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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDC-FUNCEX
Com a difusão do desenvolvimento tecnológico da produção, o produto atinge hoje
padrões de homogeneidade de qualidade regulados pela normalização técnica internacional e
nacional nos vários países produtores, que descaracterizam a concorrência pelas especificações de
produto. Nesse aspecto, predomina a velocidade com que cada país consegue incorporar os
avanços ocorridos no desempenho do produto, avanços esses que rapidamente se difundem entre
os vários países produtores.
A elevada incidência dos custos de transporte no produto dificulta a ampliação do raio de
comercialização dos fabricantes e leva à concentração local e regional em função, primeiramente,
da origem da matéria-prima e dos mercados consumidores. O cimento tem baixo valor agregado
por unidade de peso, acentuando-se assim o papel dos custos de transporte no custo final.
A Tabela 5 apresenta as estruturas de custos industriais de vários países, que revelam a
maior incidência do custo de energia e os demais itens que assumem maior ou menor importância
em função das características dos países em termos econômicos. Embora esses dados sejam
antigos (1988) e de caráter muito genérico, podem revelar a influência das condições econômicas
de cada país na determinação da estrutura de custos. Destaca-se o caso da Turquia em que a
energia é efetivamente determinante dos custos, com muito baixa incidência dos demais itens,
revelando uma estrutura de escassez de energia e baixo custo de capital.
TABELA 5
CUSTOS INDUSTRIAIS COMPARATIVOS
(em % do custo total)
País\Item Capital Matéria-prima Energia Pessoal Outros*
Brasil 24,5 18,0 30,0 17,5 10,0
Espanha 22,5 7,3 39,4 14,7 16,1
Turquia 7,0 14,0 60,0 9,00 10,0
França 16,3 2,9 28,8 21,7 30,3
Alemanha Ocidental 13,0 5,0 35,0 21,0 26,0
Japão 16,0 21,0 37,0 7,0 19,0
Coréia do Sul 17,0 5,3 48,0 9,8 19,9
Grécia 19,0 8,0 38,0 19,0 16,0
* O item "outros" inclui: manutenção, embalagem, administração geral e sub-contratação.
Fonte: ROEHLKEPARTAIN (1988) apud NATRON.
Devido à característica capital-intensiva da indústria, a necessidade de escalas mínimas
elevadas para assegurar a viabilidade econômica condiciona a implantação das fábricas à existência
de grande mercado potencial e exige estruturas de financiamento complexas, fatores que
dificultam o acesso de pequenos investidores. A pesada incidência de custos fixos sobre os custos
totais, face ao elevado montante do capital inicial requerido, penaliza fortemente a indústria
quando da existência de capacidade ociosa. Os avanços tecnológicos recentes têm ampliado ainda
mais a escala eficiente mínima na produção do cimento. O Japão, país líder em tecnologia de