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A geração de energia útil pelo proces-
so de combustão resulta em graus varia-
dos de poluentes, com grande volume por
unidade de massa, que, uma vez lançados
na atmosfera, se misturam com o ar eo
levados pelas correntes de vento num
movimento praticamente incontrolável.
Esses poluentes, muitas vezes, podem
ser vistos ou sentidos pelo odor, eo é ne-
cessário dispor-se de uma instrumentação
sofisticada para verificar a sua presença.
Uma de suas maiores fontes de emissão
o justamente os gases resultantes de dis-
positivos que aproveitam a energia térmi-
ca liberada pelas reações de combustão.
Os autores João Andrade de Carvalho
Jr. e Pedro Teixeira Lacava, professores e
pesquisadores da área de Combustão, uti-
lizam, neste livro, a sua experiência profis-
sional para abordar o amplo mundo das
emissões atmosféricas.
A obra se insere nas preocupações em
relação à emissão de poluentes que come-
çaram a surgir nos últimos trinta anos. As
informações aqui apresentadas na área de
Combustão servem de subsídio para estu-
dos sobre a minimização das emissões de
poluentes, já que as indústrias e os setores
de transporte dos países desenvolvidos e
dos em desenvolvimento estão baseados,
principalmente, na queima de combustíveis
fósseis e deverão ainda permanecer dessa
forma por algumas décadas.
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EMISSÕES EM PROCESSOS
DE COMBUSTÃO
FUNDAÇÃO EDITORA DA UNESP
Presidente do Conselho Curador
José Carlos Souza Trindade
Diretor-Presidente
José Castilho Marques Neto
Editor Executivo
Jézio Hernani Bomfim Gutierre
Conselho Editorial Acadêmico
Alberto Ikeda
Alfredo Pereira Junior
Antonio Carlos Carrera de Souza
Elizabeth Berwerth Stucchi
Kester Carrara
Lourdes A. M. dos Santos Pinto
Maria Heloísa Martins Dias
Paulo José Brando Santilli
Ruben Aldrovandi
Tania Regina de Luca
Editora Assistente
Joana Monteleone
EMISSÕES EM PROCESSOS
DE COMBUSTÃO
JOÃO ANDRADE DE CARVALHO JÚNIOR
PEDRO TEIXEIRA LACAVA
© 2003 Editora UNESP
Direitos de publicação reservados à:
Fundação Editora da UNESP (FEU)
Praça da, 108
01001-900-São Paulo-SP
Tel.: (Oxx11)3242-7171
Fax: (Oxxl1)3242-7172
www.editoraunesp.com.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Índice para catálogo sistemático:
1. Combustão: Produtos: Emissões: Poluição atmosférica:
Tecnologia de controle da poluição 628.532
Este livro é publicado pelo projeto Edições de Textos de Docentes e
Pós-Graduados da UNESP- Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa
da UNESP (PROPP) / Fundação Editora da UNESP (FEU)
Editora afiliada:
Carvalho Júnior, João Andrade de
Emissões em processos de combustão / João Andrade de Carvalho
Júnior, Pedro Teixeira Lacava. -o Paulo: Editora UNESP, 2003.
Bibliografia.
ISBN 85-7139-484-9
1. Combustão 2. Gases de combustão 3. Poluentes 4. Poluição
atmosférica I. Lacava, Pedro Teixeira. II. Título.
03-4638 CDD-628.532
SUMARIO
Apresentação 7
1 Introdução 9
Objetivo 9
Concentrações dos componentes dos produtos de combustão I I
Correções dos valores medidos de concentrações I 3
Concentrações em termos de massa por unidade de volume I 6
Determinação de concentrações de
CO, CO
2
, e O
2
nos gases de combustão 17
2 Material particulado 2 I
Características 21
Fatores de emissão de particulados 23
Estimativa de concentração de partículas em
combustão de carvão pulverizado 24
Estimativa de concentração de partículas em
combustão de óleo combustível 27
Medida de concentração de material particulado 29
Dispositivos redutores de emissões de partículas 36
Alterações no processo de combustão 49
3 Dióxido de enxofre (SO
2
) 53
Características 53
Fatores de emissão e estimativas de concentrações de SO
2
54
Impactos da emissão de SO
2
57
Métodos de medida de concentração de SO
2
61
Dispositivos e técnicas para redução de emissões de SO
2
62
4 Óxidos de nitrogênio (NO
x
) 69
Características 69
Fatores de emissão e estimativas de concentrações de NO
x
71
Impactos da emissão de NO
x
74
Mecanismos de formação 76
Taxa de formação de NO
x
térmico 82
Taxa de formação de NO
x
imediato 84
Taxas de formação do NO
x
do combustível 85
Medidas de concentração de NO
x
85
Influência das condições de combustão 86
Redução de emissões de NO
x
96
5 Outros poluentes 107
Introdução 107
Monóxido de carbono (CO) 107
Dióxido de carbono (CO
2
) 114
Hidrocarbonetos não-queimados 119
Dioxinas e furanos 121
Referências bibliográficas 129
APRESENTAÇÃO
No presente livro, consideram-se os principais agentes causa-
dores de poluição atmosférica presentes nos gases de combustão:
o material particulado, o dióxido de enxofre (SO
2
) e os óxidos de
nitrogênio (NO
x
). Em um capítulo introdutório, discutem-se os
principais aspectos relativos à quantificação de cada um desses po-
luentes em gases de combustão. Em seguida, em capítulos separa-
dos,o apresentadas as características de cada um desses agentes,
os métodos usuais de medida de suas concentrações quando lança-
dos na atmosfera e os meios e dispositivos empregados para re-
duzir essas concentrações. Em um capítulo único, ao final, discu-
tem-se o monóxido de carbono (CO), o dióxido de carbono (CO
2
),
os hidrocarbonetos não-queimados (UHC), as dioxinas e os furanos.
o tivemos a intenção, e seria praticamente impossível, de
esgotar as discussões sobre emissões atmosféricas. Para adicionar
ao que pode ser encontrado sobre os poluentes na literatura espe-
cializada, procuramos apresentar resultados de nossa experiência
própria no tema como professores e pesquisadores da área de
combustão.
I INTRODUÇÃO
OBJETIVO
A poluição é parte integrante da sociedade industrial, isto é,
uma das conseqüências da geração de energia útil pelo processo de
combustão. Seus efeitos no meio ambiente estão ligados a proble-
mas de ordem política, social e econômica. As emissões de um pro-
cesso podem ser classificadas como (Wark & Warner, 1976):
a) Emissões atmosféricas: produtos que deixam o local do processo
através do ar;
b) Emissões em correntes líquidas: produtos que deixam o local
do processo através das correntes de água;
c) Resíduos sólidos: produtos que deixam o local do processo na
forma sólida;
d) Emissões térmicas: energia que aumenta a temperatura do meio
circundante.
Em contraste com as emissões em correntes líquidas e os resí-
duos sólidos de uma indústria, os poluentes atmosféricos possuem
um grande volume por unidade de massa e, uma vez lançados na
atmosfera, misturam-se com o ar eo levados pelas correntes de
vento, em um movimento basicamenteo controlável. Freqüen-
temente pode-se ver e sentir o cheiro dos poluentes atmosféricos,
eo é necessário dispor de uma instrumentação exótica para ve-
rificar sua presença em muitos locais.
Pode-se afirmar que uma das maiores fontes de emissão de po-
luenteso os gases resultantes de dispositivos que aproveitam a
energia térmica liberada pelas reações de combustão. Apesar de o
homem utilizar a combustão como fonte de energia há milênios, a
emissão de poluentes só ganhou destaque no cenário mundial a
partir do início da década de 1970. A despeito de as preocupações
com o meio ambiente começarem a ganhar corpo há cerca de trin-
ta anos, muitas questões e dificuldades tecnológicas aindao fo-
ram vencidas. Assim, muitas pesquisas e desenvolvimentos na área
de combustãom como objetivo a minimização das emissões de
poluentes, pois as indústrias e os setores de transporte tanto dos
países desenvolvidos como daqueles em desenvolvimento estão
baseados, sobretudo, na queima de combustíveis fósseis e deverão
permanecer dessa forma por algumas décadas.
No presente livro, consideram-se os principais agentes causa-
dores de poluição atmosférica presentes nos gases de combustão,
ou seja, o material particulado, o dióxido de enxofre (SO
2
) e os
óxidos de nitrogênio (NO
x
). Em um capítulo único, ao final, dis-
cutem-se o monóxido de carbono (CO), o dióxido de carbono
(CO
2
), os hidrocarbonetos não-queimados (UHC), as dioxinas e
os furanos.o apresentados as características de cada um desses
agentes, os métodos usuais de medida de suas concentrações quan-
do lançados por chaminés na atmosfera e os meios e dispositivos
empregados para reduzir essas concentrações.
A seguir, definem-se as concentrações volumétricas de cada um
dos componentes dos gases de combustão, em base úmida e base se-
ca, mostrando como corrigir os valores obtidos para uma determi-
nada concentração de oxigênio e como transformá-los em unidades
de massa por unidade de volume. Finalmente, apresenta-se uma
breve discussão sobre a análise contínua dos gases de combustão.
CONCENTRAÇÕES DOS COMPONENTES
DOS PRODUTOS DE COMBUSTÃO
A medida de concentração dos componentes dos gases de
combustão fornece inúmeras informações importantes ao proces-
so, desde o fechamento do balanço de massa, quandoo se co-
nhece a vazão de um dos reagentes, até a quantificação dos poluen-
tes que podem ser gerados no processo.
Consideremos, como exemplo simples, a reação de combustão
de metano com ar, com um excesso de ar normalizado genérico (a):
A concentração volumétrica, em termos de fração molar de cada
um dos gases de combustão, é a relação entre o número de mols de
cada um deles e a soma dos números de mols de todos os produtos.
Assim, por exemplo, a concentração de oxigênio nos produtos de
combustão de metano é:
Se o excesso de ar for 10%, por exemplo, então a = 1,1 e
Em geral os instrumentos que medem a concentração de gases
fornecem os valores em base seca, isto é, sem a água. A água pode se
liqüefazer dentro do aparelho analisador, interferindo em seu siste-
ma de medição. Assim, a linha para coleta de amostra para o apare-
lho deve conter um separador de água. Em base seca (subscrito BS),
ainda com excesso de ar genérico, a concentração de oxigênio nos
produtos de combustão da reação fica (ver reação (1.1)):
Para 10% de excesso de ar, temos:
Podemos observar que a concentração de O
2
fecha o balanço
de massa porque para cada concentração há um único excesso de
ar. Seo for possível medir a vazão do ar, o que é bastante co-
mum na indústria, então essa vazão pode ser calculada obtendo-se
a concentração de oxigênio, desde que se conheça a composição
do combustível. Para completar, escrevemos as expressões para as
concentrações de dióxido de carbono e nitrogênio, em base seca,
para um excesso de ar genérico na reação de combustão de meta-
no (ver reação (1.1)):
Para os mesmos 10% de excesso de ar, temos:
Logicamente, para uma reação genérica de combustão de um
Hidrocarboneto com ar, com poluentes nos produtos, tais como
monóxido de carbono (CO), óxido de nitrogênio (NO) e partícu-
las, teremos:
CORREÇÕES DOS VALORES MEDIDOS DE CONCENTRAÇÕES
Corn freqüência, as concentrações de CO, NO, partículas e
outros poluenteso normalizadas em termos de concentrações
"corrigidas para 3% de O
2
". Às vezes, 7% ou 12% é a correção
utilizada. Essas correções padronizam os valores de emissão de
fontes diferentes para a mesma base, permitindo comparação.
Sem elas, bastaria diluir os produtos de combustão após a saída da
câmara de combustão para produzir valores mais baixos de con-
centrações do poluente de interesse. Mostraremos o procedimen-
to de correção para os NO.
Assumiremos que as concentrações medidas de NO e O
2
em
base volumétrica seca sejam [NO]
BS
,
real
e
[O
2
]
BS,
real
, respectiva-
mente. Queremos calcular a concentração de NO corrigida para
uma dada concentração de O
2
(aqui denotadas por [NO]BS,
Corr
, e
[O
2
]
BS,
.
corr
respectivamente).
As concentrações em base seca dos produtos gasosos serão:
Escrevamos a reação de combustão para a situação real como
na reação (1.2). Fazendo d = x + y + z + a + b + c, as concentra-
ções reais de NO e O
2
em base secao dadas por:
Desta última equação, temos:
A equação (1.5) vale para qualquer tipo de combustível e para
quaisquer dos componentes dos produtos de combustão, ou seja,
sendo A um componente genérico dos produtos de combustão da
reação (1.2), temos:
Como exemplo de aplicação, consideremos ums de com-
bustão cujas concentrações de NO e O
2
em base seca sejam, res-
pectivamente, 50 ppm e 2%. O termo ppm denota partes por mi-
lhão em base volumétrica, ou seja, cm
3
/m
3
ou micromol/mol. As
concentrações de NO corrigidas para 3% e 12% de O
2
serão, res-
pectivamente:
CONCENTRAÇÕES EM TERMOS DE MASSA
POR UNIDADE DE VOLUME
Muitas vezes, as concentrações de um poluente gasosoo da-
das em termos de massa por unidade de volume (por exemplo,
mg/Nm
3
). Consideremos novamente o caso do NO. Denotemos
por [NO]
BS
a concentração volumétrica de NO em base seca, que
queremos transformar para um valor de massa por unidade de vo-
lume que chamaremos de [NO]
BS, mg
/
Nm
-3
.
Devemos observar que o NO é muito rapidamente transfor-
mado em NO
2
assim que é lançado na atmosfera, sendo prática
comum calcular a taxa de emissão do poluente como sendo exclu-
sivamente NO
2
, cuja massa molecular é 46 g.gmol
-1
.
Partamos novamente da reação (1.2). Temos:
que é válida para qualquer combustível. Desse resultado, temos
que 2,0536 mg/Nm
-3
de NO correspondem a 1 ppm do mesmo
composto.
Assim, para um componente qualquer dos gases, A, teremos:
onde n
A
é o número de mols do componente genérico A nos pro-
dutos de combustão da reação (1.2) e M
A
é a massa molecular do
componente emitido, em g.gmol
-1
. A exceção é o caso do NO, para
o qual a equação (1.7) continua válida, mas, como anteriormente
explicado, a massa molecular é considerada como sendo a do NO
2
.
A equação (1.6) continua válida para obter valores corrigidos
para outras porcentagens de O
2
, de concentrações de massa por
unidade de volume.
DETERMINAÇÃO DE CONCENTRAÇÕES DE
CO, CO
2
E O
2
NOS GASES DE COMBUSTÃO
Uma maneira comum de detectar continuamente o CO e o
CO
2
em produtos de combustão consiste no uso de um analisador
tipo infravermelho (Rosemount Analytical, 1997). Um instrumen-
to desse tipo produz radiação de duas fontes diferentes. Uma vez
produzida, esta radiação passa através de um chopper e, depois,
por um sistema ótico destinado a eliminar interferências de outros
componentes que absorvem radiação infravermelha. A radiação
proveniente de uma das fontes passa por uma célula onde a amos-
tra flui continuamente. Durante a operação, uma porção da radia-
ção infravermelha é absorvida pelo componente de interesse na
célula da amostra. Um detector converte a energia resultante em
uma carga de capacitor. Essa carga, equivalente à concentração do
componente de interesse, é amplificada e indicada no painel fron-
tal do instrumento ou transmitida para um gravador de dados ou
controlador. Uma curva de calibração provida pelo fabricante é
utilizada para converter as leituras do painel frontal ou do grava-
dor para valores de concentração. Um analisador tipo infraverme-
lho também pode ser usado para detectar outros gases, como SO
2
,
CH
4
, NO e NH
3
, dependendo dos existente no detector.
Para detectar continuamente o O
2
em gases de combustão, é
comum utilizar analisadores paramagnéticos (Leeds and Northrup
Company, 2000). Esses instrumentos usam a propriedade para-
magnética do oxigênio. Um material paramagnético é atraído por
um campo magnético, enquanto um diamagnético é repelido. O
oxigênio é um dos poucos gases paramagnéticos. A magnetização
produzida por um campo magnético em ums paramagnético
varia inversamente com a temperatura. Conseqüentemente, pela
combinação apropriada do gradiente do campo magnético e gra-
diente térmico, é possível a obtenção de medidas da concentração
de um elemento paramagnético em determinada amostra. Esses
equipamentoso conhecidos como analisadores termomagnéti-
cos, nos quais variações da intensidade do fluxo magnéticoo
medidas pela mudança de temperatura, a qual provoca uma altera-
ção na resistência elétrica dos termistores.
Nos gases de combustão em que o vapor d'água é um dos pro-
dutos, a amostra deve ser completamente seca antes da análise pelos
instrumentos do tipo infravermelho. A água líquida na célula da
amostra interfere na medida de concentração por alterar a quanti-
dade de radiação absorvida pela amostra. Pela mesma razão, partí-
culaso podem entrar na célula da amostra e devem ser removi-
das. As análises feitas por instrumentos dos tipos infravermelho e
paramagnéticooo destrutivas, ou seja,o alteram a compo-
sição da amostragem de gases; portanto, esses instrumentos po-
dem ser acoplados em série. No entanto, se alguma análise exigir
um instrumento que altere a composição da amostra, como é o caso
dos analisadores quimiluminescentes utilizados para medir a con-
centração de NO
x
, assunto tratado no Capítulo 4, uma derivação
especial na linha deve ser prevista para essa análise. A Figura 1
mostra um esquema de uma linha de amostragem típica para análi-
se de CO, CO
2
e O
2
(Carvalho, 1983; Lacava, 2000), também pre-
vendo uma derivação para que se aproveite a mesma linha de amos-
tragem para análise destrutiva de NO
x
.
Os para calibrar o zero de cada instrumento pode ser o N
2
.
Para cada componente de interesse, deve-se providenciar uma
mistura do mesmo em N
2
para obter uma referência de calibração
de fundo de escala do instrumento. Deve-se especificar a concen-
tração dessas misturas como 90% do fundo de escala do instru-
mento. Isso é necessário porque o fabricante da misturao tem
condições de prepará-la na concentração exata desejada, podendo
ocorrer erros na preparação de até ±10%. No entanto, depois de
preparada a mistura, o fabricante tem condições de determinar as
concentrações com precisão e fornecer um certificado de análise.
Muitas vezes a análise de gases é feita em regiões da câmara de
combustão onde a temperatura é elevada, necessitando que a son-
da de captação dos gases tenha uma refrigeração especial. Nor-
malmente, isso é conseguido pelo resfriamento dos gases de com-
bustão ainda na sonda, trocando calor em contracorrente com
água fria que escoa por uma jaqueta externa. A Figura 2 apresenta
uma configuração típica de sonda refrigerada, posicionada hori-
zontalmente em fornalhas verticais (Lacava, 2000).
FIGURA 2 - Configuração típica de uma sonda refrigerada.
A refrigeração da sondao é somente importante para a re-
sistência térmica do material de sua confecção, mas também para
estancar as reações químicas no seu interior. Caso contrário, de-
pendendo da temperatura, as reações químicas ainda podem se de-
senvolver ao longo da linha de amostragem de gases e os valores
da análise podemo ser mais representativos. Dessa forma, as rea-
ções devem ser interrompidas o mais próximo possível do ponto
de amostragem. Chedaille & Braud (1972) sugerem que pratica-
mente todas as reações de combustãoo interrompidas a 300 °C.
1 MATERIAL PARTICULADO
CARACTERÍSTICAS
As partículas estão entre os poluentes que apresentam maiores
riscos ao meio ambiente. Elas atacam os pulmões, aumentam as ta-
xas de reação na atmosfera, reduzem a visibilidade e alteram os-
veis de radiação solar que atinge o solo. Por este último fato, as
partículas alteram a temperatura do solo e influenciam o cresci-
mento das plantas.
O comportamento das partículas na atmosfera depende prin-
cipalmente de seu tamanho, que varia de 0,001 a 500 . A maior
parte das partículas tem diâmetro variando entre 0,1 e 10 . Par-
tículas muito pequenas movem-se aleatoriamente como moléculas
des e, na prática,o se depositam no solo, permanecendo na
atmosfera durante períodos indefinidos de tempo. Por sua vez,
partículas maiores depositam-se rapidamente e permanecem por
muito pouco tempo na atmosfera. As características gerais das par-
tículas em razão de seu tamanhoo mostradas na Tabela 1.
Observando a Tabela 1 fica claro que um único equipamento
o será efetivo para coletar as partículas. Para partículas maiores,
a velocidade de deposição é usada como parâmetro de projeto. Pa-
ra partículas pequenas, contudo, a velocidade de deposiçãoo
pode ser considerada. Nesse caso, um campo elétrico é útil porque
qualquer carga elétrica dada a uma partícula pequena é suficiente
para desviar sua trajetória, permitindo sua remoção.
Tabela 1 - Características das partículas
O particulado com tamanho inferior a 0,1 é denominado
fuligem e sua formação está associada às reações de craqueamento
dos hidrocarbonetos, ou seja, complexas reações em fase gasosa
que geram núcleos condensados sólidos. Essas reações competem
com o mecanismo de oxidação dos hidrocarbonetos, sendo mais
pronunciadas em situações de combustão rica e elevada tempera-
tura (Williams, 1976).
A fuligem é formada principalmente na zona primária de cha-
mas difusivas, onde, em geral, a combustão ocorre com falta de
oxigênio. No entanto, sua formação pode ocorrer em qualquer re-
gião da chama, desde queo haja uma adequada mistura entre os
reagentes. A maioria da fuligem produzida na região primária po-
de ser consumida na região secundária (região de reação onde já
há uma maior concentração de oxigênio) se a temperatura for sufi-
cientemente elevada. Assim, do ponto de vista da emissão de fuli-
gem, a chama pode ser dividida em duas regiões distintas: a região
primária que governa a taxa de produção, e a região secundária
que determina a taxa de consumo (Lefebvre, 1983). Portanto, a
presença de fuligem nos produtos de combustão depende do balan-
ço entre essas duas regiões.
Apesar de as reações de formação de fuligem serem em fase
gasosa, ela é observada com maior intensidade em chamas de com-
bustível líquido, principalmente pela maior dificuldade de mistura
entre o combustível vaporizado e o oxigênio (Chigier, 1981). Em
qualquer plano através de uma chama difusiva, há sempre uma ex-
tensa variação da razão de equivalência, desde muito rica até muito
pobre. Em razão disso, sempre haverá regiões de combustão rica
com temperatura elevada, favorecendo a formação de fuligem nes-
se tipo de chama (Glassman, 1996). Já para as chamas pré-mistu-
radas, por causa da distribuição mais uniforme da razão de equiva-
lência, a formação de fuligem só acontecerá se os reagentes estiverem
em proporções com falta de oxigênio.
Além da fuligem, combustíveis líquidos com a presença de hi-
drocarbonetos menos voláteis podem levar à formação de panicu-
lados. Os compostos mais voláteis vaporizam rapidamente, no en-
tanto os menos voláteis, permanecendo muito tempo em elevada
temperatura, podem sofrer decomposição térmica levando à for-
mação de coque (estrutura porosa sólida de carbono) (Lawn &
Goodridge, 1987). O coque formado ainda pode ser convertido a
CO e CO
2
através das reações de superfície participativa:
A reação (2.2) é considerada a mais importante do mecanis-
mo, no entanto seu desenrolar dependerá da quantidade oxigênio
no ambiente da partícula de coque.
FATORES DE EMISSÃO DE PARTICULADOS
Listamos na Tabela 2 os fatores de emissão de particulados
para alguns processos específicos de combustão.
Tabela 2 - Fatores de emissão para alguns processos de combustão
Processo de combustão
Carvão pulverizado em for-
nalhas tipo ciclone
Outros processos com car-
o pulverizado
Carvãoo pulverizado em
grelhas
Óleo combustível residual
(grau 5) em caldeiras
Óleo combustível residual
em usinas termelétricas
Óleo combustível residual
em fornalhas industriais
Óleo combustível em usinas
termelétricas
Gasolina em veículos auto-
motivos
Óleo diesel em veículos au-
tomotivos
Óleo combustível destilado
em caldeiras
s natural em caldeiras
s natural em usinas ter-
melétricas
s em usinas termelétricas
Fator de emissão
0,91 vez o percentual de cinzas
em kg/ton
-1
de carvão
5,9 a 7,7 vezes o percentual de
cinzas em kg/ton
-1
de carvão
queimado
0,91 a 2,3 vezes o percentual
de cinzas em kg/ton
-1
de carvão
queimado
1,25 kg/m
-3
de óleo
1,20 kg/m"
3
de óleo
2,76 kg/m"
3
de óleo
1,85 kg/m
-3
de óleo
1,44 kg/m"
3
de gasolina
13,2 kg/m
-3
de óleo diesel
0,24 kg/m
-3
de óleo
16 a 80 kg/10
-6
m
-3
des na-
tural
240 kg/10
-6
m
-3
des natural
224 kg/10
-6
m
-3
des
Referência
Bailie, 1978
Bailie, 1978
Bailie, 1978
Phillips et al.,
1998
Bailie, 1978
Bailie, 1978
Phillips et al.,
1998
Bailie, 1978
Bailie, 1978
Phillips et al.,
1998
Phillips et al.,
1998
Bailie, 1978
Phillips et al.,
1998
ESTIMATIVA DE CONCENTRAÇÃO DE PARTÍCULAS EM
COMBUSTÃO DE CARVÃO PULVERIZADO
Os níveis de emissão de partículas em fornos que operam com
carvão variam consideravelmente, dependendo do teor de cinzas
do carvão e do tipo de processo utilizado (se pulverizado ou não).
É esperado que, em fornalhas tipo ciclone operando com carvão
pulverizado, o fator de emissão seja 2 vezes em libras o percentual
de cinzas por tonelada de carvão queimado (Bailie, 1978; ver Ta-
bela 2).
Calculemos a concentração esperada de partículas em ar, nos
gases de combustão, de uma fornalha tipo ciclone que queime um
carvão betuminoso cuja composição elementar seja: 77,16% C,
4,95% H, 1,35% N, 2,09% S, 5,37% cinzas, 1,69% umidade, e
7,39% O. Esse foi o carvão mineral utilizado no desenvolvimento
da tese de doutorado de Carvalho (1983).
Considerando 100 g de carvão, a reação química que expressa
sua combustão com um excesso de ar normalizado a é:
ou seja,
Para 100 g de carvão pulverizado com teor de cinzas de
5,37%, o fator de emissão dado anteriormente torna-se:
Sabendo que 1 mol des corresponde a 22,4 x 10
-3
m
3
nas
CNTP, temos, considerando o fator de emissão já apresentado:
Em base seca, a concentração de partículas torna-se:
A concentração de oxigênio, em base seca nos gases de com-
bustão para um excesso de ar genérico, é:
Podemos então tabelar os dados das concentrações esperadas
de partículas para cada percentual de O
2
nos gases de combustão.
Em particular, para os percentuais de 3%, 7% e 12% de O
2
nos ga-
ses de combustão, valores comumente usados para normalizar as
emissões de poluentes de fontes diversas, temos os resultados mos-
trados na Tabela 3:
Tabela 3 - Valores esperados de concentração de partículas nos
gases de combustão de um carvão pulverizado com
5,37% de cinzas queimando em fornalha tipo ciclone
[O
2
]
BS
(%)
a
C
part
,
BS
(mg.Nm
-3
)
3
1,1622
536
7
1,4864
417
12
2,2964
268
ESTIMATIVA DE CONCENTRAÇÃO DE PARTÍCULAS
EM COMBUSTÃO DE ÓLEO COMBUSTÍVEL
Consideremos a reação de combustão de óleo combustível
2A, cuja composição elementar em base mássica seja 88,33% de
carbono, 9,88% de hidrogênio, 0,61% de nitrogênio, 1,12% de
enxofre e 0,05% de cinzas incombustíveis (Carvalho, 2000).
Para 100 g do combustível, a fórmula química é C
88,33/12-
-H
9,88/1
N
0,6i/i4
S
1,12/32
= C
7,3612
H
9,88
N
0,0437
S
0,035
. A reação de com-
bustão com excesso de ar genérico a fica:
Considerando a massa específica do óleo combustível como
cerca de 1.000 kg.m
-3
(Carvalho, 2000) e o fator de emissão 1,20
kg.m
-3
dado na Tabela 2, esse fator torna-se:
Considerando esse fator de emissão, temos:
Para esse caso, a concentração de oxigênio, em base seca nos
gases de combustão para um excesso de ar genérico, é:
Podemos também tabelar os dados das concentrações espera-
das de partículas para cada percentual de O
2
nos gases de combus-
o (em particular, para os percentuais de 3%, 7% e 12% de O
2
)
nos gases de combustão. Assim, temos os resultados mostrados na
Tabela 4.
Tabela 4 - Valores esperados de concentração de partículas nos
gases de combustão de óleo combustível
MEDIDA DE CONCENTRAÇÃO
DE MATERIAL PARTICULADO
Para determinar as quantidades de material particulado emi-
tido por um sistema de combustão, é necessário usar equipamen-
to adequado e procedimentos cuidadosos, que serão descritos a
seguir.
Quando uma amostra é coletada para determinar a concentra-
ção de material particulado, é essencial que ela seja representativa.
A concentração dentro do instrumento utilizado para realizar a
medida tem necessariamente que ser a mesma daquela no escoa-
mento do qual a amostra é extraída. No caso de partículas, a velo-
cidade de amostragem, V
a
, tem que ser idêntica à velocidade do es-
coamento, V
e
, o que caracteriza o que chamamos de amostragem
isocinética. A Figura 3 ilustra as condições de amostragem não-re-
presentativa e representativa.
FIGURA 3 - Condições para amostragem não-representativa e representativa para
determinação da concentração de partículas em um escoamento (Brenchley et
al., 1980).
Se a amostra for coletada em uma velocidade maior que a ve-
locidade do escoamento (V
a
> V
e
), então a concentração medida,
C
a
, será menor que a concentração no escoamento, C
e
. O erro
ocorre porque as partículas possuem inércia: as mais pesadaso
seguem as linhas de corrente do escoamento gasoso eo entram
na sonda de amostragem. Nesse caso, a concentração medida será
menor que a verdadeira. Pela mesma linha de raciocínio, podemos
explicar que o contrário ocorre se a amostra for coletada em uma
velocidade menor que a velocidade do escoamento: uma concen-
tração maior que a verdadeira será medida.
A amostragem não-isocinética causa um problema adicional.
A distribuição em tamanho das partículas coletadas também será
incorretamente determinada porque as partículas menores que
aproximadamente 5oo afetadas pela inércia eo coleta-
das com qualquer V
a
.
A linha de amostragem usada para determinar concentração
de partículas em gases de combustão é ilustrada na Figura 4.
FIGURA 4 - Linha de amostragem para determinação de concentração de panicu-
lados (Método EPA n.5, Brenchley et al., 1980).
A sonda remove a amostra dos gases de combustão. Sua seção
de entrada deve ser o melhor possível perpendicular ao escoamen-
to e seus cantos devem ser cortados em ângulo agudo. Um conjun-
to de três sondas, de diâmetros externos de 1/4", 3/8" e 1/2", é, em
geral, suficiente para realizar a amostragem em chaminés comuns.
O tubo de amostragem deve ter seu comprimento ajustado ao
diâmetro da chaminé. Ele consiste de um tubo deo inoxidável
316L, com diâmetro interno de 3/8", envolto por uma resistência
de aquecimento e uma cobertura isolante. A instalação de um ter-
mopar para medir a temperatura do escoamento interno ao tubo é
recomendada.
Um cuidado especial deve ser tomado para evitar que a tempe-
ratura da amostra desça abaixo de 120°C. Se isso acontecer, o va-
por d'água e os aerossóis começarão a condensar na amostra, po-
dendo entupir o filtro.
O tubo Pitot deve ser do tipo reverso, ou tipo "S", preferível
em razão da tendência de entupimento de um tubo de Pitot nor-
mal ao operar em um ambiente com partículas. O tubo de Pitot re-
verso também é vantajoso porque trabalha com uma diferença de
pressão maior que o Pitot normal. Ele é conectado a um manôme-
tro de dupla coluna com 250 mm de água.
Um elemento filtrante de 2" de diâmetro dentro de um recep-
táculo deo inoxidável é usado para coletar as partículas. Ele é
especificado para reter no mínimo 99,7% das partículas maiores
que 0,3 . Um pequeno ciclone pode ser usado para reter partí-
culas maiores antes de a amostra atingir o filtro. O receptáculo do
filtro deve ser colocado dentro de uma caixa aquecida. O elemen-
to aquecedor dessa caixa pode ser uma resistência elétrica ou uma
lâmpada. As dimensões aproximadas dessa caixa podem ser 20 x
30 x 40 cm
3
.
Quatro separadores tipo frasco de Dreschel removem o vapor
d'água da amostra e permitem a completa determinação da umi-
dade dos produtos de combustão. Seus diâmetros internos e volu-
meso da ordem de 2" e 500 ml, respectivamente. Os tubos de
entrada do primeiro, terceiro e quarto separadores se estendem
até 1/2" acima de suas superfície inferiores. O segundo separador
é padrão e o quarto contém sílica gel.
A função do primeiro separador é resfriar os gases quentes
que deixam o receptáculo com o elemento filtrante. Alguma con-
densação já pode ocorrer nesse separador. O segundo é usado para
remoção final das partículas e para completar a condensação. O
terceiro tem a função de coletar qualquer resíduo dos dois primei-
ros. O quarto remove o vapor d'água remanescente e serve tam-
m como proteção para a bomba de vácuo e o medidor de vazão.
A sílica gel tem que ser pesada antes e depois da amostragem para
determinação do teor de umidade na amostra.
Há outros dois itens que protegem a amostra e o sistema de
amostragem. O primeiro é um termômetro ou um termopar para
verificar se os que deixa os separadores está em uma temperatu-
ra adequada para os medidores de vazão. O segundo é uma válvula
de segurança que protege a amostra. Quando há um decréscimo
de pressão causado pelo entupimento do elemento filtrante, os
amostrado tende a escoar para trás no instante em que a bomba de
vácuo é desligada. Seo houver a válvula de segurança no siste-
ma, a água do primeiro separador poderá migrar de volta para o
elemento filtrante.
A bomba de vácuo pode ser do tipo palhetas rotativas ou do ti-
po diafragma. Sua potência deve ser 1/4 HP.
O medidor totalizador deve permitir a determinação de va-
zões máxima e mínima de 2 e 0,04 m
3
.h
-1
, respectivamente, com
precisão de 0,2 ml. O medidor de vazão tipo placa de orifício é co-
nectado a dois manômetros de dupla coluna como 250 mm de
água.
Para conduzir amostragem isocinética, a velocidade de amos-
tragem deve ser igual à velocidade do escoamento, a qual é dada
por:
onde C
Pitot
é o coeficiente do tubo de Pitot, determinado por cali-
bração; p
e
é a queda de pressão medida com um manômetro; R a
constante universal dos gases perfeitos; T
c
a temperatura do gás,
determinada com um termopar; p
e
a pressão absoluta no escoa-
mento, medida com um manômetro; e M
e
a massa molecular do
gás, calculada usando a composição esperada doss de combus-
tão. O valor de M
e
para ums de combustão varia muito pouco
daquele do ar. Para p
e
e p
e
medidos em mm H
2
O, = 82,057
atm.cm
3
.gmol
-1
K
-1
, T
e
medida em °C e M
e
calculada em g.gmol
-1
,
V
e
pode ser obtida em cm.s-1 pela equação:
Para a determinação da constante experimental C
Pitot
, um ter-
mopar é colocado adjacente ao tubo de Pitot, a uma distância de
aproximadamente 1 cm. A entrada da sonda é colocada 1 a 2 cm
acima da entrada do tubo de Pitot para evitar interferência com o
processo de medida da velocidade do escoamento dos de com-
bustão.
A vazão de amostragem, Q
a
, em termos des seco, é dada
por:
onde CD é o coeficiente de descarga, determinado por calibração
com placas de orifício, A
1
a área de seção reta da chaminé, A
2
é a
área da seção reta do orifício de entrada, p
1
a queda de pressão
na placa de orifício, p
1
a pressão a montante do orifício, T
I
a tem-
peratura a montante do orifício, e M
1
a massa molecular dos seco.
Para p
1
e p
1
medidos em mm H
2
O, = 82,057atm.cm
3
gmol
-1
K
-1
,
T
1
medida em °C, M
1
calculada em g.gmol
-1
, d
1
= 22,9 cm (diâme-
tro da chaminé) e d
2
= 0,2d
1
(diâmetro do orifício de entrada), Q
a
,
em cm
3
.s
-1
, é dada por
A seção reta da chaminé deve ser dividida em três áreas concên-
tricas iguais e estas, por sua vez, em quatro partes iguais, totalizando
12 áreas iguais. A sonda é colocada no centro de cada uma destas 12
áreas durante 5 minutos, somando 60 minutos para amostragem
completa. A seção de amostragem deve ser selecionada em local on-
de o escoamento já esteja completamente desenvolvido (pelo me-
nos a partir da metade do comprimento da chaminé para cima).
Deve-se adotar o seguinte procedimento para realizar a amos-
tragem isocinética:
a) Calcular o teor de vapor d'água, K, dos produtos de combustão.
Esse teor pode ser calculado a partir da análise elementar do
combustível e resíduos processados pela câmara de combustão.
b) Calcular a massa molecular dos da chaminé (M
e
) e dos
amostrado seco (M
1
). O valor de M
e
pode ser determinado por
medição ou cálculo da composição dos da chaminé. Uma
boa estimativa para M
e
é 29 g.gmol
-1
. A relação entre M
e
e M
1
é dada por:
c) Medir a pressão p
e
e a temperatura T
e
dos gases de combustão
na chaminé nos pontos de amostragem determinados pela divi-
o em 12 áreas iguais.
d) Determinar a velocidade dos gases de combustão, V
e
, nos mes-
mos pontos do item c, usando a equação (2.6).
e) Ajustar a vazão volumétrica através da placa de orifício de tal
maneira que:
onde A
p
é a área da seção reta da entrada da sonda. Um modo sim-
plificado de ajustar a vazão volumétrica para obter amostragem
isocinética é ajustar a queda de pressão de acordo com:
A massa de vapor d'água coletada durante a amostragem pode
ser determinada medindo a massa de água retida na sílica gel e o
volume de água coletada nos primeiros separadores tipo frasco de
Dreschel.
Após a amostragem, o filtro deve ser cuidadosamente retirado
de seu receptáculo e pesado. A linha de amostragem a montante
do filtro deve ser limpa com acetona. Após a evaporação da aceto-
na, uma massa extra de partículas é determinada, a qual deve ser
adicionada àquela coletada pelo filtro. A concentração de partícu-
las é calculada por:
onde C
part
é a concentração de partículas em base seca (mg.Nnr
-3
),
m
part
a massa total coletada de particulados (mg) e V
t,std
o volume
integrado da amostra (Nm
3
), em Condições Normais de Tempera-
tura e Pressão.
O valor de C
part
deve ainda ser corrigido para um teor de oxi-
gênio, conforme procedimento delineado no Capítulo 1.
DISPOSITIVOS REDUTORES DE EMISSÕES DE PARTÍCULAS
Cinco tipos de redutores de emissões de partículas serão dis-
cutidos nesta seção:
a) câmara de deposição gravitacional,
b) separadores centrífugos,
c) separadores úmidos,
d) filtros,
e) precipitadores eletrostáticos.
Câmara de deposição gravitacional
Dos dispositivos separadores, as câmaras de deposição gravi-
tacionalo os mais simples. Um esquema de uma dessas câmaras é
mostrado na Figura 5.
FIGURA 5 - Câmara de deposição gravitacional.
O princípio de funcionamento desse dispositivo baseia-se na
gravidade. O parâmetro de projeto mais importante no caso é a
velocidade terminal da partícula (v
t
), a qual constitui a máxima ve-
locidade vertical que a partícula obtém em queda livre. Observa-se
que os produtos de combustão serão expandidos assim que entra-
rem na câmara, e a velocidade de escoamento baixará para u. Para
um comprimento L, o tempo necessário, t
r
, para que a fração gaso-
sa dos produtos de combustão passe através da câmara será:
A velocidade vertical necessária para permitir que uma partí-
cula de determinado tamanho seja depositada é dada por:
onde h é a altura mostrada na Figura 5. Em um sistema ideal, todas
as partículas com uma velocidade terminal maior que h/t
r
serão re-
tiradas pelo sistema.
Antes de prosseguir, esclareceremos o conceito de velocidade
terminal. Observemos a Figura 6, a qual mostra um esquema atuan-
te em uma partícula em queda livre.
FIGURA 6 - Esquema das forças atuantes em uma partícula.
Essas forçaso dadas por:
onde m
p
é a massa da partícula, g a aceleração da gravidade, a
massa especifica dos no qual se encontra a partícula, a massa
específica da partícula, v a velocidade da partícula, A a área de im-
pacto da partícula, e C
A
o coeficiente de arrasto.
No início do movimento de queda livre, o arrasto é desprezí-
vel e, como a massa específica da partícula é muito maior que a do
gás, a partícula cai com uma aceleração a, tal que 0 < a < g. Con-
forme a velocidade vai aumentando, a força de arrasto aumenta
até a resultante de forças na partícula tornar-se nula. A partir desse
instante, a queda livre prossegue sem aceleração, com a velocidade
terminal. Portanto, quando a partícula atinge a velocidade termi-
nal, v
t
, tem-se:
Substituindo as expressões para cada uma dessas forças, ob-
tém-se:
Na maior parte dos casos, a geometria esférica pode ser adota-
da. Neste caso, para uma partícula de diâmetro d
p
, tem-se:
Para uma esfera, o valor de C
A
é dado por:
onde Re é o número de Reynolds baseado na massa específica do
gás, na velocidade da partícula com relação ao gás, v, no diâ-
metro da partícula, d
p
, e na viscosidade do gás, sendo:
Para Re < 1, a velocidade terminal é diretamente calculada
por:
Separadores centrífugos ou ciclones
Um separador centrífugo ou ciclone é mostrado na Figura 7.
Os produtos de combustão entram tangencialmente, e a força cen-
trífuga atira as partículas na parede cilíndrica onde, então, estas
partículas escorregam para a parte inferior em queo coletadas.
O movimento dos gases para dentro e para fora do dispositivo é
mostrado pelas espirais. Um ciclone, em geral, remove partículas
maiores que 10
FIGURA 7 - Ciclone simples.
Como primeira aproximação, a eficiência de remoção pode
ser calculada como (Bailie, 1978):
onde R é o raio de rotação e os outros parâmetroso os mesmos
definidos em seguida às equações (2.15). Para escoamento de Sto-
kes (Re < 1), tem-se:
Vê-se que a eficiência:
a) varia linearmente com a velocidade tangencial, v, e com a mas-
sa específica da partícula,
b) varia inversamente com o raio do ciclone, R, e a viscosidade do
gás,
c) é muito sensível ao diâmetro da partícula, d
p
, variando com o
quadrado deste.
Para aumentar a eficiência, é necessário reduzir R e aumentar
v, o que aumenta a queda de pressão e, conseqüentemente, os cus-
tos de bombeamento.
Para especificar um ciclone,o necessárias oito dimensões,
mostradas na Figura 8. Na Tabela 5 apresentam-se os valores típi-
cos dessas dimensões para ciclones de alta eficiência e de uso con-
vencional.
FIGURA 8 - Dimensões de um ciclone (Lora, 2000).
Tabela 5 - Parâmetros típicos para dimensionamento de ciclones
(Koch & Licht, 1977; Lora, 2000)
Parâmetro
adimensional
a/D
b/D
s/D
D
e
/D
H/D
h/D
B/D
Q/D
2
(m/h)
Descrição
Altura da seção de entrada
Largura da seção de entrada
Comprimento do tubo de
saída
Diâmetro do tubo de saída
Altura total
Altura da seção cilíndrica
Diâmetro da seção de saída
Vazão des
Ciclone de
alta eficiência
0,44 - 0,5
0,2-0,21
0,5
0,4 - 0,5
3,9-4,0
1,4-1,5
0,375 - 0,4
4,95-5,38
Ciclone
convencional
0,5 - 0,58
0,21-0,25
0,58 - 0,6
0,5
3,2-3,75
1,33 - 1,75
0,4 - 0,5
6,86
Independentemente da configuração selecionada, devem-se
adotar as seguintes recomendações (Lora, 2000):
a s, para evitar passagem direta dos particulados da seção de
entrada para o tubo de saída;
b (D - D
e
)/2, para evitar queda excessiva de pressão;
H 3D, para manter o vórtice formado pelos gases dentro da
seção cônica do ciclone;
7-8°, para garantir deslizamento rápido das partículas cole-
tadas;
D
e
/D 0,4-0,5; H/D
c
8-10; s/D
e
1, para garantir operação
com máxima eficiência;
< 25,4 cm H
2
0, onde a queda de pressão.
Com a vazão volumétrica, Q, o valor de D pode ser calculado
pela relação Q/D
2
dado na Tabela 5, e, assim, os outros parâme-
tros sucessivamente.
A perda de carga através de um ciclone e a perda por fricção
no equipamentoo convenientemente expressas em termos de
número de cargas de velocidade (N
h
na seção de entrada (Perry &
Chilton, 1973). A carga de velocidade é
cuja unidade é N.m
-2
(Pa) para a massa específica do fluido, em
kg.nr
-3
e a velocidade do fluido, v, em m.s
-1
. Sendo 1 cm de coluna
de água = 98,06 N.m
-2
, temos
O equacionamento para ciclones é freqüentemente apresenta-
do em unidades inglesas. Se a massa específica e a velocidade esti-
verem em lbm.fr
-3
e ft.s
-1
, respectivamente, teremos:
Assim, a perda de carga através do ciclone será:
A perda por fricção do ciclone (F
c
) é uma medida direta da
pressão estática e potência necessárias a um soprador e é relacio-
nada à perda de carga pela expressão (ibidem):
o há correlação geral para obter N
h
,. Para ciclones com 1/8
< b/D < 3/8, a/D da ordem de 1, e 1/4 < D
e
/D < 3/4, a seguinte
expressão empírica é indicada para N
h
(ibidem):
onde K = 3,2. Emborao haja valores em outros intervalos de di-
mensões, para D
e
/D < 1/4 e para b/D < 1/8, o valor de K aumenta.
Para a perda por fricção, Perry & Chilton (1973) indicam:
onde K
f
= 16 para 1/12 < a/D < 1/4, 1/4 < b/D < 1/2, e 1/4 <
De/D < 1/2.
Para projeto, Koch & Licht (1977) indicam:
para ciclones de alta eficiência, 6,40 < N
h
< 9,24;
para ciclones convencionais, 7,76 < N
h
< 8,0.
Separadores úmidos
Há vários tipos de separadores úmidos. Um dos mais simples é
o tipo spray, mostrado na Figura 9.
A remoção das partículas resulta da colisão com as gotículas
de água. Os produtos de combustão fluem para cima e se encon-
tram com partículas de água formadas por nebulizadores tipo
pressão. Um eliminador de névoa no topo do dispositivo remove a
água arrastada pelos gases. Os gases limpos saem pelo topo e a água
com partículas é removida por baixo.
FIGURA 9 - Coletor úmido tipo spray.
O dispositivo é, em geral, eficiente para partículas de diâme-
tros superiores a 10 Altas eficiências podem ser obtidas para
partículas de diâmetroso pequenos quanto 1 se a pressão do
spray for elevada.o normalmente usados de 1 a 5 litros de água
para limpar 4 m
3
des (Bailie, 1978).
Filtros
, também, diversos tipos de separadores que trabalham
com filtros de mangas. Um desses é mostrado na Figura 10. Os fil-
troso normalmente na forma cilíndrica e dispostos em fileiras
múltiplas para que haja uma área relativamente grande para a pas-
sagem dos gases. Para limpeza desses filtros, utiliza-se um vibrador
(mostrado na figura), ou jatos de ar em fluxo reverso, ou ainda ja-
tos pulsantes de ar. Neste último caso, a limpeza realiza-se por meio
de um pulso de ar a alta pressão, que expande violentamente a
manga (Lora, 2000).
O parâmetro mais importante para o projeto de filtros de man-
gas é a relação gás/pano, dada por:
onde Q
g
é a vazão volumétrica dos (m
3
.s
-1
) e A
filtro
a área total
de pano (m
2
). Valores recomendados para a relação gás/pano para
diferentes tipos de particuladoso apresentados na Tabela 6.
FIGURA 10 - Separador corn filtros de mangas do tipo vibrador.
Tabela 6 - Valores recomendados para a relação ar/pano, m/s
(Turner et al., 1987)
Particulado
Alumina
Asbesto
Cimento
Carvão mineral
Cinza volátil
Cal
Calcário
Areia
Serragem
Sílica
Limpeza por vibração
e fluxo reverso de ar
1,27
1,52
1,02
1,27
1,02
1,27
1,37
1,27
1,78
1,27
Limpeza por jato
pulsante
4,07
5,08
4,07
4,07
2,54
5,08
4,07
5,08
6,10
3,56
Precipitadores eletrostáticos
O último dispositivo redutor de emissões de partículas apre-
sentado nesta seção, o precipitador eletrostático, é altamente eficien-
te para partículas pequenas. Esse dispositivo produz uma carga elé-
trica nas partículas, as quais são, então, atraídas para eletrodos de
coleta por ação de forças eletrostáticas.
A operação de precipitação envolve quatro passos, mostrados
esquematicamente na Figura 11:
a) Um intenso campo eletrostático é mantido entre os eletrodos
de descarga e os de coleta.
b) As partículas tornam-se eletricamente carregadas quando sub-
metidas a um forte campo eletrostático.
c) As partículas carregadas negativamente, ainda na presença de
um campo eletrostático,o atraídas para os eletrodos aterra-
dos carregados positivamente.
d) As partículaso removidas dos eletrodos de coleta, por bati-
mento, para depósitos.
FIGURA 11 - Esquema do princípio de funcionamento de precipitadores eletros-
táticos (Singer, 1981).
A Figura 12 ilustra os componentes básicos de um precipita-
dor eletrostático.
FIGURA 12 - Precipitador eletrostático.
ALTERAÇÕES NO PROCESSO DE COMBUSTÃO
Além da remoção dos paniculados nos gases de combustão,
outra forma de controle dessa emissão é por meio de alterações no
processo de combustão. Alguns combustores podem ser especial-
mente construídos de tal forma que o processo de combustão in-
duza o surgimento de oscilações acústicas, como é o caso dos com-
bustores pulsantes tipo tubo de Rijke e Helmholtz (Carvalho et al.,
1989). A presença dessas oscilações acústicas intensifica a taxa de
mistura entre os reagentes, o que desfavorece as reações de cra-
queamento responsáveis pela formação de parte do material parti-
culado em razão da maior presença do oxigênio na região de chama.
A Tabela 7 apresenta um resumo dos resultados obtidos por
Carvalho et al. (1987) para queima de carvãoo pulverizado em
um combustor tipo tubo de Rijke. Os resultadoso consistentes
com as observações visuais de produtos de combustão mais escuros
durante a operaçãoo pulsante. Adicionalmente, mostra-se que o
teste conduzido com menor nível de amplitude acústica com ra-
zões ar/combustível e vazões de combustível similares (condições
1 e 3) produziu maior quantidade de particulados. Deve-se ressal-
tar que, uma vez fixadas as condições de testes,o havia controle
sobre o nível de amplitude e uma redução na amplitude era sem-
pre causada por acúmulo de materialo queimado no leito em
combustão. Assim, a maior amplitude é mais eficaz, pois o seu au-
mento intensifica a qualidade da mistura entre os reagentes.
O outro fator importante é a fração da estequiometria. No ca-
so dos resultados da Tabela 7, os testes foram realizados em condi-
ções um pouco acima da estequiométrica e praticamente nos mes-
mos valores, de maneira que conclusõeso podem ser tiradas
com relação ao fator a. Em geral, o excesso de ar diminui a emis-
o de particulados pelo aumento da concentração de oxigênio na
região de chama.
Conforme esperado, vazões maiores de carvão sob razões
ar/combustível similares produziram quantidades superiores de
particulados (condições 5 e 6 da Tabela 7). Nesses casos, os parti-
culados possuíam um tempo de residência pequeno para reagir
completamente no interior do combustor.
Tabela 7 - Resultados da emissão de paniculados para combustão
de carvão não-pulverizado (Carvalho et al., 1987)
Condição
1
2
3
4
5
6
Tipo
Pulsada
Não-pulsada
Pulsada
Não-pulsada
Pulsada
Não-pulsada
Vazão de ar,
kg.m
-2
.h-
1
3.036
3.036
3.036
3.036
4.052
4.052
a
1,06
1,12
1,11
1,11
1,07
1,14
Amplitude
média, dB
157
-
153,5
-
154,5
-
mp/m
c
(%)
0,17
1.31
0,55
1,34
0,98
3,26
= fração da estequiometria; amplitude corresponde ao valor medido na seção reta média do
tubo; m
p
= massa coletada de particulado e m
c
= massa de carvão suprido durante o período
de coleta.
É importante observar que, em condições pulsadas, a veloci-
dade média das partículas no escoamento de gases na câmara au-
menta (Carvalho, 1995); com isso, partículas com tamanho me-
nor adquirem condições suficientes para serem arrastadas para
fora do combustor. Assim, pode-se dizer que a presença do campo
acústico reduz a formação de particulados, mas, ao mesmo tempo,
propicia condições de velocidade para emissão de partículas me-
nores. No entanto, conforme observado na Tabela 7, o balanço des-
ses efeitos resulta em uma menor emissão de particulados quando
se está operando no regime pulsado.
Uma maneira de minimizar o efeito da velocidade é aumentar
o tempo de residência da câmara. Baseado nos resultados de Fer-
reira & Carvalho (1990) para queima de carvão vegetal não-pul-
verizado em um combustor pulsante tipo tubo de Rijke com diver-
sos comprimentos, pode-se dizer que há uma relação quase linear
entre a emissão de particulados e o tempo de residência da câmara
de combustão pulsada. A Figura 13 apresenta tal resultado.
Outra forma de controle da emissão de particulados é pelo en-
riquecimento do oxidante, ou seja, aumentando a concentração
do oxigênio acima dos 21% do ar atmosférico. Com isso, a dispo-
nibilidade de oxigênio nas imediações da saída do queimador irá
aumentar e a formação de fuligem será inibida. Por sua vez, a tem-
peratura na região secundária da chama será mais elevada, o que
intensifica o processo de oxidação do particulado proveniente da
região primária.
FIGURA 13 - Porcentagem em massa de paniculados em relação à massa total de
carvão queimado, variando-se o tempo de residência do combustor pulsante
por seu comprimento (Ferreira Sc Carvalho, 1990).
O enriquecimento da combustão ainda pode diminuir a emis-
o de particulados reduzindo o diâmetro de corte, definido como
o diâmetro máximo para que uma partícula ainda seja carregada
para fora da câmara pelo fluxo gases de combustão, caso contrário
a partícula se depositará no interior dela. Em uma câmara de com-
bustão vertical, basicamente o que define se uma partícula é carre-
gada ouo é a diferença entre seu peso e o arrasto, conforme já
discutido. Como o enriquecimento do oxidante reduz o fluxo de
massa através da câmara, conseqüentemente, a velocidade do es-
coamento e o arrasto também diminuem, e somente partículas me-
nores, onde o arrasto ainda se sobrepõe ao peso, seguirão o fluxo
de gases. Melo (1997) apresentou um equacionamento detalhado
para dinâmica de uma partícula em um fluxo de gases e, com esse
equacionamento, calculou a redução no diâmetro de corte para
uma câmara de pós-combustão de um incinerador industrial tipo
forno rotativo utilizandos natural como combustível. Para ope-
ração com ar, o diâmetro de corte foi de 287 um, e, para o oxidan-
te sendo oxigênio puro, de 264 , ou seja, houve uma redução
de 8%. Dependendo da faixa de tamanho das partículas formadas,
essa redução no diâmetro de corte pode ser significativa.
3 DIÓXIDO DE ENXOFRE (SO
2
)
CARACTERÍSTICAS
O dióxido de enxofre é introduzido na atmosfera por ativida-
des naturais e humanas. A quantidade de dióxido de enxofre in-
troduzido na atmosfera pelas atividades humanas, em 1990, foi de
cerca de 156 milhões de toneladas comparadas com os 52 milhões
de toneladas provenientes das fontes naturais (0'Neill, 1995).
A maior fonte não-natural de dióxido de enxofre é a combus-
o de combustíveis fósseis em processos industriais. Durante a
combustão, praticamente todo o enxofre contido no combustível
se oxida para SO
2
. A concentração resultante dos nos produtos
de combustão é uma função da porcentagem de enxofre contida
no combustível e da razão ar/combustível. As quantidades de en-
xofre contidas nos combustíveis fósseis mais comuns são: carvão
0,1% a 6%, óleo residual 0,75% a 3%, gasolina cerca de 0,04% e
diesel cerca de 0,22%. Os natural em sua composição primá-
ria é livre de enxofre, no entanto uma pequena quantidade de
enxofre é acrescentada aos por questão de segurança, para
que ele deixe de ser inodoro. Mesmo com esse acréscimo, os
natural apresenta uma emissão de SO
2
98% mais baixa que o
óleo pesado.
Basicamente, 61% do SO
2
lançado para a atmosfera por fontes
não-naturaiso provenientes da queima de carvão, 25% da quei-
ma de óleo, 10% da fusão de minério de sulfeto de cobre e 1,5%
da fusão de sulfeto zinco e chumbo (ibidem).
FATORES DE EMISSÃO E ESTIMATIVAS
DE CONCENTRAÇÕES DE SO
2
Segundo a Agência de Proteção Ambiental americana, temos,
para SO
2
, os fatores de emissão mostrados na Tabela 8.
Tabela 8 - Fatores de emissão de SO
2
para diferentes processos
(EPA, 1996; Lora, 2000). S: teor de enxofre no com-
bustível (%)
Combustível e tecnologia utilizada
Óleo combustível n. 5 (queima frontal e
queima tangencial)
Diesel (caldeiras industriais)
s natural (queima frontal e tangencial)
Carvão betuminoso (queima frontal, tangencial
e stokers)
Fator de emissão de SO
2
18,84 S(kg.m
-3
)
17,04 S(kg.m
-3
)
-
19 S (kg.ton
-1
)
Calculemos as concentrações de SO
2
esperadas nos produtos
de combustão com ar do carvão com 2,09% de enxofre especifica-
do no item "Estimativa de concentração de partículas em combus-
o de carvão pulverizado", no Capítulo 2, sem equipamento de
dessulfurização. Escrevamos novamente a reação química para ex-
pressar a combustão com um excesso de ar normalizado a para
100 g do combustível:
Temos, então:
Em unidades mg.Nnr
-3
, temos, de acordo com a equação (1.7):
Conforme anteriormente mostrado no item "Estimativa de
concentração de partículas em combustão de carvão pulverizado",
no Capítulo 2, a concentração de oxigênio, em base seca nos gases
de combustão para um excesso de ar genérico, é:
Novamente para os percentuais de 3%, 7% e 12% de O
2
nos
gases de combustão, temos os resultados mostrados na Tabela 9:
Tabela 9 - Valores esperados de concentração de SO
2
nos gases
de combustão de um carvão pulverizado com 2,09%
de enxofre
[O
2
]
BS
(%)
a
[SO
2
]
BS
(ppm)
[SO
2
)
BS
(mg.Nm-
3
)
3
1,1622
1.611
4.603
7
1,4864
1.253
3.580
12
2,2964
806
2.302
Deve-se observar que, pelos dados da Tabela 8, a emissão pre-
vista de SO
2
é 19 S, em kg.ton
-1
, onde S é o teor de enxofre no
combustível, o que nos leva a 19 x 2,09 kg.ton
-1
= 39,7 kg.ton
-1
.
Por outro lado, pela reação de combustão para 100 g de carvão,
teremos a seguinte emissão de SO
2
: 0,0653 x 64 g.100 g
-1
= 41,8
kg.ton
-1
. Assim, para carvão, o fator de emissão indicado pela Ta-
bela 8 é 5% menor que aquele calculado utilizando a reação de
combustão.
Para o óleo combustível, ver item "Estimativa de concentra-
ção de partículas em combustão de carvão pulverizado", no Capí-
tulo 2; com 1,12% de enxofre, tínhamos a seguinte reação de
combustão com excesso de ar genérico a:
A concentração de SO
2
fica:
Para esse caso, a concentração de oxigênio em base seca nos
gases de combustão para um excesso de ar genérico é:
Os resultadoso mostrados na Tabela 10.
Tabela 10 -Valores esperados de concentração de SO
2
nos gases
de combustão de óleo combustível com 1,12% de
enxofre
[O
2
]
BS
(%)
a
[SO
2
]
BS
(ppm)
[SO
2
]
BS
(mg.Nm
-3
)
3
1,1579
674
1.926
7
1,4735
524
1.498
12
2,2623
337
963
Novamente utilizando os dados da Tabela 8, teremos a esti-
mativa de emissão de 18,84 S = 18,84 x 1,12 = 21,1 kg.nr
-3
de
óleo. Para um óleo combustível com massa específica da ordem
de 1 ton.m
-3
(Gill et al., 1988), o valor da emissão de SO
2
calcula-
do com base na reação de combustão seria 0,035 x 64 g.100 g
-1
=
= 22,4 kg.m
-3
. Para esse caso, o fator de emissão de SO
2
indicado
na Tabela 8 é 6% menor que aquele calculado pela reação de
combustão.
IMPACTOS DA EMISSÃO DE SO
3
O dióxido de enxofre possui um tempo de vida entre 2 e 6 dias
na atmosfera, podendo atingir cerca de 4.000 km de distância de
sua fonte de emissão. Seu processo de dispersão é bastante com-
plexo, dependendo das condições climáticas, topografia e altura e
projeto da chaminé. Em geral, chaminés elevadaso utilizadas
para uma maior dispersão, contudo, se o nível de turbulência na
atmosfera for baixo, uma pluma de gases mover-se-á por centenas
de quilômetros antes de se dispersar.
Uma vez lançado na atmosfera, parte do SO
2
irá sofrer oxida-
ção por meio de uma variedade de mecanismos que envolvem in-
terações em fase gasosa chamadas de oxidação homogênea. Um
dos meios mais comuns de oxidação do SO
2
na atmosfera é pelo
mecanismo que se inicia com reação do SO
2
com o radical hidro-
xilo (HO), composto pelas reações (3.1) a (3.4).
Esse mecanismo envolve a presença de radicais altamente rea-
tivos com um elétron livre (HO, HSO
3
, HSO
5
e HSO
4
). O radical
livre hidroxilo (HO) é formado na atmosfera por um número de
reações, normalmente envolvendo a decomposição química ocasio-
nada pela luz (fotólise), nas quais as ligações químicas covalentes
o destruídas pela absorção da radiação solar. Esse processo pode
ser resumido como na Figura 14.
Além do mecanismo apresentado pelas reações (3.1) a (3.4),
parte do SO lançado para atmosfera se oxida para SO
3
e este, pela
reação com vapor d'água, é convertido em H
2
SO
4
. A formação de
SO
3
e H
2
SO
4
pode ocorrer antes de os produtos de combustão dei-
xarem a chaminé, se a temperatura for baixa o suficiente. O ácido é
depositado no solo, nas águas e nas plantas com a chuva. Geral-
mente, essa chuva ácida também possui ácido nítrico formado a
partir de óxidos de nitrogênio (NO
x
). NO
x
é o nome dado ao con-
junto de gases NO + NO
2
, que será discutido no capítulo se-
guinte. Os danos causados pela chuva ácida ao meio ambienteo
incalculáveis.
Atualmente, a expressão chuva ácida é utilizada de maneira
mais ampla para descrever as diversas formas em que os ácidoso
despejados da atmosfera (www.epa.gov/airmarkets/acidrain). A
expressão mais precisa é deposição ácida, que possui duas partes:
uma úmida e outra seca.
A deposição úmida refere-se à chuva, neblina e neve ácidas.
Quando essa solução ácida cai no chão e flui pelo solo, ela afeta
uma variedade de plantas e animais, conforme já mencionado. A in-
tensidade desses efeitos depende de muitos fatores, incluindo o grau
de acidez da solução, a capacidade do solo em absorver a acidez, e os
tipos de peixes, árvores e outros seres que precisam de água para
viver. A Figura 15 apresenta um esquema de como a poluição áci-
da úmida é formada e transmitida.
FIGURA 15 - Esquema de como se transmite a poluição ácida úmida (Time Maga-
zine, 1982).
A deposição seca refere-se a gases ácidos e partículas. Cerca
de 50% do material ácido na atmosfera cai no solo através de de-
posição seca. O vento sopra as partículas e os gases ácidos para as
superfícies externas de edifícios, automóveis e árvores. Os pro-
dutos dessa deposição seca também podem ser lavados dessas su-
perfícies por água de chuva. Quando isso acontece, a água resul-
tante do processo possuirá uma acidez ainda maior do que a água
da chuva.
Os ventos podem transportar por centenas de quilômetros os
componentes que causam deposições ácidas seca e úmida. Confor-
me já mencionamos, o SO
2
e o NO
x
o os causadores primários
da chuva ácida. A chuva ácida ocorre quando esses gases reagem
na atmosfera com a água, o oxigênio e outros compostos, e a luz
do Sol aumenta essas taxas de reação. O resultado é uma solução
aquosa de ácido sulfúrico e ácido nítrico.
A chuva ácida causa acidificação dos lagos e correntes de água
e danifica as árvores e o solo. Adicionalmente, a chuva ácida acele-
ra a deterioração de materiais e pinturas de edifícios. Antes de se
depositarem no solo, os gases e as partículas derivados de SO
2
e do
Além da chuva ácida, a presença do óxido de enxofre, mesmo
em baixa concentração na atmosfera, pode causar sérios danos à
saúde. O efeito primário à exposição ao dióxido de enxofre é so-
bre o sistema respiratório. Por ser altamente solúvel em água, esse
dióxido é absorvido nas passagens úmidas do sistema respiratório,
produzindo irritações e aumentando a resistência à aspiração, es-
pecialmente nas pessoas que já possuem alguma debilidade respi-
ratória ou asma. Dessa forma, a exposição a esses pode aumen-
tar significativamente o esforço requerido para respiração, além
de estimular o surgimento de secreções da mucosa. Já se observou
que, em algumas áreas metropolitanas, a concentração de S0
2
é da
ordem de 1 ppm (Bailie, 1978), e a exposição a esses níveis de con-
centração acarreta constrição das vias no pulmão. Na presença de
partículas, a irritação é muito maior. A exposição contínua (cerca
de 24 horas) ao nível de S0
2
acima de 500 mg.m
-3
afeta agudamen-
te as pessoas que sofrem de asma ou bronquite se o nível de fuli-
gem estiver em torno de Valores acima de ,
tanto para o S0
2
como para fuligem, podem levar o ser humano à
morte.
O dióxido de enxofre disperso na atmosfera pode causar danos
o só aos humanos e aos animais, mas também aos vegetais. A ex-
posição a elevados níveis de S0
2
pode acarretar a necrose do tecido
das folhas das plantas. As bordas e as áreas entre as veias das folhas
A utilização de chaminés altas aumenta a extensão de ocorrên-
cia das chuvas ácidas, por causa da maior dispersão dos óxidos de
enxofre e nitrogênio; no entanto, localmente o impacto da chuva
ácida é reduzido, pois a possibilidade de neutralização dos ácidos
pelo próprio ambiente aumenta. A água pura tem um pH de 7,0. A
chuva normal é ligeiramente ácida porque o dióxido de carbono
do ar se dissolve na água, de maneira a produzir um pH de cerca
de 5,6. Se o pH for inferior a esse valor, a chuva é considerada áci-
da. A sensibilidade de um ecossistema à chuva ácida depende da
quantidade de ácido depositada, da habilidade das rochas, do solo
e da água em neutralizar o ácido e da resistência dos organismos
vivos às conseqüentes mudanças.
NO
x
, incluindo sulfatos e nitratos, contribuem para diminuir a vi-
sibilidade e prejudicar a saúde pública.
o particularmente destruídas. Além disso, parte do dióxido de
enxofre disperso é convertido em ácido sulfúrico; dessa forma, as
plantas podem ser destruídas por aerossóis de ácido sulfúrico, de
uma maneira muito mais devastadora do que quando gotas de áci-
do atingem as folhas, como no caso da chuva ácida.
MÉTODOS DE MEDIDA DE CONCENTRAÇÃO DE SO
2
Um método comum para determinar concentrações de SO
2
consiste na absorção dos em uma solução de peróxido de hidro-
gênio (H
2
O
2
) e na determinação quantitativa por titulação com
perclorato de bário (Ba(CIO
4
)
2
) ou cloreto de bário (BaCl
2
) (Bren-
chley et al., 1980). Como a medida é quantitativa, a coleta da
amostra deve ser realizada isocineticamente (ou seja, a velocidade
da amostra na ponta de prova deve ser igual à velocidade dos no
ponto de coleta, conforme descrito no Capítulo 2).
Uma maneira comum de detectar continuamente o SO
2
em
produtos de combustão consiste no uso de um analisador tipo in-
fravermelho, já discutido no Capítulo 1 para CO e CO
2
.
No caso de análise de SO
2
, condensadores convencionaiso
podem ser usados na linha de amostragem; a água da amostra de-
verá ser separada na forma de vapor. A separação na forma de va-
por é necessária porque o SO
2
é bastante solúvel em água líquida,
e a condensação e a separação do vapor d'água da amostra podem
reter uma quantidade representativa do poluente, o que acarreta
valores medidos de concentração menores que os verdadeiros.
Uma maneira de resolver o impasse é usar secador tipo permea-
ção/destilação (Perma Pure, 1980), como o mostrado na Figura
16. Um pacote de tubos ligados nas pontas e construídos de mate-
rial dessecador é selado em um compartimento que tem aberturas
para a amostra. A água da amostra é retirada continuamente na
forma de vapor d'água por ums seco que flui contracorrente
com a amostra. A secagem é contínua desde que a vazão volumé-
trica dos seco seja maior que a vazão volumétrica da amostra.
FIGURA 16 - Esquema de um secador tipo permeação/destilação (Perma Pure,
1980).
DISPOSITIVOS E TÉCNICAS
PARA REDUÇÃO DE EMISSÕES DE SO
2
Existe uma diversidade muito grande de dispositivos para se
reduzir e controlar a emissão de SO
2
. Apesar disso, esses dispositi-
vos se encaixam nos três conceitos básicos de atuação para contro-
le desse poluente:
a prevenção de sua formação, retirando o enxofre do combustí-
vel antes da queima, processo conhecido como dessulfurização
do combustível;
a atuação no processo de combustão de tal forma que um mate-
rial absorvente reduza o SO
2
formado ainda na câmara de com-
bustão;
a "limpeza" dos após a combustão usando material absorven-
te, processo conhecido como dessulfurização dos produtos de
queima.
Um resumo desses processos é apresentado na Figura 17.
A maneira preferível de controlar a poluição com SO
2
é pre-
venir a sua formação, ou seja, dessulfurizar o combustível (Bab-
cock and Wilcox Company, 1975; Bailie, 1978; Singer, 1981); no
entanto, esse é um processo caro. Aproximadamente metade do
enxofre contido no carvão está presente como cristais de pirita,
FeS
2
. Esses cristais possuem propriedades bastante diferentes da
matriz orgânica em que eles estão envolvidos no carvão, permitin-
do a possibilidade da separação desse material por processos físi-
cos. Um grande número de técnicas pode ser empregada para isso,
levando a uma redução de cerca de 80% da pirita.
FIGURA 17 - Técnicas de redução das emissões de enxofre aplicadas a uma planta
industrial.
Para a dessulfurização do carvão, primeiramente é necessário
que este seja moído para que os cristais de pirita sejam liberados.
Uma vez se apresentando em finas partículas, as diferenças de den-
sidade, as características magnéticas, a condutividade, a absorção
de umidade etc. entre a matriz orgânica e a pirita ficam evidentes,
podendo então algumas dessas diferenças serem utilizadas para a
separação (Halstead, 1992).
A dessulfurização do carvão ainda é uma técnica muito cara
em comparação com a dessulfurização dos gases de combustão,
principalmente pelo preparo do combustível e por sua perda oca-
sional durante o processo de separação. Contudo, uma especial
atenção vem sendo dada a essa técnica em razão do potencial de se
reduzir a metade a emissão de SO
2
sem alterar o processo industrial.
O óleo residual pode ser dessulfurizado na própria refinaria por
uma extensão de técnicas conhecidas, mas o custo dessa dessulfu-
rização ainda é alto e, dependendo do mercado, o preço desse
combustível pode torná-loo competitivo.
Outro método usado para reduzir a emissão de SO
2
consiste
na modificação do processo de queima. Um combustor do tipo lei-
to fluidizado representa um exemplo de processo modificado. Nes-
se caso, um material absorvente que pode ser cal, pedra calcária ou
dolomita é injetado direto na câmara de leito fluidizado onde o
carvão é queimado, conforme mostra a Figura 18. A fluidização é
atingida através do ar de combustão injetado na parte inferior da
câmara. Se a cal for utilizada como agente absorvente, o SO
2
será
removido segundo a reação:
FIGURA 18 - Combustor de leito fluidizado.
Para que o processo de dessulfurização em um combustor de
leito fluidizado seja adequado, é necessário um controle operacio-
nal preciso que evite o processo de desativar a reação de remoção
decorrente da temperatura elevada. No entanto, esse controle é
mais fácil nesse tipo de combustor do que nos de processo de quei-
ma convencional, pois há uma distribuição de temperatura mais
uniforme na região de combustão.
A maneira mais barata de controlar a emissão de SO
2
em uma
câmara de combustão convencional seria a injeção do absorvente
junto com os reagentes. O calcário injetado reage com o SO
2
e o
particulado seco formado é coletado na seqüência junto com a fu-
ligem em um precipitador eletrostático. Na prática, essa técnica só
é eficiente quando utilizada em queimadores projetados para mi-
nimizar a emissão de NO
x
através do estagiamento da combustão.
Pelo controle da mistura entre o reagentes, evitam-se regiões com
temperatura elevada, o que favorece a não-formação de NO
x
,
conforme discutido no Capítulo 4. Portanto, como a temperatura
na região de reação química é mais baixa, o grau de desativação
das partículas absorventes será menor e a taxa de remoção do SO
2
bem maior (Halstead, 1992).
Além da dessulfurização do combustível e do controle do pro-
cesso de combustão, há no mercado uma quantidade considerável
de sistemas de dessulfurização dos gases de combustão. A maior
parte dos processos desenvolvidos envolve a lavagem dos produ-
tos de combustão com um agente absorvente líquido/gasoso que
contém cal, pedra calcária ou cinza alcalina. O desempenho desses
sistemas pode chegar a 90%-95% em gases de combustão que con-
tenham até 5.000 ppm de SO
2
(Babcock and Wilcox Company,
1975; Bailie, 1978; Singer, 1981). Em geral, os agentes absorven-
teso o Ca(OH)
2
e o CaCO
3
(Manahan, 1993), identificados
pelas reações:
Normalmente o processo descrito pela reação (3.6) necessita
de 200 kg de Ca(OH)
2
por tonelada de carvão queimado, produ-
zindo uma enorme quantidade de resíduo. O processo descrito pe-
la reação (3.7) é mais barato, no entanto, para que ele seja razoa-
velmente eficiente, o pH deve ser baixo, exigindo, muitas vezes, a
adição de algum composto ácido no processo (Manahan, 1993).
O CaSO
3
residual das reações (3.6) e (3.7) pode ser aproveitado
para a formação do sulfato de cálcio hidratado (CaSO
4
.2H
2
(
S
)),
identificado pela reação (3.8):
O sulfato de cálcio tem um alto valor comercial e é consumido
por empresas de produção de gesso.
Além dos absorventes à base de cálcio, existem aqueles à base
de sódio, Na
2
SO
3
e NaOH. A remoção do dióxido de enxofre pela
ação do Na
2
SO
3
na presença de água é identificada pela reação:
O produto da reação (3.9), NaHSO
3
, pode ser conduzido a
um evaporador/cristalizador, onde, pela adição de calor, esse com-
posto é regenerado a Na
2
SO
3
mais vapor concentrado de SO
2
,
identificado pela reação (3.10):
Esse vapor concentrado pode ser utilizado diretamente para a
produção de ácido sulfúrico, enxofre e qualquer outro produto
que tenha enxofre em sua composição e valor comercial.
A reação (3.11) apresenta o processo de dessulfurização dos
gases utilizando NaOH como absorvente:
Nesse caso, o Na
2
SO
3
formado pode ser regenerado a NaOH
reagindo com o Ca(OH)
2
, reação (3.12):
Novamente, o CaSO
3
formado poderá ser convertido a sulfa-
to de cálcio hidratado identificado pela reação (3.8).
Os processos com o composto absorvente regeneradoo bas-
tante atrativos do ponto de vista ambiental, pois diminuem acen-
tuadamente a quantidade de material que é liberado pelo sistema.
Nesta seção, discutiu-se isoladamente cada conceito relacionado
com a redução da emissão de SO
2
. No entanto, na prática uma
combinação adequada das diferentes técnicas pode ser empregada
para obter uma melhor eficiência no controle da emissão desse po-
luente.
A situação ideal para baixas emissões de dióxido de enxofre é
acidentalmente a utilização de combustíveis com menor teor de
enxofre possível. Dessa forma, para aplicações industriais, o com-
bustível mais atrativo é os natural, que no Brasil vem ganhando
cada vez mais espaço desde o novo direcionamento da matriz
energética nacional para que em 2010 ele seja o responsável por
12% dela.
4 ÓXIDOS DE NITROGÊNIO (NO
x
)
CARACTERÍSTICAS
NO
x
é o termo geral que designa a soma de monóxido de ni-
trogênio (NO) e dióxido de nitrogênio (NO
2
), os dois componen-
tes de nitrogênio mais emitidos em processos de combustão. Nor-
malmente, as quantidades de NO formadaso muito maiores que
as de NO
2
. Contudo, uma vez lançado na atmosfera, o NO rapida-
mente se transforma em NO
2
e as taxas de emissão mássica de
NO
x
o sempre calculadas, considerando seus dois compostos,
como exclusivamente NO?.
Em geral, as concentrações de NO
2
na saída das chaminés per-
manecem bastante baixas. Em baixas temperaturas, a relação
NO
2
/NO é cerca de 3, mas a concentração de ambos os óxidos é
bastante pequena. Essa relação baixa drasticamente para tempe-
raturas mais altas, sendo, geralmente, menor que 0,15 para tem-
peraturas acima de 500 °C (Bailie, 1978).
A alta temperatura de operação das câmaras de combustão e a
utilização de combustíveis com teores de nitrogênioo fatores
que contribuem para a formação de NO . Esse poluente, além de,
como o SO
2
, provocar a chuva ácida, é o precursor principal das
reações fotoquímicas que levam à formação do smog fotoquímico.
Smogé uma névoa marrom-amarelada que aparece primariamente
sobre áreas urbanas em dias ensolarados. Os componentes do
smog incluem ozônio, NO
x
, componentes orgânicos voláteis (Vo-
latile Organic Compounds, VOC), SO
2
, aerossóis e material parti-
culado. Essa mistura resulta da reação entre poluentes atmosféri-
cos sob forte luz solar. O smog ocorre principalmente no verão,
quando há muita luz do Sol e as temperaturaso maiores. Em
quantidade excessiva, o smog ameaça as pessoas, os animais e as
plantas. O poluente atmosférico predominante no smog encontra-
do em áreas urbanas é o ozônio (O3) no nível do solo.
A formação de ozônio no nível do solo ocorre como resultado
de reação química entre formas distintas de poluentes e a luz do
Sol. Dois grupos de poluenteso importantes: os NO
x
e os
VOCs. Quando uma massa de ar estaciona sobre áreas urbanas, os
poluentes lá permanecem por longos períodos de tempo. A luz do
Sol interage com esses poluentes, formando o ozônio ao nível do
solo.
O NO emitido durante a combustão depende da composição
do combustível, do modo de operação e do projeto dos queimado-
res e da câmara de combustão. Cada um desses parâmetros é signi-
ficativo em relação ao nível final de NO emitido. A formação
desse poluente é atribuída a duas fontes distintas (Wood, 1994):
a) NO
x
atmosférico, formado a partir da oxidação do N
2
do ar at-
mosférico, seguindo principalmente dois mecanismos de for-
mação: o NO
x
térmico, sendo seu esquema reacional proposto
inicialmente por Zeldovich et al. (1947), e o NO imediato
(prompt), formado na região de frente de chama, cujo esquema
reacional foi proposto por Fenimore (1971).
b) NO do combustível, formado a partir da quebra das ligações
do nitrogênio presente no combustível e reação com oxigênio.
O presente capítulo aborda o impacto das emissões de NO
x
no meio ambiente, além dos mecanismos reacionais que levam à
sua formação e a medidas possíveis para o seu controle.
FATORES DE EMISSÃO E ESTIMATIVAS
DE CONCENTRAÇÕES DE NO
x
Segundo a Agência de Proteção Ambiental americana, temos,
para NO
x
, os fatores de emissão apresentados na Tabela 11. Con-
forme veremos nos itens seguintes do presente capítulo, as taxas
de emissão de NO
x
variam fortemente com as condições de com-
bustão e os dados da Tabela 11 devem ser tomados apenas como
uma estimativa primária.
Tabela 11 - Fatores de emissão de NO
x
para diferentes processos
(EPA, 1996; Lora, 2000)
Combustível e tecnologia utilizada
Óleo combustível n.5 (queima frontal em cen-
trais termelétricas)
Óleo combustível n.5 (queima tangencial em
centrais termelétricas)
Diesel (caldeiras industriais)
s natural (caldeiras de grande porte com
queima frontal)
s natural (caldeiras de grande porte com
queima tangencial)
Carvão betuminoso (caldeiras de grande porte
com queima frontal)
Carvão betuminoso (caldeiras de grande porte
com queima tangencial)
Carvão betuminoso (stokers)
Resíduos de madeira (stokers)
Resíduos de madeira (combustor de leito fluidi-
zado)
Bagaço de cana
Fator de emissão de NO
x
8,04 (kg.m
-3
)
5,04 (kg.nT
-3
)
2,4 (kg.nT
-3
)
4.480 (kg.10
6
m
-3
)
2.270 (kg.10
6
m
-3
)
6 (kg.ton-
1
)
5 (kg.ton
-1
)
5,5 (kg.ton
-1
)
0,75 (kg.ton-
1
)
1 (kg.ton
-1
)
1,2 (kg.ton
-1
)
Corn o intuito de ilustrar os cálculos envolvidos com as unida-
des apresentadas para os fatores de emissão e as unidades de con-
centração volumétrica, estimamos as concentrações de NO
x
nos
produtos de combustão des natural com ar em caldeiras frontais
de grande porte. De acordo com a Comgás (1997), a composição
volumétrica dos natural pode ser tomada como: CH
4
(metano)
89,3%; C
2
H
6
(etano) 8%; C
3
H
8
(propano) 0,8%; C
4
H
10
e C
5
H
12
(butano e pentano) 0,1%; CO
2
(dióxido de carbono) 0,5% e N
2
(nitrogênio) 1,3%. Conforme comentado no Capítulo 1, o NO é
rapidamente transformado em NO
2
assim que é lançado na atmos-
fera, sendo prática comum calcular a taxa de emissão do poluente
como exclusivamente NO
2
, cuja massa molecular é 46 g.gmol
-1
.
Assim, considerando NO
2
nos produtos de combustão dos na-
tural, teremos, para um excesso de ar normalizado, a:
O valor de k é obtido do fator de emissão. Para o caso de cal-
deiras frontais de grande porte, temos, da Tabela 11, 4.480 kg de
NO
x
por 10
6
m
3
des natural. Considerando a temperatura am-
biente como 25 °C (= 298 K), o volume de um mol des natural
a 1 atm será 22,4 litros corrigidos pelo fator (298/273,16). Assim:
Têm-se, então, considerando a reação de combustão e os con-
ceitos do Capítulo 1:
equações das quais podemos obter os resultados da Tabela 12 para
3%, 7% e 12% de O
2
.
Tabela 12 - Valores estimados de concentração de NO
x
nos gases
de combustão des natural queimando em caldeiras
frontais de grande porte
[O
2
]
BS
(%)
a
[NO
x
]
BS
(ppm)
[NO
x
]
B
s (mg.Nm
-3
)
3
1,1496
225
463
7
1,4487
175
360
12
2,1962
113
232
Para efeito de comparação, consideremos o óleo combustível
dos itens "Estimativas de concentração de partículas em combus-
o de óleo combustível" (Capítulo 2) e "Fatores de emissão e esti-
mativas de concentrações de SO
2
" (Capítulo 3). Com NO
2
nos
produtos, temos a seguinte reação de combustão com excesso de
ar genérico:
Considerando queima frontal em uma central termelétrica e
novamente utilizando a massa específica do óleo combustível co-
mo da ordem de 1 ton.nv
-3
(Gill et al., 1988), temos, da Tabela 11:
Novamente considerando a reação de combustão e os concei-
tos do Capítulo 1:
de onde obtemos os resultados da Tabela 13 para 3%, 7%, e 12%
de O
2
.
Tabela 13 - Valores estimados de concentração de NO
x
nos gases
de combustão de óleo combustível em queima frontal
[O
2
]
BS
(%)
a
[NO
x
]
BS
(ppm)
[NO
x
]
BS
(mg.Nm
-3
)
3
1,1578
337
692
7
1,4734
262
538
12
2,262
169
346
Comparando os dados da Tabela 13 com os da 12, concluí-
mos que a queima frontal de óleo combustível produz cerca de
50% a mais de NO
x
que a queima frontal des natural, se utili-
zarmos os dados de emissão da Environmental Protection Agency
(EPA, 1996).
IMPACTOS DA EMISSÃO DE NO
x
Uma vez lançados para a atmosfera, os óxidos de nitrogênio,
ao entrarem em contato com o vapor d'água, formam o ácido-
trico, que, em conjunto com o H
2
SO
4
formado a partir da emissão
de SO
2
durante a queima de combustíveis com teores de enxofre,
representa o maior constituinte da chamada chuva ácida. Confor-
me discutido no capítulo anterior, o aumento da acidez no solo e
nas águas pode causar prejuízos incalculáveis aos animais, aos ve-
getais e ao ser humano.
Além da chuva ácida, a ação de raios ultravioleta (UV) de ori-
gem solar sobre o NO
2
liberado no meio ambiente ocasiona trans-
formações fotoquímicas que levam à formação do ozônio (O3),
identificado pelas reações (Kennedy, 1986):
A presença do ozônio na troposfera, ou seja, no nível do solo,
tem conseqüências completamente diferentes da sua presença na
estratosfera, pois apresenta-se como um risco para a saúde huma-
na, provocando problemas como tosse e diminuição de capacida-
de pulmonar. Já na estratosfera (15 a 40 km acima do solo), a ca-
mada de ozônio tem as funções de: 1. agir como absorvedora dos
raios ultravioleta (UV), evitando que eles alcancem o solo e causem
danos aos animais, plantas e seres humanos; 2. controlar o fluxo
de calor através da atmosfera por absorver a radiação solar refleti-
da. No entanto, uma fração ínfima do ozônio da estratosfera atin-
ge a superfície terrestre. Dessa forma, o mecanismo descrito pelas
reações (4.1) e (4.2) é a maior fonte de ozônio dissolvido na tro-
posfera, maior mesmo que os processos industriais que liberam di-
retamente ozônio.
Um efeito específico do O
3
é a quebra das ligações C=C exis-
tentes nos compostos orgânicos. Em altas concentrações do poluen-
te, os tecidos humanos, vegetais e animaiso totalmente destruí-
dos. Nas plantas seu efeito pode ser detectado pela coloração
prateada. Ação semelhante é observada em borrachas e plásticos,
que se tornam ressecados e quebradiços.
O NO
x
e O3o responsáveis diretos por edemas pulmonares,
uma vez que, sendo ambos solúveis em gordura, penetram profun-
damente nos alvéolos, provocando a desnaturação de proteínas e
tornando porosas as paredes dos alvéolos e dos capilares. Assim,
os pulmõeso acumulando lentamente um líquido espumoso. O
estágio final do edema é a morte por asfixia (Lopes, 1995).
Os óxidos de nitrogênio dentro das células humanas podem
formar com razoável facilidade o íon nitrito, NO
2
-
, recebendo o
oxigênio da hemoglobina formando o NO
3
". O íon Fe
2+
da hemo-
globina é oxidado a Fe
3+
. Com essa oxidação, o ferro da hemoglo-
bina perde sua capacidade de ligar-se reversivelmente ao O
2
. Esse
fenômeno, chamado de metaemoglobina ou cianose, característi-
co pela coloração azulada dos lábios, pode ser letal e afeta sobretu-
do as crianças (ibidem).
Nas plantas, o NO
x
e O
3
diminuem a permeabilidade das
membranas celulares. A clorofila e a carotenóideo destruídas,
diminuindo a capacidade fotossintética. Além disso, esses compos-
tos bloqueiam a troca gasosa das folhas.
Por fim, a presença de NO
x
no interior das células acarreta a
formação de nitrito, que possui atividade metagênica e altera as
características hereditárias.
Assim, em razão dos prejuízos ambientais citados, políticas de
controle da emissão dos óxidos de nitrogênioo extremamente
necessárias. Durante os anos 60 e início dos anos 70, muitas pes-
quisas foram direcionadas para entender os mecanismos reacionais
de formação e destruição do NO
x
. Como a economia dos países
desenvolvidos e em desenvolvimento está fortemente baseada em
uma política energética em que a queima de combustíveis fósseis
se apresenta em nível elevado, além de uma maior preocupação
com o meio ambiente, desde o final da década de 1970 até os dias
atuais, diversas pesquisas e desenvolvimentos tecnológicos foram
e estão sendo realizados com intuito de minimizar a emissão desse
poluente.
MECANISMOS DE FORMAÇÃO
O meio mais comum de formação do NO
x
é a oxidação do N
2
presente no ar, conhecido como NO
x
atmosférico. Para sistemas
pré-misturados, uma estimativa de sua taxa de formação pode ser
feita pela consideração de equilíbrio químico dado pela reação
(Glassman, 1996):
No entanto, a formação do NOo surge de um simples ata-
que do oxigênio molecular sobre o nitrogênio. Na realidade, o N
2
atmosférico reage com átomos de oxigênio provenientes da disso-
ciação do O
2
ou da reação entre H e O
2
, formando os radicais O e
OH:
A reação (4.4) faz parte do submecanismo reacional H
2
-O
2
dentro do processo de combustão dos hidrocarbonetos (Westbrook
& Dryer, 1984), considerada uma das reações de iniciação de tal
submecanismo. O ataque do O sobre o N
2
inicia o mecanismo rea-
cional conhecido como mecanismo de Zeldovich ou NO térmico,
apresentado pelas reações (4.5), (4.6) e (4.7):
A contribuição da reação (4.7), em geral, é muito pequena,
pelo fato de ambas as espécies serem radicais, estando, portanto,
em baixas concentrações. No entanto, para sistemas ricos, tal rea-
ção pode ser importante e deve ser considerada (Glassman, 1996).
Zeldovich et al. (1947) concluíram que a taxa de reação da reação
(4.5), que inicia o mecanismo, é muito mais lenta que a taxa das
reações de combustão; sendo assim, a maior parte do NO térmico
é formada na região de pós-chama. Como exemplo, a Figura 19
compara a evolução da formação do NO em relação ao CO e CO
2
para combustão estequiométrica do metano (CH
4
) com ar. Nota-se
que o CO e o CO
2
atingem as suas concentrações de equilíbrio mui-
to antes do que NO. Dessa forma, é possível desacoplar o mecanis-
mo, e a taxa de formação do NO térmico pode ser estimada pela
equação (4.8), derivada da aproximação de regime permanente pa-
ra o N e assumindo que a concentração de O pode ser calculada pe-
la consideração de equilíbrio O <=> 1/2 O
2
(Glarborg, 1993):
onde t é o tempo, as concentrações de NO, O
2
e N
2
estão em mo-
les.cm
-3
e a temperatura em K. A integração dessa equação promove
uma boa aproximação da formação do NO térmico sob condições
de combustão com excesso de ar, alta temperatura e baixa concen-
tração relativa de NO. Analisando a equação (4.8), é possível con-
cluir que a formação de NO é extremamente dependente da tempe-
ratura e, em menor importância, das concentrações de O
2
e N
2
.
Dessa forma, fica evidente que a melhor maneira de controlar a for-
mação do NO térmico é evitar picos de temperatura. A importância
da temperatura elevada para formação do NO, acima de 1.500 °C,
decorre do fato de a reação (4.5), que inicia o mecanismo de Zeldo-
vich, possuir elevada energia de ativação, 75 kcal.mol
-1
.
FIGURA 19 - Evolução da temperatura e das frações molares do NO, CO
2
, CO e
CH4 para combustão estequiométrica do metano com ar. Reagentes inicial-
mente a 1.300 K e 1 atm.
Fenimore (1971) observou que o mecanismo de Zeldovich,
com a hipótese de equilíbrio para o oxigênio atômico,o conse-
gue prever a taxa de formação do NO na região vizinha à chama.
Nessa região, as reaçõeso rápidas e ocorrem em um ambiente
onde os hidrocarbonetoso foram completamente consumidos.
Tal fato levou Fenimore a acreditar na existência de um mecanis-
mo reacional diferente do de Zeldovich para essa região. Assim,
ele propôs um mecanismo envolvendo os radicais presentes na
frente de chama da combustão dos hidrocarbonetos com espécies
nitrogenadas, conhecido como NO imediato. Na tentativa de des-
cobrir qual radical de hidrocarboneto é o responsável pelo NO
imediato, um grande número de espécies foi sugerido, por exem-
plo: CH, CH
2
, C
2
, C
2
H e C (Miller & Bowman, 1989). Experi-
mentos realizados por Blauwers et al. (1977) indicaram que os radi-
cais CH e CH
2
o os mais importantes dentro desse mecanismo,
sendo as principais reações:
O HCN formado é convertido em N segundo os passos HCN
> NCO> NH> N, e, na seqüência, o N converte-se a NO atra-
s das reações (4.6) e (4.7). A formação do NO imediato aumenta
consideravelmente a complexidade da química do nitrogênio na
chama, o que é ilustrado na Figura 20, que mostra os mais impor-
tantes caminhos das reações de formação do NO imediato. A oxi-
dação do HCN formado nas reações (4.9) e (4.10) é complicada,
pois envolve a formação e o consumo de um número de espécies po-
luentes, incluindo óxi-cianidas, aminas e óxido-nitroso. Contudo,
essas espécies possuem normalmente um curto tempo de vida e
o constituem um problema de emissão de poluente para a maio-
ria das condições de operação (Glarborg, 1993). O NO imediato só
se sobrepõe ao térmico em condição de combustão rica, caso con-
trário, o térmico representa mais de 70% de todo NO formado.
As revisões sobre a emissão de NO
x
feitas por Bowman (1973)
e Miller & Bowman (1989) mostram que há dados disponíveis na
literatura indicando que parte do NO formado na região de chama
o é de responsabilidade do mecanismo de Fenimore, mas de um
superequilíbrio das concentrações de O e OH, o que acelera a taxa
de reação das reações (4.5) a (4.7), sobretudo nas condições de
combustão pobre.o há um consenso na literatura sobre a defi-
nição do NO imediato: alguns autores consideram apenas o for-
mado pelo mecanismo de Fenimore, outros acreditam que ele seja
proveniente de qualquer reação rápida que ocorra na região de
chama, incluindo as reações do mecanismo de Zeldovich em con-
dição de superequilíbrio de O e OH.
FIGURA 20 - Resumo da química das espécies envolvidas no mecanismo imediato.
Outra fonte de formação NO na região de chama ocorre pelo
mecanismo de decomposição do N
2
O, sendo importante, em
comparação com o NO térmico, somente na situação de combus-
o pobre e com baixa temperatura (1.000 a 1.300 K). O N
2
O é
formado pela combinação entre o oxigênio atômico e o nitrogênio
molecular na presença de um terceiro corpo (N
2
, O
2
, CO
2
e H
2
O),
conforme apresenta a reação 4.13 (Glarborg et al., 1994):
Em condições de combustão pobre, o N
2
O formado na reação
(4.13) tende a ser oxidado pelo oxigênio atômico que forma o
NO, segundo a reação (4.14) (Bonturi et al., 1996). No entanto,
em condições de combustão estequiométrica ou rica, observa-se
que o N
2
O é convertido a N
2
através de reações com O e OH.
Além do mecanismo de oxidação do nitrogênio presente no
ar atmosférico, outra fonte de NO decorre das espécies nitroge-
nadas contidas no próprio combustível. Em geral, um composto
nitrogenado primário é quebrado em radicais nitrogenados se-
cundários (HCN, CN, NH
2
, NH e N). Esses compostos interme-
diárioso convertidos a NO pelas mesmas reações envolvidas
no mecanismo de Fenimore (Figura 20). A quantidade de NO for-
mado também dependerá do teor de espécies nitrogenadas contidas
no combustível e da natureza das ligações químicas envolvendo o
nitrogênio.
Basicamente, o grande responsável pelo nível de NO formado
no processo de combustão é a temperatura. Assim, a maior parte
das tecnologias não-catalíticas empregadas para redução da for-
mação de NO envolve o seu controle, como o estagiamento da in-
jeção de reagentes e a recirculação dos gases de combustão para
região de chama. Outro ponto importante é o tempo de perma-
nência dos gases de combustão em temperatura elevada, pois, co-
mo o mecanismo Zeldovich é relativamente lento, quanto maior
for esse tempo, maior será o total de NO formado.
Em geral, os processos físicos desenvolvidos na região de cha-
ma influenciam na taxa de mistura entre os reagentes, principal-
mente para o caso de chamas difusivas. Dessa forma, dificilmente
haverá uma distribuição perfeita da razão de equivalência e, con-
seqüentemente, da temperatura na região de reação. Assim, a in-
tensidade de mistura entre os reagentes passa a ser de fundamental
importância na emissão de NO. Lyons (1982) mostrou que o grau
de homogeneidade da mistura atuará de maneira diferente de acor-
do com a razão de equivalência média da combustão. Para o caso
de chamas extremamente pobres com razão de equivalência em
torno de 0,6, quanto mais homogênea for a mistura, menor será a
emissão de NO
x
, pois diminuem as regiões com temperatura ele-
vada na zona de reação. Por outro lado, para combustão nas pro-
ximidades da estequiometria, a intensa mistura entre os reagen-
tes seria catastrófica, pois a distribuição de temperatura de forma
homogênea em torno de um valor elevado favorecia a formação
de NO
x
.
TAXA DE FORMAÇÃO DE NO
x
TÉRMICO
Conforme discutido anteriormente, os mecanismos de reação
que levam à formação de NO
x
térmicoo atualmente bem conhe-
cidos e foram primeiramente descritos por Zeldovich. As concen-
trações de equilíbrio do NO
x
térmico podem ser previstas por (Se-
veryanin, 1982):
onde o símbolo [ ] denota fração molar e T é a temperatura, ex-
pressa em K.
No caso de combustores que queimam combustíveis sem ni-
trogênio em sua composição elementar, considerações de equilí-
brioo fornecem dados confiáveis, pois a formação de NO po-
de ser bastante lenta. Para utilizar a equação (4.15), é necessário
que haja uma aproximação ao equilíbrio dentro do tempo em
que os permanece no pico de temperatura. A Tabela 14 mostra
o tempo requerido para a concentração de NO atingir 500 ppm
em diferentes temperaturas para ums que contém 75% de N
2
e
3% de O
2
.
Tabela 14 - Tempo requerido para formar 500 ppm de NO em
ums com 3% de O
2
e 75% de N
2
(Bailie, 1978)
Temperatura (°C)
1.316
1.538
1.760
1.982
Tempo (s)
1.370
16,2
1,1
0,11
Valor de equilíbrio
(ppm)
550
1.380
2.600
4.150
% do equilíbrio
91
36
19
12
Além da equação (4.8), dada por Glarborg (1993), a taxa de
formação de NO térmico é encontrada na literatura como (Chigier,
1981):
onde t é o tempo (s), T a temperatura (K), (NO), (O
2
) e (N
2
)o as
concentrações do respectivos (mols.m
-3
) e d(NO)/dt é dada em
mols.m
-3
.s
-1
. Para mudar a unidade de concentrações para frações
molares, deve-se considerar que, para um componente gasoso G,
tem-se
onde é a constante universal dos gases perfeitos ( = 0,08206
atm.lt/mol.K), p é a pressão (atm) e o símbolo [ ] denota fração
molar. Assim,
onde { } denota partes por milhão (ppm) e p é inserida em atm.
Na equação (4.18), o coeficiente 6,67 x 10
21
é muito grande com
relação ao fator exponencial. Para efeitos computacionais, faz-se
esse coeficiente da ordem da unidade multiplicando e dividindo o
lado direito da equação por uma constante da ordem de grandeza
desse coeficiente. Uma constante conveniente é e
50
. Assim, a equa-
ção (4.18) fica
onde 1,286 = 6,67 x 10
21
/e
50
.
TAXA DE FORMAÇÃO DE NO
x
IMEDIATO
Conforme apresentado anteriormente, o NO
x
imediato foi
primeiramente descrito por Fenimore (1971). Há pouca informa-
ção para as suas taxas de formação. Para o caso particular de uma
chama de difusão de propano, a taxa de formação do NO imedia-
to, segundo Rökke et al. (1992), é dada por:
onde o símbolo () denota mols.cm
-3
, Mo todos os componentes
dos produtos de combustão eo aqueles componentes conten-
do carbono. Após transformação de unidades, obtemos:
TAXAS DE FORMAÇÃO DO NO
x
DO COMBUSTÍVEL
O NO
x
do combustível poderá ser a parte dominante do NO
x
gerado pela queima de um combustível. Este é o caso, por exem-
plo, da combustão de carvão. Uma previsão das concentrações de
NO
x
do combustívelo é tarefa fácil porque as quantidades gera-
das do poluenteo dependem apenas da porcentagem de nitro-
gênio presente no combustível, como também de como o nitrogê-
nio orgânico está combinado na estrutura do combustível e das
condições de operação do combustor.
MEDIDAS DE CONCENTRAÇÃO DE NO
x
Medidores do tipo infravermelho existem no mercado para
determinação de níveis de NO
x
em gases de combustão. Esse tipo
de técnica é, no entanto, difícil de ser realizado a contento para o
poluente, pois é passível de muitas interferências. A técnica mais
utilizada é aquela do uso de quimiluminescência, a qual será discu-
tida a seguir.
O método de quimiluminescência utiliza a energia eletromag-
nética emitida quando o NO reage com ozônio (O
3
) para formar
NO
2
e O
2
. Cerca de 10% das moléculas de NO
2
produzidas en-
contram-se em um estado eletromagnético excitado (NO
2
*), esta-
do este que imediatamente se reverte para o estado padrão (ground
state), com emissão de energia eletromagnética (hv). O esquema
reacional é:
A energia eletromagnética liberada, diretamente proporcional
à concentração de NO na amostra, e medida por um tubo fotomul-
tiplicador. O ozônio necessário para a reação de quimiluminescên-
cia é suprido por um gerador de ozônio que integra os instrumen-
tos que se utilizam dessa técnica.
Os aparelhos analisadoreso medem as concentrações de
NO
2
individualmente, mas somente as de NO ou de NO
x
(a soma
de NO e NO
2
). Para medidas de concentrações de NO
x
, a amostra
segue um caminho diferente no instrumento, passando, antes da
reação com O
3
, por um conversor termocatalítico de carvão ativa-
do que transforma, no mínimo, 95% de NO
2
em NO.
INFLUÊNCIA DAS CONDIÇÕES DE COMBUSTÃO
A combustão como fonte de energia térmica é utilizada por di-
ferentes dispositivos para as mais complexas tarefas. O motor a
pistão gera potência de eixo, o incinerador degrada termicamente
compostos presentes em resíduos, a caldeira gera vapor, daí por
diante. Apesar do uso comum da queima de combustíveis, cada
sistema apresenta particularidades quanto às condições de opera-
ção, como pode ser constatado nas comparações feitas a seguir.
1 Um secador agrícola de grãos opera com pressão ligeiramente aci-
ma da atmosférica, já na turbina as a pressão se apresenta entre
30 e 40 atm, pois o ar é comprimido antes de entrar na câmara.
2 Em um forno de fusão, a temperatura de operação é muito mais
elevada do que em uma caldeira para geração de vapor.
3 Em motores a pistão do tipo Otto (a gasolina, álcool es natu-
ral), o combustível é misturado com o ar antes da ignição, ca-
racterizando uma combustão de chama pré-misturada; por ou-
tro lado, nos motores a diesel, o spray de combustível é injetado
sobre a massa de ar aquecida, caracterizando uma combustão
com chama difusiva.
4 Em um motor foguete ou em um estato-jato, o tempo de resi-
dência dos gases na câmara de combustão deve ser o mínimo
possível, pois quanto maior for esse tempo, maior será o volu-
me da câmara; por outro lado, em um sistema de incineração,
em que o volume da câmara jáo é um parâmetroo crítico,
o tempo de residência deve ser suficientemente elevado para
degradação completa dos compostos do resíduo pela ação tér-
mica.
Portanto, como cada sistema necessita de condições diferen-
tes de combustão, é necessário entender como essas condições in-
fluenciam a emissão de NO
x
, pois isso é fundamental para definir
qual a melhor estratégia aplicável ao sistema em questão, minimi-
zando a emissão desse poluente e respeitando as necessidades de
operação. Dessa forma, a presente seção comenta os conceitos fun-
damentais sobre a influência da razão de equivalência, temperatura,
tempo de residência e condições da chama na emissão de NO
x
.
Razão de equivalência ((j)) e temperatura
A razão de equivalência, é definida como a razão entre o
número de átomos de oxigênio presentes na reação estequiométri-
ca e o número real de átomos de oxigênio na reação. Deve-se ob-
servar que a definição da razão de equivalência considera o oxigê-
nio que pode estar presente em alguns combustíveis. Assim, um
valor <]) < 1 (combustão pobre) representa um processo de com-
bustão com menos combustível (ou mais ar) que no caso estequio-
métrico. De outra maneira, um valor > 1 indica combustão rica.
A proporção entre as quantidades de combustível e oxidante
adicionadas ao sistema reativo depende muito da aplicação deste.
Por exemplo, um motor a gasolina (ciclo Otto), durante a marcha
lenta, opera com excesso de combustível, ou seja, combustão rica,
para contornar o problema do cruzamento de válvulas que ocorre
durante essa condição de funcionamento. Já para as rotações mais
elevadas, a combustão será próxima ao valor estequiométrico ou
ligeiramente pobre. Por outro lado, em um incinerador de resí-
duos sólidos, o excesso de ar é no mínimo 50% acima do estequio-
métrico.
A quantidade de oxigênio e nitrogênio disponíveis no sistema
reativo, bem como a temperatura de operação, depende da pro-
porção entre os reagentes, ou seja, da razão de equivalência. Con-
seqüentemente, a quantidade de NO
x
formada também depende-
rá desse parâmetro. Para ilustrar esse fato, a Figura 21 mostra os
resultados de cálculos utilizando o equacionamento de mistura
homogênea para as emissões de NO, O
2
e da temperatura de cha-
ma adiabática em função da razão de equivalência para combustão
do metano (CH
4
) com ar.
FIGURA 21 - Emissão de NO e O
2
e temperatura de chama adiabática em função
da razão de equivalência, para combustão do metano CH4 com ar, realizando
cálculos de reator de mistura homogênea (pressão = 1 atm).
Conforme apresenta a Figura 21, a temperatura de chama adia-
bática atinge o valor máximo próximo à estequiometria, ou seja, ra-
o de equivalência igual a um. Para situação de combustão rica,
parte do carbono ou do hidrogênio presente no combustívelo
sofre oxidação completa, ou seja,o é convertido em CO
2
e
H
2
O, poro haver oxigênio suficiente. Com isso, parte das rea-
ções exotérmicas de combustãoo acontece e a temperatura di-
minui. Por outro lado, quando há excesso de oxidante, mesmo
que todo combustível seja oxidado, uma boa parte da energia libe-
rada é utilizada para aquecer a massa excedente de oxidante da
temperatura inicial até a temperatura dos produtos de combustão,
o que reduz a temperatura dos gases.
Apesar de a temperatura atingir o valor máximo na condição
de combustão estequiométrica, a maior emissão de NO
x
ocorre
para a razão de equivalência 0,85. A temperatura tem um papel
crucial na formação do NO, maso é o único parâmetro. A des-
peito da queda de temperatura entre as razões de equivalência
iguais a 1 e 0,85, o aumento da concentração de O
2
e N
2
nos pro-
dutos de combustão é preponderante nesse intervalo. Para razões
de equivalência inferiores a 0,85, apesar do aumento da disponibi-
lidade de O
2
e N
2
, a queda de temperatura reduz a emissão de NO.
Para o lado rico da combustão, como há falta de oxigênio, a
formação de NO tende a ser mais baixa. Na prática, câmaras ope-
rando puramente com combustão rica para controlar a emissão de
NO
x
o inviáveis, pois aumentam-se catastroficamente as emis-
sões de monóxido de carbono, fuligem e hidrocarbonetoso
queimados. Além disso, aumenta-se o consumo de combustível.
No entanto, pode-se combinar uma região primária de combustão
rica com uma região secundária de oxidação dos compostos de
oxidação parcial que se formaram na região anterior. Esse é o prin-
cípio de operação de algumas técnicas de controle da emissão NO
x
,
como a injeção estagiada de oxidante e os combustores RQL (da
língua inglesa: Rich burn - Quick quench -Lean bum) utilizados em
turbinas a gás.
Direcionar a combustão para o lado extremamente pobre pa-
rece ser, aparentemente, bastante atrativo para conciliar baixas
emissões dos compostos de oxidação parcial com as de NO
x
. No
entanto, na prática isso acaba se tornando um grande desafio, por
duas razões: 1. conseguir uma mistura homogênea entre os rea-
gentes, pois, caso contrário, "pacotes" com combustão nas proxi-
midades da estequiometria acabam acontecendo; 2. vencer as ins-
tabilidades de combustão em situações de queima extremamente
pobre, razão de equivalência menor que 0,6 (Bradley et al., 1998).
Outro fato é a energia perdida para o excesso de oxidante, limi-
tando essa providência aos sistemas que operacionalmente neces-
sitem aquecer uma grande massa de ar, como é o caso das turbinas
as ou dos secadores agrícolas de grãos. Do ponto de vista ener-
gético,o há problema em aumentar o excesso de ar na região de
queima desses dois sistemas citados. No entanto, para um motor a
pistão, por exemplo, isso representaria uma considerável perda de
potência de eixo.
Para valores de razão de equivalência abaixo do estequiomé-
trico, o mecanismo predominante de formação é o de Zeldovich
(térmico), altamente dependente da temperatura, em razão da ele-
vada energia de ativação requerida pela sua reação inicial. Isso
também explica as baixas emissões de NO em condições extrema-
mente pobres, apesar da disponibilidade de O
2
e N
2
. Por outro la-
do, para a combustão rica, o mecanismo predominante de forma-
ção do NO é o imediato, muito menos dependente de elevada
temperatura do que o mecanismo de Zeldovich. No entanto, para
as condições excessivamente ricas (razão de equivalência maior
que 1,4), a limitação da formação do NO ocorre em razão da bai-
xa concentração de oxigênio.
Tempo de residência
Conforme mostrado na Figura 19, o mecanismo de Zeldo-
vich, que normalmente representa cerca de 70% de NO
x
formado,
é mais lento do que o processo de oxidação do combustível. Dessa
forma, quanto maior for o tempo que os gases de combustão per-
manecerem em temperatura elevada, maior será a quantidade to-
tal de NO
x
formado. A Figura 22 mostra o comportamento da fra-
ção molar de NO em função do tempo de residência, obtido por
simulações de combustão em reator de mistura homogênea, para a
queima do C
12
H
26
com ar em diferentes razões de equivalência e
em condição semelhante à da zona primária de combustão de uma
turbina as (pressão igual a 35 atm).
FIGURA 22 - Fração molar do NO em função do tempo de residência, para com-
bustão do C
12
H
26
com ar em diversas razões de equivalência.
A Figura 22 mostra que, na faixa de razão de equivalência on-
de o mecanismo de Zeldovich é preponderante < < 1,1), o tempo
de residência favorece uma maior emissão de NO
x
. Por outro la-
do, para situação de combustão rica, o NO, que se forma rapida-
mente pelo mecanismo imediato, tende a ser reduzido se os gases
forem mantidos nessa condição. Assim, pode-se dizer que, para ra-
zões de equivalência acima de 1,4, o tempo de residência é favorá-
vel à redução do NO. Para a combustão rica com temperatura aci-
ma de 1.100 °C, as espécies HCN e NH, que surgem do ataque
dos radicais CH e CH
2
sobre o N
2
pelas reações (4.9) e (4.10) do
"emaranhado" químico que envolve o mecanismo imediato,o
parcialmente convertidos a N
2
(Syska, 1993). Ainda para o caso de
chamas ricas, o NO pode ser convertido em HCN pela da reação
intermediária (4.22):
O tempo de residência favorece a redução da emissão de NO
basicamente pelo fato de as reações de decomposição das espécies
nitrogenadas serem lentas em comparação com o mecanismo de
oxidação dos hidrocarbonetos, e o aumento da temperatura na re-
gião de chama acelera a taxa dessas reações (Splithoff et al., 1996).
Condições da chama
A dinâmica dos reagentes na região de reação química, ou se-
ja, a intensidade de mistura entre eles, afetará acentuadamente a
quantidade de NO
x
formado, pois é basicamente o parâmetro que
define a distribuição de temperatura na chama. Dessa forma, a
maneira como o oxidante e o combustívelo introduzidos na zo-
na de reação, se pré-misturados, parcialmente pré-misturados ou
de maneira independente, fará diferença sobre a emissão total de
NO
x
. A Figura 23 mostra a emissão de NO
x
em base seca para
combustão estequiométrica dos liqüefeito de petróleo (GLP)
com ar em proporção estequiométrica (0 = 1) em função de r, de-
finido como a razão entre a quantidade em massa de ar pré-mistu-
rado com o combustível e quantidade em massa total de ar (Ferrei-
ra et al., 2001a). Nota-se que com o incremento da pré-mistura a
emissão de NO
x
também aumenta. Com o aumento de r, a quali-
dade da mistura entre os reagentes é intensificada, aumentando a
possibilidade de regiões com temperatura elevada ao longo da
chama, favorecendo a formação de NO.
A relação entre o grau de uniformidade da mistura reagente e
a emissão de NO
x
é bastante estreita e depende da razão de equi-
valência teórica com que o combustível e o oxidanteo injetados
na câmara. O trabalho teórico e experimental desenvolvido por
Lyons (1982) mostrou que o aumento do grau de uniformidade da
mistura regente tende a elevar a emissão de NO
x
se os reagentes
estão em proporção estequiométrica, como no caso da Figura 23.
Por sua vez, à medida que a proporção dos reagentes se desloca
para o lado pobre da combustão, o resultado é justamente o con-
FIGURA 23 - Emissão de NO
x
em base seca em função de r para combustão este-
quiométrica do GLP (Ferreira et a!., 2001a).
trário, ou seja, com o aumento do grau de uniformidade, a emis-
o de NO
x
diminui, pois a distribuição de temperatura tende a ser
homogênea em torno de um valor mais baixo. A Figura 24 resume
os resultados apresentados por Lyons.
Outro ponto a ser destacado é que nas chamas pré-misturadas a
formação de fuligem é bem menor, conseqüentemente a transferên-
cia de calor por radiação da chama para o meio é reduzida, aumen-
tando a temperatura dos gases e favorecendo a formação de NO
x
.
REDUÇÃO DE EMISSÕES DE NO
x
As emissões de NO
x
podem ser controladas durante o próprio
processo de combustão ou depois que este é completado. O con-
trole, durante o processo de combustão, é geralmente um proces-
FIGURA 24 - Efeito da razão de equivalência e não-uniformidade da mistura com-
bustível/ar na emissão de NO
x
(Lyons, 1982). S é igual ao parâmetro de
não-uniformidade; quando S = 0, a mistura reagente é totalmente uniforme.
so mais barato, no entanto pode afetar a eficiência do processo ou
alterar negativamente as emissões de outros poluentes, como o
CO e a fuligem. As técnicas de tratamento após a combustão intro-
duzem reagentes em regimes específicos de temperatura que redu-
zem o NO
x
, com a ação ouo de catalisadores, contudoo técni-
cas bem mais caras.
Nesta seçãoo apresentadas algumas das diversas técnicas
disponíveis para controlar a emissão de NO
x
.
Controle da mistura entre os reagentes
Conforme descrito anteriormente, a intensidade de mistura en-
tre os reagentes pode alterar significativamente a emissão de NO
x
, o
que pode ser atingido de diversas maneiras. Para a queima de com-
bustíveis líquidos, o próprio processo de atomização pode ser utili-
zado para esse fim. As características da combustão do spray de
combustível influenciam a temperatura na região de chama, pois as
gotas menores, com tempo de vaporização baixo, misturam-se rapi-
damente com o ar, criando na chama regiões de queima que se asse-
melham à combustão de uma chama pré-misturada, ondeo obti-
das temperaturas mais elevadas. A Figura 25 apresenta a emissão de
NO
x
em função do tamanho médio das gotas de um spray de diesel
queimado com 30% de excesso de ar (Lacava, 2000), onde a atomi-
zação foi atingida por meio de um atomizador do tipo "Y" utilizan-
do ar como fluido auxiliar. Nesse caso, o controle do tamanho-
dio das gotas é feito por vazão do fluido auxiliar.
FIGURA 25 - Emissão de NO
x
em função do tamanho médio das gotas do spray
de diesel queimado com 30% de excesso de ar (Lacava, 2000).
Outra forma de adequar a mistura dos reagentes para minimi-
zar a emissão de NO
x
é pela intensidade da zona de recirculação
formada a jusante do queimador. Essa zona de recirculação, cuja
função é estabelecer a chama nas proximidades do queimador, é
obtida por meio de um dispositivo estrategicamente posicionado
no queimador, denominado ancorador de chama. A relação adi-
mensional que caracteriza a intensidade dessa zona de recircula-
ção é o número de swirl (S'), que corresponde à razão entre a com-
ponente axial do fluxo angular e a componente axial do fluxo
linear. A maioria dos queimadores industriais e os de turbinas a
s utilizam, como ancorador de chama, dispositivos do tipo swir-
ler. Nesse caso, o ar de combustão passa pors que direcionam o
fluxo criando uma componente tangencial de velocidade. A Figura
26 mostra como a alteração do número de swirl (S'), mudando o
ângulo entre ass do swirler, modifica a emissão de NO
x
para
combustão do diesel com 30% de excesso de ar (Lacava, 2000).
O comportamento da emissão de NO
x
observado na Figura
26 está atrelado às interações existentes entre o processo de vapo-
rização das gotas do spray com a estrutura da zona de recirculação.
Basicamente, a combustão de sprays com a presença de uma zona
de recirculação interna (ZRI), gerada pela presença do swirler no
escoamento do ar oxidante, segue as observações experimentais
feitas por Ballester & Dopazo (1994). O spray é injetado direta-
mente na zona de recirculação, com as gotas mantendo-se concen-
tradas ao longo do cone formado por ele. As gotas passam a ser
aquecidas pela radiação proveniente da chama e das paredes da-
mara, além de uma combinação de convecção e condução decor-
rentes dos gases quentes retornados da chama queo carreados
para zona de recirculação. Dessa forma, as gotas evaporam eo
desaceleradas ao longo de suas trajetórias a uma taxa que depende
do tamanho da cada uma. Gotas de menores diâmetros tendem a
seguir o escoamento reverso e evaporam quase instantaneamente,
suprindo as condições de ignição e ancorando a chama próxima
ao queimador. Por sua vez, as gotas maiores possuem quantidade
de movimento suficiente para atravessar o escoamento reverso, e
serão vaporizadas por completo a jusante da zona de recirculação.
No entanto, parte da vaporização ocorre ainda na ZRI, resultando
em uma região de alta geração de vapor e apenas uma limitada
quantidade de oxigênio é suprida do escoamento de ar ao redor
do spray, caracterizando uma região de combustão rica com alta
concentração de hidrocarbonetos não-queimados e CO. A medida
que se fortalece a região de recirculação, aumentando S', grande
parte da vaporização das gotas é confinada nessa região (Barreiros
et al., 1993). Assim, parte da combustão ocorre em um ambiente
de combustão rica na zona de recirculação, o que dificulta a forma-
ção de NO
x
. Os compostos de oxidação parcial e parte do combus-
tível queo ficou confinado na zona de recirculaçãoo oxidados
em uma região secundária onde a penetração do ar oxidante é favo-
recida; no entanto, é uma região de reação com temperatura mais
baixa, o que também desfavorece a formação de NO
x
.
FIGURA 26 - Comportamento da emissão de NO
x
em função do número de swirl
para combustão do diesel com ar (Lacava et al., 2000).
É importante notar que qualquer atitude tomada para contro-
lar a emissão de NO
x
pela intensidade da mistura dos reagentes
pode aumentar a emissão de CO, fuligem e hidrocarbonetos não-
queimados. Sendo assim, é preciso prever tempo e temperatura
suficientes na câmara para oxidação completa desses poluentes.
Combustão estagiada
A idéia da combustão estagiada consiste na combinação de re-
giões ricas e pobres na câmara, evitando condições favoráveis de
temperatura e concentrações para formação de NO. Essa técnica
apresenta bons resultados para combustão de hidrocarbonetos
com ar (Wood, 1994), inclusive para as situações em que o ar é
preaquecido acima de 1.000 °C e elevadas emissões de NO
x
o
normalmente encontradas (Syska, 1993). O estagiamento nada
mais é do que a injeção fracionada do combustível ou do oxidante.
A Figura 27 apresenta um diagrama esquemático de um queima-
dor paras natural que permite tanto a injeção estagiada do com-
bustível como do oxidante.
FIGURA 27 - Esquema de um queimador para combustão com injeção estagiada
do combustível ou do oxidante.
A condição de combustão com combustível estagiado é atingi-
da direcionando os natural por dois caminhos diferentes: o
combustível primário é injetado pela lança central do queimador e
o combustível secundário por um canal externo. Nessa situação, o
ar é adicionado apenas no canal central, passando pelo swirler. Por
essa geometria, o combustível primário se mistura rapidamente
com o ar nas imediações do queimador, enquanto o combustível
secundário atinge os gases dessa região primária a uma distância
maior. Como conseqüência, duas regiões de queima podem ser
identificadas nesta situação (Ballester et al., 1997). A idéia desse
processo é criar uma zona de combustão primária pobre, onde a
temperatura seja desfavorável à formação de NO, e uma zona se-
cundária de queima onde o combustível a atinja gradativamente,
o permitindo que os gases de combustão permaneçam em tem-
peratura elevada por muito tempo, desfavorecendo a formação de
NO
x
. Nessa técnica, melhores resultadoso alcançados para bai-
xas razões de equivalência na primeira zona de queima, onde tan-
to a formação de NO como as de fuligem CO e UHCo baixas.
No entanto, a operação em condição extremamente pobre na zo-
na primária esbarra em alguns problemas operacionais. Chamas
com baixa razão de equivalência, em geral,o mais suscetíveis às
instabilidades de combustão. Bradley et al. (1998) relataram que,
nas chamas de metano, o ar com swirl e a razão de equivalência su-
perior a 0,6 permanecem estáveis; contudo, abaixo desse valor,
surgem instabilidades acústicas de baixa freqüência. Além disso,
outro problema é a garantia de uma mistura homogênea entre os
reagentes, caso contrário, haverá "bolsões" com a mistura entre os
reagentes em proporção estequiométrica, o que aumentaria dema-
siadamente a emissão de NO
x
.
Na combustão com oxidante estagiado, o combustível é inje-
tado apenas na lança central (combustível primário). Parte do ar
escoa pelo canal central com o swirler (ar primário) e parte por um
canal externo (ar secundário). Dessa forma, estabelece-se uma zo-
na de combustão rica primária onde o combustível é parcialmente
oxidado e o nitrogênio contido no combustível é convertido em
espécies nitrogenadas intermediárias, que na seqüênciao oxida-
das, e o nitrogênio finalmente fica estabelecido na forma de N
2
(Garg, 1992). Como essa região possui baixa temperatura e pouca
disponibilidade de oxidante, o NO
x
térmico e o imediatoo des-
favorecidos. A jusante, o ar de injeção secundária oxida os produ-
tos de oxidação parcial provenientes da região primária. Para re-
dução da emissão de NO
x
, a eficiência desse processo depende
basicamente de três fatores na região primária: baixa concentra-
ção de oxigênio, temperatura e tempo de residência em que os ga-
ses permanecem nessa região. Temperaturas acima de 1.100 °C,
em ambientes com falta de oxigênio, aumentam substancialmente
a conversão de espécies nitrogenadas em N
2
(Syska, 1993). No en-
tanto, nessa técnica também existem alguns problemas associados.
As condições da zona primária, mistura rica em combustível, tem-
peratura elevada e alto tempo de residência, favorecem a forma-
ção de fuligem. Assim, é necessário que, na região secundária
(combustão pobre), a fuligem seja oxidada. No entanto, para que
isso ocorra, a temperatura nessa região precisa se manter elevada,
mas sem ultrapassar a 1.500 °C, para inibir a formação do NO
x
térmico. Além disso, é necessário que o ar secundário se misture
adequadamente com os gases provenientes da região primária, pa-
ra que seja possível a oxidação do CO, hidrocarbonetos não-quei-
mados e fuligem.
A combustão estagiadao precisa necessariamente ser atingi-
da com queimadores especialmente projetados para esse fim, mas
por injetores posicionados ao longo da câmara, quando isso for
possível. A Figura 28 mostra um exemplo de injeção estagiada de
oxidante em uma câmara de incineração de resíduo líquido, com o
oxigênio puro sendo injetado em duas posições diferentes (Laca-
va, 2000). Nesse caso, a incineração é feita com o enriquecimento
do oxidante, ou seja, a porcentagem volumétrica de O
2
no oxidan-
te é 42%, o dobro da encontrada no ar atmosférico. A finalidade
do enriquecimento é aumentar a capacidade de incineração da-
mara. No entanto, nota-se que, se a injeção estagiada do oxidante
o for processada, a elevada emissão de NO
x
inviabilizará o enri-
quecimento.
FIGURA 28 - Emissão de NO
x
durante a incineração de resíduo líquido com ar
enriquecido com oxigênio puro (42% de O
2
), com e sem estagiamento do oxi-
dante (Lacava, 2000).
Injeção de amônia
Uma estratégia já difundida é a conversão do NO em N
2
pela
ação da amônia (NH
3
). Sua eficiência depende basicamente da
temperatura na região onde a amônia é injetada, do tempo de re-
sidência após sua injeção, da concentração de NO nos gases de
combustão e, obviamente, da quantidade de amônia acrescenta-
da aos gases (Wood, 1994). A utilização da amônia como redutor
do NO requer especial atenção quanto às condições de sua inje-
ção. Se a amônia for injetada na região de chama, onde a tempe-
ratura é mais elevada, o efeito será contrário, ou seja, o mecanis-
mo NH
3
>> NO será favorecido. Por outro lado, quando
a amônia é injetada na região de pós-chama, onde a temperatura
é mais baixa, há uma predominância de redução do NO para N
2
.
Reações de redução do tipo NH
1
+ NO —»N
2
+ ... (i = 0, 1 e
2)o apresentam grande importância nas regiões onde a tempe-
ratura é próxima à temperatura de chama adiabática, pois, segun-
do Miller et al. (1981), as reações de oxidação das espécies NH
i
em favor da formação de NOo favorecidas nessa condição. No
entanto, para o caso de amônia injetada na região de pós-chama, o
NO pode ser reduzido pelas reações (4.23), (4.24) e (4.25), como
indicado por Fenimore (1976) e Haynes (1977):
As reações (4.23), (4.24) e (4.25)o consideradas o principal
mecanismo de conversão do NO em N
2
, e a reação (4.25) é de
grande importância apenas para combustão rica (Pfefferle &
Churchill, 1986). A Figura 29 mostra a redução da emissão de
NO
x
em função da vazão mássica acrescentada a um processo de
incineração com 15% de excesso de oxidante e esse enriquecido a
30% de O
2
(Lacava et al., 2001). Nota-se que níveis muito baixos
de emissão de NO
x
podem ser atingidos por essa técnica. A efi-
ciência apresentada deve-seo somente à quantidade de amônia
injetada, mas também à temperatura da região de injeção, que no
caso esteve entre 940 °C e 980 °C, favorecendo as reações do tipo
NH
i
+ NO -> N
2
+ (i = 0, 1 e 2). Turns (2000) relata que a
redução do NO pela amônia é mais eficiente no estreito range de
temperatura entre 927 °C e 977 °C, ou seja, muito próximo à con-
dição de temperatura da região onde foi injetada a amônia para o
caso exibido como exemplo. Apesar do resultado positivo apre-
sentado neste trabalho, é preciso levar em conta o preço da amô-
nia no custo de operação e o nível de emissão de NO
x
que se deseja
alcançar, além de sua toxicidade.
A injeção de amôniao precisa necessariamente ser feita di-
retamente na câmara de combustão, podendo ser injetada sobre os
gases de combustão após estes deixarem a câmara; contudo, é ne-
cessário atentar para a faixa de temperatura em que essa técnica se
apresenta com eficiência.
FIGURA 29 - Emissão de NO
x
(base seca) em função da vazão de NH3 injetada na
câmara de incineração de resíduo líquido, com oxidante enriquecido em 30%
de O
2
(Lacava et al., 2001).
Comentários sobre outras técnicas de controle
A técnica de recirculação dos gases de combustão baseia-se na
presença de um diluente na região de chama para controlar a tem-
peratura e a formação de NO
x
, principalmente pelo mecanismo
térmico. Parte dos gases de saída da câmara é retornada para a re-
gião de chama, pré-misturada com ar oxidante em uma concentra-
ção de 10% a 20% (base volumétrica). Em concentrações próxi-
mas de 20%, a recirculação dos gases consegue reduzir em até
80% a emissão de NO
x
(Wood, 1994). A recirculação introduz na
região de chama principalmente os gases N
2
, CO
2
e H
2
O em tem-
peratura mais baixa. Ao serem aquecidos esses gases absorvem
energia, diminuindo a temperatura na região de chama. Esse pro-
cesso torna-se mais efetivo quando as moléculas de CO
2
e H
2
O
começam a sofrer dissociação, pois passa a absorver mais energia
(Syska, 1993). O que limita a utilização dessa técnica é que a recir-
culação dos gases deve preservar a estabilidade da chama, ou seja,
esse processoo pode ser realizado indiscriminadamente.
A injeção de água na câmara é outra técnica também baseada
na presença de um diluente para reduzir a temperatura. A água é
injetada sobre o ar oxidante antes que ele atinja a câmara de com-
bustão, o que provoca a diminuição de sua temperatura pela ab-
sorção de calor latente de vaporização, conseqüentemente a tem-
peratura na região de queima será menor. Esse processo passa a ser
eficiente apenas quando uma grande quantidade de água é inje-
tada, representando um grande desperdício de energia. Em média,
para se conseguir uma redução de 62% na emissão de NO
x
, é ne-
cessário 1 kg de água para cada 1 kg de combustível queimado
(Wood, 1994). Na prática, a injeção de águao é utilizada como
medida primária de controle da emissão de NO
x
; pode, contudo,
estar associada a alguma outra técnica ou a situações onde se deseja
apenas uma ligeira redução na emissão.
Além de medidas sobre o processo de queima ou alterações na
câmara ou queimador, outra possibilidade de redução das emis-
sões é o tratamento dos gases de combustão. Essa técnica, denomi-
nada Redução Catalítica Seletiva (RCS), consiste na remoção do
NO
x
através de sua reação com amônia (NH
3
) na presença de um
catalisador, gerando N
2
e água (reações (4.19) a (4.23)). Com os
gases de combustão na faixa de temperatura entre 280 °C e 400 °C,
a amônia é injetada; na seqüência, a mistura passa por um leito ca-
talítico que pode ser de dióxido de titânio (TiO
2
), trióxido de
tungstênio (WO
3
), pentóxido de vanádio (V
2
O
5
) e trióxido de
molibdênio (MoO3). A eficiência de um sistema de redução catalí-
tica seletiva depende: 1. do tipo de catalisador; 2. da área exposi-
ção do catalisador aos gases; 3. do tempo de residência dos gases
no leito catalítico; 4. da quantidade de amônia injetada; 5. da in-
tensidade da mistura entre os gases de combustão e amônia injeta-
da; 6. da quantidade de enxofre presente no combustível. Em ge-
ral, a eficiência de remoção desse processo está na faixa de 42% a
90%, para gases com teor de NO
x
entre 25 e 270 ppm (base volu-
métrica) e vazões entre 10.000 e 1.200.000 Nm³h
-1
(Cho, 1994).
Em razão da estrutura desse sistema e do número de parâmetros
que devem ser controlados, a redução catalítica seletiva é um pro-
cesso caro, sendo justificado seu uso em processos em que um
grande volume de gases de combustão é despejado na atmosfera.
5 OUTROS POLUENTES
INTRODUÇÃO
No presente capítulo, consideram-se o monóxido de carbono
(CO), o dióxido de carbono (CO2), os hidrocarbonetos não-quei-
mados e as dioxinas e furanos.
MONÓXIDO DE CARBONO (CO)
Características
O monóxido de carbono (CO) resulta da combustão incom-
pleta.o somente contribui para a poluição atmosférica, como
também representa uma perda de energia. Na presença de excesso
de ar, a concentração de equilíbrio de CO em baixas temperaturas
é desprezível, contudo, em temperaturas de chama, o equilíbrio
favorece a presença de CO (Lawn & Goodridge, 1987). No início
da década de 1990, cerca de 54% das emissões de CO nos Estados
Unidos vinham de emissões veiculares (Stephens & Cadle, 1991).
O monóxido de carbono é ums inodoro e venenoso; os
efeitos e sintomas desse poluente em pessoaso apresentados na
Tabela 15. Os valoreso aproximados e variam de indivíduo para
indivíduo, dependendo do estado de saúde e do nível de atividade
física.
Tabela 15 - Os efeitos e sintomas do monóxido de carbono em
pessoas de acordo com concentração e tempo de
exposição
ppm
35
200
400
600
1.000-2.000
1.000-2.000
1.000-2.000
2.000-2.500
4.000
Efeitos e sintomas nas pessoas
Nível permissível de exposição
Dor de cabeça leve, desconforto
Dor de cabeça, desconforto
Dor de cabeça, desconforto
Confusão, dor de cabeça, náusea
Tendência a cambalear
Palpitação no coração
Perda de consciência
Fatal
Tempo
8 horas
3 horas
2 horas
1 hora
2 horas
1 1/2 hora
30 minutos
30 minutos
Menos de 1 hora
Fonte: www.afcintl.com/cospecinst.htm, 2001.
Formação e destruição
O mecanismo de formação e destruição do CO em combustão
de hidrocarbonetoso pode ser isolado da cinética envolvendo
os hidrocarbonetos. Radicais formados a partir do combustível
o atacados pelo oxigênio para formar aldeídos, que, por sua vez,
formam outros radicais que se convertem em CO por decomposi-
ção térmica (Puri, 1993).
Muito embora a oxidação de CO tenha importância por si, o
processo é extremamente importante para a oxidação de hidro-
carbonetos (Turns, 2000). De maneira simplista, a combustão de
hidrocarbonetos pode ser caracterizada como um processo de dois
passos: o primeiro envolvendo a quebra do combustível para for-
mar CO e o segundo como a oxidação final do CO para CO
2
. É
bem conhecido que o CO se oxida lentamente, exceto se houver a
presença de compostos que contenham hidrogênio. Pequenas
quantidades de H
2
O ou H
2
podem ter um forte efeito na taxa de
oxidação do CO. Isso ocorre porque o passo de oxidação do CO
envolvendo o radical OH é muito mais rápido do que aqueles en-
volvendo O e O
2
. Assumindo que a água é a espécie hidrogenada
primária, o mecanismo reacional que descreve a oxidação do CO
pode ser escrito como (Glassman, 1996):
A reação (5.1) é lenta e contribui pouco para o total de CO
2
formado, no entanto é a reação que inicia o mecanismo. A reação
(5.2) é a responsável pela formação do radical hidroxilo e a (5.3)
pela maior parte da conversão do CO em CO
2
. Quando o H
2
está
presente em quantidade significativa, as seguintes reações ainda
devem ser acrescidas ao mecanismo:
Além das reações (5.1) e (5.3), uma terceira reação de oxida-
ção pode ocorrer quando o radical HO
2
está presente:
No entanto, tal reação só apresenta algum significado em rela-
ção à (5.3) em situações de pressão elevada.
De acordo com Hottel & Williams (1965), a taxa de oxidação
do CO pode ser calculada pela seguinte equação:
na qual os colchetes indicam fração molar do composto, t é o tem-
po em segundos, p a pressão em atm e T a temperatura em K. Para
níveis baixos de CO, a equação (5.8) reduz-se a:
onde [CO]
f
e [CO]
i
o as frações molares de CO inicial e final,
respectivamente, e
A presença do O
2
na região de reação química é de fundamen-
tal importância para o início do mecanismo de oxidação do CO.
Dessa forma, além da parte química envolvida, é preciso que o grau
de mistura entre os reagentes seja intenso para que todo CO forma-
do seja convertido a CO
2
, principalmente em situações em que o
excesso de oxidante é moderado. Isso pode muito bem ser ilustrado
pela combustão em motores diesel a pistão, onde a capacidade de
mistura dos reagentes é limitada e a emissão de CO elevada.
Fica claro que, no processo de oxidação do CO, o tempo de
permanência dos gases dentro da câmara de combustão precisa ser
suficiente para compensar os "atrasos" químicos e físicos envolvi-
dos. O projeto dos queimadores também deve criar condições que
propiciem uma intensa mistura dos reagentes, e, no caso da quei-
ma de combustível líquido, os atomizadores devem ser capazes de
promover um fino spray, facilitando a vaporização do combustível
e a penetração do oxidante no seu interior.
Técnicas para reduzir emissões de CO
Conforme mencionado, a emissão de CO é resultado de com-
bustão incompleta. Deve-se, então, procurar operar com um certo
excesso de ar e, sempre que possível, incrementar a taxa de mistu-
ra entre combustível e ar.
Uma técnica que está sendo pesquisada no Brasil para obter al-
tas taxas de conversão do combustível com reduzidas emissões de
poluentes, especialmente o CO, é a combustão pulsante (Torres et
al., 1992; Lacava et al., 1997; Martins et al., 1999, entre outros).
Esse tipo de combustão realiza-se na presença de ondas acústicas
dentro do combustor, o que incrementa efetivamente a taxa de
mistura entre combustíveis e oxidantes. Martins et al. (1999) quei-
marams liqüefeito de petróleo (GLP) com inserção de pequenas
quantidades de amônia (NH
3
). Concentrações substancialmente
menores de CO foram obtidas no regime pulsante no mesmo ex-
cesso de ar, conforme pode ser observado na Figura 30.
FIGURA 30 - Concentrações de CO como função das concentrações de O2 nos
gases de combustão, para 0,3 g/s de GLP, regimes não-pulsante e pulsante
(Martins et al., 1999).
Na combustão de combustíveis líquidos, um dos fatores mais
importantes na taxa de mistura entre os reagentes, e conseqüente-
mente na emissão de CO, é a qualidade do spray de combustível.
Após a nebulização (atomização), as gotas se vaporizam, e, em fase
gasosa, o combustível se mistura com oxidante. Para aplicações in-
dustriais, os atomizadores que utilizam um fluido auxiliar gasoso
se mostram bastante adequados, pois aumentam a superfície espe-
cífica do líquido em mais de 200 vezes. Esse tipo de atomizador
funciona sob o princípio de se imprimir uma alta velocidade no
fluido auxiliar de atomização sobre o fluido a ser atomizado. As-
sim, a taxa de mistura entre o oxidante e o combustível pode ser
controlada pela razão entre a vazão mássica do fluido auxiliar e a
vazão mássica do combustível, denominada razão de atomização.
Quanto maior a razão de atomização, menor será o tamanho
médio das gotas do spray, e mais intensa a taxa de mistura entre os
reagentes, reduzindo a emissão de CO. Esse comportamento pode
ser observado na Figura 31 que apresenta o tamanho médio das
gotas do spray e a emissão de CO decorrente da razão de atomiza-
ção (r
atm
). Os resultados foram obtidos por Lacava (2000) para
combustão de 2,50 g/s de diesel com 15% de excesso de ar, em
uma fornalha de parede refratária.
FIGURA 31 - Comportamento do tamanho médio das gotas do spray e da porcen-
tagem de CO em base seca nos produtos de combustão decorrente da razão de
atomização (Lacava, 2000).
No caso de combustíveis gasosos, o aumento da taxa de mistura
entre os reagenteso precisa necessariamente ser atingido após a
injeção do combustível e do oxidante na câmara de combustão, mas
por uma pré-mistura de parte do ar de combustão com combustível
ainda no queimador. A Figura 32 mostra o resultado da emissão de
CO em base seca para combustão de 0,16 g/s de GLP com ar em
proporção estequiométrica decorrente do nível de pré-mistura, r,
definido como a razão entre a quantidade de ar pré-misturado e o
total de ar injetado (Ferreira et al., 2001). Apesar de reduzir subs-
tancialmente a emissão de CO, além da fuligem, a pré-mistura do
oxidante com o combustível requer uma atenção especial no proje-
to do queimador, pois, se a velocidade de chama for maior que a do
escoamento que emerge do queimador e a razão de pré-mistura es-
tiver dentro do limite de flamabilidade, é provável que a chama se
desloque para o interior do queimador causando uma explosão.
FIGURA 32 - Emissão de CO em base seca decorrente do nível de pré-mistura dos
reagentes na chama (Ferreira et al., 2001b).
As Figuras 30, 31 e 32 apresentam exemplos de como contro-
lar a emissão de CO pela intensificação da taxa de mistura entre os
reagentes. Diversas outras técnicas ainda podem ser aplicadas com
essa finalidade. No entanto, a oxidação do COo é um processo
rápido, pois, além do tempo necessário para mistura entre os rea-
gentes, o próprio mecanismo reacional é relativamente lento. Des-
sa forma, é preciso que o projeto da câmara de combustão e as
condições de sua operação sejam combinadas de tal forma que o
tempo de residência seja suficiente para oxidação completa do
CO. O tempo de residência corresponde ao tempo em que os gases
permanecem no interior da câmara de combustão, podendo ser
calculado pela seguinte relação:
onde V é o volume da câmara de combustão e q a vazão volumétri-
ca do gás. Considerando-se o escoamento como unidimensional e
os como perfeito, a equação (5.11) é representada por:
onde P é a pressão, T a temperatura, M a massa molecular média
dos gases, R a constante universal dos gases (0,08206 atm.li-
to.K
-1
.mol
-1
) e m
t
a vazão mássica total dos gases. Em geral, reco-
menda-se um tempo de residência superior a 0,5 s para os combus-
tíveis gasosos, 1 s para os líquidos e 2 s para os sólidos pulverizados.
DIÓXIDO DE CARBONO (CO
2
)
O CO
2
e o efeito estufa
A oxidação completa do CO em CO
2
o soluciona totalmen-
te o problema da emissão de poluentes em processos de combus-
tão. A ausência do CO em áreas urbanas é sempre desejável, por
causa de sua alta toxicidade. No entanto, o CO
2
na atmosfera é
um dos gases que absorvem a radiação infravermelha, contribuin-
do para o aquecimento global, ou seja, o chamado "efeito estufa".
O CO
2
e traços de outros gases permitem a penetração da radia-
ção solar na superfície da Terra, mas reabsorvem a radiação infra-
vermelha emitida desta.
Desde a década de 1950, as concentrações de gases com capa-
cidade de absorver a radiação infravermelha aumentaram muito
na atmosfera, principalmente pelo fato de as nações se tornarem
mais industrializadas. Apesar disso, foi nas décadas de 1980 e
1990 que os índices de aquecimento global se tornaram alarman-
tes. Muitas incertezas ainda pairam sobre o papel de cadas nesse
processo. No entanto, já se sabe que o CO
2
é responsável por cerca
de metade da radiação infravermelha retida na atmosfera (Mana-
han, 1993). Infelizmente, o aproveitamento de energia pela maio-
ria dos países, altamente industrializados ou não, está baseado na
queima de combustíveis fósseis ou de biomassa, e essa situação de-
ve manter-se por algumas décadas.
Cálculo da taxa de emissão de CO
2
para alguns processos de combustão
Ilustramos a seguir o cálculo das taxas de emissão de CO
2
para
um combustível gasoso (gás de coqueria, COG), dois líquidos (ga-
solina e álcool etílico) e um sólido (madeira).
s de Coqueria (COG)
A composição volumétrica do COG, segundo uma determina-
ção realizada pela Companhia Siderúrgica de Tubarão (Carvalho
& Couto, 1998) é:
A reação de combustão estequiométrica com ar para um mol
desse combustível fica:
Assim, temos 0,4239 x 44 g de CO
2
= 18,6516 g de CO
2
por
mol de COG. Para cada mol nas Condições Normais de Tempera-
tura e Pressão: T =C e p = 1 atm (CNTP), temos 22,4 litros, ou
seja, 22,4 x 10
-3
Nm
3
(Nm
3
= metros cúbicos normais). A unidade
comumente utilizada para quantificar as quantidades de COG pa-
ra uma usina siderúrgica é Ndam
3
. Sendo 1 Ndam
3
= 10
3
Nm
3
, te-
mos 1 mol = 22,4*10
-6
Ndam
3
, ou seja, 18,6516 x 10
-6
t de CO
2
por 22,4 x 10
6
Ndam
3
de COG. Temos, então: 0,833 t CO
2
por
Ndam
3
de COG.
Gasolina e Álcool Etílico
A fórmula química da gasolina pura é C
8
H
18
(octano) e sua rea-
ção de combustão estequiométrica com ar é:
Temos 8 x 44 g de CO
2
= 352 g de CO
2
por 114 g de gasoli-
na. Sendo a massa específica da gasolina igual a 0,75 t/m
3
(Perry &
Chilton, 1973), temos 352 t de CO
2
por 152 m
3
de gasolina, ou
seja, 2,32 t CO
2
por m
3
de gasolina.
Para o álcool etílico anidro, a reação de combustão estequio-
métrica com ar é:
Nesse caso, temos 2 x 44 g de CO
2
= 88 g de CO
2
por 46 g de
álcool. Sendo a massa específica desse combustível igual a 0,79
t/m
3
(Russomano, 1987), temos 88 t de CO
2
por 58,2 m
3
de álcool
etílico, ou seja, 1,51 t CO
2
por m
3
de álcool etílico.
No estado anidro, o álcool etílico é miscível na gasolina, o que
permite o uso em automóveis de uma mistura que reduz o consu-
mo de gasolina e dispensa o uso de antidetonantes (ibidem). Essa
redução tem variado ao longo dos anos entre 20% e 25%, em base
volumétrica.
Um automóvel que rode 15.000 km por ano, com gasolina
contendo 20% de álcool e um consumo médio de 10 km por litro,
emitirá a seguinte taxa anual de CO
2
:
Madeira em Queimadas de Florestas Tropicais
As derrubadas e queimadas de florestas tropicaiso o processo
usualmente adotado de preparo da terra para o cultivo ou pastagens
na região amazônica. Fearnside et al. (1993) e Higuchi et al. (1994)
estimaram que a massa média de carbono por hectare em vegetação
acima do solo na Amazônia é de 151 ± 39 toneladas. Em Alta Flo-
resta, localizada no norte do Estado de Mato Grosso, Carvalho et
al. (2001) estimaram esse valor como 138 t.ha
-1
e que 50% da ma-
deira se transformam em gases durante o processo de queimada.
Assumindo que a biomassa que permaneceo queimada no chão
mantenha o mesmo percentual de carbono, 48% (Carvalho et al.,
1995) - o que é razoável pelo fato de que o materialo queimado
é constituído prioritariamente por troncos grandes -, então a
quantidade de carbono liberada para a atmosfera, como gases du-
rante as queimadas na região de Alta Floresta, é de 69 t.ha
-1
.
Dos gases de carbono liberados em processos de queimada,
aproximadamente 90%o CO
2
e 10% CO (monóxido de carbo-
no), em base volumétrica (Crutzen & Andreae, 1990). Assim, po-
demos escrever a reação do carbono da madeira com ar como:
Essa reação indica que 12 g de C produzem 0,9 x 44 g de CO
2
e 0,1 x 28 g de CO, ou seja, cada tonelada de C produz 3,30 t de
CO
2
e 0,23 t de CO.
As quantidades de CO
2
e CO liberadas para a atmosfera pelo
processo de queimada podem ser estimadas assumindo que, na
prática, esses gases respondem por 95%-99% do carbono liberado
(Ward & Hardy, 1991). Considerando o valor médio de 97% e o
valor de 69 t.ha-1 de carbono liberado para a atmosfera, temos, en-
tão, 221 t de CO
2
e 15,4 t de CO, por hectare de mata queimada.
Dessa forma, a quantidade liberada de CO
2
para a atmosfera
em 1 hectare em processos de queimada corresponde à quantidade
anual liberada do mesmos por 68,2 automóveis.
Enriquecimento do oxidante
como forma de reduzir emissões de CO
2
Uma maneira de minimizar a emissão de CO
2
é pelo enrique-
cimento do oxidante, o que significa aumentar a concentração do
oxigênio acima dos 21% (base volumétrica) presentes no ar at-
mosférico, ou seja, reduzir a concentração de N
2
que, do ponto
vista energético, é inerte, pois absorve apenas energia que poderia
estar disponível para o processo. A utilização de chamas enriqueci-
das pode minimizar esse impacto de duas formas: 1. nas situações
em que a energia disponibilizada pela menor presença ou inexis-
tência de nitrogênio se traduz em economia de combustível, ha-
vendo, assim, uma redução da vazão mássica de CO
2
descarregado
para a atmosfera; 2. ou no caso em que a energia disponibilizada é
utilizada para aumentar a capacidade de um processo, como em
incineração. Nessa última situação, mesmo a potência do processo
sendo mantida constante, a massa de CO
2
emitida para a atmosfe-
ra, normalizada pela massa de resíduo, diminuirá, ou seja, para in-
cinerar uma determinada massa de resíduo, uma menor quantidade
de CO
2
será emitida se a incineração for realizada com oxidante en-
riquecido. Dessa forma, a utilização da combustão enriquecida po-
de contribuir significativamente para redução da emissão tanto de
CO como de CO
2
. A Figura 33 mostra a redução da emissão nor-
malizada de CO
2
na incineração de resíduos aquosos em razão da
porcentagem volumétrica de O
2
no oxidante utilizando diesel
como combustível (Lacava, 2000). No caso da Figura 33, a emissão
normalizada de CO
2
reduziu-se em até 50%. No entanto, é necessá-
rio levar em conta que, com o enriquecimento, há um aumento
substancial da temperatura na região de chama, o que favorece a
formação de NO
x
. Dessa maneira, é preciso associar ao enriqueci-
mento do oxidante algum método para controlar a emissão de NO
x
.
Por sua vez, as emissões de CO, hidrocarbonetos não-queimados e
fuligemo inibidas em operações com chamas enriquecidas.
FIGURA 33 - Emissão normalizada de CO
2
em razão da porcentagem de O
2
oxi-
dante durante a incineração de resíduos aquosos.
HIDROCARBONETOS NÃO-QUEIMADOS
Os hidrocarbonetos não-queimados, designados por UHC
(Unburned Hydrocarbons na literatura inglesa), incluem parte do
combustível em fase gasosa ou na forma de gotículas (combustíveis
líquidos), bem como os produtos da degradação térmica do com-
bustível primário em hidrocarbonetos de menor peso molecular
(exemplos: metano e acetileno), queo descarregados para a at-
mosfera sem sofrer oxidação completa (Lefebvre, 1983). Em ge-
ral, a concentração de UHC nos produtos de combustão está asso-
ciada com a capacidade de mistura entre os reagentes e o tempo de
residência da câmara. Bahr (1972) mostrou que a emissão de CO e
de UHC segue o mesmo comportamento em relação à eficiência
de combustão, e as atitudes tomadas para o controle da emissão do
CO afetam da mesma maneira a emissão do UHC. A relação entre
as emissões em massa desses poluentes e a eficiência de combustão
pode ser estimada pela equação (5.13).
Assim, os comentários feitos sobre como minimizar a emissão
de CO tambémo pertinentes à emissão de UHC. O grande desa-
fio tecnológico é conciliar a emissão desses dois poluentes com a
emissão de NO
x
, pois os parâmetros que influenciam a emissão dos
três poluentes atuam de forma divergente. A Figura 34 apresenta o
comportamento qualitativo típico das emissões de NO
x
, CO e
UHC em operações com turbinas a gás.
FIGURA 34 - Comportamento qualitativo entre as emissões de NO
x
, CO e UHC.
DIOXINAS E FURANOS
Definições
Dioxinaso membros de uma família de compostos orgâni-
cos conhecidos quimicamente como dibenzo-p-dioxinas. Essa fa-
mília contém três núcleos anelares que consistem de dois anéis
benzênicos interconectados por um par de átomos de oxigênio. A
fórmula estrutural do núcleo dioxina e a convenção usada na nume-
ração das posições dos átomos de cloroo mostradas na FIGURA
35. Usualmente o termo dioxina refere-se aos compostos clorados
das dibenzo-p-dioxinas cuja sigla é PCDD (polychorinated diben-
zo-p-dioxins). De um a oito átomos de cloro podem ocorrer nas
posições do núcleo dioxina, resultando em 75 tipos de dioxinas
(Dempsey & Oppelt, 1993; Assunção & Pesquero, 1999; Araújo
& Silva, 2000).
FIGURA 35 - Fórmula estrutural do núcleo dioxina.
Furanoso membros de uma família de compostos conheci-
dos como dibenzofuranos. Os furanosm estrutura parecida com
a das dioxinas, porém os anéis benzênicoso unidos apenas por
um átomo de oxigênio. A fórmula estrutural do núcleo furano e a
convenção usada nas posições dos átomos de cloroo mostradas
na Figura 36. Usualmente o termo furano designa os compostos
clorados dos dibenzofuranos cuja sigla é PCDF (polychlorinated di-
benzofurans). Aqui também podem ocorrer de um a oito átomos de
cloro nas posições do núcleo furano. Como o núcleo é não-simétrico,
contrário ao caso das dioxinas, podem ocorrer 135 tipos de furanos
(ibidem).
FIGURA 36 - Fórmula estrutural do núcleo furano.
Os isômeros de dioxinas e furanos com substituições de cloro
nas posições 2, 3, 7 e 8o os de maior interesse, pela toxicidade,
estabilidade e persistência. A Figura 37 mostra a 2,3,7,8 tetracloro
dibenzo-p-dioxina (TCDD) e o 2,3,7,8 tetracloro dibenzofurano
(TCDF).
FIGURA 37 - 2,3,7,8 TCDD e 2,3,7,8 TCDF.
Ao longo das últimas três décadas, muitos estudos foram reali-
zados para elucidar os efeitos tóxicos das dioxinas e furanos, espe-
cialmente da 2,3,7,8 TCDD, o mais tóxico composto de todos
(Fingerhut et al., 1991; Assunção & Pesquero, 1999). Esse com-
posto pode provocar câncer e efeitos na reprodução de animais de
laboratório, mesmo em doses mínimas. Contudo, os danos da
2,3,7,8 TCDD nos seres humanos aindao objeto de estudo,o
havendo conclusão definitiva sobre o assunto. Estudos conduzi-
dos com cerca de 5.000 trabalhadores de 12 plantas químicas nos
Estados Unidos, que produziam produtos contaminados com
TCDD,o encontraram um aumento significativo em casos de
câncer para o grupo (Dempsey & Oppelt, 1993).
Para definir um potencial de risco, a Agência de Proteção
Ambiental americana classificava, até 1993, a 2,3,7,8 TCDD como
um cancerígeno tipo B2 (Dempsey & Oppelt, 1993).o há evi-
dência de que isso tenha sido mudado até o presente. A B2 é uma
das cinco categorias que a EPA usa para agrupar o peso da evidência
de um produto químico produzir câncer em seres humanos. Os pro-
dutos na categoria B2o caracterizados como aqueles para os quais
"a evidência de serem cancerígenos, com base em estudos com ani-
mais, é suficiente, maso há evidência adequada ouo há dados
a partir de estudos epidemiológicos" (Dempsey & Oppelt, 1993).
Toxicidade equivalente
Corn a finalidade de classificar os riscos dos compostos das fa-
mílias das dibenzo-p-dioxinas e dos dibenzofuranos clorados
(CDDs e CDFs, respectivamente), a EPA adotou, em 1987, um
procedimento para estimar os riscos de misturas complexas con-
tendo CDDs e CDFs em adição à 2,3,7,8 TCDD (Environmental
Protection Agency, 1989; Dempsey & Oppelt, 1993). Esse proce-
dimento baseou-se em Fatores de Toxicidade Equivalente (TEFs -
Toxicity Equivalence Factors) que permitem a conversão de qual-
quer concentração de um CDD ou CDF em uma concentração
equivalente de 2,3,7,8 TCDD ou Equivalentes de Toxicidade
(TEQ - Toxicity Equivalents). Em 1989, a EPA revisou o procedi-
mento, adotando os Fatores Internacionais de Toxicidade Equiva-
lente (I-TEF/89 -International Toxicity Equivalence Factors/89),
os quaiso apresentados na Tabela 16.
Tabela 16 - Fatores Internacionais de Toxicidade Equivalente
(I-TEFs/89) (Dempsey & Oppelt, 1993)
Composto
MonoCDDs, DiCDDs e TriCDDs
2,3,7,8 TCDD
Outras TCDDs
1,2,3,7,8 PeCDD
Outras PeCDDs
1,2,3,4,7,8 HxCDD
1,2,3,6,7,8 HxCDD
1,2,3,7,8,9 HxCDD
Outras HxCDDs
1,2,3,4,6,7,8 HpCDD
Outras HpCDDs
OCDD
MonoCDFs, DiCDFs e TriCDFs
2,3,7,8 TCDF
Outros TCDFs
1,2,3,7,8 PeCDF
2,3,4,7,8 PeCDF
Outros PeCDFs
1,2,3,4,7,8 HxCDF
1,2,3,6,7,8 HxCDF
2,3,4,6,7,8 HxCDF
1,2,3,7,8,9 HxCDF
Composto
Outros HxCDFs
1,2,3,4,6,7,8 HpCDF
1,2,3,4,7,8,9 HpCDF
Outros HpCDfs
OCDF
I-TEFs/89
0
1
0
0,5
0
0,1
0,1
0,1
0
0,1
0
0,001
0
0,1
0
0,05
0,5
0
0,1
0,1
0,1
0,1
I-TEFs/89
0
0,01
0,01
0
0,001
T: tetra; Pe: penta; Hx: hexa; Hp: hepta; O: octa.
Como pode ser observado na tabela, as toxicidades relativas
de outros 209 congêneres de dioxinas e furanos variam de 0% a
50% da toxicidade da 2,3,7,8 TCDD. Assim, a toxicidade combi-
nada de uma mistura contendo dioxinas e furanos é bastante de-
pendente das porcentagens relativas dos isômeros que formam a
mistura.
Exceto no que se refere à fabricação de padrões analíticos,
o se produzem dioxinas e furanos intencionalmente para qual-
quer propósito. No entanto, esses compostos podem ocorrer como
resíduos da fabricação de outros produtos químicos (como pestici-
das) e como resultado de combustão incompleta ou da recombina-
ção de produtos de combustão na queima de misturas contendo
compostos orgânicos clorados.
Dados experimentais
A EPA examinou as emissões de dioxinas e furanos em seis inci-
neradores de resíduos industriais, cinco caldeiras, dois fornos de ci-
mento e um forno de cal, todos usando resíduos classificados como
perigosos como combustível (Dempsey & Oppelt, 1993). Dados
também foram coletados na operação de outros quatro incinerado-
res industriais, um queimando resíduos de pentaclorofenol (PCP -
pentachlorophenol) e três queimando resíduos de bifenis policlora-
dos (PCB - polycblorinated biphenyls). Em todos esses casos, os-
veis de dioxinas e furanos foram não-detectáveis ou irrisórios.
Níveis elevados de 2,3,7,8 TCDD e outros tipos de dioxinas e
furanos foram observados em incineradores de lixo municipal e
hospitalar. Algumas vezes, esses níveis atingiram três ou quatro or-
dens de magnitude acima do observado em incineradores de resí-
duos industriais, caldeiras e fornos. Contudo, demonstrou-se que
os níveis de dioxinas e furanos desses incineradores podem ser
drasticamente reduzidos para valores aceitáveis pela combinação
de boas práticas de combustão e de limpeza de gases.
As principais fontes de carbono para geração de dioxinas e fu-
ranos parecem ser estruturas grafíticas deformadas e degeneradas
(Altwicker et al., 1993; Ritter & Bozzelli, 1990, 1994; Huang &
Buekens, 1996). Estruturas grafíticas completamente ordenadas
ou completamente amorfaso geram muitas quantidades desses
poluentes. Para o grafite regular, as quantidades de dioxinas e fu-
ranos geradaso quatro ordens de magnitude menores que para
grafite deformado.
A reação básica de formação é a oxidação de microcristais de
carbono. Em baixas temperaturas (abaixo de 700 °C), essa oxida-
ção ocorre principalmente nas extremidades imperfeitas das ca-
madas carbônicas, que formam sítios ativos para reação. Sem um
catalisador, essa reação é um processo bastante lento. Vários óxi-
dos metálicos catalisam a oxidação, entre eles os de cobre e ferro,
formando estruturas anelares que incluem benzeno, fenol, bifenil,
dibenzo-p-dioxinas e dibenzofuranos. Os três últimos podem ser
formados por acoplamento de estruturas anelares elementares dos
dois primeiros, em um processo chamado reação de acoplamento
de Ullmann. As estruturas de dioxinas e furanos podem ser direta-
mente formadas por oxidação da camada de carbono e subseqüen-
te degradação oxidativa dos excessos de anéis carbônicos.
A cloração dessas estruturas elementares ocorre concomitante-
mente ao processo de formação de anéis de dioxinas e furanos, sen-
do fortemente catalisada por alguns sais metálicos, especialmente
aqueles de cobre (em todas as formas).o só a reação de Ullmann
de anéis elementares clorados é fortemente catalisada por cobre
(Lee et al., 1996), como também as reações de descloração e de-
composição. As reações que ocorrem dependem da temperatura.
Temperaturas elevadas favorecem a decomposição.
As taxas líquidas de todas essas reaçõeso discutidas a seguir.
Para cada camada de grafite com aproximadamente 30 anéis (100
carbonos), correspondente a um conjunto de lâminas de 5 a 10 ca-
madas de microcristais, uma estrutura aromática policlorada é for-
mada. O restante é transformado em CO, CO
2
e aromáticoso
clorados. Para aproximadamente 200 camadas, uma estrutura de
dioxina ou furano é formada. Deve ser notado que a oxidação
ocorre camada por camada, o que resulta no fato de que cada gra-
fite regular, que contém 5 x 10
4
anéis carbônicos regulares por ca-
mada, produz apenas uma pequena quantidade de aromáticos e
uma quantidade menor ainda de dioxinas e furanos.
Metais como cobre, que catalisa todas as três reações que levam
à formação de dioxinas e furanos, aumentam consideravelmente a
taxa de formação desses poluentes. O ferro tem um forte efeito cata-
lítico nas reações de oxidação, mas um fraco efeito na cloração pelas
reações do tipo de Ullmann. Outros metaism efeito forte para um
tipo de reação mas nenhum ou um fraco efeito para outras. Nenhum
metal produz tantas dioxinas como o cobre e o ferro.
Dioxinas e furanos praticamenteo existem em temperatu-
ras superiores a 500 °C, porqueo muito rapidamente destruí-
dos. Os compostoso formados em temperaturas entre 250 e
300 °C, o que pode ocorrer mesmo em ambientes com temperatu-
ras superiores a 500 °C, se houver ataque de oxigênio em partícu-
las sólidas queo emanadas pelo sistema de combustão. No inte-
rior de partículas, as temperaturaso menores.
Há dados experimentais provando que um maior teor de clo-
ro no combustível ou no resíduoo implica maiores teores de dio-
xinas e furanos nos produtos de combustão. Alguns desses dados
o apresentados na Tabela 17.
Tabela 17 - Teor de cloro no resíduo e taxas medidas/estimadas
de dioxinas nos produtos de combustão para alguns
processos de incineração ( I-TEQ, em ar, por tone-
lada incinerada) (Dempsey & Oppelt, 1993)
Por tratar-se de um procedimento oneroso e pela dificuldade
em verificar as emissões de dioxinas e furanos, a regra é realizar
um bom controle da combustão pelo monitoramento das emissões
de monóxido de carbono (CO) e hidrocarbonetos não-queimados
(UHC) (Dempsey & Oppelt, 1993). Indiretamente, o controle das
emissões das dioxinas e furanos também estará sendo realizado. O
Conselho de Tecnologia Ambiental dos Estados Unidos propôs
que se estabelecessem limites para emissões de CO (100 ppm) e hi-
drocarbonetos não-queimados (20 ppm) a fim de se garantir que
emissões de dioxinas e furanos fiquem abaixo do valor limite re-
querido pela norma americana, 0,12 ng.Nm
-3
corrigido para 7%
de oxigênio livre. A norma européia estabelece 0,1 ng.Nm
-3
para
11% de oxigênio livre.
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SOBRE O LIVRO
Formato: 14 x 21 cm
Mancha: 23 x 43 paicas
Tipologia: Classical Garamond 10/13
Papel: Offset 75 g/m
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(miolo)
Cartão Supremo 250 g/m
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1- edição: 2003
EQUIPE DE REALIZAÇÃO
Coordenação Geral
Sidnei Simonelli
Produção Gráfica
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Edição de Texto
Nelson Luís Barbosa (Assistente Editorial)
Carlos Villarruel (Preparação de Original)
Ada Santos Seles e
Ana Luiza Couto (Revisão)
Editoração Eletrônica
Lourdes Guacira da Silva Simonelli (Supervisão)
Luís Carlos Gomes (Diagramação)
João Andrade de Carvalho Jr. é engenheiro de Infra-
estrutura Aeronáutica pelo Instituto Tecnológico de
Aeronáutica e Ph.D em Engenharia Aeroespacial
pelo Georgia Institute of Technology. Foi pesquisa-
dor titular do Instituto Nacional de Pesquisas Espa-
ciais até 1998 e atualmente é professor titular do De-
partamento de Energia da UNESP, Câmpus de
Guaratinguetá-SP, e pesquisador nível 1A do Conse-
lho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico.
Pedro Teixeira Lacava é engenheiro mecânico pela
Faculdade de Engenharia da UNESP, Câmpus de
Guaratinguetá-SP, mestre em Ciências pelo Institu-
to Nacional de Pesquisas Espaciais e doutor em En-
genharia Aeronáutica e Mecânica pelo Instituto
Tecnológico de Aeronáutica. Atualmente é professor
adjunto da Divisão de Engenharia Aeronáutica do
Instituto Tecnológico de Aeronáutica.
Os autores estudam os principais agentes causado-
res de poluição atmosférica presentes nos gases de
combustão: o material particulado, o dióxido de en-
xofre (SO2) e os óxidos de nitrogênio (NO
x
).
Inicialmente,o discutidos os principais aspectos re-
lativos à quantificação de cada um desses poluentes
em gases de combustão. Em seguida,o apresen-
tadas as características de cada um desses agentes,
os métodos usuais de medida de suas concentrações
quando lançados na atmosfera, bem como os meios
e dispositivos empregados para reduzir essas concen-
trações. Tambémo enfocados o monóxido de car-
bono (CO), o dióxido de carbono (CO2), os hidrocar-
bonetoso queimados (UHC) e dioxinas e furanos.
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