Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DOS MATERIAIS
ESTUDO DA MORFOLOGIA, DO COMPORTAMENTO DE CRISTALIZAÇÃO
E DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DE
NANOCOMPÓSITOS DE
PET E PP/PET COM MONTMORILONITA
Tese de Doutorado
Carmen Iara Walter Calcagno
Porto Alegre, 19 de Setembro de 2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DOS MATERIAIS
ESTUDO DA MORFOLOGIA, DO COMPORTAMENTO DE CRISTALIZAÇÃO
E DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DE
NANOCOMPÓSITOS DE PET E PP/PET COM MONTMORILONITA
Carmen Iara Walter Calcagno
Tese apresentada ao Curso de Pós-graduação em Ciência dos Materiais (PGCIMAT) da
UFRGS, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Doutor em Ciência dos
Materiais.
Banca Examinadora:
Luiz Antônio Pessan Paulo Henrique Pierin Macaúbas
Liane Lucy de Lucca Freitas César Liberato Petzhold
Raquel Santos Mauler Sérgio Ribeiro Teixeira
Porto Alegre, 19 de Setembro de 2007
ii
ads:
O presente trabalho foi realizado entre Março de 2004 e Setembro de 2007, no Instituto de Química
da UFRGS, sob orientação da Profa.Dra. Raquel Santos Mauler e co-orientação do Prof. Dr. Sérgio Ribeiro
Teixeira.
Aos meus pais,
Hector Jesus Calcagno (in memorian) e
Elaine Walter Calcagno,
que me deram amor, educação e incentivo, sem os
quais não teria alcançado felicidade e sucesso.
MUITO OBRIGADO!!!!!
iv
AGRADECIMENTOS
À professora Raquel Mauler pela orientação, em especial, pelos ensinamentos, desafios propostos e
pelas inúmeras oportunidades de aprendizado, crescimento profissional e pessoal;
Ao professor Sérgio Teixeira (Durão) pela co-orientação, em especial, pela atenção e disponibilidade
demonstrados;
Ao CEFET pelo incentivo, apoio financeiro e, principalmente, pela liberação total das minhas
atividades, possibilitando uma dedicação integral na realização deste trabalho;
Aos professores Luiz Pessan e César Petzhold pela atenção e contribuições durante a qualificação e
por sua participação como membro da banca examinadora;
À Dra. Adriane Simanke pela atenção e contribuição durante a etapa de qualificação desse trabalho;
À professora Liane, pelo apoio na realização e interpretação de análises de DMA; e por sua
participação como membro da banca examinadora;
Ao Sr.Paulo Macaúbas por sua participação como membro da banca examinadora;
Ao Enio (meu esposo), pelo apoio, companheirismo, dedicação, compreensão e paciência, inclusive
nos momentos complicados da execução deste trabalho;
Aos colegas e amigos do laboratório K-212, pelo carinho e apoio nessa jornada; em especial, a Josi
e a Laura, que me receberam de braços e coração abertos em 2004, tornando as atividades e o dia
a dia mais fáceis (vocês não imaginam a importância disso!!!); a Pati, pelo apoio, incentivo e
amizade (vai em frente que você é a próxima); ao João, que colaborou no início desse trabalho; à
Cleide, que nos dois últimos anos realizou várias das atividades experimentais comigo (tua
colaboração foi muito importante para a conclusão antecipada deste trabalho);
Aos colegas e amigos do CEFET pelo apoio e (grande) torcida, em especial, a Cléia pelo enorme
incentivo e amizade (e os conhecimentos de DSC repassados);
À minha família, pelo incentivo, apoio e compreensão em todos os momentos nos quais estive
ausente;
Às empresas Plasticase e Braskem pela doação das matérias-primas, PET e PP;
Ao Centro de Microscopia Eletrônica (CME) da UFRGS que possibilitou a preparação de amostras e
a realização das análises de MET e MEV;
Aos funcionários do CME pela atenção dispensada; em especial a Christiane e a Moema, pelos
ensinamentos e valiosas dicas na preparação de amostras de MET e na realização das análises;
Ao seu Otelo, pela realização das análises de Raios-X;
Ao Laboratório de Magnetismo, por possibilitar o aprendizado e realização das análises de AFM; em
especial, ao Ângelo pelos ensinamentos, apoio e valiosas dicas;
Ao professor Aloir e à Ursula, pelo auxílio no uso do microscópio óptico;
A todos que de alguma forma colaboraram para a execução deste trabalho;
v
PRODUÇÃO CIENTÍFICA
Partes deste trabalho foram publicadas (ou encaminhadas para publicação) em periódicos
internacionais e/ou apresentadas em congressos.
TRABALHOS PUBLICADOS
1. CALCAGNO, Carmen. I. W., MARIANI, Cleide M., TEIXEIRA, Sérgio R, MAULER, Raquel S.
“The Effect of Organic Modifier of the Clay on Morphology and Crystallization Properties of PET
Nanocomposites”. Polymer 48, 966 - 974, 2007.
TRABALHOS ENCAMINHADOS PARA PUBLICAÇÃO
1.
2.
3.
CALCAGNO, Carmen. I. W., MARIANI, Cleide M., TEIXEIRA, Sérgio R, MAULER, Raquel S.
“Morphology and Crystallization Behavior of the PP/PET Nanocomposites”. J. Appl. Polymer Sci (2007)
CALCAGNO, Carmen. I. W., MARIANI, Cleide M., TEIXEIRA, Sérgio R, MAULER, Raquel S.
“Dynamic Mechanical Properties of the PP/PET Nanocomposites: Indication of the Interaction of the
Phases”. Polymer Testing (2007)
CALCAGNO, Carmen. I. W., MARIANI, Cleide M., TEIXEIRA, Sérgio R, MAULER, Raquel S.
“The role of the MMT on the morphology and mechanical properties of the PP/PET blends” Composites
Science and Technology (2007)
vi
TRABALHOS APRESENTADOS EM CONGRESSOS
1. CALCAGNO, Carmen I. W., ELY, João P R, TEIXEIRA, Sérgio R, MAULER, Raquel S.
“Crystallization behavior of PET/montmorillonite nanocomposite” X International Macromolecular
Colloquium, 2005, Gramado.
2. CALCAGNO, Carmen. I. W., TEIXEIRA, Sérgio R, MAULER, Raquel S.
“Cinética de Cristalização de Nanocompósitos de PET” 8 Congresso Brasileiro de Polímeros, 2005,
Águas de Lindóia
3. CALCAGNO, Carmen. I. W., MARIANI, Cleide M., TEIXEIRA, Sérgio R, MAULER, Raquel S.
“The effect of organic modifier of the clay on morphology and crystallization behavior of PET
nanocomposites” 5th Brazilian MRS Meeting, 2006, Florianópolis.
4. CALCAGNO, Carmen. I. W., MARIANI, Cleide M., TEIXEIRA, Sérgio R, MAULER, Raquel S.
“PP/PET nanocomposites” World Polymer Congress - 41 International Symposium on Macromolecules,
2006, Rio de Janeiro.
5. CALCAGNO, C. I. W., MARIANI, Cleidi M., TEIXEIRA, Sérgio R, MAULER, Raquel S.
“Use of the MMT in the PP/PET blends” The Polymer Processing Society – 23rd Annual Meeting
(PPS-23), 2007, Salvador
6. CALCAGNO, C. I. W., MARIANI, Cleidi M., TEIXEIRA, Sérgio R, MAULER, Raquel S.
“Propriedades dinâmico-mecânicas de nanocompósitos de pp/pet: indicativo da interação entre as
fases” 9 Congresso Brasileiro de Polímeros, 2007, Campina Grande (aceito)
vii
RESUMO
Nanocompósitos de PET e de PP/PET contendo montmorilonita foram preparados em
extrusora e as morfologias desenvolvidas foram relacionadas às propriedades de cristalização,
mecânicas e mecânico-dinâmicas.
Vários nanocompósitos de PET foram obtidos pelo uso das argilas Cloisite®Na
+
,
Cloisite®15A, Cloisite®30B e Cloisite®10A, sendo observada a formação de estruturas intercaladas e
esfoliadas. O tipo de modificador orgânico da montmorilonita influenciou na morfologia da argila e
nanocompósitos intercalados e esfoliados foram obtidos quando o modificador possuía alguma
polaridade. Por outro lado, apenas tactóides foram formados quando o modificador era apolar.
A argila teve um efeito nucleante e resultou no aumento da temperatura e da velocidade de
cristalização do PET, sendo que o efeito nucleante maior foi observado quanto a Cloisite®10A foi
utilizada. Os modelos cinéticos de Avrami modificado e de Ozawa foram aplicados ao processo de
cristalização não isotérmica e indicaram que a cristalização foi mais rápida nos nanocompósitos do
que no PET, pelo menos até 90% de cristalinidade relativa. O modelo de Avrami permitiu uma
descrição parcial do processo de cristalização, enquanto o modelo de Ozawa foi válido somente na
descrição do comportamento de cristalização do PET antes de sua extrusão.
Nanocompósitos contendo PP, PET e Cloisite®10A (70:28:2) foram preparados e foi
estudada a influência da adição da montmorilonita na morfologia e nas propriedades mecânicas dos
mesmos. De maneira geral, a adição da argila resultou na diminuição do tamanho dos domínios da
fase dispersa e, na ausência de um compatibilizante, a blenda apresentou uma interação fraca entre
as fases. A adição de 1% de PP-MA auxiliou na dispersão da argila, originando uma morfologia mais
homogênea. Em todos os nanocompósitos, a montmorilonita se localizou, preferencialmente, na
interface PP/PET e na fase PET, ocasionando uma redução na velocidade de cristalização e na
temperatura de transição vítrea do PET. O aumento da tensão no escoamento, do módulo de Young
e do alongamento na ruptura ocorreu nos nanocompósitos compatibilizados e não foi observada uma
redução na resistência ao impacto pela adição da argila. As propriedades mecânicas e mecânico-
dinâmicas possibilitaram sugerir que, quando PP, PET, PP-MA e montmorilonita estão
simultaneamente presentes, eles podem constituir uma interfase, que atuaria de forma eficiente como
um compatibilizante das fases PP e PET. No entanto, a adição simultânea dos componentes na
extrusora resultou em uma morfologia mais heterogênea do que a observada pela adição de um
nanocompósito de PET ao PP. O método de preparação do corpo de prova também influenciou na
morfologia da argila, sendo que temperaturas mais elevadas e tempos de residência maiores
favoreceram a difusão da cadeia polimérica na galeria.
viii
ABSTRACT
PET and PP/PET nanocomposites with montmorillonite were prepared in a twin screw
extruder and their morphologies were related to the crystallization, mechanical and dynamic-
mechanical properties. The montmorillonites Cloisite®Na+, Cloisite®15A, Cloisite®30B and
Cloisite®10A were used and the PET nanocomposites showed intercalated and/or exfoliated
morphologies. The influence of the organic modifier of the clay on the morphology and crystallization
properties was evaluated. Tactoids were obtained when only apolar modifiers were present.
Nevertheless, it was observed that PET nanocomposites were intercalated and exfoliated when polar
modifiers were present. The clay nucleated the PET crystallization process, and the nucleating effect
was higher when Cloisite®10A was used. The kinetic models of Avrami and Ozawa were applied in
the nonisothermal crystallization process. The crystallization was higher in the nanocomposites than in
the pure PET, at least up to 90% of relative degree of crystallinity. The Avrami model allowed the
partial description of the crystallization process and the Ozawa model was only valid for PET before its
extrusion. The study of the nanocomposites with PP, PET and Cloisite®10A (70:28:2) were performed
and the effect of the clay on the morphology and mechanical properties was evaluated. In general, the
use of clay decreased the size of the dispersed phase, and the interaction of the phases was weak in
the blend without compatibilizer. The use of PP-MA (1%) favored the clay dispersion and it produced a
more homogeneous morphology. The clay located predominantly in the interphase and in the PET
phase. A decrease in the crystallization rate and in the T
g
of the PET was observed when clay was
present. The yield stress and the Young’s modulus increased when PP-MA and montmorillonite was
used. The addition of the montmorillonite also promotes an increase in the elongation at break, and
did not influence significantly the impact strenght. It was suggested that when PP, PET, PP-MA and
montmorillonite were simultaneous used, it could constitute an interphase that acts as more efficient
compatibilizer for PP and PET phases. Nevertheless, the simultaneous addition of the components in
the extruder resulted in a more heterogeneous morphology than when a PET nanocomposite was
added to PP. The specimens preparation also affected the clay morphology and the higher
temperatures and larger residence time favored the difusion of the polymer into the gallery.
ix
ÍNDICE GERAL
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 1
2. OBJETIVOS ............................................................................................................. 1
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................... 2
3.1. Blendas Poliméricas ....................................................................................... 2
3.1.1. Tipos gerais de blendas poliméricas ...................................................... 2
3.1.2. Morfologia de fase em Blendas Poliméricas ......................................... 4
3.1.2.1. Desenvolvimento da morfologia em blendas ............................ 4
3.1.3. Compatibilização em Blendas Poliméricas ................................................ 6
3.1.3.1. Métodos de compatibilização ..................................................... 7
3.1.3.2. Cargas inorgânicas como compatibilizantes ............................... 8
3.2. Nanocompósitos Poliméricos ........................................................................... 8
3.2.1. Cargas utilizadas na preparação de nanocompósitos poliméricos ........... 9
3.2.1.1. Estrutura da Montmorilonita ...................................................... 10
3.2.1.2. Morfologia da argila .................................................................. 11
3.2.1.3. Montmorilonita modificada ......................................................... 12
3.2.2. Determinação da morfologia nos nanocompósitos .................................. 14
3.2.2.1. Difração de Raios-X (DRX) ......................................................... 14
3.2.2.2. Microscopia Eletrônica de Transmissão (MET) ......................... 15
3.2.3. Métodos de preparação de nanocompósitos ............................................ 16
3.2.4. Uso de MMT em polímeros ........................................................................ 17
3.2.5. Dispersão de nanopartículas e o uso de extrusora .................................. 19
3.2.5.1. Propostas Mecanísticas para a esfoliação/intercalação
em extrusora ............................................................................ 19
3.2.5.2. Agregação das partículas ......................................................... 20
3.2.5.3. Fatores energéticos que influenciam a morfologia da argila ..... 21
3.2.6. Uso de MMT em blendas poliméricas ....................................................... 21
3.2.7. Propriedades Mecânicas em Nanocompósitos .......................................... 23
3.3. Cristalização de Polímeros ................................................................................ 25
3.3.1. Cristalização não isotérmica ................................................................. 26
3.3.2. Cinética de Cristalização ....................................................................... 26
x
4. EXPERIMENTAL ..................................................................................................... 29
4.1. Materiais .......................................................................................................... 29
4.2. Preparação dos Nanocompósitos de PET ...................................................... 29
4.3. Preparação das Blendas Poliméricas e seus Nanocompósitos ...................... 30
4.3.1. Corpos de Prova .................................................................................. 30
4.4. Difração de Raio X (DRX) ................................................................................ 31
4.5. Microscopia Eletrônica de Transmissão (MET) ............................................... 31
4.6. Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC) .................................................. 31
4.7. Microscopia Óptica com Luz Polarizada (POM) ............................................. 32
4.8. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) .................................................. 32
4.9. Microscopia de Força Atômica (AFM) ............................................................ 33
4.10. Resistência à Tração e ao Impacto .............................................................. 33
4.11. Análise Mecânica Dinâmica.......................................................................... 34
4.12. Análise de Variância (“Analysis of Variance” –ANOVA) ............................... 34
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 35
5.1. Nanocompósitos de PET .................................................................................. 35
5.1.1. Morfologia dos Nanocompósitos .......................................................... 35
5.1.2. Comportamento Térmico e de Cristalização ........................................... 39
5.1.3. Cristalização não-isotérmica ................................................................ 41
5.1.4. Cinética de Cristalização Não isotérmica .............................................. 42
5.1.4.1. Modelo de Avrami ............................................................................ . 43
5.1.4.2. Modelo de Ozawa ............................................................................. 46
5.1.5. Efeito do Modificador Orgânico na Morfologia do Nanocompósito.......... . 50
5.2. Nanocompósitos de PP/PET .............................................................................. . 52
5.2.1. Corpos de Prova obtidos por compressão a 260°C ................................. 52
5.2.1.1. Efeito do Compatibilizante na Morfologia da Blenda
(sem a adição de MMT) .................................................................... 53
5.2.1.2. Morfologia dos Nanocompósitos de PP/PET ................................... . 55
5.2.1.3. Comportamento Térmico e de Cristalização ..................................... . 57
5.2.1.4. Propriedades Mecânicas Dinâmicas ................................................. .. 59
5.2.1.5. Efeito da velocidade de extrusão ....................................................... 61
xi
5.2.1.6. Efeito da quantidade de PP-MA ......................................................... 64
5.2.2. Corpos de Prova Injetados a 200°C ......................................................... 67
5.2.2.1. Morfologia da argila .......................................................................... . 68
5.2.2.2. Morfologia da Fase PET .................................................................... 69
5.2.2.3. Estiramento durante a formação da blenda ...................................... 72
5.2.2.4. Propriedades de Tração e de Impacto .............................................. 74
5.2.3. Influência do método de preparação ....................................................... 76
5.2.3.1. Método de preparação do corpo de prova: estudo por DRX ............ 76
5.2.3.2. Propriedades mecânicas dinâmicas: 260°C x 200°C ....................... 77
5.2.3.3. Utilização do nanocompósito de PET na preparação da blenda ...... 80
5.2.3.3.1. Morfologia dos nanocompósitos ........................................... 80
5.2.3.3.2. Propriedades mecânicas dinâmicas ....................................... 83
5.2.3.3.3. Migração da argila e dispersão da fase PET ........................ 84
6. CONCLUSÕES .............................................................................................................. 86
7. REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 89
xii
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 3.1: Escala útil aproximada de técnicas experimentais para o estudo da morfologia de
blendas (1) interatômica; (2) molecular, esferulitos; (3) agregados de carga, blendas
compatibilizadas; (4) reforços, blendas não compatibilizadas; (5) vazios
[19].............................................................................................................................................
3
Figura 3.2: Representação esquemática dos processos de (a) ruptura e (b) coalescência da
fase dispersa, que ocorrem durante a mistura de dois polímeros [18, adaptado]....................
5
Figura 3.3: Figura esquemática das conformações de copolímeros (a) dibloco, (b) tribloco e
(c) graftizado na interface de blendas heterogêneas [18, adaptado].......................................
7
Figura 3.4: Microscopia Eletrônica de Transmissão da montmorilonita refinada [64] 10
Figura 3.5: Estrutura 2:1 dos filossilicatos [adaptado de 4, 65-67] ........................................... 11
Figura 3.6: Morfologia da argila nos nanocompósitos [adaptada de 70] .................................. 12
Figura 3.7: Estrutura geral de um sal quaternário de amônio. R é um grupo orgânico ou
hidrogênio e X é um ânion .........................................................................................................
13
Figura 3.8: Modelo de agregação das cadeias alquila. (a) cadeias curtas; (b) cadeias de
comprimento intermediário; (c) cadeias mais longas. Círculos abertos () representam
segmentos CH
2
, enquanto os finais de cadeia catiônicos são representados por círculos
preenchidos () [75]. ................................................................................................................
13
Figura 3.9: Representação esquemática do processo de intercalação entre um polímero
fundido e um filossilicato modificado organicamente [76] ..........................................................
14
Figura 3.10: Lei de Bragg .......................................................................................................... 14
Figura 3.11: Representação esquemática da síntese de nanocompósito de nylon-6 através
da polimerização in situ da caprolactama [80]. ..........................................................................
16
Figura 3.12: Ilustração esquemática do processo de dispersão da MMT em uma matriz de
PP-MA [adaptado de 107]...........................................................................................................
18
Figura 3.13: Mecanismo de esfoliação da argila no polímero durante o processamento (a)
quebra da partícula da argila organicamente modificada; (b) quebra do tactóide ; (c)
esfoliação. [8] ........................................................................................................................
20
Figura 3.14: Regiões interfaciais como uma função do tamanho da partícula. A carga é
apresentada em vermelho, a região interfacial em azul escuro e a matriz polimérica em
azul claro. (a) partículas grandes de carga; (b) carga dispersa em partículas menores
[adaptado de 144]..................................................................................................................
23
xiii
Figura 4.1: Esquema da configuração da rosca extrusora .................................................... 30
Figura 5.1: Difratogramas de Raios-X das argilas e nanocompósitos contendo 4% de
MMT: (a) MMTNa e PETNa; (b) MMT30B e PET30B; (c) MMT15A e PET15A; (d) MMT10A
e PET10A ..............................................................................................................................
35
Figura 5.2: Imagens de MET no nanocompósito contendo 4% de MMT15A.......................... 36
Figura 5.3: Imagens de MET no nanocompósito contendo 4% de MMT30B .......................... 36
Figura 5.4: (a) Imagens de MET no nanocompósito contendo 4% de MMT10A; (b)
distribuição das espessuras das partículas de montmorilonita no PET15A, PET30B e
PET10A ....................................................................................................... .........................
37
Figura5.5:Imagens de MET no nanocompósito contendo 4% de MMTNa. ........................... 37
Figura 5.6: Fragmentação em tactóides visualizada em uma micropartícula no PET15A..... 38
Figura 5.7: Flexibilidade das folhas de argila......................................................................... 38
Figura 5.8: Comportamento de cristalização do PET e seus nanocompósitos ..................... 39
Figura 5.9: Cristalização secundária em amostras de PET cristalizadas com velocidade de
resfriamento de 30°C/min.......................................................................................................
40
Figura 5.10: Desenvolvimento do grau relativo de cristalinidade (X
c
) com o tempo (t) sob
velocidade de resfriamento de 10°C/min (a) todo o intervalo de cristalização; (b) estágio
final .........................................................................................................................................
41
Figura 5.11: Desenvolvimento do grau relativo de cristalinidade (X
c
) com a temperatura
sob velocidade de resfriamento de 10°C/min .......................................................................
41
Figura 5.12: Seqüência de cristalização por POM: (a-b) PET; (c-e) PETNa; (f -h) PET10A . 42
Figura 5.13: Curvas de Avrami para o PET (antes e após a extrusão) e para os
nanocompósitos PETNa, PET30B e PET15A, determinadas para velocidades diferentes
de resfriamento. ....................................................................................................................
43
Figura 5.14: . Representação dos intervalos de cristalinidade relativa avaliados nas curvas
de Avrami. ..................................................................................................................................
44
Figura 5.15: Avaliação de Z
c
, constante de velocidade de Avrami, como função da
velocidade de resfriamento para o PET e seus nanocompósitos para X
c
entre 0,1 e 0,65 (os
símbolos preenchidos representam os valores calculados de Z
c
, enquanto os símbolos ocos
representam os valores obtidos pelo ajuste dos pontos em uma regressão quadrática)...........
44
Figure 5.16: PET puro sem extrusão (a) Cristalinidade Relativa x Temperatura. A linha
pontilhada representa o intervalo de temperatura usado na análise de Ozawa. (b) Análise de
Ozawa, incluindo valores de Xc entre 0,01 e 0,997 (isotermas entre 182°C e 198°C)..............
47
xiv
Figure 5.17: PET após a extrusão. (a) Cristalinidade Relativa x Temperatura. A linha
pontilhada representa o intervalo de temperatura usado na análise de Ozawa. (b) Análise de
Ozawa, incluindo valores de Xc entre 0,168 e 0,992 (isotermas entre 184°C e 194°C)............
48
Figure 5.18: Análise de Ozawa para a) PETNa; B) PET15A ................................................... 49
Figure 5.19: Cristalinidade Relativa x Temperatura para o PET30B. As linhas pontilhadas
representam os intervalos de temperaturas usados na Análise de Ozawa................................
49
Figure 5.20: Análise de Ozawa para o PET30B em resfriamento sob: a) velocidades maiores
(7°C/min - 30°C/min); e b) velocidades menores (2°C/min - 5°C/min).......................................
50
Figura 5.21: Modificadores orgânicos nas argilas : (a) 30B; (b) 15A; (c) 10A. T =grupo alquila
longo (~65% C18, ~30% C16, ~5% C14). .................................................................................
51
Figura 5.22: Morfologia dos domínios de PET em PP/PET (a,b) e PP/PET/PP-MA (c, d).
Corpos de prova obtidos por compressão a 260°C. ..................................................................
53
Figura 5.23: AFM das blendas (a) PP/PET e (b) PP/PET/PP-MA. Imagens topográficas
(esquerda) e de fase (direita)......................................................................................................
54
Figura 5.24: Distribuição dos diâmetros dos domínios de PET (a) nas blendas PP/PET e
PP/PET/PP-MA; e (b) PP/PET e PP/PET/argila..........................................................................
54
Figura 5.25: Comparativo entre MMT, PP/PET/MMT e PP/PET/PP-MA/MMT por DRX......... 55
Figura 5.26: Micrografias de MET de PP/PET/argila (a,b) e PP/PET/PP-MA/argila (c).............. 55
Figura 5.27: Morfologia dos domínios de PET em (a) PP/PET/argila e (b) PP/PET/PP-
MA/argila. Corpos de prova obtidos por compressão a 260°C...................................................
56
Figura 5.28:
Comportamento de cristalização das blendas (a) sem compatibilizante e (b) com
compatibilizante..............................................................................................................................
57
Figura 5.29: (a) Cristalização do PP a partir dos domínios de PET na blenda PP/PET/PP-MA.
(b) Cristalização do PET no PP/PET/PP-MA e no PP/PET/PP-MA/argila ................................
58
Figura 5.30: Desenvolvimento da cristalinidade relativa (X
c
) das blendas não
compatibilizadas ........................................................................................................................
58
Figura 5.31: Desenvolvimento da cristalinidade relativa (X
c
) das blendas compatibilizadas ..... 59
Figura 5.32: Comportamento mecânico dinâmico (a) do PP e do PET puros; (b) da blenda e
do nanocompósito sem compatibilizante; (c) da blenda e do nanocompósito com PP-MA........
60
xv
Figura 5.33: Tan δ versus temperatura para as blendas PP/PET .............................................
61
Figura 5.34: Morfologia dos domínios de PET em (a) PP/PET/MMT e (b) PP/PET/PP-
MA/MMT preparados com velocidade de 80rpm na extrusora (corpos de prova obtidos por
compressão a 260°C).................................................................................................................
62
Figura 5.35: Distribuição dos diâmetros dos domínios de PET nos nanocompósitos
PP/PET/MMT e PP/PET/PP-MA/MMT obtidos em 80rpm .........................................................
62
Figura 5.36: Comportamento mecânico dinâmico (a) do PP/PET/MMT; (b) do PP/PET/PP-
MA/MMT.....................................................................................................................................
63
Figura 5.37: DRX para o PP/PET/PP-MA/MMT utilizando 1% e 5% de PP-MA. ................... 64
Figura 5.38: Imagens de MET do PP/PET/PP-MA/MMT contendo 5% de PP-MA................... 65
Figura 5.39: Morfologia dos domínios de PET em (a) PP/PET/PP-MA e (b) PP/PET/PP-
MA/MMT contendo 5% de PP-MA (corpos de prova obtidos por compressão a 260°C)...........
65
Figura 5.40: Distribuição dos diâmetros dos domínios de PET na blenda PP/PET/PP-MA e
PP/PET/PP-MA/MMT contendo 5% de PP-MA .........................................................................
66
Figura 5.41: Comportamento mecânico dinâmico (a) do PP/PET/PP-MA; (b) do PP/PET/PP-
MA/MMT; comparativo entre 1% e 5% de PP-MA.....................................................................
66
Figura 5.42: Tan δ versus temperatura para as blendas PP/PET/PP-MA e PP/PET/PP-
MA/MMT contendo 5% de PP-MA. (a) todo o intervalo de temperatura analisado; (b) de 70°C
a 125°C (no detalhe a transição em 113°C) ..............................................................................
67
Figura 5.43: DRX comparativo entre MMT e PP/PET/PP-MA/argila ...................................... 68
Figura 5.44: TEM de (a) PP/PET/argila e (b) PP/PET/PP-MA/argila. (c) partículas de argila
situadas na interface e nos domínios de PET............................................................................
69
Figura 5.45: Fratura transversal ao fluxo de injeção (a) no PP/PET; e (b) no PP/PET/PP-MA.. 69
Figura 5.46: Morfologia dos domínios de PET (a) fratura transversal ao fluxo de injeção em
PP/PET/PP-MA/MMT; (b) fratura longitudinal ao fluxo de injeção em PP/PET/PP-MA/MMT; e
(c) fratura em corpo de prova obtido por compressão a 200°C em PP/PET/PP-MA/MMT; (d)
fratura transversal ao fluxo de injeção em PP/PET/MMT. Amostras contendo 2% em peso de
MMT............................................................................................................................................
70
Figura 5.47: Distribuição dos diâmetros dos domínios de PET (a) PP/PET e PP/PET/MMT e
(b) PP/PET/PP-MA e PP/PET/PP-MA/MMT (na direção transversal ao fluxo de injeção e
medidos na região do núcleo)....................................................................................................
71
xvi
Figura 5.48: Distribuição dos domínios de PET em corpos de prova injetados e moldados por
compressão. (a) PP/PET/PP-MA; e (b) PP/PET/PP-MA/MMT ……………………………………
71
Figura 5.49: Morfologia dos domínios de PET observadas na fratura longitudinal ao fluxo de
injeção (a) PP/PET/PP-MA e (b) PP/PET/PP-MA/MMT (0,6% MMT)........................................
72
Figura 5.50: Distribuição dos domínios de PET nas blendas obtidas sob maior estiramento
(a) corpos de prova injetados; (b) corpos de prova moldados por compressão a 200°C ..........
72
Figura 5.51: Distribuição dos domínios de PET em corpos de prova injetados e moldados por
compressão a 200°C: (a) PP/PET/PP-MA (69:30:1); (b) PP/PET/PP-MA/MMT (69:29,4:1:0,6).
73
Figura 5.52: Morfologia dos domínios de PET das blendas preparadas sob maior estiramento
e moldadas por compressão a 200°C (a) no PP/PET/PP-MA (69:30:1) e (b) no PP/PET/PP-
MA/MMT (69:29,4:1:0,6) ...........................................................................................................
73
Figura 5.53: Comportamento das blendas PP/PET sob tração................................................ 74
Figura 5.54: DRX comparativo entre corpos de prova preparados por compressão e injeção,
nas temperaturas de 200°C e 260°C (PP/PET/PP-MA/MMT) .....................................
76
Figura 5.55: Comportamento mecânico dinâmico para PP/PET/PP-MA/MMT em filmes
obtidos por compressão a 200°C e 260°C (a) 1% de PP-MA e; (b) 5% de PP-MA ...................
78
Figura 5.56: Morfologia dos domínios de PET no PP/PET/PP-MA/MMT por compressão (a)
260°C, 1% de PP/MA e 2% de MMT; (b) 200°C, 1% de PP-MA e 2% de MMT; (c) 260°C, 5%
de PP/MA e 2% de MMT; (d) 200°C, 5% de PP-MA e 2% de MMT; (e) 260°C, 1% de PP/MA
e 0,6% de MMT; (f) 200°C, 1% de PP-MA e 0,6% de MMT ......................................................
79
Figura 5.57: DRX comparativo entre nanoPET, PP/nanoPET e PP/nanoPET/PP-MA
(compressão a 260°C)................................................................................................................
81
Figura 5.58: MET do (a) nanoPET; (b) e (c) PP/nanoPET ........................................................ 81
Figura 5.59: MEV do (a) PP/nanoPET e (b) PP/nanoPET/PP-MA............................................. 82
Figura 5.60: Distribuição dos diâmetros dos domínios de PET no PP/nanoPET e no
PP/nanoPET/PP-MA ..................................................................................................................
82
Figura 5.61: MEV do PP/PET/PP-MA/MMT (69:29,4:1:0,6) ...................................................... 82
Figura 5.62: Comportamento mecânico dinâmico do PP/nanoPET (70:30), do
PP/nanoPET/PP-MA (69:30:1) e do PP/PET/PP-MA/MMT (69:29,4:1:0,6)................................
83
xvii
Figura 5.63: Módulo de Perda x Temperatura para PP/nanoPET, ampliação da região
intermediária às T
g
’s ...................................................................................................................
84
Figura 5.64: Quebra do domínio de PET ................................................................................... 84
Figura 5.65: Fragmentação do PET e localização da argila...................................................... 85
xviii
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 3.1: Valores do expoente n para vários tipos de nucleação e crescimento [adaptado
de 161] .......................................................................................................................................
27
Tabela 4.1: Estrutura e características das montmorilonitas 29
Tabela 5.1: Dados de DRX e DSC para PET e seus nanocompósitos ................................ 40
Tabela 5.2: Parâmetros de Avrami determinados para φ igual a 10
o
C/min em intervalos de X
c
diferentes....................................................................................................................................
45
Tabela 5.3: Parâmetros de Ozawa para o PET e seus nanocompósitos .................................. 47
Tabela 5.4 – Morfologia das blendas de PP/PET sob 50rpm ................................................... 53
Tabela 5.5: Comportamento térmico, de cristalização e mecânico-dinâmico das blendas
PP/PET (compressão a 260°C) .................................................................................................
57
Tabela 5.6 – Propriedades de tração e de impacto das blendas PP/PET (injeção a
200°C).....
68
Tabela 5.7: Comportamento mecânico-dinâmico do PP/PET/PP-MA/MMT, sob compressão
a 260°C e 200°C .......................................................................................................................
79
xix
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
γ
- taxa de cisalhamento
θ - ângulo entre o feixe incidente e o plano da amostra
λ - comprimento de onda da radiação incidente
τ - tensão de deformação
σ - tensão interfacial
φ - velocidade de resfriamento
σ/R – tensão interfacial de conservação da forma esférica
η
c
– viscosidade da fase contínua
η
d
– viscosidade da fase dispersa
G
mix
– energia livre de mistura
H – calor de fusão
H
m
– calor de fusão do polímero 100% cristalino
H
mix
– calor de mistura
χ
ij
– parâmetro de interação
S
mix
– entropia de mistura
AB – acrilonitrila-butadieno
ABS – copolímero de estireno-acrilonitrila-butadieno
AFM – Microscopia de Força Atômica (“Atomic Force Microscopy”)
ANOVA – Análise de Variância (“Analysis of Variance”)
Ca – número capilar
Ca
crit
– número capilar crítico
D – diâmetro da rosca
d – distância interplanar
d
001
– distância nas galerias da montmorilonita
DMA – Análise Mecânica Dinâmica (“Dynamic Mechanical Analysis”)
DSC – Calorimetria Diferencial de Varredura (“Differential Scanning Calorimetry”)
EPR-g-MA/PP – blenda de borracha de etileno-propileno graftizada com anidrido maleico e polipropileno
EVA – copolímero de etileno-acetato de vinila
FTIR – infravermelho por transformada de Fourier
HIPS – poliestireno de alto impacto
K – constante de velocidade de cristalização
k(T) – parâmetro de cristalização relacionado a velocidade de cristalização total
L – comprimento da rosca
MA – anidrido maleico
MET – Microscopia Eletrônica de Transmissão
MEV – Microscopia Eletrônica de Varredura
MFI – índice de fluidez (“melt flow index”)
MMT – montmorilonita
MMT10A - montmorilonita Cloisite®10A
MMT15A - montmorilonita Cloisite®15A
MMT30B - montmorilonita Cloisite®30B
MMTNa – montmorilonita Cloisite®Na+
n – coeficiente de Avrami
PA – poliamida
PA-6/ABS – blenda de poliamida-6 e copolímero de estireno-butadieno-acrilonitrila
xx
PC – policarbonato
PC/ABS – blenda de policarbonato e copolímero de estireno-butadieno-acrilonitrila
PE – polietileno
PEAD – polietileno de alta densidade
PEEK – poli-etil-éter-cetona
PE-MA – polietileno graftizado com anidrido maleico
PET – poli(tereftalato de etileno)
PET10A - nanocompósito com montmorilonita Cloisite®10A
PET15A - nanocompósito com montmorilonita Cloisite®15A
PET30B - nanocompósito com montmorilonita Cloisite®30B
PETNa – nanocompósito com montmorilonita Cloisite®Na+
PMMA – poli(metacrilato de metila)
POE – poli(óxido de etileno)
POM – Microscopia Óptica com Luz Polarizada (“Polarized Optical Microscopy”)
PP – polipropileno
PP/PA/PP-MA – blenda de polipropileno, poliamida e polipropileno graftizado com anidrido maleico
PP/PET – blenda de polipropileno e poli(tereftalato de etileno)
PP/PET/MMT - nanocompósito de polipropileno, poli(tereftalato de etileno) e montmorilonita
PP/PET/PP-MA - blenda de polipropileno, poli(tereftalato de etileno) e polipropileno graftizado com
anidrido maleico
PP/PET/PP-MA/MMT - nanocompósito de polipropileno, poli(tereftalato de etileno), polipropileno
graftizado com anidrido maleico e montmorilonita
PP-MA – polipropileno graftizado com anidrido maleico
PS – poliestireno
PS/PP/MMT – nanocompósito de poliestireno, polipropileno e montmorilonita
PU – poliuretano
PVA – poli(álcool vinílico)
R – raio local
SAN – copolímero de estireno-acrilonitrila
T – temperatura
t – tempo
T
- temperatura final de cristalização (“endset”)
T
c
– temperatura de cristalização
T
g
– temperatura de transição vítrea
T
m
– temperatura de fusão
T
o
– temperatura inicial de cristalização (“onset”)
XRD – Difração de raios-X (“X-Ray diffraction)
x – percentual de cristalinidade
X(t) – fração cristalina
X
c
– grau relativo de cristalinidade ou cristalinidade relativa
Z
c
– constante de velocidade de Avrami corrigido para processos não isotérmicos
Z
t
– constante de velocidade de cristalização de Avrami
xxi
1. INTRODUÇÃO
Plásticos são materiais amplamente usados devido a características tais como, facilidade de
produção, densidade baixa e sua natureza freqüentemente dúctil. Contudo, eles apresentam módulo e
resistência menor, quando comparado a metais e cerâmicas.
A maior parte do mercado da indústria de plásticos é atendida por apenas poucos polímeros do
tipo commodity. No entanto, há uma demanda interessante de aplicações que requer melhoramentos e
novas combinações de propriedades, as quais não são atendidas por estes polímeros. Por esta razão
existe considerável interesse científico e industrial na modificação e mistura de diferentes polímeros com
o objetivo de alcançar propriedades normalmente exibidas apenas por materiais não poliméricos ou, às
vezes, por plásticos de engenharia [1].
Diversas metodologias possibilitam o desenvolvimento de novos materiais e a modificação de
suas propriedades. Dois métodos muito utilizados consistem na formação de blendas e de
nanocompósitos poliméricos. Uma conveniência na formação de blendas é a possibilidade de combinar,
em um mesmo material, as propriedades de dois ou mais polímeros que constituirão a blenda [2]. Por
outro lado, os nanocompósitos poliméricos exibem melhorias nas propriedades dos materiais pelo uso de
cargas com, pelo menos, uma dimensão na escala nanométrica [3-4]. Numerosos estudos referentes a
nanocompósitos contendo polímero/argila têm sido publicados [5-10]. Um novo enfoque consiste no
estudo de nanocompósitos baseados em blendas entre dois ou mais polímeros. Nesse sentido, alguns
estudos têm sido apresentados, especialmente para sistemas contendo poliolefinas/polímeros
polares/argila [11-13].
Polipropileno (PP) e poli(tereftalato de etileno) – PET – são exemplos de polímeros utilizados em
grande escala. O uso de PET na produção de blendas com poliolefinas resultam materiais reforçados
[14-15] e a adição de nanocargas a blendas poliméricas pode originar características morfológicas e
estruturais diferentes, resultando uma combinação de propriedades interessantes [5,16-17].
2. OBJETIVOS
Esse trabalho tem como objetivo investigar o uso de montmorilonita na obtenção de
nanocompósitos de PET e de PP/PET e avaliar a sua influência na morfologia, no comportamento de
cristalização e nas propriedades mecânicas dos mesmos.
Inicialmente, nanocompósitos de PET serão preparados em extrusora utilizando-se
montmorilonitas diferentes, sendo avaliada a influência do tipo de modificador orgânico na morfologia da
argila. A influência da morfologia da argila no comportamento de cristalização também será avaliada,
sendo estudada a cinética de cristalização não isotérmica do PET e de seus nanocompósitos, utilizando
os modelos de Avrami e de Ozawa.
Com base nos resultados obtidos para os nanocompósitos de PET serão desenvolvidos
sistemas contendo PP, PET e montmorilonita utilizando condições variadas de preparação. Nesta etapa
serão avaliadas as influências da adição de argila, do uso de um compatibilizante e das condições de
preparação dos nanocompósitos na morfologia de fase das blendas. Além disso, é proposta desse
estudo relacionar o comportamento de cristalização, as propriedades mecânicas e as propriedades
mecânico-dinâmicas às morfologias das fases dos nanocompósitos de PP/PET.
1
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1. Blendas Poliméricas [18-20]
O desenvolvimento de blendas tem sido uma estratégia eficaz para a obtenção de materiais
com performances melhoradas [18-20]. Uma blenda polimérica consiste na mistura de dois ou mais
polímeros, que se apresenta homogênea em escala macroscópica, na qual se obtém um material que
normalmente reúne propriedades dos constituintes [21]. O desenvolvimento delas é uma prática comum
e econômica na indústria de polímeros para encontrar novos materiais para demandas específicas.
Alguns pares de polímeros são miscíveis, mas a maioria das blendas é imiscível sendo
importante a compatibilização das fases para obter um máximo de sinergia [18, 22]. Adicionalmente, as
propriedades finais de uma blenda são muito influenciadas pela interfase e a escala de tamanho da fase
em menor proporção, o que é determinado pela relação entre as condições de processamento e o
desenvolvimento da morfologia [22-23].
3.1.1. Tipos gerais de blendas poliméricas
Basicamente, uma blenda pode ser miscível, parcialmente miscível ou imiscível [18]. Em
termodinâmica, miscibilidade significa que há uma única fase em nível molecular [19] e, para tal, requer
uma energia livre de mistura (G
mix
) negativa e que a sua derivada segunda com relação à fração
volumétrica seja maior que zero:
G
mix
= H
mix
– T . S
mix
Equação 1
0
2
2
>
φ
mix
G
Equação 2
Contudo, se dois polímeros são misturados, o ganho de entropia, S
mix
, pode ser negligenciado
e a energia livre de mistura somente pode ser negativa se o calor de mistura, H
mix
, for também
negativo. Para tanto, o processo de mistura teria que ser exotérmico, o que requereria interações
específicas entre os componentes da blenda. Normalmente, apenas interações fracas do tipo Van der
Waals ocorrem, o que explica porque a miscibilidade de polímeros é mais exceção do que regra [18].
Além disso, blendas poliméricas obtidas no estado fundido utilizam condições que estão longe de serem
um equilíbrio termodinâmico [24].
Em blendas completamente miscíveis, para as quais H
mix
< 0, uma homogeneidade é
observada no mínimo em escala nanométrica, se não em nível molecular. Este tipo de blenda exibe
apenas uma temperatura de transição vítrea (T
g
), a qual está situada entre as T
g
’s de ambos
componentes da blenda, em uma relação íntima à composição da blenda. Em blendas parcialmente
miscíveis, uma parte (pequena) de um componente da blenda está dissolvida no outro. Estes tipos de
2
blenda podem ser compatíveis e exibir morfologias de fase homogênea e propriedades satisfatórias.
Ambas fases da blenda (uma sendo rica no polímero 1 e outra sendo rica no polímero 2) são
homogêneas e tem sua T
g
própria. Ambas T
g
’s são deslocadas dos valores dos componentes puros em
direção a T
g
do outro componente da blenda. Neste caso, a interfase é ampla e a adesão interfacial é
boa. Por fim, a maioria das blendas é imiscível e se caracteriza pela presença de uma morfologia de fase
heterogênea e adesão fraca entre as fases (cada uma exibe a T
g
dos componentes puros da blenda), tal
que essas blendas apresentam propriedades ruins a menos que sejam compatibilizadas [18]. A
compatibilização de blendas será abordada no item 3.1.3.
Nas blendas de polímeros semicristalinos, independentemente da miscibilidade no estado
líquido, há ainda a segregação de fase nas temperaturas de cristalização, tornando complexa a evolução
da morfologia de fase.
A estabilização das propriedades desejadas (p.e. eliminação da tensão residual e a
estabilização da morfologia, gerada no processamento, nas condições normais de uso) é uma das
dificuldades encontradas na indústria para a aplicação de blendas poliméricas. Nestes casos, a situação
é complicada não apenas por causa da natureza multicomponente das formulações, mas também
porque, em alguns casos, a temperatura de processamento pode estar abaixo da temperatura de fusão
(T
m
) de um dos polímeros que compõem a blenda e a condição de equilíbrio termodinâmico nunca é
alcançada. [19-20]
Em um senso prático, miscibilidade significa que o sistema mostra-se homogêneo em um tipo de
teste aplicado no estudo. Os métodos utilizados para o estudo da miscibilidade em blendas podem ser
divididos fundamentalmente em três grupos: métodos de equilíbrio de fase, medidas do parâmetro de
interação (χ
ij
) e testes de compatibilidade indireta. Esta divisão como todo sistema de classificação não é
completa. Limites aproximados da escala útil de algumas técnicas para o estudo da morfologia de
blendas são apresentados na Figura 3.1.[19]
Figura 3.1: Escala útil aproximada de técnicas experimentais para o estudo da morfologia de blendas (1)
interatômica; (2) molecular, esferulitos; (3) agregados de carga, blendas compatibilizadas; (4) reforços, blendas não
compatibilizadas; (5) vazios [19].
3
Os materiais que compõem as blendas poliméricas, normalmente, apresentam texturas
diferentes quando submetidos ao corte ou à fratura, resultando em uma topografia característica. Tendo
em vista que uma das principais características de interesse na Microscopia Eletrônica de Varredura
(MEV) é a topografia da superfície da amostra analisada, esta técnica será utilizada neste trabalho para
inferir sobre a morfologia das fases nas blendas poliméricas.
Métodos diferentes podem ser usados para preparar blendas poliméricas, entre eles a mistura
mecânica; a dissolução em co-solvente e então, “film casting”, congelamento ou “spray drying”; mistura
em látex (por exemplo, SAN + AB Æ ABS); mistura de pós finos; uso de monômeros como solvente para
outros componentes da blenda e então a polimerização como no HIPS. Por razões econômicas, a
mistura mecânica predomina e tem uma grande importância industrial. Na prática, extrusoras de rosca
dupla co-rotacionais tem demonstrado serem máquinas adequadas para a obtenção de misturas mais
efetivas [18-19].
3.1.2. Morfologia de fase em Blendas Poliméricas
Blendas heterogêneas, ou seja, cujos componentes são imiscíveis [21], mostram uma variedade
de morfologias. As morfologias mais conhecidas e mais freqüentemente observadas são: (i) a dispersão
de um polímero em uma matriz de outro polímero; e (ii) uma morfologia em duas fases co-contínuas. A
forma, o tamanho e a distribuição espacial das fases resultam de uma interação complexa entre a
viscosidade (e elasticidade) das fases, propriedades interfaciais, composição da blenda e condições de
processamento [18,25].
3.1.2.1. Desenvolvimento da morfologia em blendas
A otimização do tamanho da fase dispersa na blenda é importante tendo em vista a performance
final desejada. Por exemplo, o tamanho da fase dispersa é normalmente reduzido a uma escala menor
do que um micrometro, de forma a evitar estrias e delaminação durante a moldagem por injeção. Por
outro lado, domínios maiores são necessários se a geração de estruturas lamelares ou fibrilares é
desejada [19]. Assim, o controle da morfologia de fase durante o processamento da blenda é uma
característica chave para a produção de novos materiais com propriedades melhoradas quando
comparado aos polímeros constitutivos [18].
Quando as blendas são preparadas através da fusão dos componentes, a mobilidade da cadeia
é relativamente baixa e a tensão induzida no equipamento de processamento é o aspecto dominante no
desenvolvimento da morfologia. O processo de mistura inicia pela fusão dos dois componentes da
blenda, sendo que os fluxos de cisalhamento e elongacional durante o processamento dão origem a
filamentos (“threads”) e domínios esféricos (“droplets”). Nesta etapa, dois parâmetros principais atuam na
dispersão de uma fase na outra, sendo eles: a tensão de deformação dos domínios e a tensão interfacial
que resiste a esta deformação. Os filamentos podem romper ou permanecer estáveis para algumas
4
composições dependendo da razão de viscosidade entre os componentes poliméricos
, da tensão
interfacial e da tensão de cisalhamento envolvida [23-24].
A Figura 3.2 apresenta um esquema dos processos que ocorrem quando dois polímeros são
misturados no estado fundido, particularmente para o caso de um polímero ficar disperso na fase
contínua de outro polímero [18]. A etapa inicial consiste na deformação dos domínios, onde a área
interfacial é aumentada e as dimensões locais são diminuídas na direção perpendicular ao fluxo [18,25].
Figura 3.2:Representação esquemática dos processos que ocorrem durante a mistura de dois polímeros [18,
adaptado]
No caso de dois polímeros viscosos, a deformação do domínio é principalmente governada pelo
número capilar, Ca, que é proporcional a razão entre a tensão de deformação, τ, exercida no domínio
por um campo de fluxo externo, e a tensão interfacial de conservação da forma esférica,
σ
/R (sendo σ a
tensão interfacial e R o raio instantâneo da fase dispersa)
♦♦
.
Equação 3
A tensão interfacial resiste a tensão de deformação no caso de números capilares pequenos e
os domínios permanecem na forma elipsoidal [18,25]. Acima de um valor crítico, Ca
crit
, que ocorre
tipicamente num estágio inicial de mistura (quando os domínios dispersos são grandes), a tensão de
deformação predomina sobre a tensão interfacial, e os domínios são estirados em filamentos longos e
finos (Figura 3.2a). Se o raio local do filamento torna-se suficientemente pequeno, distúrbios interfaciais
que é a razão entre a viscosidade da fase dispersa e a viscosidade da fase contínua, η
d
/η
c
♦♦
η
c
= viscosidade da fase contínua; = taxa de cisalhamento
γ
5
(“distúrbios de Rayleigh” – Figura 3.2a) surgem no filamento, o que resulta na ruptura desse filamento
em domínios menores. Se os domínios finais forem grandes o suficiente, os mesmos podem ser
estirados e rompidos novamente. Se os domínios forem muito pequenos, a σ/R seria grande o suficiente
para impedir o estiramento e ruptura adicional [18].
A morfologia final será o resultado de uma competição entre os processos de ruptura (Figura
3.2a) e de coalescência (Figura 3.2b) quando as concentrações da fase dispersa são relativamente altas.
Por outro lado, o processo de ruptura dos domínios tem um efeito dominante em concentrações menores
da fase dispersa e dita o limite inferior de seu tamanho, dependendo da deformabilidade do domínio
disperso. Em uma certa gama de composições, tanto partículas dispersas como fibrilas podem coexistir.
Então, a morfologia final dependerá da estabilidade da fibrila e também da estabilidade dos nódulos
formados pelo mecanismo de Rayleigh, ou ainda, da inversão de fase pela coalescência de fibrilas
estáveis. Num equipamento de mistura a coalescência dos domínios dispersos ocorre em regiões de
taxa de cisalhamento baixa e resulta numa morfologia de fase mais heterogênea [18].
O processo de coalescência de fase, por sua vez, torna-se muito lento quando a fração da fase
dispersa é pequena ou se a viscosidade de ambas fases, contínua e dispersa, for alta. Logo, algumas
diferenças observadas entre blendas modificadas e não modificadas resultam principalmente das
mudanças na tensão interfacial. Além disso, as condições de processamento (temperatura, velocidade
de rosca, tempo de residência, tipo de rosca) também desempenham um papel importante no
desenvolvimento da morfologia de fase. [18]
A morfologia das misturas poliméricas torna-se mais complexa se um dos componentes está
apto a cristalizar. Do ponto de vista termodinâmico, a cristalização deste componente reduziria a energia
livre total do sistema e a cinética de cristalização teria um papel decisivo na determinação da morfologia.
A cristalização de um componente pode ser induzida pelo decréscimo da temperatura de uma blenda
fundida e, se a cristalização for rápida, uma estrutura esferulítica pode incrustar a fase amorfa
multicomponente, formando uma estrutura aparentemente homogênea (embora a interação entálpica
favoreça um processo de separação da mistura). Por outro lado, se a cristalização for lenta ocorreria
uma separação de fase, o que resultaria uma morfologia matriz/domínio [24].
Nas blendas extrudadas a morfologia é ainda dependente das condições de extrusão, uma vez
que a tensão interfacial é da mesma ordem de magnitude da tensão de deformação (cisalhamento)
durante o processo [24].
3.1.3. Compatibilização em Blendas Poliméricas
As boas propriedades mecânicas em blendas estão associadas à existência de uma morfologia
de fase fina e de uma boa adesão entre as fases. Isto não é observado normalmente em blendas
imiscíveis e a compatibilização é uma alternativa para alcançá-las.
A compatibilização em uma blenda imiscível (ou mesmo em um compósito) é um processo de
modificação das propriedades interfaciais que resulta na formação de interfases e na estabilização da
morfologia, sendo possível alcançá-la pelo uso de um compatibilizante [19, 21]
6
No processo de mistura, o compatibilizante reduz a tensão interfacial e retarda a formação de
distúrbios de Rayleigh durante a formação dos filamentos do polímero, possibilitando um maior
estiramento dos mesmos. Isto resulta em filamentos de diâmetro menor que, conseqüentemente,
originarão domínios menores. Adicionalmente, a presença de moléculas compatibilizantes na superfície
dos domínios evita a ocorrência da coalescência durante o processamento subseqüente [18].
A compatibilidade é freqüentemente estabelecida pela observação da integridade mecânica sob
condições pretendidas de uso de uma blenda imiscível ou um compósito [21].
3.1.3.1. Métodos de compatibilização
A modificação das propriedades interfaciais num sistema polimérico pode ser realizada pela
adição de um terceiro componente (sintetizado em uma etapa anterior) ou pela geração in situ do
compatibillizante durante a etapa de composição da blenda polimérica [18-20].
Os copolímeros, em bloco ou graftizados estão entre os compatibilizantes mais comuns
adicionados às blendas, os quais atuam de forma similar a um emulsificante [19,26]. A Figura 3.3
apresenta um esquema da conformação suposta para algumas moléculas compatibilizantes na interfase
de uma blenda polimérica heterogênea, sendo apresentados copolímeros em bloco e graftzados [18].
Figura 3.3: Figura esquemática das conformações de copolímeros (a) dibloco, (b) tribloco e (c) graftizado na
interfase de blendas heterogêneas [18, adaptado]
Via de regra, a estrutura desses compatibilizantes apresenta uma parte que é miscível com um
dos componentes da blenda e outra parte que é miscível com o outro componente da blenda. Na fase
em que se assemelha, respectivamente, cada parte do compatibilizante penetra o suficiente para se
enrolar com as cadeias constitutivas, promovendo uma melhoria na adesão interfacial. [18-20].
Trabalho significativo tem sido realizado com o objetivo de melhorar as propriedades de misturas
de polímeros pela modificação química da região interfacial ou através da adição dos modificadores
como um terceiro componente. Em muitos casos, contudo, tais agentes interfaciais não estão disponíveis
ou, em casos de aplicações de reciclagem, ainda são muito caros [27]. Polipropileno modificado com
anidrido maleico, PP-MA, tem sido usado freqüentemente como compatibilizante em vários sistemas
poliméricos heterogêneos [28-31].
7
3.1.3.2. Cargas inorgânicas como compatibilizantes
No item 3.1.3.1 foi apresentado que a miscibilidade de dois polímeros pode ser alcançada com a
adição de um terceiro polímero, desde que ele seja miscível com cada um dos polímeros constituintes da
blenda. De forma similar, Shifrin et al. [32] propôs uma alternativa que consiste do uso de uma carga
mineral como um compatibilizante para uma blenda polimérica de duas fases. A localização seletiva da
carga na interfase seria um pré-requisito, o qual seria satisfeito (ou não) dependendo do balanço de
interações entre a carga e cada polímero constitutivo [33]. A carga tende a se concentrar
preferencialmente na fase polimérica que interage mais fortemente com ela [18]. No entanto, no caso de
uma afinidade da carga com ambos polímeros, pode-se esperar que a carga se acumule na região
interfacial e forneça uma blenda imiscível com uma estabilidade melhorada. Esse assunto voltará a ser
abordado no item 3.2.8.
8
3.1.3.2. Cargas inorgânicas como compatibilizantes
No item 3.1.3.1 foi apresentado que a miscibilidade de dois polímeros pode ser alcançada com a
adição de um terceiro polímero, desde que ele seja miscível com cada um dos polímeros constituintes da
blenda. De forma similar, Shifrin et al. [32] propôs uma alternativa que consiste do uso de uma carga
mineral como um compatibilizante para uma blenda polimérica de duas fases. A localização seletiva da
carga na interfase seria um pré-requisito, o qual seria satisfeito (ou não) dependendo do balanço de
interações entre a carga e cada polímero constitutivo [33]. A carga tende a se concentrar
preferencialmente na fase polimérica que interage mais fortemente com ela [18]. No entanto, no caso de
uma afinidade da carga com ambos polímeros, pode-se esperar que a carga se acumule na região
interfacial e forneça uma blenda imiscível com uma estabilidade melhorada. Esse assunto voltará a ser
abordado no item 3.2.8.
3.2. Nanocompósitos Poliméricos
A introdução de aditivos e cargas nas matrizes poliméricas tem sido necessária para atender
requerimentos de performance, bem como considerações de custo e processamento da maioria das
aplicações atuais de plásticos. O uso de cargas em nanoescala estende essa estratégia para um nível
diferente, explorando as vantagens que partículas de tamanho nanométrico oferecem comparado a
cargas macro- e microscópicas.
A nanotecnologia é reconhecida hoje como uma das áreas mais promissoras para o
desenvolvimento tecnológico no século 21. Na pesquisa de materiais, o desenvolvimento de
nanocompósitos poliméricos tem surgido como uma atividade de pesquisa multidisciplinar cujos
resultados podem ampliar as aplicações dos polímeros em benefício de diversas atividades industriais e
econômicas [34, 35].
Compósitos poliméricos são materiais multicomponentes e consistem de fases múltiplas
sendo, no mínimo, uma delas uma fase contínua [21]. Nanocompósitos, por sua vez, são compósitos nos
quais uma das fases possui pelo menos uma dimensão na ordem de nanômetros [21]. Com a diminuição
da(s) dimensão(ões) da carga até uma escala nanométrica ocorrem modificações na contribuição da
região interfacial para as propriedades do produto final, o que resulta em propriedades significativamente
diferentes quando são comparados compósitos e nanocompósitos.
A mistura de nanopartículas com polímeros para formar materiais compósitos tem sido
praticada por décadas. Por exemplo, a resina reforçada com argila conhecida como Bakelite foi
introduzida por volta de 1900 como um dos primeiros compósitos de polímero-nanopartícula produzido
em massa e, fundamentalmente, transformou a natureza dos materiais do dia a dia. Igualmente, antes da
Bakelite, nanocompósitos foram encontrados em pneus automotivos que foram tenacificados com
nanopartículas, pela mistura de negro de fumo, óxido de zinco e/ou sulfato de magnésio com a borracha
vulcanizada. Apesar desses primeiros sucessos, não houve entusiasmo da comunidade científica por
nanocompósitos até o início dos anos 90, quando publicações de pesquisadores da Toyota revelaram
que a adição de nanocarga a nylon produziu um aumento de 5 vezes na resistência ao escoamento e
8
tensão do material [36, 37]. Desenvolvimentos subseqüentes forneceram estímulos adicionais à
pesquisa nessa área, em particular, o crescimento da disponibilidade de nanopartículas (com tamanho e
forma precisos) e o desenvolvimento de instrumentação capaz de sondar escalas de comprimento tão
pequeno, possibilitando, assim, a investigação da influência do tamanho e a forma da partícula nas
propriedades dos nanocompósitos poliméricos [36].
Os nanocompósitos podem alcançar um certo grau de rigidez, resistência e propriedades de
barreira com uma quantidade de carga bem menor do que os polímeros reforçados com fibra de vidro ou
outros reforços minerais convencionais [3, 4, 38, 39]. Adições em baixo volume (1-5%) das
nanopartículas forneceram propriedades melhoradas com relação ao polímero puro que foram
comparáveis àquelas alcançadas por 15-40% de cargas convencionais [37]. Complementarmente, o
baixo teor de carga facilita o processamento e reduz o peso final do produto, além de resultar aumentos
significativos na estabilidade térmica e apresentar características retardantes de chama [38, 40, 41].
Devido à orientação bidirecional das camadas, nanocompósitos com filossilicatos também exibem
rigidez, resistência e estabilidade dimensional em duas dimensões. Por sua vez, os produtos podem ser
transparentes uma vez que a escala de comprimento envolvida minimiza o espalhamento de luz. Todas
essas características justificam a tendência de aumento no mercado de vários polímeros e a ampliação
do uso desses materiais tem sido observada nos segmentos automotivo (barras de proteção), de
embalagens (frascos e filmes) e da construção civil (tubos, cabos, coberturas) [37, 42-48].
3.2.1. Cargas utilizadas na preparação de nanocompósitos poliméricos
De acordo com Jordan et. al. [49] as inclusões em tamanho nano são definidas como aquelas
que tem no mínimo uma dimensão no intervalo de 1 a 100 nm. Em quase todos os casos, as cargas
consistem de uma associação de nanopartículas (por exemplo, pós de 1-100µm), sendo necessário
dispersá-las na matriz polimérica [39]. As cargas utilizadas como precursores na obtenção de
nanocompósitos apresentam diferentes dimensões na escala nanométrica, podendo-se citar como
exemplo:
a) três dimensões:
nanopartículas esféricas de carbonato de cálcio [50-53] e sílica [54];
b) duas dimensões:
nanotubos de carbono
[55-59];
c) uma dimensão:
silicatos em camada, como mica [60-62] e montimorilonita [11].
A classe mineral dos silicatos é de grande importância, superando qualquer outra, pois compõem
cerca de 25% dos minerais conhecidos e quase 40% dos minerais mais comuns [63]. Entre os potenciais
precursores de nanocompósitos, aqueles baseados em silicatos em camada, ou filossilicatos, têm sido
amplamente investigados [3]. Duas características peculiares justificam o uso intensivo dos filossilicatos,
como a montmorilonita (MMT), na preparação de nanocompósitos. A primeira é a sua habilidade para
dispersar em folhas individuais. Desta forma, uma razão de aspecto (razão entre o comprimento e a
espessura de cada folha) até 100x maior do que as observadas para partículas não dispersas (ou
parcialmente dispersas) pode ser obtida. A segunda característica consiste na possibilidade de modificar
sua superfície química através de reações de troca de íons com cátions orgânicos ou inorgânicos. Essas
9
duas características estão interrelacionadas uma vez que um dado grau de dispersão na matriz
determina a razão de aspecto e depende, entre outros parâmetros, dos cátions localizados na
intercamada [38].
A montmorilonita é uma argila que pertence à família das smectitas e apresenta a
característica singular de inchar (expandir) em meio polar [64]. O minério que a contém é encontrado em
depósitos vastos ao redor do mundo. A bentonita branca é um mineral constituído principalmente por
montmorilonita sódica (MMT-Na), que deve ser separada do minério cru (para eliminação de impurezas)
antes de seu uso. No Brasil, na década de 80, houve extração de bentonita no Rio Grande do Norte e
Paraíba. Atualmente, há a ocorrência desse mineral nos estados da Paraíba, São Paulo, Paraná e Rio
Grande do Sul.
3.2.1.1. Estrutura da Montmorilonita
A montmorilonita apresenta uma estrutura cristalina em camadas, composta por folhas finas e de
forma irregular, cujas razões de aspecto estão na ordem de 50-150. A vista lateral das folhas apresenta
uma espessura uniforme de 0,94nm, resultando uma área superficial grande [64]. A Figura 3.4 apresenta
uma imagem de Microscopia Eletrônica de Transmissão (MET) de uma montmorilonita refinada [64].
Figura 3.4: Microscopia Eletrônica de Transmissão da montmorilonita refinada [64]
Estas folhas se auto-organizam e formam empilhamentos com um espaço regular entre elas,
chamado intercamada ou galeria, que pode variar de 1nm a 3nm. Cada folha da montmorilonita consiste
em uma estrutura 2:1, na qual camadas de sílica tetraédrica estão ligadas a uma camada interna de
alumina octaédrica, como apresentado na Figura 3.5. O plano comum de junção entre as camadas
tetraédricas e octaédricas consiste de oxigênios axiais e grupos OH não compartilhados [63-67].
A maioria dos filossilicatos possui hidroxilas e as peculiaridades estruturais associadas a esse
grupo são de enorme importância para a determinação de suas propriedades, por exemplo, resultam
ligações de hidrogênio fortes com a água [63]. Por outro lado, as forças que unem as diferentes unidades
estruturais são mais fracas do que as existentes entre os constituintes em uma mesma folha,
possibilitando aos filossilicatos delaminarem na direção paralela a das folhas [66]. Além disso, as folhas
apresentam um módulo elevado e podem conferir reforço quando incorporadas em matrizes
poliméricas[68].
10
Figura 3.5: Estrutura 2:1 dos filossilicatos [adaptado de 4, 65-67]
A substituição isomórfica dentro das camadas (magnésio ou ferro, substituindo alumínio na
camada octaédrica, ou o alumínio substituindo silício na camada tetraédrica) gera cargas negativas que
são contrabalanceadas por cátions (cálcio, potássio ou sódio) localizados na intercamada [38, 64, 69].
3.2.1.2. Morfologia da argila
Três morfologias da argila podem ser distinguidas quando nanocompósitos poliméricos são
preparados, conforme a seguinte classificação: (i) intercalada, na qual uma ou mais camadas
moleculares de cadeias de polímeros estão inseridas entre as folhas ou galerias da argila, (ii) esfoliada,
na qual as camadas de argila estão dispersas homogeneamente em uma matriz polimérica na forma de
folhas individuais, ou (iii) híbrida, na qual ambas morfologias intercalada e esfoliada são observadas
(Figura 3.6). Por outro lado, apenas um compósito convencional é formado quando a dispersão da carga
não resulta inclusões de tamanho nano.
11
Figura 3.6: Morfologia da argila nos nanocompósitos [adaptada de 70]
Diferentemente da morfologia intercalada, na morfologia esfoliada apenas um pequeno
percentual em peso de folhas de argila apresenta algum ordenamento estrutural. Para obter sistemas
contendo folhas individuais de argilas é importante que a reagregação das folhas na matriz polimérica
seja evitada [71]. O fenômeno de agregação será comentado no item 3.2.5.1.
Muitas publicações na área de nanocompósitos enfatizam suas vantagens e, freqüentemente,
reivindicam esfoliação completa ou no mínimo extensa. No entanto, a esfoliação completa é difícil de ser
alcançada [72] e, normalmente, forma-se uma estrutura híbrida contendo tactóides (partículas que não
foram intercaladas pelo polímero), estruturas intercaladas (nas quais as distâncias na galeria são
aumentadas) e camadas individuais de silicato esfoliadas.
3.2.1.3. Montmorilonita modificada
A MMT é um material naturalmente hidrofílico, o que torna a sua esfoliação difícil em uma matriz
polimérica que é hidrofóbica. Por esta razão, torna-se importante um tratamento superficial das camadas
de silicato com o objetivo de promover maior hidrofobicidade à argila, sendo que, a argila modificada (ou
organoargila) tende a apresentar uma melhor compatibilidade com polímeros orgânicos [3]. Além disso, a
cobertura da superfície pelo uso de uma substância orgânica sempre resulta no decréscimo da tensão
superficial, o que diminui a interação entre as folhas de silicato, favorecendo a separação das folhas [73].
Um caminho convencional para isso consiste na troca dos cátions localizados na superfície das folhas
por cátions orgânicos, referidos freqüentemente como surfactantes, tal como os sais quaternários de
amônio, cuja estrutura geral está representada na Figura 3.7 [64,74].
12
N
+
R
2
R
3
R
1
R
4
X
-
Figura 3.7: Estrutura geral de um sal quaternário de amônio. R é um grupo orgânico ou hidrogênio e X é um ânion
Os ligantes do surfactante (R
i
) podem ser átomos de hidrogênio ou metila, benzila, hidroxi-etila,
ou ainda, outros grupos contendo um ou dois radicais alquila longos (geralmente 16-22 carbonos),
derivados de ácidos graxos [64]. Os cátions orgânicos diminuem a energia superficial do silicato e
melhoram as características de molhabilidade (“wetting”) com relação a matriz polimérica, sendo que, o
enfraquecimento das forças de van der Waals, que atraem as folhas adjacentes da montmorilonita,
facilita a delaminação [38, 64, 71, 74]. A modificação orgânica também resulta na expansão do
espaçamento basal devido à presença das cadeias alquilas que estão intercaladas no espaço
intercamada [64,74,75] (Figura 3.8). De maneira geral, quanto maior o comprimento da cadeia no
surfactante, maior a expansão da camada.
Figura 3.8: Modelo de agregação das cadeias alquila. (a) cadeias curtas; (b) cadeias de comprimento intermediário;
(c) cadeias mais longas. Círculos abertos () representam segmentos CH
2
, enquanto os finais de cadeia catiônicos
são representados por círculos preenchidos () [75].
Embora tenha sido sugerido que o aumento do espaço na galeria seja desejável, evidências
empíricas sugerem que um espaçamento maior tem uma importância menor para a esfoliação, se
comparado às características de compatibilidade entre o polímero, a superfície do silicato e o surfactante
utilizado para modificar a argila [64].
Os surfactantes que modificam as argilas podem ser escolhidos de forma a auxiliar o inchamento
da argila e, adicionalmente, podem atuar como compatibilizante entre as superfícies, hidrofílica da argila
e hidrofóbica do polímero [71,76]. Os cátions (representados pelos círculos preenchidos na Figura 3.9)
apresentam afinidade com a superfície da argila, enquanto que as interações intermoleculares entre o
polímero e as cadeias alifáticas do surfactante podem favorecer a entrada do polímero na galeria. No
caso de polímeros polares (ou que contenham grupos funcionais) podem também ocorrer interações
com a superfície da argila, favoráveis ao processo de intercalação.
13
Figura 3.9: Representação esquemática do processo de intercalação entre um polímero fundido e um filossilicato
modificado organicamente [76]
Além disso, grupos funcionais que possibilitam reação química com monômeros, oligômeros, ou
polímeros podem ser introduzidos usando cátions orgânicos correspondentes e, então, a sua escolha
adequada ao sistema pode melhorar a adesão entre a fase inorgânica e o polímero e, por conseqüência,
as propriedades finais do nanocompósito [71].
3.2.2. Determinação da morfologia nos nanocompósitos
A estrutura morfológica dos nanocompósitos poliméricos com filossilicatos tem sido
tradicionalmente caracterizada usando Difração de Raios-X (DRX) e Microscopia Eletrônica de
Transmissão (MET). A Difração de Raios – X possibilita inferir sobre a morfologia da argila e, devido à
facilidade de manuseio e a disponibilidade, tem sido uma das técnicas mais utilizadas. A Microscopia
Eletrônica de Transmissão (MET), por sua vez, permite uma compreensão qualitativa mais completa da
estrutura interna, da distribuição espacial das várias fases e uma visualização direta de defeitos na
estrutura.
3.2.2.1. Difração de Raios-X (DRX)
O princípio da difração de raios - X pelos cristais resulta de um processo em que esses raios são
espalhados pelos elétrons dos átomos sem a mudança do comprimento de onda (dispersão coerente ou
de Bragg). O feixe difratado é produzido por espalhamento só apresentando máximos quando algumas
condições geométricas são satisfeitas, expressas pela Lei de Bragg. Os planos de uma família, formados
pelos átomos da amostra, são todos paralelos e possuem uma distância interplanar, d, constante (Figura
3.10).
Figura 3.10: Lei de Bragg
14
Para ambos os planos espalharem em fase, a diferença de caminho deve ser um número inteiro
de comprimentos de onda, isto é, nλ, em que n é o número inteiro. Essa condição é descrita pela lei de
Bragg.
n
λ
= 2d sen
θ
Equação 4
na qual λ é o comprimento de onda da radiação incidente; d, a distância interplanar; e θ é o ângulo entre
feixe incidente e o plano da amostra. Um máximo de difração ocorrerá quando a lei de Bragg for
satisfeita.
Neste trabalho, DRX será utilizada para avaliar a morfologia da argila nos nanocompósitos. As
montmorilonitas (originais ou modificadas) apresentam arranjos cristalinos ordenados, cujo espaço nas
galerias (d
001
) é da ordem de 10Å a 40Å e pode ser avaliada por DRX em ângulos rasantes (2°< 2θ
<10°). A intercalação do polímero nas galerias pode ser avaliada através do deslocamento do pico
característico da argila para ângulos de difração menores, indicando um afastamento das camadas da
argila (aumento do espaço na galeria). O desaparecimento do pico característico, por sua vez, indica
uma possível esfoliação da argila e o alargamento do mesmo tem sido considerado um indicativo da
esfoliação parcial [77].
Embora DRX ofereça um método conveniente e simples para determinar o espaçamento médio
da intercamada, tanto no filossilicato como nos nanocompósitos intercalados, esta técnica não possibilita
a determinação da distribuição espacial da argila, nem a existência de heterogeneidades no
nanocompósito, por exemplo, a ocorrência de estruturas híbridas. Assim, as estruturas em
nanocompósitos não podem somente ser avaliadas por DRX.
3.2.2.2. Microscopia Eletrônica de Transmissão (MET)
A Microscopia Eletrônica de Transmissão (MET) permite uma avaliação qualitativa da estrutura
interna e da distribuição espacial de fases diferentes através de uma visualização direta. As interações
entre os elétrons e a matéria podem originar espalhamentos elásticos e inelásticos. Os elétrons
espalhados elasticamente são os principais formadores do contraste em imagens de campo claro, em
microscopia eletrônica de transmissão.
No MET, quando o feixe de elétrons passa pela amostra, ocorre espalhamento devido às
diferentes densidades dentro do espécime, ou diferentes interações físicas entre os elétrons e a amostra.
A intensidade do feixe transmitido depende dos processos de espalhamento dos elétrons pelos átomos
da amostra e, quanto maior o número atômico (Z), menor será o número de elétrons transmitidos e a
imagem aparecerá mais escura na região.
O uso de MET é de grande importância no estudo da dispersão de cargas e aditivos em
compostos poliméricos. A diferença de número atômico entre os componentes dos silicatos (Si, O, Al) e
dos polímeros (C, H) origina o contraste na imagem e, muitas vezes, mesmo sem a aplicação de
técnicas de tingimento para contraste, é possível visualizar a morfologia. Além disso, esta técnica
possibilita a avaliação do tamanho, da distribuição das partículas de argila e, por conseqüência, pode ser
utilizada como método para avaliar a homogeneidade do processo de mistura [78].
15
3.2.3. Métodos de preparação de nanocompósitos [3,4,9,71, 78]
Criar uma técnica universal para a obtenção de nanocompósitos poliméricos é difícil devido às
diferenças físicas e químicas entre cada sistema polimérico e os vários tipos de equipamentos
disponíveis. Cada sistema polimérico requer uma seleção específica das condições para ser formado,
baseado na eficiência da técnica e nas propriedades desejadas dos produtos. Além disso, o método de
fabricação também influencia a microestrutura e, por conseqüência, as propriedades finais [79].
Existem essencialmente três concepções diferentes para produzir nanocompósitos poliméricos:
(i) no estágio de monômero, pelo uso da polimerização in situ; (ii) pela mistura da argila e do polímero
em solução (ou suspensão); e (iii) pela mistura direta da argila e do polímero no estado fundido [64].
Cada uma dessas concepções gerais possibilita o desenvolvimento de várias metodologias, e muitos
métodos diferentes têm sido propostos para a obtenção de nanocompósitos.
A polimerização in situ foi a primeira estratégia utilizada para produzir nanocompósitos com
polímero e argila. De forma genérica, este método parte de uma solução contendo a argila e o
monômero na qual uma reação de polimerização é promovida. A argila atrai as moléculas de monômeros
polares para a galeria até um equilíbrio ser atingido, devido à sua energia superficial elevada, o que tem
sido denominado como o inchamento da argila no monômero. A reação de polimerização ocorre entre as
camadas reduzindo a polaridade das moléculas que estão intercaladas e deslocando o equilíbrio. Isto
permite que novas espécies polares difundam entre as camadas e progressivamente esfoliem a argila.
Por conseqüência, é esperado que a natureza e as condições de polimerização tenham um papel
importante no processo de esfoliação [78]. Muitas das técnicas de polimerização in situ separam
completamente as camadas da argila umas das outras e originam nanocompósitos com as folhas
distribuídas homogeneamente [71]. Por outro lado, elas funcionam apenas com monômeros específicos,
cuja polimerização seja adequada no ambiente contendo a argila [71]. A Figura 3.11 apresenta uma
representação esquemática da polimerização in situ da caprolactama para formar o nanocompósito de
nylon 6 [80].
Figura 3.11: Representação esquemática da síntese de nanocompósito de nylon-6 através da polimerização in situ
da caprolactama [80].
No método em solução, as folhas de silicato são dispersas usando um solvente no qual o
polímero está solubilizado. O polímero adsorve nas folhas delaminadas e quando o solvente é
evaporado (ou a mistura é precipitada) é obtido o nanocompósito. Nesta concepção acredita-se que o
ganho de entropia pela desorção das moléculas de solvente possibilita a difusão das cadeias de
16
polímero entre as camadas de argila, compensando a diminuição na entropia conformacional. Para tal, o
polímero deve ser solúvel em um solvente que possa preencher o espaço entre as camadas. Na maioria
dos casos, um solvente polar é requerido, o que auxilia o inchamento da argila e, em alguns casos, já
resulta a delaminação total das folhas. Esse critério não pode ser aplicado a uma variedade de sistemas
poliméricos sendo, portanto, um fator limitante da técnica. Assim, a natureza do solvente é crucial para
facilitar a inserção de materiais orgânicos entre as camadas. Além disso, essa concepção utiliza
quantidades grandes de solvente, o que configura sua maior desvantagem. Por esta concepção também
são preparados nanocompósitos de polímeros obtidos por emulsão, onde o filossilicato é disperso na
fase aquosa [71,78].
No processo de mistura no estado fundido, denominado como “melt intercalation”, um polímero
termoplástico é misturado mecanicamente com uma argila utilizando temperaturas elevadas,
normalmente acima da temperatura de fusão (T
m
) do polímero. Dessa maneira é esperado que as
cadeias de polímero sejam intercaladas entre as camadas individuais de argila. Essa concepção baseia-
se na contribuição entálpica, principalmente das interações polímero-argila, que favoreceriam a
intercalação [78].
Para a maioria dos polímeros tecnologicamente importantes, o uso da polimerização in situ ou a
intercalação em solução é limitado, por que nem sempre um monômero adequado ou um sistema de
solvente compatível com ambos, polímero e silicato, está disponível. Assim, muitas das atividades de
pesquisa e desenvolvimento (com interesse comercial) estão baseadas na mistura direta no estado
fundido. Embora esta concepção apresente uma cinética de formação do nanocompósito relativamente
lenta (originada pelo fenômeno de difusão), sua flexibilidade e os aspectos econômicos associados ao
seu uso são muito interessantes. Tendo em vista que, os nanocompósitos utilizam quantidades menores
de carga, há uma redução nas dificuldades e custos associados às técnicas de fabricação comumente
usadas em polímeros reforçados com teores altos de fibras e outros minerais. Quando quantidades
grandes de cargas são utilizadas, como no caso dos compósitos convencionais, a processabilidade
torna-se difícil e, equipamentos de mistura com torque elevado são necessários resultando, muitas
vezes, uma dispersão ruim da carga. Especialmente com respeito a características ambientais, a mistura
direta no estado fundido é o processo preferido para a formação de nanocompósitos. Além disso, essa
concepção é aplicável a uma ampla variedade de polímeros e é compatível com os processos industriais
usuais [38,39,71,79].
3.2.4. Uso de MMT em polímeros
Diferentes matrizes poliméricas têm sido utilizadas na obtenção de nanocompósitos e,
numerosos estudos podem ser encontrados na literatura, os quais utilizam técnicas, insumos e
composições variadas.
A preparação de nanocompósitos contendo MMT tem apresentado algum sucesso com
polímeros polares ou polarizáveis. Por exemplo, nanocompósitos de poliamida-6 –nylon-6 [81-85],
poliuretano - PU [86-89], copolímero de etileno-acetato de vinila - EVA [8,70,90], e poli(tereftalato de
etileno) - PET [91-93] têm sido preparados pelo uso de organoargilas, resultando intercalação e
esfoliação extensiva. Como apresentado no item 3.2.1.3, interações favoráveis entre grupos polares do
17
polímero com a superfície da argila (e com o surfactante) podem auxiliar no processo de
intercalação/esfoliação. Resultados de FTIR obtidos por Uricano et al [94] indicaram, por exemplo, que
os grupos ésteres do acetato de vinila interagem fortemente com a superfície da MMT. Ainda, a
dispersão das folhas da MMT sódica foi observada em polímeros solúveis em água, como o poli(álcool
vinílico) – PVA [95] e o poli (óxido de etileno) – POE [96] e foi demonstrado que a interação da MMT com
o poli(álcool vinílico) completamente hidrolisado é impulsionada pela ligação de hidrogênio entre o grupo
álcool vinílico do polímero e os oxigênios do silicato [95,97].
Por outro lado, a dispersão eficiente de folhas de argila em sistemas poliolefínicos, como PP e
PE, tem representado um desafio à comunidade científica que deseja obter esse tipo de nanocompósito.
A deficiência de forças motrizes para a intercalação do polímero na argila, devido à baixa polaridade das
poliolefinas torna difícil a obtenção da esfoliação completa e a dispersão homogênea do filossilicato
nesses materiais [64, 98-100]. Uma estratégia muito utilizada para driblar essa dificuldade consiste no
uso concomitante de polímeros funcionalizados, como os graftizados com anidrido maleico (PP-MA, PE-
MA), que auxiliam na esfoliação e homogeneização [30,64,72,101-106]. A Figura 3.12 apresenta um
esquema do processo de dispersão da argila em PP-MA [107]. O PP-MA seria capaz de intercalar no
espaço intercamada da argila devido à presença dos grupos anidrido maleico e a força motriz se
originaria de ligações de hidrogênio fortes entre os grupos MA e a superfície polar da argila [4]. Lee et al
[104] mostrou que um teor excessivo de MA no PP-MA dificulta a difusão das moléculas de PP devido à
diferença de polaridade entre os dois. Além disso, as moléculas de PP-MA contendo maiores teores de
MA, interagem preferencialmente com a MMT, podendo resultar em uma morfologia apenas intercalada,
a qual limitaria uma penetração posterior de outras moléculas.
Figura 3.12: Ilustração esquemática do processo de dispersão da MMT em uma matriz de PP-MA [adaptado, 107].
Pukánszky et al [101] mostrou também que, além do efeito de adsorção competitiva (PP-MA e
surfactante) na superfície da argila e a solubilidade mútua dos componentes (PP, PP-MA, surfactante),
reações químicas também desempenham um papel importante na formação da estrutura de
nanocompósitos de PP contendo polímeros funcionalizados. Seus resultados demonstraram que o PP-
18
MA reage quimicamente com o surfactante utilizado na organofilização da carga, se este último possuir
grupos hidrogênio ativos. Logo, a morfologia final e a influência relativa das interações que contribuem
para a intercalação/esfoliação podem mudar com o tipo de surfactante, polímero funcionalizado,
recobrimento da superfície (sítios para interação) e condições de processamento.
Assim, os resultados apresentados na literatura possibilitam sugerir que os aspectos químicos
usados para modificar as argilas, o uso de compatibilizantes e as condições de processamento devem
ser combinados de forma adequada aos diferentes polímeros (apolares ou polares) para que seja
alcançado um grau melhor de dispersão e esfoliação da argila.
3.2.5. Dispersão de nanopartículas e o uso de extrusora
Um dos principais pontos de discussão na preparação de um nanocompósito polimérico de boa
qualidade está relacionado à forma de dispersão das nanopartículas na matriz polimérica, tendo em vista
que a reprodutibilidade das propriedades e dos resultados está intimamente relacionada ao controle e à
homogeneidade da morfologia desenvolvida.
Na obtenção de nanocompósitos pela mistura direta no estado fundido, a
intercalação/esfoliação tem sido obtida com o uso de técnicas de processamento convencionais [7, 8,
83,108-110]. Equipamentos e métodos que promovam tensão e velocidades de cisalhamento elevadas
auxiliam na dispersão da argila quando são usadas argilas modificadas adequadas [7,83]. A extrusão em
rosca dupla, cuja eficiência na preparação de compósitos é reconhecida, tem provado ser efetiva na
esfoliação e dispersão dos silicatos em camada. No entanto, cabe lembrar que, além de cisalhamento e
de tempo de residência adequados, o sucesso da esfoliação na extrusora também está associado com a
presença de interações fortes entre a argila e a cadeia polimérica [109].
Uma vez que uma boa dispersão da argila e a esfoliação tenham sido alcançadas, o
processamento subseqüente do material pode ser realizado utilizando técnicas convencionais (extrusão,
injeção, sopro, termoformagem, etc) e podem até melhorar a eficiência de algumas etapas pós-
processamento [64].
3.2.5.1. Propostas Mecanísticas para a esfoliação/intercalação em extrusora
Mecanismos para a esfoliação da argila durante o processo de extrusão têm sido propostos
[7,8,64,69,111]. Teorias convencionais propõem que durante o processo de extrusão, o polímero
gradualmente entra no espaço intercamada, e se inicia a expansão da galeria, até que as forças de van
der Waals (que mantém as folhas unidas) sejam sobrepostas e a esfoliação tenha lugar. Fornes et al.[8]
e Dennis et al [7], por sua vez, propuseram que, anterior ao ingresso do polímero na galeria (Figura
3.13c), a altura dos empilhamentos de argila é diminuída por cisalhamento (Figura 3.13b). A etapa de
difusão seria determinada pelo tempo de residência e pelas afinidades química e física, sendo também
auxiliada pelo cisalhamento.
19
Partícula de argila
organicamente modificada
(
~
8
µ
m)
Empilhamentos de folhas de
silicato ou tactóides
difusão
cisalhamento
Tensão =
η
γ
.
cisalhamento
cisalhamento
Folhas escamam pela combinação dos processos de difusão e cisalhamento
Cisalhamento dos empilhamentos de folhas resulta em tactóides menores
Figura 3.13: Mecanismo de esfoliação da argila no polímero durante o processamento (a) quebra da partícula da
argila organicamente modificada; (b) quebra do tactóide ; (c) esfoliação. [8]
Embora Dennis et al [7] tenham demonstrado que a difusão da cadeia polimérica tem uma
contribuição importante no processo de intercalação/esfoliação, Lee et al [112] obtiveram a dispersão da
argila mesmo quando o processo de difusão foi suprimido, apenas pela aplicação do cisalhamento, o que
demonstra também a contribuição deste último parâmetro para o processo de esfoliação.
3.2.5.2. Agregação das partículas
Dois tipos de interações são esperados quando cargas são incorporadas a polímeros. As
interações que existem entre a matriz e a carga determinam os processos de deformação
micromecânica, o comportamento macroscópico e, por conseqüência, a performance do material. Por
outro lado, as interações entre as partículas de carga favorecem a agregação das mesmas [74], sendo
que sua ocorrência e extensão são influenciadas pela adesão interfacial, pelas forças de cisalhamento e
pelo tamanho das partículas. Embora não seja desejável, as partículas inorgânicas tendem a agregar em
uma matriz polimérica independentemente do tipo de material e do tamanho [71]. A tendência à
agregação da carga aumenta muito com a diminuição do tamanho da partícula e isso se deve ao
aumento da superfície de contato [39,74]. Tendo em vista que nos nanocompósitos as partículas são
muito pequenas e a área superficial é grande, torna-se difícil evitar o processo de agregação.
Adicionalmente, o tamanho e a interação das partículas determinam também a resistência dos
agregados e, sob o efeito de forças externas, ocorre falha prematura do compósito por inteiro se o
agregado fraturar [74]. Durante o processo de mistura, as forças de cisalhamento podem ser mudadas
até um determinado limite. Logo, um fator importante no controle da agregação das partículas está
associado com a modificação da superfície da carga, conforme apresentado no item 3.2.1.2.
20
3.2.5.3. Fatores energéticos que influenciam a morfologia da argila
Como visto anteriormente, a morfologia da argila nas misturas entre polímero e MMT é
influenciada pela escolha do modificador orgânico da argila, assim como pelo método e condições de
preparação do nanocompósito.
A esfoliação em grande extensão, ou até mesmo total, tem sido observada com maior freqüência
em polímeros que apresentam alguma polaridade em sua estrutura. Por outro lado, em sistemas
poliméricos que não possuem qualquer grupo polar há uma dificuldade em obter uma dispersão
homogênea de camadas individuais de silicato somente pela mistura do polímero e da argila [item 3.2.4].
O processo de intercalação/esfoliação da argila no polímero, no estado fundido (como
apresentado no item 3.2.5.1) está fortemente associado ao fenômeno de difusão da cadeia polimérica
para o espaço intercamada da argila. Assim, torna-se importante considerar parâmetros como a
mobilidade da cadeia polimérica e as possibilidades de interação entre silicato, surfactante e polímero.
O processo de mistura entre o polímero e a argila para formar sistemas intercalados e/ou
esfoliados tem sido estudado e modelos teóricos têm sido propostos, indicando que o processo envolve
contribuições energéticas de natureza diferente [76,83,113-117]. O processo de intercalação resultaria
em um decréscimo de entropia, que está associado ao confinamento do polímero entre as camadas de
argila. Este fator tenderia a proibir fortemente a formação do híbrido intercalado [76]. Por outro lado, a
expansão da galeria e a existência de interações favoráveis entre a argila e o surfactante com o
polímero, minimizariam os efeitos entrópicos desfavoráveis.
Balazs et al [116] mostrou que se o polímero e a superfície experimentam uma interação atrativa,
o polímero difundirá através de uma galeria energeticamente favorável, o que maximizaria o contato com
as duas camadas. Nesta situação, o polímero manteria as duas superfícies juntas e se moveria através
da intercamada. Essa condição poderia resultar em um estado apenas intercalado e tem sido
denominada como efeito “glue” [114,116]. Por outro lado, quando polímeros funcionalizados são
utilizados, os finais de cadeia seriam atraídos para a superfície da argila, enquanto o restante da cadeia
não teria a mesma afinidade. Dessa maneira, o polímero poderia penetrar entre as folhas, mas a maior
parte da cadeia (que tenderia a se manter enovelada) dificultaria a manutenção das folhas de argila
juntas. Comportamento similar seria esperado em copolímeros dibloco, onde um bloco seria atraído pelo
substrato e o outro tenderia a separar as camadas [116]. Nessa condição, a intercalação e a esfoliação
seriam possíveis.
Além dessas considerações, como comentado no item 3.2.1.2., a escolha de um surfactante
adequado também auxilia na formação do nanocompósito. Assim, as interações entre o surfactante e o
polímero podem auxiliar na difusão da cadeia polimérica para o espaço intercamada e, por outro lado, a
presença do modificador pode reduzir a atração entre as camadas de argila, favorecendo os processos
de intercalação e esfoliação.
3.2.6. Uso de MMT em blendas poliméricas
As mudanças na morfologia e na compatibilização de fases imiscíveis induzidas pela presença
de uma carga, bem como o reforço preferencial de uma fase (ou da interfase) pode resultar em materiais
21
com uma combinação de propriedades interessantes, sendo que a adição de nanocargas a blendas
poliméricas pode resultar na formação de nanocompósitos singulares. O efeito de nanocargas na
morfologia e propriedades de blendas poliméricas imiscíveis ou parcialmente miscíveis tem sido um
tópico de intensa investigação recente [5, 23, 118-135].
As folhas de argila (ou mesmo partículas de sílica) têm dimensões que podem ser menores ou
comparáveis aos tamanhos dos domínios de muitas blendas multifásicas. Assim, sua presença pode
influenciar o desenvolvimento estrutural das blendas durante a mistura no estado fundido e causar
substanciais reduções nos tamanhos dos domínios dispersos [23,118, 121-127,134]. As teorias que
descrevem esses efeitos variam conforme a localização da carga (na fase contínua, na fase dispersa ou
na interfase entre os dois componentes das blendas).
Recentemente, Wang et al. [136] estudou dois tipos de compósitos poliméricos contendo argila,
preparados pela mistura no estado fundido de PC/ABS ou PA-6/ABS com MMT modificada. A
localização das camadas de silicato foi dependente da miscibilidade entre o polímero e a argila
modificada. Nas blendas PA-6/ABS, por exemplo, ela migrou para a fase PA-6, enquanto nas blendas
PC/ABS, a MMT ficou localizada principalmente na fase ABS. Contudo, em ambas blendas, a maior
densidade de argila foi observada na região da interfase, o que modificou a morfologia da blenda. Estas
observações sugerem que os silicatos em camada modificados organicamente podem atuar como
compatibilizantes entre os polímeros imiscíveis [122,128], sendo que três formas de compatibilização
têm sido sugeridas: (1) pela ação do modificador orgânico (intercalante) miscível em ambos
componentes da blenda; (2) pela adsorção sólido-fundido que resulta em ganho de energia livre; e (3)
pela migração para a interfase e a modificação da tensão superficial entre as duas fases [122]. Além
disso, as mudanças na morfologia podem ainda estar relacionadas ao fato de que as folhas de argila que
estão localizadas na interfase poderiam impedir a coalescência dos domínios, atuando como uma
barreira física, resultando domínios dispersos de tamanho menor [123,124,126].
Como foi comentado no item 3.1.3.2., a carga se concentrará preferencialmente na fase
polimérica que interage mais fortemente com ela. Em uma blenda de EPR-g-MA/PP, Kontopoulou et al
[118] observou que a migração da carga para a fase funcionalizada ocorreu durante os estágios iniciais
de mistura, logo após a adição da MMT modificada. A esfoliação da argila em grande extensão
influenciou as propriedades reológicas das blendas e com a presença da argila esfoliada na matriz houve
reduções substanciais no tamanho da fase dispersa [118]. Assim, tem sido proposto que a migração
preferencial da argila para a matriz poderia originar um aumento na viscosidade e, por conseqüência,
poderia melhorar a transferência de tensão para a fase dispersa e/ou retardar a coalescência dos
domínios durante a etapa de composição [118,126,127]. Além disso, as mudanças resultantes na razão
de viscosidade podem também influenciar o balanço entre a quebra e a coalescência dos domínios [23].
Adicionalmente, o potencial das partículas de argila para reforçar a interfase também tem sido
apresentado como um fator que contribui para a redução na velocidade de ruptura da fase dispersa e,
portanto, para a modificação da morfologia [127]. Por fim, quando a MMT está localizada na fase
dispersa, a capacidade de ruptura dos domínios é reduzida e há uma tendência para a coalescência,
resultando no aparecimento de partículas irregulares [118].
22
3.2.7. Propriedades Mecânicas em Nanocompósitos
A importância e a atenção dadas aos nanocompósitos poliméricos estão intimamente
relacionadas às possibilidades de obter materiais multifuncionais com características diferenciadas, bem
como, a melhoria simultânea de várias propriedades. Assim, o uso do nylon foi estendido para a
fabricação de peças automotivas estruturais, tendo em vista que a temperatura de distorção ao calor de
seus nanocompósitos foi aumentada em mais de duas vezes. A redução significativa na adsorção de
água pelo nanocompósito, a diminuição na permeabilidade a gases e a melhoria em características de
flamabilidade são outros exemplos de propriedades que foram melhoradas pelo uso de cargas em escala
nanométrica [38,91,103,137-139]. As mudanças significativas nessas (e outras) propriedades são o
resultado da diminuição das dimensões da carga até uma escala nanométrica.
Neste item serão abordados os aspectos relacionados às modificações nas propriedades
mecânicas de nanocompósitos. A adição de nanocargas aos polímeros tem resultado num aumento
substancial da resistência e do módulo, sem o decréscimo simultâneo na resistência ao impacto, como é
usual em compósitos convencionais [87-89,140]. O melhoramento das propriedades dos
nanocompósitos está diretamente relacionado com a dispersão/esfoliação das camadas de argila na
matriz polimérica. Como foi comentado no item 3.2.1.1, a esfoliação total é difícil de ser alcançada e,
muitas vezes, a morfologia híbrida não resulta em melhorias na proporção esperada [74,83,105,141,142]
ou ainda, algumas propriedades se deterioram [6,90,110]. As propriedades poliméricas pela adição de
partículas inorgânicas é uma função complexa de interações interfaciais, área interfacial e a distribuição
das inter-distâncias das nanocargas [72,74,141,143,144]. Os dois últimos fatores dependem da
dispersão da nanocarga. A Figura 3.14 apresenta as regiões interfaciais como uma função do tamanho
das partículas de carga [144]. Partículas grandes produzem uma área interfacial pequena e uma
quantidade relativamente pequena de polímero estaria localizada na região interfacial (Figura 3.14a). Por
outro lado, se o mesmo volume de carga for disperso em partículas menores, uma área interfacial maior
será gerada e, por conseqüência, uma quantidade maior do polímero poderia se localizar na região
interfacial (Figura 3.14b).
Figura 3.14: Regiões interfaciais como uma função do tamanho da partícula. A carga é apresentada em vermelho, a
região interfacial em azul escuro e a matriz polimérica em azul claro. (a) partículas grandes de carga; (b) carga
dispersa em partículas menores [adaptado de 144]
A Figura 3.14 ilustra o caso para partículas esféricas, mas as mesmas observações são válidas
para a delaminação de partículas bidimensionais, como as folhas na MMT. Assim, a geração de
interfaces extremamente grandes é esperada quando os filossilicatos são esfoliados e, devido à razão de
aspecto elevada, a argila apresentaria uma alta capacidade e eficiência para suportar tensões elevadas,
o que resultaria num reforço em grande extensão, mesmo com o uso de uma quantidade muito pequena
da carga [73,145]. Por outro lado, quando a argila não está bem dispersa, as micropartículas presentes
atuariam como concentradores de tensão, formando fendas e iniciando a ruptura, o que resultaria na
falha prematura sob a ação de tensão externa [146,147]. Embora a esfoliação completa, ou em grande
23
extensão resulte em propriedades melhoradas, a formação de estruturas intercaladas e híbridas também
resulta na melhoria das propriedades poliméricas, porém em menor escala [139,146].
A presença de inclusões rígidas na matriz polimérica sempre aumenta o módulo e, nesta
propriedade, a área superficial tem apenas um efeito moderado. Via de regra, o módulo não é sensível
às interações da interfase. Por outro lado, a condição básica para um reforço eficiente está na adesão
forte entre a matriz e o componente de reforço, sendo que a sua indicação se dá pela ocorrência
simultânea de valores elevados no módulo e na resistência. Se a tensão na ruptura (ou tensão no
escoamento) for pequena, significa que o reforço não foi alcançado, o que seria um indicativo de que as
interações na interfase são fracas (embora o módulo possa ser alto). Assim, a avaliação da tensão na
ruptura ou tensão no escoamento fornece informações mais exatas do que o módulo sobre o efeito de
reforço de silicatos em nanocompósitos [72].
A resistência ao impacto e o alongamento na ruptura são propriedades sensíveis ao estado da
interfase. Um melhoramento do módulo e da resistência ao escoamento está associado a um efeito
reforçante da argila (como comentado anteriormente), enquanto que a retenção (ou melhoramento) da
resistência ao impacto, por sua vez, está associada a forte interação entre a argila e a matriz polimérica
[148]. A combinação superior de resistência/tenacidade apresentada pelos nanocompósitos poliméricos
sugere que a argila não restringe a habilidade do polímero escoar e sofrer deformação plástica, tal que
não influencia negativamente a resistência ao impacto [148]. Em nanocompósitos com morfologia híbrida
é comum observar a diminuição na resistência ao impacto e no alongamento na ruptura (semelhante aos
compósitos convencionais) [90,110,147], mas um efeito menos prejudicial é observado à medida que o
percentual de esfoliação aumenta. Este comportamento tem sido atribuído a um mecanismo
característico de reforço, no qual as folhas flexíveis de argila estão intimamente aderidas às cadeias
poliméricas, sendo que, por um lado, é observado um aumento do módulo elástico devido ao
impedimento de rotação de segmentos de cadeia, mas por outro, ele pode ser seguido pelo
desdobramento da cadeia quando a tensão mecânica sobrepõe o impedimento da rotação das ligações
[147].
Nas blendas poliméricas, as propriedades são muito sensíveis a sua morfologia, ao tamanho e à
interação das fases, bem como, à espessura da interfase. A rigidez tende a ser dominada pela matriz,
enquanto que a tenacidade na fratura pode ser melhorada ou, indesejavelmente, reduzida pela presença
de cargas [2]. Além de apresentarem uma dispersão mais fina do componente da fase em menor
composição, as blendas compatibilizadas diferem das blendas de polímeros incompatíveis,
principalmente, pela estrutura e propriedades da interfase entre os componentes. Normalmente, a
tenacidade alcançada em blendas compatibilizadas é conseqüência de uma deformação plástica grande
[149]. Tendo em vista que a morfologia de fase e a interfase são modificadas com a adição de
nanocargas às blendas poliméricas, conforme apresentado no item 3.2.8, é esperada também a
modificação nas suas propriedades. Ishak et al [5] observaram que a MMT localizou-se
preferencialmente no PA e no PP-MA em blendas PP/PA/PP-MA e estes nanocompósitos apresentaram
um aumento significativo da rigidez e da resistência. Bousmina et al[122] no estudo de blendas de
PS/PP/MMT observaram um aumento grande no alongamento na ruptura, o que foi atribuído a presença
da MMT que, além de se comportar como carga (por conferir um módulo maior) também atuou como um
agente interfacial ativo que promoveu uma melhor adesão entre as fases.
24
3.3. Cristalização de Polímeros
A estrutura de polímeros no estado sólido é dependente do modo como as cadeias moleculares
estão empacotadas, sendo que elas podem estar desorganizadas, formando uma fase amorfa, ou
organizadas, de forma regular e repetitiva, definindo uma fase cristalina. Desta forma, a cristalinidade em
polímeros consiste no alinhamento de segmentos de cadeias em um arranjo tridimensional e, polímeros
com suficiente regularidade estrutural podem cristalizar em um intervalo de temperatura, entre a
transição vítrea, T
g
, e a temperatura de fusão cristalina, T
m
[150-151]. Além disso, para que a
cristalização em um polímero ocorra, deve ser disponibilizado tempo suficiente para que as moléculas
(longas) se organizem para formar o cristal [152]. Via de regra, ambas fases, amorfa e cristalina, estão
presentes.
A facilidade com que a cristalização ocorre depende também da estrutura química, da presença
de uma segunda fase (agentes nucleantes, por exemplo) e das condições de cristalização do polímero. A
cristalização, por exemplo, pode ser favorecida pela existência de grupos na cadeia polimérica que
promovam ligações intermoleculares fortes, tais como grupos polares, ou ainda, que permitam a
formação de ligações de hidrogênio entre as moléculas. Em todos os casos, quando a influência é no
sentido de aumentar a ordem ou a regularidade espacial da molécula e, por conseqüência, facilitar o
empacotamento, tem-se um favorecimento para que ocorra a cristalização [150].
O processo de cristalização dos polímeros difere daquele observado em sólidos convencionais
devido aos primeiros apresentarem cadeias moleculares longas. Os domínios cristalinos, também
chamados cristalitos, possuem tamanhos muito menores do que os cristais convencionais e contêm
imperfeições, além de estarem interconectados com as regiões amorfas [150]. A principal forma
morfológica dos polímeros a partir do estado fundido é a formação esferulítica, sendo que os esferulitos
são formados a partir dos cristalitos que crescem radialmente a partir de um núcleo comum e são unidos
entre si por moléculas que participam de mais de um cristalito ao mesmo tempo [153,154]. Quando o
polímero é resfriado abaixo da T
m
, a partir do estado fundido, a cristalização é iniciada por núcleos
localizados em diferentes pontos (etapa de nucleação), seguida pelo crescimento dos cristais (que
formaram os esferulitos) [150,154,155]. Este estágio de cristalização é conhecido como cristalização
primária e é finalizado quando os esferulitos preenchem completamente o espaço [150,155].
A velocidade de cristalização no resfriamento, a partir do fundido, depende basicamente de dois
fatores: a velocidade de nucleação e a velocidade de crescimento dos cristais [155]. O processo de
nucleação pode ser espontâneo ou induzido por orientação, onde ocorre a agregação e orientação das
moléculas na fase fundida e, por conseqüência, uma cristalização espontânea. Nestes casos, a energia
necessária para a nucleação é fornecida pelo super-resfriamento, que é a diferença entre as
temperaturas de fusão e de cristalização. A nucleação pode ainda ser do tipo heterogênea, na qual uma
segunda fase (impurezas e cargas, por exemplo) atua como núcleos de cristalização, reduzindo a
energia livre crítica para a consolidação do núcleo e acelerando o processo total de cristalização
[150,153,154]. Neste tipo de nucleação o super-resfriamento necessário é menor, resultando num
aumento da temperatura de cristalização (T
c
) [150,154]. Na literatura são encontrados vários trabalhos
que mostram o papel dos filossilicatos como agentes nucleantes em polímeros, acelerando o processo
de cristalização.
25
A discussão sobre a cristalização de polímeros puros pode ser diretamente aplicada a blendas
poliméricas imiscíveis, onde a cristalização ocorre dentro de um domínio próximo ao do polímero puro,
não afetado pela presença de outras macromoléculas [19,154].
A maioria das propriedades físicas dos polímeros semicristalinos depende do grau de
cristalinidade e da morfologia das regiões cristalinas. De maneira geral, uma maior cristalinidade resulta
em uma maior estabilidade dimensional e resistência química, por exemplo. Em contrapartida, o seu
aumento também provoca a redução na resistência ao impacto, no alongamento na ruptura e na
claridade óptica [150].
3.3.1. Cristalização não isotérmica
Normalmente, os estudos de cristalização são limitados a condições idealizadas, nas quais as
condições externas são constantes, por exemplo, em condições isotérmicas. Em tais situações, a análise
teórica é relativamente fácil e os problemas associados às velocidades de resfriamento e gradientes
térmicos dentro dos corpos de prova são evitados. No entanto, o comportamento de polímeros
termoplásticos semicristalinos durante a cristalização não isotérmica, a partir do estado fundido, é de
importância tecnológica, devido a essas condições estarem mais próximas das condições reais do
processamento industrial. Quando o processamento do polímero ocorre na fase fundida, o tamanho, as
dimensões e a distribuição dos cristalitos desenvolvidos durante o resfriamento do fundido determinam
as propriedades finais dos materiais. Assim, em situações reais, as condições externas mudam
continuamente e o tratamento teórico da cristalização torna-se mais complexo, uma vez que a
temperatura como uma função do tempo é mais uma variável que deverá ser levada em consideração. A
cristalização de um polímero também pode ocorrer após um resfriamento rápido do material, abaixo da
sua T
g
, seguido de um aquecimento. Este processo é geralmente conhecido como cristalização a frio e
não será abordado nesse estudo [151,156].
O mecanismo de mudança de fase (amorfo para cristalino) é dependente da velocidade de
resfriamento. Sob velocidades de resfriamento mais altas, a ativação da nucleação ocorre em
temperaturas mais baixas, enquanto que sob velocidades de resfriamento mais baixas, a cristalização
inicia em temperaturas mais altas. No caso do uso de velocidades mais baixas, há mais tempo para
sobrepor a barreira de nucleação, enquanto que sob velocidades maiores, o núcleo somente torna-se
ativo em temperaturas mais baixas [50,151]. Assim, com o aumento da velocidade de resfriamento é
observado um decréscimo no valor da T
c
.
3.3.2. Cinética de Cristalização
As primeiras análises da velocidade de cristalização total foram realizadas pelo uso da equação
de Avrami, a qual permite determinar a fração cristalina com o decorrer do tempo, sob condições
isotérmicas [157-159].
1 – X(t) = exp (-K t
n
) Equação 5
onde X (t) é a fração cristalina (ou cristalinidade relativa) de um material cristalizável no tempo t.
K e n são constantes típicas relacionadas à morfologia e ao tipo de nucleação. K é a constante
de velocidade de cristalização e é dependente da temperatura. O expoente de Avrami, n, está associado
26
à velocidade de nucleação e a morfologia de crescimento das partículas cristalinas e, deveria assumir
valores inteiros para dadas formas geométricas das partículas [154]. A interpretação do expoente n não
é direta e sua determinação pode ser complicada por fatores como mudanças de volume devido à
transformação de fase, cristalização incompleta, recozimento ou mecanismos diferentes envolvidos no
processo de cristalização. Assim, a análise de dados experimentais, freqüentemente, tem encontrado
expoentes de Avrami fracionários e, tem atribuído quatro causas principais para isso:
(i) a razão entre as densidades da fase cristalina e líquida varia durante o processo de cristalização
(se a razão diminui, o valor de n também diminui);
(ii) a velocidade de nucleação varia durante o processo de cristalização (se ela diminui, o valor de n
também diminui);
(iii) a velocidade de crescimento muda durante o processo de cristalização (se ela diminui, o valor de
n também diminui);
(iv) a morfologia de crescimento muda durante o processo de cristalização, por exemplo passa da
forma de barras para esferulítico (no caso o valor de n aumenta).
Contudo, a descrição da cristalização isotérmica de polímeros pode ser realizada
satisfatoriamente pela equação de Avrami, no mínimo para os estágios iniciais de cristalização [160]. A
cristalização não
isotérmica, por sua vez, não é fácil de descrever e várias tentativas têm sido realizadas
(Nakamura e Ziabicki; Harnischi e Muschik; Ozawa) baseadas, principalmente, em modificações da
equação de Avrami [154].
A dependência da cristalinidade relativa com o tempo, no processo de cristalização não
isotérmica pode ser avaliada por uma equação de Avrami modificada, como a apresentada abaixo [160]:
).exp(1
n
tc
tZX = Equação 6
a qual pode ser escrita da seguinte forma:
tc
ZtnX loglog)]1ln(log[
+
=
Equação 7
onde n, o coeficiente de Avrami; Z
t
é a constante de velocidade de Avrami, envolvendo parâmetros de
nucleação e crescimento e t é o tempo de cristalização.
De acordo com as considerações originais da teoria, o valor do expoente de Avrami pode ser um
número entre 1 e 4. Os valores de n para cada tipo de nucleação e geometrias de crescimento estão
apresentados na Tabela.2.1 [161].
Tabela 3.1: Valores do expoente n para vários tipos de nucleação e crescimento [adaptado de 161]
Forma de crescimento Nucleação homogênea
a
Nucleação heterogênea
a
Tridimensional 4
3 n 4
Bidimensional 3
2 n 3
Em uma dimensão 2
1 n 2
ª crescimento linear
Uma vez que o processo é não isotérmico, foi sugerido que o parâmetro de velocidade Z
t
deveria
ser corrigido levando em consideração a influência da velocidade de resfriamento do polímero [160].
27
Considerando a velocidade de resfriamento constante, ou aproximadamente constante, o parâmetro que
caracteriza a cinética da cristalização não isotérmica seria fornecido, então, pela seguinte expressão:
φ
t
c
Z
Z
log
log =
Equação 8
Assim, se as equações acima descreverem adequadamente o comportamento de cristalização
não isotérmica de um polímero, o gráfico obtido do log[-ln(1-X
c
)] versus log t deveria apresentar linhas
retas, possibilitando a obtenção dos valores de n e Z
t
(ou Z
c
) a partir dos parâmetros angular e linear,
respectivamente.
Ozawa [151,160] também considerou o efeito da velocidade de resfriamento, φ, na cristalização
dinâmica, tratando a etapa de cristalização como uma seqüência de estágios infinitesimais e propôs
modificações na equação de Avrami. O método pode ser usado quando a cristalização ocorre sob uma
velocidade de resfriamento constante.
De acordo com a teoria de Ozawa, a cristalinidade relativa a uma certa temperatura pode ser
determinada através da expressão
1 - X
c
= exp[-k(T) / φ
m
] Equação 9
onde φ é a velocidade de resfriamento, m é o expoente de Ozawa (que depende das dimensões de
crescimento do cristal) e k é uma função da cristalização no resfriamento (que está relacionada a
velocidade de cristalização total e, este parâmetro, indica o quão rápido a cristalização ocorre). A
equação acima pode ser escrita da seguinte forma:
log [- ln (1 - X
c
)] = log k(T) - m log φ Equação 10
Similar ao apresentado, anteriormente, para a equação de Avrami modificada, se a equação de
Ozawa descreve corretamente a cinética de cristalização não isotérmica, o gráfico log [- ln (1-X
c
)] versus
log φ resultará uma linha reta, na qual os parâmetros cinéticos k(T) e m poderiam ser obtidos dos
coeficientes linear e angular, respectivamente.
Uma característica interessante do método de Ozawa é a possibilidade de comparar os
resultados de cristalização durante um resfriamento contínuo com os resultados obtidos por meio da
equação de Avrami. Como este tratamento requer valores de cristalinidade relativa a uma dada
temperatura para diferentes velocidades de resfriamento, o intervalo de temperatura sobre o qual a
análise pode ser aplicada é pequeno [151].
A aplicação do método de Ozawa é, contudo, restrita aos sistemas nos quais o expoente m
permanece constante e independente da temperatura. Se há uma cristalização secundária apreciável ou
mudança morfológica durante a cristalização, a técnica falha na predição da cinética de cristalização com
resfriamento contínuo. Os resultados de testes feitos para vários polímeros (PEAD, PEEK, PMMA)
mostraram que, com exceção do PET e do PP isotático, a cristalização durante o resfriamento para a
maioria dos sistemas poliméricos não pode ser predita satisfatoriamente usando o método de Ozawa
[151].
28
4. EXPERIMENTAL
4.1. Materiais
PET (Rhopet S-80 – Rhodia Ster/ Mossi and Ghisolfi Group, viscosidade intrínseca = 0,80dl/g)
e MMT (Cloisite ® Na, Cloisite ® 15A, Cloisite ® 30B e Cloisite ® 10A – Southern Clay Products) foram
desumidificadas a 140°C, sob vácuo, por aproximadamente 4 horas. A Cloisite ® Na é uma
montmorilonita natural e as demais são montmorilonitas naturais modificadas com sais quaternários de
amônio. Os modificadores orgânicos são constituídos por dois grupos metila e dois grupos graxos
hidrogenados (2M2HT, onde HT ~65%C18, ~30%C16, ~5% C14) na Cloisite®15A; um grupo metila, um
grupo graxo e dois grupos 2-hidróxi-etila (MT2EtOH, onde T ~65%C18, ~30%C16, ~5% C14) na
Cloisite®30B; dois grupos metila, um grupo benzila e um grupo graxo hidrogenados (2MBHT, onde HT
~65%C18, ~30%C16, ~5% C14) na Cloisite®10A. As estruturas são apresentadas na Tabela 4.1.
Tabela 4.1: Estrutura e características das montmorilonitas
Montmorilonita Modificador orgânico Teor de inorgânicos (%)
Capacidade de
troca de cátions
Cloisite ® Na nenhum 93 92
Cloisite ® 15A
CH
3
- N
+
- HT
CH
3
HT
57 125
Cloisite ® 30B
CH
3
- N
+
- T
CH
2
-CH
2
OH
CH
2
-CH
2
OH
70 90
Cloisite ® 10A
CH
3
- N
+
- CH
2
-
CH
3
HT
60 125
PP (MFI=3,5 – Braskem) e polipropileno graftizado com anidrido maleico, PP-MA (polybond
3002 – Crompton, 0,2 wt% de MA, MFI = 3,0) foram usados como recebido.
4.2. Preparação dos Nanocompósitos de PET
As misturas foram preparadas no Laboratório de Processamento de Polímeros no Instituto de
Química da UFRGS. PET e MMT foram pré-misturados manualmente e alimentados, com o auxílio de
um dosador (25rpm), em uma extrusora Haake de rosca dupla co-rotacional (modelo Rheomex PTW
16/25, D = 16mm, L/D = 25, passo constante 0,5D, espessura dos blocos de amassamento 0,3D,
25rpm), usando perfil de temperatura de 225°C a 245°C. A Figura 4.1 apresenta um esquema da
configuração da rosca. Para comparação, o PET foi extrudado nas mesmas condições sem a argila.
29
Figura 4.1: Esquema da configuração da rosca extrusora
4.3. Preparação das Blendas Poliméricas e seus Nanocompósitos
As blendas poliméricas foram preparadas utilizando-se dois métodos diferentes, os quais são
apresentados a seguir. As composições das blendas são explicitadas nas tabelas do item 5.2 na
discussão dos resultados.
Método 1: PP, PET, PP-MA e MMT (Cloisite ® 10A) foram pré-misturados manualmente e alimentados,
com o auxílio de um dosador (50rpm), em uma extrusora Haake de rosca dupla co-rotacional (modelo
Rheomex PTW 16/25, D = 16mm, L/D = 25, 50rpm), usando perfil de temperatura de 225°C a 245°C. A
configuração da rosca é a mesma utilizada na preparação dos nanocompósitos de PET (item 4.2, Figura
4.1). Em todas as amostras 0,2% de antioxidante (IB215 - CIBA) foi usado para evitar a degradação do
PP durante o processamento. Na preparação de algumas blendas foi utilizada uma velocidade 80 rpm
tanto no dosador como na extrusora.
Método 2: Inicialmente, um nanocompósito de PET com a Cloisite ® 10A foi preparado conforme o
procedimento descrito no item 4.2. Após a granulação e a secagem a 140°C, os grãos do
nanocompósito foram pré-misturados manualmente ao PP e ao PP-MA, sendo após alimentados na
extrusora, nas mesmas condições descritas no Método 1.
4.3.1. Corpos de Prova
Os corpos de prova foram preparados por compressão e injeção. Filmes de aproximadamente
400µm e corpos de prova com espessura de até 2mm foram obtidos por compressão, em prensa
hidráulica (Carver, série Monarch, modelo 3710), pelo aquecimento do polímero até a fusão completa
dos grãos, sendo mantido nessa temperatura por 5 min. Após, uma pressão de 100lbs foi aplicada por 5
min. A amostra foi então resfriada a temperatura ambiente a uma taxa de 20°C/min. Folhas de teflon (ou,
30
às vezes, silicone líquido) foram utilizadas para evitar a aderência do material às paredes do molde. Na
obtenção de corpos de prova mais espessos foram realizados estágios repetidos de
descompressão/compressão para a eliminação de bolhas de ar. A temperatura de compressão dos
nanocompósitos de PET foi de 260°C e nas blendas poliméricas foram utilizadas duas temperaturas,
260°C e 200°C. Os corpos de prova injetados (Tipo I, conforme ASTM D-638) foram obtidos em uma
injetora (Romi 65R) usando um perfil de temperatura de 180°C a 200°C.
4.4. Difração de Raios-X (DRX)
Os experimentos de DRX foram realizados no Instituto de Física e no Centro de Microscopia
Eletrônica (CME) da UFRGS nos difratômetros Siemens D-500 e X’pert MRD Philips. Os filmes foram
analisados no modo reflexão Bragg-Brentano utilizando radiação de CuK
α
(λ= 1,5406Å) e os dados
foram coletados em uma faixa angular (2θ) entre 1° a 10°, utilizando um ângulo de passo de 0,05°/min. O
espaço na galeria da argila e dos nanocompósitos foi determinado usando a Lei de Bragg. As curvas
foram normalizadas utilizando-se um fator obtido pela razão entre a área maior e a área menor, sob a
curva no intervalo avaliado.
4.5. Microscopia Eletrônica de Transmissão (MET)
A preparação dos cortes e os experimentos de MET foram realizados no Centro de
Microscopia Eletrônica (CME) da UFRGS. Corpos de prova de até 2mm (obtidos por compressão ou
injeção) foram cortados com o auxílio de uma faca de diamante, em Ultramicrótomo Leica (ULTRACUT
UCT) à temperatura ambiente, sendo coletados em água destilada e colocados em telas de Cu com
300mesh. As micrografias foram executadas usando cortes ultrafinos (80-100nm) e as imagens foram
obtidas usando um microscópio JEOL JEM-120 EXII, operando a 80kV. As análises foram repetidas pelo
menos duas vezes, em cortes obtidos de corpos de prova diferentes.
4.6. Calorimetria Diferencial de Varredura (“Differential Scanning Calorimetry” - DSC)
O comportamento térmico e de cristalização foi determinado usando equipamento DSC Perkin
Elmer Instruments do Laboratório de Caracterização e Controle de Qualidade de CEFET/RS, utilizando-
se dois métodos diferentes. A temperatura e a energia foram calibradas usando índio e zinco de acordo
com ASTM D3417 e D3418. Todas as medidas foram executadas em atmosfera de nitrogênio. As
medidas foram repetidas pelo menos três vezes, utilizando-se amostras diferentes.
Método 1: para a determinação da T
m
, da T
c
e do grau de cristalinidade a amostra foi aquecida até
300°C, sendo mantida nesta temperatura por 5 min e, então, resfriada e novamente aquecida sob taxa
constante de 10°C/min em ambas etapas.
As medidas de temperatura de cristalização (T
c
) foram realizadas no resfriamento e as medidas
de temperatura de fusão (T
m
) e de cristalinidade no 2° aquecimento. O percentual de cristalinidade foi
determinado pela comparação entre medida da área sob o pico endotérmico (fusão) e o calor de fusão
do polímero 100% cristalino, conforme a seguinte relação
31
Equação 11
onde
H é o calor de fusão medido na amostra e H
m
é o calor de fusão do polímero 100% cristalino.
H
m
(PET) = 140J/g; H
m
(PP) = 190J/g [162a]. Nos cálculos de cristalinidade, a massa relativa à
quantidade de montmorilonita foi subtraída da massa total de amostra utilizada.
Método 2: para a avaliação do comportamento de cristalização e da cinética de cristalização não
isotérmica foi utilizado um método semelhante ao método 1, exceto pela taxa de resfriamento. Para tal,
as medidas foram realizadas utilizando-se taxas de resfriamento que variaram de 2 a 30°C/min.
Na determinação do comportamento de cristalização não isotérmica, os dados de cristalização,
obtidos nas análises de DSC, foram tratados conforme os modelos teóricos da cinética (item 2.3.2) e as
relações apresentadas a seguir.
O grau de cristalinidade relativa (X
c
) como função da temperatura é definido como:
=
T
T
T
T
c
dTdTdHc
dTdTdHc
X
o
0
)/(
)/(
Equação 12
onde T
o
e T
são as temperaturas de cristalização “onset” e “endset”, respectivamente e dHc/dT é o fluxo
de calor. Para fins de cálculo e aplicação dos modelos teóricos da cinética não foram utilizadas as
temperaturas “onset” e “endset” como definidas na ASTM, pois foi verificado que o uso das mesmas
resultaria em alteração significativa no valor de cristalinidade total, uma vez que os picos apresentavam
alargamento na base. Assim, após a definição da linha base, os valores de T
o
e T
foram determinados a
partir de variações de fluxo de calor que originaram um desvio da linha base, considerando uma variação
de cristalinidade relativa igual a 0,0001.
Na cristalização não isotérmica, o tempo t está relacionado com a temperatura como segue:
φ
TT
t
o
= Equação 13
onde T é a temperatura no tempo t, T
o
é a temperatura na qual a cristalização inicia (t = 0) e φ é a taxa
de resfriamento.
4.7. Microscopia Óptica com Luz Polarizada (“Polarized Optical Microscopy” - POM)
Experimentos de POM foram executados em microscópio Olympus-BX41 usando objetiva de
40x, realizando o aquecimento de filmes finos a 250°C, sendo mantidos nesta temperatura por 5 min. A
cristalização foi monitorada durante o resfriamento.
4.8. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)
As imagens de MEV foram obtidas em microscópio Jeol JSM 6060, no Centro de Microscopia
Eletrônica (CME) da UFRGS, com o objetivo de examinar a forma e o tamanho da fase dispersa nas
blendas poliméricas. As superfícies foram obtidas pela fratura criogênica da amostra e foram recobertas
32
com Au. Quatro micrografias (normalmente, na magnificação de 1000x) foram analisadas para cada
amostra para determinar o diâmetro médio dos domínios. As medidas dos domínios foram realizadas
utilizando o software livre Image J 1.33u (Wayne Rasband – National Institute of Health – USA). Existe
diferença entre as medidas realizadas em superfícies fraturadas e àquelas onde a fase dispersa foi
extraída (<10%) [162b]. Tendo em vista que as tendências no tamanho dos domínios não mudam, não
foram feitas correções das medidas nesse estudo. Por outro lado, os tamanhos apresentaram uma
distribuição normal assimétrica (deslocada para valores menores), sendo que a média e o desvio padrão
foram determinados utilizando-se uma distribuição log normal, conforme expressões abaixo.
xy ln= Equação 14
2
2
y
y
e
x
σ
µ
µ
+
= Equação 15
)1.(
22
2
2
=
+
yyy
ee
x
σσµ
σ
Equação 16
2
xx
σσ
= Equação 17
onde x = medidas dos diâmetros; µ
i
= média dos valores; = variância dos valores; σ
2
i
σ
x
= desvio padrão.
4.9. Microscopia de Força Atômica (AFM)
Imagens de AFM foram obtidas em microscópio Nanoscope IIIa (Digital Instruments) no
Laboratório de Magnetismo no Instituto de Física da UFRGS. Os experimentos foram realizados em
superfícies preparadas por ultramicrotomia (Ultramicrótomo Leica, CME, UFRGS), em temperatura
ambiente, com o microscópio operando no modo intermitente. As sondas de silício (Nanoprobes, Digital
Instruments) foram usadas em suas freqüências fundamentais de ressonância, que tipicamente variaram
de 170 a 210kHz.
4.10. Resistência à Tração e ao Impacto
O módulo de Young, tensão no escoamento, resistência à tração e alongamento na ruptura
foram determinados através de ensaios de tração, usando uma máquina universal de ensaios EMIC,
baseado na ASTM D-638. Os experimentos foram executados em condições ambientes, nos corpos de
prova injetados (5 corpos de prova, mínimo), utilizando uma velocidade de afastamento das garras de
5mm/min.
A parte central de corpos de prova injetados foi entalhada e, posteriormente, utilizada na
investigação das propriedades de impacto. Os testes de impacto (5 repetições, mínimo) foram realizados
usando um equipamento de impacto EMIC, do Laboratório de Caracterização e Controle de Qualidade
de Polímeros do CEFET, baseado na ASTM D256-D.
33
4.11. Análise Mecânica Dinâmica
As análises mecânicas dinâmicas foram realizadas no DMA da TA Instruments, modelo Q800,
usando filmes obtidos por compressão com geometria retangular (15mm x 4mm x 0,4mm). Os
experimentos foram executados no modo de tração em filmes, com 0,1% de deformação e freqüência de
1Hz, entre –25°C e 125°C. Os módulos de armazenamento (E’) e perda (E’’) foram avaliados usando
uma taxa de aquecimento de 3°C/min. As temperaturas de transição vítrea (T
g
) foram determinadas a
partir dos máximos dos picos nas curvas de módulo de perda em função da temperatura. Os
experimentos foram repetidos pelo menos duas vezes.
4.12. Análise de Variância (“Analysis of Variance” - ANOVA)
Análise de Variância - ANOVA foi utilizado como método estatístico visando avaliar se os
resultados eram significativamente diferentes, considerando um nível de confiança de 95%. Este método
foi utilizado em todos os casos onde houve repetição de medidas.
34
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O estudo dos sistemas contendo PP, PET e MMT foi realizado em duas etapas. Na primeira
etapa foram preparados nanocompósitos de PET, no estado fundido, utilizando argilas diferentes, onde
foram avaliados a influência do modificador orgânico da MMT na morfologia da argila e o comportamento
de cristalização desses nanocompósitos. Na segunda etapa, os nanocompósitos de PP/PET foram o
foco do estudo, sendo avaliada a influência da adição da MMT e de PP-MA na morfologia e nas
propriedades mecânicas desses sistemas.
5.1. Nanocompósitos de PET
Os nanocompósitos de PET contendo de 2 a 4%, em massa, de MMT foram preparados em
extrusora, conforme descrito no item 4.2 (pág. 29) e, nesta primeira etapa, quatro argilas comerciais
diferentes foram utilizadas. A Cloisite® Na
+
(MMTNa) é uma montmorilonita natural e os
nanocompósitos na qual ela foi incorporada foram identificados com a sigla PETNa. As Cloisite®15A,
Cloisite®30B e Cloisite®10A são argilas naturais modificadas com cátions orgânicos (sais de amônio
quaternário), sendo os nanocompósitos identificados com as siglas PET15A, PET30B e PET10A,
respectivamente.
5.1.1. Morfologia dos Nanocompósitos
DRX das argilas e dos nanocompósitos são apresentados na Figura 5.1. A MMTNa apresenta
d
001
igual a 12,8Å (2θ = 6,9°), enquanto as argilas modificadas apresentam uma distância basal maior,
sendo elas: MMT15A, d
001
= 32,7Å (2θ = 2,7°); MMT30B, d
001
= 18,8Å (2θ = 4,7°); MMT10A, d
001
= 19,2Å
(2θ = 4,6°). As distâncias basais determinadas para os nanocompósitos de PET estão apresentadas na
Figura 5.1.
Figura 5.1: Difratogramas de Raios-X das argilas e nanocompósitos contendo 4% de MMT: (a) MMTNa e PETNa; (b)
MMT30B e PET30B; (c) MMT15A e PET15A; (d) MMT10A e PET10A.
35
A ausência de sinal em DRX, quando a MMTNa foi usada, sugere que ocorreu um
distanciamento superior a 7nm entre as folhas de argila, ou ainda, que o arranjo organizado da
montmorilonita foi destruído (Figura 5.1a). Diferentemente, um deslocamento do pico característico da
argila para valores de 2θ inferiores foi observado quando as montmorilonitas 30B e 10A foram utilizadas,
o que indica que ocorreu a intercalação do polímero no espaço entre as folhas da argila (Figuras 5.1b e
5.1c). No difratograma da MMT15A (Figura 5.1d), além do pico característico da argila modificada (2θ =
2,7°), também pode ser observado um pico em 2θ = 6,9°, que foi atribuído à existência da montmorilonita
natural (MMTNa) mesmo após a modificação orgânica. No nanocompósito PET15A foi observado o
estreitamento do pico característico da argila, bem como o deslocamento do pico em 6,9° para ângulos
menores, sugerindo a presença de tactóides.
Uma distância média máxima, de cerca de 33,9Å, entre as folhas de argila foi observada para
todos os nanocompósitos (exceto PETNa). De acordo com Balazs et al [116, 163], quando o polímero
difunde através de uma galeria favorável, ele maximiza o contato com as duas camadas de silicato
(chamado efeito “glue”). Assim, um papel adesivo das cadeias poliméricas entre as folhas de argila
hidrofílicas tenderia a proibir a dissociação completa das folhas de argila, freqüentemente resultando em
um estado apenas intercalado e com um aumento limitado da altura da galeria. No entanto, além desta
distância, poderia ser sugerido que ocorre a esfoliação.
Nas micrografias de transmissão da PET30B e PET15A é possível observar as partículas de
argila, mesmo sob magnificações menores (Figuras 5.2 e 5.3).
Figura 5.2: Imagens de MET no nanocompósito contendo 4% de MMT15A.
Figura 5.3: Imagens de MET no nanocompósito contendo 4% de MMT30B.
36
No PET15A, partículas mais longas (405 ± 235nm) e mais espessas (56 ± 22nm) são
observadas quando comparado a PET30B (200 ± 118nm; 39 ± 21nm, respectivamente) e, embora
existam folhas individuais, elas estão em quantidade menor. Como pode ser visto na Figura 5.4 um
número maior de partículas com espessura menor (23 ± 12nm) foram observadas quando a MMT10A foi
utilizada, o que sugere a ocorrência de uma esfoliação maior neste caso.
(a)
Figura 5.4: (a) Imagens de MET no nanocompósito contendo 4% de MMT10A; (b) distribuição das espessuras das
partículas de montmorilonita no PET15A, PET30B e PET10A.
Na Figura 5.5 podem ser visualizados vários pontos escuros na PETNa. Neste nanocompósito,
folhas planas (abertas) de argila foram difíceis de serem observadas (Figura 5.5b).
Figura 5.5: Imagens de MET no nanocompósito contendo 4% de MMTNa.
Micropartículas de argila foram raramente observadas nos nanocompósitos preparados e na
única observada no PET15A (Figura 5.6) foi possível visualizar a fragmentação em tactóides. Fornes et
al [8] sugeriram que, inicialmente, a tensão ajudaria a quebrar as partículas grandes de argila em
tactóides menores. Na extrusora, acredita-se que a transferência de tensão do polímero fundido para os
tactóides promove o cisalhamento, originando empilhamentos menores. Finalmente, folhas individuais
escamariam através de uma combinação de cisalhamento e difusão das cadeias poliméricas na galeria
da argila. Na Figura 5.6, próximo às bordas da micropartícula, é possível visualizar a argila
fragmentando-se em tactóides e escamando. No PET15A, os resultados sugerem que o processo de
difusão ocorre apenas em pequena extensão.
37
Figura 5.6: Fragmentação em tactóides visualizada em uma micropartícula no PET15A.
Nas figuras 5.3 e 5.4 é possível observar a presença de camadas individuais de argila e,
sendo assim, os nanocompósitos possuem ambas morfologias, intercalada e esfoliada. Além da escolha
adequada de um modificador orgânico, o processo de esfoliação e dispersão do filossilicato na matriz
polimérica é influenciado pelo cisalhamento e pelo tempo de residência quando o nanocompósito é
preparado em uma extrusora [7, 8, 99,112,164]. Assim, além da influência do modificador (que será
discutida no item 5.1.5), pode-se supor que o cisalhamento na extrusora também deve ter contribuído
para o processo de esfoliação e para o desenvolvimento de uma morfologia final mista.
A flexibilidade de partículas sólidas está relacionada às suas dimensões e tende a aumentar à
medida que a espessura diminui. A Figura 5.7 apresenta imagens obtidas de amostras diferentes nas
quais as camadas de argila parecem estar aptas a se curvar, parecendo partículas muito flexíveis.
Observações semelhantes têm sido relatadas na literatura [7,8].
Figura 5.7: Flexibilidade das folhas de argila
É possível sugerir, baseado nas micrografias de transmissão (Figura 5.7 - detalhe), que as
folhas escamam e enrolam. A Figura 5.5c (página 37) apresenta uma imagem ampliada obtida para o
PETNa onde é possível visualizar um formato cilíndrico da partícula de argila. A flexibilidade das folhas
de argila poderia explicar os vários pontos escuros observados principalmente na PETNa (Figura 5.5), as
quais teriam a capacidade de se enrolar após a esfoliação.
38
5.1.2. Comportamento Térmico e de Cristalização
A Figura 5.8 apresenta as curvas de cristalização do PET e seus nanocompósitos. A
temperatura de cristalização (T
c
) do PET aumentou de 178°C para 185°C após a extrusão. Durante o
processo de extrusão, a pressão e temperatura elevadas podem promover a cisão das cadeias de PET,
ou ainda, a transesterificação, originando cadeias menores, o que facilitaria a cristalização e, por
conseqüência, resultaria um aumento na T
c
. Nos nanocompósitos de PET foi observado um aumento
maior ainda nos valores da T
c
, o que pode ser atribuído à presença da argila (Tabela 5.1). Resultados
semelhantes têm sido relatados na literatura [8,99, 112,165,166] e, o aumento da T
c
nos nanocompósitos
poderia ser explicado pelo efeito de nucleação heterogênea das partículas de argila no processo de
cristalização do PET. Neste caso, no estado fundido, os segmentos das moléculas de PET podem
interagir com a superfície da MMT, originando núcleos de cristalização. As amostras com diferentes
quantidades de argila apresentaram morfologia semelhante (conforme resultados de MET) e nenhuma
variação significativa foi observada nos valores da T
c
(Tabela 5.1).
Figura 5.8: Comportamento de cristalização do PET e seus nanocompósitos (φ= 10°C/min)
Os valores de T
c
para a PET30B e PET15A são similares, enquanto o deslocamento da T
c
foi
cerca de 4°C maior para a PET10A e PETNa. Como apresentado no item 5.1.1, um número maior de
partículas com espessura menor foi observado no PET10A, o que resultou em um número maior de
partículas por área nos nanocompósitos com essa argila (8,5 partículas/µm
2
, comparado a 2
partículas/µm
2
e 4 partículas/µm
2
no PET15A e PET30B, respectivamente). Com isto, a área superficial
das partículas de argila disponível para interações no PET10A deve ter sido maior e, embora o teor do
componente inorgânico incorporado nesse nanocompósito seja inferior aos demais (Tabela 5.1), o uso
dessa MMT resultou em um efeito nucleante maior. Por outro lado, tendo em vista que o arranjo
organizado da MMTNa foi destruído durante a obtenção do PETNa, seria esperado que o seu efeito
nucleante fosse superior. No entanto, nesse nanocompósito as partículas de argila apresentaram-se
enroladas, o que deve ter resultado em uma área superficial menor, e a T
c
foi similar a do PET10A (que
apresenta morfologia intercalada e esfoliada).
39
Tabela 5.1: Dados de DRX e DSC para PET e seus nanocompósitos
Processo de Cristalização
c
Distância
Basal (Å)
a
T
m
(°C)
b
Argila
(% massa)
T
c
(°C)
b
Cristalinidade
(%)
t
1/2 (min)
d
Tempo total
(min)
Intervalo de
temperatura (
o
C)
PET
e
- 247 - 178 32 ± 3 1,9 3,9 196 a 157
PET
f
- 247 - 185 22 ± 3 2,1 3,8 209 a 171
PETNa - 250 2
g
198 30 ± 9 1,6 3,7 216 a 162
PET10A 33,9 247 2
h
199 18 ± 3 1,3 3,0 214 a 182
2
i
193 29 ± 13 1,8 4,7 213 a 165
3 193 - - - -
PET30B
33,9
247
4 193 - - - -
2
j
194 26 ± 10 1,9 3,3 216 a 166
3 195 - - - -
PET15A
32,7
249
4 194 - - - -
a. distância basal para as argilas são 12,8Å na MMTNa; 19,2 Å na MMT10A; 18,8 Å na MMT30B e 32,7 Å na
MMT15A; b. desvio padrão ± 1
o
C; c. φ = 10
O
C/min d. desvio padrão ± 0,2 min, exceto para PETNa e PET10A que foi
de ±0,1min; e. sem extrusão; f. extrudado; g. teor de inorgânico = 1,9%; h. teor de inorgânico = 1,1%; teor de
inorgânico = 1,4%; j. teor de inorgânico = 1,1%
A ocorrência da cristalização a frio é uma característica do PET e se deve a dificuldade de
completar a cristalização durante o processo de resfriamento. Assim, é comum observar a continuação
da cristalização durante um aquecimento subseqüente. A Figura 5.9 mostra o aquecimento subseqüente
de amostras de PET que foram cristalizadas a uma taxa de 30°C/min, onde foi possível visualizar a
cristalização à frio.
Figura 5.9: Cristalização secundária em amostras de PET cristalizadas com taxa de resfriamento de 30°C/min.
Nos nanocompósitos não foi observada a cristalização a frio, mesmo sob taxas de resfriamento
elevadas. Nas amostras de PET (extrudada ou não) submetidas a taxas de resfriamento menores (
10°C/min) também não foi observada a cristalização secundária.
40
5.1.3. Cristalização não-isotérmica
O desenvolvimento do grau relativo de cristalinidade (X
c
) com o tempo (t) pode ser determinado
a partir do processo de cristalização não isotérmico [10b]. Conforme pode ser visualizado na Figura
5.10a e na Tabela 5.1, o tempo total de cristalização é similar para o PET e seus nanocompósitos,
exceto para PET10A, na qual ele foi menor. Contudo, todos os nanocompósitos alcançam 95% de
cristalinidade relativa mais rapidamente do que o polímero puro, indicando que a argila aumenta a taxa
de cristalização do PET (Figura 5.10b). No entanto, um decréscimo da taxa de cristalização é observado
na etapa final e pode ser explicado pela colisão entre cristais.
Figura 5.10: Desenvolvimento do grau relativo de cristalinidade (X
c
) com o tempo (t) sob taxa de resfriamento de
10°C/min (a) todo o intervalo de cristalização; (b) estágio final
O valor t
1/2
representa o tempo necessário para o sistema atingir 50% de cristalinidade relativa e
é freqüentemente usado para avaliar a taxa de cristalização de sistemas diferentes. Os valores de t
1/2
dos nanocompósitos foram menores do que aquele do PET extrudado, conforme pode ser visto na
Tabela 5.1. Comportamento similar tem sido relatado na literatura [8,99]. Por outro lado, os valores de t
1/2
não foram significativamente influenciados pelo tipo de argila, exceto quando a argila 10A foi usada,
sendo que este sistema apresentou valor menor. Esses resultados também demonstram que a
cristalização ocorre mais rapidamente quando a argila está presente.
Assim como os tempos totais de cristalização, os intervalos de temperatura para a cristalização
completa do PET e seus nanocompósitos também foram similares (Figura 5.11 e Tabela 5.1), exceto
para o PET10A.
Figura 5.11: Desenvolvimento do grau relativo de cristalinidade (X
c
) com a temperatura sob taxa de resfriamento de
10°C/min
41
Nos intervalos entre 10 e 90% do grau relativo de cristalinidade é observado que os
nanocompósitos alcançam esses percentuais em temperaturas mais altas do que o PET extrudado. Além
disso, o PET requer maior sub-resfriamento (maior intervalo de temperatura) para atingir 10% de
cristalinidade relativa, o que confirma o efeito nucleante da argila no nanocompósito.
A morfologia de cristalização foi observada por POM, onde foi possível visualizar durante o
experimento uma cristalização mais rápida dos nanocompósitos. Além disso, eles apresentaram uma
quantidade maior de núcleos e esferulitos de tamanho menor do que o PET (Figura 5.12).
Figura 5.12: Seqüência de cristalização por POM: (a-b) PET; (c-e) PETNa; (f -h) PET10A – (escala 5µm)
5.1.4. Cinética de Cristalização Não isotérmica
Nesta etapa do estudo foi avaliada a cinética de cristalização não isotérmica do PET e dos seus
nanocompósitos pela aplicação dos modelos de Avrami modificado e de Ozawa. O estudo foi realizado
pelo tratamento matemático dos dados de cristalização obtidos em DSC e o processo de cristalização foi
avaliado em taxas diferentes de resfriamento. Os nanocompósitos utilizados nesse estudo foram PETNa,
PET30B e PET15A e, tendo em vista que não foi observada uma influência significativa do teor de MMT
no comportamento de cristalização (item 5.1.2), foram avaliados apenas os nanocompósitos com 2% em
massa de MMT. Esse estudo cinético foi realizado em etapa anterior ao teste da MMT10A e não foi
aplicado aos nanocompósitos com essa argila.
42
5.1.4.1. Modelo de Avrami
O modelo de Avrami foi aplicado aos dados de cristalização para o PET e seus nanocompósitos,
obtidos em taxas diferentes de resfriamento, e forneceu curvas como as apresentadas na Figura 5.13.
Os dados abrangem valores de cristalinidade relativa (X
c
) que variam de 0,001 até 1 e os experimentos
foram realizados utilizando taxas de resfriamento entre 2°C/min e 20°C/min (apenas algumas curvas
estão representadas).
Figura 5.13: Curvas de Avrami para o PET (antes e após a extrusão) e para os nanocompósitos PETNa, PET30B e
PET15A, determinadas para taxas diferentes de resfriamento.
Como pode ser visto, não há uma linearidade completa nos gráficos, indicando que o modelo de
Avrami modificado falha na descrição completa
da cinética de cristalização não isotérmica do PET e dos
nanocompósitos analisados. No entanto, duas regiões distintas apresentam-se lineares nos gráficos,
sendo a primeira na etapa inicial de cristalização (até X
c
igual a 1%) e a segunda no intervalo de X
c
entre
0,1 e 0,65, o que abrangeria uma região ampla de cristalização, como mostra a Figura 5.14.
43
Figura 5.14: . Representação dos intervalos de cristalinidade relativa avaliados nas curvas de Avrami.
Nesse estudo, os parâmetros de Avrami foram determinados para essas duas regiões. Como
apresentado no item 3.3.2 (página 27), o valor da constante de velocidade de Avrami, Z
c
, pode ser
determinado a partir do coeficiente linear das curvas de Avrami. Um aumento no valor de Z
c
é
observado à medida que taxas maiores de resfriamento são utilizadas, como pode ser visualizado na
Figura 5.15. O PET puro cristaliza mais lentamente antes da extrusão (Figura 5.15a).
Figura 5.15: Avaliação de Z
c
, constante de velocidade de Avrami, como função da taxa de resfriamento para o PET e
seus nanocompósitos para X
c
entre 0,1 e 0,65 (os símbolos preenchidos representam os valores calculados de Z
c
,
enquanto os símbolos ocos representam os valores obtidos pelo ajuste dos pontos em uma regressão quadrática,
com R
2
>0,96).
Conforme foi comentado no item 5.1.2. a pressão e a temperatura altas durante o processo de
extrusão promovem a cisão das cadeias de PET, originando cadeias menores, o que facilitaria a
cristalização no PET extrudado. O PET15A e o PET (após extrusão) apresentaram taxas de cristalização
44
semelhantes, enquanto que a cristalização ocorreu um pouco mais rápida no PET30B (Figuras 5.15 b e
5.15c). As taxas maiores foram observadas para o PETNa. A variação das taxas de cristalização nos
nanocompósitos pode ser associada à morfologia da argila em cada caso, uma vez que, quanto maior o
percentual de esfoliação, maior seria o número de núcleos de cristalização, o que poderia favorecer uma
cristalização mais rápida. Conforme apresentado no item 5.1.1, o PET30B possui uma morfologia mais
esfoliada do que o PET15A, o que explica sua cristalização mais rápida nesta comparação. No PETNa,
por sua vez, o arranjo cristalino da argila foi destruído completamente e, além disso, o percentual do
componente inorgânico incorporado nesse nanocompósito foi maior (Tabela 5.1), o que resulta num
número maior de sítios de nucleação e, por conseqüência, justificaria sua maior taxa de cristalização
entre os nanocompósitos avaliados nesse estudo cinético [99]. As curvas apresentadas na Figura 5.15
foram obtidas no intervalo de X
c
entre 0,10 e 0,65, mas as mesmas tendências foram observadas para a
etapa inicial de cristalização.
Uma análise pormenorizada foi realizada para os parâmetros determinados em φ igual a
10°C/min, os quais estão apresentados na Tabela 5.2. Na etapa inicial de cristalização (até 1%), o PET e
seus nanocompósitos apresentaram valores similares para o coeficiente de Avrami. Considerando que a
argila tem efeito nucleante na matriz polimérica (conforme apresentado no item 5.1.2), supõe-se que o
mecanismo de nucleação nos nanocompósitos é do tipo heterogêneo, sendo que um valor de n igual a 2
representaria um crescimento como disco (bidimensional) [161]. Assim, pode ser sugerido que na etapa
inicial de cristalização o polímero se liga à superfície da argila, iniciando núcleos de cristalização. O
crescimento, nesse estágio, ocorre em duas dimensões, seguindo a superfície da argila. O valor de Z
c
(constante de velocidade de Avrami) indica que a cristalização é mais rápida nos nanocompósitos do que
no polímero puro, conforme havia sido comentado anteriormente.
Tabela 5.2: Parâmetros de Avrami determinados para φ igual a 10
o
C/min em intervalos de X
c
diferentes.
X
c
Parâmetros
de Avrami
PET
(a)
PET
(b)
PETNa PET30B PET15A
n
2,2 ± 0,2 2,0 ± 0,3 2,2 ± 0,3 2,2 ± 0,2 2,2 ± 0,2
Z
t
0,015± 0,006 0,031± 0,006 0,050±0,008 0,040±0,016 0,035±0,014
Até 1%
Z
c
0,657± 0,012 0,705±0,015 0,741±0,012 0,722±0,029 0,711±0,027
n
3,4 ± 0,2 3,5 ± 0,2 3,8 ± 0,2 3,7 ± 0,2 3,9 ± 0,3
Z
t
0,013 ± 0,017 0,054±0,017 0,108±0,027 0,082±0,046 0,067±0,045
entre
10% e
65%
Z
c
0,647 ± 0,021 0,743±0,027 0,799±0,021 0,770±0,046 0,752±0,047
(a)
antes da extrusão;
(b)
após extrusão
Na segunda região analisada, os parâmetros de Avrami foram determinados considerando o
intervalo entre 10% e 65% de cristalinidade relativa (em algumas amostras a região linear extrapolou
esses limites). Nesse intervalo de cristalização foi encontrado um valor de n próximo a 3,5 para o PET
puro e n entre 3,7 e 3,9 para os nanocompósitos. Valores de n fracionários têm sido interpretados como
uma contribuição média da ocorrência simultânea de vários modos de nucleação e crescimento [167]. Os
valores determinados para n, no intervalo de 10%<X
c
<65%, são ligeiramente superiores nos
nanocompósitos, quando comparados ao PET puro. Comportamento similar tem sido relatado para
45
nanocompósitos sugerindo que o processo de cristalização dos mesmos corresponde a um crescimento
tridimensional com nucleação heterogênea [14,168,169]. Wang et al [168] encontrou valores de n para
nanocompósitos de PET superiores aos encontrados nesse trabalho.
As porções lineares nas curvas de Avrami são seguidas, na maioria das vezes, por um leve
desvio em tempos longos, que é normalmente atribuído à cristalização secundária (Figura 5.14).
Comportamento similar tem sido relatado em estudos com nanocompósitos de PET [168-170]. Nas
amostras estudadas, esse comportamento foi observado para uma cristalinidade relativa superior a 90%.
O estágio secundário de cristalização é normalmente considerado um resultado da cristalização mais
lenta ou do aperfeiçoamento cristalino, que seria causado pela colisão de cristais no último estágio do
processo de cristalização, ou ainda, pela reorganização de moléculas cristalizadas precariamente,
cristais pequenos ou metaestáveis [171]. No caso da cristalização secundária não ser completada, o
produto continuaria cristalizando durante o seu uso, o que resultaria em uma mudança contínua nas
propriedades do produto [171]. Uma vez que na equação de Avrami é assumido que o crescimento radial
do cristal ocorre a uma taxa constante e que não ocorre a colisão de cristais, este modelo cinético não foi
aplicado nas curvas onde log[-ln(1-X
c
)]> 0 (estágios finais de cristalização).
De acordo com os resultados apresentados, é possível concluir que o modelo de Avrami permite
uma descrição parcial do processo de cristalização do PET e seus nanocompósitos até
aproximadamente 90% de cristalinidade relativa. Assim, a cristalização dos nanocompósitos inicia pela
formação de núcleos e é favorecida pela presença da argila que atua como agente nucleante, iniciando
mais rapidamente a cristalização. Nesta etapa, supõe-se que as cadeias de PET que estão localizadas
próximas à superfície da argila organizam-se e iniciam a cristalização. O crescimento, nesta etapa,
ocorre em duas dimensões, seguindo a superfície da argila. Após a formação dos núcleos, inicia o
segundo estágio no qual o crescimento cristalino pode ocorrer de forma tridimensional, sem a influência
orientacional da superfície da argila (tendo diferentes contribuições mecanísticas). Nesta etapa, a taxa
de cristalização dos nanocompósitos também é maior do que a do PET sem argila. A partir de 90%
passa a ocorrer colisão dos cristais, tornando o processo de cristalização mais lento.
5.1.4.2. Modelo de Ozawa
A maioria das formulações teóricas que predizem a cinética de cristalização não isotérmica
está relacionada à cristalização em massa e as propostas estão baseadas em modificações da equação
de Avrami [151]. Várias aproximações da equação de Avrami têm sido testadas, podendo-se citar entre
elas a análise de Ozawa, que trata a etapa de cristalização como uma seqüência de estágios
infinitesimais [154]. O modelo de Ozawa foi aplicado, anteriormente, com sucesso ao PET [168, 172], o
que estimula sua aplicação neste estudo.
O modelo foi aplicado ao PET antes da extrusão (Figura 5.16b), usando os dados obtidos em
uma varredura de taxas de resfriamento que variaram entre 2ºC/min e 30°C/min, no intervalo de
temperatura de 182°C e 198°C, o qual foi selecionado no gráfico X
c
x Temperatura (Figura 5.16a). Os
dados usados incluem valores de X
c
entre 0,01 e 0,997.
46
Figura 5.16: PET puro sem extrusão (a) Cristalinidade Relativa x Temperatura. A linha pontilhada representa o
intervalo de temperatura usado na análise de Ozawa. (b) Análise de Ozawa, incluindo valores de X
c
entre 0,01 e
0,997 (isotermas entre 182°C e 198°C).
Os pontos apresentam uma boa linearidade (R>0,997), sendo possível observar uma seqüência
de isotermas quase paralelas. Os parâmetros de Ozawa, m e k(T), para o PET puro sem extrusão estão
apresentados na Tabela 5.3.
Tabela 5.3: Parâmetros de Ozawa para o PET e seus nanocompósitos
temperatura 182 184 186 188 190 192 194 196 198
m
1,83 1,89 1,97 2,01 1,98 2,12 2,28 2,43 2,57
PET
(a)
2-30
o
C/min
K(T) 0,14 0,11 0,10 0,10 0,04 0,04 0,03 0,02 0,0
temperatura 184 186 188 190 192 194
m
1,25 1,38 1,52 1,64 1,71 1,77
PET
(b)
3-10
o
C/min
K(T) 0,13 0,08 0,11 0,09 0,04 -0,02
temperatura 194 196 198 200 202
m
2,8 3,1 3,5 3,8 4,2
PETNa
7-20
o
C/min
K(T) 0,47 0,49 0,51 0,53 0,55
temperatura 190 192 194 196 198 200 202
m
1,8 2,0 2,2 2,5 2,8 3,2 3,8
PET15A
5-20
o
C/min
K(T) 0,24 0,26 0,28 0,29 0,31 0,34 0,40
temperatura 180 182 184 186 188 190 192
m
2,65 2,89 3,24 3,5 3,8 4,18 4,56
PET30B
7-30
o
C/min
K(T) 0,51 0,53 0,57 0,59 0,61 0,64 0,66
parâmetros 206 208 210 212 214
m
2,91 3,28 3,62 3,94 4,28
PET30B
2-5
o
C/min
K(T) 0,09 0,07 0,02 -0,07 -0,23
(a)
antes da extrusão;
(b)
após a extrusão
47
Desvios da linearidade foram observados quando o PET foi resfriado sob taxas maiores (log φ =
1,44) e em temperaturas superiores a 190°C. Nessas condições, o processo de cristalização está em
estágio inicial (X
c
<1%), e esses dados não foram considerados na determinação dos parâmetros de
Ozawa. Além disso, a função X(T) escolhida no método de Ozawa incluiu valores selecionados de
estágios iniciais de cristalização (sob taxas de resfriamento maiores) e valores dos estágios finais de
cristalização (sob taxas de resfriamento menores). No entanto, para altas conversões, a taxa de
cristalização é reduzida por fatores como a colisão de esferulitos e a ocorrência de cristalização
secundária e esses valores não podem ser comparáveis àqueles obtidos nos estágios iniciais de
conversão, quando a nucleação é a etapa de controle da velocidade [151]. Por fim, é razoável concluir
que a análise de Ozawa foi adequada para descrever a cinética de cristalização do PET puro sem
extrusão, no mínimo no intervalo de temperatura entre 182°C e 192°C, no qual o valor de m variou muito
pouco (1,83 a 2,12). Os valores de m encontrados nesse estudo foram similares àqueles apresentados
por Wang et all. [168] para o PET. Supaphol et al [172], por sua vez, também encontraram valores
similares de m quando eles aplicaram o método de Ozawa. No entanto, os valores de k(T) foram
diferentes e superiores aos encontrados nesse trabalho.
O modelo foi aplicado ao PET após a extrusão (Figura 5.17b), usando os dados obtidos em uma
varredura de taxas de resfriamento entre 3°C/min e 20°C/min, no intervalo de temperatura de 184°C à
194°C, selecionados no gráfico de X
c
x Temperatura, como apresentado na Figura 5.17a. Os dados
incluíram valores de X
c
entre 0,168 e 0,992.
Figura 5.17: PET após a extrusão. (a) Cristalinidade Relativa x Temperatura. A linha pontilhada representa o
intervalo de temperatura usado na análise de Ozawa. (b) Análise de Ozawa, incluindo valores de X
c
entre 0,168 e
0,992 (isotermas entre 184°C e 194°C)
Os pontos apresentaram linearidade razoável (R>0,948) e os parâmetros de Ozawa, m e k(T)
para o PET após a extrusão estão apresentados na Tabela 5.3. Desvios da linearidade foram
observados quando taxas maiores de resfriamento foram utilizadas, sendo razoável concluir que o
modelo não descreve a cinética de cristalização para o PET após a extrusão, devido às mudanças
consideráveis que foram observadas no valor de m com a temperatura. Assim, após a extrusão foi
observada a alteração da cinética de cristalização do PET e, no estágio inicial (X
c
<15%), parece que a
cristalização ocorre por um caminho mais complexo. Na extrusora, os processos mecânicos, térmicos e
oxidativos resultam na quebra da cadeia polimérica, o que poderia modificar a cristalização.
48
Procedimento similar ao usado para o PET puro foi aplicado aos nanocompósitos. Para o
PETNa, as taxas de resfriamento variaram entre 7°C/min e 20°C/min e para o PET15A, entre 5°C/min e
20°C/min. Os gráficos de Ozawa obtidos para esses nanocompósitos estão apresentados na Figura
5.18.
Figura 5.18: Análise de Ozawa para a) PETNa; B) PET15A
Uma regressão linear boa foi obtida dos dados, mas a modificação contínua nos valores de m e
de k(T) foi observada, sendo que o modelo de Ozawa não foi satisfatório na representação da cinética de
cristalização dos nanocompósitos PETNa e PET15A. A Tabela 5.3 apresenta os parâmetros de Ozawa
determinados em ambos os casos. Embora o modelo não descreva satisfatoriamente a cinética de
cristalização desses nanocompósitos, é interessante observar que os valores de k(T) são praticamente
constantes (nas temperaturas mais baixas) e superiores aos valores encontrados para o PET, sendo
possível concluir que a taxa de cristalização dos nanocompósitos é maior, uma vez que k(T) está
associado à velocidade de cristalização total e ele indica o quão rápido a cristalização ocorre.
A Figura 5.19 apresenta o gráfico de X
c
x Temperatura para o nanocompósito PET30B, sendo
possível identificar dois intervalos de temperatura nos quais é possível aplicar o modelo de Ozawa. O
primeiro intervalo pode ser observado entre 180°C e 192°C e inclui o processo de cristalização sob taxas
de resfriamento maiores (7°C/min e 30°C/min), enquanto o segundo intervalo, entre 206°C e 214°C,
inclui o processo de cristalização sob taxas de resfriamento menores (2°C/min e 5°C/min).
Figura 5.19: Cristalinidade Relativa x Temperatura para o PET30B. As linhas pontilhadas representam os intervalos
de temperaturas usados na Análise de Ozawa.
49
As curvas de Ozawa para o PET30B estão apresentadas na Figura 5.20 e os parâmetros de
Ozawa determinados para esta amostra estão apresentados na Tabela 5.3. Uma regressão linear boa foi
obtida dos dados, mas uma alteração contínua foi observada para os valores de m e k(T), sendo que o
modelo de Ozawa também não representa satisfatoriamente a cinética de cristalização do
nanocompósito PET30B, em nenhum dos intervalos de resfriamento estudados.
Figura 5.20: Análise de Ozawa para o PET30B em resfriamento sob: a) taxas maiores (7°C/min - 30°C/min); e b)
taxas menores (2°C/min - 5°C/min).
A análise de Ozawa para os nanocompósitos não apresentou pontos com boa linearidade,
quando aplicada a um intervalo amplo de taxas (2°C/min a 30°C/min) e, mesmo em intervalos menores
de taxa de resfriamento, uma mudança contínua foi observada nos valores dos coeficientes de Ozawa.
Sendo assim, pode-se concluir que o modelo de Ozawa não descreveu satisfatoriamente a cinética de
cristalização de nenhum dos nanocompósitos de PET estudados. Resultados similares foram publicados
na literatura para nanocompósitos de PEAD/POSS e PET/CaCO
3
[50, 160].
Entre as teorias apresentadas, a proposta de Ozawa tem obtido sucesso quando aplicada a
análise da cinética de cristalização de polímeros. Contudo, para polímeros como o PE, PEEK e nylon-11,
esse método não descreveu este tipo de cinética de cristalização satisfatoriamente [151]. Para esses
materiais, uma grande parte da cristalização total é atribuída à cristalização secundária e este
comportamento não é considerado no método de Ozawa [151]. Uma possível explicação para a falha
desse método pode ser os mecanismos de cristalização diferentes que esses polímeros podem seguir.
5.1.5. Efeito do Modificador Orgânico na Morfologia do Nanocompósito.
Contribuições entrópicas e entálpicas estão presentes na obtenção de sistemas intercalados e
esfoliados durante o processo de mistura entre o polímero e a argila. O espaçamento entre as folhas
empilhadas da MMTNa é da ordem de 1nm, aumentando a barreira entrópica associada com a
penetração de polímeros fundidos nesse espaço [114]. Uma forma de diminuir esta barreira entrópica
consiste em utilizar argilas modificadas organicamente. Assim, pela escolha adequada de parâmetros, os
ganhos energéticos provenientes das interações entre o polímero e o modificador orgânico podem
sobrepor as desvantagens entrópicas. Sob estas condições, os polímeros podem penetrar na galeria,
separar as folhas de argila e potencialmente dispersá-las no fundido [114]. Além disso, tem sido proposto
50
que interações específicas na interface entre o polímero e os silicatos em camada desempenham um
papel importante na mudança de arranjo das moléculas intercalantes, bem como na difusão das mesmas
[163].
Neste estudo, três morfologias diferentes (tactóides, intercalado/esfoliado e esfoliado) foram
observadas nos nanocompósitos de PET, quando as argilas diferentes foram utilizadas sob as mesmas
condições de mistura. A intercalação do polímero entre as folhas de argila não foi observada na PET15A.
O modificador orgânico nesta MMT (Figura 5.21b) apresenta apenas grupos apolares e dois deles são
grupos alquila longos. Este sistema formou tactóides e, apenas em pequena extensão, foram
observadas folhas isoladas. Além das interações favoráveis entre o PET e a MMT, pode ser mencionado
o maior espaçamento inicial da galeria nesta argila (32,7Å) como um efeito favorável que reduziria a
atração entre as folhas e auxiliaria na difusão da cadeia polimérica na galeria. Na PET15A, as interações
desfavoráveis entre os grupos polares (do PET) e apolares (do modificador) e o impedimento estérico
originado pelos grupos alquila longos devem estar superpondo os efeitos favoráveis esperados e a
intercalação do polímero não é observada. Resultados similares foram relatados para nanocompósitos
de polímeros polares [84,85,168,173].
CH
3
- N
+
- T
CH
2
-CH
2
OH
CH
2
-CH
2
OH
CH
3
- N
+
- HT
CH
3
HT
CH
3
- N
+
- CH
2
-
CH
3
HT
(a) (b) (c)
Figura 5.21: Modificadores orgânicos nas argilas : (a) 30B; (b) 15A; (c) 10A. T =grupo alquila longo (~65% C18,
~30% C16, ~5% C14).
Os nanocompósitos PET30B e PET10A apresentaram morfologia intercalada/esfoliada. Os
modificadores orgânicos dessas argilas (Figuras 5.21a e 5.21c) possuem um grupo alquila longo e
grupos com alguma polaridade (bis-2-hidroxi-etila e benzila, respectivamente). Comparativamente ao
PET15A, a presença de apenas um grupo alquila longo nesses sistemas resulta em um número menor
de interações desfavoráveis entre o polímero e o modificador, sendo que um número maior de interações
entre a argila e o PET poderia ocorrer. A polaridade imposta pela presença de grupos polares no
modificador pode também favorecer a difusão do polímero na galeria, originando uma morfologia
intercalada. Além disso, a decomposição dos modificadores orgânicos ocorre em temperaturas maiores
que 200°C e os produtos de baixo peso molecular, originados nesse processo, poderiam auxiliar no
processo de esfoliação [174]. Estas considerações podem explicar os melhores resultados das argilas
30B e 10A em comparação com a argila 15A na formação de uma morfologia intercalada/esfoliada.
Resultados semelhantes têm sido relatados com nanocompósitos de nylon-6 [168, 173], poli(óxido de
etileno)[175], poli (tereftalato de etileno-co-naftalato de etileno) [176] e poliéster alifático [177]. O
nanocompósito PET10A apresentou um número maior de partículas de tamanho menor e o maior efeito
nucleante, conforme foi apresentado nos itens 5.1.1 a 5.1.3. Este resultado pode estar relacionado à
presença do anel aromático no modificador, resultando uma melhor dispersão da argila no PET e, por
conseqüência, em um número maior de núcleos de cristalização.
51
No PETNa o arranjo organizado da argila foi destruído e pequenos pontos escuros foram
observados nas imagens de MET. Jang et al. [164] classificou o PET como um polímero com um
parâmetro de solubilidade médio e, de acordo com estes autores, a intercalação e esfoliação da argila
nestes sistemas somente seriam esperadas se argilas modificadas organicamente fossem utilizadas. De
outra maneira, Vaia e Giannelis [76, 114] propuseram que morfologias imiscíveis, intercaladas e
delaminadas podem ser explicadas em termos de mudanças de energia livre usando o modelo do campo
médio (“mean-field model”), sendo que foi sugerido e provado por experimentos que estruturas
delaminadas foram obtidas em sistemas onde as interações polímero/argila eram favoráveis. No PETNa,
o modificador não estava presente e parece que as interações polímero-MMT e as condições de
extrusão (cisalhamento) foram suficientes para quebrar o arranjo organizado da argila, dispersando suas
folhas na matriz polimérica. Além disso, nessa condição, as folhas de argila delaminadas poderiam
enrolar devido a sua flexibilidade e às interações intramoleculares, conforme apresentado no item 5.1.1
(Figuras 5.5c e 5.7, páginas 36 e 37). Em sistemas onde as amostras foram preparadas por solução,
esta morfologia foi mais freqüentemente observada por MET [177b]. Assim, quando o modificador
orgânico está presente parece que ele protege a superfície da argila e impede que as camadas
esfoliadas enrolem, o que resulta partículas dispersas com uma área superficial maior.
52
No PETNa o arranjo organizado da argila foi destruído e pequenos pontos escuros foram
observados nas imagens de MET. Jang et al. [164] classificou o PET como um polímero com um
parâmetro de solubilidade médio e, de acordo com estes autores, a intercalação e esfoliação da argila
nestes sistemas somente seriam esperadas se argilas modificadas organicamente fossem utilizadas. De
outra maneira, Vaia e Giannelis [76, 114] propuseram que morfologias imiscíveis, intercaladas e
delaminadas podem ser explicadas em termos de mudanças de energia livre usando o modelo do campo
médio (“mean-field model”), sendo que foi sugerido e provado por experimentos que estruturas
delaminadas foram obtidas em sistemas onde as interações polímero/argila eram favoráveis. No PETNa,
o modificador não estava presente e parece que as interações polímero-MMT e as condições de
extrusão (cisalhamento) foram suficientes para quebrar o arranjo organizado da argila, dispersando suas
folhas na matriz polimérica. Além disso, nessa condição, as folhas de argila delaminadas poderiam
enrolar devido a sua flexibilidade e às interações intramoleculares, conforme apresentado no item 5.1.1
(Figuras 5.5c e 5.7, páginas 36 e 37). Em sistemas onde as amostras foram preparadas por solução,
esta morfologia foi mais freqüentemente observada por MET [177b]. Assim, quando o modificador
orgânico está presente parece que ele protege a superfície da argila e impede que as camadas
esfoliadas enrolem, o que resulta partículas dispersas com uma área superficial maior.
5.2. Nanocompósitos de PP/PET
Nesta etapa foram preparadas misturas contendo PP, PET e montmorilonita em extrusora. A
argila utilizada nesta fase do estudo foi a Cloisite®10A, cuja escolha foi motivada pelos resultados
obtidos para os nanocompósitos de PET, apresentados no Capítulo 5.1. Esta argila apresentou melhor
dispersão, quando comparada às outras argilas estudadas, originando morfologia intercalada/esfoliada,
onde se supõe ter ocorrido o maior grau de esfoliação. Adicionalmente, as propriedades que foram
avaliadas nos nanocompósitos de PET não mostraram variações em função da quantidade de MMT, nos
níveis estudados. Desta maneira, foi feita a opção de utilizar 2% de MMT (a menor concentração) em
relação à massa total da blenda (exceto quando for mencionado valor diferente). Assim, misturas e
corpos de prova foram obtidos sob condições diferentes, sendo avaliada a influência da adição de argila
e de PP-MA na morfologia e nas propriedades mecânicas de blendas PP/PET.
5.2.1. Corpos de Prova obtidos por compressão a 260°C
Os filmes preparados por compressão, na temperatura de 260°C, foram submetidos a análises
em DRX, TEM, MEV, AFM, DSC e DMA, e foi avaliada a influência do uso de MMT e PP-MA na
morfologia, no comportamento de cristalização e nas propriedades mecânicas dinâmicas das blendas
preparadas. A influência da velocidade de extrusão também foi considerada nesta etapa do estudo. A
Tabela 5.4 apresenta as composições das blendas preparadas.
52
Tabela 5.4 – Morfologia das blendas de PP/PET sob 50rpm
Composição (wt %)
PP PET PP-MA MMT
Distância
Basal (Å)
Tamanho dos domínios de
PET (µm)
PP
100 - - - - -
PET
100 - - - -
PP/PET
70 30 - - - 6,5 ± 4,3
PP/PET/MMT
70 28 - 2 44,1 4,1 ± 3,6
PP/PET/PP-MA
70 29 1 - - 2,7 ± 1,7
PP/PET/PP-MA/MMT
70 27 1 2 - Morfologia interconectada
5.2.1.1. Efeito do Compatibilizante na Morfologia da Blenda (sem a adição de MMT)
PP e PET são polímeros imiscíveis e, por conseqüência, foram observadas duas fases nas
imagens de MEV, onde o PET apresenta-se como fase dispersa na matriz de PP. As morfologias típicas
observadas estão apresentadas na Figura 5.22. A blenda PP/PET apresentou domínios esféricos de
PET, sendo que cavidades (Figura 5.22b) também foram observadas na superfície fraturada, indicando a
remoção dos mesmos. Estes domínios facilmente se desligam da matriz de PP devido à adesão
interfacial fraca entre os polímeros. No entanto, a blenda compatibilizada (PP/PET/PP-MA) apresentou
uma adesão interfacial razoável entre as fases, como pode ser visualizado nas Figuras 5.22c e 5.22d. A
dispersão ruim do PET tornou-se claramente mais homogênea devido à presença do compatibilizante. A
superfície dos domínios de PET, neste caso, apresentou aparência diferente quando PP-MA foi usado e
parece que ele recobre os domínios de PET (Figura 5.22d).
Figura 5.22: Morfologia dos domínios de PET em PP/PET por MEV (a,b) e PP/PET/PP-MA (c, d). Corpos de prova
obtidos por compressão a 260°C.
53
A adesão interfacial também foi investigada por AFM e a Figura 5.23 apresenta as imagens,
topográfica e de fase, obtidas para o PP/PET e o PP/PET/PP-MA. Os domínios de PET na blenda não
compatibilizada (Figura 5.23a), como comentado anteriormente, estão soltos da matriz PP. Por outro
lado, na blenda com PP-MA (Figura 5.23b) foi possível observar a ligação entre as fases, uma vez que o
compatibilizante deve estar localizado na interfase, atuando como elo entre as fases PP e PET.
Figura 5.23: AFM das blendas (a) PP/PET e (b) PP/PET/PP-MA. Imagens topográficas (esquerda) e de fase (direita).
Os domínios de PET na blenda PP/PET são maiores do que na blenda PP/PET/PP-MA
(Tabela 5.4 – pág.53). De forma geral, a dispersão foi ruim sem o PP-MA, com uma distribuição ampla
dos diâmetros dos domínios de PET (Figura 5.24a). O tamanho final da fase dispersa é determinado pela
competição entre a dispersão e a coalescência. A coalescência dos domínios de PET, na blenda não
compatibilizada, pode ser observada em alguma extensão (Figura 5.22a), o que indica que um estado de
equilíbrio ainda não havia sido atingido.
Figura 5.24: Distribuição dos diâmetros dos domínios de PET (a) nas blendas PP/PET e PP/PET/PP-MA; e (b)
PP/PET e PP/PET/argila
Uma morfologia de fase mais fina foi observada para PP/PET/PP-MA (Figura 5.22c). Como
esperado, a adição de compatibilizante reduziu o tamanho dos domínios de PET (provavelmente devido
54
à redução da tensão superficial) e resultou em uma distribuição de tamanhos mais estreita na blenda
(Tabela 5.4 e Figura 5.24a). O tamanho médio de partícula diminui de 6,5µm no PP/PET para 2,7µm no
PP/PET modificado com PP-MA.
5.2.1.2. Morfologia dos Nanocompósitos de PP/PET
No nanocompósito contendo PP-MA, a ausência de sinal em DRX sugere que ocorreu um
distanciamento superior a 7nm entre as folhas de argila, ou ainda, que o arranjo organizado da
montmorilonita foi destruído (Figura 5.25). Por outro lado, na ausência de compatibilizante, o pico
característico da argila apresentou um deslocamento para ângulos inferiores no difratograma, indicando
o aumento da distância entre as camadas da argila de 19,2Å para 44,1Å pela intercalação do polímero.
Figura 5.25: Comparativo entre MMT, PP/PET/MMT e PP/PET/PP-MA/MMT por DRX.
A Figura 5.26a e 5.26b apresenta as imagens de MET do PP/PET/MMT, onde é possível
visualizar claramente os domínios de PET e as partículas de argila.
Figura 5.26: Micrografias de MET de PP/PET/argila (a,b) e PP/PET/PP-MA/argila (c).
55
No nanocompósito sem PP-MA, as partículas de argila são grandes e estão localizadas na
região interfacial do PP/PET e dentro dos domínios de PET. A argila é mais facilmente esfoliada em
polímeros polares e, por conseqüência, ela migra para a fase PET nas blendas PP/PET. Este
comportamento também foi observado em outros estudos [22, 120, 121, 178,179].
Similar ao observado para o PP/PET e o PP/PET/PP-MA, o PP/PET/MMT também apresentou
domínios de PET esféricos (Figura 5.27a). O tamanho médio foi de aproximadamente 4,1µm. Com a
adição da argila houve um decréscimo no tamanho médio das partículas em relação à blenda PP/PET
(Tabela 5.4, pág 53 e Figura 5.24b, pág 54).
Figura 5.27: Morfologia dos domínios de PET em (a) PP/PET/argila e (b) PP/PET/PP-MA/argila. Corpos de prova
obtidos por compressão a 260°C.
A redução do tamanho de partícula pode estar relacionada à dispersão da argila na região
interfacial que poderia atuar como compatibilizante e inibir a coalescência [122]. Embora a argila esteja
presente na região interfacial PP/PET no PP/PET/MMT, as imagens obtidas por MEV mostram que a
fase dispersa está solta na matriz (Figura 5.27a). Desta maneira, o uso exclusivo da MMT
aparentemente não resulta em boa compatibilização das fases PP e PET.
Quando PP-MA foi incorporado ao nanocompósito, as partículas de argila foram menores do
que aquelas observadas no PP/PET/MMT. Quando ampliado, é possível observar camadas individuais
localizadas na interfase (Figura 5.26c). Em ambos nanocompósitos foi observado que a argila está
localizada, preferencialmente, na interfase e na fase PET.
O PP/PET/PP-MA/MMT apresentou uma morfologia dos domínios de PET completamente
diferente quando observados por MEV. Eles assumiram um arranjo tridimensional complexo (Figura
5.27b), no qual os domínios de PET estão interligados em grande extensão. Nesta amostra, parece que
os domínios de PET apresentam uma tendência a coalescer. A adesão entre as fases PP e PET,
observada anteriormente para o PP/PET/PP-MA (Figura 5.22c – pág 53), foi aparentemente perdida no
PP/PET/PP-MA/MMT. Morfologia semelhante também foi observada em nanocompósitos de PP/PS
[122].
56
5.2.1.3. Comportamento Térmico e de Cristalização
A Tabela 5.5 apresenta o comportamento térmico e de cristalização das blendas de PP/PET.
As temperaturas de fusão (T
m
) das fases PP e PET permaneceram inalteradas nas blendas.
Tabela 5.5: Comportamento térmico, de cristalização e mecânico-dinâmico das blendas PP/PET (compressão a
260°C)
T
m
(°C)
a
T
c
(°C)
a
Cristalinidade
(%)
E´ (MPa)
b
E´ (MPa)
b
E´ (MPa)
b
PP PET PP PET PP PET (25ºC) (40°C) (60°C)
PP
163 - 122 - 36 -
1508 ± 22 1156 ± 49 766 ± 41
PET
- 247 - 184 - 24 -
2364 ± 180 2282 ± 180
PP/PET
(70:30)
162 246 119 187 47 21
1739 ± 40 1440 ± 40 1040 ± 42
PP/PET/MMT (70:28:2)
160 247 117 189 41 19
1519 ± 136 1258 ± 112 914 ± 115
PP/PET/PP-MA
(70:29:1)
162 247 118 188 45 23
1382 ± 192 1127 ± 158 823 ± 114
PP/PET/PP-MA/MMT
(70:27:1:2)
161 246 117 190 47 20
1898 ± 129 1578 ± 104 1181 ± 84
ª determinado por DSC;
b
desvio padrão médio estimado para duplicatas.
O valor da T
c
foi praticamente constante nas blendas e não foi influenciado pela adição de
argila e/ou PP-MA (Figura 5.28 e Tabela 5.5). O grau de cristalinidade das fases PP e PET também
permaneceram similares nas diferentes blendas. No entanto, o grau de cristalinidade do PP foi mais alto
nas blendas do que no PP puro, o que pode ser explicado pela elevada densidade de nucleação
induzida pelos domínios de PET. Como pode ser visualizado na Figura 5.29a, os domínios de PET foram
o ponto de partida para a cristalização do PP nas blendas e um número maior de núcleos de PET foi
observado quando a argila estava presente (Figura 5.29b).
Figura 5.28: Comportamento de cristalização das blendas (a) sem compatibilizante e (b) com compatibilizante.
57
Figura 5.29: (a) Cristalização do PP a partir dos domínios de PET na blenda PP/PET/PP-MA. (b) Cristalização do
PET no PP/PET/PP-MA e no PP/PET/PP-MA/argila
O desenvolvimento da cristalinidade relativa (X
c
) com o tempo (t) foi avaliada de forma similar
ao descrito no item 5.1.3 (página 41), sendo que o tempo de cristalização para as fases PP e PET foi
avaliado separadamente. Vários estudos demonstraram que a argila tem efeito nucleante nos
nanocompósitos, aumentando sua velocidade de cristalização e elevando sua T
c
. Este também foi o
comportamento observado e comentado na primeira etapa deste estudo (item 5.1.2). Contudo, a
presença da argila em ambas blendas (com e sem PP-MA) resultou no decréscimo da velocidade de
cristalização da fase PET (Figuras 5.30 e 5.31), sendo que este efeito foi mais evidente no
nanocompósito contendo PP-MA (Figura 5.31).
Figura 5.30: Desenvolvimento da cristalinidade relativa (X
c
) das blendas não compatibilizadas
58
Figura 5.31: Desenvolvimento da cristalinidade relativa (X
c
) das blendas compatibilizadas
Como observado anteriormente, a incorporação do PP-MA facilitou a dispersão da argila no
PP/PET, sendo que ela ficou localizada preferencialmente na fase PET. A diminuição na velocidade de
cristalização do PET, mais pronunciada no PP/PET/PP-MA/MMT, pode estar relacionada à presença de
um número maior de partículas de argila (de tamanho menor) na fase PET, o que dificultaria o processo
de cristalização. Cabe lembrar que, há apenas 2% em peso de MMT em relação à massa total da
blenda, mas com a migração preferencial da mesma para a fase PET, sua concentração nessa fase será
superior.
5.2.1.4. Propriedades Mecânicas Dinâmicas
A análise mecânica dinâmica possibilita avaliar separadamente as contribuições elásticas e
viscosas de materiais viscoelásticos. A Figura 5.32 apresenta o comportamento mecânico dinâmico
observado para as blendas e os nanocompósitos de PP/PET em função da temperatura.
Comparando as curvas dos módulos de armazenamento (E’) obtidas para as blendas e para o
PP puro é possível observar que, em geral, com a adição de PET ao PP há um aumento no valor de E’,
indicando uma maior rigidez. A elevação de E’ é mais significativa em temperaturas superiores a T
g
do
PP (6°C). Este comportamento era esperado uma vez que o PET é um polímero mais rígido que o PP
em temperaturas acima de 6°C. O aumento do módulo em temperaturas baixas pode ser atribuído ao
aumento da cristalinidade do PP nas blendas.
A Tabela 5.5 (página 57) apresenta os valores dos módulos de armazenamento determinados
em três temperaturas (25°C, 40°C e 60°C), onde é possível observar que a adição de PET ao PP
resultou um aumento de cerca de 15% no valor de E’ a 25°C, chegando a 36% na temperatura de 60°C.
No nanocompósito sem PP-MA (PP/PET/MMT) seria esperado um aumento do módulo de
armazenamento devido à presença da MMT. Contrariamente, houve uma diminuição nos valores de E’
(Figura 5.32b). Os resultados apresentados no item 5.2.1.2 mostraram uma adesão interfacial fraca entre
o PP e o PET nesse nanocompósito. Além disso, foi observado que o grau de cristalinidade da fase PP
foi cerca de 10% menor do que o observado para as demais blendas (item 5.2.1.3). Assim, o grau de
cristalinidade menor da fase PP e a adesão fraca entre as fases neste nanocompósito poderiam explicar
os valores menores de E’ encontrados.
59
(a)
(b)
(c)
Figura 5.32: Comportamento mecânico dinâmico (a) do PP e do PET puros; (b) da blenda e do nanocompósito sem
compatibilizante; (c) da blenda e do nanocompósito com PP-MA.
Quando MMT e PP-MA foram simultaneamente incorporados à blenda (PP/PET/PP-MA/MMT) foi
observado um grande aumento nos valores de E’ (Figura 5.32c). Nesse nanocompósito, os aumentos
percentuais de E’ em relação ao PP puro foram superiores àqueles observados para a blenda PP/PET,
sendo de 26% na temperatura de 25°C e atingindo mais de 50% a 60°C. Dois principais motivos podem
estar relacionados a este comportamento. A MMT é um material de rigidez elevada e ao ser incorporada,
mesmo que em pequenas quantidades, poderia conferir a blenda um aumento no módulo de
armazenamento. Além disso, conforme os resultados apresentados anteriormente (item 5.2.1.2), uma
morfologia interconectada da fase PET foi observada nessa amostra, o que também poderia conferir um
módulo maior.
O comportamento mecânico dinâmico dos homopolímeros pode ser visualizado na Figura 5.32a.
Os máximos dos picos obtidos das curvas dos módulos de perda (E’’) versus temperatura para o PP e o
60
PET puros ocorrem em 6°C e 80°C, respectivamente, e são atribuídos às transições vítreas (T
g
) desses
polímeros. Próximo a 90°C seria esperada a ocorrência da transição referente ao deslizamento entre
cristais do PP, Tα
*
. Esta transição foi observada nas curvas de tan δ para o PP puro (Figura 5.33), mas
ela não é claramente detectada nas blendas de PP/PET. Nas blendas, a transição observada em
temperaturas mais altas pode ser atribuída a ambas transições, Tα
*
do PP e T
g
do PET, e esta última
deve ter uma contribuição mais intensa.
Figura 5.33: Tan δ versus temperatura para as blendas PP/PET
Analisando as curvas de E’’ versus T obtidas para as blendas sem a adição de argila (com e sem
PP-MA) podem ser observados dois picos, cujos valores máximos são iguais às transições vítreas
características dos componentes puros. Por outro lado, a adição de MMT às blendas resultou um
pequeno deslocamento na T
g
relacionada à fase PET, diminuindo de 80°C para 75°C, enquanto a
transição relativa à fase PP permaneceu inalterada. De maneira geral, quando as blendas e o PP são
comparados, foi observado um aumento no valor de E’’ em temperaturas superiores a 35°C. O ombro
observado na curva E’’ versus Temperatura (Figura 5.32c), em temperatura intermediária às T
g
’s dos
polímeros puros (em torno de 55°C), sugere que está ocorrendo uma interação entre as fases, o que
deve estar associado à presença de PP-MA e MMT na interfase, conforme apresentado no item 5.2.1.2.
Embora não tenha sido observada uma nova transição nas curvas de tan δ (Figura 5.33), pode ser
observado um decréscimo na amplitude dos picos correspondentes ao PP e ao PET com a incorporação
de PP-MA e MMT.
5.2.1.5. Efeito da velocidade de extrusão
O aumento da velocidade de rotação da rosca na extrusora origina uma taxa de cisalhamento
maior. Os resultados apresentados nos itens 5.2.1.1 até 5.2.1.4 referem-se a experimentos realizados
utilizando uma velocidade de rotação igual a 50rpm.
Com o objetivo de avaliar a influência da velocidade de rotação na formação do nanocompósito
foram realizados testes utilizando uma velocidade de 80rpm na extrusora. As análises por DRX
mostraram que a morfologia da argila em ambos nanocompósitos (contendo ou não PP-MA) foi
intercalada. A Figura 5.34 apresenta as imagens de MEV obtidas para os nanocompósitos preparados
em 80rpm.
61
Figura 5.34: Morfologia dos domínios de PET em (a) PP/PET/MMT e (b) PP/PET/PP-MA/MMT preparados com
velocidade de 80rpm na extrusora (corpos de prova obtidos por compressão a 260°C).
Uma distribuição bimodal dos tamanhos foi observada em ambos nanocompósitos, sendo que o
conjunto de maior ocorrência de medidas, com até 80% dos dados, está entre 0 e 3,9µm (Figura 5.35). O
PP/PET/PP-MA/MMT apresentou tamanhos médios de 1,5 ± 1,0 µm (no intervalo entre 0 e 3,9µm) e de
5,0 ± 0,7 µm (no intervalo entre 4,0 e 6,1µm), enquanto no PP/PET/MMT as médias foram maiores,
iguais a 1,9 ± 0,8 µm e 5,4 ± 1,0 µm, respectivamente. O PP/PET/MMT apresentou uma dispersão maior
dos valores e foram visualizados domínios com até 25µm de diâmetro nas imagens de MEV (dados não
representados no histograma da Figura 5.35).
Figura 5.35: Distribuição dos diâmetros dos domínios de PET nos nanocompósitos PP/PET/MMT e PP/PET/PP-
MA/MMT obtidos em 80rpm
A alteração na velocidade de extrusão resulta em variações tanto na taxa de deformação
imposta ao material durante a mistura, quanto no tempo de residência do mesmo na extrusora. No
PP/PET/PP-MA/MMT, os domínios esféricos pequenos apresentaram-se distribuídos homogeneamente
na matriz de PP quando a velocidade de 80rpm foi utilizada. Esta morfologia é muito diferente daquela
observada em 50rpm (Figura 5.27b, página 56), onde os domínios de PET estavam interligados em
grande extensão. A coalescência dos domínios de PET não foi observada neste nanocompósito (80rpm)
e a mudança na morfologia pode estar relacionada a maior taxa de cisalhamento originada durante a
mistura, onde a dispersão do PET e uma distribuição mais eficiente pode ter sido favorecida. Quando
comparada à mistura obtida em 50rpm, uma melhoria na adesão entre as fases PP e PET pode ser
observada nessa amostra. Por outro lado, uma morfologia intercalada da argila foi observada quando a
velocidade de 80rpm foi utilizada, enquanto que em 50rpm o difratograma havia indicado a destruição do
62
ordenamento cristalino da argila (item 5.2.1.2). Neste caso, embora tenha sido imposta uma taxa de
cisalhamento maior durante a etapa de mistura, pode-se sugerir que, devido ao período de residência
menor, não houve tempo suficiente para o material alcançar a morfologia esfoliada. Este resultado
possibilita sugerir, ainda, que a difusão do polímero na galeria da argila consiste em uma etapa
importante na esfoliação da argila no PP/PET/PP-MA/MMT.
A morfologia intercalada da argila e a mudança na morfologia dos domínios de PET no
PP/PET/PP-MA/MMT podem ser os motivos para a diminuição nos valores de E’ quando foi utilizado
80rpm (Figura 5.36b). Por outro lado, no PP/PET/MMT foram observados valores de E’ maiores na
amostra preparada em 80rpm (Figura 5.36a).
Figura 5.36: Comportamento mecânico-dinâmico (a) do PP/PET/MMT; (b) do PP/PET/PP-MA/MMT.
63
De maneira geral, a adição exclusiva de MMT ao PP/PET resulta em má dispersão e uma
adesão fraca entre as fases. No entanto, as taxas de deformação superiores, originadas em velocidades
maiores de extrusão, poderiam melhorar a dispersão do PET e da argila. Embora os domínios de PET
apresentem uma distribuição ampla dos tamanhos, com diâmetros, em média, superiores àqueles
observados para o PP/PET/MMT preparados em 50rpm (4,1 ± 3,6µm, apresentado na Tabela 5.4), é
possível observar uma população de domínios, no intervalo 0,5 µm < diâmetros < 4µm, no qual estão
localizadas as maiores freqüências (Figura 5.35). Assim, a quantidade significativa de domínios de
menor dimensão e uma melhor dispersão da argila podem ser os motivos para o aumento do módulo de
armazenamento neste caso. Além disso, também é possível visualizar um ombro na curva de módulo de
perda versus temperatura (Figura 5.36a), em temperatura intermediária àquela esperada para as T
g
’s do
PP e do PET, sugerindo novamente a interação entre as fases (similar ao observado no item 5.2.1.4).
Adicionalmente, uma pequena diminuição na amplitude dos picos correspondentes ao PP e ao PET
também pode ser observada na curva de tan δ versus temperatura.
5.2.1.6. Efeito da quantidade de PP-MA
Os nanocompósitos contendo 1% de PP-MA apresentaram uma dispersão melhor do PET e da
argila, além de uma morfologia de fase mais homogênea, conforme apresentado nos itens 5.2.1.1 até
5.2.1.5. Alguns testes também foram realizados utilizando 5% de PP-MA com o objetivo de avaliar a
influência da quantidade de compatibilizante na formação do nanocompósito. A análise por DRX mostrou
que a morfologia da argila passou de esfoliada para intercalada com o aumento da quantidade de PP-
MA, como pode ser visualizado na Figura 5.37.
Figura 5.37: DRX para o PP/PET/PP-MA/MMT utilizando 1% e 5% de PP-MA.
A Figura 5.38 apresenta imagens de MET obtidas para o PP/PET/PP-MA/MMT contendo 5% de
PP-MA, onde é possível visualizar uma interfase espessa entre o PP e o PET contendo partículas
grandes de argila. Esta morfologia é diferente daquela observada para o nanocompósito contendo 1% de
PP-MA, onde foram observadas principalmente folhas delaminadas na interface (Figura 5.26c). É
razoável supor que a MMT tenha interações preferenciais com o PP-MA (quando comparado ao PP e ao
PET) [104] e, quando este compatibilizante foi usado em quantidades maiores (5%), ele pode ter
dificultado a difusão das moléculas de PP e de PET para o espaço intercamada, resultando em uma
morfologia apenas intercalada.
64
Figura 5.38: Imagens de MET do PP/PET/PP-MA/MMT contendo 5% de PP-MA.
Uma distribuição homogênea dos domínios de PET na matriz foi observada quando 5% de PP-
MA foi utilizado, como pode ser visualizado na Figura 5.39. Comparando com as demais misturas
PP/PET/PP-MA/MMT estudadas anteriormente (Figuras 5.27b, página 56 e 5.34b, página 62), quando o
PP-MA foi utilizado em uma quantidade maior foi observada uma adesão melhor entre as fases PP e
PET (Figura 5.39b).
Figura 5.39: Morfologia dos domínios de PET em (a) PP/PET/PP-MA e (b) PP/PET/PP-MA/MMT contendo 5% de
PP-MA (corpos de prova obtidos por compressão a 260°C).
O tamanho dos domínios diminuiu de 4,8 ± 3,1µm no PP/PET/PP-MA para 3,1 ± 2,3µm no
PP/PET/PP-MA/MMT. Este comportamento em função da presença de MMT é similar ao observado na
outra etapa deste estudo (item 5.2.1.2). Por outro lado, diferentemente do observado para as blendas
65
contendo 1% de PP-MA (Figuras 5.24a, página 54 e 5.35, página 62) ocorreu uma distribuição ampla do
tamanho dos domínios, na presença ou não de MMT, como pode ser visualizado na Figura 5.40. Além
disso, o uso de uma quantidade maior de compatibilizante resultou em diâmetros, em média, maiores
(itens 5.2.1.1 e 5.2.1.5).
Figura 5.40: Distribuição dos diâmetros dos domínios de PET na blenda PP/PET/PP-MA e PP/PET/PP-MA/MMT
contendo 5% de PP-MA
A Figura 5.41 apresenta o comportamento mecânico dinâmico para o PP/PET/PP-MA e o
PP/PET/PP-MA/MMT contendo 1% e 5% de PP-MA. O uso de uma quantidade maior de PP-MA na
blenda PP/PET/PP-MA não resultou na modificação do módulo de armazenamento, exceto em
temperaturas superiores a 70°C, onde foi observada uma queda grande no seu valor, na região
associada à T
g
da fase PET (Figura 5.41a). Por outro lado, no nanocompósito PP/PET/PP-MA/MMT foi
observada a diminuição no valor de E’, em todo o intervalo de temperatura estudado (Figura 5.41b), o
que poderia ser associado a um efeito plastificante do PP-MA.
(a)
(b)
Figura 5.41: Comportamento mecânico dinâmico (a) do PP/PET/PP-MA; (b) do PP/PET/PP-MA/MMT; comparativo
entre 1% e 5% de PP-MA
66
Nas curvas de E’’ versus temperatura, um pico bem definido em temperaturas mais altas pode
ser observado para ambas blendas com 5% de PP-MA (com e sem MMT), enquanto picos alargados e
de menor intensidade haviam sido observado nesta mesma região nas amostras contendo 1% desse
compatibilizante (item 5.2.1.4). Os máximos dos picos obtidos destas curvas ocorrem em 78°C no
PP/PET/PP-MA e 74°C no PP/PET/PP-MA/MMT e são referentes à T
g
da fase PET. A T
g
referente à fase
PP permaneceu praticamente inalterada (7°C).
Na blenda PP/PET/PP-MA foi observado novamente a presença de um ombro, em temperatura
intermediária àquela esperada para as T
g
’s do PP e do PET, sugerindo a interação entre as fases. As
curvas de tan δ versus temperatura estão apresentadas na Figura 5.42 e uma transição na temperatura
de 113°C pode ser visualizada em ambas blendas, a qual está associada à cristalização a frio do PET
[149, 180].
Figura 5.42: Tan δ versus temperatura para as blendas PP/PET/PP-MA e PP/PET/PP-MA/MMT contendo 5% de PP-
MA. (a) todo o intervalo de temperatura analisado; (b) de 70°C a 125°C (no detalhe a transição em 113°C)
No PP/PET/PP-MA, a transição é visualizada como um ombro, sendo um pico mais evidente na
blenda que contém MMT. A Figura 5.42 possibilita uma visualização mais clara do deslocamento da T
g
do PET quando a MMT está presente.
67
Nas curvas de E’’ versus temperatura, um pico bem definido em temperaturas mais altas pode
ser observado para ambas blendas com 5% de PP-MA (com e sem MMT), enquanto picos alargados e
de menor intensidade haviam sido observado nesta mesma região nas amostras contendo 1% desse
compatibilizante (item 5.2.1.4). Os máximos dos picos obtidos destas curvas ocorrem em 78°C no
PP/PET/PP-MA e 74°C no PP/PET/PP-MA/MMT e são referentes à T
g
da fase PET. A T
g
referente à fase
PP permaneceu praticamente inalterada (7°C).
Na blenda PP/PET/PP-MA foi observado novamente a presença de um ombro, em temperatura
intermediária àquela esperada para as T
g
’s do PP e do PET, sugerindo a interação entre as fases. As
curvas de tan δ versus temperatura estão apresentadas na Figura 5.42 e uma transição na temperatura
de 113°C pode ser visualizada em ambas blendas, a qual está associada à cristalização a frio do PET
[149, 180].
Figura 5.42: Tan δ versus temperatura para as blendas PP/PET/PP-MA e PP/PET/PP-MA/MMT contendo 5% de PP-
MA. (a) todo o intervalo de temperatura analisado; (b) de 70°C a 125°C (no detalhe a transição em 113°C)
No PP/PET/PP-MA, a transição é visualizada como um ombro, sendo um pico mais evidente na
blenda que contém MMT. A Figura 5.42 possibilita uma visualização mais clara do deslocamento da T
g
do PET quando a MMT está presente.
5.2.2. Corpos de Prova Injetados a 200°C
As características dos produtos plásticos são influenciadas por diversos fatores, entre eles, o
método de fabricação. Existem diversos métodos de fabricação (compressão, extrusão, injeção, sopro,
termoformagem, entre outros), os quais impõem tensões diferenciadas ao material, provocando a
deformação e a orientação do mesmo e, por conseqüência, resultando em características diferentes
dependendo do método escolhido. No item 5.2.1, a morfologia e as propriedades das blendas foram
avaliadas em corpos de prova obtidos por compressão a 260°C. Nesta etapa do estudo, novas misturas
contendo PP, PET e MMT foram preparadas em extrusora e, posteriormente, submetidas ao processo de
injeção. A Tabela 5.6 apresenta a composição das blendas estudadas. Os corpos de prova foram
injetados a 200°C e submetidos às análises em DRX, MET e MEV. O efeito da adição de MMT e PP-MA
nas propriedades de tração e de impacto foi avaliado.
67
Tabela 5.6 – Propriedades de tração e de impacto das blendas PP/PET (injeção a 200°C).
Composição (wt %)
PP PET PP-MA MMT
Tamanho dos
domínos
de PET (µm)
(a)
Tensão no
escoamento
(MPa)
Módulo
de Young
(MPa)
Resistência
à tração
(MPa)
Alongamento
na ruptura
(%)
Resistência
ao impacto
(J/m)
PP/PET
70 30 - -
2,1 ± 1,0 24,5 ± 0,2
734 ± 52
19,9 ± 0,5 24,9 ± 1,3
195 ± 14
PP/PET/MMT
70 28 - 2
2,5 ± 1,2 23,2 ± 0,3
675 ± 33
19,0 ± 1,0 21,1 ± 1,7
183 ± 15
PP/PET/PP-MA
69 30 1 -
1,5 ± 0,7 25,8 ± 0,2
650 ± 67
20,1 ± 0,3 33,2 ± 3,7
190 ± 23
PP/PET/PP-MA/MMT
69 28 1 2
1,9 ± 1,0 25,7 ± 0,3
785 ± 47
20,3 ± 1,2 48,8 ± 7,3
209 ± 15
PP/PET/PP-MA
(b)
69 30 1 -
1,8 ± 0,8 26,9 ± 0,3 932 ± 22 21,7 ± 0,5 26,9 ± 1,4 244 ± 16
PP/PET/PP-MA/MMT
(b)
69 29,4 1 0,6
1,6 ± 0,9 25,1 ± 0,1 810 ± 54 21,4 ± 0,2 19,2 ± 1,0 209 ± 17
(a)
medidas feitas na região central em corpos de prova injetados
(b)
maior estiramento durante a preparação da blenda
5.2.2.1. Morfologia da argila
A distância entre as camadas da argila aumentou de 19,2Å (2θ = 4,60°) na MMT para 34,6Å (2θ
= 2,55°) nos nanocompósitos pela intercalação do polímero, como pode ser visualizado na Figura 5.43.
Figura 5.43: DRX comparativo entre MMT e PP/PET/PP-MA/argila
A Figura 5.44 apresenta as imagens de MET obtidas para os nanocompósitos, sendo que
partículas de tamanhos diversos podem ser visualizadas. Os nanocompósitos de PP/PET apresentaram
morfologia intercalada e parcialmente esfoliada. Embora camadas individuais possam ser visualizadas,
folhas planas de argila são difíceis de observar nos domínios de PET e a maioria delas parece estar
situada na interfase. Quando o PP-MA foi usado (Figura 5.44b), as partículas de argila foram menores do
que no PP/PET/MMT (Figura 5.44a). Similar ao observado no item 5.2.1.2, em ambos nanocompósitos
(PP/PET/MMT e PP/PET/PP-MA/MMT), as partículas de argila estão preferencialmente localizadas na
interfase PP/PET e na fase PET (Figura 5.44c).
68
Figura 5.44: MET de (a) PP/PET/argila e (b) PP/PET/PP-MA/argila. (c) partículas de argila situadas na interfase e
nos domínios de PET.
Assim, a argila é capaz de segregar em áreas onde o PET e o PP-MA estão localizados por ser
mais compatível com polímeros contendo grupos polares.
5.2.2.2. Morfologia da Fase PET
Similar ao apresentado no item 5.2.1, um estudo comparativo das morfologias de fase das
blendas foi realizado utilizando MEV. Os corpos de prova foram analisados nas direções perpendicular
(transversal) e paralela (longitudinal) ao fluxo de injeção. As partículas de PET apresentaram forma
irregular nos corpos de prova injetados. Além de formas esféricas, foi observada a existência de
domínios alongados e na forma de fibras, como pode ser visualizado na Figura 5.45.
Figura 5.45: Fratura transversal ao fluxo de injeção (a) no PP/PET; e (b) no PP/PET/PP-MA;
69
Adicionalmente, durante o processo de fratura, vários domínios foram removidos de suas
posições, sendo que orifícios profundos foram visualizados na direção transversal (Figura 5.46a). Além
disso, fibras alinhadas com o fluxo também foram observadas (Figura 5.45b e 5.46b). A formação de
microfibrilas em blendas de polímeros imiscíveis tem sido relatada [181]. De forma geral, a fibrilação
pode ocorrer quando é utilizada uma temperatura intermediária as temperaturas de fusão dos polímeros.
Tendo em vista que a injeção das blendas foi realizada na temperatura de 200°C, na qual apenas o PP
estava fundido e que, além disso, a temperatura utilizada era maior que a T
g
do PET, há a possibilidade
de que os domínios de PET tenham sofrido deformação e originado as microfibrilas.
Figura 5.46: Morfologia dos domínios de PET (a) fratura transversal ao fluxo de injeção em PP/PET/PP-MA/MMT; (b)
fratura longitudinal ao fluxo de injeção em PP/PET/PP-MA/MMT; e (c) fratura em corpo de prova obtido por
compressão a 200°C em PP/PET/PP-MA/MMT; (d) fratura transversal ao fluxo de injeção em PP/PET/MMT.
Amostras contendo 2% em peso de MMT.
O diâmetro médio dos domínios de PET foi determinado na direção transversal ao fluxo de
injeção. Os diâmetros maiores foram observados quando a argila estava presente (Tabela 5.6 e Figura
5.47), exceto na amostra submetida a um maior estiramento que será abordada no item 5.2.2.3.
Os domínios de PET foram menores nas blendas que contém o PP-MA. O tamanho médio de
partícula diminuiu de 2,5µm no PP/PET/MMT para 1,9µm no PP/PET/PP-MA/MMT. No PP/PET/MMT,
uma adesão interfacial fraca entre o PP e o PET foi observada (Figura 5.46d) e esta característica é
similar àquela observada na etapa anterior desse estudo (item 5.2.1.2). No entanto, uma boa interação
entre as fases PP e PET pode ser observada nas imagens de MEV do PP/PET/PP-MA/MMT (Figuras
5.46a e 5.46b), promovida pela presença do PP-MA. Adicionalmente, a distribuição dos domínios de PET
tornou-se mais estreita quando foi usado o PP-MA (Figura 5.47b).
70
Figura 5.47: Distribuição dos diâmetros dos domínios de PET (a) PP/PET e PP/PET/MMT e (b) PP/PET/PP-MA e
PP/PET/PP-MA/MMT (na direção transversal ao fluxo de injeção e medidos na região central).
A origem da morfologia do PET foi investigada comparando corpos de prova obtidos por
compressão e por injeção. Tendo em vista que apenas o PP funde a 200°C, a moldagem por
compressão foi realizada a esta temperatura de forma a manter a morfologia do PET originada na
preparação da blenda. Os resultados indicaram que os domínios alongados e as fibras foram originados
na etapa de extrusão (Figura 5.46c). Diâmetros médios iguais a 2.8 ± 1.4 µm e 2.4 ± 0.8 µm foram
determinados para os domínios de PET (por compressão a 200°C) no PP/PET/PP-MA e no PP/PET/PP-
MA/MMT (2%MMT), respectivamente. O tamanho médio dos domínios diminuiu com a adição de argila e
este comportamento foi similar ao apresentado no item 5.2.1.2. Na fratura transversal dos corpos de
prova injetados, duas regiões podem ser avaliadas separadamente, a camada externa e a região central
(núcleo). No PP/PET/PP-MA, o diâmetro dos domínios de PET foi de 1,5 ± 0,7µm no núcleo (Tabela
5.6), enquanto no PP/PET/PP-MA/MMT foram observados diâmetros iguais a 1,9 ± 1,0µm no núcleo e
1,5 ± 0,8µm na camada externa. No processo de injeção, além da orientação dos domínios de PET com
a direção de fluxo, ocorreu uma diminuição nos seus diâmetros, provavelmente devido ao estiramento
dos domínios de PET durante a moldagem (Figura 5.48). Este resultado reforça a idéia, apresentada
anteriormente, de que microfibrilas de PET também podem ter sido formadas durante o processo de
injeção.
Figura 5.48: Distribuição dos domínios de PET em corpos de prova injetados e moldados por compressão. (a)
PP/PET/PP-MA; e (b) PP/PET/PP-MA/MMT
71
A diminuição dos diâmetros foi maior na camada externa (Figura 5.48b) e este comportamento
era esperado, uma vez que a deformação do polímero é maior próximo às paredes do molde, durante o
preenchimento da cavidade. Interessantemente, os domínios de PET no PP/PET/PP-MA foram mais
suscetíveis a deformação do que no PP/PET/PP-MA/MMT, resultando em diâmetros menores após o
processo de injeção.
5.2.2.3. Estiramento durante a formação da blenda
No item 5.2.2.2 foi apresentado que os domínios alongados e fibras de PET se originam, em
primeira instância, na etapa de preparação da blenda. Ao sair da extrusora, o filamento é puxado, o que
resulta no estiramento do extrudado e, por conseqüência, na deformação em escala microscópica do PP
e do PET. Testes foram realizados utilizando uma maior velocidade de puxamento durante a etapa de
preparação da blenda (Tabela 5.6, duas últimas entradas). Além disso, uma quantidade menor de MMT
foi utilizada nestes experimentos (2% em relação ao teor de PET).
A Figura 5.49 apresenta as imagens de MEV obtidas para o PP/PET/PP-MA (69:30:1) e o
PP/PET/PP-MA/MMT (69:29,4:1:0,6), após o processo de injeção. Em ambas blendas é possível
visualizar a existência de fibras longas de PET, sendo que um maior número pode ser visualizado no
PP/PET/PP-MA.
Figura 5.49: Morfologia dos domínios de PET observadas na fratura longitudinal ao fluxo de injeção (a) PP/PET/PP-
MA e (b) PP/PET/PP-MA/MMT (0,6% MMT).
Os diâmetros médios determinados na região central (fratura transversal) foram de 1,8 ± 0,8 µm
no PP/PET/PP-MA e de 1,6 ± 0,9 µm no PP/PET/PP-MA/MMT (Tabela 5.6). O histograma da Figura
5.50a mostra a distribuição dos domínios nos corpos de prova injetados.
Figura 5.50: Distribuição dos domínios de PET nas blendas obtidas sob maior estiramento (a) corpos de prova
injetados; (b) corpos de prova moldados por compressão a 200°C
72
Similar ao estudo realizado no item 5.2.2.2, os diâmetros médios dos domínios de PET também
foram determinados nos corpos de prova obtidos por compressão a 200°C, sendo iguais a 1,8 ± 0,7 µm
no PP/PET/PP-MA e 2,2 ± 0,9 µm no PP/PET/PP-MA/MMT. Oposto ao que foi observado anteriormente,
em média, os domínios foram menores no PP/PET/PP-MA após compressão a 200°C. O histograma na
Figura 5.50b apresenta a distribuição dos domínios nos corpos de prova obtidos por compressão a
200°C. Dois motivos podem ser assinalados para explicar a tendência diferente observada. Em primeiro
lugar, a dispersão do PET ocorre durante o processo de mistura no interior da extrusora. Tendo em vista
que uma menor quantidade de argila foi utilizada, sua influência na redução do tamanho dos domínios
também foi menor. Além disso, como foi visto no item 5.2.2.2, o PET na presença da argila foi menos
suscetível a deformação. Assim, além de apresentar um tamanho maior ao sair da extrusora, o
estiramento alcançado pelo puxador foi menor, o que resultaria em diâmetros maiores no PP/PET/PP-
MA/MMT moldado por compressão a 200°C. Cabe ressaltar que, nessa blenda, após o processo de
injeção foi observada uma diminuição do tamanho médio dos domínios, resultante das elevadas tensões
que esse processo impõe (Figura 5.51b).
Figura 5.51: Distribuição dos domínios de PET em corpos de prova injetados e moldados por compressão a 200°C:
(a) PP/PET/PP-MA (69:30:1); (b) PP/PET/PP-MA/MMT (69:29,4:1:0,6)
Por outro lado, no PP/PET/PP-MA não foi observado um estiramento adicional durante o
processo de injeção, sendo que os diâmetros médios antes e após esse processo foram de cerca de
1,8µm (Figura 5.51a). A Figura 5.52 apresenta as imagens de MEV das blendas preparadas sob maior
estiramento e moldadas por compressão a 200°C.
Figura 5.52: Morfologia dos domínios de PET das blendas preparadas sob maior estiramento e moldadas por
compressão a 200°C (a) no PP/PET/PP-MA (69:30:1) e (b) no PP/PET/PP-MA/MMT (69:29,4:1:0,6)
Na Figura 5.52a é possível visualizar um grande número de estruturas fibrilares longas no
PP/PET/PP-MA, sendo razoável supor que um estiramento adicional dessas estruturas durante o
processo de injeção seria difícil (ou pouco provável). Por outro lado, no PP/PET/PP-MA/MMT é possível
visualizar diversos domínios (esféricos ou alongados) que poderiam sofrer uma deformação adicional,
73
diminuindo seus diâmetros, embora também possam ser visualizadas estruturas fibrilares longas (Figura
5.52b). As estruturas fibrilares longas no PP/PET/PP-MA foram originadas na etapa de preparação da
blenda e elas são o resultado da deformação dos domínios de PET submetidos a um maior estiramento
na saída da extrusora, similar ao comentado no item 5.2.2.2. As morfologias observadas são
semelhantes àquela obtida para compósitos reforçados microfibrilares [181].
5.2.2.4. Propriedades de Tração e de Impacto
O comportamento sob tração observado para as blendas pode ser visualizado nas curvas de
tensão versus deformação, apresentadas na Figura 5.53. As blendas PP/PET e PP/PET/MMT
apresentaram os menores valores de propriedades. Uma diminuição simultânea do módulo de Young,
tensão no escoamento e alongamento na ruptura foi observada com adição de MMT ao PP/PET (Tabela
5.6 e Figura 5.53). Uma menor resistência ao impacto também foi observada para este nanocompósito,
conforme mostrado na Tabela 5.6. Como pode ser visto na Figura 5.46d (página 70), no PP/PET/MMT
há uma adesão interfacial fraca entre as fases PP e PET, o que pode originar propriedades mecânicas
menores. Além disso, quando a argila é usada, a redução nas propriedades mecânicas também pode ser
atribuída à presença de partículas grandes de MMT e a uma dispersão ruim das mesmas (Figura 5.44a,
página 69). Tem sido publicado que as argilas tem um efeito compatibilizante em blendas de polímeros
imiscíveis [23, 120 –123, 179], mas nas blendas de PP/PET estudadas o uso exclusivo da mesma não
foi suficiente para compatibilizar as fases poliméricas. Este comportamento também foi observado no
estudo apresentado no item 5.2.1.2.
Figura 5.53: Comportamento das blendas PP/PET sob tração.
A resistência à tração foi similar em todas as blendas estudadas, conforme pode ser visto na
Tabela 5.6, exceto nas amostras submetidas a um maior estiramento (que será discutida ao final deste
item). Por outro lado, uma melhoria da tensão no escoamento e do alongamento na ruptura foi
observada no PP/PET/PP-MA, quando comparado com o PP/PET, resultando aumentos de 5% e 33%,
respectivamente. O PP-MA como esperado, teve um papel compatibilizante e resultou uma morfologia
mais homogênea que, por conseqüência, originou melhores propriedades de tração. Melhoramentos
similares foram observados para o PP/PET/PP-MA/MMT. No entanto, o aumento do alongamento na
ruptura foi maior (cerca de 96%) quando a MMT foi usada. Além disso, este nanocompósito também
apresentou um módulo de Young maior (cerca de 785MPa). Adicionalmente, a resistência ao impacto foi
similar no PP/PET/PP-MA e no PP/PET/PP-MA/MMT (Tabela 5.6, blendas 3 e 4).
74
Nos corpos de prova injetados contendo PP-MA, a morfologia do PET foi mais fina no
PP/PET/PP-MA do que no PP/PET/PP-MA/MMT. Tendo por base esta morfologia, seria esperado que as
propriedades mecânicas fossem maiores no PP/PET/PP-MA. Contudo, as propriedades foram similares
em ambos sistemas, exceto a elongação na ruptura. Como visto anteriormente (item 5.2.2.2 e Figura
5.48, página 71), os domínios de PET foram mais suscetíveis à deformação no PP/PET/PP-MA durante
a moldagem por injeção. Nos nanocompósitos, dependendo da afinidade da argila por um componente
do sistema multicomponente, as propriedades do polímero mais compatível são melhoradas e é
esperada uma maior resistência desta fase. Como apresentado no item 5.2.2.1 e na Figura 5.44c (página
69), a argila está preferencialmente situada na interfase PP/PET e na fase PET, o que modifica a
deformabilidade dos domínios de PET. Este comportamento poderia explicar o fato do PP/PET/PP-
MA/MMT apresentar propriedades similares ao PP/PET/PP-MA apesar de sua morfologia mais grosseira.
Embora as propriedades de tração sejam similares, o alongamento na ruptura foi maior quando a argila
foi usada, indicando um aumento na tenacidade. Em blendas poliméricas, propriedades de elevada
deformação, tal como o alongamento na ruptura e a resistência ao impacto são sensíveis ao estado da
interfase. Com a adição de PP-MA e MMT foi observado um aumento na ductilidade da blenda, o que
deve estar relacionado a uma melhoria na adesão entre as fases PP e PET. Assim, quando PP, PET,
PP-MA e MMT estão simultaneamente presentes, eles podem constituir uma interfase, que poderia atuar
como um compatibilizante melhor, aumentando a transferência de tensão entre estas fases.
Tensão no escoamento e resistência à tração maior foi observada no PP/PET/PP-MA, quando
um estiramento maior foi aplicado na etapa de preparação da blenda (Tabela 5.6, blenda 6). Conforme
exposto no item 5.2.2.3, o PP/PET/PP-MA apresenta uma morfologia contendo fibras longas que foram
originadas na etapa de preparação da blenda, o que deve conferir ao material uma resistência mecânica
maior. Esta morfologia também pode explicar os aumentos observados no módulo de Young e na
resistência ao impacto nesta blenda. Cabe ressaltar que, entre os sistemas estudados, estes foram os
maiores valores encontrados. No PP/PET/PP-MA submetido a um estiramento maior foi observada
também a diminuição do alongamento na ruptura (Tabela 5.6). O comportamento mecânico observado
está de acordo com aquele relatado para outros materiais reforçados, onde é esperado um
melhoramento nas propriedades mecânicas como resultado de uma orientação, mas em contrapartida,
normalmente ocorre uma diminuição da deformação total.
As propriedades de tração e de impacto do PP/PET/PP-MA/MMT contendo 0,6% de MMT foram
similares àquelas observadas para o nanocompósito contendo 2% de MMT, exceto o alongamento na
ruptura (Tabela 5.6). Nas blendas preparadas sob menor estiramento, a presença da argila resultou nos
aumentos do módulo de Young e do alongamento na ruptura. Por outro lado, no nanocompósito
preparado sob maior estiramento, uma quantidade menor de argila foi utilizada, sendo que os ganhos
com o estiramento devem ter compensado as perdas pela diminuição da quantidade de argila. Além
disso, a diminuição do alongamento na ruptura nesse nanocompósito também pode estar relacionada à
presença de fibras mais longas e de domínios de PET com menor diâmetro, provenientes dos
estiramentos ocorridos durante a preparação da blenda e a injeção, conforme mostrado no item 5.2.2.3.
Logo, nas blendas obtidas sob estiramento maior, a diminuição das propriedades pela adição da MMT
deve estar relacionada ao número menor e comprimento menor das fibras presentes nesse
nanocompósito.
75
76
5.2.3. Influência do método de preparação
Tendo em vista, por exemplo, que a morfologia passou de esfoliada para intercalada quando um
tempo menor de residência foi aplicado ao material na extrusora, foi proposto no item 5.2.1.5 que a
difusão do polímero na galeria consiste em uma etapa importante na intercalação/esfoliação da argila no
PP/PET/PP-MA/MMT. Outros fatores também podem influenciar a morfologia do nanocompósito/blenda
e, por conseqüência, suas propriedades finais, podendo-se citar o tipo de processamento, a seqüência
de adição dos componentes e a temperatura utilizada na manufatura do produto (corpo de prova).
No desenvolvimento das composições, os componentes das blendas foram colocados
simultaneamente na extrusora e as blendas foram preparadas utilizando a temperatura de 260°C, na
qual ambos polímeros, PP e PET estavam fundidos. No item 5.2.1, os corpos de prova foram obtidos
pela compressão dos grãos, provenientes da extrusora, utilizando uma temperatura de 260°C. No item
5.2.2, os corpos de prova foram obtidos pela injeção dos grãos utilizando uma temperatura de 200°C.
Nesta etapa do estudo serão considerados na discussão a forma de obtenção dos corpos de prova e o
método de preparação da blenda.
5.2.3.1. Método de preparação do corpo de prova: estudo por DRX
Neste estudo, o nanocompósito avaliado foi o mesmo, PP/PET/PP-MA/MMT, contendo 2% em
massa de MMT, porém a forma de preparação dos corpos de prova foi variada, sendo utilizados métodos
de fabricação e temperaturas diferentes. As análises de DRX realizadas no corpo de prova injetado, e
em corpos de prova obtidos por compressão a 200°C e 260°C estão apresentadas na Figura 5.54. Todas
as amostras apresentaram morfologia intercalada, onde um deslocamento do pico em relação à argila
pura pode ser observado. A intensidade no difratograma pode ser relacionada à quantidade de argila
presente naquele arranjo e, como pode ser observado na Figura 5.54, cada uma das amostras
apresentou intensidade diferente. Adicionalmente, a distância média entre as camadas também mudou
em função do método ou temperatura utilizados.
Figura 5.54: DRX comparativo entre corpos de prova preparados por compressão e injeção, nas temperaturas de
200°C e 260°C (PP/PET/PP-MA/MMT)
77
A intensidade maior no difratograma foi observada para o corpo de prova obtido por compressão
a 200°C e este apresentou a distância média menor entre as camadas, igual a 32,1Ǻ. Na compressão
não é esperada a ocorrência de deformação cisalhante ou elongacional elevada. Além disso, na
temperatura utilizada não ocorre a fusão da fase PET. Tendo em vista que é nessa fase que a argila está
localizada preferencialmente, esta condição é aquela que deve apresentar uma morfologia da argila com
maior similaridade daquela obtida diretamente na saída da extrusora.
No processo de injeção, por outro lado, deformações grandes por cisalhamento e elongacionais
estão presentes, tendo em vista as tensões altas impostas por este processo. Na Figura 5.54, a
intensidade no difratograma diminuiu em relação ao corpo de prova obtido por compressão a 200°C.
Conforme mecanismo proposto por Fornes e col. [8], ambos processos de quebra/deformação e difusão
são importantes para a esfoliação da argila. Como comentado no item 5.2.2.2, um estiramento dos
domínios de PET no PP/PET/PP-MA/MMT foi observado após o processo de injeção. Assim, as
partículas de argila também podem ter sofrido orientação e deformação na direção do fluxo de injeção. O
cisalhamento originado durante esse processo poderia promover a modificação no arranjo organizado
das folhas, possibilitando a esfoliação da argila. Adicionalmente, parte da argila está localizada na
interfase, cuja composição inclui o PP-MA que atua como compatibilizante entre as fases imiscíveis PP e
PET. Na temperatura de 200°C, tanto o PP como o PP-MA se tornam fluídos, adquirindo mobilidade e
capacidade de difundir na galeria, que sob cisalhamento e elongação pode favorecer a esfoliação parcial
da argila. Estas considerações auxiliam na explicação referente à diminuição da intensidade no
difratograma. Além disso, a distância média entre as folhas de argila aumentou de 32,1Ǻ no corpo de
prova obtido por compressão a 200°C para 34,6Ǻ no corpo de prova injetado. Esta observação reforça a
idéia de que durante a injeção é alcançada condição suficiente para que ocorra a difusão de polímero no
espaço intercamada.
A menor intensidade no difratograma foi observada para o corpo de prova preparado por
compressão a 260°C. Nessa amostra, ocorre a fusão de ambas as fases, PP e PET, sendo que a difusão
do polímero na galeria da argila poderia ocorrer mais facilmente, favorecendo a esfoliação da argila. Isto
pode ser comprovado pelo aumento da distância média entre camadas para 36,0Ǻ, sendo este o valor
maior encontrado nesta etapa do estudo.
Como visto no item 5.2.1.5, um tempo de residência menor na extrusora resultou na mudança da
morfologia de esfoliada para intercalada. De forma similar, o estudo apresentado aqui demonstrou que o
tempo de residência e a temperatura são fatores importantes no desenvolvimento da morfologia da argila
nas blendas. Quando ambas fases estão fundidas e, por conseqüência, todos os componentes
apresentam maior mobilidade, o processo de difusão é favorecido. Assim, a amostra que foi submetida a
260°C teve uma condição melhor para alcançar uma morfologia mais esfoliada, embora a esfoliação
completa não tenha sido observada.
5.2.3.2. Propriedades mecânicas dinâmicas: 260°C x 200°C
Os filmes obtidos por compressão a 260°C e 200°C foram submetidos à análise mecânica
dinâmica. Nessa etapa, amostras diferentes foram escolhidas para a realização do estudo, sendo
apresentado os resultados obtidos para três delas, que consistem no PP/PET/PP-MA/MMT em três
78
composições diferentes: (69:28:1:2); (65:28:5:2); e (69:29,4:1:0,6). A Figura 5.55 apresenta o
comportamento mecânico dinâmico observado para as blendas preparadas por compressão a 260°C e
200°C.
Figura 5.55: Comportamento mecânico dinâmico para PP/PET/PP-MA/MMT em filmes obtidos por compressão a
200°C e 260°C (a) 1% de PP-MA e; (b) 5% de PP-MA
A Tabela 5.7 apresenta os valores de E’ determinados nas temperaturas de 25°C, 40°C e 60°C.
Considerando os desvios, em alguns casos os valores foram praticamente similares. No entanto, a
avaliação sistemática de blendas diferentes (além das apresentadas nesse item) mostrou que há uma
tendência para as amostras preparadas a 200°C apresentarem valores de E’ superiores, com 10 a 20%
de aumento.
79
Tabela 5.7: Comportamento mecânico dinâmico do PP/PET/PP-MA/MMT, sob compressão a 260°C e 200°C
E’ (MPa) T
g
(°C)
(a)
Temperatura de
compressão
25°C 40°C 60°C PP PET
260 1902 ± 152 1427 ± 114 988 ± 79 6 82
PP/PET/PP-MA/MMT (69:28:1:2)
200 2221 ± 178 1645 ± 132 1124 ± 90 6 89
260 1608 ± 129 1198 ± 96 852 ± 68 6 74
PP/PET/PP-MA/MMT (65:28:5:2)
200 1782 ± 143 1329 ± 106 1005 ± 80 6 91
260 1700 ± 136 1272 ± 102 875 ± 70 6 76
PP/PET/PP-MA/MMT (69:29,4:1:0,6)
200 2014 ± 161 1476 ± 118 1083 ± 87 6 90
(a) determinada pelo máximo dos picos nas curvas de E’’ x Temperatura
Nas Figuras 5.56a, 5.56c e 5.56e é possível visualizar os domínios esféricos de PET, quando
o corpo de prova é obtido na temperatura de 260°C.
Figura 5.56: Morfologia dos domínios de PET no PP/PET/PP-MA/MMT por compressão (a) 260°C, 1% de PP/MA e
2% de MMT; (b) 200°C, 1% de PP-MA e 2% de MMT; (c) 260°C, 5% de PP/MA e 2% de MMT; (d) 200°C, 5% de PP-
MA e 2% de MMT; (e) 260°C, 1% de PP/MA e 0,6% de MMT; (f) 200°C, 1% de PP-MA e 0,6% de MMT .
80
Nos corpos de prova preparados a 200°C são observados domínios de PET alongados e fibras,
além da forma esférica (Figuras 5.56b, 5.56d e 5.56f). Esta morfologia é originada durante a preparação
da blenda, pois ao sair da matriz, o extrudado é submetido a um estiramento (pelo puxador), resultando
na orientação/estiramento das cadeias poliméricas e dos domínios de PET. Como comentado no item
5.2.2.2, na temperatura de 200°C, somente o PP funde e a morfologia da fase PET obtida na extrusão é
mantida. Assim, o aumento no módulo de armazenamento deve estar relacionado à morfologia da fase
PET que, por apresentar domínios alongados e fibras, resulta em uma rigidez maior. Valores de E’
superiores também foram observados quando os domínios de PET apresentaram um arranjo
tridimensional, conforme apresentado no item 5.2.1.4. No PP/PET/PP-MA/MMT contendo 5% de PP-MA,
o aumento percentual no módulo de armazenamento foi menor. Nesta amostra, estruturas alongadas e
fibras também foram observadas, porém em quantidade menor (Figura 5.56d).
Nas curvas E’’ x temperatura é possível visualizar um deslocamento na transição referente à
fase PET em todas as amostras, a qual ocorre em temperaturas superiores quando os corpos de prova
foram preparados a 200°C (Tabela 5.7). A morfologia alongada e, por conseqüência, a orientação da
fase PET pode resultar na diminuição da flexibilidade das cadeias, resultando um aumento na T
g
.
5.2.3.3. Utilização do nanocompósito de PET na preparação da blenda
Nos itens 5.2.1 e 5.2.2, as blendas foram preparadas através da adição simultânea dos
componentes na extrusora. Nos nanocompósitos foi observado que a argila segregou preferencialmente
para os domínios de PET e para a interfase. Nos itens 5.2.3.1 e 5.2.3.2 foi demonstrado que o método
de fabricação do corpo de prova e a temperatura na qual este método é executado tem influência na
morfologia e, por conseqüência, nas propriedades do nanocompósito. Nesta etapa do estudo, o método
de preparação da blenda foi modificado. Inicialmente, um nanocompósito de PET foi preparado contendo
2% de MMT (nanoPET) e, após a granulação e secagem, o nanoPET foi misturado ao PP em extrusora
utilizando uma temperatura de 260°C. Os corpos de prova foram preparados por compressão a 260°C.
5.2.3.3.1. Morfologia dos nanocompósitos
A Figura 5.57 apresenta os difratogramas comparativos do nanoPET, PP/nanoPET (70:30) e
PP/nanoPET/PP-MA (69:30:1). Um aumento na distância média entre camadas para 40,1Å pode ser
observado pela adição de nanoPET em PP, o que possibilita sugerir que durante a formação da blenda
ocorreu uma difusão maior dos polímeros para a galeria resultando em maior intercalação. Além disso, é
possível visualizar que também ocorreu uma diminuição da intensidade no difratograma, o que estaria
diretamente relacionado à diminuição da concentração total de argila pela diluição do sistema. Tendo em
vista os resultados apresentados no item 5.2.3.1, também é razoável sugerir que ocorreu a esfoliação
adicional da argila. Por outro lado, quando o PP-MA foi adicionado a blenda PP/nanoPET não foi
observada a presença de sinal referente à argila, sugerindo que ocorreu a esfoliação.
81
Figura 5.57: DRX comparativo entre nanoPET, PP/nanoPET e PP/nanoPET/PP-MA (compressão a 260°C).
Como pode ser visualizado na Figura 5.58a, folhas de argila e partículas maiores podem ser
observadas no nanoPET.
Figura 5.58: MET do (a) nanoPET; (b) e (c) PP/nanoPET
A Figura 5.58b mostra uma imagem de MET obtida para a blenda PP/nanoPET, na qual é
possível visualizar domínios de PET e partículas de argila. Imagens ampliadas mostram que a argila está
preferencialmente localizada na interfase (ver Figura 5.58c). As distâncias médias entre duas folhas de
82
argila no nanoPET (Figura 5.58a) são menores do que os diâmetros dos domínios de PET na blenda,
sendo que, aparentemente, durante a mistura, as partículas de argila migram através do PET,
localizando-se na interfase.
Imagens de MEV das blendas são mostradas na Figura 5.59 e apresentam que no PP/nanoPET
a adesão entre a matriz e a fase dispersa é fraca. Por outro lado, a interação entre as fases é melhorada
pela adição de PP-MA (Figura 5.59b). A importância do PP-MA na compatibilização entre as fases
também foi identificada nas etapas anteriores deste estudo.
Figura 5.59: MEV do (a) PP/nanoPET e (b) PP/nanoPET/PP-MA
Similar aos resultados anteriores, a fase dispersa apresentou uma diminuição no tamanho dos
domínios com adição de PP-MA, passando de 3,6 ± 1,9µm no PP/nanoPET para 2,7 ± 1,5µm no
PP/nanoPET/PP-MA. O histograma da Figura 5.60a apresenta a distribuição dos domínios de PET.
Figura 5.60: Distribuição dos diâmetros dos domínios de PET no PP/nanoPET e no PP/nanoPET/PP-MA.
Tendo em vista que o nanoPET utilizado na preparação das blendas tinha 2% em peso de
MMT, a concentração de argila na blenda é de apenas 0,6%, devido a diluição. Assim, para fins
comparativos foi utilizada uma blenda PP/PET/PP-MA/MMT cuja proporção entre os componentes foi de
69:29,4:1:0,6, preparada pela adição simultânea dos componentes na extrusora. A Figura 5.61
apresenta a imagem de MEV obtida para esta blenda.
Figura 5.61: MEV do PP/PET/PP-MA/MMT (69:29,4:1:0,6)
83
A mistura direta dos componentes originou domínios de PET com tamanho médio igual a 4,5 ±
3,5µm, cuja média é maior do que a observada para o PP/nanoPET/PP-MA. Por outro lado, o histograma
apresentado na Figura 5.60b mostra que as maiores freqüências ocorrem entre 1,6µm e 2,4µm, sendo
este o mesmo intervalo onde são observadas as maiores freqüências para o PP/nanoPET/PP-MA. No
entanto, a blenda preparada pela adição simultânea dos componentes apresentou uma ampla
distribuição dos domínios, indicando a maior heterogeneidade deste sistema.
5.2.3.3.2. Propriedades mecânicas dinâmicas
A Figura 5.62 apresenta o comportamento mecânico dinâmico observado para o PP/nanoPET
(70:30), o PP/nanoPET/PP-MA (69:30:1) e o PP/PET/PP-MA/MMT (69:29,4:1:0,6).
Figura 5.62: Comportamento mecânico dinâmico do PP/nanoPET (70:30), do PP/nanoPET/PP-MA (69:30:1) e do
PP/PET/PP-MA/MMT (69:29,4:1:0,6).
Valores de E’ cerca de 20% superiores foram observados para o PP/nanoPET, em comparação
com o PP/nanoPET/PP-MA. Quando adicionado ao PP/nanoPET, o PP-MA pode ter um efeito
plastificante resultando na diminuição do módulo de armazenamento. Assim, os valores menores de E’
foram observados para as blendas contendo PP-MA (adição simultânea e adição do nano ao PP). A
diferença entre estas blendas não é significativa e o método de preparação, neste caso, não teve
influência nos valores de E’.
O valor da T
g
determinada para o PET foi de 80°C, como apresentado no item 5.2.1.4. Um
deslocamento para valores inferiores foi observado no PP/nanoPET, no PP/nanoPET/PP-MA e no
PP/PET/PP-MA/MMT, sendo 77°C, 75°C e 76°C, respectivamente, enquanto a T
g
relativa à fase PP
permaneceu inalterada. A diminuição da T
g
relativa a fase PET também foi observada em outras etapas
do estudo (itens 5.2.1.4 e 5.2.1.6). Novamente, nas curvas de E’’ versus temperatura foi observada a
presença de um ombro (53°C), sugerindo a interação entre as fases no PP/PET/PP-MA/MMT. Os valores
de E’’ são maiores na blenda PP/nanoPET e a ampliação da região (Figura 5.63) possibilita visualizar um
ombro também nesta amostra, embora em temperaturas um pouco superiores (60°C).
84
Figura 5.63: Módulo de Perda x Temperatura para PP/nanoPET, ampliação da região intermediária às T
g
’s.
5.2.3.3.3. Migração da argila e dispersão da fase PET
O estudo da morfologia dos nanocompósitos apresentado nos itens 5.2.1 e 5.2.2 mostrou que a
argila localiza-se preferencialmente na interfase PP/PET e no interior dos domínios de PET. No item
5.2.3.3.1 foi apresentado que embora a argila estivesse previamente dispersa no PET, na blenda ela
segregou preferencialmente para a interfase PP/PET. Neste item, imagens de MET foram observadas e
a dispersão do PET foi investigada.
As Figuras 5.64 e 5.65 apresentam imagens de MET obtidas para o PP/nanoPET.
Figura 5.64: Quebra do domínio de PET
85
Na Figura 5.64a é possível visualizar a fragmentação do PET, que daria origem a um domínio de
tamanho similar àquele observado acima (à esquerda). Na região do “estrangulamento” (Figura 5.64b e
5.64c) é possível visualizar que a argila tende a posicionar-se no local onde surgiria a fronteira do
domínio de PET.
Na Figura 5.65 estão presentes dois tipos de domínios: um que fragmentaria posteriormente e
outros dois que se originaram de uma fragmentação prévia. Na parte de cima da Figura 5.65a é possível
observar o início da fragmentação do PET em dois domínios menores. No detalhe (Figura 5.65b)
também se observa que a argila assume uma posição onde estariam localizadas as fronteiras dos
domínios. Os dois domínios localizados na parte de baixo da Figura 5.65a se encaixam razoavelmente,
sendo possível sugerir que naquele ponto ocorreu a fragmentação do PET em domínios menores.
Adicionalmente, folhas de argila são visualizadas em toda a região de fronteira, conforme apresentado
na Figura 5.65c.
Figura 5.65: Fragmentação do PET e localização da argila.
O estudo por MET das blendas preparadas pela adição de um nanocompósito de PET ao PP
evidencia a preferência da argila em se localizar na fronteira dos domínios de PET. A análise das
diferentes imagens possibilita sugerir que a argila tem influência no processo de dispersão da fase PET.
Cabe lembrar, que nas etapas anteriores desse estudo foi observado que a adição de MMT geralmente
resulta na diminuição do tamanho dos domínios de PET (itens 5.2.1.2, 5.2.1.6 e 5.2.2.2). Pode-se sugerir
que na formação da blenda pela adição de um nanocompósito de PET ao PP, quando ambas fases
estão na forma fundida, há uma tendência da argila migrar de dentro do domínio de PET para a
superfície, localizando-se na interfase, o que pode auxiliar na fragmentação do PET em domínios
menores.
86
6. CONCLUSÕES
Nanocompósitos de PET
A morfologia da argila em nanocompósitos de PET foi influenciada pelo tipo de modificador
orgânico presente na montmorilonita, sendo que ocorreu a formação simultânea das morfologias
esfoliada e intercalada quando o modificador possuía alguma polaridade (Cloisite®30B e Cloisite®10A).
No entanto, a intercalação do polímero na galeria da montmorilonita não ocorreu quando o modificador
era apolar (Cloisite®15A). No caso da montmorilonita natural (Cloisite®Na+), as interações entre
polímero-argila e as condições de extrusão foram suficientes para destruir o arranjo organizado na
montmorilonita, sendo que, baseado nas micrografias de transmissão, foi sugerido que as folhas de
argila seriam capazes de enrolar após a esfoliação. Por outro lado, quando o modificador está presente
parece que ele protege a superfície da argila, impedindo que as folhas delaminadas se enrolem. Além da
influência do modificador orgânico na morfologia da argila, foi sugerido que o cisalhamento na extrusora
também contribuiu para o processo de esfoliação e para o desenvolvimento de uma morfologia mista.
A montmorilonita teve um efeito nucleante e resultou no aumento da temperatura e da
velocidade de cristalização do PET. O efeito nucleante maior foi observado quando a Cloisite®10A foi
utilizada, o que foi atribuído a maior área superficial da argila disponível neste caso, favorecendo a
formação de uma quantidade maior de núcleos de cristalização. A modificação na quantidade de argila,
entre 2 e 4% em massa, não resultou em mudanças significativas na morfologia da argila e nas
propriedades de cristalização dos nanocompósitos de PET.
A cristalização ocorreu mais rapidamente nos nanocompósitos do que no PET puro, pelo menos
até 90% de cristalinidade relativa. O modelo cinético de Avrami modificado permitiu uma descrição
parcial do processo de cristalização não isotérmica dos nanocompósitos de PET, enquanto o modelo de
Ozawa foi válido somente na descrição do comportamento de cristalização do PET antes de sua
extrusão.
Os resultados de cristalização e da cinética possibilitaram sugerir que a cristalização dos
nanocompósitos inicia com a formação de núcleos que é favorecida pela presença da argila, a qual atua
como agente nucleante, iniciando mais rapidamente a cristalização. Nesta etapa, supõe-se que as
cadeias de PET que estão localizadas próximas á superfície da argila organizam-se e iniciam a
cristalização. O crescimento, nesta etapa, ocorre em duas dimensões, seguindo a superfície da argila.
Após a formação dos núcleos, inicia um segundo estágio no qual o crescimento cristalino pode ocorrer
de forma tridimensional, sem a influência orientacional da superfície da argila e com contribuições
mecanísticas diferentes. Nesta etapa, a velocidade de cristalização dos nanocompósitos também é maior
do que a do PET sem a argila. A partir de 90% de cristalinidade relativa, a colisão dos cristais passa a
ocorrer, tornando o processo de cristalização mais lento.
87
Nanocompósitos de PP/PET
A dispersão e o comportamento de deformação do PET foram influenciados pela adição da
montmorilonita Cloisite®10A ao PP/PET.
A montmorilonita migrou preferencialmente,
para a fase PET e para a interfase, favorecendo a
dispersão do PET no PP e originando uma fase dispersa com domínios menores. A migração
preferencial foi atribuída à afinidade maior da argila com polímeros polares, enquanto que a redução dos
domínios está associada a localização da argila na região interfacial. As blendas contendo
PP/PET/montmorilonita apresentaram uma interação fraca entre as fases e o uso de 1% de PP-MA foi
importante para o desenvolvimento de uma morfologia mais homogênea, uma vez que a sua presença
favoreceu a dispersão da argila e promoveu uma melhor interação das fases PP e PET. No entanto, o
seu uso em quantidade maior foi prejudicial, pois dificultou a difusão das cadeias de PP e PET para o
espaço intercamada da montmorilonita, resultando em má dispersão da argila e uma morfologia mais
heterogênea da fase PET. Além disso, em maior quantidade, o compatibilizante age como um
plastificante, diminuindo o módulo de armazenamento.
Com relação ao processamento, a velocidade de extrusão influenciou a morfologia do
nanocompósito, sendo que o seu aumento melhorou a dispersão do PET e da argila, o que foi atribuído
às taxas de deformação maiores que são originadas dentro da extrusora neste caso. Por outro lado, a
esfoliação ocorreu em menor extensão, tendo em vista que a diminuição do tempo de residência do
material na extrusora deve ter prejudicado o processo de difusão da cadeia polimérica na galeria. O uso
de temperaturas mais elevadas e de tempos de residência maiores durante a preparação do
nanocompósito favoreceu a difusão da cadeia polimérica no espaço intercamada da montmorilonita,
resultando num aumento da distância média entre as folhas da argila e um grau maior de esfoliação.
Os aumentos observados no módulo de armazenamento foram associados à presença da
montmorilonita e também ao aumento da rigidez provocado pela formação, durante a extrusão, de
domínios alongados e de fibras. O processamento, subseqüente, por injeção provocou a orientação
desses domínios com a direção de fluxo. Além disso, ocorreu a diminuição do diâmetro dos domínios
devido ao estiramento adicional imposto durante a moldagem. Os domínios de PET, neste caso, foram
mais suscetíveis à deformação no PP/PET/PP-MA do que no PP/PET/PP-MA/montmorilonita, tendo em
vista que a argila aumenta a resistência da fase do PET.
As estruturas fibrilares longas, que foram originadas na extrusão e na injeção, também
conferiram às blendas uma resistência maior à tração e ao impacto. Além disso, houve um aumento de
cerca de 96% no alongamento na ruptura para o nanocompósito, o qual foi associado a uma melhor
adesão entre as fases pela presença da montmorilonita. A presença do PP-MA e montmorilonita na
blenda pode levar à formação de uma interfase, que atua de forma eficiente como um compatibilizante
das fases PP e PET.
Por fim, a morfologia dos nanocompósitos de PP/PET é influenciada pelo método de
preparação. Quando são preparados pela adição simultânea dos componentes na extrusora, a
morfologia fica mais heterogênea do que a de quando se utiliza o nanocompósito de PET preparado
previamente. Neste caso, quando se adicionou o nanocompósito de PET, que já apresentava uma
morfologia intercalada, a distância média entre as camadas aumentou devido à difusão adicional dos
88
polímeros na galeria durante a formação da blenda. Além disso, ocorreu a migração da montmorilonita
de dentro dos domínios de PET para a interfase e a preferência da argila em se localizar na fronteira dos
domínios de PET ficou evidenciada nos estudos por microscopia eletrônica de transmissão. O uso de
PP-MA levou a uma esfoliação ainda maior da argila.
7. REFERÊNCIAS
1. PERNOT, H.; BAUMERT, M.; COURT F.; LEIBLER, L. “Design and properties of co-continuous
nanostructured polymers by reactive blending” Nature Materials, 2002; 1, 54 -58.
2. RYAN, A.J. “Designer polymer blends” Nature Materials 2002; 1, 8 -10.
3. ALEXANDRE, M.; DUBOIS, P. “Polymer-layered silicate nanocomposites: preparation, properties and
uses of a new class of materials” Mater. Sci. Eng. 2000; 28: 1.
4. RAY, S. S.; Okamoto, M. “Polymer/layered silicate nanocomposites: review from preparation to
processing”. Prog. Polym. Sci. 2003; 28: 1539.
5. CHOW, W.S.; MOHD ISHAK, Z.A.; KARGER-KOCSIS, J.; APOSTOLOV, A.A.; ISHIAKU, U.S.
“Compatibilizing effect of maleated polypropylene on the mechanical properties and morphology of
injection molded polyamide 6/polypropylene/organoclay nanocomposites” Polymer 2003; 44: 7427.
6. (a) WANG, H.; ZENG, C.; ELKOVITCH, M.; LEE, L. J.; KOELLING, K. W. “Processing and Properties
of Polymeric Nano-Composites” Polym eng sci. 2001; 41 (11): 2036. (b) RHUTESH, K. S.; PAUL,
D.R. “Nylon 6 nanocomposites prepared by a melt mixing masterbatch process” Polymer 2004;
45:2991.(c) ZHANG, G.; SHICHI, T.; TAKAGI, K. “PET-clay hybrids with improved tensile strength”
Mater Lett 2003; 57:1858.
7. DENNIS, H.R.; HUNTER, D.L.; CHANG, D.; KIM, S.; WHITE, J.L.; CHO,J.W.; PAUL, D.R. “Effect of
melt processing conditions on the extent of exfoliation in organoclay-based nanocomposites” Polymer
2001;42:9513.
8. FORNES, T.D.; YOON, P.J.; KESKKULA, H.; PAUL, D.R. “Nylon 6 nanocomposites: the effect of
matrix molecular weight” Polymer 2001; 42: 9929.
9. (a) MANIAS, E.; TOUNY, A.; WU, L.; STRAWHECKER, K.; LU, B.; CHUNG, T.C.
“Polypropylene/Montmorillonite Nanocomposites. Review of the Synthetic Routes and Materials
Properties” Chem Mater 2001; 13: 3516. (b) PEETERBROECK, S.; ALEXANDRE, M.; JEROME, R.;
DUBOIS, P. “Poly(ethylene-co-vinyl acetate)/clay nanocomposites: Effect of clay nature and organic
modifiers on morphology, mechanical and thermal properties” Polym Degrad Stab 2005; 90: 288. (c)
CHEN-YANG Y. W.;, YANG, H. C.; LI, G. J.; LI, Y. K. “Thermal and Anticorrosive Properties of
Polyurethane/Clay Nanocomposites” J Polym Res 2004; 11: 275.
10. (a) SOHN, J.-I.; LEE, C.H.; LIM, S.T.; KIM, T.H.; CHOI, H.J.; JHON, M.S. “Viscoelasticity and
relaxation characteristics of polystyrene/clay nanocomposite” J Mater Sci 2003; 38: 1849. (b) XU,
W.B.; ZHAI, H.B.; GUO, H.Y.; ZHOU, Z.F.; WHITELY, N.; PAN, W.-.P. “PE/ORG-MMT
Nanocomposites Non-isothermal crystallization kinetics” J Therm Anal Calorim 2004; 78:101. (c)
FEDULLO, N.; SORLIER, E.; SCLAVONS, BAILLY, M.; C.; LEFEBVRE, J.M.; DEVAUX, J.
“Polymerbased nanocomposites: Overview, applications and perspectives” Progress in Organic
Coatings 2007, 58, 87–95
11. SU, Q.; FENG, M.; ZHANG, S.; JIANG, J.; YANG, M. “Melt blending of polypropylene-blendpolyamide
6-blend-organoclay systems” Polym Int ; 2007; 56:50–56 ;
12. MEHRABZADEH, M.; KAMAL, M.R. “Melt Processing of PA-66/Clay, HDPE/Clay and HDPE/PA-
66/Clay Nanocomposites” Polymer Eng sci; 2004; 44(6), 1152-1161;
13. ACIERNO, D.; SCARFATO, P.; AMENDOLA, E.; NOCERINO, G.; COSTA, G. “Preparation and
Characterization of PBT nanocomposites Compounded with Different Montmorillonites” Polym Eng
Sci 2004; 44(6):1012.
14. LI ZM, YANG MB, LU A, FENG JM, HUANG R. “Tensile propertiesof poly(ethylene terephthalate) and
polyethylene in-situ microfiber reinforced composite formed via slit die extrusion and hot streching”.
Mater Lett 2002;56:756–62
15. LI ZM, YANG MB, XIE BH, FENG JM, HUNAG R. In-situ microfiber reinforced composite based on
PET and PE via slit die extrusion and hot stretching. Influences of hot stretching ratio on morphology
and tensile properties at a fixed composition.” Polym Eng Sci 2003;43:615–28.
16. HONG, J.S.; NAMKUNG, H.; AHN, K.H.; LEE, S.J.; KIM, C. “The role of organically modified layered
silicate in the breakup and coalescence of droplets in PBT/PE blends” Polymer ; 2006; 47, 3967–
3975.
89
17. KONTOPOULOU, M.; LIU, Y.; AUSTIN, J.R.; PARENT, J. S. “The dynamics of montmorillonite clay
dispersion and morphology development in immiscible ethyleneepropylene rubber/polypropylene
blends” Polymer; 2007; 48, 4520-4528;
18. KONING, C.; DUIN, M. V.; PAGNOULLE C.; JEROME, R. “Strategies for compatibilization of polymer
blends” Prog. Polym. Sci., 1998;; 23, 707-757.
19. ULTRACKI, L. A. “Polymer Alloys and Blends – Thermodynamics and Rheology” Munich; Vienna;
New York: Hanser, 1989.
20. PAUL, D.R.; NEWMAN, S. “Polymer Blends” New York; San Francisco; London: Academic Press,
V1-V2, 1978.
21. WORK, W. J.; HORIE, K.; HESS, M.; STEPTO, R. F. T. “Definitions of terms related to polymer
Blends, composites, and multiphase Polymeric materials” Pure Appl. Chem., 2004;; 76 (11), 1985-
2007.
22. PERILLA; J. E.; JANA,S. C. “A time scale approach for analysis of coalescence in processing flows”
Polymer engineering and science; 2004; 44(12), 2254-2265.
23. HONG, J.S.; NAMKUNG, H.; AHN, K.H.; LEE, S.J.; KIM, C. “The role of organically modified layered
silicate in the breakup and coalescence of droplets in PBT/PE blends” Polymer ; 2006; 47, 3967–
3975.
24. CARONE JR, E.; FELISBERTI, NUNES, M. I.; S. P. “Blends of poly(methyl methacrylate) and
Polyamides” J Mater. Sci.; 1998; 33, 3729-3735.
25. TUCKER III, C.L.; MOLDENAERS,P. “Microstructural evolution in polymer blends” Annu. Rev. Fluid
Mech. 2002; 34:177–210.
26. HORIE, K.; BARÓN, M.; FOX, R. B.; HE, J.; HESS, M.; KAHOVEC, J.; KITAYAMA, T.; KUBISA, P.;
MARÉCHAL, E.; MORMANN, W.; STEPTO, R. F. T.; TABAK, D.; VOHLÍDAL, J.; WILKS, E. S.;
WORK, W. J. “Definitions of terms relating to reactions of polymers and to functional polymeric
materials” Pure Appl. Chem.,2004; 76 (4), 889–906.
27. LECLAIR, A.; FAVIS, B. D. “The role of interfacial contact in immiscible binary polymer blends and its
influence on mechanical properties” Polymer ; 1996; 37 (21), 4723-4728.
28. VALERA-ZARAGOZA, M.; RAMÍREZ-VARGAS, E.; MEDELLÍN-RODRÍGUEZ, F.J.; HUERTA-
MARTÍNEZ, B.M.; “Thermal stability and flammability properties of heterophasic
PPeEP/EVA/organoclay nanocomposites” Polymer Degradation and Stability; 2006; 91, 1319-1325.
29. DING, C.; JIA, D.; HE, H.; GUO, B.; HONG, H. “How organo-montmorillonite truly affects the structure
and properties of polypropylene” Polymer Testing ; 2005; 24, 94–100.
30. LERTWIMOLNUN, W.; VERGNES, B. “Influence of compatibilizer and processing conditions on the
dispersion of nanoclay in a polypropylene matrix” Polymer ; 2005; 46, 3462–3471.
31. MODESTI, M.; LORENZETTI, A.; BON, D.; BESCO, S.; “Thermal behaviour of compatibilised
polypropylene nanocomposite: Effect of processing conditions” Polymer Degradation and Stability ;
2006; 91, 672-680.
32. SHIFRIN, V. V.; LIPATOV, Y. S.; NESTEROV, A. Y. Polymer Science U.S.S.R., 1985, 27, 4 12. apud
KONING, C.; DUIN, M. V.; PAGNOULLE C.; JEROME, R. “Strategies for compatibilization of polymer
blends” Prog. Polym. Sci., 1998;; 23, 707-757.
33. GUBBELS, F., BLATHER, S., VANLATHEM, E., JEROME, R., DELTOUR, R., BROUERS,
F.;TEYSSIE, Ph., Macromolecules, 1995, 27, 4 12. apud KONING, C.; DUIN, M. V.; PAGNOULLE C.;
JEROME, R. “Strategies for compatibilization of polymer blends” Prog. Polym. Sci., 1998;; 23, 707-
757.
34. MARK, J.E. “Some Novel Polymeric Nanocomposites” Accounts of chemical research; 2006; 39(12),
881-888.
35. POWELL, C.E.; BEALL,G.W. “Physical properties of polymer/clay nanocomposites” Current Opinion
in Solid State and Materials Science 2006; 10, 73–80.
36. BALAZS, A.C.; EMRICK, T.; RUSSELL, T.P. “Nanoparticle Polymer Composites: Where Two Small
Worlds Meet” Science; 2006; 314, 1107-1110.
37. WINEY, K.I.; VAIA, R.A. “Polymer nanocomposites” MRS bulletin; 2007; 32(4), 314-319.
90
38. GIANNELIS, E.P. “Polymer Layered Silicate Nanocomposites” Advanced Materials; 1996; 8(1); 29-
35.
39. GACITUA E.W., BALLERINI, A.A., ZHANG, J. “Polymer Nanocomposites: Synthetic And Natural
Fillers A Review” Ciencia y tecnología; 2005; 7(3): 159-178.
40. YANG, F.; YNGARD, R.; NELSON, G.L. “Flammability of Polymer-Clay and Polymer-Silica
Nanocomposites” Journal of Fire Sciences; 2005; 23; 209-226.
41. BEYER, G. “Flame Retardancy of Nanocomposites – from Research to Technical Products” Journal
of Fire Sciences; 2005; 23; 75.
42. “Auto applications drive commercialization of nanocomposites” Plastics Additives & Compounding ;
2002; 30-33;
43. GAO, F. “Clay/polymer composites: the story.” Materials Today; 2004;50-55;
44. LEAVERSUCH, R. “Nanocomposites broaden roles in automotive, barrier packaging” Plastics
Technology; 2001;On line;
45. PRESTING, H.; KÖNIG, U. “Future nanotechnology developments for automotive applications”
Materials Science and Engineering C ; 2003; 23, 737–741;
46. KIVILEVICH, A. “A paradigm shift: the new role of heterogeneity and interactions” JCT coatings Tech;
2004; April, 38-48;
47. MARKARIAN, J. “Automotive and packaging offer growth opportunities for nanocomposites” Plastics
Additives & Compounding ; 2005; November/December, 18-21;
48. SCHUT, J.H. “Nanocomposites” Plastics Technology; 2006; February, 56-68;
49. JORDAN, J.; JACOB, K.I.; TANNENBAUM, R.; SHARAF, M.A.; JASIUK, I. “Experimental trends in
polymer nanocomposites—a review” Materials Science and Engineering A ; 2005; 393, 1–11;
50. Di LORENZO, M. L.; ERRICO, M. E.; AVELLA M. “Thermal and morphological characterization of
poly(ethylene terephthalate)/calcium carbonate nanocomposites”, Journal of Materials Science, 2002,
37, 2351 – 2358
51. LAZZERI, A.; ZEBARJAD, S.M.; PRACELLA M.; CAVALIER K.; ROSA, R. “Filler toughening of
plastics. Part 1—The effect of surface interactions on physico-mechanical properties and rheological
behaviour of ultrafine CaCO3/HDPE nanocomposites” Polymer, 2005, 46, 827–844
52. BLAGOJEVIC, S.L.; KOVACEVIC, V.; LESKOVAC, M.; VRSALJKO, D.; VOLOVISEK, V.; NOVER, C.
“Silane pré-treatment of Calcium Carbonate nanofillers for polyurethane composites.” e-polymers;
2004; 036;
53. BHIMARAJ, P.; BURRIS, D.L.; ACTION, J.; SAWYER, W. G.; TONEY, C. G.; SIEGEL, R. W.;
SCHADLER, L.S. “Effect of matrix morphology on the wear and friction behavior of alumina
nanoparticle/poly(ethylene) terephthalate composites” Wear ; 2005; 258, 1437–1443;
54. ESTEVES, A. C. C.; BARROS-TIMMONS, A. M.; MARTINS, J.A.; ZHANG, W.; CRUZ-PINTO, J.;
TRINDADE, T. “Crystallization behaviour of new poly(tetramethyleneterephthalamide)
nanocomposites containing SiO2 fillers with distinct morphologies” Composites: Part B, 2005, 36, 51–
59
55. WU, M.; SHAW, L. L. “A novel concept of carbon-filled polymer blends for applications in PEM fuel
cell bipolar plates” International Journal of Hydrogen Energy, 2005, 30, 373-380
56. WU, M.; SHAW, L. L. “On the improved properties of injection-molded, carbon nanotube-filled
PET/PVDF blends” Journal of Power Sources, 2004, 136, 37–44
57. XIE, X.-L.; MAI, Y.-W.; ZHOU, X.-P. “Dispersion and alignment of carbon nanotubes in polymer
matrix: A review” Materials Science and Engineering R ; 2005; 49, 89–112;
58. LI, L.; LI, C.Y.; NI, C.; RONG, L.; HSIAO, B.; “Structure and crystallization behavior of Nylon 66/multi-
walled carbon nanotube nanocomposites at low carbon nanotube contents” Polymer; 2007; 48, 3452-
3460;
59. STRANO, M.S. “Polymer-wrapped nanotubes nature materials” 2006; 5, 433-434;
60. SAUJANYA, C.; IMAI, Y.; TATEYAMA, H. “Structure development and isothermal crystallization
behavior of compatibilized PET/expandable fluorine mica hybrid nanocomposite” Polymer Bulletin,
2003, 51, 85-92
91
61. IMAI, Y.; NISHIMURA, S.; ABE, E.; TATEYAMA, H.; ABIKO, A.; YAMAGUCHI, A.; AOYAMA, T.;
TAGUCHI, H. “High-Modulus Poly(ethylene terephthalate) /Expandable Fluorine Mica
Nanocomposites with a Novel Reactive Compatibilizer” Chemistry of Materials, 2002, 14, 477-479
62. SAUJANYA, C.; IMAI, Y.; TATEYAMA, H. “Structure and thermal properties of compatibilized
PET/expandabel fluorine mica nanocomposites” Polymer Bulletin, 2002, 49, 69-76.
63. FONSECA, M.G.; AIROLDI, C. “Híbridos inorgânico-orgânicos derivados da reação de filossicatos
com organossilanos” Quim. Nova, 2003; 26 (5), 699-707.
64. HUNTER, D.L.; KAMENA, K.W.; PAUL, D.R. “Processing and Properties of Polymers Modified by
clays” MRS Bulletin; 2007; 32(4), 323-327;
65. SOLIN, S.A. “CLAYS AND CLAY INTERCALATION COMPOUNDS: Properties and Physical
Phenomena” Annu. Rev. Mater. Sci.. ; 1997; 27, 89–115.
66. ROMERO, E. G.; BARRIOS, M.S. “LAS ARCILLAS: PROPIEDADES Y USOS”
http://www.uclm.es/users/higueras/yymm/Arcillas.htm.
67. HUSSAIN, F.; HOJJATI, M.; OKAMOTO, M.; GORGA, R.E. “Review article: Polymer-matrix
Nanocomposites, Processing, Manufacturing, and Application: An Overview” Journal of COMPOSITE
MATERIALS, 2006; 40 (17), 1511-1575.
68. SUTER, J.L.; COVENEY, P.V.; GREENWELL, H. C.; THYVEETIL, M.-A. “Large-Scale Molecular
Dynamics Study of Montmorillonite Clay: Emergence of Undulatory Fluctuations and Determination of
Material Properties” J. Phys. Chem. C, ; 2007; 111, 8248-8259.
69. HU, G.-H.; HOPPE, S.; FENG, L.-F.; FONTEIX, C. “Nano-scale phenomena and applications in
polymer processing” Chemical Engineering Science ; 2007; 62, 3528 – 3537.
70. SRIVASTAVA, S. K.; PRAMANIK, M.; ACHARYA, H. “Ethylene/Vinyl Acetate Copolymer/Clay
Nanocomposites” Journal of Polymer Science: Part B: Polymer Physics, 2006; 44, 471–480.
71. KICKELBICK, G. “Concepts for the incorporation of inorganic building blocks into organic polymers on
a nanoscale” Prog. Polym. Sci. ; 2003; 28, 83–114;
72. SZÁZDI, L.; POZSGAY, A.; PUKÁNSZKY, B. “Factors and processes influencing the reinforcing
effect of layered silicates in polymer nanocomposites” European Polymer Journal ; 2007; 43, 345–
359;
73. KÁDÁR, F.; SZÁZDI, L.; FEKETE, E.; PUKÁNSZKY, B. “Surface Characteristics of Layered Silicates:
Influence on the Properties of Clay/Polymer Nanocomposites” Langmuir, ; 2006; 22, 7848-7854;
74. PUKÁNSZKY,B. “Interfaces and interphases in multicomponent materials: past, present, future
European Polymer Journal ; 2005; 41, 645–662;
75. VAIA, R.A.; TEUKOLSKY, R. K.; GIANNELIS, E.P. “Interlayer Structure and Molecular Environment
of Alkylammonium Layered Silicates” Chem. Mater.; 1994; 6, 1017-1022;
76. VAIA, R.A.; GIANNELIS, E.P. “Lattice Model of Polymer Melt Intercalation in Organically-Modified
Layered Silicates.” Macromolecules; 1997; 30, 7990-7999;
77. FROUNCHI, M.; DADBIN, S.; SALEHPOUR, Z.; NOFERESTI, M. “Gas barrier properties of
PP/EPDM blend nanocomposites” Journal of Membrane Science ; 2006; 282, 142–148;
78. AHMADI, S. J.; HUANG, Y. D.; LI, W. “Synthetic routes, properties and future applications of polymer-
layered silicate nanocomposites” J. Mater. Sci. 2004; 39, 1919 – 1925;
79. PARK, C.; PARK, O. O.; LIM, J.G. KIM, H.J. “The fabrication of syindiotatic polystyrene/organophilic
clay nanocomposites and their properties” Polymer; 2001; 42, 7465-7475;
80. USUKI A, KOJIMA Y, KAWASUMI M, OKADA A, FUKUSHIMA Y, KURAUCHI T, KAMIGAITO O.
“Synthesis of nylon-6–clay hybrid” J Mater Res 1993;8:1179–83 apud RAY, S. S.; Okamoto, M.
Polymer/layered silicate nanocomposites: review from preparation to processing”. Prog. Polym. Sci.
2003; 28: 1539.
81. SEONG, D. G.; KANG, T. J.; YOUN, J. R. “Rheological Characterization of Polymer-based
nanocomposites with different nanoscale dispersions.” e-polymers; 2005;005;
82. FORNES, T.D.; HUNTER, D.L.; PAUL, D.R. “Effect of sodium montmorillonite source on nylon 6/clay
nanocomposites” Polymer; 2004; 45, 2321–2331 ;
92
83. CHO, J.W.; PAUL, D.R. “Nylon 6 nanocomposites by melt compounding” Polymer; 2001; 42, 1083-
1094.
84. FORNES, T. D.; HUNTER, D. L.; PAUL, D. R. “Nylon-6 Nanocomposites from Alkylammonium-
Modified Clay: The Role of Alkyl Tails on Exfoliation” Macromolecules; 2004; 37, 1793-1798.
85. FORNES, T.D.; Yoon, P.J.; HUNTER, D.L.; KESKKULA, H.; PAUL,D.R. “Effect of organoclay
structure on nylon 6 nanocomposite morphology and properties.” Polymer; 2002; 43; 5915–5933.
86. CAO, F.; JANA, S. C. “Nanoclay-tethered shape memory polyurethane nanocomposites” Polymer;
2007; 48, 3790-3800.
87. WANG; Z.; PINNAVAIA, T.J. “Nanolayer Reinforcement of Elastomeric Polyurethane.” Chemistry of
Materials; 1998; 10, 3769-3771.
88. TIEN, Y.I.; WEI, K.H. “Hydrogen bonding and mechanical properties in segmented
montmorillonite/polyurethane nanocomposites of different hard segment ratios” Polymer; 2001; 42 ,
3213-3221;
89. CHEN, T.-K.; TIEN, Y.-I.; WEI, K.-H. “Synthesis and characterization of novel segmented
polyurethane/clay nanocomposites” Polymer; 2000; 41, 1345–1353 ;
90. ARDHYANANTA, H.; ISMAIL, H.; TAKEICHI, T. “Effects of Organoclay Loading and Ethylene Glycol
on Mechanical, Morphology and Thermal Properties of Ethylene Vinyl Acetate/Organoclay
Nanocomposites” Journal of Reinforced Plastics and Composites; 2007; 26; 789-806;
91. VIDOTTI, S.E.; CHINELLATO, A.C.; BOESEL, L.F.; PESSAN, L. A. “Poly(ethylene terephthalate)-
organoclay Nanocomposites: Morphological, Thermal and Barrier Properties” Journal of Metastable
and Nanocrystalline Materials; 2004; 22, 57-64;
92. CHANG, J.-H.; MUN, M.K. “Nanocomposite fibers of poly(ethylene terephthalate) with montmorillonite
and mica: thermomechanical properties and morphology” Polym Int 2007; 56, 57–66;
93. CHANG, J.-H.; KIM, S.J.; JOO, Y. L.; IM, S. “Poly(ethylene terephthalate) nanocomposites by in situ
interlayer polymerization: the thermo-mechanical properties and morphology of the hybrid fibers”
Polymer ; 2004; 45, 919–926;
94. COROBEA, M.C.; URICANU, V.; DONESCU, D.; RADOVICI, C.; SERBAN, S.; GAREA, S.; IOVU, H.
“Poly(vinyl acetate)–clay hybrids prepared via emulsion polymerization, assisted by a nonionic
surfactant” Materials Chemistry and Physics ; 2007; 103 , 118–126;
95. STRAWHECKER, K. E.; MANIAS, E. “Structure and Properties of Poly(vinyl alcohol)/Na+
Montmorillonite Nanocomposites” Chem. Mater., 2000; 12, 2943-2949;
96. VAIA, R. A; VASUDEVAN, S.; KRAWIEC, W.; SCANLON, L. G.; GIANNELIS,E. P. Adv. Mater. 1995,
7, 154
97. STRAWHECKER, K. E.; MANIAS, E. “AFM of Poly(vinyl alcohol) Crystals Next to an Inorganic
Surface” Macromolecules; 2001; 34, 8475-8482;
98. OSMAN, M. A.; RUPP, J.E.P.; SUTER, U. W. “Tensile properties of polyethylene-layered silicate
nanocomposites” Polymer ; 2005; 46, 1653–1660;
99. GOPAKUMAR, G.; LEE, J.A.; KONTOPOULOU, M.; PARENT, J.S. “Influence of clay exfoliation on
the physical properties of montmorillonite/polyethylene composites.” Polymer; 2002; 43; 5483-5491;
100. REICHERT, P.; HOFFMANN, B.; BOCK, T.; THOMANN, R.; MÜLHAUPT, R.; FRIEDRICH, C.
“Morphological Stability of Poly(propylene) Nanocomposites” Macromol. Rapid Commun., ; 2001; 22,
519–523;
101. SZÁZDI, L.; PUKÁNSZKY Jr, B.; FÖLDES, E.; PUKÁNSZKY, B. “Possible mechanism of
interaction among the components in MAPP modified layered silicate PP nanocomposites” Polymer ;
2005; 46, 8001–8010;
102. HOTTA, S.; PAUL, D.R. “Nanocomposites formed from linear low density polyethylene and
organoclays” Polymer; 2004; 45, 7639–7654 ;
103. KATO, M.; OKAMOTO, H.; HASEGAWA, N.; TSUKIGASE, A.; USUKI, A. “Preparation and
properties of polyethylene-clay hybrids” Polymer Eng Sci; 2003; 43(6), 1312-1316;
104. KIM, K.-N.; KIM, H.; LEE, J.-W. “Effect of interlayer structure, Matrix viscosity and Composition of a
funcionalized polymer on the phase structure of polypropylene-montmorillonite Nanocomposites”
Polymer Engineering and Science; 2001; 41 (11), 1963-1969;
93
105. LEBARON, P.C.; WANG, Z.; PINNAVAIA, T.J. “Polymer-layered silicate nanocomposites: an
overview.” Applied Clay Science; 1999; 15; 11-29;
106. WANG, K. H.; CHOI, M.H.; KOO, C. M.; CHOI, Y. S.; CHUNG, I. J. “Synthesis and characterization
of maleated polyethylene/clay nanocomposites polymer” 2001; 42, 9819-9826;
107. Hasegawa N, Kawasumi M, Kato M, Usuki A, Okada A. Preparation and mechanical properties of
polypropylene –clay hybrids using a maleic anhydride-modified polypropylene oligomer. J Appl Polym
Sci 1998;67: 87–92. apud RAY, S. S.; Okamoto, M. “Polymer/layered silicate nanocomposites: review
from preparation to processing”. Prog. Polym. Sci. 2003; 28: 1539.
108. VAIA RA; JANDT KD; KRAMER EJ; GIANNELIS EP “Kinetics of Polymer Melt Intercalation”
Macromolecules 1995;28:8080.
109. VAIA RA, JANDT KD, KRAMER EJ, GIANNELIS EP “Microstructural Evolution of Melt Intercalated
Polymer-Organically Modified Layered Silicates Nanocomposites” Chem Mater 1996;8: 2628-35.
110. PEGORETTI, A.; KOLARIK, J.; PERONI, C.; MIGLIARESI, C. “Recycled poly(ethylene
terephthalate)/layered silicate nanocomposites: morphology and tensile mechanical properties”
Polymer ; 2004; 45, 2751–2759;
111. MENG, X.; WANG, Z.; ZHAO, Z.; DU, X.; BI, W.; TANG, T. “Morphology evolutions of organically
modified montmorillonite/ polyamide 12 nanocomposites” Polymer; 2007; 48, 2508-2519 ;
112. LEE, S.-S.; KIM, J.Y. “Surface Modification of Clay and Its effect on the intercalation behavior of the
polymer/clay nanocomposites”. Journal of Polymer Science Part B: Polymer Physics; 2004; 42(12),
2367-2372;
113. SOLÍS, A.S.; IBARRA, I. R.; ESTRADA, M.R.; CALDERAS, F.; MANERO, O. “Mechanical and
Rheological Studies on Polyethylene Terephtahalate-Montmorillonite Nanocomposites.” Polymer
Engineering and Science; 2004; 44(6), 1094-1102;
114. VAIA, R.A.; GIANNELIS, E. P. “Polymer Melt Intercalation in Organically-Modified Layered
Silicates: Model Predictions and Experiment.” Macromolecules; 1997; 30, 8000-8009;
115. VAIA, R.A.; ISHII, H.; GIANNELIS, E.P. “Synthesis and Properties of Two-Dimensional
Nanostructures by Direct Intercalation of Polymer Melts in Layered Silicates.” Chemistry of Materials;
1993; 5, 1694-1696;
116. BALAZS, A.C.; SINGH, C.; ZHULINA, E. “Modeling the Interactions between Polymers and Clay
Surfaces through Self-Consistent Field Theory” Macromolecules, ; 1998; 31, 8370-8381;
117. LYATSKAYA, Y.; BALAZS, A.C. “Modeling the Phase Behavior of Polymer-Clay Composites”
Macromolecules, ; 1998; 31, 6676-6680;
118. KONTOPOULOU, M.; LIU, Y.; AUSTIN, J.R.; PARENT, J. S. “The dynamics of montmorillonite clay
dispersion and morphology development in immiscible ethyleneepropylene rubber/polypropylene
blends” Polymer; 2007; 48, 4520-4528
119. RAY, S. S.; BOUSMINA, M.; MAAZOUZ, A. “Morphology and properties of organoclay modified
polycarbonate/poly(methyl methacrilate) blend” Polymer engineering and science; 2006; 1121-1129;
120. SI, M.; ARAKI, T.; ADE, H.; KILCOYNE, A. L. D.; FISHER, R.; SOKOLOV, J.C.; RAFAILOVICH,
M.H. “Compatibilizing Bulk Polymer Blends by Using Organoclays” Macromolecules; 2006; 39, 4793-
4801;
121. SU, Q.; FENG, M.; ZHANG, S.; JIANG, J.; YANG, M. “Melt blending of polypropylene-
blendpolyamide 6-blend-organoclay systems” Polym Int ; 2007; 56:50–56 ;
122. RAY, S. S.; POULIOT, S.; BOUSMINA,M.; UTRACKI, L.A. “Role of organically modified layered
silicate as an active interfacial modifier in immiscible polystyrene/polypropylene blends” Polymer;
2004; 45, 8403-8413;
123. KHATUA, B. B.; LEE, D.J.; KIM, H. Y.; KIM, J. K. “Effect of Organoclay Platelets on Morphology of
Nylon-6 and Poly(ethylene-ran-propylene) Rubber Blends” Macromolecules ; 2004; 37, 2454-2459;
124. LEE, H.-s.; FASULO, P. D.; RODGERS, W.R.; PAUL, D.R. “TPO based nanocomposites. Part 1.
Morphology and mechanical properties” Polymer; 2005; 46, 11673–11689 ;
125. MEHRABZADEH, M.; KAMAL, M.R. “Melt Processing of PA-66/Clay, HDPE/Clay and HDPE/PA-
66/Clay Nanocomposites” Polymer Eng sci; 2004; 44(6), 1152-1161;
94
126. LI, Y.; SHIMIZU, H. “Novel morphologies of poly(phenylene oxide) (PPO)/polyamide 6 (PA6)blend
nanocomposites” Polymer; 2004; 45, 7381–7388 ;
127. ZHANG, Q.; YANG, H.; FU, Q. “Kinetics-controlled compatibilization of immiscible
polypropylene/polystyrene blends using nano-SiO2 particles” Polymer; 2004; 45, 1913–1922 ;
128. VOULGARIS, D.; PETRIDIS, D. “Emulsifying effect of dimethyldioctadecylammonium-hectorite in
polystyrene/poly(ethyl methacrylate)blends” Polymer; 2002; 43, 2213-2218;
129. DASARI, A.; YU, Z.-Z.; MAI, Y.-W. “Effect of blending sequence on microstructure of ternary
nanocomposites” Polymer; 2005; 46, 5986–5991 ;
130. LIPATOV, Y. S.; NESTEROV, A. E.; IGNATOVA,T. D.; NESTEROV, D. A. “Effect of polymer-filler
surface interactions on the phase separation in polymer blends” Polymer; 2002; 43, 875-880;
131. KARIM, A.; LIU, D.-W.; DOUGLAS, J.F.; NAKATANI, A.I.; AMIS, E.J. “Modification of the phase
stability of polymer blends by fillers” Polymer ; 2000; 41, 8455–8458;
132. YUREKLI, K. KARIM,A. AMIS, E. J. KRISHNAMOORTI, R. “Influence of Layered Silicates on the
Phase-Separated Morphology of PS-PVME Blends” Macromolecules; 2003; 36, 7256-7267;
133. GINZBURG, V.V. “Influence of Nanoparticles on Miscibility of Polymer Blends. A Simple Theory”
Macromolecules; 2005; 38, 2362-2367 ;
134. AUSTIN, J. R.; KONTOPOULOU, M. “Effect of Organoclay content on the rheology, morphology,
and physical properties of polyolefin elastomers and their blends with polypropylene” Polymer Eng
Sci; 2006; 1491-1501;
135. YUREKLI, K.; KARIM, A.; AMIS, E. J.; KRISHNAMOORTI, R. “Phase Behavior of PS-PVME
Nanocomposites” Macromolecules; 2004; 37, 507-515;
136. Wang S, Hu Y, Song L, Liu J, Chen Z, Fan W Study on the dynamic self-organization of
montmorillonite in two phasesJ. Appl Polym Sci 2004; 91:1457–62.
137. RANADE, A.; ANNED’SOUZA, N.; GNADE, B.; DHARIA, A. “Nylon-6 and Montmorillonite-Layered
Silicate (MLS) Nanocomposites” Journal of Plastic Film & Sheeting, ; 2003; 19, 271-285;
138. JIANG, T.; WANG, Y.-h.; YEH, J.-t.; FAN, Z.-q. “Study on solvent permeation resistance properties
of nylon6/clay nanocomposite” European Polymer Journal ; 2005; 41, 459–466;
139. GILMAN, J. W. “Flammability and thermal stability studies of polymer layered-silicate clay
nanocomposites” Applied Clay Science ; 1999; 15, 31–49;
140. YAO, K.J.; SONG, M.; HOURSTON, D.J.; LUO, D.Z. “Polymer/layered clay nanocomposites: 2
polyurethane nanocomposites” Polymer ; 2002; 43, 1017-1020;
141. SHENG, N.; BOYCE, M.C.; PARKS, D.M.; RUTLEDGE, G.C.; ABES, J.I.; COHEN, R.E. “Multiscale
micromechanical modeling of polymer/clay nanocomposites and the effective clay particle” Polymer ;
2004; 45, 487–506;
142. OSMAN, M.A.; RUPP, J.E.P.; SUTER, U.W. “Tensile properties of polyethylene-layered silicate
nanocomposites” Polymer ; 2005; 46, 1653–1660;
143. RITTIGSTEIN, P.; PRIESTLEY, R. D.; BROADBELT, L.J.; TORKELSON, J.M. “Model polymer
nanocomposites provide an understanding of confinement effects in real nanocomposites” Nature
Materials 2007; 6, 278-282;
144. SCHADLER, L. “Model interfaces” Nature Materials 2007; 6, 257-258;
145. LIANG, Y.; WANG, Y.; WU, Y.; LU, Y.; ZHANG, H.; ZHANG, L. “Preparation and properties of
isobutylene–isoprene rubber (IIR)/clay nanocomposites” Polymer Testing 2005; 24, 12–17;
146. UHL, F. M.; DAVULURI, S. P.; WONG, S.-C.; WEBSTER, D.C. “Organically modified
montmorillonites in UV curable urethane acrylate films” Polymer; 2004; 45, 6175–6187 ;
147. GIANELLI, W.; FERRARA, G.; CAMINO, G.; PELLEGATTI, G.; ROSENTHAL, J.; TROMBINI, R.C.
“Effect of matrix features on polypropylene layered silicate nanocomposites” Polymer; 2005; 46,
7037–7046 ;
148. DESHMANE, C.; YUAN, Q.; MISRA, R.D.K. “High strength–toughness combination of melt
intercalated nanoclay-reinforced thermoplastic olefins” Materials Science and Engineering A ; 2007;
460–461, 277–287;
95
149. GALESKI, A. “Dynamic mechanical properties of crystalline polymer blends. The influence of
interface and orientation” e-Polymers,. ; 2002; no. 026;
150. CANEVAROLO Jr., S. V. “Ciência dos Polímeros: um texto básico para tecnólogos e engenheiros”
São Paulo: Artliber Editora, 2002.
151. Di LORENZO, M.L.; SILVESTRE, C. “Non-isothermal crystallization of polymers” Prog. Polym. Sci.
; 1999; 24, 917–950;
152. WARD, A.M.; HADLEY, D.W. “An introduction to the mechanical properties of solid polymers”
Chichester; New York; Brisbane; Toronto; Singapore: John Wiley & Sons, 1997.
153. RABELLO, M. “Aditivação de Polímeros” São Paulo: Artliber Editora, 2000.
154. LONG, Y.; SHANKS, R.A.; STACHURSILI, Z.H. “Kinetics of polymer crystallisation” Prog. Polym.
Sci., ; 1995; 20, 651-701.
155. MCCRUM, N.G.; BUCKLEY, C.P.; BUCKNALL, C.B. “Principles of Polymer Engineering” Oxford;
New York; Tokyo: Oxford University Press, 1995.
156. LIU, X.; WU, Q. “Non-isothermal crystallization behaviors of polyamide 6/clay Nanocomposites”
European Polymer Journal ; 2002;38, 1383–1389.
157. AVRAMI, M. “Kinetics of phase change. I. General Theory.” Journal of Chemical Physics; 1939; 7,
1103-1112;
158. AVRAMI, M. “Kinetics of phase change. II. Transformation-time relations for Random distribution of
Nuclei.” Journal of Chemical Physics; 1940; 8, 212-224;
159. AVRAMI, M. “Granulation, phase change and microstructure. Kinetics of phase III.” Journal of
Chemical Physics; 1941; 9, 177-184;
160. JOSHI, M.; BUTOLA, B.S. “Studies on nonisothermal crystallization of HDPE/POSS
nanocomposites” Polymer; 2004; 45, 4953-4968;
161. MANDELKERN, L. Cristallization of Polymers – Kinetics and Mechanisms; Volume 2”. Cambridge:
Cambridge University Press, 2ªEdição, 2004.
162. (a) KAISERBERGER, E.; KNAPPE, S.; MÖHLER, H.; RAHNER, S.; “Netzsch Annual for Science
and Industry; 1.5 Dados característicos de polímeros”, 1994; Pag 13; (b) SUNDARARAJS, U.;
MACOSKO C. W. “Drop Breakup and Coalescence in Polymer Blends: The Effects of Concentration
and Compatibilization” Macromolecules, 1995, 2647-2657.
163. ZHULINA, E.; SINGH, C.; BALAZS, A.C. “Attraction between Surfaces in a Polymer Melt
Containing Telechelic Chains: Guidelines for Controlling the Surface Separation in Intercalated
Polymer-Clay Composites” Langmuir; 1999; 15, 3935-3943;
164. JANG, B.N.; WANG, D.; WILKIE, C.A. “Relationship between the Solubility Parameter of Polymers
and the Clay Dispersion in Polymer/Clay Nanocomposites and the Role of the Surfactant”
Macromolecules; 2005; 38, 6533-6543;
165. OU, C. F.; HO, M.T.; LIN, J. R. “The Nucleating Effect of Montmorillonite on Crystallization of
PET/Montmorillonite Nanocomposite” Journal of Polymer Research ; 2003; 10, 127–132.;
166. BERASAIN, L.G. “Nanocompósitos de poliamida 6 com montmorilonitas e xisto” Tese de
doutorado, PGCIMAT/UFRGS, Porto Alegre, Brasil, 2007.
167. GUPTA, A.K.; RANA, S. K.; DEOPURA, B.L. “Crystallization kinetics of High-density
polyethylene/linear low-density polyethylene blend” Journal of Applied Polymer Science; 1994; 51;
231-239;
168. WANG, Y.; SHEN, C.; LI, H.; LI, Q.; CHEN, J. “Nonisothermal Melt Crystallization Kinetics of
Poly(Ethylene Terephthalate)/Clay Nanocomposites” Journal of Applied Polymer Science; 2004; 91,
308-314;
169. WAN, T.; CHEN, L. ; CHUA,Y. C.; LU, X. “Crystalline Morphology and Isothermal Crystallization
Kinetics of Poly(ethylene terephthalate)/Clay Nanocomposites” Journal of Applied Polymer Science;
2004; 91,1381-1388;
170. KE, Y.-C.; YANG, Z.-B. ZHU, C.-F. “Investigation of properties, nanostructure and distribution in
controlled polyester polymerization with layered silicate.” Journal of Applied Polymer Science; 2002;
85, 2677-2691;
96
171. LIU, T.; MO, Z.; WANG, S.; ZHANG, H. “Nonisothermal melt and cold crystallization kinetics of
poly(aryl ether ether ketone ketone)” Polymer Engineering and Science; 1997; 37 (3); 568-575;
172. SUPAPHOL, P.; DANGSEEYUN, N.; SRIMOAON, P.; NITHITANAKUL, M. “Nonisothermal melt-
crystallization kinetics for three linear aromatic polyesters” Thermochimica Acta; 2003; 406, 207-220;
173. WU, Z.; ZHOU, C.; ZHU, N. “The nucleanting effect of montmorillonite on crystallization of nylon
1212/montmorillonite nanocomposite.” Polymer Testing; 2002; 23, 479-483;
174. (a) XIE, W.; GAO, Z.; PAN, W.P.; HUNTER, D.; SINGH, A.; VAIA, R. “Thermal Degradation
Chemistry of Alkyl Quaternary Ammonium Montmorillonite” Chem Mater, 2001, 2979 – 2990; (b)
YOON P.J., HUNTER, D.L., PAUL D.R. “Polycarbonate nanocomposites: Part 2. Degradation and
color formation” Polymer, 2003, 5341-5354; (c) FORNES T.D., YOON P.J., PAUL D.R. “ Polymer
matrix degradation and color formation in melt processed nylon 6/clay nanocomposites” Polymer,
2003, 7545-7556.
175. LOYENS, W.; JANNASCH, P.; MAURER, F. H.J. “Effect of clay modifier and matrix molar mass on
the structure and properties of poly(ethylene oxide)/Cloisite nanocomposites via melt-compounding”
Polymer ; 2005; 46, 903–914;
176. LAI, M.; KIM, J.-K. “Effects of epoxy treatment of organoclay on structure, thermo-mechanical and
transport properties of poly(ethylene terephthalate-co-ethylene naphthalate)/organoclay
nanocomposites” Polymer ; 2005; 46, 4722–4734;
177. LEE, S.-R.; PARK, H.-M.; LIM, H.; LI, X.; CHO, W.-C.; HA, C.-S. “Microestructure, Tensile
Properties, and Biodegradability of Aliphatic Polyester Clay/Nanocomposite.” Polymer; 2002; 43;
2495-2500; (b) resultados do laboratório não publicados
178. CHOW, W.S.; BAKAR, A.A.; ISHAK,Z.A.M.; KARGER-KOCSIS, J.; ISHIAKU, U.S. “Effect of maleic
anhydride-grafted ethylene–propylene rubber on the mechanical, rheological and morphological
properties of organoclay reinforced polyamide 6/polypropylene nanocomposites” European Polymer
Journal; 2005; 41, 687-696;
179. HONG, J.S.; KIM, Y. K.; AHN, K. H.; LEE, S. J.; KIM, C. “Interfacial tension reduction in
PBT/PE/clay nanocomposite” Rheol Acta ; 2007; 46, 469-478;
180. DONG, W.; ZHAO, J.; LI, C.; GUO, M.; ZHAO, D.; FAN, Q. “Study of the amorphous phase in
semicrystalline poly(ethylene terephthalate) via dynamic mechanical thermal analysis” Polymer
Bulletin 2002; 49, 197-203;
181. FUCHS, C.; BHATTACHARYYA, D.; FAKIROV, S. “Microfibril reinforced polymer–polymer
composites: Application of Tsai-Hill equation to PP/PET composites” Composites Science and
Technology ; 2006; 66, 3161–3171;
97
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo