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UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA
FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
NÚCLEO DE CORPOREIDADE, PEDAGOGIA DO MOVIMENTO E
LAZER
A INFLUÊNCIA DA ASSOCIAÇÃO CRISTÃ DE MOÇOS NA
DISSEMINAÇÃO DO ESPORTE E LAZER EM SOROCABA
ROSÂNGELA BENITO
PIRACICABA, SP
2007
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UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA
FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
NÚCLEO DE CORPOREIDADE, PEDAGOGIA DO MOVIMENTO E
LAZER
A INFLUÊNCIA DA ASSOCIAÇÃO CRISTÃ DE MOÇOS NA
DISSEMINAÇÃO DO ESPORTE E LAZER EM SOROCABA
ROSÂNGELA BENITO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Educação Física, da Faculdade
de Ciêcias da Saúde Universidade Metodista
de Piracicaba - UNIMEP, como exigência
parcial para obtenção do Título de Mestre em
Educação Física, sob a orientação da Profª Drª
Tânia Mara Vieira Sampaio.
PIRACICABA, SP
2007
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Ficha Catalográfica
BENITO, Rosângela.
A influência da Associação Cristã de Moços na disseminação do
esporte e lazer em Sorocaba. Piracicaba, 2007.
p. 112
Orientadora: Profª Drª Tânia Mara Vieira Sampaio
Dissertação (tese) Mestrado em Educação Física Universidade Metodista de
Piracicaba (UNIMEP).
1. Lazer 2. Esporte 3. ACM
BANCA EXAMINADORA:
___________________________________________
Profa. Dra. Tânia Mara Vieira Sampaio – FACIS/UNIMEP
Membro Titular – Orientadora
___________________________________________
Prof. Dr. José Antonio Strumendo Barbosa – PUC - Campinas
Membro Titular – Externo
___________________________________________
Prof. Dr. Wagner Wey Moreira – FACIS/UNIMEP
Membro Titular – Interno
A meus pais Pio e Ângela, Ademir e
Vilma, ao marido Marcelo e meu filho
Cauê, os principais responsáveis pela
minha felicidade, incentivadores pacientes
deste trabalho que, com amor especial,
ampararam-me nos momentos difíceis
desta dissertação.
AGRADECIMENTOS
Esse trabalho, embora construído muitas vezes solitariamente, foi possível
graças à colaboração de muitas pessoas. Sem elas, talvez essa dissertação
pudesse até tomar uma forma, mas, com certeza, não teria vida. Desde já, expresso
meus agradecimentos:
À amiga, companheira e orientadora Professora Tânia Mara Vieira Sampaio,
pela sua dedicação profissional e afeto.
Ao meu sogro Ademir, à minha sogra Vilma e à cunhada Vanessa, com meu
amor.
Ao Marcelo, que acumula funções de marido, amigo, conselheiro, com amor.
Ao meu filho Cauê, com quem eu aprendo, a todo instante, coisas da vida... e
crescemos ... amadurecemos juntos.. com amor.
À minha amiga Elcie que me fez acreditar ser possível...
Ao Professor Wagner Wey Moreira, pela atenção e pelo desprendimento em
partilhar seu conhecimento.
Ao Professor José Antonio S. Barbosa, pela atenção e pelas contribuições
nessa trajetória.
Aos Professores do Programa de s-Graduação em Educação Física da
UNIMEP, pela oportunidade do exercício de construção do conhecimento de uma
forma plural.
Aos Funcionários do Programa, especialmente Angelise, Dulce e Rose
sempre dispostas a colaborarem, principalmente, com uma boa prosa.
Aos amigos do GPL, pela parceria acadêmica.
Aos colegas de minha turma e do Programa.
A todos, muito obrigada.
“A história nada é se não for a atividade dos homens em busca de seus objetivos.”
Karl Marx
RESUMO
O desenvolvimento desta pesquisa discutiu o processo de intervenção e promoção
do esporte e lazer na sociedade sorocabana, tendo como objeto de estudo a
Associação Cristã de Moços – ACM e Faculdade de Educação Física de Sorocaba
FEFISO. Os objetivos do presente estudo foram o de identificar o papel e a posição
da Associação Cristã de Moços na comunidade local e verificar a sua influência na
disseminação da prática do esporte e lazer em Sorocaba, bem como sua
contribuição para formulação de uma política pública no campo do lazer. A
abordagem foi predominantemente qualitativa, de natureza exploratória, baseada,
essencialmente, em pesquisas bibliográfica, documental e de campo. A pesquisa
bibliográfica foi desenvolvida junto ao Sistema de Bibliotecas da Universidade
Metodista de Piracicaba (Unimep), a partir das palavras-chave: ACM; Lazer; Esporte.
Um amplo levantamento documental e de fatos foi realizado para posterior análise
histórica, centrando a atenção na investigação da ACM e da Prefeitura Municipal de
Sorocaba. A amostra foi estabelecida de forma não probabilística, por critérios de
representatividade e acessibilidade. Na fase da pesquisa de campo, utilizamos a
entrevista semi-estruturada, com depoimentos de atores importantes envolvidos no
processo histórico da ACM de Sorocaba. É possível dizer que Sorocaba, a partir da
inserção da Associação Cristã de Moços, passou a viver o esporte e o lazer com
mais intensidade. Os resultados demonstram que, durante um período expressivo da
história da instituição, houve uma forte influência da ACM na disseminação do
esporte e lazer em Sorocaba por meio das suas ações na comunidade, cedendo
espaços, organizando eventos, reuniões, estudos e mobilizando os sorocabanos
para a prática de esportes e lazer. Além disso, durante quase três décadas, a ACM
foi a única formadora de profissionais de educação física na cidade. Para
implantação efetiva de uma política blica de esporte e lazer, além das iniciativas
privadas e de Instituições parceiras, o poder blico tem o papel de condutor desse
processo, cabendo a ele abrir espaços, incentivar e responder às demandas da
população, no sentido da participação. Os resultados obtidos na investigação
sugerem que, houve forte contribuição da ACM para a cidade. A diversificação dos
conteúdos do lazer, a minimização das barreiras sociais e econômicas, a otimização
do uso de equipamentos específicos e não específicos para que o lazer possa
contribuir para o desenvolvimento de atitudes críticas e criativas em relação às
esferas pessoal e social do indivíduo, ainda estão em processo de construção e a
entidade, objeto desse estudo, pode ainda contribuir para a consecução desse
propósito de políticas públicas que garantam a democratização e acesso ao lazer e
esporte para toda a população.
Palavras-chave: ACM; Lazer; Esporte.
ABSTRACT
The process of intervening and promoting sports and leisure in Sorocaba society was
discussed during the development of this research, and the object of study was the
Young Man Christian Association YMCA, and Physical Education College of
Sorocaba (Faculdade de Educação Física de Sorocaba FEFISO). The main goals
of the present study were to identify the role and position of the YMCA within local
community, and to verify its influence on disseminating sports and leisure practices in
Sorocaba city, as well as its contribution on formulating public policies for leisure
field. The approach used was predominantly qualitative, exploratory nature,
essentially based on bibliographic, documental and field research. Bibliographical
research was developed within the Library System from the Methodist University of
Piracicaba (Universidade Metodista de Piracicaba UNIMEP), and key words used
were: YMCA, leisure, sports. A wide documental and facts search was done for
posterior historical analysis, which investigation focused on YMCA, and Sorocaba
Municipal Government. The sample was established in a non-probabilistic way,
representative and accessibility criteria. Semi structured interviews were used during
the phase of field research, where very important deposition from important actors,
involved in the historical process of Sorocaba YMCA, were taken. It is possible to say
that Sorocaba, from the moment when YMCA was inserted in the city, started living
sports and leisure in a more intense way. Results showed that during a very
expressive period of the institution history there were a very strong influence of the
YMCA on disseminating sports and leisure in Sorocaba city throughout its actions
with the community, creating spaces for practices, organizing events, meetings,
studies, and mobilizing Sorocaba people for practicing sports and leisure.
Furthermore, during three decades YMCA was the only institution on graduating
physical education professionals in the city. In order to effective implement a public
policy of sports and leisure, not only private initiatives and partnership among
institutions are to be done, but also public power has to assume the role of
conducting this process, to open spaces, motivate and answer population needs of
participation. Results obtained from this investigation suggested that, there was great
contribution from YMCA to the city. Diversification of leisure contents, minimization of
social and economic barriers, optimization of specific and unspecific equipments to
let leisure contributes for the development of critical and creative attitudes in relation
to personal and social spheres of the individual, are still in a process of construction,
and the entity, that was the object of this study, can still be of a great contribution on
achieving the purpose of public policies that guarantee democracy and access to
leisure and sports for the entire population.
Key-words: YMCA, Leisure, Sports.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..........................................................................................................10
CAPÍTULO I - LAZER, TRABALHO, POLÍTICAS PÚBLICAS E FORMAÇÃO
PROFISSIONAL .......................................................................................................13
1.1- Lazer e trabalho: aspectos históricos.................................................................13
1.2- Lazer: aspectos conceituais...............................................................................18
1.3- Políticas públicas ...............................................................................................21
CAPÍTULO II - ACM: CONTRIBUIÇÕES PARA O LAZER E ESPORTE E
INFLUÊNCIA NA POLÍTICA PÚBLICA DE LAZER EM SOROCABA.....................32
2.1- ACM no mundo: sua identidade e relação com o lazer e o esporte...................33
2.2- Identidade da ACM em Sorocaba......................................................................40
2.3-ACM e os movimentos de lazer e práticas esportivas em Sorocaba ..................42
2.4- ACM e as manifestações do lazer em Sorocaba ...............................................47
2.5- Política Pública: Legislação urbana e lazer........................................................49
CAPÍTULO III - RECONSTRUINDO A HISTÓRIA POR MEIO DOS SEUS
PERSONAGENS ......................................................................................................60
3.1- Caminhos percorridos........................................................................................60
3.2- Delimitando o Universo da Pesquisa .................................................................61
3.3- Analisando os discursos.....................................................................................63
CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................75
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................78
APÊNDICES .............................................................................................................85
APÊNDICE 01 – Roteiro de entrevista aplicado aos profissionais de Educação
Física da cidade de Sorocaba-SP.............................................................................86
APÊNDICE 02 - Entrevistas......................................................................................87
10
INTRODUÇÃO
A decisão de fazer o Mestrado amadureceu, ao longo da minha carreira
profissional, principalmente durante o período em que trabalhei como professora
voluntária na Faculdade de Educação Física de Sorocaba FEFISO
1
- administrada
pela ACM
2
desde janeiro de 1978.
Em decorrência dessa aproximação com a ACM e do meu interesse a
respeito de Políticas Públicas e Administração em lazer, surgiu o interesse de
mergulhar no “universo acemista” para apresentar aspectos de sua história e de sua
inserção junto à comunidade sorocabana dentro do campo do lazer.
Dessa forma, a escolha do objeto de pesquisa, a ACM - Associação Cristã de
Moços de Sorocaba / SP, foi motivada por se tratar de uma instituição que
desenvolve atividades de lazer e esportes para crianças, jovens e adultos e que, ao
mesmo tempo, atua na formação de profissionais na área de Educação Física e pelo
critério de acessibilidade às informações em virtude dessa Instituição atuar na
comunidade da qual faço parte – a cidade de Sorocaba.
Este estudo justifica-se devido à extensão do movimento acemista em todo o
mundo e principalmente pelo significado dessa instituição em Sorocaba na área de
Lazer e Esporte. Em documento publicado nos 150 anos da Instituição, em 2001, a
ACM é apresentada como instituição que adotou uma visão de cooperação a partir
de sua compreensão cristã do mundo dando ênfase ao esporte e lazer como
elementos fundamentais. Essa Associação que começa como um movimento que
surgiu na Inglaterra durante a revolução Industrial e foi berço de muitas modalidades
esportivas conhecidas e praticadas atualmente, como o voleibol e o basquete que se
tornaram esportes Olímpicos, além de outras contribuições ao esporte e lazer.
A ACM - Sorocaba, além do critério de acessibilidade, sua escolha deve-se a
sua significativa história na cidade. Em 1954, foi a primeira ACM instalada no interior
do país, pois, até então, as Associações estavam centralizadas nos espaços das
grandes capitais. Sua sede, em Sorocaba, possuía apenas uma quadra de esportes
precária, porém, muito freqüentada, sendo hoje uma das maiores da América Latina
1
FEFISO – Faculdade de Educação Física de Sorocaba
2
ACM – Associação Cristã de Moços
11
e a terceira do Brasil em número de cios. Desse modo, muito influenciou nas
políticas públicas de lazer e esportes do município nas décadas de 70 e 80.
Entre os objetivos desta pesquisa temos o de realizar um levantamento
histórico e programático da Associação Cristã de Moços - ACM, dando ênfase à
unidade de Sorocaba; identificar seu papel e posição na comunidade local no campo
do lazer; verificar a influência da Associação Cristã de Moços na disseminação da
prática de atividade física e do lazer e na formulação de uma política pública no
município de Sorocaba.
No intuito de conhecer sua história, pouco difundida e comparar os objetivos
da instituição e as políticas públicas de esporte e lazer em Sorocaba, selecionou-se
para a pesquisa de campo, por meio de entrevistas um grupo de pessoas de
diversos níveis hierárquicos e de responsabilidades pela administração e
funcionamento da ACM, bem como outras que trabalharam na Instituição e que,
hoje, ocupam cargos na vida pública, e também pessoas que não trabalharam na
ACM, mas a avaliam a partir de sua atuação no setor público do município.
O presente trabalho teve como metodologia de pesquisa uma combinação de
pesquisa bibliográfica, documental e de campo. A escolha pela abordagem
documental partiu da compreensão de que as atuais formas de vida social e
institucional têm origem no passado e, por isso, torna-se importante pesquisar suas
origens para compreender sua natureza e função.(GIL, 1989). A pesquisa de campo
foi realizada por meio de depoimentos de atores sociais importantes envolvidos no
processo de implantação e consolidação da ACM em Sorocaba, conforme indicados
anteriormente. A definição da amostra foi concebida de forma não-probabilística
intencional, considerando que os sujeitos selecionados tiveram papel fundamental e
significativo na implantação e desenvolvimento do trabalho da ACM em Sorocaba. O
universo da pesquisa foi delimitado pelo processo de saturação de dados.
Na fase da pesquisa bibliográfica foram realizadas leituras, fichamentos,
análise textual e temática (SEVERINO, 1996) de publicações científicas tendo como
base as palavras-chave: ACM, lazer e esporte. A pesquisa documental seguiu
procedimento semelhante à bibliográfica, priorizando os referenciais teóricos aí
surgidos, no processo de leitura dos documentos identificados como fontes primárias
e secundárias que permitiram conhecer melhor a instituição pesquisada. (BRUYNE,
et all, 1977).
12
Na fase da pesquisa de campo, utilizamos a entrevista semi-estruturada e
recursos eletrônicos (gravador) a fim de garantir maior profundidade e fidedignidade
às falas e aos discursos dos sujeitos envolvidos. (THIOLLENT, 1987). Após a
transcrição, foi possível perceber o conteúdo significativo e semelhante entre os
depoimentos, indicando a referida saturação de dados.
Três capítulos compõem este trabalho. O primeiro capítulo trata da revisão
bibliográfica, acerca dos elementos temáticos Lazer, Trabalho, Políticas Públicas e
Formação Profissional com o objetivo de identificar quais as relações existentes
entre esses temas e por se constituírem nas contribuições e ou vertentes que
marcam a história da ACM - Sorocaba.
No segundo capítulo, recuperamos o momento histórico do surgimento da
Associação Cristã de Moços ACM no mundo e na sociedade sorocabana,
identificando as relações entre religião, movimentos de lazer e práticas esportivas.
Analisamos, também, o período do surgimento de políticas públicas de lazer em
Sorocaba resgatando parte da história da cidade e verificando a influência da
Faculdade de Educação Física de Sorocaba FEFISO vinculada à ACM, na
disseminação do lazer e da prática esportiva, bem como na formação de políticas
públicas de lazer na cidade.
No terceiro capítulo, apresentamos os resultados da pesquisa de campo por
meio da análise dos dados coletados em entrevistas, verificando que houve forte
influência da ACM e da FEFISO na disseminação do Lazer e esporte e na
formulação de uma política na cidade de Sorocaba.
13
CAPÍTULO I
LAZER, TRABALHO, POLÍTICAS PÚBLICAS E FORMAÇÃO
PROFISSIONAL
As relações entre Lazer, Trabalho, Políticas Públicas e Formação Profissional,
permitiram analisarmos a influência da Associação Cristã de Moços destacando seu
desempenho como uma Instituição que contribuiu para difusão de atividades de
esporte e lazer na cidade e para a formulação de uma política pública de lazer por
intermédio de sua Faculdade de Educação Física. Faculdade, que, durante anos, foi
a única responsável pela formação de profissionais da área na cidade.
1.1- Lazer e trabalho: aspectos históricos
A questão do trabalho sempre foi alvo de continuadas reflexões dentro do
âmbito da Sociologia. Mais recentemente, a temática do não-trabalho tem
despertado significativa atenção como importante categoria de estudos, provocando
o surgimento de uma sociologia do lazer. (DUMAZEDIER, 1999).
Segundo Joffre Dumazedier (1994), nos anos 60, a sociologia do lazer já
havia mostrado a importância da prática de lazer seja para recuperação de energia,
para divertimento ou desenvolvimento. Para o autor é cada vez menos possível
considerar o tempo livre apenas como um complemento do tempo de trabalho. Ele
tem suas exigências próprias que tendem a impor-se à própria organização do
trabalho.
Na visão de Nelson Carvalho Marcellino (1990), não é possível analisar
isoladamente o lazer ou o trabalho devido a suas relações interdependentes como
esferas de atuação humana, sendo preciso analisá-los dentro de um contexto social,
pois são campos de ação que buscam satisfazer às “necessidades” humanas.
Portanto, a discussão sobre o lazer passa pela do trabalho, pois tem íntima
ligação com o tempo que “sobra” depois das obrigações realizadas referentes ao
mundo do trabalho.
14
No decorrer da história da civilização ocidental, podemos perceber a
valorização do trabalho em detrimento do lazer no pensamento de alguns autores.
Entretanto, Dumazedier (1994) apresenta algumas mudanças no mundo do
trabalho que para o autor foram crises cíclicas do mercado capitalista que
perturbaram o desenvolvimento da sociedade industrial as quais ele resume em
cinco etapas:
1 - O progresso tecnológico que traz um aumento da produtividade e
um desequilíbrio temporário entre o volume da produção e o retorno
via consumo;
2 - Início, de forma espontânea ou organizada, de protestos de
trabalhadores contra diminuição dos salários e em prol de uma
divisão mais justa do trabalho;
3 - O patronato se organiza em oposição ao aumento dos encargos
sociais resultantes de tais medidas;
4 - Discussões morais e políticas se desenvolvem em todos os
setores da vida, sobre o direito ao trabalho e o direito à preguiça;
5 - As empresas investem no aperfeiçoamento de seu equipamento,
e de sua organização. Com maior produtividade, as empresas
tornam-se capazes de produzir mais a um custo mais
baixo;(DUMAZEDIER, 1994, p. 31).
O autor associa a luta contra o desemprego, à redução inevitável da jornada
de trabalho e consequentemente o aumento do tempo livre, acontecimentos que
considera fundamental para compreender a revolução cultural do tempo livre.
Paul Lafargue, considerava o trabalho um mal que deveria ser reduzido ao
mínimo ou evitado. Lafargue (1999), em sua obra intitulada “O direito à preguiça”,
propõe instigante debate. Ao contrário dos trabalhadores desejarem mais trabalho,
deveriam ansiar por lazer. Em suas argumentações destaca que “Jeová, o deus
barbudo e rebarbativo, deu aos seus adoradores o exemplo supremo da preguiça
ideal; depois de seis dias de trabalho, repousou para a eternidade.” (LAFARGUE,
1999, p. 66).
Apesar da irreverência com que o autor trata o assunto, faz com que nos
lembremos de que desde a criação do ser humano e do mundo houve um tempo de
lazer, mesmo que esse fosse o “descanso”, para recuperação das energias gastas
com o trabalho.
As teorias sociais se diversificam segundo a posição que defendem em
relação ao lazer e trabalho. Para a igreja católica, o trabalho era uma condenação.
15
Vale destacar uma citação do nesis, na qual Deus diz à mulher
“Multiplicarei grandemente a dor da tua gestação; em dor darás à luz filhos. O teu
desejo será para o teu marido, e ele te dominará”.(Gn, 3:16, 1990, p. 3). Ao homem
disse: “Porque deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te
ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por tua causa; em fadiga
comerás dela todos os dias da tua vida” (Gn, 3:17, 1990, p. 3).
A associação do trabalho como imposição divina é percebida em outros
estudos sendo utilizada para sacramentar e perpetuar a força do poder político e
econômico sobre as pessoas, com o intuito de levá-las a crer que esta imposição
dominadora tinha base na vontade de Deus, especialmente no que tange ao
trabalho.
Weber (2002), em seu clássico “A Ética protestante e o espírito do
capitalismo”, desvenda essa relação entre o capitalismo e a posição do trabalho
como virtude e trata, com detalhes, o tipo ideal de conduta religiosa a qual contribuiu
efetivamente para o desenvolvimento qualitativo do capitalismo.
Em suas reflexões, Weber (2002) exemplos de ditos populares que se
tornaram regra moral no calvinismo como “mãos desocupadas, oficina do diabo”,
adágios que perduram até hoje.
Esse autor escreve sobre o Puritanismo, no qual um ser humano virtuoso é
aquele que segue um conjunto de normas de conduta. Nesse contexto, o trabalho
surge como um modelo de comportamento, considerado como obrigação moral e,
também, como racionalizador da atividade econômica geradora de lucro. Torna-se
evidente o tom moralista e “puritano” com o qual se refere ao trabalho como
finalidade da vida.
Weber (2002) desvenda a relação entre capitalismo e a posição do trabalho
como virtude. O autor assinala que o lugar que o trabalho passa a ocupar na
sociedade coincide com a chegada do capitalismo o que foi decisivo para a
construção da racionalidade capitalista ocidental moderna; conseqüentemente, deu
ao “lazer” a conotação mais pejorativa e negativa do que até então tivera.
Por conseguinte, o lazer que deveria ser uma conquista, uma forma de
avanço cultural, acaba oprimido e servindo apenas como forma de recomposição
física para o próprio trabalho.
16
Nas suas argumentações, Weber (2002) resgatou textos de Benjamin
Franklin
3
extraindo a essência do espírito do capitalismo.
Lembre-se de que o tempo é dinheiro. Para aquele que pode ganhar
dez shillings por dia pelo seu trabalho e vai passear ou fica ocioso
metade do dia, apesar de não gastar mais que seis pences em sua
vadiagem e diversão, não deve ser computada
apenas essa
despesa; ele gastou, ou melhor, jogou fora, mais cinco shillings. (...)
Aquele que desperdiça o valor de um groat de seu tempo por dia, um
dia após o outro, desperdiça o privilégio de usar cem libras a cada
dia (...)
Aquele que perde cinco shillings de seu tempo perde cinco shillings,
e poderia com a mesma prudência tê-los jogados ao mar. (p. 44 e
45)
Weber traz a idéia, por meio dessas citações, de um espírito de trabalho e
não de religiosidade, “verdades que eram amplamente difundidas no seio da
comunidade protestante. Nessas concepções, a vivência de práticas de lazer
significaria a má utilização do tempo, e, portanto, deveria ser evitada como se devem
evitar as más tendências e os vícios, reforçando a idéia de que lazer é atividade não
séria, ao contrário do trabalho.
A industrialização marcou definitivamente a sociedade em relação ao tempo
de trabalho e de lazer modificando o comportamento das pessoas. Nesse período,
exacerbaram-se as críticas ao lazer e, concomitantemente, o enaltecimento do
trabalho.
No entanto, algumas mudanças ocorreram no mundo capitalista que
influenciaram de forma relevante o direito ao lazer.
Após 1930, foram alcançadas algumas conquistas sociais tais como: os
Fundos e Caixas de Aposentadorias, a redução da jornada de trabalho e o direito às
férias remuneradas. Essas conquistas trouxeram a possibilidade de o trabalhador ter
mais tempo para o lazer. Contudo, a sociedade moderna ainda defendia, com
veemência, o trabalho e a produção. O lazer, por sua vez, ainda era tratado como
atividade “não séria”.
3
Os excertos são dos textos de Benjamin Franklin: Necessary Hints to Those That Would Be Rich
(1736) e Advice to a Young Tradesman (1748), ambos publicados nas obras completas da Edição
Sparks.
17
Lino Castellani Filho (1996), apesar de considerar importante o espaço de
lazer conquistado pelos trabalhadores e de concordar que um aumento
significativo nos investimentos do lazer, ressalva, em suas análises sobre as
questões sócio-econômicas, que esses investimentos em novas formas de
entretenimento como parques, fliperamas, áreas de lazer nos shoppings são
acessíveis a uma pequena fração da sociedade que tem um poder aquisitivo
privilegiado.
Nesse sentido, Marcellino (2002) apresenta as barreiras do lazer. Entre elas,
encontramos as interclasses sociais que são determinadas pelo fator econômico que
trazem, como conseqüência, um acesso desigual ao lazer, diminuindo, também, as
oportunidades de acesso à escola.
Corroborando com Castellani Filho e tendo como pano de fundo as questões
econômicas, Marcellino apresenta as barreiras intraclasses sociais e elenca outros
fatores que dificultam a prática do lazer, pois privilegia uma minoria. Entre eles,
podemos citar: “o sexo (gênero), o nível de instrução, a faixa etária, o acesso ao
espaço, a questão da violência, entre outros”. (MARCELLINO, 2002, p. 24).
Esses indicadores são indesejáveis e precisam ser combatidos por ações
políticas que tenham por objetivo a democratização cultural.
O lazer vem ganhando importância nas últimas décadas e os serviços de
lazer tem se mostrado relativamente dinâmico, em razão da expansão na oferta
pública e privada das atividades de entretenimento, assegurando um leque de
opções de lazer dos mais diferentes tipos
Na sociedade contemporânea, uma necessidade objetiva de produzir, com
menos esforço, uma quantidade de bens materiais suficiente para satisfazer às
necessidades crescentes de uma massa, cada vez maior, de consumidores,
configurando-se, nesse contexto, uma indústria do lazer, muitas vezes,
discriminadora.
No entanto, com a inclusão do lazer no texto da Constituição de 1988, o
Estado passou a garanti-lo como direito. Encontramos, no Capítulo III, seção III - Do
desporto, o artigo 217 que diz: “É dever do Estado fomentar práticas desportivas
formais e não formais, como direito de cada um, observados: (...)”. Na verdade, o
que se chamava, na época da Constituição, de esportes “não-formais” é a prática
18
recreativa de jogos e exercícios físicos, entre as diversas opções de lazer que se
produzem na comunidade.
A referência ao termo lazer encontramos no inciso 3º: “O poder público
incentivará o lazer como forma de promoção social”. Desde então, é essencial
entender o lazer também como direito social.
Não questionamos e nem refutamos, aqui, o trabalho enquanto categoria
fundamental. Contudo, assinalamos o lazer como dimensão igualmente importante.
Portanto, não é possível abordar as questões do lazer de forma isolada das
questões do trabalho uma vez que o lazer seria o espaço de tempo entre o trabalho
e o repouso, as horas disponíveis após as atividades diárias, o descanso semanal
ou as férias anuais.
Faz-se necessário agora discutir o entendimento amplo das questões do lazer
e seu significado na sociedade contemporânea.
1.2- Lazer: aspectos conceituais
Alguns estudiosos do lazer, como Dumazedier e Marcellino, dão atenção
especial aos aspectos “tempo e atitude”, levando em consideração a subjetividade
do indivíduo na escolha e prática de seu lazer em seu tempo disponível e livre das
obrigações.
Para Marcellino (2002), o princípio da fruição atribui relevância para os
aspectos acima citados, sem desconsiderar o fator espaço.
O aspecto tempo está relacionado ao tempo liberado do trabalho ou tempo
livre das obrigações profissionais, familiares, sociais e religiosas. A atitude é a
relação existente entre o sujeito e a experiência vivida ou a satisfação provocada
pela atitude.
Podemos dizer que o momento de lazer acontece por uma permissão do
tempo e por uma vontade interna (atitude) do praticante permeado pelo fator espaço,
pois é vivenciado: no clube, na rua, na praia ou no campo. São momentos de alegria
em que as pessoas se entretêm, expressam-se, interagem umas com as outras,
divertem-se e, acima de tudo, desenvolvem suas habilidades criativas.
19
Dumazedier (1973) também oferece importante contribuição para o estudo do
lazer, tanto no mundo como no Brasil. O autor diferencia-o não apenas do trabalho,
mas também das demais obrigações. Para o autor, lazer:
É um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se
de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se
e entreter-se, ou ainda, para desenvolver sua informação ou
formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua
livre capacidade criadora, após livrar-se ou desembaraçar-se das
obrigações profissionais, familiares e sociais. (DUMAZEDIER 1973,
p. 34).
Segundo Dumazedier, o lazer apresenta ainda quatro propriedades: o caráter
libertário (resulta de uma livre escolha); desinteressado (não possui fins lucrativos);
hedonístico (busca um estado de satisfação e alegria) e o caráter pessoal (diz
respeito às necessidades do indivíduo).(DUMAZEDIER, 1999).
O autor identifica que o lazer promove funções distintas no ser humano, a
saber: o descanso, o divertimento e o desenvolvimento, conceito que passou ser
conhecido como os três “Ds” de Dumazedier.(DUMAZEDIER, 1980).
Merece destaque, também, a idéia de que o lazer deve ser entendido a partir
de seus interesses culturais, conceito que se justifica devido à diversidade cultural
inerente à experiência de lazer. Dumazedier propõe uma classificação pela natureza
das atividades. Assim, o lazer pode ser considerado nas suas diferentes
manifestações artísticas, sociais, intelectuais, manuais, superando as atividades
físico-esportivas, tradicionalmente assumidas como atividades de lazer
(DUMAZEDIER, 1980).
Vale lembrar que Camargo (1986) acrescentou, à tipologia de formas de
lazer, os interesses turísticos.
Nessa perspectiva, Marcellino (1996) apresenta um duplo aspecto educativo
do lazer, visto como objeto e instrumento de educação. O autor considera o lazer,
além do descanso e divertimento, como uma possibilidade de desenvolvimento
pessoal e social.
É importante lembrar que, nos órgãos públicos, considerar as funções do
lazer além das possibilidades de descanso e divertimento requer fazer a interface
20
com políticas públicas de Educação, Saúde, entre outras, pois o lazer é veículo e
objeto de educação.(MARCELLINO, 1996).
Para Bramante (1997) o lazer se consubstancia na experiência lúdica de três
variáveis, a saber: o tempo, o espaço e a atitude, mostrando sintonia com os outros
autores mencionados.
Outra visão é oferecida por José Guilherme C. Magnani que considera o lazer
“... além de ser bom para repor as forças depois de um período estafante de trabalho
um dia, uma semana,... é bom também para pensar sobre os valores e a dinâmica
da sociedade.” (MAGNANI, 2000, p. 23-24).
Embora Magnani (1998) aponte para a perspectiva do descanso somando-se
a divertimento e desenvolvimento, a sua principal ênfase é quanto ao lazer como
uma dimensão privilegiada na qual as pessoas possam pensar sobre “seus valores”.
Esse espaço de reflexão fica bem retratado em sua obra “Festa no pedaço”.
Ao justificar sua escolha pelo lazer dos trabalhadores da periferia de São Paulo, o
autor defende que mesmo o lazer sendo considerado atividade marginal, o avesso
do mundo do trabalho, é nesse tempo livre que os momentos e as dificuldades do
dia-a-dia são esquecidas proporcionando prazer (...) “é lá que os trabalhadores
podem falar e ouvir sua própria língua, o que se constitui em valiosas pistas para o
entendimento da dinâmica cultural e dos valores sociais contemporâneos”.
(MAGNANI, 1998, p. 30).
O autor contribuiu de forma significativa ao demonstrar a baixa ressonância
social do lazer comparando-o aos chamados temas sérios como a educação e a
saúde, e como esse momento de tempo livre passa a ser entendido como uma área
de possível análise de uma sociedade e/ou comunidade.
Para melhor compreensão do sentido de lazer assumido neste estudo,
vale ressaltar o conceito de Marcellino:
Cultura vivenciada no tempo disponível das obrigações profissionais,
escolares, familiares, sociais, combinando os aspectos tempo e
atitude. O lazer gerado historicamente e dele podendo emergir, de
modo dialético, valores questionadores da sociedade no seu
conjunto, e sobre ele também sendo exercidas influências da
estrutura social vigente. Um tempo que pode ser privilegiado para a
vivência de valores que contribuam com mudanças de ordem moral e
cultural, além de ser portador de duplo aspecto educativo,
considerando-se, não apenas suas possibilidades de descanso e
21
divertimento, mas também de desenvolvimento pessoal e social
(MARCELLINO, 1998, p.38-39).
Portanto, entendemos lazer como a cultura em seu sentido mais amplo,
vivenciada no “tempo disponível”, de caráter desinteressado buscando somente a
satisfação provocada pela atividade.
Nessa perspectiva, os valores e aspectos do lazer a serem observados
envolvem as dimensões do tempo, espaço, atividade e atitude.
Para Marcellino, é importante destacar a necessidade de oportunizar
atividades de recreação e lazer que atendam os diversos interesses culturais, pois
admitir a importância do lazer na vida contemporânea significa considerá-lo como
um “tempo privilegiado para a vivência de valores que contribuam para mudanças de
ordem moral e cultural. Mudanças necessárias para implantação de uma nova
ordem social”.(MARCELLINO, 2001, p. 20).
As abordagens do lazer são fundamentais quando se estabelecem políticas
na área, pois toda organização e ação estarão comprometidas com o entendimento
de lazer. Ressalta-se, por exemplo, que para fins de planejamento, programação e
promoção de ações no campo do lazer, os estudos de Dumazedier, bem como as
propostas de Marcellino e Bramante têm oferecido importante aporte teórico e
metodológico para os profissionais que se debruçam na tarefa organizativa de
políticas sociais da área.
1.3- Políticas públicas
O crescimento do mercado de trabalho no campo do lazer vem oferecendo
oportunidades aos profissionais, principalmente de Educação Física, de ampliarem
seu campo de atuação nos diversos segmentos da sociedade. Contudo, esses
profissionais devem estar aptos para atuarem nas várias esferas do mercado.
Ao analisarem a relação entre lazer, mercado de trabalho e atuação
profissional Edmur A. Stoppa e Hélder F. Isayama (2001) demonstram a incessante
busca do divertimento pelo lazer e apresentam as várias oportunidades de inserção
desse profissional no mercado.
22
As possibilidades de atuação aparecem por intermédio do setor público em
que o profissional realiza ações direcionadas à população; desenvolve projetos
diversificados para o setor privado, como clubes, acampamentos, hotéis, entre
outros e mesmo para o terceiro setor como associações de bairros, cooperativas ou
organizações não governamentais. (STOPPA, ISAYAMA, 2001).
De acordo com Silvia Cristina F. Amaral, o lazer, como política de
intervenção, surgiu, no setor público, a partir do início do século XX, com a criação
dos Jardins de Recreio em Porto Alegre e dos Centros de recreio em São Paulo.
Para a autora, política pública é:
Toda atividade política que tem como objetivo específico assegurar,
mediante a intervenção do Estado, o funcionamento harmonioso da
sociedade, suplantando conflitos e garantindo a manutenção do
sistema vigente.(2004, p. 183).
Segundo Marcellino (1990) essa visão de política de lazer no setor público,
garantindo o “funcionamento harmonioso da sociedade”, é considerada como
“funcionalista”, pois é vista como atividades que contribuem para a manutenção da
“ordem” e da “paz social”, ajustando as pessoas a uma sociedade “harmoniosa”; em
outras palavras, o lazer funciona como “instrumento de dominação”. Dentro da visão
funcionalista, Marcellino (1990) apresenta quatro abordagens: a romântica, a
moralista, a compensatória e a utilitarista que levam a sociedade a acreditar que o
lazer é o afirmativo de paz social.
Uma política de lazer pode sofrer mudanças de acordo com a filosofia de
trabalho e dos objetivos e metas adotadas. Podemos considerar as políticas como
guias para a ação, caminhos para atingirem objetivos.
Para Antonio Carlos Bramante (2004) o setor público deverá ter uma política
distinta da iniciativa privada e do terceiro setor. Assim, o Estado “de acordo com a
sua orientação ideológica, formulaprincípios e diretrizes de ação que resultarão
em modos distintos como a experiência de lazer será vivenciada tanto nas cidades
como no ambiente rural”.(2004, p. 187).
Segundo o autor, as características administrativas do local onde essa
experiência de lazer desenvolve-se determinam as alterações necessárias, tanto na
concepção como na implementação. Bramante afirma que:
23
A aplicação dos mecanismos propostos no quadro de formulação e
implementação de políticas deve ter a finalidade educativa na
perspectiva humanista e emancipatória, particularmente numa
sociedade desigual como a nossa, em que ainda se sobrevaloriza o
trabalho, as obrigações, a produtividade e o consumo, independente
do lócus em que essa experiência lúdica é vivenciada no campo do
lazer.(2004, p. 186)
Contudo, Marcellino (2002) alerta para que não confundamos política de lazer
com uma listagem de eventos que compõem o calendário anual de um determinado
órgão, associando o lazer a experiências individuais que ficam restritas a
determinados conteúdos e atividades recreativas desenvolvidas ao ar livre e,
geralmente, associadas a manifestações de massa.
Essa postura, em relação ao lazer, é considerada pelo autor como
funcionalista como foi dito anteriormente. Quando se trata de políticas públicas,
nota-se a dificuldade de definição do campo de lazer até mesmo na denominação
dos órgãos públicos. Em suas repartições encontramos “Secretarias e Divisões de
Esporte e Lazer”, “Recreação e Lazer”, “Cultura e lazer”, só para citar alguns.
(MARCELLINO, 1996).
Para estabelecimento de política pública de lazer é necessário levar em conta
o diagnóstico da situação e para se fazer um diagnóstico necessidade de
estabelecimento de vínculos com a comunidade.
A fim de obter-se uma melhor organização de uma política de lazer Marcellino
(1996) apresenta algumas questões que deveriam ser respondidas para dar
diretrizes à construção de uma política de lazer contemplando questões relativas
além das atividades; questões a respeito da formação e capacitação dos
profissionais, dos espaços e equipamentos de lazer bem como da organização do
tempo. São elas:
equipamentos específicos subutilizados? Como os equipamentos
estão distribuídos? possibilidade de adaptação de utilização de
equipamentos não-específicos? Existe uma estrutura de animação
capacitada e atuante? (MARCELLINO, 1996, p.29).
Marcellino (1996) ainda propõe, com relação à formulação de políticas
públicas de lazer, uma reflexão que abarque o amplo entendimento do lazer,
considerando seu duplo aspecto educativo, suas possibilidades enquanto
24
instrumento de mobilização e participação cultural e as necessidade de fixação de
prioridades, a partir da análise dos limites da administração pública.
Nessa perspectiva Bramante (1997) indica alguns pontos essenciais para
formulação de políticas de lazer nos setores público e privado. O primeiro é a
elaboração do Diagnóstico de necessidades que se subdivide em três momentos: 1-
a contextualização que consiste em realizar um levantamento de caráter histórico
do local visando revelar sua identidade cultural e provável vocação para o lazer; 2- a
definição de metas, objetivos e estratégias e para isso é necessário o levantamento
dos indicadores sociais daquele contexto, tais como, processo de urbanização, grau
de escolaridade, distribuição dos gêneros, faixa etária, ; 3- para a efetivação de um
diagnóstico de necessidade é preciso um conjunto de informações que incluem o
mapeamento de recursos físicos, humanos, equipamento, materiais e financeiro.
Para Bramante (1997) políticas servem como guias para determinada ação
seja no setor público ou privado. Contudo, o autor observa que hoje, no campo do
lazer, na prática, seja em prefeitura, clubes, hotéis, é oferecido um “cardápio” de
atividades recreativas ou eventos totalmente desconectados entre si, concordando
com Marcellino ao apresentar a visão funcionalista do lazer.
Muitos são os desafios a serem enfrentados na construção de políticas
públicas de esporte e lazer. Dentre os vários autores que refletiram sobre essas
questões podemos citar Leila Mirtes S. M. Pinto (2003) que, em seus estudos,
apresenta as inovações e avaliação nas políticas públicas de esporte e lazer sob a
óptica inclusivo-participativa contribuindo nas questões do poder público.
A autora apresenta dois aspectos que necessitam dessa inovação: o primeiro
é um conjunto de iniciativas que vise a democratizar a gestão pública, buscando
superar as barreiras postas ao processo democrático além de promover a
participação e a eqüidade em relação ao direito ao esporte e ao lazer; o segundo
aspecto abrange os desafios a serem enfrentados na construção de políticas
públicas de esporte e lazer voltadas à cidadania.
Pinto (2003) mostra-nos princípios referentes aos conteúdos políticos das
ações de esporte e lazer, os quais destacamos a seguir:
- Acessibilidade a maior gama possível de modalidades de vivências
de esporte e lazer;
25
- Ampliação do espaço de cidadania, com o reconhecimento da
diferenças e inclusão social nas vivências de esporte e de lazer,
considerando as desigualdades relacionadas ao sexo, idade,
condições econômicas, educacionais, culturais, de habilidades
corporais etc;
- prioridade de acesso aos serviços públicos de esporte e lazer ao
excluídos dessas vivências em nossa sociedade, identificados por
pesquisas diagnósticas;
- Articulação do esporte e lazer com as diferentes dimensões da vida
social, como educação, saúde, emprego, segurança e renda, dentre
outras;
- Sustentabilidade das práticas de esporte e lazer, por meio do
desenvolvimento de política educativa para a autonomia da
população nessas vivências;
- Ênfase educativa aos programas de esporte e lazer, orientando
para formas participativas de sociabilidade; para a consciência da
importância, limites e possibilidades criativas do esporte e do lazer;
para ressignificação do tempo e espaços disponíveis para a vivência
do esporte do lazer; bem como para seu valor para o
desenvolvimento social, econômico, ambiental e cultural. (PINTO,
2003 p.258-259).
A autora corrobora as idéias de Marcellino (2002) quando ele afirma que para
implantação de uma política pública de esporte e lazer é necessário que a sociedade
tenha acesso aos vários interesses do lazer, superando tanto as barreiras
interclasses sociais, em que o fator econômico é determinante, quanto as de
intraclasses sociais nas quais destacamos: a classe social, o nível de instrução, o
sexo, a faixa etária, o acesso ao espaço e a questão da violência nos grandes
centros que limitam a participação do lazer a uma minoria da população.
Para Bramante (1997, p 129) a “formulação de políticas de lazer, seja no setor
público ou privado, exige do administrador a utilização de estratégias de grande
complexidade”.
Outro autor que colaborou na questão organizacional para estabelecimento
de uma política de lazer foi Renato Requixa. Em seu livro “Sugestão de diretrizes
para uma política nacional de lazer”, afirma que:
Para o estabelecimento de uma política de lazer, devemos
considerar três ordens de diretrizes, igualmente válidas para a
criação de equipamentos, seja pela iniciativa particular ou pelo poder
público; para a reordenação do tempo de trabalho, a fim de que
favoreça o alargamento do tempo livre dos indivíduos; e finalmente,
para a animação sociocultural. (REQUIXA, 1980, p. 61).
Para o autor, a primeira ordem de diretrizes é a análise da situação urbana.
Por meio da observação do aspecto urbano do espaço, verifica-se a necessidade de
26
sua ocupação utilitária, refletindo sobre a composição dos espaços de lazer, sua
preservação ou transformação em espaços de lazer “sendo preciso estabelecer
espaços para o trabalho, para a habitação, para a educação, a circulação e o
lazer...”.(REQUIXA, 1980, p. 63).
A segunda ordem de diretrizes busca sustentação teórica em conhecimentos,
em experiências, pois para se “estabelecer uma política de lazer sadia e tranqüila,
devemos de antemão, aceitá-lo como um incontestável valor, independente de
quaisquer considerações de cunho ideológico ou sobre estágios de desenvolvimento
econômico e social do país”.(REQUIXA, 1980, p. 71).
Portanto, torna-se importante a conscientização do lazer, como valor de
“conteúdo moral”, aceitando-o como uma necessidade humana, uma realidade
social significativa e fundamental para o indivíduo. Dessa forma, a necessidade
de adaptar, à localização geográfica, os equipamentos por meio de uma política de
reordenação do espaço facilitando o acesso de toda população aos bens culturais,
democratizando, assim, a cultura. Além disso, de se investir na construção de
equipamentos visando à durabilidade e ao baixo custo de manutenção, além de
incentivar a participação do indivíduo no desenvolvimento urbano e na animação
sócio-cultural da sua própria cidade.
Para Requixa (1980), toda política de lazer visa à melhoria da qualidade de
vida, desde que adote uma visão humanística do fenômeno urbano, ordenando a
ocupação do território, respeitando as realidades locais e reordenando o tempo que
passará a considerar importante o tempo livre.
A terceira ordem de diretrizes diz respeito à operacionalização da política de
lazer referindo-se aos procedimentos de natureza prática tendo apoio teórico nas
diretrizes conceituais. Entre essas diretrizes destacamos as sugestões para uma
política de animação sócio-cultural, dando ênfase aos recursos humanos que são
necessários para operacionalizar os recursos físicos.
Requixa (1980) considera esse elemento humano um “animador cultural”,
com um importante papel, pois é ele que emprestará a animação aos equipamentos
nos espaços de lazer.
É possível encontrarmos várias denominações referentes a esse profissional.
Erivelto Busto Garcia (1995) também faz uma reflexão sobre o papel do profissional
27
do lazer e denomina-o “militante cultural”:
um novo e singular profissional no mercado. Comunicativo,
versátil e de muita imaginação, ele trabalha quando todos
descansam e tem a pretensão de vender a cada um de nós uma
pequena parte do paraíso. Ou, ao menos, uma certa ilusão de
felicidade que, como se sabe, ‘nunca está onde nós a pomos’,
porque ‘nunca a pomos onde nós estamos’. Esse profissional diz que
veio para colocá-la no devido lugar.(GARCIA, 1995, p. 23)
O autor considera esse profissional diferenciado, sendo seu trabalho baseado
no cotidiano e nas relações do dia-a-dia e que, devido a essa peculiaridade, ele não
tem uma vida privada e uma vida pública, pois seu trabalho cotidiano exige forte
dispêndio nervoso, uma forte implicação afetiva, disponibilidade a todo o momento o
que acaba por extravasar a vida profissional sobre a vida privada.(GARCIA, 1995).
Esse profissional necessita de uma formação que o encaminhe à eficácia, ao
conhecimento científico, ao domínio de técnicas de funcionamento de espaços de
lazer e de mobilização do público e de realização de eventos. Contudo, Garcia
(1995) questiona se somente a formação escolar e profissional é suficiente para sua
atuação e conclui que:
[...] mais que sua formação profissional regular, é a vivência desse
universo tão característico e o seu domínio que lhe garantem o êxito
da ação. A formação vai capacitá-lo a ser mais organizado, mais
previdente e, portanto, mais eficaz. Mas sem essa intimidade com o
meio, continuamente renovada, ele desfalece sobre os manuais
escolares e morre no deserto.(GARCIA, 1995, p. 52)
A atuação do profissional de Educação Física, no âmbito do lazer, tem
origens remotas sendo possível verificá-la a partir do momento histórico da
diferenciação entre lazer/trabalho. Verificamos essa diferenciação a partir da
Revolução Industrial onde destacam-se três etapas durante essa trajetória na
história.(BRAMANTE, 1997).
Em cada uma dessa etapas observa-se o aumento crescente do tempo de
não trabalho que segundo Bramante (1997) resulta de inúmeros fatores, dentre
esses fatores destacam-se as lutas sociais, a influência dos novos ramos de
conhecimento, as modificações das estruturas sociais, as transformações na relação
capital-trabalho, a urbanização acelerada e a relação de vida do ser humano em
relação a si próprio, com o próximo e com a natureza.
A recuperação histórica possibilita-nos encontrar as mais variadas
28
denominações para sua atuação, dentre as quais “chefes de prazer”, “consultores de
lazer”, “recreacionistas”, “líderes recreacionais”, “monitores”, “animadores”,
“agentes”, o que acaba culminando no cumprimento de tarefas, ou seja, o chamado
“tarefismo”, gerando, assim, uma visão parcial e limitada da abrangência do lazer.
Ainda hoje muitos profissionais que trabalham com lazer, não têm
consciência do seu objeto de trabalho e até mesmo têm vergonha de
se identificarem como profissionais da área, com ranços alimentados
sobre o lazer, numa certa visão funcionalista” do lazer, nas suas
quatro nuanças: romântica, moralista, compensatória e utilitária, o
que leva a ações que instrumentalizam o lazer, a serviço de grupos
ou da ordem dominante, com forte carga de moralismo e até mesmo
de vigilância. (MARCELLINO, 2003b, p. 13)
Uma pesquisa realizada em Campinas-SP demonstra esse ranço de
moralismo presente até hoje nas ações dos profissionais da área, pois a população
refere-se a esses profissionais como promotores de iniciação esportiva,
responsáveis por manter a ordem durante as atividades. (MARCELLINO, 2003b).
Marcellino apresenta duas questões de grande relevância para que as
agências formadoras desses profissionais, bem como os órgãos que geram uma
política pública reflitam e tentem reverter as expectativas verificadas no senso
comum: “1- aos próprios “valores” do lazer, de modo geral, e do esporte, de forma
específica; 2- à atuação dos profissionais da área, em especial do mais tradicional, o
professor de educação física”. (MARCELLINO, 2003b, p. 13 -14).
Apesar de os profissionais envolvidos com o lazer serem, em sua grande
maioria, formados em Educação Física, pela abrangência do lazer, é fundamental
que se trabalhe com equipes multiprofissionais, buscando a interdisciplinaridade e a
integração de ações enfatizando para os profissionais os valores que orientam a
política geral pública e privada.
É necessária, também, uma equipe com diferentes formações pela própria
abrangência da área cultural; contudo esses profissionais devem ser pessoas que:
1- dominem um conteúdo cultural; 2- tenham vontade de dividir esse
domínio com outras pessoas, devendo, para isso; 3- possuam
uma sólida cultura geral, que lhes dê possibilidade de perceber a
interseção/ligação do seu conteúdo de domínio com os demais;
4- exerçam, cotidianamente, a reflexão e a valoração próprias da
ação do educador, o que os diferenciará dos “mercadores” da
grande maioria da indústria cultural e 5- tenham o compromisso
29
político com a mudança da situação em que nos encontramos,
atuando com base nessa perspectiva. (MARCELLINO, 2003b, p.
15).
Um ponto fundamental para desenvolver uma política pública na área de lazer
e esporte alicerçada em valores de participação popular e de contribuição, no plano
cultural, é o processo de formação e desenvolvimento de pessoal para uma atuação
qualificada. A formação e o desenvolvimento de quadros têm sido um dos pontos
base de ação em políticas públicas.
Para Marcellino “além de dar vida aos programas e projetos, o pessoal que
compõe esses quadros representa, também, a possibilidade de garantia de
continuidade das políticas para além dos mandatos”.(2003b, p.15).
A formação profissional é uma vertente importante para se estabelecer uma
política pública de lazer, pois é o “profissional de lazer”, capacitado em nível
superior, seja ele animador cultural, monitor ou tantas outras denominações que
recebe que irá atuar de forma fundamentada e transformadora prestando serviços
que demandam da sociedade contemporânea.
Para Bramante (1997) a formação superior é importante para se estabelecer
uma política de lazer, seja pública ou privada, entretanto o autor apresenta a
estrutura de animação sociocultural elaborada por Dumazedier. Essa estrutura é
representada por uma pirâmide, onde encontramos no seu ápice os profissionais
generalistas, logo abaixo os profissionais especialistas e na base encontramos os
voluntários.
Para o autor pouco se trabalha em termos de corpo de voluntários pela falta
de cultura nesse sentido, contudo segundo ele podemos identificar no campo do
lazer, grupos de interesses específicos como clube de xadrez, apreciadores de
música clássica, entre outros e esse grupos quando devidamente motivados podem
prestar serviços à comunidade.( BRAMANTE, 1997)
Segundo Maria Teresa Cauduru, as universidades devem propor como
objetivo prioritário o cultivo, nos acadêmicos e nos docentes, da “capacidade de
pensar criticamente sobre a ordem social”.(2003, p 39).
Considerando que vivemos momentos de grandes transformações na vida das
pessoas e na organização da sociedade é necessário mudanças, também, no
30
ensino superior que se traduzam em uma “maior amplitude e aprofundamento na
preparação e na profissionalização dos futuros líderes que eles se propõem a
formar”.(CAUDURU, 2003, p. 36).
Portanto, a Universidade tem o desafio de formar os profissionais,
considerando a formação como um processo permanente, integrado ao dia-a-dia
dos professores e da universidade, e não como uma função que intervém à margem
dos projetos profissionais e institucionais. (CAUDURU, 2003).
Seguindo esse enfoque, a universidade, no que diz respeito à formação de
professores, requer profissionais que tenham adquirido uma bagagem cultural de
clara orientação política e social, que tenham desenvolvido capacidade de reflexão
crítica sobre a prática e que se comprometam, politicamente, como intelectuais
transformadores em aula, em projetos de extensão e no contexto social.
Edmur A. Stoppa e Hélder F. Isayama (2001) contribuem na discussão sobre
a atuação do profissional de Educação Física no âmbito do lazer identificando as
perspectivas que orientam sua ação. Entre as várias funções que o profissional de
Educação Física deve assumir, devido à abrangência das ações na esfera do lazer,
destacamos as seguintes apresentadas pelos autores:
Planejamento, organização, realização e avaliação de vivências de
lazer; gerenciamento, coordenação supervisão e avaliação de
projetos e ações de lazer; viabilização de projetos e recursos;
realização, registro e socialização de pesquisas; docência, entre
outras (STOPPA, ISAYAMA, 2001, p. 86).
Em um estudo posterior, Isayama acrescenta, ainda, outras funções do
profissional de Educação Física no âmbito do lazer como o “[...] assessoramento na
elaboração e implementação e na avaliação de políticas de lazer”, mostrando a
variada e crescente função desse profissional nas políticas voltadas ao lazer. (2003,
p. 63).
Devido a essa diversidade de funções as quais o profissional pode se dedicar,
o autor alerta que para que ele tenha um bom desempenho no exercício de sua
função é necessário um domínio de fundamentos, competências e habilidades que
nem sempre são trabalhados, de forma adequada, na formação profissional,
ocasionando o atendimento à comunidade com comportamentos estereotipados os
quais, muitas vezes, encontramos entre os animadores, rotulados por “bobos da
31
corte” ou simplesmente “tarefeiros”.
Segundo o autor, é necessário que a formação desses profissionais tenha
alicerces na construção de saberes e competências, que:
[...] devem estar relacionados ao comprometimento com os valores
alicerçados em uma sociedade democrática; à compreensão de
nosso papel social na educação para o lazer; ao domínio de
conteúdos que devem ser socializados, a partir do entendimento de
seus significados em diferentes contextos e articulações
interdisciplinares; e, por fim, ao conhecimento de processos de
investigação que auxiliem no aperfeiçoamento da prática pedagógica
e ao gerenciamento do próprio desenvolvimento de ações educativas
lúdicas. (ISAYAMA, 2003, p. 63).
Para que os profissionais de Educação Física possam ter uma boa atuação
ou mesmo um bom desenvolvimento nas atividades propostas para os programas de
lazer, é necessário que possuam conhecimentos específicos sobre o lazer ou
relacionado a ele.
Portanto, é essencial que esses profissionais superem as concepções que
possuem do senso comum contribuindo para a transformação da sociedade, por
meio de um trabalho que promova, além do descanso e do divertimento, o
desenvolvimento pessoal e social.
Marcellino (1995, p. 20), afirma que os animadores socioculturais devem
assumir uma nova postura, pois:
A especificidade concreta do lazer exige um novo especialista, não o
“especialista tradicional” superficial e unidirecional mas o que
domine a sua especificidade dentro de uma visão de totalidade. E
para completar essa visão, são exigidos, pelo menos, dois requisitos:
uma sólida cultura geral que permita perceber os pontos de
interseção entre a problemática do lazer e as demais dimensões de
outras áreas de ação/investigação e o exercício constante da
reflexão.
Nessa perspectiva, o especialista deve ser capaz de atuar em equipes
multiprofissionais, buscando um trabalho interdisciplinar, com base na visão
concreta do lazer. Cabe, portanto, ao profissional de Educação Física, além de
comprometer-se com as novas perspectivas sobre o entendimento do lazer,
respeitar e defender a diversidade cultural, procurando ampliar o seu potencial
crítico e criativo, encaminhando propostas de ação, desenvolvendo e sistematizando
experiências interdisciplinares no campo do lazer.
32
CAPÍTULO II
ACM: CONTRIBUIÇÕES PARA O LAZER E ESPORTE E INFLUÊNCIA
NA POLÍTICA PÚBLICA DE LAZER EM SOROCABA
As transformações mencionadas, referentes às manifestações do lazer,
relacionam-se às influências sofridas pelas mudanças ocorridas no mundo do
trabalho e no modo de produção, provocadas, principalmente, a partir da Revolução
Industrial em meados do século XVIII na Inglaterra.
A Revolução Industrial é um momento marcante da história, pois foi nesse
período de tempo, que surgiu a ACM. Tempo de mudanças radicais de hábitos e
costumes onde pessoas tinham que aumentar a sua jornada de trabalho. A ACM
surgiu na Inglaterra, porém se expandiu pelo mundo chegando ao Brasil em 1893.
4
A partir de sua história iremos analisar a ACM de Sorocaba para podermos
detectar em que medida essa instituição influenciou essa comunidade por meio da
Faculdade de Educação Física FEFISO, disseminando a prática de atividades de
lazer e esporte por intermédio da atuação dos profissionais por ela formados, bem
como por seus projetos sociais.
As questões geradoras para compreender o nosso objeto de estudo foram:
qual a relação da ACM com esporte e lazer? Qual a importância da ACM para a
sociedade sorocabana?
Para elucidar nossas questões, percorremos alguns caminhos que nos
retratam o momento histórico do surgimento da Associação Cristã de Moços ACM
no mundo e, posteriormente, em Sorocaba e qual sua relação com o lazer e o
esporte. Analisamos como se deu a transformação de uma instituição que nasceu
com intuito religioso para uma instituição voltada para a prática de esporte e lazer.
Uma vez que é possível afirmar que a Associação Cristã de Moços ACM- é
conhecida no Brasil e especificamente em Sorocaba como um “sinônimo” de lazer,
pretendemos investigar a sua influência junto à comunidade sorocabana por
4
www.ymca.org.br em 16/08/2005.
33
intermédio da sua atuação e intervenção, no campo das atividades esportivas e de
lazer nesse município.
Criada durante a revolução industrial, no ano de 1844, a Associação Cristã de
Moços ACM teve seu início marcado pela leitura de textos bíblicos e, hoje, é um
movimento cristão com o “ideal de construir uma comunidade humana de justiça
com amor através do esporte, lazer, voluntariado, educação e assistência social”.
5
Cumpriu-se, assim, o objetivo do seu fundador, George Willians
6
, que era “o cultivo
das virtudes do caráter e do espírito, da disciplina do corpo e, principalmente, do
lado comunitário e humano”,
Ao longo de sua história, observamos que a ACM, além de sua grande
inserção religiosa, consagrou-se como uma importante Instituição que elegeu o lazer
e a prática esportiva como focos de suas ações.
2.1- ACM no mundo: sua identidade e relação com o lazer e o esporte
Nesse momento faz-se necessário apresentar a história da ACM desde sua
fundação e demonstrar seu envolvimento com o esporte e lazer no mundo para
posteriormente identificar suas ações em Sorocaba.
Vale remontar o contexto histórico de sua origem, a Revolução Industrial.
Traçando uma trajetória histórica do lazer e do trabalho a partir da Revolução
Industrial podemos destacar três etapas, a saber: a mecanização (século XVIII e
XIX), a automação (século XIX e XX) e a informatização (segunda metade do século
XX).(BRAMANTE, 1997)
Neste momento da história ocidental, durante a Revolução Industrial, a
situação política, social e econômica testemunhava grandes mudanças na vida
tradicional de todos os povos europeus, especialmente do inglês.
A forte industrialização levou à migração das famílias e, em particular, dos
jovens, para as zonas industriais, produzindo uma grande concentração urbana.
5
www.ymca.org.br em 16/08/2005.
6
George Williams nasceu na Inglaterra; era camponês e mudou-se para cidade para "aprender
comércio” com seu irmão; durante a aprendizagem ficou preocupado com os assuntos religiosos.
Fundou a ACM em Londres, em 06 de junho de 1844. (SANJURJO, 1983, p. 05.)
34
Esses jovens que deixavam as zonas rurais, procurando uma melhor situação de
vida, encontravam, nos grandes centros industriais, situações, muitas vezes, piores
do que aquelas que tinham deixado. Jovens que, em sua maioria, viviam no próprio
local onde trabalhavam e tinham mais de doze horas de labuta diária, dormindo em
péssimas condições e que quando procuravam diversão e lazer eram nos lugares
menos recomendáveis.(SANJURJO, 1983).
É nesse meio social de carência, de exploração, de lamentáveis condições de
vida, que irá nascer a ACM, nosso objeto de estudo. Deparando-se com essa
situação, George Williams, fiel aos seus princípios cristãos, decidiu promover, na
firma onde trabalhava, reuniões para meditação e oração no sentido de melhorar as
condições de vida espiritual.
A Associação Cristã de Moços ACM surgiu com a perspectiva de unir a
religiosidade ao tempo livre, ou seja, utilizar o tempo ocioso com atividades salutares
e positivas, de desenvolvimento espiritual e, posteriormente, físico do ser humano.
Para Marcellino (1990) essa forma de utilização do tempo livre como simples
assimilador de tensões ou como alguma coisa boa que ajude a conviver com as
injustiças sociais é considerada uma visão “funcionalista” do lazer. Para o autor o
lazer como “assimilador de tensões teria a função de desviar a atenção dos
problemas sociais e pessoais, ou da exploração de muitos por poucos...”.
(MARCELLINO, 1990, P. 41).
Em 6 de junho de 1844, foi realizada uma reunião na qual assentariam as
bases de uma instituição que, precisamente, teria as finalidades de “buscar a
cooperação dos jovens convertidos a Cristo para expandir o Reino de Deus e
promover reuniões espirituais entre os demais estabelecimentos de Londres”.
7
George Williams evidencia o caráter religioso da ACM por meio de uma
oração proferida por ele na reunião em que fundou a instituição:
“Prometo solenemente, nesta noite, dedicar-me ilimitadamente a esta
Associação e viver para a sua prosperidade. Louvo a Deus por me
chamar pela Sua graça, e por ter me abençoado temporalmente;
desejo humilhar-me aos Seus pés, por todas Suas misericórdias.
Enquanto viver, eu Lhe agradeço pela determinação de ser útil aos
jovens de todo o mundo. Agora, oh! Deus, eu te suplico que dê nesta
hora uma porção duplicada do Teu espírito, para que eu possa, desta
7
www.ymca.org.br acesso em 16/08/2005.
35
forma, colaborar e trabalhar nesta Tua causa, e que muitas almas
possam ser convertidas e salvas”. (GONZAGA, 2003, p. 100).
Foi, então, adotada a sigla Y.M.C.A. que até hoje designa a instituição. A
ACM se expandiu rapidamente e apesar da origem inglesa, foi nos Estados Unidos
que ela mais cresceu.
No Brasil a instituição se estabeleceu, em 1893, na cidade do Rio de Janeiro
como ACM - Associação Cristã de Moços e, alguns anos depois, em Porto Alegre e
São Paulo. (SANJURJO, 1983).
O movimento acemista vem crescendo em todo o mundo, haja visto a
publicação de um documento, em virtude dos 150 anos da Instituição em 2005, o
qual adota a cooperação e a compreensão do Cristianismo e de outras religiões.
(ACM-Sorocaba, 2005).
A ACM é um movimento mundial e secular portando história e cultura própria.
Foi o berço de muitas modalidades esportivas conhecidas e praticadas atualmente,
além de outras contribuições ao esporte, ao lazer, à saúde e às práticas culturais.
Dentre suas contribuições às áreas do lazer e do esporte podemos citar o
basquetebol, criado no ano de 1891, em Springfield College, na ACM de
Massachusetts, Estados Unidos, por Jamis Naismith. Esse esporte surgiu devido à
necessidade de oferecer aos associados que freqüentavam a ACM, outras
possibilidades de atividades físicas durante o inverno.(SANJURJO, 1983).
O basquetebol foi introduzido no Brasil em 1898 por August Shaw e difundido
no país pela ACM do Rio de Janeiro que também foi responsável pela realização do
primeiro torneio dessa modalidade em 1915.(TUBINO, 1997).
O voleibol, da mesma forma, foi criado em Hylloke, por William G. Morgam,
diretor do Departamento de Educação Física da ACM, em 1895. A princípio, esse
esporte era um exercício recreativo para idosos, pois não requeria tanto esforço
físico como o basquete.(SANJURJO, 1983). Hoje, é um Esporte Olímpico e, mesmo
para os praticantes iniciais, requer muita habilidade e esforço físico devido a sua
complexidade.
Embora haja controvérsias sobre a origem do Futebol de Salão o documento
pesquisado afirma que este esporte teve origem em 1933,na ACM de Montevidéu,
36
no Uruguai. Esse esporte foi criado por Juan Carlos Ceriani, diretor da Educação
Física infantil da ACM de Montevidéu, motivado pela euforia e desejo dos jovens em
praticar o futebol que se popularizou por conta de o Uruguai ter ganhado o 1º
Campeonato Mundial desse esporte. Esse professor adaptou o jogo para uma área
menor e com regras próprias para que pudesse ser praticado em qualquer época do
ano em lugares fechados.(SANJURJO, 1983). Essa modalidade ganha cada vez
mais destaque no cenário esportivo.
Segundo Manoel Gomes Tubino, a ACM teve importante papel no cenário
esportivo. Para o autor, “o fenômeno esportivo teve uma ligeira evolução quanto ao
número de modalidades, destacando-se o surgimento de esportes coletivos nas
Associações Cristãs de Moços (ACMs)”.(TUBINO, 1992, p.132).
Além de ter criado essas modalidades esportivas que a princípio eram
atividades recreativas e formas de exercícios para trabalhar com o corpo, a ACM,
posteriormente, foi fundadora das federações desses esportes. Contudo, as
atividades oferecidas na ACM não enfatizam a competitividade, mas, sim, a
integração social dos participantes. Assim, na ACM de Sorocaba, antes da prática
de quaisquer esportes ou atividades acontece a divulgação de preceitos cristãos, por
meio de leituras e reflexões que possam auxiliar na edificação espiritual e moral dos
participantes.
Apesar da ACM ter contribuído para a criação de modalidades que, com o
passar do tempo, modificaram-se e tornaram-se esportes olímpicos, para este
trabalho consideraremos o esporte apenas como uma atividade de natureza físico-
desportiva, no contexto do lazer, pois é dessa forma que é desenvolvido nas
dependências da instituição com os associados e com o público em geral.
A prioridade do trabalho acemista é a intervenção na aprendizagem para a
formação de cidadãos responsáveis e capacitados para conviver numa sociedade
mais humana. As atividades oferecidas devem favorecer pelo menos um dos
propósitos básicos: orientação cristã (alma), atividades esportivas e recreativas
(corpo), e atividades educativas e culturais (mente). (SANJURJO, 1983).
Anos após sua fundação, o movimento acemista cresceu e sentiu-se a
necessidade de serem estabelecidas diretrizes para que a instituição continuasse a
expandir-se, sem perder, contudo, sua essência.
37
Em 22 de agosto de 1855, os líderes das ACMs reuniram-se em Paris para a
I Conferência Mundial da ACM, onde foi elaborado um documento no qual
registraram-se as decisões desse grupo. Esse documento recebeu o titulo de Base
de Paris , o qual apresentamos a seguir:
Base de Paris
”As associações Cristãs de Moços procuram unir aqueles jovens, que
considerando Jesus Cristo, como seu Deus e Salvador, segundo as
Sagradas Escrituras, desejam em sua e em sua vida, ser discípulo
Dele e trabalhar juntos para estender entre os jovens o Reino do
mestre. A Conferência propõe também: que as divergências de
opiniões sobre outros assuntos, por importantes que sejam, mas não
incluídos no princípio anterior, não interferirão nas relações
harmoniosas das Associações Confederadas”.(GONZAGA, 2003. p.
12)
Nessa Conferência de Paris, os representantes das várias ACMs da Europa e
América recomendam às respectivas Associações que tenham a “Base de Paris”
como princípio fundamental e obrigatório para a admissão de outras sociedades na
Aliança; mesmo reconhecendo a autonomia na organização das instituições, os
princípios e a prática eram únicos.
No documento fica evidente o caráter religioso desses líderes, os quais eram
protestantes e deixaram registrado o compromisso assumido pelas Associações
Cristãs de Moços com o intuito de evitar a descaracterização deste movimento
cristão por outros interesses da sociedade.
Em conseqüência foi estabelecida a conduta dos homens que desenvolveriam
o trabalho dos líderes das ACMs.
Outras ACMs surgiram no mundo. No Brasil, a primeira foi fundada no Rio de
Janeiro em 1893. Logo, novas Associações estabeleceram-se; no ano de 1901 e
1902 foram fundadas Associações em Porto Alegre e São Paulo
respectivamente.(SANJURJO, 1983).
Com o crescimento da instituição e com a evolução da sociedade veio a
necessidade de mudanças/adaptações da filosofia que regia os trabalhos realizados
nas Associações a partir da “Base de Paris”.
38
Em 1965, um século depois de ser estabelecida a Base de Paris, surge outro
documento redirecionando a filosofia e os princípios das ACMs no mundo. Esse
documento recebeu o nome de Declaração de Tozanso.
Declaração de Tozanso
A ACM é uma organização Cristã,
A ACM é uma organização independente,
A ACM é uma organização de voluntários,
A ACM é um movimento juvenil,
A ACM é uma organização Internacional,
A ACM é uma organização de sócios,
A ACM é uma fraternidade,
A ACM educa para a Cidadania Responsável,
A ACM é uma organização apolítica,
A ACM mantém um programa diversificado.
(ACM-Sorocaba, 1965)
Essa declaração deixa evidentes os objetivos humanitários e o caráter
religioso da ACM, que se declara uma organização que demonstra grande
preocupação com o ser humano e com a sociedade que o acolhe.
Analisando a Declaração de Tozanso, podemos inferir que a ACM, como
instituição atuante na sociedade, sem perder seu caráter religioso, continuou
assegurando aos jovens possibilidades de desenvolvimento físico por meio de seus
programas diversificados, promovendo atividades de lazer e práticas esportivas e
aprimoramento do caráter por meio de leituras e discussões.
Com as constantes mudanças no mundo, novamente surgiu a necessidade de
evoluir e de adaptar-se às questões da sociedade. Assim, em 1973, durante o
Conselho Mundial da ACM, em Kampala, capital de Uganda, foi elaborado um novo
documento: a Declaração de Kampala.
8
Esse documento detalhava e explicava o primeiro documento, a Base de
Paris, redigido em 1855 dando as diretrizes da ACM:
Declaração de Kampala
Reconhecendo o caráter da ACM no mundo de hoje, esse ato de
aceitação da Base de Paris, compromete as associações e seus
membros, como colaboradores de Deus, nos seguintes imperativos:
1- Trabalhar para que todos tenham iguais oportunidades e exista
justiça para todos.
8
www.ymca.org.br. (acesso em 08/ 2005).
39
2- Trabalhar para alcançar e manter o meio ambiente, no qual as
relações humanas se caracterizem pelo amor e compreensão.
3- Trabalhar para alcançar e manter dentro da ACM e na
sociedade com suas organizações e instituições, condições que
façam possível a honestidade a profundidade e a criação.
4- Desenvolver e manter normas de liderança e programas que
sejam exemplos de seriedade e da profundidade da experiência
Cristã.
5- Trabalhar pelo desenvolvimento integral da pessoa humana.
O documento reafirma o compromisso da ACM que, por intermédio de seus
programas de atividades, buscava o desenvolvimento integral do ser humano (corpo,
mente e alma). Através do seu trabalho dava oportunidade de participação e
crescimento a todos.
O documento mais recente foi elaborado na Alemanha, em 1998, denominado
- Desafio XXI:
Desafio XXI
- Compartilhar as boas novas de Jesus Cristo e lutar pelo bem
espiritual, intelectual e físico das pessoas e integridade das
comunidades.
- Permitir que todos, especialmente jovens e mulheres, assumam
mais responsabilidades e lideranças em todos os níveis e trabalhar
em prol de uma sociedade justa.
- Defender e promover os direitos das mulheres e preservar os
direitos das crianças.
- Estimular o diálogo e parceria entre as pessoas e promover
renovação cultural.
- Comprometer-se a trabalhar em solidariedade com os pobres,
despojados, desarraigados e minorias raciais, religiosas e étnicas
oprimidas.
- Buscar ser mediadores e reconciliadores em situações de conflito e
trabalhar em prol de uma significativa participação e progresso das
pessoas para sua própria autodeterminação.
- defender a criação de Deus de tudo que possa destruí-la, preservar
e proteger os recursos da Terra para as futuras gerações.
9
Ele ratifica a Base de Paris e aprofunda-se nos princípios da Declaração de
Kampala em função das características da sociedade contemporânea.
Luiz Carlos Gonzaga (2003, p. 12) apresenta, como propósitos da ACM,
“desenvolver a personalidade cristã e ajudar a construir uma sociedade baseada
também nos princípios cristãos; conceder ao homem a oportunidade de viver plena e
nobremente sua vida e de servir aos demais”, confirmando, de certa forma, os
princípios relatados no documento - DESAFIO XXI.
40
Durante as conferências, a ACM solidifica seus objetivos e seu compromisso
cristão e mostra o caminho a ser seguido. Embora essa instituição tenha proliferado
em vários países e cada uma delas possua autonomia em sua organização, os
propósitos acemista são assegurados e mantidos por meio desses documentos que
são oficiais, pois são elaborados por comissões especiais formadas pelos líderes da
própria instituição.
Hoje, a ACM está presente em 120 países e possui 45 milhões de
participantes em todo mundo e
“busca através de programas de educação física, social, cultural e
espiritual, atender às necessidades e aspirações da comunidade sem
fazer discriminação de crença, raça, sexo ou condição sócio-
econômica, contribuindo para uma melhor qualidade de vida”.
10
Cabe agora analisar, com mais profundidade, a evolução do processo de
implantação da ACM em Sorocaba, a fim de se traçarem os cenários políticos,
econômicos, sociais, culturais e urbanos, bem como analisar se houve influência
dessa Instituição na disseminação do esporte e lazer no município.
2.2- Identidade da ACM em Sorocaba
Buscaremos no decorrer da história de Sorocaba momentos relevantes para
detectarmos se a ACM Sorocaba realmente teve influência na disseminação do
lazer e esporte da sociedade sorocabana, abrindo caminhos para a construção de
uma política pública no município.
Primeiramente, vale assinalar que o município de Sorocaba fica a 100 km da
capital do Estado de São Paulo. Quanto ao aspecto demográfico, a cidade de
Sorocaba conta com uma população de mais de 500 mil habitantes, com uma
proporção bem equilibrada de homens e mulheres, que vivem, em sua grande
maioria, na zona urbana, aproximadamente 99% da população. (IBGE, 2006). Tem,
como principais atividades econômicas, a indústria e o comércio. Um breve histórico
sobre seu surgimento mostra-nos sua trajetória.
9
www.ymca.org.br (acesso em 08/2005).
10
www.ymca.org.br (Acesso em 07/2006).
41
A fundação de Sorocaba data de 1654, pelo bandeirante Baltazar Fernandes.
Sete anos mais tarde, o povoado recebeu a estatura de vila real e em 03 de março
de 1661 passou a dispor de um governo local constituído por uma mara e juízes.
(ALMEIDA, 1992).
Desde sua fundação, Sorocaba tem uma vocação para o comércio. No início,
o comércio de índios era a principal fonte de renda, substituída pela feira de muares
a partir do século XVII. Devido a sua posição estratégica - era o eixo entre o Norte, o
Nordeste e o Sul - havia grande fluxo de pessoas e de dinheiro proporcionando,
assim, o desenvolvimento do comércio na região.
A Feira de Muares de Sorocaba atraía milhares de pessoas de várias regiões
e movimentava a economia com as mais diferentes atividades; este comércio durou
mais de 150 anos. A principal comercialização era a de animais, contudo, outros
aspectos faziam parte dos dias das feiras. A procura por hospedagem, alimentação
e vários outros produtos cresciam.(VIEIRA, 1997).
Em meados do século XIX o comércio de animais e tropas foi gradativamente
substituído pelo surgimento da indústria têxtil. A partir de 1875, em sua fase
industrial, Sorocaba passou a ser conhecida como “Manchester Paulista”, numa
alusão à Manchester, cidade inglesa de grande concentração de indústrias
(SOROCABA, 1996).
Com o processo de industrialização, cresceu a necessidade de melhoria para
o transporte da produção. Dessa forma, surgiu a Estrada de Ferro Sorocabana
construída pela primeira indústria siderúrgica do Brasil na região, contribuindo, de
forma definitiva, para o fim da era das tropas.(SOROCABA, 1996).
A partir da cada de 70, com o declínio da indústria têxtil, surgiram novos
investimentos relacionados à indústria e, hoje, Sorocaba conta com
aproximadamente 1500 empresas oferecendo muitas oportunidades de trabalho
para a comunidade local.
Coincidentemente, a ACM surge em Sorocaba no mesmo contexto histórico
de seu momento de criação na Inglaterra: a Revolução Industrial. A ACM foi fundada
durante o período de industrialização da cidade de Sorocaba, período esse que
atraía muitas pessoas devido a grande oferta de trabalho.
42
Dessa forma, acreditamos que Sorocaba, com características que
privilegiavam o trabalho e a produção, passa a viver momentos de lazer com a
inserção da Associação Cristã de Moços na cidade. Além de sua programação de
atividades de lazer por meio de jogos esportivos, passeios e outras atividades, a
ACM incorporou, em Sorocaba, a Faculdade de Educação Física que, durante anos,
foi a única na cidade fato que, provavelmente, influenciou na disseminação do lazer
e esporte e que contribuiu para a formação e implantação de uma Política Pública
voltada para o Esporte e Lazer na cidade.
2.3-ACM e os movimentos de lazer e práticas esportivas em Sorocaba
Partindo dessas inquietações, formulamos o seguinte objetivo geral: identificar
o papel e posição da ACM na comunidade local, no campo do lazer, verificando
ainda sua influência na disseminação do lazer e da prática do esporte no município
de Sorocaba, sendo responsável pela implantação de uma política de lazer por meio
de suas ações desenvolvidas pela Faculdade de Educação Física - FEFISO-ACM
em parceria com a Prefeitura Municipal.
No que diz respeito à ACM - Sorocaba, a escolha foi feita por diversos fatores:
quantitativos, qualitativos, históricos e culturais que instigam uma investigação em
torno da representação e desenvolvimento do lazer junto à comunidade, fatores
esses que serão desvendados no decorrer da própria história da instituição.
O responsável pela criação da ACM, em Sorocaba, foi um estudante do
Curso de Educação Física da Universidade de São Paulo, Sr. José Carlos de
Almeida. Após conhecer e vivenciar a filosofia de trabalho e os princípios da ACM de
São Paulo, escreveu para o Secretário Geral da ACM de São Paulo manifestando o
seu interesse e solicitando informações de como poderia organizar uma instituição
como a ACM na cidade de Sorocaba.(GONZAGA, 2003).
A possibilidade de implantação da ACM em Sorocaba dividiu as opiniões
públicas, notando-se uma resistência principalmente da igreja católica. Segundo
43
José Carlos de Almeida a igreja temia que fosse um movimento para pregar
princípios de uma seita religiosa.
11
Nessa ocasião, Sr. José Carlos de Almeida foi convocado pelo Secretário de
Esportes, segundo seu relato, para prestar esclarecimentos em São Paulo a respeito
da Instituição que estava organizando devido à pressão da Igreja Católica Apostólica
Romana.
Por meio de um trabalho de conscientização para explicar os objetivos da
ACM em uma comunidade, aos poucos, foram vencidas as resistências e a
sociedade local aderiu à campanha em favor do “triângulo vermelho”, como eram
conhecidas as filiais da ACM.(ACM - SOROCABA, 2005).
O triângulo simbolizava “o desenvolvimento simultâneo e simétrico do
programa educativo da ACM: atividades espirituais, intelectuais e físicas”.
(SANJURJO, 1983, p. 22).
Assim, em 22 de dezembro de 1954, a sede da ACM, em Sorocaba, foi
fundada. Possuía apenas uma quadra de esportes precária, porém, muito
freqüentada. Hoje, é uma das maiores da América Latina e a terceira do Brasil em
números de sócios: 25.063 associados (ACM-SOROCABA, 2005).
11
Entrevista com Sr. José Carlos de Almeida, realizada em 16/05/2007.
44
Segundo Miriam Aparecida Ribeiro Borba Leme, atual Diretora da FEFISO,
uma peculiaridade da ACM de Sorocaba é a de que ela é a única no Brasil que
mantém uma Faculdade de Educação Física, atuando como formadora de
profissionais da área.
12
Conhecida como FEFISO, a Faculdade de Educação Física de Sorocaba é
mantida pela ACM desde 1978 e conforme informações da Direção em entrevista:
[...] durante 33 anos, a Fefiso foi a única faculdade de Educação
Física em Sorocaba, portanto, a maioria dos profissionais que está
em exercício hoje na cidade, tanto nos próprios públicos estaduais,
municipais, como na iniciativa privada, foram egressos pela Fefiso,
podemos dizer que 90% desses profissionais foram egressos pela
Fefiso. A partir de 2003, houve a criação de outras escolas de
Educação Física na cidade e na região, entretanto, a Fefiso continua
tendo uma demanda bastante superior em relação ao número de
vagas oferecidas; então, a credibilidade conseguida pela instituição
durante os 33 anos em que ela foi a única na cidade, mantém-se até
o presente momento.
A instituição, nesses 33 anos, já formou 3383 profissionais de Educação
Física, dos quais, segundo levantamento da própria Instituição, aproximadamente
90% estão atuando na área.
13
A Faculdade oferece, além da graduação, especialização e atividades de
extensão universitária. A Direção da Faculdade está subordinada à Associação
Cristã de Moços. São oferecidas 200 vagas anuais para o ingresso na Faculdade
dos quais aproximadamente 78% saem profissionais formados.(ACM-SOROCABA,
2005).
Os Cursos de Pós-Graduação Lato Sensu oferecidos são: Educação Física
Escolar; Atividade Física e Saúde no ciclo vital - da Infância a Terceira idade;
Treinamento Esportivo; Fisiologia do Exercício. (ACM-SOROCABA, 2005).
Em função do vasto campo de atuação do profissional de Educação Física, a
FEFISO ACM, visando à formação integral do seu profissional preconiza, em seu
projeto Político Pedagógico, “um processo de formação que estimule o
desenvolvimento de competências e técnicas que atendam às expectativas
12
Entrevista com Miriam Aparecida Ribeiro Borba Leme, gravada em 26/01/2007 na sede da
ACM/FEFISO - Sorocaba-SP.
13
Entrevista com Miriam Aparecida Ribeiro Borba Leme, gravada em 26/01/2007 na sede da
ACM/FEFISO - Sorocaba-SP
45
profissionais nas diversas ocupações inerentes à Educação Física”.(ACM–
SOROCABA, 2006, p.48).
Os estágios acadêmicos podem ser realizados, em parte, junto aos
programas oferecidos pelos Departamentos de associados da ACM e, dessa forma,
os estudantes têm a oportunidade de vivenciar situações do exercício profissional
em diversas atividades esportivas educacionais, recreativas ou culturais organizadas
por faixas etárias.
Com a oferta dessas vivências supervisionadas que acontecem na ACM, a
Faculdade de Educação Física - FEFISO proporciona a oportunidade, aos
graduandos, de atuarem na elaboração, coordenação, orientação técnica esportiva,
preparação e manutenção de condições físicas, organização e promoção de eventos
esportivos e recreativos e de saúde visando ao crescimento profissional do
educando unindo a teoria à prática.
Segundo Maria Teresa Cauduru (2003), é necessário que as instituições
educativas criem mecanismos de participação coletiva, pois sem a discussão, sem o
trabalho em comum, sem a abertura ao exterior e sem a troca de seus projetos e de
suas experiências, a instituição irá fechar-se em si mesma recaindo nas “boas
teorias” com uma “má prática”.
Portanto, as instituições têm a necessidade de gerar uma atitude de
autocontrole, de troca de informações, de experiências, de propostas, de projetos,
de materiais e de abertura para a comunidade. (CAUDURU, 2003).
Segundo a Direção da FEFISO, a instituição de ensino, tem algumas
particularidades que a destacam entre as outras como, por exemplo, as instalações
próprias composta por espaço amplo com quadras, campos, piscinas, salões e por
ser a instituição que tem o menor valor de mensalidade no estado de São Paulo em
cursos de Educação Física.
14
O fato de a FEFISO fazer parte da coalizão internacional das ACMs
universitárias foi um passo que também colocou a Faculdade numa posição de
destaque em relação aos cursos de Educação Física na região de Sorocaba, pois
abriu oportunidades para funcionários docentes e estudantes terem vivências em
14
Entrevista com Miriam Aparecida Ribeiro Borba Leme, gravada em 26/01/2007 na sede da
ACM/FEFISO - Sorocaba-SP.
46
outros países proporcionando engrandecimento pessoal e profissional, custeado
pela ACM / FEFISO de Sorocaba.
A instituição faz intercâmbio com o México, Uruguai, Argentina, recebendo e
enviando funcionários criando oportunidades de estender a FEFISO para fora do
país. Experiências que, segundo a Direção, foram bastante relevantes para o corpo
docente, que se sentiu muito mais valorizado e diferenciado junto aos companheiros
que trabalham em outras instituições de ensino.
15
Outro espaço de formação, além da FEFISO, mantido, também pela ACM de
Sorocaba, desde 1979 é o centro de treinamento oficial do movimento acemista
“Instituto cnico de Preparação de Profissionais” - que tem por objetivo principal a
formação de profissionais para atuarem nas diversas áreas das ACMs, sendo,
atualmente, o único da América Latina.(ACM-SOROCABA, 2005).
Para ingressar como aluno no instituto técnico são impostas algumas
condições:
“ter convicção cristã, comprovada pela ACM de origem; ter formação
de nível universitário ou estar cursando faculdade; ter recebido a
recomendação e a indicação da Diretoria da ACM de origem a qual
deverá comunicar por escrito ao Instituto Técnico”.(ACM-
SOROCABA 2005, p. 63).
Percebe-se a preocupação da entidade em relação ao ingresso a esse curso,
pois esses profissionais deverão se dedicar em tempo integral e exclusivo ao
trabalho da ACM, cumprindo rigorosamente a educação e a cultura exigidas por
essa instituição que foram transmitidas no decorrer do curso.
O curso é desenvolvido em cinco módulos: I módulo: ACM; II módulo:
Cristianismo; III módulo: Relações humanas; IV módulo: Administração; V módulo:
Liderança e treinamento avançado. (GONZAGA, 2003, p.60).
Analisando a composição do curso notamos a preocupação da instituição no
desenvolvimento do caráter religioso e humanitário das pessoas que,
posteriormente, ficarão no comando da ACM.
47
2.4- ACM e as manifestações do lazer em Sorocaba
Podemos identificar momentos de lazer em Sorocaba desde a época do
tropeirismo. Para divertir os viajantes que passavam meses na estrada e se
concentravam em Sorocaba para o comércio, foram criadas atividades de lazer
como corridas de cavalos, apostas, bingos, jogos de cartas e apresentações como a
cavalhada, que sempre acontecia na Festa do Divino, as touradas, os circos, as
festas da Igreja Nossa Senhora (padroeira da cidade), entre tantas outras atividades
festivas. Contudo, essas atividades aconteciam de forma não estruturada.
Em 1839, foi construído o primeiro teatro de Santa Maria e depois o Teatro
de São Rafael que recebiam várias peças famosas. (DEVASTO, 1985).
Segundo Darlene Devasto (1985), a movimentação do lazer em Sorocaba
teve início em 1972 quando foi criada a primeira “área de Lazer” na cidade. A
iniciativa partiu da Cadeira de Recreação da Faculdade de Educação Física
16
. Um
grupo formado por alunos orientados pelo Profº Antonio Carlos Bramante,
responsável na época pelas cadeiras de Voleibol e Recreação. Nesse momento a
Faculdade e o Poder Público trabalhavam juntos buscando a construção de uma
política pública de esporte e lazer em Sorocaba e as atividades passaram a ser
organizadas com a participação da comunidade e de forma estruturada.
A primeira área de lazer foi marcada na Vila Angélica e houve a parceria das
instituições citadas, ACM/FEFISO e do SESI
17
juntamente com a comunidade. O
grupo de trabalho era formado por alunos da FEFISO, alunos do SESI e também
moradoras do bairro. Os eventos de lazer eram marcados também com atividades
de desenvolvimento pessoal como cursos de instrução sobre mecânica e
eletricidade.(DEVASTO, 1985).
Trazendo as influências do SESC Serviço Social do Comércio, onde atuou
em um determinado período, Bramante iniciou, com esse grupo, estudos e
planejamentos do lazer. Mais tarde, o grupo passou a ser liderado pela aluna da
Faculdade de Educação Física, Maria de Souza Del Cistia que trabalhava como
Diretora da Divisão de Educação e Recreação Infantil da Prefeitura Municipal de
15
Entrevista com Miriam Aparecida Ribeiro Borba Leme, gravada em 26/01/2007 na sede da
ACM/FEFISO - Sorocaba-SP.
16
Nesse momento da história a ACM ainda não tinha vínculos com a Faculdade de Educação Física.
A Instituição passou a ser a mantenedora da Faculdade a partir de 1978.
17
SESI- Serviço Social da Industria.
48
Sorocaba. A equipe formada planejou e escolheu o Bairro Barcelona para execução
do primeiro evento, utilizando o clube Barcelona que possuía, na época, estrutura
mínima para a realização do evento que se tornou histórico por ser o primeiro na
cidade.
A “Manhã de Recreio” teve continuidade por mais cinco vezes contando com
turmas diferentes da Faculdade, sob orientação do Profº Antonio Carlos Bramante.
A Faculdade de Educação Física, que antes era uma Instituição particular,
passa, a partir de 1978, a fazer parte da ACM de Sorocaba tornando-se Faculdade
de Educação Física de Sorocaba- FEFISO- ACM.
Nesse momento da história de Sorocaba, o Serviço Social da Indústria - SESI
também se mobilizava para as atividades de lazer. Contudo, não tinha uma política
de ação bem definida e trabalhava com esporte de “alto nível”. Por intermédio do
seu diretor esportivo, Prof. Otto Wey Netto, iniciou-se um processo de mudanças nas
atividades da instituição e, a partir desse momento, decidiu-se tornar obrigatória a
matrícula dos técnicos do SESI na Faculdade de Educação Física FEFISO-ACM ,
visto que seus técnicos não eram graduados. Como exemplo, Otto Wey Netto,
formado em outra faculdade, também se matriculou na FEFISO ACM. (DEVASTO,
1985).
É importante ressaltar o conceito “Manhã de lazer” utilizado pelo grupo:
“É uma forma de aplicação de atividades de lazer, visando ao
atendimento de grupos de massas, sem qualquer restrição à
condição social ou faixa etária, viabilizando, principalmente, o seu
exercício por camadas menos favorecidas da sociedade”.(WEY
NETTO, s.d., p. 5).
O principal objetivo do grupo segundo Otto Wey Netto (s.d., p. 6) era:
Alcançar, num tempo relativamente curto, a maior clientela possível,
mobilizando os recursos materiais e humanos de uma forma
intensiva e compacta trazendo, como resultados inegáveis, um
aperfeiçoamento de valores sociais, recreativos, morais e
pedagógicos da comunidade beneficiada.
Segundo Darlene Devasto (1985), após essas realizações, alguns bairros
adquiriram seus próprios recursos, pois durante todo o processo de planejamento,
organização e execução das atividades a equipe procurava estimular e envolver a
comunidade.
49
2.5- Política Pública: Legislação urbana e lazer
A construção de uma política pública de lazer em Sorocaba teve início em
1976, portanto 31 anos. Na época, o prefeito eleito, Theodoro Mendes, nomeou,
como Secretário de Educação e Saúde, o Profº Luiz Almeida Marins. Nesse período,
a referida secretaria era composta pelas Divisões de Esporte, Cultura, Educação,
Saúde e Promoção Social. Pela sua abrangência, foi montada uma equipe
multidisciplinar. Em 1977, a equipe elaborou o Plano Setorial da Educação
1977/1980. (DEVASTO, 1985).
Ao definir sua Política de Ação, a equipe visava a um amplo envolvimento
comunitário no diagnóstico e na proposta de solução de problemas existentes e,
para isso, incluiu o Programa de lazer, o Programa de esportes e mais duas áreas
específicas na Educação e Cultura.
O objetivo da Secretaria era “aumentar a qualidade de vida do povo
sorocabano”. (DEVASTO, 1985, p. 15).
Por meio de um Plano Setorial composto por diretrizes básicas para a cultura,
esporte e lazer da Secretaria de Educação e Saúde e da parceria com o Serviço
Social do Comércio SESC - com seu projeto de descentralização da UNIMOS
Unidade Móvel de Orientação Social iniciaram-se os trabalhos na Prefeitura
Municipal de Sorocaba.
O Plano Setorial tinha como principal objetivo:
“educar a população em todas as camadas sociais consideradas e
utilizar, de forma adequada, o tempo livre de que dispõe,
proporcionando a cada indivíduo condições de recuperação
psicossomática e de desenvolvimento pessoal e social”
(BRAMANTE, 1977, p. 13).
Nessa ocasião, Sorocaba contou com a participação de Nelson Carvalho
Marcellino que iniciou suas atividades em 1975 no Serviço Social do Comércio
SESC - como animador sociocultural - ou orientador social (termos da época).
Marcellino trabalhava na Unidade Móvel de Orientação Social (UNIMOS)
capacitando profissionais e voluntários locais para o desenvolvimento dos trabalhos
na Ação Comunitária e, dessa forma, contribuiu para os trabalhos desenvolvidos na
Secretaria de Educação e Saúde de Sorocaba.(MARCELLINO, 2003).
50
Esse trabalho de Ação comunitária deu início a um projeto de formação de
núcleos de lazer que foi denominado Pró-lazer. Baseado na política da Ação
Comunitária do SESC, o Pró-lazer tinha, como propostas de ação, proporcionar
maior envolvimento da comunidade no diagnóstico, estudos e propostas de
implementação e envolvimento nas soluções dos problemas educacionais, culturais,
esportivos e de lazer no município de Sorocaba e obter o total apoio das iniciativas
comunitárias e/ou associativas, buscando a descentralização e a quebra do
paternalismo municipal nas áreas abrangidas pelo plano.(DEVASTO, 1985).
O pró-lazer tinha como objetivo:
Motivar a formação de núcleos de atuação na área para que
proporcionem, regularmente, atividades de lazer à população em
geral, mediante o aproveitamento de recursos físicos disponíveis e
da canalização das iniciativas emergentes na área, na cidade,
visando à autonomia, a médio e longo prazo do pró-lazer. (SESC,
s.d., apud Devasto, 1985, p. 16).
Segundo Devasto (1985), no final de 1977, a seqüência do projeto foi
marcada pelo desenvolvimento de atividades de função capacitadora. Essas
atividades eram treinamentos ministrados a representantes de vários grupos e “dias
de lazer” realizados nos bairros. Nesse mesmo ano, teve início o Plano Setorial da
Educação.
O ano de 1978 foi marcante para a história da Política de lazer de Sorocaba.
Neste ano foi criado o Programa Lazer, da Secretaria de Educação e Saúde e seu
responsável era o Profº Antonio Carlos Bramante, chefe de divisão de Educação
Infantil. Esse Programa tinha como base o Plano setorial e sua metodologia de ação
comunitária citada anteriormente.
Foi necessário formar uma equipe de trabalho para a implantação do
Programa Lazer. Essa equipe foi formada pelos professores José Fernando Gomes,
João Antonio Gabriel e Angelina de Biudes Cônsul, todos formados pela FEFISO,
até então a única Faculdade da cidade formando profissionais de Educação Física
para o mercado de trabalho.
Nessa época, havia uma preocupação do Poder público de Sorocaba em
orientar a educação para que o tempo livre fosse bem utilizado, pois é também, no
lazer, que se desenvolvem as qualidades das pessoas.
51
Durante o ano de 1978, primeiro ano de funcionamento do Programa Lazer, a
equipe responsável pôde contar novamente com a assessoria do Serviço Social do
Comércio SESC - por meio da UNIMOS que criou o “plano de acompanhamento
Pró-lazer”.(DEVASTO, 1985).
O programa não possuía recursos próprios e, conforme a necessidade, os
recursos vinham de outras Secretarias, resultando em uma política de educação da
comunidade para o aproveitamento de recursos materiais, físicos e humanos dela
mesma.
No decorrer do programa, percebeu-se a necessidade de redimensionar a
ação do Programa Lazer e subdividi-lo em duas partes, denominadas Atividades de
Apoio e Atividades de Impacto.(BRAMANTE, 1981).
Esse modelo organizacional teve início a partir de 1978, na tentativa de
viabilizar uma política de lazer. As ações de apoio davam sustentação à motivação
da programação permanente. Eram uma ponte entre as ações permanentes e as de
impacto.
As ações de impacto eram aquelas que ocorriam uma ou duas vezes ao ano.
Podemos citar, como exemplo, as grandes festas que tinham como tema os mais
diversos interesses culturais do lazer. Esse modelo organizacional foi denominado
“PAIE”, que representam os seguintes termos: Permanência, Apoio, Impacto e
Especial. Bramante (1997) detalha melhor esse modelo organizacional em seu texto
“Qualidade de gerenciamento do lazer”, no qual destaca as seguintes variáveis na
operacionalização de uma política de lazer: “a - Periodicidade da ação; b - Porte do
projeto/abrangência dos interesses culturais do lazer; c - Utilização de recursos
humanos especializados; d - grau de dependência administrativa”.(BRAMANTE,
1997, p. 133).
No ano seguinte, 1979, novo plano foi elaborado e previa a criação do “Centro
de convivência de Sorocaba”. Para Luiz Almeida Marins, Secretário de Educação e
Saúde, nesse período o lazer foi utilizado, no contexto da política da Prefeitura de
Sorocaba, como meio de aglutinação da população para discutir assuntos
comunitários mais amplos, sem nenhum conteúdo ideológico.(DEVASTO, 1985).
Segundo declaração do chefe da Divisão de Lazer e Recreação da época,
Prof. José Fernando Gomes, foi possível perceber o fortalecimento das Sociedades
52
Amigos de Bairro que, alicerçadas no lazer como meio de sensibilização da
comunidade, conquistaram espaços para que pudessem reivindicar melhorias de
interesse do bairro e também para que se fundamentassem no sentido de oferecer,
ao bairro, programas educativos. (DEVASTO, 1985).
Essas constatações feitas por Gomes corroboram a idéia de Magnani (2000)
que diz ser o lazer um momento que também serve para pensar sobre os valores e
sobre a dinâmica da sociedade.
Nesse sentido, é fundamental entender todo o processo de planejamento,
construção, administração e animação dos equipamentos para uma política de
democratização cultural.
Segundo Marcellino (2006, p. 85) é
[...] muito importante a relação que se estabelece entre o público
usuário, os profissionais e os equipamentos públicos de lazer,
verificando o comportamento de praticante e espectadores, uso de
equipamentos específicos e não específicos, modificações ou
adaptações e expectativas de atuação profissional.
Para a equipe de Lazer e Recreação estava bem definida a diferença entre
Ação Comunitária e Ação Partidária. Para a implantação de novos Programas de
lazer e treinamento comunitário eram estudados os bairros com suas origens, suas
necessidades e suas aspirações.
Com a mudança de administração municipal, o então Prefeito Flávio Chaves
fez uma reforma administrativa separando a Secretaria de Educação e Saúde em
Secretarias de Esportes, Secretaria de Promoção Social e Saúde e Secretaria de
Educação e Cultura.
Esse momento foi de extrema importância para o lazer de Sorocaba, pois a
Secretaria de Educação e Cultura subdividiu-se em Divisão de Cultura, Divisão de
Educação e Divisão de Lazer e Recreação que estando dentro da Secretaria de
Educação ficou desvinculada, exclusivamente, de atividades esportivas, dando a
oportunidade de se pensar dentro do poder público sobre outras formas de lazer
voltadas aos interesses culturais, artísticos e intelectuais.
Antonio Carlos Bramante assume a coordenação da Divisão de Lazer e
Recreação. Sua equipe foi formada por profissionais que estavam engajados nas
atividades que vinham sendo desenvolvidas no “Programa Lazer”, portanto,
53
estavam estruturados e mantinham seus objetivos voltados para o desenvolvimento
do lazer na cidade.
Faziam parte da equipe, o Prof. José Fernando Gomes, Angelina Buides
Cônsul, José Roberto Thomé de Souza, Fernando Galego Peres, Darlene Devasto e
Alexandre Cerello, todos professores de Educação Física formados pela Faculdade
de Educação Física – FEFISO - ACM e que desenvolviam trabalhos na área desde a
época de estudantes.(DEVASTO, 1985).
Um dos poucos estudos que encontramos sobre o histórico do lazer e do
esporte em Sorocaba foi realizado por Darlene Devasto, graduada em Educação
Física pela ACM FEFISO, em decorrência de seu curso de Pós-graduação que
teve como objeto de pesquisa, a política pública de esporte e lazer em Sorocaba.
Segundo Devasto (1985) podia-se notar que os frutos das ações refletiam-se
em vários segmentos da comunidade, predispondo as pessoas para a ação e
despertando o valor que as atividades de lazer ofereciam na utilização do tempo
livre.
Em 1983, surgiu a Secretaria de Esportes - SEMES
18
-conhecida até os dias
de hoje por esta sigla. Em 1989, a Prefeitura Municipal de Sorocaba sofreu uma
reestruturação e encontramos, no artigo 11, a descrição das diversas funções da
SEMES:
Planejar, executar e fiscalizar as atividades referentes aos esportes
populares e de representação, promover e coordenar atividades
voltadas para o lazer da população, através de um calendário de
programações, envolvendo os recursos comunitários e entidades
locais, ou mesmo através de projetos e convênios com os
organismos do Estado ou da União; desenvolver atividades voltadas
para a prática do turismo, através dos pólos existentes na própria
comunidade em seus aspectos populares, culturais, históricos e
folclóricos, como forma de difundir as raízes do povo sorocabano.
A Secretaria de Esporte e Lazer de Sorocaba (SEMES) tem a missão de
“promover e estimular a inclusão social e a prática de atividades física, esportiva e
de lazer para toda a população de Sorocaba”.
19
18
SEMES é a sigla que representa a Secretaria Municipal de Esportes e Lazer. Contudo, é visível que
não existe uma letra que se refere ao lazer.
19
www.sorocaba.sp.gov.br (acesso em 02/2007)
54
Nelson Carvalho Marcellino (2003), que participou ativamente desse processo
de construção de uma política voltada para o lazer na cidade de Sorocaba, entre
1976 e 1980, por conta de serviços prestados ao SESC, afirma que para alicerçar
uma política de lazer é fundamental o processo de formação e desenvolvimento de
quadros para a atuação, na perspectiva de reversão de expectativas da população,
qualificando a demanda por serviços públicos que não existiam para certas camadas
da população.
Discorrer sobre política de lazer não significa falar somente de atividades que
constituem eventos para a população. Devemos englobar o transporte, a redução de
jornada, a formação de quadros de profissionais e voluntários e também o
delineamento de uma política de reordenação do solo urbano que inclua os espaços
e equipamentos de lazer.
Segundo Santini (1993), apud Marcellino (2006, p. 66) “{...} é possível se
exercerem atividades de lazer sem um equipamento, mas não é possível o lazer
sem a existência de um espaço”.
A Prefeitura Municipal de Sorocaba tinha um sério problema com terrenos
baldios que se tornavam centro de procriação de insetos, além de uma desarmonia
estética criando problemas à população e ao poder público. Algumas providências
foram tomadas para destinar esses terrenos ao uso social oferecendo à população
equipamentos urbanos de baixo custo, alta utilização comunitária e opção de
urbanização.
Para melhor compreensão dos espaços destinados ao lazer no contexto da
cidade, coube investigar a legislação relacionada, com vistas a referenciar as
representações de algumas leis vigentes que interessam no processo de ocupação
urbana, das quais se destacam: Lei Orgânica do Município, Estatuto da Cidade e o
Plano Diretor.
Em 1989, a Secretaria de Educação e Saúde de Sorocaba apresentou um
projeto para a integração da comunidade na recuperação de um terreno baldio a fim
de transformá-lo na sua área de lazer. Esse projeto tinha como objetivos:
Dar uma destinação social aos terrenos baldios, principalmente os de
melhor localização, dentro de uma comunidade urbana;
Oferecer à população, equipamentos urbanos de baixo custo e alta
eficácia de utilização comunitária;
55
Minorar os problemas decorrentes da existência de terrenos baldios
em áreas povoadas;
Oferecer uma opção social de utilização de terrenos baldios a seus
proprietários, quando o terreno não tem destinação imediata ou
mediata;
Oferecer uma opção de urbanização.(SECRETARIA DE EDUCAÇÃO
E SAÚDE, 1989, p. 54).
Para isso, a equipe de lazer fez um levantamento, com a comunidade
representada pela Sociedade de Amigos do Bairro, dos terrenos baldios existentes
numa comunidade densamente povoada e da falta de equipamentos urbanos.
Realizaram um esboço do que poderia ser colocado no terreno, levando em
consideração sua localização, perímetro e condições topográficas.
Quando a área encontrada fosse particular era feito contrato contendo as
finalidades de uso e o tempo permitidos para a utilização entre o proprietário e o
poder público municipal. Encontramos, no documento da Secretaria de Educação e
Saúde (1989), alguns exemplos citados para a utilização dessas áreas conquistadas
como: mini-centros de esporte e lazer, quintais comunitários, mini-centros de
Educação Física, entre outros.
A lei nº5. 394, de 17 de junho de 1.997 reorganiza a estrutura administrativa
da prefeitura de Sorocaba e dá outras providências.
Encontramos o seguinte enunciado no artigo 12 da mesma lei que não difere
muito do artigo citado anteriormente:
Compete à Secretaria de Esportes e Lazer, além das atribuições
genéricas das demais Secretarias, planejar, apoiar, coordenar e
executar as atividades referentes aos esportes populares e de
representação promover e coordenar atividades votadas ao lazer da
população. Difundir as atividades esportivas e a sua prática,
objetivando a integração social e a saúde da comunidade.
Desde 05 de abril de 1990, consta da Lei Orgânica do Município de Sorocaba.
Esse documento trata das competências da municipalidade e menciona a tarefa da
elaboração do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado. No âmbito do esporte e
lazer, reconhece a necessidade da realização de programas de apoio às práticas
56
desportivas e a promoção da cultura e recreação, além da proteção do patrimônio
histórico, cultural, artístico turístico e paisagístico local.
20
O desporto é mencionado em um artigo, dentro do Capítulo II, artigo 157,
limitando-se a dizer que “o Município fomentará as práticas desportivas formais e
não formais como direito de todos”. O lazer recebe o seguinte enunciado, no artigo
158, “o Município incentivará o lazer, como forma de promoção social”.
21
Em relação aos espaços, merece destaque o parágrafo único que traz: “todo
empreendimento imobiliário ou loteamento, criado a partir desta lei, deverá
obrigatoriamente destinar espaço para a construção de áreas de esportes e lazer”.
22
Nesta perspectiva, um traço notório do texto acima é a valorização que se deu
ao “espaço para o lazer”, ressaltando um dos elementos da composição clássica de
Dumazedier (1973) e Marcellino (2006) sobre o entendimento quanto a tempo,
espaço e atitude e a relação com o lazer.
No site da Prefeitura Municipal, encontramos várias atividades esportivas e de
lazer que o realizadas durante o ano; contudo, a maioria das ações desenvolvidas
são campeonatos e/ou torneios de futebol de campo ou de salão, somando
dezessete.
Dentre as ações referentes ao lazer encontramos elencados vários projetos
os quais destacamos a seguir:
a) Grupos de atividades esportivas e de lazer orientados por técnicos
em Centros Esportivos; b) Projeto Férias Quentes que acontecem
nos meses de janeiro e julho atendendo às crianças que são
monitoradas por 330 voluntários; c) Voluntariado : lazer levado a
sério, curso que capacita jovens durante o ano; d) Expo-Verde -
exposição e venda de plantas e flores; e) Dia do Desafio: dia 28 de
maio a população é mobilizada para praticar qualquer atividade
física; f) Festival de Pipas- oficinas educativas e Concurso de pipas;
g) Passeio ciclístico – passeio de bicicleta pelas ruas da cidade, esse
evento reúne cerca de 5 mil ciclistas ; h) Mês da criança são
realizadas atividades recreativas especiais nos centros esportivos; i)
Manhãs e tardes de lazer são realizadas 50 atividades recreativas
nos bairros, com a participação comunitária; j) Jogos Regionais da
Terceira Idade – evento esportivo envolvendo 1.800 pessoas e l)
Projeto Caminhada – campanha contra o sedentarismo que incentiva
a prática da caminhada.
23
20
www.camarasorocaba.sp.gov.br (acesso em 02/2007)
21
www.camarasorocaba.sp.gov.br (acesso em 02/2007)
22
www.camarasorocaba.sp.gov.br (acesso em 02/2007)
23
www.sorocaba.sp.gov.br (acesso em 02/2007).
57
O Projeto Caminhada é desenvolvido por meio da parceria interna entre as
secretarias de Esportes, Educação e da Saúde da Prefeitura Municipal de Sorocaba
e de uma parceria externa com a Faculdade de Educação Física da ACM de
Sorocaba (FEFISO) e do Centro de Ciências Médicas e Biológicas da PUC
Sorocaba.
Esse projeto teve início em agosto de 2000, quando houve a formação de
grupos permanentes de caminhada nas Unidades Básicas de Saúde e, em abril de
2001, foi lançado oficialmente o Projeto Caminhada.
24
Encontramos, novamente, a ACM/FEFISO fazendo parceria com a Prefeitura
Municipal, oportunizando, na participação de seus alunos, a vivência prática que irá
influenciar na sua formação. Os alunos da ACM/FEFISO fazem o monitoramento dos
Grupos de Caminhada e participaram do grupo de estudo e implantação do Projeto.
O Projeto Caminhada é uma grande campanha educativa que tem por missão
“sensibilizar a população de Sorocaba para a importância da prática da caminhada
como alternativa de uma atividade física de simples execução para a conquista de
um estilo de vida saudável, numa batalha contra o sedentarismo moderno.”
25
Atualmente, Sorocaba conta com vários pontos de caminhada, além de cinco
pistas públicas oficiais que relatamos a seguir:
1) Parque Municipal Carlos Alberto de Souza Bairro Campolim; 2)
Parque Municipal Amedeo Franciulli – Bairro Parque Vitória Régia; 3)
Pista de Caminhada Odilon Araújo – Estacionamento externo do
Paço Municipal; 4) Pista de Caminhada Miguel Gregório de Oliveira –
Bairro Júlio de Mesquita; 5) Pista de Caminhada Terminal São Paulo
– Bairro Pinheiros.
26
Esse projeto foi um dos finalistas do II Prêmio Internacional “Cidades Ativas
Cidades Saudáveis 2005”, ficando classificado na modalidade Promoção de
Atividade Física. Hoje, na cidade de Sorocaba, existem 25 grupos de caminhada
permanentes e, em alguns deles, liderança bastante efetiva de membros da
comunidade.
24
www.sorocaba.sp.org.br (acesso em 02/2007).
25
www.sorocaba.sp.org.br (acesso em 02/2007).
26
www.sorocaba.sp.org.br (acesso em 02/2007).
58
A Secretaria de Esportes e Lazer, no desenvolvimento de todos os projetos,
conta com o apoio de jovens voluntários e para tanto promove um projeto para a
capacitação de animadores sócio-culturais desde 2001, ano em que foi declarado “O
Ano Internacional do Voluntário” pela Organização das Nações Unidas. A partir
desse momento, desenvolve seus projetos de lazer com equipes de monitores
voluntários.
O projeto foi intitulado “Voluntariado levado a sério” e teve como objetivos:
Estimular o voluntariado como uma das fortes características da
cidadania e solidariedade. Capacitar a equipe de monitores
voluntários qualificando-os pessoal e profissionalmente, para as
ações de esportes e lazer. Motivar o voluntário a desenvolver e
aprimorar suas melhores habilidades e conhecimentos nos campos
do esporte e lazer. Capacitar o voluntário na perspectiva do esporte e
lazer para ele que usufrui, com a comunidade beneficiada pela sua
intervenção.
27
A maioria dos participantes do “Projeto Voluntariado levado a sério” são
estudantes do Ensino Médio e de Universitários de vários cursos, com
predominância de estudantes de Letras, Pedagogia e Magistério.
De todas essas atividades de lazer que encontramos relacionadas no site da
prefeitura Municipal e que apresentamos na gina anterior, algumas não
acontecem com a mesma regularidade. Exemplo disso é o Projeto Férias Quentes,
que teve 58 edições e atendia por volta de 4800 crianças no período de férias
escolares; neste ano de 2007, não aconteceu. A Expo-verde não é realizada desde
2004. As manhãs e tardes de lazer, não acontecem com regularidade.
Apesar da vasta programação e realização de eventos, podemos perceber
que a maioria das atividades relacionadas ao lazer são voltadas ao interesse físico
desportivo, não contemplando outros conteúdos do lazer. Por essa incidência nota-
se que a Secretaria enfatiza suas ações nas atividades esportivas.
É importante ressaltar que a ACM/FEFISO é grande parceira da Prefeitura
Municipal de Sorocaba e que, por meio dessa parceria, envolve seus alunos no
desenvolvimento das ações de Lazer e Esporte no município e cede o espaço físico
da Faculdade e do Clube ACM para reuniões de Planejamento e Organização de
27
www.sorocaba.sp.gov.br (acesso em 02/2007).
59
Projetos. Podemos encontrar estagiários da ACM/FEFISO em quase todos os
projetos voltados ao lazer e esporte na cidade de Sorocaba.
Segundo Paulo de Tarso, que hoje ocupa a função de Técnico em Recreação
e Lazer da Prefeitura de Sorocaba, a cidade conta, hoje, com um plano de governo
denominado Cidade Educadora e, dentro desse plano, todas as secretarias -
Esporte, Educação, Saúde, Cidadania - trabalham na linha da Cidade Educadora.
Esse trabalho está no início e é uma marca da administração Vitor Lippi.
28
Compreendemos que é consenso entre todos que atuam no campo do lazer
que o desenvolvimento de uma política de lazer não pode ser somente articulada por
um setor governamental, nessa perspectiva Marcellino (2006), aponta que para
haver mudanças, é necessária a implantação de políticas setoriais de lazer
devidamente conectadas às demais áreas socioculturais, pois o espaço público vem
perdendo seu uso multifuncional, deixando de ser local de encontro, de prazer, de
lazer e de festa.
Percebemos o envolvimento de outras Secretarias no campo do lazer, pois o
Projeto Cidade Educadora, “prevê a educação em todos os cantos da cidade, em
todos os momentos, na escola, na praça, no centro esportivo, nos centros de saúde,
na rua, é um grande desafio que está sendo lançado para todos”
29
. E além dessa
parceria com outros setores do poder público encontramos também a sólida
parceria que ficou estabelecida entre Poder público e ACM no desenvolvimento das
atividades de esporte e lazer na cidade de Sorocaba.
28
Entrevista com Paulo de Tarso em 22/01/2007.
29
Entrevista com Paulo de Tarso em 22/01/2007
60
CAPÍTULO III
RECONSTRUINDO A HISTÓRIA POR MEIO DOS SEUS
PERSONAGENS
Nesse terceiro capítulo, fomos a campo em busca de depoimentos de
atores sociais que vivenciaram e que construíram a história de duas instituições:
ACM/FEFISO e Prefeitura Municipal.
É importante ressaltar que as pessoas mencionadas, nesses momentos
históricos, e que participaram efetivamente na tentativa de construção e implantação
de uma política pública de lazer e esporte em Sorocaba são, na maioria, professores
de Educação Física graduados pela Faculdade de Educação Física de Sorocaba
ACM/FEFISO. Esses professores participaram, ativamente, no desenvolvimento de
ações voltadas para o lazer no município de Sorocaba, durante o curso, como
estudantes de Educação Física, bem como, depois do seu término quando muitos
permaneceram trabalhando na Prefeitura Municipal e/ou no setor privado.
Vale lembrar que os professores tiveram sua formação embasada nos
princípios da Associação Cristã de Moços e tiveram a oportunidade de vivenciar
práticas, desde a época de estudante, dos projetos sociais desenvolvidos pela ACM,
bem como de atuar no planejamento e execução dos projetos organizados por essa
Instituição em parceria com a Prefeitura Municipal de Sorocaba.
3.1- Caminhos percorridos
Este estudo foi realizado por meio de uma combinação entre pesquisas
bibliográfica, documental e de campo.
A pesquisa bibliográfica foi desenvolvida a partir de levantamento efetuado
junto aos sistemas de Bibliotecas da UNIMEP e de ferramentas específicas da
Internet, a partir das palavras-chave: ACM, lazer e esporte. (SEVERINO, 1996).
A pesquisa documental foi realizada por meio de análises dos textos e
publicações técnicas e científicas, tanto de fontes primárias como de secundárias,
61
documentos e sites da internet que abordam as temáticas referentes às nossas
palavras-chave e pertinentes à instituição pesquisada.(BRUYNE, et all,1977).
Na fase da pesquisa de campo, utilizamos a entrevista semi-estruturada, e
recursos eletrônicos (gravadores) a fim de garantirmos maior profundidade e
fidedignidade às falas e aos discursos dos sujeitos envolvidos.(THIOLLENT, 1987).
As entrevistas foram gravadas e transcritas na íntegra, sem alterações de
ordem ortográfica ou de concordância. Após a transcrição, pudemos identificar as
ações da ACM/FEFISO em Sorocaba.
A natureza exploratória, dessa linha de pesquisa, deve-se aos seguintes
fatores: o planejamento é bastante flexível e possibilita a consideração dos mais
variados aspectos relativos ao fato estudado; as pesquisas exploratórias envolvem
levantamento bibliográfico e entrevistas com pessoas que tiveram experiências
práticas com o problema pesquisado.(GIL, 1989).
A escolha pela abordagem qualitativa foi pelo fato de os dados coletados
serem predominantemente descritivos; a análise dos dados tende a seguir um
processo indutivo, assim, não nos preocupamos em buscar evidências que
comprovassem as hipóteses definidas antes do início dos estudos.(LUDKE; ANDRÈ,
1986).
A linguagem utilizada foi acessível a todos/as participantes, os quais
consentiram na publicação de seus nomes na pesquisa por intermédio da assinatura
do termo de Consentimento.
3.2- Delimitando o Universo da Pesquisa
A ACM de Sorocaba encampou a primeira Faculdade de Educação Física da
cidade que, durante anos, foi a única formando profissionais da área. Outras
faculdades de Educação Física surgiram somente a partir de 2000.
Como critério para a seleção dos entrevistados, tomamos, como base, as
pessoas que tiveram algum contato com a ACM/FEFISO e que trabalham nos
setores público e/ou privado de Sorocaba.
62
Dessa forma, a escolha dos entrevistados foi do tipo não probabilística,
intencional por critérios de representatividade e acessibilidade.(BRUYNE, et all,
1977).
O número de entrevistados foi definido com base na saturação de dados, ou
seja, ao se tornarem repetitivas as respostas, encerrou-se a aplicação das
entrevistas, uma vez que, “a pesquisa qualitativa pode usar recursos aleatórios para
fixar a amostra. Isto é , procura uma espécie de representatividade maior do grupo
dos sujeitos que participarão no estudo”.(TRIVIÑOS, 1987,p.132).
A pesquisa foi constituída pela participação de 10 entrevistados, todos
graduados em Educação Física e residentes em Sorocaba. Entre eles, encontramos
pessoas que tiveram contato próximo com a ACM/FEFISO e que ainda mantêm esse
contato profissional e/ou voluntário com a Instituição e outros que se afastaram e
exercem suas atividades profissionais em órgãos públicos e privados em Sorocaba.
O grupo apresentou as seguintes características:
1- 60% dos entrevistados graduados pela ACM/FEFISO.
2- 40% dos entrevistados não graduados pela ACM/FEFISO.
Destacamos que os 40% dos profissionais citados acima, mesmo o sendo
graduados pela ACM/FEFISO, tiveram uma relação extremamente próxima com a
instituição na condição de professor, Diretor da Faculdade ou Secretário. Entre eles,
podemos citar o Sr. José Carlos de Almeida, o fundador da Instituição, e o Sr.
Romeu Pires de Carvalho, 1º Secretário Geral da ACM de Sorocaba.
Do total de entrevistados, 90% exerceram atividades profissionais no setor
público do município de Sorocaba durante um longo período. Atualmente, 40%
desses profissionais continuam atuando em cargos públicos nas Secretarias de
Educação, Secretaria de Esporte e Secretaria da Juventude da Prefeitura Municipal.
Apenas 20% dos entrevistados estão aposentados e desenvolvem algum tipo de
trabalho voluntário em várias entidades.
De modo geral, ao final de um trabalho de campo relativamente extenso,
temos em mãos entrevistas semi-estruturadas, registros escritos de conversas
gravadas e eventuais mensagens trocadas por correio eletrônico que nos permitem,
a partir do material organizado e categorizado segundo critérios relativamente
63
flexíveis e previamente definidos e, de acordo com os objetivos da pesquisa,
apresentarmos parte da história da instituição e sua influência em Sorocaba.
A seguir apresentamos o quadro geral das questões das entrevistas:
3.3- Analisando os discursos
Percebemos, em nossas entrevistas, vários itens para serem analisados e
confrontados com a teoria na perspectiva de verificarmos a influência da
Data:
Nome:
Formação Acadêmica:
Instituição de Formação:
Ano de conclusão do curso:
1- Qual a função profissional e não profissional (voluntário) que ocupa hoje?
2- Quais as funções profissionais e não profissionais que ocupou na cidade
de Sorocaba?
3- Qual sua relação com a ACM // FEFISO?
4- Em sua opinião a ACM/FEFISO exerceu, exerce ou não influência na
disseminação do lazer e de práticas esportivas em Sorocaba? Se a resposta for
positiva como se deu essa influência?
5. Em sua opinião a ACM /FEFISO contribui ou o para a formação de uma
política pública no setor do lazer e esporte? Se a resposta for positiva, de que
maneira a ACM influenciou nessa Política Pública de Sorocaba? Essa
contribuição acontece hoje ou não? De que forma?
6- Você pode citar feitos ocorridos que demonstrem a influência da
ACM/FEFISO na Política Pública de Lazer e esporte de Sorocaba?
7- E no setor privado?
64
ACM/FEFISO na disseminação de esporte e lazer na cidade de Sorocaba,
contribuindo na construção de uma política pública desse município.
Questionados sobre “Qual a função profissional que ocupa hoje?”,
verificamos, na fala dos entrevistados, que eles ocupam cargos em diversos setores
da sociedade, público, privado. O setor público, nesse caso, são as Secretarias e
Departamentos da Prefeitura Municipal e escolas; o setor privado é representado por
Instituições, Clubes e Associações.
Sou professor de Lazer e Recreação da Faculdade de Educação
Física da ACM, desde 1984. (Fernando Gomes)
Hoje eu coordeno as atividades do Departamento Infantil da ACM
de Sorocaba. São atividades diversificadas para crianças e
adolescentes, nós iniciamos a partir de seis meses e vamos até 14
anos, desde natação para bebês, atividades para pré-escolares e
depois as faixas etárias vão se dividindo por grupos de interesses, de
cinco a sete anos, oito a dez anos, onze a treze anos e aí fazemos a
transição para o departamento de jovens que seqüência ao
trabalho. (Jorge Arcanjo da Silva)
Meu trabalho é dedicação exclusiva na ACM. Mas tenho alguns
trabalhos na comunidade, por exemplo, faço parte do Panathlon
Clube de Sorocaba que é um clube de serviço totalmente direcionado
ao esporte, tenho envolvimento com alguns clubes de futebol
varzeano, futebol amador e sempre procuramos aplicar muito dos
fundamentos, das características da ACM quando participamos
desses trabalhos, (Elói Ferreira, secretário executivo da ACM)
Atualmente sou Secretário da Juventude da Prefeitura de
Sorocaba, mantenho um nculo com a Universidade de Sorocaba
dando aula, mas tenho um projeto de pesquisa da FAPESP em
andamento, então tem esse vínculo e mantenho minhas atividades
acadêmicas e também de consultorias, dentro do possível, muito
reduzidas em função desse novo cargo aqui na Prefeitura. (Antonio
Carlos Bramante)
Atuo em três campos. A Educação Física escolar na Escola
Municipal Flávio de Souza Nogueira; na Prefeitura Municipal de
Sorocaba, na função de Técnico de Recreação e Lazer e como
administrador de um Acampamento aqui em Sorocaba. (Paulo de
Tarso)
Técnico em Recreação e Lazer na Prefeitura de Sorocaba. (José
Geraldo Rondoni Vecena).
Eu sou professor da Prefeitura Municipal de Sorocaba, atuando
na parte de planejamento e organização na Secretaria de Esportes.
(Carlos Eduardo Walter)
65
Eu sou Dirigente da Faculdade de Educação Física da
Associação Cristã de Moços de Sorocaba. (Miriam Aparecida
Ribeiro Borba Leme)
Como podemos observar nas entrevistas são profissionais que tiveram
contato com a ACM em momentos significativos de suas vidas e hoje desenvolvem
seus trabalhos no setor blico e/ou privado voltados para o esporte e lazer no
município.
Esses profissionais, graduados pela ACM/FEFISO, ainda mantêm algum tipo
de vínculo com a instituição. Ao perguntarmos, “Qual sua relação com a
ACM/FEFISO?”, percebemos a relação de carinho e o respeito que as pessoas
demonstram ao se referirem à Instituição, deixando evidente o forte vínculo que a
ACM estabelece com as pessoas. Após anos, ela continua a fazer parte da vida, do
cotidiano dessas pessoas.
Podemos inferir que a ACM desperta o sentido de pertencimento na
comunidade, talvez por trabalhar de forma diferenciada, oferecendo oportunidades
diferenciadas .
Ao serem questionados em relação a ACM/FEFISO ter exercido ou não
influência na disseminação do esporte e lazer em Sorocaba, os entrevistados foram
unânimes em dizer que sim relatando alguns fatos que demonstram como se deu
essa influência.
Ah, definitivamente. A ACM foi responsável por muita coisa.A ACM
influenciou no basquete, no vôlei em Sorocaba. Foi a primeira
piscina aquecida de Sorocaba. Sorocaba nunca teve pista de
atletismo, mas a primeira, o primeiro arremedo de pista foi no
Jardim São Paulo onde as pessoas podiam treinar como no centro
esportivo também da Vila Gabriel. E daí com a faculdade então o
handebol se desenvolveu muito dentro da ACM, a ginástica
também. Determinados modelos, hoje em desuso, a ACM fazia de
maneira exemplar, como a calistenia, a ACM fazia com um piano,
com um pianista. (Antonio Carlos Bramante) (grifo nosso)
Totalmente. Não é pretensão nenhuma dizer que Sorocaba se divide
em sua história, principalmente no século 20 entre antes da ACM e
depois da ACM.
é de conhecimento que a ACM veio para através da iniciativa
de um profissional de educação física que queria justamente que a
população de Sorocaba tivesse acesso ao que ele teve quando se
graduava na escola de educação física da cidade de São Paulo, era
a que antecedeu a USP, naquele momento. A ACM trouxe a
Sorocaba uma série de conceitos novos, de práticas de
66
atividades esportivas e também de realização de capacitações. A
ACM que trouxe para cá, a primeira piscina aquecida da cidade,
não da cidade, eu diria que da nossa região. É esta piscina que
nós temos aqui, Uma das pioneiras do interior do estado, também foi
a ACM que propiciou a capacitação dos cursos de natação para
primar o lema “Todo sócio um nadador, todo nadador, um salva-
vidas” também foi feito pela ACM. (Jorge Arcanjo da Silva) (grifo
nosso).
Olha, eu sou de uma época em que nós ainda tínhamos aquele
movimento mundial chamado Esporte para Todos, o tal do EPT. E a
ACM foi aquele território que abrigou muitas reuniões, ações
destinadas a essa questão da ampliação da prática da atividade
física, da atividade esportiva. Até hoje ela exerce, trazendo como
exemplo o projeto caminhada, recente parceria da ACM com a
prefeitura de Sorocaba. Então, todo o controle das equipes que
estariam participando desse evento durante as 24 horas foi efetivado
pelos alunos da FEFISO, liderados pelo vice-diretor que é o
Valentim. Então, existe sim, existiu. Acredito eu que existiu mais
intensamente do que hoje porque de certa maneira era o único pólo
que atuava dentro nessa área, hoje com a proliferação das
faculdades, o aumento de número das faculdades, das novas
opções, então vai perdendo um pouquinho dessa centralização
dessa possibilidade de aglutinar tudo que diz respeito a atividade
física, esportes, lazer. Vai compartilhando mais com outras
instituições essa responsabilidade. (José Geraldo Rondoni Vecena)
(grifo nosso).
[...] mas existe uma forte influência da ACM no esporte, no lazer,
na recreação da cidade, eu acho. Além do esporte e da recreação,
a ACM se preocupa muito com a parte social, com a parte da
cidadania, educação informal e isso aí eu acho que tem uma
grande influencia, a ACM tem hoje, além da faculdade, tem o clube
que funciona na Rua da Penha, tem o clube de campo, no Jardim
São Paulo e tem o acampamento na represa da Light. Todos
esses espaços são hiperlotados e hoje ela consegue influenciar na
formação da população sorocabana. (José Fernando Gomes) (grifo
nosso).
Pelos relatos, a ACM fez-se presente na comunidade sorocabana, abrindo
espaços para o exercício diário de atividades esportivas e de lazer e incentivando a
prática de esporte de representação. Desde sua implantação, ela oferece opções
diversificadas de atividades para a população, disseminando a prática do esporte e
do lazer.
Hoje, com mais de 25.000 sócios, ela tem em sua programação: excursões,
bailes, teatro, festivais, curso de culinária, acampamento, atividades físicas,
concurso de Miss e Mister ACM, que está na sua 22ª e edição respectivamente,
67
festa de confraternização dos departamentos, entre outras.(ACM-SOROCABA,
2006).
Sob esse prisma, podemos afirmar que a ACM/FEFISO oportuniza vivências
considerando as diferentes manifestações de lazer: artísticas, sociais, intelectuais,
manuais, (DUMAZEDIER, 1980) e interesses turísticos (CAMARGO, 1986).
Existem atividades programadas para todas as idades, em horários variados
ofertando atividades que atendem aos vários interesses do lazer. Nesse sentido,
acreditamos que, por meio de sua programação, a ACM contribua para a diminuição
das barreiras intraclasses sociais (MARCELLINO, 2002).
Desde 1957, por intermédio de seu Departamento de Desenvolvimento
Social, a ACM desenvolve um trabalho de prevenção, orientação e assistência
“contribuindo para o desenvolvimento integral do ser humano e sua reintegração à
sociedade”.(ACM-SOROCABA, 2006, p. 35).
A ACM, além de proporcionar atividades esportivas e de lazer, colabora para
o desenvolvimento da comunidade em que atua, por isso, 20% da receita são
aplicados em trabalhos voltados à população carente. No ano de 2006, a ACM
atendeu em Sorocaba a mais de 50.000 pessoas com seus projetos sociais.(ACM-
SOROCABA, 2006).
Dessa forma, a instituição contribui para diminuir os indicadores indesejáveis
que encetam e mantêm uma apropriação desigual do lazer: os fatores interclasses
sociais (MARCELLINO, 2002).
A ACM procura fazer do esporte e do lazer um instrumento de mobilização e
participação cultural, contudo é necessário integrar esforços e efetivar parcerias com
outros setores da sociedade.
Ao serem questionados: “Em sua opinião a ACM/FEFISO contribuiu ou não
para a formação de uma política pública no setor do lazer e esporte? Se a
resposta for positiva, de que maneira a ACM influenciou nessa Política Pública de
Sorocaba? Essa contribuição acontece hoje ou não? De que forma?”, verificamos
que:
A ACM interferiu, sim e muito. Se não ela, quem ela formou. E a
ACM tem essa capacidade de formar quadros e não conseguir
reter quadros. Acho que é isso. Ela forma muitos quadros e as
pessoas aprendem com a ACM e vão para outros lugares e eu diria
68
ou voltaria a dizer que o curso do Instituto Técnico é um exemplo de
currículo para formar o recreador, o profissional de recreação e lazer.
Logicamente que tem um componente religioso muito forte, mas se
você tirar esse componente, toda a parte de gestão, de relações
humanas é o clube que deu certo·.(Antonio Carlos Bramante) (grifo
nosso).
A ACM tem a preocupação em brindar a comunidade com
profissionais competentes para a realização da prática de atividade
física. Logo que a faculdade de educação física de Sorocaba ficou
sem guarita na cidade, a ACM assumiu-a para que a Faculdade
pudesse ter a sua continuidade, isso já transcorrido mais de 25 anos
precisamente e dessa forma a ACM se fez responsável por toda
uma geração de profissionais que sistematicamente
ingressaram e ingressam no mercado de trabalho fazendo com
que a atividade física seja praticada num nível bastante aceitável
pela nossa comunidade e também a ACM tem trazido para
Sorocaba, de maneira até sistemática, informações de todo nosso
contexto de cuidado ambiental, as preocupações com as tendências
atuais, como ecologia, meio ambiente, ecossistema, a formação de
comunidades sustentáveis.
A ACM começou a atuar no campo do desenvolvimento social. As
realizações sistemáticas de conferências internacionais ou de
capacitações em áreas de ações diversas são atitudes pioneiras da
ACM e as primeiras jornadas internacionais realizadas em
âmbito de Educação Física foram realizadas aqui nos anos 80
sob a organização da ACM de Sorocaba. (Jorge Arcanjo da Silva).
(grifo nosso).
Durante 33 anos, a Fefiso/ACM foi a única Faculdade de
Educação sica em Sorocaba, o único curso de educação física
em Sorocaba, portanto, a maioria dos profissionais que está em
exercício hoje na cidade, tanto nos próprios públicos estaduais,
municipais, como na iniciativa privada, foram egressos pela FEFISO,
podemos dizer que 90% desses profissionais foram egressos
pela Fefiso. A partir de 2003 houve a criação de outras escolas de
educação física na cidade e na região, entretanto, a FEFISO
continua tendo uma demanda bastante superior em relação ao
numero de vagas oferecidas, então a credibilidade conseguida pela
instituição (Miriam Aparecida Ribeiro Borba Leme). (grifo nosso)
Ah, sim, ela sempre exerceu, desde que eu conheço a ACM, desde
que eu conheço a Faculdade de Educação Física eu acho que ela
sempre exerceu e vai continuar exercendo uma influência bastante
grande na política pública de esporte e lazer na cidade de Sorocaba.
Como ela exerce isso? Acho que começa pela formação
profissional, na formação dos profissionais de educação física ela já
está exercendo uma influência no mercado de trabalho de Sorocaba,
preparando profissionais para atuarem aqui na cidade de Sorocaba.
Mas em termos de política pública, tanto a ACM quanto a Fefiso elas
participam da política pública de Sorocaba principalmente com
relação a alguns projetos ligados à Secretaria de Esportes
também de outras Secretarias, de Educação, de Saúde. Então
ela, como instituição ACM, como instituição educacional no caso a
FEFISO, ela está sempre presente também, quando convocada,
69
convidada a participar das ações envolvidas na cidade de Sorocaba.
(Paulo de Tarso) (grifo nosso).
O início do Programa Lazer, de Recreação e Lazer na cidade de
Sorocaba teve como mentor o professor Bramante que trabalhava
na Prefeitura de Sorocaba e acumulava a função de Diretor da
Fefiso/ACM. Então, ela teve uma participação efetiva nesse projeto
que deu certo em Sorocaba.
Pelo que eu sabia algumas ações ainda são feitas e a ACM participa
muito, junto à Prefeitura nos projetos desenvolvidos para a
comunidade, tanto na área de lazer quanto na área de esporte, ela
está sempre presente como uma das parceiras.
(Carlos Eduardo Walter) (grifo nosso).
A ACM, embora não se perceba, mas hoje, por exemplo, eu acho
que 90 ou 100% dos professores que trabalham na Secretaria de
Esportes são formados na ACM, tem a formação acemista, né, uma
formação voltada para o humanismo, o cristianismo e também a
parte social da ACM é muito interessante. Manhãs e tardes de
lazer, as primeiras Manhãs e Tardes de Lazer aconteceram em
1972, em Sorocaba, no bairro da Barcelona, foi através da
Faculdade de Educação Física e hoje a gente que ainda
funciona (Fernando Gomes) (grifo nosso)
Quando falamos de política blica e remetemo-nos aos documentos
analisados bem como aos relatos das entrevistas, percebemos a tentativa de
implantação de um modelo organizacional que teve início a partir de 1978 para
viabilizar uma política de lazer na cidade de Sorocaba. Nesse momento, a ACM
estava totalmente envolvida com os acontecimentos relacionados ao esporte e lazer
e colaborava na tentativa de estabelecer uma política de animação sócio-cultural
atuando em conjunto com o Executivo municipal.
Como pudemos perceber, a trajetória da ACM em Sorocaba indica ser ela
responsável por vários acontecimentos na cidade desde sua fundação colaborando
para a disseminação do esporte e lazer e contribuindo para a formação de uma
política pública. Além do pioneirismo em vários Programas de lazer, da preocupação
em oferecer espaços destinados à reflexões da área e às práticas esportivas a ACM
formou grande parte dos profissionais de Educação Física que atuam hoje no
município.
Ao vincular formação e desenvolvimento de pessoal com políticas públicas na
área de lazer e esporte, verificamos, por meio dos relatos, que as ações da ACM
são voltadas para a Formação Profissional, colaborando para a melhoria da cidade e
70
para a construção da cidadania por intermédio de projetos, de parcerias com a
comunidade, o que desperta o interesse pelo voluntariado.
Sendo a formação de quadros um dos pilares para a construção de uma
Política Pública de Lazer, podemos afirmar, segundo entrevistas, que a ACM,
Instituição que durante décadas formou profissionais para atuar na área, teve
influência significativa na sociedade sorocabana.
Cauduru (2003) diz ser o desafio da universidade, a formação de professores,
sendo necessário um processo permanente e integrado no dia-a-dia. Segundo a
referida autora essa formação requer a aquisição de uma
Bagagem cultural de clara orientação política e social que tenha
desenvolvido capacidade de reflexão crítica sobre a prática, que
tenha um compromisso político como intelectuais transformadores
em aula, em projetos de extensão e no contexto social. (CAUDURU,
2003, p. 39)
Na perspectiva de criação de uma política pública na área “alicerçada em
valores de participação popular e de contribuição, no plano cultural, para o exercício
da cidadania, é fundamental o processo de formação e desenvolvimento de quadros
para atuação”.(MARCELLINO, 2003, P.10).
Ainda segundo Marcellino, falar de política de lazer significa referir-se à
“redução de jornada de trabalho, sem redução de salários, a uma política de
transporte urbano, de reordenação de solo incluindo espaços e equipamentos de
lazer, moradia e formação de quadros”, (2001, p.11).
Contudo, é preciso considerar, ainda, que as propostas de trabalho não
podem ficar restritas à elaboração de documentos que acabam se transformando em
discursos vazios, por não levarem em consideração a realidade dos executivos
municipais que lidam com questões relativas ao orçamento, por exemplo.
(MARCELLINO, 2001)
Apesar das ações da ACM/FEFISO em parceria com a Prefeitura Municipal,
Sorocaba está, de fato, longe de ter uma Política Pública voltada ao Esporte e Lazer
de forma organizada e estruturada e podemos identificar os motivos das dificuldades
em atingir esse objetivo na fala dos entrevistados:
É, Sorocaba tentou implementar a sua política de lazer, a sua
política de esportes em algum momento. Confesso que eu tentei
implementar {...}.
71
Eu passei em dois momentos aqui. E tentamos, mas a última vez foi
frustrante porque a gente tinha uma expectativa de poder fazer um
trabalho que poderia se chamar como uma política, que dava vários
componentes de uma política pública, mas não rolou, não rolou
porque a lua de mel foi breve.
Sempre reclamaram que a Secretaria de Esportes e Lazer era
uma secretaria de barganha política e quando vem um
profissional da área que, de certa maneira, chegou a prestar até
consultoria para fora para fazer políticas públicas, eu fui recebido
assim, até com certa festa e trouxe comigo uma assessora, pessoa
que estava estudando Sorocaba e políticas públicas que é a Elcie,
você conheceu bem, uma entusiasmada. Então, era a chance.
Mas resistência às mudanças em todos os lugares. (Antonio
Carlos Bramante)
(grifo nosso)
Olha, o poder público é muito volátil. Ele tem momentos em que
você consegue construir conceitualmente, procedimentalmente
e atitudinalmente, situações favoráveis a essa questão da
política pública. Hoje, acho que estamos vivendo um movimento,
um momento favorável a essa construção, como tivemos em
momentos anteriores ações favoráveis, eu acredito que nós temos
a possibilidade de construir, mas se eu lhe disser que acredito que
existe uma política pública definida, específica para lazer, esporte e
recreação, eu acho que estaria enganado. (José Geraldo Rondoni
Vecena) (grifo nosso)
A influência da FEFISO/ACM na política e no cenário esportivo e de lazer em
Sorocaba não pode ficar desatrelada, pois como vimos em entrevista, grande parte
dos profissionais, senão todos, até esse momento da história, tiveram a vivência e a
formação dentro dessa Instituição.
Para estabelecer uma política de lazer é necessário que o poder municipal, a
partir de uma ampla discussão com setores representativos da população, conviva e
valorize as iniciativas espontâneas da iniciativa privada. (MARCELLINO, 2001)
Em alguns períodos da história, fica evidente a parceria entre poder público e
ACM/FEFISO buscando implantar novos Programas de Lazer e, para tanto,
aconteciam os treinamentos comunitários, eram estudados os bairros com suas
origens, suas necessidades, suas aspirações.
Sorocaba tentou implementar a sua política de lazer e de esportes. Contudo,
é necessário considerar que a questão do lazer não pode ser enfrentada de modo
isolado da questão sócio-cultural. É preciso considerar as possibilidades de ações
específicas, na área, que considerem o lazer na totalidade das relações sociais e os
limites e possibilidades de políticas públicas setoriais.
72
Muitas ações da ACM/FEFISO influenciaram na tentativa de implantação de
uma Política Pública na cidade de Sorocaba. Quando indagados: “Vopode citar
feitos ocorridos que demonstrem a influência da ACM/FEFISO na Política Pública de
Lazer e Esporte de Sorocaba?”, obtivemos os seguintes relatos confirmando alguns
aspectos já levantados aqui:
Confesso que eu tentei implementar, uma que contava muito com a
ACM porque coincidentemente teve uma época que eu era diretor da
faculdade, professor de recreação e implementando o Programa
Lazer da cidade. Então, nessa triangulação a gente conseguiu muito
e criamos um clube que estava muito em voga, um movimento na
educação física do Brasil, que era o movimento esporte para todos
e criamos um clube esporte para todos dentro da ACM. E esse
clube era o que fazia a abordagem comunitária e a gente aprendeu
desde cedo que manhã de lazer não é levar equipamento para um
bairro e depois sair, ir embora. Isso nos anos 70 a gente aprendeu.
Mas aí, o poder público desaprendeu e eu em pleno ano dois mil e
tanto, 2007, eu tenho a impressão que ainda faz um pouco disso.
Vai, leva o circo, desmonta e vem embora. (Antonio Carlos
Bramante) (grifo nosso)
A ACM através da FEFISO sempre, contou com a mobilização da
comunidade, ela realizou e realiza atividades que captem e que
mobilizem crianças e adolescentes e também jovens e adultos
para a prática sistemática de esportes, realizando festivais com
faixas etárias específicas, isso inclusive é da capacitação e
formação dos alunos da faculdade, nos seus períodos respectivos
e as modalidades que eles estão tendo em questão, nós falamos de
voleibol, de basquetebol, de futebol como um todo, tanto o futebol de
campo quanto o futsal, atividades de expressão como ginástica
rítmica esportiva, ginástica artística que hoje o Brasil é uma potência,
nós temos campeões mundiais de ginástica tanto masculino como
feminino. Então, a ACM viabiliza esse tipo de evento congrega a
comunidade através dos Jogos Comunitários... (Jorge Alcântara
Silva). (grifo nosso)
Bom, a diretoria da ACM, se você vê, é um pessoal da elite
sorocabana, da elite política, da elite médica. uma preocupação
muito grande para se formar a diretoria da ACM por pessoas que
representem socialmente Sorocaba em todos os setores. Então,
uma influência muito forte na parte política, na parte religiosa.
(José Fernando Gomes) (grifo nosso)
Ah, os profissionais da ACM estão sempre em contato conosco,
então ela é uma entidade parceira, né, a ACM, assim como outras
instituições da cidade, que estão sempre fazendo projetos e na
medida do possível um participando da programação do outro.
(Paulo de Tarso) (grifo nosso)
73
Uma política de lazer deve ser uma política para todos e da melhor
qualidade. Em nossa análise, foi possível detectar a preocupação da ACM, em
relação a esses dois aspectos, ao ofertar atividades de esporte e lazer aos
associados e às pessoas que participam de seus projetos sociais.
No entanto, além das ações de instituições como a ACM é necessário que a
administração municipal busque soluções para as questões relacionadas às
transformações de atitudes e adaptações necessárias no espaço de lazer para que
ele seja apropriado pela comunidade, fato que se viabilizará com estratégias que
privilegiem a participação da população.
Detectamos a influência da ACM no setor público do município; entretanto
não é menor sua influência no setor privado, conforme os entrevistados:
Nós temos um trabalho novo, é um trabalho externo com ginástica
laboral. (Elói Ferreira) (grifo nosso)
Hoje existe um filão novo chamado ginástica laboral. Esse filão hoje
amplamente explorado. A ACM também foi pioneira através de seu
departamento, hoje extinto porque ele foi remodelado, está tomando
uma outra feição, mas o seu nome primitivo era recreação
industrial. Isso a gente já realizava há alguns anos. Nós visitávamos
fábricas, indústrias de pequeno e médio porte, até mesmo as de
grande expressão nacional sediadas aqui no nosso distrito
industrial para que através de uma orientação de um
profissional de educação física realizassem atividades físicas
complementando a sua carga horária de trabalho e criando
também os grupos de interesses, os grêmios, para que dessa
forma os operários, os funcionários dessas empresas pudessem
ter o seu lazer garantido, de forma orientada. A ACM deslocava
uma equipe para esses lugares e viabilizava também as suas
instalações, quando ociosas, para que esses grupos aqui dentro
também na instituição serem também beneficiados com atividades
sistemáticas. Sempre foi uma preocupação da ACM em estar
diversificando o seu leque de ações e de forma alguma praticar o
sectarismo. Tanto na direção pública quanto na direção também dos
setores privados. (Jorge Arcanjo da Silva) (grifo nosso)
Eu acho que a ACM tem uma grande influência na formação da
cidadania, em todo o cidadão sorocabano. (José Fernando
Gomes) (grifo nosso)
Acredito que sim. Nós tivemos uma ação muito intensa no final da
década de 70, 80 até 92, mais ou menos, o lazer tinha assim uma
atuação fantástica na cidade, ela permeava em todas as áreas do
conhecimento, todos os programas, todos os projetos, o lazer
transitava com muita tranqüilidade por vários setores. (José
Geraldo Rondoni Vecena) (grifo nosso).
74
Os entrevistados salientam a disponibilidade da ACM/FEFISO em relação a
seus espaços e também ao trabalho desenvolvido na própria empresa por meio das
ações desenvolvidas por seus professores ou alunos da Faculdade em tarefa
supervisionada.
Dessa forma, acreditamos que a ACM/FEFISO também influencie o setor
privado, talvez em uma versão utilitarista (MARCELLINO, 1990) do lazer, visando à
recuperação da força de trabalho; no entanto, talvez, esse seja o único momento de
lazer para os trabalhadores dessas empresas.
75
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento desse estudo teve, como objetivos, verificar qual o grau
de envolvimento da Associação Cristã de Moços – ACM na disseminação do
esporte e lazer em Sorocaba e diagnosticar até que ponto essa instituição contribuiu
para implantação de uma política pública voltada ao lazer na cidade.
Além de outras contribuições ao esporte e lazer, o movimento acemista foi o
berço de muitas modalidades esportivas conhecidas e praticadas, atualmente, como
o voleibol, o basquete e o futsal. A ACM de Sorocaba destaca-se, no Brasil, por ser
uma das maiores em número de sócio e a única na América Latida que tem o Curso
de Formação para Secretário Executivo da ACM.
Ao fazermos um levantamento histórico e programático da Associação Cristã
de Moços ACM, verificamos sua influência na disseminação da prática de
atividade física e do lazer e na formulação de uma política pública no município de
Sorocaba.
A ACM utiliza o lazer como ferramenta no desenvolvimento de suas ações. A
prática do lazer pode ser um importante instrumento de intervenção social, que
oferta condições básicas para a melhoria da qualidade de vida, conscientização,
valorização e fortalecimento das comunidades e mobilização social.
A análise documental, tanto da ACM, quanto da Prefeitura Municipal,
comparando-a à teoria analisada na pesquisa bibliográfica, demonstra uma
percepção atualizada do Lazer, Esporte, Formação Profissional e Política Públicas.
Algumas questões foram propostas a fim de elucidarmos nosso caminho e,
para que pudéssemos contextualizá-las, fomos buscar respostas nos personagens
da própria história.
A década de 70 foi marcada por fatos como a implantação do “Programa
lazer” e a elaboração do Plano Diretor, citados e analisados durante nossa
investigação, demonstrando um avançado conhecimento para a época, que
infelizmente não evoluiu.
Percebemos que, por parte do poder público, existe um delineamento teórico
que sustenta as ações; porém, o conteúdo não condiz com a prática.
76
Um fato interessante, identificado nas respostas dos entrevistados, é a
unanimidade em apontar a ACM como um sustentáculo para a implementação de
uma Política Pública de lazer em Sorocaba e sua influência na disseminação das
atividades de esporte e lazer na comunidade.
Essa influência é devida, tanto por suas ações junto à comunidade, como
pelos profissionais que formou na cidade e região por intermédio da Faculdade de
Educação Física.
Uma política pública de lazer deve ter além da redução da jornada de
trabalho; da reordenação do tempo; de uma política de transporte urbano; uma
política de reordenação se solo tem como base, a política de formação de quadros
para a atuação na área . Nesse quesito, formação de quadros, podemos inferir que a
ACM/FEFISO tem contribuído para estabelecer uma política pública de lazer, tanto
na cidade quanto na própria ACM.
Na literatura apresentada, o lazer apresenta-se como multidisciplinar,
demonstrando a necessidade da atuação de profissionais que tenham uma cultura
geral. A análise documental mostrou-nos a preocupação da ACM/FEFISO em
oportunizar vivências variadas contribuindo na preparação desse profissional para o
mercado de trabalho, além dos cursos de Pós-graduação.
Contudo, verificamos que, apesar do esforço e do reconhecido trabalho da
instituição relatado pelos entrevistados, Sorocaba não tem uma política pública de
lazer definida.
Uma política de lazer não fica restrita apenas a uma política de atividades; na
verdade, deve considerar, também as questões relativas à formação de quadros,
aos espaços, equipamentos, transporte, entre outros.
Na literatura, uma amplitude do campo do lazer em que as ações vão
desde o estabelecimento de políticas, planejamento e gestão, ao atendimento direto
à população, envolvendo a opção entre o tratamento do lazer, como mercadoria, ou
como manifestação humana, que além do descanso e divertimento, proporcione
também o desenvolvimento pessoal e social. Na pesquisa documental, detectou-se
que, aum momento da história, essa visão era presente na ACM/FEFISO e no
Poder Público, mas que, ao longo do tempo, pelas mudanças políticas, ela foi se
perdendo. Assim, o poder público passou a ter a noção de recreação e lazer quase
77
sempre restrita a atividades ligadas aos conteúdos físico-esportivos, jogos e
brincadeiras, relacionados à faixa etária infantil, em forma de monitoria.
Em relação ao setor privado, na busca de proporcionar ou de fazer atividades
esportivas e de lazer ainda é possível verificar atitudes “utilitaristas” num
comportamento direcionado para a recuperação da força de trabalho.
(MARCELLINO, 1990)
Marcellino (1996) propõe uma discussão para a formulação de uma política
pública de lazer que passe pelo entendimento amplo do seu significado, em termos
de conteúdo, pela consideração do seu duplo aspecto educativo e pela sua
possibilidade enquanto instrumento de mobilização e participação cultural, levando
em conta as barreiras socioculturais e os limites da Administração municipal, assim
como a necessidade de fixar prioridades a partir da análise da situação.
A formulação de diretrizes, para implementação de uma política pública,
precisa fundamentar-se em bases lidas, para uma construção coletiva,
democrática e participativa. O poder público deve firmar parcerias a exemplo do
passado, como fez com a ACM/FEFISO, considerando seus limites e possibilidades.
78
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Paris”. Sorocaba: ACM, 2005.
ACM Sorocaba. Relatório de atividades e Finanças- 2006: 150 anos de
fundação Sorocaba: ACM, 2006.
ALMEIDA, Aluisio. História de Sorocaba para crianças. Sorocaba: Instituto
Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba, 1992.
ALVES, Rubem. O que é religião.São Paulo: Edições Loyola, 2002.
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85
APÊNDICES
APÊNDICE 01 - Roteiro de entrevista aplicado aos profissionais de
Educação Física da cidade de Sorocaba-SP
APÊNDICE 02 - Entrevistas
86
APÊNDICE 01 – Roteiro de entrevista aplicado aos profissionais de
Educação Física da cidade de Sorocaba-SP
Data:
Nome:
Formação Acadêmica:
Instituição de Formação:
Ano de conclusão do curso:
1- Qual a função profissional e não profissional (voluntário) que ocupa hoje?
2- Quais as funções profissionais e não profissionais que ocupou na cidade de
Sorocaba?
3- Qual sua relação com a ACM / FEFISO?
4- Em sua opinião a ACM/FEFISO exerceu, exerce ou não influência na
disseminação do lazer e de práticas esportivas em Sorocaba? Se a resposta for
positiva como se deu essa influência?
5. Em sua opinião a ACM /FEFISO contribui ou não para a formação de uma política
pública no setor do lazer e esporte? Se a resposta for positiva, de que maneira a
ACM influenciou nessa Política Pública de Sorocaba? Essa contribuição acontece
hoje ou não? De que forma?
6- Você pode citar feitos ocorridos que demonstrem a influência da ACM/FEFISO na
Política Pública de Lazer e esporte de Sorocaba?
7- E no setor privado?
87
APÊNDICE 02 - Entrevistas
Informações gerais
Data: 30/01/2007 Nome: Antonio Carlos Bramante
Formação Acadêmica: Dr. Educação Física
Instituição de Formação: Faculdade de Educação Física de São Carlos
Ano de conclusão do curso: 1971
Data: 13/04/2007 Nome: Carlos Eduardo Walter
Formação Acadêmica: Educação Física, e em Pedagogia, com especialização em
Administração Escolar.
Instituição de Formação: Escola de Educação Física da Universidade de São Paulo
Ano de conclusão do curso: 1967
Data: 25/01/2007 Nome: Elói Ferreira
Formação Acadêmica: Sou formado pela ACM/FEFISO. Na verdade, o último ano eu
fiz na ACM, sou da turma quando a faculdade não era da ACM ainda, 77, 78. Em 78
a faculdade passou a funcionar aqui na ACM e em 79, eu fiz os dois últimos
períodos aqui na ACM.
Instituição de Formação: ACM/ FEFISO
Ano de conclusão do curso: Dezembro de 1979, (primeira turma a formar na ACM.)
Data: 26/01/2007 Nome:Jorge Arcanjo da Silva
Formação Acadêmica: Educação Física
Instituição de Formação: ACM/FEFISO
Ano de conclusão do curso: 1985
Data: 16/05/2007 Nome: José Carlos de Almeida
Formação Acadêmica: Educação Física, Técnico Esportivo, Bacharel em Direito.
Instituição de Formação: Escola de Educação Física da Universidade de São Paulo
Ano de conclusão do curso: 1949.
Data: 24/01/1007 Nome: José Fernando Gomes
Formação Acadêmica: Eu sou da primeira turma da Faculdade de Educação Física
de Sorocaba, terminei a faculdade em 73 e depois a ACM comprou a Faculdade de
Educação Física e passou a ser Faculdade de Educação Física da ACM de
Sorocaba. Então a gente faz parte desde a primeira turma aqui da faculdade e eu
sou da primeira turma de formando da Faculdade de Educação Física de Sorocaba.
Instituição de Formação: Faculdade de Educação Física de Sorocaba.
Ano de conclusão do curso: 1973
Data: 13/04/2007 Nome: José Geraldo Rondoni Vecena
Formação Acadêmica: Sou formado em Educação Física com especialização na
área de Recreação e Lazer e complementação pedagógica, além de Administração
Pública.
88
Instituição de Formação: Na FEFISO da ACM de Sorocaba.
Ano de conclusão do curso: Em julho de 1985.
Data: 26/01/2007 Nome: Miriam Aparecida Ribeiro Borba Leite
Formação Acadêmica: Educação Física
Instituição de Formação: na ACM/ FEFISO ingressando em janeiro de 1979
Ano de conclusão do curso: formei em 1981.
Data: 22/01/2007 Nome: Paulo de Tarso
Formação Acadêmica: Educação Física
Instituição de Formação: Faculdade de educação Física FEFISO/ACM
Ano de conclusão do curso: Em 1987
Data: 17/01/2007 Nome: Romeu Pires Osório
Formação Acadêmica: Educação Física
Instituição de Formação: Universidade de São Paulo
Ano de conclusão do curso: 1947
PERGUNTA 1
Quais as funções profissionais e não profissionais que ocupa hoje?
(Antonio Carlos Bramante) Atualmente sou secretário da Juventude da Prefeitura
de Sorocaba, mantenho um vínculo com a Universidade de Sorocaba dando aula,
mas tenho um projeto de pesquisa da Fapesp em andamento, então tem esse
vínculo e mantenho minhas atividades acadêmicas e também de consultorias, dentro
do possível, muito reduzidas em função desse novo cargo aqui na Prefeitura.
(Carlos Eduardo Walter) Eu sou professor da Prefeitura Municipal de Sorocaba,
atuando na parte de planejamento e organização na Secretaria de Esportes.
(Elói Ferreira) Meu trabalho é dedicação exclusiva na ACM. A gente tem , sim,
alguns trabalhos a nível de comunidade, por exemplo faço parte do Panathlon
Clube de Sorocaba que é um clube de serviço totalmente direcionado ao esporte,
tenho envolvimento com alguns clubes, a nível de futebol varzeano, futebol amador
89
e sempre a gente procura aplicar muito dos fundamentos, das características da
ACM ainda a gente vai participar desses trabalhos, né.
(Fernando Gomes) Bom, eu sou professor de Lazer e Recreação da Faculdade de
Educação Física da ACM, desde 1984, faz tempinho já (rs).
(Jorge Arcanjo da Silva) Hoje coordeno as atividades do departamento infantil da
ACM de Sorocaba. São atividades diversificadas para crianças e adolescentes, nós
iniciamos a partir de seis meses e vamos até 14 anos, desde natação para bebês,
atividades para pré-escolares e depois as faixas etárias vão se dividindo por grupos
de interesses, de cinco a sete anos, oito a dez anos, onze a treze anos e aí fazemos
a transição para o departamento de jovens que dá seqüência ao trabalho.
(José Carlos de Almeida) Me aposentei em 88, me aposentei no Estado também.
(José Geraldo Rondoni Vecena) Minha função de origem, meu cargo básico é
técnico em Recreação e Lazer na Prefeitura de Sorocaba.
Olha exerci varias funções e tive várias ações voluntárias, varias ações sociais
e a políticas, por exemplo, presidente do conselho do sindicato dos servidores
públicos municipais, uma ação praticamente voluntária, apesar de ser um cargo
eletivo, tinha uma atuação voluntária, Lions Clube, a parte da liga sorocabana de
futebol e eu comecei na verdade na Prefeitura num projeto chamado Horta
Comunitária, depois esse projeto evoluiu para Quintal Comunitário em 1983 , se não
me engano.
(Miriam Aparecida Ribeiro Borba Leite) Eu sou dirigente da Faculdade de
Educação Física da Associação Cristã de Moços de Sorocaba.
Eu apenas trabalho na direção da Fefiso da ACM de Sorocaba
(Paulo de Tarso) Eu atuo em três campos. A Educação Física escolar, no colégio,
na Escola Municipal Flávio de Souza Nogueira. Na prefeitura Municipal de Sorocaba,
na função de técnico de Recreação e Lazer e como administrador de um
acampamento aqui em Sorocaba
90
Não profissionais são muitas né, no campo do lazer por exemplo eu freqüento muito
a ACM , freqüento o clube de campo dos funcionários públicos municipais, sou
voluntário em algumas entidades sociais de Sorocaba, faço trabalho voluntário,
enfim, né, na medida do possível.
Sou católico, praticante.
(Romeu Pires Osório) Estou aposentado, afastado totalmente de qualquer
atividade. Colaboro, participo de eventos da ACM, você me encontrou e colaboro
com entidades sociais depois que me aposentei colaborei por sete anos com o
Hospital Evangélico, minha vida social é participar das atividades da igreja,
evangélica, presbiteriana e minha esposa também é evangélica.
PERGUNTA 2
Quais as funções profissionais e não profissionais que já ocupou na cidade de
Sorocaba?
(Antonio Carlos Bramante) Fui professor de educação física na rede estadual, fui
professor na ACM, antes mesmo da faculdade vir para a ACM, fui professor de
natação, Meu primeiro vínculo empregatício foi de professor na faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras porque no ano anterior que eu me formei, havia uma lei
obrigando a educação física em todos os níveis. Então, a primeira faculdade em
Sorocaba a implementar a lei foi a de Filosofia e que depois se tornou a
Universidade de Sorocaba. Então meu vínculo empregatício com a faculdade, entre
idas e vindas, afastamentos, é desde 1971 e eu acho que eu fui um dos primeiros
professores de educação física no ensino superior em uma faculdade que não era
de educação física e era professor de recreação e de voleibol na faculdade. E
começou também com a minha função pública e passei em várias situações,
comecei coordenando pré-escolas, ao mesmo tempo em que cuidava da escola
criava o Programa Lazer que foi a primeira tentativa de uma política publica de lazer
91
aqui em Sorocaba, foi em 77. Então o ano que vem vai fazer 30 anos Eram 14-13
pré-escolas que eu supervisionava e também coordenava o Programa Lazer. Esse
Programa Lazer se tornou uma divisão eu fui chefe da Divisão do Programa Lazer
depois eu saí para o doutorado e quando voltei fui secretário da Criança e do
Adolescente por dois anos, fui secretário de Cultura por dois anos. Daí com um outro
prefeito fui secretário de Esportes e Lazer aqui em Sorocaba e atualmente da
Juventude. Então passeei bastante (rs). Logicamente isso, na Unicamp
também, em 88, fazendo essa ponte Sorocaba e Campinas. Sem contar 97, que eu
me afastei de Campinas e voltei para Sorocaba para trabalhar no Indesp (Instituto do
Desenvolvimento do Esporte) que era o braço do esporte do Governo Federal, na
época o Pelé era o ministro extraordinário de Esportes. Então foi mais ou menos
isso. De 77 a 89. Passei parte da minha vida na ACM e depois como diretor,
praticamente sete anos.
(Carlos Eduardo Walter) Bom, eu comecei em 1968, atuando na rede pública
estadual como professor de Educação Física, depois eu regressei a Sorocaba em
73. Depois de fazer a faculdade, eu fui gerente de esportes tanto do Ipanema Clube
e mais pra frente do Clube de Campo de Sorocaba, fui professor da faculdade de
Educação Física por suas oportunidades, de 73 a 75 e depois de 83 a 87, fui
professor do Colégio Técnico Renovação Santa Escolástica, hoje o colégio é da
Faculdade de Engenharia, na parte de ensino profissionalizante e trabalhei em
várias escolas estaduais, bem como na Prefeitura de Sorocaba e além disso eu tive
funções em São Paulo, na Universidade de São Paulo, no Centro de Práticas
Esportivas e fui técnico de Vôlei tanto no Palmeiras, quanto no Pinheiros.
Faço trabalho voluntário junto a uma instituição, numa casa espírita, onde eu atuo
na ajuda da assistência social e de orientação.
(Elói Ferreira) quando eu vim para Sorocaba eu era funcionário público do Estado,
trabalhei na área da Secretaria da Saúde, trabalhei em hospital durante nove anos.
Mas eu vim para Sorocaba para fazer Educação Física. Mas nessa trajetória eu tive
um trabalho em finais de semana, em feriados, trabalhei no Ipanema Clube e
praticamente na reta final do curso de Educação Física trabalhei em algumas
academias, que aliás era o início, naquela época não existiam muitas academias,
até que eu tive um convite da ACM . Então eu me desliguei dos outros órgãos,
92
inclusive do serviço público e passei a me dedicar, exclusivamente para a ACM, fiz
uma carreira dentro da ACM.
(Jorge Arcanjo da Silva) Fui professor de ginástica muito tempo, de ginástica
aeróbica, isso bem anos 80.Aqui em Sorocaba eu lecionei em algumas escolas
particulares, uma escola cooperativa Aluisio de Almeida, já extinta, que foi uma
iniciativa do Banco do Brasil, a Coeso, eu era o responsável pela Educação Física
da escola e também nós gerenciamos a escolinha de basquete do Colégio Objetivo
durante oito anos até o nosso retorno às atividades da ACM, onde reiniciei como
secretário executivo. Trabalhei durante oito anos na prefeitura Municipal de
Sorocaba, como técnico de esportes, onde a gente procurava desenvolver tanto em
centro esportivo, em locações, prévias pela prefeitura ações tanto sociais quanto
esportivas. Nós fazíamos o trabalho de abordagem a crianças e adolescentes em
situações de risco, pela Secretaria pertinente e desenvolvíamos também atividades
de caráter recreativo, na praça, eventos que promoviam tanto a cidade de Sorocaba
quanto o conceito de atividade física e saúde e junto aos centros esportivos.
(José Carlos de Almeida) Fui Delegado Regional de Esportes, antigamente era
Delegado Regional de Educação Física, depois passou Delegado Regional de
Educação Física e Esporte, depois ficou Delegado Regional de Esportes e Lazer,
fiquei no cargo durante 30 anos. Fui Secretário Municipal de Educação também, em
1963. Eu tive alguns comércios (também interessa?), tive posto de gasolina, tive
livraria etc. Fui professor de educação física de quase todas as escolas de Sorocaba
na época, porque eu acho que eu era um dos únicos formados aqui em Sorocaba.
Depois de 49 que começaram alguns conhecidos a irem fazer Educação Física.
Lecionei na OSE, lecionei no Achilles de Almeida, lecionei no Getúlio Vargas, no
Estadão, no D. Pedro, em quase todas as escolas lecionei no Ciências e Letras, Nos
últimos anos fui advogado da Prefeitura também.
(José Fernando Gomes) Como professor de educação física, logo que eu me
formei eu fui trabalhar no centro esportivo e naquela época era muito forte o EPT
(Esporte Para Todos) nós fizemos alguns encontros sobre o EPT, o Lamartine
Pereira da Costa era um dos homens chaves do EPT e a gente elaborou para
Sorocaba uma política de ação baseada no EPT, no esporte para todos. Então eu
93
trabalhava muito assim na organização, nós tínhamos muito treinamento de
pessoas. Então o Sesc o Sesi, o Sesc trabalhava com a gente, dava as diretrizes e
depois a gente treinava a comunidade tentando fazer com que a comunidade
assumisse essa parte de lazer e recreação e ação comunitária, através do lazer e da
recreação, conseguisse que se formassem grupos fortes, que esses grupos vissem
as suas necessidades primárias e a partir daí começar a trabalhar realmente no
melhoramento da cidadania do indivíduo através do lazer e recreação. Além disso fui
chefe da divisão de lazer da Prefeitura Municipal de Sorocaba durante 18 anos,
então a minha vida é trabalhar com lazer, sempre foi nessa área social voltada para
o entretenimento do tempo livre, atividade do tempo livre.
(José Geraldo Rondoni Vecena) Fui professor da cadeira de prática de ensino. Fui
delegado regional de esportes e recreação do estado de São Paulo, na primeira
gestão Mário Covas. Também fui administrador das bibliotecas públicas, também fiz
parte do Conselho Municipal de Cultura. Fui coordenador regional do Senac, dos
cursos de qualificação profissional na área de animador cio cultural de recreação
e lazer, e atuei no Objetivo que antigamente se chamava Ciências e letras, dando
aula pra quartas séries, depois ingressei no Colégio Veritas, onde permaneci creio
que por oito anos, ingressei na prefeitura em 84 e recebi inúmeras atribuições,
responsabilidades tive um acesso a vários cargos e funções.
E paralelamente sempre desenvolvendo outras atividades, outras ações. Como em
Hotéis. Na Prefeitura fui responsável pela administração do Parque Chico Mendes,
principalmente para desenvolver programas de esportes e lazer nesse próprio.
Fui coordenador e responsável por vários projetos, como Férias Quentes, Expo
Verde...
(Miriam Aparecida Ribeiro Borba Leite) Eu trabalhei como professora de ginástica
em uma academia que existia aqui na cidade, que era Ginástica Feminina Ana
Maria, depois trabalhei como professora de educação física substituindo licença-
gestante da professora do Colégio Objetivo e a licença-gestante se prolongou um
pouco mais por conta de dificuldades de saúde e eu fiquei por seis meses exercendo
a função de professora. Paralelo a isso também trabalhei na rede municipal, na rede
estadual como professora de educação física, trabalhei também na implantação da
educação física no ciclo básico e trabalhei também como professora de educação
94
física no curso de magistério, mais direcionado para a educação física infantil e na
Fefiso como docente comecei no ano de 1987, trabalhei como docente por 12 anos
e estou na direção já por quase nove anos.
(Paulo de Tarso) Bom, ingressei na prefeitura de Sorocaba no ano de 1986 como
estudante estagiário e aqui estou até hoje. Então eu fiz minha carreira dentro da
Prefeitura de Sorocaba mas atuei também dentro da iniciativa privada como
academias de ginástica, musculação, escolinhas de iniciação esportiva, grêmios,
grêmios d e algumas empresas de Sorocaba, mas sempre com foco maior em
eventos tanto dentro da prefeitura quanto fora da prefeitura e na educação física
escolar também trabalhei em alguns colégios da rede estadual e alguns colégios da
rede particular de Sorocaba.
(Romeu Pires Osório) Eu fiquei de primeiro de janeiro de 56 até dezembro de 88
..32 anos...mais 8 que eu tinha trabalhado em São Paulo então trabalhei 40 anos na
ACM. Eu vim para trabalhar na ACM com tempo integral, colaborava, sim, no meio
esportivo, eu fui presidente da Liga Sorocabana de basquete (Lis oba).
PERGUNTA 3
Atualmente qual sua relação com a ACM / FEFISO?
(Antonio Carlos Bramante) eu tenho o maior carinho e respeito, todos os meus
livros de educação física eu dôo para a ACM eu já doei mais de mil exemplares para
a biblioteca da ACM e sempre que eu posso eu falo que a ACM foi a entidade
responsável pela mudança não da minha profissão, da minha vida particular.
voltei lá fazer palestras ou cursos do Instituto, já participei de alguns encontros lá.
(Carlos Eduardo Walter) eu hoje tenho relações cordiais e relações de parcerias
com a Fefiso e com a própria ACM. É uma instituição que está sempre agregada às
95
ações da Prefeitura. No início do Projeto Caminhada, da qual ela é uma das
parceiras, eu era um dos coordenadores da implantação desse projeto e foi por
nosso intermédio que ela foi convidada a integrar esse grupo, para o trabalho poder
se desenvolver na comunidade de Sorocaba.
No final da década de 60, quando o complexo d a rua da Penha ficou pronto e eu
jogava voleibol pela equipe de Sorocaba então havia momentos de utilização da
estrutura esportiva da ACM para o treinamento dessa equipe. Fui inclusive sócio
durante um certo tempo, se não me engano no início da década de 70,
(Elói Ferreira) Eu faço parte, sou secretário executivo, mas não dou aula na
Faculdade de Educação Física, eu apenas faço palestras para os alunos sobre a
estrutura e funcionamento da ACM e o que acontece? Muitos alunos que entram na
faculdade não conhecem a ACM, o sabem o que significa a sigla ACM. Então o
aluno estranhava muitas coisas, ele entra na faculdade, ele tem o direito de utilizar
os horários dos associados, só que às vezes ele não entende porque que tem que
usar uniforme, tem horário para iniciar e terminar atividades, porque que eles não
podem ficar sozinhos na quadra, sempre tem que ter algum profissional da ACM,
algum profissional de Educação Física dirigindo e orientando as atividades. Todos
os nossos horários são dirigidos. Então nós passamos a falar sobre a história e a
filosofia da ACM e eu tenho a responsabilidade de falar sobre o funcionamento e
estrutura da ACM para o aluno já saber como vai se encaixar dentro da Instituição.
(Jorge Arcanjo da Silva) Sou secretário executivo
(José Carlos de Almeida) Com a FEFISO não tenho relação nenhuma, com a ACM
sou sócio eleitor e sócio familiar. Muito pouco eu vou lá. Somente quando eles
mandam convite para votar. Vou lá, voto, vou embora e às vezes, vou ao final de
ano, quando eles apresentam relatórios, assinar atas anteriores, mas não tenho
assim um relacionamento muito a mais com a ACM, que eu já falei para você que de
início, com os secretários eu me aborreci e me afastei. Mesmo assim eu era sócio
número 1.
(José Fernando Gomes) Eu sou professor de Lazer e Recreação dentro da Fefiso
desde 84 e trabalho na Faat, que é um curso, um projeto que existe com a terceira
96
idade, também voltado para o lazer e recreação dentro da Fefiso. Trabalho alguns
programas comunitários, campanhas solidárias de doações, né, trabalho nesse setor
e às vezes represento a Fefiso em alguns cursos fora, atualmente estou trabalhando
bastante com ginástica laboral e hoje sou professor aqui, né, continua sendo
professor.
(José Geraldo Rondoni Vecena) Amigável, de parceria.
(Miriam Aparecida Ribeiro Borba Leite) a relação pessoal e a relação profissional.
Por conta das minhas atividades profissionais fico mais na ACM do que na minha
própria casa , pelo fato de exercer a docência na Fefiso durante 12 anos, eu tive a
oportunidade de vivenciar muito momentos de mudança na ACM e na Fefiso
(Paulo de Tarso) Com a ACM, hoje eu sou sócio, né, freqüentador, minhas filhas
também freqüentam a ACM. Essa é a minha relação hoje com a ACM clube, né?
Tenho muitos amigos dentro, tanto na ACM como na Faculdade de Educação
Física de Sorocaba e com a Fefiso meu contato tem sido pequeno, mas com os
professores mesmo. É um contato que eu diria assim profissional mesmo .
(Romeu Pires Osório) ACM apenas colaborador voluntário eu só participo das
reuniões e com a Fefiso da mesma forma não tenho nenhuma relação nenhuma
função. Tive o prazer de receber da Fefiso um título, diploma de reconhecimento
mas e somente isso.
PERGUNTA 4
Em sua opinião a ACM/FEFISO exerceu, exerce ou não influência na
disseminação do lazer e de práticas esportivas em Sorocaba? Como?
(Antonio Carlos Bramante) Ah, definitivamente. A ACM foi responsável por muita
coisa. A ACM influenciou no basquete, no vôlei em Sorocaba. Foi a primeira piscina
97
aquecida de Sorocaba. Sorocaba nunca teve pista de atletismo, mas a primeira, o
primeiro arremedo de pista foi no Jardim São Paulo onde as pessoas podiam
treinar como no centro esportivo também da Vila Gabriel. E daí com a faculdade
então, o handebol se desenvolveu muito dentro da ACM, a ginástica também.
Determinados modelos, hoje em desuso, a ACM fazia de maneira exemplar, como a
calistenia, a ACM fazia com um piano, com um pianista.
(Carlos Eduardo Walter) Ela é uma instituição que tem a base de sustentação das
suas ações junto a comunidade teve sempre muito a ver com o esporte e com o
lazer. Mesmo com a FEFISO, quando ela incorporou a FEFISO, ela deu
continuidade a isso através das suas ações por intermédio dos professores e alunos
da faculdade.
(Elói Ferreira) Olha, eu acredito que sim porque durante muito tempo, na verdade,
nós já tínhamos uma faculdade de educação física na cidade. Então, muito da
formação dos profissionais que saiam, eram formados na ACM desde 78 para cá.
ACM é um quadro muito bom, muito participativo, então a gente tem a oportunidade
de aprender muito porque você põe no papel, programa alguma coisa, você tem
pessoas para realizar. Eu por exemplo senti esse problema em algumas épocas,
eu planejava as atividades, trabalhei em algum lugar mas de repente não tinha
público para por em prática aquilo que eu queria então isso realmente é muito difícil
e isso não acontece na ACM, sempre nós estamos tendo público. Então, o que
acontece, a faculdade é da ACM. Então hoje inclusive existe treinamento específico
para professores da Faculdade porque também nós temos muitos professores que
foram contratados para dar aula na Faculdade de Educação Física que não
conhecem, que não conheciam a filosofia da ACM. Então, hoje, eles aplicam muita
coisa agregada à matéria da qual eles lecionam aos fundamentos da ACM, aos
princípios da ACM.
(Jorge Arcanjo da Silva) Totalmente. o é pretensão nenhuma dizer que
Sorocaba se divide em sua história, principalmente no século 20 entre antes da ACM
e depois da ACM.
é de conhecimento que a ACM veio para através da iniciativa de um
profissional de educação física que queria justamente que a população de Sorocaba
98
tivesse acesso ao que ele teve quando se graduava na escola de educação física da
cidade de São Paulo, era a que antecedeu a USP naquele momento. A ACM em
trouxe a Sorocaba uma série de conceitos novos ,de práticas de atividades
esportivas e também de realização de capacitações. A ACM que trouxe para cá, a
primeira piscina aquecida da cidade, não são da cidade, eu diria que da nossa
região. É esta piscina que nós temos aqui, Uma das pioneiras do interior do estado,
também foi a ACM que propiciou a capacitação dos cursos de natação para primar o
lema “Todo sócio um nadador, todo nadador, um salva-vidas” também foi feito pela
ACM. (Jorge Arcanjo da Silva)
(José Carlos de Almeida) Ah, bastante, por tudo que eu acabei de falar, todos os
departamentos de qualquer idade, a partir das crianças, adultos etc., eles praticam
esportes dentro, fazem ginástica, tudo isso, ginástica com música, eles fazem
campeonato, eles se articulam entre si, eles elegem o melhor o maior, a miss, tudo
lá dentro e fora, então, eles disseminam essas coisas. É, eles são batutas.
(José Fernando Gomes) Existe uma forte influência da ACM no esporte, no lazer,
na recreação da cidade, eu acho. Além do esporte e da recreação, a ACM se
preocupa muito com a parte social, com a parte da cidadania, educação informal e
isso aí eu acho que tem uma grande influencia, a ACM tem hoje, além da faculdade,
tem o clube que funciona na rua da Penha, tem o clube de campo, no Jardim São
Paulo e tem o acampamento na represa da Light. Todos esses espaços são
hiperlotados e hoje ela consegue influenciar na formação da população sorocabana.
(José Geraldo Rondoni Vecena) Olha, eu sou de uma época em que s ainda
tínhamos aquele movimento mundial chamado Esporte para Todos, o tal do EPT . E
a ACM foi aquele território que abrigou muitas reuniões, ações destinadas a essa
questão da ampliação da prática da atividade física, da atividade esportiva. Até hoje
ela exerce, trazendo como exemplo o projeto caminhada recente parceria da ACM
com a prefeitura de Sorocaba. Então, todo o controle das equipes que estariam
participando desse evento durante as 24 horas foi efetivado pelos alunos da Fefiso,
liderados pelo vice-diretor que é o Valentim.Então existe sim, existiu. Acredito eu
que existiu mais intensamente do que hoje porque de certa maneira era o único pólo
que atuava dentro nessa área, hoje com a proliferação das faculdades, o aumento
99
de número das faculdades, das novas opções, então vai perdendo um pouquinho
dessa centralização dessa possibilidade de aglutinar tudo que diz respeito a
atividade física, esportes, lazer. (Vai compartilhando mais com outras instituições
essa responsabilidade).
(Miriam Aparecida Ribeiro Borba Leite) Durante 33 anos, a Fefiso foi a única
Faculdade de Educação Física em Sorocaba, o único curso de educação física em
Sorocaba, portanto, a maioria dos profissionais que está em exercício hoje na
cidade, tanto nos próprios públicos estaduais, municipais, como na iniciativa privada,
foram egressos pela Fefiso, podemos dizer que 90% desses profissionais foram
egressos pela FEFISO. A partir de 2003 houve a criação de outras escolas de
educação física na cidade e na região, entretanto, a FEFISO continua tendo uma
demanda bastante superior em relação ao numero de vagas oferecidas então a
credibilidade conseguida pela instituição durante os 33 anos que ela foi a única na
cidade mantém-se até o presente momento. E a influência da FEFISO na política, no
cenário esportivo da cidade ela não pode ficar desatrelada dessa condição. A
maioria dos profissionais teve a vivência, a formação aqui dentro da FEFISO.
(Paulo de Tarso) Ah, sim, ela sempre exerceu, desde que eu conheço a ACM,
desde que eu conheço a Faculdade de Educação Física eu acho que ela sempre
exerceu e vai continuar exercendo uma influência bastante grande na política
pública de esporte e lazer na cidade de Sorocaba. Como ela exerce isso? Acho que
começa pela formação profissional, na formação dos profissionais de educação
física ela está exercendo uma influência no mercado de trabalho de Sorocaba,
preparando profissionais para atuarem aqui na cidade de Sorocaba. Mas em termos
de política pública, tanto a ACM quanto a FEFISO elas participam da política pública
de Sorocaba principalmente com relação a alguns projetos ligados à secretaria de
esportes também de outras secretarias, de Educação, de Saúde. Então, ela, como
instituição ACM, como instituição educacional no caso a FEFISO, ela está sempre
presente também, quando convocada, convidada a participar das ações envolvidas
na cidade de Sorocaba.
100
(Romeu Pires Osório) A ACM, antes da faculdade de educação física exercia a
sua influência no lazer, no esporte. Isso de forma como ela fazia como entidade
filantrópica que ela e uma entidade filantrópica e de educação integral. Sempre
auxiliarmos o Esporte para Todos, como que... Inclusive um ex-diretor da Fefiso
trabalha na prefeitura, que é o Bramante. O Bramante é cria da ACM desde menino
ele é cio da ACM desde os sete, oito anos. Mas na prefeitura, sempre a ACM
esteve, quando solicitada, sempre teve a colaboração da ACM, nas comissões da
prefeitura e na organização das atividades de lazer, lazer em geral.
PERGUNTA 5
Em sua opinião a ACM/FEFISO contribuiu ou não para a formação de uma
Política Pública no setor de lazer e esportes? Se a resposta for positiva, de que
maneira a ACM/FEFISO influenciou nessa Política Pública de Sorocaba? Essa
contribuição acontece hoje?
(Antonio Carlos Bramante) Ah, definitivamente. A ACM interferiu, sim e muito. Se
não ela, quem ela formou. E a ACM tem essa capacidade de formar quadros e não
conseguir reter quadros. Acho que é isso. Ela forma muito quadros e as pessoas
aprendem com a ACM e vão para outros lugares e eu diria ou voltaria a dizer que o
curso do Instituto Técnico é um exemplo de currículo para formar o recreado, o
profissional de recreação e lazer. Logicamente, que tem um componente religioso
muito forte, mas se você tirar esse componente, toda a parte de gestão, de relações
humanas é o clube que deu certo.
(Carlos Eduardo Walter) O início do Programa Lazer, de Recreação e Lazer na
cidade de Sorocaba teve como mentor o professor Bramante que trabalhava na
Prefeitura de Sorocaba e acumulava a função de Diretor da Fefiso/ACM. Então, ela
teve uma participação efetiva nesse projeto que deu certo em Sorocaba.
101
Pelo que eu sabia algumas ações ainda são feitas e a ACM participa muito, junto à
Prefeitura nos projetos desenvolvidos para a comunidade, tanto na área de lazer
quanto na área de esporte, ela está sempre presente como uma das parceiras.
(Elói Ferreira) Olha eu acredito que sim porque durante muito tempo, na verdade,
nós tínhamos uma faculdade de Educação Física na cidade. Então, muito da
formação dos profissionais que saiam, desde 78 para cá, ela está muito ligada à
forma da ACM de trabalhar.
Então, hoje inclusive existe treinamento específico para professores da Faculdade
porque também nós temos muitos professores que foram contratados para dar aula
na faculdade de educação física que não conheciam a filosofia da ACM. Hoje eles
aplicam muito dos fundamentos da ACM, os princípios da ACM agregada à matéria
que lecionam.
(Jorge Arcanjo da Silva)
A ACM tem a preocupação em brindar a comunidade com profissionais competentes
para a realização da prática de atividade física.
Logo que a faculdade de educação física de Sorocaba ficou sem guarita na cidade a
ACM assumiu-a para que a Faculdade pudesse ter a sua continuidade isso já
transcorrido mais de 25 anos precisamente e dessa forma a ACM se fez responsável
por toda uma geração de profissionais que sistematicamente ingressaram e
ingressam no mercado de trabalho fazendo com que a atividade física seja praticada
num nível bastante aceitável pela nossa comunidade e também a ACM tem trazido
para Sorocaba de maneira até sistemática informações de todo nosso contexto de
cuidado ambiental, as preocupações com as tendências atuais, como ecologia, meio
ambiente, ecossistema, a formação de comunidades sustentáveis.
A ACM começou a atuar no campo do desenvolvimento social, As realizações
sistemáticas de conferências internacionais ou de capacitações em áreas de ações
diversas são atitudes pioneiras da ACM e as primeiras jornadas internacionais
realizadas em âmbito de Educação Física foram realizadas aqui nos anos 80 sob a
organização da ACM de Sorocaba.
(José Carlos de Almeida) Deve ter contribuído. Eles contribuíram através, por
exemplo, da Faculdade de Educação Física que foi para frente.
102
(José Fernando Gomes) A ACM, embora não se perceba, mas hoje, por exemplo,
eu acho que 90 ou 100% dos professores que trabalham na Secretaria de Esportes
são formados na ACM, têm a formação acemista, uma formação voltada par ao
humanismo, o cristianismo e também a parte social da ACM é muito interessante.
Manhãs e tardes de lazer, as primeiras Manhãs e Tardes de Lazer aconteceram em
1972, em Sorocaba, no bairro da Barcelona, foi através da Faculdade de Educação
Física e hoje a gente vê que ainda funciona
(José Geraldo Rondoni Vecena) Olha, eu sou de uma época em que s ainda
tínhamos aquele movimento mundial chamado Esporte para Todos, o tal do EPT . E
a ACM foi mais ou menos aquele território que abrigou muitas reuniões, ações
destinadas a essa questão da ampliação da pratica da atividade física, da atividade
esportiva. Trazendo como exemplo recente, temos uma parceria da ACM com a
prefeitura de Sorocaba o projeto caminhada, por ex. tivemos até recentemente no
último dia 30 a Caminhada 24 horas. Então, todo o controle das equipes que
estariam participando desse evento durante as 24 horas foi efetivado pelos alunos
da Fefiso, liderados pelo vice-diretor que é o Valentim.
Então, existe, sim, existiu. Acredito eu que existiu mais intensamente do que hoje
porque de certa maneira era o único pólo que atuava dentro nessa área, hoje com a
proliferação das faculdades, o aumento de número das faculdades, das novas
opções, então vai perdendo um pouquinho dessa centralização dessa possibilidade
de aglutinar tudo que diz respeito a atividade física, esportes, lazer. Vai
compartilhando mais com outras instituições essa responsabilidade.
(Miriam Aparecida Ribeiro Borba Leite)
Durante 33 anos, a FEFISO/ACM foi a
única Faculdade de Educação Física em Sorocaba, o único curso de educação física
em Sorocaba, portanto, a maioria dos profissionais que está em exercício hoje na
cidade, tanto nos próprios públicos estaduais, municipais, como na iniciativa privada,
foram egressos pela Fefiso, podemos dizer que 90% desses profissionais foram
egressos pela FEFISO. A partir de 2003, houve a criação de outras escolas de
educação física na cidade e na região, entretanto, a FEFISO continua tendo uma
demanda bastante superior em relação ao numero de vagas oferecidas, então, a
credibilidade conseguida pela instituição.
103
(Paulo de Tarso) Ah, sim, ela sempre exerceu, desde que eu conheço a ACM,
desde que eu conheço a Faculdade de Educação Física, eu acho que ela sempre
exerceu e vai continuar exercendo uma influência bastante grande na política
pública de esporte e lazer na cidade de Sorocaba. Como ela exerce isso? Acho que
começa pela formação profissional, na formação dos profissionais de educação
física ela está exercendo uma influência no mercado de trabalho de Sorocaba,
preparando profissionais para atuarem aqui na cidade de Sorocaba. Mas em termos
de política pública, tanto a ACM quanto a Fefiso elas participam da política pública
de Sorocaba principalmente com relação a alguns projetos ligados à secretaria de
esportes também de outras secretarias, de Educação, de Saúde. Então, ela, como
instituição ACM, como instituição educacional no caso a Fefiso, ela está sempre
presente também, quando convocada, convidada a participar das ações envolvidas
na cidade de Sorocaba.
(Romeu Pires Osório) Aqui em Sorocaba a ACM colaborou com a liga de basquete,
que era bola ao cesto naquela ocasião, a liga de futebol de salão não tivemos
uma função direta com o voleibol porque o voleibol nunca foi forte aqui em
Sorocaba, quer dizer, foi forte sempre na ACM, foi um jogo que se jogou bastante o
pessoal que inclusive foi para fora jogar voleibol fora de Sorocaba foi gente formada
aqui em Sorocaba, tem atletas que jogam ou jogavam e times brasileiros formados
aqui em Sorocaba, inclusive Ferreira Leão, o filho do Nilson Ferreira Leão que
estava jogando na Espanha era um menino daqui da ACM.
PERGUNTA 6
Você pode citar feitos ocorridos que demonstrem a influencia da ACM/ FEFISO
na Política Pública de esporte e lazer em Sorocaba?
(Antonio Carlos Bramante) Olha, mais uma vez, se não diretamente,
indiretamente, pelos quadros que formou. Eu não sei se Sorocaba teve em algum
104
momento uma política pública de esporte e lazer. Confesso que eu tentei
implementar uma que contava muito com a ACM porque coincidentemente teve uma
época que eu era diretor da faculdade, professor de recreação e implementando o
Programa Lazer da cidade. Então nessa triangulação a gente conseguiu muito e
criamos um clube que estava muito em voga, um movimento na educação física do
Brasil, que era o movimento esporte para todos e criamos um clube esporte para
todos dentro da ACM. E esse clube era o que fazia a abordagem comunitária e a
gene aprendeu desde cedo que manhã de lazer não é levar equipamento lá para um
bairro e depois sair, ir embora. Isso nos anos 70 a gente aprendeu. Mas aí, o poder
público desaprendeu e eu em pleno ano dois mil e tanto, 2007, eu tenho a
impressão que ainda faz um pouco disso. Vai, leva o circo, desmonta e vem embora.
Então, você está estudando a influência da ACM na política, mas acho que cabe aí
um estudo da evolução das políticas públicas nessa área em Sorocaba. Porque, se
uma cidade em que teve o esforço para ter foi Sorocaba. Mas ao mesmo tempo,
as idas e vindas, né, e até por ter um viés diferente das demais cidades que
implementaram políticas públicas, não é? Sorocaba nunca teve um governo petista.
Então, com isso teve um viés, uma política pública de um determinado viés
ideológico, diferentemente da literatura no Brasil em que as políticas públicas mais
documentadas vêm governos do Partido dos Trabalhadores. E Sorocaba tentou
implementar a sua política de lazer, a sua política de esportes em algum momento.
Eu passei em dois momentos aqui, né. E tentamos mas a última vez foi frustrante
porque a gente tinha uma expectativa de poder fazer um trabalho que poderia se
chamar como uma política, que dava vários componentes de uma política pública
mas não rolou, não rolou porque a lua de mel foi breve. (rs)
Sempre reclamaram que a Secretaria de Esportes e Lazer era uma secretaria de
barganha política e quando vem um profissional da área, que de certa maneira
chegou a prestar até consultoria para fora para fazer políticas publicas, eu fui
recebido assim, acom certa festa e trouxe comigo uma assessora, pessoa que
estava estudando Sorocaba e políticas públicas que é a Elcie, você conheceu bem,
uma entusiasmada. Então era a chance. Mas resistência às mudanças em
todos os lugares.
(Carlos Eduardo Walter) Pelo que eu sabia algumas ações ainda são feitas e ela
participa muito, junto a Prefeitura naquilo que a prefeitura tem de trabalho junto a
105
comunidade, tanto na área de lazer quanto na área de esporte, ela está sempre
presente como uma das parceiras. Agora, quanto à política ela é a instituição que
iniciou junto com o professor Bramante, esse projeto de Recreação e Lazer em
Sorocaba.
(Elói Ferreira) É, na época em que eu era estudante (já faz um bom tempinho, rs)
nós tivemos até algumas situações bastante importantes, em alguns eventos que
eram realizados aqui, próximos da praça Frei Baraúna, no Fórum Velho e eu não sei
te responder até que ponto, no caso da pergunta específica, a ACM foi ouvida, mas
nós como alunos da faculdade, nós tivemos grandes participações. Nós tivemos
uma época que tinha uma atividade que era realizada na Afonso Vergueiro, que não
era tão movimentada como hoje, mas com relação ao voleibol, foram montadas
umas oito ou dez quadras e houve um desenvolvimento assim muito grande da
comunidade, participando, então tinha-se a oportunidade de divulgar um pouco mais
o voleibol, de passar alguma informação de voleibol. Eu acho que talvez esteja o
xis da questão. Eu acho que se nós uníssemos todos esses grupos de hoje nós não
somos mais uma faculdade de educação física em nossa cidade, hoje nós somos
quatro ou cinco, eu acho que agregando todos esses grupos, mais a Secretaria
Municipal de esportes, a Prefeitura, mas sim, sentando para se trocar idéias e tendo
a possibilidade de passar também informações e sugestões, não tenha dúvida que o
crescimento seria muito maio, não é?
E se nós formos aproveitar toda essa gama de estudantes que existem nesses
quatro ou cinco grupos, quer dizer, nós teríamos uma equipe muito grande para ser
distribuída na cidade. Nós não podemos esquecer que hoje o enfoque devido ao
esporte, à atividade física, graças a Deus, para a nossa área ele é bem maior. Hoje
todo o cidadão, por mais simples que ele seja, ele tem informação importante para
fazer atividade física, e talvez o mais simples fosse o que? Caminhar. Porque teria
menos custo não precisa se associar a ninguém, apenas ele ter um tênis, é claro, se
houver a oportunidade de ser orientado a usar um tênis adequado para praticar, mas
hoje nós temos na cidade as pistas de caminhada, inclusive as ciclovias estão sendo
construídas.
Então, veja bem, a possibilidade desses grupos, desses estudantes é orientar essas
pessoas, porque às vezes s criamos essas estruturas, mas é preciso orientá-los.
E a gente alguém caminhando de botina, de chinelos havaianas. Então está
106
fazendo alguma atividade, mas correndo algum risco de algumas lesões às vezes
por falta de equipamento. Então seria importante isso. Agora eu acho que não
precisa se contratar, talvez seja isso aí mesmo, um estagiário nesse período como
estudante, é um incentivo para que ele colabore, então essa união, as faculdades, a
ACM, nós poderíamos em várias regiões da cidade, e isso voltado como estágio,
estar atendendo a comunidade em geral.
(Jorge Alcântara da Silva) Ah sim, são várias as atividades algumas que, além de
ser do meu conhecimento, eu pude vivenciar tanto no meu período de formação
quanto no meu desenvolvimento de graduado. A ACM através da FEFISO
sempre, contou com a mobilização da comunidade, ela realizou e realiza atividades
que captem e que mobilizem crianças e adolescentes e também jovens e adultos
para a prática sistemática de esportes, realizado festivais com faixas etárias
específicas, isso inclusive é da capacitação e formação dos alunos da faculdade,
nos seus períodos respectivos e as modalidades que eles estão tendo em questão,
nós falamos de voleibol, de basquetebol, de futebol como um todo, tanto o futebol de
campo quanto o futsal, atividades de expressão como ginástica rítmica esportiva,
ginástica artística que hoje o Brasil é uma potência, nós temos campeões mundiais
de ginástica tanto masculino como feminino. Então, a ACM viabiliza esse tipo de
evento congrega a comunidade através dos Jogos Comunitários, em que você tem a
participação da comunidade e principalmente comunidades carentes podendo
participar de um evento onde o custo é minimizado e juntamente com estruturas, ou
clubes, entidades, agremiações que participam de campeonatos, então você tem a
comunidade junto com as estruturas de maior organização, participando de um único
evento. Eu acredito que isso seja um feito único aqui na nossa região. Eu até arrisco
dizer, no nosso Estado e, até no nosso país. Isso através da ACM é devido a
credibilidade da Instituição. As rotinas de aulas temáticas. Por exemplo você tem
aqui cursos de capacitação para ginástica, hidroginástica, como nós havíamos
dito, os cursos para habilitação e treinamento em natação, os grupos de caminhada,
os grupos de melhor idade que fazem tanto atividades físicas quanto a mais
importante delas que é a atividade social para a terceira idade, que é onde os
grupos se reúnem para festas e confraternizações. Então tudo isso são atividades
que a ACM realiza e dependendo do alcance, da grandiosidade o poder público, ele
se torna nosso parceiro. Quando o poder público se conta que é algo de vulto ele
107
também se alia. Mas a ACM, independentemente do poder público, realiza porque é
a nossa missão institucional. Realizando isso nós estamos materializando uma
verdade nessa direção, nesse sentido.
(José Carlos de Almeida) a ACM é declarada de utilidade Pública municipal,
estadual, de tudo quanto é jeito, ela é muito bem quista a ACM .
(José Fernando Gomes) Todo o espaço da ACM, o esporte é praticado de uma
maneira muito informal então o cara para praticar qualquer atividade esportiva aqui
dentro da ACM ele não precisa ser um expert em esporte, ele pode jogar vôlei,
basquete, todo tipo de esporte, natação, acantonamento, acampamento, né, então a
maneira da ACM administrar a sua parte esportiva, recreativa é totalmente voltada
para o lazer, né, de uma maneira informal, não exige, a única coisa que a ACM
exige é o uniforme e esse uniforme é exigido de uma maneira que um médico e um
lavador de carro se sintam no mesmo grau dentro de uma quadra, então o uniforme
é acessível, todo mundo pode ter, mas é de uma maneira informal que a gente faz
atividade aqui e eu acho que é isso que é importante dentro da párea do lazer.
Não existe separação entre o melhor e o pior. Existe igualdade entre todos.
Bom, a diretoria da ACM, se você vê, é um pessoal da elite sorocabana, da elite
política, da elite médica. Há uma preocupação muito grande para se formar a
diretoria da ACM por pessoas que representem socialmente Sorocaba em todos os
setores. Então uma influencia muito forte na parte política, na parte religiosa.
uma influência muito forte, por isso que eu me sinto bem trabalhando aqui dentro. Eu
falo para os meus alunos que eu me sinto bem vestindo a camisa da ACM, eu vou
para festa para vários lugares vestindo a camisa da ACM, isso faz parte da minha
vida, faz parte, e a gente se sente bem . Tem um status falar que você é sócio da
ACM hoje em dia. É um dos clubes que não faliu em Sorocaba. Porque existe toda
uma parte humana, uma estratégia que aos outros clubes de Sorocaba deveriam
vir aprender com a gente. Por que os outros clubes de Sorocaba estão falidos?
Existem estruturas enormes, que eu não vou citar o nome, mas que tem toda a infra-
estrutura necessária e não tem sócios para pagar os serviçais que trabalham
dentro.
Então esses clubes deveriam vir aprender um pouquinho com a ACM porque nós
temos por exemplo, na fila da terceira idade, para fazer hidroginástica, s temos
108
uma fila de 400 pessoas esperando. Não que a gente seleciona, né, mas é porque
não cabe na piscina. A Faat que é um curso, um projeto que aula para a terceira
idade, nós temos espaço para 120 pessoas, está lotadíssimo e existe uma fila de
espera de mais de 300 pessoas. Então, uma fila d espera muito grande para a
ACM e os outros clubes, não sei por que motivo, eu acho que pela elitização, pela
exigência de certos caracteres, estão vazios e falidos, infelizmente.
(José Geraldo Rondoni Vecena) É meio difícil afirmar categoricamente. Eu
acredito que de certa maneira, sim, participando ativamente de alguns eventos,
sendo parceiro de alguns projetos, veiculando, informando noticiando ou até
analisando outras ações desenvolvidas nessa área, acredito que toda construção de
política publica de um município passa por discutir, refletir e agir os projetos, os
programas e as ações que fazem parte dessa política pública e isso é feito pela
população, senão diretamente, indiretamente através das instituições que ela se
representada. Então acredito que sim, ainda vem contribuindo através de sua
participação.
(Miriam Aparecida Ribeiro Borba Leite) A FEFISO/ACM oferece também Cursos
de Pós- Graduação Lato Senso os quais podemos citar, Educação Física Escolar e
Atividade Física e Saúde no ciclo vital - da Infância a Terceira idade. São dois cursos
com bom número de participantes, têm um corpo docente bastante qualificado, têm
preparado os profissionais para atuar tanto no âmbito escolar quanto no âmbito
institucional, tanto de atividade física escolar quanto de atividade física para melhor
qualidade de vida. E a gente procura sempre escolher os cursos de graduação de
acordo com as demandas e necessidades do mercado regional. E o número de
participantes é bom, oportunizando um trabalho bem direcionado, as classes não
são inchadas, com classes menores, dando uma formação bastante interessante.
(Paulo de Tarso) Ah, sim. O mais recente é o Projeto Caminhada, que acontece em
Sorocaba. A faculdade de Educação sica e a Faculdade de Medicina são as duas
instituições parceiras da Prefeitura de Sorocaba e elas trabalham desde o inicio do
projeto caminhada, se eu não me engano, no ano de 2002, 2003 que começaram os
trabalhos, o grupo de estudos que surgiu com membros da ACM, membros da
faculdade de Medicina e membros da prefeitura de Sorocaba que iniciaram esse
109
trabalho e continua até hoje, né. Mas existem outros trabalhos que a gente tem
conhecimento também muito fortes na área social, mas que se faz hoje também com
a ferramenta do esporte e da área de lazer, a ACM se envolve em trabalhos em
alguns bairros da cidade, carentes, de baixa renda então a gente sabe que esses
trabalhos da ACM atuam nesse sentido, utilizando o esporte e lazer como
ferramenta de trabalho. Ah, os profissionais da ACM estão sempre em contato
conosco, então ela é uma entidade parceira, né, a ACM, assim como outras
instituições da cidade, que estão sempre fazendo projetos e na medida do possível
um participando da programação do outro, como eu falei no Projeto Caminhada, né,
nós temos a jornada de 24 horas de caminhada que é realizada aqui no Paço
Municipal de Sorocaba, sempre no mês de abril, no Dia Mundial da Saúde. Então, as
duas instituições, a Fefiso e a ACM comparecem com os seus funcionários, com os
estudantes também , de educação física, eu me lembro também que nos Jogos
Comunitários que a ACM realiza ou realizava eu não sei se realiza ainda esse
projeto, a prefeitura também participa, contribuindo de alguma forma com
profissionais. Então, a ACM está sempre emprestando estrutura do Jardim São
Paulo para a prefeitura , também do Centro, algumas vezes s tivemos a
possibilidade de visitar a estrutura física da ACM e a prefeitura, em contrapartida,
também oferece, às vezes, ajuda logística em alguns eventos. Enfim, elas trabalham
juntas, né, a ACM está dentro de Sorocaba e o objetivo das duas é estar atendendo
a população sorocabana, independente de ser acemista ou não.
(Romeu Pires Osório) A ACM sempre esteve presente por causa da quantidade de
sócios que a ACM tem então a participação dela sempre foi direta, a gente,
querendo participar direta ou indiretamente, ela estava nesses programas. Pelo
menos no tempo em que eu dirigi a ACM ela procurava não ser dominante era uma
a mais que participava na direção das atividades. Quando havia a organização
dessas atividades de lazer e educativas ela estava presente eu me recordo que em
diversos momentos a gente era convidada a estar participando dessas reuniões na
Prefeitura.
Falando mais uma vez sobre o professor Otto Wey Neto, ele era professor da Fefiso,
foi Diretor da ACM, sócio fundador da ACM de Sorocaba, foi membro da junta
patrimonial e foi Secretário de Educação da Prefeitura.. Havia esse entrosamento de
pessoas, quer dizer, a mesma pessoa exercendo funções em lugares diferentes, por
110
exemplo o professor José Carlos de Almeida ele foi sócio fundador, mas ele era
Delegado Regional de Educação física então a gente tinha toda a atividade que a
delegacia regional de educação física fazia, ele solicitava a colaboração porque a
ACM era a instituição melhor organizada e hoje é mais bem organizada para poder
colaborar com essas instituições.
A quantidade de sócios, você veja a ACM de Sorocaba tinha mais de 30 mil
associados, hoje ela continua ainda com essa quantidade de associados, então
qualquer lugar que a gente vá a gente é conhecido e reconhecido, não?
Então, eu preciso estar me fiscalizando, não, porque eu falo isso de forma jocosa,
né, porque eu nunca freqüentaria lugar que não pudesse ser visto, mas em qualquer
lugar que a gente vá, ao teatro, à feira, em qualquer lugar de lazer que a gente está
a gente sempre está sendo cumprimentado, a maior alegria ainda é ver que a
gente é bem quisto por essas pessoas que quando a gente, a gente de forma
festiva, reconhecendo na gente quer dizer durante o tempo todo em que eu trabalhei
aqui na ACM de Sorocaba, praticamente 32 anos, deixei amizades, grandes
amizades. Pessoas mal quistas, muito poucas.
PERGUNTA 7
E no setor privado?
Antonio Carlos Bramante Acredito que sim, através da Formação de quadros.
Carlos Eduardo Walter Sem resposta
Elói Ferreira Nós temos um trabalho novo, é um trabalho externo com ginástica
laboral.
Jorge Arcanjo da Silva Hoje existe um filão novo chamado ginástica laboral. Esse
filão hoje amplamente explorado. A ACM também foi pioneira através de seu
departamento, hoje extinto porque ele foi remodelado, está tomando uma outra
111
feição, mas o seu nome primitivo era recreação industrial. Isso a gente realizava
alguns anos. Nós visitávamos fábricas, indústrias de pequeno e dio porte, até
mesmo as de grande expressão nacional sediadas aqui no nosso distrito industrial
para que através de uma orientação de um profissional de educação física
realizassem atividades físicas complementando a sua carga horária de trabalho e
criando também os grupos de interesses, os grêmios, para que dessa forma os
operários, os funcionários dessas empresas pudessem ter o seu lazer garantido, de
forma orientada, a ACM deslocava uma equipe para esses lugares e viabilizava
também as suas instalações, quando ociosas, para que esses grupos aqui dentro
também na instituição serem também beneficiados com atividades sistemáticas aqui.
Sempre foi uma preocupação da ACM em estar diversificando o seu leque de ações
e de forma alguma praticar o sectarismo tanto na direção pública, quanto na direção
também dos setores privados.
José Carlos de Almeida. Estou desligado da ACM, não saberia te informar.
José Fernando Gomes Eu acho que a ACM tem uma grande influência na
formação da cidadania, em todo o cidadão sorocabano. Eu não sei quantos sócios,
eu tenho certeza que o mais de 20 mil sócios na ACM de Sorocaba e esses
sócios vêm na ACM por algum motivo, pelo esporte, vem nas reuniões para as
confraternizações vai para o acampamento e sempre uma preocupação muito
grande com todo o pessoal que trabalha na ACM de sempre começar, por exemplo,
com uma dinâmica, com uma leitura bíblica, sempre uma preocupação muito grande
com a formação do caráter do indivíduo.
José Geraldo Rondoni Vecena Acredito que sim. Nós tivemos uma ação muito
intensa no final da década de 70, 80 até 92, mais ou menos, o lazer tinha assim uma
atuação fantástica na cidade, ela permeava em todas as áreas do conhecimento,
todos os programas, todos os projetos, o lazer transitava com muita tranqüilidade
por vários setores.
Miriam Aparecida Ribeiro Borba Leite. Sim, porque até pouquíssimo tempo, até
bem pouco tempo o pólo formador de profissionais de educação física de Sorocaba
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e região era somente a FEFISO. Então a maioria pra não dizer todos, mas a
maioria...Eu acredito que 90%, não gosto muito de apontar, mas pelo que a gente
tem informação é mais ou menos por aí.
Paulo de Tarso. A ACM está dentro de Sorocaba e o objetivo é estar atendendo a
população sorocabana, independente de ser acemista ou não.
Romeu Pires Osório Ah sim, porque ela luta e divulga para que realmente as
pessoas devam trabalhar para serem autônomas. Prepara as pessoas para o setor
privado.
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