23
1.3 Gêneros digitais: breve introdução
As considerações sobre os gêneros textuais reforçam como eles estão presentes em
nosso dia-a-dia e estruturam nossa forma de comunicação. É essa comunicação que,
no fim do século XX, cede espaço para as novas tecnologias e, conseqüentemente,
para os gêneros digitais. Segundo afirma Marcuschi (2005: 20),
não são das tecnologias que se originaram os gêneros e sim da intensidade dos usos
dessas tecnologias e suas interferências nas atividades comunicativas diárias. Assim, os
grandes suportes tecnológicos da comunicação tais como o rádio, a televisão, o jornal, a
revista, a Internet, por terem uma presença marcante e grande centralidade nas atividades
comunicativas da realidade social que ajudam a criar, vão por sua vez propiciando e
abrigando gêneros novos bastante característicos. Daí surgem formas discursivas novas,
tais como editoriais, artigos de fundo, notícias, telefonemas, telegramas, telemensagens,
teleconferências, videoconferências, reportagens ao vivo, cartas eletrônicas (e-mails), bate-
papos virtuais (chats), aulas virtuais (aulas chats) e assim por diante.
Conforme já exposto, os novos gêneros não são absolutamente novos; antes, eles
emergem de outros gêneros existentes, como expôs Bakhtin (2000) ao se referir à
transmutação dos gêneros e à assimilação de um gênero em outro, gerando um novo.
Isso significa que os gêneros advindos das novas tecnologias se transmutaram de
outros já existentes.
Das novas tecnologias surgiram vários gêneros e, atualmente, há um significativo
avanço em termos de tempo e de tecnologia, no que diz respeito à distribuição do
conhecimento postado nos livros, que passaram a dividir espaço com jornais,
folhetins, revistas, rádio e televisão e, mais recentemente, com computadores ligados
à Internet. Nesse contexto tecnológico, não podemos deixar de citar a relevância do
texto eletrônico, materializado na Internet por meio de bate-papos, fóruns de
discussão, correio eletrônico etc.
Cavallo e Chartier (1999: 31) afirmam sobre o texto eletrônico:
... com o texto eletrônico, não somente o leitor pode submeter os textos a múltiplas
operações (ele pode indexá-los, anotá-los, copiá-los, deslocá-los, recompô-los, etc.), como
pode, ainda mais, tornar-se o co-autor... O leitor da era eletrônica pode construir a seu
modo conjuntos textuais originais cuja existência, organização e aparência somente
dependem dele. Mas, além disso, ele pode a qualquer momento intervir nos textos,
modificá-los, reescrevê-los, torná-los sua propriedade.
As novas tecnologias, por meio dos textos eletrônicos, propiciam aos leitores uma
forma de interação com o texto, na qual não se havia pensado antes, haja vista