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velocidade da metamorfose das mercadorias e em conseqüência a velocidade da
circulação monetária. (...) O crédito acelera as diversas fases da circulação ou da
metamorfose das mercadorias e ainda da metamorfose do capital; em conseqüência,
acelera o processo de reprodução em geral
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(além disso, o crédito possibilita
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A respeito do papel do crédito na produção capitalista, Marx aponta algumas determinações gerais,
quais sejam, “Necessidade de seu desenvolvimento para produzir-se o nivelamento da taxa de lucro
ou a tendência a esse nivelamento sobre a qual repousa toda produção capitalista; decréscimo dos
custos de circulação.”, onde se pode suprimir o dinheiro “enquanto valor de per si” em grande parte
das transações; acelerando o movimento dos meios de circulação e; substituindo o dinheiro-ouro por
papel. Além disso, e importantíssimo ressaltar, é precursor do desenvolvimento das sociedades por
ações. Então, vejamos como o sistema de crédito impacta sobre a reprodução ampliada do capital:”1)
Expansão imensa da escala de produção e das empresas, impossível de ser atingida por capitalistas
isolados. Ao mesmo tempo, as empresas desse gênero que antes eram governamentais, se constituem
por sociedades. 2) O capital que, por outra natureza, assenta sobre modo social de meios de
produção e de forças de trabalho, assume então diretamente a forma de capital social (capital de
indivíduos diretamente associados) em oposição ao capital privado, e as empresas passam a ser
sociais em contraste com as empresas privadas. É a abolição do capital como propriedade privada
dentro dos limites do próprio modo capitalista de produção. 3)Transformação do capitalista
realmente ativo em mero dirigente, administrador do capital alheio, e dos proprietários do capital em
puros proprietários, simples capitalistas financeiros. Mesmo quando os dividendos que recebem
englobam o juro e o lucro de empresário, isto é, o lucro total (pois a remuneração do dirigente é ou
deveria ser mero salário para certa espécie de trabalho qualificado, com preço regulado pelo
mercado como qualquer outro trabalho), esse lucro total é percebido tão-só na forma de juro, isto é,
como recompensa à propriedade do capital, a qual por completo se separa da função no processo
real de produção do mesmo modo que essa função, na pessoa do dirigente, se dissocia da
propriedade do capital. O lucro se revela (e não mais parte dele, o juro, que procura sua legitimidade
no lucro do prestatário) puro assenhoreamento de trabalho excedente alheio, originando-se da
circunstância de os meios de produção se converterem em capital, isto é, se tornarem estranhos aos
produtores reais, de se oporem, como propriedade alheia, a todos os indivíduos efetivamente
ocupados na produção, do dirigente até o último dos assalariados. Nas sociedades por ações
dissociam-se a função e a propriedade do capital, e em conseqüência o trabalho aparece por
completo separado da propriedade quer dos meios de produção quer do trabalho excedente. Esse
desenvolvimento máximo da produção capitalista é uma fase transitória que levará o capital
necessariamente a reverter à propriedade dos produtores não mais, porém, como propriedade
privada de produtores individuais e sim como propriedade diretamente social. Nesta fase transitória
todas as funções do processo de reprodução ainda ligadas até agora à propriedade do capital se
transformarão em simples funções dos produtores associados, em funções sociais. (...) É a negação
do modo de produção dentro dele mesmo, por conseguinte uma contradição que se elimina a si
mesma, e logo se evidencia que é fase de transição para nova forma de produção. Esta fase assume
assim aspecto contraditório. Estabelece o monopólio em certos ramos, provocando intervenção do
Estado. Reproduz nova aristocracia financeira, nova espécie de parasitas, na figura de projetadores,
fundadores e diretores puramente nominais; um sistema completo de especulação e embuste no
tocante a incorporação de sociedades, lançamento e comércio de ações. Há produção privada, sem o
controle da propriedade privada. (...) O sistema de crédito, pela natureza dúplice que lhe é inerente,
de um lado, desenvolve a força motriz da produção capitalista, o enriquecimento pela exploração do
trabalho alheio, levando a um sistema puro e gigantesco de especulação e jogo, e limita cada vez
mais o número dos poucos que exploram a riqueza social; de outro, constitui a forma para novo
modo de produção”. MARX, K. O Capital, Livro III, v. 5, pp.503-510.