Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE PSICOLOGIA
Programa de Pós-Graduação em Psicologia - Mestrado
Área de Concentração: Psicologia Aplicada
ALESSANDRA DOS SANTOS MENEZES DELA COLETA
ESTRESSE E SUPORTE SOCIAL EM
PROFISSIONAIS DO SETOR DE SEGURANÇA
PESSOAL E PATRIMONIAL
UBERLÂNDIA
2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
2
ads:
ALESSANDRA DOS SANTOS MENEZES DELA COLETA
ESTRESSE E SUPORTE SOCIAL EM
PROFISSIONAIS DO SETOR DE SEGURANÇA
PESSOAL E PATRIMONIAL
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Psicologia Mestrado, do
Instituto de Psicologia da Universidade
Federal de Uberlândia, como requisito parcial
à obtenção do Título de Mestre em Psicologia
Aplicada.
Área de concentração: Psicologia Aplicada
Orientadora Marília Ferreira Dela Coleta
Uberlândia
2007
2
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
D332e
Dela Coleta, Alessandra dos Santos Menezes, 1979-
Estresse e suporte social em profissionais do setor de segurança
pessoal e patrimonial / Alessandra dos Santos Menezes Dela Coleta. -
2007.
149 f. : il.
Orientadora : Marília Ferreira Dela Coleta.
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Uberlândia,
Programa de Pós-Graduação em Psicologia.
1. Estresse ocupacional - Teses. 2. Comportamento organizacional
- Teses I. Dela Coleta, Marília Ferreira. II. Universidade Federal
de Uberlândia. Programa de Pós-Graduação em Psicologia. IV. Título.
CDU: 159.944
Elaborado pelo Sistema de Bibliotecas da UFU / Setor de Catalogação e Classificação –
mg-03/07
3
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE PSICOLOGIA
Programa de Pós-Graduação em Psicologia - Mestrado
Área de Concentração: Psicologia Aplicada
ALESSANDRA DOS SANTOS MENEZES DELA COLETA
Estresse e suporte social em profissionais do setor de
segurança pessoal e patrimonial
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia – Mestrado, do
Instituto de Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia, como requisito parcial à
obtenção do Título de Mestre em Psicologia Aplicada.
Área de concentração: Psicologia Aplicada
Banca Examinadora:
______________________________
Prof. Dra. Maria do Carmo F. Martins
______________________________
Prof. Dra. Thelma Simões Matsukura
_______________________________
Prof. Dra. Marília Ferreira Dela Coleta
(orientadora)
4
5
"Devemos compreender o estresse não como uma
praga, mas como um recurso de nosso sistema
holístico (corpo, energia, emoções, pensamentos,
relacionamento com Deus) para nos salvar numa
situação incômoda, ameaçadora, assustadora,
dolorosa, desagradável".
José Hermógenes de Andrade Filho
6
7
Ao meu amado Giuliano....
8
9
AGRADECIMENTOS
À minha mãe Inedir que, mesmo ausente fisicamente, está em todo momento me
acompanhando e me abençoando em cada passo que dou... e sei que ..... em cada tropeço de
minha vida ela é uma das mãos que me ergue para seguir em frente.
Ao meu Paizão Cabral, meu eterno amigo e conselheiro. Sei que sempre posso contar com ele
e, por essa razão, hoje estou concluindo mais uma etapa de minha vida, pois meu pai é a
prova de que tudo posso nessa vida e nada me faltará.
Aos meus irmãos Helder e Leonardo, homens feitos, e que tenho orgulho de poder falar quem
são, pois esses dois rapazes dão o verdadeiro sentido à palavra “irmão”.
Ao meu querido esposo e amado Giuliano que sempre me acompanhou e me deu suporte em
todo percurso acadêmico e pessoal (principalmente). Muito obrigada pela paciência, noites
mal dormidas e momentos compartilhados que foram fundamentais para a conclusão deste
trabalho.
À Prof
a
Dra. Marília Ferreira Dela Coleta, orientadora, amiga, sogrinha e companheira que
me forneceu um suporte social imensurável em todos os momentos de meu trajeto acadêmico
e pessoal. Essa criatura que caiu do céu fez, e faz com que tudo seja inesquecível.
Ao Prof. Dr. José Augusto Dela Coleta, uma referência internacional na Psicologia Social e
do Trabalho e que, por sorte do destino, também é meu sogrão e posso dizer que felizmente
aprendo muito com essa pessoa.
À Profª Dr
a
. da Universidade Federal de São Carlos, Thelma Simões Matsukura, pela
disponibilidade ao me fornecer a versão traduzida do Questionário de Suporte Social (SSQ:
Sarason et al.) e pelas sugestões, que foram de grande importância para o desenrolar desta
pesquisa.
10
Aos professores. Dra. Maria do Carmo Fernandes Martins, Dr. Sinésio Gomide Jr. e Dra.
Áurea de Fátima Oliveira, grandes mestres que sempre me instruíram da melhor forma
possível nas loucas análises estatísticas de meu trabalho.
À Marineide.... essa mocinha...., espero não sentir saudades, pois seria sinal que não a vejo
mais e depois de tudo que passamos juntas já faz parte da minha vida.
Às companheiras de mestrado, Adriana, Alice, Beatriz, Cíntia, Cynthya, Cleyciane, Crystiane,
Giselle, Graziella, Juliana, Luciane, Luziene, Marina e Vanessa. Muito obrigada pelas dicas,
comentários e ombros amigos... (ah se aquele laboratório falasse....). Com as trocas de
conhecimentos e experiências que se forma um bom profissional, e essas lindas pessoas
provaram que há lugar para todos em nossa carreira profissional.
À toda minha família, avós, tios(as), primos(as), cunhados(as) e sobrinha (ma petite jolie) que
são a minha alegria e realmente dão o suporte social que satisfaz qualquer ser humano que o
percebe....
E, aos personagens de minha dissertação, os Policiais Civis, que se dispuseram a contribuir
com minha pesquisa. Mesmo com todas as atribulações do trabalho, separaram um pedaço de
seu precioso tempo e, com toda paciência e interesse responderam às minhas perguntas e
questionários. Com eles pude “enxergar” a realidade dessa profissão.
11
RESUMO
Estudos sobre policiais destacam que estes constituem um dos grupos profissionais
com maior freqüência de alto nível de estresse. Assim, este estudo foi desenvolvido com os
objetivos de avaliar fatores de estresse ocupacional e de relacionar o estresse com o suporte
social em uma amostra de policiais civis de uma Delegacia Regional de Segurança Pública. O
estudo foi desenvolvido em duas fases, nas quais foram adotadas diferentes metodologias. Na
primeira fase participaram voluntariamente 40 policiais civis e buscou-se identificar os
estressores gerais no trabalho do policial civil e investigar as formas de enfrentamento ao
estresse pelos policiais, utilizando um roteiro de entrevista semi-estruturado. Após análise de
conteúdo foram obtidas 222 respostas sobre os estressores ocupacionais, que foram
classificados em 18 categorias envolvendo as características do trabalho, relacionamento com
colegas e superiores, imagem negativa da classe por parte da sociedade e da mídia e falta de
apoio legal e governamental ao trabalho da polícia. A estratégia utilizada para lidarem com o
estresse gerou 86 respostas, sendo que a maioria utiliza manejo dos sintomas, tais como auto-
controle, apoio da família, lazer, prática de exercícios, religião e atitude positiva. Na segunda
fase deste estudo participaram 96 sujeitos, correspondendo a aproximadamente 50% do
quadro de pessoal da Delegacia, com os objetivos de analisar o suporte social percebido, a
satisfação com o suporte social, o nível de estresse e sua manifestação sintomática na
amostra; e investigar a relação entre a percepção de suporte social, as características
biográficas e os sintomas de estresse relatados. O instrumento auto-administrável continha
questões sobre dados biográficos e profissionais, o Inventário de Sintomas de Stress para
Adultos e o Questionário de Suporte Social. As respostas foram digitadas em planilha do
programa SPSS for Windows
®
, versão 11.0, para proceder às análises. Os resultados indicaram
mais de 50% dos participantes com estresse, em fase de resistência/quase exaustão ou
exaustão. Nas análises de cruzamento de variáveis, verificou-se que no grupo de sujeitos com
grau de escolaridade superior, a maioria apresentou estresse; e que quanto maior a carga
horária semanal, maior o nível de estresse. Quando se analisou o tipo de sintoma de estresse,
verificou-se que entre os 51 sujeitos que apresentaram estresse, 25 tiveram predominância de
sintomas psicológicos e 20 mostraram predominância de sintomas físicos, de acordo com a
tabela de correção do ISSL. O Questionário de Suporte Social Percebido (SSQ-N) indicou que
a maioria percebe, em média, duas pessoas como suportivas e que estão entre razoavelmente
12
satisfeito e um pouco satisfeito com este suporte. As ANOVAs mostraram diferença entre as
médias em suporte social do grupo de sujeitos sem estresse, em comparação com aqueles na
fase de resistência/quase exaustão e os que estão na fase de exaustão, de modo que quanto
menor o suporte social percebido, mais grave a fase de estresse em que o sujeito se encontra.
Entretanto, esta diferença não foi significativa para o Índice N, representativo do número
médio de pessoas percebidas como suportivas nas diversas situações do SSQ-N. Quanto à
satisfação com o suporte social (Índice S) verificou-se que quanto maior a satisfação com o
suporte social, menor o nível de estresse. O suporte social percebido (Índice N)
correlacionou-se negativamente com as três medidas de sintomas de estresse do ISSL,
indicando que quanto maior o número de pessoas suportivas, menor a quantidade de sintomas
indicados pelo sujeito. A satisfação com o suporte social (Índice S) correlacionou-se
positivamente com os sintomas de estresse nos três períodos, de modo que quanto mais
satisfeito o sujeito com o suporte social percebido, também menor o número de sintomas de
estresse indicados, confirmando-se, assim, as hipóteses principais deste estudo. Foi possível
concluir que a metodologia utilizada permitiu um diagnóstico organizacional que extrapola a
questão da saúde/estresse, ao identificar problemas na infra-estrutura do trabalho, na
organização das tarefas e no relacionamento entre os funcionários e destes com a sociedade.
Retomando o conceito e os níveis de análise do Comportamento Organizacional, este estudo
confirma que o estresse no trabalho é uma questão individual, de grupo e da organização.
Palavras-chave: estresse, suporte social, policial civil.
13
ABSTRACT
Studies about policemen point out that they constitute one of the professional groups
with the highest rate of stress. So, this study was developed aiming to evaluate occupational
stress factors and to relate stress with social support in a sample of civil policemen of a Public
Safety Police Station. The study was developed in two phases, in which different
methodologies were adopted. On phase one, forty policemen participated as volunteers and
we tried to identify the general stressing factors of the policemen work and to investigate the
forms of dealing with stress, using a semi-structured interview. After content analysis, 222
answers on occupational stressors were obtained and they were classified in 18 categories
related to work characteristics, relationship with colleagues and superiors, the police negative
image by society and media, and lack of legal and governmental support to the police work.
The strategies used to deal with stress produced 86 answers, so that the majority uses the
symptoms management, as self-control, family support, leisure, exercises practice, religion
and a positive attitude. On the phase two 96 subjects participated, corresponding to
approximately 50% of the Police Station staff, with the objectives of analyzing the social
support, the stress level, and its symptoms as reported. The instrument was self-answered and
had questions about demographic and professional data, the Stress Symptoms Inventory for
Adults and the Social Support Questionnaire. The answers were typed on SPSS for Windows
to proceed the analysis. The results indicated that over 50% of the sample was diagnosed with
stress, already on resistance/nearly exhaustion or exhaustion phase. On the variables crossing
analysis, it was verified that most of the higher educated group of subjects showed stress and
the higher the working hours of the week, the higher the stress level. When the kind of stress
symptom was analyzed, it was verified that among the 51 subjects that were stressed, 25 had
mostly psychological symptoms and 20 had mostly physical symptoms, according to the
correction table of ISSL. The Perceived Social Support Questionnaire (SSQ-N) indicated that
the majority perceives two people as supportive and they are between reasonably satisfied and
a little satisfied with this support. The ANOVAs showed difference between the averages in
social support of the not stressed group, in comparison to those on the resistance/nearly
exhaustion phase and the ones on the exhaustion phase. So, the least social support they
perceive, the worse the stress phase they are. However, this difference was not significant for
the N index, which represents the average number of people perceived as supportive on all the
14
situations of the SSQ-N. Concerning the social support satisfaction (S index), it was verified
that the more satisfied with social support, the less stressed. The perceived social support (N
index) correlated negatively to the three measurements of stress symptoms from ISSL,
indicating that the larger the number of supportive people, the smaller the amount of
symptoms the subject points. The satisfaction with the social support (S index) correlated
positively with the stress symptoms on the three periods, so the more satisfied the subject was
with the social support perceived, also smaller the number of stress symptoms, which
confirms the main hypothesis of this study. It was possible to conclude that the methodology
used allowed an organizational diagnosis that overcomes the health/stress issue, by the
identification of problems on the infrastructure of work, on the tasks organization and on
relationship among staff and theirs towards society. Keeping in mind the concept and the
levels of analysis of Organizational Behavior, this study confirms that work stress is an
individual, group and organizational matter.
Key words: stress, social support, civil policemen.
15
SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO
19
2 – ESTRESSE 27
2.1 – Definições 29
2.2 – Fatores, fontes de estresse ou estressores 32
2.3 – Conseqüências do estresse para o organismo humano 33
2.4 – A Medida do estresse 35
2.5 – Prevenção e tratamento
37
3 - O ESTRESSE OCUPACIONAL 39
3.1 – Fatores de estresse no trabalho 41
3.2 - Possíveis medidas preventivas ao estresse no trabalho
49
4 – VARIÁVEIS ANTECEDENTES OU RELACIONADAS AO ESTRESSE 53
4.1 – Fatores pessoais / individuais 55
4.2 – Suporte Social 57
4.2.1 – Definição 57
4.2.2 – A medida de suporte social
62
5 - O ESTRESSE ENTRE PROFISSIONAIS DO SETOR DE SEGURANÇA
PESSOAL E PATRIMONIAL 65
5.1 – O suporte social no enfrentamento do estresse pelos policiais 71
5.2 – Características da profissão de segurança pessoal e patrimonial
73
6 – JUSTIFICATIVAS E OBJETIVOS
79
7 – METODOLOGIA 83
7.1 – Sujeitos 85
7.2 – Instrumentos 87
7.3 – Procedimentos
90
8 – RESULTADOS 95
8.1 PRIMEIRA FASE Entrevista para identificação dos fatores de estresse no
trabalho. 97
8.2 – SEGUNDA FASE – Avaliação do estresse e sua relação com o suporte
social. 103
8.2.1 - Resultados relativos aos instrumentos 103
8.2.2 - Resultados relativos aos dados biográficos 104
16
8.2.3 – Resultados obtidos com o ISSL 106
8.2.4 Resultados obtidos com a escala SSQ – Questionário de Suporte
Social. 110
8.2.5 - Resultados relativos ao teste das hipóteses
115
9 – DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
117
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
139
ANEXOS 153
ANEXO A – Roteiro de entrevista 155
ANEXO B – Questionário sobre estresse e suporte social 156
ANEXO C – Termo de Esclarecimento 166
ANEXO D – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - entrevista 167
ANEXO E – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - questionário 168
ANEXO F – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa 169
17
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Categorias, conteúdo e freqüência dos fatores causadores de estresse no
trabalho percebidos pelos policiais.
98
Tabela 2 - Categorias, conteúdo e freqüência do principal fator causador de estresse
percebido pelo Policial Civil.
99
Tabela 3 - Categorias, conteúdos e freqüências das respostas sobre meios que o
policial civil utiliza para lidar com o estresse.
101
Tabela 4 - Categorias, conteúdos e freqüências de respostas quanto a situações
estressantes fora do trabalho.
102
Tabela 5 - Sugestões do policial civil para melhorar o ambiente de trabalho. 103
Tabela 6 Distribuição dos sujeitos (N=96) segundo idade, sexo, estado civil,
formação escolar, cargo, tempo de trabalho, carga horária semanal e se tem outros
empregos.
105
Tabela 7 - Freqüência de sujeitos com/sem estresse por sexo. 107
Tabela 8 - Freqüência de sujeitos com/sem estresse por estado civil. 107
Tabela 9 - Freqüência de sujeitos com/sem estresse por trabalhar ou não em outros
empregos.
107
Tabela 10 – Freqüência de sujeitos com/sem estresse por cargo. 108
Tabela 11 - Freqüência de sujeitos com/sem estresse por grau de formação escolar. 108
Tabela 12 - Freqüência de sujeitos com/sem estresse por carga horária semanal. 109
Tabela 13 - Análise do conteúdo do SSQ-N – freqüência das respostas. 114
Tabela 14 - Médias em Suporte Social para cada grupo de sujeitos nas diferentes fases
de estresse.
115
Tabela 15 Coeficientes de correlação (r de Pearson) entre variáveis biográficas,
suporte social e escores brutos em estresse.
116
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Freqüência de sujeitos e fases de estresse que se encontram. 106
Figura 2 Freqüência de sujeitos e predominância do tipo de estresse (físico e/ou
psicológico.
109
Figura 3 – Freqüência de sujeitos por número de pessoas suportivas. 111
Figura 4 – Freqüência de sujeitos por satisfação com o suporte social. 112
18
19
1- INTRODUÇÃO
20
21
1- INTRODUÇÃO
Quando se inicia uma pesquisa, é desanimador pensar que provavelmente a maioria
das descobertas importantes já foram feitas pelas mentes extraordinárias que, no decorrer de
tantos séculos, exploraram os principais dilemas da existência humana. Entretanto, as
mudanças sociais criam novos problemas que trazem a necessidade de serem compreendidos
e solucionados, fazendo surgir novos campos de pesquisa.
De acordo com Selye (1959, p.5) “[...] o que constitui a essência da descoberta
científica não é ver alguma coisa primeiro, mas estabelecer uma sólida relação entre o que
se conhecia e o que é até então desconhecido”.
No campo do trabalho também têm ocorrido, de acordo com Bastos (1996):
[...] novas arquiteturas organizacionais que apontam a importância de
fatores individuais [...] como elementos críticos na constituição de modelos
organizacionais flexíveis e mais hábeis em lidar com as incertezas
ambientais. Compreender esse grande desafio [...] talvez possa ser
considerada a questão básica subjacente à maioria dos esforços científicos
do campo que denominamos comportamento organizacional. (Bastos, 1996,
p.105).
Para Siqueira (2002), o campo do comportamento organizacional foi reconhecido na
década de sessenta por pesquisadores ingleses, e recebeu diversas conceituações, tendo sua
evolução marcada por diferentes tentativas de determinar os níveis de sua estrutura, as
variáveis que compunham os temas de seu interesse, bem como as disciplinas que ofereciam
contribuições à compreensão dos temas que lhe eram atribuídos.
Durante quatro décadas de existência, o estudo do Comportamento Organizacional
(CO) foi adquirindo solidez, seja através das diversas publicações que procuravam divulgar
22
nos meios científicos e acadêmicos as suas bases teóricas, seja porque passou a ser utilizado
como referencial em cujo bojo aninharam-se proposições teóricas e pesquisas sobre as
atividades organizacionais.
As primeiras tentativas para delimitar o campo do CO surgiram na década de 60,
quando Pugh (1966; 1969, citado por Siqueira, 2002) definiu-o como o estudo da estrutura e
do funcionamento de organizações e do comportamento de grupos e indivíduos dentro delas,
defendendo a idéia de tratar-se de uma ciência emergente e quase independente, apoiada em
outras disciplinas como Psicologia, Sociologia e Economia.
Uma das preocupações iniciais daqueles estudiosos que procuravam delimitar o campo
do CO era diferenciá-lo da Psicologia Industrial/Organizacional, argumentando que as
atividades organizacionais constituíam um objeto de estudo e não um contexto para onde
conhecimentos psicológicos seriam simplesmente transferidos e aplicados.
Para Rousseau (2002), os problemas centrais no Comportamento Organizacional são
influenciados pelas mudanças nas próprias organizações, embora haja algumas discordâncias.
Na revisão publicada em 1984, realizada por Staw (1984), o CO foi definido como
“um campo multidisciplinar que examina o comportamento de indivíduos dentro de
ambientes organizacionais, como também a estrutura e o comportamento das próprias
organizações” (p. 628).
Staw, nesta revisão, postulou duas grandes áreas para o CO: macro comportamento
organizacional e micro comportamento organizacional. A primeira, também reconhecida
como teoria das organizações, teria suas raízes na Sociologia, Ciência Política e Economia e
se ocuparia de questões sobre a estrutura, o design e as ações das organizações dentro de
contextos sócio-econômicos. A segunda área, ou comportamento micro-organizacional, com
origens na Psicologia, estudaria as atitudes e comportamentos individuais, bem como os
23
processos através dos quais estes influenciariam e seriam influenciados pelos sistemas
organizacionais.
Para Robbins (1999), trata-se de uma área de investigação sobre a influência que
indivíduos, grupos e estrutura organizacional exercem sobre o comportamento humano dentro
das organizações.
Ao final da década de noventa uma outra proposta de configuração em três níveis:
micro-organizacional, meso-organizacional e macro-organizacional (Wagner III &
Hollenbeck, 2003). O primeiro nível de análise, comportamento micro-organizacional, tem
contribuições teóricas acentuadas da Psicologia e focaliza os aspectos psicossociais do
indivíduo e as dimensões de sua atuação no contexto organizacional. O segundo nível, meso-
organizacional, volta-se para questões relativas aos processos de grupos e equipes de trabalho,
cuja compreensão teórica é oferecida por postulados da Antropologia, Sociologia e Psicologia
Social. O terceiro nível de análise, comportamento macro-organizacional, com marcantes
contribuições da Antropologia, Ciência Política e Sociologia, ênfase ao entendimento da
organização como um todo (Wagner III & Hollenbeck, 2003).
Adotando três níveis de análises - individual, grupal e organizacional, Robbins (1999)
propôs um modelo básico para os estudos do CO, especificando quais variáveis seriam temas
de interesse de cada um. Para as análises no nível individual o autor arrola variáveis
biográficas, de personalidade, valores, atitudes e habilidades. Estas influenciam os processos
psicológicos de percepção, motivação e aprendizagem individuais que, por sua vez, afetam o
processo de tomada de decisão individual. As análises sobre grupos/equipes de trabalho são
representadas no modelo por interações bidirecionais entre os processos de tomada de decisão
grupal, comunicação, liderança, conflito, poder, política, estrutura de grupo e equipes de
trabalho. para as análises da organização, seis elementos-chave necessários para
24
dimensionar sua estrutura: especialização do trabalho, departamentalização, cadeia comando,
esfera de controle, centralização e descentralização e formalização.
Segundo Lundberg (1984) a pesquisa de comportamento organizacional hoje está se
tornando complexa, onerosa e demais formalizada. Algumas re-direções nos treinamentos e
uma ênfase renovada em criação de hipótese são pedidas, mas mesmo assim, o estudo sobre
comportamento organizacional é igual à pesquisa em ciência de um modo geral.
Pesquisas de Brief e Weiss (2002) focalizaram na produção de humores e emoções
relacionadas ao trabalho, com uma ênfase, pelo menos conceitualmente, em eventos
estressantes, deres, trabalho em grupos, colocações físicas. Outras pesquisas analisaram as
conseqüências dos sentimentos de trabalhadores, em particular, uma variedade de resultados
de desempenho, embora recente interesse em afeto no lugar de trabalho tenha sido intenso
(Brief & Weiss, 2002).
As organizações nas quais as pessoas trabalham afetam os seus pensamentos,
sentimentos e ações no lugar de trabalho e fora do mesmo. Igualmente, os pensamentos de
pessoas, sentimentos, e ações afetam as organizações nas quais eles trabalham. O
Comportamento Organizacional é uma área de investigação interessada em ambos os tipos de
influência: do trabalho / organizações nas pessoas e das pessoas em organizações de trabalho,
ou seja, o CO é relacionado às crenças, valores e atitudes dos trabalhadores, como as
organizações os afetam e como eles afetam as organizações. Essa relação pode incluir
eventos estressantes (ou estímulos aversivos) como: líderes, características do grupo de
trabalho, colocações físicas e recompensas organizacionais e castigos.
Dessa forma, durante os últimos dez anos ou mais, os investigadores organizacionais
levantaram muito mais perguntas que eles responderam sobre a produção de humores e
emoções. Uma das questões levantadas pelos pesquisadores é sobre o estresse do profissional
25
nas organizações, que se trata de uma das conseqüências negativas dos relacionamentos dos
indivíduos com o trabalho e com as pessoas.
Atualmente, alguns autores questionam se o estresse derivado da realização do
trabalho é uma das principais causas de enfermidade laboral, de absenteísmo e da origem de
muitos acidentes. Gil-Monte (2005) acredita que a prevenção dos riscos psicossociais no
trabalho que podem gerar estresse e a prevenção dos acidentes laborais têm tido um grande
destaque nos últimos tempos. As conferências sobre proteção no trabalho, ao reconhecerem a
organização do trabalho com condições suscetíveis a produzir riscos no mesmo, provocam um
interesse nos pesquisadores em adicionar os riscos de origem psicossocial entre as causas de
acidente no trabalho.
Um ambiente organizacional no qual se tem notado um descontentamento dos
trabalhadores e possível índice de estresse é o da Polícia Civil. Por isso, o interesse deste
estudo está em abordar o comportamento micro-organizacional, isto é, alguns aspectos
psicossociais dos policiais civis e o nível de estresse dos mesmos.
O estudo focaliza o estresse ocupacional e suas causas conforme percebidas pelos
policiais. Pretende-se identificar as maneiras que o sujeito utiliza para lidar com o mesmo e
verificar quais as influências do meio social, e se este pode contribuir para o sujeito lidar com
as situações ameaçadoras e estressantes, que embora sejam, por muitos, reconhecidas, têm
sido um pouco descuidadas nos estudos de investigação realizados.
Com isso, inicialmente discorrer-se-á sobre o estresse e seu histórico no conhecimento
científico, o estresse ocupacional, sobre o estresse no trabalho policial, a profissão policial e
seu cotidiano e sobre as variáveis antecedentes ou relacionadas ao estresse, como
características pessoais e influências do meio social.
26
27
2 – ESTRESSE
28
29
2 – ESTRESSE
2.1 Definições
Antes de Selye (1959) revolucionar a medicina da década de 30 com sua teoria sobre a
síndrome geral de adaptação (SAG), o termo estresse já era usado em linguagem corrente com
outras definições, por exemplo, na engenharia como desgaste das máquinas e nas biomédicas
como desgaste dos órgãos. O primeiro tratado técnico sobre o assunto “estresse” foi publicado
em 1950 por Selye, com a definição hoje utilizada em psicologia, que também significa
desgaste, mas em relação às tensões ou pressões que a doença exerce sobre o mecanismo que
se encontra em equilíbrio orgânico (Muniz, 1976). Para Selye (1959), “estresse é
essencialmente o grau de desgaste total causado pela vida” (p. X), agindo em todo o
organismo, e são os fatos e os acontecimentos do dia-a-dia que ocorrem com o sujeito, aos
quais o organismo, inteligentemente, procura adaptar-se.
Para Selye (1959), quando somos submetidos a um estresse intenso, o nosso
organismo, através da “reação de alarme” (quando os estímulos estressores começam a agir),
nos prepara para a luta ou para a fuga através do sistema simpático. Cessada a agressão do
estresse, o organismo procura se refazer, para alcançar “o equilíbrio interior”, ou seja, a
“homeostase”, feita através do sistema para-simpático (fase da resistência).
Para esse autor, se o estresse for contínuo, constante, permanente e duradouro, o
equilíbrio do meio interno, a homeostase orgânica, começa a claudicar, dando inicialmente
origem a uma série de distúrbios funcionais dos diversos órgãos e sistemas do organismo
(fase da exaustão). Se o estresse prossegue em sua agressão, em seu desgaste, os distúrbios
funcionais podem terminar em lesões orgânicas. Dessa forma, o conjunto das modificações na
30
estrutura e composição química do corpo (síndrome do estresse) é denominado síndrome da
adaptação geral (SAG) e desenvolve-se em três fases:
1- reação de alarme (quando os estímulos estressores começam a agir);
2- fase da resistência (conseqüências mentais, emocionais e físicas do estresse crônico);
3- fase da exaustão (o organismo entende que está em estresse e instala doenças físicas e
psíquicas).
Ainda segundo Selye (1959), as expressões do estresse na cognição e na conduta
podem adotar diversas formas, e ser de intensidade variável. Algumas vezes não se
apresentam manifestações externas, mas apenas internas. Em outros casos, a angústia
apresenta expressões afetivas e do comportamento claramente observáveis. O estresse é um
elemento inerente a toda doença.
Segundo Lipp (1996):
Stress é definido como uma reação do organismo, com componentes físicos
e/ou psicológicos, causada pelas alterações psicofisiológicas que ocorrem
quando a pessoa se confronta com uma situação que, de um modo ou de
outro, a irrite, amedronte, excite, ou confunda, ou mesmo que a faça
imensamente feliz [...] No momento em que a pessoa é sujeita a uma fonte
de estresse, um longo processo bioquímico instala-se, cujo início manifesta-
se de modo bastante semelhante, com o aparecimento de taquicardia,
sudorese excessiva, tensão muscular, boca seca e a sensação de estar alerta.
(Lipp, 1996, p. 20).
Glina e Rocha (2000) também explicam que o estresse não é uma doença, mas uma
tentativa de adaptação às situações novas.
De acordo com Selye (1959, p.64), “estresse é o estado manifestado por uma síndrome
específica, constituída por todas as alterações não-específicas produzidas num sistema
biológico”, mas o termo estresse tem significado quando aplicado a um sistema biológico
precisamente definido.
31
Cada indivíduo tem uma maneira de perceber o mundo e interpretá-lo, em função de
sua história de vida e suas experiências e isso tem uma relação direta com a forma com que
ele reagirá a uma determinada situação. Para alguns, um agente estressor pode ser
extremamente forte, enquanto para outros, pode não representar perigo ou ameaça alguma. O
fato de uma situação geradora de tensão provocar ou não uma reação de ansiedade depende da
forma pela qual a pessoa interpreta essa situação e das “habilidades de enfrentamento” do
indivíduo (Spielberger, 1981).
Weiss (1991) também entende que o estresse é gerado pela nossa capacidade (ou falta
dela) de lidar com os acontecimentos e com as nossas reações. Durante algumas situações
estressantes, o ser humano pode se sentir bem, como no caso de uma reunião com um amigo
que não via muitos anos o que o autor chama de eustress (estresse ou tensão positiva),
como também pode reagir opostamente, o que é chamado distress (estresse ou tensão
negativa). Independente de ser bom ou mau eustress ou distress -, não se pode eliminar ou
evitar totalmente o estresse, ele faz parte das reações orgânicas que preservam a vida.
Enfim, os termos “estressor, fatores, fonte, situação e circunstância indutora ou
desencadeadora de stress, no mesmo sentido,” (Martins, 2004, p.14) levam a crer que há certo
consenso entre os pesquisadores ao dizer que os mecanismos para enfrentar o estresse são
definidos como esforços, tanto direcionados à ação, como pensamento interno para controlar
as exigências e os conflitos ambientais e internos que põem à prova as defesas do indivíduo.
A resposta de estresse possui dois componentes: o psicológico que envolve emoções
como ansiedade e tensão, e o fisiológico que envolve mudanças corporais, como freqüência
cardíaca aumentada, pressão sanguínea e tensão muscular. (Lipp, 1996).
O componente fisiológico da resposta de estresse está vinculado à função da hipófise
no organismo, que libera neuro-hormônios, entre eles dopamina, norepinefrina e o fator
liberador de corticotrofina (CRF). Em situações de estresse, o hipotálamo estimula a hipófise
32
a produzir ACTH, promovendo a secreção dos hormônios da supra-renal (corticóides e as
catecolaminas), sendo este aumento indicador biológico da resposta de estresse (Ballone,
2001).
Quanto à fisiologia do estresse, a estrutura e composição química do corpo são
alteradas como reação de adaptação do corpo, ou seja, como processo de defesa, podendo
também se manifestar como sintomas de lesão (Corrêa & Menezes, 2002).
2.2 – Fatores, fontes de estresse ou estressores
Em geral, de acordo com Albrecht (1998) os fatores que mais freqüentemente
contribuem para o estresse podem ser agrupados em três categorias:
(1) Relacionamentos: Problemas com a família, com os filhos e com o parceiro; (2)
Problemas financeiros: Situação financeira indesejável, o que pode ser agravado nas férias e
épocas festivas; (3) Problemas físicos: Doenças físicas, debilitações, cansaço, peso, visão,
dentre outros.
Quanto aos fatores relacionados à área afetiva, segundo pesquisa de Lipp e Rocha
(1996; citado por Malagris, 2000), utilizando o IQV – Inventário de Qualidade de Vida,
podem ser importantes: relacionamentos conflituosos e instáveis, ausência de amigos íntimos
e confidentes, dificuldade de expressão de afetos, convivência com pessoas que não
expressam afetos, falta de admiração ou de se sentir admirados enquanto pessoas, dificuldade
na comunicação com os filhos e outros familiares, falta de tempo suficiente para se dedicar à
família.
Lipp (1996), utilizando seu inventário (ISSL) e entrevista, detectou que fatores
como não ter rotina de recreação, conversar sobre assuntos relacionados ao trabalho ou
negócios, não receber e visitar amigos, desinteressar-se em questões humanitárias e estar
33
sempre com pressa mesmo em passeios, são fatores que, junto a outros, prejudicam a área
social.
Os fatores na área da saúde também podem prejudicar a qualidade de vida do sujeito
ocasionando estresse, como: dores recorrentes, alimentação inadequada, insônia, instabilidade
emocional, sedentarismo, abuso de substâncias, não adesão a tratamentos médicos quando
necessários, não praticar técnicas de relaxamento e não fazer avaliação de saúde regularmente
(Lipp & Rocha, 1996; citado por Malagris, 2000).
2.3 – Conseqüências do estresse para o organismo humano
Albrecht (1998) afirma que o receio de lidar com as emoções de maneira direta podem
constituir-se em um desperdício de energia com manipulações e ataques, assim como a
emoção contida pode contribuir para o desenvolvimento de problemas como depressão,
insônia, consumo de drogas, ou cansaço constante.
Dentre as diversas conseqüências que o estresse pode provocar no sujeito, algumas
alterações orgânicas que se registram durante a situação estressante e funcionam como sólidos
marcos durante o processo de dissecação do estresse são: dilatação do córtex da supra-renal e
a atrofia dos órgãos timicolinfáticos, úlceras gastrointestinais, perda de peso, diversas
alterações químicas na constituição dos diversos fluídos e tecidos do corpo, inflamações.
Algumas doenças metabólicas, também denominadas doenças de adaptação, aparecem muitas
vezes em situações de estresse como: obesidade excessiva, diabete, hipertireoidismo, doenças
do fígado, envelhecimento prematuro e câncer (Albrecht, 1998).
Rocha Jr. (2005) separa as conseqüências do estresse no aspecto físico (ou externo),
no emocional (ou psicológico) e na capacidade concentração, da seguinte maneira:
34
a) o estresse físico ou externo
O estresse físico ou externo, aquele que afeta o próprio corpo, é o mais evidente e fácil
de identificar. Quando as pessoas trabalham muito, ficam acordadas até tarde ou comem e
bebem demais sentem os efeitos físicos diretos destas ações. Apresentam uma tendência a
dormir mal, sentido-se cansadas e doentes. No entanto, é mais difícil corrigir este tipo de
problema do que ter uma dieta alimentar saudável ou dormir mais.
Quando se tem uma doença, mesmo as menos graves, como uma gripe ou resfriado,
torna-se evidente como o estresse físico afeta o bem-estar e a qualidade de vida. A maioria
das doenças graves provoca estresse na vida de qualquer um, e alguns médicos acreditam que
esta associação é um dos principais obstáculos para uma boa recuperação.
b) o estresse emocional ou psicológico
O estresse emocional ou psicológico pode parecer menos evidente, mas tem a mesma
relevância para a saúde e para o bem-estar do indivíduo. Apesar da dificuldade de identificar
os fatores determinantes deste tipo de estresse, trata-se de uma etapa fundamental, uma vez
que seu impacto no bem-estar das pessoas pode ser até maior que o do estresse físico.
Os indivíduos solitários, deprimidos e infelizes apresentam uma maior chance de
desenvolver doenças e uma menor tendência a praticar atividades que lhes proporcionam
prazer. Quando as pessoas são submetidas a uma carga de estresse superior à que podem
suportar, ficam muito mais vulneráveis à depressão e à ansiedade. Pode ser difícil identificar o
estresse psicológico, mas ele costuma deixar as pessoas desconfortáveis, culpando algum
fator exógeno pela sua situação. Lidar com isso em vez de ser consumido por ele é algo que
requer um trabalho psicológico importante.
35
c) o estresse e a capacidade de concentração
O estresse também afeta a forma de pensar das pessoas. Quando os indivíduos estão
muito estressados, particularmente ansiosos ou deprimidos, sua capacidade de pensar com
clareza e objetividade pode ser comprometida.
Os indivíduos se tornam menos capazes de avaliar criticamente a sua situação e buscar
uma melhora. No caso dos deprimidos, algumas vezes parece mais fácil se entregar ao
desespero do que lidar com os problemas reais.
Segundo França e Rodrigues (1997), as conseqüências do estresse, porém, não se
limitam ao indivíduo. O excesso de tensão também pode atrapalhar a comunicação, quando as
mensagens não são transmitidas integralmente.
O estresse em excesso também pode desencadear reações no corpo, como nos dentes,
costas, pulmões, pele, estômago e intestino, coração e cérebro. Nos dentes, a tensão constante
provoca o bruxismo (ranger dos dentes), nas costas ocorrem tensões musculares levando à
dores lombares. A pessoa estressada, em geral, fuma mais provocando problemas
respiratórios e altos níveis de nicotina no pulmão podendo desencadear um câncer. Quanto à
pele, esse órgão pode ter alergias, suar excessivamente e descamar-se. No estômago aumenta
a produção de ácido clorídrico levando à gastrite e no intestino ocorre uma série de alterações
nos hábitos causando diarréia, gases e hemorróidas. O coração pode sofrer infarto e o cérebro
pode diminuir a oxigenação (Rocha Jr., 2005).
2.4 – A medida do estresse
As conseqüências físicas, emocionais e as mudanças cognitivas e comportamentais
decorrentes do estresse constituem-se em indicadores para a avaliação do nível de estresse dos
indivíduos, o que levou alguns pesquisadores a desenvolverem formas para sua medida.
36
Assim, existem medidas do estresse no nível das mudanças fisiológicas e outras que
medem os sintomas conforme percebidos pelo indivíduo. É importante destacar que os
sintomas de estresse percebidos pelos próprios sujeitos podem estar acompanhados de
alterações objetivamente mensuráveis do sistema nervoso autônomo e das funções hormonais,
no entanto, os pesquisadores fazem algumas separações para medir o estresse.
Alguns autores consideram que seja possível medir a resposta de estresse em nível
fisiológico, através de várias técnicas como, por exemplo, pelo nível neuroendócrino por meio
do índice de catecolaminas derivadas de amostras do plasma, da urina e da saliva.
pesquisas que correlacionam o nível de cortisol com o estresse, ou seja, quanto maior o nível
de estresse, menor o nível dessa substância (Pruessner, Hellhammer & Kirschbaum, 2005).
Outros autores sugerem que o diagnóstico seja realizado considerando-se a doença
já manifesta em algum órgão (Lipp, 1996).
para medir os sintomas de estresse através da percepção que o sujeito tem e de sua
resposta para cada sintoma, Lipp (1996) criou um instrumento, inicialmente caracterizado
como ISS, que dividia o processo de estresse em três fases. Esse instrumento passou por
alterações e o inventário atualizado possui uma quarta fase, não invalidando o instrumento
anterior, mas baseando-se nas teorias do mesmo. Este novo instrumento para medir o estresse
é o Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp - ISSL (Lipp, 2000).
O ISSL é de fácil aplicação e visa identificar de modo objetivo a sintomatologia que o
paciente apresenta, avaliando se este possui sintomas de estresse, o tipo de sintoma existente
(se somático ou psicológico) e a fase em que se encontra. Este instrumento apresenta um
modelo quadrifásico do estresse baseado inicialmente no modelo trifásico de Selye (1959)
com relação aos efeitos do estresse poderem se manifestar tanto na área somática como na
psicológica e aparecerem em seqüência e gradação de seriedade à medida que suas fases do
estresse se agravam.
37
2.5 – Prevenção e Tratamento
Ao enfrentar o estado de estresse, o indivíduo pode começar a usar mecanismos de
defesa para reduzi-lo. A defesa difere do enfrentamento no sentido em que enfrentar envolve
resolução construtiva de problemas, enquanto defesa se refere a reduzir o estresse sem
resolver o problema. Uma estratégia defensiva envolve reavaliar o estressor de modo que ele
não mais seja visto como alarme. Isto é geralmente chamado negação ou redefinição de
situação (Holmes, 1997).
Existem algumas intervenções que pretendem contribuir para uma melhor qualidade
de vida dos sujeitos. Dentre estas, pode-se citar o Treino de Controle do Stress (TCS)
proposto por Lipp (1996). Esta técnica vem sendo aplicada em uma série de pesquisas na
área, demonstrando grande resultado. A partir de uma prévia avaliação da qualidade de vida
do indivíduo, de seu nível de estresse e de suas principais fontes internas e externas de
estresse, o TCS tem como objetivo ajudar o sujeito estressado a investir em mudanças que
possam implementar mais prazer e saúde à sua vida. O treinamento de Lipp (1996) enfatiza a
necessidade do fortalecimento de quatro pilares: relaxamento, exercício físico, alimentação e
uma visão mais positiva da vida, com eliminação, quando possível, dos estressores presentes,
ou reestruturação cognitiva dos estressores impossíveis de eliminação.
A prevenção e o controle do estresse no trabalho podem ter como diretrizes as
seguintes orientações:
- diminuição das pressões externas, com o aprimoramento do ambiente de trabalho, com a
eliminação dos agentes agressivos, tornando-o mais adequado às características e
necessidades humanas, com grande participação da ergonomia;
- diminuição da vulnerabilidade humana à pressão, através de uma conquista de um maior
amadurecimento emocional, equilíbrio nas formas de interação consigo mesmo, com os
38
outros e com a vida em geral, ou seja, uma maior habilidade emocional, o desenvolvimento da
capacidade de administrar o tempo e cuidados apropriados com a saúde;
- suporte social conseguido com suporte entre as pessoas, refletindo a capacidade de dar e
receber dos outros, ou seja, uma maior cooperação social (Souza, Campos, Silva, & Souza,
2002).
39
3 - O ESTRESSE OCUPACIONAL
40
41
3 - O ESTRESSE OCUPACIONAL
3.1 – Fatores de estresse no trabalho
Os conceitos de estresse têm se estendido também a diferentes campos das ciências do
comportamento, como os da psicologia do desenvolvimento, da psicologia clínica e da
psicologia do trabalho. No primeiro caso, alguns autores relacionam o fenômeno do estresse
às etapas evolutivas do ser humano, enfatizando sua importância na vida adulta, sobretudo na
terceira idade. No que concerne à psicologia clínica, pesquisadores consideram que as
contribuições sobre o tema vêm configurando tendências de abordagem ambiental ou
ecológica. Quanto à psicologia organizacional e do trabalho, o fenômeno é designado como
“estresse ocupacional”, que vem alcançando significativo destaque nas áreas da motivação,
desempenho e produtividade. (Schmidt, 1990).
No que diz respeito à proposição básica que fundamenta o conceito de estresse
ocupacional, alguns autores entendem que, em determinadas circunstâncias, alguns aspectos
relacionados com o trabalho e com a organização podem dar origem a efeitos negativos para a
maior parte das pessoas. Essas contribuições salientam que no desempenho ocupacional é
provável que o empregado enfrente dificuldades e problemas e possa sentir o ambiente de
trabalho e outros fatores organizacionais como fonte de estresse.
Os profissionais da saúde no trabalho têm observado que as condições de trabalho não
causam doenças profissionais específicas, mas também podem influenciar de maneira mais
global, como um de vários elementos que determinam o estado de saúde do trabalhador. Um
dos fatores de saúde no trabalho que tem sido objeto de pesquisa é o estresse (Kalimo, El-
Batawi, & Cooper, 1988).
42
Dessa forma, para compreender essas reações, deve-se conhecer três etapas decisivas
no desenvolvimento gradual do estresse no trabalho: a percepção da ameaça, a intenção em
enfrentá-la e o seu eventual fracasso.
Os desafios sempre exigem certa adaptação, que se reflete em grau maior ou menor de
estresse. Mas, quando o estresse cresce mais que o suportável, ela pode ficar negativa e
prejudicar a saúde e a qualidade de vida da pessoa.
De acordo com Kalimo et al. (1988), as principais causas de estresse no trabalho são
as poucas exigências do cargo em relação à capacidade do trabalhador, os desejos frustrados e
a insatisfação com relação a metas positivamente valorizadas como ascensão de cargo ou
promoções, dentre outras. Além desses fatores também existem os problemas com a chefia,
hierarquia no trabalho, desrespeito dos colegas para com o sujeito.
Outras causas possíveis são diversas: chefias com controles cerrados, mudanças
organizacionais, discussões sobre novas delegações de poder, redução da margem de lucro e
concorrências externas ferozes (França & Rodrigues, 1997).
Albrecht (1998) faz referência a um grupo de fatores estressantes no ambiente do
trabalho que pode afetar a qualidade de vida profissional, dividindo-os em “físicos, sociais e
emocionais”. Dentre os fatores físicos o autor se refere a uma quantidade exagerada de calor,
frio, umidade, secura, barulho, vibração, poluidores do ar, lesões físicas, sol forte, radiação
ultravioleta ou infravermelha, máquinas perigosas, animais perigosos e substâncias
potencialmente explosivas ou tóxicas. Quanto aos fatores sociais estão: chefe, colegas de
trabalho, fregueses ou clientes, pessoas perigosas ou potencialmente perigosas, investigação
pública das atividades da pessoa, grupos (comitês ou “judiciais”) aos quais se deva prestar
contas. Quanto aos fatores emocionais: prazos, risco percebido de lesão física, risco
financeiro pessoal, extrema necessidade de prestação de contas por tarefas de alto risco, medo
43
de perder status ou auto-estima, expectativa de fracasso e expectativa de desaprovação de
outras pessoas importantes.
Esse autor faz referência a um fator empresarial que pode agravar bastante o estresse
do funcionário que são as normas sociais de poder que proíbem a expressão aberta das
chamadas reações emocionais negativas, pois quando estas regras são quebradas, o indivíduo
é rotulado de imaturo e inadequado, assim como julgado como alguém com falta de
habilidades na vida e no trabalho.
Villalobos (1999) indica como principais fatores psicossociais condicionantes do
estresse laboral o desempenho profissional, a direção organizacional, a organização e a função
desempenhada, as tarefas e atividades no trabalho, o meio ambiente, a jornada laboral e a
empresa e o contexto social.
No que se refere ao desempenho profissional, são delimitados como sub-fatores o
trabalho de alto grau de dificuldade, o trabalho com grande demanda de atenção, as atividades
de grande responsabilidade, as funções contraditórias, a criatividade e iniciativa restringidas, a
exigência de decisões complexas, as mudanças tecnológicas intempestivas, ausência de plano
de vida laboral e ameaça de demandas laborais (Villalobos, 1999).
O aspecto direção é permeado por liderança inadequada, má utilização das habilidades
do trabalhador, delegação de responsabilidades, relações laborais ambivalentes,
manipulação e coação do trabalhador, motivação deficiente, falta de capacitação e de
desenvolvimento do pessoal, carência de reconhecimento, ausência de incentivos,
remuneração não eqüitativa e promoções laborais aleatórias (Villalobos, 1999).
Na categoria dos fatores relacionados ao desenvolvimento da carreira, destacam-se os
aspectos relacionados à falta de estabilidade no trabalho, ao medo de obsolescência frente às
mudanças tecnológicas e às poucas perspectivas de promoções e crescimento na carreira.
44
Villalobos (1999) ainda destaca que práticas administrativas inapropriadas, atribuições
ambíguas, desinformação e rumores, conflito de autoridade, trabalho burocrático,
planejamento deficiente e supervisão punitiva são elementos do fator “organização e função”.
Estressores ocupacionais estão freqüentemente ligados à organização do trabalho, como
pressão para produtividade, retaliação, condições desfavoráveis à segurança no trabalho,
indisponibilidade de treinamento e orientação, relação abusiva entre supervisores e
subordinados, falta de controle sobre a tarefa e ciclos trabalho-descanso incoerentes com
limites biológicos.
Erosa (2001) enumera algumas condições estressantes no ambiente laboral: sobrecarga
de trabalho, excesso ou falta de trabalho, rapidez em realizar a tarefa, necessidade de tomar
decisões, fadiga, por esforço físico importante (viagens longas e numerosas), excessivo
número de horas de trabalho e mudanças no trabalho.
Finalmente, outro tipo de estressor, comumente relatado na literatura (Villalobos,
1999), refere-se ao controle no trabalho ou a autonomia do trabalhador em relação às decisões
e aos métodos de trabalho. No aspecto jornada laboral, pode-se citar a rotação de turnos,
jornadas de trabalho excessivas, duração indefinida da jornada e atividade física corporal
excessiva.
Por fim, a empresa e o contexto social abrangem as políticas instáveis da empresa,
ausência de corporativismo, falta de suporte jurídico pela empresa, intervenção e ão
sindical, salário insuficiente, falta de segurança no emprego, subemprego ou desemprego na
comunidade e opções de emprego e mercado laboral (Villalobos, 1999).
Quando o sujeito não consegue lidar com o estresse no trabalho, ele se agrava, e passa
a estar em esgotamento, o que muitos estudiosos chamam de burnout, ou síndrome do
esgotamento profissional.
45
A “síndrome da desistência”, como o burnout também vem sendo chamado, tem sido
estudada a partir da década de 1970 em diferentes países. O Burnout foi descrito, pela
primeira vez, em 1974 pelo psiquiatra Freudenberger (Gil-Monte, 2005), durante seu trabalho
em uma clínica de toxicomaníacos quando ele observou que grande parte de assistentes
voluntários sofriam de uma perda progressiva de energia, desmotivação para o trabalho, como
também apresentaram sintomas de ansiedade e depressão; estas pessoas se mostravam menos
sensíveis, pouco compreensivas e um pouco agressivas em relação aos pacientes, com um
tratamento distanciado e cínico, com tendência a culpar os pacientes pelos seus próprios
problemas de saúde. Para a descrição de suas observações, utilizou o termo Burnout, que era
usado para referir-se aos efeitos do consumo crônico e abusivo de substâncias tóxicas.
Em 1976, Maslach utilizou a mesma terminologia para descrever o processo gradual
de perda de responsabilidade profissional e desinteresse cínico entre os seus companheiros de
trabalho (Tamayo, 2004).
Segundo Tamayo (2004), burnout é um termo da cultura anglo-saxônica que pode ser
traduzido para o português como apagar-se ou queimar-se, lembrando, de certo modo, a
imagem de uma vela ou fogueira apagando-se lentamente.
Atualmente, a síndrome de Burnout tem sido conceituada como um processo que
ocorre entre os profissionais que trabalham com outras pessoas (setor de saúde, educação
justiça, segurança, serviços sociais, administração), devido às condições de trabalho
caracterizadas por fortes demandas sociais (Gil-Monte, 2005). Isto porque é exigido desses
profissionais que desempenham função assistencial, elevado investimento na relação
interpessoal, marcada pelo cuidado e pela dedicação e, por isso, com o passar do tempo, o
profissional se desgasta, estressa-se e desiste. Assim, essa síndrome tem sido definida como
uma resposta ao estresse emocional crônico intermitente (Tamayo, 2004).
46
O fenômeno foi definido como uma síndrome caracterizada pela aparição de baixa
realização profissional no trabalho (tendência a avaliar-se negativamente, de maneira especial
com relação à habilidade para realizar o trabalho e para relacionar-se profissionalmente com
as pessoas que atende); alto esgotamento emocional (não pode dar mais de si mesmo no
âmbito emocional e afetivo, diminuição e perda de energia, fadiga) e alta despersonalização
(desenvolvimento de sentimentos e atitudes de cinismo e, em geral, de caráter negativo em
relação aos clientes).
No entanto, o Burnout não está restrito apenas aos profissionais dos serviços humanos,
está presente também em qualquer tipo de organização, no esporte e até mesmo fora do
âmbito organizacional, como nos lares.
Segundo o Ministério da Saúde:
A sensação de estar acabado ou síndrome do esgotamento profissional é
um tipo de resposta prolongada a estressores emocionais e interpessoais
crônicos no trabalho. Tem sido descrita como resultante da vivência
profissional em um contexto de relações sociais complexas, envolvendo a
representação que a pessoa tem de si e dos outros. O trabalhador que antes
era muito envolvido afetivamente com os seus clientes, com os seus
pacientes ou com o trabalho em si, desgasta-se e, em um dado momento,
desiste, perde a energia ou se “queima” completamente. O trabalhador
perde o sentido de sua relação com o trabalho, desinteressa-se e qualquer
esforço lhe parece inútil.
(Biblioteca Virtual do Ministério da Saúde, 2001, P. 191).
Deve ser feita uma diferenciação entre o burnout, que seria uma resposta ao estresse
laboral crônico, de outras formas de resposta ao estresse. A síndrome de burnout envolve
atitudes e condutas negativas com relação aos usuários, aos clientes, à organização e ao
trabalho, sendo uma experiência subjetiva que acarreta prejuízos práticos e emocionais para o
trabalhador e a organização. O quadro tradicional de estresse o envolve tais atitudes e
47
condutas, sendo um esgotamento pessoal que interfere na vida do indivíduo, mas nem sempre
de modo direto na sua relação com o trabalho.
Segundo Maslach (2003), Burnout está definido pelas dimensões de esgotamento,
cinismo, e senso de ineficácia. Sua presença como um problema social em muitas profissões
de serviços sociais foi o ápice para que a pesquisa na organização como é conhecida
atualmente, se tornasse realidade em muitos países. Esse tipo de pesquisa estabeleceu a
complexidade do problema e examinou a experiência de estresse individual dentro da
sociedade, do contexto organizacional e da resposta de pessoas em relação ao trabalho. O
alicerce que focaliza atenção na dinâmica interpessoal entre o trabalhador e outras pessoas no
lugar de trabalho rendeu novas fontes de estresse, mas intervenções efetivas ainda necessitam
ser desenvolvidas e avaliadas.
Este modelo multidimensional apresenta um contraste com as concepções
unidimensionais mais típicas sobre o estresse porque vai além da experiência de estresse
individual (esgotamento) ignorar as responsabilidades no trabalho (cinismo) e pessoais
(sentimentos de ineficácia). A dimensão de cinismo, em particular, não é encontrada na
literatura tradicional de estresse no trabalho, mas representa uma marca significativa da
experiência de burnout - a negatividade.
A dimensão de esgotamento representa a resposta de tensão básica que é estudada em
outras pesquisas sobre estresse, e mostra a correlação positiva esperada com carga de trabalho
exigida e com resultados de saúde relacionados com o estresse. Porém, o fato de que o
esgotamento seja um critério necessário por definir burnout não significa que seja suficiente.
Além disso, o esgotamento leva os trabalhadores a se ocupar de outras ações para se
distanciar emocionalmente e cognitivamente do seu trabalho, presumivelmente como um
modo para enfrentar as demandas de trabalho.
48
O burnout consiste, em geral, numa mudança negativa dos aspectos físicos, mentais e
emocionais. Suas manifestações habituais, segundo Gil-Monte (2005) são: mentais ou
cognitivas (sentimentos de desamparo, fracasso e impotência; baixa auto-estima; inquietude e
dificuldade para concentração; comportamentos paranóicos e/ou agressivos para com os
pacientes, companheiros e família); físicas (cansaço; dores osteo-articulares e cefaléias;
transtornos do sono; alterações gastro-intestinais, taquicardias); de conduta (consumo
elevado de café, álcool, fármacos e drogas ilegais; absenteísmo no trabalho; baixo rendimento
pessoal; conflitos interpessoais no trabalho e no ambiente familiar).
Outras manifestações são: esgotamento emocional, o surgimento de comportamentos
inadequados frente a sua clientela (irritação, descaso, cinismo e distanciamento), a diminuição
da produtividade e da auto-realização no trabalho, a instalação de problemas psicossomáticos.
Um profissional que está em “burning-out”, tende a criticar tudo e a todos que os cercam, tem
pouca energia para diferentes solicitações de seu trabalho, desenvolve frieza e indiferença
para com as necessidades e o sofrimento dos outros, tem sentimentos de decepção e frustração
e comprometimento da auto-estima (Nogueira-Martins, 2002).
Segundo Gil-Monte (2005), algumas características de personalidade podem levar
mais facilmente a pessoa a um excesso de estresse e desenvolver o burnout. Essas
características são: sensibilidade aos sentimentos e necessidades dos outros; dedicação ao
trabalho; idealismo; personalidade ansiosa; elevada auto-exigência.
No entanto, além dessas características do indivíduo para ocorrer o Burnout,
geralmente estão presentes alguns elementos desencadeantes como: sobrecarga de trabalho e
ocupação pouco estimulante; pouca ou nenhuma participação na tomada de decisões; falta de
meios para realizar a tarefa; burocracia excessiva (fazer as tarefas sempre da mesma forma,
independente do resultado final); perda de identificação com o que se realiza; percepção de
que não se recebe reforço quando o trabalho se desenvolve eficazmente.
49
O risco da síndrome de esgotamento profissional é maior para todos aqueles que
vivem a ameaça de mudanças compulsórias na jornada de trabalho e declínio significativo na
situação econômica. Todos os fatores de insegurança social e econômica aumentam o risco
(incidência) de esgotamento profissional em todos os grupos etários (Ministério da Saúde,
2001).
3.2 - Possíveis medidas preventivas ao estresse no trabalho
Para prevenção e cuidados com o indivíduo sob estresse ocupacional ou burnout são
indicados os mesmos procedimentos usados para o controle do estresse em geral, com o
acréscimo de mudanças específicas no sistema e ambiente de trabalho.
Albrecht (1988), ao se referir aos fatores fundamentais para a saúde e o bem estar,
sugere a implementação da chamada por ele “Tríade do bem-estar – REA” que se constitui em
técnicas de relaxamento, exercício físico e alimentação adequada. Enfatiza que uma
interação entre esses três aspectos que pode beneficiar a qualidade de vida do indivíduo. Além
disso, o autor sugere que, especificadamente na área profissional, para uma boa qualidade de
vida é importante que as empresas projetem trabalhos em que se maximize o envolvimento
psicológico e um senso de satisfação, além de propiciar situações de trabalho e atividades nas
quais o funcionário tenha oportunidade de aliviar seu estresse excessivo e obter relaxamento
psicológico.
Para O´Neill (1978, citado por Tesk, 1982), uma melhor seleção prévia, reciclagem
periódica e grupos sistemáticos de terapia seriam “os ingredientes básicos para o sucesso” na
prevenção do estresse.
50
Estudiosos do assunto recomendam aos profissionais que explorem seus sentimentos,
trabalhando em grupo, pois quando as pessoas mostram e discutem seus problemas e
desconfortos, elas, freqüentemente, encontram suas próprias soluções (Tesk, 1982).
A prevenção da síndrome de esgotamento profissional envolve mudanças na cultura
da organização do trabalho, estabelecimento de restrições à exploração do desempenho
individual, diminuição da intensidade de trabalho, diminuição da competitividade, busca de
metas coletivas que incluam o bem-estar de cada um (M. Saúde, 2001). A prevenção desses
agravos requer uma ação integrada, articulada entre os setores assistenciais e os de vigilância.
É importante que o paciente seja cuidado por uma equipe multiprofissional, com abordagem
interdisciplinar, que conta tanto dos aspectos de suporte ao sofrimento psíquico do
trabalhador quanto dos aspectos sociais e de intervenção nos ambientes de trabalho. O
diagnóstico de um caso de síndrome de esgotamento profissional deve ser abordado como
evento sentinela e sugerir a investigação da situação de trabalho, visando avaliar o papel da
organização do trabalho na determinação do quadro sintomatológico. Podem estar indicadas
intervenções na organização do trabalho, assim como medidas de suporte ao grupo de
trabalhadores sobre os quais observa-se fatores estressantes.
Ainda de acordo com o Ministério da Saúde (2001), o tratamento da ndrome de
esgotamento profissional envolve psicoterapia, tratamento farmacológico e intervenções
psicossociais. Entretanto, a intensidade da prescrição de cada um dos recursos terapêuticos
depende da gravidade e da especificidade de cada caso.
França e Rodrigues (1997) propõem a seguinte estratégia de prevenção à “Síndrome
de Burnout”: aumentar a variedade de rotinas, para evitar a monotonia; prevenir o excesso de
horas extras; dar melhor suporte social às pessoas; melhorar as condições sociais e físicas de
trabalho e investir no aperfeiçoamento profissional e pessoal dos trabalhadores.
51
Outras medidas preventivas são, segundo Gil-Monte (2005): processo pessoal de
adaptação de expectativas à realidade cotidiana; formação nas emoções; equilíbrio de áreas
vitais: família, amigos, afetos, descanso, trabalho; formação de boa atmosfera de equipe;
limitar ao máximo agenda assistencial; tempo adequado por paciente (10 minutos em média
como mínimo); minimizar a burocracia com apoio do grupo auxiliar; formação continuada
regulada, dentro da jornada de trabalho; coordenação com os especialistas, espaços comuns,
objetivos compartidos; diálogo efetivo com as gerências.
Segundo Gil-Monte (2005), algumas estratégias de intervenção nas organizações
devem contemplar três níveis:
1. Individual: desenvolvimento de condutas que eliminem a fonte de estresse ou
neutralizem as conseqüências negativas do mesmo. O emprego de estratégias de
enfrentamento para prevenir o burnout, sendo necessários treinamentos para as soluções dos
problemas de objetividade e controle do tempo. Outra atuação eficaz é ouvir os problemas do
trabalho após o expediente, técnicas de relaxamento, descansos durante o dia de trabalho e
elaborar objetivos reais e possíveis de conseguir.
2. Grupal: fornecer apoio interpessoal e vínculos entre os companheiros de trabalho,
tanto no aspecto emocional como no profissional.
3. Organizacional: desenvolvimento de programas de prevenção para melhorar o
ambiente e o clima organizacional. Instalar sistemas de feedback desde a direção da
organização até a unidade onde se encontra o operário. Outras estratégias seriam a
reestruturação e redesenho do lugar de trabalho, estabelecer objetivos claros para os papéis
profissionais, aumentar as recompensas para os trabalhadores, estabelecer limites claros de
autoridade e melhorar as redes de comunicação organizacional (Gil-Monte, 2005).
O essencial, de acordo França e Rodrigues (1997), seria melhorar a qualidade da
rotina de trabalho e das decisões com relaxamento, além de buscar sistemas mais humanos de
52
trabalho. Para tanto, a freqüência de casos de estresse modificou a visão do trabalho, pois
agora se diz que o lazer e o repouso são complementares ao estilo de trabalho. Segundo esses
autores deve-se valorizar mais o próprio corpo e estar alerta para os sintomas que se repetem
como dor de cabeça e insônia, antes que se adoeça.
53
4 - VARIÁVEIS ANTECEDENTES
OU RELACIONADAS AO ESTRESSE.
54
55
4 - VARIÁVEIS ANTECEDENTES, OU RELACIONADAS AO ESTRESSE.
4.1 – Fatores pessoais / individuais
Pesquisadores têm identificado vários fatores psicossociais que podem afetar a
resposta ao estresse, como os sentimentos de controle, estilo explanatório, emoções negativas
e suporte social.
Quanto ao Controle Pessoal, pesquisadores têm mostrado que ter certa percepção de
controle sobre uma situação estressante reduz o impacto dos estressores e diminui os
sentimentos de ansiedade e depressão (Taylor, Helgeson, Reed, & Skokan, 1991), ou seja, os
que conseguem controlar um evento estressante não apresentam uma angústia psicológica ou
excitação física maior do que as pessoas que não são expostas ao estresse.
No entanto, devem ser consideradas outras variáveis do indivíduo, pois estudos com
doentes crônicos, como portadores de doenças cardíacas e artrite, mostraram que percepções
não realistas de controle pessoal contribuem para o estresse e má adaptação (Affleck, 1987).
O Estilo Explanatório (otimismo versus pessimismo), assim como o controle pessoal,
está relacionado a problemas de saúde futuros, pois, segundo Seligman (1990), a forma
característica como as pessoas explicam os seus fracassos é diferenciada. As pessoas que têm
estilo explanatório otimista tendem a usar explicações externas, instáveis e específicas para
eventos negativos. as pessoas que possuem estilo explanatório pessimista usam
explicações internas, estáveis e globais para eventos negativos. Uma pesquisa mostrou que o
estilo explanatório no início da idade adulta previu estados de saúde física em décadas
posteriores. Foram entrevistados sujeitos com 25 anos de idade, perfeita saúde física e mental,
constatando um estilo explanatório nos estudantes da Universidade de Harvard. Porém, 35
anos depois, os que tinham um estilo explanatório otimista eram significativamente mais
56
saudáveis que os que tinham um estilo explanatório pessimista (Peterson, Seligman, &
Vaillant, 1988).
Os sujeitos com Emoções Negativas Crônicas tendem a ser mais nervosos, tensos e
infelizes e experimentam maior estresse do que os demais, são relatados aborrecimentos
diários mais intensos e freqüentes do que as pessoas que, em geral, têm humor mais positivo,
e eles reagem com muito mais intensidade e com um sofrimento muito maior, em situações de
estresse.
Além desses fatores um padrão de comportamento formulado cerca de 30 anos
por Friedman e Rosenman (1976) que se refere ao Padrão de comportamento Tipo A que
tem as seguintes características: um sentido exagerado de urgências de tempo, frequentemente
tentando fazer cada vez mais em menos tempo; um sentimento geral de hostilidade,
apresentando em geral raiva e irritação e; ambição e competitividade intensas. Em contraste,
as pessoas mais relaxadas e descontraídas foram classificadas como representantes do padrão
de comportamento Tipo B.
Esses autores entrevistaram e classificaram mais de 3000 homens saudáveis de meia
idade, como Tipo A ou B. Eles monitoraram a saúde desses homens por oito anos e
descobriram que os homens do Tipo A tinham o dobro de chances de desenvolver doenças
cardíacas em relação aos do Tipo B, mesmo quando os homens do Tipo A não apresentavam
outros fatores de risco conhecidos para doenças cardíacas, como tabagismo, pressão alta e
altos níveis de colesterol no sangue. A conclusão era de que o padrão de comportamento tipo
A era um fator de risco significativo para as doenças cardíacas e estresse.
Outra variável que pode ser considerada como passível de interferir no nível de
estresse é o suporte social que é o apoio oferecido por outros sujeitos (família, amigos, etc)
para o indivíduo e, ao mesmo tempo, percebido por este.
57
4.2 - Suporte Social
Os psicólogos estão, cada vez mais, cientes da importância do papel das relações
interpessoais na nossa habilidade de lidar com os estressores e, consequentemente, na nossa
saúde física e mental.
Para investigar o papel desempenhado pelos relacionamentos pessoais, ou seja, pelo
suporte social (suporte fornecido por outras pessoas em momentos de necessidade) no
estresse e na saúde, os pesquisadores, repetidas vezes descobriram que as pessoas socialmente
isoladas têm saúde debilitada e taxa de mortalidade maior que as pessoas com muitos contatos
sociais e relacionamentos. Na verdade, o isolamento social parece ser um risco de vida tão
forte quanto o tabagismo, altos níveis de colesterol no sangue, obesidade e inatividade física
(Hockenbury & Hockenbury, 2003).
4.2.1 - Definição
Segundo Cobb (1976), o Suporte Social é definido como uma informação que permite
ao sujeito acreditar que é querido e amado, estimado, e que é membro de um compromisso
mútuo social.
Para Matsukura, Marturano e Oishi (2002), da década de 70 até os anos 90 tem sido
observado um aumento nas pesquisas sobre suporte social, denotando um interesse crescente
pelo tema, em função de diversos fatores, dentre eles a importância de achados referentes à
relação do suporte social com indicadores de presença/ausência de diversas doenças e, no
caso da presença da doença, a relação do suporte com as previsões de prognóstico e
restabelecimento do indivíduo. De fato, estudos têm apontado a associação entre suporte
58
social e níveis de saúde e/ou a presença de suporte social funcionando como agente “protetor”
frente ao risco de doenças induzidas por estresse (Matsukura et al., 2002).
Pesquisadores na área apresentam uma estrutura teórica dos aspectos presentes no
domínio do suporte social, que podem estar relacionados à saúde ou ao estresse. Os três
grandes aspectos propostos seriam: 1) relacionamentos sociais (existência, quantidade, tipo);
2) suporte social (tipo, fonte, quantidade ou qualidade) e 3) rede social (tamanho, densidade,
reciprocidade, intensidade, dentre outros) (Matsukura et al., 2002).
Em relação ao segundo grande aspecto, considera-se “fonte” a identificação do
relacionamento estabelecido com o provedor de suporte, como, por exemplo, família e
amigos.
Matsukura et al. (2002) ressaltam que o suporte social deve ser considerado como um
meta-constructo com três componentes conceituais distintos, ou seja, recursos de rede de
suporte, comportamento de suporte e as avaliações subjetivas de suporte.
Para tanto, a evidência de que as interações de suporte entre as pessoas as protegem
contra os efeitos da vida de estresse devem ser revisadas.
Para Cobb (1976), o suporte social
pode proteger as pessoas de crises oriundas de um vasto campo de estados patológicos:
tendência suicida, alcoolismo, e a sociofobia. Além disso, suporte social pode reduzir a
quantidade de medicamento requerida, pode apressar a recuperação e facilitar o aceite a
regimes médicos prescritos.
Wilkins (2004) avalia quatro tipos da disponibilidade de suporte social, usando uma
versão abreviada de medidas usada no Estudo de Resultados Médicos (MOS): afeto
(expressões de amor e afeto); suporte emocional e informador (expressão de afeto positivo,
entendimento empático, e encorajamento de expressões de sentimentos; e oferecimento de
conselho, informação, orientação ou avaliação); interação social positiva (disponibilidade de
59
outras pessoas para fazer coisas divertidas); suporte tangível (provisão de ajuda material ou
assistência de desempenho).
Para cada um dos quatro tipos de suporte social, uma variável foi derivada baseada nas
contagens somadas de respostas aos relatos individuais dentro de cada tipo.
Pesquisa feita por Wilkins (2004) entre pessoas com transtorno bipolar, constatou que
a probabilidade de emprego era significativamente maior para esses com veis mais altos de
cada um dos quatro tipos de suporte social. Estes resultados são semelhantes a poucos estudos
que focalizaram na relação entre trabalho e suporte social em pacientes bipolares. Quando
cada variável de suporte social foi incluída isoladamente em um modelo de regressão múltipla
que controla características sócio-demográficas, condições de saúde, idade de começo e
tratamento, a associação com emprego persistiu. Porém, quando todas as quatro variáveis
foram consideradas simultaneamente, a relação com suporte tangível - a disponibilidade
percebida de alguém para ajudar uma pessoa limitada à cama ou que precisa de transporte ao
médico, ajudar preparando refeições ou fazendo tarefas diárias - era significativa.
Isto sugere que alguns aspectos de suporte emocional, social e interpessoal estejam
implícitos em suporte tangível (evidente nas altas correlações entre as quatro variáveis), mas
aquele suporte tangível oferece um benefício independente adicional. Em média, um aumento
de um ponto na contagem de suporte tangível é associado com uma elevação de 15% nas
vantagens de ter um trabalho.
Para Blumenthal, Burg, Barefoot, Williams, Haney e Zimet (1987), uma interação
entre comportamento Tipo A e o suporte social em relação à intensidade da doença de artéria
coronária (coronary artery disease - CAD). Segundo Friedman e Rosenman (1976), “o padrão
de comportamento Tipo A é um complexo de ação-emoção que pode ser observado em
qualquer pessoa que se mostra agressivamente envolvida em uma luta crônica incessante [...]
contra os esforços em contrário de outras pessoas ou coisas.” (p.70). O do tipo B raramente se
60
sente apreensivo por obter um número crescente de coisas ou de participar de uma série
interminavelmente crescente de acontecimentos. Um estudo comparativo entre sujeitos Tipo
A e B, com 113 pacientes que passaram por um diagnóstico de angiografia coronária, um
questionário estruturado, uma bateria de testes psicométricos, incluindo a escala de percepção
social (Perceived Social Support Scale - PSSS), revelou que uma interação entre o Tipo de
comportamento (A ou B) e o Suporte Social, tal como a significância na CAD que é
inversamente proporcional ao nível de suporte social para os Tipos A e não para os Tipos B.
Tipos A com baixo nível de suporte social possuem CAD mais severo do que Tipos A com
alto nível de suporte social, por outro lado, essa relação não se apresentou nos sujeitos de
Tipo B de comportamento.
Esses resultados são consistentes com a hipótese de que o suporte social é uma
variável antecedente que pode amenizar as conseqüências da saúde a longo prazo nos sujeitos
de comportamento Tipo A. Esse modelo de comportamento pode ser visto como um estilo de
coping que inclui propriedades comportamentais, motivacionais e cognitivas.
O valor de suporte social tem sido medido em muitas áreas de sofrimento pessoal,
inclusive para pais que perderam uma criança por suicídio (Maple, 2005). Em geral, foram
achadas redes de suportes sociais para facilitar o processo de aflição nos pais, enquanto
ansiedade de separação ameaçadora, sentimentos de rejeição e depressão. Para Kneiper (1999,
citado por Maple, 2005), o Suporte Social é relatado como sendo o elemento importante para
ajudar alguém que está se recuperando de uma perda à morte, independente de sua causa.
Uma pesquisa sobre o Suporte Social (Maple, 2005) com pais que vivenciaram a
morte do filho por suicídio descobriu um dado interessante. Enquanto os membros da rede de
apoio aos pais oferecem suporte social, tal suporte é informado como inexistente pelo pai, ou
seja, nem sempre que existe o suporte, o sujeito necessariamente o percebe.
61
Zuzanek e Mannell (2000) acreditam que níveis altos de suporte social contribuíram
para abaixar os níveis de estresse. Em sua pesquisa nos anos entre 1994 e 1996, puderam
identificar que a participação em atividades de lazer, como o esporte, afeta o auto-conceito e a
saúde física mais fortemente que a saúde mental.
Essas análises pouco contribuíram à hipótese de proteção sobre as relações entre
atividade de lazer e suporte social. No entanto, a atividade de lazer influenciou na saúde física
e mental positivamente, mesmo tendo encontrado alto nível de tensão nas respostas.
Para alguns autores, as pessoas necessitam investir na prevenção primária, tanto os
executivos como os gerentes, quanto os operários da fábrica. Ou seja, contribuir com os
funcionários com grupos de interação e permitir uma maior proximidade entre eles,
mostrando confiança e cumplicidade para com os mesmos (Caiffo, 2003).
O estudo de Barros e Mendes (2003) mostrou qu as condições de trabalho dos
operários terceirizados da construção civil são precárias e não colaboram com as regras
rígidas determinadas pela organização do trabalho (produtividade acelerada), o que implica
riscos de acidentes e de aumento do sofrimento pela vivência de sentimentos como ansiedade,
medo e insatisfação. As relações sociais de trabalho demonstram que existe um suporte social
dado pelos colegas e gestores, o que possivelmente favorece a neutralização do sofrimento
advindo da organização e da precariedade das condições de trabalho.
Segundo Rodriguez e Cohen (1998), o suporte social pode ser moderador do estresse
de duas maneiras:
- suporte percebido pode moderar contra a ocorrência de um evento potencialmente
estressante e a experiência de uma reação de estresse psicológico e fisiológico influenciando
avaliações de como estressante os eventos são.
62
- suporte percebido pode intervir entre a experiência de uma reação de estresse que
segue um evento e o começo de um processo patológico (psicológico e/ou fisiológico)
reduzindo ou eliminando a reação de tensão.
4.2.2 – A medida do suporte social
Na literatura, foram encontradas consistentes evidências sobre o papel de suporte
social, atuando como protetor nas situações estressoras quando as medidas de suporte estão
relacionadas com a disponibilidade percebida de recursos interpessoais que respondem às
necessidades presentes nos eventos estressantes.
Um instrumento criado para medir o suporte social é a Escala de Satisfação com o
Suporte Social (ESSS): escala desenvolvida por Ribeiro (1999), no Brasil, e que avalia a
satisfação que o indivíduo sente em relação ao apoio social que pensa ter disponível. Inclui 15
itens que se distribuem por quatro tipos: “Satisfação com os amigos”, “Intimidade”,
“Satisfação com a família”, e “Atividades Sociais”. No entanto, a consistência interna
encontrada pelo autor, avaliada pelo Alfa de Cronbach variou entre 0,64 e 0,83, o que, de
acordo com o próprio autor, não oferece muita segurança para estudos posteriores.
O Social Support Questionnaire (SSQ), construído por Sarason, Levine, Basham e
Saranson (1983) e traduzido e validado para o Brasil por Matsukura et al. (2002), fornece
escores para o número de suportes percebidos pelos respondentes e para a satisfação com o
suporte social recebido. O SSQ é composto por 27 questões, sendo que cada questão solicita
uma resposta em duas partes. Na primeira parte, deve ser indicado o número de fontes de
suporte social percebido (SSQ-N), podendo o respondente listar até nove possibilidades (além
da opção nenhum); na segunda parte, o respondente deve informar sobre sua satisfação com
esse suporte (SSQ-S), fazendo uma opção em uma escala de 6 pontos (que varia de muito
63
satisfeito a muito insatisfeito). Dessa forma, este instrumento não visa medir os tipos de
suporte social (afetivo; emocional e informador; interação social positiva e suporte tangível),
mas sim a quantidade de pessoas suportivas e a satisfação do sujeito com o suporte social
percebido.
Este instrumento apresenta índices de confiabilidade ótimos e a vantagem de ser uma
media que parte da percepção do sujeito sobre a sua rede de suporte social e que avalia a sua
satisfação com esta rede.
64
65
5 - O ESTRESSE ENTRE PROFISSIONAIS
DO SETOR DE SEGURANÇA PESSOAL E
PATRIMONIAL
66
67
5 - O ESTRESSE ENTRE PROFISSIONAIS DO SETOR DE SEGURANÇA
PESSOAL E PATRIMONIAL
A profissão do policial, segundo Sanchez-Milla, Sanz-Bou, Apellaniz-Gonzalez e
Pascual-Izaola (2001), está diretamente relacionada com o estresse, devido ao contato
contínuo que o desenvolvimento de sua função tem em relação à sociedade, sendo
considerada uma profissão estressante. O policial desenvolve seu trabalho em um meio
conflitivo, no limite da marginalidade e criminalidade. Além disso, sua ferramenta habitual de
trabalho o cacetete e o revólver - possui um risco genérico que se caracteriza como fator de
estresse. Mas além dos fatores puramente laborais, existem outros, de caráter organizacional,
como as relações dos funcionários entre si, e com as características de desenvolvimento do
trabalho policial, que incidem em maior ou menor grau nos policiais, aumentando sua fadiga
psíquica, e conseqüentemente, os efeitos nocivos do estresse.
Pesquisas sobre vitimização e crimes mostram que a violência crescentemente é
informada como uma característica de vida moderna. É razoável esperar que os serviços
policiais sejam sujeitados a quantias crescentes de violências, se o público também
experimenta taxas crescentes de violência. Até mesmo se isto não é o caso, a percepção de
violência crescente pode aumentar a reação para eventos estressantes.
Vários estudos investigaram a resposta da polícia para a exposição à violência. Três
temas distintos emergiram. O primeiro investiga a polícia como de alguma maneira
responsável, em parte, pela violência, o segundo, condições sob as quais a polícia pode usar
violência ou não e o terceiro, como a violência afeta o policial. A preocupação principal deste
papel é a reação da polícia às violências ou outros eventos traumáticos (Lennings, 1997).
Dessa forma, algumas pesquisas relatam que a polícia tem taxas mais altas de doença
de coração, úlceras, suicídio e divórcio que a população geral, embora, pelo menos, para taxas
68
de suicídio não seja um achado de todas. também relatos de taxas de doenças e acidentes
oito vezes mais altas para a polícia do que para funcionários públicos (Lennings, 1997).
Sanchez-Milla et al. (2001) concluem que os policiais constituem um dos grupos
profissionais com maior freqüência de suicídios. Outros encontraram um aumento do
consumo de álcool, estando relacionado este com a presença de situações e acontecimentos
estressantes. É observada também uma maior prevalência dos transtornos de ansiedade e dos
quadros depressivos nos grupos de policiais em relação aos outros grupos profissionais.
Vários trabalhos destacam que essa profissão apresenta maiores taxas de problemas familiares
e de divórcios que as demais (Sanchez-Milla et al., 2001).
Nos primeiros estudos sobre o estresse nessa profissão (Hart, Wearing, & Headey,
1993), acreditava-se que a causa principal do alto nível de estresse era a expectativa de que a
polícia se envolveria em situações perigosas, violentas e perturbadoras. Porém, vários estudos
questionaram a aparente noção que o trabalho policial seja tão estressante.
Adlam (1982), por exemplo, aceitando que o trabalho do policial era uma ocupação
perigosa, informou alguns dados que sugerem que essa não é uma ocupação particularmente
estressante. Davidson e Veno (1984), em sua revisão da literatura, mostram estudos que
descrevem que o policial poderia ser sujeito de altos níveis de estresse, mas ocasionalmente
relata menores níveis de estresse que outros grupos.
Enquanto ambivalência considerável na literatura sobre se a violência é um
estressor significante ou não no trabalho da polícia, Stotland (1991) relata que alguns policiais
experimentam violência como parte do trabalho e a consideram como fator estressante. No
entanto, a mesma situação pode ser vista de outra maneira, ou seja, o policial não considera a
violência como fator estressante, mas sim o senso de ter que responder pelas suas ações.
69
Coman e Evans (1991) encontraram em suas pesquisas que disputas domésticas eram
a quinta fonte de violência para um policial, em conflito com alguns estudos informados na
sua revisão.
No estudo de Crank e Caldero (1991), 66% dos oficiais indicaram como estressores
mais problemáticos os papéis burocráticos; 16% dos oficiais apontaram a exigência da tarefa,
mas para a amostra inteira 4% de fatores específicos foram relacionados à violência ou
perigo como uma fonte principal de estresse.
No estudo de Patterson (1992), a polícia classificou os aspectos de perigo do trabalho
como terceiro ou quarto fator mais estressante. Este estudo sugeriu que aspectos
organizacionais, financeiros, e preocupações sobre falhas no equipamento eram, em geral,
fontes mais importantes de estresse que perigo ou violência ocupacional relevantes.
Coman e Evans (1991) investigaram reações policiais entre conteúdo de trabalho e
fatores de contexto de trabalho. Encontraram, como fatores estressantes de trabalho, os que
relacionam as atividades executadas pela polícia enquanto lidando com o público, provendo
um serviço público ou prendendo criminosos. Também detectaram fatores de contexto de
trabalho relacionados com os fatores organizacionais e fatores de rotina profissional como
promoção e procedimentos disciplinares e papel do trabalho, sendo que o fator mais
estressante foi lidar com situações perigosas e violentas ou com o resultado das mesmas.
uma análise qualitativa das percepções dos policiais sobre o estresse (Graf, 1986)
informou que as fontes mais significativas de estresse para eles são as organizacionais.
Os fatores que podem aumentar o efeito da violência podem ser divididos em: pessoal
(intrínseco), organizacional (extrínseco) e a cultura policial. Fatores intrínsecos incluem
personalidades variáveis, estilos de enfrentamento e predisposições do policial, enquanto
fatores extrínsecos incluem apoio organizacional ou censura, papéis e procedimentos
organizacionais e relações familiares (Graf, 1986).
70
Enfocando apenas os oficiais da polícia, tanto as soluções de problemas quanto as
estratégias de lidar com as emoções foram negativamente relacionadas com o estresse.
Estratégias enfocadas na emoção pareciam ser favorecidas como respostas de enfrentamento e
a maioria foi relacionada a bons resultados nas medidas de estresse incluindo a bebida, o
divórcio e tendência ao suicídio. A estratégia de enfrentamento mais relacionada a resultados
indesejáveis foi o individualismo áspero, que é um componente de socialização masculina e
da cultura policial e tem implicações para o processo de socialização de polícia.
Paradoxalmente, é esperado que a tendência para recrutar mais mulheres no serviço policial
mitigue este processo de socialização, mas, na realidade, estudos têm mostrado que as
mulheres rapidamente adotam a posição da cultura dominante e perdem o que é percebido
como aspectos dominantes de cultura feminina como cooperação, resiliência emocional e
franqueza (Lennings, 1997).
Quanto ao encorajamento de respostas de enfrentamento adaptáveis, refere-se ao nível
de burocracia, o medo do equipamento falhar e atividades de rotina que causam a maioria dos
problemas para a polícia oficial (Coman & Evans, 1991; Patterson, 1992).
Um estudo de Graf (1986) mostrou que esses policiais que relatam menor vel de
estresse informaram o uso de serviços de apoio externo à polícia, sugerindo integração com o
ambiente social como um fator importante para melhora das respostas ao estresse. Enquanto
aparece que a violência é um estressor significante para alguns policiais, o estresse mais
impactante é oriundo da organização.
Sanchez-Milla et al. (2001) classificam alguns fatores provocadores do estresse na
profissão policial como: inerentes ao posto de trabalho (as características físicas
insatisfatórias do trabalho; as trocas de turnos; o trabalho excessivo ou insuficiente; o perigo
físico no trabalho); fatores derivados da função da organização (função que a pessoa
desempenha no trabalho; responsabilidade sobre a segurança dos outros trabalhadores ou
71
outras pessoas); fatores associados ao desenvolvimento da carreira profissional (devido às
conseqüências por gratificação excessiva ou insuficiente; falta de congruência na categoria;
falta de segurança no trabalho; expectativas insatisfeitas); fatores derivados da estrutura e
atmosfera de trabalho (escassa ou nenhuma participação nas decisões sobre como
desenvolver a tarefa em questão; restrições de comportamento); fatores associados às
relações pessoais (companheiros, subordinados e superiores; efeito amenizador do estresse
no caso de positivismo nestas relações; efeito estressante devido à existência de relações
insatisfatórias entre os membros de uma organização); fatores exteriores ao trabalho
(mobilidade geográfica).
5.1 – O Suporte Social no enfrentamento do estresse pelos policiais
Lidando com a situação aguda e violenta, várias estratégias de enfrentamento são
sugeridas pelos pesquisadores. Uma análise de sucesso na polícia (aquela que aparentemente
lida melhor com situações perigosas e violências) sugere que alguns policiais são melhores
para identificar o estado emocional dos demais, e esta informação é útil para solucionar uma
situação. O desenvolvimento de empatia é geralmente minimizado pela cultura policial, mas
parece ser uma valiosa ferramenta para o trabalho com o público (Fridell & Binder, 1992).
Permitir que o policial fale sobre sentimentos negativos também parece ser importante.
Para Schincariol e Vasconcellos (2001), o uso de estratégias de enfrentamento
depende de recursos do indivíduo tais como saúde e energia, crenças existenciais, habilidades
de resolução de problemas, habilidades sociais, suporte social e recursos materiais.
Em uma pesquisa de intervenção para familiares de militares durante operação de
manutenção de paz, essas autoras ofereceram reuniões, assim como a possibilidade de
recorrer à OMS (Estudo de Resultados Médicos) e/ou ao Serviço de Psicologia, tal como
72
suporte social aos familiares durante todo o desenrolar da missão. Essa pesquisa constatou
que a possibilidade de ter a quem recorrer, em momento de crise, tranqüiliza os familiares.
De acordo com Stephens, Long e Miller (1997), o trabalho dos policiais geralmente
envolve situações traumáticas e esforços para prevenir a Desordem do Stress pós-traumático
(Posttraumatic Stress Disorder - PTSD) enfocado nas variáveis pós-traumáticas. Evidências
empíricas e teorias sobre o PTSD sugerem que pode ser importante a existência do suporte
social como moderador dos efeitos do trauma, em particular, suporte emocional e atitudes que
expressam emoções.
Na Nova Zelândia, 527 oficiais da polícia responderam a um questionário para testar a
hipótese de que o suporte social modera os efeitos de experiências traumáticas nos sintomas
do PTSD (Stephens, Long & Miller, 1997). A predição de que baixo suporte social poderia
estar relacionado com alto nível de PTSD foi sustentada para suporte social oriundo de
colegas, supervisores, e fora do trabalho, mas não para ausência de suporte. A predição de que
esses tipos de suportes poderiam interagir com experiências traumáticas foi sustentada por
atitudes que expressam emoção no trabalho. Essas descobertas sugerem que existem
importantes tipos de contínuos suportes sociais, de colegas em particular, que possam ser
promovidos pelas organizações.
Segundo Kirkcaldy, Brown e Cooper (1998), casamento e filhos podem ajudar na
perspectiva do trabalho policial, provendo o suporte social para colaborar com as demandas
de trabalho. alguma evidência sugestiva que apóia essa explicação, mas isso está sendo
eliminado por prováveis fontes de tensão informadas entre oficiais chefes que têm que
competir com um parceiro de trabalho. Também, estes oficiais chefes têm menos
probabilidade de se divorciarem do que a população como um todo.
73
5.2 – Características da profissão de segurança pessoal e patrimonial
Segundo Costa e Chaves (2005), sabe-se que a segurança pública é dever do Estado,
direito e responsabilidade de todos, que tem como objetivo a preservação da ordem pública e
da incolumidade das pessoas e do patrimônio e é exercida pelas polícias federal, rodoviária
federal, ferroviária federal, civis, militares e corpos de bombeiros, essas três últimas em
âmbito estadual.
Às polícias militares e aos corpos de bombeiros cabem os papéis de polícia ostensiva e
a preservação da ordem pública. Às polícias civis, o papel de polícia judiciária e a apuração
de infrações penais, exceto as militares. A estrutura organizacional dessas forças encontra-se
distribuída, paralelamente, em mesmo nível hierárquico e, todas subordinadas aos respectivos
Governos Estaduais, representados pelas Secretarias de Estado da Segurança Pública.
Um estudo comparado da organização policial (Costa & Chaves, 2005) revela que as
polícias modernas realizam três atividades básicas: (a) a investigação criminal; (b) o uso da
força paramilitar, nos casos considerados necessários (distúrbios civis, repressão a
movimentos sociais etc.) contra membros da própria comunidade política; e (c) o
patrulhamento uniformizado dos espaços públicos, com a prerrogativa de uso da força.
Outra pesquisa relacionou essas três maneiras de utilizar a força a três tipos ideais de
Polícia: a polícia de ordem, a polícia criminal e a polícia urbana, sendo que a instituição
policial é uma combinação dessas três funções. A rigor, apenas a terceira atividade é
marcadamente “moderna”; as outras duas, em épocas passadas, foram realizadas por
organizações que se misturavam à justiça criminal e aos exércitos. Sua substituição pelas
polícias, nos Estados europeus ocidentais, ocupou um período de duzentos anos, entre os
séculos XVII e XIX (Medeiros, 2004).
74
Para Costa e Chaves (2005), em Minas Gerais o conjunto polícia militar e polícia civil
não atua de forma unívoca, quando muito compartilha dados específicos para determinadas
ações em eventos em que a atuação isolada não lhe seja permitida, em nome da sociedade,
não mais que isso.
Quanto à Polícia Civil, não se pode dizer que haja fuga a essa regra. Com um corpo
constituído por aproximados 10.200 homens e mulheres, a Polícia Civil tenta desvendar, às
vezes empiricamente, os crimes que o Código Penal Brasileiro se encarrega de identificar.
Poder-se-ia argumentar que essa instituição desenvolve um trabalho de pesquisa científica, no
qual o método, embora no contexto seja idêntico ao acadêmico, dependerá dos méritos da
equipe que o diligenciar.
Muitos autores têm relacionado o surgimento das polícias modernas à sua utilização
no controle de atividades de massa e das “classes perigosas”. Os exércitos haviam funcionado
como mecanismos de emergência, alternando entre a não-intervenção e os mais drásticos
procedimentos (Medeiros, 2004).
Uma organização policial uniformizada, por sua vez, teria a capacidade de penetrar na
sociedade, garantindo a presença permanente da autoridade estatal. Modelando-se nas Forças
Armadas, a nova organização aproveitaria as soluções militarizadas na repressão a distúrbios
coletivos. Ao mesmo tempo, seu caráter permanente possibilitava uma nova estratégia: o
patrulhamento em pequenos grupos, a fim de prevenir a violência e identificar supostos
criminosos.
Com relação à investigação criminal, a formação das polícias modernas coincide com
o fortalecimento das liberdades individuais: os direitos à ampla defesa, ao processo
contraditório, entre outras, que passam a transformar a maneira como a Justiça está autorizada
a atuar na punição de criminosos. Aqui, cabe ressaltar o caráter discricionário e circunstancial
do uso da força pela polícia. No “governo das leis”, e não “dos homens”, a discricionariedade
75
policial realiza a mediação entre um mundo do dever ser (da lei) e um mundo do ser (dos
homens) (Medeiros, 2004).
O surgimento dessa Instituição deu-se, na realidade, no período colonial, quando o
estado era ainda capitania hereditária. A primeira Constituição Mineira, promulgada em 31 de
outubro de 1890, criou a Milícia Cívica, autorizando o Governador a prover os Cargos
Policiais. No ano seguinte, em 16 de outubro de 1891, com a criação das Secretarias de
Estado, os cargos policiais foram inseridos na Secretaria de Negócios do Interior e Justiça.
A primeira organização policial em Minas Gerais, aprovada em 1892, compreendia a
chefia de polícia, que dirigia o policiamento em todo o Estado, enquanto que o Delegado, sob
seu comando administrativo, policiava o município, o subdelegado, os distritos, o Inspetor, os
quarteirões. Atribuiu-se ao Chefe de Polícia o poder de nomear os Delegados e Subdelegados
dentre cidadãos com qualidades necessárias ao exercício policial, probos e inteligentes. Os
policiais nomeados não eram considerados, como hoje são, funcionários públicos, nem
percebiam qualquer remuneração pela função delegada (Medeiros, 2004).
Segundo a Nova Constituição de 1988:
“Compete à Polícia Civil:(...)I Proteção à vida e aos bens;II- preservação
da ordem e da moralidade pública; III- preservação das instituições político-
jurídicas; IV- apuração das infrações penais, exercício da polícia judiciária e
cooperação com as autoridades judiciárias, civis e militares, em assuntos de
segurança interna ...” (Minas Gerais. Lei 5.460/69, 1997).
Diante da escassez de normas que possibilitassem a acomodação estrutural da Polícia
Civil aos moldes “pós-abertura política”, a instituição ajusta-se criando resoluções e portarias
internas, que viabilizam ações isoladas e não compartilhadas.
Para Medeiros (2004), as organizações policiais atuam em ambientes altamente
institucionalizados, nos quais, mais que a eficiência, conta o fator legitimidade. As polícias
76
responderam a demandas vindas de outros campos, notadamente o da Justiça (Polícia Civil) e
o da Defesa (Polícia Militar).
A teoria das organizações tem distinguido entre ambientes técnicos nos quais as
organizações são recompensadas pela sua eficiência na realização de uma atividade – e
ambientes institucionais em que a premiação se pela adequação de suas práticas a regras
e crenças vistas como apropriadas e legítimas (March & Olsen, 1984; Scott & Meyer, 1991).
Uma organização pode operar em um ambiente mais ou menos técnico, mais ou menos
institucional.
organizações altamente institucionalizadas como escolas, escritórios de
advocacia, igrejas que têm maior preocupação com sua legitimidade que propriamente com
a eficiência. As polícias integram este grupo, uma vez que operam em ambientes que exercem
grande pressão institucional e menor pressão técnica (Crank & Langworthy, 1992).
No caso dos policiais, cuja profissão é intensamente regulada, surgem mitos
relacionados à formação profissional, tais como a noção de que a aplicação da lei penal é uma
resposta adequada a problemas de ordem pública (Silva, 2001).
Segundo Medeiros (2002), no Brasil, duas polícias por estado, três polícias da
União, mais uma série de Guardas Municipais, entretanto, uma peculiaridade. Conquanto,
na Alemanha, França, Itália, Inglaterra e nos Estados Unidos haja unidades paramilitares
especiais, em regra cada organização realiza as três tarefas policiais. Sua diferenciação ocorre
pelo critério geográfico e não funcional. A especialização se no interior das organizações,
vale dizer, de maneira intra-organizacional por exemplo, nos Estados Unidos oficiais
patrulhando as ruas e detetives investigando crimes, mas ambos pertencem à mesma
organização.
No Brasil, a especialização é extra-organizacional: no mesmo espaço geográfico, uma
polícia se ocupa da investigação e a outra executa as tarefas paramilitar e de patrulhamento. A
77
especialização extra-organizacional gera conseqüências para o campo institucional. Dificulta
a troca de pessoal entre as organizações, visto que os policiais têm “profissões” diferentes
(força normativa). A estrutura militar não é vista como adequada às tarefas civis, e vice-versa
(força mimética). Além disso, durante a maior parte de sua história, as polícias foram
completamente separadas em termos de comando (força coercitiva). Apesar do contato diário
entre as duas organizações policiais, há pouca troca de recursos técnicos e institucionais.
78
79
6 – JUSTIFICATIVAS E OBJETIVOS
80
81
6 – JUSTIFICATIVAS E OBJETIVOS
A profissão policial é uma atividade reconhecida como sendo de extremo risco
(Sanchez-Milla et al., 2001) e, além dos efeitos inerentes ao trabalho policial, existem outros
fatores estruturais causadores de estresse que incidem negativamente na motivação, no bem-
estar e na disposição dos policiais na realização do trabalho.
Outro fator relacionado com o estresse é o papel contínuo que o desenvolvimento da
função implica na relação com a sociedade. O policial desempenha seu trabalho em um
ambiente em que presencia constantes conflitos, no limite da marginalidade e criminalidade.
Além disso, suas ferramentas habituais de trabalho o cacetete e o revólver têm uma
proximidade com os elementos considerados como fatores de estresse.
também fatores de caráter organizacional referentes às relações dos funcionários
entre si, que incidem em maior ou menor grau nos policiais, aumentando sua fadiga psíquica e
sintomas de afetos nocivos do estresse.
Dessa forma, de acordo com Sanchez-Milla et al. (2001), estudos sobre policiais
destacam que estes constituem um dos grupos profissionais com maior freqüência de
suicídios; são consumidores de altas quantidades de álcool, estando relacionado este consumo
com a presença de situações e acontecimentos estressantes; é possível observar também maior
incidência de transtornos de ansiedade e de quadros depressivos em grupos de policiais em
relação a outros grupos de profissionais; assinala também que apresentam mais problemas de
saúde, maiores taxas de problemas familiares e de divórcios que outros profissionais.
Devido à incidência de problemas de saúde e suas conseqüências sociais em
profissionais da polícia civil, justifica-se o estudo do estresse nesta categoria profissional,
através do qual será possível determinar os principais estressores, identificar os níveis de
estresse e identificar o nível de suporte social dos entrevistados.
82
Para tal, este estudo foi desenvolvido em duas fases, a primeira, através do uso de
entrevistas individuais, tendo os seguintes objetivos:
Identificar os estressores gerais no trabalho do policial civil, de acordo com cada
cargo;
Investigar as formas de enfrentamento ao estresse pelos policiais;
Verificar se os policiais passam por alguma situação estressante fora do trabalho, na
ocasião da entrevista.
Para a segunda fase da pesquisa, foram utilizados questionários e escalas, visando
alcançar os objetivos:
Analisar o suporte social percebido e a satisfação com o suporte social na amostra;
Avaliar o nível de estresse e sua manifestação sintomática na amostra;
Investigar a relação entre a percepção de suporte social, as características biográficas e
os sintomas de estresse relatados.
83
7 - METODOLOGIA
84
85
7 - METODOLOGIA
7.1 – Sujeitos
O estudo foi desenvolvido em uma Delegacia Regional de Segurança Pública (DRSP)
do interior do Estado de Minas Gerais, composta por 199 profissionais distribuídos nos
seguintes cargos: Coordenador, Delegado, Escrivão de Polícia, Detetive, Identificador,
Carcereiro, Auxiliar de Necropsia, Médico Legista, Vistoriador de Veículo, Auxiliar
Administrativo (função pública) e Perito Criminal.
Tais profissionais estão colocados nos seguintes setores, que se localizam em quatro
regiões do município: Gabinete da DRSP, Central de Inteligência, Central de Processamento
(CDP), Chefia de cartórios, Comissão Examinadora Permanente do DETRAN (Departamento
de Trânsito), Delegacias Adjuntas de Crimes Contra o Patrimônio e de Vigilância Geral,
Delegacias Adjuntas de Crimes Contra a Pessoa e de Acidentes de Veículos, Delegacias
Adjuntas de Falsificações e Defraudações e de Cartas Precatórias, Delegacias Adjuntas de
Furtos, Roubos e Desvios de Cargas, Delegacia Adjunta de Furtos e Roubos na Zona Rural,
Delegacias Adjuntas de Menores e de Armas, Munições e Explosivos, Delegacia Adjunta de
Plantão, Inspetoria Geral do Corpo de Detetives, Juizado Especial Criminal e Delegacias
Adjuntas de Repressão a Crimes Contra a Mulher e de Ordem Econômica, Pátio de Veículos
Apreendidos, Posto de Identificação Civil e Criminal, Posto Médico Legal, Seção cnica
Regional de Criminalística, Setor de Registros e Licenciamentos de Veículos.
As atribuições da Policia Civil no Estado de Minas Gerais são descritas do seguinte
modo:
À Polícia Civil compete as funções de polícia judiciária e a apuração de
infrações penais, exceto as militares, no Distrito Federal e em cada um dos
Estados, realizando serviços de investigação criminal equivalentes aos da
86
Polícia Federal, com diferença apenas no âmbito de atuação. Não
hierarquia ou sobreposição entre a Polícia Civil e a Federal, e ambas atuam
basicamente segundo a legislação penal e processual penal, que é editada
pela Câmara Federal e Senado. Os servidores policiais foram reorganizados
em cinco carreiras: Delegado de Polícia, Médico-Legista, Perito Criminal,
Agente de Polícia (Carcereiro, Detetive, Identificador e Vistoriador de
Veículos) e Escrivão de Polícia.
Dentre as atribuições dos servidores policiais, o Delegado de Polícia é
responsável pela instauração e condução do inquérito policial e pela
coordenação das atividades tático-operacionais e administrativas da sua
unidade policial; o Médico-Legista tem a seu cargo a realização de exames
médico-legais, bem como a realização de exames em pessoas vivas e
mortas, para elaboração de laudos periciais; o Perito Criminal atua na
interpretação dos indícios materiais e elementos subjetivos das infrações
penais, também para construção de laudo pericial; o Escrivão de Polícia
realiza o trabalho de elaboração e formalização dos atos em procedimentos
legais, além de zelar pela guarda de documentos da sua unidade policial; e o
Agente de Polícia tem a seu cargo a coleta de elementos objetivos e
subjetivos para esclarecimento das infrações penais, administrativas e
disciplinares, além do cumprimento de diligências policiais e determinações
judiciais. (Polícia Civil do Estado de Minas Gerais, 2006).
Para alcançar os objetivos previstos, foram planejadas duas fases de coleta de dados.
Na primeira fase participaram 40 policiais civis desta instituição, sendo 13 Detetives, 5
Carcereiros, 5 Peritos Criminais, 8 Delegados, 7 Escrivãos e 2 Inspetores, sendo este grupo
formado pelos sujeitos que estavam no local de trabalho no período definido para coleta de
dados, e que concordaram em participar do estudo nesta fase.
O critério de inclusão dos sujeitos na primeira fase da pesquisa, que constou de
entrevistas individuais, foi definido como: qualquer policial civil, que seja do corpo de
trabalhadores da Delegacia Regional, exercendo qualquer cargo, que esteja no local de
entrevista nas datas e horários agendados em comum acordo entre a pesquisadora e a
87
instituição, e que, sendo suficientemente informado a respeito da pesquisa, tenha aceitado
colaborar.
Na segunda fase participaram 96 sujeitos (50% aproximadamente), que não
participaram necessariamente da primeira fase da pesquisa, mas que se dispuseram a
responder ao questionário, após terem lido e assinado o termo de esclarecimento e
consentimento. Assim, por serem duas fases independentes, não houve controle sobre os
participantes que atenderam a somente uma ou a ambas as fases, não sendo possível, dessa
forma, determinar o número total de sujeitos da pesquisa.
Nesta fase, o critério de inclusão foi definido como: o policial civil, do corpo de
trabalhadores da Delegacia Regional, que receberam o questionário, o Termo de
Esclarecimento e o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Sendo assim, participaram
todos aqueles que receberam o questionário e que voluntariamente aceitaram colaborar,
preenchendo-o e devolvendo-o no prazo de duas semanas.
Dessa forma, os dois grupos de sujeitos foram constituídos de amostras não aleatórias,
em função da dependência da aceitação voluntária dos mesmos.
7.2 – Instrumentos
O instrumento utilizado na primeira fase do estudo foi um roteiro de entrevista semi-
estruturado, elaborado para se fazer uma sondagem sobre: o cargo do profissional, as
atividades que este exerce, os fatores gerais que o sujeito considera como estressantes no
trabalho, o fator considerado como mais estressante, como o profissional lida com os fatores
que ele citar como estressantes, se o profissional passa, no momento da entrevista, por alguma
situação estressante fora do trabalho (ANEXO A).
88
Para verificar mais detalhes também foi perguntado ao Policial Civil se este tinha
alguma sugestão para oferecer para amenizar o estresse percebido no trabalho.
Na segunda fase do estudo o instrumento utilizado foi um questionário (ANEXO B)
contendo questões sobre: dados biográficos e profissionais, uma escala para medida do nível e
sintomas de stress (Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp - ISSL) e o
Questionário de Suporte Social (SSQ).
O ISSL (Lipp, 2000) é um instrumento que visa identificar se o paciente possui
sintomas de estresse, o tipo de sintoma e a fase em que se situa, dentro do “modelo
quadrifásico” de estresse com as fases: (1) alerta, (2) resistência, (3) quase-exaustão e (4)
exaustão. No total, o ISSL inclui 34 itens de natureza somática e 19 de natureza psicológica,
sendo os sintomas muitas vezes repetidos, diferindo somente em sua intensidade e seriedade.
Estes sintomas são referentes a 3 períodos: últimas 24 horas, última semana e último mês, que
correspondem à fase de estresse em que o sujeito se encontra (alerta, resistência, quase-
exaustão e exaustão). Este instrumento foi selecionado devido ao foco desta pesquisa na saúde
desta classe de trabalhadores. O resultado é obtido da seguinte maneira:
(1) Somam-se por quadro as respostas Psicológicas (P) e Fisiológicas (F)
separadamente, de modo a obter três escores de sintomas físicos e três de sintomas
psicológicos, em um total de seis. Essas notas são utilizadas para responder qual a
sintomatologia mais presente, se somática ou psicológica.
(2) Somam-se os escores P + F por quadro, de modo a obter três escores, um para cada
quadro do inventário. Essa nota é utilizada para responder se a pessoa apresenta sintomas
significativos de estresse e em que fase a pessoa se encontra.
(3) Para avaliação da sintomatologia e da fase de stress, utilizam-se tabelas de
correção. Para a soma dos escores brutos P + F de cada parte do Inventário, deve-se comparar
com os escores definidos por Lipp (2000).
89
Lipp (2000), com uma amostra de 1843 pessoas, obteve valor de alfa de Cronbach de
0,91, indicando boa consistência interna entre os itens do instrumento.
O questionário de Suporte Social (Social Support Questionnaire - SSQ), criado por
Saranson et al. (1983) e adaptado para o Brasil por Matsukura et al. (2002), é composto por
27 questões, sendo que cada questão solicita uma resposta em duas partes. Na primeira parte,
deve ser indicado o número de fontes de suporte social percebido (SSQ-N), podendo o
respondente listar até nove possibilidades (além da opção ninguém); na segunda parte, o
respondente deve informar sobre sua satisfação com esse suporte (SSQ-S), fazendo uma
opção em uma escala de 6 pontos (que varia de muito satisfeito a muito insatisfeito).
O SSQ fornece, portanto, dois escores:
1) Índice N = SSQ-N (suporte social percebido)
2) Índice S = SSQ-S (satisfação com o suporte social)
Para calcular o ÍNDICE N (número de pessoas percebidas como suportivas), é preciso
somar todas as pessoas citadas ao longo das 27 questões e dividir por 27 (média simples),
sendo o máximo 243 = 9 x número total de questões. O resultado é o escore obtido pelo
respondente, sendo que um escore maior representa um maior número de pessoas percebidas
como suportivas.
Para o ÍNDICE S (satisfação com o suporte social), somar as avaliações de cada item
e dividir por 27, que é o número de questões (média simples). Assim, a média estará entre 1 e
6, correspondendo ao grau de satisfação com o suporte social.
Quanto às qualidades psicométricas do questionário, a versão original foi submetida a
vários estudos. Em uma aplicação a uma amostra de 602 estudantes universitários, o
coeficiente alfa de Cronbach obtido foi de 0,97 para o SSQ-N e de 0,94 para o SSQ-S. A
fidedignidade teste-reteste foi de 0,90 para o SSQ-N e de 0,83 para o SSQ-S, sugerindo que o
SSQ é um instrumento com alta consistência interna e estabilidade (Vaux, 1988).
90
A versão traduzida de Matsukura et al. (2002), em um estudo com 125 mães, obteve
alfa de Cronbach igual a 0,94 no teste e 0,96 no reteste tanto para a escala N quanto para
escala S.
7.3 – Procedimentos
Para obter autorização de ingresso na instituição e ter acesso à amostra, realizou-se um
primeiro contato com o Delegado Geral, apresentando-se o projeto da pesquisa e os
documentos necessários para o cumprimento da Resolução do Conselho Nacional de Saúde
196/96 que trata dos procedimentos éticos em pesquisa com seres humanos. Neste contato
ficou claro o interesse da instituição nos resultados do estudo e houve plena aceitação de que
fosse desenvolvido em horário de trabalho nas unidades policiais.
Na coleta de dados da primeira fase foram feitos plantões em datas pré-agendadas com
o responsável de cada uma das unidades policiais, abordando-se individualmente os
profissionais que estavam presentes no momento da coleta de dados, explicando-se os
objetivos da pesquisa e solicitando-se a colaboração. Caso ele aceitasse participar, era pedido
que lesse e assinasse o termo de consentimento previamente estruturado, ficando claro que
sua participação seria voluntária e anônima. Feito isso, para assegurar o sigilo e a privacidade
das entrevistas, foi disponibilizada uma sala específica.
As questões foram feitas oralmente pela pesquisadora que anotou as respostas,
utilizando um tempo médio de 30 minutos por entrevista. Apesar das questões serem
previamente estruturadas, o entrevistado pôde falar livremente a respeito de cada tópico, o que
facilitou a expressão espontânea de opiniões e sentimentos relativos ao estresse no trabalho e
em outras áreas da vida.
91
As respostas e os comentários livres dos entrevistados foram anotados juntos. Esta
fase mostrou-se importante para maior aproximação do problema e para divulgar informações
sobre a pesquisa policiais, tendo em vista a fase posterior de coleta de dados através do
questionário, que foi de caráter voluntário e anônimo.
As respostas obtidas nas entrevistas foram transcritas integralmente e passaram por
análise de conteúdo, tendo como objetivo a identificação do núcleo dos relatos e a formação
de categorias, cujos procedimentos ocorreram pela tomada de conhecimento de métodos e
técnicas utilizados em outros estudos (Bardin, 1988; Vala, 1986; Oliveira, 1991; Sato,
1991) e subseqüente reformulação referente aos objetivos da presente pesquisa.
A análise de conteúdo pode ser definida como um conjunto de técnicas de análise de
comunicações voltadas à “explicitação e sistematização do conteúdo das mensagens e da
expressão deste conteúdo” (Bardin, 1988). Tais técnicas buscam afastar os perigos da
compreensão espontânea, pelas quais o pesquisador, familiarizado ou não com seu objeto de
estudo, pode por à prova a interpretação inicial do material (Bardin, 1988). A Análise de
Conteúdo contribui também para o enriquecimento da leitura, descoberta de conteúdos e
esclarecimentos de relações não explicáveis somente pela leitura.
Ao falar sobre o processo de análise, Vala (1986) afirma que:
Trata-se da desmontagem de um discurso e da produção de um novo
discurso através de um processo de localização-atribuição de traços de
significação, resultado de uma relação dinâmica entre as condições de
produção do discurso a analisar e as condições de produção da análise
(Vala, 1986).
Nesta pesquisa utilizou-se análise categorial, que “funciona por desmembramento do
texto em unidades, em categorias segundo reagrupamentos analógicos” (Bardin, 1988).
Inicialmente buscou-se fazer a identificação das palavras ou expressões que se
referiam aos fatores estressantes no trabalho (excesso de trabalho, infra-estrutura do trabalho).
92
Em seguida fez-se uma seleção de fragmentos dos discursos aos quais as palavras ou
expressões acima especificadas remetiam. Tais fragmentos podem denominar-se Unidades de
Contexto, utilizando-se do termo de Bardin (1988, p. 107) para se referir aos segmentos da
mensagem que são úteis para se compreender a significação das Unidades de Registro, abaixo
explicitadas. Ou ainda pode-se chamar de Núcleos Organizadores de Discurso, que significa
os elementos que dão sustentação e coerência às falas [e que] representam o primeiro nível
de segmentação e reorganização dos discursos (Oliveira, 1998, p. 167).
As Unidades de Registro seriam a unidade de significação (Bardin, 1988, p. 104), ou
seja, no estudo em questão, os elementos do trabalho relacionados ao estresse. As unidades de
registro corresponderiam às frases modais ou expressões de sentido (Oliveira, 1998), que
seriam aquelas frases típicas que contém um grande número ou porcentagem de palavras que
participam do universo de dados estudados (Oliveira, 1998, p. 167). A relevância das
unidades de registro ou frases modais foram definidas pelo critério de freqüência.
O próximo passo foi a categorização, a qual implicou em classificar as unidades de
registro por diferenciação. Tal categorização se deu por critério expressivo (Bardin, 1988), ou
seja, as unidades de registro agrupadas sob a mesma categoria devem expressar um
significado em comum, construído em decorrência do quadro teórico.
A pertinência das categorias e dos conteúdos foi julgada por duas psicólogas,
pesquisadoras, que sugeriram pequenas alterações em consenso, que foram adotadas.
Na segunda fase da pesquisa, os questionários foram entregues a todos os profissionais
da instituição (N=199), junto com o “Termo de Esclarecimento” (ANEXO C) e o “Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido” (ANEXO D e ANEXO E). Essa distribuição foi feita por
mala direta dentro da própria instituição e os respondentes tiveram um prazo para devolução
de duas semanas. A devolução foi feita diretamente à pesquisadora que possuía uma caixa
lacrada de modo que permitisse apenas a inserção do questionário respondido, mantendo-se,
93
assim, o anonimato dos sujeitos e o sigilo das respostas. Após o período de coleta, foram
obtidos 96 questionários respondidos, correspondendo a aproximadamente 50% do corpo de
trabalhadores desta instituição.
Durante o período de coleta de dados, a pesquisadora se disponibilizou em ficar na
instituição, na sala que lhe foi concedida, esclarecendo dúvidas e recebendo os instrumentos
respondidos.
Ao término desta etapa deu-se início à tabulação e análise das respostas do
questionário de dados pessoais, do ISSL e do SSQ, que foram digitados em planilha do
programa SPSS for Windows
versão 11.0, para proceder às análises descritivas (freqüências,
médias, desvios padrão e cálculo dos escores nas escalas); avaliação do estresse de cada
sujeito fazendo a transformação dos dados brutos (número de sintomas) em valores
padronizados da tabela do ISSL; cruzamento das variáveis biográficas com estresse e testes
Qui-quadrado; análises de variância (ANOVA) entre as médias de suporte social por grupo
com diferentes níveis de estresse; e correlações entre as variáveis biográficas, suporte social e
sintomas de estresse, sendo estes resultados relatados a seguir.
No sentido de oferecer um serviço em agradecimento à colaboração prestada pela
instituição e por seus integrantes, serão ministradas palestras para todos os funcionários a
respeito do estresse e dos meios para lidar com as situações estressantes no ambiente social e
do trabalho. Pretende-se também oferecer os resultados gerais à Delegacia.
94
95
8 – RESULTADOS
96
97
8 – RESULTADOS
8.1 – PRIMEIRA FASE Entrevista para identificação dos fatores de estresse no
trabalho.
Na primeira fase deste estudo buscou-se conhecer os fatores de estresse no trabalho
dos policiais civis através de entrevistas efetuadas no local de trabalho, tendo como roteiro
cinco questões abertas, as quais também possibilitavam outros depoimentos durante a
entrevista.
A primeira questão da entrevista buscava identificar os principais fatores percebidos
pelos policiais como estressores no trabalho. Os 40 participantes desta fase forneceram 222
respostas que foram classificadas em 18 categorias envolvendo as características do trabalho
(67% das respostas), relacionamento com colegas e superiores (14%), imagem negativa da
classe por parte da sociedade e da mídia (9,5%) e falta de apoio legal e governamental ao
trabalho da polícia (8,5%). As características do trabalho foram o tema mais frequentemente
citado como fator de estresse e que gerou as seguintes categorias: excesso de trabalho, falta de
infra-estrutura, risco de vida, burocracia, o preso, ambiente, responsabilidade, inadequação de
função, excesso de controle externo, salários baixos e instabilidade (tabela 1).
Buscou-se também analisar as mesmas respostas a respeito dos fatores de estresse,
separando os sujeitos em função da semelhança de tarefas entre os cargos que ocupavam na
instituição, que foram classificados da seguinte maneira: Agente policial, Delegado, Detetive
(detetive + inspetor + sub-inspetor), Escrivão (escrivão + vistoriador de veículos + auxiliar de
escritório) e Carcereiro. Nesta análise verificou-se que os agentes de polícia indicaram mais
fatores estressores no ambiente organizacional (110 respostas). Quando perguntado aos
agentes qual era o fator mais estressor de acordo com a percepção dos mesmos, estes citaram
98
a falta de companheirismo dos colegas de trabalho (30%), insegurança pessoal e para a
família (40%) e falta de estrutura e material para o trabalho (30%).
Quanto aos carcereiros, estes indicaram mais o fato de ter que lidar com os presos
(100%), enquanto os delegados e inspetores (81 respostas) citaram mais a falta de
compreensão da sociedade sobre o trabalho do policial (40%) e o fato de terem que possuir
muitas responsabilidades e não ter a quem recorrer (60%).
Tabela 1 - Categorias, conteúdo e freqüência dos fatores causadores de estresse no trabalho
percebidos pelos policiais.
Categorias Conteúdo f %
Excesso de Trabalho Plantão; excesso de trabalho; carga horária. 28 12,6
Infra-estrutura do
Trabalho Deficiente
Falta de: recursos, material, equipamento, pessoal, condições e
estrutura.
25 11,3
Relacionamento com
Colegas de Trabalho
Falta de: companheirismo, união, confiança, ajuda da equipe;
inveja/competição; relacionamento difícil, superficial e/ou
complexo.
23 10,4
Sociedade Falta de re
speito; incompreensão; falta de apoio;
discriminação.
18 8,1
Risco de Vida Exposição particular e da família ao perigo. 18 8,1
Burocracia Regras; dificuldades. 15 6,8
O Preso Lidar com o preso; pessoas de má índole. 14 6,3
Ambiente de Trabalho Cotidiano; outros (telefone, bêbados, drogas, armas e
homicídios).
12 5,4
Responsabilidade Responsabilidade; erros da equipe. 10 4,5
Falta de Suporte do
Governo
Falta de suporte / de apoio; omissão. 10 4,5
Leis Ineficientes Morosidade da lei; ineficiência da lei; injustiça. 9 4,1
Inadequação de
Funções
Desvio de função; falta de treinamento. 9 4,1
Superiores Falta de apoio; excesso de autoridade; cobrança. 8 3,6
Controle Externo Cobrança; pressão externa; exigências. 7 3,1
Salário Má remuneração. 7 3,1
Instabilidade Incerteza do amanhã; mudanças no trabalho; mudanças de
governo; mudanças de moradia.
4 1,8
Mídia Falta de profissionalismo; a mídia formando a imagem
negativa da polícia.
3 1,3
Nada Nada estressa. 2 1,0
Total 222 100
99
Quando se perguntou qual o fator considerado como o mais estressante no trabalho,
cada colaborador ofereceu uma resposta, totalizando 40. Para esta questão, a maioria (25%)
respondeu que o fator mais estressante é o excesso de trabalho (acúmulo de serviços) seguido
de infra-estrutura do trabalho ineficiente (15%) e risco de vida pessoal e da família (7,5%).
Nenhum dos sujeitos considerou como o principal estressor a burocracia, as leis, a
inadequação de funções e o controle externo, apesar de que estes fatores tenham sido citados
entre os mais freqüentes estressores no trabalho do policial civil. As categorias e suas
freqüências estão dispostas na tabela 2.
Tabela 2 - Categorias, conteúdo e freqüência do principal fator causador de estresse
percebido pelo Policial Civil.
Categorias Conteúdo
f %
Excesso de Trabalho Acúmulo de serviços . 10 25,0
Infra-estrutura do Trabalho
Deficiente
Falta de estrutura de trabalho. 6
15,0
Risco de Vida Exposição pessoal ao perigo; exposição da família
ao perigo.
3
7,5
Colegas de Trabalho Falta de companheirismo. 2 5,0
Sociedade Falta de reconhecimento. 2 5,0
Burocracia 0 0,0
O Preso Lidar com o preso. 3 7,5
Ambiente de Trabalho Cotidiano. 2 5,0
Responsabilidade Responsabilidade. 3 7,5
Governo Falta de suporte, de apoio. 4 10,0
Leis 0 0,0
Inadequação de Funções 0 0,0
Superiores Excesso de autoridade. 1 2,5
Controle Externo 0 0,0
Salário Má remuneração 1 2,5
Instabilidade Incerteza do amanhã 1 2,5
Mídia A mídia formando a imagem negativa da polícia. 1 2,5
Nada Nada estressa 1 2,5
Total
40 100,0
100
A terceira pergunta procurava saber dos policiais civis se eles utilizavam alguma
estratégia para lidarem com o estresse e esta questão gerou 86 respostas. As mesmas foram
categorizadas de acordo com o modelo de compreensão de coping ocupacional de Latack
(1986) que classifica as estratégias de coping em: manejo dos sintomas, esquiva e controle. A
maior parte (58,12%) respondeu que utiliza de manejo dos sintomas para lidar com o estresse,
como auto-controle, apoio da família, lazer, prática de exercícios, religião e atitude positiva,
sendo que dentre os que utilizam o apoio da família, alguns policiais relataram perceber mais
estresse quando estavam solteiros do que quando estavam vivendo algum relacionamento
amoroso. Outros preferem estratégias de esquiva, separando a vida social do trabalho e
isolando-se (23,25%) e os demais utilizam o controle através de comportamentos eficazes no
trabalho (18,60%), tais como assumir, organizar e distribuir tarefas, resolver problemas sem
demora, buscar informações e fazer o melhor possível. Dois sujeitos declararam não
conseguir lidar com o estresse (Tabela 3).
101
Tabela 3 - Categorias, conteúdos e freqüências das respostas sobre meios que o policial civil
utiliza para lidar com o estresse.
Coping Categorias f %
Auto-controle
Manter a auto-estima bem, fazer um trabalho psicológico
diariamente, ter auto controle, ser calmo, o se apavorar com
nada, não se preocupar com nada, ter consciência para poder mudar
qualquer situação, não se exigir demais, ser neutro, ter muito jogo
de cintura.
13 15,11
Manejo dos
Apoio da família
Família, brincar com meu filho, amparo da família, família bem
constituída, estar bem com a família, ser mais ligado à família, ser
uma pessoa bem casada, encontrei uma pessoa e estou tranqüilo.
13 15,11
sintomas Lazer
Lazer, sair no final de semana, estudar, assistir filmes, ler livro de
auto ajuda, viajar muito, ler outras coisas, ouvir música, sair para
um bar, conviver com a natureza.
13 15,11
Prática de exercícios
praticar esporte, fazer exercícios, fazer uma caminhada.
6 6,98
Religião
Ler a Bíblia, orar muito, fazer orações.
3 3,49
Atitude positiva
Brincar, contar piadas para descontrair, comentar fatos engraçados
da polícia.
2 2,32
Esquiva
Separar o trabalho da vida pessoal
Não misturar, não levar pra família, mudar o circulo de amizade
fora daqui, não falar nada pra minha esposa sobre o meu serviço,
não levar trabalho pra casa, separar a vida familiar do trabalho,
não me envolver muito com as situações, deixar o barco rolar, não
pensar muito sobre o assunto, em casa procurar fazer coisas que
não tenham a ver com o meu trabalho, procurar se desligar.
20
23,25
Controle
Comportamentos eficazes no trabalho
Fazer troca de serviços entre os funcionários, resolver a tarefa
imediatamente, cada um tem que dar um lado para fazer
funcionar, nós não esperamos o governo fazer, nós vamos atrás,
fazemos a obrigação que deveria ser feita por parte do governo,
organizar para dividir as tarefas, para funcionar, aprimorar a
escala com a particularidade de cada um, fazer acompanhamento
de cada policial, obter informações para tomar decisões, fazer o
melhor independente do reconhecimento, não se abalar por
alguma cobrança injusta, ter a consciência de ter feito o melhor
que pode, lidar com os problemas na hora, conversar sem
autoridade com o bandido.
16
18,60
Total 86 100,0
102
Na questão que indagava os sujeitos se estavam passando por situações de estresse
fora do trabalho, 42,5% da amostra afirmaram que a vida familiar ia muito bem. Já as
respostas positivas, em sua maioria, referiram-se a problemas na vida familiar e conjugal
(25%) e problemas financeiros (22,5%) (Tabela 4).
Tabela 4 - Categorias, conteúdos e freqüências de respostas quanto a situações estressantes
fora do trabalho.
CATEGORIAS CONTEÚDO f %
Vida familiar /
conjugal
Contratar pessoas para trabalhar em casa; outras
responsabilidades representativas que o isolam da família;
responsabilidade de casa; filho que não vai bem na escola;
marido; sentir falta da família; não conseguir engravidar;
casamento estressante; problemas em casa, no casamento,
com os filhos adultos; a vida conjugal; filho saindo das
drogas; ausência na família.
10
25,0
Dinheiro Dificuldade financeira; quitar contas no final do mês,
dever no banco; situação financeira; plano de saúde caro;
dívidas; falta de dinheiro para pagar saúde da família;
cumprimento das obrigações financeiras em casa... ;
trabalhar em outro lugar porque o salário é pequeno;
contas a pagar.
9 22,5
Falta de amigos Não ter mais amigos depois que entra na polícia. 2 5
Escola Conciliar o trabalho com a faculdade, provas... 1 2,5
Trânsito Até o trânsito provoca estresse. 1 2,5
Não Não, sou bem casado e só tenho alegria em casa. 17 42,5
Total
40 100
Por último, foi solicitado ao policial que desse sugestões para diminuir o estresse no
trabalho e a maioria (82,5%) não soube o que responder, mas os que souberam (17,5%),
acreditam que deveria haver melhores condições de trabalho, terceirização dos presídios,
mudanças na justiça, mais parceria entre os colegas de trabalho e melhor reconhecimento da
sociedade sobre o trabalho do policial (Tabela 5).
103
Tabela 5 - Sugestões do policial civil para melhorar o ambiente de trabalho.
CATEGORIAS CONTEÚDO f %
Infra-estrutura do
trabalho
Melhorar o aspecto sico do imóvel; ter um local de lazer;
ter uma colônia separada para os policiais não terem que
pagar aluguel; não ficar muito tempo na cidade para não ter
ligações políticas.
3 7,5
Leis Terceirização dos presídios; mudança nas leis. 2 5,0
Colegas de trabalho Existir mais parcerias entre os colegas de trabalho. 1 2,5
Sociedade Conhecer melhor a realidade do policial civil. 1 2,5
Não sei 33 82,5
Total
40
100,0
8.2 – SEGUNDA FASE – Avaliação do estresse e sua relação com o suporte social.
Na segunda fase deste estudo buscou-se verificar a presença do estresse nos policiais
civis e, sendo positiva, identificar os sintomas mais freqüentes e a fase de estresse em que se
encontram. Também se procurou verificar se os sujeitos percebiam ter suporte social e se
estavam satisfeitos quanto ao suporte social percebido. Finalmente, o estudo pretendeu
investigar a relação do suporte social e de variáveis biográficas com o nível e os sintomas de
estresse.
8.2.1 Resultados relativos aos instrumentos
Neste estudo o alfa de Cronbach obtido para a escala ISSL foi de 0,94 e este foi
considerado um bom índice de consistência interna, sendo que dos 53 itens apenas 3 tiveram
coeficientes de correlação com a escala total menores que 0,28.
Para o instrumento SSQ, na escala SSQ-N obteve-se o alfa de Cronbach com valor de
0,96 e a escala SSQ-S obteve o alfa de Cronbach de 0,95, tendo em ambas as escalas todos os
coeficientes de correlação entre cada item e a escala total entre 0,35 e 0,83.
104
8.2.2 Resultados relativos aos dados biográficos
Dos 96 colaboradores que participaram dessa fase, a média de idade foi de 35 anos
com um desvio padrão de 9, sendo a maioria (68,8%) casados ou com namorados(as), com
ensino superior completo (47,9%) e 32,3% com ensino médio ou cursando. Quanto ao sexo
dos participantes, 84,4% eram homens e 15,6% mulheres.
Referente aos cargos dos participantes, 41,7% eram agentes de polícia, 11,5% eram
delegados, 20,8% detetives e inspetores, 16,7% escrivãos, vistoriadores e auxiliares
administrativos e 9,4% carcereiros. A maioria (94,8%) não tem outros empregos e, quando
tem, é um negócio próprio ou por considerarem trabalhos do lar como outra atividade
profissional. A média de tempo de trabalho na delegacia é de 10,12 anos com um desvio
padrão de 9,19 (Tabela 6).
105
Tabela 6 Distribuição dos sujeitos (N=96) segundo idade, sexo, estado civil, formação
escolar, cargo, tempo de trabalho, carga horária semanal e se tem outros empregos.
Variável Classe N
Idade 21 - 30 39
31 - 40 28
41 - 55 29
Sexo Masculino 81
Feminino 15
Estado civil Casado 55
Solteiro / Outros 41
Formação escolar Superior completo 46
Superior incompleto 16
Ensino médio completo 31
Cargo Agentes de polícia 40
Delegados 11
Detetives e inspetores 20
Escrivãos, vistoriadores e auxiliares
administrativos
16
carcereiros 9
Tempo de trabalho (meses) 1 - 120 59
132 – 360 37
Outros empregos Sim 5
Não 91
106
8.2.3 – Resultados obtidos com o ISSL
A partir das respostas ao ISSL pôde-se constatar que, dos 96 respondentes, 51 (mais
que 50% dos participantes) apresentam estresse, sendo que destes, 43 estão na fase de
resistência/quase exaustão e 8 estão na fase de exaustão, não havendo nenhum sujeito na fase
de alerta (Figura 1).
Figura 1 – Freqüência de sujeitos e fases de estresse que se encontram.
Para se verificar a relação entre as variáveis biográficas e o nível de estresse, foram
feitos testes Qui-quadrado, inicialmente comparando-se os sub-grupos sem estresse, fase de
resistência/quase exaustão e fase de exaustão. Os resultados destas análises não foram
estatisticamente significativos.
Em seguida, foram feitos testes Qui-quadrado cruzando as variáveis biográficas e a
presença ou não de estresse, utilizando como critério para a formação dos dois grupos os
valores da tabela de correção do ISSL.
exaustão
resistência/quase ex
sem estresse
50
40
30
20
10
0
8
43
45
107
Os resultados não foram significativos para o estresse entre o grupo masculino e o
grupo feminino (χ
2
= 1,31; p = n.s) (Tabela 7), entre os grupos separados de acordo como
estado civil (χ
2
= 0,54; p = n.s) (Tabela 8), entre os sujeitos com e sem outro emprego (χ
2
=
1,53; p = n.s.) (Tabela 9) e nem quando estes foram separados em função do cargo ocupado
(χ
2
= 7,89; p = n.s) (Tabela 10).
Tabela 7 - Freqüência de sujeitos com/sem estresse por sexo.
Presença de estresse Sexo
Sem estresse Com estresse
Total
Masculino 40 41 81
Feminino 5 10 15
Total 45 51 96
Tabela 8 - Freqüência de sujeitos com/sem estresse por estado civil.
Presença de estresse Estado civil
Sem estresse Com estresse
Total
Casado 24 31 55
Solteiro / outros 21 20 41
Total 45 51 96
Tabela 9 - Freqüência de sujeitos com/sem estresse por trabalhar ou não em outros empregos.
Presença de estresse Outros empregos
Sem estresse Com estresse
Total
Sim 1 4 5
Não 44 47 91
Total 45 51 96
108
Tabela 10 – Freqüência de sujeitos com/sem estresse por cargo.
Presença de estresse Cargo recodificado em categorias
Sem estresse Com estresse
Total
Agente policial 17 23 40
Delegado 5 6 11
Detetive, inspetor e subinspetor 7 13 20
Escrivão, vistoriador e aux. administrativo 8 8 16
Carcereiro 8 1 9
Total 45 51 96
A tabela 11 mostra as freqüências dos sujeitos com e sem estresse divididos por grau
de formação escolar. Nesta análise verificou-se que no grupo de sujeitos com grau de
escolaridade superior, a maioria (65,2%) apresenta estresse, enquanto nos outros grupos a
porcentagem de sujeitos com estresse é menor (Superior incompleto = 43,8% e Ensino médio
completo = 38,7%). Dessa forma, foi possível verificar que houve diferença significativa
entre os grupos de diferentes graus de escolaridade (χ
2
= 5,84; p = 0,05), de modo que quanto
mais alto o nível de escolaridade, maior a incidência de estresse na amostra.
Tabela 11 - Freqüência de sujeitos com/sem estresse por grau de formação escolar.
Presença de estresse Grau de formação escolar
Sem estresse Com estresse
Total
Superior completo 16 30 46
Superior incompleto 9 7 16
Ensino médio completo 19 12 31
Total 44 49 93
A tabela 12 apresenta as freqüências dos sujeitos com e sem estresse em função do
número de horas trabalhadas por semana. Os resultados do teste Qui-quadrado (χ
2
= 3,82;
109
p=0,04) mostraram que no grupo de sujeitos com carga horária semanal com mais de 40
horas, a maioria apresenta estresse (60%), enquanto que no grupo que trabalha entre 30 e 40
horas, apenas 38,7% têm estresse, indicando que quanto mais alta a carga horária de trabalho
semanal, maior a incidência de estresse na amostra.
Tabela 12 - Freqüência de sujeitos com/sem estresse por carga horária semanal.
Presença de estresse Carga horária semanal
Sem estresse Com estresse
Total
De 30 a 40 horas 19 12 31
Mais de 40 horas 26 39 65
Total 45 51 96
Quando se analisou o tipo de sintoma de estresse, verificou-se que entre os 51 sujeitos
que apresentaram estresse, 25 tiveram predominância de sintomas psicológicos e 20
mostraram predominância de sintomas físicos, de acordo com a tabela de correção do ISSL.
Para esta questão, seis sujeitos indicaram ambos tipos de sintomas (físicos e psicológicos)
com a mesma intensidade (figura 2).
Figura 2 Freqüência de sujeitos e predominância do tipo de estresse (físico e/ou
psicológico.
ambosfísicopsicológco0
50
40
30
20
10
0
6
20
25
45
110
Os sintomas psicológicos mais assinalados pelos sujeitos em toda a escala foram: a
irritabilidade excessiva na última semana (47 respostas), a irritabilidade excessiva sem causa
aparente no último mês e a vontade súbita de iniciar novos projetos nas últimas 24 horas (cada
um com 41 respostas). Quanto aos sintomas físicos, os mais relatados foram: cansaço
constante na última semana (50 respostas), tensão muscular nas últimas 24 horas (48
respostas), insônia no último mês e nas últimas 24 horas (47 e 45 respostas) e sensação de
desgaste físico constante na última semana (44 respostas).
8.2.4 – Resultados obtidos com a escala SSQ – Questionário de Suporte Social.
O SSQ fornece dois escores: 1) Índice N = SSQ-N (suporte social percebido)
2) Índice S = SSQ-S (satisfação com o suporte social)
Para calcular o ÍNDICE N (número de pessoas percebidas como suportivas), foram
somadas as respostas (número de pessoas) das 27 questões e dividiu-se por 27 (média
aritmética simples), sendo o índice máximo de 243, que equivale a 9 x número total de
questões. O resultado é o escore obtido pelo respondente, sendo que um escore maior
representa um maior número de pessoas percebidas como suportivas.
O número de pessoas suportivas, calculado pela média dos itens do SSQ-N, variou
entre 0 e 8,22, sendo que a maioria percebe 2 pessoas (figura 3). A média de Suporte Social
Percebido foi de 2,04, indicativo do número de pessoas que oferecem suporte, com desvio
padrão de 1,53.
111
Figura 3 – Freqüência de sujeitos por número de pessoas suportivas.
Suporte Social Percebido
7,00-9,00
6,00-6,99
5,00-5,99
4,00-4,99
3,00-3,99
2,00-2,99
1,00-1,99
0,00-0,99
50
40
30
20
10
0
6
8
16
40
21
Para o ÍNDICE S (satisfação com o suporte social), foram somadas as avaliações de
cada item e dividiu-se por 27, que é o número de questões (média aritmética simples), com
média entre 1 e 6, correspondendo ao grau de satisfação com o suporte social.
Quanto à satisfação com o suporte social, medida em uma escala de 1 (muito
satisfeito) a 6 (muito insatisfeito), obteve-se a maioria de sujeitos (72%) indicando satisfação,
15 em torno do ponto médio e 12 indivíduos insatisfeitos (figura 4).
112
Figura 4 – Freqüência de sujeitos por satisfação com o suporte social.
Satisfação com Suporte Social
5,00-6,004,00-4,993,00-3,992,00-2,991,00-1,99
50
40
30
20
10
0
5
7
15
26
43
Este instrumento utilizado para avaliar o Suporte Social, como foi dito, traz dados
referentes à percepção que o indivíduo tem de sua rede de suporte social. Este instrumento
não nos fornece dados diretos que possam mensurar os verdadeiros números de indivíduos
que compõem a rede dos entrevistados, mas sim, dados que refletem a percepção que cada
pessoa tem da rede de suporte social que o envolve.
Para cada uma das 27 questões fez-se uma análise de freqüência das pessoas indicadas
como suportivas, a fim de verificar qual foi a maior fonte de suporte social (tabela 13). Os
resultados mostraram maior freqüência de indicação para: amigos (739), ninguém (651),
cônjuge (616), mãe (520), irmão (272), filho (214) e pai (201), família (163), namorada (132)
entre outros (tios-35; colegas de trabalho-18; primos-18; avós-17; Deus-13; grupos de auto-
ajuda (AA)-9; terapeuta-8; igreja evangélica-6; médicos-5; sobrinhos-5; sogra-5; cunhados-5;
qualquer pessoa-5; genros-2; netos-1; Jesus-1; pessoas atendidas-1; massagista- 1).
De um modo geral, os amigos e cônjuges destacam-se como pessoas suportivas. Os
amigos tiveram a freqüência mais alta de citação como aquelas pessoas que realmente
113
apreciam o sujeito, que o ajudam a sentir que ele verdadeiramente tem algo positivo e que o
ajudariam em caso de morte ou doença de outros amigos ou parentes.
O cônjuge foi mais citado nas questões referentes à situação de confortar e abraçar o
sujeito quando necessário (31 respostas), preocupar-se com o sujeito (29 respostas), apoiá-lo
em decisões importantes (29 respostas) e aceitá-lo como é (27 respostas); só não foi citado na
questão 4 (Quem você acha que poderia ajudar se você fosse casado(a) e tivesse acabado de
se separar?) por se tratar de um possível conflito direto com o mesmo, mesmo assim houve
quem recorresse à namorada mostrando a necessidade de um suporte social afetivo.
A mãe, citada em todas as respostas, teve destaque na questão em que o sujeito a
referencia como sendo alguém que gosta dele verdadeiramente (36 respostas), junto a amigos,
cônjuges e filhos (estes com 29 respostas cada). Os filhos aparecem mais frequentemente (40
respostas) como sendo aquelas pessoas em que o sujeito acredita ser ele próprio importante na
vida dos mesmos.
Também houve os que consideram não ter ninguém como pessoa suportiva em várias
situações, principalmente naquelas em que o sujeito necessita de uma escuta, sendo estas
respostas o segundo lugar em freqüência.
114
Tabela 13 - Análise do conteúdo do SSQ-N – freqüência das respostas.
Situação de cada item – Pessoa que o sujeito possa: Ninguém amigos njuge mãe irmão filho pai família namorada
1- Contar para ouvi-lo(a) quando precisa conversar. 25 31 29 21 15 3 7 0 5
2- Contar para ajudá-lo(a) se uma pessoa que pensou que era um bom(boa)
amigo(a) o insultou e disse que não queria vê-lo novamente.
45 24 20 14 11 3 3 1 3
3- Acreditar ser parte importante da vida. 5 27 34 34 25 40 23 11 6
4- Ter a ajuda se fosse casado(a) e tivesse acabado de se separar. 36 27 0 27 14 2 9 2 1
5- Contar para ajudá-lo(a) a sair de uma crise, mesmo que para isso esta pessoa
tivesse que deixar seus pprios afazeres para ajudá-lo.
24 25 22 26 11 3 10 2 5
6- Conversar francamente sem ter que se preocupar com o que diz. 33 30 18 14 10 2 3 2 4
7- Sentir que tem algo positivo que pode ajudar os outros. 20 40 25 18 16 9 5 6 5
8- Distraí-lo(a) de suas preocupações quando se sente estrcssado(a)? 29 35 19 8 4 13 3 4 8
9- Contar quando precisa de ajuda? 19 33 25 24 11 4 11 8 5
10- Contar caso fosse despedido(a) do emprego ou fosse expulso(a) da escola? 20 26 23 24 7 2 11 10 5
11- Ser totalmente ele mesmo(a)? 24 30 19 16 9 9 6 7 7
12- Saber que realmente o aprecia como pessoa. 12 49 26 26 15 19 14 15 7
13- Contar para dar sugestões úteis que ajudam você a não cometer erros? 25 36 23 15 7 3 6 5 4
14- Ouvir seus sentimentos mais íntimos de forma aberta e sem criticar você? 35 26 13 12 9 2 2 4 7
15- Confortar e abraçá-lo quando precisar disso? 19 24 31 25 10 14 8 5 8
16- Contar se um bom amigo seu tivesse sofrido um acidente de carro e
estivesse hospitalizado em estado grave?
26 36 15 10 9 1 4 3 2
17- Ajudá-lo(a) a ficar mais relaxado(a) quando está sob preso ou tenso(a)? 26 22 21 11 2 4 0 6 8
18- Ajudar se morresse um parente seu, muito próximo 18 35 23 12 10 4 7 12 4
19- Acei-lo totalmente, incluindo o que tem de melhor e de pior? 13 12 27 23 16 10 10 8 3
20- Preocupar-se com ele independentemente do que esteja acontecendo com
ele?
18 17 29 26 5 5 8 8 4
21- Ouví-lo, quando ele está muito bravo(a) com alguém? 36 19 24 11 6 3 4 5 5
22- Lhe dizer, delicadamente, que precisa melhorar em alguma coisa? 24 24 24 19 6 6 6 7 5
23- Ajudá-lo(a) a sentir-se melhor quando está deprimido (a) 26 21 26 20 6 7 2 4 6
24- Senti que gosta dele verdadeira e profundamente? 5 29 29 36 19 29 22 6 3
25- Conso-lo(a) quando está muito contrariado(a)? 30 21 23 15 4 6 2 8 6
26- Apoiá-lo(a) em decisões importantes que toma? 22 21 29 21 8 8 12 8 2
27- Ajudá-lo(a) a se sentir melhor quando você está muito irritado(a) e pronto(a)
para ficar bravo(a) com qualquer coisa?
36 19 19 12 7 3 3 6 4
Total 651 739 616 520 272 214 201 163 132
Média 24,11 27,37 22,81 19,25 10,07 7,92 7,44 6,04 4,89
114
115
8.2.5 Resultados relativos ao teste das hipóteses
Para analisar as diferenças em suporte social (Índice N e índice S) por grupo de
sujeitos em cada fase de estresse, foi efetuada uma ANOVA.
As médias em suporte social do grupo de sujeitos sem estresse, em comparação com
aqueles na fase de resistência / quase exaustão e os que estão na fase de exaustão, mostram
que quanto mais grave a fase em que o sujeito se encontra, menor o suporte social percebido
(Tabela 14). Entretanto, esta diferença não foi significativa para o Índice N (F=1,72; n.s.),
equivalente ao número médio de pessoas percebidas como suportivas nas diversas situações
do SSQ.
Quanto à satisfação com o suporte social (Índice S) verificou-se diferença significativa
entre as médias para os grupos por fase de estresse, sendo esta diferença na direção esperada,
de modo que, quanto maior a satisfação com o suporte social, menor o nível de estresse
(F=3,70; p=0,03).
Tabela 14 - Médias em Suporte Social para cada grupo de sujeitos nas diferentes fases de
estresse.
Fase de estresse N Suporte Social – Índice N
M
Suporte Social – Índice S
M
Sem estresse 45 2,28 2,05
Resistência 43 1,94 2,60
Exaustão 8 1,25 2,98
F 1,72 3,70*
* Correlação significativa ao nível de p<0,05
Para verificar a relação entre as variáveis biográficas, suporte social e sintomas de
estresse, foi utilizado o coeficiente de correlação r de Pearson (Tabela 15). Para esta análise,
foram utilizadas as medidas dos sintomas de estresse em seus valores brutos, representando a
116
soma dos sintomas indicados pelos sujeitos em cada período considerado no inventário
(últimas 24 horas, última semana, último mês). As correlações foram significativas em quase
todas as análises, com exceção da correlação dos sintomas na última semana com a idade e
com o tempo de trabalho. O suporte social percebido (Índice N) correlacionou-se
negativamente com as três medidas de sintomas de estresse, indicando que quanto maior o
número de pessoas suportivas, menor a quantidade de sintomas indicados pelo sujeito. A
satisfação com o suporte social (Índice S) correlacionou-se positivamente com os sintomas de
estresse nos três períodos, de modo que quanto mais satisfeito o sujeito com o suporte social
percebido, também menor o número de sintomas de estresse indicados.
Tabela 15 – Coeficientes de correlação (r de Pearson) entre variáveis biográficas, suporte
social e escores brutos em estresse.
Sintomas –
últimas 24 horas
Sintomas –
última semana
Sintomas –
último mês
Idade 0,24* n.s. 0,21*
Escolaridade -0,33** -0,24* -0,22*
Tempo de trabalho 0,27** n.s. 0,21*
Suporte social percebido (N) -0,28** -0,24* -0,31**
Insatisfação com o suporte social (S) 0,22* 0,29** 0,27**
** Correlação significativa ao nível de p<0,01
* Correlação significativa ao nível de p<0,05
117
9 - DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
118
119
9 – DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
Considerado até alguns anos como um estado que predispunha os indivíduos às
doenças, o estresse é, hoje, classificado como uma doença (CID-10, 1994) que pode ter
conseqüências sérias para os indivíduos e para as organizações, por causar, geralmente,
elevados gastos com assistência médica, altos níveis de absenteísmo e baixa produtividade.
Quanto às suas causas, Silva (2000) menciona que o estresse pode se originar,
basicamente, de três fontes: da família, do trabalho, e do ambiente em que se vive. Já o
estresse ocupacional ocorre quando há percepção do trabalhador da sua inabilidade para
atender às demandas solicitadas pelo trabalho, causando sofrimento, mal-estar e um
sentimento de incapacidade para enfrentá-las. Assim, quando o organismo está sob situação
de estresse, podem ocorrer distúrbios emocionais, mudanças de comportamento, distúrbios
gastro-intestinais, distúrbios de sono, sintomas psicopatológicos, com sofrimento psíquico e
outros (Dejours, 1984).
Lipp (1996) distingue as fontes estressoras em externas e internas. As externas são
decorrentes de eventos ou condições externas ao organismo, como o que acontece na vida do
indivíduo e das pessoas com quem se relaciona; e as internas referem-se ao próprio indivíduo,
ao seu modo de pensar, suas crenças e valores.
Entre as diversas profissões estudadas pela Psicologia Organizacional, o trabalho do
policial civil é considerado como uma das profissões com maiores índices de estresse, por
exigir contatos interpessoais muito intensos com o público em geral (Kleinman & Atoom,
1979; Maslash, 1976, citado por Johnson, Cooper, Cartwright, Donald, Taylor, & Millet,
2005). Spielberger, Westbury, Grier e Greenfield, (1981) mencionam que os policiais estão
entre os profissionais que mais sofrem de estresse decorrente da profissão, pois estão
120
constantemente expostos ao perigo, à agressão e à violência, devendo constantemente intervir
em situações de problemas humanos de muita tensão.
Em uma pesquisa realizada por Johnson et al. (2005), sobre as ocupações mais
estressantes, seis tipos de trabalho foram relatados com maior nível de estresse: paramédicos,
professores, servidores sociais, atendentes de telemarketing, oficiais de prisão e policiais. Para
avaliar a quantidade de estressores no trabalho, este estudo utilizou o instrumento de Cooper
(2002, citado por Johnson et al., 2005), ASSET, baseado nos estudos de Cooper e Marshall
(1976, citado por Johnson et al., 2005) que divide o estresse em cinco fontes: intrínsecos ao
trabalho, papel dentro da organização, desenvolvimento da carreira, relacionamentos no
trabalho e estrutura e clima organizacional.
O trabalho do policial tem sido associado com uma variedade de relatos sobre
problemas físicos e mentais, levando à morte prematura devido a várias causas (Quaile, Hill
& Clawson, 1988). Vena, Violanti, Marshall e Fiedler (1986) identificaram grupos de
policiais com alto nível de mortalidade por suicídio, câncer digestivo, câncer no cólon e de
medula. Estes mesmos autores verificaram também um aumento de risco de doenças cardíacas
relacionadas aos anos de serviço e aumento de todas as causas de mortalidade para policiais
com mais que 40 anos de idade, justificando-se, assim, a importância do investimento em
pesquisas voltadas para a saúde ocupacional desta classe de trabalhadores.
Visando obter maior conhecimento sobre o estresse na Polícia Civil, foi planejado este
estudo para avaliar o estresse entre os policiais civis da Delegacia Regional do município de
uma cidade de médio porte de Minas Gerais, sendo desenvolvido em duas fases. Na primeira
fase pretendeu-se identificar os estressores externos gerais e específicos no trabalho do
policial civil, de acordo com cada cargo, investigar as formas de enfrentamento ao estresse
pelos policiais e verificar se os policiais passavam por alguma situação estressante fora do
trabalho, na ocasião da entrevista. Na segunda fase da pesquisa, os objetivos foram avaliar o
121
nível de estresse e sua manifestação sintomática na amostra e investigar a relação entre
suporte social, características biográficas, sintomas e nível de estresse.
Na primeira fase encontrou-se que os principais fatores de estresse, para os 40
voluntários entrevistados, foram as características do trabalho, o relacionamento com colegas
e superiores, imagem negativa da polícia por parte da sociedade e da mídia, falta de apoio
legal e governamental ao trabalho da polícia, excesso de trabalho, falta de infra-estrutura,
risco de vida, burocracia, os presos, ambiente, responsabilidade, inadequação de função,
excesso de controle externo, salários baixos e instabilidade. Uma análise destas categorias de
respostas mostrou a predominância dos fatores relacionados à organização e à função do
policial. Além disso, os fatores considerados como os mais estressantes entre todos, para a
maioria desses sujeitos, foram o excesso de trabalho (acúmulo de serviços), a infra-estrutura
do trabalho insuficiente e o risco de vida pessoal e da família.
Ao verificar os resultados de outras pesquisas que abordam o estresse ocupacional, é
possível constatar que os fatores de estresse no trabalho são semelhantes. Na pesquisa de
Ayres, Cavalcanti e Brasileiro (2006), desenvolvida em empresas incubadas, as fontes
consideradas como mais estressantes foram: necessidade de obter recursos, carga de trabalho
excessivamente alta, ter que assumir riscos e ter um retorno inferior ao esperado.
Alguns autores, a partir de uma extensa literatura sobre o tema, relacionaram como os
principais agentes estressores ocupacionais: a sobrecarga de trabalho, tanto quantitativa como
qualitativa, pressão, responsabilidades por pessoas, ambigüidade de papel, inabilidade para
desenvolver relacionamentos satisfatórios e percepção inadequada do desenvolvimento da
carreira (Glima & Rocha, 2000; Kalimo et al., 1988; Sanchez-Milla et al., 2001; Carvalho &
Serafim, 1995; Villalobos, 1999; Cooper & Marshall, 1976).
Fontana (1994, p. 47) afirma que “as causas gerais do estresse no trabalho são: apoio
insuficiente, longas jornadas de trabalho, baixa perspectiva de promoção, rituais e
122
procedimentos desnecessários, incerteza e insegurança”, corroborando com presente pesquisa
e as de Erosa (2001), Villalobos (1999) e Lopes Roig e Wenerholm (1982, citado por Adújar,
1998).
Segundo Golembiewski e Kim (1990, citado por Parsons, 2004), os fatores estressores
podem ser divididos em três categorias: extra-organizacional, intra-organizacional e internas
ao indivíduo. Em uma pesquisa destes autores com policiais do Canadá foram identificadas
duas fontes extra-organizacionais principais, que foram o sistema de justiça criminal e o
relacionamento entre a polícia e a comunidade; e fontes intra-organizacionais que incluem o
perigo no trabalho, plantões e estrutura organizacional.
Outras pesquisas realizadas nos Estados Unidos (Violanti & Aron, 1995; Van Hasselt
et al., 2003; Zhao et al, 2002) identificaram duas principais fontes estressoras: a natureza do
trabalho policial e os fatores da organização. Assim, foram encontrados como fontes o perigo,
plantões e apatia da população.
na Europa, os estudos com policiais civis indicam duas categorias de estressores no
trabalho do policial: internos e externos. Os internos incluem estressores organizacionais
como mau gerenciamento e reorganização, e os externos referem-se a interferência da
burocracia, administração e plantões (Kop et al., 1999, citado por Parsons, 2004).
Tais resultados são semelhantes aos da presente pesquisa, indicando que não foram
resultados isolados e que podem ser considerados nos projetos de intervenção.
Uma pesquisa semelhante de Romano (1997), adaptada de um estudo de Spielberger
(1981) sobre o levantamento do estresse da polícia, também visou identificar as fontes de
estresse do policial, neste caso o militar, encontrando: falta de equipamentos para o trabalho,
desvalorização da profissão (salário), ineficiência do sistema policial carcerário (ter que pôr
criminosos em liberdade por questão burocrática), sendo as fontes consideradas menos
estressantes aquelas relacionadas com situações perigosas.
123
Outras pesquisas têm sugerido que rotina administrativa, burocracia e aspectos
organizacionais do trabalho do policial civil são tão estressantes quanto os perigos inerentes
ao seu trabalho (Liberman et al., 2002).
Hart, Wearing e Headey (1995) concluem que as experiências organizacionais são
mais importantes para determinar o estresse ou bem-estar psicológico dos policiais do que as
experiências ocupacionais.
Em vários outros estudos (Crank & Caldero, 1991; Coman & Evans, 1991; Newman
& Rucker-Reed, 2004; Patterson, 1992), o estressor mais freqüente no trabalho do policial
civil são os papéis burocráticos e a exigência da tarefa, os quais corroboram com a presente
pesquisa.
Quanto aos fatores de estresse percebidos pelos ocupantes dos diferentes cargos, os
resultados do presente estudo mostram a predominância de alguns fatores: os agentes, aqueles
que mais lidam com situações de conflito e exposição à sociedade, indicaram a falta de
companheirismo dos colegas de trabalho, insegurança pessoal e da família e falta de estrutura
material para o trabalho; os carcereiros, que são aqueles que ficam fisicamente próximos aos
presos, com a tarefa de vigiá-los, citaram como fator mais estressante a situação de lidar com
os presos e, por fim, os delegados e inspetores indicaram a falta de compreensão da sociedade
sobre o trabalho do policial e possuir muitas responsabilidades sem ter ninguém para recorrer,
devido ao fato de estarem em um cargo que exige que sejam referência perante os demais, não
podendo cometer qualquer tipo de erro e tendo o contato direto com as inspeções da
ouvidoria.
Mesmo que muitos acreditem que a violência seja um dos estressores mais agravantes
no trabalho do policial civil, autores que questionam essa crença, como Adlam (1982),
Davidson e Veno (1984), Patterson (1992) e Graf (1986) que afirmam haver fontes
estressantes mais significativas de estresse como as organizacionais, as preocupações sobre
124
falhas do equipamento e as exigências da tarefa. Essa afirmação é confirmada nesta pesquisa,
ou seja, a violência não é percebida como o principal fator de estresse no trabalho do policial
civil, mas sim as atividades cotidianas da profissão.
Já, de acordo com estudo de Liberman et al (2002) e Johnson et al (2005), a maior
fonte de estresse para os policiais civis são as tarefas relacionadas às experiências críticas de
confronto e o fato de lidar com a morte. Em segundo lugar, os autores citam como fator de
estresse a rotina do trabalho policial e o seu ambiente.
Estudos como o de Violanti e Aron (1995), utilizando o questionário de Spielberger
sobre o estresse do policial, encontraram que “matar alguém durante o trabalho” e “ter algum
colega de trabalho morto” são os eventos considerados mais estressantes citados pelos
policiais civis; no entanto, o nível de estresse é considerado baixo para os mesmos. Os autores
concluíram que, mesmo que matar alguém durante o trabalho do policial civil seja
classificado como o evento mais estressante, ele também é pouco freqüente e a continuidade
do evento é importante para ter impacto na medida do nível de estresse.
Qual será a causa de os incidentes críticos, aqueles que trazem conseqüências
significativas, serem menos mencionados como a maior fonte de estresse? Uma das
possibilidades seja porque eles são muito menos freqüentes do que a rotina estressora. Outra
possibilidade seja que os policiais considerem que o fato de lidar com essas situações críticas
seja inerente ao trabalho do policial civil, mas consideram as rotinas do trabalho
desnecessariamente estressantes. Ou ainda, é possível que a violência seja um fator de estresse
crônico, menos percebido que os outros estressores.
Assim, os resultados desta pesquisa são consistentes com uma variedade de estudos
anteriores nos quais as rotinas ocupacionais são mais estressantes para o policial civil do que
a sua exposição ao perigo e a incidentes críticos (Brown & Campbell, 1990; Crank &
Caldero, 1991; Morash & Haarr, 1995; Violanti & Aron, 1993). Pode-se compreender que os
125
fatores apresentados, na presente pesquisa, não são isolados, mas fazem parte de um contexto
maior de problemas existentes nas organizações que são percebidos pelos trabalhadores como
causadores de estresse.
Tendo em vista projetos de intervenção para tornar o ambiente de trabalho mais
saudável, deve-se considerar não as fontes percebidas de estresse, mas as sugestões dos
policiais civis para amenizá-lo, que foram: melhorar as condições de trabalho, terceirizar os
presídios e mudanças na justiça. Ou seja, o maior ofensor neste trabalho é a própria estrutura
organizacional que, sendo a base de todo o processo de melhoria, deve ser considerada
prioridade de mudança.
Na etapa seguinte desta pesquisa pretendeu-se verificar as estratégias que os sujeitos
utilizam para lidar com o estresse, ou coping. Na definição de Folkman, Lazarus, Dunkel-
Schetter, Delongis e Gruen (1986), “o coping é compreendido como esforços cognitivos e
comportamentais que mudam constantemente e que são desenvolvidos para responder às
demandas específicas externas e/ou internas avaliadas como excessivas para os recursos do
indivíduo” (p. 993). A disponibilidade de recursos de coping modera a relação entre os
estressores e a exaustão emocional (Cordes & Dougherty, 1993; Plana, Fabregat & Gassió,
2003).
Pesquisas relatadas por Thorton (1992) e Etzion e Pines (1986) mostram que as
estratégias de coping inativas, tais como o escape, a evitação e a medicação, apresentam uma
relação positiva com o burnout. Para esses autores, um nível baixo de burnout permite ao
indivíduo enfrentar as situações estressantes de forma ativa e direta, enquanto que, um nível
alto de burnout, pode diminuir a energia do sujeito para lidar com as situações de forma ativa,
levando-o a adotar comportamentos passivos e indiretos. Em um estudo com oficiais de
polícia, foi verificado que estratégias de coping de evitação aumentam a exaustão emocional
(Hart, Wearing & Headey, 1995).
126
A abordagem de Latack (1986) e a sua escala compreendem estratégias de coping de
controle, escape e manejo de sintomas. De acordo com Pinheiro, Tróccoli e Tamayo (2003),
que adaptaram esta escala para amostras brasileiras, Latack considera estratégias de controle
todas as ações e reavaliações cognitivas relacionadas ao enfrentamento, o escape corresponde
às estratégias de esquiva e o manejo de sintomas refere-se às tentativas de lidar diretamente
com os sintomas de estresse, tais como o relaxamento.
Adotando a classificação de Latack (1986) neste estudo, as respostas dos sujeitos
indicaram que a maior parte deles (58,12%) lida com o estresse utilizando o manejo de
sintomas (auto-controle, apoio da família, lazer, prática de exercícios, religião e atitude
positiva), outros preferem estratégias de esquiva e poucos utilizam o controle como os
comportamentos eficazes no trabalho como fazer troca de serviços entre os funcionários e
organização e divisão de tarefas. Dois sujeitos declararam não conseguir lidar com o estresse.
De acordo com Anshel (2000), o coping permite ao policial manter o foco de atenção
e direcionar-se para a próxima tarefa, o que pode promover amenização dos sintomas de
estresse.
Muitos estudos encontraram que os policiais não possuem comportamentos de
adaptação e enfrentamento adequados (Richmond et al., 1998; Burke, 1994; Evans & Coman,
1993; McCafferty et al., 1992; Graf, 1986). Richmond et al. (1998) encontraram um consumo
excessivo de álcool entre os policiais, enquanto que altos índices de divórcio e suicídio têm
sido relatados como sendo um tipo de fracasso ao enfrentamento (Evans & Coman, 1993;
McCafferty et al., 1992).
O uso de álcool, drogas, cigarros e isolamento físico foram reportados por Burke
(1994) como mecanismo de enfrentamento utilizado pelos policiais. Na realidade, Graf
(1986), em sua amostra, verificou que dois terços dos policiais civis raramente lidam com os
desagrados de seu trabalho e não se sentem confiantes de suas habilidades em lidar com os
127
mesmos. Esses dados podem ser melhor compreendidos quando comparados aos estudos de
Westernick (1990) com policiais e servidores sociais, o qual identificou que os policiais
possuem, mais frequentemente, distúrbios físicos e psicológicos severos.
Latack e Havlovic (1992) acreditam que as pesquisas sobre coping poderiam reduzir
os altos custos do estresse nas organizações. Para estes autores, a necessidade de desenvolver
urgentemente estudos de coping no trabalho aparece retratada nas projeções econômicas e no
crescimento contínuo de trabalhadores que devem ser compensados por queixas relacionadas
ao estresse ocupacional. Este mesmo argumento pode ser usado para ressaltar a importância
de pesquisas que abordem a relação entre a exaustão emocional e o coping no contexto
ocupacional, desenvolvidas com trabalhadores brasileiros.
Mesmo havendo poucos estudos acerca das estratégias de enfrentamento dos policiais
civis, a predominância das estratégias de manejo de sintomas e a baixa preferência por
estratégias de controle para amenizar o estresse verificados neste estudo sugerem a
necessidade de intervenção no sentido de desenvolver estratégias de enfrentamento para
utilização pelo policial civil.
Hart, Wearing e Headey (1995) sugerem que para desenvolver projetos de
intervenção, no sentido de reduzir o estresse de policiais, deve ser adotada uma abordagem
mais sistêmica, devido ao complexo relacionamento de variáveis que explicam o bem estar
psicológico destes trabalhadores.
A segunda fase desta pesquisa, com objetivos específicos e metodologia distinta,
envolveu uma amostra de 96 policiais civis e foram avaliados o estresse, o suporte social e
colhidos alguns dados pessoais. O levantamento biográfico mostrou que a maioria dos
sujeitos era do sexo masculino, confirmando o perfil do tipo de trabalho, e a média de idade
era de 35 anos.
128
Quanto à presença e nível de estresse nos sujeitos, constatou-se que 50% dos
participantes apresentam estresse, e entre estes, 84% estão na fase de resistência e 16% estão
na fase de exaustão. Quanto à escolaridade, 65,2% dos sujeitos com escolaridade superior
possuem estresse, enquanto apenas 38,7% dos sujeitos com ensino médio completo possuem
estresse, sugerindo maior incidência de estresse entre os sujeitos com mais alta escolaridade.
Entretanto, a literatura não mostra esta relação de forma conclusiva. Na pesquisa de Brooks e
Piquero (1998) o nível de escolaridade é inversamente proporcional ao vel de estresse e os
mesmos sugerem que com o tempo e grau de conhecimento o sujeito vai adquirindo mais
capacidade e experiência que os ajuda a lidar com o estresse; como também ocorre na
pesquisa de Laufersweiler-Dwyer e Dwyer (2000, citado por Parsons, 2004) em que as
estratégias de coping são significativamente melhores nos sujeitos com maior nível
educacional. Esta inconsistência sugere a necessidade de outros estudos para compreender
melhor o papel da escolaridade.
Quanto à incidência de estresse nas categorias ocupacionais, algumas delas
apresentam uma taxa elevada. Em um estudo realizado por Lipp e Tanganelli (2002) sobre o
nível de estresse em magistrados da Justiça do Trabalho, 70,6% apresentaram estresse. O
mesmo resultado pôde ser observado com 72% de uma amostra de juízes e servidores
públicos (Oliveira, 2004, citado por Lipp 2004). Em seus estudos com policiais militares,
Romano (1997) verificou um percentual de 65% de participantes com estresse e Proença
(1998), estudando jornalistas, registrou 62% da amostra com estresse. A pesquisa de Proença,
Botelho e Lipp (1996, citado por Lipp 2004) identificou, em uma amostra de executivos, 41%
com sintomatologia significativa de estresse. Em outro estudo com pessoas que circulavam na
grande São Paulo, constatou-se que 19% das mulheres e 13% dos homens apresentavam
sintomatologia significativa de estresse.
129
Considerando-se os estudos comparativos apresentados, o fato de existir 50% da
população de policiais civis com estresse pode ser considerado preocupante.
Outra pesquisa, de Anderson, Litzenberger e Plecas (2002), que verificou o batimento
cardíaco dos policiais civis em diferentes momentos do dia de trabalho, identificou que os
batimentos aumentam antes de iniciar o trabalho e diminuem no fim do dia. Esta pesquisa
conclui que assim que os policiais colocam o uniforme e vão ao trabalho demonstram
sintomas de estresse antecipadamente (oriundos de indeterminadas fontes).
Os sintomas de estresse, de acordo com o ISSL de Lipp (1996) são categorizados em
físicos e psicológicos. Pesquisas feitas por Anderson et al. (2001) e Bonneau e Brown (1995)
demonstraram que os policiais citaram muitos sintomas físicos de estresse. Outras pesquisas
(Anshel, 2000; Brown & Grover, 1998; Violanti & Aron, 1995; Burke, 1994) verificaram que
os policiais relataram muitos sintomas psicológicos de estresse. Na presente pesquisa houve
predominância dos sintomas psicológicos, sendo 25 relatos contrapondo com os 20 de
sintomas físicos, não havendo uma diferença significativa nesta relação. Os tipos de sintomas
principalmente relatados foram a irritabilidade excessiva na última semana (psicológico) e
cansaço e tensão muscular (físicos).
Para melhor visualizar um sintoma físico, Cannon (1932) sugere imaginar este
cenário: um(a) policial responde a um código de emergência, um roubo em processo,
envolvendo dois suspeitos armados. Ele (ou ela) está a poucas quadras de distância. Quando
o(a) policial liga as luzes e a sirene, sua boca seca, seu coração acelera e sente uma tensão nos
ombros. Enquanto dirige sua respiração acelera e está transpirando. Antes do policial sair
do carro ou fazer qualquer atividade física, seu corpo está se preparando para o que possa
enfrentar e para o que possa precisar fazer. Essa reação é descrita por Cannon (1932) como
resposta “fight-or-flight” (brigar ou voar) e as pessoas descrevem essa resposta fisiológica
como estresse.
130
No estudo de Johnson et al. (2005) foram verificados os sintomas de estresse físicos e
psicológicos em 26 profissões, incluindo a do policial civil, e estes relataram mais sintomas
físicos do que psicológicos, divergindo do encontrado na presente pesquisa e mostrando a
necessidade de mais pesquisas sobre o assunto, embora deva ser considerado as diferenças
entre as medidas utilizadas.
Verificou-se também se o tempo de trabalho semanal influencia a presença de estresse
e pôde-se constatar que quanto maior a carga horária, maior a probabilidade de se identificar a
presença de estresse, pois entre os sujeitos que possuem carga horária semanal com mais de
40 horas, a maioria apresentou estresse, enquanto que no grupo que trabalha entre 30 e 40
horas, apenas 38,7% têm estresse.
Esses profissionais que trabalham mais que 40 horas semanais o fazem devido à
existência de plantões, com o agravante de ocorrerem no período noturno. Segundo pesquisas
de Costa, Morita e Martinez (2000), Rotenberg, Portela, Marcondes, Moreno e Nascimento
(2001), Suarez (1999) e Eguia, Balderas e González (2001), o trabalho em diferentes turnos é
um fator psicossocial desfavorável ao bem estar do trabalhador e grande provocador de
distúrbios mentais e físicos. Isso pode ocorrer devido à não adaptação do sujeito a diferentes
horários de trabalho, com presença de fadiga crônica.
Segundo Johnson et al. (2005), pessoas trabalhando na mesma ocupação irão
apresentar diferentes níveis de estresse devido à influência de vários outros fatores, por
exemplo, o tipo de personalidade e os mecanismos de suporte que têm disponível. As
respostas ao agente estressor podem variar entre os indivíduos dependendo de seus atributos
pessoais, percepção e avaliação cognitiva da situação, suas estratégias de enfrentamento e sua
percepção de suporte social (Anshel, 2000; Biggam et al, 1997; Violanti & Aron, 1995;
Lazarus & Folkman, 1984). Por esta razão, duas pessoas podem expressar muitas reações
diferentes para o mesmo evento estressor. Como o estresse é definido como uma combinação
131
entre agente estressor e reação estressante, relacionando um estímulo e uma resposta, um
agente estressor tem o potencial de promover uma reação estressante dependendo da
percepção da pessoa e sua habilidade de enfrentamento.
Quanto à percepção de suporte social pelos policiais civis, nesta pesquisa identificou-
se que a média de suporte social percebido foi de 2,04 significando duas pessoas suportivas de
uma escala com número mínimo de zero e máximo de nove pessoas suportivas. Quanto à
média de Satisfação com o Suporte Social, o resultado foi de 2,37, correspondendo a algo
entre razoavelmente satisfeito e um pouco satisfeito, em uma escala de 1 a 6.
De um modo geral, os amigos e cônjuges destacam-se como pessoas suportivas, sendo
que o cônjuge foi mais citado nas questões referentes à situação de confortar e abraçar o
sujeito, preocupar-se com o sujeito, apoiá-lo em decisões importantes e aceitá-lo como ele é.
Contrapondo-se a este resultado, na pesquisa de Brooks e Piquero (1998), realizada
com policiais, os sujeitos casados apresentavam o maior nível de estresse. As suas conclusões
foram que, mesmo que os indivíduos casados tenham mais suporte social, também possuem
mais preocupações e pressões do que uma pessoa solteira possa apresentar. Isso porque
conhecendo melhor a realidade da justiça, preocupam-se mais com a segurança da própria
família e filhos. É preocupante a grande proporção de respostas “ninguém” para as situações
em que se perguntava “com quem você pode contar...”. Além do problema individual de não
ter suporte social em várias situações como “ser ouvido, quando está bravo” e “contar com
alguém”, há o agravante de que estas pessoas são responsáveis pela segurança da população e
devem estar emocionalmente bem para tomar as decisões corretas no confronto com a
ilegalidade, bem como precisam desempenhar adequadamente as suas tarefas, como qualquer
outro trabalhador.
O suporte social é uma variável utilizada em muitas pesquisas para verificar a sua
influência sobre o estresse. Quanto ao trabalho do policial civil também pesquisas que
132
correlacionam essas duas variáveis. Foram encontrados efeitos do suporte social sobre a
percepção de sintomas de estresse (Graf, 1986; Cullen et al., 1985; Kaufman e Beehr, 1989),
mesmo que alguns estudos tenham apenas encontrado suporte social oriundo da família e
amigos, mas não de colegas de trabalho (Lord, 1996; Stephens et al, 1997).
Quanto à correlação entre as variáveis, pôde-se perceber que, quanto menor o suporte
social percebido, significativamente mais sintomas de estresse o sujeito relata. E quando se
trata da satisfação com a situação, verificou-se que quanto maior a satisfação com o suporte
social, menor o número de sintomas de estresse, o que leva a entender que, além da
quantidade de pessoas que o sujeito percebe como suportivas, este também as deve perceber
como diferenciais em cada situação.
Segundo um estudo de Folkman, Schaefer e Lazarus (1979), o indivíduo dispõe de
cinco recursos básicos, do ambiente ou da própria pessoa, para enfrentar e lidar com o
estresse: “saúde/energia/moral”, “habilidades para resolver os problemas”, “apoio social”,
“recursos utilitários” e “crenças gerais e específicas”. “Saúde/energia/moral” e “recursos
utilitários” revelam que o indivíduo com boa saúde, recursos monetários e com material
adequado para desempenhar o trabalho têm mais energia e motivação para enfrentar situações
estressantes.
O suporte social pode ser oriundo da organização do policial ou de fontes externas
como amigos e família. No entanto, diversas opiniões sobre a importância do suporte
social para o estresse do policial. Por exemplo, Kirkcaldy et al. (1995) encontraram que os
policiais tendem a confiar significativamente mais nos mecanismos de suporte social para seu
enfrentamento, incluindo a busca de conselho dos supervisores, conversar com família e
amigos, em comparação com outros profissionais. Enquanto intuitivamente alguns possam
acreditar que alto nível de suporte social ameniza o nível de estresse, Coyne e Downey (1991)
sugerem que pode não ser bem assim, justificando que o papel de moderação do suporte
133
social sobre a resposta de estresse pode ser determinado pelas condições estressantes sob as
quais o sujeito está trabalhando. Por exemplo, Brown e Grover (1998) sugerem que o papel de
moderação de algumas variáveis, como o suporte social, opera diferencialmente sob
condições de alta e baixa exposição ao estresse.
O suporte social mostrou-se um preditor significativo do estresse no trabalho de Lee e
Asforth (1996) que examinaram 61 pesquisas sobre a relação entre exaustão emocional e
variáveis da organização e do trabalho. Os resultados revelaram correlações altas e moderadas
entre a exaustão emocional e as variáveis organizacionais e do trabalho. Por um lado, a
exaustão emocional correlacionou-se positivamente com o papel conflituoso, a sobrecarga, a
pressão no trabalho e o estresse ocupacional. Por outro lado, correlacionou-se negativamente
com o suporte social proveniente de fontes externas ao trabalho (amigos, cônjuges, parentes),
o suporte do supervisor, as expectativas o atingidas pelo trabalhador e a inovação e a
participação no trabalho.
Na presente pesquisa foi demonstrada a relação entre os sintomas de estresse e o
suporte social percebido, confirmando a hipótese principal, ou seja, quanto maior o suporte
social percebido, menor o número de sintomas de estresse e quanto menor a satisfação com o
suporte social, maior o número de sintomas.
Dessa forma, é possível refletir sobre as possibilidades de amenização da quantidade
de sintomas de estresse e concordar com Lipp (1996) quando relata que:
No caso de estresse, deve-se enfatizar que ele é quase sempre reversível e
que existem tratamentos especializados que ajudam a pessoa a aprender a
lidar com ele de modo eficaz. O tratamento do estresse deve sempre levar
em consideração quatro aspectos além do diagnóstico: a) o tipo de
sintomatologia apresentada; b) o que estressa a pessoa e como
eliminar/reduzir esses estressores; c) como aumentar a resistência pessoal
aos estressores; e d) como aliviar os sintomas do momento a fim de que se
possa concentrar nos outros itens. (Lipp, 1996).
134
A respeito dos estressores, um tema em que se tem dado bastante enfoque nos últimos
tempos é a Saúde Ocupacional. Tal abordagem recebeu mais olhares a partir da Guerra
Mundial devido à grande incidência de doenças ocupacionais, principalmente dos soldados
sobreviventes.
A Psicologia da Saúde Ocupacional tem como objetivo o local de trabalho saudável,
definido como um ambiente onde a pessoa produz, serve, evolui e é valorizado onde as
pessoas usam seus talentos e habilidades para produzirem alto desempenho, satisfação e bem-
estar. (Quick, 1999; Jaffe, 1996).
Para prevenção da saúde organizacional são sugeridos três níveis de intervenção:
primário, secundário e terciário (Quick, 1999; Jaffe, 1996). A prevenção primária trata de
eliminar ou diminuir as fontes de estresse no trabalho; a prevenção secundária busca verificar
se está havendo complicações na saúde da pessoa antes que ela se agrave; e a prevenção
terciária ocorre quando as duas anteriores falharam e são necessários tratamentos terapêuticos
das doenças nos indivíduos.
Dessa forma, de acordo com os resultados deste estudo e adotando o enfoque da
Psicologia da Saúde Ocupacional sobre os ambientes de trabalho saudáveis, para a prevenção
primária do estresse acredita-se que seja importante fazer uma reestruturação do ambiente
organizacional, quanto ao seu ambiente físico e às normas, pois estes foram os principais
agentes estressores citados pelos policiais civis e considerados como a “raiz do problema”.
Outras medidas preventivas em vel primário, no trabalho do policial são, segundo
Gil-Monte (2005): processo pessoal de adaptação de expectativas à realidade cotidiana;
formação nas emoções; equilíbrio de áreas vitais: família, amigos, afetos, descanso, trabalho;
formação de boa atmosfera de equipe; limitar ao máximo agenda assistencial; minimizar a
burocracia com apoio do grupo auxiliar; formação continuada regulada, dentro da jornada de
135
trabalho; coordenação com os especialistas, espaços comuns, objetivos compartilhados;
diálogo efetivo com as gerências.
Para uma prevenção secundária, dado que neste estudo foi identificado o estresse
em 51% dos participantes, considera-se necessário um acompanhamento médico mais
próximo, com exames regulares. Além deste cuidado, é importante que sejam criados alguns
grupos de discussão sobre os assuntos cotidianos do trabalho do policial, pois como os
próprios sujeitos relataram que preferem não levar assuntos de trabalho para a família, muitas
vezes o assunto não é resolvido, pois o trabalho também não oferece suporte para acolher as
dúvidas e conflitos do sujeito.
E, como foi detectado na pesquisa que nenhuma das duas prevenções anteriores foi
adotada, sugere-se a prevenção terciária por ter-se verificado a presença de estresse no
trabalho do policial civil. Uma técnica interessante seria o Treino de Controle do Stress (TCS)
proposto por Lipp (1996), que tem demonstrando ótimo resultado em suas aplicações. A partir
de uma prévia avaliação da qualidade de vida do indivíduo, de seu nível de estresse e de suas
principais fontes internas e externas de estresse, o TCS tem como objetivo ajudar o sujeito
estressado a investir em mudanças que possam implementar mais prazer e saúde à sua vida. O
treinamento de Lipp (1996) enfatiza a necessidade do fortalecimento de quatro pilares:
relaxamento, exercício físico, alimentação e uma visão mais positiva da vida, com eliminação,
quando possível, dos estressores presentes, ou reestruturação cognitiva dos estressores
impossíveis de eliminação.
Albrecht (1988), ao se referir aos fatores fundamentais para a saúde e o bem estar,
sugere a implementação da chamada por ele “Tríade do bem-estar – REA” que se constitui em
técnicas de relaxamento, exercício físico e alimentação adequada. Enfatiza que uma
interação entre esses três aspectos que pode beneficiar a qualidade de vida do indivíduo.
136
Segundo Gil-Monte (2005), algumas estratégias de intervenção nas organizações
devem contemplar três níveis: (a) Individual: desenvolvimento de condutas que eliminem a
fonte de estresse ou neutralizem as conseqüências negativas do mesmo; (b) Grupal: fornecer
apoio interpessoal e vínculos entre os companheiros de trabalho; (c) Organizacional:
desenvolvimento de programas de prevenção para melhorar o ambiente e o clima
organizacional.
O essencial, de acordo França e Rodrigues (1997), seria melhorar a qualidade da
rotina de trabalho e das decisões com relaxamento, além de buscar sistemas mais humanos de
trabalho. Assim, a freqüência de casos de estresse modificou a visão do trabalho, pois agora
se diz que o lazer e o repouso são complementares ao estilo de trabalho. Segundo esses
autores deve-se valorizar mais o próprio corpo e estar alerta para os sintomas que se repetem
como dor de cabeça e insônia, antes que se adoeça.
Com isso, para amenizar o estresse entre os policiais civis, que muitas vezes é devido
às más habilidades de enfrentamento, uma sugestão pertinente seria aumentar a rede de
suporte social oriundo da organização (Klaus et al., 2002, citado por Parsons, 2004). Outra
sugestão seria aumentar a atenção sobre o estresse e a despersonalização entre os policiais.
Além disso, os departamentos deveriam priorizar a saúde organizacional em vez de verificar
apenas os estressores dos policiais que muitas vezes são causados pela organização.
Finalmente, Hart et al. (1995) sugerem que uma abordagem organizacional é mais
indicada do que a individual para trazer benefícios aos policiais em geral, e que as delegacias
deveriam utilizar os serviços tanto de psicólogos organizacionais quanto de clínicos para
reduzir os efeitos negativos do trabalho em seus funcionários.
Concluindo, este trabalho abordou o estresse em uma amostra de policiais civis de
uma Delegacia Regional de uma cidade de médio porte de Minas Gerais.
137
Uma limitação do estudo foi a amostra local, que foi, de certa maneira, compensada
pela verificação de resultados semelhantes em pesquisas nacionais e internacionais e pela
grande participação interessada dos sujeitos.
O estresse e o suporte social foram significativamente correlacionados, mas serão
necessárias mais pesquisas para definir o impacto do suporte social no estresse. De fato, as
pesquisas têm revelado o suporte social como uma variável moderadora do estresse (Beehr;
Farmer; Sharon; Gudanowski & Nair, 2003; Iwata & Suzuki, 1997), o que se constitui em
uma sugestão de pesquisa para maior compreensão deste relacionamento.
Não foi objeto deste estudo verificar o efeito direto dos estressores ocupacionais nos
níveis e sintomas de estresse dos policiais, mas a metodologia adotada, utilizando análises
qualitativas e quantitativas de modo complementar, permitiu um diagnóstico organizacional
que extrapola a questão da saúde/estresse, ao identificar problemas como a infra-estrutura do
trabalho, a organização das tarefas e o relacionamento entre os funcionários e destes com a
sociedade.
Retomando o conceito e os níveis de análise do Comportamento Organizacional, este
estudo confirma que o estresse no trabalho é uma questão individual, de grupo e da
organização.
138
139
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
140
141
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Adlam, K. R. C. (1982). The police personality: psychological consequences of being a police
officer. Journal of Police Science and Administration, 12, 344-349.
Adújar, C. (1998). Análisis crítico de los estudios de estrés organizacional en Puerto Rico.
Salud Ocupacional y Control de Factores de Riesgo Psicossocial. Santafé de Bogotá,
2º. Simposio Internacional sobre calidad de vida en el trabajo.
Affleck, G., Tennen, H., & Croog, S. (1987). Causal attribution, perceived control, recovery
from a heart attack. Journal of Personality and Clinical Psychology, 5, 399-355.
Albrecht, K. (1988). O gerente e o estresse. Rio de Janeiro: Zahar.
Anderson, G. S., Litzenberger, R., & Plecas, D. (2002). Physical evidence of police officer
stress. Policing: An International Journal of Police Strategies & Management, 25(2),
399-420.
Anderson, G. S., Plecas, D., & Segger, T. (2001). Police officer physical abilities testing:
revalidating a selection criterion. Policing: An International Journal of Police
Strategies & Management, 24(1), 8-31.
Anshel, M. (2000) A conceptual model and implications for coping with stressful events in
police work. Criminal Justice and Behavior, 27(3), 375-400.
Ayres, K. V., Cavalcanti, G. A., & Brasileiro, M. C. E. (2006). Stress de empreendedores de
empresas incubadas: uma análise quanti-qualitativa. Disponível em:
http://www.anprotec.org.br/habitats/trabalhos/A-23.pdf. Acesso em: 12/09/2006.
Ballone, G. J. (2005). Stress: sistema imunológico e infecção. Clínica Geral e Psicossomática.
Psiqweb Psiquiatria Geral. 2001. Disponível em:
<http://www.psiqweb.med.br/trats/bipolar.htm/> Acesso em: 6/10/05.
Bardin, L. (1988). Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70.
Barros, P. C. R., & Mendes, A. M. B. (2003). Sofrimento psíquico no trabalho e estratégias
defensivas dos operários terceirizados da construção civil. Psico-USF, 8(1), 63-70.
Bastos, A. V. B. (1996). Comprometimento no Trabalho: Os caminhos da pesquisa e os seus
desafios teórico-metodológicos. In: A. Tamayo, J. E. Borges-Andrade, & W. Codo (ed).
Trabalho, Organizações e Cultura. São Paulo: Ed. Cooperativa de Autores Associados.
142
Beehr, T. A., Farmer, S. J., Glazer, S., Gudanowski, D. M., & Nair, V. N. (2003). The Enigma
of Social Support and Occupational Stress: Source Congruence and Gender Role Effects.
Journal of Occupational Health Psychology, 3, 220–231.
Biggam, F. H., Power, K, G., & MacDonald, R. R. (1997). Coping with the occupational
stressors of police work: a study of Scottish police officers. Stress Medicine, 13, 109-
115.
Blumenthal, J. A., Burg, M. M., Barefoot, J., Williams, R. B, Haney, T., & Zimet, G. (1987).
Social support, type A behavior, and coronary artery disease. Psychosomatic Medicine,
49(4), 331-340.
Bonneau, J., & Brown, J. (1995). Physical ability, fitness and police work. Journal of
Clinical Forensic Medicine, 157-164.
Brief, A. P., & Weiss, H. M. (2002). Organizational Behavior: affect in the workplace.
Annual Review of Psychology, 53, 279-307.
Brooks, L. W., & Piquero, N. L. (1998). Police stress: does department size matter? Policing,
21, 600-617.
Brown, J. M., & Campbell, E. A. (1994). Stress and Policing. Wiley: Chichester.
Brown, J. & Grover, J. (1998). The role of moderating variables between stressor exposure
and being distresses in a sample of serving police officers. Personality an Individual
Differences, 24(2), 181-185.
Bulhões, I. (1976-1986). Enfermagem do Trabalho. Rio de Janeiro: IDEAS.
Burke, R. J. (1994). Stressful events, work-family conflict, coping, psychological burnout,
and well-being among police officers. Psychological Reports, 75, 787-800.
Caiaffo, G. A. (2003). Estresse ocupacional: estudo realizado junto aos funcionários da
SUDEMA. Monografia (Estágio em Administração de Recursos Humanos) -
Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa – PB. Disponível em:
<http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bte/bte.nsf/A1920CC97204CA8103256FCC005A3
787/$File/NT000A5CC2.pdf> Acesso em: 06/06/05.
Cannon, W. B. (1932). The wisdom of the body. New York, NY : W. W. Norton.
CID-10 (1994). Disponível em:
<http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/Decretos/Ant2001/1999/decreto3048/defa
ult.htm>, Acesso em: 26/11/2006.
143
Cobb, S. (1976). Social support as a moderator of life stress. Psychosomatic Medicine,
38(50), 300-314, 1976. Disponível em:
<http://www.psychosomaticmedicine.org/cgi/content/abstract/38/5/300> Acesso em:
5/10/05.
Coman, G., & Evans, B. (1991). Stressors facing the Australian police in the 1990s. Police
Studies, 14, 153-65.
Cooper, C. L. & Marshall, J. (1976). Occupational sources of stress: a review of the literature
relating to coronary heart disease and mental ill health. Journal of Occupational
Medicine, 49, 11-28.
Cordes, C. L., & Dougherty, T. W. (1993). A review and an integration of research on job
burnout. Academy of Management Review, 18, 621-656.
Corrêa, S. A., & Menezes, J. R. M. (2002). Estresse e trabalho. Campo Grande, MS.
Monografia (pós-graduação em Medicina do Trabalho) - Faculdade Estácio de Sá, Santa
Catarina. Disponível em: <http://www.fundacentro.sc.gov.br/areas/7.pdf> Acesso em:
14/05/05.
Costa, E. de S., Morita, I., & Martinez, M., A. R. (2000). Nursing staff perceptions of the
effects of shift work on health and social life at the São Paulo State University hospital.
Cadernos de Saúde Pública, 16(2), 553-555.
Costa, P., & Chaves, P. G. S. (2005). O Papel da polícia na construção do projeto de
segurança pública para o Brasil Disponível em:
<http://www.segurancacidada.org.br/biblioteca/texto/policia_minorias.pdf> Acesso em:
22/06/05.
Coyne, J., & Downey, G. (1991). Social factors and psychopathology, stress, social support
and coping. Annual Review of Psychology, 42, 401-425.
Crank, J. P., & Caldero, M. (1991). The production of occupational stress in medium sized
police agencies. A survey of line officers in eight municipal departments. Journal of
Criminal Justice, 19, 339-349.
Crank, J. P., & Langworthy, R. (1992). An Institutional Perspective of Policing. The Journal
of Criminal Law & Criminology, 83(2), 338-363.
Cullen, F. T., Lemming, T., Link, B. G., & Wozniak, J. F. (1985). The impact of social
supports on police stress. Criminology, 3, 393-399.
Davidson, M. J., & Veno, A. (1984). Stress and the policeman (Part A). Victorian Police
Association Journal, 49(6), 35-61.
144
Dejours, C. Division du travail, division du temps, santé et modes de vie: contribution de la
psychopathologic du travail à l´analyse du thème. In: Seminário Internacional sobre a
Divisão Internacional dos riscos de Trabalho. São Paulo, 1984. 7 p.
Eguia, A., Balderas, C., & González, L. (2001). Turno de noche y salud: análisis para
determinar los posibles factores de riesgo asociados al bajo desempeño físico. Revista
Latinamericana de la Salud en el Trabajo, 1(1), 37-44.
Etzion, D., & Pines, A. (1986). Sex and culture in burnout and coping among human service
professionals: a psychological perspective. Journal of Cross-Cultural Psychology, 17,
191-209.
Erosa, M. (2001). El stress. Disponível em: <http://www.monografias.com>. Acesso em:
22/09/05.
Evans, B. J., & Coman, G. J. (1993). General versus specific measures of occupational stress:
an Australian police survey. Stress Medicine, 9, 237-246.
Fernandes, J. D., Ferreira, S.L., Albergaria, A. K., & Conceição, F. M. (2002). Saúde Mental
e Trabalho Feminino: Imagens e representações de enfermeiras. Revista Latino
Americana de Enfermagem, 10(2), 207-213.
Fontana, D. (1994). Estresse: Faça dele um aliado e exercite a autodefesa. 2 ed. São Paulo:
Saraiva.
Folkman, S., Lazarus, R. S., Dunkel-Schetter, C., DeLongis, A., & Gruen, R. J. (1986).
Dynamics of a stressful encounter: cognitive appraisal, coping and encounter outcomes.
Journal of Personality and Social Psychology, 50(5), 992-1003.
Folkman, S.; Shaefer, C. & Lazarus, R.S. (1979) Cognitive processes as mediators of stress
and coping. In: Hamilton, U. & Warburton (org). Human stress and cognition: An
information processing approach. Nova York: John Wiley & Sons, 265-298.
França, A. C. L., & Rodrigues, A. L. (1997). Stress e Trabalho: guia básico com
abordagem psicossomática. São Paulo: Editora Atlas.
Fridell, L. A., & Binder, A. (1992). Police officer decision making in potentially violent
confrontations. Journal of Criminal Justice, 20, 385-99.
Friedman, M., & Rosenman, R. H. (1976). O tipo A: seu comportamento e seu coração. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira.
Gil-Monte, P.R. (2005). Factorial validity of the Maslach Burnout Inventory (MBI-HSS)
among Spanish professionals. Revista Saúde Pública, 39(1), 23-35.
Glina, D., & Rocha, L. (2000). Prevenção para a saúde mental no trabalho. In: D. Glina & L.
Rocha (Orgs.) Saúde mental no trabalho:desafios e soluções. São Paulo: VK.
145
Graf, F.A. (1986). The relationship between social support and occupational stress among
police officers. Journal of Police Science and Administration, 14, 178-86.
Hart, P. M., Wearing, A.J., & Headey, B. (1993). Assessing police work experiences:
development of the police daily hassles and uplift scales. Journal of Criminal Justice,
21, 553-72.
Hart, P. M., Wearing, A.J., & Headey, B. (1995). Police stress and well-being: Integrating
personality, coping and daily work experiences. Journal of Occupational and
Organizational Psychology, 68, 133-156.
Hockenbury, D. H., & Hockenbury, S.E. (2003). Descobrindo a Psicologia. 2
a
. Edição,
Barueri-SP: Ed. Manole.
Holmes, D. S. (1997). Psicologia dos Transtornos Mentais. 2ª ed. Tradução de Sandra
Costa. Porto Alegre: Artes Médicas.
Iwata, N., & Suzuki, K. (1997). Role stress – mental health relations in Japanese bank
workers: a moderating effect of social support. Applied Psychology: An International
Review, 45, 207-218.
Jaffe, D. T. (1996). The healthy company: Research paradigms for personal and
organizational health. In: S. L. Sauter, & L. R. Murphy (ed). Organizational risk factors
for job stress. Cap. 2. Washington: APA.
Johnson, S., Cooper, C., Cartwright, S., Donald, I, Taylor, P., & Millet, C. (2005). The
experience of work-related stress across occupations. Journal of Managerial
Psychology, 20(2), 178-187.
Kalimo, R., El-Batawi, M. A., & Cooper, C. L. (1988). Los factores psicosociales en el
trabajo y su relacion con la salud. Ginebra: Organización Mundial de la Salud.
Kaufman, G. M. & Beehr, T. A. (1989). Occupational stressors, individual strains, and social
supports among police officers. Human Relations, 42(2), 185-197.
Kirkcaldy, B., Brown, J., & Cooper, C. L. (1998). The demographics of occupational stress
among police superintendents. Journal of Managerial Psychology, 13(12), 90-101.
Kirkcaldy, B., Cooper, C. L., & Ruffalo, P. (1995). Work stress and health in a sample of US
police. Psychological Reports, 76, 700-702.
Latack, J. C. (1986). Coping with job stress: Measures and future directions for scale
development. Journal of Applied Psychology, 3, 377-385.
Latack, J. C., & Havlovic, S. J. (1992). Coping with job stress: a conceptual evaluation
framework for coping measures. Journal of Organizational Behavior, 13, 479-508.
146
Lazarus, R. S., & Folkman, S. (1986). Coping an adaptation, Handbook of behavioral
Medicine, 282-325.
Lazarus, R. S., & Folkman, S. (1986). Estrés y procesos cognitivos. Barcelona: Editorial
Martínez Roca, S.A.
Lee, R. T., & Asforth, B. E. (1996). A meta-analitic examination of the correlates of the three
dimensions of job burnout. Journal of Applied Psychology, 81, 123-133.
Lennings, C. J. (1997). Police and occupationally related violence: a review. Policing: An
International Journal of Police Strategies & Management, 20(3), 555-566.
Liberman, A., Best, S., Metzler, T., Fagan, J.A., Weiss, D. & Marmar, C. (2002). Routine
occupational stress and psychological distress in police. Policing. An International
Journal of Police Strategies and Management. 25(2), 421-439.
Lipp, M. E. N. (1996). Pesquisas sobre stress no Brasil: saúde, ocupações e grupos de
risco. Campinas, SP: Papirus.
Lipp, M. E. N. (2000). O Inventário de sintomas de stress para adultos de Lipp. São
Paulo: Casa do Psicólogo.
Lipp, M. E. N. (2004). O Stress no Brasil: Pesquisas Avançadas. Campinas: Papirus.
Lipp, M. E. N., & Tanganelli, M. S. (2002). Stress and quality of life in judges who deal with
labor relations: differences in gender. Psicologia Reflexão e Crítica. 15(3), 537-548.
Lord, V. B. (1996). An impact of community policing: reported stressors, social support, and
strain among police officers in a changing police department. Journal of Criminal
Justice, 24, 503-522.
Lundberg, C. C. (1984). Hypothesys creation Organizational behavior research. In: T. S
Bateman & G. R. Ferris (eds), Method and analysis in Organizational Research,
Reston, VA: Reston publishing Company (Prentice Hall).
Malagris, L. E. N. (2000). Qualidade de vida e stress. Cadernos de Psicologia da SBP, 6(1),
Ribeirão Preto, 19-26.
Maple, M. (2005). Parental bereavement and youth suicide: An assessment of the literature.
Australian Social Work, 58(2), 179-187.
March, J. G., & Olsen, J. P. (1984). Rediscovering Institutions: The Organizational Basis of
Politics. New York: The Free Press.
147
Martins, M. da C. A. (2004). Situações indutoras de stress no trabalho dos enfermeiros
em ambiente hospitalar. Disponível em:
<http://www.ipv.pt/millenium/Millenium28/18.htm> Acesso em: 27/08/2004.
Maslach, C. (2003). Job Burnout: New Directions in Research and Intervention. Current
Directions in Psychological Science, 12(5), 189-192.
Matsukura, T. S, Marturano, E.M., & Oishi, J. (2002). O questionário de suporte social
(SSQ): estudos da adaptação para o português. Revista Latino-americana de
Enfermagem, 10(5), 675-81.
McCafferty, F. L., McCafferty, E., McCafferty, E., & McCafferty, M. A. (1992). Stress and
suicide in police officers: paradigm of occupational stress. Southern Medical Journal,
85(3), 233-243.
Medeiros, M. A. (2004). Aspectos Institucionais da Unificação das Polícias no Brasil.
Dados, 47(2), Rio de Janeiro 2004. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/dados/v47n2/a03v47n2.pdf> Acesso em: 22/06/05
Minas Gerais. (1997). Resolução 6.264, de 3 de dezembro de 1997. Cria a Delegacia
Especializada de Proteção ao Idoso. Belo Horizonte: Imprensa Oficial.
Ministério da Saúde. (2001). Doenças relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos
para serviços de saúde. Disponível em:
http://dtr2001.saude.gov.br/bvs/pub_assunto/saude_trabalhador.htm Acesso em:
24/09/2004.
Morash, H., & Haarr, R. (1995). Gender, workplace problems and stress in policing. Justice
Quartely, 2, 113-140.
Muniz, M. V. (1976). Tensão Emocional – Stress Cardíaco. Petrópolis: Editora Vozes Ltda.
Newman, D. W., & Rucker-Reed, M. L. (2004). Police Stress, state-trait anxiety, and stressors
among U.S. Marshals. Journal of Criminal Justice, 32(6), 631-641.
Nogueira-Martins, L. A. (2002). Saúde Mental dos Profissionais de Saúde. In: N.J. Botega
(org.) Prática Psiquiátrica no Hospital Geral: Interconsulta e Emergência. Porto
Alegre: Artmed Editora.
Oliveira, D.C. (1991). O desenvolvimento infantil e suas representações: dimensões do
saber técnico-profissional e do senso comum. Dissertação de Mestrado Não-Publicada.
Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, São Paulo.
Oliveira, J.B. (2004). Fontes e sintomas de stress em juízes e servidores públicos:
Diferenças entre homens e mulheres. Dissertação de Mestrado Não Publicada. Curso de
Psicologia Clínica. Campinas: PUC.
148
Parsons, J. R. L. (2004). Occupational Health and Safety Issues of Police Officers in
Canada, the United States and Europe: A Review Essay. Disponível em:
www.safetynet.mun.ca/pdfs/Occupational%20H&S.pdf, Acesso em: 26/12/2006.
Patterson, B.L. (1992). Job experience and perceived job stress among police, correctional,
and probation/parole officers. Criminal Justice and Behaviour, 19, 260-85.
Peterson, C., Seligman, M., & Vaillant, G. E. (1988). Pessimistic explanatory style as a risk
factor for physical illness: A thirty-five-year longitudinal study. Journal of Personality
and Social Psychology, 55, 23-27.
Pinheiro, F. A., Tróccoli, B. T., Tamayo, M. R. (2003). Mensuração do coping no ambiente
ocupacional. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 19(2), 153-158.
Plana, A. B., Fabregat, A. A., & Gassió, J. B. (2003). Burnout syndrome and coping
strategies: a structural relations model. Psychology in Spain, 7, 46-55 .
Polícia civil do Estado de Minas Gerais (2006). Disponível em:
https://www.pc.mg.gov.br/gerencia/oqueepolicia/iOqueePolicia.php. Acesso em:
12/11/2006.
Proença, I. M. (1998). Stress ocupacional e qualidade de vida de jornalistas da mídia
impressa diária. Dissertação de Mestrado Não-publicada, Instituto de Psicologia,
Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Campinas, SP.
Proença, I. M., Bortoletto, V. & Lipp, M. E. N. (1996). Stress e qualidade de vida de
executivos brasileiros [Resumos]. Em Pontifícia Universidade Católica de Campinas
(Org.), Anais, I Simpósio sobre Stress e suas Implicações (p.107). Campinas: PUC-
Campinas.
Pruessner, J. C., Hellhammer, D.H., & Kirschbaum, C. (1999). Burnout, perceived stress, and
cortisol responses to awakening. Psychosomatic Medicine, 61, 197-204.
Quaile, Hill, K., & Clawson, M. (1988), "The health hazards of ‘street level’ bureaucracy:
mortality among the police". Journal of Police Science and Administration. Disponível
em:
www.emeraldinsight.com/.../viewContentItem.do?contentType=Article&hdAction=lnkht
ml&contentId=872370. Acesso em: 23/11/2006.
Quick, J. C. (1999). Occupational health psychology: Historical roots and future directions.
Health Psychology, 18 (1), 82-88.
Ribeiro, J. L. P. (2003). Escala de satisfação com o suporte social (ESSS). Disponível em:
<http://www.fpe.up.pt/docentes/paisribeiro/testes/soCIALf.htm> Acesso em: 07/04/05.
Richmond, R. L., Wodak, A., Kehoe, L., & Heather, N. (1998). How healthy are the police?
A survey for lifestyle factors. Addiction, 93(11), 1729-1737.
149
Romano, A.S.P.F. (1997). Levantamento das fontes de stress ocupacional de soldados da
polícia militar e o nível de stress por elas criado: Uma proposta de curso de controle de
stress específico para a polícia militar. Dissertação de mestrado Não-Publicada, Curso de
Psicologia Clínica. Campinas: PUC.
Rotenberg, L. et al. (2001). Gender and night work: sleep, daily life, and the experience of
night shift workers. Caderno de Saúde Pública, 17(3), 639-649.
Rousseau, D. M. (1997). Organizational behavior in the new organizational era. Annual
Review of Psychology, 48, 515-546.
Sanchez-Milla, J. J., Sanz-Bou, M. A., Apellaniz-Gonzalez, A., & Pascual-Izaola, A. (2001).
Policia y estrés laboral. Estresores organizativos como causa de morbilidad psiquiátrica.
Revista de la Sociedad Española de Salud Laboral en la Administración Pública
S.E.S.L.A.P., 1(4), 2001. Disponível em:
<http://www.seslap.com/seslap/html/pubBiblio/revista/n_4/polestres.pdf> Acesso em:
26/06/05.
Saranson, I. G, Levine, H. M., Basham, R. B., & Saradon, B. R. (1983). Assessing social
support: The Social Support Questionnaire. Journal of Personality and Social
Psychology, 44(1), 127-139.
Sato, L. (1991) Abordagem psicossocial do trabalho penoso: estudo de caso de motoristas
de ônibus. Dissertação de Mestrado Não-Publicada. Pontifície Universidade Católica,
São Paulo.
Schincariol, M. F., & Vasconcellos, A. C. (2001). Suporte psicossocial a familiares de
militares durante operação de manutenção de paz. Psicologia: Teoria e Prática, 3(2), 37-
45.
Schmidt, I. T. (1990). Stress Ocupacional no Ambiente Acadêmico Universitário. Tese de
Doutorado Não- Publicada. Curso de Pós-Graduação em Psicologia. Universidade de São
Paulo, São Paulo.
Scott, W. R., & Meyer, J. W. (1991). The Organization of Societal Sectors, In: Powell, W.
W., & DiMaggio, P. J. (eds.), The New Institutionalism in Organizational Analysis.
Chicago: University of Chicago Press, 108-140.
Seligman, M. E. P. (1990). Learned Optimism. New York: Knopf.
Selye, H. (1959). Stress – A tensão da vida. São Paulo: IBRASA - Instituição Brasileira de
Difusão Cultural S.A.
Silva, F. P. P. da. (2000). Burnout: um desafio à saúde do trabalhador. PSI – Revista de
psicologia social e institucional. Londrina, 2(1). Disponível em:
<
http://2.uel.br/ccb/psicologia/revista/textov2n15.htm>. Acesso em: 10 de jan. 2003.
150
Silva, J. (2001). Violência Policial e Ideologia dos Algozes-Vítima, In: D. Oliveira et al (ed),
Violência Policial: Tolerância Zero? Goiânia: Editora UFG.
Siqueira, M. M. M. (2002). Medidas do comportamento organizacional. Estudos de
Psicologia, 7(Número Especial), 11-18.
Souza, A. D., Campos, C. S., Silva, E. C., & Souza, J.O. (2002). Estresse e o Trabalho.
Monografia Não-Publicada. Curso de Pós-graduação e especialização em Medicina do
Trabalho. Sociedade Estácio de Sá, Campo Grande. Disponível em:
<http://www.fundacentro.sc.gov.br/areas/6.pdf> Acesso em 10/07/2005.
Spielberger, C. D. (1981). Tensão e ansiedade. Trad. Jamir Martins. São Paulo: Harper &
Row do Brasil Ltda.
Spielberger, C. D., Westbury, L.G., Grier, K.S., & Greenfield, G. (1981). The Police Stress
Survey. Human Resources Institute, Monograph Series Three: 6, University of South
Florida, Tampa.
Staw, B. M. (1984). Organizational behavior: A review and reformulation of the field´s
outcome variables. Annual Review of Psychology, 35, 627-66.
Stephens C., Long N., & Miller I. (1997). The impact of trauma and social support on
posttraumatic stress disorder: a study of New Zealand police officers. Journal of
Criminal Justice, 25(4), 303-314.
Stotland, E. (1991). The effects of police work and professional relationships on health.
Journal of Criminal Justice, 19, 371-379.
Suarez, I. N. (2006). El trabajo a turnos. Disponível em:
www.ibermutuamur.es/contenido/pf/documentacion/articulos_especializados/Ergonomia_
bip19.pdf. Acesso em: 10/12/2006.
Tamayo, A. (2004). Cultura e Saúde nas Organizações. Porto Alegre: Artmed.
Tamayo, M. R., & Tróccoli, B. T. (2002). Exaustão emocional: relações com a percepção de
suporte organizacional e com as estratégias de coping no trabalho. Estudos de Psicología,
7(1), 37-46.
Taylor, S. E., Helgeson, V. S., Reed, G. M., & Skokan, L. A. (1991). Self-generated feelings
of control and adjustment to physical illness. Journal of Social Issues, 47, 91-109.
Tesck, E. C. B. (1982). Convivência contínua com stress. Vida e trabalho de enfermeiros
em UTI´s. Dissertação de Mestrado Não-Publicada. Curso de Pós-Graduação em
Enfermagem. UFRJ, Rio de Janeiro: EEAN.
151
Thorton, P. I. (1992). The relation of coping, appraisal, and burnout in mental health workers.
The Journal of Psychology, 126, 261-271.
Vala, J. (1986). A análise de conteúdo. In A. S. Silva & J. M. Pinto (orgs.), Metodologia das
Ciências Sociais. Porto: Edições Afrontamento.
Van Hasselt, V. B., Malcolm, A. S., Seaton, J., Perera, A., & Sheehan, D. C. (2003). Critical
Incident Stress Debriefing and Law Enforcement: An Evaluative Review. Brief
Treatment and Crisis Intervention, 5(3), 261-278.
Vasconcelos, E. G. (1992). O modelo psiconeuroendocrinológico de stress. In: L. Seger
(Org.) Psicologia & Odontologia: uma abordagem integradora. 2.ed., Santos: Livraria
Editora Santos, 25-47.
Vaux, A. (1988). Social Support: theory, research and intervention. New York: Praeger.
Vena, J.E., Violanti, J. M., Marshall J., & Fiedler R. C. (1986). Mortality of a municipal
worker cohort: III. Police officers. American Journal Index Medicine. 10(4), 383-97.
Villalobos, J. O. (1999). Estrés y trabajo. Instituto Mexicano del Seguro Social. México.
Medspain. Disponível em: <http://www.geocities.com/Athens/Ithaca/3894> Acesso em:
3/10/2005.
Violanti, J. M., & Aron, F. (1993). Sources of police stressors, job attitudes, and
psychological distress. Psychological Reports, 72, 899-904.
Violanti, J. M., & Aron, F. (1995). Police stressors: variation in perception among police
personnel. Journal of Criminal Justice, 23, 287-294.
Wagner III, J. A.; Hollenbeck, J. R. (2003). Comportamento Organizacional: criando
vantagem competitiva. Trad. Cid Knipel Moreira; revisão téc. Laura Zaccarelli. São
Paulo: Saraiva.
Weiss, D. H. (1991). Administre o stress. Trad. Fernando Martins. São Paulo: Nobel.
Westernick, J. (1990). Stress and coping mechanisms in young police officers. Australian
Police Journal, 44, 109-113.
Wilkins, K. (2004). Bipolar I disorder, social support and work. Supplement to Health
Reports, 15, Statistics Canada, Catalogue 82-003, 23–32.
152
Zhao, J. S., He, N., & Lovrich, N. (2002). Predicting Five Dimensions of Police Officer
Stress: Looking More Deeply Into Organizational Settings for Sources of Police Stress.
Police Quarterly, 5(1), 43-62.
Zuzanek, J., & Mannell, R. (2000). Effects of physically active leisure, social support,
work stress, and chronic stress on mental health and physical health: A longitudinal
perspective. Faculty of Applied Health Sciences. University of Waterloo. Disponível em:
<http://www.lifestress.uwaterloo.ca/images/Effects.PDF> Acesso em 05/12/05.
153
ANEXOS
154
155
ANEXO A
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Causas de estresse no trabalho
Considerando que o estresse é “uma reação intensa do organismo, com
componentes físicos e/ou psicológicos, causada pelas alterações psicofisiológicas
que ocorrem quando a pessoa se confronta com uma situação que, de um modo ou
de outro, a irrite, amedronte, excite, ou confunda, ou mesmo que a faça
imensamente feliz...”, por favor, responda as questões abaixo:
1. Quais são os fatores gerais que você percebe como mais causadores de estresse no seu
trabalho?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
2. Especificamente, de acordo com as atividades de seu cargo, que fatores causam mais
estresse?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
3. Quais são seus recursos para lidar com o estresse?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
3. Neste momento você está passando por uma fase de estresse devido a outro fator que não
seja o trabalho?
Qual?______________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
156
ANEXO B
Questionário sobre estresse e suporte social
1 ª PARTE: Dados pessoais e profissionais
1. Idade: ___________________ 2. Sexo: ( ) M ( ) F
3. Estado Civil: ( ) casado ( ) solteiro ( ) outro
4. Formação escolar: ( ) Ensino Médio Incompleto ( ) Ensino Médio Completo
( ) Superior Incompleto ( ) Superior Completo
5. Cargo:________________________________________
6. Tempo de trabalho: _________ anos ________ meses
7. Carga horária semanal:
( ) de 30 a 40 horas ( ) mais de 40 horas
8. Tem outros empregos?
( )SIM ( )NÃO
Onde:_________________________________________________
157
2ª. PARTE - INVENTÁRIO DE SINTOMAS DE STRESS (ISSL)
PARTE 1
A) Marque com X os sintomas que tem
experimentado nas últimas 24 horas:
( )1. mãos ou pés frios
( )2. boca seca
( )3. nó no estômago
( )4. aumento de sudorese
( )5. tensão muscular
( )6. aperto da mandíbula/ranger de dentes
( )7. diarréia passageira
( )8. insônia
( )9. taquicardia
( )10. hiperventilação
( )11. hipertensão arterial súbita e passageira
( )12. mudança de apetite
B) Marque com X os sintomas que tem
experimentado nas últimas 24 horas:
( )13. aumento súbito de motivação
( )14. entusiasmo súbito
( )15. vontade súbita de iniciar novos projetos
PARTE 2
A) Marque com X os sintomas que tem
experimentado na última semana:
( )1. problemas com a memória
( )2. mal-estar generalizado, sem causa
específica
( )3. formigamento das extremidades
( )4. sensação de desgaste físico constante
( )5. mudança de apetite
( )6. aparecimento de problemas
dermatológicos
( )7. hipertensão arterial
( )8. cansaço constante
( )9. gastrite, úlcera ou indisposição
estomacal muito prolongada
( )10. tontura ou sensação de estar flutuando
B) Marque com X os sintomas que tem
experimentado na última semana:
( )11. sensibilidade emotiva excessiva
( )12. dúvida quanto a si próprio
( )13. pensar constantemente em um
assunto
( )14. irritabilidade excessiva
( )15. diminuição da libido
PARTE 3
A) Marque com X os sintomas que tem
experimentado no último mês:
( )1. diarréia freqüente
( )2. dificuldades sexuais
( )3. insônia
( )4. náusea
( )5. tiques
( )6. hipertensão arterial continuada
( )7. problemas dermatológicos prolongados
( )8. mudança extrema de apetite
( )9. excesso de gases
( )10. tontura freqüente
( )11. úlcera, colite ou outro problema
( )12. enfarte
B) Marque com X os sintoma que tem
( )13. impossibilidade de trabalhar
( )14. pesadelos freqüentes
( )15. sensação de incompetência em todas as
áreas
( )16.vontade de fugir de tudo
( )17. apatia, depressão ou raiva prolongada
( )18. cansaço constante e excessivo
( )19. pensar e falar constantemente em um
assunto
( )20. irritabilidade freqüente sem causa
aparente
( )21. angústia, ansiedade, medo
diariamente
( )22. hipersensibilidade emotiva
( )23. perda do senso de humor
158
3ª. PARTE – QUESTIONÁRIO DE SUPORTE SOCIAL
INSTRUÇÕES PARA 0 PREENCHIMENTO DO QUESTIONÁRIO DE SUPORTE
SOCIAL (SSQ)
1. EM CADA QUESTÃO VOCÊ DEVERÁ RESPONDER AS DUAS PARTES
2. NENHUMA QUESTÃO DEVE FICAR SEM RESPOSTA
3. NA PRIMEIRA PARTE DE CADA QUESTÃO VOCÊ DEVERÁ COLOCAR AS
INICIAIS DO NOME OU O NOME DE CADA PESSOA COM QUEM VOCÊ
PODE CONTAR NAQUELA SITUAÇÃO - APÓS AS INICIAIS ESCREVA QUEM
ESSA PESSOA E PARA VOCÊ (AMIGA, MARIDO, IRMÃO, MÃE, VIZINHA, ETC).
4. SE VO NÃO POSSUIR NENHUMA PESSOA PARA AJU-LA NA SITUAÇÃO
QUE A PERGUNTA DESCREVE, MARQUE A OÃO: ( ) NINGUÉM
5. VO PODE ESCREVER EM RELAÇÃO AS PESSOAS NOS ESPAÇOS QUE
ESTÃO MARCADOS PARA SEREM PREENCHIDOS (E O UM NÚMERO MAIOR
QUE OS ESPAÇOS DISPONÍVEIS)
6. PODE-SE REPETIR A MESMA PESSOA NAS DIFERENTES PERGUNTAS
7. NA SEGUNDA PARTE DA QUESTÃO VOCÊ DEVERÁ MARCAR A OÃO QUE
MAIS SE APROXIMA DO QUANTO VOCÊ ES SATISFEITO COM 0 APOIO DAS
PESSOAS QUE VO DESCREVEU NA PRIMEIRA PARTE. MARQUE O GRAU DA
SUA SATISFAÇÃO MESMO SE VOCÊ RESPONDEU "NINGUÉM"
S. MARCAR APENAS UMA OPÇÃO NA PARTE "EM QUE GRAU VOCÊ FICA
SATISFEITO"
159
SSQ
1. Com quem você realmente pode contar para ouvi-lo(a) quando você precisa conversar?
( )Ningm _________ _________ _________
_________ _________ _________
_________ _________ _________
Em que grau você fica satisfeito(a)?
( ) muito satisfeito
( ) razoavelmente satisfeito
( ) um pouco satisfeito
( ) um pouco insatisfeito
( ) razoavelmente insatisfeito
( ) muito insatisfeito
2. Com quem você pode realmente contar para ajudá-lo(a) se uma pessoa que você pensou que
era um bom(boa) amigo(a) insultou você e disse que não queria ver você novamente?
( )Ningm _________ _________ _________
_________ _________ _________
_________ _________ _________
Em que grau você fica satisfeito(a)?
( ) muito satisfeito
( ) razoavelmente satisfeito
( ) um pouco satisfeito
( ) um pouco insatisfeito
( ) razoavelmente insatisfeito
( ) muito insatisfeito
3. Você acha que é parte importante da vida de quais pessoas?
( )Ningm _________ _________ _________
_________ _________ _________
_________ _________ _________
Em que grau você fica satisfeito(a)?
( ) muito satisfeito
( ) razoavelmente satisfeito
( ) um pouco satisfeito
( ) um pouco insatisfeito
( ) razoavelmente insatisfeito
( ) muito insatisfeito
4. Quem você acha que poderia ajudar se você fosse casado(a) e tivesse acabado de se
separar?
( )Ningm _________ _________ _________
_________ _________ _________
_________ _________ _________
Em que grau você fica satisfeito(a)?
( ) muito satisfeito
( ) razoavelmente satisfeito
( ) um pouco satisfeito
( ) um pouco insatisfeito
( ) razoavelmente insatisfeito
( ) muito insatisfeito
160
5. Com quem você poderia realmente contar para ajudá-lo(a) a sair de uma crise, mesmo que
para isso esta pessoa tivesse que deixar seus próprios afazeres para ajudar você?
( )Ningm _________ _________ _________
_________ _________ _________
_________ _________ _________
Em que grau você fica satisfeito(a)?
( ) muito satisfeito
( ) razoavelmente satisfeito
( ) um pouco satisfeito
( ) um pouco insatisfeito
( ) razoavelmente insatisfeito
( ) muito insatisfeito
6. Com quem vo pode conversar francamente sem ter que se preocupar com o que diz?
( )Ningm _________ _________ _________
_________ _________ _________
_________ _________ _________
Em que grau você fica satisfeito(a)?
( ) muito satisfeito
( ) razoavelmente satisfeito
( ) um pouco satisfeito
( ) um pouco insatisfeito
( ) razoavelmente insatisfeito
( ) muito insatisfeito
7. Quem ajuda vo a sentir que vo verdadeiramente tem algo positivo que pode ajudar os
outros?
( )Ningm _________ _________ _________
_________ _________ _________
_________ _________ _________
Em que grau você fica satisfeito(a)?
( ) muito satisfeito
( ) razoavelmente satisfeito
( ) um pouco satisfeito
( ) um pouco insatisfeito
( ) razoavelmente insatisfeito
( ) muito insatisfeito
8. Com quem você pode realmente contar para distraí-lo(a) de suas preocupações quando você
se sente estrcssado(a)?
( )Ningm _________ _________ _________
_________ _________ _________
_________ _________ _________
Em que grau você fica satisfeito(a)?
( ) muito satisfeito
( ) razoavelmente satisfeito
( ) um pouco satisfeito
( ) um pouco insatisfeito
( ) razoavelmente insatisfeito
( ) muito insatisfeito
161
9. Com quem você pode realmente contar quando você precisa de ajuda?
( )Ningm _________ _________ _________
_________ _________ _________
_________ _________ _________
Em que grau você fica satisfeito(a)?
( ) muito satisfeito
( ) razoavelmente satisfeito
( ) um pouco satisfeito
( ) um pouco insatisfeito
( ) razoavelmente insatisfeito
( ) muito insatisfeito
10. Com quem você poderia realmente contar para ajudar caso você fosse despedido(a)
do emprego ou fosse expulso(a) da escola?
( )Ningm _________ _________ _________
_________ _________ _________
_________ _________ _________
Em que grau você fica satisfeito(a)?
( ) muito satisfeito
( ) razoavelmente satisfeito
( ) um pouco satisfeito
( ) um pouco insatisfeito
( ) razoavelmente insatisfeito
( ) muito insatisfeito
11. Com quem você pode ser totalmente você mesmo(a)?
( )Ningm _________ _________ _________
_________ _________ _________
_________ _________ _________
Em que grau você fica satisfeito(a)?
( ) muito satisfeito
( ) razoavelmente satisfeito
( ) um pouco satisfeito
( ) um pouco insatisfeito
( ) razoavelmente insatisfeito
( ) muito insatisfeito
12. Quem você acha que realmente aprecia você como pessoa?
( )Ningm _________ _________ _________
_________ _________ _________
_________ _________ _________
Em que grau você fica satisfeito(a)?
( ) muito satisfeito
( ) razoavelmente satisfeito
( ) um pouco satisfeito
( ) um pouco insatisfeito
( ) razoavelmente insatisfeito
( ) muito insatisfeito
162
13. Com quem você pode contar para dar sugestões úteis que ajudam vo a não
cometer erros?
( )Ningm _________ _________ _________
_________ _________ _________
_________ _________ _________
Em que grau você fica satisfeito(a)?
( ) muito satisfeito
( ) razoavelmente satisfeito
( ) um pouco satisfeito
( ) um pouco insatisfeito
( ) razoavelmente insatisfeito
( ) muito insatisfeito
14. Com quem você pode contar para ouvir seus sentimentos mais íntimos de forma aberta e
sem criticar você?
( )Ningm _________ _________ _________
_________ _________ _________
_________ _________ _________
Em que grau você fica satisfeito(a)?
( ) muito satisfeito
( ) razoavelmente satisfeito
( ) um pouco satisfeito
( ) um pouco insatisfeito
( ) razoavelmente insatisfeito
( ) muito insatisfeito
15. Quem vai confortar e abraçar você quando você precisar disso?
( )Ningm _________ _________ _________
_________ _________ _________
_________ _________ _________
Em que grau você fica satisfeito(a)?
( ) muito satisfeito
( ) razoavelmente satisfeito
( ) um pouco satisfeito
( ) um pouco insatisfeito
( ) razoavelmente insatisfeito
( ) muito insatisfeito
16. Quem você acha que ajudaria você se um bom amigo seu tivesse sofrido um acidente de
carro e estivesse hospitalizado em estado grave?
( )Ningm _________ _________ _________
_________ _________ _________
_________ _________ _________
Em que grau você fica satisfeito(a)?
( ) muito satisfeito
( ) razoavelmente satisfeito
( ) um pouco satisfeito
( ) um pouco insatisfeito
( ) razoavelmente insatisfeito
( ) muito insatisfeito
163
17. Com quem você realmente pode contar para ajudá-lo(a) a ficar mais relaxado(a) quando
você essob pressão ou tenso(a)?
( )Ningm _________ _________ _________
_________ _________ _________
_________ _________ _________
Em que grau você fica satisfeito(a)?
( ) muito satisfeito
( ) razoavelmente satisfeito
( ) um pouco satisfeito
( ) um pouco insatisfeito
( ) razoavelmente insatisfeito
( ) muito insatisfeito
18. Quem você acha poderia ajudar se morresse um parente seu, muito pximo?
( )Ningm _________ _________ _________
_________ _________ _________
_________ _________ _________
Em que grau você fica satisfeito(a)?
( ) muito satisfeito
( ) razoavelmente satisfeito
( ) um pouco satisfeito
( ) um pouco insatisfeito
( ) razoavelmente insatisfeito
( ) muito insatisfeito
19. Quem aceita você totalmente, incluindo o que você tem de melhor e de pior?
( )Ningm _________ _________ _________
_________ _________ _________
_________ _________ _________
Em que grau você fica satisfeito(a)?
( ) muito satisfeito
( ) razoavelmente satisfeito
( ) um pouco satisfeito
( ) um pouco insatisfeito
( ) razoavelmente insatisfeito
( ) muito insatisfeito
20. Com quem você pode contar para preocupar-se com você independentemente do que esteja
acontecendo com você?
( )Ningm _________ _________ _________
_________ _________ _________
_________ _________ _________
Em que grau você fica satisfeito(a)?
( ) muito satisfeito
( ) razoavelmente satisfeito
( ) um pouco satisfeito
( ) um pouco insatisfeito
( ) razoavelmente insatisfeito
( ) muito insatisfeito
164
21. Com quem você realmente pode contar para ouvir você, quando você está muito
bravo(a) com alguém?
( )Ningm _________ _________ _________
_________ _________ _________
_________ _________ _________
Em que grau você fica satisfeito(a)?
( ) muito satisfeito
( ) razoavelmente satisfeito
( ) um pouco satisfeito
( ) um pouco insatisfeito
( ) razoavelmente insatisfeito
( ) muito insatisfeito
22. Com quem você pode contar para lhe dizer, delicadamente, que você precisa melhorar em
alguma coisa?
( )Ningm _________ _________ _________
_________ _________ _________
_________ _________ _________
Em que grau você fica satisfeito(a)?
( ) muito satisfeito
( ) razoavelmente satisfeito
( ) um pouco satisfeito
( ) um pouco insatisfeito
( ) razoavelmente insatisfeito
( ) muito insatisfeito
23. Com quem você pode realmente contar para aju-lo(a) a sentir-se melhor quando vo
está deprimido (a)
( )Ningm _________ _________ _________
_________ _________ _________
_________ _________ _________
Em que grau você fica satisfeito(a)?
( ) muito satisfeito
( ) razoavelmente satisfeito
( ) um pouco satisfeito
( ) um pouco insatisfeito
( ) razoavelmente insatisfeito
( ) muito insatisfeito
24. Quem você sente que gosta de vo verdadeira e profundamente?
( )Ningm _________ _________ _________
_________ _________ _________
_________ _________ _________
Em que grau você fica satisfeito(a)?
( ) muito satisfeito
( ) razoavelmente satisfeito
( ) um pouco satisfeito
( ) um pouco insatisfeito
( ) razoavelmente insatisfeito
( ) muito insatisfeito
165
25. Com quem você pode realmente contar para consolá-lo(a) quando está muito
contrariado(a)?
( )Ningm _________ _________ _________
_________ _________ _________
_________ _________ _________
Em que grau você fica satisfeito(a)?
( ) muito satisfeito
( ) razoavelmente satisfeito
( ) um pouco satisfeito
( ) um pouco insatisfeito
( ) razoavelmente insatisfeito
( ) muito insatisfeito
26. Com quem você pode realmente contar para apoiá-lo(a) em decisões importantes que você
toma?
( )Ningm _________ _________ _________
_________ _________ _________
_________ _________ _________
Em que grau você fica satisfeito(a)?
( ) muito satisfeito
( ) razoavelmente satisfeito
( ) um pouco satisfeito
( ) um pouco insatisfeito
( ) razoavelmente insatisfeito
( ) muito insatisfeito
27. Com quem você pode realmente contar para ajudá-lo(a) a se sentir melhor quando
você está muito irritado(a) e pronto(a) para ficar bravo(a) com qualquer coisa?
( )Ningm _________ _________ _________
_________ _________ _________
_________ _________ _________
Em que grau você fica satisfeito(a)?
( ) muito satisfeito
( ) razoavelmente satisfeito
( ) um pouco satisfeito
( ) um pouco insatisfeito
( ) razoavelmente insatisfeito
( ) muito insatisfeito
SSQ - MATSUKURA, MARTURANO e OISHI, 2002
166
ANEXO C
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE PSICOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA - CURSO DE MESTRADO
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: PSICOLOGIA APLICADA
Bloco 2C – Sala 46 – Campus Umuarama – Uberlândia MG – CEP 38400-902 – CP 593 - Fone: (34) 3218-2701
Site www.fapsi.ufu.br - E-mail: [email protected].br
ESCLARECIMENTOS SOBRE A PESQUISA
A pesquisa intitulada: “ESTRESSE OCUPACIONAL EM PROFISSIONAIS DO
SETOR DE SEGURANÇA PESSOAL E PATRIMONIAL” visa identificar as possíveis
causas de estresse no trabalho do policial civil e verificar o papel do suporte social oferecido
pela família e amigos como uma proteção destes policiais no enfrentamento do estresse no
trabalho.
Para obter as informações necessárias para este estudo cada indivíduo será solicitado a
responder a um questionário contendo algumas questões sobre dados pessoais (idade, sexo,
escolaridade), sobre causas de estresse no trabalho, um inventário de sintomas de estresse e
outro inventário sobre o suporte social percebido pelo sujeito. Este contato será feito no local
de trabalho dos participantes, em horário definido previamente pela instituição, respeitando-se
a disponibilidade de cada sujeito.
Inicialmente, o participante será informado sobre os objetivos da pesquisa, conteúdo
do questionário, sua liberdade em participar ou não, o sigilo dos dados particulares. A
entrevista não implicará em qualquer custo para o participante, e este poderá desistir de
colaborar a qualquer instante, não havendo para ele prejuízo algum. O participante pode
também a qualquer momento pedir esclarecimentos a respeito da pesquisa, no que será
prontamente atendido, mesmo que a resposta afete sua vontade de continuar participando do
estudo.
A pesquisadora compromete-se a tratar o conteúdo das entrevistas, em plena
consonância com o Código de Ética dos Psicólogos garantindo o respeito à intimidade dos
entrevistados, e com a Resolução do Conselho Nacional de Saúde 196/96, que trata da
pesquisa com seres humanos. O conteúdo das entrevistas e as respostas ao questionário,
poderão ser utilizados em apresentações científicas, congressos ou eventos semelhantes,
reportagens da mídia impressa ou televisiva que tratem do assunto pesquisado sempre como
dados gerais Assim, ciente dos termos acima, considera-se que você está de acordo com eles
ao assinar abaixo. Desde já agradecemos sua colaboração.
167
ANEXO D
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE PSICOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA - CURSO DE MESTRADO
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: PSICOLOGIA APLICADA
Bloco 2C – Sala 46 – Campus Umuarama – Uberlândia MG – CEP 38400-902 – CP 593 - Fone: (34) 3218-2701
Site www.fapsi.ufu.br - E-mail: [email protected].br
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – entrevista
Eu, ____________________________________________________ abaixo assinado, recebi
informações sobre a pesquisa intitulada ESTRESSE OCUPACIONAL EM PROFISSIONAIS DO
SETOR DE SEGURANÇA PESSOAL E PATRIMONIAL”, a ser desenvolvida pela pesquisadora
Alessandra S. Menezes Dela Coleta.
Estou ciente que:
1. Os objetivos da pesquisa são estudar o estresse no trabalho do policial civil e verificar se o
suporte social (família, amigos, etc.) protege o indivíduo dos sintomas do estresse.
2. Responderei questões sobre dados pessoais, fatores causadores de estresse no trabalho e fora
dele, e a minha maneira de lidar com o estresse.
3. O tempo médio para a entrevista será de 30 minutos.
4. A obtenção das informações será feita no ambiente e durante o horário de trabalho, na sala
designada pela instituição, em situação privada, no momento em que eu estiver disponível.
5. Tenho liberdade de retirar meu consentimento, e deixar de participar do estudo a qualquer
momento, sem que ocorra nenhuma represália ou prejuízo de qualquer espécie.
6. Se eu precisar esclarecer qualquer dúvida, serei atendido prontamente pela pesquisadora,
ainda que isto possa afetar minha vontade de continuar participando.
7. Autorizo a apresentação e publicação dos dados gerais deste estudo em congressos e revistas
científicos, sendo preservado o caráter confidencial das informações particulares.
Concordo em participar desta pesquisa, declarando conhecer seus termos, e afirmo que minha
participação é totalmente voluntária e livre.
Assinatura do participante: ________________________________________
RG nº : ___________________________
Data da assinatura do termo: ____/____/200__
Assinatura da pesquisadora: ______________________________________
Telefones: (34) 3211-3050 (res.) / 9132-8365 (cel.)
Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Uberlândia – Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-
Graduação, Campus Santa Mônica – Bloco “J”. Fone: 3239-4131
168
ANEXO E
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE PSICOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA - CURSO DE MESTRADO
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: PSICOLOGIA APLICADA
Bloco 2C – Sala 46 – Campus Umuarama – Uberlândia MG – CEP 38400-902 – CP 593 - Fone: (34) 3218-2701
Site www.fapsi.ufu.br - E-mail: [email protected].br
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – questionário
Eu, ____________________________________________________ abaixo assinado, recebi
informações sobre a pesquisa intitulada ESTRESSE OCUPACIONAL EM PROFISSIONAIS DO
SETOR DE SEGURANÇA PESSOAL E PATRIMONIAL”, a ser desenvolvida pela pesquisadora
Alessandra S. Menezes Dela Coleta.
Estou ciente que:
8. Os objetivos da pesquisa são estudar o estresse no trabalho do policial civil e verificar se o
suporte social (família, amigos, etc.) protege o indivíduo dos sintomas do estresse.
9. Responderei questões sobre dados pessoais, fatores e sintomas de estresse e suporte social
percebido.
10. O tempo médio para responder ao questionário será de 30 minutos.
11. Caso eu aceite participar, minha tarefa é preencher o questionário e devolvê-lo à pesquisadora
no prazo de duas semanas, completo ou incompleto.
12. Tenho liberdade de retirar meu consentimento, e deixar de participar do estudo a qualquer
momento, sem que ocorra nenhuma represália ou prejuízo de qualquer espécie.
13. Se eu precisar esclarecer qualquer dúvida, serei atendido prontamente pela pesquisadora,
ainda que isto possa afetar minha vontade de continuar participando.
14. Autorizo a apresentação e publicação dos dados gerais deste estudo em congressos e revistas
científicos, sendo preservado o caráter confidencial das informações particulares.
Concordo em participar desta pesquisa, declarando conhecer seus termos, e afirmo que minha
participação é totalmente voluntária e livre.
Assinatura do participante: ________________________________________
RG nº : ___________________________
Data da assinatura do termo: ____/____/200__
Assinatura da pesquisadora: ______________________________________
Telefones: (34) 3211-3050 (res.) / 9132-8365 (cel.)
Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Uberlândia – Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-
Graduação, Campus Santa Mônica – Bloco “J”. Fone: 3239-4131
169
ANEXO E
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo