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1 - Introdução
Este trabalho tem como objetivo contribuir com novos conhecimentos acerca
das comunidades fitotelmáticas em duas espécies de bromeliáceas, com ênfase na
família Chironomidae (Insecta, Diptera), de um fragmento de Mata Atlântica na
região de Pau Grande, município de Magé, até então ainda não estudada.
As bromélias, plantas pertencentes à família Bromeliaceae, são
particularmente adaptadas a desenvolverem fitotelmata, nome dado aos pequenos
corpos d’água retidos em plantas por estruturas destas, devido ao arranjo de suas
folhas (FISH,1983). Elas podem ser consideradas como pequenos “microcosmos
aquáticos”, e apesar do pequeno volume retido nessas coleções de água, têm-se
verificado a ocorrência de micro-comunidades que são, proporcionalmente, muito
diversificadas, contendo representantes de diversos grupos taxonômicos que ali
sobrevivem, desenvolvendo-se e interagindo ecologicamente.
Na literatura existem registros da ocorrência de representantes de diversos
grupos de invertebrados como: Protozoa, Nematoda, Oligochaeta, Copepoda,
Cladocera, Ostracoda, Tardigrada, Insecta, Arachnida e Amphibia, que habitam
simultaneamente o fitotelmata de uma mesma bromélia (GREENEY, 2001;
KITCHING, 2000; LAESSLE, 1961 e PICADO, 1913). Cerca de 470 espécies de
organismos aquáticos já foram registrados em bromélias (FRANK, 1983).
Essas comunidades de fitotelmata, estudadas em diversas regiões do
planeta, têm despertado grande interesse pelo fato de possuírem diversos níveis
tróficos, apesar da grande limitação espacial e do limitado fluxo de energia
(KITCHING, 2000).
Entre os indivíduos abrigados em fitotelmata já foram registrados estágios
imaturos de espécies como Stegomyia aegypti Linnaeus, 1762 e Stegomyia
albopicta (Skuse), 1895 (Insecta, Diptera, Culicidae), que são considerados vetores
de doenças que podem vir a afetar o homem, como a dengue (FORATTINI, et al.
1998; FORATTINI, et al., 2000; CUNHA et al., 2002, DERRAIK, 2005, NATAL et
al.,1997 ).
A comunidade de fitotelmata, além de constituir pequenos repositórios, que
podem ser considerados verdadeiros refúgios de biodiversidade, especialmente em
ambientes com grandes alterações (ARMBRUSTER, et al. 2002, NOSS,1990), são