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Universidade do Vale do Paraíba
Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento
MARCELO DE ALMEIDA VALIO
“ESTUDO COMPARATIVO DO COMPORTAMENTO DO SISTEMA
NERVOSO AUTÔNOMO ATRAVÉS DA ANÁLISE DA VARIABILIDADE
DA FREQUÊNCIA CARDÍACA PELO SOFTWARE NERVE-EXPRESS EM
SUJEITOS SADIOS COM HISTÓRIA DE SÍNCOPE SUBMETIDOS AO
TILT TESTE”
São José dos Campos – SP
2006
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Marcelo de Almeida Valio
“Estudo comparativo do comportamento do sistema nervoso autônomo através
da análise da variabilidade da freqüência cardíaca pelo software Nerve-
Express em sujeitos sadios com história de síncope submetidos ao Tilt Teste”
“Comparative study of the behavior of the autonomous nervous system through the analysis
of the heart rate variability by the Nerve-Express software in healthy subjects with syncope
history submitted to Tilt Test”
São José dos Campos – SP
2006
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Bioengenharia
do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da
Universidade do Vale do Paraíba, como
complementação dos créditos necessários à
obtenção do título de Mestre em
Bioengenharia.
Orientador: Prof. Dr. Luís Vicente F. Oliveira
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AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador Prof. Dr. Luís Vicente Franco de Oliveira, por ter me aceitado como seu aluno
e acreditado no meu potencial.
Ao Prof. Dr. Dalmo Moreira, chefe do departamento de eletrofisiologia cardíaca do Instituto
Dante Pazzanese, por ter gentilmente colaborado com os pacientes para realização deste estudo.
Ao Grande Arquiteto do Universo, pela inspiração e oportunidade.
“Estudo comparativo do comportamento do sistema nervoso autônomo através
da análise da variabilidade da freqüência cardíaca pelo software Nerve-
Express em sujeitos sadios com história de síncope submetidos ao Tilt Teste”
RESUMO
A análise espectral da variabilidade da freqüência Cardíaca foi usada para avaliar mudanças na
função autonômica antes do Tilt teste postural em trinta indivíduos saudáveis com história de
síncope. Esses pacientes eram da seção de eletrofisiologia cardíaca do Instituto Dante Pazanesse
de Cardiologia de São Paulo - SP. Quinze pacientes com Tilt teste positivo e quinze pacientes
com Tilt teste negativo. As medidas no domínio das bandas de alta (HF) e baixa (LF) freqüências
e a relação LF/HF foram derivadas de um sistema digital não invasivo chamado Nerve-Express
(Heart Rhythm Instruments, Incorporation, USA) imediatamente antes do Tit teste. No grupo Tilt
teste positivo, a relação LF/HF aumentou (7,80±9,60). Estes parâmetros da relação LF/HF no
grupo Tilt teste positivo mostraram um aumento nos valores médios antes do começo do Tilt teste
em indivíduos que tiveram síncope comparado com o grupo Tilt teste negativo (LF:HF =
3,12±2,24). Os pacientes que tiveram síncope exibem um padrão diferente de resposta ao estímulo
ortostático. Os dados antropométricos são: idade média de 51±19,98 anos com Tilt teste positivo,
idade média de 50±23,35 anos com Tilt teste negativo, peso médio de 67±11,7 kg com Tilt teste
positivo, peso médio de 69±13,25 kg com Tilt teste, altura média de 168.0 ± 8.0 cm com Tilt teste
positiva, altura média de 165±6,99 cm com Tilt teste negativo e índice médio de massa corporal
de 24±3,89 kg/m2 com Tilt teste positivo e índice médio de massa corporal de 25±4,05 kg/m2
com Tilt teste negativo. É possível observar que há um certo padrão no nível de atividade do
sistema nervoso simpático e parassimpático nos indivíduos que tiveram Tilt teste positivo.
Podemos concluir que o sistema Nerve-Express se mostrou eficiente e eficaz na mensuração dos
níveis do sistema nervoso simpático e parassimpático. Este fator é importante na detecção precoce
das alterações funcionais dos indivíduos que apresentam história de síncope, podendo o mesmo
ser um excelente preditor de alterações do sistema nervoso autônomo, bem como preditor de
morte súbita por doença cardiovascular.
Palavras Chaves: Variabilidade da Frequência Cardíaca, Nerve-Express, Tilt Teste, Síncope,
Análise espectral, Estresse.
“Comparative study of the behavior of the autonomous nervous system
through the analysis of the heart rate variability by the Nerve-Express
software in healthy subjects with syncope history submitted to Tilt Test”
ABSTRACT
Spectral analysis of heart rate variability (HRV) was used to assess changes in autonomic
function before postural Tilt test in thirty healthy individuals with syncope history. Those were
patients of the section of cardiac eletrofisiology of the Institute Dante Pazanesse of Cardiology of
São Paulo – SP. Fifteen patients with positive and fifteen with negative tilt test. Frequency-
domain measurements of the high (HF) and low (LF) frequency bands and the ratio LF/HF were
derived from a not-invasive digital system called Nerve-Express (Heart Rhythm Instruments,
Incorporation, the USA) immediately before tilt testing. In tilt test positive group, LF/HF ratio
increased (7,80±9,60). This ratio parameters in tilt test positive group showed a increased in
medium values before the beginning of the Tilt test among syncopal patients comparing with
group B (LF:HF = 3,12±2,24). Syncopal patients have a different pattern of response to the
orthostatic stimulus.Those individuals had the following anthropometric data: average age of
51±19,98 years in Tilt test positive, average age of 50±23,35 years in Tilt test negative, average
weight of 67±11,7 kg in Tilt test positive, average weight of 69±13,25 kg in Tilt test negative,
average height of 168.0 ± 8.0 cm in Tilt test positive, average height of 165±6,99 cm in Tilt test
negative and average index of corporal mass of 24±3,89 kg/m
2
in Tilt test positive and average
index of corporal mass of 25±4,05 kg/m
2
in Tilt test negative. It is possible to notice that there
were a certain pattern of activity level of the sympathetic and parasympathetic nervous system in
the individuals that had Tilt test positive. We can conclude that Nerve-Express System was shown
efficient and effective in the measurement of the levels of the sympathetic and parasympathetic
nervous system, important factor for precocious detection of functional alterations of the
individuals that had syncope history, being able to be an excellent predictor of alterations on the
autonomic nervous system and also an excellent predictor of sudden death for cardiovascular
disease.
Key words: Heart Rate Variability, Nerve-Express, Tilt test, Syncope, Spectral analysis, Stress.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Distância dos intervalos RR......................................................................................... 45
Figura 2 - Retrato das ondas da variabilidade do ritmo cardíaco.................................................. 45
Figura 3 - Função espectral da variabilidade do ritmo cardíaco................................................... 45
Figura 4 - As nove categorias de condições do Sistema Nervoso Autônomo.............................. 47
Figura 5 - Exemplo de um ritmograma gerado no Software Nerve-Express................................ 55
Figura 6 - Espectros obtidos no teste realizado com um sujeito envolvido neste estudo, na
posição ereta e supino.................................................................................................
55
Figura 7 - Valores das bandas de alta e baixa freqüência da variabilidade cardíaca dos sujeitos
na posição supino e na posição ereto..........................................................................
56
Figura 8 - Valores de freqüência cardíaca dos sujeitos na posição ereto e na posição supino do
grupos tilt positivo......................................................................................................
57
Figura 9 - Valores de freqüência cardíaca dos sujeitos na posição ereto e na posição supino do
grupos tilt negativo......................................................................................................
57
Figura 10 - Níveis de atividade do SNA obtidos no teste realizado com um sujeito envolvido
em nosso estudo nas posições supina e ereta...........................................................
58
Figura 11 - Gráfico obtido no teste realizado com um sujeito envolvido neste estudo,
registrando as médias de atividade do SNS e SNPS, na posição ereta e
supina.......................................................................................................................
58
Figura 12 - Níveis de atividade do sistema nervoso autônomo dos individuos com tilt teste
positivo........................................................................................................................
59
Figura 13 - Níveis de atividade do sistema nervoso autônomo dos individuos com o tilt teste
negativo..... .................................................................................................................
59
Figura 14 - Médias de atividade do SNPS e SNS dos pacientes................................................... 60
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Dados Antropométricos...................................................................................... 54
Tabela 2 Valores das bandas de alta e baixa freqüência da variabilidade cardíaca dos
sujeitos na posição supino e na posição ereto..................................................
56
Tabela 3 Valores de freqüência cardíaca dos sujeitos na posição ereto e na posição
supino...............................................................................................................
57
Tabela 4- Níveis médios de atividade total do sistema nervoso simpático e
parassimpático...............................................................................................
60
LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS
%: Percentual
: Maior ou Igual
: Menor ou Igual
FC: Freqüência Cardíaca
HF: Banda de Alta Freqüência
Hz: Hertz
IMC: Índice de Massa Corporal
Kg: Kilograma
LF: Banda de Baixa Freqüência
M
2
: Metro Quadrado
NE: Nerve-Express
NYHA: New York Heart Association
ºC: Grau Celsius
PA: Pressão Arterial
RR: Intervalo da onda RR
SNA: Sistema Nervoso Autônomo
SNC: Sistema Nervoso Central
SNM: síncope neuromediada
SNPS: Sistema Nervoso Parassimpático
SNS: Sistema Nervoso Simpático
SVV: Síncope vasovagal
VFC: Variabilidade da Freqüência Cardíaca
VLF: Banda de Freqüência Muito Baixa
SUMÁRIO
1 Introdução.................................................................................................................... 14
1.1Objetivos ............................................................................................................... 18
2 O sistema nervoso autônomo...................................................................................... 19
3 Síncope........................................................................................................................ 26
3.1 Epidemiologia da Síncope.................................................................................... 28
3.2 Síncope Vasovagal................................................................................................ 29
3.3 Sistema nervoso autônomo e síncope................................................................... 29
4 Análise da variabilidade da frequência cardíaca como ferramenta para a mensuração da
atividade do sistema nervoso autônomo.................................................
31
5 Teste da mesa inclinada (tilt – table -test)................................................................... 35
6 Material e Métodos...................................................................................................... 40
6.1 Caracterização dos Estudo.................................................................................... 41
6.2 Caracterização dos Sujeitos.................................................................................. 41
6.3 Princípios Éticos e Legais..................................................................................... 42
6.4 Nerve-Express....................................................................................................... 42
6.4.1 Vantagem fundamental................................................................................ 43
6.4.2 Análise da variabilidade do ritmo cardíaco.................................................. 44
6.5 Tratamento Estatístico........................................................................................... 51
7 Resultados................................................................................................................... 53
7.1 Dados Antropométricos........................................................................................ 54
7.2 Nerve-Express....................................................................................................... 54
7.2.1 Nerve-Express.............................................................................................. 54
8 Discussão..................................................................................................................... 63
9 Conclusões.................................................................................................................. 68
10 Referências ................................................................................................................... 70
Anexos
Anexo A - Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa da UNIVAP................................. 78
Anexo B Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE................................... 80
14
1. INTRODUÇÃO
15
1 INTRODUÇÃO
O sistema nervoso autônomo contribui para a regulação do débito cardíaco durante o
repouso, exercício e em situações de doença cardiovascular, enquanto sua utilidade para a
mensuração da função simpática e de todo o equilíbrio autônomo permanece controversa.
Estudos revelaram que o tônus parassimpático controla o estado de repouso, enquanto o
exercício é associado a uma indução de retraimento do tônus vagal e uma subseqüente
ativação simpática.
Inversamente, o retorno ao repouso após o exercício, denominado como fase de
recuperação, é caracterizado pela ativação parassimpática seguida de redução de atividade do
simpático. As anormalidades na fisiologia autonômica – especialmente o aumento da
atividade simpática, o tônus vagal atenuado e a diminuição da freqüência cardíaca na
recuperação – têm sido associados ao aumento da mortalidade (ROSENWINKEL et al.,
2001).
A síncope neurocardiogênica, também chamada vasovagal, é a causa mais freqüente de
síncope em pessoas jovens e aparentemente normais e, apesar de benigna, tem na sua
recorrência freqüente um fator que representa diminuição da qualidade de vida, aumento dos
índices de ansiedade e restrições quanto às atividades de vida diária e profissional (HACHUL,
2005; PIMENTA, 1999).
A fisiopatologia da síncope neurocardiogênica não está totalmente explicada mas sua
ocorrência deve-se basicamente a uma hipovolemia central relativa e insuficiência nos
mecanismos reflexos compensatórios responsáveis por manter os níveis de pressão arterial,
especialmente em postura ortostática.
16
A resposta vasovagal é constituída pelo desenvolvimento de bradicardia e vasodilatação
decorrentes do aumento da atividade vagal e diminuição da atividade simpática sobre o
sistema cardiovascular, cujo principal estímulo deflagrador é a ativação de receptores
sensoriais intracardíacos chamados de mecanorreceptores ou fibras C, localizados
especialmente na parede ínfero-lateral do ventrículo esquerdo. Estes mecanorreceptores são
estimulados em situações onde o retorno venoso se encontra diminuído (posição ortostática)
ou em hipovolemia (HACHUL, 2005; QUAN,1997; VAN LIESHOUT 1997).
Gulli e colaboradores (2005) sugerem que a resistência vascular periférica em
pacientes com síncope apresenta-se alterada, estando diminuída comparativamente aos
indivíduos normais, quando os mesmos são submetidos ao teste de inclinação ortostática.
Estes estudos, visando definir o perfil autonômico destes pacientes, vêm sendo
desenvolvidos na tentativa de se encontrar melhores formas de abordagem terapêutica para
essa disautonomia, muitas vezes resistente aos tratamentos propostos até o momento.
O sistema nervoso autônomo tem um papel importante na mediação das alterações
cardiovasculares provocadas pelo estresse. As mudanças hemodinâmicas agudas estão
associadas a altos níveis de descarga simpática e uma atividade parassimpática flutuante
(SMITH et al., 1998).
O equilíbrio simpático/parassimpático normalmente encontra-se alterado em pessoas
criticamente enfermas. A mensuração da atividade autonômica, portanto provê importantes
informações relacionadas ao prognóstico, à patogênese e em relação a estratégias de
tratamento (SCHMIDT; WERDAN; MÛLLER-WERDAN et al., 2001).
17
É bem reconhecido o papel do sistema nervoso autônomo e sua importância como parte
da patogênese da sincope vasovagal. Embora os mecanismos subjacentes não sejam
completamente compreendidos especialmente em crianças, acredita-se que a síncope
vasovagal pode ser precipitada por um aumento do tônus simpático consequente à manobra
ortostática (SEHRA, 1999). As fortes contrações resultantes do ventrículo esquerdo contra
uma câmara relativamente vazia ativa o mecanoreceptores do ventrículo esquerdo resultando
em fuga reflexa do tônus simpático e conseqüente ativação vagal com vasodilatação
resultando em síncope (STEWART, 1996).
Segundo Task Force of the European Society of Cardiology and the North American
Society of Pacing and Electrophysiology (1996) em sua publicação “Heart rate variability:
Standards of measurement, physiological interpretation, and clinical use” conclui que a
análise de variabilidade da freqüência cardíaca (VFC) se mostrou ser um valioso teste não
invasivo da atividade auotnômica em diversas alterações cardiovasculares.
Recentemente novos estudos sobre a variabilidade da freqüência cardíaca (VFC)
apresentaram técnicas não invasivas com as quais as atividades simpática e parassimpática
podem ser avaliadas (STEWART; ERB; SORBERA, 1996).
18
1.1 OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL:
Estudar o comportamento do sistema nervoso autônomo através da análise da
variabilidade da freqüência cardíaca em indivíduos normais com história de síncope
submetidos ao Tilt Teste.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Estudar o comportamento do sistema nervoso simpático através da análise da
variabilidade da freqüência cardíaca em indivíduos normais com história de síncope antes
do Tilt Teste;
Estudar o comportamento do sistema nervoso parassimpático através da análise da
variabilidade da freqüência cardíaca em indivíduos normais com história de síncope antes
do Tilt Teste;
Comparar os valores obtidos pela análise da variabilidade da freqüência cardíaca
referentes ao comportamento do sistema nervoso autônomo antes do Tilt Teste entre os
pacientes que positivaram e os que não positivaram durante o teste.
Verificar a possibilidade de utilização da análise da variabilidade da freqüência cardíaca
com o software Nerve-Express em indivíduos normais para avaliar a atividade do SNA.
19
2. O SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO
20
2 O SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO
O sistema nervoso autônomo é controlado por centros no sistema nervoso central,
particularmente no hipotálamo, agindo essencialmente como um sistema motor que
desempenha uma série de funções especializadas, tanto de estimulação quanto inibitórias, em
vários órgãos, tecidos, vasos sanguíneos, glândulas e mesmo a nível celular. Intimamente
associada aos nervos eferentes há uma complexa rede de fibras aferentes que conduzem sinais
sensoriais de quimiorreceptores, mecanorreceptores, termorreceptores, barorreceptores e
osmorreceptores de volta aos centros do SNC onde são regulados os reflexos do complexo
homeostático (SMITH et al., 1998).
O SNA pode ser dividido em três partes baseado em considerações anatômicas e
fisiológicas. A divisão simpática compõe a sua maior parte, inervando mais estruturas do que
o sistema parassimpático. Os corpos celulares pré-ganglionares com origem nas regiões
toráxica e lombar da espinha dorsal e sinapses com fibras pós-ganglionares são ligadas por
nervos periféricos aos seus órgãos alvo. A divisão parassimpática parte do tronco cerebral e
supre o sétimo, nono e décimo nervo craniano. O coração, pulmões e vísceras abdominais são
servidos por fibras pré-ganglionares distribuídas pelo nervo vago.
Os axônios pré-ganglionares parassimpáticos tendem a realizar sinapses com seus
correspondentes pós-ganglionares em seus tecidos alvos ou próximo deles, ou no caso de
fibras pélvicas, no plexo pélvico. Eles também possuem um grande número de fibras
parassimpáticas aferentes conectadas a fibras motoras que realizam o feedback de um grande
número de sinais sensoriais necessários a homeostase.
21
A divisão entérica é composta de nervos e plexos ganglionares que são encontrados na
parede do trato gastrointestinal e do pâncreas, formando uma complexa rede de componentes
sensoriais, motores e interneuronais que utilizam uma gama diversa de neurotransmissores.
Esta divisão é previamente programada para realizar os movimentos peristálticos clássicos
associados a cada sessão do trato gastrointestinal, entretanto, seus efeitos são modificados por
reflexos locais, pela demanda autonômica extrínseca, por hormônios e mediadores imunes
(SMITH et al., 1998).
Os principais neurotransmissores utilizados em cada sistema são diferentes. Tanto as
fibras pré ganglionares simpáticas e parassimpáticas utilizam a acetilcolina. Apesar dos
neurônios pós ganglionares parassimpáticos também utilizarem a acetilcolina, os neurônios
pós ganglionares simpáticos têm como principal neurotransmissor a noradrenalina, que deve
atuar em receptores alfa ou beta. As exceções são os nervos simpáticos que suprem as
glândulas sudoríparas, utilizando acetilcolina no lugar de noradrenalina.
Nos últimos anos, descobriu-se que uma grande quantidade de neurotransmissores está
envolvida com o SNA (substância P, peptídios vasoativos intestinais, aminas, óxido nitroso)
particularmente na divisão entérica. Enquanto suas funções permanecem obscuras, alguns
parecem desempenhar um papel modulatório suprimindo ou reforçando as ações dos
neurotransmissores clássicos em seus locais de ação. Para aumentar a complexidade,
recentemente foi reconhecido que existem numerosos subtipos de cada uma das diferentes
classes de receptores adrenérgicos e colinérgicos (SMITH et al., 1998).
22
O SNA dispõe de dois modos de controle do organismo: um modo reflexo e um modo
comando. O “modo reflexo” envolve o recebimento de informações provenientes de cada
órgão ou sistema orgânico e a programação e execução de uma resposta apropriada. Os
reflexos empregados neste tipo de controle podem ser locais, isto é, situados na própria
víscera, ou então centrais, ou seja, envolvendo neurônios e circuitos do SNC. O “modo de
comando” envolve a ativação do SNA por regiões corticais e subcorticais, muitas vezes
voluntariamente. Muitas vezes o SNA emprega simultaneamente o modo reflexo e o modo
comando (LENT, 2001).
Qualquer que seja o modo de controle, o SNA utiliza diferentes estratégias para
comandar os efetores – células ou órgãos que realizam uma certa “tarefa” em resposta a uma
mensagem química transmitida por via sináptica difusional ou através da circulação sanguínea
– que podem ser células secretoras (glandulares) ou células contráteis (musculares ou
mioepiteliais). A maioria dos órgãos e tecidos é inervada tanto pela divisão simpática como
pela divisão parassimpática, e a interação entre as duas divisões podem ser de dois tipos:
antagonista – a mais comum – ou sinergista. Na estratégia antagonista, a ativação
parassimpática provoca efeito contrário à ativação simpática, logo, quando a atividade de uma
aumenta, a outra diminui. Na estratégia sinergista, por outro lado, ambas as divisões
provocam o mesmo efeito.
Em alguns casos, entretanto, a estratégia de controle pode ser considerada exclusiva –
no caso de regiões de musculatura lisa que são inervadas exclusivamente pela divisão
simpática, que desempenham o controle através do aumento ou diminuição de sua freqüência
de disparo (LENT, 2001).
23
O coração está sob controle da estratégia antagonista. Este órgão é inervado por fibras
pós-ganglionares simpáticas dos gânglios cervicais inferiores e torácicos mais altos e também
por fibras pós-ganglionares parassimpáticas. A estimulação simpática cardíaca provoca
taquicardia e também aumento da força contrátil, enquanto a estimulação parassimpática tem
efeito contrário, ou seja, bradicardia. Esta estratégia é empregada na maioria dos órgãos e
tecidos, sendo capaz de executar uma regulação fina e precisa das funções orgânicas.
Todos os vasos, exceto os capilares, os esfíncteres pré-capilares e a maioria das meta-
arteríolas, são inervados pelos nervos simpáticos. A inervação das pequenas artérias e das
arteríolas permite que a estimulação simpática aumente a resistência e desta maneira diminua
a intensidade do fluxo sanguíneo pelos tecidos. A inervação dos grandes vasos,
particularmente das veias, torna possível à estimulação simpática diminuir o volume destes
vasos e, dessa maneira, alterar o volume do sistema circulatório periférico. Isto pode controlar
o deslocamento do sangue para o coração, assim, desempenhando um papel fundamental na
regulação da função cardiovascular (GUYTON; HALL, 1996).
Além das fibras nervosas simpáticas que suprem os vasos sanguíneos, fibras simpáticas
também vão para o coração, sendo que a estimulação simpática aumenta acentuadamente a
sua atividade, tanto em relação à freqüência cardíaca quanto à sua força de bombeamento.
Apesar do sistema nervoso parassimpático ser extraordinariamente importante para muitas
outras funções do corpo, ele desempenha um papel menor na regulação da circulação. Seu
único efeito circulatório realmente importante é o controle da freqüência cardíaca por meio
das fibras parassimpáticas levadas para o coração pelos nervos vagos. Os efeitos da
estimulação parassimpática sobre a função do coração incluem uma acentuada diminuição da
freqüência cardíaca e um pequeno decréscimo da contratilidade muscular cardíaca
(GUYTON; HALL, 1996).
24
Uma das funções importantes do controle nervoso da circulação é sua capacidade de
causar aumentos rápidos da pressão arterial. Para este objetivo, todas as funções
vasoconstritoras e cardio-aceleradoras do sistema nervoso simpático são estimuladas como
uma unidade. Ao mesmo tempo, há inibição recíproca dos sinais inibitórios vagais
parassimpáticos para o coração.
O mais bem conhecido dos mecanismos nervosos para o controle da pressão arterial é
o reflexo baroceptor, que é iniciado por receptores de estiramento, chamado de baroceptores
ou pressoceptores, que são terminações nervosas ramificadas localizadas nas paredes das
grandes artérias sistêmicas. A excitação dos baroceptores pela pressão aumentada nas artérias
faz a PA diminuir por causa da baixa resistência periférica e do menor débito cardíaco.
Inversamente, a pressão baixa tem efeitos opostos, fazendo com que a pressão suba de modo
reflexo de volta ao nível normal (AIDLEY, 1998).
Segundo o autor, intimamente associado ao sistema de controle da pressão pelos
baroceptores há um reflexo quimioceptor que opera de modo semelhante ao reflexo
baroceptor, exceto pelo fato de que são quimioceptores, em vez dos receptores de estiramento,
que iniciam a resposta. Os quimioceptores são células quimio sensíveis que respondem à falta
de oxigênio, ao excesso de dióxido de carbono ou ao excesso de íons hidrogênio, que estão
localizados em dois corpos carotídeos, um em cada bifurcação da artéria carótida e em vários
corpos aórticos adjacentes à aorta. Os quimioceptores excitam as fibras nervosas que,
juntamente com as fibras baroceptoras, seguem pelos nervos de Hering e nervos vagos para o
centro vasomotor. Sempre que a PA cai abaixo de um nível crítico, os quimioceptores são
estimulados por causa do fluxo diminuído dos corpos e seus sinais são transmitidos para o
centro vasomotor, que ajuda a elevar a PA.
25
Apesar de que certos fatores locais, como mudanças de temperatura e elasticidade
tecidual, possam afetar a freqüência cardíaca, o sistema nervoso autônomo é o principal meio
pelo qual a freqüência cardíaca é controlada (BERNE; LEVY, 1998).
26
3. SÍNCOPE
27
3 SÍNCOPE
Segundo Day (1982) e Gendelman (1983) síncope é um quadro clínico comum que
afeta homens e mulheres, com incidência de 3% e 3,5%, respectivamente. Os dados do estudo
de Framingham (SOTERIADESM, 2002) mostraram que a síncope neurocardiogênica (SNC),
também conhecida como síncope vasovagal (SVV) e síncope neuromediada (SNM)
representam 21,2% de todos os casos e que não estão relacionadas com o aumento de risco
cardiovascular, o que confirma o seu caráter benigno.
A síncope neurocardiogênica caracteriza-se pelo desenvolvimento súbito de hipotensão
e bradicardia devido a uma falha profunda dos mecanismos cardiocirculatórios que mantêm a
pressão arterial e a perfusão cerebral (KENNY, 1986; LINZER, 1991). O Tilt teste é um bom
instrumento para identificar os pacientes suscetíveis à síncope neurocardiogênica (HACHUL,
1994; KAPOOR, 1994). A maior parte das síncopes neurocardiogênicas é esporádica e
facilmente reconhecida por seus sintomas e sinais premonitórios (RUIZ, 1999). Entretanto,
alguns pacientes não apresentam sintomas típicos, o que aumenta o risco de lesões físicas
(LINZER 1994).
O tratamento farmacológico da síncope neurocardiogênica deve ser levado em
consideração caso as mudanças nos hábitos alimentares e comportamentais não evitem a
recidiva e também para melhorar a qualidade de vida do paciente (GUIDELINES ON
MANAGEMENT, 2004; ROSE, 1996). O emprego do teste de inclinação ortostática durante
o acompanhamento terapêutico da síncope é controverso, mas alguns dados corroboram a
obtenção de um melhor desfecho clínico quando o resultado do TI após o tratamento é
negativo (BENDITT, 1991; NATALE, 1996).
28
A supressão do tratamento é realizada de forma empírica, uma vez que não existem
critérios estabelecidos para avaliar quando ela deve ser feita nem para avaliar os pacientes
após a suspensão dos medicamentos (BENDITT, 1996; GUIDELINES ON MANAGEMENT,
2004; KAPOOR, 1998).
3.1 Epidemiologia da Síncope
Um estudo de Framingham (SOTERIADESM, 2002) avaliando uma população durante
26 anos de seguimento, revelou a incidência de pelo menos uma síncope em 3% dos homens e
3,5% das mulheres, sendo que sua prevalência aumentava progressivamente com a idade. A
síncope pode ser responsável por 3% a 5% das consultas em pronto socorro e 1% a 3% das
admissões hospitalares.
Os mecanismos desencadeantes da síncope são múltiplos, podendo variar desde os mais
benignos, como os neuromediados, até aqueles associados ao maior risco de morte (18% a 33
%) como os causados por cardiopatias estruturais ou arritmias cardíacas. Por essa razão, o
diagnóstico diferencial se faz importante, para aliviar a ansiedade dos pacientes e familiares,
definir a estratégia terapêutica correta, para melhorar a qualidade de vida, e conforme a causa,
diminuir a mortalidade.
29
3.2 Síncope Vasovagal
É o tipo mais comum de síncope neuralmente mediada (LAMB et al., 1960; LINZER;
YANG, 1997; ROGELIO et al., 2000). Sua ocorrência está relacionada a um reflexo
exacerbado (SCOTT; MADER, 1989), (reflexo de Besold-Jarisch) que provoca queda da
pressão arterial devido à vasodilatação, com ou sem bradicardia importante. Este reflexo é
desencadeado por estresse ortostático ou emocional. Em situações de ortostatismo, devido ao
acúmulo de sangue em membros inferiores, ocorre a queda do retorno venoso e da pressão
arterial; esta é detectada pelos barorreceptores carotídeos e pulmonares, que de maneira
compensatória, promovem o aumento da freqüência cardíaca e da força de contração da
musculatura ventricular.
Esta contração vigorosa com retorno venoso diminuído em pacientes susceptíveis,
estimula os mecanorreceptores contidos no músculo ventricular gerando um reflexo aferente
para o centro vasomotor, que responde com um bloqueio simpático e conseqüente
vasodilatação e/ou estímulo vagal que leva a bradicardia. Geralmente, este tipo de síncope é
precedido de pródromos como: náuseas, palidez cutânea e sudorese. Os indivíduos com
síncope vaso-vagal tendem a ter história clínica mais prolongada, e o quadro não está,
geralmente, associado à cardiopatia.
3.3 Sistema nervoso autônomo e síncope
A síncope vaso-vagal é o tipo mais comum de síncope neuralmente mediada, ou seja,
tem sua origem desencadeada por alterações do SNA. Sua ocorrência está relacionada a um
reflexo exacerbado, também conhecido por reflexo de Besold-Jarisch, que provoca queda da
pressão arterial devido à vasodilatação, com ou sem bradicardia importante.
30
Este reflexo é desencadeado por estresse ortostático ou emocional. Em situações de
ortostatismo, devido ao acúmulo de sangue em membros inferiores, ocorre a queda do retorno
venoso e da pressão arterial; esta é detectada pelos barorreceptores carotídeos e pulmonares
que, de maneira reflexa promovem, via estimulação do centro vasomotor e do sistema
simpático, o aumento da freqüência cardíaca e da força de contração da musculatura
ventricular.
Esta contração vigorosa concomitante ao retorno venoso diminuído em pacientes
susceptíveis, estimula os mecanorreceptores localizados na região ínfero-septal do ventrículo
esquerdo, gerando um reflexo aferente que deprime a função do centro vasomotor, que
culmina com um bloqueio simpático e conseqüente vasodilatação e/ou estímulo vagal
associado, que causa bradicardia. Ambas as condições associam-se a queda da pressão arterial
seguida de redução da perfusão sangüínea cerebral. Geralmente, este tipo de síncope vem
acompanhado de pródromos como náuseas, palidez cutânea e sudorese. (LAMB et al., 1960;
CRISTOPHER et al., 2001; LINZER et al., 1997)
31
4. ANÁLISE DA VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA
COMO FERRAMENTA PARA A MENSURAÇÃO DA ATIVIDADE
DO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO
32
4 ANÁLISE DA VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA
COMO FERRAMENTA PARA A MENSURAÇÃO DA ATIVIDADE DO
SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO
As variações dos intervalos RR presentes durante condições de repouso representam
uma boa modulação dos mecanismos de controle dos batimentos cardíacos. A atividade vagal
eferente parece estar sob restrição “tônica” pela atividade simpática aferente cardíaca. As
atividades vagal e eferente simpática quando direcionadas ao nódulo sinusal estão
caracterizadas por desencadearem grandes sincronismos com cada ciclo cardíaco que podem
ser modulados pelos osciladores centrais (centros respiratórios e vasomotores) e periféricos
(oscilações na PA e na freqüência e profundidade respiratória). (MORTARA et al., 1996).
Estes osciladores geram flutuações rítmicas na descarga eferente neural que se
manifestam como oscilações de curta ou longa duração na atividade cardíaca. A análise destes
ritmos permite inferências a respeito do estado e função dos osciladores centrais, da atividade
simpática e vagal, dos fatores hormonais e do nódulo sinusal (MORTARA et al., 1996).
A FC humana no repouso apresenta flutuações espontâneas que refletem a influência
contínua do SNA no nódulo sino-atrial. As oscilações devem ser corretamente quantificadas
provendo assim um poderoso método de investigação do equilíbrio simpato-vagal no coração.
O sinal é obtido da superfície do eletrocardiograma e convertido em séries de pulsos via
detecção precisa das ondas QRS sendo processado para o cálculo dos índices de VFC
(MORTARA et al.,1996).
33
Este tipo de análise, definida como análise espectral de VFC, leva à detecção de três
tipos principais de oscilações dos intervalos R-R: (i) na banda de freqüência muito baixa do
espectro (0.001 – 0.03 Hz, very low frequency VLF), cujo significado ainda está sendo
debatido e parece estar relacionado à atividade de quimioceptores, termorregulação e fatores
hormonais; (ii) na banda de baixa freqüência (0.03 – 0.015 Hz, low frequency LF) que reflete
a modulação da atividade simpática aferente e função de barorreflexo; (iii) na banda de alta
freqüência (0.15 – 0.45 Hz, high frequency HF) que reflete a modulação da atividade
parassimpática sincronizada com a respiração. (MORTARA et al.,1996).
Entretanto, segundo os autores, é essencial enfatizar que a detecção de uma quantidade
de força numa banda específica do espectro não significa uma mensuração direta do tônus
simpático ou parassimpático desde que, por definição, ele mensura apenas a variabilidade e
não o valor absoluto do sinal.
Os valores das bandas de LF e HF podem aumentar sob diferentes condições. Uma LF
aumentada (expressa em unidades normalizadas) é observada durante inclinação de 90º,
posição ereta, estresse mental, exercícios moderados em condições saudáveis, hipotensão
moderada, atividade física e oclusão de artéria coronária ou artéria carótida. Inversamente, um
aumento da HF pode ser induzido por respiração controlada, estimulação fria da face e
estímulo rotativo. Existem evidências consideráveis de que a VFC apresenta-se
particularmente reduzida na ICC nos domínios de tempo e freqüência, com uma atenuação
pronunciada dos ritmos circadianos (MORTARA et al., 1996).
34
As variações de FC provêm um padrão favorável de resposta do SNA. A sua ausência
prediz problemas. Em particular a ausência de uma força de alta freqüência, ou seja, atividade
vagal para o coração, revela um risco iminente de morte súbita. A literatura científica afirma
que a banda de baixa freqüência representa a atividade do SNS, ao contrário da banda de alta
freqüência que representa exclusivamente a atividade vagal para o coração no ritmo
respiratório (KAREMAKER; LIE, 2000).
De acordo com os autores acima, normalmente, o retraimento simpático relacionado à
regulação da PA é revelado em manifestações repentinas dos batimentos cardíacos. Devido ao
controle por barorreflexos da circulação, um maior número de manifestações ocorre se a PA
estiver abaixo de um ponto predeterminado, até que a PA seja elevada suficientemente acima
deste ponto novamente e as manifestações simpáticas cessem. Isto vai induzir uma oscilação
em toda atividade simpática e na PA na banda de baixa freqüência. Entretanto, se a função
cardíaca estiver muito prejudicada devido à grande quantidade de estímulos aferentes de
alarme, a atividade simpática será ativada quase continuamente. (KAREMAKER; LIE, 2000).
35
5. TESTE DA MESA INCLINADA (TILT – TABLE -TEST)
36
5 TESTE DA MESA INCLINADA (TILT - TABLE-TEST)
O objetivo do teste da mesa inclinada é provocar, em pacientes com suspeita de
síncope neuralmente mediada ou hipotensão postural, um estresse ortostático, deixando-os em
uma inclinação de 70 graus por um determinado tempo, geralmente variando de 20 a 45
minutos, de modo a avaliar a resposta do sistema nervoso autônomo em relação ao controle da
pressão arterial.
O estresse é estático, visando a tirar o efeito da bomba muscular sobre o retorno
venoso. Não há na atualidade um único protocolo universalmente aceito para a realização do
teste de inclinação. As principais controvérsias estão relacionadas à duração da inclinação, ao
ângulo de inclinação da mesa e ao uso de drogas para aumentar a sensibilidade do exame. Os
protocolos classicamente descritos referem-se ao teste sem intervenção farmacológica ou
protocolo de Westminster (KENNY, 1986) e aos testes com emprego de isoproterenol8
(protocolo de Minneapolis) e com nitroglicerina oral (protocolo Italiano) (BARTOLETTI,
2000).
A descrição detalhada de cada um destes métodos encontra-se publicada (vide
referências acima) e não será reproduzida nesta revisão. A duração da fase de inclinação
parece ser um determinante crítico do desempenho diagnóstico do teste. A maioria dos
laboratórios emprega uma duração entre 30 e 45 minutos (RAVIELE 1995), em exames sem
provocação farmacológica. O tempo de 45 minutos foi proposto com base no estudo clássico
de Fitzpatrick et al. (1991) onde o tempo médio de positivação do exame foi 24 min e o tempo
sugerido foi calculado com base nesta média acrescida de dois desvios-padrão, para uma
distribuição assumida normal.
37
Outra questão que tem sido alvo de estudo é o ângulo de inclinação da mesa de exame.
Em geral, ângulos pouco acentuados, como 30o a 45o, não causam estresse postural suficiente
e resultam em testes de baixa sensibilidade (FITZPATRICK, 1991). Há evidências de que
ângulos mais acentuados aumentam a sensibilidade do teste. Por outro lado, angulações
extremas são desconfortáveis, porquanto tornam difícil prender o paciente seguramente à
mesa de inclinação.
Um estudo desenhado para avaliar os efeitos hemodinâmicos de aumentos
progressivos do ângulo de inclinação não demonstrou aumento do estresse além de 600
(ZAIDI, 2000). Este parece ser, portanto, o ângulo ótimo de inclinação. Possivelmente, a
maior controvérsia é a que diz respeito ao emprego de agentes farmacológicos para aumentar
a sensibilidade do teste. O isoproterenol foi a primeira droga empregada com este objetivo,
com base na premissa de que a síncope vasovagal pode ser deflagrada por uma estimulação
excessiva dos mecanorreceptores cardíacos em situações de estresse ortostático intenso
(WALLIN, 1982).
Entretanto, altas taxas de testes falso-positivos têm sido relatadas em controles
normais (KAPOOR, 1992). A dose empregada parece ser um fator determinante: um estudo
empregando isoproterenol em baixa dose resultou em testes mais curtos e com boa
especificidade (MORILLO, 1999). Os nitratos constituem outro grupo de agentes
farmacológicos empregados no teste de inclinação, havendo a mesma preocupação em relação
à possibilidade de indução de resultado falso-positivo. Também, como no caso do
isoproterenol, os estudos iniciais com nitroglicerina apresentavam a desvantagem de requerer
canulação venosa, entretanto, protocolos empregando doses por via sublingual têm se
mostrado eficazes (RAVIELE, 1995; NATALE, 1998).
38
De fato, evidências recentes sugerem que o emprego de nitroglicerina sublingual
aumenta a sensibilidade do teste de inclinação com taxas falso-positivas semelhantes aos
testes induzidos por períodos prolongados de inclinação (BARTOLETTI, 2000). Neste
contexto, o protocolo empregado parece ser de importância crítica, uma vez que testes
realizados em uma fase inicial sem drogas e acrescidos de um período de potencialização com
nitratos podem determinar um aumento da taxa de positividade pelo efeito da droga ou
simplesmente pela duração maior do teste.
Na Seção Médica de Eletrofisiologia do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia
(IDPC), o teste de inclinação ortostática (TI) utilizado para adultos, segue um protocolo curto
com sensibilização. Inicia-se com 10 minutos em decúbito horizontal, para obtenção de
pressão arterial e freqüência cardíaca basais, com posterior inclinação em 70 graus por 45
minutos. A sensibilização é feita com mononitrato de isossorbida 1,25 mg sublingual no
trigésimo minuto de inclinação, caso não haja positivação da prova até este momento. O
exame é considerado positivo, mediante a provocação de síncope. Em geral, ocorre queda
significativa e súbita da pressão arterial nas respostas do tipo vasovagal que podem ser de três
tipos: a) mista, b) cardioinibitória; c) vasodepressora; a queda lenta e gradual da pressão
arterial caracteriza a hipotensão postural. A queda da freqüência cardíaca ocorre de maneira
diferente para cada tipo de resposta. Se o exame for positivo, o paciente deve ser retornado
imediatamente à posição de supino ou de Trendelemburg (FABRIZIO et al.,1998).
A sensibilidade e especificidade do teste de inclinação na população geral varia de
acordo com o protocolo aplicado. Quanto ao protocolo utilizado no IDPC atualmente, em 299
pacientes encaminhados para avaliação de síncope, obteve-se uma positividade de 43,5%. Em
um estudo prévio com protocolo similar, utilizando-se uma inclinação de 60 graus, a
sensibilidade foi de 57,5% e especificidade de 100% (FABRIZIO et al., 1998).
39
Morillo et al. (1999) utilizando um protocolo sensibilizado com isoprenalina
endovenosa, obtiveram uma sensibilidade de 61% e especificidade de 92-93%. Protocolos
com fase não sensibilizada de 20 minutos, seguidos por uma fase sensibilizada com
nitroglicerina spray 400µ SL, obtiveram sensibilidade de 69% e especificidade em torno de
94% (DEL ROSSO et al., 1998).
40
6. MATERIAIS E MÉTODOS
41
6 MATERIAIS E MÉTODOS
6.1 Caracterização do estudo
A presente pesquisa trata de um estudo clínico, prospectivo, consecutivo, em base
individual do tipo descritivo, caracterizado como série de casos. É uma investigação onde
somente foram incluídos os casos (PEREIRA, 1995).
Trata-se de uma investigação de indivíduos sadios no seu desenvolvimento. Este
estudo foi realizado junto ao Laboratório de Distúrbios do Sono do Instituto de Pesquisa e
Desenvolvimento – IP&D da Universidade do Vale do Paraíba – UNIVAP.
6.2 Caracterização dos sujeitos
Como sujeitos da pesquisa, foram triados 30 indivíduos sadios de ambos os sexos,
adultos na seção de eletrofisiologia cardíaca do Instituto Dante Pazanesse de Cardiologia de
São Paulo - SP
Os critérios de inclusão do estudo foram: indivíduos, voluntários, sadios e que
concordaram em participar do estudo assinando o termo de consentimento livre e esclarecido
(Anexo B).
Foram adotados como critérios de exclusão, pacientes com doença cardíaca valvular
primária, procedimentos cirúrgicos recentes na região da caixa torácica, história de acidente
vascular encefálico, que estivessem em uso de medicamentos, uso abusivo de álcool, usuário
de drogas e, o não consentimento na participação do estudo.
42
6.3 Princípios éticos e legais
O presente protocolo de pesquisa foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa - CEP da UNIVAP sob o número H031/2006/CEP.
Para a realização de todos os procedimentos foi solicitada a assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido de todos os sujeitos participantes do protocolo de
investigação, sendo permitido o afastamento a qualquer tempo sem qualquer prejuízo.
6.4 Nerve-Express
Nerve –Express (NE) é um sistema automático computadorizado que provê um acesso
quantitativo do estado do SNA. Antes do desenvolvimento do NE, o tônus autonômico (o
global e qualitativo estado do sistema nervoso autônomo) podia ser acessado somente por
aproximação e formulado por três gradientes qualitativos:
Balanço Autonômico (Homeostase Vegetativa)
Prevalência do Simpático
Prevalência do Parassimpático
Tradicionalmente, os critérios usados para avaliar esses três gradientes eram clínicos e
achados laboratoriais, o que torna trabalhoso o acesso ao sistema nervoso autônomo e nem
sempre possível.
43
O NE resolve esse problema através de uma nova perspectiva de reconhecimento e
classificação dos estados do sistema nervoso e pela análise da VFC. Além disso, a capacidade
reprodutiva e estendida da análise da VFC permite um reconhecimento e uma classificação
precisa de 74 estados do sistema nervoso autônomo com uma descrição qualitativa que
corresponde a cada um desses estados.
O NE usa uma tecnologia que tem sido extensivamente pesquisada por mais de vinte
anos. No entanto, até o desenvolvimento do Nerve Express System, não havia nenhum meio
prático para usar essa tecnologia fora dos laboratórios de pesquisa, devido ao fato de que a
reprodutibilidade automática se provou impossível usando qualquer outro tipo de análise da
VFC nos dias de hoje. O NE não só provê uma interpretação matemática da análise espectral
da HRV, mas também executa uma análise qualitativa dos parâmetros resultantes baseados
nos princípios da inteligência artificial.
O algoritmo usado no NE foi desenvolvido em 1977 e foi pesquisado e testado em
mais de 20.000 pacientes. O teste Nerve Express com acesso em tempo real usa um meio
muito fácil, aceitável e previsível da atividade do sistema nervoso autônomo.
6.4.1 Vantagem fundamental
A vantagem fundamental deste método é a habilidade de detectar precocemente os
sinais de desenvolvimento de processos patológicos ou a presença de desordens funcionais,
que podem não ser reveladas pelos procedimentos de um exame físico clássico. Desta forma,
o NE torna-se uma ferramenta objetiva para uma intervenção médica precoce, independente
do que o paciente diz a respeito de sua própria condição.
44
6.4.2 Análise da variabilidade do ritmo cardíaco
Na análise da VFC, o NE usa uma efetiva representação visual do ritmo cardíaco, fácil
de interpretar, chamado de método ritmográfico (desenvolvido em 1967 pelo Dr. Zhemaitite).
A VFC tem sido utilizada há muitos anos como ferramenta para avaliação do sistema
nervoso autônomo, que produz uma variação batimento a batimento no ritmo cardíaco. O
coração não tem os seus batimentos regulares com intervalos fixos. Para Floras (2003), a VFC
é definida como a variação que ocorre entre batimentos cardíacos sucessivos em ritmo
sinusal. O ritmo sinusal apresenta certo grau de variação que é esperado e comum em
indivíduos sadios. As alterações da freqüência cardíaca ocorrem com exercício físico, mental,
respiração, alterações metabólicas, mudanças posturais e outras influências. Essa variação é
provocada por modificações no tônus autonômico e, nesse sentido, uma das principais
características consiste na modificação da freqüência de seus batimentos.
Atualmente com auxilio de computadores tornou-se viável o estudo da variabilidade
da freqüência cardíaca com medidas obtidas batimento a batimento, ou seja, a partir dos
intervalos R-R adquiridos dos registros do eletrocardiograma. Portanto a análise espectral da
freqüência cardíaca avalia e quantifica periodicidades que podem ser encontrados na
seqüência dos intervalos R-R.
O ritmograma coloca o intervalo de tempo entre cada batida cardíaca consecutiva,
como uma linha reta vertical. Quanto mais longo o intervalo entre cada batida cardíaca (R-R),
mais longa as linhas verticais, veja na figura 1.
45
Figura 1: Distância dos intervalos RR
Quando estas linhas são desenhadas seqüencialmente, elas apresentam uma curva
específica, um retrato das ondas do ritmo cardíaco.
A representação ritmográfica permite comprimir muita informação num gráfico
simples. O retrato das ondas (figura 2) é composto por 448 intervalos RR do
eletrocardiograma (ECG). A análise espectral dessa curva permite ao NE identificar dois
principais componentes espectrais, veja na figura 3.
Figura 2 - Retrato das ondas da variabilidade do ritmo cardíaco
Figura 3 - Função espectral da variabilidade do ritmo cardíaco
46
Existe uma alta correlação entre a força da faixa de alta freqüência da função espectral
e o tônus do sistema nervoso parassimpático (SNPS), e também entre a força da faixa de baixa
freqüência e o tônus do sistema nervoso simpático (SNS). Esses achados têm sido muito bem
documentados em um número muito grande de publicações médicas científicas e em
conferências do colégio americano de cardiologia, da associação médica Americana, e outros.
O NE usa um algoritmo único, que ajuda a analisar as amplitudes de pico em ambas,
alta e baixa freqüências espectrais, e desenhar uma relação quantitativa entre as atividades no
tônus simpático e parassimpático.
O NE é um sistema computadorizado totalmente automático e não-invasivo, destinado à
análise quantitativa da atividade do sistema nervoso autônomo simpático e parassimpático
baseado na análise da variabilidade da freqüência cardíaca. Este equipamento utiliza os
métodos de avaliação das funções vitais fisiológicas, baseado em diferentes tipos de análise
da VFC: o Nerve-Express.
O NE utiliza 3 modalidades de testes para a avaliação da VFC:
Teste Ortostático: o paciente altera a sua posição de supino para ereto.
Manobra de Valsalva combinada com respiração profunda
Monitoração contínua de longa duração do paciente.
O NE possibilita a identificação de três tipos de padrão como resposta: a) equilíbrio
autonômico (homeostase vegetativa); b) prevalência simpática; c) prevalência parassimpática.
O sistema reconhece automaticamente 74 estados do SNA que representam diferentes
relações entre as atividades do SNS e SNPS e as variações em seu equilíbrio.
47
No sistema cartesiano de eixos do sistema nervoso simpático/sistema nervoso
parassimpático, o princípio básico é que os parâmetros exibidos no ponto de equilíbrio
autônomo (SNPS > ou = 0) ou à sua direita representam basicamente pessoas saudáveis,
enquanto aqueles que se colocam à esquerda (SNPS < 0) em sua maioria representam
disfunções temporárias ou pessoas cronicamente doentes. O princípio básico na leitura dos
ritmogramas é que quanto mais extremo e mais regular o padrão de flutuação, mais saudável é
a pessoa a que ele pertence.
O equipamento registra a atividade parassimpática no eixo X ou horizontal e a
atividade simpática no eixo Y ou vertical. O ponto de intersecção dos eixos simpático e
parassimpático é o ponto de equilíbrio autonômico. Para a direita e acima deste ponto de
equilíbrio, o NE mostra uma área de atividade simpática e parassimpática aumentada em 4
graduações. As diminuições nas atividades do SNS e SNPS são mostradas à esquerda e abaixo
do ponto de equilíbrio.
Figura 4– As nove categorias de condições do Sistema Nervoso Autônomo.
48
Os 74 estados do SNA categorizados pelo NE são subdivididos em 9 categorias:
Categoria 1 – Prevalência do SNPS com nível médio de atividade do SNS.
Esta categoria representa dominância do SNPS. É normalmente observada em
pacientes em repouso ou durante a primeira fase do sono (N-REM). Na segunda fase do sono
(REM), a atividade do SNS geralmente aumenta. Assim, esta categoria é subdividida em 4
subcategorias, dependendo do nível de dominância do SNPS (leve, moderada, significante ou
aguda). Esta categoria é de certo modo limitada, já que só pode ser observada em pacientes
com valores estritamente médios de atividade do SNS.
Categoria 2 – Aumento nas atividades do SNS e SNPS.
Esta categoria é subdividida em 16 combinações diferentes de atividade do SNS e
SNPS. É caracteristicamente uma das mais ricas divisões. Uma área distintiva nesta categoria
representa o que pode ser chamado de estado “simpato-adrenérgico alto”, correspondente a
um aumento significante do SNS (pontos [3.1], [3.2], [3.3], [3.4], [4.1], [4.2], [4.3] e [4.4],
mostrados na área azul da figura 4. Uma pessoa alcança este estado quando experimenta uma
maior amplificação de energia (um aumento agudo do SNS). O estado “simpato-adrenérgico
alto” é caracterizado por um repentino surto de adrenalina similar ao qual um atleta
experimenta antes da competição.
As categorias de 1 a 3 representam basicamente pessoas saudáveis, entretanto, temos
que ter em mente que pessoas saudáveis podem apresentar dois estados fisiológicos
diferentes. Um estado possui nível baixo de atividade simpática e o outro tem um aumento
significante da atividade simpática, sendo que ambos os estados são distinguidos por um
aumento da atividade parassimpática.
49
Um aumento no SNPS associado a um aumento significante no SNS reflete o “estresse
positivo”, enquanto que uma diminuição no SNPS associada a um aumento significante no
SNS reflete “distress ou estresse negativo”. A condição de uma pessoa saudável com um
aumento significante no SNS e aumento do SNPS (estado simpato-adrenérgico alto)
corresponde à idéia de um “estresse positivo”.
Categoria 3 – Prevalência do SNS.
Esta categoria representa um aumento do SNS associado a um valor médio de
atividade do SNPS. Do ponto de vista fisiológico, esta categoria representa um estado
transicional entre as categorias 2 e 4.
Categoria 4 – Diminuição do SNPS com aumento de SNS.
Esta categoria pode aplicar-se tanto para indivíduos clinicamente saudáveis como para
indivíduos clinicamente doentes. Entretanto, o uso do termo “saudável” não é sempre
apropriado já que o desequilíbrio funcional do estresse, exaustão física, tensão nervosa,
infecção, intoxicação (incluindo drogas e álcool), exacerbação de condições crônicas e muitas
outras causas ainda podem estar presentes.
Nestes casos, uma diminuição no SNPS devido à depressão dos seus centros nervosos
pode ser observada, com uma ativação simpática simultânea disparada pela luta do sistema
nervoso para equilibrar-se. Quando a ativação simpática é elevada (pontos [-2.3], [-2.4], [-
3.3], [-3.4], [-4.3] e [-4.4], mostrados na área verde da figura 4, o indivíduo alcança um estado
“agudo” característico de uma doença grave ou extremo estresse ou disfunção. Esta seção
“aguda” da categoria 4 corresponde claramente à idéia de “distress” ou “estresse negativo”.
50
Categoria 5 – Diminuição do SNPS com nível médio de atividade do SNS.
Esta categoria, como a terceira, é transicional. Tudo o que pertence à quarta categoria
pode ser relacionado a ela, mas aqui a atividade do SNS aparece com valores médios. Isto
significa que o estresse ou sobrecarga nervosa é irrelevante. Esta categoria pode
freqüentemente refletir uma depressão do sistema receptor do SNPS, indicando a
possibilidade de uma patologia crônica.
Categoria 6 – Diminuição das atividades do SNS e SNPS.
A sexta categoria, especialmente em torno do ponto – 3 dos dois eixos, reflete uma
degeneração involuntária geral dos centros nervosos do SNS e do SNPS (área de
“degeneração do SNA”, mostrada na área cinza-escura da figura 4. A maioria dos casos
encontrados nesta categoria são pacientes muito idosos ou aqueles cujas patologias causam
uma diminuição significante na sensibilidade de todo o sistema receptor aliada à degeneração
parcial dos centros nervosos. Os exemplos são pacientes que sofrem de câncer ou outras
doenças que causem uma depressão similar dos centros do SNA.
Os pontos [-1.-2], [-1.-3] e [-1.-4] são usualmente, mas não exclusivamente,
encontrados em pacientes com níveis excessivos de íons potássio, o que altera o estado
polarizado usual das fibras do músculo cardíaco levando a uma diminuição da freqüência e da
força de suas contrações. Se a concentração de íons potássio for muito elevada, a transmissão
dos impulsos cardíacos pode ser bloqueada e a atividade cardíaca pode cessar repentinamente
(parada cardíaca). Esta seção da sexta categoria é mostrada na área amarela da figura 1.
51
Categoria 7 – Equilíbrio autonômico.
Esta é uma categoria, apesar de formalmente ser apenas um ponto. Todos os outros
pontos em torno dela pertencem às outras oito categorias devendo ser interpretados como
valores de borda do equilíbrio autonômico. O ponto central é o valor 0, e a área de equilíbrio
autonômico está circulada por uma linha vermelha na figura 4.
Categoria 8 – Diminuição do SNS com nível médio de atividade do SNPS.
Esta categoria, como a terceira e a quinta, é transicional. Tudo o que pertence as
categorias 6 e 9 pode ser relacionado a ela, mas aqui a atividade do SNPS adquire valores
médios.
Categoria 9 – Aumento do SNPS com diminuição do SNS.
A ocorrência da nona categoria não é comum, pois normalmente um aumento do
SNPS é acompanhado de um aumento do SNS. Esta condição rara é encontrada em atletas de
pólo aquático, corredores de longa distância, marinheiros e pessoas com treinamento cardíaco
especial para mergulho profundo no mar.
Quando se utiliza o NE é necessário atentar para o fato de que qualquer reação
esperada do SNA não depende somente do tipo e intensidade do fator impactante, mas
também, é determinada pelo estado funcional do próprio SNA e de sua habilidade de reagir.
6.5 Tratamento Estatístico
Por meio da análise descritiva observaram-se os fenômenos de mesma natureza após a
coleta, organização e classificação de valores numéricos referentes aos fenômenos e a sua
apresentação em forma de gráficos e tabelas.
52
Na análise descritiva e de correlação dos dados foi utilizado o programa Microcal
(TM) Origin versão 6.0 para o cálculo das médias e desvios padrão de todas as variáveis
analisadas.
Para comparar as médias das variáveis e identificar se existiam diferenças
estatisticamente significativas entre os grupos, o teste t-student independente pareado foi
aplicado utilizando o programa Microcal (TM)Origin versão 6.0 (VIEIRA, 1980).
53
7. RESULTADOS
54
7 RESULTADOS
A seguir os nossos resultados serão apresentados em forma de gráficos e tabelas.
Dentre os 30 indivíduos envolvidos em nosso estudo, todos preenchiam os requisitos para a
inclusão.
7.1 Dados Antropométricos
Tabela 1 – Dados Antropométricos
Grupos Idade (anos) Massa
Corporal (kg)
Altura (cm) IMC (Kg/m²)
Tilt Positivo
(n= 15)
51±19,98 67±11,7 165±8,12 24±3,89
Tilt Negativo
(n=15)
50±23,35 69±13,25 165±6,99 25±4,05
Média Geral
50,5 68 165 24,5
Nota: Valores expressos em média ± desvio padrão
7.2 Nerve-Express
7.2.1- Nerve-Express
Através do software Nerve-Express foram realizadas análises do comportamento do
sistema nervoso autônomo para verificação dos níveis de atividade do sistema nervoso
simpático e parassimpático através do programa Nerve-Express
Para efetuar a análise da VFC, o Nerve-Express utiliza uma representação visual
efetiva e transparente, conhecida como “Método de Ritmografia”, que reflete a estrutura de
onda da VFC e atua como uma “impressão digital” dos mecanismos regulatórios
autonômicos. Os intervalos de onda RR são registrados sequencialmente, formando um
ritmograma, ou seja, um retrato de onda curvo-específica da variabilidade dos intervalos RR.
55
A figura 3 ilustra o ritmograma obtido no teste realizado com um dos indivíduos
envolvidos neste estudo.
Figura 5 - Exemplo de um ritmograma gerado no Software Nerve-Express.
A representação em forma de ritmograma permite que uma quantidade de informação
seja comprimida em uma simples figura. A representação em onda mostrada na figura 3 é
composta de 448 intervalos RR da frequência cardíaca. A análise espectral desta amostragem
em onda possibilita a identificação de dois componentes espectrais: a banda de baixa
freqüência (LF) que compreende o intervalo de 0.04 a 0.15Hz e a banda de alta freqüência
(HF) no intervalo de 0.15 a 0.4Hz.
A figura 6 demonstra a análise espectral do ritmograma mostrado na figura 5, bem
como os valores de banda correspondentes, com o sujeito nas posições supina e ereta.
Figura 6 - Espectros obtidos no teste realizado com um sujeito envolvido neste estudo, na posição ereta
e supino.
56
Um alto grau de correlação tem sido estabelecido entre a força da banda HF da função
espectral e a atividade do SNPS. Uma correlação similar tem sido demonstrada entre a banda
de LF e a atividade do SNS. Estas descobertas têm sido bem documentadas em publicações
científicas do American College of Cardiology e The American Heart Association.
Os resultados relativos ao teste realizado com o Nerve-Express para verificação dos
valores de freqüência cardíaca e dos componentes de bandas de alta e baixa freqüência
apresentados em forma de espectros, com o sujeito nas posições supino (s) e ereta (e), são
mostrados na Tabela 2.
Tabela 2 – Valores das bandas de alta e baixa freqüência da variabilidade cardíaca dos
sujeitos na posição supino e na posição ereto.
Grupos HFs HFe LFs LFe
Tilt Positivo
(n=15)
1189±2807,66 219±318,23 1607±3395,06 743±1055,93
Tilt Negativo
(n=15)
311±568,07 187±282,43 417±636,49 954,07
Média Geral
750 203 1012 641,5
Nota: HFs – banda de alta freqüência em supino; LFs – banda de baixa freqüência em supino; HFe –
banda de alta freqüência em ereto; LFe – banda de baixa freqüência em ereto.
Figura 7 - Valores das bandas de alta e baixa freqüência da variabilidade cardíaca dos sujeitos na posição
supino e na posição ereto.
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
HFs HFe LFs LFe
Tilt Positivo
Tilt Negativo
57
Tabela 3 – Valores de freqüência cardíaca dos sujeitos na posição ereto e na posição supino.
Grupos FCs FCe Diferença
Tilt Positivo
(n=15)
69±13,55 78±14,10 -9
Tilt Negativo
(n=15)
70±10,88 78±12,03 -8
Média Geral
69,5 78 -8,5
Nota: FCs – frequência cardíaca em supino; Fce – frequêcia cardíaca em ereto.
Figura 8 – Valores de freqüência cardíaca dos sujeitos na posição ereto e na posição supino do grupos tilt
positivo.
Figura 9 – Valores de freqüência cardíaca dos sujeitos na posição ereto e na posição supino do grupos tilt
negativo.
0
20
40
60
80
100
120
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
FCe (Tilt Positivo)
FCe (Tilt Negativo)
0
20
40
60
80
100
120
123456789101112131415
FCs (Tilt Positivo)
FCs (Tilt Negativo)
58
A interpretação dos valores de banda pelo Software do Nerve-Express expressa os
níveis de atividade do SNS e SNPS a nível fisiológico, com o indivíduo nas posições supina e
ereta, indicando se estes sistemas estão atuando normalmente (nível médio de atividade) ou se
suas atividades encontram-se diminuídas ou aumentadas.
De acordo com os valores dos níveis de atividade dos dois sistemas, o Nerve-Express
calcula a média da atividade total do SNA, nas posições supina e ereta, conforme mostrado na
figura 10.
Figura 10 - Níveis de atividade do SNA obtidos no teste realizado com um sujeito envolvido em nosso
estudo nas posições supina e ereta.
O Nerve-Express registra a atividade do SNPS e SNS em forma de gráfico,
distribuidos em 4 quadrantes, nos eixos X e Y, respectivamente, nas posições supina e ereta.
A figura 11 mostra um gráfico obtido na realização do teste com o NE em um indivíduo
envolvido neste estudo.
Figura 11 – Gráfico obtido no teste realizado com um sujeito envolvido neste estudo, registrando as
médias de atividade do SNS e SNPS, na posição ereta e supina.
59
A seguir nas figuras 12 e 13 pode-se observar os níveis de atividade do SNA dos
indivíduos envolvidos neste estudo.
Figura 12 – Níveis de atividade do sistema nervoso autônomo dos individuos com tilt teste positivo.
Figura 13 Níveis de atividade do sistema nervoso autônomo dos individuos com o tilt teste negativo
.
-4
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
SNS
SNPS
-4
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
SNS
SNPS
60
Os valores médios de atividade do SNS e SNPS obtidos neste estudo são mostrados na
tabela 4 e ilustrados na figura 14.
Tabela 4 - Níveis médios de atividade total do sistema nervoso simpático e parassimpático.
Grupos SNPS SNS
Tilt Positivo (n=15)
-1,4±1,87
0,87±0,86
Tilt Negativo (n=15)
-2,1±1,64 0,63±1,08
Média Total
-1,75 0,73
Nota: SNPS – sistema nervoso parassimpático; SNS – sistema nervoso simpático.
SNA
-2,5
-1,5
-0,5
0,5
1,5
2,5
SNPS SNS
Tilt Positivo
Tilt Negativo
Figura 14 – Médias de atividade do SNPS e SNS dos pacientes.
Na figura 14 é possível notar que nos indivíduos analisados neste estudo que tiveram
um resultado negativo no tilt teste, apresentaram valores maiores no sitema nervoso
parasimpático, menores no sistema nervoso simpático, comparado aos que tiveram um
resultado positivo no tilt teste.
61
De acordo com os níveis de atividade de ambos os valores (SNS e SNPS), o Software
Nerve-Express classifica os sujeitos analisados em nove categorias de estado do SNA como
mostrado na tabela 5.
Tabela 5 – Categorias de estado do sistema nervoso autônomo dos sujeitos com o tilt teste
positivo.
Sujeitos Categoria Diagnóstico
0 1 Prevalência do SNPS com nível médio da atividade do SNS
2 2 Aumento das atividades de SNPS e SNS
0 3 Prevalência de atividade do SNS
10 4 Diminuição do SNPS com aumento do SNS
1 5 Diminuição da atividade do SNPS e nível médio de atividade simpática
0 6 Diminuição das atividades do SNS e SNPS “degeneração do SNA”
1 7 Balanço autonômico
0 8 Diminuição do SNS e níveis médios de atividade parassimpática
1 9 Diminuição do SNS associado à elevação da atividade do SNPS
A categoria 4, que indica uma diminuição do sistema nervoso parassimpático associada
a um aumento do sistema nervoso simpático concentrou 10 sujeitos antes da intervenção,
representando a maioria deles (33%)
Tabela 6 – Categorias de estado do sistema nervoso autônomo dos sujeitos com o tilt teste
negativo.
Sujeitos Categoria Diagnóstico
0 1 Prevalência do SNPS com nível médio da atividade do SNS
1 2 Aumento das atividades de SNPS e SNS
0 3 Prevalência de atividade do SNS
9 4 Diminuição do SNPS com aumento do SNS
1 5 Diminuição da atividade do SNPS e nível médio de atividade simpática
3 6 Diminuição das atividades do SNS e SNPS “degeneração do SNA”
1 7 Balanço autonômico
0 8 Diminuição do SNS e níveis médios de atividade parassimpática
0 9 Diminuição do SNS associado à elevação da atividade do SNPS
62
8. DISCUSSÃO
63
8 DISCUSSÃO
O presente estudo encontrou diferenças significativas no poder espectral das freqüências
entre os pacientes com Tilt teste negativo e Tilt teste positivo que indicam um aumento
relativo na modulação simpática da freqüência cardíaca entre os pacientes com Tilt teste
positivo.
Os dados sugerem que se pode predizer os resultados do Tilt teste medindo os índices da
força espectral com o Nerve-Express antes do seu início. Em estudos prévios, vários
pesquisadores tentaram avaliar a relação entre indices da VFC e do Tilt teste, resultando em
um esforço para clarificar o mecanismo subjacente das mudanças autonômicas do sistema
nervoso na síncope vasovagal. (KOCHIADAKIS, 1998; KOCHIDAKIS, 1997).
Furlan et al. (1998) investigou os efeitos do Tilt teste em voluntários sadios e obteve
alterações similares na relação LF:HF como neste estudo.
Existe uma forte evidência científica que existem variações cíclicas no tônus
autonômico. (BAHARAV, 1993; BERNARDI, 1996). Pacientes com síncope vasovagal não
tem a mesma estabilidade autonômica encontrada em indivíduos sadios, ao invés disso sofrem
flutuações periódicas na atividade parassimpática e isso os faz mais susceptíveis aos episódios
sincopais (KOCHIADAKIS, 1998). Estas flutuações podem explicar a variabilidade das
respostas no Tilt teste em pacientes com história de síncope vasovagal.
64
O Tilt test é amplamente aceito como ferramenta na avaliação clínica de pacientes que
apresentam sintomas de síncope, entretanto um diagnóstico padrão criterioso para síncope
vasovagal ainda não existe.
O exame Tilt test apresenta baixa sensibilidade e reprodutibilidade para testes positivos
(somente 50–60%) (DE BUITLER,1993; PETERSEN,1994). Diversas modificações nos
protocolos podem aumentar a sensibilidade do teste (aumento do ângulo de inclinação, uso de
agente farmacológico de provocação como custo de um decréscimo da especificidade)
(SUMIYOSHI, 1999; The writing group of ACC Expert Consensus Document, 1996).
Em uma situação de flutuação contínua do sistema nervoso autônomo, dados de curta
duração da VFC podem identificar o papel da alteração do sistema nervoso autônomo na
síncope vasovagal. Existem falhas significativas na compreensão da fisiopatologia e do
tratamento da síncope de vasovagal.
Várias teorias propostas tentam explicar estes mecanismos de fisiopatologicos. A mais
popular é a teoria ventricular que foi primeiramente proposta por Sharpey-Schafer. De acordo
com esta teoria, a contração vigorosa do ventrículo hipovolêmico estimula resposta inibitória
aferente semelhante ao reflexo de Bezold - Jarish que resulta em hipotensão e bradicardia.
Porém, esta teoria não pode explicar todas as síncopes relacionadas ao estresse ortostático.
Outras teorias como a "teoria da disfunção orgânica do baroreflexo" “teoria da redução do
volume de sangue" “teoria neurohumoral" tentam explicar o processo.
65
O presente estudo demonstrou que a atividade simpática aumentou durante a avaliação
com o Nerve-Express em todos os pacientes, porém, que esta atividade aumentou mais
pronunciadamente em pacientes Tilt teste positivos.
Neste estudo, os pacientes Tilt teste positivos e Tilt teste negativos exibiram mudanças na
relação LF:HF que indicam um aumento no tônus simpático, porém nos indivíduos com Tilt
teste positivos exibiram um aumento do tônus simpático significativamente mais acentuado
do que os pacientes com Tilt teste negativos. (DURSUN et al., 2002).
Outro achado importante que difere dos resultados de Stewart e colaboradores (1996) é
que toda representação basal da VFC é semelhante tanto nos pacientes Tilt teste positivo e Tilt
teste negativo, que apresenta suporte pela análise prévia de resultados da VFC de Massin et al.
(2000).
Eles afirmaram que a análise dos índices de 24 horas da VFC estavam dentro da faixa
normal para todos os pacientes com história de síncope. Entretanto, existe um "certo tipo" de
resposta para ao estresse ortostático que faz com que alguns dos pacientes, e somente em
"certas circunstâncias", tenham o Tilt teste positivo.
Há indubitavelmente diferenças crônicas na modulação do sistema autonômico em
pacientes Tilt teste positivo. Porém, este tipo de resposta, em uma certa circunstância não é
contudo clara. É difícil predizer um Tilt teste positivo a menos que o protocolo do Tilt seja
executado. Começando pelo fato de que o aumento exagerado do tônus simpático é o gatilho
para a resposta exagerada do parassimpático antes que o paciente desmaie, tentou-se chegar a
uma variável que melhor reflete o aumento em atividade simpática.
66
Para eliminar a influência da atividade do parassimpático sobre força espectral de LF, a
relação de LF:HF foi calculada, onde um aumento na relação LF:HF reflete uma
predominância da atividade simpática. (PAGANI, 1986)
A influência da atividade do parassimpático na LF é cancelada pela divisão pela HF,
então, a relação LF:HF é um bom marcador da atividade simpática. (DURSUN et. a.l, 2002).
67
9. CONCLUSÕES
68
9 CONCLUSÕES
Após a realização de nossa pesquisa “Estudo comparativo do comportamento do
sistema nervoso autônomo através da análise da variabilidade da freqüência cardíaca pelo
software nerve-express em sujeitos sadios com história de síncope submetidos ao tilt teste
podemos inferir algumas conclusões.
A relação LF/HF foi maior no grupo de pacientes com tilt teste positivo quando
comparados ao grupo de pacientes com tilt teste negativo;
Os pacientes que apresentaram síncope durante o tilt teste manifestaram um padrão
diferente de resposta ao estímulo ortostático com maior flutuação do sistema nervoso
autônomo;
Foi observado que há um certo padrão no nível de atividade do sistema nervoso simpático
e parassimpático nos indivíduos que apresentaram tilt teste positivo;
O fato de estes resultados confirmarem o que é descrito na literatura caracteriza que a
análise da variabilidade da freqüência cardíaca através do software Nerve-Express
consiste em um novo método, eficaz e não invasivo, na identificação de desequilíbrios
relacionados ao sistema nervoso autônomo;
Este fator é importante na detecção precoce das alterações funcionais dos indivíduos que
apresentaram história de síncope, podendo o mesmo ser um excelente preditor de
alterações do sistema nervoso autônomo, bem como, preditor de morte súbita por doença
cardiovascular.
69
10. REFERÊNCIAS
70
10 REFERÊNCIAS
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74
ANEXO A - Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa da UNIVAP
75
ANEXO A - Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa da UNIVAP
76
ANEXO B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE
77
ANEXO B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE
CONSENTIMENTO FORMAL DE PARTICIPAÇÃO NO ESTUDO INTITULADO:
“ESTUDO COMPARATIVO DO COMPORTAMENTO DO SISTEMA NERVOSO
AUTÔNOMO ATRAVÉS DA ANÁLISE DA VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA
CARDÍACA PELO SOFTWARE NERVE-EXPRESS EM SUJEITOS SADIOS COM
HISTÓRIA DE SÍNCOPE SUBMETIDOS AO TILT TESTE”
Eu,________________________________________________________________,
portador do R.G. nº______________, voluntariamente concordo em participar de um estudo
cientifico nos termos do projeto proposto pelo Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento –
IP&D, da Universidade do Vale do Paraíba – UNIVAP.
O estudo tem por finalidade analisar os efeitos do sistema nervoso autônomo durante
o tilt teste em indivíduos sadios, através da análise da variabilidade da freqüência cardíaca,
utilizando o software Nerve-Express, para que estes indivíduos encontrem uma modalidade de
terapia confortável, não invasiva, visando a redução dos níveis de ansiedade e estresse,
melhorando a qualidade de vida e a prática de relacionamento social.
As informações obtidas serão mantidas em sigilo e não poderão ser consultadas por
pessoas leigas sem minha expressa autorização por escrito. As informações, assim obtidas
poderão ser usadas para fins estatísticos ou científicos, sempre resguardando minha
privacidade. O teste da mesa inclinada (tilt teste) não apresenta risco aos sujeitos do estudo,
caso aconteça algum prejuízo físico ou financeiro a instituição se responsabilizara.
Acredito ter sido suficientemente esclarecido a respeito das informações que li ou
foram lidas para mim. Discuti com os pesquisadores sobre a minha decisão de participar nesse
estudo, e ficaram claros quais os propósitos do mesmo, os procedimentos a serem realizados,
as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que
minha participação é isenta de despesas.
Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu
consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidade ou prejuízo.
Declaro que obtive as informações de forma apropriada e, assino livre e
voluntariamente o presente Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para a participação
do estudo.
São José dos Campos, ____ de _________________ de 2006.
Participante: _______________________________________
Orientador: Pesquisador:
______________________________ ___________________________
Prof. Dr. Luís Vicente F. de Oliveira Marcelo de Almeida Valio
Livros Grátis
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