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RESUMO
A incidência de complicação pulmonar pós-operatória é grande, decorrente da manipulação
da cavidade abdominal com modificação dos volumes e capacidades pulmonares e resultando
em hipoxemia e atelectasia. Alteração do padrão respiratório juntamente com a dor no pós-
operatório podem interferir nas trocas gasosas com maiores repercussões na presença de
fatores de risco. A freqüência respiratória e a gasometria arterial têm papel importante na
avaliação da função pulmonar, especificamente na ventilação pulmonar e nas trocas gasosas,
monitorando a pressão arterial de gás carbônico e a pressão arterial de oxigênio. Foram
objetivos da pesquisa: analisar a influência da freqüência respiratória sobre os gases
sanguíneos arteriais no pós-operatório imediato de laparotomia exploradora por trauma,
observar as concentrações dos gases arteriais, a freqüência respiratória e o índice de
oxigenação nos três primeiros dias de pós-operatório, avaliar se existe correlação da
freqüência respiratória sobe os gases arteriais e da pressão arterial de gás carbônico sobre a
pressão arterial de oxigênio nos três primeiros dias de pós-operatório. Esta foi uma pesquisa
de campo com delineamento não-experimental do tipo coorte transversal e de caráter analítico
e descritivo realizada no período de abril a setembro de 2005 no Hospital Governador João
Alves Filho, na cidade de Aracaju, durante os três primeiros dias de pós-operatório. Foram
avaliados 55 pacientes com idade de 18 a 62 anos de ambos os sexos, submetidos a
laparotomia exploradora por trauma abdominal em caráter de urgência. Foram utilizados
critérios para inclusão o procedimento cirúrgico de urgência, com incisão xifo-púbica,
anestesia geral com tempo maior ou igual a 120 minutos, onde foi mensurado a freqüência
respiratória e coletado sangue arterial segundo protocolo da American Association for
Respiratory Care para análise das pressões parciais dos gases sanguíneos arteriais. Após a
coleta de sangue foram obtidos os valores de PaCO
2
e PaO
2
e calculado o índice de
oxigenação através da fórmula PaO
2
/FiO
2
. Os dados obtidos foram analisados pelo software
SPSS 10.0 através de média e desvio-padrão, teste ANOVA para análise de variância entre as
médias, teste Tukey para análise da diferença entre as médias significantes e a Correlação
Linear Simples para observar os comportamentos de tendências entre as variáveis, todos
utilizados para nível de significância de 95% ou p<0,05. A pesquisa foi aprovada pelo comitê
de ética em pesquisa em seres humanos da Universidade Federal de Sergipe. Os resultados
apresentaram média para a frequência respiratória de 27,49 ± 5,31 irpm (24hs), 25,35 ± 5,32
irpm (48hs), 24,15 ± 3,94 irpm (72hs), para a PaCO
2
médias de 32,84 ± 4,49 mmHg (24hs),
33,65 ± 3,36 mmHg (48hs), 34,04 ± 3,73 mmHg (72hs), para a PaO
2
médias de 85,29 ± 18,30
mmHg (24hs), 87,53 ± 17,56 mmHg (48hs), 89,31 ± 16,57 (72hs). A análise das médias nos
três primeiros dias pelo ANOVA apresentou significância estatística apenas para a frequência
respiratória (p<0,05), enquanto para a PaCO
2
e PaO
2
apresentaram p>0,05. Comparando-se as
variáveis observamos correlação entre a FR x PaCO
2
regular nas 24hs (r = -0,42604), fraca
nas 48 e 72 hs (r = -0,23857 e –0,02807), entre a FR x PaO
2
fraca nas 24 hs (r = -0,28128) e
regular nas 48 (r= -0,32166) e fraco nas 72 hs (r= –0,28597), entre PaCO
2
x PaO
2
correlações
fracas nas 24,48 e 72hs (r = 0, 023339, 0,2305 e –0,0505). Concluímos em nossa pesquisa que
a FR apresentou variação significativa nos três dias de pós-operatório e uma correlação
significativa da FR e PaCO
2
no 1º dia de pós-operatório e da FR e PaO
2
nos três primeiros
dias de pós-operatório.
Palavras-chaves: Freqüência respiratória, laparotomia exploradora, complicações
pulmonares pós-operatórias, gases sanguíneos arteriais.