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Universidade do Extremo Sul Catarinense
Curso de Pós-Graduação em Ciências Ambientais
ESTUDO DA AÇÃO PSICOFARMACOLÓGICA DE EXTRATOS DE
PASSIFLORA ALATA DRYANDER E PASSIFLORA EDULIS SIMS
Paulo Roberto Barbosa
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Ciências Ambientais da
Universidade do Extremo Sul Catarinense,
para obtenção do Grau de Mestre em
Ciências Ambientais.
Orientador:
Prof. Dr: João Luciano de Quevedo
Co-Orientador:
Prof. Dr: Flavio Henrique Reginatto
Criciúma, SC
2006
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ESTUDO DA AÇÃO PSICOFARMACOLÓGICA DE EXTRATOS DE
PASSIFLORA ALATA DRYANDER E PASSIFLORA EDULIS SIMS
Paulo Roberto Barbosa
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Ciências Ambientais da
Universidade do Extremo Sul Catarinense,
para obtenção do Grau de Mestre em
Ciências Ambientais.
Área de Concentração:
Ecologia e Gestão do Ambientes Alterados
Orientador:
Prof. Dr: João Luciano de Quevedo
Co-Orientador:
Prof. Dr: Flavio Henrique Reginatto
Criciúma, SC
2006
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ii
AGRADECIMENTOS
A Deus por estar sempre presente na minha vida, e tornou tudo isso
possível;
Agradeço a minha família por todo apoio e confiança em mim depositado, o
que tornou possível a realização deste projeto;
Ao meu Orientador Professor Dr: João Luciano de Quevedo, pela
credibilidade, orientação e amizade;
Ao meu Co-Orientador Professor Dr: Flavio Henrique Reginatto, da
Universidade de Passo Fundo, pela orientação e auxílio na obtenção dos extratos;
A Drª Vanilde Citadini Zanette pelo auxílio e amizade;
Ao Professor Robson dos Santos pela ajuda necessária no momento
necessário;
A todos os professores e funcionários do Programa de Pós-Graduação em
Ciências Ambientais da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, pela
contribuição para minha formação;
A todos os colegas do Laboratório de Neurociências da UNESC, pela ajuda
nos experimentos comportamentais.
iii
RESUMO
Reconhece-se há muito tempo que substancias que ocorrem em plantas
podem possuir grande atividade farmacológica e podem agir no sistema nervoso
central. O presente estudo avaliou a atividade psicofarmacológica de extratos de
folhas de Passiflora alata Dryander e Passiflora edulis Sims, na ansiedade e no
processo de formação da memória. No modelo experimental in vivo foram utilizados
390 ratos machos Wistar com 60 dias pesando de 250 a 300g, dos quais foram
divididos em dez grupos de 13 ratos, para testes de comportamento: esquiva
inibitória, habituação em campo aberto e labirinto em cruz elevada. Estes testes
avaliam memória aversiva, memória de habituação e ansiedade, respectivamente.
Os ratos receberam tratamento intraperitonial de extratos de folhas de P. alata e P.
edulis (25, 50, 100 e 150 mg/kg), salina (1mg/kg) e diazepam (1mg/kg) fármaco
ansiolítico clássica. Quando comparado ao grupo controle (salina) no modelo de
labirinto em cruz elevada, os grupos tratados com P. alata e P. edulis apresentaram
atividade ansiolítica. No modelo de esquiva inibitória, após as sessões de
treinamento e teste, a latência indicou que extratos de folhas de Passiflora não
interferem na memória dos ratos, diferente do diazepam. No modelo de campo
aberto, após as sessões de treinamento e teste, avaliando os crossings e rearings
observou-se os mesmos resultados obtidos na esquiva inibitória. Os resultados
obtidos neste estudo indicam que os extratos de Passiflora são fontes potenciais
com atividades ansiolíticas, sem no entanto causar os efeitos na memória, como
ocorre com os grupos tratados com diazepam. Estudos adicionais investigando as
concentrações terapêuticas com capacidade ansiolítica sem dano na memória são
necessários.
Palavras-chave: Passiflora alata, Passiflora edulis, ansiedade, memória.
iv
ABSTRACT
It has been known for a long time that certain substances, which come from
some plants, can have great pharmacological activity that can act in the central
nervous system. The present study evaluated the pharmacological activity of leaf
extracts of Passiflora alata Dryander and Passiflora edulis Sims, in anxiety and in
memory formation process. In the experimental model, in vivo, 360 sixty-day-old
male Wistar rats, weighing between 250 and 300g, were used and they were divided
into 10 groups of 13 rats each for behavior tests: inhibitory avoidance, habituation
on open field and elevated cross labyrinth in order to evaluate the aversive memory,
the habituation memory and anxiety respectively. The rats received intraperitoneal
treatment of P. alata and P. edulis leaf extracts (25, 50, 100 and 150 mg/kg), saline
(1 mg/Kg) and diazepam - a classic anxiolytic drug (1mg/kg). When compared to
control group (saline) in the elevated cross labyrinth model, the groups treated with
P. alata and P. edulis presented anxiolytic activity. In the inhibitory avoidance model,
after training and test sessions, the latency indicated that leaf extracts of Passiflora
do not interfere with the memory of the rats, contrary to diazepam. In the open field
model, after training and test sessions, evaluating crossings and rearings, the same
results that occurred in the inhibitory avoidance were observed. The results in the
study show that Passiflora extracts are potential sources with anxiolytic activities,
but without causing effects in memory such as those which occur in the groups
treated with diazepam. Further research to investigate the therapeutic
concentrations with anxiolytic capacity without damage in memory is necessary.
Keywords: Passiflora alata, Passiflora edulis, anxiety, memory.
v
LISTA DE FIGURAS
Figura 1:
Detalhe das flores e folhas de Passiflora alata Dryandrer. Fonte: Lorenzi
(2002).....................................................................................................11
Figura 2: Detalhe do fruto de Passiflora alata Dryander. Fonte: Lorenzi (2002)...12
Figura 3: Detalhes das folhas e flores de Passiflora edulis Sims. Fonte: Lorenzi
(2002).....................................................................................................15
Figura 4: Detalhe do fruto de Passiflora edulis Sims. Fonte: Lorenzi (2002)........15
Figura 5: Detalhe da polinização de Xylocopa sp. em P.edulis Sims. Fonte:
Lorenzi (2002)........................................................................................17
Figura 6: Xylocopa brasilanorum (A) e Xylocopa frontalis (B). Fonte: Melo
(2004).....................................................................................................18
Figura 7: Sinapse nervosa. Fonte: Maio (2002)....................................................27
Figura 8: Receptor de NMDA. Fonte: Scientific American (2004).........................28
Figura 9: Detalhe do cérebro. Fonte: Cardoso (2002). .........................................29
Figura 10: Modelo do labirinto em cruz elevada (plus-maze). Entradas nos braços
abertos e fechados, comparando salina, DZP e P. alata.......................46
Figura 11: Modelo do labirinto em cruz elevada (plus-maze). Tempo despendido
nos braços abertos e fechados. Comparando salina, DZP e P. alata...47
Figura 12: Modelo do labirinto em cruz elevada (plus-maze). Entradas nos braços
abertos e fechados. Comparando salina, DZP e P. edulis. ...................47
Figura 13: Modelo do labirinto em cruz elevada (plus-maze).Tempo despendido
nos braços abertos e fechados. Comparando salina, DZP e P. edulis..48
Figura 14: Esquiva inibitória. Latência, comparando salina, DZP e P. alata, após as
sessões de treinamento e teste.............................................................48
Figura 15: Esquiva inibitória. Latência, comparando salina, DZP e P. edulis, após
as sessões de treinamento e teste. .......................................................48
Figura 16: Habituação em campo aberto (Open-field Task). Crossings,
comparando salina, DZP e P. alata, após as sessões de treinamento e
teste. ......................................................................................................49
Figura 17: Habituação em campo aberto (Open-field Task). Rearings, comparando
salina, DZP e P. alata, após as sessões de treinamento e teste...........49
Figura 18: Habituação em campo aberto (Open-field Task). Crossings,
comparando salina, DZP e P. edulis, após as sessões de treinamento e
teste. ......................................................................................................49
Figura 19: Habituação em campo aberto (Open-field Task). Rearings, comparando
salina, DZP e P. edulis, após as sessões de treinamento e teste.........50
vi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1:
Manifestações Psíquicas da Ansiedade. ..............................................34
Tabela 2: Manifestações Somáticas da Ansiedade..............................................35
vii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AMPA - amino-3-hidroxi-5-metil-4-isoxazolpropionato
ANOVA - Analysis of Variance
AP5 - ácido D-2-amino-5-fosfonopentanóico
Ca2+ - Íons cálcio
CaMKII - cálcio-calmodulina quinase II
CCD - Cromatografia de Camada Delgada
CNQX - 6-ciano-7-nitroquinoxalino-2,3-diona
DSM - Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais
DZP - Diazepam
ECA - Epidemiologic Catchement Area
EEG - eletroencefalográfico
GABA - ácido gama amino butírico
GluR1 - Receptor do glutamato
GMPc - 3,5 monofosfato de guanosina cíclico
ISMA - International Stress Management Association
LCE - Labirinto em cruz elevada
LTP - Potenciação de Longa Duração
MCPG - RS-metil-4-carboxifenil glicina
MGluRs - Receptores metabotrópico
MK-801 - 5-metil-10,11-diidro-5H-dibenzo [a,d]ciclohepteno-5,10 imina
(dizolcipina)
NIH - National Institutes of Health
NMDA - N-metil-D-aspartato
NMDAR1 - Subunidade do N-metil-D-aspartato
PET - Tomografia por emissão de pósitrons
PKA - Proteína quinase A
PKC - Proteína quinase C
PKG - Proteína quinase G
SBNeC - Sociedade Brasileira Nurociência e Comportamento
SNC - Sistema nervoso central
SPECT - Tomografia computadorizada por emissão de fóton único
TAG - Transtorno da ansiedade generalizada
TOC - Transtorno obsessivo compulsivo
UNESC - Universidade do Extremo Sul Catarinense
viii
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................1
2 JUSTIFICATIVA......................................................................................................4
2.1 Considerações sobre o maracujazeiro.................................................................4
2.1.1 Alcalóides ..........................................................................................................4
2.1.2 Polifenóis...........................................................................................................6
2.1.3 Saponinas .........................................................................................................8
2.2 Gênero Passiflora.................................................................................................8
2.2.1 Dados Farmacológicos......................................................................................9
2.2.2 Dados Fitoquímicos...........................................................................................9
3 PASSIFLORA ALATA DRYANDER.....................................................................10
3.1 Características Botânicas...................................................................................10
3.1.1 Características Reprodutivas e da Cultura......................................................11
3.2 Dados Fitoquímicos............................................................................................12
3.3 Dados Farmacológicos.......................................................................................13
4 PASSIFLORA EDULIS SIMS ...............................................................................14
4.1 Características Botânicas...................................................................................14
4.2 Dados Fitoquímicos............................................................................................15
5 FORMAS DE PROPAGAÇÃO, PROCESSOS REPRODUTIVOS E DA CULTURA
DO MARACUJAZEIRO............................................................................................17
6 EXIGÊNCIAS CLIMÁTICAS DE PASSIFLORA ALATA DRYANDER E DE P.
EDULIS SIMS ..........................................................................................................20
7 MEMÓRIA .............................................................................................................25
8 ANSIEDADE .........................................................................................................32
8.1 Epidemiologia da Ansiedade..............................................................................39
9 OBJETIVOS..........................................................................................................40
9.1 Objetivo Geral ....................................................................................................40
9.2 Objetivos Específicos .........................................................................................40
10 MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................41
10.1 Testes Comportamentais .................................................................................42
10.1.1 Esquiva Inibitória (Inhibitory Avoidance Task)...............................................42
10.1.2 Habituação em Campo Aberto (Open-field Task): ........................................42
10.1.3 Modelo do Labirinto em Cruz Elevada (plus-maze) ......................................44
11 RESULTADOS....................................................................................................46
12 DISCUSSÃO .......................................................................................................51
13 CONCLUSÃO .....................................................................................................53
13.1 Toxicidade em Doses Elevadas dos Extratos de Folha de P. alata e de P.
edulis ........................................................................................................................54
14 REFERÊNCIAS...................................................................................................55
ANEXOS ..................................................................................................................68
1
1 INTRODUÇÃO
O emprego dos vegetais como alimento, medicamento ou cosmético, se
perde na história do homem na Terra. Os estudos da arqueologia demonstraram
que há mais de 3.000 anos as ervas eram utilizadas para esses fins. A fitoterapia
ou terapia pelas plantas, era conhecida e praticada pelas antigas civilizações.
Pode-se afirmar que o hábito de recorrer às virtudes curativas de certos vegetais é
uma das primeiras manifestações do esforço do homem para compreender e utilizar
a natureza (TESKE; TRENTINI, 2001).
São considerados medicamentos fitoterápicos aqueles cujas matérias-
primas utilizadas sejam exclusivamente originadas de plantas medicinais – folhas,
flores, caules, raízes, etc, que se constituem em drogas vegetais - ou seus extratos,
podendo ser incluídos em sua elaboração, substâncias puras inertes, como
adjuvantes. A mera inclusão de qualquer substância ativa sintética descaracteriza o
produto como fitoterápico (SONAGLIO, 2001).
O homem utiliza as plantas como fonte de alimento e busca para cura de
diferentes enfermidades. Baseado, algumas vezes, na crendice popular, essas
substituem medicamentos sintéticos sem conhecimento apurado de seus
verdadeiros efeitos. Atualmente no Brasil e em diversos outros países a utilização
de plantas medicinais vem sendo uma prática alternativa aos medicamentos
(BRESOLIN; CECHINEL FILHO, 2003).
Segundo análise feita pela Annual Reports of Medical Chemistry, cerca de
60% dos fármacos lançados no mercado norte-americano entre 1985 e 1995 são de
origem natural (BRESOLIN; CECHINEL FILHO, 2003). Considerando que o Brasil
possui a flora mais rica do mundo em matéria-prima para produção de fitofármacos
e, apenas em torno de 8% foram estudadas, é de suma importância que se busque
nestas plantas uma fonte alternativa de medicamentos, visando no futuro a
obtenção de novos fármacos, mais eficazes e específicos (BRAZ FILHO, 1999;
SIMÕES et al., 1999).
A importância da matéria-prima vegetal empregada na produção de um
fitoterápico é referente à sua natureza complexa, constituída de misturas de
substâncias químicas, cujos níveis podem apresentar variações importantes,
dependendo de fatores ambientais e/ou genéticos (NEWELL; ANDERSON;
PHILLIPSON, 1996).
2
As plantas são fontes importantes de compostos bioativos naturais, que
freqüentemente se constituíram em modelos para síntese de grande número de
fármacos. Segundo Oliveira (2000), certos vegetais apresentam um conjunto de
substâncias ativas, cuja ação farmacodinâmica é mais efetiva do que uma de suas
substâncias isoladas.
Entre as plantas utilizadas como medicinais, destacam-se as espécies da
Família Passifloraceae. Esta compreende 12 gêneros, dos quais 7 estão dispersos
em várias partes do globo como a África, Ásia, Ilhas do Pacífico Sul, Nova Guiné e
Nova Zelândia. Passiflora L. é o gênero mais importante da família, com cerca de
500 espécies distribuídas na flora das regiões tropicais das Américas, do Sul dos
EUA até o Brasil, sendo que 370 ocorrem somente nas Américas (REITZ, 1980).
São plantas herbáceas ou lenhosas, às vezes trepadeiras, importantes por seus
frutos comestíveis e por suas propriedades terapêuticas (COSTA, 1994).
No Brasil ocorrem quatro gêneros de Passifloraceae: Mitostemma, Dilkea,
Tetrastylis e Passiflora, que apresentam a seguinte distribuição geográfica: Dilkea,
no Amazonas e Pará; Tetrastylis, na Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro;
Mitostemma, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul e Passiflora, em
todo o país, sendo o gênero mais freqüente registrado em Santa Catarina (REITZ,
1980).
Os maracujás pertencem ao gênero Passiflora, havendo no Brasil
aproximadamente 120 espécies nativas (COSTA, 1994). Apesar do nome popular
aplicado a todas as espécies, apenas duas são cultivadas comercialmente para a
produção dos frutos: Passiflora alata Dryander (maracujá-doce) e Passiflora edulis
Sims (maracujá-azedo). Apesar de todas as espécies produzirem frutos, nem todos
podem ser consumidos, havendo alguns que são até tóxicos.
Embora P. alata seja uma droga oficial da farmacopéia brasileira e seus
extratos serem incluídos como componentes ativos em muitas preparações
registradas no Brasil, as espécies de Passiflora foram usadas tradicionalmente na
Europa e em toda América no tratamento de ansiedade, insônia e nervosismo
(BRASSEUR, 1984).
P. alata distribui-se extensamente em toda América Latina, e seu extrato foi
usado na medicina popular de países americanos e europeus por suas
propriedades ansiolíticas similares ao diazepam (PARIS et al., 2002). Entretanto,
sabe-se do efeito amnésico do diazepam quando administrado antes da sessão da
3
esquiva inibitória e do campo aberto, dois instrumentos clássicos para avaliar
memória aversiva e de habituação, respectivamente.
A composição química dos extratos da folha de P. alata e P. edulis tem sido
extensamente estudada e tem revelado a presença de alcalóides (LUTOMSKI;
MALEK, 1975; OGA et al., 1984), polifenóis como um dos principais responsáveis
pelos seus princípios ativos (ULUBELEN et al., 1982; PETRY et al., 2001;
PEREIRA et al., 2004; MULLER et al., 2005) e saponinas (REGINATTO et al.,
2001; YOSHIKAWA et al., 2000a; YOSHIKAWA et al., 2000b).
O conhecimento dos componentes químicos de P. alata e de P. edulis é
importante para o desenvolvimento dos métodos e controle da quantidade destas
drogas. O propósito deste trabalho, é avaliar as atividades dos extratos de P. alata
e de P. edulis no processo de formação da memória e ansiedade em ratos Wistar.
4
2 JUSTIFICATIVA
2.1 Considerações sobre o maracujazeiro
Maracujá é um nome de origem indígena, das tribos Tupi e Guarani, e deriva
de “murukuia”, que significa “alimento em forma de cuia”. A utilização do
maracujazeiro pelo homem é grande e diversificada. As espécies são cultivadas por
suas características alimentícias, ornamentais e medicinais. O principal uso está na
alimentação humana, na forma de sucos, doces, sorvetes e licores. O valor
ornamental é conferido pelas belas flores e o valor medicinal, também muito
difundido, é devido às propriedades calmantes da passiflorina, um sedativo natural
encontrado nos frutos e nas folhas. É também rico em vitamina C, cálcio e fósforo
(MELETTI, 1995; SOUSA; MELETTI, 1997).
As espécies de Passiflora são distribuídas extensamente por toda a América
Latina e o extrato da folha foi usado na medicina popular de países americanos e
europeus devido a suas propriedades sedativas e ansiolíticas (ROSS, 2002).
Embora P. alata seja um fitoterápico oficial da farmacopéia brasileira e seus
extratos serem incluídos como componentes ativos em muitas preparações
registradas no Brasil, as espécies de Passiflora também foram usadas
tradicionalmente na Europa e em toda América no tratamento de ansiedade, insônia
e nervosismo (ULUBELEN, 1982). Embora estes fitofármacos e seus princípios
ativos fossem estudados extensivamente (PETRY et al., 2001), as substâncias
ativas de Passiflora não foram totalmente identificadas e testes farmacológicos
estão atualmente sendo realizados.
Grande número de espécies de Passiflora são consideradas, atualmente,
como drogas oficiais em muitas farmacopéias de diversos países. Embora os
extratos deste vegetal sejam relatados como alternativa tecnológica atual nas
preparações de produtos intermediários para formulários de dosagem farmacêutica,
há poucas investigações das propriedades e composição de Passiflora
(GONZÁLEZ ORTEGA, 1995). Entre estas destacam-se:
2.1.1 Alcalóides
Tem sido demonstrado, nos últimos anos, que os extratos de folhas de P.
alata e P. edulis apresentam baixos teores de alcalóides.
5
Os alcalóides são bases nitrogenadas, de alta toxicidade, derivadas de
aminoácidos, cuja função principal é a defesa da planta contra fitófagos (SIMÕES et
al., 2003).
Segundo Martins et al. (1995), os alcalóides podem ter coloração amarela,
roxa ou incolor. Nas células vegetais estão nos vacúolos. Quando na forma de sais,
encontram-se nas paredes celulares. Localizam-se nas folhas, sementes, raízes e
caules.
A medicina emprega-os normalmente em estado puro e o seu verdadeiro
valor apenas se revela quando usados adequadamente pelo médico. Segundo a
sua composição química e, sobretudo, a sua estrutura molecular, os alcalóides
podem ser divididos em vários grupos contendo: alcalóides isoquinoleicos,
indólicos, quinoléicos, pirimídicos, piperamídicos, derivados do tropano, esteróides,
fenilalaninas e harmano.
Para o autor, a concentração dos alcalóides pode variar muito durante o
ano, podendo em certas épocas, estar restrito somente a determinado órgãos,
principalmente folhas e frutos. Apenas 10 a 15 % das plantas conhecidas
apresentam alcalóides em sua constituição.
O isolamento de alcalóides do tipo β-carbonílicos derivados do grupo
harmano em espécies de Passiflora foi primeiramente descrito em folhas de P.
incarnata (POETHKE et al., 1970).
Em 1975, Lutomsk e Malek relataram a presença de harmano, harmino,
harmalina e harmanol em extrato de P. edulis sendo a concentração de alcalóides
totais do grupo harmano de 0,12 mg/100g. Para o extrato bruto de folhas de P.
alata, uma concentração de alcalóides totais de 0,217/100g, foi demonstrada por
Oga et al. (1984).
Os alcalóides formam um grupo heterogêneo de substâncias orgânicas, cuja
similaridade molecular mais significativa é a presença de nitrogênio na forma de
amina (raramente amida). Existem várias classes de alcalóides, e todas
apresentam alguma ação fisiológica, geralmente no sistema nervoso central, o que
tem sido utilizado para benefício do homem na produção de drogas medicinais,
como, por exemplo, a morfina (VICKERY; VICKERY, 1981).
6
2.1.2 Polifenóis
Primeiramente reconhecidos como pigmentos, os polifenóis formam um
grupo complexo de moléculas presente na maioria das frutas e vegetais, estando
envolvidos na defesa da planta contra patógenos, animais ou radiação ultravioleta.
Segundo Simões et al. (2003), polifenóis são metabólitos secundários e podem ser
classificados de acordo com sua estrutura química em ácidos fenólicos (ácidos
hidroxibenzóicos e ácidos hidroxicinâmicos) flavonóides, estilbenos e lignanas
(Anexo A)
Dentre as classes de polifenóis, os flavonóides são os compostos mais
estudados. Os flavonóides possuem um esqueleto difenilpropropano e são
divididdos em 6 (seis) subclasses: flavonóis, flavonas, isoflavonas, flavanonas,
antocianidinas e flavanóis (catequinas e proantocianidinas) (Anexo B)
A composição química dos extratos de folhas de P. alata e de P. edulis
indicam a presença de polifenóis como constituintes majoritários.
Oga et al. (1984) encontraram uma concentração elevada de flavonóides em
extrato bruto de folhas de P. alata (44,8mg/100g). Corroborando com estes autores,
Petry et al (2001), descreveram flavonóides totais de 2,9 e 4,6 mg/100g, em
extratos hidroalcoólico de folhas de P. alata e P. edulis, respectivamente.
Os flavonóides representam um dos grupos fenólicos mais importantes e
diversificados entre os produtos de origem natural. Essa classe de compostos é a
amplamente distribuída no reino vegetal. Quase ausente em algas, alguns
representantes foram identificados em briófitas, existindo somente um relato de
ocorrência em fungos. Em pteridófitas também foram encontrados, mas sua
variabilidade estrutural é pequena. Todavia estão presentes em abundância em
angiospermas, apresentando nesse grupo enorme diversidade estrutural (COSTA,
1994).
Para Simões et al. (2000), são conhecidos até o presente, mais de 4.200
flavonóides diferentes, sendo que o número de novas estruturas identificadas
praticamente dobrou nos últimos vinte anos. Os flavonóides de origem natural
apresentam-se freqüentemente, oxigenados e um grande número ocorre conjugado
com açúcares. Essa forma, chamada conjugada, também conhecida como
heterosídeo. São denominados de O-heterosídeos quando a ligação se dá por
intermédio de uma hidroxila e de C-heterosídeos quando a ligação se dá com um
átomo de carbono. Quando o metabólito (flavonóides, antraquinonas, terpenos, etc)
7
encontra-se sem açúcar, é chamado de aglicona ou genina, sendo freqüentemente
denominado de forma livre.
Para os autores acima citados, os heterosídeos são geralmente solúveis em
água e em álcoois diluídos, mas insolúveis nos solventes orgânicos habituais,
enquanto que as respectivas agliconas são normalmente solúveis em solventes
orgânicos apolares e, por possuírem caráter fenólico, em soluções aquosas
alcalinas. O aquecimento, mesmo em soluções diluídas, pode levar à hidrólise dos
O-heterosídeos e muitas vezes interferir na análise estrutural de flavonóides. As
hidrólises alcalina e ácida facilitam a identificação dos núcleos flavônicos, enquanto
a hidrólise enzimática rompe pontos específicos das moléculas, facilitando a
identificação dos constituintes da parte açúcar.
A espectroscopia no ultravioleta é a principal técnica tanto para a detecção
quanto para o monitoramento da pureza de derivados flavônicos durante os
processos de isolamento (SIMÕES et al., 2000).
A grande diversidade dos flavonóides sugere que eles sejam importantes
para as plantas superiores. Contudo não está claro que também o sejam para o
homem. De fato, pode-se inferir que os seres humanos ingerem muitos gramas de
flavonóides diariamente, sendo encontrados com freqüência nas frutas e em muitas
outras espécies vegetais, no vinho, em cereais e ocasionalmente em corantes
alimentares. Entretanto, não há, até o momento, comprovação evidente de que
esses metabólitos sejam imprescindíveis à alimentação humana (SIMÕES et al.,
2000).
O emprego terapêutico de P. alata e de P. edulis, contendo flavonóides é
vasto e, em muitos casos, ainda empírico. Embora alguns resultados tenham
mostrado que os flavonóides possam apresentar efeito mutagênico, em geral, são
considerados como benéficos. Alguns medicamentos são elaborados a partir de
flavonóides, em particular para o tratamento de doenças circulatórias, hipertensão e
agindo como cofator da vitamina C. Outras pesquisas sugerem que alguns
flavonóides são responsáveis por ação antitumoral considerável, podendo ainda
agir como antivirais, anti-hemorrágicos, hormonais, antinflamatórios,
antimicrobianos e antioxidantes (COSTA, 1994).
A partir da década de 80 começou-se a conhecer com maior profundidade
os flavonóides em plantas. Pôde-se demonstrar que os flavonóides administrados
por via oral potencializam a ação do hexobarbital, prolongando assim o tempo de
8
sono e diminuindo notoriamente a motilidade, sem provocar falta de coordenação
motora nem efeitos que relaxem a musculatura (DELLA LOGIA, 1981; SPERONI;
MINGHETI, 1988).
2.1.3 Saponinas
Estudos recentes tem também demonstrado a presença de saponinas em
extrato de folhas de P. alata e de P. edulis. De acordo com Simões et al. (2003),
saponinas são glicosídeos de esteróides ou de triterpenos amplamente distribuídos
em vegetais, cuja função é a diminuição da tensão superficial da água, agindo
deste modo como detergentes e emulsificantes.
A primeira saponina descrita para o extrato de folhas de P. edulis foi
denominada passiflorina, a qual é derivada do lanostato [éster do ácios-β-D-glicosil
(22R),(24S)-22,31-epoxi-24-metil-1α,3β,24,31-tetra-hidroxi-9,19-ciclo-9β-lanostano-
28-óico] (BOMBARDELLI et al., 1975). Em estudos recentes, outras dez saponinas
triterpênicas (ciclopassiflosideoes) foram isoladas de folhas e de caules de P.
eduilis (YOSHIKAWA et al., 2000, b). Em adição, Reginatto et al. (2001) relataram o
isolamento de quatro saponinas triterpênicas e uma saponina esteroidal em extrato
de P. alata.
2.2 Gênero Passiflora
Os maracujás pertencem à família Passifloraceae, amplamente distribuída
nos trópicos, a maioria habitante da América tropical.
Muitas das espécies de Passiflora são cultivadas pelas suas propriedades
alimentícias, ornamentais ou medicinais, mas principalmente pela qualidade de
seus frutos (MELETTI, 2000).
As plantas deste gênero, caracterizam-se por serem trepadeiras vigorosas
de caule freqüentemente sulcado. Em algumas espécies, as folhas são
arredondadas e em outras são profundamente partidas, com bordos serrados. As
flores são grandes, vistosas, de coloração que podem variar de branco-esverdeada,
alaranjada, vermelho ou arroxeada, de acordo com a espécie. O florescimento
ocorre de dezembro a abril (COSTA, 1999).
O fruto é geralmente arredondado e com casca espessa de coloração verde,
amarelada, alaranjada ou com manchas verde-claras, de acordo com a espécie.
Sementes achatadas, pretas, envolvidas por um arilo de textura gelatinosa de
9
coloração amarelada e translúcida. Frutifica durante o ano todo, menos
intensamente de maio a agosto.
Os frutos formam-se a partir da polinização cruzada entre duas plantas,
realizada naturalmente pelas mamangavas (Xylocopa spp.) que, por possuírem
tamanho avantajado, transportam pólen no seu dorso.
2.2.1 Dados Farmacológicos
Tradicionalmente considera-se que o maracujá apresenta as seguintes
atividades: sedativas, antiespasmódicas e ansiolíticas, confirmadas em
experiências com animais (ZUANAZZI, 2000).
2.2.2 Dados Fitoquímicos
Entre os constituintes químicos identificados estão cumarinas, ácidos
fenólicos, fitosteróis e heterosídeos cianogênicos, cerca de 0,05% de maltol (2-
metil-3-hidróxi-pirona); menos que 0,03% de alcalóides indólicos (harmana, harmol,
harmina e seus derivados di-hidrogenados), e inúmeros flavonóides (os mais
freqüentes são os di-C-heterosídeos de flavonas) (ZUANAZZI, 2000).
Na literatura são relatadas a presença de passiflorina, quadrangulosídeo, 9-
19-ciclolanosta-22,25-epoxi-3β,21,22(R)-triol-3β-O-gentiobiosídeo, 9,19-
ciclolanosta-21,24-epoxi-3β,25,26-triol-3β-O-gentiobiosídeo, ácido 3-O-soforosídeo
andoleanólico (YOSHIKAWA et al., 2000a).
10
3 PASSIFLORA ALATA DRYANDER
Passiflora alata Dryander (Figura 1), pertencente à família Passifloraceae,
está entre as espécies mais cultivadas como maracujá no Brasil. Suas folhas e
partes aéreas secas são utilizadas como sedativo (ZUANAZZI, 2000). É
característica da floresta pluvial da encosta atlântica no Estado de Santa Catarina,
estando distribuída neste estado, nos municípios: Araquari, Florianópolis,
Governador Celso Ramos, Itajaí, Porto Belo e São Francisco do Sul (REITZ, 1980).
P. alata é uma planta neotropical muito cultivada no Brasil, conhecida popularmente
como flor-da-paixão, maracujá, maracujá-de-refresco, maracujá-do-grande,
maracujá-grande, maracutango ou maracutão, maracujá amarelo, maracujá-mamão
(REITZ, 1980; MORS, 2000).
3.1 Características Botânicas
Planta trepadeira, perene, lenhosa, glabra de crescimento rápido e contínuo,
podendo atingir de 5 m a 10 m de comprimento. Sistema radicular pivotante ou
axial, pouco profundo, com maior taxa de crescimento ocorrendo entre 210 e 300
dias e maior volume de raízes concentrando entre 0,30 m a 0,45 m de
profundidade, em raio de 0,60 m a partir do tronco. Caule tetrangular-alado,
lenhoso, diminuindo o teor de lignina á medida que se aproxima do ápide da planta.
Folhas simples e inteiras, alternas ovadas ou ovado-oblongas e textura
membranácea, peninérvea, com nervuras salientes em ambas as face
especialmente na inferior, acuminadas no ápice, arredondadas, subcordadas ou
subcuneadas na base, de margem lisa ou finamente denticulada, com 6,0 a 21,5
cm de comprimento e 5,0 a 13,5 cm de largura: pecíolos medindo cerca de 3,0 cm
com 2 a 4 glândulas sésseis ou nectários, orbiculares, dispostas aos pares na parte
superior: estípulas persistentes de margem lisa ou serrilhada, com 1,0 a 2,0 cm de
comprimento e 0,3 a 1,0 cm de largura. Flores hermafroditas odoríferas, axilares,
geralmente isoladas, com 10,0 a 12,0 cm de diâmetro; pedúnculo trígono com 1,2 a
2,5 cm de comprimento; brácteas foliáceas, livres, inseridas junto à base da flor,
ovadas, agudas, subcordadas na base, de margem lisa ou serrilhada, com até 3 cm
de comprimento e 2,2 cm de largura; tubo calicinal curto com cerca de 1,2 cm de
diâmetro, sépalas em número de 5, carnosas, oblongas e obtusas, externamente
verdes e a face interna carmesin; pétalas normalmente em número de 5, oblongas,
11
obtusas e brancas ou branco-arroxeadas e internamente carmesin, com 3,8 a 5,0
cm de comprimento, por 1,5 a 2,0 cm de largura; estames em número de cinco,
presos a um androginóforo colunar; ovário oblongo, glabro, obscuramente sulcado
longitudinalmente (REITZ, 1980; COSTA, 1994). Fruta do tipo baga com tamanho e
forma variados. P. alata floresce e dá frutos entre os meses de setembro a abril
(REITZ, 1980; MEDINA et al., 1980; MANICA, 1981; KLIEMANN et al., 1986;
SOUZA, 2000; FARMACOPÉIA, 1977; COSTA, 1994).
Figura 1: Detalhe das flores e folhas de Passiflora alata Dryandrer. Fonte: Lorenzi
(2002).
3.1.1 Características Reprodutivas e da Cultura
As flores geralmente abrem-se entre 12 a 13 horas, permanecendo abertas
em torno de quatro horas (RUGGIERO et al., 1996).
O maracujazeiro amarelo P. alata (Figura 2) é dependente de polinização
cruzada, pois suas flores apresentam diferentes graus de auto-incompatibilidade. A
polinização é realizada por abelhas mamangavas (Xylocopa spp.) ou através da
polinização artificial, quando a presença dos insetos polinizadores é reduzida. Seus
frutos variam em tamanho e forma, de acordo com os diferentes estádios de
maturação, idade da cultura, latitude, condições edafoclimáticas e sistema de
manejo (MEDINA et al., 1980; FIGUEIREDO et al., 1988).
12
Figura 2: Detalhe do fruto de Passiflora alata Dryander. Fonte: Lorenzi (2002).
A caracterização da cultura do maracujazeiro foi realizada por Maciel et al.
(1994) que dividiu o ciclo em quatro estádios de desenvolvimento. Inicialmente a
cultura apresenta uma fase embrionária, onde a planta possui um hipocótilo ereto,
duas folhas cotiledonares e um epicótilo pouco visível. Posteriormente a planta
inicia a fase juvenil ou fase de crescimento inicial, onde apresenta caule cilíndrico
com entrenós curtos, folhas simples dispostas em filotaxia 2/5 e a presença de uma
gema axilar. Esta fase termina com o aparecimento das primeiras folhas lobadas e
gavinhas, o que ocorre no final do segundo giro filotáxico. A próxima fase,
caracterizada como de crescimento vegetativo apical, é uma fase de transição, em
que ocorrem mudanças fisiológicas e morfológicas com o aumento do comprimento
dos entrenós, mudança na forma das folhas, aparecimento de gavinhas e
crescimento do ramo principal. O crescimento vegetativo lateral, também
caracterizado como fase de transição, corresponde ao desenvolvimento de dois
ramos laterais, de onde saem os ramos produtivos. Nesta fase, a partir do 11º nó,
entre a base e a gema axilar, dá-se início ao aparecimento de gavinhas em todos
os nós, ocorrendo também o surgimento das primeiras folhas trilobadas. Com o
aparecimento de botões florais nos ramos principal e lateral, inicia-se a fase adulta
que ocorre até a paralisação do florescimento e frutificação em função da redução
da temperatura e do fotoperíodo.
3.2 Dados Fitoquímicos
A partir da maceração das folhas de P. alata usando-se etanol como líquido
extrator, foram isolados os glicosídeos 3-O-β-D-glicopiranosil-estigmasterol, ácido
3-O-β-glicopiranosil-oleanólico, ácido 3-O-β-D-glicopiranosil-(1¤ 3)-β-D-
13
glicopiranosil-oleanólico, ácido 3-O-β-D-glicopiranosil-(1¤ 2)-β-D-glicopiranosil-
oleanólico e 9,19-ciclolanost-24Z-en-3β,21,26-tri-hidroxi-3-26-di-O-gentiobiose. A
associação singular destes compostos em P. alata suscitou a possibilidade de sua
utilização como marcador fitoquímico para o controle de qualidade de matérias-
primas e preparações farmacêuticas a base de maracujá, o que representaria um
avanço tecnológico importante nos estudos sobre a espécie. O estudo por
Cromatografia de Camada Delgada - CCD de soluções extrativas hidroalcoólicas
das folhas de várias espécies de Passiflora encontradas no Rio Grande do Sul,
evidenciou acúmulo de saponinas apenas em P. alata (REGINATTO et al., 2001).
Foi encontrado ainda β-sitosterol em solução extrativa clorofórmica das folhas de P.
alata (STAUDT: BERTIN, 2001). Segundo COSTA (1994) a espécie apresenta C-
heterosídeos do apigenol e da luteolina, glicosídeos cianogênicos, princípios
amargos (passiflorina), estigmasterina (esterina), n-nanacosano, ácidos mirístico,
ácidos palmítico, ácidos oléico, ácidos linoleico, amilase, sacarase, taninos
condensados e hidrolizáveis, catecol, ácido gálico, açúcares, gomas e resinas.
3.3 Dados Farmacológicos
A planta apresenta ação sedativa e hipnótica. Suas folhas são muito
utilizadas na medicina popular em casos de nervosismo, histerismo, neurastenia,
perturbações da menopausa, insônia (FARMACOPÉIA, 1977; PROVENSI et al.,
2001; STAUDT; BERTIN, 2001). A solução extrativa de suas folhas é incluída em
muitas preparações farmacêuticas brasileiras, embora existam poucas
investigações acerca de seus componentes químicos e propriedades
farmacológicas. Foi demonstrado recentemente que P. alata poderia induzir alergia
respiratória (REGINATTO et al., 2001).
14
4 PASSIFLORA EDULIS SIMS
Conhecida popularmente como maracujá (STAUDT; BERTIN, 2001),
maracujá-de-comer, maracujá-comum, maracujá-de-doce, maracujá do mato,
maracujá-mirim, maracujá-peroba, maracujá-roxo, maracujá-de-ponche (ALMEIDA,
1993; REITZ, 1980). Cresce em terrenos tropicais (ALMEIDA, 1993) e se adapta
bem à sombra ou sob luz difusa preferindo lugares úmidos (REITZ, 1980) vivendo
geralmente de 5 a 7 anos. A planta é subtropical e prefere um clima livre do frio
intenso. Em Santa Catarina cresce exclusivamente na zona da Mata Pluvial
Atlântica, onde está vasta e expressivamente dispersa, ocorrendo desde o Norte
(Campo Alegre) até o Sul (Sombrio), encontrando-se até próximo a Porto Alegre, no
Rio Grande do Sul (REITZ, 1980).
4.1 Características Botânicas
Planta trepadeira glabra, com exceção do ovário. Folhas simples, trilobadas
com lobos elípticos ou ovado-elípticos, agudos ou acuminados, dentadas quando
adultas, com base arredondada, subtruncada ou cuneada; lâmina foliar
subcoriácea, lustrosa na face adaxial, trinervada, com 4,5 a 12,0 cm de
comprimento na nervura media e, 4,0 a 11,0 cm nas nervuras laterais; pecíolos com
até 6,0 cm de comprimento, apresentando duas glândulas sésseis, normalmente
junto ao limbo e estípulas com cerca de 1,0 cm de comprimento; flores brancas
solitárias nas axilas das folhas, com franja roxa, medindo cerca de 5,0 cm de
diâmetro; pedúnculo firme com até 6,0 cm de comprimento; sépalas alongadas,
com 3,0 a 3,5 cm de comprimento e 0,7 a 2,0 cm de largura, externamente verdes e
internamente brancas; pétalas obtusas e brancas; coroa com 4 a 5 séries
filamentosas sendo, duas séries externas com até 2,5 cm de comprimento,
encrespadas no ápice, brancos e arroxeados na base; ovário globóide ou
volumoso, tomentoso, raramente glabro (Figura 3); fruto globóide com 5,0 a 7,0 cm
de diâmetro, amarelo ou amarelo-esverdeado ou salpicado arroxeado quando
maduro (Figura 4). Floresce desde setembro até março, quando ocorre a
frutificação (REITZ, 1980; ALMEIDA, 1993).
15
Figura 3: Detalhes das folhas e flores de Passiflora edulis Sims. Fonte: Lorenzi
(2002).
Figura 4: Detalhe do fruto de Passiflora edulis Sims. Fonte: Lorenzi (2002).
4.2 Dados Fitoquímicos
São relacionados na literatura os ácido 22(R),24(S)-1α,3β,22,24,31-
pentahidroxi-24-metilcicloartano-28-oico (A), ácido 24(S)-1α,3β,24,31-tetrahidroxi-
24-metilcicloartano-28-oico (B), ácido 20(S),24(S)-1α,3β,21,24,31-pentahidroxi-24-
metilcicloartano-28-oico (C) e ácido 22(R)-1α,3β,22-trihidroxi-24-oxocycloartano-28-
oico (D), além de seus 28-O-β-d-glicopiranosídeos e dos 28,31-bis-O-β-d-
glicopiranosídeos dos ácidos passiflóicos B e C. Encontrou-se ainda nesta espécie
a passiflorina e o ácido passiflórico (YOSHIKAWA et al., 2000a). Triterpenos e
16
flavonóides estão presentes nas partes aéreas (STAUDT et al.,; BERTIN, 2001), e o
(R)-mandelonitrila α-L-rhamnopiranosil-β-d-glicopiranosídeo (β-rutosideo
cianogênico) foi isolado de frutos (CHASSAGNE; CROUZET, 2001).
17
5 FORMAS DE PROPAGAÇÃO, PROCESSOS
REPRODUTIVOS E DA CULTURA DO MARACUJAZEIRO
O método predominante de propagação dos maracujás é por sementes.
Devido à característica de cruzamento por polinização cruzada, há uma grande
variabilidade entre as plantas de uma população. Esta característica, relacionada
ao método de propagação, ocasiona a formação de pomares heterogêneos, com
plantas excelentes, entremeadas por aquelas de baixa produtividade (GRISI JR et
al., 1973).
Segundo o autor, o maracujazeiro é uma planta alógama por excelência. A
polinização cruzada é condicionada pelo fenômeno da auto-incompatibilidade, em
que o pólen de uma planta é incapaz de fertilizar as flores da mesma planta, e
diferentes plantas podem ou não ser compatíveis entre si. A fertilização requer a
presença de diferentes genótipos (AKAMINE; GIROLAMI, 1959; KNIGHT;
WINTERS, 1962; RUGGIERO, 1987; BRUCKNER et al., 1995) e de insetos
polinizadores (AKAMINE; GIROLAMI, 1959; CAMILO, 1987) ou de polinização
manual.
Os agentes polinizadores mais eficientes na polinização são as
mamangavas (Xylocopa spp.), por causa do tamanho (Figura 5), visto que insetos
menores coletam o néctar sem, obrigatoriamente, polinizar o estigma (MELETTI et
al., 2003). A abelha Apis mellifera tem efeito prejudicial à polinização e a ação do
vento, como agente polinizador, é nula porque o pólen dos maracujás é pesado e
pegajoso (AKAMINE; GIROLAMI, 1959; RUGGIERO et al., 1976; LEONE, 1990).
Figura 5: Detalhe da polinização de Xylocopa sp. em P.edulis Sims. Fonte: Lorenzi
(2002).
18
O gênero Xylocopa (Figura 6), abrange mais que 700 espécies e apresenta
distribuição cosmopolita com maior diversidade nas regiões tropicais e subtropicais
do novo e velho mundo (HURD, 1978; GERLING et al., 1989). Cerca de 200
espécies são descritas para o novo mundo, 50 do Brasil (HURD, 1955). Estas
abelhas, chamadas popularmente de mamangabas (ou mamangavas, mangangás),
constroem ninhos em árvores mortas, fazendo galerias ramificadas em troncos e
moirões e ninhos não ramificados em ramos delgados ou em caules ocos, como por
exemplo, em entrenós de bambu ou em inflorescências do "caraguatá" (Eryngium -
Apiaceae).
Figura 6: Xylocopa brasilanorum (A) e Xylocopa frontalis (B). Fonte: Melo (2004).
Em todas as espécies estudadas, as fêmeas-mães são ativas até a cria
alcançar a fase adulta (HOGENDOORN, 1994). Alimentam com néctar os jovens
depois de emergir. Este comportamento representa uma transição entre o nível
solitário e social. Em algumas espécies de Xylocopa foi observado o nível subsocial
no sentido de Michener (1974). Nestas mamangabas existe uma fêmea reprodutora
que convive com outras fêmeas não fecundadas no mesmo ninho (GERLING et al.,
1983; VELTHUIS; GERLING et al., 1995). Estas podem ser fêmeas jovens ainda
não reprodutivas ou fêmeas velhas que já passaram por uma fase reprodutiva e
continuam no mesmo ninho (HOGENDOORN; VELTHUIS, 1995).
Dependendo do clima, as mamangabas são uni, bi, ou polivoltinas
(WATMOUGH, 1974). Como outras abelhas, as fêmeas desidratam o néctar para
aumentar a concentração de açúcar. (WITTMANN; SCHOLZ, 1989) mostraram que
as fêmeas passam o néctar desidratado para seus filhos. Desta maneira, estes
A
B
19
conseguem ocupar um território por mais tempo, aumentando a probabilidade de
atrair uma fêmea virgem.
As informações existentes sobre relações com plantas indicam que as
espécies de Xylocopa são polifiléticas (HURD, 1978; GERLING, 1989). No entanto,
para muitas espécies, suas relações com flores ainda são pouco ou nada
conhecidas. As mamangabas são as principais polinizadoras de plantas de diversas
famílias, particularmente entre flores de várias espécies de maracujá (Passiflora,
Passifloraceae) (SAZIMA; SAZIMA, 1989; ROUBIK, 1995; GARCIA; HOC 1987).
Em flores que apresentam néctar escondido em tubos florais compridos, as
mamangabas freqüentemente perfuram o tubo floral com suas gáleas robustas pelo
lado de fora e adquirem o néctar (FAEGRI; VAN DER PIJL, 1979).
20
6 EXIGÊNCIAS CLIMÁTICAS DE PASSIFLORA ALATA
DRYANDER E DE P. EDULIS SIMS
A cultura do maracujazeiro, embora ser considerada uma espécie tropical,
desenvolve-se em diversas condições climáticas, variando desde as regiões
quentes dos trópicos até locais com clima subtropical (35º latitude sul). Ainda nas
diferentes latitudes, é cultivado em altitudes que variam desde o nível do mar até
3.200 m de altura (MENZEL; SIMPSON, 1988). Nessas regiões, as plantas
apresentam crescimento e desenvolvimento em taxas bem distintas, ocasionando
grandes variações no ciclo de produção da cultura, de acordo com o fotoperíodo, a
temperatura, a radiação solar e a precipitação pluviométrica (MENZEL; SIMPSON,
1988).
Nas localidades com latitudes mais altas, os ciclos de produção decrescem
proporcionalmente ao número de meses com fotoperíodos inferiores a 11 horas, e
ao decréscimo da radiação solar global incidente. O estresse hídrico, associado a
dias curtos e às baixas temperaturas do ar, restringe o crescimento e o potencial
produtivo da cultura (MENZEL et al., 1986).
De modo geral, o maracujazeiro amarelo (P. alata), é mais adaptado às
regiões de clima quente, com temperaturas médias mensais entre 21ºC e 32ºC,
com precipitação pluviométrica anual entre 800 mm e 1750 mm, baixa umidade
relativa, fotoperíodo em torno de 11 horas e ventos moderados (MEDINA et al.,
1980; RUGGIERO et al., 1996).
O primeiro estudo sobre a influência do fotoperíodo no desenvolvimento do
maracujazeiro amarelo, foi realizado por Watson e Bowers (1965) que verificaram a
maior produtividade da cultura em fotoperíodo acima de 12 horas de luz, e redução
do número de flores com o abaixamento do fotoperíodo. Ainda segundo esses
autores, o efeito do fotoperíodo sobre o crescimento vegetativo foi marcante, onde
em fotoperíodos menores que 8 horas e maiores que 16 horas, as plantas
apresentaram um aumento acentuado no crescimento (comprimento do ramo,
comprimento do entrenó e número de nós) em detrimento ao florescimento, ao
passo que plantas expostas a fotoperíodos de 12 horas apresentam menor
crescimento, porém maior número de flores.
Vasconcelos e Duarte Filho (2000), descreveram a influência do fotoperíodo
nos cultivos realizados nas diferentes regiões geográficas do Brasil, em condições
21
de não limitação hídrica. No Norte do país (0º latitude) as plantas crescem e
florescem continuadamente, devido a pouca variação da temperatura e fotoperíodo
ao longo do ano. Afastando-se para o Nordeste, este período começa a diminuir (10
a 11 meses) em função da latitude, uma vez que temos o aparecimento de um
inverno mais delimitado com uma pequena redução na temperatura e no
fotoperíodo. No Sudeste, o período de produção é menor em relação ao Nordeste,
variando de 10 a 9-8 meses, uma vez que nesta região no outono/inverno as
temperaturas são mais baixas e o comprimento do dia diminui mais
acentuadamente. Na região Sul, os efeitos da temperatura e fotoperíodo são fortes,
reduzindo ainda mais o período produtivo das plantas, quando comparados com a
região Sudeste.
A temperatura é outro fator climático que apresenta influência no
crescimento vegetativo e produtivo do maracujazeiro (ISHIHATA, 1983; MENZEL et
al., 1987; UTSUNOMIYA, 1992).
Em Kyoto, Japão, estudos realizados por Utsunomiya (1992), mostraram o
efeito da temperatura no crescimento , florescimento, peso médio e rendimento de
suco em plantas de maracujá roxo, sendo os maiores valores, encontrados nas
temperaturas diurna e noturna de 28ºC e 23ºC, respectivamente. O florescimento
ocorreu praticamente na mesma época em todas as combinações de temperaturas
diurnas/noturnas testadas (23/18ºC, 28/23ºC, 33/28ºC) enquanto o período final
prolongou-se por mais 7, 8 e 16 dias em temperaturas diurnas de 33ºC, 28ºC e
23ºC respectivamente. Apesar de todos os botões florais se manterem nos ramos
até a antese, em todas as temperaturas avaliadas, nas temperaturas mais elevadas
foi constatado maior queda de flores logo após a polinização, resultando em
maiores produções nas menores temperaturas. Ishihata (1983) justifica que a
queda precoce das flores está relacionada com a baixa germinação do pólen;
segundo o autor, para o maracujazeiro roxo (P. edulis), temperaturas entre 25ºC e
30ºC foram ótimas para a germinação do pólen, sendo nas temperaturas de 15ºC e
35ºC esta praticamente não ocorre.
Além disso, temperaturas mais elevadas podem provocar a queda de frutos
pela inibição da fertilidade do óvulo, ou mais tarde, por ocasião do desenvolvimento
da semente, resultando em um menor número de sementes por fruto. Portanto,
apesar do desenvolvimento vegetativo vigoroso, temperaturas superiores a 33ºC
22
afetam negativamente o crescimento e o peso dos frutos, além do rendimento em
volume de suco (UTSUNOMIYA, 1992).
Na região Centro-Oeste do país, Veras (1997), também constatou que
mesmo com desenvolvimento vegetativo vigoroso, temperaturas superiores a 33ºC
levam a formação de frutos pequenos com menor rendimento de suco. O peso do
fruto foi significativamente maior com temperaturas variando entre 13ºC e 28ºC em
relação a 33ºC com pequena diferença entre 23ºC e 28ºC. O peso da casca foi
maior sob baixas temperaturas, enquanto o peso do suco foi maior na temperatura
de 28ºC. O efeito no florescimento é intensificado em períodos de temperaturas
moderadamente altas, devido à interação entre temperatura e radiação solar
(MENZEL et al., 1987).
O efeito da temperatura sobre o maracujazeiro também é refletido na
absorção de nutrientes, conforme constatado por Menzel et al. (1987), quando
observaram que o acúmulo máximo de nutrientes na parte aérea das plantas
ocorreu em temperatura diurna e noturna em torno de 25ºC e 20ºC,
respectivamente. Os níveis de potássio aumentaram com o aumento da
temperatura, enquanto, nitrogênio, enxofre e magnésio reduziram.
Outra condição climática que influencia o ciclo produtivo do maracujazeiro é
a radiação solar. Para Menzel e Simpson (1988), a radiação solar é o fator
ambiental que mais contribui para as flutuações de florescimento e a formação de
frutos de maracujazeiro. Esses autores verificaram que plantas submetidas a baixas
radiações (de 2,1 a 6,3 MJ m
-2
d
-1
) apresentaram maior comprimento do ramo;
quando a radiação solar global incidente foi elevada para 20,9 MJ m
-2
d
-1
, a área
foliar, o número de botões florais, o número de flores abertas e o peso da matéria
seca aumentaram. Os autores acrescentam que períodos intermitentes de uma a
quatro semanas de forte sombreamento, durante um período de pleno sol, induzem
efeito residual sobre o crescimento, florescimento e o potencial produtivo da cultura,
e relatam que períodos de alta nebulosidade nas regiões tropicais influenciaram a
produtividade do maracujazeiro, principalmente se o sombreamento ocorrer logo
após um período de alta formação de frutos, devido à competição entre gemas e
frutos em desenvolvimento. O mesmo raciocínio é utilizado por Vasconcellos;
Duarte Filho (2000) para justificar a baixa produção por planta nos plantios
adensados, já que o sombreamento natural dos ramos diminui o ganho
fotossintético das plantas.
23
Devido às exigências climáticas as espécies de Passiflora estão distribuídas
em toda a América Latina. A maior ou menor concentração de seus princípios
bioativos estará condicionada a forma com que as plantas exploram com maior
eficiência o ambiente físico em que se desenvolvem. E seus extratos são utilizados
na medicina popular de países americanos e europeus devido a suas propriedades:
antitumorais, antivirais, anti-hemorrágica, hormonais, antinflamatória,
antimicrobiana, antioxidante, nervosismo, insônia, ansiedade e por extensão para a
memória.
Todos nós temos episódios ocasionais de preocupação. Isso faz parte da
vida de qualquer pessoa. Alguma ansiedade é normal, porém quando esta
ansiedade passa a interferir com a habilidade da pessoa desempenhar ações do
dia a dia, ela precisa ser tratada, pois pode também afetar a memória.
O estudo das bases neurofisiológicas e neuroquímicas do aprendizado e da
memória é um dos mais fascinantes temas em neurociências. A idéia de que a
memória está baseada em modificações dependentes do uso em conexões
sinápticas é antiga, remetendo-nos aos trabalhos de Freud (1895), Pavlov (1926),
Hebb (1949) e Ramón y Cajal (1911, 1952). Nos últimos anos, essa idéia foi
reforçada pelo estudo de fenômenos de plasticidade neuronal, entre eles a
potenciação de longa duração (LTP, do inglês long-term potentiation) (BLISS;
COLLLINGRIDGE, 1993; BLISS; LOMO, 1973).
A potenciação de longa duração é um aumento duradouro na resposta
excitatória pós-sináptica (BLISS; COLLLINGRIDGE, 1993). Descrito pela primeira
vez na formação hipocampal de coelhos em 1973 (BLISS: LOMO 1973), esse
fenômeno apresenta várias propriedades em comum com a memória: indução
rápida, manutenção por longos períodos, especificidade para um estímulo,
manutenção por longos períodos e expressão imediata quando é novamente
aplicado o estímulo original (BLISS; COLLLINGRIDGE, 1993; IZQUIERDO, 1994).
Como veremos adiante, várias correlações entre os mecanismos envolvidos na LTP
e na memória têm sido demonstradas.
Estudos em modelos animais têm mostrado que a formação da memória
envolve uma série de alterações bioquímicas em várias áreas do sistema nervoso
central (SNC), entre as quais destaca-se o hipocampo. Os eventos bioquímicos
envolvidos na formação da memória incluem, inicialmente, a ativação de receptores
glutamatérgicos dos tipos N-metil-D-aspartato (NMDA) e metabotrópico (mGluRs), e
24
a ativação de cascatas bioquímicas nos neurônios. Entre as proteínas cerebrais
envolvidas nessas cascatas, destacam-se a proteína quinase A (PKA), a proteína
quinase C (PKC), a proteína quinase dependente de GMPc (PKG) e a cálcio-
calmodulina quinase II (CaMKII). A expressão ou evocação da memória requer a
ativação de receptores glutamatérgicos do tipo amino-3-hidroxi-5-metil-4-
isoxazolpropionato (AMPA). Em ratos, esses eventos bioquímicos, ou alguns deles,
ocorrem no hipocampo, na amígdala e em diferentes áreas corticais quando os
animais são submetidos a um novo aprendizado. Muitos desses mecanismos
também participam da LTP e de outros modelos animais de memória em pintos, na
mosca da fruta Drosophila e no molusco Aplysia (IZQUIERDO; MEDINA, 1997).
25
7 MEMÓRIA
Memória é a aquisição, a formação, a conservação e a evocação de
informações. A aquisição é também chamada de aprendizagem: só se grava aquilo
que foi aprendido. A evocação é também chamada de recordação, lembrança,
recuperação. Só lembramos aquilo que gravamos, aquilo que foi aprendido.
(IZQUIERDO, 2002)
A palavra “memória” abrange desde os ignotos mecanismos que operam
nas placas do computador, até a história de cada cidade, país, povo ou civilização,
memórias individuais dos animais e das pessoas. Mas a palavra memória quer
dizer algo diferente em cada caso, porque os mecanismos de sua aquisição,
armazenamento e evocação são diferentes (IZQUIERDO, 2002).
Segundo o autor, a memória humana é parecida com dos demais mamíferos
no que concerne a seus mecanismos essenciais e às áreas nervosas envolvidas e
seus mecanismos moleculares de operação; mas não no que se refere a seu
conteúdo. Um ser humano lembra melodias e letras de canções ou como praticar
medicina; um rato não. Os seres humanos utilizam, a partir dos 2 ou 3 anos, a
linguagem para adquirir, codificar, guardar ou evocar memórias; as demais
espécies animais, não. Todavia, fora as áreas da linguagem, usamos as mesmas
regiões do cérebro e mecanismos moleculares semelhantes para construir e evocar
memórias totalmente diferentes.
Existe a memória de trabalho, uma das mais importantes, que usamos para
entender a realidade que nos rodeia e poder efetivamente formar ou evocar outras
formas de memória: a que denominamos de curta duração e que dura poucas
horas, o suficiente para que possa se formar a memória de longa duração (também
chamada memória remota), que dura dias, anos ou décadas (IZQUIERDO, 2002).
Memórias de curta duração (ou curto prazo) duram de segundos a horas e
são vulneráveis a perturbações. Por exemplo, pode ser apagada por traumatismos
cranianos ou por eletrochoque convulsivo. No entanto, esses mesmos tratamentos
não afetam as memórias de longa duração, que foram armazenadas a um longo
tempo atrás. Tais observações levaram à idéia de que as memórias seriam
armazenadas na forma de curta duração e, gradualmente, convertidas em uma
forma permanente por intermédio de um processo de consolidação da memória, o
qual, entretanto, não requer necessariamente a memória de curta duração como
26
intermediária; os dois tipos de memória podem existir em paralelo. Porém, nem
todas as memórias são armazenadas para longa duração (BEAR; CONNORS;
PARADISO, 2002).
A memória de trabalho depende da atividade elétrica de neurônios, do
córtex pré-frontal, localizado na frente da área motora, e não persiste, além disso.
Quando cessa a ativação dos neurônios pré-frontais, a memória de trabalho
também cessa.
Para Izquierdo (2004), os neurônios são ativados por substâncias químicas,
mas emitem suas mensagens através de atividade elétrica. Os neurônios do córtex
pré-frontal se ativam em resposta às experiências de cada momento, e sua
estimulação dura enquanto dura a experiência; somente às vezes persiste um
pouco mais.
Os neurônios têm prolongamentos, às vezes, de vários centímetros, através
dos quais estabelecem redes, comunicando-se uns com os outros. Os
prolongamentos que emitem informação em forma de sinais elétricos a outros
neurônios são denominados axônios. Os prolongamentos sobre os quais os
axônios colocam essa informação chamam-se dendritos. A transferência de
informação dos axônios para os dendritos é feita por substâncias químicas
produzidas nas terminações dos axônios, denominadas neurotransmissores. Os
pontos onde as terminações axônicas mais se aproximam dos dendritos chamam-
se sinapses (Figura 7), e são os pontos reais de intercomunicação de umas células
nervosas com as outras. Do lado dendrítico, nas sinapses, há proteínas específicas
para cada neurotransmissor, chamadas receptores. Existem muitos
neurotransmissores e muitos receptores diferentes, envolvidos nos processos de
memória. Os neurônios “recebem” terminações de axônios de muitos outros
neurônios; às vezes, tanto como 10.000 ou 100.000. Mas emitem um axônio só,
que se ramifica, no máximo, 10 ou 20 vezes. Recebem informação de muitos outros
neurônios, mas a retransmitem para uns poucos (IZQUIERDO, 2004).
27
Figura 7: Sinapse química. Fonte: Maio (2002)
Os receptores com os quais os neurotransmissores interagem podem ser
excitatórios ou inibitórios. Os excitatórios diminuem transitoriamente a diferença de
potencial entre o líquido interior dos neurônios e o meio que os rodeia. Os inibitórios
os produzem o efeito contrário; aumentam esse potencial. Para que um neurônio
possa produzir potenciais de ação e, assim, comunicar-se com os seguintes, ele
precisa ser despolarizado até certo nível, chamado limiar. Os efeitos excitatórios e
inibitórios das interações entre os neurotransmissores e seus receptores costumam
ser exercidos através do fluxo de íons para o interior da célula ou do interior da
célula para fora. A entrada de íons positivos ou cátions (sódio, cálcio) reduz a
diferença de potencial entre o interior e exterior da célula, que é negativo. A entrada
de íons negativos ou ânions (cloro), ou a saída de cátions (potássio) produz um
efeito contrário (IZQUIERDO, 2002).
Os axônios que liberam um ou outro tipo de neurotransmissor e os
receptores a estes existentes nos dendritos costumam ser denominados segundo o
nome do neurotransmissor: assim, os axônios que liberam glutamato (o principal
neurotransmissor excitatório) e seus receptores correspondentes são denominados
glutamatérgicos. O principal neurotransmissor inibitório é chamado GABA (gamma-
amino-butyric – ácido gama amino butírico); os axônios que o liberam e os
receptores aos quais se liga são denominados GABAérgicos (IZQUIERDO, 2002).
O glutamato é o neurotransmissor excitatório mais importante no sistema
nervoso central - SNC. O glutamato atua através da ligação a proteínas receptoras
específicas, os receptores glutamatérgicos. Estes podem ser divididos em dois
grandes grupos, de acordo com suas estruturas e mecanismos de ação: os
receptores ionotrópicos estão associados a canais iônicos e, quando ativados,
permitem a entrada de cátions na célula, causando uma despolarização de
28
membrana neuronal. Os receptores metabotrópicos (mGluRs) estão associados a
proteínas G, agindo através de sinalização intracelular. Os receptores ionotrópicos
são subdivididos em receptores NMDA (Figura 8), AMPA e cainato. Os receptores
NMDA são associados a canais iônicos com grande permeabilidade a íons Ca
2+
. No
potencial de repouso, os receptores NMDA permanecem bloqueados de forma
dependente de voltagem por íons Mg
2+
. Para que os receptores sejam ativados, é
necessário que haja uma despolarização de membrana que cause a remoção do
Mg
2+
, e ligação de duas moléculas do agonista endógeno glutamato e do co-
agonista glicina a sítios específicos (ASCHER; JOHNSON, 1994; GASIC;
HOLLMAN, 1992; SEEBURG et al., 1994; SUCHER et al., 1996).
Figura 8: Receptor de NMDA. Fonte: Scientific American (2004).
O sinal para a indução da LTP é um rápido aumento na concentração
intracelular de Ca
2+
na porção pós-sináptica. Na camada CA1 do hipocampo (Figura
9), esse aumento é resultado da ativação de receptores NMDA. A entrada de Ca
2+
,
através do canal iônico associado ao receptor NMDA, estimula a liberação de Ca
2+
do retículo endoplasmático, amplificando o sinal (BLISS; COLLINGRIDGE, 1993).
Em algumas áreas do SNC, a indução da LTP pode ocorrer sem a necessidade da
ativação de receptores NMDA (NICOLL; MALENKA, 1995).
A indução da LTP dependente de NMDA pode ser bloqueada por
antagonistas do receptor NMDA, como o ácido D-2-amino-5-fosfonopentanóico
29
(AP5) (BLISS; COLLINGRIDGE, 1993) e a 5-metil-10,11-diidro-5H-dibenzo
[a,d]ciclohepteno-5,10 imina (MK-801), também chamada dizolcipina (COAN et al.,
1987), e pelo antagonista de receptores glutamatérgicos metabotrópicos, o RS--
metil-4-carboxifenil glicina (MCPG) (BASHIR et al., 1993). A manutenção e a
expressão da LTP são bloqueadas pelo 6-ciano-7-nitroquinoxalino-2,3-diona
(CNQX), um antagonista de receptores AMPA (BLISS; COLLINGRIDGE, 1993).
Figura 9: Detalhe do cérebro. Fonte: Cardoso (2002).
Assim como a LTP, os eventos bioquímicos responsáveis pela formação da
memória da tarefa de esquiva inibitória em ratos envolvem, inicialmente, a ativação
no hipocampo de receptores NMDA, AMPA e mGluRs. Após o treino, aumentos nos
níveis das subunidades NMDAR1 do receptor NMDA e GluR1 do receptor AMPA
ocorrem no hipocampo. A administração intracerebroventricular de AP5 bloqueia o
aprendizado do labirinto aquático de Morris, uma tarefa que depende do hipocampo
(MORRIS et al., 1986; MORRIS; DAVIS, 1994). A administração sistêmica de MK-
801 bloqueia a memória de esquiva inibitória em camundongos (MONDADORI;
WEISKRANTZ, 1993) e ratos (QUEVEDO et al., 1997a), e tarefas de memória
espacial e de referência em ratos (CARAMANOS; SHAPIRO, 1994; SHAPIRO;
CARAMANOS, 1990). O bloqueio de receptores NMDA por AP5 impede a aquisição
de condicionamento em ratos (KIM et al., 1991). A infusão intra-hipocampal de AP5
(IZQUIERDO; MEDINA, 1997; IZQUIERDO et al., 1992 1997; JERUSALINSKY et
al., 1992; QUEVEDO et al., 1997b; ROESLER, 1998a, b) ou o bloqueio de mGluRs
pela infusão de MCPG (BIANCHIN et al., 1994), ou ainda o bloqueio de receptores
AMPA por infusões de CNQX três horas após o treino (JERUSALINSKY et al.,
1992), bloqueiam a memória. Na amígdala, infusões de AP5 bloqueiam vários tipos
30
de condicionamento aversivo (FASELOW; KIM, 1994; IZQUIERDO et al., 1992,
1997; KIM; MCGAUGH, 1992; MAREN et al., 1996; MISERENDINO et al., 1990).
Quando injetado 180 minutos após o treino no córtex entorrinal ou no córtex parietal
posterior, o AP5 bloqueia a memória de esquiva inibitória (IZQUIERDO et al., 1992,
1997). A infusão intra-hipocampal de glutamato, de um agonista de mGluRs
(BIANCHIN et al., 1993) ou a administração de drogas que facilitam a
neurotransmissão mediada por receptores NMDA agindo no sítio da glicina no
receptor (BAXTER et al., 1994; HANDELMANN et al., 1989) facilita a memória em
ratos. Drogas que facilitam a ativação do receptor NMDA agindo no sítio da glicina,
como a d-cicloserina, têm sido estudadas em ensaios clínicos e são candidatas a
agentes terapêuticos no tratamento dos déficits de memória associados à doença
de Alzheimer (DYSKEN et al., 1992; ROESLER et al., 1998c; SCHWARTZ et al.,
1991, 1996).
Em membranas sinápticas extraídas de neurônios da camada CA1 do
hipocampo, ocorre um aumento nos níveis da subunidade NMDAR1 trinta minutos
após o treino, e um aumento nos níveis da subunidade GluR1 que inicia em torno
de trinta minutos após o treino e atinge o seu pico três horas após o treino
(BERNABEU et al., 1997a) . A ligação (binding) de AMPA aos receptores AMPA
aumenta após o treino em membranas sinápticas hipocampais (CAMMAROTA et
al., 1995). Alterações semelhantes ocorrem na LTP (SERGUEEVA et al., 1993;
TOCCO et al., 1992).
A infusão de CNQX no hipocampo, na amígdala ou em áreas corticais
impede a evocação da memória de modo diferenciado ao longo do tempo. Assim,
CNQX injetado no hipocampo e na amígdala bloqueia a evocação da memória de
esquiva inibitória em ratos um dia após o treino, mas não trinta dias após o treino
(BIANCHIN et al., 1993). No entanto, a injeção de CNQX no córtex entorrinal ou no
córtex parietal posterior bloqueia a memória trinta dias após o treino (IZQUIERDO
et al., 1997). Sessenta (IZQUIERDO et al., 1997) ou 90 (ROESLER et al., 1997)
dias após o treino, o CNQX bloqueia a memória apenas se injetado no córtex
parietal posterior. Esses dados indicam que o controle da memória é transferido do
hipocampo para o córtex entorrinal e para o córtex parietal posterior trinta dias após
o treino, o que é consistente com dados de estudos clínicos que mostram uma
duração limitada da amnésia em pacientes com lesões bilaterais do lobo temporal
(CORKIN et al., 1985; MILNER, 1970).
31
Além dos mecanismos envolvidos diretamente na formação da memória,
esta pode ser modulada pela ação de vários neurotransmissores,
neuromoduladores e hormônios. Entre os sistemas de modulação da memória
estão os receptores GABA, colinérgicos muscarínicos, adrenérgicos, B-
noradrenérgicos, opióides, e glucocorticóides (CAHILL; MCGAUGH, 1996;
IZQUIERDO; MEDINA, 1991; IZQUIERDO et al., 1992; MCGAUGH, 1989;
ROOZENDAALL, MCGAUGH, 1996). A ação de vários neuromoduladores está
relacionada com os aspectos emocionais da memória e é mediada pelos núcleos
medial e basolateral da amígdala (CAHILL; MCGAUGH, 1996; MCGAUGH, 1989;
ROOZENDAAL; MCGAUGH, 1996).
Podemos afirmar que somos aquilo que recordamos, literalmente. Não
podemos fazer aquilo que não sabemos como fazer, nem comunicar nada que
desconhecemos, isto é, nada que não esteja na nossa memória. Não podemos usar
como base para projetar nossos futuros possíveis aquilo que esquecemos ou que
nunca aprendemos. Também não estão à nossa disposição os conhecimentos
inacessíveis, nem formam parte de nós episódios dos quais nos esquecemos ou
pelos quais nunca passamos. O acervo de nossas memórias faz com que cada um
de nós seja o que é, com que sejamos, cada um, um indivíduo, um ser para qual
não existe outro idêntico (IZQUIERDO, 2002).
32
8 ANSIEDADE
A ansiedade como entidade diagnóstica distinta não foi reconhecida pela
medicina até o final do século passado. Ao contrário, ela era simplesmente
considerada um aspecto comum, mas não causalmente relevante, de condições
médicas como anormalidades cardiopulmonares e gastrintestinais. A maioria dos
médicos via a ansiedade como um traço humano normal que não requeria atenção
específica.
Em 1871, Jacob Da Costa descreveu a “síndrome do coração irritável” como
um transtorno cardíaco mais freqüente, caracterizado por palpitações, síncopes e
dor torácica, síndrome precursora do transtorno do pânico. Freud ressaltou os
papeis fundamentais da ansiedade, elevando-a à categoria de síndrome,
descrevendo o conceito de “neuroses” com a psicopatologia da ansiedade,
distinguindo a ansiedade objetivada do medo, daquela objetivada de conflitos
inconscientes, devido a mecanismos de defesa que fracassaram em sua intenção
de manter o complicado equilíbrio psíquico, dando lugar a sintomas neuróticos
(SANTOS; PÉREZ; BULBENA, 2000),
Da Costa, foi o primeiro a descrever, sintomas cardíacos crônicos sem
causa orgânica aparente. Subseqüentemente: a síndrome do coração irritável ou
síndrome de Da Costa tornou-se um fenômeno freqüentemente observado entre
soldados na Guerra dos Bôers. “Neurastenia” era um termo correlato, usado mais
ou menos na mesma época para pacientes que se queixavam de uma mistura de
exaustão: ansiedade e depressão.
Na virada do século, Sigmund Freud, reconheceu o papel central da
ansiedade nesses transtornos e apresentou os primeiros estudos de casos de
pacientes com neurose de ansiedade. O termo “neurose de ansiedade”,
englobando todos os tipos e graus de ansiedade, continuou sendo usado na
psiquiatria norte-americana até a publicação da terceira edição do Manual
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-III) em 1980. O restante da
medicina tem sido mais lento em adotar o conceito de transtorno de ansiedade
quando move a primazia da ansiedade e não de uma anormalidade fisiológica
(KAPLAN; SADOK, 1999).
A ansiedade foi traduzida de forma errônea quando passaram os escritos de
Freud do alemão para o inglês, onde Freud trabalhava o termo que significava
33
medo e sua tradução deu origem a uma nova terminologia, que aborda uma
resposta orgânica e comportamental frente a um estímulo não reconhecido ou
inespecífico, de acordo com Gentil; Lotufo-Neto; Bernik (1997).
Além de que a ansiedade, como entidade diagnóstica separada, não foi
reconhecida pela medicina até o final do século XIX. Os pacientes com sintomas de
astenia, ansiedade, depressão, fobias e obsessões eram englobadas com a
denominação de “neurastenia”.
Até 1980, as divergências sobre a natureza da ansiedade produziram
nomenclaturas confusas e idiossincráticas, não apenas dentro da psiquiatria como
também em outras especialidades médicas. Pacientes ansiosos com queixas
primariamente cardiovasculares, mas sem anormalidades orgânicas, recebiam
diagnósticos de coração irritável, taquicardia nervosa e astenia neurocirculatória.
Os pacientes ansiosos com sintomas gastrintestinais proeminentes recebiam o
diagnóstico de síndrome do cólon irritável, mas a coexistência de sintomas
respiratórios e ansiedade virtualmente garantiam o diagnóstico de síndrome de
hiperventilação (KAPLAN; SADOK, 1999).
A ansiedade foi definida como um vago e incômodo sentimento de
desconforto ou temor, acompanhado por uma resposta autonômica, a fonte é
freqüentemente não específica ou desconhecida para o indivíduo, um sentimento
de apreensão causado pela antecipação de perigo. É um sinal variável que alerta
para um perigo iminente e pertinente ao indivíduo, convocando-o a tomar medidas
para lidar com a ameaça (GRAEFF; GUIMARÃES, 2001; KAPLAN; SADOCK;
GREEB, 1997; SCHWEITZER, 1995). Sendo complementado por Gentil, Lofufo-
Neto; Bernik (1997) como um estado emocional vivenciado com a qualidade
subjetiva do medo ou de emoção a ela relacionada [...], (desproporcional) a uma
ameaça reconhecível [...] (com) desconforto somático subjetivo [...] e alterações
somáticas manifestas.
Andrade e Gorenstein (1998) descrevem-na como um estado emocional que
tem componentes psicológicos e fisiológicos, que fazem parte do espectro normal
das experiências humanas, sendo propulsora do desempenho. Ela passa a ser
patológica quando é desproporcional à situação que a desencadeia, ou quando não
existe um objeto específico ao qual s0e direcione.
Segundo os autores, a diversidade de opiniões tornava quase impossível a
pesquisa e a comparação de dados. Influenciados pela psiquiatria nas duas últimas
34
décadas, os médicos estão lentamente desenvolvendo um consenso em relação à
abordagem ideal a pacientes com transtornos de ansiedade. Em íntima colaboração
com cardiologistas, gastroenterologistas, pneumologistas, endocrinologistas,
neurologistas e urologistas, os pesquisadores da psiquiatria têm revelado
anormalidades biológicas e psicológicas relevantes em pacientes com transtornos
de ansiedade. Pela conscientizarão do público leigo e dos profissionais, o estigma
ligados aos transtornos de ansiedade começou a enfraquecer, e uma proporção
cada vez maior de pacientes ansiosos se beneficia de melhores opções de
tratamento.
Enquanto que Lewis (1979) salienta a existência e os tipos de
manifestações corporais involuntárias mais comuns para esse fenômeno: secura da
boca, sudorese, palpitações, vômitos, arrepios, tremor, dores abdominais e outras
alterações biológicas e bioquímicas detectáveis por métodos apropriados de
investigação e ainda lista outros atributos que podem ser incluídos na descrição da
ansiedade: ser normal ou patológica, ser leve ou grave, ser prejudicial ou benéfica,
ser episódica ou persistente, ter uma causa física ou psicológica, ocorrer sozinha
ou junto com outro transtorno e, afetar ou não a percepção e a memória.
A ansiedade é uma das causas mais comuns que levam os pacientes a
procurar auxílio médico ou psiquiátrico (LAWLOR; LAZARE, 1989). Geralmente
eles apresentam combinações de manifestações somáticas e psíquicas (Tabelas 1
e 2).
Tabela 1: Manifestações Psíquicas da Ansiedade.
Agressividade Apreensão
Desejo de escapar de certas situações Despersonalização
Desrealização Ideação suicida
Impulsividade Irritabilidade
Nervosismo Medo de ficar louco ou fora de si
Medo de perder o controle Medo de morrer
Pânico Prejuízo da atenção/concentração
Preocupações desnecessárias e exageradas Sensação de desassossego, mal estar
Sensação de “estar no limite” Sensação de “estar sempre ligado”
“estimulado”
Sensação de medo de “estar assustado” Sensação de perigo eminente
Tensão
Fonte: Adaptado de Lawlor; Lazare (1998).
35
Tabela 2: Manifestações Somáticas da Ansiedade.
Cardiovasculares
Aumento da pressão arterial e da freqüência cardíaca/pulso
Palpitações
Extra-sistólicas
Dor/desconforto toráxico
Gastrintestinais
Boca seca
Dificuldade deglutição
Náuseas e vômitos
Diarréia
Alterações do apetite
Desconforto epigástrico
Sensação de “bola na garganta”
Geniturinários
Ausência do número de micções
Hesitação e/ou urgência miccional
Amenorréia
Otoneurológicos
Dor de cabeça
Tonturas
Tremor
Hiper-reflexia
Parestesias
Sensação de instabilidade
Reflexo de sobresalto exagerado
Midríase/visão borrada
Zumbido no ouvido
Perturbações do sono
Insônia de conciliação
Sono entrecortado e/ou pouco repousante
Respiratórios
Sensação de falta de ar/sufocamento
Aumento da freqüência respiratória
Sexuais
Diminuição da libido
Impotência
Ejaculação precoce
Dispareunia
Frigidez
Tensão motora
Tremor
Fasciculações
Tensão muscular
Inquietação
Dor muscular
Sensação de fraqueza
Vasomotores
Extremidades frias
Calafrios e/ou ondas de calor
Rubor
Sudorese
Palidez
Fonte: Adaptado de LAWLOR; LAZARE (1998).
36
Nardi (1998) afirma que a ansiedade possui seu lado positivo, pois é um
sinal de alerta, que permite ao indivíduo ficar atento a um perigo iminente e tomar
as medidas necessárias para lidar com uma ameaça. Assim sendo, é uma emoção
útil. Afinal, sem ela estaríamos vulneráveis aos perigos e ao desconhecido. É algo
que está presente no desenvolvimento humano normal, nas mudanças e nas
experiências inéditas.
No repertório adaptativo da maior parte dos animais, os mecanismos de
defesa ante situações de perigo têm particular importância. As reações de um
animal quando confrontado com uma ameaça à sua integridade são altamente
estereotipadas na maioria das espécies. Em um ambiente novo, potencialmente
perigoso, os animais apresentam comportamentos de avaliação do risco potencial
e, uma vez definido um perigo real, comportamentos de fuga ou luta contra o
agressor (BLANCHARD et al., 1990; BLANCHARD; BLANCHARD, 1990; GRAEFF,
1990), sendo que essas respostas comportamentais são geralmente
acompanhadas e intensas alterações neurovegetativas e hormonais (GRAEFF,
1989).
Sob esse ponto de vista, a ansiedade pode ser considerada como um
estado emocional subjetivo de apreensão ou tensão que pode ser vivenciada como
desagradável ou ameaçadora, sendo que a ameaça pode ser representada por um
qestímulo que evoca uma resposta inata ou respostas aprendidas (OLTON, 1978).
A ansiedade pode diferenciar-se do medo pelas situações nas quais é
desencadeada. Enquanto o medo seria desencadeado por situações específicas e
evidentes de perigo e ameaça, a ansiedade seria desencadeada por situações
onde o perigo é apenas potencial, vago e obscuro (GRAEFF, 1989).
Diferente das outras desordens psiquiátricas, a ansiedade é uma emoção
normal que serve como uma resposta útil à vigilância, a uma ameaça ou a um
estímulo aversivo, e pode existir tanto na forma de patologia como ser normalmente
vivenciada (NUTT, 1990).
Até um certo ponto, a ansiedade favorece o desempenho de tarefas motoras
e cognitivas e é necessária para um bom desempenho em muitas situações da
vida; entretanto, ela se torna patológica quando a resposta ao estímulo se torna
exagerada, irracional ou perturbadora e interfere com o funcionamento normal do
indivíduo (PRATT, 1992).
37
Os tratamentos farmacológicos da ansiedade percorrem um longo caminho
desde os primeiros com brometos e barbitúricos até o surgimento de fármacos mais
eficazes e menos tóxicos, como os benzodiazepínicos e outros ansiolíticos
seletivos.
Apesar de conhecer-se de maneira mais ou menos detalhada o modo de
ação desses fármacos ansiolíticos, não se compreende ainda a totalidade de
fenômenos fisiológicos que subjazem às reações de defesa normais ou patológicas
observadas em todas as espécies animais (GRAEFF, 1994). Sabe-se atualmente
que os mecanismos GABAérgicos estão profundamente implicados no controle da
ansiedade.
A ansiedade pode ser considerada normal ou patológica. Esta é uma
decisão arbitrária em que o observador leva em conta o contexto, os
desencadeantes e as características do indivíduo para determinar se as
manifestações são desproporcionais em intensidade, duração e interferência no
desempenho. O termo “transtorno de ansiedade generalizada” (TAG) foi
apresentado pela primeira vez no DSMIII, em 1980. Iniciou-se aí um processo
contínuo de dividir a tradicional categoria de neuroses de ansiedade em grupos
diagnósticos clinicamente significativos.
O TAG é definido na quarta edição revisada do Manual diagnóstico e
estatístico dos transtornos mentais (DSMIV-TR) como ansiedade e preocupação
excessivas, que ocorrem na maioria dos dias, por pelo menos seis meses,
acompanhada de pelo menos três dentre seis sintomas somáticos. A ansiedade é
difícil de ser controlada e causa significativo prejuízo em diferentes áreas de
funcionamento ou marcado sofrimento no paciente. O diagnóstico não é feito se a
ansiedade se deve apenas ao uso de substâncias ou é explicada por outro
transtorno psiquiátrico. Estudos epidemiológicos têm demonstrado uma incidência
anual do TAG que varia entre 3,1% a 3,6% (KAPCZINSKI; SANT'ANNA;
FONSECA, 2003).
A maioria dos clínicos já se depararam com o transtorno da ansiedade
generalizada, no entanto, até o momento foram feitos poucos estudos
neurobiológicos específicos para este transtorno (KAPCZINSKI; SCHIMTT, 2004).
Para os autores, avanços podem ser observados através de:
Neuroanatomia: os avanços recentes nas técnicas de neuroimagem, como o
aprimoramento da tomografia por emissão de pósitrons (PET) e da tomografia
38
computadorizada por emissão de fóton único (SPECT), estão permitindo detalhar
áreas cerebrais possivelmente envolvidas no TAG;
Fluxo sanguíneo cerebral regional: pacientes com TAG, em repouso, não
demonstram alterações significativas no fluxo sanguíneo cerebral quando
comparados a controles sadios. No entanto, costumam apresentar fluxo reduzido
quando submetidos a estresse psicológicos aos mesmos controles (NUTT, 2001)
Metabolismo cerebral regional: pacientes com TAG demonstraram taxas
metabólicas nos lobos occipital, temporal e frontal, bem como no cérebro, no tálamo
e nos gânglios da base quando comparados a controles sadios. Em pacientes
deprimidos, o metabolismo cerebral costuma se apresentar diminuído nessas
mesmas áreas (NUTT, 2001). Esses dados sugerem que podem existir circuitos
cerebrais hiperativos no TAG, assim como no transtorno obsessivo compulsivo
(TOC), enquanto na depressão eles se encontram hipoativos. Existem algumas
evidências de que o tálamo esteja envolvido no processo de atenção, o que poderia
explicar a hipervigilância observada no TAG.
Neuroquímica: Os bons resultados obtidos com o tratamento farmacológico
do TAG fez com que se pesquisasse possíveis neurotransmissores envolvidos no
TAG. Há evidências crescentes de alterações em inúmeros sistemas de
neurotransmissores no TAG.
Sistema GABA/Benzodiazepínicos: a conhecida eficácia dos
benzodiazepínicos em reduzir ansiedade levou ao estudo do envolvimento do
sistema gabaérgico no TAG. Existe a hipótese de falha deste sistema, devida à
sensibilidade reduzida dos receptores ou à insuficiência do neurotransmissor.
Estudos recentes com teste de sensibilidade ao diazepam e receptores com
SPECT/PET demonstraram que tanto pacientes com TAG quanto pacientes com
pânico apresentam redução na função dos receptores benzodiazepínicos centrais
(NUTT, 2001; WITTCHEN; HOYER 2001).
Sistema noradrenérgico: o sistema nervoso simpático está implicado na
resposta ao estresse e alguns autores têm investigado alterações em catelolaminas
de pacientes com TAG.
Sistema sertoninérgico; os níveis liquóricos de serotonina em pacientes com
TAG encontram-se diminuídos em relação a controles normais. Em contrapartida,
pacientes com depressão não apresentam alterações significativas (NUTT, 2001).
39
8.1 Epidemiologia da Ansiedade
Rodrigues (1994) apresenta dados estatísticos de que, em um universo de
mil pessoas temos: quatro entre 18 e 24 anos, sete entre 25 e 44, seis entre 45 e
64 e, apenas uma após 65 anos. Os casos entre jovens têm aumentado muito nos
últimos anos, devido a fatores de cunho social: desintegração da família tradicional,
pressão por empregos, violência e maior exposição a estresses.
Andrade e Gorenstein (1998) trazem os transtornos de ansiedade como a
categoria mais freqüente na população geral dentre os transtornos psiquiátricos,
com prevalência de 12,5% ao longo da vida, 7,6% no ano. Além dos transtornos
serem muito freqüentes, os sintomas de ansiedade estão entre os mais comuns,
podendo ser encontrados em qualquer pessoa em determinados períodos de sua
vida.
Pereira (2001) relata que uma pesquisa realizada pela International Stress
Management Association (ISMA) feita com workholics americanos revela que
pessoas viciadas em trabalho e ansiosas demais apresentam 45% mais chances de
sofrer males cardíacos, 35% de ter câncer pulmonar e 24% de sofrer acidente
vascular encefálico. E, podem ser eficientes no emprego, mas na maioria das vezes
não lidam bem com as emoções.
Os transtornos de ansiedade estão entre os transtornos mais comumentes
observados tanto na população em geral quanto nos serviços de atenção primária à
saúde. Dados do Estudo Epidemiológico por Área de Captação (Epidemiologic
Catchement Área – ECA) nos Estados Unidos, sugerem que cerca de ¾ da
população geral apresentam um ou mais medos irracionais, ataques súbitos de
ansiedade ou nervosismo. No entanto, de acordo com esse estudo, a maioria das
pessoas não preenche critérios de gravidade ou prejuízo pessoal e social
característico dos transtornos de ansiedade (LIMA et al., 2004).
40
9 OBJETIVOS
9.1 Objetivo Geral
Avaliar a ação psicofarmacológica de extratos de Passiflora alata Dryander e
Passiflora edulis Sims na ansiedade e no processo de formação da memória.
9.2 Objetivos Específicos
Avaliar os efeitos dos extratos de Passiflora alata e de Passiflora edulis no
processo de formação da memória.
Avaliar os efeitos dos extratos de Passiflora alata e de Passiflora edulis no
processo da ansiedade.
41
10 MATERIAIS E MÉTODOS
Animais experimentais: foram utilizados 390 ratos Wistar, machos com 60
dias de vida, pesando de 250 a 300g, procedentes do biotério da Universidade do
Extremo Sul Catarinense – UNESC. Em avaliações estatísticas de comportamento
animal é aconselhável grupos de n = 15. Os animais foram acondicionados em
grupos de cinco animais por caixa, e submetidos a ciclos de claro e escuro de 12
horas (6 às 18 h) com comida e água ad libitum. O ambiente foi mantido com
temperatura em torno de 24ºC.
Foram utilizados neste trabalho três procedimentos para análise de testes
comportamentais: o primeiro, esquiva inibitória (inhibitory avoidance task), modelo
de avaliação de memória aversiva. O segundo, habituação em campo aberto (open-
field task), utilizado para avaliar memória de habituação e o terceiro, labirinto em
cruz elevada (pluz-maze) para a ansiedade.
Nos testes de esquiva inibitória e habituação em campo aberto, foram
utilizadas sessões de treinamento e teste num intervalo de 24 horas. Este, tempo
necessário para que ocorra consolidação da memória (aprendizado) pelos animais.
No teste do labirinto e cruz elevada não é realizado a sessão de treinamento.
Os dados obtidos nos modelos plus-maze e do open-field foram analisados
pelo SEM (erro padrão da média) e por ANOVA (Análise de variância) de uma via
seguido pelo teste de Ducan. No modelo open-field, as diferenças entre o
treinamento e as sessões de teste foram analisadas pelo teste-t student. A análise
dos dados obtidos no teste de esquiva inibitória, por testes não paramétricos,
porque este procedimento envolve contagem de interrupção. As diferenças do
treinamento e teste pelo teste de Wilcoxon. Os valores P menores de 0,05 foram
considerados estatisticamente significativos.
As sessões de testes foram realizadas no período da tarde entre as 14 e 16
horas, para padronização de um período, porque o comportamento pode mudar de
acordo com o ritmo circadiano dos animais. Todos os procedimentos experimentais
foram executados conforme o NIH (National Institutes of Health) utilizando o guia
para o cuidado e uso de animais de laboratório e as recomendações da Sociedade
Brasileira Neurociência e Comportamento (SBNeC) para cuidado de animais Os
procedimentos foram realizados e aprovados em conformidade com o Comitê de
Ética em Pesquisa da UNESC, conforme documento em anexo.
42
10.1 Testes Comportamentais
10.1.1 Esquiva Inibitória (Inhibitory Avoidance Task)
O aparelho é constituído por uma caixa medindo 50 cm de comprimento
25 cm de largura e 25 cm de altura. Parte do chão é formado por barras paralelas
de metal (1mm de diâmetro). Os espaços entre as barras medem 1 cm. Com uma
plataforma com 7 cm de largura e 2,5 cm de comprimento colocada junto à parede
esquerda do aparelho (ROESLER et al.,, 2003).
Na sessão de treino, o animal é colocado sobre a plataforma e mede-se o
tempo que ele leva para descer com as quatro patas da plataforma. Esse tempo é
denominado “latência”. Imediatamente após descer da plataforma, o animal recebe
um choque de 0,4 mA durante 2 segundos.
Na sessão de teste, o animal é novamente colocado na plataforma e medido
o tempo que ele leva para descer, porém não é administrado choque. A latência é
um parâmetro clássico de formação de memória. Os intervalos entre o treino e o
teste são de 24 horas (IZQUIERDO; GRAUDENZ,1980; QUEVEDO et al., 1997b).
A atividade cognitiva dos animais pode ser mensurada através de testes de
esquiva passiva ou inibitória (step-down), esquiva passiva (step-trough), esquiva
ativa em uma caixa de Skiner e esquiva ativa em uma shutthe box. A resposta de
esquiva pode envolver tarefas como pressionar uma barra, correr em roda, pular
para uma plataforma e transpor diversos tipos de obstáculos (NETTO; IZQUIERDO,
1995).
A tarefa de esquiva inibitória é um dos mais utilizados e consiste em inibir a
exploração do abiente pelo animal pela aplicação de choques. O aprendizado
consiste em o animal não descer da plataforma. As drogas facilitadoras da memória
fazem com que os animais se mantenham sobre a plataforma (IZQUIERDO;
MEDINA, 1997).
Foram estudados dez grupos com 13 ratos e injetado via intraperitonial:
salina, diazepam (DPZ) 1mg/kg, extrato de Passiflora alata 25mg, 50mg, 100mg e
150mg/kg, extrato de Passiflora edulis 25mg, 50mg, 100mg e 150mg/kg.
10.1.2 Habituação em Campo Aberto (Open-field Task):
Realizado em uma caixa de 40 x 60 cm delimitado por quatro paredes com
50 cm de altura, sendo três de madeira e uma de vidro transparente. O piso do
43
modelo de habituação em campo aberto é dividido em 12 quadrados iguais
marcados por linhas pretas (VIANNA, 2000).
Na sessão de treino, os animais foram cuidadosamente colocados no
quadrado do canto posterior esquerdo do aparelho, no qual explorará o ambiente
por 5 minutos. Imediatamente após, os animais voltaram para a caixa moradia, as
sessões de teste foram realizadas 24 horas após o treino, na qual repete-se o
procedimento do treino.
É contado quantas vezes o animal cruza a linha preta e coloca as quatro
patas no quadrado seguinte “crossings”, e o número de “reanings” atividade em que
o animal procura levantar-se. Este movimento é relacionado com o objetivo de
exploração e fuga do ambiente (VIANNA, 2000).
A atividade exploratória pode ser analisada pelo modelo do campo aberto
(open-field), utilizado para avaliação de compostos estimulantes ou depressores do
Sistema Nervoso Central, que permite observar como o animal se comporta em
amplo ambiente medindo o seu estado emocional (HO et al., 2002). O aparelho
consiste em um campo aberto cujas dimensões podem variar conforme o tamanho
animal estudado (NAHAS, 1999).
Este tipo de aparelho foi inicialmente proposto por Hall em 1941, para
avaliar o estado emocional de ratos em ambientes não familiares, utilizando como
parâmetros as taxas de ambulação e defecação. A primeira seria aferida pelo
número de setores visitados pelo animal durante o teste e a segunda pelo número
bolotas fecais eliminadas pelo animal.
A imobilidade do animal no campo aberto pode indicar altos níveis de
estresse, e pode ser acompanhadas através de um registro eletroencefalográfico
(EEG), conforme relataram Walsh e Cummins (1976).
Neste experimento são avaliados; a movimentação espontânea entre as
divisões, no centro e na periferia do campo, indicando atividades exploratórias,
sedativas e ansiolíticas; a imobilidade representando o medo e o número de vezes
que o animal levanta-se (reanings) registrados durante cinco minutos, uma hora
após os tratamentos (MONTGOMERY, 1955).
Modelos que detectem a emocionalidade dos animais são pré-requisitos
para se entender e investigar os mecanismos que são base para a ansiedade (OHI
44
et al.,2001), por esta razão, o campo aberto vem sendo utilizado para avaliação de
drogas ansiolíticas.
Alguns autores diferem no que diz respeito à seleção e análise dos
parâmetros utilizados no teste mencionado (CAROLA et al., 2002). As medidas de
emocionalidade através das taxas de defecação e ambulação, embora sejam
entendidas de diversas maneiras por vários autores, podem ser válidas no sentido
de que estão relacionadas a um grupo de alterações fisiológicas associadas ao
estado emocional, como a freqüência cardíaca e a pressão arterial (NAHAS, 1999).
O teste é simples de ser efetuado, consiste na colocação do animal em
estudo no aparelho sendo a fuga evitada pela parede circundante. Observa-se
então o tipo de movimento, a distancia percorrida, o tempo dispendido, as tentativas
de rearings, as tentativas de fuga, o tempo de imobilização e latência. Além disso, a
autolimpeza (grooming), ato de cheirar, coçar escavar, ranger os dentes,
vocalização e exploração visual, defecação e tempo de digestão, freqüência
cardíaca e respiratória (NAHAS, 1999). O formato do aparelho pode variar, mas o
mais utilizado é o circular (STEIN; et al., 1994). As características externas ao
campo aberto podem influenciar o comportamento do animal, e variam conforme o
grau de estresse que o pesquisador quer provocar.
Uma evolução do teste do campo aberto é a introdução ou retirada de
estímulos que permite avaliar a reação do animal à novidade. Coloca-se o animal
no campo aberto para livre exploração, introduz-se um novo estímulo, habitua-se a
esse estímulo e depois o retira, e observa-se a capacidade do animal em detectar a
diferença (NAHAS, 1999).
Foram estudados dez grupos com 13 ratos: salina 1mg/kg, diazepam
1mg/kg, extrato de Passiflora alata 25mg, 50mg, 100mg e 150mg/kg, extrato de
Passiflora edulis 25mg, 50mg, 100mg e 150mg/kg.
10.1.3 Modelo do Labirinto em Cruz Elevada (pluz-maze)
O labirinto em cruz elevada (LCE) é um método validado para explorar as
bases neurobiológicas da ansiedade (TORRES; ESCARABAJAL, 2002). Segundo
Carola et al. (2002), esse modelo e o campo aberto são rotineiramente utilizados
para o estudo da ansiedade em animais, contudo, os resultados têm sido
contraditórios, provavelmente devido às diferenças na análise e seleção dos
parâmetros comportamentais. Este modelo com o hole-board permite medidas
45
independentes de locomoção, exploração e ansiedade em animais de laboratório
(STEENBERGEN et al., 1991).
O aparelho consiste de dois braços abertos e dois fechados em forma de
cruz grega, os braços são conectados por uma área central, o chão deve ser preto
e as paredes de acrílico transparente e o aparelho deve estar a uma altura de
45 cm do chão. Durante o procedimento, os animais são colocados primeiramente
no campo aberto, por cinco minutos, e depois transferidos para o LCE (os dois
aparelhos devem em sala com luz vermelha).
O animal deve ser colocado na área central voltado para um dos braços
fechados para observação durante cinco minutos (HO et al., 2002). Através da
observação, deve-se anotar quanto tempo o animal permanece nos braços
fechados e abertos, bem como a freqüência de entrada neles. Posteriormente, é
feita uma análise estatística, dividindo-se a freqüência das entradas nos braços
abertos pelo total de entradas, expressando os resultados em porcentagem de
entradas no braço aberto. Procede-se da mesma maneira para calcular o tempo
gasto pelo animal em ambos os braços. São medidos também os números de
vezes que o animal levanta e emerge a cabeça (rearings e head-dippings) e
posturas de estiramento que avaliam respectivamente a atividade exploratória e
atividade ansiolítica (FILE; PELLOW, 1985).
Os resultados obtidos no LCE demonstram as diferenças individuais de
ansiedade e podem ser previstos em outros modelos de ansiedade, mas não em
testes de esforço e natação (HO et al., 2002).
O tempo de permanência na área central do aparelho evidencia uma medida
do poder de tomada de decisão e as entradas nos braços abertos e fechados
demonstram efeito ansiolítico e atividade motora, respectivamente (RODGERS et
al., 1997).
Foram estudados dez grupos com 13 ratos: salina 1mg/kg, diazepam
1mg/kg, extrato de Passiflora alata 25mg, 50mg, 100mg e 150mg/kg, extrato de
Passiflora edulis 25mg, 50mg, 100mg e 150mg/kg.
46
11 RESULTADOS
Os ansiolíticos são medicamentos usados no tratamento sintomático da
ansiedade e tensão resultantes do stress, dos fatores emocionais e em estados
psiconeuróticos caracterizados por tensão, ansiedade, apreensão, fadiga e
sintomas de agitação (BATISTUZZO, 2002).
O diazepam e um fármaco ansiolítico clássico, usado no tratamento da
ansiedade e sono, porém apresentam efeitos colaterais como dependência,
tolerância, problemas locomotores e amnésia.
Neste trabalho foi comparado os efeitos psicofarmacológicos de extratos de
P. alata e P. edulis em concentrações de 25, 50, 100 e 150 mg/kg, salina e
diazepam 1mg/kg na ansiedade e memória em ratos Wistar. Os modelos utilizados
para análise de testes comportamentais foram: esquiva inibitória (inhibitory
avoidance task), modelo de avaliação de memória aversiva; habituação em campo
aberto (open-field task) utilizado para avaliar memória de habituação; e labirinto em
cruz elevada (plus-maze) para avaliar ansiedade (Figuras 10 a 19).
P. alata
0
2
4
6
8
10
12
14
Open arms Closed arms Total of entries
Nunber of entrie
s
Saline
25 mg/kg
50 mg/kg
100 mg/kg
150 mg/kg
DZP
*
*
Figura 10: Modelo do labirinto em cruz elevada (plus-maze). Entradas nos braços
abertos e fechados, comparando salina, DZP e P. alata.
47
P. alata
0
50
100
150
200
250
Open arms Closed arms
Time spent (s)
Saline
25 mg/kg
50 mg/kg
100 mg/kg
150 mg/kg
DZP
*
**
*
*
*
*
Figura 11: Modelo do labirinto em cruz elevada (plus-maze). Tempo despendido
nos braços abertos e fechados. Comparando salina, DZP e P. alata.
P. edulis
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Open arms Closed arms Total of entries
Nunber of entrie
s
Saline
25 mg/kg
50 mg/kg
100 mg/kg
150 mg/kg
DZP
*
*
*
*
*
Figura 12: Modelo do labirinto em cruz elevada (plus-maze). Entradas nos braços
abertos e fechados. Comparando salina, DZP e P. edulis.
48
P. edulis
0
50
100
150
200
250
Open arms Closed arms
Time spent (s)
Saline
25 mg/kg
50 mg/kg
100 mg/kg
150 mg/kg
DZP
*
*
*
*
*
*
*
*
*
Figura 13: Modelo do labirinto em cruz elevada (plus-maze).Tempo despendido nos
braços abertos e fechados. Comparando salina, DZP e P. edulis.
Inhibitory Avoidance Task
0
10
20
30
40
50
Saline 25mg 50mg 100mg 150mg DZP
Seconds
Training
Test
*
Passiflora alata
Figura 14: Esquiva inibitória. Latência, comparando salina, DZP e P. alata, após as
sessões de treinamento e teste.
Inhibitory Avoidance Task
0
10
20
30
40
50
Saline 25mg 50mg 100mg 150mg DZP
Seconds
Training
Test
*
Passiflora edulis
Figura 15: Esquiva inibitória. Latência, comparando salina, DZP e P. edulis, após
as sessões de treinamento e teste.
49
Crossings
0
10
20
30
40
50
60
70
Salina 25 mg/kg 50 mg/kg 100 mg/kg 150 mg/kg Diazepam
Number of Crossings
Training
Test
Passiflora alata
*
Figura 16: Habituação em campo aberto (Open-field Task). Crossings, comparando
salina, DZP e P. alata, após as sessões de treinamento e teste.
Rearings
0
5
10
15
20
25
30
Salina 25 mg/kg 50 mg/kg 100 mg/kg 150 mg/kg Diazepam
Number of rearings
Training
Test
Passiflora alata
*
Figura 17: Habituação em campo aberto (Open-field Task). Rearings, comparando
salina, DZP e P. alata, após as sessões de treinamento e teste.
Crossings
0
10
20
30
40
50
60
70
Salina 25 mg/kg 50 mg/kg 100 mg/kg 150 mg/kg Diazepam
Number of Crossings
Training
Test
Passiflora edulis
*
Figura 18: Habituação em campo aberto (Open-field Task). Crossings, comparando
salina, DZP e P. edulis, após as sessões de treinamento e teste.
50
Rearings
0
5
10
15
20
25
30
Salina 25 mg/kg 50 mg/kg 100 mg/kg 150 mg/kg Diazepam
Number of rearings
Training
Tes t
Passiflora edulis
*
Figura 19: Habituação em campo aberto (Open-field Task). Rearings, comparando
salina, DZP e P. edulis, após as sessões de treinamento e teste.
Deste trabalho foi realizado em artigo e submetido ao peródico Fitoterapia
em agosto de 2006, com o título e autores abaixo.
Behavioral evaluation of aqueous extracts from P. alata and P. edulis
leaves in rats.
P.R. Barbosa1, F.H. Reginatto2, R.A. Machado1, S.S. Valvassori1, C.L.
Bordignon Júnior2, V.D. Kappel2, M.R. Martins1, J. Quevedo1.
1 - Laboratório de Neurociências, Universidade do Extremo Sul Catarinense.
2 - Laboratório de Farmacognosia, Universidade de Passo Fundo.
51
12 DISCUSSÃO
Atualmente, o chá das folhas de espécies de Passiflora é amplamente
utilizado em paízes da Europa e da América do Sul. No Brasil, a P. alata é uma
planta oficial da Farmacopéia Brasileira (1977), e numerosas aplicações
terapêuticas do uso de suas folhas são documentadas (PEREIRA; VILEGAS,
2000). Estas incluem o tratamento de irritação do sistema respiratório, ansiedade e
insônia.
Mais recentemente, os efeitos ansiolíticos dos extratos hidroalcóolico e
aquoso de folhas de P. alata e P. edulis foram também demonstrados por Petry et
al,. (2001) e Paris et al,. (2002), respectivamente.
No teste do labirinto em cruz elevada, modelo para avaliar ansiedade, não
foi observado aumento significativo do número de entradas nos braços abertos e
fechados entre os grupos tratados com P. alata comparados a salina (Figura 10).
Entretanto, o grupo tratado com diazepam apresentou um aumento estatisticamente
significativo, no número de entrada no braço aberto e um decréscimo de entrada no
braço fechado. (p<0,05).
Os grupos tratados com extrato de P. alata ou diazepam não demonstraram
alterações significativas, em relação ao total das entradas, tanto nos braços
fechados como abertos, em relação ao grupo controle (Figura 10).
O tempo despendido nos braços abertos foi significante nos animais
tratados com P. alata (100 e 150 mg/kg) ou DZP e apresenta uma diminuição
também significativa, nos braços fechados, nos grupos que receberam P. alata (50,
100 e 150 mg/kg) ou DZP quando comparado ao grupo controle (Figura 11).
Os animais tratados com P. edulis (50, 100 ou 150 mg/kg) ou DZP
apresentaram um aumento estatisticamente significativo no número das entradas
nos braços abertos, comparados a salina (Figura 12).
Nas entradas nos braços fechados apenas o grupo tratados com DZP
mostrou uma diminuição significativa. Não houve alterações em relação ao número
total das entradas, quando comparados os grupos tratados com P. edulis (25,
50,100 e 150 mg/kg) ou DZP com o grupo controle (Figura 12).
52
Os animais que receberam extratos de P. edulis (50, 100 e 150 mg/kg) ou
DZP apresentaram um aumento estatisticamente significativo no tempo de
permanência nos braços abertos em comparação com a salina (Figura 13).
Em relação ao tempo de permanência nos braços fechados, observou-se
que os animais que utilizaram DZP ou P. edulis nas concentrações (25, 50,100 e
150 mg/kg) apresentaram uma diminuição significativa em comparação ao grupo
controle (Figura 13).
No teste da esquiva inibitória, nenhuma diferença significativa foi constatada
nos grupos tratados com P. alata, nas concentrações de 25, 50, 100 e 150 mg/kg
(Figura 14), ou os grupos tratados com P. edulis nas concentrações de 25, 50, 100
e 150 mg/kg (Figura 15), quando comparado com o grupo controle. Nas sessões de
treinamento e teste, usando como parâmetro o tempo de latência.
Verificou-se, no entanto, uma diminuição estatisticamente significativa, no
tempo de permanência na plataforma, no grupo tratado com DZP em relação ao
controle, nas sessões de treinamento e teste (Figuras 14 e 15).
No modelo campo aberto, nenhuma diferença significativa foi observada no
número dos cruzamentos (crossings), e nos números de vezes que o animal
levantou-se (rearings) durante a sessão de treinamento e teste em todos os grupos
tratados com o P. alata (Figuras 16 e 17, respectivamente) ou o P. edulis (Figuras
18 e 19, respectivamente) comparado a salina. Entretanto, com o grupo tratado
com DZP foi percebido diferença significativa em ambos os parâmetros durante a
sessão do teste comparada ao controle. Na sessão do treinamento, nenhuma
diferença foi observada entre grupos.
Estudos adicionais devem ser realizados para determinar as concentrações
adequadas, juntamente com a via de administração. Para obter os mesmos
resultados observados em ratos Wistar, em seres humanos.
Verificar qual o composto ou os compostos do Passiflora e o mecanismo de
ação capaz de produzir o efeito ansiolítico.
Verificar qual o composto do Passiflora edulis e qual a sua concentração
ideal no ser humano, que favorece a formação da memória e seu mecanismo.
53
13 CONCLUSÃO
O teste plus-maze é um teste pré-clínico que se usa geralmente procurando
novos agentes com características ansiolíticas (PELLOW, 1985; PELLOW; FILE,
1986; KURIBARA et al., 1998). Um aumento no tempo gasto nos braços abertos é
usado geralmente como índices para agentes ansiolíticos.
P. alata em doses de 100 e 150 mg/kg e de P. edulis em doses de 50, 100 e
150 mg/kg mostraram efeito ansiolítico como o diazepam, um fármaco ansiolítico
clássica, de acordo ao modelo de cruz elevada. Estes resultados são consistentes
com os relatórios precedentes (SPERONI; MINGHETTI, 1988).
Foi demonstrado que extratos de P. alata e P. edulis, em toda as dosagens
estudadas, não interferem na formação da memória aversiva e de habituação,
avaliada nos testes de esquiva inibitória e do braço aberto, respectivamente.
Neste sentido o diazepam diminuiu a formação da memória aversiva e de
habituação, demonstrando sua capacidade amnésica.
Diversos compostos isolados de Passiflora spp. foram sugeridos como o
principal ou principais responsável para os efeitos ansiolíticos, tais como
flavonóides (como o apigenina, o vitexina, o campferol, o homorientina, o crisina),
os alcalóides do harmane (harmano, harmalina, harmalol) e os derivados de pirona
(maltol), mas até agora, os princípios ativos não foram identificados ainda
(DHAWAN et al., 2001; SOULIMANI et al., 1997; SPERONI et al., 1996) parecem,
entretanto, os elementos mais prováveis desse grupo possam ser dos flavonóides
(DHAWAN et al., 2001; SPERONI et al, 1996a)
Extratos de hidroetanol de P edulis e P. alata foram comparados a respeito
do índice e da atividade ansiolítica dos flavonóides (PETRY et al., 2001): P edulis
teve perto da concentração dobrada dos flavonóides e foi duas vezes tão ativo
quando comparado com P. alata.
Em relatório anterior, Soleimani e colaboradores não observaram as
atividades ansiolíticas de extrato padronizado de P. incarnata usando o flumazenil,
um antagonista conhecido dos receptores de benzodiazepínicos (SOULIMANI et al.,
1997), sugerindo que os efeitos de P. incarnata não estão mediados com uma ação
nos receptores de benzodiazepínicos/GABA.
54
Estes resultados podem ser relacionados à falta dos efeitos do P. alata . e
do P. edulis na formação da memória neste estudo. Em resumo, foi demonstrado
que P. alata e P. edulis mostraram um efeito ansiolítico como o diazepam sem
efeitos colaterais na memória.
13.1 Toxicidade em Doses Elevadas dos Extratos de Folha de P.
alata e de P. edulis
Doses elevadas em extrato bruto de folhas de P. alata (acima de 400 mg/kg,
i.p.) foram relatadas como letais por provocarem depressão profunda do SNC em
camundongos (OGA et al., 1984). Segundo estes autores, o valor estimado da DL
50
foi de 456 mg/kg.
Além disso, a hepatoxicidade e efeitos tóxicos no pâncreas foram
demonstrados em roedores e em humanos com a administração de extrato aquoso
de P. edulis (MALUF et al., 1991).
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2000.
68
ANEXOS
69
ANEXO A: Estruturas Químicas das Classes de Polifenóis.
Fonte: RUDNICK (2005)
70
ANEXO B: Estruturas Químicas das Classes de Flavonóides
Fonte: RUDNICK (2005)
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