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JACQUELINE SIQUEIRA GLASENAPP
ESTRUTURA GENÉTICA E FENÓIS TOTAIS DE POPULAÇÕES NATURAIS DE
BARBATIMÃO (Stryphnodendron adstringens)
Dissertação apresentada à
Universidade Federal de Viçosa,
como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em
Genética e Melhoramento, para
obtenção do título de Magister
Scientiae.
VIÇOSA
MINAS GERAIS - BRASIL
2007
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JACQUELINE SIQUEIRA GLASENAPP
ESTRUTURA GENÉTICA E FENÓIS TOTAIS DE POPULAÇÕES NATURAIS DE
BARBATIMÃO (Stryphnodendron adstringens)
Dissertação apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, como parte das
exigências do Programa de Pós-Graduação
em Genética e Melhoramento, para
obtenção do título de Magister Scientiae.
APROVADA: 14 de fevereiro de 2007
________________________
Prof. Cosme Damião Cruz
(Co-Orientador)
_______________________
Prof. Ernane Ronie Martins
(Co-Orientador)
____________________________
Prof
a
. Lourdes Silva de Figueiredo
_______________________
Prof. Fernando Luiz Finger
(Co-Orientador)
____________________________
Prof. Vicente Wagner Dias Casali
(Orientador)
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ii
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal de Viçosa pela oportunidade de realização do curso;
À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais FAPEMIG, pelo
apoio financeiro;
Ao estimado professor e orientador Vicente Wagner Dias Casali, pelo apoio e
orientação;
Aos queridos professores e conselheiros Cosme Damião Cruz, Ernane R. Martins e
Fernando L. Finger, pela assistência e sugestões;
Ao Técnico de laboratório Francisco Glicério Ribeiro, pela ajuda imprescindível nos
procedimentos laboratoriais;
Ao Sr. Vicente do Grupo Entre-Folhas e ao Sr. Quim Quim das casas de vegetação,
pela satisfação e prontidão em auxiliar os estudantes da pós-graduação;
Ao Núcleo de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Minas Gerais, pela
ajuda na realização dos trabalhos de campo;
Aos queridos colegas do Laboratório de Melhoramento de Hortaliças da UFV, pelo
carinho e amizade;
Ao amigo e estudante de Engenharia Florestal (UFV) Leandro Gomide Neves,
pelas fotos dos zimogramas;
Ao Museu de Ciências Naturais (MCN) da Fundação Zoobotânica do RS (FZB)
onde fui bolsista durante a graduação, especialmente, aos biólogos Maria Inês G. Burger e
Fernando Gertum Becker, que me além de orientadores foram grandes amigos e me
auxiliaram nos primeiros passos na vida acadêmica.
iii
BIOGRAFIA
Jacqueline Siqueira Glasenapp, filha de Marília de Souza do Prado Prestes e
Antonio Barbosa Siqueira, nasceu no dia 14 de novembro de 1971 na cidade de Montes
Claros, MG.
Em 2002 concluiu o curso de Ciências Biológicas pela Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul.
Em 2005 iniciou o curso de mestrado do Programa de Genética e Melhoramento da
Universidade Federal de Viçosa, em Viçosa, MG.
iv
SUMÁRIO
RESUMO.............................................................................................................................. vi
ABSTRACT........................................................................................................................viii
1. INTRODUÇÃO GERAL....................................................................................................1
2. CAPITULO 1: Estrutura Genética de Populações Naturais de Stryphnodendron
adstringens nos municípios de Grão Mogol e Montes Claros...............................................3
2.1. INTRODUÇÃO ..............................................................................................................3
2.2. REVISÃO DE LITERATURA........................................................................................5
2.2.1 O gênero.......................................................................................
.................................5
2.2.2 O barbatimão.......................................................................................
........................6
2.2.3 Descrição botânica.......................................................................................
..............8
2.2.4 Uso geral.......................................................................................
................................9
2.2.5 Uso medicinal.........................................................................................................10
2.2.6 Outras propriedades.......................................................................................
..........
11
2.2.7 Aspectos ecológicos...............................................................................................12
2.2.8 Eletroforese de isoenzimas e o estudo de populações naturais de plantas.............13
2.3. MATERIAL E MÉTODOS..........................................................................................15
2.3.1 Coleta das amostras................................................................................................15
2.3.2 Análise eletroforética.............................................................................................18
2.3.2.1 Extração enzimática.........................................................................................18
v
2.3.2.2 Preparo do gel..................................................................................................19
2.3.2.3 Sistemas tampão gel/eletrodo...........................................................................20
2.3.2.4 Condições eletroforéticas.................................................................................20
2.3.2.5 Revelação de bandas........................................................................................21
2.3.2.6 Secagem dos géis.............................................................................................21
2.3.2.7 Leitura das bandas ..........................................................................................22
2.3.3 Variabilidade genética...........................................................................................22
2.3.4 Estrutura genética..................................................................................................23
2.4. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................. 27
2.4.1 Análise eletroforética............................................................................................27
2.4.2 Interpretação genética dos zimograma..................................................................28
2.4.3.1 Variabilidade genética........................................................................................35
2.4.3.2 Estrutura genética...............................................................................................38
2.5. CONCLUSÃO...............................................................................................................47
3. CAPITULO 2: Teores de Fenóis Totais em Folhas, Cascas e Frutos de Três Populações
de Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville.................................................................49
3.1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................49
3.2. REVISÃO DE LITERATURA.......................................................
...................................
.51
3.3. MATERIAL E MÉTODOS...........................................................................................53
3.3.1 Coleta das amostras...............................................................................................53
3.3.2 Preparo das amostras.............................................................................................53
3.3.3 Análise dos teores de fenóis totais e amostras de solo..........................................54
3.4. RESULTADOS.............................................................................................................55
3.5. DISCUSSÃO................................................................................................................59
3.6. CONCLUSÃO..............................................................................................................61
4. CONCLUSÕES GERAIS................................................................................................62
5. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.................................................................................63
vi
RESUMO
GLASENAPP, Jacqueline Siqueira M.Sc., Universidade Federal de Viçosa, fevereiro de
2007. Estrutura genética e fenóis totais de populações naturais de barbatimão
(Stryphnodendron adstringens). Orientador: Vicente Wagner Dias Casali. Co-
Orientadores: Cosme Damião Cruz, Ernane Ronie Martins e Fernando Luiz Finger.
Foram estudadas quatro populações naturais de Stryphnodendron adstringens no
cerrado stricto sensu, norte de Minas Gerais, três no município de Grão Mogol e uma no
município de Montes Claros. Por meio da análise de 5 locos isoenzimáticos polimórficos
foram obtidas estimativas das frequências alélicas de 276 indivíduos adultos. Com base nas
heterozigosidades observadas e esperadas foram estimadas as estatísticas F de Wright
(1951). Foi verificado excesso de heterozigotos dentro (F
IS
= - 0.3866) e no conjunto das
populações (F
IT
= - 0.3065) e, baixa divergência genética entre populações (F
ST
= 0,0578).
Conforme a medida de diferenciação genética G
ST
de Nei (1973), cerca de 94% da
variabilidade genética está contida dentro das populações e cerca de 6% são atribuídos às
diferenças entre populações. Estimativas de tamanho efetivo (Ne) foram superiores ao
número de indivíduos amostrados indicando adequada representatividade genética nas
amostras obtidas. Apesar da aparente distinção observada por meio da técnica de
agrupamento UPGMA, entre as populações de Grão Mogol e Montes Claros, com base nos
resultados da Análise Heterozigosidade de Weir (1996), não divergência genética
vii
significativa entre populações. Os valores de fluxo gênico (Nm) obtidos foram
extremamente altos indicando grande potencial panmítico, o que pode explicar a baixa
divergência genética entre populações e o fato da maior parte da variação total está contida
dentro delas. Adicionalmente, foram quantificados os teores de fenóis totais e, verificadas
médias de 18,58% nas cascas, 14,27% nos frutos e 9,35% nas folhas. De forma geral, as
cascas são mais recomendadas na obtenção de matéria prima e, acredita-se que estratégias
visando a conservação da diversidade genética de S. adstringens impliquem na manutenção
de populações com grande número de indivíduos.
viii
ABSTRACT
GLASENAPP, Jacqueline Siqueira M.Sc., Universidade Federal de Viçosa, February de
2007. Genetic structure and total phenols of the natural populations of
barbatimão (Stryphnodendron adstringens). Adviser: Vicente Wagner Dias Casali.
Co-Advisers: Cosme Damião Cruz, Ernane Ronie Martins and Fernando Luiz Finger.
Four natural populations of the Struphnodendron adstringens in the cerrado strictu
sensu, North region of Minas Gerais State were studied, three from the Grão Mogol district
and one from the Montes Claros district. Through the analyzes of 5 isoenzimatic
polimorphic locos, estimates of the allelic frequencies of 276 adult individuals were
obtained. Based on the heterozygotes observed and expected the F Wright (1951) statistics
were estimated. An excess of heterozygotes inside (F
is
= -0.3866) and in the populations
group (F
rr
= - 0.3065), and the low genetic diversion among the populations (F
st
= 0,0578)
were verified. According to the genetic differentiation method G
st
of Nei (1973), about 94%
of the genetic variability is enclosed among the populations, and about 6% are attributed to
the differences among the populations. Estimates of effective size (Ne) were superior to the
number of individuals shown in the samples obtained. In spite of the apparent distinction
observed through the grouping technique UPGMA between the Grão Mogol and Montes
Claros populations, based on the results of the Weir Heterozygotes Analyzes (1996), there
are no significant genetic divergences between the populations. The genetic flux (Nm)
values obtained were extremely high indicating the low genetic divergence between the
ix
populations, and the fact that the greater part of the variety is contained within them.
Furthermore, the total phenol values were quantified, and averages of 18,58% in the bark,
14,27% in the fruit and 9,35% in the leaves were verified. In an overall way, the barks are
more recommended for the raw matter obtaining, and it is believed that the strategies
aiming at the conservation of the genetic diversity of S. adstringens imply in maintenance
of the population with a great number of individuals.
1
1. INTRODUÇÃO GERAL
O Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil em área sendo superado apenas pela
Floresta Amazônica, ocupa cerca de 22% do território brasileiro (Sano & Almeida, 1998).
Apesar de não figurado entre os grandes ecossistemas definidos pela constituição de 1988
como patrimônio nacional, este bioma é reconhecidamente fascinante pela diversidade
biológica e fitofisionômica (da Silva Júnior et al., 1996).
A flora do Cerrado ainda é pouco conhecida. Nos resultados iniciais do projeto
multiinstitucional Biogeografia do Bioma Cerrado foram registradas 6429 espécies, das
quais, 6060 são angiospermas. A família Leguminosae foi a mais representativa, com 101
gêneros, 777 espécies 143 variedades ou subespécies. Estes resultados ainda são modestos,
devido ao reduzido trabalho de coleta e amostragens em várias fitofisionomias e regiões do
2
bioma. O Cerrado é muito mais rico do que se previa e muitas das suas tipologias são
endêmicas da América do Sul, e do Brasil (Sano & Almeida, 1998).
Em decorrência da expansão urbana, atividades agrícolas, consumo de carvão
vegetal, entre outros, o Cerrado está passando por acelerado processo de fragmentação. A
fragmentação populacional reduz a variabilidade genética tendo implicações no curso
evolutivo das espécies. Os estudos deste bioma são incipientes no que se refere à
conservação da diversidade genética. A importância intrínseca deste patrimônio merece
mais reconhecimento, o Cerrado teve a cobertura original reduzida em 37% e o percentual
de Áreas de Proteção Ambiental (1,1%) e de Preservação Permanente (2,5%) é muito
pequeno (Felfili & Silva Júnior, 2001; Felfili et al., 2002).
Adicionalmente à vegetação de várias nuances com fisionomias que englobam
formações florestais, savânicas, campestres e, à biodiversidade riquíssima, a flora do
Cerrado possui grande potencial medicinal. No levantamento etnobotânico de plantas
medicinais nas comunidades do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e na cidade de
Alto Paraíso (GO), 69% das espécies citadas pertencem à flora nativa. No elenco das dez
plantas medicinais mais utilizadas Stryphnodendron adstringens foi coincidente na
indicação de todos os entrevistados (de Souza & Felfili, 2006).
O S. adstringens, conhecido popularmente como barbatimão, é encontrado com
freqüência em fitofisionomias de cerrado típico (stricto sensu), campo-sujo e cerradão. Tem
sido explorado tradicionalmente por suas propriedades medicinais e no aproveitamento de
tanino. A prática tradicional da extração da casca vem colocando a espécie sob ameaça de
extinção. A coleta é desordenada sem nenhum critério de escolha do indivíduo quanto ao
porte. Constatou-se que apesar do grande potencial de exploração extrativista vegetal das
espécies do Cerrado, estes recursos estão sendo utilizados de forma indiscriminada. (Felfili
2000; de Souza & Felfili, 2006).
Como o Stryphnodendron adstringens vem sofrendo forte pressão extrativista, é
desconhecido geneticamente e possui grande importância medicinal e econômica como
fonte de fenóis, principalmente taninos, este trabalho objetivou a verificação da estrutura
genética e quantificação dos teores de fenóis totais em populações naturais dos municípios
de Montes Claros e Grão Mogol, norte de Minas Gerais.
3
2. CAPITULO 1
ESTRUTURA GENÉTICA DE POPULAÇÕES NATURAIS DE
Stryphnodendron adstringens NOS MUNICÍPIOS DE GRÃO MOGOL E
MONTES CLAROS
2.1 INTRODUÇÃO
As populações de determinada espécie encontram-se espalhadas por sua área de
distribuição geográfica. Por população entende-se a coleção de indivíduos pertencentes à
mesma espécie que convivem em área de dimensão restrita o suficientemente para que
qualquer indivíduo tenha a chance de cruzar com qualquer outro do sexo oposto
(Silvertown & Doust, 1993). A estrutura populacional de uma espécie é constituída pela a
estrutura demográfica, a qual é determinada por processos como nascimento, morte,
dispersão, sistema de cruzamento, história de vida e, pela estrutura genética que refere-se a
organização da variabilidade genética dentro e entre populações (Slatkin, 1994).
No estudo da estrutura genética são analisados os genótipos dos indivíduos nas
populações. O padrão de variação da distribuição dos genótipos e o grau de fixação gênica
4
dentro e entre populações, são utilizados na inferência da extensão das forças evolutivas
atuantes (Slatkin, 1994).
Marcadores moleculares têm sido utilizados em diversos trabalhos com o objetivo
de estimar, de forma rápida, padrões de distribuição da variabilidade genética visando a
tomada de decisões na conservação de recursos genéticos (Ferreira & Grattapaglia, 1995).
Entre as classes de marcadores moleculares existentes, os marcadores baseados em
Seqüências Simples Repetidas (SSR) ou microssatélites são considerados os que mais se
aproximam dos marcadores ideais nos estudos de genética de populações, entretanto,
requerem estudo prévio do genoma (Zucchi, 2002). Marcadores isoenzimáticos não
requerem estudo prévio do genoma e, são particularmente úteis porque podem ser usados
em praticamente qualquer espécie. Geralmente são co-dominantes possibilitando identificar
todas as classes genotípicas, além disso, permitem a análise rápida de grande número de
amostras (Robinson, 1998, 2006).
Devido ao amplo uso no estudo da diversidade genética de populações naturais,
marcadores isoenzimáticos foram utilizados no presente trabalho. O objetivo principal foi
caracterizar a estrutura genética de populações de Stryphnodendron adstringens localizadas
nos municípios de Grão Mogol e Montes Claros, norte do Estado de Minas Gerais, e
contribuir na tomada de decisões quanto a estratégias de manejo da espécie.
5
2.2 REVISÃO DE LITERATURA
2.2.1 O gênero
O gênero Stryphnodendron tem distribuição neotropical com limites norte na
Nicarágua e sul, no Estado do Paraná no Brasil. Dos 36 táxons cerca de 89% são
encontrados no Brasil e aproximadamente 50% são exclusivos do território brasileiro
(Scalon & Souza, 2006). Ocorrem em diversos tipos de vegetação, principalmente no
Cerrado e na Amazônia. No gênero são encontradas desde espécies anãs prostadas com
cerca de 50 cm de altura, características do Brasil Central, a grandes árvores com 35 a 40 m
como as que ocorrem na Floresta Amazônica (Occhioni, 1990).
O centro de diversidade de
gênero, bem como altíssimo polimorfismo dos grãos de pólen é geograficamente centrado
na Amazônia Brasileira e nas formações da Caatinga e Cerrado
(
Guinet & Caccavari,
1992).
Guinet & Caccavari (1992) realizaram estudo palinológico com 27 espécies do
gênero Stryphnodendron e, observaram que S. adstringens tem a morfologia do grão de
pólen menos evoluída, sendo por isso, interpretado como o tipo mais primitivo. Possui
políades constituídas por 16 pequenos grãos de pólen, teto com pequenas verrugas
circulares e, sem colpo subsidiário; a maioria destas características é comum na tribo
Mimoseae. No grupo de S. adstringens foram incluídas mais 11 espécies, que se
assemelham nas características vegetativas e do grão de pólen, elas são: S. duckeanum, S.
6
polyphyllum-villosum, S. obovatum, S. rotundifolium, S. goyazense, S. heringeri, S. humile,
S. polyphyllum, S. pulcherrimum, S. guaianense, S. foreroi.
Baseado nas formas de vida dos taxa Rizzini & Heringer (1987) dividiram o gênero
Stryphnodendron em duas seções. Seção Stryphnodendron, englobando todos os taxa
arbustivos e arbóreos com caule simples. Seção Elenae compreendendo taxa de porte
subarbustivo, por vezes prostados, conhecidos como plantas-anãs”. Entretanto,
reconheceram que algumas espécies da Seção Elenae mostram afinidade com as espécies
arborescentes da Seção Stryphnodendron. Considerando somente as características do grão
de pólen, as duas seções não são reconhecíveis, não há co-variação entre o número de grãos
por políade, o volume da unidade do pólen e o hábito ou, dimensão da planta (Guinet &
Caccavari, 1992).
Occhioni Martins (1981) e Occhioni Martins et al. (1972), embora não tenham
formalmente descrito subgêneros, foram consensuais na importância de divisão do gênero
segundo os tipos de inflorescência. Guinet e Caccavari (1992) analisando variações nas
características do grão de pólen, também, concordam que as espécies com inflorescências
agrupadas em grandes panículas ou em racimos de espiga são claramente distintas. Essas
características são por sua vez correlacionadas com a superfície e número de folíolos e,
também, com o conteúdo de pólen no estame.
2.2.2 O barbatimão
Barbatimão é, também, nome comum as seguintes espécies do gênero
Stryphnodendron: S. angustum (Amazonas), S. Coriaceum (Bahia e Minas Gerais), S.
floribundum (Amazonas até Bahia), S. guyanensis (Guiana e Amazonia). S. microstachyum
(Amazonas), S. polyphyllum (Amazonas, Rio de Janeiro, Minas Gerais), S. rotundifolium
(Piauí até Bahia). A árvore conhecida como barbatimão-verdadeiro, e apontada como
espécie principal, é Stryphnodendron adstringens (Pio Corrêa, 1926; Bukkart, 1952),
classificada na divisão Angiospermae, classe Magnoliopsidae, ordem Fabales, família
7
Leguminosae, sub-família Mimosoideae, gênero Stryphnodendron. Segundo Penna (1946)
“é uma das mais belas árvores indígenas” e, segundo Lorenzi (1992), bastante ornamental
pela forma da copa e delicadeza da folhagem.
Os segredos medicinais de S. adstringens foram descobertos pelos povos indígenas
que o chamavam de Iba timó, que significa árvore que aperta, ou seja, adstringente. A casca
já foi levada a Europa sob o nome de “casca brasileira adstringente” e estudada por Merrem
em 1828. Como mencionado por Penna (1946), devido ao efeito de contração da mucosa
vaginal, “é a casca-da-virgindade ou da mocidade, como a chamavam outrora, muito
procurada pelas mulheres gastas pelos prazeres”.
A espécie foi descrita, inicialmente, na “Flora Fluminensis” (Vellozo, 1790) como
Mimosa barba de timan. Está incluída na FARMACOPÉIA DOS ESTADOS UNIDOS DO
BRASIL, edição, como Stryphnodendron barbadetiman, Martius. Esta combinação foi
modificada por Coville (Index, 1958) para Stryphnodendron adstringens (Martius) Coville.
Occhioni Martins em 1990, fazendo nova revisão nomeclatural estabeleceu como sinonímia
Acácia adstringens Mart., Mimosa barbadetiman Vell., S. barbatimão Mart., S.
barbadetiman Mart., Mimosa virginalis Koster.
O S. adstringens tem ocorrência típica no campo-cerrado e cerrado stricto sensu,
neste último tem densidade variando de 5,6 a 36 indivíduos por hectare. É observado tanto
em formações primárias como secundárias Populações não perturbadas possuem grande
potencial de regeneração. Tem nítida preferência por solos arenosos e de drenagem rápida.
Ocorre no Pará, Tocantins, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do
Sul, Minas Gerais, São Paulo e norte do Paraná (Felfili & Borges Filho, 2004; Lorenzi,
1992; Almeida, et al. 1998; Pio Corrêa, 1926).
8
2.2.3 Descrição botânica
A espécie é perenifólia com intensa brotação e desenvolvimento de folhas novas no
início do período chuvoso (outubro a abril). A floração coincide com o período seco (maio
a setembro). A maturação dos frutos ocorre no final da estação seca (agosto/setembro),
aumentando a probabilidade de germinação e crescimento de plântulas devido ao início da
estação chuvosa (Felfili & Borges Filho, 2004).
A árvore tem porte entre 2 a 8 metros de altura, caule e ramos tortuosos, casca
rugosa, áspera e fissurada. Folhas alternas, paripinadas, com 5 a 8 pares de pinas. Folíolos
alternos com 6 a 8 pares por pina, de forma arredondada a oval. Flores com cerca de 6 mm
de comprimento dispostas em inflorescências do tipo racimo de espiga, corola creme-
esverdeada com pétalas livres. Numerosos estames, pólen em políades, anteras com
glândula apical que parece ser relacionada com o fraco odor da flor, filetes com cerca do
dobro do comprimento da corola. Ovário súpero, unilocular com muitos óvulos parietais
(Felfili & Borges Filho 2004; Ortiz et al., 2003; Almeida et al., 1998; Lorenzi, 1992; Pio
Correa, 1926).
A espécie é andromonóica, flores hermafroditas e flores masculinas ocorreram ao
longo de toda a inflorescência mas, as hermafroditas são mais comuns na parte central. A
maioria dos racimos (cerca de 86%) produz flores masculinas e femininas, porém, alguns
(cerca de 10%) produzem somente flores masculinas, enquanto outros (cerca de 4%) são
exclusivamente hermafroditas. Flores masculinas são menores e com maior número de
políades por antera que as hermafroditas. A maior parte das flores (80%) é desprovida de
nectário, entretanto flores hermafroditas secretaram, em média, mais néctar do que flores
masculinas. O fato de somente pequena parte das flores na inflorescência produzirem néctar
(20%) pode ser estratégia de economia enquanto mantêm o atrativo aos polinizadores. Cada
racimo porta grande mero de minúsculas flores que funcionam como unidade floral. A
maior produção de pólen é comum em flores masculinas, porém, não de forma tão
acentuada quanto em S. adstringens (Ortiz et al., 2003).
9
Os frutos são vagens lenhosas linear-oblongas, carnosas de cor marrom quando
maduras, endocarpo macio e fibroso. As sementes são castanho-avermelhadas, de
elipsóides a oblongóides, ligeiramente compressas (Lorenzi, 1992; Felfili & Borges Filho
2004). Ortiz et al. (2003), ao verificarem o sistema de reprodução de S. adstringens
constataram que a espécie é não endogâmica e a produção de frutos muito baixa. A
porcentagem de frutos obtidos por autofecundação (2,82%) foi consideravelmente menor
do que os obtidos por polinização cruzada (35,48%).
2.2.4 Uso geral
O S. adstringens pode ser empregado com sucesso no paisagismo, principalmente
na arborização de ruas estreitas. Também, recomendado nos plantios mistos em áreas
degradadas de preservação permanente. Possui madeira bastante durável em condições
adversas, própria para construção civil, obras expostas, marcenaria e torno (Almeida et al.,
1998; Lorenzi, 1992; Pio Corrêa, 1926). Da cinza da madeira extrai-se a dicoada,
substância escura que substitui a soda cáustica no fabrico de sabão caseiro. A casca é fonte
de tanino utilizada no curtume de couro (Rizzini & Mors, 1976; Penna, 1946; Pio Corrêa,
1926). É forrageira importante na dieta bovina do Pantanal (Pott, 1988). Por decocção da
casca produz matéria corante vermelha, empregada artesanalmente na tintura de algodão e
na produção tinta de escrever (Mirandola & Mirandola, 1991; Pio Corrêa, 1926).
10
2.2. 5 Uso medicinal
Na medicina popular S. adstringens é utilizado no tratamento de diversas doenças, a
garrafada da casca do caule (macerada) combate úlceras, inflamações e hemorróidas
(Barros, 1982). Em decocção a casca é anti-séptica sendo usada no tratamento gastrite e dor
de garganta (Hirschmann & Arias, 1990). A casca é, também, usada no combate de
afecções escorbuticas, leucorréias, hérnias, diarréias, hemorragias, impigem e oftalmias
(Almeida et al., 1998; Penna, 1946). As folhas são tônicas e as sementes passam por
venenosas (Penna, 1946). Inúmeros trabalhos tem sido realizados de forma a testar as
propriedades medicinais de S. adstringens e, identificar os princípios ativos responsáveis.
Acredita-se que as propriedades medicinais estejam relacionadas aos altos teores de taninos
(Santos et al., 2002; Alves et al., 2000; Panizza et al., 1988; Penna, 1946; Pio Corrêa,
1926).
As propriedades cicatrizantes do extrato da casca de S. adstringens foram
verificadas mesmo em concentrações tão baixas quanto 1% (Panizza et al., 1988). Um dos
possíveis meios de ação antiinflamatória é pela inibição da formação ou ação de
mediadores químicos. Análises fitoquímicas de S. adstringens mostram, além de taninos,
substâncias como chalconas, compostos triterpenóides, os quais também possuem ação
antiinflamatória (Lima et al., 1998).
No trabalho realizado no Posto de Saúde e da Santa Casa da cidade de Arealva (SP),
o uso de S. adstringens em lesões como a quelite solar ou herpes tem sido de grande valia.
Nas queimaduras solares mais intensas o eritema diminui e a dor é aliviada rapidamente.
Nas lesões por queimaduras domésticas, a associação Calendula officinalis e S. adstringens
produz cicatrização mais rápida. Alguns pacientes com lesões rebeldes, como a úlcera
varicosa, haviam sido tratados com métodos convencionais sem sucesso. A maioria dos
casos era de evolução crônica de vários anos, o tratamento com C. officinalis mais S.
adstringens levou a cura na maioria dos pacientes e a algumas melhoras. Sendo assim, S.
adstringens ficou estabelecido como tratamento alternativo de lesões rebeldes (Neto et al.,
1996).
11
A melanogênese é o processo fisiológico resultante da síntese do pigmento melanina
pela enzima tirosinase nos melanócitos. Alterações na melanogênese são responsáveis pelo
câncer conhecido como melanoma. Baurin et al. (2002), verificaram que os extratos das
sementes e das cascas de S. adstringens inibem cerca 52% e 90% da enzima tirosinase,
respectivamente. Investigações fitoquímicas em S. adstringens não revelaram a presença de
componentes conhecidos de atividade anti-tirosinase, possivelmente, S. adstringens contém
novo recurso de inibidores da tirosinase.
2.2.6 Outras propriedades
Em testes de toxicidade contra Biomphalaria glabrata, hospedeiro intermediário do
Schistosoma mansoni, extratos da casca e das folhas de S. adstringens foram altamente
tóxicos (100 ppm) matando 100% dos moluscos (Bezerra et al., 2002; Mendes et al., 1984).
Alves et al. (2000), verificaram alta atividade do extrato das cascas de S.
adstringens contra bactérias como Staphylococcus aureus, Escherichia coli, Bacillus cereus
e Pseudomonas aeruginosa.
Holetz et al. (2005), observaram o efeito do extrato de barbatimão no crescimento
de protozoários como Herpetomonas samuelpessoai pertencente à família
Trypanosomatideae, a qual inclui as espécies Leishmania sp. e Trypanosoma cruzi. Foi
observado que o extrato tem efeito inibitório dose-dependente no crescimento de
Herpetomonas samuelpessoai. Protozoários cultivados em concentração média de inibição
de 50% (IC
50
) do extrato das cascas de S. adstringens tiveram aumento da mitocôndria e do
número de cristas, vesiculação do complexo de Golgi e inibição da atividade da enzima
succinato citocromo c redutase. A inibição desta enzima pode influenciar na seqüência
respiratória mudando o funcionamento da mitocôndria. Devido a esta observação foram
sugeridas alterações na produção de adenosina-trifosfato (ATP), no transporte ativo de íons
e moléculas bem como na síntese de macromoléculas. Acredita-se que a atividade de
inibição foi devida a ação de compostos de alto peso molecular, como taninos condensados,
12
isolados durante o processo de purificação. No estudo de Maza et al. (2003), o extrato da
casca de S. adstringens promoveu alterações estruturais como células biflageladas e
binúcledas nas formas promastigotas de Leishmania amazonensis, fato que pode ser devido
a interferência na divisão celular. Verificou-se, também, a ocorrência de membranas
concêntricas no citoplasma, o que é característico de processos autofágicos.
2.2.7 Aspecto ecológico
Em estudos de caracterização da composição florística os parâmetros
fitossociológicos comumente utilizados são: abundância relativa (AR), dominância relativa
(DR), freqüência relativa (FR) e o Índice de Valor de Importância (IVI), que é obtido pela
soma dos parâmetros acima relacionados (IVI = AR+DR+FR.).
O Índice de Valor de Importância (IVI) reflete o grau de importância ecológica da
espécie em determinado local. Em muitos estudos fitossociológicos do cerrado stricto sensu
a espécie S. adstringens foi apontada com IVIs relativamente altos. No estudo conduzido
por Assunção & Felfili (2004), numa área de cerrado sensu stricto no Distrito Federal, a
espécie com o maior Índice do Valor de Importância (IVI) foi S. adstringens. O S.
adstringens ocorreu também entre as 12 espécies com maior IVI encontradas no
levantamento fitossociológico realizado no cerrado stricto sensu na Fazenda Água Limpa
(Felfili & Silva Júnior, 1992). Em outras áreas do DF foram observados valores médios
entre 4,1 e 6,5 (Felfili et al., 1994). Na Estação Florestal de Experimentação de Paraopeba
foram selecionadas 20 áreas no estudo da. composição florística realizado por Silva Junior
(1984). A família Leguminosae ficou na 3ª posição de dominância com 12,75% do número
total de indivíduos, S. adstringens foi encontrado na metade das áreas estudadas com IVIs
variando entre 3,14 e 23,81.
13
2.2.8 Eletroforese de isoenzimas e o estudo de populações naturais de plantas
O termo isoenzima ou isozima foi introduzido por Markert & Moller (1959) e
designa formas moleculares de enzimas que catalisam a mesma reação na célula. Estas
formas representam a conseqüência bioquímica da substituição, deleção ou adição de um
ou mais aminoácidos no polipeptídio (Robinson, 2006). Existem vários métodos
bioquímicos que detectam, isolam e distinguem isoenzimas. Entretanto, a eletroforese é a
mais poderosa técnica analítica disponível. Como meio de suporte amplamente utilizados
na eletroforese estão os géis de amido ou poliacrilamida. O princípio básico da técnica
reside na separação isoenzimática e identificação das distintas bandas no gel por meios
histoquímicos (Borém & Caixeta, 2006). O conjunto de bandas coloridas que as isoenzimas
formam no gel é chamado zimograma (Alfenas et al., 2006).
A propriedade mais expressiva das isoenzimas como marcadores genéticos é a
herança mendeliana simples, não sendo detectados efeitos deletérios, epistáticos ou
pleiotrópicos. Adicionalmente, o fatiamento dos géis de amido permite examinar vários
locos enzimáticos na mesma corrida eletroforética (Borem & Caixeta, 2006).
Como marcadores co-dominantes, as isoenzimas permitem identificar diretamente
os genótipos heterozigotos. Quando se deseja apenas distinguir indivíduos ou clones entre
si, o conjunto de bandas representa algum fenótipo particular. Mas, quando se deseja
examinar os processos evolutivos atuando nas populações naturais, os marcadores são os
locos e os respectivos alelos identificados, neste caso é mais apropriado usar o termo
aloenzimas (Robinson, 2006).
O estudo da estrutura genética de populações naturais envolve descrição dos níveis
de variação genética dentro das populações e como esta se distribui entre as populações, as
isoenzimas tem sido de grande utilidade nestes estudos (de Melo Júnior et al., 2004; de
Campos Telles et al., 2003; Moraes & Derbyshire, 2002; Nassar et al., 2002; Moraes et al.,
1999)
14
Como os hábitats naturais são fragmentados pela intervenção humana, populações
que em algum tempo eram grandes e inter-conectadas tornaram-se desconectadas e
localmente raras. A fragmentação faz a migração crítica no restabelecimento de populações
locais e na contenção de efeitos como depressão por endogamia. O fluxo gênico é o
principal componente da estrutura populacional, pois determina a extensão na qual cada
população local, de determinada espécie, se comporta como unidade evolutiva
independente. Se há grande quantidade de fluxo gênico entre populações locais, estas
evoluem juntas, se pouca quantidade, cada população evolui quase independentemente.
Quanto aos métodos de estimação de fluxo gênico, o mais comum é método indireto,
baseado na estatística F de Wright (1951). Conforme o Modelo Ilhas de Wright o balanço é
alcançado entre fluxo gênico e deriva genética. Se Nm (número de migrantes por geração) é
muito maior do que 1, o fluxo gênico supera o efeito da deriva e previne a diferenciação
local, se é muito menor do que 1, então, a deriva genética aleatória age quase
independentemente em cada população (Slatkin, 1994)
A Teoria Neutra foi desenvolvida pelos esforços pioneiros de Motoo Kimura (1969,
1983) e King e Jukes (1969). A matemática teórica derivada a partir do pressuposto da
deriva genética aleatória, permite predições específicas das taxas de mudanças nas
freqüências alélicas dentro e entre populações. As taxas de mudanças nas freqüências
alélicas sob o ponto de vista da neutralidade, são função de características populacionais
como tamanho e estrutura populacional, isolamento, migração, bem como taxas de mutação
(Slatkin, 1994).
15
2.3 MATERIAL E MÉTODOS
2.3.1 Coleta das amostras
Foram estudadas quatro populações de S. adstringens no cerrado stricto sensu, norte
de Minas Gerais, três no município de Grão Mogol, às margens da BR251 e, uma no
município de Montes Claros, próxima ao Núcleo de Ciências Agrárias (NCA) da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Os referidos municípios distam cerca de
130 Km.
No município de Grão Mogol as coletas foram realizadas em três localidades
denominadas Área Um, Queimada e Baixa do Tatu (Figura 1). As amostras foram obtidas
aleatoriamente por meio de transectos, respeitando-se o espaço amostral de cerca de 20 m.
Na população Montes Claros o transecto foi realizado percorrendo-se a distância de 2 km,
com espaço amostral de cerca de 30 m. As dimensões, altitudes em cada localidade e
número de indivíduos amostrados estão na Tabela 1.
16
Figura 1: Mapa esquemático das localizações das 4 populações de S. adstringens
amostradas no Norte de Minas Gerais
BAHIA
Januária Janaúba
Salinas
JEQUITINHONHA
CENTRA L M INEIRA
NOROESTE DE
M INA S
Montes
Claros
Go
Mogol
Pirapora
Bocaiúva
N O RTE
D E
MIN A S
MO NTES CLAROS
GRÃO
MO GO L
BR 251
NCA
Área Um
Queim ada
Ba ixa do Tatu
17
Tabela 1: Características dos locais de coletas das amostras de S. adstringens e número de
indivíduos amostrados.
Município Localidade Dimensão Altitudes Amostragem
Área Um 8,02 ha 902 a 907 m 54 indivíduos
Queimada 7,38 ha 885 a 898 m 108 indivíduos
Grão Mogol
Baixa do Tatu 6,48 ha 831 a 840 m 54 indivíduos
Montes Claros NCA - 877 a 923 m 60 indivíduos
As distâncias aproximadas entre as áreas de coleta no município de Grão Mogol são
4,4 km entre a Área Um e Queimada; 7,6 Km entre Queimada e Baixa do Tatu; 8,1 Km
entre Área Um e Baixa do Tatu. A Área Um e Queimada encontram-se moderadamente
conservadas. A Baixa do Tatu e NCA estão, aparentemente, melhor conservadas possuindo
árvores de grande porte tanto de S. adstringens quanto de outras espécies arbóreas. Porém,
a população NCA está isolada de outras populações, situa-se em topo de morro cercada no
entorno por vegetação de Mata Seca.
Com intuito de analisar a estrutura genética destas populações, foram coletadas, no
mês de maio de 2006, folhas maduras de indivíduos adultos em cada população (Tabela 1).
Na coleta, transporte e armazenamento foram mantidas, ao máximo, a integridade e
turgescência das folhas. No ato da coleta as amostras foram embaladas em folhas de
alumínio, devidamente etiquetadas e, logo em seguida, acondicionadas em nitrogênio
líquido, onde permaneceram por aproximadamente 72 horas, até a chegada ao Laboratório
de Melhoramento de Hortaliças da Universidade Federal de Viçosa (UFV).
18
2.3.2 Análise eletroforética
A identificação aloenzimática foi realizada por meio de técnica de eletroforese
horizontal em gel de amido de milho. Foram testados onze sistemas enzimáticos: Fosfatase-
ácida (ACP), Glutamato-oxaloacetato-transaminase (GOT), Leucina-aminopeptidase
(LAP), Chiquimato-desidrogenase (SKDH), Álcool-desidrogenase (ADH), Esterase (EST),
Peroxidase (PO), Fosfogluco-isomerase (PGI), Fosfoglucomutase (PGM), Malato-
desidrogenase (MDH), Isocitrato-desidrogenase (IDH).
2.3.2.1 Extração enzimática
Na extração enzimática as amostras foram maceradas em almofariz de porcelana
previamente congelado. Foi utilizado 1 grama de tecido foliar por 3 mL da solução
extratora 1 (Tabela 2), recomendação Alfenas et al. (2006). O macerado foi absorvido
por retângulos de papel medindo cerca de 0,8 x 0,4 cm. A concentração de PVP-40 foi
ajustada de 2,56% para 12%. O pH foi ajustado para aproximadamente 8,5.
19
Tabela 2: Solução extratora empregada na extração de enzimas de tecidos foliares de S.
adstringens.
Componentes Quantidade
Fosfato de sódio bibásico 0,6 g
Sacarose 7 g
PVP-40 2,56 g
DTT 50 mg
L-ácido ascórbico 100 mg
de DIECA 100 mg
Bissulfito de sódio 50 mg
Borato de sódio (bórax) 50 mg
β-mercaptoetanol
0,2 mL
polietilenoglicol – 6000 1 g
Água desionizada 100mL
2.3.2.2 Preparo do gel
No preparo do gel foram utilizados 12 g de sacarose e 60 g de amido de milho por
500 mL de solução-tampão do gel. O composto foi cozido cerca de três minutos em forno
microondas, logo após, vertido em cubas de eletroforese horizontal. Ao atingir a
temperatura ambiente foi posto em geladeira até ser utilizado no dia seguinte.
Os géis foram retirados da geladeira e com bisturi foi feito um corte transversal a
aproximadamente 4 cm da extremidade catodal. A parte menor do gel foi afastada e os
retângulos de papel contendo as amostras foram aplicados em número de 9 em cada gel.
Cada retângulo de papel correspondeu à amostra de um indivíduo. Nas extremidades do gel
foram inseridos papelotes de azul-de-bromofenol que permitem visualizar a frente de
migração e o término da corrida. Em seguida as duas partes do gel foram reunidas e seguiu-
se a corrida eletroforética
20
2.3.2.3 Sistemas tampão gel/eletrodo
Foi utilizado o sistema tampão gel/eletrodo SOLTIS 6 recomendado por Soltis et al.
(1983), (Tabela 3). A solução tampão do gel foi ajustada de maneira que cada litro foi
constituído por 940 mL de solução-tampão do gel e 60 mL da solução-tampão do eletrodo,
o pH foi ajustado para 7,8.
Tabela 3: Sistemas tampões gel e eletrodos usados no processo de eletroforese de
isoenzimas de S. adstringens.
Tampão Composição
Tris 0,015 M
Solução-tampão do gel
Ácido Cítrico 0,004 M
NaOH 0,1 M Solução-tampão dos
eletrodos Ácido Bórico 0,3 M
2.3.2.4 Condições eletroforéticas
Cada cuba com o gel foi colocada entre duas outras cubas com os eletrodos e 100
mL de solução tampão. Na conexão do gel às cubas contendo os eletrodos, foi utilizado
tecido dobrado tipo “perfex”. Inicialmente, foi procedida a pré-corrida durante 30 minutos
(15 mA). Após este período os retângulos de papel contendo as mostras foram retirados e a
corrida reiniciada (35 mA), por cerca de 5 horas ou, até a cor do azul-de-bromofenol atingir
aproximadamente 9 cm no gel a partir da origem. As corridas eletroforéticas foram
realizadas em geladeira a 4 °C.
21
2.3.2.5 Revelação de bandas
Após a corrida eletroforética mediante o uso de fio de cobre, o gel foi cortado
horizontalmente em fatias de aproximadamente 2 mm de espessura, sendo a primeira e
última fatia das extremidades descartadas. As laminas restantes foram incubadas em
solução reveladora por período apropriado a cada sistema enzimático, conforme
recomendado por Alfenas et al. (2006). Após a revelação das bandas os géis foram lavados
em água corrente e mergulhados em solução aquosa de glicerina 10% por cerca de 24
horas.
2.3.2.6 Secagem dos géis
Cada lâmina do gel foi colocada sob uma folha de papel-celofane previamente
estendida sob uma placa de vidro e, uma segunda folha de papel-celofane foi estendida sob
o gel. As margens dos papéis-celofane foram dobradas no sentido da superfície inferior da
placa vidro, permanecendo, desta forma, no balcão do laboratório até a secagem (Alfenas et
al., 2006).
22
2.3.2.7 Leitura das bandas
Os géis foram examinados com auxílio de diafanoscópio. Na interpretação dos
zimogramas foi considerada, previamente, a estrutura quaternária da enzima em questão
(Alfenas et al., 2006). Na verificação dos padrões de bandas, maior atenção foi dada na
identificação de locos e respectivos alelos. Pois, o estudo da estrutura genética das
populações foi baseado nas freqüências alélicas aloenzimáticas.
2.3.3 Variabilidade genética
A partir da interpretação dos zimogramas foram definidos os genótipos de cada
indivíduo. Procederam-se as estimativas das freqüências alélicas e foram calculadas as
principais medidas de variabilidade genética, a saber: a) o número médio de alelos por loco,
obtido a partir da média aritmética do mero total de alelos na população pelo mero
total de locos, b) omero efetivo de alelos por locos polimórficos, obtido pela razão entre
o número total de alelos por locos polimórficos e o número de locos polimórficos, c) a
proporção de locos polimórficos por população, calculada pela divisão do número de locos
polimórficos (freqüência do alelo mais comum < 0,95) pelo número total de locos
analisados, d) a heterozigose média observada e esperada no equilíbrio de Hardy &
Weinberg.
23
2.3.4 Estrutura genética
A estatística utilizada para quantificar o grau de fixação gênica nas populações foi o
coeficiente F de Wright (1951), definido como a correlação entre dois alelos que se unem
na formação do zigoto. Considerando-se que a endogamia e a deriva genética aumentam a
proporção de homozigotos na população, esses efeitos foram medidos em termos de
desvios nas proporções esperadas de heterozigotos no equilíbrio de Hardy-Weinberg. No
cálculo das estimativas F, definiu-se H
I
como a média da freqüência de indivíduos
heterozigotos observados dentro das subpopulações. Este valor foi comparado com duas
outras medidas H
S
e H
T
, que são, respectivamente, a média das freqüências esperadas de
heterozigotos dentro das subpopulações e a freqüência esperada de heterozigotos na
população total (Hartl &
Clark 1989; Robinson, 2006). Foram obtidas estimativas dos
seguintes coeficientes F, referentes aos locos polimórficos com base no número observado
e esperado de heterozigotos:
F
IS
= (H
S
– H
I
)/H
S
F
IS
mede o nível de fixação gênica presente dentro da subpopulações;
F
ST
= (H
T
– H
S
)/H
T
F
ST
mede o grau de diferenciação genética entre as subpopulações;
F
IT
= (H
T
– H
I
)/H
T
F
IT
mede o nível de fixação gênica presente na população total.
Como medida de distância genética entre as populações foi utilizada a estatística D
de Nei (1972). A estatística D pressupõe a medida de identidade genética (I), expressa pela
24
probabilidade de certo alelo de algum loco, tomado ao acaso em duas populações, seja
idêntico em relação à probabilidade de que dois alelos do mesmo loco, tomados também ao
acaso em cada população, sejam idênticos. A probabilidade J
PQ
de que dois alelos tomados
ao acaso nas populações P e Q sejam idênticos é J
PQ
= p
i
q
i
. De modo análogo, J
P
e
J
Q
são
probabilidades de dois alelos tomados ao acaso dentro de cada uma das populações P e Q,
respectivamente, sejam idênticos, nesse caso J
P
= p
i
2
e J
Q
= q
i
2
e, a identidade genética
(I) é definida por (Dias, 2006):
I = J
PQ
/J
P
J
Q
p
i
e q
i
são as freqüências do alelo i nas populações P e Q
A distância genética (D) foi obtida pelo cologaritimo neperiano de I, calculada como:
D = - ln (I)
Foram estimadas as medidas de diversidade genética propostas por Nei (1973,
1978), a saber: a heterozigosidade (H), a heterozigosidade referente a população total (H
T
),
a variabilidade genética dentro das subpopulações (H
S
), o componente de variabilidade
atribuível à diferenciação entre as subpopulações (D
ST
) e, a proporção da variabilidade total
devida a entre as subdivisões da populações (G
ST
). A heterozigosidade (H) foi calculada
por:
H =
1
-
p
i
2
p
i
a freqüência do alelo i na população. Para locos múltiplos calcula-se a média aritmética
dos valores de H sobre todos os locos;
25
O grau de diferenciação entre subpopulações foi estimado decompondo-se a
heterozigosidade total H
T
referente à população total em seus componentes:
H
T
= H
S
+ D
ST
H
S
é o componente da diversidade dentro das subpopulações e corresponde a média
ponderada dos valores da heterozigosidade calculados para as mesmas. O componente de
variabilidade atribuível à diferenciação entre as populações (D
ST
) foi calculado por:
D
ST
= H
T
– H
S
A variabilidade total explicada por diferenças genéticas entre as subdivisões da
população foi obtida por:
G
ST
= D
ST
/ H
T
Alguma migração é requerida de modo a prevenir a substancial divergência genética
entre as subpopulações como resultado da deriva genética aleatória. Esse efeito pode ser
quantificado considerando-se o modelo de deriva genética aleatória e a taxa de migração m
segundo o Modelo Ilha no equilíbrio de Wright (Hartl & Clarck, 1989):
F = 1/(4Nm + 1)
Este modelo implica que F diminui quando o número de migrantes aumenta.
Estimativas indiretas do fluxo gênico foram obtidas a partir da relação entre F no equilíbrio
e o número de migrantes por geração por (Slatkin, 1993):
Nm = ¼(1/F
ST
– 1)
26
Estimativas dos tamanhos efetivos (Ne) intrapopulacionais foram obtidas segundo
Vencovsky (1997), por ser o método mais utilizado por conservacionistas. O Estimador Ne
para indivíduos adultos de uma simples população (intrapopulacional) foi calculado como:
Ne
=
n/(1 + f)
n
=
número de indivíduos
f
=
coeficiente de endogamia médio da população;
Na análise de agrupamento foi utilizado o método hierárquico aglomerativo
UPGMA. Esta cnica multivariada visa classificar n itens (populações, clones, indivíduos
etc.) avaliados pelo conjunto de p caracteres ou variáveis, a partir de alguma medida de
distância entre os itens. Inicialmente a matriz de distância é gerada a partir da amostra dos n
itens, totalizando n (n-1)/2 pares de distâncias. A seguir é aplicado o algoritmo de
agrupamento à matriz de distância de modo a conectar grupos homogêneos. Tais grupos são
representados graficamente na forma de diagrama de árvore denominado “dendrograma”.
Esse método se processa em séries sucessivas de fusões. Os n itens são classificados em n-
1, n-2 etc., grupos que, por sua vez são igualmente fundidos até todos os itens serem
agregados em um único grupo. A distância entre os itens é o critério aplicado que define os
grupos. Esta técnica é exploratória e visa à geração de hipóteses a partir da análise de dados
multivariados (Dias, 2006; Hartl & ClarK 1989). No presente trabalho, foi aplicado à
matriz de distância de Nei (1972), o algoritmo de agrupamento UPGMA, de modo alocar
itens em grupos semelhantes, e conectar grupos homogêneos.
Realizou-se a análise de variância de heterozigosidade acordo com o modelo
hierárquico desbalanceado proposto por WEIR, 1996. Todas as análises estatísticas
procedidas neste trabalho foram realizadas pelo Programa GENES (Cruz. 2006).
27
2.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
2.4.1 Análise eletroforética
Foram conduzidos testes com os sistemas enzimáticos Fosfatase-ácida (ACP),
Glutamato-oxaloacetato-transaminase (GOT), Leucina-aminopeptidase (LAP), Chiquimato-
desidrogenase (SKDH), Álcool-desidrogenase (ADH), Esterase (EST), Peroxidase (PO),
Fosfogluco-isomerase (PGI), Fosfoglucomutase (PGM), Malato-desidrogenase (MDH),
Isocitrato-desidrogenase (IDH). Destes, somente os sistemas MDH, EST PGI e PO foram
selecionados, pois, tiveram polimorfismo, boa resolução e constância de bandas.
No estudo da estrutura genética de populações naturais a variabilidade genética é
quantificada e, sua distribuição dentro e entre populações descrita. Tendo como objetivo
quantificar e descrever a variabilidade genética é necessário haver polimorfismo, por tanto,
no presente trabalho foram considerados na análise dos dados apenas aloenzimas. O
sistema IDH foi, aparentemente, polimórfico e teve boa resolução de bandas, porém, com
alelo nulo, o que dificulta estimativas das freqüências alélicas, sendo por isso, descartado
na análise dos dados.
Uma das causas da ausência de bandas ou inexistência de atividade enzimática é a
síntese de substâncias pela planta que visam protegê-la de herbívoros, como resinas,
pectinas, e principalmente polifenóis, Kephart (1990). Compostos fenólicos reagem com
proteínas e inativam enzimas ou alteram a mobilidade das moléculas de proteínas, o que
resulta em artefatos no gel (Alfenas et al., 2006). Segundo Ardisson et al. (2002), a casca de
28
S. adstringens contém cerca de 30,8% de polifenóis totais. Provavelmente, devido às altas
concentrações de compostos fenólicos nas folhas, na extração enzimática foi necessário
adicionar à solução extratora 12% de PVP, concentrações menores resultaram em artefatos
no gel.
2.4.2 Interpretação genética dos zimogramas
Na interpretação dos zimogramas foi usado com ponto de partida o conhecimento
prévio da estrutura quaternária da enzima (Brune et al., 2006).
Peroxidase (PO)
Foram observadas duas regiões de atividade no gel, formadas por dois locos
(Figura 2). Um monomórfico, fixado (po-1). O outro polimórfico (po-2) com três alelos, os
quais foram denominados: a para o alelo de migração mais rápida, b para o alelo com
migração intermediária e c para o alelo com migração mais lenta. Foram observadas bandas
na região catodal, mas, estas foram inconstantes e tiveram resolução inadequada, não sendo
submetidas à interpretação genética. A enzima foi considerada monomérica, pois não foram
observadas bandas híbridas produzidas por indivíduos heterozigotos. O padrão de bandas
depende do número de alelos presente no loco e da estrutura quaternária da enzima.
Enzimas monoméricas são constituídas de uma única cadeia polipeptídica; isômeros
monoméricos de um heterozigoto apareceram no zimograma como uma mistura de
aloenzimas produzidas por dois homozigotos correspondentes. Esta observação está de
acordo com Brune et al. (2006), que menciona a enzima Peroxidase como monomérica.
29
Figura 2.Gel e zimograma da enzima Peroxidase (PO) em tecidos foliares de S. adstringens.
cc
ac ac ac bc cc cc cc cc
cc cc cc cc ac cc ac ac bc
+80
-
70
-
60
-
50
-
40
-
30
-
20
-
-10
-
Po
-1
Po
-2
Distância de migração (mm)
Po
-1
Po
-2
Po
-1
Po
-2
cc cc cc cc ac cc ac ac bc
30
Malato desidrogenase (MDH)
Foi observada apenas uma região de atividade nos géis, correspondendo a um loco
com dois alelos denominados a, para o alelo de migração rápida e, b para o de migração
lenta (Figura 3). Foram observadas bandas híbridas produzidas por indivíduos
heterozigotos correspondentes ao padrão de enzima dimérica. Bandas híbridas não podem
ocorrer exceto quando diferentes alelos, que codificam diferentes cadeias polipeptídicas de
uma mesma enzima, estejam presentes no mesmo indivíduo (Alfenas et al., 2006). Esta
observação está de acordo com Brune et al. (2006), que menciona ser a enzima MDH
composta por 2 ou 4 subunidades.
Fosfoglucoisomerase (PGI)
Foram observadas duas regiões de atividade enzimática formadas por dois locos
(Figura 4). Um monomórfico, fixado (pgi-1). O outro polimórfico (pgi-2) contendo dois
alelos, denominados a e b de migração rápida e lenta, respectivamente. A enzima foi
considerada dimérica devido ao padrão de bandas híbridas produzidas nos indivíduos
heterozigotos, observadas no loco pgi-2. Esta verificação está de acordo com Brune et al.
(2006), que menciona a enzima PGI como formada por duas cadeias polipeptídicas, ou seja,
duas subunidades.
31
Figura 3. Gel e zimograma da enzima Malato-desidrogenase (MDH) em tecidos foliares de
S. adstringens.
aa aa aa ab aa ab aa aa ab
aa bb bb ab aa bb ab ab ab
+80
-
70-
60-
50-
40-
30-
20-
-10-
Distância de migração (mm)
aa bb bb ab aa bb ab ab ab
32
Figura 4. Gel e zimograma da enzima Fosfoglucoisomerase (PGI) em tecidos foliares de S.
adstringens.
bb bb bb aa ab bb bb ab ab
bb
ab
a b
ab
bb
a b
ab
bb
bb
Pgi
-1
Pgi
-2
Pgi
-1
Pgi
-2
+80
-
70-
60-
50-
40-
30-
20-
-10-
bb ab ab ab bb ab bb bb bb
Pg i
-1
Pg i
-2
Distância de migração (mm)
33
Esterase (EST)
Segundo Bune et al. (2006), a enzima esterase pode ser monomérica ou dimérica.
No presente trabalho foi considerada monomérica pois, não foram verificadas bandas
híbridas nos indivíduos heterozigotos. Foram observadas duas regiões de atividade
formadas por dois locos (est-1 e est-2), ambos polimórficos (Figura 5). No loco est-1 foram
verificados dois alelos, denominou-se a o alelo de migração mais rápida e b o alelo com
migração mais lenta. No loco est-2 foram observados três alelos denominados a, b e c, com
migrações rápida, intermediária e lenta, respectivamente.
Isocitrato desidrogenase (IDH)
Foi verificada na enzima IDH a presença de alelos nulos. De acordo com Brune et
al. (2006), a enzima IDH é dimérica ou oligomérica. Alelos nulos controlam isoenzimas
que não expressam atividade durante o processo de coloração. Podem representar enzimas
defeituosas ou enzimas instáveis sob os processos utilizados na extração ou eletroforese
(Robinson, 2006). O uso de marcadores co-dominantes é vantajoso pois permite distinguir
genótipos heterozigotos e, aplicar modelos matemáticos mais elaborados que utilizam
estimativas das frequências alélicas na análise dos dados. Alelos nulos podem dificultar e
introduzir erros nas estimativas das freqüências alélicas, portanto, a enzima IDH não foi
considerada na análise da estrutura genética das populações amostradas, apesar da boa
resolução de bandas.
34
Figura 5. Gel e zimograma da enzima Esterase (EST) em tecidos foliares de S. adstringens.
cc cc bc bc bc ac ac cc cc
ab ab ab aa ab ab ab bb ab
Est
1
Est
-2
cc ac ac ac cc ac cc ac cc
ab ab ab ab ab ab bb ab ab
Est
1
Est
-2
Disncia de migração (mm)
cc cc bc bc bc ac ac cc cc
+ 80
-
70-
60-
50-
40-
30-
20-
- 10-
Est
-1
Est
-1
ab ab ab bb ab ab ab bb ab
35
2.4.3.1 Variabilidade genética
Obedecendo ao critério de polimorfismo em que o alelo mais comum de cada loco
tem freqüência inferior ou igual 95%, foi verificado 100% de polimorfismo nas populações
Área Um, Queimada e Baixa do Tatu e, 60% na população NCA. Em outra espécie típica do
cerrado stricto sensu, conhecido popularmente como pequi (Caryocar brasiliense),
também, foi verificado 100% de locos polimórficos para maioria das populações estudadas
(de Melo Júnior et al., 2004). No estudo de populações naturais de jacarandá-paulista
(Machaerium villosum) o polimorfismo dos locos variou de 90% a 100% entre populações
(Botrel & Carvalho, 2004).
Nas populações Área Um e Queimada foram observados maior mero médio de
alelos (2.40), bem como, maior número total (12) e efetivo (2.40) de alelos por locos
polimórficos. Os menores valores foram verificados na população NCA, respectivamente
2.00, 10 e 2.33 (Tabela 4). No estudo de populações naturais de jacarandá-paulista,
também, foi observada média de 2,4 alelos por loco (Botrel & Carvalho, 2004).
Tabela 4: Descrição da diversidade de alelos por locos polimórficos observada nas amostras
populacionais de S. adstringens.
População
Locos polimórficos
(%)
Número médio
Número total
Número
efetivo
Área 1 100 2.40 12 2.40
Queimada 100 2.40 12 2.40
Baixa do Tatu 100 2.20 11 2.20
NCA 60 2.00 10 2.33
36
Foram verificados desvios significativos das proporções genotípicas esperadas no
equilíbrio de Hardy-Weinberg nos locos esterase-1 e esterase-2 nas populações Área Um,
Queimada e Baixa do Tatu. No loco malato-desidrogenase o desequilíbrio foi verificado
apenas na população do NCA, no loco peroxidase-2 foram observadas proporções de
equilíbrio na população da Área Um. O loco fosfoglucoisomerase-2 se encontra nas
proporções de equilíbrio de Hardy-Weinberg em todas as populações (Tabela 5).
Observou-se a fixação dos alelos PGI-1 e PO-1 em todos os indivíduos analisados
nas populações, e do alelo PGI-2.2 na população do NCA. Não foi verificada a presença do
alelo EST-2.1 na população do NCA e, PO-2.1 na população Baixa do Tatu (Tabela 5).
Considerando-se as quatro populações e todos os locos analisados, incluindo os locos
monomórficos fosfoglucoisomerase-1 e peroxidase-1, em cerca de 64,29% foram
observadas freqüências genotípicas esperadas no equilíbrio de Hardy-Weinberg.
37
Tabela 5: Teste χ
2
dos desvios das proporções genotípicas esperadas no equilíbrio de
Hardy-Weinberg para locos aloenzimáticos analisados nas amostras populacionais de S.
adstringens.
Populações
Loco
Alelo Área Um
Queimada Baixa do Tatu
NCA
EST 1.1
0.4537 0.4769 0.5 0.4833
Esterase 1
EST 1.2
0.5463 0.5231 0.5 0.5167
** ** ** ns
EST 2.1
0.4815 0.2963 0.2685 0.0
EST 2.2
0.0833 0.1343 0.1296 0.0083
Esterase 2
EST 2.3
0.4352 0.5694 0.6019 0.9917
** ** * ns
Fosfoglucoisomerase 1
PGI 1 1 1 1 1
ns ns ns ns
PGI 2.1
0.1481 0.1944 0.2222 0.0
Fosfoglucoisomerase 2
PGI 2.2
0.8519 0.8056 0.7778 1.0
ns ns ns ns
MDH 1.1
0.8241 0.7870 0.8704 0.9167
Malato Desidrogenase
MDH 1.2
0.1759 0.2130 0.1296 0.0833
ns ns ns **
Peroxidase 1 PO 1 1 1 1 1
ns ns ns ns
PO 2.1 0.1389 0.0370 0.0 0.35
PO 2.2 0.0926 0.3148 0.3241 0.0833 Peroxidase 2
PO 2.3 0.7685 0.6481 0.6759 0.5667
ns ** ** **
Total (N) 54 108 54 60
n.s. não significativo;
** significativo ao nível de 1% de probabilidade;
* significativo ao nível de 5% de probabilidade.
38
2.4.3.2 Estrutura genética
As heterozigosidades observadas (H
O
) nas populações variaram entre 0.2900 e
0.5926 e as esperadas (H
S
) entre 0.2436 e 0.4394 (Tabela 6). As H
O
foram maiores do que
as H
S
em todas as populações, conseqüentemente, os índices de fixação (F
IS
) foram
negativos indicando excesso de genótipos heterozigotos. A menor discrepância entre os
valores de heterozigosidades observadas e esperadas foi verificada na população NCA.
Estas estimativas podem consideradas altas se comparadas as da espécie arbórea
Cryptocaria aschersoniana da Mata Atlântica em que foram observados índices de fixação
positivos indicando deficiência de heterozigotos (Moraes & Derbyshire, 2002). Porém,
estes valores são similares aos verificados na espécie florestal pioneira Trema micrantha e
em Cryocar brasiliense, nos quais foram verificados índices de fixação negativos (de Melo
Júnior et al., 2004; Ribas & Kageyama, 2004).
Tabela 6 Heterozigosidades observadas e esperadas, índice de fixação de Wright (1951) e
tamanhos efetivos das amostras populacionais de S. adstringens.
População n H
O
H
S
F
IS
Ne Ne/n
Área 1 54 0.5333 0.3983 -0.3389 81.68 1.51
Queimada 108 0.5926 0.4394 -0.3486 165.79 1.54
Baixa do Tatu
54 0.5704 0.4117 -0.3855 87.88 1.63
NCA 60 0.2900 0.2436 -0.1905 74.12 1.24
Total 276
n = total de indivíduos amostrados na população; H
O
= heterozigosidade observada na
população; H
S
= heterozigosidade esperada na população; F
IS
=
índice de fixação
intrapopulacional; Ne = tamanho efetivo intrapopulacinal, Ne/n =
representatividade da
amostra populacional.
39
A avaliação da representatividade genética das amostras pode ser feita por meio do
tamanho efetivo populacional (Ne), parâmetro crucial no julgamento do impacto da deriva
sobre a estrutura genética de populações (Moraes & Derbyshire, 2002). Nas quatro
populações analisadas as estimativas de Ne foram superiores ao mero de indivíduos
amostrados. Sob o contexto intrapopulacional os 54 indivíduos adultos amostrados na Área
Um correspondem a Ne de 81,68 indivíduos. De forma semelhante os tamanhos efetivos
encontrados foram 165,79, 87,88 e 74,12 para os 108, 54 e 60 indivíduos amostrados,
respectivamente, na Queimada, Baixa do Tatu e NCA. Tais resultados indicam que houve
adequada representatividade genética nas amostras obtidas. A partir da fórmula Ne
=
n/(1+f)
observa-se que a endogamia reduz o tamanho efetivo populacional. Os valores negativos de
f nas quatro populações levaram a estimativas Ne maiores que o número de indivíduos
amostrados. Ne, neste contexto, representa o número de indivíduos em uma população
teórica ideal, que teria a mesma magnitude de deriva genética aleatória que a população
atual (Hartl, & Clark, 1989).
Tabela 7: Heterozigosidades observadas e esperadas e, índices de fixação por locos
analisados nas amostras populacionais de S. adstringens.
Loco H
O
H
S
H
T
F
IS
F
ST
F
IT
EST 1 0.8440 0.4997 0.4994 -0.6888 0.0 -0.6901
EST 1 0.4833 0.3715 0.4558 -0.3011 0.1850 -0.0604
PGI 2 0.2593 0.2294 0.2429 -0.1301 0.0556 -0.0672
MDH 1 0.2259 0.2531 0.2562 0.1074 0.0121 0.1182
PO-2 0.6704 0.4369 0.4461 -0.5345 0.0206 -0.5028
Média 0.4966 0.3581 0.3801 -0.3866 0.0578 -.3065
H
O
= heterozigosidade observada; H
S
= heterozigosidade esperada nas populações; H
T
=
heterozigosidade esperada na população total; F
IS
= índice de fixação itntrapopulacional;
F
ST
= diferenciação genética entre as populações; F
IT
= índice de fixação metapopulacional.
40
Na Tabela 7 são apresentadas as estimativas de heterozigosidades e dos índices de
fixação (F) por locos isoenzimáticos. A heterozigosidade média observada foi 0.4966, as
heterozigosidades médias esperada nas populações (H
S
) e na população total (H
T
) foram,
respectivamente, 0.3581 e 0.3801. As estimativas das estatísticas F indicam ausência de
endogamia e excesso de heterozigotos dentro (F
IS
= -0.3866) e, no conjunto das populações
(F
IT
= -0.3065). Resultados similares foram observados em Caryocar brasiliense onde,
também, foi verificado excesso de heterozigotos dentro das populações e, no conjunto das
mesmas (f = 0,449 e F = -0,420) (de Melo Júnior et al., 2004). Nas populações de Eugenia
dysenterica, estudadas por Campos Telles et al. (2003), foi verificado certo grau de
endogamia (f = 0,243 e F = 0,442). Em Cryptocarya moschata (Moraes et al., 1999), apesar
de haver deficiência de heterozigotos, a maioria dos locos dentro das populações está nas
proporções genotípicas esperadas no equilíbrio de Hardy-Weinberg (f = -0,0207 e F =
0,0963). Em Machaerium villosum foi observado excesso de heterozigotos no conjunto das
populações F = -0.121 (Brotel & Carvalho, 2004).
Observou-se maior quantidade de heterozigotos no loco EST-1 (0.8440) e menor no
loco MDH-1 (0.2259). Na maioria dos locos analisados nas populações de Cryptocarya
moschata e Cryptocarya aschersoniana foi verificado déficit de heterozigotos (de Moraes
et al., 1999, 2002). Em Eugenia dysenteryca houve deficiência de heterozigotos em todos
os locos analisados (Campos Telles et al., 2003). Em Caryocar brasiliense foi verificado
excesso de heterozigotos na maioria dos locos (de Melo Júnior et al., 2004).
A divergência populacional (F
ST
)
não foi igualmente observada entre os locos.
Maior diferença nas freqüências alélicas entre as populações foi devida ao loco EST-2 (F
ST
= 0,1850), enquanto o loco EST-1 não contribuiu na divergência populacional (F
ST
= 0).
Considerando-se as quatro populações F
ST
= 0,0578, este valor é maior do que o observado
em Caryocar brasiliense (F
ST
= θ
P
= 0,0200) e, menor do que em Eugenia dysenteryca (F
ST
= θ
P
= 0,1540), ambas espécies típicas do cerrado stricto sensu. Em jacarandá-paulista F
ST
= θ
P
foi
0.061, em Cryptocarya aschersoniana 0,1146 e, em Trema micrantha 0,039.
A estatística F mede a correlação entre os gametas se unindo. A endogamia e a
deriva genética são fenômenos que se sobrepõem, pois, a deriva resulta no aumento da
41
probabilidade de reunir genes oriundos de um ancestral devido à perda de variabilidade
genética. O coeficiente de endogamia é a probabilidade de um indivíduo ser autozigoto nos
alelos de determinado gene autossômico. A chance de que certo alelo sorteado” em certo
indivíduo seja idêntico por descendência a outro alelo “sorteado” em outro indivíduo é o
coeficiente de coancestria. O coeficiente de endogamia é igual ao coeficiente de coancestria
dos pais do indivíduo em questão (Hartl & Clarck, 1989).
O coeficiente de endogamia ou índice de fixação total do indivíduo (F
IT
) inclui
contribuições devidas ao acasalamento não aleatório dentro das subpopulações (F
IS
) e
devidas à própria subdivisão (F
ST
). O valor F
IT
quantifica a redução de heterozigosidade do
indivíduo em relação a população total, F
IT
é a correlação entre os gametas se unindo em
relação a gametas “sorteados” aleatoriamente a partir da população total. F
IS
mede a
redução de heterozigosidade do indivíduo em relação a subpopulação, F
IS
é a correlação
entre os gametas se unindo em relação a gametas “sorteados” aleatoriamente dentro da
subpopulação (ou a média das subpopulações). F
ST
é a correlação entre os gametas
“sorteados” aleatoriamente dentro das subpopulações em relação a gametas “sorteados”
aleatoriamente a partir da população total. F
ST
refere-se a outros efeitos que não endogamia
e indica se diferenças entre as frequências alélicas das subpopulações (Hartl & Clarck
1989).
42
Tabela 8: Estimativas de diversidade genética G
ST
(Nei, 1973, 1978) das amostras
populacionais de S. adstringens.
Populações
Loco
Alelo A1 Q BT NCA MP *H
T
EST 1.1 0.4537
0.4769 0.5 0.4833
0.4783
Esterase 1
EST 1.2 0.5463
0.5231 0.5 0.5167
0.5217
H
0.4957
0.4989 0.5 0.4994
0.4990
EST 2.1 0.4815
0.2963 0.2685
0.0 0.2627
EST 2.2 0.0833
0.1343 0.1296
0.0083
0.0960
Esterase 2
EST 2.3 0.4352
0.5694 0.6019
0.9917
0.6413
H
0.5718
0.5699 0.5489
0.165
0.5105
PGI 1.1 0.1481
0.1944 0.2222
0.0 0.1485
Fosfoglucoisomerase
PGI 1.2 0.8519
0.8056 0.7778
1.0 0.8515
H
0.2524
0.3133 0.3457
0.0
0.2529
MDH 2.1
0.8241
0.7870 0.8704
0.9167
0.8388
Malato Desidrogenase 2
MDH 2.2
0.1759
0.2130 0.1296
0.0833
0.1612
H
0.2900
0.3352 0.2257
0.1528
0.2704
PO 2.1 0.1389
0.0370 0.0 0.35 0.1177
PO 2.2 0.0926
0.3148 0.3241
0.0833
0.2228
Peroxidase 2
PO 2.3 0.7685
0.6481 0.6759
0.5667
0.6595
H
0.3815
0.4794 0.4381
0.5494
0.5016
* H
S
0.3983
0.4393 0.117 0.2436
** Hs 0.3833
D
ST
0.0236 G
ST
0.0579 ** H
T
0.4069
A1 = Área 1; Q = Queimada; BT = Baixa do Tatu; NCA = população perto da pedreira; MP
= média ponderada das frequências alélicas; H = freqüência esperada de heterozigotos;
*H
T
= heterozigosidade total esperada por loco para todas as populações; **H
T
=
heterozigosidade total esperada para todos os locos em todas as populações; *Hs =
heterozigosidade esperada para todos os locos em cada população, **Hs = heterozigosidade
média esperada nas populações; D
ST
= diferenciação entre populações; G
ST
= variabilidade
total devida às diferenças genéticas.
43
Conforme a medida de diferenciação genética G
ST
(Nei, 1973, 1978) a
heterozigosidade média esperada nas populações foi H
S
= 0.3833 e, a heterozigosidade
média esperada na população total H
T
= 0.4069 (Tabela 8). A variabilidade atribuída às
diferenças genéticas entre as populações (D
ST
) foi de 0.0236 e, a razão entre D
ST
e H
T
, a
qual expressa a proporção da variabilidade total explicada por diferenças genéticas entre as
subdivisões da população (G
ST
) foi 0.0579. Isso significa que, cerca de 94% da
variabilidade genética nesta amostra está contida dentro das subpopulações e cerca de 6%
são atribuídos às diferenças entre as subpopulações. Em jacarandá-paulista, foram
observados 6,1% de variabilidade genética entre as populações analisadas e 93,9% dentro
das populações. Em Caryocar brasiliense foram verificados 2% entre as populações e 98%
dentro de populações.
O valor G
ST
(0.0579) foi muito próximo ao valor F
ST
(0.0578), anteriormente
exposto na Tabela 7. De fato, G
ST
é numericamente equivalente a F
ST
mas, as duas medidas
diferem conceitualmente. F
ST
mede a fixação gênica, enquanto G
ST
é independente da
distribuição dos genótipos. G
ST
pode ser considerado estimativa de F
ST
quando se assume
estarem as subpopulações em equilíbrio de Hardy-Weinberg (F
IS
=0) (Robinson, 2006).
Segundo Hartl & Clarck (1989) no contexto de locos multialélicos F
ST
é denotado G
ST
.
Tabela 9: Estimativas de divergência genética (G
ST
e F
ST
) e estimativas indiretas de fluxo
gênico (Nm), para pares de amostras populacionais de S. adstringens.
Populações G
ST
Nm F
ST
(sc) F
ST
(cc) Nm
Área Um e Queimada
0.0141 17.48 0.0091 0.0060 41.42
Área Um e B. Tatu 0.0213 11.49 0.0118 0.0077 32.32
Área Um e NCA 0.0986 2.28 0.1114 0.1074 2.08
Queimada e B. Tatu 0.0021 118,79 0.0025 0.0006 416.42
Queimada e NCA 0.0639 3.66 0.0686 0.0656 3.56
B. Tatu e NCA 0.0721 3.22 0.0641 0.0601 3.91
(sc)
= sem correção para o tamanho da amostra; (cc) =
com correção para o tamanho da
amostra; Nm = número de migrantes.
44
A migração “age” de forma potente contra a divergência resultante da deriva
genética aleatória. Estimativas de Nm (número de migrantes) iguais ou maiores que 1,
indicam que o fluxo gênico entre populações é suficiente para impedir a divergência por
deriva genética aleatória nas mesmas (Slatkin, 1993). No presente estudo as estimativas de
fluxo gênico foram obtidas a partir dos valores G
ST
e
F
ST
(corrigido).
Os valores Nm obtidos a partir dos estimadores G
ST
e
F
ST
indicam que as populações
possuem grande potencial panmítico. Os valores Nm, extremamente altos, verificados entre
as populações Queimada e Baixa do Tatu possibilitam sugerir tratar-se de uma única
população. Observando a fórmula do modelo de deriva genética aleatória em equilíbrio
com a taxa de migração m, segundo o modelo Ilha de Wright F = 1/(4Nm + 1), verifica-se
que F diminui quando o número de migrantes (m) aumenta. De fato o decréscimo de F com
o aumento de Nm é extremamente rápido (Hartl & Clarck, 1989).
Tabela 10: Medidas de distância genética (D) de Nei (1972) obtidas a partir das amostras
populacionais de S. adstringens.
Populações Distância Genética
Área 1 e Queimada 0.0139
Área 1 e B. Tatu 0.0179
Área 1 e NCA 0.0640
Queimada e B. Tatu 0.0020
Queimada e NCA 0.0490
B. Tatu e NCA 0.0481
Nas estimativas de distância genética de Nei (1972), foram considerados locos
monomórficos conforme discutido por Dias (2006). O valor D, de Nei, é proporcional ao
tempo decorrido da divergência e à taxa de substituição gênica por locos e por geração,
assumindo taxa constante com o tempo. Maior distância genética foi verificada entre as
populações Área Um e NCA, D = 0.064, isso significa que cerca de 6.4 substituições
alélicas foram detectadas por eletroforese em cada 100 locos, desde o período em que as
populações divergiram a partir da população ancestral. Entre a Área Um e a Queimada
45
houve aproximadamente 1,4% de substituições alélicas, possivelmente, esta diverncia
teve início na época que a população foi dividida pelo asfaltamento da BR 251, cerca de 15
ou 20. Menor distância genética foi observada entre as populações Queimada e Baixa do
Tatu, não atingindo 1%, o que reafirma a unicidade destas populações (Tabela 10).
Figura 6: Divergência entre as amostras populacionais de S. adstringens segundo o método
de agrupamento hierárquico aglomerativo (UPGMA)
De acordo com os resultados obtidos por meio da técnica de agrupamento UPGMA,
estas populações podem ser divididas em dois grupos (Figura 6). O primeiro grupo formado
pelas populações Queimada, Baixa do Tatu e Área Um, o segundo pela NCA. Dentro do
primeiro grupo maior semelhança entre Queimada e Baixa do Tatu. A Área Um parece
ter posição intermediária, embora, mais próxima às Baixa do Tatu e Queimada do que
NCA. Apesar desta distinção aparente entre as populações, com base nos resultados da
análise heterozigosidade Weir (1996), não há divergência genética significativa entre
populações (Tabela 11).
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Queimada
B. Tatu
Área U
m
NCA
46
Tabela 11: Análise de variância das heterozigosidades observadas nas amostras
populacionais de S. adstringens.
FV GL SQ QM F Significância
Populações 3 55,8606
18,6202
1,5088
0,3881
Indiv./Pop. 428 131,4352
0,3071
2,3576
0,0
Locos 4 48,4815
12,1204
9,0234
0,0013
Locos x Pop
12 16,1186
1,3432
10,3120
0,0
Locos x I/P 1712 222,9999
0,1303
Total 2159 474.8958
47
2.5 CONCLUSÃO
1. De forma geral as freqüências alélicas foram similares entre populações, e a
maior parte da variação total verificada dentro delas. A baixa divergência genética entre as
populações pode ser explicada pelos altos níveis de fluxo gênico. Contudo, deve-se levar
em conta que a fragmentação da população total é, relativamente, recente. Talvez não tenha
decorrido o tempo necessário para que a divergência genética fosse verificada
estatisticamente.
2. As populações Área Um, Queimada e Baixa do tatu são mais semelhantes entre si
e divergentes da população NCA. Considerando-se apenas as populações de Grão Mogol, a
Queimada e a Baixa do Tatu são mais semelhantes, apesar de terem praticamente a mesma
distância da população Área Um. Aparentemente, a construção da BR 251 prejudicou o
fluxo dos pequenos polinizadores, geralmente abelhas, entre a Área Um e as populações
Queimada e Baixa do Tatu.
3. Nas análises por população, considerando-se todos os locos, foram verificados
índices de fixação negativos em todas elas, o que, é indicativo de ausência de endogamia e
alto potencial panmítico.
48
4. Nas análises por loco, considerando-se todas as populações, devido aos altos
índices de diversidade verificados pode-se sugerir que haja seleção a favor de genótipos
heterozigotos nos locos EST-1, EST-2 e PO-2. Porém, essa hipótese só pode ser confirmada
pela análise de progênies.
5. Foram observadas proporções genotípicas de equilíbrio no loco MDH em todas as
populações, exceto na população NCA.. Talvez, haja tendência de perda alélica que a
freqüência do alelo MDH-1 na população NCA foi muito baixa e, verificada alta deficiência
de genótipos heterozigotos.
6. Deve-se considerar que a população NCA teve mais alelos fixados e encontra-se
isolada de outras populações, portanto, mais propensa à endogamia. Conforme mencionado,
a endogamia reduz consideravelmente a produção de frutos nesta espécie.
7. As estimativas de Ne foram superiores ao número de indivíduos amostrados,
indicando adequada representatividade genética nas amostras obtidas.
8. Devido à alta variabilidade genética contida nas populações, aos altos índices de
fluxo nico e, tamanhos efetivos verificados, acredita-se que estratégias visando a
conservação da diversidade genética de S. adstringens implicam na manutenção de
populações com grande número de indivíduos.
49
3. CAPITULO 2
TEORES DE FENÓIS TOTAIS EM FOLHAS, CASCAS E FRUTOS DE TRES
POPULAÇÕES DE Stryphnodendron adstringens
3.1 INTRODUÇÃO
A utilização de plantas medicinais com finalidades medicamentosas é milenar e a
Organização Mundial da Saúde (WHO, 1998) estima que 65-80% da população dos países
em desenvolvimento dependem das plantas medicinas como única forma de acesso aos
cuidados da saúde.
Devido à atividade metabólica secundária, os vegetais superiores são capazes de
produzir substâncias com os mais diversos fins. Os compostos fenólicos estão entre as mais
difundidas classes de metabólitos secundários. Servem como pigmento das flores, agem na
proteção contra pragas e doenças, funcionam como moléculas sinais, atuam como
alelopáticos, são componentes estruturais e funcionais da matéria orgânica do solo
50
(Siqueira et al., 1991). O fenol é o membro mais simples desta classe de compostos e,
muitos dos seus derivados, tem atividades anti-sépticas, desinfetantes e anestésicas, sendo
encontrado em vários produtos comerciais como sabão, desodorante, desinfetante, solução
de gargarejo e cremes contra dores musculares (Barbosa, 1994). Os taninos são substâncias
fenólicas mais complexas, em geral polifenóis. São empregados na curtição de peles e de
couros. Possuem atividade anti-séptica, antimicrobiana, anti-hemorrágica, antidiarréica,
cicatrizante e antiinflamatória (Felfili e Borges Filho, 2004).
Várias espécies florestais brasileiras são produtoras de tanino. No gênero
Stryphnodendron, além de S. adstringens, destacam-se S. pulcherrimum, S. polyphyllum e
S. obovatum sendo consideradas medicinais/taníferas, com importância restrita ou local
(Rizzini & Mors, 1976; Pio Corrêa, 1926). No entanto, são exploradas comercialmente,
apenas o angico e o barbatimão (Teixeira et al., 1990). A intensificação da coleta da cascas
de S. adstringens está colocando a espécie sob ameaça (Felfili et al., 2004). Apenas com
estudos detalhados será possível a obtenções de matéria prima de forma a trazer renda sem
desequilíbrio dos ecossistemas.
Considerando a importância de S. adstringens como recurso terapêutico e
econômico, com o objetivo de fornecer subsídios destinados à coleta sustentável de matéria
prima, foram quantificados teores de fenóis totais nas cascas, folhas e frutos de três
populações de S. adstringens. Como a concentração dos metabólitos secundários depende
do controle genético e de estímulos proporcionados pelo meio, adicionalmente, amostras de
solo foram coletadas.
51
3.2 REVISÃO DE LITERATURA
Com importantes exceções a função da maioria dos compostos fenólicos nas
plantas, ainda, é obscura. A maior parte parece ser subproduto do metabolismo, porém este
ponto de vista reflete o pouco conhecimento da bioquímica ecológica (Salisbury & Ross,
1991, Siqueira et al., 1991).
A exata identidade dos princípios ativos de S. adstringens não é conhecida até o
momento (Rebecca, et al. 2003; Rebecca, et al. 2002). Entretanto, os taninos exercem
diversas atividades biológicas como anti-séptica, antimicrobiana, anti-hemorrágica,
antidiarréica, cicatrizante e antiinflamatória e, têm sido apontados, por diversos autores,
como responsáveis pelas propriedades medicinais de S. adstringens (Rebecca et al., 2003;
Rebecca et al., 2002; Santos et al., 2002; Alves et al., 2000).
Os taninos são polifenóis de alto peso molecular solúveis em água, classificados em
dois grupos hidrolisáveis e condensados. Os taninos hidrolisáveis são facilmente
hidrolisados por ácidos ou enzimas, liberando o açúcar e o ácido carboxílico fenólico
correspondente. Os taninos condensados são polifenóis com peso molecular variado,
consistindo de unidades flavonóidicas com vários graus de condensação (Felfili et al., 2004;
Mori et al., 1992).
52
Em 1926 Pio Corrêa relatou que a casca do barbatimão pode conter até 50% de
taninos mas, geralmente, este valor não excede 28% e, que a casca de indivíduos crescidos
em lugares altos e secos parece mais rica nestes metabólitos. Segundo Rizzini & Mors
(1976) e Panizza et al. (1988), a casca contém de 20 a 30% de matéria tanante. Teixeira et
al. (1990) coletaram cascas de S. adstringens em 10 locais de MG e verificaram que o
diâmetro das árvores não interfere na produção de taninos; o teor na casca variou de 10,5%
a 27,4% entre as localidades. Os locais de origem, foram responsáveis por 50% da variação
total. Ardisson et al. (2002), constataram 30,8% e 29,9% polifenóis totais e taninos em S.
adstringens, respectivamente.
O grau de polimerização dos taninos é importante fator de atividade biológica. A
afinidade de ligação por proteínas ricas em prolina, a atividade anti-radical e antiviral são
aumentadas pela polimerização. Santos et al. (2002), observaram alto grau de
polimerização nos taninos do nero Stryphnodendron e, que os mesmos são formados por
unidades de prodelfinidinas. Observaram, também, a liberação de ácido gálico após
hidrólise. Verificaram níveis mais altos de fenóis totais, de ácido gálico e precipitação de
proteínas no extrato das cascas de S. polyphyllum em relação ao das cascas de S.
adstringens, a despeito de ambos os estratos mostraram índices similares de taninos
condensados. O extrato das folhas de S. polyphyllum não diferiu do das folhas de S.
adstringens (Tabela 1).
Tabela 1: Concentração de fenóis totais e taninos em mg/g de matéria seca de espécies de
barbatimão.
Espécies
Amostra
vegetal
Fenóis totais
Taninos
condensados
Ácido
Gálico
Precipitação
de proteínas
S. adstringens
casca
folha
158,7
138,9
914,6
535,5
72,3
70,5
140.4
114,5
S. polyphyllum
casca
folha
254,3
133,5
901,5
612,7
117,6
79,6
224,6
137,5
Fonte: Santos et al., 2002.
53
3.3 MATERIAL E MÉTODOS
3.3.1 Coleta das amostras
Foram amostrados, aleatoriamente, 16 indivíduos nas três localidades do município
de Grão Mogol, Área Um, Queimada e Baixa do Tatu. De cada indivíduo foram coletados
frutos, cascas e folhas maduras. As amostras foram acondicionadas em sacos de papel e
posteriormente secas em estufa durante três dias. Em cada localidade foram, também,
tomadas amostras do solo a cerca de 20 cm de profundidade.
3.3.2 Preparo das amostras
Após a secagem, as amostras foram trituradas em moinho de grãos. Foram
preparados extratos com 400 mg do de cada parte vegetal e 4 mL de metanol 80%.
54
Estocou-se essa solução à temperatura ambiente por 24 horas, procedendo-se em seguida a
filtragem.
As análises de fenóis totais dos extratos filtrados foram realizadas pelo método
Folin-Ciocalteau (Folin & Ciocalteau, 1927). Sendo adicionado em cubeta 0,020 mL de
cada extrato e 1 mL do reagente Folin-Ciocalteau (solução aquosa 10%) e 0,8 mL de
solução de carbonato de sódio (7,5%). A solução foi agitada e ficou em repouso por 30
minutos, após esse período a absorbância foi lida a 760 nm. A curva-padrão foi feita com
ácido tânico nas concentrações de 0,02 mg/mL, 0,04 mg/mL, 0,06 mg/mL, 0,08 mg/mL,
0,1 mg/mL.
3.3.3 Análise dos teores de fenóis totais e amostras de solo
Na avaliação dos teores de fenóis totais entre tecidos vegetais e entre áreas, utilizou-
se o teste Tukey empregando-se o programa Genes (Cruz, 2006). A análise das amostras de
solo foi realizada pelo Laboratório de Análise de Solos do Núcleo de Ciências Agrárias da
Universidade Federal de Minas Gerais.
55
3.4 RESULTADOS
As quantidades médias de fenóis totais difeririam significativamente entre tecidos
(Tabela 2). Portanto, foi realizado o teste Tukey a 5% de probabilidade entre folhas, cascas
e frutos (Tabela 3). Nas cascas foram observados as maiores concentrações com valores
máximos de 28,65% (g/100g de matéria seca) e mínimos de 8,36%. Os frutos tiveram
concentrações intermediárias com máximos de 20,50% e mínimos de 8,04%. As folhas
tiveram as menores concentrações com máximos de 12,30% e mínimos de 6,41%.
Adicionalmente, foi realizado teste de média Tukey entre indivíduos dentro de tecidos, as
maiores diferenças entre as quantidades médias de fenóis totais foram observadas nas
cascas (Tabela 4).
Nas amostras de solos foram analisados os níveis de P, Ca e Mg e, considerados
entre baixos a muitos baixos. Observou-se alta saturação do solo com Al (m) atingindo
84% na Queimada e 69% na Baixa do Tatu. A CTC foi pequena na Área Um e, média na
Queimada e Baixa do Tatu. A saturação por bases (V) nos três ambientes foi muito pequena
e, o teor de matéria orgânica pequeno. A Área Um e Queimada tem solos com textura
média, na Baixa do Tatu o solo é argiloso (Tabela 5). Tais resultados significam que, de
forma geral, os solos dos três ambientes são pobres em nutrientes e ricos em alumínio.
56
Tabela 2: Quadro da análise de variância entre tecidos amostrados de S. adstringens.
FV GL S.Q. Q.M. F P
Indivíduos 15 2473,5417
164,9028
1,4960
0,1691
Tecidos 2 5298,1910
2649,0955
24,0331
0
Ind/Tec 30 3306,8141
110,2271
16,9338
0
Resíduo 48 312,4453
6,5093
TOTAL 95 11390,9921
MÉDIA 27,8727
CV 9,1535
Tabela 3: Médias de fenóis totais entre folhas, cascas e frutos de indivíduos de S.
adstringens.
Local Indivíduos *Folha *Fruto *Casca
1 7,81 c 11,27 b 16,69 a
2 12,30 c 15,46 b 20,35 a
3 10,11 b 20,09 a 18,78 a
Área Um
4 10,50 b 12,71 b 28,65 a
5 7,25 b 11,14 a 11,51 a
6 9,40 b 15,49 a 16,93 a
7 10,23 ab 8,04 b 13,14 a
8 12,27 b 20,50 a 20,70 a
9 9,59 b 9,89 b 16,50 a
10 7,40 c 12,69 b 24,89 a
11 9,98 a 9,39 a 8,36 a
Queimada
12 11,37 b 18,23 a 14,29 b
13 9,51 c 15,01 b 19,40 a
14 6,41 c 14,51 b 28,63 a
15 7,44 c 11,92 b 21,59 a
Baixa do
Tatu
16 10,17 c 13,59 b 16,80 a
*Concentração em g/100g de matéria seca.
57
Médias seguidas pelas mesmas letras minúsculas na horizontal não diferem estatisticamente
entre si a 5% de probabilidade pelo teste Tukey.
Tabela 4: Teste de médias de fenóis totais entre indivíduos dentro de tecidos de S.
adstringens.
Local Indivíduos *Folha *Fruto *Casca
1 7,81 ABC 11,27 DEF 16,69 DEF
2 12,30 A 15,46 CD 20,35 BCD
3 10,11 ABC 20,09 AB 18,78 CDE
Área Um
4 10,50 ABC 12,71 DE 28,65 A
5 7,25 ABC 11,14 DEF 11,51 GH
6 9,40 ABC 15,49 BCD 16,93 DEF
7 10,23 ABC 8,04 F 13,14 FG
8 12,27 A 20,50 A 20,70 BCD
9 9,59 ABC 9,89 EF 16,50 DEF
10 7,40 BC 12,69 DE 24,89 AB
11 9,98 ABC 9,39 EF 8,36 H
Queimada
12 11,37 AB 18,23 ABC 14,29 EFG
13 9,51 ABC 15,01 CD 19,40 CD
14 6,41 C 14,51 CD 28,63 A
15 7,44 BC 11,92 DEF 21,59 BC
Baixa do
Tatu
16 10,17 ABC 13,59 DE 16,80 DEF
MÁDIAS 9,35 14,27 18,58
*Concentração em g/100g de matéria seca.
Médias seguidas pelas mesmas letras maiúsculas na vertical não diferem estatisticamente
entre si a 5% de probabilidade pelo teste Tukey.
58
Tabela 5. Resultados das análises química e física (textura) das amostras de solo cerrado
stricto sensu.
Atributos do solo Área Um
Nível Qm Nível BT Nível
pH em água 4,6 Bx 4,8 Bx 4,9 Bx
P-Mehlich 1 (mg dm
-3
) 3,5 MBx 1,4 MBx 1,4 MBx
K (mg dm
-3
) 29 Bx 48 M 40 Bx
Ca (cmol
c
dm
-3
) 0,30 MBx 0,20 MBx 0,60 Bx
Mg (cmol
c
dm
-3
) 0,20 Bx 0,10 MBx 0,10 MBx
Al (cmol
c
dm
-3
) 2,20 MA 2,20 MA 1,80 A
H+AL (cmol
c
dm
-3
) 9,30 MA 7,70 A 7,6 A
SB (cmol
c
dm
-3
) 0,57 MBx 0,42 MBx 0,80 Bx
m (%) 79 MA 84 MA 69 A
CTC 9,87 B 8,12 M 8,42 M
V (%) 6 MBx 5 MBx 10 MBx
M.O. 5,38 B 6,22 B 4,79 B
Areia grossa (dag kg
-1
) 16 18 19
Areia fina (dag kg
-1
) 40 36 31
Silte (dag kg
-1
) 16 16 14
Argila (dag kg
-1
) 28 Tme 30 Tme 36 Arg
QM = Queimada; BT = Baixa do Tatu; MBx = muito baixo; Bx = baixo; B = bom; M =
médio, A = ato; MB = muito bom; MA = muito alto, Are = arenoso; Tme = textura média;
Arg = argiloso.
59
3.5 DISCUSSÃO
Os compostos fenólicos estão entre as classes mais difundidas de metabólitos
secundários sendo conhecidos pela grande importância no sistema solo-planta (Siqueira et
al., 1991). Gartlan et al. (1980), verificaram diferenças significativas no conteúdo de fenóis
em folhas de árvores crescendo em solo arenoso infértil, quando, comparado ao de solos
mais férteis. Em geral, solos de baixa fertilidade proporcionam maiores níveis de fenóis
totais e taninos em S. adstringens e S.polyphyllum (Jacobson et al., 2005).
No presente estudo, as propriedades físico-químicas dos solos analisados foram
muito semelhantes e, não houve diferença significativa dos teores de fenóis totais entre as
localidades. Isto pode divido ao fato dos solos dos três ambientes possuírem mesmas às
características, pobres, ácidos, altamente saturados com Al, argilosos ou textura média.
No estudo de Jacobnson et al. (2005), a porcentagem de taninos encontrados dentro
do grupo de fenóis totais de S. adstringens foi 76% na época seca e, 88% na época chuvosa.
No estudo de Ardisson et al. (2002), o teor de fenóis totais foi cerca de 30,8% e o de
taninos 29,9%. Sendo assim, grande parte dos compostos fenólicos encontrados em S.
adstringens corresponde a taninos. No presente estudo, os teores de fenóis totais nas cascas
variaram entre 28,65% e 8,36%, com o conteúdo médio de 18,58%, sendo portanto, menor
60
que o observado por Ardisson et al. (2002). Esta variação pode ser devida ao fato da
concentração de metabólitos secundários estar relacionada a fatores genéticos e estímulos
ambientais (Brow Júnior, 1988). A biossíntese de compostos fenólicos pode ser
influenciada por fatores climáticos, edáficos, nutrientes, exposições a microorganismos,
insetos, herbívoros, poluentes, entre outros (Martins, et al. 2003).
Os taninos não são definidos propriamente pela composição química, que é muito
variável, mas pelas propriedades dos compostos fenólicos, sendo a adstringência a
principal. Os flavonóides são derivados fenólicos mistos (originados do acetato e
chiquimato), a polimerização de flavan-diol produz taninos condensados (Costa, 1975). Os
taninos podem estar presentes em várias partes das plantas sendo encontrados em maiores
concentrações no cerne e nas cascas (Pizzi & Mittal, 1994). Nas cascas os taninos estão,
geralmente, nas células corticais (Brown, 1952) e tem forte atividade germicida (Farmer,
1967). Nas folhas os taninos encontram-se, principalmente, separados das proteínas e
enzimas do citoplasma, dentro de vacúolos. Quando os herbívoros se alimentam das folhas,
os tecidos são danificados e os taninos reagem com as proteínas tornando-as menos
acessíveis ao suco digestivo dos animas (Costa, 1975; Lewis et al., 1968), seu acúmulo nas
folhas e frutos torna-os não palatáveis (Brow júnior, 1988).
As ligninas, juntamente com os taninos, são os polímeros fenólicos mais abundantes
e amplamente distribuídos em plantas superiores (Lewis & Starkey, 1968). Os
fenilpropanóides (ArC
3
) são fenóis glicosilados sendo, os mais comuns metabólitos
derivados da via do ácido chiquímico e grande proporção destes compostos é incorporado
nas ligninas (Friedrich,1976). O acúmulo de fenóis na parede celular teria a finalidade de
fortalecimento da parede celular e funções adicionais na sobrevivência da célula submetida
a condições de estresse (Matern & Grimmig, 1994; Kurup et al., 1994). Como observado
no estudo, esperava-se que tecidos mais lignificados, como as cascas, possuíssem maior
quantidade de fenóis totais e os tecidos menos lignificados, como as folhas, menores
quantidades.
61
3.6 CONCLUSÃO
1. De forma geral, as cascas possuem maiores teores de fenóis totais, na obtenção de
matéria prima, são mais recomendadas as cascas. Porém, aparentemente, as quantidades
médias de fenóis totais entre indivíduos variam menos nas folhas e mais nas cascas.
2. Provavelmente, um dos fatos que contribuíram na não diferenciação da produção
fenóis totais entre localidades foi a semelhança nas propriedades físico química dos solos.
3. Se a utilização da casca implicar no corte e remoção das plantas deverá se ter
cautela quanto a preservação da espécie, tendo em vista a estrutura genética da população
evidenciada pela manutenção de alta heterozigosidade e sistema reprodutivo
preferencialmente de alogamia.
62
4 CONCLUSÕES GERAIS
1. Devido à alta variabilidade genética contida nas populações, aos altos índices de
fluxo nico e, tamanhos efetivos verificados, acredita-se que estratégias visando a
conservação da diversidade genética de S. adstringens implicam na manutenção de
populações com grande número de indivíduos.
2. Se a obtenção de matéria prima, implicar no corte e remoção das plantas deverá
se ter cautela quanto à preservação da espécie, tendo em vista a estrutura genética da
população evidenciada pela manutenção de alta heterozigosidade e sistema reprodutivo
preferencialmente de alogamia.
3. Apesar de não ter sido constatada divergência genética significativa entre
populações, deve-se levar em conta que a fragmentação da população total é, relativamente,
recente. Dentre as quatro populações, aparentemente, a população NCA encontra-se mais
venerável à endogamia, pois, tem mais alelos fixados e encontra-se isolada de outras
populações.
63
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