Download PDF
ads:
Universidade de Brasília
Faculdade de Medicina
Curso de Pós-Graduação em Medicina
ESTUDO DA PREVALÊNCIA DA DOENÇA CELÍACA EM PACIENTES COM
SÍNDROME DE TURNER
Maria do Carmo Sorci Dias
Brasília
2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
ii
Universidade de Brasília
Faculdade de Medicina
Curso de Pós-Graduação em Medicina
PREVALÊNCIA DA DOENÇA CELÍACA EM PACIENTES COM
SÍNDROME DE TURNER
Dissertação apresentada ao curso de Pós-Graduação em
Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de
Brasília, como requisito parcial à obtenção do título de
Mestre.
MARIA DO CARMO SORCI DIAS
Orientador: Prof. Riccardo Pratesi
Brasília
2007
ads:
iii
Dias, Maria do Carmo Sorci
Prevalência da Doença Celíaca em Pacientes com Síndrome de Turner / Maria
do Carmo Sorci Dias. Brasília, Faculdade de Medicina, 2007.
Xviii, 126 p. il.
Orientador: Prof. Dr. Riccardo Pratesi
Dissertação (Mestrado) Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina,
2007.
1. Doença Celíaca. 2. Síndrome de Turner. 3. Prevalência. 4. Triagem
sorológica. 5. Antígeno leucocitário humano I. Pratesi, Riccardo II. Título
CDU 616.3-056.5
iv
Dedicatória
Ao Nelmo, meu marido, a quem Deus escolheu para partilhar comigo todos
os momentos da minha vida.
Aos meus queridos filhos, Juliana e Pedro, pela compreensão, pacncia e
carinho.
A eles, o meu amor.
“No infinito do amor toca-se o infinito de Deus.
v
Agradecimentos Especiais
Ao Professor Riccardo Pratesi, mestre e orientador, pela confiaa, incentivo
e oportunidade de aperfeiçoamento profissional e acadêmico.
À professora Lenora, pela amizade e pelo apoio constante e por ser para
mim, um modelo de mestra e médica.
vi
Agradecimentos
Aos meus pais, Maucio e Arlete, pelo apoio incondicional e incentivo em
todos os momentos da minha vida.
Aos professores e funcionários do Laborario de Genética Humana da
UNB/HUB, pela colaboração com os dados deste trabalho.
Ao professor Pedro Tauil, pela gentileza de suas orientações e sugeses.
A todos os amigos, que partilharam minhas incertezas e alegrias e que com
generosidade e compreensão me apoiaram neste trabalho, o meu reconhecimento
e gratidão.
vii
“O Senhor deu aos homens a ciência para que pudessem glorificá-lo por causa
das maravilhas dele”. (Eclo 38, 6)
viii
ÍNDICE
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................................x
LISTA DE TABELAS ...............................................................................................................................xi
LISTA DE ABREVIATURAS................................................................................................................... xii
1.
RESUMO .......................................................................................................................................xv
2.
ABSTRACT..................................................................................................................................xviii
3.
INTRODUÇÃO...............................................................................................................................20
3.1
Definição ........................................................................................................................................20
3.2
Histórico .........................................................................................................................................20
3.3
Epidemiologia da Doença Celíaca ................................................................................................24
3.4
Aspectos gerais e epidemiológicos da síndrome de Turner .........................................................29
3.5
Fisiopatogenia da doença celíaca .................................................................................................36
3.5.1.
Fatores ambientais.......................................................................................................37
3.5.2.
Fatores genéticos.........................................................................................................39
3.5.3.
Fatores imunológicos ...................................................................................................42
3.6
Quadro Clínico...............................................................................................................................50
3.7
Diagnóstico ....................................................................................................................................56
3.7.1.
Anticorpos anti-reticulina (AAR): ..................................................................................58
3.7.2.
Anticorpos antigliadina (AGA): .....................................................................................58
3.7.3.
Anticorpos anti-endomísio (EMA) ................................................................................59
3.7.4.
Anticorpos anti-transglutaminase (anti-tTG) ................................................................60
3.7.5.
Pesquisa de antígenos leucocitários humanos (HLA) .................................................62
3.7.6.
Biópsia intestinal e histopatologia ................................................................................63
3.7.7.
Anormalidades laboratoriais e de imagem...................................................................68
3.8
Tratamento ....................................................................................................................................69
3.9
Prognóstico ....................................................................................................................................74
4. OBJETIVOS...................................................................................................................................77
4.1
Objetivo principal ...........................................................................................................................77
ix
4.2
Objetivo secundário .......................................................................................................................77
5.
PACIENTES E MÉTODOS............................................................................................................79
6.
RESULTADOS ..............................................................................................................................84
7.
DISCUSSÃO..................................................................................................................................88
8.
CONCLUSÕES..............................................................................................................................99
REFERÊNCIAS....................................................................................................................................101
ANEXOS...............................................................................................................................................124
Anexo I: Termo de consentimento livre e esclarecido .........................................................................124
Anexo II: Análise de Projeto de Pesquisa ............................................................................................126
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Fotografia do Dr. Samuel Gee. .................................................................................................. 21
Figura 2. Fotografia do Dr Willem Dicke no Hospital Wilhelmina Children’s na Holanda......................... 22
Figura 3. Campo de refugiados Saharawi em Smara, Algéria.................................................................. 27
Figura 4. Taxonomia dos cereais. ............................................................................................................. 38
Figura 5. Demonstração expandida da região relativa ao HLA localizada no cromossomo VI................ 40
Figura 6. Haplótipos que predispõem à doença celíaca........................................................................... 41
Figura 7. Diagrama de Venn: representação da distribuição do DQ2 e DQ8........................................... 42
Figura 8. Patogênese da Doença Celíaca. .............................................................................................. 47
Figura 9. Mecanismo de ativação dos LIE pela IL-15 em pacientes celíacos. ......................................... 49
Figura 10. Crianças Saharawi com doença celíaca.................................................................................. 53
Figura 11. O iceberg da doença celíaca e o espectro de sensibilidade ao glúten .................................. 56
Figura 12. Padrão de imunofluorescência do IgA-EMA............................................................................ 60
Figura 13. Imagens endoscópicas do duodeno de pacientes celíacos. ................................................... 64
Figura 14. Espectro da má absorção e dos sintomas na DC.. ................................................................. 65
Figura 15. Padrão histológico segundo a classificação de Marsh ............................................................ 67
Figura 16. Biópsia intestinal das pacientes com doença celíaca.............................................................. 86
xi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Prevalência da doença celíaca não diagnosticada: estudos populacionais.............................. 25
Tabela 2. Características clínicas da síndrome de Turner ....................................................................... 32
Tabela 3 Prevalências da doença celíaca em pacientes com síndrome de Turner. ................................ 35
Tabela 4. Possíveis manifestações clínicas da DC .................................................................................. 51
Tabela 5. Quadro clínico e histológico da DC em crianças. ..................................................................... 52
Tabela 6. Variações da sensibilidade e especificidade dos testes sorológicos em adultos e crianças. .. 58
Tabela 7. Classificação histológica de Marsh ........................................................................................... 66
Tabela 8. Anormalidades laboratoriais relacionadas à DC....................................................................... 69
Tabela 9. Anticorpo anti-endomísio (EMA), anticorpos anti-transglutaminase (anti-tTG), cariótipo, HLA e
aspectos histológicos em pacientes com Síndrome de Turner. ............................................................... 84
Tabela 10. Tipo e freqüência de cariótipos em 56 casos de síndrome de Turner.................................... 85
xii
LISTA DE ABREVIATURAS
AGA Anticorpos antigliadina
ARA Anticorpos anti-reticulina
CAA Célula apresentadora de antígeno
CEP/FM/UNB
Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília
CPH Complexo Principal de Histocompatibilidade
DC Doença Celíaca
ELISA Ensaio Imunoenzimático
EMA Anticorpo Antiendomíseo
ESPGAN Sociedade Européia de Gastroenterologia e Nutrição Pediátrica
ESPGHAN Sociedade Européia de Gastroenterologia Pediátrica Hepatologia e Nutrição
FICT Isoticianato de Fluoreceína
GH Hormônio do crescimento
HLA Antígeno leucocitário humano
IgA Imunoglobulina da classe A
IgG Imunoglobulina da classe G
JO Junções oclusivas intercelulares
LIE Linfócitos intraepiteliais
MIC “MHC class I chain-related gene”
MICA “MHC class I chain-related gene A”
NK Célula exterminadora natural
NKG2D “C-type lectin-like activating immunoreceptor”
PCR Reação em cadeia da polimerase
PEP Prolyl-endopeptidase
SHOX “Short stature homebox containig gene”
ST Síndrome de Turner
xiii
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TGFβ Fator de transformação do crescimento β
TNF Fator de necrose tumoral
tTG Transglutaminase
xiv
RESUMO
xv
1. RESUMO
Introdão - A doença celíaca é uma enteropatia do intestino delgado,
imunomediada e induzida pelo glúten em pessoas geneticamente susceptíveis. A
prevancia da doença celíaca na população geral é de aproximadamente 0,3%-
1%. A elevada prevancia da doença celíaca detectada na síndrome de Turner faz
com que estas pacientes sejam consideradas grupo de risco para esta afecção. A
doença celíaca está associada com os alelos predisponentes do sistema de
histocompatibilidade humano DQ2 e DQ8. Embora a associação entre ambas as
afeccções esteja estabelecida em vários países, este é o primeiro estudo no Brasil
a demonstrar esta relação. Objetivos - Determinar a prevancia da doença celíaca
entre as pacientes com síndrome de Turner acompanhadas em hospital geral de
Brasília e identificar a presença de alelos do sistema de histocompatibilidade
humano predisponentes nas pacientes com sorologia positiva. Pacientes e
métodos - 56 pacientes com síndrome de Turner foram avaliadas por meio de dois
testes sorogicos: antiendomíseo e anti-transglutaminase. As pacientes que
tiveram esses testes positivos foram submetidas à bpsia jejunal. A presença dos
alelos DQ2 e DQ8 predisponentes foi determinada pelo teste da reação em cadeia
da polimerase. Resultados O diagnóstico da doença celíaca foi estabelecido em
duas pacientes com marcadores sorológicos positivos e alterações típicas na
bpsia jejunal (2/56). Ambas as pacientes apresentaram os alelos DQ2 no teste da
reação em cadeia da polimerase. A prevalênciada da doea ceaca no gupo
estudado foi de 3,6% (IC 95%= 0.8%-6.4%). Conclusão Os dados deste estudo
mostram que a prevancia da doença celíaca entre as pacientes com síndrome de
Turner é mais elevada que a encontrada em estudos realizados na população
xvi
geral. A presença dos alelos DQ2 do sistema de histocompatibilidade humano
confirma a susceptibilidade genética para doença.
Descritores - doença celíaca, síndrome de Turner, prevancia, HLA,
triagem sorogica.
xvii
ABSTRACT
xviii
2. ABSTRACT
Background - Celiac disease is an immune mediated small intestinal
enteropathy induced by gluten in genetically susceptible individuals. The prevalence
of the celiac disease in the general population is approximately 0.3-1%. The high
prevalence of celiac disease detected in Turner syndrome makes these patients a
risk group for this condition. Celiac disease is associated with human leukocyte
antigen alleles DQ2 and DQ8. Although this association has been well established
in several countries, this is the first study to demonstrates this relation in Brazil.
Objectives - To determine the prevalence of the celiac disease among Turner
syndrome patients followed in a Brasilia general hospital and to determine the
presence of predisponent human leukocyte antigen alleles in patients with positive
serological results. Patients/methods - 56 patients with Turner syndrome were
evaluated by two serological methods: antiendomysium and anti-tissue
transglutaminase antibodies tests. Serologically positive subjects underwent small
jejunal biopsy. The presence of DQ2 and DQ8 presisposing alleles was determined
by polymerase chain reaction. Results The diagnosis of celiac disease was
established in two patients (2/56) with positive serological markers and typical result
on jejunal biopsy. (2/56). Both patients disclosed a DQ2 allele on polymerase chain
reaction.The prevalence of celiac disease in study group was 3.6% (IC 95% = 0.8%-
6.4%). Conclusion - The data of this study endorse that the prevalence of the
celiac disease among Turner patients is higher than in the general population. The
DQ2 alleles of human leucocyte antigen confirm the genetic susceptibilities to
disease. Key-words - celiac disease, Turner syndrome, prevalence, human
leukocyte antigen, serological screening.
INTRODUÇÃO
20
3. INTRODUÇÃO
3.1 Definão
A Doea Celíaca é caracterizada como uma enteropatia do intestino
delgado, imunomediada, e causada por uma permanente sensibilidade ao glúten,
em pessoas geneticamente susceptíveis. (Hill et al, 2005). A definição da doença
está relacionada com as anormalidades encontradas na mucosa intestinal, com a
resposta à retirada e reintrodão do glúten e com as reões clínicas associadas
(Holmes e Catassi, 2000).
A enteropatia sensível ao glúten ou doença celíaca recebeu anteriormente
denominões como: espru celíaco, espru o tropical, síndrome celíaca,
esteatoria idiopática ou má absoão priria (Ciclitira et al, 2001).
3.2 Hisrico
No segundo século a.D., Arateus, médico grego da Capacia, descreveu
uma doença diarica que durava mais de dois dias e levava a grave
comprometimento do estado geral associado a edema, palidez, fraqueza e atrofia
do corpo. Chamou a atenção, assim, para a natureza cnica de uma afeão que
posteriormente denominou-se doença celíaca, palavra originária do grego
coelom ou cavidade do corpo. Observou que a doença acometia mais adultos,
principalmente mulheres. Na época, o tratamento consistia em repouso, jejum,
mudanças no estilo de vida e massagens (Paveley, 1988).
21
Em 1888, em uma publicação
intitulada on the Coeliac Affection”,
Samuel Gee (Figura 1) fez a primeira
descrição da forma clássica da
doença, e da sua abrangência a
todas as faixas etárias, em especial,
crianças entre um e cinco anos.
Acreditava que o aspecto principal do
tratamento era dietico, embora não
tivesse relacionado a patonese da
doença a um alimento específico.
(Gee, 1888 citado por: Paveley,
1988).
Figura 1 Fotografia do Dr. Samuel Gee.
Em 1918, Still relatou as observações das diferenças entre o tamanho das
crianças e a suas idades e apesar de considerar que a causa da doença era um
distúrbio digestivo profundo, agravado pela ingestão doo, não percebeu o
significado da sua observação (Still, 1918).
A idéia dietética do tratamento delineava-se com mais força. Em 1924,
Sidney Hass descreveu o tratamento de crianças com bananas, excluindo da
dieta o, bolachas, batatas e cereais. Oito das dez crianças que fizeram tal dieta
apresentaram cura cnica e duas, não tratadas, morreram (Hass, 1924).
22
O papel fundamental e específico do trigo na gênese da DC permaneceu
suspeito, mas sem confirmação pelos trinta anos seguintes. O relato de uma e
de que as lesões de pele de sua criança melhoravam com a retirada de pães da
sua dieta chamou a atenção do Dr Willem Dicke, pediatra holandês (Figura 2).
Durante a segunda Guerra Mundial, houve grande escassez de cereais e pão na
Holanda e o Dr Dicke notou evidente recuperação clínica de seus pacientes com
-absoão durante esse período de abstinência ao trigo. Com a reintrodução
do trigo na dieta, observou marcante recrudesncia dos sintomas. A observação
feita por Dicke e colaboradores sobre efeito nocivo de alimentos contendo trigo e
de que a fração tóxica seria o glúten, destaca o pioneirismo desses médicos na
identificação do elemento dietético causador da doença. (Dicke,1950 citado por:
Berge-Henegouwen e Mulder, 1993).
Figura 2. Fotografia do Dr Willem Dicke no Hospital Wilhelmina Children’s na Holanda
Fonte: van Berger-Henegouwen e Muddler,1993.
23
Em 1959, Frazer et al purificaram e separaram as frações peptídicas do
trigo e demonstraram a sua toxicidade para os celíacos. Em 1962, Rubin et al
demonstraram que o glúten era o responsável pelas anormalidades da mucosa do
intestino delgado em pacientes celíacos ( Citado por: Auricchio e Troncone,
1996). Em 1977, Hekkens determinou a estrutura da gliadina responsável pela
exacerbação da doença. Na década seguinte, Howell et al (1986) descreveram a
susceptibilidade genética da DC ao demonstrarem regiões específicas do
Complexo Principal Histocompatibilidade (CPH) associadas à DC.
Por algum tempo o diagnóstico da doença celíaca era basicamente clínico.
Atribuía-se aartefatos os achados histológicos anormais das autópsias. Em
1954, Paulley sugeriu que deveriam ser realizados mais estudos para conhecer a
histologia jejunal. Porém, a necessidade de se realizar os estudos histogicos por
todos não tão invasivos levou à criação e ao aprimoramento de instrumentos
que o utilizados ainda hoje. Em 1956, Crosby e Heinz W. Kugler publicaram
detalhes de um instrumento flevel, a cápsula de Crosby, que possibilitou
maiores conhecimentos sobre as alterações histogicas da mucosa jejunal.
As pesquisas sobre a doença tomaram grande impulso nas últimas
décadas. Em 1969, a Sociedade Européia de Gastroenterologia e Nutrão
Pediátrica (ESPGAN) estabeleceu a realização da bpsia intestinal como cririo
para o diagnóstico da DC na criaa (Meeuwise, 1970). Tal critério foi revisado
por Walker-Smith et al (1990) vinte anos depois. A possibilidade diagnóstica por
exames sorogicos permitiu os estudos epidemiogicos e a identificação das
outras formas de manifestão clínica da doença, que não a classicamente
24
conhecida. Sabe-se hoje, da gênese multifatorial da doença e sua associação
com fatores genéticos, imunológicos e ambientais. Várias co-morbidades foram
detectadas em associação com a DC. Alimentos sem glúten foram criados para
permitir a aderência à restrição dietica. No Brasil e no mundo surgiram as
associões de ceacos que prestam informações e esclarecimentos sobre essa
doença tão especial (Sdepanian et al, 1999).
3.3 Epidemiologia da Doença Celíaca
A idéia de que a DC acometia pessoas de origem européia mudou
completamente a partir dos anos 80 com o advento dos testes de rastreamento
sorogico realizados em populões de outras etnias. A visão de uma
epidemiologia “global” da DC alcaada desde eno, permitiu a mudança de
alguns conceitos pré-estabelecidos sobre a doença (Catassi, 2005
a
).
Os primeiros estudos retratavam a incidência da afecção na Irlanda, Áustria
e Suécia levando à impreso de que indivíduos de raça branca seriam
preferentemente acometidos. Tais estudos avaliavam somente os casos com a
forma clássica, e assim, pensava-se que a DC seria uma doença rara. As
prevancias retratadas então, variavam entre 1:1000 a 1:4000 (Catassi, 2005
a
)
.
Com o advento dos testes sorológicos para rastreamento populacional
houve uma mudança nos indicadores epidemiológicos relativos à DC
Provavelmente, os dados anteriores estavam subestimados pelo uso de
estragias inadequadas na identificação dos casos (Guandalini & Gupta, 2002).
25
As os resultados dos estudos epidemiológicos, a DC passou a ser
conhecida como uma das doenças crônicas mais comuns, com taxas de
prevancia que variavam entre 0.3% a 1% (Catassi et al, 1994; Collin et al, 1997;
Maki et al, 2003; Mustalahti et al, 2004). Vários estudos epidemiogicos
realizados em populações saudáveis mostraram que a grande maioria dos
indivíduos pode ter DC o diagnosticada (van Heel e West, 2006) (Tabela 1).
Tabela 1 Prevalência da doença celíaca não diagnosticada: estudos populacionais.
País Nº de casos Faixa etária Prevalência Referência
Itália 17.201 crianças 1:210 Catassi et al, 1996
Hungria 427 crianças 1:85 Korponay-Szabo et al, 1999
Suécia 690 crianças 1:77 Carlsson et al, 2001
Finlândia 3.654 crianças 1:99 Maki et al, 2003
Saara 989 crianças 1:18 Catassi et al, 1999
Portugal 5.363 adolescentes 1:134 Antunes, 2002
Israel 1.571 adultos e crianças 1:157 Shamir et al ,2002
EUA 4.126 adultos e crianças 1:133 Fasano et al, 2003
Brasil 4405 adultos e crianças 1:474 e 1:169 Pratesi et al, 2003
Fonte: Baptista, 2006
Nos Estados Unidos da América (EUA), os primeiros estudos revelaram
uma baixa prevalência da DC e apesar da maioria da população branca ser de
origem européia, pensou-se, a princípio, que esta seria uma doea rara. Como
nos EUA é ptica comum prescrever dieta isenta de leite, ovo e trigo para o
tratamento de diarréia recorrente em crianças, isto pode ter causado impacto
tanto na apresentação clínica, quanto na idade de início da doença
26
(Fasano, 1996). Pom, em 1998, Not et al, estudando doadores de sangue,
mostrou que a prevancia da doença era de 0.4%, à semelhança da européia. Na
Austrália, Hovell et al (2001), mostraram uma prevancia elevada, de 1:251 dos
indivíduos pesquisados, dados estes semelhantes aos europeus.
Uma das maiores freqüências de DC do mundo até o momento foi relatada
entre os Saharawi, uma população de origem árabe, que vive no oeste do Saara
(Figura 3). Os Saharawi vivem em assentamentos e constituem comunidades
nômades cujo alimento principal é o o, introduzido após a colonização
espanhola. Catassi et al (1999) pesquisaram a ocorncia da DC em 989
crianças e encontraram uma prevalência de 5.6%, quase cinco a dez vezes mais
alta que a dos países europeus. Nessas criaas o predomínio da forma
clássica da doença e o risco de morte por diaria grave e desidratação é
consideravelmente elevado. A rao para tão elevada freência da DC nesta
população ainda o foi totalmente elucidada, mas parece estar relacionada à
predisposição genética (Catassi et al, 2001).
27
Figura 3. Campo de refugiados Saharawi em Smara, Algéria
Fonte: disponível em<http://www.palinstravels.co.uk/photogallery.php?id=1032> acesso em: 17 fev, 2007
Da mesma forma, em alguns países em desenvolvimento do Oriente Médio,
a marca registrada da DC é a severa desnutrão pôndero-estatural e a freqüência
da doença é muito elevada (Mohindra et al, 2001; Imanzadeh et al, 2005;
Shahbazkhani et al, 2003; Fasano et al, 2005; Altuntas et al, 1998; Shamir, 2002;
Rawashdeh et al, 1996; Al-Bayatti, 2002; Shaltout et al, 1989; Rastogi et al,
1999).
Na América Latina os estudos epidemiogicos ganharam destaque porque
a DC era considerada uma afecção pouco freente. O primeiro estudo de
prevancia da DC foi realizado no Brasil por Gandolfi et al (2000). Um grupo de
2045 doadores de sangue presumivelmente sauveis, foi submetido a
28
rastreamento sorológico com posterior confirmação diagnóstica por bpsia
jejunal. A prevalência encontrada nesse estudo foi de 1:681.
Em 2003, Pratesi et al avaliaram 4405 pacientes externos de um hospital
geral que compareceram ao laboratório de análises clínicas para a realização de
exames de rotina. A prevalência total encontrada foi de 1:275, sendo que a
prevancia em crianças menores de quinze anos foi 2.6 vezes maior que nos
adultos, compreendendo taxas de 1:184 e 1:474 respectivamente. Os autores
ponderaram que antigamente, algumas crianças com DC não tratada poderiam
morrer em decorncia de complicações precoces como infecções e má absoão.
Mas atualmente, fatores como nutrição e higiene poderiam contribuir para
elevar a mortalidade dessas criaas. Assim, se apenas uma parcela de crianças
ceacas sobrevive, então a prevalência em adultos tende a diminuir. Especula-se
também se fatores como o maior consumo de alimentos com trigo, a redução na
prevancia e duração do aleitamento materno e a introdução precoce de
alimentos com glúten em crianças brasileiras estariam influenciando as diferenças
encontradas. Outros estudos também apontam para uma maior prevalência da
DC em crianças do que em adultos (Catassi et al, 1994; Corazza et al, 1997).
Na Argentina, um estudo realizado entre casais submetidos ao exame pré-
nupcial obrigatório identificou que a prevancia da DC era de 1:167 (Gomez et al,
2001).
A doença ainda é considerada rara nas populações negra, chinesa e
japonesa (Farrel e Kelly, 2002) e observa-se ser mais prevalente em mulheres
(Ivarsson, 2003).
29
Um importante estudo multicêntrico italiano identificou, após rastreamento
sorogico, sete novos casos de DC na infância para cada paciente celíaco
conhecido (Catassi et al, 1994). Tal achado foi verificado também em adultos.
A inegável contribuição destes estudos epidemiogicos foi mostrar que a
maioria dos casos de DC não era restrita a povos de origem caucasiana, que o
era uma afecção rara, de acometimento exclusivamente intestinal e nem se
apresentava apenas em sua forma classicamente conhecida. Tais estudos
apontaram para a associação da DC com rias outras afecções, entre elas a ST,
objeto do presente estudo.
3.4 Aspectos gerais e epidemiológicos da síndrome de Turner
A ST é uma das doenças genéticas mais comuns decorrente de anomalias
dos cromossomos sexuais e afeta aproximadamente uma em 2500 meninas
nascidas vivas (Lippe, 1991; Nielsen, 1991). As primeiras descrões da síndrome
foram feitas em 1930 por Otto Ullrich e em 1938, por Henry Turner (Elsheikh et al,
2002).
Observa-se um número elevado de abortamentos fetais com sobrevida de
apenas 1% dos embriões a o termo (Stratakis e Rennert, 1994) e estima-se que
mais de 10% dos abortamentos esponneos tenham o cartipo 45,X (Hall e
Gilchrist, 1990). Os fatores de risco para a concepção de crianças com ST são
desconhecidos e em geral não há uma associação com idade avançada dos pais
(Jacobs, 1997).
30
Freqüentemente, o diagstico p-natal é feito acidentalmente, durante o
exame cromosmico das vilosidades cornicas ou do líquido de amniocentese,
realizados por raes diversas, mas nessa circunsncia, recomenda-se a
confirmação diagstica após o nascimento. Segundo Gravholt et al (1996), a
prevancia p-natal da doença é muito maior que a s-natal, indicando a
ocorncia de altas taxas de fetos com esta síndrome. Os autores descreveram
que a prevalência de fetos com ST, era de 392 /100.000 fetos femininos (11ª
semana gestacional) pelo exame das vilosidades coriônicas, e de 176 /100.000
(16ª semana gestacional) após amniocentese. A prevancia estimada da ST de
50/ 100.000 meninas nascidas vivas demonstra a elevada taxa de mortalidade
intra-uterina, especialmente durante o primeiro trimestre gestacional (Hook e
Warburton, 1983).
O exame de ultra-sonografia ante-natal pode sugerir ST quando da
presença de aumento da translucência nucal, higroma cístico, braquicefalia,
anomalias cardíacas e renais, retardo do crescimento intra-uterino, polihidrâmnio
ou oligohidmnio. Da mesma forma, alguns exames laboratoriais maternos
alterados, tais como alfa-fetoproteína, inibina A, gonadotrofina coriônica humana
e estriol o conjugado, podem sugerir a doea no feto (Ruiz et al, 1999).
A ST pode ser a conseência de diversas constituições cromossômicas
am do cariótipo clássico 45,X. O outro cromossomo sexual pode estar ausente
ou sofrer duplicação de seu braço longo (q) com concomitante perda do braço
curto (p) para formar um isocromossomo (isoXq). Além disso, pode ocorrer a
formação de anel (rX) ou deleção do braço curto ou longo (Xp- ou Xq-). A
31
completa monossomia (45,X) ocorre em 40-60% dos cartipos realizados em
cultura de linfócitos do sangue periférico, e o restante dos cariótipos mostram
mosaicismo (45,X/46,XX; 45,X/46,XiXq; 45,X/46,XY; 45,X/46,XrX) (Donaldson et
al, 2006). O mosaicismo, bem como as anormalidades estruturais que
comprometem determinados segmentos do segundo cromossomo sexual, seja ele
X ou Y, gera uma variedade de disrbios clínicos e citogeticos (Stratakis e
Rennert, 1994; Jacobs et al, 1997). Genes envolvidos com o desenvolvimento do
sistema linfático, com desenvolvimento ovariano e com a estatura são expressos
no cromossomo X. A baixa estatura é um problema comum e causado pela
haploinsuficiência do gene SHOX (short-stature homeobox-containing gene) (Rao,
1997). Variações na inativação desses genes levam aos vários graus de
haploinsuficiência e podem explicar, em parte, a ampla variação fenotípica
(Donaldson et al, 2006). Esta síndrome apresenta características clínicas que
variam dos mais severos fenótipos tais como a baixa estatura, a disgenesia
gonadal, o linfedema e os dismorfismos, até fenótipos mais brandos como uma
leve redução na estatura final ou uma insuficiência prematura do ovário (Tabela
2).
32
Tabela 2. Características clínicas da síndrome de Turner
Características Freqüência (%)
Baixa estatura 98
Disgenesia gonadal 95
Micrognatia 60
Cubitus valgus 47
Implantação posterior baixa dos cabelos 42
Pescoço curto 40
Palato em ogiva 38
Encurtamento do quarto metacarpo 37
Nevos múltiplos 25
Pescoço alado 25
Linfedema das mãos e dos pés 22
Displasia da unha 13
Escoliose 11
Fonte: Lippe, 1991
Estudos em uma população pediátrica mostrou que o atraso no diagstico
da ST era em dia de 7.7 anos (Savendahl e Davenport, 2000). A presença de
cariótipos que não o 45,X foi relacionada com maiores atrasos no diagnóstico
talvez por apresentarem poucos estigmas, pom, a redução da estatura final
estava sempre presente (Lyon et al, 1985).
As pacientes com ST podem apresentar uma série de co-morbidades
associadas, que requisitam cuidados permanentes de uma equipe multidisciplinar
de sde (Elsheikh et al, 2002). Atualmente há a recomendação de se considerar
33
o diagnóstico de ST em toda mulher que apresente atraso no desenvolvimento
estatural (velocidade de crescimento menor que o percentil 10 para a idade) ou
puberal ou qualquer dos seguintes achados clínicos: edema de mãos ou pés;
pescoço alado; anomalias cardíacas especialmente coarctão da aorta;
hipoplasia do ventrículo esquerdo; implantação baixa dos cabelos ou das orelhas;
micrognatismo; níveis elevados do hormônio folículo-estimulante (FSH); cubitus
valgus; hipoplasia e hiperconvexidade das unhas; nevus pigmentados; fácies
caractestica; encurtamento do quarto metacarpo; lato em ogiva;
anormalidades na morfologia ou no desenvolvimento denrio ou otite média
crônica (Bondy, 2007).
A mortalidade está aumentada na ST e um estudo de coorte britânico
encontrou que o risco relativo de morte era de 4.2 principalmente devido a
problemas cardiovasculares, neurológicos, digestivos, respiratórios e
genitourinários (Swerdlow et al, 2001).
O primeiro caso da associação de DC e ST foi descrito em 1973 por
Thatcher et al, em uma mulher de 27 anos. Ela recebeu o diagnóstico de ST por
apresentar baixa estatura, disgenesia gonadal e outras alterações fenotípicas
sendo o seu cartipo 45,X. A paciente apresentou também osteomalácia,
disfunção hepática e absorção intestinal e foi submetida a uma biópsia jejunal
que mostrou atrofia vilositária subtotal consistente com DC. Em sua hisria
familiar, sabia-se de um primo com doença celíaca. Como os autores não
encontraram nenhum relato anterior de semelhante associação, concluíram que a
paciente tinha três condições isoladas: ST, disfunção hepática e enteropatia
34
sensível ao glúten. A associação da DC com ST era considerada muito rara,
descrita apenas em relatos de casos (Scobie et al, 1979; Ferrer Calvet et al, 1982;
Lacaille et al, 1995; Arslan et al, 2000).
Com o advento dos marcadores sorológicos, surgiu o primeiro rastreamento
sorogico da DC em pacientes com ST realizado por Bonamico et al em 1998. A
decisão de reali-lo aconteceu a partir da observação de que duas meninas com
ST tratadas com hormônio do crescimento (GH) não responderam ao tratamento
e tinham DC (Passeri et al, 1993; Caruso-Nicoletti et al, 1994). O estudo italiano
avaliou 35 pacientes com ST e ts delas tiveram sorologia positiva e biópsia
comprobatória, revelando uma prevancia de 8.1% da DC. Com tal resultado
ficou mais evidente que ST e DC poderiam estar associadas e que a intolerância
ao glúten poderia ser responsável, pelo menos em parte, pela falta de resposta ao
GH. Este estudo causou impacto ao chamar a atenção para a necessidade de
novos rastreamentos sorogicos e para que tal avaliação fosse feita antes
mesmo do tratamento hormonal. A partir de eno, surgiram outros estudos
revelando as prevalências da DC em pacientes com ST (Tabela 3).
35
Tabela 3. Prevalências da doença celíaca em pacientes com síndrome de Turner.
REFERÊNCIA Nº DE PACIENTES PREVALÊNCIA (%)
Bonamico et al (1998) 35 8,1
Ivarsson et al (1999) 87 5
Schweizer et al (2000) 121 2,5
Gillet et al (1999) 45 2,2
Rujner et al (2001) 48 4,1
Bonamico et al (2002 ) 389 6,4
Sagodi et al (2006) 63 7,9
Como parte de um estudo sueco multicêntrico com vistas a promover o
crescimento em pacientes com ST, Ivarsson et al (1999) realizaram o primeiro
estudo populacional em 87 crianças e adolescentes com ST. Seus resultados
baseados em dosagens de anticorpos antiendomíseo (EMA) com confirmação por
bpsia mostraram uma prevancia de 5% (4/87). Embora os valores fossem
muito maiores que os encontrados em população sauvel da mesma região
(Sjöberg et al, 1994), as razões para tal o eram conhecidas. Interrogava-se a
presença de antígenos leucocitários humanos (HLA) comuns entre as duas
doenças, à semelhança do encontrado entre síndrome de Down e DC por Castro
et al (1993). Na Ponia, pesquisadores investigaram a freência da DC e dos
alelos do sistema HLA em mulheres com ST atendidas ambulatorialmente. Os
autores encontraram uma prevalência de 4.1% (2/48) de DC e estas duas
mulheres apresentavam o heterodímero HLA-DQ (Rujner et al, 2001).
O maior estudo de prevancia até o momento foi realizado na Ilia por
Bonamico et al, em 2002. Neste estudo multintrico, 389 pacientes com ST
36
foram avaliadas o para determinão de anticorpos específicos da DC como
também para detectar características clínicas e laboratoriais dos pacientes
afetados. A prevancia manteve-se elevada: 6.4%. Das 25 pacientes
confirmadamente celíacas, dez (40%) apresentavam os sintomas clássicos; oito
(32%), sintomas atípicos e em sete (28%), a ausência de sintomas sugeria a
forma silenciosa da doença. Os pesquisadores encontraram que
aproximadamente 50% das pacientes celíacas tinham outras doenças auto-
imunes, tais como tireoidite de Hashimoto, diabetes tipo 1, hepatite auto-imune e
trombocitopenia, o que corroborava as avaliações de estudos anteriores
(Balestrazzi et al, 1986; Manzione et al, 1988; Sigurs et al, 1993; Radetti et al,
1995). A coexistência das duas afecções pode aumentar a prevancia das
doenças auto-imunes, mas até o momento, a significância desta associação na
indução de outras doenças imunogicas não pôde ser quantificada com exatidão
(Bonamico et al, 2002).
3.5 Fisiopatogenia da doea ceaca
A doença celíaca tem uma etiologia multifatorial e depende de fatores
ambientais, genéticos e imunológicos para sua manifestação. A complexa
interação entre estes fatores dificulta sua identificação e impõe limites à completa
compreensão dos mecanismos patogênicos da doença. Os conhecimentos atuais
mostram o glúten como um fator ambiental precipitante, as moléculas do sistema
HLA como fator genético predisponente e como fator imunológico, a resposta
anormal dos linfócitos TCD4+ ao gten (Sollid, 2002).
37
3.5.1. Fatores ambientais
Para a maioria dos seres humanos, os cereais representam uma importante
fonte de nutrientes, contudo para os celíacos, certos cereais têm sido
considerados como verdadeiros venenos, que podem destruir a mucosa intestinal
(Marsh, 1992) e predispor à malignidade (Corrao et al, 2001).
O termo glúten é genericamente aplicado a uma família de proteínas
encontradas no trigo, centeio e cevada. O glúten é a parte residual, de baixo valor
nutricional, insovel em água, que permanece as a retirada do amido da
farinha de trigo. As frações protéicas do trigo podem ser classificadas em
prolamina (solúvel em etanol), glutenina (insolúvel em etanol), albumina (solúvel
em água) e globulina (solúvel em solução de NaCl a 10%) (Ciccocioppo et al,
2005). A porção xica para os pacientes celíacos é predominantemente a de
prolaminas também denominadas gliadina no trigo, secalina no centeio, hordeína
na cevada e avenina na aveia (Shamir, 2003).
Trigo, centeio e cevada tem origem ancestral comum na família Triticeae,
enquanto a aveia pertence a uma família vizinha, a Aveneae (Figura 4). Não há
confirmação da toxicidade da aveia para os pacientes celíacos (Janatuinen et al,
2002; Hogberg et al, 2004). Apesar das frações da avenina conterem as mesmas
seências de aminoácidos (QQQPF) que o descritas como xicas na gliadina,
possuem uma proporção relativamente menor desta fração, o que poderia
explicar a razão pela qual a aveia é mais tolerada pelos celíacos (Schuppan,
2000).
38
Figura 4: Taxonomia dos cereais.
Fonte: Kagnoff, 2005
A gliadina é uma cadeia polipeptídica que contém pelo menos quarenta
componentes separados por eletroforese em ts frações maiores: alfa, gama e
ômega e subdivididas em subcomponentes alfa 1-11, gama 1-6, e ômega 5
(Wieser, 1991). Na alfa-gliadina, a seqüência repetida de aminoácidos QQQPFP
faz com que estes peptídeos imunogênicos desempenhem um forte papel
estimulador das células T e sejam reconhecidos pela sua capacidade de
desencadear a doença (Van de Wal et al, 1998).
Os conhecimentos atuais mostram que diferentes peptídeos do glúten
podem causar a doença por maneiras diferentes. Um fragmento é definido como
“tóxico se é capaz de causar danos ao epitélio sem necessitar de
reconhecimento pvio pelas células TCD4. Vários pesquisadores identificaram
que o peptídeo p31-43 ou p31-49 da α-gliadina estimula esta resposta inata do
sistema imunogico (de Ritis et al, 1988; Marsh,1995; Maiuri et al, 2003). Por
outro lado, peptídeos considerados “imunogênicos são capazes de produzir uma
forte estimulação dos linfócitos TCD4+ da lâmina própria intestinal de celíacos
39
(Arentz-Hansen et al, 2000). Entre eles estão peptídeos da α-gliadina, γ-gliadina e
gluteninas de alto e baixo peso molecular, com destaque para o peptídeo 56-75
da α-gliadina, contido no peptídeo 33-mer (Lundin et al ,1994; Shan et al, 2002).
Interessante observar que um mesmo peptídeo pode ter simultaneamente uma
ação “tóxica e “imunogênica (Fraser et al, 2003).
Embora não se conheça com exatidão o papel dos outros fatores
ambientais na patogênese da DC, é possível que pagenos entéricos estejam
envolvidos na patonese da doença produzindo um mimetismo molecular entre
proteínas virais e a gliadina com subseente ativação do sistema imune em
indivíduos susceptíveis. (Kagnoff et al, 1987). Há evidências de que o aleitamento
materno pode proteger, alterar e até mesmo atrasar o desenvolvimento da DC,
levando a apresentões clínicas menos graves (Ivarsson et al, 2002; D’Amico
et al, 2005).
3.5.2. Fatores geticos
O papel de fatores genéticos na patogênese da DC tornou-se bem
estabelecido a partir de estudos que indicavam uma elevada prevalência da DC
entre os familiares dos celíacos (4% a 12%) (Book et al, 2003; Fasano et al, 2003)
e uma concordância da doença em meos idênticos de aproximadamente 75%
(Greco et al, 2002).
Os genes do Complexo Principal de Histocompatibilidade (CHP) na espécie
humana recebem a denominação de sistema HLA e foram agrupados em ts
regiões (classe I, classe II e classe III) de acordo com as suas localizações no
braço curto do cromossomo 6 (Figura 5). Sabe-se hoje que o sistema HLA
40
compreende mais de 200 loci geticos e é a rego mais polimórfica do genoma
humano (Louka & Sollid, 2003).
Figura 5. Demonstração expandida da região relativa ao HLA localizada no cromossomo seis.
Os produtos dos genes HLA-DR, DQ e DP são as moléculas clássicas de
histocompatibilidade de classe II (Bodmer et al, 1999). Os antígenos do sistema
HLA da classe II são encontrados na superfície dos linfócitos B, linfócitos T e
macrófagos e m como função principal ligar-se a peptídeos antinicos e esse
complexo é apresentado a um receptor nas células T CD4+ (Louka e Sollid,
2003).
A DC está fortemente associada com antígenos HLA da classe II e
aproximadamente 95% dos pacientes possuem o heterodímero α, β DQ2
codificado pelos alelos DQA1*0501 e DQB1*02 na posição cis com DR3 (no
mesmo cromossomo) ou em trans com DR5/DR7 (em cromossomos diferentes)
(Figura 6). O heterodímero HLA-DQ8 codificado pelos alelos
41
DQA1*03/DQB1*0302 é encontrado em aproximadamente 5% dos pacientes
(Sollid et al, 1989).
Figura 6. Haplótipos que predispõem à doença celíaca: DQA1*05 e DQB1*02 com disposição em cis (um
cromossomo) ou em trans (ambos os cromossomos) codificam o heterodímero alfa, beta DQ2 presente na
maioria dos celíacos.
Fonte: Louka & Sollid, 2003
De acordo com Sollid (2000), muitos genes predisponentes à DC ainda não
foram identificados, porém já foi reconhecido que diferentes genes de
susceptibilidade podem contribuir para os diferentes esgios patogicos da
doença. Apesar de 25% a 30% da população geral euroia ser portadora de
alelos que codificam o heterodímero DQ2 (Sollid et al, 1989), sabe-se que apenas
uma pequena proporção desses indiduos desenvolve a DC, como exemplificado
no diagrama de Venn (Kagnoff, 2005) (Figura 7).
42
Figura 7. Diagrama de Venn: representação da distribuição do DQ2 e DQ8 na população geral e na doença
celíaca. Fonte: Kagnoff, 2005.
Outro segmento cromossômico relacionado à DC e o ligado ao HLA é o
5q31-33, localizado no braço longo do cromossomo cinco (Greco et al, 1998). Da
mesma forma que em outras doenças auto-imunes, na DC foi encontrada uma
associão fraca com polimorfismos do gene CTLA-4, que codifica uma mocula
envolvida na inibição da célula T (Naluai et al, 2000).
3.5.3. Fatores imunológicos
A resposta do sistema imune ao glúten na DC é marcada por reação
inflamatória no epitélio intestinal e na lâmina ppria com infiltração de células
inflamatórias e progressivas mudanças na arquitetura da mucosa.
A enteropatia celíaca representa um modelo único onde tanto o fator
desencadeante (glúten), quanto o auto-antígeno (transglutaminase), foram
identificados. Apesar dos avanços, rias questões ainda não foram totalmente
esclarecidas, sobretudo a respeito do reconhecimento e da resposta imunológica
43
ao glúten. Todavia, este processo complexo parece ser iniciado e mantido por
duas vias do sitema imune: a adaptativa e a inata (Ciccociopo et al, 2005).
O primeiro passo na cascata de eventos fisiopatogicos da DC parece ser
a entrada da gliadina na mucosa intestinal de indiduos geneticamente
predispostos. O epitélio intestinal age como uma barreira que impede a passagem
de macromoculas (por exemplo, o gten) para a lâmina ppria da mucosa e
somente traços dessas macromoléculas conseguem atraves-la sob condições
fisiogicas. Normalmente, a maioria destes oligopeptídeos sofre degradação
enzimática eo convertidos em aminoácidos de dois ou ts peptídeos não
imunonicos. Porém, por terem alto contdo de prolina e glutamina, os
peptídeos da gliadina não são completamente degradados pelas endopeptidases
do intestino delgado e podem atravessar a barreira epitelial pela via paracelular,
desencadeando então, uma resposta imune antígeno-específica (Guandalini e
Gokhale, 2002).
A rota paracelular é a via principal para a passagem passiva de solutos
através da barreira epitelial e endotelial e essa regulação depende das junções
oclusivas intercelulares (JO). As JO são estruturas dimicas sujeitas a
mudanças estruturais, pom o existe ainda conhecimento suficiente sobre sua
regulação fisiopatológica após estímulo extracelular. Em 1998, Schulzke et al
descreveram alterações estruturais nas juões oclusivas do epitélio intestinal de
pacientes celíacos com sintomas agudos da doença. Fasano et al (2000)
descreveram o aumento da expressão da zonulina em estudos com pacientes
ceacos não tratados. A zonulina é um peptídeo intestinal análogo à toxina
44
“ocludente do Vibrio cholerae, que está envolvida na regulação das JO e parece
ser responsável, pelo menos em parte, pelo aumento subseente na
permeabilidade intestinal à gliadina. No intestino de ratos, a administração da
gliadina levou à liberação da zonulina que, através da polimerização dos
filamentos de actina intracelulares promoveu a desconecção das proteínas das
JO (Clemente et al, 2003). Recentemente, Drago et al (2006) avaliando lulas
intestinais humanas e de ratos confirmaram que a gliadina é a responvel por
eventos precoces na mucosa intestinal: liberação da zonulina e sua ligação aos
receptores celulares, reorganização dos filamentos de actina e abertura da JO. O
resultado é a abertura imediata da barreira intestinal paracelular e conseqüente
passagem da gliadina para a rego subepitelial. Esse processo depende da
presença do receptor para a zonulina, mas independe da predisposição genética
individual, sugerindo que a permeabilidade induzida pela gliadina e mediada pela
zonulina poderia ser necessária, mas não suficiente para desenvolver o processo
auto-imune típico da DC (Drago et al, 2006). Os processos inflamarios oriundos
das infecções podem desencadear alterações na barreira intestinal e assim
aumentar o influxo de peptídeos do gten para dentro da lâmina ppria (Sollid,
2002).
3.5.3.1 Resposta adaptativa
As ultrapassarem a barreira da mucosa, os fragmentos peptídeos do
glúten o encaixados nas moculas do HLA-DQ2 e HLA-DQ8 que o
expressas na superfície das lulas apresentadoras de antígenos (CAA). Esses
45
complexos formados são então reconhecidos por uma população específica de
lulas: os linfócitos T CD4.
A resposta específica da lula T da lâmina própria foi observada em
ceacos, mas o nos controles saudáveis, e foi atribuída à capacidade seletiva
das moléculas HLA-DQ2/DQ8 de se ligarem aos pepdeos do gten (Lundin,
1994). Contudo, para que esta ligação aconteça com alto grau de afinidade, é
necesrio que os peptídeos do glúten sejam primeiramente modificados pela
transglutaminase (tTG) (Molberg et al, 1998; van de Wal et al, 1998).
A tTG é uma enzima que foi identificada como o principal alvo de auto-
anticorpos sendo detectada em todas as camadas da parede do intestino
delgado, com predomínio na submucosa (Molberg et al, 1998). Durante a
inflamação ou injúria é liberada do meio intracelular para promover a ligação
cruzada de certas proteínas da matriz extracelular e a estabilização do tecido
conjuntivo (Schuppan, 2000). A sua expressão está aumentada nas amostras das
bpsias intestinais de pacientes com DC (Esposito et al, 2003). A tTG tem uma
alta afinidade pela prolamina e possui, em pH baixo, a atividade de desaminação
dos peptídeos do gten tanto na borda em escova quanto durante o seu processo
de endocitose (Sollid, 2002). A desaminação transforma resíduos neutros da
glutamina em ácido glutâmico, carregados negativamente. A introdução de cargas
negativas nos peptídeos do glúten favorece a sua ligação com amincidos
básicos localizados nas moléculas do HLA-DQ2 ou DQ8 das CAA e promovem
uma forte estimulação de clones de linfócitos T gliadina-específicos (Schuppan,
2000).
46
A cascata de eventos que ocorre na lâmina ppria as a ativação dos
linfócitos TCD4+ o está completamente elucidada, mas parece que tais lulas
produzem citocinas das quais o interferon-γ é a principal. Duas espécies de
linfócitos T CD4+ exercem funções diferentes: os linfócitos T helper 1 (Th1)
produzem interferon γ, linfotoxinas e fator de necrose tumoral (TNF); os linfócitos
T helper 2 (Th2) produzem interleucinas (IL), além de dar suporte a imunidade
humoral e diminuir a resposta Th1 (Sollid, 2002). As citocinas da resposta Th1
induzem os fibroblastos intestinais à liberação de enzimas tais como as
metaloproteinases da matriz que podem danificar a mucosa intestinal levando a
perda das vilosidades e hiperplasia compensatória das criptas (Kagnoff, 2005) . A
resposta do tipo Th2 promove maturação e expano de plasmócitos que o
produzir anticorpos da classe das imunoglobulinas A (IgA) contra gliadina, tTG e
contra complexos gliadina-tTG). Os anticorpos anti-tTG ao se ligarem à enzima,
inibem sua atuação na ativação do fator de transformação do crescimento β
(TGF- β), que são fundamentais para a diferenciação dos entecitos (Schuppan,
2000). Esse processo leva à inflamação tecidual com conseqüente aumento da
permeabilidade e crescente expressão de moléculas de adesão e de antígenos
HLA classe II em um ciclo vicioso (Farrell & Kelly, 2002) (Figura 8).
47
Figura 8: Patogênese da Doença Celíaca. A gliadina é absorvida, chegando à lâmina própria onde é apresentada
conjuntamente com os antígenos de superfície celular, aos linfócitos T CD4 sensíveis, provavelmente por células
dendríticas. A translgutaminase tissular realiza a deamidação dos peptídeos da gliadina gerando resíduos de
ácido glutâmico carregados negativamente. Essas modificações aumentam a afinidade desses peptídeos pelas
posições 4,6 e 7 do receptor de ligação de antígeno do HLA-DQ2, desencadeando uma agressiva resposta
imune das células T. Esses linfócitos estimulam outros linfócitos a produzirem citocinas como interferon-gama,
interleucina-4/6 e fator de necrose tumoral, resultando finalmente em uma enterite. A indução da expressão de
antígenos de superfície celular HLA da classe II aberrantes em enterócitos permite que essas células apresentem
antígenos adicionais aos linfócitos.
Fonte: Farrell & Kelly, 2002.
48
3.5.3.2 Resposta inata
Este tipo de resposta dado aos peptídeos do glúten pelo sistema
imunológico é imediata e inespecífica, com muito ainda a ser esclarecido e
compreendido (Kagnoff, 2005). Muito se tem estudado a respeito do efeito direto
de certos peptídeos do glúten sobre as lulas do epitélio intestinal. As alterações
induzidas pela gliadina foram vistas dentro de quatro horas, um tempo
considerado muito pido para ser apenas uma resposta mediada pelas lulas T
(Maiuri et al, 1996). Recentemente, Mairui et al (2003) mostraram que a adão do
peptídeo 31-43 em amostras de biópsias de pacientes celíacos ativou os
macrófagos intestinais que passaram a produzir IL-15 e outras citocinas. A IL-15
aumentou a capacidade das células dendríticas em apresentar antígenos, com
subseqüente intensificação da resposta adaptativa. Esta citocina estimula as
propriedades citoxicas dos linfócitos intra-epiteliais (LIE) (Maiuri et al, 2001) que
expressam uma variedade de receptores NK (célula exterminadora natural) em
sua superfície. Meresse et al (2004) observaram que a IL-15 aumenta a
expreso do receptor NKG2D (C-type lectin-like activating immunoreceptor”)nos
LIE. Hue et al (2004) demonstraram in vitro que a gliadina e a IL-15 aumentaram
a expressão de moléculas MICA (“moléculas da classe I do CPH relacionadas ao
gene A) nos entecitos. Tais moculas ligam-se aos receptores NKG2D que
o expressos na maioria das células NK e nos LIE com conseqüente dano
tissular (Figura 9). Quando foi adicionado o anticorpo anti-IL-15, observou-se
bloqueio nos efeitos do gten, sugerindo o papel central desta citocina na
regulação das moléculas MICA. Assim, a atrofia vilosiria pode ser atribuída à
49
lesão do enterócito mediada pelos LIE, envolvendo a interação NKG2D /MICA,
as a ação da gliadina (Hue et al, 2004).
Figura 9: Mecanismo de ativação dos LIE pela IL-15 em pacientes celíacos. O peptídeo 31-49 induz a produção
da IL-15 nas células epiteliais e macrófagos por uma via ainda desconhecida. Por sua vez, a IL-15 ativa os LIE ao
estimular suas propriedades citotóxicas e a expressão dos receptores imunes inatos NKG2D. Além disso, a IL-15
induz a expressão de MICA, o ligante epitelial do NKG2D. A ligação do NKG2D ao MIC pode então desencadear
a citotoxicidade dos LIE contra as células epiteliais. Nos LIE estimulados pela IL-15, como nos casos da DC ativa
e na DC refratária, a citotoxicidade dos LIE pelo MIC-NKG2D, pode então ocorrer independentemente de um
sinal específico dado via receptor da célula T.
Fonte: Koning et al, 2005.
Este grupo especial de linfócitos T, os LIE, difere fenotipicamente e
funcionalmente daqueles da lâmina ppria e es fortemente envolvido na
patogênese da DC (Kutlu et al, 1993). O aumento dos LIE ou linfocitose intra-
epitelial é considerado uma forma de sensibilidade ao gten por ser uma
alteração precoce na DC e a primeira anormalidade que acontece após o desafio
com glúten (Marsh et al, 1992). A presença dos LIE foi considerada um dos
principais marcadores da doença não sendo visto em outros processos
patogicos intestinais (Cerf-Bensussan et al, 2003). A expansão anormal dos LIE,
50
induzida pela IL-15, pode ser considerada uma leo p-cancerosa que precede
a instalação do linfoma epitelial. Mention et al (2003) observaram que, a
expreso epitelial da IL-15 diminuiu em pacientes com dieta sem gten mas
permaneceu mais alta que nos controles. Tal fato poderia explicar o porquê da
permancia dos LIE após a exclusão do glúten e sugerir um possível defeito na
regulação desta citocina nos celíacos (Meresse et al, 2004). Sob perspectivas
futuras, a neutralização dessa citocina pode ter um valor específico na terapêutica
da DC com benefícios evidentes aos portadores da doença (Cellier et al, 2000).
3.6 Quadro Clínico
As manifestações clínicas da DC variam com a idade do paciente, a
duração e extensão da doença e com a presença de problemas extra-intestinais
(Tabela 4). As raes pelas quais a expreso clínica da DC éo variável,
podendo ocorrer em qualquer época da vida ainda não es totalmente
esclarecida (Holmes e Catassi, 2000).
51
Tabela 4: Possíveis manifestações clínicas da DC
Manifestações secundárias à DC não
tratada
Doenças associadas Doenças genéticas
associadas
Com sintomas clássicos
Doenças autoimunes
Síndrome de Down
Distensão abdominal Diabetes tipo 1
Síndrome de Turner
Anorexia Tireoidite
Síndrome de Williams
Diarréia crônica ou recorrente Síndrome de Sjogren
Deficiência de IgA
Atraso no desenvolvimento ou
perda de peso
Alterações neurológicas ou
psicológicas
Irritabilidade Ataxia
Fraqueza muscular Autismo
Crise celíaca (rara) Depressão
Sem sintomas clássicos
Epilepsia com
calcificações
intracranianas
Artrite
Nefropatia por IgA
Aftas
Osteopenia / osteoporose
Constipação
Defeito no esmalte dentário
Dermatite herpetiforme
Hepatite
Anemia ferropriva
Atraso puberal
Dor abdominal recorrente
Baixa estatura
Vômito
Fonte: Fasano e Catassi, 2005.
Dependendo das características de apresentação juntamente com as
anormalidades histológicas e imunológicas à época do diagnóstico, a DC pode ser
52
classificada em forma típica ou clássica, atípica, silenciosa e potencial (Fasano e
Catassi, 2001) (Tabela 5).
Tabela 5: Quadro clínico e histológico da DC em crianças.
Forma clínica Alteração histológica Manifestação clínica
Típica Enteropatia Sintomas intestinais
Atípica Enteropatia Sintomas extraintestinais
Silenciosa Enteropatia Ausente/ mínimas queixas
Identificação através de testes de rastreamento sorológico
Potencial Intestino normal/
alterações mínimas
Ocasionalmente sintomático
Testes sorológicos positivos e perfil de HLA predisponente
(DQ2 ou DQ8)
Fonte: Catassi et al, 2002.(a)
Na forma típica ou cssica há o predomínio de manifestações
gastrointestinais com início dos sintomas entre 6 e 24 meses de idade, após a
introdução do gten na dieta. Lactentes e crianças pequenas podem apresentar
diarréia crônica, distensão abdominal, mitos, ganho pondero-estatural
insuficiente, anorexia, irritabilidade, edema e fraqueza muscular. Dentro de
algumas semanas ou meses do início da ingestão de glúten a velocidade do
ganho de peso diminui culminando com desnutrição grave. A absorção
intestinal pode levar a anemia por deficiência de ferro, hipoalbuminemia,
hipocalcemia e hipovitaminoses. (Fasano e Catassi, 2001). Apesar da ampla
variação entre os pses, a forma clássica da DC ainda é a apresentação mais
comum no grupo pediátrico (Fasano e Catassi, 2005) (Figura 10) e nesta faixa
eria, o início dos sintomas pode sofrer interferências devido à quantidade de
glúten na dieta e a duração do aleitamento materno (Hill et al, 2005; Ivarsson et
al, 2000).
53
Figura 10. Crianças Saharawi com doença celíaca
Fonte: Fotografias cedidas pelo Prof. Dr. Carlo Catassi – Universitá degli Studi di Ancona, Itália.
Na forma apica geralmente os sintomas se manifestam mais tardiamente.
São acometidas crianças maiores (5-7 anos), adolescentes e adultos, e os
sintomas gastrointestinais o menos acentuados ou estão ausentes (Fasano e
Catassi, 2005). Estes pacientes podem apresentar queixas intestinais como dor
abdominal recorrente, useas, mitos, empachamento e constipação. Porém,
os sintomas extra-intestinaiso os mais freqüentes destacando-se a anemia
ferropriva, a baixa estatura, a hipoplasia do esmalte dentário, a artrite ou artralgia,
54
a hepatite cnica, a osteoporose, problemas neurogicos, o atraso puberal, a
infertilidade e maior risco para abortamentos (Carroccio et al, 1988; Groll et al,
1980, Aine L, 1990; George et al, 1996; Vajro et al, 1993; Kemppainen et al, 1999;
Chin et al, 2003; Mäki et al, 1998; Collin et al, 1996; Ciacci et al, 1996).
Na forma silenciosa ou assintomática ocorre a presença de alterações
histológicas na bpsia intestinal em pessoas aparentemente assintomáticas
(Ferguson et al, 1993). Catassi et (1996) estudaram 17.201 crianças italianas
escolares saudáveis e encontraram que a freência de DC silenciosa é cinco
vezes mais alta do que a DC sintotica. A maioria dos casos nesta classificação
foi identificada atras de estudos de rastreamento populacional envolvendo
indivíduos aparentemente sauveis e em rastreamento em grupos de risco como
os portadores de diabetes melitus, os parentes de ceacos, os portadores de
ndrome de Down e síndrome de Turner, como no presente estudo. Entretanto,
uma anamnese detalhada e cuidadosa pode revelar a presença de sintomas
discretos como irritabilidade, baixo rendimento escolar, tendência à depressão,
fadiga durante o exercício, redução da densidade óssea e diminuição do bem-
estar físico e psíquico (Mäki et al, 1998). Em um grupo de adolescentes com a
forma silenciosa da DC, houve o relato de grande melhora física e psíquica após
o inicio da dieta sem glúten (Fabiani et al, 1996).
Na forma potencial ocorre a presença dos anticorpos antiendomíseo e anti-
transglutaminase, em indiduos com genótipo HLA predisponente (DQ2 ou DQ8),
pom com bpsia intestinal normal ou apenas aumento de linfócitos intra-
55
epiteliais. Tais pacientes correm o risco de desenvolver a forma clássica
posteriormente (Fasano e Catassi, 2005).
A dermatite herpetiforme é freqüentemente vista como uma variante da DC
afetando entre 10% a 20% dos pacientes celíacos (Reunala, 2001) embora
raramente afete a populão pedtrica (Hill et al, 2002). Caracteriza-se por uma
dermatite bolhosa, crônica e pruriginosa que acomete preferencialmente
cotovelos, joelhos e degas. A biópsia da pele revela depósitos granulares de
imunoglobulina A na transão entre a derme e epiderme. O perfil sorogico é
semelhante ao encontrado na DC e embora a associação com sintomas
intestinais não seja comum, as alterações na mucosa intestinal podem ser
encontradas em graus variados e em quase na totalidade dos casos (Fry, 1995).
Nos adultos, a anemia por deficncia de ferro, tipicamente refratária ao
tratamento, pode ser a única manifestação da doença (Carroccio et al, 1988). Em
alguns pacientes, a doença pode ser detectada pelas alterações encontradas em
um procedimento de endoscopia digestiva (Lo et al, 2003).
A grande variabilidade na apresentação levou à descrição de um iceberg
ceaco(Figura 11) em que a parte ainda não identificada de pacientes celíacos é
maior que a parte emergente, formada pelos pacientes diagnosticados e
tratados (Catassi et al, 1996). O reconhecimento da parte submersa do iceberg
demonstra o grande nível de sensibilidade individual ao glúten e transformou o
conceito de doença rara em um problema de saúde ainda o completamente
reconhecido (Cerf-Bensunssan et al, 2003).
56
Figura 11. O iceberg na doença celíaca e o espectro de sensibilidade ao glúten.
Fonte: Maki, 1997
3.7 Diagnóstico
Os parâmetros para o diagstico da DC foram substancialmente alterados
nos últimos 50 anos graças à melhor compreensão da apresentão clínica da
afecção e ao advento dos testes sorológicos cada vez mais sensíveis e
específicos. A identificação dos casos de DC era baseada na pesquisa dos
sintomas clássicos da doença e para a confirmação de uma suspeita clínica de
DC, usavam-se testes inespecíficos que estabeleciam apenas as alterações nas
funções da digestão e absorção do intestino proximal: teste de tolerância à
glicose, teste da D-xilose e dosagem da gordura fecal (Fasano e Catassi, 2001).
Em 1970, a Sociedade Européia de Gastroenterologia Pedtrica
Hepatologia e Nutrição (ESPGHAN) propuseram critérios para o diagstico da
57
DC em crianças, baseados em ts biópsias intestinais: a primeira mostrando a
mucosa do intestino delgado plana no momento do diagnóstico; a segunda, a
normalização da mucosa intestinal em vincia de dieta isenta de glúten e a
terceira mostrando a deterioração mucosa intestinal após um período de dieta
com glúten (Meeuwise, 1970).
Vinte anos após, a ESPGHAN revisou tais critérios e propôs que para
crianças maiores de dois anos, o diagstico da DC seria feito com apenas dois
critérios: uma biópsia intestinal mostrando alterações típicas da doença em
vigência de dieta com glúten e uma resposta clínica e sorológica favovel as
dieta sem gten (Walker-Smith et al, 1990).
Atualmente a biópsia intestinal permanece como o padrãoouro no
diagnóstico da DC e os testes sorológicos o considerados úteis para: a)
identificar quais indivíduos deveo ser submetidos à biópsia; b) apoiar o
diagnóstico daqueles que m biópsia característica; c) monitorar a resposta ao
tratamento. Os testes disponíveis incluem IgA e IgG anti-gliadina (IgA-AGA; IgG-
AGA), IgA anti-reticulina (IgA-ARA), IgA anti-endomísio (IgA-EMA) e anticorpos
IgA anti-transglutaminase (IgA-tTG). Uma série de estudos foi publicada com a
avaliação da especificidade e da sensibilidade desses testes tanto em adultos
quanto em crianças com a finalidade de determinar a prevancia da DC em
grupos populacionais (Hill, 2005) (Tabela 6).
58
Tabela 6: Variações da sensibilidade e especificidade dos testes sorológicos em adultos e crianças.
Teste Sensibilidade Especificidade
IgA-AGA 57-100% 47-94%
IgG-AGA 52-100% 71-100%
IgA-EMA 86-100% 90-100%
IgA-tTG 77-100% 91-100%
Fonte:Hill, 2005.
3.7.1. Anticorpos anti-reticulina (AAR):
Estes anticorpos podem ser tanto da classe IgA quanto IgG e são
detectados por imunofluoresncia indireta tendo como substrato o fígado e rim
de ratos. Foram descritos em 1971, mas por ter baixa sensibilidade para detectar
a DC não têm sido usados (Ciclitira et al, 2001).
3.7.2. Anticorpos antigliadina (AGA):
Os anticorpos antigliadina foram os primeiros marcadores sorogicos para
DC a serem largamente utilizados na prática clínica no início dos anos 80. Duas
classes são habitualmente medidas: IgA e IgG. Apesar de serem de fácil
execução e terem baixo custo, possuem sensibilidade e especificidade um pouco
baixas (Troncone e Fergusson, 1991). Observou-se que algumas condições como
esofagite, colite ulcerativa, fibrose cística, Síndrome de Down, gastrite, alergia a
proteína ao leite de vaca, doença de Crohn, também causam níveis elevados de
anticorpos AGA e podem levar a resultados falso-positivos (Hill et al ,2005).
59
Os anticorpos AGA têm valor em duas condições espeficas: nos
pacientes com imunodeficiência primária de IgA e em crianças menores de 2 anos
de idade. A deficiência seletiva de IgA ocorre em 1,7% a 2,6% dos portadores de
DC, uma associação com freqüência 10 a 16 vezes maior que na população geral
(Cataldo et al,1998). Desse modo, o valor dos testes sorológicos que utilizam
estes anticorpos ficam comprometidos e nesse caso, recomenda-se a dosagem
IgG-AGA. As crianças sintomáticas menores de dois anos apresentam baixa
positividade para os outros testes sorogicos (EMA e tTG) e por isso, foi
recomendado que se utilizasse a dosagem dos anticorpos IgA-AGA e IgG-AGA
(Burgin-Wolff et al, 1991). Por desaparecerem rapidamente após o início da dieta
sem gten o tamm utilizados para verificar a adesão à dieta ou a ingestão
inadvertida de glúten (Troncone e Fergusson, 1991).
3.7.3. Anticorpos anti-endomísio (EMA)
Nos anos 80, Chorzelski et al (1984) descreveram pela primeira vez a
presença de anticorpos antiendomísio em pacientes com DC e dermatite
herpetiforme. Esses anticorpos o dirigidos contra proteínas do tecido conjuntivo
de humanos e de primatas. Ao se utilizar o método de imunofluoresncia indireta
e o efago de macaco como substrato antinico, observa-se a presença do
EMA na mina como um rendilhado em favo de mel de coloração verde brilhante
(Figura 12). Por razões econômicas e éticas, sugeriu-se a substituição do esôfago
de primata pelo coro umbilical humano como substrato para o EMA, embora
neste caso, o modelo da imunofluorescência não sejaocil de interpretar
(Volta et al, 1995).
60
Apesar de ser um bom marcador para a DC, algumas desvantagens foram
apontadas: a disponibilidade limitada de substratos antinicos e a dependência
da habilidade do observador. Como o teste se baseia na pesquisa de uma
imunoglobulina da classe A, os resultados podem ser falsamente negativos nos
pacientes com deficiência de IgA. (Catassi et al, 2002).
Figura 12. : EMA positivo, com padrão fluorescente característico em favo de mel
ao longo da camada muscular do esôfago de macaco
Fonte: Laboratório de Pesquisa em Pediatria da Faculdade de Medicina da UNB
3.7.4. Anticorpos anti-transglutaminase (anti-tTG)
A transglutaminase tecidual (tTG) é uma enzima largamente distribuída no
organismo, cálcio dependente, e que catalisa a ligação cruzada da gliadina,
resultando na formão de complexos gliadina-gliadina ou gliadina-tTG, que agem
como neoepítopos antinicos. Tais epítopos poderiam desencadear um
mecanismo que levaria a quebra da tolencia oral dando início à doença auto-
imune (Molberg et al, 1998).
61
Em 1997, Dieterich et al identificaram que a transglutaminase (tTG) era o
principal auto-antígeno contra o endomísio desencadeando uma resposta humoral
com a produção de anticorpos da classe das imunoglobulinas A (IgA). A técnica
para a detecção do anti- tTG é o ensaio imuno-enzimático (ELISA) e identifica
anticorpos da classe IgA. Esta técnica permite o rastreamento populacional para
DC por ser simples, pida e econômica, am de eliminar o viés do observador
como acontece nas cnicas que usam imunofluorescência (Fasano e Catassi,
2001). A sensibilidade e especificidade do teste variaram de 77%-100% e 91%-
100% e a comparação entre os testes que usaram o anti-tTG de cobaia e os que
usaram o anti-tTG recombinante humano, mostraram que o último é mais sensível
e específico (Hill et al, 2005). Em 2003, na Finndia, Maki et al estudaram 3654
estudantes com idade de 7 a 16 anos e relataram que o anti-tTG foi tão confiável
e sensível na deteão da DC quanto o EMA. Um estudo recente de revio
sistetica mostrou que os testes EMA e anti-tTG recombinante humano são os
mais sensíveis e específicos para identificar os indivíduos que necessitam ser
submetidos à biópsia intestinal comprobatória (Hill et al, 2005). As modernizações
na técnica para medir o anti-tTG permitem a quantificação simulnea da IgA
rica na mesma técnica (Hill et al, 2004).
A busca pela agilidade no diagnóstico da DC tem levado os pesquisadores
a desenvolver testes realizados no pprio consultório médico como um primeiro
passo diagnóstico. Nemec et al (2006) avaliaram dois kits de testes comerciais
baseados respectivamente na detecção de anticorpos IgA e IgG-tTG
recombinante humano no soro (Stick CD1) e anticorpos IgA-tTG recombinante
humano em uma gota de sangue (Biocard
TM
). O primeiro apresentou uma
62
sensibilidade de 100% e especificidade de 94%; o segundo, uma sensibilidade de
96% e especificidade de 100%, o que levou os autores a indicarem estes testes
para que pacientes portadores de DC fossem identificados com rapidez, de forma
não dispendiosa e sem atraso no diagnóstico, especialmente naqueles com a
forma atípica da doea.
Apesar dos exames sorogicos serem muito sensíveis para detectar
pessoas com DC, alguns casos de soronegatividade podem ocorrer, mesmo em
presença de IgA rica normal. Segundo Green et al (2005), uma das explicações
para o fato seria a baixa expressão dos anticorpos em casos de leo leve da
mucosa intestinal.
3.7.5. Pesquisa de antígenos leucocirios humanos (HLA)
Sabe-se hoje que uma forte associação entre DC e os tipos específicos
de HLA da classe II, porque mais de 95% dos celíacos têm o haptipo DQ2 e 5%
restante, DQ8 (Sollid et al, 1989). Com a observação de que aproximadamente
30% da população tambémm o haplótipo DQ2 verificou-se que, apesar de
muito sensível, a tipagem do HLA poderia ser pouco específica para identificar
aqueles indivíduos que necessitariam da bpsia intestinal. Entretanto, a pesquisa
dos perfis específicos do HLA poderia ser indicada para excluir os casos
duvidosos e os indivíduos assintomáticos pertencentes a grupos de risco para DC
tais como os parentes em primeiro grau de celíacos, os portadores de diabetes
melitus tipo I, os pacientes com ndrome de Down, síndrome de Williams ou
ndrome de Turner (Hill et al, 2005). Podem ser indicados também para avaliar
os pacientes que estão em dieta sem glúten, mas que não tiveram um
63
diagnóstico prévio (Guandaline e Gupta, 2002). Um resultado negativo para HLA
DQ2/DQ8 significa pouca probabilidade para DC, não havendo necessidade de
submeter o paciente a testes sorogicos subseqüentes. (Hill et al, 2005)
3.7.6. Biópsia intestinal e histopatologia
A recomendação atual é a de que o diagnóstico seja confirmado por biópsia
intestinal em todos os casos. A avaliação histológica de uma amostra de biópsia
do intestino delgado é considerada o padrão-ouro para o diagnóstico da doença
ceaca. Os fragmentos podem ser retirados tanto por via endospica quanto
pelo mecanismo de sucção e guilhotina com a cápsula de Crosby-Kugler ou
Watson e ambos os procedimentos têm sido considerados seguros
(Hogberg et al, 2001). A via endoscópica permite tanto a retirada de rios
fragmentos da mucosa quanto a avaliação do seu aspecto, o que proporciona
uma menor chance de erro diagnóstico (Achkar et al, 1986). Os melhores locais
para a extração do fragmento são as poões distais do duodeno (segunda e
terceira porção). Esse cuidado evita a distoão da arquitetura e a interferência na
avaliação da relação vilosidade/cripta que são produzidas pelas gndulas de
Brunner ou por uma eventual duodenite (Dandalides et al, 1989).
Assim como a apresentação clínica, a leo histopatogica também
apresenta um espectro de severidade no qual as anormalidades discretas
constituem um grande número. As alterações histológicas mais severas são
encontradas nos segmentos proximais do intestino delgado e diminuem de
intensidade até as porções mais distais. Quando há atrofia vilositária, o
procedimento endoscópico pode revelar a ausência de pregas duodenais, vasos
64
venosos visíveis na submucosa e um padrão em mosaico entre as pregas
mucosas (Marsh, 2002). Tais alterações foram demonstradas em um estudo que
determinou a prevancia de DC em pacientes dispépticos submetidos à
endoscopia digestiva alta de rotina em um hospital geral de Brasília. A
prevancia de DC encontrada neste estudo foi de 1.4% (Lima et al, 2005)
(Figura 13)
Figura 13: A e B, imagens endoscópicas do duodeno de pacientes celíacos revelando irregularidade das pregas e
um aspecto em mosaico, caracterizado por sulcos na superfície mucosa.
Fonte: Cortesia do Dr. Vinícius Machado de Lima, Serviço de Endoscopia, Hospital Universitário de Brasília.
As alterações celulares características descritas na DC incluem: mero
aumentado de LIE (mais de 30 linfócitos por 100 entecitos), índice mitótico de
LIE maior do que 0,2 %, diminuição na altura das células epiteliais (substituão
do epilio colunar por cubóide), perda da polaridade nuclear com pseudo-
estratificação das células epiteliais, diminuição do mero das lulas
caliciformes e anormalidades na borda em escova. As alterações estruturais
65
observadas foram o alongamento das criptas, a atrofia das vilosidades (total ou
subtotal) e uma diminuição da relação vilosidade/cripta (Hill et al, 2005).
A classificação histológica inclui o sistema convencional e o proposto por
Marsh et al, em 1992. No sistema convencional a mucosa recebe a classificão
de normal, atrofia vilositária parcial leve, atrofia vilositária parcial moderada e
atrofia vilosiria subtotal e total. A magnitude da má absoão e dos sintomas
freentemente se correlacionam com a extensão da lesão da mucosa
(Figura 14).
Má absorção discreta
Sem atrofia vilositária
Leve hiperplasia de cripta
Aumento dos LIE
Má absorção moderada
Atrofia vilositária parcial
Moderada hiperplasia de cripta
Aumento dos LIE
Má absorção grave
Atrofia vilositária completa
Marcada hiperplasia de cripta
Aumento dos LIE
Figura 14. Espectro da absorção e dos sintomas na DC. A magnitude da absorção e dos sintomas nos
pacientes com DC freqüentemente se correlacionam com a extensão da lesão da mucosa intestinal como
descrito de I a IIIc, de acordo com o escore de Marsh para a lesão histológica.
Fonte: Rostom et al, 2006
Marsh classifica as lesões em cinco estágios conforme descrito na Tabela
7. Em 1999, Oberhuber et al, propuseram que o estágio 3 de Marsh poderia ser
66
subdividido em 3a, 3b e 3c: atrofia vilosiria parcial, atrofia vilositária subtotal e
atrofia vilositária total, respectivamente. Tal classificão, apesar de bem aceita,
pode levar a controvérsias na interpretação e grande variação inter-observadores
(Corazza et al, 1982).
Tabela 7: Classificação histológica de Marsh
Classe Denominação Descrição
Marsh 0 Pré-infiltrativa / mucosa normal Vilosidades e criptas sem alterações. LIE em quantidade normal
Marsh 1 Lesão infiltrativa Aumento dos LIE.
Arquitetura mucosa e superfície absortiva normal
Marsh 2 Lesão hiperplástica Aumento dos LIE e hiperplasia das criptas, com vilosidades
preservadas
Marsh 3 Lesão destrutiva Aumento dos LIE e hiperplasia das criptas e redução da altura
das vilosidades
Marsh 4 Lesão hipoplástica Atrofia vilositária total com hipoplasia das criptas
Fonte: Marsh, 1992
boa evincia científica para apoiar que biópsias com atrofia vilositária
(Marsh tipo 3) o características da DC. As alterações correspondentes ao
Marsh tipo 2 são sugestivas da doença sendo o diagstico fortalecido pelos
testes sorológicos positivos. A presença de lesões infiltrativas (Marsh tipo I) é
inespecífica na infância e mais uma vez, os testes sorológico (anti-tTG ou EMA)
aumentam a probabilidade individual para a doença (Hill et al, 2005). A lesão tipo
Marsh 4 descreve um tipo histológico mais raro que parece estar associado à DC
refratária ao tratamento e ao desenvolvimento da enteropatia associada ao
linfoma de lulas T (Cellier et al, 2000) (Figura 15).
67
Marsh I: enterite linfocítica
Linfocitose intraepitelial
Marsh II: Enterite linfocítica com hiperplasia de cripta
Marsh III A: Atrofia vilositária parcial
Marsh III B: Atrofia vilositária subtotal
Marsh III C Atrofia vilositária total:
Figura 15. Padrão histológico segundo a classificação de Marsh
Fonte: Green et al, 2005
Segundo Shidraw et al (1994) a maior cilada no diagnóstico da DC é a
interpretação exagerada da morfologia das vilosidades levando aos erros
relacionados ao achatamento da mucosa em biópsias mal orientadas. Por outro
lado, os achados histopatogicos podem ser mais leves que o esperado devido
ao uso de imunossupressores, ou pela redução da ingestão de gten, como
freentemente pode ser observado em membros da família de um paciente
ceaco (Green et al, 2005).
68
De grande importância para a DC é a demonstração de que as
anormalidades histopatológicas e sorológicas melhoram com a dieta sem gten e
que podem recorrer com a sua reintrodução. Assim, para aqueles pacientes que
relatam melhora dos sintomas clínicos e têm negativação dos marcadores
sorogicos após um ano de tratamento, uma nova biópsia não se faz necessária
(Dewar e Ciclitira, 2005). O teste sorogico inicial negativo não exclui totalmente
a possibilidade de que este indivíduo desenvolva a doença posteriormente,
principalmente se tiver o genótipo HLA DQ2 ou DQ8. Por esse motivo os
pacientes que fazem parte do chamado grupo de risco para DC, ou seja, os
parentes de celíacos, os portadores de tireoidite, de diabetes melitus, de
ndrome de Down, de síndrome de Williams e de síndrome de Turner, deverão
ser periodicamente reavaliados. Para os pacientes que apresentam anti-tTG
positivo, mas a avaliação histogica não mostra as alterações características da
DC, sugere-se a realização da determinação do genótipo HLA e a revio da
bpsia por patologistas experientes ou até mesmo a retirada de outros
fragmentos que descartariam a possibilidade de lees desconnuas da mucosa.
Caso o paciente o apresente o HLA DQ2 ou DQ8 positivo, a probabilidade de
ter doença celíaca torna-se muito pequena (Hill et al, 2005).
3.7.7. Anormalidades laboratoriais e de imagem
Por ser a DC uma enteropatia que leva a uma má absorção intestinal, uma
rie de anormalidades hematogicas e bioquímicas podem ser encontradas
(Tabela 8). Embora de muita relevância para avaliação e tratamento do paciente,
69
nenhum destes testes são suficientemente sensíveis ou específicos (Farrel e
Kelly, 2002).
Tabela 8: Anormalidades laboratoriais relacionadas à DC
Deficiência de folato
Deficiência de ferro
Hipovitaminose D
Distúrbios eletrolíticos
Hipertransaminasemia
Gordura fecal positiva
Teste da D-xilose anormal
Fonte: Farrel e Kelly, 2002
Os exames radiogicos contrastados comrio são desnecesrios na
maioria dos pacientes exceto na investigação das complicações como linfoma,
carcinoma, jejunoileíte ulcerativa ou estenoses (Rubesin et al, 1989). A tomografia
abdominal ou a ressonância magnética podem indicar a presença de alterações
ceacas por revelarem hipoesplenismo, ascite ou linfadenopatias, incluindo
cavitações em nglios mesenricos (Jones et al, 1984). O diagnóstico da
osteopenia e da osteoporose pode ser feito através do RX simples ou da
densitometria óssea (Scott et al, 2000).
3.8 Tratamento
O tratamento disponível atualmente para os celíacos é a dieta isenta de
glúten e requer do paciente a adesão para toda a vida que a DC não tratada
está associada a significante aumento na morbidade e mortalidade. A aderência
prolongada à dieta sem glúten pode reduzir tais riscos aos mesmos encontrados
na população geral, daí a necessidade de diagnosticar e tratar com rapidez. A
dieta sem gten tem implicações financeiras e no estilo de vida do celíaco. Por
70
isso, recomenda-se que a retirada do glúten da dieta seja iniciada somente após
o diagnóstico ser confirmado por bpsia intestinal. Do contrio, corre-se o risco
de o diagnóstico não ser confirmado naquele momento, mas após uma nova
exposição prolongada ao gten, uma vez que a dieta sem glúten pode normalizar
os testes sorogicos e restaurar a mucosa (Hill et al, 2005).
O glúten é um ingrediente muito comum na dieta humana e sua restrição
total torna-se um verdadeiro desafio. A adesão à dieta requer educação
continuada dos pacientes e familiares por médicos e nutricionistas, principalmente
porque o paciente deve retirar da sua alimentação não só o trigo, mas também o
centeio e a cevada. A toxicidade das aveias ainda não foi totalmente esclarecida.
Estudos prospectivos de cinco anos em pacientes celíacos adultos que ingeriam
aveia, não mostraram efeitos delerios desta sobre a mucosa intestinal
(Janatuinen et al, 2002). Um estudo randomizado e duplo-cego realizado em
crianças celíacas recém diagnosticadas mostrou que a presea de moderadas
quantidades de aveia na dieta sem glúten não impediu a normalização sorogica
e histológica. Tal observação levou os pesquisadores à conclusão de que a aveia
pode ser usada com seguraa (Hogberg et al, 2004). De modo geral, tanto a
aveia quanto as outras farinhas comercializadas podem sofrer contaminação com
glúten durante os processos de colheita, armazenamento e moagem. Assim
sendo, alguns autores recomendam a retirada da aveia da dieta pelo menos a a
remissão da doença (Farrel e Kelly, 2002).
Uma das maiores controvérsias no tratamento dos celíacos es
relacionada com a quantidade mínima de glúten que é permitida na dieta.
71
Existem evincias que demonstram que pequenas quantidades de gten
ingeridas regularmente podem levar a alteração na mucosa intestinal.
Medicações, suplementos vitamínicos e minerais assim como gomas de mascar e
amidos podem conter glúten como um ingrediente inativo
(Fasano e Catassi, 2001). As controrsias a respeito do que constitui uma dieta
livre de glúten são em parte o resultado da falta de acurácia das técnicas que
detectam o gten e na falta de evidências científicas lidas sobre o limite para o
consumo seguro do gten (Hill et al, 2005).
A qualidade de vida dos celíacos poderia melhorar se houvesse um
tratamento que permitisse o consumo de alguma quantidade de glúten por um
curto período de tempo, por exemplo, em uma viagem ou em um evento social ou
ainda, que promovesse a normalidade da função intestinal naqueles pacientes
que, apesar da dieta rigorosa, não tivessem uma completa recuperação (Sollid e
Khosla, 2005).
Pesquisas recentes têm ampliado a compreensão das bases moleculares
desta doença e apontam novas estragias para o tratamento. Uma delas é a
suplementação oral com enzimas que aceleram a degradação gastrointestinal da
prolina contida no glúten. As prolyl-endopeptidases (PEPs) expressas em
microorganismos são capazes de quebrar os peptídeos tóxicos tornando-os
disponíveis para a ação das enzimas da borda em escova e, assim, reduzir as
mínimas quantidades de peptídeos da gliadina que escapam do processamento
epitelial (Shan et al, 2002). As PEPs, administradas em fórmulas terapêuticas,
72
podem minimizar os efeitos xicos da ingeso de moderada quantidade de
glúten (Hausch et al, 2002).
A modificação genética do trigo com o desaparecimento dos peptídeos
imunonicos é uma estratégia complicada devido ao grande mero de epítopos
estimuladores da célula T e à complexidade genética do trigo. Uma das
alternativas parece ser o desenvolvimento de peptídeos análogos que interfiram
com a ligação ao HLA-DQ e com a ativação das lulas T, a fim de redirecionar a
resposta imune para a tolerância (Cerf-Bensussan et al, 2003).
A tolerância da mucosa é um fenômeno imunológico natural que ocorre
para prevenir as respostas inflamatórias nocivas às proteínas que fazem parte
dos alimentos (Maurano et al, 2001). As vias oral e nasal são efetivas em modular
as respostas do sistema imune, mas o maior obstáculo é o reconhecimento dos
antígenos patonicos. As tentativas para induzir tolerância oral têm sido
realizadas em outras doenças como, por exemplo, no diabetes tipo I com
tratamento com anticorpos anti CD-3 (Keymeulen et al, 2005).
A lesão da mucosa presente na DC é uma inria imunomediada e
desencadeada pela gliadina e este fato ensejou estudos para uma abordagem
imuno-moduladora através de vacinas, que poderiam induzir tolencia a este
antígeno. Maurano et al (2001) demonstraram que as frações purificadas da
gliadina, especificamente a alfa-gliadina, quando administradas via intra-nasal em
ratos, produziram uma diminuão da resposta proliferativa das lulas T e uma
diminuão da produção de interferon γ após o enfrentamento com glúten.
Recentemente, ratos transgênicos com genes HLA-DQ8 e em dieta sem glúten
73
foram imunizados intra-gastricamente com α-gliadina recombinante. Foram
identificados dois epítopos imuno-dominantes correspondendo aos peptídeos p13
e ao p23 (Senger et al, 2005). O mapeamento dos epítopos com propriedades
toleronicas representa um marcante passo para o tratamento da DC com
vacinas (van Heel e West, 2006).
Estragias complementares objetivam interferir na ativação das células T
reativas ao glúten, incluindo a inibão da atividade da transglutaminase e o
bloqueio da ligação dos peptídeos do glúten deaminados às moculas HLA DQ2
ou DQ8. Estudos em bpsia de pacientes celíacos mostraram que a capacidade
reativa das lulas T poderia ser bloqueada pela cistamina, um inibidor da tTG.
(Molberg et al, 2001).
Outros tratamentos são indicados em especial para os pacientes refrarios
ao tratamento dietético e incluem terapia com citocinas e inibidores das moléculas
de adesão, os quais interferem nas reações inflamatórias intestinais. O bloqueio
da IL-15 pode representar uma abordagem terapêutica atraente uma vez que esta
citocina regula a ativação e expano dos LIE, envolvidos diretamente na DC
refratária ao tratamento (Sollid e Khosla, 2005).
Quando as crianças sintoticas aderem à dieta sem glúten, observa-se a
melhora dos sintomas gastrointestinais, a retomada do crescimento e a
normalização dos pametros hematogicos e bioquímicos (Rea et al ,1996).
Cuidados terapêuticos adicionais poderão ser necessários aos pacientes
recém diagnosticados e com sintomas de absoão, tais como a
74
suplementação com lcio oral, ferro, vitamina D, K, A, C, E, tiamina, riboflavina,
niacina e piridoxina (Farrel e Kelly, 2002). Os pacientes poderão ser também
encaminhados aos grupos de apoio ao paciente celíaco que, am do apoio
emocional e psicogico, fornecerão informações sobre produtos sem glúten
disponíveis localmente (Hill et al, 2005).
Esforços da comunidade científica m sido feitos na tentativa de buscar as
melhores estragias terapêuticas que culminem em melhor qualidade de vida e
diminuão da morbi-mortalidade do paciente com doença celíaca
(Fasano e Catassi, 2001). Entretanto, até o momento, o único tratamento que
contempla os critérios de segurança e eficiência é a exclusão do glúten da
alimentação (Hill et al, 2005).
3.9 Prognóstico
Numerosos estudos retrospectivos e prospectivos (Howdle et al, 2003;
Catassi et al, 2002)
(b)
mostraram diferentes prognósticos para pacientes com
doença celíaca e relataram diferentes riscos elevados de malignidade e
mortalidade (Corrao et al, 2001; Schweizer et al, 2001). A doença celíaca está
associada com linfoma intestinal e outras formas de câncer, especialmente
adenocarcinoma do intestino delgado, da faringe e do efago (Howdle et al,
2003).
O termo “enteropatiaassociada ao linfoma das células T”, é largamente
usado para descrever uma forma rara de linfoma nãoHodgkin do intestino
delgado especificamente associado à doença celíaca e que pode ocorrer em
adultos, com pico na sexta década de vida. O fato de não ser encontrado em
75
crianças (Schweizer et al, 2001) pode indicar a necessidade de muitos anos de
lancia entre o início da doença celíaca e a ocorrência deste tipo de tumor
(Catassi et al, 2005)
(b).
O diagnóstico da doea ceaca precede o início dos
sintomas atribdos à malignidade e es associado a um pior progstico
(Howdle et al, 2003) . Estes pacientes apresentam inicialmente boa resposta à
dieta sem glúten e eno voltam a ter perda de peso, diarréia, dor abdominal,
linfadenopatia e febre, que sugerem início do linfoma. Na maioria dos pacientes a
manifestão pode ser insidiosa, mas pode ocorrer perfuração, obstrão e
sangramentos intestinais (Egan et al ,1995).
Pacientes que o são diagnosticados ou que o aderem à dieta
totalmente restrita em glúten estão propensos a desenvolver muitas complicações
como osteoporose, infertilidade e doenças auto-imunes (Fasano e Catassi, 2001).
De modo geral, a doença celíaca tem bom prognóstico e muitos estudos de
seguimento sugerem que a dieta sem glúten protege o indivíduo contra o
surgimento do câncer, especialmente se iniciada durante os primeiros anos de
vida (Catassi et al, 2005). Portanto, até o momento, é a prevenção, ou seja, a
dieta rigorosamente sem glúten, que pode evitar ou diminuir os riscos das
complicações (Holmes e Catassi, 2000).
76
OBJETIVOS
77
4. OBJETIVOS
4.1 Objetivo principal
Determinar a prevancia da DC em pacientes com diagnóstico prévio de
Síndrome de Turner, utilizando o anti-tTG humano como método de rastreamento
sorogico.
4.2 Objetivo secundário
Identificar os alelos HLA predisponentes das pacientes soropositivas.
78
PACIENTES E MÉTODOS
79
5. PACIENTES E MÉTODOS
Trata-se de um estudo epidemiogico descritivo, de prevalência de DC em
pacientes com ST. Foi realizado no período de dezembro de 2005 a dezembro de
2006, no serviço de Gastroenterologia Pediátrica do Hospital Universitário de
Brasília. A amostra foi obtida por conveniência segundo a demanda ambulatorial
da Unidade de Genética Clínica do Hospital Universitário de Brasília (HUB). As
pacientes tiveram o diagstico sindrômico previamente confirmado por exame
clínico e exame do cariótipo. No período de 1987 a 2006, um universo de cento e
setenta e cinco pacientes foi identificado na Unidade de Genética Clínica do HUB
e das pacientes que foram contactadas por carta ou por telefone, sessenta
pacientes atenderam ao convite para participar do estudo. Quatro pacientes foram
excluídas por o poderem comparecer para a realização dos exames. A amostra
foi eno constituída por 56 pacientes.
Todas as pacientes ou seus responsáveis receberam informações verbais e
escritas relativas aos objetivos da pesquisa e autorizaram sua participação no
estudo após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
(ANEXO I). De cada participante obteve-se uma única amostra de 2 mililitros de
sangue, através de punção de veia do antebraço, com uso de seringa descarvel
e esril em tubo de vidro previamente identificado. Após centrifugação, o soro
resultante foi mantido à -20°C até a alise no Laborario de Pesquisa em
Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UNB). O soro
em queso foi utilizado para determinação de dosagem de anticorpos anti-tTG e
dosagem dos anticorpos EMA.
80
O soro das pacientes foi submetido à pesquisa do anticorpo anti-tTG de
forma quantitativa pelo método de ELISA (QUANTA Lite TM tTG- ELISA-INOVA
Diagnostic, San Diego, CA, USA). Nesse teste, o antígeno transglutaminase é
aderido às paredes da placa de poliestireno utilizada para a realização do exame.
Os soros das pacientes previamente diluídos o adicionados, permitindo que
qualquer anticorpo anti-tTG, porventura presente, possa se aderir ao antígeno. A
seguir é adicionado um anticorpo anti-IgA humano, conjugado a cromógeno, o
qual se liga aos anticorpos que haviam se aderido às paredes da placa. A
atividade da enzima é medida por meio de aparelho leitor de ELISA e os
resultados foram tabulados utilizando-se o valor de corte fornecido pelo
fabricante. Os soros das pacientes que foram positivos à pesquisa do anticorpo
anti-tTG foram testados para anticorpos EMA. Para a realizão deste teste foi
utilizado o método de imunofluorescência indireta (INOVA Diagnostics, San
Diego, CA, USA) (Chorzelsky et al, 1984). Nesse teste foram utilizadas como
substrato antinico, seões criostáticas de 4 mm da porção distal do efago
do primata Cebus apella fixadas em minas. Após ser diluído em solução tampão
1:5, o soro das pacientes foi incubado no substrato antinico. Em seguida a
reação era detectada atras de emprego de um anticorpo antimunoglobulina
humana marcada com isoticianato de fluoreceína (FICT). As minas foram
examinadas em microspio de fluorescência (Zeiss) por dois observadores
independentes que utilizaram filtro verde em objetiva 250-400x. A reação era
considerada positiva caso houvesse a presença de um rendilhado verde brilhante,
em forma de “favo de mel” (Figura 12)
81
Das amostras de sangue total colhidas em tubo com anticoagulante, foi
extraído o DNA para realização da reação em cadeia da polimerase (polymerase
chain reaction) para amplificação dos alelos do HLA-DQ2 e DRβ1*04. A técnica
utilizada foi baseada no trabalho de Sacchetti et al (2001). Os primers usados
foram elaborados com base à seqüência conhecida dos ts loci:
DQα1*0501 foward: 5’AGCAGTTCTACGTGGACCTGGGG3’ e reverse: 5’GGTAGAGTTGGAGCGTTTAATCAGAC3';
DQβ1*0201 forward: 5’CGCGTGCGTCTTGTGAGCAGAAG3’ e reverse: 5’GGCGGCAGGCAGCCCCAGCA3’;
DRβ1*04 foward: 5’GGTTAAACATGAGTGTCATTTCTTAAAC3’ e reverse: 5’GTTGTGTCTGCAGTAGGTGTCCAC 3’.
Os controles positivos foram obtidos de amostras de DNA
comprovadamente positivas para os alelos em queso, advindas do laboratório
de transplantes do Hospital Regional da Asa Norte, Brasília HRAN. Os
pacientes com resultados duvidosos foram retestados com o uso de Kit EuDQ
(Eurospital), próprio para a detecção de alelos DQ2 e DQ8.
A bpsia intestinal comprobatória de duodeno ou jejuno foi indicada a
todas as pacientes com marcadores sorogicos positivos. Conforme protocolo
utilizado nos Serviços de Gastoenterologia do HUB, em criaas menores de ts
anos a bpsia foi peroral, utilizando-se o modelo pedtrico da psula de
Watson. Em maiores de ts anos e adultas, o procedimento foi por endoscopia
digestiva alta com aparelho Olympus GIF-100 (Olympus, UK). Uma vez extraído,
o fragmento foi enviado ao Centro de Anatomia Patogica do HUB, onde foi
processado de forma pado, utilizando hematoxilina-eosina como corante. O
material foi examinado por um único patologista experiente, que desconhecia o
resultado da avaliação clínica e endoscópica das pacientes. As biópsias foram
avaliadas segundo os critérios da classificão proposta por Marsh (1992).
82
Os prontrios das pacientes celíacas foram avaliados para a busca da
presença dos sintomas cssicos ou não clássicos da DC.
A prevalência foi calculada considerando-se o total de pacientes com
sorologia anti-tTG positivo, EMA positivo e bpsia comprobatória. Outros
pametros estatísticos (intervalo de confiança de 95%, média, mediana, moda e
desvio pado) foram calculados por formas convencionais, utilizando a planilha
eletrônica Microsoft Windows Excell 2003.
O estudo foi previamente avaliado e aprovado pelo comitê de ética em
pesquisa da Faculdade de Medicina (CEP/FM) da UNB (ANEXO II).
83
RESULTADOS
84
6. RESULTADOS
No presente estudo foram avaliadas 56 pacientes com ST. A idade das
pacientes variou de 10 meses à idade máxima de 52 anos (média: 5.5; DP: 4.4;
mediana: 6; moda: 11).
Foram realizadas as dosagens dos anticorpos anti-tTG em todas as
pacientes e nos casos positivos, foi realizada a pesquisa dos anticorpos EMA.
Das 56 pacientes estudadas, duas apresentaram positividade para anticorpos
anti-tTG e EMA (2/56). A determinação dos alelos HLA predisponentes revelou a
presença de DQ2+ em ambas as pacientes (Tabela 9).
Tabela 9: Anticorpo anti-endomísio (EMA), anticorpos anti-transglutaminase (anti-tTG), cariótipo, HLA e aspectos
histológicos em pacientes com Síndrome de Turner.
Pacientes Idade IgA -EMA Anti tTG*(U/ml) Cariótipo HLA Histologia
LFD 10 meses Positivo 41.86 45,X/46,XX DQ2+DRB4- Marsh II
LRR 7anos Positivo 86,38 45,X DQ2+DRB4- Marsh II
Valores de referência < 20U/ml = negativo; 20-30 = fracamente positivo; >30 = moderada a fortemente positivo
As assinatura de novo Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, as
duas pacientes que foram positivas para anti-tTG e EMA, submeteram-se à
bpsia intestinal, que mostrou alterações histológicas compatíveis com a
classificação Marsh II (Figura 16), demonstrando assim, total concordância com
as sorologias. Este estudo demonstrou que a prevalência encontrada de DC nas
pacientes com ST foi de 3. 6%, IC 95% (0,8%-6.4%).
85
O cariótipo de todas as pacientes do estudo mostrou a seguinte distribuão
apresentada na Tabela 10.
Tabela 10: Tipo e freqüência de cariótipos em 56 casos de síndrome de Turner.
Monossomia X Mosaico Aberrações estruturais Cromossomo
marcador
45,X 24 45,X/46,XX 6 45,X/46,X,r(X) 5 45,X/46,X,+mar 6
45,X/47,XXX 4 45,X/46,X,i(X)(q10) 4
45,X/46,XY 1 45,X/46,X,i(Y)(q10) 1
45,X/47XXX/46,XX 1 45,X/46,Xr(Y) 1
46,XX,del(X) 1
45,X/46,X,inv(X)(q13;q;27) 1
44,X,der(13;14)(q10;q10)/45,X,i(X)
(q10),der(13;14)(q10;q10)
1
Total 24 12 14 6
A revio do prontuário das pacientes confirmadamente celíacas mostrou
que paciente LRR, de sete anos, apresentava à época do diagnóstico alguns
sintomas cssicos da DC: diaria prolongada, flatulência, distensão abdominal,
dor abdominal recorrente, apatia e cansaço exagerado. A paciente LFD, 10
meses, apresentava à época do diagnóstico baixo peso, irritabilidade exagerada e
flatulência. A dosagem da IgA rica desta paciente foi normal. Ambas as
pacientes apresentavam baixa estatura.
86
A
B
C
D
Figura 16. Biópsia intestinal das pacientes LRR e LFD com doença celíaca compatível com a classificação de
Marsh II. Em A, observa-se vilosidade achatada revestida por enterócitos cilíndricos exibindo aumento de
celularidade na lâmina própria (100 X). Em B, observa-se vilosidade discretamente achatada, com relação
vilosidade/cripta 1:1 e aumento de LIE (100 X). Em C, as vilosidades estão alongadas, revestidas por epitélio
cilíndrico, com discreto aumento dos LIE (100 X) e em D, detalhe dos LIE (400 X) (coloração: hematoxicilina-
eosina).
Fonte: Laboratório de Anatomia Patológica do HUB
87
DISCUSSÃO
88
7. DISCUSSÃO
Os resultados deste estudo indicaram que as pacientes com ST têm
elevada prevancia de DC, corroborando os dados de outros países cujas
prevancias variaram entre 2.2% a 8.1% (Bonamico et al, 1998; Ivarsson et al,
1999; Gillet et al, 1999; Schweizer et al, 2000; Rujner et al, 2001; Bonamico et al,
2002; Sagodi et al, 2006). Estas diferenças se relacionam possivelmente tanto ao
número de pacientes estudados quanto às diferentes prevalências da DC nas
rias populões (Bonamico et al, 2002 ).
A prevalência da DC nas pacientes com ST (1:28) excedeu em muito a
prevancia da DC encontrada na população da mesma região. O estudo de
Pratesi et al (2003) avaliou 4405 pacientes externos de um hospital geral que
compareceram ao laborario de alises cnicas para a realizão de exames. A
prevancia total encontrada foi de 1:275, sendo que a prevalência em crianças
menores de quinze anos foi 2.6 vezes maior que nos adultos, compreendendo
taxas de 1:184 e 1:474 respectivamente. Tal pesquisa é comparável a este estudo
por incluir pacientes do sexo feminino, criaas e adultos e ter sido realizado no
mesmo hospital geral. Assim sendo, a prevalência encontrada neste estudo foi
aproximadamente 10 vezes maior que a identificada naquele grupo.
Considerando que a prevalência da DC na populão geral varia entre 1:100 a
1:300 em países europeus e norte-americanos (Fasano et al, 2003; Maki et al,
2003; Tommasini et al, 2004; Bingley et al, 2004), os resultados deste estudo
reforçam a proposição mundial de que pacientes com ST o um grupo de risco
para a intolencia ao glúten.
89
O rastreamento para DC nas pacientes com ST foi baseado na
determinação de anticorpos associados à DC e seguido da bpsia intestinal nas
pacientes que tiveram as sorologias positivas, conforme orientação dos critérios
revisados da ESPGHAN (Walter-Smith et al, 1990). A elevada sensibilidade do
EMA e do anti-tTG (Bürgin-Wolff et al, 1991; Chan et al, 2001) emerge também no
presente estudo, com correspondência de 100% entre elas. Ambos os testes são
considerados os mais sensíveis e específicos na identificão de pacientes que
necessitarão fazer a bpsia intestinal para a confirmação da doença ou mesmo
para o controle da adesão à dieta (Volta et al, 1995; Hill, 2005). Por se tratarem
de todos muito confiáveis e não invasivos têm sido indicados no rastreamento
de casos novos, especialmente entre as populações de risco como as pacientes
com ST, com a ressalva de apresentarem maior índice de resultados falso-
negativos em menores de três anos (rgin-Wolff et al, 1991; Hill et al, 2005). Na
atualidade, é indiscuvel o papel da biópsia intestinal na confirmação da DC,
posto que tão somente o diagnóstico clínico pode ser errôneo em mais que 50%
dos casos (Paerregaard et al, 1988) e os testes sorogicos ainda não o
considerados pela maioria dos autores, como elementos de diagnóstico definitivo
da DC (Hill et al, 2002).
As duas pacientes com DC deste estudo tiveram o alelo DQ2+. Atualmente,
há uma forte evidência da associação majoritária da DC com os alelos DQ2 e em
menor grau, com os DQ8 (Louka e Sollid, 2003). A presença desses alelos nas
pacientes confere alta sensibilidade para a doença, porém, baixa especificidade.
Esse fato indica que possuir esses alelos não é condição absoluta para
desenvolver a intolencia ao glúten já que aproximadamente 30% da população
90
geral sauvel tamm o possui (Sollid et al, 1989). Entretanto, não ser possuidor
dos alelos DQ2/DQ8 indica baixa probabilidade para a DC observando-se,
portanto, um baixo valor preditivo positivo e um valor preditivo negativo muito alto.
A susceptibilidade getica para desenvolver a DC ficou evidente a partir da
elevada prevalência (10%) entre parentes de primeiro grau (Bevan et al, 1999) e
da alta taxa de concordância em meos monoziticos (75%) (Greco et al,
2002). Um estudo europeu avaliou 48 mulheres com ST e 14 delas foram
associadas com o heterodímero HLA-DQ2 e destas, apenas 2 tinham DC.
Contudo, a freqüência deste heterodímero não foi maior que o encontrado na
população geral local (Rujner et al, 2001). Assim, alguns autores sugerem que
o desnecessárias novas avaliações sorogicas para pesquisa de anticorpos
para DC em pacientes que não possuam os antígenos HLA-DQ2 ou DQ8 (Hill et
al, 2005).
As doenças autoimunes são muito mais freentes em celíacos que na
população geral. Ventura et al (1999) encontraram maior prevancia de doenças
auto-imunes em celíacos que nos controles (14% vs 2.8%) e foram os primeiros a
relacionar este achado com a duração da exposição ao gten (5.1% em < 2 anos
vs 23.6% em > 10 anos). Outros autores não encontraram a relação da duração
da exposição ao glúten com o desenvolvimento das doeas auto-imunes
(Sategna-Guidetti et al, 2001; Viljamaa et al, 2005).
A auto-imunidade é uma condição na qual o organismo desenvolve uma
resposta imune contra constituintes pprios (Serrano et al, 2006). A tentativa de
se compreender como surgem as doenças auto-imunes e porque elas se
91
associam, reportam os pesquisadores ao estudo do genoma humano. A
contribuição do mapeamento genético foi apontar para a possibilidade de que
exista compartilhamento de genes de auto-imunidade entre as diversas doeas
auto-imunes (Encinas e Kuchroo, 2000).
A maioria das doenças auto-imunes o multigênicas, com rios genes de
susceptibilidade trabalhando em conjunto na produção de um fetipo anormal. A
susceptibilidade para doenças auto-imunes, entre elas a DC, a artrite reumaide,
a esclerose múltipla e o diabetes tipo 1, está associada com alelos dos genes
HLA-DQ/DR, mostrando uma forte evincia do papel da classe II do CPH na
apresentação de antígenos nessas afecções (Wucherpfenning e Strominger,
1995; Hammer et al, 1995; Lee et al, 2001; Sollid et al, 1989; Martin et al, 1994).
Tal associação é devida aos aminoácidos polimórficos destas moléculas, que
estão localizados no sítio de ligação dos peptídeos antinicos e que definem a
afinidade da ligação destes peptídeos. As modificões estruturais nos peptídeos
podem afetar tanto a sua ligação às moculas do CPH quanto o seu
reconhecimento pelos clones específicos de lulas T. No caso da doença
ceaca, é a deamidação dos resíduos da glutamina em ácido glumico, feita pela
transglutaminase, que favorece sobremaneira esse processo (Molberg et al,
1998). Outros três genes não pertencentes ao HLA foram associados às doenças
auto-imunes: CTLA-4 (cytotoxic T lymphocyte antigen-4), LYP (lymphoid tyrosine
phosfatase) e TNF (tumor necrosis factor) (Naluai et al, 2000; Criswell et al, 2005;
Correa et al, 2005).
92
Estudos demonstraram que entre as pacientes com ST há uma elevada
prevancia de auto-anticorpos. (Larizza et al, 1999). Do mesmo modo que na DC,
observou-se uma forte associação com doenças auto-imunes tais como tireoidite,
diabetes melitus, colangite, doença inflamatória intestinal e doença de Crohn
(Radetti et al, 1995; Elsheikh et al, 2001; Gluck et al, 1992; Larizza et al, 1994;
Lacaille et al, 1995; Gravholt et al,1998; Manzione et al, 1988; Durusu et al, 2005;
Sigurs et al, 1993; Ventura et al, 1999; Toscano et al, 2000).
A análise pvia do cariótipo das pacientes celíacas deste estudo mostrou
que uma delas tinha monossomia do cromossomo X (45,X) e a outra, mosaicismo
(45,X/46,XX). Em nossa rie tivemos cinco pacientes com isocromossomo de
braço longo do X, porém nenhuma destas pacientes apresentou anticorpos para
DC até o presente momento. A associação de doenças auto-imunes umas com as
outras e a relação entre anormalidades cromossômicas (nuricas, estruturais ou
mosaicismos) e desordens imunogicas aumenta a possibilidade de uma relação
causal entre essas entidades. A busca por uma explicação para esta associação
tem levado os pesquisadores a analisar a influência do cariótipo na auto-
imunidade da ST, mas os resultados ainda são conflitantes. Larizza et al (1999)
encontraram mais de 50% de cromossomo X monosmico entre as pacientes
estudadas (57/95) sendo o restante mosaicismo e/ou anormalidades estruturais
(38/95). Alguns estudos encontraram uma associação do isocromossomo X com
tireoidite auto-imune, com doença inflamatória intestinal e doença de Crohn
(Price, 1979; Ivarsson et al, 1995; Elsheikh et al, 2001; Durusu et al, 2005), mas
isso o foi confirmado em outras séries (Chiovato et al, 1996; Ahlmann e
Bmswig, 2002). Recentemente, Bettendorf et al (2006) encontraram anticorpos
93
anti-tireoideanos e anti-transglutaminase em pacientes com ST, mas não
observaram relação com um cartipo específico.
O isocromossomo Xq é a anormalidade estrutural mais comum associada a
ST e resulta da deleção do braço curto de um dos cromossomos X e duplicação
do braço longo do mesmo cromossomo. Apesar da patogênese do
isocromossomo Xq o ser conhecida, parece que um gene no seu braço longo
pode desempenhar um importante papel no desenvolvimento das doenças auto-
imunes (Elsheikh et al, 2001). Uma das explicações é que proteínas sintetizadas
pela linhagem celular em mosaico sejam reconhecidas como novos antígenos
desencadeando, então, a resposta auto-imune (Durusu et al, 2005). À luz dos
conhecimentos atuais, o cromossomo X participa em diferentes vias envolvidas na
resposta imune: as mutações, que podem afetar tanto as células B quanto as
lulas T; a inativão, que silencia aleatóriamente 70% dos genes codificados
pelo cromossomo X inativado; as alterações numéricas, sejam herdadas ou
adquiridas. Tais mecanismos oferecem hipóteses para explicar a relação entre
genética e auto-imunidade (Molina et al, 2007).
Apesar de o ser objeto desta pesquisa, a revisão de prontrio mostrou
que ambas as pacientes apresentavam alguns sintomas clássicos da DC. A
proporção de pacientes com sintomas típicos (100%) foi semelhante ao
encontrado por alguns autores (Bonamico et al, 2002) cuja propoão de forma
sintomática e assintotica foi de 2.7:1 e, assim como neste estudo, observou-se
o inverso em comparão com a população geral, cuja proporção é de 1:8
(Catassi et al, 1996). Tal modelo de apresentação clínica foi também observado
94
em pacientes celíacos com Síndrome de Down (Bonamico et al, 2001). Para
explicar este fato, uma vez que por um longo período de tempo a enteropatia
pode existir sem sintomas, os autores sugeriram a hipótese de que nestes
pacientes houvesse mecanismos compensatórios menos eficientes.
Uma das pacientes identificadas neste estudo tinha apenas 10 meses de
idade. A DC não se manifesta com testes sorogicos positivos, antes da
introdução do glúten na dieta, sendo considerada infreente antes dos 2 anos
(Castano et al, 2004). A revisão do prontuário desta paciente revelou que a
introdução de alimentos com glúten se deu aos 6 meses de idade e
provavelmente este fator ambiental, associado ao genético e ao fato de pertencer
ao grupo de risco, provocaram a manifestação da DC em idade o precoce.
Ambas as pacientes deste estudo tinham estatura abaixo do percentil 3
para a idade. A baixa estatura pode ser uma manifestação primária da DC
monossintomática (Cacciari et al, 1983; Bonamico et al, 1992) podendo ocorrer
em 98%das mulheres com ST (Elsheikh et al, 2002). Na DC observa-se
diminuão no conteúdo mineral ósseo em adultos (Bode et al, 1991 ; Meyer et al,
2001) e criaas (Mora et al, 2001). Os mecanismos pelos quais a massa óssea é
perdida parecem estar relacionados com a má absorção do lcio e conseqüente
hiperparatireoidismo secundário (Selby et al, 1999). Estudos são concordantes
que a grande maioria da massa óssea é conseguida ao final da adolescência (Lu
et al, 1994), porém, segundo Kavak et al (2003) a corrão da perda da massa
óssea e a prevenção de danos adicionais é mais efetiva se iniciada na infância.
95
Na ST, a baixa estatura foi atribuída à haploinsuficiência do gene SHOX
(short stature homebox containig gene), localizado na região pseudo-autossômica
do braço curto do cromossomo X (Xp22.3) e do cromossomo Y(Yp11.3)
(Rao et al, 1997). Pesquisas recentes demonstraram que a haploinsuficncia dos
genes SHOX está associada à etiopatogenia das alterações esqueticas
descritas na ST, como pálato ogival, quarto metacarpo curto, cúbito valgo e a
deformidade de Madelung (Ogata, 2002). Contribuindo para a baixa estatura, o
conteúdo mineral ósseo também se encontra diminuído (Gravholt et al, 2002). O
tratamento com hormônio do crescimento (GH) foi proposto em rios protocolos
(Pasquino et al, 1996; Rosenfeld et al, 1998, Van Pareren et al, 2003), porém o
resultado na estatura final pode sofrer variações devendo ser considerado
principalmente a idade do seu início e a otimizão da dose (Sas et al, 1999).
No início dos anos 90, sugeriu-se que na ST a presença da DC poderia
levar a uma falha de resposta ao hormônio de crescimento, com manutenção da
baixa estatura sem que a altura final fosse alcaada (Passeri et al, 1993;
Caruso-Nicoletti et al, 1994). Em 2006, Bettendorf et al avaliaram pacientes com
ST para a presença de anticorpo antitireoideano e anti-tTG e o impacto do
fenômeno auto-imune na estatura as o tratamento com GH. Observaram que
no grupo que não desenvolveu auto-anticorpos o crescimento e o ganho na
estatura final, foram significativamente maiores. Assim como preconizado
anteriormente por Bonamico et al (2002), esses autores concluíram que os
exames de rastreamento para alterações auto-imunes deveriam ser realizados
rotineiramente, como parte da avaliação médica de toda paciente com ST, e que
a fim de assegurar a detecção precoce e o tratamento apropriado.
96
Do ponto de vista citogenético, as crianças que apresentam mosaicismo
celular com baixa contagem da linhagem 45,X e/ou anomalias estruturais dos
cromossomos sexuais, podem ser diagnosticadas simplesmente como baixa
estatura e também ter pouca expressão fenotípica, não exibindo os sinais
clássicos da ST (Lyon et al, 1985). Tal apresentação cnica leva a atraso no
diagnóstico da ST com muitas pacientes sendo diagnosticadas apenas na
adolescência ou na vida adulta (Stocholm et al, 2006). Na DC, pelo fato da
maioria dos pacientes serem assintomáticos ou terem sintomas atípicos, o o
diagnosticados ou o diagnosticados com muito atraso (Lankisch et al, 1996).
Assim, associação de ambas as doeas e o seu não reconhecimento pode levar
a rias conseqüências como atraso no diagstico da baixa estatura,
comprometimento da massa óssea, falha de resposta ao tratamento instituído,
am do não reconhecimento da presença de doenças auto-imunes e neopsicas
associadas (Bonamico et al, 2002; Mulder e Bartelsman, 2005).
Uma limitação do estudo foi o fato de que a amostra poderia ter sido
enviezada por aquelas pacientes que eventualmente tivessem queixas digestivas
e por isso maior interesse em participar do estudo. Nesse caso a prevalência
encontrada poderia estar superestimada.
A DC parece preencher todos os critérios para as investigações
populacionais e é uma condão potencialmente ria e que produz significante
morbidade. o é mais possível para a DC e ST serem vistas como afecções
pertinentes a uma ou duas especialidades médicas. Cada vez mais devem ser
avaliadas sob a óptica da multi-disciplinaridade.
97
A contribuição apresentada por este estudo foi mostrar que a elevada
prevancia de DC em pacientes com ST vista em outros países tamm se
confirmou no Brasil. Ter consciência de que as pacientes com ST m maior risco
para desenvolver a DC, implica em que a pesquisa da DC deve ser
imprescindívelmente incluída na avaliação de rotina de todas as pacientes com
ST.
98
CONCLUSÕES
99
8. CONCLUSÕES
A prevancia de doença celíaca entre pacientes com síndrome de Turner
acompanhadas no HUB foi de 1:28 ou 3.6%. Esta prevalência é similar a
encontrada em estudos internacionais prévios e reforça que a presença da ST é
fator de risco para a DC.
As duas pacientes que tiveram o diagnóstico confirmado de doença celíaca
apresentaram os alelos HLA-DQ2 predisponentes, confirmando a associação
desses alelos com a susceptibilidade da doença.
100
REFENCIAS
101
REFERÊNCIAS
Achkar E, Carey WD, Petras R, Sivak MV, Revta R. Comparison of suction capsule
and endoscopic biopsy of small bowel mucosa. Gastrointest Endosc 1986:32:278-81.
Ahlmann M, Brämswig JH. Thyroid autoimmunity in 111 children with Turner’s
syndrome: association with karyotype, age at diagnosis and course of disease. Horm
Res 2002; 58(Supp 2):166-7.
Aine L, Maki M, Collin P, Keyrilainen O. Dental enamel defects in celiac disease.
J Oral Pathol Med 1990;19:241-5.
Al-Bayatti SM. Etiology of chronic diarrhea. Saudi Med J 2002; 23:675-9.
Altuntas B, Kansu A, Ensari A, Girgin N. Celiac disease in Turkish short-stature
children and the value of antigliadina antibody in diagnosis. Acta Paediatr Jpn
1998;40:457-60.
Antunes H. First study on the prevalence of celiac disease in a Portuguese
population. Pediatr Gastroenterol Nutr 2002;34:240.
Arentz-Hansen H, Fleckenstein B, Molberg O, Scott H, Koning F Jung G, Lundin KE,
Sollid LM. The molecular basis for oat intolerance in patients with celiac disease.
PloS Med 2004; 1:84-92.
Arentz-Hansen H, Korner R, Molberg O, Quarsten H, Vader W, Kooy YM et al. The
intestinal T cell response to alpha-gliadin in adult celiac disease is focused on a
single deamided glutamine targeted by tissue transglutaminase. J Exp Med 2000;
191:603-12.
Arslan D, Kuyuku T, Kendirei M, Kurtuglu S. Celiac disease and Turner’s syndrome:
Patient Report. J Pediatr Endocrinol Metab 2000;13: 1629–31.
Auricchio S, Troncone R. History of coeliac disease. Eur J Pediatr
1996;155:427-8.
Balestrazzi P, Ferruccioli GF, Ambanelli U, Giovanelli G .Juvenile rheumatoid arthritis
in Turner Syndrome. Clin Exp Rheumatol.1986; 4:61-2
102
Baptista ML. Doença celíaca: uma visão contemporânea. Pediatria (São Paulo)
2006; 28: 262-71.
Berge-Henegouwen GP, Mulder CJ. Pionner in the gluten free diet: Willem- Karel
Dicke 1905-1962, over 50 years of gluten free diet. Gut1993; 34:1473-5.
Bettendorf M, Doerr HG, Hauffa BP, Lindberg A, Mehls O, Partsch CJ et al.
Prevalence of autoantibodies associated with thyroid and celiac disease in Ullrich-
Turner syndrome in relation to adult heigt after growth hormone treatment. J Pediatric
Endocrinol 2006;19:149-54.
Bevan S, Popat S, Braegger CP, Busch A, O'Donoghue D, Falth-Magnusson K, et al.
Contribution of the MHC region to the familial risk of coeliac disease. J Med Genet.
1999;36:687-90.
Bingley PJ, Williams AJ, Norcross AJ, Unsworth DJ, Lock RJ, Ness Ar, et al.
Undiagnosed coeliac disease at age seven: population based prospective birth cohort
study. BJM 2004; 328:322-3.
Bode S, Gudmand-Hoyer E. Incidence and prevalence of adult celiac disease within a
defined geographic area in Denmark. Scand J Gastroenterol 1996; 31(7):694-9.
Bodmer JG, Marsh SGE, Albert ED, Bodmer WF, Bontrop RE, Dupont B et al.
Nomenclature for factors of the HLA system, 1998. Tissue Antigens
1999;53:407-46.
Bonamico M, Bottaro G, Pasquino AM, Caruso-Nicoletti M, Mariani P, Gemme G,
Paradiso E, Ragusa MC, Spina M. Celiac disease and Turner syndrome. J Pediatr
Gastroenterol Nutr 1998; 26:496–9.
Bonamico M, Mariani P, Danesi HM, Crisogianni M, Failla P, Gemme G, et al. SIGEP,
Medical Genetic Group Prevalence and clinical picture of celiac disease in Italian
Down syndrome patients: a multicentre study. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2001
33:139–4316.
Bonamico M, Scirè G, Mariani P, Pasquino AM, Triglione P, Scaccia S, et al. Short
stature as the primary manifestation of monosynptomatic celiac disease. J Pediatr
Gastroenterol Nutr 1992;14:12-6.
103
Bonamico M.; Pasquino AM, Mariani P, Danesi H, Culasso F, Mazzanti L et al. Italian
Society of Pediatric Gastroenterology Hepatology (SIGEP); Italian Study Group for
Turner Syndrome (ISGTS). Prevalence and clinical picture of celiac disease in Turner
syndrome. J Clin Endocrinol Metab 2002;87:5495-8.
Bondy CA. Care of girls and women with Turner Syndrome: A Guideline of the Turner
Syndrome Study Group. J Clin Endocrinol Metab 2007;92:10-25.
Book L, Zone JJ, Neuhausen SL. Prevalence of celiac disease among relatives of sib
pairs with celiac disease in U.S families. AM J Gastroenterol 2003;98:377-81.
Burgin-Wolff A, Gaze H, Hadziselimovic F, Huber H, Lentze Mj, Nussle D, Reymond-
Berthet C. Antigliadin and antiendomysium antibody determination for coeliac
disease. Arch Dis Child. 1991:66:941-7.
Cacciari E, Salardi S, Lazzari R, Cicognani A, Coliina A, Pirazzoli P et al. Short
stature and celiac disease: a relationship to consider even in patients with no
gastrointestinal synptoms. J Pediatr 1983;103:708-11.
Calvet JF, Tomás M, Galmes J, Prieto F. Diarrea crónica com déficit de IgA asociada
a síndrome de Turner. An Esp Pediatr 1982; 16:459-63.
Carlsson AK, Axelsson IE, Borulf SK, Bredberg AC, Ivarsson SA. Serological
screening for celiac disease in healthy 2.5-year old children in Sweden.
Pediatrics 2001:107: 42-5.
Carroccio A, Iannitto E, Cavataio F, Montalto G, Tumminello M, Campagna P et al.
Sideropenic anemia and celiac disease: one study, two point of view.
Dig Dis Sci 1998;43;673-8.
Caruso-Nicoletti M, Ragusa MC, Mancuso M et al. Coeliac disease in Turner
syndrome: immunological characterization. Horm Res 1994;41:86.
Castano L, Blarduni E, Ortiz L, Nunez J, Bilbao JR, Rica I et al. Prospective
population screening for celiac disease: high prevalence in the first 3 years of life. J
Pediatr Gastroenterol Nutr 2004; 39:80-4.
Castro M, Crinò A, Papadatou B, Purpura M, Giannoti A, Ferretti F, et al. Down’s
syndrome and celiac disease: the prevalence of high IgA-antigliadin antibodies and
104
HLA-DR and DQ antigens in trisomy 21. J Pediatr Gastroenterol Nutr
1993; 16: 265-8.
Cataldo F, Marino V, Ventura A, Bottaro G, Corazza GR. Prevalence and clinical
features of selective immunoglobulin A deficiency in coeliac disease: an Italian
multicentre study. Gut 1998:42:362-5.
Catassi C, Bearzi I, Holmes GK. Association of celiac disease and intestinal
lymphomas and other cancers. Gastroenterology 2005. 128:S79-86.(b)
Catassi C, Doloretta Macis M, Rätsch IM, De Virgilis S, Cucca F. The distribution of
DQ genes in the Saharawi population provides only a partial explanation for the high
celiac disease prevalence. Tissue Antigens 2001;58:402-5
Catassi C, Fabiani E, Corrao G, Barbato M, De Renzo A, Carella AM et al. Risk of
non-Hodgkin lymphoma in celiac disease. JAMA 2002;287:1413-9.(b)
Catassi C, Fabiani E, Ratsch IM, Coppa GV, Giorgi PL, Pierdomenico R, et al. The
coeliac iceberg in Italy. A multicentre antigliadin antibodies screening for coeliac
disease in school-age subjects. Acta Paediatr Suppl 1996: 412:29-35.
Catassi C, Fornaroli F, Fasano A. Celiac disease: from basic immunology to bedside
practice. Clin Applied Immunol Rev 2002;3:61-71.(a)
Catassi C, Ratcsh IM, Fabiani E, Rossini M, Bordicchia F, Candela F et al. Coeliac
disease in the year 2000: exploring the iceberg. Lancet 1994;343:200-3.
Catassi C, Ratsch IM, Fabiani E, Rossini M, Bordicchia F, Candela F et al. Coeliac
disease in the year 2000: exploring the iceberg. Lancet 1994;343:200-3.
Catassi C, Ratsch IM, Gandolfi L, Pratesi R, Fabiani E, El Asmar R et al. Why is
coelic disease endemic in the people of Sahara? Lancet 1999;354:647-8.(a)
Catassi C. Where is celiac coming from and why? J Pediatr Gastroenterol Nut
2005;40:279-82.( a)
Cellier C, Delabesse E, Helmer C, Patey N, \matuchausky C, Jabri B et al. Refractory
sprue, coeliac disease, and enteropathy-associated T-cell lymphoma. French Coeliac
Disease Study Group. Lancet 2000; 356,203-8.
105
Cerf-Bensussan N, Cellier C, Heyman M, Brousse N, Schimitz J. Coeliac disease: an
update on facts and questions based on 10th International Symposium on Coeliac
Disease. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2003;37:412-21.
Chan A-W, Butzner JD, McKenna R, Fritzler MJ. Tissue transglutaminase enzyme-
linked immunosorbent assay as a screening test for celiac disease in pediatrics
patients. Pediatrics 2001;107:E8.
Chin RL, Sander HW, Brannagan TH, Green PH, Hays AP, Aleadini A et al. Celiac
neuropathy. Neurology 2003;60:1581-5.
Chiovato L, Larizza D, Bendinelli G, Tonacchera M, Marino M, Mammoli C, et al.
Autoimmune hypothyroidism and hyperthyroidism in patients with Turner’s syndrome.
European Journal of Endocrinology 1996;134:568-75.
Chorzelski TP, Beutner EH, Sulej J, Tchorzewska H, Jablonda S, Kurmar V,
Kapuscinska A. IgA anti-endomysium antibody. A new immunological marker of
dermatitis herpetiformis and coeliac disease. Br J Dermatol 1984; 111:395-402.
Ciacci C, Cirillo M, Auriemma G, Di Dato G, Sabbatini F, Mazzacca G. Celiac disease
and pregnancy outcome. Am J Gastroenterol 1996;91:718-22.
Ciccocioppo R, Di Sabatino A, Corazza GR. The immune recognition of gluten in
coeliac disease. Clin Exp Immunol 2005;140:408-16.
Ciclitira PJ, King Dewar DH AL, Fraser JS. AGA Technical Review on Celiac Sprue.
American Gastroenterological Association. Gastroenterogy 2001; 120:1526-40.
Clemente M, De Virgilis S, Kang JS, Macatagney R, Musu MP, Di Pierro MR et al.
Early effects of gliadin on enterocyte intracellular signalling involved in intestinal
barrier function. Gut 2003;52:218-23.
Collin P, Reunala M, Rasmussen M, Kyronpalo S, Penkonen E, Laippala P et al. High
incidence and prevalence of adult coeliac disease. Augmented diagnostic approach.
Scand J Gastroenterol 1997; 32:1129-33.
Collin P, Vilska S, Heinonen PK, Hallstrom O, Pikkarainen P. Infertility and coeliac
disease. Gut 1996; 39:382-4.
106
Corazza GR, Andreani Ml, Biagi F, Corrao G, Pretolani S, Giulianelli G, et al. The
smaller size of the “coeliac icberg” in adults. Scand J Gastroenterol 1997; 32:917-9.
Corazza GR, Bonvicini F, Franzzoni M, Gatto M, Gasbarrinni G,et al. Observer
variation in assessment of jejunal biopsy specimens. A comparasion between
subjective criteria and morphpmetric measurement. Gastroenterology
1982;83:1217-22.
Corrao G, Corazza GR, Bagnardi V. Mortality in patients with coeliac disease and
their relatives: a cohort study. Lancet 2001;358:356-61.
Correa PA, Gomez LM, Cadena J, Anaya JM. Autoimmunity and tuberculosis.
Opposite association with TNF polymorphism. J Reumatol 2005;32:219-24.
Criswell LA, Pfeiffer KA, Gonzales B, Lum RF, Novitzke J, Kern M, et al. Analisys of
families in the multiple autoimmune disease genetics consortium (MADGC) collection:
the PTPN22 allele associates with multiple autoimmune phenotypes. Am J Hum
Genet 2005;76:561-71.
Crosby WH, Kugler HW. Intraluminal biopsy of the small intestine. American Journal
of Digestive Disease 1957;2:236-41.
D’Amico MA, Holmes J, Stavropoulos SN, Frederick M, Levy J, DeFelice AR, et al.
Presentation of pediatric celiac disease in United States: proeminent effect of
breastfeeding. Clin Pediatr 2005; 44:249-58.
Dandalides SM, Carey WD, Petras R, Achkar E. Endoscopic small bowell mucosal
biopsy: a controlled trial evaluating forceps size and biopsy location in the diagnosis
of normal and abnormal mucosal architecture. Gastrointest Endosc
1989; 35:197-200.
de Ritis G, Auricchio S, Jones HW, Lew EJ, Bernardin JE, Kasarda DD. In vitro
(organ culture) studies of the toxicity of specific A-gliadin peptides in celiac disease.
Gastroenterology 1998:94:41-9.
Dewar DH, Ciclitira PJ. Clinical Features and diagnosis of celiac disease.
Gastroenterology 2005:128:S19-S24.
107
Dicke WK. Coeliac disease. Investigation of the harmfull effects of certain types of
cereal on patients with coeliac disease (Thesis). University of Utrecht, The
Netherlands, 1950. Citado por: Berge-Henegouwen GP, Mulder CJ. Pionner in the
gluten free diet: Willem- Karel Dicke 1905-1962, over 50 years of gluten free diet.
Gut1993; 34:1473-5.
Dieterich W, Ehnis T, Bauer M, Donner P, Volta U, Riecken EO, Schuppan D.
Identification of tissue transglutaminase as the autoantigen of celiac disease. Nat
Med 1997; 3:797-801.
Donaldson MDC, Gault EJ, Tan KW, Dunger DB. Optimising management in Turner
syndrome: from infancy to adult transfer. Arch Dis Child 2006;91:513-20.
Drago S, El Asmar R, Di Pierro M, Clemente MG,Tripathi A, Sapone A, Thakar M et
al l. Gliadin, zonulin and gut permeability: Effects on celiac and non-celiac intestinal
mucosa and intestinal cell lines. Scand J Gastroenterol 2006; 41:408-19
Durusu M, Gurlek A, Simsek H, Balaban Y, Tatar G. Coincidence or causality: celiac
and Crohn diseases in a case of Turner syndrome. Am J Med Sci. 2005; 329:214-16.
Egan LJ, Wals SV, Stevens FM, Connolly CG, Egan EL, Mac Carthy CF et al. Celiac-
associated lymphoma. A single institution experience of 30 cases in the combination
chemotherapy era. J Clin Gastroenterol 1995; 21:123-29.
Elsheikh M, Dunger DB, Conway GS, Wass JAH. Turner’s syndrome in adulthood.
Endocrine Reviews 2002; 23:120-40.
Elsheikh M, Wass JAH, Conway GS. Autoimmune thyroid syndrome in women with
Turner’s syndrome- the association with karyotype.Clin Endocrinol 2001; 55:223-6.
Encinas JÁ, Kuchroo VK. Mapping and identification of autoimmunity genes. Current
Opinion in Immunology 2000;12:691-7.
Esposito C, Paparo F, Caputto I, Porta R, Salvati VM, Mazzarella G, et al. Expression
and enzymatic activity of small intestinal tissue transglutaminase in celiac disease.
Am J Gastroenterol 2003;98:1813-20.
108
Fabiani E, Catassi C, Villari A, Gismondi R, Pierdomenico R, Ratsch IM et al. Dietary
compliance in screening-detected coeliac disease adolescents. Acta Paediatr Suppl
1996; 412:65-7.
Farrel RJ, Kelly CP. Current concepts: celiac sprue. N Engl J Med 2002: 346: 180-8.
Fasano A, Berti I, Gerarduzzi T, Not T, Colletti RB, Drago S et al. Prevalence of
celiac disease in at-risk and no-at-risk groups in the United States: a large multicenter
study. Arch Intern Med 2003;163:286-92.
Fasano A, Catassi C, Kryszak D, Abou-Zekri ME. Prevalence of celiac disease
among school age children in Egypt. Preliminary results of a pilot study (abstract). J
Pediatr Gastroenterol Nutr 2005; 40 Supp 1.
Fasano A, Catassi C. Coeliac disease in children. Best Practice Res Clin
Gastroenterol 2005;19:467-78.
Fasano A, Catassi C. Current approaches to diagnosis and treatment of celiac
disease: an envolving spectrum. Gastroenterology 2001;120:636-51.
Fasano A, Not T,Wang W, Uzzau S, Berti I, Tommasini A et al. Zonulin, a newly
discovered modulador of intestinal permeability, and its expression in coelic disease.
Lancet 2000; 355:1518-9.
Fasano A. Genetics and Epidemiology of Celiac Disease. <http://www.ddw.org/
userassets/documents/PDF/session_handouts/2004/books/Tuesday/Tues0830Fasan
o.pdf>. Acesso em: 27 jan. 2007.
Fasano A. Where have all American celiacs gone? Acta Paediatr1996;412: 20-4.
Ferguson A, Arranz E, O´Mahony S. Clinical and pathological spectrum of celiac
disease – active, silent, latent, potencial. Gut 1993:34:150-1.
Fraser JS, Engel W, Ellis HJ, Moodie SJ, Pollock EL, Wieser H , Ciclitira PJ. Coeliac
disease: in vivo toxicity of the putative immunodominant epitope. Gut 2003; 52:1698-
702.
Frazer AC, Fletcher RF, Ross CAS, Shaw B, Sammos HG, Schneider R. Gluten-
induced enteropathy. The effect of partially digested gluten. Lancet 1959;2:252-5.
109
Fry L. Dermatitis herpetiformis. Baillieres Clin Gastroeterol 1995;9:371-93.
Gandolfi L, Pratesi R, Cordoba JC, Tauil PL, Gasparian M, Catassi C. Prevalence of
celiac disease among blood donors in Brazil. Am J Gastroenterol 2000; 95:689-92.
Gee SJ. On the coeliac affection. St Bartolomew’s Hospital Report 1888;24:17-20.
Citado por: Paveley WF. From Arateus to Crosby: a history of celiac disease. BMJ
1988; 297:1646-9.
George EK, Hertzberger-ten CR, Van Suijlekom- Smit LW, von Blomberg BM, Stapel
SO, van \elburg RM et al. Juvenile chronic arthritis and coeliac disease in the
Netherlands. Clin Exp Reumatol 1996; 14: 571-5.
Gillet PM, Gillet HR, Israel DM, Metzger DL, Stewart L, Chanoine JP, Freeman HJ
Increased prevalence of coeliac disease in girls with Turner syndrome. J Pediatr
Gastroenterol Nutr 1999;29:497.
Gluck M, Attanasio A, Speer U, Butenandt O, Tietze HU, Scherbaum WA. Prevalence
of autoantibodies to endocrine organs in girls with Ullrich-Turner syndrome aged 5-14
years. Horm Res. 1992;38:114-19.
Gomez JC, Sevaggio GS, Viola M, Pizarro B, la Motta G, Barrio S et al. Prevalence of
celiac disease in Argentina: Screening of an adult population in the la Plata area. Am
J Gastroenterol 2001;96:2700-4.
Gravholt CH, Juul S, Naaera RW, Hansen J. Morbidity in Turner syndrome. J Clin
Epidemiol 1998; 51:147-58.
Gravholt CH, Juul S, Naaera RW, Hansen J. Prenatal and postnatal prevalence of
Turner’s syndrome: a registry study. Br Med J 1996; 321:16-21.
Gravholt CH, Naaera RW, Brixen K, Kastrup KW, Mosekild L, Jorgensen JO, et al.
Short term hormone treatment in girls with Turner syndrome decreases fat mass and
insulin sensivity. A randomized double-blind, placebo-controlled cross-over study.
Pediatrics 2002;110:889-96.
Greco L, Corazza G, Babron MC et al. Genome search in celiac disease. Am J Hum
Genet 1998;62:669-75.
110
Greco L, Romino R, Coto I, Di Cosmo N, Percopo S, Maglio M et al. The first large
population based twin study of coeliac disease. Gut 2002;50:624-8.
Green PH, Rostami K, Marsh MN. Diagnosis of coeliac disease. Best Pract Res Clin
Gastroenterol 2005; 19:389-400.
Groll A, Candy DC, Preece MA,Tanner JM, Harries JT et al. Short stature as the
primary manifestation of coelic disease. Lancet 1980;2:1097-9.
Guandalini S, Gokhale R. Update on immunologic basis of celiac disease. Curr Opin
Gastroenterol 2002;18:95-100.
Guandalini S, Gupta P. Celiac disease. A diagnostic challenge with many facets. Clin
Applied Immunol Rev 2002;3:293-305.
Hall JG, Gilchrist DM. Turner syndrome and its variants. Pediatr Clin North Am
1990;37:1421-36.
Hammer J, Gallazzi F, Bono E, Karr RW, Guenot J, Valsasnini P et al. Peptide
binding specificity of HLA-DR4 molecules: correlation with rheumatoid arthritis
association. J Exp Med 1995,181:1847-55.
Hass SV. The value of the banana in the treatment of coeliac disease. Am J Dis Child
1924;24:421-37.
Hausch F, Shan L, Santiago NA, Gray GM, Khosla C et al. Intestinal digestive
resistence of immunodominant gliadin peptides. Am J Physiol Gastrointest Liver
Physiol 2002; 283:G996-G1003.
Hekkens WT. The relation between gliadin structure and its toxicity to glutensesitive
patients. Minervam Pediatr 1977; 29:2191-6.
Hill I, Bhatnagar S, Cameron DJ, de Rosa s, Maki M, Russel JG, Troncone R. Celiac
disease: Working Group Report of the First World Congress of Pediatric
Gastroenterology, Hepatology and Nutrition. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2002; 35
(Suppl 2): S78-88.
Hill I, Dirks MH, Liptak GS, Colletti RB, Fasano A, Guandalini S et al. Guideline for
the diagnosis and treatment of celiac disease in children: recommendations of the
111
North American Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology and Nutrition. J
Pediatr Gastroenterol Nutr 2005;40:1-19.
Hill PG, Forsyth JM, Semeraro D, Homes GK. IgA antibodies to human tissue
transglutaminase: audit of routine practice confirms high diagnostic accuracy. Scand
J Gastroenterol 2004;39:1078-82.
Hill, Ivor D. What are the sensitivity and specificity of serologic tests for celiac
disease? Do sensitivity and specificity vary in different populations? Gastroenterology
2005;128:S25-S32.
Hogberg L, Laurin P, Falth-Magnusson K, Grant C, Grodzinsky E, Jansson G, Ascher
H et al. Oats to children with newly diagnosed coeliac disease: a randomisad double
blind study. Gut 2004;53:649-54.
Hogberg L, Nordwall M, Stenhammar L. One thousand smallbowel biopsies in
children: a single-port versus a double-port capsule. Scand J Gastroenterol
2001;36:1230-2.
Holmes GKT, Catassi. C. Coeliac Disease.Oxford, England. Health Press-Fast Facts,
2000.
Hook EB, Warburton D. The distribution of chromosomal genotypes associated with
Turner’s syndrome: livebirth prevalence rates and evidence for diminished fetal
mortality and severity in genotypes associated with structural X abnormalities or
mosaicism. Human Genet 1983;64:24-7.
Hovell CJ, Collett JA, Vautier G, Cheng AJ, Sutanto E, Mallon DF, et al. High
prevalence of coeliac disease in a population-based study from Western Australia: a
case for screening ? Med J Aust 2001;175:247-50.
Howdle PD, Jalal PK, Holmes GK, Houston RS. Primary small bowel malignancy in
the UK and its association with celiac disease. QJM 2003; 96:345-53.
Howell MD, Austin RK, Kelleher D, Nepom GT, Kagnoff MF. An HLA-D region
restriction fragment lengyh polymorphism associated with celiac disease. J Exp Med
1986; 164:333-8.
112
Hue S, Mention JJ, Monteiro RC, et al. A direct role for NKG2D/MICA interaction in
villous atrophy during celiac disease. Immunity 2004;21:367-77.
Imanzadeh F, Sayyari AA, Yaghoobi M, Akbari Mr, Shafagh H, Farsar Ar. Celiac
disease in children with diarrhea is more frequent than previously suspected. J
Pediatr Gastoenterol 2005; 40:309-11.
Ivarsson A, Hernell O, Stenlund H, Persson LA. Breast-feeding protects against
celiac disease. Am J Clin Nutr. 2002; 75:914-21.
Ivarsson A, Person LA, Nystrom L, Arscher H, Cavell B, Danielsson L et al. Epidemic
of coeliac disease in Swedish children. Acta Paediatr 2000;89:165-71.
Ivarsson A. The Swedish coeliac disease epidemic with a prevailing twofold higher
risk in girls compared to boys may reflects gender specific risk factor. Eur J Epidemiol
2003; 18:677-84.
Ivarsson SA, Ericsson UB,, Nilsson KO, Gustafsson J Hagenas L, Hager A, et al.
Thyroid autoantibodies, Turner’s syndrome and growth hormone therapy. Acta
Paediatrica 1995;84:63-5.
Ivarsson SA.; Carlsson A Bredberg A, Alm J, Aronson F, Gustafsson J, et al.
Prevalence of celiac disease in Turner syndrome. Acta Paediatr 1999; 88:933–6.
Jacobs P,Dalton P, James R, Mosse K, Power M, Robison D, Skuse D. Turner
syndrome: a cytogenetic and molecular study. Ann Hum Genet 1997; 61:471-83
Janatuinen EK, Kemppainen TA, Julkunen RJ, Kosma VW, Maki M, Heikkinen M,
Uusitupa MI et al. No harm from five-year ingestion of oats in coeliac disease. Gut
2002;50:332-5.
Jones B, Baylless TM, Fishman EK, Siegelman SS. Lymphadenopathy in celiac
disease: Comput tomographic observations. Am J Roentgenol 1984;142:1127-32.
Kagnoff MF, Paterson NY, Kumar PJ, Kasarda DD, Carbone FR, UNsworth DJ,
Austin RK. Evidence for the role ofa human intestinal adenovirus in the pathogenesis
of celiac disease. Gut 1987; 28:995-1001.
113
Kagnoff MF. Overview and pathogenesis of celiac disease. Gastroenterology 2005;
128: S10-8.
Kavak US, Yüce Al, Kocak N, Demir H, Saltik IN, Gürakan F, Özen H. Bone mineral
density in children with untreated and treated celiac disease. J Pediatr Gastroenterol
Nutr 2003;37:434-6.
Kemppainen T, Kroger H, Janatuinen E, Amala I, Kosma VW, Pikkarainen P et al.
Osteoporosis in adult patients with celiac disease. Bone 1999;24:249-55
Keymeulen B, Vandemeulebroucke E, Ziegler AG, Mathieu C, Kaufman L, Hale G et
al. Insulin needs after CD3-antibody therapy in new-onset type 1 diabetes. N Engl J
Med 2005;352:2598-608.
Koning F, Schuppan D, Cerf-Bensussan N, Sollid L. Pathomechanisms in celiac
disease. Best Practice & Research Clinical Gastroenterology 2005;19:373-87.
Korponay-Szabo IR, Kovacs JB, Czinner A, Goracz A. High prevalence of silent
celiac disease in pré-school children screened with IgA/IgG antiendomysium
antibodies. Pediatr Gastroenterol Nutr 1999;28:26-30.
Kutlu t, Brousse N, Rambaud C, Le Deist F, Schimtz J, Cerf-Bensunssan N. Numbers
of T cells receptor (TCR) alpha beta+ but not TcR gamma delta+ intraepithelial
lymphocytes correlate with the grade of villous atrophy in coeliac patients on a long
term normal diet. Gut 2003;34:208-14.
Lacaille F, Canioni D Bernard O, Fabre M, Brousse N, Scmitz J.Celiac disease,
inflammatory colitis, and primary sclerosing cholangitis in a girl with Turner’s
syndrome. J Pediatr Gastroenterol Nutr 1995;21:463-7.
Lankisch PG, Martinez Schamm A, Petersen F, Droge M, Lehnick D, Lembeck B.
Diagnostic intervals for recognizing celiac disease. Z Gastroenterol 1996;34:473-7.
Larizza D, Martinetti M, Lorini R, Dugoujon JM, Tinelli C, Vitali L, et al. Parental
segregation of autoimmunity in patients with Turner’s syndrome: preferncial paternal
transmission? Journal of Autoimmunity 1999;12:65-72.
Larizza D, Zelaschi F, Vitali L, Lorini R. Autoantibodies in children and adolescents
with Turner syndrome. Horm Res 1994;41:236.
114
Lee KH, Wucherpfennig KW, Wiley DC. Structure of a human insuline peptide-HLA-
DQ8 complex and susceptibility to tipe 1 diabetes. Nat Immunol 2001,2:501-7.
Lima VM, Gandolfi L, Pires JA, Pratesi R. Prevalence of celiac disease in dyspeptic
patients. Arq Gastroenterol 2005;42:153-6.
Lippe B. Turner syndrome. Endocrinol Metab Clin North Am 1991; 20: 121–52.
Lo W, Sano K, Lebwohl B, Diamond B, Green PH. Changing presentation of adult
celiac disease. Dig Dis Sci 2003;48:395-38.
Louka AS, Sollid LM. HLA in celiac disease: Unravelling the complex genetics of a
complex disorder. Tissue Antigens 2003;61:105-17.
Lu PW, Briody JN, Ogle GD, Morley K, Humphries IR, Allen J, et al. Bone mineral
density of total body, spine, and femoral neck in children and young adults. A cross-
sectional and longitudinal study. J Bone Miner Res 1994; 1451-8.
Lundin K. Scott H, Fausa O, Thorsby E, Sollid LM. T cells from the small intestinal
mucosa of a DR4, DQ7/DQ4, DQ8 celiac disease patient preferencially recognize
gliadina when presented by DQ8. Hum Immunol 1994;41;285-91.
Lyon AJ, Preece MA, Grant DB. Growth curve for girls with Turner syndrome. Arch
Dis Child 1985; 60:932-5.
Maiuri L, Ciacci C, Ricciardelli I, Vacca L, Raia V, Auricchio S et al. Association
between innate response to gliadin and activation of phatogenic T cells in coeliac
disease. Lancet 2003,362:30-7.
Maiuri L, Ciacci C, Vacca L,Ricciardelli I,et al. IL-15 drives especific migration of
CD94+and TCR-gammadelta+ intraephitelial lymphocytes in organ cultures of treated
celiac patients. Am J. Gastroenterol 2001;96,150-6.
Maiuri L, Picarelli A, Boirivant M, et al. Definition of the inicial immunologic
modifications upon in vitro gliadin challenge in small intestine of celiac patients.
Gastroenterology 1996, 110;1368-78.
Maki M, Collin P. Coeliac disease. Lancet 1997;349:1755-9.
115
Maki M, Mustalahti K, Kokkonen J, Kulmala P, Haapalahti M, Karttunen T et al.
Prevalence of celiac disease among children in Finland. N Eng J Med 2003;
348:2517-24.
Manzione NC. Kram M, Kram E, Das KM. Turner’s syndrome and inflammatory bowel
disease: A case report with immunologic studies. Am J Gastroenterol
1988; 83:1294-7.
Marsh MN,Morgan S, Ensari A, Wardle T, Lobley R, Mills C, Auricchio S. In vivo
activity of peptides 31-43, 44-55, 56-68 of α gliadin in gluten sensitive enteropathy
(GSE). Gastroenterology 1995;108:A871.
Marsh MN. Gluten, major histocompatibility complex, and the small intestine. A
molecular and immunologic approach to the spectrum of gluten sensitivity (‘celiac
sprue’). Gastroenterology 1992;102:330-54.
Martin R, Whitaker JN, Rhame L, Goodin RR, McFarland HF: Citrulline-containing
myelin basic protein is recognized by T-cell lines derived from multiple sclerosis
patients and heralthy individuals. Neurology 1994,44:123-19.
Maurano F, Siciliano RA, De Giulio B, Luongo D, Mazzeo MF, Troncone R et al.
Intranasal administration of one alpha gliadina can downregulate the immune
response to whole gliadina in mice. Scand J Immunol 2001; 53:290-5.
Meeuwise GW. Diagnostic criteria in coeliac disease. Acta Pediatr Scand
1970;59:461-3.
Mention JJ, Ben Ahmed M, Begue B, Barbe U, Verkarre V, Asnafi V et al. Interleukin
!5: a key to disrupted intraepithelial lymphocyte homeostasis and lymphomagenesis
in celiac disease. Gastroenterology 2003;125:730-45.
Meresse B, Chen Z, Ciszewski, Tretiakova M, Bhagat G, Krausz TN et al.
Coordinated induction by IL-15 of a TCR-Independent NKG2D signaling pathway
converts CTL into Lymphokine-activated killer cells in celiac disease. Immunity
2004;21:357-66.
Meyer D, Stavropoulous S, Diamond B, Shane E, Green PH. Osteoporosis in north
American adult population with celiac disease. Am J Gastroenterol 2001; 96:112-9.
116
Mohindra S, Yachha SK,Srivastava A, Krishnani N, Aggarwal R, Goshal UC et al.
Coeliac disease in Indian children: assessment of clinical, nutricional and phatologic
characteristics.J Health Popul Nutr. 2001;19:204-8.
Molberg O, Mc Adam SN, Lundin KE, Kristiansen C, Arentz-Hansen H, Kett K, Sollid
LM. T cells from celiac disease lesions recognize gliadin epitopes deamidated in situ
by endogenous tissue transglutaminase. Eur J Immunol 2001; 31;1317-23.
Molberg O, McAdam SN, Korner R, Quarsten H, Kristiansen C, Madsen L et al.
Tissue transglutaminase selectively modifies gliadin peptides that are recognized by
gut–derived T cells in celiac disease. Nat Med 1998;4:713-7.
Molina GH, Svryd Y, Guerrero-Sánchez J, Mutchinick MO. The role of the X
chromosome in immunity and autoimmunity. Autoimmunity Reviews 2007; 6:218-22.
Mora S, Barera G, Beccio S, et al. A prospective, longitudinal study of long term
effect of treatment on bone density in children with celiac disease. J Pediatr
2001;139:516-21.
Mulder C, Bartelsman J. Case-finding in coeliac disease should be intensified. Best
Practice & Research Clinical Gastroenterology 2005;19:479-86.
Mustalahti K, Bravi E, Caradonna M, Fabiani E, Catassi C, Reunanen A et al. Coeliac
disease in Finland – even more common than thought before. J Pediatr Gastroenterol
Nut 2004; 39:S56.
Naluai AT, Nilsson S, Samuelsson L, Gudjonsdottir AH, Ascher H, EK J et al. The
CTLA-4/ CD8 gene region on chromosome 2q33 confers susceptibility to celiac
disease in a way possibly distinct from that of type 1 diabetes and other chronic
inflammatory disorders. Tissue antiges 2000,56;350-5
Nemec G, Ventura A, Stefano M, Di Leo G, Baldas V, Tommasini A et al. Looking for
celiac disease: Diagnostic accuracy of two rapid comercial assays. Am J
Gastroenterol 2006;101:1597-1600.
Nielsen J, Wohler M. Chromossome abnormalities found among 34.910 newborn
children: results form a 13-year incidence study in Arthus, Denmark. Hum Genet
1991;87:81-3.
117
Not T, Horvath K, Hill ID, Partanen J, Hammed A, Magazzu G et al. Celiac disease
risk in the USA: High prevalence of antiendomysium antibodies in healthy blood
donors. Scand J Gastroenterol 1998;33:494-8.
Ogata T. SHOX haploinsufficiency and its modifying factors. J Pediatric Endocrinol
Metab 2002;15:1289-94.
Paerregaard A, Vilien M, Krasilnikoff PA, Gudmand-Hoyer E. Supposed coeliac
disease during childhood and its presentation 14-38 years later. Scand J
Gastroenterol 1998; 23:65-70.
Pasquino AM, Passeri F, Municchi G, Segni M, Pucarelli I, Larizza D, Bossi G, Severi
F, Galasso C. Final height in Turner syndrome patients treated with growth hormone.
Horm Res 1996; 46:269-72.
Passeri F, Paradiso E, Pucarelli I, et al. Può la malattia celiaca non trattata annullare
la risposta al trattamento con ormone della crescita nella sindrome di Turner?
Descrizione di un caso. Riv Ital Pediatr 1993;19(S2):168-9.
Paulley JW. Observations on the aetiology of idiopathic steatorrhoea. Br Med J
1954;ii:1318-21.
Paveley WF. From Arateus to Crosby: a history of celiac disease. BMJ 1988;
297:1646-9.
Pratesi R, Gandolfi L, Garcia SG, Modelli IC, Lopes de Almeida P, Bocca L et al.
Prevalence of coeliac disease: unexplained age-reladed variation in same population.
Scand J Gastroenterol 2003;38:747-50.
Price WH. A high incidence of chronic inflammatory disease in patients with Turner’s
syndrome. Journal of Medical Genetics1979;16: 263-6.
Radetti G, Mazzanti L, Paganini C, Bernasconi S, Russo G, Rigoni F, Cacciari E.
Frequency, clinical and laboratory features of thyroiditis in girls with Turner’s
syndrome. Acta Paediatr 1995; 84:909-12.
Rao E, Weiss B, Fukami M, Niesler B, Merts A, Muroya K, et al. Pseudoautosomal
deletions encompassing a novel homebox gene cause growth failure in idiopathic
short stature and Turner Syndrome. Nat Genet 1997:16:54-63.
118
Rastogi A, Malhotra V, Uppal B. Aggarwal V, Kalra KK, Mittal SK. Aetiology of chronic
diarrhea in tropical children. Trop Gastroenterol 1999; 20: 45-9.
Rawashedeh MO, Khalil B, Raweily E. Celiac disease in Arabs. J Pediatr
Gastroenterol Nutr 1996: 23: 415-8.
Rea F, Polito C, Marotta A, Di Toro A, Iovene A, Collini R, et al. Restoration of body
composition in celiac children after one year of glute-free diet. J Pediatr Gastroenterol
Nutr 1996;23:408-12.
Reunala TL. Dermatitis herpetiformis. Clin Dermatol. 2001;19:728-36.
Rosenfeld RG, Attie KM, Frane J, Brasel JA, Burnstein S, Cara JF, Chernausek S,
Gotlin RW, Kuntze J, Lippe BM, Mahoney CP, Moore WV, Saenger P, Johanson AJ.
Growth hormone therapy of Turner’s syndrome: beneficial effect on adult height. J
Pediatr 1998; 132:319-24.
Rubesin SE, Herlinger H, Saul SH, Grumbach K, Laufer I, Levine MS et al. Adult
celiac disease and its complications. Radiographics 1989; 9:1045-66.
Rubin CE, Brandborg LI, Flick AL, Phelps P, Parmentier C, Van Niel S. Studies of
Celiac sprue. III. The effect of repeated wheat instillation into the proximal ileum of
patients on a gluten free diet. Gastoenterology 1962;43:621-41. Citado por: Auricchio
S, Troncone R. History of coeliac disease. Eur J Pediatr
1996;155:427-8.
Ruiz C, Lamm F, Hart PS. Turner syndrome and multiple-marker screening. Clin
Chem 1999; 45;2259-61.
Rujner J, Wisniewski A, Gregorek H, Wozniewicz B, Mlynarski W, Witas HW Celiac
disease and HLA-DQ2 (DQA1*0501 and DQB1*0201) in patients with Turner
syndrome. J Pediatr Gastroenterol Nut 2001; 32: 114-5
Sacchetti et al, 2001. Sacchetti L, Tinto N, Calcagno G, Improta P, Salvatore F.
Multiplex PCR typing of the three most frequent HLA alleles in celiac disease. Clin
Chem Acta 2001;310:205-7.
Sagodi L, Solyom E, Tamasi K, Minik K. Prevalence of coeliac disease in Turner
syndrome. Orv Hetil. 2006; 25; 147:1185-8.
119
Sas TCJ, De Muinck Keizer-Schrama SMPF, Stijnen T, Jansen M, Otten BJ,
Hoorweg-Nijman JJG, Vulsma T et al. Normalization of heigh in girls with Turner
syndrome after long-term growth hormone treatment: results of a randomized dose-
response trial. J Clin Endocrinol Metab 1999;84:4607-12.
Sategna-Guidetti C, Solerio E, Scaglione N, Aimo G, Mengozzi G. Duration of gluten
exposure in adult coelic disease does not correlate with the risk for autoimmune
disorders. Gut 2001;49:502-5.
Savendahl L, Davenport ML. Delayed diagnoses of Turner’s syndrome: proposed
guideline for change. J Pediatr 2000; 137:455-9.
Schulzke JD, Bentzel CJ, Schulzke I, Riecken EO, Fromm M. Epithelial tight junction
structure in the jejunum of children with acute and treated celiac sprue. Pediatr Res
1998; 43;435-41.
Schuppan D. Current concepts of celiac disease pathogenesis. Gastroenterology
2000;119:234-42.
Schweizer J, Mearin Ml, Brand R, Wit JM. Increased frequency of celiac disease in
Turner syndrome in the Nederlands. J Pediatr Gastroenterol Nut 2000.31:S144-S145
Schweizer J, Oren A & Mearin LM. Cancer in children with celiac disease: a survey of
the European Society of Paediatric Gastroenterology, Hepatology and Nutrition. J
Pediatr Gastroenterol Nutr 2001;33:97-100.
Scobie BA. Co-existing Coeliac and Inflammatory Bowel Disease in a pacient with
Turner’s syndrome. Aust N Z J Med. 1979 Jun;9:316-7
Scott EM, Gaywood I, Scott BB. Guidelines for osterporosis in coeliac disease and
inflammatory bowel disease. Gut 2000;46 Suppl 1:i1-8.
Sdepanian VL, Morais MB, Fagundes-Neto U. Doença celíaca: a evolução dos
conhecimentos desde sua centenária descrição original até os dias de hoje. Arq
Gastroenterol 1999;36:244-57.
Selby PL, Davies M, Adams JE, et al. Bone loss in celiac disease is related to
secondary hyperparathyroidism. J Bonne Miner Res 1999;14:652-7.
120
Senger S, Maurano F, Mazzeo MF, Gaita M, Fierro O, David CS et al. Identification of
immunodominant epitopes of alpha-gliadin in HLA-DQ8 transgenic mice following oral
immunization. J Immunol 2005; 175:8087-95.
Serrano NC, Millan P, Páez MC. Non-HLA associations with autoimmune disease.
Autoimmune Reviews 2006;5:209-14.
Shabazkhani B, Malekzadeh R, Sotoudeh M, Fayaz Moghadam K, Farhadi M, Akbari
R, et al. High prevalence of celiac disease in apparently healthy Iranian blood donors.
Eur J Gastroenterol Hepatol 2003;15:475-8
Shaltout AA, Khuffash FA, Hilal AA, el Ghanem MM.Pattern of protracted diarrhoea
among children in Kuwait. Ann Trop Pediatr 1989;9:30-2.
Shamir R, Lerner A, Shinar E, Lahat N, Sobel E, Bar-or R, et al. The use of a single
serological marker underestimates the prevalence of celiac disease in Israel: a study
of blood donors. Am J Gastroenterol 2002; 97: 2589-94.
Shamir R. Advances in celiac disease. Gastroenterol Clin North Am 2003;32:931-47.
Shan L, Molberg O, Parrot I, Hausch F, Filiz F, Gray GM et al. Structural basis for
gluten intolerance in celiac sprue. Science 2002;297:2218-20.
Sigurs N, Johansson C, Elfstrand PO, Viander M, Lanner A. Prevalence of coeliac
disease in diabetic children and adolescents in Sweden. Acta Paediatr
1993;82:748-51
Sjöberg K, Alm R, Ivarsson SA, Lindström C, Eriksson S. Prevalence and clinical
significance of gliadin antibodies in healthy children and adults. Scand J
Gastroenterol 1994; 29: 248-54.
Sollid LM, Khosla C. Future therapeutic options for celiac disease.Nat Clin Practice
Gastroenterology & Hepatology 2005;2;3:140-7.
Sollid LM, Markussen G, Ek J et al. Evidence for a primary association of celiac
disease to a particular HLA-DQ alpha/beta heterodimer. J Exp Med 1989;169:345-50.
Sollid LM. Celiac disease: dissecting a complex inflammatory disorder. Nature Rev
Immunol 2002; 2:647-55.
121
Sollid LM. Molecular basis of celiac disease. Annu Rev Immunol 2000; 18:53-81.
Still CF.The Lumleian lectures on celiac disease. Lancet 1918;ii:163-6, 193-7,227-9.
Stocholm K, Juul S, Juel K, Naeraa RW, Gravholt GH. Prevalence, incidence,
diagnosis delay and mortality in Turner syndrome. Clin Endocrinol Metabol 2006; 91:
3897-902.
Stratakis CA, Rennert OM. Turner syndrome: molecular and cytogenetics,
dysmorphology, endocrine, and other clinical manifestations and their management.
Endocrinologist 1994; 4:442–53
Swerdlow AJ, Hermon C, Jacobs PA, Alberman E, Beral V, Daker M, et al. Mortality
and cancer incidence in persons with numerical sex chromosome abnormalities: a
cohort study. Ann Hum Genet 2001:65:177-88.
Thatcher N, Besser GM, Stephens AD. Turner’s syndrome with celiac disease.
Postgrad Med J 1973;49:738-40.
Tommasini A, Not T, Kiren V, Baldas V, Santon D, Trevisiol C, et al. Mass screening
for coeliac disease using antihuman transglutaminase antibody assay. Arch Dis Child.
2004;89:512-5.
Toscano V, Conti FG, Anastasi E, Mariani P, Tiberti C, Poggi M et al. Importance of
the diet in the indution of endocrine autoimmunity and endocrine dysfunction in
adolescent celiac patiens. Am J Gastroenterol 2000;35:1742-8.
Troncone R, Ferguson A. Anti-gliadin antibodies. J Pediatr Gastroenterol Nutr
1991;12:150-8.
Vajro P, Fontanella A, Mayer M, de Vaicenzo A, Terraciano LM, D’Armiento M et al.
Elevated serum aminotransferase activity as an early manifestation of glute-sensivity
enteropathy. J Pediatr 1993;122:416-9.
van Berge-Henegouwen GP, Mulder CJJ. Pioneer in the gluten free diet: Willem-
Karel Dicke 1905-1962, over 50 years of gluten free diet. Gut 1993;34:1473-5.
122
van de Wal Y, Kooy YMC, van Veelen PA et al. Selective deamidation by tissue
transglutaminase strongly enhances gliadin-specific T cell reactivity. J Immunol
1998;161:1585-8.
van Heel DA, West J. Recent advances in coeliac disease. Gut 2006;55:1037-46.
van Pareren YK, de Muinck Keiser-Schrama SM, Stijnen T, Sas TC, Jansen M, Otten
BJ, et al. Final height in girls with Turner syndrome after long-term growth hormone
treatment in three dosages and low dose estrogens. J Clin Endocrinol Metab 2003:
88:1119-25.
Ventura A, Magazzù G, Greco L for the SIGEP Study Group for Autoimmune
Disorders in Celiac Disease. Duration of exposure to gluten and risk for autoimmune
disorders in patients with celiac disease. Gastroenterology 1999;117:297-303.
Viljamaa M, Kaukinen K, Kuhtala H, Kyronpal S, Rassmussen M, Collin P. Coeliac
disease, autoimmune diseases and gluten exposure. Scand J Gastroenterol
2005;40:437-43.
Volta U, Molinaro N, de Franceschi L, Fratangelo D, Bianchi FB. IgA anti-endomysial
antibodies on umbilical cord tissue for celiac disease screening. Save both money
and monkeys. Dig Dis Sci 1995;40:1902-5.
Walker-Smith JA, Guandalini S, Schmitz J Shmerling DH, Visakorpi JK. Revised
criteria for the diagnosis of coeliac disease. Report of a Working Group of European
Society of Paediatric Gastroenterology and Nutrition. Arch Dis Child 1990; 65:909-11.
Wieser H. Chemistry of gliadins.Eur J Gastroenterol Hepatol 1991; 3:102-7.
Wucherpfenning KW, Strominger JL: Seletive binding of self peptides to disease-
associated major histocompatibility complex (MHC) molecules: a mechanism for
MHC-linked susceptibility to human autoimmune diseases. J Exp Med
1995;181:1597-601.
123
ANEXOS
124
ANEXOS
Anexo I: Termo de consentimento livre e esclarecido
Termo de consentimento livre e esclarecido, pós-informação: o abaixo
assinado __________________________________________ou o responvel
pelo paciente, ________________________________________declara ter lido e
ouvido o presente termo de responsabilidade e estar informado do seguinte:
Que pelo presente instrumento concorda em participar de pesquisa visando
a determinar a possível presença de urna doença, chamada de doença celíaca,
que aparece em pessoas que não toleram o trigo ou os seus derivados, em sua
dieta.
Que esta participão implica na retirada de aproximadamente 2 ml de
sangue de urna das veias do antebraço sendo que este material será utilizado
para fazer o diagnóstico, procurando pela presença ouo de elementos no
sangue que indicam se a pessoa tem a doença.
Que este procedimento é de uso comum em medicina, implicando em risco
mínimo para a saúde podendo, porém, provocar passageiro desconforto.
Que, resultando o teste positivo, seja nele ou em paciente sob sua
responsabilidade, lhes será garantida assisncia continuada, no Serviço de
Gastroenterologia Pedtrica do HUB, ficando, porém .a seu critério,a eventual
procura de outro servo ou outro profissional para seu tratamento.
Que a recusa em participar ou recusa em deixar que paciente sob sua
responsabilidade participe da presente pesquisa não resultará em qualquer
125
prejuízo presente ou futuro na prestação de assistência profissional pela equipe
do Servo de Gastroenterologia do HUB, ficando também ressaltado
que, mesmo as a assinatura do presente termo de consentimento ficará
livre para abandonar a pesquisa a qualquer momento.
Brasília, de 2005.
Assinatura do Paciente (ou responvel pelo paciente)
dico responsável
126
Anexo II: Análise de Projeto de Pesquisa
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo