CAP#2
D
ESIGN
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Paulo Henrique Frediani de Moura Dissertação de Mestrado
Acredito num retorno à ênfase dada ao conteúdo, que vai superar as preocupações formais
relativas ao
design
gráfico. Após uma década de intenso interesse e desenvolvimento do
design
de
tipos digitais, por exemplo, em que a experimentação foi praticamente esgotada, vemos renascer o
interesse pela imagem e pela construção de sentido.
Uma vez que o acesso ás novas tecnologias é cada vez mais amplo, e, ao mesmo tempo, as
relações entre publicidade,
design
gráfico, comércio e cultura estão mudando rapidamente, há pouca
noção do papel, da concepção de valores e do sentido de responsabilidade da profissão. Resta ao
designer
definir uma postura clara e mais responsável quanto aos critérios envolvidos na mensagem
a ser comunicada”
(ADG BRASIL, 2004, P. 23-24).
Ana Luiza Escorel (ESCOREL, 2004, P. 45) reforça tais idéias: “[...] para projetar com
competência, o designer precisa, antes de mais nada, processar os dados de sua própria identidade,
esquivando-se dos atalhos conhecidos, trilhados por ele mesmo ou pelos colegas de profissão”. E também: “A
elaboração de um programa de identidade visual para empresas pressupõe a compreensão de uma dada
organização em seus aspectos estruturais, em seu desempenho, em seus objetivos estratégicos”. Nenhum
destes itens depende do computador.
Marcello Montore reforça a relação de independência entre design e informática:
“Os três ingredientes básicos para um bom
designer
resumem-se em talento, criatividade e
repertório. O talento, em geral, é nato. A criatividade pode ser estimulada e desenvolvida. O
repertório, que se reflete na cultura do
designer
, vai sendo adquirido ao longo da vida e, sobretudo,
através da leitura. Por isso, não lhe dar a devida atenção significa privar-se de parte do
desenvolvimento pessoal necessário para produzir um bom profissional”
(ADG BRASIL, 2004, P. 199).
Cecília Consolo comenta sobre “Ponto e linha sobre o plano”, de Wassily Kandisnky, e
dá um depoimento interessante sobre design, que em nada se relaciona, diretamente, com a
computação gráfica: “Este livro mudou minha vida quando eu ainda era estudante de graduação. Fez com
que eu visse que desenho é uma forma de pensamento e um processo mental de apreender o mundo físico e
imaginário”
(ADG BRASIL, 2004, P. 206).
O ensino também é uma preocupação de Edna e Guilherme Cunha Lima:
“Há cerca de quinze anos, a substituição das pranchetas pelos computadores e do
conhecimento tradicional das artes gráficas pelos programas eletrônicos tomou nossa profissão de
surpresa. Não que os
designers
estivessem desatualizados, ou que as escolas não previssem a
importância crescente dessas mudanças. O que surpreendeu foi a rapidez com que leigos se