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ÉCIO NAVES DUARTE
ESTUDO ANALÍTICO-NUMÉRICO DE FREIOS DE
ESTAMPAGEM EM CHAPAS METÁLICAS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA
2007
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ÉCIO NAVES DUARTE
ESTUDO ANALÍTICO-NUMÉRICO DE FREIOS DE ESTAMPAGEM EM
CHAPAS METÁLICAS
Tese apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Engenharia Mecânica da
Universidade Federal de Uberlândia, como
parte dos requisitos para a obtenção do título
de DOUTOR EM ENGENHARIA MECÂNICA.
Área de Concentração: Mecânica dos Sólidos
e Vibrações.
Orientadora: Sonia A. G. Oliveira
Co-orientador : Prof. Dr. Rafael Weyler
UBERLÂNDIA-MG
2007
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ii
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
D812e
Duarte, Écio Naves, 1962-
Estudo analítico-numérico de freios de estampagem em chapas metá-
licas / Écio Naves Duarte. - 2007.
117 f. : il.
Orientadora: Sonia A.G. Oliveira.
Co-orientador: Rafael Weyler.
Tese (doutorado) – Universidade Federal de Uberlândia, Programa de
Pós-Graduação em Engenharia Mecânica.
Inclui bibliografia.
1. Estampagem (Trabalhos em metal) - Teses. 2. Método dos elemen-
tos finitos - Teses. I. Oliveira, Sonia Aparecida Goulart de. II. Weyler,
Rafael. III. Universidade Federal de Uberlândia. Programa de Pós-Gradua-
ção em Eng
enharia Mecânica. III. Título.
CDU: 621.983
Elaborada pelo Sistema de Bibliotecas da UFU / Setor de Catalogação e Classificação
iii
Para minha esposa, Ledisley.
iv
AGRADECIMENTOS
A esta tese foram aportadas muitas e inestimáveis colaborações. Como forma de
reconhecer as imprescindíveis contribuições das pessoas e instituições com as quais pude
contar durante este trabalho, gostaria de fazer constar aqui meus mais sinceros
agradecimentos:
À Professora Sonia A. G. Oliveira, idealizadora do tema e visionaria da metodologia
empregada nesta tese, com a qual realmente pude contar para nortear estes estudos, mas
principalmente por ter sido mestra e amiga;
À Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Uberlândia, que
me possibilitou fazer a graduação, mestrado e agora esta tese de doutorado;
À CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de vel Superior, de
onde vieram os recursos para a bolsa do Programa de Doutorado com Estagio no Exterior
(PDEE), no período durante o qual foram feitas as pesquisas referentes à contribuição desta
tese ao programa STAMPACK
®
, em Barcelona, Espanha;
A Eugenio Oñate, chefe do CIMNE – Centro Internacional de Métodos Numéricos em
Engenharia – departamento vinculado à Universitat Politècnica de Catalunya;
À Quantech ATZ, empresa que comercializa e desenvolve o STAMPACK
®
, vinculada
ao CIMNE e em cujas dependências tive o suporte de toda a natureza para desenvolver
estas investigações no exterior. Especiais e inestimáveis foram, entretanto, as contribuições
do Dr. Fernando Rastellini, Gerardo Socorro e Albert Forgas a este trabalho;
Ao Dr. Laurentiu Neamtu, gerente de Desenvolvimento de Software da Quantech
ATZ e ao Dr. Rafel Weyler, co-orientador desta tese, pelo sem número de orientações
inestimáveis e de toda natureza;
Aos meus filhos, Mel e Jedai, por serem a minha fonte de inspiração;
Associados, diretores e colegas da APEC Associação dos Pesquisadores e
Estudantes Brasileiros na Catalunha, por terem me confiado não só a presidência da
associação, mas também suas amizades imprescindíveis;
À Sra. Tatiana Diwo, por sua dedicação aos trabalhos de formatação desta tese e ao
Sr. Márcio Melazzo pelo auxílio na execução de alguns desenhos;
Aos colegas e funcionários da Uniminas. Muito especiais agradecimentos, todavia,
ao Professor Dieter Sergei Sardeli de Paiva, coordenador do curso de Administração e ao
Prof. Fernando Antonio Ferreira, diretor acadêmico da Uniminas;
Por último, gostaria de agradecer a quem me fez pleno das energias necessárias
para vencer desafio desta estatura; pela sua inequívoca fidelidade, por sua paciência
inesgotável e por ser o motivo de tudo, sempre: minha esposa, Ledisley.
v
DUARTE, E. N. Estudo Analítico-numérico de Freios de Estampagem em Chapas
Metálicas. 2007. 133 f. Tese de Doutorado, Universidade Federal de Uberlândia,
Uberlândia.
Resumo
Para se obter peças com a melhor qualidade possível em um processo de estampagem de
chapas metálicas, a taxa de fluxo de material para dentro da matriz deve ser eficientemente
controlada. Este controle é feito por uma força de retenção (FR) originada no prensa-
chapas, nos freios de estampagem ou em ambos. Quando a FR requerida é muito alta, o
uso dos freios se torna ainda mais necessário, embora excessivas deformações possam
ocorrer na peça estampada por causa do contato com os freios. Outros tipos de efeitos
indesejáveis decorrentes do uso deste tipo de dispositivos ainda podem ocorrer, tais como
dificuldades para se determinar o valor adequado da FR, o que pode consumir muito tempo.
Para se resolver estes problemas e reduzir o número das tentativas de ajustes, são
necessários conceitos mais precisos sobre os freios de estampagem. Com a finalidade de
se avaliar a influência dos parâmetros mais importantes na FR e de se estabelecer uma
teoria para se fazer a predição da FR, desenvolveu-se neste estudo uma metodologia
híbrida, empregando-se a teoria da similitude com bases de dados gerados através de
simulações numéricas pelo Método dos Elementos Finitos (MEF). Os resultados foram
comparados com os experimentos de Nine (1978, 1982) e com o modelo analítico de
Stoughton (1988). A média dos desvios absolutos com respeito aos dados experimentais foi
de 6% e, para os casos estudados, a discrepância máxima foi sempre menor ou igual a
11%. Em relação ao modelo analítico, a média dos desvios absolutos foi de 5% e, para os
casos estudados, o desvio máximo nunca foi superior a 7%. Predições feitas com esta
abordagem tiveram, portanto, uma boa precisão, quando comparadas com o modelo
analítico e com os dados experimentais. Por este motivo, esta teoria foi aceita como
contribuição para o programa STAMPACK
®
, um código de solução explícita utilizado na
simulação de processos de estampagem de chapas metálicas.
Palavras-chave: Freios de estampagem. Força de retenção de freios. Elementos finitos.
vi
DUARTE, E. N. A Hybrid Approach for Estimating the Drawbead Restraining Force in
Sheet Metal Forming. 2007. 133 f. Doctoring Thesis, Universidade Federal de Uberlândia,
Uberlândia.
Abstract
In order to get a better part quality in sheet metal forming, the rate of the material flow into
the die cavity must be efficiently controlled. This control is made by a restraining force
supplied either by the blankholder, the drawbeads or both. When the restraining force
required is too high, the use of drawbeads is necessary, although excessive deformations
may be produced. Some others disadvantages, such as difficulties of adjustment during die
try-outs in order to determine the actual Drawbead Restraining Force (DBRF), may also be
emphasized. To solve these problems and to reduce the number of die try-outs, which are
very time consuming, accurate enough drawbeads concepts are necessary.
Aiming to understand the influence of the most important parameters on the DBRF and to
establish a pre-estimate DBRF theory, in this study a methodology has been developed
using similitude. The data bases were achieved by Finite Element (FE) simulations done with
an explicit code. Two different materials were used: A-K Steel and 2036-T4 Aluminum.
The results have been compared with experimental databases of Nine(1978, 1982) and with
the analytical model of Stoughton(1988). The average of absolute error with respect to
experimental data bases was about 6 % and, for those cases studied, the maximum
discrepancy was found to be less than 11%. For analytical ones, the average of absolute
error was about 5 % and, for the cases studied, the maximum error was about 7%.
Predictions made with this approach have a very good precision when compared with
analytical and experimental results. For this reason, it was used as a contribution for
STAMPACK®, an explicit finit element code used to simulate forming process.
Keywords: Drawbead. Restraining force. Finite element method. Sheet metal forming.
Similitude.
vii
LISTA DE SÍMBOLOS
A
Área da Seção Transversal de uma Barra
A
0
Área Inicial
a Aceleração
1 2 3,
, , , ...,
n
Magnitudes das Quantidades Primárias
a
Vetor de Incógnitas Nodais
B Largura do Freio de Seção Circular
B
Matriz de Flexão
BPT Triângulo Básico de Placa
BST Triângulo Básico de Lâmina
C Constante de Amortecimento
c Folga Horizontal entre o Freio e a Chapa
C
α
Constante em Função dos Grupos de Variáveis Adimensionais
CST Triângulo de Deformação Constante
D
ˆ
Matriz das Velocidades de Deformações
d
Vetor das Velocidades de Translação Nodais
d
Vetor das Acelerações de Translação Nodais
d(t)
Vetor de Deslocamentos Nodais
E
Módulo de Elasticidade (Young)
EF Elementos Finitos
EPG Equação de Predição Geral
EPT Estado Plano de Tensão
F Força
F, L e T Quantidades Primárias Apropriadas
FLC Curva Limite de Conformabilidade
FLD Diagrama Limite de Conformação
FP Força do Prensa-chapas
FR Força de Retenção
)f( td,
Forças Externas
H Módulo de Plasticidade
viii
Módulo de Encruamento Cinemático
h Altura da Penetração do Freio
K Constante de Encruamento da Lei de Hollomon
K
Matriz de Rigidez
L Comprimento do Freio de Estampagem
l
Comprimento de uma Barra
M Massa Associada a cada Ponto
M Matriz de Massa da Estrutura
MEF Método dos Elementos Finitos
n Expoente de Encruamento
PFV Princípio das Forças Virtuais
PDV Princípio dos Deslocamentos Virtuais
)dp(d,
Forças das Resistências Internas
Q Carga Elétrica
R Parâmetro que mede a Anisotropia Plástica
R
d
Raio da Seção do Freio Circular
R
m
Raio de Arredondamento do Ombro da Matriz
r Raio de Flexão da Chapa
r
Média dos Coeficientes de Lankford
S
e
Tensão Limite de Elasticidade
S
P
Tensão Limite de Proporcionalidade
S
y
Tensão de Escoamento
T Tempo
T
Matriz de Transformação
t
Espessura da Chapa
t
f
Folga Vertical
e
U
Energia Potencial Externa
i
U
Energia de Deformação Interna
W Trabalho
w
Deslocamento
α
Ângulo em Radianos
β
Quantidade Secundária
Deformação da Barra
ix
cr
t
Tempo Crítico
n
t
Intervalo de Tempo
u
Vetor de Incrementos dos Deslocamentos
s
u e
m
u
Incrementos de Deslocamentos
p
ε
Deformação Elástica Reversível
p
ε
Deformação Plástica
ε
Taxa de Deformação Plástica Efetiva
ε
Deformação Plástica Efetiva
γ
Penetração de Contato Segundo a Normal Definida
0
r
,
45
r
e
90
r
Coeficientes de Lankford a 0º, 45º e 90º
λ
Vetor das Forças de Contato
µ
Coeficiente de Atrito
ν
Coeficiente de Poisson
π
i
Pi termo
θ
Temperatura
σ
Tensor Tensão Real
eq
σ
Tensão Equivalente do Material
ij
σ
Tensão Limite de Escoamento do Material
max
ω
Freqüência Angular Máxima do Sistema
Parâmetro de Perturbação
x
SUMÁRIO
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO--------------------------------------------------------------------------------1
CAPÍTULO II – ESTAMPAGEM DE CHAPAS METÁLICAS -----------------------------------------7
2.1 Introdução------------------------------------------------------------------------------------------------7
2.2 Conformação de chapas metálicas --------------------------------------------------------------7
2.3 Equipamentos e ferramentas para estampagem ------------------------------------------ 11
2.4 Freios de estampagem----------------------------------------------------------------------------- 14
2.4.1 Generalidades ----------------------------------------------------------------------------------- 14
2.4.2 Projeto de freios de estampagem ----------------------------------------------------------- 14
2.4.3 Modelos propostos para a FR --------------------------------------------------------------- 21
2.4.4 Modelos em EF para a FR ------------------------------------------------------------------- 25
CAPÍTULO III – SIMILITUDE EM ENGENHARIA MECÂNICA------------------------------------- 27
3.1 Introdução---------------------------------------------------------------------------------------------- 27
3.2 Características das observações e seleção das quantidades------------------------- 28
3.3 Análise Dimensional-------------------------------------------------------------------------------- 29
3.4 Obtenção das Equações Preditivas------------------------------------------------------------ 31
3.4.1 Condições para a Função ser um Produto------------------------------------------------ 34
3.4.2 Condições para a função ser uma soma -------------------------------------------------- 36
3.4.3 Condições Suplementares para mais de três Pi termos ------------------------------- 38
CAPÍTULO IV – O MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS----------------------------------------- 40
4.1 Introdução---------------------------------------------------------------------------------------------- 40
4.1.1 A Notação Matricial ----------------------------------------------------------------------------- 41
4.1.2 Fundamentos da Análise Estrutural -------------------------------------------------------- 42
4.1.3 O Princípio dos Deslocamentos Virtuais e o Método da Energia-------------------- 43
4.1.4
A Etapa de Pré-processamento ------------------------------------------------------------- 44
4.1.5
A Etapa de Processamento ------------------------------------------------------------------ 46
4.1.6
A Etapa de Pós-processamento ------------------------------------------------------------ 47
4.2 As soluções Explícita e Implícita --------------------------------------------------------------- 48
4.2.1
A solução explícita ----------------------------------------------------------------------------- 48
4.2.2
A solução implícita------------------------------------------------------------------------------ 50
xi
4.3 As abordagens 2D e 3D---------------------------------------------------------------------------- 52
4.3.1
2D ou 3D no código STAMPACK----------------------------------------------------------- 52
4.3.1.1
Formulação do Elemento BST utilizado no STAMPACK----------------------- 53
4.3.1.2
Formulação do Elemento Quadrilateral 2D utilizado no STAMPACK-------- 54
4.3.2
Análise do Problema de Contato ------------------------------------------------------------ 58
4.3.2.1
O Algoritmo de Contato no STAMPACK-------------------------------------------- 61
4.3.3
Validações do STAMAPCK ------------------------------------------------------------------- 62
CAPÍTULO V – ASPECTOS DE PLASTICIDADE E MODELOS DE MATERIAIS ------------ 64
5.1 Introdução---------------------------------------------------------------------------------------------- 64
5.2 A caracterização do material--------------------------------------------------------------------- 65
5.3 O Comportamento Elástico----------------------------------------------------------------------- 66
5.4 O Comportamento Plástico----------------------------------------------------------------------- 67
5.5 Anisotropia -------------------------------------------------------------------------------------------- 69
5.6 A Deformação plástica efetiva------------------------------------------------------------------- 71
5.7 As Leis de Encruamento Isotrópico ----------------------------------------------------------- 71
5.8 O Diagrama do Limite de Conformação – FLD --------------------------------------------- 73
CAPÍTULO VI – METODOLOGIA ------------------------------------------------------------------------- 75
6.1 Introdução---------------------------------------------------------------------------------------------- 75
6.2 Validações do Modelo em EF -------------------------------------------------------------------- 77
6.2.1 Bases de Dados Experimentais ------------------------------------------------------------- 77
6.2.1.1 Experimentos ------------------------------------------------------------------------------ 77
6.2.2 O Modelo em EF -------------------------------------------------------------------------------- 84
6.2.3 Ajuste do Modelo: Influência dos Parâmetros Numéricos na Força de
Freio (FR)------------------------------------------------------------------------------------------------- 85
6.2.3.1 Número de Elementos na Espessura da Chapa ---------------------------------- 85
6.2.3.2 Número de Elementos no Comprimento da Chapa------------------------------- 86
6.2.3.3 Tempo Crítico------------------------------------------------------------------------------ 87
6.2.3.4 Amortecimento ---------------------------------------------------------------------------- 88
6.2.4 O Modelo em EF Definitivo ------------------------------------------------------------------- 89
6.3 Desenvolvimentos da Equação Preditiva Geral-------------------------------------------- 89
6.3.1 Parâmetros Geométricos --------------------------------------------------------------------- 89
6.3.1.1 Raio de curvatura efetivo da chapa -------------------------------------------------- 89
6.3.1.2 Espessura da Chapa -------------------------------------------------------------------- 90
6.3.2 Parâmetros de Materiais ---------------------------------------------------------------------- 91
6.3.3 Atrito------------------------------------------------------------------------------------------------ 91
6.3.4 Outros Parâmetros------------------------------------------------------------------------------ 92
xii
6.4 Definições dos Pi termos-------------------------------------------------------------------------- 92
6.5 Obtenção das Equações Componentes ------------------------------------------------------ 95
6.6 Programando a Interface Gráfica em STAMPACK
®
--------------------------------------- 96
CAPÍTULO VII – RESULTADOS E DISCUSSÕES --------------------------------------------------- 98
7.1 Introdução---------------------------------------------------------------------------------------------- 98
7.2 Das equações componentes --------------------------------------------------------------------- 99
7.3 Validações da EPG com dados experimentais------------------------------------------- 102
7.4 Validações da EPG com a solução analítica de Stoughton (1988)----------------- 105
7.5 Testes suplementares da EPG com simulações bidimensionais em EF--------- 107
CAPÍTULO VIII – CONCLUSÕES E SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS---------- 109
8.1 Conclusões ------------------------------------------------------------------------------------------ 109
8.2 Sugestões de trabalhos futuros--------------------------------------------------------------- 111
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ----------------------------------------------------------- 115
ANEXO ------------------------------------------------------------------------------------------------- 118
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
A qualidade das peças produzidas em um processo de estampagem de chapas
metálicas é muito dependente do controle do fluxo de material conformado para dentro da
matriz. Este controle é feito utilizando-se a Força de Retenção (FR) produzida pelo prensa-
chapas, pelos freios de estampagem ou por ambos. Quando se necessita de uma
magnitude muito grande para esta força, geralmente se utilizam os freios de estampagem.
Trincas, dobras ou rugas na peça podem ser evitadas por meio deste controle feito através
de uma FR adequadamente estipulada.
Em alguns casos, a força requerida no prensa-chapas pode até ultrapassar a
capacidade da prensa. Isto pode causar desgastes excessivos nas ferramentas e até
mesmo soldas pontuais por contato, decorrentes dos altos valores de pressões envolvidos,
segundo Xu (1998). O freio de estampagem, no entanto, pode ajudar na obtenção de altas
FR’s, mesmo em níveis de pressões mais baixos.
Em face do exposto, na estampagem de peças com geometria complexa ver Figs.
1.1 a 1.3 ou em grandes peças automotivas, quando são requeridas altas FR’s, o uso dos
freios é quase imperativo, segundo Tufekci et al., (1994).
Figura 1.1 – Peça a ser estampada – “s-rail”, Cortesia Quantech ATZ.
2
Definem-se freios de estampagem, de acordo com a ASM (1988), como uma saliência
localizada na superfície do prensa-chapas que penetra numa ranhura da matriz ver Fig.
1.4 – para ajudar no controle da taxa de fluxo do material estampado.
Para se reduzir o número de tentativas de ajustes desta força devida aos freios de
estampagem, conceitos mais precisos sobre estes freios são muito importantes para os
projetistas.
Figura 1.2 – Ferramentas utilizadas no processo de estampagem - Cortesia Quantech ATZ
Figura 1.3 – Posição dos freios de estampagem na matriz - Cortesia Quantech ATZ
O uso dos freios de estampagem, no entanto, possui alguns inconvenientes, como a
dificuldade de se encontrar um valor adequado para a FR, o que, via tentativa e erro, pode
consumir muito tempo. Além disto, deformações excessivas podem ocorrer na chapa que
passa pelos freios, comprometendo o acabamento superficial da peça estampada.
Freios de estampagem
Prensa-chapas
Punção
Chapa
Matriz
3
A geometria da seção transversal dos freios mais usual é a circular, ainda que outras
geometrias também possam ser utilizadas, como a retangular, trapezoidal, triangular e
assimétrica. Neste estudo, somente a forma circular será investigada – ver Fig. 1.4.
Figura 1.4 – Freio de estampagem de seção circular
Geralmente, um grande esforço é despendido em ajustes no projeto de uma matriz de
estampagem por causa do grande número de varveis, tais como geometria, atrito, freios de
estampagem etc. Por isto, nos últimos trinta anos, vários autores estudaram este problema.
Abordagens anaticas, numéricas e empíricas foram desenvolvidas. O primeiro estudo
analítico do tema foi de Swift (1948). Nine (1978) fez experimentos para estudar a influência
da deformação por flexão da chapa e do atrito no valor da FR. Seu trabalho considerou a
sucessão de fleo e flexão inversa enquanto a chapa está sob a ação do freio. A força do
prensa-chapas (FP) – Fig. 1.4 – e a FR foram medidas para chapas em aço e em alumínio. Os
dados experimentais de Nine (1978) foram utilizados nas validações desta tese.
Levy (1983) fez um estudo parcialmente empírico para estimar a FR com uma
equação fechada. Nesta equação, parâmetros de materiais, de geometria da chapa e dos
freios foram considerados. Stoughton (1988) partiu deste modelo de Levy para desenvolver
uma formulação analítica para a predição da FR. As hipóteses de Stoughton incluem a Lei
de Atrito de Coulomb e o critério anisotrópico de fluência de Hill. A equação de Stoughton foi
obtida através da integração do trabalho de deformação ao longo de todo o freio e através
da espessura da chapa. Seu modelo pode ser aplicado a freios circulares, no entanto tem
potencial para estimar a FR em freios com outras geometrias.
Os estudos que envolvem uma solução numérica em Elementos Finitos (EF) para a
estampagem de chapas metálicas têm crescido muito nos últimos anos. Não há mais
dúvidas com respeito ao potencial das técnicas numéricas. No entanto, a simulação 3D em
EF da estampagem de peças complexas ainda tem um custo computacional alto, em termos
de tempo de simulação. Por este motivo, têm sido feitas pesquisas com o objetivo de se
investigar o problema da estimação da FR e a redução destas limitações para um nível mais
aceitável.
Força de
Estampagem
Força do
Prensa-chapas (FP)
4
Para se alcançar este objetivo, necessitam-se de uma redução da quantidade de
memória utilizada nas simulações e do tempo de processamento destas simulações. Por
este motivo, muitos estudos sobre simulações 2D em EF também foram feitos nos últimos
anos. Um modelo 3D de um freio de estampagem, perfeitamente bem definido em EF, pode
não ser uma boa opção por várias razões. Primeiramente, pelo fato de a malha na região do
freio ter que ser muito mais refinada que em outras partes da chapa, devido ao pequeno raio
de curvatura do freio. As mudanças abruptas de formas também fazem com que haja fortes
gradientes para se descrever as evoluções associadas com a seqüência de flexões/
deslizamentos/flexões inversos que são impostas pela passagem da chapa pelo freio de
estampagem.
Utilizando-se simulações 2D em Elementos Finitos (EF), Carleer et al. (1994)
estabeleceram uma abordagem com a qual as distribuições da FR na chapa são
inicialmente calibradas com funções dos deslocamentos que são aplicadas como condições
de contorno para produzir efeitos similares no modelo 3D do mesmo problema. Geralmente,
o freio é modelado como uma linha ao longo da qual uma força de resistência é aplicada. A
espessura de deformação resultante da passagem da chapa através do freio pode também
ser incluída no modelo do freio equivalente, conforme Carleer (1996). Esta metodologia é
definida como o método do freio equivalente”. You et al. (1998) propuseram também um
modelo numérico para o cálculo da FR, levando em conta, em seu modelo, o encruamento
cinemático e o efeito de Bauschinger.
Em que pese a boa concordância dos resultados das simulações feitas com o
programa STAMPACK
®
, este código possui algumas características indesejáveis que estão
relacionadas com o fato de ser um programa de solução explícita, isto é: dependendo do
problema, o tempo de simulação pode ser alto; além disto, no caso específico deste
programa, há a necessidade de uma simulação 2D para se estimar a FR no freio de
estampagem, antes de se iniciar a simulação tridimensional da peça.
Para se eliminar estas características indesejáveis, uma equação analítica seria
relevante, já que, uma vez obtidos os valores dos parâmetros necessários para a estimação
da FR, os cálculos seriam praticamente instantâneos, se comparados ao tempo de uma
simulação.
Na validação dos modelos em EF e nos testes dos resultados da equação
desenvolvida nesta pesquisa, foram utilizados os resultados experimentais de Nine (1978) e
os resultados analíticos de Stoughton (1988), além de algumas simulações 2D utilizadas
para verificação da conveniência da implementação desta equação como contribuição ao
STAMPACK
®
.
5
Os objetivos desta pesquisa podem ser divididos em duas frentes, quais sejam:
estudar a influência dos parâmetros mais importantes na FR e estabelecer uma equação
fechada para a predição da FR, para esta finalidade, uma metodologia híbrida foi
desenvolvida por meio da utilização de similitude em engenharia. Este procedimento foi
adotado ao se constatar os bons resultados das simulações 2D em EF da FR para freios
circulares feitas no código comercial STAMPACK
®
, cujas validações se encontram no
capítulo IV, relativo ao tema de Elementos Finitos.
Estes objetivos estão assim definidos em função da relevância de se entender, com
maior acurácia, a influência de parâmetros de natureza geométrica, de materiais e do atrito
sobre a FR.
Convém ainda mencionar que a contribuição científica deste estudo também repousa
sobre a metodologia desenvolvida para a obtenção da equação de estimação da FR, via
similitude. Pois, neste caso, utilizou-se uma base de dados gerados numericamente para a
determinação das equações componentes de uma Equação de Predição Geral (EPG) e não
dados experimentais, como usualmente se faz nesta teoria. Esta metodologia foi
programada em FORTRAN 90.
A média dos erros absolutos obtidos nos testes experimentais da equação aqui
proposta foi de cerca de 6%. E, para os casos estudados, a maior discrepância encontrada,
seja em relação aos dados experimentais ou analíticos, foi de 11%. As estimativas da FR
feitas com este estudo foram consideradas suficientemente precisas para serem aceitas
como contribuição ao STAMPACK
®
, sob a forma de um módulo de cálculo rápido da FR nos
freios de estampagem convencionais.
Os capítulos II, III, IV e V desta tese tratam da fundamentação teórica deste estudo,
respectivamente, divididos em Estampagem de Chapas Metálicas, Similitude, Elementos
Finitos e Aspectos de Plasticidade e Modelos de Materiais.
O capítulo VI discute detalhadamente a metodologia desenvolvida neste estudo para
obtenção da EPG, bem como da metodologia utilizada na obtenção dos dados
experimentais utilizados nas validações e ajustes dos modelos em EF através dos quais se
gerou a base de dados numéricos.
O capítulo VII trata da apresentação e discussão dos resultados e dos testes com a
EPG, bem como da apresentação da interface gráfica que foi projetada e programada no
STAMPACK.
O capítulo VIII expõe, com certa concisão, as conclusões que foram sendo coletadas
ao longo de todo este tempo de investigação.
6
O Anexo I desta tese traz ainda o tutorial destinado ao usuário do programa para
melhor orientá-lo na utilização da interface gráfica projetada e implementada para se estimar
a FR.
matriz
punção
matriz
chapa
CAPÍTULO II
ESTAMPAGEM DE CHAPAS METÁLICAS
2.1 Introdução
Projetar uma matriz para estampagem de chapas metálicas é um processo
relativamente complexo. Em diversas ocasiões, passam-se várias etapas de ajustes até que
se consigam definir as condições geométricas das ferramentas adequadas às condições de
lubrificação e de propriedades mecânicas das chapas a serem estampadas com a qualidade
e a quantidade desejadas.
Neste catulo se fará uma abordagem mais geral de alguns processos de confor-
mação mecânica, bem como uma ilustração dos equipamentos comumente utilizados na
estampagem de chapas metálicas. Além disto, será feita uma abordagem mais detalhada dos
freios de estampagem, desde sua definição e tipologias até os parâmetros que mais influem
no projeto das matrizes de estampagem equipadas com este dispositivo cuja principal função
é a de melhorar o acabamento das peças metálicas obtidas pelo processo de estampagem.
2.2 Conformação de chapas metálicas
Muitas operações de conformação em chapas metálicas são empregadas na indústria
mecânica. Alguns exemplos destes processos serão ilustrados a seguir:
Figura 2.1 – Conformação de chapa em ângulo, “Air bending”,
[
]
Inc. Schuler,
8
Na Figura 2.1 pode-se observar a conformação de uma chapa em ângulo, enquanto
na Fig. 2.2 se verificam os tipos de processos de estampagem denominados hemming”, no
qual a aresta da chapa metálica é dobrada sobre si mesma:
Figura 2.2 – Diferentes etapas de conformação tipo “hemming”,
[
]
Inc. Schuler,
Figura 2.3 – Flangeamento de chapa em ângulo,
[
]
Inc. Schuler, .
Costura plana
Costura aberta Costura em forma de conta
Costura radial plana
Costura radial plana modificada
Costura em forma de laço
Costura em forma de laço modificada
Punção
Inicial
Final
Matriz
Recuperação elástica
PUNÇÃO
Prensa
-
chapas
MATRIZ
Base
9
Chapa
Rolamentos
Peça suporte
Chapa
,
Ferramenta de flexão
Prensa-chapas curvo
Figura 2.4 – Conformação circular de chapa,
[
]
Inc. Schuler, .
Figura 2.5 – Conformação de chapa por rolamentos,
[
]
Inc. Schuler, .
As Figuras 2.3, 2.4 e 2.5 esquematizam outros processos de conformação mecânica,
respectivamente denominados de flangeamento de chapa em ângulo, conformação circular
de chapa e conformação de chapa por rolamentos.
Os freios de estampagem são freqüentemente utilizados, entretanto, no processo
conhecido por estampagem profunda ou deep drawingde chapas metálicas, como se
na Fig. 2.6, são utilizados para controlar o fluxo de material estampado para dentro da
matriz em peças grandes e/ou com geometria complexa.
As Figuras 2.6 e 2.7 ilustram também a aplicação destes processos com algumas
peças prontas e a utilização dos freios na conformação de chapas metálicas,
respectivamente:
10
Figura 2.6 Estampagem profunda de chapas metálicas,
[
]
Inc. Schuler, .
Figura 2.7 – Aspecto de uma prensa e uma matriz com os sulcos dos freios de estampagem, Cortesia
Quantech ATZ.
Figura 2.8 – Estampagem de chapas metálicas com freios de estampagem.
Vaso
semi-esférico
estampado
Pára-lamas estampado
Peça retangular
estampada
11
Uma vasta gama de processos de estampagem de chapas ainda poderia ser
destacada. Entretanto, objetivando delimitar o tema desta tese, somente estes casos
permitem situar a aplicação dos freios de estampagem neste contexto. A próxima seção
dedica-se a ilustrar alguns equipamentos utilizados nos processos de estampagem de
chapas metálicas.
2.3 Equipamentos e ferramentas para estampagem
O tipo de equipamento e as ferramentas que se utilizam em uma linha de produção
são afetados em grande parte pelo tamanho da peça estampada, pelo volume de produção
e pelo equipamento disponível na fábrica.
Os equipamentos e ferramentas típicos utilizados nas operações de estampagem são:
Matrizes progressivas em prensas automáticas;
Matrizes individuais de processo em prensas convencionais;
Prensas contínuas (tipo “transfer”) com várias matrizes;
Linha de prensas com distintas matrizes (tipo “tandem”).
As matrizes progressivas, Fig. 2.9, são recomendadas para uma produção com
elevado número de peças pequenas, isto é, acima de 200.000 peças. Geralmente possuem
um baixo custo por serem de produção automática.
Figura 2.9 – Matriz progressiva – Cortesia QUANTECH - ATZ
As matrizes individuais em prensas convencionais Fig. 2.10 são utilizadas
geralmente para produção de baixo volume de peças com tamanhos médios e grandes. Os
custos para este tipo de ferramenta são menores quando comparados aos custos das
prensas tipo transfer”, mas os custos de mão de obra aumentam por não serem
automatizadas.
12
Figura 2.10 – Prensa convencional – Cortesia QUANTECH - ATZ
As prensas tipo transfer, Fig. 2.11, são as que melhor se ajustam aos níveis
elevados de produção de peças de tamanho médio. Uma prensa deste tipo tem valores
predeterminados para as alturas e distâncias de transferências entre matrizes, o que faz
com que o projeto das matrizes tenha que levar em conta estas limitações.
Figura 2.11 – Prensas “Transfer” – Cortesia QUANTECH - ATZ
As prensas tipo “tandem”, Fig. 2.12, são utilizadas principalmente para peças grandes
que não possam ser abarcadas por uma prensa tipo “transfer”.
Figura 2.12 – Prensa do tipo “Tandem” – Cortesia QUANTECH - ATZ
13
Na estampagem de chapas metálicas executada por uma prensa, um movimento
duplo é requerido para a execução da operação completa: no primeiro movimento, o prensa-
chapas é baixado em direção à periferia da chapa para sujeitá-la na posição adequada. No
segundo movimento, o punção é movimentado de encontro à matriz, levando consigo a
chapa a ser conformada na cavidade da matriz que dará a forma da peça estampada,
conforme ilustra a Fig. 2.13:
Figure 2.13 – Esquema de uma estampagem profunda com freios.
Na Figura 2.14 pode-se visualizar separadamente, cada uma das ferramentas típicas
utilizadas numa estampagem, respectivamente representadas, de cima para baixo, pelo
punção, pelo prensa-chapas, pela chapa e pela matriz:
Figura 2.14 – Ferramentas usadas numa estampagem profunda – Cortesia QUANTECH – ATZ
Matriz
Chapa
Prensa-chapas
Punção
Prensa-chapas
Freio de estampagem
matriz
Chapa metálica
Punção
14
2.4 Freios de estampagem
2.4.1 Generalidades
A obtenção de peças estampadas com uma boa qualidade está fortemente associada
ao controle adequado do fluxo de material estampado para dentro da cavidade da matriz. Trin-
cas, dobras ou rugas na peça podem ser evitadas por meio deste controle feito através de
uma força de retenção (FR). Esta força, como visto, provém ou do prensa-chapas, ou dos
freios ou de ambos. Do prensa-chapas resulta a FR oriunda da fricção entre a chapa e a
ferramenta. Quando uma alta FR é requerida para a obtenção de uma peça estampada sem
defeitos, então altos valores de força do prensa-chapas são requeridos. Isto pode causar
desgaste excessivo nas ferramentas e/ou defeitos nas peças estampadas. Como em alguns
casos, a força requerida no prensa-chapas pode até ultrapassar a capacidade da prensa,
desgastes excessivos podem ocorrer nas ferramentas.
Por estes motivos, na estampagem de peças com geometria complexa, tais como
grandes peças automotivas, onde se requerem altas FR’s, o uso dos freios se faz
necessário na obtenção de altas FR’s, em níveis de pressões mais baixos na prensa, de
acordo com Tufekci et al. (1994).
2.4.2 Projeto de freios de estampagem
Um freio de estampagem convencional de seção circular consiste de dois componen-
tes: uma saliência de seção transversal circular e uma ranhura que se localiza na matriz de
estampagem na qual se projeta a referida saliência – ver Fig. 2.15.
A
B
C
D
E
F
Figura 2.15 – Diagrama de flexão e flexão inversa em um freio de estampagem – Xu et al., 1998.
15
A Figura 2.15 ilustra o desenvolvimento da deformação e fricção em um freio de
seção circular. À medida que a chapa passa através do freio, vai se deformando a partir do
ponto A, flexão. Neste ponto, a chapa começa a se deformar com o raio de entrada da
matriz. O deslizamento que se desenvolve em seguida, entre os pontos A e B, é
responsável pela origem das forças de fricção. A partir do ponto B, a chapa se endireita e
deixa de curvar-se com o raio de entrada da matriz, flexão inversa. Esta seqüência de
flexão, deslizamento e flexão inversa contribui para aquela parcela da FR referente ao
primeiro ombro de entrada da matriz. Similarmente, o mesmo processo se passa nos
trechos CD e EF. O valor total da FR se compõe das contribuições devidas ao trabalho
realizado nas três seqüências de flexão, flexão inversa e deslizamento mais a força de atrito
entre o freio de estampagem e a chapa estampada.
A Figura 2.16 traz as geometrias convencionais das seções dos freios de
estampagem, as quais podem ser: circular, retangular, triangular, trapezoidal ou assimétrica.
Quando um freio de seção retangular flat bottomé utilizado, há quatro seqüências
de flexão e flexão inversa sobre os raios de arredondamentos, na ranhura da matriz.
Teoricamente, este tipo de freio tem potencial para aumentar a contribuição à FR por causa
de uma flexão extra em uma das regiões curvas do macho do freio. Porém, este aumento
vai depender de outros parâmetros como as condições de lubrificação e da folga entre a
chapa e o freio.
De acordo com Nine (1978), se mais flexões podem ser adicionadas com um único
freio, ao invés de se adicionar outros freios, então os possíveis danos na peça decorrentes
da FR podem ser amenizados. Isto poderia, em tese, resultar em peças com melhor
acabamento.
O desempenho dos freios com maior número de saliências é relativamente mais
insensível às condições de lubrificação, segundo Wang et al. (1991). Então, dependendo
destas condições, os freios retangulares são mais adequados àquelas situações em que o
atrito varia, enquanto a FR se mantém constante.
Pode-se observar na Fig. 2.16 que a largura do freio de seção circular é determinada
pelo raio do freio, isto é, B = 2R. Para se sobrepor a esta limitação, um freio triangular pode
ser utilizado, alternativamente. Este tipo de freio é uma modificação do freio convencional de
seção circular e possibilita quase a mesma FR para um mesmo raio. A base mais larga
deste freio, no entanto, permite uma melhor resistência aos esforços cisalhantes oriundos da
força que puxa a chapa através do freio, segundo Tufekci, (1993). Além disto, o raio R do
freio triangular pode ser tão pequeno quanto maior se queira a FR. Contudo, um raio muito
pequeno pode aumentar a possibilidade de danos, tanto na chapa, quanto nas
ferramentas.
16
b
R
R
R
R
B
R
a) Semicircular b) Retangular c) Triangular
d) Trapezoidal
e) Assimétrica
Figura 2.16 – Geometrias das seções de freios mais usuais. a) Semicircular; b) Retangular;
c) Triangular d) Trapezoidal; e) Assimétrica – Xu et al., 1998.
A Figura 2.16 (d) ilustra ainda que, se B = 0, o freio trapezoidal se transforma em
triangular. Todavia, se B é maior que zero, o desgaste da superfície inferior do freio é
bastante reduzida, em decorrência da baixa pressão da chapa ao deslizar sobre o freio
nesta região. Neste sentido, o freio de seção trapezoidal pode ser considerado melhor que o
triangular.
O freio de seção trapezoidal pode também ser considerado como uma modificação do
freio retangular. Enquanto um freio retangular não possui limitação na largura de sua base
quando se usam pequenos raios de arredondamentos, o aumento de sua largura para se
obter maior robustez em uma seção transversal pode acarretar num aumento do arranque
de partículas da chapa. Mas, se um freio trapezoidal é usado com a mesma largura de base
que a de um freio retangular, então é possível que se evite a perda de material da chapa
estampada, sem o comprometimento da resistência do freio.
A Figura 2.16(e) ilustra também a geometria de um freio assimétrico típico.
Dependendo do ângulo
α
, é possível se criar seis ou oito seqüências de flexão e deflexão.
Quando
α
= 0, este freio se torna um freio de seção retangular. Assim, um freio assimétrico
é uma combinação de um retangular e um triangular e seu ângulo de contato pode ter
qualquer valor entre 0 e 180 graus. A vantagem desta geometria de freio é a de possuir uma
maior facilidade de ser usinada que a geometria triangular. Além disto, esta geometria
possibilita um amplo espectro de valores para a FR.
Os freios de estampagem estão geralmente posicionados nas bordas da matriz ou na
região interna do prensa-chapas. A ranhura onde penetra o macho do freio de estampagem
17
pode ou não ter a mesma geometria do freio. Se a geometria é a mesma, então uma
compressão mais justa da chapa contra a ranhura localizada na matriz. Neste caso, ainda
o fato de um aumento na FR em decorrência do atrito adicional da chapa contra a face
oposta da ranhura que acompanha a geometria da saliência do freio. Além disto, este tipo
de ranhura previne contra possíveis rugas que possam ocorrer na peça estampada. Por
outro lado, a usinagem deste tipo de ranhura consome muito tempo e o ajuste da folga entre
a chapa e o freio é mais complicado, sendo, portanto um fator limitador do uso mais geral
das ranhuras com geometrias que acompanham as geometrias da saliência do freio.
A grande maioria das formas das ranhuras, entretanto, não possui usualmente a
forma complementar das saliências dos freios de estampagem. A chapa estampada quase
sempre está em contato efetivo somente com a face do macho do freio de estampagem. A
vantagem deste tipo de ranhura é a sua facilidade de usinagem e de ajuste. A ranhura mais
amplamente utilizada – e por isso a escolhida para o modelo desta tese – possui uma seção
retangular que não entra em contato direto com a chapa estampada. outros tipos de
geometrias para a seção transversal de ranhuras menos usuais em Zharkov (1995).
O freio de estampagem pode ser montado ou na parte superior do prensa-chapas ou
na inferior. Esta opção depende de diversas considerações, de acordo com Weidemann
(1978) e Tufekci et al. (1994), as quais dependem de fatores como instalação, ajuste e
manutenção do freio e da ranhura, condições de trabalho e aporte de material de chapa na
prensa.
Os materiais utilizados na usinagem dos freios são preferencialmente aços com
fração volumétrica de carbono em torno de 1%, de maneira a possibilitar a obtenção do
endurecimento e acabamento superficiais mais adequados às superfícies de contato,
segundo Waller (1978). Entretanto, o material do freio também depende de requisitos
específicos do processo de estampagem. Aços com 0,5% de carbono também têm sido
utilizados como materiais de usinagem dos freios.
Um projeto típico de um freio está publicado em "SME Die Design Handbook" (1990),
no qual são feitas as especificações técnicas de projetos para freios de estampagens
comumente usados na indústria norte-americana para médias e grandes peças estampadas.
De acordo com Herderich (1990), a dimensão B do freio ver Fig. 2.16 pode assumir
valores tão pequenos quanto 6,4 mm. Parâmetros de freios utilizados na indústria russa
podem ser encontrados em Zharkov (1995). Os parâmetros de projeto dos freios de
estampagem utilizados na indústria alemã estão padronizados em VDI 3141(1990).
Genericamente, numa comparação entre os parâmetros correspondentes utilizados
no projeto dos freios de estampagem de peças de médios e grandes portes, é possível
18
perceber que os maiores valores são os da indústria russa, os da indústria americana são os
menores enquanto que os valores alemães estão entre ambos.
A Tabela 2.1 traz alguns valores recomendados pela norma alemã VDI 3141(1990)
para os parâmetros dos freios de estampagem, em caráter ilustrativo:
Tabela 2.1 – Parâmetros para freios de acordo com VDI 3141, em mm, Xu et al.(1998).
2R = B h e t
f
a Rosca
10
-0,036
8 20 4 32 M5x12
13
-0,043
10 25 5 38 M6x20
16
-0,043
13 32 6 45 M6x25
A Figura 2.17 ilustra o significado geométrico de cada um dos parâmetros da Tab. 2.1.
No processo de estampagem profunda de chapas metálicas, parâmetros que são
controláveis e outros não. Os requisitos de projetos para os freios de uma matriz não são
geralmente intercambiáveis, o que torna a experiência prática durante a execução do projeto
relativamente importante. Isto significa que, atualmente, os dados constantes em livros
sobre este tema ainda são utilizados apenas como referência no projeto de matrizes em
estampagem. Assim, algumas informações experimentais se tornam relevantes no projeto
de freios, por exemplo, no que tange aos fixadores dos freios na matriz. O principal fator que
determina o número de fixadores para os freios na matriz é a curvatura dos freios de
estampagem, de acordo com Zharkov (1995):
Para freios planos, a distância entre fixadores para os freios deve ser de até 100 mm;
Para freios com raio de curvatura superior a 150 mm, a distância entre fixadores
deve estar entre 60-70 mm;
Para freios com raio de curvatura menor que 150 mm, recomenda-se que a
máxima distância entre fixadores esteja entre 25 e 40 mm.
b
a
e
h
t
( a )
Figura 2.17 – a) Desenho esquemático dos parâmetros da Tabela 2.1– Xu et al., 1998.
t
f
19
e
I
R
k
( b )
Figura 2.17 – b) região final do freio de estampagem – Xu et al., 1998.
Um projeto inadequado para a região terminal do freio pode afetar a formabilidade da
chapa metálica, segundo Xu et al. (1995). Objetivando-se reduzir a ocorrência de
deformações excessivas e trincas na peça estampada, deve-se projetar a parte final do freio
tendo-se em conta as seguintes características, segundo Weidemann (1978) e VDI 3141
(1990):
A ranhura onde se insere a saliência do freio deve possuir uma pequena folga t
f
entre a chapa e o freio (Fig. 2.17a):
Figura 2.18 – A ranhura com a mesma forma do freio – Xu et al., 1998.
A parte final do freio deve possuir uma projeção l
e
em torno de 50 mm linha con-
tínua – ou um grande raio R
k
– linha tracejada – como se pode ver na Fig. 2.17 b.
20
Às vezes mais de uma fila de freios pode ser posicionada em regiões onde a
necessidade de um grande controle de fluxo de metal para dentro da cavidade da matriz. De
acordo com Zharkov (1995), diversas considerações podem ser feitas acerca do número de
filas de freios, a saber:
Para a estampagem de peças grandes, duas ou mais filas de freios podem ser
necessárias em função das especificidades de cada caso e da necessidade de
fazer o controle da recuperação elástica após a estampagem;
Para o adequado controle de rugas nas peças estampadas, pode ser necessário
um aumento no número de filas de freios com uma conseqüente redução da
espessura da chapa;
Para um melhor controle local do fluxo de material para dentro da matriz, filas de
freios mais curtos podem ainda ser utilizados em associação aos freios mais
longos, onde se necessita um aumento da FR, localmente;
De acordo com Herderich et al.(1990), estima-se que a FR e a FP (Força do
Prensa-chapas) aumentam proporcionalmente com o quadrado ou o cubo do
número de filas de freios.
O Método do Freio Equivalente é utilizado porque os raios que definem a curvatura
dos freios de estampagem são geralmente muito pequenos, se comparados às curvaturas
das demais ferramentas de estampagem. Destes altos gradientes de geometria usualmente
se originam problemas numéricos, como dificuldades na convergência da integração da
equação que governa este fenômeno ou ainda altos custos computacionais para a
simulação do problema tridimensional. Por isso, nos procedimentos numéricos para
solucionar a integração da referida equação, STAMPACK
®
, e também outros códigos de
simulação de estampagem de chapas, consideram os freios como outra ferramenta e os
modela com maior simplicidade, isto é, como se fossem uma linha sobre a qual existe uma
FR distribuída ao longo de seu comprimento.
Em algumas indústrias ainda se podem encontrar os freios de estampagem ativos,
providos de sensores que comandam certos ajustes às diferentes condições de trabalho sob
as quais se desenvolvem as estampagens de chapas. Estas condições são influenciadas
pelas propriedades das chapas, lubrificação, dimensões do blank, desgaste e condições de
acabamento da matriz e temperatura ambiente, as quais estão constantemente variando de
chapa para chapa, fornecedores, etc. O valor da FR requerido para um bom acabamento da
peça estampada pode variar durante a estampagem. Isto faz com que o freio tenha que se
adaptar às diferentes condições, freqüente e rapidamente. Além disto, para se melhorar a
formabilidade e evitar sulcos de deformação oriundos da passagem da chapa através dos
freios, o estado de tensão da mesma pode ser controlado durante o processo, manipulando-
21
se o valor da FR. Um sistema, portanto, que pudesse detectar tais condições importantes
neste processo, compará-las com as condições desejadas, determinar as discrepâncias e
ajustar-se adequadamente aos valores ótimos em tempo real, seria um sistema desejável
para uma matriz “inteligente”.
2.4.3 Estado da arte dos modelos propostos para a FR
O projeto de um freio de estampagem requer um modelo para se estimar a FP que
leve em conta quatro tipos de influências: da geometria do freio, da geometria da chapa
metálica, das propriedades de materiais e das condições de contorno. Para este objetivo,
diversos modelos para a predição da FR foram desenvolvidos. A Tab. 2.2 traz um resumo
cronológico dos modelos propostos para a FR e FP, sintetizando o estado da arte referente
ao tema desta tese.
Weidemann (1978), em seu modelo, assume que a tensão devida à flexão ao longo
da seção transversal da chapa é constante sempre, negligenciando variação de tensões
trativas e compressivas em diferentes fibras, e que a tensão de flexão média ao longo da
espessura da chapa é dada por:
σσ
3
2
=
med
(2.1)
onde
σ
representa a tensão de escoamento do material que encrua devido à deformação
em cada flexão pela qual passa a chapa.
Tabela 2.2 – Modelos propostos para a FR e FP, de acordo com Xu et al.(1998).
MODELO HIPÓTESES APLICAÇÕES CARACTERÍSTICAS
PRECISÃO
C.
WEIDEMANN
(1978)
- Material: rígido-
plástico, isotrópico,
efeito Bauschinger;
- Atrito: lei de
Coulomb;
- Sem variação de
tensão ou
deformação ao longo
da espessura da
chapa;
- Nenhum efeito de
tensão sobre o
momento fletor.
-
Somente calcula a
FR;
- Freios circulares,
retangulares e freios
de contorno;
- Uma ou mais fila
de freios;
- Forma simples e
de fácil aplicação;
- Requer uma
estimativa da FP e
do angulo de
curvatura da chapa;
- Raio de flexão da
chapa igual ao raio
da ferramenta;
Em torno de
40% para
alumínios e
uma
subestimação
de 60 % para
o aços.
22
MODELO HIPÓTESES APLICAÇÕES CARACTERÍSTICAS
PRECISÃO
N. M. WANG
(1982)
- Material: rígido-
plástico, isotrópico,
sem efeito
Bauschinger, critério
de escoamento
anisotrópico de Hill;
- Atrito: lei de
Coulomb.
- FR e FP rígido-
plástico, isotrópico,
efeito Bauschinger;
- Uma ou mais filas
de freios;
- Qualquer
geometria de freio.
- Procedimento nu-
mérico step by step;
- Modelo baseado
em equilíbrio de
momentos;
- Raio da ferramenta
igual ao raio de
flexão da chapa;
Cerca de
15% para
A-k steel e
20% para
alumínio
B.S. LEVY
(1983,1985)
- Mesmas hipóteses
de Wang;
- Atrito: lei de
Coulomb.
- Somente calcula a
FR;
- Uma fila de freios
circulares com
penetração
completa;
- Forma explícita
semi-empírica;
- Parâmetro determi-
nado por dados
experimentais;
- Derivação baseada
no princípio dos
trabalhos virtuais;
Aproximada-
mente 10%
J. M. YELLUP
(1984,1985)
- Mesmas hipóteses
de Wang;
- Chapa está
dividida em fibras ao
longo da espessura.
- FR e FP iso-
plástico, isotrópico,
efeito Bauschinger;
- Distribuição de
tensão e
deformação;
- Freios circulares,
de contorno,
retangulares, etc.
- Solução com
procedimentos
numéricos;
- Possibilidade de
incorporação de
diferentes leis de
materiais;
- Uso da forma real
da chapa no modelo;
Menos de
10%
T.B.STOUGH
TON
(1988)
- Material para a FR:
mesmas de Wang;
- Material para a FP:
elastoplástico
- FR e FP;
- Uma ou mais filas
de freios;
- Freios circulares
- Potencial para se
usar também em
outras geometrias;
- Formulação
analítica completa de
fácil aplicação;
- Uso de um raio de
flexão efetivo;
- Uso do princípio
dos trabalhos virtuais
na obtenção da
equação;
Subestima a
FR em torno
de 10% com
relação aos
dados expe-
rimentais de
Nine (1978) e
em 13% ou
menos a FP.
S. KLUGE
(1992)
- Material: similar ao
modelo de
Weideman, com
encruamento a cada
flexão.
- Somente calcula a
FR;
- Freios
semicirculares;
- Uma ou duas filas
de freios;
- Formulações
analítica e semi-
empírica completas
e de fácil aplicação;
- Necessidade de
estimação da FP;
- Raio de flexão da
chapa igual ao raio
da ferramenta;
Na forma
analítica,
subestima
aços entre 20
e 30%.
Melhor
precisão para
a forma semi-
empírica.
L.R.
SANCHEZ e
K.J.
WEIMANN
(1988)
- Material para a FR:
mesmas de Wang;
- Inclui efeito
Bauschinger.
- FR e FP;
- Distribuição de
tensão e
deformação;
- Freios circulares e
outros;
- Solução iterativa
numérica;
- Divide a chapa em
varias fibras ao
longo da sua
espessura;
- Determinação da
geometria da chapa
pelo modelo;
- Ferramentas e
freios considerados
circulares;
Em torno de
10 % ou
menos.
23
O trabalho de plastificação devido à flexão é o produto entre
med
σ
e a deformação
média devida à flexão, dada pela Eq.(2.2) a seguir:
4
2
med
t
t
r
ε
=
+
(2.2)
onde
t
e
r
são, respectivamente, a espessura da chapa e o raio de flexão da chapa em
torno da ferramenta. Ao se computar adicionalmente a isto as contribuições devidas à força
de flexão e de atrito, a FR pode ser estimada, aproximadamente. Os erros devidos às
simplificações inerentes a este modelo redundam em uma subestimação da FR em torno de
40-60%, quando comparada aos dados experimentais.
Wang (1982) propôs um modelo que considera um material mais realista com
anisotropia e que segue a lei de encruamento de Hollomon Lei de Potência de
Encruamento. Neste modelo leva-se em conta a influência das tensões e deformações ao
longo da espessura da chapa na flexão e flexão inversa unbending e uma equação de
equilíbrio de momentos em torno de um centro de flexão instantâneo é utilizado para
modelar o processo sob o qual se passa o fenômeno físico em questão. Neste modelo, um
Procedimento numérico é aplicável a diferentes geometrias de freios. O número de freios
pode ser arranjado em mais de uma fila de freios de estampagem. Utilizando esta mesma
abordagem, Karima (1989) desenvolveu um programa denominado DRAWBEAD para
simulações 2-D em projetos de matrizes de estampagem.
Levy (1983) e Levy (1985), utilizando-se do Princípio dos Trabalhos Virtuais, obteve
uma fórmula relativamente simples para a predição da FR:
(
)
0 1 2 1
FR a a a m x
= + +
(2.3)
na qual,
(
)
1
, , , , , , ,
x f w t R n m r
ε ε
=
(2.4)
é uma função das propriedades de materiais e da geometria do freio e da chapa. Os
parâmetros
0
a
,
1
a
,
2
a
são determinados através da calibração da equação com base em
dados experimentais. Utilizando-se a base de dados de Nine (1978), este modelo pode fazer
24
uma predição da FR com um erro médio em torno de 10%. Ressalte-se, entretanto que este
modelo possui uma natureza semi-empírica e que sua precisão está associada à qualidade
dos dados experimentais. Este modelo possui ainda a restrição de ter
0
a
maior que zero
sempre, o que faz com que não tenha bons resultados quando x
1
se aproxima de zero.
O modelo de Levy pode ser considerado uma boa primeira aproximação e por isto foi
ponto de partida para o Modelo de Stoughton (1988) que obteve um modelo mais geral com
uma equação analítica fechada para o problema. Isto foi feito integrando-se o “Trabalho de
Deformação” ao longo da espessura da chapa e através do freio. Este procedimento
também se baseia no Princípio dos Trabalhos Virtuais. Adotando-se considerações
cuidadosamente elaboradas para o processo de flexão sob o qual a chapa está submetida,
geometria do freio e da chapa, o modelo de Stoughton logrou eliminar a necessidade dos
parâmetros experimentais do modelo de Levy. Uma característica importante deste modelo
é a adoção do raio efetivo de flexão da chapa com o qual se pode, mesmo com pequenas
penetrações, manter a precisão para os casos onde grandes penetrações do freio na
ranhura da matriz. O erro percentual dos resultados deste modelo, se comparados aos
dados experimentais de Nine (1978), é de aproximadamente 5 %, de acordo com Xu (1998).
Semelhantemente ao modelo de Weidemann, o modelo de Kluge calcula o momento
fletor a cada flexão, desconsiderando a influência da tensão. A FR é computada pela soma
de todas as contribuições das forças de flexão, flexão inversa e do atrito. O efeito do
encruamento é levado em conta calculando-se a média das deformações a cada flexão.
Consideram-se iguais os ângulos de curvatura do freio e dos ombros da matriz. Negligencia-
se ainda a redução da espessura da chapa devida à flexão e à tensão. Todas estas
simplificações deste modelo levam a resultados que subestimam a FR em torno de 20 a
30%, quando comparados a dados experimentais.
O modelo de Yellup (1984) é semelhante ao modelo desenvolvido por Wang. O
equilíbrio de momentos com respeito ao centro de flexão é considerado como o ponto de
partida para o modelo do freio de estampagem. Entretanto, a chapa no modelo de Yellup
está dividida em um número discreto de fibras ao longo da espessura da chapa, em relação
às quais se determinam o campo de tensões e de deformações para cada fibra. A força e o
momento total para a chapa é calculada integrando-se ao longo de todas as fibras que
compõem sua espessura, o que permite a utilização de diferentes modelos de materiais.
Com este modelo, Yellup pôde demonstrar que, para pequenas penetrações do freio, ao se
utilizar o raio da matriz, ao invés do raio efetivo de flexão da chapa, pode-se superestimar a
FR em até 40%. No modelo de Yellup (1985) o que se faz é propor um método geométrico
puro para se estimar este raio efetivo de flexão da chapa que passa pelo freio de
estampagem, donde se obtiveram melhores resultados para a predição da FR.
25
O modelo de Sanchez e Weinmann (1988), baseado nos modelos de Yellup e de
Wang, é um modelo mais geral na simulação da deformação mecânica da chapa ao passar
por um freio que adota o conceito de análise iterativa do modelo de Wang. A chapa é
dividida em um determinado número de fibras virtuais ao longo de sua espessura, que difere
das camadas do modelo de Yellup.
O efeito de Bauschinger é o fenômeno durante o qual um corpo de prova submetido
a um carregamento de tensão ou compressão na região plástica, ao ser submetido
novamente a um carregamento no sentido inverso, possui uma tensão de escoamento
substancialmente menor que a tensão de escoamento no sentido original. Este efeito é
levado em consideração neste modelo.
Além disto, ao contrário de outros modelos onde a geometria da chapa e o arco de
contato devem ser determinados a priori, neste modelo se faz a predição da geometria da
chapa deformada durante a iteração numérica. Esta geometria deformada é afetada por
todos os parâmetros do processo, sejam geométricos ou físicos. Tais características
possibilitam um grande potencial de aplicabilidade na predição da FR em freios ativos, nos
quais a penetração do freio é controlada durante o processo. Possui ainda a vantagem de
uma boa acessibilidade aos parâmetros usuais em projetos de matrizes.
2.4.4 Modelos em EF para a FR
O todo dos Elementos Finitos, por ter se mostrado cada vez mais uma ferramenta
poderosa na análise dos problemas em diversas áreas, incluso em estampagem de chapas
metálicas, tem dado origem a um crescente número de modelos para melhor estimar a FR e
a FP. Entretanto, a simulação deste tipo de problema através de uma abordagem
tridimensional ainda possui um custo computacional elevado. Disto redundaram vários
modelos em 2-D para a simulação dos freios de estampagem em EF, objetivando reduzir os
custos computacionais, além de abordar os seguintes temas influentes na predição da FR:
Desenvolvimento de modelos em EF para adequadamente computar o problema
do contato dinâmico com atrito entre os freios de estampagem e a chapa metálica,
Cao e outros (1992) e Chabrand (1992, 1996);
Uma caracterização detalhada do comportamento do campo de deformações da
chapa ao passar por um freio de estampagem pode ser de difícil obtenção ainda
que possível. Entretanto, modelos para o campo de tensões e deformações para
uma chapa que passa por um freio de estampagem podem ser encontrados em
Cao e outros (1992). Modelos da distribuição da pressão de contato entre a chapa
e o freio estão descritos em Chabrand e outros (1992) e ainda em Carleer e outros
(1994). Os modelos em EF demonstram que altas pressões de contato ocorrem em
26
uma pequena zona de contato localizada próxima ao ponto do início desta região
de contato, o que está em consonância com as observações experimentais de
Nine (1978), apesar destes mesmos modelos também predizerem que as
distribuições de pressões de contato são não homogêneas. Isto não está de
acordo com as hipóteses de distribuição uniforme da pressão de contato ou de
crescimento linear da pressão de contato que poderia aplicar-se aos freios de
estampagem, segundo o mesmo autor destes experimentos;
Geração da FR e das deformações ao longo da espessura da chapa que devem
ser aplicadas como condições de contorno em um modelo tridimensional em EF,
em Carleer e outros (1994, 1996). Nesta abordagem, as distribuições da FR ao
longo do comprimento do freio de estampagem e das deformações da chapa
através de uma simulação 2-D em EF são inicialmente feitas através do ajuste de
uma curva como função do deslocamento do punção. Posteriormente, no modelo
tridimensional, estas funções são aplicadas nas regiões onde se localizariam os
freios, como condições de contorno, de maneira a se obter um efeito similar àquele
que se obteria ao se simular um freio tridimensional – de alto custo computacional.
Este abordagem é denominada Método do Freio Equivalente.
O Capítulo Metodologia desta tese destina-se a se estabelecer os detalhes da
metodologia proposta para a predição da FR. Esta metodologia emprega o Teorema Pi
de Buckingham para estabelecer uma equação de predição da FR que se utiliza de
simulações numéricas feitas para parâmetros de natureza geométrica, de materiais e de
atrito em um código explícito de EF.
Nesta abordagem, durante as simulações, as seguintes hipóteses foram
consideradas: critério de escoamento anisotrópico de Hill para os valores simulados, lei de
atrito de Coulomb, velocidade de deslocamento do punção constante e igual 0,90 m / min,
aplicável aos freios de seção transversal circular. O erro médio nas predições com a
equação obtida por esta metodologia está próximo dos 5 % para os dados experimentais de
Nine (1978), utilizados na validação e nas provas com o modelo proposto.
CAPÍTULO III
SIMILITUDE EM ENGENHARIA MECÂNICA
3.1 Introdução
A metodologia desenvolvida nesta investigação utilizou-se de uma abordagem a qual
associa similitude em engenharia com bases de dados obtidos via simulações em elementos
finitos (EF). Neste capítulo se detalharão os principais conceitos da teoria de similitude que
fundamentaram a metodologia proposta nesta tese.
Os principais objetivos da teoria da similitude são estabelecer as relações necessárias
para permitir predições confiáveis do comportamento de um modelo físico e a definição do
tipo de relação existente entre os parâmetros envolvidos em qualquer fenômeno físico.
A teoria da similitude é desenvolvida pela análise dimensional, a qual está baseada
nos conceitos de medida e nos métodos de medições e de observações de um problema
físico qualquer. Nesta teoria se inclui a consideração das condições sob as quais dois
sistemas físicos separados se comportariam similarmente.
Nos últimos séculos, princípios gerais foram desenvolvidos resultando em três
ferramentas confiáveis para a predição de estruturas, máquinas e outros sistemas físicos.
Cada uma delas se complementa com a experiência e o bom senso do projetista, quais
sejam:
a) A partir de uma série de observações, pode-se estabelecer um conjunto de
equações, uma hipótese ou ainda uma lei, a qual é suficientemente geral para
permitir predições com a acuracidade desejada;
b) A partir das observações diretas da estrutura real e das hipóteses de que suas
características básicas não se alterarão durante o processo de investigação, seu
comportamento no futuro pode ser previsto com um razoável nível de
confiabilidade. Este procedimento, ainda que mais direto e mais adaptável, é,
obviamente, mais aplicável a pequenas estruturas, principalmente se os primeiros
28
resultados não forem satisfatórios. Isto requereria alterações experimentais antes
de o modelo se encontrar funcionando apropriadamente;
c) As observações experimentais podem alternativamente ser feitas em modelos
menores que a estrutura real, mais baratos, e mais facilmente ajustáveis que
aqueles em escala real. A partir destas observações, as performances do protótipo,
ou da estrutura real, podem ser preditas desde que protótipo e modelo possuam
comportamentos similares qualitativamente e que relações quantitativas possam
ser estabelecidas entre ambos;
d) Um modelo físico pode ainda ser simulado numericamente para ser objeto destas
observações, valendo-se de códigos computacionais desenvolvidos especifica-
mente para este fim.
De acordo com Murphy (1950), há três classes gerais de modelos:
1. Geometricamente similar: o modelo é uma reprodução em escala do protótipo;
2. Distorcido: o modelo é uma reprodução do protótipo com duas ou mais escalas
utilizadas diferentemente;
3. Dissimilar: Não nenhuma ligação direta entre modelo e protótipo. Como quando
se utiliza um circuito elétrico para simular um sistema mecânico sujeito a vibrações.
A utilização dos modelos pode ajudar no projeto dos mais diferentes tipos de
situações. Entretanto, a obtenção de resultados satisfatórios nesse procedimento requer
uma clara compreensão dos princípios físicos envolvidos nas relações entre modelo e
protótipo.
3.2 Características das observações e seleção das quantidades
As observações dos modelos podem ser classificadas genericamente em
quantitativas e qualitativas. As características qualitativas das observações podem ser
descritas em termos de operações padronizadas que identificam classes de quantidades tais
como comprimento (L), força (F) ou tempo (T). Estas características qualitativas são
denominadas dimensões da quantidade observada. Sob o ponto de vista da engenharia,
estas três quantidades são mais apropriadas.
A descrição quantitativa envolve tanto um número quanto um padrão de comparação,
como 3 m, 9 Kg ou 16,7 s. Estes padrões de comparação, como o Kg, m ou s, são
arbitrariamente escolhidos e denominados unidades. A velocidade, por exemplo, é expressa
nas dimensões LT
-1
e em unidades de Km por hora ou metro por segundo.
29
Pode-se demonstrar, segundo Murphy (1950), que com o nosso padrão de medidas
técnicas é possível se expressar qualquer quantidade em termos do produto destas
quantidades elevadas a expoentes de potências adequadamente escolhidos. Assim,
qualquer grandeza puramente mecânica pode ser expressa dimensionalmente como se
segue:
3
1 2
c
c c
A F L T
=
(3.1)
na qual A é a quantidade dependente, F, L e T são as quantidades primárias apropriadas e
c
1
, c
2
e c
3
são os expoentes apropriados.
Em problemas onde calor ou eletricidade, quantidades básicas adicionais são
geralmente utilizadas: Temperatura indica-se geralmente com
θ
, quantidade de calor com H
e carga elétrica com Q. Estas três últimas grandezas complementam quantidades
denominadas primárias. As quantidades secundárias são, por exemplo, a aceleração
(a = LT
2
), o Trabalho (W = FL), etc. ainda as quantidades dimensionais, como o
comprimento e a velocidade e as quantidades adimensionais, como o coeficiente de atrito e
a razão de Poisson.
3.3 Análise Dimensional
A teoria da similitude, sobre a qual o projeto do modelo é baseado, pode ser
desenvolvida através de uma análise dimensional, a qual, por sua vez, se fundamenta em
dois axiomas:
1. Igualdades numéricas absolutas de quantidades existem somente quando estas
quantidades são qualitativamente similares. Isto significa que uma lei geral entre
duas quantidades pode ser estabelecida se estas duas quantidades possuírem
as mesmas dimensões;
2. A razão entre a magnitude de duas quantidades é independente das unidades
usadas, desde que se tenham unidades compatíveis. Por exemplo: a razão entre a
largura e a altura de uma tabela é a mesma, independentemente se ambas foram
medidas em milímetros, centímetros ou metros.
As aplicações da Análise Dimensional são relativamente abrangentes e podem se dar
nos seguintes âmbitos:
30
1. Classificação de equações: as equações podem ser classificadas em não-
homogêneas e homogêneas. As primeiras são geralmente equações empíricas
com pequena faixa de aplicação, enquanto nas equações homogêneas, todos os
termos se reduzem à mesma dimensão;
2. Conversão de equações ou dados oriundos de um sistema de equações para
outro, como na conversão de unidades do Sistema Inglês para o Sistema
Internacional de unidades;
3. Desenvolvimento de equações: pode-se determinar a forma das equações
dimensionais;
4. Sistematização da coleta de dados em um experimento e redução do número de
variáveis a ser investigado;
5. Adequação e estabelecimento do princípio de modelagem, operação e
interpretação do fenômeno estudado.
Pormenorizando-se o item três, relativo ao desenvolvimento da forma das equações,
deve-se registrar que, em geral, qualquer quantidade pode ser expressa dimensionalmente
em termos de quantidades primárias adequadamente escolhidas, resultando na forma da
equação dimensional, Eq.(3.1).
Pode-se ainda afirmar, em decorrência dos dois axiomas supracitados, que,
geralmente, qualquer grandeza secundária mensurável (
α
) pode ser expressa
dimensionalmente em termos de quantidades primárias (a
i
), apropriadamente escolhidas.
Estas últimas afetam a magnitude das quantidades secundárias. É possível, portanto,
estabelecer-se a relação geral entre α e as quantidades primárias como se segue:
(
)
1 2 3,
, , , ...,
a a a a
n
f
α
=
(3.2)
Onde:
α
é o número que denota a magnitude da quantidade secundária;
1 2 3,
, , , ...,
a a a a
n
são os números denotando as magnitudes das quantidades primárias
significativamente envolvidas.
O problema agora passa a ser o estabelecimento da natureza da função.
Segundo Murphy (1950), utilizando-se procedimento análogo ao utilizado
anteriormente para outra grandeza
β
da mesma quantidade secundária, avaliada em termos
das mesmas quantidades primárias, é possível demonstrar ainda, que:
31
(
)
3
1 2
1 2 3,
, , , ...,
1 2 3
a a a a . . . ...
n
n
c
c c c
n
f C a a a a
α
=
(3.3)
Onde:
C
α
é um coeficiente adimensional, que pode ser determinado experimentalmente;
1 2 3,
, , , ...,
n
c c c c
são os expoentes a serem obtidos, podendo ser determinados
experimentalmente e/ou via análise dimensional.
A determinação dos expoentes c
i
, utilizando a análise dimensional, pode ser feita
desde que o número de quantidades primárias não exceda o número de dimensões
envolvidas no problema. Isto porque não haveria equações auxiliares suficientes para
avaliar todos os expoentes c
i
.
3.4 Obtenção das Equações Preditivas
Dois métodos gerais são utilizados no desenvolvimento de equações preditivas. O
primeiro método, o experimental, consiste em se estabelecer, através de observações
cuidadosas e de medições, o efeito das variáveis pertinentes sobre a grandeza a ser predita
pela equação. O outro método, o analítico, consiste na aplicação das leis naturais que são
pertinentes ao problema estudado. ainda um terceiro método, o numérico, empregado
em situações de alta complexidade em que uma solução analítica fechada é inviável ou
mesmo impossível. O Método dos Elementos Finitos (MEF) é um exemplo de uma técnica
de análise numérica que tem por objetivo obter soluções aproximadas de problemas regidos
por equações diferenciais. O crescente aumento da capacidade de processamento dos
computadores tem possibilitado como alternativa às soluções analíticas, a preservação da
complexidade do modelo e a utilização de técnicas aproximadas de resolução, nas quais se
insere o MEF.
A análise dimensional nem sempre, por si mesma, é suficiente para a determinação
de
α
C
e, em muitos casos, nem mesmo dos expoentes da Eq.(3.3). Nestes casos, então,
necessita-se recorrer aos métodos experimentais para se completar a solução e determinar
a equação preditiva.
No âmbito dos procedimentos básicos a serem adotados na determinação das
equações preditivas, o primeiro passo é a determinação das variáveis pertinentes – de longe
o mais importante de todos os passos – uma vez que a validade dos resultados depende da
adequação com que estes fatores são escolhidos. A quantidade secundária, então, é
expressa como uma função das quantidades primárias. Nesta etapa, pode-se chegar a
32
falsas conclusões enquanto muito tempo pode ser concomitantemente consumido. Há ainda
dificuldades adicionais quando a quantidade secundária se relaciona com mais de três
quantidades primárias. Assim, acumulações aleatórias de dados nunca são recomendadas.
No segundo procedimento, a relação entre as variáveis pode ser obtida pela análise
dimensional, levando a uma expressão, do tipo:
3
1 2
0
. . .
c
c c
s C V g t
α
=
(3.4)
Nesta equação acima, por exemplo, quatro incógnitas,
C
α
,
1
c
,
2
c
,
3
c
. Quatro séries
de observações podem ser feitas para se medir tais parâmetros e estas séries de valores
substituídas na Eq.(3.4) para a conseqüente eliminação de
C
α
através da divisão das
equações entre si. Este procedimento envolve algumas dificuldades, especialmente se
C
α
é
função de todas as quantidades primárias. Um aperfeiçoamento deste procedimento
consiste na sistematização da obtenção dos dados por meio da manutenção das variáveis
primárias constantes, enquanto uma delas é variada para se estudar seu efeito sobre a
quantidade secundária. E assim, sucessivamente com as outras variáveis primárias,
determinando-se o efeito de cada uma delas sobre a quantidade secundária.
No terceiro procedimento, uma continuação da análise dimensional da Eq.(3.4) para
se obter a Eq.(3.5) podem-se eliminar quantidades desconhecidas e reduzir-se o número de
experimentos. Como
s
,
v
e
t
, na Eq.(3.5), são quantidades mensuráveis e
g
é conhecida,
somente
C
α
e
1
c
permanecem desconhecidas.
1
c
α
v
gt
C
vt
s
=
(3.5)
Assim, neste caso, duas quantidades desconhecidas são eliminadas e a quantidade
de observações necessárias se torna bem menor. Em caso de
C
α
ser constante, somente
duas séries de observações serão necessárias. Caso contrário, se
C
α
for dependente das
variáveis primárias, uma série de medidas deverá ser coletada. Desta série de observações,
pode-se construir um gráfico onde valores de
.
s
v t
podem ser utilizados como ordenadas e
v
gt
, como abscissas. Deste gráfico é possível se obter
C
α
e
1
c
.
33
O termo
C
α
pode ser expresso como uma função de grupos de variáveis
adimensionais que influenciam o fenômeno em estudo, os quais são conhecidos como Pi
termos e são usualmente expressos por π
i
. Assim, um determinado fenômeno pode ser
expresso, em termos gerais, da seguinte maneira:
1 2 3 4
( , , ,..., )
s
F
π π π π π
=
(3.6)
onde s denota o número total de grupos adimensionais ou Pi termos que afetam o
fenômeno. O número de Pi termos necessários para se expressar um fenômeno pode ser
determinado pelo Teorema dos Pi termos de Buckingham, o qual declara que este número
s é igual ao número de quantidades envolvidas
n
menos o número de dimensões
básicas envolvidas
b
:
s n b
=
(3.7)
Vale lembrar que as únicas restrições referentes aos Pi termos são as de que sejam
adimensionais e linearmente independentes. Isto posto, é possível afirmar ainda que um
novo Pi termo pode ser obtido pela combinação de outros Pi termos, através de
multiplicações ou divisões mútuas, possibilitando assim maior simplicidade nas
observações.
A aplicação do Teorema dos Pi termos leva à formulação de um tipo de equação que
envolve uma função desconhecida. Antes mesmo da determinação da equação preditiva, a
natureza desta função pode ser estabelecida através das observações do comportamento
do fenômeno, experimentalmente. A principal vantagem da análise dimensional repousa no
fato de que o número de variáveis que devem ser investigadas pode ser reduzido, além da
possibilidade de se formular as variáveis adimensionais convenientemente vantajosas, de
maneira a facilitar a observação do fenômeno e, por conseguinte, a coleta dos dados.
Presumivelmente, o procedimento mais vantajoso na análise da função está na
possibilidade de se estudar o comportamento dos parâmetros de tal sorte que todos os Pi
termos envolvidos na função, exceto um, sejam mantidos constantes, enquanto se varia
aquele em relação ao qual se estabelecerá a relação com π
1
. Recorre-se a este
procedimento para cada Pi termo da função e a relação resultante entre π
1
e os demais Pi
termos, individualmente, são combinadas para se obter uma relação geral. Esta combinação
nem sempre é simples, mas, sob certas condições, a sua obtenção pode ser razoavelmente
34
direta. Entretanto, necessita-se investigar as condições necessárias ou suficientes para a
sua existência.
Nas seções seguintes, poder-se-á constatar que equações componentes oriundas da
avaliação da contribuição específica de cada parâmetro poderão ser combinadas por soma
ou produto, com a finalidade de se obter uma equação geral que relaciona todos os
parâmetros envolvidos no fenômeno físico em estudo.
3.4.1 Condições para a Função ser um Produto
Para se estabelecer as condições sob as quais duas ou mais equações componentes
podem ser combinadas na forma de um produto, a seguir se utilizará de uma situação
hipotética onde três Pi termos estão envolvidos num fenômeno em estudo, ou seja:
1 2 3
( , )
F
π π π
=
(3.8)
Experimentos deverão ser conduzidos, variando-se
2
π
e mantendo-se
3
π
constante.
Do gráfico de
1
π
versus
2
π
, obtém-se a relação:
3
1 1 2
3
( ) ( , )
f
π π π
=
(3.9)
na qual a barra denota os valores constantes estabelecidos para
π
3
. De outra série de
experimentos, com
2
π
constante e
3
π
variável, segue-se:
2
1 2 3
2
( ) ( , )
f
π π π
=
(3.10)
As Equações do tipo (3.9) e (3.10) são denominadas equações componentes, as
quais, sob certas condições, podem ser multiplicadas entre si, resultando numa equação de
predição mais geral:
1 1 1
3 2
.( ) .( )
C
π π π
=
(3.11)
Para se estabelecer tais condições, inicialmente determina-se a constante C na
Eq.(3.11), assumindo-se que:
35
3 3
2 3 1 2 2 2
( , ) ( , ). ( , )
F f f
π π π π π π
=
(3.12)
De acordo com Murphy (1950), pode-se demonstrar, utilizando-se algumas
combinações das Eq.(3.8) a Eq.(3.11), que:
3 2
2 3
2 3
2 3
( , ). ( , )
( , )
( , )
F F
F
F
π π π π
π π
π π
=
(3.13)
A Equação (3.13) indica que a constante C, em Eq.(3.11), pode ser calculada por
2 3
1
( , )
F
π π
e que as duas equações componentes devem ter a mesma forma.
Um teste de validade destas equações componentes pode ser desenvolvido por meio
de uma terceira equação componente obtida de uma terceira série de dados, onde um dos
Pi termos é mantido constante em um valor diferente daqueles da primeira série de dados.
Exemplificando: se a Eq. geral (3.13) tiver sido obtida, mantendo-se constante
2
π
em um
valor
2
π
, então deve ser válida também se for determinada de uma série de dados na qual
2
2
π π
=
, resultando:
3 2
2 3
2 3
2 3
( , ). ( , )
( , )
( , )
F F
F
F
π π π π
π π
π π
=
(3.14)
Igualando-se as Eq.(3.13) e Eq.(3.14), obtêm-se as seguintes equações que servirão
para se testar a validade da Eq.(3.13):
2 2
3 3
2 3
2 3
( , ) ( , )
( , )
( , )
F F
F
F
π π π π
π π
π π
=
(3.15)
3 3
2 2
2 3
2 3
( , ) ( , )
( , )
( , )
F F
F
F
π π π π
π π
π π
=
(3.16)
Assim, se uma série de dados suplementares satisfaz uma das Eq.(3.15) ou
Eq.(3.16), então a equação geral pode ser obtida pela multiplicação das equações
componentes entre si e pela multiplicação da constante C, conforme estabelecido na
Eq.(3.13).
36
3.4.2 Condições para a função ser uma soma
Se se assume que a equação preditiva geral pode ser obtida pela soma das equações
componentes, segue-se então que:
2 3 2 3
( , ) ( ) ( )
F f g
π π π π
= + (3.17)
Logo, mantendo-se
2
π
constante em um valor
2
π
, analogamente ao caso discutido na
seção 3.4.1, tem-se que:
2 2
3 3
( , ) ( ) ( )
F f g
π π π π
= + (3.18)
2 2
3 3
( ) ( , ) ( )
g F f
π π π π
= (3.19)
e de maneira semelhante:
3 3
2 2
( ) ( , ) ( )
f F g
π π π π
= (3.20)
Disto resulta o seguinte desenvolvimento:
2 2 3 3
2 3 2 3 3 2
( , ) ( ) ( ) ( , ) ( ) ( , ) ( )
F f g F f F g
π π π π π π π π π π
= + = +
(3.21)
Ao se substituir as Eq.(3.19) e Eq.(3.20) em Eq.(3.18), obtém-se:
2 3 2 3
2 3 3 2
( , ) ( , ) ( , ) [ ( ) ( )]
F F F f g
π π π π π π π π
= + +
(3.22)
Mas o último termo da equação acima equivale a
2 3
( , )
F
π π
. Disto resulta:
2 3 2 3
2 3 3 2
( , ) ( , ) ( , ) ( , )
F F F F
π π π π π π π π
= +
(3.23)
Na Equação (3.23), evidentemente, os sinais de soma e a subtração indicam
operações algébricas.
Tendo sido obtida a equação geral resultante da soma das componentes, deve-se
estabelecer um teste de validade desta combinação por adição das equações componentes.
Contudo, não se deve perder de vista que um grupo de dados suplementar deverá ser
37
utilizado neste teste. Neste grupo suplementar de dados, um dos Pi termos é mantido
constante, mas em um valor diferente daquele da equação componente original.
Adotando-se
2
2
π=π , neste outro grupo de dados, segue-se que:
2 3 2 3
2 3 3 2
( , ) ( , ) ( , ) ( , )
F F F F
π π π π π π π π
= +
(3.24)
Ao se igualar as Eq.(3.23) e Eq.(3.24), obtém-se a seguinte expressão:
),F(),F(),F(),F(
32
3
232
3
2
ππππππππ
= (3.25)
Alternativamente, poder-se-ia ainda obter outro grupo de dados, com um novo valor
para
3
3
π π
=
, investigando-se também a validade da seguinte equação:
3 2 3 3 2 3
2 2
( , ) ( , ) ( , ) ( , )
F F F F
π π π π π π π π
=
(3.26)
Em se satisfazendo as Eq.(3.25) e Eq.(3.26), nas condições supra descritas, a
equação de predição geral poderá ser constituída pela soma das equações componentes,
conforme Eq.(3.23).
Grupos de dados obtidos diretamente de fenômenos físicos, ao serem descritos em
um gráfico tridimensional, geralmente resultam em uma superfície curva no espaço. Mas,
para o caso em estudo, isto é,
1 2 3
( , )
F
π π π
=
, quando os logaritmos de
1
π
,
2
π
e
3
π
são
plotados, usualmente resultam num plano. Se uma superfície for obtida em um espaço
logarítmico, então as equações componentes têm a seguinte forma:
1 3
2
( ) .
m
A
π π
=
(3.27)
1 2
3
( ) .
n
A
π π
=
Se as equações das curvas descritas forem para dois valores de
2
π
, isto é,
2
2
ππ
= e
2
2
ππ
= , e se forem testadas por multiplicação, substituindo-se em Eq.(3.15), tem-se:
3 3
3 3
. .
. .
m m
m m
A C
A C
π π
π π
=
(3.28)
38
Mas, se o teste for para saber da validade da formação da equação geral por adição
das equações componentes, aplicado aos dados com os quais se plota uma linha num
espaço logarítmico, este teste, utilizando o logaritmo da Eq.(3.28) acima, resulta em:
3 3
3 3
. . . .
m m
m m
A A C C
π π π π
=
(3.29)
A Equação (3.29) evidencia que o teste é satisfeito se
A C
=
, o que implica dizer
que os Pi termos devem ser independentes. Como conseqüência disto, se ambos os grupos
de dados das equações componentes são plotados como uma reta com inclinação diferente
de zero, em uma escala logarítmica, então estas equações componentes não podem ser
combinadas por adição. Poderiam, entretanto, ser combinados por multiplicação, no caso
em que o gráfico do grupo de dados suplementar é paralelo ao gráfico da componente que a
ele corresponde.
3.4.3 Condições Suplementares para mais de três Pi termos
Sem prejuízo ao rigor do Teorema dos Pi termos de Buckingham, é possível aplicá-lo
independentemente da quantidade de Pi termos. Se um sistema requer uma equação geral
cuja combinação deve ser obtida pela multiplicação das equações componentes de s” Pi
termos, então, segundo Murphy (1950), pode-se demonstrar que:
(
)
(
)
(
)
( )
[ ]
2
5432
543254
3
2543
2
1
=
S
S
S
SS
πππππ
πππππππππππππππ
π
,...,,,,F
,...,,,,F.....,...,,,,F,...,,,,F
(3.30)
onde, cada valor que se mantém constante em um Pi termo, num determinado grupo de
dados, deve ser o mesmo também em todos os outros grupos de dados. Assim,
2
π
deve ser
o mesmo em cada grupo de dados de cada equação componente,
3
π
, também, e assim
sucessivamente até
s
π
.
Um teste geral para se separar um Pi termo dos demais e combinar duas equações
componentes por multiplicação pode ser desenvolvido utilizando-se a mesma técnica
empregada e descrita na seção 3.4.1.
Obviamente que, se cada equação componente passa pelo teste, a equação geral
pode ser desenvolvida através de uma série de produtos de equações componentes de uma
variável.
39
Entretanto, se a equação geral para um sistema de s Pi termos é formada pela adição
de equações componentes, segundo Murphy (1950), pode-se demonstrar que sua forma é a
seguinte:
3 4 2 4 2 3
1 2 3 4
2 3 4 2 3 4
( , , ,..., ) ( , , ,..., ) ( , , ,..., )
... ( , , ,..., ) ( 2). ( , , ,..., )
s s s
s
s
F F F
F s F
π π π π π π π π π π π π π
π π π π π π π π
= + +
+
(3.31)
O teste de validade das equações componentes por adição também se desenvolve
termo a termo. Sendo possível isolar o termo contendo
2
π
, tem-se que:
3 4 2 2 3 4
1 2 3 4
( , , ,..., ) ( , , ,..., ) ( , , ,..., )
s s
s
F F F
π π π π π π π π π π π π π
= +
(3.32)
De um grupo de dados suplementar, no qual
3
π
tem um valor diferente, dever-se-ia
obter o mesmo valor para
1
π
. Assim,
3 4 2 3 4
2
3 4 2 3 4
2
( , , ,..., ) ( , , ,..., )
( , , ,..., ) ( , , ,..., )
s s
s s
F F
F F
π π π π π π π π
π π π π π π π π
= +
(3.33)
A Equação (3.33) estabelece o teste para a combinação da equação componente de
2
π
, contendo outras variáveis por adição.
É possível que aconteça ainda que algumas equações componentes sejam
combinadas por multiplicação, enquanto outras requeiram adição na formação da equação
de predição resultante.
Independentemente do fato de a equação de predição resultante geral ser obtida por
multiplicação ou por adição, há um termo constante a se levar em conta:
2 3 4
( , , ,..., )
s
F
π π π π
(3.34)
O valor do termo acima pode ser avaliado de qualquer uma das equações
componentes e deveria ser o mesmo. Caso contrário, pode haver erros e as equações
devem ser novamente checadas.
CAPÍTULO IV
O MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS
4.1 Introdução
Imputar ao esforço de uma única pessoa os créditos de uma invenção em qualquer
área resulta, na grande maioria das vezes, em uma inverdade ou, no mínimo, numa
injustiça. Particularmente, o Método dos Elementos Finitos (MEF) não foge a esta regra. A
idéia original foi, sem dúvida, utilizada pelo renomado matemático Courant em 1943 no
“Bulletin of the American Mathematical Society e praticamente ignorada pelos analistas
clássicos mais puristas e inclusive pelos técnicos de engenharia, conforme NAFEMS (2003).
Até que, no início dos anos 1950, alguns pesquisadores, quase todos da área aeronáutica,
começaram a explorar este método que remonta da era inicial da computação digital. Este
setor da indústria tinha fortes interesses técnicos em avaliar estruturas de grande
complexidade do ponto de vista técnico além de possuir o capital necessário para fazer
frente aos custos das pesquisas e da aquisição dos computadores da época. E foi
precisamente em função da arquitetura destas máquinas de calcular que descreviam
estruturas de complexidade geométrica elevada que se adotou a linguagem matricial como
língua franca neste tema. Esta linguagem impactou fortemente a forma com que os
problemas estruturais passaram a ser abordados em engenharia desde então.
O conceito básico do MEF é realmente muito simples e pode ser visualizado a partir
da descrição de duas etapas completamente distintas. Primeiramente, a estrutura é
virtualmente dividida ou discretizada em elementos muito pequenos, de tal sorte que a
forma do campo de tensões e deslocamentos possa ser obtida qualitativamente, sem
prejuízos ao rigor da análise, deixando a magnitude destas variáveis por ser calculada
posteriormente. Estas formas podem ser descritas por funções polinomiais, trigonométricas
ou aquela que se lhe aprouver.
41
Em segundo lugar, todos os elementos individualmente constituídos devem ser
dispostos de tal forma que haja continuidade de tensões e de deslocamentos ao longo da
interface destes elementos, que as cargas aplicadas e as tensões internas de uns estejam
em equilíbrio com as dos outros e que as condições de contornos sejam satisfeitas.
A primeira parte do processo do MEF envolve, teoricamente, a escolha dos tipos
corretos e mais apropriados de cada elemento com suas respectivas propriedades, embora
a maioria dos códigos comerciais em Elementos Finitos (EF) restrinja cada vez mais a
participação do usuário nesta fase. A real compreensão desta etapa, no entanto, possibilita
um juízo de valor por parte do analista muito importante quando se está modelando o
problema.
Na segunda parte é quando se faz a disposição mais adequada dos elementos para
então se proceder à solução do problema para a estrutura completa. Se a estrutura estiver
inconvenientemente representada segundo a combinação dos elementos proposta nesta
etapa, o processo de análise pode-se tornar ineficiente, segundo NAFEMS (2003).
4.1.1 A Notação Matricial
Tendo sido o comportamento da estrutura em estudo descrito por um grande número
de deslocamentos discretos, pode-se hipoteticamente imaginar estes pontos como nós de
uma malha ao longo de uma superfície ou de um volume. O deslocamento individual em um
destes pontos, ou seja, no i-ésimo nó, poderia ser representado pela notação r
i
. Ou ainda,
em notação matricial, poder-se-ia expressar todos estes pontos através da expressão r = r[ i ].
Supondo-se, adicionalmente, que uma série de forças concentradas nos nós da
referida estrutura, denotadas por R
1
, R
2
, R
3
, ... , R
i
,... R
n
, de acordo com NAFEMS (2003),
todas atuando no mesmo sentido de deslocamento; que o problema é linear isto é, todos
os deslocamentos, tensões e deformações são proporcionais às cargas aplicadas então,
pode-se calcular o trabalho realizado por todas estas forças , em notação matricial,
utilizando-se a seguinte relação:
1
. .
2
t
W R r
=
(4.1)
Adicionalmente, considerando-se que estes coeficientes de proporcionalidade são
denotados por
F
, pode-se sumarizar estas relações em notação matricial da seguinte
maneira:
R
.
F
=
r
(4.2)
42
onde,
[
]
ji,F F=
1,2,3..., ; 1,2,3...,
i n j n
= =
, é também conhecida por Matriz Flexibilidade.
Finalmente, antecipando-se as formas das equações produzidas pelo método dos
deslocamentos de elementos finitos, pode-se derivar um grupo de equações relacionando-
se r com K na seguinte relação:
R
r
.
K
=
(4.3)
onde K é, obviamente, uma medida de rigidez, pois um incremento em K, resulta
necessariamente em maiores carregamentos requeridos para uma mesma deflexão na
estrutura em questão. Por este motivo, esta matriz é conhecida por Matriz de Rigidez. Antes,
porém, de se encontrar os valores para tensões e deformações internas, que se resolver
equações da forma Eq.(4.3). Motivo pelo qual este é um caminho que pode ser
alternativamente mais barato, em termos de um esforço computacional - se for pertinente ao
que se quer avaliar, obviamente. Freqüentemente, se expressa a solução da Eq.(4.3) da
seguinte forma:
R
K
r
1
=
(4.4)
sendo que
1
K
é a matriz inversa de K e é, evidentemente, a mesma matriz F.
Poder-se-ia ainda expressar a Eq.(4.4) em termos da matriz adjunta de K e do seu
determinante, porém esta formulação aqui empregada para a matriz de rigidez, Eq.(4.3),
está mais adequada ao MEF.
4.1.2 Fundamentos da Análise Estrutural
Na solução de qualquer tipo de problema estrutural, qualquer que seja o tipo de
estrutura ou de carregamento, seja este estático ou dinâmico e para qualquer natureza do
material da estrutura em análise, haverá sempre três tipos de argumentos que se podem
empregar. Estes três argumentos são muito bem separados e distintos e é muito importante
compreender a sua simplicidade, quais sejam:
1. Equilíbrio: nestes tipos de abordagens, relacionam-se tensões com os
carregamentos sob os quais a estrutura esteja submetida ou freqüentemente,
dependendo de haver ou não carregamentos relacionam-se tensões com outras
tensões. Se excitação dinâmica da estrutura, então se podem inserir forças de
inércia nas equações de equilíbrio, como se o problema ainda fosse estático. Se os
deslocamentos são pequenos, isto é de ordem inferior com relação aos demais
43
termos da equação de equilíbrio, então se pode considerar que as equações de
equilíbrio são lineares.
2. Compatibilidade: nestes tipos de abordagens, relacionam-se deformações com
deslocamentos e são argumentos puramente geométricos, os quais dependem do
tipo da deformação e da geometria particular da estrutura. Se os deslocamentos
são pequenos, então as equações de compatibilidades também são lineares.
3. Equações constitutivas: estas relações oriundas da Lei Tensão-deformação são
empíricas e dependem de evidências experimentais. Podem-se aqui incluir efeitos
térmicos e relações elasto-plásticas para materiais ferrosos com deformações
irreversíveis. Para a grande maioria dos materiais em uso, aliás, estas leis também
podem ser consideradas lineares, de acordo com NAFEMS (2003).
4.1.3 O Princípio dos Deslocamentos Virtuais e o Método da Energia
Para se ilustrar uma técnica alternativa ainda que indiretamente uma forma de
aplicação dos supracitados argumentos de equilíbrio ou compatibilidade utiliza-se o
artifício de se transformar uma equação de equilíbrio em uma de trabalho. Nesta
abordagem, a Lei de Tensão-deformação é irrelevante, principalmente no caso não-linear.
Por isso, não se pode utilizar aqui Trabalho real ou energia de deformação, já que, estes
sim, dependem desta lei (ver Fig. 4.1). Assim, supondo-se que r seja o deslocamento devido
à força R que atua sobre o corpo deslocado, utiliza-se o produto
.
r R
, como se fosse um
trabalho virtual, ao invés do Trabalho real, definido por
0
r
W Rdr
=
.
Figura 4.1 – Trabalho Real e Virtual, graficamente.
Ressalte-se que, no caso linear, evidentemente,
1
.
2
W R r
=
, isto é, a metade do
trabalho virtual.
O Princípio dos Deslocamentos Virtuais (PDV) , na verdade, simplesmente iguala o
trabalho interno ao trabalho externo, utilizando o produto das forças reais e os
deslocamentos virtuais
r
. O PDV deve, entretanto, satisfazer ainda à equação de
R
Trabalho Real
r
R
Trabalho Virtual
r
44
compatibilidade. Pode-se, todavia, substituir estes deslocamentos por forças e, assim, obter-
se o Princípio das Forças Virtuais (PFV). Baseando-se nisto, o Método dos Elementos
Finitos pôde ser desenvolvido ainda no início dos anos 1950, quando ainda era conhecido
por “Matrix Force Method”.
Contudo, a forma mais fácil de solucionar estes problemas estruturais é utilizar o
conceito do Princípio dos Trabalhos Virtuais. Este conceito, aliás, é uma ferramenta
poderosa para solucionar os problemas que envolvem barras, chapas e cascas ou qualquer
tipo de sólido. Além do mais, o “Princípio dos Trabalhos Virtuais” possibilita aproximações
que são, em última análise, o núcleo do MEF.
Em alguns livros-texto ou manuais de Elementos Finitos, utiliza-se o argumento dos
trabalhos virtuais como um equivalente ao Princípio da Energia Potencial Mínima. Esta
energia consiste de duas partes: a interna (Energia de Deformação -
i
U
), a qual em uma
barra simples obedecendo à Lei de Hooke poderia ser expressa por:
2
1
2 2
i
AE
U N
l
= =
(4.5)
onde,
é a deformação da barra,
N
é a força que a solicita,
A
é a área da seção
transversal da barra,
l
é o seu comprimento e
E
seu Módulo de Elasticidade (Young).
A energia potencial externa (
e
U
), a qual é usualmente expressa por
e i i
i
U R r
=
.
Para o caso de uma força gravitacional,
R mg
=
, que atua no sentido oposto ao
deslocamento vertical
r h
=
, resulta-se que em
e
U mgh
=
.
O Princípio da Energia simplesmente estabelece que
i e
U U U
= +
é o valor mínimo de
energia necessário para um equilibro estável. Pode-se ainda demonstrar que ao se resolver
as equações diferenciais parciais
0, 1,2,...,
i
U
para i n
r
= =
, obter-se-ão as mesmas
equações desenvolvidas utilizando-se o argumento do equilíbrio.
4.1.4
A Etapa de Pré- processamento
Para se proceder a uma análise em EF, a estrutura em estudo deve ser, a priori,
virtualmente descrita na forma de uma malha. A arte de se obter bons resultados em EF
repousa na escolha do elemento associado à malha mais adequada. Uma vez que se tenha
em mente que este é um método aproximado, que se ter uma boa idéia da solução que
se espera do problema.
45
Concomitantemente a isto, importa uma boa compreensão das conseqüências das
hipóteses inerentes ao tipo de elemento escolhido, pois isto permite que se minimizem os
efeitos indesejáveis da aproximação, via ajuste do modelo projetado à situação real. Quando
se especificam estes elementos, quatro grupos de informações se especificam:
Coordenadas nodais;
Topologia nodal – interconexão entre elementos;
Propriedades geométricas dos elementos – elementos de barra, lâmina, etc.
Propriedades de materiais – como módulo de Young, razão de Poisson, densidade,
coeficiente de expansão térmica, etc.
Esta compreensão geralmente requer certa experiência oriunda do trato com este tipo
de problema de tal sorte que se alcance um bom compromisso entre uma solução próxima à
real e um custo computacional razoavelmente aceitável.
Antes, porém da especificação da malha, o problema em análise deve ser identificado
através de quatro blocos de informação:
Geometria;
Condições de contorno;
Carregamentos;
Resultados requeridos.
Os tipos de carregamentos e as condições de contorno podem afetar a escolha do
tipo de elemento ou as posições nodais, ainda que não sejam especialmente críticos para a
definição da malha mais adequada. Na Fig. 4.2 se mostra uma malha de 427.600 elementos
finitos triangulares de três nós utilizada para a simulação de uma estampagem em uma
lateral de um carro. A malha está representada sobre a superfície da peça no final do
processo de estampagem.
Figura 4.2 – Malha de elementos finitos sobre uma peça deformada (Cortesia STAMPACK).
46
Os resultados requeridos são a razão pela qual se está procedendo a uma análise em
EF. E, por este motivo, é importante se ter claramente definido o que se busca antes de se
proceder qualquer cálculo. Estes resultados requeridos sempre afetam a escolha da malha,
do tipo de elemento e sempre afetarão o custo computacional da análise.
4.1.5
A Etapa de Processamento
Uma vez determinada a malha mais adequada à estrutura em questão, então o
cálculo propriamente dito pode ser feito. Para um usuário de um código em EF, neste
estágio não há muito que se fornecer ao software.
O MEF possui uma natureza modular a qual permite que se façam checagens
enquanto os cálculos vão se desenvolvendo. A maioria dos códigos comerciais explora esta
natureza modular de sorte que cada um pode ser escrito e testado quase como se fora uma
entidade independente com uma interação mínima entre si. Assim, o mesmo módulo pode
ser utilizado repetidas vezes em aplicações distintas e em códigos desenvolvidos para
problemas específicos também distintos. Em uma maneira geral, estes módulos podem ser
delineados em uma série de passos subseqüentes, quais sejam: especificação de malhado,
formulação dos elementos, escolha dos elementos, escalonamento matricial, especificação
dos carregamentos, solução por deslocamentos, obtenção de tensões e deformações a
partir dos deslocamentos e disponibilização das tensões.
Esta natureza modular também permite que uma análise seja interrompida e
reiniciada em vários estágios diferentes, usualmente entre os módulos. três fases para
que se façam estas checagens em uma análise em EF:
1. Antes da análise e durante a geração da malha;
2. Checagens durante a análise poderão diagnosticar dois tipos de erros: fatal, nos
quais a execução do programa é terminada sumariamente ou avisos que indicam
inconsistências nos cálculos;
3. Pós-análise, que são feitas depois de concluída a análise: são geralmente cálculos
manuais ou outros cálculos mais elementares que objetivam comprovar se a magnitude dos
resultados está correta.
O principal objetivo da análise é verificar se a estrutura em estudo pode ou não fazer
seu trabalho. E isto geralmente significa que limites de tensões ou deformações devem ser
satisfeitos. Nem sempre isto está diretamente disponível na lista de resultados
disponibilizados pelo código. Neste caso é conveniente que o usuário tenha um pós-
processo que o permita realizar tais checagens dos resultados para a estrutura em estudo.
47
4.1.6
A Etapa de Pós-processamento
Infelizmente, com a natureza de aproximação que tem o MEF, há uma chance
razoável de que a malha projetada para a análise em questão não resultados
suficientemente acurados, mesmo depois de exaustivas checagens e ajustes. É uma prática
prudente, neste caso, considerar que um grupo de resultados está equivocado até que
tenham sido realmente comprovados, ou validados, analítica ou experimentalmente. Na
prática despende-se mais tempo na checagem dos resultados e no processamento da
análise do que na etapa prévia de geração da malha.
Figura 4.3 – Resultados para a espessura final da peça relativa à peça inicial - cortesia STAMPACK
®
Um resultado básico obtido do MEF é a deflexão da estrutura nos pontos nodais.
Outros tipos de resultados podem ainda ser obtidos (ver Fig. 4.3). As deflexões são
diferenciadas para se obter as deformações e a partir disto é possível se obter o campo de
tensões. Pode-se ainda utilizar a rigidez estrutural em conjunção com os deslocamentos
para se obter as forças de reação nos pontos de apoio estruturais. Pode-se alternativamente
ainda lançar-se mão da rigidez elementar para se obter as forças internas elementares.
várias maneiras de se apresentar estes resultados e cabe ao analista fazer uma
adequação de uma delas ou uma combinação destas para que se possa checar a validade
da análise, consistentemente.
Peça final
Contorno mínimo
da chapa
48
4.2 As soluções Explícita e Implícita
O momento de se escolher a ferramenta para a simulação numérica mais adequada é
de importância ímpar, assim como a capacidade de compreensão da natureza do problema
a ser simulado pelo método escolhido. que se conhecer, além disto, as limitações das
ferramentas de simulação que se vão empregar, que a mesma equação dinâmica que
governa o processo se resolve de duas maneiras distintas, numericamente: implícita e
explicitamente. Dentro de um contexto de custo computacional e cargas dinâmicas, a
solução implícita, em geral, costuma ser mais rápida. Mas, a solução explícita costuma estar
mais próxima da solução real, no que tange a visualização de defeitos na conformação de
chapas, como rugas e trincas na peça estampada, por exemplo. Uma solução implícita
melhorada neste sentido poderia ser desenvolvida, em que pese ter seu custo
computacional, neste caso, aproximando-se daquele da solução explícita. Os requisitos de
memória também são distintos: a solução explícita requer relativamente menos memória
durante cada passo de cálculo (NAFEMS, 1992).
Ainda não existe uma solução que se poderia chamar onipotente, pois, dependendo
dos dados que se introduzem, a solução via simulação pode-se distanciar muito da
realidade. Neste ponto também que se ressaltar a importância da caracterização do
material que, com as informações experimentais disponíveis, não são, geralmente,
suficientes para se alcançar uma solução numérica próxima do desejável.
Uma vez completada a discretização espacial da estrutura a ser estudada, uma
equação para esta forma discretizada pode ser representada como se segue:
t)(d,)d(d,d.M fp =+
(4.6)
onde M é uma matriz massa da estrutura, d, d
e d
são os vetores deslocamentos,
velocidades e aceleração, )d(d,
p são as forças internas e t)(d,f , as externas.
4.2.1
A solução explícita
A integração explícita da Eq.(4.6) no domínio do tempo envolve uma discretização
automática. Os métodos explícitos são condicionalmente estáveis. Isto significa que os
cálculos são instáveis quando o intervalo de tempo não é suficientemente pequeno.
Entretanto, a estabilidade da integração pode ser garantida através da condição de
que o incremento de tempo não exceda um determinado valor crítico, valor este que pode
ser estimado. Esta estimação passa por uma avaliação das propriedades elásticas do
49
material, tais como densidade e o tamanho mínimo do elemento da malha. Tais
considerações de estabilidade levam a um passo de tempo de integração no domínio do
tempo limitado pela expressão que calcula o tempo crítico a cada iteração e o atualiza
automaticamente, segundo a equação:
max
2
cr
t t
ω
=
(4.7)
onde
max
ω
é a freqüência angular máxima do sistema e
cr
t
é o tempo crítico. Esta equação
é obtida com amortecimento zero – já que o amortecimento aumenta o tempo crítico.
Usualmente, utiliza-se uma margem de incerteza para o tempo crítico de 25%, de acordo
com STAMPACK Theory Manual (2001), um programa de simulação em EF que possui
solução explícita.
A integração explícita no domínio do tempo é feita lançando-se mão do algoritmo das
diferenças finitas. Desta maneira, a Eq.(4.6) determina a configuração da estrutura no
instante
1 1
n n n
t t t
+ +
= +
, a partir de uma configuração conhecida no instante n.
n
t
é o
intervalo de tempo empregado na integração das equações de movimento e n é o número
de passos utilizados nesta integração.
Ilustrando-se o caso da integração das equações de translação de um determinado
ponto nodal, o seguinte algoritmo pode ser utilizado:
Passo um:
)r)d(d,t))(d,(
M
1
d
nnnn
Cpf = (4.8)
Passo dois:
)tt(d
2
1
dd
n1nn
2
1
n
2
1
n
++=
+
(4.9)
Passo três:
n
2
1
n
n1n
t.ddd
+
+
+=
(4.10)
50
sendo que d
é o vetor das velocidades de translação nodais, d
é o vetor das acelerações
de translação nodais e M é a massa associada a cada ponto. O termo r
C representa a
componente de amortecimento. A configuração angular é obtida seguindo o mesmo
algoritmo, porém aplicado às equações de movimento angular. Embora a influência dos
termos inerciais neste tipo de processo seja relativamente pequena, o método explícito
requer sua utilização.
4.2.2
A solução implícita
O método implícito requer um escalonamento de matriz. Entretanto, é possível
selecionar-se um algoritmo implícito incondicionalmente estável no qual o tamanho do passo
de tempo de integração na equação de movimento é governado somente por considerações
de precisão dos cálculos. Isto possibilita ajustar o esforço computacional para este método à
acuracia de resultados desejada.
A equação de movimento semi-discretizada pode ser descrita na forma residual geral
como:
0t)(d,)d(d,(t)d.Mr(d) =+= fp
(4.11)
onde r é o vetor força residual n-dimensional e
( , )
p d d
são as forças de resistências internas
que podem ser dependentes dos deslocamentos e velocidades.
Quando não-linearidades estão presentes utilizam-se os métodos numéricos de
Newton-Raphson ou a solução de Newton modificada – ver Geradin (1983) – para resolver a
equação de movimento semi-discretizada, descrita da seguinte forma:
0)r(d =
+1n
(4.12)
No método de Newton–Raphson a linearização da expansão da série de Taylor do
vetor força residual é assumido estar na vizinhança da solução prévia
i
1n+
d , onde i é o
número da iteração. Assim, de acordo com NAFEMS (1992), as forças residuais em
1i
1n
+
+
d
podem ser aproximadas por:
0d)(d
ˆ
)r(d)r(d =+=
+++
+
+
i
1n
i
1n
i
1n
1i
1n
K (4.13)
sendo que
51
[
]
)r(d)(dK
ˆ
d
i
1n
1
i
1n
i
1n +
++
= (4.14)
onde a matriz de rigidez efetiva é:
M)(dC)(dKK
ˆ
2
1
t
t
i
1n
i
1n
+
+=
++
β
β
γ
TT
(4.15)
sendo que:
β
e
γ
são parâmetros livres que controlam a precisão do método e dp/K
T
= e
dp/C
T
= . O bem conhecido método de Newmark também inclui:
1. Aceleração média,
β
=1/4,
γ
= 1/2 com estabilidade condicional;
2. Aceleração linear,
β
=1/6,
γ
=1/2 com estabilidade condicional;
3. Fox-Goodwin,
β
=1/12,
γ
=1/2 com estabilidade condicional.
A nova solução pode ser então escrita como se segue:
i
1n
i
1n
1i
1n ++
+
+
+= ddd (4.16)
Este processo se repete até que uma norma apropriada do vetor de forças residuais
satisfaça a um critério de convergência tal como:
ε
+
+
)(d
1i
1n
r (4.17)
Note-se que
2
1
=
j
2
j
rr . O processo iterativo em geral se inicia com a seguinte
condição inicial:
n
0
1n
dd =
+
(4.18)
onde
n
d
é a solução após convergência referente ao passo de iteração anterior.
Neste trabalho, entretanto, as simulações serão feitas com um programa que possui
solução explícita para a equação diferencial que governa o problema em estudo.
52
4.3 As abordagens 2D e 3D
Nos modelos em EF, em um processo de estampagem, por exemplo, as superfícies
não deformáveis da matriz e do punção podem ser aproximadas por segmentos retos em
modelos 2D ou por faces triangulares ou quadrilaterais nos modelos 3D. Algoritmos
específicos reproduzem o contato entre o punção e a chapa e entre esta e a matriz.
Na interação entre a matriz e o punção suas deformações são negligenciadas, que
são muito pequenas quando comparadas às deformações que ocorrem na chapa. Assim, no
modelo discreto, seja bi ou tridimensional, a matriz está completamente fixa ao se restringir
os movimentos de seus nós e o movimento do punção é governado segundo uma curva de
velocidade.
A abordagem bi ou tridimensional do MEF se faz de acordo com a necessidade de se
resolver 2 ou 3 graus de liberdade de translação por cada em consonância com a
dimensionalidade do problema ou pela simetria de cada análise.
No caso do método implícito, resolve-se o problema reiteradamente como um
problema de equilíbrio estático. Por isso sua utilização necessita restringir certo número de
graus de liberdade até se obter no mínimo um sistema isostático, onde se impeça o
movimento de sólido gido como um todo. Na prática, o que ocorre na verdade em um
problema 3D, para se evitar o deslocamento de corpo rígido, é que se restringe o movimento
de 3 nós não alinhados ou de 2 nós, no caso de um problema 2D.
O método explícito, no entanto, resolve um problema de equilíbrio dinâmico, em
ausência de gravidade, o que torna desnecessária a aplicação de restrições sobre os graus
de liberdade.
4.3.1
2D ou 3D no código STAMPACK
O programa de simulação em EF STAMPACK
®
possibilita a execução de ambas as
análises: bi ou tridimensional para grandes deformações em problemas que envolvem
contato, com ou sem atrito, entre os corpos. Pode-se considerar contato entre corpos
deformáveis bem como entre corpos rígidos e deformáveis.
Para a simulação de conformação de chapas metálicas finas pelo MEF, muitos
pesquisadores desenvolveram estudos para se investigar a adequação dos modelos de
membrana que negligenciam o comportamento de flexão e de cortante na deformação da
chapa estampada.
Modelos baseados em lâminas que incluem os efeitos de membrana e flexão para
geometrias de revolução foram desenvolvidos por Oñate e Zienkiewicz (1983), entre outros.
53
Oñate et al.(1990), compararam ainda o uso de elementos de casca e de membrana
para problemas de embutimento e de conformação superplástica de chapas metálicas
delgadas em 2D e apresentaram uma formulação mista seletiva de cascas. Este modelo
utiliza elementos de membrana e de cascas de forma combinada, selecionando
automaticamente as zonas adequadas ao uso de cada um, visando a economia de tempo
de processamento em CPU.
4.3.1.1
Formulação do Elemento BST utilizado no STAMPACK
Como se sabe, o tempo de processamento em CPU é fator limitante dos códigos
explícitos. Objetivando-se alcançar vantagens de caráter numérico, um novo elemento
denominado Triângulo Básico de Lâmina (BST) foi desenvolvido a partir da combinação dos
elementos BPT (Triângulo Básico de Placa) e do CST (Triângulo de Deformação Constante)
ver as referências seguintes para maiores detalhes da formulação de cada elemento,
respectivamente: Oñate (1997), Oñate e Zienkiewicz (1983). Esta nova formulação do
elemento BST facilita a programação computacional, pois somente as massas de translação
associadas a cada nó são consideradas na matriz de massa concentrada.
Entretanto, a principal característica desta nova formulação de lâmina delgada (casca)
é que possibilita representar os efeitos acoplados de membrana e de flexão de placas
considerando somente três graus de liberdade de translação por cada nó.
Para esta nova formulação de lâmina delgada, o vetor de deformações locais totais se
expressa da seguinte maneira:
aB
yx
y
x
=
=
γ
ε
ε
ε (4.19)
, onde
B
é a matriz de flexão; o vetor de incógnitas nodais a’ contém graus de liberdade
de translações associados à parcela de elementos, conforme Fig. 4.4.
A relação entre as variáveis de deslocamentos locais e globais é dada por:
Taa =
(4.20)
onde
T
corresponde à matriz de transformação de (18 x 18), conforme Oñate (1997).
54
u,v,w
Z'
y'
X'
n
(c)
i
l
j
m
Z
y
X
(e)
(b)
(a)
k
Figura 4.4 – Elemento BST – Triângulo Básico de Casca.
A partir do princípio das velocidades virtuais, pôde-se obter a expressão da matriz de
rigidez elementar para um sistema de referencia local na seguinte forma:
=
(e)
A
T
dABD
ˆ
BK (4.21)
, onde
D
ˆ
é matriz das velocidades de deformações no modelo de fluxo e B’ é a matriz de
flexão, de acordo com Oñate (1995).
4.3.1.2
Formulação do Elemento Quadrilateral 2D utilizado no STAMPACK
O elemento quadrilateral utilizado nas simulações bidimensionais deste estudo é um
elemento 2D padronizado de barra clássico. Nas simulações onde foram estudadas as
contribuições dos diversos parâmetros na composição da Força de Retenção (FR) do freio
de estampagem, estes elementos quadrilaterais foram dispostos conforme Fig. 4.5:
Figura 4.5 – Elemento de placa quadrilateral 2D utilizado nas simulações com STAMPACK
®
.
55
Para se definir as funções de forma deste elemento quadrilateral, inicialmente,
considere-se um elemento de placa retangular ijkl coincidente com o plano xy, conforme
representado na Fig. 4.6, de acordo com Zienkiewicz (2004):
Figura 4.6 – Elemento quadrilateral de chapa.
Em cada n, se introduzem os movimentos a
n
compostos por três componentes: um
deslocamento na direção
z
, w
n
; uma rotação em torno do eixo
x
,
nx
)
ˆ
(
θ
e uma rotação em
torno do eixo
y
,
ny
)
ˆ
(
θ
.
Os vetores de movimentos nodais se definem como
i
a . Os movimentos do elemento
são dados por um vetor que possui doze componentes:
=
=
yi
xi
i
i
k
l
j
i
e
θ
θ
ω
a,
a
a
a
a
a
(4.22)
É conveniente usar uma expressão polinomial para definir as funções de forma dos
doze parâmetros. Escrevendo-se o polinômio na forma da Eq.(4.23), é possível
conseguir algumas vantagens. Particularmente, ao longo de qualquer reta com x constante
ou com y constante, o deslocamento w irá variar segundo uma expressão do terceiro grau.
Os contornos do elemento ou os limites de separação se compõem de retas como as
mencionadas e, que um polinômio de terceiro grau fica definido univocamente mediante
quatro constantes, os dois valores das rotações definirão de maneira única os movimentos
ao longo dos referidos contornos. Isto garantirá a continuidade de w ao longo do limite de
separação entre elementos adjacentes.
(
)
xx
f
θ
θ
ˆ
(
)
yy
f
θ
θ
ˆ
(
)
w
fw
2b
2a
i
j
l
k
η
ξ
z
x
y
Forças e deslocamentos
correspondentes
56
ααααα
αααααααα
Pxyyxyxy
yxxyxyxyxw
i
++++
++++++++=
3
12
3
11
3
10
2
9
2
8
3
7
2
65
2
432
(4.23)
Pode-se escrever na forma matricial, agrupando-se as doze equações que relacionam
w e suas derivadas nos nós, da seguinte maneira:
α
.Ca
e
= (4.24)
onde C é uma matriz 12 x 12, função das coordenadas nodais e
α
é um vetor formado pelas
doze constantes incógnitas. Explicitando-se
α
, tem-se que:
e
aC .
1
=
α
(4.25)
Esta inversão pode ser feita algebricamente, se se deseja uma expressão explícita
para as rigidezes, etc., como efetuado por Zienkiewicz e Cheung (1964). Pode-se agora
escrever a expressão para o interior de um elemento, de forma geral, como se segue:
ee
aCPaNwu ...
1
== (4.26)
onde:
(
)
33322322
,,,,,,,,,,,1 xyyxyxyyxxyxyxyxP = (4.27)
Melosh (1963) deduziu uma fórmula explícita para as funções de forma N, as quais
podem ser escritas em função das coordenadas normalizadas, isto é:
( )( )
( )
( )
++
++=
2
2
22
00
00
1
1
2
11
8
1
ξξ
ηη
ηξηξ
ηξ
i
i
T
i
a
bN (4.28)
Onde as coordenadas normalizadas valem:
57
( )
i
c
i
c
b
yy
a
xx
ηηηη
ξξξξ
=
=
=
=
0
0
,
,
)(
(4.29)
Esta forma evita a inversão explícita de C . No entanto, é preferível o uso direto dos
polinômios para a dedução das matrizes de rigidez.
A matriz de rigidez que relaciona as forças nodais dadas por uma força lateral e dois
momentos em cada nó, com os deslocamentos nodais correspondentes, é:
=
e
e
dydxDBBK
T
(4.30)
Retirando-se para fora da integral os termos independentes de x e y, lembrando que
1
C.QB
= , a Eq.(4.30) se transforma em:
1
= CDQQCK
T
b
b
a
a
Te
dydx (4.31)
O integrando se pode multiplicar e integrar com facilidade, no caso em que
D
é constante.
As contribuições das forças externas para cada nó, de acordo com Zienkiewicz (2004),
podem ser assim avaliadas:
=
b
b
a
a
TT
i
qPCf dydx (4.32)
onde o vetor q de forças nodais é dado pelas seguintes expressões:
=
=
=
=
a
b
3
qab
12
1
a
b
3
qab
12
1
a
b
3
qab
12
1
a
b
3
qab
12
1
4321
f,f,f,f (4.33)
Pode-se encontrar de maneira similar o vetor de forças nodais devido a deformações
iniciais e a tensões iniciais. Normalmente, ainda são introduzidas deformações diretas no
58
plano da placa e, neste caso, o problema completo somente poderá ser resolvido
considerando-se estado plano de tensão (EPT), segundo Zienkiewicz (2004).
4.3.2
Análise do Problema de Contato
na literatura atual e nos programas comerciais de EF dois métodos estabelecidos
de considerar o contato de dois sólidos: o método dos multiplicadores de Lagrange e o
método de penalização. Seja do ponto de vista numérico ou de implementação
computacional, ambos têm vantagens e inconvenientes.
No método dos multiplicadores de Lagrange ver Bathe (1985), Cook (1974) e Taylor
et al. (1985) obriga-se que as restrições de contacto se verifiquem de forma exata através
do uso dos multiplicadores de Lagrange. Alguns dos principais inconvenientes deste método
são: o aumento do número de incógnitas na diagonal principal da matriz de rigidez
associada com os multiplicadores de Lagrange, em função dos contatos que se produzam e
dos contatos que se liberem (os multiplicadores de Lagrange representando as forças de
contato). Isto poderia levar a dificuldades em um método de solução direta. Entretanto,
pode-se evitar isto, utilizando-se de partições que façam um uso da estrutura especial do
sistema global de equações. Contudo, a introdução de novas variáveis é um problema que
não se deve perder de vista.
No método de penalização, obriga-se que as restrições de contato se verifiquem
mediante uma aproximação, lançando-se mão, para este objetivo, de um fator de
penalização. Neste método, porém, se conduz a um mau condicionamento da matriz de
rigidez tangente devido a um crescimento ilimitado do número de condições, à medida que
cresce o fator de penalização. Alternativamente, um fator de penalização muito pequeno
pode levar a penetrações inaceitáveis de um sólido em outro. Desta maneira, o problema
prático reside na escolha de um valor ótimo do fator de penalização, o qual, em geral,
depende da precisão do computador, do número total de incógnitas do sistema de equações
e da menor rigidez dos dois elementos envolvidos no contato. Por outro lado, este método
não conduz a um aumento do número de incógnitas.
Ambos os métodos, no entanto, podem ser apresentados em uma formulação
unificada e ao mesmo tempo elegante por meio de um funcional Lagrangiano perturbado, de
acordo com Taylor et al.(1985). O método dos multiplicadores de Lagrange poderia, assim,
ser obtido a partir da formulação unificada fazendo tender ao infinito o parâmetro de
perturbação. Alternativamente, se poderia considerar um parâmetro de perturbação finito e,
através de uma condensação estática dos multiplicadores de Lagrange, obterem-se as
expressões correspondentes ao método de penalização.
59
Pode-se estabelecer a formulação do problema de contato como a minimização de
um funcional Lagrangiano perturbado incremental (no total) definido como a soma do
potencial incremental (no total) clássico correspondente a um problema de contato e do
potencial incremental devido às forças de contato. De uma forma geral se pode escrever
para o problema discreto a seguinte expressão, de acordo com Oñate (1997):
( ) ( )
λλλπλπ
.
2
1
.,
+=
ruu (4.34)
onde
(
)
λπ
,u
é o funcional Lagrangiano perturbado incremental,
(
)
u
π
é o potencial
incremental usual de um problema sem contato, u
é o vetor de incrementos dos
deslocamentos,
λ
é o vetor das forças de contato (multiplicadores de Lagrange),
r
é o vetor
das restrições a serem impostas em cada nó em contato e
é o parâmetro de perturbação.
Ainda de acordo com a mesma referencia bibliográfica, para cada nó em contato, a equação
de restrição pode ser escrita como:
0.
=
γ
ubr (4.35)
onde b depende do tipo de modelo de contato considerado de Coulomb, no caso deste
estudo.
As forças de contato deverão satisfazer a seguinte condição:
0
λ
(4.36)
As Equações (4.35) e (4.36) podem ser combinadas na forma da condição de Kuhn-
Tucker para se obter a seguinte expressão:
(
)
0. =
γλ
ub (4.37)
Pode-se demonstrar, segundo Oñate (1997), que a equação de restrição
correspondente ao caso de deslizamento livre (“slip”) pode ser obtida projetando-se segundo
a normal (n), a equação de restrição para o caso de deslizamento impedido (“stick”).
Analogamente, o operador b correspondente ao caso de deslizamento sliptambém pode
ser obtido projetando-se segundo a normal (n) o operador b correspondente ao caso de
deslizamento “stick”.
60
Exemplificando-se o caso de um problema de contato 2D, onde os sólidos estão
discretizados com elementos planos: neste caso, a equação de restrição para um s
associado à superfície que está em contato com um segmento m
1
m
2
, pertencente à
superfície principal ver Fig. 4.7 pode-se expressar para o caso do deslizamento livre, na
forma de Kuhn-Tucker, da seguinte maneira:
(
)
0
γ
ms
uu.n (4.38)
0
λ
(4.39)
(
)
[
]
0= .uu.n
ms
γλ
(4.40)
onde n é a normal ao segmento,
γ
é a penetração segundo a normal definida por:
(
)
nxx
ms
.
1
=
γ
(4.41)
e
s
u e
m
u são os incrementos de deslocamentos dos pontos s e m, respectivamente,
sendo o ponto do segmento da superfície principal que se obtém como projeção de s,
segundo a normal n.
l
1
2
1
2
l
n
m2
m1
g
s
Figura 4.7 – Cinemática do contato – nó s sobre o segmento m
1
– m
2
.
Impondo-se a estacionaridade do funcional Lagrangiano perturbado incremental na
Eq.(4.34), obtêm-se as seguintes equações variacionais:
61
0).(... =+=
ηληπηπ
DrDD
(4.42)
0.
1
. =
=
δλλδλπ
rD (4.43)
A derivada direcional do vetor de restrições
r
na direção
η
, onde
η
é uma direção
virtual definida no campo de deslocamentos incrementais, considerando-se uma cinemática
linear, é:
( )
[ ]
ηαη
α
η
α
..
0
Bur
d
d
Dr =+=
=
(4.44)
Substituindo-se a Eq.(4.44) na Eq.(4.42), obtém-se o seguinte sistema de Equações,
de acordo com Oñate (1997):
0.).(. =+=
ηλπηπ
BDD
(4.45)
0.)
1
(. =
=
δλλδλπ
rD (4.46)
Vale observar que quando o parâmetro de perturbação
tende a infinito, a Eq.(4.46)
se reduz a 0.
=
δλ
r , para a qual a restrição se cumpre exatamente, recuperando-se o
método dos multiplicadores de Lagrange. Neste caso, o funcional Lagrangiano é
(
)
ruu .)(,
λπλπ
+= .
Ressalte-se, entretanto, que quando o parâmetro de perturbação é finito, a Eq.(4.46)
pode resolver-se em
λ
e, substituindo r.
=∈
λ
na Eq.(4.45), recupera-se o método de
penalização. Substituindo-se a expressão de
λ
no funcional Lagrangiano perturbado, obtém-
se, neste caso, o funcional correspondente a um método de penalização, isto é,
..
2
1
)()( rruu +=
ππ
4.3.2.1
O Algoritmo de Contato no STAMPACK
No algoritmo 2D, as interfaces das superfícies de contato estão discretizadas com
dois nós através de segmentos retos (m
1
m
2
)
sobre as mesmas, conforme Fig. 4.7. no
algoritmo 3D, as interfaces das superfícies de contato estão interpoladas com segmentos de
planos triangulares ou quadrilaterais. Uma das superfícies de contato é designada como
superfície de contato mestre e outra escrava, master e slaves surfaces, respectivamente.
62
Em geral, seja para 2D ou 3D, pode-se dizer que o algoritmo de contato faz duas
tarefas: busca de contato e cálculo das forças de contato. Em linhas gerais, no código
STAMPACK, cada uma destas tarefas passa como se segue:
I. Busca do contato:
Para cada nó escravo, um mestre mais próximo, em relação ao passo
anterior, é encontrado;
O candidato a segmento mestre com um dado escravo é determinado e
uma penetração simples se procede;
A magnitude da penetração é calculada.
II. Cálculo das forças de contato:
Uma determinada força é aplicada ao nó escravo. De acordo com a lei de ação
e reação, as forças o aplicadas ao segmento de s mestres. Utiliza-se
nesta etapa o método de penalização padrão, isto é, a magnitude da força de
contato normal é proporcional à quantidade de penetração e a um coeficiente
de penalização. O atrito é calculado assumindo-se a lei de Coulomb.
Alguns critérios são utilizados como sugestões para se escolher as superfícies de
contato, em função de:
Uma ou outra superfície possuir uma malha mais refinada que outra;
A superfície mestre pertencer a um corpo rígido;
Necessitar-se menor precisão de resultados.
Além do algoritmo para superfícies de contato arbitrárias um algoritmo alternativo
neste código para problemas de contato com um lado pertencendo a uma parede rígida
adotada como um plano infinito, definido por um vetor originário em um ponto arbitrário
sobre o mesmo.
4.3.3
Validações do STAMPACK
®
Uma das formas de validação do STAMPACK foi através da comparação dos seus
resultados com experimentos propostos nos benchmarks”. Neste tipo de evento, é usual a
proposição de problemas aos diversos participantes para serem resolvidos via simulação
numérica de um caso prático cujos resultados experimentais serão apresentados somente
no dia do congresso, para uma comparação com os valores obtidos e medidos
experimentalmente. Realizados periodicamente, alguns destes eventos possuem grande
credibilidade nas pesquisas desta área como os Numisheetque acontecem a cada dois
anos. A Fig. 4.8 mostra alguns destes resultados obtidos no Numisheet realizado no ano de
2005.
63
Figura 4.8 – Espessura de chapa em pontos selecionados ao longo de uma seção – “Benchmark” do
Numisheet do ano de 2005.
Os resultados na Fig. 4.8 referem-se a simulações feitas pelos seguintes programas
de simulações e pesquisadores, respectivamente:
BM1.EXP: resultados experimentais para as comparações;
BM1.09: resultados das simulações feitas com LS-DYNA pela General Motors
Corporation;
BM1.10: resultados das simulações feitas com STAMPACK
®
V-6.0 pela Quantech
ATZ;
BM1.11: resultados das simulações feitas com LS-DYNA V 970 rev 3858 Double
precision Shared Memory Parallel pela Daimler Chrysler Research;
BM1.13: resultados das simulações feitas com PAM-STAMP pelo “Department of
Metallurgical Engineering and Materials Science, IIT-Bombay”, India;
Pode-se verificar que, para o teste feito na Fig. 4.8, o programa STAMPACK
®
obteve
melhores resultados em 10 dos 12 pontos experimentais. Maiores detalhes sobre estes
testes e outros resultados do Numisheet de 2005, podem ser verificados em Buranathiti
(2005).
Número da Posição ao longo de uma seção
(mm)
CAPÍTULO V
ASPECTOS DE PLASTICIDADE E MODELOS DE MATERIAIS
5.1 Introdução
O comportamento mecânico dos materiais é complexo e a maioria das características
mais relevantes necessita estar estabelecida em modelos numéricos ou analíticos. A
modelagem do comportamento de materiais deve, portanto, estar previamente estabelecida
para, a posteriori, se proceder à simulação em EF propriamente dita, de acordo com
STAMPACK
®
Basic Concepts Theory Manual (2003). Neste capítulo se fará uma breve
apresentação de alguns aspectos conceituais de modelos de materiais e de plasticidade.
Especialmente, se abordarão aqueles modelos de materiais empregados nas simulações
numéricas realizadas para a aquisição das bases de dados para as equações componentes
– ver capítulo III, que trata de similitude.
Ao se modelar matematicamente o comportamento mecânico de materiais faz-se uma
caracterização de cada material através de uma equação constitutiva que descreve um
campo de tensões como uma função do histórico das deformações deste mesmo material.
De acordo com Belytschko et al. (2000), diferentes relações constitutivas permitem,
portanto, fazer a distinção entre materiais tão dissímiles como a borracha, um fluido viscoso
ou o concreto, por exemplo. uma extensa literatura sobre este tema. Entretanto, uma
abordagem mais especifica sobre os aspectos computacionais de plasticidade pode ser
encontrada em Simo et al. (1998).
As simulações numéricas envolvem uma avaliação quantitativa de um problema e os
módulos de cálculos solversdos programas em Elementos Finitos (EF) disponibilizam
os resultados requeridos para se estabelecer uma relação entre a cinemática e a dinâmica
do problema sob investigação. Esta relação é estabelecida pelo conhecimento adequado
das leis físicas que governam o comportamento dos materiais, o que se passa a detalhar em
seguida.
65
5.2 A caracterização do material
Os materiais são geralmente ensaiados em uma máquina de teste universal ver
esquema na Fig. 6.3. Importa sempre estabelecer-se uma caracterização independente da
geometria do corpo de prova usado.
Em face do exposto acima, torna-se imperiosa a obtenção de uma relação para a
descrição do comportamento mecânico do material onde os parâmetros envolvidos nesta
caracterização dependam exclusivamente do material. Uma relação que atende a estes
pressupostos é a curva “tensão-deformação” da Fig. 5.1.
Figura 5.1 – Curva tensão-deformação.
A força F aplicada pela máquina de teste causa uma elongação no corpo de prova de
comprimento l, na direção de aplicação da força, ver Fig. 5.1. Há ainda uma redução da área
inicial A
0
da seção transversal para uma área final A. Se a força F possui suficiente
magnitude, grandes deformações geométricas podem ocorrer no espécime ensaiado. Na
Fig. 5.1, as tensões S
P
e S
e
são as tensões limites de proporcionalidade e de elasticidade,
respectivamente.
Os modelos numéricos são descritos por um parâmetro de tensão real e um tensor de
grandes deformações, o que implica dizer que as deformações geométricas ocorridas na
peça durante o ensaio devem ser levadas em conta.
A curva “tensão-deformação” da Fig. 5.2 mostra a existência de uma deformação
elástica reversível (
ε
e
) e uma deformação (
ε
p
), irreversível. A deformação plástica é
causada quando a tensão sob a qual o material ensaiado está submetido excede o limite
elástico de tensão (S
e
). Isto também significa que, quanto maior a deformação elástica,
σ
ε
S
e
S
P
l
F
F
0
0
A
F
=σ
A
F
=σ
Região modelada
Tensão real
66
maior ainda será a recuperação elástica do material, após seu descarregamento, isto é,
após a retirada do carregamento sob o qual está submetido no teste ou em uma situação
real similar.
Um acréscimo no limite elástico ou uma redução na rigidez elástica tenderão a
aumentar esta recuperação elástica da peça. Em contrapartida, quanto maior é o potencial
do material para se deformar plasticamente, maior será sua conformabilidade.
Figura 5.2 – Comportamento elastoplástico.
De maneira geral, aços mais duros possuem menor conformabilidade e maior
resistência, enquanto os aços com menor dureza têm alta conformabilidade e uma baixa
resistência. Encontrar um compromisso ótimo entre estas duas características antagônicas
dos materiais pode ser, muitas vezes, um grande desafio tecnológico.
5.3 O Comportamento Elástico
Freqüentemente, atribui-se exclusivamente à componente plástica, a anisotropia de
um material. De acordo com a hipótese adotada, o modelo elástico pode ser caracterizado
por dois parâmetros: o módulo de elasticidade, E, e o coeficiente de Poisson,
ν.
Ambos
podem ser avaliados em um teste de tração unidirecional dentro da zona elástica, adotando-
se as seguintes hipóteses:
As propriedades elásticas deverão ser consideradas constantes durante o teste;
Pequenas deformações estarão envolvidas – o que significa negligenciar os termos
de ordem superior nas equações diferenciais constitutivas;
σ
ε
ε
e
S
y
> S
e
ε
p
Descarregamento
Carregamento
ε
67
Propriedades elásticas isotrópicas;
Coincidência dos limites de proporcionalidade e de elasticidade, isto é:
(S
e
S
p
S
y
);
Na eventualidade de haver dificuldade na determinação do limite elástico
convencional, (S
y
), avaliá-lo para o valor correspondente a 0,2% da deformação
plástica.
Ao se considerar iguais a tensão limite de proporcionalidade (S
p
), a tensão limite
elástica (S
e
) e o limite convencional de escoamento (S
y
), a rigor, assume-se uma pequena
divergência entre as curvas numérica e a real (ou efetiva).
De acordo com as hipóteses acima descritas, a zona elástica é linear e o coeficiente
de Poisson possui valores que estão num intervalo que vai de 0 a 0,5. Nos metais, o
coeficiente de Poisson caracteriza a compressibilidade do material da seguinte forma: o
coeficiente 0 indica alta compressibilidade do material e o coeficiente 0,5 indica
incompressibilidade do material.
Uma vez que as deformações elásticas dos metais são geralmente pequenas, as
mudanças geométricas no corpo de prova durante o ensaio são usualmente desprezadas.
5.4 O Comportamento Plástico
Durante um processo de estampagem, grandes deformações do material estão
envolvidas. Isto requer a utilização de um tensor de grandes deformações, já que as
deformações elásticas são geralmente muito pequenas e, por isso, as deformações
decorrentes deste processo de conformação mecânica sobre os metais são
predominantemente plásticas.
O estado de tensão-deformação na prática é geralmente tridimensional, o que requer
a introdução do conceito de um tensor equivalente de tensão uniaxial para se modelar mais
facilmente o comportamento do material. A tensão equivalente σ
eq
é um estado de tensão
uniaxial no qual o carregamento empregado seria o equivalente ao estado de tensão tri axial
completo, conforme esboçado na Fig. 5.3.
Para isto, que se definir uma função matemática que relacione biunivocamente
estes dois estados de tensão, isto é, o uniaxial - ao qual pertence a tensão equivalente – e o
estado triaxial real. Esta metodologia envolve, portanto, uma extensão do caso
unidimensional da curva tensão-deformação que corresponda a um estado de tensão
diretamente comparável à tensão equivalente.
68
Figura 5.3 – A tensão equivalente.
A tensão equivalente em que pese ser aproximada é uma função matemática
complexa que pode ser expressa em termos de tensões e de parâmetros de materiais.
Alguns exemplos destas funções estão listados a seguir e serão detalhados paulatinamente
neste mesmo capítulo:
Tabela 5.1 Modelos para tensões equivalentes no estado plano, de acordo com STAMPACK
®
Basic
Concepts Theory Manual.
Tensão
Equivalente
Função
Von Mises
( )
2
1
12
2
2211
22
2
11
2
.3.
σσσσσσ
++=
eq
Hill 48
( )
( )
( )( )
( )
2
1
12
2
090
90045
2211
0
0
22
2
090
900
11
2
.
1
21
..
1
.2.
1
1
+
++
+
+
+
+
+=
σσσσσσ
rr
rrr
r
r
rr
rr
eq
Hill 79
( )
( )
( )
m
m
m
eq
r
r
r
1
2
12
2
2
22112211
).(4
)1(2
21
.
12
1
+
+
+
++
+
=
σσσσσσ
Nos modelos de Hill, os parâmetros do material
0
r ,
45
r e
90
r são conhecidos como
coeficientes de Lankford e servem para se determinar a anisotropia plástica do material; r é
considerado, no modelo de Hill 79, como a média dos coeficientes de Lankford. Este se
determina por meio da seguinte relação:
(
)
4.2
90450
rrrr ++= ;
ij
σ
é a tensão limite de
escoamento do material, medida num ensaio de tração, conforme Fig. 5.1; a constante m
está relacionada com a estrutura cristalina básica do material da chapa. Para altos valores
de m, os critérios de Mises e de Hill tendem a se aproximar dos critérios de Tresca, segundo
Marciniak (1992).
Conceitualmente, usa-se uma superfície de escoamento para se definir o
comportamento plástico do material. Esta superfície de escoamento determina quando o
x
y
z
σ
eq
σ
eq
y
x
z
σ
yy
τ
xy
τ
zy
σ
zz
σ
xx
τ
zx
τ
yx
τ
yz
τ
xz
69
material está na zona elástica e quando ele está na zona plástica. Sua forma depende da
definição da tensão equivalente. Por outro lado, seu tamanho depende do limite elástico do
material. Em resumo, a forma, o tamanho e a evolução da superfície de escoamento é uma
identidade de cada material que pode ser isotrópico ou anisotrópico.
As tensões
11
σ
e
22
σ
correspondem a direções específicas, as quais, no código
STAMPACK, por exemplo, são as direções de laminação da chapa e a direção transversal,
respectivamente, conforme esquema da Fig. 5.4, a seguir:
Figura 5.4 – As direções na chapa a ser estampada.
Se houver coincidência dos três coeficientes de Lankford, no caso isotrópico em que r
é igual a 1, então o modelo de Hill 48 se degenera para a superfície de Mises, como se pode
verificar na Tab. 5.1.
5.5 Anisotropia
Durante a laminação a frio da chapa a ser utilizada no processo de estampagem, os
grãos do material se alinham em direções preferenciais e o material adquire uma
determinada textura. Disto resulta que o comportamento mecânico do corpo de prova a ser
conformado será diferente em cada uma das direções nas quais suas propriedades são
medidas. Esta divergência de comportamentos mecânicos em diferentes direções é
conhecida como anisotropia.
As propriedades mecânicas deste mesmo material ao longo da espessura da chapa
também podem ser diferentes das propriedades no plano da chapa. Se um comportamento
isotrópico é atribuído ao plano da chapa, mas há um comportamento diferente na direção da
espessura, segundo a direção normal na Fig. 5.4., tem-se neste caso uma anisotropia
normal. Neste caso, rrrr ===
90450
. Este tipo de anisotropia é uma aproximação inicial
Laminação
Transversal
Normal
70
que não se deve utilizar quando a orientação da chapa a ser estampada tem influência
sobre os resultados do processo de estampagem.
Se houver variações no comportamento mecânico em alguma direção no plano da
chapa, há o que se denomina de anisotropia planar da chapa, isto é,
90450
rrr . A
relação entre as tensões medidas nos testes de tração nas três direções (
0
0
σ
,
0
45
σ
e
0
90
σ
)
e a tensão de escoamento, S
y
, são as descritas na Eq.(5.1), de acordo com STAMPACK
®
Basic Concepts Theory Manual (2003):
1
0
0
=
y
S
σ
,
)1)((
)1(2
45900
09045
0
rrr
rr
S
y
++
+
=
σ
,
)1(
)1(
900
09090
0
rr
rr
S
y
+
+
=
σ
(5.1)
Esta anisotropia deve ser levada em conta quando a orientação do blank sob
conformação afeta os resultados finais do processo de estampagem.
Nos modelos de Hill, não se leva em conta a anisotropia normal. Testes de tração nas
direções de 0
o
, 45
o
e 90
o
em relação à direção de laminação da chapa podem resultar em
três diferentes limites elásticos, os quais estão relacionados por meio da superfície de
escoamento.
Convencionalmente, mas sem nenhuma perda de generalidade, o limite elástico da
superfície de escoamento é considerado igual ao limite elástico obtido do teste de tração a
0
o
.
O coeficiente de Lankford também mede a capacidade do material de se conformar,
isto é, um aumento na conformabilidade à medida que se aumenta o coeficiente de
Lankford.
De maneira geral, os aços similares laminados a frio têm maior anisotropia que
aqueles laminados a quente. Por isto, que se empregar aços previamente preparados
para os processos de estampagem, evitando-se os resultados indesejáveis decorrentes da
anisotropia nas chapas não preparadas para estampagem.
A significância para os coeficientes de Lankford em relação à anisotropia é a que
segue: o valor 1 significa que o material é isotrópico, isto é, 1
90450
=== rrr ; um valor
acima de 1 indica que o material tende a se deformar mais no plano que ao longo da sua
espessura; um valor menor que 1 indica que o material tende a se deformar ao longo da sua
espessura, isto é, 1rrrr
90450m
<=== . O material ainda pode se comportar com uma
anisotropia planar, isto é,
9045090450
),,,( rrrrrrfr
m
= .
71
Em estampagens profundas, o material necessita ter valor acima de 1, que a
conformabilidade aumenta com este tipo de anisotropia. a conformabilidade do material,
aumenta com adia
r
dos coeficientes de Lankford.
5.6 A Deformação plástica efetiva
De acordo com Belytschko et al.(2000), na plasticidade dos metais o histórico das
deformações plásticas é freqüentemente caracterizado pela deformação plástica efetiva, a
qual pode ser avaliada por:
pp
εεε,εε
=
= dt (5.2)
onde ε
é a taxa de deformação plástica efetiva e
ε
é a deformação plástica efetiva.
A deformação plástica efetiva não deve ser utilizada diretamente para se avaliar as
mudanças nas propriedades do material, que não representa com precisão os ciclos de
carregamentos e descarregamentos aos quais o material foi submetido. A deformação
plástica efetiva é uma variável cumulativa que é, por isto, usada para descrever somente as
variações nas deformações do material, independentemente dos ciclos de carregamentos.
Fisicamente, pode-se interpretá-la como a somatória total das deformações acumuladas
pelo material.
5.7 As Leis de Encruamento Isotrópico
Três leis de encruamento de materiais são mais comumente empregadas na literatura
que aborda os temas de estampagem, isto é, a lei de Hollomon, Ludwick-Nadai, e a lei de
Voce, cujas expressões são as que se seguem, respectivamente, nas Eq.(5.3), (5.4) e (5.5):
n
ps
y
K ).(
εσ
= ; (5.3)
n
psps
y
K ).(
0
εεσ
+= ; (5.4)
ps
n
yy
y
eKSS
ε
σ
.
).(
00
= . (5.5)
Estas três leis descrevem a evolução da superfície de escoamento. Importa saber
ainda que K, n,
0ps
ε ,
0
y
S são parâmetros de materiais que devem ser obtidos
72
experimentalmente, por meio de um teste de tração até a ruptura do material, sem
descarregamento intermediário. O parâmetro K é o módulo de encruamento, n é conhecido
como o expoente de encruamento e caracterizam a ductilidade do material. Estas equações
devem ser ajustadas de maneira que, quando 0
0
=
ps
ε , obtém-se
0
y
y
Sσ = . a
deformação plástica efetiva é avaliada a partir dos dados obtidos do teste de tração e,
subseqüentemente, feita uma calibração para a obtenção da lei de encruamento adequada.
O comportamento do material em relação ao seu escoamento é denominado
encruamento isotrópico: os seus limites de escoamento em relação à tensão e à
compressão, neste caso, são sempre iguais e são dadas por )ε(σ
y
. Uma curva de
encruamento típica, segundo Belytschko et al.(2000), está mostrada na Fig. 5.5:
Figura 5.5 – Curva típica de encruamento.
A inclinação desta curva da Fig. 5.5 é o módulo de plasticidade H, isto é,
ε/)ε(σH
y
dd= . Para a avaliação da contribuição da velocidade de deformação no
processo de encruamento do material, uma nova variável tensorial freqüentemente é
introduzida pra modificar o efeito do tensor tensão, isto é:
q
σ
T
=
(5.3)
onde
σ
é o tensor tensão real. A variável q pode ser determinada pela seguinte expressão:
pqpσεHq
p
= (5.4)
sendo que
H
é o módulo de encruamento cinemático e
p
é o valor de saturação, ambos
também definidos como parâmetros de materiais. Esta lei é não-linear e reproduz
corretamente a evolução do módulo de encruamento para carregamentos cíclicos e
monotônicos.
ε
σ
σσ
σ
y
(
ε
)
H
l
εd
73
5.8 O Diagrama do Limite de Conformação – FLD
A deformação plástica durante um processo de estampagem pode ser medida através
de um processo experimental composto de uma análise de rede de círculos adequadamente
superpostos sobre a superfície estampada, também conhecida por “photogrid”. A
deformação plástica oriunda do processo de estampagem causa deformações nestes
círculos que irão se transformar em elipses. As deformações plásticas podem ser avaliadas
por meio da comparação entre as deformações dos maiores e menores diâmetros das
elipses e o diâmetro de cada um dos círculos iniciais, conforme Fig 5.6.
Figura 5.6: Círculos deformados usados na análise de “photogrid”.
O diagrama limite de conformação (FLD) indica com clareza e simplicidade quais são
as regiões potencialmente ameaçadas de falhas na chapa estampada. Neste diagrama, é
muito comum utilizar-se uma curva que delimita as regiões de segurança de operação do
processo de estampagem, denominada Curva Limite de Conformabilidade (FLC).
Entretanto, a FLC é um critério relativamente restrito, que sua determinação é
dependente não apenas dos parâmetros de materiais, senão também da espessura da
chapa em questão. Isto o torna válido apenas para um problema específico.
Todas as curvas limites de conformabilidade (FLC) para os aços usualmente
empregados na indústria automobilística têm essencialmente a mesma forma, isto é,
semelhantes àquelas do diagrama da Fig. 5.7:
Círculo original
Círculo deformado
Menor deformação positiva
Menor deformação negativa
74
Figura 5.7: Diagrama Limite de Conformação (FLD).
Uma curva paralela traçada dez por cento abaixo da FLC é geralmente adotada. Para
deformações da chapa estampada abaixo destes valores, o material conformado estará em
região segura e livre da possibilidade de falhas decorrentes de deformações excessivas.
A diferença entre uma e outra curva de diferentes materiais é sua posição vertical no
diagrama FLD. Influem na variação da posição vertical o expoente de encruamento, n, e a
espessura da chapa estampada. Aços com altos valores para o FLD possuem uma melhor
conformabilidade que aqueles com menores valores para o FLD.
Níveis de deformações dentro da zona de transição podem ser evitados. Pequenas
variações nos padrões do aço utilizado ou alterações nas condições de lubrificação podem
ser utilizadas como recursos para se evitar danos indesejáveis na peça estampada.
Maior deformação %
–40 –20 0 20 40
Menor deformação %
70-
60-
50-
40-
30-
20-
10-
Falha
Zona de Transição
Zona de Segurança
FLC
CAPÍTULO VI
METODOLOGIA
6.1 Introdução
Nos últimos vinte anos, o uso dos computadores em engenharia tem resultado em
profundas mudanças práticas na engenharia. Atualmente, é virtualmente impossível, por
exemplo, o projeto de carros modernos sem o auxílio da simulação computacional na
obtenção de produtos cada vez melhores com preços competitivos. Recentemente, a FORD
afirmou através de um informe de Gavine (2001) que as simulações numéricas ajudaram na
criação de uma fábrica virtual em conjunto com seus fornecedores. Isto reduziu o tempo de
produção do Ford Fiesta, desde o projeto inicial até sua fase final, para 23 meses. E este
processo está ainda em fase de otimização, de acordo com semelhante informe da
companhia Hyundai, feito por Kim (2002).
As pesquisas em andamento também devem ter em conta todo este cenário, de
maneira a se posicionar em sintonia com estes avanços. Especificamente no caso deste
trabalho, o que se desenvolve essencialmente, além de uma equação de predição de um
fenômeno físico, é uma metodologia que compatibiliza as principais vantagens de duas
teorias: a Similitude em Engenharia Mecânica mais especificamente o teorema Pi de
Buckingham para uma análise adimensional – e a simulação numérica em Elementos Finitos
para o cálculo da força dos freios de estampagem de chapas metálicas.
Usualmente, tem-se utilizado a Similitude para o planejamento experimental e a
conseqüente redução do número de testes necessários para se estabelecer uma lei que
relaciona distintos parâmetros que governam um determinado fenômeno físico. Neste
trabalho, utiliza-se a mesma teoria para se estabelecer uma relação entre a força de freio
em estampagem e diversos parâmetros, entre os quais, o atrito, os geométricos e as
propriedades de materiais. Porém, aplica-se a Similitude aqui para dados obtidos
numericamente, isto é, através da simulação numérica para diversos valores de cada
76
parâmetro, objetivando-se estabelecer a contribuição de cada uma destas variáveis na força
de freio a ser estimada, independentemente das demais variáveis. Isto foi feito,
evidentemente, de acordo com a teoria da Similitude e do teorema supra mencionado,
detalhadamente descrita no capítulo III desta tese sem existir a necessidade do dispêndio
de recursos, às vezes vultosos, na parte experimental da investigação.
A teoria da Similitude, em linhas gerais, preconiza que, enquanto se estuda a
contribuição de um determinado parâmetro à variável a ser estimada, todas as outras
variáveis envolvidas devem ser mantidas constantes. No mínimo sete pontos para cada
parâmetro são obtidos e uma função a eles se ajusta, de tal sorte que se obtenha a melhor
correlação possível. No caso deste estudo, em função da previsibilidade de cada dado
simulado, somente uma observação de cada ponto foi feita. Onze parâmetros cinco de
propriedades de materiais e cinco geométricos, além da força de prensa-chapas estão
combinados em nove Pi termos (ou grupos adimensionais) distintos. A combinação destas
oito curvas que se relacionam com o nono Pi termo da força de freio de estampagem
adimensionalizada em relação à força de prensa-chapas deve resultar em uma equação
de predição da força de freio, seguindo os conceitos estipulados pela teoria da Similitude.
No que tange à simulação para a obtenção dos dados para cada um dos Pi
termos, diversas teorias se encontram envolvidas neste tema: desde o conhecimento dos
aspectos de comportamento elástico e plástico de materiais, até a escolha do melhor
ajuste possível de cada parâmetro numérico para o modelo em Elementos Finitos
projetado para se simular o experimento. Utilizou-se nas simulações um digo
comercial em Elementos Finitos (EF), denominado STAMPACK
®
, o qual possui uma
solução explícita para a equação dinâmica que governa o fenômeno físico em estudo,
conforme se detalhou no capítulo IV desta tese. A natureza desta solução explícita
requer mais cuidado ainda com os resultados obtidos das simulações, que seu
algoritmo está estabelecido de maneira a ser incondicionalmente estável e quase
sempre converge para uma determinada solão, uma vez estipulado um valor de tempo
crítico suficientemente pequeno para tal. Assegurar-se de que estes resultados estão ou
o próximos da realidade, passa então ser de fundamental importância para a eficiência
do modelo em EF e, conseqüentemente, da metodologia aqui proposta. Com esta
abordagem, deseja-se aproveitar da boa precio dos resultados deste programa ver
Fig. 1.5 com a finalidade de se contribuir na redução do seu custo computacional por
meio da obtenção de uma equação fechada para a FR.
Isto posto, faz-se mister esclarecer que esta metodologia utilizou-se de alguns
procedimentos que validassem o modelo em EF. Isto se fez com base em alguns dados
experimentais cuja confiabilidade se expressa através dos numerosos trabalhos que os
77
utilizaram como referência. Adicionalmente, parâmetros numéricos com relativa influência
nas simulações foram investigados no decorrer do processo de ajuste do modelo em EF, de
sorte a conduzir as simulações aos resultados mais próximos da realidade, sem perder de
vista, todavia, que as aproximações, em última análise, são o núcleo do MEF. Ressalte-se
ainda a importância de se compatibilizar custos computacionais à necessidade de uma
maior ou menor precisão de resultados, que dezenas de simulações se fizeram
necessárias ao ajuste do modelo, além das simulações para a obtenção das equações
componentes.
6.2 Validações do Modelo em EF
As seções seguintes passarão a tratar dos detalhes de todo o processo de ajuste dos
modelos em EF para aquisição das bases de dados numéricos bem como das validações
destes modelos.
6.2.1 Bases de Dados Experimentais
Os únicos dados experimentais utilizados aqui para a validação do modelo em EF e
para os testes com a equação desenvolvida foram os experimentos amplamente
referenciados em trabalhos relativos a este tema, isto é, Nine (1978) e Nine (1982). Estes
experimentos foram desenvolvidos nos laboratórios da General Motors, Inc., em Warren,
Michigan, nos Estados Unidos. Estes experimentos foram projetados para se compreender
separadamente a importância das contribuições à força de retenção do freio (FR) oriundas
da deformação da chapa e do atrito desta com a matriz e o prensa-chapas.
6.2.1.1 Experimentos
Para se projetar uma matriz com freios de estampagem, necessita-se conhecer a
força necessária para se vencer as deformações da chapa ao passar pelos freios bem como
aquelas devidas à fricção. Além disto deve-se conhecer a força necessária para que o
prensa-chapas consiga manter a peça adequadamente posicionada durante o processo de
estampagem. Esta força do prensa chapas também é a responsável pela profundidade de
penetração da saliência do freio na ranhura posicionada na matriz.
Uma das chaves destes experimentos foi estudar a contribuição das forças de
deformação na FR, sem a influência do atrito. Para este objetivo, um freio “sem atrito” foi
desenvolvido, no qual se utilizaram rolamentos em lugar da ponta do freio e dos raios de
arredondamento da matriz, conforme Fig. 6.1, Nine (1978):
78
Figura 6.1 – Aparato com freios rolantes, Nine (1978)
Como as superfícies dos freios rolantes estão livres para girar juntamente com a
chapa, então não atrito devido ao movimento relativo entre a chapa e o freio e entre esta
e a matriz. Evidentemente que o sistema não está completamente desprovido de fricção,
uma vez que uma pequena força é necessária para se vencer o atrito nos pequenos
rolamentos do freio. Dependendo das condições de lubrificação, no entanto, o coeficiente de
atrito para estes rolamentos foi medido entre 0,001 e 0,002, resultando desprezível,
portanto, quando comparado com a magnitude da fricção nos freios normais.
O dispositivo da Fig. 6.1 es projetado de forma que a folga horizontal entre a
chapa e a matriz e entre esta e o freio seja regulável, conforme se pode verificar também
na Fig. 6.2. Isto, em tese, permitiria manter uma folga apertada e constante durante todos
os experimentos.
79
Rolamentos
guias
Rolamento
da matriz
Rolamento
do freio
Rolamento
suporte
Eixos suportes
Regulagem
da folga
Figura 6.2 – Esquema de montagem dos freios rolantes, Nine (1978).
80
Para bomba
Cilindro hidráulico
Célula de força
Dial
Para o computador
Célula de medição
da força do
prensa-chapas
Espécime de chapa
Suporte do aparato
Peça suporte
do freio
rolante
Peça suporte do
ombro rolante
Parafuso
Para o computador
RAM
Figura 6.3 Aparato de medição das forças do prensa-chapas e de retenção do freio de
estampagem, Nine (1978).
Os freios incorporados a este dispositivo foram projetados de maneira a serem
introduzidos em uma máquina de teste universal MTS, para simular a ação do prensa-
chapas em uma prensa e possibilitar as medições da força do prensa-chapas e da força de
retenção do freio de estampagem, conforme Fig. 6.3. Um cilindro hidráulico move a peça
que sustenta o freio, conduzindo a ponta do freio para dentro da ranhura da matriz. A
posição da ponta do freio pode ser lida por um sensor que a indica através de um painel
analógico. No lado de trás da ranhura se encontra uma peça que prende a matriz contra
uma célula de carga posicionada entre o atuador da MTS e uma chave que pode aportar
corpos de prova de chapa com larguras de até 50 mm.
81
Os materiais utilizados nos experimentos foram um aço laminado a frio e outro a
quente, além do alumínio 2036-T4, respectivamente caracterizados na Tab. 6.1:
Tabela 6.1 – Propriedades mecânicas dos materiais nos experimentos
Espessura inicial (mm)
K (MPa) n R
0,76 576 0,18 1,09
Aço laminado a frio 0,86 559 0,23 1,05
0,99 519 0,19 1,15
0,76 529 0,24 1,53
Aço laminado a quente 0,86 491 0,21 1,62
0,97 529 0,23 1,61
Alumínio 0,81 643 0,26 0,69
2036 – T4 0,89 643 0,24 0,67
Os valores da Tab. 6.1 foram obtidos em testes de tração. K e n foram obtidos da
curva tensão-deformação, assumindo-se a lei de encruamento de potência Lei de
Hollomon. R é o parâmetro que mede a anisotropia plástica e foi obtido medindo-se a
mudança na forma dos círculos através da técnica photogrid em corpos de provas
submetidos a um teste de tração com deformação uniforme.
Corpos de prova de 400 mm de comprimento e de 50 mm de largura foram retirados
da matéria-prima e cortados na direção de laminação de cada um deles. Os corpos de
provas então foram puxados a uma velocidade de 85 mm/s, por uma distância de 125 mm.
Esta é a velocidade média estimada que se utiliza mais usualmente nas prensas utilizadas
em produções desta natureza. A força de retenção do freio de estampagem e do prensa-
chapas versus deslocamento do punção foi obtida em gráficos com coordenadas x-y,
diretamente da máquina de teste. Os valores para cada força foram lidos somente depois
que estas encontraram um valor estável, calculando-se a média de três medições para cada
experimento.
Os valores das forças de retenção do freio para os três tipos de materiais foram
medidos para o caso em que um cilindro de 11 mm de diâmetro simula a estampagem
através de um freio de seção circular e um diâmetro de mesma magnitude para a entrada da
matriz. Todos estes valores experimentais foram obtidos para a mesma velocidade de
85 mm/s.
A fim de se medir a força total de retenção dos freios, incluindo as contribuições da
deformação da chapa e do atrito, um grupo de freios foi produzido com dimensões iguais às
da Fig. 6.2 e fixado no dispositivo, cujo esquema está representado na Fig. 6.4:
82
Freios de
estampagem
Regulagem de
folgas
Rolamentos
guias
Ombros da
matriz
Figura 6.4 – Aparato utilizado na montagem dos freios de estampagem.
Cuidados foram tomados no sentido de se substituir as peças que se encontravam
desgastadas demasiadamente. Para se simular um freio sem atrito utilizou-se o que se
passa a chamar de freios rolantes e para simular um freio com atrito, o que se passa a
chamar de freios fixos com fricção. Em ambos os freios, os mesmos ajustes de folga foram
estabelecidos.
Os freios fixos foram montados sobre o mesmo aparato que os freios rolantes sem
fricção, sob as mesmas condições de modo a se medir as forças de retenção do freio de
estampagem e da força do prensa-chapas. Todos os parâmetros experimentais, tais como
as propriedades de materiais, tamanhos e espessuras dos corpos de prova e velocidade de
deslocamento do punção foram mantidos constantes, sejam para os freios rolantes sem
fricção sejam para os fixos com atrito. As medições foram feitas sempre da mesma
maneira.
As forças de retenção dos freios foram medidas para os aços com dois tipos de
lubrificantes, no caso de freios fixos com atrito: "Mill oil" e lubrificante à base de sabão. Para
os alumínios, além destes dois lubrificantes, um terceiro lubrificante específico para este
material foi utilizado com o intuito de se obter um terceiro nível de fricção. Os valores
experimentais utilizados na validação do modelo em EF e da equação desenvolvida estão
nas Tab. 6.2 e 6.3.
83
Tabela 6.2 – Forças de retenção dos freios e coeficientes de atrito para chapas de aço, Nine (1978).
Espessura de chapa (mm)
Aço lam. a quente Aço lam. a frio
Forças (KN) Tipo de freio
0,76 0,86 0,99 0,76 0,86 0,99
Força de freio Rolantes 3,3 3,9 5,3 3,3 3,7 5,0
Força de prensa-chapas Rolantes 3,0 3,5 4,7 2,7 3,2 4,0
Força de freio Fixos 5,7 6,4 8,4 5,6 6,4 8,0
Força de prensa-chapas Fixos 4,2 4,8 5,8 4,2 4,8 5,8
Atrito
0,206
0,184 0,200 0,192 0,171 0,178
Força de freio Fixos 4,1 4,9 6,3 4,1 4,6 5,7
Força de prensa-chapas Fixos 3,4 4,2 5,2 3,4 4,0 4,9
Atrito
0,070
0,070 0,059 0,069 0,052 0,061
Segundo Nine (1978), na obtenção dos valores dos coeficientes de atrito da Tab. 6.2,
pôde-se constatar experimentalmente a aplicabilidade da Lei de Coulomb para freios de
estampagem. A Tab. 6.3 traz os resultados experimentais de Nine (1978) para as forças de
retenção dos freios e do prensa-chapas para chapas em Alumínio 2036-T4:
Tabela 6.3 – FR e coeficientes de atrito para chapas de alumínio, Nine (1978).
Esp. de chapa (mm)
Alumínio 2036-T4
Forças (KN) Tipo de freio
0,81 0,89
Força de freio Rolantes 2,6 3,2
Força de prensa-chapas Rolantes 2,2 2,8
Força de freio Fixos 4,7 5,7
Força de prensa-chapas Fixos 3,6 4,8
Atrito
0,198 0,171
Força de freio Fixos 3,0 3,9
Força de prensa-chapas Fixos 2,9 3,5
Atrito
0,044 0,065
Força de freio Fixos 3,3 4,0
Força de prensa-chapas Fixos 3,3 3,4
Atrito
0,069 0,077
84
Importa lembrar que todos os corpos de prova utilizados experimentalmente foram de
50 mm de largura. Parte destes dados foi utilizada na validação do modelo em EF, numa
primeira fase e, posteriormente, outros dados ainda não utilizados anteriormente, foram
empregados nas provas com a equação geral de predição em desenvolvimento, em etapas
distintas da Metodologia. As simulações foram feitas em 2-D, sendo, portanto, a terceira
dimensão considerada unitária, no Sistema Internacional de medidas (SI). Por este motivo
os dados acima devem ser multiplicados por 20, para se obter a proporção de um metro de
largura no freio simulado para 50 mm da largura utilizada nas chapas dos experimentos.
6.2.2 O Modelo em EF
Para se obter o valor mais efetivo da força de retenção dos freios circulares (FR), dois
diferentes tipos de modelos em EF foram concebidos: no primeiro deles, como se vê na Fig.
6.5, uma chapa passa através de um prensa-chapas, por um freio de seção circular e sua
ranhura na matriz. Sua malha está estruturada com elementos quadrilaterais contando com
três elementos ao longo da espessura da chapa. Sete simulações foram feitas para sete
espessuras diferentes de chapas, mantendo-se as demais características constantes. Na
mesma Fig. 6.5 pode-se verificar o sentido da aplicação da força do prensa-chapas, o
sentido de deslocamento do punção e a saliência do freio que penetra na ranhura da matriz.
Figura 6.5 – Malha do Modelo 1 e os parâmetros geométricos do freio de seção circular.
O segundo modelo foi projetado similarmente ao primeiro, mas sem o freio, de
acordo com a Fig. 6.6. O objetivo deste procedimento foi o de se calcular somente a
contribuição do freio para a FR, descontando-se aquela parcela devida ao atrito ao longo
de toda a extensão da chapa com os prensa-chapas. Esta contribuição foi simulada no
Modelo 2 e, subseqüentemente, subtraída da FR calculada no Modelo 1, com freio de
estampagem.
Espessura de chapa (t)
Folga (c)
Raio do freio (R
d
)
Raio da matriz (R
m
)
Punção
FP
Matriz
Penetração (h)
Prensa-chapas
85
Figura 6.6 – Malha do Modelo 2, sem freio de estampagem.
Analisando-se o percurso de um determinado elemento de chapa, pôde-se calcular
um deslocamento de punção nimo necessário para simular um processo completo de
flexão, deslizamento e flexão inversa da chapa. E, além disto, assegurar-se de obter uma
região de estabilidade da FR para ser lida nos gráficos gerados pelo código em EF.
6.2.3 Ajuste do Modelo: Influência dos Parâmetros Numéricos na Força de Freio (FR)
A natureza de aproximação do MEF associada às características do tipo de solução
explícita adotada para a equação que governa este fenômeno de estampagem de chapas
metálicas torna este procedimento de ajuste do modelo em EF aos dados experimentais um
passo fundamental.
De que maneira foi investigada neste trabalho a influência de parâmetros numéricos
tais como amortecimento, número de elementos na longitude e na espessura da chapa e o
tempo crítico para diversas situações é o que se descreverá a seguir.
6.2.3.1 Número de Elementos na Espessura da Chapa
Partindo-se de um modelo com 80 elementos ao longo da chapa e dois elementos na
sua espessura, diversas combinações de números de elementos foram estudadas. O
objetivo foi estudar a influência da razão de aspecto relação entre a altura e a largura do
elemento quadrilateral – no valor simulado para a FR.
Para 80 elementos ao longo da chapa, foram simulados casos com 2, 3, 4, e 6
elementos na espessura. Não a precisão do modelo se levou em conta, mas também o
custo computacional. Isto porque, com seis elementos na espessura da chapa, a
aproximação do valor experimental não é muito melhor que com três ao ponto de justificar o
tempo gasto para uma única simulação em 2-D: 14 horas em um PC Pentium III, 866 Mega
Hertz e com 512 MB de memória RAM. O caso com menor número de elementos no total,
incluindo espessura e longitude da chapa, necessita de 140 minutos, em média,
dependendo de alguns outros parâmetros numéricos, como o tempo crítico, por exemplo.
Punção
Prensa chapas
Matriz
86
Figura 6.7 – Gráfico típico da FR para diferentes números de elementos na espessura da chapa.
A Figura 6.7 ilustra uma simulação típica ilustrativa destes casos simulados na etapa
de ajuste do modelo para 80 elementos ao longo da chapa com 2, 3, 4, ou 6 elementos na
espessura da chapa, totalizando 480 elementos neste último caso.
6.2.3.2 Número de Elementos no Comprimento da Chapa
Também se investigou a influência da quantidade de elementos ao longo da chapa,
mantendo-se constante o número de elementos na espessura. Isto conduziu a uma
constatação muito importante nesta etapa que foi a percepção da flexibilidade que o modelo
adquire ao se aumentar muito o número de elementos na longitude da chapa. Isto é,
realmente uma sensibilidade importante do modelo a este parâmetro referente ao número
de elementos ao longo da chapa, o que, dentro de certos limites, permite ajustar o modelo
em EF aos dados experimentais com uma precisão aceitável.
Ressalte-se, todavia, que as simulações destes casos ilustrados nas Fig. 6.7 e 6.8
são para o modelo 1, com freio, de cujo valor ainda que se subtrair o valor simulado no
modelo 2, sem freio.
Face aos custos e benefícios devidos ao ajustes destes parâmetros, optou-se por
adotar o modelo que possui 80 elementos na longitude e três elementos na espessura, ao
se levar em conta não a precisão dos resultados obtidos pelo modelo em EF como
também o custo computacional para cada simulação.
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FORÇA (N)
87
A Figura 6.8 traz outros resultados típicos obtidos para a investigação da influência do
número de elementos na longitude da chapa em relação ao valor da FR simulados para 80,
105, 130, 160 e 320 elementos na longitude da chapa.
Figura 6.8 – Gráfico típico da FR para diversos números de elementos na longitude da chapa.
6.2.3.3 Tempo Crítico
Conforme abordado na seção (4.2.1), Eq.(4.7), que define o cálculo do tempo crítico,
este é mais um parâmetro importante na equação que governa este problema de
estampagem. Assim, algumas simulações se fizeram necessárias para se investigar sua
influência na FR simulada.
O procedimento adotado foi o de se utilizar o mesmo exemplo simulado para
diferentes valores de tempo crítico, o que se fez para o valor (em segundos) adotado
automaticamente pelo código, 0.00010 e ainda para 0.00008, 0.00004 e 0.00002, cujos
resultados típicos estão na Fig. 6.9.
Excetuando-se o tempo de duração de cada simulação na Fig. 6.9, não houve
influência no valor de FR com importância tal que merecesse um ajuste diferente daquele
utilizado automaticamente pelo código para o tempo crítico. Desta maneira, assumiu-se o
valor de 0.00010s para o tempo crítico em todas as simulações, neste trabalho.
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FORÇA (N)
88
Figura 6.9 – Gráfico típico da FR para diversos valores de tempo crítico.
6.2.3.4 Amortecimento
O amortecimento abordado na seção (4.2) também foi estudado do ponto de vista
numérico nas simulações da FR. O gráfico da Fig. 6.10 traz os resultados para este estudo,
cujo procedimento foi análogo ao adotado para se estudar a influência do tempo crítico na
seção anterior:
Figura 6.10 – Gráfico típico da FR para diferentes valores de amortecimento.
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FORÇA (N)
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FORÇA (N)
89
Ficou patente no estudo da influência deste parâmetro na simulação da FR que o
melhor valor para o ajuste do modelo também se deu com o estipulado automaticamente
pelo código, isto é, igual a cinco. Isto porque este foi o valor de amortecimento para o qual o
modelo em EF melhor se ajustou ao dado experimental da FR.
6.2.4 O Modelo em EF Definitivo
O modelo em EF definitivo, portanto, resultou de todos estes ajustes para os
parâmetros numéricos, tendo sido feitas as especificações para cada parâmetro numérico
de acordo com os procedimentos detalhados nos subitens (6.2.3.1) a (6.2.3.4).
6.3 Desenvolvimentos da Equação Preditiva Geral
No desenvolvimento da equação preditiva geral (EPG), adotaram-se 12 variáveis a
serem relacionadas entre si, incluindo-se a FR e a força do prensa-chapas (FP): a
espessura da chapa (t), o raio de arredondamento do ombro da matriz (R
m
), o raio da seção
do freio circular (R
d
), a folga entre o freio e a chapa (c), a altura da penetração do freio (h),
além das propriedades mecânicas importantes nos fenômenos de plasticidade: módulo de
elasticidade (E), tensão limite de escoamento (S
y
), constante de encruamento da lei de
Hollomon (K), coeficiente da lei de potência de encruamento (n), bem como o coeficiente de
atrito µ. De acordo com o Teorema Pi de Buckingham, seção (3.4), estes parâmetros foram
arranjados em nove grupos adimensionais, conhecidos como Pi termos e em seguida
investigados quanto a sua influência na FR individualmente. Equações componentes para
cada Pi termo foram estabelecidas e ajustadas para um mínimo de sete pontos simulados e
posteriormente combinadas por multiplicação, conforme descrito na seção (3.4.1). A
justificativa para a escolha de cada um destes parâmetros é o que se passa a descrever nos
subitens deste tópico.
6.3.1 Parâmetros Geométricos
6.3.1.1 Raio de curvatura efetivo da chapa
Em um freio de estampagem convencional de seção circular, a FR em sua totalidade
se compõe das contribuições da fricção e da deformação em torno dos raios dos ombros da
matriz e da saliência circular do freio. A magnitude da contribuição devida à flexão é
determinada pelo raio de flexão da chapa, pois a força de flexão, a sua vez, é inversamente
proporcional ao raio de curvatura com que a chapa é fletida em torno do freio.
90
Importa notar por esses motivos então, que o raio efetivo de curvatura, isto é, o raio
com que é fletida a chapa, não é necessariamente igual aos raios da matriz (R
m
) e do freio
circular (R
d
).
Se a altura da saliência do freio (h) é pequena ou se a folga (c) é grande, o raio
efetivo da chapa pode ser consideravelmente maior que o raio da ferramenta. Por outro
lado, se a penetração (h) é mais profunda, a FR aumenta porque o metal é forçado a se
conformar mais proximamente ao raio da ferramenta e, conseqüentemente, há uma redução
do raio efetivo de curvatura da chapa.
A FR alcança seu máximo valor para pequenos valores de folga quando a saliência do
freio está penetrada dentro da ranhura na matriz até a posição onde o centro de curvatura
dos raios dos ombros da matriz está alinhado com o centro de curvatura da saliência do
freio. Neste limite de penetração, a chapa está fletida com o raio mínimo de flexão, isto é, o
raio de cada uma das ferramentas. Penetrações maiores que estas não podem aumentar a
FR sem que a chapa seja esmagada, tendo sido esta afirmação comprovada em trabalhos
experimentais, como os de Nine (1978).
Em face destas constatações se podem estabelecer os parâmetros geométricos com
maior influência na FR a serem investigados nas simulações e seus respectivos intervalos
de validade.
6.3.1.2 Espessura da Chapa
Das forças de deformação surge uma complexa combinação de fatores geométricos e
de materiais. Um dos fatores que afetam o valor destas forças de deformação é a taxa de
deformação local e esta, por sua vez, é determinada também pelos fatores geométricos
anteriormente descritos e, evidentemente, pela espessura da chapa estampada.
Quando uma chapa está sujeita à ação de um freio, seu processo de deformação é
muito complexo por causa das quatro inversões no sentido da flexão, as quais ocorrem à
medida que a chapa é estampada pelo freio. Deformações compressivas e trativas ocorrem
ao mesmo tempo em ambos os lados da chapa, variando desde zero na linha neutra até seu
máximo valor na superfície da chapa. A Fig. 6.11 a seguir ilustra bem esta afirmação.
Formular uma equação analítica adequada a este caso pode ser difícil, dada a
complexidade do problema. Assim, investigar e quantificar a influência deste parâmetro
individualmente sobre a FR também se justifica em função da importante contribuição da
espessura neste processo, conforme ficou demonstrado por Duarte e Oliveira (2005).
91
Figura 6.11 – Variações relativas na espessura de uma chapa em um freio de estampagem.
6.3.2 Parâmetros de Materiais
Alguns parâmetros utilizados para a caracterização dos materiais possuem importante
contribuição no cálculo da força requerida para se deformar metais. Os parâmetros n,
coeficiente de encruamento isotrópico, e K, constante de encruamento, ainda que obtidos de
ensaios uniaxiais devem ser levados em conta, que as deformações a que está sujeita
uma chapa que passa por um freio de estampagem é cíclica, isto é, varia desde tração até
compressão. Ghosh e Laukonis (1976) demonstraram que n e K são dependentes do estado
de deformação e que as forças de estampagem são diretamente proporcionais aos valores
de K e inversamente aos valores de n.
A magnitude das deformações plásticas comparadas às deformões elásticas
determina a hipótese assumida para a plasticidade (isto é, elastoplástico, viscoplástico,
etc.). Sendo assim, investigar a influência do limite de fluência S
Y
e do módulo de Young E
se supõe que seja relevante neste fenômeno, o que se pôde constatar tanto nos
experimentos de Nine (1978), como nas simulações para cada um destes pametros.
6.3.3 Atrito
A magnitude da contribuição devida ao atrito é determinada pelo coeficiente de atrito e
pela pressão normal à superfície de contato na interface da ferramenta com a chapa. Esta
força de fricção, como se sabe, é diretamente proporcional ao coeficiente de atrito e à
pressão normal às superfícies de contato. Porém, para se obter o coeficiente de atrito para
92
este fenômeno, aquela parte da força de estampagem devida exclusivamente à fricção deve
ser subtraída do total, excluindo-se assim a contribuição devida às forças de deformação.
Isto foi feito experimentalmente, conforme detalhes na seção (6.2.1.1).
Nos experimentos utilizados na validação deste trabalho foi possível se constatar que,
dependendo das condições de lubrificação no processo de estampagem, de 15 a 35% do
total da FR se devem à contribuição das forças de fricção. Isto seguramente demonstra a
importância deste parâmetro no cômputo da FR, tendo sido especificamente um dos
números adimensionais, ou Pi termos, estudados nas simulações e para o qual se
estabeleceu uma das equações componentes.
6.3.4 Outros Parâmetros
Outros parâmetros seguramente podem ter maior ou menor influência no valor da FR.
Entretanto, por motivos de simplificação e redução do número de variáveis no modelo
proposto, somente aqueles de maior importância foram considerados. Para se testar a
influência da taxa de deformação, por exemplo, nos experimentos de Nine (1978) utilizaram-
se corpos de prova de chapas em aço e alumínio a velocidades de deslocamento do punção
situadas entre 0,42 mm/s e 420 mm/s. Os valores da FR para aços aumentaram em até
25% com respeito ao aumento da velocidade do punção. Entretanto, para os corpos de
prova em alumínio, não se verificou influência deste parâmetro no cômputo da FR. Por este
motivo, adotou-se uma velocidade de 85 mm/s, usual neste tipo de processo, para todos os
experimentos e, neste estudo, todos os resultados obtidos são válidos para esta velocidade.
O parâmetro que avalia a anisotropia plástica, R, também foi considerado constante e
igual a 1,58 em todas as simulações e sua influência, portanto, em face de contribuição dos
demais, foi negligenciada.
6.4 Definições dos Pi termos
Após a definição das variáveis mais importantes no calculo da FR, resta a tarefa de se
fazer os arranjos dos grupos adimensionais denominados Pi termos. Isto se fez à luz do
Teorema Pi de Buckingham, detalhado na seção (3.4) desta tese.
Vale lembrar que este procedimento tem o objetivo de se reduzir a quantidade de
observações necessárias, mas que um mínimo de sete simulações para todos os Pi termos
foram feitas.
93
Depois de verificadas as restrições quanto ao número e à independência dos Pi
termos, segundo o supracitado teorema, foram estabelecidos nove Pi termos com seus
respectivos intervalos de validade para a equação preditiva geral, quais sejam:
1
FR
FP
π
=
, onde
1
π
é a variável dependente da seguinte equação que, de agora em
diante, sedenominada equação preditiva geral (EPG), obtida a partir da Eq.(3.30):
1 2 2 3 3 4 4 5 5 6 6 7 7 8 8 9 9
. ( ). ( ). ( ). ( ). ( ). ( ). ( ). ( )
C f f f f f f f f
π π π π π π π π π
= (6.1)
a qual relaciona a força de freio FR com a força do prensa-chapas, FP, ambas em KN. As
funções f
i
, i= 2, 3, ..., 9, são as funções componentes que descrevem a contribuição à FR
de cada Pi termo, individualmente, da seguinte maneira:
d
R
t
=
2
π
, que é a razão entre a espessura da chapa (t) com relação ao raio do
freio circular (R
d
), ambos em mm, donde resulta que
2
0,10 0,35
π
. Estes limites
foram assim estabelecidos em função das espessuras de chapas mais usuais
neste tipo de processo, isto é, de 0,50 mm a 1,70 mm, aproximadamente, divididos
por um raio de freio constante para todas as simulações e igual a 4,75 mm.
Coeficiente de atrito,
3
0,30
π µ
=
, que são os valores mais recorrentes na
prática.
Expoente de encruamento,
4
n
π
=
, onde
4
0,10 0,30
π
. Estes limites também
foram estabelecidos com base nos valores mais usuais para os tipos de aço e
alumínio utilizados nestes processos de estampagem.
5
E
K
π
=
: razão entre o Módulo de Young – isotrópico (E) e a constante de
encruamento (K), ambos em MPa. Os limites de validade para este grupo
adimensional foram estabelecidos para os menores valores usuais de E dos
alumínios até os maiores valores desta propriedade mecânica para os aços,
mantendo-se constante o valor de K igual a 570 MPa, donde resulta que
5
100 500
π
.
6
y
S
K
π
= , que relaciona o limite convencional de escoamento S
y
e a constante de
encruamento, K, ambos em MPa. Os limites deste grupo adimensional foram
estabelecidos sob o mesmo critério do Pi termo anterior, resultando que
6
0,15 1,20
π
.
94
d
R
h
=
7
π
, que relaciona a penetração do freio na matriz (h) com relação ao raio do
freio circular (R
d
), ambos em mm. Os limites para este Pi termo foram
determinados de acordo com as justificativas da seção (6.3.1.1) para o parâmetro
da penetração do freio, donde resulta que
7
0,70 2,50
π
.
d
R
c
=
8
π
, que relaciona a folga horizontal (c) entre o freio e a chapa com o raio do
freio circular (R
d
), ambos em mm. O limite para o intervalo de validade deste
parâmetro foi obtido do fato de que tolerâncias para folgas inferiores a 0,50 mm
para peças grandes da indústria automotiva, como o teto de um carro, por
exemplo, são impraticáveis. Disto resulta que
8
0,030 0,300
π
.
d
m
R
R
=
9
π
, que relaciona o raio de arredondamento da matriz (
m
R
) e o raio do freio
circular (R
d
), ambos em mm. Os limites para estes parâmetros também foram
obtidos para as geometrias mais comuns nas estampagens de chapas metálicas,
donde resultou que
9
0,30 1,50
π
.
A constante C, obtida a partir do denominador da Eq.(3.30), pode ser assim descrita
para mais de três Pi termos:
2
2 3 4
1
( , , ,..., )
s
s
C
F
π π π π
=
(6.2)
donde, para nove Pi termos, resulta:
7
2 3 4 9
1
( , , ,..., )
C
F
π π π π
=
(6.3)
Aplicar a Eq.(6.3) ao caso específico do problema em estudo requer a determinação
das equações componentes respectivas para cada Pi termo, o que se passa a determinar a
seguir.
95
6.5 Obtenção das Equações Componentes
Conforme estabelecido na seção (3.4), para se obter as equações componentes de
cada um destes Pi termos, todos os demais parâmetros foram mantidos constantes,
enquanto um mínimo de sete valores distintos e igualmente distribuídos dentro do intervalo
de validade foram escolhidos para se avaliar a contribuição à FR do parâmetro em questão.
Desta maneira se pode obter o valor para a FR para distintos valores de cada Pi termo e
ajustar-se uma função com a melhor correlação possível.
As funções escolhidas para se efetuar estes ajustes foram funções potenciais de tipo
2
1 1
.( )
c
i
c
π π
=
ou exponenciais do tipo
4
( . )
1 3
.
i
c
c e
π
π
=
, as quais, em última análise, têm a mesma
natureza e, por este motivo, foram combinadas por produtos, de acordo com os testes
detalhados na seção (3.4.1).
Na obtenção destas equações componentes, a cada Pi termo foi atribuído um valor
que se manteve constante para todas as simulações dos outros pi termos, valores estes
representados por
i
π
(i = 2, 3,..., 9), e utilizados nos testes da Eq. (4.13), excetuando-se,
evidentemente, as simulações referentes aos distintos valores do próprio pi termo.
Os valores escolhidos para serem constantes e utilizados para cada um dos Pi termos nas
diversas simulações são os que estão na Tab. 6.4:
Tabela 6.4 – Valores constantes para cada Pi termo utilizados nas simulações.
π
ππ
π
i
Valores constantes adotados
π
2
= t / R
d
t / R
d
= 0,76 mm / 4,75mm = 0,16
π
3
= µ µ = 0,17
π
4
= n
n = 0,23
π
5
= E / K
E / K = 206.000 MPa / 516 Mpa = 400
π
6
= S
y
/ K
S
y
/ K = 171,7 MPa / 516 Mpa = 0,33
π
7
= h / R
d
h / R
d
= 7,7 mm / 4,75 mm = 1,62
π
8
= c / R
d
c / R
d
= 0,76 mm / 4,75 mm = 0,16
π
9
= R
m
/ R
d
R
m
/ R
d
= 4,75 mm / 4,75 mm = 1
As justificativas para as escolhas dos dados acima estão na seção (6.4). Acresça-se
a estas justificativas, ainda, o fato de serem estes os valores experimentais utilizados nos
primeiros ajustes do modelo em EF.
96
6.6 Programando a Interface Gráfica em STAMPACK
®
Acima de tudo, o que se propõe aqui não é somente uma equação fechada para este
problema como solução definitiva do fenômeno em estudo, mas sim uma metodologia de
obtenção de uma equação para a predição da FR, nas condições estipuladas neste capítulo.
Tendo isto se tornado claro durante o desenvolvimento deste estudo, o passo
seguinte foi passar-se à programação, em FORTRAN 90, da EPG para a implementação no
programa STAMPACK, em uma interface gráfica, cujo aspecto pode ser verificado na Fig.
6.20.
Figura 6.20 – Interface para o cálculo da DBRF programada para o STAMPACK
®
.
Na interface gráfica programada no STAMPACK, três categorias de parâmetros
devem ser aportadas para o cálculo da FR:
Parâmetros geométricos: a folga horizontal, os raios da matriz e do freio circular, a
penetração do freio na matriz, e a espessura da chapa;
Parâmetros de materiais: módulo de Young, limite convencional de escoamento,
constante de encruamento e o expoente de encruamento;
97
Parâmetros de processo: coeficiente de atrito e a força do prensa-chapas, todos
estes descritos na seção (6.3.5).
Além da programação da equação para a predição da FR, também foi feita uma
programação em FORTRAN 90 da Metodologia utilizada na obtenção da referida equação.
Desta maneira, se generalizam os procedimentos e se possibilita inclusive, após alguns
ajustes de novos grupos adimensionais adequados, extrapolar-se a aplicação desta
metodologia para freios com geometrias distintas da convencional seção circular.
Desta sorte, o que passa a se tornar fundamental é a obtenção de cada ponto
simulado com a maior aproximação possível dos dados experimentais disponíveis.
CAPÍTULO VII
RESULTADOS E DISCUSSÕES
7.1 Introdução
Um dos resultados deste trabalho, talvez o de maior relevância, é a Metodologia de
abordagem deste tema, desenvolvida neste estudo. Os resultados aqui apresentados são
uma confirmação da aplicabilidade desta metodologia. No capítulo destinado à descrição da
metodologia empregada nesta tese estão descritos os procedimentos de ajustes e
validações dos modelos em Elementos Finitos (EF) utilizados na obtenção dos dados que
foram utilizados na calibração das equações componentes. Além disto, detalhes dos
experimentos de Nine (1978) utilizados na obtenção dos dados empregados nestes testes
com a EPG (Equação de Predição Geral) e nos ajustes preliminares do modelo em EF
também estão descritos neste mesmo capítulo. Adicionalmente a estes procedimentos, três
tipos diferentes de testes de precisão foram feitos com a EPG.
Neste capítulo, estão os resultados obtidos nas calibrações das funções potenciais e
exponenciais dos dados simulados. Destas calibrações resultaram as equações
componentes que, combinadas de acordo com o Teorema Pi de Buckingham, resultaram na
EPG, objetivo último desta tese.
Posteriormente, são examinadas e discutidas detidamente as comparações feitas em
três tipos de testes com a EPG, quais sejam: primeiramente, um contraste com os dados
experimentais de Nine (1978); em seguida, contrastes foram feitos com a solução analítica
proposta por Stoughton (1988). E, em terceiro lugar, simulações em EF 2-D foram feitas de
maneira a se poderem contrastar seus resultados com aqueles pré-estimados pela equação
obtida neste trabalho de investigação, possibilitando-se fazer um terceiro grupo de testes
com a teoria proposta por esta pesquisa.
99
7.2 Das equações componentes
Tendo sido estipulados os valores e os intervalos de validade para todos os Pi termos,
conforme descrito no capítulo que trata da Metodologia desta tese, se puseram em marcha
as simulações para cada parâmetro. Com um mínimo de sete pontos simulados para cada
Pi termo, foram obtidas as seguintes equações componentes, respectivamente:
Equação componente para
2
π
:
Equação componente para
3
π
:
Pi1 x Pi2
π1 = 0,6347e
3,6628
π
2
R
2
= 0,9792
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40
t / Rdb
FR / FP
Pi1 x Pi3
π1= 1,0345e
1,2362
π
3
R
2
= 0,9222
1,00
1,10
1,20
1,30
1,40
1,50
0,00 0,10 0,20 0,30
Atrito
FR / FP
Figura 7.1 – Simulações para
1
π
versus
2
π
. Figura 7.2 – Simulações para
1
π
versus
3
π
.
Equação componente para
4
π
:
Equação componente para
5
π
:
Pi1 x Pi4
π1= 1,6109.e
-1,298π4
R
2
= 0,9949
1,00
1,10
1,20
1,30
1,40
1,50
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30
n
FR / FP
Pi1 x Pi5
π1 = 0,8947(π5)
0,0466
R
2
= 0,9903
1,00
1,05
1,10
1,15
1,20
1,25
0,0 200,0 400,0 600,0
E / K
FR / FP
Figura 7.3 – Simulações para
1
π
versus
4
π
. Figura 7.4 – Simulações para
1
π
versus
5
π
.
Equação componente para
6
π
:
Equação componente para
7
π
:
Pi x Pi6
π1 = 0,9344e
0,5165.
(π 6)
R
2
= 0,9667
0,9
1
1,1
1,2
1,3
1,4
1,5
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
Sy / K
FR / FP
Pi x Pi7
π
1
= 0,9122(
π
7
)
0,461
R
2
= 0,9956
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
0,60 1,10 1,60 2,10
h / Rd
FR / FP
Figura 7.5 – Simulações para
1
π
versus
6
π
. Figura 7.6 – Simulações para
1
π
versus
7
π
.
100
Equação componente para
8
π
: Equação componente para
9
π
:
Pi1 x Pi8
π
1 = 1,2534e
-0,5633(
π
8)
R
2
= 0,97
1,00
1,05
1,10
1,15
1,20
1,25
1,30
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40
c / Rd
FR / FP
Pi1 x Pi9
π1 = 2,8409e
-0,9286(
π
9
)
R
2
= 0,9762
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
0,000 0,500 1,000 1,500 2,000
Rm / Rd
Fr / FP
Figura 7.7 – Simulações para
1
π
versus
8
π
. Figura 7.8 – Simulações para
1
π
versus
9
π
.
Substituindo-se na Eq.(6.3) os dados da Tab. 6.4 e utilizando-se as equações
componentes obtidas dos Gráficos das Fig. (7.1) a (7.8), pôde-se, enfim, calcular o valor da
constante C da Eq. (7.1), isto é, C = 1,1738, a qual também será necessária para se
estabelecer a EPG.
Finalmente, determinou-se a EPG através da substituição na Eq. (6.1), do valor da
constante C, acima, e das equações componentes dos Gráficos das Fig. (7.1) a (7.8).
Genericamente, poder-se-ia estabelecer a EPG da seguinte forma:
5
2
3 4
7
6
8 9
2 3 4 5
6 7 8 9
db
S
y
m
b
K
db db
t
b
b
R
b b n
b
R
c
b b
R R
db
E
FR C FP a e a e a e a
K
h
a e a a e a e
R
µ
=
(7.1)
Os valores das constantes acima vêm das equações resultantes das calibrações dos
dados simulados nos Gráficos das Fig. (7.1) a (7.8), ou seja:
82 4 6
2 4 8
6
3 5 9
7
3 5
7 9
1,1738
1,2534
0,6347 1,6109 0,9344
3,6628 -1,298 -0,5633
0,5165
1,0345 0,8947
2,8409
0,9122
1,2362 0,0466
0,4610 -0,9286
C
a
a a a
b b bb
a a
aa
b b b b
=
=
= = =
= = ==
= =
==
= = = =
(7.2)
Efetuadas as multiplicações das constantes de cada equação componente pela
constante da EPG, obtém-se uma equação um pouco mais compacta para a FR, como se
vê a seguir:
101
5
2
db
3 4
S
y
7
b
m
6
8 9
db db
t
b
b
R
b
b n
b
R
c
b b
R R
E
e e
K
e e e
K
db
FR k FP e
h
R
µ
=
(7.3)
onde:
2 3 4 5 6 7 8 9
3,3715
k C a a a a a a a a
k
=
=
Disto resultando, por fim, a seguinte equação para a predição da FR:
S
y
0,5165.
db
m
db db
0,461
t
0,0466
3,6628. .
R
1,2362. -1,298.n
R
c
-0,5633. -0,9286.
R R
E
3,3715 . . .e .e . .e . .
K
.e .e
K
db
h
FR FP e
R
µ
=
(7.4)
Enfim, o objetivo primeiro desta abordagem, portanto, é encontrar os valores ótimos para
as constantes C, a
i
e b
i
para a Eq. (7.1) resultar na Eq. (7.4). Como as constantes a
i
e b
i
(i = 2,
3, ... , 9) m das fuões ajustadas aos dados obtidos das simulações nuricas, também por
este motivo, a metodologia desenvolvida nesta pesquisa foi programada em FOR-TRAN 90. Isto
permitiria operacionalizar mais facilmente uma otimização das constantes obtidas da base de
dados adquiridos via simulões com melhores precies, em um futuro trabalho.
Pode-se verificar nas Fig. 7.1 a 7.8 que, em relação à sensibilidade da FR aos
parâmetros de materiais, em ordem decrescente de importância, tem-se que a maior
influência é de n, seguido pelo Limite convencional de elasticidade (S
y
) e, por último, o grupo
adimensional que relaciona o Módulo de Young (E) com a constante de encruamento (K).
Pode-se ainda constatar que o coeficiente de atrito está entre os parâmetros que possuem
uma influência direta em sua relação com a FR.
Uma análise de sensibilidade em relação aos parâmetros de materiais conduz à
conclusão de que a FR possui a maior sensibilidade em relação ao grupo adimensional da
espessura de chapa. Seguem-se em relação a este, em ordem decrescente de importância,
os grupos adimensionais que relacionam os raios da matriz e do freio de estampagem, a
folga e, por último, a profundidade de penetração do freio.
A folga horizontal, entretanto, é um parâmetro que pode ter uma influência importante
na FR, pois, como a FR aumenta quando o metal é forçado a se conformar mais
proximamente ao raio da ferramenta, então, em decorrência de uma redução do raio efetivo,
a FR alcança seu máximo valor para pequenos valores de folga, como já se disse.
102
Alguns parâmetros utilizados para a caracterização dos materiais possuem importante
contribuição no cálculo da força requerida para se deformar metais, pois a magnitude das
deformações plásticas comparadas às deformações elásticas determina a hipótese
assumida para a plasticidade (isto é, elastoplástico, viscoplástico, etc.).
Como mencionado anteriormente, Ghosh e Laukonis (1976) demonstraram que n e K
são dependentes do estado de deformação e que as forças de estampagem evoluem
diretamente com os valores de K e inversamente com os valores de n. Os resultados desta
pesquisa coincidem com esta constatação, ao se verificar a evolução do parâmetro n em
relação à FR, no Gráfico 7.3. Não se investigou a influência do parâmetro K, isoladamente,
neste estudo.
Com relação à influência sobre a FR dos parâmetros de materiais, em ordem
decrescente de importância, pôde-se observar que a maior influencia é de n, seguido pelo
Limite convencional de elasticidade (S
y
) e, por último, o grupo adimensional que relaciona o
Módulo de Young (E) com a constante de encruamento (K).
Em relação ao coeficiente de atrito (µ), pôde-se observar que a concordância dos
dados simulados nesta pesquisa com os dados experimentais corroboraram a aplicabilidade
da Lei de Coulomb a este tipo de problema de estampagem, preconizada por Nine (1978).
Uma indicação de que a Lei de Coulomb se aplica aos freios de estampagem é embasada
pela boa concordância dos resultados obtidos pelos dois métodos utilizados por Nine (1978)
para calcular o coeficiente de atrito. Isto é, assumindo-se que a pressão devida ao atrito
aumenta linearmente ou fazendo-se uma analogia com o caso de atrito entre placas planas,
mas multiplicando a força de fechamento do prensa-chapas por π. O coeficiente de atrito
está no grupo daqueles parâmetros que possuem uma influência direta em sua relação com
a FR, conforme Fig. 7.2.
É muito importante ressaltar, todavia, que, sob a luz deste estudo, a Eq.(7.1) é uma
das infinitas possibilidades de obtenção para uma EPG. Isto se deve ao fato de que cada
ponto simulado pode ser obtido, em tese, com uma precisão tanto melhor quanto se queira
arcar com os custos computacionais para a obtenção de cada um deles. Respeitados,
evidentemente, não os limites impostos pela natureza de aproximação do MEF,
eminentemente, mas também pela aproximação que qualquer modelo físico pressupõe.
7.3 Validações da EPG com dados experimentais
Nine (1978) realizou numerosos experimentos para investigar a influência dos
parâmetros geométricos, das propriedades dos materiais, da força do prensa-chapas (FP) e
103
do coeficiente de atrito sobre a FR. Estes experimentos são amplamente referenciados em
trabalhos sobre freios de estampagem e foram desenvolvidos nos laboratórios da
companhia General Motors, Inc., nos Estados Unidos, ainda nos anos 1970 e estão
detalhados na seção a eles pertinentes, dentro do capítulo de Metodologia desta tese.
A Tabela 7.1 a seguir traz uma comparação entre dezenove resultados experimentais
de Nine (1978) e as predições feitas com a EPG para estes mesmos experimentos. A média
dos valores absolutos das diferenças percentuais descritas na Tab. 7.1 está próxima de 6%.
E, para os casos estudados, o valor máximo para cada diferença de estimação da EPG, em
relação aos dados experimentais em questão, é igual a 11%. Como já foi dito, teoricamente,
estas diferenças ainda poderiam ser melhoradas.
Tabela 7.1 – Testes da EPG com os experimentos de Nine (1978).
N
o
do teste FR - Nine (KN) FR – Duarte (KN)
Diferença (%)
1 94 86 -8
2 60 57 -5
3 66 67 2
4 117 120 3
5 78 77 -1
6 80 76 -5
7 66 64 -4
8 114 114 0
9 82 79 -4
10 78 75 -4
11 98 98 0
12 168 186 11
13 82 74 -10
14 74 72 -2
15 128 134 4
16 100 94 -6
17 160 169 6
18 114 123 8
19 138 135 -2
A Tabela 7.2 traz os valores dos parâmetros usados em cada um dos experimentos,
todos eles executados com folga horizontal desprezível, isto é, aproximadamente igual a
zero. A simbologia empregada na Tab. 7.2 é a mesma utilizada no capítulo dedicado à
metodologia desta tese.
104
Tabela 7.2 – Características dos testes feitos com os experimentos de Nine (1978).
Teste
n E (Mpa)
K(MPa)
S
y
(Mpa)
µ t (mm)
R
m
(mm)
R
d
(mm)
h (mm)
FP (KN)
1 0,26
70967 643,0 192,9 0,200
0,81 5,50 5,50 11,81 72
2 0,26
70967 643,0 192,9 0,040
0,81 5,50 5,50 11,81 58
3 0,26
70967 643,0 192,9 0,070
0,81 5,50 5,50 11,81 66
4 0,24
70967 643,0 192,9 0,001
0,89 5,50 5,50 11,89 56
5 0,24
70967 643,0 192,9 0,170
0,89 5,50 5,50 11,89 96
6 0,24
70967 643,0 192,9 0,070
0,89 5,50 5,50 11,89 70
7 0,24
70967 643,0 192,9 0,080
0,89 5,50 5,50 11,89 68
8 0,18
206000
576,0 171,7 0,001
0,76 5,50 5,50 11,76 60
9 0,18
206000
576,0 171,7 0,210
0,76 5,50 5,50 11,76 84
10 0,18
206000
576,0 171,7 0,080
0,76 5,50 5,50 11,76 68
11 0,23
206000
559,0 171,7 0,001
0,86 5,50 5,50 11,86 70
12 0,23
206000
559,0 171,7 0,070
0,86 5,50 5,50 11,86 84
13 0,19
206000
519,0 171,7 0,200
0,99 5,50 5,50 11,99 116
14 0,24
206000
529,0 171,7 0,070
0,76 5,50 5,50 11,76 68
15 0,21
206000
491,0 171,7 0,001
0,86 5,50 5,50 11,86 64
16 0,21
206000
491,0 171,7 0,170
0,86 5,50 5,50 11,86 96
17 0,23
206000
529,0 171,7 0,001
0,97 5,50 5,50 11,97 80
18 0,23
206000
529,0 171,7 0,180
0,97 5,50 5,50 11,97 116
19 0,23
206000
529,0 171,7 0,060
0,97 5,50 5,50 11,97 98
Para uma melhor visualização das comparações entre os resultados experimentais e
as predições feitas pela EPG, os mesmos estão plotados no gráfico da Fig. 7.9:
lculo da FR
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
Número do teste
FR (KN)
Nine (1978) Duarte
Figura 7.9 – Validações da EPG com resultados analíticos e com dados experimentais de Nine (1978).
105
É possível se constatar no gráfico da Fig. 7.9, a relativa flexibilidade da EPG para
encontrar a solução com diferentes grupos de parâmetros experimentais e sua relativa
precisão, face à complexidade do tema.
7.4 Validações da EPG com a solução analítica de Stoughton (1988)
Stoughton (1988) utilizou os trabalhos de Levy (1983) e Levy (1985) como uma
primeira aproximação para se desenvolver o modelo analítico de predição da FR. Sua idéia
básica consiste na integração do trabalho de deformação ao longo da espessura da chapa,
em toda a extensão do freio, baseando-se no princípio dos trabalhos virtuais.
As principais características do modelo de Stoughton são: o uso de um raio efetivo de
flexão da chapa a fim de se obter melhores resultados para as estimações de estampagens
de penetrações mais rasas; fórmula fechada para a predição da FR sem necessidade de
pré-estimativas, como por exemplo, cálculos iterativos de algum parâmetro.
Um caso típico de um freio circular, conforme Fig. 6.5, está descrito em Guo et al.
(2000). Nesta referência bibliográfica há cinco testes feitos com o modelo de Stoughton e os
experimentos de Nine (1978). Utilizar-se-ão aqui estes mesmos casos para se testar os
resultados das predições da EPG desenvolvida nesta investigação.
Estes casos estão caracterizados por um módulo Young, E = 210 GPa, pela constante
de encruamento da Lei de Potência de Hollomon K = 516 Mpa, por um coeficiente de
encruamento n = 0,23 e pelo coeficiente médio de anistropia R = 1,6. Demais propriedades
dos ensaios se encontram na Tab. 7.3, em Nine (1978) e em Guo et al.(2000).
Tabela 7.3 Parâmetros para cinco testes com freios circulares. [Dados disponíveis em Guo et al.(2000)].
Espécime de
freio
Raio do freio
(mm)
Espessura de
chapa (mm)
Coeficiente de
atrito
Força no Prensa
chapas (KN)
1 4,75 0,86 0,160 98
2 4,75 0,86 0,070 82
3 5,50 0,76 0,184 84
4 5,50 0,86 0,167 96
5 5,50 0,86 0,050 82
Usando-se os dados descritos na Tab. 7.3 e Tab. 7.4, estimativas para a FR foram
calculadas com o modelo de Stoughton (1988), com a EPG obtida nestes estudos e
comparados aos dados experimentais de Nine (1978).
106
Tabela 7.4 Testes comparativos com os experimentos de Nine (1978) das estimativas feitas para a
FR pela EPG e por Stoughton (1988). [Dados disponíveis em Guo et al. (2000)].
Espécime
de freio
FR (Valor
experimental em N /
mm)
FR (Valor estimado
pela EPG em
N / mm)
FR (Valor estimado
por Stoughton em
N / mm)
Erro
Stoughton
(%)
Erro
EPG
(%)
1 138 135 122 –12 – 2
2 106 101 94 –11 – 5
3 112 105 103 – 8 – 6
4 128 133 121 – 5 4
5 92 98 80 –13 7
Como se pode ver na Tab. 7.4, as estimativas para a FR feitas com esta abordagem
estão mais próximos dos resultados experimentais que aqueles estimados como modelo
analítico de Stoughton (1988).
Cálculo da FR
70
80
90
100
110
120
130
140
150
0 1 2 3 4 5 6
Número do Teste
FR (KN)
Nine
Duarte
Stoughton
Figura 7.10 – Validações da EPG com resultados analíticos e com dados experimentais de Nine
(1978).
Pode-se notar ainda que, para esses cinco casos, o módulo do erro absoluto foi
inferior a 5% e para estes cinco casos estudados, o erro máximo foi de cerca de 7%. Para
melhor visualização, os resultados destes cinco testes estão no gráfico da Fig. 7.10.
107
7.5 Testes suplementares da EPG com simulações bidimensionais em EF
Adicionalmente às validações da EPG com resultados analíticos e experimentais
descritos nas seções anteriores, testes suplementares ainda foram feitos com simulações
2D no STAMPACK
®
. Estes testes foram realizados para diferentes grupos de parâmetros
geométricos, de materiais e de processos, como a FP e o coeficiente de atrito, para se
averiguar as vantagens de se utilizar a EPG como uma alternativa rápida no cálculo da FR.
Eliminou-se com esta contribuição a necessidade de se fazer uma simulação 2D, cujo
custo computacional costuma levar em torno de quase duas horas de processamento,
dependendo da configuração da estação de trabalho e da necessidade de precisão dos
resultados.
Cada parâmetro foi investigado, mantendo-se constante todos os demais para se
avaliar a evolução da FR.
As Figuras 7.11 a 7.18 mostram os resultados destes contrastes entre as predições
da EPG e as simulações 2D em EF:
Predição x Simulação
0
2
4
6
8
10
0,12 0,14 0,16 0,19 0,23 0,27 0,32
t / Rd
FR/FP
S TAMPA CK
Duar t e
Predição x Simulação
2
3
3
4
4
5
5
0,05 0,08 0,10 0,13 0,15 0,17 0,20 0,25
Atrito
FR / FP
STAMPACK
Duarte
Figura 7.11 – FR versus Espessura. Figura 7.12 – FR versus atrito.
Predição x Simulação
3,00
3,50
4,00
4,50
0,10 0,14 0,17 0,20 0,23 0,25 0,28 0,30
n
FR / FP
STAMPACK
Duarte
Predição x Simulação
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
100 150 200 250 300 350 400 450 500
E / K
FR / FP
STAMPACK
Duarte
Figura 7.13 – FR versus coef. de encruamento. Figura 7.14 – FR versusdulo de Young.
108
Predição x Simulação
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
0,15 0,33 0,45 0,60 0,75 0,90
Sy / K
FR / FP
STAMPACK
Duarte
Predição x Simulação
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
0,7 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,2
Penetração / Rb
FR/ FP
STAMPACK
Duarte
Figura 7.15 – FR versus Limite de Escoamento. Figura 7.16 – FR versus Penetração.
Predição x Simulação
3,0
3,2
3,4
3,6
3,8
4,0
4,2
0,034 0,063 0,097 0,131 0,160 0,189 0,221 0,253
c / Rd
FR /FP
STAMPACK
Duarte
Predição x Simulação
1
2
3
4
5
0,8 0,9 1,0 1,2 1,3 1,4 1,5
Rm / Rd
FR / FP
STAMPACK
Duarte
Figura 7.17 – FR versus folga. Figura 7.18 – FR versus Raio do Freio.
Em todos os casos simulados nesta pesquisa, o erro máximo foi de 11% para um erro
absoluto médio de 6%.
Está claro, entretanto, que limites para se baixar o erro médio da equação, tendo-
se em vista que existem fontes de incertezas de toda natureza na Metodologia proposta,
divididas nos seguintes três grupos:
1. Nos dados experimentais utilizados na validação do modelo proposto;
2. Nos desvios decorrentes da natureza das funções escolhidas para serem
ajustadas em cada equação componente;
3. Erros numéricos diversos.
CAPÍTULO VIII
CONCLUSÕES E SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS
Em busca das respostas ao problema proposto no projeto de tese, onde se havia
estabelecido como meta principal a determinação de uma equação fechada para a
estimação da FR, e ao longo das pesquisas, várias conclusões foram vislumbradas.
Passa-se, neste momento, a discorrer sobre as sugestões para os trabalhos futuros
como continuidade deste estudo. Antes, porém, se discorrerá sobre as conclusões deste
estudo, a saber:
Para se estudar com profundidade os conceitos referentes à estimação da FR,
modelos em EF foram projetados nesta tese para se simular o processo de
estampagem de chapas metálicas, mais especificamente focado na região
onde a chapa passa por um freio circular. Na validação dos modelos em EF e
nos testes dos resultados foram utilizados os resultados experimentais de Nine
(1978) e os resultados analíticos de Stoughton (1988). Para cada grupo de
parâmetros adimensionais, no mínimo sete pontos foram simulados para se
ajustar dois tipos de funções: potenciais e exponenciais, as quais foram
escolhidas em função de sua melhor correlação na calibração dos dados
numéricos;
Destas simulações, pôde-se estudar a influência na FR de vários parâmetros,
divididos em três grupos: de materiais, geométricos e de processo;
Constatou-se que alguns parâmetros geométricos têm uma influencia inversa e
outros direta no cálculo da FR: espessura e penetração estão nos grupos
daqueles que possuem uma influência direta no cálculo da FR, enquanto a
folga e a razão entre os raios da matriz e do freio circular possuem influência
inversa na evolução da FR;
Uma análise de sensibilidade em relação a estes parâmetros conduz à
conclusão de que a FR possui a maior sensibilidade em relação ao grupo
110
adimensional da espessura de chapa. Seguem-se em relação a este, em
ordem decrescente, os grupos adimensionais que relacionam os raios da
matriz e do freio de estampagem, a folga e, por último, a profundidade de
penetração do freio;
A FR alcança seu máximo valor para pequenos valores de folga, quando a
saliência do freio está penetrada dentro da ranhura na matriz até a posição
onde o centro de curvatura dos raios dos ombros da matriz está alinhado com
o centro de curvatura da saliência do freio. Neste limite de penetração, a chapa
está fletida com o raio mínimo de flexão, isto é, o raio de cada uma das
ferramentas. Penetrações maiores que estas não podem aumentar a FR sem
que a chapa seja esmagada, tendo sido esta constatação coincidente com os
resultados experimentais de Nine (1978);
Em relação à sensibilidade da FR aos parâmetros de materiais, em ordem
decrescente de importância, tem-se que a maior influência é de n, seguido
pelo limite convencional de elasticidade (S
y
) e, por último, o grupo
adimensional que relaciona o Módulo de Young (E) com a constante de
encruamento (K);
Em relação à FP, não se desenvolveu um estudo específico para se detectar
rigorosamente sua influência sobre a FR. Cabe ressaltar, no entanto, que a
determinação de um valor, via tentativa e erro, que fosse o mais adequado,
sem que houvesse um esmagamento da chapa, foi extremamente moroso, em
face dos procedimentos adotados nesta metodologia. Seria de bom alvitre que
um valor para a FP tivesse sido estimado analiticamente, segundo Stoughton,
por exemplo, antes que se iniciassem as simulações para se encontrar um
valor tal de FP que não se instabilizasse para pequenos valores de espessura
de chapa, mas que fosse suficiente para manter o prensa-chapas fechado
durante as estampagens feitas com maiores espessuras de chapa;
Os parâmetros numéricos investigados com relação à sua influência sobre a
simulação da FR foram:
o O “aspect ratio” - razão entre a altura e a largura do elemento
quadrilateral e sua influência sobre o valor simulado para a FR. Para
este parâmetro, o valor adotado no modelo em EF final foi de 80
elementos na longitude e três elementos na espessura. Cabe aqui
lembrar que a estabilidade da FR simulada foi alcançada com maior
êxito quando se tentou compatibilizar tamanhos dos elementos da
chapa que estão em contato com a matriz;
111
o Tempo Crítico: assumiu-se o valor de 0.00010 s para o tempo crítico
em todas as simulações neste trabalho;
o Amortecimento: o melhor valor para o ajuste do modelo em EF,
quando comparado o resultado simulado ao resultado experimental da
FR, também se deu com o valor 5 que é o valor da amplitude de
amortecimento estipulado automaticamente pelo código.
A obtenção de uma equação fechada com erro inferior aos 10 % estava no
projeto desta tese como uma das metas mais preponderantes. Nos testes
experimentais, a média dos valores absolutos das diferenças percentuais
obtidas esteve próxima dos 6% e, para os casos estudados, o valor máximo da
diferença para cada teste da EPG foi igual a 11%. Teoricamente, estes erros
ainda poderiam ser melhorados, caso se fizessem simulações com custos
computacionais mais elevados;
Além da programação da equação para a predição da FR, também se fez
uma programação em FORTRAN 90 da metodologia utilizada na obtenção da
referida equação. Como resultado disto, o que se torna fundamental, é a
otimização de todas as constantes da EPG, através do Método dos Mínimos
Quadrados, posteriormente à obtenção de cada ponto simulado com a maior
aproximação possível dos dados experimentais disponíveis.
8.2 Sugestões de trabalhos futuros
Com o objetivo de se generalizar e automatizar os procedimentos aqui adotados, fez-
se uma programação em FORTRAN 90 da metodologia desenvolvida nesta tese. Este
programa deve possibilitar alguns desdobramentos em trabalhos futuros, a saber:
Após alguns ajustes de novos grupos adimensionais adequados, extrapolar-se a
aplicação desta metodologia para freios com geometrias distintas da convencional
seção circular aqui investigada, como por exemplo, seção retangular, em step”,
etc.;
Os bons resultados alcançados com esta metodologia indicam que sua utilização,
como de resto a teoria da similitude, pode ser aplicada a outros fenômenos físicos,
similares ou não a este problema. Para tal, não se podem prescindir de sólidos
fundamentos e conceitos físicos do problema estudado para se tirar proveito das
virtudes deste tipo de abordagem, cuja principal vantagem repousa na redução do
número de variáveis que devem ser investigadas. Além disto, há a possibilidade de
se agrupar as variáveis adimensionais adequadamente, de maneira a facilitar a
112
observação do fenômeno e, por conseguinte, a coleta dos dados neste caso,
numéricos;
Sistematizar a coleta dos dados simulados em EF para os grupos adimensionais
do problema em estudo, tornando automática a entrada dos números de grupos
adimensionais e dos dados simulados necessários para a calibração das equações
componentes no programa da metodologia.
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sólidos, Vol. 2. 5. Ed., CIMNE, Barcelona, España, 2004.
ANEXO
TUTORIAL 19
Stampack’s Quick Drawbeads Evaluation
1
STAMPACK
®
Quick Drawbeads Evaluation Module
In this STAMPACK
®
version, the Quick Drawbead Evaluation (
QDE
)
module is available with the purpose of estimating the Drawbead
Restraining Force (DBRF) value in an accurate and quick manner.
Default values for drawbeads may also be used (see Tutorial 03
).
However, in case that an accurate drawbeads characterisa
tion is
required, STAMPACK
®
offers two options
1. To carry out a 2-D Simulation (See Tutorial 05);
2. To use the “Quick Drawbeads Evaluation (QDE) module” ;
The aim of this Tutorial is to describe how to proceed with this
evaluation.
Important aspects : - Drawbead basic concepts;
- Overview of the QDE Module window;
- Details of drawbeads material parameters;
- Details of drawbeads geometry parameters;
© Quantech ATZ
Edificio Nexus, Gran Capitán, 2-4
08034 Barcelona, Spain
Tel: +34 93 204 7083 - Fax: +34 93 204 7256
http://www.quantech.es
Drawing
DBR
TUTORIAL 19
Stampack’s Quick Drawbeads Evaluation
2
The most widely used geometrical form
of the drawbead cross section is
circular, although rectangular, triangular,
trapezoidal and unsymmetrical for
ms are
also employed. In the current module,
only the circular form is available.
A conventional drawbead is a device
which has a semi
-cylindrical bead
located on one binder face that fits into
a die groove.
Blank Holding
Force (BHF)
Drawing force
Die groove
shoulder
Restraining force(DBRF)
A) Overviewing drawbead basic concepts
A.1 Introduction
A.2 A general press set-up
A.3 Equivalent Drawbead Method
B) Exploring the QED Module window
B.1 Geometry parameters
B.2 Material properties parameters
B.3 Operation parameters
C) The DBRF estimated
TUTORIAL 19
Stampack’s Quick Drawbeads Evaluation
3
A) Overviewing drawbead basic concepts
A.1 Introduction
A.2 Position of the drawbead
A.3 Equivalent Drawbead Method
B) Exploring the QED Module window
B.1 Geometry parameters
B.2 Material properties parameters
B.3 Operation parameters
C) The DBRF estimated
D
D
r
r
a
a
w
w
b
b
e
e
a
a
d
d
s
s
E
E
q
q
u
u
i
i
v
v
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a
l
l
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e
n
n
t
t
t
t
o
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o
l
l
s
s
L
L
o
o
w
w
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r
r
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F
F
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x
x
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l
l
S
S
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h
e
e
e
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t
t
D
D
e
e
f
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o
r
r
m
m
a
a
b
b
l
l
e
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b
b
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o
d
d
y
y
U
U
p
p
p
p
e
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r
r
d
d
i
i
e
e
o
o
r
r
P
P
u
u
n
n
c
c
h
h
M
M
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o
v
v
i
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n
n
g
g
t
t
o
o
o
o
l
l
B
B
l
l
a
a
n
n
k
k
h
h
o
o
l
l
d
d
e
e
r
r
Moving tool
A
die groove position for drawbeads
in
some real press
tools is shown
beside and a typical incremental simu
-
lation of a general press set-
up is
shown below (a virtual press).
Virtual position
of the
drawbead
s
s
TUTORIAL 19
Stampack’s Quick Drawbeads Evaluation
4
In a 3D simulation, the drawbead radii are very small compared to the
other tool radii. To
model this problem completely would imply using a very fine blank mesh and this would
dramatically increase the computational cost.
To overcome this, in STAMPACK
®
a model considering the real drawbead as an
equivalent drawbead is used on the following assumptions:
1- the drawbead is replaced by a line depicted on the binder
(or blankholder) surface and
passing through the center of the drawbead cross-section
2- the magnitude of the DBRF (acting tangent to the blank and normal to the
drawbead
line) depends on the relative displacement of the blank with respect to the drawbead.
The DBRF
often is determined by means of experiments or by a 2D simulation of the
drawbead performance. This Tutorial presents another option to realize this e
valuation. It
explains how to use the QDE
module which was developed using a hybrid approach to
determine the DBRF see Duarte (2006).
Equivalent drawbead
Line depicting the equivalent drawbead
.
A) Overviewing drawbead basic concepts
A.1 Introduction
A.2 A general press set-up
A.3 Equivalent Drawbead Method
B) Exploring the QED Module window
B.1 Geometry parameters
B.2 Material properties parameters
B.3 Operation parameters
C) The DBRF estimated
Using 2D simulations, Carleer et al (1995)
established an approach by which the
distributions of DBRF
of the sheet are initially
curve-fitted as a function
of displacement so that
these functions are applied as boundary
conditions to produce similar effects
in the 3D
modeling.
This approach has been named the
equivalent drawbead method.
TUTORIAL 19
Stampack’s Quick Drawbeads Evaluation
5
A) Overviewing drawbead basic concepts
A.1 Introduction
A.2 Equivalent Drawbead Method
A.3 A general press set-up
B) Exploring the QED Module window
B.1 Geometry parameters
B.2 Process parameters
B.3 Material properties parameters
C) The DBRF estimated
The window shown below, which is used in
the QED module, has 11 input values to fill
with the drawbead parameters. They are
divided in three groups: Geometry para-
meters; Process parameters and Material
parameters.
In order to proceed the evaluation with accuracy,
special attention should be paid when filling the
input values. For this reason, the adequate
procedures necessary to determine the appropriate
parameter value will be explained for each group.
Geometry parameters:
Clearance:
Clearance must be filled with the gap va
lue measured
horizontally between the bead that fits into the die groove and the
vertical die shoulder edge,
discounting the sheet thickness.
(See the drawbead depicted in the below figure).
Drawing
force
Penetration [mm]
TUTORIAL 19
Stampack’s Quick Drawbeads Evaluation
6
A) Overviewing drawbead basic concepts
A.1 Introduction
A.2 Equivalent Drawbead Method
A.3 A general press set-up
B) Exploring the QED Module window
B.1 Geometry parameters
B.2 Process parameters
B.3 Material properties parameters
C) The DBRF estimated
Geometry parameters:
Bead radius:
Bead radius
must be filled with the radius value measured
in mm on the circular cross section
of the bead which fits
into the die groove.
Drawing force
Penetration [mm]
TUTORIAL 19
Stampack’s Quick Drawbeads Evaluation
7
A) Overviewing drawbead basic concepts
A.1 Introduction
A.2 Equivalent Drawbead Method
A.3 A general press set-up
B) Exploring the QED Module window
B.1 Geometry parameters
B.2 Process parameters
B.3 Material properties parameters
C) The DBRF estimated
Geometry parameters:
Die radius:
Die radius
must be filled with the die radius value, in mm,
measured on the die shoulder.
Drawing
force
Penetration [mm]
TUTORIAL 19
Stampack’s Quick Drawbeads Evaluation
8
Drawing
force
A) Overviewing drawbead basic concepts
A.1 Introduction
A.2 Equivalent Drawbead Method
A.3 A general press set-up
B) Exploring the QED Module window
B.1 Geometry parameters
B.2 Process parameters
B.3 Material properties parameters
C) The DBRF estimated
Geometry parameters:
Sheet thickness:
Sheet thickness must be filled with the actual value of the sheet thickness
,
in mm.
Penetration [mm]
TUTORIAL 19
Stampack’s Quick Drawbeads Evaluation
9
A) Overviewing drawbead basic concepts
A.1 Introduction
A.2 Equivalent Drawbead Method
A.3 A general press set-up
B) Exploring the QED Module window
B.1 Geometry parameters
B.2 Process parameters
B.3 Material properties parameters
C) The DBRF estimated
Geometry parameters:
Penetration:
Penetration must be filled with the sum
of the dimension
vertically measured on the Bead height and the
Sheet
thickness , in mm – see the below figure.
Drawing
force
Penetration [mm]
TUTORIAL 19
Stampack’s Quick Drawbeads Evaluation
10
A) Overviewing drawbead basic concepts
A.1 Introduction
A.2 Equivalent Drawbead Method
A.3 A general press set-up
B) Exploring the QED Module window
B.1 Geometry parameters
B.2 Process parameters
B.3 Material properties parameters
C) The DBRF estimated
Several assumptions about process
and material properties parameters
were adopted in the QED module.
Some of these assumptions
considered as constants those
parameters which have less
influence on the DBRF than the
ones used here. For example: the
DBRF estimation in this module is
for a maximum punch velocity
constant and equal to 0.90 m/s and
the plastic anysotropic parameter R
was considered constant and equal
to 1.58.
Process parameters:
Blank holding force:
Blank holding force
must be filled with the
value of the Blank holding force in KN in
orde
r to determine the value of the DBRF
in the same unit, that is, KN.
Drawing force
Process parameters:
Friction coefficient:
Friction coefficient
must be filled with the stamping
process friction coefficient value as nearly to the
actual value as possible
. See Nine(1978) for more
details about obtaining a friction coefficient for
sheet metal being drawn through drawbeads.
Penetration [mm]
TUTORIAL 19
Stampack’s Quick Drawbeads Evaluation
11
Material parameters:
Young´s modulus:
Young´s modulus force
must be filled with special
attention about its unit. In this input value, the
employment of the Young Modulu value in
MPa
is mandatory.
Drawing force
Material parameters:
Conventional elastic limit:
Conventional elastic limit
must be filled
with the value of the Yie
ld Stress, in MPa.
Penetration [mm]
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A.1 Introduction
A.2 Equivalent Drawbead Method
A.3 A general press set-up
B) Exploring the QED Module window
B.1 Geometry parameters
B.2 Process parameters
B.3 Material properties parameters
C) The DBRF estimated
TUTORIAL 19
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12
A) Overviewing drawbead basic concepts
A.1 Introduction
A.2 Equivalent Drawbead Method
A.3 A general press set-up
B) Exploring the QED Module window
B.1 Geometry parameters
B.2 Process parameters
B.3 Material properties parameters
C) The DBRF estimated
Drawing force
Penetration [mm]
Material parameters:
Hardening exponent:
Hardening exponent
must be filled with the
exponent hardening value, both -
exponent and
hardening constant -
used in the power law
strain hardening.
Material parameters:
Hardening constant:
Hardening constant
must be filled with the
Hardening constant value, in MPa.
TUTORIAL 19
Stampack’s Quick Drawbeads Evaluation
13
A) Overviewing drawbead basic concepts
A.1 Introduction
A.2 Equivalent Drawbead Method
A.3 A general press set-up
B) Exploring the QED Module window
B.1 Geometry parameters
B.2 Process parameters
B.3 Material properties parameters
C) The DBRF estimated
REFERENCES:
[1] Carleer, B.D., P.T. Vreede, P. Drent, M.F.M. Louwes and J. Huetink, (1994), " Modeling Drawbeads with
Finite Elements and Verification", J. Mater. Process. Technol., Vol. 45, pp. 63-68;
[2] Duarte, E.D., (2006), " A Hybrid Approach for Estimating the Drawbead Restraining Force in Sheet Metal
Forming, Doctoral Thesis, Unversidade Federal de Uberlândia, Brazil.
[3] Nine, H. D., (1978) , "Drawbead forces in sheet metal forming", in: D. P. Koistinen, N. M. Wang (Eds.),
Mechanics of Sheet Metal Forming, Plenum Press, N. York, 1978, pp.179-211;
[4] STAMPACK
®
, (2003), "Theory Manual", v. 54. Quantech ATZ S.A. Barcelona, Spain.
Finally, the
Drawbead restraining force value
is obtained in this QED module in the sa
me
unit of the Blank holding force, that is, KN. However, it must be remembered that this value is
divided by the drawbead length, in meters.
Drawing force
Penetration [mm]
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