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próstata (WHO, 2000; MELLO et al., 2004; KIESS et al., 2006).
Doenças pulmonares e cardiovasculares como apnéia do sono, asma,
diminuição da capacidade pulmonar, aterosclerose, acidentes tromboembólicos,
doença cardíaca coronariana e hipertensão arterial podem estar relacionados à
obesidade (WHO, 2000, 2003; MELLO et al., 2004; KIESS et al., 2006;
LAMOUNIER et al., 2006).
Em relação à hipertensão arterial sistêmica, enquanto no adulto
predomina a hipertensão primária, também chamada hipertensão essencial, na
adolescência predomina a secundária, ou seja, conseqüente aos problemas renais,
vasculares, cardíacos, pulmonares e endócrinos, sendo, na maioria das vezes, uma
progressão da HAS da infância. Entretanto, na última década, houve aumento da
prevalência de HAS primária na adolescência, e um dos fatores mais implicados na
gênese dessa hipertensão é a obesidade (WHO, 2000, 2003; SBC et al., 2005, 2006).
No Brasil, as prevalências de HAS primária na adolescência variam de 0,8% a 8,2%
e, assim como ocorre em adultos, demonstra-se freqüente associação de HAS com
sobrepeso/obesidade (AHA, 2003; SBC et al., 2005, 2006; SBP, 2008).
Segundo a American Heart Association (AHA), a presença e a extensão
de lesões ateroscleróticas encontradas em autópsias de crianças e adultos jovens se
correlacionam positiva e significantemente com níveis de LDL-colesterol,
triglicerídeos, pressão arterial sistólica e diastólica, hábito de tabagismo e índice de
massa corporal (AHA, 2003).
Quanto à aterosclerose, sabe-se que ela pode ter início na infância, com o
depósito de gordura (colesterol) na camada íntima das artérias musculares, formando
estrias de gordura. O período de maior progressão das estrias gordurosas para placas
fibrosas ocorre a partir dos 15 anos de idade, podendo progredir para lesões
ateroscleróticas avançadas em poucas décadas e levar à HAS e DCV. A obesidade
associa-se positivamente com as dislipidemias em crianças e adolescentes, sendo
considerada um critério para a triagem de perfil lipídico nesta faixa etária. São
encontradas prevalências de cerca de 50,0% de dislipidemias, nessas faixas etárias,
quando o IMC é acima do percentil 99 para a idade e sexo (WHO, 2000, 2003;
WILLIAMS et al., 2002; AHA, 2003; SBC et al., 2005; SBEM, 2005; RIBEIRO et
al., 2006; SBP, 2008).