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Tabela 18 – Proximidades e diferenças entre Hymer e a Odebrecht
Hymer Odebrecht
Para Hymer inicialmente as multinacionais (EMN)
norte-americanas surgiram localmente e em
processos de fusões e aquisições foram ocupando
maiores espaços nacionais. Devido às restrições e
dificuldades legais para continuidade da expansão
interna advindas da Shermam Act, a legislação que
colocava dificuldades nesse processo, decidiram
continuar suas expansões nos mercados externos.
A Construtora Norberto Odebrecht S.A. (CNO)
também surgiu localmente e cresceu nacionalmente
por meio de processos de fusões e aquisições e,
principalmente, com a realização de obras públicas.
No final da década de 1970, prevendo uma
diminuição no ritmo dessas obras, o Conselho
Administrativo da empresa decidiu procurar
mercados externos para seus serviços.
Em relação aos motivos dos investimentos diretos
no exterior (IDE) Hymer registra que as EMN
norte-americanas, além das restrições internas,
procuravam manutenção e expansão de seus
mercados, analisavam o comportamento das firmas
rivais, a reorganização das plantas industriais em
nível global e o controle e integração às ações da
matrix das operações internacionais.
Como declarou o próprio presidente da CNO,
Norberto Odebrecht, as razões dos IDE foram a
própria sobrevivência da empresa que, devido a
diminuição das obras nacionais, formou um grupo
de estudos para pesquisar, procurar e atuar nos
mercados externos, sempre através de concorrências
públicas internacionais.
Sobre a origem dos recursos para financiar seus
IDE, Hymer registra que as EMN norte-
americanas tinham essas fontes bem divididas:
60% eram captados nos EUA e 40% nos países
onde eram realizados os IDE.
A Odebrecht sempre trabalhou com fontes e
agências multilaterais diversas para financiar seus
IDE a depender dos países onde essas obras eram
realizadas. Nos países desenvolvidos (Europa e
EUA) esse mercado é bem seguro, garantido e
diversificado. Obras em países em
desenvolvimento, agências internacionais como o
BIRD e o BID além de agências governamentais
locais. Os governos brasilerios, através do Banco do
Brasil, com seu programa PROEX-Equalização, e
recentemente o BNDES também colaboram nesse
processo.
Sobre as mudanças em seus sistemas
administrativos, Hymer verifica e recomenda que
as EMN criem novas estruturas administrativas
mais complexas, descentralizadas, flexíveis e
específicas nos escritórios centrais para
administrar, integrar e controlar operações no
exterior: os escritórios locais administrariam
operações em suas áreas e o escritório central
supervisionaria essas operações. Também, por
atuar em países com diferenças culturais, legais e
de costumes, recomenda-se uma divisão do
trabalho baseada na nacionalidade: operações
diárias seriam deixadas aos nacionais e o escritório
central ficaria responsável pelos trabalhos de
planejamento, criação, e acompanhamento dos
negócios globais.
A Odebrecht, devido às dívidas da empresa original,
já surgiu com uma estrutura administrativa mais
descentralizada e um sistema de remuneração
diferenciado que premiava o desempenho. Sua ida
ao mercado externo somente aprimorou e sofisticou
esse sistema com a figura do empresário-parceiro,
com altos níveis de autonomia para condução e
prospecção de novos negócios internacionais. O
escritório central não só acompanha as obras como
disponibiliza toda sua capacidade de apoio logístico
e técnico para suas realizações.
Hymer identifica três estratégias básicas das EMN
norte-americanas: procurar estreitar relações
institucionais com representantes dos governos
locais; estar preparado para associações, trabalhos
conjuntos, acordos de assistência técnica, fusões e
outras formas de associação com produtores locais
e até com outras EMN presentes no mercado em
questão. Como se pode ver, apesar de seus mais de
30 anos, aos postulados de Hymer ainda possuem
validade para explicar boa parte dos movimentos
de internacionalização das empresas.
A Odebrecht sempre atuou externamente sob o
regime de consórcios, acordos, joint-ventures e
outras formas de associação com empresas locais,
brasileiras e até com outras grandes firmas globais
sempre procurando contratar o maior número
possível de mão-de-obra local, procurando países
com o menor risco possível e mercados e países
onde houver interesse do governo brasileiro no
estreitamento de relações.
Fonte: Baseado em Hymer (1983).