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para a região da capital, com fins de aumentar a oferta de trabalho para a lavoura cafeeira,
muito embora não fosse o objetivo do imigrante.
A partir de então, até 1950 a economia cafeeira seria base central de funcionamento.
As oscilações no preço do café, ainda que presentes, não chegavam a ser desestimulantes de
sua produção ou qualquer substituição por outra alternativa econômica. Pelo contrário, ao
longo do período se verificou uma expansão do patamar produzido, vinculadas, todavia, ao
ciclo natural do café
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. A particular estrutura produtiva, baseada na pequena produção
familiar, tornava mais difícil qualquer desestruturação deste modelo, conforme Rocha e
Morandi (1991). Para estes autores, a economia capixaba apresentava-se altamente resistente
em termos de sua base produtiva, uma vez que, em torno da atividade cafeeira, uma série de
produtos eram produzidos para fins de subsistência, ficando a cargo do café a geração de
renda adicional para a região.
Tal modelo, apesar de melhor distribuir os benefícios da produção, teria sido ineficaz
em conferir ao estado uma formação de uma base regional mais diversificada, no sentido de
não conseguir organizar-se para promover grandes investimentos em áreas importantes como
a industria, os transportes e os bancos.
“(...) Aqui, dada a pulverização do capital, decorrente da desconcentrada e pouco
dinâmica base econômica, a tarefa de realização dos grandes investimentos não foi
cumprida pelos capitais locais, mas pelo capital estrangeiro, por capitais nacionais e
principalmente pelo estado” (ROCHA, MORANDI, 1991, p. 44).
Estruturalmente, convém destacar uma maior complexificação das atividades regionais
com a construção de ferrovias diversas cortando o estado, bem como reafirmando sua forte
ligação com Minas Gerais, a consolidação de alguns bancos, com capital externo, nacional e
estatal, bem como alguma, mas ainda de pouca expressão, atividade industrial, promovida
pelo governo.
Neste último ponto, destaca-se o governo Jerônimo Monteiro como um pioneiro da
industrialização do estado. Este, em seu governo (1908-1912), estimularia diversas atividades
industriais para o estado, algumas presentes até os dias atuais, com a implementação de um
programa de investimento integrado, que buscava inserir indústrias de processamento de
matérias-primas potenciais no sul do Espírito Santo.
Depois deste ocorrido, pouco se fez até meados da década de cinqüenta em direção à
industrialização, sobretudo devido ao bom desempenho da economia cafeeira nas décadas de
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As oscilações dos preços do produto se baseavam na exaustão relativa da planta, que determina que uma
grande safra seja sucedida por uma safra reduzida (ROCHA, 1998, p. 43).