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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO VEGETAL
ESTRATÉGIAS PARA EDIFICAÇÃO
DE MICRO-CORREDORES ECOLÓGICOS ENTRE
FRAGMENTOS DE MATA ATLÂNTICA
NO SUL DO ESPÍRITO SANTO
IDALÚCIA SCHIMITH BERGHER
ALEGRE
ESPÍRITO SANTO – BRASIL
JUNHO – 2008
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ESTRATÉGIAS PARA EDIFICAÇÃO
DE MICRO-CORREDORES ECOLÓGICOS ENTRE
FRAGMENTOS DE MATA ATLÂNTICA
NO SUL DO ESPÍRITO SANTO
IDALÚCIA SCHIMITH BERGHER
Dissertação apresentada à Universidade Federal do
Espírito Santo, como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal,
linha de pesquisa em Recursos Florestais, para
obtenção do título de Mestre em Produção Vegetal.
Orientador: Prof. Dr. Mauro Eloi Nappo
Co-orientador: Prof. Dr. Aderbal Gomes da Silva
ALEGRE
ESPÍRITO SANTO – BRASIL
JUNHO – 2008
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Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)
(Biblioteca Central da Universidade Federal do Espírito Santo, ES, Brasil)
Bergher, Idalúcia Schimith, 1980-
B497e Estratégias para edificação de micro-corredores ecológicos entre
fragmentos de Mata Atlântica no Sul do Espírito Santo / Idalúcia Schimith
Bergher. -2008.
108 f. : il
Orientador: Mauro Eloi Nappo.
Co-Orientador: Aderbal Gomes da Silva.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Espírito Santo,
Centro de Ciências Agrárias.
1. Ecologia florestal. 2. Mata Atlântica -Espírito Santo (Estado). 3.
Conservação da natureza. 4. Paisagem - Proteção. I. Nappo, Mauro Eloi.
II. Silva, Aderbal Gomes da. III. Universidade Federal do Espírito Santo.
Centro de Ciências Agrárias. IV. Título.
CDU: 63
3
ESTRATÉGIAS PARA EDIFICAÇÃO
DE MICRO-CORREDORES ECOLÓGICOS ENTRE
FRAGMENTOS DE MATA ATLÂNTICA
NO SUL DO ESPÍRITO SANTO
IDALÚCIA SCHIMITH BERGHER
Dissertação apresentada à Universidade Federal do
Espírito Santo, como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal,
linha de pesquisa em Recursos Florestais, para
obtenção do título de Mestre em Produção Vegetal.
Aprovada: 23 de junho de 2008.
Prof. Dr. Alexandre Rosa dos Santos
Universidade Federal do Espírito Santo
Prof. Dr. José Eduardo Simon
Faculdade Integrada São Pedro
Prof. Dr. Aderbal Gomes da Silva
Universidade Federal do Espírito Santo
(Co-orientador)
Prof.ª Dra. Ana Paula Gelli de Faria
Universidade Federal do Espírito Santo
Prof.Dr.Mauro Eloi Nappo
Universidade de Brasília
(Orientador)
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho
À Vovó Ida e à Dona Zilma,
exemplos de luta e superação.
ii
5
AGRADECIMENTOS
A Deus, por permitir que fosse exatamente desta forma, obrigada pelas
dificuldades, foram com elas que eu aprendi. Ao meu querido Anjo da Guarda e
entidades benévolas que sempre estão do meu lado, me protegendo e me intuindo a
praticar o bem.
À minha família, que sempre me apoiou em meus mais inusitados sonhos e
permitiram que eles se realizassem, agradeço a tudo que me proporcionaram viver,
sentimentos estes que não podem ser expressos em palavras, em especial Dona
Zilma, Sr. Schimith e você irmã (Stefânia). Amo vocês com toda a minha alma. Aos
meus sobrinhos Camila, Davi e Isabel, por alegrarem a minha vida. Ao Tapy, por ser
sempre fiel.
Meus sinceros sentimentos de gratidão, respeito e admiração ao meu
orientador, Prof Mauro Eloi Nappo, pela confiança, aprendizado e convivência, por
acreditar em mim e por tornar possível um sonho.
Aos membros da banca examinadora, pelas preciosas contribuições a este
trabalho, em especial aos Doutores José Eduardo Simon e Alexandre Rosa dos
Santos, por darem a sua grandiosa parcela de conhecimento pré-defesa.
Ao CCA-UFES, pela oportunidade e apoio técnico. Ao Programa de Pós-
Graduação em Produção Vegetal, a todos os professores que acompanharam meu
esforço e me auxiliaram de alguma forma.
À CAPES/ FAPES, pela concessão da bolsa de Mestrado de 16 meses.
Ao IPEMA, por manter abertas suas portas para pesquisa.
Aos proprietários da Fazenda Boa Esperança, pela anuência ao trabalho
realizado.
iii
6
Ao Rogério Pedro de Paz, Ana Cristina Venturini e Claudia Bauer, pela
disponibilidade de anos de pesquisa de avifauna, esse exemplo guardarei para toda
vida. Minha eterna gratidão.
À Professora Horlandezan Belirdes Nippes Bragança, pelo auxilio na parte
de botânica, e por ser um exemplo de profissional e de vida a ser seguido por todos.
Ao Sergio Lucena Mendes, pelas colocações referentes aos primatas. Ao Gilson
Fernandes da Silva e Marcel Redling Moreno, pela disponibilidade do levantamento
Florístico da Flona de Pacotuba. Felipe Mello e Érica Munaro do IEMA, pelo apoio
crucial aos corredores.
Aos queridos amigos, Fernando Carlos Stocco, Fabiana Dias Caçados,
Mileide Holanda Formigoni, Miele Tallon Matheus, Isaias Bregonci, José Marcílio da
Silva, Vitor José Brum, Rafael Senna e demais colegas do mestrado, aos amigos
feitos em Alegre. Às amigas de ontem, hoje e sempre: Patrícia Zorthea, Neucedes
Vallandro Broseghini, Monica Barbosa Toniato, Maria da Penha Lepaus. À Maisa
Buffon, agradeço cada sorriso e trapalhadas trazendo sempre muita alegria e luz à
minha vida.
À equipe de Trabalho, Hélcio Todan, por sua conspicuidade e Vinícius
grande amigo e comparça, Jone, Rui e Carlinhos, pela possibilidade de
conhecimento holístico. Enfim, a todos que passaram em minha vida e foram de
alguma forma importantes no meu crescimento profissional e pessoal. Impossível
citar todo mundo.
A todos que constantemente perguntavam “e a tese?” e que nem imaginam
o quanto isso foi irritante e importante.
iv
7
BIOGRAFIA
Idalúcia Schimith Bergher, filha de Zilma Pancieri Bergher e Tercílio Schimith
Bergher, nasceu em 04 de julho de 1980 em Colatina, Espírito Santo,
Ingressou no curso de Ciências Biológicas da Escola de Ensino Superior
São Francisco de Assis na Cidade de Santa Teresa-ES em 1998, graduando-se em
03 de dezembro de 2003.
Trabalhou no Projeto Muriqui, no Instituto de Pesquisas da Mata Atlântica
(IPEMA), atuando como técnica em Geoprocessamento até o ano de 2004, ano em
que concluiu a Especialização em Planejamento e Conservação Ambiental na ESFA.
No ano de 2005, mudou-se para a cidade de Alegre onde ingressou no
mestrado em Produção Vegetal no CCA-UFES.
v
8
CONTEÚDO
LISTA DE TABELA...................................................................................................viii
LILSTA DE FIGURA ..................................................................................................ix
RESUMO......................................................................................................................x
ABSTRACT ...............................................................................................................xii
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................16
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................18
2.1 Mata Atlântica e a Fragmentação .....................................................................18
2.2 Efeitos da Fragmentação Florestal ...................................................................19
2.2.1 Efeitos da Fragmentação sobre a flora e a fauna.................................21
2.3 Corredores Ecológicos......................................................................................23
2.3.1 Ecologia da Paisagem e Corredores Ecológicos .......................................23
2.3.2 Estratégias de Conservação do Sistema ...................................................24
2.3.3 Formas de Unir Fragmentos.......................................................................26
2.3.4 Precedentes legais que regulamentam a implantação dos corredores
ecológicos. ...........................................................................................................27
2.3.5 RPPNs no Estado do Espírito Santo..........................................................31
3. MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................................33
3.1 Área de Estudo..................................................................................................33
3.1.1 Caracterização Física e Biológica ..............................................................34
3.1.2 Histórico de Ocupação da Área de Estudo ................................................35
3.1.3 Situação Fundiária Atual da Fazenda Boa Esperança...............................36
vi
9
3.1.4 Remanescentes Florestais e Unidade de Conservação do Entorno .........38
3.1.4.1 Floresta Nacional de Pacotuba............................................................38
3.1.4.2 Corredor Pacotuba – Burarama – Cafundó.........................................39
3.2 Obtenção dos dados .........................................................................................40
3.2.1 Critérios estabelecidos para Implantação do Corredor Ecológico .............40
3.2.1.1 Levantamento da fauna .......................................................................40
3.2.1.2 Seleção de Espécies da flora...............................................................50
3.2.1.3 Sistema de Informações Geográficas..................................................51
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO..............................................................................58
4.1 Estratégias.........................................................................................................58
4.1.1 Conectividade entre os elementos da fauna ..............................................58
4.1.2 Indicação de gêneros arbóreos com aptidão para corredor ecológico......62
4.1.2.1 Abrigo...................................................................................................62
4.1.2.2 Alimentação..........................................................................................63
4.1.2.3 Meliaceae.............................................................................................69
4.1.2.4 Melastomataceae.................................................................................70
4.1.2.5 Fabaceae (Caesalpinioideae)..............................................................71
4.1.2.6 Lauraceae.............................................................................................72
4.1.2.7 Myrtaceae.............................................................................................73
4.1.2.8 Anacardiaceae .....................................................................................74
4.1.2.9 Euphorbiaceae.....................................................................................75
4.1.2.10 Moraceae ...........................................................................................76
4.1.2.11 Sapindaceae ......................................................................................76
4.1.2.12 Flacourtiaceae....................................................................................77
4.1.3 Análise da Paisagem..................................................................................79
4.1.3.1 Cenário Atual de uso e ocupação do solo...........................................79
4.1.3.2 Cenário frente ao atendimento da Legislação Ambiental....................81
4.1.4 Convencimento dos Proprietários...............................................................88
4.1.5 Proposta de Implementação de Corredor Ecológico..................................92
5. CONCLUSÃO .........................................................................................................97
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................98
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................100
vii
10
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 1 – Lista de RPPNs no Estado do Espírito Santo...................................
31
Tabela 2 – Área das glebas e fragmentos florestais da Fazenda Boa
Esperança........................................................................................
36
Tabela 3 – Lista de avifauna registrada na RPPN Cafundó e arredores..........
42
Tabela 4 – Pesos atribuídos aos diferentes usos do solo.................................
53
Tabela 5 – Pesos para classe de declividade.....................................................
54
Tabela 6 – Aceitabilidade da construção do corredor.........................................
54
Tabela 7 – Correlação entre classes de declividade e relevo ............................
56
Tabela 8 – Interação de gêneros arbóreos e de aves.........................................
68
Tabela 9 – Classificação do uso do solo da Fazenda Boa Esperança...............
79
Tabela 10 – Situação atual das áreas de APP....................................................
82
Tabela 11 - Classificação das nascentes quanto ao grau de conservação e ao
tipo de lençol a que estão associadas..............................................
85
Tabela 12 - Proposta 1 para implementação de corredor entre os fragmentos
2 e 3..................................................................................................
94
Tabela 13 - Proposta 2 para implementação de corredor entre os fragmentos
2 e 3..................................................................................................
94
viii
11
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura 1 - Mapa de localização da Fazenda Boa Esperança............................
33
Figura 2 - Situação fundiária atual da Fazenda Boa Esperança......................
37
Figura 3 - Tipos de polinização ocorrentes.........................................................
63
Figura 4 – Dieta da avifauna...............................................................................
68
Figura 5 – Percentual das síndromes de dispersão...........................................
66
Figura 6 – Famílias arbóreas de maior interação com a avifauna......................
67
Figura 7 – Classificação do uso do solo na Fazenda Boa Esperança............... 80
Figura 8 – Quantificação das áreas de APP.......................................................
81
Figura 9 – Mapa de declividade..........................................................................
83
Figura 10 – Mapa de identificação das áreas de APP........................................
84
Figura 11 – Mapa de identificação das nascentes.............................................
87
Figura 12 – Mapa de aceitabilidade dos proprietários para construção do
corredor ecológicos............................................................................
91
Figura 13 – Propostas de implementação de corredores ecológicos.................
96
ix
12
BERGHER, Idalúcia Schimith Bergher, M. Sc., Universidade Federal do Espírito
Santo, junho de 2008. Estratégias para edificação de micro-corredores
ecológicos entre fragmentos de Mata Atlântica no Sul do Espírito Santo.
Orientador: Prof. Dr. Mauro Eloi Nappo. Co-orientador: Prof. Dr. Aderbal Gomes da
Silva.
Resumo
A influência antrópica dos sistemas naturais causou a utilização indiscriminada dos
recursos que aliada à expansão agrícola, resultaram na fragmentação das florestas.
Nesse contexto, surge um novo modelo de paisagem em mosaico, composto por
uma matriz circundante, que são porções de habitat de remanescente de mata e
corredores de vegetação. Os corredores são capazes de conectar os remanescentes
isolados e diminuir os efeitos negativos da fragmentação. Este estudo teve por
finalidade propor estratégias visando à conectividade entre estes fragmentos. A
pesquisa foi realizada na Fazenda Boa Esperança, no domínio Mata Atlântica, na
formação florestal denominada Floresta Estacional Semidecidual, no Município de
Cachoeiro de Itapemirim, Estado do Espírito Santo, entre as coordenadas 20 °43’
latitude Sul e 41° 13’ de longitude Oeste e 130 de altura média com máximas de 300
m. Foram estudados cinco fragmentos de vegetação natural de 50,56 ha, 467,90 ha,
119,51 ha, 62,37 ha e 21,11 ha circundados em sua maioria por pasto limpo e pasto
sujo, utilizando os elementos de fauna (avifauna - ameaças de extinção de hábito
florestal e primatas – Alouatta guariba, Callicebus personatus e Cebus nigritus), flora
(arbóreas com atributos de abrigo – maior valor de importância e alimentação com
x
13
parte atrativa à avifauna – fruto, arilo, arilóide ou sarcotesta), análise da paisagem
(mapeamento do uso do solo, mapeamento das áreas de preservação permanente)
e convencimento dos proprietários (aplicação de questionário), a fim de propor
estratégias para conectividade entre os fragmentos. Entre as espécies arbóreas que
atentem ao atributo de abrigo estão: Senefeldera multiflora (sucanga) e
Actinostemon estrellensis (capitão); e alimentação, os gêneros – Meliaceae (Trichilia,
Cabralea e Guarea), Melastomatasceae (Miconia), Fabaceae (Copaifera), Lauraceae
(Ocotea), Myrtaceae (Myrcia, Eugenia e Campomanesia), Anacardiaceae (Tapirira),
Euphorbiaceae (Alchornea), Moraceae (Sorocea), Sapindaceae (Cupania e
Brosimum) e Flaucortiaceae (Casearia). Através da análise da paisagem foi possível
encontrar um déficit de 32,7% (165,7ha) de área de preservação permanente sendo
utilizadas para outras finalidades, que se implementadas proporcionariam excelente
conectividade entre três dos cinco fragmentos, sendo que os dois restantes ficariam
muito próximos de serem conectados. A proposta de implementação do corredor se
baseou na permeabilidade da paisagem já existente, indicando caminhos e manejos
que podem facilitar a passagem da fauna. Para os fragmentos mais distantes (900
m) são aprentadas duas propostas. Já os demais fragmentos possuem agentes
facilitadores (proximidade, presença de pasto sujo e plantio de mudas) que se
mantidos, manejados e incrementados ao longo do tempo estabelecerão maior
conectividade.
Palavras-Chave: micro-corredores ecológicos, Mata Atlântica, conservação,
ecologia da paisagem, Espírito Santo.
xi
14
BERGHER, Idalúcia Schimith Bergher, M. Sc., Federal University of Espirito Santo,
June 2008. Strategies for building micro-ecological corridors among fragments of
Atlantic Forest in southern Espirito Santo. Advisor: Dr. Mauro Eloi Nappo. Co-
advisor: Prof. Dr. Aderbal Gomes da Silva.
Abstract
The anthropic influence of natural systems caused the indiscriminate use of
resources that coupled with agricultural expansion, resulted in fragmentation of
forests. In this context, there is a new model of a landscape mosaic, composed of a
matrix surrounding, which are portions of habitat of remainder of forest and corridors
of vegetation. The corridors are able to connect the remaining isolated and reduce
the negative effects of fragmentation. This study had as objective to propose
strategies aiming at connectivity among these fragments. The survey was conducted
in the Fazenda Boa Esperança, in the Atlantic Forest, forest formation called
Semideciduous Seasonal Forest in the city of Cachoeiro de Itapemirim, state of
Espirito Santo, between the coordinates 20 ° 43 'south latitude and 41 ° 13' longitude
West and 130, with average maximum height of 300 m. Five fragments of natural
vegetation of 50.56 hectares, 467.90 hectares, 119.51 hectares, 62.37 hectares and
21.11 hectares of mostly surrounded by clean and dirty pasture was studied using
the elements of wildlife (avifauna - threats of extinction and of forest habit and
primates - Alouatta guariba, Callicebus personatus and Cebus nigritus), flora (tree
with attributes of shelter - greater value of importance and nutrition as with attractive
xii
15
to the birds - fruit, aril, arillode or sarcotesta), analysis of the landscape (mapping of
land use, mapping of the areas of permanent preservation) and convincing of the
owners (application of a questionnaire) in order to propose strategies for connectivity
among fragments. Among the tree species that offends to the attribute of shelter are:
Senefeldera multiflora (sucanga) and Actinostemon estrellensis (captain), and food,
the genus - Meliaceae (Trichilia, Cabralea and Guarea), Melastomatasceae
(Miconia), Fabaceae (Copaifera), Lauraceae (Ocotea), Myrtaceae (Myrcia, Eugenia
and Campomanesia), Anacardiaceae (Tapirira), Euphorbiaceae (Alchornea),
Moraceae (Sorocea), Sapindaceae (Cupania and Brosimum) and Flaucortiaceae
(Casearia). Through analysis of the landscape was possible to find a deficit of 32.7%
(165.7 hectares) of permanent preservation area being used for other purposes,
which if implemented would provide excellent connectivity among three of the five
fragments, and the remaining two would be very next to be connected. The proposed
of implementation of the corridor was based on the permeability of the existing
landscape, indicating paths and managements that can facilitate the passage of
wildlife. For more distant fragments (900 m) are present two proposals. Already the
other fragments have agents facilitators (proximity, presence dirty pasture and
planting seedlings) that if will be kept, managed and increased over time will
establish greater connectivity.
Key words: micro-ecological corridors, Atlantic forest, conservation, ecology of the
landscape, Espírito Santo.
xiii
16
1. INTRODUÇÃO
Fatores como a diminuição das áreas naturais e o grau de isolamento inviabilizam as
relações ecológicas entre as espécies, ocasionando um impacto negativo sobre o
tamanho das populações. Na maioria das paisagens brasileiras, os remanescentes
de vegetação encontram-se isolados e inseridos em uma paisagem adversa da
original. As barreiras ocasionadas pela fragmentação diminuem a dispersão dos
organismos entre os remanescentes de vegetação.
Muitas espécies da fauna, responsáveis pelos processos de dispersão e polinização,
têm sua migração entre fragmentos dificultada, afetando diretamente as
comunidades vegetais dependentes desses vetores (BROOKER et al., 1999). Dessa
forma, a interligação dos fragmentos por meio dos corredores de vegetação
apresenta-se como alternativa importante na conservação desses ambientes, capaz
de permitir o movimento de organismos entre os remanescentes isolados (FORMAN,
1997), faciliando a troca de material genético, diminuindo a possibilidade de extinção
local.
Assim, a importância dos corredores em termos de ecologia e conservação de
populações aponta para a necessidade de sua preservação e restauração
(BROOKER et al., 1999). Conhecer tais ambientes é fundamental para se entender
os mecanismos de conservação e renovação dos fragmentos e propor metodologias
de conservação e recuperação de áreas (PRIMACK & RODRIGUES, 2001) por meio
de elementos biológicos e espaciais, gerando conhecimento técnico e científico,
podendo ser utilizada como base para a interligação entre fragmentos florestais.
17
1.1 Objetivos
Identificar rotas para implantação de micro-corredores ecológicos entre os
fragmentos da Fazenda Boa Esperança – Reserva Particular do Patrimônio Natural
(RPPN) Cafundó.
1.1.1 Objetivos Específicos
Indicar diretrizes para contribuir com a conectividade dos fragmentos
florestais;
Identificar os gêneros arbóreos que podem ser utilizados visando atender
atributos de abrigo e alimentação para a fauna;
Desenvolver um modelo com ferramenta SIG para indicação de rotas aos
corredores;
Identificar as guildas de aves que podem ser utilizadas para indicar a
importância dos micro-corredores para conectar a paisagem fragmentada;
Identificar Áreas de Preservação Permanente e quantificar situação desta em
relação à legislação;
Identificar áreas que devem ser reflorestadas para atuarem como micro-
corredores ecológicos entre os fragmentos florestais da Mata Atlântica.
18
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Mata Atlântica e a Fragmentação
O ser humano é o principal agente de mudança das características físicas e
biológicas da paisagem (ZUBE, 1987). Durante centenas de anos vem
desenvolvendo atividades impactantes, levando ao atual quadro de degradação das
florestas devido à retirada direta de madeira para construção, produção de móveis e
lenha para carvão, desmatamentos de grandes áreas para agricultura, pastagens e
construção imobiliária, implantação de barragens e abertura de estradas e rodovias,
extrativismo de produtos florestais não-madeiráveis, realização de queimadas etc.
(REIS et al., 1999, TABARELLI et al., 1999; SKOLE & TUCKER 1993; LAURANCE
et al., 2001, TABARELLI & GASCON, 2005).
A Mata Atlântica ocupava originalmente cerca de 100 milhões de hectares
(REIS et al., 1999), e hoje está reduzida a 7 milhões (7%) da sua cobertura original.
(ARRUDA & NOGUEIRA de Sá, 2004). Mesmo nesse cenário pouco favorável,
abriga uma alta diversidade biológica ainda mal calculada e muito ameaçada, com
grande número de endemismos (GALINDO-LEAL & CÂMARA, 2005), sendo
apontada como uma das áreas de maior prioridade para a conservação biológica no
mundo (ESPÍRITO-SANTO et al., 2002).
A fragmentação ocorreu de forma desigual nas diferentes regiões do Estado
do Espírito Santo. Houve inicialmente a derrubada de florestas para formação de
roças e retirada de lenha, intensificada com a retirada de madeira de lei, seguidos da
produção de cana-de-açúcar no Sul e farinha de mandioca no Norte (SEAG, 1988).
Na segunda metade do século XIX, teve início à expansão cafeeira que logo passou
19
a ser a principal atividade econômica do Estado. No ano de 1958, houve o seu
declínio, causando o abandono de terras e a transformação das em pastagens,
caracterizando o ciclo mata-café-pastagens.
Embasados nos conceitos da Teoria de Biogeografia de Ilhas (MAC ARTHUR
& WILSON, 1967) e nos conceitos de metapopulações (HANSKI & GILPIN, 1997), os
estudiosos buscam promover a permeabilidade da paisagem para as populações
isoladas, possibilitando a migração entre fragmentos florestais (TABARELLI et al.,
1999), a fim de minimizar os efeitos genéticos e aumentar a probabilidade de
manutenção das populações de espécies da fauna e flora nos fragmentos
(KAGEYAMA et al., 1998).
Os corredores ecológicos são uma alternativa possível para preservação e
recuperação desses habitats, pois permitem unir em uma mesma paisagem um
conjunto de áreas florestais e não florestais inseridas em uma matriz de ocupação
humana contemplando atividades econômicas de todos os tipos (BEZERRA et al.,
2002). É uma estratégia que permite conciliar a presença humana e a conservação
da biodiversidade em escalas regionais da ordem de dezenas de milhares de
quilômetros quadrados (BEZERRA et al., 2002).
2.2 Efeitos da Fragmentação Florestal
Os remanescentes florestais podem ser afetados após a fragmentação por
diversos fatores, entre eles é possível citar o efeito de borda, tamanho, forma, tipo
de vizinhança e grau de isolamento (MACHADO et al., 2006) As mudanças alteram a
estrutura da floresta, afetando diretamente a dinâmica de interações entre as
espécies da fauna e da flora.
O efeito de borda é o resultado do contato entre dois ecossistemas
adjacentes, separados por uma transição abrupta (borda) (MURCIA, 1995,
GIMENES e ANJOS, 2003), por exemplo, matas naturais e pastagem plantada. Essa
situação provoca alterações na comunidade vegetal, entre elas a redução do
recrutamento de árvores, em conseqüência de alterações na chuva de sementes,
dessecação de habitats devido ao aumento da temperatura e diminuição da umidade
do ar, além das alterações no déficit da pressão do vapor (VPD) e na intensidade
luminosa que variam entre a borda e o interior dos fragmentos florestais (MURCIA,
1995).
20
Essas alterações promovem modificações severas nas condições
microclimáticas locais (LAURANCE et al., 1998, BORGES et al., 2004, MURCIA,
1995), causando danos às plântulas e árvores próximas das bordas (BRUNA, 1999,
LAURANCE et al., 2002) ocasionado por um aumento da mortalidade de jovens pela
competição com lianas, plantas trepadeiras e ruderais (MURCIA 1995, ENGEL et al.,
1998), que elevam a mortalidade de árvores adultas por quebra do tronco ou
desenraizamento na borda dos fragmentos (LAURANCE et al., 2000, 1998). Agindo
de forma combinada, esses processos podem resultar na extinção local e regional
de espécies de árvores (TABARELLI et al., 2004) e, conseqüentemente, dificultando
e até mesmo inviabilizando a manutenção de populações da fauna associadas a
esses fragmentos.
Após algum tempo, essas influências tendem a minimizar pelo surgimento de
uma vegetação tampão no entorno do fragmento (LAURANCE & GASCON, 1997),
possibilitando o estabelecimento de regeneração natural próximo ao fragmento,
diminuindo a mortalidade de árvores (MESQUITA et al., 1999), ocasionando sua
expansão caso não haja mais influências externas. O tipo de vegetação que cresce
ao redor dos fragmentos, por exemplo, agroflorestas, pastagem ou diferentes
monoculturas, irá determinar a capacidade de tamponamento provida aos
fragmentos (MESQUITA et al., 1999; SCHROTH et al., 2004).
A área do fragmento determinará o número e a composição das espécies que
irão se manter após o período de isolamento, (CHIARELLO, 1999, GIMENES e
ANJOS, 2003), resultando em perda de espécies sensíveis e aumento de espécies
generalistas, reduzindo a probabilidade de persistência da biodiversidade em escala
local e regional. Fragmentos menores de 100 ha e imersos em matrizes dominadas
por atividades antrópicas podem apresentar erosão drástica da biodiversidade
(fauna e flora), provocando extinções das espécies em função da perda de habitat.
(TABARELLI & GASCON, 2005; CHIARELLO, 1999; GASCON et al., 2000)
A forma do fragmento é estabelecida de acordo com o seu contorno, quanto
mais circular ou arredondado for, maior também será a área interior, ou seja, a
relação perímetro x área é menor, devido à menor exposição do fragmento (menor
borda) e assim menor porção da floresta sofrerá os danos do efeito de borda
(GIMENES e ANJOS, 2003; BORGES et al., 2004).
O tipo de vizinhança do fragmento (uso e ocupação do solo) determina a
matriz circundante. Essa matriz presente no entorno do fragmento geralmente age
21
como um filtro seletivo aos movimentos das espécies por meio da paisagem. O tipo
de vegetação que predomina na matriz será determinante para proporcionar a
permeabilidade para os movimentos dos indivíduos (GASCON et al., 1999; DOTTA,
2005). O grau de isolamento será determinado pela habilidade da fauna em usar a
matriz circundante como habitats modificados que cercam os fragmentos, diminuindo
a vulnerabilidade em paisagens fragmentadas (GASCON et al., 1999). As iniciativas
de conservação que focalizam somente o fragmento florestal e ignoram a matriz
circundante terão provavelmente sucesso limitado (LAURANCE & LAURANCE,
1999), pois a manutenção do fragmento e, conseqüentemente, das espécies da flora
e da fauna associadas a ele depende das relações estabelecidas entre o fragmento
e a matriz circundante e não de um e outro separadamente.
A distância entre fragmentos é outro fator que diminui a possibilidade de
dispersão e migração da flora e da fauna. A dispersão e recolonização em
fragmentos dependem supostamente da distância entre os mesmos, associada com
o efeito-barreira proporcionado pela matriz circundante antrópica. Além disso, a
densidade dos corredores, a capacidade de dispersão de cada espécie e o número
de dispersores possíveis irá definir a permeabilidade do habitat para a migração de
indivíduos (DORP & OPDAM, 1987).
2.2.1 Efeitos da Fragmentação sobre a flora e a fauna
A vegetação é a mantenedora (alimentação e abrigo) mais importante para os
animais. Intervenções na vegetação produzem efeitos diretos na fauna, pela
redução, aumento ou alteração de alimento e abrigo (ODUM, 1985), além disso, a
interação entre as plantas e os animais frugívoros que dispersam suas sementes,
são modificados com conseqüências adversas para ambos (JORDANO et al., 2006).
Espécies vegetais favorecidas por clareiras em áreas perturbadas elevam
suas populações rapidamente (GIMENES e ANJOS, 2003). A extinção local e
regional de espécies de árvores sensíveis à fragmentação irá promover extinções
nos níveis tróficos superiores ou extinções em cascata, podendo ocorrer um
desequilíbrio na seqüência da cadeia alimentar entre os seres vivos.
As alterações variam de acordo com a biologia da espécie, de forma que as
espécies generalistas tendem a apresentar uma melhor adaptação aos ambientes
fragmentados. E essas são consideradas tolerantes, pois exploram a matriz e
22
tendem a persistir nos fragmentos da floresta, diferentes das espécies especialistas
que declinam ou desaparecem devido às modificações e diminuições dos habitats
(GENTILE & FERNANDEZ, 1999; GASCON et al., 1999).
Em se tratando da conservação de primatas, como possuem hábito
arborícola, como os das espécies: Cebus nigritus (macaco prego), que podem se
aventurar por outras áreas, sendo que não necessariamente estejam sob forma de
floresta contínua (ROCHA 2000), o Alouatta guariba (bugio) e o Callicebus
personatus (guigó) que dificilmente vêm ao chão, há indicações da presença dessas
espécies em formações de florestas de galeria (RYLANDS et al., 1996; GREGORIN,
2006), indicando que se conservadas, essas áreas podem ser um importante
instrumento de manejo dessas populações para o estabelecimento da
metapopulação, que tem por finalidade o estabelecimento do fluxo biológico entre
populações isoladas, a fim de evitar extinções locais de espécies (KIERULFF &
RYLANDS 2003).
Os corredores ecológicos têm a função primordial de proporcionar vias de
intercâmbio e incrementar as possibilidades de movimento de indivíduos
pertencentes a populações (da fauna e da flora) que se encontram, em maior ou
menor grau, isoladas em busca de áreas de habitat mais propício à sua
sobrevivência. Os corredores ecológicos possibilitam o aumento da área efetiva de
habitat para a fauna e com isso os vínculos entre a fauna e o habitat (AYRES et al.,
2005; DÁRIO & ALMEIDA, 2000).
A efetividade dos corredores ecológicos está diretamente ligada à sua largura,
no entanto, a largura ideal é uma medida empírica, existindo outros fatores que
podem influenciar na sua utilização pela fauna, como a área, a composição e a
estrutura da vegetação, a vizinhança, o efeito de borda, as pressões antrópicas, a
tensão de agentes externos, como fogo, inseticidas e espécies invasoras, a biologia,
a ecologia e a dinâmica das populações do corredor e dos fragmentos interligados
(DÁRIO & ALMEIDA, 2000). Além disso, a qualidade dos corredores que conectam
os fragmentos em uma paisagem influencia o tamanho de sua metapopulação
(ANDERSON et al., 1997).
23
2.3 Corredores Ecológicos
A união de fragmentos é uma estratégia para mitigar os efeitos da
fragmentação e das pressões antrópicas, independente da sua dimensão, mesmo
não sendo inicialmente efetivos para a maioria das espécies (DÁRIO & ALMEIDA,
2000). Em longo prazo, a conectividade facilita a movimentação dos organismos
entre os fragmentos de habitat (ANDERSON et al., 1997), aumenta o tamanho e as
chances de sobrevivência de populações de diferentes espécies, além de possibilitar
a recolonização com populações de espécies localmente reduzidas e, ainda, permitir
a redução da pressão sobre o entorno das áreas protegidas, (ARRUDA &
NOGUEIRA de Sá, 2004), auxiliando na conectividade gênica entre fragmentos com
populações pequenas (KAGEYAMA et al., 1998) possibilitando o estabelecendo de
metapopulações.
É preciso ressaltar, entretanto, que mesmo paisagens fragmentadas oferecem
oportunidades de movimentação de organismos, de tal forma que a ausência de um
corredor contínuo entre fragmentos florestais não significa que determinado
arquipélago de remanescentes seja totalmente impermeável ao intercâmbio. Um
conjunto de pequenos fragmentos isolados, porém próximos, pode efetivamente
proporcionar vias de acesso, funcionando como “Caminhos das Pedras”, sendo
extremamente difícil isolar completamente um fragmento florestal de outros na
mesma região, de forma que paisagens naturais modificadas ainda permitem, em
diferentes graus, o intercâmbio de indivíduos (AYRES et al., 2005).
2.3.1 Ecologia da Paisagem e Corredores Ecológicos
A ecologia da paisagem contribui grandemente à compreensão de paisagens
heterogêneas, interações entre os elementos da paisagem e mudanças associadas
com os eventos naturais e as intervenções humanas (ZUBE, 1987). Sendo assim, é
necessário compreender a escala dos valores da paisagem atrelados pelos
indivíduos e grupos afetados, idealizando recomendações e decisões, sendo de
fundamental importância ao desenvolvimento de paisagens sociais responsáveis e
de suporte (ZUBE, 1987).
A estrutura e a composição da paisagem podem mudar drasticamente com o
passar do tempo (BAKER, 1989). De modo que, para se planejar uma paisagem é
24
necessário conhecer e entender as mudanças que ocorrem na ocupação e uso do
solo. Entretanto, para os ecólogos da paisagem, é um grande desafio predizer
quantitativamente a distribuição dinâmica de uma espécie do arranjo espacial de um
jogo de fragmentos de habitat e da estrutura da paisagem da região circunvizinha
(DORP & OPDAM, 1987).
Após um conhecimento prévio da paisagem é necessário identificar usos da
terra apropriados aos interesses da preservação da paisagem e adequar com o
desenvolvimento dos interesses econômicos, tarefa potencialmente conflitante
(ZUBE, 1987). Mas, é necessário que o planejamento da paisagem tente restringir
as atividades de uso da terra ao indispensável para o ser humano, objetivando
minimizar os efeitos dos distúrbios de intervenções humanas (ZUBE, 1987).
2.3.2 Estratégias de Conservação do Sistema
Compreender os efeitos da fragmentação da paisagem sobre a
biodiversidade é um fator essencial para programas bem sucedidos de conservação
da floresta (TABARELLI et al., 1999). A preocupação com a conservação da
biodiversidade na paisagem fragmentada levou ao delineamento de recomendações
para a implantação de áreas de conservação; em termos gerais, preservar áreas
grandes e próximas entre si, se possível ligadas por corredores verdes, do que áreas
pequenas e isoladas. (ANJOS, 1998)
É indispensável a busca do conhecimento dos recursos naturais existentes
nos fragmentos florestais nativos, aplicando uma gestão ambiental correta e
saudável quanto ao manejo florestal empregado na atividade reflorestadora. O
sucesso do manejo para esse tipo de vegetação depende do conhecimento da
ecologia da paisagem e da análise da estrutura e da dinâmica das populações que
formam os fragmentos (BORGES et al., 2004).
Atingir a meta da extinção zero demandará um compromisso de investir em
pesquisa, controle das ameaças, restauração de habitats, manejo populacional e
monitoramento da biota, em um esforço nos níveis econômico, social, político e
científico jamais realizado anteriormente para nenhum ecossistema no mundo
(GALINDO-LEAL & CÂMARA, 2005). O manejo da paisagem permite o aumento da
conectividade de habitat e é de grande prioridade para áreas altamente
25
fragmentadas, como a Mata Atlântica. (ARRUDA & NOGUEIRA DE SÁ, 2004).
Dentre as estratégias que podem favorecer essa conectividade podem ser citadas:
- criação de mosaico - Os corredores ecológicos em sua maioria irão
constituir em mosaicos de áreas naturais compostos por áreas biologicamente
prioritárias, protegidas da influência humana, juntamente com a totalidade da
paisagem circundante sob diferentes padrões de uso da terra, determinados pelas
práticas de manejo mais apropriadas à realidade socioeconômica local, além de sua
importância para a biodiversidade (AYRES et al., 2005).
Dessa forma, o mosaico de fragmentos, o corredor de fluxo gênico, a
distância mínima entre fragmentos pequenos, assim como os efeitos estocásticos de
muitas gerações em várias subpopulações, são aspectos importantes para
fundamentar teoricamente as ações (KAGEYAMA et al., 1998). Essa complexa
realidade deve ser levada em consideração quando se procuram meios de conservar
essa valiosa e ameaçada riqueza que é a diversidade biológica dos remanescentes
de floresta tropical (ESPÍRITO-SANTO et al., 2002).
- criação de unidades de conservação - Até o final dos anos oitenta, a
criação de áreas protegidas foi à estratégia central para a conservação da
biodiversidade; todavia, seus principais planejadores perceberam que somente
amostras parciais e de difícil implementação, especialmente nos países tropicais
pobres, não garantiriam a variedade e viabilidade genética das espécies (ARRUDA
& NOGUEIRA DE SÁ, 2004).
No Brasil, as unidades de conservação de proteção integral cobrem
aproximadamente 3% do território, e os demais 97% estariam praticamente sem
estratégias e ações de conservação (ARRUDA & NOGUEIRA DE SÁ, 2004). Devido
a essa realidade, a gestão e o manejo integrados dos biomas e ecossistemas e as
tipologias florestais tanto públicas como privadas, são de importância incontestável
para a manutenção da biodiversidade.
Segundo Tabarelli (1999), a existência de uma rede de áreas protegidas pode
ser incapaz de manter a diversidade e a representatividade regionais das espécies
vegetais, especialmente se os fragmentos adicionais forem perdidos e as paisagens
fragmentadas estiverem sem manejo.
É necessário estabelecer práticas de manejo para amenizar o efeito de borda,
principalmente para os pequenos fragmentos (BORGES et al., 2004), como os
corredores e as zonas de amortecimento que, se implementados estrategicamente,
26
podem mudar fundamentalmente o papel ecológico das áreas protegidas (ARRUDA
& NOGUEIRA de SÁ, 2004).
2.3.3 Formas de Unir Fragmentos
A ligação entre fragmentos pode se dar de várias formas. A mais eficiente é a
que utiliza unicamente espécies autóctones, pois já apresentam interação com a
fauna local. Outro sistema que pode ser utilizado é o Agroflorestal, que tem como
princípio o consórcio de espécies arbóreas com espécies herbáceas, como pasto e
culturas anuais e/ou com animais, obtendo-se benefícios das interações ecológicas
e econômicas resultantes (MACDICKEN & VERGARA, 1990). Embora existam
diversos tipos de sistemas agroflorestais, incluindo ampla faixa no número de
espécies utilizadas, desenhos e manejos, a biodiversidade envolvida nesses
sistemas de produção é sempre maior que a existente nas monoculturas (SILVA,
2002). A maior diversidade juntamente com práticas que favorecem a proteção e
recuperação de solos, bem como a exploração econômica, podem ser pontos
determinantes para a viabilização da estruturação de corredores.
Outra estratégia é o uso de plantações com espécies que utilizam médio ou
baixo manejo com biocidas, como a silvicultura do Eucalyptus sp., de Hevea
brasiliensis e outros, não sendo considerados como um obstáculo intransponível
para a fauna, pois é favorável a permeabilidade de alguns grupos, aumentando a
conectividade entre fragmentos (DÁRIO & ALMEIDA, 2000). Nessas áreas ocorre a
predominância de aves da guilda insetívora, seguidas de onívoras e granívoras que
ocupam o sub-bosque da floresta, mostrando a importância deste ambiente
principalmente nos plantios de eucaliptos, onde a diversidade vegetal geralmente é
menor que a floresta natural e maior que a pastagem (DÁRIO et al., 2002).
As ilhas são pequenos fragmentos ou porções de vegetação e/ou de árvores
isoladas que apresentam importante papel como núcleos de expansão da
vegetação, pelo fornecimento de sementes e por fornecer abrigo e alimentação para
a fauna dispersora de propágulos, possibilitando que haja um maior aporte de
propágulos vindo de outros remanescentes e expansão da ocupação da área por
processo de sucessão.
27
2.3.4 Precedentes legais que regulamentam a implantação dos corredores
ecológicos.
Na legislação ambiental brasileira, corredores ecológicos podem ser definidos
como uma faixa de cobertura vegetal existente entre remanescentes de vegetação
primária ou em estágio médio e avançado de regeneração, capaz de propiciar
habitat ou servir de área de trânsito para a fauna residente nos remanescentes
(Resolução CONAMA nº 09/96). Segundo o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação, corredores ecológicos são porções de ecossistemas naturais ou
seminaturais, ligando unidades de conservação, que possibilitam entre elas o fluxo
de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a
recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que
demandam, para sua sobrevivência, áreas com extensão maior do que aquela das
unidades individuais (Lei nº 9.985/00, art. 2°).
Em relação ao tamanho dos corredores ecológicos, deverá ser previamente
fixada em 10% (dez por cento) do seu comprimento total, sendo que a largura
mínima é de 100 metros. Nos entornos dos cursos d’água, a largura mínima
estabelecida será referente às margens de proteção já estabelecidas no Código
Florestal (CONAMA nº. 9/96, Art. 3º). À luz da Resolução CONAMA 10/93 foi
preconizado que as características de um corredor ecológico seriam estabelecidas
por meio da instituição de uma Câmara Técnica Temporária para assuntos da Mata
Atlântica, dentro de um prazo de 90 dias. Para as UC’s (Unidade de Conservação),
foram estabelecidas zonas de amortecimento e, quando conveniente, corredores
ecológicos. Os limites para ambos são estabelecidos pelo órgão responsável pela
administração da UC, o que detalhará normas específicas, exceto para APA e
RPPN. (A Lei 9.985/00, art. 25).
O Código Florestal (Lei n° 4.771/65, art. 2°) descreve as áreas de
preservação permanente, dentre outras, as áreas ao longo dos rios e cursos d’água,
nascentes, topos de morro e encostas com declividade superior a 45°. A Resolução
CONAMA nº 9/96 estabelece parâmetros e procedimentos para identificação e
proteção de corredores ecológicos. Segundo essa resolução, os corredores devem
ser construídos nas matas ciliares em toda sua extensão, formando faixas de
cobertura vegetal que possibilitem a interligação entre remanescentes florestais,
caso essa não exista, a recomposição florística deverá ser feita com espécies
28
autóctones. Além disso, é importante que se estabeleçam anteriormente as áreas de
preservação e de uso com fins econômicos, sendo o planejamento da propriedade
de fundamental importância para uma melhor gestão dos recursos naturais e
econômicos. A importância ambiental e ecológica das áreas de Reserva Legal (RL) e
das Áreas de Preservação Permanente (APP), previstas no Código Florestal
Brasileiro, é reconhecida por diversos setores da sociedade, que enxergam nesses
dispositivos legais um relevante papel no resgate e preservação da biodiversidade.
O artigo 7º do Decreto nº 750/93 estabelece o impedimento da exploração da
vegetação para a formação de corredores remanescentes florestais e áreas de
APP’s. No caso dos planos de manejo das UC’s, esses devem abranger os
corredores ecológicos, integrando atributos econômicos e sociais em comunidades
do entorno (Lei. 9.985/00 art. 27, parágrafo 1°). A omissão dessa lei resulta em dano
a flora e fauna.
A Constituição da República Federativa do Brasil, no capítulo VI, art. 225,
adota uma abordagem onde fica visível a responsabilidade do poder público em
preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e promover o manejo
ecológico das espécies e ecossistemas, protegendo a fauna e a flora, impedindo
práticas que coloquem em risco sua função ecológica e provoquem a extinção de
espécies.
As áreas que possuem espécies de flora e fauna ameaçadas de extinção
podem ser declaradas como de preservação permanente (Lei 4.771/65, ar. 3°). A
Lei n° 11.428/06 em seu Art. 7º estabelece que a proteção e a utilização do Bioma
Mata Atlântica deverá ocorrer de forma que assegure, dentre outras, a manutenção
e recuperação da biodiversidade, vegetação e fauna. É proibido o corte e supressão
de vegetação primária ou nos estágios avançado e médio de regeneração em áreas
que abriguem espécies da flora e da fauna silvestres ameaçadas de extinção,
segundo listas de espécies ameaçadas nacionais e estaduais, ou também quando
ocorrer a intervenção ou o parcelamento que puserem em risco a sobrevivência
dessas espécies, (Lei 11.428/06. Art. 11). Além disso, a Lei Estadual 5.361/96 tem
como objetivo preservar, conservar, recuperar e ampliar as Florestas de
Preservação Ambiental compreendendo as APPs e os fragmentos florestais de
ecossistemas ameaçados de extinção.
Há ainda alguns outros elementos legais, como o Decreto nº 3.833/01, que
trata da Estrutura do IBAMA e estabelece a devida alocação dos projetos de
29
corredores ecológicos em sua estrutura e o Decreto nº 4.297/02 Zoneamento
Ecológico Econômico, instrumento que trata da organização territorial, onde o artigo
13 determina que deva conter indicação de áreas de corredores ecológicos. Vale
ainda ressaltar que a Política Florestal do Estado do Espírito Santo (Lei 5.361/96)
tem a obrigação de desenvolver tecnologias e métodos para implementação de
corredores ecológicos, visando a restauração da biodiversidade.
Como forma de incentivo aos proprietários rurais, é de responsabilidade do
poder público fomentar o enriquecimento ecológico da vegetação do Bioma Mata
Atlântica, bem como o plantio e o reflorestamento com espécies nativas, em especial
as iniciativas voluntárias de proprietários rurais, (Lei n° 11.428/06, Art.10). Visa
também controlar o efeito de borda nas áreas de entorno de fragmentos de
vegetação nativa com plantio de espécies florestais, nativas ou exóticas (Lei n°
11.428/06, Art. 2), No artigo 38 da mesma lei, a prioridade de recursos financeiros é
dada aos projetos destinados à conservação e recuperação das APP’s, reservas
legais, RPPN e entorno de unidades de conservação (Lei 11.428/06, Art. 38 § 1º). É
competência do Poder Executivo fomentar e apoiar as ações e os proprietários de
áreas que estejam mantendo ou sustentando a sobrevivência das espécies
ameaçadas de extinção (Lei 11.428/06, Art. 11, Parágrafo Único). Mais
recentemente, a Resolução CONAMA 369/06 estabeleceu que a garantia de
averbação da RL da pequena propriedade ou posse rural familiar seja gratuita,
sendo responsabilidade do Poder Público prestar apoio técnico e jurídico, para
cumprimento da manutenção ou compensação da área de RL em pequena
propriedade ou posse rural familiar e, nesta podem ser computados os plantios de
árvores frutíferas ornamentais ou industriais, compostos por espécies exóticas,
cultivadas em sistema intercalar ou em consórcio com espécies nativas.
A Lei estadual 5.361/96 prevê diversos tipos de incentivos aos proprietários
rurais que preservam ou conservam a cobertura florestal, como taxas especiais de
juros, crédito rural, prioridades em financiamentos, infra-estrutura rural, tais como:
eletrificação, drenagem, irrigação, telefonia, armazenagem, recuperação de solo,
habitação e escoamento da produção; e preferência na prestação de serviços,
melhoramentos de estradas vicinais, e inúmeros serviços, como veterinários,
fomento, mecanização, serviços cartográficos, análise de solos e de produtos
agrícolas, além de vendas de sementes e de outros insumos, além de outros tipos
de incentivos. É ainda previsto nessa lei o fornecimento de mudas de essências
30
nativas ou adaptadas ecologicamente, produzidas com a finalidade de recompor à
cobertura florestal.
O artigo 66 da mesma lei ressalta que os incentivos serão proporcionais a
dimensão da área protegida, preservada, conservada ou recuperada ou da área com
limitação de uso. No artigo 77, cria o Fundo de Conservação e Desenvolvimento
Florestal (FUNDEFLOR) de acordo com as diretrizes do CONSEMA para áreas que
tenham o objetivo de preservação, conservação, recuperação de florestas e áreas
de preservação ambiental, conservação de florestas naturais em estágio médio de
regeneração e pesquisa e fomento de sistemas agroflorestais. Na prática, os
incentivos econômicos ou fiscais ainda são pouco aproveitados pelos produtores
rurais que visam à recomposição e conservação dessas áreas.
De maneira geral, é possível notar que a ação meramente coercitiva e
repressiva por parte do Estado não é suficiente para garantir o cumprimento da
legislação ambiental por parte dos agricultores. Além disso, existem barreiras
culturais, normativas e técnicas para que as exigências legais sejam cumpridas. No
caso dos pequenos agricultores familiares, o problema tende a se agravar, em
função da pouca disponibilidade de área para produção. Uma alternativa para esse
problema seria o estímulo à recomposição florestal e incorporação do componente
arbóreo aos sistemas produtivos por meio de Sistemas Agroflorestais (SAFs).
Se implementadas as APP’s e averbadas as Reservas Legais (RL), poderá
estabelecer um cenário muito favorável para a conservação das espécies
ameaçadas de extinção, que serão beneficiadas pelas faixas de corredores e um
substancial incremento nas áreas de floresta. Mas essa medida provavelmente não
será suficiente para resguardar sua sustentabilidade ao longo do tempo, por isso, é
de fundamental importância, que além do imposto pela legislação, sejam
incentivados projetos, atividades e diferentes formas de cultivos diferentes dos
tradicionais, como no caso do sistema agroflorestal, que acrescentem positivamente
a interligação entre fragmentos florestais de forma mais intensa possível.
31
2.3.5 RPPNs no Estado do Espírito Santo
Existem atualmente oito RPPNs reconhecidas no Estado. A mais expressiva
em termos de tamanho é a RPPN Recanto das Antas, em Linhares, com 2.202,00
ha, seguida da RPPN Cafundó com 517,00 há, situada em Cachoeiro do Itapemirim,
RPPN Mutum Preto com 378,73 ha que também está localizada no Município de
Linhares e RPPN Restinga de Aracruz com 295,64 há, localizada em Aracruz. As
outras quatro são menos expressivas, embora igualmente importantes para a
conservação, mas apresentam áreas menores que 60 há, como a RPPN Oiutrem
com 58,10 ha localizada em Alfredo Chaves, a Fazenda Santa Cristina com 29,22 ha
no município de Montanha, Fazenda Sayonara 28 ha em Conceição da Barra e Três
Pontões 12 ha localizado em Afonso Cláudio¹ (Tabela 1).
Em 12 de junho de 2007, o Decreto N° 1633-R entrou em vigor e transferiu do
Governo Federal (IBAMA) para o Governo do Estado (IEMA e IDAF) poderes para
conceder o título de RPPN, pois isso dificultava a criação de novas RPPNs, devido a
morosidade do processo, e em alguns casos gerava desestímulo nos proprietários
que desejavam conservar os recursos naturais por meio de reservas privadas.
Tabela 1 – Lista de RPPNs no Estado do Espírito Santo
NOME DA RPPN ÁREA (Ha) ESFERA SITUAÇÃO ANO MUNICÍPIO PROPRIETÁRIO
Cafundó 517 Federal
Pessoa
Física
1998
Cachoeiro
do
Itapemirim
Eraldo Oliveira do Nascimento
Santa Cristina 29,22 Federal
Pessoa
Física
1998 Montanha Deomário Recla Bitti
Reserva Fazenda
Sayonara
28 Federal
Pessoa
Física
2001
Conceição
da Barra
Nerzy Dalla Bernardina
Três Pontões 12 Federal
Pessoa
Física
2004
Afonso
Cláudio
Eliete Siqueira
Oiutrem 58,1 Estadual
Pessoa
Física
2006
Alfredo
Chaves
Jovane Romanha Carvalho e
Vânia Margarida Caus Carvalho
Mutum Preto 378,73 Estadual
Pessoa
Jurídica
2007 Linhares Aracruz Celulose
Recanto das Antas 2.202,00 Estadual
Pessoa
Jurídica
2007 Linhares Aracruz Celulose
Restinga de Aracruz 295,64 Estadual
Pessoa
Jurídica
2007 Aracruz Aracruz Celulose
TOTAL 3520,69
FONTE: Confederação Nacional de RPPN diponível em <www.rppnbrasil.org.br> em 10/04/08.
1 - Felipe Martins Cordeiro de Mello, comunicação pessoal e dados não publicados, Técnico do
Ministério do Meio Ambiente / Projeto Corredores Ecológicos.
32
Atualmente, não há nenhum novo pedido para criação de RPPN no Instituto
de Defesa Agropecuária e Florestal (IDAF), entretanto há nove pedidos
protocolizados¹ no Instituto Estadual de Meio Ambiente (IEMA) a saber: RPPN
Águas do Caparaó (12,4 ha) em Dores do Rio Preto, RPPN Córrego Santo Antonio
da Boa Vista (1,1 ha) em Iuna e RPPN Bom Sucesso (11,7 ha) no município de
Afonso Cláudio, já foram vistoriados e aguardam decisão da Câmara Técnica de
RPPN do IEMA. Há ainda quatro processos que apresentam algum tipo de problema
tanto na documentação cartorial e cartográfica, entre elas: a RPPN Guaçu-Virá (4,9
ha) em Venda Nova do Imigrante, RPPN Pau-a-pique em Santa Leopoldina (42 ha),
RPPN Toca da Onça localizada em Muniz Freire (204 ha) e RPPN Recanto das
Águas em Alfredo Chaves (12 ha). Há ainda mais duas RPPNs em processo de
criação dentro do IEMA, são elas: RPPN Cachoeira da Fumaça em Ibitirama e
RPPN Alto da Serra em Iuna, das quais o tamanho não foi informado.
Um ano após o decreto entrar em vigor, houve um acréscimo de 2.972,88
hectares em área de RPPN, somando 3559,10 hectares. Merece destaque a
diferença de tamanho das RPPN’s de Pessoa Jurídica, 2876,37 ha, para Pessoa
Física, 644,32 ha. A iniciativa da Empresa Aracruz Celulose, proprietária das
RPPN’s Recanto das Antas, Mutum Preto e Restinga de Aracruz (Tabela 1),
funciona como incentivo para outras seguirem o mesmo caminho, colaborando de
forma expressiva para a conservação da Mata Atlântica no Estado do Espírito Santo.
33
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Área de Estudo
O presente estudo foi realizado na Fazenda Boa Esperança onde se
encontra a RPPN Cafundó nos Distritos de Pacotuba/Conduru, município de
Cachoeiro de Itapemirim, Sul do Estado do Espírito Santo. Localizada entre as
coordenadas geográficas 20° 43’ de latitude Sul e 41° 13’ de longitude Oeste de
Greenwhich (Figura 1). A área de estudo possui um dos maiores remanescentes
florestais da bacia do rio Itapemirim.
Fazenda Boa Esperança
Espírito Santo
Cachoeiro de Itapemirim
Figura 1 - Mapa de localização da Fazenda Boa Esperança.
34
3.1.1 Caracterização Física e Biológica
Segundo a classificação de Köppen, o clima da região é do tipo tropical Aw,
quente e úmido, o período seco (inverno) vai de julho a setembro (IBGE 1978), e o
período úmido (verão) vai de novembro a janeiro, apresentando um déficit hídrico de
233 mm e excedente hídrico anual de 185 mm de acordo com o zoneamento
bioclimático.
Os índices pluviométricos variam de 0 – 20 com déficit hídrico anual em
torno de 220 mm e excedente hídrico de 222 mm. As temperaturas ficam em torno
de 33,1° C a 13,8° C, sendo que as médias anuais giram em torno de 23° C.
Fevereiro é o mês mais quente do ano, com a temperatura entre 21,6° C a 34,5° C e
o índice de umidade no verão PP/ETP é de 1,31. Julho é o mês mais frio, com
médias de 14,0° C a 28,5° C, quando o índice de umidade PP/ETP fica em torno de
0,38. Os dados climáticos foram extraídos da estação meteorológica da Fazenda
Bananal do Norte (Cachoeiro de Itapemirim-ES) e do mapa de Unidades Naturais do
Estado do Espírito Santo, região de Pacotuba.
O solo é do tipo Latossolo Vermelho-Amarelo Distrófico a moderado (Lvd2)
com textura argilosa e fertilidade variando de média a baixa e pH em torno de 5,0
(MEDINA et al., 2006).
O relevo é dissecado e formado por extensas áreas planas esparsas com
suaves elevações e ocorrência de afloramentos rochosos em pontos distintos. Nos
topos de morros, em grandes partes dos vales e nas baixadas, observa-se uma
vegetação exuberante formando matas que dão à paisagem um aspecto primitivo e
de grande beleza cênica (MEDINA et al., 2006). Os aclives podem atingir 300 m de
altitude, sendo a altitude média de 130 m acima do nível do mar (BAUER, 1999).
Em relação à hidrografia, a área está localizada à margem esquerda do Rio
Itapemirim, com destaque o Ribeirão Estrela do Norte que corta a Fazenda Boa
Esperança, sendo um importante afluente do rio Itapemirim.
A fauna pertence à região zoogeográfica neotropical e província Tupi,
caracterizada por endemismos e alta diversidade de espécies, sendo possível
encontrar representantes de todos os níveis tróficos além de uma boa
representatividade dos grupos zoológicos característicos da área (MEDINA et al.,
2006).
35
A vegetação da região é classificada como Floresta Estacional Semidecidual
pertencente à Floresta Atlântica e caracteriza por apresentar duas estações bem
definidas, uma seca e outra chuvosa, que condicionam uma estacionalidade foliar
dos elementos arbóreos dominantes, com adaptação à regimes hídricos ou à baixa
temperatura durante certo tempo
(VELOSO & GÓES-FILHO 1982, apud BRASIL-MME,
1983). Esses representantes arbóreos são semicaducifólios, perdendo de 20 a 50 %
das folhas na época seca e/ou inverno, sendo representadas com ocorrência de
exemplares de Floresta primária e em estágio avançado de regeneração..
3.1.2 Histórico de Ocupação da Área de Estudo
No início da década de 40, Antônio Gomes Nascimento e Edylia Oliveira
Nascimento, patriarcas da família Nascimento, passaram a viver na Fazenda Boa
Esperança, trabalhando em parte da terra para atividades agrícolas e pecuárias e
conservando em floresta o restante da área.
Anos após, a gerência da fazenda passou para o Sr. Eraldo Oliveira
Nascimento, que administrou a propriedade aos moldes do pai, criando seus filhos e
educando-os sob os mesmos preceitos de respeito à natureza. No decorrer do
tempo, foram somadas a montantes outras áreas, entre elas a antiga Fazenda
Cafundó, sendo esta, mais tarde, a que deu o nome à RPPN (Reserva Particular do
Patrimônio Natural Cafundó). A RPPN foi criada por meio da Portaria IBAMA nº 62
de 19 de maio de 1998 e possui uma área de 517 ha (LEDERMAN et al., 2005). A
conservação desse ambiente natural na região ocorreu devido a um processo
histórico de muita persistência e visão futurista da família Nascimento.
Atualmente, a RPPN Cafundó tem o objetivo de desenvolver e disseminar
práticas ambientais nas áreas de pesquisa, educação ambiental e turismo, visando à
utilização racional dos recursos naturais renováveis, servindo a toda a região Sul do
Estado do Espírito Santo e áreas circunvizinhas.
36
3.1.3 Situação Fundiária Atual da Fazenda Boa Esperança
Após o falecimento do patriarca Eraldo Oliveira Nascimento em 2005, a
Fazenda foi dividida entre os cinco herdeiros: Enrique Soares Nascimento, Eraldo
Nascimento Filho, Luiz Soares Nascimento, Beatriz Soares do Nascimento Siqueira
(in memorian) e Gustavo Soares Nascimento. A gleba relativa à Beatriz foi partilhada
entre seus quatro filhos Fernando Nascimento Siqueira, Mariana Nascimento
Siqueira, Edwiges Siqueira Netto e Joana Nascimento Siqueira. A parte de Luiz
Soares Nascimento foi vendida para Rodrigo Simonato Soares e em seguida Luiz
adquiriu parte da área de Fernando Nascimento Siqueira, mas ainda não possui
registro (Figura 2). Há ainda duas áreas comuns entre os herdeiros aqui
classificadas como Condomínios, onde se localizam a sede e demais residências,
edificações, curral, cantina, as ilhas e a área na parte superior da Fazenda acima da
Mata da Araponga (Tabela 2).
Tabela 2 – Área das Glebas e Fragmentos Florestais da Fazenda Boa Esperança
Proprietários Área (ha)
Gustavo Soares Nascimento 210,45
Herdeiros de Beatriz Soares do Nascimento Siqueira 158,41
Luiz Soares Nascimento 26,60
Eraldo Nascimento Filho 185,78
Enrique Soares Nascimento 185,78
Rodrigo Simonato Soares 185,603
Área de Condomínio 1 32,90
Área de Condomínio 2 146,10
Floresta 670,90
Total 1819.10
37
Figura 2 - Situação fundiária atual da Fazenda Boa Esperança.
Legenda: 1 - Gustavo Soares Nascimento, 2 - Herdeiros de Beatriz Soares do Nascimento Siqueira, 3 - Luiz
Soares Nascimento, 4 - Eraldo Nascimento Filho, 5 - Enrique Soares Nascimento, 6 - Rodrigo Simonato Soares,
(C1) Área de condomínio 1, (C2) Área de condomínio 2 e F – Floresta.
Frag 2
38
3.1.4 Remanescentes Florestais e Unidade de Conservação do Entorno
3.1.4.1 Floresta Nacional de Pacotuba
A Floresta Nacional (FLONA) de Pacotuba foi criada em 13 de dezembro de
2002, integra parte da Fazenda Bananal do Norte, situada a 30 Km do município de
Cachoeiro de Itapemirim – Espírito Santo a 175 km da capital do Estado (Vitória).
Localizada na latitude Sul 20°44’ e longitude Oeste 41°17’, abriga relevo ondulado
com altitude média de 100 m. O imóvel possui 682,14 ha, e foi cedido em comodato
ao INCAPER (Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão
Rural), está localizado no Bioma Mata Atlântica, apresenta floresta com cobertura
vegetal formada predominantemente por vegetação de Floresta Estacional
Semidecidual, onde aproximadamente 50 anos atrás foi realizada exploração de
madeira. A FLONA faz divisa com o Rio Itapemirim, além de abrigar nascentes em
seus domínios, a área total em mata é de 450,59 hectares. Atualmente foi
disponibilizada ao IBAMA pelo Serviço de Patrimônio da União – (SPU), estando em
processo de transferência para o Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio), encontra-se com situação fundiária regularizada, com
titulação válida e devidamente demarcada.
A FLONA de Pacotuba é de grande importância local para formação de
corredores no Sul do Estado do Espírito Santo, pois se encontra a menos de 2 Km
da RPPN Cafundó os quais, compreendem os únicos remanescentes florestais
significativos do município de Cachoeiro de Itapemirim e adjacências, sendo de
fundamental importância para a conservação de ambos, a conexão existente entre
eles (LEDERMAN et al., 2005). Juntas, FLONA de Pacotuba e RPPN Cafundó
somam um total de 967,59 Km² de Mata Atlântica Semidecídua. Além disso, há
outros fragmentos da localidade de Burarama que são de grande relevância local
para a formação de corredores de biodiversidade e estabelecimento de
conectividade entre as UCs.
Segundo Moreira (2005), há uma comunidade quilombola na localizade de
Monte Alegre - Distrito de Pacotuba, composta por 550 pessoas e,
aproximadamente, 130 famílias, sendo uma das únicas comunidades quilombolas do
Sul do Estado, e está inclusa na zona de amortecimento da FLONA Pacotuba.
Economicamente, a comunidade é muito pobre e é comum a retirada de madeira de
39
fragmentos florestais da região, inclusive da própria FLONA, utilizada como
combustível para fogões a lenha, o que pode gerar imprescindíveis alterações na
dinâmica florestal. A FLONA ainda se destaca pela grande importância ecológica,
econômica e social, tanto para a comunidade local, quanto para a comunidade
científica.
3.1.4.2 Corredor Pacotuba – Burarama – Cafun
No Estado do Espírito Santo, existe a proposta para construção de dez
corredores ecológicos prioritários estabelecidos pelo IEMA (Instituto Estadual de
Meio Ambiente e Recursos Hídricos). Esses ocupam 604 mil hectares (13%) do
território Estadual. O Corredor “Burarama-Pacotuba-Cafundó” está situado na bacia
hidrográfica do Rio Itapemirim e contempla a RPPN Cafundó (517 ha), a FLONA de
Pacotuba (450, 59 ha) e diversos fragmentos florestais da região de Burarama. A
proposta consiste na interligação de 7,8 mil hectares, sendo este o menor corredor
ecológico em extensão dos que foram propostos, mas o primeiro a iniciar o processo
de implantação com início no ano de 2004, estando atualmente em estágio mais
avançado, já com o estabelecimento das primeiras unidades demonstrativas de SAF,
RL e APP.
40
3.2 Obtenção dos dados
3.2.1 Critérios estabelecidos para Implantação do Corredor Ecológico
É possível considerar que a principal importância que justifique a implantação
de corredores ecológicos e o auxilio na migração e conservação de elementos da
fauna e flora entre os fragmentos florestais, portanto o primeiro passo para
estabelecer qualquer critério é o conhecimento desses elementos, visando identificar
suas potencialidades e restrições.
O Corredor do tipo contínuo, provavelmente atenda ao maior número de
elementos da fauna, além disso, o processo de reabilitação é mais eficiente,
entrentanto possuem custo muito elevado.
O Corredor não contínuo, representado por ilhas de vegetação, representa
um modelo de mais baixo custo, mas ao mesmo tempo o processo de reabilitação
tende a ser mais lento. Pode também ser utilizado em sistemas agroflorestais como
na arborização de pastagens.
De forma geral, o mais recomendado é o uso de espécies vegetais que
apresentem grande produção de sementes e de forma contínua, que sejam atrativas
para a fauna, favorecendo abrigo e alimento (forrageamento), e que tenha grande
alcance de dispersão, como as de dispersão anemocóricas e zoocóricas. Essas
devem ser dispostas na paisagem de forma que possibilitem a migração de espécies
da flora e da fauna entre fragmentos de vegetação existentes.
3.2.1.1 Levantamento da fauna
As espécies da mastofauna (Primatas) e o levantamento de avifauna
utilizados neste trabalho tiveram como base os dados de campo de PAZ e
VENTURINI², que se encontra em fase de compilamento para posterior publicação e
BAUER (1999) (Tabela 3).
Para a classificação das aves e primatas consumidores de frutos, foram
utilizados dados disponíveis das dietas alimentares descritas por ARGEL-DE-
OLIVEIRA (1987), MOTTA JUNIOR & LOMBARDI (1990), GALETTI (1992), PIZO
2
– Pedro Rogério de Paz e Ana Cristina Venturini “comunicação pessoal” 20 janeiro de 2008, em
Cachoeiro de Itapemirim, Brasil e dados não publicados provenientes do Relatório de Campo.
41
(1994), GALETTI & PIZO (1996), HASUI & HÖFLING (1998), ARGEL-DE-OLIVEIRA
(1999), GALETTI (2000), GONDIM (2001), VALENTE (2001), MIKICH (2001),
FRANCISCO & GALETTI (2002a), FRANCISCO & GALETTI (2002b), GUIMARÃES
(2003), MANHÃES et al., (2003b), FADINI & DE MARCO Jr (2004), GALETTI e
PEDRONI (2004) e FAUSTINO (2006).
Os dados coletados por meio da bibliografia supracitada são considerados
indiretos, pois não foram coletados na área RPPN Cafundó. Dessa forma, as
indicações foram os dados de família e o gênero, tanto para as espécies arbóreas
como para aves e primatas.
Com a finalidade de identificar o habitat preferencial das espécies de aves, foi
utilizado o trabalho de BAUER (1999), disposto de acordo com SICK (1997) e/ou
STOTZ et al. (1996). As aves foram classificadas como: (F) aves florestais ou que se
encontram na borda de formações florestais, para alimentação/abrigo e/ou
reprodução, apesar de não serem ambientes florestais genuínos (BAUER, 1999); (C)
aves de ambientes campestres, são aquelas que não dependem da floresta para
buscar recursos alimentares, para se reproduzir, ou se abrigar durante a noite.
Podem, portanto, ocorrer em ambientes abertos de uma forma geral, como por
exemplo: pastagens, áreas campestres naturais ou desmatadas, e mesmo em
ambiente urbano (BAUER, 1999); e (Aq) aves de ambiente aquático e que
apresentam preferência por área de mata ciliar, como no caso das espécies que
dependem de recursos alimentares de origem aquática em brejos, tanto nas
baixadas quanto nas serras e em formação de taboa (Typha sp.) e junco (Cyperus
sp. e Eleocharis sp.).
Foram registrados na área de estudo e entorno, 257 espécies de aves
pertencentes a 21 ordens e 52 famílias². Entre as famílas mais representativas cita-
se Tyrannidae (17,12%), Emberizidae (9,7%) Accipitridae (5,44) e Trochilidae (4,67)
que apresentaram maior número de espécies 44, 25, 14 e 12, respectivamente
(Tabela 3).
A identificação da dieta de avifauna foi feita por meio dos resultados de
trabalhos de MOTTA-JUNIOR (1990), SICK (1997), DÁRIO (1999) e TELINO-
JUNIOR (2005). As categorias tróficas consideradas foram: (C) carnívoro, (D)
detritívoro, (F) frugívoro, (G) granívoro, (I) insetívoro, (N) nectarívoro, (O) onívoro e
(P) piscívoro. A nomenclatura científica e os nomes vulgares foram utilizados de
acordo com o relatório de PAZ e VENTURINI².
42
Tabela 3 - Avifauna registrada na RPPN Cafundó e arredores (dados compilados até janeiro de
2008). A - Ameaçadas de Extinção, segundo Sick, 1997, RJ – Lista de Espécies Ameaçadas de
Extinção do Rio de Janeiro, ES – Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção do Espírito Santo *
Espécies Endêmicas da Mata Atlântica.
Status
Classificação sistemática Nome Popular Habitat Dieta
A RJ ES
TINAMIFORMES
Tinamidae
1
Tinamus solitarius *
Macuco F O X X
2
Crypturellus soui
Tururim F F
3
Crypturellus noctivagus*
Jaó-do-sul, Jaó F O X X
4
Crypturellus variegatus
Inhambu-relógio, Inhambu-anhangá F O X X
5
Crypturellus tataupa
Inhambu-chintã F G
6
Rhynchotus rufescens
Perdiz F O
ANSERIFORMES
Anatidae
7
Dendrocygna viduata
Irerê Aq O
8
Dendrocygna autumnalis
Asa-branca Aq O
9
Cairina moschata
Pato-do-mato Aq, F O X
10
Amazonetta brasiliensis
Marreca-pé-vermelho Aq O
11
Nomonyx dominica
Marreca-de-bico-roxo Aq O
GALLIFORMES
Cracidae
12
Penelope obscura
Jacuguaçu, jacu F O
PODICIPEDIFORMES
Podicipedidae
13
Tachybaptus dominicus
Mergulhão-pequeno Aq O
PELECANIFORMES
Anhingidae
14
Anhinga anhinga
Biguatinga Aq P X
CICONIIFORMES
Ardeidae
15
Tigrisoma lineatum
Socó boi Aq O
16
Botaurus pinnatus
Socó boi baio Aq O
17
Nycticorax nycticorax
Savacu Aq C
18
Butorides striata
Socozinho Aq P
19
Bubulcus ibis
Garça vaqueira Aq, C O
20
Ardea cocoi
Garça-moura Aq P
21
Ardea alba
Garça-branca-grande Aq O
22
Syrigma sibilatrix
Maria-faceira Aq O
23
Pilherodius pileatus
Garça Real Aq, F C
24
Egretta thula Garça-branca-pequena Aq O
25
Egretta caerulea
Garça azul Aq O
Continua...
43
Continuação.
Status
Classificação sistemática Nome Popular Habitat Dieta
A RJ ES
CATHARTIFORMES
Cathartidae
26
Cathartes aura
Urubu-de-cabeça-vermelha C, F D
27
Cathartes burrovianus
Urubu-de-cabeça-amarela C, F D
28
Coragyps atratus
Urubu-de-cabeça-preta C, F D
FALCONIFORMES
Accipitridae
29
Leptodon cayanensis
Gavião da Cabeça cinza F I
30
Chondrohierax uncinatus
Gavião-de-pescoço-branco F C
31
Elanoides forficatus
Gavião-tesoura F C
32
Elanus leucurus Gavião-peneira F C
33
Ictinia plumbea
Sovi F I
34
Accipiter superciliosus
Gavião-miudinho F C
35
Geranospiza caerulescens
Gavião-pernilongo Aq, C, F C
36
Buteogallus urubitinga
Gavião-preto Aq, F I
37
Heterospizias meridionalis
Gavião-telheiro C, F C
38
Parabuteo unicinctus
Gavião-asa-de-telha C, F C
39
Rupornis magnirostris
Gavião-carijó C, F I
40
Buteo albicaudatus
Gavião-de-rabo-branco C I
41
Buteo brachyurus
Gavião-de-cauda-curta F I
42
Spizastur melanoleucus
Gavião-pato F C X X
Falconidae
43
Caracara plancus
Caracará C O
44
Milvago chimachima
Pinhé C C
45
Herpetotheres cachinnans
Acauã F C
46
Micrastur semitorquatus
Falcão-relógio F C
47
Falco sparverius
Quiriquiri C C
48
Falco rufigularis
Cauré C C
49
Falco femoralis
Falcão-de-coleira C C
GRUIFORMES
Rallidae
50
Aramides saracura *
Saracura-do-mato Aq, F O
51
Laterallus melanophaius
Pinto-d'água Aq O
52
Porzana albicollis
Sanã-carijó Aq O
53
Pardirallus nigricans
Saracura-sanã Aq O
54
Gallinula chloropus
Galinha-d'água-comum Aq O
55
Porphyrula martinica
Frango-d'água-azul Aq O
Família Cariamidae
56
Cariama cristata
Seriema C I
CHARADRIIFORMES
Família Charadriidae
57
Vanellus chilensis
Quero-quero Aq, C O
Família Scolopacidae
58
Gallinago paraguaiae
Narceja Aq O
Continua...
44
Continuação.
Status
Classificação sistemática Nome Popular Habitat Dieta
A RJ ES
59
Gallinago undulata
Narcejão Aq O
60
Actitis macularius
Maçarico-pintado Aq O
Família Jacanidae
61
Jacana jacana Piaçoca Aq O
COLUMBIFORMES
Columbidae
62
Columbina minuta
Rolinha-de-asa-canela C, F G
63
Columbina talpacoti
Rolinha C G
64
Scardafella squammata
Fogo-apagou C G
65
Patagioenas picazuro
Pomba-asa-branca C G
66
Patagioenas cayennensis
Pomba-amargosa C, F
G
67
Leptotila verreauxi
Juriti F G
68
Leptotila rufaxilla
Juriti F G
69
Geotrygon montana
Juriti F G
PSITTACIFORMES
Psittacidae
70
Primolius maracana
Maracanã F F
71
Aratinga leucophthalmus
Periquitão-maracanã C, F F
72
Pyrrhura cruentata *
Tiriba F F X
73
Forpus xanthopterygius
Tuim F F
74
Brotogeris tirica *
Periquito F F
75
Pionus maximiliani
Maitaca F F
76
Amazona rhodocorytha * Papagaio, papagaio-galego F F X X
CUCULIFORMES
Cuculidae
77
Piaya cayana
Alma-de-gato F I
78
Coccyzus melacoryphus
Papa-lagarta-acanelado C, F I
79
Coccyzus americanus
Papa-lagarta-de-asa-vermelha C, F I
80
Coccyzus euleri Para-lagarta-de-eules F I
81
Crotophaga major
Anu-coroca F I
82
Crotophaga ani
Anu-preto C I
83
Guira guira
Anu-branco C I
84
Tapera naevia
Saci C I
STRIGIFORMES
Tytonidae
85
Tyto alba
Coruja da-igreja C O
Strigidae
86
Megascops choliba
Corujinha-do-mato C, F O
87
Pulsatrix koeniswaldiana *
Murucututu de Barriga Amarela F C
88
Glaucidium brasilianum
Caburé C, F C
89
Athene cunicularia
Coruja-Buraqueira C I
Continua...
45
Continuação.
Status
Classificação sistemática Nome Popular Habitat Dieta
A RJ ES
CAPRIMULGIFORMES
Nyctibiidae
90
Nyctibius grandis
Mãe-da-lua-gigante F I X X
91
Nyctibius griseus
Mãe-da-lua, Urutau F I
Caprimulgidae
92
Lurocalis semitorquatus
Tuju C, F I
93
Nyctidromus albicollis
Bacurau F I
94
Hydropsalis torquata
Bacurau-tesoura C, F I
APODIFORMES
Apodidae
95
Streptoprocne zonaris
Taperuçu-de-coleira-branca C, F I
96
Streptoprocne biscutata
Taperuçu-de-coleira-falha C, F I
97
Chaetura cinereiventris
Andorinhão-de-sobre-cinzeiro F I
98
Chaetura meridionalis
Andorinhão-do-temporal C, F I
Família Trochilidae
99
Glaucis hirsutus Balança-rabo-de-bico-torto F N
100
Phaethornis idaliae *
Rabo-branco-mirim F N
101
Eupetomena macroura
Beija-flor-de-tesoura C, F N
102
Anthracothorax nigricollis
Beija-flor-de-veste-preta C, F N
103
Chlorestes notata
Beija-flor-de-garganta-azul C, F N
104
Chlorostilbon lucidus
Besourinho-de-bico-vermelho C, F N
105
Hylocharis sapphirina
Beija-flor-safira F N
106
Hylocharis cyanus Beija-flor-roxo F N
107
Polytmus guainumbi
Beija-flor-de-bico-curvo Aq, C N
108
Amazilia versicolor
Beija-flor-de-banda-branca F N
109
Amazilia fimbriata
Beija-flor-de-garaganta-verde F N
110
Amazilia lactea
Beija-flor-de-peito-azul C, F N
TROGONIFORMES
Trogonidae
111
Trogon viridis
Surucuá F O
ORDEM CORACIIFORMES
Família Alcedinidae
112
Megaceryle torquata
Martim-pescador-grande Aq, F P
113
Chloroceryle amazona
Martim-pescador-verde Aq, F P
114
Chloroceryle americana Martim-pescador-pequeno Aq, F P
GALBULIFORMES
Galbulidae
115
Galbula ruficauda
Bico-de-agulha F I
Bucconidae
116
Malacoptila striata *
Barbudo-Rajado F I
Continua...
46
Continuação.
Status
Classificação sistemática Nome Popular Habitat Dieta
A RJ ES
Família Ramphastidae
117
Ramphastos vitellinus
Tucano-de-bico-preto F F
118
Pteroglossus aracari
Araçari F F X
Picidae
119
Picumnus cirratus
Pica-pau-anão-barrado F I
120
Melanerpes candidus
Birro C I
121
Melanerpes flavifrons *
Benetito-de-testa-amarela F I X
122
Veniliornis maculifrons *
Pica-pau-de-testa-pintada F I
123
Colaptes campestris
Pica-pau-do-campo C I
ORDEM PASSERIFORMES
Família Thamnophilidae
124
Thamnophilus ambiguus *
Choca-de-sooretama F I
125
Dysithamnus plumbeus *
Choquinha-chumbo F I X
126
Myrmotherula axillaris
Choquinha-de-flanco-branco F I
127
Formicivora rufa
Papa-formigas-vermelho C, F I
Conopophagidae
128
Conopophaga melanops *
Cuspidor-de-máscara-preta F I
Formicariidae
129
Formicarius colma
Galinha-do-mato F I X
Família Dendrocolaptidae
130
Dendrocincla turdina *
Arapaçu-liso F I
131
Sittasomus griseicapillus
Arapaçu-verde F I
132
Xiphocolaptes albicollis *
Arapaçu-de-garganta-branca F I
133
Dendrocolaptes platyrostris
Arapaçu-grande F I
134
Xiphorhynchus fuscus
Arapaçu-rajado F I
135
Lepidocolaptes squamatus *
Arapaçu-escamado F I
Furnariidae
136
Furnarius figulus
João-pedreiro C I
137
Furnarius rufus
João de barro C I
138
Synallaxis frontalis
Petrim C, F I
139
Synallaxis spixi
João-teneném C, F I
140
Certhiaxis cinnamomeus
brejeira Aq I
141
Thripophaga macroura * Rabo-amarelo F I X
142
Phacellodomus rufifrons
João-de-pau C I
143
Automolus leucophthalmus *
Barraqueiro-de-olho-branco F I
144
Xenops rutilans
Bico-virado-carijó F I
Família Tyrannidae
145
Leptopogon amaurocephalus
Cabeçudo F I
146
Corythopis delalandi
Estalador F I X
147
Hemitriccus orbitatus *
Tiririzinho-do-mato F I X X
148
Todirostrum poliocephalum *
Teque-teque F I
149
Todirostrum cinereum
Relógio C, F I
Continua...
47
Continuação.
Status
Classificação sistemática Nome Popular Habitat Dieta
A RJ ES
150
Phyllomyias fasciatus
Piolhinho F I
151
Elaenia flavogaster
Cacurutado C, F O
152
Camptostoma obsoletum
Risadinha C, F I
153
Serpophaga nigricans
João-pobre Aq I
154
Capsiempis flaveola Marianinha-amarela F I
155
Euscarthmus meloryphus
Barulhento C, F I
156
Myiornis auricularis *
Miudinho F I
157
Rhynchocyclus olivaceus
Bico-chato-grande F I
158
Tolmomyias sulphurescens
Bico-chato-de-orelha-preta F I
159
Tolmomyias poliocephalus
Bico-chato-de-cabeça-cinza F I
160
Tolmomyias flaviventris
Bico-chato-amarelo F I
161
Platyrinchus mystaceus
Patinho F I
162
Myiophobus fasciatus
Filipe C, F I
163
Lathrotriccus euleri
Enferrujado F I
164
Cnemotriccus fuscatus
Guaracavuçu F I
165
Contopus cinereus
Papa-moscas-cinzento F I
166
Pyrocephalus rubinus
Príncipe Aq, C, F I
167
Satrapa icterophrys
Siriri-pequeno C I
168
Xolmis cinereus Primavera C I
169
Xolmis velatus
Noivinha-branca C I
170
Gubernetes yetapa
Tesoura-do-brejo Aq I
171
Fluvicola nengeta
Lavadeira Aq I
172
Arundinicola leucocephala
Freirinha,viuvinha Aq I
173
Colônia colonus
Viuvinha C, F I
174
Machetornis rixosa
Siriri-cavaleiro C I
175
Legatus leucophaius Bem-te-vi-pirata F F
176
Myiozetetes similis
Bentevizinho-de-penacho-vermelho C, F I
177
Pitangus sulphuratus
Bem-te-vi C, F O
178
Myiodynastes maculatus
Bem-te-vi-rajado F I
179
Megarynchus pitangua
Neinei F O
180
Empidonomus varius
Peitica F I
181
Tyrannus melancholicus
Siriri C, F I
182
Tyrannus savana Tesourinha C I
183
Rhytipterna simplex
Vissiá F I
184
Myiarchus tuberculifer
Maria-cavaleira-pequena F I
185
Myiarchus swainsoni
Irré F I
186
Myiarchus ferox
Maria-cavaleira C, F I
187
Myiarchus tyrannulus
Maria-cavaleira-de-rabo-enferrujado F I
188
Attila rufus*
Capitão-de-saíra F I
Família Pipridae
189
Neopelma aurifrons *
Fruxu-baiano F O X X
190
Manacus manacus
Rendeira F F
Tityridae
191
Tityra inquisitor
Anambé-branco-de-bochecha-parda Aq, C, F F
192
Tityra cayana
Anambé-branco-de-rabo-preto Aq, C, F F
193
Pachyramphus virilis
Caneleiro-verde Aq, C, F O
194
Pachyramphus castaneus
Caneleiro Aq, C O
195
Pachyramphus polychopterus
Caneleiro-preto Aq, C O
Continua...
48
Continuação.
Status
Classificação sistemática Nome Popular Habitat Dieta
A RJ ES
196
Pachyramphus marginatus
Caneleiro-bordado Aq, C O
197
Pachyramphus validus
Caneleiro-de-chapéu-preto Aq, C O
Vireonidae
198
Vireo olivaceus Juruviara F O
199
Hylophilus thoracicus *
Vite-vite F O
Subordem Oscines
Hirundinidae
200
Tachycineta albiventer
Andorinha-do-rio Aq I
201
Tachycineta leucorrhoa
Andorinha-de-sobre-branco Aq, C I
202
Progne tapera
Andorinha-do-campo C I
203
Progne chalybea
Andorinha-doméstica-grande C I
204
Pygochelidon cyanoleuca
Andorinha-pequena-de-casa C, F I
205
Stelgidopteryx ruficollis
Andorinha Serrador Aq, C I
206
Hirundo rustica
Andorinha-de-bando Aq, C I
Troglodytidae
207
Troglodytes musculus Garrincha F I
208
Pheugopedius genibarbis
Garrinchão-pai-avô F I
Donacobidae
209
Donacobius atricapilla
Japacanim Aq O
Muscicapidae
Subfamília Turdinae
210
Turdus flavipes
Sabiá-una F O
211
Turdus rufiventris
Sabiá-laranjeira C, F O
212
Turdus leucomelas
Sabiá-do-barranco F O
214
Turdus fumigatus
Sabiá-da-Mata F O X
213
Turdus amaurochalinus
Sabiá-poca C, F O
215
Turdus albicollis
Sabiá coleira F O
Mimidae
216
Mimus saturninus
Sabiá-do-campo C O
Motacilidae
217
Anthus lutescens
Caminheiro-zumbidor C I
Subfamília Coerebinae
218
Coereba flaveola
Cambacica C, F O
Subfamília Thraupinae
219
Nemosia pileata
Saíra-de-chapéu-preto C, F O
220
Trichothraupis melanops
Tie-de-topete F O
221
Habia rubica
Tiê-da-mata F O
222
Tachyphonus cristatus
Tiê-galo F O
223
Tachyphonus coronatus *
Tiê-preto C, F O
224
Thraupis sayaca
Sanhaço C, F O
225
Thraupis palmarum
Sanhaço-do-coqueiro C, F O
Continua...
49
Continuação.
Status
Classificação sistemática Nome Popular Habitat Dieta
A RJ ES
226
Tangara seledon *
Saíra-sete-cores F O
227
Tangara cayana
Saíra-amarela F O
228
Dacnis cayana
Saí-azul F O
229
Cyanerpes cyaneus
Saíra-beija-flor F F
230
Hemithraupis ruficapilla * Saíra-ferrugem F O
231
Hemithraupis flavicollis
Saíra-galega F O
232
Conirostrum speciosum
Figuinha-de-rabo-casatanho, Saíra C, F O
Emberizidae
Subfamília Emberizinae
233
Zonotrichia capensis
Tico-tico C, F G
234
Ammodramus humeralis
Tico-tico-do-campo C G
235
Sicalis flaveola
Canário-da-terra C G
236
Emberizoides herbicola
Canário-do-campo Aq, C G
237
Volatinia jacarina
Tiziu C G
238
Sporophila caerulescens
Coleirinho, Coleiro C G
239
Sporophila leucoptera
Chorão, Bico de Lacre Aq, C G
240
Sporophila angolensis
Curió Aq, C, F O X X
241
Coryphospingus pileatus Tico tico rei cinza C, F O
Subfamília Cardinalinae
242
Caryothraustes canadensis
Furriel F O
243
Saltator similis
F O
Subfamília Parulinae
244
Parula pitiayumi Mariquita F I
245
Geothlypis aequinoctialis
Pia cobra Aq, C I
246
Basileuterus culicivorus
Pula-pula F I
Subfamília Icterinae
247
Psarocolius decumanus
Japu C O
248
Cacicus haemorrhous
Guaxe F O
249
Icterus jamacaii Corrupião C O
250
Gnorimopsar chopi
Melro C, F O
251
Chrysomus ruficapillus
Garibaldi Aq, C O
252
Molothrus bonariensis
Vira-bosta C O
253
Sturnella superciliaris
Policia-inglesa-do-sul Aq O
Fringillidae
254
Euphonia chlorotica Vi-vi, Gaturamo Aq, C, F O
255
Euphonia violacea
Gaturamo verdadeiro F F
Família Estrildidae
256
Estrilda astrild
Bico-de-lacre C G
Família Passeridae
257
Passer domesticus
Pardal C O
21 ordens / 52 familias / 257 espécies 7 8 13
50
3.2.1.2 Seleção de Espécies da flora
Como fonte de dados, foi utilizado o levantamento florístico e fitossociológico
da FLONA de Pacotuba disponibilizado por SILVA & MORENO³ (2004). Foi realizado
por meio de medições de parcelas permanentes, com determinação do diâmetro,
altura e análise florística das espécies acima de 5 cm de diâmetro à altura do peito
(DAP). Foram locadas 12 parcelas de 50 X 40 m (2000 m²) com o objetivo de
verificação e comparação das diferenciações fitossociológicas existentes entre as
áreas de Floresta Atlântica nativa e outras mais influenciadas pela ação antrópica. O
levantamento ainda se encontra em fase de conclusão. No resultado preliminar, há
um total de 57 espécimes indeterminados até família, 10 espécimes que apresentam
somente por seus nomes populares, 22 táxons classificados até gênero e 185
táxons identificados até espécie. As que apresentam atributos de sustentabilidade
de abrigo e alimentação para fauna foram analisadas as identificadas até espécies.
Para identificar as síndromes de agentes de polinização e dispersão de
sementes das espécies arbóreas, os dados utilizados foram os de LORENZI (1949),
YAMAMOTO (2001) e BRAGANÇA
4
. As síndromes de polinização foram
classificadas nas categorias: can - cantarofilia (besouros), mi - miofilia (moscas),
nesp - não especializadas, fal - falenofilia (mariposas), mel - melitofilia (abelhas), psi
- psicofilia (borboleta), ent – entomofilia (insetos em geral), qui – quiropterofilia
(morcego), ane – anemofilia (vento), orn – ornitofilia (aves) e si - sem informação.
As síndromes de dispersão de sementes foram classificadas em:
anemocoria - quando as sementes são dispersas pelo vento. Nesse caso, os frutos
apresentam alas, plumas ou partes pequenas o suficiente que permitam que o fruto
seja levado de um lugar para outro (HAVEN et al., 2001); autocoria - dispersão de
sementes feitas pela própria planta. De acordo com Ducke (1949), os frutos quando
maduros arrebentam-se e as sementes são lançadas à distância das respectivas
matrizes; barocoria - disseminação do fruto pelo seu próprio peso; zoocoria - utiliza
os animais como agentes dispersores. A atração pode ser por meio de uma polpa
carnosa rica em nutrientes, a semente pode passar pelo tubo digestivo do animal
sem sofrer nenhum dano e depois espalhada, ou somente carregada e solta
posteriormente (HAVEN et al., 2001).
3 - Gilson Fernandes da Silva e Marcel Redling Moreno “comunicação pessoal”, 01 de abril de
2007, Alegre, Espírito Santo, Brasil.
4 - Horandezan Belirdes Nippes Bragança, “comunicação pessoal”, em 12 fevereiro de 2008,
Alegre, Espírito Santo, Brasil.
51
3.2.1.3 Sistema de Informações Geográficas
O Geoprocessamento é uma ferramenta que permite o conhecimento da
paisagem. Neste estudo, essa ferramenta foi utilizada para identificação de atributos
da área, que permitiu o conhecimento da paisagem para elaboração de uma
proposta de manejo integrada, assim como mosaicos de produção, para colaborar
com diferentes permeabilidades à fauna.
Foi utilizada também para a construção de cenários alternativos para a
manutenção ou o incremento do grau de conectividade por ações que permitam a
maximização do fluxo de indivíduos (minimização do grau de resistência) das
diferentes espécies que compõem as comunidades florísticas e faunísticas dos
fragmentos da Fazenda Boa Esperança.
A estrutura de hardware utilizada no trabalho e equipamentos associados ao
processamento computacional das informações georreferenciadas foi um micro
computador, com processador Celeron 1.6 GHz, com 1 Gb de memória DDR2, HD
sata de 40 Gb e placa de vídeo de 32 Mb com resolução de 1280 por 1024 pixels. O
Sistema de Posicionamento Global (GPS) da marca Garmim 12 e câmera digital
Canon PowerShot A430 foram utilizados como apoio ao trabalho de campo.
Entre os programas computacionais utilizados, o ArcGIS 9.2 foi empregado
para quantificação e mapeamento dos fragmentos florestais; o Idrisi 3.2., para
diversas análises dos polígonos digitalizados, edição, cálculo de área e dados
estatísticos; o módulo “Pathway” (atalho) usado para traçar caminhos ótimos, os
quais representam a melhor rota, custo ou esforço entre dois pontos, que possibilitou
a construção de diferentes cenários de corredores de acordo com as condições reais
ligando os dois fragmentos da área; e o Cartalinx 1.2, editor de vetores, que permitiu
a construção e correção de linhas polígonos e pontos para a classificação manual do
uso do solo.
A Imagem de Satélite foi obtida através do Google Earth
(http://earth.google.com), com identificação visual da área de estudo e posterior
captura de imagens (Print Screen) e lançamento destas no Corel Photo Paint X3. As
imagens foram obtidas com 30 % de sobreposição entre imagens, sendo utlizado
apenas a sua área central, evitando a distorção das bordas, também inerente a esse
processo, através do módulo mosaico, houve a união das fotos em uma só imagem.
52
O programa ArcGIS 9.2 foi utilizado para fazer o georreferenciamento de
todas a imagens digitalizadas, que foram retificadas baseado nos arquivos
shapefiles do Ribeirão Estrela do Norte e contorno da propriedade. Essa etapa
consiste em coletar pontos de controle na imagem georeferenciada e correlacioná-
los na foto a ser retificada, dessa forma, os pontos coletados nas duas imagens
correpondem ao mesmo local. A partir do terceiro ponto, o programa os intepola de
forma que os próximos a serem coletados já caem nos locais corretos, necessitando
apenas de pequenas alterações, ao mesmo tempo em que calcula o erro
operacional.
Foi utilizado sistema de coordenas UTM em metros, com Datum SAD-69.
3.2.1.3.1 Construção da base cartográfica
Com o objetivo de construir a base cartográfica para a estruturação das
possibilidades das rotas para os corredores, foi construída uma base cartográfica
com os temas uso do solo, com resolução espacial aproximada de 1 m e entre as
classes Floresta em Estágio Médio e Avançado de Regeneração, Floresta em
Estágio Inicial de Regeneração, Reflorestamento, Pasto Sujo, Pasto Limpo /
Alagado, Rios / Lagos, Café, Estradas e Área Edificada. Diversas checagens de
campo foram feitas para realização de uma análise fiel do uso do solo para maior
exatidão no planejamento da paisagem.
A classificação realizada foi do tipo manual, feita por meio de classificação
visual de imagem das categorias propostas. Mesmo sendo um processo mais
demorado e trabalhoso, os resultados do mapeamento são bastante confiáveis.
Unindo as informações de flora, fauna, geoprocessamento e o questionário
aplicado aos proprietários, foram selecionados os corredores com necessidades
diferenciadas usando como principal atributo a conectividade entre as populações da
fauna.
É inerente a todo processo de captura de dados a existência de erros, que
podem ser provocados por dados originais ou derivados da interpretação da fonte
primária. Sendo indispensável, entretanto transformar todos os dados espaciais em
formato digital, para que possam ser manipulados em ambiente SIG.
53
3.2.1.3.2 Elaboração dos Mapas de Atrito, mapeamento de áreas de
preservação permanente e análise de nascentes
Mapas de atrito são elaborados com a finalidade de identificar locais com
usos restritivos. A definição dos pesos de atrito se deu por consulta a pesquisadores
e proprietários (Tabelas 4, 5 e 6), de tal forma que os pesos foram atribuídos de
maneira a limitar ou impedir a possibilidade da passagem do corredor por áreas não
desejáveis como áreas edificadas e estradas (Tabela 4).
Assim, outros planos de informação foram obtidos e cruzados entre si com o
uso do SIG e a reclassificação de acordo com o grau de adequabilidade gerou um
mapa de atrito para a implantação dos corredores, onde as regiões com maiores
pesos seriam menos adequadas para a implantação. Em seguida, para os
corredores propostos, foi realizada uma amostragem de diferentes larguras 30, 60,
120, 240 metros e a quantificação da área a ser ocupada e o uso do solo nesses
locais.
Tabela 4 – Pesos atribuído aos diferentes usos do solo
Classe de Uso Peso
Estágio Médio e Avançado e Regeneração 1
Estágio Inicial de Regeneração 5
Reflorestamento 5
Pasto Sujo 25
Rios / Lagos 25
Pastagem / Alagado 50
Café 75
Estrada 75
Área edificada 100
A lâmina d’água pode, em muitos, casos ser considerada uma barreira física
para a conectividade entre os elementos da fauna, entretanto, neste estudo, foi
atribuído tal peso a não restringir a passagem do corredor. Devido à pequena
largura dos rios, as copas das árvores tenderão a se tocar realizando a
conectividade.
54
Tabela 5 – Pesos para classes de declividade
DECLIVIDADE * PESOS
< 20 Agricultável Mecanicamente 100
20 a 45% Uso Restrito 50
> 45% Área de Preservação Permanente 1
*Foi estabelecido o mapa de atrito de uso e ocupação legal da área de estudo.
Os pesos atribuídos têm por finalidade conciliar o uso antrópico mediante
agricultura ou pecuária em diferentes níveis de manejo e a área de menor aptidão
para o mesmo fim.
A aceitação dos proprietários é uma das inúmeras questões que limitam a
efetiva implantação dos corredores ecológicos, convencê-los a implantar um
corredor em locais de grande fertilidade, como indicado na legislação (matas
ciliares), é uma situação conflitante, principalmente por não receberem compesação
financeira por isso.
Foi elaborado um questionário contendo seis itens, com a finalidade de
apresentação dos conceitos de corredores ecológicos aos proprietários e também
como forma de avaliar a predisposição dos mesmos quanto à aceitação de modelos
e rotas dos corredores. (Anexo A)
Para edificação de corredores ecológicos é essencial identificar o grau de
aceitação dos proprietários para a implantação dos mesmos em suas glebas. Assim
foi estabelecida uma escala com cinco possibilidades de aceitação / rejeição a seguir
Tabela 6.
Tabela 6 – Aceitabilidade da construção do corredor
Opinião do Proprietário PESOS
Contra 100
Alta 75
Média resistência 50
Baixa 25
Sem restrição 1
O módulo Buffer (área tampão) do programa computacional ArcGIS 9.2 foi
utilizado para quantificar o entorno das nascentes (50m) e matas ciliares (100 m
para o Rio Itapemirim e 30 metros ao Ribeirão Estrela do Norte e demais cursos
d’água), como previsto na Lei 4.771/65.
55
Para identificação das áreas de declividade acima de 45º, o mapeamento foi
feito a partir dos vetores de curva de nível com eqüidistância de 50 metros, a partir
das quais foi gerada uma grade triangular, com interpolador de Denaulay
implementado no software. O mapa de declividade foi feito a partir da TIN, e gerado
um fatiamento com variações de 15º, as quais correspondiam à faixa superior a 45º,
sendo definidas como Preservação Permanente de acordo com o que concluir a Lei
Florestal.
Os termos constantes na Resolução do CONAMA n° 303 de 20 de março de
2002 foram abordados para o mapeamento das áreas de topos de morro, por meio
da aplicação de técnicas envolvendo SIG e modelagem digital de elevação. Para
conferir maior precisão às cotas de topo de morro, as curvas de nível foram
reclassificadas em distância de 1 X 1 m, conforme a seguinte expressão:
YX =
3
2
.
X= diferença entre o topo superior menos o topo inferior (metros);
Y= terço Superior do Morro;
Z= cota que indica o início do terço superior (topo inferior + Y).
Os planos de informação do total das APP’s e de cobertura de
remanescentes foram cruzados gerando um mapa com as áreas de preservação
com e sem cobertura florestal.
Somente as nascentes perenes do Ribeirão Estrela do Norte nos limites da
Fazenda Boa Esperança foram mapeadas para caracterização, segundo
informações dos proprietários e funcionários da fazenda. As nascentes intermitentes
não foram consideradas. Os pontos foram localizados no campo por meio de
receptor GPS, modelo Garmin 12, e a rede de drenagem foi digitalizada no Arcgis,
quando existente, com auxilio de Imagem digital disponível para a área do Google
Earth (Ikonos).
As nascentes foram classificadas em pontuais ou difusas, de acordo com o
tipo de reservatório que estão associadas, ou seja, como os lençóis freáticos que
dão origem às nascentes (CASTRO, 2001), Como nascentes pontuais foram
classificadas todas aquelas que apresentaram a ocorrência de fluxo d’água em um
56
único ponto do terreno, localizadas, geralmente, em grotas e no alto das serras e,
como difusas aquelas onde não havia apenas um único ponto de vazão definido no
terreno, ou seja, apresentavam vários olhos d’água. A maioria das nascentes desta
categoria ocorre em brejos, voçorocas e matas planas em baixas altitudes.
Além disso, as nascentes foram classificadas em três categorias de
conservação: preservadas, quando apresentavam pelo menos 50 metros de
vegetação natural no seu entorno, calculado a partir de estimativa visual;
perturbadas, quando não apresentavam 50 metros de vegetação natural no seu
entorno, mas com bom estado de conservação, apesar de estarem ocupadas em
parte por pastagem, agricultura ou estradas; e degradadas, quando se encontravam
com alto grau de perturbação, muito pouco vegetada, solo compactado, presença de
gado, com erosões e voçorocas além de drenagem ou represamento.
A vegetação em torno das nascentes consideradas como perturbadas e
degradadas foram identificadas por coleta, registro fotográfico e posterior
identificação
4
.
A declividade foi gerada com dados altimétricos oriundos da cartografia em
escala de 1:50.000 do IBGE. A superfície do terreno foi reproduzida a partir das
curvas de nível da área e pelos pontos coletados no campo, utilizando a triangulação
de Delauney (Modelo TIN) como interpolador das isolinhas. Em seguida foi gerada
uma matriz em uma categoria MNT, com malha de 10 metros. O mapa de
declividade é o resultado do fatiamento da declividade. As classes de declividade
foram estabelecidas seguindo a metodologia de DE BIASE (1993), elucidada na
Tabela 7.
Tabela 7 - Correlação entre classes de declividade e relevo (DE BIASE, 1993)
Classes de declividade Relevo
0-3 Várzea
3-6 Plano a suave ondulado
6-12 Suave-ondulado a ondulado
12-20 Ondulado a forte ondulado
20-40 Forte ondulado a montanhoso
> 40 Montanhoso
57
Todos os usos os quais não são de vegetação nativa presente nas áreas
das nascentes, cursos d’água e encostas foram considerados como uso conflitante
(Resolução 303/02 e lei 4.771/65).
Apesar da resolução espacial das imagens capturadas no Google Earth
serem de 1 metro, o mosaico deve ser representado cartograficamente numa escala
bem menor que a capacidade de uma apresentação visual, pois as distorções
acumuladas deterioram a acurácia de posicionamento das fotografias pelo
processamento no ArcGIS 9.2, devido a supressão dos pixels, a fim de ajustar a
imagem nos pontos de controle.
58
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Estratégias
4.1.1 Conectividade entre os elementos da fauna
Considerando o levantamento de avifauna, 111 espécies (43,2%) do total
apresentam hábito florestal ou de borda de formações florestais, isso reforça a
importância da conectividade entre os fragmentos florestais, pois é pouco provável
que espécies com essas características se aventurem com freqüência em ambientes
abertos.
Há 28 espécies endêmicas da Mata Atlântica e 20 espécies ameaçadas de
extinção, 85% são de hábito florestal, entre elas o Tinamus solitarius, o Crypturellus
noctivagus, o Amazona rhodocorytha, o Pyrrhura cruentata, o Dysithamnus
plumbeus, o Melanerpes flavifrons, o Thripophaga macroura e o Neopelma aurifrons.
Tais espécies necessitam de estratégias que visem sua conservação e podem ser
apontadas como espécies-chaves para a área².
Dentre os não passeriformes, as espécies da família Tinamidae - Tinamus
solitarius (macuco) e Crypturellus noctivagus (jaó-do-sul) são considerados aves
cinegéticas e possuem vôos curtos.
Da família Caprimulgiformes, o Nyctibius grandis (mãe-da-lua-gigante)
possui o hábito de freqüentar bordas e ambientes abertos, são arborícolas por
excelência, não descem ao solo.
Entre os representantes Ramphastidae, há o Pteroglossus aracari (araçari-
de-bico-branco) e o Ramphastos vitellinus (tucano-de-bico-preto) que são
considerados os grandes dispersores de sementes. Possuem o hábito de voar entre
59
clareiras e ambientes abertos e não possuem restrição a ambientes abertos, vôo
rápido e até veloz a curtas distâncias.
Outras aves são dependentes de povoamentos florestais maduros devido a
disponibilidade de alimento e abrigo, como é o caso dos Picídeos (Melanerpes
flavifrons - benedito-de-testa-amarela) que procuram estratos arbóreos onde
contenham árvores parasitadas pelos tipos mais variados de insetos e suas larvas
(coccídeos e homópteros) e os Psittacideos que mesmo possuindo o hábito de fazer
vôos longos à proucura de alimento e banho, necessitam de ocos de árvores para
nidificação, sendo aqui representadas por Pyrrhura cruentata (Fura-mato) e
Amazona rhodocorytha (chauá).
A destruição da mata primária priva-os de uma multidão de árvores, entre as
quais as velhas e de grande porte de que necessitam para nidificar. O plantio de
corredores, por se tratarem de povoamentos novos ou reflorestamento com
eucalipto, não favorece a existência dessas famílias assim como no caso de
capoeiras nativas, nas quais faltam árvores maiores para instalação de seus ninhos.
A presença desses serve, entre outras coisas, para indicar a biocenose do local,
mas a longo prazo a existência do corredor, seja ele contínuo ou como ilha de
vegetação, proporcionará habitat favorável às espécies.
Os passeriformes, que são popularmente conhecidos como pássaros ou
passarinhos, se caracterizam por ser um grupo bastante numeroso e diversificado,
com cerca de 5400 espécies o que representa metade do total de aves. Geralmente,
os passeriformes são aves de pequenas dimensões, canoras e ornamentais, com
alimentação baseada em sementes, frutos e pequenos invertebrados.
Entre os representantes dos passeriformes, pode-se citar: Dysithamnus
plumbeus, Formicarius colma, Thripophaga macroura, Corythopis delalandi,
Rhynchocyclus olivaceus, Neopelma aurifrons, Turdus fumigatus e Sporophila
angolensis, com destaque para a guilda de alimentação insetívora e onívora. Devido
ao menor tamanho, essas espécies se tornam relativamente menos complexas para
conservação.
Visando a conservação das 20 espécies de aves ameaçadas de extinção e
das três espécies de primatas, é fundamental que seja estabelecido um corredor
contínuo ou pelo menos ilhas de vegetação bem próximas, para favorecer a
conectividade dessas populações abrangendo a maior parte das espécies
estudadas. Além disso, o plantio ou o enriquecimento das áreas deve ser
60
preferencialmente com espécies da flora utilizadas pelos primatas e aves em sua
dieta, tanto no interior e borda dos fragmentos, como no corredor e mata ciliar,
proporcionando maior densidade e qualidade de recursos alimentares, aumentando
o interesse em freqüentar o corredor. As espécies arbóreas dispersas pelos
elementos faunísticos são indicadas para o plantio, a fim de auxiliar na alimentação
e restauração desse sistema em longo prazo. É importante considerar que a
distribuição espacial dos recursos influenciará inclusive o padrão de utilização da
floresta pelos primatas (JARDIM, 2005).
Dos elementos da mastofauna, os primatas são importantes indicadores
para as florestas tropicais como elemento fundamental de estratégias para a
conservação da biodiversidade, tanto em nível regional quanto de bioma (RYLANDS
et al., 1997), que abriga 23 espécies e subespécies reconhecidas de primatas, onde
74% delas são endêmicas. Essa região também apresenta o segundo maior número
de taxa de ameaçados (18), endêmicos (RYLANDS et al., 1997).
Os primatas dependem do estrato florestal para reprodução, abrigo,
locomoção e alimentação. São, portanto muito sensíveis a impactos que promovam
uma alteração na estrutura horizontal e vertical da floresta, podendo, assim, serem
enquadrados como um grupo indicador da conservação florestal (PEREIRA et al.,
2003). Atualmente, a principal causa do declínio de populações de primatas na Mata
Atlântica é a fragmentação de habitat (MITTERMEIER et al., 1989), pois apresentam
hábito arborícola e movimentam-se entre galhos, sendo, portanto, especialmente
sensíveis à fragmentação, já que encontram dificuldade para atravessar pelo solo a
pequenas, médias e grandes distâncias, dependendo da espécie, em busca de outro
fragmento. Devido a isso se tornam muito vulneráveis, pois precisam percorrer
maiores extensões, tendo que atravessar estradas, plantações ou áreas abertas em
busca de novas áreas florestadas, aumentando a susceptibilidade de morte por
atropelamento, predação por cães ou acidentes em fiação elétrica (JARDIM, 2005).
O isolamento de populações de primatas pode acarretar dois principais
problemas para a conservação, como a impossibilidade de recolonizar fragmentos e
a ausência do fluxo gênico entre populações (CHIARELLO & GALETTI, 1994).
Devido ao pequeno tamanho e isolamento da maioria dos fragmentos de floresta
semidecídua da Mata Atlântica, é pouco provável que populações mínimas viáveis
de primatas sejam mantidas em longo prazo (CHIARELLO & MELO 2001,
CHIARELLO 2003).
61
Como agravante, pouco se sabe sobre a dinâmica de metapopulações em
fragmentos florestais e quais os efeitos em longo prazo da diminuição do fluxo
gênico provocada pelo maior isolamento das populações (JARDIM, 2005). Portanto,
essas áreas que se destinam à conservação de metapopulações deverão ser
manejadas num futuro próximo, para que extinções locais de espécies sejam
evitadas (KIERULFF & RYLANDS, 2003).
Considerando as características das três espécies de primatas estudadas, é
possível indicá-las como exigentes em relação ao acesso entre os fragmentos e,
principalmente, a fragmentação. É possível inferir que o Alouatta guariba (bugio-
ruivo, barbado ou guariba) e o Callicebus personatus (guigó ou sauá) são exigentes
por apresentarem maior restrição ao atravessar pelo solo a médias e grandes
distâncias, e quanto maior a distância, menor a chance de sucesso de dispersão,
devido à dificuldade para encontrar novas áreas com recursos disponíveis e ainda
não ocupadas por outros grupos (JARDIM, 2005). O Cebus nigritus apresenta maior
variedade na dieta alimentar e relativa capacidade de descolamento entre
fragmentos. Entretanto, não é correto afirmar que os macacos-pregos sejam menos
exigentes em relação ao tipo de corredor a ser proposto, pois o fato de não serem
folívoros oferece maiores dificuldades de sobrevivência em pequenos fragmentos
em relação aos sauás e os barbados MENDES
5
.
O fato de serem encontrados em fragmentos florestais, essas populações de
aves e primatas isoladas podem não ser viáveis a longo prazo
5
. Desse modo, o
estabelecimento de corredores é considerado essencial para alcançar a
conectividade, demonstrando condições de abrigar populações viáveis em longo
prazo, além de contribuir para o incremento das probabilidades de sobrevivência.
(AYRES et al., 2005).
62
4.1.2 Indicação de gêneros arbóreos com aptidão para corredor ecológico
4.1.2.1 Abrigo
A avaliação da composição florística da Floresta Nacional de Pacotuba teve
por finalidade verificar e comparar as diferenciações fitossociológicas existentes
entre as áreas de Floresta Atlântica nativa e outras mais influenciadas pela ação
antrópica. Por se tratarem de parcelas permanentes, estas certamente servirão de
base para estudos futuros relacionados à ecologia florestal. As parcelas amostram
185 espécies distribuídas em 39 famílias e 133 gêneros. Os resultados obtidos, no
que tange ao número de espécies por família, apresentam pequenas variações,
sendo a família Fabaceae a que apresenta maior número de espécies (31), seguida
de Sapotaceae (14), Meliaceae (11), Lauraceae (9), Myrtaceae (9), Euphorbiaceae
(7), Rubiaceae (6) e Flacourtiaceae (6). Dessa forma, a FLONA é uma unidade de
conservação de fundamental importância como mantenedora da biodiversidade das
espécies da Bacia do Rio Itapemirim. A análise dos parâmetros fitossociológicos
inclui, por espécie, as seguintes estimativas: densidade absoluta (Da) e relativa
(DR), dominância absoluta (DoA) e relativa (DOR), freqüência absoluta (FA) e
relativa (FR) e valor de importância (VI). Além disso, foram estudados os índices de
diversidade e agregação de espécies e foi encontrado um número de espécies
superior ao observado, em média, em outros trabalhos de caracterização
fitossociológicas em fragmentos da Mata Atlântica.
O índice de diversidade de Shannon Weaver (H’) médio observado para toda
a área de estudo é de 3,34. O estudo da estrutura horizontal mostra que as dez
espécies de maior valor de importância perfazem juntas 45,14% do valor de
importância total do fragmento florestal estudado, destacando-se Senefeldera
multiflora (sucanga) e Actinostemon estrellensis (capitão), com respectivamente
13,34% e 11,74% do valor de importância total.
Os parâmetros fitossociológicos indicam oito famílias mais representativas
na área da FLONA. Tendo em conta que possuem boa adaptabilidade à região,
essas podem ser as mais indicadas na implantação de corredores ecológicos,
utilizando como critério a função de abrigo.
Moreira (2005) descreveu a espécie Senefeldera multiflora (Euphorbiaceae)
sendo utilizada pela comunidade de Monte Alegre nos fogões a lenha, devido à sua
facilidade de combustão e abundância em toda FLONA. Além disso, Silva et al.
63
3,1
3,9
5,5
10,2
18,8
47,7
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0
anemofilia
cantarofilia
entomofilia
não especializadas
falenofilia
melitofilia
Tipo de Polinização
porcentagem (%)
(2005) destacaram outras espécies com grande freqüência na FLONA como:
Neoraputia alba, Astronium concinnum, Anadenanthera peregrina, Virola gardneri,
Chysophyllum lucentifolium, Casearia sp., Pseudopiptadenia contorta e Rinorea
bahiensis.
4.1.2.2 Alimentação
4.1.2.2.1 Guilda de Polinização
A melitofilia é a síndrome de polinização que apresenta maior ocorrência,
sendo encontrada em 121 espécies, ou 47,7% do total (Figura 3), seguida pela
falenofilia 30 espécies (18,8%), Não especializadas 24 (10,2%). As síndromes de
menor importância, somadas representam 10,9%. São essas as associadas (que
apresentam mais de um tipo de polinizadores): a quiropterofilia - polinização por
morcego, a miofilia - polinização por moscas e, por fim, a psicofilia - em que seu
agente polinizador é a borboleta. Para 58 das 186 espécies, não foi possível
identificação do tipo de polinizador.
Figura 3 - Tipos de polinização ocorrentes na área de estudo.
64
A fragmentação florestal modifica a atividade dos agentes polinizadores e o
arranjo do forrageamento dos mesmos (SHAFFER, 1981). Essas conseqüências
tendem a aumentar a frequência de cruzamentos endogâmicos nas populações
remanescentes, que pode resultar em depressão endogâmica (NASON e HAMRICK,
1997), alterando o nível de produção de sementes (MENGES, 1991), podendo
apresentar declínio na riqueza de espécies de plantas (BECKER et al., 1991). Os
corredores ecológicos podem auxiliar de forma a restabelecer esse equilíbrio.
O conhecimento prévio dos agentes polinizadores é o primeiro passo para se
entender esse processo. Com maior valor entre os tipos de polinização, a melitofilia
destaca-se. Este resultado pode auxiliar, entre outros fatores, a polinização de
culturas agrícolas ao entorno do fragmento e a produção de mel como atividade
alternativa aos proprietários rurais.
4.1.2.2.2 Guilda de Alimentação
Do total de aves registradas 106 são insetívoras (41,2%), 79 onívoras
(30,7%), 17 granívoras (6,6%), 18 carnívoras (7,0%) e apenas 16 (6,2%) são
consideradas frugívoras, seguidas de 12 nectarívoras (4,7%), 6 piscívoros (2,3%) e 3
detritívora (1,2%) (Figura 4). As espécies registradas como potenciais dispersoras de
sementes são em sua maioria pertencentes à guilda insetívora e onívora. Entretanto,
muitas dessas espécies incluem frutos na sua dieta, engolindo-os inteiros e
descartando-os longe da planta mãe, podendo assumir um importante papel no
processo de dispersão.
Em seus estudos, Faustino & Machado (2006) encontraram em áreas de
campo rupestre as espécies onívoras que foram responsáveis por 95,5% do total de
frutos consumidos, seguidas pelas insetívoras (2,8%) e granívoras (1,7%). O
consumo de frutos provavelmente não está mais associado à guilda de aves
frugívoras, já que esta é pequena se comparada com outras guildas de aves
presentes na área deste estudo.
65
1,2
2,3
4,7
6,2
6,6
7,0
30,7
41,2
- 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0
Detritívoro
Piscívoro
Nectarívoro
Frugívoro
Granívoro
Carnívoro
Onívoro
Insetívoro
Dieta
Espécies (%)
Figura 4 - Dieta da avifauna.
Das famílias de aves que têm maior representatividade no consumo de
frutos, destaca-se a Tyrannidae com 32,7%, a Emberizidae com 30,67%, a
Muscicapacidae 17,13%, a Ramphastidae com 14,74% e as demais com 4,76%.
Dos 42 gêneros de aves encontrados como dispersores de sementes, 33
(78,6%) pertencem à ordem Passeriforme (Tyrannidae, Emberizidae e
Muscicapidae), aves de pequeno porte que têm maior número de interações com as
famílias Meliaceae, Melastomataceae e Fabaceae, Lauraceae, Myrtaceae e
Anacardiaceae (Tabela 8).
O estudo da alimentação das aves que sobrevivem em áreas fragmentadas
é um aspecto extremamente relevante, pois pode fornecer importantes informações
sobre a estrutura trófica de comunidades, bem como das condições físicas do
ambiente (PIRATELLI e PEREIRA, 2002).
A estrutura e composição de uma comunidade de aves sofrem mudanças
quando ocorre alguma alteração na vegetação, seja ela natural ou provocada por
atividades humanas (ALEIXO, 1999). Estudos sobre a estrutura trófica de
comunidades de aves podem revelar perturbações ambientais, pois levam a um
aumento no número de espécies onívoras e insetívoras menos especializadas e
diminuição de frugívoros (MOTTA-JÚNIOR, 1990).
A estrutura trófica da RPPN Cafundó demonstra um predomínio das
espécies insetívoras seguidas por onívoras. Dados semelhantes foram constatados
66
4,9
0,5
13,0
16,2
65,4
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0
sem informação
barocoria
autocoria
anemocoria
zoocoria
Dispersão
N° de Espécies
por ANJOS e BÓCON (1999), DÁRIO E ALMEIDA (2000), KRÜGEL & ANJOS
(2000). Em áreas mais antropizadas, há um aumento na onivoria, como no caso de
fragmentos de mata, assim como em áreas cobertas por vegetação secundária ou
exótica. A onivoria teria um efeito tampão contra flutuações no suprimento de
alimentos (D’ ÂNGELO-NETO et al., 1998). Em estudo de reflorestamento misto, a
guilda insetívora e a onívora se equiparam (ROSA, 2003). Pode-se considerar que o
fato de haver mais aves insetívoras na área da RPPN, mesmo sendo um fragmento
florestal, demonstra que esta não se encontra muito alterada.
De acordo com Fleming (1991), aproximadamente 35% das famílias de aves
possuem espécies que consomem frutos. No entanto, a maioria das aves frugívoras
alimenta-se também de artrópodes, obtendo por meio desse recurso proteínas que
são escassas nas estruturas carnosas dos frutos (MOERMOND & DENSLOW,
1985). O fato de se alimentarem de outros recursos, e serem classificadas em outras
guildas alimentares não diminui a importância na dispersão de sementes. Além
disso, um fato comum às aves frugívoras tropicais é a capacidade de explorar uma
grande variedade de espécies vegetais.
4.1.2.2.3 Guilda de Dispersão de sementes
Entre os tipos de dispersão encontrados, destacam-se a zoocoria (65,4%),
anemocoria (16,2%), autocoria (13%) e barocoria (0,5%) (Figura 5).
Figura 5 - Percentual das Síndromes de Dispersão.
67
7
7
10
13
14
14
16
19
25
50
0 102030405060
Flaucoutiaceae
Sapindaceae
Moraceae
Euphorbiaceae
Anacardiaceae
Myrtaceae
Lauraceae
Fabaceae
Melastomataceae
Meliaceae
Famílias Arbóreas
N° de interações (aves)
Em geral, as florestas semidecíduas do Sudeste do Brasil produzem baixa
porcentagem de espécies com frutos zoocóricos quando comparados com florestas
tropicais mais úmidas (GALETTI, 1992). Entretanto, na FLONA de Pacotuba, a
síndrome de dispersão mais encontrada é a zoocórica, sendo este um indicativo da
grande dependência que as espécies de árvores e arbustos têm com os dispersores
animais, que, por sua vez, podem sofrer grande pressão devido à fragmentação de
habitat.
As espécies que apresentam frutos com pericarpo carnoso são em potencial
atrativas para a fauna. A utilização desses frutos na dieta alimentar proporciona as
altas taxas de consumo aliada ao grande número de visitas às plantas. Estes fatores
indicam a grande importância de tal recurso, não somente para espécies frugívoras,
mas também para muitas espécies generalistas FRANCISCO e GALETTI (2001).
O comportamento alimentar do qual as aves pertencem, confere maior ou
menor potencial a dispersão de sementes para cada tipo de fruto. Nesse trabalho
são consideradas as 10 famílias arbóreas de maior relevância com 84,35% com
maior número de consumo de frutos por aves demonstrando a interação entre eles
(Figura 6).
Figura 6 - Famílias arbóreas de interação com a avifauna.
68
Tabela 8 – Interação dos gêneros de aves e arbóreos
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Gêneros Aves
Penelope
X X X X X X X X X
Columba
X
Leptotila
X X X
Propyrrhura
X
Trogon
X X
Pteroglossus
X X X X X X X X X X
Ramphastos
X X X X X X X X X X X
Colaptes
X
Melanerpes
X
Thamnophilus
X
Phyllomyias
X
Elaenia
X X X X X X X X
Serpophaga
X
Tolmomyias
X X X
Myiarchus
X X X X X
Pitangus
X X X X X X X X
Megarhynchus
X X X X X
Myiozetetes
X X X X
Myiodynastes
X X X X
Empidonomus
X X X X
Tyrannus
X X X X X X X X
Tityra
X X X
Manacus
X X X
Platycichla
X X X
Turdus
X X X X X X X X X X
Mimus
X X X
Vireo
X X X X
Hylophilus
X
Parula
X
Basileuterus
X
Coereba
X X X X X
Hemithraupis
X X X X
Tachyphonus
X X X
Trichothraupis
X X X X
Thraupis
X X X X X X X X X X
Euphonia
X X X X
Tangara
X X X X X X X X X X
Dacnis
X X X X X X X X
Cyanerpes
X X
Zonotrichia
X X
Coryphospingus
X
Cacicus
X X X X
42 gêneros
25 24 23 19 14 14 13 8 7 7 6 6 3 2 2 2 1 1
Gêneros Arbóreos: 1 – Miconia, 2 – Trichilia, 3 – Cabralea, 4 Copaifera, 5 – Ocotea, 6 – Tapirira, 7
Alchornea, 8Sorocea, 9 – Casearia, 10 – Myrcia, 11 – Eugenia, 12 – Cupania, 13Guarea, 14
Cryptocarya, 15 – Senna, 16 – Brosimum, 17 – Campomanesia e 18 – Allophylus.
69
4.1.2.3 Meliaceae
A família Meliaceae, mostra-se mais representativa na dispersão de
sementes pela avifauna por meio dos gêneros Trichilia, Cabralea e Guarea, com
grande número de interações, 24, 23 e 3 respectivamente, e juntas somam o total de
50 interações (Tabela 8).
No caso do gênero Trichilia, as 9 famílias de aves estão representadas por
24 gêneros: Emberizidae (Hemithraupis, Tachyphonus, Trichothraupis, Thraupis,
Euphonia, Tangara, Dacnis e Zonotrichia), Tyrannidae (Elaenia, Tolmomyias,
Myiarchus, Myiodynastes, Empidonomus, Tyrannus e Tityra), Columbidae (Columba
e Leptotila) e Muscicapidae (Turdus), Cracidae (Penelope), Trogonidae (Trogon),
Tramnophilidae (Thamnophilus), Pipridae (Manacus) e Vireonidae (Vireo e
Hylophilus).
Espécies do gênero Trichilia possuem frutos do tipo seco capsular e
deiscentes, que ao abrirem-se mostram as sementes envoltas num tecido carnoso
avermelhado que possui atratividade para a avifauna denominado arilo (BARROSO
et al., 1999). Em seu estudo, Gondim (2001) afirma que os atributos de atração mais
evidentes para as aves são a coloração e a acessibilidade ao fruto. O seu estudo
encontrou grande número de visitas ocorridas pelas espécies Dacnis cayana,
Manacus manacus e Thaupis sayaca e ressaltou ainda que as espécies do gênero
Trichilia foram exploradas por aves de guildas heterogêneas. O fato das sementes
serem relativamente pequenas permite o consumo por espécies com tamanhos
muito diversos. Além disso, a dispersão secundária, principalmente por formigas,
amplia as chances de sobrevivência das sementes, por serem depositadas ou
eventualmente abandonadas em novos microhabitats o que favorece seu
estabelecimento (HORVITZ e SCHEMSKE 1994, CINTRA e HORNA 1997, PIZO e
OLIVEIRA 1998).
Para Cabralea, houve registro de 10 famílias de aves dispostas em 23
gêneros de aves, entre elas: Tyrannidae (Phyllomyias, Elaenia, Myiarchus, Pitangus,
Megarhynchus, Myiozetetes, Myiodynastes, Empidonomus, Tyrannus e Tityra),
Emberizidae (Tangara, Dacnis e Cacicus), Ramphastidae (Pteroglossu e
Ramphastos) e Muscicapidae (Platycichia e Turdus), Cracidae (Penelope),
Columbidae (Propyrrhura), Trogonidae (Trogon), Picidae (Melanerpes), Pipridae
(Manacus) e Vireonidae (Vireo).
70
O fruto da Cabralea é carnoso e tardiamente deiscente sendo muitas vezes
confundido com uma baga. Possui sementes aladas, presas a columelas lenhosas
ou não-aladas, com ou sem arilóide carnoso ou sarcotesta. Tanto para Trichilia
quanto Cabralea, a cor está relacionada com a deiscência, além disso, age como
atrativo visual sendo vermelhos ou alaranjados (BARROSO et al., 1999). A
Cabralea é uma importante fonte de alimento para as aves mesmo frutificando em
um período com abundância de frutos com alto teor de lipídeo no arilo, Pizo (1994)
os mais altos encontrados para frutos tropicais.
Já o gênero Guarea tem as suas sementes dispersas por Cracidae
(Penelope), Ramphastidae (Ramphastos) e Muscicapidae (Turdus). Possui uma
cápsula loculicida com parede mais ou menos carnosa em estado fresco. O
endorcapo levemente coriáceo desprende-se de cada valva, por ocasião da
deiscência, como porção independente, lembrando o endocarpo das cápsulas das
Rutaceae (BARROSO et al., 1999).
4.1.2.4 Melastomataceae
A família Melastomataceae, representada neste estudo unicamente pelo
gênero Miconia, apresenta interação com 15 famílias e 42 gêneros de aves, entre
elas: Tyrannidae (Elaenia, Empidonomus, Megarhynchus, Myiarchus, Myiodynastes,
Myiobius, Myiozetetes, Pachyramphus, Pitangus, Tolmomyias, Tyrannus e Tityra),
Emberizidae (Basileuterus, Caryothraustes, Cyanerpes, Coryphospingus, Dacnis,
Habia, Hemithraupis, Sporophila, Tachyphonus, Tangara, Thraupis e Trichothraupis),
Ramphastidae (Pteroglossus e Ramphastos), Vireonidae (Vireo e Hylophilus),
Columbidae (Columba e Claravis), Tinamidae (Tinamus e Crypturellus) e Trochilidae
(Amazilia e Phaethornis), Cracidae (Penelope), Picidae (Colaptes), Muscicapidae
(Turdus), Mimidae (Mimus), Pipridae (Manacus), Trogonidae (Trogon), Cuculidae
(Piaya) e Dendrocolaptidae (Dendrocincla).
O fruto de Miconia é do tipo bacídio, com epicarpo quase sempre muito
delgado (até membranáceo) e sementes envoltas em polpa sem que estejam
encerradas em lóculos. Podem ser oligo ou polispérmicos (BARROSO et al., 1999).
Uma importante característica para Miconia é a possibilidade de ser
encontrada no banco de sementes do solo como espécies pioneiras ou intolerantes
à sombra, estabelecendo-se em geral com o aparecimento de clareiras (TABARELLI
71
e MANTOVANI, 1999 a, b), garantindo condições de regeneração dos
remanescentes florestais, especialmente em fragmentos de Mata Atlântica. A
presença dessas plantas certamente favorece não só a sobrevivência dos
organismos envolvidos nas interações planta-animal, como também a de grande
parte dos integrantes de outras comunidades existentes nesses locais (MANHÃES et
al., 2003b)
4.1.2.5 Fabaceae (Caesalpinioideae)
A Copaifera é o gênero representativo da família leguminosa e subfamília
Caesalpinioideae, e apresenta interação com 5 famílias e 19 gêneros de aves,
sendo: Emberizidae (Coereba, Hemithraupis, Thraupis, Euphonia, Tangara, Dacnis,
Cyanerpes e Zonotrichia) Tyrannidae (Elaenia, Serpophaga, Myiarchus, Pitangus,
Myiozetetes e Tyrannus) Ramphastidae (Pteroglossus e Ramphastos), Muscicapidae
(Platycichla e Turdus) e Mimidae (Mimus).
O fruto é túrgido e possui arilo diminuto de forma anular (BARROSO et al.,
1999). Apresenta baixo teor nutritivo individual, já que o arilo é composto
principalmente por carboidratos (RODRIGUES et al., 2000), no entanto é muito
apreciado pela fauna e avifauna (MOTTA JÚNIOR et al.,1990; LEITE et al., 2001).
Produz frutos maduros fora do pico de frutificação de espécies zoocóricas
(MORELLATO, 1991) e embora tenha frutos tipicamente ornitocóricos, frutificar
nesse período favorece a atração de outros animais dispersores além das aves
(PEDRONI, 1995).
Segundo PEDRONI et al., (2002) a Copaifera parece ser favorecida pelo
ritmo fenológico que ela apresenta na estação seca. Os frutos abrem quando a
umidade do ar é favorável à deiscência, expondo as sementes ariladas aos
dispersores. A irregularidade individual e populacional da frutificação pode
representar uma estratégia para evitar a ação de predadores e garantir a dispersão
de sementes.
72
4.1.2.6 Lauraceae
A família Lauraceae está representada pelo gênero Ocotea, e a interação
com a avifauna somaram 6 famílias e 14 gêneros, com destaque de Tyrannidae
(Elaenia, Myiarchus, Pitangus, Myiozetetes, Myiodynastes, Empidonomus, Tyrannus
e Tityra), Ramphastidae (Pteroglossus e Ramphastos), Emberizidae (Trichothraupis),
Mimidae (Mimus), Muscicapidae (Turdus) e Cracidae (Penelope).
O fruto bacáceo tem exocarpo fino e mesocarpo carnoso, de pouca a muita
espessura, e endocarpo representado apenas pela epiderme interna da parede do
fruto (BARROSO et al., 1999).
No estudo de Francisco & Galetti (2002a) em área de cerrado, o gênero
Ocotea demonstrou ser generalista quanto ao processo de dispersão, produzindo
grandes quantidades de frutos relativamente pequenos que atraem ampla variedade
de espécies de diversas guildas alimentares de aves. Essas características são
comumente apresentadas por espécies de plantas de sucessão secundária (SNOW,
1976), as quais produzem grandes quantidades de pequenas sementes como uma
estratégia para colonizarem as áreas abertas disponíveis (HOWE, 1993).
Francisco & Galetti (2002a) estudaram a espécie Ocotea pulchella e a maior
taxa de consumo ocorreu nos gêneros Turdus, Mimus, Pitangus, Elaenia e
Tyrannus. Todos os gêneros de aves foram considerados potenciais dispersores de
sementes por engolirem os frutos inteiros, possibilitando as sementes serem
regurgitadas em locais afastados das plantas parentais. Além disso, as espécies
dispersoras observadas são bastante comuns e muito freqüentes inclusive em áreas
antrópicas, demonstrando a capacidade de plantas secundárias e generalistas,
como Ocotea, de se estabelecerem mesmo em ambientes degradados.
73
4.1.2.7 Myrtaceae
A família Myrtaceae, representada neste estudo pelo gênero Myrcia, mostra
interação com 3 famílias e 7 gêneros: Emberizidae (Coereba, Dacnis, Tangara,
Cyanerpes e Thraupis), Tyrannidae (Elaenia) e Columbidae (Leptotila).
O fruto de Myrcia é chamado de Bacáceo com pericarpo de pouca a muita
espessura, com espaço central dividido ou não por septos, geralmente com poucas
sementes, que não se encontram envolvida por polpa. (BARROSO et al., 1999).
Argel-de-Oliveira (1999) destaca em seu estudo que a espécie Myrcia fallax
foi visitada principalmente por Cyanerpes cyaneus, seguido por Dacnis cayana e
Elaenia sp, indicando-os como os maiores responsáveis pela dispersão de
sementes.
Para o gênero Eugenia, houve interação com 4 famílias e 6 gêneros de
aves, Ramphastidae (Pteroglossus e Ramphastos), Emberizidae (Tangara e
Thraupis), Cracidae (Penelope) e Muscicapidae (Turdus).
O fruto de Eugenia possui pericarpo variando de pouca a muita espessura,
com espaço central dividido ou não por septos, geralmente com poucas sementes
que não se encontram envolvidas por polpa (BARROSO et al., 1999).
Argel-de-Oliveira (1999) ressaltou forte correlação entre o gênero Eugenia
com a espécie Tangara mexicana, que segundo ela não pode ser considerada um
dispersor eficiente, pois captura o pericarpo da semente por mandibulação e boa
parte cai sobre o solo ou sobre a planta-mãe. Uma parte dos frutos é levada para
fora da planta para ser trabalhada, mas mesmo assim a dispersão não é
considerada muito eficiente, pois a distância percorrida é pequena.
Pizo (2002), avaliando as síndromes de dispersão da família Myrtaceae na
Mata Atlântica, verificou que o tamanho dos frutos os separam de serem os frutos
consumidos por mamíferos consumidos por aves, sendo que, em todos os casos, os
frutos consumidos por mamíferos tendem a ser maiores do que os consumidos por
aves. Manhães (2003a) registrou a família Myrtaceae com a maior
representatividade e participação na dieta frugívora de traupíneos em uma área de
campo rupestre.
No caso da Campomanesia, há registro de interação apenas para a família
Cracidae e o gênero Penelope.
74
O gênero Campomanesia possui fruto classificado como campomanesoídio,
caracterizado por pericarpo carnoso, com cavidade central cheia de tecido polposo
uniforme, com porção central, radialmente, lóculos estreitos que encerram as
sementes, geralmente em número reduzido.
4.1.2.8 Anacardiaceae
Para o gênero Tapirira, há interação com 5 famílias e 14 gêneros de aves,
sendo: Emberezidae (Parula, Coereba, Thraupis, Euphonia, Tangara e Dacnis),
Tyrannidae (Elaenia, Pitangus, Megarhynchus e Tyrannus), Ramphastidae
(Pteroglossus e Ramphastos), Columbidae (Leptotila) e Muscicapidae (Turdus).
O fruto é uma drupa elipsóide ou quase esférica, com pequenas formações
verrucosas no ápice, que são vestígios dos estiletes. O epicarpo e o mesocarpo têm
pouca espessura, mas são carnosos; e o pirênio, de textura levemente cristácea,
aloja a semente pêndula, de funículo curto, oblonga, com testa fina, estriada, o
embrião é curvo, com cotilédones plano-convexos (BARROSO et al., 1999).
As árvores da família Anacardiaceae apresentam grande produção de
sementes em frutos pequenos, dispostos em cachos e polpa suculenta e adocicada,
bastante utilizadas pelas aves LORENZI (2002), garantindo sua dispersão.
A dispersão das sementes de T. guianensis na área estudada por
Guimarães (2003) se deu principalmente por tiranídeos, que regurgitam as sementes
intactas, fenômeno comum também em Leptotila e Turdus, que engolem os frutos
inteiros e regurgitam as sementes intactas. Os traupíneos foram desconsiderados,
pois mandibulam os frutos. Sick (1997) consideram que as espécies de aves que
mandibulam frutos não são dispersoras eficientes de sementes, uma vez que as
deixam cair sobre a planta-mãe. Guimarães (2003) finaliza considerando que as
aves visitantes de Tapirira guianensis têm grande importância na dispersão desta
planta e ainda ressalta que essa espécie é indicada para reflorestamento
secundário, planejamento de parques e prática de jardinagem ecológica, já que atrai
pássaros e é facilmente dispersada por eles.
75
4.1.2.9 Euphorbiaceae
No gênero Alchornea, a dispersão de propágulos se deu por 6 famílias e 14
gêneros, Tyrannidae (Elaenia, Tyrannus, Myodinastes, Empidonomu e
Pachyramphus) Emberizidae (Dacnis, Tangara, Thraupis e Zonotrichia),
Ramphastidae (Pteroglossus e Ramphastos), Cracidae (Penelope), Columbidae
(Leptotila) e Vireonidae (Vireo).
O fruto é do tipo bilocular, levemente deprimido, e começa a se abrir
lateralmente, de baixo para cima. Depois da deiscência, a semente é globosa, com
testa verrucosa, fica presa à coluna do ovário, apresenta hilo mediano e rafe bem
pronunciada e carúncula vemelha e as cápsulas são dispostas em racemos curtos
(BARROSO et al., 1999)
Segundo Snow (1981), o fruto de Euphorbiaceae possui um baixo valor
nutritivo para as aves. Esse fator talvez explique o fato de que os frutos das espécies
dessa família não tenham sido encontrados como parte principal da dieta de
nenhuma ave frugívora especializada. Moermond & Denslow (1985) chamam a
atenção para o fato de que muitos frutos que em determinados períodos são
abundantes, visíveis e de fácil acesso, podem ser explorados ocasionalmente por
muitas aves, já que constituem uma fonte de energia alternativa e farta, muito
embora sem grande valor nutritivo. Por meio dessa estratégia, típica de plantas de
matas secundárias (VAN DE PIJL, 1972), as sementes podem ser dispersas
eficazmente por aves principalmente insetívoras ou por aves frugívoras não
especializadas.
Valente (2001) encontrou grande freqüência de visitas para Myiodynastes
maculatus, Empidonomus varius, Vireo olivaceus, que contribuíram com 68,5%.
Geralmente engolem os frutos inteiros e por não permanecerem muito tempo na
árvore, podem ser consideradas dispersoras efetivas das sementes de Alchornea
glandulosa.
As aves visitantes encaixam-se na categoria de oportunistas, já que os frutos
não constituem um componente predominante em suas dietas SICK (1997).
Segundo Mckey (1975), frugívoros oportunistas são típicos de áreas mais abertas ou
perturbadas, e não possuem um padrão regular de visitas. Várias espécies podem
ter se alimentado dos frutos de A. glandulosa apenas por esta representar um
recurso superabundante e que exige esforço mínimo das aves.
76
Valente (2001) destacou sua importância na recomposição de áreas
degradadas devido à sua ampla distribuição e por se tratar de uma planta pioneira.
Snow (1981) considerou que os frutos do gênero Alchornea são comidos tanto por
aves frugívoras especializadas quanto oportunistas e comentou que nenhum gênero
da família Euphorbiaceae teria muita importância no sentido de contribuir com a
maior parte da dieta de qualquer ave frugívora especializada.
4.1.2.10 Moraceae
Na família Moraceae, para o gênero Sorocea é encontrado interação entre 3
famílias e 8 gêneros de aves: Emberizidae (Thraupis, Euphonia, Tangara e Cacicus),
Tyrannidae (Pitangus e Megarhynchus) e Muscicapidae (Platycichla e Turdus). Para
o gênero Brosimum, é encontrado em registro de dispersão por Ramphastidae
(Pteroglossus e Ramphastos).
Os frutos são do tipo monocárpicos, a núcula é completamente envolvida
pelo perianto persistente e carnoso e apresenta o pedicelo espessado e de tamanho
aumentado, a semente tem testa fina e é desprovida de endosperma e o embrião é
carnoso, com cotilédones de tamanhos desiguais. O receptáculo carnoso,
lactescente, amarelo, tem polpa adocicada e é comestível (BARROSO et al., 1999).
Argel-de-Oliveira (1999) estudou o gênero Sorocea e ressaltou a presença
de semente maior que 1 cm de comprimento, sendo provavelmente aves de maior
tamanho os dispersores potencialmente mais eficientes, com destaque para a família
Turdinae (Platycichla) e (Pitangus e Megarhynchus).
4.1.2.11 Sapindaceae
Para o gênero Cupania, há registro de 3 famílias e 6 gêneros de aves entre
elas: Tyrannidae (Pitangus e Megarhynchus), Ramphastidae (Pteroglossus e
Ramphastos), Emberizidae (Cacicus) e Tyrannidae (Tyrannus)
O fruto é do tipo samarídeo cápsula ou baga, com arilo ou arilóide alvo ou
amarelo, envolvendo a base da semente (BARROSO et al., 1999)
Argel-de-Oliveira (1999) encontrou para as espécies de Cupania emarginata
e Cupania sp. visitas constantes da ave Cacicus haemorrhous, considerando-o o
principal consumidor de C. emarginata e único da C. sp., mas pode ser considerada
pouco eficiente devido ao transporte por essas aves ser realizado em curtas
77
distâncias, apenas até árvores vizinhas. No caso de C. emarginata, é possível que
os tiranídeos especialmente (Tyrannus melancholicus) respondam por boa parte da
dispersão.
Para o gênero Brosimum, há apenas a família Ramphastidae e os gêneros
Pteroglossus, e Ramphastos com registro de consumo de frutos.
O fruto é do tipo monocárpico, o receptáculo globoso e carnoso engloba a
núcula com semente pêndula, sem endosperma, com hilo circular e embrião crasso,
com cotilédones iguais ou desiguais entre si (BARROSO et al., 1999). O receptáculo
carnoso, lactescente, amarelo, tem polpa adocicada e é comestível.
4.1.2.12 Flacourtiaceae
O gênero Casearia, apresenta relação com 2 famílias e 7 gêneros de aves:
Emberizidae (Hemithraupis, Tachyphonus, Trichothraupis e Dacnis), Tyrannidae
(Tolmomyias).
Apresenta fruto capsular com pericarpo carnoso, vermelho, de superfície
lisa, trivalvar; semente com funículo curto e sementes com arilo membranáceo
(BARROSO et al., 1999)
Do ponto de vista da interação planta animal, as espécies do gênero
Casearia são dispersas por aves que consomem suas sementes SANCHOTENE
(1989). Isto provavelmente explica sua grande dispersão pelo neotrópico. Suas
flores apresentam néctar aromático o que atrai uma grande quantidade de visitantes
(insetos) (MARQUETE e VAZ et al,. 2007).
Entre as famílias Arbóreas, as Meliaceae, Melastomataceae, Fabaceae,
Lauraceae, Myrtaceae, Anacardiaceae, Euphorbiaceae, Moraceae, Sapindaceae e
Flacourtiaceae apresentam valores com grande número de interação com a
avifauna, sendo provavelmente plantas com grande potencial para atuarem como
núcleos de atração e dispersão de sementes na região de estudo. Estes dados
corroboram com Argel-de-Oliveira (1999) e Mikich (2001), que destacam a família
Meliaceae, Melastomataceae, Lauraceae, Myrtaceae entre outras como
potencialmente atrativas a avifauna.
Em seu estudo, Hasui (2007) destacou que a família Myrtaceae deve ser
valorizada em estratégias de gestão, devido à sua importância para a estrutura da
comunidade de pássaros reafirmando que a relação planta animal deve ser levada
78
em consideração para conservação e gestão de ambientes fragmentados (GABBE et
al., 2002, HASUI 2007).
De acordo com Piratelli e Pereira (2002), as aves consumidoras de frutos
tendem a se tornarem nômades em função da abundância, distribuição territorial e
espacial dos frutos, pois sofrem influência, podendo procurar alimento em outros
fragmentos desde que não estejam muito distantes, contribuindo com a dispersão de
sementes sendo, portanto de fundamental importância para a recuperação de áreas
degradadas e sucessão vegetal dessas áreas (GRIFFITH et al., 1996).
Como estratégia para atratibilidade, é provável que a eficiência do transporte
de sementes por aves será maior se possuírem fontes de atração, como plantas já
frutificando, como no caso dos dados encontrados por Silva et al., (1996) que
comparou pastagens em uso e pastagens abandonadas, e encontrou quantidades
maiores de propágulos na segunda situação. É importante ressaltar que quanto mais
próxima uma área a ser recuperada estiver de uma área vegetada, mais rápida e
intensa será a chegada de sementes trazidas pelos agentes dispersores.
79
4.1.3 Análise da Paisagem
4.1.3.1 Cenário Atual de uso e ocupação do solo
Entre as categorias utilizadas (Figura 7), merece destaque o Estágio Médio e
Avançado de Regeneração que representa a maior área com 721,99 ha (39,7%),
seguida do Pasto Limpo e Área Alagada 706,04 (38,8%) e Pasto Sujo 283,79
(15,6%). Essas contribuem com 94,1% do total da propriedade (Tabela 9)
Tabela 9 – Classificação do uso do solo da Fazenda Boa Esperança
Classificação do Uso do Solo ha %
Mata em Estágio Médio e Avançado de Regeneração 721,99 39,7
Pasto limpo / Área Alagada 706,04 38,8
Pasto sujo 283,79 15,6
Estrada 35,02 1,9
Estágio Inicial de Regeneração 33,94 1,9
Rios 14,21 0,8
Café 9,26 0,5
Reflorestamento 7,32 0,4
Área Edificada 6,69 0,4
Ponte 0,10 0,0
Total 1819,11 100,0
As áreas florestais que não se encontram averbadas como RPPN, mas
estão nos domínios da fazenda, além de desempenhar um papel biológico de
preservação dos recursos naturais, também auxiliam expressivamente na
conectividade para a RPPN.
80
Figura 7 – Classificação do uso do solo.
81
1,8
16,2
52,9
80,3
147,6
59,6
309,6
9,6
0 50 100 150 200 250 300 350
Área (ha)
Nascente
Mata Ciliar
Decl. > 45°
Topo de morro
APP's
presente ausente
4.1.3.2 Cenário frente ao atendimento da Legislação Ambiental
Foi encontrado um total de 165,7 ha (32,7%) de áreas de preservação
permanente que estão sendo utilizadas para outras finalidades (Tabela 10 e Figura 8
e 12). A maior discrepância em relação à legislação são as nascentes, que de 18ha,
apenas 1,8 ha (10,3%) estão protegidos.
Foi encontrado uma extensão de 2,8 Km do Rio Itapemirim que margeia a
propriedade, 9,7 Km e 11,18 ha para o Ribeirão Estrela do Norte 8,6 Km e 8,53 ha
atribuídos aos cursos d’água menores. Gerando ao todo uma área de proteção de
133,3 ha. Deste total, apenas 39% (52,9 ha) se encontra protegida, havendo um
deficit de 80,3 ha a serem reflorestados.
As áreas de declividade acima de 45° totalizaram 207,2 há, destes 71,2% se
encontram preservadas. Já que o atributo que melhor atende a legislação (93,7%)
são os topos de morro com área de 319,2 há (Figura 12), que demonstra uma
significativa variação nas altitudes, características morfológicas e geológicas,
proporcionando um grande potencial hídrico à área.
Figura 8 - Quantificação das áreas de preservação permanente.
82
Tabela 10 – Situação atual das áreas de App.
* As áreas consideradas presentes, são as ocupadas por Estágio Avançado, Médio e Inicial de
Regeneração e Reflorestamento. E ausente, as áreas ocupadas por pasto sujo, pasto limpo e outros usos.
A aplicação do geoprocessamento na quantificação de fragmentos naturais e
mapeamentos de áreas de preservação permanente de acordo com a legislação
ambiental são práticas consolidadas, demonstrando a efetividade dessa ferramenta
(Figura 10). Os produtos gerados através da simples aplicação dessas ferramentas
geográficas podem gerar valiosas informações para a gestão dos recursos naturais
subsidiando o planejamento de áreas prioritárias para conservação.
Se as áreas de preservação permanente em não conformidade com a
legislação forem implementadas proporcionariam excelente conectividade entre três
dos cinco fragmentos, (Figura 2) sendo que os dois restantes ficariam muito
próximos de serem conectados. Os fragmentos 1 e 2 (Figura 13) seriam
grandemente beneficiados se as áreas de topos de morros e acima de 45° fossem
estabelecidas. Os fragmentos 2 e 3 (Figura 13) teriam grande contribuição pelo
estabelecimento de mata ciliar, restando apenas uma pequena área para se
tocarem, 156 metros em linha reta. Os fragmentos 3 e 4 (Figura 13) seriam
favorecidos com o reflorestamento tanto pela mata ciliar, quanto pela declividade
acima de 45° (Figura 9) e a conectividade seria estabelecida em ambos os casos. E
finalmente, os fragmentos 4 e 5, ficariam muito próximos se fossem implantadas as
áreas de topo de morro e declividade acima de 45°, mas não iriam se tocar.
Entretando, vale lembrar que já existe na área um reflorestamento implantado,
sendo assim estes últimos já estarão interligados em um futuro próximo.
APP’s Presente Ausente Total
ha % ha % ha %
Entorno Nascente 1,8 10,3 16,2 90 18 100
Mata Ciliar 52,9 39,0 80,3 60 133,2 100
Declividade acima de 45° 147,6 70,9 59,6 29 207,2 100
Topo de Morro 309,6 93,7 9,6 6,5 319,2 100
511,9 165,7 677,6
83
Figura 9 – Mapa de Declividade.
84
Figura 10 – Mapa de identificação das áreas de APP’s
85
4.1.3.2.1 Mapeamento e análise das nascentes
Durante o trabalho de campo, foram localizadas 23 nascentes que
apresentam abundância de água durante todo o ano, no entanto o volume de água,
segundo os proprietários, vem diminuindo.
Do total, 18 (78%) encontram-se degradadas, 3 perturbadas (13%) e apenas
2 (8,7%) encontram-se preservadas (Tabela 11). As principais perturbações
encontradas nas nascentes são: compactação do solo pelo gado, presença de
estrume, represamento próximo ao olho d’água, desmatamento e presença de
vegetação invasora que apresentam grande consumo de água.
As 6 nascentes pontuais representaram 26 % e encontraram-se, em sua
maioria, nas classes de 12-20% e 20-40% de declividade. Estas classes de declive
ocupam, respectivamente, áreas de relevo ondulado a fortemente-ondulado e áreas
de relevo fortemente-ondulado a montanhoso. Essas características possibilitam o
encontro da camada impermeável do solo com a encosta, dando origem a este tipo
de nascente Castro (2001) (Figura 11, pg 87).
As 17 nascentes difusas somam 74% e estão presentes nas classes de 6-
12% e 12-20%, localizando-se nos brejos, voçorocas, matas planas de altitudes mais
baixas e relevo mais suave, nas áreas de baixada ou ainda em grotas bem largas e
planas, permitindo a elevação do nível do lençol e conseqüente encharcamento do
solo, ou seja, a formação de vários pontos os quais drenam água.
Tabela 11 - Classificação das nascentes quanto ao grau de conservação e ao tipo
de lençol a que estão associadas
Classificação
Preservada Perturbada Degradada
Total
Tipo Qtde % Qtde % Qtde % Qtde %
Difusa 0 0 2 8,7 15 65 17 74
Pontual 2 8,7 1 4,3 3 13 6 26
Total 2 8,7 3 13 18 78 23 100
Tanaka (2001) afirma que os ambientes aquáticos, de forma geral, são
formados por uma grande biodiversidade vegetal, em situação ecologicamente
equilibrada, o que é essencial para a manutenção e o desenvolvimento desse
ecossistema. Nesses ambientes, as plantas aquáticas são responsáveis pela
86
oxigenação e depuração da água, servindo de alimento para peixes e aves, além de
protegerem as margens da ação erosiva da água.
Begon et al., (1996) afirmam que nascentes, em regiões assoreadas,
tendem a estar também alteradas ou degradadas, além de esses ambientes serem
ocupados por macrófitas aquáticas.
O crescimento de macrófitas aquáticas se dá devido ao desequilíbrio nos
corpos hídricos (CARDOSO et al., 2003). Esse tipo de vegetação apresenta taxa de
crescimento elevada e produz grande quantidade de biomassa e conseqüentemente
tem maior potencialidade no transporte e consumo de oxigênio devido à
evapotranspiração (WHITE & GANF, 2001)
Por meio de uma rápida identificação, foi possível destacar a presença de
várias espécies vegetais consideradas invasoras para esses tipos de ambientes e
que colaboram para um alto consumo de água
4
. Entre as espécies identificadas cita-
se Panicum dichotomiflorum (painço), Hymenachne amplexicaulis (capim capivara),
Alternanthera tenella (enxuga), Scleria pterota (navalha de macaco), Parthenium
hysterophorus (coentro-do-mato), Onagraceae ludwigia (bela dona), Leguminosae
desmodium (trepadeira), Mimosa Pigra (jiquiri grande) e os gêneros Brachiaria sp1
(braquiaria do brejo), Brachiaria sp2 (capim angola), Typha sp (taboa), Hyparrhenia
(capim jaraguá), Convolvulace (corda de viola), Eleocharis (junco) e Cyperus
(tiriricão).
A ausência de vegetação adequada, que possibilite a conservação das
nascentes, é um fator preocupante para a área de estudo, que possui 91% destas
perturbadas ou degradadas. O cumprimento da legislação com plantio de espécies
nativas associadas ao manejo de espécies invasoras ou, pelo menos, o isolamento
das nascentes por meio de cerca na área de entorno (50 metros) para evitar o
pisoteio do gado e propiciar a restauração natural por meio da regeneração natural,
garantiriam sua recuperação em longo prazo.
87
Figura 11 – Mapa de identificação das nascentes.
88
4.1.4 Convencimento dos Proprietários
Todos os proprietários apresentam interesse que o corredor seja
estabelecido em suas áreas de domínio, com destaque para as áreas de mata ciliar,
onde todos os entrevistados indicaram como passíveis de serem implantado.
Também foram citadas as áreas de nascentes, além disso, ficou evidente a
preocupação com a conectividade entre os fragmentos visando o auxilio da
diversidade em permitir a integração das áreas de floresta. De forma contrária, nas
margens de estradas e rodovias 5 dos 6 entrevistados não permitiriam. No caso de
áreas alagadas, somente 2 dos 6 entrevistados possuem áreas alagadas em sua
propriedade e se mostraram receptivos ao plantio nessas áreas.
Argüídos sobre as áreas de divisa serem utilizadas como delimitadoras da
propriedade e quebra vento, 5 dos 6 entrevistados responderam positivamente,
variando de 1 a 5 metros da distância da cerca a ser cedida. Sobre a possibidade de
implatar alguns tipos de Sistema Agroflorestal, apenas 2 dos 6 proprietários
demonstraram interesse no sistema silvipastoril, com destaque para a gleba dos
herdeiros de Beatriz Soares do Nascimento Siqueira, que planejam implementá-lo
em breve para produção de leite orgânico. Estimulados em dar uma nota de 1 a 5
sobre a predisposição em aceitar a discussão da formação de corredores nos
domínios de sua fazenda, apenas um deu nota 3 o restante deu nota 5 (Figura 12,
pg 91).
Outras questões foram discutidas, dentre eles se acreditavam que a inclusão
do corredor ecológico poderia contribuir com a manutenção da Fazenda e da RPPN
Cafundó. Dos 6 entrevistados, 3 acreditam que sim, pelas nascentes e produção de
água, 2 acharam que pode contribuir para a RPNN, mas não de forma direta para a
fazenda e 1 acredita não contribuir de nenhuma forma.
Sobre a possibilidade de geração de renda com o turismo, dos 6
proprietários, 4 acreditam nesse potencial, entretanto ressaltam a inconstância
dessa atividade. Os outros 2 não acreditam ou não têm intenção de praticá-lo.
Questionados sobre a facilidade de captação de recursos públicos ou privados com
a implantação do corredor, todos concordam nesse potencial, entretanto acham que
poderia ajudar principalmente a RPPN e o Corredor e não a fazenda. Além disso, um
deles se mostrou duvidoso em acreditar na questão de captação de recursos.
89
Argüidos se a presença do corredor ecológico tornaria a fazenda mais
vulnerável frente a movimentos sociais de assentamento e reforma agrária, todos
responderam que a torna muito mais fortalecida.
Sobre o tipo de corredor a ser implantado, 3 citaram o corredor contínuo e
ainda demontraram interesse nos SAF’s (Silvipastoril), 1 citou Ilha de vegetação e
poleiros secos, 1 não teve preferência mas destacou precisar de vias de acesso para
passagem de animal ao rio para beberem água e o último comentou ser necessário
analisar o assunto.
Entre as espécies sugeridas para implantação do corredor ecológico pelos
proprietários, foram citados os ipês, peroba, paineira, pitomba, inga, jamelão, araçá,
pitanga, jenipapo, jequitibá, sapucaia, frutíferas e nativas em geral. E as funções as
quais essas espécies indicadas estariam associadas, seriam a beleza cênica, a
atração da fauna, o alimento para peixe, a integração dos ecossistemas e a
manutenção da biodiversidade.
Argüidos se havia algum interesse específico, as respostas foram bem
abrangentes. Entre os entrevistados, um tem dúvidas sobre o resultado prático da
implementação do corredor, outro tem interesse de contribuir para a implantação do
corredor e caracterizar a região com o tratamento ecológico da paisagem rural, além
da maior viabilidade da preservação da fauna.
Um dos entrevistados sugeriu a indicação de plantio primeiro em áreas não
agricultáveis, por exemplo, topo de morro e terras improdutivas e, após o
estabelecimento nestas, incentivar as áreas de mata ciliar. Argumenta que deveria
haver incentivos financeiros e benfeitorias para o produtor como isenção de taxas,
além de instalação de torre de celular, boas estradas e construção de pontes. “De
alguma forma as pessoas que permitem que este corredor passe na sua
propriedade, deveria ter um retorno financeiro, além disso, é importante comprovar
para o produtor rural a viabilidade econômica”, é o que foi dito por um dos
entrevistados.
Entre as alternativas possíveis de serem implantadas na área de estudo
identificou-se a recuperação das áreas de matas ciliares, com interesse pelos
proprietários em permitir o plantio em área até no máximo de 15 metros de cada
lado, e não 30 e 50 metros como estabelece a legislação para a área em questão. A
recuperação das matas ciliares cumpriria a função de corredores contínuos naturais
e pode ser alternativa indicada para a área com a finalidade de aumentar a
90
permeabilidade e o movimento da fauna entre fragmentos com habitat aquático e
florestal.
A área de estudo possui um total de 38,8 % de área de pastagem, diante
deste cenário, a arborização de pastagem pode atuar exercendo efeito de corredor
do tipo árvores isoladas, outra alternativa é a implantação de Sistema Silvipastoril
desempenhando a função de corredor contínuo dependendo da arquitetura do
plantio, ambos para fauna campestre menos exigente
O que deve limitar ou permitir o tipo de modelo a ser implantado na
construção de corredores ecológicos é a aceitabilidade dos proprietários em permitir
a sua implantação e cumprir a legislação, os recursos financeiros disponíveis, além
da aptidão das áreas já existentes, identificadas por meio de classificação do uso do
solo e potenciais áreas já em processo de reabilitação.
91
Figura 12 – Mapa de aceitabilidade dos proprietários para construção do corredor ecológico.
92
4.1.5 Proposta de Implementação de Corredor Ecológico
Tendo como base o mapa de atrito e mapa de fragmentos florestais e uso do
solo pôde-se elaborar o mapa de rotas dos corredores ecológicos. Foi estabelecido
que os corredores seriam feitos de modo que ficassem interligados entre si, pois
esta opção era operacionalmente mais viável.
Observando o mapa de aceitabilidade dos proprietários (Figura 12), são
evitadas as glebas que têm nota menor que 5, sendo apenas consideradas para
análise as glebas sem nenhuma restrição ao planejamento da implementação dos
corredores.
Os 5 fragmentos presentes na área de estudo exigem estratégias
diferenciadas para realização da conectividade. Os fragmentos 1 e 2 se encontram a
uma distância média de 500 metros, sendo a parte mais próxima de 190 metros
(Figura 13). Além disso, a matriz circundante apresenta em sua maioria como
estágio inicial de regeneração e pasto sujo. É possível dizer que a fauna já esteja
sendo beneficiada por esta permeabilidade, sendo que a indicação para esta área
seja a não realização de tratos culturais. Além disso, sugere-se a retirada do
rebanho bovino do local para evitar o pisoteiro, evitando a compactação do solo e
colaborando com a restauração que já ocorre no local.
Os fragmentos 2 e 3 são os mais distantes (900 metros em linha reta) e
possuem menor permeabilidade para a fauna em relação ao uso e ocupação do
solo. Devido a isso, o ideal seria o plantio de mudas feita de forma contínua ou
esparsa.
Por meio do módulo Pathway (caminho, atalho). Foram realizadas duas
análises possíveis para implementação de um corredor contínuo e com diferentes
extensões para efetuar a conectividade (Figura 13).
A primeira proposta é seguir o curso da nascente até o rio (Tabela 12). Este
corredor teria 1270 metros, sendo que 82% deste total seriam de mata ciliar,
restando apenas 156 metros de área agricultável. Além de cumprir com parte da
legislação haveria maior acesso à água e com isso a função do corredor seria
atendida com mais facilidade, pois a disponibilidade hídrica, além de trazer um
incremento ao crescimento do plantio, é um atrativo a mais à fauna silvestre. Dessa
forma, o aproveitamento da APP também reduzirá possíveis custos quanto à
desapropriação de áreas para o reflorestamento nativo, podendo reduzir a área total
93
a ser recomposta, se a APP não estiver degradada, permitindo a conectividade entre
os fragmentos florestais.
A segunda proposta seria aproveitar a área de pasto sujo entre os dois
fragmentos, com 1407 metros de extensão, sendo 427 metros serão de áreas
agricultáveis (Tabela 13, Figura 13). Além de apresentar maior extensão ainda
ocuparia maior área agricultável, sendo maior o custo em uma possível
desapropriação, e, no caso de plantio, demandaria de um manejo maior, como de
irrigação, já que a área possui menor disponibilidade hidrica.
É importante destacar que indiferente das propostas a ser escolhidas, é de
fundamental que as espécies vegetais selecionadas sejam adequadas a cada
ambiente, com destaque, por exemplo, para as as higróficas positivas terão maior
sucesso se implantadas na área da proposta 1, por se localizar próximo ao rio.
No caso do pasto sujo e pasto limpo já em processo de restauração, o
abandono torna-se um processo de recuperação espontâneo, diminuindo o
demando de recursos financeiros. Entre as propostas apresentadas 1 apresenta
menor valor de área com esses usos supracitados em relação a 2, sendo, portanto,
a mais interessante entre elas.
Pode-se afirmar que em áreas em estágio inicial, estágio médio e avançado
de regeneração, torna o ambiente mais permeável a conectividade, não havendo
corte raso a restauração tenderá a se estabelecer para as áreas de reflorestamento
onde já foi efetuado o plantio. A proposta 1 contempla, para todas as extensões
sugeridas maior tamanho de categorias já implantadas, com exceção para áreas de
reflorestamento que só constam na proposta 2. Entretanto com a soma de todos
esses atributos a prosposta 1 ainda contempla maior área ao corredor.
As áreas impróprias para plantio foram atribuídas aos rios e estradas, de tal
forma que estes usos devem ser os menores possíveis, a proposta 1 possui maior
área de rio devido ao fato de acompanhar o seu curso, e a proposta 2 apresenta
considerável área de estrada em todas as extensões calculadas. Considera-se,
entretanto, que a presença do rio não impede o estabelecimento do corredor, pelo
contrário, o plantio em áreas dessa natureza, proporcionarm maior bem-estar à
fauna, aumentanto a chance de atração da mesma devido à disponibilidade de água.
Além disso, pode se afirmar que a fauna tem maior afinidade com ambientes dessa
natureza ao contrário da presença de estrada que é negativa para áreas de
corredor, pois além de ser uma barreira intransponível para muitos espécimes, há
94
maior risco pela exposição ao predador e atropelamento, constatando, portanto, que
a proposta 1 se mostra melhor em todos os aspectos em relação à proposta 2.
Tabela 12 – Proposta 1 para implementação de corredor entre os fragmentos 2 e 3
Extensão do Corredor
Uso do Solo
30 60 120 240 480
Área a ser ocupada (ha)
A implementar
Pasto Sujo 0,8 1,4 2,8 5,6 8,3
Pasto Limpo 2,7 5,2 11,2 21,8 46,9
Total
3,5 6,6 14,0 27,4 55,3
Implementado
Estágio Médio e Avançado de Regeneração 0,50 0,90 2,26 5,50 14,78
Estágio Inicial de Regeneração 0,39 0,65 1,05 2,11 4,49
Reflorestamento - - - - -
Área imprópria para plantio
Rio 0,77 0,77 0,98 1,31 2,47
Estrada - - - - 0,3
Tabela 13 – Proposta 2 para implementação de corredor entre os fragmentos 2 e 3
Extensão do Corredor
Uso do Solo
30 60 120 240 480
Área a ser ocupada (ha)
A implementar
Pasto Sujo 1,88 3,83 7,87 16,82 32,87
Pasto Limpo 2,26 4,49 8,94 17,51 36,45
Total 4,14 8,32 16,81 34,33 69,32
Implementado
Estágio Médio e Avançado de Regeneração 0,04 0,18 0,72 2,73 11,51
Estágio Inicial de Regeneração - - - - 0,41
Reflorestamento 0,00 0,02 0,08 0,41 1,70
Área imprópria para plantio
Rio 0,00 0,06 0,14 0,32 1,09
Estrada 0,00 0,15 0,29 0,54 1,58
95
Considerando os fragmentos 3 e 4 (Figura 13), possuem uma distância
média de 40 metros, sendo a parte mais próxima entre eles é de 17 metros e a
matriz é ocupada em sua maior parte por pasto limpo seguida de pasto sujo. Há
ainda uma estrada contínua entre eles que, sem dúvida, é a principal barreira para a
fauna, seja por atropelamento ou vulnerabilidade ao predador, entretanto por
estarem muito próximos provavelmente não seja uma barreira intransponível a
fauna, salvo as espécies mais sensíveis. Nesse caso, a implantação de um sistema
agloflorestal ou até um plantio silvicultural (eucalipto, teca) pode aumentar a
permeabilidade entre os fragmentos.
Entre os fragmentos 4 e 5 (Figura 13), a distância é de 500 metros,
entretanto, eles podem ser considerados conectados, pois no ano de 2007 foi
realizado um plantio de 1,72 ha com largura de 35 metros. Para incremento na área
já implantada, podem ser alocados poleiros artificiais com a finalidade de aumentar a
chuva de sementes na área por intermédio das aves.
O procedimento de plantio de eucalipto circundando áreas de corredor,
colaboraria intensamente com o efeito de borda, aumentando a área efetiva, pois
criaria um ambiente limítrofe a faixa de fragmentos, bastante similares à floresta,
propriciando um clima mais protegido e favorável à passagem dos elementos da
fauna
2
2
1
96
Figura 13 – Propostas de implementação de corredores ecológicos.
97
5. CONCLUSÃO
A fazenda Boa Esperança resguarda espécies da fauna e da flora
ameaçadas de extinção sendo área prioritária para conservação da biodiversidade
da Mata Atlântica no Sul do Espírito Santo.
A matriz de fragmentação dos remanescentes de Mata Atlântica da Fazenda
Boa Esperança representa risco para a conservação de 19 espécies de aves e de 3
espécies de primatas.
A implantação de espécies arbóreas de maior interação com a avifauna e
primatas é fator primordial para o estabelecimento da conectivdade entre os
fragmentos.
A aceitação dos proprietários referente ao corredor ecológico é
imprescindível para o estabelecimento de rotas para implantação dos mesmos.
A metodologia utilizada através de um SIG para o traçado de corredores
ecológicos mostrou ser eficiente à análise da paisagem, representando uma
evolução para o planejamento espacial otimizando propostas de conservação para
fragmentos florestais.
O fotomosaico se mostrou muito eficiente na identificação de áreas de
preservação permanente e de áreas antrópicas, fornecendo informações com
grande riqueza de detalhes auxiliando no planejamento de recuperação de áreas
degradadas.
98
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os elementos da fauna são beneciados de formas diferenciadas de acordo
com a ecologia e comportamento de cada um. É necessário, portanto ressaltar a
necessidade de incentivo para a pesquisa, visando aumentar a gama de
informações com a finalidade de melhor conhecer os benecífios reais
proporcionados por cada corredor.
A edificação de corredores ecológicos, utilizando áreas de preservação
permanente, é a opção de menor restrição (custo) por parte dos proprietários da
área.
Os resultados encontrados do cálculo de APP servirão de base para ações
de planejamento de desenvolvimento agrícola e florestal, zoneamento, ordenamento
territorial e fiscalização ambiental, servindo para consolidar a aplicação da
legislação.
A definição dos pesos para a geração da superfície de atrito pode ser
revista, de modo a otimizar os resultados da metodologia, como considerar a
existência de subclasses, definindo custos individuais apropriados e aumentando o
nível de detalhamento da superfície de atrito.
As nascentes mapeadas se encontram em sua maioria degradadas ou
pertubadas, necessitando de forma emergencial de manejo visando à recuperação.
Para futuros trabalhos, a utilização de outros atributos, além de abrigo e
alimentação, é bem-vinda para auxiliar na proposta de implantação do corredor, tais
como: rusticidade, poder germinativo, grupo ecológico e época de floração e
frutificação intercalada de forma sistemática para que sempre haja produção de
frutos durante o ano.
99
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109
Anexo A
QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PROPRIETÁRIOS
DA FAZENDA BOA ESPERANÇA - RPPN CAFUNDÓ
A RPPN Cafundó está inserida no Corredor Ecológico “Burarama-Pacotuba-
Cafundó” e entre os seus objetivos está a proteção dos remanescentes florestais e
conservação da biodiversidade local. Nesse contexto, este trabalho busca indicar
melhores estratégias de conectividade entre os fragmentos florestais, utilizando
como suporte a aplicação de diferentes técnicas de recuperação de áreas
degradadas otimizando os elementos de fauna e flora local com o uso e ocupação
do solo.
Visando atender a fauna que é o principal cliente do corredor, no caso
específico deste estudo, a avifauna (aves) os e primatas (Sauá, Guigó e Macaco
Prego), a revegetação pode ocorrer de várias formas: corredor contínuo, ilhas de
vegetação, árvores isoladas e/ou poleiro seco, que podem ser constituídas de
espécies arbóreas Nativas Diversas, Eucalipto, Seringueira, Palmito, Cedro
Australiano, Teca, ou consórcio entre elas. Sabendo que diferentes espécies
apresentam variadas necessidades em relação ao atendimento pelos corredores, é
importante lembrar que, para auxiliar a conservação das aves e primatas, o tipo de
corredor mais eficiente é o contínuo, pois provavelmente facilitará a passagem de
todas as espécies inclusive as mais sensíveis, enquanto a recuperação do tipo ilhas
de vegetação facilitará a passagem das espécies de aves de hábito aquático
consideradas como relativamente sensíveis, e a recuperação do tipo árvores
isoladas e poleiros artificiais beneficiarão somente as espécies mais tolerantes ou
indiferentes, como é o caso da Capivara.
Na prática, a implementação de qualquer técnica de recuperação de áreas
não florestais na Fazenda Boa Esperança só será implementada se houver
autorização e consentimento dos proprietários da área, pois isso é de fundamental
importância para esta pesquisa. E o preenchimento deste questionário tem como
único objetivo conhecer a opinião dos Senhores (as).
110
Sendo assim, por favor, responda:
1. Como o Sr.(a) acredita que a inclusão do corredor ecológico pode contribuir
para com a manutenção da Fazenda e da RPPN CAFUNDÓ?
Pode gerar renda com turismo?
Facilitar captação de recursos públicos ou privados?
Pode tornar a fazenda mais vulnerável ou mais fortalecida frente a movimentos
sociais de assentamento e reforma agrária?
2. O Sr.(a) tem interesse em que o corredor seja estabelecido em áreas de
domínio:
Nas áreas de domínio de sua fazenda? Qual o motivo?
3. Que áreas de sua fazenda poderiam ser utilizadas para estabelecimento dos
corredores?
Matas ciliares (beiras de rios)?
Margem de rodovias ou estradas?
Áreas constantemente alagadas?
Cerca de divisa como delimitador de propriedade ou quebra vento?
Em área de pastagem para sombreamento (SAF´s)? Outras (quais)?
4. De 0 a 5, qual a sua predisposição em aceitar a discussão da formação de
corredores?
5. Em relação à aceitação da formação do corredor ecológico possível de ser
implementado responda:
Que tipo de corredor (contínuo ou não)?
Com que espécies?
Com quais funções associadas?
Há algum interesse específico? Qual?
6. Palavra livre.
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