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pensamento, do desejo com o factível. Computadores gerando formas que, através
de robôs, dão ‘vida’ a criações subjetivas: ajudando a transformar sonhos em
realidade”.
Neste momento, uma guerra toma lugar, com explosões, soldados armados e em
combate. Novamente o choque com a realidade, mostrando a utopia e fragilidade
dos sonhos de “arrumar” o mundo em projetos milagrosos. Após, uma pausa e uma
sucinta descrição do local, com novas formas ganhando vida como líquidos semi-
transparentes em interferências criativas. Segundo ele, “por uma arquitetura plástica,
líquida, ‘viva’”. Novamente uma crítica às convenções: “Os desejos vão por água
abaixo quando o determinismo, a rigidez paleolítica das intenções toma conta, se
apodera de espíritos bem-intencionados”. E o personagem adormece com estas
reflexões. Ele acorda se deparando com a realidade: uma lojinha de rendeiras em
meio ao Forte transformado em museu atualmente. Por fim, novas imagens do Forte
com suas malhas organóides conformando espaços e novas reflexões sobre o
aprisionamento das convenções e o real significado da arquitetura. A seguir são
reproduzidos alguns trechos desta reflexão:
“Novamente o reducionismo das idéias, dos objetivos, aplica golpes relapsos na criatividade. Os
rótulos, legendas que simplificam as intenções a meros nomes são uma necessidade ilusória. O
arquiteto deve saber que ele não tem domínio do espaço, pois este tem ‘vida própria’”!
“Os eventos fazem a arquitetura. A simples conformação de pessoas numa determinada área já
a qualifica como um ambiente. A construção nesse ambiente deve ser responsável, uma vez
que pode alterar qualquer evento que já exista ou possa vir a existir no local”.
“Quando o movimento se torna matéria, quando o que fazemos se torna o que somos, o que
construímos, então a manipulação da matéria se torna a manipulação do tempo. Do tempo
experienciado, que se torna vivido para cada pessoa que se aventura a viver”.
“A sugestão, muito mais do que a imposição permite que os ambientes sejam criados e
constantemente modificados na sua dinâmica, por uma coletividade que ao usar o espaço, no
seu tempo, introduz o imprevisível”.
“Como ciência técnica, a arquitetura busca uma precisão que não é possível de ser alcançada,
o abandono da intuição, afim de seguir regras e construtibilidade, impossibilita a evolução
criativa em qualquer campo de atuação”.
“Não que devamos viver de insensatez, sem nenhum fundamento de ordenação, mas que haja
espaço para os delírios... pois é na destituição da razão que habita a criação. E é na razão que
a imaginação se efetiva e nos faz viver dos nossos sonhos”.
Bartilotti, 2005.
Sobre o uso dos programas CAD em projetos arquitetônicos, Márcio Bartilotti afirmou
em entrevista que nenhum programa de computador foi feito para arquiteto, os atuais
vieram de programas feitos para engenharia mecânica e foram adaptados para o uso
dos arquitetos, e estão sendo usados para fazer cidades e casas, coisas de outra