mesma época, abria-se uma oportunidade de licitação internacional, quando o
Exército da Arábia Saudita realizou estudos para escolher um novo carro de
combate MBT para seu arsenal, em substituição aos antigos AMX-30 franceses
81
.
De posse das especificações do projeto, por parte do Exército Brasileiro, a
Engesa concluiu que, para a produção deste novo veículo ser economicamente
viável, deveria obrigatoriamente concorrer no mercado externo, atendendo a
diferentes especificações de produto
82
. Dessa forma, terminada a fase de
concepção, foram construídos dois protótipos para testes: um para atender às
especificações do Exército Brasileiro (mais leve e com menor poder de fogo) e
outra para exportação. O protótipo nacional foi aprovado em todos os testes
realizados (excluindo dessa maneira o carro de combate “Tamoyo”, da Bernardini,
seu único concorrente).
Do lado externo, as primeiras avaliações sauditas indicaram que o melhor
modelo existente no mercado era o Leopard-2, fabricado pela Krauss-Maffei AG,
produzido para o exército alemão substituir o Leopard-1, tanque de muito sucesso
em vários países da OTAN. Os sauditas, no entanto, foram surpreendidos pela
recusa do governo alemão em vender o carro de combate fora do âmbito daquela
organização e, dessa forma, tiveram que buscar um novo tanque.
Para participar da concorrência internacional, a idéia inicial da Engesa era
comprar algum projeto estrangeiro, uma vez que a empresa ainda não tinha
produzido nenhum veículo sobre lagartas (esteira) e seu pessoal técnico estava,
naquele momento, totalmente empenhado em outros programas
83
. Depois de
várias tentativas sem sucesso para adquirir um projeto no exterior, a diretoria da
81
Os tanques do tipo MBT (Main Battle Tank) são aqueles considerados de “primeira linha” para um
país. Ele consegue atender, com sucesso, os três condicionantes (quase sempre conflituosos)
desejáveis para o desempenho de um carro de combate, no conhecido tripé: poder de fogo,
blindagem e mobilidade. Assim, a adoção de um canhão de grosso calibre ou de uma blindagem
muito densa, fora das especificações normais usadas nestes tanques, poderia comprometer a
mobilidade deste tanque. No entanto, os carros de combate MBT conseguem equilibrar essas três
características e, por isso, são considerados essenciais nas linhas de frente de combate.
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No total, foram construídos três protótipos do EE-T1 Osório, dois destinados a licitações externas e
um a internas, sendo que, destes, apenas um encontra-se em atividade, atualmente, no Exército
Brasileiro.
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A única empresa brasileira com alguma experiência neste segmento de carros sobre lagartas, como
vimos no capítulo 2, era a Bernardini, fabricante do “Tamoyo”.