crônica e eutrofização.
Tal situação pode levar ao aumento excessivo do fitoplâncton, ocasionando
déficit de oxigênio dissolvido à noite e possível morte de organismos locais
(SIPAÚBA-TAVARES, 1995; REDING & MILDLEN, 1997; GUO & LI, 2003).
Destaca-se ainda o fato de extrema relevância de que as alterações sofridas
pelos corpos d’água receptores vão além dos impactos ambientais, sendo também
um problema de saúde pública. Em ambiente eutrófico, estudos revelam a
predominância de cianobactérias e salientam a importância deste fato, uma vez
que esses organismos produzem toxinas. A ocorrência de toxina na água de
hemodiálise, de pessoas com insuficiência renal, na cidade de Caruaru/ PE,
provocando diversas mortes, evidencia a importância dessas águas na veiculação
das referidas toxinas (POURIA et al., 1998).
O aumento dos veis de nutrientes como nitrato e nitrito nos aqüíferos,
nas últimas cadas é atribuído a intervenções humanas, assim como as
atividades agrícolas e processos industriais (FORMAN et al.,1985). O nitrato
presente nas águas pode induzir a ocorrência de metahemoglobinemia em recém-
nascidos e a formação de nitrosaminas e nitrosamidas carcinogênicas (FORMAN
et al., 1985; FERREIRA, 2001). O nitrito, uma vez presente nas águas pode
desencadear a metahemoglobinemia, independente da faixa etária, pois seu efeito
é mais rápido e pronunciado que o do nitrato (BATALHA & PARLATORE,
1993).
3
Sendo assim, com o crescimento da atividade aqüícola, aumenta
simultaneamente a preocupação dos órgãos ambientais e de saúde com o impacto
ambiental gerado pela mesma. Considerando que o controle da poluição da água
está diretamente relacionado com a proteção da saúde, garantia do meio ambiente
ecologicamente equilibrado e a melhoria da qualidade de vida, o Conselho
Nacional de Meio Ambiente estabeleceu que a água destinada ao uso aqüícola
deva pertencer a Classe II, por meio da Resolução 357, de 17 de março de
2005 (CONAMA, 2005).
O efluente deve obedecer aos padrões de qualidade da classe em que o
corpo receptor desse efluente estiver enquadrado. O enquadramento dos corpos
de água dar-se-á de acordo com as normas e procedimentos definidos pelo
Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) e Conselhos Estaduais de
Recursos Hídricos. Enquanto, não aprovados os respectivos enquadramentos, as
águas doces serão consideradas Classe II, as salinas e salobras Classe I, exceto se
as condições de qualidade atuais forem melhores, o que determinará a aplicação
da classe mais rigorosa correspondente (CONAMA, 2005).
Nas últimas décadas, dentro da aqüicultura, a carcinicultura apresentou um
elevado crescimento. No início dos anos 80, apenas 1% dos camarões
consumidos mundialmente foram oriundos do cultivo, sendo que esta proporção
aumentou para 50% na década de 90 (MACGIN, 1998).
No contexto internacional, o Brasil tem um elevado potencial para tornar-
se um grande produtor mundial de camarões, devido a sua grande extensão
territorial, recursos hídricos abundantes, 75% de sua área encontrar-se na zona
4
tropical, tendo assim um clima favorável durante todo o ano, características essas
importantes à prática da larvicultutura e crescimento final dos animais
(CASTAGNOLI, 1992; MACGIN, 1998).
Diante disso, visando mitigar a conseqüência negativa do cultivo de
camarão sobre o ambiente aquático, um grande mero de pesquisas tem sido
realizado a fim de melhorar a qualidade e diminuir a quantidade do seu efluente.
SIPAÚBA-TAVARES et al. (1999) pesquisaram a influência do uso de
aeradores na qualidade da água de viveiros aqüícolas e constataram que as
variáveis como temperatura, transparência, pH, oxigênio dissolvido, bicarbonato,
CO
2
livre, fósforo total, ortofosfato, amônia, nitrato e nitrito diferiram
significativamente (P < 0,05) com a agitação mecânica da água. Já a
condutividade, alcalinidade, CO
2
total e clorofila a não apresentaram diferenças
significativas (P > 0,05) com o uso do aerador.
GRÄSLUND & BENGTSSON (2001) constatou em uma revisão sobre
produtos químicos e biológicos utilizados em fazendas de camarões no Sudeste
Asiático, no tratamento da água, no sedimento dos tanques de engorda e na
larvicultura, assim como na desinfecção de equipamentos de manejo, uma grande
quantidade de tipos de antibióticos, compostos de cobre, desinfetantes e
pesticidas, tendo estes um impacto negativo para a saúde do ser humano e do
meio ambiente. Com este estudo também se concluiu que necessidade de mais
pesquisas sobre os tipos e quantidades desses produtos, para se obter resultados
mais conclusivos com relação ao seu impacto ambiental.
5
PÁEZ-OSUNA (2001) em seu trabalho sobre a criação de camarão e o
impacto ambiental gerado por essa atividade, relatou que o maior obstáculo para
o futuro da carcinicultura são as doenças, provocadas pela elevada disseminação
de protozoários, fungos, bactérias e vírus, principalmente em cultivo intensivo.
Embora o uso de produtos químicos na criação de camarão seja baixo quando
comparado com outras atividades, o crescente uso de antibióticos para combater
doenças é preocupante, uma vez que possivelmente produz impacto no
ecossistema natural adjacente.
FRAGA (2002) verificou que sistemas de cultivo semi-intensivos do
camarão Litopenaeus vannamei, nos municípios de Barra do Sul e Laguna, no
estado de Santa Catarina, incrementaram as águas e os sedimentos dos
ecossistemas costeiros receptores com sólidos suspensos, clorofila a, feotinina,
matéria orgânica, feopigmento, fósforo disponível e nitrogênio total.
BENASSI (2003) fazendo uma análise comparativa da qualidade da água
afluente e efluente de um viveiro de manutenção de estoque de reprodutores de
camarões Macrobrachium rosenbergii, verificou porcentagens de acréscimo das
concentrações de nitrogênio total (20% a 180%), fósforo total (30% a 130%),
valores de turbidez (10% a 35%) e do material em suspensão acima de 50% na
maioria das vezes. Tais acréscimos estavam relacionados com a ração empregada
e com a excreta dos camarões, provocando redução da qualidade da água do
efluente.
COSTANZO et al. (2004) realizaram um estudo em uma fazenda de
camarão marinho no nordeste da Austrália em que verificaram a qualidade da
6
água de um riacho que recebia efluente do cultivo de Penaeus merguiensis. Na
coluna d’água foi encontrada elevada concentração de NH4
+
(18,5±8,0 µM) e
clorofila a (5,5±1,9 µg/L) após o povoamento dos viveiros com juvenis, em
contraste quando os viveiros estavam desativados (1,3± 0,3 µM e 1,2±0,6 µg/L
respectivamente). Este resultado indica que a qualidade da água deste curso
d’água estava sendo diretamente influenciada pela fazenda em operação,
podendo estar associado com “blooms” de algas ocorridos à jusante do ponto de
lançamento do efluente.
FOLKE & KAUTSKY (1992) sugerem como tecnologia alternativa, limpa
e sustentável, o policultivo. As características deste tipo de cultivo incluem o
controle para manter a total utilização vertical da coluna d’água, uma proporção
racional dos organismos que ocupam diferentes níveis tróficos e partes da coluna
de água, a total utilização de vários tipos de alimento inclusive resíduos, a
manutenção de alta produtividade e a preservação de condições apropriadas no
ambiente dos viveiros.
Outra alternativa para o tratamento de efluentes de várias origens tem sido
a construção de Wetlands” ( KNIGHT et al., 2000; STOTTMEISTER et al.,
2003). Esse sistema de tratamento também foi indicado por TILLEY et al. (2002)
para o cultivo de camarão, sendo utilizado como filtro de recirculação, reduzindo
de forma eficiente os níveis de fósforo, nitrogênio, amônia, nitrato, sólidos
suspensos e a demanda bioquímica de oxigênio (DBO).
BRAZ FILHO (2005) tem estudado e defendido por considerá-los menos
impactantes, os sistemas de criação em piscicultura com recirculação total da
7
água, metodologia adotada em muitos países, como a Tailândia. Essa prática
de recirculação de água vem de encontro aos anseios da Comunidade Européia de
que seus fornecedores de produtos devem evitar o desperdício de água, melhorar
a qualidade do produto e do sistema de produção. Os sistemas de recirculação
geralmente estão associados a organismos vivos como algas, bactérias, animais
filtradores ou plantas aquáticas, os quais o responsáveis pela remoção e/ou
transformação dos dejetos, possibilitando o reuso da água para a continuidade do
cultivo. A eficiência deste sistema depende da relação entre o tipo de alimento
empregado, o manejo alimentar e a associação adequada das espécies que
degradarão os resíduos.
A caracterização do efluente, diagnosticando o problema, assim como
também solucioná-lo através da aplicação de tecnologia como o uso de aeradores,
manejo alimentar adequado, policultivo, recirculação total de água e utilização de
tanques de tratamento de efluente com macrófitas ou organismos filtradores são
ações importantes para a mitigação do impacto ambiental gerado pela
aqüicultura. No entanto, necessidade de que mais pesquisas sejam realizadas
neste sentido, sobretudo com espécie nacionais como é o caso do
Macrobrachium amazonicum.
O cultivo de camarões de água doce, geralmente causa menor impacto ao
ambiente que o do camarão marinho, o qual para a construção de seus viveiros
acaba por destruir os mangues, ecossistema complexo e frágil de grande
importância para a biodiversidade marinha (NEW et al., 2000).
8
Durante as décadas de 70 e 80 ocorreu um aumento da taxa de produção
do camarão marinho, 24 e 27%/ano, respectivamente. Posteriormente a taxa de
produção diminuiu para 6% na década de 90 (FAO, 2004). Entretanto, ocorreu o
oposto com a produção de camarão de água doce, esta cresceu 5% na década de
70, 15% na de 80 e 19% na de 90. Recentemente houve uma grande expansão
desta atividade, sendo de 36% entre os anos de 1999 e 2002. Esse rápido
crescimento ocorreu principalmente devido ao grande desenvolvimento na
tecnologia de produção e sua sustentabilidade ambiental (VALENTI &
TIDWELL, 2006).
A espécie de camarão de água doce mais utilizada em cultivos de escala
comercial, em vários países tropicais e subtropicais é o Macrobrachium
rosembergii, proveniente da Malásia. (VALENTI et al., 1998
a
; NEW, 2005;
VALENTI & TIDWELL, 2006). Entretanto, o problema de introdução de
espécies exóticas é tão grave que foi considerada pela União para Conservação
Mundial (IUCN) como a segunda maior causa da perda da biodiversidade.
As espécies exóticas disputam espaço e alimento com as espécies nativas,
podendo ainda transmitir para essas parasitas, vírus, bactérias ou fungos, contra
os quais não apresentam resistência imunológica (MAGALHÃES et al., 2005).
Além disso, as espécies exóticas quando possuem parentes próximos na biota
nativa podem cruzar com indivíduos dessa, provocando a eliminação de
genótipos únicos das espécies locais, e assim poderá ocorrer perda da diversidade
genética, geração de híbridos e indefinição nos limites taxonômicos existentes
9
(MAGNUSSON et al., 1998; PRIMACK & RODRIGUES, 2001; MYRICK,
2002).
Na costa Nordeste do Brasil, introduzidos a partir de criadouros
despreparados para contê-los em seus limites, os camarões da Malásia e o
Vanamey podem ser capturados com mais facilidade do que as espécies
nacionais de camarões (DESISKY, 2004; INSTITUTO HORUS, 2004).
O camarão M. amazonicum foi muito consumido no Nordeste Brasileiro, o
que causou o declínio de sua população no ecossistema aquático. Atualmente, o
cultivo desta espécie autóctone consiste em uma alternativa que elimina os
potenciais malefícios de introdução acidental de espécies exóticas e ainda
promove subsídios para a reposição nos estoques naturais (REIS et al., 2004).
Sendo assim, buscando cada vez mais uma produção sustentável, tem
aumentando a quantidade de estudos para conhecer a biologia e desenvolver a
tecnologia de produção do M. amazonicum.
Esta pesquisa está inserida no Programa para o Desenvolvimento de
Tecnologia de Cultivo de M. amazonicum, implantado no Centro de Aqüicultura
da UNESP CAUNESP em 1999, com a participação de dez instituições de
pesquisa e universidades de várias regiões do Brasil.
Neste projeto multidisciplinar, pesquisas foram realizadas até o presente
momento, com diferentes enfoques: Nutrição e produtividade das larvas
(ARAÚJO, 2005; MACIEL, 2007), crescimento relativo (MORAES-
RIODADES & VALENTI, 2002), descrita a ocorrência de morfotipos para
machos adultos da espécie (MORAES-RIODADES & VALENTI, 2004
a
), os
10
estágios de maturação dos machos (PAPA, 2003) e das fêmeas (RIBEIRO,
2003), foram testadas taxas de estocagem das larvas e a viabilidade técnica e
econômica da atividade (VETORELLI, 2004), qualidade da água e efluente em
viveiros de crescimento final (KEPPELER, 2005; MORAES-RIODADES et al.,
2006), produção em viveiros estocados com diferentes densidades (MORAES-
RIODADES & VALENTI, 2004
b
), entre outras.
No entanto, muitos aspectos relacionados ao cultivo do M. amazonicum,
ainda não foram estabelecidos, havendo a necessidade da realização de mais
pesquisas sobre esta espécie.
Portanto, na aqüicultura tem se buscados meios para a obtenção de uma
produção lucrativa e sustentável que atenderão as necessidades de um meio
ambiente equilibrado, assim como do mercado consumidor interno e externo
cada vez mais ecologicamente consciente e exigente.
Devido à relevância e atualidade do tema e também das poucas pesquisas
realizadas com Macrobrachium amazonicum, a presente pesquisa propõe avaliar
as águas dos afluentes e efluentes de todas as fases do processo de produção
desta espécie. Para tanto, foram realizadas análises microbiológicas, físicas e
químicas da água de entrada e saída dos tanques e viveiros de todas as fases de
criação dessa espécie, para a obtenção de informações importantes que auxiliem
na tomada de medidas de controle da qualidade desses efluentes, visando à conservação
ambiental.
11
2. OBJETIVOS
Diante do exposto anteriormente, o presente trabalho tem como objetivos:
A) Verificar a presença de indicadores de contaminação fecal por meio das
determinações do Número Mais Provável de Escherichia coli das águas de
afluente e efluente em cada uma das fases do cultivo do M. amazonicum.
B) Verificar as características físicas e qmicas, por meio das determinões de
pH, temperatura, sólidos em suspensão, DBO, nitrato, nitrito, nitrogênio total,
das águas de afluente e efluente em cada uma das fases do cultivo do M.
amazonicum. Ressalta-se ainda, verificar a DQO, entretanto, somente na fase
de crescimento final.
C) Comparar os efluentes de cada fase de cultivo entre si, considerando as
variáveis estudadas.
D) Calcular na fase de crescimento final, o balanço da massa de DBO, sólidos
totais suspensos e nitrogênio total que entrou, que foi assimilado e que saiu do
viveiro por meio do efluente, assim como calcular a quantidade dessas
variáveis nos efluentes por Kg de camarão produzido nos viveiros estocados
com camarões em diferentes densidades: 40, 60, 80 e 100 juvenis de M.
amazonicum /m
2
.
E) Comparar as varveis analisadas nos efluentes com os padrões estabelecidos
pela legislação vigente (CONAMA, 2005), considerando como referência os
valores para água doce - Classe II, já que a maioria dos corpos d’água
receptores no Brasil se enquadram nesta categoria e o efluente não deverá
alte-la.
12
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Caracterização do Ciclo de Cultivo Experimental do Macrobrachium
amazonicum
O ciclo de cultivo experimental de M. amazonicum foi realizado de
novembro de 2005 a abril de 2006, no Departamento de Carcinicultura,
localizado no Centro de Aqüicultura (CAUNESP) da UNESP-Jaboticabal/SP
(Figura 1).
Legenda
1 a 12 - Viveiros de crescimento final de Macrobrachium amazonicum
A a F - Viveiros de reprodutores de Macrobrachium amazonicum, Macrobrachium rosenbergii,
e esporadicamente usados como berçários secundários
a- Laboratórios de Larvicultura e Análises de Água
b-Berçário
c-Laboratório de Biometria
Figura 1: Localização da área de estudo. Fonte KEPPLER, 2005.
13
O referido ciclo experimental foi dividido em 3 etapas: larvicultura,
berçário e crescimento final. As mesmas serão descritas a seguir:
A) Larvicultura
A larvicultura é a primeira fase do cultivo de camarões de água doce, esta
teve seu início em novembro de 2005 e se estendeu por aproximadamente 18 dias
de cultivo. Este processo consiste na produção de pós-larvas, ou seja, na
obtenção e cultura das larvas, até completar a metamorfose. Caracteriza-se por
ser um sistema intensivo.
As larvas utilizadas foram obtidas de fêmeas ovígeras dos viveiros
existentes no setor de Carcinicultura do CAUNESP, sendo tais animais
descendentes de reprodutores trazidos do nordeste do Pará (1º 13' 25" S, 48º 17'
25" W) em 2001.
Após sofrerem anti-sepsia em solução de formol a 25 ppm por 30 minutos,
as fêmeas foram levadas para um tanque de eclosão com água salobra 5‰ e
aeração constante. As larvas obtidas foram coletadas, contadas, aclimatadas e
estocadas em densidade de aproximadamente 80 larvas/litro.
Foram utilizados 5 tanques de larvicultura, os quais possuíam 120 litros de
capacidade, filtro mecânico e biológico e foram abastecidos com água salobra 10
± 5‰ (Figura 2). A água salobra utilizada na larvicultura foi obtida da mistura de
água doce e salgada e suas condições foram controladas constantemente, a fim de
permitir a sobrevivência e desenvolvimento das larvas.
14
Dentre os vários sistemas de produção existentes, utilizou-se o Sistema
Fechado Dinâmico, devido as suas inúmeras vantagens. Neste a água circula
continuamente, passando por filtros mecânicos e posteriormente pelo biofiltro, o
qual favorece um processo constante de nitrificação (VALENTI & DANIELS,
2000).
Ressalta-se que neste sistema é necessária a realização de reposição da
água perdida por evaporação e sifonamento das impurezas para a manutenção da
sua qualidade. Perde-se por evaporação diariamente, aproximadamente 2 L e sua
reposição é feita apenas com água doce. No sifonamento é retirado de 4 a 5 L de
água, o que corresponde a 3 a 4% do volume total do tanque, sendo parte desta
água utilizada após sua passagem por uma malha de 80 µm.
1
2
3
Figura 2: Tanque da larvicultura: Circuito fechado - A água do interior do tanque passa
primeiro por um filtro mecânico com malha de 125 µm (1) para impedir a
passagem das larvas, posteriormente à água passa por um outro filtro com
80 µm (2), o qual retira pequenas partículas e finalmente pelo filtro
biológico (3), voltando para o tanque.
15
No que se refere à alimentação, as larvas foram alimentadas até o 5º dia de
cultivo somente com náuplios de Artemia e após o dia, a alimentação foi
complementada com dieta inerte, proposta por MALLASEN & VALENTI
(1998), que apresenta aproximadamente 45% de proteina bruta, 22% de extrato
etéreo, 23% de extrativo não nitrogenado, 9% de materia mineral e 18% de
matéria seca original. A energia bruta é de aproximadamente 5000 Kcal.Kg
-1
. A
quantidade de náuplios e dieta inerte fornecida diariamente estão apresentadas na
Tabela 1 (MACIEL, 2007).
Os valores médios referentes à sobrevivência, produtividade e peso seco
das pós-larvas, obtidos foram 95,2% (±6,6), 75,5 PL/L 12,8) e 1,18 mg
(±0,14), respectivamente (MACIEL, 2007).
Tabela 1: Densidade de náuplios de Artemia (NA) nos tanques de cultivo após o
fornecimento e quantidade de dieta inerte fornecida diariamente
(MACIEL, 2007).
Dias de c
Estágios dominantes
(NA/mL)
Dieta inerte (g)
2
II
4,0 -
3 II-III 6,0 -
4 III 6,0 -
5 IV 6,0 -
6 V 8,0 2,0
7 V-VI 10,0 2,0
8 V-VI 10,0 2,5
9-10 VI-VII 12,0 2,5
11-12 VIII 11,0 3,0
13-14 VIII 11,0 3,0
15-16 VIII-IX-PL 11,0 3,5
17-18 IX-PL 12,0 4,0
16
B) Berçário
O berçário é uma fase intermediária, entre a larvicultura e o viveiro de
crescimento final. Consiste no estoque de s-larvas recém metaforseadas, em
altas densidades, até o estágio juvenil em que são encaminhadas para os viveiros
de crescimento final.
Este sistema de pré-cultivo permite um maior controle da alimentação, das
variações da qualidade da água e proteção contra predadores, visando aumentar a
taxa de sobrevivência das pós-larvas. Esse cuidado se faz necessário, uma vez
que as pós-larvas oriundas da larvicultura precisam adaptar-se a água doce e são
mais vulneráveis.
O berçário pode ser constituído de uma única etapa ou pode ser bifásico,
subdividido em berçários I e II. No presente estudo o berçário foi constituído de
uma única etapa, com duração de aproximadamente 18 dias.
As pós-larvas utilizadas neste estudo foram provenientes da larvicultura
descrita no item anterior. A densidade de povoamento foi de aproximadamente 7
pós-larvas/L.
Foram utilizados 5 tanques para a estocagem das pós-larvas, os quais
estavam localizados em um galpão fechado, possuíam 1000 L de capacidade,
filtro biológico para a manutenção dos níveis dos compostos nitrogenados e
foram abastecidos com água doce (Figura 3). Assim como na larvicultura, a água
do sistema circulava, após passar pelo biofiltro.
17
As pós-larvas foram alimentadas com ração comercial com 35% de
proteína bruta na quantidade de 2,0 a 5,0% da biomassa do tanque por dia.
Durante o manejo da criação quando a temperatura da água estava entre 22 e
24
o
C a alimentação era fornecida pela metade e quando a temperatura da água
estava abaixo dos 22
o
C a alimentação era suspensa.
As pós-larvas permaneceram no berçário até o estágio juvenil, ou seja, ao
atingirem aproximadamente de 0,02 g, sendo posteriormente, transferidas para os
viveiros de crescimento final.
C) Crescimento Final
A fase de crescimento final foi realizada em sistema semi-intensivo. Esta
teve início em dezembro de 2005 e se estendeu até abril de 2006, com duração de
Figura 3: Tanque do berçário: Circuito fechado - A
água de cultivo passa pelo filtro biológico
(1), voltando para o tanque.
Detalhes do filtro biológico de cascalho
existente no interior do tanque.
1
18
133 dias. Os juvenis foram estocados em 12 viveiros de fundo natural,
abastecidos com água doce, com aproximadamente 0,01 ha de área cada um
(Figura 4). Antes do povoamento, o solo dos viveiros, foi submetido à calagem
com a aplicação de 1 t/ha de cal hidratada e fertilização orgânica com adição de 3
t/ha de ração para camarão.
A água utilizada para o abastecimento dos viveiros era proveniente de uma
represa situada à montante dos tanques, sendo distribuída por gravidade. Quando
a quantidade de água não era suficiente, duas bombas elétricas eram acionadas,
fornecendo água de duas outras represas para os tanques. A taxa de renovação da
água dos viveiros era de 5-10% por dia.
Saída do efluente do viveiro
Figura 4: Viveiro de crescimento final: Circuito aberto - A água abastece o viveiro
sendo posteriormente lançada para o meio ambiente.
19
O povoamento foi realizado em 12 de dezembro de 2005, com juvenis
oriundos da fase de berçário descrito no item anterior deste trabalho. Os referidos
animais possuíam peso médio de 0,02 g. A densidade de povoamento foi de 40,
60, 80 e 100 juvenis/m
2
, conforme apresentado na Tabela 2, e cujo delineamento
experimental utilizado foi blocos inteiramente casualizados com 4 tratamentos e
3 repetições.
Tabela 2: Densidades de estocagem, número de indivíduos estocados e área dos
viveiros. Centro de Aqüicultura da Unesp, 2005.
Viveiros
Densidades de
Estocagem
Quantidade de
Indivíduos estocados
Área dos
V
iveiros (m
2
)
7
80
7120
89
8 100
8900 89
9 60
5520 92
10 40
4000 100
11 80
8080 101
12
60
6120
102
13 100
10600 106
14
40
4000
100
15
60
7440
124
16
40
4600
115
17 100
12000 120
18 80
7840 98
A alimentação dos animais foi constituída por ração peletizada com teor
protéico de 35%, fornecida em duas porções diárias, às 8:00 e 17:00 horas. A
taxa diária de arraçoamento de cada viveiro foi de 2,5 g/m
2
no primeiro mês de
cultivo e do segundo ao quarto mês de cultivo, os viveiros foram arraçoados a 9,
7, 5 e 3% da biomassa, sendo esta ajustada semanalmente com o acréscimo de
20%. A quantidade de ração era fornecida pela metade quando o nível de O
2
dissolvido encontrava-se entre 2,5 a 3,5 mg/L pela manhã. Quando o nível desta
variável estava abaixo de 2,5 mg/L, a ração era totalmente suspensa.
20
3.2. Colheita das Amostras
A
) Larvicultura
:
Para a determinação da qualidade da água da
larvicultura e do poder impactante do efluente foram analisadas amostras de 5
tanques, sendo uma amostra para cada tanque. Essas foram colhidas no período
da manhã. As amostras foram colhidas antes do povoamento dos tanques,
representando a água de entrada e também no momento da despesca,
representando o efluente, pois é nesse momento que a água é depositada no meio
ambiente. As amostras da análise microbiológica foram colhidas em fracos de
250 mL de capacidade esterilizados previamente em autoclave e as amostras das
análises físicas e químicas, em garrafas pet de 2 L.
B) Berçário: Na fase do berçário, assim como na larvicultura, foram
analisadas amostras de 5 tanques, sendo uma amostra para cada tanque. As
amostras foram colhidas no período da manhã, antes do povoamento,
representando a água de entrada e no momento da despesca, representando o
efluente. As amostras da análise microbiológica foram colhidas em fracos de 250
mL de capacidade esterilizados previamente em autoclave e as amostras das
análises físicas e químicas, em garrafas pet de 2 L.
C) Crescimento final: Nesta fase, foram analisadas a qualidade da água e
o poder impactante do efluente de viveiros com quatro densidades de camarões
por viveiro: 40, 60, 80 e 100 juvenis/m
2
. Para cada densidade foram efetuadas, 3
21
repetições, resultando um total de 12 viveiros. Quinzenalmente, foi colhida uma
amostra da água de abastecimento e outra do efluente de cada viveiro, durante o
período de cultivo e na despesca total. As amostras foram colhidas no período da
manhã. As amostras para análise microbiológica foram colhidas em fracos de
250 mL de capacidade esterilizados previamente em autoclave e as amostras para
análises físicas e químicas, em garrafas pet de 2 L. No momento da despesca
total em que o viveiro foi esvaziado para a retirada dos camarões com a rede,
foram colhidas amostras do efluente no 1/3 inicial, 1/3 médio e 1/3 final da
despesca de cada viveiro (Figura 5).
Figura 5: Esquema da colheita das amostras no momento da despesca, quando os
viveiros estão sendo esvaziados para a retirada dos camarões com a
rede.
3.3. Variáveis Analisadas: Análise Microbiológica, Físicas e Químicas
3.3.1. Análise microbiológica
Determinação do mero Mais Provável (NMP) de Escherichia coli
(APHA, 1998).
As amostras do afluente e efluente foram diluídas em água peptonada a
0,1% esterilizada, adicionando-se 10 mL da amostra em 90 mL do diluente,
1/3 inicial
, logo que o viveiro começa a ser esvaziado.
1/3 médio, quando o viveiro se encontra com água pela metade.
1/3 final, no final da despesca, quando o viveiro está quase vazio.
Viveiro de crescimento final
22
obtendo-se a diluição 10
-1
. A partir dessa primeira diluição foram obtidas as
diluições decimais sucessivas.
Na amostra de água ou na sua diluição (100 mL) foi adicionado o meio de
cultura (Colilert) e após homogeneização, a mistura foi transferida para a cartela
Quanti-tray e esta selada em seladora específica. Em seguida, as cartelas foram
incubadas a 35 ºC por 24 h. Após a incubação foi realizada a determinação do
número mais provável de E. coli pelo número de células que apresentaram
fluorescência após incidirem-se raios UV sobre a cartela, utilizando-se a tabela
específica se chegou ao NMP de E. coli/100 mL da amostra.
3.3.2. Análises físicas e químicas
Determinação do pH, Oxigênio Dissolvido, Temperatura e Sólidos Totais
Para a alise dessas variáveis utilizou-se sonda multipametro -W-22XD Horiba.
Determinação do Nitrogênio Total (APHA, 1998)
Os valores do nitrogênio total foram obtidos pelo método Semi-Micro
Kjedahl que tem como princípio, a transformação do nitrogênio amoniacal em
amônia (NH
3
), a qual é fixada pelo ácido bórico e posteriormente titulada com
ácido sulfúrico (H
2
SO
4
) até nova formação do nitrogênio amoniacal, na presença
do indicador ácido-base.
Determinação do Teor de Nitrato (APHA, 1998)
Os valores das concentrações de nitrato foram obtidos pelo método 8039
(HACH COMPANY, 1991) para água e águas residuárias, método de redução do
Cádmio, descrita no manual do espectrofotômetro modelo DR -2010 da Hach.
23
Determinação do Teor de Nitrito (APHA, 1998)
Os valores das concentrações de nitrito foram obtidos pelo método 8153
(HACH, 1991) para água e águas residuárias, o método do sulfato ferroso,
descrita no manual do espectrofotômetro modelo DR-2000 da Hach.
Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) (APHA, 1998)
As leituras da Demanda Bioquímica de Oxinio (DBO) foram obtidas atras de
Aparelho AL 320 Aqualic que utiliza solução de hidróxido de potássio a 45% como reagente e
sensores de pressão internos. As modificões de pressão dentro dos frascos de amostra
hermeticamente fechados foram convertidas diretamente em DBO (mg.L
-1
).
Demanda Química de Oxigênio (DQO)* (APHA, 1998)
Os valores da Demanda Química de Oxigênio (DQO) foram obtidos por
método colorimétrico, empregando-se espectrofotômetro modelo DR-2000 da
Hach e bloco digestor para D.Q.O. de mesma marca. A metodologia descrita nos
manuais do aparelho faz uso da digestão ácida em meio com dicromato de
potássio e catalizadores, utilizando-se reta padrão existente na memória do
aparelho.
__________________________________________________________________________________
* Esta análise não é valida para água com elevado teor de sais, pois o excesso de cloreto interfere em
seu resultado. Portanto, o referido teste não tem validade para a larvicultura, devido à utilização da água
salobra. No presente estudo, a referida análise somente foi realizada na fase de crescimento final.
24
4. ANÁLISE ESTATÍSTICA (BARBIN, 2003)
Para a larvicultura e berçário, as médias dos valores foram analisadas
aplicando-se:
O Teste t, para as variáveis: pH, oxigênio dissolvido (OD), temperatura,
sólidos totais, nitrato, nitrito e o Teste de Wilcoxon, para as variáveis: E. coli,
demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e demanda química de oxigênio (DQO).
Para o crescimento final, os valores foram analisados aplicando-se o
método de análise de variância (ANOVA) para experimentos inteiramente
casualizados. Realizamos uma ANOVA, para cada variável em cada data do
cultivo, com o objetivo de verificar o efeito das diferentes densidades na água
dos efluentes.
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Devido à inexistência de dados referente à espécie em estudo, os
resultados obtidos foram comparados e discutidos, quando possível, com
pesquisas realizadas com a espécie Macrobrachium rosenbergii.
5.1. Larvicultura
A boa qualidade da água utilizada na larvicultura é de fundamental
importância para a sobrevivência e desenvolvimento das larvas, as quais são
bastante vulneráveis. Portanto, a qualidade da água deve ser monitorada
constantemente nesta fase.
25
As médias dos resultados obtidos no presente estudo sobre a qualidade da
água da larvicultura estão apresentadas na Tabela 3. Nesta, podemos observar
que os resultados da análise microbiológica para E. coli da água de
abastecimento e efluente foram 14,40 e 0/100 mL, respectivamente. Ou seja,
ocorreu uma diminuição significativa desses microrganismos durante o cultivo
das larvas.
Tabela 3: Valores dios e desvio padrão dos resultados obtidos nas análises
microbiológica, físicas e químicas da água de abastecimento e dos efluentes
dos tanques de larvicultura. Centro de Aqüicultura da Unesp, 2005.
Legenda:
De acordo com a legislação
Em desacordo com a
legislação
Não há referência
Recomendado na literatura
Médias seguidas de letras diferentes na mesma linha diferem ao nível de 5% de significância.
CONAMA
Variáveis 2005 Recomendado
Analisadas água doce Camarão de
Porcentagem classe II água doce
E. coli (100 mL)
diminuiu 100% até 1000/mL
pH diminuiu 6,95% 5,0 a 9,0 7,5 a 8,5
(VALENTI, 1996)
Oxigênio dissolvido diminuiu 42,4%
acima de 5 mg/L
acima de 2,75 mg/L
(mg.L-1) MALECHA (1983)
Temperatura (ºC) diminuiu 0,41% até 40 ºC 28 a 31 ºC
(VALENTI, 1996)
Sólidos Totais (mg.L-1) diminuiu 2,80% até 500 mg/L
Nitrato (mg.L-1) aumentou 14,5% até 10 mg/L até 60 mg/L
COHEN & RA'ANAN (1989)
Nitrito (mg.L-1) aumentou 980% até 1 mg/L até 0,25 mg/L
(VALENTI, 1998)b
Nitrogênio Total (mg.L-1) diminuiu 65%
Demanda Bioquímica diminuiu 14,7% até 5 mg/L
de Oxigênio (mg.L-1)
Efluente
Média Desvio Padrão
Água de abastecimento
Média
11,84
a
29,22
6,8
Desvio Padrão
10,68
9,24
0,01
b
0,48
a
14,4
a
8,292
a
±8,808
±0,135
±0,348
±0,768
±0,753
±1,834
±0,522
±0,005
±1,73
±0
7,716
b
±0,435
0
b
6,818
b
10,38 ±0,396
0,168
b
±0,034
±2,672
29,1 ±0,297
10,58 ±4,975
0,108
a
±0,107
5,8 ±2,95
26
O CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente (2005), estabelece
que os coliformes termotolerantes não devem exceder 1000 por 100 mL. Sendo
assim, os resultados obtidos para E. coli nesta pesquisa estão de acordo com a
legislação vigente.
As médias de pH foram de 8,29 e 7,72 da água de abastecimento e
efluente, respectivamente. Este resultado está de acordo com as recomendações
feitas por VALENTI (1996), segundo o qual as larvas apresentam melhor
desenvolvimento em águas neutras ou levemente alcalinas, sendo que a faixa
ideal situa-se entre 7,5 a 8,5. Segundo a resolução 357 do Conselho Nacional do
Meio Ambiente, o pH deverá estar de 5 a 9. Portanto, os resultados de pH estão
de acordo com a legislação vigente (CONAMA, 2005).
Os resultados obtidos da concentração de oxigênio dissolvido (OD) foram
de 11,84 e 6,82 mg/L na água de abastecimento e efluente, respectivamente.
Houve uma diminuição significativa do OD ao longo do cultivo das larvas. O OD
na água da larvicultura deve permanecer sempre acima de 70% de saturação
(VALENTI, 1996). A decomposição da matéria orgânica no fundo dos tanques
leva a um consumo de OD na água. Portanto, cuidados devem ser tomados
quanto à quantidade e qualidade de alimento fornecido aos camarões, evitando
uma depleção do OD.
A aeração constante é imprescindível para manter os níveis de OD
próximo à saturação. Segundo MALECHA (1983), as concentrações mais baixas
de oxigênio que os camarões suportam, sem estresse, estão entre 2,25 a 2,75
mg/L à temperatura entre 25 a 30 ºC.
27
A resolução 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente determina que
o OD, em qualquer amostra, não deve ser inferior a 5 mg/L, ou seja, os resultados
obtidos neste estudo estão de acordo com a legislação (CONAMA, 2005).
A temperatura média da água de abastecimento foi de 29,22 ºC, enquanto
a do efluente foi de 29,10 ºC, ou seja, não houve variação significativa da
temperatura ao longo do processo de larvicultura. Segundo LANDKAMER
(1994), a faixa de temperatura adequada para as larvas de M. rosenbergii é de 26
a 30 ºC, para RODRIGUES et al., (1991) e VALENTI (1996), a faixa ideal de
temperatura da água é de 28 a 31 ºC, sendo que o melhor desenvolvimento das
larvas ocorre a 31 ºC. Esses autores ainda ressaltam que em temperaturas abaixo
de 28 ºC, mesmo por poucos dias são suficientes para retardar o desenvolvimento
das larvas e prolongar o ciclo produção.
A resolução 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente estabelece que
os efluentes somente possam ser lançados desde que possuam temperatura
inferior a 40 ºC. Portanto, os resultados de temperatura do efluente estão de
acordo com a legislação vigente (CONAMA, 2005).
Os sólidos totais suspensos refletem os materiais dispersos ou dissolvidos
na coluna d’água, sejam vivos ou não. Neste trabalho, essa variável teve uma
média de 10,68 e 10,38 mg/L na água de abastecimento e efluente,
respectivamente. A diferença foi não significativa, indicando que os processos
biológicos tiveram pouca ação na qualidade da água ou ocorreram processos
antagônicos compensatórios.
Segundo a resolução 357 do Conselho Nacional do
Meio Ambiente o valor máximo para essa variável é de 500 mg/L (CONAMA,
28
2005). Portanto, os resultados de sólidos totais suspensos estão de acordo com a
legislação vigente.
Em relação aos compostos nitrogenados, as concentrações médias de
nitrogênio total foram de 0,48 e 0,17 mg/L nas águas de abastecimento e
efluente, respectivamente, ocorrendo diminuição significativa ao longo do
cultivo. Vários pesquisadores (JOHNS, 1995; FRANSEN et al., 1998;
RAJESHWARI et al., 2000; SALMIEN et al., 2001; SALMIEN & RINTALA,
2002; MANIOS et al., 2003) são unânimes em afirmar que aproximadamente
90% do nitrogênio total, presentes nas águas estão na forma de nitrogênio
amoniacal. Sendo assim, a partir dos resultados obtidos para nitrogênio total
realizou-se uma estimativa da concentração de amônia. Os valores médios
estimados foram de aproximadamente 0,44 mg/L na água de abastecimento e
0,15 mg/L no efluente. Entretanto, as concentrações médias de nitrito e nitrato
aumentaram. Sendo que o aumento das médias de nitrito, de 0,01 na água de
abastecimento e 0,108 mg/L no efluente, mostrou-se significativo e o aumento
das médias de nitrato, de 9,24 e 10,58 mg/L nas águas de entrada e saída
respectivamente, mostrou-se não significativo.
O filtro biológico, presente nos tanques de larvicultura contém
microrganismos nitrificantes, os quais convertem amônia em nitrito, e este numa
forma menos tóxica que é o nitrato (VALENTI, 1998). O nitrato acumula-se
progressivamente no Sistema Fechado Dinâmico ao longo do período de
reutilização da água. O que explica os resultados obtidos na presente pesquisa
para os compostos nitrogenados.
29
De acordo com VALENTI (1998)
b
, os níveis de amônia e nitrito não
devem ultrapassar 0,5 mg/L e 0,25 mg/L, respectivamente, para não prejudicar o
desenvolvimento larval. COHEN & RA’ANAN (1989) afirmam que valores de
até 60 mg/L para nitrato são tolerados pelas larvas.
Segundo a resolução 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente, para a
classe 2, o valor limite de nitrogênio amoniacal total varia de 0,5 a 3,7 mg/L
(CONAMA, 2005), considerando que o pH obtido foi de 5 a 9. Os valores limite
para o nitrito e nitrato são 1,0 mg/L, 10,0 mg/L, respectivamente. Sendo assim,
os valores encontrados para as concentrações estimadas de nitrogênio amoniacal
estão de acordo com a resolução, enquanto as concentrações de nitrito e nitrato
do efluente se encontram ligeiramente acima do permitido pela legislação.
As médias da Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO
5
) foram de 6,8 e
5,8 mg/L para as águas de abastecimento e efluente, respectivamente. Observa-se
que houve uma diminuição não significativa da DBO
5
ao compararmos as águas
de abastecimento e efluente. Estes resultados indicam que não está havendo
eliminação significativa da matéria orgânica para o meio ambiente, esta
provavelmente es sendo acumulada no interior dos tanques, na biomassa das
larvas ou retida pelos filtros. Segundo a resolução 357 do Conselho Nacional do
Meio Ambiente, para águas classificadas em classe 2, o valor máximo de DBO
5
deve ser de até 5 mg/L. Os valores referentes a DBO
5
, estão em desacordo com a
legislação vigente (CONAMA, 2005). Entretanto, a resolução permite exceder o
valor da DBO 5 mg/L, caso o estudo da capacidade de autodepuração do corpo
30
receptor demonstre que as concentrações mínimas de OD previstas não serão
desobedecidas.
5.2. Berçário
A criação de larvas de camarões de água doce é mais difícil do que as pós-
larvas. Sendo assim, mais atenção tem sido dada para a qualidade da água
utilizada na larvicultura.
Entretanto, as pós-larvas também requerem água de boa qualidade.
Geralmente a mortalidade em berçário é resultante de baixa concentração de O
2
dissolvido ou altas concentrações de compostos nitrogenados (ZIMMERMANN
& SAMPAIO, 1998).
As médias dos resultados obtidos na presente pesquisa estão apresentadas
a seguir na Tabela 4.
Os resultados da análise microbiológica de E coli da água de
abastecimento e efluente apresentaram ausência desses indicadores. Segundo a
resolução 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente as águas doces
utilizadas na atividade aquícola devem ser classificadas como classe 2. De acordo
com este padrão, os coliformes termotolerantes não devem exceder 1000 por 100
mL. Sendo assim, os resultados obtidos para E. coli nesta pesquisa estão de
acordo com a legislação vigente (CONAMA, 2005).
31
Tabela 4: Valores dios e desvio padrão dos resultados obtidos nas análises
microbiológica, fisicas e químicas da água de abastecimento e dos efluentes
dos tanques de berçário. Centro de Aqüicultura da Unesp, 2005.
As médias de pH foram de 8,54 e 8,32 da água de abastecimento e
efluente, respectivamente. Podemos verificar ainda que a diferença de pH entre a
água de entrada e efluente foi significativa estatisticamente. Altos níveis de pH
podem favorecer o “bloom” de algas e ainda estar associado com o aumento da
mortalidade das pós-larvas. Essas não devem ser expostas a pH maiores que 9
nas primeiras semanas (STRAUS et al. 1991; AZ-BARBOSA, 1995) e
Legenda:
De acordo com a legislação
Em desacordo com a
legislação
Não há referência
Recomendado na literatura
Médias seguidas de letras diferentes na mesma linha diferem ao nível de 5% de significância.
CONAMA
Variáveis 2005 Recomendado
Analisadas água doce Camarão de
Porcentagem classe II água doce
E. coli (100 mL)
até 1000/mL
pH diminuiu 2,6% 5,0 a 9,0 8,5 a 9
Straus et al (1991)
Oxigênio dissolvido aumentou 38,2% acima de 5 mg/L acima de 5 mg/L
(mg.L-1) Sandifer et al (1983)
Temperatura (ºC) aumentou 2,8% até 40 ºC 27 a 31 ºC
Sandifer et al (1983)
Sólidos Totais (mg.L-1)
aumentou 166,6%
até 500 mg/L
Nitrato (mg.L-1) aumentou 453% até 10 mg/L
Nitrito (mg.L-1) aumentou 75% até 1 mg/L
Nitrogênio Total (mg.L-1) aumentou 133%
Demanda Bioquímica aumentou 34% até 5 mg/L
de Oxigênio (mg.L-1)
detecção
3,4 ±0,89
0,18 ±0,11
abaixo da
±0
0,42 ±0,13
5,2
a
±0,552
0,014 ±0,0060,008 ±0,001
0,94
b
±0,378
0,40
a
±0,099
27,1 ±1,298
0,15
b
±0,013
27,87 ±0,506
8,318
b
±0,115
11,46
a
±0,4788,29
b
±0,35
8,544
a
±0,102
Média Desvio Padrão
0 ±0 0 ±0
Média Desvio Padrão
Água de abastecimento Efluente
32
concentrações de amônia maiores que 1mg/L, quando o pH varia de 8,5 a 9
(STRAUS et al. 1991), sendo que a toxicidade da amônia aumenta com o pH. De
acordo com STRAUS et al. (1991), juvenis não devem ser expostos a uma
concentração de amônia maior que 1 mg/L ou 2 mg/L em pH no valor de 9 e 8,5,
respectivamente.
Segundo a resolução 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente
estabelece que o pH dos efluentes deverá estar entre 6,0 a 9,0. Sendo assim, essa
variável está de acordo com os valores recomendados (CONAMA, 2005).
A temperatura média da água de abastecimento foi de 27,10 ºC, enquanto
a de saída foi de 27,87 ºC, ou seja, não houve variação significativa da
temperatura ao longo do processo de cultivo.
Os trabalhos realizados sobre a temperatura ideal no cultivo de camarões
em berçário são de grande importância, pois essa é um dos principais fatores que
interfere em seu desenvolvimento. Ressalta-se que ótimas temperaturas para
camarões estão na faixa de 27 a 31 ºC (SMITH & SANDIFER, 1979;
SANDIFER et al. 1983). Confirmam tais resultados, os estudos realizados por
KENEALE & WANG (1979) onde relataram que a melhor taxa de crescimento
ocorre a 28 ºC. Entretanto, pesquisas realizadas por SANDIFER et al. (1986)
concluíram que em temperaturas de 20 a 27 ºC diminui a variação do tamanho
das pós-larvas e aumenta a sua taxa de sobrevivência.
Outros estudos mostram também que temperaturas baixas ou muito
elevadas retardam a taxa de crescimento e provavelmente causam mortalidade
(COELHO et al., 1982; VALENTI, 1985). Segundo SANDIFER & SMITH
33
(1985) as taxas de crescimento e sobrevivência diminuem quando as
temperaturas são menores do que 22 ºC e estão acima de 32 ºC e MALECHA
(1983) relatou que as pós-larvas o devem ser estocadas em água com
temperatura abaixo de 20 ºC. RA’ANAN & COHEN, (1982) confirmam tal
afirmação, pois mostraram que o crescimento cessa abaixo de 19 ºC e a
mortalidade inicia a 16 ºC.
A resolução 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente estabelece que
os efluentes somente possam ser lançados se possuírem temperatura inferior a
40 ºC (CONAMA, 2005). Portanto, os resultados de temperatura estão de acordo
com a legislação vigente e com as recomendações dos valores ideais para essa
fase.
Os resultados obtidos da concentração de oxigênio dissolvido (OD) foram
de 8,29 e 11,46 mg/L na água de abastecimento e efluente, respectivamente.
Houve um aumento significativo do OD ao longo do cultivo das pós-larvas.
A demanda de O
2
pelo camarão varia em função da temperatura e seu
tamanho (MALECHA, 1983). Estudos mostram que os níveis de O
2
dissolvido
devem ser mantidos em no mínimo aproximadamente 5 mg/L em cultivo
intensivo (SANDIFER et al., 1983).
A resolução 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente determina que
o OD, em qualquer amostra, não deve ser inferior a 5 mg/L, ou seja, os resultados
obtidos neste estudo estão de acordo com a resolução (CONAMA, 2005).
Os sólidos totais suspensos refletem os materiais dispersos ou dissolvidos
na coluna d’água, sejam vivos ou não. Neste trabalho, essa variável teve uma
34
média de 0,15 e 0,40 mg/L na água de abastecimento e efluente, respectivamente,
aumentando significativamente. Segundo a resolução 357 do Conselho Nacional
do Meio Ambiente o valor máximo para essa variável é de 500 mg/L
(CONAMA, 2005). Portanto, os resultados de sólidos totais suspensos estão de
acordo com a legislação vigente.
As concentrações médias de nitrogênio total foram de 0,18 e 0,42 mg/L
nas águas de abastecimento e efluente, respectivamente. Considerando que vários
pesquisadores (JOHNS, 1995; FRANSEN et al., 1998; RAJESHWARI et al.,
2000; SALMIEN et al., 2001; SALMIEN & RINTALA, 2002; MANIOS et al.,
2003) são unânimes em afirmar que aproximadamente 90% do nitrogênio total,
presentes nas águas estão na forma de nitrogênio amoniacal. Sendo assim, com
base nos resultados obtidos para nitrogênio total, estimou-se o nitrogênio
amoniacal. Este corresponde a 0,16 mg/L na água de abastecimento e 0,38 mg/L
no efluente.
As médias de nitrito foram de 0,008 na água de abastecimento e 0,014
mg/L no efluente, sendo o aumento o significativo. Entretanto, as médias de
nitrato foram de 0,94 e 5,20 mg/L nas águas de abastecimento e efluente,
respectivamente, apresentando um aumento significativo.
Segundo a resolução 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente, para a
classe 2, o valor limite de nitrogênio amoniacal total varia de 0,5 a 3,7 mg/L
dependendo do valor do pH (CONAMA, 2005). Considerando que o pH obtido
foi de 8,5 e 8,3, o valor limite para a nitrogênio amoniacal é de 1,0 mg/L. Os
valores limite para o nitrito e nitrato são 1,0 mg/L, 10,0 mg/L, respectivamente.
35
Sendo assim, os valores encontrados para os compostos nitrogenados estão de
acordo com a resolução.
As médias da Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO
5
) foram de abaixo
do limite de detecção a 3,4 mg/L para as águas de abastecimento e efluente,
respectivamente. Verificou-se ainda que o referido aumento não foi significativo
estatisticamente. Segundo a resolução 357 do Conselho Nacional do Meio
Ambiente, para águas classificadas em classe 2, o valor máximo de DBO
5
deve
ser de até 5 mg/L. Portanto, os valores referentes a DBO
5
, estão de acordo com a
legislação vigente (CONAMA, 2005).
5.3. Crescimento final
Esta fase potencialmente é a mais impactante do ciclo todo, pois seu
período de realização é maior do que a larvicultura e o berçário, além do que foi
utilizado neste ciclo de produção o fluxo contínuo de água. O fluxo contínuo
possui o benefício de manter a qualidade da água dos viveiros, entretanto,
elimina grande quantidade de efluente para o meio ambiente.
Os resultados obtidos na presente pesquisa estão representados na Tabela
5.
Tabela 5: Valores médios, desvios-padrão e estatística do teste F dos resultados obtidos na análise microbiológica de: coliformes fecais
(NMP/100 mL de E. coli), pH, oxigênio dissolvido (mg/L), temperatura (ºC), sólidos totais suspensos (mg/L), nitrogênio total (mg/L),
nitrito (mg/L), nitrato (mg/L), demanda bioquímica de oxigênio (mg/L) e demanda química de oxigênio (mg/L) da água de
abastecimento e dos efluentes dos viveiros de crescimento final estocados nas densidades 40, 60, 80 e 100 pós-larvas de M.
amazonicum/m
2
. Centro de Aqüicultura da Unesp, 2006.
Variáveis analisadas
Água analisada E. coli pH
Oxigênio
Dissolvido Temperatura
Sólidos
Totais
Suspensos
Nitrogênio
Total Nitrito Nitrato
Demanda
Bioquímica
de Oxigênio
Demanda
Química de
Oxigênio
Abastecimento
84,27(86,90) 7,71(0,27) 8,60(2,95) 27,13(1,35) 0,06(0,01) 0,44(0,31) 0,01(0,006) 0,92(0,4) 8,44(2,77) 27,06(34)
Efluente-D40
47,27(130,06) 7,59(0,5) 8,27(2,76) 27,63(1,63) 0,07(0,02) 0,45(0,23) 0,01(0,01) 0,74(0,61) 11,75(9,32) 35,48(48,07)
Efluente-D60
30,16(54,09) 7,59(0,43) 8,43(2,91) 27,41(1,39) 0,06(0,01) 0,48(0,3) 0,01(0,007) 0,46(0,45) 12(7,03) 35,13(57,67)
Efluente-D80
77,14(253,20) 7,52(0,36) 8,43(2,9) 27,47(1,44) 0,06(0,01) 0,48(0,26) 0,01(0,01) 0,59(0,42) 11,33(6,64) 28,77(22,73)
Efluente-D100
53,16(144,24) 7,61(0,49) 8,38(2,87) 27,52(1,31) 0,06(0,02) 0,46(0,2) 0,01(0,006) 0,68(0,49) 12,21(6,06) 37,56(32,98)
F_tratamento
1,03NS 0,36NS 0,02NS 0,2NS 0,05NS 0,12NS 0,29NS 1,46NS 0,4NS 0,35NS
CONAMA, 2005
Água doce –
classe II
1000NMP
/100 mL 5,0 a 9,0
Acima de 5
mg/L
Até
40 ºC
Até
500 mg/L
Até
1 mg/L
Até
10 mg/L
Até
5 mg/L
Recomendado
na literatura
7 a 9
(VALENTI,
1996)
3 a 7mg/L
(ZIMMERMANN,
1996)
25 a 32ºC
(BOYD &
ZIMMERMANN, 2000)
Legenda:
De acordo com a legislação
Em desacordo com a legislação Não há referência
Recomendado na literatura
NS – não significativo pelo teste F ao nível de 5% de significância.
37
Os resultados da análise microbiológica para E. coli (NMP/100 mL) foram
84,27 (abastecimento), 47,27 (D40), 30,16 (D60), 77,14 (D80) e 53,16 (D100).
Tais resultados não apresentaram diferença significativa entre a água de
abastecimento e os efluentes dos diferentes tratamentos e entre estes quando
comparados entre si. A resolução 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente,
estabelece que as águas doces utilizadas na atividade aquícola o classificadas
como classe 2. Segundo este padrão, os coliformes termotolerantes não devem
exceder 1000 NMP por 100 mL (CONAMA, 2005). Sendo assim, os resultados
obtidos para E. coli nesta pesquisa estão de acordo com a legislação vigente.
Os resultados obtidos pra o pH foram 7,71 (abastecimento), 7,59 (D40),
7,59 (D60), 7,52 (D80) e 7,61 (D100). O pH também não apresentou diferença
significativa ao compararmos a água de abastecimento e os efluentes dos
diferentes tratamentos e estes entre si.
KIMPARA (2004) estudou a qualidade da água de abastecimento e
efluentes provenientes do cultivo de M. amazonicum estocados nas densidades 10,
20, 40 e 80. Nesta pesquisa verificou que o pH da água de abastecimento foi
significativamente superior (pH 7,2) ao valor obtido nos efluentes em todos os
tratamentos (pH 6,7). Entretanto, não houve diferença significativa entre os
tratamentos. A autora atribui este fato ao processo de respiração dos organismos
presentes no viveiro no período da noite, uma vez que este parâmetro foi
determinado pela manhã, entre 6h30 e 7h30.
De acordo com VALENTI (1996), a água para criação de camarões deve
ser ligeiramente alcalina, com pH variando entre 7,0 e 9,0. Valores de pH entre 7,0
38
e 8,5 são considerados ideais ao cultivo de M. rosenbergii (BOYD &
ZIMMERMAN, 2000). Não informações sobre a faixa adequada para M.
amazonicum.
Segundo a resolução 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente que o
pH deva estar entre 6,0 a 9,0. Portanto, essa variável está de acordo com os valores
recomendados pela legislação (CONAMA, 2005).
As concentrações de oxigênio dissolvido (mg/L) foram 8,60
(abastecimento), 8,27 (D40), 8,43 (D60), 8,43 (D80) e 8,38 (D100). Ao
compararmos a água de abastecimento com os tratamentos e estes entre si,
concluímos que os resultados não apresentaram diferença significativa.
KIMPARA (2004) verificou em seu estudo que o OD da água de
abastecimento foi significativamente superior ao observado nos efluentes dos
viveiros ao longo do cultivo. A pesquisadora atribui este resultado ao processo de
respiração realizado a noite pelos organismos existentes no viveiro, pois a coleta
ocorreu entre 6h30 e 7h30.
Além da respiração, a decomposição da matéria orgânica no fundo dos
viveiros leva a um consumo do oxigênio presente na água. Sendo assim, é muito
importante considerar a quantidade e qualidade do alimento fornecido aos
camarões. ZIMMERMANN (1998) recomenda para o cultivo de M. rosenbergii,
oxigênio dissolvido variando entre 3 a 7 mg/L.
A resolução 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente, determina que o
OD, em qualquer amostra, não deve ser inferior a 5 mg/L, ou seja, os resultados
39
obtidos para a água de abastecimento e efluentes no final do cultivo não estão de
acordo com a resolução (CONAMA, 2005).
Os valores médios da temperatura (ºC) foram 27,13 (abastecimento), 27,63
(D40), 27,41 (D60), 27,47 (D80) e 27,52 (D100). A temperatura da água não
apresentou diferença significativa ao compararmos a água de abastecimento e os
efluentes dos diferentes tratamentos e estes entre si. Os resultados obtidos neste
estudo, para essa variável, são considerados adequados ao cultivo de camarões de
água doce, uma vez que segundo BOYD & ZIMMERMANN (2000), indicam
valores entre 25 a 32 ºC, e se encontram de acordo com a legislação. Segundo a
resolução 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente os efluentes somente
poderão ser lançados se possuírem temperatura inferior a 40 ºC (CONAMA,
2005).
Os resultados obtidos nas análises para sólidos totais suspensos foram 0,006
(abastecimento), 0,07 (D40), 0,06 (D60), 0,06 (D80) e 0,06 (D100). Tais
resultados não apresentaram diferença significativa ao compararmos a água de
abastecimento e os efluentes dos diferentes tratamentos e esses entre si.
KIMPARA (2004) constatou em sua pesquisa que além da água de abastecimento,
o teor de sólidos no efluente é influenciado pelo manejo alimentar. Esse deve ser
definido de modo a reduzir a quantidade de partículas no efluente. De acordo com
a resolução 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente, o valor máximo para
essa variável é de 500 mg/L (CONAMA, 2005).
O aumento da concentração dos compostos nitrogenados está relacionado
com a adição de alimento nos viveiros. Amônia, nitrito e nitrato o formados a
40
partir da degradação de resíduos orgânicos (alimento não consumido, fezes, etc.)
acumulados no sedimento. Tais nutrientes favorecem a produção primária,
ocorrendo o crescimento do fitoplâncton e acréscimo de compostos orgânicos nos
sólidos em suspensão (MARTIN et. al., 1998 apud KIMPARA, 2004)
As concentrações médias obtidas para nitrogênio total foram 0,44
(abastecimento), 0,45 (D40), 0,48 (D60), 0,48 (D80) e 0,46 (D100). Segundo os
resultados obtidos não houve diferença significativa ao compararmos a água de
abastecimento e os efluentes dos diferentes tratamentos e esses entre si. Neste
estudo não houve elevação da concentração desta variável com o aumento da
quantidade de ração fornecida, provavelmente porque o nitrogênio foi incorporado
ao plâncton, a biomassa dos camarões ou ainda tenha ficado retido no sedimento.
Considerando que vários pesquisadores (JOHNS, 1995; FRANSEN et al.,
1998; RAJESHWARI et al., 2000; SALMIEN et al., 2001; SALMIEN &
RINTALA, 2002; MANIOS et al., 2003) são unânimes em afirmar que
aproximadamente 90% do nitrogênio total, presentes nas águas estão na forma de
nitrogênio amoniacal. Sendo assim, realizou-se uma estimativa da concentração de
nitrogênio amoniacal. Esta variável, assim como o nitrogênio total não apresentou
diferença significativa ao compararmos a água de abastecimento e os efluentes dos
diferentes tratamentos e esses entre si.
Os resultados obtidos para nitrito foram 0,01 (abastecimento), 0,01 (D40),
0,01 (D60), 0,01 (D80) e 0,01 (D100), enquanto para nitrato foram 0,92
(abastecimento), 0,74 (D40), 0,46 (D60), 0,59 (D80) e 0,68 (D100). O nitrito e o
nitrato não apresentaram diferença significativa ao compararmos a água de
41
abastecimento e os efluentes dos diferentes tratamentos e esses entre si. Resultados
semelhantes foram obtidos por KIMPARA (2004), tendo constatado em seu
estudo, que o houve diferença significativa entre os teores de nitrogênio total,
amônia, nitrito e nitrato entre os tratamentos e entre estes e a água de
abastecimento. Entretanto, ZIEMANN et.al. (1992) ao analisar a qualidade da
água afluente e efluente de viveiros de peixes e camarões de água doce e peixes e
camarões marinhos, constatou que o efluente apresentou qualidade inferior ao
afluente na maioria dos parâmetros analisados, tendo os peixes e os camarões de
água doce as concentrações mais elevadas de materiais suspensos e pigmentos em
seus efluentes. Em contraste, as concentrações de nitrato e nitrito foram menores
nos efluentes do que nos afluentes. Segundo o autor, este resultado evidencia que
em alguns casos os viveiros aqüícolas funcionam como sistemas de tratamento
absorvendo esses nutrientes. Provavelmente a diminuição do nitrato e nitrito está
relacionada com o aumento de algas e essas por sua vez estão associadas ao
aumento das concentrações de pigmento e turbidez da água.
Segundo a resolução 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente, para a
classe 2, o valor limite de nitrogênio amoniacal total varia de 0,5 a 3,7 mg/L
dependendo do valor do pH. Considerando que o pH obtido variou de 7,52 a 7,71,
o valor limite para o nitrogênio amoniacal é de 1,0 a 2,0 mg/L. Os valores limite
para o nitrito e nitrato são 1,0 mg/L, 10,0 mg/L, respectivamente. Sendo assim, os
valores encontrados para os compostos nitrogenados estão de acordo a resolução
(CONAMA, 2005).
42
Os valores médios em relação à Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO
5
)
(mg/L) foram 8,44 (abastecimento), 11,75 (D40), 12,00 (D60), 11,33 (D80) e
12,21 (D100). Esses resultados não apresentaram diferença significativa ao
compararmos a água de abastecimento e os efluentes dos diferentes tratamentos e
esses entre si. Este resultado indica que não está havendo eliminação significativa
da matéria orgânica para o meio ambiente, a mesma está provavelmente, sendo
acumulada no interior dos viveiros, na biomassa dos camarões e outros
organismos ou no sedimento. KIMPARA (2004) obteve resultados semelhantes
para a DBO
5
.
A resolução 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente estabelece para
águas classificadas em classe 2, o valor máximo de DBO
5
até 5 mg/L, podendo
exceder este valor caso o estudo da capacidade de autodepuração do corpo
receptor demonstre que as concentrações mínimas de oxigênio dissolvido (OD)
previstas não serão desobedecidas (CONAMA, 2005). Entretanto, como os
resultados obtidos foram superiores a 5 mg/L, não se pode obter conclusões em
relação à legislação, pois dependerá das características do corpo receptor.
Os valores médios referente à Demanda Química de Oxigênio (DQO)
foram 27,06 (abastecimento), 35,48 (D40), 35,13 (D60), 28,77 (D80) e 35,56
(D100). Esses resultados não apresentaram diferença significativa ao compararmos
a água de abastecimento e os efluentes dos diferentes tratamentos e esses entre si.
KIMPARA (2004) obteve resultados semelhantes, verificou em seu estudo que
não houve diferença significativa entre a água de abastecimento e os tratamentos
43
para esta variável. A pesquisadora atribui esse fato provavelmente devido à grande
variabilidade de seus resultados.
5.4. Comparação entre os Efluentes das Fases do Cultivo de
M. amazonicum
Os efluentes de todas as fases do cultivo do camarão M. amazonicum,
larvicultura, berçário e crescimento final foram comparados entre si. Os valores
médios encontrados para efeito de comparação estão representados a seguir, nas
Figuras 6 a 14.
Figura 6: Valores médios da concentração de
E. coli (NMP/100mL) dos efluentes
das diferentes fases de cultivo do M.
amazonicum.
Figura 7: Valores médios do pH dos efluentes
das diferentes fases de cultivo do M.
amazonicum.
Oxigênio dissolvido dos efluentes
6,82
11,46
8,38
Larvicultura Berçário Crescimento Final
Figura 8: Valores médios do Oxigênio
Dissolvido (mg/L) dos efluentes das
diferentes fases de cultivo do M.
amazonicum.
Figura 9: Valores médios da Temperatura (ºC)
dos efluentes das diferentes fases de
cultivo do M. amazonicum.
pH dos efluentes
7,72
8,32
7,58
Larvicultura
Berçário
Crescimento Final
E. coli
dos efluentes
0,00
51,93
0,00
Larvicultura
Berçário Crescimento Final
Temperatura dos efluentes
27,87
27,51
29,10
Larvicultura
Berçário
Crescimento Final
44
Figura 10: Valores médios dos Sólidos Totais
Suspensos (mg/L) dos efluentes das
diferentes fases de cultivo do M.
amazonicum.
Figura 11: Valores médios do Nitrogênio Total
(mg/L) dos efluentes das diferentes
fases de cultivo do M.
amazonicum
.
Figura 12: Valores médios de Nitrito (mg/L)
dos efluentes das diferentes fases
de cultivo do M. amazonicum.
Figura 13: Valores médios do Nitrato (mg/L)
dos efluentes das diferentes fases de
cultivo do M. amazonicum.
Figura 14: Valores médios da Demanda
Bioquímica de Oxigênio (mg/L)
dos efluentes das diferentes fases
de cultivo do M. amazonicum.
Sólidos totais suspensos dos efluentes
10,38
0,40
0,06
Larvicultura
Berçário Crescimento Final
Nitrogênio total dos efluentes
0,17
0,42
0,47
Larvicultura
Berçário
Crescimento Final
Nitrito dos efluentes
0,11
0,01
0,01
Larvicultura
Berçário
Crescimento Final
Nitrato dos efluentes
5,20
0,62
10,58
Larvicultura
Berçário
Crescimento Final
Demanda bioquímica de oxigênio dos
efluentes
5,80
3,40
11,82
Larvicultura
Berçário
Crescimento Final
45
Os efluentes da larvicultura e berçário apresentaram ausência de E. coli,
Entretanto, os efluentes dos viveiros de crescimento final apresentaram uma
concentração média de E. coli de 51,93 NMP/100 mL (Figura 6), provavelmente
devido ao fato dos viveiros serem mais vulneráveis a contaminação fecal de
animais homeotermos, pela sua localização em áreas abertas, qualidade da água de
abastecimento e arraste da água da chuva.
O efluente do berçário apresentou a maior média de pH, assim como a
maior concentração média de oxigênio dissolvido. Os valores médios de pH foram
7,72, 8,32 e 7,58 nos efluentes da larvicultura, berçário e crescimento final,
respectivamente (Figura 7). Enquanto os valores médios de OD foram 6,82, 11,46
e 8,38 mg/L nos efluentes da larvicultura, berçário e crescimento final,
respectivamente (Figura 8).
A maior média da temperatura da água ocorreu na fase de larvicultura,
29,10 ºC (Figura 9). Esta fase requer controle rigoroso da temperatura, que deve
ser mantida entre 28 e 31 ºC. Segundo RODRIGUES et al., (1991) e VALENTI
(1996) temperaturas abaixo de 28 ºC, mesmo por poucos dias, podem retardar o
desenvolvimento larval e prolongar o ciclo de produção.
A maior média para a concentração de sólidos totais ocorreu no efluente da
larvicultura, sendo 10,38 mg/L (Figura 10). Este resultado se deve a água salobra
utilizada nesta fase do cultivo. A elevada concentração de sais aumenta os sólidos
totais presentes na água. Ao compararmos as concentrações de compostos
nitrogenados presente nos efluentes, verificamos para o nitrogênio total os valores
médios de 0,17, 0,42 e 0,47 para os efluentes da larvicultura, berçário e
46
crescimento final, respectivamente (Figura 11). Os seja, os efluentes dos viveiros
de crescimento final apresentaram maiores concentrações, enquanto os efluentes
da larvicultura apresentaram menores concentrações para esta variável.
O inverso ocorreu com as concentrações de nitrito e nitrato, sendo elas
maiores no efluente da larvicultura e tendo valores menores no berçário e menores
ainda na fase de crescimento final (Figura 12 e Figura 13).
Tais resultados são explicados provavelmente devido à ação dos biofiltros
presentes nos tanques de larvicultura e berçário. Esses filtros biológicos por onde a
água circula, contém microrganismos nitrificantes, os quais convertem o
nitrogênio total em nitrito, e este numa forma menos tóxica que é o nitrato.
A maior média de DBO foi obtida no efluente da fase de crescimento final, sendo
sua concentração 11,82 mg/L. A larvicultura e berçário apresentaram em seus
efluentes DBO de 5,80 e 3,40 mg/L, respectivamente (Figura 14). Provavelmente a
maior concentração desta variável nos viveiros de crescimento final se deve a
qualidade da água de abastecimento, assim como a quantidade e qualidade da
ração fornecida aos camarões.
5.5. Qualidade da Água do Efluente dos Viveiros de Crescimento Final
Durante a Despesca Total dos Camarões
No momento da despesca total em que o viveiro foi esvaziado para a
retirada dos camarões com a rede, foram colhidas amostras do efluente dos
47
viveiros no 1/3 inicial, 1/3 médio e 1/3 final da despesca de cada viveiro (Figura
5).
Os valores médios obtidos no momento da despesca final e seu desvio
padrão estão apresenta na Tabela 6.
Para a realização da ANOVA aplicou-se a transformação de Box-Cox para
verificar qual variável necessitava de transformação e identificar tal
transformação. Verificamos que somente as variáveis E. coli (EC), sólidos totais
suspensos (STS), nitrato (NTRA), nitrogênio total (NT) e demanda química de
oxigênio (DQO) necessitavam de transformação e as transformações foram,
respectivamente:
01,0+EC
, (STS)
8
, log (NTRA + 0,01), 1/(NT)
2
e
DQO
.
Os resíduos de todas as variáveis, após as devidas transformações,
atenderam às suposições de normalidade e homoscedasticidade.
Tabela 6: Valores médios e seus respectivos desvios padrão das variáveis analisadas dos
efluentes dos viveiros de crescimento final durante a despesca total: 1/3 inicial,
1/3 médio e 1/3 final da despesca de cada viveiro. Centro de Aqüicultura da
Unesp, 2006.
Variáveis Analisadas
1/3 inicial 1/3 médio 1/3 final F_despesca
E. coli
17,26(±13,56)AB
15,38(±9,5)B 34,10(±20,43)A 3,76**
pH
7,20(±0,56) 7,22(±0,51) 7,22(±0,5) 0,004NS
Oxigênio dissolvido
4,81(±0,37) 4,67(±0,39) 4,39(±0,36) 2,97NS
Temperatura
20,82(±1,94)B 22,18(±2,31)AB
23,74(±2,64)A 3,57**
Sólidos totais
0,052(±0,001)A 0,050(±0,002)B
0,047(±0,003)C 15,52**
Nitrato
1,00(±0,74) 0,72(±0,61) 0,33(±0,51) 3,17NS
Nitrito
0,01(±0,006) 0,01(±0,007) 0,01(±0,012) 0,07NS
Nitrogênio total
0,27(±0,04)B 0,30(±0,05)AB 0,39(±0,17)A 4,62**
Demanda química de oxigênio
43,00(±54,63) 53,56(±42,73) 82,67(±90,93) 0,81NS
Demanda bioquímica de oxigênio
11,89(±4,04) 13,33(±6,58) 16,67(±6,2) 1,65NS
Médias seguidas de mesma letra não diferem significativamente entre si ao nível de 5% de
probabilidade pelo teste de Tukey.
** - significativo pelo teste F ao nível de 5% de probabilidade;
NS - não significativo pelo teste F ao nível de 5% de probabilidade;
48
A maior concentração de E. coli ocorreu no final da despesca e essa foi
significativamente maior, em relação ao 1/3médio, provavelmente devido à
suspensão do sedimento e microrganismos que se encontravam no fundo do
viveiro (Tabela 6).
O pH, assim como o oxigênio dissolvido não apresentou diferença
significativa em nenhum momento da despesca.
A temperatura da água aumentou significativamente durante a despesca.
KIMPARA (2004) verificou em sua pesquisa que a temperatura da água na
superfície sempre foi superior à do fundo do viveiro. Sendo assim, quando se
inicia o processo de esvaziamento do viveiro pela tubulação de drenagem
localizada no fundo, a água é drenada de baixo para cima, eliminando
primeiramente a água que está no fundo e possui, portanto, temperatura mais baixa
do que a da superfície.
As concentrações de sólidos totais foram diminuindo significativamente
durante a despesca. Este fato se deve provavelmente porque no início desta, um
maior acúmulo de lama nas imediações da tubulação de drenagem,
consequentemente lançando no meio ambiente uma maior quantidade de sólidos
totais, logo quando começa o escoamento de água do viveiro.
As concentrações de nitrogênio total foram aumentando significativamente
durante a despesca, enquanto as concentrações de nitrito e nitrato não
apresentaram diferença significativa em nenhum momento desta.
Os valores médios de DBO e DQO durante a despesca, não apresentaram
diferença significativa.
49
As variáveis OD e DBO
5
na despesca total apresentaram resultados em
desacordo com a legislação (CONAMA, 2005). Entretanto, a resolução permite
exceder o valor da DBO 5 mg/L, caso o estudo da capacidade de autodepuração do
corpo receptor demonstre que as concentrações mínimas de OD previstas não
serão desobedecidas.
A concentração de oxigênio varia ao longo do dia, sendo menor pela manhã
devido ao processo de respiração realizada pelos animais do viveiro durante a
noite e maior no final da tarde devido ao processo de fotossíntese realizada pelo
fitoplâncton. Sendo assim, a renovação da água, assim como as despescas deverão
ser realizadas no final da tarde e/ou deverá ser implantado o uso de aeradores, afim
de que sejam atendidas as exigências da resolução.
As demais variáveis apresentaram resultados de acordo com a resolução
357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA, 2005).
5.6. Produtividade e Balanço das Quantidades de Nitrogênio Total, Demanda
Bioquímica de Oxigênio (DBO) e Sólidos Totais Suspensos (STS)
A produtividade de camarões foi calculada (MORAES-VALENTI, em fase de
redação) e relacionada como o balanço das quantidades de nitrogênio total, DBO e
STS, visando avaliar se houve diferença entre as densidades estudadas. Essas
informações são de extrema importância para o sucesso do cultivo, pois é
necessário que haja uma produção lucrativa, sem que ocorram danos ao meio
50
ambiente. Ou seja, a aqüicultura moderna busca atingir o equilíbrio entre essas
variáveis e assim a sustentabilidade do sistema.
5.6.1 Produtividade
A intensificação desses sistemas de cultivo tem sido alvo de estudos, já que em
altas densidades a água é utilizada de forma otimizada, reduzindo o volume gasto
por unidade de biomassa produzida. Em estudo realizado anteriormente,
MORAES-RIODADES et al. (2006), avaliou o efeito da intensificação do cultivo
de M. amazonicum nas características da água dos viveiros, os quais foram
estocados nas densidades 10, 20, 40 e 80 juvenis/m
2
. Esse sistema de produção
apresentou alta capacidade de assimilação do material alóctone (ração,
fertilizante). Portanto, MORAES-RIODADES et al. (2006), concluíram que esta
espécie pode ser cultivada em altas densidades de estocagem (até 80 juvenis/m
2
)
com alta produtividade e sem mudanças significativas na qualidade da água.
Resultados semelhantes referente à produtividade foram encontrados no
ciclo de produção da presente pesquisa. Comparou-se o peso médio dos camarões,
a produtividade e a sobrevivência nas densidades de estocagens 40, 60, 80 e 100
pós-larvas de M. amazonicum /m
2
(MORAES-VALENTI, em fase de redação)
(Tabela 7).
51
Tabela 7: Valores médios do peso (g), da produtividade (kg/ha) e sobrevivência (%) dos
camarões cultivados em diferentes densidades de estocagem, 40, 60, 80 e 100
pós-larvas de M. amazonicum /m
2
. Centro de Aqüicultura da Unesp, 2006.
(MORAES-VALENTI, em fase de redação)
Densidade Peso (g) Produtividade (Kg/ha) Sobrevivência (%)
de estocagem
D40
4,02
a
1174
b
76,67
D60
3,82
b
1312
b
59,33
D80
3,59
b
1543
ab
56,00
D100
3,36
b
2039
a
61,67
De acordo com os resultados obtidos neste estudo, o peso médio dos camarões
foi significativamente maior estatisticamente na densidade 40 ao compará-la com
a densidade 100. Entretanto, não houve diferença significativa para essa variável
entre as densidades 60, 80 e 100. Os resultados de sobrevivência não apresentaram
diferença entre as densidades. A produtividade entre as densidades 40, 60 e 80 não
apresentou diferença significativa. No entanto, a produtividade na densidade 100
foi significativamente superior ao compará-la com as demais densidades. Ou seja,
a intensificação do cultivo até a densidade 100 juvenis/m
2
não provocou queda na
produtividade.
5.6.2. Balanço das Quantidades de Nitrogênio Total, Demanda Bioquímica de
Oxigênio (DBO) e Sólidos Totais Suspensos (STS)
O Balanço das quantidades de nitrogênio total, demanda bioquímica de
oxigênio (DBO) e sólidos totais suspensos (STS) foram calculados e relacionados
com a produtividade, visando obter mais informações do comportamento dessas
variáveis na dinâmica desse sistema de cultivo.
52
A) Balanço de Nitrogênio Total:
A partir dos resultados obtidos foi realizado o lculo do balanço de
Nitrogênio Total na fase de crescimento final, considerando as diferentes
densidades de estocagem: 40, 60, 80 e 100 juvenis de M. amazonicum/m
2
.
Calculou-se a quantidade de Nitrogênio Total (Kg)/ hactare/dia presente na água
de abastecimento e efluente dos viveiros, a diferença entre a água do efluente e de
abastecimento diário, ou seja, a quantidade que foi assimilada pelo viveiro
diariamente, a quantidade de Nitrogênio Total que entrou no viveiro pela água,
ração e fertilizante durante os 133 dias de cultivo e quantidade de Nitrogênio total
(Kg) presente no efluente por Kg de camarão produzido durante todo o período de
cultivo. Os resultados obtidos estão apresentados a seguir na Tabela 8.
Tabela 8: Valores médios e desvio padrão do cálculo da quantidade de Nitrogênio Total
(Kg)/ hactare/dia da água de abastecimento e efluente, diferença entre a água
que do efluente e de abastecimento diário, quantidade de Nitrogênio Total que
entrou no viveiro gua/ ração /fertilizante) durante os 133 dias de cultivo e
quantidade de Nitrogênio total (Kg) presente no efluente por Kg de camarão
produzido durante os 133 dias.
Densidades de Estocagem
D40
D60
D80
D100
Média Desvio
Média Desvio
Média Desvio
Média Desvio
Padrão
Padrão
Padrão
Padrão
KG N/HA/DIA
2,99 0,64
2,19 0,23
1,79 0,32
2,41 1,12
(abastecimento)
KG N/HA/DIA
1,23 1,11
0,73 0,58
0,95 0,74
0,93 0,92
(efluente)
Saída - Entrada
-1,77 0,71
-1,46 0,62
-0,84 0,68
-1,48 0,45
(Dia)
Kg N/HA
-234,89
94,30
-193,79
82,55
-111,51
89,96
-196,26
63,71
(cultivo 133 dias)
Kg N/Kg 0,147 0,139
0,080 0,069
0,087 0,076
0,070 0,078
Camarão
(cultivo 133 dias)
53
Verificou-se que as médias das quantidades de Nitrogênio Total (Kg)/ha/dia
da água de abastecimento é sempre maior que a encontrada na água do efluente,
em todas as densidades analisadas. Este resultado se deve à assimilação de parte
do Nitrogênio pelo próprio viveiro.
Considerou-se que a quantidade de Nitrogênio Total que entrou no viveiro
durante os 133 dias de cultivo foi oriunda da água de entrada, da ração e do
fertilizante. As percentagens das médias do Nitrogênio Total proveniente da água
de abastecimento foram: 52,47% (D40), 45,20% (D60), 40,54% (D80) e 46,27%
(D100); da ração: 38,26% (D40), 43,28% (D60), 47,59% (D80) e 41,83% (D100)
e do fertilizante: 9,26% (D40), 11,52% (D60), 11,87% (D80) e 11,89% (D100).
Esses resultados e seu desvio padrão estão apresentados na Figura 15.
Percentagem de Nitrogênio Total que entrou no viveiro
0
10
20
30
40
50
60
70
D40 D60 D80 D100
Densidades de estocagem de pós-larvas de
M. amazonicum
/m
2
Nitrogênio Total (%)
A
C
F
Figura 15: Percentagem de Nitrogênio Total presente na água de entrada (A), na ração
(C) e fertilizante (F) na fase de crescimento final, em diferentes densidades
de estocagem: 40, 60, 80 e 100 juvenis de M. amazonicum/m
2
.
Com base na quantidade de Nitrogênio Total que entrou no viveiro
calcularam-se a percentagem das médias da quantidade dessa variável que foi
assimilada pelo viveiro e liberada no efluente durante os 133 dias de cultivo. Os
54
resultados de assimilação pelo viveiro foram: 82,01% (D40), 87,23% (D60),
81,70% (D80) e 85,03% (D100) e desta variável liberada pelo efluente, 17,99%
(D40), 12,77% (D60), 18,30% (D80) e 21,62% (D100). Esses resultados e seu
desvio padrão estão apresentados na Figura 16.
Nota-se que grande parte do Nitrogênio Total é assimilado pelo viveiro,
sendo apenas uma pequena percentagem eliminada no efluente.
Quantidade de Nitrogênio total (Kg) presente no efluente por Kg de
camarão produzido apresentados pela Tabela 8, foram 0,147 (D40), 0,080 (D60),
0,087 (D80) e 0,070 (D100). Tais resultados são de grande importância, pois nos
revelam que com a intensificação do cultivo até a densidade de 100 juvenis/m
2
,
não reflete em um acréscimo na quantidade de Nitrogênio total (Kg) presente no
efluente / hactare/ Kg de biomassa de camarão produzido. Esses dados corroboram
a sustentabilidade do sistema para a variável analisada.
Percentagem de Nitrogênio Total assimilado pelo viveiro e eliminado no
efluente
0
20
40
60
80
100
120
D40 D60 D80 D100
Densidades de estocagem de pós-larvas de M. amazonicum /m
2
Nitrogênio Total (%)
%Viveiro
%Efluente
Figura 16: Percentagem de Nitrogênio Total assimilado pelo viveiro e presente no efluente na
fase de crescimento final, em diferentes densidades de estocagem: 40, 60, 80 e 100
juvenis de M. amazonicum/ m
2
.
55
B) Balanço da Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO):
A partir dos resultados obtidos foi realizado o cálculo do balanço de DBO
na fase de crescimento final, considerando as diferentes densidades de estocagem:
40, 60, 80 e 100 juvenis de M. amazonicum/m
2
.
Os resultados obtidos estão apresentados a seguir na Tabela 9.
Tabela 9: Valores médios e desvio padrão do cálculo da quantidade de DBO (Kg)/ha/dia
da água de abastecimento e do efluente, diferença entre a água de
abastecimento e efluente diario, quantidade de DBO que foi assimilada pelo
viveiro durante os 133 dias de cultivo e quantidade de DBO (Kg) presente no
efluente por Kg de camarão produzido durante os 133 dias.
Densidades de Estocagem
D40
D60
D80
D100
Média Desvio Média Desvio Média Desvio Média Desvio
Padrão
Padrão
Padrão
Padrão
KG DBO/ha/DIA 57,85 12,34
42,29 4,38
34,51 6,15
46,54 21,56
(abastecimento)
KG DBO/ha/DIA 33,09 33,64
19,27 14,43
24,14 21,51
23,41 21,27
(efluente)
Saída - Entrada -24,76 23,58
-23,02 14,87
-10,36 19,32
-23,13 8,13
(Dia)
Kg DBO/ha -3293,08
3135,76
-3062,16
1978,17
-1378,4
2569,75
-3076,4
1080,82
(cultivo 133 dias)
Kg DBO/Kg 3,90 4,17
2,09 1,83
2,22 2,14
1,69 1,76
Camarão
(cultivo 133 dias)
Verificou-se que as médias das quantidades de DBO (Kg)/ha/dia da água de
entrada é sempre maior que a encontrada na água do efluente, em todas as
densidades analisadas. Os resultados obtidos devem-se à assimilação da DBO pelo
próprio viveiro.
Quantidade de DBO (Kg) presente no efluente/ hactare/ Kg de biomassa de
camarão produzido apresentada pela Tabela 9 nos permite concluir que a
56
intensificação do cultivo até a densidade de 100 juvenis/m
2
, não corresponde a um
acréscimo na quantidade dessa vaiável. Esses dados corroboram a sustentabilidade
do sistema para a variável analisada.
C) Balanço de Sólidos Totais Suspensos (STS):
A partir dos resultados obtidos foi realizado o cálculo do balanço de STS na
fase de crescimento final, considerando as diferentes densidades de estocagem: 40,
60, 80 e 100 juvenis de M. amazonicum/m
2
.
Os resultados obtidos estão apresentados a seguir na Tabela 10.
Tabela 10: Valores médios e desvio padrão do cálculo da quantidade de STS (Kg)/ ha/dia
da água de abastecimento e do efluente, diferença entre a água de
abastecimento e efluente diário, quantidade de STS que foi assimilada pelo
viveiro durante os 133 dias de cultivo e quantidade de STS (Kg) presente no
efluente por Kg de camarão produzido durante os 133 dias.
Densidades de Estocagem
D40
D60
D80
D100
Média Desvio
Média Desvio
Média Desvio
Média Desvio
Padrão
Padrão
Padrão
Padrão
KG
STS/HA/DIA 0,44 0,09
0,32 0,03
0,26 0,05
0,35 0,16
(abastecimento)
KG
STS/HA/DIA 0,17 0,15
0,28 0,28
0,13 0,1
0,19 0,23
(efluente)
Saída - Entrada
-0,26 0,1
-0,04 0,25
-0,13 0,09
-0,16 0,1
(Dia)
Kg STS/HA
-35,17 12,81
-5,28 32,62
-17,83 12,26
-21,5 12,97
(cultivo-133 dias)
Kg STS/Kg 0,020 0,019
0,011 0,010
0,012 0,010
0,004 0,001
Camarão
(cultivo 133 dias)
57
Verificou-se que as médias das quantidades de STS (Kg)/ha/dia da água de
entrada é sempre maior que a encontrada na água do efluente, em todas as
densidades analisadas. Os resultados obtidos devem-se à assimilação de STS pelo
próprio viveiro.
Quantidade de STS (Kg) presente no efluente/ ha/ Kg de biomassa de
camarão produzido apresentada pela Tabela 10 nos revelam que a intensificação
do cultivo até a densidade de 100 juvenis/m
2
, não reflete um acréscimo na
quantidade dessa variável. Esses dados corroboram a sustentabilidade do sistema
para a variável analisada.
Alguns estudos m sido realizados no sul da Tailândia referentes à
intensificação da produção e ao balanço de nutrientes. Tais estudos revelam que a
intensificação da produção e a elevada concentração de animais, assim como o
aumento do material orgânico oferece condições ideais para o aparecimento de
novas doenças, especialmente as doenças virais. A quantidade real de nutrientes
assimilados na biomassa do camarão é uma fração pequena, sendo a maior parte
incorporada na biomassa do plâncton, volatilizados ou aprisionados no sedimento.
O material orgânico excessivo acumulado no sedimento pode provocar a liberação
de compostos tóxicos como a amônia, além do déficit de oxigênio presente na
água. Sendo assim, se faz necessário conhecer a capacidade de suporte do sistema
como um todo, pois os sistemas intensivos utilizando altas taxas de alimentação,
desperdício de nutrientes e doenças pode causar um colapso na produção e nos
ecossistemas costeiros (FUNGE-SMITH & BRIGGS, 1998).
58
A biogeoquímica do nitrogênio é dominada por transformações biológicas e
a aplicação em excesso de ração e fertilizantes, além da capacidade do sistema
assimilar pode levar à deterioração da qualidade da água causando sérios prejuízos
na produtividade e ao meio ambiente (HARGREAVES, 1998).
Em Bangladesh, estudo realizado em fazendas de produção de camarões, P.
monodon, verificou em relação ao nitrogênio que a água de abastecimento
contribui com 55% e o fertilizante 29% do que entra no sistema, no efluente são
eliminados 78% e o camarão assimila 12%. Contatou-se ainda que 78 g de
nitrogênio foi eliminado para cada kg de camarão produzido (ISLAM et al., 2004).
Na Austrália, em fazendas onde também se produzia a espécie P. monodon,
Verificou que a maior parte do nitrogênio, 90% foi proveniente da ração utilizada
e a água de abastecimento contribuiu com 5%, sendo 22% assimilado e
incorporado na biomassa dos camarões, 14% retido no sedimento e 61% eliminado
pelo efluente. Somente 3% do nitrogênio não foram contabilizados, assumindo que
esta fração foi perdida para atmosfera por desnitrificação ou volatilização da
amônia (JACKSON et al., 2003).
No Japão, realizou-se uma pesquisa com o cultivo de P. monodon em
tanques de concreto, em sistema fechado, sem troca de água por um período de 90
dias para determinar o efeito das densidades 25 e 50 juvenis/m
2
. A sobrevivência
não foi significativamente diferente e a produção foi maior no tratamento com
maior densidade. O balanço de nutrientes que o camarão assimilou foi de 23 a
31% de nitrogênio e 10 a 13 % do fósforo que entraram no sistema. A alimentação
foi a principal fonte desses nutrientes, contribuindo a ração com 76 a 92% do
59
nitrogênio e 70 a 91% do fósforo. O efluente final da despesca apresentou de 14 a
28% de nitrogênio e 12 a 29% de fósforo. Esse estudo demonstrou a viabilidade do
sistema fechado para manter a qualidade da água aceitável para o desenvolvimento
dos camarões e reduzir a perda de nutrientes no efluente (THAKUR & LIN, 2002).
6. CONCLUSÕES
Verificou-se durante a fase de larvicultura que as concentrações médias
referente às variáveis: E. coli, pH, oxigênio dissolvido e nitrogênio total,
diminuíram; nitrito, aumentou e temperatura, sólidos totais, nitrato e
demanda bioquímica de oxigênio não tiveram alterações significativas.
Na fase de larvicultura os resultados obtidos para o efluente referente às
variáveis: E. coli, pH, oxigênio dissolvido, temperatura e sólidos totais
estavam de acordo com a resolução 357 do Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA, 2005). Entretanto, nitrito, nitrato e demanda
bioquímica de oxigênio estavam ligeiramente acima do padrão estabelecido
pela legislação.
Verificou-se durante a fase de berçário que as concentrações médias
referente às variáveis: pH, diminuíram; oxigênio dissolvido, sólidos totais
suspensos e nitrato, aumentaram e E. coli, temperatura, nitrito, nitrogênio
total e demanda bioquímica de oxigênio não tiveram alterações
significativas.
60
Na fase de berçário os resultados obtidos para o efluente referente a todas
variáveis analisadas estavam de acordo com a resolução 357 do Conselho
Nacional do Meio Ambiente (CONAMA, 2005), com exceção do
nitrogênio total, para qual não há legislação.
Na fase de crescimento final, para as variáveis analisadas, não houve
diferença significativa entre a água de abastecimento e os efluentes,
indicando que a matéria orgânica adicionada por meio da ração e
fertilizante, ficaram retidos no interior dos viveiros, podendo estar na
coluna d’água, na biomassa dos camarões ou retido no sedimento.
Não houve diferença significativa para as variáveis analisadas, entre as
diferentes densidades de estocagem 40, 60, 80 e 100. Sendo assim, a
intensificação do cultivo não provoca alteração da água até a densidade de
100 juvenis de M. amazonicum/m
2
.
Todas as variáveis estão de acordo com a legislação vigente (CONAMA,
2005), com exceção da demanda bioquímica de oxigênio. Entretanto, para
essa variável devemos considerar ainda as características do corpo receptor.
Constatou-se ao se compararem os efluentes da larvicultura, berçário e
engorda que as variáveis: temperatura, sólidos totais suspensos, nitrito e
nitrato, apresentaram maiores concentrações na fase de larvicultura; pH e
61
oxigênio dissolvido apresentaram maiores concentrações na fase de
berçário e E. coli, nitrogênio total e demanda bioquímica de oxigênio,
apresentaram maiores concentrações na fase de crescimento final.
Durante a despesca total, ao compararmos 1/3 inicial, 1/3 médio e 1/3 final
constatou-se que as concentrações médias de E. coli diminuíram e voltou a
aumentar no final, a temperatura e nitrogênio total aumentaram e os sólidos
totais suspensos diminuíram ao longo da despesca.
Constatou-se na fase de crescimento final, por meio do cálculo do balanço
de nitrogênio total, demanda bioquímica de oxigênio e sólidos totais, que a
maior parte desses ficaram retidos no interior dos viveiros, podendo estar
na coluna d’água, na biomassa dos camarões ou retido no sedimento.
Constatou-se na fase de crescimento final, por meio do cálculo do balanço
de nitrogênio total, demanda bioquímica de oxigênio e sólidos totais, que
não houve diferença significativa para tais variáveis, entre as diferentes
densidades de estocagem 40, 60, 80 e 100. Portanto, a intensificação do
cultivo até a densidade de 100 juvenis de M. amazonicum/m
2
não provocou
alteração da água.
62
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O cultivo de M. amazonicum, referente à qualidade do efluente, apresentou
baixo potencial de impacto ambiental. Sendo assim, pesquisas deverão ser
realizadas com densidades mais elevadas, visando conhecer a capacidade de
suporte do sistema, que a intensificação do cultivo é positiva, desde que não
comprometa a produtividade e a qualidade do ambiente, pois promove a
otimização do uso da água. Deverão ser realizados estudos de balanço de
nutrientes que verifiquem também as características do sedimento, que foi
verificada a possibilidade dos nutrientes estarem sendo retidos pelo mesmo.
Ressalta-se ainda, tendo em vista a sustentabilidade desse sistema de produção, a
importância de serem realizadas pesquisas na fase de crescimento final com
recirculação total de água, o que minimizaria o impacto ambiental provocado pela
quantidade de água utilizada por Kg de biomassa de camarão produzido.
63
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