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DENARDI, J.D. ESTRUTURA E ONTOGÊNESE DE ÓRGÃOS REPRODUTIVOS DE
CONNARUS SUBEROSUS PLANCH. (CONNARACEAE) E OXALIS CYTISOIDES
ZUCC. (OXALIDACEAE). 2008. 155 P. TESE (DOUTORADO) – INSTITUTO DE
BIOCIÊNCIAS, UNESP – UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA, BOTUCATU.
RESUMO - Considerando que Connaraceae e Oxalidaceae constituem um clado de
Oxalidales bem representado na flora brasileira e pouco estudado relativamente à estrutura de
órgãos reprodutivos, este trabalho aborda a morfoanatomia e a ontogênese de flores, frutos e
sementes de Connarus suberosus (Connaraceae) e Oxalis cytisoides (Oxalidaceae), a fim de
avaliar a existência de padrões estruturais comuns a essas espécies. O processamento das
amostras para microscopia de luz e microscopia eletrônica de transmissão e de varredura
seguiu as técnicas usuais. Verificou-se que, estruturalmente, C. suberosus possui heterostilia
dimórfica, caracterizada pelas formas brevi- e longistila, as quais se mostraram
funcionalmente masculina e feminina, respectivamente. Alguns caracteres morfológicos
peculiares a cada forma floral, provavelmente estão associados à evolução da dioicia, como
dimensões de sépalas e pétalas e distribuição de tricomas glandulares. Nesta análise, provou-
se que esses caracteres, aliados às diferenças de tamanho dos verticilos de estames das formas
florais, foram utilizados equivocadamente na delimitação de C. suberosus var. fulvus e C.
suberosus var. suberosus, que correspondem às formas brevistila e longistila,
respectivamente. Independentemente da forma floral, houve variação no número de sépalas,
pétalas e estames e tendência à restrição do tecido nectarífero aos setores antepétalos do tubo
estaminal. A vascularização carpelar mostrou-se derivada em relação ao padrão descrito para
Connaraceae, devido à formação de um complexo ovular mediante união parcial de traços
ovulares àqueles derivados de feixes alas. O desenvolvimento do pericarpo e da semente, que
pode ocorrer apomiticamente, não é concomitante, visto que a diferenciação seminal inicia-se
após a expansão do pericarpo, quando este alcança comprimento e largura finais. Ao término
da diferenciação seminal, ocorre a maturação pericárpica, caracterizada pela expansão radial
das células do mesocarpo externo que, provavelmente, causa a deiscência do folículo. A
semente madura é arilada, hemítropa e vascularizada por um complexo rafeal e outro pré-
rafeal; o tégmen é parcialmente absorvido. Diferentemente de outras Connaraceae, a endotesta
e o exotégmen são multiplicativos; o mesotégmen mostra-se esclerificado. O endosperma, que
é núcleo-celular, persiste como estrato irregularmente multisseriado, adnato ao tegumento.
Como parte do indumento de C. suberosus, relatou-se a ocorrência de tricomas glandulares,
que consistem de pedúnculo multicelular, unisseriado, e de uma porção glandular multicelular
que, na fase secretora, apresenta acúmulo de compostos pécticos, amido e gotas lipídicas, as
quais ocupam grande parte do volume celular. No citoplasma das células secretoras,
predominam mitocôndrias, plastídios e dictiossomos. Na fase secretora, observa-se hidrólise
do amido presente nos plastídios, redução na densidade do estroma plastidial e fusão de
plastídios com vacúolos. A ocorrência desses tricomas glandulares nas superfícies expostas de
órgãos em desenvolvimento, associada à natureza química dos produtos de secreção e reserva,
sugere que estas estruturas possam atuar como corpos de alimentação. Oxalis cytisoides
apresenta tristilia e morfologia floral típica de Oxalidaceae, destacando-se que as pétalas
expandem-se apenas após a diferenciação dos demais verticilos, sendo livres na base e no
ápice, conatas em pequena extensão. O retarde no desenvolvimento da corola sugere que a
obdiplostemonia é primária. Anatomicamente, o que mais se destaca é similaridade entre o
mesofilo de sépalas e carpelos, ambos preenchidos, em grande parte, por volumosas células
aqüíferas. O pericarpo de O. cytisoides passa por pequenas alterações durante o
desenvolvimento, mantendo estrutura geral similar à parede ovariana, com exocarpo e