![](bg1d.jpg)
34
entanto, algumas características que são comuns, como a procura pelo novo,
a busca de respostas para as diferentes situações, o jogar com o sonho e a
esperança etc. Porém, o mais importante é que a sociedade, até hoje, tem tido
muita dificuldade em conceber o jovem com identidade própria, considerando-o
adulto para algumas exigências e infantilizando-o em outras ocasiões.
Como pondera Lenoir
6
(1996), atualmente, para as mais diversas correntes
de pensamento, determinadas pelo contexto em que se inserem, a idade não
é apenas uma questão cronológica, tem um significado social. No cenário
contemporâneo, a incorporação da juventude como agente de destaque está
relacionada aos processos extremamente velozes de urbanização e modernização,
ocorridos, principalmente, a partir da segunda metade do século XX. Esses
processos vêm resultando na construção de novos referenciais nos campos da
ética, da moral, dos costumes, do comportamento e da religiosidade, entre
outros, e sua compreensão requer disponibilidade para repensar uma realidade
marcada pela exclusão social, que urge ser transformada.
Ser jovem hoje não é o mesmo que ser jovem 20 anos atrás. As diferentes
juventudes constroem seus espaços, seu modo de vida, a partir de novas formas de
agir e pensar. Assim, questões como sexo, meio ambiente, direitos e democracia são
colocados dentro de uma ética global, onde a subjetividade ganha papel de
destacada importância, assim como as relações de gênero, a relação com o corpo
e as relações entre os indivíduos, de uma maneira geral. O que passou a ser mais
importante para nossas juventudes é a ação imediata, os contextos informais.
A visão que a sociedade tem a propósito do ser jovem também comporta uma
série de características, algumas das quais de caráter bastante contraditório e/ou
depreciativo. Nesse contexto, os jovens são vistos:
1. De uma maneira dualista. Se, por um lado, são concebidos como o futuro das
nações, também são vistos como irresponsáveis no presente. Segundo Carrano
(2000), os jovens costumam hostilizar os ensinamentos ou princípios que lhes
acenam com um futuro melhor. A ênfase se faz presente muito mais na
brevidade e na emergência do tempo. Os dias são breves. O futuro distante
é visto como imprevisível. Para os jovens, o futuro é agora. Ora, Mead
6 Segundo Lenoir, há classificações freqüentemente associadas a escalas de idade, de acordo com diversos critérios.
Assim, a Organização Internacional do Trabalho – OIT, por exemplo, vê a adolescência como o período dos 15
aos 18 anos, e a juventude, como o dos 19 aos 24. A Organização Internacional da Juventude e a Organização
das Nações Unidas a caracterizam como uma fase de transição, dos 15 aos 24 anos. Já o Estatuto da Criança e
do Adolescente a situa entre os 12 e os 18 anos, podendo chegar, eventualmente, aos 21. Para a Organização Mundial
de Saúde – OMS, e para a Organização Pan-americana de Saúde – OPAS, a juventude dá-se, biologicamente, em
duas fases: a pré-adolescência, de 10 a 14 anos, e a adolescência, de 15 a 19 anos de idade.
Estar no Papel - Final 21.06.05 18:13 Page 34