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Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Centro de Tecnologia
Departamento de Engenharia Química
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química
TESE DE DOUTORADO
ESTRATÉGIA DE GESTÃO AMBIENTAL BASEADA
NOS PRINCÍPIOS DA PRODUÇÃO MAIS LIMPA: UM
ESTUDO DE CASO FOCADO NO SEGMENTO DA
CARCINICULTURA
Iran Marques de Lima
Orientador: Prof. Dr. Prof. Henio Normando de Souza Melo
Co-orientador: Prof. Dr. Gilson Gomes de Medeiros
Natal/RN
Abril/2008
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Iran Marques de Lima
ESTRATÉGIA DE GESTÃO AMBIENTAL BASEADA
NOS PRINCÍPIOS DA PRODUÇÃO MAIS LIMPA: UM
ESTUDO DE CASO FOCADO NO SEGMENTO DA
CARCINICULTURA
Tese de Doutorado apresentada ao
Programa de Pós-graduação em Engenharia
Química da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte como requisito parcial
para a obtenção do título de Doutor em
Engenharia Química sob a orientação dos
professores: Dr. Henio Normando de Souza
Melo e Dr. Gilson Gomes de Medeiros.
Natal/RN
Abril/2008.
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Divisão de Serviços Técnicos
Catalogação da Publicação na Fonte.
UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede
Lima, Iran Marques de.
Estratégia de gestão ambiental baseada nos princípios da produção mais limpa: um
estudo de caso focado no segmento da carcinicultura / Iran Marques de Lima.
Natal, RN,
2008.
101 f. : il.
Orientador: Henio Normando de Souza Melo
Co-Orientador: Gilson Gomes de Medeiros
Tese (Doutorado) Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de
Tecnologia. Departamento de Engenharia Química. Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Química.
1. Gestão ambiental Tese. 2. Carcinicultura Impacto ambiental Tese. 2. Camarão
Criação Tese. 3. Carcinicultura Mercado Tese. III. Souza, Henio Normando de. II.
Medeiros, Gilson Gomes de. III. Título.
RN/UF/BCZM CDU 65:504(043.2)
iv
Lima, Iran Marques de. Estratégia de gestão ambiental baseada nos princípios da
produção mais limpa: um estudo de caso focado no segmento da carcinicultura. Tese de
doutorado, UFRN, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química. Área de
concentração: Pesquisa e desenvolvimento de tecnologia regional, subárea: Engenharia
Ambiental.
Orientador: Prof. Dr. Henio Normando de Souza Melo
Co-Orientador: Prof. Dr. Gilson Gomes de Medeiros
RESUMO: O objetivo do trabalho é apresentar uma estratégia de implementação da
produção mais limpa (P+L) em uma fazenda de cultivo de camarões. A metodologia
utilizada foi pesquisa exploratória, realizada pela investigação via estudo de caso,
implementada em uma unidade produtiva localizada no nordeste do Brasil. O trabalho
aborda desde aspectos genéricos da técnica no que diz respeito ao gerenciamento do uso da
água, energia, e da caracterização do efluente desta atividade produtiva. Discute aspectos
quantitativos, considerações ambientais, e oportunidades de P+L nas fases do processo
produtivo. Os resultados apontam para economias de insumos sob a forma de alimentos,
corretivos de solo, medicamentos, e energia aplicados ao processo, que variam de 4 a 27%,
ressaltando-se que o pequeno ganho financeiro, deve ser encarado como uma fonte de
considerável benefício ambiental. Os autores concluem pela propriedade da adoção da
técnica neste segmento do agronegócio, ressaltando a importância do gerenciamento da
dosagem de insumos na qualidade do efluente final, além da adoção de um mecanismo de
remediação físico-química para o residual de metabissulfito de sódio utilizado na despesca.
PALAVRAS-CHAVES: Produção mais limpa, Carcinicultura, Impactos ambientais,
Metabissulfito de sódio, Remediação físico-química.
BANCA EXAMINADORA E DATA DE DEFESA: 14 DE ABRIL DE 2008.
Presidente: Prof. Dr. Henio Normando de Souza Melo – DEQ/UFRN
Membros: Prof. Dr. Gilson Gomes de Medeiros – DEQ/UFRN
Profa. Dra. Josette Lourdes de Souza Melo – DEQ/UFRN
Prof. Dr. Sérgio Marques Júnior – DEZ/UFRN
Prof. Dr. Francisco José Costa Araújo – UPE
Prof. Dr. Kleber Cavalcanti Nóbrega – UNP-RN
v
ABSTRACT
The objective of this scientific article is to introduce the opportunities of implementation of
cleaner production (CP) in a shrimp culture farm. The methodology used for this was
exploratory research implemented in a production unit located in the Northeast Brazil. The
scientific article approaches since generic aspects of the technique about the management
to use water, energy and the effluent characterization of this productive activity. It
discusses quantitative aspects, environmental questions and chances of P+L during the
productive process phases. The results points to input economy in the form of feed, soil
correctives, medicines, and energy applied to the process, which range from 4% to 27%,
emphasizing the small profit should be viewed as a source of considerable environment
return. The authors conclude for the adoption property of this technique in this agribusiness
segment, point out to the management importance of the input dosage in the quality of the
final effluent, besides the adoption of a physical-chemistry remediation mechanism to the
residual of Sodium metabissulphite used in the process of shrimp caught.
KEY-WORDS: Cleaner production, culture of shrimps, environmental impacts, Sodium
metabissulfite, physical-chemistry remediation.
vi
A meus filhos Rebeca, Artur, Flora, minha
esposa Girlene, razão maior da minha luta
e fonte de estímulo para novas conquistas
vii
AGRADECIMENTOS
À Deus, luz eterna que sempre está a frente de meus passos, me orientando e
fortalecendo todos os momentos de minha vida;
Aos meus pais Virgílio José de Lima (in memoriam) e Jandira Marques de Lima,
pela maior herança que um filho pode receber – O Acesso a Educação;
Ao Professor Doutor Sérgio Marques Jr, companheiro e cúmplice de
questionamentos e concepções;
A colega Andrea pelo auxílio inestimável na concepção elaboração e interpretação
das análises de bancada;
Ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química – PPGEP/UFRN, em
especial aos colaboradores Medeiros e Mazinha;
Ao meu Orientador, Prof. Dr. Henio Normando de Souza Melo, por ser um grande
amigo e conselheiro, transmitindo sempre confiança, e por acreditar e investir no potencial
do trabalho de pesquisa realizado. A você professor Henio, o meu mais profundo
agradecimento;
Ao meu colega e Co-Orientador Prof. Dr. Gilson Gomes de Medeiros, pela sua
fleuma e pragmatismo que nortearam as nossas discussões, minha sincera gratidão;
A coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química, Profa.
Dra. Ana Lúcia de Medeiros Lula da Mata, pela sua gestão arrojada e empreendedora junto
ao PPGEQ sem a qual o mesmo não seria detentor da realidade atual;
A Bernardo, meu fiel escudeiro, incansável companheiro de todas as horas.
viii
SUMÁRIO
Lista de figuras xii
Lista de tabelas xiii
Lista de equações xiv
Capítulo 1 Introdução geral 01
1.1 Contextualização do problema – Produção, carcinicultura e sustentabilidade 01
1.2 A hipótese 04
1.3 Os objetivos 04
Capítulo 2 Aspectos teóricos 06
2.1 Evolução da carcinicultura como atividade produtiva 06
2.1.1 O mercado da carcinicultura 06
2.1.2. Evolução do mercado mundial 07
2.1.3 O mercado nacional 10
2.2. Descrição do processo produtivo 10
2.2.1 O processo produtivo na fazenda 11
2.2.1.1 Espécie cultivada 11
2.2.1.2 Sistema de cultivo 11
2.2.1.3 Viveiros de engorda e de reprodutores 12
2.2.1.3.1 Preparação 13
2.2.1.3.2 Abastecimento e povoamento 14
2.2.1.3.3 Parâmetros de trabalho 15
2.2.1.3.4 Sistema de arraçoamento 16
2.2.1.3.5 Biometrias 18
2.2.1.3.6 Despesca e acondicionamento 18
2.2.2 Sistema de captação e elevação de água 19
2.2.3 Controle e tratamento de efluentes e sedimento 19
2.2.4 Monitoramento ambiental 20
2.2.4.1 Elaboração do plano de amostragem 20
2.2.4.2 Padrões de qualidade de água 20
2.2.4.3 Monitoramento dos parâmetros físico-químicos 21
2.3 O meio ambiente como fator de competitividade e responsabilidade social 22
ix
2.3.1 O novo cenário de negócios 22
2.3.2 A empresa como instituição sociopolítica 23
2.3.3 Sobre responsabilidade social 24
2.3.4 A evolução para a conscientização social 24
2.3.5 A variável ambiental no contexto dos negócios 25
2.3.6 A discussão na empresa 26
2.3.6.1 Benefícios econômicos 28
2.3.6.2 Benefícios estratégicos 28
2.3.7 A repercussão na empresa 29
2.3.8 Os instrumentos de certificação ambiental 30
Capítulo 3 Estado da arte 31
3.1 Aspectos e impactos ambientais no segmento da carcinicultura 31
3.1.1 Avaliação de impactos ambientais 31
3.2 Conformidade ambiental e carcinicultura 34
3.3 O metabissulfito de sódio 37
3.3.1 Propriedades químicas dos sulfitos 38
3.3.2 O metabissulfito de sódio e a saúde ocupacional 41
3.3.3 O metabissulfito de sódio e a carcinicultura 43
3.4 Os sistemas de gerenciamento ambiental 44
3.4.1 Experiências nacionais e internacionais em gestão ambiental 46
3.5 A produção mais limpa 48
3.5.1 O surgimento da P+L no mundo 49
3.5.2 A P+L no Brasil 50
3.5.3 Metodologia de P+L 52
3.5.3.1 Divisão do programa em etapas, tarefas e atividades 52
3.5.3.2 Etapas da implantação de um programa de P+L 53
Capítulo 4 Metodologia experimental 55
4.1 A metodologia experimental 56
4.2 Material e métodos 56
4.2.1 O reator 56
4.3 A fonte de calor 57
4.4 O método 58
4.5 O planejamento do experimento 58
4.6 A pesquisa de campo 59
x
Capítulo 5 Resultados e discussão 60
5.1
Parte I Análise da cinética e estequiometria do decaimento oxidativo do
metabissulfito de sódio
60
5.1.1 Discussão 65
5.2 Parte II Propõe uma estratégia de gestão ambiental construída nos ditames da
produção mais limpa 67
5.2.1 Oportunidades de P+L em fazenda de cultivo de camarões – Aspectos gerais 67
5.2.1.1 Medidas de ordem geral 67
5.2.1.2 Consumo de água 68
5.2.1.3 Efluente 70
5.2.1.4 Energia elétrica 71
5.2.3 Oportunidades de P+L nas fases do processo produtivo Protocolo para
implementação 72
5.2.3.1 Manutenção e preparação do viveiro 72
5.2.3.1.1 Considerações ambientais 73
5.2.3.1.2 Oportunidades de P+L 73
5.2.3.2 Povoamento e engorda 73
5.2.3.2.1 Considerações ambientais 74
5.2.3.2.2 Oportunidades de P+L 75
5.2.3.3 Despesca 75
5.2.3.3.1 Considerações ambientais 76
5.2.3.3.2 Oportunidades de P+L 76
5.2.3.4 Operações acessórias 77
5.2.3.4.1 Suprimento de ar comprimido 77
5.2.3.4.2 Produção de vapor 78
5.2.3.4.2.1 Considerações ambientais 79
5.2.3.4.2.2 Oportunidades de P+L 80
5.2.3.4.3 Suprimento de água 81
5.2.3.4.3.1 Considerações ambientais 82
5.2.3.4.3.2 Oportunidades de P+L 82
5.2.3.4.4 Sistemas de refrigeração 83
5.2.3.4.4.1 Considerações ambientais 84
5.2.5 Resultados 84
xi
5.2.6 Discussão 85
Capítulo 6 Conclusão 86
6.1 A validação da hipótese 86
6.2 Limitações do trabalho 87
6.3 Direcionamento para pesquisas futuras 88
Referências 90
Anexos
xii
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 – Evolução da produção mundial aquícola em milhões de toneladas 08
Figura 2.2 – Evolução da produção do segmento da carcinicultura Brasileira 09
Figura 2.3 – Fluxograma do processo de cultivo de camarões marinhos 11
Figura 2.4 – Impacto da questão ambiental da organização 29
Figura 3.1 – Abordagem metodológica da P+L 51
Figura 3.2 - Níveis de aplicação de P+L 52
Figura 4.1 – Visão geral do reator utilizado no experimento 57
Figura 4.2 – Visão interna do reator 58
Figura 5.1 – Efeito da temperatura na oxidação do efluente sintético 61
Figura 5.2 – Efeito da temperatura na oxidação do efluente sintético na presença de
oxigênio em excesso 62
Figura 5.3 Efeito do aumento da temperatura na oxidação do efluente sintético na presença
de oxigênio em excesso 63
Figura 5.4 – Resultados dos testes de bancada para o modelo proposto 64
Figura 5.5 – A hierarquia do gerenciamento da água 69
Figura 5.6 - Fluxograma da manutenção e preparação do viveiro 73
Figura 5.7 - Fluxograma do povoamento e engorda em viveiro 74
Figura 5.8 - Fluxograma da despesca do viveiro 75
Figura 5.9 - Fluxograma das entradas e saídas para o processo de geração de ar
comprimido 77
Figura 5.10 - Fluxograma das entradas e saídas para o processo de geração de vapor 79
Figura 5.11 - Fluxograma das entradas e saídas para o tratamento de água 82
Figura 5.12 - Fluxograma das entradas e saídas para o sistema de refrigeração 83
xiii
LISTA DE TABELAS
Tabela 2-1 Capacidade volumétrica dos viveiros em produção 12
Tabela 2.2 Fatores de correção de pH do solo 14
Tabela 2.3 Parâmetros de processo 16
Tabela 2.4 Correção da dosagem de ração nos comedouros 18
Tabela 2.5 Parâmetros de qualidade de água para a carcinicultura 21
Tabela 3.1 Reações químicas do Metabissulfito de Sódio e Bissulfito de Sódio 40
Tabela 3-2 Principais instrumentos de política ambiental pública 47
Tabela 5.1 Recomendações gerais para a prática de P+L 68
Tabela 5.2 Elenco de medidas para a economia de água 70
Tabela 5.3 Proposta de ações para a redução da carga de efluente 71
Tabela 5.4 Proposta de ações para a economia de energia 72
Tabela 5.5 Entradas e saídas do processo de manutenção e preparação do viveiro 73
Tabela 5.6 Entradas e saídas do processo de povoamento e engorda do viveiro 74
Tabela 5.7 – Entradas e saídas do processo de despesca do viveiro 76
Tabela 5.8 Perdas de energia elétrica estimada a partir de um compressor com pressão de
trabalho de 6 bar 78
Tabela 5.9 – Emissões de combustão de óleo combustível 80
Tabela 5.10 – Perdas de água por vazamentos a uma pressão de 4,5 bar 82
Tabela 5.11 – Resultados do processo investigativo 85
xiv
LISTA DE EQUAÇÕES
Equação 3.1 Reações do bissulfito de sódio 40
Equação 3.2 Reações do bissulfito de sódio 40
Equação 3.3 Reações do metabissulfito de sódio 40
Equação 3.4 Reações do metabissulfito de sódio 40
Equação 3.5 Reações do metabissulfito de sódio 40
Equação 5-1 Reações do metabissulfito de sódio 65
Equação 5-2 Equilíbrio químico do íon bissulfito 65
Equação 5.3 Equilíbrio químico do íon sulfito 66
Equação 5.4 Oxidação do anidrido sulfuroso 66
1
Capítulo 1 Introdução Geral
1.1 Contextualização do problema – Produção, carcinicultura e sustentabilidade
Desde os primórdios da civilização o homem exerce atividades modificadoras sob o
meio ambiente. Sua capacidade potencialmente transformadora permaneceu pequena por
milênios – o meio ambiente prevalecia em face a sua grande capacidade de autodepuração.
O processo sócio-econômico denominado revolução industrial ocorrido na
Inglaterra em meados do século XVIII, e posteriormente replicado para o restante do
planeta, introduziu uma grande alteração neste cenário. A partir deste marco, a capacidade
da espécie humana de mudar o meio biótico aumentou gradativamente, suplantando a
capacidade do ecossistema de se restabelecer.
A necessidade da sociedade produzir bens e serviços para fazer face ao crescimento
vertiginoso da população mundial agravou este processo de forma preocupante até os dias
atuais, sem uma iniciativa social articulada para questionar os efeitos do fenômeno,
persistindo este cenário até a segunda metade do século passado (Lima, 2003).
Iniciativas isoladas modificaram o processo. Rachel Carson, no fim dos anos 50 foi
uma precursora ao denunciar os efeitos do dicloro-difenil-tricloroetano - DDT na
sociedade norte-americana (Carson, 2002). Sua trajetória de luta em favor da causa a
coloca entre expoentes ao trato da questão ambiental como Capra (1996), Lutzemberg
apud (Lima; Freitas, 2005), e atualmente pela dimensão do seu acesso Gore (2006).
Grandes acidentes ambientais contribuíram de forma avessa para a evolução do
pensamento ambiental. Acidentes como os de Minamata, Bhopal, Exxon Valdez,
Chernobyl, Plataforma P-36, marcaram através das suas lições a sociedade os caminhos da
mudança (Lima; Freitas, 2005).
Neste contexto, as nações com a robustez dos seus mecanismos assumiram a
iniciativa da discussão da questão ambiental. Grandes eventos com alcance global
contribuíram para a articulação da sociedade.
O Clube de Roma, um grupo de países desenvolvidos propôs em 1972 um novo
cenário quanto ao trato da questão ambiental de características nitidamente elitistas o
crescimento zero da industrialização para as nações em processo de desenvolvimento, ótica
reconhecidamente divisionista que não obteve respaldo na sociedade.
2
No mesmo ano, a Conferência de Estocolmo, realizada com a participação
representativa de países em desenvolvimento, através do seu documento final, a declaração
de Estocolmo, materializa ainda que de forma vaga quanto aos métodos de implementação,
as bases do ecodesenvolvimento.
Apenas em 1985 dispôs-se a sociedade as bases do desenvolvimento sustentável,
através do documento denominado relatório Bruntdland, conceituando-se como uma forma
alternativa de gerenciar a atividade humana capaz de suprir as necessidades da geração
atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações.
O ano de 1992 apresentou outro marco na evolução do pensamento ambiental a
conferência das nações unidas sobre o meio ambiente e desenvolvimento, que promoveu a
cúpula da terra, reunião com uma representativa participação de dirigentes de 175 países,
que pela primeira vez discutiram a questão ambiental com a participação dos outros atores
sociais intervenientes ao processo, as empresas, e a sociedade através dos seus meios
representativos. Esta reunião deixou como legado a carta da terra, resoluções que
materializaram as primeiras ações concretas ao trato da questão ambiental a nível global
tais como a proposta para elaboração da agenda 21, e a discussão em torno das emissões de
carbono, remetidas a conferência de Kioto.
Em 1996 em Kioto a questão das emissões de carbono foi tratada de forma
concreta, inclusive com a instituição de uma proposta para a sua remediação o protocolo
de Kioto, e dos seus instrumentos de implementação, os mecanismos de desenvolvimento
limpo.
Apresentado o cenário atual da questão ambiental, impõe-se a sociedade organizada
através dos seus mecanismos, a responsabilidade de promover a busca da redução dos
impactos ambientais, buscando mecanismos de atenuação dos seus efeitos.
Remete-se a discussão para a problemática dos recursos hídricos, foco deste
instrumento dissertativo.
A água potável tende a se tornar o principal ativo da nossa sociedade no século 21.
Os estimados 2% de reservas mundiais deste bem de valor rapidamente escasseia em face
da atividade humana desordenada. A atividade produtiva trabalha incessantemente como
forma de suportar o crescimento populacional, fator desencadeador deste desequilíbrio
(Lima; Freitas, 2005).
Impõe-se a necessidade de discutir a questão do uso dos recursos hídricos,
buscando-se um modelo de gestão sustentável para o uso racional deste bem fundamental
para as espécies vivas do planeta.
3
As fontes dricas o abundantes, porém mal distribuídas na superfície do planeta.
Em algumas áreas, as retiradas o bem maiores que a oferta, causando um desequilíbrio
nos recursos hídricos disponíveis (AmbienteBrasil, 2007).
Na indústria, faz-se uso dos recursos hídricos em quantidades desproporcionais aos
benefícios gerados. Os métodos para o tratamento da água podem produzir problemas
cujas soluções são difíceis, pois que afetam a qualidade do meio ambiente, e a saúde
pública (AmbienteBrasil, 2007).
Cabe a gestão dos recursos hídricos proporcionar o uso múltiplo das águas. A
afirmação encontra respaldo na Lei 9.433, de 08 de janeiro de 1997, artigo 1º, que institui a
Política Nacional de Recursos Hídricos, entre outros aspectos. Tendo esse enunciado como
um dos seus fundamentos, a gestão dos recursos hídricos tem se utilizado da implantação
de reservatórios como uma importante ferramenta para o atendimento dos usos múltiplos
das águas (ANA, 2007). A Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, com os seguintes objetivos
institucionais:
I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões
de qualidade adequados aos respectivos usos;
II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte
aquaviário, com vistas a busca ao desenvolvimento sustentável;
III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou
decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais (MMA, 2007).
Conforme o disposto no parágrafo anterior, a busca da conformidade ambiental
revela-se um objetivo global a ser perseguido. Desta forma, foca-se a discussão desta tese
como disposta a seguir.
A carcinicultura impõe-se no mercado nacional como uma importante atividade
produtiva, capaz da geração de receita de exportação da ordem de 240 milhões de dólares
em 2003 (ABCC
4
, 2007). No Nordeste do Brasil, esta atividade produtiva tem como
principal cenário produtivo as bacias fluvio-estuarinas, ecossistema frágil, vulnerável aos
principais impactos ambientais desta atividade econômica.
Especial atenção deve ser atribuída a substância denominada metabissulfito de
sódio. Durante o processo de retirada dos camarões do viveiro e posterior abate dos
mesmos, é utilizado este contaminante sob a forma de uma solução salina, que após este
processo é descartado no meio biótico.
4
A legislação ambiental vigente do Conselho Nacional de Meio Ambiente
CONAMA 20 Art. 21º de 18/06/1986, determina que o teor de sulfitos de efluentes
lançados se limite a 1,0 ppm, valor significativamente superior ao de 50.000 ppm
declarado por Albuquerque (2005) lançados pelo segmento da carcinicultura em seu
trabalho.
1.2 A hipótese
Desdobra-se o estabelecimento da hipótese na proposição de duas questões a seguir
dispostas ao investigador:
Existe um método de base físico-química simples, passível de ser empregado
em fazendas de cultivo de camarões com baixo patamar tecnológico nos seus
processos, e recursos escassos para a sua implementação, capaz de atenuar o
passivo ambiental do aporte in natura do metabissulfito de sódio utilizado na
carcinicultura no processo de despesca?
É viável o estabelecimento de uma estratégia de conformidade ambiental a ser
proposta a este segmento do agronegócio, baseada na metodologia denominada
produção mais limpa?
1.3 Os objetivos
Declara-se a seguir os objetivos da presente tese:
Geral:
Propor uma estratégia de gestão ambiental a ser empregada no segmento da carcinicultura,
concebida nos princípios da produção mais limpa.
Específicos:
Determinar um método para a redução da concentração de metabissulfito de sódio
utilizado no processo de despesca da carcinicultura;
5
Investigar as oportunidades da implementação da produção mais limpa neste segmento
do agronegócio;
Implementar um estudo de caso para a validação da metodologia em uma empresa
piloto;
Estabelecer um protocolo para a aplicação da metodologia.
6
Capitulo 2 – Aspectos teóricos
2.1 Evolução da carcinicultura como atividade produtiva
A aquicultura surgiu na China cerca de 5.000 anos, inicialmente como forma de
estocagem de peixes. Este segmento do agronegócio consiste em uma atividade econômica
de reconhecida importância que cria seres aquáticos em cativeiro para consumo humano,
uma vez sabendo que os oceanos são fontes esgotáveis de recursos pesqueiros (Arruda,
2007).
O cultivo de camarões surgiu no sudeste da Ásia, onde os pescadores artesanais
utilizavam viveiros, operacionalizados através dos movimentos naturais das marés, para
criar larvas provenientes do mar (Arana, 1999).
No Brasil, a carcinicultura evidenciou-se como atividade econômica nos anos 70, a
partir do cultivo de espécies nativas. Na década de 80, a introdução da espécie exótica
Litopenaeus Vannamei, permitiu um maior avanço da indústria camaroneira por força da
sua maior produtividade (Wainberg & Câmara, 1998).
Recentemente, esta atividade econômica vem alcançando uma significativa
importância na pauta de exportações Brasileira, encontrando-se na liderança do setor
pesqueiro nacional (Rocha
1
, 2003).
Este crescimento continua vigoroso, ocorrendo em muitos aspectos, nos moldes do que
já havia sucedido nos países do sudeste asiático, sem ordenamento e regulamentação
adequados, com forte incentivo governamental e geração de impactos ambientais e sociais
importantes. Como de costume, pouco se atentou para o passado da atividade, e as
experiências nos países asiáticos, muitas delas catastróficas, não foram suficientes para que
o Brasil buscasse rumo diferente, numa política para o presente, em detrimento do futuro
(MMA, 2007).
2.1.1 O mercado da carcinicultura
A produção aqüícola brasileira desenvolveu-se de forma acentuada na última década,
quando se destacou como uma nova atividade produtiva. Esse crescimento inicial dá-se
tanto pela existência da demanda, como também pela disponibilidade de tecnologias de
produção (Moraes, 2005).
7
O Brasil detém características naturais que favorecem o crescimento da aqüicultura e a
exploração dos seus recursos pesqueiros. Aliado a essa disposição e beneficiado por sua
posição geográfica, fatores de clima, água, tecnologia e grande mercado consumidor, o
país tem adquirido destaque também no segmento da cultura do camarão Litopenaeus
Vannamei, dinamizando a produção da aqüicultura e via de regra, o desempenho do setor
pesqueiro nacional. Não obstante o crescente desenvolvimento da atividade de produção
em cativeiro do crustáceo brasileiro, o setor pesqueiro nacional demonstra uma
participação menor de 1% no total da produção mundial de pescado (BRDE, 2004).
Conforme Lisboa Filho e Carlini Júnior (2004), a carcinicultura, mesmo sendo uma
atividade comercial recente no Brasil, vem se consolidando como uma das mais
promissoras opções econômicas da região Nordeste. A partir de infra-estrutura básica, esta
atividade evolui rapidamente para uma estrutura totalmente consolidada e sustentada pela
qualidade e produtividade do camarão oferecido ao mercado. Antecipando-se a queda em
alguns segmentos do agronegócio nordestino, os empresários desenvolveram o cluster de
produção de camarão de uma forma integrada a partir de investimentos em infra-estrutura
de laboratórios de larvicultura, berçários e tanques de engorda além de empresas de
beneficiamento concebidas dentro dos mais rígidos padrões de segurança alimentar.
2.1.2. Evolução do mercado mundial
Dados disponibilizados a sociedade pela Associação Brasileira de Criadores de
Camarão, doravante denominada ABCC, aponta para uma consistente evolução mundial de
produção aquícola. O gráfico disponibilizado na Figura 2.1 representa uma compilação dos
seus quantitativos (ABCC
1
, 2007).
8
Figura 2.1 – Evolução da produção mundial aquícola em milhões de toneladas
A análise da Figura 2.1 anteriormente disposta revela que a despeito da produção
extrativista de pescado haver sido mantida em seus patamares inalterados no período
analisado, percebe-se dobrar a participação da aqüicultura neste cenário produtivo,
evidenciando-se a sua evolução.
Dentre os produtores mundiais destacam-se a China, com aproximadamente um terço
da produção mundial. Outros países do sudeste asiático destacam-se como Japão, Filipinas,
Indonésia, e Coréia do Sul, entre outros. O Brasil ainda tem uma participação inexpressiva
neste mercado, contribuindo com valor inferior a 268 mil toneladas, correspondendo a
escassos 0,4% de um mercado estimado em 63milhões de toneladas (ABCC
2
, 2007).
Discutindo-se especificamente a carcinicultura, a Figura 2.2 a seguir disposta,
apresenta o perfil da produção mundial do segmento no período compreendido entre 1996
a 2005.
9
Figura 2.2 – Evolução da produção do segmento da carcinicultura Brasileira
Conforme pode ser inferido a partir da análise da Figura 2.2, verifica-se que existe
uma tendência de estagnação da produção de camarões pelo processo extrativo de captura.
Isto se consolida pelo fato de no período analisado a produção de camarões cultivados
triplicou. Entende-se que este comportamento se deve a confluência de vários fatores
intervenientes, tais como restrições socioambientais, requisitos de qualidade, e ao fato de
que a produção cultivada representar uma atividade que exige um menor capital para
implantação, e de risco menor na sua operacionalização.
No segmento da carcinicultura igualmente a China lidera o cenário produtivo
mundial, tanto no que diz respeito a produção capturada quanto a cultivada, juntamente
com os países do sudeste asiático. Neste segmento o Brasil contribui para o mercado
mundial de camarões cultivados com 65.000 toneladas, estimados 2,4% do total. Um fato
digno de nota se refere a produtividade por hectare. Neste item o Brasil ocupa posição de
destaque com expressivos 4.333 Kg/ha/ano, produtividade apenas suplantada pela
Tailândia com 5.864 Kg/ha/ano (ABCC
3
, 2007).
10
2.1.3 O mercado nacional
O cenário produtivo nacional se revela promissor. Analisando a Figura 2.2,
anteriormente disposta, inferi-se as seguintes considerações: o perfil da carcinicultura
nacional acompanha o mundial. Verifica-se uma tendência de estagnação da pesca
extrativa, com o conseqüente aumento significativo da atividade de cultivo, triplicando-se
a produção no período analisado. Esta atividade se desenrola principalmente na região
nordeste do Brasil, notadamente no litoral dos estados do Ceará e do Rio Grande do Norte,
que juntos correspondem a aproximadamente 70% da produção Nacional (Rocha
2
, 2005).
No que concerne a divisas, apresenta-se uma mudança de cenário. A partir de 2003,
a receita de exportação caiu junto com o volume exportado de 61 mil toneladas,
correspondente a um faturamento de 228 milhões de dólares em 2005, para 33 mil
toneladas, com um resultado financeiro de 145 milhões de dólares em 2006 (ABCC
4
,
2007). A queda nas exportações verificada no período se origina de um movimento
protecionista articulado pelos produtores norte-americanos, que a título de uma acusação
de dumping que seria praticado pelos concorrentes brasileiros, motivou o departamento de
comércio dos Estados Unidos a sobretaxarem o camarão Brasileiro (Jornal do Commércio,
2005).
Redirecionada parte da comercialização para o mercado interno, o volume
exportado em 2006 foi da ordem de 45 mil toneladas, correspondendo a um faturamento
superior a 154 milhões de dólares, tendo como principais importadores a França, Espanha,
os Estados Unidos, Japão, Holanda e Portugal (ABCC
4
,2007).
2.2 Descrição do processo produtivo
O tópico a seguir disposto deste instrumento dissertativo foi concebido através da
compilação de discussões e entrevistas realizadas com o quadro técnico de colaboradores
da organização, representando assim o perfil de atuação da iniciativa privada neste
segmento do agronegócio.
A produção de camarões cultivados no nordeste do Brasil ocorre principalmente na
região litorânea, notadamente nas bacias fluvio-estuarinas, o que representa um importante
aspecto ambiental, conforme relatado por Lima et al (2006). As fases do processo
produtivo, no que concerne contextualiza-las sintonizadas com os objetivos desta tese,
revelam-se as a seguir descritas:
11
2.2.1 O Processo produtivo na fazenda
A Figura 2.3 a seguir disposta detalha o fluxograma produtivo deste segmento do
agronegócio. Entende-se relevante contextualizar que o sistema de gerenciamento a seguir
proposto obedece às restrições inerentes a investigação via estudo de caso, onde a
organização foco do presente estudo preserva as seguintes peculiaridades – a empresa
adquire as pós-larvas em um laboratório de cultivo, e não possui setor de beneficiamento,
pois a produção é vendida no viveiro, ocorrendo o processo de despesca sob a
responsabilidade do comprador.
Figura 2.3 Fluxograma do processo de cultivo de camarões marinhos
2.2.1.1 Espécie Cultivada
A espécie preferencialmente cultivada na região nordeste do Brasil é a Litopenaeus.
Vannamei. É nativa da costa do Pacífico, sendo encontrada na América do Sul, Central e
Costa do México. As fazendas são comumente povoadas com larvas oriundas de
laboratórios comerciais(IDEMA, 2005).
2.2.1.2 Sistema de Cultivo
12
Na unidade de produção objeto da presente pesquisa foi adotado o mecanismo
semi-intensivo de produção, envolvendo o emprego de viveiros berçários, viveiros de
engorda e de reprodutores. No viveiro berçário é realizado a primeira fase de cultivo, até o
estágio de juvenil.
Após a fase de viveiro berçário, quando os camarões atingem em dia 2g, os
juvenis são estocados nos viveiros de engorda. A partir daí se procede a engorda
propriamente dita, até a fase de comercialização. Durante a fase de berçário estocam-se os
animais numa densidade de aproximadamente 150 camarões/m
2
. Durante o cultivo de
engorda os viveiros são estocados entre 9 – 15 camarões/m
2
.
O processo de engorda dos camarões estará fundamentado no programa de
produção eficiente do alimento natural, especialmente no tocante ao fitoplâncton,
fitobentos, zooplâncton e zoobentos, além da comunidade bacteriana, tendo-se em vista a
importância que esse conjunto de alimentos representa para a nutrição dos camarões em
cultivo, especialmente por se estar ciente de que, tal cadeia alimentar tem contribuição
decisiva para a nutrição dos animais em cultivo, colaborando de forma marcante para a
redução dos custos, mediante a redução do uso de rações complementares (Lisboa Filho;
Carlini Júnior, 2004).
O programa de produção da fazenda envolve as etapas a seguir descritas:
2.2.1.3 Viveiros de engorda e de reprodutores
Os viveiros da fazenda em questão, possuem abastecimento e drenagem
independentes, constituídos por vinte e quatro tanques retangulares, com as capacidades
volumétricas declaradas na Tabela 2.1:
13
Tabela 2.1 Capacidade volumétrica dos viveiros em produção
Viveiro
Capacidade volumétrica
(m
3
)
Viveiro
Capacidade volumétrica
(m
3
)
Viveiro
Capacidade volumétrica
(m
3
)
1 4.000 9 11.800 17 12.400
2 11.700 10 12.400 18 13.500
3 12.500 11 11.200 19 13.800
4 12.600 12 11.350 20 12.700
5 12.800 13 12.500 21 11.900
6 15.300 14 13.200 22 11.300
7 11.100 15 13.900 23 10.800
8 12.300 16 14.800 24 14.300
Volume total dos viveiros em produção
(m
3
)
92.300
O processo tecnológico de construção foi baseia-se na remoção de material do
fundo dos mesmos para a confecção dos diques. A configuração topográfica de seus leitos
permite que os mesmos sejam drenados rápida e facilmente, possibilitando um controle
mais eficaz dos parâmetros de produção, especialmente no que tange à preparação para o
povoamento.
2.2.1.3.1 Preparação
Inicialmente os viveiros são drenados totalmente, procedendo-se ao mesmo tempo,
a limpeza e a vedação completa de suas comportas de adução e drenagem, expondo-se seus
leitos aos raios solares, possibilitando a secagem completa da camada superficial dos seus
solos, realizando-se neste intervalo de tempo, a limpeza completa do fundo e dos taludes,
bem como a recomposição dos mesmos.
A exposição do solo aos raios solares e a atmosfera, possibilita a oxidação da
matéria orgânica acaso existente e o arejamento da camada superficial do solo,
promovendo-se a intensificação das trocas e gasosas com as camadas mais profundas.
Como atividades posteriores, efetuam-se as análises de matéria orgânica e o
mapeamento do pH do solo do viveiro.
Verificando-se níveis de matéria orgânica superiores a 5%, associa-se a
características ácidas, bem como ao estado de redução dos solos, implicando-se na
necessidade de correções como forma de reduzir os efeitos danosos ao desenvolvimento
dos camarões em cultivo (Coelho Júnior; Schaeffer-Novelli, 2003).
Como forma de prevenção a ocorrência dos problemas acima relatados, adota-se
como prática sistemática, o revolvimento da camada superficial do solo por meio de
14
gradagem manual ou mecânica e a incorporação de calcário dolomítico na proporção de
500 a 2.500 kg/hectare, ao final de cada cultivo, possibilitando-se desse modo, além da
elevação do pH, a mineralização da matéria orgânica existente na camada ligeiramente
inferior do solo. Como regra geral, se obedece aos seguintes critérios para correção do pH
do solo, explicitado na Tabela 2.2, a seguir disposta.
Tabela 2.2 – Fatores de correção de pH do solo.
Valores de pH Quantidade de calcáreo dolomítico
(Kg/ha)
>7,0 500
6,0 - 6,9 1000
5,5 - 5,9 1500
5,0 - 5,4 2000
<5,0 2500
A seguir tratam-se as áreas alagadas porventura existentes, impossibilitadas de
drenagem e secagem total, com adição de cal virgem (500 kg/ha), promovendo-se em
seguida, o revolvimento do solo por gradagem manual ou mecânica. Adota-se este
procedimento com a finalidade de promover a pida elevação do pH do solo, além de
atuar como mecanismo de erradicação dos organismos competidores, predadores e
patógenos, potencialmente danosos aos camarões em cultivo (Perazzolo, 1994).
2.2.1.3.2 Abastecimento e Povoamento
Concluída a operação de esterilização, promove-se o abastecimento dos viveiros
para posterior fertilização. Para tal, utilizam-se o nitrato de cálcio e superfosfato triplo. A
fertilização tem com objetivo o incremento dos níveis de nutrientes, estimulando-se a
proliferação em massa do fitoplâncton, que por sua vez, proporcionará a reprodução em
larga escala da microflora e microfauna, principais ingredientes da dieta alimentar dos
camarões na fase juvenil. Estes microorganismos são particularmente importantes na
estabilização das condições hidrobiológicas dos viveiros, produzindo oxigênio, absorvendo
gás carbônico e os resíduos nitrogenados, além de contribuir para a redução da
luminosidade no substrato, minimizando a proliferação de algas bentônicas e inibindo
potencialmente a produção de bactérias patógenas. A eficácia das fertilizações,
visualmente detectada pela mudança de coloração da água dos viveiros, é ratificada pelas
15
análises hidrobiológicas rotineiramente realizadas, compreendendo-se as medições de
temperatura, salinidade, oxigênio dissolvido, pH, as avaliações de transparência, além das
determinações periódicas quali-quantitativas do fito e zooplâncton (Iles, 2007).
Logrando-se a estabilização dos parâmetros físico-químicos e obtendo-se a
disponibilidade adequada de alimentos naturais, estimada em cerca de 80 a 100.000 cel/ml
de fitoplâncton, o viveiro estará apto para ser estocado. Realizam-se os povoamentos e
transferências sempre às primeiras horas da manhã, procedendo-se à liberação dos juvenis,
prévia e adequadamente adaptados às novas condições ambientais (Tavares, 1995).
2.2.1.3.3 Parâmetros de trabalho
No decorrer do cultivo, são analisados diariamente os índices referentes a pH,
transparência, salinidade, oxigênio dissolvido, além de análises periódicas da quantidade
de alimento natural disponível e de indicadores como: amônia, nitrito, nitrato, alcalinidade,
fosfato e silicato.
A turbidez na água do viveiro é monitorada, através da utilização de um disco de
Secchi, medindo 20 cm de diâmetro, com face pintada alternadamente nas cores branca e
preta o qual é afixado em uma vara graduada ou em cordão de nylon com escala graduada
em centímetros. Para medir a turbidez, introduz-se o disco gradativamente na água, até que
o mesmo desapareça, e em seguida recolhe-se o disco até que o mesmo reapareça e mede-
se a profundidade na régua graduada. Considera-se como visibilidade ótima, profundidades
entre 30 e 40 cm, considerando-se que a transparência é afetada por dois tipos de turbidez,
sendo a primeira resultante do bloom de fitoplâncton e outros alimentos naturais, e a
segunda causada pela suspensão de partículas sólidas. As fertilizações são efetuadas como
precaução para proporcionar o bloom de fitoplâncton (Tavares, 1995).
Quando a visibilidade do disco Secchi for menor que 40 cm, as fertilizações são
realizadas com menos freqüência e em doses menores. Abaixo de 30 cm as fertilizações
são mais criteriosas, e procede-se a uma maior aeração da água. Com 50 cm de
visibilidade, é promovida uma maior recirculação de água do viveiro, procedem-se novas
fertilizações e completa-se o nível até atingir a lâmina desejada.
Em relação ao pH, seu nível tem influência direta sobre o cultivo de animais
aquáticos, revestindo-se de fator de grande importância. Valores menores que 4 e maiores
que 11 indicam pontos letais. Na prática, para águas estuarinas, o pH em torno de 8,0 a 9,0
é considerado adequado. O fitoplâncton utiliza CO
2
(dióxido de carbono) no processo de
16
fotossíntese, o que leva a alteração nos valores de pH no decorrer do dia (Valença;
Mendes, 2004).
As taxas de oxigênio dissolvido requeridas pelos animais aquáticos são bastante
variáveis e dependem das espécies, tamanho, alimento consumido, atividade, temperatura
da água, concentração de oxigênio dissolvido, etc. De um modo geral, trabalha-se a
concentração o mais próximo possível de 5,0 mg/ litro. Abaixo deste limite, pode haver um
decréscimo no crescimento e abaixo de 1,0 mg/litro, aproxima - se a fase letal.
Os camarões são bastante tolerantes as baixas concentrações de oxigênio
dissolvido, inclusive, juvenis da espécie cultivada podem sobreviver até 16 dias quando
expostos continuamente a 1,17 mg/litro de oxigênio dissolvido, contudo são valores
extremos e o praticados neste segmento do agronegócio. Durante os cultivos determina-
se o limite mínimo de 3,0 mg/litro para as primeiras horas da manhã, pois baixas
concentrações de oxigênio dissolvido causam estresse aos camarões, afetando o seu
processo de osmorregulação e conseqüentemente, de alimentação e crescimento, razão pela
qual, todos os viveiros recebem aeração artificial mediante o uso de aeradores de palhetas
(Meireles, 2007).
A alcalinidade é outro importante parâmetro que é observado no cultivo de
camarões marinhos. É definida como a concentração total de bases solúveis na água. Os
valores da alcalinidade deve se situar entre 70 e 150 mg/l de CaCO
3
, quando a alcalinidade
está abaixo de 50 mg/l, aplica-se calcário dolomítico. Caso seja necessário, no decorrer do
cultivo, para correções, podem ser empregados até 100 a 200 Kg/ha/aplicação.
De um modo geral, trabalha-se para adequar a água do cultivo aos parâmetros da
Tabela 2.3, a seguir disposta.
Tabela 2.3 – Parâmetros de processo
Parâmetros Variação
Temperatura 28 - 32 C
Salinidade 0,5 - 45 ppt
Transparência 30 - 45 cm
Cor Prefencialmente marrom
Profundidade 1,0 - 2,0 m
Oxigênio dissolvido > 3 ppm
PH 8 - 9
Alcalinidade 70 - 150 mg/l
Dióxido de carbono < 20 mg/l
Amônia total < 1,0 mg/l
Nitrito < 0,1 mg/l
Gás sulfídrico < 0,001 mg/l
17
2.2.1.3.4 Sistema de Arraçoamento
Desde larvas até atingirem o peso médio de 2g, os camarões são alimentados com
cilindros compactados de concentrado alimentar denominado pellet com diâmetro de 1
mm. De 2 g até atingirem o tamanho comercial ou reprodutivo são alimentados com
peletes de 2- 4 mm. A fazenda utiliza uma marca comercial de ração.
Nos viveiros de engorda, os camarões são mantidos em cultivo e alimentados com
ração comercial, contendo 35 % de proteína, ofertada duas vezes ao dia. A taxa de
arraçoamento inicial é de 6% da biomassa em cultivo, gradativamente ajustada pela
evolução da biometria dos próprios camarões, de forma que esse valor se reduzirá a 1% ao
final do cultivo.
No sistema de arraçoamento tradicional o ajuste da quantidade de ração a ser
ofertada pelo método de voleio, efetua-se através do conhecimento da biomassa e da
estimativa das taxas de sobrevivência. O arraçoamento é feito através de comedouros -
bandejas fixos, distribuídos homogeneamente em todos os viveiros, na razão de 25
unidades/hectare.
Segundo Wainberg e Câmara (1998), a ração representa 40-50 % dos custos de
produção, além do que, sobras desses produtos podem acarretar a deposição de matéria no
fundo dos viveiros, o que induz a proliferação de bactérias e fungos, redução dos níveis de
oxigênio e uma série de fatores prejudiciais ao cultivo e ao meio ambiente. Objetivando-se
sanar esse problema, operacionaliza-se a distribuição de ração por meio de comedouros.
Considerando-se que no início do cultivo os juvenis ainda muitos pequenos não possuem a
capacidade de se deslocar rapidamente para ir a busca do alimento e ainda estão se
adaptando ao novo ambiente, o alimento é distribuído por voleio até cerca de 20 dias de
cultivo, sendo as quantidades ajustadas como no sistema tradicional. Após este período,
será utilizado o sistema de comedouros.
Os comedouros fixos são posicionados de modo eqüidistante formando estruturas
alinhadas e paralelas aos diques. Tais bandejas são confeccionadas utilizando-se para tal de
pneus usados e telas com malha de 1 mm.
A distribuição diária do alimento é feita em três horários distintos, utilizando-se
pequenos barcos denominados caiaques confeccionados em fibra de vidro e movidos a
remo (Valenti, 2004).
Para o primeiro arraçoamento, uma quantidade calculada em função da comunidade
biológica existente, também denominada bioma, sendo distribuída igualmente em todos os
18
comedouros, de modo que, as correções só devem ocorrer a partir do segundo
arraçoamento, baseando-se na quantidade fornecida no arraçoamento anterior e na
visualização das sobras acaso existentes, de acordo com a Tabela 2.4, a seguir disposta.
Tabela 2.4 – Correção da dosagem de ração nos comedouros
Sobras Procedimento Correção (%)
Redução Adição
Muita Retirada do residual de ração 50% -
Média Retirada do residual de ração 20% -
Pouca Retirada do residual de ração - -
Nenhuma Acréscimo de ração - 20%
2.2.1.3.5 Biometrias
Durante todo o processo de cultivo, é exercido um rigoroso controle do ecossistema
empregado, tendo por objetivo maior, proporcionar aos animais em cultivo, o saudável e
rápido processo de desenvolvimento, cujas avaliações serão procedidas de modo constante
por meio das observações visuais e contabilizadas semanalmente através de biometrias.
As contagens são realizadas semanalmente, através da pesagem de uma amostra
significativa da população dos camarões em cultivo. Para tanto, os camarões serão
capturados através de pequenas telas de captura denominadas tarrafas. O material biológico
utilizado para esta análise é descartado (Barnabé, 1990).
2.2.1.3.6 Despesca e Acondicionamento
Passados cerca de 120 dias de cultivo no viveiro de engorda, quando os camarões
deverão atingir um peso médio de 10 a 13 gramas, é dado início ao processo de despesca.
A colheita é feita mediante a drenagem gradual do viveiro e a posição de redes de
despesca produzidas de forma que as mesmas se encaixem perfeitamente nas saídas das
comportas denominadas bag-nets, em sua comporta de drenagem. Um dia antes da
despesca, a água do viveiro é gradativamente diminuída. A despesca é iniciada com cerca
de 30% do volume do viveiro, o que facilita a operação. Com o nível da água mais baixo, o
monitoramento do oxigênio dissolvido e da temperatura será realizado com mais
freqüência. Os camarões, arrastados pelas correntes, são aprisionados nas redes, sendo
19
coletados. Logo que capturados, ainda no viveiro, os camarões o colocados em caixas
isotérmicas com capacidade de 500 litros, onde receberão choque térmico com água a 5ºC.
Após este processo, os camarões são colocados em caixas de transporte de pescado
com capacidade de 15 kg, em camadas alternadas com gelo e transferidos para serem
beneficiados, congelados e estocados para futura comercialização. Opcionalmente, quando
a produção tem foco no mercado externo faz-se uso no processo de despesca da substancia
denominada metabissulfito de sódio, cujos processos de aplicação, aspectos e impactos
ambientais serão discutidos em detalhes ao longo deste instrumento dissertativo (Lima et
al, 2006).
2.2.2 Sistema de captação e elevação de água
A hidráulica da fazenda esbaseada no processo de captação e descarte total de
água. A água utilizada na unidade é oriunda do estuário e é elevada, em uma primeira
etapa, para o canal de abastecimento. Segundo a necessidade, por diferenças de níveis, a
água do canal de abastecimento é fornecida aos viveiros. Após a descarga da água dos
viveiros para os canais de drenagem, e a seguir é despejada sem tratamento no estuário por
gravidade.
2.2.3 Controle e tratamento de efluentes e sedimento.
As águas estuarinas geralmente possuem uma grande quantidade de sólidos em
suspensão, que são representados por partículas de solos e de matéria orgânica. As águas
dos rios, ao contrário, especialmente no período da estação seca, são muito mais pobres em
material e partículas em suspensão. Essas partículas se originam da erosão e do processo
de lixiviação dos rios, agravados por desmatamentos e práticas inadequadas na
agropecuária (Jegatheesan et al, 2007).
Após a adução da água por bombeamento para o canal de abastecimento, a
turbulência diminui e grande parte dos sólidos em suspensão se decanta. nos viveiros,
embora com uma menor carga de sedimentos em suspensão, a água passa a receber uma
carga de matéria orgânica que aumenta com a duração dos cultivos, resultante do emprego
de alimentos artificiais e das fertilizações, de modo que, ao final dos ciclos de cultivo, o
sedimento geralmente possui uma maior quantidade de matéria orgânica, cuja
20
mineralização por bactérias, associada à respiração dos demais seres vivos, requerem uma
determinada oferta de oxigênio, proporcional à matéria orgânica e a biomassa.
A transformação da matéria orgânica está associada à proliferação de
microorganismos que a utilizam para sua alimentação. Por esse motivo, é de fundamental
importância o controle da quantidade de ração que é ofertada, no sentido de que não
ocorram sobras excessivas. Os fatores que afetam a taxa de decomposição da matéria
orgânica são a temperatura, o pH, e a própria natureza da matéria orgânica. O controle do
sedimento e a mineralização da matéria orgânica dos viveiros envolve o revolvimento do
solo, a correção de pH, a exposição dos viveiros aos raios solares, e a oxidação ao ar a cada
final de ciclo produtivo (Lima et al, 2006).
2.2.4 Monitoramento Ambiental
O sistema produtivo em questão adota um plano de monitoramento ambiental
(PMA) no qual se faz um acompanhamento sistemático de parâmetros físico-químicos e
biológicos no ambiente natural de entorno da fazenda, como também na área de produção,
incluindo canais de abastecimento e drenagem, e nos viveiros de engorda do
empreendimento.
2.2.4.1 Elaboração do plano de amostragem
O plano de Monitoramento Ambiental executado pela fazenda esta em
conformidade com a Resolução N° 312 CONAMA, onde buscam-se valores qualitativos
e quantitativos, que demonstram faixas aceitáveis, isto é, parâmetros mínimos aceitáveis
das características físicas, químicas e biológicas da água, projetadas para prevenir impactos
ambientais adversos (CONAMA, 2005).
2.2.4.2 Padrões de qualidade de água
Os teores ximos de impurezas permitidos na água são estabelecidos em função
dos seus usos. Esses teores constituem padrões de qualidade, os quais são fixados por
entidades públicas, com o objetivo de garantir que a água a ser utilizada para um
determinado fim não contenha impurezas que venham a prejudicá-lo. Os padrões de
qualidade de água variam para cada tipo de uso.
21
No Brasil, a classificação das águas foi definida pela Resolução CONAMA
357/2005. Esta resolução estabeleceu 9 classes, sendo 5 de águas doces, 2 de águas
salobras, e 2 de águas salinas (CONAMA, 2005).
Para a atividade de carcinicultura, segundo esta resolução, a água utilizada para o
desenvolvimento da atividade enquadra-se como salobra de classe 7, classe também
definida pela resolução conforme o seu uso: Criação natural e/ou intensiva (aquicultura) de
espécies destinadas à alimentação humana.
Abaixo na Tabela 2.5 são descritos os parâmetros estabelecidos pelo CONAMA
como limites:
Tabela 2.5 – Parâmetros de qualidade de água para a carcinicultura
Parâmetro Viveiro Efluente
DBO
5 dias a 20 C,
até 5 mg/l de O
2
Ne
OD o inferior a 5 mg/l de O
2
Ne
PH 6,5 a 8,5 5,0 a 9,0
Óleos e graxas Virtualmente ausentes 20 mg/l
Materiais flutuantes Virtualmente ausentes 1,0 ml/l/h
Substâncias que produzem cor,
odor, turbidez
Virtualmente ausentes Ne
Coliformes totais
Até 5.000 em 100 ml, em 80%
das amostras
Ne
Amônia não ionizada 0,4 mg/l de NH
3
5,0 mg/l de N
Nitrito Ne Ne
Nitrato Ne Ne
Sulfeto 0,002 mg/l de S 1,0 mg/l de S
2.2.4.3 Monitoramento dos parâmetros físico-químicos
Para a fazenda objeto de investigação do presente projeto de pesquisa dispôs-se, em
função de sua área útil e características, 3 estações de coleta de água, sendo as amostras
recolhidas e enviadas a laboratórios credenciados em cada cultivo, nos seguintes
momentos: na captação (momento de enchimento do canal de abastecimento, que
22
posteriormente enche os tanques), e no momento da despesca, caracterizando assim a
qualidade da água captada e daquela que é enviada ao corpo receptor. Também recolhem-
se amostras quinzenais de cada um dos viveiros, para a realização do processo de
monitoração, disposição de planilhas para a arquivação das mesmas e posterior
disponibilização ao órgão de controle ambiental estadual.
Conforme solicita a Resolução CONAMA N° 312 enviam-se ao órgão licenciador
relatórios anuais com todos os dados, analisados e interpretados, onde constarão se
ocorreram alterações ambientais decorrentes do empreendimento e comparações feitas com
as análises anteriores (CONAMA, 2005).
Os pontos de coleta das amostras para análise foram alocados, por sistema de GPS
em coordenadas geográficas, segundo a resolução de que trata este Plano de
Monitoramento.
2.3 O meio ambiente como fator de competitividade e responsabilidade social
2.3.1 O novo cenário de negócios
As empresas no contexto que sucedeu a segunda guerra mundial, particularmente
nos Estados Unidos, usufruíram um período de grande crescimento e euforia. O mercado
era francamente comprador, fortalecendo a posição das empresas que possuíam capacidade
instalada robusta (Davis, 2000).
No fim dos anos 50, a recuperação industrial de nações com forte tradição industrial
como Alemanha e Inglaterra, bem como o surgimento do Japão como potência industrial,
alterou esta conjuntura, tornando a competitividade um tema corrente no meio corporativo.
Na esfera acadêmica, ressalta-se o trabalho de Wickham Skinner, professor da
Harvard Business School, que escreveu um artigo mostrando que o setor produtivo tem um
papel fundamental na estratégia competitiva das organizações. Citou ainda que as empresas
para tornarem-se e manterem-se competitivas deveriam formular uma estratégia focada no
cumprimento das ditas prioridades competitivas custo, qualidade, rapidez, e flexibilidade
(Skinner, 1969).
A celeridade de movimento deste cenário evoluiu hoje para uma concorrência
23
globalizada que agregou mais duas dimensões a estas prioridades competitivas a
flexibilidade e o serviço (Slack, 2002).
Atualmente, o contexto global é composto de empresas capazes de usar de forma
intensiva os recursos da tecnologia da informação, como forma de buscar a excelência nos
seus processos e serviços. O mercado defronta-se assim com organizações sedentas de
novos fatores de diferenciação.
Buscam-se as afirmações de Davis (2000) no sentido de colocar a questão
ambiental, juntamente com ações de responsabilidade social corporativa emergentes como
as novas vantagens competitivas a serem exploradas pelas empresas. Assumir estas
questões como prioritárias associa a imagem da empresa ao bem estar social, além de criar
uma impressão favorável da mesma junto a sociedade.
Vislumbra-se assim uma empresa que passa a tratar a questão ambiental como uma
oportunidade, deixando-se para o passado a fase de “comando e controle”, onde a
conformidade ambiental representava apenas custo, e era tratada como forma de
adequação à legislação vigente.
2.3.2 A empresa como instituição sociopolítica
Neste tópico discute-se a visão tradicional de negócios, onde a organização tinha
um compromisso apenas com a maximização dos seus lucros. Interações sociais o se
estimulavam e consideravam-se até pouco relevantes ou um desvio do foco organizacional.
Setores conservadores do meio empresarial justificavam a sua postura inercial com o
enfoque de que “o que é bom para a as empresas é bom para a sociedade de forma geral”
(Donaire, 1995).
No século passado o movimento ambiental progrediu de forma modesta e acima de
tudo de forma politicamente pragmática, notadamente nos Estados Unidos da América.
Promoviam-se melhorias de forma que não conflitassem com o esforço de produção,
respaldadas pelos setores jurídicos das empresas (Cohen, 2005).
Para a continuação deste processo impõem-se mudanças no contexto das
24
organizações, notadamente ao que tange a forma que a mesma interage com o meio
ambiente e a sociedade (Barbieri, 2006). A tecnologia de informação com os seus
instrumentos instiga a sociedade para que esta de forma responsável e proativa exerça a
cidadania, fiscalizando e questionando ações que possam representar eventuais danos ao
seu entorno. Saliente-se ainda o papel das promotorias estaduais do meio ambiente,
traduzindo ações populares em legítimos instrumentos de questionamento na busca pela
conformidade ambiental.
A mídia e organizações não-governamentais completam o elenco de atores sociais,
capazes de forma articulada discutir e difundir aspectos da questão ambiental e suas
interações com as organizações.
2.3.3 Sobre responsabilidade social
Entende-se que a natureza de uma postura de responsabilidade social pelas
organizações remete a um conceito de que a empresa deve uma justa reciprocidade à
sociedade, em face da liberdade que a sociedade concede a empresa para existir (Sarmento;
Durão; Duarte, 2006).
As organizações produtivas m responsabilidade que transcendem a auferição de
lucros, conformidade aos dispositivos legais e econômicos. As empresas também têm
responsabilidades éticas que incluem a adequação a padrões e normas impostos pela
sociedade (Carroll, 2000).
A partir desta premissa, traduz-se uma forma de interação entre empresa e
sociedade, onde a efetiva contribuição busca a melhoria de aspectos econômicos, de saúde
pública, e educacionais de uma coletividade.
2.3.4 A Evolução para a conscientização social
Distanciando-se da tradicional postura de comando e controle as organizações
integram-se em uma nova fase de percepção e consciência no trato da questão ambiental
25
a conscientização social.
Donaire (1995) refere-se a esta atitude como uma forma da empresa responder às
expectativas e pressões da sociedade, na forma de busca de procedimentos, mecanismos,
arranjos e padrões comportamentais capazes de responder aos anseios da sociedade.
2.3.5 A variável ambiental no contexto dos negócios
A discussão remete-se a uma empresa que evoluiu até a fase da
responsabilidade/consciência social no trato da questão ambiental. Mas como traduzir esta
postura em ações? Donaire (1995) sugere um caminho:
Prioritariamente, recuperar as áreas degradadas;
Focar a organização na prevenção às futuras degradações ao meio ambiente;
Promover a utilização positiva do meio ambiente no processo de desenvolvimento.
Assim, torna-se relevante estabelecer mecanismos de incentivo para que as
empresas privadas se envolvam no trato da questão ambiental, distanciando-se da postura
reativa de comando e controle, para a de uma organização consciente e proativa no trato
desta questão. Estes mecanismos se traduzem no estabelecimento de políticas públicas
voltadas ao incentivo a ações desta natureza, tais como redução de alíquotas de importação
de equipamentos focados na melhoria de eficiência produtiva e melhor controle dos
resíduos gerados (Gray, 2006).
Muitos governos têm implementado metodologias para encorajar empresas a se
tornarem mais transparentes, no que diz respeito a sua performance ambiental, sob a forma
de relatórios corporativos de desempenho. Destaca-se o Balanço Social, como uma
tentativa da divulgação por parte das organizações das ações realizadas na busca pela
reciprocidade social. Países como Austrália, Japão e Reino Unido são exemplos destas
práticas (Moffat; Auer, 2005).
No âmbito das ações globais cabe destaque a iniciativa do estabelecimento do
mecanismo de desenvolvimento limpo validado pela entrada em vigor do protocolo de
26
Kioto (FAPESP, 2006), além de metodologias alternativas ao trato da questão ambiental
tais como a análise do ciclo de vida, a logística reversa e a produção mais limpa.
A metodologia de implantação de corredores ecológicos traduz-se em um valioso
instrumento na busca da conservação da biodiversidade, e ação de inequívoca simbologia
sintonizada nos ditames da responsabilidade social (CEBDS, 2005).
Saliente-se ainda uma salutar iniciativa por parte de instituições de fomento
financeiro do estabelecimento de fundos ecológicos. A idéia parte do princípio de motivar
investidores conscientes, engajados à causa ambiental a adquirirem preferencialmente
papéis de empresas rentáveis, integradas a uma postura proativa quanto a consciência
ambiental.
Ao mesmo tempo, não pode ser esquecido um fato que contribuiu sobremaneira
para a conformidade ambiental das empresas. As instituições de fomento estabeleceram
como um dos critérios para a liberação de eventuais pleitos, o licenciamento ambiental nos
seus diversos níveis. Saliente-se ainda que este mecanismo transcende de uma mera
postura de consciência ambiental por parte destas instituições. O fato de uma instituição de
fomento contribuir para a implantação de uma organização que eventualmente se torne
responsável por um passivo ambiental, a torna responsável solidária pelo mesmo, sob o
ponto de vista legal.
2.3.6 A discussão na empresa
O cenário proposto demonstra a importância do trato da questão ambiental, na
qualidade de cidadãos conscientes dos conceitos e mecanismos da sustentabilidade. Mas, e
a empresa, como se posiciona em relação à questão ambiental? O que deve se esperar dela?
É do conhecimento de todos que o movimento de formação de grandes blocos
comerciais, e seus mecanismos de eliminação de barreiras comerciais entre países,
provocou um choque de competitividade entre nações. A imposição da conformidade
ambiental como um instrumento qualificador para o acesso a determinados blocos,
transformou a adoção dos mecanismos de conformidade ambiental em um instrumento de
competitividade empresarial.
27
Porém, como contribuir para que mais empresas adiram a este círculo virtuoso?
Elkington e Burke (1989) sugerem um caminho, a partir da adoção dos seus dez passos da
excelência ambiental, a seguir dispostos:
1 – Desenvolva e publique uma política ambiental;
2 – Estabeleça metas e continue a avaliar os ganhos;
3 Defina claramente as responsabilidades ambientais de cada uma das áreas e do pessoal
administrativo;
4 – Divulgue interna e externamente a política, os objetivos e metas e as responsabilidades;
5 – Obtenha recursos adequados;
6 – Eduque e treine o seu pessoal, informe os consumidores e a comunidade;
7 – Acompanhe a situação ambiental da empresa, faça auditorias e relatórios;
8 – Acompanhe a evolução da discussão sobre a questão ambiental;
9 – Contribua para os programas ambientais da comunidade e invista em pesquisa e
desenvolvimento aplicada à área ambiental;
10 Ajude a conciliar os diferentes interesses existentes entre todos os envolvidos:
empresa, consumidores, comunidade, acionistas (Elkington e Burke, 1989).
Assim como citado por Donaire (1995), deve-se utilizar os pressupostos acima,
dispostos como forma de transformar ameaças em oportunidades de negócios. Entende-se
como forma de materialização a adoção de práticas ambientalmente corretas, tais como a
reciclagem de materiais, a instituição de bolsas de resíduos e o desenvolvimento de novos
produtos e processos produtivos, entre outras.
Como traduzir todas estas questões para o ambiente empresarial? A adoção dos dez
passos de Elkington e Burke (1989) não se manifesta em uma receita milagrosa de
conformidade ambiental. O trato destas questões no meio empresarial exige uma
materialização de fatos, aspectos, impactos e interferências. Neste sentido North (1992),
28
disponibilizou uma metodologia de avaliação do perfil da organização relativo ao trato da
questão ambiental. Modelos investigativos podem ser propostos aos sistemas produtivos
como forma da busca do entendimento da percepção da variável ambiental na empresa.
Ainda citando North (1992), o autor consolida um número considerável de razões
para a empresa investir na causa ambiental, como se verifica a seguir:
2.3.6.1 Quanto aos Benefícios econômicos.
1. Economia de custos: Economias devido a redução do consumo de água, energia e
outros insumos; economias devido à reciclagem venda e aproveitamento de
resíduos e diminuição do volume de efluentes; redução de multas e penalidades por
poluição;
2. Incremento de receitas: Aumento da contribuição marginal de “produtos verdes
que podem ser vendidos a preços mais altos; aumento da participação no mercado
devido a inovação dos produtos e menos concorrência; linhas de produtos para
novos mercados; aumento da demanda para produtos que contribuam para a
diminuição da poluição.
2.3.6.2 Quanto aos benefícios estratégicos.
1. Melhoria da imagem institucional;
2. Renovação do portfólio de produtos;
3. Aumento da produtividade;
4. Alto comprometimento do pessoal;
5. Melhoria nas relações de trabalho;
6. Melhoria e criatividade para novos desafios;
7. Melhoria nas relações com os órgãos governamentais, comunidade e grupos
29
ambientalistas;
8. Acesso assegurado ao mercado externo;
9. Melhor adequação aos padrões ambientais.
2.3.7 A repercussão na empresa
Entende-se que o impacto da questão ambiental no contexto da organização é
diretamente proporcional ao seu potencial de gerar poluição. Sua influência no interior da
organização se estende as diversas áreas funcionais, como pode ser visto na Figura 2.3, a
seguir disposta, que apresenta resultados colhidos na Alemanha através, de pesquisa
articulada pelo seu Ministério Federal do Meio Ambiente.
83
67
63
57
41
34
19
14 14
5
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Produção
P&D
Suprimentos
Planejamento
Relações Públicas
Marketing
Administração
Recursos Humanos
Finanças
Contabilidade
Figura 2.3 – Impacto da questão ambiental na organização
Pode-se inferir pela análise da figura acima disposta que o impacto da questão
ambiental na empresa é diretamente proporcional a proximidade com o processo de
transformação. Setores de apoio a esta atividade tais como pesquisa e desenvolvimento,
suprimentos e planejamento o afetados diretamente pelo posicionamento estratégico
da organização em face desta questão.
30
2.3.8 Os instrumentos de certificação ambiental
Discorre-se a seguir sobre os selos ambientais. A instituição destes instrumentos
faz parte de uma estratégia maior, o marketing verde. Efetiva-se a adoção destes, no
estabelecimento de estratégias para associar a empresa a uma imagem de boas práticas
ambientais. Isto corresponde a uma declaração pública de compromisso à
conformidade ambiental, a qual pode ser estabelecida de forma voluntária, ou através
de uma certificação por uma entidade idônea que tem associada a sua atuação a causa
ambiental.
A primeira iniciativa no estabelecimento do selo de conformidade ambiental se
deu na Alemanha ocidental em 1978, com a instituição do selo Blue Angel. Esta ação
foi seguida por diversos países como o Japão, Canadá, além da União Européia, até se
tornar uma prática consistente de conformidade.
Entende-se relevante não concluir este tópico, sem citar o conjunto de Normas
ISO da rie 14.000 (NBR ISO 14000, 1996). Este instrumento de larga difusão de
garantia da qualidade ambiental de uma empresa em seus processos/serviços foi
adotado inicialmente pelo mercado comum europeu como um instrumento com fortes
características qualificadoras. Com o passar do tempo, a metodologia se difundiu com
base na solidez de seus princípios, credibilidade da organização de suporte, e
consistente metodologia de implementação, tornando-se uma referência entre os
instrumentos de certificação da qualidade ambiental de uma organização.
31
Capítulo 3 – Estado da arte
O objetivo deste capítulo é o de discutir a base teórica referente aos impactos
ambientais inerentes ao processo produtivo da carcinicultura, focando-se especificamente
na problemática do metabissulfito de sódio, e investigar os mecanismos de mitigação
baseados na metodologia denominada produção mais limpa, como forma de propor uma
estratégia de gestão ambiental para este segmento do agronegócio.
3.1 - Aspectos e impactos ambientais no segmento da carcinicultura
Segundo a Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) 01
de 23/01/86, impacto ambiental é qualquer alteração das propriedades sicas, químicas e
biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante
das atividades humanas que, diretamente, afetem: (I) a saúde, a segurança e o bem-estar da
população; (II) as atividades sociais e econômicas; (III) a biota; (IV) as condições estéticas
e sanitárias do meio ambiente; (V) a qualidade dos recursos ambientais (CONAMA, 1986).
Promove-se a distinção de conceitos referentes a aspectos e impactos ambientais
em atividades. Para tal, busca-se as definições no contexto da Norma NBR ISO 14004:
Aspecto ambiental é o elemento das atividades, produtos e serviços de uma
organização que pode interagir com o meio ambiente;
Impacto Ambiental é qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica,
que resulte, no todo ou em parte, das atividades, produtos ou serviços de uma
organização. (NBR ISO 14001, 1996).
3.1.1 Avaliação de Impactos Ambientais
Relatos de Dias (2001) afirmam que os fundamentos do processo de Avaliação de
Impactos Ambientais (AIA) foram estabelecidos nos Estados Unidos em 1969, quando o
Congresso aprovou a “National Environmental Policy of Act”, mais conhecida pela sigla
NEPA, sancionada no ano seguinte. A NEPA é considerada o principal marco da
32
conscientização ambiental (Magrini, 1989), sendo uma resposta às pressões crescentes da
sociedade organizada para que os aspectos ambientais passassem a ser considerados na
tomada de decisão sobre a implantação de projetos capazes de causar significativa
degradação ambiental (Dias, 2001).
Este instrumento legal dispunha sobre os objetivos e princípios da política
ambiental americana, exigindo, para todos os empreendimentos com potencial impactante,
a observação dos seguintes pontos: identificação dos impactos ambientais, dos efeitos
ambientais negativos da proposta, das alternativas da ação, da relação entre a utilização dos
recursos ambientais em curto prazo e a manutenção ou mesmo melhoria do seu padrão a
longo prazo e a definição clara quanto a possíveis comprometimentos dos recursos
ambientais, para o caso de implantação da proposta (Moreira, 1985).
Num primeiro momento, a Avaliação de Impactos Ambientais passou a ser exigida
apenas para as ações de responsabilidade do governo federal americano, porém, alcançou
não apenas os projetos governamentais, mas todas as suas decisões, programas, licenças,
autorizações e empréstimos. A elaboração dos estudos ambientais era atribuição do
governo americano, por intermédio de suas agências, e foi posteriormente regulamentada
pelo United States Council on Environmental Quality (CEQ), criado pela mesma lei para
assessorar o presidente em assuntos relativos ao meio ambiente (Dias, 2001).
A aplicação da Avaliação de Impactos Ambientais generalizou-se rapidamente nos
Estados Unidos, tendo em vista a força da NEPA e das legislações estaduais afins, assim
como em outros países desenvolvidos e, pouco mais tarde, junto aos países em
desenvolvimento (Queiroz, 1990).
De acordo com Dias (2001), os problemas ambientais associados ao
desenvolvimento econômico não eram privativos dos Estados Unidos, e a concepção da
Avaliação de Impactos Ambientais, formalizada no NEPA e nos documentos do CEQ,
difundiu-se mundialmente, sofrendo adaptações em diferentes níveis para ajustar-se ao
sistema de governo de cada jurisdição país, região, governo local em que foi
introduzida.
Relativo ao fato, Moreira (1985) explica que as peculiaridades jurídicas e
institucionais de cada país vêm determinando o momento, a forma e a abrangência de sua
adoção.
Andreazzi & Milward de Andrade (1990) observam que, a partir da Conferência
das Nações Unidas de Estocolmo, realizada em junho de 1972, os problemas ambientais
33
passaram a ser encarados com maior atenção, principalmente em virtude da exigência de
Avaliações de Impactos Ambientais para a concessão de empréstimos internacionais.
Mesmo em locais onde a Avaliação de Impactos Ambientais não está prevista na
legislação, este instrumento tem sido aplicado por força das exigências de organismos
internacionais (Dias, 2001). Atualmente, fazem uso da Avaliação de Impactos Ambientais,
todos os principais organismos de cooperação internacional, como os órgãos setoriais da
Organização das Nações Unidas (ONU), o Banco Mundial (BIRD), o Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID), entre outros (Moreira, 1985).
Segundo Andreazzi & Milward de Andrade (1990), no Brasil, os Estudos de
Impactos Ambientais passaram a ser elaborados a partir da década de 70, por causa das
exigências do Banco Mundial, principalmente em projetos de construções de usinas
hidrelétricas.
A Avaliação de Impactos Ambientais é conceituada, conforme Moreira (1985),
como: “um instrumento de política ambiental formado por um conjunto de procedimentos
capazes de assegurar, desde o início do processo, que se faça um exame sistemático dos
impactos ambientais de uma ação proposta projeto, programa, plano ou política e de
suas alternativas, e que os resultados sejam apresentados de forma adequada ao público e
aos responsáveis pela tomada de decisão, e por eles devidamente considerados”.
Cláudio (1987) explica que a Avaliação de Impactos Ambientais tem como objetivo
prevenir e minimizar as alterações que podem ocorrer na elaboração de um projeto ou
determinada atividade, pois o estudo é essencialmente um instrumento de previsão. Neste
sentido, Silva
1
(1994) acrescenta que a avaliação propriamente dita dos impactos
ambientais representa a prognose das condições emergentes, segundo as alternativas
contempladas, sendo realizada em três etapas: identificação, previsão e interpretação da
importância dos impactos ambientais relevantes.
No processo de Avaliação de Impactos Ambientais, são caracterizadas todas as
atividades impactantes e os fatores ambientais que podem sofrer impactos dessas
atividades, os quais podem ser agrupados nos meios físico, biótico e antrópico, variando
com as características e a fase do projeto (Silva
2
, 1994).
Os todos de Avaliação de Impactos Ambientais são mecanismos estruturados
para identificar, coletar e organizar os dados de impacto ambiental, permitindo a sua
apresentação em formatos visuais que facilitem a interpretação pelas partes interessadas
(Andreazzi & Milward de Andrade, 1990). Estes métodos variam com as características do
projeto e as condições ambientais. Dentre os principais métodos empregados na Avaliação
34
de Impactos Ambientais estão: ad hoc, checklists, matrizes, overlays, redes e modelagem
(Silva
2
, 1994).
3.2 Conformidade ambiental e carcinicultura
A carcinicultura, como qualquer outra atividade de produção, pode causar impacto
ambiental, motivo pelo qual é caracterizada como atividade potencialmente poluidora no
cadastro nacional de atividades poluidoras do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
Recursos Renováveis - IBAMA. de se destacar, entretanto, que o conceito de impacto
ambiental não se refere unicamente ao meio ambiente biológico.
Na verdade, o mesmo vem a ser o resultado do efeito das atividades humanas no
conjunto composto pelos níveis físico, biológico e socioeconômico (Arana, 1999). A
agressão da aqüicultura ao ambiente aquático se dá, principalmente, pela descarga
excessiva ou indiscriminada de matéria orgânica acumulada nos efluentes de viveiros de
camarões. Esta descarga pode trazer sérios danos à própria atividade, devido às alterações
das características físico-químicas da água (temperatura, oxigênio dissolvido e conteúdo de
sais dissolvidos), e ao ambiente do entorno dos tanques escavados após a saída da água do
cultivo. O aumento dos veis de matéria orgânica (material fecal e restos alimentares)
pode agravar alguns fenômenos como florações de microalgas e anóxia do ambiente, além
de aumentar a eutrofização da água, colocando em perigo o desenvolvimento das espécies
cultivadas e do restante do meio (Barnabé, 1990).
Responsável por um levantamento dos impactos ambientais causados por cerca de
80 fazendas de camarão implantadas no litoral oeste do Estado do Ceará, Meireles relata
que os danos sociais e ambientais desse tipo de empreendimento não vinham sendo
observados quando da aprovação de projetos de carcinicultura. Isso se agrava pelo fato de
que as atividades do setor geram uma série de impactos, começando por alterar as
condições bio-físico-químicas da água, afetando a qualidade do líquido nos mananciais
onde são implantadas (Meireles, 2004). O autor ressalta ainda que os empreendimentos
estão fragmentando o ecossistema dos manguezais com a invasão dos apicuns, áreas
contíguas aos mangues, sem respeito aos 20% de reserva sobre o qual dispõe a Resolução
Nº 02 do Conselho Estadual do Meio Ambiente do Estado do Ceará, que autoriza a
utilização dos apicuns pelos empreendimentos. Entende-se apicuns como terrenos
formados por sedimentos arenosos margeando as áreas do ecossistema manguezal. Isto
35
contribui para a alteração do ecossistema dessas regiões como um todo, uma vez que
extinguir os apincuns representa a diminuição da biodiversidade dos manguezais, que
essas áreas podem ser recobertas pelo manguezal e são responsáveis pela produção de
nutrientes, regulando a salinidade e o pH da água.
Além disso, são áreas que fornecem alimentação e servem de refúgio para aves
migratórias. Outro prejuízo, apontado por Meireles (2004), oriundo das fazendas de
carcinicultura, diz respeito ao soterramento de gamboas, que são os canais de maré que
levam a água do mar aos manguezais. Com isso as marés são desviadas, provocando mais
uma alteração no sistema manguezal. Outro fator observado pelo pesquisador é relativo a
uma grande salinização da água dos aqüíferos dessas áreas, uma vez que os
empreendedores não constroem as bacias de sedimentação, que são exigidas por lei.
O impacto sócio ambiental causado às comunidades que utilizam essas áreas como
pontos de mariscagem e de pesca para sobrevivência também é ressaltado pelo autor, que
por outro lado, remete ao fato de que muitas fazendas implantadas no Ceará estão
abandonadas, e que outras vem enfrentando problemas com doenças que estão causando a
morte dos camarões, e conseqüentemente gerando prejuízos.
Entende-se evidente o reconhecimento do impacto ambiental desta atividade em
áreas limítrofes aos manguezais.Este comprometimento se traduz na redução de uma área
considerada como berçário para todo um ecossistema local. Contudo, devido aos novos
instrumentos legais recentemente publicados, bem como a uma maior conscientização dos
produtores, tal degradação tende a ser regulada e minimizada (IDEMA, 2005).
São impactos ambientais reconhecíveis no segmento da carcinicultura os elevados
teores de nitrogênio e fósforo oriundos de rações utilizadas na alimentação, além de
importantes resíduos de antibióticos utilizados como medicamentos de forma profilática no
cultivo. Neste trabalho pretende-se enfatizar a discussão em torno dos resíduos de
metabissulfito de sódio, seus instrumentos de mitigação e a busca de um plano de manejo
para este aspecto ambiental.
Os aspectos econômicos que norteiam essa atividade são encarados com otimismo
no Brasil. Todavia, do ponto de vista ambiental, certos conceitos de sustentabilidade e de
conservação do meio ambiente devem ser revistos e melhor estudados, principalmente no
que diz respeito ao uso dos corpos d’água, à sedimentação, a hipernutrificação e a
eutrofização do meio aquático (Pillay, 1992).
36
A carcinicultura destaca-se não só no Estado do Rio Grande do Norte, como
também na maioria dos Estados do Nordeste do Brasil, e em muitos países do mundo. A
preocupação com a sustentabilidade ambiental dessa atividade é evidente, sobretudo em
conseqüência das características migratórias das empresas, cuja busca por regiões que
ofereçam condições favoráveis de cultivo vem sendo constante. Pesquisadores e
organizações não governamentais fazem o alerta de que a carcinicultura pode ser
extremamente prejudicial aos manguezais e a outros ecossistemas associados se for
realizada de forma descontrolada e indiscriminada (Correia Filho & Canejo, 2003).
No Brasil, Coelho Júnior & Schaeffer-Novelli (2000) pesquisaram os impactos da
carcinicultura nos ecossistemas costeiros, com ênfase para o manguezal. Nesse trabalho, os
autores descrevem alguns tipos de impactos decorrentes da atividade. Em linhas gerais, tais
impactos estão relacionados às mudanças na drenagem, desvio ou impedimento do fluxo
das marés e mudanças nas características sico-químicas do substrato, entre outros que
ainda não se pode mensurar com precisão Melo Júnior (2001) estudou as implicações
ambientais dos metais pesados em sedimentos de fundo do estuário do rio
Curimataú/Cunhaú e apresentou a criação industrial de camarão, em praticamente toda a
extensão da margem esquerda do referido rio, como um dos fatores potencialmente
impactantes na área.
Impõe-se, portanto, a necessidade do desenvolvimento de pesquisas que possam
mensurar os impactos da atividade sobre o ambiente e sobre a população humana local,
bem como pesquisas que contribuam para o desenvolvimento de métodos de manejo
sustentáveis na carcinicultura, auxiliando a conservação do ambiente costeiro.
A carcinocultura marinha convencional tem enfrentado sérios problemas desde o
uso de tecnologias não apropriadas de cultivo a impactos ambientais causados aos
ecossistemas onde ela é realizada. Assim, diferentes instituições nacionais e estrangeiras
têm pesquisado formas alternativas de cultivo de camarão marinho, com baixos impactos
socioambientais (Vinatea, 1999).
Esse tipo de cultivo surge como uma alternativa de uso sustentável, capaz de
desviar a pressão exercida sobre a carcinicultura continental e a pesca predatória, além de
ser uma atividade economicamente viável para as comunidades de pescadores tradicionais
(Vinatea, 1999).
A análise dos impactos decorrentes dessa atividade na área estuarina deve ser
efetuada com base no monitoramento de alguns parâmetros hidrológicos e biológicos. As
37
condições dos viveiros, em termos de presença de organismos incrustados nas telas foram
acompanhadas visualmente e/ou por tomada de fotografias.
3.3 O Metabissulfito de sódio
O Metabissulfito de Sódio alfa ou grade food, a denominação depende do
fabricante, é um agente antioxidante comercializado em sacos de Polietileno, tendo o
aspecto visual de cristalino de coloração branca a levemente amarelada, usado para
prevenir a formação da melanose (manchas negras ou “black spot”) em camarões.
Conforme com Fazio (1990) e Nickelson (1977) apud Atckinson (1993) o metabissulfito
de sódio é um forte agente redutor e compete com a tirosina pelo seqüestro do oxigênio
molecular.
Segundo Silva (1988), o metabissulfito de sódio é o conservante de maior
estabilidade e que apresenta a maior quantidade de dióxido de enxofre, quando diluído em
água. Laurila et al. (1998), afirma que os sulfitos o agentes multifuncionais e possuem
capacidade controladora do desenvolvimento microbiológico nos alimentos.
Devido à sua ação antioxidante, o metabissulfito de sódio seqüestra o oxigênio
tanto da água quanto do alimento, gerando assim um ambiente anaeróbio, o que
conseqüentemente interfere sobre os microrganismos aeróbios presentes. Todavia, os
aeróbios que têm capacidade de serem anaeróbios facultativos e os anaeróbios são
favorecidos com esta redução do oxigênio. Isto torna necessário o conhecimento de qual é
a microbiota naturalmente presente no ambiente em que o referido alimento está
envolvido. No caso das carciniculturas, as bactérias do gênero vibrio predominam no
ambiente de cultivo, de acordo com Perazzolo (1994).
Os agentes sulfitantes são classificados como aditivos alimentares e atuam na
inibição da deterioração provocada por bactérias, fungos e leveduras em alimentos ácidos,
e na inibição de reações de escurecimento enzimático e não enzimático durante o
processamento e estocagem. Adicionalmente, os sulfitos o utilizados como agentes
antioxidantes e redutores em várias aplicações tecnológicas (Taylor et al., 1986; Leclerq et
al., 2000; Ribera et al., 2001).
Sulfitos ou agentes sulfitantes têm uma longa história de uso como ingredientes de
alimentos e incluem o dióxido de enxofre e as diversas formas de sulfitos inorgânicos que
liberam o anidrido sulfuroso nas condições de uso (Taylor et al., 1986; Leclercq et al.,
38
2000). Essas substâncias também podem derivar da produção endógena de leveduras
durante a fermentação de vinho e cerveja (Taylor et al., 1986).
Devido às suas múltiplas funções, os sulfitos são amplamente utilizados em
alimentos, bebidas e produtos farmacêuticos. No entanto, apesar da sua eficácia, inúmeros
efeitos adversos à saúde humana têm sido relacionados à sua ingestão, principalmente,
crises asmáticas em indivíduos asmáticos sensíveis a sulfitos (Yang & Purchase, 1985;
Taylor et al., 1986; Fazio & Warner, 1990; Anibarro et al., 1992; Wüthrich et al., 1993;
Peroni & Boner, 1995; Warner et al., 2000). Sérios distúrbios neurológicos também foram
diagnosticados em uma pequena parcela da população com reduzida atividade da enzima
sulfito oxidase, responsável pela conversão de sulfito a sulfato, este último inócuo e
rapidamente excretado pelo organismo (Kisker et al., 1997; Edwards et al., 1999).
O uso de conservantes e outros aditivos alimentares em diferentes países é limitado
por legislações específicas, estabelecidas com base na segurança de uso e necessidade
tecnológica. O Brasil, assim como outros países, segue as recomendações do JECFA (Joint
FAO/WHO Expert Committee on Food Additives) na utilização segura dos aditivos em
alimentos (BRASIL, 1997).
3.3.1 Propriedades químicas dos sulfitos
Os termos “agente sulfitante” e “sulfito” referem-se ao dióxido de enxofre gasoso
ou aos sais de sódio, potássio e cálcio de sulfito hidrogênio (bissulfito), dissulfito
(metabissulfito) ou íons de sulfito. Os sulfitos utilizados como aditivos alimentares o
permitidos pela legislação brasileira.
Os sulfitos são antimicrobianos seletivos com efeito inibitório sobre bactérias e
leveduras (Lück & Jager, 1997). A atividade antimicrobiana dos sulfitos é dependente de
sua forma química, sendo mais pronunciada em valores de pH inferior a 3, devido à maior
liberação de dióxido de enxofre molecular (Taylor et al., 1986; Usseglio-Tomasset, 1992).
Dióxido de enxofre molecular existe como um gás ou molécula simples, com odor e
sabor sulfuroso, sendo a única forma que pode atravessar as paredes celulares de leveduras
e bactérias. Comparativamente ao íon bissulfito, possui ação antimicrobiana 500 vezes
mais ativa contra leveduras e 1000 vezes contra bactérias (Usseglio-Tomasset, 1992).
Os sulfitos são amplamente utilizados na indústria de vinhos devido à sua
capacidade de eliminar bactérias e leveduras indesejáveis ao processo e por auxiliar a
39
extração de pigmentos. Apresentam ainda ação antioxidante que protege da oxidação os
compostos responsáveis pelo padrão sensorial dos vinhos (Burroughs, 1981; Ough, 1986).
O efeito antioxidante dos sulfitos é parcialmente responsável pela inibição do
escurecimento o enzimático e enzimático (Taylor et al., 1986; Lück & Jager, 1997) e se
baseia, principalmente, em sua capacidade de seqüestrar outros agentes oxidantes que são
formados quando o oxigênio entra em contato com o alimento. Como exemplo, pode-se
citar a reação do ácido ascórbico com oxigênio, que forma ácido dehidroascórbico e
peróxido de hidrogênio. Este último é um agente oxidante forte que pode oxidar outros
componentes do alimento, conferindo aroma indesejável.
Os agentes sulfitantes reagem rapidamente com o peróxido de hidrogênio,
protegendo assim outros constituintes do alimento (Ough, 1986). Os sulfitos também
podem agir como inibidores de inúmeras enzimas, incluindo polifenoloxidase, ascorbato
oxidase, lipoxigenase, peroxidase e enzimas dependentes de tiamina (Taylor et al., 1986;
Iyengar & McEvily, 1992; Warner et al., 2000). A polifenoloxidase (PFO) é encontrada em
frutas e vegetais e a inibição de sua atividade é amplamente utilizada no controle da
deterioração enzimática. A atividade da PFO é alta em alimentos que são particularmente
sensíveis ao escurecimento oxidativo, como batatas, maçãs, cogumelos, bananas, pêssegos,
sucos de frutas e vinhos.
Sulfitos podem inibir diretamente a enzima ou também interagir com os
intermediários da reação de escurecimento, impedindo sua participação nas reações que
levam à formação de pigmentos escuros (Taylor et al., 1986; Iyengar & McEvily, 1992;
Warner et al., 2000). Uma prática muito comum na prevenção da formação de melanose
(manchas pretas) em camarões e lagostas é a imersão desses crustáceos em uma solução
contento sulfitos. A reação de formação de melanose é catalisada pela enzima tirosinase,
um tipo de PFO (Taylor et al., 1986; Cintra et al., 1999). Sulfitos também são amplamente
utilizados como condicionadores de massa na indústria de biscoitos e massas.
Nesses produtos, os agentes sulfitantes atuam na quebra das ligações de dissulfeto
na fração de glúten da massa (Ribera et al., 2001). Dióxido de enxofre também tem sido
utilizado para auxiliar a extração de pectinas de várias fontes através de sua capacidade de
despolimerização (Taylor et al., 1986). Devido ao intenso odor que pode ser aparente em
alimentos, os sulfitos são em geral empregados, como conservadores temporários, sendo
adicionados primariamente aos produtos crus ou semi-prontos e removidos durante o
processamento pela ação do calor ou vácuo (Lück & Jager, 1997).
40
Uma das principais desvantagens da utilização dos agentes sulfitantes em alimentos
é a perda da atividade da vitamina B1 (tiamina). A destruição da tiamina ocorre devido a
um ataque nucleofílico irreversível do íon bissulfito ao nitrogênio quaternário do anel
tiazol. Além disso, os sulfitos também podem agir como catalisadores de outros nucleófilos
que em sua ausência não reagiriam com a tiamina (Wedzicha, 1992).
Os compostos que contêm enxofre e que são permitidos para uso como aditivos
alimentares são: dióxido de enxofre (SO
2
anidrido sulfuroso), sulfito de sódio (Na
2
SO
3
),
bissulfito de sódio (NaHSO
3
sulfito ácido de sódio, sulfito hidrogenado de sódio),
metabissulfito de sódio (Na
2
S
2
O
5
pirossulfito de sódio), metabissulfito de potássio
(K
2
S
2
O
5
pirossulfito de potássio), sulfito de potássio (K
2
SO
3
), bissulfito de potássio
(KHSO
3
), metabissulfito de lcio (CaS
2
O
5
), sulfito de cálcio (CaSO
3
), bissulfito de cálcio
(Ca(HSO
3
)
2
) e ácido sulfúrico (H
2
SO
4
). Os íons são: sulfito (SO
3
2-
), bissulfito (sulfito
hidrogênio –HSO
3 -
) e metabissulfito (Popolim, 2004)
Bissulfito de sódio
NaHSO
3
+ H
2
O ► H
2
SO
3
+ Na+ + OH
(Eq. 3.1)
Dissociação do ácido sulfuroso
H
2
SO
3
►H
+
+ HSO
3
- (
Eq. 3.2)
Metabissulfito de sódio
Reação com quantidade adequada de água
Na
2
S
2
O
5
+ H
2
O ► Na
+
+ SO
2
(gás) + NaSO
3
+ OH
-
(Eq. 3.3)
SO
2
(g) + H
2
O ►H
2
SO
3
►H
+
+ HSO
3
-
(Eq. 3.4)
Reação com quantidade insuficiente de água
Na
2
S
2
O
5
+ gelo úmido ► Na
+
+ OH
-
+ SO
2
(g) + NaHSO
3
(Eq. 3.5)
Tabela 3.1: Reações químicas do Metabissulfito de Sódio e Bissulfito de Sódio
Um fator que influencia a ligação do dióxido de enxofre é a disponibilidade de
oxigênio no sistema. Com o oxigênio presente, parte do dióxido de enxofre pode ser
41
oxidada, irreversivelmente, à forma sulfato, um composto inócuo em termos ambientais.
Por meio da remoção dessas moléculas do dióxido de enxofre livre do sistema, o equilíbrio
é deslocado e libera-se mais dióxido de enxofre ligado (Popolim, 2004)
3.3.2 O metabissulfito de sódio e a saúde ocupacional
O anidrido sulfuroso é considerado de insalubridade máxima pelo quadro N
o
01 da
Norma Regulamentadora N
o
15 do Ministério do Trabalho e Emprego, quando atinge 4
ppm. Expondo os trabalhadores dessa atividade a grave e iminente risco para sua
integridade física, caso a concentração do gás atinja valor superior a 8 ppm (partes do s
por milhão de partes do ar contaminado). A quantidade de dióxido de enxofre gerada pelos
sulfitos em dissolução, depende do pH e da temperatura (Teles Filho, 2003).
O SO
2
é um gás incolor, às condições normais de temperatura, de sabor ácido, odor
pungente, sufocante, de enxofre queimando. O SO
2
é facilmente liquefeito quando
comprimido e condensa-se na forma líquida a temperatura de – 10
o
C. O limite de
percepção de odor é em torno de 3 ppm. Combina-se facilmente com a água, formando
ácido sulfuroso (H
2
SO
3
) e ácido sulfúrico (H
2
SO
4
). Na indústria de petróleo, o dióxido de
enxofre é lançado na atmosfera na queima do petróleo, constituindo cerca de 95% dos
compostos de enxofre resultantes da combustão do petróleo. As principais fontes emissoras
em refinarias são: caldeiras, unidades de craqueamento e regeneração, flares e operações
de tratamento. Assim descreve o sítio de química da Universidade Federal da Paraná, sobre
o dióxido de enxofre.
Usos: intermediário na produção de ácido sulfúrico, produção de diversos compostos
sulfurosos, agente alvejante para o açúcar, fibras, colas, couro, etc.
Grau de Insalubridade (NR 15):Máximo.
Classificação de Carcinogenicidade ocupacional (ACGIH / 95-96): Não classificado como
carcinogênico para o homem.
Limites de tolerância:
LT-MP ou TLV (ACGIH / 95-96) = 2 ppm, 5,2 mg/m
3
LT-ECD ou TLV-STEL (ACGIH / 95-96) = 5 ppm, 13 mg/m
3
LT-TETO ou TLV-CEILING = não estabelecido
IDLH = 100 ppm
MAC (Rússia) = 10 mg/m
3
42
LT-NR 15 (Brasil) = 4 ppm, 10 mg/m
3
Toxicocinética e Toxicodinâmica
Exposição aguda:
O SO
2
é um gás irritante e seus efeitos são devidos à formação de ácido sulfúrico e
ácido sulfuroso ao contato com as mucosas umedecidas em conseqüência de sua rápida
combinação com água, quando ocorre reação de oxidação.
A intoxicação aguda resulta da inalação de concentrações elevadas de SO
2
. A
absorção pela mucosa nasal é bastante rápida, e aproximadamente 90% de todo o SO
2
inalado são absorvidos na via aérea superior, onde a maioria dos efeitos ocorre. Logo após
a absorção, ele é distribuído prontamente pelo organismo, atingindo tecidos e o cérebro.
Observa-se irritação intensa da conjuntiva e das mucosas das vias aéreas superiores,
ocasionando dificuldade para respirar (dispnéia), desconforto, extremidades arroxeadas
(cianose), rapidamente seguidas por distúrbio da consciência. A morte pode resultar do
espasmo reflexo da laringe, edema de glote, com conseqüente privação do fluxo de ar para
os pulmões, congestão da pequena circulação (pulmões), surgindo edema pulmonar e
choque (BASF, 1999).
A pneumonia pode ser uma complicação após exposição aguda à substância.
broncoconstrição e sibilos podem surgir. Pacientes asmáticos podem apresentar
broncoespasmo em baixas concentrações da substância.
Em baixas concentrações, a tosse é o sintoma mais comum. Experimentos com
voluntários humanos sadios, expostos por 10 minutos a concentrações de 5 a 10 ppm de
SO
2
, demonstram-se alterações da função pulmonar como aumento da resistência à
respiração e diminuição do volume expiratório de reserva, secundários à constrição
brônquica.
Na pele, o contato com o líquido pressurizado provoca queimadura, devido à baixa
temperatura. A formação de ácido sulfuroso leva a queimaduras. Reações alérgicas por
hipersensibilidade podem ocorrer.
O SO
2
penetra no tubo digestivo, diluindo-se na saliva e formando ácido sulfuroso.
Os dentes perdem o brilho, surgem amarelamento do esmalte, erosões dentárias e
distúrbios das gengivas.
Após ser deglutido, o dióxido de enxofre é absorvido, provocando alterações
43
metabólicas como acidose, diminuição da reserva alcalina e aumento da excreção urinária
de amônia.
Outros distúrbios metabólicos têm sido encontrados: desordens no metabolismo das
proteínas, carboidratos, deficiências de vitaminas B e C.
É provável que a absorção de grande quantidade de SO
2
tenha efeitos
hematológicos, produzindo metamoglobina. veis de sulfemoglobina de 6 a 12% foram
encontrados na autópsia de dois trabalhadores que morreram intoxicados.
O contato com a pele provoca irritação, devido à formação de ácido sulfuroso, com
o suor.
Exposição crônica
A exposição prolongada a concentrações elevadas de SO
2
provoca nasofaringite,
com sensação de ardência, dor e secreção sanguinolenta nasal, dor na garganta, tosse seca
ou produtiva, eritema e edema (inflamação) da mucosa nasal, das amígdalas, da faringe e
laringe. Em estágios mais avançados, ocorre atrofia dessas mucosas com ulceração do
septo nasal que leva a sangramentos profundos. A perda do olfato pode ocorrer.
Nas vias aéreas inferiores, o SO
2
ocasiona bronquite crônica, enfisema pulmonar e
infecções respiratórias freqüentes.
Controle da exposição e prevenção da intoxicação
Controle da emissão, ventilação dos locais, enclausuramento do processo,
equipamento de proteção respiratória para os locais com elevadas concentrações.
Trabalhadores da despesca do camarão devem utilizar filtro químico para gases ácidos,
combinado com filtro mecânico tipo P-1.
3.3.3 O metabissulfito de sódio e a carcinicultura
Após a despesca, visando evitar a ocorrência de melanose os camarões são
submetidos a tratamento de imersão em solução de metabissulfito de sódio. A
concentração da solução de sulfito usada para tratamento dos camarões após despesca varia
em torno de 6% e um tempo de imersão de 15 a 20 min. A solução é preparada, em geral,
em tanques de 2.000 L contendo gelo e 120 kg de metabissulfito de sódio, onde é
44
adicionado o camarão logo após despescado. Seu emprego na carcinicultura tem sido alvo
de fortes críticas, a maioria delas decorrente do uso irresponsável ou da ignorância com
relação ao uso correto deste produto químico. Valença e Mendes (2004)
3.4 Os sistemas de gerenciamento ambiental
Conceitua-se Sistema de Gestão Ambiental como a parte do sistema de gestão
global que inclui a estrutura organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades,
práticas, procedimentos, processos e recursos para desenvolver, implementar, atingir,
analisar criticamente e manter a política ambiental (NBR ISO 14001, 1996).
Raines (1999) conceitua como uma tentativa para criar um padrão de
gerenciamento ambiental capaz de atender as organizações nas suas especificações para
exportação conformidade de processo na visão ambiental. O autor disserta sobre as
motivações para a certificação das organizações:
Busca de economias potenciais;
Adequação a legislação vigente;
Busca de vantagem competitiva em relação a concorrência;
Benefícios do Marketing verde;
Incentivos e/ou pressões regulatórias governamentais;
Busca de incentivos governamentais;
Busca de instrumento de qualificação comercial para exportação;
Redução de taxas de seguros.
Ao ato da edição das normas da série ISO 14000, observou-se uma grande
movimentação do mercado para a implantação de um sistema de gestão ambiental. Vale
destacar que o obstante a validade do processo, o mesmo deverá estar calcado num
profundo conhecimento de como se implantar, suas implicações e dificuldades.
A norma NBR ISO 14001 especifica os requisitos do sistema de gestão ambiental,
tendo sido redigida de forma a aplicar-se a todos os tipos e portes de organizações, a para
adequar-se a diferentes condições geográficas, culturais e sociais (NBR ISO 14001, 1996).
45
A base desta abordagem é a observância ao modelo proposto, baseado nos
seguintes princípios:
Implementação de uma política ambiental;
Planejamento das ações;
Implementação e operação;
Verificação e implementação das ações corretivas;
Realização de uma análise crítica pela organização, com vistas a abordar as
eventuais necessidades de alteração na política e objetivos;
Retroalimentação do sistema, através como instrumento de melhoria contínua
para o sistema analisado.
Saliente-se que a forma de abordagem desta metodologia esta baseada está baseada
no ciclo PDCA, um dos legados de Demming (1986) a gestão das organizações.
Existe uma grande diferença entre implantar um sistema de qualidade baseado na
ISO 9000 e um sistema ambiental baseado na ISO 14000. Este último exige um cuidado
maior face a falta de cultura e ações ambientais nos diversos processos e nas pessoas de
cada empresa. São poucas as que incorporam a variável ambiental em seu planejamento
estratégico (Macedo, 1994).
Relatos de Ofori, Gang e Briffett (2001), destacam como benefícios de implantação
de um Sistema de Gestão Ambiental a redução dos custos operacionais, o aumento da
performance competitiva, e a melhoria da imagem da organização junto ao mercado e a
coletividade.
A adoção e implantação de um Sistema de Gestão Ambiental é evidenciada como
um qualificador de pedidos pela União Européia, segundo observações de Quazi at al
(2000).
Deve-se trabalhar no sentido de efetuar o deslocamento do paradigma vigente de
que apenas empresas que tenham atividades impactantes e que vendam seus produtos no
mercado externo deverão se preocupar com a ISO 14000. Este é um erro capaz de num
futuro próximo fadar empresas ao insucesso. A questão ambiental trata diretamente a
relação empresa, acionista, cliente, fornecedor, empregado e comunidade. A pressão
interna deverá crescer e se tornar mais intensa. A empresa que não estiver consciente dessa
nova realidade - que não seja uma empresa-cidadã estará comprometendo o seu futuro. A
46
comunidade é parte integrante de qualquer sistema que busca a qualidade total.
Vislumbra-se um crescimento organizado e fundamentado tecnicamente das
Organizações Não Governamentais e dos Conselhos de Defesa do Meio Ambiente. A
fiscalização deverá ser descentralizada. Em nível empresarial, será necessária uma grande
transformação. uma profunda necessidade de se conscientizar os empresários da nova
realidade ambiental mundial. Não adianta discorrer sobre implantação de um sistema de
gestão ambiental baseado na ISO 14000, se o sistema gestor da empresa não estiver
realmente comprometido e contemplado com as ações. Há uma necessidade de se conhecer
profundamente os investimentos necessários e as normas a serem seguidas para a
implantação deste.
Entretanto, a busca da certificação não deverá ser, de forma alguma, a meta
principal, mas sim uma conseqüência do processo de conquista da excelência ambiental.
Não adianta ter um diploma afixado na parede, se o sistema implantado é falho. As
empresas que adotarem esta postura enfrentarão a incredibilidade da comunidade e órgãos
fiscalizadores. A variável ambiental deverá, obrigatoriamente, fazer parte do planejamento
estratégico de qualquer empresa.
3.4.1 - Experiências nacionais e internacionais em gestão ambiental
Em 1992 o Rio de Janeiro sediou a Conferencia Mundial para as Nações Unidas
para o meio ambiente e o desenvolvimento. Esta conferencia caracterizou-se por gerar
documentos mais sistematizados e prescritivos para o desenvolvimento sustentável,
focados sobretudo na atuação governamental. Dentre os documentos gerados nesta
conferencia, destaca-se a Agenda 21, com foco no desenvolvimento sustentável, cujo
conceito sico é a participação de todas as partes, visando o desenvolvimento do todo.
Sua estratégia pode ser resumida pelo lema: “Agir local, pensar global”(Silva Filho, 2000).
Continuando a citar o autor acima, Agir local” refere-se a inclusão da questão
ambiental na gestão e execução das políticas públicas, caracterizando-se esta conceituação
como práticas utilizadas pelos governos para minimizar os impactos ambientais de cidades.
No âmbito das possibilidades de gestão e planejamento sócio-econômico, onde a
questão ambiental se inclui, o poder público no Brasil possui três esferas de atuação: A
Federal, a Estadual e a Municipal. Uma boa maneira de compreender estas diferentes
47
esferas de atuação do poder é a da classificação das vias de atuação proposta por Barbieri
(1997), reproduzida na Tabela 3-2 a seguir disposta:
Tabela 3-2 Principais instrumentos de política ambiental pública
Gênero Espécie
Comando e
controle
Padrão de emissão e desempenho;
Proibições e restrições sobre produção, comercialização e uso de
produtos;
Licenciamento ambiental.
Econômico Tributação sobre poluição e uso de recursos naturais;
Incentivos fiscais;
Criação e sustentação de mercados;
Financiamentos em condições especiais;
Licenças negociáveis.
Diversos Educação ambiental;
Reservas ecológicas e outra áreas de proteção ambiental;
Informações ao público;
Mecanismos administrativos e jurídicos de defesa do meio ambiente.
Sinclair-Desgagné e Landis Gabel (1997), relatam experiências no Canadá na
adoção de novos padrões internacionais de auditoria ambiental que surgem de demandas
públicas para adoção e implementação de empresas privadas. Uma de suas características
mais importantes segundo os autores, é a ênfase aos sistemas gerenciais e incentivos, fato
que resulta em uma abordagem inteligente dos recursos ambientais.
Relatos de Seder, Weinkauf, e Neumann (2000), discorrem sobre a importância da
formação de bases de dados com vista a elaboração de modelos de planejamento regional
da questão ambiental na Alemanha. Esta ferramenta é reconhecida na sua eficácia como de
suporte a tomada de decisão de questões ambientais.
No Brasil, podemos destacar o inventário nacional de resíduos industriais, gestão
regulamentada pela resolução Nº 6 de 1988, do Conama visando elaborar um quadro
atualizado da geração e disposição dos resíduos industriais e sua conseqüente ação
formadora de política ambiental pública para o trato da questão (CONAMA, 1988).
48
3.5 - A produção mais limpa
De acordo com a United Nations Environmental Program/United Nations
Industrial Development Organization - UNEP/UNIDO, a P+L é a aplicação contínua de
uma estratégia ambiental preventiva e integrada, nos processos produtivos, produtos e
serviços, para reduzir os riscos relevantes aos seres humanos e ao meio ambiente
(UNEP/UNIDO, 1995).
Nesta forma alternativa de produzir bens e serviços utiliza-se ajustes no processo
produtivo que permitem a redução da emissão/geração de resíduos diversos, podendo ser
feitas desde pequenas reparações no modelo existente, a a aquisição de novas
tecnologias.
Neste tópico discute-se uma nova abordagem do trato da questão ambiental no
ambiente corporativo. Trata-se de uma metodologia que discute a equação tradicional de
produção no que tange a sua relação intrínseca insumo – transformação – resultado,
denominada como produção mais limpa.
Esta metodologia foi desenvolvida visando à aplicação de uma estratégia ambiental
para reduzir os riscos relevantes aos seres humanos e ao meio ambiente no processo
produtivo, e corresponde a um procedimento planejado com o objetivo de identificar
oportunidades para eliminar ou reduzir a geração de efluentes, resíduos e emissões, além
de racionalizar a utilização de matérias-primas e insumos (Lima, 2005).
Baseia-se esta estratégia na discussão da forma de alocar recursos produtivos para a
geração de um produto e/ou serviço. Isto se traduz, na criação de um ambiente corporativo
proativo, permeável a mudanças, não apenas no que tange aos insumos empregados no
processo, mas também à tecnologia utilizada, remetendo-se a considerações até sobre a
embalagem a ser utilizada para o seu acondicionamento (Lima, 2005).
Trata-se enfim da discussão em torno de uma alternativa sustentável de produzir
justificando-se a sua implementação através das seguintes assertivas:
Busca-se com a implementação de P+L a produção sustentável, minimizando-se as
agressões ambientais;
P+L se traduz em redução da exploração dos recursos naturais;
49
Para a empresa, reduzir desperdícios torna-se uma evidente fonte de vantagem
competitiva;
Para a sociedade além dos evidentes ganhos ambientais, a busca incessante por
novas alternativas tecnológicas, sustentáveis ao ponto de vista ambiental, torna-se
um instrumento de desenvolvimento tecnológico, de crescimento industrial, focado
nas boas práticas ambientais (Lima, 2005)
.
Esta forma alternativa de produzir bens e serviços utiliza ajustes no processo
produtivo que permitem a redução da emissão/geração de resíduos diversos, podendo ser
feitas desde pequenas reparações no modelo existente, até a aquisição de novas tecnologias
(Canepa, 1997).
Para a correta implementação, dessa metodologia, deve-se levar em consideração
alguns aspectos como os, a seguir dispostos:
P+L requer mudança de atitude produzir nessa metodologia pressupõe um quadro
de colaboradores motivado, buscando-se de forma proativa a melhoria contínua dos
seus processos e/ou serviços;
P+L frequentemente está associado à melhoria tecnológica A modificação do
processo em muitas situações requer a alteração de um componente tecnológico (a
inserção de um controle automático de processo, por exemplo);
Melhoria contínua em P+L exige Know-how o investimento em recursos
humanos e a eventual contratação de consultoria externa especializada são
comumente requeridos (Lima, 2005).
A discussão acima revela uma necessidade do estabelecimento de uma interface
consistente entre o setor produtivo da empresa e determinados setores de staff ao modelo
produtivo, notadamente o de recursos humanos.
3.5.1 O surgimento da P+L no mundo
A UNIDO e a UNEP criaram, em 1994, o programa de Produção Mais Limpa,
voltado para a preservação ambiental. Cerca de 16 Centros de Produção Mais Limpa já
foram implementados em várias partes do mundo, e 14 estão em implementação. Esses
centros, chamados de National Cleaner Production Centres–NCPC, m como papel
50
principal promover demonstrações na planta industrial; treinamento de todos os
envolvidos; disseminação das informações e avaliação das políticas ambientais (UNEP,
1995).
3.5.2 A P+L no Brasil
Em julho de 1995, foi inaugurou-se o núcleo brasileiro, denominado Centro
Nacional de Tecnologias Limpas - CNTL/Brasil, o qual está localizado no Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI/RS, em Porto Alegre, Estado do Rio
Grande do Sul. O CNTL/SENAI-RS propõe-se a atuar como um instrumento facilitador
para a disseminação e implementação do conceito de Produção Mais Limpa em todos os
setores produtivos. O programa desenvolvido no Brasil corresponde a uma adaptação do
programa da UNIDO/UNEP e da experiência da Consultoria Stenum, da cidade de Graz,
na Áustria, que desenvolveu o projeto Ecological Project for Integrated Environmental
Technologies – ECOPROFIT (SENAI, 2000).
Abordagens de P+L
A abordagem da metodologia P+L contrapõe-se ao sistema tradicional no trato da
questão ambiental, ou seja, a tecnologia fim-de-tubo. Ao invés de tratar o resíduo busca-se
primeiro prevenir a sua geração. Na impossibilidade de alcançar a meta de geração zero,
busca-se minimizá-la. Os procedimentos propostos a seguir buscam, respectivamente,
reaproveitar os resíduos, seja no próprio processo produtivo ou na manufatura de um
produto novo, a partir deste resíduo. Finalmente, busca-se tratar o resíduo, e dispô-lo de
forma adequada ao meio ambiente. A análise da Figura 3.1, a seguir disposta, contribui
para o entendimento da metodologia.
51
Figura 3.1 – Abordagem metodológica da P+L
Através da análise da Figura, anteriormente disposta, pode-se concluir também que
a melhor solução em termos ambientais na lógica P+L (prevenir a geração de resíduo),
traduz-se em maior complexidade no trato da questão, e em contrapartida, gera uma
solução com menor custo global. Aqui, novamente, evidencia-se a importância do
componente tecnológico da solução do problema de P+L. Neste escopo, cresce a relevância
de uma participação externa à organização para o estabelecimento inicial do programa
(Lima, 2005).
A seguir sugere-se a seguinte escala de prioridades:
Evitar a geração: representa o primeiro passo na abordagem P+L. Buscamos assim usar o
insumo na sua totalidade, sem desperdícios;
Minimizar a geração: quando no processo de manufatura é impossível alcançar a meta de
“zero resíduo”, trabalhamos para que este seja o menor possível;
Reciclar / Reutilizar o resíduo: nesta fase buscamos reaproveitar o resíduo no mesmo
processo produtivo, ou caso não seja viável, viabilizar a produção de um novo item a partir
deste resíduo;
SEQÜÊNCIA DE ABORDAGEM LÓGICA
SEQÜÊNCIA DE ABORDAGEM TRADICIONAL
100%
DISPOR
TRATAR
REAPRO-
VEITAR
MINIMIZAR
A GERAÇÃO
PREVENIR
A GERAÇÃO
CONTRIBUI
CONTRIBUI
Ç
Ç
ÃO
ÃO
PARA A
PARA A
SOLU
SOLU
Ç
Ç
ÃO DO
ÃO DO
PROBLEMA
PROBLEMA
CUSTO GLOBAL DA SOLUÇÃO
COMPLEXIDADE DA SOLUÇÃO
0%
SEQÜÊNCIA DE ABORDAGEM LÓGICA
SEQÜÊNCIA DE ABORDAGEM TRADICIONAL
100%
DISPOR
TRATAR
REAPRO-
VEITAR
MINIMIZAR
A GERAÇÃO
PREVENIR
A GERAÇÃO
CONTRIBUI
CONTRIBUI
Ç
Ç
ÃO
ÃO
PARA A
PARA A
SOLU
SOLU
Ç
Ç
ÃO DO
ÃO DO
PROBLEMA
PROBLEMA
CUSTO GLOBAL DA SOLUÇÃO
COMPLEXIDADE DA SOLUÇÃO
0%
52
Efetuar um tratamento químico, biológico, físico ou uma eventual incineração: Nesta fase,
a metodologia sugere a busca da solução ambientalmente mais adequada, com vista a
preparar o resíduo à fase final de processamento, ou seja, a disposição adequada no meio
ambiente.
É importante salientar que quanto melhor a solução em termos de P+L, menor a
quantidade de resíduos a ser em dispostos no meio ambiente e, conseqüentemente, menor o
passivo ambiental. A Figura 3.2, traduz de forma didática a aplicação da metodologia
(SENAI, 2000).
Figura 3.2 - Níveis de aplicação de P+L
3.5.3 Metodologia de P+L
Constitui-se de uma avaliação técnica, econômica e ambiental de um processo
produtivo pela sua análise detalhada e posterior identificação de oportunidades, que
possibilitem melhorar a eficiência. A metodologia pode ser aplicada em todos os setores,
incluindo indústria, comércio e serviços, além de atividades do setor primário.
A implementação de um programa de produção mais limpa pode envolver um ciclo
de estratégias de design em todas as fases do processo, que transcendem aos limites físicos
da empresa, passando a envolver todo o ciclo de vida.
3.5.3.1 Divisão do programa em etapas, tarefas e atividades
Minimização de resíduos
e emissões
Reuso de resíduos e
emissões
PRODUÇÃO MAIS LIMPA
Nível 2Nível 1
Redução na
fonte
Reciclagem
interna
Reciclagem
externa
Ciclos
biogênicos
Nível 3
Modificação
no processo
Modificação
no produto
MateriaisEstruturas
Boas Práticas
Substituição de
matérias-
primas
Modificação
Tecnológica
Minimização de resíduos
e emissões
Reuso de resíduos e
emissões
PRODUÇÃO MAIS LIMPA
Nível 2Nível 1
Redução na
fonte
Reciclagem
interna
Reciclagem
externa
Ciclos
biogênicos
Nível 3
Modificação
no processo
Modificação
no produto
MateriaisEstruturas
Boas Práticas
Substituição de
matérias-
primas
Modificação
Tecnológica
53
O programa de produção mais limpa pode ser dividido em 5 ETAPAS.
Estas ETAPAS, devido à sua complexidade, podem ser divididas em 20
TAREFAS.
Por sua vez, as tarefas são divididas em ATIVIDADES, que variam conforme a
TAREFA (SENAI, 2000).
3.5.3.2 Etapas da implantação de um programa de P + L
Etapa 1 – Planejamento e Organização
Passo 1: Obtenção do comprometimento gerencial;
Passo 2: Estabelecer a equipe do projeto (ecotime);
Passo 3: Estabelecimento da amplitude do programa de produção mais limpa na
empresa, com metas claras;
Passo 4: Barreiras e soluções.
Produto final desta etapa: Organização da equipe e definição do escopo do estudo.
Etapa 2 – Diagnóstico e pré-avaliação;
Passo 5: Estudo detalhado do fluxograma do processo;
Passo 6: Levantamento de dados e realização do balanço de material;
Passo 7: Seleção do foco de avaliação e definição dos principais indicadores.
Produto final desta etapa: Foco de avaliação selecionado.
Etapa 3 – Realização dos estudos e avaliação
Passo 8: Elaboração do balanço de material e monitoramento;
Passo 9: Identificação das causas da geração de resíduos, emissões, efluentes e
perdas de energia;
Passo 10: Identificação e seleção preliminar de oportunidades de P+L com
definição dos principais indicadores;
Passo 11: Priorização das oportunidades de P+L, montando uma provável
seqüência de implantação.
Produto final desta etapa: Conhecimento do processo e obtenção de conjunto abrangente de
oportunidade de P+L.
54
Etapa 4 - Estudo de viabilidade técnica, econômica e ambiental
Passo12: Realizar a avaliação dos dados obtidos na Etapa 3 (preliminar);
Passo 13: Realizar a avaliação técnica;
Passo 14: Realizar a avaliação econômica;
Passo 15: Realizar a avaliação ambiental;
Passo 16: Selecionar as oportunidades viáveis.
Produto final desta etapa: Lista de oportunidades viáveis.
Etapa 5 – Implementação e continuação
Passo 17: Preparar um plano de implementação;
Passo 18: Implementar as oportunidades de P+L, que passam a ser denominados de
caso;
Passo 19: Aplicar o plano de monitoramento dos estudos de caso;
Passo 20: Avaliar a evolução dos indicadores e manter os planos de continuidade
para o programa de P+L (SENAI, 2000).
Produto final desta etapa: Implantação dos estudos de caso e acompanhamento.
Consolidando
P+L é uma estratégia ambiental para reduzir os riscos relevantes aos seres humanos
e ao meio ambiente no processo produtivo;
Traduz-se em um procedimento planejado com o objetivo de identificar
oportunidades para eliminar ou reduzir a geração de efluentes, resíduos, e emissões,
além de racionalizar a utilização de matérias-primas e insumos;
P+L requer mudança de atitudes – produzir nesta metodologia pressupõe um
quadro de colaboradores motivado, buscando de forma proativa a melhoria
contínua nos seus processos e/ou serviços;
P+L frequentemente está associado a melhoria tecnológica – a modificação do
processo em muitas situações requer a alteração de um componente tecnológico,
além de um componente externo à organização para implantação.
55
Capítulo 4 - Metodologia experimental
Neste capítulo o apresentados os materiais utilizados na pesquisa experimental, bem
como os métodos empregados. Aqui descrevem-se os equipamentos experimentais e
apresentam-se os diagramas de execução das etapas experimentais.
Material e métodos.
A pesquisa desenrolou-se em duas fases distintas:
A primeira, realizou-se no laboratório de engenharia ambiental e controle de
qualidade da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN.
Seu objetivo foi determinar a cinética do decaimento oxidativo do metabissulfito de
sódio, estabelecendo seus parâmetros com os fatores intervenientes tempo, temperatura., e
presença de ar.
Como verificação adicional, investigou-se a conversão dos sulfitos dissociados no
efluente sintético em sulfato de sódio, substância inócua em termos ambientais, passível de
ser reintroduzida no meio biótico através da proposição de um simples protocolo de reuso.
A base teórica para este direcionamento da pesquisa encontra respaldo nas afirmações de
Popolim (2004) em seu instrumento dissertativo.
A segunda fase do trabalho de pesquisa foi realizada em uma fazenda de cultivo de
camarões localizada na bacia fluvio-estuarina de Guaraíras, litoral sul do estado do Rio
Grande do Norte, Brasil. Esta fase do trabalho objetivou a investigação das oportunidades
da prática da metodologia P+L neste segmento do agronegócio.
O presente projeto de pesquisa viabilizou-se atrvés do apoio institucional do
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, apoiado através
do fundo setorial CTHIDRO, ação que ressalta o mérito científico e tecnológico da
proposta
Obteve-se adicionalmente como ator social interveniente às ações a participação da
Secretaria de Recursos Hídricos do Estado do Rio Grande do Norte, atuado como co-
56
articuladora deste projeto de pesquisa. Sua adesão ao projeto reforçou a consistência do
mesmo, como também se espera, contribuirá para a eventual adoção da tecnologia fruto do
presente projeto de pesquisa.
4.1 A metodologia experimental.
A base teórica que fornece respaldo para o modelo experimental proposto baseia-se
na conhecida instabilidade dos derivados de enxofre.
O metabissulfito de sódio em meio aquoso dissocia-se nos termos das Equações 1 e
2 detalhadas na Tabela 3.1 anteriormente disposta. A verificação experimental baseia-se na
capacidade do ión sulfito oxidar-se a sulfato tendo como fatores intervenientes ao processo
a temperatura e o fornecimento de oxigênio em excesso, tal como preconizado por Popolim
(2004) em seu instrumento dissertativo.
A discussão referente a proposta de estratégia de sistema de gestão ambiental foi
baseada na metodologia da UNEP denominada produção mais limpa, e implementada via
estudo de caso realizado em uma fazenda de cultivo de camarões localizada na bacia
fluvio-estuarinade Guaraíras, no litoral setentrional do estado do Rio Grande do Norte,
Brasil.
4.2 – Material e métodos.
Ao longo de toda a formatação experimental foram testadas várias alternativas de
simulação em bancada. A alta corrosividade do efluente sintético uma solução de 60 g/l
de metabissulfito de sódio inviabilizava a reprodutividade do experimento, em face do que
o sistema de aquecimento originariamente proposto constituído de um banho termostático
não resistia às condições operacionais do mesmo.
Como forma de superar esta limitação procedeu-se uma pesquisa de materiais com
vista a construir um reator atmosférico capaz de suportar as condições operacionais do
experimento.
4.2.1 – O reator.
A solução encontrada foi a construção de um reator atmosférico com 10 litros de
capacidade, cujo corpo foi construído a partir de uma luva de PVC de alta pressão com
57
diâmetro nominal de 10 polegadas e espessura da parede de ½ polegada. Como mecanismo
de transmissão de calor adaptou-se uma serpentina de aquecimento a partir de um tubo de
silicone de ½ polegada de diâmetro. Seu comprimento no interior do reator foi de 12 m.
Uma visão geral do reator está disponível na Figura 4.1, a seguir disposta.
Figura 4.1 – Visão geral do reator utilizado no experimento
No sistema construtivo o reator foi dotado de duas tampas de vidro temperado com
5 mm de espessura. A inferior sem ressaltos abrigaria o reator diretamente na bancada. A
superior, dimensionada a partir do mesmo material da anteriormente descrita, tem a função
adicional de receber um condensador adicionado ao sistema com o objetivo de reduzir as
perdas por evaporação do mesmo, além de ponto de amostragem do banho, e entradas para
o sistema de oxigenação forçada. Como alternativa de oxigenação do sistema,
disponibilizou-se ao mesmo uma bomba centrífuga de aquário.
4.3 - A fonte de calor
Como fonte de calor proveu-se o sistema de um banho termostático, com a
finalidade de circular água como fluido quente pelo reator através da serpentina. A Figura
4.2 a seguir disposta, ilustra o sistema de circulação indireta que proporciona o
aquecimento do sistema.
58
Figura 4.2 – Visão interna do reator
4.4 – O método.
A seguir descreve-se o todo analítico proposto para a validação da hipótese a
oxidação do metabissulfito de sódio em um composto de reduzido impacto ambiental, o
sulfato de sódio. Para tal, utiliza-se os seguintes procedimentos experimentais:
Verificação titulométrica de sulfitos;
Identificação espectrofotométrica de sulfatos.
Os métodos acima descritos são recomendados pelo Standard Methods, e reconhecidos
pela USEPA, fator que confere consistência aos resultados obtidos.
4.5 – O planejamento do experimento
O experimento a seguir descrito baseia-se na residência de uma solução de efluente
sintético com concentração inicial de 60 g/l, submetida a diferentes condições no que diz
respeito as variáveis tempo, temperatura, e aeração. Pretendeu-se estabelecer ao longo dos
experimentos um intervalo de confiança entre os pontos de análise o superior a 5%,
59
medido através de consolidação estatística, utilizando-se como ferramenta a planilha
Microsoft Excel.
4.6 - A pesquisa de campo
A segunda parte do trabalho tem cunho descritivo e exploratório. Realizou-se um
trabalho de campo em uma fazenda de cultivo de camarões localizada na bacia fluvio-
estuarina de Guaraíras, litoral sul do estado do Rio Grande do Norte, Brasil.
Seu objetivo foi parametrizar o método produtivo utilizado na empresa com vistas ao
estabelecimento de uma estratégia de gestão ambiental tendo como base a P+L.
A metodologia utilizada foi a pesquisa exploratória implementada através de estudo
de caso, utilizando-se para tal os recursos de pesquisa bibliográfica, coleta de dados, além
de entrevistas realizadas com o corpo técnico de colaboradores da empresa-objeto, uma
fazenda de cultivo de camarões localizada no litoral do estado do Rio Grande do Norte,
Brasil, na zona de influência da bacia fluvio-estuarina de Guaraíras.
Gil (1996) sugere este modelo como forma de obtenção do aprimoramento de
idéias, e descoberta de intuições para a construção da hipótese.
Justifica-se a adoção deste modelo metodológico a partir das evidências de poucos
dados disponíveis na literatura acadêmica, além de ser um procedimento voltado para
investigação de um fenômeno dentro de seu contexto real (Yin, 2002).
O empreendimento objeto da presente pesquisa pode ser classificado como de
médio porte, constituído por um conjunto de vinte e quatro tanques de cultivo. O patamar
tecnológico dos processos utilizados no empreendimento é semelhante ao praticado pelos
demais produtores da região, contribuindo para validar as conclusões, com o objetivo final
de contribuir para a difusão das boas práticas ambientais inerentes à aplicação desta
técnica.
60
Capítulo 5 – Resultados e discussão
A seguir -se início a apropriação dos resultados e a respectiva discussão dos
mesmos. Para tal este capítulo foi dividido em duas partes:
Parte I Discute a cinética e estequiometria do decaimento oxidativo do
metabissulfito de sódio, efluente sintético investigado em laboratório;
Parte II Propõe uma estratégia de gestão ambiental traduzida em um protocolo de
implementação da metodologia denominada produção mais limpa no cluster
produtivo da carcinicultura, baseado em estudo de caso descrito no capítulo anterior
deste instrumento dissertativo.
5.1 Parte I Análise da cinética e estequiometria do decaimento oxidativo do metabissulfito
de sódio
A seguir descreve-se o processo investigativo experimental em busca da validação
da primeira hipótese A possibilidade de conversão do metabissulfito de sódio utilizado
no processo de despesca da carcinicultura em um componente de menor passivo ambiental,
possibilitando o seu reuso.
A fase inicial do experimento pretendeu investigar o efeito da temperatura no grau
de conversão de metabissulfito a sulfato de sódio sem aeração. Os resultados a seguir
dispostos referem-se a média de 06 experimentos realizados a temperatura ambiente,
utilizando-se como efluente sintético uma solução de 60 g/l de metabissulfito de sódio
food-grade, concentração esta que reproduz o ambiente operacional inicial do processo de
despesca.
61
Figura 5.1 – Efeito da temperatura na oxidação do efluente sintético
Através do analise da Figura 5.1 acima disposta, verifica-se a baixa eficiência da
reação nas condições de controle.Após nove horas de reação verifica-se uma redução na
concentração de sulfitos da ordem de 4,57%, atingindo 5,65% decorridas vinte e quatro
horas de reação A temperatura ambiente a taxa de conversão de sulfito para sulfato ao
longo da batelada revela-se igualmente pequena, atingindo índices equivalentes a 2,47 e
2,53 mg/l de sulfato de sódio respectivamente nos períodos acima especificados na análise
do efluente sintético.
Dando seguimento ao processo investigativo, repetimos o experimento anterior nas
mesmas condições de controle, inserindo-se no sistema oxigênio em excesso, via aeração
forçada. Os resultados a seguir dispostos representam igualmente uma média de 6
experimentos realizados em bancada
24,23
23,72
23,67
23,57
23,77
23,63
0,74
1,23
1,25
2,00
2,27
2,47
24,77
23,37
0,46
2,53
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
0 1,5 3 4,5 6 7,5 9 10,5 12 13,5 15 16,5 18 19,5 21 22,5 24
Tempo (h)
Concentração (mg/l)
Sulfito Sulfato
62
Figura 5.2 – Efeito da temperatura na oxidação do efluente sintético na presença de
oxigênio em excesso
Ao analisar os resultados do experimento anteriormente descrito, percebe-se uma
significativa melhoria no rendimento da reação. Comparando-se os pontos finais das
reações mostradas nas Figuras 5.1 e 5.2, observa-se que inserindo oxigênio em excesso a
solução de controle, verifica-se uma diminuição de 7% na concentração de sulfito residual,
além de um aumento de 166% no volume de sulfato de sódio gerado pelo sistema.
Evoluindo o processo investigativo, buscou-se investigar o efeito do aumento da
temperatura no sistema, em presença de excesso de ar. Para discutir o efeito comparativo,
realizou-se um conjunto de 6 experimentos com o efluente sintético a temperatura de 50°
C. A Figura 5.3 a seguir disposta consolida os seus resultados.
27,23
26,75
25,75
24,75
22,25
22,15
22,00
1,23
1,50
1,75
2,25
3,00
3,63
4,00
21,75
4,20
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
0 1,5 3 4,5 6 7,5 9 10,5 12 13,5 15 16,5 18 19,5 21 22,5 24
Tempo (h)
Concentração (mg/l)
Sulfito Sulfato
63
Figura 5.3 Efeito do aumento da temperatura na oxidação do efluente sintético na presença
de oxigênio em excesso
Ao analisar-se a Figura 5.3 anteriormente disposta, percebe-se uma maior
dissociação inicial do efluente sintético. Igualmente observa-se uma significativa melhoria
na performance da reação referente aos dois parâmetros analisados, ao fim do período
analisado o teor de sulfito caiu 85,81% a 50°C, comparado a uma diminuição de 20,12%
do experimento realizado a temperatura ambiente. Verifica-se igualmente um significativo
aumento na taxa de formação de sulfato dedio, atingindo no final experimento realizado
a temperatura de 50°C o valor de 26 mg/l.
Após verificada a efetiva influência da temperatura no rendimento da reação, foi
definido o direcionamento estratégico para o experimento. Elegeu-se assim a temperatura
de 60° como a de controle do experimento.
Busca-se como um dos objetivos do trabalho a proposição de um protótipo que
possa ser utilizado em campo como efetivo sistema de remediação. Entende-se que um dos
condicionantes para a eficiência operacional do protótipo seja a sua portabilidade. Assim
pretende-se construir um protótipo que prescinda do uso de energia elétrica, utilizando-se
assim a energia solar para aquecimento do sistema.
64
Desta forma justifica-se o estabelecimento da restrição a temperatura, utilizando-se
a premissa que tal rendimento pode ser obtido com placas coletora solares em qualquer
região do território nacional, em qualquer estação do ano.
Assim, através destas premissas restritivas estabeleceu-se as condições operacionais
a serem praticadas no experimento tratar 60 g/l de efluente sintético no reator
atmosférico anteriormente descrito, utilizando-se a temperatura de controle máxima de 60°.
O experimento acima proposto foi realizado em batches de 24 horas, como forma
de garantir que o ponto final da reação foi atingido. Foram utilizados 7 pontos de coleta de
amostras, as mesmas feitas em triplicata. Ao realizar-se o analise das mesmas, um desvio
superior a 5% entre os dois resultados identificados para um referencial colhido, suscitava
a análise da terceira amostra.
O experimento acima descrito foi replicado em um conjunto de 29 batches,
buscando-se conferir ao experimento a efetiva consistência estatística a partir de uma
variância obtida em cada um dos pontos analisados inferior a 5%, valor aceito pela
comunidade acadêmica como adequado para a validação dos resultados da pesquisa.
A seguir dispõe-se a Figura 5.4 que consolida a média dos 29 ensaios realizados.
Figura 5.4 – Resultados dos testes de bancada para o modelo proposto
35,15
10,15
1,21
0,00
17,51
39,96
48,03
48,97
49,03
49,97
0,20
0,20
25,49
0,00
24,51
49,97
-5,00
5,00
15,00
25,00
35,00
45,00
55,00
0 1,5 3 4,5 6 7,5 9 10,5 12 13,5 15 16,5 18 19,5 21 22,5 24
Tempo (h)
Concentração (mg/l)
Sulfito Sulfato
65
A análise da Figura 5.4 aponta para os seguintes dados a destacar:
Aumentando-se a temperatura da reação verifica-se uma maior taxa de dissociação
inicial de metabissulfito de sódio em íons sulfito. A afirmação anterior pode ser
comprovada comparando-se os resultados do parâmetro concentração de sulfito, no
instante inicial da reação nas Figuras 5.1 a 5.4;
Verifica-se igualmente que após sete e meia horas de reação o valor residual de
metabissulfito de sódio identificado é 0,20 mg/l, valor este que praticamente
representa o representado pela prova em branco – a água destilada que representa o
efluente sintético sem, as 60 g/l de metabissulfito de sódio;
Verifica-se uma elevada conversão de metabissulfito de sódio em sulfato de sódio,
tal como preconizado nas afirmações de Popolim (2004).
5. 1.1 - Discussão.
Os resultados observados estão em conformidade com o comportamento esperado
para o sistema químico empregado. Como disposto no referencial teórico, o metabissulfito
de sódio em solução gera SO
2
(aq) e HSO
3
, o que pode ser representado pela equação
abaixo.
Na
2
S
2
O
5
+ H
2
O 2 Na
+
+ SO
2
(aq) + HSO
3
+ OH
(Eq. 5.1)
Sabe-se que o dióxido de enxofre (SO
2
) em solução aquosa é convertido a uma
mistura de íons bissulfito (HSO
3
), sulfito (SO
3
-2
) e hidrogênio (H
+
), como afirmam
diversas fontes, entre as quais podemos citar Gunnison et al. (1987). A espécie dominante,
entre pH 2 e 5-7, é o HSO
3
, pois o dióxido de enxofre em presença de água origem ao
equilíbrio abaixo esquematizado:
HOH + SO
2
H
2
SO
3
HSO
3
+ H
+
, K
1
= 1,25×10
2
(Eq. 5.2)
Em valores de pH mais altos (ou seja, em meio mais alcalino), o íon SO
3
2
passa a
prevalecer (Popolim, 2004), quando se estabelece um novo equilíbrio:
66
HSO
3
SO
3
2
+ H
+
, K
2
= 5,6×10
8
(Eq. 5.3)
É importante observar que um fator que influencia a quantidade de SO
2
presente é a
disponibilidade de oxigênio no sistema. Em presença de ar (portanto, de oxigênio), parte
do dióxido de enxofre em solução pode se oxidar, gradual e irreversivelmente, ao ácido
sulfúrico, liberando íons sulfato (SO
4
2
). Esse processo ocorre mesmo a frio (Ohlweiler,
1973):
2 HOH + 2 SO
2
+ O
2
2 H
2
SO
4
2 H
+
+ SO
4
2
(Eq. 5.4)
À medida que as moléculas do dióxido de enxofre são removidas do sistema
(conforme a equação 5.4), o equilíbrio da reação esquematizada na Eq. 5.1 é deslocado e
libera-se mais dióxido de enxofre, que na continuação será também consumido. Em
conseqüência desse caminho reacional que ocorre com a participação do oxigênio, a
presença de íons SO
3
2
no sistema tende a cair, obtendo-se um aumento na concentração de
SO
4
2
. É importante acrescentar que os íons sulfato não provocam os mesmos efeitos
adversos dos sulfitos. Eles são inertes ao organismo e o necessitam ser evitados pelos
indivíduos sensíveis aos sulfitos (Popolim, 2004).
Os resultados obtidos em bancada apontam para uma proposição de um modelo de
remediação física do metabissulfito de sódio, em uma ação combinada de temperatura e
aeração forçada, que resulta como produto final o sulfato de sódio, composto inócuo no
que diz respeito ao seu impacto ao meio biótico. A conformidade ambiental relativa a
afirmação anterior encontra respaldo nos termos da Resolução CONAMA 357/2005,
que dispõe sobre a classificação de corpos dágua, bem como estabelece as condições e
padrões para lançamento de efluentes (CONAMA, 2005).
Realizou-se o trabalho de bancada em um reator isotérmico nos moldes descritos no
item 4.2.1 do presente relatório, utilizando-se para tal a temperatura de referencia de 60 ºC.
Estes parâmetros são consistentes com o rendimento esperado em um sistema de circulação
em batelada do efluente aquecido por energia solar em circuito fechado, aerado. Limitou-se
o experimento a esta temperatura, como forma de se estabelecer uma proposta de
equipamento cujo rendimento seja obtido em todo o território nacional, e em qualquer
época do ano.
67
Como controle dos parâmetros de processo, foram utilizados os métodos de
determinação de Sulfito 4500-SO
3
B
-2
– Método Iodométrico, e 4500-SO
4
B
-2
para
determinação de Sulfato todo Turbidimétrico (APHA, AWWA, WEF, 1995), ambos
validados pela USEPA.
5.2 - Parte II – Propõe uma estratégia de gestão ambiental construída nos ditames da
produção mais limpa, baseada em estudo de caso descrito no capítulo anterior deste
instrumento dissertativo.
Como citado na parte introdutória deste trabalho, em face da carência de textos
acadêmicos focados na P+L neste segmento do agronegócio, discutiu-se este tópico tendo
como referencia a metodologia difundida pela United Nations Environment Programme,
focada no cluster do pescado (UNEP, 2007).
5.2.1 - Oportunidades de P+L em fazenda de cultivo de camarões – Aspectos gerais
O cultivo de camarões em viveiros é uma atividade que consome uma grande
quantidade de água, constituindo-se a sua descarga de efluentes um aporte de significativa
quantidade de matéria orgânica com pequena incidência de substancias potencialmente
nocivas (Valenti, 2002). Em face desta realidade, deve-se focar a discussão na redução do
consumo de recursos e do volume e carga orgânica do efluente descartado.
Esta afirmativa encontra respaldo no fato de que a grande parte das oportunidades
de produção mais limpa derivam das boas práticas de limpeza (housekeeping) postas em
prática na organização, dos procedimentos de trabalho, regimes de manutenção, e
manipulação de recursos.
5.2.1.1 Medidas de ordem geral
Muitas das medidas de melhoria de P+L que correspondem a benefícios ambientais
derivam de ações simples de melhoria do processo produtivo. A Tabela 5.1 a seguir
disposta propõe um checklist de procedimentos como forma de materializar esta ação:
68
Mantenha as áreas de trabalho limpas como forma de prevenir acidentes;
Mantenha um permanente controle de estoque das matérias-primas utilizadas neste
modelo produtivo;
Se assegure que os colaboradores da organização estão sensibilizados com o ganho
ambiental a ser auferido pelo processo de mudança;
Treine os colaboradores em boas práticas de limpeza;
Agende as atividades de manutenção em um regime regular como forma de se
minimizar as operações de set-up, e o lead time do sistema produtivo;
Otimize e padronize equipamentos, regulando-os para cada turno de trabalho;
Identifique visualmente cada válvula como forma de reduzir o risco de operações
incorretas no processo produtivo por colaboradores inexperientes;
Melhore as operações de set-up e desativação do sistema produtivo;
Segregue perdas para reuso e reciclagem;
Instalar sistemas de captação de bandejas como forma de captar eventuais
derramamentos de produtos.
Tabela 5.1 Recomendações gerais para a prática de P+L
5.2.1.2 - Consumo de água
Água é o insumo principal em fazendas de cultivo de camarões, sendo natural que
sejam direcionados esforços para a redução do seu consumo. Wan Alwi et al (2007)
apontam que o seu uso deve preservar uma hierarquia de gerenciamento, como pode ser
inferido através da Figura 5.5 a seguir disposta.
69
Figura 5.5 – A hierarquia do gerenciamento da água
Observa-se a partir da análise da Figura 5.5 anteriormente disposta o alinhamento
da hierarquia do uso da água com os pressupostos de P+L de reduzir, reusar, e reciclar o
insumo foco deste tópico.
O primeiro passo para operacionalizar esta ação é investigar o perfil de sua
utilização instalando medidores de vazão em busca do estabelecimento de séries históricas
de consumo, inclusive levando em consideração as peculiaridades sazonais (índice
pluviométrico, médias de temperaturas no período).
Com base nestas informações, o gerenciamento do uso deste recurso poderá ser
discutido em bases mais sólidas passíveis de uma discussão estratégica.
O próximo passo é identificar as diversas operações no processo produtivo
passíveis de utilização deste insumo. Resfriamento de bombas, compressores, lavação de
setores de apoio à atividade produtiva são típicos focos de desperdício. Para estes
equipamentos a instalação de dispositivos automáticos tais como sensores, timers,
solenóides, e termostatos pode contribuir na redução de desperdícios (Maxime; Marcotte;
Arcand, 2006).
Uma vez identificadas as não-conformidades, deve-se estabelecer o mínimo
consumo necessário para a referida operação, e iniciar o processo de acompanhamento do
seu uso racional. Para tal o controle gerencial através de planilhas especialmente
formatadas para sua investigação contribui para a sistematização do processo.
U s o d e á g u a f r e s c a
R e u s o a p ó s t r a t a m e n t o
R e u s o d i r e t o e m
a t i v i d a d e n ã o l i g a d a a o p r o c e s s o
R e d u ç ã o n a f o n t e
E l i m i n a ç ã o
n a f o n t e
Au m en t o d a p ri or i da de
70
Após o estabelecimento dos padrões otimizados de consumo de água, deve-se
passar a discutir suas oportunidades de reuso. Efluentes que não são contaminados de
forma significativa devem ser utilizados em outras áreas. Resfriamentos de bombas e
compressores podem ser coletados e utilizados em irrigação de áreas verdes e em usos
sanitários (Jegatheesan et al; 2007).
Deve ser ainda levado em conta que os eventuais reusos de efluentes não podem de
forma alguma comprometer a qualidade do produto, a higiene dos seus processos
produtivos, bem como a interação como os seus colaboradores (Luken; Navratil, 2004).
A Tabela 5.2, a seguir disposta propõe um checklist de idéias relativas a economia
de água:
Tabela 5.2 Elenco de medidas para a economia de água
Instale dispositivos que restringem o controle do fluxo de água para os processos de
limpeza manual;
Use alta pressão ao invés de alto volume para a limpeza de superfícies;
Reuse as águas de despejo relativamente limpas para outras aplicações;
Use ar comprimido ao invés de água, onde apropriado;
Instale medidores nos equipamentos de grande consumo de água para
monitoramento;
Use circuito fechado para os sistemas de resfriamento;
Umedeça pisos e equipamentos para desincrustar a sujeira ates da limpeza final;
Recircule a água usada nos processos não-críticos.
5.2.1.3 - Efluente
Os esforços de P+L em fazendas de cultivo de camarões devem ser direcionados na
redução da carga orgânica do efluente. O volume gerado também é um importante aspecto,
e está intimamente ligado com o consumo de água.
O significativo volume de efluente incentiva a discussão em torno da viabilização de
alternativas do seu reuso.
71
Entende-se relevante promover a utilização de lagoa de decantação como forma de
regular o teor de sólidos em suspensão, possibilitando a alternativa do seu reuso (Anjos dos
Santos et al, 2006).
A Tabela 5.3, a seguir disposta propõe um checklist de idéias genéricas para a
redução da carga de efluente:
Tabela 5.3 Proposta de ações para a redução da carga de efluente
Segregue os materiais sólidos para uso em subprodutos, ao invés de incorpora-los
no fluxo de efluente;
Insira grades e telas no sistema de captação de efluente como forma de prevenir a
entrada de resíduos sólidos;
Use cnicas de limpeza a seco sempre que possível, raspando os equipamentos
antes da limpeza, pré-limpando-os com pistolas de ar comprimido e limpando os
derramamentos no piso com rodos.
5.2.1.4 Energia elétrica
O modelo produtivo em discussão utiliza quase que exclusivamente a energia
elétrica nos seus equipamentos (bombas, compressores, filtros). Energia térmica pode
eventualmente ser usada principalmente nos processos de limpeza e sanitização.
Energia é uma das áreas onde a metodologia de P+L pode ser usada na sua essência
com bons resultados e baixo nível de investimento. Instalação de timers, substituição de
variadores eletromagnéticos e chaves de partida direta por conversores de freqüência,
representam algumas iniciativas de baixo custo que podem representar um menor custo de
manutenção e consumo de energia elétrica pela empresa.
Outra iniciativa merecedora de discussão diz respeito a opção tarifária contratada.
A adoção de uma alternativa horosazonal pode representar uma efetiva economia, bastando
para tal a mudança de algumas práticas produtivas no que tange ao aspecto gerencial
(Peterson; Wadhwa; Harris, 2001).
72
Iniciativas adicionais no sentido de mudança da matriz energética do modelo
produtivo podem ser discutidas a seguir, mas cabe a ressalva de que esta iniciativa se
justificaria em empresas detentoras de escala de produção maior, em face do investimento
significativo de adoção da alternativa.
A Tabela 5.4 a seguir disposta propõe um checklist de medidas para economia de
energia na empresa:
1.1.1.1 Tabela 5.4 Proposta de ações para a economia de energia
Implemente programas de desligamento e instale sensores de desligamento
para luzes e equipamentos que não se encontram em uso;
Implante sistemas de o isolamento nos dutos de aquecimento e resfriamento
e nos intercambiadores de calor;
Priorize a escolha de equipamentos mais eficientes;
Melhore a manutenção para otimizar o uso eficiente dos equipamentos;
Otimize os sistemas de combustão dos sistemas geradores de vapor e água
quente;
Elimine as perdas de vapor;
Pratique o reaproveitamento energético, para o seu reuso no processo.
5.2.3 - Oportunidades de P+L nas fases do processo produtivo – Protocolo para
implementação
5.2.3.1 - Manutenção e preparação do viveiro
Após o término de cada cultivo, torna-se necessário a realização da manutenção dos
viveiros de engorda, que consiste basicamente na limpeza e revolvimento do fundo, com
objetivo de promover a aeração do solo e oxidação da matéria orgânica, retirando-se os
concentrados poluidores, bem como a execução de reparos em taludes e no sistema de
abastecimento. Concluída esta etapa, inicia-se a preparação do viveiro para um novo
povoamento, processando-se a assepsia, calagem, quando necessário, fertilização orgânica,
abastecimento dos viveiros e fertilização química.
73
Calcário;
Farelo de
trigo ou de
arroz;
Fertilizante
químico;
Água.
Manutenção e preparação do
viveiro
Viveiro seco
Viveiro desinfectado
Figura 5.6 - Fluxograma de manutenção e preparação do viveiro
Tabela 5.5 – Entradas e saídas do processo de manutenção e preparação do viveiro
Entradas Saídas
Calcário (500 a 1.500 Kg/ha)
Farelo de trigo ou de arroz (100 a 150 Kg/ha)
Fertilizante químico (60 Kg/ha)
Água (7 a 18 mil m
3
)
Energia elétrica (33,5 a 37,3 Kw)
Virucida (5 Kg/ha)
Nesta fase do processo não ocorrem saídas
5.2.3.1.1- Considerações ambientais
Nesta fase do processo por ser de caráter preparatório não são eliminados efluentes.
5.2.3.1.2- Oportunidades de P+L
A dosagem correta de calcário e demais produtos é de fundamental importância na
qualidade do efluente gerado nos processos subseqüentes. Assim recomenda-se um
controle apurado do pH do solo.
5.2.3.2- Povoamento e engorda
74
O povoamento do viveiro é efetuado com pós-larvas provenientes de laboratórios
comerciais.
Para o manejo alimentar, são dois os tipos de alimentos utilizados: alimento natural
e complemento nutricional. O alimento natural é principalmente composto por pequenos
organismos existentes no fundo do viveiro, cujo incremento populacional é incentivado a
partir da técnica de fertilização (USP-FZEA
1
, 2006).
Como complemento alimentar utiliza-se rações comerciais, balanceadas de acordo
com as necessidades nutricionais do camarão, para cada fase do seu ciclo de vida (USP-
FZEA
2
, 2006).
Pós-larvas;
Ração.
Povoamento e engorda do viveiro
Viveiro despovoado
Viveiro povoado
Figura 5.7 - Fluxograma do povoamento e engorda em viveiro
Tabela 5.6 – Entradas e saídas do processo de povoamento e engorda do viveiro
Entradas Saídas
10 a 40 pós-larvas / m
2
1,3 a 1,8 Ton ração/ Ton camarão
Energia elétrica
Nesta fase do processo não ocorrem saídas
5.2.3.2.1- Considerações ambientais
Nesta fase, igualmente à anterior, não se implementa descarte de efluente. A
quantidade de carga orgânica adicionada ao viveiro sob a forma de ração e suplementos
orgânicos deve ser controlada para evitar a eutrofização do mesmo (Figueiredo et al,
75
2005). Para melhor controle e ajuste destas quantidades, recomenda-se a utilização de telas
submersas, espalhadas no viveiro, em forma de comedouros-bandejas, que são muito
eficientes para visualização diária de sobras de alimento. Salienta-se nesta fase a
importância do controle de temperatura do viveiro.
5.2.3.2.2- Oportunidades de P+L
O controle e manejo alimentar nesta fase do processo representa a principal variável
a ser considerada. Alimentação em excesso no viveiro pode contribuir para a eutrofização
do sistema, recomendando-se a suspensão do arraçoamento em evidências de aumento da
turvação (Figueiredo et al, 2005). O controle de água de reposição deve ser objeto de
avaliação permanente.
Entende-se relevante nesta fase do processo produtivo o estabelecimento de um
rígido acompanhamento das variações de temperaturas do meio biótico. Reduções
significativas deste parâmetro promovem diminuição da atividade metabólica do camarão,
suscitando a ação de redução da oferta alimentar no viveiro.
5.2.3.3 - Despesca.
O termo despesca é utilizado, na aqüicultura, para definir a operação de retirada do
organismo cultivado do viveiro quando este atinge o tamanho e peso comerciais (USP-
FZEA
3
, 2006). O processo normalmente é de responsabilidade do comprador, que assim
torna-se responsável pela sua operacionalização e controle, sendo esta uma das fases mais
vulneráveis do processo produtivo, sob o ponto de vista ambiental.
76
Figura 5.8 – Fluxograma da despesca do viveiro
Tabela 5.7 – Entradas e saídas do processo de despesca do viveiro
Entradas Saídas
Solução de metabissulfito de sódio a 60 g/l
(2000 l)
Solução de Metabissulfito de sódio a 25 g/l
(2000 l)
Efluente do descarte do viveiro (7 a 18 mil
m
3
).
5.2.3.3.1 – Considerações ambientais.
Cabe neste contexto caracterizar os dois efluentes originados nesta fase do processo
produtivo:
O efluente originado do esvaziamento do viveiro tem como característica um
grande volume físico, alta carga de matéria orgânica, com baixa toxidez (Figueiredo et al,
2005). Este aporte representa um potencial desequilíbrio ao meio biótico existente no
Metabissulfito
de sódio;
Gelo em
barra
Despesca
Viveiro povoado
Viveiro seco
Efluente
bruto;
Descarte da
solução de
despesca
77
entorno do empreendimento, em face do descarte ao meio ambiente representar a
alternativa atualmente utilizada de manejo.
No processo de coleta do pescado, denominado despesca, é empregada uma solução
salina cujo principal constituinte nocivo é o metabissulfito de sódio. Este contaminante se
apresenta em concentração variável em torno de 6% em peso, em face da ausência de
metodologia de preparação das soluções e dos seus banhos de reforço. O metabissulfito de
sódio é utilizado como desaerante, antioxidante, e conservante alimentar na carcinicultura.
Devido a sua toxidez, seu descarte in natura representa um importante passivo ambiental a
ser mitigado (Atkinson et al, 1993). A deposição deste resíduo sem tratamento no solo
contribui para a sua salinização, e quando descartado no meio aquático compromete a
fauna existente no ecossistema do entorno ao empreendimento.
5.2.3.3.2 – Oportunidades de P+L.
Entende-se como prioritárias ões no sentido de adequar o padrão dos efluentes
deste sistema produtivo, o apenas à legislação vigente, mas também aos ditames da
responsabilidade corporativa, inserindo-os nos princípios da P+L.
O descarte do conteúdo do viveiro, caracterizado pela baixa toxicidade e elevada
carga orgânica, pode ser operacionalizado através de tratamento em lagoas de decantação,
com o objetivo da redução de sólidos dissolvidos, possibilitando o seu reuso.
O efluente da despesca, caracterizado pela concentração significativa de
metabissulfito de sódio contaminante de reconhecida toxidez, tem baixo volume, o que
possibilita um tratamento específico para sua eliminação.
Sugere-se para sua eliminação um sistema de remediação físico-química, com o
objetivo de oxidar os sulfitos a sulfato de sódio, produto inócuo em termos ambientais,
cuja remediação foi proposta na primeira parte deste capítulo.
5.2.3.4 Operações acessórias
5.2.3.4.1 Suprimento de ar comprimido
78
O ar é comprimido em um compressor e distribuído por toda a unidade produtiva
em tubos pressurizados. Normalmente, o compressor é acionado por energia elétrica, e
arrefecido com água ou ar.
A Figura 5.9 a seguir disposta apresenta as entradas e saídas para este processo:
Figura 5.9 - Fluxograma das entradas e saídas para o processo de geração de ar
comprimido
Pequenos vazamentos no sistema de ar comprimido e seus dispositivos(tubos,
válvulas etc), podem gerar significativas perdas no sistema. Isto resulta em desperdício de
eletricidade, porque o compressor passa a ser acionado por um período maior, como forma
de suprir as perdas. A Tabela 5.4 a seguir disposta estima as perdas de consumo elétrico
causadas por fugas no sistema de ar comprimido.
Tabela 5.8 Perdas de energia elétrica estimada a partir de um compressor com pressão de
trabalho de 6 bar
Diâmetro do orifício (mm) Perdas de ar (l/s) Kw.h/dia Mw.h/ano
1 1 6 3
3 19 74 27
5 27 199 73
Os compressores de ar são normalmente muito barulhentos, causando sérios riscos
de saúde ocupacional, no que diz respeito a audição dos colaboradores que interagem com
este posto de trabalho. Se o compressor do ar é resfriado água, seu consumo pode ser
bastante elevado.
Energia elétrica
Óleo de
compressor
Filtro de ar
Água de
refrigeração
Compressor de ar
Ar
Ar comprimido para o processo
Ruído
Óleo de
compressor usado
Filtros de ar usados
Água de
resfriamento
aquecida
79
É muito importante verificar a estanqueidade do sistema de ar comprimido com
freqüência. O melhor método consiste em identificar as perdas de carga durante períodos
que o existe produção. As operações de manutenção rotineiras tais como a substituição
do óleo de lubrificação do sistema podem servir como oportunidade de identificação de
vazamentos
Uma grande quantidade de energia pode ser economizada através dessas medidas
simples. O custo para a implantação de procedimentos que assegurem a estanqueidade do
sistema de ar comprimido justifica a sua implementação
O consumo de água arrefecimento deve ser controlado de forma indireta pela
instalação de sensores de temperatura, dispositivos que garantem a otimização do seu
consumo e a eficiência da operação. Adicionalmente a água de resfriamento pode ser
obtida através da recirculação em uma torre de refrigeração, e alternativamente ser
utilizada para outras finalidades tais como a limpeza, e em outros processos em que os
requisitos de higiene são baixos.
5.2.3.4.2.Produção de vapor
O vapor é produzido em geradores de vapor, comumente denominados caldeiras e
distribuído pela planta fazendo-se uso de uma rede de tubos isolados. Após a troca de
calor, o condensado é devolvido para um tanque, de recirculação e volta para o
equipamento como água de alimentação ao invés de ser descartada do processo.
A Figura 5.10 apresenta um diagrama de fluxo mostrando as entradas e saídas para
esta operação unitária:
Óleo
combustível
Energia etrica
Compressor de ar
Água de alimentação da caldeira
obtida atras de retorno de
condensado
Vapor 6-8 bar
Ruído e calor
Emissões (CO
2
,
NO
x
, So
x,
HAP’s);
Óleo derramado
Figura 5.10 - Fluxograma das entradas e saídas para o processo de geração de vapor
80
A quantidade e a pressão do vapor produzido depende do tamanho da caldeira e
bem como o tipo de combustível injetado na câmara de combustão. Outros parâmetros
incluem pressão de trabalho, tipo de combustível, além dos cuidados de manutenção e
operação do equipamento.
5.2.3.4.2.1 Considerações ambientais
As falhas na operação do sistema de produção de vapor e vazamentos ocasionam
desperdício de combustível, e consequentemente aumento dos custos operacionais.
A utilização de óleo combustível resulta na emissão de dióxido de carbono, dióxido
de enxofre, óxidos de nitrogênio e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAP). Alguns
óleos combustíveis podem conter 3-5% de enxofre, e sua combustão incompleta resultar na
emissão de consideráveis quantidades de dióxido de enxofre.
O dióxido de enxofre na atmosfera se converte em ácido sulfúrico, resultando na
formação de chuva ácida. Óxidos de nitrogênio podem contribuir para a formação de uma
fumaça poluente denominada smog e causar irritação nos pulmões.
Se o sistema de combustão não estiver ajustado corretamente, e se a razão
ar/combustível for demasiado baixa, ocorrerão elevadas de emissões de fuligem dos
queimadores, além do fato de que estas emissões regularmente contém os HAP, que são
cancerígenos.
A Tabela 5.9 mostra as emissões produzidas a partir da queima de diversos
combustíveis para produzir vapor.
1.1.2 Tabela 5.9 – Emissões de combustão de óleo combustível
Entradas Saídas
Óleo combustível
(1% de enxofre) (1Kg)
Consumo de energia elétrica (11,5
KW.h)
Dióxido de carbono (3,5 Kg)
Óxidos de nitrogênio (0,01 Kg)
Dióxido de enxofre (0,01 Kg)
Verifica-se de forma freqüente derramamentos de combustíveis nos sistemas de
armazenamento e na caldeira. Se estes resíduos o forem adequadamente coletados para
reuso, podem causar sérios comprometimentos sob a forma de poluição do solo e da água.
81
5.2.3.4.2.2 Oportunidades de P+L
Recomenda-se a priorização do uso de combustível com baixo teor de enxofre. Este
procedimento aumenta a eficiência da caldeira, sua vida útil, além de reduzir o teor de
emissões de dióxido de enxofre. No que tange a investimentos, não aumento de custos
envolvido nesta mudança, porém os custos operacionais serão mais elevados, pois trata-se
de um combustível mais caro.
Entende-se essencial evitar derramamentos de combustíveis líquidos, porém caso
venham a ocorrer, entende-se prioritário limpar corretamente o ambiente produtivo e se
promover ações visando a sua reutilização ou venda para uma utilização de terceiros.
Crê-se relevante o estabelecimento de um padrão de procedimentos para
movimentação de combustíveis, além da proposição de um plano de contingência ao
derramamento do insumo.
Se o gerador de vapor é antigo, a opção pela aquisição de um novo equipamento
deve ser analisada. A mudança do óleo combustível para o gás natural, deve também ser
considerada, em face de tratar-se de um energético cuja combustão gera um baixo volume
de resíduos. Em alguns queimadores é possível instalar um atomizador, e por meio deste
incremento tecnológico aumentar a eficiência da combustão.
Perdas de vapor devem ser eliminadas prontamente quando identificadas. Mesmo
pequenos vazamentos podem causar desperdícios significativos de vapor e
consequentemente de combustível e dinheiro.
O isolamento de superfícies quentes é uma forma barata e eficaz de reduzir o
consumo de energia. Equipamentos como válvulas, flanges, reatores, tanques, autoclaves, e
conexões, muitas vezes tem o seu isolamento negligenciado. Através da correta isolação
destes dispositivos e equipamentos, as perdas de calor podem ser reduzidas
consideravelmente.
Se o vapor condensado de algumas áreas não for devolvido à caldeira, verifica-se
um desperdício de energia e água. Sistemas de retorno condensado devem ser instalados
como forma de reduzir perdas energéticas.
A eficiência das caldeiras depende de como elas são operadas. Se a relação
ar/combustível for deficiente o sistema de queima se revelaineficiente, causando mais
poluição e maior consumo de combustível. O correto funcionamento dos sistemas de
produção de vapor pressupõe formação adequada dos trabalhadores e permanente
manutenção do sistema de combustão.
82
5.2.3.4.3 Suprimento de água
A boa qualidade do suprimento de água pode não demandar tratamento antes da
utilização na planta. No entanto, se a água disponível é de má qualidade pode ser
necessário tratá-la para o cumprimento dos requisitos de higiene. O tratamento
normalmente consiste de aeração e filtração através de areia e cascalho, ou eventualmente
cloração.
A figura 5.11 representa um diagrama que dispõe as entradas e saídas do processo a
seguir disposto:
Energia elétrica
Hipoclorito de
sódio
Tratamento de água
Suprimento de água
Água tratada
Lama
Água de
retrolavagem
Figuras 5.11 - Fluxograma das entradas e saídas para o tratamento de água
5.2.3.4.3.1 Considerações ambientais
A água é um recurso valioso, portanto seu uso deve ser minimizado sempre que
possível. Uma vez que a energia elétrica é necessária para bombear água, o seu consumo
também aumenta com o aumento do consumo da água.
As perdas que ocorrem devido a vazamentos de tubulações tendem a ser
significativos. Como forma de exemplificar, a Tabela 5.10 mostra a relação entre o
tamanho de um orifício em uma tubulação e a perda de água:
83
1.1.3 Tabela 5.10 – Perdas de água por vazamentos a uma pressão de 4,5 bar
Diâmetro do orifício (mm)
Perda de água (m3/dia) Perda de água
(m3/ano)
0,5 0,4 140
1 1,2 430
2 3,7 1300
4 18 6400
6 47 17000
5.2.3.4.3.2 Oportunidades de P+L
Para garantir o consumo de água racional, o mesmo deve ser monitorado em uma
base regular. É útil para tal instalar hidrômetros para os diversos departamentos e mesmo
para processos individuais ou setores específicos de equipamentos. Estas ações podem se
fazer necessárias em face dos consumos dos processos específicos e suas expectativas de
economia. Estimam-se reduções do consumo significativas deste insumo através de uma
efetiva ação de sensibilização junto aos colaboradores da organização.
Sistemas de acionamento para as operações de bombeamento de elevado patamar
tecnológico devem ser instalados como forma de reduzir a energia demandada para esta
operação.Para tal elenca-se como principal medida a instalação de dispositivos de partida
inteligente baseados em conversores de freqüência, capazes de reduzir a demanda
contratada na conta de energia elétrica da empresa.
5.2.3.4.4 Sistemas de refrigeração
Nos sistemas de refrigeração um fluido refrigerante (normalmente a amônia ou um
chlorofluorocarbono), é comprimido, e sua subsequente expansão é utilizada para
refrigerar um sistema de arrefecimento em circuito fechado. O refrigerante pode agir como
um fluido primário, ou alternativamente, pode ser usado indiretamente por um fluido
secundário, principalmente quando o processo demanda cuidados com a contaminação do
item a ser refrigerado.
Todos os sistemas de refrigeração devem ser concebidos em circuito fechado e livre
de vazamentos. No entanto, devido ao desgaste e a manutenção inadequada, podem ocorrer
vazamentos.
O Fluxograma 5.7, a seguir disposto apresenta as entradas e saídas deste processo:
84
Energia elétrica
Água
Óleo de
compressor
Sistema de resfriamento
Amônia expandida
Solvente / glicol
Amônia refrigerada
Spirit/glicol refrigerado
Ruído
Vapor dágua
Perdas de
solvente/glicol
Óleo de
compressor usado
Fluxograma 5.7 – Entradas e saídas para o sistema de refrigeração
5.2.3.4.4.1 Considerações ambientais
O consumo de energia elétrica e de água pode ser bastante elevado. Se forem
utilizados fluidos refrigerantes com base em CFC, o risco vazamento de gases
refrigerantes para a atmosfera, contribuindo assim para a rarefação da camada de ozônio.
também risco da ocorrência de vazamentos de amônia e glicol que podem revestir-se
em um dano à saúde ocupacional aos colaboradores da organização, além de um problema
ambiental.
Os refrigerantes baseados em CFCs devem ser substituídos por um gás refrigerante
com menor impacto ambiental, clorofluorocarbonos hidrogenados (HCFC) ou, de
preferência, por amônia, salientando-se os riscos ocupacionais inerentes a utilização deste
produto. A longo prazo, tanto os CFC como os HCFC, devem ser substituídos por outro
gás refrigerante, de acordo com o Protocolo de Montreal, sendo a sua substituição uma
ação planejada, em face ao fato de que esta embutido um custo de aquisição e instalação de
um novo equipamento.
Uma forma adicional de se reduzir o consumo de energia diz respeito a
minimização do ingresso de calor em salas refrigeradas. Isso pode ser logrado pela
instalação de isolantes em ambientes e tubulações, além da adoção de boas práticas no que
tange ao fechamento de portas e janelas, além de sistemas de cerração automático às
câmaras de refrigeração.
85
Se os consumos de água e energia elétrica e refrigeração tendem a se tornar
elevados a partir de uma análise de série histórica, deve-se investigar a ocorrência de algas
nos tubos evaporadores. Outra razão pode ser pelo fato de que os sistemas de ventilação
forçada estão acionados a uma velocidade muito alta, despejando água fora do sistema de
refrigeração. Otimizar o funcionamento da torre de refrigeração pode economizar uma
significativa quantidade de água.
5.2.5 – Resultados
Os resultados a seguir dispostos referem-se a aplicação do protocolo proposto neste
instrumento dissertativo, estudo de caso implementado no período compreendido entre
abril e setembro de 2007. Neste período foram acompanhadas 36 bateladas, apresentando-
se a Tabela 3.7, a seguir disposta a consolidação da média dos seus resultados.
Tabela 5.11 – Resultados do processo investigativo
Item Unidade Custo (US$)
Consumo
original
Consumo após
aplicação da
metodologia
%
redução
Economia por
batelada (US$)
Água m
3
0,00 15.000,00 12.450,00 0,17 0,00
Calcáreo Kg 0,08 1.250,00 1.000,00 0,20 18,84
Energia elétrica Kw 33,41 37,30 30,96 0,17 211,85
Farelo Kg 2,11 150,00 110,00 0,27 84,27
Fertilizante químico Kg 0,46 60,00 50,00 0,17 4,61
Metabissulfito de sódio Kg 12,42 100,00 80,00 0,20 248,40
Ração Kg 3,60 4.500,00 4.150,00 0,08 1.260,00
Virucida Kg 365,40 5,00 4,80 0,04 73,08
1.901,05
5.2.6 – Discussão
Com base nos resultados dispostos na Tabela 3.7, anteriormente disposta, afirma-
se:
86
O controle dos insumos alimentares propiciou uma economia substancial no
aporte de alimentos administrados no viveiro. Projeta-se uma economia
adicional para os meses mais frios, onde a taxa metabólica dos animais se
reduz de forma evidente;
Em relação a dosagem de metabissulfito de sódio, observou-se uma redução
de 20% na administração do produto, obtida apenas pelo controle gerencial
dos banhos de reforço;
Os demais insumos empregados no processo produtivo apresentaram
reduções significativas, consolidando o conceito de redução do insumo na
fonte, pressuposto básico da adoção desta metodologia;
Em face ao fato de que a água, insumo de utilização em maior quantidade
ser captado diretamente da bacia fluvio-estuarina, não foi apropriada de
forma direta o seu valor financeiro, que pode ser inferido de forma indireta
via custo da energia elétrica, principal fonte de consumo, pelo processo de
bombeamento.
87
6 – Conclusão
A seguir discorre-se a respeito das conclusões relativas a partir da discussão foco da
presente tese, além de apontar limitações ao trabalho, bem como sugere direcionamento
para estudos posteriores relativos a temática em curso.
6.1 A validação da hipótese
Como forma de resgatar o objeto do estudo da presente tese retoma-se as hipóteses
formuladas como norteadoras desta pesquisa:
Existe um método de base físico-química simples, passível de ser empregado
em fazendas de cultivo de camarões com baixo patamar tecnológico nos seus
processos, e recursos escassos para a sua implementação, capaz de atenuar o
passivo ambiental do aporte in natura do metabissulfito de sódio utilizado na
carcinicultura no processo de despesca?
É viável o estabelecimento de uma estratégia de conformidade ambiental a ser
proposta a este segmento do agronegócio, baseada na metodologia denominada
produção mais limpa?
O relato disposto no capítulo anterior nos permite inferir as seguintes conclusões:
O metabissilfito de sódio, principal contaminante da carcinicultura pode ser
eliminado através de um mecanismo de circulação de banho aquecido a uma
temperatura em torno de 60˚C;
A aeração forçada tem um fator preponderante na cinética da reação, contribuindo
para que o tempo de residência da mesma não exceda 10 horas;
Os resultados dos testes de bancada corroboram para a validação da hipótese do
instrumento dissertativo em curso - a proposição de um instrumento de
operacionalização simples, a ser utilizado com o objetivo da redução dos impactos
ambientais referentes à utilização do metabissulfito de sódio no segmento da
carcinicultura;
88
O subproduto da reação o sulfato de sódio tem um impacto reconhecidamente
pequeno ao meio biótico, afirmativa que encontra respaldo nos termos da resolução
CONAMA Nº 357, de 17 de março de 2005.
Conforme preconizado nos princípios da P+L, as soluções para as o
conformidades propostas são simples, comumente demandando baixos custo e
patamar tecnológico para a sua implementação;
Como as soluções a serem adotadas demandam um apurado controle gerencial, a
estrutura de recursos humanos da empresa necessita de treinamento nesta técnica,
de forma a criar um ambiente coeso e motivado para implantação deste modelo de
gerenciamento ambiental na empresa;
A redução de carga orgânica do efluente do viveiro no processo de despesca via
controle das dosagens de insumos, representa além de uma racionalização de custos
produtivos a alternativa mais correta dentro dos princípios da P+L;
O metabissulfito utilizado no processo de despesca do camarão por seu importante
passivo ambiental justifica a adoção de um sistema de remediação sico-química,
conforme proposto pelo trabalho;
A sistematização de um método de atenuação da concentração deste contaminante
poderá evoluir para a sua adoção como um mecanismo qualificador para o
licenciamento ambiental desta atividade agropecuária.
6.2 – Limitações do trabalho
A discussão em torno de uma temática ambiental aplicando-se a
metodologia de estudo de caso apresenta algumas limitações, que não prejudicam a
essência da formatação do modelo proposto, a destacar:
O controle do investigador sobre o seu objeto de pesquisa é reduzido, visto que o
mesmo imerge no seu objeto de estudo. As condições de ambiente não controlado forçam
ao investigador a alterar o seu plano de coleta de dados em face de situações não previstas.
Como em certos aspectos a coleta e a interpretação dos dados ocorrem ao mesmo
tempo, o processo investigativo toma forma através de evidências convergentes e
inferências, afetando com este componente subjetivo os enfoques cartesianos adotados
para a formatação do instrumento dissertativo.
89
Por fim citando Yin (2002), a abordagem empírica característica do estudo de caso
não diminui o mérito do processo investigativo, pois além do uso de técnicas quantitativas
como ferramenta de suporte à tomada de decisão, o que se busca é a obtenção de um
modelo e não a inferência sobre populações e situações específicas.
6.3 – Direcionamento para pesquisas futuras
A Gestão ambiental na carcinicultura constitui-se em uma temática recente, o que
pode ser evidenciada pela parca quantidade de referencias acadêmicas relevantes ao tema
disponíveis na literatura especializada nacional e internacional. Não obstante ao alcance
dos objetivos propostos, a atualidade e a relevância do tema sugerem o seu
aprofundamento. Neste sentido sugere-se as seguintes recomendações:
Para o meio acadêmico:
O estudo dos impactos ambientais do cluster produtivo da carcinicultura representa
uma temática relevante e atual, cujas interferências ambientais afetam o
ecossistema no entorno do empreendimento produtivo. Neste sentido, entende-se
relevante o aprofundamento da discussão;
Entende-se relevante a partir dos resultados dispostos neste instrumento dissertativo
ampliar a discussão com vistas a construção de um protótipo, como forma de
validar os resultados de bancada, e assim disponibilizar a sociedade um sistema de
remediação físico-química dos impactos inerentes ao uso do metabissulfito de sódio
neste segmento do agronegócio;
A formatação de uma estratégia de gestão ambiental para regular as atividades da
carcinicultura baseado na metodologia de produção mais limpa pode ser replicado
na sua concepção para uma larga margem de atividades produtivas ainda não
contempladas com uma discussão específica, justificando-se assim sua adoção e
difusão.
Para o cluster produtivo da carcinicultura:
90
A adoção do modelo proposto bem como do aperfeiçoamento do mesmo pela sua
aplicação em escala real junto ao segmento traduz-se em melhorias progressivas, tal
como preconizado pelos princípios norteadores da P+L, e em um efetivo
instrumento de competitividade empresarial para o segmento.
Ao Poder Público
Adoção de uma estratégia de gestão ambiental focado no cluster produtivo da
carcinicultura traduz-se em um efetivo instrumento de conformidade a ser disponibilizado
a este segmento do agronegócio, neste sentido propõe-se a adoção deste modelo como
qualificador ao licenciamento ambiental da atividade.
A proposição do reator
O reator concebido para a investigação de bancada revela-se uma alternativa de
baixo custo, passível de ser desenvolvida, notadamente para utilização em situações onde
se fizer necessária a manipulação de substâncias corrosivas. Neste sentido, sugere-se a
determinação formal dos parâmetros de trabalho do mesmo.
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103
Anexos
Figura 5.1
tempo (h)
sulfito sulfato sulfito sulfato sulfito sulfato sulfito sulfato sulfito sulfato sulfito sulfato sulfito sulfato
0 24,80 0,48 24,80 0,46 24,80 0,44 24,80 0,48 24,80 0,44 24,60 0,44
24,77
0,46
1,5 24,40 0,74 24,20 0,72 23,80 0,74 24,60 0,76 24,20 0,74 24,20 0,72
24,23
0,74
3 23,80 1,22 23,40 1,22 23,60 1,28 23,90 1,26 23,80 1,28 23,80 1,14
23,72
1,23
4,5 23,80 1,24 23,60 1,28 23,60 1,26 23,40 1,26 23,80 1,16 23,80 1,28
23,67
1,25
6 23,60 1,60 23,60 2,40 23,80 2,20 23,40 1,80 23,20 2,20 23,80 1,80
23,57
2,00
7,5 23,60 2,00 23,60 2,20 23,80 2,40 23,40 2,20 24,20 2,40 24,00 2,40
23,77
2,27
9 23,60 2,40 23,80 2,60 23,40 2,40 23,60 2,40 23,60 2,60 23,80 2,40
23,63
2,47
24 23,40 2,60 23,40 2,60 23,20 2,60 23,60 2,40 23,20 2,60 23,40 2,40
23,37
2,53
ensaio5 ensaio6 médiaensaio1 ensaio2 ensaio3 ensaio4
2
Figura 5.2
tempo (h)
sulfito sulfato sulfito sulfato sulfito sulfato sulfito sulfato sulfito sulfato sulfito sulfato sulfito sulfato
0 27,25 1,26 27,21 1,26 27,26 1,22 27,26 1,21 27,18 1,22 27,21 1,23
27,23
1,23
1,5 26,70 1,52 26,50 1,48 26,80 1,48 25,80 1,48 26,80 1,56 27,90 1,46
26,75
1,50
3 25,70 1,70 25,40 1,76 25,20 1,74 25,80 1,82 26,40 1,78 26,00 1,72
25,75
1,75
4,5 24,75 2,24 24,40 2,26 24,80 2,28 24,60 2,24 25,25 2,26 24,70 2,24
24,75
2,25
6 22,20 3,40 22,40 3,20 22,20 3,00 22,20 2,80 22,25 3,20 22,26 2,40
22,25
3,00
7,5 21,80 3,40 21,80 3,80 22,00 2,20 22,40 4,40 22,30 3,80 22,60 4,20
22,15
3,63
9 21,40 3,80 22,40 4,40 22,20 4,00 21,20 4,00 22,20 4,00 22,60 3,80
22,00
4,00
24 21,50 4,40 21,80 4,00 21,70 4,00 21,80 4,60 21,80 4,40 21,90 3,80
21,75
4,20
ensaio5 ensaio6 médiaensaio1 ensaio2 ensaio3 ensaio4
3
Figura 5.3
tempo (h)
sulfito sulfato sulfito sulfato sulfito sulfato sulfito sulfato sulfito sulfato sulfito sulfato sulfito sulfato
0 28,60 13,40 27,80 13,00 28,20 13,60 28,60 12,80 27,80 12,80 28,20 13,20
28,20
13,13
1,5 19,60 15,80 20,40 16,20 19,80 16,00 19,80 16,00 19,40 15,80 19,80 16,20
19,80
16,00
3 13,40 20,00 13,40 20,20 13,80 20,20 13,60 19,80 13,80 20,00 13,00 19,80
13,50
20,00
4,5 11,80 22,00 11,20 22,80 11,40 25,60 11,60 25,40 11,40 24,20 11,60 24,00
11,50
24,00
6 8,40 24,80 7,80 25,40 8,00 25,00 8,20 25,00 8,20 25,20 7,40 24,60
8,00
25,00
7,5 5,80 25,80 6,20 26,20 6,20 26,40 6,40 26,20 5,60 25,00 5,80 26,40
6,00
26,00
9 5,00 25,20 5,20 25,60 5,40 26,40 4,80 26,40 5,00 26,20 5,80 26,20
5,20
26,00
24 4,10 25,60 4,60 26,20 4,40 25,40 4,20 26,40 4,20 26,60 4,00 25,80
4,25
26,00
ensaio5 ensaio6 médiaensaio1 ensaio2 ensaio3 ensaio4
4
Figura 5.4
Ensaio 1 Sulfito 35,20 25,50 10,20 1,20 0,20 0,20 0,00 0,00
Sulfato 17,50 24,50 40,00 48,00 49,00 49,00 50,00 50,00
Ensaio 2 Sulfito 35,00 25,30 10,40 1,40 0,16 0,18 0,00 0,00
Sulfato 17,40 24,70 39,80 48,00 49,00 49,00 50,00 50,00
Ensaio 3 Sulfito 34,80 25,60 10,00 1,30 0,18 0,19 0,00 0,00
Sulfato 17,20 24,80 40,20 48,00 48,00 49,00 50,00 50,00
Ensaio 4 Sulfito 34,60 25,60 10,30 1,00 0,22 0,17 0,00 0,00
Sulfato 17,80 24,40 40,20 48,00 49,00 50,00 50,00 50,00
Ensaio 5 Sulfito 35,40 25,40 10,40 1,10 0,22 0,21 0,00 0,00
Sulfato 17,90 24,20 40,10 48,00 49,00 49,00 50,00 50,00
Ensaio 6 Sulfito 35,40 25,70 10,40 1,10 0,23 0,21 0,00 0,00
Sulfato 17,50 24,60 40,00 48,00 49,00 49,00 50,00 50,00
Ensaio 7 Sulfito 35,40 25,40 10,50 1,30 0,24 0,20 0,00 0,00
Sulfato 17,50 24,20 40,00 48,00 49,00 49,00 49,00 50,00
Ensaio 8 Sulfito 34,80 25,50 10,30 1,20 0,19 0,20 0,00 0,00
Sulfato 17,50 24,20 39,60 49,00 49,00 49,00 50,00 50,00
Ensaio 9 Sulfito 35,00 25,50 9,80 1,20 0,18 0,22 0,00 0,00
Sulfato 17,30 24,60 39,70 48,00 49,00 49,00 50,00 50,00
Ensaio 10 Sulfito 35,40 25,60 9,80 1,40 0,20 0,23 0,00 0,00
Sulfato 17,60 24,60 39,90 48,00 49,00 49,00 50,00 49,00
Ensaio 11 Sulfito 35,20 25,70 9,90 1,40 0,20 0,20 0,00 0,00
Sulfato 17,70 24,60 40,40 48,00 49,00 49,00 50,00 50,00
Ensaio 12 Sulfito 35,40 25,80 9,90 1,20 0,24 0,23 0,00 0,00
Sulfato 17,30 25,20 40,20 48,00 49,00 49,00 50,00 50,00
Ensaio 13 Sulfito 35,20 25,20 9,90 1,20 0,19 0,19 0,00 0,00
Sulfato 17,50 24,90 40,10 48,00 49,00 49,00 50,00 50,00
Ensaio 14 Sulfito 35,00 25,60 10,10 1,10 0,18 0,21 0,00 0,00
Sulfato 17,50 24,20 39,90 48,00 49,00 49,00 50,00 50,00
Ensaio 15 Sulfito 35,20 25,40 10,10 1,10 0,22 0,18 0,00 0,00
Sulfato 17,50 24,40 39,80 48,00 49,00 49,00 50,00 50,00
Ensaio 16 Sulfito 35,40 25,30 10,10 1,20 0,17 0,20 0,00 0,00
Sulfato 17,30 24,60 39,70 48,00 49,00 49,00 50,00 50,00
Ensaio 17 Sulfito 35,20 25.5 10,30 1,40 0,19 0,21 0,00 0,00
Sulfato 17,60 24,20 40,10 48,00 49,00 49,00 50,00 50,00
Ensaio 18 Sulfito 35,20 25,30 10,30 1,30 0,21 0,20 0,00 0,00
Sulfato 17,80 24,40 40,20 48,00 49,00 49,00 50,00 50,00
Ensaio 19 Sulfito 35.2 25,70 10,20 1,20 0,21 0,22 0,00 0,00
Sulfato 17,40 24,60 40,20 48,00 49,00 49,00 50,00 50,00
Ensaio 20 Sulfito 34,80 25,40 10,40 1,30 0,22 0,21 0,00 0,00
Sulfato 17,40 24,40 39,70 48,00 49,00 49,00 50,00 50,00
Ensaio 21 Sulfito 35,00 25,40 10,40 1,10 0,18 0,19 0,00 0,00
Sulfato 17,50 24,50 39,80 48,00 49,00 49,00 50,00 50,00
Ensaio 22 Sulfito 35,00 25,50 10,40 1,20 0,19 0,18 0,00 0,00
Sulfato 17,60 24,40 39,80 48,00 49,00 49,00 50,00 50,00
Ensaio 23 Sulfito 35,20 25,50 10,30 1,30 0,22 0,17 0,00 0,00
Sulfato 17,60 24,50 40,00 48,00 49,00 49,00 50,00 50,00
Ensaio 24 Sulfito 35,20 25,30 10,10 1,40 0,20 0,20 0,00 0,00
Sulfato 17,50 24,60 40,00 48,00 49,00 49,00 50,00 50,00
Ensaio 25 Sulfito 35,20 25,60 10,00 1,10 0,20 0,21 0,00 0,00
Sulfato 17,60 24,60 40,20 48,00 49,00 49,00 50,00 50,00
Ensaio 26 Sulfito 35,40 25,50 9,90 1,00 0,18 0,20 0,00 0,00
Sulfato 17,30 24,40 39,80 48,00 49,00 49,00 50,00 50,00
Ensaio 27 Sulfito 35,40 25,40 10,20 1,10 0,19 0,19 0,00 0,00
Sulfato 17,40 24,40 39,80 48,00 49,00 49,00 50,00 50,00
Ensaio 28 Sulfito 35,20 25,60 9,80 1,10 0,21 0,19 0,00 0,00
Sulfato 17,50 24,60 39,80 48,00 49,00 49,00 50,00 50,00
Ensaio 29 Sulfito 35,00 25,50 10,00 1,20 0,20 0,19 0,00 0,00
Sulfato 17,60 24,40 39,80 48,00 49,00 49,00 50,00 50,00
35,15 17,51034483 25,49285714 24,50689655 10,15172414 39,95862069 1,210344828 48,03448276 0,200689655 48,96551724 0,199310345 49,03448276 0 49,96551724 0 49,96551724
0,221944271 0,161122907 0,146385011 0,223496619 0,216499241 0,202691253 0,120548827 0,185695338 0,020165571 0,185695338 0,015568061 0,185695338 0 0,185695338 0 0,185695338
0,0493
0,0260
0,0214
0,0500
0,0469
0,0411
0,0145
0,0345
0,0004
0,0345
0,0002
0,0345
0,0000
0,0345
0,0000
0,0345
240 1,5 3 4,5
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