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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
para articular a retomada do crescimento econômico e para
fomentar o avanço da competitividade nacional, sem a
implementação prévia de reformas.
A situação brasileira contrasta com a rapidez e a
profundidade das inovações tecnológicas em curso nas economias
desenvolvidas, configurando um panorama preocupante. Há uma
incontornável urgência histórica: é preciso enfrentar e resolver
a crise econômica, com a formulação simultânea de um projeto de
desenvolvimento competitivo que restabeleça na sociedade
brasileira a esperança e a confiança em si própria.
A erosão da competitividade do Brasil manifesta-se na perda
de importância do país no comércio internacional na segunda
metade da década de 80 (Tabela 4).
TABELA 4
BRASIL - PARTICIPAÇÃO NO COMÉRCIO MUNDIAL
1978-1992
(US$ bilhões correntes)
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ANO EXPORT. EXPORT. % IMPORT. IMPORT. %
MUNDIAL BRASIL MUNDIAL BRASIL
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1978 1224,0 12,7 1,0 1260,0 15,1 1,2
1979 1552,9 15,2 1,0 1583,6 19,8 1,3
1980 1892,1 20,1 1,1 1946,3 25,0 1,3
1981 1857,9 23,4 1,3 1928,8 24,1 1,2
1982 1728,4 20,2 1,2 1806,6 21,1 1,2
1983 1677,5 21,9 1,3 1751,1 16,8 1,0
1984 1777,5 27,0 1,5 1858,9 15,2 0,8
1985 1799,4 25,6 1,4 1890,2 14,3 0,8
1986 1992,1 22,3 1,1 2061,7 15,6 0,8
1987 2358,2 26,2 1,1 2410,3 16,6 0,7
1988 2696,5 33,8 1,3 2772,3 16,1 0,6
1989 2909,1 34,4 1,2 3001,5 19,9 0,7
1990 3326,2 31,4 0,9 3429,6 22,5 0,7
1991 3437,2 31,6 0,9 3556,2 23,0 0,6
1992 3644,9 36,1 1,0 3768,6 23,1 0,6
1993 3736,0 38,7 1,0 3862,8 25,7 0,7
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Fonte: FMI, Internacional Financial Statistics Yearbook, 1988 e 1993 (ago.).
Embora o perfil das exportações brasileiras tenha evoluído
no sentido de maior presença de produtos industrializados, a
inserção atual da indústria brasileira no mercado internacional,
coerentemente com o quadro acima descrito, caracteriza-se pela
exportação de commodities intensivas em recursos naturais e/ou
energia e de bens intensivos em mão-de-obra barata: por exemplo,
commodities como celulose, papel, suco de laranja, farelo de soja
e minérios semiprocessados têm tido excelente desempenho
exportador.
Deve-se, todavia, considerar que, mesmo nesses produtos, a
competitividade brasileira pode vir a ser ameaçada, uma vez que a
tendência do mercado internacional é de crescente sofisticação e
de segmentação em especialidades.