As diferenças espectrais entre sons vocais variados surgem quando o som
da fonte vocal é transmitido através do trato vocal, isto é, das pregas vocais
à abertura labial. A razão disso é que a habilidade do trato vocal em
transmitir som é altamente dependente da freqüência do som transmitido.
Essa habilidade culmina em certas freqüências, chamadas freqüências de
formantes. (SUNDBERG, 1979)
As vogais são identificadas pela posição de seus formantes
2
(BEHLAU, 2001). A
posição dos dois primeiros formantes é suficiente para a definição da maior parte
das vogais (SUNDBERG, 1979; BEHLAU, 2001).
Os valores dos formantes representam as freqüências naturais de
ressonância do trato vocal na posição articulatória específica da vogal
falada (...). A descrição das vogais quase nunca ultrapassa a identificação
dos três primeiros formantes, sendo que são as freqüências dos dois
primeiros formantes que determinam a qualidade vocal, em termos
acústicos, e sua identidade, em termos auditivos. (BEHLAU, 2001)
A produção das vogais depende essencialmente dos mecanismos articulatórios,
como lábios, língua, véu palatino, mandíbula e laringe. O grau de abaixamento da
mandíbula e da língua, ou grau de abertura de uma vogal, está relacionado
diretamente com o primeiro formante. O grau de anteriorização da vogal e
deslocamento antero-posterior da língua têm relação com o segundo formante
(BEHLAU, 2001).
De modo geral, o grau de abertura de uma vogal, ou seja, o abaixamento da
mandíbula e, conseqüentemente, da língua, tem relação direta com o
primeiro formante, que é tão mais agudo quanto maior for a abertura de
boca; o grau de anteriorização da vogal, ou seja, o quanto a faringe está
livre ou não, pelo deslocamento da língua, tem relação direta com o
segundo formante, que é mais alto quanto maior o espaço laríngeo.
(BEHLAU, 2001)
A posição (freqüência) dos formantes pode variar, dentro de certos limites, sem
comprometer a inteligibilidade da vogal emitida. A região de caracterização das
2
Formantes são definidos como bandas de freqüência que sofrem ganho quando alteradas pelo trato
vocal. Em um espectrograma, podem ser vistos como picos de intensidade em determinadas
freqüências. Os formantes amplificam seletivamente os harmônicos gerados pela vibração laríngea.
(VIEIRA, 2004)