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ANTÔNIO BALDIN JÚNIOR
ESTUDO CLÍNICO-PATOLÓGICO E DA EXPRESSÃO DA PROTEÍNA
P53 NAS DISPLASIAS ASSOCIADAS À RETOCOLITE ULCERATIVA
Dissertação apresentada como requisito parcial
à obtenção do grau de Mestre. Programa de
s–Graduação em Microbiologia, Parasitologia
e Patologia da Universidade Federal do Para.
Orientador: Prof. Dr. José Ederaldo Queiroz
Telles
Co-orientador: Prof. Dr. Renato Araújo Bonardi
Coordenadora: Profª Drª Vanete Thomaz Soccol
CURITIBA
2005
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ii
TERMO DE APROVAÇÃO
ANTÔNIO BALDIN JÚNIOR
ESTUDO CLÍNICO-PATOLÓGICO E DA EXPRESSÃO DA PROTEÍNA P53 NAS
DISPLASIAS ASSOCIADAS À RETOCOLITE ULCERATIVA
Dissertação aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre no
Programa de Pós-Graduação em Microbiologia, Parasitologia e Patologia, Setor de
Ciências da Saúde da Universidade Federal do Paraná, pela seguinte banca
examinadora:
Orientador: Prof. Dr. José Ederaldo Queiroz Telles
Setor de Ciências da Saúde, UFPR
Prof.. Dr. Sérgio Brenner
Prof. Dr. Kiyoshi Iriya
Profª. Drª. Maria Cristina Sartor
Curitiba, 14 de Abril de 2005.
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iii
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. J
O
E
DERALDO
Q
UEIROZ
T
ELLES
,
por seu apoio e orientação.
Ao Prof. Dr R
ENATO
A
RAÚJO
B
ONARDI
,
por seu apoio e orientação.
À Prof.
a
Dr.
a
H
EDA
M
ARIA
B
ARSKA DOS
S
ANTOS
A
MARANTE
,
pelos ensinamentos e orientação.
À Prof.
a
Dr.
a
M
ARIA
C
RISTINA
S
ARTOR
,
pelo apoio e estímulo.
À Prof.
a
Dr.
a
G
ISELI
K
LASSEN
,
pelo apoio e orientação.
À Prof.
a
Dr.
a
V
ANETE
T
HOMAZ
S
OCCOL
, coordenadora do Programa de Pós-
Graduação em Microbiologia, Parasitologia e Patologia.
À Prof.
a
Dr.
a
T
ERESA
M
ARIA DA
S
ILVA
F
IGUEIREDO
,
por sua colaboração e apoio.
Aos
PROFESSORES DO
P
ROGRAMA DE
P
ÓS
-G
RADUAÇÃO EM
M
ICROBIOLOGIA
,
P
ARASITOLOGIA E
P
ATOLOGIA
, nível mestrado, da Universidade Federal do Paraná,
pelos ensinamentos e colaboração.
Aos
PROFESSORES E MÉDICOS DO
S
ERVIÇO DE
E
NDOSCOPIA
D
IGESTIVA
do Hospital
de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, pela colaboração.
Aos
PROFESSORES E MÉDICOS DO
S
ERVIÇO DE
C
IRURGIA
G
ERAL
do Hospital de
Clínicas da Universidade Federal do Paraná, pela colaboração.
Aos
PROFESSORES E MÉDICOS DO
S
ERVIÇO DE
A
NATOMIA
P
ATOLÓGICA
do Hospital
de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, pela colaboração.
Aos
MÉDICOS RESIDENTES DO
S
ERVIÇO DE
E
NDOSCOPIA
D
IGESTIVA
do Hospital de
Clínicas da Universidade Federal do Paraná, pelo apoio.
A J
ULIANA
G
ONÇALVES
R
OCHA
, V
INICIUS
J
O
C
OTA
S
CHIOCHET
, G
UILHERME
M
ATIOLI
N
ICOLLELLI
e
M
ARCOS DE
A
BREU
B
ONARDI
, médicos residentes e ex-
residente do Serviço de Cirurgia Geral do Hospital de Clínicas da Universidade
Federal do Paraná, pelo apoio.
A L
UIZ
K
OTZE
, médico residente
do
Serviço de Anatomia Patológica do Hospital de
Clínicas da Universidade Federal do Paraná, pelo apoio.
Aos
FUNCIONÁRIOS DO
S
ERVIÇO DE
A
NATOMIA
P
ATOLÓGICA
do Hospital de Clínicas
da Universidade Federal do Paraná, pela colaboração.
A L
UCIANA
A
KEMI
T
AKAHASHI
, acadêmica do curso de Medicina,
por seu empenho e valorosa colaboração.
À Prof.
a
M
ÁRCIA
O
LANDOSKI
e ao Prof. A
RI
E
LIAS
S
ABBAG
J
ÚNIOR
,
pela análise estatística.
iv
Dedico este trabalho aos meus pais Antônio e Dirce,
à minha esposa Rosimeri e aos meus filhos Rafael e
Bruno.
v
O homem que quiser contemplar a verdade deve
manter a calma dentro de si mesmo. O seu espírito
deve ser como a água serena de um lago”. (
Alexis
Carrel, em “O Homem esse Desconhecido”)
vi
SUMÁRIO
LISTA DE QUADRO E TABELAS
................................
...............................
viii
LISTA DE FIGURAS E GRÁFICOS
................................
................................
.............................
viii
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
................................
................................
......................
ix
RESUMO
................................
................................
................................
................................
......
x
ABSTRACT
................................
................................
................................
................................
..
xi
1 INTRODUÇÃO
................................
................................
................................
..........................
1
1.1 OBJETIVOS
................................
................................
................................
...........................
2
2 REVISÃO DE LITERATURA
................................
................................
................................
....
3
2.1 ASPECTOS MORFOLÓGICOS DO INTESTINO NORMAL
................................
.................
3
2.1.1 Revestimento Epitelial
................................
................................
................................
........
3
2.1.2 Lâmina Própria
................................
................................
................................
...................
4
2.2 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL
.................
5
2.2.1 Definições
................................
................................
................................
...........................
5
2.2.2 Epidemiologia
................................
................................
................................
.....................
6
2.2.3 Patogênese
................................
................................
................................
.........................
6
2.2.4 Aspectos Clínicos
................................
................................
................................
...............
8
2.2.5 Aspectos Macroscópicos
................................
................................
................................
....
9
2.2.6 Aspectos Histopatológicos
................................
................................
................................
..
10
2.3 CONSIDERAÇÕES GERAIS E ASPECTOS MACRO E MICROSCÓPICOS DAS DISPLA-
SIAS NA RETOCOLITE ULCERATIVA
................................
................................
................
11
2.3.1 Displasia - Definões
................................
................................
................................
.........
11
2.3.2 Displasia Histórico
................................
................................
................................
...........
12
2.3.3 Displasia – Classificação da Mucosa Cólica quanto à Presença de Displasia
..................
13
2.3.3.1 Mucosa negativa para displasia
................................
................................
......................
14
2.3.3.1.1 Mucosa normal
................................
................................
................................
.............
14
2.3.3.1.2 Colite quiescente
................................
................................
................................
..........
14
2.3.3.1.3 Colite ativa
................................
................................
................................
....................
14
2.3.3.2 Mucosa indefinida para displasia
................................
................................
....................
15
2.3.3.2.1 Provavelmente negativa
................................
...............................
15
2.3.3.2.2 Desconhecida
................................
................................
................................
...............
15
2.3.3.2.3 Provavelmente positiva
................................
................................
................................
.
16
2.3.3.3 Mucosa positiva para displasia
................................
................................
........................
16
2.3.3.3.1 Displasia de baixo grau
................................
................................
................................
16
2.3.3.3.2 Displasia de alto grau
................................
................................
................................
...
17
2.3.4 Displasia – Modificação da Classificação de Mucosa Cólica quanto à Presença de
Displasia
................................
................................
................................
.............................
17
vii
2.3.5 Displasia – Displasia Associada com Lesão ou Massa (DALM)
................................
........
17
2.3.6 Displasia – Concordância Diagnóstica
................................
................................
...............
18
2.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE O GENE P53 SUPRESSOR DE TUMOR
...............................
18
2.4.1 Mecanismos pelos quais o p53 Induz a Suspensão do Ciclo Celular e a Apoptose
.........
19
2.4.2 Atuação do p53 no Câncer Colorretal
................................
................................
................
19
2.4.3 Uso Clínico da Identificação do p53 Mutante
................................
................................
.....
21
3 MATERIAL E MÉTODO
................................
................................
................................
...........
25
3.1 CASUÍSTICA
................................
................................
................................
.........................
25
3.2 PROCESSAMENTO HISTOLÓGICO
................................
................................
....................
25
3.3 AVALIAÇÃO HISTOPATOLÓGICA DAS DISPLASIAS
................................
........................
26
3.4 PROCESSAMENTO IMUNOISTOQUÍMICO
................................
................................
........
27
3.5 AVALIAÇÃO IMUNOISTOQUÍMICA
................................
................................
.....................
28
3.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA
................................
................................
................................
.......
29
4 RESULTADOS
................................
................................
................................
.........................
30
4.1 DISPLASIAS E DADOS CLÍNICOS
................................
................................
......................
30
4.2 DISPLASIAS E IMUNOISTOQUÍMICA P53
................................
................................
...........
31
4.3 DISPLASIA E COR DO PACIENTE
................................
................................
......................
31
4.4 DISPLASIA E SEXO DO PACIENTE
................................
................................
....................
32
4.5 DISPLASIA E EXTENO DA DOENÇA
................................
................................
..............
32
4.6 DISPLASIA E IDADE DO PACIENTE NO INÍCIO DA DOENÇA (<15 ANOS OU
ANOS)
................................
................................
................................
................................
...
33
4.7 DISPLASIA E IDADE DO PACIENTE NA ÚLTIMA BIÓPSIA (<40 ANOS OU
..
33
4.8 TEMPO DE DOENÇA NOS GRUPOS COM E SEM DISPLASIA
................................
.........
34
5 DISCUSSÃO
................................
................................
................................
.............................
36
6 CONCLUSÕES
................................
................................
................................
........................
39
REFERÊNCIAS
................................
................................
................................
............................
40
ANDICES
................................
................................
................................
................................
.
1 CRITÉRIOS HISTOPATOLÓGICOS PARA DIFERENCIAÇÃO ENTRE DISPLASIA E
REPARO
................................
................................
................................
................................
..
48
2
EXAMES COM DISPLASIA E RESULTADOS DA P53
................................
...........................
49
viii
LISTA DE QUADRO E TABELAS
QUADRO 1
CLASSIFICAÇÃO DA MULCOSA CÓLICA QUANTO À DISPLASIA EM
DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL
................................
.............................
13
TABELA 1
VARIÁVEIS – DADOS CLÍNICOS
................................
................................
........
30
TABELA 2
DISTRIBUIÇÃO DE FREQÜÊNCIAS DOS TEMPOS DE DOENÇA NA ÚLTIMA
BIÓPSIA
................................
................................
................................
...............
35
TABELA 3
TEMPO DE EVOLUÇÃO
................................
................................
......................
35
LISTA DE FIGURAS E GRÁFICOS
FIGURA 1
ÁREA DE DISPLASIA
................................
................................
..........................
26
FIGURA 2
DISPLASIA P53 POSITIVA
................................
................................
..................
28
FIGURA 3
DISPLASIA P53 POSITIVA – CONTAGEM CELULAR
................................
.......
29
GRÁFICO 1
TEMPO LIVRE DE DISPLASIA E COR
................................
...............................
31
GRÁFICO 2
TEMPO LIVRE DE DISPLASIA E SEXO
................................
.............................
32
GRÁFICO 3
TEMPO LIVRE DE DISPLASIA E EXTENSÃO
................................
....................
33
GRÁFICO 4
TEMPO LIVRE DE DISPLASIA E IDADE DE INÍCIO DA DOENÇA
....................
34
GRÁFICO 5
TEMPO LIVRE DE DISPLASIA E IDADE
................................
............................
34
GRÁFICO 6
TEMPO DE DOENÇA E DISPLASIA
................................
................................
...
35
ix
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AR
atipia regenerativa
BANPESQ
Sistema de banco de pesquisas
CD4
Conjuntos de diferenciação de número 4
CD8
Conjuntos de diferenciação de número 8
DAG
Displasia de alto grau
DALM
Displasia associada com lesão ou massa
DBG
Displasia de baixo grau
ID
Indefinido para displasia
DII
Doença inflamatória intestinal
HE
Hematoxilina-eosina
IFN
Interferon
IgA
Imunoglobulina do isótipo A
IgE
Imunoglobulina do isótipo E
IgG
Imunoglobulina do isótipo G
IgM
Imunoglobulina do isótipo M
IL 2
interleucina de número 2
IL 4
Interleucina de número 4
IL 5
Interleucina de número 5
IL 6
Interleucina de número 6
IL 10
Interleucina de número 10
IMS
Instabilidade de microssatélites
P21
Proteína p21
P53
Proteína p53
PCR
Reação em cadeia pela polimerase
RU
Retocolite ulcerativa
T
Linfócitos do tipo T
Th 1
Linfócito do tipo T CD4 inflamatório
Th 2
Linfócito do tipo T CD4 auxiliar
x
RESUMO
A associação entre retocolite ulcerativa e adenocarcinoma cólico está amplamente
relatada na literatura sendo desenvolvidas estratégias para seguimento dos
pacientes e detecção precoce das lesões dispsicas e neoplásicas. Foram
estudados os exames anatomopatológicos e dados clínicos de 124 portadores de
retocolite ulcerativa cadastrados no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do
Paraná, com o objetivo de analisar a ocorrência de displasia entre eles, comparar os
dados clínicos daqueles com e sem displasia e verificar a superexpressão
imunoistoquímica da proteína p53 nas displasias. A ocorrência de displasia foi baixa
(9,67%) e de baixo grau em todos os casos. Na comparação dos dados clínicos dos
pacientes com e sem displasia não houve diferea estatisticamente significativa
com relão à cor, idade no início da doença, idade na última biópsia, extensão da
doença e tempo de evolução da doença. Houve diferença estatística para displasia,
com predomínio de pacientes do sexo masculino (58,34%). Dos 12 pacientes com
displasia, a proteína p53 foi positiva em 5 (41,66%). Conclui-se que a ocorrência de
displasia foi baixa e maior no sexo masculino.
xi
ABSTRACT
The association between ulcerative colitis and colorectal adenocarcinoma is widely
related in the literature. Surveillance strategies of patients and early detection of the
neoplastic change were established. In order to get more insights about this topic,
were analysed biopsy samples and clinical data of 124 patients with ulcerative colitis
at Hospital de Clinicas, Federal University of Paraná, Curitiba, Brazil. The aim of this
study was to assess dysplasia in patients with ulcerative colitis, evaluate
demographic data with and without dysplasia and to verify the p53 over expression
immunohistochemical reaction in dysplasia. Dysplasia event was low (9.67%) and all
cases with low-grade dysplasia. Patients clinical data comparison with and without
dysplasia did not show significant statistical differences with regard to the color, age
at the start of the disease, age at last biopsy, duration and anatomic extent of
ulcerative colitis. Significant difference was found between males and females with
predominance of males (58.34%) for dysplasia. Twelve patients with dysplasia, 5
patients (41.66%) were p53 positive. It concludes that dysplasia event was low.
Dysplasia incidence was larger in males.
1
1 INTRODUÇÃO
A retocolite ulcerativa (RU) enquadra-se no grupo das doenças
inflamatórias intestinais crônicas de causa desconhecida. Com surtos de remissão e
exacerbação, apresenta incidência mundial de 3-20 novos casos por ano para cada
100 000 habitantes (FREITAS; TACLA, 2001). Sua principal característica é a
inflamação da mucosa intestinal. Essa inflamação resulta na perturbação da função
de barreira mucosa, o que promove ainda mais a exposição do sistema imunológico
mucoso aos produtos bacterianos luminais (ABREU, 2003).
RU com mais de 8 anos de evolução representa importante fator de risco
para o aparecimento de displasia e subseqüente desenvolvimento de adenocarci-
noma (BERNSTEIN et al., 1994; LENNARD-JONES; MELVILLE; MORSON, 1990). A
reposição (turnover) aumentada das células epiteliais intestinais lesadas pela
inflamação crônica é considerada fator de risco para o aparecimento de displasia e
adenocarcinoma em indivíduos com longo tempo de evolução da RU (ARAI et al.,
1999). O risco de desenvolver câncer colorretal varia de 5,5% a 13,5% entre os
portadores de RU, e os fatores de risco incluem a extensão da doença e o tempo de
evolução (POHL et al., 2000). A displasia é utilizada como marcador na RU, pois o
achado de displasia de baixo grau está associado com 10% de probabilidade de
carcinoma invasivo, e o de displasia de alto grau com 40% (GUINDI; RIDDELL,
2001).
A vigilância e o seguimento dos pacientes são feitos por meio de
colonoscopias e biópsias seriadas estas cobrem menos de 0,05% da superfície
lica (RUBIN et al., 1992). Alterações genéticas têm sido estudadas nos portadores
de RU, para caracterizar lesões displásicas e para detectar precocemente a carcino-
gênese (POHL et al., 2000).
De todos os marcadores estudados, a expressão da proteína p53 tem
demonstrado correlação significativa com o tempo de doença, como fator do risco
para desenvolver câncer colorretal associado com RU (ITZKOWITZ, 2003).
O gene supressor de tumor p53 é freqüentemente inativado por mutação
ponto e perda da heterozigose. Isto resulta na ausência de produção ou na produção
excessiva de uma proteína inativa, levando a superexpressão nuclear. Também a
amplificação do gene MDM-2 e a expressão de proteínas oncovirais podem inativar
a proteína p53 (VOGELSTEIN et al., 2000). Embora a superexpressão da proteína
2
p53 seja um evento tardio na carcinogênese colorretal, ela é considerada um evento
precoce no aparecimento da displasia associada com a RU (URBANSKI et al.,
2000). O aparecimento da superexpressão do p53, por meio de proteína anômala,
no núcleo das células epiteliais da mucosa intestinal dos portadores de RU ocorre
mesmo sem a presença da displasia e precede ao desenvolvimento da displasia e
do câncer colorretal (LASHNER et al., 1999).
A superexpressão da proteína p53, a aneuploidia do DNA e o perfil de
mucinas têm-se correlacionado cronologicamente com o risco de desenvolver câncer
colorretal associado com RU (ITZKOWITZ, 2003).
1.1 OBJETIVOS
1. Verificar a ocorrência de displasia nos pacientes com retocolite ulcerativa.
2. Comparar dados clínicos dos pacientes com e sem displasia.
3. Verificar a superexpressão imunoistoquímica da proteína p53 na displasia.
3
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 ASPECTOS MORFOLÓGICOS DO INTESTINO NORMAL
2.1.1 Revestimento epitelial
O epitélio superficial da mucosa cólica é colunar simples ou cuboidal,
composto por células absortivas e caliciformes. Ambas são polarizadas e se aderem
ao complexo da membrana basal. As células absortivas, que são responsáveis pelo
transporte de íons e água, apresentam luminalmente borda estriada apical chamada
cutícula. O citoplasma dessas células é eosinofílico e o contém mucina. Seus
núcleos são ovais, uniformes, basalmente orientados, com seu eixo paralelo ao eixo
longo das células e nucléolo visível.
As células caliciformes sintetizam, armazenam e secretam glicoproteínas.
Seu citoplasma parece vazio nos cortes histológicos corados com hematoxilina-
eosina (HE). Contudo em colorações especiais para mucina observa-se grande
quantidade de material em seu interior. Os núcleos dessas células, orientados
basalmente, indentados ou deformados pelos grânulos de muco, coram-se mais
intensamente pela hematoxilina, o que torna o nucléolo inaparente. Linfócitos e
ocasionais eosinófilos podem estar presentes no epitélio superficial, bem como
ocasionais vacúolos apoptóticos contendo restos celulares. Podem ser observados
até 15 linfócitos para cada 100 células epiteliais (TANAKA et al. 1999).
Um fino complexo de membrana basal, composto por colágeno e outras
proteínas, ancora as células epiteliais. É uma estrutura permeável à absorção ou
excreção de íons, água e proteínas, bem como à passagem de leucócitos da lâmina
própria para a camada epitelial. A espessura desse colágeno subepitelial varia de 3
a 6,6 µm (TALBOT; PRICE, 1987).
O epitélio críptico, simples e colunar, compreende uma população mais
heteronea de células do que a existente no epitélio superficial. Além das células
absortivas maduras e células caliciformes, há tamm células precursoras, imaturas
e indiferenciadas, além de células endócrinas especializadas e células de Paneth
nas criptas. As células endócrinas comumente apresentam polaridade oposta à da
4
maioria das células absortivas e caliciformes, com grânulos citoplasmáticos
localizados abaixo do núcleo. As células de Paneth, cuja função é desconhecida,
são secretoras, têm formato piramidal e mantêm a polaridade basal dos núcleos.
Seus grânulos, eosinolicos na coloração com HE e apicais ao núcleo, estão
presentes normalmente apenas no ceco e no cólon direito; sua presença em outras
regiões cólicas indica metaplasia, geralmente resultante de inflamação crônica
(LEVINE; HAGGITT, 1989).
A renovação do epitélio cólico que leva de 3 a 8 dias resulta de
importante função das células das criptas cólicas, que, devido a seu curto tempo de
vida, são constantemente esfoliadas para a luz intestinal. A zona de proliferação na
base das criptas é definida pela atividade proliferativa das células epiteliais
precursoras que mantêm a capacidade de dividir-se. Essas células estão confinadas
na metade basal das criptas, mas ocasionalmente podem ser encontradas próximo à
superfície. A zona de maturão encontra-se nos 25% da cripta na porção
superficial. Nessa zona a maioria das células perdem a capacidade de proliferação,
mas continuam sua maturação até serem esfoliadas na superfície (LEVINE;
HAGGITT, 1989).
2.1.2 Lâmina própria
A lâmina própria forma o estroma da mucosa e estende-se do complexo da
membrana basal até a camada muscular da mucosa. Contém vários tipos de células,
predominantemente no terço superficial, entremeadas por feixes colágenos
frouxamente organizados. A maioria dessas células entre as quais predominam os
plasmócitos são responsáveis pela defesa local contra os agentes nocivos do
conteúdo intestinal. Produzem imunoglobulinas, principalmente IgA, e também sinte-
tizam IgM, IgG e IgE. IgA e IgM podem transpor o epitélio intestinal atingindo a luz
do cólon.
Linfócitos T estão presentes na lâmina própria, no epilio superficial e na
submucosa. Os linfócitos intra-epiteliais podem ser diferenciados dos núcleos das
células absortivas e das células caliciformes por seu menor tamanho, cromatina
densa e homogênea e estreita rima de citoplasma perinuclear. Os linfócitos da
lâmina própria estão distribuídos difusamente ou organizados em folículos
confinados nela e/ou na submucosa. Quando isso ocorre há descontinuidade da
5
camada muscular da mucosa, formando os complexos linfoglandulares. O epitélio
sobre os folículos difere no aspecto de suas células, que passam a ser cubóides, e
no aumento da quantidade de linfócitos intra-epiteliais (LEVINE; HAGGITT, 1989).
As células mielóides, que normalmente residem na lâmina própria, incluem
os eosinófilos e mastócitos. Os eosinófilos são bem menos numerosos do que os
linfócitos, e os mastócitos mais raros. Os neutrófilos não são encontrados no epitélio
superficial e críptico normal e são raros na lâmina própria. Os fibroblastos estão
distribuídos na lâmina própria ou ao redor das criptas ou junto ao complexo da
membrana basal subepitelial , onde produzem colágeno. Os macrófagos são
importantes no processamento e na apresentação de material antigênico para outras
células imunológicas; pigmentos podem ser encontrados no seu interior, relaciona-
dos à fagocitose de substâncias como hemossiderina, metalitos de medicamentos
laxantes ou muco das células caliciformes. Em pequena quantidade podem ser
encontrados na mucosa normal, porém em número aumentado podem ser
indicativos de doea metabólica de acúmulo ou de infecção (LEVINE; HAGGITT,
1989).
Na lâmina própria há apenas capilares sangüíneos com paredes finas, em
cuja luz existem eritrócitos e neutrófilos. Os vasos linfáticos estão limitados à região
da base das criptas, logo acima da camada muscular da mucosa fina camada
muscular que separa a mucosa da submucosa. Alguns miócitos estendem-se para
cima dessa camada, na lâmina própria. A muscular da mucosa é normalmente
atravessada por complexos linfoglandulares, vasos e nervos (LEVINE; HAGGITT,
1989).
2.2 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE DOEA INFLAMATÓRIA INTESTINAL
2.2.1 Definições
Neste trabalho optou-se pelo uso de denominações espeficas das
doenças analisadas, como definidas abaixo:
D
OEA INFLAMATÓRIA INTESTINAL
: Representa um grupo de doenças
inflamatórias em que a interação de fatores genéticos, ambientais e microbiológicos
6
possivelmente leva à ativação do sistema imune e não imune do intestino com a
produção de múltiplas substâncias (anticorpos, citoquinas, fatores de crescimento,
neuropeptídios, enzimas proteolíticas e eicosanóides, metalitos reativos do
oxigênio e nitrogênio) que iniciariam e manteriam a lesão inflamatória tecidual
(FIOCCHI, 1998).
R
ETOCOLITE ULCERATIVA
: Doença inflamatória de etiologia desconhecida,
provavelmente multifatorial, que acomete preferencialmente a mucosa do reto e do
cólon esquerdo, mas eventualmente todo o cólon. Trata-se de doença crônica com
surtos de remissão e exacerbação, caracterizada por diarréia e perda de sangue por
via retal. Além das manifestações intestinais, pode ser acompanhada de manifesta-
ções sistêmicas (FREITAS; TACLA, 2001).
2.2.2 Epidemiologia
A prevalência e a incidência da DII variam amplamente e dependem de
múltiplos fatores, incluindo etnia e localização geográfica. Segundo KANDICE
(2002), a prevalência da DII nos Estados Unidos da América é de aproximadamente
100 casos por 100 000 habitantes, com 10 000 casos novos diagnosticados
anualmente. A de RU é de 70 a 150 por 100 000 (GLICKMAN, 1998).
No estudo europeu a média de incidência da de vários centros é de 10
casos de RU por 100 000 habitantes. A prevalência nesse estudo foi de 303 casos
de RU por 100 000 habitantes (BINDER, 2004).
RU parece incidir igualmente em homens e mulheres, com distribuição
bimodal típica: entre 15-35 anos e 60-70 anos de idade para homens. Nas mulheres
a faixa mais acometida é dos 15 aos 35 anos. A incidência mundial é de 3-20 casos
por 100 000 (FREITAS; TACLA, 2001).
2.2.3 Patogênese
A etiologia exata da DII é desconhecida, mas há várias propostas de
explicação focando a atenção em três teorias primárias: 1. suscetibilidade genética;
2. agentes infecciosos aliados a desencadeantes ambientais e 3. distúrbios da
7
regulação imune (SARTOR, 1997). Segundo KANDICE (2002), todas as teorias
estão implicadas e nenhum fator isolado é causal.
1. Na RU há concordância entre gêmeos monozigóticos, incidência
familiar aumentada, com prevalência 30 vezes maior entre irmãos de doentes do que
na população em geral (FREITAS; TACLA, 2001).
2. Microorganismos têm sido pesquisados, incluindo vírus, fungos,
clamídias, bactérias atípicas e micobactérias (CHIODINI et al., 1989). Por outro lado,
muitas doenças infecciosas podem ser confundidas com DII. Esses agentes incluem
numerosos patógenos, como paramixovírus, Mycobacterium paratuberculosis,
Listeria monocytogenes, entre outros. Adicionalmente fatores desencadeantes, como
estresse, tabagismo, dieta e uso de antiinflamatórios não esteróides, têm sido
implicados. Esses agentes infecciosos ou ambientais cruzam a barreira intestinal e
desencadeiam uma seqüência de eventos que resultam em inflamação (KANDICE,
2002).
3. A idéia de participação de mecanismos imunes é baseada nas
manifestações sistêmicas que podem acompanhar essas doenças e na resposta
terapêutica a agentes imunossupressores. Estudos sugerem que a DII pode resultar
de distúrbio da regulação imune em resposta a antígenos comumente presentes na
luz intestinal. Em pessoa normal parece haver um balao entre os mediadores da
inflamação (citocinas pró- e antiinflamatórias). Na DII, a tolerância imunológica à
flora endógena pode ser aberrante e resultar em desequilíbrio entre citocinas pró- e
antiinflamatórias. Conseqüentemente uma resposta imune inapropriada pode ocorrer
e estimular inflamação crônica (KANDICE, 2002). Trabalhos tentando evidenciar
anticorpos humorais e imunidade celular não têm conseguido revelar alterações
imunes específicas para RU (MacDERMOTT et al., 1988).
De acordo com FREITAS e TACLA (2001), sob condições fisiológicas, os
enterócitos ativam seletivamente células T CD8+ supressoras não-específicas na
resposta à inflamação. Os enterócitos, nos pacientes com DII, estimulam seletiva-
mente o desenvolvimento de células T auxiliadoras CD4+. Há dois tipos básicos de
resposta: Th1, que ativa interleucina IL-2 e interferon gama (IFN-gamma) e resulta
em hipersensibilidade tardia e imunidade celular; e Th2, que ativa IL-4, IL-5, IL-6 e
IL-10 e resulta em resposta por anticorpos e imunidade humoral. Normalmente há
reciprocidade entre as duas: se a Th1 é estimulada, a Th2 é inibida. Na DII, todavia,
8
a inibição recíproca está diminuída e o tipo de resposta imune também está sob
regulação genética: na RU há resposta Th2 exagerada.
Além desses fatores, aspectos psicológicos associando, em alguns casos,
crises emocionais com icio de surtos das doenças têm demonstrado a co-
participação de tais eventos em pacientes com DII (GLICKMAN, 1998).
2.2.4 Aspectos Clínicos
RU é caracterizada por inflamação crônica superficial apenas do cólon, não
comprometendo o intestino delgado. Tipicamente as lesões comam no reto e se
estendem proximalmente em um padrão contínuo e confluente. Os locais mais
comumente afetados são o reto e o cólon sigmóide em 30% dos casos; o reto, o
cólon sigmóide e o cólon descendente, em 40%; e todo o cólon, em 30%
(STENSON, 1995).
O grau de atividade inflamatória é altamente variável, desde leve, com
longos períodos de remissão, até severo. O sangramento retal é o sintoma de
apresentação mais comum; outros sintomas incluem a passagem de descargas
mucopurulentas pelo reto, urgência fecal, tenesmo elicas abdominais (ROSE,
1998).
A associação entre RU e câncer colorretal tem sido confirmada em vários
estudos, segundo os quais o risco de câncer é variável e dependente de fatores
como tempo de evolução da RU e extensão da doença. As chances de ocorrer
câncer na retocolite ulcerativa são maiores nos pacientes com mais de dez anos de
doença e nos casos de pancolites. Em crianças acometidas da doença é incomum o
câncer. O risco de câncer colorretal em pacientes com RU tem diminuído em
pacientes tratados com drogas antiinflamatórias (TSIANOS, 2000).
GORFINE et al. (2000) revisaram os espécimes cirúrgicos de 590 porta-
dores de RU submetidos à proctocolectomia ou proctocolectomia restauradora entre
1987 e 1999. O acompanhamento dos pacientes foi realizado com colonoscopias
anuais e biópsias seriadas da mucosa cólica, para detecção de câncer ou displasia.
Analisados os laudos de biópsias de colonoscopias realizadas em 160 pacientes,
verificou-se que 77 espécimes cirúrgicos continham pelo menos um foco de
displasia. Câncer invasivo foi significantemente mais comum em pacientes com
displasia (33/77 contra 5/513, p<0,001). O diagnóstico de displasia esteve associado
9
com risco maior de aparecimento de câncer O valor preditivo positivo de um achado
pré-operatório de displasia de qualquer grau foi de 50% para câncer. Os autores
concluem que, até o aparecimento de um marcador melhor, o achado de displasia
deve ser visto com forte suspeita de coexistência com câncer colorretal.
EKBOM et al. (1990), analisando o risco de câncer colorretal em 3 117
portadores de RU que tiveram o diagnóstico entre 1922 e 1983, verificaram que 91
tiveram câncer colorretal. A idade de diagnóstico e a extensão da doença foram
fatores de risco independentes para o câncer colorretal. Para os pacientes com
extensão da colite comprometendo apenas o lado esquerdo do cólon o índice de
incidência de câncer foi de 2,8%, e para aqueles com pancolite foi de 14,8%. O risco
absoluto de câncer colorretal em pacientes com 35 anos de evolução da doença foi
de 30% em pacientes com pancolite e de 40% quando o diagnóstico foi feito antes
dos 15 anos de idade.
RIEGLER et al. (2003) estudaram retrospectivamente portadores de RU
que apresentaram displasia de alto grau ou carcinoma colorretal. O estudo teve a
participação de 28 centros italianos especializados em manejo de doea inflama-
tória intestinal. Num total de 112 pacientes foi encontrada média de 13,9 anos de
evolução da doença, com mediana de 12 anos. Nenhuma diferença estatística foi
encontrada entre pancolite e colite esquerda para o câncer. Entre 14 pacientes que
tinham coto retal devido a colectomia com anastomose ileorretal, 13 tinham câncer e
1 tinha displasia de alto grau.
2.2.5 Aspectos Macroscópicos
Na RU em fase ativa encontra-se a mucosa cólica com ulcerações,
hiperemia e hemorragia. Esses aspectos são caracteristicamente uniformes e
contínuos, sem áreas de mucosa normal de permeio. O reto é afetado em cerca de
95% dos casos e a inflamação se estende proximalmente de forma contínua, por
extensão variável. Quando todo o cólon é atingido pode haver comprometimento de
poucos centímetros do íleo terminal, denominado ileíte de refluxo, o que, entretanto,
não acarreta espessamento ou estenose. O megacólon tóxico é apresentação
severa e aguda da RU, na qual a parede intestinal pode tornar-se extremamente fina
e desnuda da camada mucosa, com inflamação se estendendo até a camada
serosa, levando a dilatação do cólon e subseente perfuração (GLICKMAN, 1998).
10
Com agudização recorrente da inflamação podem surgir características
macroscópicas de cronicidade. Fibrose e retração longitudinal resultam em
encurtamento do cólon, e as saculações são perdidas, retificando seus contornos.
Focos de mucosa regenerativa e inflamada circundados por áreas ulceradas,
apresentando aspecto polipóide e fazendo protrusão para a luz intestinal são
denominados pseudopólipos inflamatórios (GLICKMAN, 1998).
2.2.6 Aspectos Histopatológicos
Na RU há inflamação das camadas mucosa e submucosa com exuberante
exsudato neutrofílico, dano epitelial e perda das células superficiais. Resultam
múltiplas ulcerões, deixando exposta às vezes a camada muscular. As criptas são
destruídas pelos abscessos que nelas se formam com o exsudato neutrolico. Esse
exsudato, além de edema, provoca também a perda do epilio críptico e de células
mucossecretoras (LIU; CRAWFORD, 2005).
Ciclos repetitivos de inflamação e remissão podem levar a discreta fibrose
da submucosa e desorganizão mucosa. Alterações regenerativas são eviden-
ciadas por criptas com arquitetura irregular por vezes bifurcada na sua base. A atipia
nuclear e a perda da diferenciação citoplasmática podem existir na mucosa cólica
não inflamada e na inflamada. (LIU; CRAWFORD, 2005).
MORSON et al. (1990) descrevem as alterações microscópicas das
biópsias retais da RU nas fases de colite ativa, resolução e quiescente. As seguintes
alterações são observadas:
F
ASE ATIVA
: A RU é primariamente uma doença inflamatória da mucosa;
não se estende além da submucosa, exceto na colite fulminante. A superfície da
mucosa é irregular, com pus luminal; apresenta perda do epitélio, com ulcerações e
intensa congestão vascular; aumento das células inflamatórias na lâmina própria;
infiltrado polimorfonuclear com abscessos crípticos e edema; depleção de mucina
das células caliciformes.
F
ASE DE RESOLUÇÃO
: A resolução pode ocorrer em diferentes graus e em
diferentes locais anatômicos, dando falsa impressão de doença segmentar, não só
macroscópica mas também microscopicamente. Nessa fase há redução da
congestão vascular, com gradual desaparecimento das células polimorfonucleares e
11
dos abscessos crípticos. A população de células caliciformes é restaurada. O epitélio
encontra-se em fase de hiperplasia reacional e de restauração da continuidade.
Ocorre declínio da população de linfócitos e de células plasmáticas.
F
ASE DE REMISSÃO
: Variados graus de atrofia críptica marcam essa fase.
Ocorre perda do paralelismo, com separação e ramificação das criptas,
espessamento da muscular da mucosa e metaplasia de células de Paneth.
2.3 CONSIDERAÇÕES GERAIS E ASPECTOS MICROSCÓPICOS DAS
DISPLASIAS NA RETOCOLITE ULCERATIVA
2.3.1 Displasia – Definições
Displasia (do grego dis = dificuldade e plasein = formar) termo bastante
abrangente é toda organizão anormal ou diferencião desordenada de células
ou de tecidos presente em um órgão. Fundamentalmente, displasia é uma reação do
epitélio a injúria, fazendo com que o epitélio normal sob estímulo sofra alterações
morfológicas e apresente atipias celulares (MATTOS, 2004).
Displasia é encontrada principalmente no epitélio, e se caracteriza por
alterações que incluem perda da uniformidade das células individuais e da sua
orientação arquitetural. As células displásicas tamm exibem pleomorfismo e
núcleos hipercromáticos anormalmente grandes em relação a seu tamanho. Quando
as alterações displásicas são acentuadas e envolvem toda a espessura do epitélio,
mas permanecem confinadas ao tecido normal, são consideradas neoplasma
pré-invasivo, denominado carcinoma in situ. Quando as células tumorais se movem
além dos limites normais, o tumor é denominado invasivo (KUMAR et al., 2005).
As alterações displásicas são freqüentemente adjacentes aos focos do
carcinoma invasivo, e em algumas situações, como a de fumantes de longa duração
e de esôfago de Barrett, uma displasia epitelial grave precede freqüentemente o
aparecimento do câncer. No entanto displasia não evolui obrigatoriamente para
câncer. Alterações leves a moderadas que o envolvem toda a espessura do
epitélio podem ser reversíveis, e, com a remoção dos fatores que lhes o origem, o
epitélio pode voltar ao estado normal (KUMAR et al., 2005).
12
RIDDELL et al. (1983) definem displasia em RU como “alteração neoplá-
sica inequívoca do epitélio cólico”. Dessa forma, o epitélio displásico não somente
pode ser marcador ou precursor do carcinoma, mas também pode, por si só, ser
maligno e associado com invasão direta no interior do tecido.
A identificação da displasia baseia-se na combinação de dois grupos de
achados microscópicos (RIDDELL et al., 1983):
1) alterações arquiteturais excedendo o que resulta de reparo na colite
crônica, freqüentemente assemelhando-se ao arranjo glandular dos
adenomas;
2) anormalidades citológicas pleomorfismo celular e nuclear, hipercro-
matismo nuclear, perda da polaridade nuclear e marcada estratificação
do núcleo.
2.3.2 Displasia Histórico
CROHN e ROSENBERG (1925) documentaram um caso de carcinoma
retal associado com RU e postularam que a lesão se desenvolvia como seqüela
tardia da doença. O risco de carcinoma aumenta com a duração da doença e é
maior em pessoas com colite ulcerativa extensa (DEVROEDE; TAYLOR; SAUER,
1971; MORSON; PANG, 1967; RIDDELL, 1976); assim, é maior em pessoas com
pancolites com 10 anos ou mais de evolão. Esse risco aumenta 20% a cada déca-
da após dez anos (DEVROEDE; TAYLOR; SAUER, 1971; KEWENTER; AHLMAN;
HULTEN, 1978).
O fenômeno biológico e morfológico da displasia foi pela primeira vez
postulado como precursor do adenocarcinoma em RU por WARREN e SOMMERS
(1949).
COUNSELL e DUKES (1952) notaram apresentação macroscópica atípica
do adenocarcinoma e a raridade de pólipos adenomatosos em portadores de RU de
longa data. Segundo eles, o adenocarcinoma freqüentemente se desenvolve sem
lesão visível ou reconhecível na superfície mucosa.
MORSON e PANG (1967) demonstraram que a displasia, freentemente
difusa, ocorre em mucosa plana (não polipóide) e pode ser detectada na biópsia.
13
A evidência que suporta o conceito de displasia como indicador de
malignidade na colite ulcerativa baseia-se em duas observações. A primeira diz
respeito à alise retrospectiva do cólon ressecado por tumor em portadores de RU
que freqüentemente apresentavam displasia (MORSON; PANG, 1967; HULTEN;
KEWENTER; AHREN, 1972; FENOGLIO; PASCAL, 1973; YARDLEY; KEREN, 1974;
COOK; GOLIGHER, 1975; GEWERTZ; DENT; APPELMAN, 1976; NUGENT et al.,
1979; FUSON et al., 1980). A segunda evidência está baseada em estudos de
pacientes submetidos à colectomia por displasia, freqüentemente coexistente com
adenocarcinoma (MORSON; PANG, 1967; MYRVOLD; KOCK; AHREN, 1974;
DOBBINS, 1977; LENNARD-JONES; MORSON; RITCHIE, 1977; NUGENT et al.,
1979; FUSON et al., 1980; BLACKSTONE et al., 1981).
Em anos recentes o interesse foi focado na displasia do epitélio do
intestino grosso como marcador histológico do aumento do risco de câncer, dessa
forma utilizada como potencial indicador para colectomia (GORFINE et al., 2000).
2.3.3 Displasia – Classificação da mucosa cólica quanto à presença de displasia
Padronizada e publicada por RIDDELL et al. (1983), sua classificação da
mucosa cólica quanto à displasia em doença inflamatória intestinal é citada como
modelo. São ts grandes categorias negativa, indefinida e positiva , cujo
desdobramento é mostrado no quadro 1.
QUADRO 1 - CLASSIFICAÇÃO DA MUCOSA CÓLICA QUANTO À DIS-
PLASIA EM DOEA INFLAMATÓRIA INTESTINAL
NEGATIVA
Mucosa normal
Colite quiescente
Colite ativa
INDEFINIDA
Provavelmente negativa (provavelmente inflamatório)
Desconhecida
Provavelmente positiva (provavelmente displasia)
POSITIVA
Displasia de baixo grau
Displasia de alto grau
Fonte: RIDDELL et al., 1983
14
2.3.3.1 Mucosa negativa para displasia
2.3.3.1.1 Mucosa normal
Epitélio do intestino grosso normal pode ser visto próximo à área de
acometimento da colite ulcerativa e ocasionalmente nas biópsias de colite
quiescente nas quais os fatores tipicamente regenerativos não estão aparentes.
Algumas invaginações são normais e não devem ser confundidos com distorção
críptica. Não se encontra atipia nuclear (RIDDELL et al. 1983).
2.3.3.1.2 Colite quiescente
Em longo tempo de doença severa existe a redução do número de criptas
por unidade de área (atrofia). As criptas podem ser distorcidas e estão freqüente-
mente afastadas da muscular da mucosa. Podem ser achados focos de metaplasia
de células de Paneth distal ao ângulo direito do cólon, de metaplasia pilórica e de
hiperplasia de células endócrinas. É freente o aumento das células inflamatórias
crônicas e podem ser vistos focos de atividade da doença. Atipia nuclear está
ausente (RIDDELL et al., 1983).
2.3.3.1.3 Colite ativa
Constante inflamação e regeneração levam à depleção de muco. Portanto
depleção de muco resultante de inflamão aguda é um fator que deve ser excluído
antes de ser considerado diagnóstico de displasia.
Na fase regenerativa ou de reparo surgem ramificações crípticas e
ocasionalmente configuração vilosa da superfície, persistência da depleção de muco
e mudanças nucleares nas células epiteliais. A fase inicial de regeneração pode ser
distinguida da displasia por não aumentar o número de células epiteliais e por ter o
citoplasma freentemente atenuado e a cromatina nuclear esparsa e finamente
distribuída. No estágio mais tardio de reparo essa diferenciação pode ser mais difícil,
porque as células epiteliais apresentam núcleos alargados e mostram graus
15
variáveis de estratificação e hipercromatismo, além de mais mitoses (RIDDELL et al.,
1983).
2.3.3.2 Mucosa indefinida para displasia
Na interpretação das biópsias pode ser impossível avaliar a existência de
displasia, devido ao padrão de crescimento epitelial adicional, a atividade inflama-
tória e regenerativa e a alguns fatores de processamento técnico (e.g., defeitos de
fixação, processamento e artefatos de coloração).
Os casos indefinidos para displasia podem ser subdivididos naqueles
decorrentes somente da inflamão (provavelmente negativos); naqueles com
alterações mais típicas mas o inequívocas de displasia (provavelmente positivos)
e naqueles que não permitem razoável estimativa (desconhecidos) (RIDDELL et al.,
1983).
2.3.3.2.1 Provavelmente negativa
Quando o processo de reparação atinge o ponto em que o epitélio é
colunar, as chances de confusão com displasia aumentam. Nesse estágio o núcleo
adquire um pouco mais de cromatina, particularmente ao redor das membranas
nucleares; torna-se alongado e podem apresentar nucléolo eosinolico e proemi-
nente. Se os núcleos são numerosos e marcadamente estratificados, a sua
aparência pode assemelhar-se ao epitélio displásico. Na mucosa em que se
processa o reparo, pode-se observar a transição entre o epilio regenerativo e o
epitélio não ulcerado, na mesma cripta ou nas criptas adjacentes. Com base nesses
critérios é geralmente possível atribuir as alterações epiteliais ao processo normal de
reparação. Mas se dúvida persistir, é melhor classificar os achados como indefinidos
para displasia e provavelmente negativos. As alterações reparativas podem ser
particularmente exuberantes na criança e no adulto jovem; portanto, cuidado
especial deve ser observado nesses pacientes (RIDDELL et al., 1983).
16
2.3.3.2.2 Desconhecida
O mais importante desse padrão é a falha do epilio críptico dentro da
maturação normal dos tipos celulares, o que é chamado de maturação incompleta
das criptas. Pode haver nas criptas marcada redução no número de células produ-
toras de muco e, focalmente, ausência dessas células. Assim, as criptas contêm
somente células absortivas ou células relativamente indiferenciadas encontradas
somente na base da cripta (RIDDELL et al., 1983).
2.3.3.2.3 Provavelmente positiva
Essa categoria inclui casos altamente suspeitos de displasia e indica que
mais biópsias são necessárias. Os núcleos epiteliais podem ser grandes e hipercro-
máticos e às vezes apresentar pequena estratificação, mas essas alterações são
insuficientes para aceitar como inequivocamente displásica a mucosa (RIDDELL et
al., 1983).
2.3.3.3 Mucosa positiva para displasia
Por definição, essa categoria inclui somente casos inequívocos de mucosa
displásica. O diagnóstico então indica que a lesão pode estar associada com
adenocarcinoma invasivo ou este pode subseqüentemente manifestar-se. Displasia
pode ser de baixo e de alto grau, devido a diferentes implicações no manejo dos
pacientes (RIDDELL et al., 1983).
2.3.3.3.1 Displasia de baixo grau
Muitos espécimes de biópsias com displasia de baixo grau apresentam
certa facilidade de diagnóstico devido a sua similaridade com adenomas tubulares. É
o que se observa nas criptas alongadas e revestidas por epitélio colunar alto, com
alguma produção de muco. O núcleo está aumentado, usualmente hipercromático
com estratificação nuclear. No diagnóstico de displasia de baixo grau o núcleo deve
estar confinado à metade basal das células. Há falha na maturação e na diferencia-
ção em células caliciformes e absortivas no epitélio superficial da mucosa (PASCAL,
1994).
17
Em muitos casos a displasia de baixo grau está acompanhada de
proeminente distrofia de células caliciformes, hiperplasia de células endócrinas e
metaplasia de células de Paneth.
Aumento na graduão de baixo para alto grau de displasia baseado
somente na aparência de alto grau de displasia de uma ou duas criptas é, provavel-
mente, injustificável (RIDDELL et al., 1983).
2.3.3.3.2 Displasia de alto grau
Na maioria dos casos, os achados do epitélio são rigorosamente parecidos
aos adenomas em pacientes sem colite em que o diagnóstico é relativamente fácil e
a distinção com displasia de baixo grau é dependente primariamente do grau das
alterações histológicas. Ao contrário da displasia de baixo grau, na qual os núcleos
estão distribuídos regularmente na metade basal das células, a maioria dos casos de
displasia de alto grau mostra estratificação nuclear que se estende até a superfície
das células. Outro critério para definir displasia de alto grau é a proeminente
hipercromasia, pleomorfismo e maior perda da polaridade nuclear (RIDDELL et al.,
1983).
2.3.4 Displasia – Modificação da Classificação da Mucosa Cólica quanto à
Presença de Displasia
RIDDELL (1996) modificou a classificação original em que, na categoria
indefinido para displasia, foi retirado o provavelmente negativo por ser de pouca
ocorrência e estar associado somente à inflamação. As categorias desconhecido e
provavelmente positivo foram unificadas, já que em ambas o resultado prático
implicava repetir a endoscopia para mais biópsias. Portanto a categoria indefinido
para displasia já não é subdividida.
2.3.5 Displasia – Displasia Associada com Lesão ou Massa (DALM)
O termo DALM é utilizado para designar lesão ou massa cólica, associada
com displasia, em portadores de RU crônica (ODZE, 1999). Existe um subtipo
específico de DALM que é endoscópico e histologicamente parecido com adenoma.
18
Essa distinção é importante, pois o adenoma tipo DALM é tumor que resulta de colite
crônica e tem indicação de colectomia. No entanto o adenoma esporádico é, por
definição, pólipo displásico e usualmente tratado com polipectomia. O adenoma
coexistente com RU encontra-se em área sem colite, pois displasia associada com
RU não se desenvolve sem inflamação crônica do epitélio. Lesões polipóides
displásicas associadas com RU ocorrem dentro de áreas de colite e são associadas
com lesões sincrônicas ou metacrônicas de displasia ou adenocarcinoma. Os fatores
moleculares (p53 e betacatenina) auxiliam na caracterização do pólipo. Adenoma
habitualmente apresenta na imunoistoquímica p53 negativo e betacatenina positiva,
ao passo que DALM, habitualmente, apresenta p53 positivo e betacatenina negativa.
Além do adenoma e do DALM, um terceiro grupo de pólipos chamados
indeterminados são identificados. Estes consistem em lesões encontradas em áreas
de colite mas não estão associados com displasia ou adenocarcinoma (ODZE,
1999).
2.3.6 Displasia – Concordância Diagnóstica
GUINDI e RIDDELL (2001) relatam que, em relão aos portadores de RU,
existe variação na concordância entre os patologistas quanto ao diagnóstico e à
graduação da displasia cólica. Essa variação é pequena quando se distingue entre
negativo para displasia e displasia de alto grau. A concordância é maior para a
presença ou ausência de displasia do que para graduação da displasia.
2.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE O GENE P53 SUPRESSOR DE TUMOR
O gene p53, originalmente descrito em 1979 (LANE; CRAWFORD, 1979),
tem sido responsabilizado por uma série de funções regularias no desenvolvimento
celular. Ele age como supressor de tumor típico, ou seja, bloqueia a proliferação
celular. Quando mutado, é o gene mais freqüentemente associado ao desenvolvi-
mento de neoplasias malignas, pois desempenha papel importante nas vias de
carcinogênese de diferentes tipos de tecidos (NIGRO et al., 1989).
O gene p53, o mais conhecido ou compreendido entre todos aqueles
arrolados na carcinogênese (GOTTLIEB; OREN, 1996; KO; PRIVES, 1996), locali-
za-se no braço curto do cromossomo 17 e codifica no homem proteína nuclear com
19
393 aminoácidos. A protna tem peso molecular de 53 000 dáltons do que deriva
o nome p53 e funciona como fator de transcrição dependente do DNA, com o qual
interage (FIELDS; JANG, 1990). Vários dados na literatura sugerem que o p53 age
como protetor das células as dano genômico. Alguns danos ao DNA ativam o p53,
estacionando o ciclo celular. Isso permite que o DNA seja reparado, impedindo que
mutações potencialmente danosas sejam transferidas para as células-filhas. Como
via alternativa, o p53 pode induzir a apoptose celular, com resultado final seme-
lhante. Não é sem motivo, portanto, que o p53 vem sendo chamado “o guardião do
genoma” (LANE, 1992).
2.4.1 Mecanismos pelos Quais o P53 Induz
a Suspensão do Ciclo Celular e a Apoptose
Quando ocorre o dano ao DNA, ativa-se o gene p53. A proteína p53, na
seqüência, induz a transcrição do gene p21
WAF1/CIP1
, com produção da proteína p21.
Esta inibe as ciclinas dependentes de quinases, necessárias para que haja
progressão da fase G
1
para S ou de síntese do DNA, quando a célula está prestes a
dividir-se, ainda com 46 cromossomos (WALDMAN; KINZLER; VOLGESTEIN,
1995). Existem evidências de que o mecanismo que interrompe o ciclo celular pela
via do p53 é mediado pela indução do p21
WAF1/CIP1
. Há também indícios de que a
apoptose dependente do p53 está relacionada à modulação da função do oncogene
Bcl-2. Em algumas linhagens celulares, a expressão do p53 ativa a transcrição do
Bax, membro da família Bcl-2 (MIYASHITA; REED, 1995). O Bax promove a
apoptose, enquanto o Bcl-2 reprime o processo. Os níveis relativos das duas
proteínas parecem determinar o destino da célula (OLTVAI; MILLIMAN;
KORSMEYERQ, 1993). A indução do Bax pelo p53, após dano genômico,
desencadearia a apoptose. Se nessas circunstâncias o p53 se encontrasse mutado,
ou seja, ineficaz, seria possível a continuidade do ciclo celular, passando mutações
somáticas, induzidas pelo agente patológico, às células-filhas.
As alterações do p53 determinam a produção, no núcleo celular, de uma
proteína modificada estruturalmente e com meia-vida longa que se acumula. Dessa
forma, por imunoistoquímica, pode-se determinar a superexpressão da proteína.
20
2.4.2 Atuação do p53 no Câncer Colorretal
A mutação da proteína p53 é encontrada em cerca de 50% de todos os
tumores humanos. A detecção do p53 intranuclear foi descrita como fator
prognóstico negativo em diferentes tipos de tumores como de mama, pulmão, rim,
bexiga, endométrio, ovário, estômago e tecidos moles , orientando na determinação
de populações que deverão receber quimioterapia, como ocorre em protocolos de
câncer de mama (SILVESTRINI et al, 1993; GALLEGO et al., 2000).
Entre 50% e 75% de todos os tumores colorretais apresentam perda da
função de ambos os alelos do gene p53 (GREENBLATT et al., 1994). Em geral, isso
decorre de mutação de um alelo e perda do outro por deleção de uma região
extensa do DNA cromossômico. Embora muitos cânceres apresentem mutações nos
alelos do gene p53, elas são muito menos freqüentes nas fases iniciais da
carcinogênese e mais raras em adenomas. AHNEN (1999) relata a ocorrência de
mutação no gene p53 em 80% a 90% dos tumores conicos esporádicos e em 20%
a 40% dos adenomas. O mesmo autor correlaciona a proteína mutante nesses
últimos com a severidade da displasia, embora reconheça a ocorrência da proteína
com freqüência menor também no epitélio com displasia de baixo grau.
YAMAGUCHI et al. (1995), pesquisando carcinomas escamocelulares no
ânus, encontraram a proteína mutada em 52,5% (21/40) das peças estudadas por
imunoistoquímica, e negativa no grupo controle, constituído por peças cirúrgicas de
hemorroidectomias.
No relato de FINLAY et al. (1988), a análise imunoistoquímica da proteína
p53 mutada apontou níveis intracelulares altos em comparação ao achado nas
células normais nas quais a proteína não foi detectada. Provavelmente os altos
níveis encontrados sejam devidos ao aumento da meia-vida da proteína mutada.
Das mutações do gene p53, 94% ocorrem na área de domínio da proteína
no DNA, entre os aminoácidos 120 a 290, éxons 5 a 8. A maioria dessas mutações
encontram-se em quatro seqüências peptídicas, altamente conservadas através das
espécies, e correspondem a segmentos responsáveis por ligações de seqüências
específicas do DNA. Cerca de 80% das mutações ocorridas no p53o do tipo de
substituição (missense mutation), ao contrário das de truncagem (nonsense ou
frameshift), que resultam em proteínas truncadas, as quais transcrevem para um
códon de parada de transcrição (stop codon). Portanto a maioria dos cânceres com
21
p53 mutante expressam proteínas de comprimento normal, mas funcionalmente
deficientes quanto à ligação com o DNA (LEVINE et al., 1995).
A expressão da proteína p53 no desenvolvimento dos tumores esporádicos
do cólon parece ser um evento tardio, ou seja, parece ocorrer durante a conversão
do adenoma para carcinoma (BAKER et al., 1990; YAMAGUCHI et al., 1995). No
entanto há estudos demonstrando que na polipose adenomatosa familiar as
mutações no p53 podem ocorrer também no desenvolvimento do adenoma
(SHIRASAWA et al., 1991). Da mesma forma alguns estudos colocam a mutação do
p53 como evento precoce na carcinogênese dos portadores de RU (BRENTNALL et
al., 1994; LASHNER et al., 1999).
2.4.3 Uso Clínico da Identificação do p53 Mutante
Há vários usos clínicos potenciais em neoplasias malignas. As mutações
no gene p53 podem ser determinadas por imunoistoquímica ou por seqüenciamento
do DNA. Como já mencionado, a alteração da configuração original dessa proteína
resulta numa forma mutante com produto protéico estável, o que aumenta sua vida
média e permite a detecção mais simples por meio de anticorpos, segundo técnicas
de imunoistoquímica, já que o seqüenciamento do DNA envolve técnicas
laboratoriais mais complexas (FINLAY et al., 1988; RAWET, 1993). Já a forma
normal (wild type) tem vida média muito curta, o que faz com que os níveis tissulares
sejam baixos, dificultando a identificação com anticorpos (PIGNATELLI et al., 1992).
A positividade da reação de imunoistoquímica varia na dependência do
anticorpo utilizado. BASS et al. (1994) compararam seis diferentes anticorpos dispo-
níveis comercialmente e concluíram que o anticorpo monoclonal DO7 foi o mais
sensível e específico.
YIN et al. (1993) avaliaram o gene p53 usando conformação de polimor-
fismo de cadeia simples, seqüenciamento de DNA e perda da heterozigose em 45
portadores de RU com displasia ou carcinoma. Mutação ponto foi detectada em 26
lesões de 20 pacientes, incluindo 18 carcinomas, 6 DALMs, 1 displasia plana e 1
metástase em linfonodo. Mutações do tipo missence causando substituição de
aminoácidos, assim como mutações nonsense resultando em stop codons
prematuro foram observadas. Mutação ponto foi acompanhada da perda do outro
alelo do gene p53 em 8 dos 10 pacientes. Esses achados sugerem que a inativação
22
do p53 por mutação ou perda da heterozigose é mecanismo comum de transfor-
mação maligna na RU. Em contraste com o câncer colorretal esporádico, na RU com
alterações neoplásicas a inativão do p53 é relativamente precoce.
YOSHIDA et al. (2003), a partir de três espécimes cirúrgicos de pacientes
com RU, isolaram 11 criptas regenerativas e 76 criptas de 7 casos de DALM.
Realizada coloração imunoistoquímica para p53, extraíram o DNA das criptas
coradas com p53 por microdissecção, amplificação por PCR e seqüenciamento para
identificão de mutações nos éxons 2 até 11. A coloração de toda ou da metade
inferior da cripta, considerada positiva para a superexpressão da proteína p53, foi
encontrada em 11 das 20 criptas com mutação do gene p53 (55%) com alteração de
aminoácido. Entretanto mutação ponto do p53 foi detectada em 13 das 37 criptas
positivas para superexpressão da p53 (35,1%).
A detecção da proteína p53 mutante parece conferir prognóstico pior para
os tumores colorretais, tanto na sobrevida quanto nos índices de recidiva. Essa
associação tem ocorrido independentemente de outros fatores, incluindo idade,
estadiamento ou ploidia tumoral (HAMELIN et al., 1994; HAMELIN; LAURENT-PUIG,
1997; RIBEIRO JR. et al., 2000). GALLEGO et al. (2000), estudando 126 casos de
câncer colorretal, demonstraram relação direta entre o achado do p53 mutante e o
tempo livre de doença. No entanto não encontraram correspondência com o tempo
de sobrevida, nem com os outros fatores prognósticos usualmente considerados,
como tamanho e localização do tumor, grau de infiltração, invasão neural e vascular.
WONG et al. (2000) realizaram estudo imunoistoquímico com marcador de
proliferação celular, o Ki67, e a expressão do regulador do ciclo celular, a p53.
Foram estudadas atipias regenerativas (AR, n=22), indefinidas para displasia (ID,
n=12), displasia de baixo grau (DBG, n=22) e displasia de alto grau (DAG, n=14).
Todos os casos de displasia mostraram extensão do Ki67, corando acima do terço
basal da cripta. Moderada intensidade da coloração do p53 foi visto em 10 dos 22
casos de AR, mas intensidade forte da coloração foi vista somente nos casos de
displasia. Todos os casos de DAG mostraram extensão do Ki67 e da p53, corando
acima dos dois terços basais da cripta. A conclusão é de que um Ki67 restrito ao
terço basal da cripta exclui o diagnóstico de displasia, ao passo que uma coloração
forte da p53 sugere o diagnóstico de displasia.
HOLZMANN et al. (2001) analisaram biópsias de 83 portadores de RU de
longo tempo de evolução, que faziam parte de um programa de seguimento
23
endoscópico. Foram analisadas nas biópsias: aneuploidia de DNA, displasia, p53 e
Ki-ras. Aneuploidia do DNA foi encontrada em 32,5%, displasia em 22,9%, p53 em
21,7% e mutações do Ki-ras em 18,1% dos pacientes. Nenhum desses marcadores
foi encontrado no grupo controle. Associação estatisticamente significativa foi
encontrada entre displasia e aneuploidia do DNA e entre displasia e mutações do
p53. Nenhuma associação significativa foi encontrada quando se relacionou somen-
te displasia com mutação do Ki-ras.
LASHNER et al. (1999) estudaram os espécimes de biópsias para
mutações do p53 em 95 portadores de RU com pancolite de longa data (mais de 8
anos) que tinham diagnóstico de displasia ou câncer. A probabilidade de apresentar
displasia ou câncer foi significativamente maior entre os 37 pacientes que
apresentavam p53 positivo. As mutações do p53 desenvolveram-se, aproximada-
mente, 8 meses antes da displasia de baixo grau, 26 meses antes da de alto grau e
36 meses antes do câncer.
LASHNER et al. (2003) estudaram a expressão do p53 em 75 portadores
de RU que desenvolveram câncer colorretal. Na pesquisa, feita por imunoistoquí-
mica usando o anticorpo DO-7 anti-p53, o tumor era considerado positivo se pelo
menos 5% dos núcleos tivessem coloração forte. Foram encontrados 38 pacientes
p53 positivos (50,7%). Na comparação dos 14 pacientes p53 positivos que morreram
do tumor, com os 5 pacientes p53 negativos houve diferea estatística (p< 0,04). O
risco relativo de câncer relacionado com morte entre pacientes com tumor p53
positivo foi de 3,03 (95% CI=1,05-8,73).
ILYAS e TALBOT (1995) pesquisaram p53 por imunoistoquímica estudan-
do 10 pacientes com displasia presente, no mínimo, 1 ano antes da colectomia.
Usaram o anticorpo monoclonal DO7, específico para ambos os tipos, mutante e
selvagem, e fizeram a leitura do resultado por contagem de células positivas
(0=menos de 10%; +=10-25%; ++=25-50% e +++=>50%). Dos 10 casos, 7 foram
positivos; 2 desses 7 tinham p53 positivo em espécimes antes do desenvolvimento
do carcinoma ou displasia; os outros 5 foram negativos para displasia entre 1 e 4
anos antes da cirurgia. Baseados nesses resultados, os autores concluem que a
superexpressão da p53 é evento tardio no desenvolvimento da carcinogênese
colorretal em portadores de RU.
ISHITSUKA, KASHIWAGI e KONISHI (2001) verificaram a instabilidade de
microssatélites (IMS) e a expressão da p53 em 75 amostras de 16 espécimes
24
cirúrgicos. Cinco pacientes tinham longo tempo de duração da doença (maior ou
igual a 5 anos) com displasia ou câncer, 7 tinham longo tempo de evolão da
doença sem alterações displásicas e 4 curto tempo de evolução da doença (menor
do que 5 anos) sem displasia. O grupo com displasia teve 17 lesões (6 com DBG, 7
com DAG e 4 com carcinoma). No grupo sem displasia a IMS foi detectada mais
significativamente em pacientes com inflamação severa do que naqueles com
moderada. IMS com 2 locos ou mais foi encontrado em 3 das 17 lesões. A
superexpressão da p53 foi encontrada em 11 dos 17 casos. A influência da
inflamação deve ser considerada quando vamos estimar IMS em RU.
BRUEWER et al. (2002) usaram metalotioneínas juntamente com a p53
para investigar seus papéis na carcinogênese da RU em 14 pacientes com
carcinoma colorretal, 13 com DAG, 10 com DBG e 30 sem displasia nem carcinoma.
Positividade da coloração imunoistoquímica da metalotioneína foi mais freqüente
para epilio não displásico e DBG, do que para DAG e adenocarcinoma (p<0,01).
Imunorreatividade p53 positiva foi observada predominantemente em DAG e
adenocarcinoma, quando comparada com DBG e epilio não displásico (p<0,01).
NOFFSINGER et al. (2001) determinaram um padrão basal de expressão
da p53 associado com a mutação do gene p53. Quarenta e dois pacientes com RU
foram avaliados para imunoistoquímica da p53 em 130 casos de epitélio sem
displasia, 8 indefinidos para displasia, 28 com displasia e 9 com carcinoma. As
criptas p53 positivas, coradas com imunoistoqmica para p53 e p21
waf1/cip1
, foram
microdissecadas para extração do DNA; as mutações foram avaliadas por
conformação de polimorfismo de cadeia simples e por seqüenciamento direto dos
produtos da PCR dos éxons 5 ao 9. A detecção da perda da heterozigose foi
realizada em 5 pacientes com amplificação do DNA em 2 locos microssatélites,
adjacentes ao p53. Os autores encontraram positividade difusa da p53 nos casos de
displasia (17,9%) e de adenocarcinoma (66,7%); positividade basal em epitélio sem
displasia (5,2%), indefinido para displasia (12,5%) e displásico (10,7%). Áreas
fortemente positivas para p53 foram amplamente negativas para p21. Mutações do
p53 foram identificados em 6 dos 8 casos fortemente corados da p53. Nenhum dos
casos fracamente positivos continha mutações.
BRENTNALL et al. (1994), em 14 espécimes de colectomia por adenocar-
cinoma ou displasia com RU, avaliaram aneuploidia, perda da heterozigose do p53 e
mutação do códon 248 no éxon 7 do p53. Encontraram mutões em 83% (5 de 6)
25
dos espécimes com adenocarcinoma, em 48% (23 de 48) com displasia, em 3% (1
de 34) dos indefinidos para displasia e em 29% (5 de 17) em amostras sem
displasia. Perda da heterozigose foi encontrada predominantemente em áreas de
DAG e adenocarcinoma. Concluem que a mutação do p53 está fortemente
relacionada com aneuploidia.
3 MATERIAL E MÉTODO
3.1 CASUÍSTICA
Foi realizada pesquisa retrospectiva, a partir de 2004, de 124 casos de
indivíduos com diagnóstico clínico e endoscópico de retocolite ulcerativa em acom-
panhamento no Ambulatório de Doenças Inflamatórias Intestinais do Hospital de
Clínicas da Universidade Federal do Paraná, que haviam sido submetidos a exame
anatomopatológico da mucosa cólica. No banco de dados do Serviço de Anatomia
Patológica do mesmo hospital foram verificados os cadastros desses 124 pacientes
e os respectivos exames. Os pacientes tiveram seus prontuários revisados para
levantamento dos dados clínicos idade, sexo, cor, tempo de evolução da doença
até o momento do exame e extensão da doença. Os exames anatomopatológicos
incluíam biópsias endoscópicas e peças cirúrgicas.
Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital
de Clínicas da Universidade Federal do Paraná e está registrado no Sistema de
Banco de Pesquisas (BANPESQ) sob o número 2003013073.
Foram selecionados os laudos anatomopatológicos em que constasse
menção de:
a) indefinido para displasia;
b) presença de displasia;
c) adenocarcinoma.
O estudo histopatológico foi feito pelo mestrando e orientado por
patologista especializado em sistema digestório seu orientador, em todas as etapas
de revisão das lâminas.
26
Os pacientes que apresentavam displasia, lesões indefinidas para displasia
ou adenocarcinoma foram submetidos às reações de imunoistoquímica para a
proteína nuclear p53.
3.2 PROCESSAMENTO HISTOLÓGICO
O material de arquivo, previamente fixado em solução aquosa de formol a
10%, foi recebido pelo Serviço de Anatomia Patológica do Hospital de Clínicas da
Universidade Federal do Para, e submetido a processamento. As cápsulas foram
acondicionadas num processador automático de tecidos, que realizou a desidrata-
ção, a diafanização e a impregnação com parafina fundida. Incluíram-se os espéci-
mes em parafina para a realizão de cortes com micrótomo em amostras de 4-
5 µm. O material foi corado com hematoxilina-eosina (HE) (BANCROFT; STEVENS,
1977; MICHALANY, 1980; SPENCER, 1982).
3.3 AVALIAÇÃO HISTOPATOLÓGICA DAS DISPLASIAS
Os casos indefinidos para displasia e com presença de displasia foram
revisados com base em classificação discriminativa para caracterizar as atipias
como displasia ou reparo. A classificação está reproduzida na forma de tabela
didática no livro de patologia Sternberg’s Diagnostic Surgical Pathology (PETRAS,
2004) (apêndice 1). As a revisão, os laudos dos exames anatomopatológicos
foram classificados em com displasia ou sem displasia (figura 1).
27
FIGURA 1 – ÁREA DE DISPLASIA
FONTE: Serviço de Anatomia Patológica da UFPR
NOTA: Núcleos displásicos corados em azul escuro. HE 400x
3.4 PROCESSAMENTO IMUNOISTOQUÍMICO
Todas as reações foram realizadas na Unidade de Imunoistoquímica do
Hospital de Clínicas da UFPR. O procedimento imunoistoquímico foi o padrão:
P
REPARAÇÃO DOS CORTES HISTOLÓGICOS
(
DESPARAFINIZAÇÃO E HIDRATAÇÃO
):
As lâminas com cortes de parafina são colocadas na estufa a 37ºC, pelo período
noturno
(overnight)
para que a parafina derreta e em xilol por 10 minutos. As
secções de parafina são hidratadas com banhos consecutivos em solões com
concentração decrescente de álcool, a partir de álcool absoluto, até 90%,
permanecendo um minuto em cada uma.
R
ECUPERAÇÃO ANTIGÊNICA
: As amostras fixadas em formalina, especial-
mente quando não tenha sido possível o controle de pH ou do tempo de fixação,
requerem recuperão antigênica para a grande maioria dos epitopos pesquisados.
O método empregado foi a incubação em calor úmido, em que as lâminas são
28
incubadas em tampão citrato pH 6, durante 20 minutos e depois resfriadas por 20
minutos.
B
LOQUEIO DA PEROXIDASE ENDÓGENA
: Realizado com solão de peróxido de
hidrogênio a 6%, por 3 minutos. Segue-se lavagem com água corrente e destilada.
A
NTICORPO
: Nesta pesquisa foi usado anticorpo monoclonal de camun-
dongo contra proteína p53 em material previamente parafinado numa diluição de
1:100. (DO-7, DakoCytomation Denmark A/S, DN), anticorpo monoclonal classe G2
das imunoglobulinas, que se liga tanto à proteína selvagem quanto à mutada. Foi
empregado o adenocarcinoma colorretal como controle positivo.
S
ISTEMA DE LIGAÇÃO
: Envision
®
DakoCytomation. Uma imunoglobulina do
isótipo G anticamundongo impregnada com polímeros de dextran liga-se ao
anticorpo DO-7.
R
EVELADOR
: A incubação com o cromógeno DAB
®
DakoCytomation é
realizada em temperatura ambiente. Esse cromógeno marrom liga-se ao dextran.
F
INALIZAÇÃO E MONTAGEM DAS LÂMINAS
: As lâminas são lavadas e coradas
com hematoxilina e depois desidratadas com 2 banhos de álcool absoluto por 5
minutos. Banham-se as lâminas em xilol e aplica-se a lamínula (WEISS L.M., 1997).
3.5 AVALIAÇÃO IMUNOISTOQUÍMICA
Realizou-se a contagem de núcleos corados com marrom por meio de
analisador de imagem Image-Pro Plus ® - The Proven Solution ™ Versão 4.5.1.23
for Windows 98/NT/ME/2000/XP Copyright © 1993-2002 Media Cybernetics Inc.
Foram capturados em grande aumento (400x) todos os campos representativos dos
locais de displasia, nos quais se fez a contagem de células positivas e negativas
para a expressão da p53. As células positivas com os núcleos fortemente corados
em marrom foram contadas pelo programa por diferença de cor com os outros
núcleos em azul (células negativas). As células epiteliais negativas foram contadas
manualmente com marcação na tela do monitor (figuras 2 e 3).
Na avaliação da positividade das reações fez-se uso dos critérios abaixo
(ILYAS; TALBOT, 1995):
- negatividade: menos de 10% de células positivas;
- positividade +: imunorreatividade de 10-25%;
29
- positividade ++: imunorreatividade de 26-50%;
- positividade +++: mais de 50% das células imunopositivas.
FIGURA 2 – DISPLASIA
P53
POSITIVA
FONTE: Serviço de Anatomia Patológica da UFPR
NOTA: Núcleos displásicos corados em marrom antes da marcão para contagem
celular. Imunoistoquímica para
p53
400x.
FIGURA 3 - DISPLASIA
P53
POSITIVA
FONTE: Serviço de Anatomia Patológica da UFPR
30
NOTA: Mesma área da figura 2 com núcleos displásicos contornados em amarelo,
corados em marrom após marcação para contagem celular pelo analisador de
imagem. Imunoistoquímica para
p53
400x. P= células negativas para
p53
3.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Neste estudo foram considerados 124 portadores de retocolite ulcerativa,
acompanhados por meio de biópsias, registrando-se o tempo entre o icio da RU e
o momento da identificação da displasia. Pacientes que não apresentaram displasia
tiveram seu acompanhamento registrado até a última biópsia. As variáveis do estudo
foram: cor, sexo, idade no início da doença, idade na última biópsia e local da
doença. As variáveis explicativas foram dicotomizadas, testando-se a hipótese nula
de distribuição igual de tempo livre de displasia versus a hipótese alternativa de
distribuição diferente de tempo livre de displasia. O teste estatístico considerado foi o
de Cox-Mantel. A avaliação do tempo de evolução dos grupos com e sem displasia
foi feita pelo teste não paramétrico de Mann-Whitney.
31
4 RESULTADOS
4.1 DISPLASIAS E DADOS CLÍNICOS
Trinta e oito (30,65%) indivíduos do sexo masculino e 86 (69,35%) do sexo
feminino; nove (7,26%) negros ou mestiços e 115 brancos (92,74%); idade entre 10
e 81 anos no momento da displasia (no grupo com displasia) ou no momento da
última biópsia (no grupo sem displasia). A idade do paciente no início da doença
variou de 3 a 79 anos e o tempo de evolução da doença até a última biópsia, de 1 a
36 anos.
Os dados clínicos (idade, idade no início da doença, tempo de doença e
número de biópsias) estão representados na tabela 1.
TABELA 1 – VARIÁVEIS DADOS CLÍNICOS
VARIÁVEL n MÍNIMO MÁXIMO MEDIANA MÉDIA
DESVIO
PADRÃO
Idade na última biópsia 124 10,00 81,00 39,00 39,71 13,48
Idade início da doença 124 3,00 79,00 32,50 33,90 13,56
Tempo de doença na última biópsia 124 1,00 36,00 5,00 6,81 5,97
Número de biópsia 124 1,00 10,00 3,00 3,60 2,17
FONTE: O autor
Quanto à extensão da doença, 78 (62,90%) indivíduos tinham apenas o
cólon esquerdo afetado; 46 (37,09%) tinham pancolite.
Dos 124 pacientes, 12 (9,67%) tiveram DBG. Desses 12, 2 também
apresentavam ID e 2 DALM. A concordância com o diagnóstico anterior para
displasia ocorreu em 9/12 pacientes (75%). Nenhuma biópsia com displasia de alto
grau foi encontrada. Duas pacientes apresentaram adenocarcinoma concomitante
com displasia (apêndice 2).
Uma paciente apresentou adenocarcinoma na flexura direita do cólon, após
8 anos de evolução da doença, com estadiamento T2 N0 M0; Astler-Coller B1;
Dukes A. Outra apresentou adenocarcinoma retal no qual se viam áreas com células
32
em anel de sinete, as 12 anos de evolução da doença, com estadiamento T2 N1
M0; Astler-Coller C1-2; Dukes C.
4.2 DISPLASIAS E IMUNOISTOQUÍMICA P53
Dos 12 pacientes com displasia, 5 (41,67%) tiveram resultado positivo para
p53 e 7 (58,33%) tiveram resultado negativo. Um paciente com positividade + (24%
de células +), 1 com positividade ++ (39% das células) e 3 com positividade +++
(>50% das células).
Dois casos de DALM tiveram positividade +++ para p53. Três casos de ID
tiveram resultado negativo.
A paciente com tumor retal foi p53 positiva +++; a outra, com tumor na
flexura direta do cólon, foi negativa (apêndice 2).
4.3 DISPLASIA E COR DO PACIENTE
Testou-se a hipótese nula de que a distribuição do tempo livre de displasia
é igual entre indiduos de cor branca (11/12) e entre indivíduos de cor não branca
(1/12), versus a hipótese alternativa de distribuição de tempo livre de displasia
diferente. O resultado do teste estatístico indicou ao-rejeição da hipótese nula no
nível de significância de 5% (p=0,9467). No gráfico 1 podem ser observadas as
curvas de Kaplan-Meier para os dois grupos (brancos e não brancos).
33
GRÁFICO 1 – TEMPO LIVRE DE DISPLASIA E COR
Não branca
Branca
Tempo livre de displasia
Cor: branca x não branca
Completo
Censurado
Tempo de retocolite ulcerativa (anos)
Proporção acumulada de casos sem displasia
0,70
0,75
0,80
0,85
0,90
0,95
1,00
0
5
10
15
20
25
30
35
40
p=0,9467 (Cox-Mantel)
FONTE: O autor
4.4 DISPLASIA E SEXO DO PACIENTE
Testou-se a hipótese nula de que a distribuição do tempo livre de displasia
é igual entre indiduos do sexo masculino e entre indivíduos do sexo feminino,
versus
a hipótese alternativa de distribuição do tempo livre de displasia diferente. O
resultado do teste estatístico indicou a rejeição da hipótese nula no nível de
significância de 5% (p=0,0242). No gráfico 2
onde podem ser observadas as
curvas de Kaplan-Meier para os dois grupos
percebe-se que há relativamente
maior número de casos de displasia no sexo masculino (7/12) do que no sexo
feminino (5/12).
34
GRÁFICO 2 – TEMPO LIVRE DE DISPLASIA E SEXO
Masculino
Feminino
Tempo livre de displasia
Masculino x feminino
Completo
Censurado
Tempo de retocolite ulcerativa (anos)
Proporção acumulada de casos sem displasia
0,50
0,55
0,60
0,65
0,70
0,75
0,80
0,85
0,90
0,95
1,00
0
5
10
15
20
25
30
35
40
p=0,0242 (Cox-Mantel)
FONTE: O autor
4.5 DISPLASIA E EXTENSÃO DA DOENÇA
Testou-se a hipótese nula de que a distribuição do tempo livre de displasia
é igual entre indiduos com pancolite (7/12) e indiduos com colite à esquerda
(5/12)
versus
a hipótese alternativa de distribuição do tempo livre de displasia
diferente. O resultado do teste estatístico indicou ao-rejeição da hipótese nula no
nível de significância de 5% (p=0,1551). No gráfico 3 podem ser observadas as
curvas de Kaplan-Meier para os dois grupos (pancolite e colite à esquerda).
35
GRÁFICO 3 - TEMPO LIVRE DE DISPLASIA E EXTENSÃO
Colite à esquerda
Pancolite
Tempo livre de displasia
Extensão da doença: pancolite x colite à esquerda
Completo
Censurado
Tempo de retocolite ulcerativa (anos)
Proporção acumulada de casos sem displasia
0,65
0,70
0,75
0,80
0,85
0,90
0,95
1,00
1,05
0
5
10
15
20
25
30
35
40
p=0,1551 (Cox-Mantel)
FONTE: O autor
4.6 DISPLASIA E IDADE DO PACIENTE NO INÍCIO DA DOENÇA
(<15 ANOS OU
15 ANOS)
Testou-se a hipótese nula de que a distribuição do tempo livre de displasia
é igual entre indiduos com idade <15 anos no início da doença (1/12) e entre
indivíduos com idade
15 anos no início da doença (11/12)
versus
a hipótese
alternativa de distribuição do tempo livre de displasia diferente. O resultado do teste
estatístico indicou a não-rejeição da hipótese nula no nível de significância de 5%
(p=0,8882). No gfico 4 podem ser observadas as curvas de Kaplan-Meier para os
dois grupos (<15 anos e
15 anos no início da doença).
4.7 DISPLASIA E IDADE DO PACIENTE NA ÚLTIMA BIÓPSIA
(<40 ANOS OU
40 ANOS)
Testou-se a hipótese nula de que a distribuição do tempo livre de displasia
é igual entre indiduos com idade <40 anos na última biópsia (6/12) e entre
indivíduos com idade
40 na última biópsia (6/12)
versus
a hipótese alternativa de
distribuição do tempo livre de displasia diferente. O resultado do teste estatístico
indicou a não-rejeição da hipótese nula no nível de significância de 5% (p=0,7920).
36
No gráfico 5 podem ser observadas as curvas de Kaplan-Meier para os dois grupos
(<40 anos e 40 anos de idade na última biópsia).
GRÁFICO 4 – TEMPO LIVRE DE DISPLASIA E IDADE DE INÍCIO DA DOENÇA
Início<15a
Início>=15a
Tempo livre de displasia
Idade no início da doença: < 15 anos x >=15 anos
Completo
Censurado
Tempo de retocolite ulcerativa (anos)
Proporção acumulada de casos sem displasia
0,70
0,75
0,80
0,85
0,90
0,95
1,00
1,05
0
5
10
15
20
25
30
35
40
p=0,8882 (Cox-Mantel)
FONTE: O autor
GRÁFICO 5 – TEMPO LIVRE DE DISPLASIA E IDADE
<40a
>=40a
Tempo livre de displasia
Idade na última biópsia: menos de 40 anos x 40 anos ou mais
Completo
Censurado
Tempo de retocolite ulcerativa (anos)
Proporção acumulada de casos sem displasia
0,70
0,75
0,80
0,85
0,90
0,95
1,00
1,05
0
5
10
15
20
25
30
35
40
p=0,7920 (Cox-Mantel)
FONTE: O autor
37
4.8 TEMPO DE DOEA NOS GRUPOS COM E SEM DISPLASIA
No grupo de indivíduos com displasia, todos apresentavam menos de 15
anos de evolução da RU no momento da biópsia que identificou a displasia. No
grupo de indivíduos livres de displasia até a última avaliação registrada, 90,18%
apresentavam nessa biópsia menos de 15 anos de evolução da RU (tabela 2).
TABELA 2 - DISTRIBUIÇÃO DE FREQÜÊNCIAS DOS TEMPOS DE DOENÇA NA ÚLTIMA BIÓPSIA
SEM DISPLASIA COM DISPLASIA
TEMPO DE ACOMPANHAMENTO
(anos)
Freqüência Percentual Freqüência Percentual
Menos de 5 50 44,64 4 33,33
De 5 a 9,9 35 31,25 5 41,67
De 10 a 14,9 16 14,29 3 25,00
De 15 a 19,9 7 6,25 - -
20 ou mais 4 3,57 - -
TOTAL 112 100,00 12 100,00
FONTE: O autor
No grupo sem displasia a média do tempo de evolução da RU foi de
6,85±6,14 anos e no grupo com displasia foi de 6,50±4,19 anos. Testou-se a
hipótese nula de que os tempos da RU são iguais nos dois grupos do estudo versus
a hipótese alternativa de tempo de doença diferente. O resultado do teste estatístico
indicou a não-rejeição da hipótese nula no nível de significância de 5% (p=0,8055)
(tabela 3). A incidência dos casos de displasia ao longo do período de acompanha-
mento da RU é ilustrada no gráfico 6.
TABELA 3. TEMPO DE EVOLUÇÃO
SEM DISPLASIA (n=112) COM DISPLASIA (n=12)
VARIÁVEL
Média Desvio Padrão Média Desvio Padrão
VALOR DE p*
Tempo de doença na última bx
6,85 6,14 6,50 4,19 0,8055
(*) Teste não-paramétrico de Mann-Whitney
38
GRÁFICO 6 – TEMPO DE DOEA E DISPLASIA (EM ANOS)
Tempo de doença e incidência de displasia
Com displasia
Sem displasia
Tempo de doença (anos)
Proporção acumulada de casos sem displasia
0,70
0,75
0,80
0,85
0,90
0,95
1,00
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
32
34
36
38
FONTE: O autor
Whitney. Valores de p<0,05 foram considerados estatisticamente significantes.
5 DISCUSSÃO
A retocolite é doença crônica que vem sendo associada com o câncer
colorretal desde 1925, quando CROHN e ROSENBERG documentaram um carcino-
ma retal como complicação da doença. A ocorrência de carcinoma foi observada em
trabalhos subseqüentes (GOLDGRABER; KIRSNER, 1964; MOTTET, 1971). Desde
então, a atenção médica tem-se voltado para a displasia encontrada nos exames
anatomopatológicos, que se tornou o mais significativo fator preditivo de câncer
(GUINDI; RIDDELL, 2001). GORFINE et al. (2000) detectaram 13,1% de casos de
displasia em 590 pacientes submetidos à proctocolectomia e determinaram que o
valor preditivo positivo para câncer cólico em achado pré-operatório de displasia de
qualquer grau é de 50%.
Displasia de baixo grau pode ser detectada em 17% dos pacientes durante
acompanhamento com biópsia endoscópica (TYTGAT; DHIR; GOPINATH, 1995).
Neste estudo detectou-se displasia de baixo grau em 12 pacientes (9,67%).
GORFINE et al. (2000) encontraram maior ocorrência de displasia concomitante com
portadores de adenocarcinoma. Na presente amostra 2 pacientes que tinham
adenocarcinoma também apresentavam displasia de baixo grau. O diagnóstico de
39
displasia de baixo grau precede o aparecimento da displasia de alto grau ou
adenocarcinoma (ULLMAN et al., 2002).
EKBOM et al. (1990) encontraram ocorrência cinco vezes maior de câncer
em pacientes com pancolite do que em pacientes com colite do lado esquerdo do
cólon. Num estudo de ULLMAN et al. (2002), entre 18 pacientes com DBG, 17
apresentavam pancolite (94%). No presente estudo, dos 12 pacientes com displasia,
7 (58,30%) apresentavam pancolite e 5 (41,70%) colite à esquerda. A extensão da
doença não influenciou a ocorrência da displasia (p=0,1551). RIEGLER et al. (2003),
de forma análoga, não encontraram diferença estatística entre pancolite e colite à
esquerda para oncer.
RIEGLER et al. (2003), em estudo multicêntrico de pacientes com RU que
apresentavam displasia de alto grau ou carcinoma colorretal, encontraram uma
média de 13,9 anos de evolução de doença, com mediana de 12 anos. EKBOM et
al. (1990) encontraram um risco absoluto de câncer colorretal em 30% dos pacientes
com pancolite com 35 anos de evolução da doença, e em 40% quando o diagnóstico
foi feito antes dos 15 anos de idade. Em discordância com esses autores, neste
estudo não houve diferença na ocorrência de displasia quando o diagnóstico foi
realizado antes dos 15 anos de idade (p=0,8882).
O tempo de evolução da doença é citado como fator de risco para câncer e
displasia colorretal em RU (EKBOM et al., 1990; LENNARD-JONES; MELVILLE;
MORSON, 1990; BERNSTEIN et al., 1994; HOOKMAN; BARKIN, 2002). Na casuís-
tica deste estudo não houve concordância com essa observação. A comparação dos
grupos com e sem displasia não apresentou diferença em relação ao tempo de
evolução da doença (p=0,8055). ULLMAN et al. (2002) encontraram 39% dos
pacientes com DBG com menos de 8 anos de evolução da RU. Neste trabalho, dos
12 pacientes com displasia, 58,30% tinham menos de 8 anos de evolução da RU.
Nesta amostra houve predomínio de pacientes brancos, o que também foi
observado em pesquisa feita nos Estados Unidos da América (LIU; CRAWFORD,
2005). Aqui no grupo com displasia havia 11 pacientes brancos e 1 negro. No
entanto, quando analisada a influência da cor e o tempo livre de displasia, não foi
encontrada diferença estatisticamente significativa (p=0,9467).
Nos Estados Unidos da América as mulheres são mais afetadas pela RU
do que os homens (LIU; CRAWFORD, 2005). Em concordância, aqui se encontrou
predominância do sexo feminino entre os pacientes com retocolite ulcerativa
40
(69,35%). Em discordância, o estudo epidemiológico europeu feito por BINDER
(2004) encontrou maior incidência de RU em homens nas faixas etárias acima de 35
anos.
Em estudo populacional de 3 117 pacientes com RU não houve diferença
no risco relativo de câncer colorretal quanto ao sexo (EKBOM et al., 1990). ULLMAN
et al. (2002) estudando pacientes com DBG com RU encontraram maior ocorrência
em homens (67%). Em nossa casuística foram encontrados mais homens no grupo
com displasia quando comparado com o grupo sem displasia, diferença essa
significativa (p=0,0242) na avaliação estatística.
Neste trabalho a idade dos pacientes com displasia no momento da última
biópsia não se correlacionou significativamente com o tempo livre de displasia
(p=0,7920). A literatura mostra que não há correlação entre idade do indivíduo e
maior incidência de displasia (GORFINE et al., 2000; HOOKMAN; BARKIN, 2002).
O tempo de evolução da RU é considerado fator de risco para desenvolvi-
mento das alterações displásicas e neoplásicas (EKBOM et al., 1990; BINDER,
2004). Neste trabalho, o tempo de evolução da doença entre o grupo com e sem
displasia não apresentou diferença estatisticamente significativa (p=0,8055).
Apesar da displasia ser considerada o melhor fator preditor de risco de
câncer em pacientes com RU, há divergência entre os patologistas no que se refere
à sua graduação. A concordância, quando se classifica entre presença ou ausência
da displasia, varia entre 68% e 84% (GUINDI; RIDDELL, 2001). Tamm na presen-
te pesquisa a concordância do diagnóstico de revisão com o diagnóstico prévio foi
de 65%.
A superexpressão da proteína nuclear p53 tem sido estudada como
marcador para displasia (ITZKOWITZ, 2003). Embora a mutação do gene p53 seja
considerada um evento tardio na gênese do câncer cólico esporádico, a mutação
apresenta-se como evento precoce no câncer associado com colite (LASHNER et
al., 1999; ITZKOWITZ, 2003). Nesta amostra 5 pacientes com DBG foram p53
positivos (41,67%), concordando com dados da literatura que apontam índices de
positividade para DBG de 25% a 50% (ILYAS e TALBOT, 1995; LASHNER et al.,
1999; WONG et al., 2000; YOSHIDA et al., 2003).
Lesões indefinidas para displasia apresentam positividade para p53 entre
3% e 12,5% (BRENTNALL et al., 1994; NOFFSINGER et al., 2001). Neste trabalho
foram encontrados 2 pacientes com ID, todos p53 negativos.
41
A positividade para p53 em adenocarcinomas aqui encontrada foi
concordante com a relatada na literatura. Um caso de adenocarcinoma retal
apresentou forte coloração (+++) para p53; outro caso de adenocarcinoma na flexura
direita do cólon foi p53 negativo. A positividade para os adenocarcinomas em
pacientes com RU varia de 50% a 83% (BRENTNALL et al., 1994; NOFFSINGER et
al., 2001; LASHNER et al., 2003).
Os 2 pacientes com DALM neste trabalho apresentaram forte coloração
(+++) para p53. A presença de lesão tipo DALM correlaciona-se em 43% dos casos
com o achado concomitante de adenocarcinoma (BERNSTEIN et al., 1994). Forte
expressão (29% dos casos são positivos) da p53 é encontrada em DALM, mas não
em adenoma (ODZE, 1999).
42
6 CONCLUSÕES
Os resultados encontrados mostram o seguinte:
1. A ocorrência de displasia foi baixa;
2. A ocorrência de displasia foi maior no sexo masculino;
3. Houve positividade da superexpressão da proteína p53 na displasia.
43
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APÊNDICES
51
ANDICE 1 - CRITÉRIOS HISTOPATOLÓGICOS PARA DIFERENCIAÇÃO ENTRE DISPLASIA E
REPARO
VARIÁVEL HISTOLÓGICA DISPLASIA (caso) REPARO
CATEGORIA
DIAGNÓSTICA
OBS.
Aumento nuclear +/+++ +
Hipercromasia nuclear ++ +
Pleomorfismo nuclear +/+++ 0/+
Contornos nucleares irregulares +/+++ 0/+
Cromocentros e/ou nucleolos 0/+ ++/+++
Estratificação nuclear 0/+++ +
Perda da polaridade nuclear 0/++ 0
Mitoses aumentadas +/+++ ++
Milieu
inflamatório +/++ ++
Depleção de mucina intracitoplásmica 0/+++ ++
Relação N/C alta ++/+++ 0/+
Eosinofilia citoplasmática 0 +
Distorção da arquitetura mucosa 0/+++ +/++
Configuração vilosa 0/+++ 0
FONTE: PETRAS, R.E.
Sternberg´s diagnostic surgical pathology
. 4. ed. New York: Lippincott Williams & Wilkins, 2004.
p. 1505.
0=NENHUM; + = DISCRETO; ++ = MODERADO; +++= SEVERO.
52
ANDICE 2 - EXAMES COM DISPLASIA E RESULTADOS DA P53
PACIENTE LÂMINA Extensão
DIAGNÓSTICO
PRÉVIO
DIAGNÓSTICO
NA REVISÃO
P53
(%)
P53
+
CSG 03-7915 Cólon esquerdo DBG DBG 24 Positivo+
DJC 97-5436 Pancolite ID DBG 39 Positivo++
JBS 00-6203 Cólon esquerdo ID DBG 52 Positivo+++
JRC 04-2297 Cólon esquerdo DALM DALM 93 Positivo +++
JRC 04-3954 Cólon esquerdo TUMOR Tumor 77 - 92 Positivo+++
JS 99-7727-6 Pancolite DALM DALM 68 Positivo+++
AAM 03-7195-6 Pancolite DBG DBG 8 Negativo
AAM 03-7195-5 Pancolite DBG ID 6 Negativo
AAM 03-7195-3 Pancolite DBG ID 9 Negativo
AMM 03-6689 Pancolite ID DBG 4 Negativo
FAB 03-9124 Cólon esquerdo DBG DBG 6 Negativo
JBS 04-4431 Cólon esquerdo DBG DBG 2 Negativo
JS 99-7727-5 Pancolite DBG ID 3 Negativo
MB 02-8175 Cólon esquerdo ID DBG 5 Negativo
MG 98-5787 Pancolite DBG DBG 1 Negativo
MIC 99-4010-3 Pancolite DBG DBG 4 Negativo
MIC 99-4010-6 Pancolite DBG DBG 2 Negativo
MIC 99-6057-T Pancolite Tumor Tumor 3 Negativo
MIC 99-6057-3 Pancolite DBG DBG 2 Negativo
SN 98-4720-2 Pancolite DBG DBG 4 Negativo
SN 98-4720-3 Pancolite DBG DBG 4 Negativo
SN 98-4720-4 Pancolite DBG DBG 3 Negativo
FONTE: O autor
EXT: extenção da RC; DIAG: diagnóstico; ID: indefinido para displasia; DBG: displasia de baixo Grau; DALM: displasia
asociada a lesão ou massa; Tumor: adenocarcinoma.
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