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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE ARARAQUARA
JULIANA RIBEIRO PALA JORGE
ESTABILIDADE DE COR DE RESINAS COMPOSTAS
EM FUNÇÃO DE COMPOSIÇÃO E SISTEMA DE
FOTOATIVAÇÃO – AVALIAÇÃO ATRAVÉS DE
ESPECTROSCOPIA DE REFLECTÂNCIA
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Dentística
Restauradora, da Faculdade de
Odontologia de Araraquara, da
Universidade Estadual Paulista,
para obtenção do título de Mestre
em Dentística Restauradora.
Orientador:
Prof. Dr. Osmir Batista de Oliveira Junior
Araraquara
2006
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2
“Não importa onde você parou...
Em que momento da vida você cansou...
O que importa é que sempre é necessário ‘recomeçar’.
Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo...
É renovar as esperanças na vida e, o mais importante,
Acreditar em você de novo.
Sofreu muito nesse período?
Foi aprendizado...
Chorou muito?
Foi limpeza de alma...
Ficou com raiva das pessoas?
Foi para perdoá-las um dia...
Sentiu-se só por muitas vezes?
É porque fechaste a porta...
Acreditou que tudo estava perdido?
Era o início de tua melhora...
Onde quer chegar? Ir alto?
Sonhe alto!
Queira o melhor do melhor.
Se pensarmos pequeno,
Coisas pequenas teremos...
Mas, se desejarmos fortemente o melhor e, principalmente,
Lutarmos pelo melhor...
O melhor vai se instalar em nossa vida.
Porque sou do tamanho daquilo que vejo, e não do tamanho de minha altura.”
(Carlos Drummond de Andrade)
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DADOS CURRICULARES
JULIANA RIBEIRO PALA JORGE
NASCIMENTO 22.02.1979 - Catanduva/SP
FILIAÇÃO Roberto Jorge
Maria José Ribeiro Pala Jorge
2000 Curso de Graduação em Odontologia pela
Universidade do Sagrado Coração/USC– Bauru/SP
2002 Especialista em Dentística Restauradora pela Faculdade
de Odontologia de Araçatuba – Universidade Estadual
Paulista – UNESP
2003 Especialista em Prótese Dentária pela Faculdade de
Odontologia de Araraquara – Universidade Estadual
Paulista – UNESP
2004-2006 Mestrado em Dentística Restauradora pela Faculdade de
Odontologia de Araraquara - Universidade Estadual
Paulista – UNESP
4
DEDICATÓRIA
À minha família - meu pai, minha mãe, minha irmã e minha avó –
cujo amor, compreensão e apoio me deram força para concluir mais
essa etapa de minha vida.
Eu amo muito vocês!
Pai e Mãe, vocês são os grandes responsáveis por tudo isso, graças à
sua sabedoria, persistência e paciência. Sei como vocês lutam para que
eu me torne uma pessoa melhor e tento agradecer tudo o que fazem
por mim tentando ser pelo menos um pouquinho igual a vocês. Muito
obrigada por, simplesmente, me amarem como eu sou. Vocês são meu
alicerce, meu porto seguro, meu tudo!
Manu, você não é só minha irmã, você é minha companheira. Muito
obrigada por ser minha melhor amiga.
Vó Therê, quando alguma coisa me desanima, sempre me lembro de
sua coragem diante da vida, para me espelhar e seguir em frente.
Aos meus avós, que hoje não estão aqui, mas que sempre estão nos
meus pensamentos e no meu coração.
5
AGRADECIMENTOS
Ao Departamento de Odontologia Restauradora da
Faculdade de Odontologia de Araraquara e todo o corpo docente, em
especial ao coordenador do Programa de Pós Graduação em Dentística
Restauradora, Prof. Dr. José Roberto Cury Saad, pela oportunidade de
participar do curso de Mestrado.
Aos funcionários da Biblioteca da Faculdade de
Odontologia de Araraquara, cuja disposição e profissionalismo foram
essenciais para o início deste trabalho.
Aos funcionários do Departamento de Dentística e
Secção de Pós-Graduação da Faculdade de Odontologia de
Araraquara, pela presteza e atenção a mim dedicadas.
Aos colegas dos cursos de Mestrado e Doutorado, pela
agradável convivência e amizade.
6
Ao Grupo de Ótica do Instituto de Física de São Carlos –
USP, na pessoa do Prof. Dr. Vanderlei Salvador Bagnato, pelo apoio
científico, sem o qual esses resultados não teriam sido alcançados.
À Profa. Dra. Rosane de Fátima Zaniratto Lizarelli, por
compartilhar comigo seu conhecimento na área de lasers
odontológicos, e cujo carinho e companheirismo a mim dedicados
ajudaram a superar de maneira mais agradável essa etapa de minha
vida.
Ao Prof. Dr. Osmir Batista de Oliveira Junior, pela
paciência, dedicação e orientação científica. Seus conhecimentos e sua
ajuda foram essenciais durante todos esses anos de estudo.
Acima de tudo, agradeço a Deus pelo dom da vida e pelas
graças que me tem concedido...
7
Sumário
Introdução...................................................................8
Revisão da literatura..................................................16
Proposição..................................................................39
Material e método. .....................................................41
Resultado....................................................................53
Discussão....................................................................57
Conclusão...................................................................68
Referências ................................................................70
Apêndice.....................................................................76
Resumo.......................................................................80
Abstract.......................................................................83
8
INTRODUÇÃO
9
Introdução
Nos últimos anos, a palavra “estética” tem sido amplamente usada
em diversas áreas e parece exercer um domínio mágico sobre as pessoas que
anseiam por um aspecto físico considerado “perfeito” pela sociedade. Não poderia
ser diferente com a Odontologia, onde os pacientes cada vez mais procuram os
consultórios odontológicos em busca de um embelezamento dental. Esta
preocupação considerada, no passado, apenas uma futilidade, passou a ter,
atualmente, a conotação de saúde integral, uma vez que a moderna visão de saúde
envolve o bem-estar físico e emocional do indivíduo. Portanto, hoje em dia, saúde
e estética são dois conceitos que se encontram interligados.
muito tempo, existe uma preocupação em relação ao
desenvolvimento de materiais restauradores que mimetizem a estrutura dentária
natural, ou seja, mais estéticos e naturais possíveis. Desde seu desenvolvimento
inicial a partir dos estudos de Bowen
3
, as resinas compostas têm sido modificadas
a fim de aprimorar diversos aspectos de suas propriedades estéticas.
As próprias resinas compostas foram desenvolvidas a fim de tentar
solucionar as grandes deficiências das resinas acrílicas até então utilizadas como
único material restaurador estético direto. Estas apresentavam alto grau de
manchamento e infiltração marginal, bem como alta susceptibilidade a degradação
de cor e ao desgaste superficial. Com o desenvolvimento da molécula de Bis-
10
GMA, a incorporação de partículas vítreas e a silanização, as resinas compostas
compensaram em muito estas deficiências. Por apresentar maior peso molecular, e
menor contração de polimerização estas mantêm seu aspecto estético por muito
mais tempo que as antigas resinas acrílicas.
Quando foram lançadas no mercado, as primeiras resinas compostas
apresentavam apenas uma única cor - universal. Em função da necessidade
clínica, e devido à concorrência entre marcas distintas, rapidamente surgiram
materiais que ofereciam quatro tonalidades de cor: amarelo, marrom, cinza e
universal. Paralelamente, desenvolveu-se o sistema de fotoativação, inicialmente
baseado na luz ultravioleta e, posteriormente, na luz visível que, entre outros
aspectos, buscou garantir uma maior estabilidade dos resultados estéticos
alcançados inicialmente. Além disso, também foram introduzidas no mercado
materiais com tamanhos de partículas de carga diferenciados. Formulações
microparticuladas e híbridas buscaram aprimorar aspectos de resistência ao
manchamento, qualidade de polimento superficial e estabilidade de cor, que eram
bastante deficientes nas resinas de BIS-GMA/Quartzo macroparticuladas.
Atualmente, além dos avanços na variedade de cores, as resinas
compostas sofreram grandes melhorias em suas propriedades físicas e químicas e
atingiram elevada importância como materiais restauradores estéticos, podendo
ser indicadas com segurança em várias situações clínicas, desde a restauração de
11
uma pequena cavidade tipo classe I de Black até o facetamento de um dente
anterior.
Apesar das muitas vantagens que as resinas compostas possuem e
de seu amplo uso na rotina odontológica, estas ainda apresentam limitações e
desvantagens em uso clínico. Muitos autores
6,7,12
defendem que o sucesso de uma
restauração estética está diretamente relacionado com a correta seleção de cor e
com a estabilidade desse padrão com o passar do tempo. Espera-se que as
restaurações confeccionadas com resina composta tenham uma estabilidade de cor
que persista pelo mesmo período de tempo em que permanecem funcionais no
ambiente oral. Porém, a descoloração e/ou a pigmentação das resinas compostas
são fatos ainda comuns na clínica diária
26
e, infelizmente, inerentes ao material
devido a sua composição heterogênea (partícula de carga + agente de união + fase
orgânica), a qual é susceptível à degradação química (água, ácidos e álcool), física
(luz, temperatura) e mecânica (atrito e fraturas por stress do material).
Segundo Wilson et al.
28
(1997) uma coloração inaceitável constitui-
se em um dos principais fatores pelo qual uma restauração clinicamente funcional
tem que ser trocada.
Essa alteração na coloração das resinas compostas possui uma
etiologia multifatorial, causada por fatores tanto intrínsecos como extrínsecos,
relacionados com a composição, armazenamento, manipulação, técnica de
12
restauração, modo de polimerização, grau de polimento, uso e frequência de
ingestão de alimentos pigmentados, entre outros
9,19,25
.
Os fatores intrínsecos envolvem a descoloração da própria resina
composta, e podem ser descritos tais como alteração da matriz resinosa, alteração
da interface entre a matriz e componentes de carga, oxidação dos fotoiniciadores e
oxidação da matriz dos polímeros
4,25
. A capacidade de uma resina composta de
não sofrer descoloração intrínseca pode ser definida, então, como estabilidade de
cor.
Os fatores extrínsecos incluem a pigmentação causada por adsorção
ou absorção de pigmentos, como resultado da contaminação do corpo do material
por fontes externas
25
, ou seja, esta descoloração na cavidade oral pode estar
associada a hábitos alimentares ou culturais. Diversos estudos
5,6,15,17,19,25
têm
apontado a ingestão de café, chá, vinho tinto, refrigerantes a base de cola e
diversos outros alimentos industrializados fortemente pigmentados, bem como o
hábito de fumar ou mascar tabaco como os principais agentes pigmentantes da
sociedade moderna. A capacidade de uma resina composta de não sofrer
descoloração extrínseca pode ser definida, então, como resistência à pigmentação
ou resistência ao manchamento.
Clinicamente, a descoloração causada por fatores extrínsecos, na
maioria dos casos, pode ser removida facilmente com um re-polimento da
13
restauração
19
, visto que essa descoloração é superficial. Já a descoloração por
fatores intrínsecos ocorre em todo o corpo da restauração e dificilmente será
corrigida somente com um re-polimento, necessitando, na maioria das vezes, do
reparo parcial ou substituição total da restauração que apresenta sua cor alterada
2
.
Diante da literatura correlata, pode-se dizer que a instabilidade de
cor das resinas compostas está, provavelmente, relacionada ao tipo de matriz
resinosa do material, tamanho e forma das partículas de carga, bem como com a
quantidade de partículas por peso ou volume de material e grau de conversão de
monômeros em polímeros
1,2,4,7-13,16,18,20-24,26
, ou seja, diferentes marcas comerciais
e suas respectivas formulações.
Do ponto de vista físico-mecânico, atualmente dispomos de três
formulações distintas de resinas compostas: as indicadas exclusivamente para
dentes anteriores, com melhores propriedades de translucidez e polimento
(microparticuladas), as com composições específicas para dentes posteriores com
maior resistência ao desgaste superficial e ao stress funcional (hibridas
compactáveis de alta densidade), e as que apresentam bom desempenho tanto para
dentes anteriores como posteriores, com bons níveis de polimento superficial,
translucidez e resistência físico-mecânica, sendo as resinas híbridas ou
microhíbridas de densidade média.
14
Do ponto de vista estético, atualmente dispomos de resinas de
fórmulas avançadas que buscam, através de sua composição, mimetizar o
comportamento óptico da estrutura dental natural. Nestas formulações,
normalmente encontramos cores de esmalte, dentina, corpo, opacas e
transparentes, que possibilitam simular de forma mais apropriada os diferentes
níveis de opacidade, transmissão e dispersão de luz característicos da dentição
humana. Além disso, algumas marcas comerciais introduziram partículas de carga
específicas, para que seus materiais também simulassem algumas propriedades
únicas da estrutura dental natural: a opalescência e a fluorescência
14
.
Dentre estes materiais para uso em dentes anteriores, destacam-se,
na atualidade, dois tipos considerados os mais modernos: as resinas compostas
nanoparticuladas e as fluorescentes.
Além dos avanços na área de materiais restauradores resinosos, a
Odontologia moderna também tem se deparado com inovações na área de
fotoativação destas resinas compostas. Até pouco tempo atrás, a única tecnologia
de fotopolimerização que vinha sendo utilizada, eram as lâmpadas halógenas em
conjunto com filtros ópticos. Porém, nestes últimos anos, têm surgido outras
fontes alternativas de polimerização de resinas dentais, e dentre estas podemos
destacar as fontes de luz polimerizadoras à base de LEDs (light emitting diode –
diodo emissor de luz).
15
Muitas pesquisas acerca do sistema LEDs têm sido desenvolvidas na
comunidade científica mundial, tais como o efeito da polimerização com LEDs
nas propriedades mecânicas das resinas compostas. Entretanto, estudos acerca do
efeito deste tipo de polimerização sobre a estabilidade de cor das resinas
compostas, ainda são escassos ou quase inexistentes na literatura correlata. Até o
momento, encontramos somente um trabalho abordando este assunto (JANDA et
al.
11
, 2004).
Finalmente, acreditamos que um profundo conhecimento sobre as
propriedades ópticas e estéticas dos diferentes materiais restauradores seja uma
peça chave para a confecção de restaurações estéticas que apresentem longevidade
adequada e garantia de satisfação e bem estar para o paciente. Foi com intuito de
contribuir para este conhecimento que realizamos este trabalho de avaliação da
estabilidade de cor de resinas compostas de última geração.
16
REVISÃO DA LITERATURA
17
Revisão da literatura
A partir do momento em que as resinas compostas foram
introduzidas na rotina clínica odontológica, passou a existir a preocupação de que
esses materiais mantivessem as mesmas características que tinham no momento
de sua inserção. Portanto, tornou-se importante que esses materiais possuíssem
uma certa estabilidade de cor. Para isso, muitos autores começaram a estudar essa
propriedade. A fim de comparar as propriedades pigmentantes de quatro agentes
normalmente considerados como possuidores desta propriedade (café, chá, molho
de soja e bebidas com cola), Chan et al.
5
, em 1980, submeteram corpos-de-prova
das resinas compostas Adaptic e Concise à imersão em tais soluções por um
período de seis semanas. Para a verificação das alterações de cor dos materiais,
foram realizadas análises visuais dos corpos-de-prova a cada sete dias. Ao final do
período de imersão, metade dos corpos-de-prova sofreram escovação com
dentifrício, por dois minutos. A outra metade foi seccionada longitudinalmente
para análise em microscopia ótica da profundidade do manchamento. A análise
visual revelou maior capacidade de pigmentação dos agentes café e molho de soja.
Quanto aos materiais, não houve diferença significativa entre eles, exceto no caso
do chá, que causou um maior manchamento na resina Concise. Os autores
também observaram que a pigmentação foi mais intensa na primeira semana,
atingindo uma estabilidade após a segunda semana. A análise microscópica
estimou o manchamento em uma profundidade de 3 a 5µm. A segunda etapa da
pesquisa mostrou que o manchamento provocado pelos agentes estudados era, na
18
sua maioria, superficial, e poderia ser facilmente removido através de escovação
com dentifrício.
Também em 1980, Powers et al.
18
, avaliaram a estabilidade de cor
de três resinas compostas convencionais e quatro microparticuladas, frente ao
envelhecimento artificial, através de espectroscopia de reflectância. Os autores
confeccionaram três amostras para cada material estudado, as quais foram
envelhecidas em câmara própria, com exposição à luz ultravioleta em associação a
jatos de água, por 900 horas. As avaliações de cor foram antes do envelhecimento,
e após envelhecimento, em 300, 600 e 900 horas do processo. Em face dos
resultados obtidos, os autores concluíram que, com o processo de envelhecimento
artificial, todas as resinas compostas tornaram-se mais escuras, mais cromáticas e
mais opacas. Porém, as resinas compostas microparticuladas obtiveram maior
estabilidade de cor do que as resinas compostas convencionais.
Em 1981, Asmussen
1
avaliou a relevância clínica dos testes de
estabilidade de cor para resinas compostas, procurando um teste de
envelhecimento artificial que pudesse ser clinicamente aceitável. Foram
confeccionadas amostras de várias marcas comerciais de resinas compostas,
químico e fotopolimerizáveis, as quais foram submetidas a tipos diferentes de
testes: armazenamento das amostras em água desmineralizada a 37°C por 12
meses; armazenamento em água desmineralizada a 50, 60 e 70°C por 1 e 2 meses.
Para cada amostra, antes e depois do processo de envelhecimento artificial, foram
19
realizadas as mensurações de cor com o uso de um colorímetro. A partir dos
resultados obtidos neste estudo, Asmussen
1
demonstrou que a mudança de cor de
todas as marcas comerciais de resinas compostas foram as mesmas, tanto nos
testes com armazenamento por 12 meses em água desmineralizada a 37°C, como
nos testes com armazenamento por 1 mês em água a 60°C, tornando este último
clinicamente aceitável para testes de estabilidade de cor através de
envelhecimento artificial acelerado de resinas compostas.
Dando continuidade a essa linha de pesquisa, Asmussen
2
, em 1983,
avaliou as mudanças de cor em diversas marcas comerciais de resinas compostas
resultantes de armazenamento em água e de exposição à luz ultravioleta. Para
isso, utilizou a mesma metodologia de seu estudo anterior, descrita acima. Como
resultados, Asmussen
2
obteve estabilidade de cor maior nas resinas compostas
fotopolimerizáveis do que nas resinas compostas de polimerização química.
Porém, os resultados de estabilidade de cor através do teste de armazenamento em
água não se correlacionaram com os resultados obtidos pela exposição à luz
ultravioleta.
Em 1987, Cooley at al.
6
avaliaram o grau de manchamento de seis
resinas compostas indicadas para restaurações de dentes posteriores. Inicialmente,
foram confeccionados os corpos-de-prova, que eram imersos em água deionizada
por 72 horas, e então, imersos em solução de café por 1, 2, 4 e 7 dias. A avaliação
do grau de manchamento foi realizada através do uso de um colorímetro
20
triestimulado e também visualmente. Os resultados de ambas as avaliações foram
concordantes, exceto para a resina Estilux Posterior, que ocupou 5° e 3° lugares
nos respectivos testes. Quanto aos outros materiais restauradores, os dois testes
foram concordantes e resultou na seguinte classificação em ordem decrescente de
estabilidade de cor (da que mais pigmentou para a que menos pigmentou):
Occlusin, Ful-fil, Heliomolar e P-30.
Ruyter et al.
20
(1987) verificaram a estabilidade de cor de resinas
compostas fotopolimerizáveis (Dentacolor, Elcebond e Espe Visiogem) em
comparação com resinas compostas de polimerização térmica (Vitapan K+BN e
Vitapan K+BS) e química (Vitapan K+BK). Foram confeccionados corpos-de-
prova com 35mm de diâmetro e 1,4mm de espessura, que posteriormente foram
reduzidos a 1,3 ± 0,2mm. Para o processo de envelhecimento artificial, os
materiais foram expostos à luz ultravioleta em água destilada por 24 e 1440 horas,
enquanto que o grupo controle foi armazenado em ambiente escuro e água
destilada. Antes e após o envelhecimento artificial, foi realizada a análise de cor
através de um espectrofotômetro controlado por computador, segundo o sistema
CIELAB. Como resultados, os autores observaram que o material Elcebond
mostrou diminuição de croma significativamente maior que os outros dois
materiais fotoativados, quando expostos à luz ultravioleta. Em relação aos demais
materiais, Vitapan K+BN e Vitapan K+BS mostraram excelente estabilidade de
cor, enquanto que o Vitapan K+BK demonstrou pobre estabilidade de cor. Os
21
autores concordaram em 50% que as alterações de cor iguais ou maiores que 3,3
(valores de E) tornavam os materiais clinicamente inaceitáveis.
Com o objetivo de comparar o potencial de manchamento de quatro
agentes frequentemente utilizados pela população (café, chá, bebidas à base de
cola e rapé) sobre materiais resinosos, Luce e Campbell
15
(1988) estudaram as
resinas compostas microparticuladas Durafill, Heliosit, Prisma Microfine e Silux.
Foram confeccionados corpos-de-prova de 5mm de espessura, e após 48 horas de
armazenamento em temperatura ambiente, os mesmos foram polidos e imersos em
cada uma das soluções dos agentes pigmentantes citados acima. Tais soluções
eram trocadas a cada 3 dias durante 14 dias, sendo que após esse período a análise
visual foi executada por dois observadores. Desta forma, o café foi considerado o
agente de maior potencial de manchamento para cada uma das resinas, seguido
pelo chá. O rapé ocupou o terceiro lugar, exceto para a resina Silux, cujo terceiro
lugar foi ocupado pela bebida à base de cola. Para os demais materiais, a bebida à
base de cola ocupou o quarto lugar. Baseados nestes resultados, os autores
consideram ser possível orientar melhor o paciente quanto aos agentes mais
potencialmente agressivos a certa resina, bem como indicar uma resina menos
suscetível ao manchamento a determinado agente. Os autores ainda especulam
que o manchamento das resinas compostas de micropartículas deve estar
associado ao seu tipo de matriz orgânica, ao tamanho da partícula, ao percentual
de carga, ao grau de polimerização, ao intervalo de tempo entre acabamento e
22
polimento, à sorção de água, ao agente pigmentante e à duração de contato entre o
agente e o material.
Resinas compostas foto-ativadas e termo-ativadas foram testadas
por Um e Ruyter
25
, em 1991, a fim de se verificar sua estabilidade de cor frente à
exposição a café ou chá a 50°C. Também foram avaliadas amostras que
permaneceram por quatro meses imersas em água destilada em ambiente escuro a
37ºC. Um dos materiais foto-ativados sofreu descoloração de natureza intrínseca
durante as imersões em água destilada e nas soluções pigmentantes. Em relação
aos outros materiais, a descoloração causada pelo chá ocorreu principalmente
devido a adsorção superficial de pigmentos. A descoloração decorrente do café foi
causada pela adsorção, e também pela absorção de pigmentos. Os autores
especulam que a absorção e penetração dos pigmentos dentro da fase orgânica dos
materiais foi, provavelmente, devido à compatibilidade da fase polimérica com os
corantes amarelos presentes no café.
Também com o propósito de se avaliar a estabilidade de cor de
materiais restauradores, Khokhar et al.
12
(1991) realizaram um estudo onde
submeteram diferentes resinas compostas de uso indireto (Dentacolor, VisioGem,
Brilliant D.I. e Concept) à ação de agentes pigmentantes: clorexidina, chá e café.
Tal estudo demonstrou que, tanto o chá como o café, tem efeito pigmentante sobre
os materiais. O chá pigmentou as resinas mais que o café, principalmente quando
a ele se adicionou clorexidina e saliva. O material Brilliant D.I. exibiu a maior
23
descoloração e o material Concept a menor descoloração. A presença de bolhas de
ar nos corpos-de-prova e o grau de polimerização do material explicam as
diferenças de pigmentação ocorrida entre os materiais.
Em 1995, Eldiwany et al.
7
realizaram um estudo onde verificaram
através de espectroscopia de reflectância - as mudanças de cor de cinco resinas
compostas após a foto-polimerização (por 60 segundos) e após polimerização
adicional (por mais 60 segundos), usando a cor da resina não-polimerizada como
controle. Para isso, confeccionaram cinco corpos-de-prova de cada resina
composta, com 10mm de diâmetro e 1mm de espessura. As amostras não-
polimerizadas foram feitas com uma tira de poliéster na base e no topo do disco,
pressionados por duas placas de vidro. Após esse procedimento, foi realizada a
primeira mensuração de cor de cada resina, sendo que esta mensuração serviu de
controle. Então, as amostras foram polimerizadas e nova mensuração de cor foi
feita. Uma polimerização adicional para cada amostra foi realizada segundo as
recomendações dos fabricantes, e a cor foi verificada novamente. Através dos
valores obtidos, constatou-se, então, que a foto-polimerização causou mudanças
de cor pouco perceptíveis ou perceptíveis em relação à cor não-polimerizada, em
todas as resinas compostas estudadas; porém, não houve mudança de cor após a
polimerização adicional. Os autores recomendam, a partir destes resultados, que a
escolha de cor da resina composta deve ser feita com a mesma polimerizada, para
uma combinação de cor mais apurada.
24
Inokoshi et al.
10
(1996) avaliaram as alterações de cor e opacidade
de diferentes materiais restauradores diretos, antes e após envelhecimento
artificial. Foram confeccionados cinco corpos-de-prova para cada material
estudado (cinco resinas compostas de polimerização química, sete resinas
compostas fotopolimerizáveis, três cimentos de ionômero de vidro modificados
por resina), com 6mm de diâmetro e 1mm de espessura. O processo de
envelhecimento artificial utilizado foi aquele proposto por Asmussen
1
em 1981.
As mudanças de cor foram determinadas por um colorímetro fotoelétrico, de
acordo com o sistema de colorimetria CIELAB. O total de alteração de cor após o
envelhecimento foi representado pela diferença entre os valores antes e após o
envelhecimento artificial (E). Como resultados, os autores encontraram que
todas as resinas compostas de polimerização química sofreram forte descoloração
após quatro semanas de envelhecimento artificial. As resinas compostas
fotoativadas mostraram alterações de cor e opacidade não-significativas. Já os
cimentos de ionômero de vidro sofreram uma abrupta alteração de cor e
translucidez nos estágios iniciais, porém essa alteração foi menor nos estágios
posteriores de envelhecimento artificial.
Também através de espectrofotometria de reflectância, Leibrock et
al.
13
(1997) avaliaram a estabilidade de cor de seis diferentes marcas comerciais
de resinas compostas híbridas (Pekafill NF, Tetric, Charisma, Brilliant Enamel,
Prisma TPH, Z100). A descoloração de quatro cores de cada material (A1, A2,
A3,5 e B2, segundo a escala Vita) foi avaliada com o uso de um
25
espectrofotômetro de reflectância com o sistema CIE – L*a*b*. Foram
confeccionadas 12 amostras para cada grupo estudado, as quais foram
polimerizadas em um forno de luz UniXS, por 90 segundos de cada lado, e, então,
polidas com papel abrasivo. Vinte e quatro horas após sua confecção, foi realizada
uma primeira mensuração de cor para cada amostra. Feita esta primeira leitura,
oito amostras de cada grupo foram submetidas a envelhecimento artificial, em
uma câmara de luz ultravioleta por 24 e 120 horas. Quatro amostras de cada grupo
foram armazenadas em recipiente escuro, como controle. Após 24 e 120 horas de
envelhecimento artificial, uma nova mensuração de cor foi realizada nas amostras.
As diferenças totais de cor de cada amostra foram calculadas em relação à
primeira mensuração de cor (E). Além disso, a descoloração também foi
distinguida de acordo com diferenças na luminosidade (L), em vermelho-verde
(a) e em amarelo-azul (b). Como resultados, observou-se que, após 24 horas de
irradiação com a luz ultravioleta, os valores de E foram de 0,7 a 3,8, e, desta
maneira, - com exceção da resina Z100 (cores A1 e B2) – são clinicamente
aceitáveis. Os resultados também mostraram que as diferenças de cor de todos os
grupos das resinas Pekafill NF e Tetric foram significativamente menores que os
outros materiais. Todas as amostras, com exceção da Pekafill NF (cores A3,5 e
B2), mostraram uma maior descoloração após 120 horas de exposição à luz
ultravioleta. Em geral, todas as resinas compostas estudadas tiveram uma
tendência a se tornar mais amarelas (b), mais escuras (L) e levemente mais verdes
(a), concluindo-se que, a descoloração intrínseca causada por exposição à luz
26
ultravioleta, pode causar significativas alterações de cor em materiais
restauradores resinosos.
Em 1998, Uchida et al.
24
avaliaram as mudanças de cor resultantes
de exposição à luz ultravioleta, em diferentes cores de duas diferentes resinas
compostas. Foram selecionadas cinco cores de cada resina composta estudada
(Conquest Direct Fill e Pentra-Fill II), e para cada cor de cada resina foram
confeccionados cinco corpos-de-prova, com 20mm de diâmetro e 1mm de
espessura. Os corpos-de-prova foram armazenados por 24 horas em água
destilada, e então, com o uso de um colorímetro, realizou-se a primeira leitura de
cor, a qual foi considerada a leitura base, para a avaliação de alteração de cor.
Após a primeira leitura de cor, os corpos-de-prova foram submetidos à exposição
à luz ultravioleta, por 24 horas. Os valores de cor foram novamente mensurados
após a exposição. Foram calculadas as mudanças totais de cor entre as
mensurações “antes” e “depois” da exposição, de acordo com o sistema CIE
L*a*b*. A partir disso, observou-se mudanças de cor aparentes em função das
diferentes cores de resinas estudadas (com as maiores mudanças ocorrendo nas
cores mais claras), nas duas diferentes marcas comerciais estudadas. Os autores
concluíram, então, que as cores mais claras de resinas compostas são mais
propensas a sofrer alteração de cor pelos efeitos de exposição à luz ultravioleta.
Outro estudo sobre estabilidade de cor foi realizado por Hekimoglu
et al.
8
, em 2000, desta vez sendo testado o efeito do envelhecimento artificial
27
sobre três diferentes cimentos resinosos (autopolimerizável, fotopolimerizável e
de polimerização dual). Para isso, polimerizaram 0,30 mm do cimento resinoso
sobre uma faceta laminada. Para cada cimento foram confeccionados cinco
corpos-de-prova, os quais foram submetidos ao processo de envelhecimento
artificial em um câmara que utilizava irradiação com luz ultravioleta e
borrifamento com água destilada, em ciclos alternados. As análises de cor, através
do uso de um espectrofotômetro, foram realizadas após 300, 600 e 900 horas de
envelhecimento artificial. A diferença total de cor (E) foi determinada através do
uso do sistema CIELAB. Os autores encontraram valores de E, que variavam de
uma maneira aceitável de 1,9 a 2,7, sendo que foi considerado como clinicamente
aceitável os valores até 3,3. Os diferentes tempos de envelhecimento não
causaram diferença significativa nos valores de E em nenhum dos materiais
estudados. Não houve diferença significativa no total de mudança de cor entre os
três cimentos resinosos no mesmo período de envelhecimento.
A estabilidade de cor de diferentes materiais restauradores foi
testada por Iazetti et al.
9
, em 2000, após processo de envelhecimento artificial.
Foram avaliados seis materiais com presença de flúor na sua composição: um
cimento ionomérico (Fuji IX), um cimento ionomérico modificado por resina
(Photac-Fil), dois compômeros (F2000 e Dyract AP) e duas resinas compostas
(Tetric Ceram e Solitaire), todos na cor A3 (segundo a escala Vita).
Confeccionou-se dez corpos-de-prova para cada material, com 2mm de diâmetro e
2mm de espessura, os quais foram polimerizados e polidos com discos abrasivos,
28
e então, foi realizada uma primeira mensuração da cor, através de um colorímetro
Chroma Meter, de acordo com o sistema CIELAB. Os corpos-de-prova foram
aleatoriamente divididos em dois grupos, onde receberam quatro diferentes
tratamentos para o processo de envelhecimento artificial. O grupo A foi
submetido à exposição à luz ultravioleta a 37°C por 24 horas e subsequentemente
imersos em solução pigmentante (café, chá e suco de amora juntos) por uma
semana também a 37°C. No grupo B, primeiro realizou-se a imersão em solução
pigmentante e então procedeu-se a exposição à luz ultravioleta, pelos mesmos
períodos de tempo. A segunda mensuração de cor foi realizada após cada
tratamento, onde, para o grupo A, foi realizada após 24 horas de exposição à luz
ultravioleta (E1) e após 24 horas de exposição à luz mais uma semana de imersão
em solução pigmentante (E2) e para o grupo B, as mensurações de cor foram
realizadas após uma semana de imersão na solução pigmentante (E3) e após
imersão mais exposição à luz ultravioleta (E4). Após análise estatística, verificou-
se diferenças significativas entre os materiais. Em geral, os materiais hidrofóbicos
mostraram maior estabilidade de cor e maior resistência ao manchamento que os
materiais hidrofílicos. A resina composta Tetric Ceram obteve a maior
estabilidade de cor e resistência ao manchamento, enquanto que o cimento
ionomérico Fuji IX obteve os piores resultados em relação a esses fatores. Os
autores puderam notar também que havia diferenças de cor visíveis entre os
materiais teoricamente da mesma cor (A3 da escala Vita), e que a estabilidade de
cor e resistência ao manchamento varia entre os materiais.
29
Em 2001, Stober et al.
23
examinaram a estabilidade de cor de sete
resinas compostas de uso indireto com alto conteúdo de matriz inorgânica
(Columbus, Artglass, Sinfony, Targis, Zeta LC, Zeta HC, BelleGlass HP/dentine,
BelleGlass HP/enamel). Foram confeccionadas 21 amostras para cada material, as
quais foram expostas à luz ultravioleta para o processo de envelhecimento
artificial por 24, 96 e 168 horas, e então imersas em soluções pigmentantes
(enxaguatório bucal, chá, café, vinho tinto e solução de curcuma). Através do uso
de um colorímetro de acordo com o sistema CIELAB, as mensurações de cor
foram realizadas e o total de diferença de cor foi representado por E. A partir
destas mensurações, verificou-se que o vinho tinto e a solução de curcuma
causaram a descoloração mais severa (E > 10). Chá, café e irradiação
ultravioleta causaram descolorações não visíveis (E < 1), visíveis (E > 1), e em
alguns casos, clinicamente inaceitáveis (E > 3,3). Com esses resultados, os
autores julgaram ser importante a melhoria da estabilidade de cor de tais resinas
compostas estudadas.
Em 2002, Buchalla et al.
4
, estudaram o efeito da exposição à luz
artificial (envelhecimento artificial) na cor e translucidez de uma resina composta
híbrida e de uma resina composta microparticulada, com ênfase na influência da
presença ou ausência de água durante esse processo. Após a confecção de dez
corpos-de-prova de cada resina composta, com 15,5mm de diâmetro e 7mm de
altura, os mesmos foram seccionados em duas partes, as quais foram distribuídas
entre os dois grupos experimentais: envelhecimento em câmara de luz artificial,
30
com ou sem armazenamento em água. Foram, então, realizadas as leituras de cor,
através do uso de um colorímetro. Foram calculadas as diferenças de cor após um
mês e, então, os dados foram analisados estatisticamente. Como resultados, os
autores encontraram que a diferença total de cor (E
ab
*) aumentou de acordo com
o tempo, tanto no grupo com água como no grupo sem água, em ambos os
materiais estudados. O armazenamento em água resultou em um aumento na
diferença de translucidez, porém em uma diminuição no valor de amarelo (b*),
do que o armazenamento sem água. Ambos os materiais, sob as duas condições
experimentais, mostraram uma diminuição da luminosidade (L* negativo). A
partir destes resultados, os autores sugerem que os materiais resinosos sofrem
mudanças de cor mensuráveis, devido à exposição à luz do dia. As maiores
alterações de cor ocorreram sob a influência de armazenamento em água.
Reis et al.
19
(2002) propuseram-se a investigar a influência de
vários sistemas de acabamento sobre a rugosidade e manchamento superficial de
quatro diferentes resinas compostas, sendo elas: Solitaire, Alert, SureFil e Z250.
Amostras das resinas foram preparadas e polidas com pastas de óxido de alumínio
Poli I e II, pasta diamantada Ultralap, pontas de acabamento Enhance, pontas de
borracha Politip, pontas diamantadas finas e extra-finas e pontas carbide de 30
lâminas, todas de acordo com as instruções do fabricante. Após o procedimento de
polimento, mensurou-se a rugosidade superficial das amostras através da
utilização de um perfilômetro, e, imersos em azul de metileno a 2% por 24 horas.
Então, procedeu-se a análise espectrofotométrica da cor. Os resultados foram
31
estatisticamente analisados, onde encontrou-se diferenças significativas para a
rugosidade e manchamento superficial registrados, com interação entre os tipos de
resina composta e o tipo de sistema de acabamento utilizado. Não foi encontrado
correlação entre a rugosidade superficial e susceptibilidade ao manchamento.
Porém, isso não sugere que superfícies mais lisas sejam mais resistentes ao
manchamento. Especula-se que o manchamento de uma resina composta é
fortemente influenciado pelos monômeros e partículas de cargas próprios de cada
material.
Schulze et al.
21
, em 2003, realizaram um estudo a fim de avaliar as
mudanças de cor e microdureza de cinco resinas compostas de polimerização
química e cinco resinas compostas fotopolimerizáveis, após envelhecimento
artificial acelerado através de exposição à luz ultravioleta. Para a avaliação da
microdureza Knoop, foram confeccionados cinco corpos-de-prova (8mm de
diâmetro por 5mm de espessura) para cada material escolhido e para cada
variação estudada. Os corpos-de-prova foram embebidos em resina epóxica,
polidos, e então realizou-se os testes de microdureza, antes e depois do processo
de envelhecimento artificial. Para a avaliação da estabilidade de cor, foram feitos
três corpos-de-prova para cada situação estudada, porém com tamanho diferente
(20mm de diâmetro e 1mm de espessura). O teste de estabilidade de cor, antes e
depois do envelhecimento artificial, foi feito através de um espectrofotômetro de
reflectância. O processo de envelhecimento artificial envolvia a exposição das
amostras à uma luz ultravioleta e à água em uma máquina Weather-Ometer,
32
totalizando uma energia de radiação de 150kJ/m
2
e 122 horas. A análise dos
resultados mostrou que todos os materiais, após o envelhecimento, tiveram um
aumento nos valores de microdureza. Todos os materiais estudados também
tiveram uma alteração de cor. Porém, as resinas compostas fotopolimerizáveis
apresentaram uma estabilidade de cor maior que as quimicamente polimerizáveis.
Não foi estabelecida uma correlação entre microdureza e mudança de cor.
Ainda Schulze et al.
22
, também em 2003, também avaliaram as
mudanças de cor e alterações químicas superficiais de dois compósitos reforçados
por fibras e um compósito "avançado", em função de um processo de
envelhecimento artificial acelerado através de exposição à luz e "spray" de água.
Para isso, avaliaram três diferentes cores destes compósitos através de
espectroscopia de reflectância e espectroscopia fotoelétrica por raios-x. Foram
confeccionados quatro corpos-de-prova para cada cor de cada material, e tais
corpos-de-prova foram envelhecidos artificialmente em câmara de
envelhecimento artificial que emitia radiação com luz ultravioleta e jatos de água,
em um total de 122 horas. As leituras de cor e de análise química superficial,
portanto, foram realizadas antes e depois do envelhecimento artificial. Os autores
puderam observar que todos os materiais estudados sofreram mudanças
superficiais após o processo de envelhecimento. Os dois materiais compósitos
reforçados por fibras sofreram mudanças de cor pouco perceptíveis (E entre 1.8
e 2.7) enquanto que o compósito "avançado" obteve mudanças visualmente
perceptíveis em todas as cores estudadas (E entre 5 e 9).
33
Através de uma revisão de literatura, Westland
27
, em 2003,
descreveu o uso do Sistema CIE de colorimetria na Odontologia e estabeleceu
suas limitações. Primeiramente, o autor delimitou a física da cor, e suas
características principais, e após esta introdução, descreveu como o olho humano
percebe essa cor. A partir destas informações, Westland
27
descreveu como foi
criado o sistema CIE de colorimetria, pela Commission Internationale de
l’Eclairage, em 1931, citando que o mais importante princípio deste sistema é que
ele usa a mistura de três características primárias para gerar diferentes sinais de
cor. O autor cita também que, em 1976, foi criado um novo sistema de
especificação de cor chamado de sistema CIELAB. Este sistema fornece uma
percepção tridimensional da cor, onde o “L” representa a luminosidade da cor, o
“a” representa a quantidade de vermelho-verde, e o “b” representa a quantidade de
amarelo-azul. Embasado nesta revisão, chegou, então, à conclusão que, devido à
importância da percepção de cores brancas e amarelas na Odontologia, mais
estudos são necessários a fim de se estabelecer uma fórmula colorimétrica que
efetive a percepção dessas variações de cor.
Mais recentemente, em 2004, Janda et al.
11
realizaram um estudo
para determinar a influência de dois tipos de aparelhos polimerizadores (luz
halógena e arco de plasma) e diferentes tempos de polimerização nos valores de
amarelo (valor-b) de materiais restauradores resinosos, após o envelhecimento
artificial. Foram confeccionadas oito amostras para cada grupo (10mm de
diâmetro por 1mm de espessura) de cada material (Charisma, Durafill, Definite e
34
Dyract) que foram polimerizadas com luz halógena (Translux Energy) por 20, 40
ou 60 segundos, e com arco de plasma (Apollo 95-E) por 3, 10 ou 20 segundos.
Após a polimerização, as amostras foram armazenadas em ambiente escuro e seco
por 90 minutos e então foi realizada a primeira mensuração de cor através de um
espectrofotômetro. Foi realizado, então, o envelhecimento artificial por 24 horas,
e depois, nova leitura de cor foi feita. Todos os valores de cor foram mensurados e
calculados de acordo com o Sistema CIELAB. Portanto, antes e depois do
envelhecimento, os valores de amarelo (valores-b) foram determinados e sua
variação (b) foi calculada. Quando polimerizados com a lâmpada halógena por
20 e 40 segundos, os materiais Durafill, Charisma e Dyract revelaram
significantes valores de b negativos. O valor-b do material Definite permaneceu
praticamente constante. Quando polimerizados por 60 segundos, os materiais
Durafill e Definite tornaram-se mais amarelos enquanto que Charisma e Dyract
tornaram-se menos amarelos. Quando polimerizados com o arco de plasma, todos
os materiais sofreram um intenso processo clareador após o envelhecimento (b
significativamente negativo). Pode-se concluir, então, que a alteração dos valores
de amarelo destes materiais depende do tipo de luz polimerizadora usada e do
tempo de polimerização. A luz halógena forneceu resultados significativamente
superiores, o que levou os autores a concluir que a estabilidade de cor de materiais
polimerizados com arco de plasma não é aceitável.
Também em 2004, Paravina et al.
16
verificaram os efeitos do
envelhecimento artificial acelerado sobre a cor e a translucidez de resinas
35
compostas microparticuladas e microhíbridas. Foram avaliados materiais de dez
diferentes marcas comerciais, em diversas cores, sendo confeccionados cinco
corpos-de-prova (10mm de diâmetro por 2mm de espessura) para cada cor
estudada. Os corpos-de-prova foram levados a uma câmara de envelhecimento
artificial, que alternava exposição à luz ultravioleta e à umidade. As leituras para a
verificação de alteração de cor foram realizadas com o auxílio de um
espectrofotômetro de reflectância, antes e depois do processo de envelhecimento
artificial. Os autores consideraram que um E (variação na cor) igual ou maior
que 3,7 forneceria uma pobre estabilidade de cor da resina composta estudada.
Sendo assim, verificaram valores de E de 3,2, 4,0 e 4,7 – em média – para as
resinas compostas microhíbridas e E de 2,0, 2,0 e 2,1 para as resinas compostas
microparticuladas. Em relação ao TP (variação de translucidez), os autores
verificaram os valores médios de 0,07, 0,12 e 0,16 para as resinas compostas
microhíbridas e valores médios de 0,14, 0,11 e 0,0 para as microparticuladas.
Concluiu-se, a partir destes dados que, as alterações de cor obtidas, estavam acima
do limite aceitável para a maioria das resinas compostas microhíbridas, enquanto
que as resinas microparticuladas estavam dentro do limite aceitável. Para ambos
os tipos de resinas compostas, os valores de translucidez foram relativamente
estáveis durante o envelhecimento. A partir disto, os autores recomendam que as
restaurações de resina composta sejam constantemente reexaminadas devido às
alterações de cor que as mesmas podem sofrer decorrentes do processo de
envelhecimento natural.
36
A hipótese de que os acabamentos de superfície e tipos de soluções
de armazenamento afetam significativamente o manchamento de resinas
compostas, com carga e sem carga, foi testada por Patel et al.
17
, em 2004. Para
tanto, os autores avaliaram a estabilidade de cor de materiais resinosos com o uso
de três diferentes tratamentos de acabamento superficial. Após a confecção de 50
corpos-de-prova de resinas com carga e 54 corpos-de-prova de resinas sem carga,
os mesmos foram divididos em três grupos, de acordo com o polimento recebido:
discos de óxido de alumínio de 1µm; disco diamantado de 15 µm; e nenhum
tratamento (apenas tira de poliéster). Os corpos-de-prova foram imersos em água
por dois dias e, então, imersos em café, bebida de cola ou vinho tinto por mais
sete dias a 37ºC. As análises de cor foram realizadas através de um colorímetro
triestimulado nos seguintes tempos: antes das imersões; após um e dois dias em
água; e após um, dois, três e sete dias de imersão nas soluções. A grande parte das
alterações de cor ocorreu entre o segundo dia em água e o sétimo dia em solução
pigmentante. A análise estatística mostrou que o acabamento superficial e a
solução de imersão influenciou significativamente a mudança total de cor (E), e
houve interações entre o acabamento superficial e o tipo de solução de imersão,
para ambos os materiais estudados. Os materiais resinosos com carga geralmente
exibiram maiores mudanças de cor do que os sem carga. O acabamento com a tira
de poliéster exibiu a maior alteração de cor, enquanto que o acabamento com o
disco diamantado mostrou a menor alteração de cor. Quanto aos meios de
imersão, o vinho causou a maior mudança de cor para ambos os materiais; o café
e a bebida à base cola resultaram nas menores alterações para as amostras de
37
resinas com carga e resinas sem carga, respectivamente. Baseados nestes
resultados, os autores concluíram que tanto os acabamentos superficiais quanto os
meios de imersão afetam significativamente o manchamento superficial de
materiais resinosos, sendo que a tira de poliéster e o vinho tinto produziram os
piores resultados.
Seguindo o teste proposto por Asmussen
1
(1981), Vichi et al.
26
(2004) avaliaram as variações de cor e opacidade de três diferentes sistemas
restauradores resinosos: Spectrum TPH, Tetric Ceram e Z100. Para a confecção
dos corpos-de-prova, foram selecionadas cores semelhantes dos três materiais:
A2, A3, A3.5, A4, B2 e B3, sendo preparadas cinco amostras para cada cor. Para
a determinação da variação de cor (antes e depois do processo de envelhecimento
artificial), foi utilizado um espectrofotômetro de reflectância, e os dados obtidos
foram analisados segundo o sistema CIELAB, sendo a variação analisada através
dos valores de E. Os autores consideraram valores de E menores que 3,3 como
clinicamente aceitáveis. Sendo assim, apenas o material Spectrum TPH mostrou
uma alteração de cor significativa, apesar dos materiais restantes também terem
apresentado certa alteração de cor. A diferença de estabilidade de cor entre os
materiais foi significativa. Tais diferenças podem ser atribuídas às diferentes
naturezas das matrizes resinosas e diferentes tamanhos das partículas de carga das
resinas compostas analisadas. Quanto à opacidade, os resultados mostraram um
padrão semelhante aos resultados de cor. Concluiu-se que a água age como um
agente descolorante em graus variados nos materiais estudados. Porém, são
38
necessários mais estudos a fim de se entender melhor o processo de descoloração
de materiais resinosos, avaliando os vários parâmetros que afetam sua
descoloração clínica.
39
PROPOSIÇÃO
40
Proposição
Este estudo tem como objetivo avaliar in vitro a estabilidade de
cor de resinas compostas, submetidas ao envelhecimento físico/químico em
função dos seguintes fatores de variação: composição e tipo de luz fotoativadora,
através do método de espectroscopia de reflectância.
41
MATERIAL E MÉTODO
42
Material e método
1- Tipos de resinas compostas estudadas:
Foram selecionados dois diferentes tipos de resinas compostas (RC), de
última geração em função de suas diferenças de composição e comportamento
óptico/estético, uma nanoparticulada e outra com formulação que produz
fluorescência a saber:
- Filtek Supreme (3M ESPE, St. Paul, MN, USA – LOT: 4BB, Validade: 04 -
2007) – classificada como uma resina composta nanoparticulada (Figura 1)
FIGURA 1 – Resina composta Filtek Supreme.
- 4 Seasons (Ivoclar Vivadent, AG, Liechtenstein – LOT: G08937, Validade: 09-
2007) – classificada como uma resina composta microhíbrida fluorescente (Figura
2)
FIGURA 2 – Resina composta 4 Seasons.
43
Para ambas as resinas compostas foi selecionada a cor: A2 Enamel.
2- Matriz e dimensões do corpo-de-prova:
Foi utilizada uma matriz metálica perfurada que permitiu a confecção de
corpos-de-prova de resina composta com 10mm de diâmetro e 2 mm de espessura
(Figura 3).
FIGURA 3 – Matriz metálica.
3- Número de corpos-de-prova:
Após testes preliminares e consulta a literatura pertinente foi definido o
numero de 5 repetições para cada resina e condição experimental (COOLEY et
al.
6
, 1987; LUCE e CAMPBELL
15
, 1988; VICHI et al.
26
, 2004), o que resultou em
um total de 30 espécimes.
4- Confecção dos corpos-de-prova:
44
Além da matriz metálica já descrita, utilizou-se também duas placas de
vidro, tiras de poliéster e espátula de Thompson para inserção de resina composta
(Figura 4).
FIGURA 4 – Materiais utilizados para a confecção dos corpos-de-prova.
Sobre uma das placas de vidro, posicionava-se uma tira de poliéster,
e sobre esta, a matriz metálica. Com o auxílio da espátula de Thompson, a resina
composta era, então, inserida em um único incremento no orifício da matriz
metálica (Figura 5), tomando-se o cuidado para que não houvesse algum excesso
de material, a seguir outra tira de poliéster era posicionada sobre o topo da matriz
(Figura 6), e finalmente, a segunda placa de vidro era posicionada sobre o
conjunto descrito (Figura 7). Um peso de alumínio de 2,5kg era então posicionado
sobre este conjunto por 20 segundos, a fim de permitir o escoamento de eventuais
excessos de resina composta (Figura 8). O peso de alumínio e a placa de vidro
superior eram então removidos. A fotoativação foi realizada pelo tempo de 20
segundos recomendado pelos fabricantes, tomando-se o cuidado de manter a
sonda fotoativadora todo o tempo em contato com a tira de poliéster.
A seguir, o conjunto resina composta, matriz metálica e tiras de
poliéster era virado a fim de expor a base a uma fotoativação complementar pelo
45
mesmo período de tempo a fim de se maximizar a conversão de monômeros em
polímeros.
FIGURA 5 - Inserção da resina composta. FIGURA 6 – Tira de poliéster em posição.
FIGURA 7 – Conjunto posicionado. FIGURA 8 – Peso de alumínio posicionado.
FIGURA 9 – Fotopolimerização.
A cada polimerização, cada fonte de luz foi testada com um
radiômetro (Figura 10), a fim de se verificar a intensidade do aparelho
polimerizador.
46
FIGURA 10 – Radiômetro Fieldmaster (Coehrent – USA).
5 – Tipos de fontes de luz utilizadas:
Os aparelhos utilizados e suas respectivas potências são descritos a seguir:
- Aparelho de luz halógena KM-200R (DMC, São Carlos, SP, Brasil) (Figura 11)
– 380 mW/cm²
FIGURA 11 – KM-200R.
47
- Aparelho de sistema LEDs LEC 1000 (MM Optics LTDA., São Carlos, SP,
Brasil - Protótipo) (Figura 12) – 285 mW/cm²
FIGURA 12 – LEC 1000.
- Aparelho de sistema LEDs VH (Midas, Araraquara, SP, Brasil - Protótipo)
(Figura 13) – 175 mW/cm²
FIGURA 13 – VH.
Após a polimerização, os corpos-de-prova eram deslocados por pressão
digital da matriz metálica, codificados e armazenados em recipientes apropriados
e ao abrigo da luz.
6- Procedimentos para análise de cor:
A análise de cor dos corpos-de-prova foi realizada através do uso de
um espectrofotômetro de reflectância portátil, também chamado de colorímetro,
48
da marca Pocket Spec (Modelo ColorQA™ Pro, fabricante PocketSpec
Technologies Inc., Denver, Colorado, USA) (Figura 14).
FIGURA 14 – Espectrofotômetro de reflectância.
O procedimento para a obtenção dos valores de cor das resinas
compostas era o seguinte: cada corpo-de-prova, um a um, era posicionado no
leitor ótico do espectrofotômetro (Figura 15), sobre o mesmo era posicionada uma
tampa de fundo preto (Figura 16), a fim de evitar quaisquer interferências
advindas da luz ambiente e permitir leituras fiéis dos corpos-de-prova semi-
translúcidos utilizados (JANDA et al.
11
, 2004; BUCHALLA et al.
4
, 2002). Com o
corpo-de-prova posicionado, acionava-se o botão para a realização da leitura de
cor.
FIGURA 15 – Corpo-de-prova FIGURA 16 – Fundo preto em
em posição. em posição.
49
Os dados de cor L, a e b (luminosidade, desvio no eixo amarelo-azul,
desvio no eixo vermelho-verde – CIELAB: Sistema de cor L a b de acordo com a
Commission Internationale de l’Eclairage) eram obtidos automaticamente pelo
software apropriado (Figura 17), ligado ao espectrofotômetro (ColorQA™ Pro
Software System).
Foram realizadas 3 tomadas de cor para cada um dos corpos-de-prova
a fim de se determinar a estabilidade de cor de cada um deles a saber:
- tomada inicial (imediatamente após a confecção dos corpos-de-prova)
- tomada intermediária (realizada 24 horas após armazenamento em água
destilada)
- tomada final (realizada após subseqüente envelhecimento artificial)
Adotou-se arbitrariamente que a diferença entre os valores de cor da
tomada inicial e a intermediária (E) representaria a primeira leitura de
estabilidade de cor e ilustraria o comportamento clínico de uma restauração recém
instalada na cavidade bucal. Já a diferença entre a tomada inicial e a tomada final
representaria a segunda leitura de estabilidade de cor e ilustraria a degradação das
propriedades ópticas das resinas quando submetidas a condições clínicas.
A estabilidade de cor final de cada um dos corpos-de-prova era dada
pela fórmula:
50
E = [(L
1
– L
2
)
2
+ (a
1
– a
2
)
2
+ (b
1
– b
2
)
2
]
onde
1
era a primeira leitura e
2
segunda leitura realizada.
Ou seja, a fórmula foi aplicada duas vezes, uma para a diferença de cor
entre T1 e T2 e outra vez para a diferença de cor entre T1 e T3. Sendo, então,
aplicada da seguinte forma:
E
T1-T2
= [(L
T1
– L
T2
)
2
+ (a
T1
– a
T2
)
2
+ (b
T1
– b
T2
)
2
]
e
E
T1-T3
= [(L
T1
– L
T3
)
2
+ (a
T1
– a
T3
)
2
+ (b
T1
– b
T3
)
2
]
FIGURA 17 – Imagem do software através do qual eram obtidos os valores.
7- Condições de armazenamento e envelhecimento artificial
Após a primeira tomada de cor, os corpos-de-prova foram mantidos
por 24hs em água destilada em estufa regulada para a temperatura de 37°C ± 1ºC
(USHIDA et al.
24
, 1998; REIS et al.
19
, 2002), em frascos plásticos devidamente
codificados. Após este período, os espécimes eram retirados aleatoriamente, secos
51
e submetidos à tomada de cor intermediária realizada da mesma forma que a
primeira tomada de cor.
A seguir, os corpos-de-prova foram submetidos ao processo de
envelhecimento artificial. Este consistiu na exposição dos corpos-de-prova a
degradação físico/química, obtida através da irradiação com luz ultravioleta,
elevação de temperatura e imersão em água destilada, realizada em câmara
especialmente desenvolvida para este fim no IFSC-USP. As amostras de resina
composta foram mantidas sob estas condições também por 24 horas a 37° (Figuras
18 e 19).
FIGURA 18 – Câmara de envelhecimento artificial à base de luz ultravioleta.
52
FIGURA 19 – Corpos-de-prova posicionados no interior da câmara UV.
8- Análise estatística dos resultados
A análise de variância de dois fatores foi utilizada para avaliar a
estabilidade de cor de dois diferentes tipos de resinas compostas (Filtek Supreme
e 4 Seasons) polimerizadas com três tipos de fontes de luz (uma halógena e dois
LEDs), frente ao envelhecimento com luz ultravioleta, com base em medidas de
mudança de cor (E). Adotou-se o nível de 5% de significância para as decisões
sobre diferenças entre médias. Complementando as análises, foram determinados
intervalos de 95% de confiança para médias populacionais.
A análise de variância pressupõe independência dos dados experimentais;
estas condições foram validadas pela homogeneidade de variâncias, avaliada pelo
teste de Levene, e normalidade dos resíduos, avaliada pelo teste de Shapiro-Wilk.
53
RESULTADO
54
Resultado
Foram realizadas medidas de alteração de cor em amostras das
resinas Filtek Supreme (3M) e 4 Seasons (Ivoclar Vivadent), submetidas à
polimerização com Luz Halógena (Hal), sistema à base de LED Lec 1000 (L1000)
e sistema à base de LED MV Midas (MVM): imediatamente após confecção e
polimerização (T1), após imersão por 24hs em água destilada a 37°C (T2) e após
envelhecimento por 24hs em câmara de luz ultravioleta (T3). Por meio de
operações matemáticas, essas medidas forneceram os valores das mudanças de cor
(E) ocorridas entre os tempos T1 e T2 e entre os tempos T1 e T3 utilizadas neste
estudo (Tabelas A1 e A2 do Apêndice 1).
Foram realizadas duas análises de variância, considerando-se as
mudanças de cor (E) ocorridas entre os tempos T1 e T2 e entre os tempos T1 e
T3, cujos sumários estão nas Tabelas A3 e A4 do apêndice. Ressalte-se que as
condições de aplicabilidade dessas análises foram satisfeitas, conforme atestam os
valores p dos testes de homogeneidade de variância e de normalidade dos resíduos
indicados nos rodapés dessas Tabelas (p>0,05).
Observa-se pela Tabela A3 do apêndice que não efeito
significativo das resinas ou das fontes de luz sobre as médias de mudanças de cor
(E) ocorridas entre os tempos T1 e T2. Por outro lado, pela Tabela A4 do
apêndice nota-se que há efeito significativo somente de resina sobre mudanças de
55
cor (E) ocorridas entre os tempos T1 e T3. Portanto, neste caso,
independentemente da fonte fotopolimerizadora, a resina Filtek Supreme (3M)
tem, em média, mudança de cor maior do que a resina 4 Seasons (Ivoclar
Vivadent).
Na Tabela 1 são mostradas as médias e desvios padrão das
mudanças de cor (E) ocorridas entre os tempos T1 e T2 e entre os tempos T1 e
T3. Na Figura 20, estão representadas graficamente as médias de variação de cor
(E) juntamente com intervalos de 95% de confiança para as médias
populacionais. Esses intervalos permitem quantificar as evidências de diferenças
entre médias apontadas pela análise de variância: quanto maior a sobreposição,
menor a evidência de diferença entre as médias. Vê-se que as médias de mudanças
de cor (E) ocorridas entre os tempos T1 e T2 são menores e com menor precisão
do que as médias de mudanças de cor (E) ocorridas entre T1 e T3.
Tabela 1 – Médias e desvio padrão (DP) de mudanças de cor (E) ocorridas entre
os tempos T1 e T2 (T1-T2) ou entre T1 e T3 (T1-T3), de acordo com
a resina e a luz polimerizadora
Resina Luz T1-T2 T1-T3
Média DP Média DP
4 Seasons Hal 3,19 1,36 4,50 1,10
L100 2,57 1,55 4,33 0,52
MVM 2,98 2,14 4,72 0,99
Filtek Supreme Hal 3,01 1,35 5,12 0,71
L100 2,89 1,69 5,34 0,57
MVM 2,76 1,30 5,54 0,17
56
0
1
2
3
4
5
6
7
Hal L100 MVM Hal L100 MVM
4 Seasons Filtek Supreme
E
T12
T13
FIGURA 20 – Médias de mudança de cor (E) ocorridas entre os tempos T1 e T2
(T1-T2) ou entre T1 e T3 (T1-T3), de acordo com a resina e a luz
polimerizadora (Barra vertical: intervalo de 95% de confiança para a
média populacional).
57
DISCUSSÃO
58
Discussão
Devido aos grandes avanços na área de estética, um número cada
vez maior de pacientes procura os consultórios dentários com queixas em relação
à aparência de seus dentes. Tais pacientes almejam um sorriso harmonioso com
estética agradável, e quando houver restaurações nos dentes anteriores, que elas
sejam menos perceptíveis possível. Para isso, muitos avanços têm sido feitos no
desenvolvimento de novos materiais restauradores, técnicas de restauração, e
fontes de luz polimerizadoras. Dentre os materiais restauradores desenvolvidos
com propriedades ópticas aprimoradas destaca-se a resina composta.
Sem dúvida nenhuma, a cor é uma propriedade altamente
importante para o sucesso de uma restauração de resina composta e amplamente
estudada por diversos autores
1,2,4,7-13,16-18,20,21,23,24,26
. Ressalta-se, porém, que é
essencial que a cor correta da restauração permaneça não apenas no momento da
inserção da resina composta na cavidade, mas também após a polimerização e por
um longo período de uso clínico. Essa propriedade da resina composta de manter
a sua cor original ao longo do tempo é chamada de estabilidade de cor. Portanto,
cor e estabilidade de cor são duas propriedades essenciais para o sucesso clínico
de uma restauração estética.
Recentemente, uma outra importante propriedade das resinas
compostas tem sido estudada: a fluorescência
14
. A incorporação de tal
59
característica física visa aproximar ainda mais os compósitos do comportamento
óptico da estrutura dental natural. Segundo Lee et al.
14
(2005), fluorescência é a
propriedade que certos materiais possuem (assim como a estrutura dentária
natural) de absorver a luz em certos comprimentos de onda, e reemiti-la sob forma
de radiação de maior comprimento de onda. Quando devidamente excitados,
como por exemplo, sob iluminação que contenha raios ultravioleta, tais materiais
“acendem” emitindo brilho e luz próprios. Fica claro então que, materiais
restauradores não fluorescentes vão ter seu comportamento estético prejudicado
em condições nas quais os dentes são expostos a luz ultravioleta (UV). Nestas
condições, as resinas não fluorescentes vão ficar escuras, evidenciando sua
presença no meio dos dentes luminosos e mais claros. Este fenômeno de perda da
qualidade estética das resinas não fluorescentes ocorrerá em qualquer ambiente de
convívio social que seja iluminado artificialmente com lâmpadas de luz negra
como boates, discotecas, vitrines de shopping.
Apesar de serem três propriedades distintas, cor,
estabilidade de cor e fluorescência são propriedades que se encontram
interligadas. Assim, existem, hoje em dia, duas grandes correntes no mercado
odontológico: uma que defende a incorporação de componentes que geram
fluorescência nas resinas compostas, e outra que não considera esta característica
como primordial para o desempenho estético das resinas compostas, uma vez que
a mesma poderia prejudicar a estabilidade de cor e outras propriedades físico-
mecânicas deste material estético.
60
Por outro lado, a busca pelo material restaurador estético
ideal, que apresente desempenho físico mecânico adequado e que, além disso, seja
fácil de ser polido e mantenha esta lisura superficial ao longo de sua vida clínica,
sempre foram objeto dos pesquisadores e fabricantes.
As resinas compostas microparticuladas, lançadas no início
da década de 80 apresentaram evolução significativa nestas propriedades. Estas
eram fáceis de serem polidas e mantinham a lisura superficial obtida por longos
períodos de uso clinico sem manchamento ou degradação superficial. No entanto,
por apresentarem baixo desempenho físico-mecânico em muitas situações clínicas
nas quais havia incidência direta de força mastigatória, foram substituídas por
formulações hbridas e microhíbridas.
Recentemente, o lançamento de uma resina nanoparticulada
com cargas aglomeradas, Filtek Supreme (3M) reacendeu a discussão do uso de
resinas microparticuladas nas mais variadas situações clínicas que exigem tanto
excelente desempenho físico-mecânico quanto alto polimento e qualidade estética.
Mesmo com toda a complexidade do assunto, não pudemos
encontrar na literatura estudos que relacionem a incorporação de cargas que
produzam fluorescência, nem o efeito das nanopartículas aglomeradas sobre a
estabilidade de cor dos materiais restauradores diretos.
61
Em função disso, realizamos o presente estudo, no qual
comparamos a estabilidade de cor de duas resinas compostas diferentes: uma
micro-híbrida fluorescente (4 Seasons) e uma nanoparticulada não-fluorescente
(Filtek Supreme), polimerizadas com três diferentes fontes de luz (uma fonte de
luz halógena, um sistema LEDs de alta potência e um sistema LEDs de baixa
potência) a fim de analisar tanto o efeito da composição quanto o do tipo de luz
fotoativadora utilizada sobre a propriedade de estabilidade de cor.
Constatamos, tanto a olho nu (baseados nas cores da Escala Vita)
como através do uso do espectrofotômetro, que as duas marcas comerciais
testadas sofreram significativa alteração de cor após processo de envelhecimento
artificial, com média de E acima de 4 para a resina 4Seasons (Ivoclar Vivadent)
e com média acima de 5 para a resina composta Filtek Supreme (3M). Ressalta-se
que, de acordo com a literatura
4,8,11,14,16,20,23,26
, alterações de cor (E) acima de
aproximadamente 3,5 podem ser visualmente e clinicamente perceptíveis.
Pode-se especular que a maior alteração de cor ocorrida na resina
composta Filtek Supreme seja devido ao tamanho das partículas de sua matriz
inorgânica, ou seja, as chamadas nanopartículas. A literatura estudada mostra que,
quanto menor o tamanho das partículas, menor será a estabilidade de cor da resina
composta (BUCHALLA et al.
4
, 2002). Isso pode ser explicado pela hipótese
segundo a qual a interface (ou seja, a superfície) entre as partículas de carga e a
62
matriz orgânica de uma resina composta tem uma função importante na
capacidade de absorção de água de tal material. Portanto, uma maior taxa de
sorção de água, característica de resinas micro e provavelmente nanoparticuladas,
faria com que este material apresentasse menor estabilidade de cor ao longo do
tempo, como demonstrado em nosso trabalho pelo comportamento da resina
Filtek Supreme. Porém, contrariando esta teoria, encontramos estudos onde os
autores afirmam justamente o contrário: quanto maiores as partículas de carga,
menor será a estabilidade de cor
18,26
. Powers et al.
18
atribuem essa falta de
estabilidade de cor das resinas com partículas maiores à formação contínua de
subprodutos de degradação coloridos, sem, no entanto, especificar quais seriam
esses subprodutos, nem como ocorreria essa formação. Já Vichi et al.
26
,
contrariando a teoria de Buchalla et al.
4
, fazem a correlação do maior tamanho das
partículas de carga com menor estabilidade de cor, e explicam sua teoria. Vichi et
al.
26
afirmam que, resinas compostas com partículas de carga com tamanhos
maiores são mais susceptíveis à descoloração através do envelhecimento artificial
com água do que as resinas com partículas de carga menores. Segundo esses
autores, isso pode ser explicado considerando-se que a percepção de cor está
diretamente relacionada com a dispersão de luz. Assim, como a interface entre a
matriz resinosa e as partículas é um dos pontos mais fracos da resina composta,
com uma maior sensibilidade à sorção de água, pode-se supor que a degradação
hidrolítica desta interface pode modificar o modo como a luz é dispersa pelas
partículas. As diferentes dimensões de partículas poderiam determinar diferentes
graus de susceptibilidade ao envelhecimento que emprega água, correlacionando
63
com o tamanho das partículas de carga. Portanto, a degradação hidrolítica da
matriz pode alterar o padrão de dispersão de luz, e consequentemente, a cor do
material, e isto ocorreria em maior grau nos materiais com partículas de carga
maiores. Muito embora estes argumentos tenham algum respaldo científico,
nossos resultados confirmam a proposição de Buchalla et al.
4
, 2002. Julgamos
que o menor tamanho das partículas de carga é o responsável pelos maiores
valores de alteração de cor ocorridos em nossos experimentos. Em nossa opinião,
tal degradação causada pela água seria ainda potencializada pela ação do
envelhecimento pela luz ultravioleta.
As alterações de cor das resinas compostas também podem ser
explicadas por suas diferentes formulações. As mudanças de cor podem estar
associadas à natureza da matriz resinosa de cada material
2,11,13,21,22,26
(Bis-GMA,
TEGDMA, UDMA na resina composta 4Seasons; Bis-GMA, Bis-EMA, UDMA e
TEGDMA na resina composta Filtek Supreme). Asmussen
2
(1983), já estudando a
estabilidade de cor das resinas compostas bem no começo de sua utilização na
rotina odontológica, afirma que a quantidade de Bis-GMA presente na
composição de uma resina pode afetar significativamente sua capacidade de
estabilidade de cor. Diferenças na formulação das duas resinas compostas aqui
estudadas, poderiam explicar as diferenças ocorridas na estabilidade de cor, apesar
de não podermos citar ao certo como ocorreria esse fenômeno. Estudando a
formulação dos dois materiais aqui utilizados, notamos que ambos possuem
matriz resinosa semelhante, porém o material Filtek Supreme possui, além de Bis-
64
GMA, TEGDMA e UDMA, também a molécula Bis-EMA, que não está presente
na formulação da resina composta 4Seasons. Por isso, em nossa opinião, a maior
alteração de cor ocorrida da resina Filtek Supreme poderia ser devido à presença
desta molécula. No entanto, não podemos explicar o processo através do qual o
Bis-EMA poderia influenciar negativamente a propriedade estabilidade de cor.
Outro fator que pode afetar alteração de cor de um material
resinoso é a presença e quantidade do agente fotoiniciador da polimerização,
sendo a canforoquinona o agente mais utilizado. Apesar de ser usada numa
concentração extremamente baixa na maioria das resinas, a canforoquinona
influencia significativamente a cor do material
11
por ser um composto químico
amarelo e com espectro de absorção ao redor de 468 nm, que combina com o
espectro de emissão da maioria dos aparelhos fotopolimerizadores. Durante a
polimerização, a canforoquinona muda sua cor de amarelo para quase
transparente. Entretanto, se a irradiação não for suficientemente forte ou longa,
uma certa quantia de cor amarela ainda vai permanecer no material. Portanto, nos
materiais restauradores que possuem canforoquinona como fotoiniciador, se não
houver uma polimerização adequada, o material ainda irá reter uma certa
quantidade de amarelado. Sob a influência de luz ambiente, ou processo de
envelhecimento artificial com luz ultravioleta, uma conversão maior da
canforoquinona ainda ocorre, apesar da resina já estar polimerizada. Esse efeito,
pode ser evitado com uma polimerização eficiente. Apesar de termos utilizado
diferentes fontes de luz polimerizadoras neste estudo, a análise estatística dos
65
resultados não evidenciou diferença entre as fontes de luz sobre a estabilidade de
cor das resinas, sugerindo que houve uma polimerização eficiente com todas as
fontes, e que essas fontes de luz específicas aqui utilizadas não teriam nenhum
efeito sobre a cor do material. Tal fato pode ser explicado pelo método de
polimerização aplicado, onde o tempo de polimerização foi o mesmo para as três
luzes (40 segundos), em contato com a superfície do corpo-de-prova. Além disso,
as três fontes emitem luz no espectro de absorção da canforoquinona, que é o
agente fotoiniciador das resinas aqui empregadas. Não existem, na literatura
pesquisada, estudos acerca da diferença entre luz halógena e sistema LEDs na
estabilidade de cor de resinas compostas. Porém, baseados nos dados do estudo de
Janda et al.
11
(2005), onde foram empregadas uma fonte de luz halógena e uma
fonte de arco de plasma para estudo de estabilidade de cor de diferentes resinas,
podemos afirmar que uma polimerização eficiente irá gerar melhores resultados
de estabilidade de cor a longo prazo.
Leibrock et al.
13
(1997) também citam outra hipótese de alteração de
cor, desta vez relacionada com a ação do envelhecimento com a luz ultravioleta.
No caso de resinas que não possuem suficientes ligações duplas de carbono
(moléculas formadas após a polimerização), a reação com o oxigênio ativado pela
energia da luz ultravioleta ou pelo calor que a mesma gera leva a uma formação
de peróxidos amarelados, que causam a alteração de cor da resina composta.
Mesmo com uma polimerização eficiente, ainda restam na matriz resinosa
ligações duplas de carbono não-polimerizadas que não podem ser reduzidas,
66
mesmo após uma polimerização adicional. Por este motivo, ainda pode haver
formação de peróxidos amarelados mesmo em resinas compostas bem
polimerizadas
4
. Essa quantia de ligações duplas de carbono está relacionada com
o tipo de matriz resinosa de cada resina, no entanto não podemos afirmar como
ocorre especificamente essa associação. Devido ao fato de termos utilizado duas
resinas compostas com matrizes resinosas ligeiramente diferentes, pode-se
especular, baseados nos resultados encontrados, que houve uma menor conversão
de ligações duplas de carbono na resina Filtek Supreme, e, consequentemente,
maior formação de peróxidos amarelados após a exposição à luz ultravioleta,
gerando a maior alteração de cor, em relação à resina 4Seasons, apesar de ambas
as resinas, em todos os grupos estudados, sofrerem alteração de cor (E > 4)
significativa, tanto estatística quanto visualmente.
Após a análise de todos os fatores envolvidos na estabilidade de
cor de um material resinoso e apesar da escassez de estudos na literatura
pertinente, especula-se que a menor estabilidade de cor obtida nos grupos da
resina composta Filtek Supreme seja devido às diferenças de composição entre
esta e a resina composta 4Seasons. Em nossa opinião, a presença da molécula Bis-
EMA na composição da resina Filtek Supreme, poderia influenciar negativamente
a estabilidade de cor. No entanto, não encontramos na literatura dados que
comprovem essa especulação ou como ocorreria tal processo. Já baseados na
literatura pesquisada, provavelmente, o fator que mais influenciaria tal
instabilidade seria o tamanho menor das partículas presentes no material nano-
67
particulado (Filtek Supreme). Parece-nos que o composto fluorescente (Ytérbio
tri-fluorídrico), não teve qualquer influência negativa sobre a cor da resina
4Seasons, contrariando, deste modo, as campanhas de mercado odontológico que
afirmam que tal componente poderia prejudicar o desempenho estético de uma
restauração a médio e longo prazo. Em relação às fontes de luz polimerizadoras,
estas demonstraram comportamento semelhante, evidenciando-se assim,
provavelmente uma polimerização adequada de qualquer uma das fontes
ativadoras utilizadas.
Apesar da superioridade estatisticamente comprovada da resina
composta 4Seasons sobre a resina Filtek Supreme, podemos afirmar que ambos os
materiais estão sujeitos à alteração de cor quando do seu envelhecimento, porém
não podemos dizer em quanto tempo isso ocorreria no ambiente oral.
Ficou evidente também a necessidade de novos estudos nesta linha
de pesquisa a fim de elucidar e oferecer subsídios para o julgamento e seleção dos
materiais restauradores estéticos que ofereçam os melhores desempenhos estéticos
em condições clínicas.
68
CONCLUSÃO
69
Conclusão
Dentro das limitações do presente estudo e a partir dos resultados
obtidos, podemos concluir que:
1- Todos os materiais sofreram alteração de cor significativa, após o processo de
envelhecimento artificial.
2- A resina composta Filtek Supreme (nanoparticulada não-fluorescente)
apresentou média de alteração de cor (E) estatisticamente maior que a resina
composta 4 Seasons (micro-híbrida fluorescente).
3- O tipo de luz fotopolimerizadora (LED ou halógena) não determinou diferenças
estatísticas na propriedade de estabilidade de cor para os materiais estudados.
70
REFERÊNCIAS
71
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77
APÊNDICE
78
APÊNDICE 1
Tabela A1 – Medidas de mudanças de cor (E) ocorridas entre os tempos T1 e
T2, de acordo com a resina e a luz polimerizadora
Amostra
4
Seasons Filtek Supreme
Hal L100 MVM Hal L100 MVM
1 5,1 1,3 2,4 2,7 1,6 4,2
2 1,4 1,1 6,0 4,4 5,8 1,5
3 3,5 4,4 4,2 2,4 2,8 2,0
4 2,7 4,0 2,0 4,3 1,7 4,2
5 3,3 2,1 0,4 1,2 2,7 1,9
Tabela A2 – Medidas de mudanças de cor (E) ocorridas entre os tempos T1 e
T3, de acordo com a resina e a luz polimerizadora
Amostra
4
Seasons Filtek Supreme
Hal L100 MVM Hal L100 MVM
1 5,3 4,8 5,8 5,9 5,5 5,8
2 5,1 4,9 5,7 4,2 5,2 5,6
3 2,6 4,2 4,1 4,7 4,5 5,3
4 5,0 4,2 4,5 5,0 6,1 5,6
5 4,5 3,6 3,5 5,7 5,4 5,4
79
Tabela A3 – Sumário da análise de variância para avaliação das médias de
mudanças de cor (E) ocorridas entre os tempos T1 e T2
Efeito Graus de Média F P
liberdade quadrática
Resina 1 0,006 0,002 0,961
Luz 2 0,341 0,135 0,874
Resina*Luz 2 0,224 0,089 0,916
Resíduo 24 2,529
Homogeneidade de variâncias: p= 0,767 (Levene)
Normalidade dos resíduos: p= 0,164 (Shapiro-Wilk)
Tabela A4 – Sumário da análise de variância para avaliação das médias de
mudanças de cor (E) ocorridas entre os tempos T1 e T3
Efeito Graus de Média F P
liberdade quadrática
Resina 1 5,002 9,033 0,006*
Luz 2 0,314 0,568 0,574
Resina*Luz 2 0,101 0,182 0,834
Resíduo 24 0,554
Homogeneidade de variâncias: p= 0,111 (Levene)
Normalidade dos resíduos: p= 0,211 (Shapiro-Wilk)
* significativo ao nível de 5%
80
RESUMO
81
JORGE, J.R.P. Estabilidade de cor de resinas compostas em função de
composição e sistema de fotoativação – avaliação através de espectroscopia de
reflectância. 2006. 83 f. Dissertação (Mestrado em Dentística Restauradora) –
Faculdade de Odontologia, Universidade Estadual Paulista, Araraquara, 2006.
RESUMO
A estabilidade de cor de duas resinas compostas diferentes frente ao
envelhecimento físico/químico foi avaliada, em função dos seguintes fatores:
composição e tipo de luz fotoativadora. Para isso, foram confeccionados 15
corpos-de-prova para a resina Filtek Supreme, e 15 corpos-de-prova para a resina
4 Seasons. Ambos os materiais foram polimerizados com três fontes de luz
diferentes: uma luz halógena, e dois sistemas LEDs. Tais corpos-de-prova foram
submetidos ao envelhecimento artificial, inicialmente através de imersão em água
destilada por 24 horas, e após esse período foram expostos à luz ultravioleta por
24 horas, em associação à imersão em água destilada. As mensurações de cor
foram realizadas com o auxílio de um espectrofotômetro de reflectância e tais
mensurações, através de uma fórmula matemática apropriada, permitiu que o total
de alteração de cor (E) fosse avaliado, para todas as variações, nos seguintes
períodos de tempo: após imersão em água destilada (T1-T2) e após exposição à
luz ultravioleta (T1-T3). Os resultados foram submetidos à Análise de Variância,
sendo que através da mesma foi possível observar que: a resina composta Filtek
Supreme apresentou média de alteração de cor (E) estatisticamente maior que a
resina composta 4 Seasons; o tipo de luz fotopolimerizadora (LED ou halógena)
não determinou diferenças estatísticas na propriedade de estabilidade de cor para
os materiais estudados. Ambos os materiais sofreram alteração de cor
significativa, tanto estatística quanto visualmente, após o processo de
envelhecimento artificial.
Palavras-chave: Resinas compostas; cor; estética dentária; odontologia.
82
ABSTRACT
83
JORGE, J.R.P. Color stability of composite resins in function of composition and
photo-activation system – reflectance spectroscopy evaluation. 2006. 83 f.
Dissertação (Mestrado em Dentística Restauradora) – Faculdade de Odontologia,
Universidade Estadual Paulista, Araraquara, 2006.
Abstract
Color stability of two different composite resins after artificial aging was
evaluated, against the following factors: composition and type of photo-activating
light. Therefore, 15 specimens from Filtek Supreme composite resin and 15
specimens from 4 Seasons composite resin were prepared. Both materials were
polymerized with three different light devices: one halogen light and two LEDs
systems. These specimens were submitted to artificial aging, initially through
immersion in distilled water for 24 hours and then through exposure to ultraviolet
light for 24 hours, in association with immersion in distilled water. The color
mensurations were accomplished by a reflectance spectrophotometer and these
mensurations, through a proper mathematical formula, allowed that the total color
alteration (E) was evaluated, for each variation, at the following period of time:
after distilled water immersion (T1-T2), and after ultraviolet light exposure (T1-
T3). These results were analyzed by a analysis of variance, and through this
analysis it was possible to notice that: Filtek Supreme composite resin presented
color alteration average (E) statistically higher than the 4 Seasons composite
resin average; the type of photopolymerization light (LED or halogen) did not
define any statistical differences on color stability for both studied materials. Both
materials underwent significant color alteration, both statistical and visually
alterations, after the artificial aging process.
Keywords: Composite resin; color; esthetics, dental; dentistry.
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