A fantasia de ser transportado para um outro mundo, de
ser levado inteiramente a um ambiente imaginário, é um
desejo primordial do ser humano. Com a multimídia, os
encontros com ambientes imersivos, mundos virtuais estão
se tornando comuns. A realidade virtual se torna, assim, a
extensão lógica da integração das artes.
4
Apesar de a visão ser o sentido mais estimulado nos
ambientes, os outros também devem ser instigados, já que a integração das
percepções sensórias (sinestesia) é fundamental para que a imersão seja
mais efetiva. Por isso, como veremos ao longo da pesquisa, os ambientes
imersivos utilizam-se cada vez mais de recursos sinestésicos.
5
Essa
integração ocorre há muito tempo e é essencial para o efeito imersivo.
O conceito multisensorial data de 15000 a.C. quando os
homens Cro-Magnon
6
pintaram representações de animais nas paredes das
cavernas de Lascaux, na região de Dordogne, no sul da França. Esses
murais ficavam dentro das cavernas, que eram ressonantes, e contavam
com a chama intermitente de velas feitas de pedra e com o cheiro de
gordura animal. Os rituais dos Cro-Magnon eram realizados lá, e podemos
deduzir que, dentro desse “teatro”, muitos sentidos eram estimulados
simultaneamente (visão, audição, olfato).
4
Idem, ibidem, p. xxii
5
Sinestesia é um termo do grego antigo (sin significa “com” e aestesis “sensação”). É uma
condição neurológica involuntária em que dois ou mais sentidos são conjugados. O termo,
em arte, refere-se a uma grande gama de experimentos que associam diferentes atividades
artísticas (por exemplo, música e pintura). A arte sinestésica pode indicar a arte criada por
pessoas em estado sinestésico ou a arte feita para gerar uma “experiência sinestésica”.
Nesta pesquisa, usaremos essa segunda definição.
6
O Homem Cro-magnon é um dos grandes tipos do Homo sapiens do período do alto
Paleolítico europeu. As primeiras espécies foram encontradas no sudeste da França, nas
cavernas de Cro-magnon, daí seu nome. Viveram entre 40.000 e 10.000 anos atrás.