Violência sexual segundo a subjetividade das (dos) sobreviventes 33
Nelson, E.C., e col. (2002),
(86)
estudando problemas adversos entre o
irmão gemelar que sofreu estupro antes dos 18 anos, com seu irmão gemelar que
não viveu o incidente, controlando, assim, tanto a variável contexto familiar quanto
os aspectos genéticos, verificou os seguintes riscos relativos para: depressão
maior e dependência de álcool, OR 1,56 (95% IC, 1,06 - 2,29), dependência de
nicotina, OR 1,71 (95% IC, 1,18 - 2,47), ansiedade social, OR 2,33 (95% IC, 1,27 -
4,27), estupro após os 18 anos, OR 2,56 (95% IC, 1,18 - 5,52), tentativa de
suicídio, OR 2,73 (95% IC, 1,37 - 5,44), transtornos de conduta, OR 3,00 (95% IC,
1,35 - 6,68) e divórcio, OR 7,50 (95% IC, 1,72 - 32,80).
2.2 – OUTROS TRANSTORNOS NA VIDA
A violência sexual, como um atropelamento existencial, não produz
injúrias apenas de forma pontual, mas compromete a própria existência do sujeito,
a maneira de estar no mundo dessas pessoas. Coid e col. (2001)
(17)
verificaram
que mulheres que tinham sofrido relação sexual forçada, abaixo dos 16 anos,
sofreram 3,5 vezes mais violência doméstica quando adultas (OR 3,5; 95% IC
1,5-8,2) do que mulheres que não viveram essas violências. Também sofreram
2,8 vezes mais estupro (OR 2,8; 95% IC 1,1-7,4). Da mesma forma, crianças que
levaram surras severas de pais ou responsáveis sofreram 3,6 vezes mais
violência doméstica quando adultas, 2,7 mais estupros e 3,9 vezes mais outros
traumas, se comparadas com crianças e adolescentes que não sofreram
violência. No bojo desses transtornos psiquiátricos, a VS apresenta associação
estatisticamente significante com alguns comportamentos erotizados (jogo sexual
constante, masturbação excessiva, uso de objetos na vagina, procura de contatos
íntimos desnecessários, insinuações eróticas), retraimento social, medo,
pesadelos, fuga de casa e problemas escolares.
(9)
Por ser comportamento e não
sintoma, supõe-se que exista um componente psico-emocional entre a VS e o
comportamento.
(8)
Seguramente, os efeitos da violência interpessoal variam
substancialmente de pessoa a pessoa e não podem ser definidos por síndromes
pré-formuladas ou por listas de sintomas esperados. São o resultado de uma
grande variedade de fatores, como o trauma-específico, histórico da(do)