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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO
CAROLINA BEATRIZ DA SILVA SOUZA
ESTADO NUTRICIONAL DE VITAMINA A EM ESCOLARES DO
MUNICÍPIO DE CAMARAGIBE, ESTADO DE PERNAMBUCO - 2004
RECIFE – 2006
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Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
2
CAROLINA BEATRIZ DA SILVA SOUZA
ESTADO NUTRICIONAL DE VITAMINA A EM ESCOLARES DO MUNICÍPIO
DE CAMARAGIBE, ESTADO DE PERNAMBUCO - 2004
Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-graduação em
Nutrição da Universidade
Federal de Pernambuco, como
parte dos requisitos para
obtenção do título de Mestre em
Nutrição em Saúde Pública.
Orientador (a): Prof
a
Dr
a
Ilma Kruze Grande de Arruda
Co-Orientador: Profº Dr. Alcides da Silva Diniz
RECIFE – 2006
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Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
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Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
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DEDICATÓRIA
A meus pais, pelo amor construído a cada dia.
A meu irmão Flávio, pelo exemplo de força e dedicação em que me espelho.
A Tiago, sinônimo de companheirismo, amizade e amor, importante em minha vida.
A minha tia Ivanise e minha avó Amara, pelo acolhimento e amor dados durante esta
jornada.
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
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AGRADECIMENTOS
A Deus, princípio da vida e razão de nossa existência.
À professora Drª. Ilma Kruze Grande de Arruda, pelos dedicados dias de orientação, de
ensinamentos, de experiência e de amizade, e ao professor Dr. Alcides da Silva Diniz, pela
co-orientação e atenção em todos os momentos.
À Lisiane, amiga desde o primeiro dia de aula de graduação, pela amizade incomparável.
Às colegas do mestrado, pela ajuda mútua durante todo este percurso.
À Pós-Graduação em Nutrição da Universidade Federal de Pernambuco e aos laboratórios
de Nutrição em Saúde Pública e Nutrição Clínica, pelos acolhimentos durante todo o curso.
À Maria de Jesus, pelo companheirismo e dedicação, e à Necy Nascimento, secretária da
Pós-Graduação em Nutrição, pela paciência e disponibilidade em ajudar sempre.
Ao professor José Natal, pela paciência e presteza na orientação estatística.
Aos escolares do Município de Camaragibe que participaram deste estudo, sem os quais
nada seria possível.
A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a elaboração deste trabalho.
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
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SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS
LISTA DE QUADROS E GRÁFICOS
RESUMO
ABSTRACT
1 – INTRODUÇÃO 15
1.1 Vitamina A: aspectos gerais 15
1.2 – Hipovitaminose A: quadro epidemiológico 18
1.3 Tratamento e Prevenção 23
1.4 Estado nutricional 24
1.5 - Consumo alimentar 28
2 – JUSTIFICATIVA 36
3 – OBJETIVOS 37
3.1 Geral 37
3.2 Específicos 37
4 – METODOLOGIA 38
4.1 Desenvolvimento da pesquisa 38
4.2 Local da pesquisa 38
4.3 Desenho do estudo 39
4.4 População de estudo 39
4.4.1 Amostragem e Casuística 39
4.4.2 Critérios de elegibilidade 41
4.5 Definição das variáveis 41
4.5.1 Variáveis Independentes 41
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
7
4.5.2 Variável dependente 41
4.6 – Métodos e Técnicas de Avaliação 41
4.6.1 Método Bioquímico 42
4.6.2 Método Antropométrico 44
4.6.3 Método dietético 45
4.7 Formulário de entrevista 46
4.8 – Processamento e análise dos dados 46
4.9 Considerações éticas 47
5 – RESULTADOS 48
5.1 Características da amostra 48
5.2 Estado Nutricional de Vitamina A 49
5.2.1. Concentrações de retinol sérico 49
5.2.2. Consumo de alimentos fonte de vitamina A 51
5.3. Avaliação antropométrica 53
5.3.1. Índice de Massa Corporal (IMC) 53
5.4. Estado Nutricional de Vitamina A vs Variáveis demográficas 55
5.4.1. Retinol sérico vs sexo 55
5.4.2. Retinol vs idade 56
5.4.3. Retinol vs IMC 58
5.5. Consumo de alimentos fonte de vitamina A vs variáveis demográficas 60
5.5.1. Consumo de alimentos fonte de vitamina A vs sexo 60
5.5.2. Consumo de alimentos fonte de vitamina A vs idade 62
5.6. Índice de Massa Corporal vs variáveis demográficas 63
5.6.1. IMC vs sexo 63
5.6.2. IMC vs idade 65
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
8
6 – DISCUSSÃO 68
7 – CONCLUSÕES 77
8 – RECOMENDAÇÕES 79
9 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 80
10 – ANEXOS 97
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
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LISTA DE TABELAS
1. Distribuição da amostra segundo o sexo de escolares de 7 a 14 anos de idade do
Município de Camaragibe - PE, 2004 48
2. Distribuição da amostra segundo o estágio de vida de escolares de 7 a 14 anos de idade
ensino do Município de Camaragibe - PE, 2004 49
3. Distribuição da freqüência de retinol sérico de escolares de 7 a 14 anos de idade do
Município de Camaragibe - PE, 2004 51
4. Freqüência diária de consumo de alimentos fonte de vitamina A, de origem animal, de
escolares de 7 a 14 anos de idade do Município de Camaragibe - PE, 2004 52
5. Freqüência diária de consumo de alimentos fonte de vitamina A, de origem vegetal, de
escolares de 7 a 14 anos de idade do Município de Camaragibe - PE, 2004 52
6. Estado nutricional, segundo o Índice de Massa Corporal em escolares de 7 a 14 anos de
idade do Município de Camaragibe - PE, 2004 54
7. Distribuição dos níveis séricos de retinol de escolares de 7 a 14 anos de idade de acordo
com o sexo, do Município de Camaragibe - PE, 2004 55
8. Distribuição da freqüência de retinol sérico, segundo o sexo de escolares de 7 a 14 anos
de idade do Município de Camaragibe - PE, 2004 56
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
10
9. Distribuição dos níveis séricos de retinol de escolares de 7 a 14 anos de idade de acordo
com o estágio de vida do Município de Camaragibe - PE, 2004 58
10. Distribuição das concentrações séricas de retinol, segundo o Índice de Massa Corporal,
de escolares de 7 a 14 anos de idade do Município de Camaragibe - PE, 2004 59
11. Freqüência de consumo de alimentos fonte de vitamina A, de origem animal, de acordo
com o sexo, de escolares de 7 a 14 anos de idade do Município de Camaragibe - PE, 2004
61
12. Freqüência de consumo de alimentos fonte de vitamina A, de origem vegetal, de
acordo com o sexo, de escolares de 7 a 14 anos de idade do Município de Camaragibe -
PE, 2004 61
13. Consumo de alimentos fonte de vitamina A, de origem animal, segundo os diferentes
estágios de vida de escolares de 7 a 14 anos de idade do Município de Camaragibe - PE,
2004 62
14. Consumo de alimentos fonte de vitamina A, de origem vegetal, segundo os diferentes
estágios de vida de escolares de 7 a 14 anos de idade do Município de Camaragibe - PE,
2004 63
15. Medianas e percentis do Índice de Massa Corporal, segundo o sexo, em escolares de 7
a 14 anos de idade do Município de Camaragibe - PE, 2004 64
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
11
16. Estado nutricional segundo o Índice de Massa Corporal, de acordo com o sexo, de
escolares de 7 a 14 anos de idade do Município de Camaragibe - PE, 2004 65
17. Medianas e percentis do Índice de Massa Corporal, segundo os grupos de estágio de
vida, em escolares de 7 a 14 anos de idade do Município de Camaragibe - PE, 2004 66
18. Estado nutricional segundo o Índice de Massa Corporal, de acordo com os diferentes
estágios de vida, de escolares de 7 a 14 anos de idade do Município de Camaragibe - PE,
2004 67
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
12
LISTA DE QUADROS E GRÁFICOS
Quadro 1. Classificação da deficiência de vitamina A segundo a Organização Mundial da
Saúde, 1996 43
Quadro 2. Índice de Massa Corpórea, segundo o CDC, 2000 45
Gráfico 1 – Curva de distribuição das concentrações de retinol sérico, em escolares de 7 a
14 anos de idade do Município de Camaragibe - PE, 2004 50
Gráfico 2. Curva de distribuição do Índice de Massa Corporal em escolares de 7 a 14 anos
de idade do Município de Camaragibe, 2004 53
Gráfico 3. Distribuição dos níveis séricos de retinol segundo a idade dos escolares de 7 a
14 anos de idade do Município de Camaragibe - PE, 2004 57
Gráfico 4. Distribuição dos níveis séricos de retinol segundo o Índice de Massa Corporal
em escolares de 7 a 14 anos de idade do Município de Camaragibe - PE, 2004 60
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
13
RESUMO
A deficiência de vitamina A tem sido considerada um problema nutricional de moderado a
severo que aflige principalmente crianças em idade pré-escolar. No entanto, é possível que
essa deficiência constitua um problema de saúde importante em crianças em idade escolar.
O estudo, de desenho transversal, teve como objetivo estimar a prevalência de risco de
deficiência de vitamina A em 685 escolares de 7 a 14 anos de idade, regularmente
matriculados em rede pública e privada de ensino do Município de Camaragibe, PE, no ano
de 2004. O status de vitamina A foi avaliado pelas concentrações séricas de retinol; o
estado nutricional protéico-energético pelo Índice de Massa Corporal (IMC) e o consumo
alimentar qualitativo pelo Recordatório de 24 horas. Níveis baixos e marginais de retinol
sérico (<30,0µg/dL) foram encontrados em 67,5% dos escolares. As concentrações séricas
de retinol não mostraram correlação com o sexo (p = 0,781) nem com o IMC (p=0,054).
Porém, a idade apresentou uma relação direta com os níveis de retinol constituiu-se como
uma variável preditiva do estado nutricional de vitamina A (p<0,05). Aproximadamente
13% dos escolares apresentaram desnutrição e 7,4% e 3,8% sobrepeso e obesidade
respectivamente. A análise de consumo alimentar demonstrou um baixo acesso às
principais fontes de vitamina A no dia anterior à entrevista. A deficiência de vitamina A
em escolares mostrou-se uma carência nutricional importante. Portanto, deve-se considerar
este grupo biológico vulnerável ao quadro carencial de vitamina A.
Palavras chave: Deficiência de Vitamina A, escolares.
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
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ABSTRACT
Vitamin A deficiency has been considered a nutritional problem of a moderate to severe
level that affects specially children at preschool age. Furthermore, it has also been
considered that this deficiency affect children at school age. The present study, using a
transversal design, aimed to estimate the risk of prevalence of vitamin A deficiency in 685
students from 7 to 14 years old, regularly registered in either public or private schools from
Camaragibe, Pernambuco, in 2004. The vitamin A status was evaluated based on serum
concentrations of retinol; the energy-protein nutritional state was evaluated based on the
Body Mass Index (BMI), and the nutrient intake was evaluated based on the 24-hour
Record-keeper. Low and marginals levels of serum retinol (<30.0 µg/dL) were found in
67,5% of the school children. The serum concentrations of retinol did not show any
correlation with either gender (p=0,781) or BMI (p=0,054). However, age appeared as a
vitamin A nutritional state predictable variable (p<0,05). Approximately 13% of the school
children showed malnutrition signs, and 7.4% and 3.8% were overweighed and obese,
respectively. The nutrient intake analysis showed a small access to the main sources of
vitamin A the day before the interview. The insufficiency of vitamin A in school children
was shown to be an important nutritional deficiency. Therefore, it is important to consider
this biological group equally vulnerable to vitamin A deficiency.
Key words: Vitamin A Deficiency, school children.
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
15
1. INTRODUÇÃO
1.1 – Vitamina A: aspectos gerais
A vitamina A é um micronutriente vital para a saúde do ser humano e essencial em muitos
processos fisiológicos, incluindo diferenciação celular, manutenção da integridade
epitelial, visão, crescimento, reprodução e sistema imunológico. Esta última função leva a
uma redução na morbidade e mortalidade por algumas doenças infecciosas em crianças,
tais como doenças diarréicas, sarampo, tuberculose e malária (SOMMER, TARWOTJO e
KATZ, 1987; SOMMER, 1989; UNDERWOOD, 1994; WHO, 1996; SEMBA, 1999).
Por não ter a capacidade de sintetizar a vitamina A, o ser humano recebe este
micronutriente de fontes alimentares sob duas formas: 1 – vitamina A pré-formada em
alimentos de origem animal; 2 – pró-vitamina A na forma de carotenóides, precursores de
vitamina A sintetizados pelos vegetais. As fontes de vitamina A pré-formada são: leite
integral e seus derivados, gema de ovo, vísceras e peixes. As fontes dietéticas dos
carotenóides precursores de vitamina A são as hortaliças e frutas amarelo-alaranjadas e
verde-escuras e tubérculos (RONCADA, 1998; DINIZ, 1997).
Na região amazônica, Alencar et al. (2002) referem também frutos amazônicos com
elevado teor de caroteno, como o abricó, o buriti, o tucumã e a pupunha, sendo que,
consumidos na sua forma “in natura”, conferem maior disponibilidade dos seus
constituintes. No Nordeste brasileiro, são referidos ainda como fontes ricas de vitamina A,
os óleos de dendê e buriti (SOUZA e VILAS BOAS, 2002).
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
16
A vitamina A pré-formada e os carotenóides dos alimentos sofrem a ação de enzimas
proteolíticas no estômago, sendo liberados sob a forma de ésteres de retinil e agregados em
glóbulos junto a outros lipídios da dieta. Logo após são enzimaticamente convertidos a
retinol e absorvidos na porção alta do intestino, diminuindo à medida que se direciona a
porções distais do intestino. No interior celular, o retinil é reesterificado, transforma-se em
retinaldeído e é absorvido junto com as gorduras sendo transportado pela corrente
sanguínea para ser armazenado nos tecidos. Pode haver também a absorção direta de
retinol na circulação, acoplado à proteína carreadora de retinol (Retinol Binding Protein -
RBP) (COMBS Jr., 2002; HARRISON, 2005). Em boas condições fisiológicas, o retinol é
mais eficientemente absorvido do que os carotenóides; o percentual de absorção do retinol
gira em torno de 70 – 90%, enquanto o dos carotenóides situa-se entre 20 e 50% (DINIZ,
1997; DINIZ e SANTOS, 2000).
Esta absorção é afetada por diversos fatores, dentre eles: episódios freqüentes de
infestações e infecções, como as parasitoses intestinais e as diarréias (SOMMER, 1995);
fatores dietéticos, como a quantidade e a digestibilidade das proteínas ligadas aos
carotenóides nos alimentos e o nível e tipo de gordura da dieta, uma vez que sendo uma
vitamina lipossolúvel, a vitamina A necessita de gorduras para a absorção apropriada
(COMBS Jr., 2002; GALLAGHER, 2005).
O estado nutricional de vitamina A tem sido avaliado por vários indicadores, entre eles: os
inquéritos dietéticos qualitativos e quantitativos (consumo alimentar); o exame clínico,
observações de sinais e sintomas da xeroftalmia como manchas de Bitot e cegueira
noturna; o método citológico (citologia de impressão conjuntival); a dosagem do retinol
sérico e, com menor freqüência, a determinação da concentração hepática de retinol
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
17
(CAMPOS et al., 1995; SANTOS, BATISTA e DINIZ, 1996; DINIZ, 1997; DINIZ e
SANTOS, 2000; GERALDO et al., 2003).
A Organização Mundial da Saúde (1996) sugere a utilização de pelo menos dois
indicadores biológicos para caracterizar a deficiência de vitamina A. De modo alternativo,
a OMS propõe que se pode considerar somente um indicador biológico, desde que
acompanhado de pelo menos quatro indicadores indiretos, por exemplo nutricionais,
demográficos, de saúde, sociais, dentre os quais, citemos: 50% de crianças menores de 6
meses em aleitamento materno exclusivo, 15% com baixo peso ao nascer, 50% de
ausência de escolaridade formal feminina etc.
É importante salientar que, o retinol sérico é o indicador mais utilizado para avaliação do
estado de vitamina A; no entanto, não reflete os depósitos hepáticos desse nutriente, mas
pode ser aceito como expressão da condição adequada do estado nutricional relacionado
com a vitamina A ou como indicativo de risco para deficiência (BATISTA FILHO, 1999).
Sabe-se ainda que, nas infecções, há uma alteração na concentração de proteínas que
participam no processo de resposta da fase aguda, dentre as quais as proteínas carreadoras
da vitamina A. Por isso, vários autores recomendam a utilização de marcadores
inflamatórios da fase aguda, como o fibrinogênio, o amilóide sérico A, a Proteína C
Reativa, como fator indispensável para interpretação dos dados relativos à concentração
sangüínea de retinol, a qual é influenciada pela presença de infecção, ou seja, quanto maior
a gravidade do processo inflamatório, maior a redução da concentração sérica de retinol
(DINIZ e SANTOS, 2000; DE ABREU JORGE et al. 2002).
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
18
1.2 – Hipovitaminose A: quadro epidemiológico
A carência de vitamina A é uma desordem nutricional, mais conhecida pelos sinais e
sintomas maléficos sobre a visão e pelo aumento da morbimortalidade na infância. Nos
últimos 20 anos, a deficiência subclínica de vitamina A, associada a elevados riscos de
mortalidade e morbidade, principalmente em crianças, mereceu destaque (VELASQUEZ –
MÉLENDEZ e RONCADA, 1994, RAMAKRISHNAN e MARTORELL, 1998).
Paradoxalmente, é a causa de cegueira de mais fácil prevenção em crianças de todo o
mundo (WHO, 1995a).
Um dos primeiros sinais da deficiência é a visão prejudicada pela perda de pigmentos
visuais, que se manifesta clinicamente como cegueira noturna. Subsequentemente, a
deficiência de vitamina A pode levar a falhas nas funções sistêmicas, caracterizada por
desenvolvimento embrionário comprometido, espermatogênese alterada ou aborto
espontâneo, anemia e imunocompetência prejudicada. Também pode levar à
queratinização das membranas mucosas que revestem o trato respiratório, trato
gastrintestinal, canal urinário, pele e epitélio do olho. Tendo como manifestações clínicas o
crescimento prejudicado, cegueira causada por xeroftalmia e ulceração da córnea e
presença de infecções devido à maior exposição aos agentes infecciosos (GALLAGHER,
2005).
A hipovitaminose A, segundo a Organização Mundial da Saúde (1995a), é uma das
deficiências nutricionais mais prevalentes no mundo subdesenvolvido. São consideradas
populações de risco aquelas em que é provável encontrar concentrações teciduais baixas
desta vitamina para causar conseqüências adversas à saúde, sem que haja manifestações de
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
19
xeroftalmia. Uma prevalência igual ou maior a 20% de níveis de retinol sérico <0,70
µmol/L (< 20,0 µg/dL) indica um problema grave de saúde pública (WHO, 1996).
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), apontou 35 países em que essa
carência constitui um grave problema de saúde pública (UNDERWOOD, 1994). Para a
Organização Mundial de Saúde (1995), a Ásia e a África são as regiões onde se encontram
as maiores prevalências de xeroftalmia no mundo, enquanto que, a América Latina e o
Caribe estão incluídos no mapa da xeroftalmia como regiões de carência marginal de
vitamina A. Em âmbito mundial, a deficiência de vitamina A está presente em mais de 120
milhões de crianças pré-escolares; que representa 25% de crianças países de baixo índice
de desenvolvimento no mundo e desestabilizados por conflitos sociais (WEST JR, 2002).
Segundo o mesmo autor, 44% das crianças com deficiência de vitamina A vivem no Sul e
Sudeste da Ásia, 26 e 10% vivem na África e Oeste do Mediterrâneo, respectivamente, e
aproximadamente 6,5% vivem em regiões das Américas.
De acordo com a OMS (1995a), a deficiência de vitamina A existe tanto na forma clínica
como na subclínica em várias partes do mundo. Estima-se que 5 a 10 milhões de crianças
por ano são afetadas por esta deficiência, com manifestações clínicas, em sua maioria nos
países em desenvolvimento; enquanto que no estágio em que os sinais clínicos ainda não
estão evidentes denominados como deficiência subclínica, e têm como conseqüências
alterações metabólicas que afetam a sobrevivência infantil, atinge cerca de 230 milhões de
crianças por ano, podendo resultar daí 250 a 500 mil novos casos de cegueira.
Vários estudos são unânimes em referir dois fatores responsáveis para esta situação. A
inadequada ingestão de alimentos que contêm vitamina A associada a uma dieta pobre em
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
20
gorduras provocando assim uma absorção deficiente deste micronutriente, e a freqüência
de episódios infecciosos. O reconhecimento deste fato de extrema importância para a saúde
infantil é referido pela OMS (1996) que aponta a situação de déficit de vitamina A
associada à redução de 23% da mortalidade por diarréia em crianças.
Na acepção da OMS, alguns fatores causais estão relacionados à deficiência de vitamina A,
dentre eles precárias situações de pobreza, renda e escolaridade, rotulados como fatores
sócio-econômicos; freqüência de episódios infecciosos; doenças prevalentes na infância e
estado nutricional comprometido, entre outros. Apoiada na proposta de construção de um
modelo causal que, segundo Beghin (1989), visa representar de maneira simplificada a
causalidade complexa dos problemas nutricionais, particularmente a desnutrição
energético-protéica, Andrade (1998) apresenta o modelo hipotético-causal de
hipovitaminose A (Anexo 1) desenvolvido pelo UNICEF, como forma de identificar
prioridades em propostas de estratégias de intervenção, para subsidiar programas
governamentais com vistas à melhora da saúde e nutrição de grupos vulneráveis
principalmente em países em desenvolvimento. Demonstra-se, portanto que, embora seja
apresentada como uma carência específica, a ocorrência da deficiência de vitamina A é
resultado de uma situação de multicausalidade que expressa desde o consumo alimentar,
podendo ainda ser referido não só como ingestão insuficiente em termos de acesso, mas
também de poder de compra, até a política de desenvolvimento do país.
No Brasil, a hipovitaminose A encontra-se entre os três grandes problemas nutricionais,
juntamente com a desnutrição energético-protéica e as anemias (BATISTA FILHO e
RISSIN, 1993). No entanto, não se dispõem de inquéritos nacionais sobre o estado
nutricional de vitamina A, o que impede avaliar adequadamente a magnitude desta
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
21
deficiência no país. Mesmo assim, alguns estudos isolados colocam o Brasil como área
endêmica desta carência (BATISTA FILHO e TORRES, 1982). E segundo a OMS (1995),
o mesmo está entre os países da região onde a prevalência é elevada de carência subclínica
de vitamina A, considerada um problema de saúde pública.
O Nordeste brasileiro foi muito bem documentado como uma área típica de hipovitaminose
A (CASTRO, 1946; ICNND, 1965; BATISTA FILHO e TORRES, 1982; ROMANI, 1982;
SANTOS et al., 1996). Em 1963, o inquérito nutricional denominado Nutrition Survey of
Northeast Brazil, financiado pelo Interdepartmental Committee on Nutrition for National
Development (ICNND), foi realizado no período de março a maio de 1963, no Nordeste do
Brasil com o objetivo de se estudar grupos de famílias examinados em 16 localidades de
seis estados, constatando na região a freqüência global de 60% em crianças menores de
cinco anos com níveis de retinol inferiores a 20 µg/dL (<0,70 µmol/L) (ICNND, 1965).
Em 1999, Santos elaborou um documento técnico no qual apresentou o mapeamento e a
distribuição da ocorrência da hipovitaminose A no Brasil, baseado em estudos sobre a
prevalência da deficiência de micronutrientes demonstrando mais uma vez, que a carência
de vitamina A está bem caracterizada no Nordeste brasileiro, considerando-a como um
problema de saúde pública de moderado a severo, sobretudo na região semi-árida.
De um modo geral, as deficiências de micronutrientes acometem na sua maioria, grupos de
população considerados mais vulneráveis. Em crianças em idade pré-escolar, a deficiência
de vitamina A é preocupante (RONCADA et al., 1981; ARAÚJO et al., 1987;
GONÇALVES - CARVALHO et al., 1995). Estudos realizados em crianças nesta faixa
etária apontaram a deficiência de vitamina A como um problema de saúde pública
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
22
(PRADO et al., 1995; SANTOS et al., 1996; DINIZ, 1997; ASSIS et al., 1997; II - PESN,
1998; SANTOS, 2002; MARTINS, SANTOS e ASSIS, 2004).
No entanto, em escolares, adotando-se níveis de retinol sérico < 20,0 µg/dL como
indicador da deficiência de vitamina A, estudos realizados na África do Sul e em
Bangladesh demonstraram prevalências altas de hipovitaminose A, de 51% (OELOFSE et
al., 1999) e de 20% (PERSSON et al., 2000) respectivamente. Utilizando o mesmo
indicador bioquímico, no Sudeste da Ásia, numa população na faixa etária de 5 a 15 anos,
foi estimada a prevalência de 23,4% de deficiência de vitamina A (SINGH e WEST Jr.,
2004). Estes resultados indicam um grave problema de saúde pública nestas regiões para
esse grupo populacional.
No Brasil, no Estado de São Paulo, Roncada (1981), realizando exame clínico em 1660
crianças em idade pré-escolar e escolar, verificou que os grupos etários com as mais altas
proporções de lesões oculares foram aqueles de 7 a 10 anos e de 11 a 14 anos de idade. No
município de Campinas - São Paulo, Gonçalves-Carvalho et al. (1995) encontraram níveis
séricos insuficientes (<20 µg/dL) em 10,7% dos escolares na faixa etária de 6 a 10 anos.
Vitolo et al. (2004) investigaram os níveis séricos de 218 adolescentes com idade entre 10
e 19 anos, matriculados numa rede de ensino da cidade de São Paulo e encontraram uma
prevalência de 10,1% para níveis <30 µg/dL.
No Vale do Jequitinhonha - Minas Gerais, região considerada endêmica da deficiência,
Araújo (1986) ao realizar um estudo com crianças menores de 12 anos, numa amostra de
844 escolares da região urbana de 492 escolares da região, observou prevalências de 31,1%
e 23,6% de valores críticos de retinol sérico entre 10 e 20µg/dL respectivamente.
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
23
Recentemente, Santos et al. (2005), estudando 241 escolares de 6 a 14 anos de idade, da
zona rural do município de Novo Cruzeiro – Minas Gerais, encontraram a deficiência de
vitamina A (<20,0 µg/dL) em 29% dos indivíduos estudados e concluíram que a
hipovitaminose A é um problema de saúde pública entre os escolares dessa região;
enquanto que, Ramalho et al., (2004), ao avaliar 574 escolares na faixa etária de 7 a 17
anos no Rio de Janeiro, encontraram ocorrência de hipovitaminose A em 10,3%, porém,
tendo como ponto de corte os níveis de retinol sérico <1,05 µmol/L.
Em um bairro da Região Metropolitana do Recife, Veras (2004), estudando aspectos
alimentares e nutricionais em escolares no ano de 2001, encontrou prevalência de 20,9%
de hipovitaminose A (<20,0 µg/dL). No mesmo estudo, a autora concluiu que, mediante a
comparação de resultados entre os anos de 1982 e 2001, a hipovitaminose A praticamente
se manteve estacionária neste grupo etário.
Segundo Ramalho et al (2004), atualmente não há reconhecimento do risco da carência de
vitamina A para a faixa etária em questão, partindo-se do pressuposto de que, em idades
maiores, há uma tendência à diminuição das taxas de baixos níveis de retinol sérico e que,
referem os autores, está mal documentado na literatura, necessitando de mais estudos para
confirmar esta tendência.
1.3 – Tratamento e prevenção
São várias as estratégias universalmente reconhecidas para controlar e eliminar as
deficiências de micronutrientes na população, sobretudo a deficiência de vitamina A.
Como medida de curto prazo, a suplementação tem sido realizada no Brasil desde 1983,
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
24
com distribuição massiva de megadoses de vitamina A na maioria das áreas de risco, como
o Nordeste, Vale do Jequitinhonha (MG) e Vale do Ribeira (SP), e em menor escala, em
nível ambulatorial, pela rede básica de saúde. O Ministério da Saúde (2001) preconiza para
crianças de 6 a 12 meses e menores de 59 meses de idade, a distribuição de 100.000 e
200.000 UI respectivamente, realizada de um modo geral junto ao programa de
imunização, utilizando também o dia nacional da pólio para a distribuição da cápsula. Para
as puérperas, a aplicação da megadose (200.000 UI) é realizada no pós-parto imediato
(antes da alta hospitalar). A médio e longo prazos, outras medidas efetivas são realizadas
no tratamento e prevenção da hipovitaminose A, destacando-se as experiências de
fortificação de alimentos com vitamina A e ações de saúde e educação nutricional junto à
população.
1.4 – Estado Nutricional
O estado nutricional de crianças é um instrumento importante para avaliar as condições de
saúde e de vida de uma população e o seu acompanhamento permite estabelecer medidas
objetivas para a melhoria dessas condições. Sob o ponto de vista biológico, o estado de
nutrição é definido como a disponibilidade e a utilização de nutrientes e energia em nível
celular.
Desta forma, quando a oferta de nutrientes advinda da alimentação corresponde às
necessidades nutricionais, a situação nutricional do indivíduo é considerada normal
(BATISTA FILHO, 1999).
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
25
Para avaliar o estado nutricional, a antropometria é amplamente utilizada em indivíduos e
grupos populacionais (VICTORA et al., 1998). Na avaliação do estado nutricional de
crianças e adolescentes a antropometria é especialmente importante porque permite
monitorar a evolução das modificações do crescimento. Além disso, durante a fase de
crescimento, o indivíduo pode estar sujeito tanto aos déficits nutricionais quanto aos
excessos, e a antropometria é um indicador do estado nutricional e de risco para a saúde
(WHO, 1995b).
O uso do Índice de Quetelet (peso corporal/altura²), frequentemente também chamado de
Índice de Massa Corporal (IMC) em crianças e adolescentes tem sido validado em muitos
estudos, apresentando alta especificidade para diagnóstico do estado nutricional, sobretudo
na identificação da obesidade, com ponto de corte no percentil 95 (SICHIERI e ALLAM,
1996; ABRANTES, LAMOUNIER e COLOSIMO, 2003). As limitações referentes à
aplicabilidade do IMC em crianças e adolescentes são baixa correlação com a estatura, a
alta com o peso e não permitir distinguir o acúmulo de tecido adiposo e a quantidade de
massa magra, dificultando a diferenciação entre sobrepeso com excesso de gordura e
hipertrofia da massa muscular, como é o caso de atletas. (MONDINI e MONTEIRO,
1998).
Quanto ao limite inferior do IMC, que define magreza, é também importante avaliar
conjuntamente com o estágio de maturação sexual. O baixo peso, particularmente nos
adolescentes que ainda não passaram pela fase do estirão, poderá comprometer o
crescimento, pois neste período as necessidades nutricionais estão aumentadas para cobrir
o aumento das dimensões corporais (WHO, 1995).
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
26
Embora o IMC não seja capaz de fornecer a composição corporal, deve-se considerar sua
facilidade de mensuração já que utiliza dados antropométricos de peso e estatura que são,
como já citado, de fácil obtenção. Outra vantagem refere-se a sua boa reprodutibilidade
(GARROW e WEBSTER, 1985; ANJOS, 1992).
A discrepância entre as necessidades fisiológicas e a ingestão de alimentos causa alterações
físicas nos indivíduos, desde o sobrepeso e a obesidade até graves quadros de desnutrição.
Segundo Spear (2002) o período da adolescência é considerado vulnerável em termos
nutricionais por várias razões, dentre as quais, uma maior demanda de nutrientes que
relacionados ao crescimento e desenvolvimento e as mudanças do estilo de vida e hábitos
alimentares, pois afetam a ingestão e as necessidades de nutrientes.
Na idade escolar, os problemas nutricionais persistem como seqüelas epidemiológicas,
possibilitando uma retrospectiva do processo nutricional expresso, sobretudo, no déficit
estatural, retratando os efeitos cumulativos da desnutrição (CARVALHO et al., 2000;
LAURENTINO, ARRUDA e ARRUDA, 2003). Nessa faixa etária, o impacto da
desnutrição sobre o crescimento linear, desenvolvimento cerebral e aquisição óssea podem
ser de longa duração e irreversível (SPEAR, 2002). Mondini e Monteiro (1998) ressaltam
que a desnutrição conduz à deficiência no crescimento e desenvolvimento, à maior
vulnerabilidade a doenças infecciosas, ao comprometimento de funções reprodutivas e à
redução da capacidade de trabalho.
Os dados atuais sobre a situação nutricional no Brasil demonstram a redução da
desnutrição energético-protéica, decorrente da escassez dos alimentos, enquanto o
sobrepeso e a obesidade, devido ao excesso de consumo alimentar, vêm tendo um
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
27
crescimento linear indicando assim, uma situação definida por Monteiro e cols (1995)
como “Transição Nutricional”. Ainda segundo os autores, a desnutrição, embora ainda
tenha grande importância para o grupo de indivíduos de menor idade, principalmente
pertencentes a famílias de baixa renda, vem apresentando tendência de diminuição em
todos os estágios de vida em todos os estratos econômicos. Curiosamente a obesidade vem
aumentando, principalmente nas famílias mais pobres.
O número de crianças e adolescentes com sobrepeso e obesidade tem aumentado
substancialmente nas ultimas décadas constituindo um importante fator de preocupação na
área de saúde pública, pois estes distúrbios nutricionais observados precocemente entre
indivíduos estão geralmente associados ao surgimento e desenvolvimento de fatores de
risco que podem predispor, no futuro quando adultos, à maior incidência de distúrbios
metabólicos e funcionais.
Como definição, a obesidade pode ser considerada como um acúmulo de tecido gorduroso,
regionalizado ou em todo corpo, causado por doenças genéticas ou endócrino-metabólicas
ou ainda, por alterações nutricionais. A obesidade exógena ou nutricional reflete um
excesso de gordura decorrente de um balanço positivo de energia entre a ingestão e o gasto
energético, sendo responsável por cerca de 95% dos casos de obesidade (FISBERG, 1995).
As conseqüências imediatas da obesidade podem ser traduzidas por sua influência na
saúde, suas repercussões psicossociais e impacto na qualidade de vida.
A longo prazo, o aumento do peso corporal associa-se a problemas debilitantes da saúde,
alem de constituir fator de risco para doenças crônicas não transmissíveis, entre elas, o
diabetes mellitus, a hipertensão arterial, as dislipidemias, as doenças cardiovasculares, as
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
28
doenças na vesícula biliar e alguns cânceres (GAMBA e BARROS JR., 1999). De acordo
com Albano e Souza (2001), o aumento no consumo de alimentos gordurosos, com alta
densidade energética, e a diminuição da prática de exercícios físicos são os dois principais
fatores, associados ao meio ambiente, que colaboram para o aumento da prevalência da
obesidade.
Dados da Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição – PNSN, implementada em 1989
(IBGE, IPEA, INAN, 1990), apontavam para a existência (na época) de cerca de um
milhão e meio de crianças (menores de 10 anos) obesas no Brasil, por outro lado,
observou-se uma diminuição nos índices de desnutrição em relação ao ENDEF.
Para Taddei (1995), no Brasil, a obesidade infantil aumentou nos últimos anos, devido às
mudanças ambientais, como o hábito das crianças, de alguns estratos de renda se
dedicarem à programação da televisão ou utilizar o computador durante várias horas por
dia, situações que contribuem para a diminuição do gasto energético devido a redução ou
nenhuma atividade física.
1.5 – Consumo alimentar
Existe um consenso de que a alimentação pode influenciar o estado de saúde do indivíduo.
Do ponto de vista de monitoramento populacional, os dados de consumo são importantes, à
medida que possibilitam o estudo das informações da dieta e dos hábitos alimentares de
uma população e constituem o primeiro indicador de risco nutricional, além de permitirem
a recomendação de políticas de alimentação e abastecimento (MAESTRO, 2002).
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
29
Os inquéritos de consumo de alimentos em nível familiar ou individual são indicadores
indiretos do estado nutricional e são importantes para detectar carências dietéticas
específicas e orientar os programas de suplementação alimentar (SIGULEM,
DEVINCENZI e LESSA, 2000).
No Brasil, as informações sobre o consumo alimentar da população são escassas.
Complexidades metodológicas aliadas a questões de custo e de falta de pessoal qualificado
poderiam explicar em parte a escassez de informações sobre consumo alimentar em nosso
meio. O ICNND (1965) avaliando populações do Nordeste foi pioneiro em inquéritos
nutricionais no país e trouxe como resultados, consumo abaixo das recomendações para
proteínas, ferro e vitamina A. No entanto, o déficit de consumo energético foi demonstrado
em 1974-75 pelo ENDEF (Estudo Nacional de Despesas Familiares) (1976) numa amostra
probabilística de 55 mil domicílios em todo o país, que revelou também que, apenas a
população das regiões metropolitanas de Salvador e Rio de Janeiro tiveram consumo
adequado de vitamina A (GERALDO et al., 2003). Apesar de poucos registros, os estados
do Nordeste estão mais expostos ao problema da deficiência de vitamina A em virtude dos
períodos prolongados de seca (estiagem), conforme descrito por Castro em “Geografia da
Fome”.
Conta-se também com o Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar realizado pelo
Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição e Ministério da Saúde (INAN-MS) e
coordenado pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação (NEPA) no ano de 1996,
em cinco cidades do país. As informações obtidas neste estudo foram sobre o consumo
alimentar familiar cujo objetivo era medir entre as famílias a disponibilidade de cem
gêneros alimentícios. A metodologia empregada neste estudo permitiu conhecer o perfil de
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
30
consumo da população envolvida e sua situação de risco nutricional referente a vários
nutrientes, inclusive vitamina A, mostrando inadequações importantes em algumas cidades
(GALEAZZI, DOMENE e SCHIERI, 1997).
A recente divulgação dos dados da Pesquisas de Orçamento Familiar (POF) traz
informações sobre o estado nutricional da população adulta brasileira, bem como sobre a
disponibilidade de alimentos consumidos no âmbito domiciliar. A 2ª etapa de divulgação
dos resultados da POF 2002-2003 revela que, em geral, as famílias brasileiras consomem
muitos alimentos com alto teor de açúcar, principalmente refrigerantes, e poucas
quantidades de frutas e hortaliças. De cunho econômico, as (POFs) constituem uma fonte
importante de dados sobre o consumo alimentar no país, obtidos a partir da focalização
sobre a despesa gerada pela compra de alimentos (ROCHA, 2000)
A importância de se conhecer o consumo alimentar se deve ao fato de que, as carências
nutricionais específicas na faixa etária que compreende a infância e a adolescência podem
comprometer o crescimento, a maturação sexual, o desenvolvimento intelectual e o
desempenho escolar (ANJOS, 1989). Para as jovens em idade fértil, em especial a
deficiência de vitamina A, além do risco de infecções, representa um risco elevado de
problemas na gestação, associado a um maior risco de morbimortalidade materna no
período pós-parto e do lactente nos seis primeiros meses de vida (WHO, 2001).
Neste estágio de vida, existe uma maior vulnerabilidade para o desenvolvimento de
carências nutricionais, visto que a infância e a adolescência são etapas do desenvolvimento
acompanhadas de processos de crescimento e de maturação, tanto do ponto de vista
somático como do psicológico. Trata-se de um período de elevada demanda nutricional, e,
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
31
por este motivo, a nutrição desempenha um papel importante no desenvolvimento, uma vez
que o consumo de uma dieta inadequada pode influenciar de forma desfavorável o
crescimento somático.
Para fazer face às demandas produzidas pelo estirão da adolescência, as necessidades
energéticas aumentam com o rápido crescimento, com a maior proporção de massa
corporal magra, com a menor proporção de gordura no organismo, com o aumento da
atividade física, com o desenvolvimento muscular e com a maturação esquelética (SAITO,
1993). Segundo o mesmo autor, são importantes, ainda, os fatores culturais, tradições e
tabus, que influenciam o consumo dos alimentos disponíveis e contribuem para moldar o
hábito nesta fase. As necessidades vitamínicas estão todas aumentadas devido ao aumento
do anabolismo e do gasto energético na puberdade. Outros fatores também contribuem
para esse aumento, como as atividades físicas, gravidez, contracepção oral e doenças
crônicas. O aumento da necessidade das vitaminas A, C e D, e do Complexo B é
progressivamente maior durante o estirão puberal, com as diferenciações celulares e a
mineralização óssea (COBAYASHI, LOPES e TADDEI, 2005).
Em relação aos hábitos alimentares, é importante frisar que estes são praticamente
consolidados na infância e tendem a permanecer ao longo da vida. Sabe-se que a formação
dos hábitos alimentares é influenciada por fatores fisiológicos, psicológicos, sócio-
culturais e econômicos. Na adolescência o comportamento alimentar é fortemente
influenciado pelos hábitos familiares, mas também está vinculado aos hábitos e costumes
do grupo etário e à crescente preocupação com a imagem corporal (FISBERG et al., 2000).
O baixo consumo de frutas e verduras, refeições irregulares e fora de casa, lanches, e
adoção de padrões de dieta alternativos caracterizam os hábitos alimentares dos pré-
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
32
adolescentes e adolescentes. Estes hábitos são ainda mais influenciados pela família, pelos
colegas e pela mídia (SPEAR, 2002). Segundo Eisenstein et al. (2000), deficiências
vitamínicas em crianças e adolescentes são mais freqüentes quando não têm o hábito de
ingestão diária de frutas, vegetais, leite ou cereais.
As alterações nutricionais advindas do consumo insuficiente – estados carenciais - e do
consumo alimentar excessivo – obesidade, são bem conhecidas (MONDINI e
MONTEIRO, 1994). Devidos aos maus hábitos alimentares, as crianças em idade escolar
estão em maior risco de desenvolver distúrbios da alimentação e estão mais vulneráveis a
complicações destes distúrbios. Com o processo de transição nutricional, a obesidade na
infância e na adolescência está se tornando um problema cada vez mais freqüente tendendo
a persistir na vida adulta.
No Brasil, estudos têm demonstrado que, apesar do aumento da prevalência da obesidade,
ainda se mantenham as prevalências relacionadas às carências nutricionais específicas
(SICHIERI et al., 1997). No entanto, é importante salientar que as carências nutricionais
podem ocorrer de forma isolada, como também associada não só ao déficit nutricional
como ao excesso de peso. Saraiva (2004), avaliando adolescentes de 12 a 17 anos com
sobrepeso e obesidade, concluiu que o excesso de peso não está livre de ser acometido por
determinadas carências nutricionais o que é refletido pelos hábitos alimentares nos
adolescentes. A autora também encontrou um baixo consumo de frutas, legumes e vegetais
entre os adolescentes,em que estes grupos de alimentos são considerados pouco calóricos e
rico em fibras, o que poderia explicar, pelos hábitos alimentares, o surgimento do excesso
de peso.
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
33
Vários estudos comprovam a relação entre a alimentação inadequada e o surgimento de
doenças entre crianças e adolescentes. Cavadini (1996) relata que os adolescentes têm sido
identificados como um grupo de risco nutricional devido aos seus hábitos alimentares.
Carvalho et al. (2001) enfatizam a importância da identificação precoce de práticas
alimentares inadequadas a fim de que medidas corretivas, dirigidas especialmente a
escolares, sejam adotadas para a obtenção de dietas que atendam as necessidades
nutricionais dos mesmos, favorecendo a prevenção de doenças, especialmente as crônicas.
Dentre as medidas de intervenção, a escola constitui um órgão importante para a educação
nutricional.
Vannucchi et al., (1990), salientaram que a orientação para a formação de adequados
hábitos alimentares deve ser, em parte, assumida pelo sistema de saúde e educacional, e
também, com o envolvimento dos meios de comunicação.
Existem diversas metodologias de inquérito de consumo alimentar para quantificar a
ingestão de nutrientes de indivíduos e comunidades, tendo cada um deles vantagens e
limitações. De acordo com Cintra et al.,(1997), os métodos podem ser classificados em
qualitativos e quantitativos. Marr (1971) define-os em duas categorias: os que registram o
consumo atual de alimentos (pesagem de alimentos, registro alimentar e o recordatório 24
horas) e os que recordam o consumo passado de alimentos (história dietética e questionário
de consumo alimentar).
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
34
Recordatório de 24 horas
O Recordatório de 24 horas consiste em obter informações escritas ou verbais sobre a
ingestão alimentar das últimas 24 horas, com dados sobre os alimentos atualmente
consumidos e informações sobre peso/tamanho das porções que deveriam ser, em tese,
fornecidas por meio de fotografias ou modelos de porções. Foi utilizado pela primeira vez
no Brasil nos anos 30 (VASCONCELOS, 2000).
Bastante usado em todo o mundo, o método recordatório 24 horas é um instrumento que
requer um nutricionista ou entrevistador bem treinado para a realização da coleta de dados.
Em geral, esse instrumento é bem aceito pelos entrevistados, o tempo de aplicação é curto,
o custo é baixo e não promove alteração da dieta habitual (CAVALCANTE et al., 2004).
Segundo Bonomo (2000) a utilização do recordatório 24 horas em estudos epidemiológicos
apresenta muitas vantagens dentre elas é a fácil aplicação, podendo ser realizada em
populações não alfabetizadas.
No que tange as limitações, as referências são: o entrevistado tem que recordar, definir e
quantificar sua ingestão alimentar do dia anterior à entrevista, refletir a ingestão atual, não
representando os hábitos alimentares e não considerar a sazonalidade. Além do mais é
importante frisar que a ingestão real pode estar omitida pelo sub-registro. Alguns autores
recomendam o emprego do método recordatório 24 horas por três dias para avaliar o total
da ingestão de alimentos e nutrientes, possibilitando assim estimar as diferenças entre
grupos de indivíduos em pesquisas epidemiológicas. Apesar de todas as limitações e
significativas fontes de erro, esse método é muito usado (CINTRA, 1997; BONOMO,
2000; CAVALCANTE et al., 2004).
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
35
Deve-se salientar ainda que, a análise do consumo alimentar, particularmente de vitamina
A e carotenóides, é de certa forma complexa, e contribuem para esta situação a utilização
das tabelas de composição química de alimentos, a perda sofrida no armazenamento, o
modo de preparo dos alimentos, a diversificação dos carotenóides nas frutas e vegetais e o
efeito da maturação, o tipo de solo utilizado para plantação entre outros.
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
36
2 - JUSTIFICATIVA
Embora a maioria dos estudos sobre a hipovitaminose A enfoque crianças de idade pré-
escolar, alvo preferencial da deficiência, é possível que essa deficiência constitua um
problema importante de saúde em crianças em idade escolar (RONCADA, 1981;
SANTOS, 1983; ARAÚJO, 1987; GONÇALVES-CARVALHO et al.,1995; RAMALHO
et al., 2004; VERAS, 2004; VITOLO et al., 2004; SANTOS et al., 2005).
Convém ressaltar que são escassos no Brasil dados referentes a estudos sobre deficiência
de vitamina A em crianças em idade escolar, visto que se conhece pouco sobre o problema
nessa faixa etária.
Assim justifica-se a realização deste trabalho para uma melhor compreensão desta
problemática nutricional no grupo escolar como forma de subsidiar o Programa de
Alimentação Escolar e, como conseqüência, a inclusão desse grupo no programa nacional
de combate e prevenção da deficiência de vitamina A.
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
37
3 – OBJETIVOS
3.1 - Geral:
Avaliar o estado nutricional de vitamina A em escolares do município de Camaragibe,
Estado de Pernambuco.
3.2 – Específicos
Estimar a prevalência de risco de deficiência de vitamina A utilizando as concentrações de
retinol sérico;
Caracterizar a carência de vitamina A considerando as variáveis demográficas sexo e
idade;
Avaliar o estado nutricional pondo-estatural utilizando o Índice de Massa Corporal;
Estabelecer eventuais associações entre a carência de vitamina A e as alterações do estado
nutricional;
Descrever o consumo alimentar a partir do Inquérito Recordatório de 24 horas.
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
38
4 – METODOLOGIA
4.1 - Desenvolvimento da pesquisa
A investigação foi desenvolvida como parte do projeto “Sobrepeso e obesidade infantil em
escolares da rede pública e privada do município de Camaragibe – PE, 2004”, que teve
como objetivo geral: determinar a prevalência de sobrepeso e obesidade, utilizando o
Índice de Massa Corporal; e como objetivos específicos: verificar a ocorrência dos déficits
de vitamina A, de ferro e de zinco e traçar o perfil do consumo alimentar, realizado no ano
de 2004.
4.2 – Local da pesquisa
O estudo foi desenvolvido no Município de Camaragibe, integrante da Região
Metropolitana do Recife (RMR), estado de Pernambuco. Segundo IBGE (1999), o
Município tem uma população de 118.968 habitantes e densidade demográfica de 2.100
hab/km². A principal atividade econômica é o comércio (69%), grande parte dele informal,
e como atividade crescente o turismo, uma vez que a região denominada Aldeia, constitui-
se num patrimônio ambiental, com trechos de Mata Atlântica, rios e um clima ameno.
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
39
4.3 – Desenho do estudo
O estudo foi do tipo observacional de corte transversal, no qual os dados são úteis na
avaliação das necessidades em saúde das populações, por retratarem a prevalência da
doença. Este tipo de estudo exige um menor complexo operacional quando comparado ao
de caso-controle e de coorte; é relativamente barato, simples e de baixo custo,
possibilitando maior rapidez na obtenção dos resultados, sendo, portanto, o mais
amplamente difundido em epidemiologia. No entanto, seus resultados não são indicativos
de seqüência temporal, pois não fornece dados de incidência; possui baixo poder analítico,
em que as únicas conclusões derivadas da análise desse tipo de estudo, restringem-se às
relações de associações e não de causalidade (ROUQUAYROL e ALMEIDA FILHO,
1999).
4.4 – População de estudo
Crianças em idade escolar (7-14 anos), de ambos os sexos, regularmente matriculadas em
escolas públicas e privadas do município de Camaragibe, Pernambuco, no ano de 2004.
4.4.1 – Amostragem e Casuística
A amostra foi do tipo aleatório por conglomerado. O cálculo da amostra foi inferido a
partir de uma prevalência estimada de nível de retinol < 20 µg/dL na ordem de 14%, com
precisão de 4,5% (margem de erro), confiabilidade de 95% e efeito de desenho 2.1 (fator
de correção). Para o cálculo da amostra, foi utilizada a Fórmula 1.
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
40
(Fórmula 1)
n = z
2
x pq / d
2
Onde: z = limite de confiança (1,96) p = prevalência estimada
q = 1- p d = margem de erro aceitável
Uma vez que se trata de uma população finita, o “n” amostral será ajustado de acordo com
a fórmula 2: por estimativa percentual
(Fórmula 2)
n = no / 1 + (no / N)
Onde: no = “n” amostral N = “n” populacional
Ao tamanho amostral, foi acrescido um percentual de 10% para corrigir eventuais perdas,
totalizando 526 crianças. No presente estudo, utilizou-se uma amostra de 685 crianças, a
qual foi selecionada de acordo o marcador inflamatório da Proteína C Reativa (PCR), que é
uma das proteínas plasmáticas de fase aguda.
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
41
4.4.2 – Critérios de elegibilidade
– Critérios de exclusão
Recusar participar por motivos pessoais;
Escolares, que por informação de pais ou responsáveis, apresentaram
alguma doença crônica não transmissível exceto obesidade.
4.5 – Definição das variáveis
4.5.1 – Variáveis Independentes
Sexo
Estágio de vida
Estado nutricional
Consumo alimentar
4.5.2 – Variável dependente
Retinol sérico
4.6 – Métodos e Técnicas de Avaliação
Descrevem-se a seguir os procedimentos utilizados para a coleta ou categorização das
variáveis, relacionados aos métodos bioquímicos, antropométricos e dietéticos utilizados
no estudo. Os dados auto-explicativos dispensam definições.
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
42
4.6.1 – Método Bioquímico
Retinol sérico
Coleta
Para determinação da hipovitaminose A, nas escolas, o sangue destinado às provas
laboratoriais foi colhido por punção venosa cubital (1 mL), pela manhã, com o escolar em
jejum de doze horas. Imediatamente após coleta, o sangue foi colocado em tubos
previamente identificados e protegidos da luz. Após a decantação, as amostras foram
centrifugadas a 3000 rpm (rotação por minuto) durante 10 minutos, para separação do soro,
que foi acondicionado em tubos de eppendorf e armazenados no freezer à temperatura de -
20
o
C. Em seguida, as amostras foram transportadas para o Centro de Investigação em
Micronutrientes - CIMICRON, do Hospital Universitário Lauro Wanderley da
Universidade Federal da Paraíba, mantendo-se a cadeias de frios, para posterior análise.
Processamento
Após descongelamento, foram pipetados 100µL de soro de cada amostra e colocados em
tubos cônicos de vidro, identificados, e adicionados 100µL etanol absoluto (C
2
H
5
OH), para
promover a precipitação das proteínas, e 200µL de hexano (C
6
H
14
), responsável pela
extração do retinol. Em seguida, as amostras foram agitadas por 45 segundos no agitador
de tubos em velocidade contínua, e centrifugadas à velocidade de 3000 rpm por 5 minutos.
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
43
Posteriormente, foram extraídos 100µL do sobrenadante, colocados em tubos pequenos de
vidro e evaporados com nitrogênio, por aproximadamente 1 minuto. O resíduo da amostra
foi dissolvido com 50µL de metanol e deste retirados 20µL para leitura (BESSEY et al.,
1946; ARAÚJO e FLORES, 1978).
Análise
Os níveis séricos de vitamina A foram determinados pelo método cromatográfico,
utilizando-se a Cromatografia Líquida de Alta Resolução (High Pressure Liquid
Chromatography – HPLC) (FURR, TANUMIHARDJO e OSLON, 1992). Na
categorização dos níveis séricos de retinol, utilizou-se a classificação da OMS (1996)
(Quadro 1).
Quadro 1. Classificação da deficiência de vitamina A segundo a Organização Mundial da
Saúde, 1996.
Classificação* Retinol sérico
Baixo
< 20 µg/dL (0,35 0,69 µmol/L)
Aceitável ou
Marginal
20 30 µg/dL (0,70 1,04 µmol/L)
Normalidade
30 µg/dL ( 1,05 µmol/L)
*OMS, 1996.
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
44
4.6.2 – Método Antropométrico
As medidas de peso e altura foram tomadas e anotadas em formulário próprio (anexo 3).
Peso
Para a tomada de peso, foi utilizada uma balança digital eletrônica, da marca Socram,
modelo Personal Line E-150 com capacidade de até 160Kg e precisão de 100g. Os
escolares foram pesados descalços, com o mínimo de roupa.
Altura
A altura dos escolares foi determinada com fita métrica Stanley-milimetrada, com precisão
de 1mm e exatidão de 0,5 cm. A fita foi afixada na parede e os escolares colocados em
posição ereta, descalços, com os membros superiores pendentes ao longo do corpo, os
calcanhares, o dorso e a cabeça tocando a parede, e olhando para frente (JELLIFE, 1968).
Para avaliação do estado nutricional utilizou-se o Índice de Massa Corporal (IMC)
mediante a fórmula peso/altura
2
, publicado em 1869 (WILLET, DIETZ & COLDITZ,
1999). Os valores obtidos são comparados aos valores de IMC para idade e sexo conforme
critérios de Centers for Disease Control and Prevention (CDC) (2000) em percentis (anexo
4). A classificação do estado nutricional será dada por meio do Quadro 2 abaixo:
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
45
Quadro 2. Índice de Massa Corpórea, segundo o CDC, 2000.
Classificação IMC
Risco de Desnutrição
IMC/Idade < P5*
Normal
IMC/Idade P5 a < P85
Risco de Sobrepeso
IMC/Idade P85 a < P95
Obesidade
IMC/Idade > P95
* P = Percentil
4.6.3 – Método dietético
Recordatório de 24 horas
O recordatório de 24 horas foi realizado pelo escolar, com a ajuda da mãe ou responsável
quando necessário. Foram registradas, em formulário específico (anexo 5), as informações
sobre todos os alimentos ingeridos no dia anterior. As análises permitem a identificação de
grupos de alimentos ricos em determinados tipos de nutrientes. Foi observado o acesso dos
escolares aos alimentos fontes de vitamina A.
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
46
4.7 – Formulário de entrevista
As informações de interesse para a pesquisa foram obtidas pela técnica de entrevista com
os escolares e/ou seus pais/responsáveis e registrados em protocolo específico,
previamente testado e validado em 10% da amostra. Informações complementares, tais
como dados de identificação, foram transcritas dos cadastros da escola (anexo 6).
O preenchimento do questionário foi feito pelo pesquisador principal, por alunos do curso
do Curso de Graduação e de Pós-Graduação em Nutrição e por auxiliares de pesquisa
selecionados e devidamente treinados nas técnicas para pesquisa de campo e coleta de
dados, aferição das medidas antropométricas e abordagem ao escolar. Todas as
informações obtidas foram revisadas pelo pesquisador principal e entrevistadores ao final
de cada dia de coleta.
4.8 – Processamento e análise dos dados
Na construção do banco de dados, foi utilizado o Programa Epi-info versão 6.0 (DEAN,
1994), em que os dados foram digitados em dupla entrada, utilizando o módulo
VALIDATE na verificação da consistência e validação dos mesmos.
Na análise estatística, os dados categóricos foram resumidos em freqüências absolutas e
relativas (percentuais) e apresentados em forma de tabelas. Os dados numéricos foram
resumidos utilizando medianas e percentis, sendo apresentados em forma de tabelas e
figuras. Foi adotado o intervalo de 95% de confiança. Para dados não pareados foi
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
47
utilizado o Teste Mann - Whitney. A comparação de medianas entre três ou mais grupos
foi realizada pelo Teste Kruskal – Wallis.
As relações entre o retinol sérico e a idade, e retinol sérico e o Índice de massa corporal
foram avaliadas pela regressão linear. Para verificar se as distribuições de retinol e idade e
de retinol e Índice de massa corporal eram compatíveis com uma distribuição gaussiana,
foi utilizado o teste de Anderson-Darling. Em todos os testes foi adotado o nível de
significância de 0,05. A análise estatística foi realizada pelos softwares SPSS 13.0 (1996) e
MINITAB 14.2.
4.9 – Considerações éticas
O estudo respeitou as normas éticas para pesquisa envolvendo seres humanos (Resolução
n. 196 do Conselho Nacional de Saúde). Foi submetido e aprovado pelo comitê de ética da
Universidade Federal de Pernambuco (anexo 7).
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
48
5. RESULTADOS
Foram estudados 685 escolares de 7 a 14 anos de idade do Município de Camaragibe - PE.
A avaliação bioquímica e o inquérito de consumo alimentar foram realizados em 685 e a
avaliação antropométrica em 680 escolares. Nesta última, a perda de 05 casos, ocorreu por
falta de informação no preenchimento do formulário.
5.1 Características da amostra
De acordo com a Tabela 1, a amostra apresentou uma distribuição heterogênea com relação
à variável sexo, incidindo maior percentual na amostra escolares do sexo feminino.
Tabela 1. Distribuição da amostra segundo o sexo de escolares de 7 a 14 anos do
Município de Camaragibe - PE, 2004.
Sexo N % IC*
Masculino 316 46,1 42,36 – 49,95
Feminino 369 53,9 50,05 – 57,64
Total 685 100,0
* Intervalo de Confiança de 95%
Em relação ao estágio de vida, a distribuição dos escolares mostrou-se heterogênea, com
maior freqüência incidindo no estágio de vida de 10 anos (Tabela 2).
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
49
Tabela 2. Distribuição da amostra segundo o estágio de vida de escolares de 7 a 14 anos de
idade do Município de Camaragibe - PE, 2004.
Estágio de Vida
(anos)
N % IC*
7 74 10,9 8,69 – 13,53
8 131 19,3 16,41 – 22,47
9 135 19,9 16,96 – 23,09
10 156
22,9
19,87 – 26,32
11 95 14,0 11,50 – 16,86
12 53 7,8 5,94 – 10,14
13 e 14 36 5,3 3,79 – 7,33
Total 680 100,0
* Intervalo de Confiança de 95%
5.2 Estado Nutricional de Vitamina A
5.2.1. Concentrações de retinol sérico
O retinol sérico das 685 crianças variou de 10,4µg/dL a 50,7µg/dL, com média 27,3µg/dL
(DP = 7,2µg/dL). A mediana foi igual a 26,6µg/dL. Um intervalo de 95% de confiança
para a média é o intervalo 26,7µg/dL a 27,8µg/dL.
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
50
O Gráfico 1 mostra a distribuição do retinol sérico em escolares de 7 a 14 anos. O teste de
Anderson-Darling (teste de normalidade) identificou que a distribuição do retinol sérico
não foi compatível com a distribuição Gaussiana (p < 0,05).
retinol sérico
50,0
46,0
42,0
38,0
34,0
30,0
26,0
22,0
18,0
14,0
10,0
100
80
60
40
20
0
Gráfico 1 – Curva de distribuição das concentrações de retinol sérico, em escolares de 7 a
14 anos de idade do Município de Camaragibe - PE, 2004.
De acordo com a Tabela 3, concentrações de retinol sérico inadequadas (< 20µg/dL) foram
encontradas em 15,8% dos escolares. Ao se utilizar o ponto de corte < 30µg/dL
(<1,05µmol/dL), considerado como níveis marginais, este percentual se elevou para
67,5%. Vale salientar que nenhuma criança apresentou nível de retinol sérico abaixo de
10µg/dL.
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
51
Tabela 3. Distribuição da freqüência de retinol sérico de escolares de 7 a 14 anos do
Município de Camaragibe - PE, 2004.
Retinol Sérico N f (%) F (%) IC
< 20µg/dL 108
15,8
15,8 13,16 – 18,76
20 30µg/dL 354 51,7
67,5
47,86 – 55,47
30µg/dL 223 32,5 100,0 29,08 – 36,23
Total 685 100,0
f = Freqüência; F = Freqüência absoluta; IC = Intervalo de Confiança de 95%
5.2.2. Consumo de alimentos fonte de vitamina A
Conforme pode ser observado nas Tabelas 4 e 5, considerando o consumo de alimentos
fontes de vitamina A no dia anterior à entrevista, metade da amostra não consumiu leite e
seus derivados. Analisando o acesso às vísceras, verduras e frutas, os resultados
apresentaram um baixo consumo dos mesmos. Quanto ao grupo fonte de gorduras, 58,5%
dos escolares referiram não consumir estes alimentos, no dia anterior à entrevista.
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
52
Tabela 4. Freqüência diária de consumo de alimentos fonte de vitamina A, de origem
animal, de escolares de 7 a 14 anos do Município de Camaragibe - PE, 2004.
Leite Vísceras
Freqüência diária
N % IC* N % IC*
Nenhuma 346
50,5
46,70 – 54,31 642
93,7
91,57 – 95,37
1 – 3 Vezes 336 49,1 45,25 – 52,86 43 6,3 4,63 – 8,43
4 – 5 vezes 3 0,4 0,11 – 1,39 - - -
Total 685 100,0 685 100,0
* Intervalo de Confiança de 95%
Tabela 5. Freqüência diária de consumo de alimentos fonte de vitamina A, de origem
vegetal, de escolares de 7 a 14 anos do Município de Camaragibe - PE, 2004.
Verduras Frutas
Freqüência diária
N % IC* N % IC*
Nenhuma 556
81,2
77,99 – 83,99 401
58,5
54,74 – 62,24
1 – 3 Vezes 129 18,8 16,01 – 22,00 284 41,5 37,76 – 45,26
Total 685 100,0 685 100,0
* Intervalo de Confiança de 95%
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
53
5.3. Avaliação antropométrica
5.3.1. Índice de Massa Corporal (IMC)
O IMC de 680 crianças variou de 11,9Kg/m² a 38,5Kg/m², com média 16,4Kg/m² (DP =
2,7Kg/m²). A mediana foi igual a 15,8Kg/m².
O Gráfico 2 mostra a distribuição do IMC (Índice de Massa Corporal) entre os escolares. O
resultado do teste de Anderson-Darling indicou que o IMC não apresentou distribuição
compatível com uma distribuição Gaussiana (p < 0,05).
IMC
3
8
,
0
3
6
,
0
3
4
,
0
3
2
,
0
3
0
,
0
2
8
,
0
2
6
,
0
2
4
,
0
2
2
,
0
2
0
,
0
1
8
,
0
1
6
,
0
1
4
,
0
1
2
,
0
200
100
0
Gráfico 2. Curva de distribuição do Índice de Massa Corporal em escolares de 7 a 14 anos
de idade do Município de Camaragibe, 2004.
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
54
Adotando-se as recomendações do CDC (2000) para classificação do estado nutricional, a
partir do indicador IMC, observou-se maior prevalência de desnutrição (13,7%). Para o
risco de sobrepeso, obteve-se 7,4%, para a obesidade foi de 3,8% entre os escolares.
(Tabela 6).
Tabela 6. Estado nutricional, segundo o Índice de Massa Corporal em escolares de 7 a 14
anos do Município de Camaragibe - PE, 2004.
IMC (Kg/m²)* N % IC**
Risco Nutricional
(< P5)
93
13,7
11,23 – 16,54
Eutrofia
(P5 a < P85)
511 75,1 71,69 – 78,31
Risco de sobrepeso
( P85 a < P95)
50
7,4
5,56 – 9,65
Obesidade
( P95)
26
3,8
2,56 – 5,63
Total 680 100,0
* CDC, 2000.
** Intervalo de Confiança de 95%
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
55
5.4. Estado Nutricional de Vitamina A vs Variáveis demográficas
5.4.1. Retinol sérico vs sexo
A distribuição dos níveis séricos de retinol, segundo o sexo, foi homogênea (p = 0,781),
conforme observado na Tabela 7.
Tabela 7. Distribuição dos níveis séricos de retinol de escolares de 7 a 14 anos de acordo
com o sexo do Município de Camaragibe - PE, 2004.
Retinol (µg/dL)
Sexo
N
Mediana Percentil 25 Percentil 75
Masculino 316 26,71 21,80 32,66
Feminino 369 26,49 22,38 31,19
Total 685 26,58 22,24 32,11
Mann – Whitney Test; p = 0,781
Quando a variável Retinol foi tratada de forma categórica, os diferentes percentuais de
níveis baixos e adequados também tiveram distribuição homogênea entre os sexos (Tabela
8).
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
56
Tabela 8. Distribuição da freqüência de retinol sérico, segundo o sexo de escolares de 7 a
14 anos do Município de Camaragibe - PE, 2004.
Masculino Feminino
Retinol sérico (µg/dL)
N % IC N % IC
< 20,0 53 16,8 12,95 - 21,19 55 14,9 11,54 - 1882
20,0 30,0 152 48,1 42,62 - 53,61 202 54,7 49,63 - 59,77
30,0 111 35,1 30,00 - 40,51 112 30,4 25,82 - 35,19
Total 316 100,0 369 100,0
5.4.2. Retinol vs idade
O Gráfico 3 representa a distribuição conjunta do retinol sérico e idade dos escolares. O
ajuste de um modelo de correlação bivariada revela uma relação significante entre idade
(variável explanatória) e o nível de retinol sérico (variável resposta) (Coeficiente de
correlação de Spearman: r = 0,111 e p = 0,004).
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
57
idade em anos
1614121086
retinol sérico
60
50
40
30
20
10
0
Gráfico 3. Distribuição dos níveis séricos de retinol segundo a idade dos escolares de 7 a
14 anos do Município de Camaragibe - PE, 2004.
Tratando a idade de forma categórica, a distribuição das concentrações de retinol sérico
não variou, de maneira significativa, segundo os grupos de estágios de vida dos escolares
(p = 0,087) (Tabela 9).
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
58
Tabela 9. Distribuição dos níveis séricos de retinol de escolares de 7 a 14 anos de acordo
com o estágio de vida do Município de Camaragibe - PE, 2004.
Retinol (µg/dL)
Estágio de vida
(anos)
N
Mediana
Percentil 25
Percentil 75
7 - 9 340 26,20 21,99 31,05
10 - 14 340 27,04 22,78 32,66
Total 680 26,56 22,27 32,10
Mann – Whitney Test; p = 0,087
5.4.3. Retinol vs IMC
Como pode ser observado na Tabela 10, quando analisando as concentrações séricas de
retinol de acordo com o Índice de Massa Corporal, não houve diferença significativa entre
as diferentes categorias (p=0,054).
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
59
Tabela 10. Distribuição das concentrações séricas de retinol, segundo o Índice de Massa
Corporal, de escolares de 7 a 14 anos do Município de Camaragibe - PE, 2004.
Retinol sérico (µg/dL) IMC (Kg/m²)*
N Mediana Percentil 25 Percentil 75
< P5 93 26,15 22,67 31,79
P5 a < P85 511 26,71 21,92 32,80
P85 a < P95 50 28,62 25,42 32,95
P95 26 23,88 22,05 26,40
Total 680 26,58 22,24 32,11
* CDC, 2000
Kruskal – Wallis Test; p = 0,054
O Gráfico 4 representa a distribuição conjunta do retinol sérico e o Índice de massa
corporal dos escolares. O ajuste de um modelo de correlação bivariada revela uma relação
não significante entre o Índice de massa corporal (variável explanatória) e o nível de
retinol sérico (variável resposta) (Coeficiente de Correlação de Spearman: r = 0,13 e p =
0,732).
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
60
IMC
40302010
retinol sérico
60
50
40
30
20
10
0
Gráfico 4. Distribuição dos níveis séricos de retinol segundo o Índice de Massa Corporal
em escolares de 7 a 14 anos do Município de Camaragibe - PE, 2004.
5.5. Consumo de alimentos fonte de vitamina A vs variáveis demográficas
5.5.1. Consumo de alimentos fonte de vitamina A vs sexo
Das 685 crianças, o relato de consumo de alimentos fonte de vitamina A foi similar entre
os sexos, tanto em origem animal quanto em origem vegetal (Tabelas 11 e 12).
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
61
Tabela 11. Freqüência de consumo de alimentos fonte de vitamina A, de origem animal, de
acordo com o sexo, de escolares de 7 a 14 anos do Município de Camaragibe - PE, 2004.
Sexo
Masculino Feminino Total
Alimento
n % IC n % IC n %
Leite 160 47,2 41,80 – 52,66 179 52,8 47,34 – 58,66 339 100
Vísceras 24 55,8 40,01 – 70,59 19 44,2 29,40 – 59,99 43 100
* Intervalo de Confiança de 95%
Tabela 12. Freqüência de consumo de alimentos fonte de vitamina A, de origem vegetal,
de acordo com o sexo, de escolares de 7 a 14 anos do Município de Camaragibe - PE,
2004.
Sexo
Masculino Feminino Total
Alimento
n % IC n % IC n %
Verduras 62 48,1 39,25 – 56,99 67 51,9 43,01 – 60,75 129 100
Frutas 181 45,5 40,53 – 50,51 217 54,5 49,49 – 59,47 398 100
* Intervalo de Confiança de 95%
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
62
5.5.2. Consumo de alimentos fonte de vitamina A vs idade
De forma semelhante não foram observadas diferenças significantes entre consumo de
alimentos e os grupos de idade, sejam de origem animal ou vegetal. (Tabelas 13 e 14).
Tabela 13. Consumo de alimentos fonte de vitamina A, de origem animal, segundo os
diferentes estágios de vida de escolares de 7 a 14 anos do Município de Camaragibe - PE,
2004.
Idade (anos)
7 - 9 10 - 14 Total
Alimento
n % IC* n % IC* n %
Leite 184 54,9 49,42 – 60,31 151 45,0 39,69 – 50,58 335 100
Vísceras 22 52,4 36,62 – 67,71 20 47,6 32,29 – 63,38 42 100
*Intervalo de confiança de 95%
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
63
Tabela 14. Consumo de alimentos fonte de vitamina A, de origem vegetal, segundo os
diferentes estágios de vida de escolares de 7 a 14 anos do Município de Camaragibe - PE,
2004.
Idade (anos)
7 - 9 10 - 14 Total
Alimento
n % IC* n % IC* n %
Verduras 74 58,3 49,18 – 66,85 53 41,7 33,15 – 50,82 127 100
Frutas 205 52,2 47,10 – 57,18 188 47,8 42,82 – 52,90 393 100
*Intervalo de confiança de 95%
5.6. Índice de Massa Corporal vs variáveis demográficas
5.6.1. IMC vs sexo
Não houve diferença significante entre as distribuições das médias do IMC entre os sexos,
conforme pode ser observado na Tabela 15 (p = 0,075).
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
64
Tabela 15. Medianas e percentis do Índice de Massa Corporal, segundo o sexo, em
escolares de 7 a 14 anos do Município de Camaragibe - PE, 2004.
Sexo N Mediana Percentil 25 Percentil 75
Masculino 316 15,81 14,76 16,90
Feminino 369 15,87 14,71 17,46
Total 685 15,83 14,73 17,15
Mann – Whitney Test; p = 0,365
Quando a variável IMC foi tratada de forma categórica, os diferentes percentuais de
adequação/inadequação do estado nutricional não tiveram distribuição homogênea nos dois
sexos (Tabela 16), sendo que o maior percentual de desnutrição foi entre os meninos e o
maior percentual de obesidade ficou entre as meninas, embora esse resultado não tenha
sido significante.
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
65
Tabela 16. Estado nutricional segundo o Índice de Massa Corporal, de acordo com o sexo,
de escolares de 7 a 14 anos do Município de Camaragibe - PE, 2004.
Masculino Feminino
IMC (Kg/m²)
N % IC* N % IC*
< P5 51
16,3
12,47 – 20,96 42 11,4 8,46 – 15,26
P5 a < P85 226 72,2 66,83 – 77,02 285 77,7 72,98 – 81,74
P85 a < P95 27 8,6 5,86 – 12,44 23 6,3 4,10 – 9,39
P95 9 2,9 1,41 – 5,58 17
4,6
1,98 – 6,13
Total 313 100,0 367 100,0
* Intervalo de Confiança de 95%
5.6.2. IMC vs idade
A adequação do estado nutricional teve distribuição similar (p = 0,181) entre os grupos de
estágio de vida conforme pode ser observado na Tabela 17.
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
66
Tabela 17. Medianas e percentis do Índice de Massa Corporal, segundo os grupos de
estágio de vida, em escolares de 7 a 14 anos do Município de Camaragibe - PE, 2004.
Estágio de vida (anos) N Mediana Percentil 25 Percentil 75
7 - 9 340 15,81 14,64 17,12
10 - 14 340 15,88 14,84 17,39
Total 680 15,84 14,73 17,15
Mann – Whitney Test; p = 0,220
No entanto, quando a variável IMC foi tratada de forma categórica, os diferentes
percentuais de adequação/inadequação do estado nutricional tiveram distribuição
heterogênea nos diferentes estágios de vida (Tabela 18), pois crianças mais novas
apresentaram maiores cifras de sobrepeso e obesidade e as crianças mais velhas, maiores
cifras de desnutrição.
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
67
Tabela 18. Estado nutricional segundo o Índice de Massa Corporal, de acordo com os
diferentes estágios de vida, de escolares de 7 a 14 anos do Município de Camaragibe - PE,
2004.
7 - 9 10 - 14
IMC (Kg/m²)
N % IC* N % IC*
< P5 30 8,8 6,12 – 12,48 63
18,5
14,63 – 23,16
P5 a < P85 262 77,1 72,15 – 81,35 249 73,2 68,13 – 77,80
P85 a < P95 29 8,5 5,88 – 12,15 21 6,2 3,96 – 9,43
P95 19
5,3
3,49 – 8,74 7 2,1 0,90 – 4,38
Total 340 100,0 340 100,0
* Intervalo de Confiança de 95%
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
68
6. DISCUSSÃO
O estudo das deficiências nutricionais tem sido priorizado em muitos países, devido à
magnitude e aos danos à saúde apresentados por estas carências. O Brasil priorizou, em
2001, dentre as diretrizes da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), a
atenção à desnutrição por micronutrientes, com ênfase às carências de vitamina A e ferro.
Esse compromisso tem por signatárias instituições governamentais, acadêmicas e de
pesquisas, sociedades científicas e outras, de forma a se estabelecer ações efetivas na
redução dessas carências nutricionais (MS, 2001).
A epidemiologia da deficiência de vitamina A tem sido bem estudada em crianças em
idade pré-escolar, não apenas nos aspectos biológicos, como também em seus fatores
determinantes (CAMPOS et al., 1987; UNDERWOOD, 1993; SOMMER, 1995). No
Brasil, especialmente no Nordeste, tem sido considerado o grupo de maior risco a esta
deficiência, uma vez que 16 a 55% das crianças apresentavam níveis de vitamina A
<20,0µg/dL (BATISTA FILHO e TORRES, 1982; McAULIFE e cols., 1991; DINIZ,
1997).
As crianças em idade escolar são consideradas vulneráveis em termos nutricionais, por
várias razões. Primeiro, sua demanda de nutrientes é maior em decorrência da velocidade
de crescimento, para responder às exigências próprias para a idade, e de desenvolvimento
físico acompanhado pelo aparecimento de infecções; segundo, as mudanças dos estilos de
vida e hábitos alimentares fazem com que a ingestão e a necessidade de nutrientes sejam
inadequadas em termos de quantidade e qualidade de nutrientes, e em terceiro, a fase de
adolescência, que vai dos 10 anos aos 19 anos (WHO, 1995), tem necessidades especiais
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
69
de nutrientes devido à participação de esportes, gravidez, desenvolvimento de um distúrbio
da alimentação – anorexia ou obesidade, realização excessiva de dietas, uso de álcool e
drogas ou outras situações comuns (ANJOS, VEIGA e CASTRO, 1998; SPEAR, 2002).
A baixa concentração sérica de vitamina A em escolares, encontrada no presente estudo,
vem demonstrar que este grupo etário também está em risco de desenvolver a deficiência
de vitamina A, devido à exposição aos mesmos fatores de risco das crianças menores,
destacando-se a ingestão inadequada de alimentos, refletida pelos hábitos alimentares, a
presença de infecções e infestações que espoliam as reservas hepáticas da vitamina A no
organismo humano (STEPHENSEN, 2001; SILVA et al., 2005) e a elevada demanda de
nutrientes, fator decisivo para o crescimento e desenvolvimento normais (WHO, 1995a;
WHO, 1996; CAMPOS et al., 1987; SOMMER, 1995).
Em nossa casuística, mais da metade dos escolares apresentou níveis marginais de retinol
sérico (20 30µg/dL), no qual se admite que já ocorra um comprometimento do depósito
da vitamina A, sem a apresentação de manifestações clínicas da deficiência, como a
xeroftalmia, como também, alterações do sistema imune e de respiração tecidual, que
atingem especialmente o epitélio respiratório (STEPHENSEN, 2001; DOLINSKY e
RAMALHO, 2003) podendo evoluir rapidamente para a deficiência. A explicação para
este quadro está na presença de fatores externos, tais como baixo consumo ou aumento da
demanda nutricional, que diminuem consideravelmente os níveis de retinol sérico,
aumentando a morbimortalidade infantil (DINIZ, 2001).
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
70
De acordo com Ramalho et al. (2004), um dos fatores determinantes para esta situação
seria a baixa ou inadequada ingestão de alimentos, devido ao crescimento rápido,
instalação de um processo infeccioso ou uma doença crônica, que podem aumentar a
necessidade por nutrientes, reduzindo o aporte para a utilização biológica no organismo,
podendo levar a alterações do estado nutricional, como a desnutrição energético-protéica
(DEP). Sendo assim, a elevada demanda nutricional característica dos escolares pode
consistir num fator decisivo e importante no crescimento, na maturação sexual, no
desenvolvimento cognitivo e desempenho escolar, sobretudo, na decisão sobre os custos de
saúde de uma população acometida por carências nutricionais.
É importante ressaltar que, a comparação dos resultados de baixos níveis de retinol sérico
observados em escolares do Município de Camaragibe, com outros estudos da literatura, é
dificultada pela adoção de diferentes pontos de corte para definição da deficiência de
vitamina A, pela região geográfica e pelas distintas faixas etárias.
No México, um estudo realizado por Villalpando et al. (2003) em 1966 crianças menores
de 12 anos, demonstrou, para a faixa etária e 7 a 10 anos, percentual de 37,6% de níveis
baixos de retinol sérico, resultados maiores do que os observados em nossa casuística.
Resultados semelhantes também foram encontrados numa comunidade marginal de
Valencia, na Venezuela, por Valery et al. (2002), em que 26,6% e 25,4% das crianças de 7
a 10 anos e 11 anos respectivamente, que apresentaram níveis marginais de retinol sérico
(20 - 30µg/dL).
No Brasil, especificamente em São Paulo, Roncada et al. (1981) encontraram em 35% dos
escolares de 7 a 10 anos, níveis baixos de retinol sérico. Recentemente, Santos et al.
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
71
(2005), identificaram a prevalência de 29% de hipovitaminose A (<20,0 µg/dL) em
escolares de 6 a 14 anos de idade, da zona rural do Município de Novo Cruzeiro – MG.
Estes resultados demonstram que a deficiência de vitamina A é um problema de saúde
importante também entre os escolares, mostrando que não é exclusivo entre crianças em
idade pré-escolar, nem em regiões menos favorecidas com baixo desenvolvimento sócio-
econômico.
No Nordeste, foi realizado um levantamento da prevalência da xeroftalmia, utilizando o
exame clínico (ocular) em 13.404 crianças de 0 a 12 anos de idade, provenientes de oito
municípios representativos das três diferentes regiões ecológicas do estado da Paraíba,
onde se observou uma prevalência elevada de manchas de Bitot entre os escolares de 6 a
12 anos (SANTOS et al., 1983).
Por outro lado, resultados bem menores de ocorrência de níveis baixos de retinol e de
níveis marginais que os encontrados em nossa casuística, são relatados em diferentes
regiões, a exemplo de Campinas, São Paulo, Gonçalves-Carvalho et al. (1995)
encontraram níveis séricos baixos em 10,7% dos escolares na faixa etária de 6 a 10 anos e
numa rede de ensino da cidade de São Paulo, Vitolo et al. (2004), investigaram os níveis
séricos de 218 adolescentes com idade entre 10 e 19 anos e encontraram uma prevalência
de 10,1% para níveis marginais. Este autor refere ainda a necessidade de se realizar mais
estudos sobre vitamina A na adolescência a fim de verificar se o nível sérico baixo desse
nutriente é um fator de risco para a saúde ou é reflexo da captação acelerada que ocorre
para atender necessidades metabólicas.
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
72
A homogeneidade na distribuição dos níveis séricos de retinol, encontrada em escolares,
entre os sexos, foi inesperada, devido aos relatos da literatura em crianças pré-escolares,
que indicam o sexo masculino com maior susceptibilidade à deficiência de vitamina A
(BLOEM et al., 1989). De acordo com Diniz (1997) em referência à faixa etária de
menores de cinco anos, as crianças do sexo masculino têm um risco duas vezes maior de
desenvolver xeroftalmia moderada e até três vezes maior de desenvolver xeroftalmia grave,
quando comparadas a crianças do sexo feminino. No entanto, os dados aqui descritos
corroboram com outros estudos realizados em escolares por diversos autores
(GONÇALVES-CARVALHO et al., 1995; VALERY et al., 2002; VÍTOLO et al., 2004).
Diferente do sexo, a idade se comportou como uma variável explicatória do estado
nutricional de vitamina A, em que se observou uma tendência significante do aumento das
concentrações do retinol sérico com o aumento da idade. Os resultados estão de acordo
com dados da literatura, em que Lewis et al. (1990), encontraram dados indicando que
crianças jovens (4 a 5 anos de idade) têm menores níveis de retinol sérico do que crianças
mais velhas (9 a 11 anos). Estudo desenvolvido por Hu et al. (2001) em crianças e
adolescentes chineses, apontou menores níveis de retinol em crianças mais novas (5 a 9
anos), aumentando gradualmente com a idade. Senaidy (2000) estudando escolares de 6 a
18 anos de idade, também relatou a idade como uma covariável importante na predição dos
níveis de retinol sérico. Segundo Diniz e Santos (2000), sintomas e sinais clínicos da
xeroftalmia moderada (cegueira noturna e xerose conjuntival com mancha de Bitot) são
mais prevalentes na idade escolar, enquanto que a xeroftalmia severa (úlcera de córnea e
ceratomalácia) na idade pré-escolar. Possíveis explicações para esta diferença pode ser
referida por fatores biológicos, indicando maior susceptibilidade à deficiência de vitamina
A em crianças menores de seis anos.
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
73
No entanto, outros estudos não observaram diferença significante entre os níveis séricos de
retinol e a idade (GONÇALVES-CARVALHO et al., 1995; VITOLO et al., 2004;
SANTOS et al., 2005).
No que diz respeito ao consumo alimentar, a vitamina A por ser um nutriente de depósito,
é difícil encontrar a sua associação no momento do estudo com os níveis séricos de retinol.
Outro posicionamento que deve ser levado em consideração é o tipo de inquérito realizado,
ou seja, o Recordatório de 24 horas utilizado no presente estudo, limita uma maior
discussão a respeito da ingestão desta vitamina, visto que apenas faz referência em termos
qualitativos à ingestão do referido nutriente e não às quantidades ingeridas. No entanto, foi
observado um baixo acesso aos alimentos fonte de vitamina A tanto de origem animal
como de origem vegetal. Apesar desse consumo não refletir o hábito alimentar da criança,
pode-se concluir que, para aquele dia, a baixa ingestão desses alimentos poderia ser
referida como um possível fator de risco de desenvolver a deficiência de vitamina A entre
os escolares.
A vitamina A na sua forma mais biodisponível está presente em alimentos de origem
animal, como o fígado, carnes, leite e derivados, sendo que, os alimentos protéicos de
origem animal, além de serem considerados alimentos caros, com exceção do fígado, não
refletem adequadamente o hábito alimentar de crianças nesta faixa etária. Por outro lado a
literatura refere que a ingestão de frutas e verduras é baixa pelos adolescentes
(CARVALHO et al., 2001; ALBUQUERQUE e MONTEIRO, 2002). Porém,
curiosamente, as principais fontes de vitamina A citadas no estudo foram constituídas por
carotenóides, cuja conversão é de aproximadamente 20-50% da quantidade ingerida
(BLOMHOFF e Cols., 1997).
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
74
Ramalho et al. (2004) refere que crianças nessa faixa etária sofrem mudanças no padrão
alimentar, devidas a um misto de influências da família, da escola e da mídia com
aquisição de novos valores afetando diretamente a escolha de alimentos e a ingestão dos
mesmos. Muitas vezes o acesso a esses alimentos é dificultado pela renda familiar e pela
escolaridade da mãe, fatores esses que por sua vez são influenciados pelo desenvolvimento
econômico do país. A informação sobre as fontes alimentares deste nutriente constitui uma
importante estratégia para o início de medidas de prevenção e controle da deficiência de
vitamina A, utilizando neste grupo etário, o instrumento da educação nutricional em
escolas, o que a longo prazo, seria a melhor estratégia na prevenção das carências
nutricionais, combatendo as duas principais causas: a ignorância da população sobre o
assunto e a monotonia da dieta (MARINHO e RONCADA, 2002).
Quanto ao estado nutricional, em nossa casuística foi observado um percentual maior de
desnutrição entre os escolares, comparado à ocorrência de obesidade nas crianças. Uma
questão suscitada pelos resultados desta investigação nos leva a supor que, os escolares do
Município de Camaragibe estão de certa forma, “protegidos” contra a obesidade, mas
igualmente expostos à desnutrição. A ingestão alimentar, pode ser um importante fator no
que diz respeito às alterações do estado nutricional. Tendo como hábitos alimentares
inadequados (LIMA, ARRAIS e PEDROSA, 2004), os escolares estão sendo acometidos
por essas alterações, o que é refletido em nosso estudo, pelo déficit nutricional.
Estes resultados estão em desacordo com a maioria dos estudos da literatura, em que
mostra uma tendência de aumento da prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças e
adolescentes (BALABAN e SILVA, 2001; VEIGA e BURLANDY, 2001; GARCIA,
GAMBARDELLA e FRUTUOSO, 2003; SANTOS et al., 2005). No Brasil, comparando-
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
75
se os dados do ENDEF com os dados da Pesquisa sobre padrões de Vida (PPV), realizada
em 1996/97 somente nas Regiões Sudeste e Nordeste, verificou-se um aumento na
prevalência de sobrepeso e obesidade e diminuição da desnutrição entre crianças e
adolescentes de 6 a 18 anos de idade.
A desnutrição foi maior entre os meninos, por outro lado, a obesidade foi maior entre as
meninas, indicando que a composição corporal é um fator importante para explicar esta
diferença entre os sexos, visto que as meninas têm maior percentual de gordura corporal do
que os meninos, pela necessidade futura de utilização biológica para a gravidez e a
lactação; por sua vez os meninos apresentam maior depósito de massa magra, levando a
uma demanda nutricional maior, necessitando de aporte adequado de nutrientes para esta
fase em que se encontra. Essa diferença entre os sexos também foi observada em outros
estudos com escolares e adolescentes (ANJOS et al., 1998; GARCIA, GAMBARDELLA e
FRUTUOSO, 2003)
Fato curioso é a observação do estado nutricional relacionado à idade. Crianças mais novas
apresentaram maior percentual de obesidade, enquanto que a desnutrição foi maior entre
crianças mais velhas. Possíveis explicações para este fenômeno seriam as mudanças no
padrão alimentar já citado, em que as crianças mais novas ainda estão desenvolvendo seus
gostos e autonomia em relação à alimentação, além do fator atividade física que não é bem
característica dessa fase. Diferentemente em crianças mais velhas, já se observa a
autonomia em escolher certos tipos de alimentos, a preocupação com a imagem (estética e
beleza), além da atividade física constante (academias, esportes). Os adolescentes também
vivem uma fase chamada “estirão puberal”, onde o crescimento e desenvolvimento
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
76
acelerados elevam as necessidades nutricionais, comprometendo o estado nutricional,
como conseqüência de uma ingestão adequada de nutrientes e um excesso de atividade.
Resultados semelhantes foram encontrados por Balaban e Silva (2001) estudando 2564
crianças e adolescentes em escolas do Recife, com idade entre 6 e 19 anos, que
apresentaram maiores percentuais de sobrepeso e obesidade entre crianças mais novas.
A ausência de correlação entre os níveis séricos de retinol e as alterações do estado
nutricional reforçam a importância de desenvolver estudos com metodologias mais
apropriadas em relação ao consumo alimentar, o qual figura como uma das principais
causas segundo o modelo analítico causal apresentado no capítulo introdutório desta
dissertação.
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
77
7. CONCLUSÕES
As concentrações de retinol sérico em escolares da rede pública e privada do município de
Camaragibe - PE foram baixas, indicando um risco de desenvolvimento de deficiência de
vitamina A. Portanto, deve-se considerar este grupo biológico igualmente vulnerável ao
quadro carencial de vitamina A.
Apesar de 67,5% dos escolares apresentarem níveis baixos e marginais de ocorrência de
hipovitaminose A (<30,0 µg/dL), não houve casos de níveis de retinol sérico abaixo de
10,0µg/dL entre os escolares, considerada como deficiência grave.
A distribuição das concentrações de retinol sérico foi homogênea segundo o sexo. No
entanto, com relação à idade, a distribuição foi heterogênea, em que se observou um
aumento diretamente proporcional dos níveis de retinol com o aumento da idade. Portanto,
os escolares tendem a apresentar menor susceptibilidade à deficiência de vitamina A
quando comparado às crianças menores.
A desnutrição entre os escolares, avaliada pelo Índice de Massa Corporal foi alta, em
contraste com as ocorrências de sobrepeso e obesidade.
O retinol sérico não mostrou associação significativa com o Índice de Massa Corporal,
indicando que os baixos níveis de retinol acontecem independentemente do estado
nutricional, demonstrando que as carências nutricionais específicas podem ocorrer de
forma isolada.
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
78
O inquérito de consumo alimentar demonstrou baixo acesso a fontes alimentares
importantes de vitamina A no dia anterior à entrevista, não havendo diferenças
significativas entre o sexo e a idade. Apesar de ter sido relatado maior ingestão de fontes
de vitamina A de origem vegetal do que de origem animal, o consumo alimentar não
constituiu assim uma variável explicativa para o desenvolvimento do fenômeno carencial.
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
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8. RECOMENDAÇÕES
Realizar mais investigações sobre a prevalência de níveis inadequados de vitamina A em
escolares, para melhor caracterização desta carência no grupo biológico em questão,
visando sua possível inclusão no programa nacional de prevenção e controle de deficiência
de vitamina A.
Utilizar outros indicadores para avaliar o estado nutricional de vitamina A em escolares, a
exemplo das alterações histológicas oculares, cegueira noturna e avaliação quantitativa de
consumo alimentar, renda familiar e escolaridade materna.
Avaliar o consumo alimentar de forma mais específica e promover a interferência provável
do programa governamental – Programa Nacional de Alimentação Escolar – não só nos
níveis séricos de vitamina A, como também no aporte adequado em termos nutricionais.
Implantação de programa de educação nutricional continuada para professores da rede de
ensino fundamental I e II.
Estado nutricional de vitamina A em escolares... SOUZA, C.B.S.
80
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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