Olha, Natureza é bicho, planta, rio, terra, tudo isso é coisa da Natureza. (...) ah, na
cidade eu acho que tem pouca Natureza. É mais difícil de encontrar. Por exemplo,
aqui em Penápolis tem o córrego Maria Chica. Mas é feio, está canalizado, cai
esgoto. Então que prazer que dá olhar aquilo? Nenhum. Então Natureza é mais
bonita, mais... livre, eu acho
.
(...) no rancho é diferente, aqui é a própria Natureza.
A gente comprou o lote aqui por causa disso, na cidade não tem Natureza e a
gente gosta de ter contato com essas coisas, relaxa a gente. Lá tem passarinho,
peixe, rio, ar puro, árvores, é muito bonito, sossegado.
(48 anos, dona de casa,
residente na cidade de Penápolis e proprietária de casa no Condomínio Belvedere,
na mesma cidade)
Eu entendo como Natureza, as florestas, os animais, os rios, tudo isso que
atualmente é difícil encontrar na cidade. Eu nasci na roça, então isso faz muita falta
pra mim. Essa coisa de viver na Natureza, estar perto das criações, das plantas. Eu
acho que é uma vida mais saudável, você tem mais ar puro, mais sossego. Agora na
cidade não, você quase não vê Natureza, é uma judiação. O pouco que tem as
pessoas parecem que querem acabar, não vêem que a gente precisa de ter a
Natureza para gente viver. Olha, se eu já não estivesse de idade, se meus filhos
ainda morassem comigo, eu ia querer morar na roça, eu gosto mais, me sinto
melhor. Aqui na cidade se você quer criar uma galinha não pode, quer plantar
milho pra fazer pamonha, não tem espaço, então na roça tem mais fartura, é mais
fácil aproveitar as coisas que a Natureza dá.
(64 anos, aposentado, residente na
cidade de Buritama)
A Natureza é tudo aquilo que serve de base pra gente viver, pra gente comer, é a
parte física do mundo. Na cidade existe Natureza, mas é uma Natureza diferente,
mais artificial, mais adaptada. No campo é diferente, a Natureza tem mais a ver
com sua essência, porque lá há mais espaço para que os elementos naturais se
desenvolvam livremente. Por exemplo, não dá para existir uma mata dentro da
cidade. O que pode existir são árvores isoladas, plantadas. Já no campo, as árvores
podem aparecer nas matas, nos pomares, numa forma mais natural
. (48 anos,
médico, residente na cidade de Penápolis)
As entrevistas realizadas com moradores das áreas rurais próximas aos loteamentos fechados
ribeirinhos permitem-nos constatar que eles também apresentam uma visão dicotomizada da
relação entre Sociedade e Natureza nos espaços da cidade e no campo. Para eles, a Natureza se
manifesta de forma mais acentuada no campo, visto que nas cidades, a Natureza foi perdendo
espaço, porque os processos que lá ocorrem são mais ligados com as “
criações humanas
”. Para os
entrevistados que residem no campo, próximos aos loteamentos fechados ribeirinhos, a Natureza
presente em seus espaços de moradia é encarada como fonte de seu sustento. Os depoimentos a
seguir nos ajudam a entender essa questão.
Quem mora na roça não se acostuma na cidade justamente por isso. Aqui a gente
pode pegar uma fruta no pé, matar uma galinha no final de semana. No final de
ano a gente mata vaca, porco. A Natureza para gente é isso, nossa forma de viver.
Eu acho que na cidade as pessoas têm menos contato com a Natureza, porque lá as
criações humanas são mais presentes que a Natureza. Lá você não tem plantação,
você não tem criação, o tipo de vida lá é outro. (42 anos, residente em Buritama,
próximo ao loteamento ribeirinho Jardim Itaparica)
Tem uma diferença grande entre a cidade e o campo. Na cidade tem muito pouca
coisa da Natureza. Já no campo você vê mais os bichos, as plantas, os rios. Então as
pessoas que moram nas cidades ás vezes não estão acostumadas com a Natureza.
Têm medo de bicho, não sabem como funciona a plantação do arroz, do milho.
Nem sabe como a comida deles chega no prato. É por isso que as pessoas da cidade