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1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA
MESTRADO ACADÊMICO EM ECONOMIA RURAL
ESTRUTURA E FORTALECIMENTO DO ARRANJO PRODUTIVO
LOCAL DO LEITE NOS MUNICÍPIOS DE MORADA NOVA E
IBICUITINGA – CEARÁ: UM ESTUDO DE CASO.
NAPIÊ GALVÊ ARAÚJO SILVA
Fortaleza
2008
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2
NAPIÊ GALVÊ ARAÚJO SILVA
ESTRUTURA E FORTALECIMENTO DO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL
DO LEITE NOS MUNICÍPIOS DE MORADA NOVA E IBICUITINGA –
CEARÁ: UM ESTUDO DE CASO.
Dissertação submetida à coordenação do Curso de
Pós-graduação em Economia Rural do
Departamento de Economia Agrícola, da
Universidade Federal do Ceará, como requisito
parcial para a obtenção do grau de mestre em
Economia Rural.
Orientadora: Prof(a). Phd. Maria Irles de Oliveira
Mayorga.
Fortaleza
2008
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3
S582e Silva, Napiê Galvê Araujo
Estrutura e fortalecimento do arranjo produtivo local do leite nos
Municípios de Morada Nova e Ibicuitinga – Ceará: Um Estudo de Caso
.
Fortaleza, 2008.
?fl. il. 21 cm.
Orientadora: Profª. Drª. Maria Irles de Oliveira Mayorga
Dissertação (Mestrado) em Economia Rural.
1.
Arranjo produtivo local. 2. Desenvolvimento local. 3. Pecuária
leiteira. I.Título.
CDD. 338.9
4
ESTRUTURA E FORTALECIMENTO DO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL
DO LEITE NOS MUNICÍPIOS DE MORADA NOVA E IBICUITINGA –
CEARÁ: UM ESTUDO DE CASO.
Dissertação submetida à coordenação do curso de Mestrado em Economia Rural,
da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do
título de mestre.
Aprovada em: 30/09/2008
BANCA EXAMINADORA:
_______________________________________________
Profª. Phd. Maria Irles de Oliveira Mayorga. (Orientador)
Universidade Federal do Ceará – UFC
________________________________________________
Prof. Dr. Rubem Dario Mayorga Mera
Universidade Federal do Ceará – UFC
_________________________________________________
Dr. Paulo Roberto Fontes Barquet
INCRA
5
“Sei que a minha contribuição é
como uma gota no oceano, mas sei
que sem ela o oceano será menor.”
Madre Tereza de Calcutá
6
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer primeiramente a Deus, pelo dom da vida e por me conceder
forças para continuar a caminhar mesmo quando tudo só parece ser escuridão.
À Universidade Federal do Ceará, que possibilitou minha formação acadêmica nesses
últimos seis anos, por meio do curso de graduação em ciências econômicas, pela
realização do curso de Mestrado em Economia Rural e pela oportunidade de exercer,
pela primeira vez, o magistério superior, em que tive a oportunidade de ser colega dos
meus professores e professor dos meus colegas.
À Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(Funcap), pelo apoio financeiro com bolsa de estudo, durante oito meses da minha
formação acadêmica.
A Prof(a). Phd Maria Irles de Oliveira Mayorga, pela orientação não só acadêmica, mas
principalmente, como orientadora na vida, sou eternamente grato. A senhora que pôde
acompanhar todas as minhas conquistas, e derrotas e quedas, e sempre esteve a levantar-
me e impulsionar-me dizendo: “Nunca contemple obstáculos, somente soluções”.
Ao Prof. Phd. Rubem Dario Mayorga, pela participação em minha banca examinadora
e, principalmente, pelos seus ensinamentos na disciplina Técnicas de Pesquisa, de
fundamental importância para a realização e o desenvolvimento desse trabalho.
À Profª. Drª, Tereza Cristina Lacerda Gomes, pelas contribuições ao meu trabalho de
conclusão de curso e pela participação na banca de examinação.
Ao Dr. Paulo Barquet, pelo companheirismo e amizade ao trabalharmos juntos como
professores no Departamento de Teoria Econômica da UFC, e por aceito compor a
minha banca de examinação.
Aos alunos do PET de Geografia que colaboram na realização da pesquisa de campo. A
Carol, Anderson, Falcon, e Jander, meu muito obrigado, pela contribuição de todos
vocês.
À minha família e aos amigos, principalmente Raquel, Izabel, Nidiane, Paulo, que
estiveram sempre ao meu lado.
À Profª. Drª. Andréa Narciso, pelas palavras de incentivo e encorajamento, meu muito
obrigado.
7
RESUMO
O presente trabalho propõe-se analisar a política de Estruturação e Fortalecimento do
APL de leite dos municípios de Morada Nova e Ibicuitinga situados na região do Baixo
Jaguaribe no Estado do Ceará. Esses municípios que se encontram localizados na
segunda maior bacia leiteira do Estado, mas que até então nunca tiveram uma política
pública orientada ao condicionamento e comercialização do seu principal produto
(leite). Dessa forma, procurou-se estudar cada um dos aspectos estruturantes para o
fortalecimento do respectivo arranjo como: territorialidade, inovação, aprendizado,
capital social e governança. Dentre os municípios contemplados pelos tanques de
resfriamento na região do Baixo Jaguaribe, escolhemos Morada Nova e Ibicuitinga para
o nosso estudo de caso, em razão de ambos serem os municípios de maior e menor
produtividade, respectivamente, dentre os contemplados. Além das peculiaridades
estruturantes como renda, sistema de produção e outros, que diferem os produtores de
cada município. Os primeiros em sua grande maioria são fazendeiros e os últimos são
assentados. Os dados utilizados neste trabalho são de origem primária obtidos por meio
do questionário adaptado da REDESIST, aos condicionantes da atividade da pecuária
leiteira, na qual foram aplicados ao todo 29 questionários, sendo 17 em Morada Nova e
12 em Ibicuitinga nas respectivas unidades de produção leiteira. O que se pôde observar
em nosso estudo foi que os fatores estruturantes acima mencionados ao APL são bem
mais presentes na atividade diária das unidades de produção de Morada Nova do que o
observado entre as unidades produtivas de Ibicuitinga, o que resulta como um dos
fatores da disparidade da produtividade média diária dos dois municípios pesquisados.
Palavras-Chaves: Arranjo produtivo local, Desenvolvimento local e Pecuária leiteira.
8
ABSTRACT
This study aims to examine the policy of Structure and Strengthening of APL to milk
the municipalities of New Address and Ibicuitinga in the region of the Lower Jaguaribe
in the state of Ceara. Municipalities that are located within the second largest dairy
basin of the state, but so far never had a public policy geared to conditioning and
marketing of its main product (milk). Thus it was studying each of the structural aspects
to the strengthening of its arrangement as territoriality, innovation, learning, social
capital and governance. Among the towns covered by a cooling tanks in the region of
the Lower Jaguaribe, chose the municipalities and Ibicuitinga New Address for our case
study, on grounds of the municipalities are both higher and lower productivity
respectively, among those contemplated. In addition to the structural peculiarities as
income, production system and others who are different producers for each
municipality, with the first of mostly ranchers and recent settlers. The data used in this
work are the primary source of the questionnaire obtained by means of REDESIST
adapted to the conditions of activity of dairy husbandry. In which they were applied to
all 29 questionnaires, and 17 in New Address and 12 in Ibicuitinga in their respective
units of milk production. What has been observed in our study was that the structural
factors to abovementioned APL are much more present in daily activity of the
production units of New Address, than that seen between the production units of
Ibicuitinga, which as a result of factors of disparity in productivity daily average of the
two counties searched.
Key words: Local Productive Arrangement, Livestock Development and local dairy.
9
LISTA DE FIGURAS
FIGURA Pág.
1 Etapa de construção da endogenia........................................................... 23
2 Vantagens da organização e aprendizado em APLs............................... 39
3 Tanque de resfriamento mexendo o leite. Fotógrafo.............................. 130
4 Vacas se alimentando no cocho................................................................. 131
5 Vacas se alimentando no pastejo rotacionado......................................... 131
6 Recebimento do leite.................................................................................. 132
7
Presidente da associação da comunidade de Felipa ao lado do tanque
de resfriamento...........................................................................................
132
8 Aparelho de aferição da qualidade do leite.............................................. 133
9 Ordenhadeiras Mecânicas......................................................................... 133
10 Curral com bezerros.................................................................................. 134
11 Prédio da associação e abrigo do tanque de resfriamento...................... 135
12 Presidente da associação de Casa Nova sendo entrevistado................... 135
13
Abrigo do Tanque de resfriamento do assentamento de Barbada II
em Ibicuitinga.............................................................................................
136
14
Fundo do Abrigo do tanque de resfriamento do assentamento de
Barbada II em Ibicuitinga.........................................................................
136
15 Família de uma beneficiária do tanque.................................................... 137
16 Vila do assentamento Barbada II............................................................. 137
10
LISTA DE TABELAS
TABELA Pág.
1 Arranjos produtivos locais Identificados – Ceará...................................... 30
2 Identificação das empresas........................................................................... 68
3 Perfil do sócio fundador (idade)................................................................... 69
4 Perfil do sócio fundador (sexo)..................................................................... 69
5 Perfil do sócio fundador................................................................................ 70
6 Quais os principais instrumentos que mantêm a capacidade
competitiva do produto................................................................................. 71
7 Produção média diária.................................................................................. 72
8 Sistema de posse da terra.............................................................................. 73
9 Residência dos produtores de leite da região.............................................. 73
10 Sistema de administração adotada pelos produtores................................. 74
11 Classificação da mão-de-obra na região...................................................... 74
12 Vantagens que a empresa tem por estar localizada no arranjo................ 76
13 Transações comerciais que a empresa realiza localmente......................... 77
14 Introdução de inovações............................................................................... 78
15 Impacto resultante da introdução de inovações......................................... 79
16 Tipo de atividade inovativa.......................................................................... 80
17 Nível de adoção de tecnologias..................................................................... 81
18 Tipo de fertilizante e pratica de adubação da capineira adotada pelos
produtos da região......................................................................................... 81
19 Predominância racial do rebanho leiteiro................................................... 82
20 Sistema de alimentação do rebanho leiteiro............................................... 82
21 Tipo de ordenha adotado.............................................................................. 83
22 Número de ordenhas adotadas pelos produtores....................................... 83
23 Tipo de resfriamento adotado...................................................................... 84
24 Uso de inseminação artificial pelos produtores.......................................... 84
25 Vacinações e aspectos sanitários adotados.................................................. 85
26 Fonte de informações para o aprendizado.................................................. 86
27 Principais fontes de acesso à informação.................................................... 88
28 Acesso à assistência técnica.......................................................................... 88
11
LISTA DE TABELAS
29 Utilização dos serviços prestados pela associação ou cooperativa............ 90
30 Envolvimento em atividades cooperativas.................................................. 91
31 Quais os agentes que desempenharam papel importante como
parceiros durante os últimos anos............................................................... 92
32 Formas de Cooperação realizadas durante os últimos anos..................... 93
33 Avaliação dos resultados das ações conjuntas............................................ 93
34 Como melhoram as capacitações da empresa............................................. 94
35 A empresa atua como subcontratada.......................................................... 95
36 Tipo de serviço ou atividade que a empresa realiza................................... 95
37 Como avalia a contribuição de sindicatos, associações, cooperativas e
locais...............................................................................................................
96
38 Participa ou tem conhecimento sobre algum tipo de programa do
governo........................................................................................................... 97
39 Quais as políticas públicas que poderiam contribuir para o aumento da
eficiência competitiva das empresas............................................................ 98
40 Principais obstáculos que limitam o acesso da empresa às fontes
externas de financiamento............................................................................ 99
41 Composição média do rebanho leiteiro da região...................................... 100
42 Sistema de Identificação dos animais adotados na região de Baixo e
Médio Jaguaribe............................................................................................ 100
43 Sistema de ordenha adotado na região........................................................ 101
44 Produção de derivados lácteos..................................................................... 101
45 Fatores limitantes para o desenvolvimento da pecuária leiteira............... 102
12
LISTA DE QUADROS
QUADRO Pág.
1 Aspectos comuns das abordagens de aglomerados locais......... 25
2 Principais ênfases das abordagens usuais de aglomerados
locais..............................................................................................
27
3 Variedade das dimensões de um território................................ 30
4 Tecnologia – Dimensões e Disponibilidade................................ 36
5 Melhoria de processo e inovação de processo............................ 67
6 Atritos e soluções na transferência de conhecimento................ 41
7 Tipologia de cadeias ou sistemas de produção segundo
Storper e Harrison.......................................................................
47
8 Alinhamento dos contratos.......................................................... 49
9 Sistemas de produção................................................................... 52
10 Apresentação dos objetivos, variáveis e indicadores
utilizados.......................................................................................
62
13
LISTA DE SIGLAS
APLs Arranjos produtivos locais
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CENTEC Centro de Tecnologia
COOPERNOVA Cooperativa de Morada Nova
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EMARTECE Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
IPECE Instituto de Pesquisas Econômicas do Ceará
MPME Micros, Pequenas e Médias Empresas
P & D Pesquisa e Desenvolvimento
SEBRAE Sistema Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas.
SENAR Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
SDLR Secretária de Desenvolvimento Local e Regional
SPILs Sistemas Produtivos e Inovativos Locais
PET Programa de educação tutorial.
14
LISTA DOS MAPAS
MAPAS Pág.
1 Mapa do Ceará............................................................................. 58
2 Mapa do Município de Ibicuitinga............................................. 59
3 Mapa do Município de Morada Nova........................................ 60
15
SUMÁRIO
Item Pág.
CAPÍTULO I....................................................................................................... 17
1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 17
1.1 Hipóteses.............................................................................................................. 19
1.1.1 Hipótese Geral..................................................................................................... 19
1.1.2 Hipóteses Específicas........................................................................................... 19
1.2 Objetivos.............................................................................................................. 20
1.2.1 Objetivo Geral..................................................................................................... 20
1.2.2 Objetivos Específicos........................................................................................... 20
CAPÍTULO II...................................................................................................... 21
2 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................. 21
2.1 Arranjos Produtivos Locais – APLs.................................................................. 21
2.1.1 Territorialidade.................................................................................................. 29
2.1.2 Inovação............................................................................................................... 33
2.1.3 Aprendizado......................................................................................................... 37
2.1.4 Capital Social....................................................................................................... 42
2.1.5 Governança.......................................................................................................... 45
2.2 Especificidades da Pecuária leiteira ................................................................. 50
2.2.1 Transformações da Bovinocultura Leiteira...................................................... 50
2.2.2 Sistemas de Produção Existentes....................................................................... 51
CAPÍTULO III ................................................................................................... 56
3 MATERIAL E MÉTODO................................................................................. 56
3.1 Área Geográfica de Estudo................................................................................. 56
3.2 Área Cientifica de Estudo................................................................................... 61
3.2.1 Método de Análise............................................................................................... 61
3.2.2 Variáveis Estudadas............................................................................................ 62
3.2.3 Técnicas de Pesquisas.......................................................................................... 64
3.2.3.1 Pesquisa Bibliográfica......................................................................................... 64
3.2.3.2 Pesquisa Documental ......................................................................................... 64
3.2.3.3 Estudo de Caso.................................................................................................... 65
3.2.3.4 Instrumento de Coleta........................................................................................ 66
16
3.2.4 Fonte dos Dados................................................................................................... 66
CAPÍTULO IV.................................................................................................... 68
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES..................................................................... 68
4.1 Identificação dos Empreendimentos................................................................. 68
4.2 Territorialidade................................................................................................... 75
4.3 Inovações.............................................................................................................. 77
4.4 Aprendizado......................................................................................................... 85
4.5 Capital Social....................................................................................................... 91
4.6 Governança.......................................................................................................... 95
4.7 Políticas Públicas................................................................................................. 97
4.8 Especificidades do Setor Pecuário..................................................................... 99
CAPÍTULO V...................................................................................................... 104
5 CONCLUSÕES................................................................................................... 104
REFERÊNCIAS.................................................................................................. 107
ANEXOS ............................................................................................................. 113
ANEXO I.............................................................................................................. 114
ANEXO II............................................................................................................ 130
ANEXO III........................................................................................................... 135
ANEXO IV........................................................................................................... 136
17
CAPÍTULO I
1 INTRODUÇÃO
Os arranjos produtivos locais (APLs) surgem atualmente como um instrumental
de políticas públicas para o desenvolvimento local, principalmente das regiões menos
dinâmicas econômica e socialmente, evidenciando, assim, o surgimento de modelos
produtivos tendo como origem a própria comunidade na convicção de que seus
interesses pessoais serão realizados à medida que consigam trabalhar estimuladamente
com outros produtores da localidade.
Dessa forma, as políticas públicas desenhadas a partir dos APLs se propõem a
formar uma rede de articulação entre todos os setores produtivos e não produtivos
como, por exemplo, a sociedade civil organizada, as associações de produtores, as
instituições públicas de ensino, pesquisa, administrativa ou de fomento.
Com base nesta concepção, os arranjos produtivos locais tem sido alvo de
interesse de estudo nas cinco regiões do território nacional. Para Amaral (2002) vários
Estados e municípios da federação, já adotaram de alguma forma, mecanismos de
fomento aos arranjos produtivos constituídos por micros e pequenas empresas seja no
setor primário ou secundário da economia. Para o referido autor o governo federal já
vem implementando ações desse caráter, por meio de dos programas: “Arranjos
produtivos Locais” e “Território da Cidadania”.
Dessa forma, o desenvolvimento regional pode ser engrenado por seus próprios
atores locais, na maioria das vezes herdada das gerações passadas, necessitando,
portanto, apenas de incentivos potencializadores como acesso ao crédito, consultorias
tecnológicas, técnicas de vendas, marketing e outros. Assim, temos o engajamento dos
atores que perfazem o tecido produtivo e social dessas localidades ou regiões que
possuem, em suas comunidades, atividades econômicas que perfaçam a realidade sócio-
produtiva da população local repassada de geração a geração.
Configura-se, dessa forma, como uma identidade regional, na qual o produto
leva a marca da sua cidade ou vice-versa. Temos como exemplos mais notórios, no
18
Estado do Ceará, as redes da cidade de Jaguaruana, os queijos, os artesanatos de palha
de Massapé e Moraújo e a cachaça da Ibiapaba, dentre outros.
É nesse contexto que o presente trabalho se propõe estudar a estruturação e o
fortalecimento do arranjo produtivo de leite dos municípios de Morada Nova e
Ibicuitinga, localizados na região do Baixo Jaguaribe no Estado do Ceará. Dessa forma
pretende-se analisar os impactos do programa dos tanques de resfriamento sobre as
distintas realidades de produtores ou pecuaristas de regimes de produção familiar e
subsistência (pecuarista de assentamento de Ibicuitinga) e dos médios e grandes
produtores de leite de Morada Nova.
O interesse desta análise refere-se à baixa relevância dada aos aglomerados
produtivos locais de natureza pecuária, formados por pequenos produtores rurais, cujo
são formados por unidades familiares, em que a produção é voltada principalmente para
o mercado local. Essa caracterização possui bastante importância significativa social
econômica para a região Nordeste.
A experiência empírica, em termos de arranjos produtivos locais, mostra que os
fatores condicionantes contribuem para o fortalecimento dos arranjos produtivos locais
na atividade agropecuária nos aspectos: territorialidade, inovação, aprendizado, capital
social e governança. É a partir de cada um desses elementos que se espera estudar a
estruturação e a participação de seus elementos no arranjo produtivo do leite dos
municípios de Morada Nova e Ibicuitinga. O presente trabalho dedica sua atenção a esse
tema.
O estudo está organizado da seguinte forma: O capítulo 1 trata da introdução, da
hipótese e dos objetivos que norteiam toda a trajetória da pesquisa.
No segundo capítulo, aborda-se o referencial teórico, ou seja, os aspectos
peculiares dos arranjos produtivos, ressaltando o diálogo dos atores com relação a cada
um dos fatores condicionantes para o fortalecimento do APL estudado como:
territorialidade, inovação, aprendizado, capital social e governança, terminando com
uma descrição das especificidades do setor pecuário e uma classificação dos sistemas
produtivos existentes.
19
O terceiro capítulo aborda os aspectos relacionados aos métodos de pesquisa
utilizados para o tratamento dos dados coletados junto aos produtores em suas
respectivas unidades de produção.
O quarto capítulo tratar dos resultados e discussão referentes aos aspectos
condicionantes no intuito de averiguar os objetivos pretendidos. No Quinto e último
Capítulo se discorrerão sobre as conclusões e sugestões referentes à pesquisa.
1.1 Hipóteses
1.1.1 Hipótese Geral
Acredita-se que os fatores condicionantes que influenciam a estruturação e o
fortalecimento do arranjo produtivo de leite na região do Baixo e Médio
Jaguaribe estão diretamente relacionados a aspectos como: aprendizado,
inovação, governança, e participação entre os atores envolvidos pela dimensão
territorial.
1.1.2 Hipóteses Específicas
Acredita-se que, com a implantação dos tanques de resfriamento (inovação), as
condições de produção e comercialização (governança) dos pequenos produtores
de leite dos municípios de Morada Nova e Ibicuitinga (territorialidade) se
encontram em melhores condições do que anteriormente ao programa
(aprendizado).
Supõe-se que aspectos como aprendizado, inovação, governança e
territorialidade, por serem mais articulados (capital social) entre os produtores
de Morada Nova, justificam uma das razões para a maior produtividade leiteira
deste município se comparado a Ibicuitinga.
20
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo Geral
Analisar os fatores condicionantes que influenciam a estruturação e o
fortalecimento do arranjo produtivo de leite nos municípios de Morada Nova e
Ibicuitinga.
1.2.2 Objetivos Específicos
Mostrar as especificações dos empreendimentos inseridos no arranjo de Morada
Nova e Ibicuitinga.
Identificar as inovações tecnológicas sejam elas de processo ou de produtos
introduzidas no arranjo em razão da formação de competências da
competitividade, sustentabilidade e na melhoria da eficiência organizacional e
produtiva.
Verificar a origem, configuração e desenho das estruturas de governança do
arranjo produtivo e a sua influência sobre os demais elos da cadeia produtiva.
Descrever as principais vantagens locacionais peculiares a cada município
advindas da proximidade geográfica entre os produtores (territorialidade).
Comparar as principais formas de cooperação e ações conjuntas existentes entre
os produtores pesquisados nas referidas cidades analisadas (capital social).
Descrever os principais tipos de aprendizado identificados e suas respectivas
diferenças entre dois municípios analisados.
Determinar a estratégia de mercado existente no arranjo produtivo de leite nos
municípios de Morada Nova e Ibicuitinga.
21
CAPÍTULO II
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Arranjos Produtivos Locais – APLs
Nos últimos anos, vimos formar-se um impressionante consenso sobre a
pertinência de transformar os Arranjos Produtivos Locais
1
em objeto prioritário das
políticas de desenvolvimento local e regional, conforme afirma Alencar e Odete (2006).
O enfoque de cunho setorial espacial privilegia as cadeias e os arranjos produtivos
competitivos do ponto de vista do mercado externo e interno, e esta tem sido uma
proposta de grande apelo dos formuladores de políticas públicas.
Segundo a REDESIST (2002)
2
, os arranjos produtivos são definidos como
aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais com foco em um
conjunto específico de atividades econômicas que apresentam vínculos mesmo que
incipientes.
Para Cassiolato e Lastres (2003), o foco em arranjos produtivos locais (APLs)
não deve ser visto por si só como uma prioridade de política, mas sim como um formato
que potencializa as ações de promoção por focalizar agentes coletivos, seus ambientes,
suas especificidades e requerimentos. Assim, percebe-se a importância de identificar e
desenhar políticas que levem em conta as especificidades e requisitos dos diferentes
ambientes e atores locais.
Essa idéia sobre a importância do aglomerado de empresas na competitividade
tem baseado, de acordo com Amaral (2003), uma das principais estratégias de políticas
públicas para a geração de ocupação, emprego e renda, resultando, portanto, em um
maior dinamismo da economia ou do respectivo desenvolvimento local. Já na versão
1
Arranjos Produtivos Locais: encontram-se geralmente associados a trajetórias históricas de construção
de identidades e de formação de vínculos territoriais (regionais e locais), a partir de uma base social,
cultural, política e econômica comum.
2
A REDESIST é uma rede de pesquisa interdisciplinar, sediada no Instituto de Economia da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, que estuda aglomerados produtivos e conta com a participação
de várias universidades e institutos de pesquisas no Brasil, além de manter parcerias com outras
organizações internacionais.
22
preliminar
3
do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), os
APLs que não são suficientemente grandes podem encontrar dificuldades em se
desenvolverem de forma competitiva e consistente no longo prazo porque a competição
pode ser muito acirrada nos setores onde atuam. Dessa forma, essa dificuldade pode-se
minimizar por apoio governamental e cooperação entre as firmas.
Para Amaral (2003), o modelo de desenvolvimento deve ser realizado de baixo
para cima, ou seja, partindo-se das potencialidades socioeconômicas originais do local,
no lugar de um modelo de planejamento e intervenção conduzidos pelo Estado. Assim
os APLs se caracterizam como uma das políticas de desenvolvimento endógeno
4
, ou
seja, de dentro para fora, e não de fora para dentro, como foi desenhada a política
industrial
5
brasileira durante várias décadas.
Dessa forma, os projetos de desenvolvimento de arranjos produtivos constituem
uma experiência de endogenia
6
, pois um projeto de APLs parte de uma realidade criada
previamente pela capacidade produtiva de uma dada comunidade. Assim, conforme o
SEBRAE (2005), o sucesso depende da habilidade dessa comunidade para avançar e
transformar as condições gerais de desempenho econômico, empresarial e técnico do
território onde ela se localiza, ou seja, de sua força interna.
3
Versão Preliminar sobre estudos de Arranjos Produtivos Locais e Desenvolvimento, produzido e
elaborado pelo corpo técnico do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES.
4
O desenvolvimento endógeno, do ponto de vista espacial ou regional, pode ser entendido como um
processo interno de ampliação contínua da capacidade de absorção da região, cujo desdobramento é a
retenção do excedente econômico gerado na economia local e/ou a atração de excedentes provenientes de
outras regiões. Esse processo tem como resultado a ampliação do emprego, do produto e da renda do
local ou da região em um modelo de desenvolvimento regional definido. (AMARAL, 1996).
5
Política Industrial compreende um conjunto coordenado de estratégias de ação, públicas e privadas,
tendo geralmente como objetivo central promover o desenvolvimento do setor industrial. Apesar de
normalmente associada ao segmento manufatureiro, a política industrial refere-se a estímulos ao
desenvolvimento do setor produtivo como um todo. Mais recentemente, as novas políticas industriais têm
se centrado não mais na firma ou no setor isoladamente, mas em blocos agregados de atores em sistemas
produtivos, muitas vezes enfatizando a sua dimensão espacial, (REDESIST). A política industrial
brasileira que prevaleceu durante todo o século xx foi a política de substituição de importação, em que a
indústria nacional era convocada a produzir bens que até então não eram produzidos em território
nacional. Também muito característico dessa política era a formulação e implementação de políticas
públicas oriundas de gabinetes a partir de alusões das necessidades territoriais e locais.
6
É um componente de formação da capacidade de organização social da região. Nasce como uma reação
aos modelos de desenvolvimento regional que colocam ênfase maior na atração e na negociação de
recursos externos como condição suficiente para a promoção do crescimento econômico e de áreas
específicas. (AMARAL 1999).
23
FIGURA 1 – Etapa de Construção da Endogenia
Fonte: SEBRAE (2005).
Por essa razão, um processo de desenvolvimento endógeno é, necessariamente,
concebido e implementado em uma comunidade a partir de sua capacidade para a
mobilização de recursos humanos, materiais e institucionais, em determinada localidade
ou região. Como afirma Amaral (2002), as redes e os agrupamentos localizados com
produção especializada são, antes de tudo, manifestações espontâneas, auto-
organizadas, surgidas em torno de um ponto onde se forma um núcleo produtivo.
Nesse sentido, a endogenia é uma temática que envolve a participação coletiva
dos principais atores geradores do dinamismo econômico, social e político da região, e a
construção coletiva de uma lucidez que lhes permita compreender três aspectos,
conforme o SEBRAE (2005): compreender o seu posicionamento competitivo;
Inconformismo
Diagnose
Plano
de
Mudanças
Implementação
Agenda
de
Mudanças
Potencialidades
não
Mobilizadas
Informações
Técnicas
Instrumentos
Disponíveis
Consistência
Técnica
Equipe de Gestão
do Projeto APL
Conselho Consultivo
ou
Fórum Distrital
Negociação
e
Contratualização
Consultas
ás
Lideranças
Fórum
de
Debates
Problemas
Socioeconômicos
24
visualizar o alcance real de suas possibilidade; e traçar uma estratégia para alcançar a
situação idealizada.
A especialização regional verificada na grande maioria dos territórios
mapeados
7
foi consolidada antes de ter-se tornado objeto de atenção por parte dos
atores públicos. Dessa forma, como afirma o SEBRAE (2005), os APLs, em geral,
nasceram à margem do Estado e o grande benefício que receberam foi, provavelmente,
o esquecimento por parte das estruturas de fiscalização tributária e trabalhista. Essas
duas últimas características são bem peculiares dos arranjos produtivos,
preferencialmente daqueles que compreendem o setor primário da economia, ou seja, a
agropecuária.
Para Amaral (1999), a estratégia coletiva de organização da produção reflete as
decisões coordenadas, entre os produtores, sobre quem vai produzir, o que produzir e
como produzir. Essa nova organização da produção surge a partir do processo de
desintegração vertical
8
e do processo de integração horizontal. Por sua vez, esse tem
sido observado por intermédio da formação de grupos de pequenas, médias e
microempresas que passam a produzir de maneira especializada, formando, assim,
clusters
9
ou distritos industriais
10
.
7
O mapeamento dos APLs, com base nas metodologias do quociente locacional e do Gini locacional,
resultou na identificação de 193 APLs em 152 microrregiões. Identificaram-se 77 mil estabelecimentos,
680 mil empregados, pertencentes aos setores desses arranjos ao final de 2001. (SEBRAE, 2005).
8
Desintegração vertical: Processo que vem sendo desenvolvido a partir da necessidade de as grandes
empresas procurarem se livrar dos custos de produção e de gestão – ou de burocratização – e, ao mesmo
tempo, de suas competências não essenciais. Essas empresas têm recorrido à terceirização de
determinadas funções, hoje desempenhadas por pequenas empresas que, muitas vezes, são formadas por
ex-membros de seus quadros. (AMARAL, 2000)
9
Cluster: terminologia que se associa à tradição anglo-americana e, genericamente, refere-se a
aglomerados de empresas, desenvolvendo atividades similares. Ao longo de seu desenvolvimento, o
conceito ganhou nuances de interpretação. No âmbito da teoria neoclássica, a nova geografia econômica
utiliza o termo como simples aglomeração de empresas. (REDESIST, 2002).
10
Distritos Industriais: Conceito introduzido por Alfred Marshall em fins do século XIX. Deriva de um
padrão de organização comum a Inglaterra do período, onde pequenas firmas especializadas na
manufatura de produtos específicos aglomeravam-se em centros produtores. As características básicas dos
modelos clássicos de distritos industriais indicam, em vários casos: alto grau de especialização e forte
divisão de trabalho; acesso à mão-de-obra qualificada; existência de informações entre os atores.
Argumenta-se, nesse sentido, que a organização do distrito industrial permite às empresas -
particularmente às pequenas – obterem ganhos de escala, reduzindo custos bem como gerando economias
externas significativas. (REDESIST, 2002).
25
Ainda dentro desse enfoque da desintegração vertical, pode se verificar como
uma das conseqüências o aparecimento da acumulação flexível
11
, conforme Harvey
(2007) o mercado de trabalho passou por uma forte reestruturação diante da forte
volatilidade do mercado, do aumento da competição e do estreitamento das margens de
lucro, em que os patrões tiraram proveito do enfraquecimento do poder sindical e da
grande quantidade de mão-de-obra excedente para impor regimes e contratos de
trabalho mais flexível, o que acabou resultando no surgimento de inúmeras cooperativas
de trabalho como instrumento de manutenção dos mesmos postos.
QUADRO 1 – Aspectos comuns das abordagens de aglomerados locais
Localização Proximidade ou concentração geográfica
Atores Grupos de pequenas empresas
Pequenas empresas nucleadas por grande empresa
Associações, instituições de suporte, serviços, ensino e pesquisa,
fomento financeiras, etc.
Características Intensa divisão de trabalho entre as firmas
Flexibilidade de produção e de organização
Especialização
Mão-de-obra qualificada
Competição entre firmas baseadas em inovação
Estreita colaboração entre firmas e demais agente
Fluxo intenso de informações
Relações de confiança entre os agentes
Complemetariedades e sinergias
Fonte: Lemos, C. (1997).
Assim, os arranjos produtivos surgem em reposta ao modelo fordista
12
de
produção na economia brasileira, em meio à crise fiscal e suas conseqüências óbvias
11
A acumulação flexível se apóia na flexibilidade dos processos de trabalho, dos mercados de trabalho,
dos produtos e padrões de consumo, ou seja, é caracterizada por um confronto direto com a rigidez do
modo de produção fordista. HARVEY (2007).
12
Fordista: Modelo que reconhece uma produção de massa, que representa um consumo de massa, um
novo sistema de reprodução da força de trabalho, uma nova política de controle e gerência do trabalho,
uma nova estética e uma nova psicologia, em suma, um novo tipo de sociedade democrática,
racionalizada, modernista e populista. HARVEY (2007).
26
sobre o emprego, com massas de pessoas deixadas sem alternativas de sobrevivência em
postos de trabalhos formais. Para o SEBRAE (2005), por sua iniciativa, com recursos
próprios, sem crédito e sem orientação, essas pessoas começaram a organizar pequenas
unidades produtivas (a grande maioria delas estritamente familiares)
13
a partir de uma
pequena concentração setorial, aproveitando, portanto, alguma oportunidade existente
no seu entorno.
Há uma diferenciação teórica entre os conceitos de Arranjo Produtivo Local e
Sistemas Produtivos e Inovativos Locais (SPILs)
14
que geralmente são levados em
consideração como sinônimos na elaboração de muitos trabalhos acadêmicos.
Diferentemente dos APLs os SPILs destacam o aprendizado
15
e a inovação
16
como
fatores de competitividade
17
dinâmica e sustentada e maneira mais arrojada e não de
forma tão frágil como se caracterizam nos arranjos.
Para AMORIM (2004), a transformação dos APLs em SPLs envolve um salto de
complexidade relacionado à ampliação da interdependência entre os diversos agentes
13
Produção Familiar: Trabalho e gestão intimamente relacionados, direção do processo produtivo
assegurada diretamente pelos proprietários, ênfase na diversificação, ênfase na durabilidade dos recursos
e na qualidade de vida.
14
Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – SPILs: São conjuntos de atores econômicos, políticos e
sociais, localizados em um mesmo território, desenvolvendo atividades econômicas correlatas e que
apresentam vínculos expressivos de produção, interação cooperação e aprendizagem. (REDESIST,2002).
15
Aprendizado refere-se à aquisição e à construção de diferentes tipos de conhecimentos, competências e
habilidades, não se limitando a ter acesso à informação. Na literatura econômica, o conceito de
aprendizado geralmente está associado a um processo cumulativo através do qual as organizações (através
de seus recursos humanos) adquirem e ampliam seus conhecimentos, aperfeiçoam procedimentos de
busca e refinam habilidades em desenvolver, produzir e comercializar bens e serviços. Dentre as várias
formas de aprendizado, relevantes ao processo de inovação e ao desenvolvimento de capacitações
produtivas, tecnológicas e organizações. (REDESIST,2002).
16
Inovação: É o processo pelo qual as organizações incorporam conhecimentos na produção de bens e
serviços que lhes são novos independentemente de serem novos, ou não, para os seus competidores
domésticos ou estrangeiras. Na economia da inovação o foco principal de análise recai sobre as mudanças
técnicas, e outras correlatas, tidas como fundamentais para o entendimento dos fatores que levam
organizações, setores, regiões e países a se desenvolverem mais rápida e amplamente que outros. De
forma genérica, existem diferentes tipos de inovação. (REDESIST,2002).
17
Competitividade: Pode ser definida como a capacidade de a empresa formular e programar estratégias e
concorrências que lhe permitam ampliar, ou conservar uma posição sustentável no mercado.
Competitividade sustentada e dinâmica depende, principalmente, da capacidade de aprendizagem e de
criação de competências, a qual se associa às especificidades dos recursos humanos e à capacitação que as
diferentes organizações criam e acumulam, tanto para produzir, quanto para inovar. Distingue-se de
competitividade espúria, segundo a qual o baixo custo dos produtos comercializados deve-se aos
reduzidos salários pagos, ao uso intensivo de recursos naturais sem a perspectiva de longo prazo, assim
como ao uso de taxas cambiais e de juros com finalidades comerciais de curto prazo. (REDESIST,2002).
27
(econômicos, políticos, institucionais e sociais) que pode ser alcançada através das
práticas de cooperação, cultura participativa e adoção sistemática de ações coletivas. A
expansão dessas práticas exige o fortalecimento da confiança dos agentes que atuam no
território, de modo a permitir que os agentes se prontifiquem a encaminhar em conjunto
projetos de interesse comum.
Dentro dessa perspectiva as várias terminologias d os aglomerados produtivos
sugerem que as abordagens utilizadas pela literatura para analisar o fenômeno de
aglomerações produtivas não apenas diverso, mas é conceitualmente difuso,
apresentando diferentes taxonomias que se relacionam aos diferentes programas de
pesquisa.
QUADRO 2 – Principais ênfases das abordagens usuais de aglomerados locais.
Abordagens Ênfase Papel do Estado
Distritos
Industriais
Alto grau de economias externas
Redução de custos de transação
Neutro
18
Distritos
industriais
recentes
Eficiência coletiva baseada em economias
externas e em ação conjunta
Promotor e,
eventualmente,
estruturador.
Manufatura
Tradições artesanais e especializações
Economias externas de escala e escopo
Indutor e promotor
18
Procura-se aqui contribuir com o trabalho de Lemos (1997) ao afirmar que o papel do Estado é neutro
nas abordagens de distritos industriais com ênfase em custos de transação. Pois como no trabalhado por
Laprano (2005) em sua dissertação intitulada Análise dos Custos de Transação no mercado de melão do
Ceará. Esta revela a ênfase da participação das Instituições dentre elas o Estado na redução dos custos de
transações comerciais. “É comum o desenvolvimento de instituições (normas) que regulam a relação
entre os agentes e inbem possíveis ações oportunistas, transformando um processo impessoal de troca em
um tratamento personalizado com a clientela. No caso da troca, as sociedades modernas recorrem ao
sistema judiciário que garante o cumprimento de contratos. Surge, nessa instância, a importância do papel
do governo, do Estado soberano que assegure igualitariamente entre os cidadãos os direitos de soberania.
Neste contexto, o estudo de ambiente institucional na Economia se aproxima e se confunde com o estudo
de Direito, dando à legislação e ao direito de propriedade privada um lugar de destaque.” (LAPRANO,
2005).
28
flexível Redução de custos de transação
e custos de transação
Milieu inovativo
Capacidade inovativa local
Aprendizado coletivo e sinergia
Identidade social, cultural e psicologia.
Redução de incertezas
Promotor
Parques
Científicos e
Tecnológicos e
Tecnópolis
Property-based
Setores de Tecnologia avançada
Intensa relação instituições ensino e
pesquisa/ empresas
Hospedagem e incubação de empresas
Fomento à transferência de Tecnologia
Indutor, promotor e,
eventualmente,
estruturador.
Redes locais
Sistema intensivo em informação
Complementaridade tecnológica
Identidade social e cultural
Aprendizado coletivo
Redução de incertezas
Promotor
Fonte: Lemos, C. (1997).
A maioria dos arranjos produtivos locais possui como configuração de
portabilidade de seus empreendimentos pequenas, médias e microempresas as MPMEs,
conforme Amaral (1996). Estas se manifestam em todos os setores (agricultura,
indústria e serviços) por intermédio de vários estatutos que podem ser formais,
independentes ou associados a uma grande empresa ou a uma rede de pequenas
empresas.
O papel desempenhado pelas pequenas, médias e microempresas no
desenvolvimento econômico, conforme afirma Santos e Lemos (2003), se dá através da
geração de ocupação, emprego, renda e progresso tecnológico, de acordo com o
reconhecimento da literatura econômica.
29
Para Cassiolato e Lastres (2003), do conjunto das transformações que marcaram
a passagem do milênio como a globalização
19
, renasceu o interesse sobre o papel que as
pequenas e microempresas (MPEs) podem ter na reestruturação produtiva
20
, assim
como no desenvolvimento de regiões e países.
2.1.1 Territorialidade
Uma outra abordagem relevante, quanto ao estudo de aglomerados produtivos, é
o conceito de dimensão territorial
21
. Para Cassiolato (2003), o foco de análise deixa de
centrar-se exclusivamente na empresa individual e passa a incidir sobre as relações entre
as empresas e entre estas e as demais instituições, dentro de um espaço geograficamente
definido, assim como a privilegiar o entendimento das características do ambiente onde
estas se inserem.
Segundo a REDESIST (2002), os arranjos produtivos locais são aglomerações
territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais – com foco em um conjunto
específico de atividades econômicas – que apresentam algum vínculo mesmo que
incipiente. Dessa forma, podemos perceber o envolvimento, a participação e a interação
de empresas, que podem ser representadas desde a produção de bens e serviços finais
até fornecedores de insumos e equipamentos, prestadoras de consultorias e serviço,
comercializadoras, clientes, entre outros.
19
Globalização define uma nova era na história da humanidade, em que a dependência entre os povos
será tão completa que as fronteiras nacionais desaparecerão. Acredita-se que esse processo está em curso
e que, no plano econômico, a cada dia as políticas públicas perdem relevância, neutralidade pelas
incontroversas do mercado. As corporações transnacionais são vistas como principais agentes do
processo, uma vez que não devem lealdade a nenhum Estado-Nação e se estabelecem em qualquer parte
do mundo em que o mercado ofereça mais vantagens para a expansão de seus negócios. (CARVALHO,
2006).
20
Reestruturação Produtiva: É caracterizada pela acumulação flexível representada por um confronto
direto com a rigidez do fordismo. Ela se apóia na flexibilidade dos processos de trabalho, dos mercados
de trabalho, dos produtos e padrões de consumo. Representada pelo surgimento de setores de produção
inteiramente novos, novas maneiras de fornecimento de serviços financeiros, novos mercados e,
sobretudo, taxas altamente intensificadas de inovação comercial, tecnológica e organizacional.
(HARVAY, 2007)
21
Dimensão Territorial: Constituem o recorte específico de análise e de ação política, definindo o espaço
onde processos produtivos, inovativos, políticos e cooperativos têm lugar. A proximidade geográfica –
levando ao compartilhamento de visões e valores econômicos, sociais e culturais – constitui fonte de
dinamismo local, bem como de diversidade e de vantagens competitivas em relação a outras regiões.
(REDESIST, 2002).
30
QUADRO 3 - Variedade das dimensões de um território
Física Diz respeito tanto a suas características e recursos naturais (tais
como clima, solo, relevo, vegetação e subsolo), quanto àqueles
resultantes dos usos e praticas territoriais por parte dos grupos
sociais.
Econômica Através da organização espacial dos processos de produção
econômica – o que, como e quem nele produz.
Sóciopolítica Meio para interações sociais e relações de dominação e poder –
quem e como o domina ou influencia.
Simbólica Incluindo as ligações afetivas, culturais e de identidade do
indivíduo ou grupo social com seu espaço geográfico.
Cognitiva Referentes às condições para a geração, uso e difusão de
conhecimentos.
Fonte: Autor
Portanto, o conceito de territorialidade refere-se às relações entre um indivíduo
ou grupo social e seu meio de referência, manifestando-se nas várias escalas geográficas
– uma locaidade, uma região ou um país - e expressando um sentimento de
pertencimento e um modo de agir no âmbito de um dado território. Assim, segundo
Sebrae (2005) os arranjos produtivos brasileiros, em sua maior parte, confundem-se
com suas cidades (ver Tabela 02) – no caso das pequenas e médias - ou com seus
bairros, no caos daqueles situados em grandes cidades.
TABELA 1 - Arranjos produtivos locais identificados – Ceará
APL Município População da
Cidade
Atividade
Produtiva
Número de
Emprendi-
mentos
Número de
Empregos
Diretos
01 Marco 20.421 Produção de
Móveis
23 511
02 Iguatu 85.737 Produção de
Móveis
Tabulares
05 372
continua
31
continuação
APL Município População da
Cidade
Atividade
Produtiva
Número de
Emprendi-
mentos
Número de
Empregos
Diretos
03 Bela Cruz 28.371 Produção de
Móveis
18 143
04 Morada Nova (São
João do Aruraru)
64.394 Produção de
Móveis de
Madeira
15 40
05 Tabuleiro do Norte 26.936 Metal
Mecânico
46 200
06 Tabuleiro do Norte
-
Produção de
Doces
04 65
07 Tabuleiro do Norte - Confecções 06 80
08 Jaguaruana 29.735 Produção de
Redes
252 1000
09 Jaguaruana 33.789 Produção de
Mel
03 134
10 Frecherinha 11.808 Confecções 18 500
11 Limoeiro do Norte 49.394 Produção de
Mel
41 41
12 Limoeiro do Norte
(Chapada do Apodi)
- Fruticultura
Irrigada
65 950
13 Aracati 61.146 Produção de
Camarão em
Cativeiro
37 700
14 Aracati - Artesanato 343 350
15 Itaiçaba 6.576 Artesanato
de Palha
380 380
16 Acarape 12.921 Confecções 04 513
17 Jaguaribe 35.053 Produção de
Queijo
30 200
continua
32
continuação
APL Município População da
Cidade
Atividade
Produtiva
Número de
Emprendi-
mentos
Número de
Empregos
Diretos
18 Morada Nova 64.394
Produção de
Leite Bovino
2400 7304
19 Morrinhos 17.921 Confecções 14 140
20 Icapuí 16.051 Lagosta 350 2450
21 Russas 55.967 Cerâmica 80 5.280
22 Irauçuba 19.563 Produção de
Redes
410 410
23 Irauçuba - Artesanato
( Bordados)
800 800
24 Ibicuitinga * 9.020 Produção de
Leite
Bovino
- -
TOTAL 514.835 5.044 22.563
Fonte: Amaral (2002).
* Adaptação e atualização da tabela acima com a introdução do município de
Ibicuitinga.
Pode-se perceber que o número de pessoas ocupadas no arranjo em relação à
população economicamente ativa (PEA) é de cerca de 18%. Já que para Gondim (2003)
um quarto da população existente faz parte da PEA, enquanto um terço não está
inserida, dessa forma 126.453 pessoas representam a população economicamente ativa
desses municípios e, desse total, apenas 22.563, ou 18%, sua ocupação está diretamente
relacionada aos respectivos arranjos de suas cidades.
É quando se fala em Sistemas Produtivos Inovativos Locais que vem à tona a
conotação de territorialidade, ou seja, o ambiente ou a dimensão territorial que abriga o
conjunto de atores econômicos, políticos e sociais que executam ou desenvolvem
atividades econômicas correlatas e que apresentam vínculos expressivos de produção,
interação, cooperação e aprendizado.
33
A dimensão territorial foi trabalhada pioneiramente na ciência econômica por
Alfred Marshall, quando mostrou que como as economias de escala podem ser externas
e não só internas a uma empresa, ou seja, a noção de economias externas
22
.
Cassiolato e Lastres (2003) diz que a Análise mashaliana é reinterpretada de
diferentes formas a partir da organização econômica da Terceira Itália, podendo, assim,
distinguir-la em três diferentes módulos: as aglomerações tecnológicas (Vale do
Silício); artesanais ou de pequenas e microempresas (Terceira Itália); e financeiras e de
serviços (nas grandes metrópoles).
As instituições marshalianas são interpretadas com a teoria dos custos de
transação
23
, ou seja, as análises que privilegiam as relações mercantis entre firmas mas,
sob a influencia dos regulacionistas. Assim, a dimensão territorial desenvolve-se a
partir da existência comum dos atores exercendo-se sobre um mesmo espaço
geográfico, engendrando uma solidariedade orgânica
24
do conjunto, a despeito da
diversidade de interesses dos atores.
2.1.2 Inovação
Somente a abundância de fatores básicos como recursos naturais, mão-de-obra
qualificada ou semiqualificada, não é capaz, por si só, de alavancar um processo de
desenvolvimento sustentável dentro dos arranjos produtivos. Conforme o SEBRAE
22
Economias Externas: Designam os efeitos das atividades de outras firmas sobre a produção, ou seja, as
vantagens que o ambiente físico, social, cultural, político, econômico podem trazer a uma empresa, e o
aumento da produção que não depende diretamente da situação individual das empresas. (MARSHAL,
1919).
23
Relaciona-se o custo de funcionamento dos mercados. Em contraposição à análise neoclássica que
considera o mecanismo de preços como o alocador de recursos do sistema econômico, ele levanta a
hipótese de que o mercado funciona, mas existem custos associados ao seu funcionamento. Tais custos,
ou fricções, estão associados à condução das transações. Toda a teoria e suas aplicações práticas que
seguiram a ótica de Coase procurarão entender os componentes desses custos , as condições nas quais o
mecanismo de componentes desses custos, as condições nas quais o mecanismo de preços realmente
representa a forma mais eficiente de alocação dos recursos, mas também procurarão entender quais as
condições nas quais o mecanismo de preços perde para os mecanismo contratuais, ou para a integração
vertical, como melhor alocador de recursos. ( ZYLBERTASTAJN, 2002).
24
Solidariedade Orgânica é fruto das diferenças sociais, já que são essas diferenças que unem os
indivíduos pela necessidade de troca de serviços e pela sua interdependência. Os membros da sociedade
onde predomina a solidariedade orgânica estão unidos em virtude da divisão do trabalho social.
(DURKHEIM, 1999).
34
(2005) só o progresso científico e tecnológico, por meio das inovações de novos
produtos e processos e de novas técnicas de gestão poderá dar adensamento e
replicabilidade a essas aglomerações produtivas.
Um dos aspectos discutidos no que tange aos aglomerados produtivos são os
ambientes de inovação. Para Amaral (2002), eles não constituem um conjunto estático,
são lugares de processo de ajustamentos, de transformação e de evoluções permanentes.
Assim, esses processos são acionados, de um lado, por uma lógica de interação e, de
outro, por uma dinâmica de aprendizagem.
Para Amorim (2004), o desenvolvimento da capacidade produtiva e inovativa
deve envolver melhorias na qualidade dos produtos e processos
25
, o adensamento das
aglomerações, o aprofundamento da especialização, como a inovação e a diferenciação
dos produtos. Podemos perceber, ao tratar sobre inovação, que essa não só se restringe
às melhorias materializadas em produtos ou serviços finais, mas também nas inovações
dos processos de gestão e de organização, ou inovação organizacional
26
.
As abordagens sobre o caráter e o papel da inovação foram desenvolvidas
particularmente pela corrente evolucionária do pensamento econômico, conforme
Cassiolato e Lastre (2003), em que se classificam:
Conhecimento é a base do processo inovativo. Sua criação, uso e difusão
alimentam a mudança econômica, constituindo-se importante fonte de
competitividade sustentável, mecanismo chave no processo de acumulação de
conhecimentos.
O aprendizado é o mecanismo chave no processo de acumulação de
conhecimentos.
A empresa é considerada o ponto mais importante neste processo; porém, o
processo de inovação é geralmente interativo, contando com a contribuição de
25
Inovação tecnológica de produto e processo significa a utilização do conhecimento sobre novas formas
de produzir e comercializar bens e serviços.
26
Significa a introdução de novos meios de organizar a produção, distribuição e comercialização de bens
e serviços.
35
vários atores, detentores de diferentes tipos de informação e conhecimentos,
dentro e fora da empresa.
Os processos de aprendizado, capacitação e inovação são influenciados e
influenciam os ambientes sóciopolíticos onde se realizam.
O conceito de sistemas locais de inovação procura ampliar a análise para
aspectos além das questões setoriais e da cadeia produtiva, privilegiando o estudo de
interações para aprendizagem e que podem levar à introdução de novos produtos e
processos sejam esses na forma materializada
27
, documentada
28
ou imaterial
29
.
Conforme Reis (2004) a tecnologia documental é relativamente menos imediata, em
termos de aquisição e uso, em relação à tecnologia materializada, pois requer algum
esforço de absorção por parte do utilizador.
A tecnologia imaterial é, em grande parte, adquirida através da formação
inerente ao exercício da aplicação do conhecimento. Assim, esse tipo de tecnologia
demanda tempo e sintonia de familiarização entre os agentes e o mecanismo de
produção exercidos. Dessa forma, não podem ser comercializados ou disponibilizados
como as demais formas de tecnologias. (Ver Quadro 4).
27
Tecnologia Materializada: São os equipamentos utilizados nos processos produtivos, os artefatos que
constituem os produtos finais com um determinado conjunto de atributos como, por exemplo,
funcionalidade, qualidade, durabilidade, preço ou design e que podem ser utilizados imediatamente
Incluem-se aí ordenhadeiras mecânicas, tanques de resfriamento e outros. (REIS, 2004).
28
Refere-se aquela que surge sob a forma de documentação, quaisquer documentos que descrevam e
expliquem a solução de problemas, ou seja, manuais, plantas, layout, memórias descritivas, livros
técnicos, revistas especializadas, páginas na internet etc. (REIS, 2004).
29
Diz respeito ao conjunto de conhecimentos teóricos e práticos (experiência acumulada na resolução de
problemas) necessários para conceber, fabricar e utilizar bens e serviços. Esses conhecimentos
normalmente não são explícitos e não estão livremente disponíveis. (REIS, 2004).
36
QUADRO 4 - Tecnologia – Dimensões e Disponibilidade
Disponibilidade
Dimensão Imediata Adaptabilidade
Materializada Uso imediato Adaptabilidade
Documental Manuais, livros, revistas,
publicações da
especificidade
Protegida por patentes e direitos
intelectuais
Imaterial Acesso/recurso a pessoas e
equipe com experiência no
domínio em causa
Implícito ou tácita, requer esforço de
formação ou assimilação.
Fonte: REIS (2004).
O principal agente de mudança no mundo atual é a inovação tecnológica. O
processo econômico e social dos diversos países e o êxito das empresas, principalmente
industriais, depende da eficácia e da eficiência com que o conhecimento tecnocientifico
é produzido, transferido, difundido e incorporado aos produtos e serviços. (REIS, 2004).
Já para Schumpeter (1982) à medida que novas combinações surgem de modo
irreversível e descontínuo, há desenvolvimento. As novas combinações de meios
produtivos precisam ser descontínuas e significativas para gerar desequilíbrios no
sentido ascensional. Assim, Schumpeter formulou um conceito de inovação a partir de
cinco casos:
1. Introdução de um novo bem que os consumidores não conheçam, ou de uma
qualidade nova do bem.
2. Introdução de um novo método de produção, ainda não testado no meio
industrial em questão, que tenha sido baseado em uma nova descoberta
científica e que possa constituir um novo modo de manusear e comercializar
um bem.
3. Abertura de um novo mercado em que o ramo da indústria em questão não
tenha penetrado, mercado este preexistente, ou não.
4. A descoberta de uma nova fonte de matéria-prima
5. Levar a cabo uma nova organização, uma indústria, tal como criar ou romper
uma posição de monopólio.
37
Em decorrência do elevado ritmo de mudança atual o ciclo de vida dos produtos
e processos de produção estão cada vez mais curtos, o que, segundo Reis (2004) requer
a renovação e o acesso à assimilação rápida de amplos conjuntos de conhecimentos
aplicados. Dessa forma, conforme Reis, há uma classificação para as mudanças
tecnológicas em que podem ser incrementais
30
ou radicais
31
.
QUADRO 5 - Melhoria de processo e inovação de processo
Características Melhoria Inovação
Grau de mudança Incremental Radical
Ponto de partida Processo existente Novo processo
Freqüência da mudança Única ou contínua Única
Tempo necessário Curto Longo
Participação De baixo para cima De cima para baixo
Escopo típico Estreito, interno as funções Extenso, por maio das
funções
Risco Moderado Elevado
Agente ativador primário Controle estatístico Tecnologia da informação
Tipo de mudança Cultural Cultural e estrutral
Fonte: REIS (2004).
2.1.3 Aprendizado
Como inovação e aprendizado são instrumentos interativos, em que sendo o
aprendizado o que constitui fonte fundamental para a transmissão de conhecimentos e a
ampliação da capacitação produtiva e inovativa das empresas e outras organizações. A
30
Inovações incrementais, ou menores são aquelas representadas pelas mudanças técnicas menores
surgidas da acumulação de experiências, assim como as melhorias de produto e/ou processos introduzidos
posteriormente à inovação original. Incrementais são as inovações que não resultam necessariamente de
atividades de P&D, mas de melhoramentos sugeridos por funcionários da indústria ou utilizadores do
produto. Ou seja, envolve as pequenas melhorias e o aperfeiçoamento de produtos ou métodos de
fabricação que resultam em melhores acabamentos, melhor qualidade, funcionalidade acrescida etc.
(REIS, 2004).
31
Inovação radical ou maior seria aquela atividade criativa associada à gestão de mudanças tecnológica
maiores, normalmente advinda de atividade de P&D. Ela também envolve alterações profundas no
conjunto de conhecimentos aplicados, que originam produtos ou processos inteiramente novos ou com
atributos substancialmente diferentes da versão anterior. (REIS, 2004).
38
capacidade inovativa possibilita a introdução de novos produtos, processos, métodos e
formatos organizacionais, sendo essencial para garantir a competitividade sustentada
dos diferentes atores locais, tanto individuais como coletivos.
Para a REDESIST (2002) podemos classificar o aprendizado a partir de fontes
internas
32
e fontes externas
33
. Ainda que as empresas permaneçam como centro dos
processos de aprendizado e de inovação, estes são influenciados pelos contextos mais
amplos onde se inserem. Em outras palavras, processos de aprendizado e de inovação
jamais ocorrem num vácuo institucional.
Conforme Cassiolato e Lastres (1999), o aprendizado é considerado como fonte
principal da mudança, baseando-se nas competências das empresas que se encontram
inseridos nos sistemas de inovação
34
a qual estas se destacam, segundo:
o reconhecimento de que a inovação e o conhecimento colocam-se cada vez
mais visivelmente como elementos centrais da dinâmica e do crescimento de
nações, regiões, setores, organizações e instituições em vez de poderem ser
consideradas como fenômenos marginais, conforme colocado por teorias mais
tradicionais;
a compreensão de que a inovação e o aprendizado, enquanto processos
dependentes de interações, são fortemente influenciados por contextos
econômicos, sociais, institucionais e políticos específicos;
a idéia de que existem marcantes diferenças entre os agentes e suas capacidades
de aprender, as quais refletem e dependem de aprendizados anteriores;
32
Refere-se ao aprendizado com experiências própria, no processo de produção (Learning-by-doing) ,
comercialização e uso (learning-by-using) na busca de novas soluções em suas unidades de pesquisa e
desenvolvimento (learning-by-searching) ou instancias. (REDESIST, 2002).
33
Inclui os processos e compra, cooperação e interação com : fornecedores( de matérias primas ,
componentes e equipamentos), concorrentes, licenciadores, licenciados, clientes, usuários, consultores,
sócios, prestadores de serviços, organismo de apoio, entre outros, e aprendizado por imitação, gerado da
reprodução de inovações introduzidas por outras organizações, a partir de: engenharia reversa,
contratação de pessoal especializado, etc. (REDESIST, 2002).
34
Pode ser definido como um conjunto de instituições distintas que conjuntamente e individualmente
contribuem para o desenvolvimento e difusão de tecnologias. Em termos gerais, tal sistema é constituído
por elementos ( e relação entre elementos) onde diferenças básicas em experiências históricas, culturais e
de língua refletem-se um idiossincrasias em termos de ; organização interna das empresas, articulações
entre elas e outras organizações,características sociais, econômicas e políticas do ambiente local, papel
das agencias e políticas públicas e privadas, do setor financeiro , etc. (REDESIST, 2002).
39
a visão de que, por um lado, informações e conhecimentos codificados
apresentam condições crescentes de transferência – dada a eficiente dificuldade
das tecnologias de informação e comunicação –conhecimentos tácitos de caráter
localizado e específico continuam tendo um papel primordial para o sucesso
inovativo e permanecem difíceis ( senão impossíveis) de serem transferidos.
FIGURA 2 - Vantagens da organização e aprendizado em APLs
Fonte: SEBRAE (2005)
Como a troca de conhecimento ocorre frequentemente a partir de trocas inter-
pessoais, a formalização torna-se complexa. Para que haja aprendizado, é necessário,
segundo Cassiolatao e Lastres (2003), criar rotinas organizacionais que incorporam
esses conhecimentos que serão acionados para desenvolver novas soluções e para
enfrentar as turbulências do ambiente externo.
Maior eficiência na
contratação de mão-de-
obra e relação com
fornecedores
Inovação
Acesso
à
informações
especializadas
Externalidades positivas
Acesso a instituições
e
bens públicos
Vantagens de um APL
40
Para Arrow (1962), a aquisição de conhecimentos está relacionada à experiência
adquirida no processo de produção de bens e serviços, ou seja, novas tecnologias,
conhecimentos que se incorporam em novas máquinas, instrumentos de trabalho. É na
produção destas e não na sua utilização que se verifica a aprendizagem. O mesmo autor
ainda considera controvérsias sobre o processo de aprendizagem, dois fatos podem ser
esclarecidos: primeiro que a aprendizagem se dá através da experiência adquirida;
segundo, que a mesma, quando relativa a repetição de um mesmo tipo de problema,
apresenta, ao contrário da relativa a problemas novos e com fortes retornos
descrentes.
35
A transferência de conhecimento continua a ser uma necessidade vital da
sociedade e da economia; entretanto há muitos fatores que a inibem. Esses inibidores,
como afirma Reis (2004), tendem a ser chamados de atritos, porque retardam ou
impedem a transferência e também corroem parte do conhecimento à medida que este
tenta movimentar-se pela organização. Os atritos mais comuns e as formas de superar-
los são apresentados no quadro seguinte:
35
Ocorre quando todos os fatores de produção crescem numa mesma proporção e a produção cresce
numa produção menor. Vasconcelos (2001)
41
QUADRO 6 - Atritos e soluções na transferência de conhecimento
ATRITOS SOLUÇÕES POSSIVEIS
Falta de confiança mútua Construir relacionamentos e confiança mútua por meio de
reuniões face a face
Diferenças culturais,
vocabulários e quadros de
referencia
Estabelecer um consenso por intermédio de educação,
discussão, publicação, trabalho em equipe e rotação de
funções.
Falta de tempo e de locais
de encontro; idéia estreita
de trabalho produtivo
Criar tempo e locais para a transferência do
conhecimento: feiras, salas de bate-papo, relatos de
conferências.
Status e recompensas vão
para os possuidores do
conhecimento
Avaliar o desempenho e oferecer incentivos com base no
compartilhamento
Falta de capacidade de
absorção pelos recipientes
Educar funcionários para a flexibilidade; propiciar tempo
para o aprendizado, basear as contrações na abertura a
idéias
Crença de que o
conhecimento é
prerrogativa de
determinados grupos
Estimular a aproximação não hierárquica do
conhecimento, a qualidade das idéias é mais importante
que o cargo da fonte.
Intolerância com erros ou
necessidade de ajuda
Aceitar e recompensar erros criativos e colaboração, não
há perda de status por não se saber tudo.
Fonte: REIS (2004).
Portanto, o aprendizado não diz respeito a indivíduos isolados, mas inseridos
numa organização. É necessário que a empresa, enquanto organização, crie
competências para sedimentar as informações e as experiências. Dentro dessa
abordagem, é colocado na dimensão cognitiva da organização e privilegia o aprendizado
que decorre das interações da empresa com outros agentes.
42
2.1.4 Capital Social
Ao falar de arranjos ou aglomerações produtivas geralmente temos de nos
remeter a um aspecto crucial para a sua existência e caracterização, ou seja, o capital
social
36
. Conforme Abromovay (2000), esse é instrumento produtivo, já que ele torna
possível que se alcancem objetivos que não seriam atingidos na sua ausência. Quando,
por exemplo, agricultores formam um fundo de aval que lhes permite acesso a recursos
bancários, o que, individualmente, lhes seriam negados, as relações de confiança entre
eles e com os próprios bancos podem ser consideradas um ativo social capaz de
propiciar geração de renda.
O conceito de capital social surge no âmbito da Sociologia por intermédio do
escritor Pierre Bourdieu, ele usou essa termologia, no inicio da década de 1980, para se
referir ás vantagens de se pertencer a certas comunidades. Conforme Albagli (2003), o
capital social foi definido por Bourdieu como o agregado de recursos reais ou potenciais
que estão ligados à participação em uma rede durável de relações mais ou menos
institucionalizadas de mútua familiaridade e reconhecimento que provê para cada um de
seus membros o suporte do capital de propriedade coletiva.
Colemam (1994) especifica três formas de capital social. A primeira diz respeito
ao nível de confiança e a real extensão das obrigações existentes em um ambiente
social. O capital social é elevado onde as pessoas confiam umas nas outras e onde essa
confiança é exercida pela aceitação mútua de obrigações. A segunda forma diz respeito
a canais de trocas de informações e idéias. Na terceira forma, normas e sanções
constituem capital social onde elas encorajam os indivíduos a trabalharem por um bem
comum, abandonando interesses próprios imediatos.
Conforme Albagli (2003), o capital social é visto sob duas perspectivas: uma
individual e outra comunitária ou coletiva. Na primeira, o capital social se refere a como
as relações sociais de um indivíduo, baseadas em confiança e reciprocidade, permitam-
36
Capital social refere-se a um conjunto de instituições formais e informais, incluindo hábitos e normas,
que afetam os níveis de confiança, interação e aprendizado em um sistema social. A emergência do tema
do capital social vincula-se ao reconhecimento da importância de se considerarem a estrutura e as
relações sociais como fundamentais para se compreender e intervir sobre a dinâmica econômica..
(REDESIST, 2002).
43
lhe o acesso a recursos escassos. Neste caso, o importante não é tanto o que se conhece,
mas quem se conhece. Esse tipo de análise enfatiza uma visão instrumental dos
relacionamentos, focalizando mais os benefícios individuais do capital social do que
seus benefícios cívicos.
Já na perspectiva comunitária, o capital social constitui um ativo coletivo de
comunidade e grupos sociais, um bem público ou um atributo da estrutura social na qual
os indivíduos se encontram inseridos. Trata-se aqui de valores e crenças que os cidadãos
compartilham em sua convivência diária, expressando socializações e consenso
normativo, bem como favorecendo o espírito cívico e a vida associativa.
Para Amaral (2001), o capital social se caracteriza como um fator intangível por
natureza. É o acúmulo de compromissos construídos pelas interações sociais em uma
determinada localidade. Esse tipo de capital se manifesta através de confiança, normas e
cadeias de relações sociais, ao contrário do capital físico convencional, que é privado,
ele é um bem público.
Dessa forma, um elevado nível de capital social propicia relações de cooperação
que favorecem o aprendizado interativo, bem como a construção do conhecimento
tácito
37
, facilitando assim, ações coletivas geradoras de sistemas produtivos articulados.
Para Coleman (1994), a noção de capital social permite ver que os indivíduos
não agem independentemente, que seus objetivos não são estabelecidos de maneira
isolada e seu comportamento nem sempre é estritamente egoísta. Neste sentido, as
estruturas sociais devem ser vistas como recursos, como um ativo de capital de que os
indivíduos podem dispor.
37
Nos Arranjos e Sistemas Produtivos Inovativos Locais (ASPILs)) geralmente verificam processos de
geração, compartilhamento e socialização de conhecimentos por parte de empresas, organizações e
indivíduos, particularmente de conhecimentos tácitos, ou seja, aqueles que não estão codificados, mas que
estão implícitos e incorporados em indivíduos, organizações e até regiões. O conhecimento tácito
apresenta forte especificidade local, decorrente da proximidade geográfica/territorial e ou de identidades
culturais, sociais e empresariais. Isto facilita sua circulação em organização ou contextos geográficos
específicos, mas dificulta ou mesmo impede seu acesso por atores externos a tais contextos, tornando-se
portanto elemento de vantagem competitiva de quem o detém. (REDESIST, 2002).
44
Conforme Teixeira (2004), em sua dissertação de mestrado capital social no
Projeto Pingo d’Água
38
, relata que a presença de um determinado estoque de capital
social dentro de um arranjo produtivo é uma condição importante para a cooperação, a
construção de redes, associações e consórcios de pequenos produtores e empresas. Para
ele este capital acumulado representa, também, uma fonte fundamental para a
organização e a governança do arranjo.
O capital social é de grande importância quando se considera a atividade
produtiva inserida em um território composto de um aglomerado de agentes que
precisam unir para usufruir de sinergias. Conforme Amorim (2004), o fortalecimento do
capital social está condicionado à criação de uma rede de cooperação entre atores e
instituições. A intensificação das relações entre partes e a formação da coordenação
dessas relações promovem a boa governança
39
.
Para Albagli (2003), evidencia-se uma forte relação entre capital social e
formação de aglomerações territoriais produtivamente inovadoras. Estudos teóricos e
empíricos demonstram que, em aglomerações produtivas, as empresas, especialmente as
micro e pequeno portes, têm mais condições de sobreviver, de modo competitivo e
sustentado, o que propicia o desenvolvimento socioeconômico local.
Segundo Amorim (2004), no esforço de evolução dos APLs para SPILs não se
pode prescindir da construção e do fortalecimento do capital social.
Para Teixeira (2004), uma estrutura de governança dentro de um arranjo
produtivo facilita as ações coordenadas, promovendo resultados positivos para os
38
Projeto Pingo d’Água foi um convênio de cooperação entre as universidades francesas, a Universidade
Estadual do Ceará e a prefeitura de Quixeramobim. O propósito desta parceria era implementar uma
técnica simples de perfuração de poços tubulares rasos, operados de maneira manual. A principio tinha
como objetivo buscar água subterrânea nas áreas de aluviões ás margens dos rios e riachos temporários
para solucionar o problema da falta d’água das comunidades da região. O sucesso deste projeto
possibilitou à prefeitura local implantar pequenos projetos de fruticultura irrigada, direcionados para a
agricultura familiar, gerando emprego e renda no campo.
39
Refere-se aos diferentes modos de coordenação entre os atores e atividades que envolvem da produção
e distribuição de bens e serviços, assim como o processo de geração, o uso e a disseminação de
conhecimentos e de inovações. Existem diferentes formas de governança e hierarquias nos sistemas
produtivos, representando formas diferenciadas de poder na tomada de decisão, centralizada e
descentralizada, mais ou menos formalizada. (REDESIST, 2002).
45
produtores e, consequentemente, garantindo o bom desempenho competitivo deste,
além de promover o desenvolvimento do arranjo produtivo.
Dentro desse mesmo enfoque, Costa (2005) comenta que Coleman
(1994) assinala que as relações sociais são importantes canais de informação que
fornecem bases para a ação. A interação, contudo, não gera necessariamente capital
social, podendo constituir apenas um meio para a obtenção de informações. Portanto, a
existência de capital social exige que a relação seja recorrente e embasada em normas e
valores compartilhados pelos participantes.
2.1.5 Governança
No caso específico dos ASPILs, governança diz respeito aos diferentes modos
de coordenação, intervenção e participação , nos processos de decisão dos diferentes
atores: Estado, em seus vários níveis, empresas, cidadãos e trabalhadores, organização
não-governamentais etc e das diversas atividades que envolvem a organização dos
fluxos de produção e comercialização, assim como o processo de geração, disseminação
e uso de conhecimentos.
Conforme Furtado (2003) um tema bastante recorrente em estudo sobre SPLs é
o da governança de relações entre empresas, devido à presença concentrada de
produtores, com predominância de empresas de pequeno e médio porte, conformando
uma estrutura produtiva complexa. Assim, algumas questões emanam do debate sobre
esse tema, como: quais são os determinantes da capacidade de comando da relação entre
as empresas? Quais são os elementos que levam as diferentes configurações em termos
das relações de poder dentro dos SPLs e em seus vínculos não locais. De que forma a
existência de assimetrias de informação
40
acentuadas entre as firmas dos SPLs afeta a
organização produtiva do sistema e as relações entre os agentes? Em que áreas as
empresas conseguem se desenvolver ou encontram obstáculos colocados pela forma de
organização da cadeia de produção
41
e distribuição do produto?
40
Ocorre assimetria de informação quando os dois lados do mercado – compradores e vendedores – não
dispõem da mesma informação referente aos bens transacionados. Essa informação é custosa ou até
mesmo impossível de ser obtida. (SEBRAE, 2005).
46
Segundo a REDESIST (2002), verificam-se duas formas principais de
governança em sistemas produtivos locais. As hierárquicas são aquelas em que a
autoridade é geralmente internalizada dentro de grandes corporações, com real ou
potencial capacidade de coordenar as relações produtivas, mercadológicas e
tecnológicas. A governança não-hierárquica geralmente se caracteriza pela existência de
sistemas de pequenas, médias e microempresas e outros atores em que um deles é
dominante. Essas duas formas de governança representam dois tipos de poder na
tomada de decisão – centralizada e descentralizada.
Para o SEBRAE (2005), os projetos de APLs tendem a exigir forte consistência
em arquitetura política, ou seja , uma governança inteligente e eficaz, cada uma
desenvolvida à feição da trajetória de sua comunidade e das forças sociais em ação, as
quais tem de ser respeitadas e preservadas com cuidado, paciência e perseverança.
Segundo Stoper e Harrisom (1991), a presença concentrada de empresas de um
mesmo setor ou segmento industrial e seus fornecedores é caracterizada por intensas
interações que podem ou não ser comandadas por uma grande empresa (a empresa
líder). Nesses SPLs a freqüência de interações é bastante elevada devido à divisão do
trabalho entre produtores especializados, gerando economias externas para as firmas
participantes do sistema. (Ver Tabela 04).
41
É o encadeamento de atividades econômicas pelas quais passam e vão sendo transformados e
transferidos os diversos insumos, incluindo desde as matérias primas, máquinas e equipamentos, produtos
intermediários até os finais, sua distribuição e comercialização. Resulta de uma intensa e crescente
divisão do trabalho, na qual cada agente ou conjunto de atores se especializam em etapas distintas do
processo produtivo. Uma cadeia produtiva pode ser de âmbito local, regional,nacional ou mundial.
(REDESIST, 2002).
47
QUADRO 7 - Tipologia de cadeias ou sistemas de produção segundo Storper e
Harrison.
Categorias Características Exemplos Típicos
All ring-no core Não há lideres sistemáticos
Não há assimentrias entre as
firmas
Distritos industriais
italianos (modelo clássico)
Core-ring with
coordinatng firm
Algum grau de hierarquia e
assimetria
Firmas líderes influenciam (mas
não determinam) o
comportamento dos produtores
Redes coordenadas por
empresas (como Benetton e
Bosch)
Core-ring with lead
firm
Assimetrias e hierarquias, a firma
líder determina as estratégias dos
produtores
Cadeia comandadas pelas
grandes empresas (como
GE, Westinghose, Sony e
Philips)
All core Grande empresa verticalizada Firma integrada
“Williamsoniana”
Fonte: Storper e Harrison (1991).
Para Furtado (2003), as formas de governança local pública e privada podem
exercer papel importante para o fomento da competitividade dos produtores
aglomerados. Assim, os governos locais, por exemplo, podem atuar na criação e
manutenção de instituições de apoio ao desenvolvimento dos produtores locais, tais
como centros de treinamentos e formação profissional, centros de prestação de serviços
tecnológicos e agencias governamentais de serviços.
Da mesma forma, associações de classe e organizações não governamentais
podem atuar como elementos catalisadores do processo de desenvolvimento local por
meio de ações de formato à competitividade e de promoção conjunta das empresas.
Willianson (1985) propõe que a firma, vista como uma estrutura de governança
das transações, pode definir se tratará determinado contrato a partir de uma pura relação
de mercado, se preferirá uma forma mista contratual ou se definirá a necessidade de
48
integração vertical a partir dos princípios de minimização dos custos de produção
(cobertos pela economia neoclássica), somados aos custos de transação.(Ver Quadro 8).
Como o estudo trata do aglomerado produtivo da pecuária leiteira, que se
caracteriza por peculiaridades e idiossincrasias próprias não podemos deixar de recorrer
aos conceitos elementares do agronegócio
42
. Para (Williamson, 1996), a governança
constitui também um exercício para avaliar a eficácia e os meios alternativos de
organização, tendo em suas estruturas de governança a maneira pela qual as instituições
tomam suas decisões quanto à integridade das transações.
Já Schmitz (2000), comenta que uma estrutura de governança envolve a
coordenação de atividades econômicas a partir do relacionamento inter-empresa e intra-
empresa, e afirmam que existem vários modos de se estabelecer a governança ou o
mecanismo de coordenação. Um deles são os custos de transação.
Assim, a firma moderna pode ser entendida como um conjunto de acordos entre
os agentes, sejam estes formais ou tácitos, que compartilharão informações e serviços
entre si, de modo a produzirem um bem final. Eles poderão se encontrar ou não dentro
de uma hierarquia (firma), sendo que, no relacionamento extrafirma, os agentes agem
motivados por interesses comuns e por estímulos que os levam a atuar
coordenadamente.
Dessa forma, a Teoria das Organizações leva em consideração as características
das transações que são freqüência
43
,incerteza
44
e especificidades dos etivos
45
. Já no que
42
É um sistema de commodities que engloba todos os atores envolvidos com a produção, processamento e
distribuição de um produto. Tal sistema inclui o mercado de insumos agrícolas, a produção agrícola,
operações de estocagem, processamento, atacado e varejo, demarcado um fluxo que vai dos insumos até o
consumidor final. O conceito engloba todas as instituições que afetam a coordenação dos estágios
sucessivos do fluxo de produtos, tais como as instituições governamentais, mercados futuros e
associações de comércio. (ZYLBERTASTAJN, 2000).
43
Freqüência: Repetitividade da transação, permitindo a criação de reputação, atribuindo um valor ao
comportamento não-oportunistisco dos agentes, leva à possibilidade de uma modificação nas cláusulas de
salvaguadas contratuais, rebaixando os custos de preparação e monitoramento dos contratos. Em outras
palavras, isto significar diminuir os custos de transação (ZYLBERTASTAJN, 2000).
44
Incerteza: A incerteza pode levar ao rompimento contratual não-oportunístico e está associado ao
surgimento de custos transacionais irremediáveis, motivados por uma das características comportamentais
consideradas pela teoria que é a racionalidade limitada dos agentes econômicos, contrariando a Teoria
Neoclássica. ZYLBERTASTAJN (2000).
49
tange às características dos agentes, estas são oportunismo
46
, reputação
47
e
racionalidade limitada
48
. (ZYLBERTASTAJN, 2000).
Assim como fala Zylbersztajn (2000), não haveria custos de transação se os
agentes econômicos fossem oniscientes, se não houvesse incerteza e os ativos
produtivos pudessem ser utilizados em diferentes atividades alternativas, de tal modo
que se um negócio não der certo podem-se utilizar esses recursos em outras atividades
ou negócios sem perda de valor.
QUADRO 8 - Alinhamento dos Contratos
Incertezas
Baixa Média Alta
Baixa Mercado Mercado Mercado
Contrato Contrato Contrato ou
Integração
Vertical
Contrato ou
Integração
Vertical
Especificidades
dos
Ativos
Contrato Contrato Contrato ou
Integração
Vertical
Integração
Vertical
Fonte: Zylbersztajn (2000).
45
Especificidade dos Ativos: É definida por Williamsom como sendo a perda de valor dos ativos
envolvidos em determinada transação, no caso desta não se concretizar, ou do rompimento contratual. Os
ativos podem apresentar diferentes categorias de especificidades. A literatura descreve mais comumente
as especificidades de lugar, tempo, capital humano e ativos dedicados. ZYLBERTASTAJN (2000).
46
Oportunismo: Definido por Williamson como a busca do auto-interesse com avidez. Não se afirma que
todos os agentes são oportunistas e nem que ajam assim todo o tempo, mas apenas não se ignora que eles
possam agir oportunisticamente em algum momento. Tal pressuposto é suficiente para derivar os
resultados que a teoria antecipa. (ZYLBERTASTAJN, 2000).
47
Reputação: Pode ser visualizado como a perda ´potencial de uma renda futura por uma das partes, caso
esta venha a romper o contrato de modo oportunistico, impedindo a continuidade da transação.
(ZYLBERTASTAJN, 2000).
48
Racionalidade Limitada: Alimitação decorre da complexidade do ambiente que cerca a decisão dos
agentes, que não conseguem atingir a racionalidade plena. Se eles fossem plenamente racionais seriam
capazes de formular acordos completos e não surgiria a necessidade de se estruturarem formas
sofisticadas de governança. (ZYLBERTASTAJN, 2000).
50
2.2 Especificidades da Pecuária leiteira
2.2.1 Transformações da Bovinocultura Leiteira
Conforme Brainer (2001) os grandes acontecimentos econômicos das últimas
décadas contribuíram para a modificação do perfil da pecuária leiteira no Brasil. A
abertura comercial iniciada no final da década de 80 e intensificada ao longo dos anos
90, com a criação do Mercado Único da América do Sul (Mercosul), o fim do controle
estatal do preço do leite, o plano de estabilização monetária ou Plano Real (a partir de
junho de 1994), e a globalização nos aspectos comercial, financeiro, produtivo e
tecnológico foram acontecimentos que produziram amplas e aceleradas reestruturações
na pecuária leiteira do Brasil, que, a partir de então, começou a trabalhar sob a óptica de
cadeia produtiva. (GALVÃO, 2000).
Para Carvalho (1999) o governo era o grande incentivador dessa atividade, o
único responsável pela importação de leite para atendê-la em programas sociais
complementares ao abastecimento interno. O tabelamento do preço do leite ocorria
desde 1945, tomando como base o valor médio do custo de produção. A partir de 1991,
conforme Brainer (2001), o governo deixou de estabelecer o preço de comercialização
do produto, deixando a expensas do mercado a definição do seu valor, rompendo com
uma tradição de mais cinco décadas.
Para Brainer (2001), a adoção da livre negociação de preços gerou, inicialmente,
um impasse entre produtores e industriais, motivado por interesses diferenciados,
visando a margens atrativas para cada um dos segmentos. Ao final, saiu lucrando o
mercado, cujo preço passou a limitar os demais custos, ocorrendo uma inversão na
lógica de produção. Assim, Martins (1999) diz que o preço ao consumidor passou a ser
o referencial de organização de todo o setor para trás diferentemente da época do
tabelamento, quando o custo de produção ditava o preço de todo o setor para frente,
composto pela indústria, distribuição e consumo.
Nesse atual contexto, conforme Brainer (2001), os principais impactos sobre o
segmento de produção leiteira foram a especialização do produtor, a concentração da
produção, o aumento da produtividade, a redução da sazonalidade, a queda dos preços
51
recebidos pelo produtor, a redução da sua margem de lucro, o aumento da produção e a
mudança geográfica de produção.
Dessa forma, Martins (1999) afirma que a tendência a especialização do
produtor na atividade é conseqüência da tentativa de aumentar a escala e reduzir custos
de produção, por meio da mecanização da adoção de novas tecnologias na alimentação e
manejo, além da melhoria do padrão genético do rebanho.
Para Brainer (2001), os grandes produtores estão produzindo cada vez mais e os
pequenos produtores estão praticamente estagnados em sua produção. A participação
relativa do pequeno produtor está diminuindo. Há cerca de vinte anos, os produtores que
produziam até cinqüenta litros de leite ao dia respondiam por 30% da produção nacional
de leite. Hoje metade dos produtores do Brasil produz até cinqüenta litros de leite por
dia e responde por apenas 10% da produção nacional. Assim, Brainer (2001) afirma
que 50% dos produtores de leite não puderam permanecer na atividade e decidiram
abandona-la. Esse fato não produzirá praticamente nenhum impacto em termos de
abastecimento, o que poderá ser um grave problema social.
Segundo Jank (1995), existem dois tipos básicos de produtores de leite no Brasil:
o produtor especializado, que investe em tecnologia, economias de escala e
diferenciação dos produtos, sendo capaz de gerar importantes ganhos de produtividade e
qualidade; e o produtor safrista
49
, que trabalha com tecnologia rudimentar, capaz de
suportar grandes oscilações de preços. Ele é o principal responsável pelos enormes
excedentes de leite obtidos na época chuvosa, promovendo a sazonalidade
50
.
2.2.2 Sistemas de Produção existentes
O setor primário da economia cearense conta com um total de 383.010
estabelecimentos agropecuários em 2006, com uma área cultivada de 1.858.769
hectares. A maioria delas encontra-se inserida na faixa de 10 a 500 hectares,
49
Produtor que só produz leite na estação das águas.
50
Sazonalidade é a diferença entre a maior produção do ano (safra) e a menor (entressafra). Geralmente,
no Brasil, o mês de maior produção leiteira é janeiro e julho o de menor. Quando chega a época das
águas, as vacas, por estatem bem alimentadas, entram no cio e são cobertas naturalmente. Nove meses
depois começam a parir e a produzir leite, elevando sua quantidade no mercado. CARVALHO, (1999)
52
caracterizando-as como minis e pequenas propriedades, segundo estudo da Embrapa,
gado de leite (2008).
Do total de estabelecimentos agropecuários, 124.154 unidades, ou seja, (32,4%)
são identificados como empreendimentos pecuários, possuindo um efetivo de rebanho
da ordem de 2.352.589 bovinos em 2006. O número de propriedades envolvidas na
produção leiteira estadual, em 2006, foi da ordem de 83.014, conforme censo
agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2006).
A produção de leite no Estado atingiu 380.025 mil litros em 2006, cerca de
30,0% superior à produção obtida de 1995 de 292.345 mil litros. (EMBRAPA 2008).
Segundo o censo agropecuário de 2006 a região do Baixo e Médio Jaguaribe
obteve um total diário de 67 mil litros de leite, equivalente a 6,5% do Estado. Essa
produção classificada em três modelos de sistema de produção. (Ver Quadro 9).
QUADRO 9 - Sistemas de Produção
Sistemas de Produção Características
Pecuária de subsistência
É o mais comum, característico de 89% das fazendas
do Baixo Jaguaribe, com 81% do total de vacas da
região e produção de 44% do leite comercializado.
Produção leiteira familiar
Presente em 9,4 das fazendas do agropolo, com 14%
do total de vacas da região e produção de 36% do total
de leite.
Produção leiteira sob pastejo
rotacionado ou irrigado
Sistema com foco na tecnologia da produção de leite a
pasto e em volume de produção, com animais
especializados na produção de leite. É um sistema
pouco comum, pois apenas 1,7% das fazendas do
Baixo Jaguaribe adotam este modelo que, com 4,4% do
total de vacas da região, produzem 20% do leite total
Fonte: Embrapa Gado de Leite (2008).
A pecuária de subsistência representa a forma mais comum de fazenda produtora
de leite e estima-se que ocorra em nove de cada dez propriedades. O sistema se utiliza
53
de infra-estrutura mínima e adota um processo produtivo artesanal, com pouquíssima
dependência de insumos externos à propriedade. O produtor compra, basicamente, sal
comum, resíduo de algodão e algum medicamento quando estritamente necessário, não
se costuma utilizar alimentação concentrada. (EMBRAPA 2008).
O perfil racial do plantel é típico de pecuária mista, com predominância de
sangue zebuíno. Quando o produtor adquire animais de terceiros, procura privilegiar
características leiteiras. A lactação da raça mestiça é relativamente curta, com uma
média de 210 dias, tempo suficiente apenas para o desmame do bezerro. A taxa de
reposição das vacas é de 13% ao ano. Esses indicadores sugerem a necessidade de se
implementarem práticas gerenciais direcionadas ao alcance de melhores índices
reprodutivos e maior percentual de vacas em lactação, segundo estudos realizados.
(EMBRAPA, 2008).
Geralmente a ordenha se realiza uma vez por dia, é manual e as crias são
manejadas ao pé da vaca, com a criação das fêmeas para reposição do plantel
51
e dos
machos, até os 12 meses de idade, para a venda. Ainda que em seis meses do período
seco do ano a pastagem nativa não tenha valor nutritivo, as vacas têm acesso a essas
áreas o anos inteiro. O manejo das vacas é de permanência durante todo ano em
pastagem natural e aproveitamento de tudo o que for possível de restos de cultura.
Dessa forma, a pastagem natural não recebe melhoria ou utilização de
fertilizantes e, durante o período da seca, é critico e os animais são mantidos com restos
de cultura.
A Embrapa Gado de Leite (2008) afirma que os principais fatores limitantes para
o crescimento da produção deste sistema são: terra, alimentação adequada do rebanho e
práticas de gestão da propriedade. Tendo a terra limitada pela capacidade de suporte da
pastagem natural, por isto exige áreas extensas e compromete a escala de produção. A
alimentação inadequada limita a produção, a rentabilidade e a eficiência reprodutiva.
51
Sistema de produção da pecuária inserido numa propriedade agrícola compreende todas as instalações
que fazem a propriedade.
54
Já enquanto o Sistema de Produção Leiteira Familiar, este representa uma forma
de produção bastante comum na região do Baixo Jaguaribe, conforme a Embrapa Gado
de leite (2008), esta se assemelha em alguns aspectos com o sistema anterior, em
decorrência do processo produtivo artesanal, com reduzida infra-estrutura e pouca
dependência de insumos externos a propriedade, sendo também composta, por sal
comum o ano inteiro, concentrados para a vaca e algum medicamento quando
estritamente necessário.
Para a Embrapa Gado de Leite, o percentual de vacas em lactação é de 60%,
com uma duração de lactação de 270 dias e uma taxa de reposição de 10% ao ano.
Portanto, a associação desses indicadores caracteriza baixo índice de eficiência
reprodutiva, apesar da vida útil da vaca relativamente longa. A ordenha manual é
realizada geralmente duas vezes ao dia, e as crias são manejadas ao pé da vaca. As
fêmeas são recriadas visando a futura reposição do plantel e os machos para venda, o
que ocorre por volta dos 12 meses de idade.
Ainda que em seis meses do período seco e crítico do ano praticamente nenhuma
forragem possa ser extraída da pastagem nativa, as vacas têm acesso às áreas o ano
inteiro. Assim, a perspectiva de ampliação da produção de leite é limitada pela
pastagem nativa, sem qualquer melhoria ou utilização de fertilizante, além do grande
período de estiagem em que os animais precisam ser suplementados.
Para a Embrapa Gado de Leite (2008) , este modelo tem grande importância
social e econômica porque constitui um modelo de transição para uma atividade de
pecuária de leite mais especializada.
O último sistema de produção leiteiro – pastejo rotacionado ou irrigado,
representa a forma mais especializada de produzir leite do agropolo do Baixo Jaguaribe,
segundo a Embrapa Gado de Leite. Ele é constituído de propriedades que possuem, em
média, 24 vacas, sendo 26 em lactação, com produtividade média de 12,6 litros/dia.
Cerca de 95% da produção é comercializada, ficando o restante para recria e consumo
interno a fazenda.
55
Esse sistema faz uso de infra-estrutura de uma fazenda especializada em
produção de leite, com investimentos em equipamento de irrigação e manejo de pastejo
rotacionado de alta produção, com dependência de insumos externos à propriedade
como fertilizantes e alimentos concentrados.
O perfil racial do plantel é típico de exploração leiteira especializada em que o
produtor se preocupa com a seleção de características raciais, na busca de melhoria do
plantel para a produção de leite. Nos rebanhos predominam as vacas de raça holandesa.
O manejo reprodutivo baseia-se em inseminação artificial com a utilização de touros
para repasse, segundo a Embrapa Gado de Leite (2008).
A ordenha é mecânica e realizada duas vezes por dia. As crias são manejadas em
esquema de aleitamento artificial, com a criação somente de fêmeas, pois os machos são
descartados logo após o nascimento. As vacas são mantidas durante o ano inteiro em
pastagem cultivada com manejo rotacionado.
56
CAPÍTULO III
3 MATERIAL E MÉTODO
3.1 Área Geográfica de Estudo
Segundo o Instituto de Pesquisas Econômicas do Estado do Ceará (IPECE), os
municípios de Morada Nova e Ibicuitinga se encontram localizadas na região do Baixo
Jaguaribe na mesorregião do Vale do Jaguaribe.
Os municípios se caracterizam pelo clima tropical quente semi-árido, com uma
temperatura média acima de 26º C, e estão localizados na maior e mais importante bacia
hidrográfica do Ceará, a bacia do rio Jaguaribe, ocupando em torno de 48% do território
cearense (Atlas do Ceará,2000). A bacia é composta pelo açude de Orós que é
responsável pela perenização do rio a partir daquele local.
A região apresenta uma das principais bacias leiteiras do Estado do Ceará e
contempla seis municípios da microrregião do Baixo Jaguaribe (Russas, Morada Nova,
Ibicutinga, Tabuleiro do Norte, Limoeiro e São do Jaguaribe) e de três municípios do
Médio Jaguaribe (Jaguaribe, Jaguaretama e Ererê). A aquisição e implantação de
tanques de resfriamento, possibilitam um melhor manejo para a comercialização e
distribuição do leite.
Para efeito de análise iremos escolher o município de Morada Nova,
representado pelas comunidades de Felipa e Casa Nova, e o município de Ibicuitinga no
assentamento Barbada II
52
. No assentamento há cerca de 48 famílias, trabalhadores
rurais sem terra, antes de serem assentados pelo programa nacional de reforma agrária.
Todas as 48 famílias trabalham em regime de economia familiar, assim entendido o
trabalho dos membros da família, indispensável à propria subsistência.
52
Assentamento Barbada II é um assentamento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(INCRA), existente há pouco mais de seis anos no município de Ibicuitinga. É composto por 28 famílias
assentadas, algumas são beneficiários do tanque de resfriamento.
57
As famílias do assentamento receberam do INCRA um serviço de orientação às
familias de agricultores assentados, nos assuntos relativos à implantação e
desenvolvimento de culturas e pastagens, armazenamento e comercuialização de
produtos, criação de animais, introdução de novas tecnologias, bem como ações que
estimulem a organização dos assentados.
O assentamento está organizado em uma associação criada pelos integrantes de
um assentamento para representá-los junto a entidades governamentais, ou não, para
discutir o seu processo de desenvolvimento e determinar os rumos que serão tomados
pela comunidade em sua busca de cidadania.
Assim, conforme os dados do relatório técnico da Secretaria das Cidades, são as
cidades que possuem os beneficiários de maior e menor produtividade.
O município de Morada Nova se encontra localizado na Mesorregião do
Jaguaribe e na Microregião do Baixo Jaguaribe. Limita-se ao norte com Ocara e
Beberibe, ao sul com Jaguaretama, ao leste com Russas, Limoeiro e São João do
Jaguaribe, e ao oeste com Quixadá e Banabuiú. Possuindo como principais distritos
Aruaru, Boa Água, Lagoa Grande. Conta com uma população de 61.385 habitantes e
163 km da capital do Estado. (IBGE ,1999).
Sua economia está baseada na lavoura de milho, banana, caju, algodão, mandioca
e feijão. A Pecuária desenvolve a criação de bovinos, suínos e aves. Em suas terras
foram registradas ocorrências de mica branca e ametista.
O município de Ibicuitinga se encontra localizado na Mesorregião do Jaguaribe e
na Microregião do Baixo Jaguaribe. Tem Morada Nova como limite ao norte, ao sul e
ao leste.Ao oeste Quixadá. Possui como principais distritos: Açude dos Pinheiros,
Canindezinho, Chile e Viçosa. O município conta com uma população estimada em
9.020 habitantes. (IBGE, 1999).
58
ILUSTRAÇÃO 1 - MAPA DO CEARÁ
59
ILUSTRAÇÃO 2 - MAPA DO MUNICÍPIO DE IBICUITINGA
60
ILUSTRAÇÃO 3 - MAPA DO MUNICÍPIO DE MORADA NOVA
61
3.2 Área Científica de Estudo
Teremos como área científica de estudo o desenvolvimento local e regional,
dentro do âmbito do desenvolvimento rural integrado sustentável que não se reduz ao
crescimento agropecuário (Abramovay, 2000), por meio de bases teóricas de cluster,
distrito industrial, aglomerações produtivas, sistemas e arranjos produtivos locais e
capital social. Em razão do objeto de estudo ser de compreensão rural, pela atividade da
pecuária leiteira, iremos também recorrer aos fundamentos teóricos de cadeia produtiva
com base nas teorias das organizações, referidas técnicas são bastante utilizadas em
agronegócio, superando, portanto, algumas limitações teóricas da economia neoclássica
que desconsidera que as transações econômicas não repousem sobre as ações sociais
(Steiner, 2006).
3.2.1 Método de Análise
Conforme afirma Toledo (2003) a interpretação e análise dos dados dar-se-ão
por meio do método descritivo e da técnica de análise tabular, com a utilização dos
recursos de freqüência relativa e absoluta da estatística descritiva, que, por conseguinte,
é um número que sozinho descreve uma característica de um conjunto de dados.
Dessa forma, iremos fazer uso das informações tabuladas como instrumento de
resposta ao objeto de estudo de nossa pesquisa. Assim serão obtidas e mensuradas as
informações como inovação, aprendizado, entre os atores envolvidos, governança e
tipificação dos empreendimentos inseridos no arranjo. Fazendo-se uma análise
comparativa desses valores tabulados entre as cidades de Morada Nova, município com
maior produtividade, e de Ibicuitinga, com menor produtividade leiteira do programa
dos tanques de resfriamento..
62
3.2.2 Variáveis Estudadas
QUADRO 10 - Apresentação dos objetivos, variáveis e indicadores utilizados no
presente trabalho.
OBJETIVOs VARIÁVEIS INDICADORES
Mostrar as especificações e
características dos
empreendimentos inseridos no
arranjo de Morada Nova e
Ibicuitinga.
Empreendimentos produtivos
são unidades de produção que
podem ser classificadas, quanto
ao seu porte, em micro, pequeno,
médio e grande (Sebrae, 2002).
Propriedade das instalações
físicas e naturais.
Localização residencial dos
produtores, dentro ou fora dos
empreendimentos.
Gestão e forma de organização
da unidade produtiva.
Produtividade do leite nas duas
cidades pesquisadas.
Tipos de empreendimentos,
micro, pequeno ou médio.
Sistema de posse da terra.
Residência dos produtores.
Sistema gerencial e
administrativo.
Produção média diária.
Identificar as inovações
tecnológicas sejam elas de
processo ou de produtos
introduzidas no arranjo em razão
da formação de competências da
competitividade,
sustentabilidade e na melhoria
da eficiência organizacional e
produtiva.
Inovação tecnológica de produto
ou processo significa a utilização
do conhecimento sobre novas
formas de produzir e
comercializar bens e serviços.
(Redesist, 2002).
Inovação organizacional
significa a introdução de novos
meios de organizar a produção,
distribuição e comercialização
de bens e serviços.
Aumento da produtividade
Aumento da qualidade dos
produtos e serviços ofertados.
Novas formas de
comercialização.
Modernização organizacional.
Aquisição de máquinas e
equipamentos
continua
continuação
63
Verificar a origem, configuração
e desenho das estruturas de
governança do arranjo produtivo
e a sua influência sobre os
demais elos da cadeia produtiva
e canais de comercialização.
Existem diferentes formas de
governança e hierarquias nos
sistemas produtivos,
representando formas
diferenciadas de poder na
tomada de decisão ( centralizada
e descentralizada, mais ou
menos formalizada. (Redesist,
2002).
Um arranjo produtivo pode ser
uma cadeia produtiva estruturada
localmente ou fazer parte de
uma cadeia produtiva de maior
abrangência espacial. (Redesist,
2002)
Canais de comercialização são
formas de escoamento de
mercadorias. No caso de APL,
tais canais incluem associações
de empresas para
comercialização de bens, venda
direta ou entrega para indústrias
e empresas exportadoras.
(Sebrae, 2002.)
Identificação dos condicionantes
relevantes que levaram a
implantação do programa na
região.
Identificação de qual estrutura de
governança que coordena a
cadeia produtiva do leite.
Identificação e caracterização de
cada elo da cadeia produtiva.
Localização dos fornecedores e
clientes, mercados atingidos e
formas de identificação pelos
vendedores.
Principais canais de distribuição
Mecanismo de comercialização.
Descrever as principais
vantagens locacionais peculiares
a cada município advindos da
proximidade geográfica entre os
produtores (territorialidade).
A proximidade geográfica –
levando ao compartilhamento de
visões e valores econômicos,
sociais e culturais – constitui
fonte de dinamismo local, bem
como de diversidade e de
vantagens competitivas em
relação a outras regiões.
REDESIST.
Tipos de externalidades
positivas, em razão da
proximidade geográfica.
Transações comerciais,
realizadas localmente.
Comparar as principais formas
de cooperação e ações conjuntas
existentes entre os produtores
pesquisados nas referidas
cidades analisadas (capital
O elevado nível de capital social
propicia relações de cooperação
que favorecem o aprendizado
interativo, bem como a
construção do conhecimento
Nível de importância dos
parceiros, como empresas,
universidades.
continua
continuação
64
social).
tácito, facilitando, assim, ações
coletivas geradoras de sistemas
produtivos articulados.
Principais formas de cooperação
existentes
Identificação das realizações
conjuntas.
Descrever os principais tipos de
aprendizado identificados e suas
respectivas diferenças entre dois
municípios analisados.
O processo de aprendizado está
associado cumulativo através do
qual as firmas anmpliam seus
conhecimentos, aperfeiçoam
seus procedimentos de busca e
refinam suas habilidades em
desenvolver, produzir,
comercializar bens e serviços.
Redesist
Identificar as fontes Internas e
externas do aprendizado do
arranjo.
Mapear as principais fontes de
informação a que os produtores
têm acesso.
Quais são as principais fontes de
assistência técnica.
Determinar a estratégia de
mercado existente no arranjo
produtivo de leite nos
municípios de Morada Nova e
Ibicuitinga
As estratégias de mercado são
identificadas pelas estruturas de
mercado como, por exemplo:
concorrência perfeita,
monopólio, oligopólio,
monopsônio.
Formas de comercialização
existente no arranjo.
3.2.3 Técnicas de Pesquisas
3.2.3.1 Pesquisa Bibliográfica
Recorremos a uma bibliografia desenvolvida a partir de material já elaborado,
constituído de livros de referência, sejam eles informativos (contêm a informação que se
busca) ou remissiva (remetem a outras fontes) e artigos científicos publicados em
periódicos, revistas ou anais de congressos relacionados a arranjos produtivos locais,
capital social, desenvolvimento rural, cadeia produtiva, agronegócio e pecuária leiteira.
3.2.3.2 Pesquisa Documental
Refere-se à base de documentos que ainda não receberam um tratamento
científico de acordo com Frota (2004), como exemplo que podem ser citados:
65
documentos oficiais (relatórios técnicos), reportagens de jornais, cartas, livros de
registros, contratos, filmes, fotografias, gravações e outros.
Podemos assinalar aqui os relatórios técnicos da Secretaria das Cidades sobre a
estruturação e fortalecimento do arranjo produto de leite, da Rede de Pesquisa e
Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – REDESIST, da Câmara Setorial Leiteira etc.
Enquanto livros de registro poderemos destacar os utilizados pelos presidentes das
associações que monitoram diariamente o recebimento da quantidade e qualidade do
leite nos tanques de resfriamento.
3.2.3.3 Estudo de Caso
Na pesquisa de campo buscamos maior interação com o nosso objeto de
pesquisa o arranjo produtivo do leite, que pode ser representado pelos produtores
através de visitas às unidades de produção e aos estabelecimentos que abrigam os
tanques de resfriamento. Como o reconhecimento visual das instalações, do acesso aos
livros de registros, da organização logística de coleta e de distribuição do leite e
principalmente verificar de forma tácita a sinergia entre os atores do arranjo (capital
social).
Foi durante a pesquisa de campo onde coletamos as informações para a
validação do nosso trabalho através do levantamento de dados que venham elucidar os
questionamentos indagados em nossas hipóteses e objetivos. A coleta dessas
informações se deu por questionários com questões fechadas e de múltipla escolha.
Questionários fechados são aqueles em que o pesquisado escolhe sua resposta entre as
múltiplas escolhas ofertadas, nesse caso o questionário da Redesist.
Examinamos o arranjo produtivo local do leite nos municípios de Morada Nova
e Ibicuitinga localizados na microrregião do Baixo Jaguaribe, de forma a possibilitar a
estruturação e fortalecimento, por meio da participação e da articulação de todos os
atores que se encontrem, de forma direta ou indireta, envolvidos nos processos de
inovação, aprendizado, produção, organização e gestão das unidades produtivas.
66
Isso possibilita um melhor delineamento da trajetória perseguida por todos os
atores envolvidos e a identificação dos ganhos coletivos em torno do arranjo e suas
respectivas influências sobre os demais elos da cadeia produtiva e para os demais
setores dos municípios de Morada Nova e Ibicuitinga.
3.2.3.4 Instrumento de Coleta
O questionário fechado e de múltipla escolha aplicado em campo destina-se à
obtenção de informações sobre arranjos produtivos locais da REDESIST. Este foi o
mesmo utilizado pelo grupo de trabalho coordenado por Cassiolato e Lastres. A escolha
desse material ocorreu, em razão das perguntas abordadas e que viabilizam as
informações necessárias para alcançarmos os objetivos do trabalho.
Utilizou-se também um questionário complementar que foi adaptado pelo autor,
em razão das peculiaridades do arranjo de leite. O questionário elaborado pela
REDESIST foi idealizado de forma genérica, para todos os arranjos, não abordando,
assim, peculiaridades do setor como articulação logística, tipo e quantidade de ordenhas,
adoção de tecnologias peculiares ao setor, caracterização do rebanho e outros.
3.2.4 Fontes de Dados
Para alcançar os objetivos neste trabalho fez-se uso de dados primários a partir
de visitas aos municípios beneficiados pelo programa, aplicando questionários com os
produtores e associados contemplados, bem como com os demais atores e instituições,
que de alguma forma se encontram envolvidos no arranjo. Foram aplicados ao todo 29
questionários: 17 no município de Morada Nova e 12 em Ibicuitinga.
Além de utilizarmos dados secundários sobre produção, produtividade,
participação regional do setor e outros, através de instituições como a Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA Gado de leite, Serviço Nacional de
Aprendizagem Rural (SENAR), Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural –
EMARTECE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e outras
67
instituições e órgãos que possuam dados vinculados à cadeia produtiva do leite em
âmbito local, regional e nacional.
68
CAPÍTULO IV
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 Identificação dos Empreendimentos
Todas as propriedades pesquisadas se enquadram na categoria microempresa,
segundo a classificação do Sebrae, pois em todos os estabelecimentos pesquisados, que
contratavam funcionários como é o caso dos produtores de Morada Nova, estes não
ultrapassavam 19 servidores. Já em Ibicuitinga, as propriedades se caracterizam
somente com o trabalho do próprio produtor, quando não muito com a colaboração de
alguns membros da família, principalmente a esposa.
TABELA 2 - Identificação Das Empresas
Morada Nova Ibicuitinga Tamanho
Nº de Empresas (%) Nº de Empresas (%)
Micro 17 100 12 100
Pequena - - - -
Média - - - -
Grande - - - -
Total 17 100 12 100
Fonte: Dados da Pesquisa
Em ambos os municípios, a faixa etária predominante dos produtores se
concentra entre 36 e 50 anos.Em Morada Nova isso representa 47% dos pecuaristas
pesquisados, enquanto em Ibicuitinga essa faixa etária está representada por 41,6% dos
entrevistados. Não se registrou nenhum produtor entrevistado com idade acima de 65
anos em ambos municípios. Houve uma peculiaridade na faixa etária dos produtores de
Morada Nova: 17,6% dos seus produtores pesquisados possuem idade igual ou inferior
a vinte anos, realidade não se observou em Ibicuitinga.
69
TABELA 3 - Perfil do sócio fundador (idade)
Morada Nova Ibicuitinga
Idade Nº de Fundadores (%) Nº de Fundadores (%)
Até 20 anos 3 17,6 - -
Entre 21 e 35 anos 5 29,4 4 33,4
Entre 36 e 50 anos 8 47 5 41,6
Entre 51 e 65 anos 1 6 3 25
Acima de 65 anos - - - -
Total 17 100 12 100
Fonte: Dados da Pesquisa
No que tange ao gênero, podemos observar o já esperado, a participação
majoritária de produtores do sexo masculino na atividade da pecuária leiteira.No rol dos
entrevistados, ocorreu a participação de uma proprietária em ambos os municípios.
Quando se analisou a trajetória da atividade dessas entrevistadas, observou-se que uma
era viúva. Depois da morte do marido viu-se obrigada a dar continuidade ao
empreendimento. A atividade leiteira era a única fonte de renda. Quanto a outra
produtora, o marido trabalha em outra atividade. Assim cabe a ela a responsabilidade da
administração do empreendimento pecuário.
TABELA 4 - Perfil do sócio fundador (sexo)
Morada Nova Ibicuitinga Sexo
Nº de Fundadores (%) Nº de Fundadores (%)
Masculino 16 94 11 91,6
Feminino 1 6 1 8,4
Total 17 100 12 100
Fonte: Dados da Pesquisa
Quanto ao nível de escolaridade dos produtores entrevistados, registrou-se que:
do elevado índice de pecuaristas analfabetos 29,4% moravam em Morada Nova e 42%
dos consultados em Ibicuitinga. Registrou-se apenas um único produtor no rol dos
pesquisados que possuía o ensino médio completo e apenas um que possuía incompleto
o referido ensino
Na cidade de Ibicuitinga, 58% dos pecuaristas possuem o fundamental II
incompleto; enquanto em Morada Nova, 35,2% dos entrevistados detinham o
fundamental I incompleto. Esses dados estão diretamente relacionados a grau ou nível
70
de acesso a informação e a introdução de novas técnicas de produção ou à inovação na
atividade leiteira. Dessa forma, pode-se observar uma das causas do baixo dinamismo
do setor leiteiro na região do Baixo e Médio Jaguaribe.
TABELA 5 - Perfil do sócio fundador
Morada Nova Ibicuitinga Idade
Nº de Fundadores (%) de
Fundadores
(%)
Analfabeto 5 29,4 5 42
Fundamental I Incompleto 6 35,2 - -
Fundamental I Completo 2 11,7 - -
Fundamental II Incompleto 2 11,7 7 58
Fundamental II Incompleto - - - -
Médio Incompleto 1 6 - -
Médio Completo 1 6 - -
Fundamental II Incompleto - - - -
Fundamental II Completo - - - -
Total 17 100 12 100
Fonte: Dados da Pesquisa
O principal instrumento que mantém a capacidade competitiva dos produtores
das duas cidades pesquisadas, afirmam, é a influência que a matéria-prima exerce na
qualidade do seu produto final. Assim era muito comum no relato dos pecuaristas a falta
ou escassez de alimento para o gado. A baixa quantidade de recursos que inviabiliza
investimentos em insumos acaba resultando em uma baixa qualidade e produtividade do
leite, tornando, portanto, um ciclo vicioso de causa e efeito subseqüentes.
Eles mesmos reconhecem a real diferença da produtividade e qualidade do leite
no primeiro semestre, quando comparado com período seco, que coincide com o
segundo semestre do ano. Para alguns produtores de Morada Nova que possuem pastejo
rotacionado ou irrigado, o período de chuva é sinônimo de maiores lucros em
decorrência da redução de custos com energia. Já para os produtores de Ibicuitinga, o
segundo semestre é característico de prejuízo, em razão do elevado gasto com ração
animal.
Dentro desse mesmo contexto, os produtores assinalaram a baixíssima
importância do quesito prazo e volume, registrando-se 41,2% e 25% em Morada Nova
71
e Ibicuitinga, respectivamente. Quando se trabalha de forma isolada a questão do
volume, de forma isolada eles dão elevada importância, em razão da alta do preço do
produto conforme a quantidade vendida, conforme as cláusulas contratuais desses
produtores com a Betância, principal e única compradora do leite na região.
Quanto ao prazo, eles não deram tanta importância em decorrência do
pagamento certo e de forma religiosa da Betânia
53
.
Os produtores de Morada Nova deram elevada importância aos aspectos
qualificação da mão-de-obra 41,2%, e introdução de novos equipamentos71,5%, bem
mais do que os pecuaristas de Ibicuitinga. Enquanto os produtores de Morada Nova
deram 41,2% e 71,5% respectivamente, os entrevistados de Ibicuitinga deram 16,6% e
33,3% respectivamente.
TABELA 6 - Quais os principais instrumentos que mantêm a capacidade
competitiva do produto.
Morada Nova Ibicuitinga Instrumentos
Nula Baixa Média Alta Nula Baixa Média Alta
Matéria-prima 5,9% 5,9% 11,8% 76,4% 8,3% - 8,3% 83,4%
Mão-de-obra 23,5% 5,9% 29,4% 41,2% 16,7% 16,7% 50% 16,6%
Equipamentos
modernos
- - 28,5% 71,5% 8,4% 25% 33,3% 33,3%
Novos processos - - 55% 45% 38% 23% 39%
Estratégias de
comercialização
23,5% 29,5% 47% 8,3% 16,7% 16,7% 50%
Qualidade do
produto
7,1% - 21,4% 71,5% 8,3% 25% 16,7% 50%
Volume e prazo 41,2% 5,9% 35,3% 17,6% 25% 16,7% 25% 33,3%
Fonte: Dados da Pesquisa
Nessa tabela temos melhor demonstração da configuração do setor da pecuária
leiteira na região do Baixo e Médio Jaguaribe no que tange à portabilidade dos seus
empreendimentos, principalmente pela amostra selecionada nesse estudo sobre a
dinâmica do arranjo produtivo local, por intermédio de uma análise comparativa do
53
Grande e única empresa da região do Baixo e Médio Jaguaribe que compra e processa o leite de
elevado número de pequenos produtores situados na região, inclusive os produtores dos municípios
pesquisados como Morada Nova e Ibicuitinga.
72
municípios mais e menos produtivo (Morada Nova e Ibicuitinga), contemplado pelos
tanques de resfriamento. Os dados nos confirmam a real diferença da produção leiteira
desses dois municípios em que onze dos doze produtores entrevistados estão entre
aqueles que produzem até 30 litros diariamente. A maioria dos produtores possuem
mesmo uma média de oito a dez litros diários, caracterizando-se como uma pecuária de
subsistência.
Já em Morada Nova cinco dos dezessete pecuaristas entrevistados, possuem uma
produção bem acima de 150 litros/dia, chegando a uma média de 250 a 300 litros, sua
produção diária. Caracterizando-se como uma pecuária mais especializada e voltada
para a comercialização.
TABELA 7 - Produção média diária
Morada Nova Ibicuitinga Produção média
(litros/dia)
Nº de Produtores (%) Nº de Produtores (%)
00 - 30 4 23,5 11
91,6
31 - 60 6 35,3 - -
61 - 90 1 5,9 1 8,4
91 - 120 1 5,9 - -
120 - 150 - - - -
> 150 5 29,4 - -
Total 17 100 12 100
Fonte: Dados da Pesquisa
No que diz respeito ao sistema de posse da terra, 88,3 % dos produtores de
Morada Nova são proprietários da terra que exploram para o exercício da atividade
leiteira. Quanto aos produtores que possuem uma pecuária leiteira de subsistência, esse
percentual cai para 66,4%, remetendo-nos a uma outra questão que há tempo vem sendo
discutida “a questão fundiária
54
”.
54
A percepção de que a manutenção de estrutura fundiária concentrada, reforçada com a implementação
de políticas agrícolas modernizadoras de latifúndios no Brasil, estiveram na base de um processo de
crescimento econômico que manteve e mesmo ampliou a fome e a pobreza, a exclusão e a desigualdade
social e que, portanto, nada tiveram e anda tem de desenvolvimento. (SILVA, 1971).
73
TABELA 8 - Sistema de posse da terra
Morada Nova Ibicuitinga Especificação
Nº de Produtores (%) Nº de Produtores (%)
Própria 15 88,3 8 66,4
Arrendatário 2 11,7 4 33,6
Total 17 100 12 100
Fonte: Dados da Pesquisa
Um dado aqui interessante sobre o local da residência dos proprietários,
mostra-nos que os grandes produtores tendem a não residirem na fazenda. Elas são
somente um ambiente empresarial e não residencial, como é peculiar dos pequenos
produtores de Ibicuitinga, ou que exercem uma pecuária de subsistência ou familiar.
Observou-se, também, a existência de pecuaristas que residiam em ambos os locais,
cidade – fazenda.
TABELA 9 - Residência dos produtores de leite da região
Morada Nova Ibicuitinga Especificação
Nº de Produtores (%) Nº de Produtores (%)
Fazenda 12 70,5 12 100
Cidade 5 29,5 - -
Total 17 100 12 100
Fonte: Dados da Pesquisa
Os dados referentes à administração adotada pelos pecuaristas nos revelam que
70,5 % dos produtores de Morada Nova são os próprios administradores dos seus
respectivos empreendimentos, não tendo, portanto, a participação familiar na
administração. Esse dado que revela um real desinteresse por parte dos filhos dos
produtores em perpetuar o empreendimento rural, ou em razão do real desinteresse para
com o setor ou a vida campestre, ou por estar envolvido em uma outra atividade mais
rentável no setor secundário ou terciário da economia. Apenas 23,5% fica, assim, com
uma administração entre proprietários e a sua própria família.
Um pouco diferentes se encontravam os produtores da cidade de Ibicuitinga,
50% estavam administrando de forma isolada e a outra metade administrando
74
conjuntamente com a família. Nesse último caso, observou-se uma participação da
família em decorrência da falta de oportunidade de ocupação em outros setores da
economia. No caso das famílias que não estavam envolvidas com a atividade, era muito
comum observar somente o produtor vivendo sozinho com sua esposa, em decorrência
do êxodo rural, dos filhos em busca de melhores oportunidades de trabalho nas grandes
cidades como Fortaleza e São Paulo.
TABELA 10 - Sistema de administração adotada pelos produtores
Morada Nova Ibicuitinga Especificação
Nº de Produtores (%) Nº de Produtores (%)
Proprietário 12 70,5 6 50
Proprietário e família 4 23,5 6 50
Administrador - - - -
Administrador e
proprietário
1 6 - -
Administrador e
família
- - - -
Total 17 100 12 100
Fonte: Dados da Pesquisa
No que tange à classificação da mão-de-obra, pode-se observar que os
produtores de Ibicuitinga não contratam operários em caráter temporário, e muito menos
assalariados. Essa situação essa bem distante da sua realidade. O tipo de relação de
trabalho predominante é o familiar, quando não só exercido somente pelo próprio
produtor, como na tabela anteriormente vista. Já em Morada Nova podemos observar
uma distribuição bem mais homogênea.
TABELA 11 - Classificação da mão-de-obra na região.
Morada Nova Ibicuitinga Especificação
Nº de Produtores (%) Nº de Produtores (%)
Trabalho assalariado 6 35,3 - -
Trabalho temporário 6 35,3 - -
Trabalho familiar 5 29,4 12 100
Fonte: Dados da Pesquisa
75
4.2 Territorialidade
Quanto aos aspectos de vantagens locacionais ou territoriais de se estar inserido
no arranjo, os entrevistados de Morada Nova foram bem mais suscetíveis a essas
propostas do aspecto locacional do que os produtores de Ibicuitinga. Os primeiros
deram elevada importância aos aspectos como disponibilidade de mão-de-obra,
Proximidade com os fornecedores, cliente, infra-estrutura e proximidade com produtos e
equipamentos. Para os produtores de Ibicutinga só foi considerado como aspecto de alta
importância a proximidade com clientes e com fornecedores.
Dois aspectos de contribuição nula para os produtores das duas cidades foram a
proximidade de universidades e o baixo custo da mão-de-obra, fator que vem se
agravando, segundo os produtores depois da implantação dos programas de distribuição
de renda como o bolsa família
55
.
55
O Programa de Transferência de Renda Bolsa Família tornou-se um dos principais instrumentos de
combate à fome e de garantia do Direito Humano à Alimentação no Brasil. A proposta vem sendo
amplamente elogiada por cientistas sociais e por diversos meios de comunicação em nível mundial. Em
recente artigo, publicado pela revista britânica The Economist (15.09.2005), o Bolsa Família é
apresentado como uma nova forma de atacar um problema antigo, ou seja, a fome. A revista enfatiza que
o Bolsa Família vem sendo o melhor caminho para ajudar os pobres em comparação com os programas
existentes anteriormente. Outros estudos realizados no Brasil destacam que o Programa representa um
apoio significativo no sentido de garantir uma alimentação mínima a muitas famílias pobres brasileiras
(cf. ZIMMERMANN 2004: 81). Na opinião de Silva/Yazbek/Giovanni (2004: 212), o Bolsa Família
possui um significado real para
os beneficiários, uma vez que para muitas famílias pobres do Brasil
esse programa é a única possibilidade de obtenção de uma renda. Quanto à questão da qualidade e da
quantidade de pessoas beneficiadas, o Programa significa um avanço em relação às propostas
antecedentes. Entretanto, na ótica dos direitos humanos, o referido Programa ainda apresenta uma série de
entraves. SILVA e SILVA (2004)
76
TABELA 12 - Vantagens que a empresa tem por estar localizada no arranjo
Morada Nova Ibicuitinga Vantagens
locacionais
Nulo Baixa Média Alta Nulo Baixa Média Alta
Disponibilidade de
mão-de-obra
11,8% 11,8% 23,5% 52,9% 58,4% 8,3% 8,3% 25%
Baixo custo de mão-
de-obra
47,2% 11,7% 23,5% 17,6% 66,7% 8,3% 8,3% 16,7%
Proximidade c/ os
fornecedores
- 5,8% 17,6% 76,6% 16,7% 8,3% - 75%
Proximidade c/ os
clientes
- 5,8% 5,8% 88,4% 16,7% 8,3% - 75%
Infra-estrutura física 5,8% 12% 5,8% 76,4% 41,7% - 33,3% 25%
Proximidade c/
produtos e equipam.
- 17,6% - 82,4% 75% 8,3% - 16,7%
Serviços
especializados
- 29,4% 29,4% 41,2% 25% 16,7% 33,3% 25%
Programas de apoio 11,7% 23,5% 23,5% 41,3% 75% - 8,3% 16,7%
Proximidade c/
universidades
53% 17,6% 23,5% 5,9% 91,7% 8,3% - -
Fonte: Dados da Pesquisa
Quando se consideram as transações comerciais, o que os produtores das duas
cidades têm em conta como de relevada importância são as aquisições de insumos
70,6%(Morada Nova) e 83,4% (Ibicuitinga). A outra é a venda dos produtos (leite) com
88,2% (Morada Nova) e 58,3% (Ibicuitinga). Já um fator considerado como nulo pelos
produtores das respectivas cidades é a aquisição de serviços especializados
conjuntamente.
77
TABELA 13 - Transações comerciais que a empresa realiza localmente.
Morada Nova Ibicuitinga
Grau de Informação
Transações
comerciais
locais
Nulo Baixo Médio Alto Nulo Baixo Médio Alto
Aquisição de
insumos
5,9% 5,9% 17,6% 70,6% 8,3% - 8,3% 83,4%
Aquisição de
equipamentos
17,7% 11,7% 35,3% 35,3% 58,3% - 16,7% 25%
Aquisição de
serviços
(manutenção)
53% 5,9% 35,2% 5,9% 66,7% 16,7% 8,3% 8,3%
Venda de produtos 11,8% - - 88,2% 16,7% 16,7% 8,3% 58,3%
Fonte: Dados da Pesquisa
4.3 Inovações
No que se refere às inovações tecnológicas introduzidas sejam elas de processo
ou de produtos, as respostas dos entrevistados foram quase unânimes. Em ambos os
casos registraram a não introdução de novos produtos, mesmo já existentes no mercado,
e nenhum produto inédito no referido setor. Todos registraram a introdução de um novo
processo de produção, ou seja, uma inovação de processo, que se encontra materializada
na utilização do tanque de resfriamento.
Dentro do que se trata de inovações organizacionais, percebeu-se a elevada
importância que os produtores de Morada Nova (de maneira mais acentuada) e de
Ibicuitinga dão à introdução de novas práticas de comercialização.
78
TABELA 14 - Introdução de Inovações
Descrição
Morada Nova Ibicuitinga
Inovações de Produtos SIM NÃO SIM NÃO
Produto novo para a sua empresa, mas já existente no
mercado?
5,9% 94,1% - 100%
Produto novo para o mercado? 100% - 100%
Inovações de Processos
- - - -
Processos tecnológicos novos para sua empresa mas já
existentes no setor?
100% - 100% -
Processos tecnológicos novos para o setor? - 100% - 100%
Outros Tipos de Inovação
- - - -
Melhoria substancial do ponto de vista tecnológico
(acondicionamento)
76,5% 23,5% 100% -
Inovações Organizacionais
- - - -
Implementação de técnicas de gestão? 52,9% 47,1% 33,3% 66,7%
Implementação de mudanças organizacionais 47,1% 52,9% 33,3% 66,7%
Práticas de Marketing 20% 80% 66,7% 33,3%
Mudanças nas práticas de comercialização 91,7% 8,3% 58,3% 41,7%
Fonte: Dados da Pesquisa
Ao tratarmos dos impactos das inovações, ambos os entrevistados deram elevada
importância ao aumento da produtividade que está diretamente relacionada à tabela que
trata da matéria-prima. Dessa forma observaram-se 64,9% e 41,6% dos produtores de
Morada Nova e Ibicuitinga, respectivamente. Ambos não observaram ou deram
baixíssima importância à ampliação de novos mercados com 82,5% em média para os
dois municípios.
Ambos acreditam que a introdução de novos processos irá resultar no aumento
da qualidade do produto, com 35,2% e 58,4% em Morada Nova e Ibicuitinga,
respectivamente.
79
TABELA 15 - Impacto resultante da introdução de inovações
Morada Nova Ibicuitinga Tipo de Impacto
Nulo Baixo Médio Alto Nulo Baixo Médio Alto
Aumento da
produtividade
11,7% 11,7% 11,7% 64,9% 25% 16,7% 16,7% 41,6%
Ampliação dos
produtos ofertados
88,2% 5,9% - 5,9% 83,3% - 16,7% -
Aumento da
qualidade
11,8% 29,5% 23,5% 35,2% - 8,3% 33,3% 58,4%
Permitiu que a
empresa abrisse
novos mercados
47% 17,8% 11,7% 23,5% 83,4% 8,3% 8,3% -
Aumento da
participação no
mercado
5,9% 5,9% 29,4% 58,8% 16,6% - 41,7% 41,7%
Permitiu a redução
dos custos dos
insumos produto
17,7% 29,4% 35,2% 17,7% 58,3% 16,7% 16,7% 8,3%
Fonte: Dados da Pesquisa
Quanto aos aspectos de atividade inovativa, nenhuma das empresas executa
P&D, enquanto alguns produtores de Morada Nova se utilizam de algum de tipo de
P&D, principalmente oriundo dos Institutos de pesquisa como a EMBRAPA, o Centro
de Tecnologia do Ceará (CENTEC) e outros, principalmente no que se refere ao
melhoramento genético.
Em torno de 41,2% em Morada Nova e 66,7% Ibicuitinga consideraram que se
desenvolveu ocasionalmente a aquisição de máquinas e equipamentos que implicaram
melhorias do processo produtivo. Quando se pedia aos entrevistados exemplos, eles
sempre se reprotavam ao tanque de resfriamento.
A maioria dos entrevistados nos dois municípios consideraram a introdução de
novas formas de comercialização como um dos impactos advindos das atividades
inovativas, principalmente quando se remete a questão dos tanques que gerou uma nova
configuração nos modelos de comercialização até então desenhados.
80
TABELA 16 - Tipo de atividade Inovativa
Morada Nova Ibicuitinga Tipo de atividade Inovativa
01 02 03 01 02 03
Pesquisa de desenvolvimento na
empresa
100% - - 100% - -
Aquisição externa de P&D 41,2% 35,3% 23,5% 100% - -
Aquisição de máquinas e equipamentos
que implicaram melhorias tecnológicas
de produtos/processos.
29,4% 41,2% 29,4% 16,7%
66,7% 16,7%
Programa de treinamento para
produtos/processos tecnologicamente
novos ou significativamente melhorados
64,7% 5,8% 29,5% 58,3% 16,7% 25%
Programas de gestão da qualidade ou de
modernização organizacional
91,4% - 5,8% 91,7% 8,3% -
Novas formas de comercialização e
distribuição para o mercado de produtos
novos ou significativamente melhorados
23,5% 64,8% 11,7%
- 66,7% 33,3%
Fonte: Dados da Pesquisa.
Legenda: 1: Não desenvolve. 2: Desenvolve ocasionalmente. 3: Desenvolve sempre.
Dentro do sentido da busca de novas informações com o enfoque do aprendizado
a maioria dos produtores dos municípios de Morada Nova e Ibicuitinga registraram
como nulo a importância de fontes internas as empresas, como as áreas de produção,
fontes externas como outras empresas e concorrentes. Dessa forma, pode-se observar a
estrita percepção de aprendizado que os produtores carregam em si.
A tabela acima registra o baixo interesse ou nível de importância que o
aprendizado exerce na vida desses produtores. Pode se também perceber que o
pecuarista de Morada Nova possui uma pequena abertura, em relação aos produtores de
Ibicuitinga. Isso pode estar intrinsecamente relacionado ao dinamismo do setor e do seu
respectivo município.
Podemos perceber que os produtores de Morada Nova estão bem mais propensos
à adoção de tecnologias, do que os de Ibicuitinga, 83,2% não utilizam tecnologias
voltadas ao cultivo de capim, milho ou sorgo para a alimentação do gado. Os
pecuaristas de Morada Nova empregam o pastejo irrigado (70,5%) e rotacionado
(29,5%).
81
TABELA 17 - Nível de adoção de tecnologias
Morada Nova Ibicuitinga
Especificação
Nº de Produtores (%) Nº de Produtores (%)
Analise do solo - - - -
Correção do solo - - 2 16,8
Pastagem irrigada 12 70,5
Pastejo rotacionado 5 29,5 - -
Não utiliza -- - 10 83,2
Fonte: Dados da Pesquisa
No que diz respeito à adubação da capineira, pode se perceber que 53% dos
produtores de Morada Nova utilizam a da adubação orgânica, enquanto apenas 35,3
empregam a adubação química e somente 11,7% dos pecuaristas entrevistados
afirmaram que não utilizam adubação. Todos os produtores de Ibicuitinga assinalaram a
não-utilização de nenhuma forma de adubação solo para a produção da capineira. Essa é
uma prática bem comum dos produtores, que se enquadram no perfil de apecuária de
subsistência.
TABELA 18 - Tipo de fertilizante e prática de adubação da capineira adotada
pelos produtores da região.
Morada Nova Ibicuitinga
Especificação
Nº de Produtores (%) Nº de Produtores (%)
Adubo orgânico
9 53 - -
Adubo químico
6 35,3 - -
Outros
- - - -
Não aduba
2 11,7 12 100
Fonte: Dados da Pesquisa
Um aspecto bem peculiar para se perceber a diferenciação da qualidade e da
produtividade leiteira estaá diretamente vinculado à raça do animal produtor. Em
Morada Nova, a maioria dos produtores possuem, em seu plantel, animais das raças
holandesas (35,3%) e girolanda (29,4%). Em Ibicuitinga a raça predominante entre os
produtores é a mestiça, representando um percentual de 75%, contra 16,7% de
girolanda. Dessa forma, podemos mais uma vez confirmar o tipo de pecuária dos
produtores de Ibicuitinga, ou seja, a pecuária de subsistência, característica dos
produtores que utilizam, em sua grande maioria, animais da raça mestiça.
82
TABELA 19 - Predominância racial do rebanho leiteiro.
Morada Nova Ibicuitinga Especificação
Nº de Produtores (%) Nº de Produtores (%)
Girolanda 5 29,4 2 16,7
Holandeza 6 35,3 - -
Gir 1 5,9 - -
Guzerá - - - -
Jersey - - 1 8,3
Pardo Suíço - - - -
Mestiço 5 29,4 9 75
Outros - - - -
Fonte: Dados da Pesquisa
No aspecto alimentação animal pode-se perceber que eles não são mutuamente
excludentes. Mais do que comum é a utilização de mais de uma especificação por
produtor. Nas duas cidades a prática mais comum é o balanceamento de ração e a
prática menos observada é a utilização de ferro na alimentação dos animais.
TABELA 20 - Sistema de alimentação do rebanho leiteiro.
Morada Nova Ibicuitinga Especificação
Nº de Produtores (%) Nº de Produtores (%)
Balanceamento de Ração 12 22,6 8 21
Adição de água ao cocho 9 17 7 18,4
Utiliza Silagem 7 13,2 9 23,8
Utiliza capineira 9 17 6 15,8
Utiliza ferro 4 7,5 1 2,6
Utiliza sal mineral 12 22,7 7 18,4
Fonte: Dados da Pesquisa
Quanto ao sistema de ordenha adotado, pode-se observar que em ambos os
municípios ainda é comum a prática da ordenha manual. Apenas um produtor na cidade
de Morada Nova, utiliza o sistema de ordenhadeira mecânica. Esse mesmo produtor,
emprega os dois sistemas: na primeira ordenha, em que o volume de leite coletado é
alto, o produtor faz uso da ordenhadeira mecânica; já na segunda ordenha no período da
tarde em que o volume de leite é bem inferior, é utilizado o sistema manual, em
decorrência do elevado custo de utilização de energia e com a da para higienização dos
utensílios.
83
TABELA 21 - Tipo de Ordenha adotado
Morada Nova Ibicuitinga Especificação
Nº de Produtores (%) Nº de Produtores (%)
Ordenha manual 16 94,1 12 100
Ordenha mecanica 1 5,9 - -
Total 17 100 12 100
Fonte: Dados da Pesquisa
Outra característica de diferenciação dos sistemas pecuários utilizados é o
número de ordenhas diárias. Como podemos ver, todos os produtores de Ibicuitinga
executam apenas uma ordenha ao dia. Observou-se que quase 30% dos produtores de
Morada Nova, realizou duas ordenhas ao dia, e aproximadamente 6% dos entrevistados,
executam três ordenhas diariamente. É própria do sistema de pecuária especializada a
realização de mais de uma ordenha ao dia, enquanto nos demais sistemas (subsistência e
familiar) ocorre apenas uma ordenha/dia.
TABELA 22 - Número de ordenhas adotadas pelos produtores.
Morada Nova Ibicuitinga Especificação
Nº de Produtores (%) Nº de Produtores (%)
Uma ordenha 11 64,7 12 100
Duas ordenhas 5 29,4 - -
Três ordenhas 1 5,9 - -
Total 17 100 12 100
Fonte: Dados da Pesquisa
O armazenamento e o condicionamento do produto, fazem jus aos tanques de
resfriamento, já que todos os pesquisados são beneficiários do programa. Antes da
implantação dos tanques, era muito comum na região a presença de atravessadores ou
de grandes produtores. Estes possuíam tanques com a finalidade de utilização própria e
de armazenamento do leite dos pequenos produtores, que negociavam o produto a preço
bem abaixo do de mercado. Em decorrência da baixa produtividade de muitos pequenos
produtores, não compensava às grandes empresas gastar com transporte para coleta de
uma pequena quantidade. Dessa forma, os produtores não tinham outra opção de venda
a não ser o atravessador que acabava detendo a governança da cadeia produtiva.
84
Após a aquisição dos tanques e o surgimento das associações de produtores de
leite, pode se observar uma outra configuração ao longo da cadeia produtiva, no que
tange ao sistema de coordenação, principalmente em decorrência agora da simetria de
informação, e não mais da assimetria como em períodos anteriores à introdução dos
tanques.
TABELA 23 - Tipo de resfriamento adotado.
Morada Nova Ibicuitinga Especificação
Nº de Produtores (%) Nº de Produtores (%)
Tanque
de resfriamento
17 100 12 100
Tanque de imersão - - - -
Não resfria - - - -
Total 17 100 12 100
Fonte: Dados da Pesquisa
A prática de inseminação artificial é pouco utilizada entre os produtores do
sistema de pecuária de subsistência, na qual todos os produtores entrevistados de
Ibicuitinga se enquadram. Entre eles não há essa cultura ou posse de recursos para o
exercício dessa prática. Entre os produtores de Morada Nova esse mecanismo é bastante
utilizado, por pouco mais da metade dos entrevistados. Em sua grande maioria, os que
empregam, as utilizam em parte do rebanho.
TABELA 24 - Uso de inseminação artificial pelos produtores.
Morada Nova Ibicuitinga
Especificação
Nº de
Produtores
(%) Nº de
Produtores
(
%)
Rebanho inteiro 2 11,7 - -
Parte do rebanho 7 41,2 - -
Não utiliza 8 47,1 12 100
Total 17 100 12 100
Fonte: Dados da Pesquisa
85
O manejo sanitário do rebanho contra aftose é uma prática bastante difundida em
toda a região, graças ao trabalho de cobertura de órgãos como a Emartece, garantindo,
assim, uma área sem incidência da doença. Os produtores de Morada Nova, utilizam
bem mais de outras formas de manejo sanitário do que os produtores de Ibicuitinga.
Acredita-se que em razão do seu maior nível informação.
TABELA 25 - Vacinações e aspectos Sanitários adotados
Morada Nova Ibicuitinga Especificação
Nº de
Produtores
(%) Nº de
Produtores
(%)
Aftosa 17 37 12 41,5
Brucelose 11 24 10 34,4
Pneumoenterite - - - -
Clostridiose 2 4,2 - -
IBR - IBV - - - -
Exame de brucelose 4 8,5 2 6,9
Exame de tuberculose 2 4,2 1 3,5
Vermifugação 9 19,5 4 13,7
Teste mastite 1 2,6 - -
Leptospirose - - - -
Fonte: Dados da Pesquisa
4.4 Aprendizado
Dentro do sentido da busca de novas informações com o enfoque do aprendizado
a maioria dos produtores dos municípios de Morada Nova e Ibicuitinga registraram
como nula a importância de fontes internas as empresas, como as áreas de produção,
fontes externas como outras empresas e concorrentes. Dessa forma pode-se observar a
pequena visão de aprendizado que os produtores detém. Não podemos aqui acusá-los
porque esse é um aspecto que não só se restringe a essa região, mas a todos que se
enquadram nesse contexto de produção.
86
Na tabela anterior podemos registrar o baixo interesse ou nível de importância
que o aprendizado exerce na vida desses produtores. Pode-se também perceber que o
pecuarista de Morada Nova possui uma pequena abertura, em relação aos produtores de
Ibicuitinga. Isso pode estar intrinsecamente relacionado ao dinamismo do setor e do seu
respectivo município.
TABELA 26 - Fonte de Informações para o aprendizado
Morada Nova Ibicuitinga
Nulo Baixa Média Alta Nulo Baixa Média Alta
Fontes
Internas
Departamento
de P&D
76,% 5,9% 5,9% 11,8% 83,3% - 8,3% 8,3%
Área de
Produção
29,4% 17,6% 23,5% 29,5% 75% - 8,3% 16,7%
Marketing
100% - - - 91,7% 8,3% - -
Fontes Externas
Outras
empresas
100% - - - 83,3% - 8,3% 8,3%
Fornecedores 41,2% - 17,6% 41,2% 83,3% - - 16,7%
Clientes 58,8% 17,7% 5,8% 17,7% - - - -
Concorrentes 100% - - - 83,3% - - 16,7%
Outras
empresas do
setor
82,3% 17,7% - - 91,7% - 8,3% -
Empresas de
Consultoria
88,2% - 5,9% 5,9% 83,3% - 8,3% 8,3%
Universidade e outros institutos de pesquisa
Universidades 100% - - - 91,7% 8,3% - -
Instituto de
pesquisas
76% - 5,8% 17,% 83,% 8,3% 8,3% -
Centros de
capacitação
64% - 5,8% 29,5% 83,3% - 16,7% -
-
87
continua
continuação
Outras fontes de Informação
Licenças e
patentes
41,1% 11,7% 23,6% 23,6% 58,3% 45,7% -
-
-
-
Seminários e
cursos
82,% - 5,9% 11,7% 91,7% 8,3% -
-
-
-
Feiras 47,% 17,7% 11,7% 23,5% 91,7% 8,3% -
-
-
-
Associações 52,% 23,6% 5,8% 17,6% 83,3% -
-
-
-
16,7%
Encontros de
lazer
47% -
-
29,5% 23,5% 83,3% -
-
-
-
16,7%
Fonte: Dados da Pesquisa
Apesar de todos os produtores entrevistados estarem inseridos na associação,
alguns não carregam esse sentimento de pertencimento, mesmo utilizando-se das
benesses da comercialização conjunta e da compra de medicamentos e insumos. Muitas
vezes, não existe esse sentimento, em razão de brigas familiares, desentendimento de
algum associado com o presidente da associação, por razões diversas e fora do contexto
do exercício da atividade da pecuária leiteira.
Outros também entendiam a palavra de atividades cooperativas como se lhes
estivesse sendo perguntado se ele era um cooperado da COOPERNOVA, uma
cooperativa bem estruturada de grandes produtores da região, ou seja, não enxergavam
como o exercício de trabalhos conjuntos.
Dentro do quesito inovação e aprendizado trabalhamos com os produtores as
suas principais fontes de informação, podendo estes assinalarem para mais de uma
opção, em razão das respostas não serem mutuamente excludentes. Aqui podemos
observar que a maioria dos produtores de Ibicuitinga não buscam nenhum tipo de
informação. Os produtores de Morada Nova procuram informação, e, principalmente,
88
em mais de uma fonte, uma das razões que demonstra o dinamismo do setor no
município.
TABELA 27 - Principais fontes de acesso à informação
Morada Nova Ibicuitinga Especifica-
ção
Nº de Produtores (%) Nº de Produtores (%)
Livros 3 10 - -
Revistas 3 10 - -
Jornais 1 3 - -
Programas de TV 12 39 2 17
Vídeos 1 3 - -
Programas de rádio 2 6 1 8
Outro produtor 5 16 1 8
Não busca 1 3 7 59
Outros 3 10 1 8
Fonte: Dados da Pesquisa
Ainda dentro do quesito inovação e acesso a informação, podemos
observar que as respostas não são mutuamente excludentes. O produtor pode recorrer a
mais de uma assistência técnica. Mas os produtores de Ibicuitinga, só tendem a procurá-
la em um único local, diferentemente dos pecuaristas de Morada Nova, que utilizam
várias fontes. A Emartece é a principal assistência técnica que ambos buscam em sua
grande maioria nos dois municípios.
TABELA 28 - Acesso a assistência técnica
Morada Nova Ibicuitinga Especificação
Nº de
Produtores
(%) Nº de
Produtores
(%)
Autônomo
2 9,5 1 8,3
Ematerce 8 38 7 58,3
Cooperativa de
técnicos
1 4,7 1 8,3
89
Prefeitura mundial 3 14,4 - -
Empresa
especializada
- - - -
continua
continuação
Empresa
de pesquisa
- - - -
Fornecedor
de Insumos
4 19 - -
Colégio agrícola - - - -
Universidade - - - -
ONG - - - -
Outros - - - -
Não Utiliza 3 14,4 3 25,1
Fonte: Dados da Pesquisa
Ainda dentro do contexto inovação, mas agora com o enfoque aprendizado, os
pecuaristas utilizam a associação de produtores de leite que são beneficiados pelo
tanque de resfriamento, em um portifólio de benefícios bem diversificado. A venda do
leite e a compra de insumos de forma conjunta, os principais serviços que todos os
associados mais usufruem.
Podemos ressaltar um dos principais objetivos ou benesse dessa política pública
que veio, principalmente para corrigir ou atenuar uma imperfeição de mercado:
monopsônio. Os pequenos produtores foram dizimados e pulverizados ao longo de toda
a região, sem poder de barganha na venda do leite para a empresa Betânia, principal
compradora e processadora do leite na região no Baixo e Médio Jaguaribe.
A partir da introdução dos tanques de resfriamento, os produtores puderam estar
mais articulados e organizados, tanto na produção como na comercialização. Como
todos agora vendem o leite de forma conjunta, espera-se um qualidade homogênea do
produto. O incentivo à elevação da produção de leite, caso a produção diária da
associação por tanque supere de 150 litros, eles ganham 0,01 (um) centavo a mais por
90
litro/dia, acima de 250 litros, eles ganham 0, 02 (dois) centavos a mais, acima de 350
litros/dia, eles recebem 0,03 (três) centavos a mais.
Um fator crucial em termos de beneficio, por estarem inseridos dentro do
arranjo, são as compras conjuntas de insumos, principalmente para a alimentação
animal e os medicamentos voltados à atividade. Dessa forma, os pequenos produtores
conseguem barganhar um preço, menor em decorrência da compra em quantidades
maiores, benefício que não teriam caso estivessem ausentes do arranjo produtivo.
Portanto, com a redução dos custos de produção em decorrência das compras conjuntas
e o aumento da receita, em razão da venda conjunta do leite, ambos os associados
conseguem uma margem de lucro bem superior, caso não estivessem recebendo os
benefícios de uma governança.
TABELA 29 - Utilização dos serviços prestados pela associação ou cooperativa.
Morada Nova Ibicuitinga Especificação
Nº de Produtores (%) Nº de Produtores (%)
Venda do leite 11 32 9 43
Compra de
insumos
10 29 8 37
Inseminação
artificial
1 3 - -
Assistência técnica 3 9 2 10
Serviço mecânico - - - -
Aluguel
de máquinas
8 24 2 10
Supermercado - - - -
Assistência jurídica - - - -
Outros 1 3 - -
Compra de leite - - - -
Venda de insumos - - - -
Inseminação
artificial
- - - -
Fonte: Dados da Pesquisa
91
4.5 Capital Social
Apesar de todos os produtores entrevistados estarem inseridos nessa associação,
alguns não estão imbuídos desse sentimento de pertencimento, mesmo utilizando as
benesses da comercialização conjunta e da compra de medicamentos e insumos. Muitas
vezes, não existe esse sentimento, em razão de brigas familiares, desentendimento de
algum associado com o presidente da associação, por razões diversas e fora do contexto
do exercício da atividade da pecuária leiteira.
TABELA 30 - Envolvimento em atividades cooperativas
Morada Nova Ibicuitinga Participação
Nº de Produtores (%) Nº de Produtores (%)
Sim 15 88,2 9 75
Não 2 11,8 3 25
Total 17 100 12 100
Fonte: Dados da Pesquisa
Dentre os agentes que mais desempenharam um papel de contribuição na vida
dos produtores, foram classificadas as empresas do grupo, fornecedores e clientes, como
os que tiveram uma participação de relativa importância em ambos os municípios.
Já as universidades, institutos de pesquisa e centros de capacitação foram
classificados como agentes de baixa importância em trabalhos de parcerias, como da
mesma forma, as empresas de consultoria, outras empresas e concorrentes, que possuam
uma representação percentual de mais de 83% nos dois municípios.
92
TABELA 31- Quais os agentes que desempenharam papel importante como
parceiros durante os últimos anos.
Morada Nova Ibicuitinga Agentes
Nulo Baixo Médio Alto Nulo Baixo Médio Alto
Empresas
Empresas do grupo 17,6% - 29,4% 53% 58,3% - 8,3% 33,3%
Fornecedores 29,4% 5,9% 11,7% 53% 75% - -- 25%
Clientes 70,6% 5,9% 5,9% 17,6% 66,7% - - 33,3%
Concorrentes 88,21% 5,9% 5,9% - 83,3% - 16,7% --
Outras Empresas 88,2% 5,9% - 5,9% 83,3% 8,3% 8,3% -
Empresa de
consultoria
100% - - - 83,3% - 16,7% -
Outros Agentes
Representação 70,6% 17,6% 5,9% 5,9% 83,4% 8,3% 8,3% -
Sindicatos 58,8% 5,9% 29,4% 5,9% 58,3% 8,3% 16,7% 16,7%
Órgão Financiador 76,6% - 11,7% 11,7% 66,7% 8,3% 25% --
Universidade e Outros Institutos de Pesquisa
Universidades 88,2% 5,9% 5,9% - 83,3% 16,7% - -
Instituto de
Pesquisas
64,7% - 11,7% 23,6% 50% 33,4% 8,3% 8,3%
Centros de
capacitação
58,8% 17,6% 11,8% 11,8% 66,7% 25% 8,3% -
Fonte: Dados da Pesquisa
Foram assinalados pelos produtores que as principais formas de cooperação
observadas dentro da associação dos beneficiários do tanque de resfriamento são as
compras de insumos com uma representação percentual de alta importância em torno de
70,6% (Morada Nova) e Ibicuitinga (66,6%). Uma outra forma de alta relevância são as
vendas conjuntas à Betania, garantido preço bem melhor do que o anterior à
implantação do tanque.
Já as contribuições de baixa relevância para os produtores das duas cidades são o
desenvolvimento de produtos/processos, capacitação de recursos humanos, obtenção
financeira e participação conjunta em feiras do setor. Em termos percentuais, esses
valores de baixa importância são bem mais acentuados em Ibicuitinga do que os
observados em Morada Nova.
93
TABELA 32 - Formas de Cooperação realizadas durante os últimos anos
Morada Nova Ibicuitinga
Grau de Informação
Formas
de
Cooperação
Nulo Baixo Médio Alto Nulo Baixo Médio Alto
Compra de insumos
e equipamentos
17,6% 5,9% 5,9% 70,6% 16,7% 16,7% - 66,6%
Venda conjunta 11,8% - 5,9% 82,3% 8,3% - - 91,7%
Desenvolvimento de
produtos/processos
70,6% - 29,41% 75% -- 8,3% 16,7%
Capacitação de RH 64,7% 5,9% 23,5% 5,9% 75,1% 8,3% 8,3% 8,3%
Obtenção financeira 52,9% 5,9% 17,7% 23,5% 83,4% 8,3% 8,3% -
Participação
conjunta em feriras
58,8% 23,5% 5,9% 11,8% 83,4% 8,3% 8,3% -
Fonte: Dados da Pesquisa
Quanto às avaliações das ações conjuntas os produtores classificaram como de
alta importância a melhoria do produto e os novos processos utilizados em ambos os
entrevistados. Já nos quesitos novos produtos, melhores recursos humanos e introdução
de inovações, ambos acharam de baixa importância. Em termos percentuais, esses
valores são maiores para o pecuarista de Ibicuitinga, do que para os de Morada Nova.
TABELA 33 - Avaliação dos resultados das ações conjuntas
Morada Nova Ibicuitinga Tipos de
resultados
Nulo Baixa Média Alta Nulo Baixa Média Alta
Melhoria do
produto
6% - 47% 47% 25% 8,3% 16,7% 50%
Novos produtos 88,2% 5,9% 5,9% 83,4% 8,3% - 8,3%
Novos processos
23,5% 23,5% 17,7% 35,3% 33,3% 16,7% 16,7% 33,3%
Melhores
fornecedores
11,8% - 11,8% 76,4% 50% - - 50%
Melhor RH
53% 23,5% 23,5% 75% 16,7% 8,3% -
Introdução de
inovações
41,5% 17,6% 23,3% 17,6% 83,4% 8,3% - 8,3%
Fonte: Dados da Pesquisa
94
Os produtores classificaram, em ordem de importância, as capacitações na
propriedade após a implantação do tanque de resfriamento, pois ao serem beneficados
pelo programa, houve uma capacitação de 80 horas/aula para os produtores sobre
alimentação animal, melhor manejo do rebanho, melhoramento genético, condições
sanitárias, produção e comercialização do leite.
Assim, os produtores ressaltaram como de alta importância as melhores
utilizações de técnicas produtivas com os respectivos valores percentuais 41% (Morada
Nova) e 58,45 (Ibicuitinga). Os produtores de Morada Nova, consideram também como
de elevada importância as melhorias introduzidas em produtos e processos com o
percentual de 35,2%, enquanto os produtores de Ibicuitinga já consideram como um
aspecto de alta importância a melhor capacitação que foi introduzida com um percentual
da ordem de 58%.
TABELA 34 - Como melhoram as capacitações da empresa.
Morada Nova Ibicuitinga Capacitações
Nulo Baixa Média Alta Nulo Baixa Média Alta
Melhor utilização
de técnicas
produtivas
23,8% 11,7% 23,5% 41% 33,3% - 8,3 58,4%
Melhorias em
produtos e
processos
35,2% - 29,6% 35,2% 83,4% - - 16,6%
Melhor capacitação 76,6% 5,8% 17,6% 16,6% - 25% 58,4%
Conhecimento do
mercado
35,4% 11,7% 29,4% 23,5% 33,3% 33,3% 8,4% 25%
Capacitação
administrativa
29,5% 17,6% 29,4% 23,5% 75% - - 25%
Fonte: Dados da Pesquisa
95
4.6 Governança
Todas as propriedades, por intermédio da associação dos beneficiários do tanque
de resfriamento, acabam de forma indireta sendo subcontratadas da Betânia, na região,
tanto os produtores de Morada Nova como os de Ibicuitinga.
TABELA 35 - A empresa atua como subcontratada.
Morada Nova Ibicuitinga Subcontratação
Nº de Produtores (%) Nº de Produtores (%)
Sim 17 100% 12 100%
Não - - - -
Total 17 100% 12 100%
Fonte: Dados da Pesquisa
Os entrevistados eram indagados sobre a sua real função nessa relação
subcontratual com a empresa Betânia; 100% dos entrevistados de Morada Nova
classificaram o fornecimento de insumos para a Betânia, como por exemplo, a produção
do leite, enquanto 83,7% dos entrevistados de Ibicuitinga se classificam na categoria de
realizar algum tipo de serviço para a subcontratante localizada dentro do arranjo.
Esperava-se que nos aspectos comercialização, administração, montagens e
embalagens, serviços especializados, os produtores sinalizassem 100% na categoria (01)
que nos diz que a empresa não realiza esse tipo de atividade, a exemplo do que ocorreu
com o desenvolvimento de produtos e serviços gerais.
TABELA 36 - Tipo de serviço ou atividade que a empresa realiza.
Morada Nova Ibicuitinga Tipos de serviços ou atividades
01 02 03 01 02 03
Fornecimento de insumos
- 100% - - 83,3% 16,7%
Montagem e embalagens
70,6% 23,5% 5,9% 75% 25% -
Serviços especializados( laboratoriais)
76,5% 23,5% - 75% 25% -
Administrativa (gestão)
88,2% 11,8% - 100% - -
Desenvolvimento de produtos
100% - - 100% - -
Comercialização
41,2% 29,4% 29,4% 58,3% 25% 16,7%
Serviços gerais (limpeza)
100% - - 100% - -
Fonte: Dados da Pesquisa
Legenda: 1: A empresa não realiza esse tipo de atividade. 2: A empresa realiza esse tipo de atividade p/
uma subcontratante localizada dentro do arranjo. 3: A empresa realiza esse tipo de atividade p/ uma
subcontratante localizada fora do arranjo.
96
Dentro do aspecto contribuição dos sindicatos, associações e cooperativas
percebeu-se novamente a maior sensibilidade de organização dos produtores de Morada
Nova com relação aos pecuaristas de Ibicuitinga, tendo, portanto uma governança mais
aguçada entre os seus participantes. Pode-se ver (tabela 37) que as principais
contribuições sinalizadas pelos produtores são reivindicações comuns, ações
cooperativas, auxílio em objetivos comuns e percepção para ações estratégicas.
Para os produtores de Ibicuitinga, as contribuições advindas de trabalhos
conjuntos possuem contribuição nula, quando não muito baixa, o que representa um
verdadeiro descrédito do trabalho em parcerias com outros produtores. Nesse município,
era muito comum o relato de insatisfação dos associados, com o representante legal do
tanque de resfriamento, não se sentindo, portanto, dignamente representado pelo “Tico
(denominação na região do síndico do tanque).
TABELA 37 - Como avalia a contribuição de sindicatos, associações, cooperativas
e locais.
Morada Nova Ibicuitinga
Grau de Importância
Tipos
de
Contribuição
Nulo Baixa Média Alta Nulo Baixa Média Alta
Auxilia em
objetivos comuns
23,5% 5,9% 11,8% 58,8% 25% 16,7% 16,7% 41,6%
Percepção p/ ações
estratégicas
35,3% 5,9% - 58,8 25% 25% 41,7% 8,3%
Disponibilidade de
informações
11,8% 11,8% 29,4% 47% 41,7% 8,3% 16,7% 33,3%
Formas
financiamento
35,3% 5,9% 23,5% 35,3% 66,7% 8,3% 16,7% 8,3%
Ações cooperativas
11,8% 23,5% 5,9% 58,8% 75% - - 25%
Reivindicações
comuns
17,6% 17,6% 5,9% 58,9% 66,7% - - 33,3%
Fórum de
discusões
23,5% 5,4% 29,9% 41,2% 58,3% 16,7% 16,7% 8,3%
Capacitação
tecnológica
35,3% 17,7% 23,5% 23,5% 66,7% 16,7% 8,3% 8,3%
Organização de
eventos
64,7% 17,7% 11,7% 5,9% 83,3% 16,7% - -
Fonte: Dados da Pesquisa
97
Com relação à participação e conhecimento dos programas de governo,
percebeu-se um baixo conhecimento dos participantes sobre as ações do Sebrae,
principalmente entre os produtores de Ibicuitinga que chegaram a perguntar aos
pesquisadores “o que era isso ?”
Quando se perguntava sobre os programas que conhecia e dos quais participava,
os produtores só descreviam o programa do tanque de resfriamento que foi uma
articulação entre o Ministério da Integração (Governo Federal) e a Secretaria das
Cidades (Governo Estadual).
4.7 Políticas Públicas
TABELA 38 - Participa ou tem conhecimento sobre algum tipo de programa do
governo
Morada Nova Ibicuitinga Instituição e Esfera
Governamental
01 02 03 01 02 03
Governo Federal
35,3% 11,7% 53% 50% 8,3% 41,7%
Governo Estadual
53% 17,6% 29,4% 50% 8,3% 41,7%
Governo Municipal
94,1% 5,9% 100% - -
Sebrae
88,2% 5,9% 5,9% 100% - -
Fonte: Dados da Pesquisa
Legenda: 1 – Não têm conhecimento. 2 – Conhecem, mas não participam. 3 – Conhecem e participam.
Quanto à introdução de políticas públicas que poderiam vir para amenizar a
situação dos produtores de leite, pode-se perceber melhor compreensão das reais
necessidades dos produtores de Morada Nova, com relação aos de Ibicuitinga. No
primeiro município, os entrevistados consideraram de alta importância as políticas
públicas que atendam a maiores linhas de crédito, incentivas fiscais, consultorias
técnicas, capacitação profissional e melhorias nas áreas de educação, tendo uma
representatividade superior a 50% .
Quanto aos produtores de Ibicuitinga, esses deram alta importância às políticas
de ordem de linha de crédito, consultoria técnica e capacitação chegando a 50%.
98
TABELA 39 - Quais as políticas públicas poderiam contribuir para o aumento da
eficiência competitiva das empresas.
Morada Nova Ibicuitinga
Grau de Importância
Ações Políticas
Nulo Baixa Média Alta Nulo Baixa Média Alta
Capacitação
profissional
5,9% 5,9% 5,9% 82,3% - 16,7% 33,3% 50%
Melhorias na
educação
17,4% 5,9% 11,8% 64,9% 8,3% 41,7% 8,3% 41,7%
Consultoria
técnica
11,7% 5,9% 5,9% 76,5% 8,3% 25% 16,7% 50%
Oferta de serviços
tecnológicos
11,7% 11,7% 29,5% 47,1% 25% 25% 25% 25%
Programas de
acesso à
informação
23,5% 5,9% 23,5% 47,1% 33,3% 16,7% 16,7% 33,3%
Linhas de crédito
5,9% 11,8% 23,5% 58,8% 8,3% 8,3% 25% 58,4%
Incentivos fiscais
29,4% 11,8% 5,9% 52,9% 16,7% 8,3% 33,3% 41,7%
Fonte: Dados da Pesquisa
Quanto aos obstáculos que limitam o acesso da empresa às fontes externas de
financiamento, pode-se assinalar para os dois municípios como principal gargalo e com
um percentual de 58% de alta importância os entraves burocráticos. Pode-se observar
que os pequenos produtores de Ibicuitinga sentem bem mais dificuldade de acesso ao
crédito com relação aos produtores de Morada Nova, o que se pode comprovar pelos
valores percentuais de alta importância desses entrevistados.
99
TABELA 40 - Principais Obstáculos que limitam o acesso da empresa as fontes
externas de financiamento.
Morada Nova Ibicuitinga
Grau de Importância
Limitações
Nulo Baixo Médio Alto Nulo Baixo Médio Alto
Inexistências de
linhas de créditos
23,5% 11,8% 17,6% 47,1% 16,7% 8,3% 25% 50%
Entraves
burocráticos
17,6% 5,9% 17,6% 58,9% 25% - 16,7% 58,3%
Consultoria técnica - - - - - - - -
Exigência de aval e
garantias
47,1% - 35,3% 17,6% 25% 8,3% 25% 41,7%
Entraves fiscais
74,1% - 29,4% 23,5% 25% 8,3% 25% 41,7%
Fonte: Dados da Pesquisa
4.8 Especificidades do Setor Pecuário
Pela quantidade e composição do rebanho podemos perceber claramente a
diferença das estruturas de produção leiteira dos dois grupos pesquisados. Enquanto em
Morada Nova se contabilizou um rebanho de 1.347 cabeças, o que corresponde a 79
cabeças, em média, por produtor pesquisado. Já em Ibicuitiga observou-se apenas 194
cabeças, o que equivale, em média, a 16 animais por produtor pesquisado. Em Morada
Nova o número de vacas em reprodução é bem superior, as de Ibicuitnga, ou seja, são
13,8% contra 0,5%. Já o percentual referente a vacas secas, ou seja, as que não estão
produzindo leite. Elas só se alimentam e não estão gerando renda, mas somente
prejuízo. A pecuária aqui estar voltada à produção de leite e não de carne (pecuária de
corte). Observou-se que esse percentual é bem superior em Ibicuitinga, chegando a 19%
do rebanho contra 12,2 do gado de Morada Nova.
100
TABELA 41 - Composição média do rebanho leiteiro da região
Morada Nova Ibicuitinga
Especificação
Nº de Produtores (%) Nº de Produtores (%)
Reprodução 186 13,8 1 0,5
Vaca lactação 244 18,1 47 24,3
Vacas secas 165 12,2 37 19
Novilhas (>250 kg) 120 8,9 22 11,4
Novilhas (150-249 kg) 305 22,6 6 3
Bezerros recria 16 1,2 6 3
Bezerros aleitamento 110 8,2 9 4,7
Bezerros 115 8,6 38 19,6
Garrotes 86 6,4 28 14,5
Total
1347 100 194 100
Fonte: Dados da Pesquisa
Quanto à identificação dos animais da região, pode-se perceber que não há muita
diferença na identificação dos animais dos dois municípios, pois em ambos é muito
comum a prática da identificação com marca de ferro.
TABELA 42 - Sistema de identificação dos animais adotados na Região de Baixo e
Médio Jaguaribe.
Morada Nova Ibicuitinga
Especificação
Nº de Produtores (%) Nº de Produtores (%)
Regime de associação - - - -
Marca a ferro 14 82,4 8 66,6
Tatuagem - - - -
Brinco plástico/metal 2 11,7 - -
Outros 1 5,9 4 33,4
Fonte: Dados da Pesquisa
A tabela abaixo nos revela que ambos os produtores pesquisados se utilizam do
bezerro, na hora da ordenha, não havendo, portanto, diferenciação. Somente um
produtor de Ibicuitinga afirmou não se utilizar de bezerro ao pé da vaca como
mecanismo de estímulo à produção leiteira.
101
TABELA 43 - Sistema de ordenha adotado na região.
Morada Nova Ibicuitinga
Especificação
Nº de Produtores (%) Nº de Produtores (%)
Com bezerro 17 100 11 91,7
Sem o bezerro - - 1 8,3
Total 17 100 12 100
Fonte: Dados da Pesquisa
Quase todos os produtores pesquisados não fabricam nenhum tipo de derivado
lácteo. O que se pode observar é que ainda muitos, principalmente aqueles que têm uma
produção diária acima de 150litros/dia, não despertaram para esse nicho de mercado.
Em seu projeto inicial, a Secretaria das Cidades pretendia que, após a consolidação da
venda do leite de forma conjunta e o fortalecimento da associação, fosse utilizada a
produção na fabricação de queijos, também de forma conjunta, que agora na associação
ambos teriam matéria-prima suficiente para produzir queijo em escala comercial.
TABELA 44 - Produção de derivados lácteos
Morada Nova Ibicuitinga Especificação
Nº de Produtores (%) Nº de Produtores (%)
Queijo 1 5,9 - -
Outros derivados - - - -
Nenhum 16 94,1 12 100
Total 17 100 12 100
Fonte: Dados da Pesquisa
Quando se pediu que os produtores assinalassem quais os principais gargalos ao
desenvolvimento da pecuária leiteira, praticamente todos, tanto os entrevistados de
Morada Nova, quanto os de Ibicuitinga foram unânimes em afirmar que um dos
principais fatores é o preço do produto. Apesar da alta do preço do leite nos últimos
meses, todos alegam que houve também uma alta sobre insumos e medicamentos,
segundo aspecto mais citado, depois do preço do leite, pelos pecuaristas das duas
cidades.
102
TABELA 45 - Fatores limitantes para o desenvolvimento da pecuária leiteira.
Morada Nova Ibicuitinga Especificação
Nº de Produtores (%) Nº de Produtores (%)
Preço do produto 13 44,8 8 42,1
Preço do insumo 5 17,2 3 15,8
Assistência técnica 4 13,8 3 15,8
Credito 5 17,2 1 5,3
Tecnologia 1 3,5 2 10,5
Outros 1 3,5 2 10,5
Fonte: Dados da Pesquisa
Há também outro fator limitante ao desenvolvimento, não do setor na região,
mas dos produtores que se encontram inseridos nas associações. Como a Betânia é a
única compradora do leite oriundo dos tanques e está pagando uma média entre 0,64 –
0,68 o litro, (relação contratual - estrutura de governança não regulada pelo mercado),
dependendo da quantidade produzida, como anteriormente relatada. As queijeiras da
região, em decorrência da alta do preço do queijo, estão pagando 0,70 centavos o litro
do leite, o que está reduzindo a quantidade do leite armazenado nos tanques de
resfriamento. Os produtores estão alocando boa parte do seu leite para as queijarias, o
que acaba resultando em redução da produção destinada ao tanque. Consequentemente,
resultará na redução do preço do leite pago pela empresa monopsionista, já que o seu
preço varia conforme a quantidade produzida, como anteriormente relatado.
Agora faz-se a pergunta. Por que a associação não vende o seu leite as
queijeiras? Como existe uma boa gama de produtores de queijo na região, estes não
necessitam, em decorrência da proximidade geográfica dos fornecedores de matéria-
prima armazenada, o que representa um menor custo de produção para os produtores de
queijo e produtores de leite. Primeiro, em razão da queda da produtividade na hora da
fabricação do queijo, pois o leite resfriado é bem menos produtivo do que o leite não
resfriado; segundo em razão dos gastos com eletricidade, pois o tanque consome
bastante energia.
Dessa forma os tanques de resfriamento estão sendo subutilizados, aumentando
mais ainda a sua capacidade ociosa. Atualmente os produtores de Morada Nova e de
Ibicuitinga estão utilizando 20% e 5%, respectivamente, dos tanques. Cita-se ainda o
103
desestimulo que vai se pulverizando entre os produtores em razão do baixo preço pago
pela Betânia.
104
CAPÍTULO V
5 CONCLUSÕES
Os principais fatores determinantes para o surgimento e funcionamento
de um arranjo produtivo local, como discutido no decorrer deste estudo, estão no
acúmulo do capital social, na estratégia produtiva e tecnológica, na articulação política
institucional e, finalmente, mas não menos importante, na estratégia de mercado.
Analisamos tais fatores com base no estudo realizado e nas informações coletadas no
APL de leite dos municípios de Morada Nova e Ibicuitinga.
A primeira conclusão se refere aos aspectos da territorialidade ou da
proximidade geográfica entre os agentes, em que esses possuem ganhos de escala na
comercialização junto ao grande e único comprador da região: a fábrica de leite
Betânia. Dessa forma, pode comercializar toda a produção, barganhando um preço
melhor sobre cada litro vendido. Essa articulação não existia anteriormente à aquisição
e instalação dos tanques de resfriamento.
A segunda conclusão é quanto aos aspectos referente às inovações tecnológicas
sejam elas de processos ou de produtos. As inovações de processos foram comuns a
todos os beneficiários com o tanque de resfriamento, podendo estes armazenar o seu
principal produto de forma acondicionada, garantindo a sua qualidade e propriedades
químicas e físicas. Quanto às inovações de produtos, essa era uma característica mais
peculiar aos produtores de Morada Nova em decorrência das condições estruturantes
como poder aquisitivo e aporte tecnológico no manejo do gado, o que lhe garantia um
leite de melhor qualidade, quando comparado com o leite dos produtores Ibicuitinga
que exercessem uma pecuária de subsistência, não podendo manter uma ração mais
balanceada e aquisição de alguns medicamentos.
Na terceira conclusão iremos nos debruçar sobre o aprendizado. Verificou-se
um maior nível de aprendizado dos produtores de Morada Nova do que dos pecuaristas
de Ibicuitinga, nos aspectos de acesso á assistência técnica, às fontes de aprendizado
105
internas e externas ao arranjo, às fontes de informações como revistas, jornais,
programas de TV relacionados à pecuária leiteira.
O quarto aspecto se refere ao capital social que se refere aos níveis de
cooperação, confiança e coordenação. No primeiro caso, verificamos a existência de
laços cooperativos fincados, principalmente, entre as unidades de produção. Nesse
sentido, foi possível observar ainda que esta cooperação decorre da tradição do setor e
possibilita a transferência do conhecimento durante a atividade diária. A cooperação
possibilita às empresas do arranjo estudado o compartilhamento de informações e
equipamentos, subcontratação de alguma etapa do processo produtivo e, em alguns
casos, até a compra de matéria-prima conjunta.
A quinta conclusão se refere à governança do APL ou da cadeia produtiva do
leite nos municípios de Morada Nova e Ibicuitinga governança essa regida agora por
uma relação contratual reduzindo, portanto, as incertezas advindas das oscilações de
imprevisibilidade do mecanismo de mercado. Dessa forma os produtores possuem a
certeza da venda diária do leite e do preço pago por ele no período seguinte.
A última conclusão se refere à estratégia de mercado predominante na região,
que é o monopsônio. Representado pela empresa Betânia, apesar da introdução dos
tanques de resfriamento não terem ainda garantido uma nova configuração da estrutura
de mercado existente na região, estes puderam amenizar a relação desfavorável em que
os produtores se encontravam.
Cabe-nos sugerir neste estudo, com base nos dados e análises apresentados
sobre a dinâmica interna desse arranjo, algumas estratégias capazes de minimizar esses
problemas.
Algumas medidas recomendadas:
Compatibilizar a estrutura das organizações existentes, tais como: o Centro
Tecnológico (CENTEC), Centro Vocacional Tecnológico (CVT) e Instituto
Agropolo e a Emartece .
106
Incentivar a associação de produtores para tornar-se uma central
de compra de insumos e venda de produtos finais; realizar ação conjunta para
inovação, desenvolvimento de processos e produtos, comercialização e
marketing; realizar articulações institucionais para buscar apoio para o
desenvolvimento do arranjo; buscar parceria com o Banco do Nordeste, no
que se refere à concessão de créditos.
Essas medidas não significam, necessariamente, melhorias imediatas na
estruturação e configuração do arranjo, mas se implementadas, poderão garantir, no
médio/longo prazo, uma melhoria na competitividade dessas unidades de produção,
dado que acentuariam as relações cooperativas e minimizariam os problemas de cunho
tecnológico.
Portanto, o arranjo produtivo de leite, localizado nos municípios de Morada
Nova e Ibicuitinga, encontram-se em fase embrionária, até em razão do pouco período
de concessão e implantação dos tanques de resfriamento. Contudo, alguns desafios
devem ser enfrentados para garantir a perenização e a ampliação deste aglomerado,
possibilitando contribuir mais ainda para o desenvolvimento local.
107
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113
ANEXOS
114
ANEXO I : QUESTIONÁRIO
BLOCO B –AS EMPRESAS NO ARRAJO PRODUTIVO LOCAL
Código de identificação: Número do arranjo __________________ Número do questionário ______________
I – IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA
1. Razão Social: __________________________________________________________________
2. Endereço: _____________________________________________________________________
3. Município de localização: _____________________________ (código IBGE) ______________
4. Tamanho.
( ) 1.
Micro
( ) 2.
Pequena
( ) 3.
Média
( ) 4.
Grande
5. Pessoal ocupado atual: ___________
6. Ano de fundação: ________________
7. Números de Sócios fundadores: _____________
8. Perfil do principal Sócio fundador:
Perfil Dados
Idade quando criou a empresa
Sexo
( ) 1. Masculino ( ) 2. Feminino
Escolaridade quando criou a empresa ( assinale o
corresponde à classificação abaixo )
1. ( ) 2.( ) 3.( ) 4.( ) 5.( ) 6.( ) 7.( ) 8.( )
Seus pais eram empresários
( ) 1. Sim ( ) 2. Não
1. Analfabeto; 2. Ensino Fundamental Incompleto; 3. Ensino Fundamental Completo; 4. Ensino Médio Incompleto; 5. Ensino Médio
Completo; 6. Superior Incompleto;7. Superior Completo; 8. Pós Graduação
9. Evolução do número de empregados:
Período de tempo Números de empresas
Ao final do primeiro ano de criação da empresa
Ao final do ano de 2008
10. Identifique as principais dificuldades na operação da empresa. Favor indicar a dificuldade utilizando
a escala, onde 0 é nulo, 1 é baixa dificuldade, 2 é média dificuldade e 3 alta dificuldade.
Principais dificuldades No primeiro ano de vida Em 2007
Contratar empregados qualificados ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Produzir com qualidade
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Vender a produção
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Custo ou falta de capital de giro
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Custo ou falta de capital para aquisição de
máquinas e equipamentos
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Custo ou falta de capital para aquisição/
locação de instalações
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Pagamentos de juros de empréstimos
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Outras. Citar ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
115
11. Informe o número de pessoas que trabalham na empresa, segundo características das relações de
trabalho:
Tipo de relação de trabalho Número de pessoal ocupado
Sócio proprietário
Contratos formais
Estagiários
Serviço temporário
Terceirizados
Familiares sem contrato formal
Total
II – PRODUÇÃO, MERCADOS E EMPREGOS.
1. Evolução da empresa:
Mercados (%)
Vendas
municípios
do arranjo
Vendas
ao estado
Vendas no
Brasil
Vendas ao
exterior
Total
2004
100%
2005
100%
2006
100%
2007
100%
2. Escolaridade do pessoal ocupado ( situação atual ):
Ensino Número do pessoal ocupado
Analfabeto
Ensino fundamental incompleto
Ensino fundamental completo
Ensino médio incompleto
Ensino médio completo
Superior incompleto
Superior completo
Pós-Graduação
Total
3. Quais fatores são determinantes para manter a capacidade competitiva na principal linha de
produto? Favor indicar o grau de importância utilizando a escala, onde 1 é baixa importância, 2 é
média importância e 3 é alta importância. Coloque 0 se não for relevante para a sua empresa.
Fatores Grau de importância
Qualidade de matéria-prima e outros insumos
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Qualidade da mão-de-obra
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Custo da mão-de-obra
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Nível tecnológico dos equipamentos
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Capacidade de introdução de novos produtos/processos
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Desenhos e estilos nos produtos
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Estratégias de comercialização
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Qualidade de produto
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Capacidade de atendimento (volume e prazo)
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Outra. Citar:
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
116
III – INOVAÇÃO, COOPERAÇÃO E APRENDIZADO.
BOX 1
Um novo produto (bem ou serviço industrial) é um produto que é novo para a sua empresa ou para o mercado
e cujas características tecnológicas ou uso previsto diferem significativamente de todos os produtos que sua empresa
já produziu.
Uma significativa melhoria tecnológica de produto (bem ou serviço industrial) refere-se a um produto
previamente existente cuja performance foi substancialmente aumentada. Um produto complexo que consiste de um
número de componentes ou subsistemas integrados pode ser aperfeiçoado via mudanças parciais de um dos
componentes ou subsistemas. Mudanças que são puramente estéticas ou de estilo não devem ser consideradas.
Novos processos de produção são processos que são novos para a sua empresa ou para o setor. Eles envolvem a
introdução de novos métodos, procedimentos, sistemas, máquinas ou equipamentos que diferem substancialmente
daqueles previamente utilizados por sua firma.
Significativas melhorias dos processos de produção envolvem importantes mudanças tecnológica parciais em
processos previamente adotados. Pequenas ou rotineiras mudanças nos processos existentes não devem ser
consideradas.
1. Qual a ação da sua empresa no período entre 2005 e 2007, quanto à introdução de
inovações? Informe as principais características conforme listado abaixo. (observe no Box 1
os conceitos de produtos/processos novos ou produtos/processos significativamente
melhorados de forma a auxilia-lo na identificação do tipo de introduzida)
Descrição 1. Sim 2. Não
Inovações de produto
Produto novo para sua empresa, mas já existente no mercado? ( 1 ) ( 2 )
Produto novo para o mercado nacional? ( 1 ) ( 2 )
Produto novo para o mercado internacional? ( 1 ) ( 2 )
Inovações de processo
Processos tecnológicos novos para sua empresa, mas já existente no setor?
( 1 ) ( 2 )
Processos tecnológicos novos para setor de atuação?
( 1 ) ( 2 )
Outros tipos de inovação
Criação ou melhoria substancial, do ponto de vista tecnológico, do modo de acondicionamento
de produtos (embalagem)?
( 1 ) ( 2 )
Inovações no desenho de produtos?
( 1 ) ( 2 )
Realização de mudanças organizacionais (inovações organizacionais)?
Implementação de técnicas avançadas de gestão?
( 1 ) ( 2 )
Implementação de significativas mudanças na estrutura organizacional?
( 1 ) ( 2 )
Mudanças significativas nos conceitos e/ou práticas de marketing?
( 1 ) ( 2 )
Mudanças significativas nos conceitos e/ou práticas de comercialização?
( 1 ) ( 2 )
Implementação de novos métodos e gerenciamento, visando a atender normas de certificação
(ISO9000, ISSO14000, etc.)?
( 1 ) ( 2 )
2. Se uma empresa introduziu algum produto novo ou significativamente melhorado durante os últimos
anos, 2005 a 2007, favor assinalar a participação destes produtos nas vendas em 2007 de acordo com os
seguintes intervalos:(1) equivale de 1% a 5%; (2) de 6% a 15%; (3) de 16% a 25%; (4) de 26% a 50%; (5)
de 51% a75%; (6) de 76% a 100%.
Descrição Intervalos
Vendas internas em 2007 de novos produtos (bens
serviços) introduzidos entre 2005 e2007
(0) (1) (2) (3) (4) (5) (6)
Vendas internas em 2007 de significativos
aperfeiçoamentos de produtos (bens serviços)
introduzidos entre 2005 e2007.
(0) (1) (2) (3) (4) (5) (6)
Exportações em 2007 de novos produtos (bens serviços)
introduzidos entre 2005 e2007.
(0) (1) (2) (3) (4) (5) (6)
Exportações em 2007 de significativos aperfeiçoamentos
de produtos (bens serviços) introduzidos entre 2005
e2007.
(0) (1) (2) (3) (4) (5) (6)
117
3. Avalie a importância do Impacto resultante da introdução de inovações introduzidas durante os
últimos três anos, 2005 a 2007, na sua empresa. Favor indicar o grau de importância utilizando a escala,
onde 1 é baixa importância, 2 é média importância e 3 é alta importância. Coloque 0 se não for relevante
para a sua empresa.
Descrição Grau de importância
Aumento da produtividade da empresa
(0) (1) (2) (3)
Ampliação da gama de produtos ofertados
(0) (1) (2) (3)
Aumento da qualidade dos produtos
(0) (1) (2) (3)
Permitiu que a empresa mantivesse a sua participação nos
mercados de atuação
(0) (1) (2) (3)
Aumento da participação no mercado interno da empresa
(0) (1) (2) (3)
Aumento da participação no mercado externo da empresa
(0) (1) (2) (3)
Permitiu que a empresa abrisse novos mercados
(0) (1) (2) (3)
Permitiu a redução de custos do trabalho
(0) (1) (2) (3)
Permitiu a redução de custos insumos
(0) (1) (2) (3)
Permitiu a redução do consumo de energia
(0) (1) (2) (3)
Permitiu enquadramento em regulações e normas padrão
relativas ao:
-Mercado Interno
(0) (1) (2) (3)
-Mercado Externo
(0) (1) (2) (3)
Permitiu reduzir o impacto sobre o meio ambiente
(0) (1) (2) (3)
4. Que tipo de atividade inovativa sua empresa desenvolveu no ano de 2005? Indique o grau de
constância dedicado à atividade assinalando (0) se não desenvolveu, (1) se desenvolveu
rotineiramente, e (2) se desenvolveu ocasionalmente. (observe no Box 2 descrição do tipo de
atividade)
Descrição Grau de constância
Pesquisa de Desenvolvimento (P&D) na sua empresa
(0) (1) (2)
Aquisição externa de P&D
(0) (1) (2)
Aquisição de máquinas e equipamentos que implicaram em significativas
melhorias tecnológicas de produtos/processos ou que estão associados aos
novos produtos/processos
(0) (1) (2)
Aquisição de outras tecnologias (softwares, licenças ou acordos de
transferência de tecnologias tais como patentes, marcas, segredos
industriais).
(0) (1) (2)
Projeto industrial ou desenho industrial associados à produtos/processos
tecnologicamente novos ou significativamente melhorados
(0) (1) (2)
Programa de treinamento orientado à introdução de produtos/processos
tecnologicamente novos ou significativamente melhorados
(0) (1) (2)
Programas de gestão da qualidade ou de modernização organizacional, tais
como: qualidade total, reengenharia de processos administrativos,
desverticalização do processo produtivo, métodos de “just in time”, etc.
(0) (1) (2)
Novas formas de comercialização e distribuição para o mercado de produtos
novos ou significativamente melhorados
(0) (1) (2)
118
BOX 2
Atividades inovativas são todas as etapas necessárias para o desenvolvimento de produtos ou processos
novos ou melhorados, podendo incluir: pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e processos;
desenho e engenharia; aquisição de tecnologia incorporada ao capital (máquinas e equipamentos) e
não incorporadas ao capital (patentes, licenças, know, marcas de fabrica, serviços computacionais ou
técnicas-cientificos) relacionadas à implementação de inovações; modernização organizacional
(orientadas para reduzir o tempo de produção, modificações no desenho da linha de produção e melhora
na sua organização física, desverticalização, just in time, círculos de qualidade, qualidade total, etc.);
comercialização (atividades relacionadas ao lançamento de produtos novos ou melhorados, incluindo a
pesquisa de mercado, gastos em publicidade, métodos de energia, etc.);capacitação que se refere ao
treinamento de mão-de-obra relacionando com as atividades inovativas da empresa.
Pesquisa e desenvolvimento (P&D) - compreende o trabalho criativo que aumenta o estoque de
conhecimento , o uso do conhecimento objetivando novas aplicações, inclui a construção, desenho e teste
de protótipos.
Projeto industrial e desenho - planos gráficos orientados para definir procedimentos, especificações
técnicas e características operacionais necessárias para a introdução de inovações e modificações de
produto ou processos necessárias para o inicio da produção.
5. Sua empresa efetuou atividades de treinamento e capacitação de recursos humanos durante os
últimos três anos, 2005 a 2007? Favor indicar o grau de importância utilizando a escala, onde 1 é baixa
importância, 2 é media importância e 3 é alta importância. Coloque 0 se não for relevante para a para a
sua empresa.
Descrição Grau de Importância
Treinamento na empresa
(0) (1) (2) (3)
Treinamento em cursos técnicos realizados no arranjo
(0) (1) (2) (3)
Treinamento em cursos técnicos fora do arranjo
(0) (1) (2) (3)
Estágios em empresas fornecedoras ou clientes
(0) (1) (2) (3)
Estágios em empresas do grupo
(0) (1) (2) (3)
Contratação de técnicos/engenheiros de outras empresas de arranjo
(0) (1) (2) (3)
Contratação de técnicos/engenheiros fora do arranjo
(0) (1) (2) (3)
Absorção de formandos dos cursos universitários localizados no
arranjo ou próximo
(0) (1) (2) (3)
Absorção de formandos dos cursos técnicos localizados no arranjo
ou próximo
(0) (1) (2) (3)
BOX 3
Na literatura econômica, o conceito de aprendizado está associado a um processo cumulativo através do
qual as firmas ampliam seus conhecimentos, aperfeiçoam seus procedimentos de busca e refinam suas
habilidades em desenvolver, produzir e comercializar bens e serviços.
As varias formas de aprendizado se dão:
- a partir de fontes internas à empresa, incluindo:aprendizado com experiência própria, no processo
de produção, comercialização e uso; na busca de novas soluções técnicas nas unidades de pesquisa e
desenvolvimento; e
- a partir de fontes externas, incluindo a interação com fornecedores, concorrentes, clientes, usuários,
consultores, sócios, universidades, institutos de pesquisa, prestadores de serviços tecnológicos, agencias
e laboratórios governamentais,organismos de apoio, entre outros.
Nos APLs, o aprendizado interativo constitui fonte fundamental para a transmissão de conhecimento e a
ampliação da capacitação produtiva e inovativa das firmas e instituições.
6. Quais dos seguintes itens desempenharam um papel importante como fonte de informação para o
aprendizado, durante os últimos três anos, 2005 a 2007? Favor indicar o grau de importância utilizando a
escala, onde 1 é baixa importância, 2 é média importância e 3 é alta importância. Coloque 0 se não for
relevante para sua empresa. Indicar a formalização utilizando 1 para formal e 2 para informal. Quanto à
localização utilizar 1 quando localizado no arranjo, 2 no estado, 3 no Brasil, 4 no exterior. (Observe no
119
Box 3 os conceitos sobre formas de aprendizado).
Grau de Importância Formalização localização
Fontes Internas
Departamento de P & D
(0) (1) (2) (3) (1) (2)
Área de produção
(0) (1) (2) (3) (1) (2)
Áreas de vendas e marketing, serviços
internos de atendimento ao cliente.
(0)
(1) (2) (3) (1) (2)
Outros (especifique)
(0) (1) (2) (3) (1) (2)
Fontes externas
Outras empresas dentro do grupo
(0) (1) (2) (3) (1) (2) (1) (2) (3) (4)
Empresas associadas (joint venture)
(0) (1) (2) (3) (1) (2) (1) (2) (3) (4)
Fornecedoras de insumos
(equipamentos, materiais)
(0)
(1) (2) (3) (1) (2) (1) (2) (3) (4)
Clientes
(0) (1) (2) (3) (1) (2) (1) (2) (3) (4)
Concorrentes
(0) (1) (2) (3) (1) (2) (1) (2) (3) (4)
Outras empresas do Setor
(0) (1) (2) (3) (1) (2) (1) (2) (3) (4)
Empresas de consultoria
(0) (1) (2) (3) (1) (2) (1) (2) (3) (4)
Universidades e outros Institutos de
pesquisa
Universidades
(0) (1) (2) (3) (1) (2) (1) (2) (3) (4)
Institutos de Pesquisa
(0) (1) (2) (3) (1) (2) (1) (2) (3) (4)
Centros de capacitação profissional, de
assistência técnica e de manutenção.
(0) (1) (2) (3) (1) (2) (1) (2) (3) (4)
Institutos de teste, ensaios e
certificações.
(0) (1) (2) (3) (1) (2) (1) (2) (3) (4)
Outras fontes de informação
Licenças, patentes e “know-how
(0) (1) (2) (3) (1) (2) (1) (2) (3) (4)
Conferências, Seminários, Cursos e
Publicações, Especializadas.
(0) (1) (2) (3) (1) (2) (1) (2) (3) (4)
Feiras, Exibições e lojas
(0) (1) (2) (3) (1) (2) (1) (2) (3) (4)
Encontros de lazer (Clubes,
Restaurantes, etc.)
(0) (1) (2) (3) (1) (2) (1) (2) (3) (4)
Associações empresarias locais
(inclusive consórcios de exportações)
(0) (1) (2) (3) (1) (2) (1) (2) (3) (4)
Informações de rede baseadas na
internet ou computador
(0) (1) (2) (3) (1) (2) (1) (2) (3) (4)
BOX 4
O significado genérico de cooperação é o de trabalhar em comum, envolvendo relações de confiança
mútua e coordenação, em níveis diferenciados, entre os agentes.
Em arranjos produtivos locais, identificam-se diferentes tipos de cooperação, incluindo a cooperação
produtiva visando a obtenção de economias de escala e de escopo, bem como a melhoria dos índices de
qualidade e produtividade; e a cooperação inovativa do arranjo produtivo local. A cooperação pode
ocorrer por meio de:
•1
Intercâmbio sistemática de informações produtivas, tecnológicas e mercadológicas ( com
clientes, fornecedores, concorrentes e outros)
•2 Integração de vários tipos, envolvendo empresas e outras instituições, por meio de programas
comuns de treinamento, realização de eventos/ feiras, cursos e seminários, entre outros.
•3
Integração de competência, por meio da realização de projetos conjuntos, incluindo desde
melhoria de produtos e processos até pesquisa e desenvolvimento propriamente dita, entre
empresas e destas com outras instituições.
120
7. Durante os últimos três anos 2005 a 2007, sua empresa esteve envolvida em atividades
cooperativas, formais ou informais, com outra (s) empresa ou organização? (observe no Box 4 o
conceito de cooperação).
( ) 1. Sim
( ) 2. Não
8. Em caso afirmativo, quais dos seguintes agentes desempenharam papel importante como parceiros,
durante os últimos três anos, 2005 a 2007? Favor indicar o indicar o grau de importância utilizando a
escala, onde 1 é baixa importância, 2 é média importância e 3 é alta importância. Coloque 0 se não for
relevante pára empresa. Indicar a formalização utilizando 1 para formal, 2 para informal. Quanto a
localização utilizar 1 quando localizado no arranjo, 2 no estado, 3 no Brasil, 4 no exterior.
Agentes Importância Formalização Localização
Empresas
Outras empresas dentro do grupo
(0) (1) (2) (3) (1) (2) (1) (2) (3) (4)
Empresas associadas a (joint venture)
(0) (1) (2) (3) (1) (2) (1) (2) (3) (4)
Fornecedores de insumos (equipamentos, materiais,
componentes e softwares)
(0) (1) (2) (3) (1) (2) (1) (2) (3) (4)
Clientes
(0) (1) (2) (3) (1) (2) (1) (2) (3) (4)
Concorrentes
(0) (1) (2) (3) (1) (2) (1) (2) (3) (4)
Outras empresas do setor
(0) (1) (2) (3) (1) (2) (1) (2) (3) (4)
Empresa da consultoria
(0) (1) (2) (3) (1) (2) (1) (2) (3) (4)
Universidades e Institutos de Pesquisa
Universidade
(0) (1) (2) (3) (1) (2) (1) (2) (3) (4)
Institutos de Pesquisa
(0) (1) (2) (3) (1) (2) (1) (2) (3) (4)
Centro de capacitação profissional de assistência
técnica de manutenção
(0) (1) (2) (3) (1) (2) (1) (2) (3) (4)
Instituições de testes, ensaios e certificações.
(0) (1) (2) (3) (1) (2) (1) (2) (3) (4)
Outras Agentes
Representação
(0) (1) (2) (3) (1) (2) (1) (2) (3) (4)
Entidades Sindicais
(0) (1) (2) (3) (1) (2) (1) (2) (3) (4)
Órgãos financeiros
(0) (1) (2) (3) (1) (2) (1) (2) (3) (4)
9 Qual a importância das seguintes formas de cooperação realizadas durante os últimos três
anos, 2005 a 2007 com outros agentes do arranjo? Favor indicar o grau de importância
utilizando a escala, onde 1 é baixa importância, 2 é média importância e 3 é alta importância.
Coloque 0 se não for relevante para a sua empresa.
Descrição Grau de Informação
Compra de insumos e equipamentos
(0) (1) (2) (3)
Venda conjunta de produtos
(0) (1) (2) (3)
Desenvolvimento de produtos e processos
(0) (1) (2) (3)
Design e estilo de produtos
(0) (1) (2) (3)
Capacidade de Recursos Humanos
(0) (1) (2) (3)
Obtenção de financiamento
(0) (1) (2) (3)
Reivindicações
(0) (1) (2) (3)
Participação conjunta em feiras, etc.
(0) (1) (2) (3)
Outras: especificar
(0) (1) (2) (3)
121
10 Caso a empresa já tenha participado de alguma forma de cooperação com agentes locais, como
avalia os resultados das ações conjuntas já realizadas. Favor indicar o grau de importância
utilizando a escala, onde 1 é baixa importância,2 é média importância e 3 é alta importância.
Coloque 0 se não for relevante para sua empresa.
Descrição Grau de Importância
Melhoria na qualidade dos produtos
(0) (1) (2) (3)
Desenvolvimento de novos produtos
(0) (1) (2) (3)
Melhoria nos processos produtivos
(0) (1) (2) (3)
Melhoria nas condições de fornecimento dos produtos
(0) (1) (2) (3)
Melhor capacitação de recursos humanos
(0) (1) (2) (3)
Introdução de inovações organizacionais
(0) (1) (1) (3)
Maior inserção da empresa no mercado
(0) (2) (3) (4)
Outras: especificar
(0) (2) (3) (4)
11 Como resultado dos processos de treinamento e aprendizagem, formais e informais, acima
discutidos, como melhoraram as capacitações de empresa. Favor indicar o grau de
importância utilizando a escala, onde 1 é baixa importância, 2 é média importância e 3 é alta
importância. Coloque 0 se não for relevante para sua empresa.
Descrição Grau de Importância
Melhor utilização de técnicas produtivas, equipamentos, insumos e
componentes.
(0) (1) (2) (3)
Maior capacitação para realização de modificações e melhorias em
produtos e processos
(0) (1) (2) (3)
Melhor capacitação para desenvolver novos produtos e processos
(0) (1) (2) (3)
Maior conhecimento sobre as características dos mercados de atuação da
empresa
(0) (1) (2) (3)
Melhor capacitação administrativa
(0) (1) (2) (3)
IV – ESTRUTURA, GOVERNANÇA E VANTAGENS ASSOCIADAS AO AMBIENTE LOCAL.
BOX 5
Governança diz respeito aos diferentes modos de coordenação, intervenção e participação, nos
processos de decisão locais, dos diferentes agentes – Estado, em seus vários níveis, empresas, cidadãos e
trabalhadores, organizações não-governamentais etc. - ; e das diversas atividades que envolvem a
organização dos fluxos de produção, assim como o processo de geração, disseminação e uso de
conhecimentos.
Verificam-se duas formas principais de governança em arranjos produtivos locais. As hierárquicas são
aquelas em que a autoridade é claramente internalizada dentro de grandes empresas, com real ou
potencial capacidade de coordenar as relações econômicas e tecnológicas no âmbito local.
A governança na forma de “rede” caracteriza-se pela existência de aglomerações de micro, pequenas e
médias empresas, grandes empresas localmente instalados exercendo o papel de coordenação das
atividades econômicas e tecnológicas. São marcadas pela forte intensidade de relações entre um amplo
número de agentes, onde nenhum deles é dominante.
122
1. Quais são as principais vantagens que a empresa tem por estar localizada no arranjo? Favor
indicar o grau de importância utilizando a escala, onde 1 é baixa importância, 2 é média importância e 3 é
alta importância. Coloque 0 se não for relevante para sua empresa.
Externalidades Grau de Importância
Disponibilidade de mão-de-obra qualificada
(0) (1) (2) (3)
Baixo custo da mão-de-obra
(0) (1) (2) (3)
Proximidade com os fornecedores de insumos e matéria prima
(0) (1) (2) (3)
Proximidade com os clientes/consumidores
(0) (1) (2) (3)
Infra-estrutura física (energia, transporte, comunicações)
(0) (1) (2) (3)
Proximidade com produtores de equipamentos
(0) (1) (2) (3)
Disponibilidade de serviços técnicos especializados
(0) (1) (2) (3)
Existência de programas de apoio e promoção
(0) (1) (2) (3)
Proximidade com universidades e centros de pesquisa
(0) (1) (2) (3)
Outras. Citar:
(0) (1) (2) (3)
2. Quais as principais transações comerciais que a empresa realiza localmente (no município ou
região)? Favor indicar o grau de importância utilizando a escala, onde 1 é baixa importância, 2 é
média importância e 3 é alta importância. Coloque 0 se não for relevante para sua empresa.
Tipos de transações Grau de informação
Aquisição de insumos e matéria prima
(0) (1) (2) (3)
Aquisição de equipamentos
(0) (1) (2) (3)
Aquisição de componentes e peças
Aquisição de serviços (manutenção, marketing, etc.)
(0) (1) (2) (3)
Vendas de produtos
(0) (1) (2) (3)
3. Qual a importância para a sua empresa das seguintes características da mão-de-obra local? .
Favor indicar o grau de importância utilizando a escala, onde 1 é baixa importância, 2 é média
importância e 3 é alta importância. Coloque 0 se não for relevante para sua empresa.
Características Grau de informação
Escolaridade formal de 1° e 2° graus
(0) (1) (2) (3)
Escolaridade em nível superior e técnico
(0) (1) (2) (3)
Conhecimento prático e/ou técnico na produção
(0) (1) (2) (3)
Disciplina
(0) (1) (2) (3)
Flexibilidade
(0) (1) (2) (3)
Criatividade
(0) (1) (2) (3)
Capacidade para aprender novas qualificações
(0) (1) (2) (3)
Outros. Citar:
(0) (1) (2) (3)
4. A empresa atua como ou subcontratada subcontratante de outras empresas, através de
contrato ou acordo de fornecimento regular e continuando de peças, componentes, materiais ou
serviços? Identifique o porte das empresas envolvidas assinalado 1 para Micro e pequenas
empresas e 2 para Grandes e Médias empresas.
4.1 Caso a resposta anterior seja afirmativa, identifique:
Sua empresa é: Porte da empresa subcontratante
Subcontratante de empresa local (1) (2)
Subcontratante de empresa localizada fora do arranjo (1) (2)
Porte da empresa subcontratada
Subcontratante de empresa local (1) (2)
Subcontratante de empresa localizada fora do arranjo (1) (2)
123
5. Caso sua empresa seja subcontratada, indique o tipo de atividade que realiza e a localização
da empresa Subcontratante: 1 significa que a empresa não realiza este tipo de atividade, 2
significa que a empresa realiza a atividade para uma subcontratante localizada dentro do arranjo,
e 3 significa que a empresa realiza a atividade para uma subcontratante localizada fora do
arranjo.
Tipo de atividade Localização
Fornecimentos de insumos e componentes (1) (2) (3)
Etapas do processo produtivo (montagem, embalagem, etc.) (1) (2) (3)
Serviços especializados na produção (laboratoriais, engenharia,
manutenção, certificação, etc.)
(1) (2) (3)
Administrativas (gestão, processamento de dados, contabilidade, recursos
humanos)
(1) (2) (3)
Desenvolvimento de produtos (design, projeto, etc.). (1) (2) (3)
Comercialização (1) (2) (3)
Serviços gerais (limpeza, refeições, transporte, etc.). (1) (2) (3)
6. Caso sua empresa seja subcontratada, indique o tipo de atividade e a locação da empresa
subcontratada: 1 significa que a empresa não realiza este tipo de atividade, 2 significa que a
empresa realiza a atividade para uma subcontratante localizada dentro do arranjo, e 3 significa
que a empresa realiza a atividade para uma subcontratante localizada fora do arranjo.
Tipo de atividade Locação
Fornecimentos de insumos e componentes (1) (2) (3)
Etapas do processo produtivo (montagem, embalagem, etc.) (1) (2) (3)
Serviços especializados na produção (laboratoriais, engenharia,
manutenção, certificação, etc.).
(1) (2) (3)
Administrativas (gestão, processamento de dados, contabilidade, recursos
humanos)
(1) (2) (3)
Desenvolvimento de produtos (design, projeto, etc.). (1) (2) (3)
Comercialização (1) (2) (3)
Serviços gerais (limpeza, refeições, transporte, etc.). (1) (2) (3)
7. Como a sua empresa avalia a contribuição de sindicatos, associações, cooperativas, locais no
tocante às seguintes atividades: . Favor indicar o grau de importância utilizando a escala, onde 1
é baixa importância, 2 é média importância e 3 é alta importância. Coloque 0 se não for relevante
para sua empresa.
Tipo de contribuição Grau de Importância
Auxilio na definição de objetivos comuns para o arranjo
produtivo
(0) (1) (2) (3)
Estímulo na percepção de visões de futuro para ação estratégica
(0) (1) (2) (3)
Disponibilização de informações sobre matérias-primas,
equipamentos, assistência técnicas, consultoria.
(0) (1) (2) (3)
Identifique de fontes e formas de financiamentos (0) (1) (2) (3)
Promoção de ações cooperativas (0) (1) (2) (3)
Apresentação de reivindicações comuns (0) (1) (2) (3)
Criação de fóruns e ambientes para discussão (0) (1) (2) (3)
Promoção de ações dirigidas a capacitação tecnológica de
empresas
(0) (1) (2) (3)
Estimulo ao desenvolvimento do sistema de ensino e
pesquisa local
(0) (1) (2) (3)
Organização de eventos técnicos e comerciais (0) (1) (2) (3)
124
V – POLÍTICAS PÚBLICAS E FORMAS DE FINANCIAMENTO
1. A empresa partida ou tem conhecidas sobre algum tipo de programa ou ações específicas para o
segmento onde atua, promovido pelos diferentes âmbitos de governo e/ou instituições abaixo
relacionados:
Instituição/esfera governamental 1. Não tem conhecimento 2. conhece, mas não
participa.
3. conhece e participa
Governo federal
(1) (2) (3)
Governo estadual
(1) (2) (3)
Governo local/municipal
(1) (2) (3)
SEBRAE
(1) (2) (3)
Outras Instituições
(1) (2) (3)
2. Qual a sua avaliação dos programas ou ações especificas para o segmento onde atua, promovido
pelos diferentes âmbitos de governo e/ou instituições abaixo relacionados:
Instituição/esfera
governamental
1. Não tem conhecimento 2. conhece, mas não
participa.
3. conhece e participa
Governo federal
(1) (2) (3)
Governo estadual
(1) (2) (3)
Governo local/municipal
(1) (2) (3)
SEBRAE
(1) (2) (3)
Outras Instituições
(1) (2) (3)
3. Quais políticas publicas poderiam contribuir para o aumento da eficiência competitiva das empresas do
arranjo? . Favor indicar o grau de importância utilizando a escala, onde 1 é baixa importância, 2 é
média importância e 3 é alta importância. Coloque 0 se não for relevante para sua empresa.
Ações de Política Grau de importância
Programas de capacitação profissional e treinamento técnico
(0) (1) (2) (3)
Melhorias na educação básica
(0) (1) (2) (3)
Programas de apoio a consultoria técnica
(0) (1) (2) (3)
Estímulos à oferta de serviços tecnológicos
(0) (1) (2) (3)
Programas de acesso à informação (produção, tecnológica, mercados,
etc.)
(0) (1) (2) (3)
Linhas de crédito e outras formas de financiamento
(0) (1) (2) (3)
Incentivos fiscais
(0) (1) (2) (3)
Políticas de fundo de aval
(0) (1) (2) (3)
Programas de estímulos ao investimento (venture capital)
(0) (1) (2) (3)
Outras (especifique):
(0) (1) (2) (3)
4. Indique os principais obstáculos que limitam o acesso da empresa as fontes externas de
financiamento: Favor indicar o grau de importância utilizando a escala, onde 1 é baixa importância, 2
é média importância e 3 é alta importância. Coloque 0 se não for relevante para sua empresa.
Limitações Grau de importância
Inexistência de linhas crédito adequadas às necessidades da empresa
(0) (1) (2) (3)
Dificuldades ou entraves burocráticos para se utilizar as fontes de financiamentos
existentes
(0) (1) (2) (3)
Exigência de aval/garantias por parte das instituições de financiamento
(0) (1) (2) (3)
Entraves fiscais que impedem o acesso às fontes oficiais de financiamento
(0) (1) (2) (3)
Outras. Especifique (0) (1) (2) (3)
125
Região do Médio Jaguaribe
Produtores de leite
1. Produção média diária
Estratos de Produção
(Litros/dia)
Produtores
0 – 30
31 - 60
61 - 90
91 - 120
121 - 150
> 150
Total
2. Sistema de posse da terra dos produtores
Especificação
Própria
Arrendatário
Outros
3. Residência dos produtores de leite da região.
Especificação
Fazenda
Cidade
4. Nível de escolaridade dos produtores da região
Especificação
Analfabeto
Fundamental Incompleto
Fundamental Completo
Médio Incompleto
Médio Completo
Superior Incompleto
Superior Completo
Sistema Gerencial
5. Sistema de administração adotada pelos produtores de leite na região do Médio Jaguaribe,
segundo a produção diária de leite.
Especificação
Proprietário
Proprietário e família
Administrador
Administrador e proprietário
Administrador e família
Outros
126
6. Classificação da mão-de-obra na região do
Médio Jaguaribe, segundo a produção diária de leite.
Especificação
Trabalho assalariado
Trabalho temporário
Trabalho familiar
Acesso a Tecnologia
7. Fonte e acesso a informação técnicas pelos produtores de leite da região do Médio
Jaguaribe.
Especificação
Livros
Revistas
Jornais
Programas de TV
Vídeos
Programas de Rádio
Outro Produtor
Não Busca
Outros
.
8. Acesso a assistência técnica pelos produtores de leite da região do
Médio Jaguaribe, estratificado
segundo a produção diária de leite.
Especificação
Autônomo
Ematerce
Cooperativa de técnicos
Prefeitura mundial
Empresa especializada
Empresa de pesquisa
Fornecedor de Insumos
Colégio Agrícola
Universidade
ONG
Outros
Não Utiliza
.
9. Utilização de serviço prestados pela associação e/ou coorporativas nas quais os produtores
mantêm vínculo, que atuam no mercado da região do Médio Jaguaribe.
Especificação
Compra de leite
Venda de insumos
Inseminação Artificial
Assistência Técnica
Serviço Mecânico
Aluguel de Máquinas
Supermercado
Assistência Jurídica
Outros
127
Nível de adoção tecnológica
10. Nível de tecnologia adotada pelos produtores de leite da região do Médio Jaguaribe.
Especificação
Analise do solo
Correção do solo
Pastagem Irrigada
Pastejo Rotacionado
Outros
11. Tipo de fertilizante e pratica da adubação de capineira adotada pelos produtos da região do
Médio Jaguaribe, estratificado segundo a produção diária de leite.
Especificação
Adubo orgânico
Adubo Químico
Outros
Não Aduba
Estrutura do rebanho leiteiro
12. Composição media do rebanho leiteiro da região do Médio Jaguaribe.
Categoria animal
cabeça
Reprodução
Vaca Lactação
Vacas Secas
Novilhas (>250 kg)
Novilhas (150-249 kg)
Bezerros Recria
Bezerros Aleitamento
Bezerros
Garrotes
Total
13. Predominância racial do rebanho leiteiro da região do Médio Jaguaribe.
Especificação
Girolanda
Holandeza
Gir
Guzerá
Jersey
Pardo Suíço
Mestiço
Outros
14. Sistema de identificação dos animais adotados na região do Médio Jaguaribe,
Especificação
Regime de Associação
Marca a Ferro
Tatuagem
Brinco Plástico/Metal
Outros
128
Sistema de Alimentação do Rebanho leiteiro
15. Sistema de alimentação do rebanho leiteiro adotado na região do Médio Jaguaribe,.
Especificação
Balanceamento de
Ração
Adição de água ao cocho
Utiliza Silagem
Utiliza capineira
Utiliza Ferro
Utiliza sal mineral
16. Forrageiras utilizadas na confecção de silagem na região do Médio Jaguaribe.
Especificação
Capim
Cana-de-açúcar
Milho
Sorgo
Outros
Não usa
Sistema de ordenha e resfriamento do leite
17. Tipo de ordenha adotado pelos produtores de leite na região do Médio Jaguaribe.
Especificação
Ordenha manual
Ordenha mecânica
.
18. Sistema de ordenha adotado pelos produtores de leite na região do Médio Jaguaribe.
Forma de Ordenha
Com bezerro
Sem bezerro
19. Numero de ordenha adotada pelos produtores de leite na região do Médio Jaguaribe,.
Numero de ordenha
Uma ordenha
Duas ordenhas
Três ordenhas
20. Tipo de resfriamento adotado pelos produtores de leite da região do Médio Jaguaribe.
Especificação
Tanque de resfriamento
Tanque de imersão
Não resfria
129
Sistema de reprodução
21. Uso da inseminação artificial pelos produtores de leite na região do Médio Jaguaribe,.
Especificação
Rebanho inteiro
Parte do rebanho
Não utiliza IA
22. Sistemas de monta adotado na região do Médio Jaguaribe.
Especificação
Monta a campo
Monta controlada
Não utiliza
Manejo sanitário do rebanho
23. Vacinações e aspecto sanitário adotados na região do Médio Jaguaribe.
Especificação
Aftosa
Brucelose
Pneumoenterite
Clostridiose
IBR - IBV
Exame de brucelose
Exame de tuberculose
“Vermifugação”
Teste mastite
Leptospirose
Informações adicionais
24. Produção de derivados lácteos em nível de unidades de produção na região do Médio
Jaguaribe,.
Especificação
Queijo
Outros Derivados
Nenhum
25. Fatores limitantes para o desenvolvimento da pecuária leiteira na região do Médio.
Especificação
Preço do Produto
Preço do Insumo
Assistência Técnica
Credito
Tecnologia
Outros
130
ANEXO II: FOTOS DA COMUNIDADA DE FELIPA
MORADA NOVA
FIGURA 3: Tanque de resfriamento mexendo o leite. Fotógrafo: Napiê Galvê, set/2008.
131
FIGURA 4: Vacas se alimentando no cocho. Fotógrafo: Napiê Galvê, set/2008.
FIGURA 5: Vacas se alimentando no pastejo rotacionado. Fotógrafo: Anderson
Rodrigues, set/2008.
132
FIGURA 6: recebimento do leite. Fotógrafo: Fálcon Felipe, set/2008.
FIGURA 7: Presidente da associação da comunidade de Felipa ao lado tanque de
resfriamento. Fotógrafo: Fálcon Felipe, set/2008.
133
FIGURA 8: Aparelho de aferição da qualidade do leite. Fotógrafo: Anderson Rodrigues,
set/2008.
FIGURA 9: Ordenhadeiras Mecânicas. Fotógrafo: Napiê Galvê, set/2008.
134
FIGURA 10: Curral com Bezerros. Fotografo: Anderson Rodrigues, set/2008
135
ANEXO III: FOTOS DA COMUNIDADA DE CASA NOVA
MORADA NOVA
FIGURA 11: Prédio da associação e abrigo do tanque de resfriamento. Fotografo:
Anderson Rodrigues, set/2008.
FIGURA 12: Presidente da associação de Casa Nova sendo entrevistado. Fotografo:
Napiê Galvê, set/2008
136
ANEXO IV: FOTOS DO ASSENTAMENTO DE BARBADA II
IBICUITINGA
FIGURA 13: Abrigo do Tanque de resfriamento do assentamento de Barbada II em
Ibicuitinga. Fotografo: Napiê Galvê, set/2008.
FIGURA 14: Fundo do Abrigo do Tanque de resfriamento do assentamento de Barbada
II em Ibicuitinga. Fotografo: Fálcon Felipe, set/2008.
137
FIGURA 15: Família de uma beneficiária do tanque. D. Rita. Fotografo: Napiê Galvê,
set/2008.
FIGURA 16: Vila do assentamento Barbada II. Fotografo: Caroline Vitor, set/200
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