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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO
CENTRO DE BIOCIÊNCIAS E BIOTECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E RECURSOS NATURAIS
BRUNA D’ÂNGELA DE SOUZA
ESTRUTURA, DINÂMICA E PRODUTIVIDADE
PRIMÁRIA DO FITOPLÂNCTON COMO BASE PARA
ESTIMATIVA DO ESTADO TRÓFICO DE UMA LAGOA
COSTEIRA NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
(LAGOA MÃE-BÁ, GUARAPARI)
CAMPOS DOS GOYTACAZES
2008
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2
BRUNA D’ÂNGELA DE SOUZA
ESTRUTURA, DINÂMICA E PRODUTIVIDADE PRIMÁRIA DO
FITOPLÂNCTON COMO BASE PARA ESTIMATIVA DO
ESTADO TRÓFICO DE UMA LAGOA COSTEIRA NO ESTADO
DO ESPÍRITO SANTO (LAGOA MÃE-BÁ, GUARAPARI)
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Ecologia e Recursos
Naturais da Universidade Estadual do Norte
Fluminense, como requisito parcial para
obtenção do grau de Mestre em Ecologia e
Recursos Naturais, na área de
concentração Ecologia de Organismos.
Orientador: Prof.
a
Dr.
a
Valéria de Oliveira
Fernandes.
CAMPOS DOS GOYTACAZES
2008
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3
FICHA CATALOGRÁFICA
Preparada pela Biblioteca do Centro de Biociências e Biotecnologia
da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro
299 / 2008
Souza, Bruna D’Ângela de
Estrutura, dinâmica e produtividade primária do fitoplâncton como base
para estimativa do estado trófico de uma lagoa costeira no estado do Espírito
Santo (lagoa Mãe-Bá, Guarapari) / Bruna D’Ângela de Souza. -- Campos dos
Goytacazes, 2008.
xix, 141 f. : il.
Dissertação (Mestrado em Ecologia e Recursos Naturais) Universidade
Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Centro de Biociências e
Biotecnologia. Laboratório de Ciências Ambientais.
Área de concentração: Ecologia de organismos
Orientador: Fernandes, Valéria de Oliveira
Bibliografia: f. 119-137
1. Lagoa costeira 2. Fitoplâncton 3. Produtividade primária 4. Estado
trófico I. Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro II. Título
551.48
S729e
4
BRUNA D’ÂNGELA DE SOUZA
ESTRUTURA, DINÂMICA E PRODUTIVIDADE PRIMÁRIA DO
FITOPLÂNCTON COMO BASE PARA ESTIMATIVA DO ESTADO
TRÓFICO DE UMA LAGOA COSTEIRA NO ESTADO DO ESPÍRITO
SANTO (LAGOA MÃE-BÁ, GUARAPARI)
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos
Naturais da Universidade Estadual do Norte Fluminense, como requisito parcial para
obtenção do grau de Mestre em Ecologia e Recursos Naturais, na área de
concentração Ecologia de Organismos.
Aprovada em 30 de Abril de 2008.
COMISSÃO EXAMINADORA
_____________________________________________
Prof
a
. Dr
a
. Valéria de Oliveira Fernandes
Universidade Federal do Espírito Santo
Orientadora
_____________________________________________
Prof. Dr. Camilo Dias Júnior
Universidade Federal do Espírito Santo
_____________________________________________
Prof
a
. Dr
a
. Marina Satika Suzuki
Universidade Estadual do Norte Fluminense
_____________________________________________
Prof
a
. Dr
a
. Silvia Mattos Nascimento
Universidade Estadual do Norte Fluminense
5
Dedico este trabalho aos meus pais Adilio e
Dulcineia, à minha irmã Franciane, à minha
afilhada Beatriz e ao meu namorado Gil por
todo incentivo que me deram para a realização
desse sonho.
6
AGRADECIMENTOS
Ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais da UENF pela
imensa oportunidade de crescimento e pelo apoio para o desenvolvimento desta
pesquisa através da concessão da bolsa de estudos e ao Laboratório de Ciências
Ambientais pela infra-estrutura.
Aos membros da banca examinadora, Prof
a
. Dr
a
. Valéria de Oliveira Fernandes,
Prof. Dr. Camilo Dias Júnior, Prof
a
. Dr
a
. Marina Satika Suzuki e Prof
a
. Dr
a
. Silvia
Mattos Nascimento pelas sugestões e críticas que enriqueceram este trabalho.
À Prof
a
. Dr
a
. Maria Cristina, pela revisão da dissertação.
Ao querido amigo Aníbal, que não mediu esforços em me ajudar com as análises de
nutrientes e em solucionar minhas dúvidas.
À Fernanda Bassoli, pela ajuda com produtividade primária.
Ao Cláudio, da UFRJ, pelas análises de nutrientes.
Aos professores Edwards e Luiz Fernando pelas sugestões no tratamento e análise
estatística dos dados.
À Samarco Mineradora, sobretudo à Sandrelly pelo apoio concedido para a
realização deste trabalho e à Limnos, em especial ao José Luis e Luiz Fernando.
Aos membros da comunidade Porto Grande: Sr. Roberto, pelo empréstimo da casa e
do barco e Wanderson, pela ajuda na escolha dos pontos de amostragem.
À Aracruz Celulose, em especial à Thábita pela disponibilidade em ajudar com
algumas análises de nutrientes.
7
À Magnólia, Marilza e Vagner, da Odebrecht, pela realização das análises de
nutrientes.
À Lúcia Helena e Thiago (Kanu), do Museu Nacional, pela grande ajuda concedida
no biovolume e na identificação dos táxons.
À Georgette, pela ajuda na estatística e auxílio para a realização do biovolume.
À Fabíola, pelo auxílio na estatística.
À Glaucia, pela revisão do abstract e pela força.
À minha orientadora e amiga Valéria de Oliveira Fernandes por tudo que me ensinou
durante todos esses anos, pela grande amizade e incentivo, pelas inúmeras
palavras de força, apoio e consolo e pelos maravilhosos momentos que passei ao
seu lado, aprendendo requisitos indispensáveis para me tornar uma excelente
profissional como competência, seriedade e ética.
Em especial, às amigas Bruna Cavati pelo ombro amigo, pelas ricas sugestões e
acima de tudo pelo apoio e confiança depositados em mim e Larissa, pela ajuda com
produtividade primária, pelo grande incentivo e pela alegria com que coloriu meus
dias, tornando-os mais felizes.
À minha grande amiga de ontem, hoje e sempre Thiara, que tanto me ajudou e me
incentivou, sempre trazendo palavras de apoio e conforto, não se ausentando em
nenhum momento da minha vida.
Aos amigos Adriano e Raiany, companheiros de coleta, com os quais tantas vezes
compartilhei angústias, alegrias, medos, lágrimas e surpresas, pela enorme
confiança que depositaram em mim, pela ajuda na identificação e pelo exemplo de
força e garra.
8
Ao querido amigo Danilo, pelos maravilhosos momentos compartilhados em nossas
viagens para Campos dos Goytacazes, pela ajuda com os gráficos, pela força e
amizade e acima de tudo pelo exemplo de perseverança e competência.
Aos demais integrantes do Laboratório de Taxonomia e Ecologia de Algas
Continentais, pela ajuda, apoio e carinho: Thaís Almeida, Thaís Barcelos, Juliana
Santiago, Juliana Miranda, Flávia, Stéfano, Neila, Karol e Lara.
À Tatiana Stanisz, pelos ricos conselhos, pela ajuda, força, carinho e amizade.
À querida D. Edilma, que me acolheu com tanto carinho em Campos, sempre
acreditando e torcendo por mim.
Aos meu pais, que sem dúvida foram os pilares da minha vida, me sustentando nas
horas de dificuldade. Por todo carinho, amor, confiança e crédito depositados em
mim.
À minha irmã Franciane e à minha afilhada Beatriz, que simplesmente pela
presença, transmitiam força, carinho e segurança.
Ao meu amor Gil, por toda ajuda e apoio incondicional, pela paciência, carinho e
amor, por me mostrar que ainda existia uma solução quando tudo parecia perdido e
acima de tudo por se tornar um porto seguro em minha vida.
À Deus, pela força e luz concedidas durante minha caminhada, sem o qual eu o
teria alcançado mais essa vitória em minha vida.
Finalmente, a todos que de alguma forma contribuíram para a realização desse
trabalho.
9
“Água que nasce na fonte serena do mundo e
que abre um profundo grotão,
Água que faz inocente riacho e deságua na
corrente do ribeirão,
Águas escuras dos rios que levam a fertilidade
do sertão,
Águas que banham aldeias e matam a sede da
população,
Águas que caem das pedras no véu das
cascatas, ronco do trovão,
E depois dormem tranqüilas no leito dos lagos,
no leito dos lagos”...
Guilherme Arantes
10
RESUMO
O presente estudo objetivou avaliar a estrutura e dinâmica da comunidade
fitoplanctônica e quantificar a produtividade primária dessa comunidade, como base
para estimativa do estado trófico da lagoa Mãe-Bá, em escala espacial e temporal.
Foram realizadas quatro coletas com periodicidade quinzenal, abrangendo duas
fases do ciclo hidrológico (estações seca e chuvosa), em dois pontos de
amostragem submetidos a diferentes condições ambientais (Natural e Mãe-Bá) e em
dois períodos do dia (manhã e tarde). Foram coletadas amostras qualitativas com
rede de plâncton de 20 µm e quantitativas com garrafa de van Dorn. A estrutura da
comunidade fitoplanctônica foi avaliada com base nos seus principais atributos:
riqueza de táxons, biovolume, densidade total, abundância, dominância, diversidade
específica e equitabilidade. Foram determinados: temperatura (ar/água),
transparência, zona eufótica, profundidade, pH, oxigênio dissolvido (OD), turbidez,
condutividade elétrica (CE), sólidos totais dissolvidos (STD), sólidos totais em
suspensão (STS), salinidade, concentrações de silicato, nitrato, nitrito, nitrogênio
amoniacal, nitrogênio total, ortofosfato, sforo total, clorofila a e razão NT:PT da
água. A produtividade primária líquida foi estimada através da incubação de frascos
claros e escuros, por um período de duas horas e a concentração de oxigênio foi
determinada através do todo de Winkler. Foram registrados 138 táxons, sendo a
Classe Cyanophyceae mais representativa em termos qualitativos e quantitativos em
todos os pontos e horários amostrados. A densidade total do fitoplâncton foi elevada,
apresentando maiores valores na estação seca e no ponto Mãe-Bá. Os índices de
diversidade e equitabilidade não apresentaram diferença temporal e espacial. De
modo geral, a Classe Cyanophyceae apresentou maior contribuição, em termos de
biovolume, nos dois pontos de amostragem, durante o período estudado. A lagoa
Mãe-Bá se caracterizou como um ambiente raso e dulcícola, apresentando águas
levemente ácidas a alcalinas, com elevados valores de temperatura, OD, zona
eufótica e transparência. Os valores de pH, STD, CE e STS apresentaram variação
temporal e espacial significativas. Foram registradas baixas concentrações de
ortofosfato, fósforo total e nitrogênio amoniacal. As concentrações de nitrogênio total
foram altas, comparadas com as de fósforo, resultando em elevada razão NT:PT,
podendo este, ser um ambiente limitado por fósforo. O Índice de Estado Trófico de
Carlson classificou a lagoa Mãe-Bá como mesotrófica. Os valores médios de
produtividade primária líquida foram elevados, atingindo 141,6 mgC/m
3
/h (manhã) e
128,9 mgC/m
3
/h (tarde) no ponto Natural e 185,5 mgC/m
3
/h (manhã) e 224,5
mgC/m
3
/h (tarde) no ponto Mãe-Bá. A maioria dos parâmetros analisados não
apresentou diferenças significativas entre os horários amostrados. Baseado nos
valores de densidade total fitoplanctônica, transparência, clorofila a, produtividade
primária, oxigênio dissolvido, nutrientes e na composição da comunidade
fitoplanctônica, a lagoa Mãe-Bá pode ser considerada um ecossistema de
mesotrófico a eutrófico.
11
ABSTRACT
This study aimed to evaluate the structure and dynamics of the phytoplankton
community and to quantify its primary productivity as basis for estimating the trophic
state of the Mãe-Bá lagoon in a spatial and temporal scale. Four samples were taken
fortnightly and in two different periods of day (morning and afternoon), during the dry
and rainy seasons, in two sampling sites subjected to different environmental
conditions (Natural and Mãe-Bá). Samples were collected using a plankton net (20
µm) for qualitative analyses and van Dorn bottle for quantitative analyses. The
structure of the phytoplankton community was evaluated on the basis of its main
attributes: richness, biovolume, total density, abundance, dominance, diversity and
equitability. The studied environmental variables were: temperature (air/water),
transparency, euphotic zone, depth, pH, dissolved oxygen (OD), turbidity, electrical
conductivity (CE), total dissolved solids (STD), total suspended solids (STS), salinity,
concentration of silicate, nitrate, nitrite, ammoniacal nitrogen, total nitrogen,
orthophosphate, total phosphorus, chlorophyll a and the reason NT/PT water. The
primary productivity was estimated by incubation of clear and dark bottles for a period
of two hours while the oxygen concentration was determined by Winkler’s method. A
total of 138 taxa were found, and the Class Cyanophyceae was the most
representative both qualitatively and quantitatively at all points during the whole
sampling period. The phytoplankton density was high, presenting highest values in
the dry season and in the site Mãe-Bá. The indices of diversity and equitability didn’t
show temporal and spatial variations. Overall, the Class Cyanophyceae showed
greater contribution on biovolume in both sites during the study period. The Mãe-Bá
lagoon was characterized as a shallow freshwater environment, presenting water
slightly acidic to alkaline, with high values of temperature, OD, euphotic zone and
transparency. The values of pH, STD, CE and STS showed significant temporal and
spatial variation. Low concentrations of orthophosphate, total phosphorus and
ammoniacal nitrogen were registered. The concentration of total nitrogen was high
compared with those of phosphorus, resulting in high NT/PT ratio. This suggests that
the environment can be limited by phosphorus. The Carlson’s Index of Trophic State
ranked the Mãe-Bá lagoon as mesotrophic. The mean values of primary productivity
were high, reaching 141,6 mgC/m
3
/h (morning) and 128,9 mgC/m
3
/h (afternoon) in
the site Natural and 185,5 mgC/m
3
/h (morning) and 224,5 mgC/m
3
/h (afternoon) in
the site Mãe-Bá. The majority of parameters analised didn’t show significant
differences between the sampling hours. Based on values of phytoplanktonic density,
transparency, chlorophyll a, primary productivity, dissolved oxigen, nutrients and
composition of phytoplanktonic community, the Mãe-Bá lagoon can be considered a
mesotrophic to eutrophic ecosystem.
12
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Localização da Lagoa Mãe-Bá, Guarapari–ES (fornecido pelo
IEMA)..........................................................................................................................14
Figura 2: Vista aérea mostrando parte da lagoa Mãe-Bá. Fonte: Cepemar
(2004).........................................................................................................................15
Figura 3: Localização da lagoa Mãe-Bá e dos córregos Loyola (CL), Belo Horizonte
(CBH) e Santa Catarina (CSC). Fonte: Cepemar (2004)...........................................16
Figura 4: Localização dos pontos amostrais – (1) ponto Natural e (2) ponto Mãe-Bá e
do Braço Norte (BN). Fonte: Google Earth (modificado)............................................18
Figura 5: Visão parcial da lagoa Mãe-Bá: (a) ponto Natural e (b) ponto Mãe-Bá,
próximo ao aglomerado urbano Mãe-Bá....................................................................18
Figura 6: Médias mensais de temperatura do ar (
o
C) e totais mensais de
pluviosidade (mm), com destaque para os meses de amostragem (em preto).........29
Figura 7: Variação temporal da temperatura do ar nos dois pontos de amostragem e
em dois momentos do dia (manhã e tarde), durante o período estudado..................30
Figura 8: Variação temporal da profundidade, transparência e zona eufótica nos dois
pontos de amostragem e em dois momentos do dia (manhã e tarde), durante o
período estudado .......................................................................................................32
Figura 9: Perfis rmicos verticais da coluna d’água nos dias amostrados, nos dois
pontos de coleta e nos dois períodos do dia (manhã e tarde)...................................34
Figura 10: Perfis verticais de oxigênio dissolvido (em % de saturação) da coluna
d’água nos dias amostrados, nos dois pontos de coleta e nos dois períodos do dia
(manhã e tarde)..........................................................................................................35
13
Figura 11: Variação temporal do pH nos dois pontos de amostragem e em dois
momentos do dia, durante o período estudado .........................................................36
Figura 12: Variação temporal da condutividade elétrica nos dois pontos de
amostragem e em dois momentos do dia, durante o período estudado ...................38
Figura 13: Variação temporal de sólidos totais dissolvidos nos dois pontos de
amostragem e em dois momentos do dia, durante o período estudado ...................38
Figura 14: Variação temporal da turbidez nos dois pontos de amostragem e em dois
momentos do dia, durante o período estudado .........................................................39
Figura 15: Variação temporal dos sólidos totais em suspensão nos dois pontos de
amostragem e em dois momentos do dia, durante o período estudado....................40
Figura 16: Variação temporal da concentração de ortofosfato nos dois pontos de
amostragem e em dois momentos do dia, durante o período estudado... ................41
Figura 17: Variação temporal da concentração de fósforo total nos dois pontos de
amostragem e em dois momentos do dia, durante o período estudado....................42
Figura 18: Variação temporal da concentração de nitrogênio amoniacal nos dois
pontos de amostragem e em dois momentos do dia, durante o período
estudado.....................................................................................................................43
Figura 19: Variação temporal da concentração de nitrogênio total nos dois pontos de
amostragem e em dois momentos do dia, durante o período estudado....................44
Figura 20: Variação temporal da razão NT/PT nos dois pontos de amostragem e em
dois momentos do dia, durante o período estudado..................................................45
Figura 21: Variação temporal da concentração de silicato nos dois pontos de
amostragem e em dois momentos do dia, durante o período estudado....................46
14
Figura 22: Contribuição percentual das Classes de algas fitoplanctônicas, quanto à
riqueza de táxons geral na lagoa Mãe-Bá, durante o período estudado...................47
Figura 23: Contribuição percentual das Classes de algas fitoplanctônicas, em termos
de número de táxons, em cada ponto e horário amostrados, durante o período
estudado.....................................................................................................................54
Figura 24: Variação temporal da densidade total da comunidade fitoplanctônica
(ind/mL) durante o período estudado.........................................................................56
Figura 25: Variação da contribuição relativa (%) das Classes de algas em relação à
densidade total do ponto Natural, durante o período estudado.................................57
Figura 26: Variação da contribuição relativa (%) das Classes de algas em relação à
densidade total do ponto Mãe-Bá, durante o período estudado................................58
Figura 27: Variação temporal da concentração de clorofila a nos dois pontos de
amostragem e em dois momentos do dia, durante o período estudado....................60
Figura 28: Variação temporal do biovolume total durante o período estudado..........61
Figura 29: Variação da contribuição relativa (%) das Classes de algas em relação ao
biovolume total do ponto Natural, durante o período estudado..................................62
Figura 30: Variação da contribuição relativa (%) das Classes de algas em relação ao
biovolume total do ponto Mãe-Bá, durante o período estudado.................................63
Figura 31: Variação temporal da diversidade e equitabilidade, nos pontos e horários
amostrados, durante o período estudado...................................................................64
Figura 32: Variação temporal das taxas de produtividade primária líquida, nos dois
pontos de amostragem e em dois momentos do dia, durante o período
estudado.....................................................................................................................66
15
Figura 33: Análise dos componentes principais das variáveis bióticas e abióticas, nos
dois pontos e horários amostrados, durante o período estudado (Fator 1 x Fator
2)................................................................................................................................70
Figura 34: Análise dos componentes principais das variáveis bióticas e abióticas, nos
dois pontos e horários amostrados, durante o período estudado (Fator 1 x Fator
3)................................................................................................................................70
Figura 35: Ordenação das estações (seca e chuvosa) e dos períodos do dia (manhã
e tarde), pela análise de componentes principais das variáveis bióticas e abióticas,
sendo P1 = Natural; P2 = Mãe-Bá; M = manhã; T = tarde; A = seca; B = chuvosa
(Fator 1 x Fator 2).......................................................................................................71
Figura 36: Ordenação das estações (seca e chuvosa) e dos períodos do dia (manhã
e tarde), pela análise de componentes principais das variáveis bióticas e abióticas,
sendo P1 = Natural; P2 = Mãe-Bá; M = manhã; T = tarde; A = seca; B = chuvosa
(Fator 1 x Fator 3).......................................................................................................71
16
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Estatística descritiva das variáveis ambientais no ponto Natural, nos
períodos da manhã e da tarde...................................................................................31
Tabela 2: Estatística descritiva das variáveis ambientais no ponto Mãe-Bá, nos
períodos da manhã e da tarde...................................................................................31
Tabela 3: Composição taxonômica das algas fitoplanctônicas registradas na lagoa
Mãe-Bá durante o período estudado..........................................................................47
Tabela 4: Estatística descritiva das variáveis bióticas no ponto Natural, nos períodos
da manhã e da tarde..................................................................................................55
Tabela 5: Estatística descritiva das variáveis bióticas no ponto Mãe-Bá, nos períodos
da manhã e da tarde..................................................................................................55
Tabela 6: Relação dos táxons abundantes (A), considerando as estações seca e
chuvosa, os dois pontos de amostragem e os dois períodos do dia manhã e
tarde...........................................................................................................................59
Tabela 7: Valores do índice de estado trófico (IET) médio para cada ponto e horário
amostrados durante o período estudado....................................................................65
Tabela 8: Resultados do teste Mann-Whitney (valores de p) para as variáveis
ambientais e biológicas, entre as estações seca e chuvosa (*refere-se às diferenças
estatisticamente significativas ou p < 0,05)................................................................67
Tabela 9: Resultados do teste Mann-Whitney (valores de p) para as variáveis
ambientais e biológicas, entre os pontos Natural e Mãe-Bá, dentro de cada estação
seca e chuvosa (*refere-se às diferenças estatisticamente significativas ou p <
0,05)...........................................................................................................................68
17
Tabela 10: Correlação das variáveis abióticas e biológicas do fitoplâncton com os
fatores 1, 2 e 3.
Em negrito estão destacados os valores significativos (>
0,700).........................................................................................................................69
Tabela 11: Significado das abreviações utilizadas no trabalho................................139
Tabela 12: Valores das variáveis abióticas registradas nos pontos Natural e Mãe-Bá,
nos momentos manhã e tarde, durante o período estudado....................................140
Tabela 13: Valores das variáveis abióticas registradas nas estações seca e chuvosa,
nos pontos Natural e Mãe-Bá, nos períodos manhã e tarde....................................141
18
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................1
2 JUSTIFICATIVA......................................................................................................11
3 HIPÓTESES............................................................................................................12
4 OBJETIVOS
4.1 OBJETIVO GERAL...............................................................................................12
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................................13
5 ÁREA DE ESTUDO................................................................................................13
6 MATERIAL E MÉTODOS
6.1 PERIDIOCIDADE E PONTOS DE AMOSTRAGEM.............................................17
6.2 VARIÁVEIS CLIMATOLÓGICAS..........................................................................19
6.3 VARIÁVEIS LIMNOLÓGICAS..............................................................................19
6.3.1 Transparência, zona eufótica e profundidade da coluna d’água................19
6.3.2 Temperatura da água e oxigênio dissolvido.................................................19
6.3.3 pH......................................................................................................................20
6.3.4 Condutividade elétrica, sólidos totais dissolvidos e salinidade................20
6.3.5 Sólidos totais em suspensão (STS)...............................................................20
6.3.6 Turbidez............................................................................................................21
6.3.7 Nutrientes.........................................................................................................21
6.4 COMUNIDADE FITOPLANCTÔNICA
6.4.1 Amostragens e tratamento das amostras.....................................................22
6.4.2 Análise qualitativa...........................................................................................22
6.4.3 Análise quantitativa.........................................................................................22
6.4.4 Espécies dominantes e abundantes..............................................................23
6.4.5 Clorofila a.........................................................................................................24
6.4.6 Biovolume........................................................................................................24
6.4.7 Índice de diversidade (H’)...............................................................................24
6.4.8 Índice de equitabilidade (J’)...........................................................................25
6.5 ÍNDICE DE ESTADO TRÓFICO (IET).................................................................25
6.6 PRODUTIVIDADE PRIMÁRIA FITOPLANCTÔNICA
19
6.6.1 Coleta piloto.....................................................................................................26
6.6.2 Produtividade primária...................................................................................27
6.7 TRATAMENTO E ANÁLISES ESTATÍSTICAS
6.7.1 Estatística descritiva.......................................................................................28
6.7.2 Teste Mann-Whitney........................................................................................28
6.7.3 Análise multivariada em componentes principais.......................................28
7 RESULTADOS........................................................................................................29
7.1 VARIÁVEIS CLIMATOLÓGICAS
7.1.1 Pluviosidade e temperatura do ar..................................................................29
7.2 VARIÁVEIS LIMNOLÓGICAS
7.2.1 Transparência, zona eufótica e profundidade da coluna d’água................30
7.2.2 Temperatura da água......................................................................................33
7.2.3 Oxigênio dissolvido........................................................................................33
7.2.4 pH......................................................................................................................36
7.2.5 Condutividade elétrica
e Sólidos totais dissolvidos (STD).........................37
7.2.6 Turbidez............................................................................................................39
7.2.7 Sólidos totais em suspensão (STS)...............................................................39
7.2.8 Salinidade.........................................................................................................40
7.3 NUTRIENTES
7.3.1 Ortofosfato.......................................................................................................41
7.3.2 Fósforo total.....................................................................................................41
7.3.3 Nitrogênio amoniacal......................................................................................42
7.3.4 Nitrato e nitrito.................................................................................................43
7.3.5 Nitrogênio total................................................................................................44
7.3.6 Razão NT/PT.....................................................................................................44
7.3.7 Silicato..............................................................................................................45
7.4 COMUNIDADE FITOPLANCTÔNICA
7.4.1 Composição da comunidade fitoplanctônica...............................................46
7.4.2 Análise quantitativa.........................................................................................55
7.4.3 Clorofila a.........................................................................................................59
7.4.4 Biovolume........................................................................................................60
7.4.5 Índice de diversidade e equitabilidade..........................................................63
7.5 ÍNDICE DE ESTADO TRÓFICO (IET).................................................................65
20
7.6 PRODUTIVIDADE PRIMÁRIA FITOPLANCTÔNICA...........................................66
7.7 ANÁLISES ESTATÍSTICAS
7.7.1 Teste Mann-Whitney........................................................................................67
7.7.2 Análise multivariada em componentes principais.......................................68
8 DISCUSSÃO
8.1 CLIMATOLOGIA DA REGIÃO..............................................................................72
8.2 VARIÁVEIS LIMNOLÓGICAS..............................................................................73
8.3 NUTRIENTES.......................................................................................................83
8.4 COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E ABUNDÂNCIA DA COMUNIDADE
FITOPLANCTÔNICA..................................................................................................91
8.5 DENSIDADE TOTAL DO FITOPLÂNCTON.........................................................99
8.6 VARIAÇÃO TEMPORAL E ESPACIAL DAS CLASSES
FITOPLANCTÔNICAS.............................................................................................101
8.7 CLOROFILA a....................................................................................................104
8.8 BIOVOLUME......................................................................................................106
8.9 ÍNDICE DE DIVERSIDADE E EQUITABILIDADE..............................................109
8.10 ÍNDICE DE ESTADO TRÓFICO (IET).............................................................110
8.11 PRODUTIVIDADE PRIMÁRIA FITOPLANCTÔNICA.......................................112
9 CONCLUSÕES.....................................................................................................118
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................119
APÊNDICES........................................................................................................138
21
1 INTRODUÇÃO
Lagoas costeiras são ecossistemas rasos, localizados paralelamente à linha da
costa, separados do oceano por barreiras, podendo estar conectados ou não a este,
por um ou mais canais (KJERFVE, 1994). Ocupam aproximadamente 13% das
áreas costeiras em todo o mundo, sendo que a América do Sul apresenta 12,2% de
sua costa formada por esses ecossistemas, os quais representam 10,3% das lagoas
costeiras do mundo (BARNES, 1980). No Brasil, as lagoas costeiras são
consideradas um dos conjuntos de ecossistemas aquáticos mais representativos de
todo o país (ESTEVES, 1998a).
No geral, a gênese das lagoas costeiras está vinculada aos processos
transgressivos do mar, que ocorreram a partir do Pleistoceno e se prolongaram até
os últimos dois mil anos do Holoceno, quando a maioria das lagoas costeiras
brasileiras foi formada. As lagoas formadas a partir do Holoceno, estão muitas vezes
interligadas por canais, formando extenso colar de lagoas muito próximas ao mar,
como ocorre no Espírito Santo e no Rio Grande do Sul (ESTEVES, 1998b).
Características peculiares das lagoas costeiras são conferidas devido ao grau de
salinidade, morfometria e extensão, as quais se refletem nas variáveis ambientais e
nas comunidades que as habitam (HUSZAR & SILVA, 1992). Gradientes
longitudinais e variações temporais de diversos parâmetros, como concentração de
nutrientes e salinidade, são constantemente exibidos nas lagoas costeiras em
função de sua interação direta ou indireta com o mar, da influência dos aportes de
água doce e do balanço hidrológico entre precipitação e evaporação (KJERFVE &
MAGILL, 1989; SMITH, 1994). Essas variações também são frequentemente
influenciadas pela ação antrópica, sendo determinantes na estruturação das
comunidades que habitam esses ecossistemas (COMÍN, 1984).
As lagoas costeiras apresentam grande importância por constituírem interfaces entre
zonas costeiras, águas interiores e águas costeiras marinhas, além de contribuírem
diretamente para a manutenção do lençol freático e para a estabilidade climática
local e regional. Diversas pesquisas demonstram que estes ecossistemas são
considerados importantes depositários da biodiversidade tanto aquática quanto
22
terrestre (ESTEVES, 1998a). Sendo assim, apresentam relevante papel na
preservação da biodiversidade, que se estende de invertebrados a peixes, sendo
consideradas também áreas de refúgio para espécies de aves migratórias ou
ameaçadas de extinção (VENTURINI et al., 1996).
Além da importância ecológica, as lagoas costeiras apresentam grande importância
econômica, podendo ser utilizadas de diversas formas pelo homem. Dentre os
diversos usos empregados nas lagoas costeiras, podemos destacar: pesca, área de
lazer, harmonia paisagística, abastecimento doméstico, irrigação, receptor de
efluentes domésticos e industriais e valorização turística da região. Apesar da
reconhecida importância sócio-econômica, as lagoas costeiras vêm sofrendo
profundas alterações nas suas condições naturais, como resultado de diversas
atividades antrópicas.
Por funcionarem como filtros, retendo por longos períodos de tempo sedimentos
inorgânicos, matéria orgânica e poluentes, as lagoas costeiras são bastante
vulneráveis aos processos de poluição e de eutrofização artificial (KJERFVE, 1994;
LACERDA, 1994). Nesses ambientes, o aporte de água continental que carreia
materiais particulados e dissolvidos constitui-se no principal subsídio de material
alóctone, acentuando ainda mais os impactos causados nas lagoas costeiras, que
vêm sofrendo profundas alterações nas suas condições naturais (ESTEVES et al.,
1984).
Nas últimas décadas, as pressões antrópicas sobre as lagoas costeiras têm
aumentado consideravelmente. Esses ambientes proporcionam uma valorização
imobiliária das áreas do entorno (ESTEVES, 1998a) e consequentemente, a
ocupação desordenada vem descaracterizando a paisagem e acelerando o processo
de deterioração das condições ecológicas desses ecossistemas (FERNANDES,
1997). As principais formas de degradação das condições naturais das lagoas
costeiras são: lançamento de efluentes domésticos e industriais, assoreamento da
bacia, edificações nas margens, retirada de sedimento, introdução de espécies
exóticas, desmatamento da vegetação do entorno da lagoa e da bacia de drenagem
(ESTEVES et al., 1990; ESTEVES, 1998a).
23
Principalmente sob o ponto de vista ecológico, as lagoas costeiras m sido pouco
estudadas, apesar de ocorrerem em grande número na costa brasileira. O Estado do
Espírito Santo possui muitas lagoas espalhadas pelo seu litoral, constituindo um dos
sistemas lacustres mais típicos. No entanto, apesar da reconhecida importância
regional e do fato de alguns destes corpos d’água estarem submetidos à forte
influência antrópica, tais ecossistemas o pouco estudados sob o ponto de vista
limnológico.
No Estado do Espírito Santo, dentre os trabalhos realizados em lagoas costeiras,
destacam-se Huszar et al. (1990), que estudaram a estrutura da comunidade
fitoplanctônica de 18 lagoas da região do baixo Rio Doce, em Linhares; Huszar et al.
(1994), que avaliaram a dinâmica da comunidade fitoplanctônica através de uma
análise nictemeral na lagoa Juparanã, em Linhares; Dias Jr. (1994), que realizou um
estudo preliminar do fitoplâncton e de algumas variáveis ambientais em lagoas
costeiras do litoral sul do Espírito Santo; Dias Jr. (1995), que realizou uma
caracterização do fitoplâncton e avaliou a possibilidade da utilização dessa
comunidade como bioindicadora do estado trófico na Lagoa Jacuném, em Serra;
Dias Jr. & Barroso (1998), os quais realizaram estudos limnológicos em lagoas
costeiras do sul do estado do Espírito Santo; Schaeffer (2002) e Nascimento (2002),
que estudaram a lagoa Carapebus, em Serra, enfocando os aspectos limnológicos e
da comunidade fitoplanctônica; Martins (2002), que realizou um estudo comparando
as comunidades fitoplanctônica e perifítica (em substrato natural) na lagoa da UFES;
Semionato (2002), que estudou a comunidade perifítica em substrato artificial na
lagoa da UFES; Pereira (2003) que realizou um estudo de caso na lagoa Mãe-Bá,
enfocando aspectos qualitativos de águas de lagoas costeiras e seus fatores
influentes; Liston (2004), que avaliou a variação temporal e espacial da comunidade
fitoplanctônica na mesma lagoa (Mãe-Bá); Bortolin (2004), que analisou a estrutura
da comunidade fitoplanctônica e algumas variáveis ambientais na lagoa dos Irerês,
situada no complexo industrial da Companhia Siderúrgica Tubarão (CST); Camargo-
Santos (2005), que estudou a distribuição vertical do fitoplâncton na lagoa da UFES;
Pancotto (2005), que estudou a comunidade fitoplanctônica da lagoa dos Gansos,
no complexo industrial da CST; Gonçalves (2005), que realizou uma variação
espacial e temporal das algas fitoplanctônicas na lagoa Juparanã, utilizando-as
como bioindicadores do estado trófico desse ambiente; Cavati (2006), que estudou a
24
comunidade perifítica em substrato natural na lagoa Juparanã e no rio Pequeno e
Oliveira (2006a), que avaliou a variação nictemeral da comunidade fitoplanctônica na
lagoa Juparanã.
A exploração das lagoas costeiras e a preservação de sua entidade ecológica
representam, em geral, metas contraditórias. Torna-se cada vez mais necessário
encontrar um meio termo entre os interesses econômicos e as exigências
ecológicas. Portanto, para detectar e avaliar todas as mudanças ecológicas e prever
a evolução do ecossistema é necessária a realização de estudos abrangentes a
longo prazo, abordando o meio físico, as numerosas comunidades de organismos,
as relações entre o meio físico e os organismos, as relações intercomunidades e a
própria dinâmica dos elementos biogênicos (CARMOUZE, 1994).
As algas ocorrem abundantemente em todos os ecossistemas, sendo o fitoplâncton
de águas continentais extremamente diverso e com uma ampla distribuição da
maioria das espécies (ROUND, 1983). A predominância de um ou outro grupo em
determinado ecossistema é função, principalmente, das características
predominantes do meio (ESTEVES, 1998b). Fatores como profundidade, associados
à temperatura, vento e radiação são alguns exemplos de variáveis ambientais que
podem modelar a estrutura da comunidade fitoplanctônica e sua dinâmica espaço-
temporal (REYNOLDS, 1984).
Nos ambientes aquáticos, a comunidade fitoplanctônica exerce papel fundamental
na produção de biomassa vegetal, cujo processo está intimamente relacionado ao
funcionamento dos ecossistemas ecológicos. Por se constituir como um dos
principais componentes da base da cadeia alimentar, sendo importantes na
manutenção e no desenvolvimento da vida aquática (FALCÃO et al., 2000), a
estrutura e a distribuição espaço-temporal desta comunidade são determinantes
para cada ecossistema (MELO & SUZUKI, 1998).
O fluxo de energia na maioria dos ecossistemas lacustres é determinado
principalmente pelas comunidades fitoplanctônica e de macrófitas aquáticas.
Enquanto as macrófitas determinam o fluxo de energia e os padrões de ciclagem de
25
nutrientes na região litorânea, estes mesmos fenômenos o controlados pela
comunidade fitoplanctônica na região limnética (HUSZAR et al., 1990).
Além de exercer papel determinante na produção de matéria orgânica e de oxigênio
(ODUM, 1983), tal comunidade tem sido frequentemente utilizada como indicadora
da qualidade ambiental dos ecossistemas aquáticos. Como os organismos
fitoplanctônicos apresentam rápidas respostas às modificações ambientais e exibem
características mais conservativas que as variáveis físicas e químicas, essas
variações ambientais podem se refletir em alterações nas composições qualitativa e
quantitativa da comunidade (NOGUEIRA, 2000).
A distribuição das populações fitoplanctônicas nas massas d’água é influenciada
tanto por processos físicos de circulação de água (advecção, convecção,
turbulência, ondas internas, etc.) como por processos biológicos (taxas de
crescimento, herbivoria, mecanismos de flutuação das algas, etc.). Além disso, a
existência de escalas espaciais e temporais aumenta a complexidade de
compreensão dos padrões de distribuição da comunidade fitoplanctônica nos
ecossistemas aquáticos (HUSZAR & GIANI, 2004).
Numerosos estudos têm demonstrado a heterogeneidade na distribuição espacial
e/ou sazonal de populações fitoplanctônicas em ambientes tropicais (HINO, 1979;
SANT’ANNA & MARTINS, 1982; HUSZAR & GIANI, 2004). Geralmente, trabalhos
enfocando a variação temporal visam compreender as variações na biomassa e a
composição do fitoplâncton, incluindo os fatores que regulam essa variabilidade.
a variação espacial pode abranger dimensões verticais, onde é preciso conhecer o
grau de estruturação vertical da massa d’água, bem como a natureza dos
componentes fitoplanctônicos quanto à sua capacidade de deslocamento ativo; e
dimensões horizontais, que estão frequentemente relacionadas à variabilidade
ambiental e às taxas de crescimento das algas (HUSZAR & GIANI, 2004).
Em lagos temperados, a variação anual do fitoplâncton evidencia uma constância na
sua periodicidade, resultante, principalmente, da regularidade das condições
climáticas desta região. Nestes ambientes, as populações fitoplanctônicas têm seu
crescimento sazonal controlado por vários fatores ambientais, como: radiação solar,
26
temperatura, nutrientes, herbivoria, parasitismo e competição. Nos lagos de regiões
tropicais, a variação da composição específica ou da densidade do fitoplâncton está
associada mais a fatores pontuais do que a fatores sazonais. Em corpos d’água de
regiões tropicais, a temperatura, por estar sempre acima dos valores limitantes ao
crescimento, não tem efeitos tão significativos sobre a variação do fitoplâncton.
Portanto, nesses ambientes a variação temporal da comunidade é controlada por
outros fatores, sendo os mais importantes, a disponibilidade de nutrientes e a
radiação subaquática (ESTEVES, 1998b).
As composições qualitativa e quantitativa da comunidade fitoplanctônica e suas
variações espaciais e temporais, além de refletirem as interações entre os
componentes dessa comunidade, refletem também o efeito das variáveis ambientais
sobre a mesma, sendo influenciadas principalmente por fatores como luz,
temperatura, pH e concentração de nutrientes (HINO, 1979). Uma compreensão
adequada da estrutura e da dinâmica dessa comunidade exige o conhecimento de
fatores que permitem a coexistência de várias populações de algas num mesmo
ambiente aquático e dos fatores ambientais que produzem modificações nestes
organismos (BARBOSA, 2002).
Compreender o funcionamento dos ambientes aquáticos requer, antes de tudo,
adequado conhecimento taxonômico e dos padrões espacial e temporal das
populações fitoplanctônicas (MELO & SUZUKI, 1998). Sendo assim, as pesquisas
sobre a estrutura e função das comunidades fitoplanctônicas, assumem papel
importante em estudos sobre a dinâmica de ecossistemas lacustres (HUSZAR et al.,
1990).
A matéria orgânica produzida pelos autótrofos é denominada produção primária,
correspondendo portanto, ao aumento de biomassa. A produtividade primária é a
produção expressa como taxa, ou seja, a quantidade de biomassa sintetizada,
(sendo geralmente expressa em gramas de carbono) em uma determinada área ou
volume, em um dado período de tempo (ODUM, 1983; ESTEVES, 1998b).
As lagoas costeiras são consideradas sistemas de alta produtividade, cujas taxas de
produtividade primária o comparáveis em termos globais às taxas de produção
27
encontradas em áreas estuarinas e em regiões de ressurgência (KNOPPERS,
1994). Diversas características contribuem para essa condição, como o aporte
constante de materiais particulados e dissolvidos continentais e marinhos, alta taxa
de sedimentação, pequena profundidade e pida mineralização dos nutrientes
(CARMOUZE, 1994). Devido às elevadas taxas de produtividade primária e
secundária, as lagoas costeiras podem ser classificadas como um dos ecossistemas
mais produtivos do mundo (KNOPPERS, 1994).
A produtividade primária dos ambientes aquáticos é basicamente dependente da
atividade fotossintética dos organismos autotróficos, ou seja, organismos
fotossintetizantes, capazes de transformar CO
2
em matéria orgânica. Por esta razão,
a estimativa da produtividade primária de águas naturais é baseada na medida da
atividade fotossintética (FORTI, 1965).
Embora quantidades apreciáveis de matéria orgânica sintetizada por plantas
terrestres situadas na bacia de drenagem possam ser transportadas para
ecossistemas aquáticos, a maioria da matéria orgânica das lagoas é produzida
dentro do sistema por algas fitoplanctônicas, pela vegetação de macrófitas e pelas
algas sésseis (WETZEL & LIKENS, 1990). Geralmente a comunidade fitoplanctônica
é a responsável pela maior produção de matéria orgânica, através do processo de
fotossíntese, em ambientes aquáticos que apresentam disponibilidade satisfatória de
luz e nutrientes dissolvidos. A taxa de produção dos organismos microscópicos
tende a ser mais alta do que a das macrófitas, devido ao menor tamanho dos
organismos fitoplanctônicos (MARGALEF, 1983), principalmente em ambientes
aquáticos com grande espelho d’água e região limnética bastante desenvolvida,
onde contribuem quase que exclusivamente para a produção primária (NOZAKI,
2001).
Dois componentes bióticos estão incluídos no fluxo de matéria orgânica e energia:
os organismos autótrofos, capazes de sintetizar compostos orgânicos a partir de
matéria inorgânica (fixação de carbono) e os heterotróficos, que consomem a
matéria orgânica produzida. O primeiro grupo (produtores) é a base da cadeia
alimentar no ecossistema, disponibilizando aos organismos que compõem os demais
níveis tróficos, substâncias orgânicas ricas em energia. Esses compostos são
28
utilizados tanto na manutenção das atividades vitais dos autótrofos quanto na
sustentação do metabolismo dos heterótrofos, principalmente através da cadeia de
herbivoria (WETZEL, 1981; ODUM, 1983).
A avaliação da produtividade primária é importante para a compreensão do
metabolismo do ecossistema aquático, particularmente quanto à determinação do
estado trófico e para verificar as tendências da qualidade ambiental (WETZEL, 1981;
FLYNN, 1988). A produtividade primária fitoplanctônica é um processo complexo, no
qual estão envolvidos diferentes fatores bióticos e abióticos, inibindo-a ou
estimulando-a (ESTEVES, 1998b). A dependência de uma rede complexa e
multidimensional de fatores externos e intrínsecos (SOEDER, 1965) torna a
produtividade primária essencial para um estudo ecológico completo dos
ecossistemas aquáticos (ROMERO & ARENAS, 1989). Diversos trabalhos têm
abordado a ligação da magnitude da produção primária com características
fisiográficas e hidrológicas em lagoas e estuários (KNOPPERS, 1994). Portanto, a
base para uma pesquisa detalhada de transferência de energia nesses ambientes, é
a determinação da produção primária do fitoplâncton, associada a estudos de
distribuição espacial e temporal de fatores ambientais e da estrutura da comunidade
fitoplanctônica (BARBOSA & TUNDISI, 1980; HERRERA-SILVEIRA, 1998).
A produção primária em lagos pode ser controlada pela interação de muitos fatores,
os quais usualmente, podem ser divididos em três grupos: (1) fatores físicos
originados diretamente ou indiretamente da radiação solar, tais como condições de
luminosidade, temperatura, mistura e turbulência provocadas pela ação de ventos;
(2) concentração de nutrientes na zona eufótica de lagos, e (3) interações dos
organismos presentes na comunidade fitoplanctônica (FINDENEGG, 1965). Além
destes, alguns gases dissolvidos, elementos traços e substâncias orgânicas
dissolvidas podem ter tanto influência direta como indireta na produção primária
fitoplanctônica (ESTEVES, 1998b). Todos esses fatores são mutuamente intricados,
e interagem para produzir a distribuição dos organismos no espaço e no tempo
(FINDENEGG, 1965).
Em relação aos nutrientes, principalmente os íons fosfato, nitrato, amônio e silicato,
a disponibilidade, a concentração e a combinação dessas espécies químicas
29
inorgânicas dissolvidas regulam a atividade fotossintética do fitoplâncton, atuando
como nutrientes essenciais na síntese de biomassa (MARGALEF, 1983; SCHÄFER,
1984). Em ecossistemas aquáticos tropicais, devido à maior incidência luminosa e
temperatura em relação às regiões temperadas e polares, os nutrientes sofrem alta
taxa de reciclagem, fazendo com que a magnitude da produtividade não seja
refletida pela concentração de nutrientes dissolvidos. Assim, a estimativa da
produtividade primária pode ser a maneira mais indicada para caracterizar o estado
trófico desses sistemas lacustres (ESTEVES, 1988).
A produtividade do fitoplâncton tem sido avaliada através da quantificação de
compostos ligados diretamente à fotossíntese, como oxigênio, carbono ou matéria
orgânica. Baseando-se na estequiometria da equação geral da fotossíntese, torna-
se claro que a avaliação da quantidade de carbono assimilado ou de oxigênio
produzido, durante certo tempo, o os melhores critérios para avaliação da
produtividade primária fitoplanctônica (ESTEVES, 1998b; BASSOLI & ROLAND,
2005). Portanto, dentre as diversas técnicas utilizadas, as mais aceitas são a de
variação do oxigênio dissolvido e incorporação de
14
C. Vários autores têm realizado
estudos críticos sobre ambas as metodologias, mas cada uma possui interpretações
diferentes, cujos valores podem ser afetados por diversos fatores, como processos
metabólicos, tempo de incubação e intensidade luminosa (ROMERO & ARENAS,
1989).
No Brasil, os estudos sobre produção primária iniciaram-se na década de 60, na
região amazônica. Nos anos 80, houve um grande aumento nos trabalhos dessa
natureza na região Sudeste, que se estendeu até os anos 90. Atualmente, está
havendo uma desaceleração nos estudos de produtividade fitoplanctônica, iniciada
em 2000 (BASSOLI & ROLAND, 2005). Dentre os estudos sobre produtividade
primária fitoplanctônica no Brasil, destacam-se as contribuições de Schmidt (1973) o
qual estudou a produtividade primária fitoplanctônica em um lago amazônico; Tundisi
et al. (1978) e Barbosa et al. (1989), que avaliaram variações na produção
fitoplanctônica em lagos tropicais rasos; Barbosa & Tundisi (1980) e Tundisi et al.
(1981), que avaliaram a produtividade primária do fitoplâncton em lagos quaternários
no sudeste do Brasil; Henry et al. (1985) que estudaram a produção primária e os
efeitos de enriquecimento com fosfato e nitrato na comunidade fitoplanctônica no
30
reservatório Barra Bonita (SP); Cavalcanti et al. (1992) que avaliaram a variação
espacial da produtividade primária no lago Paranoá, Brasília; Henry (1993) que
avaliou a produção primária do fitoplâncton e seus fatores controladores no
reservatório Jurumirim (SP); Oliveira (1997) e Matsumara-Tundisi & Tundisi (1997)
que avaliaram a produção primária no reservatório Barra Bonita; Araújo & Pinto
Coelho (1998) que pesquisaram acerca da produção e consumo de carbono
orgânico na comunidade planctônica da represa da Pampulha (MG); Roland (1998)
o qual estudou a produção fitoplanctônica em diferentes classes de tamanho nas
lagoas Imboassica e Cabiúnas; Calijuri et al. (1999) que estudaram a produtividade
primária fitoplanctônica na represa de Salto Grande, em São Paulo; Roland et al.
(2002), que estudaram a relação entre a turbidez (de origem antropogênica) e a
produção primária em um lago de águas claras na Amazônia; Cardoso (2003) que
avaliou a produção primária em lagoas costeiras do litoral norte do Rio Grande do
Sul; Henry et al (2006a), que estudaram a variabilidade anual e de curto prazo na
produtividade primária fitoplanctônica na represa de Jurumirim (SP).
Bassoli (2006) destaca que os estudos publicados sobre a produtividade dos
ecossistemas aquáticos brasileiros estão concentrados na região amazônica e
sudeste, excetuando-se o estado do Espírito Santo, e restringem-se a certos grupos
específicos de sistemas, como os lagos de inundação amazônicos e os reservatórios
do estado de São Paulo.
No Espírito Santo, apesar do grande número de ecossistemas aquáticos, poucos
trabalhos com este enfoque têm sido realizados. Em se tratando do conhecimento
disponível acerca da produtividade primária, destacam-se somente as contribuições
de Pereira (1982) que estudou a produção primária do fitoplâncton na baía de
Vitória, Batista (2003) que estimou a produtividade primária fitoplanctônica na lagoa
da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e Oliveira (2006b) que avaliou a
produtividade primária fitoplanctônica em um ciclo diário na mesma lagoa.
Dessa forma, este trabalho reveste-se de fundamental importância devido à carência
de estudos ecológicos em lagoas costeiras no estado do Espírito Santo e, ainda, por
ser um estudo pioneiro acerca da produtividade primária fitoplanctônica em uma
31
lagoa costeira natural no litoral sul deste estado, contribuindo para o conhecimento
da comunidade fitoplanctônica no Espírito Santo.
2 JUSTIFICATIVA
A lagoa e-Bá é utilizada para diversos fins, tais como pesca, área de lazer e
recreação para turistas e as comunidades locais, harmonia paisagística e
abastecimento doméstico das regiões de Guarapari e Anchieta. Entretanto, nas
últimas décadas vem apresentando sinais de eutrofização artificial em função do
lançamento de efluentes de diversas origens.
Apesar de representar a segunda maior lagoa do Espírito Santo em termos de
extensão e volume de água, raros estudos foram realizados neste ambiente,
especialmente com enfoque ecológico e abordando a comunidade fitoplanctônica,
destacando-se apenas o estudo desenvolvido por Liston (2004), no qual foi
registrada elevada densidade de algas fitoplanctônicas, especialmente
cianobactérias, na lagoa Mãe-Bá, o que comprometeu o uso da água para
abastecimento doméstico.
Em meados do ano de 2003 a captação da água para abastecimento doméstico pela
Companhia de Saneamento Espírito-Santense (Cesan) foi interrompida devido à
qualidade da água ocasionada pela elevada densidade de cianobactérias. No
entanto, nos meses de verão, quando maior demanda de água para consumo
humano, a lagoa torna a ser utilizada como manancial para abastecer os municípios
de Guarapari e Anchieta.
As alterações físicas e o aporte de materiais alóctones em lagoas costeiras
ocasionam alterações na estrutura da comunidade fitoplanctônica, sendo que o
estudo da composição taxonômica e da dinâmica dessa comunidade, considerando
escalas espaciais e temporais, proporcionam informações básicas sobre o
ecossistema em questão (HINO & TUNDISI, 1977). Sendo assim, os resultados
dessa pesquisa podem servir como subsídio para orientar o manejo e gerenciamento
de um ecossistema que tem sido submetido a diversas ações antrópicas.
32
Além disso, os estudos sobre produtividade primária fitoplanctônica no Brasil e no
estado do Espírito Santo ainda são escassos, o que aumenta a importância desta
pesquisa. O estudo da produtividade primária na lagoa Mãe-Bá é um trabalho
pioneiro, e portanto, de extrema relevância por apresentar os primeiros dados
relativos à produtividade primária fitoplanctônica na lagoa, servindo como base para
estudos posteriores.
3 HIPÓTESES
1. variação temporal na estrutura e produtividade primária da comunidade
fitoplanctônica explicada pela variação das características limnológicas e climáticas
ao longo do ciclo hidrológico, nas estações seca e chuvosa.
2. Variações espaciais na estrutura da comunidade fitoplanctônica e em sua
produtividade primária na lagoa Mãe-Bá são explicadas pelas diferentes condições
ambientais à que os pontos amostrados estão submetidos.
3. A taxa de produtividade primária varia nos períodos matutino e vespertino devido
à influência de fatores como temperatura e luminosidade.
4 OBJETIVOS
4.1 OBJETIVO GERAL
Avaliar a estrutura e dinâmica da comunidade fitoplanctônica e quantificar a
produtividade primária dessa comunidade, em escalas espacial (diferentes pontos) e
temporal (diferentes fases do ciclo hidrológico e horas do dia), como base para
estimativa do estado trófico da lagoa Mãe-Bá.
33
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Avaliar a variabilidade espaço-temporal do fitoplâncton através de coletas nas
estações seca e chuvosa, em dois períodos do dia e em dois pontos de amostragem
submetidos a diferentes condições ambientais;
Caracterizar os pontos de amostragem com relação às principais variáveis
limnológicas;
Analisar a estrutura e dinâmica da comunidade fitoplanctônica e suas variações
na lagoa, através de seus principais atributos: riqueza específica, biovolume,
densidade total, abundância, dominância, diversidade específica e equitabilidade;
Relacionar as características da comunidade fitoplanctônica com as variáveis
limnológicas;
Estimar a produtividade primária líquida da comunidade fitoplanctônica e suas
variações;
Inferir acerca do estado trófico da lagoa Mãe-Bá através dos resultados obtidos.
5 ÁREA DE ESTUDO
A lagoa Mãe-Bá localiza-se na divisa dos municípios de Guarapari e Anchieta, no
litoral sul do estado do Espírito Santo, sob as coordenadas 20º45’19’’W e
46º34’29’’S (Figura 1). Dentre as 12 bacias hidrográficas do Espírito Santo, a lagoa
Mãe-Bá está inserida na bacia do rio Benevente, a qual compreende os municípios
de Anchieta, Alfredo Chaves, Iconha, Guarapari e Piúma, apresentando área de
drenagem de aproximadamente 1.260km
2
, sendo a foz localizada na cidade de
Anchieta (CEPEMAR, 2004).
Em tupi Guarani, Mbai-ypá quer dizer lagoa do Areal (Mbai = cerco de areia e ypá =
alagadiço). A história dessa lagoa mostra que ela se comunicava diretamente com o
mar em períodos alternados, através de alguns pontos que a separavam do oceano
por barramentos naturais, formados pela acumulação de sedimentos arenosos
depositados pela ação marinha e pelos sedimentos da própria lagoa. Em períodos
de elevada pluviosidade ou marés de sizigia de alta energia, os barramentos eram
34
rompidos, proporcionando trocas de águas e comunicação entre o mar e a lagoa
(AQUACONSULT, 1984).
Figura 1: Localização da lagoa Mãe-Bá, Guarapari–ES (fornecido pelo IEMA).
O fechamento do canal de ligação entre a lagoa Mãe-Bá e o mar se deu em época
anterior a 1970, por meio de aterro, para a construção da pista da Rodovia do Sol,
que liga os munícipios de Guarapari e Anchieta. O impedimento do fluxo de entrada
e saída das águas do mar e da lagoa provocou alterações na mesma ao longo dos
anos. Atualmente, a lagoa Mãe-Bá apresenta comunicação esporádica com o
oceano por meio de três canais artificiais localizados na Rodovia do Sol, os quais
permanecem a maior parte do ano bloqueados com areia, devido à ação do mar. A
abertura desses canais ocorre quando o nível da lagoa aumenta a ponto de invadir
as residências localizadas em seu entorno. Como a lagoa se encontra mais elevada
que o nível do mar, não entrada de água salgada na mesma quando os canais
são abertos, sendo a influência do mar exercida somente pelo spray marinho (Figura
2).
35
Figura 2: Vista aérea mostrando parte da lagoa Mãe-Bá. Fonte: Cepemar (2004).
A lagoa e-Bá é a segunda maior lagoa do Espírito Santo, em extensão,
possuindo forma alongada e contorno irregular das margens, sendo caracterizada
como dendrítica. Está localizada próxima ao mar e apresenta área de
aproximadamente 4,9 km², perímetro de 41.841 m, volume médio de 9,5 km³ e
profundidade média de 1,9 m (ERG ENGENHARIA, 2003). A bacia hidrográfica da
lagoa Mãe-Bá compreende uma área de 36,62 km². Os principais afluentes são os
córregos Loyola, Belo Horizonte e Santa Catarina, além de mais dois inominados
(Figura 3). Atualmente, esses córregos apresentam volume hídrico reduzido, sendo
possível observar fluxos de água para a lagoa somente em períodos chuvosos (AB-
3, 1999).
A bacia hidrográfica da lagoa apresenta relevo suave, ondulado, com vales
profundos. A geologia é definida na maior parte de sua área, pela formação
Barreiras. Nas nascentes ocorrem vestígios do domínio geológico da formação
Paraíba do Sul e nos vales, o terreno é plano e alagável, da era quaternária (AB-3,
1999). A vegetação primitiva dos terrenos de formação Barreiras é a floresta de
tabuleiros, a do domínio geológico de formação do Paraíba do Sul é a floresta
atlântica de encosta e a do fundo dos vales é a vegetação graminóide. Os solos
predominantes na região são os latossolos e as areias quartzosas marinhas, sendo
excessivamente drenados, distróficos e de forte acidez (JP ENGENHARIA, 1995). O
clima da região pode ser classificado como tropical quente e úmido, com
36
CSC
CBH
CL
temperaturas médias anuais em torno de 25 ºC e umidade média anual do ar
variando entre 79 e 83%. O inverno é ameno e seco e o verão quente e chuvoso,
caracterizando portanto, duas estações bem definidas ao longo do ano. A
pluviosidade média varia de 1.200 a 1.700 mm/ano e os ventos predominantes na
região ocorrem na direção nordeste (CEPEMAR, 2004).
Figura 3: Localização da lagoa Mãe-Bá e dos córregos Loyola (CL), Belo Horizonte (CBH) e
Santa Catarina (CSC). Fonte: Cepemar (2004).
A cultura de eucaliptos é desenvolvida na maior parte da bacia hidrográfica, para
utilização em carvoarias e serrarias. A região inclui, entre plantios de eucalipto,
áreas de reserva legal e de preservação permanente. Na região mais interior da
bacia hidrográfica da lagoa Mãe-Bá prevalece o uso rural, predominando o
reflorestamento com eucalipto, seguido da pecuária e, em menor escala, do cultivo
de várias culturas, como mandioca, cana, café e côco-da-baía (AB-3, 1999).
A empresa de pelotização Samarco Mineração S/A, implantada em 1977, está
situada às margens da lagoa Mãe-Bá e utiliza a lagoa como receptora de seus
37
efluentes industriais, após tratamento. Parte da lagoa foi represada pela empresa,
formando o Braço Norte, com as finalidades de abastecer água para uso nos
processos industriais, promover maturação das correntes líquidas e absorver
eventuais distorções na qualidade final dos efluentes, antes que sejam devolvidos ao
corpo receptor final, a lagoa Mãe-Bá (JP ENGENHARIA, 1995). A conexão da
barragem Norte com a lagoa ocorre por meio de um barramento construído na época
da implantação da usina. A comporta de ligação superficial permanece fechada por
quase todo o ano, sendo aberta principalmente em períodos chuvosos, em média
quatro vezes ao ano, por um período de 72 horas (PEREIRA, 2003).
A bacia hidrográfica da lagoa Mãe-Bá vem sofrendo assoreamento e desmatamento
nas nascentes e nas margens dos córregos, poluição por descarga inadequada de
esgotos sanitários e resíduos sólidos, provocando redução na atividade pesqueira e
deterioração dos recursos hídricos (LISTON, 2004). Os aglomerados urbanos
existentes no entorno da lagoa geram efluentes domésticos que, devido à
inexistência de rede coletora e de tratamento de esgoto, são lançados diretamente
nesse corpo d’água, acelerando o processo de eutrofização artificial.
6 MATERIAL E MÉTODOS
6.1 PERIODICIDADE E PONTOS DE AMOSTRAGEM
Foram determinados dois pontos de amostragem na lagoa Mãe-Bá (Figura 4). O
ponto denominado como Natural (20º44’12’’W e 46º35’25’’S), situa-se em uma
região da lagoa afastada dos aglomerados urbanos e portanto, considerada menos
impactada. O ponto denominado como Mãe-Bá (20º45’52’’W e 46º34’25’’S) está
localizado próximo à empresa Samarco Mineração S/A, à barragem Norte e ao
aglomerado urbano Mãe-Bá, recebendo efluentes originados dessa comunidade
(Figura 5). As diferentes condições ambientais aos quais os dois pontos amostrais
estão submetidos justifica a escolha dos mesmos.
38
Figura 4: Localização dos pontos amostrais (1) ponto Natural e (2) ponto Mãe-Bá e do
Braço Norte (BN). Fonte: Google Earth (modificado).
Figura 5: Visão parcial da lagoa Mãe-Bá: (A) ponto Natural e (B) ponto Mãe-Bá, próximo ao
aglomerado urbano Mãe-Bá.
As amostragens foram realizadas em intervalos de 15 dias nas estações seca e
chuvosa, compreendendo um total de quatro coletas por estação. Os meses de
amostragem foram agosto e setembro de 2006 (estação seca) e dezembro de 2006,
janeiro e fevereiro de 2007 (estação chuvosa).
Em cada ponto de amostragem foram realizadas coletas em dois períodos do dia:
manhã (9:00) e tarde (14:00), na sub-superfície da água, para avaliar a estrutura,
dinâmica e produtividade primária da comunidade fitoplanctônica.
B A
1
2
BN
39
6.2 VARIÁVEIS CLIMATOLÓGICAS
Os dados mensais médios de temperatura do ar e de pluviosidade referentes aos
anos de 2006 e 2007, do município de Guarapari, foram obtidos no site
http://www.weather.com. Os valores de temperatura do ar, nos dias de amostragem,
foram determinados utilizando-se termômetro de bulbo, “in situ”.
6.3 VARIÁVEIS LIMNOLÓGICAS
Em campo, foram determinados: transparência, profundidade xima, profundidade
da zona eufótica, temperatura da água, oxigênio dissolvido, pH, condutividade
elétrica, salinidade e sólidos totais dissolvidos. Em laboratório foram determinados:
turbidez, sólidos totais dissolvidos e a concentração dos principais nutrientes.
6.3.1 Transparência, profundidade da zona eufótica e profundidade da coluna
d’água
A profundidade da coluna d’água (m) foi determinada com um profundímetro SPEED
TECH SM-5. A transparência da água (m) foi determinada através da leitura da
profundidade do disco de Secchi, no lado sombreado da embarcação. A
profundidade da zona eufótica foi estimada com base nos valores de transparência
multiplicados por 3, segundo Cole (1994), sendo o valor final admitido como
correspondente a 1% da radiação incidente na superfície (ESTEVES, 1998b).
6.3.2 Temperatura da água e oxigênio dissolvido
Em cada ponto de amostragem foram avaliados o perfil térmico e o perfil de oxigênio
com medições da temperatura da água (
o
C) e do oxigênio dissolvido (% de
saturação), em intervalos de 0,3 m até a profundidade máxima, utilizando-se o
oxímetro-termístor Handylab OX1/SET.
40
6.3.3 pH
O pH foi avaliado em sub-superfície utilizando-se medidor de pH Schott Handylab 1.
6.3.4 Condutividade elétrica, sólidos totais dissolvidos e salinidade
A condutividade elétrica (µS/cm), os sólidos totais dissolvidos (mg/L) e a salinidade
foram determinados em sub-superfície utilizando-se medidor multiparâmetros
Handylab LF1.
6.3.5 Sólidos totais em suspensão (STS)
Os sólidos totais em suspensão (mg/L) foram determinados em laboratório, de
acordo com APHA (1995). Inicialmente os filtros de fibra de vidro Whatman GF/C
foram pesados em uma balança de precisão. As amostras de água foram coletadas
em sub-superfície através de passagem de frasco, e em seguida levadas ao
laboratório e filtradas através dos filtros de fibra de vidro, com auxílio de bomba à
vácuo. Posteriormente, os filtros foram mantidos em estufa a 60
o
C, onde
permaneceram por 48 horas. Após esse período, os filtros foram novamente
pesados. Os resultados foram calculados de acordo com a seguinte fórmula:
STS (mg/L) = Pf – Pi
V
Onde:
Pf = Peso do filtro após a filtração (mg);
Pi = Peso do filtro antes da filtração (mg);
V = Volume da amostra (L).
41
6.3.6 Turbidez
A turbidez (NTU) foi determinada no laboratório de Química da Construtora Norberto
Odebrecht S.A., com auxílio de turbidímetro Digimed DM-C2.
6.3.7 Nutrientes
As análises de nitrogênio amoniacal, ortofosfato e fósforo total foram realizadas no
Laboratório de Ciências Ambientais da Universidade Estadual do Norte Fluminense
(UENF). As análises de nitrogênio total foram realizadas no Laboratório de Química
da Aracruz Celulose S/A e as análises de nitrato, nitrito e silicato foram realizadas no
Laboratório de Limnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Para análise dos nutrientes, as amostras de água foram coletadas em sub-
superfície, através de passagem de frasco, acondicionadas em frascos de polietileno
e transportadas ao laboratório em caixa térmica com gelo, permanencendo
congeladas até a realização das análises. Para determinação de silicato, ortofosfato,
nitrogênio amoniacal, nitrato e nitrito as amostras foram filtradas em filtro de fibra de
vidro Whatman GF/C, à vácuo. O restante da amostra não filtrada, foi utilizado para
análise de nitrogênio e fósforo totais.
As concentrações de nitrogênio amoniacal, silicato, ortofosfato e fósforo total (este
último após digestão com persulfato de potássio) foram determinadas em triplicata
por espectrofotometria de UV visível (espectrofotômetro Shimadzu), de acordo com
Carmouze (1994). A determinação das concentrações de nitrogênio total seguiu o
método descrito em APHA (1992) e de nitrito e nitrato (este último com utilização de
coluna de cádmio), a metodologia proposta por Zagato et al. (1981), utilizando-se a
técnica de injeção de fluxo contínuo (F.I.A.). Todos os resultados foram expressos
em µg/L.
42
6.4 COMUNIDADE FITOPLANCTÔNICA
6.4.1 Amostragens e tratamento das amostras
Para análise qualitativa, as amostras de fitoplâncton foram coletadas com rede de
plâncton com abertura de malha de 20 µm, através de arrastos horizontais na sub-
superfície da água, acondicionadas em frasco de vidro e fixadas com solução final
de formalina 4% (BICUDO & MENEZES, 2005). Para análise quantitativa, as
amostras foram coletadas com garrafa de van Dorn na sub-superfície da água,
acondicionadas em frasco de vidro e fixadas com solução de lugol acético 5%
(UTERMÖHL, 1958).
6.4.2 Análise qualitativa
A análise qualitativa do fitoplâncton foi realizada a partir de análise populacional,
com auxílio de microscópio Olympus CX 41, equipado com ocular de medição e
câmara clara. Os xons foram esquematizados, medidos e identificados, sempre
que possível à categoria taxonômica de espécie ou infra-específica, levando em
consideração as características morfológicas e morfométricas, com auxílio de
bibliografia especializada e contato com especialistas.
Os sistemas de classificação utilizados foram: Komárek & Fott (1983) para
Chlorococcales (Chlorophyceae); Komárek & Anagnostidis (1988, 1989, 1990, 1999
e 2005) para Cyanophyceae; Round (1971) para Euglenophyceae; Van den Hoeck
(1995) para Zygnemaphyceae e Bourrelly (1966, 1968 e 1970) para as demais
Classes.
6.4.3 Análise quantitativa
A quantificação do fitoplâncton seguiu o método de sedimentação em câmaras
(UTERMÖHL, 1958), utilizando-se microscópio invertido Nikon Eclipse TS 100, com
aumento de 400 vezes. O procedimento de contagem foi o de campos aleatórios
43
descrito por Uehlinger (1964). Cada célula, colônia e filamento foram considerados
como um indivíduo.
Lund et al. (1958) recomendam a contagem de, no mínimo, 100 indivíduos da
espécie mais abundante, a fim de se obter precisão de + 20%. No presente estudo,
foram utilizados os seguintes critérios conjuntamente: um número suficiente de
campos foi contado até o registro de 400 indivíduos da espécie predominante e de
100 indivíduos da segunda espécie predominante. Além disso, a contagem foi
realizada até a estabilização do número de espécies adicionadas por campo
(BICUDO, 1990), maximizando a confiabilidade dos dados e reduzindo o erro. A
sedimentação das amostras foi realizada em câmaras de 10mL, utilizando-se
amostras diluídas (1:1). Os resultados foram expressos em ind/mL e calculados de
acordo com Weber (1973), através da seguinte fórmula:
Ind/mL = (n/s.c) x (1/h) x F
Onde:
n = número de indivíduos contados;
s = área do campo (mm
2
);
c = número de campos contados;
h = altura da câmara de sedimentação (mm);
F = Fator de correção para mililitro (10
3
mm
3
/mL).
6.4.4 Espécies dominantes e abundantes
As espécies dominantes e abundantes foram determinadas a partir da análise
quantitativa, de acordo com Lobo e Leighton (1986). Foram consideradas espécies
abundantes aquelas cuja ocorrência numérica superou o valor médio do número
total de indivíduos de cada amostra e dominantes aquelas cuja ocorrência numérica
superou 50% do número total de indivíduos em cada amostra.
44
6.4.5 Clorofila a
Para determinação da clorofila a (µg/L), as amostras foram filtradas em filtro de fibra
de vidro e a extração foi realizada utilizando-se acetona 90% por um período de 24
horas, sob refrigeração (APHA, 1992). Os resultados foram obtidos através do
método espectrofotométrico proposto por Lorenzen (1967).
6.4.6 Biovolume
O volume celular das espécies quantificadas foi estimado considerando-se as
dimensões médias dos indivíduos, usando modelos geométricos aproximados à
forma dos indivíduos, conforme Hillebrand et al. (1999), Sun & Liu (2003) e Vadrucci
et al. (2007).
Foram medidos pelo menos 20 indivíduos por espécie (distribuídos em várias
amostragens) de acordo com a freqüência em que ocorriam nas amostras e,
posteriormente, foi calculada a dia do volume de cada espécie. O biovolume foi
obtido através da multiplicação das médias de volumes celulares pelas densidades
de cada espécie, sendo os resultados expressos em mm
3
/L.
6.4.7 Índice de diversidade (H’)
A diversidade específica foi calculada através do índice de diversidade de Shannon-
Weanner (1963), a partir de dados de densidade. Os resultados foram expressos em
bits/ind., segundo a equação:
n
H’ = - pi Log
2
pi sendo: pi = n/N
1
Onde:
n = número de indivíduos da espécie i;
N = número total de indivíduos.
45
6.4.8 Índice de equitabilidade (J’)
A equitabilidade foi calculada segundo Pielou (1975, apud LEGENDRE &
LEGENDRE, 1983):
J’ = H’/H’max
Onde:
H’ = diversidade da amostra;
H’max = diversidade máxima da amostra (Log
2
S).
Sendo:
S = número de espécies da amostra.
6.5 ÍNDICE DE ESTADO TRÓFICO (IET)
Para determinação do estado trófico da lagoa Mãe-Bá, foi utilizado o Índice de
Carlson modificado para ambientes tropicais por Toledo-Júnior et al. (1983). O IET
foi calculado com base nos valores de transparência, fósforo total, ortofosfato e
clorofila a. As equações modificadas são:
IET (S) = 10 (6 – 0,64 + lnS)
ln2
IET (P
T
) = 10 [6 – ln (80,32 / P
T
)]
ln2
IET (PO
3-
4
) = 10 [6 – ln (21,67 / PO
3-
4
)]
ln2
IET (CHL) = 10 (6 – 2,04 – 0,695 ln CHL)
ln2
46
Onde:
S = transparência (com o disco de Secchi)
P
T
= concentração de fósforo total
PO
3-
4
= concentração de ortofosfato
CHL = concentração de clorofila a
Segundo Toledo-Junior et al. (1983), para se atribuir menor peso à transparência da
água, foi realizada uma ponderação do IET médio através da seguinte fórmula:
IET (médio) = IET (S) + 2 [IET (P
T
) + IET (PO
3-
4
) + IET (CHL)]
7
De acordo com os resultados obtidos, o ambiente pode ser classificado como:
Oligotrófico se: IET < 44
Mesotrófico se: 44 < IET < 54
Eutrófico se: IET > 54
6.6 PRODUTIVIDADE PRIMÁRIA FITOPLANCTÔNICA
6.6.1 Coleta piloto
Em maio de 2005 foi realizada uma coleta piloto com a finalidade de determinar o
melhor tempo de incubação das amostras na lagoa Mãe-Bá. Para a realização do
experimento foi montado um suporte que manteve os frascos claros e escuros, em
réplicas, suspensos a 30cm da superfície da coluna d’água. Foram feitas incubações
em intervalos de 30’, 1h, 2h, 3h e 4h. Os frascos utilizados foram de vidro para DBO
com capacidade de 150mL cada, com tampa esmerilhada, cujos volumes foram
previamente aferidos. Foram utilizados 2 frascos claros e 2 frascos escuros para
cada período de incubação e 2 frascos iniciais que foram imediatamente fixados com
1mL de sulfato manganoso e 1mL de azida dica. Os frascos escuros, além de
serem de cor âmbar, foram envolvidos com várias camadas de papel alumínio e fita
crepe, de modo a não permitir passagem de luz. As amostras de água foram
47
coletadas na sub-superfície da água e transferidas para os frascos de vidro,
evitando-se a formação de bolhas. Após o período de incubação, os frascos claros e
escuros foram retirados da água e fixados da mesma forma que os frascos iniciais.
Em laboratório, a determinação do oxigênio dissolvido para cada intervalo de
incubação foi realizada pelo método de Winkler descrito por Golterman et al. (1978).
O melhor tempo de incubação das amostras foi determinado pela maior diferença
entre as concentrações iniciais e finais, respeitando as proporções e pela não
formação de bolhas nos frascos durante o experimento.
6.6.2 Produtividade primária
O experimento foi desenvolvido nos dois pontos de amostragens anteriormente
descritos e em dois períodos do dia: manhã (9:00) e tarde (14:00). Inicialmente a
incubação foi realizada em um ponto, seguindo-se imediatamente para o segundo
ponto, a fim de minimizar a diferença no horário inicial de incubação.
De acordo com os resultados obtidos na coleta piloto, para a lagoa Mãe-Bá, o tempo
de incubação determinado foi de duas horas. A metodologia de coleta, incubação e
determinação do oxigênio foi a mesma descrita para a coleta piloto. A partir dos
valores de oxigênio (em mgO
2
/L/h) obtidos em cada frasco, foram determinados os
valores de produtividade primária líquida (em mgC/m
3
/h) através da relação
estequiométrica do peso atômico do oxigênio com o do carbono, na qual foi utilizado
o fator de conversão de 0,375 (COLE, 1994). A conversão foi realizada segundo
Bassoli e Roland (2005), através da seguinte fórmula:
Produtividade Primária Líquida (mgC/m
3
/h) = (FC – FI) (1000) (0,375)/(PQ)t
Onde:
FC = Concentração de oxigênio no frasco claro (mg/L)
FI = Concentração de de oxigênio no frasco inicial (mg/L)
PQ (coeficiente fotossintético) = 1,2
t = tempo de incubação em horas
48
Batista (2003), estudando a produtividade primária fitoplanctônica na lagoa da
UFES, realizou testes para determinar o melhor tempo de incubação e também
selecionou o tempo de incubação de duas horas. Segundo Lewis (1974), quando
utilizados tempos de incubação relativamente curtos, as fontes de variação são
grandemente minimizadas.
6.7 TRATAMENTO E ANÁLISES ESTATÍSTICAS
6.7.1 Estatística descritiva
A estatística descritiva foi calculada com auxílio do programa Microsoft Excel 2003, a
fim de se avaliar o conjunto de dados, abióticos e bióticos, obtidos durante o período
de amostragem, através da determinação dos valores mínimo, máximo, média,
desvio-padrão e coeficiente de variação.
6.7.2 Teste Mann-Whitney
Para verificar se ocorreram diferenças significativas em relação às variáveis
ambientais e biológicas da comunidade fitoplanctônica, entre as estações seca e
chuvosa e entre os pontos de amostragens, foi utilizado o teste não paramétrico
Mann-Whitney (Teste U) com auxílio do programa STATISTICA 6.0.
6.7.3. Análise multivariada em componentes principais
A análise multivariada em componentes principais (ACP) foi utilizada para ordenar
as variáveis bióticas e abióticas e expressar as inter-relações entre essas variáveis
por um número menor de fatores (DIAS JR., 1990) e, ainda, para ordenar as
estações, pontos e horários amostrados. Os dados inicialmente foram
estandartizados e a ACP foi realizada através do programa STATISTICA 6.0.
49
7 RESULTADOS
7.1 VARIÁVEIS CLIMATOLÓGICAS
7.1.1 Pluviosidade e temperatura do ar
Os dados mensais de temperatura do ar (média mensal) e de pluviosidade (total
mensal), no período de agosto de 2006 a julho de 2007 estão apresentados na
Figura 6. Os meses de menores pluviosidades foram agosto de 2006 e junho de
2007 (56 mm em ambos os meses). As maiores precipitações foram registradas nos
meses de novembro e dezembro de 2006 (170 e 196 mm, respectivamente).
0
50
100
150
200
250
ago/06
s
et/
0
6
o
ut/
0
6
nov/06
de
z
/
06
jan/07
f
e
v/07
mar/
0
7
abr/07
mai/
0
7
j
u
n
/
0
7
j
u
l
/07
mm
20
22
24
26
28
30
oC
Pluviosidade Temperatura
Figura 6: Médias mensais de temperatura do ar (
o
C) e totais mensais de pluviosidade (mm),
com destaque para os meses de amostragem (em preto).
Dos meses amostrados, agosto e setembro/06 apresentaram os menores índices
pluviométricos e as menores temperaturas médias do ar, representando a estação
seca. De outubro/06 a janeiro/07 foram registrados os maiores índices
pluviométricos e elevação da temperatura média mensal, com os meses de
dezembro, janeiro e fevereiro caracterizando a estação chuvosa. Foram registradas
diferenças significativas (p < 0,05) entre as estações seca e chuvosa, quanto à
precipitação e temperatura do ar.
50
Os menores valores de temperatura do ar foram registrados na amostragem do dia
03/08, tanto no ponto Natural (20,0
o
C) quanto no ponto Mãe-Bá (20,5
o
C). O maior
valor de temperatura do ar obtido em ambos os pontos foi 30
o
C, ocorrendo no dia
20/12 no ponto Natural e nos dias 15/09 e 22/01 no ponto Mãe-Bá. Nos dois pontos
de amostragem, no período da manhã a média de temperatura foi cerca de 26
o
C e
no período da tarde a média foi de 27
o
C (Tabelas 1 e 2 e Figura 7).
Estação Seca
18
20
22
24
26
28
30
32
3/ago 25/ago 15/set 28/set
Temperatura do ar (
o
C)
Natural manhã Natural tarde
Mãe-Bá manhã Mãe-Bá tarde
Estação Chuvosa
18
20
22
24
26
28
30
32
20/dez 8/jan 22/jan 14/fev
Temperatura do ar (
o
C)
Natural manhã Natural tarde
Mãe-Bá manhã Mãe-Bá tarde
Figura 7: Variação temporal da temperatura do ar nos dois pontos de amostragem e em dois
momentos do dia (manhã e tarde), durante o período estudado.
7.2 VARIÁVEIS LIMNOLÓGICAS
As Tabelas 1 e 2 mostram os valores mínimo, máximo, média, desvio padrão e
coeficiente de variação das variáveis ambientais, nos pontos Natural e Mãe-Bá
durante o período estudado.
7.2.1 Transparência, zona eufótica e profundidade da coluna d’água
Os resultados obtidos durante o período estudado, para profundidade, transparência
da água e zona eufótica estão apresentados na Figura 8. A profundidade máxima no
ponto Natural variou de 1,1 a 1,4 m e no ponto Mãe-Bá, de 1,1 a 1,5 m. Os dois
pontos de amostragem, considerando os dois horários, apresentaram média de 1,3
m (Tabelas 1 e 2).
51
Mín. Máx. Média Desvpad C.V. (%) Mín. Máx. Média Desvpad C.V. (%)
Temperatura do ar (
o
C)
20,0 29,8 26,4 3,4 12,9
20,5 30 26,7 3,1 11,6
Temperatura da água (
o
C) 23,5 30,7 26,3 2,4 9,2 23,0 31,5 27,8 2,9 10,4
Profundidade (m) 1,1 1,4 1,3 0,1 7,7 1,2 1,4 1,3 0,1 7,7
Transparência (m) 0,8 1,4 1,1 0,2 18,2 0,8 1,4 1,1 0,2 18,2
Zona Eufótica (m) 1,1 1,4 1,3 0,1 7,7 1,2 1,4 1,3 0,1 7,7
Oxigênio Dissolvido (% sat) 47,0 87,6 70,9 12,2 17,2 48,6 98,0 77,0 12,1 15,7
pH 5,6 8,4 7,1 1,0 14,1 6,6 7,9 7,4 0,7 9,5
Condutividade Elétrica (
µ
S/cm)
318,0 726,0 572,0 151,6 26,4
75,0
690,0
445,0
255,9
57,5
Sólidos Totais Dissolvidos 119,0 722,0 537,0 226,5 42,2 27,0 668,0 397,0 294,0 74,1
Sólidos Totais Suspensos 2,0 6,3 4,3 1,3 30,2 3,0 6,0 4,1 1,0 24,4
Turbidez 5,1 11,5 9,3 2,3 24,7 4,5 11,6 9,4 2,3 24,5
Silicato 1139,0 2848,0 1851,0 650,5 35,1 1101,0 2946,0 1807,0 690,3 38,2
Ortofosfato 3,8 11,6 7,4 3,0 40,5 2,3 9,5 5,9 2,3 38,9
Fósforo Total 10,0 15,0 12,2 1,5 12,3 10,4 12,5 12,1 0,7 5,8
Nitrogênio Amoniacal 10,6 106,6 42,6 31,7 74,4 3,6 69,0 32,8 25,3 77,1
Nitrogênio Total 776,0 1660,0 1124,3 341,3 30,4 780,0 1790,0 1248,0 392,5 31,5
Razão NT:PT 63,5 150,0 93,2 30,4 32,6 66,1 145,2 102,3 30,2 29,5
Manhã Tarde
Variáveis
Mín. Máx. Média Desvpad C.V. (%) Mín. Máx. dia Desvpad C.V. (%)
Temperatura do ar (
o
C) 20,5 30,0 27,0 3,0 11,1 20,5 30,0 26,0 3,3 12,7
Temperatura da água (
o
C)
23,0
29,4
26,0
2,2
8,6
22,9
30,6
27,2
2,8
10,3
Profundidade (m)
1,1
1,3
1,3
0,1
7,7
1,1
1,5
1,3
0,1
7,7
Transparência (m)
0,7
1,3
1,1
0,2
18,2
0,8
1,2
1,0
0,2
20,0
Zona Eufótica (m)
1,1
1,3
1,3
0,1
7,7
1,1
1,5
1,3
0,1
7,7
Oxigênio Dissolvido (% sat)
72,3
92,0
82,5
6,4
7,7
73,0
100,4
90,4
6,9
7,6
pH
6,7
8,6
8,0
0,6
7,5
8,0
8,7
8,3
0,3
3,6
Condutividade Elétrica (
µ
S/cm)
111,0
1062,0
615,0
343,9
55,9
115,0
958,0
606,0
325,9
53,8
Sólidos Totais Dissolvidos
41,0
1088,0
578,0
415,0
72,0
42,0
955,0
534,0
378,5
70,9
Sólidos Totais Suspensos
5,0
11,0
7,1
2,1
29,6
4,0
9,0
6,3
1,7
27,5
Turbidez
5,3
17,8
10,4
3,8
36,5
6,7
17,3
10,8
3,2
29,3
Silicato
451,0
2843,0
1747,0
862,1
49,3
1162,0
2887,0
1950,0
657,2
33,7
Ortofosfato 4,3 17,8 8,1 4,5 55,6 2,3 17,9 7,8 5,0 64,1
Fósforo Total 10,9 19,0 14,5 2,9 20,0 12,5 30,3 15,7 6,0 38,2
Nitrogênio Amoniacal 2,7 162,0 38,6 57,4 148,7 4,9 22,4 12,7 7,4 58,3
Nitrogênio Total 832,0 1560,0 1125,4 261,8 23,3 790,0 1950,0 1299,4 400,7 30,8
Razão NT:PT 45,9 143,3 81,4 29,8 36,6 26,1 138,7 92,0 36,9 40,1
Variáveis
Manhã Tarde
Tabela 1: Estatística descritiva das variáveis ambientais no ponto Natural, nos períodos da manhã e
da tarde.
Tabela 2: Estatística descritiva das variáveis ambientais no ponto Mãe-Bá, nos períodos da manhã e
da tarde.
No ponto natural, a transparência da água variou de 0,8 a 1,4m, com média de 1,1m
nos dois horários de coleta. No ponto Mãe-Bá a variação da transparência foi de 0,7
a 1,3m, com média de 1,0m no período da manhã e de 0,8 a 1,2m, com média de
1,1m, no período da tarde. Foi observada diferença sazonal estatisticamente
significativa para a transparência, com redução dos valores na estação chuvosa.
Entre os pontos de amostragem não houve diferença significativa.
52
Natural - manhã
0,0
0,3
0,6
0,9
1,2
1,5
3/8 25/8 15/9 28/9 20/12 8/1 22/1 14/2
metros
Profundidade Máxima Transparência Zona Eufótica
Natural - tarde
0,0
0,3
0,6
0,9
1,2
1,5
3/8 25/8 15/9 28/9 20/12 8/1 22/1 14/2
metros
Profundidade Máxima Transparência Zona Eufótica
Mãe-Bá - manhã
0
0,3
0,6
0,9
1,2
1,5
3/8 25/8 15/9 28/9 20/12 8/1 22/1 14/2
metros
Profundidade Máxima Transparência Zona Eufótica
Mãe- - tarde
0
0,3
0,6
0,9
1,2
1,5
3/8 25/8 15/9 28/9 20/12 8/1 22/1 14/2
metros
Profundidade Máxima Transparência Zona Eufótica
Figura 8: Variação temporal da profundidade, transparência e zona eufótica nos dois pontos
de amostragem e em dois momentos do dia (manhã e tarde), durante o período estudado.
53
Durante todo o período estudado, nos dois pontos de amostragem e nos dois
horários de coleta, a zona eufótica alcançou o sedimento da lagoa, resultando em
disponibilidade de luz em toda a coluna d’água.
7.2.2 Temperatura da água
Em praticamente todo o período estudado, nos dois pontos de amostragem e nos
dois horários de coleta, registrou-se mistura da coluna d’água (Figura 9). Entre as
estações seca e chuvosa foi constatada diferença significativa na temperatura da
água. Os menores valores foram registrados no dia 03/08 (estação seca), em ambos
os pontos de amostragem, estando em torno de 23
o
C (Tabelas 1 e 2). A
temperatura da água atingiu seu valor máximo no dia 22/01 (estação chuvosa), tanto
no ponto Natural (manhã – 30,7
o
C e tarde 31,5
o
C), quanto no ponto Mãe-Bá
(manhã – 29,4
o
C e tarde – 30,6
o
C).
A maior variação entre a temperatura da superfície e do fundo da coluna d’água foi
registrada no dia 14/02, no período da tarde, nos dois pontos de amostragem, com
diferença de 1
o
C entre as profundidades amostradas. Considerando os dois pontos
de amostragem, não foram verificadas diferenças significativas nos valores de
temperatura da água.
Os coeficientes de variação obtidos no ponto Natural, nos períodos manhã e tarde
foram 9,2 e 10,4%, respectivamente. No ponto Mãe-Bá, no período da manhã foi
registrado coeficiente de variação de 8,6% e no período da tarde, de 10,3%.
7.2.3 Oxigênio dissolvido
No geral, durante todo o período de estudo não houve estratificação química da
coluna d’água. Conforme mostra a Figura 10, com exceção do dia 28/09 em que foi
registrada saturação no ponto Mãe-Bá (tarde), nos demais pontos de amostragem
em todo o período estudado, os valores de oxigênio dissolvido ficaram abaixo da
saturação.
54
03/08/2006
0
0,3
0,6
0,9
1,2
22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32
Temperatura da água (
o
C)
Profundidade (m)
Natural manhã Mãe-Bá manhã
Natural tarde Mãe-Bá tarde
25/08/2006
0
0,3
0,6
0,9
1,2
22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32
Temperatura da água (
o
C)
Profundidade (m)
Natural manhã Mãe-Bá manhã
Natural tarde Mãe-Bá tarde
15/09/2006
0
0,3
0,6
0,9
1,2
22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32
Temperatura da água (
o
C)
Profundidade (m)
Natural manhã Mãe-Bá manhã
Natural tarde Mãe-Bá tarde
28/09/2006
0
0,3
0,6
0,9
1,2
22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32
Temperatura da água (
o
C)
Profundidade (m)
Natural manhã Mãe-manhã
Natural tarde Mãe-Bá tarde
20/12/2006
0
0,3
0,6
0,9
1,2
22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32
Temperatura da água (
o
C)
Profundidade (m)
Natural manhã Mãe-Bá manhã
Natural tarde Mãe-Bá tarde
08/01/2007
0
0,3
0,6
0,9
1,2
22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32
Temperatura da água (
o
C)
Profundidade (m)
Natural manhã Mãe-Bá man
Natural tarde Mãe-Bá tarde
22/01/2007
0
0,3
0,6
0,9
1,2
22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32
Temperatura da água (
o
C)
Profundidade (m)
Natural manhã Mãe- manhã
Natural tarde Mãe-Bá tarde
14/02/2007
0
0,3
0,6
0,9
1,2
22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32
Temperatura da água (
o
C)
Profundidade (m)
Natural manhã Mãe-Bá manhã
Natural tarde Mãe-Bá tarde
Figura 9: Perfis térmicos verticais da coluna d’água nos dias amostrados, nos dois pontos de
coleta e nos dois períodos do dia (manhã e tarde).
55
03/08/2006
0
0,3
0,6
0,9
1,2
0 20 40 60 80 100 120
Oxigênio dissolvido (% sat.)
Profundidade (m)
Natural manhã Mãe-Bá manhã
Natural tarde Mãe-Bá tarde
25/08/2006
0
0,3
0,6
0,9
1,2
0 20 40 60 80 100 120
Oxigênio dissolvido (% sat.)
Profundidade (m)
Natural manhã Mãe-Bá manhã
Natural tarde Mãe-Bá tarde
15/09/2006
0
0,3
0,6
0,9
1,2
0 20 40 60 80 100 120
Oxigênio dissolvido (% sat.)
Profundidade (m)
Natural manhã Mãe-Bá man
Natural tarde Mãe- tarde
28/09/2006
0
0,3
0,6
0,9
1,2
0 20 40 60 80 100 120
Oxigênio dissolvido (% sat.)
Profundidade (m)
Natural manhã Mãe- manhã
Natural tarde Mãe-Bá tarde
20/12/2006
0
0,3
0,6
0,9
1,2
0 20 40 60 80 100 120
Oxigênio dissolvido (% sat.)
Profundidade (m)
Natural man Mãe-Bá manhã
Natural tarde Mãe-Bá tarde
08/01/2007
0
0,3
0,6
0,9
1,2
0 20 40 60 80 100 120
Oxigênio dissolvido (% sat.)
Profundidade (m)
Natural man Mãe-Bá man
Natural tarde Mãe-Bá tarde
22/01/2007
0
0,3
0,6
0,9
1,2
0 20 40 60 80 100 120
Oxigênio dissolvido (% sat.)
Profundidade (m)
Natural manhã Mãe- manhã
Natural tarde Mãe-Bá tarde
14/02/2007
0
0,3
0,6
0,9
1,2
0 20 40 60 80 100 120
Oxigênio dissolvido (% sat.)
Profundidade (m)
Natural manhã Mãe-Bá manhã
Natural tarde Mãe-Bá tarde
Figura 10: Perfis verticais de oxigênio dissolvido (em % de saturação) da coluna d’água nos
dias amostrados, nos dois pontos de coleta e nos dois períodos do dia (manhã e tarde).
56
O oxigênio dissolvido apresentou diferenças sazonais e espaciais significativas, com
menores valores sendo registrados na estação chuvosa, no ponto Natural e no
período da manhã. No ponto Natural a variação do oxigênio dissolvido foi de 47,0 a
87,6% de saturação no período da manhã e de 48,6 a 98% de saturação no período
da tarde, apresentando médias de 70,9 e 77,0% de saturação, respectivamente. No
ponto Mãe-Bá o oxigênio dissolvido variou de 72,3 a 92,0% de saturação no período
da manhã e de 73,0 a 100,4% de saturação no período da tarde, com respectivas
médias de 82,5 e 90,4% de saturação (Tabelas 1 e 2 e Figura 10).
O ponto Natural apresentou maiores valores de coeficiente de variação (manhã -
17,2% e tarde - 15,7%), se comparado ao ponto Mãe-Bá (manhã 7,7% e tarde
7,6%).
7.2.4 pH
A Figura 11 mostra a variação de pH nos dois pontos de amostragem ao longo do
período estudado. O pH apresentou variação temporal e espacial, com maiores
valores registrados na estação seca e menores no ponto Natural. As diferenças
obtidas entre as estações seca e chuvosa e entre os pontos Natural e Mãe-Bá foram
significativas.
Estação Seca
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
3/ago 25/ago 15/set 28/set
pH
Natural manhã Natural tarde
Mãe-Bá manhã Mãe-Bá tarde
Estação Chuvosa
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
20/dez 8/jan 22/jan 14/fev
pH
Natural manhã Natural tarde
Mãe-Bá man Mãe-Bá tarde
Figura 11: Variação temporal do pH nos dois pontos de amostragem e em dois momentos
do dia, durante o período estudado.
57
Na estação seca, os dois pontos estudados foram caracterizados como ambientes
de águas alcalinas. A variação de pH do ponto Natural foi de 7,5 a 8,6 e do ponto
Mãe-Bá foi de 8,1 a 8,7 (Tabelas 1 e 2). Na estação chuvosa houve maior variação
de pH entre os pontos e horários amostrados. O ponto Natural variou de levemente
ácido a neutro (5,6 a 7,0) e o ponto Mãe-Bá variou de neutro a básico (7,0 a 8,2).
Os coeficientes de variação do pH obtidos no ponto Natural, nos períodos da manhã
e da tarde foram 14,1% e 9,5%, respectivamente (Tabela 1). No ponto Mãe-Bá, o
coeficiente de variação obtido foi de 7,5% no período da manhã e de 3,5% no
período da tarde (Tabela 2).
7.2.5 Condutividade elétrica
e sólidos totais dissolvidos (STD)
Quanto à variação espacial, somente na estação seca houve diferença significativa
entre os pontos Natural e Mãe-Bá, tanto nos valores de condutividade elétrica,
quanto de sólidos totais dissolvidos.
Durante todo o período estudado, os maiores valores de condutividade elétrica
foram registrados no ponto Mãe-Bá, cujas variações foram de 111 a 1062 µS/cm no
período da manhã e de 115 a 958 µS/cm no período da tarde, com respectivas
médias de 615 e 606 µS/cm e coeficientes de variação de 72,0% e 70,9% (Tabela 2
e Figura 12).
No ponto Natural a variação de condutividade elétrica foi de 69 a 726 µS/cm no
período da manhã e de 75 a 690 µS/cm no período da tarde, apresentando médias
de 447 e 445 µS/cm e coeficientes de variação de 74,4% e 74,1%, respectivamente
(Tabela 1 e Figura 12).
58
Estação Seca
0
220
440
660
880
1100
3/ago 25/ago 15/set 28/set
C.E. ( S/cm)
Natural manhã Natural tarde
Mãe-Bá manhã Mãe-Bá tarde
Estação Chuvosa
0
220
440
660
880
1100
20/dez 8/jan 22/jan 14/fev
C. E. ( S/cm)
Natural manhã Natural tarde
Mãe-Bá manhã Mãe-Bá tarde
Figura 12: Variação temporal da condutividade elétrica nos dois pontos de amostragem e
em dois momentos do dia, durante o período estudado.
O mesmo padrão de variação observado na condutividade elétrica foi registrado para
os sólidos totais dissolvidos (Figura 13). No ponto Natural a média de STD foi de 409
mg/L no período da manhã e 397 mg/L no período da tarde, com coeficiente de
variação de 74% nos dois horários amostrados (Tabela 1). No ponto Mãe-Bá, as
médias obtidas para STD foram de 578 mg/L no período da manhã e 534 mg/L no
período da tarde, com coeficientes de variação de 72 e 71%, respectivamente
(Tabela 2).
Estação Seca
0
220
440
660
880
1100
3/ago 25/ago 15/set 28/set
STD (mg/L)
Natural manhã Natural tarde
Mãe-manhã Mãe-Bá tarde
Estação Chuvosa
0
220
440
660
880
1100
20/dez 8/jan 22/jan 14/fev
STD (mg/L)
Natural manhã Natural tarde
Mãe-Bá manhã Mãe-Bá tarde
Figura 13: Variação temporal de sólidos totais dissolvidos nos dois pontos de amostragem e
em dois momentos do dia, durante o período estudado.
Em ambos os pontos de amostragem, observou-se variação temporal significativa da
condutividade elétrica e do STD, com redução acentuada dos valores na estação
chuvosa. Os elevados resultados de coeficiente de variação mostram a grande
amplitude dos valores obtidos para essas variáveis ao longo do período estudado.
59
7.2.6 Turbidez
A variação nos valores de turbidez está mostrada na Figura 14. Não foram
observadas diferenças significativas entre os pontos Natural e Mãe-Bá e entre as
estações seca e chuvosa na turbidez.
No ponto Natural, a turbidez variou de 5,1 a 11,5 NTU no período da manhã e de 4,5
a 11,6 NTU no período da tarde, com respectivas médias de 9,3 e 9,4 NTU. No
ponto Mãe-Bá, os valores de turbidez oscilaram entre 5,3 e 17,8 NTU no período da
manhã e entre 6,7 e 17,3 NTU no período da tarde, apresentando médias de 10,4 e
10,8, respectivamente (Tabelas 1 e 2).
O ponto Natural apresentou maiores valores de coeficiente de variação (manhã -
24,7% e tarde - 24,5%), se comparado ao ponto Mãe-Bá (manhã 36,5% e tarde
29,3%).
Estação Seca
0,0
4,0
8,0
12,0
16,0
20,0
3/ago 25/ago 15/set 28/set
Turbidez (NTU)
Natural manhã Natural tarde
Mãe-Bá manhã Mãe-Bá tarde
Estação Chuvosa
0,0
4,0
8,0
12,0
16,0
20,0
20/dez 8/jan 22/jan 14/fev
Turbidez (NTU)
Natural manhã Natural tarde
Mãe-Bá manhã Mãe-tarde
Figura 14: Variação temporal da turbidez nos dois pontos de amostragem e em dois
momentos do dia, durante o período estudado.
7.2.7 Sólidos totais em suspensão (STS)
Os valores de STS obtidos durante o período estudado estão mostrados na Figura
15. Em relação à variação temporal, os valores de STS não apresentaram diferença
significativa entre as estações seca e chuvosa.
60
No ponto Natural foram registradas as menores médias de STS (manhã – 4,3 mg/L e
tarde 4,1 mg/L) tanto na estação seca, quanto na estação chuvosa. Entretanto,
somente na estação chuvosa houve diferença significativa de STS entre os pontos
de amostragem. No ponto Mãe-Bá, a média dos valores de STS foi maior (manhã
7,1 mg/L e tarde – 7,0 mg/L), principalmente na estação chuvosa, quando os valores
máximos de STS atingiram 11,0 e 11,2 mg/L, no dia 20/12/06 nos períodos da
manhã e tarde.
O coeficiente de variação registrado no ponto Natural, no período da manhã foi
30,2% e no período da tarde, 24,4% (Tabela 1). No ponto e-Bá, os coeficientes
de variação obtidos nos períodos da manhã e da tarde foram 29,6% e 27,5%,
respectivamente (Tabela 2).
Estação Seca
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
3/ago 25/ago 15/set 28/set
STS (mg/L)
Natural manhã Natural tarde
Mãe-Bá manhã Mãe-Bá tarde
Estação Chuvosa
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
20/dez 8/jan 22/jan 14/fev
STS (mg/L)
Natural manhã Natural tarde
Mãe-Bá manhã Mãe-tarde
Figura 15: Variação temporal dos sólidos totais em suspensão nos dois pontos de
amostragem e em dois momentos do dia, durante o período estudado.
7.2.8 Salinidade
Na estação seca, o maior valor registrado para salinidade no ponto Natural foi 0,1 e
no ponto Mãe-Bá foi 0,3. Na estação chuvosa, ambos os pontos de amostragem
apresentaram salinidade igual a zero. Todos os resultados caracterizaram o
ambiente como dulcícola.
61
7.3 NUTRIENTES
7.3.1 Ortofosfato
No ponto Natural, a concentração de ortofosfato variou de 3,8 a 11,6 µg/L no período
da manhã e de 2,3 a 9,5 µg/L no período da tarde. No ponto Mãe-Bá, os valores de
ortofosfato estiveram entre 4,3 e 17,8 µg/L no período da manhã e entre 2,3 e 17,9
µg/L no período da tarde (Figura 16). Os dados de ortofosfato não apresentaram
diferenças significativas espacial e temporalmente.
A média e o coeficiente de variação foram maiores no ponto e-Bá, cujos valores
atingiram 8,1µg/L e 55,6% no período da manhã e 7,8 µg/L e 64,1% no período da
tarde, respectivamente (Tabela 2). No ponto Natural, no período da mana média
e o coeficiente de variação foram de 7,4µg/L e 40,5% e no período da tarde, de 5,9
µg/L e 38,9%, respectivamente (Tabela 1).
Estação Seca
0
8
16
24
32
3/ago 25/ago 15/set 28/set
P-PO
4
-
(
µ
µ
µ
µ
g/L)
Natural manhã Natural tarde
Mãe-Bá man Mãe-Bá tarde
Estação Chuvosa
0
8
16
24
32
20/dez 8/jan 22/jan 14/fev
P-PO
4
-
(
µ
µ
µ
µ
g/L)
Natural manhã Natural tarde
Mãe-Bá manhã Mãe-Bá tarde
Figura 16: Variação temporal da concentração de
ortofosfato nos dois pontos de
amostragem e em dois momentos do dia, durante o período estudado.
7.3.2 Fósforo total
No ponto Natural foi observada pequena variação na concentração total de fósforo,
entre os dias e horários amostrados, sendo que os valores estiveram entre 10,0 e
62
15,0 µg/L no período da manhã e entre 10,4 e 12,5 µg/L no período da tarde,
apresentando médias de 12,2 e 12,1 µg/L, respectivamente (Tabela 1 e Figura 17).
Estação Seca
0
8
16
24
32
3/ago 25/ago 15/set 28/set
P-Total (
µ
µ
µ
µ
g/L)
Natural manhã Natural tarde
Mãe-manhã Mãe-Bá tarde
Estação Chuvosa
0
8
16
24
32
20/dez 8/jan 22/jan 14/fev
P-Total (
µ
µ
µ
µ
g/L)
Natural manhã Natural tarde
Mãe-manhã Mãe-Bá tarde
Figura 17: Variação temporal da concentração de
fósforo total nos dois pontos de
amostragem e em dois momentos do dia, durante o período estudado.
As maiores concentrações de fósforo total ocorreram no dia 03/08, no ponto Mãe-Bá,
nos dois horários amostrados. Nesse ponto de amostragem, as concentrações totais
de fósforo variaram de 10,9 a 19,0 µg/L no período da manhã e de 12,5 a 30,3 µg/L
no período da tarde, com respectivas médias de 14,5 e 15,7µg/L (Tabela 2 e Figura
17).
Entre os pontos de amostragem foi constatada diferença significativa, principalmente
devido aos maiores valores obtidos na amostragem do dia 03/08, na estação seca e
devido aos maiores valores observados no ponto Mãe-Bá durante a estação
chuvosa. Em relação à variação temporal, não houve diferença significativa. Os
coeficientes de variação obtidos no ponto Natural (manhã 12,3% e tarde 5,8%)
foram menores, se comparado ao ponto Mãe-Bá (manhã – 20,0% e tarde – 38,2%).
7.3.3 Nitrogênio amoniacal
A Figura 18 mostra a variação dos valores de nitrogênio amoniacal nos dois pontos
de amostragem, durante o período estudado. Na estação chuvosa, os valores de
nitrogênio amoniacal apresentaram maior variação entre os pontos e horários
63
amostrados. Entretanto, não foi observada diferença significativa tanto temporal,
quanto espacial.
Estação Seca
0
30
60
90
120
150
180
3/ago 25/ago 15/set 28/set
N-NH
4
+
(
µ
µ
µ
µ
g/L)
Natural manhã Natural tarde
Mãe-Bá manhã Mãe-Bá tarde
Estação Chuvosa
0
30
60
90
120
150
180
20/dez 8/jan 22/jan 14/fev
N-NH
4
+
(
µ
µ
µ
µ
g/L)
Natural manhã Natural tarde
Mãe-Bá manhã Mãe-Bá tarde
Figura 18: Variação temporal da concentração de
nitrogênio amoniacal nos dois pontos de
amostragem e em dois momentos do dia, durante o período estudado.
No ponto Natural, as concentrações de nitrogênio amoniacal variaram de 10,6 a
106,6 µg/L no período da manhã e de 3,6 a 69,0 µg/L no período da tarde. No ponto
Mãe-Bá os valores de nitrogênio amoniacal estiveram entre 2,7 e 162,0 µg/L no
período da manhã e entre 4,9 e 80,1 µg/L no período da tarde.
O coeficiente de variação foi elevado em ambos os pontos de amostragem, com
maiores valores sendo registrados no ponto Mãe-Bá (Tabela 2), nos períodos da
manhã (148,7%) e da tarde (110,4%). No ponto Natural, os coeficientes de variação
obtidos foram de 74,4% no período da manhã e de 77,1% no período da tarde
(Tabela 1).
7.3.4 Nitrato e nitrito
As concentrações de nitrato e nitrito estiveram abaixo do limite de detecção do
método (14 µg/L) em todos os pontos e horários amostrados.
64
7.3.5 Nitrogênio total
A Figura 19 mostra a variação da concentração de nitrogênio total nos dois pontos
de amostragem, durante o período estudado. Foi observada uma tendência de
aumento dos valores de nitrogênio total no último dia de amostragem da estação
seca e nos dois primeiros dias da estação chuvosa, mas nenhuma diferença
significativa foi registrada entre essas estações.
As médias e os coeficientes de variação das concentrações de nitrogênio total foram
semelhantes em todos os pontos e horários amostrados, que não apresentaram
diferenças significativas. No ponto Natural, a média e o coeficiente de variação
foram, respectivamente, 1124,3 µg/L e 30,4% no período da manhã e 1248,0 µg/L e
31,5%, no período da tarde (Tabela 1). No ponto Mãe-Bá, as médias obtidas foram
de 1125,4 e 1299,4 µg/L e os coeficientes de variação foram de 23,3 e 30,8%, nos
períodos da manhã e da tarde, respectivamente (Tabela 2).
Estação Seca
0
250
500
750
1000
1250
1500
1750
2000
3/ago 25/ago 15/set 28/set
N-Total (
µ
µ
µ
µ
g/L)
Natural manhã Natural tarde
Mãe-Bá man Mãe-Bá tarde
Estação Chuvosa
0
250
500
750
1000
1250
1500
1750
2000
20/dez 8/jan 22/jan 14/fev
N-Total (
µ
µ
µ
µ
g/L)
Natural manhã Natural tarde
Mãe-Bá man Mãe-tarde
Figura 19: Variação temporal da concentração de
nitrogênio total nos dois pontos de
amostragem e em dois momentos do dia, durante o período estudado.
7.3.6 Razão NT/PT
A razão NT/PT variou de 63,5 a 150,0 no Ponto Natural, no período da manhã e de
66,1 a 145,2 no período da tarde, com respectivas médias de 93,2 e 102,3 e
coeficientes de variação de 74,4% e 29,5% (Tabela 1 e Figura 20). No ponto Mãe-
65
Bá, a variação foi de 45,9 a 143,0 no período da manhã e de 26,1 a 138,7 no
período da tarde, com dias de 81,4 e 92,0 e coeficientes de variação de 36,6% e
40,1%, respectivamente (Tabela 2 e Figura 20). Não foram observadas diferenças
significativas tanto espaciais quanto temporais.
Estação Seca
0
30
60
90
120
150
3/ago 25/ago 15/set 28/set
Razão NT/PT
Natural manhã Natural tarde
Mãe-Bá manhã Mãe-Bá tarde
Estação Chuvosa
0
30
60
90
120
150
20/dez 8/jan 22/jan 14/fev
Razão NT/PT
Natural manhã Natural tarde
Mãe-Bá manhã Mãe-Bá tarde
Figura 20: Variação temporal da razão NT/PT nos dois pontos de amostragem e em dois
momentos do dia, durante o período estudado.
7.3.7 Silicato
No ponto Natural, a concentração de silicato variou de 1139,0 a 2848,0 µg/L no
período da manhã e de 1101,0 a 2946,0 µg/L no período da tarde, com respectivos
coeficientes de variação de 35,1 e 38,2% (Tabela 1 e Figura 21). No ponto Mãe-Bá,
os valores variaram de abaixo de 99,7 µg/L (limite de detecção do método) a um
máximo de 2843,0 µg/L no período da manhã e de 2887,0 µg/L no período da tarde,
com coeficientes de variação de 49,3 e 33,7%, respectivamente (Tabela 2 e Figura
21).
Os valores de silicato apresentaram claramente variação espacial, com diferença
significativa entre os pontos de amostragem. Na estação seca, o ponto Mãe-Bá
apresentou maiores valores de silicato, se comparado ao ponto Natural. Na estação
chuvosa, esse padrão se inverteu, com maiores valores de silicato sendo registrados
no ponto Natural.
66
Estão Seca
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3/ago 25/ago 15/set 28/set
Si-SiO
2
(
µ
µ
µ
µ
g/L)
Natural manhã Natural tarde
Mãe-Bá manhã Mãe-Bá tarde
Estação Chuvosa
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
20/dez 8/jan 22/jan 14/fev
Si-SiO
2
(
µ
µ
µ
µ
g/L)
Natural manhã Natural tarde
Mãe-Bá man Mãe-Bá tarde
Figura 21: Variação temporal da concentração de silicato nos dois pontos de amostragem e
em dois momentos do dia, durante o período estudado.
Quanto à variação temporal, foi observada uma tendência de redução nos valores
de silicato ao longo da estação seca, em ambos os pontos de amostragem. Na
estação chuvosa, no ponto Natural, elevados valores de silicato foram registrados
nos dois primeiros dias de amostragem e valores menores nos últimos amostrados.
No entanto, as concentrações de silicato nas estações seca e chuvosa não
apresentaram diferenças significativas.
No ponto Mãe-Bá, os valores de silicato mantiveram-se baixos, apresentando uma
tendência de redução ao longo da estação chuvosa. Nesse ponto de amostragem,
nos dias 22/01 (manhã) e 14/02 (manhã e da tarde), a concentração de silicato
esteve abaixo do limite de detecção do método (99,7 µg/L), denotando valores muito
baixos.
7.4 COMUNIDADE FITOPLANCTÔNICA
7.4.1 Composição da comunidade fitoplanctônica
A composição taxonômica da comunidade fitoplanctônica da lagoa Mãe-Bá,
considerando os dois pontos de amostragem, os dois horários de coleta e as duas
estações (seca e chuvosa), está demonstrada na Tabela 3.
67
33%
26%
14%
9%
9%
6%
1%
1%
1%
Cyanophyceae Chlorophyceae Zygnemaphyceae
Euglenophyceae Bacillariophyceae Dinophyceae
Chrysophyceae Cryptophyceae Xanthophyceae
A comunidade fitoplanctônica esteve composta por 138 táxons distribuídos em 9
Classes, sendo 44 táxons pertencentes à Classe Cyanophyceae (33%), 36 à Classe
Chlorophyceae (26%), 19 à Classe Zygnemaphyceae (14%), 13 à Classe
Bacillariophyceae (9%), 13 à Classe Euglenophyceae (9%), 8 à Classe Dinophyceae
(6%), 2 à Classe Chrysophyceae (1%), 2 à Classe Cryptophyceae (1%) e 1 à Classe
Xanthophyceae (1%), conforme mostra a Figura 22 e a Tabela 3.
Figura 22: Contribuição percentual das Classes de algas fitoplanctônicas, quanto à riqueza
de táxons geral na lagoa Mãe-Bá, durante o período estudado.
Tabela 3: Composição taxonômica das algas fitoplanctônicas registradas na lagoa Mãe-Bá
durante o período estudado.
DIVISÃO: CYANOPHYTA
CLASSE: CYANOPHYCEAE
ORDEM: CHROOCOCALES
FAMÍLIA: CHROOCOCACEAE
Chroococcus dispersus (Keissler) Lemmermann
Chroococcus obliteratus Richter
Chroococcus turgidus (Kützing) Nägeli
FAMÍLIA: MERISMOPEDIACEAE
Aphanocapsa incerta (Lemmerman) Cronberg et Komárek
Aphanocapsa planctonica (G. M. Smith) Komárek et Anagnostidis
Coelomoron sp.
Gomphosphaeria cf. multiplex (Nygaard) Komárek
68
Merismopedia punctata Meyen
Merismopedia tenuissima Lemmermann
Synechocystis aquatilis Sauvageau
Synechocystis sp.
Sphaerocavum brasiliense Azevedo et Sant’Anna
FAMILIA: MICROCYSTACEAE
Microcystis aeruginosa (Kützing) Kützing
Microcystis panniformis Komárek et al.
Microcystis protocystis Crow
Microcystis smithii Komárek et Anagnostidis
FAMÍLIA SYNECHOCOCCACEAE
Aphanotece endophytica (W. et G. S. West) Kórmaková-Legnevorá et Cronberg
Aphanotece nidulans Richter in Wittrock & Nordstedt
Aphanotece smithii Kórmaková-Legnevorá et Cronberg
Aphanotece stagnina (Sprengel) A. Braun in Rabenhorst
Aphanotece sp.
Gloeothece sp.
Lemmermanniella sp.
Rhabdoderma lineare Schmidle et Lauterborn
Rhabdoderma sp.
Rhabdogloea minuta Hickel
Synechococcus sp.
ORDEM: NOSTOCALES
FAMÍLIA: NOSTOCACEAE
Anabaena cf. bergii Ostenfeld
Anabaena sp.
Anabaenopsis sp.
Aphanizomenon sp.
Cylindrospermopsis raciborskii (Wolosz.) Seenayya et. Subba Raju
ORDEM: OSCILLATORIALES
FAMÍLIA: OSCILLATORIACEAE
Lyngbya cf. intermedia Gardner
Oscillatoria limosa Agardh ex Gomont
Oscillatoria ornata Kützing ex Gomont
69
Oscillatoria subbrevis Schmidle
Spirulina robusta Welsh
Spirulina tenerrima Kützing ex Gomont
FAMÍLIA: PHORMIDIACEAE
Phormidium chlorinum (Kützing ex Gomont) Anagnostidis
FAMÍLIA: PSEUDANABAENACEAE
Limnothrix redekei (Van Goor) Meffert
Planktolyngbya limnetica (Lemmerman) Komárkova-Legnerová et Cronberg
Pseudanabaena catenata Lauterborn
Pseudanabaena galeata Böcher
Pseudanabaena papillaterminata (Kiselev) Kukk
DIVISÃO CHLOROPHYTA
CLASSE: CHLOROPHYCEAE
ORDEM: CHLOROCOCCALES
Chlorococcales 1
FAMÍLIA: BOTRYOCOCCACEAE
Dictyosphaerium pulchellum Wood
FAMÍLIA: CHLORELLACEAE
Ankistrodesmus fusiformis Corda sensu Kors.
Ankistrodesmus tortus Komárek & Comas
Chlorella sp.
Monoraphidium circinale (Nyg.) Nygaard
Monoraphidium contortum (Thuret ex. Bréb.) Komárkova-Legnerová
Tetraedron minimum (A. Braun) Hansgirg
FAMÍLIA: COELASTRACEAE
Coelastrum proboscideum Bohlin
Coelastrum reticulatum (Dang.) Senn
FAMÍLIA HYDRODICTYACEAE
Pediastrum duplex Meyen
FAMÍLIA MICRACTINIACEAE
Golenkinia radiata R. Chodat
Micractinium pusillum Fresenius
FAMÍLIA: OOCYSTACEAE
70
Closteriopsis sp.
Kirchneriella obesa (W. West) Schmidle
Nephrochlamys sp.
Oocystis sp.1
Oocystis sp.2
Oocystis cf. elliptica W. West
Oocystis lacustris Chodat
Oocystis pusilla Hansgirg
Selenastrum gracile Reinsch
Selenastrum rinoi Komárek et Comas
FAMÍLIA: PALMELLACEAE
Sphaerocystis schroeteri Chodat
FAMÍLIA: RADIOCOCCACEAE
Eutetramorus fottii (Hind.) Komárek
FAMÍLIA: SCENESDEMACEAE
Desmodesmus bicaudatus (Hansg.) Hegewald
Desmodesmus grahneisii (Heynig) Hegewald
Desmodesmus perforatus (Lemmermann) Hegewald
Desmodesmus protuberans (Fritsch et Rich) Hegewald
Scenedesmus acuminatus (Lagerheim) Chodat
Scenedesmus acutus Meyen
Scenedesmus javanensis Chodat
Tetrallantos lagerheimii Teiling
ORDEM: VOLVOCALES
FAMÍLIA: CHLAMYDOMONADACEAE
Chloromonas sp.
ORDEM: ULOTHRICALES
FAMÍLIA: ULOTHRICACEAE
Koliella longiseta (Vischer) Hindák f. variabilis Nygaard
Koliella longiseta (Vischer) Hindák f. tenues Nygaard
CLASSE: ZYGNEMAPHYCEAE
ORDEM: DESMIDIALES
FAMÍLIA: CLOSTERIACEAE
71
Closterium sp.
FAMÍLIA: DESMIDIACEAE
Actinotaenium curcubita (Brébisson) Teiling
Cosmarium bioculatum Brébisson ex. Ralfs
Cosmarium contractum Kirchn.
Cosmarium depressum (Nägeli) Lund
Cosmarium formosulum (Hoff.) in Nordstedt
Cosmarium cf. majae Ström
Cosmarium minimum West & West
Cosmarium obtusatum Schmidle
Cosmarium phaseolus Brébisson
Cosmarium punctulatum Brébisson
Cosmarium sp.
Staurastrum inflexum Brébisson
Staurastrum octangulare Grönblad
Staurastrum sp.
Staurastrum rotula Nordstedt
Staurastrum tetracerum Ralfs
Staurodesmus sp.
ORDEM: ZYGNEMATALES
FAMÍLIA: ZYGNEMATACEAE
Mougeotia sp.
DIVISÃO HETEROKONTOPHYTA
CLASSE: BACILLARIOPHYCEAE
ORDEM: CENTRALLES
FAMÍLIA: COSCINODISCACEAE
Cyclotella atomus Hustedt
Cyclotella stelligera Cleve and Grunow
ORDEM: PENNALES
Pennales 1
FAMÍLIA: CYMBELLACEAE
Encyonema silesiacum (Bleich ex Rabenhorst) D. G. Mann
FAMÍLIA: FRAGILARIACEAE
72
Synedra ulna (Nitzsch) Ehrenberg
FAMÍLIA: NAVICULACEAE
Anomoeoneis sphaerophora (Ehrenberg) Pfitzer
Frustulia rhomboides (Ehrenberg) De Toni
Mastogloia smithii Thwaites
Navicula sp.
Pinnularia cf. latevittata P. T. Cleve
Sellaphora rectangularis (Gregory) Lange-Bertalot & Metzeltin
Topridoneis lepidoptera (Gregory) Cleve
FAMÍLIA: NITZSCHIACEAE
Nitzschia palea (Kützing) W. Smith
CLASSE: CHRYSOPHYCEAE
ORDEM: OCHROMONADALES
FAMÍLIA: DINOBRYACEAE
Dinobryon sertularia Ehrenberg
FAMÍLIA: MALLOMONADACEAE
Mallomonas sp.
CLASSE: XANTHOPHYCEAE
ORDEM: HETEROCOCCALES
FAMÍLIA: CHARACIOPSIDACEAE
Characiopsis sp.
DIVISÃO: EUGLENOPHYTA
CLASSE: EUGLENOPHYCEAE
ORDEM: EUGLENALES
FAMÍLIA: EUGLENACEAE
Euglena cf. limnophila Lemmermann
Lepocinclis fusiformis (Carter) Lemmermann
Lepocinclis sp.
Lepocinclis ovum (Ehrenberg) Lemmermann
Phacus cf. curvicauda Swirenko
Phacus hamatus Pochm.
73
Phacus nordstedtii Lemmermann
Phacus onyx Pochm.
Phacus tortus (Lemmermann) Skv.
Trachelomonas armata (Ehrenberg) Stein
Trachelomonas kellogii Skv. emend. Defl.
Trachelomonas sp.
Trachelomonas volvocinopsis Swirenko
DIVISÃO: DINOPHYTA
CLASSE: DINOPHYCEAE
ORDEM: DINOCOCCALES
FAMÍLIA: DINOCOCCACEAE
Tetradinium javanicum Klebs
ORDEM: PERIDINIALES
Peridiniales 1
Peridiniales 2
Peridiniales 3
Peridiniales 4
FAMÍLIA: GYMNODINIACEAE
Gymnodinium sp.
FAMÍLIA: PERIDINIACEAE
Peridiniopsis sp.
Peridinium sp.
DIVISÃO: CRYPTOPHYTA
CLASSE: CRYPTOPHYCEAE
ORDEM: CRYPTOMONADALES
FAMÍLIA: CRYPTOMONADACEAE
Cryptomonas sp.1
Cryptomonas sp.2
No ponto Natural, foram registrados 89 e 86 táxons nos períodos da manhã e da
tarde, respectivamente (Figura 23). No ponto Mãe-Bá, no período da manhã, foram
registrados 94 táxons e no período da tarde, 87 táxons (Figura 24). Em todos os
74
Natural manhã
33%
20%
15%
10%
10%
8%
2%
2%
Mãe-Bá tarde
34%
29%
14%
2%
9%
8%
1%2%
1%
Cyanophyceae Chlorophyceae Zygnemaphyceae
Euglenophyceae Bacillariophyceae Dinophyceae
Chrysophyceae Cryptophyceae Xanthophyceae
Mãe-Bá man
36%
29%
12%
3%
9%
7%
1%
1%
2%
Natural tarde
27%
26%
15%
8%
12%
7%
2%
1%
2%
pontos e horários amostrados, a Classe de maior contribuição foi Cyanophyceae,
seguida de Chlorophyceae e Zygnemaphyceae.
Figura 23: Contribuição percentual das Classes de algas fitoplanctônicas, em termos de
número de táxons em cada ponto e horário amostrados, durante o período estudado.
75
Mín. Máx. Média Desvpad C.V. (%) n. Máx. Média Desvpad C.V. (%)
Densidade total (ind/mL) 14093 48278 30643 12504 40,8 20975 45635 32860 9992 30,4
Clorofila a (
µ
g/L)
3,2 43,3 9,7 13,7 140,6 4,3 30,5 12,2 9,4 77,4
Biovolume total (mm
3
/L)
1,5 2,9 2,9 1,5 51,2 1,9 6,2 3,9 1,5 37,1
Diversidade (bits/ind) 2,6 2,9 2,8 0,2 5,4 2,4 3,0 2,8 0,2 6,9
Equitabilidade 0,4 0,6 0,5 0,1 10,0 0,4 0,5 0,5 0,0 8,3
Produtividade Primária
(mgC/m
3
/h)
31,3 218,8 141,6 67,4 47,6 62,5 187,5 128,9 53,9 41,9
Variáveis
Manhã Tarde
Mín. Máx. Média Desvpad C.V. (%) Mín. Máx. Média Desvpad C.V. (%)
Densidade total (ind/mL) 34699 70067 49162 13400 27,3 31600 73381 48718 13665 28,1
Clorofila a (
µ
g/L)
6,5 48,1 15,9 14,8 92,5 3,2 51,3 13,8 15,4 100,1
Biovolume total (mm
3
/L)
4,5 11,0 6,9 1,9 27,6 3,3 10,8 6,4 2,5 39,7
Diversidade (bits/ind) 2,6 3,2 2,9 0,2 6,1 2,4 3,1 2,9 0,2 7,6
Equitabilidade 0,4 0,6 0,5 0,1 16,0 0,4 0,6 0,5 0,1 15,1
Produtividade Primária
(mgC/m
3
/h)
78,1 546,9 185,5 155,7 83,9 125,0 531,3 224,5 132,6 59,1
Variáveis
Manhã Tarde
7.4.2 Análise quantitativa
As Tabelas 4 e 5 mostram os valores mínimo, máximo, média, desvio padrão e
coeficiente de variação das variáveis biológicas do fitoplâncton nos pontos Natural e
Mãe-Bá, durante o período estudado.
Tabela 4: Estatística descritiva das variáveis bióticas no ponto Natural, nos períodos da
manhã e da tarde.
Tabela 5: Estatística descritiva das variáveis bióticas no ponto Mãe-Bá, nos períodos da
manhã e da tarde.
A densidade total da comunidade fitoplanctônica apresentou diferença significativa
entre os pontos de amostragem. No ponto Natural a densidade variou de 14.093 a
48.278 ind/mL no período da manhã e de 20.975 a 45.635 ind/mL no período da
tarde. No ponto Mãe-Bá, os valores de densidade estiveram entre 34.699 e 70.067
ind/mL no período da manhã e entre 31.600 e 73.381 ind/mL no período da tarde
(Figura 24).
76
Estação Seca
0
16000
32000
48000
64000
80000
3/ago 25/ago 12/set 28/set
ind/mL
Natural Manhã Natural Tarde Mãe-Bá Manhã Mãe-Bá Tarde
Estação Chuvosa
0
16000
32000
48000
64000
80000
20/dez 8/jan 20/jan 14/fev
ind/mL
Natural Manhã Natural Tarde Mãe-Bá Manhã Mãe-Bá Tarde
Figura 24: Variação temporal da densidade total da comunidade fitoplanctônica (ind./mL)
durante o período estudado.
Em todas as amostragens, o ponto Mãe-Bá apresentou densidades mais elevadas
que o ponto Natural. No primeiro, as densidades médias obtidas foram 49.162 e
48.718 ind/mL, nos períodos da manhã e da tarde, respectivamente; no segundo, as
densidades médias registradas foram de 30.643 ind/mL no período da manhã e
32.860 ind/mL no período da tarde (Tabelas 4 e 5). Em relação à variação temporal,
foi constatada diferença significativa entre as estações, sendo os maiores valores de
densidade fitoplanctônica registrados na estação seca, conforme mostra a Figura 24.
Quanto à contribuição relativa de cada Classe na densidade total, as Classes
Cyanophyceae e Chlorophyceae foram as que apresentaram maior contribuição em
77
todos os pontos, horários e dias amostrados. As demais Classes registradas não
chegaram a contribuir com 10% em todo o período estudado.
No ponto Natural, a maior contribuição da Classe Cyanophyceae ocorreu no dia
12/09 no período da manhã (67,9%) e no dia 25/08 no período da tarde (69,8%). As
menores contribuições dessa Classe ocorreram em apenas um dia de amostragem,
quando houve predomínio da Classe Chlorophyceae, cujas contribuições foram de
55,9% no dia 14/02, no período da mane de 49,8% no dia 03/08 no período da
tarde (Figura 25).
0%
20%
40%
60%
80%
100%
3/8 25/8 12/9 28/9 20/12 8/1 22/1 14/2
Seca Chuvosa
Natural Manhã
0%
20%
40%
60%
80%
100%
3/8 25/8 12/9 28/9 20/12 8/1 22/1 14/2
Seca Chuvosa
Natural Tarde
Cyanophyceae Chlorophyceae Zygnemaphyceae
Cryptophyceae Bacillariophyceae Dinophyceae
Euglenophyceae Chrysophyceae
Figura 25: Variação da contribuição relativa (%) das Classes de algas em relação à
densidade total do ponto Natural, durante o período estudado.
Em todos os dias de amostragem, no ponto Mãe-Bá, no período da manhã, a Classe
Cyanophyceae apresentou maior contribuição, sendo o valor máximo obtido no dia
25/08 (67,7%) e o mínimo, no dia 03/08 (55,7%). No período da tarde a Classe
78
Cyanophyceae também apresentou maior contribuição, com exceção do dia 14/02,
quando houve predomínio da Classe Chlorophyceae (52,6%). Os valores máximo e
mínimo de contribuição da Classe Cyanophyceae no ponto Mãe-Bá, no período da
tarde, foram obtidos portanto, nos dias 20/12 (75,7%) e 14/02 (38,8%),
respectivamente (Figura 26).
0%
20%
40%
60%
80%
100%
3/8 25/8 12/9 28/9 20/12 8/1 22/1 14/2
Seca Chuvosa
Mãe-Bá Manhã
0%
20%
40%
60%
80%
100%
3/8 25/8 12/9 28/9 20/12 8/1 22/1 14/2
Seca Chuvosa
Mãe-Bá Tarde
Cyanophyceae Chlorophyceae Zygnemaphyceae
Cryptophyceae Bacillariophyceae Dinophyceae
Euglenophyceae Chrysophyceae
Figura 26: Variação da contribuição relativa (%) das Classes de algas em relação à
densidade total do ponto Mãe-Bá, durante o período estudado.
Durante o período avaliado, não ocorreram espécies dominantes e apenas 7
espécies abundantes foram registradas. Na Tabela 6 é possível observar as
espécies abundantes nos diferentes pontos, horários e dias amostrados.
As espécies Synechocystis aquatilis, Synechocystis sp., Koliella longiseta f. variabilis
e Koliella longiseta f. tenues foram abundantes em todos os pontos e horários
amostrados. Outras espécies que apresentaram densidades consideráveis e
79
3/ago 25/ago 15/set 28/set 20/dez 8/jan 22/jan 14/fev
Synechocystis aquatilis
A
A
A
A
A
A
A
A
Synechocystis sp. A
A
A
A
A
A
A
A
Koliella longiseta f. tenues A
A
A
A
A
A
A
A
Koliella longiseta f. variabilis A
A
A
A
A
A
A
A
Pseudanabaena papillaterminata
A
3
A
1 3 4
A
-
A
3 4
A
3 4
A
3 4
-
Limnothrix redekei
A
3
A
3 4
A
1 4
A
2 3 4
A
1 4
A
2 3 4
A
A
Synechococcus
sp.
-
-
A
3
A
1 3 4
A
1 3 4
-
A
2 3 4
-
Estação ChuvosaEstão Seca
ocorreram durante quase todo o período estudado foram: Pseudanabaena
papillaterminata, Limnothrix redekei e Synechococcus sp..
Tabela 6: Relação dos táxons abundantes (A), considerando as estações seca e chuvosa,
os dois pontos de amostragem e os dois períodos do dia manhã e tarde (
Táxon
abundante em todos os pontos;
1
Natural manhã;
2
Natural tarde;
3
Mãe-Bá manhã;
4
Mãe-Bá
tarde).
Dentre as espécies abundantes, Koliella longiseta f. variabilis, atingiu densidade
máxima na amostragem do dia 03/08, no ponto Natural, nos períodos da manhã
(16.038 ind/mL) e da tarde (18.061 ind/mL). No ponto Mãe-Bá, a espécie de maior
densidade, em relação às abundantes, foi Synechocystis sp., cujos valores máximos
foram registrados no dia 25/08 no período da manhã (23.654 ind/mL) e no dia 03/08
no período da tarde (29.624 ind/mL).
7.4.3 Clorofila a
Os valores de clorofila a obtidos durante o período estudado estão mostrados na
Figura 27. Foi observada diferença sazonal significativa, com redução dos valores de
clorofila a ao longo da estação seca, que mantiveram-se menores durante a estação
chuvosa. No ponto Natural, a clorofila a variou de 3,2 a 43,3 µg/L no período da
manhã e de 4,3 a 30,5 µg/L no período da tarde. No ponto Mãe-Bá, os valores de
clorofila a estiveram entre 6,5 e 48,1 µg/L no perído da manhã e entre 3,2 e 51,3
µg/L no período da tarde. Entre os pontos e horários amostrados não houve
diferença significativa na clorofila a.
80
Os valores médios obtidos para clorofila a no ponto Natural foram 9,7 e 12,2 µg/L,
nos períodos manhã e tarde, respectivamente. No ponto Mãe-Bá, as médias
registradas foram de 15,9 µg/L no período da manhã e 13,8 µg/L no período da
tarde. O coeficiente de variação foi elevado em ambos os pontos de amostragem,
atingindo valores de 140,6% (manhã) e 77,8% (tarde) no ponto Natural (Tabela 4).
No ponto Mãe-Bá, os coeficientes de variação obtidos foram de 92,4% no período da
manhã e de 100,1% no período da tarde (Tabela 5).
Estação Seca
0
10
20
30
40
50
60
3/ago 25/ago 15/set 28/set
g/L
Natural manhã Natural tarde
Mãe-Bá man Mãe-tarde
Estação Chuvosa
0
10
20
30
40
50
60
20/dez 8/jan 22/jan 14/fev
g/L
Natural manhã Natural tarde
Mãe-Bá man Mãe-Bá tarde
Figura 27: Variação temporal da concentração de
clorofila a nos dois pontos de amostragem
e em dois momentos do dia, durante o período estudado.
7.4.4 Biovolume
A Figura 28 mostra os valores totais de biovolume das algas presentes na análise
quantitativa, expressos em mm
3
/L. No ponto Natural, o biovolume total variou de 1,2
a 5,9 mm
3
/L no período da manhã e de 1,9 a 6,2 mm
3
/L no período da tarde. No
ponto Mãe-Bá, o biovolume total esteve entre 4,5 e 11,0 mm
3
/L no período da
manhã e entre 3,3 e 10,8 mm
3
/L no período da tarde. Não houve diferença temporal
significativa nos dados de biovolume total.
Os valores médios de biovolume total apresentaram diferenças significativas entre
os pontos de amostragem, sendo maiores no ponto Mãe-Bá (manhã 6,9 mm
3
/L e
tarde 6,4 mm
3
/L), se comparado ao ponto Natural (manhã 2,9 mm
3
/L e tarde
3,9 mm
3
/L). Os coeficientes de variação registrados no ponto Natural atingiram
81
51,2% no período da manhã e 37,1% no período da tarde (Tabela 4). No ponto Mãe-
Bá, os valores obtidos para o coeficiente de variação foram de 27,6% no período da
manhã e de 39,7% no período da tarde (Tabela 5).
Estação Seca
0
2
4
6
8
10
12
3/8 25/8 12/9 28/9
mm
3
/L
Natural Manhã Natural Tarde Mãe-Manhã Mãe-Bá Tarde
Estação Chuvosa
0
2
4
6
8
10
12
20/12 8/1 22/1 14/2
mm
3
/L
Natural Man Natural Tarde Mãe-Bá Manhã Mãe-Bá Tarde
Figura 28: Variação temporal do biovolume total durante o período estudado.
A Figura 29 mostra a contribuição relativa, em relação ao biovolume total, das
Classes de algas fitoplanctônicas, no ponto Natural. No período da manhã, durante a
estação seca, a Classe Cyanophyceae predominou em todas as amostragens.
Durante essa estação a Classe Dinophyceae apresentou maior contribuição na
amostragem do dia 28/09. Na estação chuvosa, a Classe Zygnemaphyceae,
juntamente com Cyanophyceae, foram as que mais contribuíram no biovolume total
da comunidade.
82
0%
20%
40%
60%
80%
100%
3/8 25/8 12/9 28/9 20/12 8/1 22/1 14/2
Seca Chuvosa
Natural Manhã
0%
20%
40%
60%
80%
100%
3/8 25/8 12/9 28/9 20/12 8/1 22/1 14/2
Seca Chuvosa
Natural Tarde
Cyanophyceae Chlorophyceae Zygnemaphyceae
Cryptophyceae Bacillariophyceae Dinophyceae
Euglenophyceae
Figura 29: Variação da contribuição relativa (%) das Classes de algas em relação ao
biovolume total do ponto Natural, durante o período estudado.
No período da tarde, de modo geral, a Classe Cyanophyceae apresentou redução
no decorrer das amostragens, tornando a elevar sua contribuição apenas no dia
14/02. Na estação seca, foi observada grande contribuição de Dinophyceae, exceto
na amostragem do dia 25/08. Na estação chuvosa, além de Cyanophyceae e
Dinophyceae, Zygnemaphyceae contribuiu com elevada percentagem,
principalmente na amostragem do dia 08/01.
No ponto Mãe-Bá , em praticamente todas as amostragens, a Classe Cyanophyceae
foi a que mais contribuiu para o biovolume total, considerando os períodos da manhã
e da tarde (Figura 30). A Classe Dinophyceae apresentou maior contribuição durante
a estação seca, no período da manhã e na amostragem do dia 14/02, no período da
tarde. Nas amostragens do dia 14/02 (manhã) e 12/09 (tarde), o biovolume
83
apresentou distribuição praticamente equilibrada entre as Classes Cyanophyceae e
Zygnemaphyceae.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
3/8 25/8 12/9 28/9 20/12 8/1 22/1 14/2
Seca Chuvosa
Mãe-Bá Manhã
0%
20%
40%
60%
80%
100%
3/8 25/8 12/9 28/9 20/12 8/1 22/1 14/2
Seca Chuvosa
Mãe-Bá Tarde
Cyanophyceae Chlorophyceae Zygnemaphyceae
Cryptophyceae Bacillariophyceae Dinophyceae
Euglenophyceae Chrysophyceae
Figura 30: Variação da contribuição relativa (%) das Classes de algas em relação ao
biovolume total do ponto Mãe-Bá, durante o período estudado.
7.4.5 Índice de diversidade e equitabilidade
Foi observada certa homogeneidade espacial e temporal nos valores de diversidade
e equitabilidade, tanto no ponto Natural, quanto no ponto Mãe-Bá, ao longo do
período estudado (Figura 31). No geral, valores de diversidade e equitabilidade
foram menores na amostragem do dia 03/08. Não foram registradas diferenças
significativas temporais e espaciais tanto na diversidade, quanto na equitabilidade.
84
Natural manhã
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
3/8 25/8 15/9 28/9 20/12 8/1 22/1 14/2
Diversidade (bits/ind)
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
Equitabilidade
Diversidade Equitabilidade
Natural tarde
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
3/8 25/8 15/9 28/9 20/12 8/1 22/1 14/2
Diversidade (bits/ind)
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
Equitabilidade
Diversidade Equitabilidade
Mãe-Bá manhã
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
3/8 25/8 15/9 28/9 20/12 8/1 22/1 14/2
Diversidade (bits/ind)
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
Equitabilidade
Diversidade Equitabilidade
Mãe- tarde
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
3/8 25/8 15/9 28/9 20/12 8/1 22/1 14/2
Diversidade (bits/ind)
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
Equitabilidade
Diversidade Equitabilidade
Figura 31: Variação temporal da diversidade e equitabilidade, nos pontos e horários
amostrados, durante o período estudado.
85
A diversidade específica variou, no ponto Natural, de 2,55 a 2,93 bits/ind no período
da manhã e de 2,42 a 3,01 bits/ind no período da tarde, com coeficientes de
variação de 5,4 e 6,9%, respectivamente (Tabela 4). No ponto Mãe-Bá, a variação
da diversidade no período da manhã foi de 2,58 a 3,15 bits/ind, com coeficiente de
variação de 6,1% e no período da tarde, de 2,42 a 3,13 bits/ind, com coeficiente de
variação de 7,6% (Tabela 5).
A equitabilidade, no ponto Natural variou de 0,44 a 0,58 no período da mane de
0,43 a 0,52 no período da tarde. No ponto Mãe-Bá, os valores de equitabilidade
oscilaram entre 0,36 e 0,63 no período da manhã e entre 0,40 e 0,61 no período da
tarde. Os coeficientes de variação obtidos foram de 10,0 e 8,3% no ponto Natural,
sendo referentes aos períodos da manhã e da tarde, e de 16,0 e 15,1% no ponto
Mãe-Bá, nos períodos da manhã e tarde, respectivamente (Tabelas 4 e 5).
7.5 ÍNDICE DE ESTADO TRÓFICO (IET)
O IET médio variou de 41,5 a 50,0 no ponto Natural no período da manhã e de 42,5
a 48,5 no período da tarde. No ponto Mãe-Bá, os valores do IET estiveram entre
43,7 e 53,9 no periodo da manhã e entre 43,7 e 56,6 no período da tarde (Tabela 7).
Tabela 7: Valores do índice de estado trófico (IET) médio para cada ponto e horário
amostrados, durante o período estudado.
Estação Seca
Data Natural manhã Natural tarde Mãe-Bá manhã Mãe-Bá tarde
03/08/06 50,0 47,8 53,9 56,6
25/08/06 46,2 48,5 49,9 45,5
15/09/06 43,6 45,8 43,7 44,8
28/09/06 41,5 44,4 45,0 45,4
Estação Chuvosa
Data Natural manhã Natural tarde Mãe-Bá manhã Mãe-Bá tarde
20/12/06 44,5 43,8 46,0 43,7
08/01/07 42,6 42,5 47,0 45,1
22/01/07 44,8 44,5 45,5 44,0
14/02/07 42,4 43,6 45,3 46,8
86
As médias do IET (médio) obtidas no ponto Natural foram 44,5 (manhã) e 45,1
(tarde) e no ponto Mãe-Bá foram 47,1 (manhã) e 46,5 (tarde), classificando a lagoa
Mãe-Bá como mesotrófica. Os valores do IET não apresentaram diferenças
significativas entre pontos e estações amostrados.
7.6 PRODUTIVIDADE PRIMÁRIA FITOPLANCTÔNICA
Os dados referentes à produtividade primária líquida estão mostrados na Figura 32.
No geral, durante o período estudado não foi observado qualquer padrão espacial ou
temporal nos valores de produtividade primária. Apenas no primeiro dia de
amostragem da estação seca (03/08), as taxas de produtividade primária no ponto
Mãe-Bá, foram superiores àquelas registradas no ponto Natural, mas nenhuma
diferença significativa entre pontos, horários e estações foi registrada.
No ponto Natural a produtividade primária variou de 31,3 a 218,8 mgC/m
3
/h no
período da manhã e de 62,5 a 187,5 mgC/m
3
/h no período da tarde. No ponto Mãe-
Bá, os valores de produtividade primária estiveram entre 78,1 e 546,9 mgC/m
3
/h
durante a manhã e entre 125,0 e 531,3 mgC/m
3
/h, à tarde.
Estação Seca
0
100
200
300
400
500
600
3/ago 25/ago 15/set 28/set
mgC/m3/h
Natural manhã Natural tarde
Mãe-Bá manhã Mãe-tarde
Estação Chuvosa
0
100
200
300
400
500
600
20/dez 8/jan 22/jan 14/fev
mgC/m3/h
Natural manhã Natural tarde
Mãe-Bá manhã Mãe-Bá tarde
Figura 32: Variação temporal das taxas de produtividade primária líquida, nos dois pontos de
amostragem e em dois momentos do dia, durante o período estudado.
A média e o coeficiente de variação foram maiores no ponto e-Bá, cujos valores
atingiram 185,5 mgC/m
3
/h e 83,9% no período da manhã e 224,5 mgC/m
3
/h e 59,1%
87
no período da tarde, respectivamente (Tabela 5). No ponto Natural, no período da
manhã a média e o coeficiente de variação foram de 141,6 mgC/m
3
/h e 47,6% e no
período da tarde, de 128,8 mgC/m
3
/h e 41,9%, respectivamente (Tabela 4).
7.7 ANÁLISES ESTATÍSTICAS
7.7.1 Teste Mann-Whitney
Os resultados do teste Mann-Whitney mostraram diferenças temporais significativas
para as variáveis: precipitação, temperatura do ar e da água, profundidade máxima,
profundidade da zona eufótica, transparência, oxigênio dissolvido, pH, condutividade
elétrica, sólidos totais dissolvidos, densidade total e clorofila a (Tabela 8).
Tabela 8: Resultados do teste Mann-Whitney (valores de p) para as variáveis ambientais e
biológicas, entre as estações seca e chuvosa (*refere-se às diferenças estatisticamente
significativas ou p < 0,05).
Variáveis Valor de p
Precipitação 0,000*
Temperatura do ar 0,010*
Temperatura da água 0,000*
Profundidade máxima 0,000*
Zona eufótica 0,000*
Transparência 0,000*
Oxigênio dissolvido 0,001*
pH 0,000*
Condutividade elétrica 0,000*
Sólidos totais dissolvidos 0,000*
Sólidos totais em suspensão 0,184
Turbidez 0,340
Fósforo total 0,131
Ortofosfato 0,692
Nitrogênio total 0,308
Nitrogênio amoniacal 0,163
Razão NT:PT 0,880
Silicato 0,104
Densidade total 0,000*
Biovolume total 0,939
Clorofila a 0,000*
Diversidade 0,063
Equitabilidade 0,152
IET 0,220
Produtividade Primária 0,776
88
Quando foram comparados os pontos de amostragem (dentro de cada estação),
diferenças significativas foram obtidas nas seguintes variáveis: oxigênio dissolvido,
pH, fósforo total, silicato, densidade total e biovolume total. A condutividade elétrica
e os sólidos totais dissolvidos apresentaram diferenças significativas entre os pontos
apenas na estação seca. Os sólidos totais suspensos foram significativamente
diferentes entre os pontos de amostragem somente na estação chuvosa (Tabela 9).
Este teste também foi aplicado para os períodos (manhã e tarde) e apenas o
oxigênio dissolvido apresentou diferença significativa (p = 0,023).
Tabela 9: Resultados do teste Mann-Whitney (valores de p) para as variáveis ambientais e
biológicas, entre os pontos Natural e Mãe-Bá, dentro de cada estação seca e chuvosa
(*refere-se às diferenças estatisticamente significativas ou p < 0,05).
Variáveis Estação Seca Estação Chuvosa
Temperatura do ar 0,834 0,959
Temperatura da água 0,526 0,247
Profundidade máxima 0,746 0,654
Zona eufótica 0,746 0,654
Transparência 0,148 0,750
Oxigênio dissolvido 0,046* 0,000*
pH 0,005* 0,001*
Condutividade elétrica 0,000* 0,092
Sólidos totais dissolvidos 0,000* 0,205
Sólidos totais em suspensão 0,115 0,000*
Turbidez 0,247 0,635
Fósforo total 0,027* 0,000*
Ortofosfato 0,344 0,959
Nitrogênio total 0,562 0,959
Nitrogênio amoniacal 0,752 0,130
Razão NT:PT 0,752 0,382
Silicato 0,046* 0,045*
Densidade total 0,008* 0,003*
Biovolume total 0,011* 0,001*
Clorofila a 0,798 0,752
Diversidade 0,400 0,402
Equitabilidade 0,599 0,645
IET 0,599 0,752
Produtividade Primária 0,102 0,105
7.7.2 Análise multivariada em componentes principais
Os três fatores obtidos na análise de componentes principais explicaram, juntos,
62,6% das variações ocorridas durante o período estudado. O Fator 1 explicou
89
32,24% das variações e esteve associado à temperatura da água, oxigênio
dissolvido, pH, condutividade elétrica, sólidos totais dissolvidos, densidade total,
densidade de cianobactérias, densidade de clorofíceas, índice de estado trófico e
clorofila a. O Fator 2 foi responsável por 17,35% das variações e associou-se com o
biovolume total e o biovolume de cianobactérias (Tabela 10 e Figura 33). O fator 3
explicou 13,05% das variações e esteve relacionado com a turbidez e com o fósforo
total (Tabela 10 e Figura 34).
Tabela 10: Correlação das variáveis abióticas e biológicas do fitoplâncton com os fatores 1,
2 e 3. Em negrito estão destacados os valores significativos (> 0,700). O significado das
abreviações encontra-se na Tabela 11 (APÊNDICE A).
Variáveis Fator 1 Fator 2 Fator 3
Tag
0,825
-0,128 0,343
Tar 0,603 -0,405 -0,056
Ppt 0,644 -0,306 0,443
PM -0,558 0,143 -0,240
Transp -0,373 0,042 -0,595
ZE -0,558 0,143 -0,240
OD
-0,770
-0,453 -0,147
pH
-0,778
-0,400 -0,265
CE
-0,749
-0,439 -0,318
STD
-0,776
-0,334 -0,355
STS -0,035 -0,631 0,508
Turb -0,182 0,177
0,798
PT -0,452 0,133
0,714
PO
4
-0,501 0,540 0,354
NT 0,273 -0,513 -0,168
NH
4
0,431 0,288 0,013
NT:PT 0,337 -0,380 -0,479
SiO
2
-0,388 0,490 -0,099
DsT
-0,876
-0,340 0,224
DCy
-0,759
-0,427 0,110
DCh
-0,778
-0,212 -0,041
IET
-0,794
0,348 0,380
Chla
-0,808
0,405 0,236
BvT -0,312
-0,771
0,246
PPL -0,544 0,260 0,602
Div 0,236 -0,648 0,305
Equ 0,283 -0,594 0,133
BCy -0,389
-0,765
0,318
BDi -0,330 0,135 -0,319
BZy 0,235 -0,283 0,096
Eigenvalues 9,673 5,203 3,915
% total da variância 32,243 17,345 13,050
% acumulado da variância 32,243 49,588 62,639
90
Figura 33: Análise dos componentes principais das variáveis bióticas e abióticas, nos dois
pontos e horários amostrados, durante o período estudado (Fator 1 x Fator 2).
Figura 34: Análise dos componentes principais das variáveis bióticas e abióticas, nos dois
pontos e horários amostrados, durante o período estudado (Fator 1 x Fator 3).
A ACP aplicada às variáveis bióticas e abióticas ordenou as estações (seca e
chuvosa), os pontos (Natural e Mãe-Bá) e os períodos do dia (manhã e tarde). Nas
Figuras 35 e 36 observa-se que o Fator 1 separou nitidamente as estações seca e
chuvosa e que não houve separação entre pontos e horários amostrados.
ACP das variáveis (Fator 1 X Fator 2)
Tag
Tar
Ppt
PM
Transp
ZE
OD
pH
CE
STD
STS
Turb
PT
PO
4
NT
NH
4
NT:PT
SiO
2
DsT
DCy
DCh
IET
Chla
BvT
PPL
Div
Equ
BCy
BDi
BZy
-1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0
Fator 1 : 32,24%
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
Fator 2 : 17,35%
ACP das variáveis (Fator 1 X Fator 3)
Tag
Tar
Ppt
PM
Transp
ZE
OD
pH
CE
STD
STS
Turb
PT
PO
4
NT
NH
4
NT:PT
SiO
2
DsT
DCy
DCh
IET
Chla
BvT
PPL
Div
Equ
BCy
BDi
BZy
-1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0
Fator 1 : 32,24%
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
Fator 3 : 13,05%
91
Figura 35: Ordenação das estações (seca e chuvosa), dos pontos (Natural e Mãe-Bá) e dos
períodos do dia (manhã e tarde), pela análise de componentes principais das variáveis
bióticas e abióticas, sendo P1 = Natural; P2 = Mãe-Bá; M = manhã; T = tarde; A = seca; B =
chuvosa (Fator 1 X Fator 2).
Figura 36: Ordenação das estações (seca e chuvosa), dos pontos (Natural e Mãe-Bá) e dos
períodos do dia (manhã e tarde), pela análise de componentes principais das variáveis
bióticas e abióticas, sendo P1 = Natural; P2 = Mãe-Bá; M = manhã; T = tarde; A = seca; B =
chuvosa (Fator 1 X Fator 3).
ACP dos casos (Fator 1 x Fator 2)
P1MA1
P1TA1
P2MA1
P2TA1
P1MA2
P1TA2
P2MA2
P2TA2
P1MA3
P1TA3
P2MA3
P2TA3
P1MA4
P1TA4
P2MA4
P2TA4
P1MB1
P1TB1
P2MB1
P2TB1
P1MB2
P1TB2
P2MB2
P2TB2
P1MB3
P1TB3
P2MB3
P1MB4
P1TB4
-8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8
Fator 1: 32,24%
-8
-6
-4
-2
0
2
4
6
8
Fator 2: 17,35%
ACP dos casos (Fator 1 X Fator 3)
P1MA1
P1TA1
P2MA1
P2TA1
P1MA2
P1TA2
P2MA2
P2TA2
P1MA3
P1TA3
P2MA3
P2TA3
P1MA4
P1TA4
P2MA4
P2TA4
P1MB1
P1TB1
P2MB1
P2TB1
P1MB2
P1TB2
P2MB2
P2TB2
P1MB3
P1TB3
P2MB3
P1MB4
P1TB4
-8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8
Fator 1: 32,24%
-4
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
5
6
Fator 3: 13,05%
92
8 DISCUSSÃO
8.1 CLIMATOLOGIA DA REGIÃO
As lagoas costeiras têm sua dinâmica intimamente ligada à morfologia e aos fatores
climáticos, como temperatura, ventos e precipitação que são decisivos para o
estabelecimento do padrão de funcionamento desses ecossistemas (BRANCO,
1991). De acordo com Hem (1985), a efetividade dos processos químicos que
ocorrem na água é influenciada por inúmeros fatores ambientais, como o clima, e
por fatores geológicos, biológicos e bioquímicos.
Em regiões tropicais, devido à ausência de uma sazonalidade bem marcada, a
precipitação tem sido muito utilizada na determinação de estações, como seca e
chuvosa, que caracterizam o ambiente de estudo. A lagoa Mãe-Bá é um típico
ecossistema costeiro continental influenciado pelo ciclo hidrológico, marcado na
região por um período seco no inverno e chuvoso no verão.
Os dados climatológicos caracterizaram a região, durante o período estudado, com
os meses de agosto e setembro/06 apresentando os menores índices de
pluviosidade e relativamente baixas temperaturas médias (estação seca) e os meses
de out/06 a fev/07, apresentando os maiores índices pluviométricos e relativamente
elevadas temperaturas médias (estação chuvosa). Os dados de temperatura do ar
obtidos nos dias de amostragem mostraram que a estação seca foi caracterizada
com alguns dias apresentando temperaturas menores e outros apresentando
temperaturas tão elevadas quanto aquelas registradas na estação chuvosa.
Semelhante ao obtido no presente estudo, Liston (2004) estudando a lagoa Mãe-Bá,
definiu os meses de outubro/03 a março/04 como sendo o período seco e os meses
de abril a agosto/04 caracterizando a estação chuvosa.
A ACP dos casos evidenciou uma separação nítida pelo Fator 1, entre as
amostragens da estação seca e da estação chuvosa. Esta variação temporal
possivelmente foi influenciada pelo regime pluviométrico, que promoveu
modificações nos fatores abióticos, os quais apresentam relevante influência na
variação temporal da comunidade fitoplanctônica.
93
8.2 VARIÁVEIS LIMNOLÓGICAS
O conhecimento do ecossistema baseado em investigações sistemáticas de
variáveis ambientais, tais como pH, condutividade elétrica, salinidade, temperatura,
concentração de nutrientes, penetração de luz, precipitação, entre outras, permite
descrevê-lo, no que diz respeito à sua estrutura e funcionamento, e evidenciar as
complexas interações entre os vários componentes do ecossistema (ESTEVES,
1998b).
Durante o período estudado, a temperatura da água sofreu influência da
sazonalidade, apresentando elevados valores na estação chuvosa e valores mais
baixos na estação seca. De acordo com o perfil térmico analisado, os pontos de
amostragem caracterizaram-se pela isotermia da coluna d’água, explicada pela
pequena profundidade da lagoa e exposição contínua à ação de ventos. Padrões
semelhantes, tanto de variação temporal da temperatura da água, quanto de
ausência de estratificação térmica, foram registrados por Pereira (2003), que
realizou um estudo de caso na lagoa Mãe-Bá, utilizando dados de monitoramento da
qualidade da água dos anos de 1993 a 2002. Em relação aos horários amostrados,
a temperatura da água sempre foi maior no período da tarde, em função da radiação
solar e pelo tempo de aquecimento da massa d’água.
Os resultados da análise de componentes principais mostraram relação entre a
temperatura da água e outras variáveis como condutividade elétrica, sólidos totais
dissolvidos, oxigênio dissolvido, pH, densidade total fitoplanctônica e densidade das
Classes Cyanophyceae e Chlorophyceae. Como a temperatura da água é
influenciada diretamente pelas condições climáticas, muitas variações observadas
nas variáveis limnológicas e biológicas da comunidade fitoplanctônica devem ter sido
regidas pelas condições climáticas.
Segundo Payne (1986), a ação dos ventos, especialmente em grandes lagos rasos e
livres de barreiras, previne a persistência de termoclinas, podendo ocorrer
estratificação diurna somente nos períodos calmos. Portanto, ambientes como a
lagoa Mãe-Bá, onde a ação do vento é facilitada pela ausência de montanhas nas
proximidades, o espelho d’água apresenta grande área em relação à profundidade e
94
próximos ao mar, é comum o registro de desestratificação térmica. Devido às
condições de desestratificação permanente da coluna d’água, esse ecossistema
pode ser classificado como polimítico (ESTEVES, 1998b). Esse padrão de isotermia
também foi registrado por por Dantas (1996) na lagoa Feia, em Guarapari; por
Panosso et al. (1998) nas lagoas Imboassica e Carapebus, em Macaé; por
Nascimento (2002) na lagoa Carapebus, na Serra; por Leite & Fonseca (2002) na
lagoa Caconde, no Rio Grande do Sul; e por Gonçalves (2005) e Oliveira (2006a) na
lagoa Juparanã, em Linhares.
No presente estudo, apesar de não haver dados referentes à velocidade e direção
dos ventos, na maioria dos dias amostrados a incidência de ventos fortes no período
da tarde era notável, promovendo a formação de marolas na superfície da água.
Pereira (2003) ressaltou a influência da ação dos ventos na lagoa Mãe-Bá,
promovendo condições de mistura e ressuspensão dos sedimentos mais finos, que
podem aumentar a turbidez e provocar desestabilizações constantes de temperatura
e outras variáveis. Assim, a ação dinâmica dos ventos sobre as lagoas costeiras,
influencia as variáveis físico-químicas da água, a ciclagem de nutrientes e a
produtividade desses ecossistemas, além de constituir um importante fator
controlador da dinâmica das comunidades planctônicas (PANOSSO et al., 1998).
A lagoa e-Bá é um ecossistema manejado e que sofre grande influência
antrópica. Desde que parte da lagoa foi barrada pela empresa Samarco Mineração
S/A, originando o braço Norte, com a finalidade de recepção de efluentes tratados,
esse ecossistema tem sofrido influência não de fatores climatólogicos, mas
também de freqüentes aberturas da barragem. Tanto a descarga de água do braço
norte para dentro da lagoa, quanto a saída de água da lagoa para o mar, são
controlados pela empresa. Diversos trabalhos realizados na lagoa Mãe-Bá, têm
constatado alterações em variáveis bióticas e abióticas, decorrentes principalmente
do processo de abertura da barragem Norte e dos canais que ligam a lagoa ao mar
(LISTON, 2004; COSTA, 2007; MACHADO, em prep.).
No presente estudo, durante as amostragens realizadas na estação seca a
barragem Norte foi aberta uma vez e durante a estação chuvosa, duas vezes,
permanecendo assim, por um período de 72 horas. Os canais artificiais que ligam a
95
lagoa ao mar também foram abertos na estação chuvosa, devido ao aumento do
nível da lagoa. Portanto, durante a estação chuvosa, que foi caracterizada pela
presença de maiores índices pluviométricos, ocorreu alteração na profundidade
máxima, mas esta não foi observada nos dias de amostragem devido ao
escoamento de água da lagoa para o mar. Liston (2004) detectou aumento do nível
da lagoa Mãe-Bá durante o período seco, atribuindo este fato à abertura da
barragem Norte e à interrupção da captação de água pela Cesan.
A transparência apresentou diferença significativa entre as estações seca e chuvosa,
sendo que, em geral, na estação seca foram registrados os maiores valores de
transparência da água, que sofreu uma redução no início da estação chuvosa
(principalmente no ponto Mãe-Bá), devido à grande quantidade de sólidos totais em
suspensão verificados nesse mesmo período.
Assim como observado nesta pesquisa, diversos trabalhos têm registrado redução
da transparência na estação chuvosa (HUSZAR et al., 1994; CALIJURI et al., 1999;
ARAÚJO et al., 2000; TAQUETI, 2004; GONÇALVES, 2005; CAVATI, 2006;), que
segundo Esteves (1998a), se deve ao aumento do escoamento superficial e da
entrada de material alóctone para dentro do sistema, decorrente de uma maior
precipitação pluviométrica. Paula et al. (2005), estudando uma lagoa costeira no
município de Caucaia (CE), atribuiu os menores valores de transparência à ação de
ventos intensos, que causavam constante movimentação do material suspenso na
água.
A zona eufótica, em corpos d’água, pode variar desde alguns centímetros até
algumas dezenas de metros e seu limite inferior é assumido como a profundidade
equivalente a 1% da radiação subsuperficial (WETZEL, 1981; MARGALEF, 1983;
ESTEVES, 1998b). No presente estudo, a zona eufótica atingiu o fundo da lagoa,
durante todo o período de amostragem, disponibilizando luz em toda a coluna
d’água para a realização da fotossíntese. Dados semelhantes foram obtidos por
Camargo-Santos (2005) na lagoa da UFES, e segundo esse autor, nos casos em
que a zona eufótica abrange toda a coluna d’água, a luz não se constitui em um fator
limitante para a comunidade fitoplanctônica.
96
As lagoas costeiras estão sujeitas a grande variação de salinidade em função do
aporte de água do mar por percolação via lençol freático, pela influência do “spray
marinho” ou pelas aberturas artificiais da barra de areia, que as separam do mar.
Assim, são encontradas lagoas costeiras com elevado valor de salinidade, superior a
75, como a lagoa Piripiri (RJ), até lagoas costeiras de água doce. De acordo com o
balanço hídrico e a temperatura local, a elevação dos valores de salinidade pode
transformar ambientes outrora de água doce em ambientes salobros ou salinos
(MARINHO et al., 2004).
A lagoa Mãe-Bá foi caracterizada como um ambiente aquático dulcícola em todo o
período estudado. Na estação seca foi observado um leve aumento na salinidade
(valor máximo igual a 0,3), devido ao menor afluxo de água doce proporcionado pela
menor pluviosidade característica desse período (ESTEVES, 1998b). Trabalhos
anteriores realizados na lagoa Mãe-Bá registraram valores pouco mais elevados de
salinidade, como Pereira (2003), que obteve média de 0,8 na estação seca e Liston
(2004), cujo valor máximo foi igual a 0,5. Pereira (2003) chegou a classificar a lagoa
como sendo oligohalina e atribuiu os baixos valores de salinidade encontrados
nesse ecossistema à ausência de conexão superficial com o mar e ao aporte de
águas com menores teores de íons dissolvidos advinda da barragem Norte.
De acordo com Esteves (1998b), dentre os gases dissolvidos na água, o oxigênio é
um dos mais importantes na dinâmica e caracterização de ecossistemas aquáticos.
Os valores obtidos para oxigênio dissolvido na lagoa Mãe-Bá foram elevados,
demonstrando que a lagoa, nos pontos estudados, é um ambiente de águas
bastante oxigenadas. Assim como registrado na lagoa Caconde por Leite & Fonseca
(2002), os elevados valores de oxigênio dissolvido parecem estar relacionados à
dois principais fatores: a produtividade primária e a constante oxigenação do sistema
pela ação dos ventos.
Em relação à variação diária, o oxigênio dissolvido foi a única variável que
apresentou diferenças significativas entre os períodos da manhã e da tarde. Em
todos os pontos de amostragem, maiores valores de oxigênio dissolvido foram
registrados no período da tarde. Isso provavelmente ocorreu devido à incidência de
97
ventos fortes, que promovia turbulência na água, aumentando as trocas de oxigênio
entre as águas da lagoa e a atmosfera.
Entre os pontos amostrados, as diferenças também foram significativas, sendo
observados menores valores de oxigênio dissolvido no ponto Natural, se comparado
ao ponto Mãe-Bá. Pereira (2003), estudando a mesma lagoa, encontrou menores
valores de oxigênio dissolvido em pontos mais próximos aos córregos afluentes e
atribuiu isso à contribuição de tais córregos com águas de baixas concentrações de
oxigênio, decorrentes da decomposição da matéria orgânica estocada em seus
leitos. Sendo assim, a localização do ponto Natural em uma região afastada do mar,
protegida da ação dos ventos e mais próxima dos córregos afluentes, são fatores
que podem explicar as menores concentrações de oxigênio dissolvido. No ponto
Mãe-Bá, os elevados valores de oxigênio dissolvido podem ser devido à grande
influência dos ventos, por ser uma das regiões da lagoa de maior proximidade com o
mar, e à maior densidade de organismos fitoplanctônicos, que através da
fotossíntese, contribuem para elevar a oxigenação da água.
O oxigênio dissolvido apresentou diferença temporal significativa, com tendência de
redução durante a estação chuvosa, quando foram registrados os maiores valores
de temperatura da água. A solubilidade do oxigênio na água é dependente de dois
fatores principais: temperatura e pressão. Assim, com a elevação da temperatura e
redução da pressão, ocorre diminuição da solubilidade do oxigênio na água
(ESTEVES, 1998b). Portanto, provavelmente na estação chuvosa, os elevados
valores de temperatura da água influenciaram os valores de oxigênio dissolvido, em
decorrência da menor solubilidade desse gás e de taxas mais elevadas de
decomposição. Como os pontos de amostragem apresentam pequena profundidade,
a temperatura deve ter sido a principal variável responsável pela diminuição do
oxigênio. O Fator 1 da ACP separou a temperatura da água e o oxigênio dissolvido,
sugerindo uma relação inversa entre essas duas variáveis.
Os perfis verticais de oxigênio dissolvido neste estudo, no geral, o mostraram
grandes diferenças de oxigênio entre a superfície e o fundo, denotando um perfil
ortogrado na maior parte dos casos. Mesmo ocorrendo períodos de redução do
oxigênio dissolvido nas camadas mais profundas da coluna d’água, nunca foram
98
constatadas situações de anoxia. Esses valores menores encontrados no fundo da
lagoa, podem estar relacionados aos processos de decomposição de matéria
orgânica, os quais são responsáveis por consumir o oxigênio e ocorrem
preferencialmente no sedimento.
Perfis ortogrados são frequentemente registrados em lagoas costeiras, devido à
baixa profundidade e à exposição aos ventos, permitindo uma maior circulação e
conseqüentemente uma maior oxigenação da coluna d’água (PETRUCIO, 1998).
Esse mesmo padrão de distribuição vertical do oxigênio dissolvido foi registrado na
lagoa Mãe-Bá, por Pereira (2003) e Liston (2004) e em vários ambientes tropicais
por diversos autores (BOZELLI et al., 1992; HUSZAR et al., 1994; ARCIFA et al.,
1995; FERNANDES, 1997; LEITE & FONSECA, 2002; ENRICH-PRAST et al., 2004;
GONÇALVES, 2005; OLIVEIRA, 2006a).
Os valores de pH foram menores no ponto Natural, se comparado ao ponto Mãe-Bá,
durante todo o período estudado, apresentando diferenças significativas. Essa
variação espacial ficou mais nítida na estação chuvosa, quando deve ter ocorrido
maior contribuição de águas ácidas dos córregos afluentes para a lagoa e-Bá
(PEREIRA, 2003). Portanto, a localização do ponto Natural próximo à área de
influência dos córregos, o aumento visível no banco de macrófitas aquáticas e a
presença de ácidos húmicos e fúlvicos, os quais imprimem à água uma coloração
escura podem explicar a redução de pH observada nesse ponto de amostragem,
durante a estação chuvosa. Segundo Wetzel (1981), os ácidos húmicos e fúlvicos
são resultado da decomposição vegetal e podem ser originados dentro do próprio
corpo d’água, na decomposição de macrófitas, ou ser carreados do solo da bacia de
drenagem pela ação da chuva.
O ponto Mãe-Bá foi caracterizado pelo pH variando de neutro a alcalino, sendo que
na estação seca os valores médios de pH foram maiores em ambos os pontos de
amostragem. Nessa estação, e principalmente no ponto Mãe-Bá, foram observadas
as maiores densidades fitoplanctônicas e maiores valores de oxigênio dissolvido,
possivelmente devido ao processo fotossintético, que consome gás carbônico livre
na água, reduzindo a formação de ácido carbônico e elevando o pH do meio.
Herrera-Silveira (1998), estudando uma lagoa costeira no México, encontrou uma
99
variação temporal de pH semelhante à obtida neste trabalho, com valores de pH
maiores na estação seca (média de 8,8) e menores na estação chuvosa (média de
6,3).
Os valores de pH das lagoas costeiras geralmente o maiores que 7, podendo
chegar a 9 (ESTEVES, 1998b). Segundo esse autor, este elevado valor de pH é
decorrente do aporte de carbonatos e bicarbonatos oriundos do mar e também do
balanço drico negativo em algumas lagoas. Apesar da variação observada no pH
ao longo do período estudado, os valores médios estiveram em torno de 7,0 no
ponto Natural e em torno de 8,0 no ponto Mãe-Bá. Valores semelhantes a esses
foram registrados na lagoa Juparanã (ES), por Huszar et al. (1994); nas lagoas
Jacuném e Caraís (ES), por Dias Jr. (1994); na lagoa Imboacica (RJ), por Fernandes
(1997); na lagoa do Peri (SC), por Simonassi (2001); na lagoa Caconde (RS), por
Leite & Fonseca (2002); na lagoa do Açu (RJ), por Chagas (2002 apud NUNES,
2003); e em diversas lagoas costeiras da Restinga de Jurubatiba (RJ), como
Cabiúnas, Carapebus, Piripiri e Maria-Menina por Enrich-Prast et al. (2004);
A turbidez é a medida da capacidade que a água tem de dispersar a radiação e
consequentemente está ligada à presença de partículas sólidas suspensas, que por
sua vez, possuem tamanho reduzido e não são capazes de sedimentar, atenuando a
transmissão da luz (ESTEVES, 1998b). Os dados de turbidez obtidos na lagoa Mãe-
Bá (média de 9,9 NTU) foram baixos e semelhantes aos registrados por Tucci (1996)
no lago das Garças (SP) e por Gonçalves (2005), na lagoa Juparanã (ES), cujos
valores médios foram 18,1 e 12,1 NTU, respectivamente. Pancotto et al. (2003),
estudando a lagoa dos Gansos (ES), encontraram valores de turbidez mais
elevados, com média de 160,0 NTU.
Apesar de não ter sido registrada diferença significativa na turbidez entre as
estações seca e chuvosa, os valores médios de turbidez foram menores na estação
seca, o que se refletiu na transparência da água, que foi elevada durante esse
período. Na estação chuvosa os valores médios de turbidez foram levemente
maiores, resultando em redução da transparência, devido provavelmente ao
carreamento de material alóctone para o sistema, em decorrência das chuvas. Tucci
(1996), estudando o lago das Garças, registrou uma pequena diferença nos valores
100
de turbidez entre as estações seca e chuvosa, com uma tendência de redução da
turbidez na estação seca, como registrado no presente estudo.
Durante a estação chuvosa, os valores de turbidez não apresentaram diferenças
significativas entre os pontos, horários e dias amostrados, resultando em pequena
variação. Os dados de monitoramento de sete pontos na lagoa Mãe-Bá,
apresentados por Pereira (2003), mostraram valores de turbidez semelhantes aos
encontrados neste trabalho. De acordo com essa autora, os valores de turbidez não
apresentaram grandes diferenças entre os pontos amostrados, indicando
homogeneidade dessa variável em toda a extensão da lagoa.
Os sólidos totais em suspensão (STS) foram baixos durante o período estudado e
seguiram o mesmo padrão da turbidez, com valores menores na estação seca,
porém apresentando diferenças significativas somente entre as estações seca e
chuvosa. Durante a estação chuvosa, os maiores valores de STS contribuíram para
reduzir a transparência da água, podendo ser explicados pela ocorrência de chuvas,
como descrito acima e pela abertura da barragem Norte nos dois primeiros dias de
amostragem dessa estação. Dados coletados dentro da barragem Norte,
apresentados por Pereira (2003), mostraram que esse ambiente apresentou valores
de STS mais elevados (média de 22 mg/L) que a lagoa Mãe-Bá. Portanto, a abertura
da barragem Norte nos dias de amostragem da estação chuvosa, deve ter
contribuído para a elevação dessa variável, principalmente no ponto Mãe-Bá, que
apresenta maior proximidade da barragem Norte.
Os valores de condutividade elétrica (CE) e de sólidos totais dissolvidos (STD) foram
muito semelhantes, apresentando variação temporal e espacial significativas. A
condutividade elétrica é determinada pela presença de íons, que conferem à água a
capacidade de transmitir corrente elétrica (ESTEVES, 1998b). Os sólidos dissolvidos
são uma medida indireta do teor de íons em solução na água e medem a presença
de sais orgânicos e de matéria orgânica dissolvida (COLE, 1994). Segundo
Chapman e Kimstach (1992), a correlação significativa entre essas duas variáveis se
deve ao fato dos STD serem determinados indiretamente através da multiplicação do
valor da condutividade elétrica por um fator de correção. No presente estudo, a
101
análise de componentes principais agrupou essas variáveis, confirmando a relação
existente entre elas.
A condutividade elétrica se constitui em uma das variáveis limnológicas mais
importantes, visto que pode fornecer informações relevantes sobre o metabolismo
aquático e sobre fenômenos que ocorram na sua bacia de drenagem (ESTEVES,
1998b). Em águas naturais e continentais (sem influência marinha), a concentração
de sólidos dissolvidos fornece uma idéia das taxas de desgaste das rochas por
intemperismo (PORTO et al., 1991).
No ponto Mãe-Bá, os valores de CE e de STD foram maiores, se comparado ao
ponto Natural. A proximidade daquele ponto de amostragem com o mar, e
conseqüentemente a influência do spray marinho podem ter contribuído para elevar
os valores dessas variáveis. o ponto Natural está situado em uma região de
influência dos córregos, que devem contribuir com águas de baixas concentrações
de STD. Os dados de Pereira (2003) mostraram uma variação espacial nos valores
de STD e CE, com pontos de amostragem mais distantes do mar e mais próximos à
barragem Norte, apresentando menores valores. Marchioro & Barroso (1998)
também citam a influência de córregos com baixos valores de CE, no reservatório
Duas Bocas (ES).
Na estação chuvosa houve considerável redução nos valores de STD e de CE, em
ambos os pontos de amostragem. Valores tão reduzidos como os obtidos nas
amostragens dos dias 22/01 e 14/02 nunca foram registrados na lagoa Mãe-Bá. Tal
fato se deve à contribuição de águas provenientes dos córregos que, como descrito
anteriormente, apresentam baixas concentrações de STD; à ocorrência de chuvas,
que podem ter promovido diluição dos sais e íons presentes na água e; à abertura
da barragem Norte que, de acordo com trabalhos anteriores (PEREIRA, 2003),
apresenta águas com menores concentrações de STD e CE. Pereira (2003) também
descreve uma redução nos valores de STD e de CE na lagoa Mãe-Bá, durante a
estação chuvosa.
Os elevados valores de STD e de CE registrados na estação seca concordam com
os dados obtidos por Pereira (2003), que atribuiu esse aumento a uma maior
102
concentração de íons, devido à baixa pluviosidade registrada nesse período. Calijuri
et al. (1999), estudando o reservatório de Salto Grande (SP) e Nogueira et al. (2005)
estudando o lago Quebra-Pote (MA), também relacionaram os maiores valores de
CE obtidos na estação seca ao efeito de concentração mineral na água. No entanto,
em estudo realizado na lagoa e-Bá, Liston (2004) encontrou variação temporal
contrária ao registrado neste trabalho, com maiores valores de CE e de STD
registrados na estação chuvosa, e menores na estação seca. Essa autora associou
a redução da CE no período seco à diluição, uma vez que foi observado aumento do
nível da lagoa durante esse período.
Em regiões tropicais, os valores de condutividade elétrica nos ambientes aquáticos
continentais estão mais relacionados com as características geoquímicas da região
onde se localizam e com as condições climáticas (estações seca e chuvosa), do que
com o estado trófico (ESTEVES, 1998b). Na lagoa Mãe-Bá, os resultados da ACP
mostraram que a CE foi agrupada com diversos fatores como STD, OD, pH e
temperatura da água que, como discutido anteriormente, podem ser influenciados
pelas variações climatológicas. Esteves (1998b) ressalta a relação da CE com a
temperatura da água e com o pH. Segundo o autor, a atividade iônica é fortemente
dependente da temperatura e o pH pode ter grande influência sobre os valores de
condutividade, como nos casos de águas pobres em sais e de baixos valores de pH
(< 5,0), onde o íon H
+
torna-se o principal responsável pelos valores de
condutividade elétrica.
Em se tratando das lagoas costeiras brasileiras, registro de grande variação nos
valores de CE nesses ecossistemas. Algumas lagoas costeiras que não apresentam
influência marinha direta possuem valores menores de CE, como registrado por
Schäfer (1992) em diversas lagoas do Rio Grande do Sul (média de 190 µS/cm), por
Gonçalves (2005) na lagoa Juparanã (média de 85,7 µS/cm) e por Dias Jr. (1994),
nas lagoas Jacunem (144 µS/cm), Guanandy (127µS/cm) e do Milho (117 µS/cm),
localizadas no ES. Em contrapartida, o último autor registrou valores bem maiores
na lagoa Caraís (ES), chegando a 1.633 µS/cm, devido à grande proximidade deste
ecossistema com o mar.
103
Muitas outras lagoas costeiras que freqüentemente sofrem influência marinha direta,
apresentam valores muito elevados de CE, como observado por Farjalla et al. (2001)
na lagoa Ubatuba, localizada em Macaé (23,3 mS/cm) e por Enrich-Prast et al.
(2004) nas lagoas do Robalo (50,5 mS/cm), Preta (53,4 mS/cm), Pires (45,1mS/cm)
e Visgueiro (70,1 mS/cm), situadas no Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba,
em Macaé.
Diante das variáveis limnológicas analisadas, a lagoa Mãe-Bá se caracterizou como
um ambiente raso e dulcícola, apresentando águas levemente ácidas a alcalinas,
com elevados valores de temperatura, oxigênio dissolvido, zona eufótica e
transparência. As variáveis sólidos totais dissolvidos, condutividade elétrica, pH e
oxigênio dissolvido apresentaram variações temporais e espaciais, com maiores
valores sendo registrados na estação seca e no ponto Mãe-Bá.
8.3 NUTRIENTES
A ocupação humana das bacias de drenagem associada ao desenvolvimento
desordenado das cidades podem alterar drasticamente o processo natural de
eutrofização, acelerando o aporte de nutrientes para os corpos d’água (PETRUCIO
& FURTADO, 1998). O acompanhamento do balanço energético, do ciclo dos
nutrientes, da estrutura e funcionamento das comunidades nos ecossistemas, são
estratégias fundamentais para se detectar diferentes formas de impactos (ODUM,
1983).
De maneira geral, os nutrientes determinados na lagoa Mãe-Bá não apresentaram
variação espacial significativa, indicando uniformidade desse ambiente quanto à
distribuição de tais substâncias. Liston (2004) estudando três pontos de amostragem
na lagoa Mãe-Bá, também não observou diferenças consideráveis quanto à
concentração dos principais nutrientes analisados.
As concentrações de ortofosfato não apresentaram qualquer padrão de distribuição,
tanto espacial, quanto temporal. Crespo (2003), estudando a lagoa do Campelo
também não registrou padrão espacial de distribuição desse mesmo nutriente.
104
Valores mais elevados de fósforo total e ortofosfato obtidos no dia 03/08, no ponto
Mãe-Bá, podem estar relacionados às condições climáticas atípicas registradas
nessa amostragem. A incidência de chuvas e ventos fortes (este último observado
apenas no ponto Mãe-Bá), pode ter promovido ressuspensão do sedimento,
contribuindo para a liberação de tais nutrientes. A tendência de valores mais
elevados de fósforo total no ponto Mãe-Bá, pode ser explicada pela proximidade dos
aglomerados urbanos e consequente despejo de efluentes domésticos na lagoa.
O ortofosfato é o principal fator limitante para os organismos aquáticos continentais e
sua concentração pode regular o desenvolvimento de comunidades aquáticas,
principalmente de produtores primários (MARGALEF, 1983). As concentrações
médias de fósforo total encontradas na lagoa Mãe-Bá (ponto Natural 12,1 µg/L e
ponto Mãe-Bá 15,1 µg/L) são comparáveis às registradas nas lagoas Cabiúnas
(11,5 µg/L), Comprida (16,9 µg/L), Carapebus (19,2 µg/L) e Paulista (13,9 µg/L),
localizadas no Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, em Macaé (ENRICH-
PRAST et al., 2004).
Os fosfatos podem ser carreados para o ecossistema aquático através das águas de
escoamento superficial, podendo alcançá-lo de duas formas: solúvel e adsorvido às
argilas, sendo esta última, a forma mais comum, devido à freqüência de solos
argilosos nessa região (ESTEVES, 1998b). Os valores de ortofosfato encontrados na
lagoa Mãe-Bá foram baixos, sendo o valor máximo registrado de 17,9 µg/L (ponto
Mãe-Bá), no entanto, se constituíram como uma grande fração do fósforo total.
Huszar et al. (1994) encontraram valores de ortofosfato abaixo do limite de detecção
(5,0 µg/L) na lagoa Juparanã e Gonçalves (2005) registrou valores de ortofosfato
menores que 25 µg/L, em 82% das suas amostras, nesse mesmo ecossistema.
Liston (2004), em estudo anterior na lagoa Mãe-Bá, registrou concentrações de
ortofosfato de 10 µg/L em todas as suas amostragens. Crespo (2003), associou os
baixos valores de ortofosfato registrados na lagoa do Campelo, ao rápido consumo
produzido pelo processo de mineralização da matéria orgânica pelas macrófitas
aquáticas, perifíton e fitoplâncton,
105
O fosfato é um elemento indispensável ao crescimento das algas, pois faz parte da
composição de importantes compostos celulares, sendo o P-orto a forma absorvida
preferencialmente por esses organismos e pelas macrófitas aquáticas (ESTEVES,
1998b). Baixas concentrações de ortofosfato na lagoa Mãe-Bá podem ser explicadas
devido à incorporação desse nutriente pelas comunidades de algas (fitoplanctônica e
perifítica) e macrófitas aquáticas. Araújo et al. (2000) atribuiu baixos valores de
fosfato registrados na lagoa de Extremoz, no RN à intensa assimilação pelo
fitoplâncton.
Segundo Esteves (1998b), vários fatores físicos e químicos interferem na
precipitação dos íons fosfato no ambiente aquático, sendo o ferro, o íon de maior
importância nessa imobilização. Pereira (2003), encontrou teores de ferro solúvel
acima do limite do CONAMA (0,3 mg/L) para águas classe 2 (água doce) em
diversas amostragens na lagoa Mãe-Bá. A carga de ferro advinda da usina de
pelotização da Samarco Mineração pode favorecer a precipitação do fosfato no
sedimento da lagoa Mãe-Bá, contribuindo para que esse nutriente se apresente em
baixas concentrações.
A principal conseqüência da precipitação do íon fosfato é a sua exclusão definitiva
ou temporária de circulação, com múltiplas implicações sobre o metabolismo de todo
o ecossistema aquático. A liberação do íon fosfato para a coluna d’água, ocorre mais
facilmente em condições de baixas concentrações de oxigênio e sobretudo em
anaerobiose (ESTEVES, 1998b). Como a parte inferior da coluna d’água da lagoa
Mãe-Bá se apresentou bem oxigenada durante o período estudado, a liberação do
íon fosfato do sedimento deve se tornar ainda mais dificultada neste ambiente.
O papel do nitrogênio como um dos principais elementos do metabolismo aquático é
inquestionável, devido à sua participação na formação de proteínas, um dos
componentes básicos da biomassa. As principais fontes naturais de nitrogênio
podem ser: a chuva, material orgânico e inorgânico de origem alóctone e a fixação
de nitrogênio molecular dentro do próprio lago (ESTEVES, 1998b).
Os dados de nitrogênio total mostraram uma tendência de aumento na concentração
desse nutriente no final da estação seca e início da estação chuvosa; entretanto,
106
diferenças significativas tanto espacial, quanto temporal não foram observadas.
Nunes (2003), na lagoa do Açu (RJ), registrou elevados valores de nitrogênio total
durante todo o período estudado, porém, não apresentando qualquer tipo de padrão
espacial e temporal. Crespo (2003), estudando a lagoa do Campelo, observou uma
leve tendência de incremento nos valores de nitrogênio total durante a estação
chuvosa e atribuiu esse fato à maior adução de água do rio Paraíba do Sul, rico em
nitrato.
Pereira (2003), estudando a lagoa Mãe-Bá, registrou valores mais elevados de
nitrogênio total na barragem Norte, devido à influência do processo industrial que
gera efluente, possivelmente decorrente da utilização de amina para auxiliar na
concentração do minério; e nos rregos afluentes na lagoa, decorrentes da grande
quantidade de matéria orgânica em decomposição, estocadas em seus leitos.
Provavelmente, na estação chuvosa ocorreu contribuição de água de um dos
córregos afluentes para o ponto Natural e além disso, no primeiro dia de
amostragem dessa estação, houve abertura da barragem Norte, que influencia o
ponto Mãe-Bá. Esses fatores podem ter promovido aumento nas concentrações de
nitrogênio total observadas em ambos os pontos de amostragem, no início da
estação chuvosa.
Um dos grandes problemas relacionados aos compostos nitrogenados é sua
utilização na agricultura e conseqüente carreamento para os corpos d’água,
principalmente em períodos de chuvas. Além disso, parte considerável dos
compostos nitrogenados acaba sendo perdida para a hidrosfera por meio do
lançamento de esgotos nos ecossistemas aquáticos, causando muitas vezes a
eutrofização artificial (ENRICH-PRAST, 2005).
Valores de nitrogênio total semelhantes aos obtidos no presente estudo (média de
1199,3 µg/L), foram registrados por Enrich-Prast et al. (2004) na lagoa Piripiri II (RJ),
cujo valor médio foi de 1168,30 µg/L. Concentrações menores de nitrogênio total
foram registradas por Fonseca (1995) na lagoa Emboaba, no RS (média de 503,7
µg/L); por Enrich-Prast et al. (2004) na lagoa Pires, no RJ (média de 427,8 µg/L); por
Gonçalves (2005) na lagoa Juparanã, no ES (média de 550,7 µg/L); por Henry et al.
107
(2006b) na lagoa do Camargo, em SP (média de 374,5 µg/L); e por Tucci et al.
(2006) no lago das Garças, em SP (média de 355 µg/L).
Os dados de nitrogênio amoniacal foram baixos em todo o período estudado (média
de 31,7µg/L), apresentando maior variação entre os pontos e horários amostrados
na estação chuvosa, mas sem qualquer tendência bem definida (e sem diferença
significativa) em sua distribuição espacial e temporal. Dados de nitrogênio amoniacal
semelhantes aos obtidos neste estudo foram registrados por Moschini-Carlos &
Pômpeo (2001), estudando a lagoa Azul (MA), onde os valores estiveram entre 4,4 e
149,9 µg/L; e por Liston (2004), na lagoa Mãe-Bá, cujos valores variaram de 10 a 70
µg/L. Essa autora ainda observou um leve incremento nas concentrações desse
nutriente durante a estação chuvosa e atribuiu à abertura da barragem Norte e ao
processo de decomposição da vegetação submersa devido ao aumento do nível de
água.
Em regiões tropicais, estudos sobre bactérias amonificantes foram realizados por
Rugani (1980), nas lagoas Carioca e D. Helvécio (ambas em MG). A partir dos
resultados obtidos pôde-se inferir acerca do processo de amonificação em lagos
tropicais. Os dados do referido autor mostraram maiores valores de bactérias
amonificantes sendo registrados durante os meses de maior pluviosidade. Assim, o
carreamento de material alóctone para os ecossistemas aquáticos durante o período
de chuvas, e a conseqüente decomposição de matéria orgânica dissolvida e
particulada, pode levar à elevação das concentrações de nitrogênio amoniacal
durante esse período.
O íon amônio é muito importante para os organismos produtores, especialmente
porque sua absorção é energeticamente mais viável, uma vez que não
necessidade de redução iônica no interior da célula, como ocorre com o nitrato. No
entanto, sua concentração nas camadas onde se encontra o fitoplâncton é,
geralmente, muito baixa, sendo maior nas regiões onde a decomposição da matéria
orgânica é mais intensa, ou seja, nas regiões inferiores dos ecossistemas aquáticos
(MARGALEF, 1983; ESTEVES, 1998b).
108
As concentrações de nitrogênio amoniacal obtidas na lagoa Mãe-Bá, foram
semelhantes às registradas nas lagoas Encanyissada e Tancada (variação de 0,0 a
70,0 µg/L), na Espanha (COMÍN & VALIELLA, 1993), na lagoa Guanandy (média de
30,0 µg/L), no ES (DIAS JR., 1994), na lagoa do Campelo (média de 26,2 µg/L), no
RJ (CRESPO, 2003) e nas lagoas Cabiúnas (média de 49,7µg/L), Comprida (média
de 24,9 µg/L) e Pires (média de 55,2 µg/L), no RJ (ENRICH-PRAST et al., 2004).
Dentre as formas de nitrogênio observadas, o nitrato e o nitrito ocorreram abaixo do
limite de detecção do método (14 µg/L), em todas as amostragens. Liston (2004)
também registrou valores de nitrato abaixo do limite de detecção (10 µg/L) em todos
os pontos de amostragem na lagoa Mãe-Bá. Pereira (2003) estudando a lagoa Mãe-
Bá, obteve valores médios de nitrato e nitrito, de 950 µg/L e 14 µg/L,
respectivamente. Segundo a autora, a predominância do nitrogênio na forma de
nitrato, foi decorrente da elevada oxigenação da água da lagoa, propiciando a
formação deste composto. No presente estudo, embora as concentrações de
oxigênio dissolvido fossem elevadas em todas as amostragens, isto não aconteceu,
possivelmente devido à incorporação de nitrato pelos produtores primários.
Em lagos tropicais, a concentração de nutrientes dissolvidos na água e no
sedimento geralmente é baixa pois grande parte está incorporado à biomassa
fitoplanctônica, devido às altas taxas de reciclagem dos nutrientes na própria coluna
d’água (ESTEVES et al., 1984). No presente estudo, nitrogênio amoniacal, nitrato e
ortofosfato, que são as formas preferencialmente assimiláveis pelo fitoplâncton,
foram encontrados em baixas concentrações na água, denotando um grande
consumo não apenas por essa comunidade, mas pelas macrófitas aquáticas e pelo
perifíton. o nitrito, por ser um composto instável, representando uma fase
intermediária entre a amônia e o nitrato, normalmente é encontrado em baixas
concentrações nos ambientes aquáticos (ESTEVES, 1998b). Segundo Liston (2004)
as macrófitas aquáticas presentes na margem da lagoa Mãe-Bá atuam como “filtros”,
consumindo os nutrientes e reduzindo principalmente a concentração de nitrato,
nitrogênio amoniacal e ortofosfato.
109
Na lagoa Mãe-Bá, as concentrações de silicato (média de 1839 µg/L) concordaram
com as registradas em lagoas costeiras. Apesar de não ter sido registrada diferença
significativa nos valores de silicato entre as estações seca e chuvosa foi observada
redução da concentração de silicato ao longo da estação seca e aumento no início
da estação chuvosa. Como as maiores fontes de silicato em águas continentais são
as rochas e os minerais intemperizados (ESTEVES, 1998b), o incremento nas
concentrações de silicato no período chuvoso provavelmente está relacionado ao
carreamento deste composto da bacia de drenagem por lixiviação e escoamento
superficial. Esse padrão temporal, de aumento nos valores de silicato durante a
estação chuvosa, tem sido registrado em alguns trabalhos realizados em
ecossistemas aquáticos brasileiros (SUZUKI & OVALLE, 1998; CALIJURI et al.,
1999; DELAZARI-BARROSO, 2000; NUNES, 2003; CRESPO, 2003).
Quanto à variação espacial, maiores valores de silicato foram registrados no ponto
Mãe-Bá, durante a estação seca, ocorrendo inversão desse padrão na estação
chuvosa, com maiores valores no ponto Natural. Essas diferenças entre os pontos
de amostragem foram estatisticamente significativas. Os maiores valores de silicatos
registrados no ponto Natural, na estação chuvosa, provavelmente se devem à
contribuição dos córregos para a lagoa, que ocorre nesse período. as maiores
concentrações de silicato no ponto Mãe-Bá, durante a estação seca, podem ser
devido à incidência de ventos fortes apenas nesse ponto de amostragem,
promovendo ressuspensão do sedimento e conseqüente aumento desse nutriente; e
à proximidade com o mar, sendo influenciado portanto, pelo “spray marinho”.
Fernandes (1997), observou aumento nas concentrações de silicatos na lagoa
Imboacica, em função da abertura da barra e maior aporte desse nutriente com a
entrada de água marinha.
Fernandes (1997) e Nunes (2003) registraram valores de silicatos semelhantes aos
obtidos na lagoa Mãe-Bá, estudando as lagoas Imboacica (média de 3.600 µg/L) e
Açu (média de 2.554 µg/L), respectivamente. Valores de silicatos mais elevados que
os registrados no presente estudo foram obtidos em diversas lagoas costeiras, com
variações de 231 a 11.646 µg/L na lagoa Celestún, no México (HERRERA-
110
SILVEIRA, 1998); de 2.988 a 9.739 µg/L na lagoa do Campelo, no RJ (CRESPO,
2003); e de 9.800 a 16.800 µg/L na lagoa do Cauipe, no CE (PAULA et al., 2005).
Com relação às razões NT/PT encontradas na lagoa Mãe-Bá, os valores obtidos
foram superiores a 25,0 em todas as amostragens. Assim, a variação temporal das
razões NT/PT seguiu o mesmo padrão daquele observado para o nitrogênio total.
Petrucio & Furtado (1998), registraram razões NT/PT maiores que 22,0 em cinco
estações de amostragem na lagoa Imboassica, em Macaé. Pinto-Coelho et al.
(1999), encontrou valores de razão N:P de 72,5 e 43,0 em duas estações de
amostragem na lagoa da Pampulha (MG).
Os resultados obtidos mostraram uma forte limitação por fósforo para o crescimento
das algas na lagoa Mãe-Bá, pois valores acima de 16 para a razão N:P indicam o
fósforo como nutriente limitante (REDFIELD et al., 1963). Entretanto, de acordo com
Olrik (1994 apud BICUDO et al., 1999), não é fácil definir com exatidão quando o
fitoplâncton está limitado por nutrientes. Segundo esse autor, muitas espécies dessa
comunidade assimilam fósforo em excesso, armazenando como polifosfatos e assim
podem continuar reproduzindo-se, embora o nutriente esteja esgotado, como é o
caso de Microcystis e outras cianofíceas. Outras espécies necessitam de
quantidades tão pequenas de fósforo que, mesmo em ambientes “aparentemente”
limitados por esse nutriente, o fitoplâncton pode apresentar bom desenvolvimento.
Delazari-Barroso (2000) registrou valores dios da razão NT/PT de 26,3, indicando
a existência de limitação por fósforo para o crescimento fitoplanctônico no
reservatório Duas Bocas (ES). Huszar et al. (2005) avaliaram a razão NT/PT de oito
lagoas costeiras de água doce, sendo o valor médio obtido de 44, e consideraram
todos os ambientes como sendo limitados por fósforo. Pereira (2003), em estudo
anterior na lagoa Mãe-Bá também considerou o fósforo como sendo o nutriente
limitante para o desenvolvimento das algas.
Sendo assim, com relação aos nutrientes, a lagoa Mãe-Bá foi caracterizada por
apresentar baixas concentrações de fósforo total, ortofosfato, nitrogênio amoniacal,
nitrato e nitrito; e elevados valores de silicato e nitrogênio total. Dentre os nutrientes
observados neste estudo, nenhum apresentou variação temporal e somente o
111
silicato e o fósforo total apresentaram variação espacial (entre pontos de
amostragem) significativa.
8.4 COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E ABUNDÂNCIA DA COMUNIDADE
FITOPLANCTÔNICA
Em ambientes tropicais, a composição de espécies fitoplanctônicas pode ser mais
informativa para a classificação do estado trófico de lagos, que outros indicadores
tróficos tais como nutrientes, transparência ou clorofila (HUSZAR et al., 1998).
Considerando o sistema como um todo, a lagoa Mãe-Bá apresentou elevada
biodiversidade, com um número total de táxons (138), semelhante a lagoas costeiras
brasileiras como a lagoa Juparanã (156 táxons; OLIVEIRA, 2006a) e a lagoa do Açu
(149 táxons; NUNES, 2003). Os 138 táxons registrados estiveram distribuídos em 10
Classes, sendo Cyanophyceae, Chlorophyceae e Zygnemaphyceae, as Classes de
maior contribuição, em termos de riqueza de táxons. Essas mesmas Classes foram
as mais representativas na riqueza de táxons registrada por Trindade (2007) no
reservatório de Serra da Mesa (GO).
Entre os pontos e horários amostrados no presente estudo, o número total de táxons
foi semelhante e o mesmo padrão de riqueza foi observado, com predomínio das
três Classes citadas acima. Liston (2004), registrou 86 táxons na lagoa Mãe-Bá,
sendo as Classes de maior riqueza, Cyanophyceae, Chlorophyceae e
Bacillariophyceae.
Na lagoa Mãe-Bá, a Classe Cyanophyceae, apresentou maior riqueza de táxons,
contribuindo com 33% para o total de espécies. Na análise quantitativa, esse grupo
de algas predominou em praticamente todo o período estudado.
A maioria dos gêneros e espécies de Cyanophyceae é cosmopolita, podendo ser
encontrados em vários ambientes, inclusive colonizando locais inóspitos como
crateras vulcânicas, fontes termais e geleiras. Essa ampla distribuição se deve às
suas diferentes estratégias adaptativas, tornado-as capazes de dominar a
112
comunidade sob condições físicas estáveis e altas concentrações de nutrientes. A
produção de vesículas gasosas, possibilitando a migração na coluna d’água, a
capacidade de fixação de nitrogênio e de estocagem de fósforo e a produção de
toxinas em alguns gêneros são características das cianobactérias que conferem
vantagem, tornando-as extremamente competitivas sobre outros grupos de algas
(PAERL, 1988).
As espécies Synechocystis aquatilis e Synechocystis sp. foram abundantes em
todos os dias, pontos e horários amostrados. O predomínio quantitativo de diminutas
algas da Classe Cyanophyceae, como Synechocystis e Synechococcus, têm sido
registrado por diversos autores em várias lagoas costeiras (HUSZAR et al., 1990;
DOMINGOS et al., 1994; MENEZES & DOMINGOS, 1994; NUNES, 2003; LISTON,
2004; OLIVEIRA, 2006a). Melo & Suzuki (1998), estudando a lagoa Imboassica (RJ),
observaram um aumento no desenvolvimento de populações de organismos
picoplanctônicos, principalmente Synechocystis e Synechococcus, que chegaram a
representar mais de 90% da comunidade fitoplanctônica total quando houve redução
nos valores de salinidade.
De acordo com Komárek & Anagnostidis (1999), o gênero Synechocystis é uma
cianobactéria coccóide, com biovolume muito reduzido e que necessita de pequenas
concentrações de nutrientes, sendo encontrado tanto em ambientes oligotróficos,
quanto em ambientes eutróficos. No presente estudo, além de Synechocystis, a
espécie Synechococcus sp. foi abundante em quatro dias de amostragem,
ocorrendo principalmente no ponto Mãe-Bá. Segundo Sant’Anna et al. (2007),
espécies de cianofíceas pertencentes ao picoplâncton e facilmente negligenciadas
em projetos de biomonitoramento, como algumas espécies de Synechococcus,
merecem atenção especial, particularmente quando elas ocorrem em ecossistemas
que servem para abastecimento doméstico.
Além das espécies citadas acima, Pseudanabaena papillaterminata e Limnothrix
redekei também foram abundantes em praticamente todo o período estudado. Assim
como Synechococcus, a abundância dessas duas espécies ocorreu com mais
frequência no ponto Mãe-Bá. Espécies de Pseudanabaena e de Limnothrix também
foram registradas como abundantes por Delazari-Barroso (2000) em estudo no
113
reservatório Duas Bocas, Cariacica (ES). Anagnostidis & Komárek (1988) destacam
que o grupo das Pseudanabaena provavelmente apresenta características
bioquímicas específicas, como capacidade de adaptação cromática e de metabolizar
nitrogênio em condições de anaerobiose, o que pode conferir vantagem em
situações de baixa luminosidade e de baixas concentrações de nitrogênio.
A segunda Classe de maior contribuição, em termos qualitativos foi Chlorophyceae
(26%). Em geral, esse grupo de algas corresponde a quase metade dos gêneros na
listagem do fitoplâncton continental tropical e a variação dessa composição entre
lagos e reservatórios é bastante pequena (BICUDO et al., 1999). Em regiões
temperadas, as Chlorophyceae também são importantes componentes do plâncton
continental em qualquer época do ano (HAPPEY-WOOD, 1988).
De acordo com Lewis (1978), as Chlorophyceae constituem o grupo mais diverso de
algas planctônicas em lagos tropicais de salinidade variável entre moderada e baixa.
A maioria das espécies dessa Classe é cosmopolita, sendo encontradas em
ambientes desde águas continentais oligotróficas e eutróficas até águas marinhas e
estuarinas (BICUDO & PARRA, 1995).
Dos 36 táxons pertencentes à Classe Chlorophyceae, 33 foram incluídos na Ordem
Chlorococcales. Segundo Dias Jr. (1990), essa ordem constitui, dentre as
clorofíceas, o grupo que apresenta a maior riqueza de espécies de grande parte dos
lagos do Brasil. As Chloroccocales além de estarem amplamente distribuídas em
águas de diferentes concentrações químicas (WETZEL, 1981), apresentam elevada
taxa de reprodução, podendo colonizar os ambientes com muita rapidez (HAPPEY-
WOOD, 1988).
No presente estudo, a Classe Chlorophyceae apresentou a segunda maior
contribuição em termos quantitativos, chegando a representar 56% do fitoplâncton
total no ponto Natural (manhã), no último dia de amostragem. Em diversas
pesquisas realizadas nos ecossistemas aquáticos brasileiros, Chlorophyceae é a
Classe que apresenta a maior riqueza específica, mesmo não sendo a Classe de
maior contribuição na análise quantitativa (BONETTO et al., 1983; BICUDO et al.,
1999; ARAÚJO et al., 2000; NOGUEIRA, 2000; SILVA et al., 2001; FERRAGUT et
114
al., 2005; NOGUEIRA et al., 2005; OLIVEIRA, 2006a; TUCCI et al., 2006; ALMEIDA,
2007; TRINDADE, 2007).
Na análise quantitativa, a Classe Chlorophyceae foi representada principalmente
pelas espécies Koliella longiseta f. variabilis e Koliella longiseta f. tenues, que foram
abundantes em todos os dias, pontos e horários amostrados. Liston (2004),
estudando a lagoa Mãe-Bá registrou a espécie Koliella longiseta f. variabilis como
sendo abundante em praticamente todas as suas amostragens. Em estudo realizado
no reservatório de Serra da Mesa, Trindade (2007) também registrou essa mesma
espécie como sendo a maior representante da Classe Chlorophyceae.
O gênero Koliella pode ter seu “sucesso” atribuído às adaptações descritas por
Happey-Wood (1988) para as pequenas algas verdes. Segundo esse autor, a
característica oportunista dessas algas deve-se em parte à morfologia da célula e ao
seu pequeno tamanho. Células pequenas e com grande relação superfície/volume
possuem grande capacidade para a absorção de nutrientes dissolvidos e elevada
taxa de difusão de gases, além de mostrarem baixa taxa de sedimentação,
minimizando as perdas por afundamento.
A análise quantitativa da lagoa Mãe-Bá mostrou que neste ambiente ocorre
predomínio de algas de pequeno tamanho. Ao longo do período estudado houve
predomínio das Classes Cyanophyceae e Chlorophyceae, mas sendo representadas
principalmente por algas menores que 20 µm, que constituem a fração de
organismos pertencentes ao pico e nanoplâncton (Classe I). Segundo Alves-de-
Souza et al. (2006), várias lagoas costeiras da região Sudeste apresentam
importante contribuição de pequenas algas verdes e cianobactérias picoplanctônicas
para a biomassa fitoplanctônica total. Como mencionado anteriormente, devido ao
reduzido tamanho, essas algas apresentam facilidade para se manterem em
suspensão na coluna d’água e necessidade de pequenas concentrações de
nutrientes.
A Classe Zygnemaphyceae contribuiu com 14% para o total de táxons, estando
representada majoritariamente por algas da Família Desmidiaceae. De acordo com
Esteves (1998b), essa Família engloba os principais representantes deste grupo e
115
encontram seu melhor habitat em ambientes distróficos, que possuem pH menor que
7,0 e oligotróficos, onde se desenvolvem em grandes populações.
As Zygnemaphyceae habitam ambientes de água doce e raramente salobros, sendo
comumente encontradas em águas ácidas, pobres em nutrientes e com baixa
produtividade. Apesar de crescerem preferencialmente em ambientes oligotróficos,
algumas espécies de Staurastrum e Closterium podem crescer em águas eutróficas,
com elevados valores de pH (REYNOLDS, 1987). No presente estudo, os gêneros
Staurastrum e Cosmarium contribuíram com o maior mero de táxons da Classe
Zygnemaphyceae.
Apesar da terceira maior contribuição, em termos de riqueza de xons, as
desmídias apresentaram pequena contribuição quantitativa. Segundo Happey-Wood
(1988), as desmídias são persistentes na população fitoplanctônica por muito tempo,
porém em baixas densidades. Diversos trabalhos têm registrado pequena
importância numérica de desmídias, apesar de apresentarem significativa
contribuição na riqueza de espécies (FERNANDES, 1997; DIAS JR., 1998;
GONÇALVES, 2005; CAVATI, 2006; MARTINS, 2006; TRINDADE, 2007).
Freqüentemente, populações destas algas são originárias da comunidade bentônica
e, por ação de chuvas e ventos, são deslocadas para a coluna d’água, podendo se
desenvolver bem como plâncton de “águas abertas” (HAPPEY-WOOD, 1988).
Ferragut et al. (2005) citam que a principal fonte de crescimento e desenvolvimento
de desmídias em várias lagoas, como na lagoa do Diogo (SP), o os habitats
perifítico e metafítico.
Euglenophyceae e Bacillariophyceae foram a quarta Classe mais bem representada,
contribuindo cada uma, com 9% dos táxons identificados. Indivíduos dessas Classes
foram registrados na análise quantitativa, porém em densidades muito baixas.
As euglenofíceas utilizam amônio como principal fonte de nitrogênio e são
freqüentemente encontradas em águas rasas e ricas em matéria orgânica (WETZEL,
1981; ESTEVES, 1998a). Todos os táxons registrados neste estudo pertencem à
Família Euglenaceae, única com gêneros pigmentados, unicelulares e flagelados,
116
com lórica ou não (TUCCI, 1996). Na análise quantitativa, Trachelomonas
volvocinopsis ocorreu em seis amostras e Lepocinclis sp. foi registrada em apenas
um dia de amostragem, porém em densidades muito baixas.
As diatomáceas representam um grupo cosmopolita, sendo encontradas tanto em
ambientes continentais quanto marinhos. Por apresentarem um envoltório silicoso
(frústula), as diatomáceas dependem da sílica para seu crescimento e sobrevivência.
Além disso, possuem dentre as demais Classes, a maior taxa de sedimentação,
sendo dependentes da turbulência para se manterem em suspensão (VAN DEN
HOEK et al., 1995).
Apesar da elevada quantidade de silicatos registrada na lagoa Mãe-Bá e da
constante circulação da coluna d’água, as diatomáceas apresentaram baixa
representatividade numérica. Em estudo realizado com a comunidade perifítica na
lagoa Mãe-Bá, Costa (2007) registrou elevada representatividade qualitativa e
quantitativa de diatomáceas. Provavelmente, esse grupo de algas têm se
beneficiado das quantidades de sílica presentes na lagoa, porém, apresentando
melhor desenvolvimento na comunidade perifítica, devido à grande quantidade de
bancos de macrófitas existentes nesse ecosistema.
De acordo com Reynolds (1984), as diatomáceas podem constituir a maior parte da
comunidade perifítica. Características como estruturas especializadas de fixação ao
substrato, produção de matrizes mucilaginosas e formação de colônias fixadas pela
base, auxiliam no estabelecimento dessas algas na referida comunidade (ROUND,
1983). Além destas estruturas, as diatomáceas, por serem muito densas, associam-
se ao biofilme evitando a sedimentação (FERNANDES, comunicação pessoal).
Reynolds (1984) ainda destaca que, ambientes aquáticos com elevadores valores de
temperatura da água, como a maioria dos ecossistemas tropicais, apresentam
consequentemente menor viscosidade da água, levando a um desequilíbrio na
relação do peso específico das diatomáceas com o meio, causando sua
sedimentação.
Condições como elevadas concentrações de silicatos combinadas com baixas
concentrações de fósforo, encontradas na lagoa Mãe-Bá, podem favorecer o
117
desenvolvimento das diatomáceas na comunidade perifítica. Segundo Margalef
(1998), dentre as várias combinações de estratégias reprodutivas e de sobrevivência
das populações algais, destaca-se a adaptação funcional em condição de escassez
de fósforo, situação que propicia o desenvolvimento de estruturas mais
“econômicas” como, por exemplo, a celulose e a mucilagem. Estas estruturas
favorecem a persistência dos organismos em contato com superfícies sólidas
(hábitat perifítico) que, de modo geral, apresentam melhor disponibilidade de
recursos nutricionais e evitam a dispersão das células, propiciando assim, condições
mais favoráveis para a sobrevivência dos organismos.
A Classe Dinophyceae contribuiu com 6% da densidade fitoplanctônica total e
apresentou baixa representatividade numérica na análise quantitativa. Os
dinoflagelados, em sua maioria, são organismos tecados e com baixas taxas de
crescimento. Embora as características morfológicas e fisiológicas destas algas não
lhes permitam competir com sucesso com outras algas nanoplanctônicas, algumas
espécies podem formar florações devido às diferentes estratégias desenvolvidas por
estes organismos, como formação de cistos de resistência, migração na coluna
d’água, capacidade de armazenagem de sforo e a vantagem de não serem
consumidos pelo zooplâncton (POLLINGHER, 1988).
As Classes Xanthophyceae, Chrysophyceae e Cryptophyceae contribuíram com
somente 1% cada uma, para o total de espécies. A Classe Xanthophyceae foi
representada por Characidiopsis sp., sendo que nenhuma ocorrência na análise
quantitativa foi registrada. Essa alga apresenta hábito perifítico, evidenciado pelo
peduncúlo de fixação observado nos indivíduos e, provavelmente, passou a
constituir o plâncton após se desagregar da comunidade perifítica. Wetzel (1981)
ressalta que as espécies da Classe Xanthophyceae são comumente encontradas
aderidas a um substrato. Tucci (1996) registrou baixas densidades de xantofíceas;
entretanto, de acordo com a autora, a ausência de literatura em relação às
adaptações e preferências ecológicas desses organismos não permite maiores
comentários, sobretudo em relação às formas planctônicas.
A Classe Chrysophyceae apresentou baixa representatividade nas análises quali e
quantitativa. As crisofíceas estão entre os grupos menos conhecidos nos ambientes
118
de água doce (DELAZARI-BARROSO, 2000). De acordo com Sandgren (1988), os
organismos dessa Classe são nutricionalmente oportunistas, podendo apresentar
mecanismos flexíveis de aquisição de energia como autotrofia, heterotrofia e
fagotrofia, em resposta ao requerimento das células e/ou às mudanças nas
condições ambientais. Segundo esse mesmo autor, as crisofíceas são dominantes
em lagos oligotróficos, com baixa condutividade e alcalinidade, pH neutro ou
ligeiramente ácido e com baixa disponibilidade de nutrientes.
No presente estudo a Classe Chrysophyceae foi representada pelos gêneros
Mallomonas e Dinobryon. Esses mesmos gêneros compuseram a Classe
Chrysophyceae nos estudos realizado por Gonçalves (2005) e Oliveira (2006a) na
lagoa Juparanã. Essas autoras também observaram pequena contribuição
quantitativa dessa Classe, assim como observado neste trabalho.
A Classe Cryptophyceae esteve representada apenas pelo gênero Cryptomonas e
apresentou baixa contribuição quali e quantitativa. Giani et al. (1999) destacam que
espécies de criptofíceas apresentam distribuição restrita no Brasil, como
conseqüência do menor número de trabalhos realizados com este grupo.
Os organismos desta Classe, por serem fototácteis, costumam migrar durante as
primeiras horas diurnas para a superfície do ambiente, porém, evitam as camadas
superficiais da água durante a maior parte do dia por causa do excesso de luz
(BICUDO et al., 1999). Este fato pode ter contribuído para a baixa densidade de
criptofíceas registrada na lagoa Mãe-Bá, uma vez que as amostragens eram
realizadas em sub-superfície e em períodos de intensa luminosidade.
Branco & Senna (1996) estudando o reservatório Paranoá (Brasília) registraram
Cryptomonas em todas as suas amostragens, mas nunca atingindo a dominância.
Segundo esses autores, a característica peculiar das Cryptophytas é a ocorrência
durante todo o ano, porém em pequenas densidades e com baixa diversidade de
espécies. Rojo & Miracle (1989), estudando uma lagoa costeira na Espanha,
observaram que algas da Classe Cryptophyceae foram bem representadas, apesar
de ocorrer em pequeno número.
119
De acordo com Reynolds (1984), as criptofíceas parecem tolerar ampla variedade de
condições nutricionais e o encontradas durante o ano inteiro. Consequentemente,
a presença ou a ausência dessas algas não está relacionada com o estado trófico
do sistema, ou seja, não são reguladas pelos ciclos sazonais de disponibilidade de
algum nutriente específico, não sendo portanto, boas indicadoras do estado trófico
dos ecossistemas aquáticos.
Portanto, baseada na composição florística, a lagoa Mãe-Bá apresentou maior
contribuição das Classes Cyanophyceae, Chlorophyceae e Zygnemaphyceae. Entre
os pontos e horários amostrados houve similaridade na riqueza de táxons, com
predomínio das três Classes citadas acima. Liston (2004), registrou os mesmos
organismos fitoplanctônicos em três pontos de amostragem na lagoa Mãe-Bá.
Segundo a autora, o fato da lagoa Mãe-Bá ser um ambiente raso, e portanto pouco
estável do ponto de vista físico, a mistura constante das massas d’água causam
dispersão das algas fitoplanctônicas.
8.5 DENSIDADE TOTAL DO FITOPLÂNCTON
A comunidade fitoplanctônica apresentou diferenças significativas tanto temporal,
quanto espacial nos valores de densidade total. A densidade total do fitoplâncton
variou de 14.093 ind/mL, no ponto Natural manhã (20/12) a 73.381 ind/mL, no
ponto e-Bá tarde (03/08), considerando todo o período estudado. Liston (2004),
estudando o ponto de amostragem próximo ao aglomerado Mãe-Bá, encontrou
valores de densidade total maiores, variando de 19.999 a 290.735 ind/mL.
Os valores de densidade total registrados no presente estudo mostraram-se mais
elevados, se comparados a outras lagoas costeiras brasileiras. Huszar et al. (1990)
estudaram 18 lagoas da região do Baixo Rio Doce, em Linhares (ES) e, em todos os
ecossistemas a densidade fitoplanctônica foi inferior à registrada na lagoa Mãe-Bá,
com valores variando de 674 a 18.674 ind/mL, considerando todos os pontos
amostrados; Dias Jr. (1994), estudando algumas lagoas costeiras no ES, registrou
densidade máxima de 64.950 ind/mL na lagoa Jacuném, que se encontra em
processo de eutrofização, e de 25.650 ind/mL na lagoa de Carais; Melo & Suzuki
120
(1998) encontraram na lagoa Cabiúnas (RJ), valores de densidade entre 2.300 e
4.700 ind/mL; Nunes (2003), na lagoa do Açu (RJ) obteve valores de densidade
variando de 4.843 a 41.452 ind/mL; e Gonçalves (2005), encontrou uma densidade
numérica variando de 102 a 1.887 ind/mL na lagoa Juparanã (ES).
Com relação à variação espacial, em todas as amostragens, o ponto Mãe-Bá
apresentou maiores valores de densidade total fitoplanctônica, se comparado ao
ponto Natural. Dados de monitoramento fornecidos pela CESAN, dos pontos de
amostragem próximo ao aglomerado Mãe-Bá e próximo à torre de captação de água
para abastecimento doméstico, mostraram que o primeiro ponto apresenta valores
de densidade total mais elevados (PEREIRA, 2003), corroborando os dados obtidos
no presente estudo. Liston (2004) também encontrou maiores valores de densidade
total nos pontos próximo ao aglomerado Mãe-Bá e próximo à Barragem Norte, e
atribuiu isso aos aportes de nutrientes de origem doméstica e industrial.
As maiores densidades de algas observada no ponto Mãe-Bá se refletiu em valores
mais elevados de pH e oxigênio dissolvido, relacionados ao processo fotossintético
realizado por estes organismos. A análise de componentes principais agrupou os
valores de densidade total fitoplanctônica com pH e oxigênio dissolvido,
corroborando a relação entre esses fatores.
Quanto à variação temporal, os valores de densidade total fitoplanctônica foram
significativamente maiores na estação seca nos dois pontos de amostragem, quando
ocorre concentração do fitoplâncton devido à menor entrada de água no sistema, em
função dos menores índices pluviométricos. A menor densidade fitoplanctônica
registrada no período de chuvas, pode ser explicada, entre outros fatores, pela
diluição do fitoplâncton e, provavelmente, pela limitação do crescimento
fitoplanctônico por um maior estresse mecânico sobre a comunidade durante esse
período (BICUDO et al, 1999). Esse mesmo padrão de variação temporal com
redução da densidade total fitoplanctônica na estação chuvosa foi registrado por
outros autores (TRINDADE, 2007; SOUZA, 2005; NOGUEIRA, 2000; BICUDO et al.,
1999; GIANI & FIGUEIREDO, 1999).
121
Além dos fatores mencionados anteriormente, Bicudo et al. (1999) atribuíram a
redução da densidade fitoplanctônica na estação chuvosa à menor disponibilidade
de luz registrada nos dias de coleta dessa estação. Segundo Giani & Figueiredo
(1999), a chuva atua como um fator diluidor e, ao mesmo tempo, como um fator de
perturbação das comunidades aquáticas. Esses autores ainda sugerem que a
estabilidade da coluna d’água observada na estação seca, decorrente da ausência
do impacto provocado pelas chuvas de verão, favorece o desenvolvimento da
comunidade fitoplanctônica.
Entre os horários amostrados não foram observadas diferenças significativas nos
valores de densidade total, provavelmente devido à pequena variação observada
nos parâmetros limnológicos analisados nos períodos da manhã e tarde.
8.6 VARIAÇÃO TEMPORAL E ESPACIAL DAS CLASSES FITOPLANCTÔNICAS
A comunidade fitoplanctônica não mostrou alterações drásticas em sua composição
taxonômica, considerando todos os dias, pontos e horários amostrados.
A distribuição espacial do fitoplâncton é afetada pela forma e dimensão da bacia
lacustre, posição dos afluentes, grau de estratificação, etc. (ROUND, 1983). Apesar
dos dois pontos de amostragem estarem distantes e submetidos a condições
ambientais diferenciadas, não foi observada variação espacial da comunidade
fitoplanctônica no presente estudo. Mesmo a lagoa Mãe-Bá sendo um ecossistema
extenso, estudos anteriores detectaram a similaridade da comunidade
fitoplanctônica em diversos pontos dentro da lagoa (LISTON, 2004; MACHADO, em
prep.).
Em praticamente todo o período estudado, a Classe Cyanophyceae apresentou
maior contribuição quantitativa, chegando a constituir 75,7% do fitoplâncton total.
Trindade (2007), estudando o reservatório de Serra da Mesa, constatou
predominância de cianofíceas no corpo central do reservatório, tanto na estação
seca quanto na chuvosa, que chegaram a contribuir com 76% do fitoplâncton total. A
predominância de apenas um grupo de algas durante todo o ano, também foi
122
registrada por Bicudo et al. (1999) no lago das Garças (SP); por Silva et al. (2001),
no reservatório de Corumbá (GO); e por Henry et al. (2006b), na lagoa do Camargo
(SP);
No presente estudo, a manutenção das cianobactérias provavelmente está
relacionada aos elevados níveis de luminosidade e temperatura e condições
nutritivas adequadas, freqüentes em todo o período de amostragem. Reynolds
(1984) destacam que as cianofíceas por estarem representadas principalmente por
espécies ruderais (r-estrategistas), apresentam desenvolvimento ótimo por longos
períodos. Segundo Costa et al. (1998), muito já se especulou sobre a dominância de
algas cianofíceas nos lagos e rios, e várias hipóteses tentaram justificar este fato,
como a formação de colônias que inviabilizam a ingestão pelo zooplâncton; a
capacidade destas algas de sintetizarem substâncias xicas que atuariam como
defesas químicas contra herbivoria; e a exibição de um repertório comportamental
que favorece a exploração mais eficiente de lagos, principalmente eutróficos.
A Classe Chlorophyceae coexistiu juntamente com Cyanophyceae durante todo o
período estudado. Liston (2004), em pesquisas anteriores na lagoa Mãe-Bá,
observou o predomínio das cianofíceas em praticamente todo o ano, mas com
contribuições significativas de clorofíceas. Na lagoa Mãe-Bá, a homogeneidade da
coluna d’água, o processo contínuo de mistura e a ocorrência de espécies de
diferentes grupos competindo diretamente pelos mesmos recursos nutricionais
podem explicar a coexistência das cianobactérias e clorofíceas ao longo do período
estudado. Os resultados da ACP mostraram estreita relação entre a densidade total
e a densidade de cianobactérias e clorofíceas, uma vez que, variações nos valores
de densidade total acarretaram modificações nas densidades dessas duas Classes,
principais constituintes da comunidade fitoplanctônica.
Hutchinson (1961 apud ARAÚJO et al., 2000) elaborou a “teoria do paradoxo do
plâncton”, a partir de questionamentos sobre o modo através do qual muitas
espécies fitoplanctônicas eram capazes de habitar um mesmo ambiente, num
regime de coexistência. A referida teoria sugere que as condições da água sofrem
mudanças constantes e rápidas, aliadas à turbulência, não permitindo haver
exclusão competitiva entre esses organismos. Segundo Reynolds (1984), em um
123
ambiente não estratificado a coexistência deve estar relacionada à critérios
fisiológicos ou comportamentais, atribuídos à espécies simultâneas, que
experimentam diferentes limites específicos de controle de nutrientes.
No presente estudo, redução na contribuição das cianofíceas e aumento da Classe
Chlorophyceae foi observada no último dia de amostragem, nos pontos Natural e
Mãe-Bá, nos períodos da manhã e da tarde, respectivamente. Essa mesma
observação foi feita por Liston (2004), que notou uma nítida competição entre essas
Classes, com redução da densidade de um grupo em detrimento do aumento do
outro.
De acordo com Round (1983), embora organismos da Classe Chlorophyceae
possam ser encontrados invariavelmente em todos os corpos de água doce, acabam
ocorrendo em menores densidades quando são substituídas pelas cianofíceas,
devido à maior habilidade destas na assimilação e reserva de nutrientes. No entanto,
quando alterações nas características ambientais levam à redução das cianofíceas e
estas deixam de dominar o ambiente, outros grupos oportunistas, como pequenas
clorofíceas e criptofíceas rapidamente ocupam esses novos nichos (TUCCI et al.,
2006).
A Classe Cryptophyceae, na análise quantitativa, esteve presente durante todo o
período estudado, entretanto em baixas densidades. Um discreto aumento na
densidade dessa Classe foi verificado apenas no último dia de amostragem (14/02),
nos pontos Natural (manhã) e Mãe-Bá (tarde), justamente quando houve redução na
densidade da Classe Cyanophyceae. Isto concorda com uma característica
ecológica típica dos organismos deste grupo sua presença intermitente ou perene
em densidades baixas a moderadas entre pulsos de outras algas (STEWART &
WETZEL, 1986). Segundo Reynolds (1980), embora consideradas como
oportunistas, as criptofíceas aumentam em densidade quando concentrações de
outras algas declinam e após perturbações ambientais; no entanto, elas nunca
persistem em elevadas densidades devido à intensa herbivoria pelo zooplâncton.
Uma discreta variação temporal foi observada na Classe Zygnemaphyceae, que
apesar de ter apresentado baixa contribuição quantitativa durante o período
124
estudado, sofreu um leve acréscimo na estação chuvosa. Provavelmente, esse
aumento de zignemafíceas esteja relacionado à redução de pH registrada nessa
estação. De acordo com Margalef (1983), algas dessa Classe se desenvolvem
melhor em águas ácidas, pobres em cálcio e com baixa alcalinidade.
Outro fator que pode explicar essa maior contribuição da Classe Zygnemaphyceae
na estação chuvosa é o desprendimento dessas algas da comunidade perifítica,
ocasionado pelo estresse mecânico devido à precipitação. Como mencionado
anteriormente, as desmídias compõe preferencialmente a comunidade perifítica e
ocasionalmente podem se desagregar, passando a compor a comunidade
fitoplanctônica. A comparação deste estudo com o estudo da comunidade perifítica,
realizado por Costa (2007) na lagoa Mãe-Bá, permitiu constatar as mesmas
espécies de desmídias ocorrendo tanto na comunidade perifítica quanto na
comunidade fitoplanctônica.
8.7 CLOROFILA a
A clorofila a, composto chave na conversão da energia luminosa para a fotossíntese,
têm sido amplamente utilizada como estimativa da biomassa em corpos d’água
(MARGALEF, 1983; REYNOLDS, 1984; ESTEVES, 1998b). A quantificação desse
pigmento ainda pode fornecer indicações importantes acerca do estado trófico de
ambientes aquáticos.
No presente estudo não foi observada diferença espacial significativa nos valores de
clorofila a. Quanto à variação temporal, foram observadas diferenças significativas
entre as estações seca e chuvosa. As maiores concentrações de clorofila a foram
registradas na amostragem do dia 03/08/06, nos pontos Natural e Mãe-Bá,
apresentando redução ao longo da estação seca. Na estação chuvosa, os valores
de clorofila a mantiveram-se baixos em todas as amostragens, concordando com os
dados de densidade total, que também foram menores durante essa estação.
Crespo (2003), estudando a lagoa do Campelo (RJ), encontrou menores
concentrações de clorofila a na estação chuvosa e atribuiu à entrada de água
proveniente do rio Paraíba do Sul, pobre em fitoplâncton.
125
Elevados valores de densidade total registrados na estação seca, sobretudo na
amostragem do dia 03/08, justificam a elevada concentração de clorofila a nesse dia
de amostragem. Provavelmente, condições como baixa concentração de sólidos
suspensos, elevada transparência e maior disponibilidade de fosfato propiciaram o
desenvolvimento das algas, que se refletiu em elevados valores de oxigênio
dissolvido e turbidez registrados nessa amostragem.
O valor médio de clorofila a registrado na lagoa Mãe-Bá (12,9 µg/L) foi superior ao
encontrado na mesma lagoa em estudos anteriores realizados por Pereira (2003)
média de 1,83 µg/L e inferiores aos registrados na lagoa de Araruama onde os
valores estiveram entre 30 e 120 µg/L e na lagoa Piratininga, que apresentou média
de 160 µg/L (KNOPPERS et al., 1991).
Concentrações de clorofila a menores que as obtidas no presente estudo foram
registradas por vários autores em diversas lagoas costeiras, como Bozelli et al.
(1992), que obtiveram dia de 1,7 µg/L em estudo realizado em 18 lagoas da
região do Baixo Rio Doce, Linhares (ES); Roland (1998) que obteve dia de 1,45
µg/L na lagoa Cabiúnas, no RJ; Nunes (2003), que registrou média de 4,60 µg/L na
lagoa do Açu (RJ); Enrich-Prast et al. (2004), que encontrou médias de 1,8 µg/L na
lagoa das Garças, 1,9µg/L na lagoa do Visgueiro e 2,3 µg/L na lagoa Comprida,
todas situadas na restinga de Jurubatiba (RJ); Gonçalves (2005), cujos valores
variaram entre 0 e 5,3 µg/L na lagoa Juparanã (ES); e Pômpeo & Moschini-Carlos
(2004), que registraram concentrações tão baixas de clorofila a, que não puderam
ser determinadas pelo todo empregado (abaixo do limite de detecção) em várias
amostragens realizadas em três lagoas de Santa Catarina.
Os valores de clorofila a encontrados na lagoa Mãe-Bá, estão relacionados às
elevadas densidades da comunidade fitoplanctônica, que por sua vez, encontram
condições propícias ao seu desenvolvimento neste ecossistema, como elevados
valores de temperatura, luminosidade, transparência da água e disponibilidade de
nutrientes.
126
8.8 BIOVOLUME
A utilização do biovolume como estimativa da biomassa tem sido realizada por
diversos pesquisadores, a fim de se obter uma resposta mais precisa acerca da
contribuição de indivíduos de diferentes tamanhos na comunidade fitoplanctônica.
Segundo Hillebrand et al. (1999), parâmetros como carbono particulado orgânico,
clorofila a ou densidade da comunidade não permitem diferenciação entre a
contribuição de diferentes grupos taxonômicos e não podem ser utilizados para
comparar diferentes espécies de uma comunidade heterogênea. Dias Jr. (1998),
Nunes (2003) e Lázaro (2007) ressaltam que a densidade (número de indivíduos),
apesar de ser uma medida satisfatória e muito utilizada, atribui importância
excessiva aos organismos pequenos e não potencializa a grande importância
ambiental dos organismos maiores como contribuintes da biomassa do fitoplâncton.
Os valores totais de biovolume registrados no presente estudo apresentaram menor
variação (1,49 a 11,01 mm
3
/L) quando comparados com outros trabalhos realizados
em lagoas costeiras, porém dentro da faixa de valores obtidos por diversos autores,
como Bergesch & Odebrecht (1997), que registraram variação de 0,79 a 82,6 mm
3
/L
no biovolume da lagoa dos Patos (RS); e Nunes (2003), que obteve variação do
biovolume total entre 0,5 e 74,6 mm
3
/L, na lagoa do Açu (RJ). Valores menores
foram registrados por Dias Jr. (1998) no reservatório Águas Claras, em Aracruz (ES),
com valores de biovolume variando entre 0,01 e 1,58 mm
3
/L; por Roland (1998), na
lagoa Cabiúnas (RJ), cujo biovolume total alcançou 0,214 mm
3
/L; e por Camargo-
Santos (2005), na lagoa da UFES, cuja variação do biovolume foi de 0,92 a 3,62
mm
3
/L. O valor médio de biovolume fitoplanctônico (5,7 mm
3
/L) registrado por Silva
(1995), no lago Monte Alegre (SP), esteve próximo aos valores médios de biovolume
total obtidos na lagoa Mãe-Bá (5,0 mm
3
/L, considerando todos os pontos e horários
amostrados).
Não houve diferença temporal significativa no biovolume total, sendo observada
apenas uma tendência de redução nos valores de biovolume no ponto Natural, no
período da manhã, durante a estação chuvosa. Essa tendência pode ser explicada
devido à redução na densidade total da comunidade fitoplanctônica observada
nesse período, no referido ponto de amostragem. Entre os pontos amostrados foi
127
observada diferença significativa, com menores valores ocorrendo no ponto Natural.
Assim como registrado por Camargo-Santos (2005) na lagoa da UFES, no presente
estudo pôde-se notar uma equivalência entre os gráficos de densidade e biovolume
totais, devido à relação existente entre essas variáveis.
De modo geral, a Classe Cyanophyceae apresentou maior contribuição, em termos
de biovolume, nos dois pontos de amostragem, durante o período estudado. Dois
fatores contribuíram para que esse grupo tivesse grande representatividade dentro
do biovolume fitoplanctônico: a presença, em elevadas densidades, de espécies de
tamanho reduzido, como Synechococcus e Synechocystis, que foram abundantes
em todos os dias amostrados; e a presença de cianobactérias filamentosas, que
mesmo ocorrendo em baixas densidades, apresentavam elevada biomassa devido
ao seu maior tamanho (por indivíduo). A análise de componentes principais
evidenciou o agrupamento do biovolume total, com o biovolume das cianobactérias.
No período em que ocorreram reduções nos valores de biovolume total foram
observadas reduções no biovolume da Classe Cyanophyceae e aumento do
biovolume de outras Classes de algas, principalmente no ponto Natural.
Camargo-Santos (2005) também registrou grande contribuição da Classe
Cyanophyceae no biovolume total da lagoa da UFES e atribuiu à elevada densidade
de organismos com pequena biomassa e ao elevado tamanho de indivíduos que
apresentavam baixa densidade. Nunes (2003), na lagoa do Açu, registrou padrão
inverso ao obtido no presente estudo, com predomínio numérico de Cyanophyceae,
mas apresentando pequena contribuição no biovolume, devido à constante
ocorrência da espécie Synechocystis aquatilis, que apresenta reduzido biovolume
celular. Roland (1998), estudando a lagoa Cabiúnas, obteve dominância de
cianobactérias picoplanctônicas (Synechoccocus elongatus e Synechocystis
aquatilis), que chegaram a contribuir com 85% do biovolume total da comunidade
fitoplanctônica.
No ponto Natural (manhã e tarde) foram observadas reduções nas contribuições de
Cyanophyceae e aumento no percentual de Zygnemaphyceae e Dinophyceae, na
última amostragem da estação seca e durante a estação chuvosa. Os menores
valores de Cyanophyceae podem ser justificados pela menor densidade desse
128
grupo, bem como de toda a comunidade, registrada nesse período. A menor
estabilidade registrada durante a estação chuvosa, com conseqüente redução da
transparência e aumento da turbidez, pode ter afetado negativamente as
cianobactérias, favorecendo o aparecimento de outros grupos oportunistas.
Durante a estação chuvosa, além do pH levemente ácido ter contribuído para o
desenvolvimento das desmídias, esse grupo de algas esteve representado por
espécies de elevada biomassa celular, promovendo aumento na percentagem das
Zygnemaphyceae nesse período, que chegaram a contribuir com 83% do biovolume
total (Natural tarde 08/01). Dados semelhantes foram obtidos por Giani &
Figueiredo (1999) estudando o reservatório da Pampulha (MG), que registraram
aumento nos valores de biovolume das Classes Zygnemaphyceae e Dinophyceae
durante a estação chuvosa. De acordo com os autores, os maiores picos de
Cyanophyceae, em termos de biovolume, ocorreram na estação seca, sendo
favorecidas pela estagnação do ambiente.
Lázaro (2007) registrou valores maiores de biovolume associados à presença de
organismos de grande porte pertencentes às Classes Dinophyceae e
Bacillariophyceae, nos rios Piraquê-Açu e Piraquê-Mirim (ES). No entanto, a autora
ressalta que no seu ambiente de estudo a variação do biovolume esteve fortemente
relacionada à variação da densidade fitoplanctônica, que valoriza organismos
pequenos como o pico e nanoplâncton. Na lagoa Imboassica (RJ), Roland (1998)
atribuiu o elevado valor de biovolume total (41.754 mm
3
/L) obtido nessa lagoa
costeira à dominância de diatomáceas de grande porte, como o gênero
Chaetoceros.
No ponto Mãe-Bá, os picos de biovolume total registrados nas amostragens dos dias
12/09 (tarde) e 14/02 (manhã) foram devido à grande contribuição da Classe
Zygnemaphyceae, representada por organismos maiores, porém de baixa
representatividade numérica. Além dessa Classe, Dinophyceae também apresentou
contribuição expressiva em poucos dias de amostragem, mas não influenciando nos
valores totais de biovolume.
129
A Classe Chlorophyceae, cuja contribuição em termos de densidade foi elevada nos
dois pontos de amostragem, durante todo o período estudado, apresentou baixa
representatividade no biovolume total, por se constituir basicamente de algas com
biovolume muito reduzido. Dados semelhantes foram obtidos em um sistema
estuarino da Baía de Vitória (ES) por Lucas (2002), que registrou grande
representatividade numérica de clorofíceas, mas com baixa contribuição no
biovolume total, devido ao predomínio de Chlorella, um gênero de pequeno
tamanho.
8.9 ÍNDICE DE DIVERSIDADE E EQUITABILIDADE
O conhecimento da diversidade, equitabilidade, riqueza e similaridade em
comunidades planctônicas é um instrumento de grande valia para a caracterização
ou tipificação de um lago (PINTO-COELHO et al., 1999).
A diversidade específica é relacionada ao número de espécies presentes e como os
indivíduos estão distribuídos entre as espécies (MARGALEF, 1983). Desta forma,
estimativas de diversidade podem ser utilizadas como indicadores da situação de
sistemas ecológicos, funcionando como uma medida da estabilidade de uma
comunidade e sua resistência a diversos tipos de distúrbios (BARNESE &
SCHELSKE, 1994).
Em ambos os horários amostrados, a diversidade média foi de 2,7 bits/ind. no ponto
Natural e de 2,9 bits/ind. no ponto Mãe-Bá. Valores inferiores a esses foram obtidos
por Huszar et al. (1990), em várias lagoas da região do Baixo Rio Doce em Linhares
(ES), como a lagoa Nova e a lagoa Parda, cujos valores médios foram 1,7 bits/ind.
Oliveira (2006a), estudando a lagoa Juparanã, registrou valores médios de
diversidade de 1,9 bits/ind. na estação seca e de 1,5 bits/ind. na estação chuvosa.
Valores maiores de diversidade (3,4 a 4 bits/ind.) foram obtidos por Dias Jr. (1995),
na lagoa Jacuném (ES). Nunes (2003) encontrou valores semelhantes aos
registrados na lagoa Mãe-Bá, com médias atingindo 3,0, 2,8 e 2,6 bits/ind. em três
pontos de amostragem na lagoa do Açu (RJ).
130
Segundo Garcia de Emiliani (1976), valores de diversidade menores que 2,0 bits/ind.
podem ser considerados baixos e são comuns em lagos cujo fitoplâncton é
dominado por poucas espécies. No presente estudo, como não foi registrada
dominância de nenhuma espécie, os valores médios de diversidade foram
superiores a 2,0 bits/ind e mesmo assim foram baixos, devido ao elevado número de
espécies abundantes. A ausência de modificações na composição da comunidade
fitoplanctônica e a constante abundância de poucas espécies se refletiram nos
valores de diversidade, que apresentaram pequena variação ao longo do período
estudado.
A equitabilidade seguiu o mesmo padrão da diversidade, não apresentando
diferença significativa tanto espacial, quanto temporal. De acordo com Bicudo et al.
(1999), isto significa que a distribuição porcentual dos indivíduos da comunidade foi
bastante semelhante em todas as épocas do ano. O valor médio de equitabilidade
foi igual a 0,5 nos pontos Natural e Mãe-Bá, nos dois horários amostrados. Valores
semelhantes foram registrados por Henry et al. (2006b), nas lagoas do Camargo,
dos Cavalos e do Coqueiral (SP), cujos valores médios foram 0,6, 0,6 e 0,5,
respectivamente. Liston (2004), na lagoa Mãe-Bá, encontrou uma variação temporal
mais acentuada, com redução dos valores de equitabilidade e diversidade na
estação chuvosa, quando houve dominância de Synechocystis sp.
Nos pontos Natural (manhã) e Mãe-Bá (tarde), no último dia de amostragem, houve
redução da equitabilidade, provavelmente devido ao aumento numérico de Koliella,
representante da Classe Chlorophyceae e redução das cianofíceas. Nas
amostragens anteriores, cianofíceas e clorofíceas estiveram presentes em grandes
quantidades, resultando em pequenas variações nos valores de equitabilidade.
8.10 ÍNDICE DE ESTADO TRÓFICO (IET)
Um índice de estado trófico funciona como um registro das atividades humanas nas
várias bacias de drenagem, além de se constituir como uma base para o
planejamento, controle da eutrofização e dos usos de bacias hidrográficas (Duarte et
131
al. 1998). No presente estudo o IET não apresentou diferenças significativas entre
os pontos de amostragem e entre as estações seca e chuvosa.
Os resultados do Índice de Estado Trófico de Carlson situaram-se dentro da faixa de
44 a 54, classificando a lagoa Mãe-Bá como mesotrófica. Pereira (2003), utilizando
esse mesmo índice em estudos anteriores na lagoa Mãe-Bá, também classificou
esse ecossistema como mesotrófico. Laurades-Silva (1999), estudando uma lagoa
costeira em Santa Catarina (lagoa do Peri), obteve valores de IET que permitiram
classificar o referido ecossistema como mesotrófico.
O IET tem sido utilizado por vários autores para classificar o estado trófico de
ecossistemas aquáticos, principalmente reservatórios de abastecimento público,
onde os efeitos da eutrofização representam riscos à saúde pública. Duarte et al.
(1998), classificaram as lagoas de Extremóz e Jiquí como eutróficas e a lagoa do
Bonfim como oligotrófica, todas situadas no Rio Grande do Norte; Racy (2005),
estudando ecossistemas de São Paulo, classificou a represa do Lobo como
mesotrófica, a lagoa Dourada, como oligotrófica e o reservatório Barra Bonita, como
eutrófico; Silva et al. (2006) observaram grandes variações no grau de trofia do
reservatório de Jacarecica I (SE), durante um ciclo anual, enquadrando esse
ecossistema entre oligotrófico e eutrófico, de acordo com a época do ano; Monteiro
Junior (2006), através do IET, classificou a represa de Ponte Nova (SP) como
oligotrófica.
O estado trófico médio da lagoa Mãe-Bá, ainda que mesotrófico, em algumas
amostragens esteve mais próximo de uma situação de oligotrofia, principalmente no
ponto Natural. Nessas situações, baixos valores de fósforo total contribuíram para
redução nos valores do índice. No entanto, considerando todo período estudado, os
baixos valores de fósforo total somados aos elevados valores de clorofila permitiram
inserir a lagoa Mãe-Bá dentro da classificação mesotrófica. Os dados da ACP
confirmam a relação da clorofila com o IET, devido ao agrupamento dessas duas
variáveis, uma vez que, a clorofila foi o fator de maior contribuição para elevar o
índice.
132
Segundo Esteves (1998b), a análise de um ecossistema baseado apenas na
disponibilidade de nutrientes, na transparência e na biomassa não fornece boas
indicações do estado trófico em ambientes tropicais rasos devido às altas taxas de
reciclagem de nutrientes e à ressuspensão de sedimentos finos. Portanto, a
associação de tais fatores com a composição da comunidade fitoplanctônica e com
as taxas de produtividade primária, podem fornecer dados mais precisos para a
classificação do estado trófico de um determinado ambiente.
8.11 PRODUTIVIDADE PRIMÁRIA FITOPLANCTÔNICA
A relação entre fatores ambientais e produtividade primária é de grande importância
para se entender o funcionamento dos ecossistemas aquáticos. A dinâmica de
nutrientes e as respostas de produtores primários além de estarem associadas a
diferentes processos biogeoquímicos na coluna d’água e no sedimento, estão
relacionadas com a heterogeneidade espacial, que é característica de estuários e
lagoas costeiras (HERRERA-SILVEIRA, 1998).
No presente estudo foram apresentados os valores de produtividade primária líquida,
que segundo Bassoli (2006) o preferíveis aos expressos em termos de produção
bruta, uma vez que a produção líquida reflete a energia que sedisponibilizada aos
organismos heterotróficos do sistema. Além disso, alguns autores que empregam a
técnica do
14
C, associam os resultados obtidos por esse método, às taxas de
produtividade primária líquida obtidas pelo método do oxigênio dissolvido.
Na lagoa Mãe-Bá, a produtividade primária não mostrou diferença significativa entre
os pontos de amostragem e entre as estações seca e chuvosa, não apresentando
qualquer padrão espacial ou temporal. No entanto, no primeiro dia de amostragem
da estação seca (03/08), os valores de produtividade primária foram muito elevadas
no ponto Mãe-Bá, se comparado ao ponto Natural. rios fatores podem ter
contribuído para elevar a produtividade primária no ponto Mãe-Bá, tais como:
elevados valores de densidade total fitoplanctônica e clorofila a, picos de fosfato e
fósforo total observados apenas nesse ponto de amostragem e elevados valores de
133
transparência da água. Nessa amostragem também foram registrados elevados
valores de pH e oxigênio dissolvido, resultantes da intensa atividade fotossintética.
Passavante (1989) estudando a produtividade primária no canal de Santa Cruz, um
sistema estuarino no estado de Pernambuco, não registrou nenhum padrão sazonal,
uma vez que, vários picos de produtividade foram observados ao longo do ano.
Barbosa (1981) não registrou diferenças significativas nas taxas de produtividade
primária entre as estações seca e chuvosa, na lagoa Carioca (MG).
Entre os horários amostrados no presente estudo, foi observada uma tendência de
maiores valores no período da tarde no ponto Mãe-Bá, durante a estação seca.
Entretanto, os horários amostrados não apresentaram diferenças significativas
quanto às taxas de produtividade primária fitoplanctônica. Hino (1985), estudando
um pequeno tanque artificial registrou valores semelhantes de produtividade primária
fitoplanctônica nos períodos da manhã e da tarde. Barbosa (1981) encontrou
resultados contrários aos obtidos em Mãe-Bá, com taxas maiores de produtividade
no período da manhã, se comparado ao período da tarde.
Segundo Bassoli & Roland (2005), as lagoas costeiras o consideradas o terceiro
ecossistema com maior número de publicações acerca da produtividade primária
fitoplanctônica no Brasil. Apesar disso, a dificuldade em comparar dados entre
diferentes lagoas ocorre ou pelo reduzido número de trabalhos publicados ou pela
ausência de padronização das unidades em que as taxas de produtividade primária
são expressas. De acordo com Bassoli (2006), este fato pode ser atribuído às
dificuldades encontradas nos estudos de produtividade, uma vez que envolvem um
planejamento amostral rígido, experimentos em campo e em laboratório, altos
custos, assim como problemas de ordem metodológica, que as técnicas
empregadas envolvem uma série de cuidados.
Os valores de produtividade primária líquida encontrados na lagoa Mãe-Bá (variação
de 31,3 a 546,9 mgC/m
3
/h) foram semelhantes aos obtidos por Romero & Arenas
(1989) na lagoa de Chascomus, na Argentina, cujas taxas de produtividade primária
líquida (utilizando a técnica do O
2
) estiveram entre 86,3 e 564,8 mgC/m
3
/h e na
lagoa de Barraqueras, também situada na Argentina, onde os valores de
produtividade primária variaram de 257,8 a 458,9 mgC/m
3
/h, com utilização da
134
técnica do
14
C. Santos (2002), estudando a produtividade primária na baía de
Guarapuá (BA), obteve médias que variaram de 12 a 204 mgC/m
3
/h, utilizando o
método do oxigênio dissolvido. Viana (2005) através da técnica do O
2
, registrou
taxas de produtividade primária oscilando entre 79,5 e 365,5 mgC/m
3
/h, no canal de
Taperoá, situado em uma Área de Proteção Ambiental na Bahia. Com relação aos
dados existentes acerca da produtividade primária fitoplanctônica no Espírito Santo,
os resultados obtidos em Mãe-Bá concordam com os dados de Batista (2003) e
Oliveira (2006b), que estudaram a produtividade primária na lagoa da UFES. Ambas
as autoras utilizaram a cnica do O
2,
e obtiveram taxas médias de produtividade
primária de 210 e 307 mgC/m
3
/h, respectivamente.
Taxas de produtividade primária inferiores às registradas na lagoa Mãe-Bá foram
obtidas por Howard-Williams & Allanson (1981), estudando uma lagoa costeira na
África, que ao utilizarem a técnica do
14
C, obtiveram taxas de produtividade variando
de 5 a 13 mgC/m
3
/h. Pômpeo (1996), determinou baixa produtividade primária na
lagoa Dourada (SP), um ambiente considerado meso-oligotrófico, onde os valores
médios atingiram 1,2 mgC/m
3
/h, sugerindo os nutrientes como fatores limitantes.
Araújo & Pinto-Coelho (1998), estudando o reservatório da Pampulha (método do
O
2
) registraram valores de produtividade primária entre 2,0 e 37,3 mgC/m
3
/h e
caracterizaram esse ambiente por apresentar taxas baixas a moderadas de
produtividade primária fitoplanctônica. Na represa de Salto Grande (SP), Calijuri et
al. (1999) registraram taxas de produtividade primária, na maioria das amostragens,
menores que 100 mgC/m
3
/h. Moschini-Carlos & Pômpeo (2001), estudando uma
lagoa costeira no Maranhão encontraram valores de produtividade primária (técnica
do
14
C) oscilando entre 0,25 e 14,72 mgC/m
3
/h. Na represa de Jurumirim (SP),
Henry et al. (2006a), utilizando a técnica do
14
C, registraram taxas de produtividade
primária entre 0,8 e 30,6 mgC/m
3
/h, indicando uma produção extremamente baixa,
apontando condições de oligotrofia.
Dentre os três grupos de lagos tropicais definidos por Esteves (1998b), quanto à
variação anual da produtividade primária fitoplanctônica, a lagoa Mãe-Bá se
enquadrou claramente no primeiro grupo, cujos lagos são rasos, sem estratificação
térmica (ou apenas esporádicas e de curta duração). Segundo esse autor, nestes
lagos a produtividade do fitoplâncton apresenta pouca variação no decorrer do ano,
135
podendo ser moderada ou alta, sendo que, nessa categoria estão incluídas a grande
maioria de lagunas e lagoas costeiras. Esteves (1998b) ainda destaca que nestes
ambientes os principais fatores controladores externos da produtividade são a
precipitação e o vento, que por sua vez, exercem grande influência sobre os fatores
controladores internos, que são principalmente nutrientes e radiação subaquática.
Os dados de respiração, apesar de não terem sido apresentados neste trabalho, por
problemas metodológicos na quantificação de oxigênio dos frascos escuros em
algumas amostragens, se apresentaram de modo geral elevados. Cardoso (2003),
estudando a lagoa Itapeva, encontrou valores de respiração maiores que as taxas
de produtividade líquida e atribuiu à incidência constante de ventos, que promoviam
entrada de oxigênio no sistema, disponibilizando-o para a respiração dos
organismos, além de causar perturbação no ambiente, promovendo a ressuspensão
do sedimento, afetando negativamente a produção primária. Além disso, a taxa de
respiração não é uma estimativa direta da respiração dos produtores primários,
que os componentes heterotróficos do plâncton participam desse processo dentro
das garrafas.
Dois grupos de fatores controlam o crescimento fitoplanctônico e a produção
fotossintética em lagos e reservatórios. O primeiro fator é a magnitude da radiação
solar penetrante na coluna d’água e o segundo fator está relacionado às condições
nutricionais do ambiente. Outro fator que pode afetar a produtividade primária é a
perda de biomassa, representada pelas taxas de sedimentação e herbivoria pelo
zooplâncton (HENRY et al., 2006a).
Na lagoa e-Bá, a disponibilidade de luz, elevada transparência e constante
circulação da coluna d’água provavelmente são os fatores que favorecem as
elevadas taxas de produtividade primária registradas ao longo de todo o período
estudado. Segundo Lewis (1974), uma explicação potencial para a elevada
produção anual registrada em lagos tropicais é a maior disponibilidade de luz solar
em baixas latitudes, quando comparada com altas latitudes. Schmidt (1982),
estudando um trecho de águas claras do Baixo Rio Tapajóz (PA), constatou
elevados valores de produtividade primária em condições de elevada luminosidade e
baixas concentrações de nutrientes.
136
De acordo com Esteves (1998b), em lagos tropicais, a disponibilidade de radiação
fotossinteticamente ativa e a temperatura são fatores que estão disponíveis durante
todo o ano, não se constituindo como limitantes. Nestes lagos, a produtividade
fitoplanctônica é dependente da disponibilidade de radiação subaquática e da
concentração dos nutrientes, especialmente fosfato, amônia e nitrato. Como a zona
eufótica abrange toda a coluna d’água ao longo do ano na lagoa e-Bá, os
nutrientes podem ser principais fatores controladores da produtividade primária
fitoplanctônica.
Em regiões temperadas é comum o registro de variações nas concentrações de
nutrientes, devido principalmente aos períodos de estratificação e circulação,
característicos desses ambientes. Essa variação afeta as taxas de produtividade
primária por ocasionar depleção ou disponibilidade de tais elementos para a
comunidade fitoplanctônica. Lewis (1974) argumenta que a rápida reciclagem,
resultante da soma de diversos fatores como elevadas temperaturas e ausência de
estratificações por longos períodos é considerado provavelmente, como o fator de
maior importância para a diferença existente na produtividade entre lagos
temperados e tropicais.
Na lagoa Mãe-Bá, os elevados valores de temperatura da água aceleram os
processos de produção e decomposição, e consequentemente, o consumo e
liberação de nutrientes. Mesmo apresentando baixa concentração de fosfato, as
taxas de produtividade foram elevadas. Segundo Esteves (1998b), a distribuição de
fosfato em lagos tropicais está, ao contrário de lagos temperados, mais relacionada
com a concentração de oxigênio e o regime de estratificação térmica, do que com a
produtividade primária fitoplanctônica.
No rio Imboassica (RJ), Marotta et al. (2002), estudando a produtividade primária
fitoplanctônica em quatro pontos de amostragem, observaram maiores valores de
produtividade primária nos pontos com menores concentrações de nutrientes e STS,
se comparados aos pontos que apresentavam maiores teores de nutrientes e STS
mais elevados. Esses autores sugeriram uma dinâmica de produtividade primária
fitoplanctônica nesse ambiente similar ao modelo proposto por Haines (1979 apud
Begon et al., 1996), no qual a produtividade primária poderia ser maior em locais
137
com menos nutrientes, caso a concentração de material em suspensão também seja
menor, de forma a reduzir o fenômeno de atenuação da radiação solar
fotossinteticamente ativa na coluna d’ água. Este padrão pode ser aplicado à lagoa
Mãe-Bá, onde as elevadas taxas de produtividade primária ocorreram
simultaneamente com baixos valores de fosfato, amônia, nitrato e reduzida
concentração de STS.
A variação sazonal da temperatura pode influenciar a composição e a eficiência
fotossintética de comunidades fitoplanctônicas de ambientes temperados, causando
mudanças na viscosidade da água e podendo afetar a taxa de sedimentação do
fitoplâncton. Como em ambientes tropicais a variação anual da temperatura é baixa,
esse fator geralmente apresenta menor importância na produção primária. Apesar
disso, Leite & Fonseca (2002), estudando a lagoa costeira Caconde, no Rio Grande
do Sul, destacaram a influência significativa da temperatura na produtividade
primária. Lin et al. (2005), em uma lagoa tropical eutrófica, também constataram
relação significativa da temperatura nos valores de produtividade primária. Na lagoa
Mãe-Bá, de acordo com os dados da ACP, a produtividade primária parece não estar
relacionada à temperatura.
O zooplâncton é considerado outro fator que pode afetar, em menor grau, a
eficiência da produção primária através da herbivoria. Lewis (1974) estudado o lago
Lanao, observou pequena influência da pressão de herbivoria relacionada à
produção primária. Segundo o autor, pelo fato da população zooplanctônica variar
em densidade em escala de tempo maior que a população fitoplanctônica, eles
tendem a exercer uma pressão de herbivoria constante sobre esta comunidade e,
portanto, não causam rápidos picos e declínios na fotossíntese, quando comparados
com outros fatores. Na lagoa Mãe-Bá, estudos anteriores mostraram baixa
densidade da comunidade zooplanctônica, denotando reduzida herbivoria por parte
dessa comunidade sobre o fitoplâncton (Cepemar, 2004).
Na lagoa Mãe-Bá, a comunidade fitoplanctônica foi constituída majoritariamente por
algas de tamanho reduzido, sendo as abundantes, na maior parte, constituintes do
nanoplâncton. Segundo Ruggiu et al. (1979) as algas pequenas são consideradas
fotossinteticamente mais eficientes do que as de dimensões maiores. Roland (1998),
138
estudando a produção fitoplanctônica em diferentes classes de tamanho na lagoa
Cabiúnas (RJ), registrou maior produção fitoplanctônica na fração menor que 3 µm,
sugerindo que essas algas apresentavam maior eficiência fotossintética.
O conceito de estado trófico é multidimensional, envolvendo aspectos de carga,
transporte e concentração de nutrientes, composição e quantificação das
comunidades existentes, produtividade primária e morfometria do lago (Duarte et al.,
1998). Embora estudos adicionais sejam necessários para caracterizar melhor os
níveis de produção primária na lagoa Mãe-Bá, as elevadas taxas de produtividade
primária associadas à elevada transparência, baixa concentração dos principais
nutrientes, elevados valores de oxigênio dissolvido e de densidade total do
fitoplâncton, presença constante de cianobactérias e elevadas concentrações de
clorofila a sugerem a classificação desse ecossistema como mesotrófico a eutrófico.
Portanto, a lagoa Mãe-Bá sendo um ambiente explorado, inclusive ocasionalmente
para abastecimento doméstico, deve apresentar programas de manejo e
gerenciamento adequados, bem como monitoramento contínuo, garantindo a
qualidade de seus recursos hídricos. Segundo Calijuri et al. (1999), para se fazer um
manejo eficiente é indispensável o conhecimento da capacidade de suporte do
sistema, ou seja, saber o quanto o ambiente aquático permite ou mesmo estimula
alterações nos processos físicos, químicos e biológicos, sem a perda da qualidade
da água.
9 CONCLUSÕES
As variáveis temperatura do ar e da água, transparência, profundidade, pH,
oxigênio dissolvido, condutividade elétrica, sólidos totais dissolvidos,
densidade total fitoplanctônica e clorofila a apresentaram variação temporal
significativa, explicadas principalmente pelas alterações no ciclo hidrológico;
Houve variação espacial, explicada pelos maiores valores de densidade total
fitoplanctônica, oxigênio dissolvido, pH, condutividade elétrica, lidos totais
dissolvidos e sólidos totais em suspensão no ponto Mãe-Bá;
139
A produtividade primária líquida foi elevada e não apresentou diferença
significativa entre os pontos e horários amostrados, sendo influenciada
principalmente pela disponibilidade de luz e elevada transparência, podendo
ser limitada pelos nutrientes;
No geral, as variáveis bióticas e abióticas não apresentaram diferenças
significativas quanto aos horários amostrados;
A composição e estrutura da comunidade fitoplanctônica não diferiu entre os
pontos, horários e meses amostrados, apresentando maior contribuição da
classe Cyanophyceae nas análises qualitativa, quantitativa e no biovolume;
A diversidade e equitabilidade o diferiram significativamente entre pontos,
horários e estações seca e chuvosa, devido à constância na composição de
espécies durante todo o período estudado;
Os baixos valores de fósforo total e fosfato e a elevada razão NT/PT sugerem
limitação por fósforo no ambiente estudado;
As concentrações dos nutrientes requeridos pelo fitoplâncton (nitrato, fosfato
e amônia) se apresentaram baixas, sugerindo rápida ciclagem desses
elementos e elevada absorção pelo fitoplâncton, perífiton e macrófitas
aquáticas;
De acordo com o Índice de Estado Trófico de Carlson, a lagoa Mãe-Bá foi
classificada como mesotrófica;
Baseado nos valores de densidade total fitoplanctônica, transparência,
clorofila a, produtividade primária, oxigênio dissolvido, nutrientes e na
composição da comunidade fitoplanctônica, a lagoa Mãe-Bá pode ser
considerada um ecossistema mesotrófico, apresentando sinais de eutrofia.
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158
APÊNDICES
159
APÊNDICE A – Significado das abreviações
Tabela 11: Significado das abreviações utilizadas no trabalho.
Sigla Significado
Tar
Temperatura do ar
Tag
Temperatura da água
Ppt
Precipitação
PM
Profundidade
Transp
Transparência da água
ZE
Zona eufótica
OD
Oxigênio dissolvido
CE
Condutividade elétrica
STD
Sólidos totais dissolvidos
STS
Sólidos totais em suspensão
Turb
Turbidez
PT
Fósforo total
PO
4
Ortofosfato
NT
Nitrogênio total
NH4
Nitrogênio amoniacal
NT:PT
Razão NT:PT
SiO
2
Silicato
DsT
Densidade total
DCy
Densidade de Cyanophyceae
DCh
Densidade de Chlorophyceae
BvT
Biovolume Total
BCy
Biovolume de Cyanophyceae
BDi
Biovolume de Dinophyceae
BZy
Biovolume de Zygnemaphyceae
IET
Índice de Estado Trófico
Chla
Clorofila a
Div
Diversidade
Equ
Equitabilidade
PPL
Produtividade primária líquida
160
Estação
Dias
Ponto/Período
Tag (
o
C)
Tar (
o
C)
PM (m)
Transp (m)
ZE (m)
OD (% sat)
pH
CE (
µ
µ
µ
µ
S/cm)
STD (mg/L)
STS (mg/L)
Turb (NTU)
PT (
µ
µ
µ
µ
g/L)
PO
4
(
µ
µ
µ
µ
g/L)
NT (
µ
µ
µ
µ
g/L)
NH
4
(
µ
µ
µ
µ
g/L)
NT:PT
SiO
2
(
µ
µ
µ
µ
g/L)
Natural manhã
23,6 20,0 1,3 1,3 1,3 82,5 8,0 619,0 630,0 5,3 10,8 10,0 9,0 798,0 40,5 79,7 2548,1
Natural tarde
23,6 20,5 1,3 1,3 1,3 87,6 7,7 607,0 635,0 4,7 10,0 10,4 5,8 780,0 3,6 74,8 2383,2
Mãe-Bá manhã
23,0 20,5 1,3 1,3 1,3 91,4 8,5 747,0 771,0 5,3 17,8 18,1 17,8 832,0 8,3 45,9 2843,0
Mãe-Bá tarde
23,0 20,5 1,5 0,8 1,5 86,1 8,1 694,0 726,0 4,0 17,3 30,3 17,9 790,0 23,0 26,1 2887,4
Natural manhã
24,8 29,8 1,4 1,4 1,4 78,0 8,4 726,0 722,0 2,0 5,1 11,5 10,8 790,0 46,4 68,7 1858,9
Natural tarde
25,9 25,0 1,4 1,4 1,4 84,9 8,6 678,0 666,0 3,4 4,5 12,4 9,5 1340,0 15,3 108,2 1850,2
Mãe-Bá manhã
24,9 28,0 1,3 1,2 1,3 87,7 8,6 753,0 755,0 5,1 5,3 13,2 9,9 1260,0 90,0 95,8 2703,2
Mãe-Bá tarde
25,2 25,0 1,3 1,1 1,3 97,5 8,6 756,0 753,0 4,0 6,7 12,5 4,6 905,0 18,6 72,5 2493,1
Natural manhã
25,1 29,0 1,3 1,3 1,3 76,4 7,5 668,0 666,0 4,6 9,4 15,0 4,7 1010,0 10,6 67,3 1333,6
Natural tarde
26,6 28,0 1,4 1,1 1,4 95,8 7,8 690,0 668,0 6,0 10,0 12,2 4,6 1010,0 8,0 82,6 1348,1
Mãe-Bá manhã
24,5 30,0 1,3 1,3 1,3 82,6 8,3 899,0 910,0 7,7 10,0 12,5 4,5 896,0 13,5 71,8 2021,8
Mãe-Bá tarde
25,3 25,5 1,3 1,1 1,3 94,4 8,4 924,0 917,0 6,0 10,6 12,6 4,7 1750,0 5,9 138,7 2017,0
Natural manhã
24,0 24,0 1,3 1,2 1,3 76,2 8,0 635,0 648,0 3,7 7,3 11,1 3,8 1660,0 24,6 150,0 1138,9
Natural tarde
25,0 25,2 1,3 1,2 1,3 82,9 7,9 630,0 629,0 4,2 8,4 12,4 4,1 1430,0 17,8 115,5 1206,4
Mãe-Bá manhã
23,7 26,0 1,3 1,2 1,3 82,7 8,6 1062,0 1088,0 5,0 8,9 10,9 7,0 1560,0 10,2 143,3 1799,2
Mãe-Bá tarde
25,1 23,0 1,4 1,2 1,4 100,1 8,7 958,0 955,0 5,6 10,0 12,8 7,0 1440,0 11,1 112,8 1755,8
Natural manhã
29,1 29,0 1,2 1,0 1,2 65,2 6,7 466,0 437,0 5,0 10,0 12,5 11,6 1440,0 10,6 114,9 2311,9
Natural tarde
31,2 30,0 1,3 1,0 1,3 72,5 7,0 455,0 400,0 3,3 10,6 12,3 6,8 1790,0 63,8 145,2 2375,5
Mãe-Bá manhã
28,6 29,5 1,1 1,0 1,1 83,1 7,8 678,0 810,0 11,0 11,4 16,1 4,5 1380,0 13,1 85,7 1201,6
Mãe-Bá tarde
30,5 29,8 1,3 1,0 1,3 92,8 8,2 699,0 623,0 9,0 11,6 14,7 2,3 1950,0 22,4 133,1 1162,1
Natural manhã
28,3 28,6 1,4 0,8 1,4 59,3 5,6 318,0 119,0 4,0 11,5 12,4 4,3 1400,0 106,6 113,1 2847,8
Natural tarde
30,4 29,0 1,3 0,8 1,3 67,3 6,6 346,0 123,0 3,0 11,5 12,3 2,3 1750,0 69,0 141,9 2946,1
Mãe-Bá manhã
27,2 28,0 1,3 0,7 1,3 73,4 6,7 550,0 208,0 8,7 11,5 19,0 4,3 1120,0 9,0 59,1 1210,3
Mãe-Bá tarde
29,6 26,0 1,3 0,8 1,3 84,0 8,0 583,0 213,0 7,3 11,3 14,2 5,1 1290,0 9,1 90,6 1381,8
Natural manhã
30,6 24,5 1,2 1,0 1,2 58,8 6,3 75,3 27,0 6,3 12,1 12,7 8,5 1120,0 35,7 88,2 1211,8
Natural tarde
31,4 29,0 1,2 0,9 1,2 61,2 6,7 75,4 27,0 4,7 11,6 12,6 8,2 1060,0 40,0 84,0 1101,0
Mãe-Bá manhã
29,4 26,5 1,2 1,2 1,2 77,5 8,0 116,7 43,0 7,0 11,5 12,7 9,3 1090,0 162,0 85,5 451,0
Mãe-Bá tarde
30,2 30,0 1,2 1,2 1,2 81,7 8,0 118,5 43,0 7,3 11,1 12,8 11,2 1200,0 80,1 93,4 ND
Natural manhã
27,8 26,0 1,1 1,1 1,1 49,4 6,3 69,3 26,0 3,7 8,5 12,2 6,3 776,0 65,4 63,5 1555,8
Natural tarde
30,1 27,0 1,2 1,2 1,2 68,5 6,9 74,6 27,0 3,7 8,9 12,5 5,8 824,0 44,9 66,1 1248,8
Mãe-Bá manhã
28,1 27,5 1,2 1,1 1,2 76,8 7,9 110,6 41,0 7,0 6,9 13,4 7,2 865,0 2,7 64,5 ND
Mãe-Bá tarde
29,9 27,9 1,1 1,1 1,1 85,4 8,1 114,5 42,0 7,0 7,9 15,5 9,4 1070,0 6,6 69,1 ND
SecaChuvosa
03/08/06
15/08/06
25/08/06
29/08/06
20/12/06
08/01/07
22/01/07
14/02/07
APÊNDICE B – Variáveis abióticas
Tabela 12: Valores das variáveis abióticas registradas nos pontos Natural e Mãe-Bá, nos momentos manhã e tarde, durante o período estudado.
161
APÊNDICE C – Variáveis bióticas
Tabela 13: Valores das variáveis abióticas registradas nas estações seca e chuvosa, nos
pontos Natural e Mãe-Bá, nos períodos manhã e tarde.
Estação
Dias
Ponto/Período
DsT (ind/mL)
BvT (mm
3
/L)
Chla (
µ
µ
µ
µ
g/L)
IET
Div (bits/ind)
Equ
PPL (mgC/m
3
/h)
Natural manhã
48278 3,3 43,3 50,0 2,6 0,4 218,8
Natural tarde
45635 3,1 30,5 47,8 2,4 0,4 125,0
Mãe-Bá manhã
70067 5,5 48,1 53,9 3,0 0,5 546,9
Mãe-Bá tarde
73381 4,5 51,3 56,6 2,4 0,4 531,3
Natural manhã
38186 3,4 9,0 46,2 2,9 0,5 93,8
Natural tarde
37920 3,7 21,2 48,5 2,8 0,5 125,0
Mãe-Bá manhã
44084 7,0 28,1 49,9 2,6 0,4 93,8
Mãe-Bá tarde
43627 5,3 12,9 45,5 2,8 0,6 187,5
Natural manhã
41278 6,0 6,1 43,6 2,9 0,6 93,8
Natural tarde
44161 5,0 14,5 45,8 2,8 0,5 93,7
Mãe-Bá manhã
47969 4,5 7,6 43,7 2,9 0,4 93,7
Mãe-Bá tarde
55775 10,8 9,6 44,8 2,8 0,5 156,0
Natural manhã
39255 3,2 4,6 41,5 2,8 0,5 156,3
Natural tarde
31476 4,1 10,1 44,4 2,8 0,5 62,5
Mãe-Bá manhã
63772 6,3 8,5 45,0 2,8 0,5 140,6
Mãe-Bá tarde
49414 4,1 8,6 45,4 2,9 0,5 265,6
Natural manhã
23409 2,5 3,2 44,5 2,9 0,5 210,9
Natural tarde
24043 1,9 4,4 43,8 2,6 0,5 187,5
Mãe-Bá manhã
58310 7,2 10,9 46,0 3,0 0,5 250,0
Mãe-Bá tarde
57723 7,7 10,2 43,7 3,0 0,6 187,5
Natural manhã
14093 1,4 3,8 42,6 2,6 0,5 31,3
Natural tarde
20975 5,2 7,1 42,5 2,7 0,4 187,5
Mãe-Bá manhã
37444 7,1 10,8 47,0 3,1 0,6 156,3
Mãe-Bá tarde
44771 8,5 6,7 45,1 3,1 0,6 125,0
Natural manhã
20162 2,2 4,7 44,7 2,8 0,4 203,1
Natural tarde
21067 2,5 4,3 44,5 3,0 0,5 187,5
Mãe-Bá manhã
34699 6,5 6,5 45,5 3,1 0,6 125,0
Mãe-Bá tarde
33449 7,0 3,2 44,0 3,1 0,6 125,0
Natural manhã
20479 1,2 3,2 42,4 2,6 0,4 125,0
Natural tarde
37600 6,2 5,5 43,6 3,0 0,5 62,5
Mãe-Bá manhã
36950 11,0 7,0 45,3 3,0 0,6 78,1
Mãe-Bá tarde
31600 3,3 8,0 46,8 2,9 0,4 218,0
SecaChuvosa
03/08/06
15/08/06
25/08/06
29/08/06
20/12/06
08/01/07
22/01/07
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