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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
FACULDADE DE LETRAS
Programa de Pós-Graduação em Estudos Lingüísticos
A INFLUÊNCIA DOS HIPERLINKS NA LEITURA DE
HIPERTEXTO ENCICLOPÉDICO DIGITAL
Ilza Maria Tavares Gualberto
Belo Horizonte
2008
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Ilza Maria Tavares Gualberto
A INFLUÊNCIA DOS HIPERLINKS NA LEITURA DE
HIPERTEXTO ENCICLOPÉDICO DIGITAL
Tese apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Estudos Lingüísticos da
Universidade Federal de Minas Gerais como
requisito parcial para obtenção do título de
Doutor em Lingüística.
Orientadora: Profa. Dra. Carla Viana
Coscarelli.
Belo Horizonte
2008
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Ilza Maria Tavares Gualberto
A influência dos hiperlinks na leitura de hipertexto enciclopédico digital.
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Estudos Lingüísticos da
Universidade Federal de Minas Gerais como requisito parcial para obtenção do título
de Doutor em Lingüística.
Belo Horizonte, agosto de 2008.
Banca Examinadora:
_________________________________________
Profa. Dra. Carla Viana Coscarelli – UFMG
___________________________________________
Profa. Dra. Josiane Andrade Militão – PUC Minas
___________________________________________
Prof. Dr. Júlio César Araújo - UFC
___________________________________________
Profa. Dra. Maria Luiza Cunha Lima - UFMG
___________________________________________
Prof. Dr. Ricardo Augusto de Souza - UFMG
Agradeço àqueles que, por estarem por perto, abrandaram as dificuldades
inerentes a esta caminhada:
À professora Carla Coscarelli pelo constante apoio, incentivo, disponibilidade e
principalmente pela valiosa orientação.
Às professoras Josiane Militão e Maria Luiza pela atenta leitura para a qualificação e
pela indicação de novos caminhos.
A toda minha família que, cada um a seu modo, amenizou, apoiou e criou condições
para que eu pudesse seguir em frente.
Aos colegas da UFMG que permitiram que este trabalho não fosse tão solitário.
À Secretaria de Estado da Educação pela concessão de licença.
Aos colegas de trabalho que se desdobraram para suprir minhas ausências.
Aos alunos, sujeitos desta pesquisa.
À Eloísa pela atenção, disponibilidade e cuidadosa revisão.
À Eunice pelo abstract e por compartilhar tantas outras coisas.
Enfim a todos que, de alguma forma, participaram desta trajetória.
Resumo
Neste trabalho, busquei observar a influência dos hiperlinks na construção do
significado na leitura de hipertexto enciclopédico digital. Parti do pressuposto de que
as características dos termos lingüísticos materializados nos hiperlinks poderiam
instigar ou inibir a navegação do hiperleitor. Levei em consideração que tais
características eram determinadas por relações vitais mais fortes ou relações tênues
entre o hiperlink e o espaço genérico ativado por uma âncora material que
representava a temática. Assumi a hipótese de que, na medida em que o hiperleitor
acessa determinados hiperlinks, espaços mentais são construídos produzindo
espaços emergentes, cujas significações são possíveis através do estabelecimento
de relações vitais. Utilizei como aporte a teoria dos Espaços Mentais de Fauconnier
(1994, 1997) e a Teoria da Mesclagem Conceitual de Fauconnier e Turner (2002). O
corpus desta pesquisa constituiu-se de textos produzidos para um panfleto, de
respostas a algumas questões sobre a temática dos hiperlinks, de entrevistas e de
observações diretas que tabulei durante a execução das tarefas. Utilizei três versões
de um mesmo hipertexto, adaptado da Wikipédia. Na primeira versão, tanto os
hiperlinks que remetem ao bloco textual quanto o próprio bloco são materializados
por expressões lingüísticas que estabelecem relações vitais com o espaço genérico.
Na segunda versão, os hiperlinks são materializados por expressões lingüísticas que
estabelecem relações tênues com o espaço genérico, mas o bloco textual a que
esses hiperlinks remetem mantém uma relação vital forte com o espaço genérico. Na
terceira versão, tanto os hiperlinks quanto o bloco textual a que eles remetem são
materializados por expressões lingüísticas que estabelecem relações tênues com o
espaço genérico. Tais procedimentos metodológicos permitiram-me constatar que o
simples acesso do leitor ao hiperlink e, conseqüentemente, ao bloco textual, não é
garantia de que espaços mentais sejam construídos e comprimidos em novas
significações. Outra observação interessante refere-se à execução das tarefas
propostas, pois, na produção do panfleto, a quantidade de acessos e significações
construídas a partir do bloco textual disponibilizado pelo hiperlink foi inferior ao
mesmo procedimento na tarefa de responder questões, que instigava, direcionava e,
de certa forma, exigia o acesso e a construção das significações. Entretanto, quando
os leitores deparavam-se com blocos textuais cujas significações não estabeleciam
6
relações com o espaço genérico ativado, tais significações eram desconsideradas,
levando o hiperleitor a utilizar informações do seu próprio repertório de
conhecimentos. Além disso, foi possível observar que o número de acessos aos
hiperlinks diminuiu em função de o hiperlink não atender à expectativa do hiperleitor.
Esta pesquisa leva-nos a concluir, portanto, que, embora seja fundamental que os
termos lingüísticos materializados nos hiperlinks estabeleçam relações vitais fortes
com o espaço genérico ativado por âncoras materiais, é também necessária a
existência de relações vitais do bloco textual ao qual o hiperlink remete com o
espaço genérico que está ativado, pois somente a partir dessas relações vitais será
possível que mesclagens cognitivas possam ocorrer e que os sentidos possam
emergir.
Abstract
This work aimed at observing the influence of hyperlinks in the construction of
meaning in the reading of digital encyclopedic hypertext. My starting point was the
assumption that the characteristics of the linguistic terms materialized in hyperlinks
could instigate or inhibit the hyper-reader´s navigation. I took into account that these
characteristics were determined by stronger vital relations or tenuous relations
between the hyperlink and the generic space activated by a material anchor that
represented the theme. I assumed the hypothesis that since the hyper-reader
accesses certain hyperlinks, mental spaces are built producing emergent structures,
whose meanings are possible through the establishment of vital relations. I used as
theoretical support Fauconnier´s Theory of Mental Spaces (1994, 1997) and
Fauconnier and Turner´s Theory of Conceptual Blending (2002). The corpus of this
research consisted of texts produced for a pamphlet, answers to some questions on
the subject of hyperlinks, interviews and direct observations that were computed from
tables during the execution of the tasks. I used three versions of the same hypertext,
adapted from Wikipedia. In the first version, both the hyperlinks that refer to the
textual block and the block itself are materialized by linguistic expressions that
establish vital relations to the generic space. In the second version, the hyperlinks
are materialized by linguistic expressions that establish tenuous relations to the
generic space, but the textual block to which these hyperlinks refer maintains a
strong vital relation to the generic space. In the third version, both the textual
hyperlinks and the block to which they refer are materialized by linguistic expressions
that establish tenuous relations to the generic space. This methodological procedure
allowed me to see that the mere access to the hyperlink and, consequently, to the
textual block, is not a guarantee that mental spaces are constructed and compressed
into new meanings. Another interesting point concerns to the execution of the
proposed tasks, as in the pamphlet production, the number of accesses and
meanings built from the textual block provided by the hyperlink was lower than the
same procedure in the task of answering questions, which instigated, directed and in
some way required the access and the construction of meanings. However, when the
readers came across textual blocks whose meanings did not establish relations to
the generic space activated, such meanings were dropped, leading the hyper-reader
to use information from its own repertoire of knowledge. It was also noted that the
8
number of accesses to the hyperlinks decreased due to the fact that the hyperlink
does not meet the hyper-reader´s expectations. This research leads us to conclude
that, although it is essential that the language terms materialized in hyperlinks
establish strong vital relations to the generic space activated by material anchors, it is
also required the existence of vital relations from the textual block to which the
hyperlink refers to the generic space that is activated, because only from these vital
relations it will be possible that conceptual blending can occur and that the meaning
can emerge.
RESUMEN
En este trabajo, busqué observar la influencia de los hiperlinks en la construcción del
significado en la lectura de hipertexto enciclopédico digital. Partí de la suposición de
que las características de los términos lingüísticos materializados en los hiperlinks
podrían instigar o inhibir la navegación del hiperlector. Llevé en consideración que
tales características eran determinadas por relaciones vitales más fuertes o
relaciones tenues entre el hiperlink y el espacio genérico activado por un ancla
material que representaba la temática. Asumí la hipótesis de que, a medida en que
el hiperlector accede a determinados hiperlinks, espacios mentales son construidos
produciendo espacios emergentes, cuyas significaciones son posibles a través del
establecimiento de relaciones vitales. Utilicé como aporte la teoría de los Espacios
Mentales de Fauconnier (1994, 1997) y la Teoría del Mezclaje Conceptual de
Fauconnier y Turner (2002). El corpus de esta encuesta se constituyó de textos
producidos para un panfleto, de respuestas a algunas cuestiones sobre la temática
de los hiperlinks, de entrevistas y de observaciones directas que tabulé durante la
ejecución de las tareas. Utilicé tres versiones de un mismo hipertexto, adaptado de
Wiki pedía. En la primera versión, tanto los hiperlinks que remiten al bloque textual
como el propio bloque son materializados por expresiones lingüísticas que
establecen relaciones vitales con el espacio genérico. En la segunda versión, los
hiperlinks son materializados por expresiones lingüísticas que establecen relaciones
tenues con el espacio genérico, mas el bloque textual a que esos hiperlinks remiten
mantienen una relación vital fuerte con el espacio genérico. En la tercera versión,
tanto los hiperlinks como el bloque textual a que ellos remiten son materializados
por expresiones lingüísticas que establecen relaciones tenues con o espacio
genérico. Tales procedimientos metodológicos me permitieron constatar que el
simple acceso del lector al hiperlink y, consecuentemente, al bloque textual, no es
garantía de que espacios mentales sean construidos y comprimidos en nuevas
significaciones. Otra observación interesante se refiere a la ejecución de las tareas
propuestas, pues, en la producción del panfleto, la cantidad de accesos y
significaciones construidas a partir del bloque textual disponible por el hiperlink fue
inferior al mismo procedimiento en la tarea de responder cuestiones, que instigaba,
direccionaba y, de cierta forma, exigía el acceso y la construcción de las
significaciones. Sin embargo, cuando los lectores se deparaban con bloques
10
textuales cuyas significaciones no establecían relaciones con el espacio genérico
activado, tales significaciones eran desconsideradas, llevando el hiperlector a utilizar
informaciones de su propio repertorio de conocimientos. Además, fue posible
observar que el número de accesos a los hiperlinks disminu en función del
hiperlink no atender a la expectativa del hiperlector. Esta encuesta nos lleva a
concluir, por tanto, que, aunque sea fundamental que los términos lingüísticos
materializados en los hiperlinks establezcan relaciones vitales fuertes con el espacio
genérico activado por anclas materiales, es también necesaria la existencia de
relaciones vitales del bloque textual al cual el hiperlink remite con el espacio
genérico que está activado, pues solamente a partir de esas relaciones vitales será
posible que mezclas cognitivas puedan ocurrir y que los sentidos puedan emerger.
Índice de Gráficos
Gráfico 01: Quantidade de acessos em cada versão - Panfleto ...................................115
Gráfico 02: Indícios lingüísticos dos hiperlinks acessados - Panfleto........................ 144
Gráfico 03: Comparação: acessos X Indícios - Panfleto................................................145
Gráfico 04: Indícios lingüísticos encontrados nas questões........................................ 152
Gráfico 05: Comparação - Indícios: Panfleto X Questões .............................................158
Índice de Tabelas
Tabela 01: Observação dos sujeitos - versão 1...............................................................101
Tabela 02: Observação dos sujeitos - versões 2 e 3 ..................................................... 102
Tabela 03: Nº de sujeitos e hiperlinks acessados - versão 1........................................ 114
Tabela 04: Nº de sujeitos e hiperlinks acessados - versões 2 e 3 ............................... 115
Tabela 05: Percentuais de acessos por hiperlink - versão 1 Panfleto.......................... 117
Tabela 06: Percentuais de acessos por hiperlink - versões 2 e 3 ................................ 118
Tabela 07: Percentuais de acessos - versão 1- Questões............................................. 119
Tabela 08: Percentuais de acessos - versões 2 e 3....................................................... 119
Tabela 09: Nº de sujeitos - acessos X Indícios............................................................... 143
Tabela 10: Questões versão 1...........................................................................................149
Tabela 11: Questões versão 2...........................................................................................149
Tabela 12: Questões versão 3...........................................................................................151
Índice de Figuras
Figura 01: Exemplo retirado do site WWW.wikipédia.com.br .................................20
Figura 02: Exemplo que atenderia à expectativa do leitor.......................................22
Figura 03: Hipertexto com estrutura axial Landow, 1997
a).....................................51
Figura 04: Hipertexto com estrutura em rede. (Landow, 1997
a)............................52
Figura 05: Possibilidade de navegação de um hiperleitor.......................................55
Figura 06: Configuração de Espaços Mentais (FAUCONNIER 1997, p.47).........64
Figura 07: Mapeamento através de espaço..................................................................71
Figura 08: Construção de espaço genérico .................................................................72
Figura 09: Produção da mescla - Fauconnier 1997, p.149 .......................................72
Figura 10: Estrutura Emergente ......................................................................................74
Figura 11: Propaganda Despachester ..........................................................................75
Figura 12: Propaganda Cica .............................................................................................77
Figura 13: Representação da versão 1 ..........................................................................88
Figura 14: Representação da versão 2 ..........................................................................89
Figura 15: Representação da versão 3 ..........................................................................90
Figura 16: Hipertexto versão 1.........................................................................................93
Figura 17: Hipertexto versão 2.........................................................................................95
Figura 18: Hipertexto versão 3.........................................................................................98
Figura 19: Representação do hipertexto versão 1 ...................................................107
Figura 20: Representação do hipertexto versão 2 ...................................................109
Figura 21: Representação do hipertexto versão 3 ...................................................111
Figura 22: Representação dos movimentos de S1G1 .............................................122
Figura 23: Representação dos movimentos de S2G1 .............................................123
Figura 24: Representação dos movimentos de S3G1 .............................................125
Figura 25: Representação dos movimentos de S4G1 .............................................126
Figura 26: Representação dos movimentos de S5G1 .............................................128
Figura 27: Representação dos movimentos de S6G1 .............................................129
Figura 28: Representação dos movimentos de S7G1 .............................................130
Figura 29: Representação dos movimentos de S8G1 .............................................132
Figura 30: Representação dos movimentos de S9G1 .............................................133
Figura 31: Representação dos movimentos de S10G1...........................................134
Figura 32: Representação dos movimentos de S11G1...........................................135
Figura 33: Representação dos movimentos de S2G2 .............................................138
Figura 34: Representação dos movimentos de S10G2...........................................139
Figura 35: Representação dos movimentos de S11G2...........................................140
Figura 36: Representação dos movimentos de S2G3 .............................................142
Sumário
CAPÍTULO 1 – APRESENTAÇÃO....................................................................................................... 15
1.1.
O
BJETO DE PESQUISA
................................................................................................................... 18
1.2.
J
USTIFICATIVA
.............................................................................................................................. 25
CAPÍTULO 2 - DO TEXTO AO HIPERTEXTO..................................................................................... 28
2.1.
L
INGÜÍSTICA
T
EXTUAL
................................................................................................................... 28
2.1.1. Análise transfrástica ........................................................................................................... 28
2.1.2. Gramática de texto ............................................................................................................. 29
2.1.3. A teoria do texto.................................................................................................................. 30
2.2.
D
EFINIÇÕES DE TEXTO
.................................................................................................................. 32
2.3.
H
IPERTEXTO É TEXTO
? ................................................................................................................. 35
2.4.
D
A TEXTUALIDADE À TEXTUALIZAÇÃO
............................................................................................. 39
2.4.1. Princípios de textualização................................................................................................. 40
2.5.
H
IPERTEXTO
................................................................................................................................ 46
2.6.
A
E
NCICLOPÉDIA COMO HIPERTEXTO
............................................................................................. 52
2.7.
A
W
IKIPÉDIA E O DESAFIO DAS CONEXÕES
..................................................................................... 56
2.8.
H
IPERLINKS
.................................................................................................................................. 57
2.8.1. Hiperlink: um dispositivo lingüístico.................................................................................... 59
2.8.2. Hiperlink: um dispositivo cognitivo...................................................................................... 60
CAPÍTULO 3 - DA TEORIA DOS ESPAÇOS MENTAIS À TEORIA DA MESCLAGEM COGNITIVA62
3.1.
E
SPAÇOS
M
ENTAIS
....................................................................................................................... 65
3.2.
F
RAMES
....................................................................................................................................... 67
3.3.
M
ESCLAGEM
C
OGNITIVA
............................................................................................................... 74
3.4.
C
OMPRESSÃO E
D
ESCOMPRESSÃO
............................................................................................... 78
3.5.
R
ELAÇÕES
V
ITAIS
......................................................................................................................... 79
3.5.1. Relação vital de mudança .................................................................................................. 79
3.5.2. Relação vital de identidade ................................................................................................ 80
3.5.3. Relação vital de tempo ....................................................................................................... 80
3.5.4. Relação vital de espaço ..................................................................................................... 80
3.5.5. Relação vital de causa/efeito.............................................................................................. 80
3.5.6. Relação vital de parte/todo................................................................................................. 81
3.5.7. Relação vital de representação .......................................................................................... 81
3.5.8. Relação vital de papel ........................................................................................................ 81
3.5.9. Relação vital de analogia ................................................................................................... 81
3.5.10. Relação vital de desanalogia............................................................................................ 82
3.5.11. Relação vital de propriedade............................................................................................ 82
3.5.12. Relação vital de similaridade............................................................................................ 82
3.5.13. Relação vital de categoria ................................................................................................ 82
14
3.5.14. Relação vital de intencionalidade ..................................................................................... 83
3.5.15. Relação vital de unicidade................................................................................................ 83
CAPÍTULO 4 - METODOLOGIAS ........................................................................................................ 85
4.1.
M
ETODOLOGIA DE OBTENÇÃO DOS DADOS
..................................................................................... 86
4.1.1. Montagem do estudo.......................................................................................................... 86
4.1.2. Participantes ....................................................................................................................... 99
4.1.3. Tarefas................................................................................................................................ 99
4.1.4. Materiais ........................................................................................................................... 103
4.2.
M
ETODOLOGIA DE
A
NÁLISE
......................................................................................................... 104
4.2.1. Versão 1 ........................................................................................................................... 105
4.2.2. Versão 2 ........................................................................................................................... 108
4.2.3. Versão 3 ........................................................................................................................... 110
CAPÍTULO 5 – RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................ 113
5.1.
S
UJEITOS E
H
IPERLINKS
.............................................................................................................. 113
5.1.1. Tarefa de leitura e produção do panfleto. ........................................................................ 114
5.1.2. Tarefa de responder questões ......................................................................................... 116
5.2.
A
NÁLISE DOS TEXTOS PRODUZIDOS
............................................................................................. 120
5.2.1. Configuração dos Espaços Mentais ................................................................................. 120
5.2.2. Influência dos hiperlinks na significação do texto produzido ........................................... 143
5.2.3. Comparação entre os Panfletos ....................................................................................... 145
5.3.
A
NÁLISE DAS
Q
UESTÕES
............................................................................................................. 148
5.4.
A
LGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE AS ENTREVISTAS
.................................................................... 153
5.4.1. Alguns comentários feitos pelos sujeitos participantes que extrapolaram as questões da
entrevista: ................................................................................................................................... 155
CAPÍTULO 6 - CONCLUSÃO............................................................................................................. 157
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................................... 165
ANEXOS ............................................................................................................................................. 168
APÊNDICE .......................................................................................................................................... 174
CAPÍTULO 1 – APRESENTAÇÃO
A leitura é um processo de construção de sentidos que se desencadeia a partir dos
elementos lingüísticos presentes na superfície textual e que exige a mobilização de
diferentes conhecimentos numa dada situação comunicativa. Esses conhecimentos
ultrapassam o domínio do código lingüístico e envolvem experiências, estratégias,
objetivos de leitura, situação de comunicação, conhecimentos gerais, específicos (do
gênero, do suporte, da tarefa) e conhecimentos enciclopédicos.
Dessa forma, é possível afirmar que a leitura é um processo que lida com diferentes
aspectos e que o sentido do texto se constrói na interação entre autor-texto-leitor, na
medida em que o leitor usa de estratégias diversas, articulando, selecionando e
eliminando as possibilidades que são oferecidas pelo autor, através das pistas
textuais, além dos conhecimentos internalizados de que dispõe. Pensar na leitura
dessa forma é considerá-la como um processamento hipertextual, que se realiza
num formato de rede, em que as conexões são flexíveis e recursivas, uma vez que o
leitor pode construir diferentes significações através de diferentes percursos,
estratégias e conhecimentos. Parece razoável transpor essa forma de
processamento à noção de hipertexto, apontada por Lévy (1993), como um conjunto
de nós ligados por conexões que permitem a construção e a desconstrução contínua
de significações, uma vez que tanto a noção de leitura quanto a de hipertexto
englobam a produção de conexões pelo leitor, como destaca Rouet et al, (1996):
Especialmente importante é a noção de que a compreensão de textos é
uma atividade cognitiva multifacetada que ocorre no contexto de uma
memória de trabalho com capacidade limitada. Uma conseqüência é que os
leitores têm de administrar seus recursos cognitivos a fim de processar um
texto continuamente e alcançar o melhor resultado de aprendizagem. Estas
noções também se aplicam no caso do hipertexto. (ROUET et al, 1996, p.5,
tradução nossa)
Os autores, ao apontarem o conceito de compreensão de textos, enfocam-no como
uma atividade cognitiva multifacetada, portanto envolvendo diferentes elementos e
aspectos. Ao ressaltarem os recursos cognitivos necessários no processamento do
texto, torna-se possível estabelecer uma relação com uma definição de leitura muito
usada que aponta que “a leitura sempre envolve uma combinação de informação
16
visual e não-visual. Ela é uma interação entre o leitor e o texto”, (SMITH,1991, p.86).
De acordo com Smith (1991), o acesso à informação visual é uma parte necessária
para o processamento da leitura, mas não é suficiente, pois é fundamental o
conhecimento da linguagem bem como outros conhecimentos que são ativados pelo
leitor no processo de construção de sentidos. Fica evidente que não os aspectos
gráficos visíveis são suficientes para a construção dos sentidos no texto; as
informações não-visuais são conectadas o tempo todo, para que a significação seja
construída. Essas informações são muito amplas e diversas e abrangem todo e
qualquer conhecimento que o leitor dispõe e que é utilizado no processo de leitura.
Rouet et al. (1996) ao apontarem o conceito de compreensão que utilizam, reforçam
que esse conceito é aplicável ao hipertexto. De acordo com eles,
Um modelo abrangente de leitura de hipertexto integraria mecanismos
básicos de compreensão de textos com estratégias específicas exigidas
pela sua apresentação. (ROUET et al., 1996, p.5, tradução nossa.)
Destacam ainda que o hipertexto envolve estratégias específicas de leitura devido
ao seu formato não linear e o suporte digital. Será que a forma de apresentação do
hipertexto implicaria a alteração de estratégias e mecanismos envolvidos em seu
processamento, distintos do texto impresso? Alguns autores apontam mais
similaridades que diferenças, como faz Coscarelli (2003) ao afirmar que ler
hipertextos parece não ser tão diferente do que ler textos impressos. Para corroborar
a afirmação da autora retomo um de seus exemplos:
Num experimento em que os leitores leram o mesmo texto -um grupo leu o
texto impresso e o outro leu o mesmo texto em formato de hipertexto-, os
leitores do texto impresso não tiveram problemas com a leitura, ao passo
que os leitores do hipertexto sentiram que a leitura ficou incompleta e vários
ficaram inseguros quanto aos resultados. Esses problemas podem ter sido
gerados pelo fato de os leitores estarem mais acostumados a ler o texto
impresso, problema que provavelmente será superado em pouco tempo
pelos leitores acostumados com a leitura de textos nesse novo formato
(COSCARELLI, 2003, p.82).
É possível que o leitor, ao construir sentido para um hipertexto digital
1
, proceda de
forma semelhante que um leitor de texto impresso, avaliando todas as possibilidades
de conexões, tanto textuais quanto extratextuais. Entretanto é preciso considerar
1
Hipertexto Digital Embora possa parecer redundante, a opção por essa terminologia busca excluir discussões
sobre hipertexto impresso como panfletos, propagandas, sumários etc, e delimitar que o termo hipertexto será
usado referindo-se a outros textos digitais que são conectados a outros por meio de hiperlinks.
17
que todo texto tem sua leitura e o hipertexto provavelmente possuirá algumas
especificidades.
Isso remete a uma distinção possível e interessante entre processo e produto ao
considerar o hipertexto. Como dito anteriormente, os fatores lingüísticos, cognitivos e
sociodiscursivos interferem na leitura, porque “alimentam” um processamento
hipertextual. Ao considerar tais aspectos, estarei evidenciando o processo de
construção de sentido, uma vez que o foco estará centrado nas conexões e ligações
possíveis e necessárias na construção da significação. ao considerar a definição
de Lévy (1993) - “um conjunto de nós” - o hipertexto é o “material concreto para o
processamento” aponta-se para uma concepção mais voltada para o produto.
Assim, ao me referir a hipertexto, estarei considerando tanto o produto, ou seja, a
materialidade lingüística (disponibilizada em ambientes digitais e composta por
blocos textuais ligados por hiperlinks
2
), quanto o processo de leitura, considerando a
inter-relação entre aspectos lingüísticos, cognitivos e sociodiscursivos.
Para contemplar tais aspectos utilizo a Teoria dos Espaços Mentais e Mesclagem
Cognitiva de Fauconnier (1994, 1997) e Fauconnier e Turner (2002), uma vez que
esses autores consideram a construção de significados como um processo
resultante de operações mentais que se iniciam a partir da materialidade lingüística.
Ao articularem forma e significado, Fauconnier e Turner (2002) apontam que, na
construção de significados, o sujeito constrói e integra espaços mentais e assim
projeta novas estruturas em situações de interação social. Esse aporte teórico que
aponta para o processo de compreensão será utilizado com a apropriação de
algumas concepções que serão transpostas para o hipertexto digital.
Isso se faz necessário porque o desenvolvimento de novas tecnologias de
comunicação ampliou as formas de interação entre as pessoas favorecendo o
surgimento do hipertexto digital, que facilitou a conexão entre textos, uma vez que
propôs novas disposições para os textos e ofereceu novos recursos como, por
exemplo, o acesso a outros textos por meio de hiperlinks. Considerar essas
mudanças é fundamental para repensar o processo de leitura, analisando todos os
2
Hiperlinks- realizável apenas no suporte digital. A opção pela nomenclatura hiperlink faz-se necessária para
distinguir da forma lingüística link”, possível de ser usada para formatos impressos como notas de rodapé,
referências bibliográficas, sumário, etc.
18
aspectos envolvidos (cognitivos, lingüísticos e sociodiscursivos) neste novo século e
com um novo aparato tecnológico, em que o hipertexto digital assume grande
relevância.
Isso não implica afirmar que a forma de processamento de leitura se alterou em
função dessa tecnologia com o hipertexto digital, mas ressaltar que novos elementos
foram inseridos e que podem, de uma forma ou de outra, influenciar em alguma
medida a construção do significado. Considerando esses novos elementos, passo
agora a delimitar o objeto de estudo desta pesquisa.
1.1. Objeto de pesquisa
Os avanços tecnológicos vão cunhar o termo hipertexto e disseminar sua utilização,
uma vez que o texto, dependendo da concepção adotada, pode ser um hipertexto,
pois permite diferentes conexões, com diferentes conhecimentos e formas. Nesta
pesquisa, cujo objeto é o hipertexto digital que abarca propriedades e recursos
propiciados pelo meio eletrônico, ressalto o papel da hipermídia, que vem agregar
diferentes mídias como sons, imagens, movimentos, cores e, principalmente,
hiperlinks, foco deste trabalho.
Os hiperlinks podem ser vistos como dispositivos que permitem o acesso a outros
textos ou espaços com apenas um click sobre a materialidade lingüística que os
representa. Parto da hipótese de que a forma lingüística, ou seja, o termo que está
materializado no hiperlink, poderá estimular ou inibir a navegação ou acesso do
usuário a determinados blocos textuais, produzindo assim interferências na
construção de sentidos na leitura de um hipertexto. É minha intenção analisar ou
inferir as possíveis estratégias que os hiperleitores utilizam ao se depararem com
hiperlinks, materializados por expressões lingüísticas, que estabelecem diferentes
relações com o tópico central.
Ao navegar por sites de pesquisas escolares, pude constatar que as expressões
lingüísticas materializadas nos hiperlinks são freqüentemente formas nominais que
19
mantêm algum tipo de relação com o tópico
3
central, e isso permite uma
configuração em rede, que vai se construindo por meio de conexões.
Além disso, observei que os hiperlinks ora proporcionavam conexões a blocos
textuais que correspondiam à expectativa da pesquisa que se estava realizando, ora
remetiam a informações mais amplas, não diretamente conectadas ao assunto em
evidência. Apresento, a seguir, um exemplo retirado da Wikipédia.
3
O termo tópico, nesta pesquisa, designa assunto, tema, etc. Na concepção de Van Dijk e Kintsch (1983), o
tópico é uma macroproposição que representa o conteúdo global do texto. Gualberto (1997) discute a construção
do tópico na leitura através da aplicação de macrorregras semânticas.
Figura 01: Exemplo retirado do site WWW.wikipédia.com.br
(Acessado em 20 de outubro de 2007.)
21
No exemplo apresentado, é possível imaginar que, ao ler a expressão nominal seus
órgãos sexuais”, o leitor construa uma expectativa de que a descrição dos órgãos
sexuais da planta será apresentada a seguir. No entanto, o hiperlink é construído
com o termo individualizado, ou seja, “órgãos” separadamente do termo “sexuais”.
Ao acessar o hiperlink “órgão” o leitor depara com uma informação geral de que
“órgão é um conjunto de tecidos que evoluiu para realizar determinada função” e
“sexuais” apresenta a informação de que “no âmbito da biologia, o membro da maior
parte das espécies de seres vivos do domínio Eucariota estão divididos em duas ou
mais categorias chamadas de sexos...”. A expectativa do leitor era a de que fossem
apresentadas informações sobre os órgãos sexuais das plantas que estão centrados
na flor e podem se apresentar de diferentes formas em função do tipo de planta.
A expectativa ou previsão faz parte das estratégias de leitura, como aponta Smith
(1991):
A previsão é o núcleo da leitura. Todos os esquemas, scripts e cenários que
temos em nossas cabeças nosso conhecimento prévio de lugares e
situações, de discurso escrito, gêneros e histórias - possibilitam-nos prever
quando lemos, e, assim, compreender, experimentar e desfrutar do que
lemos. A previsão traz um significado potencial para os textos, reduz a
ambigüidade e elimina, de antemão, alternativas irrelevantes. Assim, somos
capazes de gerar uma experiência abrangente das imagens inertes da
impressão.
(...). Realizamos previsões abrindo nossas mentes para o provável e
desconsiderando o improvável. Aqui está uma definição formal: Previsão é a
eliminação anterior de alternativas improváveis. É a projeção de
possibilidades. Realizamos previsões para reduzir nossa incerteza e,
portanto, para reduzir a quantidade de informação externa de que
necessitamos.(SMITH, 1991,p.34-35)
Possivelmente um hiperlink que atenderia à expectativa do leitor seria semelhante
ao seguinte formato:
22
Figura 02: Exemplo que atenderia à expectativa do leitor.
Embora as páginas linkadas (Androceu e Gineceu) tenham sido retiradas da
Wikipédia, elas não estão linkadas ao termo “órgãos reprodutores” das plantas,
disponível na página de “flor”. Esse acesso foi possível, porque eu dispunha de
conhecimento sobre o assunto e imprimi uma busca específica pelos termos
“androceu” e ”gineceu”, que representam os órgãos masculino e feminino das
plantas. Possivelmente, um leitor que desconhecesse o fato de que gineceu e
androceu são órgãos sexuais das plantas não chegaria a tal informação através da
navegação pelo hipertexto flor e seus hiperlinks. No exemplo da Wikipédia, as
informações apresentadas nos blocos textuais “órgãos” “sexuais” acessados através
dos hiperlinks, não corresponderam à expectativa do leitor, que foi criada
23
discursivamente. Assim, é possível indagar se alguns hiperlinks, representados por
formas nominais, quando estão direcionados para blocos textuais que não
correspondem à expectativa do leitor, tendem a afetar a construção de sentidos.
Ao partir do pressuposto de que os hiperlinks precisam, necessariamente, estar
relacionados a um esquema cognitivo que é ativado por uma âncora material que
representa a temática ou tópico central, remeto à concepção de relações vitais. Essa
concepção, desenvolvida por Fauconnier e Turner (2002), explicita que as relações
vitais são relações conceituais imprescindíveis para a integração de espaços
mentais diversos, levando à mesclagem cognitiva ou configuração da rede desses
espaços mentais.
Em um hipertexto digital, as conexões entre os blocos textuais se realizam por meio
de hiperlinks, em função do próprio suporte que materializa e viabiliza tais conexões.
Esses elementos o vistos, de acordo com (Koch, 2005), como uma característica
central do hipertexto, pois sua função dêitica aponta, monitora e auxilia na
construção dos sentidos pretendidos. No entanto, segundo a autora, esses
elementos podem levar o leitor à dispersão e à perda do foco ao apontarem uma
rota de leitura equivocada em relação ao objetivo pretendido pelo leitor.
São apontados por Koch (2005) três funções para os hiperlinks: dêitica, coesiva e
cognitiva. Na função itica, os hiperlinks funcionam como apontadores
enunciativos- focalizadores de atenção- possuem caráter catafórico, pois permitem
cercar determinado problema por todos os possíveis ângulos e perspectivas. Indago:
será que, de fato, um hiperlink teria esse caráter e conseguiria cumprir a função de
cercar o problema em todos os possíveis ângulos como afirma Koch? Possivelmente
o hiperlink no hipertexto digital ampliou as possibilidades de conexões, no entanto
não acredito que cercou todas as possibilidades.
Na função coesiva, segundo a autora, a função dos hiperlinks
é amarrar as informações de modo a permitir que os leitores extraiam delas
um conhecimento real e conclusões relativamente seguras, soldando as
peças esparsas de forma coerente, combinando adequadamente as pedras
do mosaico. (KOCH, 2005, p.65)
A autora acrescenta ainda que
24
atar os hiperlinks de acordo com certa ordem discursiva e semântica é
essencial para garantir a fluência da leitura e a drenagem da compreensão
sem excessivas interrrupções e ou rupturas cognitivas que poderão
dispersar a atenção do leitor (KOCH, 2005, p.65)
Talvez essa fosse a função ideal de um hiperlink, mas o exemplo apresentado na
figura 01 não condiz com tal expectativa.
Quanto à terceira função a cognitiva- Koch (2005, p.66) afirma que “o hiperlink
exerce o papel de um ‘encapsulador’ de cargas de sentido, capaz de gerar no leitor
o desejo de seguir os caminhos indicados”. Parece-me que construir expectativas
diante da materialidade lingüística que o hiperlink apresenta é possível, mas o
hiperlink não pode “encapsular” sentidos, pois uma forma lingüística por si mesma
não é portadora de sentidos.
A
base de processamento de um hipertexto digital é constituída pela estrutura -
hiperlink, permitindo ao usuário percorrer um espaço de informação e utilizar as
ferramentas de navegação, ou seja, clicar, abrir, processar, escolher, clicar, abrir,
processar, escolher, avançando ou retroagindo no processo. Um hiperlink leva a
outro... a outro... a outro e assim por diante. O leitor o constrói qualquer percurso
de leitura, pois no hipertexto hiperlinks e nós conectados que vão delimitar as
possibilidades de caminhos que podem ser escolhidos. Em que medida esses
hiperlinks contribuiriam e, de fato, orientariam o hiperleitor na construção de
sentidos?
De acordo com Marcuschi (2000)
“a coerência tem papel crucial na ordenação dos conteúdos e, no caso, o
hipertexto não apresenta relações semânticas ou cognitivas imanentes
porque liga textos diversos. Dessa forma, podem ocorrer relações
incoerentes na seqüenciação de unidades textuais, afetando a
compreensão.” (Marcuschi ,2000, p.105),
Isto implicaria que o sujeito pode avançar ou retroagir na busca de conexões e
construção de sentidos? Seria fundamental considerar como essas associações e
dissociações são construídas e desconstruídas no processamento do texto? Quais
seriam os elementos envolvidos nesse processo? Ou seja, as expressões nominais,
quanto mais previsíveis, mais influenciariam a leitura de hipertextos, uma vez que
permitiriam movimentos de construção textual, isto é, retroação e progressão? Em
relação a esse modo de articulação seria possível dizer que hipertextos mais e
25
menos articulados tendo em vista os elementos selecionados para serem utilizados
nos hiperlinks?
É possível considerar que a expressão nominal mais previsível em um frame
4
funcionaria como um hiperlink em um hipertexto e dessa forma perguntar: se os
hiperlinks são bidirecionais, ou seja, permitem movimentos para frente e para trás,
eles se ancorariam no tópico textual e serviriam de ancoragem a novos hipertextos?
Essas ancoragens seriam de mesma natureza, isto é, aconteceriam da mesma
forma e sob as mesmas condições? Considerando que os hiperlinks funcionam
como construtores de espaços mentais e que o tipo de expressão nominal
materializada no hiperlink interfere na construção de sentidos, pode-se elaborar a
seguinte pergunta que será alvo desta pesquisa:
Os hiperlinks marcados por relações vitais fortes instigam o leitor, interferindo
na construção de sentidos na leitura de hipertexto enciclopédico digital?
1.2. Justificativa
As transformações substanciais que vêm ocorrendo com as novas tecnologias têm
atingido todos os setores da vida moderna, desde as formas de trabalho e
comunicação, até relações sociais, trazendo repercussões econômicas, políticas,
sociais e educacionais. Sabe-se que no contexto educativo existe um grande
interesse político em equipar todas as escolas públicas com computadores. Isto
implica em introduzir novas tecnologias no currículo escolar que permitirão acesso
aos mais diversos recursos como internet, CD ROMs dos mais diferentes assuntos e
formatos. A efetiva utilização desse recurso como um agente transformador do
processo educacional será possível na medida em que sua utilização estimulará a
busca de informações, o desenvolvimento de habilidades cognitivas, o uso da
criatividade, o incentivo na realização de determinadas tarefas e desafios.
Uma pesquisa que contribua para compreender cada vez mais os elementos ou
aspectos que estão envolvidos no processamento de hipertextos poderá oferecer
4
Na seção 3.2 discuto a concepção de frame, aqui entendido como o conjunto de conhecimentos pré-existentes
ligados a aspectos culturais e sociais.
26
subsídios mais detalhados e úteis para amenizar possíveis dificuldades ligadas à
prática pedagógica, especialmente à leitura de hipertextos digitais. Compreender a
forma como os leitores lidam com o material que pesquisam poderá contribuir
também para inovar metodologias tecnológicas em sala de aula, pois apontará
aspectos que podem interferir na construção de sentidos na leitura de hipertextos.
Além de considerar a necessidade de estudar os elementos que possam estar
envolvidos na construção de sentidos do hipertexto, apontando os aspectos
lingüísticos, cognitivos e sociodiscursivos presentes no processamento hipertextual,
é fundamental ressaltar a repercussão desse tipo de leitura nas escolas, sabendo do
espaço que essa atividade ocupa no cotidiano do aluno, principalmente de escola
pública, às vezes, carente de diversidade de suportes e oportunidades de acesso a
essas ferramentas. A dificuldade em construir sentido para aquilo que e a falta de
estímulo diante da atividade de leitura pode ser revertida, se forem apresentadas
alternativas mais criativas e interessantes para lidar com a leitura, que estimulem o
leitor a ser de fato participante no processo de construção de sentido para o texto
com as novas possibilidades que hoje o hipertexto apresenta.
O hipertexto, visto como um sistema que permite a articulação de diferentes fontes
de informação, pode ser usado para recolher, ordenar, agrupar, atualizar, pesquisar
e recuperar a informação de um modo fácil, rápido e eficiente é utilizado no
sistema educacional e acredito que ainda o será na escola pública. O hipertexto tem
se tornado um formato freqüente para softwares educativos, interativos, obras de
referência, livros de texto, documentação técnica, etc. O ambiente digital tanto on
line quanto off line vem se revelando um importante contexto para o ensino-
aprendizagem. Sendo assim, é fundamental conhecermos, em algumas dimensões,
os elementos que possam contribuir para facilitar o manuseio do hipertexto,
incrementando as possibilidades e explorando as potencialidades que hoje estão
disponíveis.
É inegável que, apesar do crescente uso das novas tecnologias de comunicação nos
mais diversos ambientes, ainda existe pouco conhecimento sobre os processos
cognitivos que são demandados com essas novas tecnologias. É preciso considerar
que variáveis como a organização do conteúdo, o tipo de articulação entre os
hiperlinks, considerando aqui as relações vitais entre elas, as escolhas feitas pelo
27
autor, a tarefa proposta e, conseqüentemente, as articulações construídas pelo leitor
podem apontar diferenças significativas no processamento do texto.
Ao pensar na construção da significação textual, é possível verificar que o hipertexto
pode se constituir em um espaço de desafio em que o leitor deve realizar
articulações de forma adequada e pertinente a seus objetivos para que a construção
de sentidos seja produtiva. No entanto, essa produtividade vai se efetivar se
houver elementos na superfície do texto que apontem adequadamente as
possibilidades que o levem a atingir seu objetivo. Isso significa que para escolher é
preciso ter o que escolher e isso é dado pela materialidade lingüística, considerando
tanto o aspecto formal quanto o semântico. Assim, as formas lingüísticas
materializadas nos hiperlinks, e que estão disponibilizadas para os hiperleitores,
podem interferir nas escolhas e, conseqüentemente, nos sentidos construídos.
Estudar esses elementos será uma grande contribuição para compreender pelo
menos parte do processo de leitura de hipertextos enciclopédicos digitais
.
Acredito
ser uma oportunidade para analisar as relações entre pragmática e cognição, cujo
enfoque esteja voltado para a construção de espaços mentais que permitam a
mesclagem conceitual através da construção de relações vitais. Tudo isso instiga
uma pesquisa sobre a leitura de hipertextos enciclopédicos digitais, cujos hiperlinks,
marcados por relações vitais, propiciem uma análise em uma perspectiva de ancorar
e servir de âncora para novos hipertextos.
Este trabalho compõe-se deste capítulo, no qual apresento a contextualização do
objeto de pesquisa e a justificativa. No capítulo seguinte apresento um percurso da
concepção de texto para discutir a concepção de hipertexto, apresentando algumas
delimitações conceituais importantes nesta pesquisa. No capítulo 3 apresento o
aporte teórico deste estudo, explicitando a Teoria dos Espaços Mentais e
Mesclagem Conceitual (Fauconnier e Turner, 2002). No capítulo 4 explicito as
metodologias de obtenção dos dados e de análise. No capítulo 5 apresento os
resultados e a análise dos dados, utilizando os pressupostos apresentados no
capítulo 3. Finalmente, no capítulo 6 apresento algumas conclusões da pesquisa,
além de contribuições teóricas e práticas deste trabalho.
28
CAPÍTULO 2 - DO TEXTO AO HIPERTEXTO
Através do título, busco ressaltar um continnum do texto ao hipertexto, não
pretendendo de forma alguma estabelecer limites (se é que eles existem) entre tais
concepções. Meu objetivo é destacar, principalmente, que da mesma forma que, em
momentos distintos, o texto assume especificidades, em outros, a concepção de
texto busca abarcar realizações que foram possibilitadas pelos novos formatos de
interação. Dessa forma, refaço o percurso da concepção de texto para discutir a
concepção de hipertexto.
2.1. Lingüística Textual
Para considerar o que representa a Lingüística Textual hoje, é fundamental
apresentar uma pequena síntese de seu percurso histórico, destacando os três
momentos em que os estudos sobre o texto assumem especificidades, em função
das concepções que foram adotadas. Destaco que o breve histórico, aqui
apresentado, não contempla todas as discussões existentes e possíveis.
Autores como Marcuschi (1983), Fávero e Koch (2000), Bentes (2001), Costa Val
(2000), Koch (2004), dentre outros, apontam que este percurso envolveu as análises
transfrásticas, as gramáticas textuais e as teorias do texto que serão apresentadas a
seguir.
2.1.1. Análise transfrástica
A análise transfrástica surgiu para explicar alguns fenômenos que não poderiam ser
explicados por teorias vigentes na época (estruturalismo e gramática gerativa), pois
esses fenômenos, exemplificados aqui pela anáfora, uso de conectores interfrasais,
indefinidos e outros, ultrapassavam os limites da frase.
Nesse primeiro momento da Lingüística textual, as concepções de texto estavam
voltadas para a sua organização interna e alguns conceitos que merecem destaque
são os de Harveg e Isenberg apud Bentes (2001: 247). Harveg afirma que o “texto é
29
uma seqüência pronominal ininterrupta”, apontando para um múltiplo
referenciamento, ou seja, o referente textual é retomado de diferentes formas, na
medida em que o texto se desenvolve. Outro conceito importante, apontado por
Bentes, é o de Isenberg, que define o texto como “uma seqüência coerente de
enunciados”. Isso significa que, na análise transfrástica, a ênfase recaía nos
elementos interfrásticos, ou seja, anafóricos, conectores, tempos verbais, elipses,
indefinidos, etc. Esses elementos eram o objeto de análise e garantiam, de certa
forma, a organização de um texto.
Na medida em que esses elementos passam a ser analisados em focos diferentes,
como a semântica, por exemplo, eles deixam de ser considerados apenas como
elementos da organização textual, uma vez que, a presença ou ausência de tais
elementos não era necessária nem suficiente para garantir a construção do sentido
global do texto. Em função disso, surge uma nova linha voltada para a análise do
texto como uma unidade, um todo e não simplesmente para a análise de frases
inter-relacionadas.
2.1.2. Gramática de texto
A gramática de texto apresentava, como objeto central da lingüística, o texto
enquanto uma unidade uniforme e estável e enfatizava um sistema de regras que
determinava os princípios de constituição e delimitação do texto, definindo sua boa
ou formação. Nesse período, fazia-se uma distinção entre texto e discurso. O
primeiro evidenciava uma unidade teórica formalmente construída e o segundo, uma
unidade funcional comunicativa e intersubjetivamente construída (Bentes, 2001).
O texto, visto como unidade lingüística mais elevada, permitia a segmentação em
unidades menores, uma vez que se considerava a função textual dos elementos que
o constituíam. Além disso, reconhecia-se, nesse período, a competência lingüística
do falante, que lhe permitia perceber um texto como algo dotado de significação e
completude. Charolles (1989) aponta capacidades, a que chamou de regras, que
permitiriam ao falante lidar com o texto, fazendo julgamentos, operacionalizando
possibilidades de adaptação dos sentidos possíveis e construindo a significação.
30
Para Charolles (1989), os usuários da língua seriam dotados de capacidades
textuais básicas - formativa, transformativa e qualificativa. A primeira possibilitaria ao
usuário da língua compreender e produzir um número ilimitado de textos, permitindo
também a avaliação de sua boa ou formação. A segunda tornaria o usuário
capaz de modificar de diferentes formas e com diferentes finalidades um
determinado texto, além de avaliar o resultado das operações realizadas sobre esta
materialidade lingüística. E, finalmente, a terceira possibilitaria ao usuário da língua
categorizar um texto, considerando sua tipologia e gênero. Essas competências
permitiriam que os usuários, a partir de regras internalizadas, verificassem a boa
formação dos textos.
O texto, então, era visto como unidade formal, dotado de estrutura interna e gerado
a partir de um conjunto finito de regras. Essas regras configuravam a gramática
textual, responsável pela formação de “bons textos”. Entretanto, parecia difícil ao
usuário da língua definir e determinar um texto a partir de um conjunto de
propriedades. Além disso, a distinção conflituosa entre texto e discurso apresentava
problemas, uma vez que o texto era visto como uma unidade estrutural gerada a
partir da competência de um usuário, enquanto o discurso era a unidade de uso. Tal
distinção pressupunha que o texto não era produzido para ser usado e o que era
utilizado cotidianamente não era texto.
A partir de questões como essas, inicia-se a elaboração de uma teoria de texto que
aponta aspectos envolvidos na constituição, funcionamento e uso de textos em
situação real de interação verbal, desconsiderando-se distinções rígidas entre texto
e discurso. Assim chegamos ao terceiro momento.
2.1.3. A teoria do texto
A teoria do texto ou lingüística textual, como é conhecida hoje, surge em função da
exigência de novas possibilidades para a análise do texto que vão centrar a atenção
nos processos interativos que serão estabelecidos entre o autor e o leitor mediados
pelo texto, em contextos específicos. Dessa forma, a análise do texto envolve uma
31
perspectiva mais pragmática, ou seja, o uso que se faz do texto, o que elimina a
possibilidade de distinguir texto de discurso nos moldes anteriores e vai implicar em
um novo direcionamento que vai do texto ao contexto, sendo o segundo assim
definido por Koch (2005):
O contexto, da forma como é hoje entendido no interior da Lingüística
Textual abrange, portanto, não o co-texto, como a situação de interação
imediata, a situação mediata (entorno sociopolítico-cultural) e também o
contexto sociocognitivo dos interlocutores que, na verdade, subsume os
demais. Ele engloba todos os tipos de conhecimentos arquivados na
memória dos actantes sociais, que necessitam ser mobilizados por ocasião
do intercâmbio verbal. (KOCH, 2005, p.24)
A definição apresentada por Koch (2005) abrange não somente a situação
comunicativa, mas também o entorno sociopolítico-cultural que está representado
por meio de modelos cognitivos que constituem a própria interação, implicando na
afirmação de que o contexto se constrói também no próprio processo interacional,
uma vez que a concepção de texto vai estar totalmente voltada para os processos
de produção e recepção. Esses processos envolvem a capacidade do usuário da
língua de interagir de forma eficaz, nas diferentes situações sociais de comunicação,
evidenciando-se assim sua competência comunicativa.
A competência do usuário da língua, portanto, esteve em evidência em todo o
percurso histórico da Lingüística Textual: primeiramente, foi dada ênfase ao estudo
da competência lingüística para articular os componentes sintáticos dos textos. A
seguir, enfatizou-se a competência textual voltada para a estruturação semântica do
texto e, finalmente, contemplou-se a competência comunicativa voltada para o
funcionamento sociocomunicativo e pragmático do texto.
De acordo com Costa Val (2000), as discussões de Beaugrande e Dressler (1981)
podem ser situadas no terceiro momento da Lingüística Textual, pois esses autores:
...na medida em que definem texto como ocorrência comunicativa e se
declaram interessados em compreender como os textos funcionam na
interação humana (p.4) e comprometidos com o estudo do uso da
linguagem humana como uma atividade humana crucial (p.12). (COSTA
VAL, 2000, p.38)
32
Em definição posterior, Beaugrande postula que “o texto é um evento comunicativo
em que convergem ações lingüísticas, sociais e cognitivas.” (1997:10). Essa
definição tem sido amplamente utilizada por estudiosos que lidam com texto, pois
abarca os diferentes aspectos (lingüísticos, cognitivos e sociais) envolvidos na
atividade interacional.
2.2. Definições de texto
As posições teóricas em relação às concepções de texto são muito variadas e
amplas. Não é proposta deste trabalho aprofundar uma discussão do assunto, mas é
fundamental apontar e discutir algumas definições, e ressaltar que as definições de
texto consideradas refletem o compartilhamento dos pressupostos teóricos aqui
adotados.
Marcuschi (1983) apresenta uma grande diversidade de definições para texto,
fazendo remissão a muitos autores com enfoques distintos e critérios bastante
diversificados. Aponta, inicialmente, a perspectiva de análise da frase de L.
Bloomfield (1970) que considera a frase como uma unidade lingüística
hierarquicamente mais alta e destaca que essa concepção vai se alterando para
chegar à afirmação de que o texto é a unidade hierarquicamente mais alta.”
Marcuschi (1983) vai apresentando definições de texto, cujos autores enfatizam
desde a imanência do sistema lingüístico como Z. Harris (1952), R. Harveg (1968),
H. Weirinch (1976) e Irena Bellert (1970), passando por definições cujos critérios são
temáticos e transcendentes ao texto com autores como J. Petofi (1972), Van Dijk
(1978), S. Schmidt (1978), Halliday e Hasan (1976) até apresentar o texto como um
processo de mapeamento cognitivo. Apoiado em Beaugrande e Dressler, Marcuschi
(1983) apresenta a seguinte definição de texto:
O texto é resultado atual das operações que controlam e regulam as
unidades morfológicas, as sentenças e os sentidos durante o emprego do
sistema lingüístico numa ocorrência comunicativa. o é uma configuração
produzida pela simples união de morfemas, lexemas e sentenças, mas o
33
resultado de operações comunicativas e processos lingüísticos em
situações comunicativas. Um texto está submetido tanto a controles e
estabilizadores internos como externos, de modo que uma lingüística textual
razoável não deve considerar a estrutura lingüística como fator único para a
produção, estabilidade e funcionamento do texto. Nem se pode tratar o texto
simplesmente como uma unidade maior que a sentença, pois ele é uma
entidade de outra ordem na medida em que é uma ocorrência na
comunicação. (MARCUSCHI, 1983: p.11)
Ao apontar o texto como “resultado”, Marcuschi deixa transparecer uma concepção
de produto, embora evidencie as operações lingüísticas, semânticas e discursivas.
Não se pode falar em “resultado” quando, na verdade, o texto implica realização,
uma constante ação e construção, tendo em vista uma determinada situação de
interação.
Em definição mais recente, Marcuschi (2005) aponta o texto como evento
acrescentando ainda outros aspectos a essa definição:
1. o texto é visto como um sistema de conexões entre vários elementos,
tais como: sons, palavras, enunciados, significações, participantes,
contextos, discursos, ações, etc.
2. o texto é construído numa orientação de multi-sistemas, ou seja,
envolve tanto aspectos lingüísticos quanto não-lingüísticos no seu
processamento (no hipertexto isso é ainda mais acentuado);
3. O texto é um evento interativo e vai além de um simples artefato,
sendo também um processo numa co-produção (do ponto de vista do
sentido na leitura, que por vezes, leva a estruturas diversas);
4. O texto compõe-se de elementos que são multifuncionais um som
pode ser um fonema, mas, também, uma entoação; uma palavra pode
ser um item lexical, mas um ato de fala. (MARCUSCHI 2005, p.199)
Os quatro pontos abordados por Marcuschi parecem contemplar aspectos distintos,
componentes de um mesmo objeto: texto. Primeiramente, o autor destaca a noção
de sistema, o que implica uma certa dinamicidade, desde o lingüístico aatingir o
discursivo. No segundo ponto, destaca a relação desse sistema com outros, já
apontando para a evidência desse aspecto no hipertexto. No terceiro, ressalta o
caráter de construção realizável na interação e finalmente aponta elementos
multifuncionais como componentes de um texto. Da mesma forma que Marcuschi
(2005) ressalta a constituição do texto através de elementos de diferentes ordens,
Koch (2000) aponta a seleção e ordenação desses elementos de forma a permitir a
interação verbal:
34
Poder-se-ia, assim, conceituar o texto como uma manifestação verbal,
constituída de elementos lingüísticos selecionados e ordenados pelos
falantes, durante a interação verbal, de modo a permitir aos parceiros, na
interação, não apenas a depreensão de conteúdos semânticos em
decorrência da ativação de processos e estratégias de ordem cognitiva,
como também a interação (ou atuação) de acordo com as práticas
socioculturais. (KOCH, 2000, p.22)
Mais recentemente Koch (2005), ao elucidar questões relativas à produção do
sentido e ao texto, volta-se totalmente para uma concepção sociointeracional da
linguagem, subscrevendo a definição de Beaugrande e acrescentando que
Trata-se, necessariamente, de um evento dialógico (Bakhtin), de interação
entre sujeitos sociais-contemporâneos ou o, co-presentes ou não, do
mesmo grupo social ou não, mas em diálogo constante. (KOCH, 2005,
p.20)
É possível perceber nessa definição que se amplia a dimensão pragmática,
enfatizando o funcionamento sociocomunicativo dos textos:
“Fundamentamo-nos, pois, em uma concepção sociocognitivo - interacional
de língua que privilegia os sujeitos e seus conhecimentos em processo de
interação. O lugar mesmo da interação – é o texto cujo sentido “não está lá”,
mas é construído, considerando-se para tanto, as “significações” textuais
dadas pelo autor e os conhecimentos do leitor, que, durante todo o
processo de leitura, deve assumir uma atitude ”responsiva ativa”.(KOCH,
2006, p.12)
Apresento ainda uma outra definição para texto, cujo destaque aponta para a
construção de sentido possível apenas na interação:
Falando apenas do texto verbal, pode-se definir texto, hoje, como qualquer
produção lingüística, falada ou escrita, de qualquer tamanho, que possa
fazer sentido numa situação de comunicação humana, isto é, numa situação
de interlocução.
(COSTA VAL, 2004, p.1)
Nessa definição, a autora discute um ponto importante: “que possa fazer sentido”
numa situação de interlocução, enfatizando que:
a) nenhum texto tem sentido em si mesmo, por si mesmo.
b) todo texto pode fazer sentido, numa determinada situação para
determinados interlocutores. (COSTA VAL, 2004, p.1)
35
Assim, ao se discutir a noção de texto não se pode desconsiderar a materialidade
que se constitui e é constituída em uma dimensão sociocomunicativa, em que
elementos de diversas ordens se manifestam.
2.3. Hipertexto é texto?
A definição de texto apresentada por Beaugrande subsume todas as demais aqui
apresentadas: evento comunicativo em que convergem ações lingüísticas,
cognitivas e sociais” (1997, p.10), uma vez que Marcuschi (2005), Koch (2005) e
Costa Val (2004) apontam tanto aspectos lingüísticos quanto cognitivos e ainda
sócio-interativos.
Se seleciono a definição de Beaugrande e considero evento, enquanto
acontecimento e realização, é possível afirmar que tal definição aplica-se ao
hipertexto, tomado aqui, de acordo com Coscarelli (2003, p.73),
como “um texto que
traz conexões, chamadas links, com outros textos, que por sua vez, se conectam a
outros, e assim por diante, formando uma grande rede de textos.” Diria que no
“evento” hipertexto, ou seja, em sua realização, convergem ações lingüísticas,
cognitivas e sociais, porque lida com a materialidade lingüística, em situações de
interação e isto envolve processamento cognitivo. Vários autores, como Coscarelli
(2003), apontam similaridades entre o processamento da leitura de um texto
impresso e o hipertexto.
Com o advento da informática, o conceito de texto parece continuar o
mesmo, uma vez que pode tomar infinitas formas para continuar sempre
sendo um mecanismo de interação. O que muda são as formas de
manifestação, ou seja, novos gêneros textuais são criados em função de
uma nova interface, novas formas de expressão são utilizadas, antigas são
retomadas, mas o texto continua sendo instância enunciativa, contrato entre
autor e leitor” (COSCARELLI, 2003, p.68)
36
Diferentes definições podem ser apresentadas para o hipertexto, dependendo da
perspectiva que se adota. Lévy (1993), por exemplo, define
Tecnicamente, o hipertexto como um conjunto de nós ligados por
conexões. Os nós podem ser palavras, páginas, imagens, gráficos,
seqüências sonoras etc. não são ligados linearmente, mas estende
conexões como uma estrela de modo reticular. (LÉVY ,1993, p.33
)
.
Essa definição de hipertexto de Lévy, amplamente utilizada, tem grande semelhança
com o que diz Marcuschi (2005) sobre texto, “sistema de conexões entre vários
elementos”. Alguns “elementos” que ambos os autores apontam são comuns como
as palavras e os sons. Já outros possuem especificidades, pois acredito que elas
advêm da própria forma de realização - oral, escrita impressa ou no meio digital- em
função dos recursos disponibilizados. É possível perceber que Lévy (1993) e
Marcuschi (2005) apontam uma perspectiva de produto, uma ênfase organizacional,
pois destacam tanto o “conjunto de nós” como um “sistema de conexão”.
Já em uma perspectiva lingüística, Marcuschi (1999) apresenta a definição:
O hipertexto não é um gênero textual nem um simples suporte de gêneros
diversos, mas um tipo de escritura. É uma forma de organização cognitiva e
referencial cujos princípios constituem um conjunto de possibilidades
estruturais que caracterizam ações e decisões cognitivas baseadas em
(séries de) referenciações não contínuas e não progressivas. Considerando
que a linearidade lingüística sempre constituiu um princípio básico de
teorização (formal ou funcional) da língua, o hipertexto rompe esse padrão
em alguns veis. Nele, não se observa uma ordem de construção, mas
possibilidades de construção textual plurilinearizada. (MARCUSCHI, 1999,
p.21)
Ao apontar o hipertexto como forma de organização”, Marcuschi (1999) destaca,
evidentemente, o formato, mas realça fortemente aspectos lingüísticos e cognitivos
ao destacar as ações e decisões cognitivas a partir de referenciações “não contínuas
e não progressivas”. Não acredito que tais referenciações presentes nos hipertextos
tenham tais características, uma vez que se não houvesse nenhum tipo de
continuidade nem progressão advindas dessas referenciações não haveria
possibilidade de construção de sentido, comprometendo aspectos essenciais da
37
textualidade que serão discutidos na seção 2.4.1. Ao apontar o hipertexto como
forma de estruturação, Koch (2005) apresenta o seguinte conceito:
O hipertexto constitui um suporte lingüístico semiótico hoje intensamente
utilizado para estabelecer interações virtuais desterritorializadas.(...)
O hipertexto é também uma forma de estruturação textual que faz o leitor,
simultaneamente, um co-autor do texto, oferecendo-lhe a possibilidade de
opção entre caminhos diversificados, de modo a permitir diferentes níveis de
desenvolvimento e aprofundamento de um tema. No hipertexto, contudo,
tais possibilidades se abrem a partir de elementos específicos nele
presentes, que se encontram interconectados, embora não
necessariamente correlacionados – os hiperlinks. (KOCH 2005, p.63)
A autora ressalta o hiperlink como um elemento específico do hipertexto digital, mas
que notas ou referências têm função similar no texto impresso funcionando como
hiperlinks.
De acordo com Koch (2005), todo texto é plurilinear na sua construção; portanto, do
ponto de vista da recepção, todo texto é um hipertexto. Para sustentar sua posição
Koch aponta, como exemplos, os textos acadêmicos com referências, citações,
notas de rodapé ou final de capítulo, evidenciando a noção de hipertexto. É possível
afirmar que o hipertexto se tece através da conexão com outros textos. Koch (2005)
aponta que a diferença entre o hipertexto e o texto está apenas no suporte e na
forma e rapidez do acesso. Ressalta ainda a importância dos hiperlinks, ou seja, dos
dispositivos técnico-informáticos que permitem efetivar ágeis deslocamentos da
navegação on line, realizar remissões etc.
Além desses, outros mecanismos surgiram para imprimir maior velocidade de leitura
e facilitar a recuperação das informações. A organização dos livros em capítulos, os
sumários, os índices remissivos, os elementos gráficos como tamanho, formato,
configuração e disposição das letras foram alguns mecanismos que surgiram no
decorrer dos tempos com o objetivo de facilitar a distribuição da informação e
conseqüentemente sua recuperação e uso com maior rapidez. Apesar das
facilidades proporcionadas por esses mecanismos, a disposição das informações
permanecia numa seqüência linear. Com a intenção de superar o obstáculo da
linearidade na forma de apresentação surge o hipertexto digital, que se realiza em
um suporte específico que é o computador, propondo uma nova forma de acesso da
informação.
38
Acredito que, ao considerar tanto o texto quanto o hipertexto, é fundamental fazer
uma distinção entre processo e produto. Do ponto de vista do processo, a leitura de
um hipertexto digital mantém uma relação de proximidade muito grande com o texto
impresso, pois ambos ultrapassam a linearidade para construir relações. No entanto,
na perspectiva do produto, o hipertexto pode diferir, pois possibilita ao leitor maior
quantidade de opções de leitura, favorecidas pelos novos recursos como os
hiperlinks, que possivelmente podem afetar a construção de significações na medida
em que ocorrer o processamento do hipertexto. É possível que, na medida em que
se ampliam as possibilidades de ligação, novos percursos e, conseqüentemente,
novos sentidos possam ser construídos.
no texto impresso, as opções poderiam
ser um pouco mais restritas, tendo em vista a materialidade lingüística que é
apresentada.
Portanto, a concepção de hipertexto pode também abarcar componentes como os
semânticos, os sintáticos, os pragmáticos, os cognitivos e outros. É imprescindível
considerar que as operações realizadas pelo leitor sobre o material lingüístico, tanto
do texto quanto do hipertexto, são mecanismos de textualização co-construídos e,
portanto, é necessário agregar ao conceito de hipertexto as discussões sobre
textualização de Beaugrande (1997) e de Costa Val (2000).
Como dito anteriormente, toda atividade de interação verbal realiza-se através de
textos. Isso significa que um texto se constrói em situações de uso da língua, ou
seja, se tece por meio de aspectos lingüísticos e não-lingüísticos e isto está
relacionado a ações sociais, cognitivas e lingüísticas. Seria o sentido do hipertexto
digital também construído em situações de uso da língua? Se assim fosse, ele teria
as mesmas características do texto que são apresentadas por Beaugrande e
Dressler (1997), ou seja, se um hipertexto digital é semelhante a um texto impresso,
ele poderia envolver também elementos de textualização? Esses aspectos serão
discutidos na próxima seção.
39
2.4. Da textualidade à textualização
A textualidade é definida por Beaugrande e Dressler (1981) como “um conjunto de
características que fazem com que um texto seja um texto, e não apenas uma
seqüência de frases ou palavras”. Quando se determina um conjunto de
características, estabelece-se uma proximidade com o segundo momento da
lingüística textual que determinava os princípios de constituição para os textos. Além
disso, apontar um conjunto de características pressupõe que tais propriedades
estarão presentes nos textos independentemente dos interlocutores e das situações
comunicativas. No entanto, a textualidade não pode ser pensada dessa forma, como
um produto que se encontra armazenado no texto, mas deve ser concebida como
algo que se constrói, que se textualiza nas interações; portanto, trata-se de um
processo construído de diferentes formas por diferentes leitores e diferentes
ouvintes, envolvendo muito mais as ações dos interlocutores do que elementos
textuais.
A textualidade, redefinida como textualização por Beaugrande (1997), aponta
claramente a ênfase no processo de textualizar, ou seja, a ação exercida tanto pelo
autor no momento da produção quanto pelo leitor no momento da recepção.
Beaugrande e Dressler (1981) e Beaugrande (1997) apontam sete princípios que
compõem o saber lingüístico das pessoas e que são aplicados aos textos com os
quais se deparam, seja produzindo, lendo ou ouvindo. Esses princípios essenciais
são definidos pelos autores como textualização e flexibilizam-se em função de
diferentes fatores como leitor, produtor, suporte e situação.
De acordo com os autores, esses princípios aplicam-se a textos escritos e falados;
no entanto, tendo em vista a relação que busco estabelecer entre texto e hipertexto,
na medida em que for apresentando esses critérios eu os inter-relacionarei ao
hipertexto, discutindo a possibilidade de o hipertexto estar sujeito às mesmas
condições de textualização.
40
2.4.1. Princípios de textualização
Para discutir os sete princípios de textualização, inicialmente remeto à noção de
coerência que, de acordo com Beaugrande e Dressler (1981), refere-se à
continuidade de sentido construída através do conhecimento que é ativado no leitor
pelas expressões do texto (p.84). Esse conhecimento permite a configuração de
conceitos e relações que levarão à produção da coerência. Destaco que a coesão
também se estabelece dessa forma. Pergunta-se: distinção? Se há, como ela se
efetuaria? No hipertexto digital também se configurariam conceitos e relações na
transposição dos hiperlinks?
Verifica-se em Beaugrande e Dressler (1981) que, ao usarem o termo expressões
do texto”, os autores estão se referindo à materialidade lingüística. Portanto, não se
pode considerar a construção da coerência, sem se referir aos elementos que o
texto oferece para isso, o que também implica que não existem fronteiras
delimitadas entre o cognitivo e o lingüístico: é a existência de material lingüístico
concreto e adequado que vai permitir utilizar elementos sociocognitivos capazes de
configurar algo como veiculador de sentido. Dessa forma, a noção de coerência
precisa ser considerada numa perspectiva não somente sociocognitiva, mas também
lingüística. Essa evidência pode ser detectada no texto de Costa Val (2000):
Um texto não tem sentido em si mesmo, mas faz sentido pela interação
entre os conhecimentos que apresenta e o conhecimento de mundo de seus
usuários. (COSTA VAL, 2000, p. 38)
Verifica-se que a expressão os conhecimentos que apresenta” refere-se aos
elementos ou realizações lingüísticas. Portanto, pode-se sim considerar a coerência
como operações cognitivas, mas somente realizáveis através da materialidade
lingüística. Cabe aqui ressaltar que essa materialidade lingüística refere-se também
à coesão textual. Então, pode-se perguntar: o que vai distinguir a coesão da
coerência se ambas pautam-se na materialidade? E ainda, como se daria essa
materialidade, ao transpormos tais definições para o hipertexto?
41
Esse outro elemento, a coesão, que segundo Costa Val (2000) se constrói a partir
dos elementos que apontam relações entre os componentes da superfície textual e,
portanto, não está pronta, é apenas sinalizada para ser processada pelo leitor. Ainda
relacionando esses conceitos, a autora afirma que a coerência é aquilo que faz com
que um texto nos pareça “lógico”, consistente, aceitável, com sentido. Tem a ver
com as ‘idéias’, com os conceitos e as relações entre conceitos que o texto põe em
jogo. a coesão diz respeito ao inter-relacionamento entre os elementos
lingüísticos do texto, e é co-construída pelos interlocutores. Parece-me que relações
entre conceitos e relações entre elementos lingüísticos estão muito próximos. Aqui,
cabe perguntar: o que distinguiria essas operações? O material textual apresentado
no hipertexto permitiria a realização dessas mesmas operações? Como o hiperlink,
um elemento lingüístico, poderia ativar conhecimentos, apresentar conceitos e ainda
estabelecer relações entre os aspectos que o texto põe em jogo no processo de
interação?
A coerência, juntamente com a coesão, demandam um trabalho de intervenção do
leitor na identificação de elementos coesivos do texto e na construção do sentido.
Seriam operações complementares e interdependentes? Se, por acaso, o hipertexto
deixasse de proporcionar material suficiente para uma dessas operações, a
construção da continuidade de sentido seria comprometida?
Além desses dois aspectos, coesão e coerência, que, segundo Beaugrande e
Dressler (1981), contribuem para que o leitor possa se engajar no processo de
construção da textualização, outros cinco fatores, conhecidos como pragmáticos,
que funcionam agregados a eles: a informatividade, a situacionalidade, a
intertextualidade, a intencionalidade e a aceitabilidade.
A intencionalidade relaciona-se basicamente ao produtor do texto, uma vez que
considera a intenção do autor como fator relevante para a textualização, ou seja, o
que o produtor do texto pretendia, tinha em mente, ou queria com aquele material
que estava produzindo. Esse aspecto da textualidade refere-se ao objetivo ou
finalidade com que o texto foi produzido. Koch (2004) ressalta, claramente, essa
questão discursiva:
42
a intencionalidade, no sentido estrito, é a intenção do locutor de produzir
uma manifestação lingüística coesiva e coerente, ainda que essa intenção
nem sempre se realize na sua totalidade. (KOCH, 2004, p.22)
A citação de Koch aponta para o fato de que intenção tanto por parte do autor
quanto do leitor e, portanto, ela deve ser integrada ao processo de construção da
coerência de um texto. Ao considerar o hipertexto digital, verifica-se que é possível
uma grande ampliação do critério de intencionalidade, tendo em vista os dispositivos
técnicos, ou seja, os hiperlinks, que permitem tanto as ligações internas quanto as
externas, buscando atender também outro critério que é a aceitabilidade. É possível
que quanto mais conexões o hipertexto apresentar melhor atenderá as expectativas
do leitor, pois ele terá maiores possibilidades de escolha. Ou será que a qualidade
das expressões nominais selecionadas para a materialização do hiperlinks será, de
fato, o diferencial em um hipertexto?
O critério de aceitabilidade entrelaça as noções pragmáticas (situacionalidade,
informatividade, intertextualidade e intencionalidade), pois lida com pretensões do
autor que, buscando atender suas intenções, promove determinadas escolhas
dentro de suas limitações e possibilidades (o que perpassa os critérios de
informatividade e intertextualidade), dentro de um contexto específico
(situacionalidade). Poderia se pensar no hipertexto como um material que
favoreceria a construção desses critérios, pois apresenta ao leitor opções para que
faça escolhas de acordo com seu interesse e objetivo, construindo, dessa forma, a
significação textual.
Já o critério de situacionalidade refere-se ao fato de relacionarmos o evento textual à
situação (social, cultural, ambiente, etc) em que ele ocorre. A situacionalidade
permite interpretar o texto e relacioná-lo ao seu contexto interpretativo, e também
orienta a produção. A situacionalidade é vista como um critério de adequação
textual, pois delimita determinadas escolhas por parte do produtor. É importante
ressaltar que a situacionalidade não se restringe à definição de contexto, pois
envolve a adequação do texto aos contextos e também aos usuários. Ao pensar
sobre o aspecto de situacionalidade no hipertexto, parece razoável considerar que a
forma de organização do hipertexto e as possibilidades de acessos (hiperlinks)
poderão interferir na textualização, tendo em vista objetivos e propósitos do usuário.
43
A intertextualidade reflete as relações entre um dado texto e os outros textos
produzidos. Koch (2000, p. 48) define a intertextualidade em sentido restrito como a
relação de um texto com outros textos previamente existentes, isto é, efetivamente
produzidos” o que não implica
necessariamente uma citação explícita
dentro de um
novo texto. É fundamental destacar que esse aspecto pode ser percebido pelo
leitor na medida em que ele interage com o texto a partir de seus conhecimentos. No
hipertexto, esse princípio é explicitamente marcado pela presença dos hiperlinks e
acredito ser difícil estabelecer uma dimensão para este critério, pois o hiperlink,
como um dispositivo do hipertexto digital, favorece conexões muito variadas e
extremamente amplas. Landow (1997b) afirma que o hipertexto “é
fundamentalmente um sistema intertextual, pois tem a capacidade de acentuar a
intertextualidade de uma forma que as páginas limitadas do texto em livros não
pode”. (LANDOW,1997b, p.35)
A informatividade, por sua vez, é um critério que pode ser facilmente avaliado pelo
leitor, pois se um texto é informativo é porque desenvolve algum conteúdo, com
maior ou menor grau de previsibilidade
5
ou com informações totalmente novas,
dependendo de quem é
o leitor. É fundamental considerar que todo texto é
produzido para veicular alguma informação; portanto, a informatividade diz respeito
ao grau de expectativa ou falta de expectativa, de conhecimento ou
desconhecimento e mesmo incerteza que um leitor pode ter frente a um texto. Dessa
forma, a informatividade é um critério bastante complexo e pouco específico, uma
vez que tem uma relação de interdependência com o perfil do leitor, ou seja,
depende do conhecimento do leitor sobre determinado assunto. Dito de outra forma,
a informatividade não pode ser vista e analisada como se fosse responsável por
unidades informacionais, pois a informação não está propriamente no texto, mas
depende dos conhecimentos do leitor. Assim, um mesmo texto pode ser mais ou
menos informativo, dependendo do conhecimento que o leitor detém. E no hipertexto
digital isso não é diferente, pois a possibilidade de imersão do usuário em
determinados espaços dependerá necessariamente de seus propósitos, mas
também do conhecimento que detiver sobre o assunto.
5
A previsibilidade refere-se à expectativa criada pelo leitor em relação ao texto, tendo em vista o se
conhecimento sobre o assunto. Um texto pode ser altamente previsível se o leitor possui conhecimento
específicos sobre o assunto, ou pode ser imprevisível se o assunto for desconhecido.
44
Os critérios apresentados dizem respeito ao funcionamento geral da linguagem e
contribuem para que um texto ou hipertexto configure-se como uma unidade formal,
semântica e discursiva, que permite a interação lingüística. Desta forma, relações de
coerência são relações de sentido e se estabelecem de várias formas. Por ser uma
articulação de vários planos do texto, a coerência ocorre como um complexo de
interdependências realizado tanto verticalmente (pela intenção comunicativa global)
quanto horizontalmente (pela inter-relação entre enunciados seqüenciados). Assim,
o texto é uma articulação em níveis, que pode ser vista tanto na sua relação
microestrutural imediata (na seqüência dos enunciados) como na relação
macroestrutural ou ampla (na significação global) e nas relações interlocutivas (nos
processos sociointerativos). Portanto, a compreensão é afetada pela relação entre
esses três planos de observação.
Cafiero (2002) aponta que ao produzir coerência para um texto
O leitor proficiente não pára na superfície desse texto. Primeiramente, aceita
que houve uma intenção comunicativa e se esforça na construção dos
sentidos pretendidos. Em seguida, procura construir relações que não estão
explícitas na superfície textual, mobilizando, para tanto, diversos tipos de
conhecimento. Opera não só com seus conhecimentos lingüísticos, mas
também com outros tipos de conhecimento como o enciclopédico, o
ilocutório, o metacomunicativo, o situacional e ainda com suas crenças e
ideologias.
(CAFIERO, 2002, p.51)
Assim, o leitor mobiliza conhecimentos diversos com o intuito de construir sentidos
para os elementos lingüísticos apresentados pelo texto.
Foltz (1996) discute o papel do conhecimento anterior na construção de sentido na
leitura e afirma que esse conhecimento do leitor permite que a informação seja
produzida a partir do processamento dos elementos lingüísticos e incorporada na
estrutura do conhecimento preexistente. Assim, o leitor que não tem conhecimento
suficiente do assunto do texto ou outros demandados na leitura, terá menor
compreensão, uma vez que é o conhecimento anterior que capacita o leitor a
construir a coerência do texto. Esse conhecimento anterior permite a realização de
inferências de ligação entre partes não coerentes e também a produção de
inferências elaborativas, que são aquelas que exigem o preenchimento de detalhes
adicionais o mencionados no texto, isto é, o estabelecimento de conexões entre o
45
que está sendo lido e itens de conhecimento relacionado (Dell’isola, 1991, p.69).
Assim, o conhecimento prévio é um dos fatores que permite construir uma melhor
representação do texto pelo leitor.
Certamente que se considerar que as inferências, ligações, ou relações
construídas pelo leitor podem ser lingüisticamente motivadas ou não. Ainda de
acordo com Cafiero (2002)
Na superfície do texto, o escritor provê, por meio de elementos
lingüísticos, as instruções que o leitor pode seguir em busca de relações
que se estabelecem entre as várias partes do texto. Por meio de recursos
lingüisticamente codificados ou passíveis de inferência, o escritor torna
manifestos seus próprios movimentos, para que o leitor possa agir, e o
escritor conta muito com essa ação colaborativa do leitor. (CAFIERO,
2002, p.58)
Nessa perspectiva, não se pode discutir coerência textual sem remeter a um
trabalho com os elementos referenciais, uma vez que, ao construir sentido e
estabelecer relações entre os segmentos textuais, essas expressões ou elementos
favorecem ao leitor construir ligação, conexão para aquilo que lê. Da mesma forma,
para construir sentido no hipertexto digital é preciso estabelecer relações entre
segmentos, inserindo o hiperlink como um dispositivo que poderá inibir ou estimular
a navegação do usuário e conseqüentemente alterar sentidos construídos.
Cafiero (2002) destaca que “a organização referencial de um texto é apenas fonte
que orienta para ação de um leitor que constrói significações, isto é, que cria
modelos extremamente dinâmicos.” (CAFIERO 2002, p. 60). Isso aponta para um
papel ativo do leitor nesse processo, evidenciando que as marcas lingüísticas não
são suficientes, pois demandam um trabalho cognitivo do leitor. Isso implicaria supor
que os hiperlinks funcionam como marcas no hipertexto digital, detonando processos
cognitivos que levariam à construção de sentidos.
Ao se pensar que a coerência é um processo de construção de sentidos, esbarra-se
em muitos outros aspectos, (como os cognitivos e os sóciodiscursivos). Com este
trabalho pretendo aprofundar a reflexão sobre o assunto a fim de contribuir para o
estudo da construção de sentidos no hipertexto digital.
46
2.5. Hipertexto
O hipertexto, de certo modo, existe muito tempo, sem que tenha recebido este
nome, conforme aponta Ribeiro (2005) ao discutir o aparato dos manuscritos
bíblicos.
“Não é preciso dar ao leitor um computador com acesso à internet para
oferecer a ele o hipertexto. Talvez lhe soem novidade os links em azul, a
velocidade e a infinitude da teia virtual de informações, mas não será tudo
tão diferente quanto a procura pelos livros, capítulos e versículos que
norteiam (ou desnorteiam) o leitor para e para lá, conforme sua difusa
vontade ou o desejo do escritor.”(RIBEIRO, 2005, p.125)
Ribeiro destaca que na produção e reprodução de manuscritos, ainda em forma de
rolos ou na forma de códices, com notas do autor, do editor, do tradutor e outros,
funcionava implicitamente a idéia de hipertexto, na medida em que as
possibilidades de acesso e construção eram bastante diversas.
A concepção de hipertexto foi enunciada por Vannevar Bush em 1945, com a
publicação de “As We may Think”, em que apresentava o funcionamento do Memex
- um dispositivo imaginário que seria capaz de automatizar a recuperação de dados,
e, dessa forma, contribuir para facilitar o armazenamento e acesso a informações.
Essa indexação deveria apresentar uma organização associativa em que os textos
deveriam manter algum tipo de relação entre si e não necessariamente uma
organização hierárquica. O Memex imaginado por Bush instigou a configuração de
blocos de textos unidos por hiperlinks e dispostos em um formato de rede. Nos anos
60, Theodore Nelson cunhou o termo hipertexto e a partir daí disseminou o uso da
terminologia, salientando a idéia de escrita não linear. Embora tenha ressaltado o
conceito de hipertexto, apresento e discuto aqui algumas definições para, em
seguida, discutir algumas características apontadas por Pierre Lévy (1993).
Rouet et al. (1996, p.4) afirmam que “o sistema hipertexto inclui uma interface que
permite ao usuário selecionar um nódulo, ler e mover de para um outro nódulo
ligado a ele”. Os autores, portanto, apontam o hipertexto como um sistema,
ressaltando as diferentes formas e possibilidades de acesso que o hipertexto
oferece ao seu usuário e destacando que um atributo comum a esse sistema é a
não-linearidade e a existência de uma rede de unidades de informação.
47
Ao invés de olhar a uma seqüência pré definida de textos, quadros ou
gráficos, o leitor ou aprendiz é capaz de construir sua própria trajetória,
selecionando e organizando a informação relevante para suas
necessidades e objetivos. (ROUET e LEVONEN, 1996, p.9, tradução
nossa.)
De acordo com os autores, tradicionalmente a informação é organizada de forma
linear, ou seja, disposta em seqüências pré-definidas. Exemplos dessa forma de
organização seriam as sentenças no parágrafo, os parágrafos no capítulo, os
capítulos no livro.
Rouet e Levonen (1996) destacam que muitos pesquisadores têm tentado
caracterizar hipertexto, pontuando similaridades e diferenças com o texto impresso
(linear) e ressaltam que existem traços específicos do hipertexto que limitam a
analogia entre o texto tradicional e o hipertexto.
Páginas na WEB estão organizadas na rede, opostas à seqüência do texto
impresso e a progressão no hipertexto é controlada pelo usuário, oposto ao
predefinido pelo autor do texto impresso. Esses traços não somente afetam
o processo de leitura, mas também como o leitor representa a estrutura
hipertextual. Ao passo que a macroorganização semântica do livro-seções e
subseções é explícita e obviamente idêntica para os leitores, ‘organização’
no hipertexto depende da progressão e entendimento de cada usuário
.”
(ROUET E LEVONEN, 1996, p.12, tradução nossa.)
Os autores salientam que a leitura é menos restrita no hipertexto que no texto
impresso, porque o hipertexto permite várias formas para linearizar a informação,
uma vez que o leitor pode personalizar sua trajetória através das possibilidades
disponibilizadas na rede. Condicionam a “liberdade” no uso do hipertexto na medida
em que apontam os hiperlinks como elementos de acessos a novos espaços que
podem ou não estar disponibilizados no hipertexto. De acordo com os autores,
portanto, a disposição das informações e a progressão são traços distintivos do
texto/hipertexto. No entanto, relativizam que, dependendo da concepção de não
linearidade adotada pode ser possível apontar alguma distinção entre texto e
hipertexto, especialmente traços de não linearidade presentes no texto impresso:
Textos extensos incluem informações estruturais tais como tabela de
conteúdos ou índices que permitem o leitor localizar diretamente a
passagem de seu interesse. Livros-textos e manuais também
freqüentemente incluem vários tipos de documentos encaixados (quadros,
gráficos ou tabelas). Quando encontramos a referência para um documento
encaixado, o leitor deve decidir se examina o documento encaixado ou
continua a ler o texto. Notas de de página, glossários e dicionários o
outros exemplos comuns de informações adjuntas que tornam o texto
impresso não-linear. (ROUET E LEVONEN, 1996, p.14, tradução nossa.)
48
A linearidade, que a princípio parecia uma distinção entre texto e hipertexto, torna-se
relativa, principalmente quando afirmam que “a o-linearidade pode ser introduzida
em vários graus e níveis em ambas as apresentações: computador e papel” (ROUET
E LEVONEN, 1996, p.15). Isso aponta para o fato de que não existe
necessariamente uma distinção absoluta entre texto linear e não linear, pois essa
distinção depende da concepção de linearidade. Se linear significar uma disposição
em seqüência pré-definida, no caso das letras que compõem as palavras e das
palavras que compõem uma seqüência sintática, em ambos, tanto no texto impresso
quanto no texto digital, linearidade. Se linear significar a possibilidade de iniciar a
leitura de pontos diversos e flexibilizar o encadeamento temático, o hipertexto digital
não possui linearidade, e dependendo do texto impresso, isso será possível e até
mesmo necessário. Cito como exemplo a pesquisa em enciclopédias impressas,
cuja linearidade se constrói a partir dos interesses e dos objetivos do leitor. Isso
envolve também outros textos impressos como dicionários, Bíblia, Atlas geográfico,
catálogo telefônico, etc.
Ao conceituar hipertexto, Foltz (1996) também remete à questão da linearidade:
O hipertexto apresenta uma nova forma para ler texto on line que difere da
leitura padrão do texto linear. O texto é tipicamente apresentado no formato
linear em que existe uma forma simples para progredir através do texto,
começando no início e lendo até o fim. Entretanto, no hipertexto, a
informação pode ser representada numa rede semântica onde múltiplas
seções relacionadas do texto são conectadas umas às outras. Um usuário
deve então navegar através das seções do texto saltando de uma seção do
texto para outra. Isto permite ao leitor escolher a trajetória através do texto
que é mais relevante para seu interesse. (FOLTZ, 1996, p. 109, tradução
nossa.)
Mcknight, Dillon e Richardson, (1991, p.2) afirmam que o ”hipertexto consiste de
nódulos (ou partes) de informações e ligações entre eles” e acrescentam que “o fato
de que links o sustentados eletronicamente é insuficiente para definir um sistema
como hipertexto”(MCKNIGHT, DILLON E RICHARDSON 1991, p.5). Os autores
citam como exemplo um sistema de administração de um banco de dados que
possui links de vários tipos; em tais sistemas, a palavra é meramente uma cadeia
alfanumérica, ou seja, é a base para a operação de busca mais do que uma unidade
49
de significado. Para eles, o hipertexto envolve necessariamente alguma forma de
construção de significados e não simplesmente operação de busca:
Apesar do hipertexto diferir significativamente do texto impresso em sua
estrutura’arbitrária’, ele mostra muitas similaridades para o leitor. O
hipertexto apesar de sua estrutura e link são compostos de unidades de
texto e não existe nenhuma razão para acreditar que no vel do parágrafo
pelo menos, eles não são lidos diferentemente de unidade do papel
convencional ou outro texto eletrônico” (MCKNIGHT, DILLON E
RICHARDSON, 1991, p.38, tradução nossa.)
Os autores apontam que, no nível da organização, é comum para o leitor do
hipertexto deparar-se com trajetórias de leitura alternativas em seu percurso, o que o
encoraja a fazer escolhas mais ativas diante do material de leitura.
Pierre Lévy (1993) em seu livro "As tecnologias da inteligência" propõe seis
princípios para caracterizar os hipertextos.
1. Princípio da metamoforse: consiste em um processo de construção e
desconstrução constante da rede hipertextual. Esse processo explica-se pela
permanente abertura da rede ao exterior (princípio da exterioridade) e pela
multiplicidade de conexões possíveis (princípio da heterogeneidade). Isso significa
que o hipertexto se configura no momento em que o usuário constrói e desconstrói
sua trajetória pela rede, o que representa bem o processamento da construção do
significado. As definições de hipertexto apresentadas até aqui, corroboram este
princípio apontado por Lévy, (1993).
2. Princípio da heterogeneidade: envolve a integração de diferentes recursos como
textos, sons e imagens, compondo uma linguagem única. Além disso, tanto os nós
quanto as conexões entre eles podem ser heterogêneos na composição de uma
mesma mensagem. Ao destacar que “podem” ser heterogêneos, isso não implica
que todo hipertexto tenha que apresentar necessariamente todos esses recursos.
3. Princípio de multiplicidade e de encaixe: implica no tipo de organização do
hipertexto que é fractal, ou seja, cada nó ou conexão pode revelar toda uma rede de
novos nós e conexões e cada novo nó pode apresentar um outro universo de
conexões, e assim por diante. Tem-se a imagem de que cada hipertexto é um
subhipertexto de um hipertexto maior. Ao refletir sobre este princípio apresentado
por Lévy (1993), torna-se fundamental considerar que nem todo hipertexto
50
apresentará esta estrutura em rede, visto que Landow (1997a) sugere a
possibilidade de estruturação axial em que os nós partem de um mesmo centro.
4. Princípio de mobilidade dos centros: destaca que a rede hipertextual não tem
um centro único, mas diversos centros móveis e temporários, em torno dos quais se
organizam infinitos rizomas, de acordo com o fluxo da leitura. A cada conexão
desenham-se novos cenários com novos centros, novas possibilidades. A idéia da
necessidade de um centro fixo para a organização da leitura é transferida para a
idéia de que o leitor, com seus interesses, seu tempo disponível e sua capacidade
de processamento é que seria o centro. A concepção de mobilidade dos centros
volta-se apenas para a noção de estrutura em rede e não seria possível considerar a
estrutura axial
6
para o hipertexto.
5. Princípio da exterioridade: constitui uma abertura permanente ao exterior, ou
seja, a construção, definição e manutenção dos hipertextos dependem de
complexas e múltiplas interações, conexões entre pessoas e equipamentos. O fluxo
constante de dados digitais, que mudam constantemente é incorporado e trocado a
todo momento. Acredito que seja fundamental considerar que tal princípio seja
aplicável a todo texto, considerando a sua forma de processamento. Além disso, é
possível pensar no hipertexto que se realiza em um ambiente off-line, portanto
delimitado e fechado em si mesmo. É o caso dos CDs Roms.
6. Princípio da topologia: designa que a rede hipertextual funciona na base da
proximidade, na medida em que os links aproximam espaços e temporalidades,
multiplicando as conexões. "A rede não está no espaço, ela é o espaço". (LÉVY,
1993, p.26)
A partir desses princípios, delineiam-se as características que configuram o
hipertexto no ambiente informático, constituindo assim o hipertexto digital.
O hipertexto digital ou eletrônico reflete-se em uma conexão em rede que se traduz
na multilinearidade, ou seja, nos múltiplos percursos possíveis de leitura “linear”
7
6
A estrutura axial (Landow 2007
a) comporta um eixo primário, representando o hipertexto, de onde irradiam os
hiperlinks.
7
Não pretendo discutir aqui toda a polêmica que envolve a discussão do termo linearidade. O destaque se deve a
especificidade do termo, aqui utilizado como encadeamento, ordenação seqüencial da materialidade.
51
construídos pelo leitor por meio do hipertexto. Ao me referir à linearidade estou me
referindo ao encadeamento seqüencial construído pelo leitor e não necessariamente
ao processamento, reconhecidamente não linear. Noções de descentralização/
recentralização e quebra de hierarquia somam-se a essa multilinearidade. A rede
não tem um núcleo central, mas centros que são tomados como provisórios. A partir
de qualquer hiperlink, é possível migrar para outros textos, por meio de conexões
plurais. Cada hiperleitor, ao estabelecer seu percurso, configura uma linearidade
específica, provisória, de acordo com os seus interesses. Isso significa que o
usuário, diante do hipertexto, pode, de acordo com seu interesse, construir um
trajeto de leitura e transformar qualquer espaço em um centro provisório.
De acordo com Landow (1997a), o hipertexto eletrônico pode comportar uma
estrutura axial e/ou em rede. A estrutura axial comporta um eixo primário,
responsável pela organização de hiperlinks que irradiam desse núcleo em forma de
árvore. a estrutura em rede apresenta uma organização dispersa, comportando
centros ltiplos que se interligam de diferentes formas, com diferentes espaços,
numa infinitude de conexões.
Figura 03: Hipertexto com estrutura axial Landow, 1997
a)
52
Figura 04: Hipertexto com estrutura em rede. (Landow, 1997
a)
A partir dessas definições e mesmo reconhecendo que o hipertexto não é uma
invenção do meio digital, vou definir hipertexto como um documento digital (tanto on-
line, quanto off-line) composto por diversos blocos informacionais que podem ser
textos, novos hipertextos, imagens, etc, interconectados através de hiperlinks,
estruturados em rede ou no formato axial, que possibilitam o avanço ou recuo da
leitura. Em meu trabalho, faço a opção por um hipertexto off-line numa estrutura
axial. A forma off-line é desprovida de conectividade a uma rede externa como, por
exemplo, a internet. Optei pela forma off-line para evitar possibilidades de
modificações durante a realização da pesquisa, uma vez que a Wikipédia
(enciclopédia digital utilizada nesta pesquisa) permite intervenções diárias pelos
usuários. Além disso, a forma on-line permite percursos ou trajetos infinitos,
ilimitados, devido à conexão aos sites da WEB. Quanto à opção pela estrutura axial,
ela favorece a possibilidade de mapear o trajeto do hiperleitor, considerando as
características dos hiperlinks, objeto de estudo desta pesquisa.
2.6. A Enciclopédia como hipertexto
A partir da perspectiva de que se define hipertexto, pode-se considerar uma
enciclopédia impressa como um hipertexto, uma vez que ninguém a de forma
linear ou seqüencial, pois normalmente o usuário vai direto ao assunto em que está
interessado. Isso significa que a enciclopédia impressa não tem ponto de entrada
fixo, e seu manuseio depende do interesse e dos objetivos do leitor. Isso implica
também que não uma organização hierárquica pré-definida, seja por assuntos,
53
seja por qualquer outro critério, uma vez que é, normalmente, a ordem alfabética que
orienta sua organização.
Se o usuário é um professor de Literatura, por exemplo, ele pode procurar na
enciclopédia primeiro o verbete "literatura", depois "períodos literários", depois
"modernismo", depois "semana de arte moderna", depois "Mário de Andrade", etc.,
mas a organização hierárquica, no caso, é construção do próprio usuário, não da
enciclopédia, embora na enciclopédia impressa os limites sejam determinados pelo
tamanho da edição e pela demarcação dos assuntos que o editor impõe a ela.
Normalmente, na enciclopédia impressa, são inseridas algumas referências
cruzadas nos verbetes, remetendo a outros verbetes considerados relevantes. Se o
usuário seguir essas referências, poderá encontrar outras, não necessariamente
ligadas de forma direta ao verbete original, mas que contribuem para a construção
de uma rede de referências cruzadas.
Na enciclopédia eletrônica, porém, os assuntos não precisam estar todos num
mesmo lugar, ou seja, no mesmo suporte impresso, e, portanto, limites que estão
relacionados a tamanho não existem. Além disso, a enciclopédia eletrônica, que em
certo sentido pode ser representada pela Web, não tem um único editor, e, por isso,
as referências cruzadas são bastante comuns, recorrentes e ilimitadas, pois o
viabilizadas por meio dos hiperlinks, sempre passíveis de expansão.
Normalmente, o usuário procura uma enciclopédia porque está interessado em
determinado assunto. Por exemplo, se quer saber mais sobre a Revolução
Francesa, procura o verbete correspondente ("Francesa, Revolução") e começa a
ler. Ao ler, encontra uma referência ao fato de Robespierre ter sido uma das figuras
mais importantes da Revolução Francesa e que faleceu em Paris em 1794, na
guilhotina. O usuário não sabe exatamente o que é uma guilhotina, e, por isso, vai
procurar o verbete. Ao encontrá-lo, verificará que trata de um instrumento utilizado
para aplicar a pena de morte por decapitação e obteve este nome em homenagem
ao médico Joseph Guilhotin que considerava o método de execução mais humano e
que tal instrumento serviu para decapitar 2794 inimigos da revolução em Paris. Quer
saber algo mais sobre Paris, portanto ao buscar informações sobre a capital da
França, depara com o verbete Torre Eiffel, que faz uma descrição do monumento e
aponta que representa a sede de conquistas do homem. A partir da sede de
54
conquistas do homem, verifica uma listagem, apontando uma relação das conquistas
empreendidas pelo homem e depara com as novas conquistas tecnológicas,
inclusive as conquistas espaciais. Nas conquistas espaciais, informa-se sobre as
grandes tragédias envolvidas nas pesquisas espaciais inclusive com o ônibus
espacial Challenger em 1986 e assim sucessivamente.
Paro por aqui, porque estou apenas dando um exemplo, mas se o percurso traçado
fosse real, o usuário não precisaria parar e nem seria, necessariamente, este o único
trajeto possível.
Posso indagar como é que, mesmo o usuário estando inicialmente interessado na
Revolução Francesa, poderia chegar à tragédia com o ônibus espacial em 1986. A
navegação empreendida pelo usuário seria semelhante à seguinte representação:
55
Figura 05: Possibilidade de navegação de um hiperleitor
As setas pontilhadas apresentam as possibilidades oferecidas pelo hipertexto; as
setas contínuas retratam as escolhas realizadas pelo leitor-usuário cuja trajetória foi
exemplificada.
Muitas pessoas, hoje, na Internet, passam muitas horas fazendo o que acabei de
descrever: indo de hiperlink em hiperlink instigadas por interesses, objetivos,
curiosidades...
O leitor constrói seus caminhos fazendo diferentes combinações, mas isso tem um
limite a partir dos hiperlinks disponíveis, que normalmente são as opções oferecidas
pelo produtor. No exemplo apresentado, a navegação iniciou-se a partir do verbete
Revolução Francesa. Certamente esta não é a única ordem possível, pois a partir de
qualquer verbete seria possível a navegação e diferentes caminhos seriam trilhados.
Revolução Francesa
Robespierre
Morreu na
Guilhotina
Instrumento
inventado pelo
médico Joseph
Guilhotin
Instrumento que
decapitou 2794
inimigos da revolução
em Paris
Paris, capital da
França – Torre
Eiffel
Monumento que
retrata conquistas
do homem
Conquistas
tecnológicas
Conquistas espaciais
Tragédias
Ônibus espacial
Challenger em 1986
56
2.7. A Wikipédia e o desafio das conexões
A enciclopédia tradicional, impressa, era reconhecida em função do número de
volumes, o que determinava a quantidade de informação disponível. As mudanças
aparecem na medida em que surgem as possibilidades de publicação em formato
digital, que rompe com os limites impostos pelo impresso. A idéia de enciclopédia
como base de dados, voltada para uma perspectiva de inventário e conservação,
vem se alterando para uma nova proposta de articulação e invenção, como aponta
Pombo (2006):
“Um primeiro traço característico deste novo tipo de enciclopédia diz
respeito à incomparável facilidade e velocidade de percurso de leitura que
ela proporciona. Liberto da necessidade de manipulação de grossos
volumes, o leitor pode deslocar-se com grande rapidez e eficiência, pode
saltar de um volume a outro pelo simples “clic” do rato de um computador. O
itinerário de leitura mais ou menos clássico para que apontava ainda a
história recente da enciclopédia deu por isso lugar à “navegação”, “surfing”
ou viagem ciberespacial” para a qual, aliás, é fornecido ao “internauta”,
todo um arsenal de dispositivos: cartas, guias com ilustrações, manual com
explicações, exemplos, códigos, sinais de circulação e recuo.” (POMBO,
2006, p.278)
Pombo (2006) sugere que a enciclopédia eletrônica, em função dos diversos
recursos oferecidos pelo meio digital, parece instigar e exigir que o leitor utilize muito
mais suas capacidades sensoriais, na medida em que lida simultaneamente com
movimento, som , imagem e texto verbal, diferentemente da enciclopédia tradicional,
limitada a uma materialidade verbal e não-verbal.
A Wikipédia é considerada a maior enciclopédia on line. Encontra-se disponível em
187 idiomas e a versão em português possui, atualmente
8
mais de 409.800 artigos,
um número inimaginável para uma enciclopédia tradicional. O material disponível na
Wikipédia pode ser acessado a partir de categorias, do título dos artigos ou pela
ferramenta de busca. Ao encontrar a informação pretendida, é possível navegar pelo
artigo e ao clicar em hiperlinks disponíveis no hipertexto, o usuário é levado para
outros artigos dentro da própria Wikipédia ou para sites externos. A Wikipédia é
considerada uma enciclopédia livre, pois permite que qualquer usuário a utilize ou
8
409.858 artigos, conforme acesso realizado em 30 de junho de 2008.
57
edite algum artigo para compô-la. Graças a essa característica, a Wikipédia muda
todos os dias.
A enciclopédia eletrônica tanto on line, quanto em CD ROM permite maior inter-
relação entre diferentes textos, imagens, sons, além de ter o acesso favorecido
pelos hiperlinks, objeto de discussão na próxima seção.
2.8. Hiperlinks
Os hiperlinks representam uma das características do hipertexto digital. Eles
funcionam como ligações entre os nós, pois o hipertexto é constituído por nós (ou
conceitos) e ligações ou hiperlinks (relações). Os nós são constituídos por blocos
textuais que podem ser organizados em segmentos separados, embora inter-
relacionados. No hipertexto, ocorre um conjunto de ligações associativas que
conectam os nós numa rede principal. Assim, um hipertexto é uma rede destes nós,
conectados pelas ligações. Um usualmente representa um único conceito ou
idéia que pode ser construída a partir de um ou mais blocos textuais.
Rouet et al. (1996) apontam que
No hipertexto, a informação é organizada como uma rede em que os
nódulos são partes de textos (ex: listas de itens, parágrafos, páginas) e
links são os relacionamentos entre os nódulos (associações semânticas,
expansões, definições, exemplos, virtualmente algum tipo de relação pode
ser imaginada entre duas passagens do texto). (ROUET et al. 1996,p.3,
tradução nossa.)
No entanto, não existe uma indicação precisa de como esses nódulos serão
compostos, nem tampouco onde inserir links. Esse aspecto é pontuado por
Mcknight, Dillon e Richardson (1991):
Um link é arbitrário no sentido de que não existem regras para dizer onde o
link deve ser feito. O link pode ser feito entre dois dulos, os quais o autor
(ou o leitor) considera ser conectado de alguma forma. Em alguns sistemas,
os links são categorizados, isto é, existem vários tipos de links e o autor
deve especificar qual tipo gostaria que fosse usado. (MCKNIGHT, DILLON e
RICHARDSON
,
1991, p.3, tradução nossa)
Os autores apontam que a maioria dos sistemas lida com links o categorizados.
58
Quanto ao nódulo de informação, ele pode ser um fragmento de música, uma parte
de texto, um mapa, um filme completo, alguma coisa que o autor julgar adequado
apresentar como unidade.
Assim, em um hipertexto, os nós estão conectados uns aos outros através dos links,
ou hiperlinks, que são também, freqüentemente, chamados de âncoras
(MARCUSCHI, 2005). Para o autor, os hiperlinks referem-se a um problema de
macrocoerência e as ligações previstas são instrumentos vitais para possibilitar a
construção da coerência porque os hiperlinks geram expectativas diversas,
dependendo de onde se situam. São instrumentos interpretativos e não simples
instrumentos neutros.
Para Koch (2005), os hiperlinks e nós tematicamente interconectados serão os
grandes contribuidores para a construção da coerência, pois apontam caminhos
para o leitor. A partir dos hiperlinks e dos s (blocos textuais) nos hipertextos, o
leitor pode ou não se manter fiel àquilo que é relevante para o seu propósito.
Não dúvida de que qualquer texto adquire sentido por meio da leitura, mas
pode-se afirmar que, em função de alguns dispositivos específicos como os
hiperlinks, o hipertexto potencializa a leitura multiseqüencial e a construção de
sentidos, noções já presentes no suporte impresso. São esses dispositivos que
materializam as associações propostas pelo autor e viabilizam os percursos
pretendidos pelo leitor.
Santaella (2004) chama a atenção para o fato de que, enquanto no texto impresso
predomina um fluxo linear, no hipertexto essa linearidade se rompe em unidades ou
blocos de informação, cujos tijolos básicos são os nós e nexos associativos,
formando um sistema de conexões que permite conectar um a outro, por meio
dos hiperlinks. Uma das principais inovações do texto eletrônico consiste,
justamente, nesses dispositivos técnico-informáticos que permitem efetivar ágeis
deslocamentos de navegação on line, bem como realizar remissões que possibilitam
acessos virtuais do leitor a outros hipertextos de alguma forma correlacionados
(XAVIER, 2003).
59
Os hiperlinks podem ser fixos (aqueles que ocupam um espaço estável e constante
no site) ou móveis (os que flutuam no espaço hipertextual, variando a sua aparição
conforme as conveniências do produtor), desempenhando funções importantes,
entre as quais a dêitica, a coesiva e a cognitiva.(KOCH, 2005).
2.8.1. Hiperlink: um dispositivo lingüístico
Os hiperlinks dêiticos funcionam como focalizadores de atenção: apontam para um
lugar ‘concreto’, atualizável no espaço digital; ou seja, o sítio indicado existe
virtualmente, podendo ser acessado a qualquer momento. Possuem, portanto,
caráter essencialmente catafórico, prospectivo, visto que ejetam o leitor para fora do
texto que está na tela, remetendo suas expectativas de completude para outros
espaços. Como bem mostra Xavier (2003),
São os hiperlinks que realizam a intertextualidade explicita, ou melhor,
fazem acontecer a hiper-intertextualidade já que viabilizam o diálogo
instantâneo entre hipertextos on-line . (XAVIER, 2003, p.287)
De acordo com Koch (2005, p.65), os hiperlinks são dotados de função dêitica pelo
fato de monitorarem a atenção do leitor no sentido da seleção de focos de atenção,
permitindo-lhe produzir uma leitura mais aprofundada e rica em pormenores sobre o
tópico em curso, bem como cercar determinado problema por vários ângulos, que
remetem sempre a outros hipertextos que tratam de um mesmo tópico,
complementando-se, reafirmando-se ou mesmo contradizendo-se uns aos outros.
Embora não acredite que seja possível “cercar um assunto por todos os possíveis
ângulos”, suponho que o hiperlink em muito contribua para a construção da
significação textual, uma vez que viabiliza possibilidades para que o usuário
engendre por novos caminhos e, conseqüentemente construa novas significações.
A autora ressalta também a função coesiva dos hiperlinks:
Outra importante função dos hiperlinks é amarrar as informações de modo a
permitir que os leitores extraiam delas um conhecimento real e conclusões
60
relativamente seguras, ‘soldando as peças esparsas de forma coerente,
combinando adequadamente as pedras do mosaico.
(
KOCH, 2005, p.65)
Por essa razão, é importante para o produtor atar os hiperlinks de acordo com certa
ordem semântico-discursiva, de modo a ajudar o hiperleitor na fluência de leitura e
no encaminhamento da compreensão, sem excessivas interrupções ou rupturas
cognitivas.
2.8.2. Hiperlink: um dispositivo cognitivo
De acordo com Koch (2005), do ponto de vista cognitivo pode-se dizer que o
hiperlink exerce o papel de um ‘compressor’ de cargas de sentido. Para tanto, cabe
ao produtor proceder a uma construção estratégica dos hiperlinks, de maneira que
eles sejam capazes de acionar modelos (frames, scripts, esquemas etc.) que o leitor
tem representado na memória, levando-o a inferir o que poderá existir por trás de
cada um deles, formulando hipóteses sobre o que poderá encontrar ao segui-los.
Os hiperlinks funcionam, portanto, como portas de entrada para outros espaços,
visto que remetem o leitor a outros textos virtuais que vão incrementar a leitura. Por
este motivo, acredito que o hiperlink possa funcionar como um space builder de
acordo com a Teoria dos Espaços Mentais de Fauconnier, uma vez que permite a
abertura de um novo espaço. Cada novo espaço aberto, torna-se, por alguns
instantes, centro de atenção do leitor (espaço-foco) para, logo em seguida,
descentralizar-se no momento da atualização de outro(s) espaço(s) da rede. Isso
remete à idéia de compressão e descompressão, operações responsáveis pela
construção dos espaços mentais. É por esse motivo que toda leitura é uma leitura
diferente de leituras anteriores e diferente para cada leitor, já que cada atualização é
um evento único e, especificamente no hipertexto, acredito que as possibilidades
são ampliadas pela presença dos hiperlinks.
Os hipertextos constituem uma rede que pode tratar de diversos temas, embora
interligados. Ao acionar a rede textual, em dado momento, o leitor atualiza alguns
desses textos, de acordo com seus objetivos de leitura, marca trechos que
considera importantes, associa os conhecimentos novos ao seu conhecimento
61
prévio e vai construir um percurso próprio de leitura dentre os muitos outros
possíveis. Dessa forma, espaços mentais serão construídos, comprimidos e
descomprimidos para fazer emergir os significados. As concepções de compressão
e descompressão serão discutidas na seção 3.4.
62
CAPÍTULO 3 - DA TEORIA DOS ESPOS MENTAIS À TEORIA DA
MESCLAGEM COGNITIVA
A Teoria dos Espaços Mentais, desenvolvida por Gilles Fauconnier (1994), refere-se
ao processo de construção de significados como um processo de projeções em que
o leitor/ouvinte constrói os espaços mentais (do inglês, conceptual pegs”) durante o
processamento do discurso.
De acordo com a Teoria dos Espaços Mentais, o processamento de um texto resulta
de operações mentais que são detonadas pela materialidade lingüística e resultam
da interação entre conexões cognitivas e expressões lingüísticas. O avanço dos
estudos da teoria dos Espaços Mentais permitiu a reformulação de alguns de seus
pressupostos, desenvolvendo a Teoria da Mesclagem Cognitiva de Fauconnier e
Turner (2002), cujo enfoque está voltado para as formas e os significados e cuja
operação básica é a mesclagem cognitiva em que emergem novos significados.
Primeiramente, apresento uma breve revisão da Teoria dos Espaços Mentais, para
chegar, finalmente, à Teoria da Mesclagem Cognitiva.
A linguagem não é, por si mesma, uma construção cognitiva, ela oferece
lacunas, brechas, indícios, pistas para encontrar domínios e princípios
apropriados para a construção numa dada situação.Desde que uma dessas
lacunas seja combinada com uma configuração pré-existente com princípios
cognitivos disponíveis e frames anteriores, uma configuração apropriada
pode ocorrer e o resultado ser superior a alguma outra informação explícita.
( FAUCONNIER, 1994, p.XVIII. tradução nossa)
Fauconnier (1994) considera o processo de construção dos significados como
resultante de operações mentais instigadas pela materialidade textual. Isso significa
que ao analisar as atividades cognitivas humanas, jamais desassocia tais atividades
das de natureza lingüística, uma vez que é a própria linguagem a via de acesso ao
conhecimento das atividades cognitivas. O autor destaca ainda, que a materialidade
é apenas o elemento mínimo, “visível”, dentro da dimensão do processo de
construção de sentido, representando apenas “a ponta do iceberg as palavras - e
nós atribuímos todo o resto ao senso comum” (FAUCONNIER, 1994, p.XVIII.). O
contexto discursivo faz parte desse senso comum que permite que espaços mentais
63
sejam construídos, estruturados e conectados e isso se faz sob a influência de
aspectos lingüísticos, cognitivos e sociodiscursivos.
Os espaços mentais são constituídos de domínios nos quais os enunciados são
interpretados. A configuração e o gerenciamento desses espaços são resultados de
complexas operações cognitivas integrados por princípios especiais nos termos do
modelo da Teoria dos Espaços Mentais.
Na configuração de espaços (FAUCONNIER,1997), alguns elementos são
fundamentais. São eles:
Espaço-Base: é o espaço em que o discurso se ancora, ou seja, um
ponto de partida da construção de novos espaços e para o qual é possível
retornar.
Espaço- Foco: é o espaço sobre o qual a atenção está centrada, no
momento, ou seja, o espaço que está sendo construído.
Espaço-Ponto de vista: é o espaço a partir do qual outros espaços
podem ser acessados, estruturados ou criados.
Estes espaços podem coincidir, ou seja, o espaço-foco pode ser o mesmo que o
espaço-ponto de vista, ou o espaço-base pode ser o mesmo que o espaço-foco e
assim por diante, como explicita o autor:
“Base, Ponto de vista e Foco não são necessariamente distintos, pois
muitas vezes encontramos o mesmo espaço servindo como ponto de vista e
foco, base e foco ou base e ponto de vista, ou todos os três: base, ponto de
vista e foco.” (FAUCONNIER, 1997, p.49, tradução nossa.)
A seguir, apresento um exemplo de Fauconnier (1997, p.47), que explicita
claramente a configuração de alguns espaços.
“Aquiles um cágado. Ele o persegue. Ele pensa que o cágado é lento e que ele o pegará. Mas ele
é rápido. Se o cágado fosse lento Aquiles o teria pegado. Talvez o cágado seja, na verdade, uma
lebre.”
64
Figura 06: Configuração de Espaços Mentais (FAUCONNIER 1997, p.47)
No espaço Base B, temos Aquiles, que é humano, e o cágado, que é um
animal, ocupando um mesmo espaço em que o humano vê o animal e pretende
persegui-lo. No espaço da Crença M, que é ativado pela expressão “ele
pensa”, temos a informação de sua crença, ou seja, que “o cágado é lento”. O
complemento a seguir “o cágado é lento e ele o pegará”, estrutura um novo
espaço: o espaço Futuro W, explicitado pelo tempo verbal. Em seguida, com a
introdução da conjunção “se”, um novo espaço é criado, o espaço Hipotético ou
contrafactual H. Este espaço é projetado a partir de um espaço-base. O espaço
ponto de vista P é introduzido pela presença do termo lingüístico “talvez” que
aponta para o campo da possibilidade.
ESPAÇO BASE B
POSSIBILIDADE ESPAÇO P
CRENÇA ESPAÇO M
CONTRAFACTUAL ESPAÇO H
FUTURO ESPAÇO W
a
b
a’
b’
b
2
a”
b”
a
1
b
1
a-Aquiles
b-Cágado
ver a b
perseguir a
b
2=
lebre
Lento b’
Pegar a” b”
Lento b1
Pegar a1
b1
65
De acordo com Fauconnier (1997), “a linguagem é uma manifestação
superficial das construções cognitivas altamente abstratas” (FAUCONNIER,
1997, p.34), pois, de acordo com o autor, a linguagem dispõe de muitos
mecanismos para guiar a construção e conexão de espaços mentais. O autor
apresenta alguns deles como os nomes e as descrições, o tempo e o modo
verbal, as construções pressuposicionais, os operadores trans-espaciais, a
identificação de elemento e os space builders, ou seja, construtores de
espaços que segundo o autor, “é uma expressão gramatical que abre ou fecha
um novo espaço ou muda o foco de espaço existente.” (FAUCONNIER, 1997,
p.40). Os construtores de espaços tomam uma variedade de formas
gramaticais, tais como expressões preposicionais, adverbiais, etc. A função das
formas lingüísticas na construção de espaços é de guiar, indicar, sinalizar e,
principalmente, ativar conhecimentos e frames que possam contribuir nessa
construção.
As noções de espaço-base, espaço-foco e espaço ponto de vista não foram
utilizados por Fauconnier e Turner (2002), uma vez que os autores optam pela
denominação de espaços inputs, espaço genérico e espaço integrado, como
será apresentado a seguir.
Uma “complementação” para a Teoria dos Espaços Mentais surge no momento
em que Gilles Fauconnier juntamente com Mark Turner explicitam a
Mesclagem Cognitiva, vista como um processo cognitivo complexo, resultante
da re-elaboração das informações importadas de, pelo menos, dois domínios
cognitivos distintos, que são combinados no interior do espaço mesclado.
(FAUCONNIER E TURNER, 2002).
Os autores postulam que a mente humana cria e integra espaços mentais e
projeta estruturas de alguns espaços para outros.
3.1. Espaços Mentais
A teoria dos Espaços Mentais (FAUCONNIER 1994, 1997 e FAUCONNIER e
TURNER 2002) explica como o leitor ativa e lida com diversos domínios na
66
compreensão. Os autores defendem que a construção de domínios cognitivos
em espaços mentais se a partir de materialidades lingüísticas que permitem
a construção de sentidos. De acordo com essa teoria, a compreensão se
através da criação, articulação e integração de espaços mentais.
Fauconnier define que os espaços mentais
São pequenos conjuntos de memória de trabalho que construímos
enquanto pensamos e falamos. Nós os conectamos em si e também
os relacionamos a conhecimentos mais estáveis. Para isso,
conhecimentos lingüísticos e gramaticais fornecem muitas evidências
para estas atividades mentais implícitas e para as conexões dos
espaços mentais.
(COSCARELLI, 2005c, p.291)
Portanto é a partir da materialidade lingüística que encontramos indícios da
construção e conexão dos espaços mentais.
Os espaços mentais operam na memória de trabalho, mas são
construídos parcialmente pela ativação de estruturas disponíveis na
memória de longo termo. Espaços mentais são interconectados na
memória de trabalho e podem ser modificados dinamicamente na
medida em que pensamos e falamos e podem ser usados geralmente
para modelar mapeamentos dinâmicos no pensamento e linguagem,
os espaços têm elementos e muitas vezes relações entre eles.
Quando estes elementos e relações são organizados como pacotes
que já conhecemos, nós dizemos que este espaço mental está
organizado e nós chamamos esta organização de frame.
(FAUCONNIER e TURNER, 2002, p.102, tradução nossa.)
Os espaços mentais são construídos dinamicamente na memória de
trabalho, mas eles também podem tornar-se arraigados na memória
de longo termo. Por exemplo, frames são espaços mentais arraigados
que nós podemos ativar todos de uma vez. (FAUCONNIER e
TURNER, 2002, p. 103, tradução nossa.)
Ao transpor tais mecanismos de construção e conexão de espaços mentais
para o hipertexto digital, parece razoável considerar o hiperlink como um
construtor de espaço que “abre e fecha um novo espaço ou muda o foco de
espaço existente”. Além disso, o hiperlink materializa-se através de uma forma
lingüística.
Merece destacar que a forma lingüística, por si mesma, não detém nenhuma
significação e cito, novamente, Fauconnier (1997) que afirma que “nenhuma
67
expressão lingüística tem sentido em si mesma, tendo apenas um sentido
potencial, e é somente no interior de um discurso completo e contextualizado
que o sentido pode, realmente, ser produzido” (FAUCONNIER 1997, p. 37).
Portanto a significação se constrói discursivamente, na medida em que os
espaços mentais são construídos.
A afirmação de que a forma lingüística não detém significação é retomada por
Fauconnier e Turner (2002) quando utilizam a metáfora de Aquiles e sua
armadura:
Os milagres da forma guiam os poderes, inconscientes e
normalmente invisíveis dos seres humanos de construir significado.
Forma é armadura, mas o significado é Aquiles que faz com que a
armadura seja tão formidável. A forma não apresenta o significado,
mas ao invés disso, identifica regularidades que acontecem no
significado. A forma sugere significado e deve ser adequada à sua
tarefa, assim como a armadura de Aquiles teve de ser feita para seu
tamanho e habilidades. Mas ter a armadura não é nunca ter Aquiles;
ter a forma (...) não é nunca ter o significado. (FAUCONNIER e
TURNER, 2002. p. 05, tradução nossa.)
De acordo com os autores, as formas lingüísticas sinalizam, indicam caminhos
possíveis para a construção de significado, mas não o representam.
3.2. Frames
De acordo com Fauconnier e Turner (2002, p.40) “os espaços mentais contêm
elementos dos frames e são tipicamente estruturados por eles. São
interconectados e podem ser modificados na medida em que o pensamento e o
discurso progridem.” Ao apontarem a importância dos frames na estruturação
dos espaços mentais, os autores salientam os conhecimentos pré-existentes
que por sua vez se ligam a aspectos culturais e sociais. Fillmore, 1982 (apud
COULSON, 2000, p.18) “define frame como um sistema de categorias cuja
estrutura possui raízes em algum contexto.” Trata-se de um conceito voltado
muito mais para aspectos semânticos e pragmáticos, diferentemente da
elaboração de Minsky, 1975 (apud COULSON 2000, p.19) que ressalta o
68
aspecto da organização estrutural ao propor o termo frame para “estrutura de
dados para representar situações cotidianas e típicas.” Minsky oferece como
exemplo uma festa de aniversário infantil que é o tipo de situação que um
frame pode representar. No exemplo, o frame inclui elementos como comidas,
jogos e presentes que especificam traços gerais do evento. Assim, ao
considerar o frame na construção dos espaços mentais, torna-se fundamental
destacar que os elementos, que o constituem, fornecem subsídios para a
realização do processamento, da construção e da conexão entre espaços.
Se considero o hiperlink como um construtor de espaço, materializado numa
forma lingüística cuja significação se construída discursivamente, torna-se
fundamental considerar que o bloco textual ao qual o hiperlink remete deve ser
adequadamente selecionado ou construído.
Desta forma, é possível supor que o hiperlink, como um construtor de espaço,
pode ativar frames que poderão configurar novos espaços a serem
consolidados ou modificados pelo bloco textual disponibilizado no hiperlink.
Fauconnier (1997) apresenta uma descrição de como se processa a
construção dos espaços no desenvolvimento do discurso. Ao iniciar um
discurso, a partir de um espaço-base, vai se criando uma configuração de
espaços em cascata como se envolvesse uma seqüência em cadeia. Na
medida em que uma forma lingüística não possui significado em si mesma, ela
apresenta um significado potencial que é ativado, podendo ser produzido,
consolidado ou modificado dentro de um discurso. Esse significado
corresponde a uma configuração cognitiva que resultou da ativação de uma
representação, mais a forma lingüística explicitada. É preciso considerar
também que fatores pragmáticos, como a situação, interlocutores, objetivos
etc., contribuem com essa configuração. Ao apontar a situação é preciso
considerar as estruturas do conhecimento pré-existentes demandadas e que
são específicas a cada situação. Portanto, a forma lingüística é necessária para
ativar outros domínios e processamentos.
“A ngua não é, em si mesma, uma construção cognitiva. Ela nos
oferece o mínimo, mas suficiente indício para preencher os domínios
69
e princípios apropriados para a construção numa situação dada.”
(FAUCONNIER 1994, p.xviii, tradução nossa.)
Dessa forma, é possível afirmar que o sentido produzido depende da
configuração do espaço mental que foi ativado ou detonado a partir de formas
lingüísticas. A partir daí, os domínios são construídos. “Os domínios são
também mentais e incluem modelos cognitivos e conceptuais anteriores, bem
como espaços mentais introduzidos localmente que possuem somente uma
estrutura parcial”. (FAUCONNIER, 1997, p.1). Ao me referir a domínios,
destaco que eles podem envolver vários frames que por sua vez teriam uma
estruturação bem específica. Por exemplo, um domínio ligado à “festa de
quinze anos” comportaria vários frames do tipo: contratação de serviço de bufê,
estilo da festa, seleção da banda musical e repertório, etc. Mesmo que os
frames apresentem estruturação própria, eles se subordinam a um mesmo
domínio. Um outro exemplo pode ser a palavra “vírus” que pode remeter ao
domínio computacional ou biológico, dependendo da situação em que o termo
ocorre. Em função do domínio construído, frames específicos serão ativados
como vacina ou antivírus; contaminação ou efeitos produzidos, medidas a
serem tomadas, etc.
A afirmação de que o significado se constrói discursivamente é reforçada em
Fauconnier e Turner (2002, p.5) que afirmam que “tendemos a tornar o
significado como emanando de sua representação formal”. Os autores
exemplificam isso quando usam a palavra “seguro”, em um contexto em que
uma criança brinca na praia com uma pazinha. Apresenta os seguintes
exemplos:
1- A criança está segura.
2- A praia é segura.
3- A pazinha é segura.
Na primeira ocorrência, o termo ”seguro” significa que a criança não corre
perigo, mas a segunda e terceira ocorrências não implicam que a praia e a
pazinha não corram perigo. Isso significa que a forma lingüística, por si só, não
permite a construção de sentidos, mas ativa aspectos semânticos e
pragmáticos que estão envolvidos na construção do sentido. A partir do mesmo
70
input, muitas mesclagens diferentes podem ser criadas, apontando que o
processo de construção dos sentidos é o mesmo em todas elas, mas os
resultados são diferentes.
Os autores afirmam que, no processo de construção do significado, três
operações básicas são implementadas de forma conjunta e recorrente:
identificação, integração e imaginação.
A identificação refere-se à capacidade de conectar elementos entre os espaços
mentais, ainda que esses elementos pareçam completamente diferentes. “É o
reconhecimento da identidade, igualdade e equivalência.” (FAUCONNIER e
TURNER, 2002, p.6). A Integração é uma operação cognitiva em que a
estrutura de dois inputs mentais é projetada num terceiro espaço. Essa
projeção é feita com base nas semelhanças entre os espaços, ou seja, a partir
da identificação. Isso possibilita a projeção e o estabelecimento de relações
entre elementos de cada um dos inputs e a imaginação, que, por sua vez, não
ocorre sem a identificação e a integração. A imaginação permite que a
capacidade criativa e inventiva aflore, possibilitando a construção de relações
entre situações reais e imaginárias, possíveis e impossíveis, fantásticas e até
difíceis de serem concebidas.
Fauconnier e Turner (2002) apontam que na construção dos espaços mentais
em geral, conectores especiais e de diferentes tipos ligam domínios entre si.
Esses conectores permitem a continuidade de referência a ser assegurada ao
longo do discurso, ou seja, um tipo de coesão, que permite um intercâmbio de
informação, de tal modo que um elemento e cada uma de suas contrapartes
possam ser associados com diferentes frames e propriedades. Isto pode ser
explicado pelos mapeamentos que operam para construir e ligar os espaços
mentais e são fundamentais para qualquer interpretação semântica ou
pragmática de linguagem, bem como, para qualquer construção cognitiva.
Pode-se dizer que os mapeamentos são operações mentais complexas entre
os domínios e imprescindíveis para produzir e interpretar significados. Esses
mapeamentos levam à Integração conceitual ou mesclagem cognitiva.
71
A integração conceitual constitui-se de alguns elementos básicos que vão
oferecer as condições de emergência dessa integração ou mesclagem. São
eles:
Espaços inputs ou de entrada fornecem os elementos para o
espaço de mescla.
Espaço genérico possui uma estrutura comum aos espaços
inputs, portanto define o núcleo do mapeamento entre os inputs.
Espaço integrado resulta do processo de integração que fornece
a projeção parcial dos dois espaços inputs.
De acordo com Fauconnier (1997), algumas condições devem ser satisfeitas
para a realização da integração conceitual:
1
o -
Mapeamento através de espaço: existe um mapeamento parcial
equivalente entre os espaços inputs I
1
e I
2
Input I
1
Input I
2
Figura 07: Mapeamento através de espaço
Os círculos representam os espaços mentais; os pontos representam os
elementos contidos nesses espaços e as linhas representam o mapeamento
entre os elementos desses espaços.
2
o
Construção de um Espaço genérico: existe um espaço genérico
mapeado de cada um dos inputs. Este espaço genérico reflete algo comum,
que é a estrutura compartilhada pelos inputs e que define o centro ou o núcleo
do espaço mapeado entre eles.
72
Espaço genérico
Input I
1
Input I
2
Figura 08: Construção de espaço genérico
As linhas pontilhadas representam as projeções de um espaço genérico para
os dois espaços inputs.
3
o
Produção da Mescla: Os espaços inputs I
1
e I
2
são parcialmente
projetados para um quarto espaço denominado espaço de mescla.
Input I
1
Input I
2
Mescla
Figura 09: Produção da mescla - Fauconnier 1997, p.149
As linhas pontilhadas representam as projeções dos dois espaços inputs para
um quarto espaço, a mescla, onde se encontra uma estrutura emergente
dentro de um quadrado, conforme está representado na figura 10.
73
A mescla possui uma estrutura emergente que não é diretamente fornecida
pelos inputs. Fauconnier (1997, p. 150) afirma que três mecanismos atuam
simultaneamente na produção dessa estrutura emergente. São eles:
Composição: relaciona-se ao recrutamento de elementos dos espaços inputs
para o espaço de mescla, promovendo na mescla relações que não estão
presentes nos espaços inputs em separado.
Complementação: relaciona-se ao recrutamento de elementos de nossos
conhecimentos prévios (frames, por exemplo) para o espaço de mescla. São
elementos que não estão presentes nos espaços inputs, mas que são
necessários para a construção da significação, ou seja, para a estrutura
emergente da mescla.
Elaboração: relaciona-se ao funcionamento da mescla de acordo com os
princípios estabelecidos para ela e tendo em vista a sua própria lógica
emergente. Portanto, volta-se para os processos inferenciais que são
demandados no processamento.
Portanto, as estruturas emergentes são provenientes da mescla, mas não
estão nos espaços inputs, podendo ser geradas por operações cognitivas
denominadas composição, complementação e elaboração. Na composição
aparecem projeções entre os elementos dos inputs, fazendo com que as
relações que não existiam nos inputs separados passem a existir na mescla.
Na complementação são acrescentadas estruturas adicionais para a mescla,
fazendo com que o conhecimento prévio ajude na construção do sentido e,
finalmente, na elaboração há simulações e organizações de acordo com alguns
princípios estabelecidos para a mescla.
74
Figura 10: Estrutura Emergente
No diagrama, o quadrado representa a estrutura emergente na mescla. O diagrama
quer dizer que, quando equivalências são projetadas na mescla, elas podem ser
fundidas em um único elemento ou serem projetadas separadamente. Isso significa
que na mescla podem ocorrer modificações dos conceitos advindos dos espaços
inputs, que sofrem restrições e ampliações em função de conhecimentos pré-
existentes. Isso implica afirmar que, no processo de integração conceitual, o
significado não se encontra somente no espaço de mescla, mas na articulação entre
todos os elementos envolvidos no processo, ou seja, os espaços, os mapeamentos
e as projeções.
3.3. Mesclagem Cognitiva
A mesclagem -do inglês Blending- é um conceito que surge a partir da Teoria dos
Espaços Mentais e representa uma operação cognitiva. A melhor forma de
Espaço genérico
Input 1 Input 2
Mescla
75
compreender como a Mesclagem Cognitiva acontece é por meio de exemplos,
porque se refere a algo tão rápido e inconsciente que fazemos cotidianamente que
não atentamos para tal processamento. De acordo com Fauconnier, a Mesclagem
Cognitiva representa a teoria dos bastidores dos processos mentais.
O exemplo a seguir refere-se a um bloco de propagandas que recebi por e mail, cuja
fonte desconheço.
Figura 11: Propaganda Despachester
O termo “Despachester” faz um jogo de palavras cuja compreensão envolve a
ativação de dois espaços: um, relacionado a Chester uma marca de produtos
originários de uma ave especial popularmente reconhecido simplesmente como
uma ave originária de cruzamentos de linhagens especiais e que possui carnes
nobres (peito e coxa). O outro espaço está relacionado a despacho, ritual da
religiosidade do candomblé com finalidades mágicas ou de alteração da realidade
objetiva através da concentração energética e vibratória dos seres humanos,
auxiliados pelos orixás, eguns e outras figuras. Nesse ritual são feitas oferendas às
76
entidades espirituais com o objetivo de render-lhes homenagens e obter proteção
contra demandas.
Para compreender a propaganda, o leitor precisa saber que “chester” é uma ave,
semelhante ao frango e ao mesmo tempo precisa considerar que nos despachos,
pode-se fazer oferendas de comida, como por exemplo, galinha preta, comum nesse
ritual. O leitor precisa lidar com dois espaços - chester e despacho - dos quais surge
um terceiro - a mesclagem - um novo espaço em que são projetados elementos dos
espaços iniciais. Em um dos espaços iniciais -input- está o chester - que vem
pronto e atende às necessidades modernas. Em outro espaço input está o
despacho- ritual em que se pode utilizar alimentos como oferenda. Ambos os
espaços são parcialmente projetados e fundidos em um terceiro- mesclagem em que
o chester transforma-se numa ave especial para o despacho.
Pode-se dizer que a palavra “Despachester” mescla e condensa uma grande
quantidade de informações relacionadas a domínios de conhecimento ou a espaços
mentais diferentes. A mescla vai apresentar a ambigüidade - duas possibilidades de
interpretação: o chester (a galinha para comer e para o ritual) e o despacho (o ritual
e a entrega em domicílio). O resultado dessa mescla é um espaço que gera a
informação de que o Despachester é a ave ideal para o despacho, pois além de
facilitar a vida da e de santo moderna, que não precisa matar e preparar galinha
preta e ainda recebe uma vela de sete dias, outro elemento do ritual de oferendas.
Outro exemplo do mesmo bloco de propagandas:
77
Figura 12: Propaganda Cica
O termo “Cica” juntamente com a linguagem não-verbal ativa dois espaços: um,
relacionado à linha de produtos alimentícios como a goiabada, o extrato de tomate,
etc; e outro relacionado à abreviatura do nome ”Cicarelli”, modelo e apresentadora
de TV. O termo Cica, juntamente com a frase “a mais gostosa” mescla informações
de domínios cognitivos distintos. A ambigüidade da expressão “a mais gostosa”
instiga sentidos diferentes fazendo emergir elementos de dois domínios e criando
um espaço em que são projetados alguns elementos desses espaços. Esse novo
espaço criado é a mesclagem ou blending.
Na mescla, os frames são ativados e novos espaços emergem com novas
significações. Analisar exemplos em que dois espaços são mais evidentes parece
bastante simples. Entretanto, em situações cotidianas, isso é feito com tanta rapidez
e de forma tão automática que não percebemos a complexidade das operações que
estão envolvidas. A mesclagem, apesar de ser um fenômeno complexo, é bastante
corriqueira, pois mesclamos espaços o tempo todo, buscando a construção de
significados.
78
3.4. Compressão e Descompressão
Por trás do processo da mesclagem, evidenciamos duas operações imprescindíveis
a esse fenômeno cognitivo: a compressão e a descompressão. A compressão
envolve uma espécie de empacotamento de informações na memória de trabalho,
favorecendo e otimizando o processo de integração. Já na descompressão, as
informações são descomprimidas, ocorrendo um tipo de decomposição que permite
que tais informações sejam utilizadas. Fauconnier e Turner (2002) afirmam que a
rede de integração conceitual contém compressões e descompressões que se
realizam repetidamente, indo da compressão à descompressão e vice-versa.
É interessante notar que tanto a mescla como a compressão seguem a
regra da otimização de recursos, muito desejada em sistemas
computacionais, que é a otimização: menor esforço gerando os maiores
resultados possíveis. A compressão torna a informação mais fácil de
manipular. Assim, não temos de guardar muita informação. Parece que
guardamos algumas informações que ativam muitas outras
(descompressão) quando necessário, possibilitando a construção de
sentido, o estabelecimento de relações vitais de causa, conseqüência,
tempo, espaço identidade, mudança, parte-todo, analogias, desanalogias
entre outras, e conseqüentemente, a produção de inferências.
(COSCARELLI, 2005b, p.12)
As operações de compressão e descompressão podem envolver diferentes relações
entre seus elementos. Fauconnier e Turner (2002) apontam alguns tipos e subtipos:
mudança, identidade, tempo, espaço, causa-efeito, parte-todo, representação, papel,
analogia, desanalogia, propriedade, similaridade, categoria, intencionalidade e
unicidade. Segundo os autores, algumas relações podem ser comprimidas em
outras. Por exemplo, a relação de similaridade pode ser comprimida em identidade e
unicidade; a relação de causa-efeito pode ser comprimida em parte todo. A relação
de Identidade é freqüentemente comprimida em unicidade. Pode-se observar que,
de acordo com a análise que se pretende fazer, algumas relações podem incorporar
outras.
Essas relações entre os espaços mentais regulam as operações cognitivas durante
a construção dos significados. Tais relações são chamadas de “relações vitais”
79
3.5. Relações Vitais
A contrafactualidade - responsável pelo estabelecimento de relações vitais - é vista
como uma certa incompatibilidade entre espaços mentais específicos. No exemplo
de Fauconnier e Turner (2002, p.87) “Não leite na geladeira”, o leitor constrói, a
partir desta materialidade lingüística, dois espaços que são incompatíveis. Em um
espaço, leite na geladeira e em outro espaço, que é visto como espaço
contrafactual, destacando que a geladeira é o lugar onde se espera encontrar leite.
Não haveria a mesma significação se, em lugar de leite, falássemos de livros ou
plantas, o que estabeleceria uma relação improvável com o frame que temos de
geladeira. Desta forma, a contrafactualidade requer a construção de relações vitais
entre os espaços acionados.
Nós não estabelecemos espaços mentais, conexões entre eles e mesclas à
toa. Fazemos isso porque isso nos dá um insight global, uma compreensão
em escala humana e novos significados. Isso nos torna eficientes e
criativos. Um dos aspectos mais importantes da nossa eficiência, insight e
criatividade é a compressão conseguida através das mesclas
(FAUCONNIER E TURNER, 2002, p.92, tradução nossa).
3.5.1. Relação vital de mudança
Vista por Fauconnier e Turner (2002) como a relação vital mais geral, a relação de
mudança conecta elementos e suas transformações. Os autores citam, como
exemplo, o arbusto que se transforma em árvore, implicando a construção de
espaços mentais conectados por relação de mudança. A mudança pode ocorrer com
ou sem alteração de identidade. Por exemplo: a criança se transforma em uma
pessoa adulta e continua tendo a mesma identidade; a evolução de dinossauros em
pássaros implica mudança com alteração de identidade. Uma relação vital pode
sofrer alterações, produzindo assim novas relações vitais. Retomando o exemplo de
Fauconnier e Turner (2002) sobre a evolução dos dinossauros, não existe relação de
identidade entre as espécies, mas sim uma relação de causa/efeito proveniente da
evolução genética. A relação de mudança favorece a compressão dentro da rede de
mudança evolucionária.
80
3.5.2. Relação vital de identidade
A relação vital considerada básica é a de identidade. Fauconnier e Turner (2002)
citam, como exemplo, um espaço mental constituído por um bebê, uma criança, um
adolescente e um adulto, todos mantendo entre si a relação vital de identidade,
apesar das diferenças que cada um apresenta. Neste mesmo exemplo é possível
relacionar a identidade com outras relações vitais de mudança, tempo e causa
efeito, apontando características e aspectos que estão relacionados a determinados
períodos da vida de cada um.
3.5.3. Relação vital de tempo
A relação vital de tempo relaciona-se à memória, à mudança, à continuidade, à
simultaneidade e à causa/efeito. Os autores citam como exemplo o dia de ano novo
em 2000 e o dia de ano novo em 2001. São dois espaços mentais conectados pela
relação de tempo.
3.5.4. Relação vital de espaço
Essa relação é bastante semelhante à relação vital de tempo. Envolve uma relação
entre espaços físicos, o que também não deixa de envolver espaço temporal. Um
exemplo dado por Fauconnier e Turner (2002) envolvendo a relação de espaço é o
debate entre dois filósofos: um contemporâneo e outro antigo e já falecido. O debate
se torna possível na medida em que esses dois espaços distintos se comprimem
em apenas um através da relação de espaço. Ambos estão ocupando o mesmo
espaço para que isso ocorra.
3.5.5. Relação vital de causa/efeito
Nessa relação é fundamental a construção de dois espaços mentais próprios, sendo
um para causa e outro para efeito. Outras relações vitais, como as de tempo, espaço
e mudança estão ligadas à relação vital de causa/efeito. Fauconnier e Turner (2002)
citam como exemplo a madeira queimando e as cinzas, sendo que cada expressão
lingüística (madeira, madeira queimando, cinzas) ocupa um espaço mental
81
específico, estabelecendo entre esses espaços não apenas uma relação de
causa/efeito, mas também de mudança, espaço e tempo.
3.5.6. Relação vital de parte/todo.
Essa relação consiste na seleção de uma parte para representar o todo. Assim, na
medida em que estabelecemos relações com a parte, estamos fazendo isto também
com o todo. Um bom exemplo é o vodu da morte. Em um espaço um fio de
cabelo, um retrato, ou algum pertence da pessoa; em outro espaço a pessoa. Na
mescla, a parte e o todo são fundidos. Assim, o que se causa à parte, é causado
também ao todo.
3.5.7. Relação vital de representação
A relação vital de representação significa que um input pode simbolizar outro. É o
caso, por exemplo, da fotografia que permite o estabelecimento da relação vital entre
a coisa representada e o seu representante.
3.5.8. Relação vital de papel
A relação vital de papel implica necessariamente um valor e possui característica de
representação. Ao ocorrer este tipo de relação vital, tem-se um papel cujo espaço
deve ser preenchido com determinadas propriedades que representam valores. É o
que acontece no exemplo em que um carro de luxo ocupa um papel e Rolls-Royce
representa o valor. Rolls-Royce possui propriedades específicas como conforto e
beleza para ocupar tal valor relacionado ao papel de carro de luxo.
3.5.9. Relação vital de analogia
Essa relação vital é possível através da compressão de valor e papel, apontando
semelhanças entre os espaços projetados. O exemplo de relação de analogia dado
por Fauconnier e Turner (2002) considera uma rede com o Papa em um input,
Giovanni Mantini em outro e Papa Paulo VI no espaço de mescla; em outra rede
82
com o mesmo papel, Papa em um dos inputs Albino Luciani em um outro e Papa
João Paulo no espaço de mescla. Isso significa que uma relação de identidade
entre o papel em uma rede e o input papel em outra, implicando uma relação de
analogia entre Papa João Paulo e Papa Paulo VI.
3.5.10. Relação vital de desanalogia
A relação vital de desanalogia é uma relação possível somente se houver alguma
analogia. é possível comparar aquilo que possui aspectos comuns. Por exemplo,
um ipê e um abacateiro podem ser disanálogos, porque possuem analogias. O que
não é possível de ser feito entre uma caneta e uma maçã, por exemplo, que não
possuem nenhuma analogia, sendo totalmente diferentes.
3.5.11. Relação vital de propriedade
A relação vital de propriedade pressupõe uma certa obviedade. Por exemplo, uma
”blusa amarela” tem a propriedade de ser “amarela”; um assassino tem a
propriedade de ser culpado. A propriedade é uma relação intra-espacial, associada a
outro elemento dentro do mesmo espaço. O amarelo associa-se a blusa, da mesma
forma que culpado associa-se a assassino dentro do mesmo espaço.
3.5.12. Relação vital de similaridade
A relação vital de similaridade realiza-se entre elementos que têm propriedades
comuns dentro de um mesmo espaço. Relações de analogia e de papel/valor podem
ser comprimidas em relação de similaridade na mescla. A relação de similaridade
pode ser observada ao se colocar dois pedaços de tecidos próximos um do outro e
verificar se há similaridade em suas cores, por exemplo.
3.5.13. Relação vital de categoria
Essa relação possui certa semelhança com a relação vital de propriedade, pois a
categoria pode ser distinta através de aspectos relativos à propriedade. Da mesma
83
forma pode envolver também analogia no espaço de mescla. É o caso do rus
biológico e o vírus de computador; o “vírus” torna-se uma categoria no espaço de
mescla.
3.5.14. Relação vital de intencionalidade
A relação de intencionalidade implica uma intenção, um querer, um desejo; atitudes
e comportamentos direcionados à satisfação e ao contentamento. A intencionalidade
pode também ser criada no espaço de mescla, como no exemplo da evolução do
dinossauro que quer se transformar em pássaro para comer a libélula.
3.5.15. Relação vital de unicidade
A relação de unicidade permite que elementos de espaços diferentes possam ser
comprimidos em um mesmo espaço pela relação de unicidade. Possui uma forte
semelhança com a relação de identidade. É o caso dos personagens de telenovelas.
Muitas vezes, os telespectadores confundem os personagens vividos nas
telenovelas com os atores que os representam. Isso se em função da relação de
unicidade que comprime personagem e ator em um único espaço.
De acordo com Fauconnier e Turner “as relações vitais são menos estáticas e
unitárias do que s imaginamos” (2002, p.102), uma vez que algumas relações
vitais envolvem outras; algumas relações podem ser comprimidas e descomprimidas
em outras. A analogia, por exemplo, pode ser comprimida em unicidade sem
mudança; a desanalogia em unicidade com mudança; a relação causa/efeito pode
ser comprimida em parte/todo; a relação de identidade envolve unicidade.
Em função da possibilidade de comprimir algumas relações em outras, pareceu-me
desnecessária a criação de algumas relações vitais pelos autores, principalmente as
relações de unicidade e intencionalidade. Considerando que a intencionalidade pode
estar presente em quase todas as relações e a unicidade é uma forma de
identidade, essas relações acabam se sobrepondo umas às outras.
84
Não é intenção deste trabalho categorizar, com rigor, as relações vitais que estão
presentes entre os diversos segmentos, modelos cognitivos (espaço genérico),
hiperlinks e blocos textuais.
Destaco como essencial observar em que medida a presença de relações vitais mais
fortes ou relações mais tênues interferem na construção da significação do
hipertexto
Uma impressionante propriedade geral da mescla é que ela pode comprimir
uma relação vital em outra. Certamente, existem compressões canônicas
relacionando diferentes relações vitais. (FAUCONNIER E TURNER, 2002,
p.314, tradução nossa)
Todas as operações aqui apresentadas são essenciais na construção da
significação e algumas serão consideradas na análise do corpus desta pesquisa.
85
CAPÍTULO 4 - METODOLOGIAS
Este capítulo divide-se em duas partes. Primeiramente, apresento a metodologia
utilizada para obtenção dos dados. Em seguida, a metodologia implementada na
análise dos dados.
Através de uma combinação de metodologia de natureza qualitativa, esta pesquisa
delineia-se como um estudo exploratório, envolvendo uma unidade representada por
um grupo de alunos com características previamente definidas. Dependendo da
perspectiva de análise pode ser um estudo de caso, pois de acordo com Barone
(2004), especificar exatamente o que é um estudo de caso não é uma tarefa fácil,
pois muitas vezes uma concepção equivocada de que se trata de uma pesquisa
envolvendo apenas um único sujeito, considerada, portanto, uma pesquisa
individualizada. No entanto, tal concepção não procede, uma vez que é possível um
estudo de caso coletivo,
em que o pesquisador investiga diversos casos para estudar um fenômeno,
grupo, condição ou evento (....) A redundância de casos é decisiva pelo fato
de o pesquisador estar construindo um forte entendimento e um argumento
mais convincente para a importância do trabalho através do uso de casos
múltiplos. (BARONE, 2004, p.9, tradução nossa.)
Embora haja pesquisadores com opiniões divergentes
9
em relação a essa
metodologia, pesquisas utilizando o estudo de caso têm sido bastante freqüentes
como apresenta Barone (2004) na retrospectiva histórica que faz do uso dessa
metodologia de pesquisa. Essa metodologia, normalmente de cunho qualitativo, é
mais adequada para estudos exploratórios em situações em que se sabe pouco
sobre um determinado fenômeno ou aspecto, como é o caso desta pesquisa. A
ênfase em um número menor de sujeitos que permitam focalizar a análise
possivelmente torna-se mais produtiva sob essa perspectiva e pode apontar novos
aspectos e possibilidades de pesquisa.
9
Barone 2004 cita Wolcolt (1994) que compara o estudo de caso múltiplo como uma tentativa de replicar
medidas quantitativas e comparativas e isso leva a perda de ricos detalhes do estudo porque focaliza mais na
comparação do que na descrição meticulosa.
86
Este trabalho, especificamente, tem como objetivo analisar hiperlinks, caracterizados
por relações vitais mais fortes ou mais previsíveis em determinado frame em
hipertexto enciclopédico digital. Os testes propostos exigiram algumas adequações e
delimitações com a finalidade de atender ao objetivo do trabalho, e assim ser
possível analisar ou inferir as possíveis estratégias que os leitores utilizam ao se
depararem com hipertextos cujos hiperlinks são materializados por expressões
nominais que estabelecem relações vitais fortes ou relações tênues
10
com o espaço
genérico ativado.
4.1. Metodologia de obtenção dos dados
A metodologia que possibilitou a obtenção dos dados para esta pesquisa se
descrita a seguir.
4.1.1. Montagem do estudo
A partir de uma sondagem
11
realizada na escola selecionada para desenvolver a
pesquisa, optei pelo tema Meio ambiente com enfoque no Aquecimento Global.
Ao pesquisar tal temática na Wikipédia, verifiquei a extensa dimensão do assunto e
as infinitas possibilidades de navegação que o hipertexto oferecia no ambiente on
line.
A partir da constatação de que a Wikipédia oferecia uma grande quantidade de
hiperlinks com características bem diversas, decidi pela adaptação de um hipertexto
do site da Wikipédia em um ambiente off line, com o objetivo de controlar os
hiperlinks que representassem relações vitais fortes ou fracas e eliminar muitos
hiperlinks que não se enquadrassem nessa categoria. Delimitei alguns aspectos do
tema Aquecimento Global e o mesmo hipertexto foi reproduzido em três versões
10
A expressão “relação tênue” foi utilizada por Militão (2007) para designar espaços que não se ligavam a outros
na rede e, portanto, ficavam soltos, representando relações vitais tênues. Nesta pesquisa, opto por usar a
expressão relação tênue explicitando uma relação muito fraca com o espaço genérico ativado.
11
Esta sondagem foi realizada através de um questionário que tinha como objetivo traçar o perfil dos alunos,
verificar se eram usuários ou não de computador na realização de pesquisas escolares e inventariar os assuntos
que fossem de interesse deles.
87
distintas em que se alteravam apenas os hiperlinks e a relação dos blocos textuais
com o tópico central.
O hipertexto apresentou seis hiperlinks que direcionavam a blocos textuais distintos.
Tive a preocupação em manter um certo paralelismo em relação ao tamanho dos
textos que representavam os blocos textuais. Busquei manter a média de 17 a 20
linhas e 160 a 200 palavras em cada bloco textual. Dessa forma, apresento a
construção de três versões do hipertexto, no esquema a seguir:
88
Na primeira versão, os inputs 1 ou hiperlinks materializam expressões lingüísticas
que encontram ancoragem forte no MCI, uma vez que tais termos fazem parte do
frame Aquecimento Global e, portanto, são previsíveis de ocorrerem. As linhas
contínuas que interligam todas as partes do diagrama significam ancoragem forte
com presença de relação vital, ou seja, o input 1, ou hiperlink, se ancora no MCI, ou
espaço genérico e o Input 1ou bloco textual, além de se ancorar no hiperlink, input
1, se ancora também no MCI.
= Ancoragem forte: presença de relação vital
Figura 13: Representação da versão 1
Apresento, como exemplo de ancoragem forte do frame Aquecimento Global, o
input1 ou hiperlink Conseqüências Desastrosas que remete ao input 1’, ou bloco
textual, que explicita quais seriam as Conseqüências Desastrosas provenientes do
Aquecimento Global. Portanto, uma ancoragem forte entre Aquecimento Global
(MCI) e Conseqüências Desastrosas (Hiperlink, input 1); entre Conseqüências
Desastrosas e a explicitação de quais seriam as conseqüências (bloco textual,
input1‘) e entre a explicitação (Bloco textual, input1’) e o Aquecimento Global (MCI).
Input 1
Input 1’
Espaço
genérico
Aquecimento
Global
Relação vital
Relação vital
Relação vital
MCI
-
Modelo Cognitivo
Idealizado, representado pelo
sintagma nominal:
Aquecimento Global
Hiperlink 1
Bloco textual cuja
materialidade está ancorada
tanto no MCI quanto no
Input 1
89
Na segunda versão, os inputs 1 ou hiperlinks materializam expressões lingüísticas
que o encontram ancoragem forte no MCI, uma vez que tais termos não fazem
parte do frame Aquecimento Global e, portanto, não são previsíveis de ocorrerem.
As linhas contínuas que interligam algumas partes do diagrama significam
ancoragem forte com presença de relação vital, e as linhas pontilhadas significam
ancoragem fraca, ou seja, o input 1, ou hiperlink, possui uma ancoragem fraca no
MCI, ou espaço genérico e o Input 1ou bloco textual possui ancoragem forte tanto
no hiperlink, ou input 1, quanto no MCI.
= Ancoragem forte: presença de relação vital
= Ancoragem fraca:presença de relação tênue
Figura 14: Representação da versão 2
Apresento como exemplo de ancoragem fraca, do frame Aquecimento Global, o
input1 Ilhas uma vez que não faz parte deste frame. No entanto, o input 1 remete ao
input 1’ ou bloco textual que explicita a noção de ilhas de calor formadas sobre os
centros urbanos em virtude do Aquecimento Global. Dessa forma, o input 1’
apresenta uma ancoragem forte entre Aquecimento Global (MCI) e Ilhas (Hiperlink,
input 1).
Input 1
Input 1’
Espaço
genérico
Aquecimento
Global
Relação vital
Relação vi
tal
MCI
-
Modelo Cognitivo
Idealizado, representado pelo
sintagma nominal:
Aquecimento Global
Hiperlink 1
Bloco textual cuja
materialidade está ancorada
tanto no MCI quanto no
Input 1
Ancoragem fraca
90
Na terceira versão, os hiperlinks são os mesmos da versão 2, portanto com
ancoragem fraca em relação ao frame Aquecimento Global. As linhas contínuas que
interligam as partes do diagrama significam ancoragem forte e as linhas pontilhadas
significam ancoragem fraca. Isto significa que o hiperlink (Input 1) possui uma
ancoragem fraca em relação ao MCI, mas o bloco textual input 1’ possui uma
ancoragem forte em relação ao hiperlink, input 1’. Ao mesmo tempo o bloco textual
input 1’ possui uma ancoragem fraca em relação ao frame.
= Ancoragem forte: presença de relação vital
= Ancoragem fraca: presença de relação tênue
Figura 15: Representação da versão 3
Apresento como exemplo de ancoragem fraca, do frame Aquecimento Global a
mesma expressão nominal Ilhas, uma vez que o termo não está diretamente
relacionado ao frame. Ao desenvolver o bloco textual explicito a noção de Ilhas
como parte de terra cercada por água, portanto, o significado refere-se apenas ao
hiperlink Ilhas, representando neste momento uma ancoragem forte. Se considero, a
relação entre hiperlink (Ilha) e frame Aquecimento Global verifico uma ancoragem
fraca, da mesma forma que entre o bloco textual (parte de terra) e o frame ou MCI
(Aquecimento Global)
Input 1
Input 1’
Espaço
genérico
Aquecimento
Global
Relação vital
MCI
-
Modelo Cognitivo
Idealizado, representado pelo
sintagma nominal:
Aquecimento Global
Hiperlink 1
Bloco textual cuja
materialidade está ancorada
tanto no MCI quanto no
Input 1
Ancoragem fraca
Ancoragem
fraca
91
Utilizando esses esquemas, adaptei os textos com seus respectivos hiperlinks que
foram configurados no formato html com o objetivo de facilitar a navegação do
usuário, além de buscar maior proximidade de um ambiente real de pesquisa, e
obtive as seguintes organizações:
Temática: Aquecimento Global
Na primeira versão, foram selecionadas como hiperlinks que representavam
ancoragem forte as expressões nominais: Climatólogos, Efeito Estufa, Revolução
Industrial, Protocolo de Quioto, Conseqüências Desastrosas e El Niño. Essas seis
expressões nominais estão nos hiperlinks e representam inputs. É possível verificar
que, embora não haja um antecedente explícito para essas expressões, elas se
ancoram fortemente no tópico central que é Aquecimento Global. Portanto, optei por
denominá-las espaços inputs, pois permitem o acesso à construção de novos
espaços.
92
Versão 1
93
Continuação versão 1
Figura 16: Hipertexto versão 1
94
Na segunda versão, foram selecionados como hiperlinks expressões nominais que
não encontram uma ancoragem forte no tópico central. Dessa forma, optei pela
denominação de relações tênues. São elas: Escala, Estações, Soluções, Ilhas,
Saúde, e Política. Embora essas expressões não se ancorem fortemente no tópico
central Aquecimento Global, os blocos textuais, que desenvolvem o hiperlink, estão
diretamente relacionados ao tópico central. Por exemplo, o termo Ilha ocupando o
papel de hiperlink, a princípio não encontra uma ancoragem em Aquecimento
Global, mas ao especificar ilha de calor formada sobre os centros urbanos, está
diretamente relacionada ao Aquecimento Global.
Versão 2
95
Figura 17: Hipertexto versão 2
96
Na terceira versão, foram selecionados os mesmos hiperlinks da segunda versão.
Porém os blocos textuais que desenvolvem os hiperlinks não estão relacionados ao
tópico central. Os blocos informacionais referem-se apenas ao hiperlink sem
nenhuma conexão com a temática Aquecimento Global. Por exemplo, o termo Ilha
não encontra ancoragem em Aquecimento Global e, além disso, o bloco textual
apresenta ligação apenas com o termo Ilha, sem estabelecer nenhuma conexão com
o tópico central Aquecimento Global.
97
Versão 3
98
Continuação versão 3
Figura 18: Hipertexto versão 3
99
4.1.2. Participantes
A situação para obtenção dos dados foi construída em uma escola pública estadual
que possuía laboratório de informática devidamente equipado e cujo ambiente
possibilitava a execução dessa pesquisa que exigia o uso de um computador, uma
vez que o hipertexto digital era o objeto em estudo.
Do total de alunos entrevistados, foram selecionados 33 usuários de computadores
habituados a realizarem pesquisas escolares no suporte digital, seja CD ROM ou
internet. Participaram da pesquisa sujeitos de ambos os sexos, com idade entre 15 e
18 anos, que estavam cursando o Ensino Médio. A opção por esse grupo de
participantes justifica-se porque ele pode representar um grande número de usuários
que habitualmente realizam pesquisas escolares utilizando tanto a internet como
CDs Roms disponíveis nas escolas.
Estudos dessa natureza podem implicar na obtenção de dados de como esses
alunos lidam com os hipertextos e quais hiperlinks favorecem ou inibem a
navegação desse leitor, tendo em vista um propósito de leitura. Os sujeitos foram
divididos, aleatoriamente, em três grupos. Cada grupo, formado por 11 sujeitos,
trabalhou com uma versão do hipertexto.
4.1.3. Tarefas
Com o objetivo de obter informações que pudessem levar a inferir os tipos de
hiperlinks que contribuem na construção da continuidade temática, foram propostas
três tarefas. Primeiramente a produção escrita de um texto para ser veiculado em
um panfleto a partir da pesquisa realizada no hipertexto sobre Aquecimento Global.
Proposta de Produção
Todos os anos a nossa Escola realiza a Jornada Cultural onde são apresentados trabalhos
que contemplam as diversas áreas do conhecimento.
este ano, o seu grupo de trabalho ficou responsável pelo tema Aquecimento Global. Além
da realização de um trabalho para exposição na Jornada Cultural, o grupo deverá elaborar
um PAFLETO, com informações sobre a tema, para ser distribuído para os alunos do
Ensino Médio de outras escolas que estarão prestigiando o evento.
Você deverá pesquisar sobre o tema Aquecimento Global e redigir o texto (entre 10 e 15
linhas) que comporá o panfleto que será distribuído, durante a visitação.
100
A produção do texto para o panfleto tinha como objetivo verificar a contribuição do
hiperlink para a construção de sentidos na leitura do hipertexto, verificando se
instigava ou não o aceso do hiperleitor ao bloco textual a que o hiperlink remetia. Os
sujeitos, portanto, poderiam buscar subsídios para a produção do panfleto no
hipertexto que estaria disponibilizado na tela do computador e que apresentava seis
hiperlinks passíveis de serem acessados.
Em segundo lugar, deveriam responder a perguntas sobre o conteúdo do hipertexto
de acordo com a versão que leram. Em função das versões 2 e 3 apresentarem os
mesmos hiperlinks, divergindo apenas nos blocos textuais, foram utilizadas as
mesmas perguntas:
Versão 1
Versões 2 e 3
Minha expectativa era de que as perguntas oferecessem uma contribuição mais
localizada nos blocos textuais a que os hiperlinks remetiam. Elas contemplavam
duas questões de localização de informações e duas questões inferenciais. Para
executar a segunda tarefa, responder perguntas, também por causa de limitações na
Questões
1-
Existe alguma escala que aponta os efeitos do aquecimento global? Explique.
2-
Quais são os efeitos do Aquecimento Global para a saúde humana?
3-
O que as ilhas têm a ver com o Aquecimento Global?
4-
Qual é a relação entre as palavras “política, soluções e aquecimento global”?Explique..
Questões
1- De que forma a Revolução Industrial contribuiu para o Aquecimento Global?
2- O Aquecimento Global poderá trazer conseqüências desastrosas para a humanidade?
Explique.
3- Qual é a relação do Protocolo de Quioto com o Aquecimento Global?
4- Qual é a relação entre as palavras “climatólogos- Efeito Estufa e El Niño”? Explique.
101
capacidade de memória, os sujeitos tiveram livre acesso ao hipertexto. Uma questão
que foi levantada neste momento do experimento foi a seguinte: o que se pode
deduzir da ação de um sujeito que não acessou determinado hiperlink para produzir
o texto, mas executou essa ação para responder as perguntas? Possivelmente foi a
tarefa que estimulou clicar e acessar determinado bloco textual e não a
característica do hiperlink, ou seja, o fato de ser materializado através de um termo
lingüístico que estabelece uma relação tênue com o espaço genérico.
Em terceiro lugar, foi feita uma breve entrevista com os sujeitos, que possibilitou
uma avaliação a respeito dos hiperlinks presentes no hipertexto, bem como a
obtenção de justificativas para as ações executadas.
O texto produzido pelos sujeitos seria utilizado para uma análise, buscando inferir e
comparar as estruturas semânticas do hipertexto com aquelas que foram produzidas
para os panfletos pelos sujeitos. Ao analisar o produto da compreensão, pode ser
possível inferir estratégias e construir suposições sobre os processos que permitiram
a geração de tal produto. Para a produção do texto do panfleto, os sujeitos tiveram
livre acesso ao hipertexto para que o resultado não fosse afetado pela memória de
trabalho dos participantes. Durante a execução da tarefa, observei os movimentos
do leitor frente ao hipertexto e anotei quais hiperlinks foram acessados pelos leitores
e quantas vezes. Esses dados foram utilizados na entrevista, realizada em seguida.
Tabela 01: Observação dos sujeitos –Versão 1
hiperlinks
disponíveis
Qtidade de acessos
ao hiperlink durante a
leitura.
Qtidade de
acessos ao
hiperlink durante
a escrita do texto.
Qtidade de acessos
ao hiperlink p/
responder perguntas
Observações
1-Climatólogos
2-Efeito estufa
3-Revolução
Industrial
4-Protocolo de
Quioto
5- Conseqüências
desastrosas
6-El Niño
102
Versão 2 e 3
Tabela 02: Observação dos sujeitos versões 2 e 3;
As tabelas 01 e 02 foram utilizados para tabular as observações sobre o
comportamento do sujeito frente ao hiperlink, observando suas ações de clicar ou
não nos hiperlinks disponibilizados, o que ofereceria informações para a entrevista
que viria logo a seguir.
Quanto à entrevista, foram utilizados também dados da observação que realizei
durante a execução da tarefa 1, isto é, a informação dos hiperlinks que foram
acessados ou não, conforme consta nas tabelas apresentadas. As respostas à
entrevista foram dadas oralmente e computadas pela pesquisadora na entrevista
constavam as seguintes questões:
Hiperlinks
disponíveis
Qtidade de acessos
ao link durante a
leitura.
Qtidade de
acessos ao link
durante a escrita
do texto.
Qtidade de acessos
p/ responder
perguntas
Observações
1-Escala
2-Estações
3-Ilhas
4-Saúde
5- Soluções
6-Política
II- Ficha de Entrevista
1- Os hiperlinks contribuíram com a pesquisa que você estava realizando? Justifique.
2- Quais foram os hiperlinks mais importantes? Por quê?
3- Por que você clicou, durante a leitura, nos hiperlinks ________________________?
4- Por que você clicou, durante a produção do texto, nos hiperlinks__________?
103
4.1.4. Materiais
Como explicitado na organização dos testes, os hipertextos utilizados foram
extraídos da Wikipédia e adaptados para esta pesquisa. Os hiperlinks utilizados
como espaços inputs, com relações vitais fortes ou relações tênues entre os
hiperlinks, foram previamente apontados em um pequeno teste (anexo 2) em que
quinze sujeitos deviam apontar as palavras mais e menos relacionadas ao tema
Aquecimento Global. Esses leitores, participantes desse teste, não executaram os
experimentos propostos na pesquisa, apenas indicaram possibilidades para
montagem do hipertexto.
Os materiais necessários para a realização da pesquisa foram: computador,
hipertexto em três versões distintas, formulários específicos para registro escrito das
tarefas, papel, lápis, caneta, borracha.
A temática do hipertexto, retirado e adaptado do site da Wikipédia para realização
desta pesquisa, foi previamente apontada
12
pelos alunos do Ensino Médio da escola
pública. Decidi pela utilização de um hipertexto adaptado em tamanho menor, cujas
variáveis pudessem ser controladas para posterior análise. O texto readaptado da
enciclopédia funcionou off–line, simulando um espaço semelhante ao espaço on-
line. Essas adaptações se fizeram necessárias em função da alta rotatividade das
mudanças dos textos na Wikipédia; além disso, era necessário manter controle
sobre os hiperlinks que materializavam relações vitais mais fortes ou relações
tênues.
A situação de obtenção dos dados buscou simular um ambiente mais próximo
possível da realidade da vida escolar e à qual o aluno pode ter acesso em seu
cotidiano. Soma-se a isso o fato de a Wikipédia ser a maior e mais famosa
enciclopédia da Internet.
Com a proposta dos governos de inclusão digital nas escolas, possivelmente em
toda escola deverá haver computadores, o que favorecerá o acesso à internet e a
12
Previamente houve a aplicação de um questionário em que coletadas informações sobre o perfil dos alunos e
indicavam temáticas de interesse deles para futuras pesquisas.
104
CD ROMs para realização de pesquisas escolares. Portanto, seria fundamental
saber que elementos interferem no processo de leitura e favorecem ouo a
construção das significações nestes espaços específicos.
4.2. Metodologia de Análise
Para analisar o papel dos hiperlinks na construção de sentidos, utilizo a Teoria da
Mesclagem Cognitiva de Fauconnier e Turner (2002), por reconhecer que tal teoria
trata da construção de significados como um processo de projeções, resultante de
operações mentais que são desencadeadas a partir da materialidade lingüística. Ao
articularem forma e significado, os autores postulam que na construção de
significados, espaços mentais são criados e integrados, através da compressão e
descompressão de relações vitais, projetando assim novas estruturas.
A metodologia aqui proposta possui um esboço próprio que foi criado com o objetivo
específico de responder às questões suscitadas neste trabalho, destacando que a
análise qualitativa permite captar a complexidade do fenômeno.
Nesta seção, apresento uma proposta de análise para os textos produzidos pelos
sujeitos que acessaram os hiperlinks, com o objetivo de verificar qual foi a
contribuição dos hiperlinks para a construção da significação textual.
Ao me apropriar da Teoria da Mesclagem Cognitiva, utilizo as noções de espaço
genérico, espaços inputs e espaço emergente, (Fauconnier e Turner, 2002). Sendo
o espaço genérico o espaço ao qual o discurso está ancorado, ou seja, o ponto de
partida, nesta pesquisa, ele será representado pelo tópico central: Aquecimento
Global. O espaço input é o espaço sobre o qual a atenção centra-se
momentaneamente, é aberto e fechado por âncoras materiais representadas por
expressões lingüísticas que restringem-se, nesta pesquisa, aos hiperlinks e serão
considerados como construtores de espaços, os Spaces Builders, uma vez que
podem sinalizar e indicar para o leitor novos espaços a serem abertos e construídos.
Os construtores de espaços, materializados lingüisticamente por expressões e
tecnicamente por hiperlinks no hipertexto digital, serão considerados, portanto,
espaços-input. Um novo espaço será construído somente se o sujeito utilizar
105
elementos “recrutados” (Fauconnier e Turner, 2002) do bloco textual que compõe o
hiperlink. Desta forma mapeei cada bloco textual que compõe o hiperlink,
considerando aspectos centrais, a partir das questões o quê ou quem, para quê,
onde, quando, como e por quê, de acordo com cada bloco, obtendo as
representações que estão apresentadas a seguir, referentes às três versões do
hipertexto, buscando apontar as relações vitais entre as diferentes partes
4.2.1. Versão 1
Na versão 1, que pode ser visualizada na Figura 19, apresentada na p.107 as
relações entre o espaço genérico e os seis espaços inputs representados nos
hiperlinks o previsíveis a partir do espaço genérico ativado pela âncora material
Aquecimento Global. As linhas contínuas verdes representam as relações vitais
entre o espaço genérico e os espaços inputs, que consistem nos hiperlinks
disponibilizados. As linhas contínuas azuis representam relações vitais entre o
espaço genérico e os blocos textuais. As demais linhas contínuas representam
ligações entre espaços diversos.
O espaço genérico é ativado através da materialidade lingüística Aquecimento
Global, que por sua vez pode ativar frames específicos que vão estabelecer
diferentes relações vitais com este espaço genérico. Nesta pesquisa, considero os
hiperlinks, como espaços inputs cuja materialidade lingüística representa esses
frames. Por exemplo, entre o espaço genérico e o input 1, materializado pelo termo
Climatólogo é possível observar a relação vital de papel/valor, sendo o papel
representado pela profissão e o valor pela especificação do profissional que lida com
o clima.
Entre o espaço genérico e o input 2, materializado pela expressão Efeito Estufa é
possível detectar a relação vital de causa/efeito que envolve também a relação vital
de representação. Considerando que os fenômenos possuem as mesmas
características e o Efeito Estufa é, além de efeito, a própria simbolização do
Aquecimento Global, aquele seria, portanto, uma representação.
106
entre o input 3, Revolução Industrial e o espaço genérico, observo a relação vital
de causa/efeito uma vez que a Revolução Industrial pode ser considerada uma das
causas do Aquecimento Global.
Entre o input 4, Protocolo de Quioto, e o espaço genérico, pode-se verificar uma
relação de causa/efeito, mas também de desanalogia, uma vez que o Protocolo de
Quioto propõe medidas contrárias ao Aquecimento Global, medidas que visam
desacelerar o aquecimento do planeta. De acordo com Fauconnier e Turner (2002),
a relação de desanalogia só existe se ocorrer alguma analogia e esta se encontra na
poluição e emissão de gases. Um espaço prevê a continuidade e o outro a ruptura,
portanto, ocorre a desanalogia.
Ao considerar o input 5, Conseqüências Desastrosas, pode-se detectar a relação
vital de causa/efeito, que envolve a relação vital de propriedade, uma vez que se
associa a aspectos negativos dentro do espaço genérico que representa o
aquecimento global.
O input 6, El Niño, representa uma relação de causa/efeito, envolvendo ao mesmo
tempo a relação vital de categoria, pois dentre os muitos e diversos fenômenos
advindos do aquecimento do planeta, o El Niño seria apenas um deles, ou seja uma
categoria dentre os diversos fenômenos. Vale considerar que é possível analisar e
prever outras relações vitais, tendo em vista a flexibilidade prevista por essas
relações vitais, uma vez que uma relação vital pode incorporar outras. Portanto,
essa categorização representa, neste trabalho, apenas uma opção teórica que me
pareceu a mais coerente.
107
Versão 1
Figura 19: Representação do hipertexto versão 1
Input 4’
Input 4
Input 3’
Input 6’
Input 6
Input 5
Input 5’
Input
2
Input 2’
Input 1’
Climatólogo
Input 1
E
feito Estufa
El Niño
Revolução
Industrial
Protocolo de
Quioto
Input 3
Fenômeno isolamento térmico.
Desmatamento, queima combusti.
Gases:dióxido c
arbono, CFC, etc
Profissional Clima
Estudar impactos clima
Analisar elementos, observar
Crescimento indústrias
Acelerou emissão de gases
Urbanização maciça,
poluição ambiental
Tratado Internacional
Redução emissão gases
Planos calendário,
discutidos negociados
Alteração clima
Chuvas/secas-estações
Modificação sistema
flutuação temperatura
Sinais países Europa.
Derretimento calotas polares.
Verões mais quentes
Mescla resultante dos inputs através
dos mecanismos de Composição ,
complementação e Elaboração
sustentados por relações vitais.
Espaço Emergente
Conseqüências
Desastrosas
Meio Ambiente
Alteração temperatura
Aumento da temperatura
Aquecimento Global
Espaço Genérico
Papel
Causa/Represent.
Causa/Categ
Causa/Disan
Causa/Prop
Causa
Relação Vital entre
Hiperlink e espaço genérico.
Relação Vital entre bloco
textual e espaço genérico.
Outras relações
108
4.2.2. Versão 2
Na versão 2, representada na Figura 20, p.109, as relações entre o espaço genérico
e os seis espaços inputs representados nos hiperlinks são pouco previsíveis a partir
do espaço genérico ativado pela âncora material Aquecimento Global. Diria que as
“relações vitais são muito tênues” (Militão, 2007, p.93). Apropriando-me da
terminologia “relação nue”, busco enfatizar que a materialidade lingüística
representada no hiperlink possui uma ancoragem fraca em relação ao espaço
genérico Aquecimento Global cuja relação é pouco previsível.
As linhas pontilhadas verdes representam as relações “tênues” entre o espaço
genérico e os espaços inputs que consistem nos hiperlinks disponibilizados. As
linhas contínuas azuis representam relações vitais entre o espaço genérico e os
blocos textuais. As demais linhas contínuas representam ligações entre espaços
diversos.
109
Versão 2
Figura 20: Representação do hipertexto versão 2
Input 4
Input 6’
Input 3
Input 5
Input 2’
Input 2
Estações
Input 1
Escala
Saúde
Soluções
Política
Medidas como Prot Quioto
Medidas diminuir emissão de
gases poluentes
Criação de legislação própria.
Mescla resultante dos inputs através
dos mecanismos de Composição ,
complementação e Elaboração
sustentados por relações vitais.
Input 1’
Input 4’
Input 3’
Input 5’
Espaço Emergente
Ilhas
Input 6
Meio Ambiente
Alteração temperatura
Aumento da temperatura
Aquecimento Global
Espaço Genérico
Lugar
representação
Conseqüência
Desanalogi
a
Propriedade
Mudança
Medidas para desacelerar
Limitar crescimento da
indústria, consumo , população
Medidas técnicas e uso de
energia renovável
Ilhas de calor, formadas
sobre centros urbanos.
estruturas (asfalto, solo
exposto absorve mais calor.
Facilita inversão térmica
Ambiente Urbano mais
poluição/danos à saúde.
Ar seco, resseca o nariz e
garganta favorecem bronquite
calor afeta metabolismo
Lugar de análise dos fenôm.
metereológicos
Obtenção de dados
Apresentam evidências do A G.
Difícil de determinar qtidade e dimensão.
Simulação efeitos diversos.
Proporção significativacausad pelo A G.
Relação “tênue” entre
Hiperlink e espaço genérico.
Relação Vital entre bloco
textual e espaço genérico.
Outras relações.
110
4.2.3. Versão 3
Na versão 3, representada na figura 21, p.111, as linhas pontilhadas verdes
representam as relações “tênues” entre o espaço genérico e os espaços inputs que
consistem nos hiperlinks disponibilizados. As linhas pontilhadas azuis representam
relações “tênues” entre o espaço genérico e os blocos textuais. As demais linhas
contínuas representam ligações entre espaços diversos. Parece-me que todos os
blocos textuais mantêm com o hiperlink uma relação vital de propriedade, uma vez
que explicitam apenas aspectos relacionados a tais hiperlinks. Conforme
apresentado, a relação vital de propriedade é uma relação bastante óbvia e intra-
espacial, pois apenas explicita propriedades associadas a determinados elementos.
É fundamental ressaltar que os blocos textuais não mantêm relação vital com o
espaço genérico, pois a relação de propriedade destacada é mantida apenas com o
termo materializado no hiperlink.
111
Versão 3
Figura 21: Representação do hipertexto versão 3
Input 6’
Input 6
Input 4
Input 3
Input 2’
Input 2
Input 1
Estações
Escala
Saúde
Soluções
Política
Termo derivado do
grego antigo
Indica procedimentos
relativo a polis ou cidade.
Diferentes acepções.
Mescla resultante dos inputs através
dos mecanismos de Composição ,
complementação e Elaboração
sustentados por relações vitais.
Input 1’
Input 4’
Input 3’
Input 5’
Espaço Emergente
M
eio Ambiente
Alteração temperatura
Aumento da temperatura
Aquecimento Global
Proprieda
e
Propriedade
Propriedade
Propriedade
Propriedade
Propriedade
tidade
Estado de completo bem-estar
físico, mental e social
Conceito varia de acordo com
cultura e crenças
influenciada por diferentes fatores
(alimentação, atividade física,
assistência
)
Período do ano
determinados pelo eixo
de rotação da terra.
Estações do ano:
primavera, verão,
outono, inverno.
divisão baseada em
padrão climático
Medida: cartográfica, musical, logarítmica
Quantifica grandezas qtitativas e qlitativas
Método de ordenação de grandezas.
Química: dispersão de
moléculas.
Apresenta-se em três estados da
matéria
Envolve dispersão e disperso.
Área de terra cercada por água.
Diversas ilhas: arquipélago
Formadas a partir de variados
fenômenos naturais
.
Ilhas
Relação “tênue” entre
Hiperlink e espaço genérico.
Relação “tênue” entre
bloco textual e espaço genérico.
Outras relações
112
Uma vez ativado o frame Aquecimento Global, novos espaços podem ser abertos
(ou não) ancorados na materialidade lingüística que está representada no hiperlink.
Dessa forma, o hiperlink liga-se ao espaço genérico ativado através de relações
vitais diversas: causa/efeito, papel, desanalogia, propriedade, representação, e
categoria. Observei a construção de relações vitais em uma rede simples, não
desconsiderando que outras análises poderiam ser feitas e aspectos diferentes
poderiam ser observados. A minha expectativa era de que os sujeitos construíssem
espaços referentes aos hiperlinks, ou espaços inputs que foram acessados,
deixando em seus textos marcas lingüísticas que me permitissem recuperar as
relações vitais que foram construídas por eles.
A metodologia de análise apresentada aqui não foi definida a priori, pois emergiu da
constante tensão entre o campo empírico e o campo teórico selecionado. Ressalto
que a análise foi se desenhando no desenvolvimento da pesquisa, buscando a partir
de uma pesquisa mais qualitativa, oferecer subsídios para pequenas quantificações
e, conseqüentemente, algumas deduções, sem intentar para generalizações.
Vale ressaltar que a proposta de análise desta pesquisa representa uma das muitas
possibilidades a serem construídas e os diagramas apresentados uma interpretação
possível, considerando a Teoria da Mesclagem cognitiva.
113
CAPÍTULO 5 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste capítulo, são apresentados e discutidos os resultados da pesquisa,
considerando as três versões do hipertexto, uma vez que tal distinção tinha como
objetivo verificar se as características dos termos lingüísticos, materializados nos
hiperlinks ou espaços inputs, interferiram na construção da significação textual. Para
isso, apresentarei, primeiramente, o resultado referente aos hiperlinks que foram
acessados tanto no momento da leitura e produção dos textos quanto na atividade
de responder às questões. Esse resultado provém da contagem de acessos
efetuados pelos sujeitos, envolvendo aspectos quantitativos, o que não descarta a
possibilidade de inferir a partir desses resultados o efeito que esses elementos
lingüísticos produziram nos sujeitos, instigando-os ou não a acessarem os hiperlinks.
Em seguida, apresentarei uma proposta de análise dos textos produzidos pelos
sujeitos que acessaram os hiperlinks que estavam disponíveis no hipertexto,
evidenciando aspectos qualitativos. Logo após, será apresentada uma análise,
também de natureza qualitativa, das respostas dos sujeitos às questões. E
finalmente, explicitarei algumas considerações sobre a entrevista realizada com os
sujeitos da pesquisa.
5.1. Sujeitos e Hiperlinks
Nesta seção, primeiramente, apresento os resultados referentes aos hiperlinks que
foram acessados durante a leitura e produção do panfleto. Em seguida, apresento
os resultados referentes à tarefa de responder questões, estabelecendo um paralelo
entre os hiperlinks acessados e os tipos de pergunta.
Cabe ressaltar que, na primeira versão, os hiperlinks são materializados por
expressões lingüísticas que estabelecem algum tipo de relação vital com o espaço
genérico e cujos blocos textuais estão fortemente correlacionados à temática do
hipertexto. Na segunda versão, os hiperlinks são materializados por expressões
lingüísticas cuja relação como espaço genérico é considerada “tênue”, pois mantém
uma baixa previsibilidade no frame que é ativado pelo espaço genérico. Na terceira
114
versão, os hiperlinks são os mesmos da versão 2, com o diferencial de que os
blocos textuais não estabelecem relações diretas com o espaço genérico, mantendo
apenas relação com o termo materializado no hiperlink.
5.1.1. Tarefa de leitura e produção do panfleto.
A tarefa de produção do panfleto permitia, ao sujeito participante da pesquisa, duas
possibilidades: na primeira, ele poderia pesquisar, navegar, buscar no hipertexto
disponível todas as informações que quisesse, para depois produzir o texto,
podendo retornar ao hipertexto, quantas vezes sentisse necessidade, sem nenhuma
restrição. Na segunda, poderia, na medida em que pesquisasse, produzir
concomitantemente o texto. Em função da possibilidade que o sujeito tinha de clicar
ou para ler ou para produzir, optei por considerar conjuntamente as atividades de
leitura e escrita e tabular apenas um acesso ao hiperlink, independente, se foi no
momento de ler ou de produzir.
A opção por considerar apenas um acesso, se justifica tendo em vista o fato de que
o sujeito ao clicar durante a leitura não viu necessidade de fazer a mesma coisa no
momento de escrever e vice-versa, não tendo clicado ao ler, o fez no momento de
escrever. Uma vez que o hipertexto apresentava seis hiperlinks, seriam possíveis
sessenta e seis clicks, se todos os sujeitos acessassem uma vez todos os hiperlinks
disponibilizados no hipertexto. Dessa forma, os resultados por hiperlink acessado
encontram-se na tabela a seguir:
Versão 1
Leitura e Produção Hiperlinks
Dos 11 sujeitos
qtos acessaram
%
1-Climatólogos 6 54,5%
2-Efeito estufa 6 54,5%
3-Revolução Industrial 2 18,1%
4-Protocolo de Quioto 9 81,8%
5-Consequências desastrosas 6 45,4%
6- El Niño 8 72,7%
Total de acessos 37 56%
Tabela 03: Nº de sujeitos e hiperlinks acessados –versão 1
Ocorreram 37 acessos dos 66 possíveis o que representa 56% das possibilidades
de acessos aos hiperlinks.
115
As versões 2 e 3 apresentam os mesmos hiperlinks com diferença nos blocos
textuais que disponibilizam. Na versão 2, as significações possíveis de serem
construídas pela materialidade do bloco textual estão relacionadas à temática do
hipertexto. na versão 3 isso não ocorre. Considerando que, neste momento, a
minha intenção é apresentar quantitativamente os sujeitos participantes que
acessaram o hiperlink, considerando um total de onze sujeitos, faço isso usando a
mesma tabela.
Versão 2
Leitura e Produção
Versão 3
Leitura e Produção
Hiperlinks
Qtos sujeitos
acessaram
% Qtos sujeitos
acessaram
%
1-Escala 4 36,3%
2 18,1%
2-Estações 1 9,1% 3 27,2%
3-Ilhas 3 27,2%
2 18,1%
4-Saúde 4 36,3%
3 27,2%
5-Soluções 5 45,4%
1 9,1%
6- Política 2 18,1%
1 9,1%
Total de acessos 19 28,7%
12 18,1%
TABELA 04: Nº DE SUJEITOS E HIPERLINKS ACESSADOS –VERSÕES 2 E 3.
Se fosse considerado que cada usuário (total de11 sujeitos), clicou uma vez em
cada hiperlink (seis hiperlinks), isso perfaria um total de 66 acessos em cada versão.
A partir daí obtive os seguintes percentuais:
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
versão 1 versão2 versão 3
Quantidade de acessos
Gráfico 01: Quantidade de acessos em cada versão - Panfleto
116
O gráfico 01 permite visualizar que existe diferença importante entre a quantidade de
acessos referentes a cada versão. O percentual de acessos na versão 1 é bastante
superior às demais versões. Esse resultado corrobora a hipótese de que os termos
lingüísticos materializados nos hiperlinks, quando estabelecem relações vitais com o
espaço genérico ativado pela temática central, instigam o leitor a acessá-los. Nas
versões 2 e 3, cujos hiperlinks estão representados pela mesma materialidade
lingüística, o percentual de acessos foi bastante inferior, ressaltando que tais
hiperlinks representam relações mais “tênues” com o espaço genérico.
5.1.2. Tarefa de responder questões
Por meio da tarefa de responder questões, busco indícios mais localizados do papel
do hiperlink para a construção da significação textual. Foram propostas quatro
questões para cada hipertexto, sendo duas questões inferenciais e duas questões
de localização de informação no texto. As questões da versão 1 são diferentes das
questões das versões 2 e 3, tendo em vista que os hiperlinks são também
diferentes. As questões instigam os sujeitos a clicarem em hiperlinks específicos
para responderem tais questões. Os resultados aqui apresentados explicitam
quantas vezes os sujeitos acessaram os hiperlinks durante a tarefa, buscando
estabelecer relação entre eles e o objetivo da questão.
Ao manusear os dados, pude observar duas possibilidades de apresentação dos
resultados. Na primeira possibilidade, os resultados referem-se ao acesso ao
hiperlink especificamente no momento da tarefa de responder as questões. Na
segunda, considero o acesso ao hiperlink em qualquer momento da coleta de dados,
acreditando que, independente do momento em que clicou no hiperlink, o sujeito
teve acesso às informações do bloco; portanto, se a informação havia sido lida,
não teria necessariamente que clicar de novo para responder a pergunta.
Na primeira possibilidade de resultados, considero os acessos aos hiperlinks
especificamente na atividade de responder as perguntas:
As questões propostas para a versão 1 da temática Aquecimento Global foram:
117
1-De que forma a Revolução Industrial contribuiu para o Aquecimento Global?
2-O Aquecimento Global poderá trazer conseqüências desastrosas para a
humanidade. Explique
3-Qual é a relação do Protocolo de Quioto com o Aquecimento Global?.
4-Qual é a relação entre as palavras climatólogos- Efeito Estufa e El Niño”?
Explique.
Os resultados dos hiperlinks acessados estão dispostos na ordem em que as
questões foram apresentadas. um total de 11 sujeitos que poderiam acessar ou
não o hiperlink para responder cada questão.
Versão 1
Responder questões
Questão
Hiperlinks
Qtos sujeitos
acessaram
%
1
Revolução Industrial 10 90,9%
2
Consequências desastrosas 4 36,3%
3
Protocolo de Quioto 6 54,5%
4
El Niño 5 45,4%
4
Climatólogos 7 63,6%
4
Efeito estufa 2 18,1%
Tabela 05: Percentuais de acessos por hiperlink–versão 1
Na atividade de responder questões, todos os hiperlinks foram acessados, uma vez
que a tarefa demandava a busca de respostas. Entretanto, se considero apenas o
resultado apresentado na tabela 05, parece ocorrer uma queda em relação ao nº de
acessos da questão 1 para a questão 4. Esse resultado o é corroborado quando
se considera a tabela 07, que apresenta a quantidade de acessos aos hiperlinks em
qualquer momento da pesquisa. É fundamental considerar que se os sujeitos
acessaram o hiperlink no momento de ler ou produzir o texto não teriam
necessariamente que acessá-lo novamente no momento de responder as questões.
Esse argumento foi utilizado por muitos sujeitos no momento da entrevista.
As versões 2 e 3 apresentavam os mesmos hiperlinks; a diferença estava no bloco
textual que seria acessado, por isso as questões foram as mesmas. As questões
propostas para a versão 2 e 3 da temática Aquecimento Global foram:
118
1- Existe alguma escala que aponta os efeitos do Aquecimento Global?
Explique.
2- Quais são os efeitos do Aquecimento Global para a saúde humana?
3- O que as ilhas tem a ver com o Aquecimento Global?.
4- Qual é a relação entre as palavras política, soluções e aquecimento
global? Explique.
Em relação ao número de acessos, o resultado foi o seguinte:
Versão 2 Versão 3
Questão
Hiperlinks
Qtos sujeitos
acessaram
% Qtos sujeitos
acessaram
%
1
Escala 8 72,7% 9 81,8%
2
Saúde 8 72,7% 9 81,8%
3
Ilhas 6 54,5% 7 63,6%
4
Política 8 72,7% 1 9,1%
4
Soluções 3 27,2% 1 9.1%
Não tem
Estações 0 0% 2 18,1%
Tabela 06: Percentuais de acessos por hiperlink–versões 2 e 3.
Na versão 2, não questões referentes ao hiperlink Estações, possivelmente por
esta razão ele não tenha sido acessado. Entretanto, essa justificativa não é válida
para a versão 3, cujo hiperlink sob as mesmas condições foi acessado por dois
sujeitos participantes da pesquisa que, quando indagados sobre o porquê do acesso
justificaram mera curiosidade, queria ler mais”. Parece-me razoável considerar que
esse comportamento dos sujeitos pode estar ligado o à característica do hiperlink,
mas a outras causas como, por exemplo, perceber que a tarefa havia acabado e,
que, portanto, deveriam retornar para a sala de aula.
Na segunda possibilidade de resultados, considero os acessos aos hiperlinks em
qualquer momento da pesquisa, ou seja, se o sujeito acessou para ler, escrever ou
responder pergunta. Acredito que, se clicou na primeira tarefa, não necessitava fazê-
lo nas demais.
119
Seguem os resultados:
Versão 1
Acessou em qualquer tarefa
Questão
Hiperlinks
Qtos sujeitos
acessaram
%
1
Revolução Industrial 9 81,8%
2
Consequências desastrosas 7 63,6%
3
Protocolo de Quioto 10 90,9%
4
El Niño 10 90,9%
4
Climatólogos 8 72,7%
4
Efeito estufa 8 72,7%
Tabela 07: Percentuais de acessos por hiperlink–versão 1
Versão 2 Versão 3
Questão
Hiperlinks
Qtos sujeitos
acessaram
% Qtos sujeitos
acessaram
%
1
Escala 9 81,8% 7 63,6%
2
Saúde 9 81,8% 9 81,8%
3
Ilhas 9 81,8% 7 63,6%
4
Soluções 9 81,8% 3 27,2%
4
Política 9 81,8% 3 27,2%
Não tem
Estações 1 9,1% 3 27,2%
Tabela 08: Percentuais de acessos por hiperlink–versões 2 e 3
Na versão 1, ocorreu pouca oscilação entre os percentuais de acessos, uma vez que
em todos os hiperlinks os acessos se mantiveram acima de sessenta por cento. Na
versão 2, foi possível observar algo interessante, pois os percentuais mantiveram-se
os mesmos com exceção do hiperlink estações, que não possuía nenhuma questão
referente a ele. Na versão 3, a queda do número de acessos entre os hiperlinks
referentes às primeiras e às ultimas questões parece sinalizar que em função de não
encontrar possibilidade de construção de significados coerentes para as respostas
das questões os sujeitos vão desistindo de acessar os hiperlinks.
O fato de acessar um hiperlink não significa, necessariamente, que o sujeito
participante construiu alguma significação a partir da materialidade lingüística
disponibilizada no bloco textual. Tal possibilidade poderá ser observada através
de indícios materializados lingüisticamente no texto do panfleto que os sujeitos
produziram. Dessa forma, passo a analisar os textos que foram produzidos.
120
5.2. Alise dos textos produzidos
Nesta seção será apresentada uma análise do material produzido pelos
sujeitos da pesquisa. Primeiramente, analiso os textos para o panfleto,
tomando como parâmetro a análise proposta na metodologia. Em seguida,
analiso as respostas dadas pelos sujeitos, considerando as marcas lingüísticas
deixadas nas respostas como indícios da compreensão.
5.2.1. Configuração dos Espaços Mentais
De acordo com a Teoria da Mesclagem Cognitiva, a construção de espaços
mentais é detonada pela materialidade lingüística a partir da qual é construído
um espaço genérico, aqui representado pelo sintagma nominal Aquecimento
Global que designa um MCI (Modelo Cognitivo Idealizado), uma vez que ativa
fenômenos relacionados ao meio ambiente, especificamente à temperatura da
terra. Desta forma, a referência ao Aquecimento Global pode ativar mudança
da temperatura da terra, envolvendo diferentes elementos e relações. Tudo
isso remete a um frame que, por sua vez, permite a construção do espaço
genérico. O hipertexto funcionaria como um “grande espaço input cuja
materialidade lingüística é construída por muitos inputs diversos, dentre eles os
hiperlinks que seriam inputs específicos que permitem acesso a blocos textuais
que são formados por novos inputs. As três versões do hipertexto, com seus
hiperlinks específicos e respectivos blocos textuais, poderão fornecer indícios
de sua importância na construção da significação.
Na tarefa de produzir um panfleto para os alunos visitantes de outras escolas,
eu esperava que os participantes da pesquisa reconstruíssem espaços
referentes aos hiperlinks ou espaços inputs que foram acessados, deixando em
seus textos marcas lingüísticas que permitissem recuperar as relações vitais
construídas na leitura do hipertexto. O foco da análise será nos hiperlinks que
funcionam como espaços inputs, pois permitem a construção de novos
espaços. Isso não significa que o considerarei os sujeitos que não
acessaram hiperlinks, pois acredito que a não ocorrência de acessos pode
121
sinalizar aspectos que podem (ou não) ter sido considerados em princípio. As
análises de cada versão serão apresentadas a seguir.
5.2.1.1. Versão 1
Nesta seção será apresentada a análise dos textos do panfleto produzidos
pelos sujeitos do grupo 1 que tiveram acesso ao hipertexto cujos hiperlinks e
respectivos blocos textuais estabeleciam relações vitais com o espaço genérico
ativado pelo termo lingüístico Aquecimento Global”.
O sujeito S1G1= Sujeito 1 do Grupo 1 produziu o seguinte texto para o
panfleto:
Aquecimento Global
O aquecimento global é um fenômeno climático, um aumento da temperatura média global. Nas mais
recentes discussões têm chegado a conclusão de que é a ação humana que influencia a temperatura
terrestre.
A terra recebe radiação emitida pelo sol e devolve grande parte para o espaço através da radiação de
calor. Os poluentes atmosféricos retêm parte dessa radiação que seria refletida para o espaço, essa parte
causa o aumento do aquecimento global.
É difícil prever a escala do aquecimento, mas cientistas chamam atenção para o fato , caso não sejam m
tomadas medidas urgentes a humanidade sofrerá conseqüências desastrosas.”
O sujeito S1G1 não acessou nenhum hiperlink durante a realização das
tarefas. Considerando esta situação, é possível afirmar que apenas o
hipertexto-base serviu de espaço input para construção de espaços mentais,
de onde emergeria a significação para a produção do panfleto. O diagrama a
seguir busca representar os mecanismos utilizados por S1G1:
122
Espaço genérico
Grande Input
Espaço emergente
Figura 22: Representação dos movimentos de S1G1
O sujeito S1G1 não acessou nenhum hiperlink, utilizando apenas significações
construídas a partir do hipertexto base. A linha pontilhada relaciona o “grande
input”, representado por toda materialidade do hipertexto ao espaço
emergente. Isso significa que o espaço emergente apresenta indícios materiais
apenas da materialidade lingüística do hipertexto, que aqui será denominado
de hipertexto base.
Apresento, a seguir, o texto produzido pelo sujeito S2G1= Sujeito 2 do Grupo
1 que acessou os seguintes hiperlinks: Climatólogo, Efeito Estufa, Protocolo de
Quioto e Conseqüências Desastrosas.
Aquecimento Global
“O aquecimento global é um fenômeno climático que consiste em um aumento na temperatura
média mundial que ocorre há 150 anos, aproximadamente.
Vários fatores contribuem com tal fenômeno, entre eles, o efeito estufa, que é o isolamento
térmico do planeta devido à ação de certos gases na atmosfera, como o dióxido de carbono.
Várias medidas vêm sendo tomadas para o controle e a diminuição da emissão destes gases,
entre elas, o Protocolo de Quioto, um acordo assinado entre vários países que visa medidas
para diminuição dos gases na atmosfera.
Meio ambiente
Aquecimento Globa
l
Alteração da temperatura
Representado pela materialidade
lingüística do hipertexto de onde
provém os hiperlinks
Aquecimento – fenômeno climático-aumento de
temperatura.
Terra recebe radiação emitida pelo sol
Poluentes retêm radiação: aquecimento
Medidas urgentes-conseqüências desastrosas
123
Agora cabe a nós, cidadãos, termos consciência dos riscos que sofremos devido a esse
fenômeno e nos organizarmos de modo que faça possível por tais medidas em prática, pois,
se nada fizermos, o aquecimento global prevê conseqüências irreversíveis.
Os termos em negrito representam indícios lingüísticos dos hiperlinks
acessados e as expressões sublinhadas representam construções a partir da
materialidade presente no bloco textual acessado. Uma representação desse
texto é proposta no diagrama a seguir:
Espaço genérico
Grande Input
Input 1 Input 2 Input 4 Input 5
Espaço emergente
Figura 23: Representação dos movimentos de S2G1
Embora S2G1 tenha acessado quatro hiperlinks, é possível observar no texto
que produziu âncoras materiais que remetem apenas aos espaços inputs
representados pelos hiperlinks Efeito Estufa e Protocolo de Quioto. A partir
dessa constatação, é possível inferir que o sujeito estabeleceu alguma
associação, criando relações com o espaço genérico. Ao apontar medidas para
Climatólogo
Efeito Estufa
Protocolo Quioto Cons.
Desastrosas
Fenômeno climático
Efeito estufa: isolamento térmico, ação de gases
na atmosfera.
Protocolo de Quioto – acordo assinado. Controle
e diminuição da emissão de gases:
Cabe a nós cidadãos: consciência e
organização, se não conseqüências
irreversíveis.
Meio ambiente
Aquecimento Globa
l
Alteração da temperatura
Representado pela materialidade
lingüística do hipertexto de onde
provém os hiperlinks
124
controlar e diminuir a emissão de gases, o sujeito estabelece a relação de
causa/efeito, apontando certa desanalogia entre Protocolo de Quioto e
aquecimento global. Ao destacar o fenômeno efeito estufa, é possível verificar
o estabelecimento da relação vital de causa/efeito, mas também de uma
relação de representação, uma vez que o efeito estufa simboliza o próprio
aquecimento global. O último parágrafo reflete aspectos lingüísticos resultantes
da tarefa proposta e da concepção que o sujeito possui do gênero panfleto, no
sentido de instigar e convocar o interlocutor para uma ação. A linha pontilhada
relaciona o grande input”, representado por toda materialidade do hipertexto
ao espaço emergente uma vez que alimenta, através de ativações,
significações passiveis de serem construídas pelos sujeitos.
O sujeito S3G1 acessou os seguintes hiperlinks: Climatólogo, Efeito Estufa,
Protocolo de Quioto, Conseqüências Desastrosas e El Niño, produzindo o
seguinte texto:
Aquecimento Global
“Com o aumento de poluentes no mundo, está fazendo com que o clima seja alterado.
Como podemos observar as mudanças causadas pelo aquecimento como as variações da
cobertura de neve das montanhas e de áreas geladas, aumento dos mares e várias outras
coisas.
Muitos cientistas apontam que o aquecimento no planeta a médio e longo prazo pode ter
característica irreversível e por isso, desde devem ser adotadas medidas para diminuir as
emissões de poluentes como o Protocolo de Quioto.”
Embora S3G1 tenha acessado cinco hiperlinks , é possível observar no texto
produzido marcas lingüísticas que remetem a apenas dois hiperlinks que o
Protocolo de Quioto e conseqüências desastrosas. O diagrama, a seguir, busca
representar os mecanismos usados por S3G1:
125
Espaço genérico
Grande Input
Input 6
Input 1 Input 2 Input 4 Input 5
Espaço emergente
Figura 24: Representação dos movimentos de S3G1
No texto produzido por S3G1 foram detectadas âncoras materiais que remetem
apenas aos espaços inputs representados pelos hiperlinks Protocolo de Quioto
e conseqüências desastrosas. A partir dessa constatação, é possível inferir que
o sujeito estabeleceu associação de causa/efeito, criando relações com o
espaço genérico. Ao apontar medidas para controlar e diminuir a emissão de
gases, o sujeito estabelece a relação de causa/efeito, apontando certa
desanalogia entre Protocolo de Quioto e aquecimento global. É interessante
que ao relacionar as conseqüências desastrosas produzidas pelo aquecimento
global S3G1 utiliza a âncora material outras coisas”, como se quisesse
comprimir uma série de aspectos dentro dessa materialidade lingüística.
O texto a seguir foi produzido por S4G1
Efeito Estufa
Meio ambiente
Aquecimento Globa
l
Alteração da temperatura
Representado pela materialidade
lingüística do hipertexto de onde
provém os hiperlinks
El Niño
Aumento de poluentes- clima alterado
Mudanças causadas pelo aquecimento:
variações da cobertura de neve das montanhas
aumento dos mares, outras coisas.
Cientistas- características irreversíveis.
Protocolo de Quioto –medidas para diminuir
emissão de poluentes:
Protocolo Quioto Cons.
Desastrosas
Climatólogo
126
Aquecimento Global
“O aquecimento global hoje é uma das maiores preocupações da população mundial, pois é um
fenômeno climático de larga extensão.
Os climatólogos têm chegado a conclusão de que é a ação humana que está influenciando na
temperatura da terra.
A terra recebe radiação emitida pelo sol e devolve grande parte dela para o espaço, os poluentes
atmosféricos estão retendo uma parte dessa radiação que seria refletida para o espaço, acredita-se que a
temperatura global suba 3 4ºC até 2090, essa elevação da temperatura faz prever conseqüências
desastrosas para a humanidade. Acredita-se que o Protocolo de Quioto seja uma alternativa para
amenizar o problema, se os compromissos assumidos pelos países envolvidos forem cumpridos,
ocorrendo assim a redução da emissão de gases
Acho que cada pessoa deveria fazer sua parte, principalmente não poluindo; assim podemos retardar o
que parece ser irreversível.”
O texto de S4G1 está representado no diagrama a seguir:
Espaço genérico
Grande Input
Input 6
Input 1 Input 2 Input 4 Input 5
Espaço emergente
Figura 25: Representação dos movimentos de S4G1
Climatólogo
Efeito Estufa
Protocolo Quioto Cons.
Desastrosas
Meio ambiente
Aquecimento Globa
l
Alteração da temperatura
Representado pela materialidade
lingüística do hipertexto de onde
provém os hiperlinks
El Niño
Aquecimento: fenômeno climático de larga
extensão Ação humana influenciando na
temperatura da terra.
Conseqüências desastrosas.
Protocolo de Quioto –compromissos assumidos
forem cumpridos- redução da emissão de
poluentes:
Cada pessoa fazer sua parte e não poluir.
127
Pela representação no diagrama, é possível verificar que, embora S4G1 tenha
acessado cinco hiperlinks, no panfleto produzido há indícios lingüísticos de
apenas um, que é Protocolo de Quioto, cuja relação vital pode ser observada
pelas âncoras materiais “compromissos assumidos forem cumpridos”
recuperando dessa forma a relação de causa/conseqüência ou desanalogia em
relação ao Aquecimento Global. Ao se referir aos hiperlinks Climatólogos e
Conseqüências Desastrosas, S4G1 utiliza âncoras materiais que estão no
hipertexto base e não no bloco textual que compõe o hiperlink. Desta forma, é
possível considerar que, mesmo S4G1acessando o hiperlink e lendo o bloco
textual, o texto que ele produziu para o panfleto não apresenta indícios de que
as significações possivelmente construídas a partir do bloco textual que
compõe o hiperlink foram utilizadas na produção. Além disso, é possível
observar também marcas que sinalizam para conscientização dos leitores,
específicas do gênero panfleto.
O sujeito S5G1 produziu o texto a seguir:
Aquecimento Global
“A vida humana caminha para a alta destruição, onde a cada dia que passa mais se parece viver em um
“forno” Imenso redondo que só tende a aquecer cada dia mais.
Se não for criada uma consciência de respeito e de valor ao que se diz respeito ao planeta e ao próprio
ser humano se tornarão cada vez mais freqüentes catástrofes globais como: secas, chuvas, tempestades,
furacões e terremotos e a mais devastadora das pestes: a fome, que tem o poder de colocar em risco
aqueles que vivem em países pobres e emergentes.
Enquanto não for envenenado o último rio, derrubada a última árvore e morto o último peixe, aí o homem
se dará conta que não poderá comer o dinheiro.”
Uma representação para o texto produzido é a seguinte:
128
Espaço genérico
Grande Input
Input 1 Input 4 Input 6
Espaço emergente
Figura 26: Representação dos movimentos de S5G1
É possível verificar que S5G1 acessou três hiperlinks, entretanto, no texto
produzido para o panfleto não indícios específicos de construção de
espaços mentais referentes a nenhum desses hiperlinks. É possível constatar
que, embora S5G1 não tenha acessado o hiperlink “conseqüências
desastrosas”, ele faz referência a catástrofes provavelmente tidas como
Conseqüências Desastrosas. Os indícios materiais observados em seu texto
sinalizam para conhecimentos que extrapolam a materialidade a que teve
acesso através do hipertexto-base. É interessante notar como S5G1 destaca a
questão da auto-destruição, comparando o aquecimento a um imenso forno
redondo, acredito que fazendo referência ao próprio formato da terra. S5G1
aponta conseqüências provavelmente advindas de seu conhecimento de
mundo, uma vez que nenhum dos hiperlinks aponta para efeitos como
furacões, terremotos e maior devastadora das pestes: a fome”. Além disso, é
Climatólogo
Meio ambiente
Aquecimento Globa
l
Alteração da temperatura
Representado pela materialidade
lingüística do hipertexto de onde
provém os hiperlinks
El Niño
Protocolo Quioto
Vida humana- auto destruição.
Forno imenso redondo. Consciência de respeito
e de valor. Catástrofes globais:secas, chuvas,
tempestades, furacões, terremoto, fome.
Conscientize-se
129
possível verificar no texto indícios do gênero panfleto através da materialidade
lingüística “conscientize-se”.
O texto a seguir foi produzido por S6G1:
Aquecimento Global
“Todos sabem que o tema que está em foco no ano de 2007 é o aquecimento global. Esse aquecimento é
causado pela ação do homem na natureza.
Grande parte da comunidade científica acredita que ao aumento de poluentes na atmosfera é causa do
efeito estufa (fenômeno de isolamento térmico do planeta por efeito da presença de certos gases na
atmosfera).
Devido aos efeitos potenciais sobre a saúde humana, economia e meio ambiente, o aquecimento global
tem sido fonte de grande preocupação e várias soluções vêm sendo propostas.
Muitos cientistas apontam que o aquecimento pode ter caráter irreversível e, por isso, desde já devem ser
adotadas medidas para diminuir as emissões de gases, através do Protocolo de Quioto.”
A seguir o diagrama com a representação do texto produzido por S6G1:
Espaço genérico
Grande Input
Input 2 Input 4 Input 6
Espaço emergente
Figura 27: Representação dos movimentos de S6G1
Meio ambiente
Aquecimento Global
Alteração da temperatura
Representado pela materialidade
lingüística do hipertexto de onde
provém os hiperlinks
El Niño
Efeito Estufa
Protocolo Quioto
2007: Foco- Aquecimento Global, ação do
homem. Efeito estufa:isolamento térmico do
planeta : efeito da presença de gases na
atmosfera.Grande preocupação: afeta saúde e
soluções vêm sendo propostas.
Pode ter caráter irreversível,Protocolo de
Quioto: diminuir as emissões de gases.
130
Três hiperlinks foram acessados por S6G1 e foram encontrados indícios de
apenas dois: Efeito Estufa e Protocolo de Quioto.
O sujeito S7G1 produziu o seguinte texto:
Aquecimento Global
“O aquecimento global, de fato, é um assunto muito sério. Ele é real e escada vez mais atuante em
nosso planeta. Este fenômeno dá-se pelo aumento considerável da temperatura na terra e suas
conseqüências podem ser desastrosas para a humanidade. Uma das mais importantes causas desse
aumento de temperatura é a poluição causada pelo próprio homem; e cabe a nós, humanidade, darmos a
nossa contribuição para evitar que as conseqüências do aquecimento global tomem proporções ainda
maiores. Então, faça a sua parte amigo leitor, leia mais sobre este assunto e procure saber o que está ao
seu alcance, como você pode ajudar na luta contra este problema.”
A representação do texto de S7G1
Espaço genérico
Grande Input
Input 4 Input 5 Input 6
Espaço emergente
Figura 28: Representação dos movimentos de S7G1
Cons.
Desastrosas
Meio ambiente
Aquecimento Globa
l
Alteração da temperatura
Representado pela materialidade
lingüística do hipertexto de onde
provém os hiperlinks
El Niño
Protocolo Quioto
Aquecimento: assunto sério.
Fenômeno: aumento considerável da
temperatura na terra. Conseqüências
desastrosas para humanidade.Poluição causada
pelo homem.
Cabe a nós- contribuição leitor: fazer sua parte,
ajudar na luta contra o problema.
131
Na representação do texto de S7G1, é possível constatar que mesmo que o
sujeito tenha acessado três hiperlinks, não é possível verificar em seu texto
indícios de significações construídas através da materialidade lingüística
presente nos hiperlinks. Certamente, S7G1 faz referência a conseqüências
desastrosas, mas os indícios observados em seu texto remetem a significações
possibilitadas pela materialidade do hipertexto-base e não provenientes do
bloco textual disponibilizado pelo hiperlink. Os indícios lingüísticos do gênero
panfleto podem ser observados através da materialidade: “Então faça a sua
parte, amigo leitor”.
O texto a seguir é do sujeito S8G1
Aquecimento Global
“O aquecimento global tem provocado uma grande fonte de preocupação para a humanidade, e ao lermos
em reportagens, revistas e em outras fontes de notícias, podemos perceber que não acharam ainda uma
solução concreta para a adoção de uma decisão que diminua o efeitos do aumento da temperatura média
da terra.
A cada ano que passa a temperatura sobe um pouco mais fazendo assim aumentar a preocupação de
achar uma nova medida, que o que está acontecendo é que alguns cientistas falam que tem que
diminuir a emissão de gases na atmosfera, outros admitem o aumento do teor de gás carbônico na
atmosfera porque dizem que grande parte desse gás tem origem na concentração de vapor de água que
independe das atividades humanas. Esse fato dos cientistas não entrarem em um acordo, acaba adiando
mais ainda a grande decisão a ser tomada para diminuição do aquecimento global.”
Embora o sujeito S8G1 tenha acessado três hiperlinks, não é possível observar
em seu texto indícios lingüísticos de que a significação dos blocos textuais
tenha sido utilizada.
A representação do respectivo texto encontra-se no diagrama a seguir:
132
Espaço genérico
Grande Input
Input 2 Input 4 Input 6
Espaço emergente
Figura 29: Representação dos movimentos de S8G1
O sujeito S8G1 não apresenta em seu texto indícios que evidenciem as
significações construídas a partir dos blocos textuais aos quais os hiperlinks
remetem. S8G1 acrescenta informações como” é fonte de preocupação para a
humanidade” e “não solução concreta”. Esses indícios lingüísticos podem
ser vistos como compressões que foram realizadas pelo sujeito.
O texto do sujeito S9G1 é o seguinte:
Aquecimento Global
O aquecimento global é um fenômeno climático de larga extensão. Nos últimos 150 anos vem
acontecendo um aumento da temperatura média superficial global. As causas naturais do aquecimento é
provocada pelo homem. Os climatólogos têm chegado à conclusão que é a ação humana está
influenciando na temperatura terrestre. Cientistas apontam que o aquecimento do planeta a média pode
EfEeito stufa
Protocolo Quioto
Meio ambiente
Aquecimento Global
Alteração da temperatura
Representado pela materialidade
lingüística do hipertexto de onde
provém os hiperlinks
El Niño
Aquecimento Global: fonte de preocupação para
a humanidade.Não há solução concreta para
que diminua o efeito do aumento da
temperatura.Alguns cientistas falam em diminuir
a emissão de gás e outros admitem que o teor
de gás independe da atividade humana.Falta de
acordo entre cientistas, adia decisão a ser
tomada e precisamos de resposta.
133
ter caráter irreversível. Desde a população mundial tem que adotar medida para a diminuição de gases
que provocam esse aquecimento. assim podemos diminuir o grande aumento da temperatura
terrestre.
Espaço genérico
Grande Input
Input 1
Espaço emergente
Figura 30: Representação dos movimentos de S9G1
O texto produzido por S10G1 é:
Aquecimento Global
O aquecimento global atualmente é um dos assuntos relacionados ao nosso planeta que mais preocupa,
pois envolve muitas coisas. Desde a Revolução Industrial, os gases emitidos pelas indústrias vem
contribuindo seriamente para o efeito estufa. E ainda com a descoberta das CFC (clorofluorcarbonetos)
que abriram um buraco na camada de ozônio, efz com que a incidência de raios solares no planeta fosse
maior, e o efeito estufa faz com que a reflexão deles seja menor ainda, e assim a temperatura tende a
subir cada vez mais. Várias alternativas foram pensadas e uma bem viável é o Protocolo de Quioto,
que propõe que os países integrantes tomem várias medidas com relação à diminuição da emissão de
gases à atmosfera, uso de fontes de energia renováveis, etc. apesar dos EUA estar boicotando esse
protocolo , e ainda ser o maior emissor de gases do mundo, todos esperamos que lês tomem consciência
e vejam o mal que estão causando não só a eles mesmos , mas ao mundo.
Aquecimento global- fenômeno climático de
grande extensão. Aumento da temperatura
média global. Causas naturais: provocada pelo
homem.
Climatólogos: conclusão: ação humana
influenciando temperatura.
Aquecimento: caráter irreversível.
População: adotar medidas diminuir
temperatura.
Meio ambiente
Aquecimento Globa
l
Alteração da temperatura
Representado pela materialidade
lingüística do hipertexto de onde
provém os hiperlinks
Climatól
ogo
134
O sujeito S10G1 acessou todos os hiperlinks disponibilizados no hipertexto,
entretanto a partir dos indícios materializados no texto que produziu, é possível
verificar a utilização de significações apenas de três, como pode ser observado
no diagrama a seguir:
Espaço genérico
Grande Input
Input 6
Input 1 Input 2 Input 4 Input 5
Input 3
Espaço emergente
Figura 31: Representação dos movimentos de S10G1
O texto produzido por S10G1 apresenta indícios lingüísticos que materializam
algumas relações vitais construídas pelo sujeito. Ao destacar os gases emitidos
pelas indústrias, o sujeito fornece indícios da construção da relação vital causa
conseqüência, inter-relacionando-a ao Efeito Estufa, destacando a abertura na
camada de ozônio. Ao recuperar a relação vital do hiperlink Protocolo de
Quioto como “bem viável” aponta que os países integrantes devem tomar
Efeito Estufa
Meio ambiente
Aquecimento Globa
l
Alteração da temperatura
El Niño
Revolução
Industrial
Climatólogo
Representado pela materialidade
lingüística do hipertexto de onde
provém os hiperlinks
Aquecimento Global: assunto preocupa a
todos.Revolução industrial: gases emitidos efeito
estufa. CFC: abriu buraco na camada de ozônio
Efeito estufa: reflexão de raios é menor e a
temperatura tende a subir.Protocolo de Quioto:
alternativa que propões países integrantes tomem
medidas para diminuir emissão de gases. EUA:
maior emissor: consciência
Protocolo Quioto Cons.
Desastrosas
135
medidas para diminuição da emissão de gases, recuperando, assim, a relação
vital de causa/conseqüência ou desanalogia com o espaço genérico
Aquecimento Global.
O texto produzido por S11G1 é :
Aquecimento Global
O aquecimento global é um fenômeno climático que vem acontecendo nos últimos 150 anos, provocando
um grande aumento na temperatura global. rias propostas estão sendo estudadas por climatólogos
para explicar a causa desse fenômeno. Como, por exemplo, a ação humana, o efeito estufa, a revolução
industrial , etc.
Com essa elevação da temperatura, faz prever grandes conseqüências para a humanidade, como verão
mais quente, escassez na produção de alimentos. As evidências do aquecimento global vem das medidas
de temperatura fornecidas por estações, mudanças ambientais, etc.
Ele tem sido fonte de grande preocupação, e pode ser irreversível. Desde já medidas devem ser tomadas
como por exemplo a diminuição nas emissões de gases para que o aquecimento global não destrua o
nosso planeta.
Este texto pode ser representado pelo seguinte diagrama:
Espaço genérico
Grande Input
Input 2 Input 4 Input 5 Input 6
Espaço emergente
Figura 32: Representação dos movimentos de S11G1
Efeito Estufa
Protocolo Quioto
Meio ambiente
Aquecimento Globa
l
Alteração da temperatura
Representado pela materialidade
lingüística do hipertexto de onde
provém os hiperlinks
El Niño
Aquecimento: fenômeno climático: aumento da
temperatura global. Climatologos: explicam
causa desse fenômeno.: ação humana, efeito
estufa, revolução industrial.
Conseqüências: verão mais quente, escassez
na produção de alimentos.
Medidas para diminuir emissão de gases e não
destrua o planeta..
Cons.
Desastrosas
136
O sujeito S11G1 acessou quatro hiperlinks, embora tenha encontrado indício
de apenas um, que é o hiperlink Conseqüências Desastrosas, cuja relação vital
com o espaço genérico foi recuperada ao serem destacadas algumas
propriedades ou conseqüências do Aquecimento Global como “verão mais
quente e escassez na produção de alimentos”.
Em relação à versão 1, dos sessenta e seis acessos possíveis aos hiperlinks
foram realizados trinta e sete, desses, onze relações vitais foram recuperadas
pelos indícios materiais analisados nos textos produzidos. Isso permite supor
que acessar um hiperlink não garante a construção de relações e significações
com o bloco textual que o hiperlink disponibiliza.
O hiperlink mais acessado e recuperado nos panfletos foi Protocolo de
Quioto”. Acredito que esse resultado esteja relacionado à relação vital de
causa/efeito que é estabelecida entre a materialidade lingüística representada
no hiperlink e o espaço genérico ativado. Trata-se de uma relação fundamental,
pois engloba a relação de mudança e ao mesmo tempo a relação de
desanalogia, pois propõe medidas contrárias ao aquecimento, ou seja, medidas
que visam desacelerar o Aquecimento Global.
Outra citação bastante freqüente foi em relação à expressão Conseqüências
Desastrosas”, mesmo que os sujeitos não tenham acessado o hiperlink, essa
materialidade lingüística foi muito recorrente nos textos, talvez por representar
também uma relação de causa/efeito e envolver outras relações como a
relação de propriedade, uma vez que apresenta aspectos negativos que seriam
propriedade do Aquecimento Global. Além disso, destacar as Conseqüências
Desastrosas do Aquecimento Global é um elemento importante em um panfleto
de conscientização.
5.2.1.2. Versão 2
Nesta seção será apresentada a análise dos textos do panfleto produzidos
pelos sujeitos do grupo 2 que tiveram acesso ao hipertexto cujos hiperlinks
137
estabelecem uma relação tênue com o espaço genérico ativado pelo termo
lingüístico Aquecimento Global, mas que, no entanto, os respectivos blocos
textuais a que os hiperlinks remetem, mantêm relação vital com Aquecimento
Global.
Serão representados aqui apenas os textos cujos sujeitos utilizam significações
construídas a partir da materialidade lingüística disponibilizada nos blocos
textuais. Portanto o serão aqui representados os textos dos sujeitos S1G2,
S3G2, S5G2, S6G2 e S8G2, uma vez que eles não acessaram nenhum
hiperlink na tarefa de ler e produzir o panfleto, pois construíram seus textos
pautados apenas no hipertexto-base. Nem tampouco serão representados os
textos dos sujeitos S4G2, S7G2 e S9G2 que mesmo tendo acessado algum
hiperlink, não produziram textos que apresentam âncoras materiais que
sinalizem a utilização de significados construídos a partir dos blocos textuais
disponibilizados. Apenas nos textos produzidos pelos sujeitos S2G2, S10G2 e
S11G2 foi possível observar marcas que sinalizam operações de compressão
que utilizam significações construídas pela materialidade dos hiperlinks.
Portanto, serão analisados apenas os textos desses sujeitos.
O texto produzido para o panfleto de S2G2 é o seguinte:
Aquecimento Global
O aquecimento global é um tema bastante discutido nos últimos anos. Este é um assunto preocupante
para a humanidade, pois devido a esse aquecimento o ar fica seco causando doenças como a bronquite,
asma e processos inflamatórios (saúde). Muitas soluções vêm sendo propostas para desacelerar o
aquecimento global, como o plantio de árvores, diminuição de indústrias dentre outros. Com o
aquecimento global, o nível do mar está aumentando, causando inundações em várias cidades.
O texto de S2G2 pode ser representado no diagrama de seguinte forma:
138
Espaço genérico
Grande Input
Input 1 Input 3 Input 5 Input 6
Input 4
Espaço emergente
Figura 33: Representação dos movimentos de S2G2
Pela representação, é possível verificar que, embora tenha acessado cinco
hiperlinks, cuja relação com o espaço genérico é uma relação tênue
13
, o sujeito
S2G2 utiliza em seu texto significações construídas de dois blocos textuais que são
saúde e soluções.
S2G2 recupera relações vitais existentes entre os blocos textuais e o espaço
genérico, representado pela âncora material Aquecimento Global. Mesmo que os
termos lingüísticos “saúde e soluções”, materializados nos hiperlinks, mantenham
uma relação tênue com o espaço genérico Aquecimento Global, os blocos textuais
13
Relação tênue representada pela linha fragmentada.
Ilhas
Meio ambiente
Aquecimento Globa
l
Alteração da temperatura
saúde
Escala
O aquecimento global tema bastante discutido.
Assunto preocupante aquecimento o ar fica seco
causando doenças como a bronquite, asma e
processos inflamatórios. soluções vêm sendo
propostas para desacelerar o aquecimento global,
como o plantio de árvores, diminuição de
indústrias dentre outros. Nível do mar está
aumentando, causando inundações em várias
cidades.
Política
Representado pela materialidade
lingüística do hipertexto de onde
provém os hiperlinks
Soluções
139
que os respectivos hiperlinks disponibilizam estão fortemente relacionados ao
espaço genérico aquecimento global
O texto produzido por S10G2 está apresentado a seguir:
Aquecimento Global
É um aumento da temperatura média superficial global que vem acontecendo nos últimos 150 anos. Nas mais
recentes discussões, climatólogos têm chegado à conclusão de que é a ação humana que está realmente
influenciando a temperatura terrestre. É difícil prever sua escala sobre o planeta, pois a quantidade dos efeitos
produzidos pelo fenômeno são bastante diversos. E a principal evidência do aquecimento global vem das
medidas de temperatura fornecidas por estações, ou seja, o lugar onde se efetuam as análises dos fenômenos
meteorológicos, os dados mostram que o aumento médio da temperatura foi de .6 + 0.2 durante o séc XX.
É possível a seguinte representação para o texto de S10G2
Espaço genérico
Grande Input
Input 1 Input 3 Input 4
Input 2
Espaço emergente
Figura 34: Representação dos movimentos de S10G2
Ilhas
Saúde
Meio ambiente
Aquecimento Globa
l
Alteração da temperatura
Estações
Escala
Representado pela materialidade
lingüística do hipertexto de onde
provém os hiperlinks
Aumento da temperatura média superficial global.
Climatólogos: ação humana está influenciando a
temperatura terrestre. Difícil prever a escala sobre
o planeta. Evidência do aquecimento vêm das
estações: lugar onde se efetuam as análises dos
fenômenos meteorológicos.
140
No texto produzido pelo sujeito S10G2, foi possível encontrar indícios lingüísticos
que remetem a significações construídas apenas a partir do bloco textual, Estações,
mesmo que tenha acessado outros três hiperlinks. S10G2 afirma que a evidência do
Aquecimento Global vem das Estações que é o lugar onde se efetuam as análises
dos fenômenos meteorológicos.
O sujeito S11G2 acessa dois hiperlinks e no texto que produziu é possível constatar
indícios de ambos, conforme apresentado no diagrama a seguir.
Aquecimento Global - Colaborador: S11G2
“O aquecimento global é um fenômeno climático de larga extensão, um aumento da temperatura média
superficial global, que vem acontecendo nos últimos 150 anos. Causas naturais ou antropogênicas têm sido
propostas para explicar o fenômeno. A revolução industrial afetou de forma drástica o equilíbrio ecológico.
Não é possível determinar uma escala que mostre o tamanho ou dimensão que o aquecimento global nos
proporcionará. Algumas simulações e comparações foram feitas, mas nada que nos certeza do tamanho que
é esse problema.
Vários tipos de soluções vêm sendo propostas como um emprego maior de energia renovável que afetam
menos a nossa atmosfera. Cabe a nós termos consciência e lutar para tentar reverter esse quadro.”
Espaço genérico
Grande Input
Input 1 Input 5
Espaço emergente
Figura 35: Representação dos movimentos de S11G2
Meio ambiente
Aquecimento Globa
l
Alteração da temperatura
Escala
Representado pela materialidade
lingüística do hipertexto de onde
provém os hiperlinks
Aquecimento: fenômeno climático de larga
extensão. Aumento da temperatura média
superficial global. Causas naturais ou
antropogênicas_explicar fenômeno.
Revolução industrial afetou drasticamente o
equilíbrio ecológico.Escala que mostre tamanho
e dimensão do aquecimento global.soluções:
emprego de energia renovável. Consciência:
lutar e reverter quadro.
Soluções
141
No texto produzido pelo sujeito S11G2 foram encontrados indícios dos dois
hiperlinks acessados: Escala e Soluções.
Em relação à versão 2, dos sessenta e seis acessos possíveis aos hiperlinks, foram
realizados dezenove acessos e desses apenas cinco relações vitais foram
recuperadas pelos indícios materiais analisados nos textos produzidos. Isso me
permite afirmar que a materialidade lingüística dos hiperlinks não instigou o acesso
aos blocos textuais. Entretanto, quando alguns blocos foram acessados, as
significações foram construídas quase que na mesma proporção observada na
versão 1 em que ocorreu 37 acessos e encontrados 11 indícios.
As relações vitais entre os blocos textuais e o espaço genérico foram fundamentais,
pois garantiram a construção de relações e conseqüentemente de significações. É
importante destacar que as expressões lingüísticas materializadas nos hiperlinks
representavam relações tênues com o espaço genérico, mas o bloco textual garantia
o estabelecimento de relação vital com o espaço genérico. Isso implica verificar que
em função do bloco textual estar relacionado ao espaço genérico, as relações
podem ser estabelecidas, permitindo assim que as significações sejam construídas.
5.2.1.3. Versão 3
Nesta seção será apresentada a análise dos textos do panfleto produzidos pelos
sujeitos do grupo 3 que tiveram acesso ao hipertexto cujos hiperlinks estabelecem
uma relação tênue com o espaço genérico ativado pelo termo lingüístico
“aquecimento global”. Além disso, os blocos textuais a que os hiperlinks remetem
também não mantêm relação com aquecimento global, mantêm relação apenas com
o input materializado no hiperlink.
Será representado aqui apenas um único texto, cujo sujeito utilizou significações
construídas a partir da materialidade lingüística disponibilizada nos blocos textuais.
Os sujeitos S3G3, S4G3 e S11G3 não acessaram nenhum hiperlink na tarefa de ler
e produzir o panfleto, pois utilizaram apenas significações construídas a partir da
materialidade do hipertexto-base. os sujeitos S1G3, S5G3, S6G3, S7G3, S8G3,
S9G3 e S10G3 embora tenham acessado algum hiperlink, produziram textos que
142
não apresentam âncoras materiais que sinalizem a utilização de significados
construídos a partir dos blocos textuais disponibilizados. Apenas no texto produzido
pelo sujeito S2G3 foi possível observar marcas que sinalizam operações de
compressão em que o autor-sujeito utiliza significações construídas pela
materialidade do hiperlink. Portanto, será representado apenas o texto desse sujeito.
Aquecimento Global
“O aquecimento global é um fenômeno climático causado principalmente pela ão do homem, esse
fato está mexendo com o mundo, com as pessoas. Acredita-se que a concentração de poluentes é
causado pelo efeito estufa.
Pessoas se conscientizam e começam a ter atitudes para que a situação o piore, começam a
pensar no futuro próximo, na saúde, no bem estar e em outras coisas que necessitam para viver.
Assim percebe-se que se todas as pessoas não se conscientizarem, poderá chegar um dia que não
haverá um amanhã.”
Espaço genérico
Grande Input
Input 1 Input 4 Input 5
Espaço emergente
Figura 36: Representação dos movimentos de S2G3
Meio ambiente
Aquecimento Global
Alteração da temperatura
Escala
Aquecimento: fenômeno climático, ação
do homem. Mexendo com o mundo e
com as pessoas. Concentração de
poluentes: efeito estufa.
Saúde: bem estar e em outras coisas
que necessitam para viver.
Conscientização.
Saúde
Soluções
Representado pela materialidade
lingüística do hipertexto de onde
provém os hiperlinks
143
Embora S2G3 tenha acessado três hiperlinks, utiliza significações construídas
pela materialidade de um deles.
Em relação à versão 3, dos sessenta e seis acessos possíveis aos hiperlinks, foram
realizados doze acessos e, desses, apenas uma relação vital foi construída , mas
não necessariamente recuperada, pelos indícios materiais analisados no texto
produzido. Isso permite supor que, além de o instigarem o acesso aos hiperlinks,
as expressões que materializam relações tênues com o espaço genérico corroboram
a hipótese de que a inexistência de relação vital entre o bloco textual e o espaço
genérico inibe a construção de significados que possam ser incorporados à
produção do texto.
5.2.2. Influência dos hiperlinks na significação do texto produzido
Ao considerar apenas a tarefa de produção do panfleto e verificando o número de
sujeitos que acessou algum hiperlink, neste momento, e utilizou as significações
construídas a partir da materialidade lingüística, é possível apresentar o seguinte
resultado:
Versões Nºde sujeitos que
acessou hiperlinks
Nº de sujeitos que usou
as informações do bloco
Percentuais
de
utilização
Versão 1 10 6 60%
Versão 2 6 3 50%
Versão 3 8 1 12,5%
Tabela 09: Número de sujeitos: acessos e indícios
É possível verificar que o percentual de utilização de informações dos sujeitos que
leram a versão 1 e 2 é bastante próximo. Ocorreram 37 acessos na versão 1, mas
foram encontrados indícios de utilização de informações apenas em 11. Na versão 2,
ocorreram 19 acessos e encontrados 5 indícios; na versão 3, ocorreram 12 acessos
e encontrado indício de utilização em apenas 1 texto produzido. O gráfico a seguir
permite melhor visualização dos indícios de utilização de significações construídas
pelos leitores que foram encontrados nos textos produzidos:
144
0
5
10
15
20
25
30
Versão 1 Versão 2 Versão 3
Indícios linguisticos dos hiperlinks acessados
Gráfico 02: Indícios lingüísticos dos hiperlinks acessados - Panfleto
Em relação aos indícios lingüísticos encontrados nos textos produzidos, é possível
observar uma certa proximidade nos resultados referentes às versões 1 e 2. É
importante destacar que na versão 1 os hiperlinks eram representados por termos
que estabelecem relações vitais com o espaço genérico e com os respectivos blocos
textuais que sustentam tais relações. na versão 2, embora os hiperlinks
mantenham relações tênues com o espaço genérico, os blocos textuais estão
diretamente relacionados a esse espaço genérico. Isso contribui para corroborar a
hipótese de que o estabelecimento de relações vitais é essencial para a construção
de sentidos e que não apenas o hiperlink, mas também o bloco textual devem
permitir a construção de tais relações.
145
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Versão 1 Versão 2 Versão 3
Comparação Acessos X Indícios
Quantidade de acessos
Indícios lingüísticos
dos Hiperlinks
acessados
Gráfico 03- Comparação: Acessos X Indícios - Panfleto
Em relação aos acessos, parece-me que, de uma certa forma, os hiperlinks
materializados por relações vitais fortes instigaram mais o hiperleitor a acessá-los,
que hiperlinks cujas relações eram tênues. No entanto, em relação à utilização das
informações nos panfletos produzidos, foi possível observar indícios que sinalizam
que a relação vital é também fundamental no bloco textual disponibilizado pelo
hiperlink, uma vez que os percentuais de indícios lingüísticos encontrados nas
versões 1 e 2 são bastante próximos. Na versão 3, tanto o percentual de acessos ,
quanto os indícios lingüísticos encontrados nos textos produzidos foi baixo. Esse
resultado, possivelmente, pode estar relacionado ao fato de as informações do bloco
não corresponderem às expectativas dos hiperleitores, ou seja, não manterem com o
espaço genérico algum tipo de relação, como revelam alguns depoimentos que
serão apresentados na entrevista na seção 5.4.
5.2.3. Comparação entre os Panfletos
Esta seção tem por objetivo apresentar uma análise global de todos os panfletos
produzidos pelos sujeitos, explicitando a qualidade dos textos em cada versão.
Mesmo que tenha considerado o número de acessos aos hiperlinks e o uso de
significações construídas a partir do bloco textual, considerei relevante fazer uma
análise comparativa da qualidade dos textos, com o intuito de observar se o fato de
acessar mais ou menos hiperlinks poderia interferir no produto final.
146
Ao propor analisar a qualidade dos panfletos produzidos pelos sujeitos, levei em
consideração quatro aspectos. O primeiro refere-se às unidades de informação
14
, ou
seja, quais unidades de informação os sujeitos utilizam. Para isso, fragmentei os
textos produzidos pelos sujeitos, buscando verificar se eles buscaram responder as
questões: o quê? Como? Quando? Por quê? Quem? Características do fenômeno?
Conseqüências? Medidas? , etc. O segundo aspecto considerado refere-se à
articulação e relação entre as proposições, ou seja, se é possível observar
mecanismos coesivos explícitos ou não entre as unidades de informação. O terceiro
aspecto diz respeito à utilização de marcas lingüísticas que materializam a tarefa de
produção de um panfleto, ou seja, se é possível verificar elementos recorrentes em
panfletos, como marcas de textos injuntivos
15
e marcas de interatividade
16
. E,
finalmente, o quarto aspecto que se refere à utilização de informações do repertório
de conhecimentos do sujeito-leitor. Acredito que quanto mais contato o sujeito tenha
tido com o hipertexto, isto é, com os blocos textuais acessados pelos hiperlinks, mais
significações tenham sido construídas e possivelmente mais conhecimentos tenham
sido ativados e utilizados na produção do panfleto. Pautada nesses aspectos,
apresento as observações sobre os textos produzidos.
Os panfletos dos sujeitos que leram a versão 1 apresentam-se mais consistentes
quanto às unidades de informação e mais articulados. Os sujeitos apresentam em
seus textos o problema Aquecimento Global, explicitando o que é, por que e como
acontece o fenômeno. Enfatizam a necessidade de mudanças, destacando medidas
como o Protocolo de Quioto, como alternativa para diminuir o problema. Todos os
panfletos produzidos mencionam as Conseqüências Desastrosas do Aquecimento
Global, de diferentes formas, tais como: catástrofes globais, efeitos potenciais,
danos irreversíveis, problemas sem solução, etc. Além disso, os panfletos instigam o
interlocutor à ação diante de um problema e buscam interagir com o mesmo,
utilizando formas lingüísticas como: “agora cabe a nós”, “Conscientize-se”, “Todos
sabem”, “Nós precisamos”, “Todos esperamos” etc. Parece-me que apontar as
14
Unidade de informação equivale a uma proposição, formada por argumento e predicado.
15
As marcas de textos injuntivos instauram ações de linguagem que objetivam orientar as pessoas para
determinadas tarefas e práticas sociais.
16
As marcas de interatividade constituem-se de expressões ou formas lingüísticas que subtendem a presença de
um interlocutor ao qual o produtor do texto está se referindo de maneira clara, com o objetivo de dialogar e
compartilhar conhecimentos.
147
conseqüências negativas e buscar a adesão do interlocutor às idéias apresentadas é
uma característica importante em um panfleto de conscientização.
Os panfletos produzidos pelos sujeitos que leram a versão 2 apresentam-se
consistentes em relação às unidades de informação, uma vez que apresentam
informações relevantes como o quê, como, por que, características, etc. Os sujeitos
destacam as conseqüências desastrosas do aquecimento global, enfatizando
problemas de saúde provenientes desse fenômeno, o que não foi feito pelos sujeitos
da versão 1.
Os panfletos produzidos pelos sujeitos que leram a versão 3 parecem menos
consistentes quanto às informações que apresentam, uma vez que restringem os
aspectos básicos que foram observados: por que, como , quando, características,
conseqüências , etc. Alguns sujeitos desconsideram totalmente o hipertexto-base e
constroem um texto com informações de seu próprio repertório de conhecimentos,
como fazem os sujeitos S10G3 e S11G3. Outros agregam informações do
conhecimento prévio construídas a partir do hipertexto base, como fazem os sujeitos
S2G3 (época dos dinossauros); S5G3 (EUA não assinou o Protocolo): S6G3 (não
queimar lixo, o provocar incêndio). Pude constatar a utilização de informações
isoladas, tornando o texto fragmentado, o que compromete a articulação e a relação
entre as proposições. Verifiquei também que alguns sujeitos interrompem
abruptamente o assunto, sem uma finalização adequada dos textos como pode ser
observado nos textos produzidos pelos sujeitos S3G3; S4G3; S5G3 e S7G3. Quanto
aos indícios do gênero panfleto, pude observar o enfoque aos cuidados que as
pessoas precisam ter em relação ao meio ambiente e também o uso de marcas de
interatividade que buscam compartilhar com o leitor o problemas e convencê-lo a
aderir a suas idéias ao usar termos como: S6G3 (Você pode não saber, mas é
agente da poluição); S8G3 (Precisamos estar atentos), S2G3 (Se não se
conscientizar não haverá amanhã).
Enfim, quanto à qualidade dos textos produzidos é possível afirmar que os panfletos
produzidos pelos sujeitos que leram a versão 1 são qualitativamente melhores do
que os da versão 2 que por sua vez são melhores do que os da versão 3. Acredito
que essa qualidade esteja associada ao acesso a uma quantidade maior de
informação coerente com o espaço genérico ativado pela temática central. Isso
148
significa que mais significações foram construídas e, de certa forma, contribuíram
para a qualidade dos textos que estavam sendo produzidos. Foi interessante
observar como os sujeitos em seus textos nas três versões apresentam marcas de
interatividade. Acredito que as condições de produção, especificamente a tarefa de
produzir um panfleto tenha sido responsável por essas características que foram
materializadas lingüisticamente nos textos produzidos pelos sujeitos.
Quanto ao uso do conhecimento prévio pude observar nos panfletos dos sujeitos
que leram a versão 3 maiores indícios de utilização de repertório próprio. Talvez
esse resultado esteja associado à falta de construção de conexões dos blocos
textuais a que os hiperlinks remetiam; por outro lado, poucas informações relevantes
no hipertexto base podem ter instigado o hiperleitor a buscar e utilizar
conhecimentos próprios. Enfim, arrisco-me a afirmar que a quantidade de acessos e
a qualidade dos blocos textuais acessados interferiram na qualidade da
compreensão e conseqüentemente na qualidade da produção.
5.3. Alise das Questões
Nesta seção apresentarei os critérios de análise para as respostas produzidas pelos
sujeitos que acessaram os hiperlinks. Meu objetivo não é categorizar as respostas
como certas ou erradas, mas buscar apontar “see “como” os sujeitos organizam e
relacionam as significações construídas pela materialidade do bloco textual que foi
acessado através do hiperlink. Assim, faço a opção por “considera” e “não
considera” a informação apresentada no hiperlink, como conteúdo para a resposta.
Ao analisar a tarefa de responder questões, considerei as respostas dadas pelos
sujeitos que acessaram os hiperlinks em qualquer momento da realização do
experimento (leitura, produção ou responder questão). Essa opção justifica-se, tendo
em vista que o sujeito, em algum momento, acessou o bloco textual necessário para
responder as perguntas, portanto eu não poderia desconsiderar acessos anteriores.
Os resultados dos acessos, em relação à versão 1, são apresentados na tabela a
seguir:
149
Versão 1
Questões Hiperlink a ser acessado
para responder questão
Habilidade Exigida Qtos sujeitos
acessaram
Consideram
Não
consideram
1 3-Revolução Industrial Localizar informações 9 9
2 5-Conseqüências desastrosas Localizar informações 7 7
3 3-Protocolo de Quioto Inferir/estabelecer relação 10 10
4 1/2/6-Climatólogos, Efeito
Estufa e El Niño
Inferir/estabelecer relação 10 7 3
17
Tabela 10: Questões da versão 1
Como as informações dos blocos textuais estão relacionadas ao Tópico central, ao
considerar a informação de cada um desses blocos, automaticamente, o sujeito
estará relacionando o conteúdo do bloco à temática geral.
Na tarefa de responder às questões, foi possível verificar que o acesso ao hiperlink
garantiu que as informações construídas fossem utilizadas na produção das
respostas na versão 1. Esse resultado deve-se ao fato de os blocos textuais
disponibilizados pelos hiperlinks manterem relações vitais fortes com o espaço
genérico ativado.
Versão 2
Questões Hiperlink a ser acessado
para responder questão
Habilidade Exigida
Qtos sujeitos
acessaram
Consideram
Não
consideram
1 1-Escala Localizar informações 9 7 2
2 4-Saúde Localizar informações 9 9
3 3-Ilhas Inferir/estabelecer relação 9 7 2
4 5/6-Soluções/Política Inferir/estabelecer relação 9 9
Tabela 11: Questões da versão 2
Na versão 2, o número de sujeitos que acessou o hiperlink em algum momento da
pesquisa foi o mesmo em todas as questões. O número de sujeitos que utilizou as
informações foi bastante próximo da versão 1. Com esses resultados é possível
supor que mesmo que o hiperlink mantenha uma relação tênue com o espaço
17
Um sujeito considerou as informações, mas não estabeleceu relação entre os termos cimatólogos,
efeito estufa e el Niño, conforme o objetivo da pergunta, por isso foi classificado como “não considera”
como os outros dois.
150
genérico, a materialidade lingüística disponível no bloco textual é fundamental para
que os sujeitos construam significações relacionadas ao espaço genérico ativado.
Isso foi possível porque na versão 2 a materialidade lingüística do bloco textual
mantinha relação vital forte com o espaço genérico. Vale ressaltar que o alto
percentual de acessos provavelmente foi instigado pela tarefa de responder
questões que instigava, e, de certa forma, “obrigava” o acesso ao hiperlink.
A versão 3 apresenta blocos textuais que não estão relacionados à temática. Dessa
forma, foi necessário subdividir os itens ”considera” e “não-considera”, pois
considerando ou não a informação do bloco, os sujeitos poderiam ou não construir
relação com o tópico central, da mesma forma que ao “não-considerar”, ele também
poderia construir ou não tal relação. Os exemplos a seguir, produzidos pelos
sujeitos, explicitam melhor esse critério.
1º- Considera e constrói- Exemplo do hiperlink ilhas: Com o aquecimento em todo
o mundo, as calotas polares estão derretendo, aumentando a água nos oceanos,
levando à formação de ilhas. ”O sujeito considera a informação apresentada no
bloco textual e constrói relação com o tópico central, ou seja, ele assume o conceito
de ilha como uma porção de terra cercada por água e relaciona isso ao aquecimento
global, mesmo que tal informação não esteja explicitada no texto.
2º- Considera e não-constrói- Exemplo do hiperlink saúde: O mal-estar além de
ser prejudicial para a saúde, causa doenças. A percepção de saúde varia muito de
cultura para cultura.” O sujeito considera a informação que está no bloco, mas não
constrói nenhuma relação com a temática Aquecimento Global.
3º- Não-considera e constrói- Exemplo do hiperlink ilhas: As ilhas, na verdade,
quer dizer ilhas que formam nos centros urbanos e aglomeram quantidade de gás ,
formando ilhas de poluentes e calor”. O sujeito não considera a informação do bloco
textual que explicita ilha como porção de terra cercada por água, e constrói relação a
partir do conhecimento de que dispõe, pois, na verdade, recupera conhecimentos
que já possui e fala de ilhas de calor.
Não-considera e não-constrói- Exemplo do hiperlink escala:”Acho que o que
norteia a nossa calma ou desespero é a escala de graus Celsius, nesse caso em
151
função do tempo, o que permite ver o quanto o planeta tem aumentado rápido.” O
sujeito não considera a informação do bloco e, além disso, não estabelece nenhuma
relação com a temática Aquecimento Global. O que o sujeito produz é algo
totalmente desconexo e de difícil compreensão.
A partir dos critérios explicitados, obtive o seguinte resultado:
Versão 3
Consideram Não-consideram Questões Hiperlink a ser acessado
para responder questão
Habilidade Exigida Qtidade
sujeitos que
acessaram
Const Não C Const Não C
1 1-Escala Localizar informações 7 1 5 1
2 4-Saúde Localizar informações 9 2 1 6
3 3-Ilhas Inferir/estabelecer relação 7 4 3
4 5/6-Soluções/Política Inferir/estabelecer relação 3 3
Tabela 12: Questões da versão 3
Uma vez que a tarefa de responder questões instigava os sujeitos a acessarem os
hiperlinks, é possível observar que isso foi feito nos primeiros hiperlinks do
hipertexto. O mesmo não ocorrendo em relação aos últimos: soluções e política.
Possivelmente, em função de constatarem que os blocos textuais não atendiam às
suas expectativas de leitura os sujeitos desistiram de acessá-los. Outro resultado
bastante relevante refere-se ao que os sujeitos fazem com as significações
construídas. A maioria dos sujeitos não considerou as informações do bloco textual e
utilizou informações do próprio conhecimento. Outros consideraram as informações
e inseriram complementações com o objetivo de estabelecer relações com o sentido
construído a partir da materialidade lingüística disponibilizada. Exemplo disso foi o
hiperlink ilhas: os sujeitos recuperaram o conceito de ilha construído a partir do bloco
textual e inseriram a informação de que o degelo das geleiras levou à formação de
ilhas. É interessante notar a necessidade ou esforço de alguns sujeitos para
construir sentidos, ou seja, uma relação lógica entre o hiperlink e o tema,
estabelecendo assim a unidade temática de sua leitura.
O gráfico a seguir apresenta o resultado das três versões em relação à atividade de
responder questões:
152
S
ujeitos que consideram a informação do
hiperlink por queso.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
Versão 1 Versão 2 Versão 3
Questão 1
Questão 2
Questão 3
Questão 4
Gráfico 04: Índicos lingüísticos dos hiperlinks encontrados nas questões
Na versão 1, é possível constatar que nas questões 1, 2,e 3 todos os sujeitos que
acessaram os hiperlinks utilizaram significações construídas a partir do bloco textual.
Apenas na questão 4 o percentual foi de 70%. Esse resultado pode estar ligado à
característica da questão 4, que além de ser uma questão inferencial, exigiu do
hiperleitor o estabelecimento de relação entre três hiperlinks distintos o que reflete
uma complexidade maior.
Na versão 2, embora os hiperlinks mantenham uma relação tênue com o espaço
genérico, as significações possíveis de serem construídas a partir do bloco textual
são relações vitais fortes e isso, possivelmente, garantiu que os hiperleitores
utilizassem tais significações na produção das respostas às questões.
Na versão 3, cujos hiperlinks são os mesmos da versão 2, com o diferencial no bloco
textual disponibilizado, as significações construídas são bastante inferiores, uma vez
que tais significações não estabelecem relações vitais com o espaço genérico
ativado. Em relação à questão 4, nenhum sujeito considerou as informações
construídas a partir do hiperlink, provavelmente em função da característica
153
inferencial da questão e a impossibilidade de construir relações coerentes
verificadas nas questões anteriores.
5.4. Algumas considerações sobre as entrevistas
Após a realização das atividades de produção do panfleto e de responder as
questões propostas, os sujeitos foram submetidos a uma breve entrevista, que
consistia de quatro questões que apresento a seguir com algumas observações.
Questão 1
Os links contribuíram com a pesquisa que você estava realizando?
A pesquisa contou com 33 participantes, que foram subdivididos aleatoriamente em
três grupos. Dos onze sujeitos que participaram da versão 1, apenas um sujeito não
acessou nenhum hiperlink. Questionado sobre o porquê, ele respondeu que não
houve necessidade, pois as informações apresentados no hipertexto base foram
suficientes para a produção do panfleto. Os demais (10 sujeitos) afirmaram que o
hiperlink foi importante, pois ofereceu mais informações sobre o assunto.
Na versão 2, três sujeitos não acessaram hiperlink algum. Indagados sobre o
porquê disseram que não houve necessidade, pois as informações que queriam
estavam no texto base; além disso os hiperlinks o pareciam importantes para
serem utilizadas na produção do panfleto. Os demais alunos (8) afirmaram que os
hiperlinks esclareceram as dúvidas que queriam, mas usaram pouco as informações
na produção do panfleto, pois não foi necessário.
Na versão 3, todos os sujeitos acessaram algum hiperlink. No entanto, indagados
sobre a contribuição destes para a produção do panfleto, muitos hesitaram, dizendo
“mais ou menos”, e justificavam:
S1G3 - “Muita informação não tinham nada a ver com o que eu tava querendo...”
S6G3 - Não ajudaram muito não, porque dão uma idéia muito geral e não especificam direito o assunto. Parece
que falam de coisa que não tem nada a ver...”
S7G3-Era muita informação e, às vezes, elas não batiam, produzia muita confusão”.
154
S8G3- “Alguns sim. Acho que escala, apesar de ser muito confuso,... acho que sou eu que não entendo
esses trem direito...”
S10G3- - “De certa forma, acho que não. Não era bem o que eu estava procurando. Falavam de outras coisas.”
Questão 2
Quais foram os links mais importantes? Por quê?
Os hiperlinks apontados pelos sujeitos como os mais importantes foram aqueles em
que eles clicaram e cujo resultado já foi apresentado na seção 5.1. Em relação à
justificativa, os sujeitos apontaram que
S4G1-Não sabia exatamente o que era.
S9G2- “Exemplificaram mais, deram oportunidade de saber mais...”
S10G2- Só para responder as perguntas.
S5G3- “Ilha, saúde, estações. Pensei que era ilha de calor, mas não era. Falou sobre o tempo em estações , eu
não entendi muito bem.”
S9G3-“Saúde, porque relacionava saúde de outra forma. Aquecimento global estava ligado a bem estar e eu
estava relacionando a outra coisa como doença, etc. o ser humano sente as mudanças, vem as doenças e
falou em bem estar.’
Questão 3
Por que você clicou, durante a leitura, nos links _______________________?
Questão 4
Por que você clicou, durante a produção do texto, nos links_________?
Optei por agrupar as questões 3 e 4, tendo em vista as respostas dadas pelos
sujeitos, pois o mesmo que os sujeitos respondiam na questão 3, respondiam na
questão 4. Seguem alguns exemplos:
S2G1- Porque achei que eram os pontos mais importantes e foram os que mais chamaram a minha atenção.”
S3G1- “Achei que tinha mais a ver com o assunto.”
S4G1-Sabia vagamente sobre o assunto e queria mais informações para usar no texto.”
S2G2- “ Para saber mais sobre o assunto e assim produzir o texto”
S4G2- “ Era o link de que eu precisava de mais informação.”
S10G2- “Para buscar mais aprofundamento nos temas”.
S6G3-“ Dão mais informações sobre o assunto. Não foi exatamente o que aconteceu, mas era o que eu
esperava.”
155
S7G3- “por que não estava tudo explícito no texto. Eu achei que fosse ilha de calor, mas quando li, vi que era
pedaço de terra.”
S8G3- “ Para definir melhor o que era”
As respostas dadas nas entrevistas sinalizam que os hiperlinks da versão1, que
mantinham relações vitais com o espaço genérico ativado, são importantes e as
significações construídas a partir do bloco textual foram utilizadas na produção tanto
do texto do panfleto quanto nas respostas às questões.
Na versão 2, os sujeitos apontam também para a importância dos hiperlinks e
destacam que o hipertexto-base foi suficiente para produzir o panfleto, não sendo
necessário acessar nenhum hiperlink para tal tarefa, a não ser para responder as
questões específicas.
Quanto à versão 3, os sujeitos indicam que os hiperlinks não ajudaram muito, uma
vez que as informações disponibilizadas no bloco textual não atendiam às suas
expectativas de leitura.
5.4.1. Alguns comentários feitos pelos sujeitos participantes que
extrapolaram as questões da entrevista:
Apresento nesta seção, depoimentos de alguns dos sujeitos participantes da
pesquisa que quiseram se manifestar no final das tarefas; portanto foram
depoimentos espontâneos e nem todos se manifestaram.
S1G1- “Quando faço pesquisa, normalmente entro no Google ou Cadê, digito o que eu quero e acho o texto. Aí,
eu não tenho costume de ficar entrando nos links não, eu dou uma olhada, uma lida rápida, copio e colo. Senão
demora muito.”
O sujeito S1G1 não acessou nenhum hiperlink, nem mesmo para responder as
perguntas. Comentário semelhante foi feito pelo sujeito S1G2, que também o
acessou nenhum hiperlink.
S1G2- “Eu tiro o trabalho na internet, de última hora, clicando no site Google e aí eu copio e colo e se der tempo
então eu passo o olho. Respondi com base apenas no texto principal.”
S6G2 a inserção de vídeos seria muito importante para ajudar as pessoas a entenderem melhor o assunto. Por
exemplo: calor e aquecimento alterando a pele das pessoas.
156
O sujeito S11G2, ao ler e produzir o texto, clicou apenas nos hiperlinks Escala e
Soluções, mas ao responder às perguntas clicou em todos os hiperlinks necessários,
tanto que na questão 1 afirmou que “com certeza, os links foram importantes, porque
peguei quase tudo dos links”. E fez o seguinte comentário:
S11G2- “Sou preguiçoso e não gosto muito de ler. Ontem mesmo fiz um trabalho de física de 8 páginas, eu nem
li direito, copiei e colei. Fiz a capa e entreguei para a professora ”
O sujeito S11G2
parece querer justificar o fato de não clicar no momento da leitura e
produção, pois utilizou apenas informações que pudessem ser construídas a partir
do hipertexto-base. Entretanto se viu obrigado a acessar os hiperlinks para que
pudesse responder as questões.
os sujeitos do grupo 3, cujos hiperlinks não estavam relacionados à temática
aquecimento global, mas apenas ao termo materializado no hiperlink, fizeram
comentários diferentes:
S6G3- “A senhora podia me explicar o que as ilhas têm a ver com isso tudo, porque eu não entendi direito.”
O sujeito S6G3 explicita a dificuldade em comprimir a significação construída a partir
do bloco textual com o espaço genérico que estava ativado que era Aquecimento
Global.
Já o sujeito S3G3 fez a seguinte observação:
S3G3 - “Eu só entrei nos links, porque tinha pergunta para responder”.
S10G3- “Porque preferi colocar com as próprias palavras, fiquei com preguiça de clicar e depois não achar nada
interessante ”
S11G3 Eu cliquei em escala porque não sabia nada, mas eu tenho desânimo de ficar entrando nos links.
Os depoimentos apresentados espontaneamente por alguns alunos soaram-me
como justificativas por não terem acessado os hiperlinks, uma vez que as primeiras
questões da entrevista indagavam sobre a importância dos hiperlinks na leitura e
produção. No próximo capítulo apresento algumas conclusões deste trabalho e
ressalto algumas de suas implicações teóricas e práticas.
157
CAPÍTULO 6 - CONCLUSÃO
Neste trabalho, busquei observar a influência dos hiperlinks na construção do
significado na leitura de hipertexto enciclopédico digital. Parti do pressuposto de que
as características dos termos lingüísticos materializados nos hiperlinks poderiam
instigar ou inibir a navegação do hiperleitor. Levei em consideração que tais
características eram determinadas por relações vitais mais fortes ou relações tênues
entre o hiperlink e o espaço genérico ativado por uma âncora material que
representava a temática. Assumi a hipótese de que, na medida em que o hiperleitor
acessasse determinados hiperlinks, espaços mentais seriam construídos,
produzindo espaços emergentes cujas significações seriam possíveis através do
estabelecimento de relações vitais. Utilizei três versões de um mesmo hipertexto,
adaptado da Wikipédia. Na primeira versão, tanto os hiperlinks que remetiam ao
bloco textual quanto o próprio bloco eram materializados por expressões lingüísticas
que estabeleciam relações vitais com o espaço genérico. Na segunda versão, os
hiperlinks eram materializados por expressões lingüísticas que estabeleciam
relações tênues com o espaço genérico, mas o bloco textual a que esses hiperlinks
remetiam mantinham uma relação vital forte com o espaço genérico. Na terceira
versão, tanto os hiperlinks quanto o bloco textual a que eles remetiam eram
materializados por expressões lingüísticas que estabeleciam relações tênues com o
espaço genérico.
Os resultados da pesquisa me permitiram observar que hiperlinks materializados por
termos lingüísticos que mantém relações vitais fortes com a temática, ou seja, cujos
hiperlinks fazem parte do frame ativado correspondendo ao espaço genérico,
instigam mais o leitor a acessá-los e atingir o bloco textual. Os resultados permitiram
observar também que o simples acesso ao bloco textual não é garantia de que
espaços mentais serão construídos e utilizados em novas significações, uma vez
que os percentuais de indícios lingüísticos encontrados foram bastante inferiores na
tarefa de produção do panfleto. Quanto à tarefa de responder questões, o mesmo
resultado não foi obtido, conforme pode ser visualizado no gráfico a seguir:
158
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
90,00%
100,00%
Versão 1 Versão 2 Versão 3
Comparão Indícios: Panfleto X Questões
Panfleto
Questões
Gráfico 05: Comparação dos Indícios: Panfleto X Questões
É possível observar que na tarefa de responder questões foram encontrados muito
mais indícios lingüísticos de significações construídas pelos sujeitos a partir do bloco
textual, do que na tarefa de produção do panfleto. Vale lembrar que dos 37 acessos
ocorridos na versão 1, para a produção do panfleto, apenas em 11 indícios foram
encontrados. na tarefa de responder questões referentes à mesma versão, dos
37 acessos ocorridos foram encontrados 34 indícios lingüísticos nas questões
respondidas, referentes aos hiperlinks acessados. Quanto à versão 2, dos 19
acessos ocorridos para a produção do panfleto, foram encontrados 5 indícios dos
hiperlinks utilizados, e na tarefa de responder questões, dos 36 acessos ocorridos
foram encontrados 32 indícios. Na versão 3, dos 11 acessos ocorridos na produção
do panfleto, apenas 1 indício foi encontrado e na tarefa de responder questões, dos
26 acessos, apenas 7 indícios foram encontrados.
Tal resultado indica que a tarefa apresentada ao usuário parece ser um aspecto
importante para instigar o acesso ao hiperlink e o uso das significações construídas
a partir da materialidade lingüística disponibilizada. Além disso, a característica do
hiperlink, ou seja, a relação que ele estabelece com o espaço genérico ativado
também é fundamental na construção da significação.
Foi possível observar que, ao construir espaços mentais, os sujeitos partiram de um
modelo cognitivo que foi ativado - o aquecimento global - que se refere à alteração
da temperatura da terra. Isso não significa qualquer alteração, mas sim uma
159
elevação e não uma queda da temperatura (resfriamento global). Nesse momento
foram ativados espaços mentais para essa situação específica, que podia envolver
conhecimentos que são especificamente culturais, escolares, enciclopédicos, etc.,
pois de acordo com Fauconnier e Turner (2002) “sem determinados conhecimentos
torna-se difícil construir espaços e mesclá-los.” Além disso, de acordo com os
autores, determinados termos lingüísticos evocam frames particulares. Desses
frames devem ser selecionados um frame que organiza todos os eventos
contrastantes, uma vez que o leitor busca o tempo todo a construção de relações
coerentes entre elementos lingüísticos. Isso pôde ser observado claramente na
versão 3, quando os sujeitos depararam-se com o hiperlink ilhas que remetia ao
bloco textual que explicitava apenas o conceito de ilhas como porções de terra.
Desconsiderando tal significação, os sujeitos buscaram estabelecer outras relações
e explicitaram que as ilhas eram provenientes do degelo das calotas polares.
Ao relacionar informações construídas a partir do bloco textual disponibilizado pelo
hiperlink a informações do conhecimento internalizado dos sujeitos, foi possível
observar que alguns elementos são tomados como mais relevantes e esses vão
servir de âncora para o estabelecimento de relações entre informações.
A expectativa de relevância em uma comunicação encoraja o ouvinte a
procurar conexões que maximizam a relevância do elemento para a rede, e
encoraja o falante a incluir na mescla elementos que propiciem as conexões
adequadas na rede, mas também excluem elementos que podem levar a
conexões indesejáveis. (FAUCONNIER E TURNER, 2002, p. 334, tradução
nossa).
Muitas vezes elementos do conhecimento são mais relevantes para o leitor do que
elementos do texto. Esse aspecto foi observado quando os sujeitos da pesquisa
desconsideraram informações construídas a partir do bloco textual e utilizaram
informações do conhecimento que possuíam sobre o assunto. Além do exemplo
ocorrido com ilhas (de calor) e ilhas (porções de terra, cercadas por água), observei
tal construção no hiperlink saúde na versão 3, em que os sujeitos explicitaram que o
aquecimento poderia influenciar o bem estar das pessoas e dessa forma, provocar
doenças. No bloco textual a que o hiperlink remetia era apresentada apenas a
definição de saúde como bem estar. A relação foi construída pelos conhecimentos
de que o sujeito dispunha.
160
O hipertexto apresentado permitia, por meio dos hiperlinks, vistos como espaços
inputs, que novos espaços mentais específicos pudessem ser criados apoiados em
âncoras, como, por exemplo, Protocolo de Quioto, que representa uma
conseqüência e cujas “medidas para diminuição da poluição e conseqüentemente do
aquecimento” são disanálogas ao frame de aquecimento global. Da mesma forma, o
efeito estufa representa uma relação de identidade e unicidade uma vez que retrata
o próprio aquecimento, dentre as outras relações que o hipertexto apresentava.
Provavelmente, a construção de tais relações do espaço genérico ativado com os
hiperlinks estaria sustentada por conhecimentos internalizados dos sujeitos com a
temática envolvida, implicando que algumas formas lingüísticas são mais adequadas
que outras.
De acordo com Fauconnier e Turner “algumas formas ajudam muito mais
efetivamente na construção do significado que outras”, (FAUCONNIER E TURNER
2002, p. 9). Isso possibilita supor que a ocorrência de determinadas formas
lingüísticas em detrimento de outras pode ser proveniente das características das
formas lingüísticas que foram materializadas nos hiperlinks, ou seja, da relação que
o hiperlink mantinha com o espaço genérico ativado, implicando que, quanto mais
fortes forem as relações entre o hiperlink e o espaço genérico, melhor capacidade
recursiva o leitor terá e mais coerente lhe parecerá a construção de sentidos. Tudo
isso reforça o fato de que a construção de significados está fortemente relacionada à
capacidade de o leitor mobilizar redes de conhecimentos previamente adquiridos.
Repensando alguns questionamentos apresentados inicialmente nesta pesquisa,
acredito que, de fato, o hiperlink não consegue “cercar um determinado problema de
todos os ângulos e perspectivas” (KOCH, 2005
a). Um hiperlink pode ser
representado por materialidades lingüísticas diversas e estas podem remeter a
blocos textuais que podem ser bastante distintos. Portanto não existe garantia de
que um hiperlink possa cercar um problema de todos os ângulos, pois
provavelmente nem todas as perspectivas serão contempladas pelos blocos textuais
a que remetem os hiperlinks.
Merece ser ressaltado que, em relação à significação textual, é possível que o
hiperlink e o bloco textual (versão 3) não relacionados ao tópico central acabaram
161
não contribuindo para a significação textual, uma vez que foram desconsiderados
pelos sujeitos tanto na produção dos textos quanto na tarefa de responder pergunta.
Entretanto esses hiperlinks interferiram na medida em que deixaram os textos
qualitativamente piores, uma vez que os sujeitos o construíram significações nem
utilizaram informações que poderiam ser acessadas nos hiperlinks. Parece que em
função de ocorrerem relações tênues entre essas partes, não foi possível ao leitor,
acessar, construir significações e materializá-las. Isso aponta para o fato de que as
relações vitais entre as diferentes partes são fundamentais para a construção da
significação textual.
Foi possível perceber também durante a realização das tarefas e da entrevista que
lidar com hipertextos, principalmente de pesquisa escolar, é uma atividade que
parece não estimular muito o acesso do aluno aos hiperlinks, uma vez que a maioria
apenas observa, às vezes, rapidamente, “recorta e cola”. Talvez esse
comportamento “recorta e cola”, não tenha sido possível porque a produção deveria
ser realizada de forma tradicional (lápis e papel) sem o uso do computador, mas os
textos produzidos materializavam cópias das partes do hipertexto-base e, além
disso, os depoimentos de muitos sujeitos explicitavam tal comportamento na prática
escolar. Talvez esse comportamento seja um indicativo de alerta para os
professores repensarem suas práticas pedagógicas.
Outro resultado que merece ser cuidadosamente analisado refere-se às questões e
à forma como os sujeitos lidam com as informações. Na versão 1, quase todos os
sujeitos que acessaram os hiperlinks consideraram o conteúdo dos blocos para
executarem a tarefa. O mesmo aconteceu na versão 2, cujo bloco textual estava
relacionado ao espaço genérico ativado. No entanto, na versão 3, a maioria dos
sujeitos não considerou as informações apresentadas no bloco e ainda assim
construiu alguma relação com o tópico. É possível perceber a necessidade do sujeito
que, ao ler, busca, de todas as formas, construir alguma relação com a temática que
está sendo desenvolvida.
É possível que um leitor, em virtude da necessidade que tem de buscar sentido em
tudo que , seja levado a construir relações, mesmo entre informações que
aparentemente não possuem relação evidente ou previsível.
162
A construção da significação no hipertexto utilizado nesta pesquisa não se deveu
necessariamente apenas às características dos hiperlinks, mas principalmente do
bloco textual que estava disponibilizado pelo hiperlink e, conseqüentemente, à
relação que esse estabelecia com o espaço genérico ativado.
Esta pesquisa, aplicável diretamente ao campo da educação, apresenta aspectos
que me parecem relevantes em relação à utilização de hipertexto digital. O primeiro
deles refere-se às características dos itens lexicais que são utilizados como
hiperlinks e que podem instigar ou o o acesso a blocos textuais ou a outros
hipertextos. Essas características estariam relacionadas a relações vitais mais fortes
ou relações tênues entre os termos materializados nos hiperlinks e o espaço
genérico ativado pela âncora material que sinaliza e, de certa forma, delimita um
tema específico. O segundo aspecto remete às estratégias utilizadas pelos sujeitos
frente a uma tarefa escolar. Parece razoável considerar que quanto mais específica
for a tarefa, mais exigências serão feitas para que o sujeito construa significações
específicas. O terceiro aspecto diz respeito às características do hipertexto, tais
como o tamanho, a quantidade e a qualidade das informações, bem como à tarefa
proposta. Esses elementos vão delimitar o comportamento dos leitores como aponta
Coscarelli (2005 a, p.32) sobre “usar a informática e não ter aula de informática”, ao
destacar a necessidade de transformar os alunos em verdadeiros usuários
familiarizados com os recursos que são disponibilizados nos computadores.
Enfim, uma pesquisa sobre a construção de significados em hipertexto enciclopédico
digital, ainda que parcial, como a que apresentei aqui, pretende reforçar que é
fundamental uma explicitação de parte do processo, pois isso se constitui em um
recorte metodológico necessário. Esse estudo revela, ainda, que reflexões sobre a
construção de sentidos em hipertexto se completarão em uma base de análise
que busque integrar os diferentes componentes envolvidos no processo de
construção de sentidos.
Mesmo reconhecendo o caráter flexível e as possibilidades de sobreposição das
relações vitais, talvez seja possível indicar se o tipo de relação existente entre o
hiperlink e o espaço genérico tem efeito diferenciado no acesso, ou seja, instiga
mais ou inibe o leitor. É possível que determinadas relações sejam mais instigantes
163
que outras. Acredito que essa possibilidade deve ser verificada em futuras pesquisas
que possam ser feitas sobre o tema.
Outra pesquisa que me parece interessante está relacionada à atitude dos leitores
quando encontram um hiperlink cuja materialidade lingüística estabelece uma
relação vital forte com o espaço genérico ativado, mas o bloco textual seja
totalmente divergente do frame ativado.
Vale ressaltar ainda que nem todos os elementos constitutivos da Teoria dos
Espaços Mentais e Mesclagem Cognitiva foram considerados no quadro teórico
apresentado. Por exemplo, não foi proposta deste trabalho analisar as redes de
integração conceitual, apontadas por Fauconnier e Turner (2002)
As múltiplas possibilidades para compressão e descompressão para ao
topologia dos espaços mentais, os tipos de conexões entre eles, os tipos de
projeções e emergências e a riqueza do mundo produz um vasto aparato de
tipos possíveis de rede de integração. (FAUCONNIER E TURNER 2002,
p.119, tradução nossa.)
Dentre essa diversidade de tipos de rede de integração, os autores apontam a rede
simples, a rede espelhada, a rede de escopo único e a rede de escopo duplo. Uma
pesquisa que analise os tipos de redes de integração presentes em hipertextos
parece ser instigante.
Além disso, os breves depoimentos apresentados por alguns participantes parecem
indicar que, por trás das pesquisas escolares há uma prática se consolidando - a
prática do recorta e cola - , como destaca SANTOS(2007) ao discutir que a pesquisa
escolar não deveria ser uma mera fábrica de “copia/cola”, mas uma ferramenta com
múltiplas possibilidades.
O uso da internet como meio de pesquisa e produção de conhecimento
possibilita ao aluno participar, intervir, usar conceitos de bidirecionalidade
(contidos nos hiperlinks), usar uma multiplicidade de conexões (hipertextos),
aprender através de simulações, ter autonomia na organização dos
conteúdos, ter acesso a conteúdos em diversos formatos (som, texto,
imagens, vídeo, etc)....” ( SANTOS, 2007, p.274-275)
Santos (2007) destaca que a pesquisa escolar voltada para uma prática que o
gera reflexão nem conhecimento deve-se à falta de orientação e acompanhamento
164
do professor. Acredito que, além do que afirma Santos (2007), isso pode estar
relacionado também a outros fatores. Sem, necessariamente, destacar por ordem de
importância, o primeiro fator pode estar relacionado às características dos hiperlinks
que não instigam o acesso do hiperleitor aos blocos textuais, como apresentado
nesta pesquisa. Em segundo lugar, à tarefa proposta que, por ser muito ampla, não
exige o acesso à construção de significações em blocos textuais específicos;
portanto, qualquer recorte atenderá a proposta. Em terceiro lugar, ao formato do
hipertexto que fornece todas as informações sem que haja necessidade de acessos
a outros espaços. Possivelmente, muitos outros fatores podem estar favorecendo
esta prática, mas tal discussão merece ser feita em outro espaço e circunstâncias
mais apropriadas por intermédio de novas pesquisas.
Acredito que, em função das práticas escolares de leitura e pesquisa no ambiente
digital estarem ainda se consolidando, deve-se buscar estratégias que de fato
instiguem a busca, a reflexão e a construção de significados e não simplesmente a
ação mecanizada “recorta e cola”.
165
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168
ANEXOS
Anexo 1- Sondagem nas turmas de 2ª série do Ensino Médio- Ano 2006
Questionário
Nome: __________________________ Turma:______________ Idade: _______
1- Há quanto tempo saber lidar com computador?
1 ano até 3 anos mais de 3 anos
2 - Tem computador em casa? sim não
3 - Você utiliza computador para: (Pode marcar mais de 1 opção)
Orkut Blog E mail
MSN Chat Jogos
Transações comerciais (compra e venda)
Pesquisa escolar em CD ROM Pesquisa escolar na Internet
Busca de informações específicas
Outros:____________________________________________________________
4 - Gostaria e poderia participar de uma pesquisa como voluntário, aqui na escola, no
máximo 2h e 30 minutos? Sim Não
5 - Se você fosse fazer uma pesquisa na Internet, que temas você gostaria de pesquisar?
Faça sugestão de pelo menos 3 (três) temas:
169
Anexo 2 - Teste para categorizar as expressões nominais que seriam utilizadas
como hiperlinks
Pesquisa:
1- Assinale 6 (seis) palavras que você acha que estão mais relacionadas ao tema Aquecimento
Global
( ) Deserto ( ) Efeito Estufa ( ) Conseqüências Desastrosas ( ) Sol
( ) Climatólogos ( ) Nuvens ( ) Revolução Industrial ( ) El Niño
( ) Biodiversidade ( ) Oceano ( ) Protocolo De Quioto ( )Economia
2- Assinale 6 (seis) palavras que você acha que estão menos relacionadas ao tema Aquecimento
Global
( ) Escala ( ) Estações ( ) Energia ( ) Fotossíntese
( ) Chuva Ácida ( ) Ilhas ( ) Temperatura ( ) Soluções
( ) Florestas ( ) Terra ( ) Saúde ( ) Política
170
Anexo 3 - Questionário para seleção dos participantes da pesquisa
Questionário
Nome: ________________________________ Turma:______________ Idade: _______
1- Há quanto tempo usa computador?
1 ano até 3 anos mais de 3 anos
2 – Você tem computador em casa? sim o
3- Você utiliza computador para: (Pode marcar mais de 1 opção)
Orkut Blog E mail
MSN Chat Jogos
Transações comerciais (compra e venda)
Pesquisa escolar em CD ROM Pesquisa escolar na Internet
Busca de informações.
Digitar trabalhos escolares.
Outros:____________________________________________________________
4- Com que freqüência usa computador:
Todos os dias 3 vezes por semana 1 vez por semana
5- Com que freqüência usa a Internet
Todos os dias Apenas durante a semana
Apenas nos finais de semana 3 vezes por semana
1 vez por semana Raramente
6- Você já fez curso de computação? sim não
Quantos e quais?_______________________________________________________________
7- Você acha mais fácil pesquisar:
em livros na internet em CD Rom
Porquê
171
Anexo 4- Tabulação dos acessos aos hiperlinks por sujeito
Versão 1- Aquecimento Global
S1 G1 S2 G1
S3 G1
S4 G1 S5 G1 S6 G1
S7 G1
S8 G1 S9 G1 S10 G1
S11 G1
Hiperlinks disponíveis
L
P
R
L
P
R
L
P
R
L
P
R
L
P
R
L
P
R
L
P
R
L
P
R
L
P
R
L
P
R
L P
R
1- Climatólogos
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
2- Efeito estufa
1 1 1 1
2 1 1 1 1
1 1
3- Revolução Industrial
1 1
1
1
1
1
3
1
1 1 1
4- Protocolo de Quioto
1 2 1 1
1 1 1
1 1 1 1
1 2
1 1
1 1
5- Conseqüências desastrosas
1 1
1 1
1 1
1 1
1 1 1
6- El Niño
1
1 1
1 1 1 1 1 1
1 2
1 1 1
172
Versão 2- Aquecimento Global
Tabulação dos acessos
Não acessou nenhum hiperlink durante a pesquisa.
Hiperlinks disponíveis
S1 G2 S2 G2
S3 G2
S4 G2 S5 G2 S6 G2
S7 G2
S8 G2 S9 G2 S10 G2
S11 G2
L
P
R
L
P
R
L
P
R
L
P
R
L
P
R
L
P
R
L
P
R
L
P
R
L
P
R
L
P
R
L P
R
1-Escala
1 1 1 1 1 1 1 1 1 3 1 1 1
2-Estações 2
3-Ilhas 1 1
1
1
1
1 1 1
1
4-Saúde 1 1
1
1
1
1 1
1 1
1 1
1
5- Soluções 2 1 1
1
1 1 1
6-Política
1 1
1
1
1
1 1
1
1
1
173
Versão 3- Aquecimento Global
S1 G3 S2 G3
S3 G3
S4 G3 S5 G3 S6 G3
S7 G3
S8 G3 S9 G3 S10 G3
S11 G3
Hiperlinks disponíveis
L
P
R
L
P
R
L
P
R
L
P
R
L
P
R
L
P
R
L
P
R
L
P
R
L
P
R
L
P
R
L P
R
1-Escala
1 1 1 1 1 1 1 2 3 1
2-Estações 1 1
1 1 1
1
3-Ilhas 1
1
1
1
1 1 1
1 1
1
4-Saúde 1 1
1 1
1
1
1
1
1
1
1
5- Soluções 1 1
6-Política
1
1
174
APÊNDICE
Textos produzidos para os panfletos
VERSÃO 1
Aquecimento Global - Colaborador: S1G1
O aquecimento global é um fenômeno climático, um aumento da temperatura média global.
Nas mais recentes discussões têm chegado a conclusão de que é a ação humana que
influencia a temperatura terrestre.
A terra recebe radiação emitida pelo sol e devolve grande parte para o espaço através da
radiação de calor. Os poluentes atmosféricos retém parte dessa radiação que seria refletida
para o espaço, essa parte causa o aumento do aquecimento global.
É difícil prever a escala do aquecimento, mas cientistas chamam atenção para o fato, caso não
sejam m tomadas medidas urgentes a humanidade sofrerá conseqüências desastrosas.
Aquecimento Global - Colaborador: S2G1
O aquecimento global é um fenômeno climático que consiste em um aumento na temperatura
média mundial que ocorre há 150 anos, aproximadamente.
Vários fatores contribuem com tal fenômeno, entre eles, o efeito estufa, que é o isolamento
térmico do planeta devido à ação de certos gases na atmosfera, como o dióxido de carbono.
Várias medidas vem sendo tomadas para o controle e a diminuição da emissão destes gases,
entre elas, o protocolo de Quioto, um acordo assinado entre vários países que visa medidas
para diminuição dos gases na atmosfera.
Agora cabe a nós, cidadãos, termos consciência dos riscos que sofremos devido a esse
fenômeno e nos organizarmos de modo que faça possível por tais medidas em prática, pois,
se nada fizermos, o aquecimento global prevê conseqüências irreversíveis.
Aquecimento Global - Colaborador: S3G1
Com o aumento de poluentes no mundo, está fazendo com que o clima seja alterado.
Como podemos observar as mudanças causadas pelo aquecimento como as variações da
cobertura de neve das montanhas e de áreas geladas, aumento dos mares e várias outras
coisas.
Muitos cientistas apontam que o aquecimento no planeta a médio e longo prazo pode ter
característica irreversível e por isso, desde já devem ser adotadas medidas para diminuir as
emissões de poluentes como o Protocolo de Quioto.
Aquecimento Global - Colaborador: S4G1
O aquecimento global hoje é uma das maiores preocupações da população mundial, pois é um
fenômeno climático de larga extensão.
175
Os climatólogos têm chegado a conclusão de que é a ação humana que está influenciando na
temperatura da terra.
A terra recebe radiação emitida pelo sol e devolve grande parte dela para o espaço, os
poluentes atmosféricos estão retendo uma parte dessa radiação que seria refletida para o
espaço, acredita-se que a temperatura global suba 3 – 4ºC até 2090, essa elevação da
temperatura faz prever conseqüências desastrosas para a humanidade.
Acredita-se que o Protocolo de Quioto seja uma alternativa para amenizar o problema.
Acho que cada pessoa deveria fazer sua parte, principalmente não poluindo; assim podemos
retardar o que parece ser irreversível.
Aquecimento Global - Colaborador: S5G1
A vida humana caminha para a alta destruição, onde a cada dia que passa mais se parece
viver em um “forno” Imenso redondo que só tende a aquecer cada dia mais.
Se não for criada uma consciência de respeito e de valor ao que se diz respeito ao planeta e ao
próprio ser humano se tornarão cada vez mais freqüentes catástrofes globais como: secas,
chuvas, tempestades, furacões e terremotos e a mais devastadora das pestes: a fome, que tem
o poder de colocar em risco aqueles que vivem em países pobres e emergentes.
Enquanto não for envenenado o último rio, derrubada a última árvore e morto o último peixe, aí
o homem se dará conta que não poderá comer o dinheiro.
Aquecimento Global - Colaborador: S6G1
Todos sabem que o tema que está em foco no ano de 2007 é o aquecimento global. Esse
aquecimento é causado pela ação do homem na natureza.
Grande parte da comunidade científica acredita que ao aumento de poluentes na atmosfera é
causa do efeito estufa (fenômeno de isolamento térmico do planeta por efeito da presença de
certos gases na atmosfera).
Devido aos efeitos potenciais sobre a saúde humana, economia e meio ambiente, o
aquecimento global tem sido fonte de grande preocupação e várias soluções vêm sendo
propostas.
Muitos cientistas apontam que o aquecimento pode ter caráter irreversível e, por isso, desde
devem ser adotadas medidas para diminuir as emissões de gases através do Protocolo de
Quioto.
Aquecimento Global - Colaborador: S7G1
O aquecimento global, de fato, é um assunto muito sério. Ele é real e está cada vez mais
atuante em nosso planeta. Este fenômeno dá-se pelo aumento considerável da temperatura na
terra e suas conseqüências podem ser desastrosas para a humanidade.
Uma das mais importantes causas desse aumento de temperatura é a poluição causada pelo
próprio homem; e cabe a nós, humanidade, darmos a nossa contribuição para evitar que as
conseqüências do aquecimento global tomem proporções ainda maiores.
Então, faça a sua parte amigo leitor, leia mais sobre este assunto e procure saber o que es
ao seu alcance, como você pode ajudar na luta contra este problema.
176
Aquecimento Global - Colaborador: S8G1
O aquecimento global tem provocado uma grande fonte de preocupação para a humanidade, e
ao lermos em reportagens, revistas e em outras fontes de notícias, podemos perceber que não
acharam ainda uma solução concreta para a adoção de uma decisão que diminua o efeitos do
aumento da temperatura média da terra.
A cada ano que passa a temperatura sobe um pouco mais fazendo assim aumentar a
preocupação de achar uma nova medida, só que o que está acontecendo é que alguns
cientistas falam que tem que diminuir a emissão de gases na atmosfera, outros admitem o
aumento do teor de gás carbônico na atmosfera porque dizem que grande parte desse gás tem
origem na concentração de vapor de água que independe das atividades humanas.
Esse fato dos cientistas não entrarem em um acordo, acaba adiando mais ainda a grande
decisão a ser tomada para diminuição do aquecimento global.
Aquecimento Global - Colaborador: S9G1
O aquecimento global é um fenômeno climático de larga extensão. Nos últimos 150 anos vem
acontecendo um aumento da temperatura média superficial global. As causas naturais do
aquecimento é provocada pelo homem.
Os climatólogos têm chegado à conclusão que é a ação humana está influenciando na
temperatura terrestre. Cientistas apontam que o aquecimento do planeta a média pode ter
caráter irreversível.
Desde já a população mundial tem que adotar medida para a diminuição de gases que
provocam esse aquecimento. assim podemos diminuir o grande aumento da temperatura
terrestre.
Aquecimento Global - Colaborador: S 10G1
O aquecimento global atualmente é um dos assuntos relacionados ao nosso planeta que mais
preocupa, pois envolve muitas coisas. Desde a Revolução Industrial, os gases emitidos pelas
indústrias vem contribuindo seriamente para o efeito estufa.
E ainda com a descoberta das CFC (clorofluorcarbonetos) que abriram um buraco na camada
de ozônio, fez com que a incidência de raios solares no planeta fosse maior, e o efeito estufa
faz com que a reflexão deles seja menor ainda, e assim a temperatura tende a subir cada vez
mais.
Várias alternativas foram pensadas e uma bem viável é o Protocolo de Quioto, que propõe
que os países integrantes tomem várias medidas com relação à diminuição da emissão de
gases à atmosfera, uso de fontes de energia renováveis, etc. apesar dos EUA estar boicotando
esse protocolo , e ainda ser o maior emissor de gases do mundo, todos esperamos que eles
tomem consciência e vejam o mal que estão causando não só a eles mesmos , mas ao mundo.
Aquecimento Global - Colaborador: S11G1
O aquecimento global é um fenômeno climático que vem acontecendo nos últimos 150 anos,
provocando um grande aumento na temperatura global. Várias propostas estão sendo
estudadas por climatólogos para explicar a causa desse fenômeno. Como, por exemplo, a ação
humana, o efeito estufa, a revolução industrial , etc.
177
Com essa elevação da temperatura, faz prever grandes conseqüências para a humanidade,
como verão mais quente, escassez na produção de alimentos. As evidências do aquecimento
global vem das medidas de temperatura fornecidas por estações, mudanças ambientais, etc.
Ele tem sido fonte de grande preocupação, e pode ser irreversível. Desde já medidas devem
ser tomadas como por exemplo a diminuição nas emissões de gases para que o aquecimento
global não destrua o nosso planeta.
VERSÃO 2
Aquecimento Global - Colaborador: S1G2
O aquecimento global é um fenômeno climático de larga extensão um aumento da temperatura média
superficial global que vem acontecendo nos últimos 150 anos por causas naturais ou provocadas pelo
homem.
Grande parte da comunidade científica acredita que o aumento da concentração de poluentes
antropogênicos na atmosfera é causado pelo efeito estufa.
A terra recebe radiação emitida pelo sol e devolve grande parte dela através de radiação de calor. Os
poluentes atmosféricos estão retendo parte dessa radiação causando o aquecimento global.
Aquecimento Global - Colaborador: S2G2
O aquecimento global é um tema bastante discutido nos últimos anos. Este é um assunto
preocupante para a humanidade, pois devido a esse aquecimento o ar fica seco causando
doenças como a bronquite, asma e processos inflamatórios.
Muitas soluções vêm sendo propostas para desacelerar o aquecimento global, como o plantio
de árvores, diminuição de indústrias dentre outros. Com o aquecimento global, o nível do mar
está aumentando, causando inundações em várias cidades.
Aquecimento Global - Colaborador: S3G2
Um fenômeno climático de larga extensão, praticamente concluído que está relacionado a ação
humana, vêm encarreando diversos fatores, mas não pense ser positivos contribuímos de
forma negativa, causando , por exemplo:
O efeito estufa, pois poluentes emitidos por nós através de indústrias e carros como o
CO2 e o SO2 contribuem para reter radiações do sol que deveriam ser devolvidas ao
espaço contribuindo assim para um importante aumento do aquecimento global.
Talvez um aumento na temperatura média global, estima-se que até 2030 tenha
subido meio grau e a 2090 de três a quatro graus. Para você que es lendo este
panfleto e achando que isto não interferirá em nada. Você está muito enganado. Se
esta situação não for invertida rapidamente, pode trazer conseqüências desastrosas a
humanidade, como mudança nas estações, formação de ilhas e derretimento das
geleiras, ocasionando o aumento do nível do mar.
Isto citado acima é uma pequena demonstração de seqüências de fatores ruins que
poderão ser alcançados. Não pense que estamos querendo te assustar, pelo contrário estamos
aqui a fim de conscientiza-los de um fato que está mais próximo de nós do que podemos
imaginar, visando assim colaboração.
Tudo bem , sabemos que isso não depende apenas de nós , mas projetos como o protocolo de
Quioto chegam para esperança de reversão de tal problema, já que o protocolo visa a
diminuição de poluentes como o CO2 e SO2.
Não podemos destruir o que é nosso!
178
Aquecimento Global - Colaborador: S4G2
Esse nome está gravado em nossas mentes, pois estamos o ouvindo a todo o tempo em
jornais, revistas, etc. Mas afinal, o que é o aquecimento global? Aquecimento global é o
aquecimento da terra , decorrente da grande concentração de gases na atmosfera da terra,
impedindo a saída da radiação de calor.
O que acontecerá será um aumento gradativo da temperatura que provocará grandes
conseqüências para a humanidade.
Aliás, estamos sofrendo com isso, pois alterações climáticas são evidentes, aumento
excessivo do calor, rios secando, geleiras derretendo. O que fazer?
Aquecimento Global - Colaborador: S5G2
O aquecimento global é um grande problema em que nós humanos devemos solucionar o mais
rápido possível para causas e precauções. Esse fenômeno geralmente, é causado pela
grande liberação de CO2 no ar atmosférico pelo escapamento de automóveis, desmatamento
das matas e outros fatores que contribuem para o aquecimento global.
O aquecimento global pode ser comprovado mas nossas vidas por várias evidências como o
descongelamento das geleiras aumentando o vel global dos mares, o descontrole das
variações climáticas e outros.
Vários cientistas apontam que se o problema da liberação de gases na atmosfera não for
solucionado haverá um aumento global de temperatura na atmosfera terrestre e haverá graves
problemas de saúde causados pelas radiações solares.
Aquecimento Global - Colaborador: S6G2
O aquecimento global é formado por diversas coisas. Cientistas acreditam que com o aumento
da concentração de poluentes antropogênicos na atmosfera é causa do efeito estufa, assim a
terra recebe radiação emitida pelo sol e devolve grande parte dela para o espaço, assim estes
acontecimentos tem grandes influências no aquecimento global.
O aquecimento global está passando por um processo que era aumentar 0,5 C até 2030 e
outros 3-4 C até 2090 se não obtivermos medidas urgentes, este aumento de temperatura
poderá causar danos à humanidade.
Com o aquecimento global até mesmo na parte de saúde teremos danos.
Nós não podemos deixar isto acontecer.
Aquecimento Global - Colaborador: S7G2
O planeta chegou ao limite e a única solução é cuidarmos dele. A revolução industrial foi um
potente força que causou a aceleração do aquecimento do nosso planeta.
Roupas diversas, carros luxuosos, crescimento industrial e não cansamos de desenvolver
tecnologias que facilitam a nossa vida, mas estamos esquecendo que quem utiliza tudo isso
somos s mesmos e para que posamos utilizar precisamos estar vivos, ou seja, estamos
esquecendo de cuidar do principal , daquilo que nos fornece condições para chegar tão longe,
mas tem seus limites: a natureza.
A decisão está na mão de cada um que habita esse planeta, cabe a nós decidirmos o que
fazer. Espero a conscientização de todos, pois cometemos um erro e precisamos consertá-lo.
179
Aquecimento Global - Colaborador: S8G2
Trata-se de um fenômeno climático que é o amento da temperatura média superficial global
que vem acontecendo nos últimos 150 anos . Acredita-se que seja causada pelo homem.
A comunidade científica acredita que o aumento da concentração de poluentes antropogênicos
na atmosfera é causa do efeito estufa. A terra recebe radiação emitida pelo sol e devolve
grande parte dela para o espaço através da radiação de calor.
A revolução industrial afetou de forma drástica o equilíbrio ecológico. Para tentar amenizar o
problema foi criado o protocolo de Quioto. Os cientistas acreditam que danos podem ser
irreversíveis e que é preciso tomar providências para diminuir as emissões de gases.
Aquecimento Global - Colaborador: S9G2
Conclui-se que a ão do homem, agrava cada vez mais o aquecimento global, o que
influencia no aumento da temperatura.
A concentração de poluentes causada pela ação humana, retém uma parte da radiação emitida
pelo sol, modificando a temperatura. Se medidas não forem sendo tomadas, uma
conseqüência poderá ser desastrosa para o mundo. O aumento do nível do mar, pode ser
explicado através do aquecimento global.
Por muitas conseqüências, várias soluções vêm sendo propostas para a diminuição desse
aquecimento, tal como ações do homem e a ajuda do próprio para melhor resultado.
Aquecimento Global - Colaborador: S10G2
É um aumento da temperatura média superficial global que vem acontecendo nos últimos 150
anos. Nas mais recentes discussões, climatólogos tem chegado à conclusão de que é a ão
humana que está realmente influenciando a temperatura terrestre.
É difícil prever sua escal sobre o planeta, pois a a quantidade dos efeitos produzidos pelo
fenômeno são bastante diversos.
E a principal evidência do aquecimento global vem das medidas de temperatura fornecidas por
estações, ou seja, o lugar onde se efetuam as análises dos fenômenos meteorológicos, os
dados mostram que o aumento médio da temperatura foi de .6 + 0.2 durante o séc XX.
Aquecimento Global - Colaborador: S11G2
O aquecimento global é um fenômeno climático de larga extensão , um aumento da
temperatura média superficial global, que vem acontecendo nos últimos 150 anos. Causas
naturais ou antropogênicas têm sido propostas para explicar o fenômeno. A revolução industrial
afetou de forma drástica o equilíbrio ecológico.
Não é possível determinar uma escala que mostre o tamanho ou dimensão que o aquecimento
global nos proporcionará. Algumas simulações e comparações foram feitas, mas nada que nos
dê certeza do tamanho que é esse problema.
Vários tipos de soluções vem sendo propostas como um emprego maior de energia renovável
que afetam menos a nossa atmosfera. Cabe a nós termos consciência e lutar para tentar
reverter esse quadro.
180
VERSÃO 3
Aquecimento Global - Colaborador: S1G3
O aquecimento global não e um fenômeno recente como a maioria da população acha, ele vem
acontecendo a mais de 150 anos, devido a ações da própria natureza e principalmente do
homem, que, como avança o surgimento das indústrias, vem agravando ainda mais esse
fenômeno.
Com o efeito estufa caminham as doenças, as mudanças climáticas e ambientais, que, por sua
vez, podem abalar, e muito, os modos de vida no planeta, causando migrações de animais e
também do próprio homem, por todo o mundo, gerando sim, um grande desequilíbrio ambiental
e também a extinção de várias espécies.
eu deixo uma pergunta: - assim como aconteceu com os dinossauros, será que agora é a
vez dos seres humanos? A resposta para essa pergunta, vai da consciência de cada um.
Aquecimento Global - Colaborador: S2G3
O aquecimento global é um fenômeno climático causado principalmente pela ação do homem ,
esse fato está mexendo com o mundo, com as pessoas. Acreditam-se que a concentração de
poluentes é causado pelo efeito estufa.
Pessoas se conscientizam e começam a ter atitudes para que a situação não piore, começam
a pensar no futuro próximo, na saúde, no bem estar e em outras coisas que necessitam para
viver.
Assim percebe-se que se todas as pessoas não se conscientizarem, poderá chegar um dia que
não haverá um amanhã.
Aquecimento Global - Colaborador: S3G3
O aquecimento global vem sendo discutido muito, pois são observadas mudanças climáticas
evidentes que não como perceber. São muitas as propostas para diminuir a produção de
gases poluentes principalmente CO2, mas parece que está acontecendo ao contrário, estão é
aumentando a produção.
Sabemos o quanto nos prejudica, é uma questão de vida ou morte. Nós seres humanos somos
responsáveis pelas nossas ões e estamos destruindo nosso planeta, e nós, e o que será da
vida?
Aquecimento Global - Colaborador: S4G3
O aquecimento global é um fenômeno climático. As propostas para explicar este fenômeno são
causas naturais ou provocadas pelo homem, mas com algumas discussões recentes os
climatólogos têm chegado a conclusão de que realmente a ação humana está influenciando o
aumento da temperatura terrestre. Muitos cientistas acreditam que o aumento da concentração
de poluentes provocados pelo homem na atmosfera é a causa do efeito estufa.
Como é difícil prever a escala do aquecimento global, cientistas estão fazendo estudos e
debates para arrumar um jeito de diminuir este fenômeno.
O aquecimento global tem sido fonte de grande preocupação e várias soluções vem sendo
propostas. Essa elevação da temperatura faz prever conseqüências desastrosas para a
humanidade.
Aquecimento Global - Colaborador: S5G3
O aquecimento global vem acontecendo nos últimos 150 anos. O que faz acontecer o
aquecimento global são os seres humanos e suas poluições.
O aquecimento começa na Revolução Industrial. Com isso afetou o equilíbrio ecológico da
terra.
181
Até foi criado o Protocolo de Quioto, que todos os países do mundo assinaram de menos os
Estados Unidos. Esse protocolo serve para que os países diminuam os seus gases poluentes.
Se esse protocolo não for respeitado a terra terá mudanças climáticas dramáticas. Os
cientistas já deram o alerta para o mundo que em 2030 a temperatura vai subir0,5C e outros
até 3-4 C até 2090.
No século XX a temperatura subiu 0,8C. E com isso as montanhas cobertas por gelo
começaram a derreter.
Aquecimento Global - Colaborador: S6G3
O aquecimento global é um fenômeno climático de grandes proporções que vem preocupando
o homem nos últimos tempos. Esse aquecimento acontece por causas naturais ou por ações
humanas como a poluição.
controvérsias sobre a origem desse aquecimento. Alguns cientistas dizem que ele ocorre
por fatores naturais, mas grande parte diz que a causa desse aquecimento é o homem que
desde a Revolução Industrial vem utilizando fontes de energia altamente poluentes em larga
escala, como o carvão mineral e o petróleo.
Você pode não saber, mas você como ser humano é agente direto na poluição do meio em que
vive, então pense nas pessoas que ama e nos seus descendentes e haja conscientemente;
economize energia elétrica, use meio de transporte não ou pouco poluente, não queime lixo,
nem provoque incêndios, assim você devolverá a novas gerações um planeta melhor do que foi
lhe cedido.
Ajude a conservar o planeta, pois ele é a sua casa.
Aquecimento Global - Colaborador: S7G3
O aquecimento global nas últimas décadas vem preocupando os cientistas de todo o planeta.
Isso se deve ao aumento da temperatura média global, com a retenção da radiação solar
através dos poluentes atmosféricos que é a causa de estudo dos cimatólogos.
Esse fenômeno é provocado principalmente pelo homem e suas emissões de gases poluentes
na atmosfera e prevê conseqüências desastrosas para a humanidade.
Várias soluções vêm sendo propostas para reverter esse quadro agravante do planeta e estão
analisando o que deverá ser feito, sem prejudicar a saúde humana.
Aquecimento Global - Colaborador: S8G3
O aquecimento global, tema que vem sendo discutido e abordado mundialmente tanto por
cientistas e técnicos especializados no assunto, quanto pela população mundial.
Esse aquecimento é um fenômeno de larga extensão. Um aumento na temperatura média
superficial global que vem acontecendo nos últimos 150 anos. Existem propostas que apontam
a causa desse aquecimento. Alguns cientistas dizem que esse aquecimento está relacionado
ação humana e a grande concentração de poluentes liberados na atmosfera.
Muitas pessoas não dão à mínima para o assunto, mas é porque não sabem que as
consequências podem ser desastrosas, como o aumento global dos mares e o degelo de áreas
cobertas por neve e gelo.
Cientistas acreditam que a situação é irreversível, por isso medidas devem ser discutidas e
tomadas o quanto antes para que diminua esse aumento da temperatura média da terra.
182
Aquecimento Global - Colaborador: S9G3
O aquecimento global vem acontecendo nos últimos 150 anos e sua principal causa vem da
ação do homem e essa ação está influenciando a temperatura terrestre. O aumento da
concentração de poluentes na atmosfera é a causa do efeito estufa, esses retém a radiação e
essa parte retida aumenta o aquecimento global.
São temidos aumentos drásticos na temperatura, e poderiam ser desastrosas as
conseqüências desse aumento principalmente para a humanidade, mais a temperatura já vem
aumentando muito tempo, entre os períodos de 1910 a 1945 e 1976 e 2000 esse aumento
foi ainda maior.
Medidas devem ser tomadas imediatamente, a saúde, a economia, meio ambiente tudo isso
corre o risco e muitos humanos tentam ajudar.
Aquecimento Global - Colaborador: S10G3
Esse fenômeno climático é causado principalmente pela ação do homem no ambiente em que
vive, desrespeitando a natureza sem se preocupar com as conseqüências.
Poluentes são lançados a todo momento na atmosfera, o número de gados de veículos e de
fábricas em nosso planeta é muito grande e esses fatores são os que mais contribuem para a
degradação ambiental.
A falta de conscientização e o fato das pessoas só pensarem em si próprias, passando por
cima de tudo, pensando somente em lucrar, também faz com que esqueçam as maravilhas da
terra e o mais importante: não tem como viver sem ela.
Aquecimento Global - Colaborador: S11G3
A geração atual está sendo marcada por presenciar um fato que é fruto de seu próprio
desenvolvimento econômico e industrial, o chamado “aquecimento global”, que aliás, a sua
citação já virou moda nos telejornais.
Essa “febre” até tem seu lado positivo, pois deixa a população alarmada, mas não resolve o
problema efetivamente, já que há interesses de grandes industriais envolvidos.
A China, tigre asiático da economia fortemente emergente, disse que não vai se envolver
muito com medidas preventivas, que o seu desenvolvimento depende quase inteiramente da
liberação de CO2 na atmosfera.
E o quadro o é animador, a ONU diz que é possível reverter (duvido), mas por uma
geração mais consciente e menos apegada aos lucros, ou seja, muito tem de mudar.
183
Versão: Aquecimento Global 1
Identificação: Colaborador Nº S1G1
Questões
1-De que forma a Revolução Industrial contribuiu para o aquecimento Global?
afetou de forma drástica com a emissão de gases.
2- O aquecimento Global poderá trazer conseqüências desastrosas para a humanidade? Explique.
Sim , conseqüências como o aumento de temperatura, mudanças ambientais, chamam a atenção
dos cientistas, caso não seja adotadas medidas para diminuir a emissão de gases , o aquecimento
terá caráter irreversível.
4- Qual é a relação de Protocolo de Quioto com aquecimento Global?
É uma alternativa para amenizar o problema
5- Qual é a relação entre as palavras “climatólogos- Efeito Estufa e El Niño”? Explique.
Todos são conseqüências do aquecimento Global.
II- Ficha de Entrevista
1-Os links contribuíram com a pesquisa que estava realizando?
2- Quais foram os links mais importantes? Por quê?
3-Por que você clicou, durante a leitura, nos links ------ ?
não precisou
4-Por que você clicou, durante a produção do texto nos links ?
não precisou
Observações:
O aluno S1G1 não acessou nenhum hiperlink, pois afirmou não ser necessário para responder as perguntas
nem para produzir o texto e fez o seguinte comentário: “Quando faço pesquisa, normalmente entro no
Google ou Cadê, aí não tenho costume de ficar entrando nos links, porque senão demora muito. Eu só dou
uma olhada, uma lida rápida, copio e colo”.
Versão: Aquecimento Global 1
Identificação: Colaborador º S2G1
Questões
1-De que forma a Revolução Industrial contribuiu para o aquecimento Global?
Contribuiu acelerando a emissão de gases na atmosfera, acelerando e intensificando o efeito estufa
e contribuiu com a poluição ambiental.
2-O Aquecimento Global poderá trazer conseqüências desastrosas para a humanidade. Explique.
Este fenômeno poderá levar a várias conseqüências como invernos mais quentes , o derretimento
do gelo das calotas polares, provocaria a desertificação e afetando áreas produtoras de alimentos,
levando a escassez entre outros.
3- Qual é a relação de Protocolo de Quioto com aquecimento Global?
O Protocolo de Quioto visa uma série de medidas que deverão ser tomadas para a menor emissão
dos gases causadores do aquecimento global
4- Qual é a relação entre as palavras “climatólogos- Efeito Estufa e El Niño”? Explique.
Os climatólogos estudam tais fenômenos como efeito estufa e o el niño, sendo causa e conseqüências
respectivamente do aquecimento global.
II- Ficha de Entrevista
1-Os links contribuíram com a pesquisa que estava realizando?
Ajudaram sim; quando comecei a ler, vi que precisava entrar nos links, não para escrever o texto
mas sim para responder as questões.
2- Quais foram os links mais importantes? Por quê?
Efeito estufa; revolução industrial, Protocolo de quioto. Porque eles lidam com as causas e soluções
e acho que tem as informações mais importantes
184
3-Por que você clicou, durante a leitura, nos links 1,2,3,4 ?
Porque me chamaram a atenção, achei que tinha a ver com o assunto.
4-Por que você clicou, durante a produção do texto nos links 1,2,4 e 5?
Porque achei que eram os pontos mais importantes
Versão: Aquecimento Global 1
Identificação: Colaborador º S3G1
Questões
1-De que forma a Revolução Industrial contribuiu para o aquecimento Global?
O aumento da indústrias e acelerando assim as emissões de gases poluentes na atmosfera
2-O Aquecimento Global poderá trazer conseqüências desastrosas para a humanidade. Explique.
Sim, as conseqüências do aquecimento ainda poderão ocasionar derretimento dos gelos das calotas
polares, aumento do nível do mar o suficiente para inundar parte das cidades litorâneas.
3-Qual é a relação do Protocolo de Quioto com aquecimento Global?.
O Protocolo propõe um calendário pelo qual os países desenvolvidos teriam a obrigação de reduzir
a quantidade de gases poluentes.
4 Qual é a relação entre as palavras “climatólogos- Efeito Estufa e El Niño”? Explique.
Climatólogos- é o profissional da geografia que estuda os impactos dos elementos climáticos. Efeito estufa-
aquecimento na superfície da terra. El niño- representa uma alteração significativa de curta duração nas
temperaturas nas águas do oceano.
II- Ficha de Entrevista
1-Os links contribuíram com a pesquisa que estava realizando?
Ajudaram, tinha muita informação que não sabia.
2- Quais foram os links mais importantes? Por quê?
Protocolo de quioto, porque não sabia o que era . e se ia resolver o problema do aquecimento global
achei que era importante.
3-Por que você clicou, durante a leitura, nos links 1,2,4,5,6 ?
Foram os que mais me chamaram a atenção, os outros eu achei que não era necessário.
4-Por que você clicou, durante a produção do texto nos links ---- ?
Porque já havia lido e por isso não precisava.
Versão: Aquecimento Global 1
Identificação: Colaborador º S4G1
Questões
1-De que forma a Revolução Industrial contribuiu para o aquecimento Global?
A revolução industrial acelerou a emissão de gases para atmosfera, poluindo o planeta.
2- O Aquecimento Global poderá trazer conseqüências desastrosas para a humanidade. Explique.
O aquecimento global poderá ocasionar o derretimento do gelo das calotas polares, com isso o nível
do mar irá subir o suficiente para inundar cidades litorâneas e deixar ilhas e terrenos costeiros
debaixo d’água.
3-Qual é a relação do Protocolo de Quioto com aquecimento Global?
O protocolo de Quioto é um tratado internacional que visa a redução da emissão dos gases que
provocam o efeito estufa.
4-Qual é a relação entre as palavras “climatólogos- Efeito Estufa e El Niño”? Explique.
Os climatólogos estudam os impactos dos elementos climáticos sobre a população e os impactos que
estão em pauta é o efeito estufa e o el niño
II- Ficha de Entrevista
1-Os links contribuíram com a pesquisa que estava realizando?
Ajudaram bastante
2- Quais foram os links mais importantes? Por quê?
Climátologos- não sabia direito o que era
Protocolo de Quioto- já tinha visto falar , mas não sabia exatamente os elementos envolvidos.
185
3-Por que você clicou, durante a leitura, nos links 1,2,4,5,6 ?
Porque achei importante saber o que era , buscar mais explicações sobre o assunto.
4-Por que você clicou, durante a produção do texto nos links 4 ?
sabia muito vagamente sobre o assunto e na hora de escrever queria informações para usar no
texto.
Versão: Aquecimento Global 1
Identificação: Colaborador º S5G1
Questões
1-De que forma a Revolução Industrial contribuiu para o aquecimento Global?
Com o início da revolução industrial, houve uma aceleração do processo de emissão de gases na
atmosfera, ao mesmo tempo que trouxe desenvolvimento a todos os setores, trouxeoutro problema
mais agravante não pensado: O aquecimento global.
2- O Aquecimento Global poderá trazer conseqüências desastrosas para a humanidade. Explique.
Sim, já é visível tais efeiotos sobre a terra, sentido pelo ser humano de forma brusca, com
catástrofes ecológicas como secas, chuvas, tempestades, terremotos, furacões e maremotos.
3-Qual é a relação do Protocolo de Quioto com o aquecimento Global?
O protocolo de Quioto é um acordo entre os países mais poluidores certificando a diminuição dos
gases emitidos na atmosfera. Sua intenção é reduzir as chances das coisas piorarem.
4-Qual é a relação entre as palavras “climatólogos- Efeito Estufa e El Niño”? Explique.
A climatologia estuda os impactos dos elementos climáticos sobre o ser humano, os mais estudados são o
efeito estufa e El niño que são hoje os problemas mais agravantes aparentes nos dias de hoje.
II- Ficha de Entrevista
1-Os links contribuíram com a pesquisa que estava realizando?
Com certeza
2- Quais foram os links mais importantes? Por quê?
Protocolod e Quioto; El niño; Climatólogos.
Apesar de já conhecer sobre o assunto, fez rever e comparar algumas informações.
3-Por que você clicou, durante a leitura, nos links 1,4,6. ?
Talvez porque são temas que mais há ênfase atual; são termos mais usados, eu ouço falar mais.
4-Por que você clicou, durante a produção do texto nos links 1,4,6 ?
são mais coerentes em relação ao assunto. Fornecem informações que permitem construir uma
argumentação consistente o suficiente
Versão: Aquecimento Global 1
Identificação: Colaborador º S6G1
Questões
1-De que forma a Revolução Industrial contribuiu para o aquecimento Global?
Acelerando a emissão de gases para a atmosfera, apresentando um processo de transformações
econômicas, sociais e políticas profundas.
2- O Aquecimento Global poderá trazer conseqüências desastrosas do para a humanidade. Explique.
Sim, o aumento da temperatura faz com que a cobertura de neve das montanhas e de áreas geladas,
do aumento do nível global dos mares, da cobertura de nuvens, do el niño e outros são
conseqüências para a humanidade.
3-Qual é a relação do Protocolo de Quioto com aquecimento Global?
Ele visa a redução da emissão dos gases que provocam o efeito estufa. Esse Protocolo propõe um
calendário pelo qual os países desenvolvidos teriam a obrigação de reduzir a quantidade de gases
poluentes.
4-Qual é a relação entre as palavras “climatólogos- Efeito Estufa e El Niño”? Explique.
Os três são conseqüências do aquecimento global
186
II- Ficha de Entrevista
1-Os links contribuíram com a pesquisa que estava realizando?
Mais ou menos
2- Quais foram os links mais importantes? Por quê?
Efeito estufa, porque explica como o aquecimento acontece
3-Por que você clicou, durante a leitura, nos links 2 e 3 ?
Achei que tinha necessidade para o texto que estava sendo escrito
4-Por que você clicou, durante a produção do texto nos links 2 ?
Por que precisava explicar o que era efeito estufa. Cliquei principalmente para responder as perguntas do texto.
Versão: Aquecimento Global 1
Identificação: Colaborador º S7G1
Questões
1-De que forma a Revolução Industrial contribuiu para o aquecimento Global?
A revolução industrial acelerou o aumento de emissões de gases na atmosfera. A revolução trouxe a
evolução tecnológica que por sua vez trouxe a poluição.
2- O Aquecimento Global poderá trazer conseqüências desastrosas para a humanidade. Explique.
Sim, com o aquecimento global muitos desastres podem acontecer, como por exemplo, o
derretimento das grandes geleiras (isso aumentaria o nível do mar) fora que 30% das espécies
animais correriam o risco de extinção.
3- Qual é a relação do Protocolo de Quioto com aquecimento Global?
O tratado de quioto é um acordo que vem controlar a quantiodade de emissão de gases poluentes
dos países. Com esse tratado o problema de aquecimento global não estará resolvido, mas pode
amenizar suas proporções.
4- Qual é a relação entre as palavras “climatólogos- Efeito Estufa e El Niño”? Explique.
Os climatólogos estudam as mudanças climáticas, como o efeito estufa e suas relações com o homem. O el
niño é um fenômeno que também causa modificações no clima.
II- Ficha de Entrevista
1-Os links contribuíram com a pesquisa que estava realizando?
Ajudaram muito
2- Quais foram os links mais importantes? Por quê?
Protocolo de Quioto;e el Niño. Eu não sabia o que era , já tinha visto falar , mas não sabia o que era.
3-Por que você clicou, durante a leitura, nos links 4,5,6 ?
não sabia o que era o protocolo de Quioto e conseqüências foi curiosidade, já tinha visto falar de
algumas e queria saber mais.
4-Por que você clicou, durante a produção do texto nos links --- ?
as informações oferecidas no texto foram suficientes para o panfleto
Versão: Aquecimento Global 1
Identificação: Colaborador º S8G1
Questões
1- De que forma a Revolução Industrial contribuiu para o aquecimento Global?
A grande revolução industrial foi mudança do trabalho braçal para o trabalho das grandes máquinas
a vapor e esse vapor é um grande fator que ajuda o aumento do aquecimento global.
2- O Aquecimento Global poderá trazer conseqüências desastrosas para a humanidade. Explique.
Em vários fatores, o aquecimento pode trazer conseqüências para humanidade como por exemplo
quem mora próximo ao mar poderá ficar sem casa e acontecer grandes tragédias. Também é claro
que essa elevação da temperatura não é boa para a saúde.
3-Qual é a relação do Protocolo de Quioto com aquecimento Global?
A relação é que um é adversário do outro pois o protocolo de Quioto estimula os países a diminuir a
diminuir a quantidade de gases poluentes, já o aquecimento é um fator provocado pelo teor de
gases poluentes.
187
4-Qual é a relação entre as palavras “climatólogos- Efeito Estufa e El Niño”? Explique.
Todas essas palavras estão relacionadas sobre climas e aquecimento da terra.
II- Ficha de Entrevista
1-Os links contribuíram com a pesquisa que estava realizando?
Não sabia exatamente o que ia encontrar nos links e acessar ia demorar muito. Então escolhi só
alguns. Era muita coisa para ler.
2- Quais foram os links mais importantes? Por quê?
Protocolo de Quioto, porque eu já tinha visto falar e não sabia o que era.
3-Por que você clicou, durante a leitura, nos links 2,4 e6 ?
saber sobre o assunto
4-Por que você clicou, durante a produção do texto nos links ?
Não precisou , já tinha lido o que eu queria
Versão: Aquecimento Global 1
Identificação: Colaborador º S9G1
Questões
1-De que forma a Revolução Industrial contribuiu para o aquecimento Global?
Acelerou a emissão de gases para a atmosfera.
2-O Aquecimento Global poderá trazer conseqüências desastrosas para a humanidade. Explique.
Sim, o aquecimento global poderá trazer conseqüências como verões cada vez mais curtos,
derretimento do gelo das calotas polares e a subida do nível dos mares.
3-Qual é a relação do Protocolo de Quioto com o aquecimento Global?.
O protocolo de Quioto é um tratado internacional com o compromisso bastante rígio que usam a
redução de gases que provocam o efeito estufa.
4-Qual é a relação entre as palavras “climatólogos- Efeito Estufa e El Niño”? Explique.
Os climatólogos estudam os impactos dos elementos climáticos. O efeito estufa e el nino são efeitos
climáticos.
II- Ficha de Entrevista
1-Os links contribuíram com a pesquisa que estava realizando?
Ajudaram porque ajudaram a responder as perguntas
2- Quais foram os links mais importantes? Por quê?
Climatólogos; el niño e conseqüências desastrosas
3-Por que você clicou, durante a leitura, nos links 1 ?
era o que eu não sabia e queria saber mais a fundo.
4-Por que você clicou, durante a produção do texto nos links -- ?
ão precisou porque as informações já estavam todas no texto e eu já tinha lido o que me interessava.
Versão: Aquecimento Global 1
Identificação: Colaborador º S10G1
Questões
1-De que forma a Revolução Industrial contribuiu para o aquecimento Global?
Trocando a mão de obra humana que era mais cara pela mão de obra automatizada. A mão de obra
humana não emitia poluentes, já a automatizada necessita de combustível e a queima dele faz com
que formem gases que vão para a atmosfera.
2-O Aquecimento Global poderá trazer conseqüências desastrosas para a humanidade. Explique
Com o aquecimento, as geleiras de ambos os pólos tendem a derreter e acabam por aumentar o
nível dos mares, que vão avançando para os continentes e submergindo os territórios mais baixos.
3-Qual é a relação de Protocolo de Quioto com aquecimento Global?
188
O protocolo de Quioto é uma série de medidas que visam uma solução a longo prazo para
amenizar os problemas que o aquecimento global traz a humanidade.
4-Qual é a relação entre as palavras “climatólogos- Efeito Estufa e El Niño”? Explique.
Graças ao trabalho dos climatólogos, conseguimos observar tais fenômenos e tivemos tempo de buscar
soluções cabíveis para eles.
II- Ficha de Entrevista
1-Os links contribuíram com a pesquisa que estava realizando?
Com certeza. Por que todos tem informação que ajudaram bastante para a pesquisa.
2- Quais foram os links mais importantes? Por quê?
Protocolo de Quioto é uma série de medidas.
Efeito estufa acho que é sinônimo de aquecimento Global
3-Por que você clicou, durante a leitura, nos links ( todos) ?
Todos continham informações que poderiam ajudar no texto
4-Por que você clicou, durante a produção do texto nos links 3 ?
Para esclarecer a ortografia da palavra clorofluorcarbonetos.
Versão: Aquecimento Global 1
Identificação: Colaborador º S11G1
Questões
1-De que forma a Revolução Industrial contribuiu para o aquecimento Global?
A revolução industrial contribuiu com a poluição ambiental, causando o aceleramento na emissão de
gases tóxicos para a atmosfera.
2- O Aquecimento Global poderá trazer conseqüências desastrosas para a humanidade? Explique.
Sim, porque pode afetar a produção de alimentos, causar verão mais quentes, vai ocorrer um grande
aumento na temperatura, afetando a saúde de todo o planeta.
3-Qual é a relação do Protocolo de Quioto com o aquecimento Global?.
De amenizar o aquecimento global, pois o protocolo de Quioto elabora sugestões para diminuir a
emissão de gases tóxicos para a atmosfera.
4-Qual é a relação entre as palavras “climatólogos- Efeito Estufa e El Niño”? Explique.
O efeito estufa e o el niño estão sendo estudados por climatólogos, pois eles podem ser uma das
causas do aquecimento global. Pois eles são fenômenos que podem gerar grandes mudanças
ambientais, causando conseqüências desastrosas.
II- Ficha de Entrevista
1-Os links contribuíram com a pesquisa que estava realizando?
Contribuíram um pouco
2- Quais foram os links mais importantes? Por quê?
Revolução industrial- contribuíram para o problema.
Protocolo de Quioto uma alternativa para diminuir o problema.
3-Por que você clicou, durante a leitura, nos links 2,4,5,6 ?
Por que foram mais importantes , para tirar dúvidas.
4-Por que você clicou, durante a produção do texto nos links 5,6 ?
para tirar dúvidas.
Versão: Aquecimento Global 2
Identificação: Colaborador º S1G2
Questões
1-Existe alguma escala que aponta os efeitos do aquecimento Global? Explique
189
Não porque existe uma divergência de opiniões entre os cientistas
2-Quais são os efeitos do Aquecimento Global para a saúde humana?
Podem causar para nós várias doenças por exemplo o câncer de pele.
3- O que as ilhas têm a ver com o aquecimento global?
São evidências dos efeitos causados pelo aquecimento global
4-Qual é a relação entre as palavras “política, soluções e aquecimento global? Explique.
A solução para o aquecimento global é uma política voltada para o meio ambiente.
II- Ficha de Entrevista
1-Os links contribuíram com a pesquisa que estava realizando?
Tenho o hábito de resumir muito, fazer tudo rápido, então não gosto de clicar muito
2- Quais foram os links mais importantes? Por quê?
3-Por que você clicou, durante a leitura, nos links ?
4-Por que você clicou, durante a produção do texto nos links ?
OBS: Eu tiro o trabalho na Internet de última hora, clicando no site google e aí copio e colo, se der
tempo dou um lida, ou passo o olho. Respondi apenas com base no texto principal.
Versão: Aquecimento Global 2
Identificação: Colaborador º S2G2
Questões
1-Existe alguma escala que aponta os efeitos do aquecimento Global? Explique
Não porque as causas são diversas.
2-Quais são os efeitos do Aquecimento Global para a saúde humana?
O ar seco resseca o nariz e a garganta, favorecendo a ocorrência de asma e bronquite e processo
inflamatório.
3- O que as ilhas têm a ver com o aquecimento global?
Ilhas de calor são formadas sobre os centros das grandes cidades devido à maior capacidade de
absorção de calor das estruturas presentes nas zonas urbanas.
4-Qual é a relação entre as palavras “política, soluções e aquecimento global? Explique.
Em 1997 foi assinado o Protocolo de Quioto entre governos de todo o planeta, o acordo assim como
outros é uma solução na diminuição do aquecimento global
II- Ficha de Entrevista
1-Os links contribuíram com a pesquisa que estava realizando?
Contrtribuiram pouco
2- Quais foram os links mais importantes? Por quê?
Soluções e saúde
3-Por que você clicou, durante a leitura, nos links --- ?
4-Por que você clicou, durante a produção do texto nos links 1,3,4,5,6 ?
Para saber mais sobre o assunto e assim produzir o texto.
190
Versão: Aquecimento Global 2
Identificação: Colaborador º S3G2
Questões
1-Existe alguma escala que aponta os efeitos do aquecimento Global? Explique
sim, na parte que mostra o aumento de temperatura é um bom exemplo, pois podemos ver
claramente as alterações na forma de estimativas.
2-Quais são os efeitos do Aquecimento Global para a saúde humana?
O andamento acelerado de tal fator não está causando vantagens a nós, pelo contrário este super
aquecimento desencadeia série de fatorres maléficos ao nosso bem estar muitos podendo ser
irreversíveis. Ex: câncer de pele.
3- O que as ilhas têm a ver com o aquecimento global?
Com o aumento das temperaturas os centros urbanos estão podendo visualizar surgimentos de
ilhas
4-Qual é a relação entre as palavras “política, soluções e aquecimento global? Explique.
Pois é necessário a adoção de uma política que diminua tais efeitos e expressem soluções que
visem resolver o problema do aquecimento global.
II- Ficha de Entrevista
1-Os links contribuíram com a pesquisa que estava realizando?
Não. Tanto que não fui em nenhum link. Toda a informação estava no texto e não precisou clicar
além disso tinha conhecimento sobre o assunto
2- Quais foram os links mais importantes? Por quê?
3-Por que você clicou, durante a leitura, nos links ?
4-Por que você clicou, durante a produção do texto nos links--- ?
Não precisou.
Versão: Aquecimento Global 2
Identificação: Colaborador º S4G2
Questões
1-Existe alguma escala que aponta os efeitos do aquecimento Global? Explique
Não, pois é difícil ser determinada a quantidade ou dimensão dos efeitos sobre o planeta pois são bastante diversos.
2-Quais são os efeitos do Aquecimento Global para a saúde humana?
Ressecamento do nariz e garganta, favorecendo a asma e bronquite.
Afetamento do metabolismo para manter a temperatura do corpo entre 36 e 37º C.
3- O que as ilhas têm a ver com o aquecimento global?
O asfalto, o concreto, as telhas utilizadas nas grandes metrópoles possui maior capacidade de
absorver calor, causando as ilhas de calor, que é a temperatura mais elevada nas cidades.
4-Qual é a relação entre as palavras “política, soluções e aquecimento global? Explique.
Através das políticas de soluções procuram a solução para o aquecimento global, um exemplo é o
Protocolo de Quioto que os países industrializados fizeram para tentar diminuir a emissão de gases.
II- Ficha de Entrevista
1-Os links contribuíram com a pesquisa que estava realizando?
Sim, apesar de ter conhecimento , nos links estava mais esclarecido.
2- Quais foram os links mais importantes? Por quê?
Soluções, política, saúde, estão relacionados é importante saber as conseqüências.
3-Por que você clicou, durante a leitura, nos links ---- ?
191
4-Por que você clicou, durante a produção do texto nos links 5 ?
era o que eu precisava de mais informação
Versão: Aquecimento Global 2
Identificação: Colaborador º S5G2
Questões
1-Existe alguma escala que aponta os efeitos do aquecimento Global? Explique
Não existe uma escala determinadamente certa, pois a quantidade e a dimensão dos efeitos
produzidos são bastante variados, mas podem ser observadas algumas mudanças ambientais como
o aumento do nível do mar.
2-Quais são os efeitos do Aquecimento Global para a saúde humana?
O ar seco resseca o nariz e a garganta, favorecendo a ocorrência de asma e bronquite. O calor afeta
o metabolismo do corpo que se dá com a queima de calorias e a produção de energia, a propagação
do mosquito transmissor de doenças como dengue e malária.
3- O que as ilhas têm a ver com o aquecimento global?
Consistem em parcelas de ar com temperaturas mais altas que se formam sobre os centros urbanos
facilitando o fenômeno da inversão climática que consiste na mudança abrupta de temperatura
devido a inversão das camadas de ar.
4-Qual é a relação entre as palavras “política, soluções e aquecimento global? Explique.
É que os políticos estão tentando de alguma forma diminuir a liberação do CO2 no ar. Como o
protocolo de Quioto que foi um acordo entre os países para diminuir a liberação dos gases para
evitar o aquecimento global.
II- Ficha de Entrevista
1-Os links contribuíram com a pesquisa que estava realizando?
Sim, porque é mais um modo de pesquisa. Buscar mais informações.
2- Quais foram os links mais importantes? Por quê?
Soluções, saúde. Porque a saúde, os efeitos que teriam, soluções as medidas que estavam sendo
tomadas
3-Por que você clicou, durante a leitura, nos links --- ?
O texto já tinha todas as informações claras mas na hora de responder as perguntas tinha que
buscar mais informações.
4-Por que você clicou, durante a produção do texto nos links --- ?
Versão: Aquecimento Global 2
Identificação: Colaborador º S6G2
Questões
1-Existe alguma escala que aponta os efeitos do aquecimento Global? Explique
sim, simulações climáticas mostram que o aquecimento ocorrido de 1910 até 1945 pode ser
explicado somente por forças internas e naturais (variação da radiação solar). Existe sim uma escala
mais neste momento e difícil de ser determinada.
2-Quais são os efeitos do Aquecimento Global para a saúde humana?
O ar seco resseca o nariz e a garganta favorecendo a ocorrência de asma e bronquite e processos
inflamatórios.o calor afeta o metabolismo que reage produzindo suor para manter a temperatura
entre 36 e 37 º .C.
3- O que as ilhas têm a ver com o aquecimento global?
As ilhas de calor também conhecidas como ilhas urbanas consistem em parcelas de ar com
temperatura mais elevada que se formam sobre os centros das grandes cidades.
4-Qual é a relação entre as palavras “política, soluções e aquecimento global? Explique.
A relação é que os cientistas estão querendo diminuir este aquecimento (soluções) e estão pedindo
que as indústrias diminuam as emissões dos gases poluentes e está tudo relacionado com o
aquecimento global.
192
II- Ficha de Entrevista
1-Os links contribuíram com a pesquisa que estava realizando?
Um pouco. Porque o assunto poderia ter sido apresentado de forma mais gradativa e economizar
menos nas informações
2- Quais foram os links mais importantes? Por quê?
Soluções, saúde: O aquecimento Global provoca danos à saúde. As soluções vão influenciar e
diminuir as doenças.
3-Por que você clicou, durante a leitura, nos links -- ?
Estando no 3º ano, já tenho muitas informações sobre o assunto.
4-Por que você clicou, durante a produção do texto nos links -- ?
OBS: a inserção de vídeos seria muito importante para ajudar as pessoas a entenderem melhor o
assunto. Por exemplo: calor e aquecimento alterando a pele das pessoas.
Versão: Aquecimento Global 2
Identificação: Colaborador º S7G2
Questões
1-Existe alguma escala que aponta os efeitos do aquecimento Global? Explique
sim a escala é muito difícil de ser determinada devido aos diversos fatores do aquecimento global.
2-Quais são os efeitos do Aquecimento Global para a saúde humana?
Choques térmicos, problemas respoiratórios, problemas metabólicos, desidratração, etc.
3- O que as ilhas têm a ver com o aquecimento global?
As ilhas formadas pelos centros urbanos são as principais causadoras do aquecimento global, pois
carregam uma vasta quantidade de poluentes.
4-Qual é a relação entre as palavras “política, soluções e aquecimento global? Explique.
Essas palavras irão resultar nas atitudes tomadas para resolver o problema. È preciso chegar à
soluções rápidas, determinadas pela política para solucionar o problema do aquecimento global.
II- Ficha de Entrevista
1-Os links contribuíram com a pesquisa que estava realizando?
Ajudaram um pouco principalmente nas perguntas
2- Quais foram os links mais importantes? Por quê?
Saúde, soluções, política. Primeiro porque estão todos ligados: soluções depende de política e só
haverá saúde se soluções forem tomadas.
3-Por que você clicou, durante a leitura, nos links 1,3,4,5,6 ?
Porque queria saber mais sobre o assunto
4-Por que você clicou, durante a produção do texto nos links 1,5,6, ?
escala nunca tinha visto falar e soluções queria ver se tinha soluções diferentes e política para verificar os países
envolvidos.
Versão: Aquecimento Global 2
Identificação: Colaborador º S8G2
Questões
1-Existe alguma escala que aponta os efeitos do aquecimento Global? Explique
Não exatamente , mas sabe-se que é grave e é preciso tomar uma providência imediatamente.
2-Quais são os efeitos do Aquecimento Global para a saúde humana?
O aquecimento pode provocar fenômenos da natureza que podem danificar certas paisagens e nos
prejudicar também.
3- O que as ilhas têm a ver com o aquecimento global?
193
Através do aquecimento global, ilhas são formadas nos centros urbanos.
4-Qual é a relação entre as palavras “política, soluções e aquecimento global? Explique.
Tem tudo a ver pois os políticos precisam se reunir e tomar atitude para adiar uma solução para este
problema.
II- Ficha de Entrevista
1-Os links contribuíram com a pesquisa que estava realizando?
As informações no texto já bastavam. Não precisava entrar nos links, achei que não tinha a ver.
2- Quais foram os links mais importantes? Por quê?
3-Por que você clicou, durante a leitura, nos links ?
4-Por que você clicou, durante a produção do texto nos links ?
OBS: não clicou em nenhum link para nenhuma tarefa porque não precisou.
Versão: Aquecimento Global 2
Identificação: Colaborador º S9G2
Questões
1-Existe alguma escala que aponta os efeitos do aquecimento Global? Explique
Não . A escala é indeterminada. Devido a diversidade das conseqüências do fenômeno. Para saber realmente uma
escala concreta necessita-se da dimensão dos efeitos produzidos pelo fenômeno.
2-Quais são os efeitos do Aquecimento Global para a saúde humana?
A poluição causando doenças ligadas a respiração, aumento do calor, afeta o metabolismo,
doenças, desidratação, perda de energia, fadiga.
3- O que as ilhas têm a ver com o aquecimento global?
As ilhas de calor ou ilhas urbanas.
4-Qual é a relação entre as palavras “política, soluções e aquecimento global? Explique.
O aquecimento global, ou seja, aumento da temperatura, danifica cada vez e soluções para atar
esses problemas terão de ser tomadas, uma delas é a questão política que vai beneficiar uma boa
parte desse problema, governos assinaram um acordo que fará com que as indústrias diminuam sua
emissão de gases poluentes.
II- Ficha de Entrevista
1-Os links contribuíram com a pesquisa que estava realizando?
Ajudaram um pouco, deram mais informações para obter um melhor trabalho.
2- Quais foram os links mais importantes? Por quê?
Escala, saúde, soluções e política. Exemplificaram mais e deram oportunidades de saber mais.
3-Por que você clicou, durante a leitura, nos links --- ?
não precisou
4-Por que você clicou, durante a produção do texto nos links 1, 4 5 ?
para saber mais sobre o assunto e escrever um texto melhor tanto para ela quanto para o outro que vai ler,
legibilidade.
Versão: Aquecimento Global 2
Identificação: Colaborador º S10G2
Questões
1-Existe alguma escala que aponta os efeitos do aquecimento Global? Explique
194
sim , porque a maioria da comunidade científica está atualmente convencida de que uma
proporção significativa do aquecimento global é causado pela emissão de gases causadores do
efeito estufa.
2-Quais são os efeitos do Aquecimento Global para a saúde humana?
O ar seco resseca o nariz e a garganta, favorecendo a ocorrência de asma ou bronquite. O calor
afeta o metabolismo que reage produzindo suor para manter uma temperatura entre 36 e 37º C.
3- O que as ilhas têm a ver com o aquecimento global?
A presença do calor porque sua formação ocorre devido a maior capacidade de absorção de calor
das estruturas presentes nas zonas urbanas como o asfalto etc, e todas as características
contribuem para a concentração de altas temperaturas.
4-Qual é a relação entre as palavras “política, soluções e aquecimento global? Explique.
Soluções a ser tomadas sobre o aquecimento global através dos grandes políticos que comandam o
país, ou seja, uma completa a outra.
II- Ficha de Entrevista
1-Os links contribuíram com a pesquisa que estava realizando?
Alguns.
2- Quais foram os links mais importantes? Por quê?
Política: tem a ver pois os governantes poderiam tomar medidas: saúde: através da saúde,
percebem –se os efeitos do aquecimento global. EX: ar seco provocando bronquite.
3-Por que você clicou, durante a leitura, nos links ---?
Para aprofundar precisa, mas como o tema era aquecimento global, o texto falava no geral em tudo.
4-Por que você clicou, durante a produção do texto nos links 1,2,3,4,5 ?
Para buscar maior aprofundamento nos temas.
Versão: Aquecimento Global 2
Identificação: Colaborador º S11G2
Questões
1-Existe alguma escala que aponta os efeitos do aquecimento Global? Explique
Não é possível determinar uma escala que medisse o tamanho da dimensão que ao quecimento
global nos oferece. Algumas simulações foram feitas,mas nada com a grandeza do aquecimento
global.
2-Quais são os efeitos do Aquecimento Global para a saúde humana?
O aquecimento é diretamente associado com a poluição urbana, o ar seco resseca o nariz e a
garganta, ocorrendo várias doenças como a bronquite entre outras. As elevação da temperatura
pode causar desidratação, perda de energia, fadiga e a propagação de mosquitos transmissores de
doenças.
3- O que as ilhas têm a ver com o aquecimento global?
As ilhas de calor formadas em áreas urbanas são responsáveis por manter o meio mais quente,
mesmo durante o inverno, a existência de ilhas sobre a cidade ocasiona um fenômeno conhecido
como inversão térmica que proporciona o aquecimento.
4-Qual é a relação entre as palavras “política, soluções e aquecimento global? Explique.
A relação entre essas palavras se estabelece na emissão de gases, várias idéias estão tentando
diminuir o aquecimento. O protocolo de Quioto é um exemplo, mas só nos últimos dias que o
homem deu conta que o tempo está acabando.
II- Ficha de Entrevista
1-Os links contribuíram com a pesquisa que estava realizando?
Com certeza. Peguei quase tudo dos links.
2- Quais foram os links mais importantes? Por quê?
Política, soluções e escala. Escala, por exemplo, é algo que eu não sabia. Além de não saber a
extensão do que estamos lidando aponta necessidade de alternativas.
3-Por que você clicou, durante a leitura, nos links 1,5 ?
195
Procurei, através desses links para produzir o panfleto com tema geral aquecimento global e
aquilo que era importante, ou seja, a dimensão do fato com o qual estamos lidando para mostrar no
panfleto para as pessoas.
4-Por que você clicou, durante a produção do texto nos links ---- ?
Porque li antes e organizei as idéias e não precisou ler de novo. Sou preguiçoso e não gosto muito
de ler muito... ontem mesmo fiz um trabalho de física de 8 páginas eu nem li direito, copiei e
colei,fiza capoa e entreguei parara a professora.
196
Versão: Aquecimento Global 3
Identificação: Colaborador º S1G3
Questões
1-Existe alguma escala que aponta os efeitos do aquecimento Global? Explique
O aquecimento global não é um mapa, globo ou cidade que pode ser milimetrada, mas existe
sim uma escala para sabermos a sua propagação, que é o termômetro, ou seja, o aumento em
graus no decorrer dos anos.
2-Quais são os efeitos do Aquecimento Global para a saúde humana?
Em relação à saúde, há sim uma grande preocupação devido ao argumento do aquecimento
global, mas que varia muito devido a cultura de cada povo.
3- O que as ilhas têm a ver com o aquecimento global?
Com o aquecimento em todo o mundo, as calotas polares (água congelada nos pólos) estão
derretendo e com isso acrescenta uma grande quantidade de água nos oceanos e com isso o
desaparecimento de algumas ilhas
4-Qual é a relação entre as palavras “política, soluções e aquecimento global? Explique.
Somente através de uma boa política adotada pelos países que encontraremos soluções para
o desagravamento do aquecimento.
II- Ficha de Entrevista
1-Os links contribuíram com a pesquisa que estava realizando?
Mais ou menos. A informação no link que entrei não estava relacionada aoa ssunto do
aquecimento global. As informaçãoes que foram usadas faziam parte do conhecimento que já
tinha.
2- Quais foram os links mais importantes? Por quê?
Saúde. Pensava que aquecimento global ia afetar a saúde em geral , mas não é bem assim.
Não falou nada específico.
3-Por que você clicou, durante a leitura, nos links 4 ?
curiosodade, busca de informação.
4-Por que você clicou, durante a produção do texto nos links --- ?
não precisou, já sabia.
Versão: Aquecimento Global 3
Identificação: Colaborador º S2G3
Questões
1-Existe alguma escala que aponta os efeitos do aquecimento Global? Explique
Não há uma escala que defina o aquecimento global no planeta, mas cientistas prevêem o
aumento na média da temperatura global.
2-Quais são os efeitos do Aquecimento Global para a saúde humana?
O mau estar , além de ser prejudicial à saúde mental causa doenças. A percepção de saúde
varia de cultura para cultura.
3- O que as ilhas têm a ver com o aquecimento global?
As ilhas são formadas a partir de vários fenômenos naturais como glaciação, elevação do nível
do mar e outros. Assim influenciando o aquecimento global.
4-Qual é a relação entre as palavras “política, soluções e aquecimento global? Explique.
Para termos solkuções para o aquecimento global precisamos do apoio, imposiução e atitudes
da política.
II- Ficha de Entrevista
197
1-Os links contribuíram com a pesquisa que estava realizando?
Ajudaram muito pouco
2- Quais foram os links mais importantes? Por quê?
Saúde, solução, porque me ajudaram e ederam mais informações para construir o texto.
3-Por que você clicou, durante a leitura, nos links XXX ?
Não sei. Não achei que precisava disso, não tinha muito a ver.
4-Por que você clicou, durante a produção do texto nos links 1,4,5 ?
Estes links ajudaram a construir o texto oferecendo mais informações.
Versão: Aquecimento Global 3
Identificação: Colaborador º S3G3
Questões
1-Existe alguma escala que aponta os efeitos do aquecimento Global? Explique
Não, pois estudos realizados foram coletados dados sobre as mudanças climáticas, ainda não
se tem a escala, só dados coletados.
2-Quais são os efeitos do Aquecimento Global para a saúde humana?
São muitos os efeitos, os cientistas admitem o aumento do teor de gás carbônico na atmosfera
que dá origem a concentração de vapor a água impede realização de atividades humanas.
3- O que as ilhas têm a ver com o aquecimento global?
Porque forma uma chamada ilha que quer dizer os centros urbanos aglomeram muita
quantidade de gás formando uma ilha de poluente.
4-Qual é a relação entre as palavras “política, soluções e aquecimento global? Explique.
O aquecimento global é um assunto referente a todos os seres humanos e t~em que haver
solução, seja política, econômicas (....) o que for.
II- Ficha de Entrevista
1-Os links contribuíram com a pesquisa que estava realizando?
Pouco. Eles não tinham nada a ver....
2- Quais foram os links mais importantes? Por quê?
Escala. Porque não especificava que a escala era. Eu precisava relacionar escala com
aquecimento global e não teve jeito porque não tinha informação.
3-Por que você clicou, durante a leitura, nos links --- ?
não precisava
4-Por que você clicou, durante a produção do texto nos links ?
não precisava
obs; só cliquei nos links porque tinha que responder pergunta.
Versão: Aquecimento Global 3
Identificação: Colaborador º S4G3
Questões
1-Existe alguma escala que aponta os efeitos do aquecimento Global? Explique
Não, porque é difícil prever alguma escala do aquecimento global sobre o planeta.
198
2-Quais são os efeitos do Aquecimento Global para a saúde humana?
Devido aos efeitos potenciais sobre a saúde humana , o aquecimento global tem sido fonte de
grande preocupação.
3- O que as ilhas têm a ver com o aquecimento global?
É que os centros urbanos evidenciam esses efeitos através da formação de ilhas.
4-Qual é a relação entre as palavras “política, soluções e aquecimento global? Explique.
É que o aquecimento global é a principal preocupação, com isso os cientistas ficam
preocupados em arrumar uma solução e nisso a política fica preocupada em tomar uma
decisão para a adoção de uma política que diminui os efeitos do aumento da temperatura
média da terra
II- Ficha de Entrevista
1-Os links contribuíram com a pesquisa que estava realizando?
Não porque eu já sabia sobre o assunto, ai, não precisou clicar para obter informação
2- Quais foram os links mais importantes? Por quê?
Solções, saúde. Porque soluções para encontrar meios de melhorar o aquecimento global e
saúde é geral e pensa mais na humanidade.
3-Por que você clicou, durante a leitura, nos links --- ?
Porque já sabia e não precisava.
4-Por que você clicou, durante a produção do texto nos links --- ?
porque já sabia e não precisava.
Versão: Aquecimento Global 3
Identificação: Colaborador º S5G3
Questões
1-Existe alguma escala que aponta os efeitos do aquecimento Global? Explique
Ainda os cientistas não conseguiram fazer numa escala do aquecimento global, mas já há
estudos em andamento para tentar fazer uma escala sobre o aquecimento global.
2-Quais são os efeitos do Aquecimento Global para a saúde humana?
Os seres humanos já estão sentindo o efeito do aquecimento global, com isso as doenças já
começam aparecer de todo jeito, a gripe é a principal, por causa da temperatura, um dia está
quente e o outro frio.
3- O que as ilhas têm a ver com o aquecimento global?
São ilhas de calor que aparecem quando o tempo está muito seco.
4-Qual é a relação entre as palavras “política, soluções e aquecimento global? Explique.
Porque é através da política mundial que acharemos as soluções para resolver esse problema
chamado aquecimento global.
II- Ficha de Entrevista
1-Os links contribuíram com a pesquisa que estava realizando?
Alguns ajudaram um pouquinho.
2- Quais foram os links mais importantes? Por quê?
Ilhas; saúde e estações. Pensei que era ilha de calor, mas não era. Falou sobre o tempo em
estações eu não entendi muito bem.
199
3-Por que você clicou, durante a leitura, nos links --- ?
4-Por que você clicou, durante a produção do texto nos links 2 e6 ?
Para fornecer mais informações
Versão: Aquecimento Global 3
Identificação: Colaborador º S6G3
Questões
1-Existe alguma escala que aponta os efeitos do aquecimento Global? Explique
Não, pois os efeitos decorrentes ao aquecimento global só ocorrem a longo prazo, o que há é
uma previsão desses efeitos.
2-Quais são os efeitos do Aquecimento Global para a saúde humana?
São diversos, desde a falta de condições para uma vida saudável em determinadas locais, até
a disseminação de doenças, pragas, pestes entre outras moléstias.
3- O que as ilhas têm a ver com o aquecimento global?
Pelo que entendi essas ilhas são formadas pela elevação das águas causadas principalmente
pelo degelamento das calotas polares. Essa água engloba o continente formando ilhas.
4-Qual é a relação entre as palavras “política, soluções e aquecimento global? Explique.
Sem uma política preocupada com o meio ambiente e com novas gerações não há propostas
de soluções eficientes para a questão do aquecimento global.
II- Ficha de Entrevista
1-Os links contribuíram com a pesquisa que estava realizando?
Não muito., pois dão uma idéia muito geral e não especificam direito o assunto. Parece que
falam de coisa que não tem nada a ver.
2- Quais foram os links mais importantes? Por quê?
Saúde e escala. Saúde dá uma idéia geral de saúde e escala fala para a gente entender o que é
escala.
3-Por que você clicou, durante a leitura, nos links 2, 3 e 4 ?
Dão mais informações sobre o assunto. Não foi exatamente o que aconteceu , mas era o que
eu esperava.
4-Por que você clicou, durante a produção do texto nos links 3 ?
Porque eu tinha uma noção do que era ilha,mas não dizia tudo, então eu fui pelo que eu sabia
OBS: “a senhora poderia me explicar o que as ilhas tem a ver com isso tudo porque eu não
entendi direito.”
Versão: Aquecimento Global 3
Identificação: Colaborador º S7G3
Questões
1-Existe alguma escala que aponta os efeitos do aquecimento Global? Explique
Não , por ser um fenômeno que vem acontecendo nos últimos 150 anos, é difícil prever uma escala correta.
2-Quais são os efeitos do Aquecimento Global para a saúde humana?
O aumento da temperatura provoca diretamente e indiretamente o ser humano, ocasionando
doenças de pele como o câncer ensolações e etc.
3- O que as ilhas têm a ver com o aquecimento global?
200
Atavés do aquecimento global e outros fatores naturais houve uma elevação do nível dos
mares o que deu origem a grande glaciação, por esses fatores deu origem a ilhas.
4-Qual é a relação entre as palavras “política, soluções e aquecimento global? Explique.
Todas essa palavras referem-se ao mesmo assunto que é a elevação da temperatura global.
São formas para propor uma organização das soluções para resolver o problema.
II- Ficha de Entrevista
1-Os links contribuíram com a pesquisa que estava realizando?
Mais ou menos. Era muita informação e as vezes elas não batiam, produzia muita confusão.
2- Quais foram os links mais importantes? Por quê?
Saúde e estações: não falou muito ,mas o que a gente sabe mais alguma coisa do texto
ajudou.
3-Por que você clicou, durante a leitura, nos links 1,3,5,6 ?
Porque não estava tudo explícito no texto. Eu achei que fosse ilha de calor, mas quando li vi
que era pedaço de terra.
4-Por que você clicou, durante a produção do texto nos links ?
ão , porque eu já havia clicado e não tinha necessidade.
Versão: Aquecimento Global 3
Identificação: Colaborador º S8G3
Questões
1-Existe alguma escala que aponta os efeitos do aquecimento Global? Explique
Sim, o texto apresenta informações sobre o que vem acontecendo e o que pode acontecer
com a temperatura com o decorrer dos anos, essas informações servem como referencial para
maior compreensão do assunto abordado.
2-Quais são os efeitos do Aquecimento Global para a saúde humana?
O aquecimento global influencia na saúde humana gerando uma concentração maior de calor
e maior dificuldade de exposição ao sol.
3- O que as ilhas têm a ver com o aquecimento global?
Essas ilhas são ilhas de calor onde os centros urbanos ocorre uma maior absorção de calor
com o aumento da temperatura.
4-Qual é a relação entre as palavras “política, soluções e aquecimento global? Explique.
O aquecimento global , gerando repercussão mundial acaba abrangendo soluções , mas essas
soluções só podem ser tomadas através da política onde órgãos mundiais como a ONU
discutem essas soluções e as maneiras delas serem abordadas.
II- Ficha de Entrevista
1-Os links contribuíram com a pesquisa que estava realizando?
Acho que sim . acho que só escala apesar de ser muito confuso... acho que sou eu que não
entendo esses trem direito.
2- Quais foram os links mais importantes? Por quê?
Escala porque eu não sabia definir o que era.
3-Por que você clicou, durante a leitura, nos links 1 ?
para definir melhor o que era.
4-Por que você clicou, durante a produção do texto nos links 1 ?
201
para definir melhor
OBS: Quando pesquiso eu uso o Google e só entro naquilo que me interessa.
Versão: Aquecimento Global 3
Identificação: Colaborador º S9G3
Questões
1-Existe alguma escala que aponta os efeitos do aquecimento Global? Explique
Não , porque o debate e estudos do aquecimento global ainda estão em andamento.
2-Quais são os efeitos do Aquecimento Global para a saúde humana?
Seria maléfico para o bem estar do ser humano, pois todo tipo de mudança ( principalmente
climática) é sentida por todos.
3- O que as ilhas têm a ver com o aquecimento global?
Elas foram formadas a partir dos efeitos produzidos pelo aquecimento global
4-Qual é a relação entre as palavras “política, soluções e aquecimento global? Explique.
Soluções e política possuem a mesma relação : planos estratégicos , bem pensados e que
possam ajudar a retardar o aquecimento global.
II- Ficha de Entrevista
1-Os links contribuíram com a pesquisa que estava realizando?
Para responder as perguntas ajudaram um pouquinho.
2- Quais foram os links mais importantes? Por quê?
Saúde, porque relacionava saúde de outra forma. Aquecimento global estava ligado a bem
estar e eu estava relacionando a outra coisa como doença ETC. O ser humano sente as
mudanças , vem doenças e lá falou em bem estar.
3-Por que você clicou, durante a leitura, nos links ?
saúde: curiosidade; estações: porque pensei que estava explicando , dando dados mais
concretos daquilo que mudou.
4-Por que você clicou, durante a produção do texto nos links ?
não precisou porque prestei atenção no que tinha lido e li várias vezes para entender.
Versão: Aquecimento Global 3
Identificação: Colaborador º S10G3
Questões
1-Existe alguma escala que aponta os efeitos do aquecimento Global? Explique
Ainda não. Está sendo estudada uma forma de medição para os feitos do aquecimento global.
Pois ainda não sabem onde ou quando isso vai acabar, mas tudo indica que não acabará.
2-Quais são os efeitos do Aquecimento Global para a saúde humana?
As transformações climáticas trarão grandes problemas ao homem, o corpo humano pode não
suportar, terá que se adaptar ao aumento da temperatura global e etc. podendo em muitos
casos não suportar essas variações.
3- O que as ilhas têm a ver com o aquecimento global?
Com o aquecimento global as geleiras estão degelando, aumentando o nível de água dos
oceanos, encobrindo terras, fazendo com que aumente o número de ilhas.
202
4-Qual é a relação entre as palavras “política, soluções e aquecimento global? Explique.
Está sendo estudado uma forma para diminuição dos efeitos do aquecimento global.
II- Ficha de Entrevista
1-Os links contribuíram com a pesquisa que estava realizando?
De certa forma acho que não. Não era bem o que estava procurando. Falavam de outra coisa.
2- Quais foram os links mais importantes? Por quê?
Só para responder as perguntas. Escala e ilhas, porque escala chamou mais a atenção.
3-Por que você clicou, durante a leitura, nos links 2 ?
Porque querian ter certeza de que estações eram.
4-Por que você clicou, durante a produção do texto nos links ?
Porque preferi colocar com as próprias palavras, fiquei com preguiça de clicar e depois não
achar nada interessante.
Versão: Aquecimento Global 3
Identificação: Colaborador º S11G3
Questões
1-Existe alguma escala que aponta os efeitos do aquecimento Global? Explique
Acho que o que norteia a nossa calma ou desespero é a escala de graus Celsius, nesse caso
em função do tempo, o que permite ver o quanto o planeta tem aumentado rápido.
2-Quais são os efeitos do Aquecimento Global para a saúde humana?
O ar atmosférico tem 67% de N2, 31% de O2, 1% de CO2 e 1% de outros gases, se esta
porcentagem é alterada, há danos para o sistema respiratório humano, e é exatamente o que
está acontecendo com as emissões crescentes de CO2.
3- O que as ilhas têm a ver com o aquecimento global?
O texto fala da ilhas de calor dentro dos grandes centros urbanos, onde há menor densidade
arbórea, maior emissão de CO2 por veículos e mais materiais retentores de calor. Um centro
urbano pode ser até 5graus mais quente que uma periferia.
4-Qual é a relação entre as palavras “política, soluções e aquecimento global? Explique.
A única coisa que é mais forte ( pelo menos em tese) que a vontade dos grandes industriais é
a lei , só esta pode com rigidez, impedir que loucos como os norte-americanos continuem a
aumentar suas emissões poluentes .
II- Ficha de Entrevista
1-Os links contribuíram com a pesquisa que estava realizando?
Achei que eles não tinham nada a ver com o assunto que eu queria.
2- Quais foram os links mais importantes? Por quê?
Os temas eram muito gerais e ram muito gerais, ai achei que não iam ajudar muito. Como
exemplo entrei em escala e não tinha nada a ver com aquecimento global
3-Por que você clicou, durante a leitura, nos links --- ?
4-Por que você clicou, durante a produção do texto nos links --- ?
OBS: Eu cliquei em escala porque não sabia nada, mas eu tenho desânimo de ficar entrando
nos links.
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