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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA
Pró-Reitoria de Pesquisa e de Pós-Graduação
Programa de Pós-Graduação Stricto sensu
Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos
Heloisa Cristina Ramos Fertonani
ESTABELECIMENTO DE UM MODELO DE EXTRAÇÃO ÁCIDA
DE PECTINA DE BAGO DE MAÇÃ.
Dissertação apresentada como um dos requisitos
para a obtenção do título de mestre em Ciência e
Tecnologia de Alimentos.
Orientador: Dr. Gilvan Wosiacki
Co-orientadora: Dra. Eliana Beleski Borba
Carneiro
PONTA GROSSA
2006
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AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, Prof. Dr. Gilvan Wosiacki, pelo incentivo, dedicação,
confiança, apoio e aprendizado que não só contribuiu com a ciência, como também com
o exemplo de respeito, ética e seriedade que conduz seus trabalhos.
À minha co-orientadora, Prof
a
. Dr
a
. Eliana Beleski Borba Carneiro, pela
atenção, colaboração e pelas correções finais da dissertação.
Ao Prof. Dr. Ivo, pela amizade, confiança e concessão de seu laboratório e
equipamentos.
Ao Prof. Dr. Paulo Borba Carneiro pela disponibilidade do seu equipamento e
suporte técnico com as análises de espectroscopia.
Ao Prof. Dr. Alessandro Nogueira, pela colaboração com o processamento das
maçãs, orientação com a fabricação do suco e do vinho, e pela gentileza no empréstimo
do material bibliográfico.
À Prof. Maria Helene Canteri Schemin, pela paciência, orientação, dedicação,
pela grande amizade e aprendizado.
À minha tia e professora de metodologia de pesquisa, Maria Etelvina Madalozzo
Ramos, pela orientação recebida na utilização das normas para apresentação de trabalho
científico, pelo imenso apoio, entusiasmo, carinho, dedicação, amizade e paciência.
A Danianne, Denise e Rita pela paciência e ajuda com as análises físico-
químicas e pelos momentos de descontração e harmonia.
À minhas amigas, Belinda, Krischina, Luciana e Maria Carolina, pela amizade,
companheirismo, apoio e convivência sempre tão alegre e indispensável.
À Ardalla, pela colaboração com as análises de espectroscopia e titulometria e
amizade.
À minha família, sem a qual não teria chegado até aqui e conquistado tantos
objetivos, sempre me apoiaram e incentivaram em todas as minhas decisões com
carinho, muito amor e paciência.
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RESUMO
O processamento de suco concentrado de maçã pode acarretar a disponibilidade de 20 a
40% da matéria-prima sob a forma de resíduo agroindustrial, o bago, que pode ser
usado como matéria-prima para a obtenção de compostos de alto valor. O objetivo deste
trabalho foi estabelecer um procedimento de extração ácida de pectina a partir do
bago de maçã. O bago foi obtido em nível de laboratório e desidratado em estufa.
Foram feitos ensaios com 7 ácidos em diferentes concentrões de 1 a 750 mM,
temperatura 97º C por 10 min, para verificar o efeito sobre a reação de extração. Com o
ácido mais adequado, foi utilizado um planejamento fatorial 2
2
axial com repetões no
ponto central para estabelecer o efeito da sua concentração e do tempo, a 97º C, sobre o
rendimento e a esterificação da pectina. Os modelos foram analisados estatisticamente
com relação à regressão e a falta de ajuste. A fração de pectina obtida no ensaio central
do experimento foi comparada com amostras comerciais de pectina de alto e baixo grau
de esterificação em termos titulotricos, espectroscópicos (FT-IR), cromatografia de
exclusão em gel e em relação ao seu conteúdo de úcares neutros por cromatografia
gasosa. As reações de extração evidenciaram a diferença entre os ácidos nítrico,
clorídrico, succínico e tico, com rendimento crescente até 100 mM, e os ácidos
tricloroacético, málico e cítrico, com rendimento crescente até 750 mM chegando a
valores superiores aos teores existentes de pectina. O ácido nítrico foi o que apresentou
resultados mais coerentes e a reação de extração com 10 g de bago de mã
apresentou maior praticidade em comparação com 5g ou 25g embora os rendimentos
tenham sido todos iguais (R
2
= 0,9978). O modelo de extração ácida de pectina foi
estatisticamente significativo (R
2
= 0,9834) e demonstra que a 126 mM durante 14 min
deve haver um rendimento máximo de 20,07 g. O mesmo experimento definiu o modelo
estatisticamente significativo (R
2
= 0.9796) que demonstrou o grau de esterificação
nimo de 43,73% de pectinas extrdas a 200 mM durante 10 min. A amostra de
pectina experimental (10 min, 100mM, 97ºC) foi similar à comercial de baixo grau de
esterificação tanto por titulometria quanto por espectroscopia FTIR, apresentou
semelhante perfil de exclusão estérica e grau de inserção de ramnose na cadeia
principal. Os resultados sugerem o uso do modelo em condições ainda mais brandas que
as do ensaio central para a obtenção de pectinas de baixo grau de esterificação com
menores possibilidades de danos estruturais.
Palavras-chave: pectinas, bago de maçã, rendimento, grau de esterificação
ABSTRACT
Apple juice processing may produce around 20-40% of the raw material as a by-product
known as pomace, which could be useful as natural source of many high value
compounds. The objective of this work was to establish a procedure of acid extraction
of pectin from such industrial by-product. Apple pomace, obtained in laboratory scale,
was dried to decrease its chemical and microbiological instability. With essays at 97º
C/10min seven acids were tested (1-750 mM) in what concerns their effects on pectin
yield and best acid was identified. Pectin was extracted according to a experimental
design factorial 22 axial with repetitions at the central essay considering the effects of
HNO3 concentration and time. The resulting model was analyzed in what concerns
regression and lack of fit. The pectin fraction obtained at the central essay was
compared to commercial samples of low and high methoxyl pectin with titrimetry and
spectroscopic FTIR techniques as well as by size exclusion chromatography and neutral
sugar composition.The extraction reactions showed the difference of the nitric,
hydrochloric, succinic and lactic acids, which an increasing yield up to 100 mM from
the trichloroacetic, malic and citric acids, with an increasing yield up to 750 mM,
reaching higher levels than possible. Nitric acid was the selected and the reaction
containing 10 g of apple pomace gave better results than that with 5 or 25 although he
yields were all the same (R2=). The model was statistically significant concerning
gravimetric yield (R
2
=0.9834) and predicts that at 126 mM and during 14 min it will be
reached a maximum yield of 20.07 g/100g. The same experiment established the model
statistically significant (R
2
=0.9888) which predicts the minimum degree of
esterification of 43,73% in extracted pectin at 200 mM during 10 min. The experimental
sample of pectin (10 min, 100mM, 97ºC) was similar to the commercial low methoxyl
pectin both by titrimetric techniques as well as spectroscopic FTIR, and showed a
similar HPSEC profile and ramnose insertion frequency in main acid chain. The results
suggest the utilization of the model in conditions even milder than that of the central
essay for obtaining low methoxyl pectin with less possibility of structural damage.
Palavras-chave: pectin, apple pomace, yield, degree of esterification.
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
AUA Ácido anidrogalacturônico
Ara Arabinose
Ca
+2
Cálcio
cv Cultivar
CSDN Carboidratos solúveis em detergente neutro
CIT Ácido trico
DE Grau de esterificação
DA Grau de acetilação
FDA Fibra por detergente ácido
FDN Fibra por detergente neutro
FSDN Fibra solúvel em detergente neutro
FID Detector de ionização de chama
FT-IR Espectroscopia de infravermelho com transformador de Fourier
Fuc Fucose
GalA Ácido galacturônico
Gal Galactose
Glc Glucose
GLC Cromatografia Líquido-gasosa
GTM Grupo de trabalho sobre maçã
HCl Ácido clorídrico
HG Homogalacturonana
HMP Pectina de alto grau de esterificação
HNO
3
Ácido nítrico
HPSEC-MALLS Cromatografia de exclusão estérica de alta pressão
IR Índice de refração
LAC Ácido láctico
LMP Pectina de baixo grau de esterificação
LS Espalhamento de luz
MAL Ácido lico
MALLS Espalhamento de luz em multngulos
mM Milimolar
mEq Miliequivalente
MeO Teor de Metoxilação
R
2
Coeficiente de regressão
RG-I Ramnoglacturonana do tipo I
RG-II Ramnogalacturonana do tipo II
SUC Ácido succínico
Rha Ramnose
TCA Ácido tricloroacético
TFA Ácido trifluoracético
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 Maçãs cv Joaquina, ilustrando a diferença entre a fruta industrial, a
menor, das comerciais.
16
Figura 2 Farinha de bago de maçã após secagem em estufa.. 18
Figura 3 Ilustração sobre a composição das células vegetais. 19
Figura 4 Ilustração de uma célula vegetal. 20
Figura 5 Estrutura química da cadeia de pectina em forma de cadeira. 25
Figura 6 Estrutura dos dois dímeros formados por ácido galacturônico e ramnose,
mostrando as ligões α-(1à2), α-(1à4) e α-(1à2) respectivamente.
26
Figura 7 Estrutura convencional de pectina (A), nova proposta dos autores (B). 28
Figura 8 Fluxograma do beneficiamento do bago de maçã. 37
Figura 9 Fluxograma de extração de pectinas de bago de maçã desidratado. 38
Figura 10 Bago de maçã desidratado em pó. 44
Figura 11 Rendimento gravitrico de obtenção das substâncias pécticas com os
ácidos nítrico, clorídrico, succínico e tico no gráfico A e com os ácidos
tricloroacético, trico e lico no gráfico B, de 1 a 750 mM.
47
Figura 12 Rendimento gravitrico de obtenção das substâncias pécticas com os
ácidos diluídos nítrico, clorídrico, sucnico e lático no gráfico A e com os
ácidos tricloroatico, cítrico e málico no gráfico B, de 1 a 100 mM.
48
Figura 13 Linhas de tendência do rendimento gravimétrico de obtenção das
substâncias pécticas com os ácidos diluídos nítrico, clorídrico, sucnico e
tico no gráfico A e com os ácidos tricloroacético, trico e málico no
gráfico B, de 1 a 100 mM.
49
Figura 14 Quantidade de substâncias pécticas extrdas com diferentes ácidos a
100 mM.
50
Figura 15
Relacionamento entre a matéria prima e as substâncias pécticas extrdas com
HNO3 100 mM /10min, 97ºC.
52
Figura 16 A influência da concentração de ácido e do tempo sobre o rendimento
gravimétrico do processo de extração de substâncias pécticas ilustradas
(A) por superfície de resposta e (B) por curvas de nível.
54
Figura 17 A influência da concentração de ácido e do tempo sobre a qualidade do
produto ilustrada (A) por superfície de resposta e (B) por curvas de nível.
57
Figura 18 Características de qualidade físico-química de pectinas. 61
Figura 19 Caracterização espectroscópicas FT-IR das substâncias pécticas ext
rdas com
Ácido nítrico (100 mM; 10 min; 97ºC) a partir de 5 g/200 g (A); 10 g/400g
(B) e 25 g/1000g (C).
63
Figura 20 Espectroscopia de infravermelho das amostras experimental (A) e
comerciais (B) e (C).
64
Figura 21 Cromatogramas em HPSEC-MALLS das amostras de pectina comercial
(A) HMP e (B) LMP e (C) amostra experimental = HNO
3
, 100 mM,
10 min, 97ºC.
66
Figura 22 Proporção dos ácidos urônicos e da somatória dos úcares galactose e
arabinose por unidade de ramnose.
72
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 Teor de pectinas em frutas 23
TABELA 2 Donio do planejamento experimental 43
TABELA 3 Ensaios do planejamento experimental 43
TABELA 4 Qualidade físico-química de amostra de bago de maçã cv
Joaquina
44
TABELA 5 Influência de ácidos no rendimento gravimétrico. 46
TABELA 6 Listagem das equões das curvas de tendências e seu
coeficiente de correlação
49
TABELA 7 Influência da quantidade de matéria-prima no rendimento
gravimétrico
51
TABELA 8 Resultados do modelo do rendimento gravimétrico 53
TABELA 9 Os coeficientes do modelo de extração ácida de pectina 53
TABELA 10 Análise da varncia 54
TABELA 11 Resultados do modelo em grau de esterificação 55
TABELA 12 Os coeficientes do modelo em grau de esterificação 56
TABELA 13 Análise da varncia do modelo em grau de esterificação 56
TABELA 14 Valores preditos em coordenadas específicas 58
TABELA 15 Característica titulotrica das pectinas experimental e
comerciais
60
TABELA 16 Tempo de retenção de pectinas em minutos 65
TABELA 17 Identificação dos úcares neutros pela mobilidade
cromatográfica(GLC).
68
TABELA 18 Identificação dos úcares neutros pela composição dos
fragmentos obtidos em espectgrafo de massa
69
TABELA 19 Proporção relativa de úcares neutros identificados nas
amostras
69
TABELA 20 Proporção relativa dos úcares neutros e ácidos 70
TABELA 21 Relações entre os úcares das cadeia principal e das
cadeias laterais
70
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 12
2 REVISÃO DA LITERATURA 14
2.1 A PRODUÇÃO DE MAÇÃS 14
2.2 PAREDE CELULAR EM TECIDOS VEGETAIS 19
2.3 SUBSTÂNCIAS PÉCTICAS 21
2.3.1 Estrutura da pectina 24
2.3.2 Extração 29
2.3.3 Aplicação 30
3 OBJETIVO 35
3.1 OBJETIVOS ESPEFICOS 35
4 MATERIAL E MÉTODOS 36
4.1 MATERIAL 36
4.2 MÉTODOS 36
4.2.1 Os processos 36
4.2.1.1 Obtenção do bago 36
4.2.1.2 Extração ácida 37
4.2.1.3 Isolamento da pectina 38
4.2.2 Análises 39
4.2.2.1 Análises Físico-químicas 39
4.2.2.2 Análises estatísticas 39
4.2.2.3 Análises Espectroscópicas 40
4.2.2.4 Análises Cromatográficas 40
4.2.2.5 Análises Titulotricas 41
4.2.3 Experimentos 42
4.2.3.1 Efeitos dos diferentes ácidos 42
4.2.3.2 Planejamento experimental 43
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 44
5.1 CARACTESTICAS DO BAGAÇO DESIDRATADO DE MAÇÃ 44
5.2 EFEITO DE DIFERENTES ÁCIDOS NA EXTRAÇÃO DE PECTINA 46
5.2.1 Estabelecimento da quantidade de matéria prima no sistema
experimental
51
5.3 MODELO DO PROCESSO DE EXTRAÇÃO E DA QUALIDADE
DO PRODUTO
52
5.3.1 Rendimento gravitrico do processo de extração 53
5.3.2 Grau de esterificação 55
5.4 CARACTESTICAS DA QUALIDADE DA PECTINA EXPERIMENTAL
E COMERCIAIS
59
5.4.1 Característica de qualidade titulotrica 59
5.4.2 Característica da qualidade de espectroscópica de infravermelho (FT-IR) 61
5.4.3 Característica de qualidade cromatográfica 65
5.4.3.1 Cromatografia de exclusão estérica (HPSEC MALLS) 65
5.4.3.2 Composição em monossacarídeos (GLC) 67
6 CONCLUSÕES 73
REFERÊNCIAS 74
APÊNDICE 79
ESTABELECIMENTO DE UM MODELO DE EXTRAÇÃO ÁCIDA
DE PECTINA DE BAGO DE MAÇÃ.
1 INTRODUÇÃO
O cultivo de maçãs na Rego Sul do Ps foi implantado no início da década de
1970, após tentativas de plantio em outras regiões, como no Sudeste e Centro-Oeste
brasileiro. Foi notável o desenvolvimento da cultura nos Estados do Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul, em algumas regiões com climas mais adequados, com
características mais próximas das de zonas temperadas. Em cerca de 30 anos o Brasil
tornou-se auto-suficiente na produção e abastecimento de maçã, dando início aos
processos de exportação de fruta in natura. A evolução da cultura posicionou o ps
como 13º maior produtor mundial, com nível de 1000 toneladas tricas anuais.
Como a maçã produzida no Brasil foi programada para atender consumidores de
frutas in natura isto acarretou o desenvolvimento de um processo de beneficiamento
altamente rigoroso, com demanda de equipamentos automatizados, aumento de área de
armazenagem com atmosfera controlada e profissionais especializados, criando
empregos e impulsionando o desenvolvimento sócio-econômico.
As maçãs desqualificadas para o corcio passaram a ser industrializadas, com
a produção de sucos concentrados e de fermentados, matéria-prima para o
beneficiamento da sidra, bem como a obtenção de vinagres e aguardentes, em menor
escala. Com a industrialização, apesar das vantagens relativas aos novos produtos,
inclusive com atividades de exportação, surgiram os resíduos e sub-produtos, dentre os
quais o economicamente mais importante é o bago de maçã, que pode representar de
30 a 40% da matéria-prima, dependendo do nível de tecnologia empregado.
De acordo com as informações divulgadas pelo Grupo de Trabalho sobre Maçã -
GTM (www.pitangui.uepg.br/gtm) da Universidade Estadual de Ponta Grossa, o bago
contém todas as partes da fruta, como por exemplo, cascas, sementes, centro do fruto,
polpa, incluindo células com parede celular intacta. Dentre os constituintes da maçã, são
encontrados no bagaço açúcares solúveis, ácidos orgânicos, compostos felicos,
constituintes do aroma e fibras incluindo celuloses, hemiceluloses e pectinas.
A condição atual da produção de maçãs no Brasil faz com que seja necessário
um avanço no processo de industrialização e é conhecido o fato de que as variedades
Fuji e Gala não são especialmente adequadas para esta finalidade. Algumas das
variedades que estão sendo desenvolvidas apresentam características que favorecem o
seu processamento, como o cultivar (cv) Joaquina, da qual pode ser extrdo o suco e
feito o vinho, de boa qualidade, gerando o bago a ser valorizado.
O bago de maçã pode ser visto não como um resíduo ou um subproduto, mas
sim como uma matéria-prima para a extração de pectina. As substâncias pécticas,
presentes na maioria das frutas e vegetais, mas em maior proporção no albedo das frutas
tricas e no bagaço de maçã, podem ser extrdas por diferentes todos com ácidos,
álcalis ou enzimas, constituindo-se em um conhecimento de donio industrial de
difícil acesso. Portanto, a fim de colher subsídios para aproveitamento do bago de
maçã no Brasil há necessidade de que sejam estabelecidas às condões de extração com
tipos e concentrões de ácidos, de tempo e de temperatura levando em consideração a
quantidade do rendimento e a qualidade da pectina comparativamente com amostras
comerciais.
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 A PRODUÇÃO DE MAÇÃS
Com o desenvolvimento da cultura no Sul do Estado do Paraná, na rego central
de Santa Catarina e na serra gaúcha (WOSIACKI; NOGUEIRA; SILVA, 2000), a
produção passou de 543 mil toneladas tricas em 1990 para 978 toneladas tricas
em 2004 (WORLD..., 2005). Em 1990, a área ocupada por pomares comerciais era de
22 938 mil hectares enquanto que em 2004, 32 931 mil hectares, representando um
aumento de 43%. Estes resultados colocam o Brasil como um dos 15 maiores
produtores de maçãs (WOSIACKI; NOGUEIRA; SILVA, 2000; WORLD..., 2005).
Os pomares comerciais brasileiros, mesmo os mais recentemente instalados,
continuam com aspectos peculiares de produzir maçãs para consumo in natura, sendo
que as principais cultivares são a Fuji (43%), Gala (46%) e a Golden delicious (6%);
todas as demais variedades representam não mais do que 3% da produção total
(WOSIACKI; NOGUEIRA; SILVA, 2000). Estes meros refletem a exigência do
consumidor altamente criterioso na aceitação de maçã de mesa evidenciando que a
Golden delicious não apresenta qualidade que o satisfaça, principalmente em termos de
aparência. A Gala e a Fuji, que no Brasil representam 89% da produção de maçãs, são
classificadas em 3º e 4º lugar em termos quantitativos mundiais, perdendo apenas para
Golden delicious e a Delicious (WORLD..., 2005).
Estas frutas produzidas para consumo in natura não necessariamente apresentam
as qualidades requeridas para processamento industrial, em especial os altos teores de
ácido málico. Outras variedades cultivadas podem, entretanto, em função de seus
elevados teores de ácido lico e compostos felicos, ser usadas para corrigir os
produtos do processamento da Gala e da Fuji. (WOSIACKI; NOGUEIRA; SILVA,
2000).
A cultura de maçã no Brasil, praticamente bivarietal e fundamentada nos cv Fuji
e Gala, atualmente supridas por muitos outros pses produtores, não apresenta mais
vantagens do ponto de vista econômico e novas variedades devem ser desenvolvidas no
sentido de suprir o mercado com ofertas competitivas (WORLD..., 2006).
Os pomares mais recentes já contêm novas variedades de maçãs escolhidas entre
aquelas resistentes às doenças de verão causadas por sarna (Venturia inaequalis), oídio
(Podosphaera leucotricha) e bitter pit (Glomerella cingulata) que, se não forem
tratadas adequadamente, podem acarretar a perda total da produção (WOSIACKI et al.;
2002). Assim surgiram as variedades comerciais Baronesa, Catarina, Condessa, Daiane,
Duquesa, Fred hough, Fuji suprema, Imperatriz, Lisgala, Primicia e Princesa, mais
resistentes requerendo menos cuidados técnicos e gastos com defensivos agrícolas.
O cultivar Joaquina (Figura 1), lançado durante a Festa Nacional da Maçã em
São Joaquim, em 2002, é uma nova espécie desenvolvida para atuar nos pomares como
polinizadora de outra variedade, a Catarina. Essa variedade passou a estar disponível
aos produtores a partir de 2003 integrando os pomares da rego, sendo resistente
geneticamente à sarna permitindo reduzir em 70% o uso dos fungicidas e diminuindo o
custo de produção (PEREIRA, et al., 2002).
Sua avaliação tecnológica identificou que tem todas as características de uma
fruta comercial doce-amarga como a Fuji e a Gala, sem diferenças em suas composões
físico-químicas, podendo ser usada com parcimônia no processamento do suco e com
segurança na produção de vinho (FERTONANI, et al., 2006).
Figura 1 - Maçãs cv Joaquina, ilustrando a diferença entre a fruta industrial, a menor, das
comerciais.
A previsão da produção para o ano de 2006 era de 1.050 mil toneladas de maçãs,
735 mil ton (70%) destinadas ao abastecimento do mercado dostico, 105 mil ton
(10%), o processo de exportação com frutas de alta qualidade e 210 mil ton (20%), para
frutas destinadas ao processamento industrial (WOSIACKI et al.; 2002).
Por outro lado, considera-se, que as frutas destinadas ao processamento
industrial correspondem a 30% da produção, sendo que 10% constituem as frutas com
problemas fitossanitários e 20% as frutas industriais propriamente ditas. As frutas com
problemas fitossanitários estão sendo destinadas indevidamente para a fabricação de
sidra, ou vinagre e destilados (PAGANINI et al., 2004), embora a toxina formada por
bolores seja eliminada pelas leveduras do gênero Saccharomyces durante o processo
fermentativo.
As frutas denominadas industriais (20%) apresentam formato inadequado,
tamanho pequeno, cicatrizes provenientes do ataque de insetos e de pássaros, ou de
granizos, ferimentos resultantes de tratos culturais e transporte inadequado, com má
distribuição de coloração, características que as tornam sem valor comercial. Mas,
apresentam a mesma composição físico-química das frutas comerciais e, portanto,
podem ser destinadas à produção de suco, agregando valor e possibilitando a oferta de
um produto nobre ao longo do ano (PAGANINI et al., 2004; WOSIACKI, et al., 1992).
O processamento destas frutas leva também à produção do bago, que pode
representar de 20 a 40% da quantidade total de maçã processada. É constituído de
cascas e polpas (94,5%), sementes (4,4%) e centro do fruto (1%), contendo 80% de
umidade, 5% de fibras (31% de celulose, 15% de lignina, 12% de hemicelulose e 9%
de pectina insolúvel em água) e 14% de sólidos solúveis correspondendo a glucose,
frutose e sacarose. Pode ser aproveitado para a extração de enzimas, de constituintes de
aromas, de pectinas, além de ser útil na formação de meios de cultura para produção de
cogumelos comestíveis, e de ácido trico em fermentação semi-sólida (ENDREβ, 2000;
HANG, 1987; KENNEDY, 1999; NOGUEIRA et al., 2005).
O bagaço de maçã, incluindo sementes, consiste em uma rica fonte de polifeis,
sendo que alguns destes constituintes, as pcianidinas e glicosídios da quercitina,
apresentam forte atividade antioxidante, e de pectinas (ENDREß, 2000), entretanto no
Brasil é praticamente jogado fora, sendo usado como ração animal ou adubo orgânico.
A sua composição justifica o fato de ser altamente instável tanto química quanto
microbiologicamente e por causa disto é importante que seja processado imediatamente,
mas se isso não for possível, deve ser desidratado e armazenado em embalagens
herticas minimizando as atividades enzimáticas e aumentando sua estabilidade
(ENDREß, 2000; KENNEDY, 1999; NOGUEIRA et al., 2005). O conteúdo de ácido
galacturônico e grau de esterificação são influenciados pelas condões de
processamento e, segundo Constenla; Ponce e Lozano (2002), a secagem do bagaço visa
diminuir as atividades enzimáticas presentes e são raros os trabalhos que demonstram a
perda da qualidade das pectinas de bagaço de maçã influenciadas pelas condões
empregadas.
Na Figura 2 está sendo ilustrado o bago de maçã logo após seu processamento,
desidratando em estufa, e armazenado em recipientes de vidro.
Foto:Alessandro Nogueira
Figura 2 Farinha de bago de maçã as secagem em estufa.
2.2 PAREDE CELULAR EM TECIDOS VEGETAIS
Os carboidratos das plantas distribuem-se no interior das células e na formação
da estrutura da parede celular (CARVALHO; FERNANDES; PIRES, 2006). No interior
das células os autores incluem ácidos orgânicos, embora não seja um carboidrato, mono
e oligossacarídeos, amidos e frutanas, enquanto na parede celular podem ser
encontradas celulose, hemiceluloses e substâncias pécticas como galactanos e ß-
glucanos, conforme esquematizados na Figura 3.
Figura 3 - Composição das lulas vegetais ( FDA: fibra em detergente ácido; FDN: fibra em detergente
neutro; FSDN: fibra solúvel em detergente neutro; CSDN: carboidrato solúvel em detergente neutro).
FONTE CARVALHO; FERNANDES; PIRES, 2006 (adaptado)
Os compostos, apresentados de forma esquemática na Figura 3, representam, do
ponto de visto prático, as frões FDA, FDN, FSDN. A primeira, Fibra em Detergente
Ácido corresponde à celulose enquanto a segunda, Fibra em Detergente Neutro, à
celulose e hemicelulose, e a última, Fibra Solúvel em Detergente Neutro, inclui as
Carboidratos das plantas
Conteúdo celular
Parede celular
Ácidos
orgânicos
Mono-oligos
sacarídeos
Amidos
Frutanas
Substâncias
pécticas
Hemicelulose Celulose
Galactanos
ß-glucanos
CSDN
FDA
FSDN
FDN
Substâncias
não amiláceas
substâncias pécticas e as frutanas. As três frões das fibras correspondem aos
polissacarídeos e substâncias não amiláceas (CARVALHO; FERNANDES; PIRES,
2006).
Com exceção das frutanas, os constituintes das fibras, a celulose, a hemicelulose
e as substâncias pécticas, com seus componentes ácidos e neutros, compõem a parte
estrutural da parede celular dos vegetais.
A Figura 4 ilustra de uma forma simples uma célula vegetal e sua interligação
com outras para formar um tecido vegetal.
Figura 4 - Célula vegetal.
FONTE: BIRUS, 2003 (traduzido).
2.3 SUBSTÂNCIAS PÉCTICAS
As substâncias pécticas encontram-se associadas com celulose e hemicelulose. A
associação, entre pectina e hemicelulose, tem sido relatada como sendo covalente,
embora nem todas as frões pécticas sejam mantidas desta maneira, pois certas
quantidades podem ser removidas da parede celular com água fria, indicando que não
estão ligadas covalentemente (THAKUR; SINGH; HANDA, 1997).
As pectinas solúveis desempenham um importante papel na manutenção do
equilíbrio hídrico e no movimento dos fluídos vegetais (THAKUR; SINGH; HANDA,
1997). Em tecidos jovens, especialmente em frutas, as pectinas estão presentes em
grandes quantidades, nos espos intercelulares, com excelente capacidade de absorção
de água, sendo importante para os estágios iniciais de desenvolvimento dos tecidos
vegetais.
De acordo com Thakur; Singh e Handa (1997), as pectinas contribuem para
firmeza e estrutura do tecido vegetal, tanto fazendo parte da estrutura da parede celular
primária quanto sendo o principal componente da lamela dia envolvido na coesão
intercelular. A resistência da parede celular vegetal depende da orientação, das
propriedades mecânicas e dos tipos de ligações existentes entre as substâncias pécticas e
as fibras de celulose. Algumas moléculas de pectinas estão ligadas glicosidicamente às
cadeias de xiloglucanas que podem se ligar covalentemente com a celulose.
Quando firmemente ligadas à estrutura destes polissacarídeos, são insolúveis em
água e denominadas protopectinas que, por mecanismos enzimáticos ou hidrólise ácida
tornam-se solúveis passando a ser chamadas de pectinas (BERK, 1976). A hidrólise
enzimática, segundo Wang; Págan e Shi (2002), responsável pelo aumento da
solubilidade das pectinas, inclui as atividades das endo e exo-poligalacturonases e
glicosidases e, na maioria das frutas, a enzima endo - poligalacturonase catalisa a
conversão da protopectina em pectina.
As maiores concentrões de pectinas na parede celular são encontradas na
lamela dia com um decréscimo gradativo na parede celular primária até a membrana
plastica (THAKUR; SINGH; HANDA, 1997).
Do ponto de vista industrial, (LEVIGNE; RALET; THIBAULT, 2002) as
matérias-primas mais importantes são o albedo das frutas tricas e o bago de maçã.
Além destas duas fontes, que são as principais (YAPO et al., 2006), outras têm
sido estudadas como, por exemplo, a polpa de beterraba sacarina que anualmente gera
mais do que 2 miles de toneladas de bago para indústria de úcar. Levigne; Ralet;
Thibault, 2002 eYapo et al., 2006, relatam que esta matéria-prima pode conter teores
elevados de pectina chegando a 25 e 30% respectivamente, baixo custo e um excelente
potencial de extração de pectina. Entretanto, não é interessante do ponto de vista
industrial por suas pobres propriedades geleificantes, atribuídas à sua pequena massa
molar, altos conteúdos de grupos acetil e grandes quantidades de cadeias laterais. Estas
características conferem à pectina boas propriedades emulsificantes (YAPO et al.,
2006).
De acordo com Schieber et al. (2003), em muitas aplicações as pectinas de maçã
são caracterizadas por propriedades geleificantes superiores se comparadas às das
pectinas tricas. Todavia sua cor marrom leva a limitação com respeito ao seu uso em
produtos alimentícios de coloração clara. A cor do bago de maçã e das pectinas
extrdas é causada pela oxidação dos compostos felicos, que são extrdos
simultaneamente do bago e apenas removida parcialmente na etapa de precipitação.
Renard et al. (1996 apud SCHIEBER et al., 2003), demonstraram que tentativa de
diminuir a coloração de bago de maçã com pexidos alcalinos resulta na perda de
compostos felicos e na degradação da maior parte das pectinas, e que um eficiente
branqueamento apenas poderia ser obtido à custa de baixo rendimento.
A Tabela 1 apresenta o teor das substâncias pécticas em diversas frutas
(THAKUR; SINGH; HANDA, 1997), e estas pectinas de várias matérias-primas podem
ser diferentes na estrutura molecular como, por exemplo, massa molecular, grau de
esterificação, conteúdo de acetil, teor de açúcares neutros, distribuição dos grupos
carboxi-metoxilados e, portanto apresentarem diferentes propriedades funcionais
(SCHEMIN, 2003; ENDREß, et al., 1999; THIBAULT, 1980).
Tabela 1 - Teor de pectina em frutas.
Frutas
Substancias pécticas %
(base úmida)*
Base seca**
Maçã 0,5 – 1,6 4 – 7
Bago de maçã 1,5 – 2,5 15 - 20
Polpa de beterraba 1,0 15 – 20
Polpa de tricos 2,5 – 4,0 30 - 35
Cascas de laranjas 3,5 – 5,5 ---
Tamarindo 1,71 ---
Cenouras 0,2 – 0,5 10
Mamão papaia 0,66 – 1,0 ---
Tomate --- 3
Girassol --- 25
FONTE: THAKUR; SINGH e HANDA, 1997 *; THIBAULT, 1980**(adaptado).
A aplicação das pectinas apresenta importância na indústria alimentícia sendo
empregada como um aditivo de acordo com suas propriedades geleificante,
estabilizante, espessante e, recentemente, vem sendo utilizada como substituintes de
úcar e gordura em alimentos dietéticos (IGLESIAS; LOZANO, 2004;
MOORHOUSE, 2004; THAKUR; SINGH; HANDA, 1997).
As pectinas formam géis e estas propriedades podem ser utilizadas para
produção de gomas, geléias e marmeladas, produtos lácteos e confeitados
(INGLESIAS; LOZANO, 2004; MOORHOUSE, 2004).
2.3.1 Estrutura da pectina
Como a maioria de outros polissacarídeos, as pectinas são polimoleculares e
polidispersas, o que significa que são heterogêneas com relação à estrutura química e à
massa molecular. Sua composição varia com a fonte, condões de extração e fatores
ambientais (IGLESIAS; LOZANO, 2004; THAKUR; SINGH; HANDA, 1997; WANG;
PAGÁN; SHI, 2002).
As pectinas são polissacarídeos complexos de vegetais, consistindo
principalmente de ácido D-galacturônico e úcares neutros, tais como L-ramnose, L-
arabinose, e D-galactose (YAPO et al.; 2006). São organizadas sob forma de cadeia
constituída principalmente por resíduos de ácido D-galacturônico unidos por ligação
glicosídica α-(1à4) formando uma estrutura linear. Esta estrutura principal pode ser
esporadicamente interrompida em locais com resíduos simples de α-L-ramnose, que
pode carregar cadeias laterais de resíduos de úcares neutros, primariamente
arabinanas e ou arabinogalactanas (THAKUR; SINGH; HANDA, 1997). Os resíduos de
ácido galacturônico podem ser parcialmente esterificados na posição C-6 com metanol,
assim como os grupos hidroxilas nas posões C-2 ou C-3 podem estar parcialmente
esterificados com ácido acético (RENARD; THIBAULT, 1993; YAPO, et al., 2006).
A Figura 5 apresenta a estrutura esquematizada da molécula de pectina com a
conformação cadeira.
Figura 5 - Estrutura química da cadeia de pectina em conformação cadeira.
FONTE: (BRANDÃO; ANDRADE, 1999).
A estrutura deste polissacarídeo contém 65% de ácido galacturônico e é bem
diversificada, pois consiste de três tipos de frões conhecidas como a linear
homogalacturonana (HG) e as ramificadas, ramnogalacturonanas (WILLATS; KNOX;
MIKKELSEN, 2006).
As homogalacturonanas formam géis rígidos e insolúveis na presença de
cálcio, uma propriedade que irá determinar suas diversas funções na parede celular
(MARCON, 2004; WILLATS; KNOX; MIKKELSEN, 2006; NOVOSEL´SKAYA, et
al., 2000). São constituídas de longas cadeias de resíduos de ácido galacturônico, que
podem estar parcialmente esterificados (até 70%), consistindo de resíduos de ácido
galacturônico com ligações α-(1à4), que são mais resistentes a hidrólise (RIDLEY;
O´NEILL; MOHNEM, 2001; WILLATS; KNOX; MIKKELSEN, 2006). A resistência
das ligações glicosídicas a hidrólise ácida não são iguais, sendo que GalA α-(1à4)
GalA > GalA α-(1à2) Rha > Rha α-(1à4)GalA > açúcar neutro α-(1à4) açúcar
neutro. Isto permite que a rego homogalacturônica seja purificada por hidrólise sob
condões controladas e seu comprimento nimo seja estimado (NOVOSEL´SKAYA
et al., 2000).
Como resíduos de ramnose estão presentes na rego linear da homogalacturonana,
vários autores relataram proporções que variam de 25 a 200 resíduos de ácido
galacturônico por resíduo de ramnose. No caso de pectina de citrus foi demonstrado que
a razão era de 40 resíduos de ácido galacturônico por ramnose, mas apenas 15% de
ramnose encontravam-se na cadeia principal enquanto 85% localizavam-se nas regiões
ramificadas (ZHAN; HANSSEN; MORT, 1998 apud NOVOSEL´SKAYA et al.; 2000).
A hidrólise ácida das regiões ramificadas produz duas frões, uma rapidamente
hidrolisável contendo úcares neutros e outra, mais resistente, rica em ácido
galacturônico e ramnose, cuja estrutura foi identificada como uma série de homólogos
lineares [à 4) GalA α-(1à2) Rha α-(1à], podendo chegar a 10 dímeros (RENARD;
CREPEAU; THIBAULT, 1995).
A Figura 6 apresenta a estrutura de dois dímeros GalA α-(1à2) Rha α-(1à4)
GalA α-(1à2) Rha inseridos na cadeia linear do ácido poligalacturônico, característicos
da rego ramificada.
Figura 6 - Estrutura de dois dímeros formados por ácido galacturônico e ramnose, mostrando as ligões
α-(1à2), α-(1à4) e α-(1à2) respectivamente.
FONTE: http://www.lsbu.ac.uk/water/hypec.html, jul. de 2006.
A rego ramificada apresenta-se sob duas formas, uma contendo a série de
homólogos lineares (10 dímeros) inseridos na cadeia do ácido poligalacturônico (RG-I)
e outra contendo uma seência mínima de sete resíduos de ácido galacturônico aos
quais se ligam quatro oligossacarídeos em cadeias laterais (RG-II)
(NOVOSEL´SKAYA et al., 2000).
A ramnogalacturonana I representa a maior parte das substâncias pécticas e
constitui da repetição de unidades de dissacarídeos de ácido galacturônico e ramnose
com cadeias laterais formadas por diferentes úcares, principalmente arabinanas e
galactanas, ligados diretamente aos resíduos de ramnose, em C-4. Segundo Renard,
Crepeau e Thibault (1995), 78% de ramnose existente na pectina de mã está ligada
diretamente na cadeia principal sob a forma de oligômeros (NOVOSEL´SKAYA et al.
2000; PRADE et al., 1999; THAKUR; SING; HANDA, 1997).
As RG-II são regiões de ácidos galacturônicos aos quais se ligam diretamente,
em C-2 ou C-3, alguns açúcares raros como fucose, xilose, apiose e ácido arico, am
dos úcares comuns como arabinose, glucose, ácido galacturônico e glucurônico. Neste
caso a ramnose, quando aparece, está nas cadeias laterais (MARCON, 2004;
NOVOSEL´SKAYA et al. 2000; WILLATS; KNOX; MIKKELSEN, 2006),
correspondendo em pectina de mã a 22% (RENARD; CREPEAU; THIBAULT,
1995).
Sob o ponto de vista dos autores Willats, Knox e Mikkelsen (2006) é possível
observar que a estrutura principal da pectina foi considerada como homogalacturonanas,
com ligões simples chamadas de regiões lisas (smooth region) e as
ramnogalacturonanas com ramificões contendo vários úcares, chamadas de regiões
em cabeleira (hairy region), como demonstrada pela Figura 7 identificada pela letra A.
A letra B refere-se à recentes pesquisas onde os autores propõem um novo ponto de
vista, demonstrando que a homogalacturonana pode ser considerada uma cadeia lateral
das ramnogalacturonanas, o que causou grande impacto nos estudos da estrutura fina
das pectinas (PRADE et al., 1999; WILLATS; KNOX; MIKKELSEN, 2006;
VINCKEN et al., 2003).
Figura 7 - Estrutura convencional (A), Nova proposta dos autores (B).
FONTE: WILLATS; KNOX ; MIKKELSEN, 2006.
2.3.2 Extração
A presença de um ácido ou uma base em elevadas temperaturas ajudam no
rompimento da parede celular, hidrolisando a protopectina e solubilizando as
substâncias pécticas (WANG; PAGÁN; SHI, 2002). Os autores Joye e Luzio (2000)
relataram em seus estudos que o processo de extração alcalino rende uma pectina de
baixo grau de esterificação (DE) como resultado da saponificação dos grupos ésteres,
enquanto que o processo de extração ácida, em geral, rende uma pectina com alto grau
de esterificação, aproximadamente igual ao grau de esterificação de ocorrência natural.
A extração de pectina é, portanto, um processo físico-químico complexo no
qual a solubilização, extração e despolimerização das macromoléculas ocorrem ao
mesmo tempo, sendo extrdas com mais facilidade as pectinas de alto grau de
esterificação (KERTESZ, 1951). Segundo os autores Wang; Pagán e Shi (2002), o
processo industrial de extração emprega ácido sulrico, clorídrico ou nítrico, pH 2,
com temperaturas de 60 a 100ºC, durante 5 a 10 horas. O tratamento ácido aplicado no
bago de maçã como relatado por Cho e Hwang (2000), usando HCl e pH 1,2 durante
15 a 240 min em temperaturas de 70 a 100ºC, extrai polissacarídeos solúveis em água,
mas causa degradação parcial em pomeros. O rendimento e a qualidade dos
polissacarídeos são fortemente afetados pelas condões de extração, portanto para se
obter um produto melhor, as condões de extração não podem ser muito drásticas.
Assim, Schemin et al. (2005), pesquisando a reação de extração ácida de pectina
a partir de bago de maçã, confirmam que o ácido nítrico é um bom agente extrator,
porém o ácido trico apresentou melhores resultados. Com um modelo matemático
definiu que com 6,2 g/100 mL a 100º C durante 152 min obtinha um rendimento de
17,82 g/100g de uma pectina de 68,8% de grau de esterificação. Marcon (2004) obteve
resultado semelhante, com um rendimento de 16,8 g/100g quando extraiu pectina com 5
g/100 mL de ácido trico a 100ºC durante 80 minutos, demonstrando que o tempo de
reação poderia ser menor.
Scabio et al. (2006), estabeleceu um modelo de extração com ácido nítrico
estatisticamente significativo (R
2
= 0,9271) e no ponto central com temperatura de
80ºC, obteve um rendimento de 9,05 g/100g de uma pectina com grau de esterificação
de 74,39% quando usou ácido a 50 mM, durante 20 minutos. A análise do efeito dos
fatores sobre o processo de extração evidenciou que a temperatura é mais importante
que a concentração de ácido e o tempo.
Uma das principais variações funcionais entre as pectinas de alto e baixo DE
está na sensibilidade em presença de íons polivalentes, como o cálcio. A pectina
sensível ao lcio pode ser geleificada na sua presença e são, portanto, utilizadas para
formulações de ingredientes alimentícios para produtos com baixo teor de gordura ou
sem úcar, para os quais existe uma grande aplicação no mercado (JOYE; LUZIO,
2000).
2.3.3 Aplicação
A solubilidade das pectinas é diretamente proporcional ao número de
grupamentos carboxílicos esterificados e inversamente, ao tamanho da massa molecular,
embora o pH da solução, a temperatura, a concentração e a natureza dos solutos
presentes tenham efeitos marcantes. Por ser muito solúvel, sob a forma de pó em que se
comercializa, ao se ligar com a água forma uma camada que funciona como uma
barreira que impede o resto da pectina interagir com a água (THAKUR; SINGH;
HANDA, 1997; WANG; PAGÁN; SHI, 2002).
A prática em laboratório consiste em dissolver a pectina com um solvente pelo
qual tenha menos afinidade, como álcool, a fim de dispersar as moléculas e após isto
pode ser adicionada água na proporção desejada. A prática na indústria de fabricação de
geias consiste em diluir a pectina sólida com 10% do úcar a ser usado e após
adequada mistura, adicionar aos poucos ao suco de frutas, deixando dissolver e somente
após isto são adicionados os 90% restante do úcar programado.
A principal propriedade das pectinas é a de formar gel na presença de úcar e
de íons cálcio em meio ácido, e isto depende da massa molecular e do grau de
metoxilação, o que justifica que pectinas de diferentes fontes não apresentam a mesma
capacidade de geleificação. As características físicas do gel são conseqüências da
formação de contínuas redes tri-dimensionais com ligações cruzadas entre as moléculas
(MOORHOUSE, 2004; THAKUR; SING; HANDA, 1997).
A formação do gel também é influenciada por vários fatores como temperatura,
tipo de pectina, grau de esterificação, grau de acetilação, pH, úcar e outros solutos e
cálcio. (SCHEMIN, 2003; MARCON, 2004; MOORHOUSE, 2004; WILLATS;
KNOX; MIKKELSEN, 2006).
O grau de esterificação é um dos aspectos mais importantes da estrutura da
pectina devido à excelente correlação com a propriedade de formar gel, que define a
adequação de seu uso industrial. De acordo com Novosel´skaya et al. (2000) e Monsoor,
Kalapathy, e Proctor (2001), o todo mais comum para determinar o grau de
esterificação de pectinas é a titulação clássica (FOOD..., 1981). Nesta metodologia, são
tituladas as carboxilas livres e as desesterificadas, com NaOH 0,1N e o cálculo do grau
de esterificação corresponde à razão entre as carboxilas esterificadas e as carboxilas
totais, em percentual. Os mesmos autores citam o todo de determinação do teor de
metanol por cromatografia gasosa após hidrólise química ou enzimática das carboxilas
esterificadas. O grau de esterificação por espectroscopia de infravermelho, tanto por
reflectância difusa (DRIFTS) quanto por transmissão (FT-IR) é recomendado por
Monsoor, Kalapathy e Proctor (2001) pois apresenta correlação bastante alta com a
metodologia da cromatografia gasosa utilizada para quantificar metanol. Na técnica
FTIR, usando amostras no estado sólido como pastilhas de KBr, as áreas do picos
referentes às faixas de 1760-1745 e 1640-1620 cm
-1
correspondem às carboxilas
esterificadas e livres, respectivamente. Por definição o grau de esterificação é a razão da
área do pico da carboxila esterificada pela área da carboxila total (MONSOOR;
KALAPATHY; PROCTOR, 2001).
As pectinas podem ser classificadas como de alta (HM) ou baixa (LM)
metoxilação, quando apresentarem de 50 a 80% ou de 25 a 50%, respectivamente
podendo assim formar dois tipos de géis. O mecanismo de formação do gel é diferente,
sendo que as pectinas de alta esterificação formarão gel em pH pximo de 3,6 e na
presença de co-solutos, úcares com concentração maior do que 65%. A função do
úcar na formação dos géis das pectinas HM é estabilizar as zonas de junção
promovendo interões hidrofóbicas entre os grupos metil ésteres. Nas pectinas de baixa
metoxilação (LM) os géis são formados na presença do cálcio, o qual age como uma
ponte entre pares de grupos carboxílicos de moléculas de pectinas. Estas são
quimicamente mais estáveis com relação à umidade e aquecimento do que as pectinas
HM, que apresentam tendência à desesterificação em umidade atmosférica
(GILSENAM; RICHARDSON; MORRIS, 2000; THAKUR; SINGH; HANDA 1997).
As pectinas de alta metoxilação apresentam considerável poder de geleificação e
são amplamente usadas na estruturação de sucos de frutas com a intenção de aumentar a
consistência dando a aparência de polpa de fruta. A presença de cadeias laterais,
principalmente com unidades de arabinose e galactose, afeta significativamente as
propriedades funcionais das pectinas, tais como solubilidade, geleificação, formação de
filme e propriedades reológicas, além de favorecer a agregação em soluções
concentradas (BRANDÃO; ANDRADE, 1999).
O tamanho molecular, a ramificação natural de açúcares, os graus de acetilação e
de amidação, e o teor de cinzas influenciam as propriedades geleificantes das pectinas
sendo que as de baixo grau de esterificação são usadas para produtos com baixos teores
de úcar, mas na presença de cálcio. São, portanto, ingredientes para formulação de
alimentos de baixos valores calóricos ( SAHARI; AKBARIAN; HAMEDI, 2003).
As soluções de pectinas apresentam baixas viscosidades, mas sua importância
comercial está mais relacionada com a sua capacidade de geleificação. De uma forma
geral, são utilizadas no processamento de geléias, de produtos de confeitaria incluindo
cremes, de molhos para churrasco e produtos de tomate, bebidas carbonatadas e
sobremesas de frutas. Sua grande aplicação, em iogurtes com frutas, demonstra
vantagem em relação às outras gomas ou hidrocóloides, pois estabiliza a textura da base
de iogurtes permanecendo constante durante armazenagem, eliminando a flotação e a
separação da fruta mesmo no manuseio da carga (MOORHOUSE, 2004).
A seleção de uma pectina apropriada é dependente da temperatura de
geleificação, da textura e do processamento. Por exemplo, para um gel tradicional com
partículas de frutas suspensas torna-se necessária uma rápida geleificação e assim usa-se
pectina de alto grau de metoxilação (HM). Para gomas ou geias com calorias
reduzidas ou sem úcar, entretanto, são indicadas as pectinas de baixo grau de
metoxilação (LM), pelo baixo nível de sólidos solúveis requeridos para a geleificação
(menor que 25%). Estas pectinas, HMP e LMP, são utilizadas em conjunto com outros
hidrocóloides sendo capazes de promover o gel desejado para cada tipo de produto
(MOORHOUSE, 2004).
As pectinas comerciais são regulamentadas em alguns pses como aditivo
alimentício, e não apresentam problemas do ponto de vista toxicológicos. No Brasil, o
Ministério da Saúde aprova a inclusão da pectina como aditivo com funções de
estabilizante, espessante, geleificante e também para gelados comestíveis, em
quantidade suficiente para obter o efeito desejado. Portanto, a pectina ocorrendo
naturalmente em frutas, especialmente em frutas tricas e maçãs, tem seu uso permitido
pela legislação nacional com a função de coadjuvante de tecnologia para diversos tipos
de produtos (AGÊNCIA..., 2006).
3 OBJETIVO
Estabelecer um procedimento de extração ácida de pectina a partir do bago
desidratado de maçã.
3.1 OBJETIVOS ESPEFICOS:
Estabelecer as características de qualidade físico-química de bagaço de maçã
obtido em nível de laboratório, após desidratação, moagem e tamisação;
Identificar a influência de ácidos nítrico, clorídrico, succínico, láctico,
tricloroacético, lico e trico, em diferentes concentrões e com o bimio tempo:
temperatura sobre o rendimento gravimétrico;
Determinar as tendências do processo de extração de pectinas do bagaço
desidratado de maçã com ácidos diluídos, de 1 a 100 mM,;
Estabelecer e validar o modelo de extração de pectina com ácido nítrico,
mediante um planejamento composto 2
2
, axial e com repetões no ponto central.
Caracterizar a pectina experimental por metodologia titulotrica (DE),
espectroscópico (FT-IR) e cromatográfico (GLC HPSEC-MALLS) comparando-a
com amostras de pectinas comercial de maçã de alto (HMP) e baixo (LMP) grau de
esterificação (DE).
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 MATERIAL
Amostras de maçãs comerciais da variedade da Joaquina cedida pela Estação
Experimental de São Joaquim (EPAGRI). Amostras de pectinas comerciais de maçã do
tipo HMP e LMP cedidas pelo fabricante (Herbstreith & Fox). Produtos químicos e
solventes orgânicos de qualidade panálise.
4.2 MÉTODOS
Os procedimentos metodológicos compreendem os processos, as análises e os
experimentos, que estão apresentados a seguir.
4.2.1 Os Processos
A seguir são apresentadas as formas de obtenção do bago, de extração ácida e
de isolamento de pectina.
4.2.1.1 Obtenção do bago
O bago, obtido do processamento do suco de maçã, foi lavado com água
corrente por três vezes para retirada dos úcares e ácidos orgânicos, centrifugado e
desidratado em estufa de circulação à 60ºC de 5 a 8 horas. Foi então triturado em
moinho de facas, tamisado a 60 MESH e armazenado à temperatura ambiente em
frascos fechados (Figura 8).
Figura 8: Fluxograma do beneficiamento do bago de maçã.
4.2.1.2 Extração ácida.
O sistema de reação foi composto por 5g de bago desidratado e em pó,
acrescido a 400 mL de ácido com uma concentração e um tempo escolhidos de acordo
com o modelo experimental. O procedimento para extração foi o seguinte: em um
béquer de 500 mL foram pesados 5g de bago de maçã em pó e adicionado 5 mL de
álcool e deixado em repouso por aproximadamente 5 minutos. A seguir, com agitação,
foram adicionados 200 mL de água deionizada, misturando bem e levando para
aquecimento até a fervura. Simultaneamente foram preparados 200 mL de uma solução
de ácido, levado para aquecimento até a fervura. Atingido o ponto de ebulição, a
solução ácida foi adicionada à suspensão, levando a um volume total de 400mL. A
Maçãs
Lavagem e Corte
Trituração e Prensagem
Suco de Maçã
Lavagem do Bagaço
Secagem
Bagaço Desidratado
concentração final do ácido e o tempo foram estabelecidos pelo planejamento. A reação
foi minimizada com o abaixamento da temperatura em banho-maria gelado. Após o
resfriamento, o extrato da reação foi filtrado em morim, e lavado com 200 mL de água
deionizada sendo o resíduo desprezado e o filtrado reservado para isolamento das
substâncias pécticas (Figura 9).
4.2.1.3 Isolamento de pectina
As substâncias pécticas que ficaram solúveis no filtrado da extração ácida foram
precipitadas, sob agitação constante, com etanol 2:1 (v:v) e, após repouso nimo de
duas horas, foram desidratadas por tratamento com etanol a 70%, acetona e finalmente
éter etílico, ao ar e à temperatura ambiente. O material seco foi pulverizado
manualmente em gral de vidro e armazenado em frascos de pstico em dessecador.
Para serem analisadas, as frões obtidas foram previamente mantidas em dessecador de
vidro contendo pentóxido desforo durante, no nimo, 24 horas (Figura 9).
Figura 9: Fluxograma de extração de pectinas de bago de maçã desidratado
Bagaço Desidratado em
Farinha + Água
Ácido + Água
Aquecimento a 97ºC
+
(Ebulição / 10 min)
Resfriamento com banho de gelo
Filtração e lavagem com água
Precipitação com etanol Secagem da Pectina
(Estufa 50ºC / 8h)
Bagaço Desidratado em Bagaço Desidratado em
Farinha + ÁguaFarinha + Água
Ácido + ÁguaÁcido + Água
Aquecimento a 97ºC
+
(Ebulição / 10 min)
Resfriamento com banho de gelo Resfriamento com banho de gelo
Filtração e lavagem com água Filtração e lavagem com água
Precipitação com etanolPrecipitação com etanol Secagem da PectinaSecagem da Pectina
(Estufa 50ºC / 8h)
4.2.2 Análises
A seguir as análises são apresentadas como Análises Físico-químicas,
Estatísticas, Espectrofototricas, Cromatográficas, e Titulotricas.
4.2.2.1 Análises Físico-químicas.
O teor de umidade foi determinado em estufa a 105ºC e o de cinzas em mufla a
505ºC até peso constante.
Os úcares redutores foram quantificados pelo todo colorimétrico de
Somogyi-Nelson assim como os úcares redutores totais após a hidrólise da sacarose
com HCl 2,25 N (67ºC/5 min.). As absorbâncias foram medidas em 520 nm
(SOMOGYI, 1945; NELSON, 1944). A glucose foi quantificada pelo todo
enzimático da glucose oxidase, sendo que a sacarose e a frutose foram calculadas por
diferença e todos os carboidratos foram expressos como monossacarídeos em g/100 mL.
A acidez tituvel total foi determinada por neutralização com NaOH 0,1 N
fatorado até pH 8,33 indicado por fenolftaleína e calculada como ácido lico, sendo
expresso em g/100 mL. O extrato etéreo foi efetuado em Soxleht durante 5 horas com
éter etílico e os lipídeos determinados por diferença gravimétrica. Os teores de protnas
foram determinados pelo método de Kjeldahl, utilizando fator de conversão de 6,25. As
fibras foram analisadas pelo todo de fibra alimentar e os resultados foram calculados
por diferença. (IAL, 1975; RSK, 1987; TANNER;BRUNNER, 1985).
4.2.2.2 Análises estatísticas.
Os resultados do delineamento experimental foram analisados pela regressão
múltipla da metodologia de superfície de resposta pelo software STATISTICA®.
4.2.2.3 Análises espectroscópicas.
Para análises de espectroscopia de infravermelho foram feitas pastilhas contendo
100 mg de KBr com 1 a 2 mg de amostras desidratadas de pectinas que foram prensadas
(50N/sqin) e analisadas em espectrofotômetro Shimadzu 8400 FTIR com 4 cm
-1
de
resolução e os espectrogramas foram registrados na faixa de 4000 a 500 cm
-1
. O cálculo
dos graus de esterificação foram feitos considerando a razão entre a área relativa à
banda 1740 cm
-1
(grupos carboxílicos esterificados) e as áreas relativas às bandas 1740
cm
-1
e 1620 cm
-1
(esterificados e livres, respectivamente).
4.2.2.4 Análises cromatográficas
A) Cromatografia quido-Gasosa (GLC)
A identificação e determinação dos teores relativos de úcares neutros das
amostras de pectina foram feitas após derivatização a alditóis, por cromatografia gasosa
acoplada a espectrometria de massa.
As pectinas foram hidrolisadas com ácido trifluoroatico 1M (100ºC/ 5 h)
(ADAMS, 1965; ASPINALL, 1982) e o hidrolisado foi evaporado em capela. Os
úcares livres foram reduzidos com NaBH
4
(WOLFRON ; THOMPSON, 1963), após
o que os tions Na+ foram retirados com resina Lewatit na forma ácida. A seguir o
filtrado reduzido foi seco em rota-evaporador e lavado com metanol, para eliminação do
boro na forma de borato de trimetila. O material foi acetilado com anidrido acético e
piridina 1:1 (v:v) levando à obtenção de acetatos de alditóis que foram extrdos com
clorofórmio e lavados com solução de sulfato de cobre (5%) para remoção da piridina.
A amostra contendo os acetatos de alditóis resultantes foi analisada por cromatografia
gás-líquido (GLC) em equipamento modelo HP 5890 SII, com detector de ionização de
chama (FID) e nitrogênio como gás de arraste, com fluxo 2 mL/min, a 220ºC,
temperatura do detector e do injetor de 250ºC. Foi utilizada uma coluna capilar (0,25 m
d.i. x 30 m), modelo DB-210, com espessura de filme de 0,25 mm.
B) Cromatografia de exclusão estérica (HPSEC-MALLS)
O perfil de massas moleculares das frações foi determinado por cromatografia de
exclusão estérica. As amostras na concentração de 2 mg. mL
-1
foram solubilizadas em
água e filtradas sob pressão através de membranas de acetato de celulose (Milipore),
com tamanho do poro de 0,2 μm. A seguir foram injetadas em cromatógrafo de exclusão
estérica modelo 150 C ALC/GPC Waters, com detector de índice de refração diferencial
modelo Waters 2410, e detector de espalhamento laser em multngulos.
4.2.2.5 Análise titulotrica.
As amostras de pectinas foram quantificadas por titulometria (BOCHEK;
ZABIVALOVA; PETROPAVLOVSKII, 2001; WOSIACKI, 1977). Quantidade de
amostra conhecida, de aproximadamente 250 mg, foi umedecida com 2 mL de álcool e
solubilizada em 25 mL de água deionizada sob agitação constante por 30 minutos com
agitador magnético, sendo então determinado o pH da solução. As carboxilas livres dos
ácidos anidrogalacturônicos foram neutralizadas com NaOH 0,1N e as carboxilas
esterificadas igualmente, após saponificação (10 mL NaOH 0,25 N, 30 min a
temperatura ambiente e neutralização com 10 mL HCl 0,25 N), obtendo-se assim os
valores de mEq de NaOH referentes aos dois tipos, livres e esterificados,
respectivamente representados por mEq’ e mEq. Com estes dados foram feitos os
cálculos segundo as fórmulas:
4.2.3 Experimentos
Foram feitos experimentos com a finalidade de estabelecer os efeitos de
diferentes ácidos sobre o processo de extração, e com o ácido mais adequado foi feito
um delineamento experimental para escolha das melhores condões de sua aplicação,
sendo determinado o rendimento do processo e a qualidade do produto, comparando
com padrões comerciais.
4.2.3.1 Efeitos do diferentes ácidos
Para este processo 5g de bago em pó de maçã dispersos em 200 mL de água
deionizada, foram tratados com ácidos nítrico, clorídrico, sucnico, tico,
tricloroacético, trico ou málico, em concentrões que variaram de 1 a 750 mM
durante o tempo de 10 min à temperatura 97ºC.
Z = massa /
mEq totais
1
AUA = 17600/Z 2
MeO = (mEqx 31 x 100)/massa 3
DE = (176/31) x (MeO/AUA) = mEq /(mEq`+ mEq) 4
Pectina = AUA% + MeO% 5
Fração neutra = 100 – pectina 6
4.2.3.2 Planejamento experimental
Com a finalidade de estabelecer a influência do tempo e da concentração do
HNO
3,
varveis de entrada, sobre a quantidade (rendimento) e qualidade da pectina
solubilizada (grau de esterificação), varveis de sda, foi seguido um delineamento
composto central (BARROS NETO et al., 2002). Foram respeitados os donios de
abrangência do experimento definidos na Tabela 2 e a seqüência dos ensaios descritos
na Tabela 3.
Tabela 2 - Donio do planejamento experimental
Variável -2 -1 0 +1 + 2
Ácido, mM 8 35 100 165 192
Tempo, min 2,93 5 10 15 17,07
Tabela - 3 Ensaios do planejamento experimental
Fatores codificados Fatores decodificados Ensaios
X
1
X
2
Ácido, mM Tempo, min
1 -1 -1 35 5
2 -1 +1 35 15
3 +1 -1 165 5
4 +1 +1 165 15
5 0 0 100 10
6 0 0 100 10
7 0 0 100 10
8 - 2 0 8 10
9 + 2 0 192 10
10 0 -2 100 2,93
11 0 +2 100 17,07
A regressão polynomial de segunda ordem é representada a seguir
Y
n
= b
0
+ b
1
X
1
+ b
2
X
2
+ b
11
X
1
2
+ b
22
X
2
2
+ b
12
X
1
X
2
Onde Y
n
representa a varvel de resposta, b
0
, o intercepto, b
n
, o coeficiente de
regressão e X
n
, a varvel independente. Tal modelo pode ser ajustado cancelando o
componente o qual o erro padrão é alto e a probabilidade (p) é maior do que 5%.
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 CARACTESTICAS DO BAGAÇO DESIDRATADO DE MAÇÃ
O bagaço obtido no processamento de maçã, por ser altamente instável tanto
química quanto microbiologicamente, foi desidratado (Endreß, 2000), levando em
consideração as características do produto final influenciadas pelo processo de
obtenção, mas também pelo cultivar e pela rapidez do processo de desidratação, entre
outros fatores. O seu beneficiamento, reduzido às fases principais, desidratação e
moagem, levou a obtenção do bagaço em pó (Figura 10).
Figura 10 - Bago de maçã desidratado em .
Na Tabela 4 estão apresentados os resultados das análises físico-químicas deste
bago em pó, que se constituiu na matéria-prima para obtenção de pectinas.
Tabela 4 - Qualidade físico-química de amostra de bago desidratado de maçã cv.
Joaquina.
g / 100 g
Amostra Umidade Cinzas Protna Lipídeos Açúcares Acidez Fibras
Joaquina 11,94 1,51 3,88 2,82 29,43 1,00 36,00
Base seca 0 1,72 4,41 3,20 33,44 0,235 40,91
Para facilitar tanto o processo de secagem do bago quanto o processo de
extração de pectina há necessidade de que sejam diminuídos os teores de sólidos
solúveis totais (SCHIEBER et al., 2003; SCHEMIN, 2003). Isto pode ser feito com
água corrente respeitando-se a proporção de massa de bago: água de extração igual a
1:1 (v/v), uma vez que, com três extrões, os teores de sólidos solúveis totais
diminuem de 6º Brix para 2º Brix (PAGANINI et al., 2004). Como o objetivo é de
aproveitamento das estruturas presentes no bago, e não nos sólidos solúveis, esta
proporção pode ser aumentada sendo feita apenas uma extração, e sendo desprezados os
úcares e outros componentes.
Segundo Krokida et al. (2000), o bago deve ser desidratado por ventilação
com ar a temperatura ambiente e em seguida à temperatura de 60º, 70º até atingir
umidade de 10 12%. Porém a prática em laboratório demonstrou que após uma
desidratação parcial à temperatura ambiente o bago pode ser colocado diretamente
para secar em estufa com ar forçado à 70ºC, e após 10 horas estará com peso constante.
O processo industrial, bem mais efetivo, parte de uma matéria-prima com 30% de
umidade, sendo desidratado em forno de três estágios durante 5 - 8 minutos com ar
superaquecido (300 - 700º C), embora a temperatura no bago não seja superior a 50-
60º C (SCHIEBER et al., 2003).
Com a umidade de 12 g/100g é possível considerar que este produto tem boa
estabilidade físico-química, desde que seja estocado adequadamente em embalagens
herticas. Este teor de umidade pode ser comparado aos obtidos por Cho e Hwang
(2000), 11,4 g/100g, por Marcon et al. (2005) com 10,02 g/100g para o cultivar gala, e
por Joshi e Kaushal (1995) com 8,2 g/100g. O teor de cinzas de 1,51 g/100g está
compatível aos valores encontrados por Cho e Hwang, (2000), de 1,8g/100g, por
Marcon et al. (2005), de 1,62 g/100g e por Kennedy, (1999), de 2,6 g/100g. O teor de
protnas de 3,88g/100g apresenta-se compatível com os resultados encontrados por
Cho e Hwang (2000), de 3,7 g/100g, por Marcon et al., em 2005, de 3,03 g/100g, mas
não aos valores encontrados por Kennedy, (1999), de 4,5 g/100g.
O teor de úcares totais é elevado, mas compatíveis com o relato de Marcon et
al. (2005) com o valor de 35,9 g/100g, de Schemin (2003), com o de 31,78 g/100g, e de
Cho e Hwang (2000), de 27,4 g/100g.
5.2 EFEITO DE DIFERENTES ÁCIDOS NA EXTRAÇÃO DE PECTINA
Na Tabela 5 são apresentadas as quantidades de substâncias pécticas que foram
precipitadas com etanol a 70% a partir do bago tratado com diferentes ácidos à 97ºC,
de 1 a 750 mM, durante 10 minutos.
Tabela 5 – Influência dos ácidos no rendimento gravimétrico.
Rendimento, g/100 g
Concentrões
dos ácidos 1mM 5mM 25mM 50mM 100mM 250mM 500mM 750mM
HNO
3
1,00 2,10 16,09 18,63 19,26 16,39 15,95 14,26
HCl 1,53 1,65 11,45 13,74 16,00 20,23 17,19 13,67
Succínico 0,80 1,60 2,29 3,56 6,44 7,00 3,47 2,70
Láctico 0,69 0,90 0,99 1,49 4,03 4,15 4,33 4,32
TCA 1,33 1,73 9,66 10,44 15,36 17,31 28,64 30,16
Málico 1,25 2,27 3,30 4,91 5,62 10,47 16,52 19,41
Cítrico 1,00 4,00 9,55 12,78 16,73 20,86 28,33 36,67
As análises destes resultados levam à constatação de que existem pelo menos
dois comportamentos distintos, manifestados pela atuação de dois grupos de ácidos.
O primeiro conjunto, que compreende os ácidos nítrico, clorídrico, succínico e
tico, apresentou como resultados um rendimento crescente até a concentração de 100
mM, mantendo o padrão ou diminuindo a quantidade extrda a partir desta
concentração até a de 750 mM. Este comportamento é compatível com uma reação de
hidrólise da protopectina liberando pectinas em baixas concentrões de ácidos e a sua
degradação quando em concentrões mais elevadas. Esta característica é observada
apenas com os ácidos minerais diluídos (HNO
3
e HCl). Os ácidos orgânicos (succínico
e tico) apesar de apresentarem um perfil semelhante de diminuição do rendimento
acima da concentração de 100 mM, são bem menos eficientes.
O segundo conjunto, representado pelos ácidos tricloroacético, trico e málico,
apresentou um rendimento crescente mas com valores que ultrapassaram, em muito, o
teor da pectina existente no bagaço de maçã, estimado ser da ordem de 10 a 15 g/100g
(ENDREß, 2000). Este comportamento, que ocorre com estes ácidos orgânicos, pode
corresponder a uma extração de pectina semelhante a aquela que ocorre com
concentrões de ácidos minerais, mas com a incorporação de grupamentos ácidos
esterificando as hidroxilas C-2 ou C-3 do ácido poligalacturônico ou nas hidroxilas
livres dos úcares neutros acompanhantes.
A Figura 11 ilustra estes dois tipos de comportamento, sendo que na Figura11-A
o gráfico indica uma extração seguida de uma degradação e na Figura 11- B, indica uma
extração seguida de uma incorporação de grupamentos ácidos na estrutura péctica.
0
10
20
30
40
0 200 400 600 800
Concentração do ácido, mM
Rendimento, g/100g
HNO3
HCL
SUC
LAC
0
10
20
30
40
0 200 400 600 800
Concentrão do ácido, mM
Rendimento, g/100g
TCA
CIT
MAL
(A) (B)
Figura 11 - Rendimento gravimétrico de obtenção das substâncias pécticas com os ácidos nítrico, clorídrico,
succínico
e lático no gráfico A e com os ácidos tricloroacético, cítrico e málico no gráfico B, de 1 a 750 mM.
(HNO
3
: ácido nítrico; HCl: ácido clorídrico; SUC; ácido succínico; LAC: ácido lático; TCA: ácido
Tricloroacético; CIT: ácido cítrico; MAL: ácido málico)
Marcon (2004), utilizando um planejamento experimental com os fatores tempo
(20 – 80 min.) e temperatura (50-100ºC), extraiu pectina de farinha de mã do cv Gala
com ácido cítrico à 5g/100g, obtendo rendimentos de 5,7 a 16,8%. Estes resultados
foram compatíveis com os de SCHEMIN (2003), que extraiu 20% de pectina de uma
mistura de variedades de maçã com ácido cítrico (5g/100g) a 100º C durante 110
minutos. Com os resultados encontrados neste trabalho, de 36% de rendimento, é
possível observar que a pectina que se extrai com altas concentrões de ácido trico à
temperatura de ebulição do sistema, contenha também outros compostos ou mesmo que
o ácido cítrico tenha sido incorporado, de alguma forma, à estrutura péctica.
Conforme os resultados dos processos de extração com os mesmos sete ácidos,
mas com a concentração máxima de 100 mM, foi possível observar que no primeiro
conjunto, a tendência da reação é logarítmica para os ácidos minerais e linear para os
ácidos orgânicos, enquanto que no segundo conjunto, a tendência é logarítmica para os
três ácidos orgânicos testados (Figura 12).
0
5
10
15
20
25
0 20 40 60 80 100 120
Concentração do ácido, mM
Rendimento, g/100g
HNO3
HCL
SUC
LAC
0
5
10
15
20
25
0 20 40 60 80 100 120
Concentração do ácido, mM
Rendimento, g/100g
TCA
CIT
MAL
(A) (B)
Figura 12 - Rendimento gravimétrico de obtenção das substâncias pécticas com os ácidos diluídos nítrico,
clorídrico, succínico e lático no gráfico A e com os ácidos tricloroatico, cítrico e málico no
gráfico B, de 1 a 100 mM.
As linhas de tendência estão sendo ilustradas na Figura 13 para demonstrar com
mais clareza os dois tipos de comportamento, sem os pontos experimentais.
0
5
10
15
20
25
0 20 40 60 80 100 120
Concentração do ácido, mM
Rendimento, g/100g
Log. (HNO3)
Log. (HCL)
Linear (SUC)
Linear (LAC)
0
5
10
15
20
25
0 20 40 60 80 100 120
Concentração do ácido, mM
Rendimento, g/100g
Log. (CIT)
Log. (TCA)
Log. (MAL)
(A) (B)
Figura 13 - Linhas de tendência dos rendimento gravimétrico de obtenção das substâncias pécticas com os
ácidos diluídos nítrico, clorídrico, succínico e lático no gráfico A e com os ácidos tricloroacético,
cítrico e málico no gráfico B, de 1 a 100 mM.
Estas tendências estão expressas em equões logarítmicas e lineares e seus
coeficientes encontram-se apresentados na Tabela 6 com os respectivos coeficientes de
correlação. De uma forma simples estas equões expressam os mesmos resultados já
apresentados anteriormente, demonstrando um destaque ao ácido nítrico, com
semelhança aparente entre os ácidos clorídrico, trico, tricloroacético, e uma baixa
eficiência do ácido málico, desconsiderando-se os coeficientes lineares das equões
dos ácidos succínico e lático porque são muito baixos.
Tabela 6 - Listagem das equões das curvas de tendências e seu coeficiente de
correlação.
Ácido Equação preditiva R
2
HNO3 Y = 4,652 Ln (x)-1,008 90,59
HCl Y = 3,5108 Ln (x) – 0,5026 90,92
Succínico Y = 0,054x + 0,9835 98,99
tico Y = 0,0324x + 0,4485 91,35
Cítrico Y = 3,3677 Ln (x) – 0,1768 96,22
TCA Y = 3,0805 Ln (x) – 0,5182 89,82
Málico Y = 0,9436 Ln (x) + 0,9535 94,15
Os rendimentos obtidos a 100 mM com um tempo de reação de 10 min à
temperatura de ebulição(97ºC) do sistema encontram-se ilustrados na Figura 14, com
perfeita semelhanças em relação aos coeficientes de X apresentados anteriormente.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
R
e
n
d
i
m
e
n
t
o
,
g
/
1
0
0
g
HNO3 HCL SUC LAC TCA CIT MAL
Tipo de ácido, 100 mM
Figura 14 - Quantidade de substâncias pécticas extraídas com diferentes ácidos a 100 mM
O rendimento e a qualidade destes polissacarídeos solúveis em água são afetados
por condões de extração como pH, temperatura, e o tempo de extração. Portanto
condões severas de extração aumentaram o rendimento, mas também a degradação
dos polímeros. Um modelo de estudo pode ser um método muito efetivo para pesquisar
as condões ótimas de extração (CHO; HWANG, 2000).
Ao se levar em conta o comportamento de reação do ácido nítrico em condições
diluídas e observando-se que a concentração de 100 mM representa um equibrio em
termos do bimio extração : degradação, e também considerando-se o poder de
corrosão do ácido clorídrico e a duvidosa extração das pectinas com os ácidos
tricloroacético e trico, foi selecionado o sistema de ácido nítrico, 100 mM por 10 min
mantendo-se a temperatura de ebulição do solvente como constante para direcionar os
experimentos seguintes.
5.2.1 Estabelecimento da quantidade de matéria-prima no sistema experimental.
Foram testadas 5 gramas de farinha de bago com 200 mL de solução ácida,
10g com 400 mL e 25g com 100 mL, a fim de verificar as influências sobre o
rendimento gravitrico das substâncias pécticas, com concentração de 100 mM, 10
min, 97ºC, e na Tabela 7 são apresentados os resultados destes ensaios.
Tabela 7 – Influência da quantidade de matéria-prima no rendimento gravimétrico.
Matéria-prima (g) Substâncias pécticas (g)
Rendimento (%)
5,206 0,838 16,09
10,006 1,418 14,17
25,017 3,559 14,22
Embora o sistema com 5g/200 mL tenha levado a um rendimento de 16,09
g/100g de substâncias pécticas, rendeu apenas 0,838g quantidade considerada pequena
para a continuidade dos experimentos. Por outro lado com 25g levou ao rendimento
pouco menor 14,22 g/100g, mas por causa do volume houve a necessidade de dividir
em duas porções o que correspondia na prática a uma fração de 12,5g de matéria-prima,
valor não muito diferente do ensaio com 10 g. No ensaio de 10g que se mostrou mais
satisfatório, o rendimento foi de 14,17 g/100g e a quantidade de substâncias pécticas
obtidas de 1,418g foram suficientes para continuidade dos experimentos.
A relação entre as substâncias pécticas extrdas e a matéria-prima confirma que
aumentando a quantidade de matéria-prima será obtida uma quantidade maior de
pectina, embora possa não ser interessante quanto ao rendimento gravimétrico e aos
procedimentos práticos em laboratório.
Na Figura 15 está demonstrado a influência da quantidade de substâncias
pécticas extrdas com o aumento da quantidade de matéria-prima, mostrando que na
realidade os valores são muito pximos.
y = 0,1429x
R
2
= 0,9978
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
0 5 10 15 20 25 30
Matéria-prima, g
Substâncias cticas, g
Figura 15 - Relacionamento entre a matéria prima e as substâncias pécticas extraídas
com
HNO
3
100 mM /10min, 97ºC
Com estes resultados chegou-se a conclusão que 10g de matéria-prima era a
quantidade necessária suficiente para o sistema experimental.
5.3 MODELO DO PROCESSO DE EXTRAÇÃO E DA QUALIDADE DO PRODUTO
Quando uma solução de ácido nítrico é adicionada a uma mistura aquosa
contendo bagaço de maçã em pó, muitas reações hidroticas ocorrem, rompendo a
parece celular vegetal com liberação de pectinas solúveis com cadeias laterais contendo
úcares neutros.
A concentração do ácido, a temperatura e o tempo são fatores que podem
promover também a destruição dos próprios polissacarídeos (CHO; HWANG, 2000).
Segundo estes autores, é preciso lembrar que as condões dos ensaios devem direcionar
o equilíbrio das reões positivas, que liberam os polímeros solúveis em ácido, com as
reações negativas, que hidrolisam as ligões glicosídicas e ésteres.
Um modelo matemático para a extração ácida de pectina a partir de bagaço de
maçã e a determinação de seus graus de esterificação, numa abordagem quantitativa e
qualitativa, respectivamente, são apresentados e discutidos no que diz respeito à sua
validade estatística e relevância prática.
5.3.1 Rendimento gravitrico do processo de extração
Na Tabela 8 são mostrados os resultados dos experimentos do delineamento
assim como os previstos pelo modelo e os resíduos, que representam as diferenças entre
os dois conjuntos.
Tabela 8 - Resultados do modelo do rendimento gravimétrico.
Rendimento, g/100g Número
do ensaio Visto Previsto Resíduo
1 11,8700 11,4935 0,37653
2 14,8800 15,2885 -0,40850
3 17,1800 16,9655 0,21453
4 18,5400 19,1105 -0,57050
5 19,2600 19,0100 0,24996
6 18,6000 19,0100 -0,41004
7 19,1700 19,0100 0,15996
8 10,7500 10,7676 -0,01755
9 17,5500 17,3384 0,21159
10 14,8200 15,2782 -0,45817
11 20,1300 19,4778 0,65220
Os ensaios em triplicata foram realizados para determinar o desvio padrão, de
0,357911 e o gráfico de dispersão entre os valores vistos e os previstos fornecem uma
linha reta com um coeficiente de correlação R
2
= 0,9898.
Na Tabela 9 é apresentado o modelo de extração ácida de pectina.
Tabela 9 - Os coeficientes do modelo de extração ácida de pectina
Fatores Coefeciente
de regressão
Erro
padrão
t(5) P Limite de
confiança
95%
Limite de
confiança
9%
Média 19,01 0,33 57,90 0,00 18,17 19,85
X
1
(L) 2,32 0,20 11,56 0,00 1,81 2,84
X
1
(Q) -2,48 0,24 -10,36 0,00 -3,09 -1,86
X
2
(L) 1,48 0,20 7,39 0,00 0,97 2,00
X
2
(Q) -0,82 0,24 -3,41 0,02 -1,43 -0,20
1L by 2L -0,41 0,28 -1,45 0,21 -1,14 0,31
R
2
= 0,98348; Ajuste = 0,96696; MS Resíduo = 0,3233428
Os resultados mostrados na tabela incluem os efeitos significativos da
concentração do HNO
3
e do tempo, e não significativo da interação entre os dois. Os
coeficientes negativos para os termos quadráticos indicam que a superfície apresenta um
ponto estacionário máximo.
Na Tabela 10 são apresentados os resultados da análise de varncia do modelo
de rendimento gravimétrico.
Tabela 10 - Análise da variância
Fatores Soma
Quadrática
Grau de
liberdade
Média
Quadrática
F
cal
F
cal
/F
tab
Regressão 96,25 5 19,25 59,55 11,79 Significativo
Resíduos 1,61 5 0,32
Falta de ajuste 1,26 3 0,45 3,53 0,18 Não Sign.
Erro puro 0,26 2 0,12
Total 97,86 10
% varncia explicada = 0,983485 % máxima de variância explicável = 0,997382
Estes resultados confirmaram a significância estatística da regressão tendo em
vista que o F crítico é F(5/5) = 5, 05 e a falta de ajuste não é significativa F(3/2) =
19,16. O modelo é eficaz com um coeficiente de determinação de 98,35% e um ajuste
de 96,70%, tendo uma varncia explicável de 98,35% e um máximo explicável de
99,74%.
A Figura 16 (A) ilustra a superfície de resposta do modelo em três dimensões
(3D) e a Figura 16 (B), a sua projeção em curvas de níveis em duas dimensões (2D).
10,912
11,824
12,736
13,649
14,561
15,473
16,385
17,297
18,209
19,122
above
10,912
11,824
12,736
13,649
14,561
15,473
16,385
17,297
18,209
19,122
HNO3, mM
TEMPO, min
0
4
8
12
16
20
-20 20 60 100 140 180 220
(A) (B)
Figura 16 - A influência da concentração de ácido e do tempo sobre o rendimento gravimétrico do processo de
extração de substâncias pécticas ilustradas (A) por superfície de resposta e (B) por curvas de nível.
O elevado efeito da concentração do ácido e o menor efeito do tempo pode ser
observado nesta figura, embora ambos fatores tenham influencia positivas e negativas
(CHO; HWANG, 2000). Pode ser enfatizado que aumentando a concentração e o tempo
ocorre mais extração do que destruição da pectina e que no ponto ximo ambas as
reações estão em equilíbrio. Com a continuidade do aumento da concentração e do
tempo ocorre um predonio das reações de degradação, com decréscimo do
rendimento. A Figura 16 (B) é útil para identificar as coordenadas do ponto
estacionário, que na realidade encontra-se na rego que apresentam altos valores de
rendimento gravitrico.
As coordenadas do ponto estacionário foram calculadas derivando-se a equação
preditiva em relação a X1 e a X2, e resolvendo as duas equões com as duas
incógnitas, levando aos valores das coordenadas (0,400; 0,814) que decodificadas
representa as condões 126 mM e 14,07 min com um valor ximo de 20,07 g.
Y = 19,01004 + 2,32350*X1 - 2,47928*X1^2 + 1,48502* X2 - 0,81627*X2^2 -
0,41250X1X2
5.3.2 Grau de esterificação
Na Tabela 11 estão apresentados os resultados do planejamento experimental
assim como os previstos pelo modelo e os resíduos, que são as diferença dos dois
conjuntos.
Tabela 11 - Resultados da modelo em grau de esterificação
Grau de esterificação, % Ensaio
Visto Previsto Resíduo
1 67,5700 67,0904 0,47956
2 64,3600 63,7978 0,56222
3 49,5500 48,3342 1,21581
4 47,7300 46,4315 1,29847
5 48,6100 50,7863 -2,17630
6 52,4800 50,7863 1,69370
7 51.2700 50,7863 0,48370
8 69,0100 69,3786 -0,36859
9 42,4300 43,8400 -1,40998
10 57,2200 58,0508 -0,83083
11 53,4300 54,3777 -0,94774
O ensaio feito em triplicata foi usado para determinar o desvio padrão de
1,979508. O gráfico de dispersão entre os valores visto e o previsto mostrou uma
tendência linear com o R
2
de 97,96%
Na Tabela 12 está apresentado o modelo para o grau de esterificação das
pectinas extrdas.
Tabela 12 – Os coeficientes do modelo em grau de esterificação
Fatores Coeficiente
de regressão
Erro
Padrão
t(5) P Limite de
confiança
95%
Limite de
confiança
95%
Média. 50,78 1,00 50,33 0,00 48,19 53,37
X1(L) -9,03 0,61 -14,61 0,00 -10,61 -7,44
X1(Q) 2,91 0,73 3,96 0,01 1,02 4,80
X2 (L) -1,30 0,61 -2,10 0,09 -2,88 0,30
X2(Q) 2,71 0,73 3,70 0,01 0,82 4,60
1L by 2L 0,34 0,87 0,40 0,71 -1,90 2,60
R
2
= 0,97966; Ajuste = 0,95932; MS Resíduo = 3,054288
Na Tabela 12 são apresentados os coeficientes do modelo para o grau de
esterificação das pectinas extrdas e os principais efeitos são negativos e quanto à
concentração de ácido em primeiro lugar e o tempo em seguida, com menor influência,
mas sem explicação estatística. Os coeficientes positivos para ambos os termos
quadráticos indicam que a superfície de resposta apresenta um ponto estacionário
nimo.
Na Tabela 13 são apresentados os resultados da análise de varncia do modelo
de grau de esterificação.
Tabela 13 – Análise da variância do modelo em grau de esterficação
Fatores Soma
Quadrática
Grau de
liberdade
Média
Quadrática
F
cal
F
cal
/F
tab
Regressão 735,51 5 147,10 48,16 9,53 Significativo
Resíduos 15,27 5 3,05
Falta de ajuste 7,43 3 2,47 0,63 0,03 Não Sign.
Erro puro 7,83 2 3,92
Total 750,78 10
% varncia explicada = 0,979658 % variância máxima explicável = 0,989559
Estes resultados confirmam a signifincia estatística da regressão tendo em
vista que o F(5/5) crítico é 5,05 e a falta de ajuste não é significativa F(3/2) = 19,16. O
modelo é eficaz com um coeficiente de determinação de 97,96% e um ajuste de 95,93%,
tendo uma varncia explicável de 97,96% e uma máxima varncia explicável de
98,95%.
A Figura 17 (A) ilustra a superfície de resposta do modelo em 3D e a Figura 17
(B), a sua projeção em curvas de níveis em 2D.
48,181
52,574
56,967
61,360
65,753
70,146
74,539
78,933
83,326
87,719
above
46,353
48,917
51,482
54,047
56,612
59,176
61,741
64,306
66,871
69,435
HNO3, mM
Tempo, min
0
4
8
12
16
20
-20 20 60 100 140 180 220
(A) (B)
Figura 17 - A influência da concentração de ácido e do tempo sobre a qualidade do produto ilustrada (A) por
superfície de resposta e (B) por curvas de nível.
Os elevados efeitos negativos da concentração de ácido e do tempo sobre o grau
de esterificação são visíveis, como esperado, pois as condões favoreceram a reação de
desmetoxilação, que transformou HMP em LMP (CONSTENLA; LOZANO, 2003). A
Figura 17 (B) é útil para ter uma idéia das coordenadas para os valores mais baixos do
grau de esterificação da pectina extrda, que aparentemente está nos limites do donio
do delineamento experimental. A qualidade das pectinas está diretamente relacionada à
concentração e ao tipo do ácido, à temperatura e ao tempo de reação (SCHEMIN, 2003)
e o modelo aqui apresentado dá suporte à predição da quantidade e da qualidade dos
produtos.
As coordenadas do ponto estacionário foram calculadas derivando-se a equação
preditiva em relação a X1 e a X2, e resolvendo as duas equões com as duas
incógnitas, levando aos valores das coordenadas (1,546; 0,140) que decodificadas
representam as condões 200 mM e 10,07 min com um valor máximo de 43,73 g.
Y = 50,78548 - 9,03123*X1 + 2,91368*X1^2 - 1,29713*X2 + 2,71461*X2^2 +
0,34565X1X2
Na Tabela 14 são mostrados os valores das coordenadas do ponto estacionário
de cada modelo.
Tabela14 – Valores preditos em coordenadas específicas
Variável codificada Variável decodificada
X1 X2 HNO3 mM Tempo, min
Rendimento
g/100g
DE %
0 0 100 10 19,01 50,78
0,400 0,814 126 14,07 20,07 48,49
1,546 0,140 200 10,07 16,77 43,73
O modelo relacionado ao rendimento gravimétrico da extração de pectina foi
utilizado para encontrar as coordenadas do ponto estacionário que representa um valor
máximo uma vez que os dois coeficientes dos termos quadráticos são negativos. A
aplicação da fórmula mostra o valor máximo de pectina, de 20,07 g/100 g quando a
concentração de HNO
3
é 126 mM com um tempo de reação de 14, 07 min. Nestas
condões, o grau de esterificação, calculado pelo modelo adequado, deve ser 48,49%.
Estas coordenadas não estão muito distantes das coordenadas do ponto central do
planejamento experimental.
O modelo apresentado com relação ao grau de esterificação foi utilizado para
encontrar as coordenadas do ponto estacionário que representa o valor nimo uma vez
que ambos os coeficientes quadráticos são positivos. O mais baixo grau de esterificação
foi 44,3 % quando a concentração de HNO
3
foi 200 mM e o tempo de reação é de
10,07 min. Nestas coordenadas o modelo para o rendimento gravimétrico prevê o valor
de 16,77 g/100g.
Nas coordenadas do ponto central do planejamento de experimentos (100 mM;
10 min) o valor esperado é de 19,01 g/100 g se aproxima do previsto ximo de 20,07
g/100 g uma vez que representa um diferencial menor que 5% sendo ainda que ambos
os valores estão categorizadas em dois níveis conguos na projeção 2D da superfície de
resposta. Deve ser lembrado que a sensibilidade dos procedimentos práticos de obtenção
de pectina está muito aquém dos lculos teóricos o que pode ser observado pelo desvio
padrão dos ensaios do ponto central feito em triplicata.
Existe uma grande diferença entre ambos os conjuntos de coordenadas que
representam os pontos estacionários dos dois modelos. Os melhores resultados são
encontrados nas coordenadas escolhidas como o ponto central do desenho experimental
por que há um elevado rendimento gravitrico 19,01 g/100 g de uma LMP (50,78%).
Deve ser mencionado ainda que tais condões devem proporcionar uma pectina menos
despolimerizada com um grau de esterificação mais pximo de 50%.
5.4 CARACTESTICAS DE QUALIDADE DAS PECTINAS EXPERIMENTAL E
COMERCIAIS.
A amostra de pectina experimental, extrda com HNO
3,
100 mM a 97º C por 10
minutos, foi comparada com as amostras de pectinas comerciais de alto e baixo grau de
esterificação de acordo com suas características titulotricas, espectroscópicas FT-IR,
cromatográficas incluindo exclusão estérica e composição em úcares neutros.
5.4.1 Características de qualidade titulotricas
Pelo todo titulotrico foram determinadas as características de qualidade
que compreendem os teores de ácidos anidrogalacturônico (AUA) e de metoxilas
(MeO), cuja soma representa o percentual de ácido poligalacturônico (fração ácida),
sendo o restante o percentual acompanhante de úcares neutros (fração neutra) da
pectina (100%). O grau de esterificação (DE) independe da quantidade de massa uma
vez que pela rmula utilizada trata-se de uma razão entre a fração ácido
anidrogalacturônico metoxilado e a fração ácido anidrogalacturônico total.
Os resultados da comparação estão apresentados na Tabela 15.
Tabela 15 – Característica titulotrica das pectinas experimental e comerciais.
Amostra AUA MEO DE Fração ácida Fração neutra
HNO
3
*
53,75± 2,90 4,81±0,81 50,78±6,74 58,57±3,62 41,43±3,62
HMP 61,41± 0,42 8,45±0,075 75,7±0,17 69,83±0,49 30,17±0,49
LMP 55,99 ± 0,24 5,02±0,035 49,34±0,42 60,98±0,25 39,02±0,25
(* amostra experimental = ácido HNO
3
, 100 mM, 10 min, 97ºC)
HMP: pectina de alta esterificação;
LMP: pectina de baixa esterificação
Existe uma semelhança entre a amostra experimental e a amostra LMP
comercial em termos de conteúdo de ácido poligalacturônico, com valor médio de
55,99%, o que difere dos 61,41% da amostra HMP comercial. Este fato se repete quanto
ao teor de metoxila, com valor dio de 4,81% e que difere em muito do valor 8,45%
da amostras HMP comercial. Portanto a amostra experimental se assemelha mais à
amostra comercial LMP do que à HMP, em termos de teores de ácido poligalacturônico
e metoxilas. Os valores encontrados para ácido poligalacturônico totais são inferiores
aos 65% preconizados pela FAO (WILLATS; KNOX; MIKKELSEN, 2006), portanto a
fração neutra será superior aos 35% uma vez que a soma das frões representa o total
das substâncias pécticas.
A determinação do grau de esterificação leva à mesma conclusão, pois a amostra
experimental (50,78%) tem um valor mais pximo da LMP (49,34%) do que da HMP
(75,7%).
A Figura 18 foi elaborada com os resultados das análises titulotricas para
ilustrar
as semelhanças e diferenças entre as três amostras de pectina.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
(%)
HNO3 LMP HMP
Tipos de pectinas
AUA
MEO
DE
FRAÇÃO ÁCIDA
FRAÇÃO NEUTRA
Figura 18 - Características de qualidade físico-química de pectinas (AUA: ácido
Anidrogalacturônico, MEO: teor de metoxilas, DE: grau de esterificação).
5.4.2 Características de qualidade espectroscópica de infravermelho (FT-IR)
As pectinas extrdas sob aumento da quantidade de matéria-prima foram
analisadas quanto ao grau de esterificação, utilizando espectroscopia de infravermelho
(FT-IR), que permite identificar grupos funcionais em diferentes regiões do espectro.
Os autores Monsoor, Kalapathy e Proctor (2001) demonstraram que a faixa entre
1000 e 2000 cm
-1
é a rego importante para identificação de grupos funcionais do ácido
galacturônico, uma vez que as carboxilas livres absorvem em aproximadamente 1620
cm
-1
e as esterificadas em 1750 cm
-1
. A ampla e forte faixa de absorção entre 2400 e
3600 cm
-1
corresponde aos estiramentos dos grupos hidroxilas relativos à umidade das
amostras de pectina. Os picos na faixa entre 3000 e 2800 estão relacionados ás ligões
C-H e CH
3
dos grupamentos metil éster. A rego mais importante para a determinação
do grau de esterificação das pectinas é aquela relacionada diretamente aos grupos
carboxílicos apesar da influência das demais.
Na Figura 19(A, B e C) estão apresentados os espectros de infravermelho, em
transmitância, das pectinas isoladas sob idênticas condões, porém com maior
quantidade de matéria-prima. A dia dos valores do grau de esterificação encontrado,
de 42,7% ± 0,814%, está coerente com valor convencional de pectinas de baixos teores
de esterificação (LMP) e demonstram espectros com perfis característicos. O valor
dio encontrado é todavia relativamente mais baixo do que os 51% calculados por
titulometria e apresentado na Tabela 15, sugerindo a importância da contribuição de
outras bandas na determinação do valor correto (MONSOOR, KALAPATHY;
PROCTOR, 2001). Marcon (2004), entretanto, apresentou os espectros FT-IR de duas
amostras padrões de pectinas de alto (89 % e 67%) e uma de baixo (22 %) grau de
esterificação, evidenciando as diferenças precisamente nas freqüências anteriormente
citadas, especificamente dos picos referentes às carboxilas livres e esterificadas.
A) 5g / 200 mL, 100 mM, 10 min., 97 ºC. DE = 43,1%
60.0
70.0
80.0
90.0
100.0
%T
500.01000.01500.02000.03000.04000.0
1/cm
B) 10 g / 400 mL, 100 mM, 10 min., 97 ºC. DE = 43,3 %
C) 25g / 1000 mL, 100 mM, 10 min., 97 ºC. DE = 41,8 %
Figura 19 - Caracterização espectroscópicas FT-IR das substâncias pécticas extraídas com ácido
nítrico (100 mM; 10 min; 97ºC) a partir de 5 g/200 g (A); 10 g/400g (B) e 25 g/1000g (C).
Os espectros de transmissão por FT-IR da amostra experimental e comerciais de
pectinas são apresentados na Figura 20 para comparação do perfil espectroscópico. Com
esta análise é possível avaliar a qualidade da pectina extrda experimentalmente e
compará-las com a literatura disponível, pois a amostra experimental apresentou o
mesmo perfil comprovando a sua semelhança com as pectinas extrdas industrialmente.
A amostra experimental demonstrou maior semelhança à amostra comercial de baixa
esterificação (LMP) tanto ao perfil espectroscópico quanto ao grau de esterificação
70.0
80.0
90.0
100.0
%T
500.01000.01500.02000.03000.04000.0
1/cm
70.0
80.0
90.0
100.0
%T
500.01000.01500.02000.03000.04000.0
1/cm
calculado pela razão das áreas dos picos relativos aos grupamentos carboxílicos
esterificados e pela área total dos picos relativos aos grupamentos carboxílicos totais.
A) HNO
3
ponto central 100 mM 10 min/97ºC; DE =44%
B) FT-IR da amostra HMP comercial; DE = 62%
C) FT-IR da amostra LMP comercial; DE = 49%
Figura 20 - Espectroscopia de infravermelho das amostras experimental (A) e comerciais (B) e
(C).
60.0
70.0
80.0
90.0
100.0
%T
500.01000.01500.02000.03000.04000.0
1/cm
70.0
80.0
90.0
100.0
%T
500.01000.01500.02000.03000.04000.0
1/cm
80.0
85.0
90.0
95.0
100.0
%T
500.01000.01500.02000.03000.04000.0
1/cm
5.4.3 Características de qualidade cromatográfica
Com o emprego de técnicas cromatográficas foram qualificadas as amostras de
pectina quanto à sua dispersão em tamanho molecular com permeação em gel, tendo
sido detectados por espalhamento de luz em multngulos (LS) - cor vermelha, e pelo
índice de refração (IR) - cor azul. Também foram caracterizadas as pectinas por
cromatografia gasosa com relação aos seus conteúdos em úcares neutros, reduzindo-
os à alditóis e confirmando sua estrutura por espectroscopia de massa.
5.4.3.1 Cromatografia de exclusão estérica (HPSEC-MALLS)
Na Tabela 16 são mostrados os resultados da cromatografia em HPSEC-MALLS
das três amostras de pectina em termos e tempos de retenção considerando o detector de
espalhamento de luz (LS- 90º) e índice de refração.
Tabela 16 - Tempo de retenção de pectinas em minutos.
Amostra Tempo inicial Tempo do pico Tempo final Amplitude
HNO
3
* 33,56 37,29 44,07 10,51
HMP 34,00 38,00 46,67 12,67
LMP 34,24 38,64 47,80 13,56
(* amostra experimental = ácido HNO
3
, 100 mM, 10 min, 97ºC)
A análise dos tempos iniciais de retenção ao valor dio de 33,56 min indica
que se trata de polímeros de elevada massa molecular, enquanto a amplitude dá uma
idéia da distribuição das moléculas.
A amostra de pectina experimental apresentou menor tempo de retenção mesmo
assim semelhante às amostras comerciais eluindo moléculas maiores primeiro como
sugere a técnica cromatográfica, entretanto o índice de refração representa uma
distribuição heterogênea com moléculas de tamanhos variados.
A Figura 21 ilustra com os cromatogramas das amostras de pectina.
(A)
(B)
(C)
Figura 21 - Cromatogramas em HPSEC-MALLS das amostras de pectina comercial (A) HMP e (B) LMP
e (C) amostra experimental = HNO3, 100 mM, 10 min, 97ºC, (Gráfico vermelho: espalhamento
de luz (LS); em azul: índice de refração (IR)).
Os perfis das três amostras se apresentam semelhantes com o tempo de eluição
das moléculas de alta massa molar em aproximadamente 34 min, representado pelo
gráfico em vermelho referindo-se ao espalhamento de luz. O índice de refração,
representado pelo gráfico em azul, confirma a distribuição da maior quantidade de
moléculas de pectina com tempo de eluição por volta de 45 min.
As frões extrdas de bago desidratado de maçã por Marcon (2004)
segundo um planejamento fatorial 2
2
e triplicata do ponto central, com ácido cítrico a
5g% apresentaram perfis com tempos de eluição variando de 34 a 38 min o que revela
uma massa molar semelhante à encontrada neste trabalho, com eluição em 34 min,
embora as condões de extração tenham sido diferentes.
5.4.3.2 Composição em monossacarídeos (GLC)
Na Tabela 17 são apresentados os tempos de retenção em cromatografia quido-
gasosa dos padrões de úcares e os dos úcares presentes nas amostras, mediante os
quais estes podem ser identificados por comparação.
Tabela 17 - Identificação dos açúcares neutros pela mobilidade cromatográfica(GLC).
Velocidade de eluição, min.
Rha Fuc Ara Xyl Man Gal Glc
Padrões 7,902 8,137 9,592 11,284 15,967 17,236 18,902
Amostra* 7,904
± 4,84
8,150 9,596
± 5,17
11,297
± 8,41
16,099
± 118,26
17,256
± 10,28
18,943
± 24,75
(* amostra experimental, ácido HNO
3
, 100 mM, 10 min, 97ºC)
Além de terem sido identificados os úcares que são considerados como parte
da estrutura, nominalmente a ramnose, arabinose, galactose, xilose e manose, foi
constatada a presença de fucose, um úcar considerado raro em pectinas, na amostra
extrda experimentalmente de bago de maçã.
De acordo com Kravitchenko, Voragen e Pilnik (1991), os úcares arabinose,
galactose, xilose e glucose estão ligados ao carbono 4 da ramnose, embora os três
primeiros já tenham sido encontrados ligados aos resíduos de ácido galacturônico e a
fucose, embora considerada um úcar raro, já foi encontrado em certas substâncias
pécticas sem que se tenha determinado o local de sua ligação.
Na Tabela 18 são apresentados os resultados da análise por espectroscopia de
massa dos eluatos da cromatografia gasosa, sendo indicados os fragmentos moleculares
considerando a sua intensidade relativa por ordem decrescente.
Tabela 18 - Identificação dos açúcares neutros pela composição dos fragmentos obtidos
em espectgrafo de massa
Fração Rha % Fuc % Ara % Xyl % Man % Gal % Glc %
Padrões
128 115
85 99
187
128 115
187 85
99 155
115 85
187 127
145 217
115 85 145
127 103
217 187
139 115 187
97 127
85 145
139 115
187 127
85 97
115 139 187
127 85 97
145
HNO
3
*
128 115
85 99
187
128 115
85 100
187 155
115 85 187
127 145
217
115 85 145
127 103
217 187
139 115 97
187 127
85 145
139 187
115 127
85 97
139 115 187
127 85 97
145
HMP 128 115
85 99
115 85 127
187 145
217
115 85 145
103 127
217
139 115 127
97 85
187
139 115
187 127
85 97
115 139 127
187 85 97
145
LMP 115 128 85
115 85
145 127
217
115 85 145
127 103
217
139 115 97
127 85
187
139 187
115 127
85 97
115 139 187
127 85 97
145
(* amostra experimental, ácido HNO
3
, 100 mM, 10 min, 97ºC)
Na Tabela 19 são apresentados os teores relativos de úcares neutros presentes
nas frões experimental e comerciais de pectina como parte agregada à estrutura do
polissacarídeo ácido.
Tabela 19 - Proporção relativa de úcares neutros identificados nas amostras
Fração Rha % Fuc % Ara % Xyl % Man % Gal % Glc %
HNO
3
* 3,44 0,72 8,01 11,93 3,65 40,51 31,70
HMP 2,16 - 19,58 7,55 1,31 49,70 19,70
LMP 3,65 - 4,34 12,40 2,87 56,23 20,47
(* amostra experimental = ácido HNO
3
, 100 mM, 10 min, 97ºC)
É possível observar que as proporções dos componentes monossacarídicos
neutros da fração experimental são intermediárias se comparados com as frões
comerciais no que diz respeito à ramnose, arabinose e xilose, mas são mais elevadas
quanto à manose e glucose. Na amostra experimental foi encontrada a menor proporção
de galactose e também de fucose, uma metil-pentose, usualmente não presente em
amostras de pectinas.
Na Tabela 20 estão apresentados os resultados combinados do todo
titulotrico, que fornece as proporções da fração ácida, com os do cromatográfico, que
possibilita estabelecer as proporções de cada um dos úcares neutros. Nesta tabela
constam os valores relativos às metoxilas apenas para completar os valores em 100%.
Tabela 20 - Proporção relativa dos úcares neutros e ácidos
Cadeia principal Cadeias laterais
AUA MeO Rha Fuc Ara Xyl Man Gal Glc
Fração
%
HNO
3
* 53,75 4,81 1,42 0,29 3,31 4,95 1,51 16,78 13,31
HMP 61,41 8,45 0,65 0 5,90 2,27 0,40 14,99 5,94
LMP 60,00 5,02 1,27 0 1,51 4,33 1,00 19,66 7,16
(* amostra experimental = ácido HNO
3
, 100 mM, 10 min, 97ºC)
Os teores de ácido galacturônico e de metoxilas já caracterizaram a amostra
experimental como de baixo grau de esterificação, e nesta tabela pode ser observado que
os teores de ramnose são semelhantes nas duas amostras. Na amostra experimental
foram encontrados resíduos de fucose, úcar considerado raro em pectina de maçã mas
relatado por Renard, Crepeau e Thibault (1995) e por Marcon (2004).
Na Tabela 21 estão apresentadas as razões entre os percentuais dos úcares que
fazem parte da cadeia principal e parte das cadeias laterais.
Tabela 21 - Relões entre os úcares da cadeia principal e os das cadeias laterais
Fração Acido galacturônico
por ramnose
Galactose + arabinose
por ramnose
Galactose + arabinose
por ácido galacturônico
HNO
3
* 37,85 14,17 0,37
HMP 94,48 32,14 0,34
LMP 47,24 16,67 0,35
(* amostra experimental = ácido HNO
3
, 100 mM, 10 min, 97ºC)
A relação entre ácidos galacturônicos e ramnose indicam quantas moléculas do
acido fazem parte da cadeia por unidade de ramnose. Os valores encontrados para as
pectinas de baixa metoxilação foram de 47, 24:1 e 37, 85:1 para as frações comercial e
experimental, respectivamente; no caso de HMP a relação é 94, 48:1. De acordo com
Wang; Pagán e Shi, (2002) as razões encontradas foram de 25:1 a 35:1, o que significa
que existe um resíduo de ramnose a cada 25-35 resíduos de ácido galacturônico.
Entretanto, segundo Renard, Crépeau e Thibault (1995) a ramnose está presente na
pectina de maçã em uma proporção de 22% na fração ácida e o restante na fração
ramificada, o que acarreta um mero muito maior de resíduos de ácido galacturônico
por unidade de ramnose.
As proporções da somatória dos dois principais úcares neutros das pectinas,
arabinose e galactose com a ramnose indicam as possibilidades de tamanho de cadeia
lateral. Neste estudo as pectinas de baixo teor de metoxilas apresentaram valores de 14,
17:1 e 16, 67:1, muito diferentes do valor encontrado para a HMP, que foi de 32:1.
Como há possibilidade de ligações da galactose e da arabinose diretamente no ácido
urônico (KRAVTCHENKO; VORAGEN; PILNIK, 1991), foi calculada a proporção da
somatória dos dois úcares e os valores encontrados são baixos e da mesma ordem de
grandeza para todas as amostras.
A Figura 22 ilustra a proporção dos ácidos urônicos e da somatória dos úcares
galactose e arabinose por unidade de ramnose.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
HNO3 LMP HMP
Tipos de pectinas
Propoão, %
AUA/Rha
GalAra/Rha
Figura 22 - Proporção dos ácidos urônicos e da somatória dos úcares galactose e arabinose por
unidade de ramnose.
6 CONCLUSÕES
O teor de umidade de 11% é adequado para o armazenamento do bago em pó,
sendo que a composição físico-química apresentou 29% de úcares redutores totais e
36% de fibras, incluindo as pectinas, em base seca.
O processo de solubilização da protopectina de bago de maçã com diferentes
ácidos de 1 a 750 mM (10 min/100ºC), definiu o ácido nítrico como melhor agente
extrator.
Com ácidos diluídos até 100 mM o processo de extração seguiu tendências
logarítmicas ou lineares com R
2
> 95%.
O ensaio mais adequado para extração de pectina em laboratório foi com 10 g de
bago em pó em 400 mL de volume total.
O planejamento experimental foi eficiente para o rendimento com resultados
significativos ao nível de 98%.
O grau de esterificação apresentou resultados significativos e confirmou a
extração de uma pectina de baixo grau de esterificação (LMP).
A amostra experimental apresentou proporções distintas de monossacarídeos
assim como as amostras comerciais.
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