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É importante lembrar que os itens serão sempre os mesmos no
conteúdo estomacal dos gêneros, de acordo com o que é “oferecido” pelo
ambiente. Nota-se, assim, em vários trabalhos que os grupos de items
alimentares são reincidentes em praticamente todos os conteúdos estomacais,
variando porém sua abundância, com raras vezes em que forte predominância
ou a presença de um só tipo de item é o caso (cf. Brown 1959, Campbell 1982,
Williams & Feltmate 1992, Ribeiro et al. 2004, Mendes & Polegatto 2001). A
variação da abundância dos itens está claramente relacionada com a
possibilidade de obtenção de alimento baseada nas diferenças morfológicas
das peças bucais, delimitando ‘estratégias alimentares’, i.e. raspador, coletor
etc., mas também a outros fatores pontualmente encontrados. Há uma grande
diferença entre o estudo particular das estratégias alimentares e do alimento
predominante, nem sempre percebido em estudos (cf. Polegatto 2003,
McShaffrey & McCafferty 1988, Williams & Feltmate 1992).
O tamanho da faringe também influi na matéria a ser ingerida pela ninfa.
As ninfas não selecionam mais do que o padrão geral do alimento, baseado-se
especialmente em tamanho e consistência, dependendo também da
consistência e forma de estruturas das peças bucais e da abertura faringeana
(Polegatto, 2003). Em gêneros onde o tamanho das ninfas é menor, a
quantidade de partículas pequenas é muito grande, por isso estas ninfas
certamente devem compensar a pobreza de nutrientes comendo por muito
tempo (Brittain 1982 e Arens 1989). Já em ninfas maiores, como é o caso de
Massartella brieni, a ingestão de pedaços maiores de vegetais superiores,
poderia, superficialmente, levar-se a considerar um maior valor nutricional, o
que não significaria que elas iriam ingerir menos alimento do que ninfas